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FACULDADE UNIME - UNIDADE SALVADOR CURSO DE SERVIÇO SOCIAL ADRIANA OLIVEIRA DE REZENDE SUZANA ATAIDE SILVA VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR CONTRA O IDOSO: A ATUAÇÃO DA DELEGACIA ESPECIALIZADA NO ATENDIMENTO AO IDOSO (DEATI) SALVADOR-BA. SALVADOR 2012

Violência Intrafamiliar contra o idoso: A atuação da DEAIT (BA)

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Page 1: Violência Intrafamiliar contra o idoso: A atuação da DEAIT (BA)

FACULDADE UNIME - UNIDADE SALVADOR

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

ADRIANA OLIVEIRA DE REZENDE

SUZANA ATAIDE SILVA

VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR CONTRA O IDOSO: A ATUAÇÃO DA DELEGACIA

ESPECIALIZADA NO ATENDIMENTO AO IDOSO (DEATI) SALVADOR-BA.

SALVADOR

2012

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ADRIANA OLIVEIRA DE REZENDE

SUZANA ATAIDE SILVA

VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR CONTRA O IDOSO: A ATUAÇÃO DA DELEGACIA

ESPECIALIZADA NO ATENDIMENTO AO IDOSO (DEATI) SALVADOR-BA.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a UNIME, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social.

Orientação: Profª. Me. Wilmara Maria Dantas

Falcão.

SALVADOR

2012

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ADRIANA OLIVEIRA DE REZENDE

SUZANA ATAIDE SILVA

VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR CONTRA O IDOSO: A ATUAÇÃO DA DELEGACIA

ESPECIALIZADA NO ATENDIMENTO AO IDOSO (DEATI) SALVADOR-BA.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado á Faculdade Unime Salvador, como requisito final para conclusão do Curso de Serviço Social.

Aprovado em ___/___/____.

BANCA EXAMINADORA:

_______________________________________

Prof. Me. Wilmara Falcão

Orientadora

_______________________________________ Prof. Me. Liana Arantes

Unime

_______________________________________ Prof. Me. Fernando Lopes

Convidado

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Dedico a todas as pessoas que colaboram para realização do mesmo; em especial aos idosos que romperam com o silêncio referente à violência sofrida, e a equipe técnica da DEATI.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a DEUS nosso criador, pela sua presença constante em

nossas vidas, e por ter nos proporcionado a honra de chegar até aqui, sem ele não

seriamos capazes.

Aos nossos pais pelo apoio incondicional em todos os momentos das

nossas vidas. Obrigada nos amamos vocês.

Nossos sinceros agradecimentos a nossa orientadora e professora

Wilmara Falcão, pela brilhante orientação, seu apoio, compreensão e pelas palavras

de incentivo, quando entregávamos nosso trabalho para correção.

A Carla Brito pelo apoio que nos deu, foi de suma importância para

conclusão dessa pesquisa.

A delegada Susy Anne Brandão, e aos investigadores de policia, por abrir

as portas da DEATI para realização desse trabalho, e por ter nos recebido tão

gentilmente em seu espaço.

A Ludmila Rezende que nos suportou em muitos momentos de muito

estresse.

Aos amigos que estiveram presentes nesta caminhada, muito obrigada

pelo incentivo e carinho.

Enfim fica aqui registrado o nossos agradecimentos

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RESUMO

A violência contra o idoso tornou-se crescente com o aumento da população brasileira, especialmente no ambiente intrafamiliar. Em Salvador, a Delegacia Especializada em Atendimento ao Idoso (DEATI) - é órgão especializado em tratar os casos relacionados à violência contar idosos. Nesse sentido, o objetivo geral dessa pesquisa é identificar como a delegacia atua frente à violência intrafamiliar contra o idoso. Trata-se de uma pesquisa descritiva de caráter exploratória, do tipo quanti-qualitativa. Os dados foram coletados através de entrevista semiestruturada com idosos e funcionários da instituição. Após análise, fica evidente o aumento do número de denúncias de violência contra essa população com idade superior a 60 anos. As mulheres idosas são as que mais sofrem com essa violência, e muitos agressores, são os homens demostrando a relação de poder existente entre gênero. Os resultados mostraram que a violência sofrida por esse segmento populacional é mais praticadas por filhos, e netos, por motivações financeiras seguidas pela verbal e chegando até a violência física.

Palavras Chaves: Idoso. Violência Intrafamiliar. DEATI

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RESUMEN

La violencia contra las personas de edad se ha convertido cada vez creciente con el aumento de la población, especialmente, en el entorno familiar. En Salvador, la DEATI - La policía Especializada en el atendimiento al anciano - es el órgano especializado en el tratamiento de casos relacionados con la violencia contra los mayores. En consecuencia, el objetivo general de esta investigación es identificar cómo la Deati actúa en casos de violencia doméstica contra las personas mayores. Se trata de un carácter descriptivo exploratorio, del tipo cuantitativo y cualitativo. Los datos fueron recolectados a través de entrevistas semi-estructuradas con los ancianos y los funcionarios de la institución. Tras el análisis, es evidente el creciente número de denuncias de violencia contra la población mayor de 60 años. Las mujeres de edad son las más afectados por la violencia y muchos abusadores son hombres que demuestran la relación de poder entre los géneros. Los resultados mostraron que la violencia experimentada por este segmento de la población es más practicado por los hijos y nietos, seguido por motivos financieros por venir a la violencia verbal y física.

Palabras Claves: Anciano. Violencia Intrafamiliar. DEATI

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TABELA DE SIGLAS

BPC - Benefício de Prestação Continuada BO – Boletim de Ocorrência CF - Constituição Federal CNAS - Conselho Nacional de Assistência Social DEATI – Delegacia Especializada de Atendimento ao Idoso FPAS- Fundo da Previdência e Assistência Social IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INSS- Instituto Nacional do Seguro Social INPS - Instituto Nacional de Previdência Social IPEA – Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas

IML – Instituto Médico Legal

LBA - Legião Brasileira de Assistência

LOAS - Lei Orgânica da Assistência Social OMS - Organização Mundial de Saúde

PNI - Política Nacional do Idoso PNAS - Política Nacional de Assistência Social ONU- Organizações das Nações Unidas SUAS - Sistema Único de Assistência Social

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 10

2 SER IDOSO: CONCEITOS, DESAFIOS E LIMITAÇÕES 13

2.1 O PROCESSO DE ENVELHECER 15

2.2 LEGISLAÇÕES E POLITICAS SOCIAIS VOLTADAS PARAO IDOSO 17

2.3 A FAMÍLIA, A SOCIEDADE E O ESTADO NO AMPARO ÀS PESSOAS

IDOSAS 22

3 CONCEITUANDO O FENÔMENO DA VIOLÊNCIA 26

3.1 FORMAS DE VIOLÊNCIA PRATICADAS CONTRA PESSOA IDOSA 28

3.2 VIOLÊNCIA CONTRA PESSOA IDOSA CONTEXTUALIZAÇÃO E

MOTIVAÇÕES 32

3.3 VIOLÊNCIA CONTRA IDOSOS NO AMBIENTE INTRAFAMILIAR 35

4 VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR CONTRA IDOSOS EM SALVADOR: UM

ESTUDO NO CONTEXTO DA DEATI-BA 40

4.1 O CAMINHO METODOLÓGICO DA PESQUISA: INSTRUMENTOS

UTILIZADOS 40

4.2 OS SUJEITOS DO ESTUDO DE CASO 43

4.3 A INSTITUIÇÃO A QUAL PERTENCEM OS SUJEITOS DA PESQUISA 43

4.4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA 46

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 53

REFERÊNCIAS 57

APÊNDICE 60

ANEXO 63

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10

1 INTRODUÇÃO

O processo de envelhecer pode se apresentar, para a sociedade, como

um dos grandes desafios a ser observado sob a ótica populacional. Segundo dados

do IBGE (2010) há um crescimento mais elevado da população idosa em relação

aos demais grupos etários. A pesquisa irá demonstrar como as famílias estabelecem

essa relação com observados como autor da violência contra os idosos os membros

da família como filhos, netos, cônjuges, entre outros, ao analisar os fatores que

influenciam a violência contra a pessoa idosa e suas vertentes, é relevante conhecer

passo a passo as manifestações desse processo, apontando o tema: Violência

intrafamiliar contra o idoso: A atuação da Delegacia Especializada no Atendimento

ao Idoso (DEATI) em Salvador – Ba. A pesquisa tem como problemática como a

Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso (DEATI) Salvador-Ba, atual frente

a violência intrafamiliar contra o idoso?

O tema proposto é considerado relevante para o meio acadêmico, pois

por meio dessas informações concedidas na Delegacia Especializada no

Atendimento ao Idoso (DEATI) em Salvador-Ba representa dados importantes para

esclarecem aspectos relacionados ao funcionamento de uma delegacia de proteção

aos idosos, que trabalha com direitos violados.

Os objetivos da pesquisa caracterizam-se em abordar as formas e as

principais causas de violência contra idosos além de especificar o funcionamento da

DEATI abordando os limites e possibilidades da equipe técnica da instituição.

Este trabalho aborda o processo do envelhecimento e os limites

vivenciados pelos indivíduos nessa fase da vida. Para melhor aclarar a temática, foi

importante conceituar a violência, com uma explicação de forma clara sobre

conceituação e diferenças no contorno social e intrafamiliar, bem como a violência

doméstica, do quem venha ver esse mal que atinge a sociedade, onde a primeira é

aquela acometida dentro do seio familiar, e a segunda pode ser acometida dentro do

domicílio, abrigos e asilos geralmente praticados por pessoas sem função parental,

que convivam no espaço doméstico, ou seja, que moram ou tenham contato com

idoso.

Apontou-se os tipos de violências que acometem essa população com

idade superior a 60 anos e os direitos garantidos em lei, que foram conquistados ao

longo dos anos, mas somente reconhecidos a partir de 1994, com a criação da

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Politica Nacional do Idoso, Lei nº 8842, que foi aprimorada com a Lei 10.741 de

2003 com a criação do Estatuto do Idoso.

As motivações da violência são inúmeras e, nessa pesquisa abordam-se

as mais relevantes vivenciadas no ambiente familiar contra os idosos. Conforme

Faleiros (2010) as famílias contemporâneas deixam de serem tradicionais devido às

mudanças da sociedade onde as mulheres em busca da sua independência não tem

disponibilidade de ser somente cuidadora da família, diante dessa ruptura do

tradicionalismo e das relações interpessoais.

Frente ao que se expõem os idosos são vistos como fardos, pois, além

das responsabilidades profissionais que tornam o dia a dia dos indivíduos mais

complexo, esses fatores interferem na convivência dos familiares com as pessoas

com idade superior a 60 anos. Outro fator relevante são as transformações do

envelhecimento que causam mudanças no humor dos idosos, no estereótipo e nas

condições físicas do idoso, o que reflete nas mudanças da família, pois nessa fase

da vida o individuo precisa de cuidados.

Para finalizar o trabalho, em seu último capítulo desenvolveu-se um

estudo na DEATI localizada em Salvador-Ba onde aplicou-se entrevista

semiestruturadas, com a equipe da instituição e entrevista estruturada com idosos

vítimas de violência. Foi também utilizada a pesquisa quanti-qualitativa, estudo de

caso, levantamento, pesquisa bibliográfica, esses foram os caminhos metodológicos

utilizados para a realização dessa pesquisa.

No viés das reflexões teóricas desse estudo foram analisadas as

implicações do processo de envelhecimento, as violências que percorrem o

ambiente familiar e suas motivações, leis instituídas para assegurar os idosos e

como a Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso atua diante dessa

problemática.

A abordagem dessa pesquisa se configura no tema violência intrafamiliar

contra o idoso: A atuação da Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso

(DEATI) em Salvador-Ba onde foi apresentada a problemática dessa abordagem

através de dados encontrados na instituição.

Devido a informações encontradas em livros e artigos relatando sobre a

violência intrafamiliar contra os idosos, foi despertado o interesse em realizar uma

pesquisa mais detalhada, buscando informações sobre esse problema na DEATI em

Salvador-Ba, onde esse fator atinge uma parcela significativa da população idosa.

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Em 2020 a população com mais de 60 anos deverá chegar aos 30

milhões de pessoas segundo dados do o Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatístico (IBGE).

Para a sociedade esse trabalho é relevante e tem a finalidade de divulgar

os dados encontrados na DEATI, com intuito de sensibilizar a sociedade a respeitar

os direitos dos idosos e garantir a inclusão com dignidade. No aspecto familiar mais

ainda, pois a violência intrafamiliar expressa contradições entre poder e afeto, nas

quais estão presentes relações de subordinação ou mesmo dominação, a exemplo

os conflitos de diferentes gerações a nossa sociedade prioriza o novo, o moderno,

ou seja, os jovens veem as pessoas com mais de 60 anos como o oposto dele, sem

futuro, vivendo uma vida passada. Essa visão gera uma relação de poder dos jovens

sobre os idosos, podendo gerar atitudes discriminatórias e até mesmo algum tipo de

violência.

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2 SER IDOSO: CONCEITOS, DESAFIOS E LIMITAÇÕES.

Para falar em idoso faz-se necessário conceituar o significado da palavra

que segundo Bueno (2000) no “Dicionário da Língua Portuguesa”, tem-se idoso por

um “adjetivo, velho, senil, avançado em anos”.

