Violência e indiferença: A Banalização do Mal

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Violência e indiferença: A Banalização do Mal

Citation preview

Eu estou depressivo() sem telefone() dinheiro para o aluguel() dinheiro para o sustento de criana() dinheiro para dvidas() dinheiro!() Eu estou sendo perseguido pela viva memria de matanas, cadveres, clera e dor() pela criana faminta ou ferida() pelos homens loucos com o dedo no gatilho, muitas vezes policiais, assassinos() Trecho da carta de suicdio de Kevin Carter, fotgrafo sul-africano

VIOLNCIA E INDIFERENA: A BANALIZAO DO MAL

A violncia na perspectiva de Hannah Arendt O recurso categoria do mal uma forma de tentar compreender o inexplicvel e visa aproximar-se reflexivamente da primeira

tentativa de constituio de uma forma de governo, no Ocidente, baseada na purificao e no extermnio dos seres humanos. Trata-se, assim, de pensar o mal nas sociedades secularizadas sem apelar ao teor teolgicoreligioso. Revista Cult, Edio 129

Hannah Arendt, filsofa e cientista poltica alem, de

origem judaica, nascida em 1906. Governos Totalitrios como aplicadores do mal generalizado, aceito pela populao. Arendt inova ao no ter como pano de fundo a malignidade, a perverso ou o pecado humano, e surge em contraposio ao niilismo nietzschiano, que pretendia colocar a religio como causadora de todos os males. A novidade reside justamente em evidenciar que os seres humanos podem realizar aes inimaginveis, sem qualquer motivao religiosa. O pano de fundo da questo o processo de neutralizao da sociedade e de artificializao da natureza humana ocorrido com a massificao, a industrializao e a tecnificao das decises e das organizaes sociais na contemporaneidade.

Arendt questiona a relao entre a banalizao do mal e nosso modelo de sociedade em seu livro mais famoso, Eichmann em Jerusalm (que relata o julgamento de Adolf Eichmann, exgeneral nazista, executor-chefe do III Reich),

onde se questiona: O que faz um ser humano normal realizar os crimes mais atrozes como se no estivesse fazendo nada demais? A resposta est no mal banal. Trata-se de uma prtica do mal promissora nas sociedades massificadas, possuidoras de organizaes econmicas, polticas e sociais potentes, nas quais os seres humanos tendem a se sentir sem poder, solitrios, submissos e quase condicionados.

Ser humano vive como um animal laborante, tecnificando e burocratizando suas obrigaes,

tornando-se incapaz de pensar nas consequncias de seus atos. Exemplo do Co de Pavlov: ao serem condicionados, os ces treinados pelo cientista russo Ivan Pavlov tornavam-se capazes de salivar, mesmo sem nenhuma comida por perto. O mal no praticado pelo fato de o ser em si ser mal, nem por ambio, dio ou doena. O que motiva sua incapacidade de pensar. Ao renunciar ao pensamento, Eichmann destituiu-se da condio de ser dotado de esprito, que lhe possibilitaria o descondicionamento e dizer: no, isso eu no posso.

VIOLNCIA E INDIFERENA SEGUNDO JURANDIR FREIRE COSTA

O que sofremos mentalmente tem a ver com o que vivemos culturalmente

Trs tipos de indiferena: Das elites em relao aos pobres:

Os pobres so vistos como coisas, no como pessoas. Dos excludos em relao s elites:

A vida dos privilegiados passa a no ser vista como algo importante.

Das elites em relao a elas mesmas

Uso de tranquilizantes, antidepressivos e drogas; Plastificao do afeto.

Violncia em Tropa de Elite: dois momentos Momento I Violncia pela violncia, banalizada, sem escrpulos

Momento II Violncia como forma de denncia/protesto contra a realidade social, ou contra a ordem estabelecida.

Banalizao da violncia nos meios de comunicao Programas sensacionalistas (Linha Direta, Brasil Urgente, Balano Geral) . Ao mesmo tempo que funciona como

denncia da realidade, acaba servindo como uma espcie de entretenimento. Uso da violncia na mdia como forma de manipulao das massas.

Vdeo Datena