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VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: uma realidade omitida
OBSTETRIC VIOLENCE: a reality that is silent
Elora Dane Silva Santos 1
Ana Paula Lopes Lima2
RESUMO
A violência obstétrica está presente na vida das mulheres há vários anos, podendo se
manifestar de diversas formas, que vão de palavras ofensivas à violência física. Diante disso,
o presente trabalho tem como objetivo caracterizar a violência obstétrica e descrever quais são
os principais atos de violência que acontece no momento do parto e os fatores que levam as
mulheres a serem silenciadas. Trata-se de uma pesquisa do tipo revisão de literatura,
utilizando as bases de dados: Biblioteca virtual em saúde (BVS) e Scientific Electronic
Library Online (SciELO). Foram utilizados artigos disponíveis no ano de 2013 a 2018,
contendo artigos com publicações anteriores devido à importância para o tema. A violência
obstétrica acontece com a imposição de intervenções, são realizadas por profissionais de
saúde tanto na rede pública, como na rede privada. Esse tipo de violência pode acontecer
durante a gestação, parto e puerpério e, ao mesmo tempo em que vem tomando voz, acaba
sendo silenciado pela falta de conhecimentos das mulheres. Com isso, conclui-se que é
necessário fornecer conhecimento logo no início do pré-natal, sendo necessário que os
profissionais de saúde também façam sua parte através de condutas éticas e humanizadas.
Palavras-chaves: Violência obstétrica. Direitos. Princípios éticos
ABSTRACT
Obstetric violence has been present in women's lives for several years and can be manifested
in a variety of ways, ranging from offensive words to physical violence. Therefore, the
objective of this study is to characterize obstetric violence and to describe the main acts of
violence that occur at the time of delivery and the factors that lead women to be silenced. This
is a literature review, using the following databases: Virtual Health Library (VHL) and
Scientific Electronic Library Online (SciELO). We used articles available in the year 2013 to
2018, containing articles with previous publications due to the importance to the theme.
Obstetric violence occurs through the imposition of interventions, carried out by health
professionals both in the public network and in the private network. This kind of violence can
happen during pregnancy, childbirth and the puerperium and, at the same time that it has been
taking voice, is silenced by the lack of knowledge of women. With this, it is concluded that it
is necessary to provide knowledge at the beginning of prenatal care, and it is necessary that
health professionals also do their part through ethical and humanized behavior.
Keywords: Obstetric violence. Rights. Ethical Principles.
1 Discente do curso de Enfermagem do Centro Universitário de Goiatuba UNICERRADO. e-mail:
[email protected] 2 Enfermeira Especialista em Saúde Pública e em Neonatologia. Orientadora, docente pelo Centro Universitário
de Goiatuba UNICERRADO. e-mail: [email protected]
2
1 INTRODUÇÃO
A violência contra a mulher existe de diversas formas e uma delas que está muito
presente, mas que acaba sendo mascarada é a Violência Obstétrica (VO) (ANDRADE;
AGGIO, 2014).
Ao longo dos anos, procedimentos que antes eram realizados nas mulheres de maneira
rotineira e indiscriminada no momento do parto, hoje em dia a sua necessidade é questionada,
pois, tais procedimentos tiram a autonomia do corpo feminino. São procedimentos e condutas
que quando realizados, são capazes de transformar o processo natural do parto, em um evento
médico com abusos e desrespeito (FAUSTINO, 2016).
A VO pode se apresentar de diversas maneiras, desde palavras ofensivas com o
propósito de impedir a mulher de não se expressar, até a violência física. De fato, a assistência
prestada pelos profissionais de saúde deveria tornar o parto o mais natural possível, sendo um
processo fisiológico, na maioria das vezes necessitando apenas de apoio, acolhimento e o
mais importante, humanização (ANDRADE; AGGIO, 2014).
Uma realidade preocupante por causar danos físicos e psicológicos nas mulheres é a
episiotomia de rotina, que é realizada com argumento de necessidade técnica (YIEM, 2016).