Conforme Pinto (2010) segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS)

considera idoso o indivíduo que cronologicamente possui uma idade superior aos 65

anos nos países desenvolvidos como é o caso dos Estados Unidos, e com mais de

60 anos nos países em desenvolvimento que é o caso do Brasil.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,

2010), atualmente existem no Brasil, aproximadamente, 20 milhões de pessoas com

idade igual ou superior a 60 anos, o que representa pelo menos 10% da população

brasileira. Segundo projeções estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS),

no período de 1950 a 2025, o grupo de idosos no país deverá ter aumentado em

quinze vezes, enquanto a população total em cinco. Assim, o Brasil ocupará o sexto

lugar quanto ao contingente de idosos, alcançando, em 2025, cerca de 32 milhões

de pessoas com 60 anos ou mais de idade.

Segundo dados do IBGE (2010) a população de homens idosos na faixa

etária de 60 a 94 anos na capital baiana é de aproximadamente 95.112 habitantes.

Já a população de mulheres da mesma idade é de aproximadamente de 150.771

habitantes.

Para Camarano (2004) apud Muller (2008) observa-se que esses

indicadores têm em seus elementos fatores relevantes para que esse número

mulheres idosas seja superior a população idosa masculina. Esse crescimento é

decorrente do elevado índice de mulheres viúvas, aumento de famílias formadas por

mães e filhos e mulheres que vivem sozinhas, as separações também influenciam

nesse crescimento, pois as mulheres assumem o papel de supridora do lar, além do

fator genético e preventivo, ou seja a expectativa de vida das mulheres é maior do

que a dos homens, é a chamada feminização da velhice pois as mulheres desde

jovem cuidam da saúde.

Nesse sentido, Muller (2008) colabora:

[...] o crescimento da população idosa é conseqüência de dois processos: a alta taxa de fecundidade no passado, observada nos anos 1950 e 1960, comparada à fecundidade de hoje, e a redução da

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mortalidade da população idosa. Por um lado, a queda da fecundidade modificou a distribuição etária da população brasileira, fazendo com que a população idosa passasse a ser um componente cada vez mais significativo dentro da população total resultando no envelhecimento pela base. Por outro, a diminuição da mortalidade trouxe como conseqüência o aumento no tempo vivido pelos idosos, isto é, alargou o topo da pirâmide, provocando o seu envelhecimento (MULLER, 2008, p.26).

Ainda conforme a citação de Muller (2008), esse aumento significativo de

idosos na população brasileira é um reflexo do aumento da expectativa de vida

graça aos avanços no campo da saúde, criação de novas vacinas, equipamentos de

ultima geração, saneamento básico nas cidades, juntamente com a taxa de

natalidade e a declínio da mortalidade. Pode-se afirmar que o número de filhos entre

a população mais nova, caiu de dois nascimentos por mulher, a menor registrada

pelo IBGE, devido à evolução dos tempos, as mulheres buscaram conquistar seu

espaço, no mercado de trabalho e podendo assim conciliar seu papel de mãe, e

trabalhadora, desenvolvendo melhor suas funções, com isso a faixa da população

com idade superior a 65 anos cresceu em todas as regiões do Brasil.

Conforme o autor supracitado este fenômeno também se reflete em

vários setores da sociedade, entre eles pode-se citar a economia que de forma

negativa sente o impacto, do aumento da população idosa, vista como não-

produtiva, há uma diminuição na contribuição ao sistema da Previdência Social,

provocando uma sobre carga na população ativamente econômica em nosso país.

Ainda conforme Muller (2008) ao chegar à velhice, o indivíduo se depara

com inúmeras complexidades, pois os desafios tornam-se visíveis, o desgaste físico

e psicológico são fatores que influenciam quanto à depressão e a tristeza dos

idosos. Esses dilemas estão ligados à dificuldade de locomoção, dependência,

desgaste físico e mental. As limitações enfrentadas pelos indivíduos na medida em

que envelhecem são mudanças no estereótipo, alterações na visão, rugas. Essa

etapa da vida tende a ser conturbada com um processo contínuo de perdas, pois a

insatisfação, pois as transformações negativas referentes ao processo de

envelhecimento.

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2.1 O PROCESSO DE ENVELHECER

Envelhecer é um processo natural e contínuo na vida dos seres humanos,

tendo início logo após no nascimento e perdura por todas as fases da vida.

O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial, porém tem

características diferentes em vários países, como a exemplo nos países

desenvolvidos esse envelhecimento se deu de forma progressivamente, permitindo

que a sociedade ajusta-se a essa nova realidade, mas em países em

desenvolvimento acontece o contrário, o envelhecimento se deu de forma

escarpado, provocando uma surpresa a uma sociedade desprovida de recursos para

lidar com essa transformação de uma nova realidade (Muller, 2008).

O “velho” é uma expressão pejorativa para relacionar-se à pessoa que já

alcançou a maturidade da vida. Esse termo é empregado de forma negativa, torna-

se pior quando se refere ao ser humano, equiparando o indivíduo à “coisa”.

O tema velhice entrou em cena no Brasil na década de 60, mantendo, inicialmente, a conotação negativa da expressão "velho", seguindo um processo semelhante ao da França sobre a mudança da imagem negativa de velhice para recuperar a noção positiva do termo idoso. Quando empregado de uma maneira geral, este termo não possuía um caráter designadamente pejorativo. [...] (VERAS, 1994 apud MULLER, 2008 p.19).

Após leitura, percebe-se que nesta fase da vida do homem são visíveis as

manifestações do processo de envelhecimento e muitas pessoas confundem idoso e

velho, como se ambos tivessem a mesma denotação. O velho é a pessoa com mais

de 60 anos que perdeu a jovialidade, que carrega o peso dos anos e não vê esses

anos como experiência para as novas gerações. “Velhice é um termo impreciso, e

sua realidade difícil de perceber [...] Nada flutua mais do que os limites da velhice

em termos de complexidade fisiológica, psicológica e social” (VERAS, 1994, p.25).

Conforme o autor supracitado, as complexidades e limitações vivenciadas

pelos indivíduos durante a velhice acompanham tanto os agravantes da vida social,

como física e psicológica que desperta as inúmeras fragilidades vivenciadas por

essa população com idade superior a 60 anos, pois a capacidade de lidar com a

sociedade pós-moderna que visa o perfil ágil, torna esses indivíduos mais frágeis e

vulneráveis e até mesmo em sua maioria frustrados, devido a sua restrição

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relacionada à idade, isto é, que os idosos têm dificuldades na adaptação, pois essa

fase da vida suas forças são reduzidas.

Ainda refletindo conforme Veras (1994), sabe-se que o idoso é um sujeito

de direitos, como qualquer outra pessoa, o que o diferencia é a capacidade física e

psicológica que influencia na aparência e disposição, pois suas forças são limitadas,

contudo esses fatores não impedem o idoso de ter uma vida normal e interagir com

a sociedade.

Para Sodré; Silva; Brito (2010) falar sobre o tema idoso é um assunto

complicado e delicado, por que a população confunde “idoso e velho” como se os

dois tivessem o mesmo sentido. “idoso” é o ser humano que enxerga a idade como

experiência, percebe oportunidade para transmitir experiências vividas, reconhece a

sua idade como prestígio de uma vida de muitas experiências, é um indivíduo que

participa das decisões da família e é visto como um integrante ativo. Já o “velho” é

indivíduo que vê a velhice como período de perdas e declínio, inatividade, inércia, ou

seja, só consegue ver o lado negativo de ser um individuo com mais de 60 anos,

esquecendo-se do lado positivo de ser um ser humano experiente e que tem muito a

oferecer a população jovem. “(...) a velhice é um conceito multifatorial, contemplado,

não apenas pelas transformações biológicas e cronológicas, mas também por

questões sociais e culturais” (NEUMAN, 1997 apud SANTOS, 2003, p.48).

Lemos et al (2007) descreve que estudos sobre a visão que a sociedade tem

das pessoas velhas nos tempos da Grécia Antiga, para Hebreus e Babilônios, a

idade era relacionada a experiência, o fato de envelhecer era visto como um grande

privilégio, sinônimo de plena sabedoria e respeito, a idade sempre esteve

relacionado como uma benção e não como uma carga. Com a queda do império

romano os anciãos foram perdendo lugar na sociedade onde exercia um papel de

importância e a velhice associou-se cessação de uma vida ativa, sua experiência já

vivida não importava mais para a sociedade de pessoas jovens.

Todo ser humano está ligado à corrente do ciclo de vida, ou seja, a partir

do momento que nascemos já iniciamos nosso processo de envelhecimento onde a

classificação da última etapa está vinculada ao envelhecimento, esse processo

caracteriza transformação do ser humano e suas limitações, conforme o que segue:

Um processo comum a todos os seres que depende e será influenciado por múltiplos fatores (biológicos, econômicos, psicológicos, sociais, culturais, entre outros) conferindo a cada um

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que envelhece características particulares. É um processo dinâmico e progressivo no qual modificações tanto morfológicas como funcionais e bioquímicas podem interferir na capacidade de adaptação do indivíduo ao meio social em que vive, tornando-o mais vulnerável aos agravos e doenças, comprometendo sua qualidade de saúde (SOUSA;SKUBS; BRÊTAS, 2007 p.263).

De acordo com que foi dito o envelhecimento é um processo dinâmico

que tem modificações na aparência física e inúmeras limitações que alterem a

capacidade de adaptação no meio em que vive, mas também é a fase da vida que

enfatiza experiências e conhecimentos adquiridos ao longo de todo processo de que

a vida proporciona ao indivíduo. É importante que esse período seja marcado pela

garantia dos direitos como em qualquer fase da vida, as políticas voltadas para esse

público foram seguimentos de lutas e conquistas.

2.2 LEGISLAÇÕES E POLITICAS SOCIAIS VOLTADAS PARA O IDOSO

O processo de envelhecimento é marcado por inúmeras fragilidades, portanto

a legitimação dos direitos prescritos em lei deve ser garantidos aos indivíduos com

idade superior a 60 anos.

Em 1947 foi criado a Legião Brasileira de Assistência (LBA) com

finalidade de atender as famílias dos pracinhas combatentes da Segunda Guerra

Mundial, inicialmente atendendo as crianças que mais tarde foram crescendo e

acompanhado as demandas do desenvolvimento econômico e social do país.

Em 1982 na Áustria os indivíduos com idade superior a 60 anos teve um

enfoque especial, no que diz respeito à garantia de direitos para essa população, foi

o fórum organizado pela (ONU) que teve representação de 124 países, incluindo o

Brasil. Foi estabelecido nesse fórum um Plano de Ação para o Envelhecimento

(RODRIGUES et al, 2007).

O Plano de Ação para o Envelhecimento foi considerado um importante documento de estratégias e recomendações prioritárias nos aspectos econômicos, sociais e culturais do processo de envelhecimento de uma população, e deveria ser baseado na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Estabeleceram-se, então, alguns princípios para a implementação de políticas para o envelhecimento sob responsabilidade de cada país. Destes princípios, destacam-se os seguintes: a estipulação da família, nas suas diversas formas e estruturas, como a unidade fundamental mantenedora e protetora dos idosos; cabe ainda às políticas sociais prepararem as populações para os estágios mais tardios da vida,

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assegurando assistência integral de ordem física, psicológica, cultural, religiosa/espiritual, econômica, de saúde, entre outros

aspectos (...) (RODRIGUES et al, 2007, p.9).

Por muito tempo as questões relacionadas ao envelhecimento passaram

despercebidas entre a população e os segmentos políticos e governamentais, pois

houve um crescimento significativo da população idosa. Nesse segmento ocorreu a

1ª Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento, organizada pela ONU, entre julho e

agosto de 1982, em Viena, com representação de vários países, esse

acontecimento foi o ponto de partida para se discutir os temas relacionados aos

idosos. Em 1983 o Plano de Ação para o Envelhecimento teve uma parcela

fundamental para alerta a sociedade e o governo quanto à carência de políticas e

estudos voltados para os idosos. Com o intuito de promover assistência, saúde,

segurança, lazer entre inúmeros direitos pertinentes ao idoso. No congresso também

se assinalou a importância de implantar políticas voltadas para os idosos em

situações de vulnerabilidade mulheres e moradores da zona rural.

O Art.194 descreve que “A seguridade social compreende um conjunto

integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a

assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”

(BRASIL, 2003, p. 193).

Nesse contexto a seguridade social se consolidou, após a Segunda

Guerra Mundial o sistema de proteção social foi estabelecido para garantia de direito

quanto os princípios vinculados a universalidade, equidade e a descentralização. A

seguridade composta por saúde, previdência e assistência, que seria o tripé da

seguridade social tem por intuito promover a prestação de bens e serviços e

estabelece uma garantia significativa dos direitos destinados ao cidadão. Tornando

esse sistema hegemônico que fortaleceu o capitalismo proporcionando crescimentos

e lucros nas décadas de 50 e 60, mas as instabilidades quanto à manutenção dos

índices positivos de lucro ocasionou uma crise no sistema capitalista a partir dos

anos 70.

A Constituição Federal de 1988, vigente até os dias atuais, foi de suma

importância no que refere-se ao princípio da dignidade da pessoa humana,

trasladando que toda pessoa tem o direito a uma vida digna, reconhecendo as

dificuldades enfrentadas pela pessoa idosa, salvaguardar a os direitos dessa

população.

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Os direitos sociais surgiram na tentativa de resolver uma profunda crise de desigualdade social que se instalou no mundo no período pós- guerra. Fundado no principio da solidariedade humana, os direitos sociais foram alcançados a categorias jurídicas concretizadora dos postulados da justiça social, dependentes, entretanto, de execução de políticas publicas voltadas a garantir amparo e proteção social aos mais fracos e mais pobres (CUNHA JUNIOR, 2009, p.71).