Destaca-se que todas as gestantes, parturientes e puérperas devem ter seus direitos
respeitados por todos os profissionais de saúde, não só durante o trabalho de parto, mas sim,
durante toda a gestação. Quando esses direitos são desrespeitados há uma grande dificuldade
de comprovar o ato de violência (PEREIRA et al., 2016).
A VO pode afetar de diversas formas a vida das mulheres, ao deixar cicatrizes e
traumas emocionais. É importante fornecer conhecimento às mulheres, para que elas saibam
se defender, indo em busca de seus direitos, além disso é importante que a assistência prestada
pelos profissionais faça a diferença, proporcionando às mulheres, um atendimento digno, com
atenção voltada especialmente para a humanização (ALVARENGA; KALIL, 2016). Diante
disso surge a necessidade de refletir sobre o que é a VO e como evitá-la, sendo o
conhecimento um grande aliado nesses casos.
O interesse por esse estudo surgiu a partir de estudos realizados em sala de aula e pela
percepção da necessidade de demonstrar o quanto essa violência está presente na sociedade.
Dessa forma, o trabalho tem como objetivo caracterizar a violência obstétrica e descrever
quais são os principais atos de violência que acontece no momento do parto e os fatores que
levam as mulheres a serem silenciadas.
3
2 METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa exploratória, do tipo revisão de literatura, por meio das
seguintes etapas: definição dos objetivos da revisão, seleção dos artigos, definição de critérios
de inclusão e exclusão, análise e leitura dos artigos e elaboração da revisão.
A coleta de dados foi realizada no período de fevereiro a março de 2018, utilizando as
seguintes bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Scientific Electronic Library
Online (SciELO), utilizando os descritores: Violência, Parto e Obstetrícia.
Os critérios de inclusão utilizados foram: artigos disponíveis no ano de 2013 a 2018,
podendo haver artigos com publicações anteriores devido à importância para o tema, com
texto acessível em língua portuguesa, contendo uma publicação em inglês. A partir da
pesquisa dos artigos, foram encontrados um total de 56 artigos, e como critério de exclusão
estudos que não estavam de acordo com o objetivo foram excluídos, restando um total de 31
estudos, contendo dentre eles livros, artigos, cartilhas, dissertações, monografias, legislações e
portarias, conforme demonstrado na Tabela 1.
Tabela 1- Bibliografias utilizadas na pesquisa
TÍTULO CLASSIFICAÇÃO PUBLICAÇÃO
Adequação da assistência pré-natal segundo as
características maternas no Brasil Artigo 2015
Assistência humanizada de enfermagem no
trabalho de parto Monografia 2013
Breve análise sobre a violência obstétrica no Brasil Artigo 2015
Enfermagem cirúrgica Livro 2016
Exploring Evidence for Disrespect and Abuse in
Facility-based Childbirth: report of a landscape
analysis
Relatório 2010
Leis de combate à violência contra a mulher na
América latina: uma breve abordagem histórica Dissertação 2013
Lei nº 17.097 Legislação 2017
Nascer na prisão: gestação e parto atrás das grades
no Brasil Artigo 2016
Os direitos da parturiente nos casos de violência
obstétrica Monografia 2015
Percepção social de puérperas sobre violência no
trabalho de parto e parto: revisão integrativa Monografia 2016
Portaria nº 569
Portaria 2001
Portaria nº 1459 Portaria 2011
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Prática da episiotomia no parto: desafios para a
enfermagem Artigo 2017
Profissões médicas e violência obstétrica:
expertises, monopólios, autoridades e
medicalização.
Dissertação 2016
Projeto de lei n.º 7.867 Legislação 2017
Sentimentos causados pela violência obstétrica em
mulheres de município do nordeste brasileiro Artigo 2017
Três projetos de leis sobre violência obstétrica que
tramitam em conjunto na câmara Reportagem 2017
Uma dor além do parto: violência obstétrica em
foco Artigo 2016
Violência na Parturição Artigo 2015
Violência Obstétrica Dissertação 2016
Violência obstétrica: A dor que cala Dissertação 2014
Violência obstétrica e sua configuração no Brasil Livro 2013
Violência obstétrica é violência contra a mulher:
Mulheres em luta pela abolição da episiotomia de
rotina
Cartilha 2014
Violência obstétrica: como o mito “parirás com dor
afeta a mulher brasileira”. Artigo 2016
Violência obstétrica: uma análise sob o prisma dos
direitos fundamentais. Monografia 2015
Violência obstétrica: “parirás com dor”. Cartilha 2012
Violência obstétrica: ofensa à dignidade humana. Artigo 2016
Violência obstétrica no processo do parto e
nascimento da região metropolitana II do estado do
Rio de Janeiro: percepção de mulheres/puérperas.
Dissertação 2014
Violência obstétrica e prevenção quaternária: o que
é e o que fazer Artigo 2015
Violência obstétrica: uma análise das
consequências. Artigo 2017
Violência obstétrica: uma contribuição para o
debate acerca do empoderamento feminino. Artigo 2015
Fonte: elaboração da autora
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
5
O termo violência obstétrica é considerado novo para discussões públicas e
judiciárias, mas vem ganhando cada vez mais espaço nesses meios através da mídia e rede
sociais (CUNHA, 2015).
Entende-se como Violência Obstétrica (VO), a falta de respeito aos direitos das
mulheres durante a gestação, parto e puerpério (PEREIRA et al., 2016). É uma violência que
acontece há vários anos, a partir do momento em que o parto deixou de ser feito em casa com
auxílio de parteiras para se tornar um evento médico, dentro dos hospitais, causando danos
durante o cuidado obstétrico, que inclui maus tratos físicos, psicológicos e verbais (TESSER
et al., 2015).
Dentre outras questões relacionadas à maternidade, o parto, toma espaço não apenas
por ser um grande momento na vida de uma mulher, mas também por ter se tornado um tipo
de violência que vai além do íntimo e privado. Esse tipo de violência se confirma através de
um da patologização dos processos naturais, medicalização e de um tratamento desumano,
tirando a autonomia da mulher e causando incapacidade das mesmas de tomar decisões sobre
seus corpos, interferindo negativamente em suas vidas (ZASCIURINSKI, 2015).
3.2 FATORES QUE CARACTERIZAM OS PRINCIPAIS TIPOS DE VIOLÊNCIA
OBSTÉTRICA
Algumas intervenções que são usadas com rotina nas maternidades são consideradas
como um fator de risco. A VO acontece cotidianamente em diversos aspectos, de certa forma,
essa violência é determinada por preconceitos e desigualdades, evidenciando diferenças no
que diz respeito à sexualidade, resultando em uma relação onde as pacientes são tratadas e
vistas como objetos pelos profissionais (SAUAIA; SERRA, 2016).
A violência obstétrica pode ser dividida em: 1)VO física: quando não é respeitado o
tempo do parto biológico, utilizando procedimentos invasivos, manobra de kristeller,
episiotomia cesariana sem indicação e realizando a administração de medicamentos sem
necessidade; 2) VO sexual: está relacionada à violação da intimidade, desrespeitando a
integridade sexual e reprodutiva, podendo ter acesso ou não às partes íntimas do corpo, como
e exames de toque invasivos; 3) VO psíquica: relacionada aos transtornos causados pela
situação, de forma desumanizada, com mentiras, humilhação e grosseria, fazendo parte
também, a omissão de informação sobre a evolução do parto (REDE PARTO DO
PRINCÍPIO, 2012).
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Destaca-se que toda violência física ou sexual gera uma violência psíquica, o estado
psíquico dessas mulheres não suporta tamanha pressão dos transtornos causados pela
violência (SILVA; ARAUJO; LIMA, 2017).