Para a construção de políticas que favorecesse a pessoas contra

situações de vulnerabilidade, lutas foram travadas em diversos movimentos ligados

a sindicatos, partidos políticos, liberalistas, intelectuais, setores públicos, entre

outros.

A Constituição Federal de 1988 foi o marco legal para a compreensão das

transformações e redefinições do perfil histórico da assistência social no Brasil junto

com as políticas de saúde e de previdência social, compõe o sistema de seguridade

social brasileiro, hoje conhecido como tripé da seguridade social. Além as IV

Conferência Nacional de Assistência Social onde a assistência social foi

institucionalizada com política pública e foi instituído o Sistema Único de Assistência

Social (SUAS).

Para Mota (2010) a assistência social desde seu surgimento travou

embates importantes para o desenvolvimento dos indivíduos trazendo em seu perfil

decisões importantes e significativas com intuito de melhorias quanto às

especificidades e direitos dos cidadãos.

Porém a assistência social antes da Constituição Federal de 1988 era

vista como favor que o Estado prestava aos indivíduos em situação de

vulnerabilidade, como caráter de caridade, fazendo com que o cidadão deixasse de

ser um sujeito de direitos transformando em usuário na condição de assistido,

favorecido e nunca como cidadão, usuário de um serviço a que tem direito, isso

perdurou até a década de 40.

Simões (2010) afirma que ao longo de vinte anos o Estado Federativo

Brasil edifica mecanismos legais no que se refere à proteção e amparo ao idoso, a

Constituição de 1988 constituindo diretrizes para a elaboração da Política Nacional

de Saúde do Idoso, além do Estatuto do Idoso Lei 10.741/2003. A Constituição

Federal de 1988 propõem políticas sociais universais, ou seja, todo cidadão tem

direitos a ter acessos às todas as políticas e não de forma segmentada como

acontece nos dias atuais.

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Em 1990 foi criado o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) (Decreto nº 99.350, de 27/06/1990), vinculada ao MTPS, mediante a fusão do IAPAS COM INPS. Competia-lhe promover a arrecadação, fiscalização e cobrança das contribuições sociais e demais receitas destinadas á previdência social; gerir os recursos do Fundo da Previdência e Assistência Social (FPAS)(...) (SIMÕES, 2010,p.152).

Assim o INSS, passou a garantir os benefícios quanto as situações

referentes a doenças, invalidez, morte, acidentes ou doenças de trabalho, velhice,

reclusão penitenciária e maternidade, além de assegurar os dependentes do

segurado após sua morte. O direito da aposentadoria que era por tempo de serviço

passou a ser garantido por contribuição, idade ou invalidez, seja ela por acidente ou

por motivos de doença, nesse âmbito foi estabelecido como benefício o auxílio

doença, também foi estabelecido auxílio reclusão e salário maternidade (SIMÕES,

2010).

A Lei Orgânica da Assistência Social, Lei Nº 8.742, de 7 de dezembro de

1993 (LOAS) foi de suma importância para o reconhecimento da assistência social

como política pública, de direito de qualquer cidadão brasileiro aos benefícios,

serviços, programas e projetos sócio assistenciais. “Política pública de seguridade,

direito do cidadão e dever do Estado, prevendo-lhe um sistema de gestão

descentralizado e participativo, cujo eixo é posto na criação do Conselho Nacional

de Assistência Social CNAS” (MESTRINER, 2001, p.206).

A Política Nacional de Assistência Social (PNAS) foi um documento que

serviu para normatizar ações de assistência social concebida na Lei Orgânica de

Assistência Social (LOAS)

A aprovação da LOAS em 1993 proporcionou transformações

significativas quanto à política de Assistência Social revelando consigo avanços

conquistados na viabilização dos direitos sociais.

Vale ressaltar que o processo de construção e aprovação da LOAS foi acompanhado de tensões, posto que o projeto original não foi aprovado, vindo a sofrer inúmeras alterações que deformaram, em muitos aspectos, a proposta original que contemplava as históricas demandas da sociedade por Assistência Social (MOTA, 2010, p.187).

Nesse processo foi implantado programas de assistência social, por

exemplo, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) onde o usuário que atender os

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critérios de ter idade igual ou superior a 65 anos ou deficiente, mais ausência de

renda (1/4 do salário mínimo em renda per capita).

O BPC é um dos mais importantes programas da seguridade social. Ele representou o reconhecimento do princípio da solidariedade social no campo da garantia de renda, estabelecendo o direito social não contributivo a um benefício monetário no valor de 1 salário mínimo (SM) para os idosos e deficientes em situação de pobreza. Sua implementação tem significado a manutenção de patamares mínimos de bem-estar para mais de 2,5 milhões de famílias pobres que têm, entre seus membros, idosos com mais de 65 anos e pessoas com deficiência incapacitadas para o trabalho e a vida autônoma (IPEA, 2008 apud MULLER, 2008, p. 35).

A Política Nacional de Assistência Social (PNAS) por sua vez traz em sua

trajetória o atendimento da população que está em vulnerabilidade e riscos sociais

que apresente situação de complexidade, desigualdade, precariedade, exclusão e

ausência de recursos. Esses fatores só reforçam que a equidade onde o

atendimento está ligado à necessidade do indivíduo.

A PNAS tem o objetivo de integrar políticas setoriais entendendo as

desigualdades existentes no território estudado, analisando onde localiza-se a

moradia, sua estrutura habitacional, como vivem, o que enfrentam e assim garantir

os mínimos sociais (saúde, educação, habitação, lazer, entre outros), além da

universalização dos direitos sociais.

Para Muller (2008) em 1994 a Organizações das Nações Unidas (ONU)

consagrou como o Ano da Família, salientando que os países precisam planejar

políticas que envolvam a família na proteção social ao idoso, esta aliada ao Estado

com as políticas públicas na promoção do cuidado a pessoa idosa.

Compete à família, à sociedade e ao Estado o dever de assegurar ao idoso todos os direitos de cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida; afirmando que não deve sofrer discriminação de qualquer natureza, e que o idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações a serem efetivadas através desta política (BRASIL, 1994 p.6).

No Brasil em 4 de janeiro de 1994 é publicada a Política Nacional do

Idoso, estabelecida pela Lei 8.842/1994 como implementação de ações

descentralizadas em diversos órgãos e esferas do governo. Essa política

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22

proporciona melhor efetivação da garantia no que tange os direitos estabelecidos a

pessoa idosa (RODRIGUES, 2007).

Portanto, os idosos somente tiveram seus direitos reconhecidos a partir

de 1994, com a criação da Política Nacional do Idoso, (PNI) Lei nº 8842, que foi

aprimorada com a Lei 10.741 de 2003 com a criação do Estatuto do Idoso, onde foi

estabelecido que o Estado tem o papel de promover e garantir o direito dessa

população. O Estatuto de Idoso estabelece diretrizes de forma clara para garantia e

efetivação dos direitos de pessoas com mais de 60 anos, pois o idoso como

qualquer cidadão precisa ter os seus direitos garantidos e ser assistido nos diversos

setores da vida como está referenciado na Declaração Universal dos Direitos

Humanos. Para isso as políticas sociais devem ser efetivadas com o intuito de incluir

o idoso nos diversos âmbitos sociais, pois a negação desses direitos provoca a

violação dos mesmos, e consequentemente reproduz a desvalorização do idoso.

(Muller, 2008).

O idoso é um ser de direitos, e deve ser respeitado como todo ser humano,

não é porque se tornou idoso deixou de ser cidadão, dentre esses direitos inclui a

cidadania, saúde de qualidade, educação, moradia digna no seio da família, lazer,

cultura, ou seja, ter acesso aos bem essenciais a sua vida, como também deve

exercer sua participação de forma ativa na comunidade, a inserção do idoso tanto na

família como na comunidade é de muita importância para manutenção do seu

equilíbrio físico e também mental, não sofrendo qualquer tipo de discriminação,

defendendo sua dignidade humana e seu bem-estar. É dever da família, sociedade e

do Estado à garantia desses direitos.

2.3 A FAMÍLIA, A SOCIEDADE E O ESTADO NO AMPARO ÀS PESSOAS

IDOSAS.

Família é constituída por indivíduos sociais que influenciam e que são

influenciados por outras pessoas que possuem vínculos parentais e convivem sob o

mesmo lar, e tem a responsabilidade de educar e transmitir valores para o

desenvolvimento dos mesmos no meio social. É a primeira instituição que o

indivíduo está vinculado, e essa deve promover a inserção de valores, crenças e

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consequentemente estabelecem sua cultura. Esse núcleo tem o intuito de

proporcionar ao sujeito amor, segurança e bem-estar.

No código de 1916, “família legítima” era definida apenas pelo casamento

oficial, união estável ou comunidade de qualquer genitor e descendente, a família

“tradicional” formada por pai como chefe da família, mãe e filhos. (PORTES;

PORTES; ROCHA [200?] p.10)

Percebe-se que as transformações sociais modificaram diversos setores

da sociedade, a família também sofreu suas mudanças, pois existem famílias

compostas por um dos progenitores e os filhos onde o (pai ou mãe) são os únicos

responsáveis pelo sustento do lar (família monoparental), outras são constituídas por

membros adultos que são responsáveis pela educação da criança (família

comunitária) em nossa sociedade contemporânea que é caracterizada pela inversão

de papeis na família, onde as mulheres são supridoras do lar. Nesse contexto

percebe-se que a sociedade contemporânea foi modificada, e isso provocou

alterações na sua esfera clássica e tradicional. Nesse contexto:

[...] a sociedade contemporânea alterou a ordem tradicional e causou profundas modificações nas três dimensões clássicas sobre as quais se define família, a sexualidade, a procriação e a convivência, introduzindo além de novas maneiras de ser e conviver, uma multiplicidade de tipos de família (MIOTO 1997, apud LIMA 2006 p.28).

Segundo Silva (2009) Estado vem do latim status que significa posição e

ordem. É o conjunto das instituições formadas por governo, forças armadas,

funcionalismo público que tem como finalidade controlar e administrar uma nação.

Transmitem a ideia de manifestação de poder. “O Estado é, indiscutivelmente, uma

estrutura ordenada com vista a servir a coletividade e prover a pessoa humana das

condições mínimas de existência” (CUNHA JUNIOR, 2009, p. 742).

Para Brasil (2010), o Estado como principal garantidor de direitos é o

responsável quanto ao acesso dos idosos às políticas públicas e sociais. A

sociedade deve proporcionar apoio aos direitos estabelecidos em leis além de

extinguir qualquer forma de discriminação ou desrespeito ao idoso.

Percebe-se que a família tem um papel muito importante para o apoio a

essa população, pois é no seio familiar que o idoso deve ter cuidados, proteção, e

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sem esquecer no que tange o afeto e amor no que está estabelecido no Estatuto do

Idoso.

A pessoa com mais de 60 anos é um indivíduo de direitos, e com

prioridade absoluta, no acesso aos direitos entre eles à saúde, moradia, cultura,

lazer, liberdade, dignidade e respeito que são fundamentais para a convivência em

sociedade. Nessa vertente o Estatuto do Idoso estabelece que:

É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária (BRASIL, 2010, p.5).

Para Frange (2004) tanto no artigo 3º do Estatuto do Idoso, como o artigo

230 da Constituição Federal (CF) de 1988, atribui à família, à comunidade á

sociedade e ao Poder Público o Estado o dever de amparo aos idosos, garantir seus

direitos fundamentais e atender suas principais necessidades.

Retomando-se as argumentações de Brasil (2010) em todos os setores

das relações sociais o idoso deve ser inserido de forma livre e digna e que seus

direitos sejam efetivados em todos os âmbitos seja familiar, social ou

governamental. O envelhecimento da população passou a ser um fator de

grande relevância para a sociedade, com o aumento de forma significativa dessa

população deve-se mudar a forma que essas pessoas com idade acima de 60 anos

deve ser tratada, usar um novo olha para essa realidade qual estamos vivendo.

Ainda conforme Brasil (2010), a família deve ser vista como principal

ponto de apoio para a garantia de direitos desses idosos, que deve tê-los com

absoluta prioridade principalmente nessa sociedade contemporânea na qual

vivemos onde o afeto, amor e proteção da família foram deixados de lado, em prol

de compromissos diários qual se vive, a comunidade também é uma base

significativa na garantia desses direitos previstos no Estatuto do Idoso.

Segundo Sant’ana (2007) sociedade palavra derivada do latim

“societas”, que significa associação amistosa com outros. Portanto, sociedade está

vinculada há um grupo de indivíduos que compartilham de uma determinada região,

vinculando seus ideais em relações econômicas, culturais e políticos, além de

tradições, costumes, leis e valores que caracterizam uma comunidade. A sociedade

é uma rede de relações que proporciona ao indivíduo o contato com o meio social,

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25

assim a sociedade deve se utilizar de interesses comuns com objetivos mútuos, para

a manutenção da ordem e da equidade e consequentemente proporcionar a

democracia dos indivíduos.

A sociedade, como é possível perceber, deve atuar de forma que o direito

dos idosos seja validado, e não sendo exposto a qualquer situação discriminatória.

O Estado por sua vez é um garantidor de direitos já existentes, e também deve atuar

com a finalidade de ampliação dos novos direitos para o amparo dessas pessoas

com mais de 60 anos.