Durante a gestação, a VO é caracterizada por: dificuldades impostas para a realização
do pré-natal; qualquer tipo de comentário constrangedor seja ele relacionado à cor, crença,
idade, condições econômicas, estado civil e orientação sexual; agendamento de cesáreas sem
recomendação, atendendo apenas o interesse do próprio médico (ZASCIURINSKI, 2015).
Durante o trabalho do parto os tipos mais frequentes de VO são: cesáreas eletivas;
episiotomia de rotina; restrição da posição de parto; manobra de kristeller; violação da
intimidade; privação de alimento e água; impedir a entrada de acompanhante; infusão
intravenosa de ocitocina, com intuito de acelerar o trabalho de parto; violência psicológica e
verbal (SAUAIA; SERRA, 2016).
Entre as mulheres, as mais propensas a sofrer qualquer tipo de maus tratos, são as
adolescentes, as mulheres portadoras do vírus HIV, as migrantes, as minorias étnicas, as de
baixo padrão econômico, as solteiras (BOWSER, HILL, 2010).
3.2.1 Cesáreas eletivas
Cesáreas eletivas são cesarianas realizadas sem necessidade clínica, quando são
agendadas antes do início do parto ou até mesmo quando realizadas durante o trabalho de
parto sem se tratar de uma urgência ou emergência (REDE PARTO DO PRINCÍPIO, 2012).
São frequentes os casos em que as gestantes são impossibilitadas de escolher a via de
parto, sendo esta, considerada um tipo de VO, que, porém, é pouco comentada. O Brasil é o
líder mundial em cesarianas, totalizando 52% dos partos na rede privada, sendo que em
algumas maternidades esse índice é ainda maior, chegando a 90%. Esses resultados são
causados pela falta de informações à mulher ainda na gravidez. A gestante confia no
profissional, mesmo ela querendo o parto natural, se o médio diz que ela não vai conseguir ter
seu filho por via natural, usando afirmações como: o bebê é grande demais para um parto
natural, ela acredita. A obstetrícia médica passou a apontar o parto cesariano como uma
solução para a dor, levando a ideia de que a mulher é uma vítima de sua própria natureza
(ALVARENGA; KALIL, 2016).
Atualmente no Brasil, o parto vaginal ou parto normal, como é popularmente
chamado, não é um parto natural, devido às inúmeras intervenções, desta forma, as mulheres
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com mais conhecimentos sobre as práticas de VO durante o parto vaginal, consideram o parto
cesáreo o mais seguro para ela e o bebê (NAZÁRIO; HAMMARSTRON, 2015).
As mulheres compartilham suas experiências de parto e por situações ruins que
aconteceram anteriormente, vão gerar ideias negativas sobre a experiência de parir, fazendo
com que haja uma preferência pela cesariana (FUJITA; SHIMO, 2015).
Cesarianas eletivas estão cada vez mais comuns no meio médico. Em hospitais
privados se tem um ganho a mais com cesáreas eletivas e gasta-se menos tempo de trabalho,
já em hospitais públicos, embora haja gastos, através dela não há superlotação nas unidades
(CUNHA, 2015).
3.2.2 Episiotomia de rotina
Trata-se de um procedimento em que é realizado um corte na vulva e na vagina,
utilizando um bisturi ou tesoura, tal procedimento é conhecido como “pique’’. Atualmente,
ela é realizada como rotina no Brasil na maioria dos partos normais e mesmo sendo
considerada como um procedimento cirúrgico, a mulher na maioria das vezes não recebe
nenhum esclarecimento e nem a solicitação para a realização desse procedimento (PARTO
DO PRINCÍPIO, 2014). Por muitas vezes esse procedimento é realizado sem anestesia, cuja
sutura recebe o nome de “ponto do marido’’, no qual o objetivo é deixar a vagina mais
apertada para garantir o prazer masculino, causando posteriormente dor durante a relação
sexual (para a mulher) e infecção (KONDO; WERNER, 2013).