Conforme Basto (2001) as relações familiares proporciona ao indivíduo

valores que serão levados por toda vida, a interação indivíduo e a família é um

instrumento primordial para a estrutura quanto aos desafios do convívio em

sociedade. Ao adequar-se as normas o homem se cerca de condições que lhe são

impostas pelo meio social. Ou seja, o idoso é deixado de lado, não tendo atenção, e

passa ser um “fardo” na família devido as suas limitações, decorrentes da idade.

Nesse contexto: “a diferença entre valores, concepções de mundo e padrões

culturais de cada faixa etária podem resultar em conflitos entre gerações de uma

família” (SODRÉ; SILVA; BRITO, 2010, p. 05).

Conforme o autor supracitado, com o passar dos anos o indivíduo depara-

se com um conflito existencial, pois as limitações lhe causam privações, esse

processo está ligado aos estereótipos impostos pela sociedade impõe um padrão e

este deve ser seguido. A família como supridor tem um papel primordial na garantia

dos direitos do idoso, mas em alguns casos a família se nega a cumprir o seu papel.

O conflito começa quando o idoso se nega a aceitar o seu papel perante a

sociedade, pois em muitos casos são vistos como incapaz esse fator precisa ser

trabalhado junto à família para que o idoso sinta-se acolhido nos diversos âmbitos

(sociedade, Estado e família).

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3 CONCEITUANDO O FENÔMENO DA VIOLÊNCIA

Segundo Sant’ana (2007) apud Cunha (1982) para entender o que é

violência inicialmente faz-se necessário saber o significado da palavra vem do latim

"violentia" que significa força, poder, dominação, coação que se usa contra o direito

e a lei, violento, vem do latim "violentus", é todo aquele que age com força

impetuosa excessiva, exagerada e o seu uso é concedido aquele que exerce

autoridade na impossibilidade de resistência, violando a integridade do outro.

A violência os maus tratos é entendida, como um processo social relacional complexo e diversos. (...) A sociedade se estrutura nas relações de acumulação econômica e de poder, nas contradições entre grupos e classes dominantes e dominados. (...) A violência, pois, expressa uma relação de poder e de força. A força e o poder implica assegurar o lugar de mais forte, com a submissão do outro, por meio de estratégias, mecanismo, dispositivos, arranjos que levem o outro a se curvar e mesmo a consentir ao dominante, com contragosto mais ou menos expresso ou escondido (FALEIROS, 2010, p.02).

A violência está vinculada aos diversos estereótipos de poder, os

indivíduos expressam suas relações de força através da imposição que asseguram

suas marcas de autoridade. Essa contradição entre dominador e dominado perdura

por diversos anos, nessa perspectiva os idosos são vistos como indivíduos inferiores

onde são excluídos em diversos âmbitos da sociedade, estes fatores podem ser

observados em asilos, instituições, lares e na sociedade como todo, que exclui os

idosos por classificá-los com incapazes, essa relação de poder envolve expressões

de subordinação dos nas fortes sobre os mais fracos.

O histórico da violência e da criminalidade, seja qual for o contexto em

que elas se insiram, percebe-se que sempre existiu independentemente da

sociedade. O ilustre sociólogo Émile Durkheim argumenta em sua obra “As Regras

do Método Sociológico”, que o crime é um fenômeno social normal, visto que

diversos crimes são cometidos em toda e qualquer sociedade. Segundo Durkheim,

[...] o crime consiste num ato que ofende certos sentimentos coletivos dotados de uma energia e de uma clareza, particular. Para que, numa dada sociedade os atos considerados como criminosos pudessem deixar de existir seria necessário, portanto, que os sentimentos que chocam se encontrassem, sem exceção, em todas as consciências individuais e possuíssem a força necessária para conterem os sentimentos opostos. Ora, admitindo que esta condição pudesse efetivamente ser realizada, o crime não desapareceria por

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isso e apenas mudaria de forma; seria a própria causa que assim eliminava as origens da criminalidade, que viria a gerar novas fontes desta (DURKHEIM, 1983, p. 121).

Percebe-se que o crime consiste em um fato social, que está inserido nas

estruturas sociais, e são ofensas aos sentimentos do coletivo. Este nunca deveria

está presente na sociedade, para que isso acontecer seria necessário que a

consciência individual fosse compatível à consciência coletiva, o homem teria que

ter pensamentos individuais que fosse ao encontro do coletivo nas regras sociais.

O crime é o termômetro do estado, ou seja, onde ele está presente, se vê

necessário à atuação do Estado para resolver um problema social. Por isso que o

crime é um fato social, pois está inserido dentro da sociedade, por causa da

consciência individual do homem em seu meio social, quando não está no mesmo

patamar da consciência coletiva não segura seus impulsos e começa a se delinquir,

uma vez que as regras sociais perderam para as regras individuais, ou seja, o

coletivo deixou de existir e se vive apenas o individual.

Para Cravo (2009) violência é um fenômeno histórico-social, inerente a

vida em sociedade; pode estar presente em todas as práticas sociais. Criminalidade

é um fenômeno jurídico; é tudo que diz respeito ao crime e ao criminoso, sendo a

criminologia a ciência que estuda este fenômeno. Violência é continente e

criminalidade é conteúdo pode existir violência sem criminalidade; mas a

criminalidade é uma forma de violência.

A violência é uma questão social muito recente, visto que somente há

apenas cerca de 30 anos com a Constituição Federal de 1988, ela passa a ser

percebida como um problema de opressão à integridade física, psíquica e

principalmente vista como agressão aos direitos humanos.

De acordo com Minayo:

Violência é uma noção referente aos processos e às relações sociais interpessoais, de grupos, de classes, de gênero, ou objetivadas em instituições, quando empregam diferentes formas, métodos e meios de aniquilamento de outrem, ou de sua coação direta ou indireta, causando lhes danos físicos mentais e morais. A Rede Internacional para a Prevenção dos Maus Tratos contra o Idoso assim define a violência contra esse grupo etário: O maltrato ao idoso é um ato (único ou repetido) ou omissão que lhe cause dano ou aflição e que se produz em qualquer relação na qual exista expectativa de confiança. (...) Esta violência coincide com a violência social que a sociedade brasileira vivencia e produz nas suas relações e introjeta na sua cultura (MINAYO, 2005, p.13).

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A partir da reflexão, violência está vinculada a violação de direitos, os

sinais desses danos estão ligados ás agressões, maus-tratos e consequentemente

traumas. A violação não esta somente ligada á omissão de direitos, mas também ao

crime, pois violência moderada ou grave pode levar a morte.

3.1 FORMAS DE VIOLÊNCIA PRATICADAS CONTRA PESSOA IDOSA

Percebe-se que as manifestações de violência contra o idoso estão

caracterizadas pela sua posição diante da sociedade, que estigmatiza o idoso por

ver o envelhecimento como um problema social onde são descritos como incapazes

ou inúteis que são resultados da ideia negativa que se disseminou sobre a

desvalorização dos idosos. Essa violência pode ser observada em várias classes

sociais seja ela, rica ou pobre independente de idade ou parentesco com o idoso,

cultura, religião ou etnia, portanto pode ser na esfera social, familiar ou institucional.

A negligência e o descaso são fatores que se associam na percepção da

vulnerabilidade vivenciada pelos idosos, pois na maioria dos casos vivem em

situação de abandono e discriminação. A violência em suas diversas refrações

associa a predominância de interesse dos familiares em bens financeiros como

aposentadoria ou benefício, imóveis, pois muitas vezes o idoso é o único membro da

família que possui renda fixa, outros moram em instituições que abrigam idosos,

porém não possui estrutura para atendê-los. Os tipos de violência consistem em

abusos financeiros e econômicos, violência estrutural, violência institucional e

violência familiar.

Os abusos financeiros e econômicos, que constituem a queixa mais comum nas delegacias, SOS idosos e em promotorias especializadas do Ministério Público. Referem-se, sobretudo, a disputas pela posse de bens dos idosos ou a dificuldades financeiras das famílias em arcar com a sua manutenção. Geralmente, são cometidos por familiares, em tentativas de forçar procurações que lhes dêem acesso a bens patrimoniais dos velhos; na realização de vendas de bens e imóveis sem o seu consentimento; por meio da expulsão deles do seu. Tradicional espaço físico e social do lar ou por seu confinamento em algum aposento mínimo em residências que por direito lhes pertencem, dentre outras formas de coação. Tais atos e atitudes visam, quase sempre, à usurpação de bens, objetos e rendas, sem o consentimento dos idosos. Mas, geralmente os maus-tratos são múltiplos: queixas de abuso econômico e financeiro associam-se a várias formas de maus-tratos físicos e psicológicos, que produzem lesões, traumas ou até a morte (BRASIL, 2010, p.81).

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Compreende-se que a violência financeira caracteriza uma das causas

mais ascendentes relacionada ao assunto, pois em diversos departamentos,

denúncias relacionadas ao abuso são registradas. Essa violência em resumo está

conectada aos bens e patrimônios do idoso, exemplo imóveis, aposentadoria,

benefícios, pois em inúmeros casos seus bens são vendidos ou roubados por

membros da família.

Os abusos financeiros por parte do próprio Estado quando frustra expectativa de direitos ou se omite na garantia desses direitos. Exemplos comuns ocorrem nas freqüentes dificuldades relacionadas a aposentadorias, pensões e concessões devidas. Isso ocorre, também, com empresas de comércio e prestadoras de serviços, sobretudo, bancos e lojas. Os campeões das queixas dos idosos são os planos de saúde por aumentos abusivos e por negativas de cobertura de determinados serviços essenciais; estelionatários e de outros abusadores que tripudiam sobre sua vulnerabilidade física e econômica em agências bancárias, caixas eletrônicos, nas lojas, na rua, nas travessias ou nos transportes. Roubos de cartões, cheques, dinheiro e objetos, de forma violenta ou sorrateira são também crimes muito notificados nas delegacias de proteção (BRASIL, 2010, p.82).

Entende-se que além da família o idoso também se sente lesado por

órgãos públicos do Estado e empresas que prestadoras de serviços, pois são

vítimas de golpes que aproveitam a fragilidade dos idosos para obtenção de lucros o

que ocasiona a negação dos direitos estabelecidos ao idoso.

A violência estrutural que vitima os idosos é resultante da desigualdade social, da penúria provocada pela pobreza e pela miséria e a discriminação que se expressa de múltiplas formas. No Brasil, apenas 25% dos idosos aposentados vivem com três salários mínimos ou mais. Portanto, a maioria deles é pobre e muitos são miseráveis. Embora a questão social seja um problema muito mais amplo do que o que aflige os mais velhos, eles são o grupo mais vulnerável (junto com as crianças) por causa das limitações da idade, pelas injunções das histórias de perdas e por problemas de saúde e de dependência, situações que na velhice são extremamente agravadas. Estudos mostram que os idosos mais pobres são os que têm mais dificuldades de acesso aos serviços de saúde, sofrem mais problemas de desnutrição e são deixados ao desamparo e ao abandono em asilos, nas ruas ou mesmo nas suas casas. Muitas vezes, o abandono ou a falta de assistência de que são vítimas têm como causa principal, a pobreza e a miséria das suas famílias, absolutamente sem condições de lhes propiciar o apoio de que precisam (BRASIL, 2010, p.82).

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Descreve-se que a vulnerabilidade, miséria e pobreza são expressões

que estão conectadas a este tipo de violência, o que caracteriza fatores políticos,

sociais e econômicos, pois nesse contexto pode-se presenciar as inúmeras

limitações e dificuldades ligados a essa problemática. Os idosos nesse contexto

sofrem por não possuir renda suficiente para sua manutenção, devido aos benefícios

ou aposentadoria não suprir suas necessidades, além da falta de apoio familiar, pois

em diversos casos são vitimas e exploração e abandono, outro fator relevante é o

desgaste físico e mental que impossibilita alguns de sua independência.

A violência institucional no Brasil ocupa um capítulo muito especial, sobretudo nas instituições públicas de prestação de serviços e nas entidades públicas e privadas de longa permanência de idosos. No nível das instituições de prestação de serviços, as de saúde, assistência e previdência social (as que pela Constituição configuram os instrumentos da seguridade social) são campeãs de queixas e reclamações, nas delegacias e promotorias de proteção aos idosos. Além de, frequentemente, assistência ser exercida por uma burocracia impessoal que reproduz a cultura de discriminação por classe, por gênero e por idade, a maioria dos serviços públicos não estão equipados e nem possuem pessoas preparadas e em número suficiente para o atendimento aos idosos (BRASIL, 2010, p.83).

Percebe-se que os maus tratos relacionados a este tipo de violência

caracterizam-se pela falta de estrutura das instituições e a deficiência dos

profissionais que encontram-se despreparados para atuar nessa área. O que se

observa é a decadência dos serviços, desconfigurações dos direitos que torna o

atendimento precário. Esses fatores estão ligados à falta de planejamento e

execução das instituições para prestar esse serviço.

Muitas instituições de longa permanência, em que pesem exceções importantes, perpetram e reproduzem abusos, maus-tratos e negligências que chegam a produzir mortes, incapacitações e a acirrar processos mentais de depressão e demência. Em muitos asilos e clínicas, mesmo em estabelecimentos públicos ou conveniados com o Estado, frequentemente, as pessoas são maltratadas, despersonalizada, destituídas de qualquer poder e vontade, faltando-lhes alimentação, higiene e cuidados médicos adequados. No entanto, quase inexiste a necessária vigilância e fiscalização desses estabelecimentos, a não ser quando ocorre um escândalo ou alguma denúncia intensamente alardeada pela imprensa (BRASIL, 2010, p.83).