De acordo com um estudo realizado por Pompeu et al (2017), no ano de 2014,
abrangendo oito puérperas, constatou-se que essas mulheres não possuem nenhum
conhecimento sobre a episiotomia, ficando evidente que elas compreendem esse
procedimento como uma prática necessária para a passagem do bebê.
3.2.3 Restrição da posição de parto
Sabe-se que algumas posições adotadas durante o trabalho de parto facilitam a
expulsão do bebê, porém, a posição mais utilizada nas maternidades é a posição de litotomia,
que permite a visualização da vagina, e facilita em casos de intervenções. No entanto, dentre
todas as posições essa é a menos recomendada, pois coloca a expulsão do bebê contra a
gravidade e aumenta os riscos de laceração, uma vez que os músculos do períneo sofrem uma
tensão pela posição das pernas (CUNHA, 2015).
8
Na posição de litotomia ou posição ginecológica a paciente é colocada em decúbito
dorsal, os membros inferiores ficam afastados um do outro, suspensos por perneiras ficando
flexionados sobre o abdômen (GRAMONT, 2016).
“Perguntei ao meu médico se eu podia escolher a posição para o parto, por exemplo
de cócoras. Ele riu e falou que é pra eu tirar essas ideias de ‘parto hippie’ da cabeça.
Eu insisti e ele disse que não estudou tanto para ficar agachado igual a um
mecânico.” (REDE PARTO DO PRINCÍPIO, 2012, p. 107).
Durante o trabalho de parto a parturiente deveria ser incentivada a escolher uma
posição de melhor conforto a fim de facilitar o nascimento. As posições verticais são
exemplos de posições que facilitam a descida do bebê, devido à gravidade. Portanto, seria
mais ético e respeitoso permitir que a mulher escolha uma posição confortável a ela (REDE
PARTO DO PRINCÍPIO, 2012).
3.2.4 Manobra de kristeller
A manobra de kristeler é usada com o intuito de acelerar a expulsão do bebê. Consiste
em uma manobra na parte superior do útero, forçando a barriga da parturiente em direção à
pelve. Os profissionais de saúde utilizam mãos, braços e em casos mais absurdos, até sobem
em cima do abdome da parturiente. (SAUAIA; SERRA, 2016).
3.2.5 Privação de alimento e água
Durante o trabalho de parto gasta-se energia através das contrações uterinas, levando
em conta que é um evento que pode durar várias horas. Infelizmente é muito comum as
parturientes serem privadas de água e alimento. É indicado que se for de vontade da
parturiente, que consuma comidas leves, como frutas, cereais e água (SANTIAGO; SOUZA,
2017).
3.2.6 Infusão de ocitocina
A ocitocina é um hormônio utilizado para aumentar as contrações uterinas acelerando
o trabalho de parto, no entanto, o próprio corpo se encarrega de produzi-lo. Quando esse
hormônio é usado apenas com o intuito de acelerar o trabalho de parto, sem indicações
corretas, causa um grande aumento das dores durante a contração, podendo acarretar sérias
9
complicações para a parturiente e neonato, causando desde dor ao aumento da frequência
cardíaca, além de causar dificuldades na oxigenação do bebê (SAUAIA; SERRA, 2016).
“A enfermeira disse que, como eu estava “quase lá”, ela colocaria o “sorinho” em
mim primeiro. Perguntei o que tinha no soro e ela falou que tinha ocitocina. Eu disse
NÃO. Ela não deu importância. Pelo contrário, disse que ia me colocar, porque
ninguém ali queria um bebê morto, não é mesmo? As pessoas vão para o Hospital
para ter um bebê vivo, e se eu tivesse que ir para a UTI ninguém perderia tempo
achando minha veia. Ainda reclamou que a veia da minha mão era muito torta.”
(REDE PARTO DO PRINCÍPIO, 2012, p. 138).