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Percebe-se que em diversos asilos as deficiências, abusos, maus tratos e

negligencias, fazem parte do cotidiano dos idosos e esses fatores muitas vezes

resultam em tragédias como depressão, deficiências mentais e até mortes. Isso

ocorre tanto em instituições públicas e privadas, pois a estrutura desses locais não

está preparada para atender o público nela inserido, o que contribui para a

perpetuação desses acontecimentos é a falta de higiene, medicamentos,

alimentação, estrutura física dos asilos e a falta ou deficiência de fiscalização nesses

locais, o que desencadeia a permanecia desse processo.

A violência familiar contra idosos é um problema nacional e internacional. Pesquisas feitas em várias partes do mundo revelam que cerca de 2/3 dos agressores são filhos e cônjuges. São particularmente relevantes os abusos e negligências que se perpetuam por choque de gerações, por problemas de espaço físico e por dificuldades financeiras que costumam se somar a um imaginário social que considera a velhice como “decadência” e os idosos como “passados” e “descartáveis”. Existem duas formas de abuso mais frequentes nas famílias: as negligências em relação a suas necessidades específicas quanto ao ambiente e as relacionais. No primeiro caso, apesar de 26% dos lares brasileiros hoje contarem com pelo menos um idoso, poucas casas estão materialmente adaptadas a ele. O resultante disso é que a maioria das quedas que leva à morte ou internações (fato constatado nos dados citados anteriormente) ocorre nos lares (BRASIL, 2010, p.84).

Nota-se que a família é o alicerce para a pessoa idosa, pois em sua

última fase da vida. Muitos desejam está próximo aos familiares, amigos, enfim

pessoas que os amam, isso proporciona estabilidade, conforto e segurança. Porém

inúmeros casos de violência contra a pessoa idosa estão ligados diretamente a

familiares, que agem com negligência e abusos o que introduz a negação dos

direitos. As agressões cometidas por familiares em muitos casos omitem as

essencialidades como alimentação, moradia, higiene, medicação, lazer, o que causa

deficiências irreversíveis como traumas graves ou morte.

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3.2 VIOLÊNCIA CONTRA PESSOA IDOSA CONTEXTUALIZAÇÃO MOTIVAÇÕES

Como sugere Brasil (2001) os idosos são indivíduos mais vulneráveis à

violência principalmente a violência intrafamiliar aquela que se refere às relações

interpessoais e ocorre no âmbito familiar, pode ser acometida dentro ou fora do lar,

por alguma pessoa da família.

“As limitações impostas pela idade, às injunções das histórias de perdas e

por problemas de saúde e dependência, que na velhice são e extremamente

agravadas.” BERTOLDI (2007). Prosseguindo na analise a violência intrafamiliar têm

como vítimas principais crianças, adolescente, mulheres, deficientes físicos, mentais

e idosos, devido o fato de ser pessoas menos independente, maior é o grau de

vulnerabilidade.

A vulnerabilidade dos idosos à violência que as desvantagens deste segmento social são inúmeras e desiguais, principalmente devido ao processo de envelhecimento, que tende a debilitar e reduzir as funções cognitivas e defesas do organismo. (MENEZES; 1999 apud SANTOS et al, 2007, {s.p}).

De acordo com o que foi dito, o convívio com os idosos torna-se mais

delicado e requer cuidados, pois as pessoas com idade superior a 60 anos

necessitam de mais atenção, na medida em que envelhecem automaticamente

necessitam de cuidados mais detalhados e minuciosos, isso inclui tanto cuidados

físicos como mental esse processo requer um preparo dos familiares, mas isso não

tem acontecido, o que vem gravando ainda mais a situação dos idosos.

Nesse sentido Faleiros (2010) colabora:

A família (...) não mais convencional, é decorrente de arranjos, rupturas e suturas diferentes na dinâmica da sociedade moderna (...). Ela não é mais a mesma. Há uma “família em extinção, pois as relações interpessoais, intergeracionais e sociais foram se desconectando no mundo globalizado”; aparece uma “pluralidade de formas atuais” de família. (Castilho, 2007, p.59) família. Godelier (2004, p.11) se refere à “família estendida” como “grupos de parentes, em geral um pai e seus filhos casados vivendo sob o mesmo teto e compondo uma só unidade de produção”. Castilho (2007, p. 59) conjectura que “pouco espaço resta para o idoso na família contemporânea, cujos membros, embora junto, vivem hoje o isolamento decorrente de uma família fragmentada e fragilizada (...)” (FALEIROS, 2010, p. 68).

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Nessa mesma linha de raciocínio de Faleiros (2010), a estrutura familiar

tradicional esta sendo extinta devido à substituição por uma família “plural”, pois há

uma mudança no conceito de família, ou seja, diversas gerações morando sobre o

mesmo teto, família composta por um dos genitores e os filhos, outro fator é a

evolução das mulheres no que diz respeito às conquistas de novos espaços as

mulheres possui jornada tripla sendo mãe, mulher, além de trabalhar fora de casa.

As refrações do mundo moderno extinguiram o afeto e o respeito, pois

não há mais interações no que diz respeito à participação dos idosos nas decisões

familiares. A fragilidade e a fragmentação das famílias são decorrentes da família

pós moderna, pois os espaços e o tempo foram substituídos por novos rituais, esses

fatores são decorrentes dos compromissos diários isso se refere ao sistema

capitalista que exige que o individuo priorize o ter e não o ser.

Outro fator que leva a família a acometer a violência contra o idoso é a

questão financeira que é uma das motivações da violência contra os idosos no

Brasil.

(...) o convívio entre as gerações é imposto pelo empobrecimento da população, em especial nos grandes centros urbanos, o qual soma-se a sobrecarga de tarefas impostas às mulheres e a ausência de políticas públicas que auxiliem e atuem como facilitadoras das relações domésticas (PASINATO; CAMARANO; MACHADO; 2004, p. 5).

Conforme Pasinato; Camarano; Machado; (2004) a violência tem diversas

vertentes, uma delas é a financeira, inúmeras famílias vivem em situação de

pobreza em muitas situações a renda é responsabilidade de um dos membros da

família, em algumas situações o idoso é o único a possuir renda, seja por

aposentadoria ou BPC (Beneficio de Prestação Continuada), com baixos valores que

não dar para sustento do próprio idoso nem para suprir as suas necessidades, é

com esse salário, que o idoso se ver obrigado a sustentar uma família onde muitas

vezes agrega varias gerações, esse fator é decorrente da pauperização

populacional, da deficiência das políticas públicas que proporcionam a decadência

das estruturas sociais.

Conforme os autores supracitados, outro fator que induz a violência

contra o idoso é ter no seu seio familiar um componente que seja dependente de

álcool e drogas que são substâncias que produz mudança no grau de consciência e

no estado emocional das pessoas, que desencadeia estresse, desequilíbrio e

Page 34: Violência Intrafamiliar contra o idoso: A atuação da DEAIT (BA)

34

frustração, na maioria dos casos o idoso não possui forças físicas para defesa e

alguns devido a seu estado de saúde sofrem de doença degenerativa e a

consequente diminuição de sua capacidade funcional e cognitiva do idoso

proveniente do processo de envelhecimento, sendo assim presa fácil.

O problema tem ocorrência na insensibilidade, que traz em sua proporção

maus tratos e perpetua a discriminação e o desrespeito. O idoso na maioria das

situações se cala frente a esta problemática, pois se sentem responsáveis pelas

agressões, muitas vezes a morte leva com individuo as consequências que jamais

serão reparadas. Romper o silêncio é a contrapartida para providências.

Entende-se então que a violência intrafamiliar é uma “violência

silenciada”, que muitas vezes é sofrida de forma calada, pois o idoso sente-se

coagido em denunciar alguém da sua família, e muitas vezes envergonhado por esta

sendo violentado por alguém que deveria na verdade lhe proteger.

(...) ruptura de um pacto de confiança, na negação do outro, podendo mesmo ser um revide ou troco. Alguns filhos pensam dar o troco de seu abandono ao entregar idosos em abrigos ou asilos e ao informarem endereço falacioso para não serem contatados (FALEIROS, 2007, p.40).

Nessa mesma linha de raciocino, a maioria das violências praticadas

contra indivíduos com idade superior a 60 anos ocorre no ambiente familiar e que os

autores dessas violências são em geral filhos e netos das vítimas. Normalmente

esses adultos são sujeitos que podem ter vindo de um lar de relações violentas.

Devem-se considerar os elos de dependência vivida entre pais e filhos, o

histórico dessa relação. O abandono dos filhos reflete nas decisões que os mesmos

terão com os pais na velhice, na maioria das internações em instituições e abrigos

para idosos observa-se a rejeição e consequentemente o abandono dos filhos com

os idosos, esse fator leva em consideração situações que marcaram a vida dos

indivíduos.

Outra razão pela qual as pessoas idosas sofrem violência é a

dependência devido a invalidez física ou mental. A atenção e cuidados com um

idoso enfermo e dependente é um peso para muitas pessoas, o

que ocasiona estresse para o cuidador que na maioria das situações é alguém da

família, isso é típico de uma situação previa decorrente de relações conflituosas e

podendo gerar um autoritarismo com o uso de força, poder e domínio do outro.

Page 35: Violência Intrafamiliar contra o idoso: A atuação da DEAIT (BA)

35

3.3 VIOLÊNCIAS CONTRA IDOSOS NO AMBIENTE INTRAFAMILIAR

Para Paschoal (2000) o envelhecimento da população é um grande

avanço e conquistas da humanidade, um privilégio para poucas pessoas atingir uma

idade avançada. No entanto essa conquista é um paradoxo, pois devido a esse

processo de envelhecimento gerou aspectos negativos, como o aumento da

violência e maus-tratos com essa população com idade superior a 60 anos,

principalmente nas relações intrafamiliar, ou seja, nas relações com entes da sua

família por parentesco civil (marido e mulher, sogra, padrasto) ou parentesco natural

(pai, mãe, filhos, irmãos).

Segundo Faleiros (2010) conforme citado anteriormente, a violência

intrafamiliar é aquela que se refere às relações interpessoais, acometida dentro do

seio familiar pode acontecer dentro ou fora de casa mais entre indivíduos unidos por

parentesco civil ou parentesco natural, e tem aparecido de uma forma marcante

como parte da realidade da população idosa. A violência intrafamiliar no Brasil é

legado desde os tempos de um sistema colonizador dominador, que deixou

profundas raízes, é responsável negação dos direitos de boa parte da população

brasileira.

A violência doméstica é um problema universal que atinge milhares de

pessoas no mundo, muitas vezes é vivida de forma silenciosa, pode ser acometida

dentro do domicílio ou, em abrigos e asilos geralmente praticados por pessoas sem

função parental, que convivam no espaço doméstico, ou seja, que morem ou tenham

contato com a vítima; vizinhos, amigos, empregados (as) cuidadores, pessoas que

convivem esporadicamente com a vítima. Nesse sentido:

É importante estabelecer uma diferenciação entre violência doméstica e violência familiar. A primeira pode ser definida como sendo aquela que ocorre no âmbito domestico em que vive o idoso, onde está inserido, não precisando ter como autores de agressão necessariamente familiares, mas, sim, vizinhos, cuidadores, ou, inclusive, pessoas que trabalham em casas geriátricas ou asilos. Já violência familiar, pode ser entendida como aquela que é praticada por familiares do idoso, seus filhos, netos, bisnetos, cônjuges ou companheiros, dentre outras pessoas que possuem ligação familiar com esta pessoa idosa (RITT e RITT, 2008, p.18).

Percebe-se que tanto a violência intrafamiliar como a violência doméstica

inclui: abuso físico, sexual, psicológico, econômico ou financeiro a negligência e o

Page 36: Violência Intrafamiliar contra o idoso: A atuação da DEAIT (BA)

36

abandono. A violência intrafamiliar é a que ocorre entre familiares sendo acometida

dentro ou fora do domicilio. Os dois tipos de violências possuem características

iguais onde existe simultaneamente uma cumplicidade e um medo, á diferença é

que a familiar é mais ampla que a doméstica, pois esta abrange toda família.

Para Faleiros (2010, p.15), “[...] a violência intrafamiliar é o processo

complexo de interseção e cominação de dinâmicas e das estruturas familiar com a

dinâmica e a estrutura social”.

Ainda nessa linha de raciocino Faleiros (2010) entende-se que sobre a

violência contra idosos e seus respectivos atores é preciso analisar as diversas

formas e modelos que esta ligada aos atos cometidos e os âmbitos a esta

relacionada. Violência doméstica e familiar, mesmo com suas diferenças e

particularidades remete-se ao indivíduo que convive diariamente com esse idoso e

cometem agressões, ameaças, maus tratos, cárcere privado, omissão de

alimentação, medicamentosa.

A violência na família desencadeia circunstâncias que quebram as

relações de convivência entre idoso e a família, pois o diálogo e compreensão não

são prioridades decorrentes da quebra de afetividade dos indivíduos, além das

fragilidades vivenciadas pelo idoso e seus familiares além das responsabilidades

que os indivíduos adquirem quanto à vida profissional. Nesse contexto:

A família é o núcleo por excelência no qual os idosos buscam apoio para vivência afetiva. Dar e receber carinho, atenção consideração garante a segurança e a estabilidade necessária para o enfrentamento de tarefas da vida diária. Quanto mais saudáveis forem as relações, com estabilidade, reciprocidade e equilíbrio de poder (BRONFENBRENNER, 1996 apud PORTO; KOLLER 2006, p.112).