3.2.7 Violação da intimidade
São acontecimentos causados pela violação não consentida da privacidade, por meio
de exames, tal como o exame de toque realizado com frequência para verificar a dilatação do
colo uterino, sendo esse procedimento realizado cada vez por um profissional diferente e/ou
exibição do corpo da mulher e órgãos genitais. Pode ser executado por profissionais da área
de saúde ou estagiários, que deixam de informar as gestantes sobre o que está acontecendo,
tocando e examinando sem nenhum tipo de privacidade (KONDO; WERNER, 2013).
3.2.8 Impedir a entrada de acompanhante
Um dos fatores a serem observados para uma assistência mais humanizada no parto é
permitir um acompanhante durante esse processo, que pode ser alguém da família ou o
companheiro da parturiente. Ter alguém de confiança do lado, irá proporcionar à parturiente
mais segurança, um sentimento maior de satisfação, tranquilidade e menos ansiedade em
relação ao parto (RODRIGUES, 2014).
De acordo com a Lei Federal 11.108/05 de 07 de abril de 2005, a gestante tem direito
a um acompanhante no pré-parto, parto e pós-parto imediato, seja na rede pública ou privada,
no entanto essa lei é infringida em algumas instituições públicas que atribuem ao setor
privado esse direito como um privilégio (DOMINGUES, et al., 2015). Ainda assim, é comum
na rede privada a cobrança de taxa para o acompanhante permanecer durante o pré-parto,
parto e pós-parto (REDE PARTO DO PRINCÍPIO, 2012).
10
3.2.9 Violência psicológica e verbal
Uma das formas mais cruéis e mais recorrentes é a violência psicológica e verbal, ela
caracteriza-se por: comentários ofensivos, humilhantes ou insultuosos; colocar a parturiente
em situações onde haja medo, abandono, insegurança ou inferioridade; proibir a parturiente de
expressar suas emoções e/ou dores; descriminar por qualquer característica física e/ou social
(SAUAIA; SERRA, 2016).
De acordo com um estudo realizado por Leal et al (2016), no ano de agosto de 2012 e
janeiro de 2014, abrangendo 241 mulheres encarceradas, 16% delas relataram que durante a
permanência nas maternidades sofreram violência verbal e psicológica por profissionais de
saúde e 14% delas por guardas penitenciários, sendo que 8% relataram que durante o trabalho
de parto permaneceram algemadas (LEAL, 2016).
3.3 FATORES SILENCIADORES
Há uma grande dificuldade para identificar os abusos obstétricos. A maioria das
vítimas dessa prática, não sabem do que se trata, além disso, esses abusos podem acontecer de
diversas formas e ainda existe o fato de algumas condutas ainda serem aceitas como normais.
Tudo isso leva a um fator em comum, a falta de informação (SAUAIA; SERRA, 2016).
Outros fatores a se considerar é a vulnerabilidade emocional e física da parturiente e o medo
de realizar qualquer tipo de pergunta (NAZÁRIO; HAMMARSTRON, 2015).
Percebe-se que a cultura familiar é um grande influenciador em relação aos
conhecimentos que são passados, através dessa cultura são passadas informações que
aconteceram anteriormente e que os mesmos julgam como normais (POMPEU et al., 2017).
A falta de conhecimento das mulheres só ajuda a aumentar os casos de VO, pois a
parturiente entra na sala de parto já esperando sentir dor e, acredita que os procedimentos que
acontecem ali são necessários, deixando de denunciar, com isso, apesar dos números de VO
ocorrerem em grandes proporções, suas notificações são inferiores às registradas
(ALVARENGA; KALIL, 2016).
Destaca-se a grande importância de o profissional de saúde saber sobre o grau de
desinformação de seus pacientes, para que através disso, possa fornecer e passar informações
claras, em uma linguagem adequada (POMPEU et al., 2017).