Observa-se que a família é a base e a estrutura de qualquer individuo,

nela está inserido os valores e crenças que compõe a características do ser

humano, para administrar sua vida social. A família é considerada a primeira

instituição que o individuo está inserido, nela o sujeito precisa receber atenção,

carinho, segurança, educação entre outros, portanto o idoso ver a família como um

alicerce, um lugar que lhe garante estabilidade e conforto, pois devido sua idade já

avançada não pode mais defende-se como quando era um jovem com vigor.

“A aposentadoria é o momento de reestruturação da identidade pessoal e

o estabelecimento de novos pontos de referência” (RODRIGUES, 2001, p. 9).

Page 37: Violência Intrafamiliar contra o idoso: A atuação da DEAIT (BA)

37

Portanto, o apoio da família para essa fase da vida marcada por perdas é de grande

importância, pois em primeira instância vem à aposentadoria que é visto como uma

ruptura com meio produtivo habitual, além das burocracias vinculadas a aprovação

do benefício.

Ainda refletindo, os setores responsáveis por proporcionar ao idoso

melhores condições de vida em muitas situações não interfere quanto ao cuidado

em propiciar ao idoso os direitos constituídos em lei, quando nos reportamos. Assim,

“[...] a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas,

assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-

estar e garantindo-lhes o direito à vida”. (BRASIL, 1988, [s.p]).

É possível perceber que a verdade não é bem assim, muitas vezes a

família que tem a função de cuidar e proteger excluí o idoso nas decisões da família,

tratando-o como inferior e incapaz, a sociedade não acolhe o idoso como uma

pessoa que contribuiu para a melhoria da população, o Estado não implanta políticas

efetivas para esse publico, pois não encontra retorno positivo no âmbito econômico.

Nessa vertente Muller (2008) colabora:

A Constituição Federal de 1988 espelha a responsabilidade familiar e a assistência mútua entre pais e filhos e a obrigação do Estado em manter programas de amparo ao idoso em seu Capítulo VII, nos artigos 229 e 230. O Artigo 229, versando sobre a criança, o adolescente e o idoso, diz: “Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.” Portanto, o artigo 229 atribui aos filhos a obrigação de cuidar dos pais na velhice, em situação de doença ou carência, mas também estabelece que os pais sejam responsáveis pela criação dos filhos. No Artigo 230 define que o cuidado com os idosos é dever conjunto do Estado da sociedade e da família (CAMPOS; MIOTO; 2003 apud MULLER, 2008, p. 41).

Assim constitui responsabilidade da família, da sociedade e do Estado o

amparo às crianças e aos idosos, pois esses indivíduos precisam de cuidados

devido à fragilidade e a incapacidade de defesa. Esse cuidado foi instituído pela

Constituição Federal de 88 através em artigos que ressaltam a obrigação dos

indivíduos no apoio dos filhos e dos pais na velhice. A sociedade em contrapartida

tem o papel de cuidar dos indivíduos que nela está inserido, observando seus

agravantes e lhes proporcionando melhorias significativas, além disso, tem o papel

de fiscalizar se as políticas atende as necessidades dos indivíduos. O Estado como

Page 38: Violência Intrafamiliar contra o idoso: A atuação da DEAIT (BA)

38

poder vigente responsabiliza-se pela implantação de políticas que assegure os

indivíduos dos seus direitos.

A palavra de todos os vitimizados mais frágeis não tem valor, e a negação da palavra, pela falta de audição da voz dos oprimidos, é uma forma de revitimização estrutural nas instâncias do próprio Estado. A discriminação cultural, racial ou étnica no cotidiano e nas instâncias do Estado configura uma expressão do preconceito socialmente justificado pela violência simbólica que estabelece o lugar do outro como inferior (FALEIROS, 2007, p.35).

Retomando-se as argumentações de Faleiros (2007) a violência contra a

pessoa idosa no âmbito familiar é conhecida como a “violência oculta” sofrida em

silêncio, porque muitas vezes o idoso sente vergonha e se culpabiliza pela violência

sofrida, pois não foi uma boa mãe ou um bom pai e agora na velhice estão colhendo

os frutos. A pessoa idosa tem receio de fazer as denúncias contra alguém da sua

própria família e na sua grande maioria não denunciam por medo de serem punidos

e perderem o acolhimento de seus cuidadores geralmente seus próprios agressores.

Muitas vezes o idoso tem receio de denunciar, por já ser uma pessoa velha, ter

problemas de perda de memória, e outros distúrbios em decorrência da idade e sua

palavra já não tem mais valor. Nesse sentido, Faleiros, Brito (2007) colabora:

O impacto da violência, por sua vez, se traduz, tanto na reprodução da desigualdade, das assimetrias e dessimetrias, como na negação do conflito e do outro, no sofrimento, angústia e, também em prejuízos ou danos para as vítimas. A violência intrafamiliar se articula com a violência social (...) (FALEIROS; BRITO, 2007, p.109).

Dessa forma, é pertinente a reflexão de Faleiros, Brito (2007) a violência

em sua conjuntura transcreve as desilusões dessa problemática, pois a mesma

introduz o caos em diferentes âmbitos, seja ela, social, psicológica, física, entre

outras. A vulnerabilidade que este indivíduo vivencia é humilhante e desumano, pois

a proporção da desigualdade e do desrespeito provoca no agressor sentimento de

superioridade á vitima que encontra-se desprotegida e indefesa, essa violência

que muitas vezes é cometida por filhos ou netos, produz marcas irreversíveis que

o indivíduo não enxerga os múltiplos danos causados nas vítimas. A violência e suas

vertentes transcrevem as fragilidades de uma sociedade desestruturada e com

composições de desigualdade e conceitos pejorativos do que é ser idoso. Os

indivíduos impõem características que inferioriza o mais velho sem preocupa-se com

Page 39: Violência Intrafamiliar contra o idoso: A atuação da DEAIT (BA)

39

as consequências e agravantes desse processo. Vale ressaltar que todo ser humano

envelhece e consequentemente precisará de cuidados.

Page 40: Violência Intrafamiliar contra o idoso: A atuação da DEAIT (BA)

40

4 VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR CONTRA IDOSOS EM SALVADOR: UM ESTUDO NO

CONTEXTO DA DEATI-BA

No viés das reflexões teóricas trazidas no decorrer dessa pesquisa, sobre

a questão do envelhecimento e suas implicações na sociedade e na família, quanto

à violência cometida contra os idosos, esse capítulo traz uma análise das entrevistas

realizadas na Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso (DEATI), localizada

na Rua do Salete nº 19 Barris, em Salvador- BA.

4.1 O CAMINHO METODOLÓGICO DA PESQUISA: INSTRUMENTOS

UTILIZADOS

Os métodos utilizados para a realização da pesquisa foram pesquisa

quanti-qualitativa de caráter exploratório.

Esse tipo de pesquisa aparece de forma cada vez mais frequente, pois integra dados qualitativos e quantitativos em um único estudo, permitindo que cada método ofereça o que tem de melhor e evitando as limitações de cada abordagem. Por exemplo, o método quantitativo trabalha com grandes e representativas amostras, mas não consegue apreender o contexto do fato; o método qualitativo, por sua vez, lida com amostras pequenas e pouco representativas, mas trabalha com procedimentos analíticos que confiam dados subjetivos, que podem apresentar riscos em termos de confiabilidade e capacidade de generalização; isso demostra as vantagens da complementaridade (HANDEM et al, 2009, p.98).

A pesquisa quanti-qualitativa abordou de forma pertinente os dados

coletados com o intuito de oferecer aos pesquisadores conhecimento e análise do

objeto de pesquisa.

Esse presente trabalho sobre violência intrafamiliar contra idosos, é uma

pesquisa descritiva de caráter exploratório que têm como objetivo a descrição das

características de uma determinada população ou de um fenômeno, esse tipo de

pesquisa também proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a

torná-lo mais explícito conforme Rodrigues (2007)

Gil (2002) ressalta que o estudo de caso tem uma característica em

estudos exploratórios e descritivos, onde sua importância fornece respostas

relevantes para os fenômenos abordados na pesquisa. Nesse tipo de pesquisa

pode-se identificar etapas que se classificam um sem unidade-caso, número de

Page 41: Violência Intrafamiliar contra o idoso: A atuação da DEAIT (BA)

41

casos, elaboração de protocolo, coleta de dados, análise dos dados e redação do

relatório.

Convém ressaltar, no entanto, que um bom estudo de caso constitui tarefa difícil de realizar. Mas é comum encontrar pesquisadores inexperientes, entusiasmados pela flexibilidade metodológica dos estudos de caso, que decidem adotá-lo em situações para as quais não é recomendado. Como conseqüência, no final de sua pesquisa, conseguem apenas um amontoado de dados que não conseguem analisar e interpretar (GIL, 2002, p. 55).

O estudo de caso foi utilizado com uma abordagem analítica e crítica

através fundamentos analisados pela coleta de informações esse processo

identificou questionamentos relevantes ligados aos dados da pesquisa.

As técnicas de coleta de dados utilizadas foram: análise de

documentos e registros da instituição, por exemplo, os boletins de ocorrência, com o

intuito de compreender os diversos tipos de violência intrafamiliar contra idosos,

entrevistas semiestruturadas com usuários que procuram a delegacia na perspectiva

de resolver qualquer tipo de violência qual esteja vivendo, e será aplicado entrevista

semiestruturada a equipe técnica da instituição que vivencia essa realidade

diariamente. A escolha dessa entrevista foi devido a possibilidade que a mesma

permite se ajustar no decorrer, ou seja, um entendimento profundo o assunto além

de permitir flexibilidade, facilidade e clareza na abordagem entre pesquisador e

entrevistado. Para a coleta de dados o pesquisador obtém recursos através do

levantamento que consiste num aprofundamento investigativo onde o contato com o

público alvo é indispensável, esse processo permite ao pesquisador conhecimento,

captação de informações e conclusões relacionadas ao campo estudado.

Para Gil (2002) pesquisas de levantamento estão ligadas basicamente ao

processo de solicitação de informações sobre um grupo acerca de um problema

relacionado ao bem comum. Esse tipo de pesquisa proporciona aos seus

realizadores, conhecimento direto do seu objeto de pesquisa, além de agilidade,

economia e grande quantidade na coleta de dados com tudo esse tipo de pesquisa

possui suas limitações que são caracterizados pela subjetividade das informações,

pois perguntas objetivas limitam as possibilidades informativas, pouco aprofundada

no estudo da estrutura e processos sociais.

Page 42: Violência Intrafamiliar contra o idoso: A atuação da DEAIT (BA)

42

Na maioria dos levantamentos, não são pesquisados todos os integrantes da população estudada. Antes seleciona-se, mediante procedimentos estatísticos, uma amostra significativa de todo o universo, que é tomada como objetivo de investigação. As conclusões obtidas com base nessa amostra são projetadas para a totalidade do universo, levando em consideração a margem de erro, que é obtida mediante cálculos estatísticos (GIL, 2002, p.51).

Conforme o autor supracitado, os processos estatísticos utilizados para a

investigação trouxe uma precisão com um conjunto de informações significativas no

intuito do desenvolvimento da pesquisa, esse processo enfatizará a informação e a

caracterização dos dados. O levantamento em suas particularidades abordou o

aprofundamento da realidade do objeto de pesquisa.

Houve a necessidade da pesquisa bibliográfica. “A pesquisa bibliográfica

é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de

livros e artigos científicos.” (GIL, 2002, p.44).

Ainda conforme Gil (2002) uma grande vantagem da pesquisa de caráter

bibliográfico é o fato de permitir ao investigador a cobertura de muito material de

forma ampla para ser avaliado e pesquisado, que é de suma importância quando o

problema de pesquisa requer dados que seria impossível o investigador percorrer

todo o território em busca de informações, outro fato também que a pesquisa

bibliográfica é indispensável nos estudos históricos, que não há a possibilidade de

voltar o passado para averiguação de fatos a não ser por meios de materiais já

elaborados e publicados.

A pesquisa bibliografia, ou de fonte secundarias, abrangem todas as bibliografias já tornadas públicas em relação ao tema de estudo desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, monografias, teses etc, até meio de comunicação oral: filmes e televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direito com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado do assunto. Esses documentos permitem o cientista o reforço paralelo na analise de suas pesquisas ou na manipulação de suas informações (SEVERINO, 2002, p.73).

A pesquisa bibliográfica em resumo trouxe um auxílio teórico às

abordagens envolvendo aos assuntos estudados proporcionando uma análise

coerente e assim firmar as perspectivas questionadas durante a pesquisa. Esse tipo

de pesquisa foi realizado com o intuito de recolher informações e conhecimento

sobre a violência intrafamiliar contra os idosos, no ponto de vista de vários autores.

Page 43: Violência Intrafamiliar contra o idoso: A atuação da DEAIT (BA)

43

Foi aplicado entrevista semiestruturada com equipe técnica da Deati, e

com idosos vitimados de violência.

O estudo foi realizado no mês de outubro 2012, na Delegacia Especial de

Atendimento ao Idoso (Deati), que se encontra na Rua Salete n° 19, no bairro dos

Barris em Salvador- Ba.

4.2 OS SUJEITOS DO ESTUDO DE CASO

Os atores abordados nessa pesquisa foram os idosos que procuram a

delegacia para registrar a notícia da violência sofrida com intuito de identificar se a

maior indecência da violência é acometida no ambiente familiar, e a equipe técnica

da delegacia com proposito de saber como a DEATI atua frente a violência contra

idosos.

As visitas ao campo para aplicação das entrevistas ocorreram no mês de

outubro de 2012. Foram realizadas vinte entrevistas estruturadas, com dez

perguntas, aos idosos que sofreram algum tipo de violência, dente esses sujeitos

foram quatore do sexo feminino e seis do sexo masculino, durante a abordagem foi

informado objetivo da entrevista, e que sua identidade e qualquer dado que

comprometa sua imagem seriam preservados.

Com a finalidade de enriquecer a pesquisa aplicou-se entrevistas

semiestruturada contendo nove questões com alguns funcionarios que compõem a

DEATI, dentre eles: a delegada titular Drª Susy Ane Brandão, o coordenador do

Serviço de Investigação Srº Roberval Fonseça, nove investigadores de policia,

somando no total onze funcionários.

4.3 A INSTITUIÇÃO A QUAL PERTENCEM OS SUJEITOS DA PESQUISA

Conforme relato da delegada titular Susy Ane Brandão, em entrevista

realizada no mês de outubro de 2012, a delegacia é uma instituição de natureza

pública, mantida pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) recebeu essa

denominação em abril de 1935 de acordo com Decreto n° 9.479/24.

A Delegacia Especial de Atendimento ao Idoso (DEATI), criada em 31 de

julho de 2006, resultado de uma luta da sociedade civil, localizada na Rua do Salete,

Page 44: Violência Intrafamiliar contra o idoso: A atuação da DEAIT (BA)

44

nº 19, Barris, Salvador/ Ba, que tem como objetivo de proporcionar ao idoso, vítima

de violência, um espaço dentro da estrutura de Segurança Pública do Estado.

A DEATI funciona 24h por dia, e tem a missão de apurar as infrações

penais em que figure o idoso como vitima, exercendo o papel de Polícia Investigativa

e Judiciária consolidando o artigo 144 § 4 da C.F/ 88, que ressalva “às polícias civis,

dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência

da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto

as militares”. (BRASIL, 1988).

Para Bahia (2007) Os idosos ou os denunciantes serão ouvindo por um

policial que lavrará o Boletim de Ocorrência (BO) e caso tenha havido agressão

física a vítima será encaminhada ao Instituto Médico Legal (IML) para exame de

corpo delito. Depois do registro, será instaurado o Inquérito Policial “peça informativa

fornecida pela autoridade policial, ao Poder Judiciário, para entender que se trata de

infração penal, e formule a denúncia que dará início a uma ação penal” (VIANA,

2008) ou Termo Circunstanciado “registro de um fato tipificado como infração de

menor potencial ofensivo, ou seja, um crime de menor relevância, que tenha pena

máxima de até dois anos de cerceamento de liberdade ou multa” (VIANA, 2008), a

depender da gravidade do crime.

A instituição supracitada tem como objetivo tornar-se um centro de

referência nacional no atendimento ao idoso e no cumprimento pleno do seu

Estatuto Lei 10.741 de 2003, reconhecida pela comunidade por seus valores e pelos

seus princípios.

Ainda conforme Drª Susy Ane, a delegacia conta com 42 profissionais

dentre eles dezoito investigadores, três delegados, quatorze escrivães, sete técnicos

administrativos. A equipe atua com o intuito de apurar infrações penais, referente a

essa população com idade superior a 60 anos, que vem crescendo de forma

acelerada, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,

2010), atualmente existem no Brasil, aproximadamente, 20 milhões de pessoas

idosas, em 2020 o Brasil ocupará o sexto lugar.

A DEATI trabalha na perspectiva de atuação na apuração de denúncias

recebidas pelos telefones 3117 6080 da própria instituição, ou pelo disque-denúncia

100, que é da Secretaria de Direitos Humanos, outras decorrente do Ministério

Público, assim como também as denuncias presenciais na própria delegacia. Que

faz-se necessário salientar que o resultado da pesquisa mostrou que em média 60%

Page 45: Violência Intrafamiliar contra o idoso: A atuação da DEAIT (BA)

45

das denúncias são realizadas pelos próprios idosos em idade de 60 a 70 anos.

Dentre as de maior demanda está relacionada às ocorrências de violência

intrafamiliar que, baseadas na definição de Minayo (2005), são classificadas em:

abandono, negligência, agressão psicológica, abuso financeiro, agressão física,

violência sexual, autonegligência e conflito familiar.

A instituição citada registra em média diária de 14 á 20 queixas de

violência contra idosos, mensal uma base de 114 a 190 ocorrências, e desde sua

criação em 2006 até o mês de setembro de 2012 já foi registrados exatos 16.035,

dados colhidos estatísticos colhidos na delegacia em outubro 2012.

Em analise de dados na própria DEATI, e em coleta com entrevista a

delegada titular, foi comprovado que 60% das queixas registradas são acometidas

no ambiente familiar.

A delegada citou que 60%, e também foi verificado nos arquivos da

própria delegacia, que das denúncias registradas a maior incidência acontecem no

seio familiar, ou seja, é acometida por alguém da família, e na sua grande maioria

são os filhos e principalmente os do sexo masculino, outro aspecto abordado por

Susy Ane Brandão que muitas vezes os filhos ver na velhice dos pais uma

oportunidade de poder revidar o que vivenciou na sua infância, os pais foram

omissos, ou até mesmo abandonaram seus filhos, é uma ruptura do pacto de

confiança “(...) ruptura de um pacto de confiança, na negação do outro, podendo

mesmo ser um revide ou troco. Alguns filhos pensam dar o troco de seu

abandono(...)” (FALEIROS, 2007, p.40), como abordado com capitulo supracitado.

Os limites e possibilidades abordados pela equipe da DEATI é a redução

do corpo técnico, que foi de média de 60%, com a diminuição da equipe perdeu-se

três profissionais de serviço social que atendia nessa instituição, dificultando o

desenvolver das atividades, pois em se tratar de um profissional que trabalha de

forma preventiva, no sentido de evitar que novas agressões voltem a ocorrer no

âmbito familiar, esses profissionais também atuavam com visitas domiciliares para

averiguação de denuncias e elaboração de relatórios da citação de vulnerabilidade

dos idosos. Segundo Bahia (2007). Essa perda dos profissionais dificultou o trabalho

dos profissionais da instituição supracitada, pois os números de queixa registrados

na delegacia têm crescido de forma assustadora, como relata a delegada titular

Susy Ane Brandão.

Page 46: Violência Intrafamiliar contra o idoso: A atuação da DEAIT (BA)

46

Outro ponto verificado na entrevista com a equipe técnica é a falta de uma

rede estruturada, como parcerias para atuar juntamente com a DEATI, pois acontece

caso de que o idoso deve ser tirado do lugar qual vem sofrendo violência, devendo

ser encaminhado ao um abrigo mais o Estado nem o munícipio tem essa

disponibilidades de varias casa de abrigamento, para essas pessoas que

necessitada de proteção social especial de alta complexidade. Dentre as

possibilidades a DEATI atua na forma de policia investigativa, que configure o idoso

com vitima, apurando denúncias, fazendo valer as leis previstas no Estatuto do

Idoso, Lei 1074 de 2003.

4.4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA

Para descrever os dados obtidos na pesquisa com os idosos e com a

equipe da DEATI, utilizou-se entrevistas semiestruturadas, como o intuito de coletar

informações que caracterizam a violência contra idosos.

De 100% dos idosos entrevistados,foi-se pesquisado o total de 20 idosos,

que proruram a delegacia para registrar noticia do crime, Pode-se observar como

eles se sentem na fase da vida que sua grande maioria esta insatifeito devido a

dependencia de outras pessoas. Desses idosos que procuram a delegacia são na

sua maioria mulheres ente idade de 60 a 70 anos. As queixas registradas em sua

grande maioria são violencia financeira, seguida da violencia verbal, e em sua

grande maioria acometida por alguem da familia por parentesco civil ou natural.

Essa violencia sofridas por idosos em 100% dos entrevistados em média 50% são

acometida por filhos, seguido por netos que chega a 30% do universo pesquisado.

Page 47: Violência Intrafamiliar contra o idoso: A atuação da DEAIT (BA)

47

Gráfico 1 - Índice de satisfação dos idosos quanto ao envelhecimento.

O gráfico supracitado mostra como essa população com idade superior a

60 anos, se sente na fase de envelhecimento, que é um processo natural e contínuo

na vida, dos seres humanos, que tendo inicio logo após no nascimento e perdura por

todas as fases da vida, conforme citado nos corpo da pesquisa.

Foi constatado que 20% dos idosos acha que é ultima fase da vida, 10%

estão instasfeitos pela exclusão ou solidão a qual essa fase da vida lhe propociona,

70% sente-se insatisfeito devido a dependência por parte de outras pessoas (filhos,

netos, entre ouros), pois devido as limitaçoes proporcionado pela idade esses idosos

sentem-se excluidos, como exemplo da idosa entrevistada na DEATI, a qual não

citaremos o nome por motivo de sigilo, idosa F.M.S, ela relatou. “eu tenho 71 anos,

sou hipertensa e diabética , morava só em minha casa, mais hoje moro com minha

filha, com o marido da minha filha, com 2 netos bonitos, e 1 neta que parece

modelo, eles gosta de mim, eu sei que gosta, mas todos saem de casa e eu fico

só,durante a semana minha filha e o marido dela trabalha, e meus netos estudam,

ás vezes, minha neta fica em casa um pouco comigo, mais é principalmente nos

fins de semana que eu fico só, não saio só porque não gosto de sair sozinha ,

nesse bairro não conheço ninguém, mas eu entendo porque sou velha,e já to feia, e

velho é chato mesmo e rabugento, e os jovens não quer sair com gente assim sem

a jovialidade, sem a moçidade, ai fico em casa assistindo televisão lá é até bom, que

tem tv a cabo e tem muitas opções para que eu possa assistir. As vezes quero pedir

para minha filha me levar para passear mais sei que ela é ocupada, já to quase no

0%

20%

0%

70%

10% 0%

Mais uma fase da vida

Ultima fase da vida

Satisfeito Insatisfeito pela

dependência

Insatisfeito pela exclusão

/ solidão

Insatisfeito/ Violência

Fonte: ATAÍDE; REZENDE,2012.

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48

fim da vida preciso mesmo é de ficar em casa e deixar os jovens curtir muito, sem

que eu atrapalhe”.

Esse relato reforça o que foi dito nos capitulos anteriores, que o idoso

devido as suas limitações fisicas, mudanças do esteriótipos e doenças

degenarativas que são decorrentes da idade, o individuo se ver como incapaz e

excluído. Conforme reflexão de Muller (2008).

Gráfico 2 - Percentual de idosos que procuram a DEATI por sexo.

O gráfico acima mostra que 70% mulheres idosas prestam notícia do

crime com maior insidência que os homens que são apenas 30%. Corrobora que as

mulheres idosas são mais vitimizadas que os idosos do sexo masculino. Como foi

citado anteriormente por Camarano (2004) apud Muller (2008) esses indices são

resultados do alto indice de mulheres viúvas, famílias formadas por mães e filhos,

separações e mulheres que vivem sozinhas e pelo fator genético e preventivo da

população feminina.

“Nas relações de violência contra a pessoa idosa, a maior vitimização é

de mulheres, que se estrutura no machismo, numa dinâmica de denominação de

gênero.” (Faleiros, 2010, p.3) conforme ilustra o gráfico acima. Esses indicadores

comprovam que as praticas e atos de violência são mais ligados ao gênero feminino.

MULHERES 70%

HOMENS 30%

Fonte: ATAÍDE; REZENDE,2012.

Page 49: Violência Intrafamiliar contra o idoso: A atuação da DEAIT (BA)

49

Gráfico 3 - Tipos de violências cometidas contra os idosos.

Como mostra o gráfico acima que 40% dos idosos sofrem mais de

violência financeira e como relata (BRASIL, 2010) os abusos financeiros e

econômicos, são os que constituem a queixa mais comum nas delegacias esse tipo

de violência em resumo está ligada aos bens e patrimônios do idoso, como exemplo,

imóveis, cartões de benefícios como aposentadoria, BPC, entre outros, pois em

inúmeros casos seus bens são vendidos ou roubados por membros da família.

Na abordagem realizada na Delegacia Especializada de Atendimento aos

Idosos, no mês de outubro de 2012, foi constatado que a violência verbal ocupa o

segundo lugar com 30% dos idosos entrevistados narraram ter sofrido esse tipo de

violência.

20%

30%

40%

Física Verbal Financeira

Fonte: ATAÍDE; REZENDE,2012.

Page 50: Violência Intrafamiliar contra o idoso: A atuação da DEAIT (BA)

50

Gráfico 4 - Índice dos locais onde há mais incidência de violência contra idosos.

Conforme o gráfico acima, em entrevistas realizadas com os idosos que

procuram a Delegacia Especializada de Atendimento ao Idoso, o numero maior de

incidência é de violência familiar, com 80% dos atos praticados. Comprovando que

foi dito anteriormente pela delegada Susy Ane Brandão, e reforçando que foi

relatado no capítulo supradito, que violência intrafamiliar é aquela acometida dentro

do seio familiar pode acontecer dentro ou fora de casa mais entre indivíduos unidos

por parentesco cívil (marido e mulher, sogra, padrasto) ou parentesco natural (pai,

mãe, filhos, irmãos), segundo Faleiros (2010).