3.4 DIREITOS DA MULHER NA GESTAÇÃO
11
Embora haja um grande número de desrespeito à mulher durante a gestação e parto,
ainda não há no Brasil uma legislação para a VO (ALVARENGA; KALIL, 2016). Mas estão
em trâmite no congresso, três projetos de leis (PL) (PL 7867 de 2017 da deputada Jô Moraes;
PL 7633 de 2014 do deputado Jean Wiyllys e PL 8219 de 2017 do deputado Francisco
Floriano). A deputada Jô Moraes, apresentou propostas baseadas em relatos das próprias
mulheres (VITAL, 2017). O PL 7867 de 2017 da deputada Jô Morais ‘‘Dispõe sobre medidas
de proteção contra a violência obstétrica e de divulgação de boas práticas para a atenção à
gravidez, parto, nascimento, abortamento e puerpério’’ (BRASIL, 2017).
A VO é bem definida pela Lei Orgânica Sobre os Direitos das Mulheres a Uma Vida
Sem Violência, na Venezuela, onde o país reconhece que a VO é um problema de saúde
pública, essa lei se baseia nos princípios de igualdade e liberdade. Sendo caracterizada como
uma apropriação do corpo das mulheres, através de um tratamento desumanizado (SOUZA,
2013).
No Brasil, o governo do estado de Santa Catarina aprovou a LEI Nº 17.097, de 2017
que ‘’Dispõe sobre a implantação de medidas de informação e proteção à gestante e
parturiente contra a violência obstétrica no Estado de Santa Catarina’’ (BRASIL, 2017).
O Ministério da Saúde (MS), no ano de 2000, publicou a portaria n° 569, abordando
sobre melhorias durante o tratamento da saúde das gestantes e dos recém-nascidos, a partir de
princípios e diretrizes.
Art. 2º Estabelecer os seguintes princípios e diretrizes para a estruturação do
Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento:
a - toda gestante tem direito ao acesso a atendimento digno e de qualidade no
decorrer da gestação, parto e puerpério;
b - toda gestante tem direito ao acompanhamento pré-natal adequado de acordo
com os princípios gerais e condições estabelecidas no Anexo I desta Portaria;
c - toda gestante tem direito de saber e ter assegurado o acesso à maternidade em
que será atendida no momento do parto;
d - toda gestante tem direito à assistência ao parto e ao puerpério e que esta seja
realizada de forma humanizada e segura, de acordo com os princípios gerais e
condições estabelecidas no Anexo II desta Portaria;
e - todo recém-nascido tem direito à assistência neonatal de forma humanizada e
segura;
f - as autoridades sanitárias dos âmbitos federal, estadual e municipal são
responsáveis pela garantia dos direitos enunciados nas alíneas acima (BRASIL,
2000).
No ano de 2011 o MS criou o programa Rede Cegonha, que busca instituir um
atendimento mais humanizado as gestantes (CUNHA, 2015). Pela portaria 1.459/11 do
Ministério da Saúde, foi criada a Rede Cegonha, que, segundo o art. 1º desta resolução.
12
Art. 1° A Rede Cegonha, instituída no âmbito do Sistema Único de Saúde,
consiste numa rede de cuidados que visa assegurar à mulher o direito ao
planejamento reprodutivo e à atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao
puerpério, bem como à criança o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e
ao desenvolvimento saudáveis, denominada Rede Cegonha.
Apesar de não existir uma lei que proíba a violência no Brasil, o direito brasileiro
pode amparar a mulher, na perspectiva de responsabilidade civil. Se for comprovado qualquer
ato violento e privações de direitos, ela poderá ingressar com ação indenizatória (NAZÁRIO;
HAMMARSTRON, 2015).