O gráfico abaixo mostra que 50% das violências contra idosos, são

cometidas por filhos, 30% por netos e 20% por genros ou noras. Esses índices

comprovam o que já foi abordado anteriormente, o idoso sente-se coagido em

denunciar alguém da sua família, e muitas vezes envergonhado por esta sendo

violentado por alguém que deveria na verdade lhe proteger.

Em relato conseguido da DEATI durante aplicação de entrevista, da idosa

R.S. S de 65 anos. “eu moro na minha casinha desde que meu marido morreu, e

meu filho de 30 anos, nunca me deu atenção, mais depois que o pai dele morreu,

disse que ia cuidar de mim, que ia sacar meu dinheiro e fazer minhas compras de

mercado, comprar meus remédios, e ficou com o cartão da minha pensão para sacar

o dinheiro todo mês, no inicio ele fazia o que falou mais com passar dos meses foi

esquecendo-se de levar minhas compras e meus remédios, fui perguntar para ele o

que aconteceu, se ele esqueceu sua mãe, sentir que ele não gostou da pergunta

80%

0%

20%

0% 0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

Ambiente familiar Instituições Vizinhança Vias Públicas

Fonte: ATAÍDE; REZENDE,2012.

Page 51: Violência Intrafamiliar contra o idoso: A atuação da DEAIT (BA)

51

que eu fiz, e se passou mais alguns meses e o acontecido se repetia, fui falar meu

filho você está sem tempo, então deixa que eu faço as compra de mercado aqui no

bairro mesmo, é mais perto, me dar o cartão da pensão que eu vou sacar... ele não

gostou e me xingou, e eu disse que isso não é jeito de falar com a mãe e ele

levantou a mão para me bater... tive que vim aqui na delegacia porque sou velha

mais sou gente, e sou a mãe dele, aquele filho ingrato me deve respeito” vim aqui só

mesmo sem que minha filha fique sabendo, porque ela ia brigar com o irmão , então

resolvi eu mesma fazer o que tem para ser feito, acho que vim no lugar certo”

O desabafo dessa idosa, qual foi usado apenas suas iniciais por motivo

de sigilo, reforça que foi ditos no corpo desse trabalho e reafirma o que, os gráficos

acima podem comprovar que o maior caso de violências registradas na Deati é a

violência familiar, e que na o tipo que mais prevalece é a violência financeira,

apropriação do cartão de beneficio do idoso, e também tem uma relação com o

gráfico abaixo onde mostra, que os casos de violência é de maior incidência

acometida por filhos, principalmente do sexo masculino.

Gráfico 5 - Percentual de quem maiores causadores de violência contra os idosos.

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

Filh

os(

as)

Co

mp

anh

eiro

(a)

Net

os(

as)

Gen

ro/N

ora

Ou

tro

s

50%

0%

30%

20%

0%

Fonte: ATAÍDE; REZENDE,2012.

Page 52: Violência Intrafamiliar contra o idoso: A atuação da DEAIT (BA)

52

Para finalizar, é de suma importância relatar o processo que se

estabelece o envelhecimento e as características da violência intrafamiliar contra os

idosos e como mostra em dados acima cometidos principalmente por filhos e netos.

Por isso, faz-se necessário, políticas sociais no que se refere à proteção e ao

cuidado ao idoso, e a contribuição da sociedade no combate a violência, além de

frisar a família com responsabilidade primordial no cuidado e atenção aos idosos.

Essa abordagem propõe o conhecimento dos leitores quanto à importância de

entender as contraversões da violência e consequentemente evitar os problemas

que inúmeros idosos sofrem em seus lares.

A violência transcreve os traços de uma sociedade pós-moderna, porém

corrompida, onde os indivíduos não tem respeito pelo outro, e não enxergam as

posições ao qual estão inseridos, esquecendo que o envelhecimento constitui uma

fase da vida como qualquer outra. Portanto, as marcas da violência expressam o

quanto os indivíduos precisam de conhecimento e consequentemente respeito pelos

semelhantes.

Page 53: Violência Intrafamiliar contra o idoso: A atuação da DEAIT (BA)

53

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nessa pesquisa procurou-se demonstrar a violência contra idosos no

ambiente familiar, essa abordagem consiste num fenômeno referente ao contexto

social, onde o envelhecimento populacional desencadeia inúmeras problemáticas na

família, na sociedade e ao próprio individuo que vivencia as mudanças desta fase da

vida.

E como as famílias estabelecem essa relação com o idoso, os fatores que

influenciam a violência contra essas pessoas com idade superior a 60 anos e suas

vertentes, conhecendo passo a passo as manifestações dessa fase da vida. O

processo do envelhecimento e os limites vivenciados nessa fase da vida as

influenciam na vida dos indivíduos inseridos nesse perfil, seus direitos e os tipos de

violência que atinge esse público.

O trabalho apresentado tem o intuito de responder à seguinte

problemática: Como a Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso (DEATI),

em Salvador – Ba, atua frente à violência intrafamiliar contra o idoso? Assim foi

abordado e pesquisado de forma clara o que venha ser esse mau que atinge a

sociedade contemporânea.

O trabalho tem em sua perspectiva um tema rico e novo, pois em estudos

pode-se perceber que a preocupação com esse público é recente essa afirmação

fundamenta-se na instituição da Deati onde sua existência é de apenas 6 anos.

Portanto abordagem desse tema deixa espaço para outros pesquisadores, venham

desenvolver outras pesquisas que abordem o tema em outras vertentes.

A DEATI na perspectiva da violência procura abordar os fatos que

apontem esta violação, pois o idoso em muitas ocasiões encontra-se desprotegido e

seus direitos transgredidos. Nesse contexto, é perceptível a fragilidade dos idosos e

suas famílias.

A questão da violência intrafamiliar contra idosos prescreve as

deformidades de uma sociedade corrompida e valores desagregados, onde pais e

filhos não se entendem durante toda sua vida e os fenômenos se agravam em uma

sociedade desestabilizada que está refletida nas violências que os indivíduos sofrem

todos os dias.

As atribuições dessa pesquisa propõe o conhecimento a todos os

indivíduos que em suas famílias possuem idosos e a sociedade que tem em sua

Page 54: Violência Intrafamiliar contra o idoso: A atuação da DEAIT (BA)

54

perspectiva a responsabilidade no que diz direitos dos cidadãos que a ela pertence.

Portanto, há uma importância em aprofundar nas questões relacionadas ao tema

abordado nessa pesquisa, e consequentemente faz-se necessário entender e

compreender as fusões dessa problemática denominada violência.

De acordo com o objetivos específicos onde busca-se caracterizar as

formas de violência contra idosos foi possível verificar que dos idosos que procuram

a DEATI para registrar noticia do crime, a de maior incidência são as financeiras em

media 40% dos universo entrevistado, com relata (BRASIL 2010, p. 81). “Os abusos

financeiros e econômicos, que constituem a queixa mais comum nas delegacias,

(...). Referem-se, sobretudo, a disputas pela posse de bens dos idosos (...)” seguido

pela violência verbal que foi de 30% e física que foi de 20%. Outro objetivo

específico da pesquisa é no que diz respeito às principais causas da violência

intrafamiliar de idosos na DEATI.

Observa-se que o agressor vive na mesma casa da vítima; muitas vezes,

os agressores são filhos na pesquisa mostra em 50% são acometidas pelo seu

rebento, que normalmente são indivíduos dependentes financeiramente de seus pais

de idade avançada e que são dependente de álcool e drogas. Outro objetivo do

presente trabalho é caracterização do funcionamento da DEATI que funciona 24h

por dia, e tem a missão de apurar as infrações penais em que figure o idoso como

vitima, exercendo o papel de Polícia Investigativa e Judiciária. Finalizando-se os

objetivos específicos que foi a identificação dos limites e possibilidades da equipe

técnica da delegacia, os limites identificados pela equipe foram a redução do corpo

de funcionários, que foi de 60%, e a falta do profissional de serviço social que atua

“de forma preventiva, no sentido de evitar que novas agressões voltem a ocorrer no

âmbito familiar” (BAHIA, 2003, p.62), outra limitação da equipe é a falta de uma rede

estruturada para dar apoio e acolhimento aos idosos que necessita de proteção

social especial de alta complexidade que tiveram seus direitos violados e

rompimentos de laços familiares.

A pesquisa instituiu-se em coletar dados referentes às agressões

cometidas contra pessoas com idade superior a 60 anos, além de abordar o

processo do envelhecimento e os limites vivenciados pelos indivíduos nessa fase da

vida, caracterizar violência doméstica e violência intrafamiliar e apontar os tipos de

violência que mais atinge os idosos e as políticas e direitos direcionados a este

público.

Page 55: Violência Intrafamiliar contra o idoso: A atuação da DEAIT (BA)

55

A pesquisa mostrou-se bastante contundente quanto as abordagem das

expressões de violência enfrentadas pelos idosos no ambiente familiar, ressaltando

as agressões cometidas por familiares principalmente filhos e netos e na violência

destacou-se a financeira e verbal, conforme pesquisas realizadas.

O problema apresentado foi respondido, pois a DEATI apura as

denúncias registradas por anônimos através do disque 100 e pelos telefones da

própria instituição e pelos idosos que procuram a DEATI, vitimas de violências

prescritas no Estatuto do Idoso. Caso as queixas dos idosos nada tiverem com a

finalidade da Delegacia, eles são orientados a procurar o órgão competente. Tenta-

se dar a eles toda a assistência possível, fazendo com que se sintam amparados.

Para Bahia, (2007)

A instituição não trabalha de forma preventiva, pois não há uma rede

estruturada que possibilite melhor atendimento ao público destinado. A equipe

técnica da instituição encontra-se desestruturada, pois houve uma redução dos

funcionários e exclusão de alguns setores a exemplo Serviço Social, além disse o

aumento da demanda é crescente. O Estado como poder vigente e responsável por

garantir e assegurar aos indivíduos os direitos preestabelecidos em lei, porém não

mostra-se presente nas melhorias no que tange os avanços e benefícios aos

indivíduos com idade superior a 60 anos.

Diante do que fora apresentado, é possível afirmar que ainda há muito a

ser feito, pois o Estado não colabora com a integração do idoso e é importante a

educação da sociedade, pois é de suma importância a relações dos indivíduos

estabelecerem interesses comuns, o que proporciona estabilidade e mantém a

ordem social, ou seja, a sociedade possui a sua parcela de responsabilidade quanto

às melhorias dos indivíduos que nela está inserido inclusive os idosos. Pois as

pessoas com idade superior a 60 anos encontram-se numa fase da vida composta

por fragilidades e impossibilidades que confrontam as dificuldades e limitações

vivenciadas nesse processo, portanto a família, a sociedade e o Estado são as

esferas competentes para melhor atender esse público e consequentemente

assegurar os idosos dos direitos estabelecidos e na Política e no Estatuto do Idoso.

Faz-se necessário, políticas sociais no que se refere à proteção e ao cuidado ao

idoso, e a contribuição da sociedade nesta questão além de frisar a família com

responsabilidade primordial no cuidado e atenção aos idosos.

Page 56: Violência Intrafamiliar contra o idoso: A atuação da DEAIT (BA)

56

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60

Entrevista com idosos atendidos na DEATI.

1- Qual sua idade?

( ) 60 a 70 ( ) Mais de 70

2- Sexo

( ) Feminino ( ) Masculino

3- Quantas pessoas moram com o senhor/a?

( ) 1 à 2 ( ) 3 à 4 ( ) Mais de 5

4- Sua família tem conhecimento da sua visita á instituição?

( ) Sim ( ) Não

5- O que lhe motivou a procurar os serviços da DEATI?

( ) Curiosidade ( ) Violência ( ) Necessidade

5- Quantas vezes o senhor já foi atendido na instituição?

( ) 1 á ou 2 ( ) 2 á ou 3 ( ) Mais de 3 ( ) Apenas 1

6-Em caso positivo de violência, que tipo de violência sofreu?

( ) Física ( ) Verbal ( ) Financeira ( ) Outras

7- Onde ocorreu a violência?

( ) Ambiente familiar ( ) Vizinhança ( ) Instituições ( ) Vias públicas

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61

8- Quem lhe causou a violência?

( ) Filho (a)

( ) Companheiro (a)

( ) Neto (a)

( ) Nora / genro

( ) Outros

9- Você acredita que o órgão pode minimizar a violência sofrida?

( ) Sim ( ) Não

10- Como o senhor/a se sente nessa fase de envelhecimento da vida?

( ) Mais uma fase da vida

( ) Ultima fase da vida

( ) Satisfeito

( ) Insatisfeito devido a dependência

( ) Insatisfeito devido a exclusão e a solidão

( ) Insatisfeito devido a violência

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62

Entrevista com equipe técnica da DEATI

1) Quais e quantos são os profissionais que compõem a equipe da DEATI?

2) Limites e possibilidades da equipe da DEATI?

3) A equipe consegue atender as necessidades dos idosos atendidos da DEATI?

4) Quais são as redes parceiras que atendem especificamente os idosos que

procuram a DEATI?

5) Em media, quantos idosos que procura a DEATI diariamente e registram notícia

do crime?

( ) De 2 á 7 ( ) De 8 á 13 ( ) A partir de 14

6) Tipos de violência mais registrada na DEATI?

7) Conforme os registros, os idosos que sofrem violência na família, quem mais

acomete esses abusos de:

( ) Filhos ( ) Genro/nora ( ) Netos ( ) Companheiro/a

8) Prevalência do sexo dos idosos:

( ) Feminino ( ) Masculino

9) Qual a faixa etária de idosos que procuram a instituição?

( ) 60 à 70 ( ) Mais de 70

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63