3.5 PAPEL DA ENFERMAGEM
A prevenção quartanária diante da VO, requer a participação dos profissionais que
acreditam nas evidencias e nos direitos das mulheres, apoiando a elaboração de um plano de
parto com evidencias, assim como: 1) início de trabalho de parto: direito ao acompanhante; 2)
durante o trabalho de parto: dar liberdade de movimentação, assim como uso de alivio da dor
com banho quente e massagem na coluna lombar; 3) durante o parto: liberdade para escolha
da posição de parto, o uso da episiotomia não deve ser rotineiro, cesariana com indicação; 4)
pós parto: livre demanda ao aleitamento materno e alojamento conjunto 24 horas (TESSER et
al., 2015).
Uma assistência humanizada é de extrema importância para garantir que o parto seja
vivenciado de uma forma positiva. Ouvir, acolher, cuidar, garantir autonomia e respeito à
parturiente são requisitos indispensáveis. Além disso, o diálogo é uma ferramenta
indispensável para a humanização e, esse deve estar presente desde o pré-natal, por meio de
orientações e esclarecimentos de dúvidas, buscando atender aos questionamentos das
mulheres (VEZO; CORONEL; ROSÁRIO, 2013).
Durante o pré-natal as informações para as gestantes podem ser passadas de maneira
coletiva ou individual. No entanto passar informações coletivamente possa ser mais
produtivo, isso por meio de encontro de gestantes, que já é muito comum na atenção primária
brasileira. Durante os encontros seria possível traçar estratégias a fim de contribuir para uma
maior autonomia das gestantes e para que elas possam exigir uma assistência digna e segura
(TESSER et al., 2015).
Uma explicação possível para a rotineira violência contra as mulheres durante o
atendimento seria a precária ética exercida pelos profissionais (GIL, 2015). Diante disso,
13
destaca-se a importância de ações que vão de acordo com a ética profissional, com ênfase na
integralidade da assistência e autonomia das pessoas. Parecem posturas simples, e de fato são,
contudo quando informadas sobre os direitos, as mulheres não só optariam, mas também
exigiriam uma assistência que lhe proporciona integridade física e emocional (ZANARDO, et
al., 2017).
O enfermeiro é um elemento importante no processo de transformação da assistência
a gestante, parturiente e puérpera e tem o potencial de realizar a promoção e implementação
de boas práticas, auxiliando no empoderamento das mulheres durante a gravidez até o
nascimento de seus filhos, desse modo, contribuindo para uma assistência humanizada
(SILVA et al., 2016).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Violência Obstétrica existe há vários anos se fazendo presente no descuidado com
a mulher, se caracterizando pela violação dos direitos das mulheres, durante a gestação, parto
e puerpério, causando danos físicos e psicológicos, que de fato ocasionam inúmeras
consequências e traumas às mulheres. Segundo o presente estudo, evidenciam-se os principais
tipos de violência durante o parto: cesáreas eletivas, episiotomia de rotina, restrição da
posição de parto, manobra de kristeller, violação da intimidade, privação de alimento e água,
impedir a entrada de acompanhante, aplicação de ocitocina e violência psicológica e verbal.
Apesar de acontecer rotineiramente, em nossa sociedade a violência é tratada com
naturalidade, as vítimas nem sempre sabem e reconhecem que são vítimas. Com o estudo,
verificou – se que existem fatores silenciadores, que são causados pela falta de informação o
estado emocional e físico da parturiente e o medo de realizar qualquer tipo de pergunta, tais
fatores só contribuem no aumento de casos não relatados.
Dessa forma, é necessário mostrar para as mulheres que a violência não deve ser algo
aceitável e, mesmo não tendo uma lei que trate especificamente deste tipo de violência, é
possível reduzi-la significativamente com condutas éticas praticadas pelos profissionais e,
fundamentar ações nos seguintes princípios: autonomia, beneficência, não maleficência e
justiça, valorizando e respeitando a dignidade da mulher. Certas mudanças podem acontecer
por meio de educação em saúde durante as consultas pré-natais, onde se tem a oportunidade
de abordar diversos assuntos com as gestantes, a fim de auxiliar no empoderamento destas
para tomar decisões sobre seu corpo e sua parturição.
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