14
Conteúdo Violência contra mulher Defenda seu negócio dessa agressão

Violência contra mulher - Amcham Brasil

  • Upload
    others

  • View
    4

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Violência contra mulher - Amcham Brasil

Conteúdo

Violência contra mulher

Defenda seu negócio dessa agressão

Page 2: Violência contra mulher - Amcham Brasil

Nos últimos anos, a discussão sobre a violência contra as mulheres

ganhou força internacionalmente. O movimento de atrizes norte-

americanas contra o assédio sexual durante o Oscar é um exemplo de

como há um fortalecimento no debate em torno de temas que eram

tabus antigamente: assédio sexual e moral, estupro, disparidades

salariais, relacionamentos abusivos e agressões físicas. Apesar de

grandes avanços, tanto em termos de legislação quanto na opinião

pública, de maneira geral, a realidade da mulher no Brasil (e no mundo)

ainda é permeada pelo machismo.

Introdução

Page 3: Violência contra mulher - Amcham Brasil

O Brasil tem a quinta maior taxa de mulheres assassinadas no mundo

Em 2015, foram registrados 45.460 estupros - 125 ocorrências por dia. A

maioria das vítimas são mulheres

São registrados oito casos de feminicídio por dia em todo

o país

Em 2016, 503 mulheres foram vítimas de agressão

física por hora - totalizando 4,4 milhões de ocorrências

no decorrer do ano

Cerca de 29% das brasileiras relatam ter sofrido algum tipo de violência nos últimos 12 meses

A maioria das vítimas são negras (32%) e pardas (31%)

Dentre os agressores, 61% eram conhecidos e 19%, companheiros das vítimas

Apenas 11% das vítimas procurou uma delegacia da mulher

A grande maioria (52%) não fez nada.

Violência contra a mulher no Brasil

Fonte: Datafolha/ FBSP/ Mapa da Violência/ Ministério Público

Page 4: Violência contra mulher - Amcham Brasil

Carolina Ferracini, gerente de Direitos das Mulheres da ONU Brasil, também aponta uma grande problemática dentro deste tema: houve uma redução significativa, nos últimos anos, de investimento na rede pública de atendimento para mulheres. Diversas delegacias da mulher foram fechadas, assim como promotorias especializadas.

“A estrutura de proteção que criamos pós-Penha (Lei Maria da Penha) está enfraquecendo. O que

fazer diante desse cenário?” Carolina Ferracini, ONU Mulheres

Refletindo sobre o papel da iniciativa privada quando o tema é violência de gênero, a Amcham - São Paulo convidou Ferracini, Daniela Grelin, Diretora Executiva do Instituto Avon, e Luiza Trajano, CEO do Magazine Luiza, para discutir ações que empresas podem tomar para combater e transformar essa realidade. As especialistas participaram do comitê de Diversidade no dia 26/02.

Violência contra a mulher no

Brasil

Page 5: Violência contra mulher - Amcham Brasil

Segundo uma pesquisa de Universidade Federal do Ceará e do Instituto Maria da Penha, mulheres que sofrem violência doméstica perdem, em média, 18 dias de trabalho por ano por conta disso. Dados apontam que o prejuízo por conta dessas faltas é de quase um bilhão de reais em massa salarial perdida. Além disso, as mesmas apresentam menor capacidade de concentração e tomada de decisões, tendo queda na produtividade. Consequentemente, elas têm carreiras mais instáveis, com menor tempo de permanência nas posições.

Cerca de 23% das vítimas de violência recusaram ou desistiram de um trabalho no ano passado;

As vítimas ficam 21% a menos no emprego e ganham em média 10% a menos;

Essas mulheres ficam vulneráveis ao absenteísmo, estresse, depressão e uso de drogas, lícitas ou ilícitas.

“Então esse é um tema que interessa a empresas e acima de tudo é relacionado a direitos humanos. É

a coisa certa a se fazer, e diz muito sobre os valores daquela organização.”

Daniela Grelin, Instituto Avon

Como isso afeta os negócios?

Page 6: Violência contra mulher - Amcham Brasil

Ciclo da violência

Um dos fatores mais importantes relacionados à violência contra a mulher é que ele ocorre em um ciclo, como lembra Grelin. Geralmente, não se começa na agressão física: há uma série de violações de diversos tipos, como a financeira e a psicológica. A compreensão desse ciclo ajuda a empresa a compreender que a violência tende a escalar, principalmente se ela ocorre em algum tipo de relacionamento, seja amoroso ou parental.

“O agressor não é só um indivíduo que faz coisas ruins. Muito frequentemente, é uma pessoa que

ela escolheu para dividir a vida e construir a família. Então o ciclo se repete, porque após um episódio de violência, há um episódio de calmaria, seguida

do aumento da tensão e da repetição. O que é importante entender como empresa é que esse ciclo, quando continuado, tem a tendência de se escalar. Importante entender a hora de intervir e

eficaz para salvar a vida da mulher.”

Page 7: Violência contra mulher - Amcham Brasil

Acúmulo de tensão

Agressãoviolenta

Culpa, arrependimento, promessas

Reconciliação

Aparente Calma

Ciclo da violência

Page 8: Violência contra mulher - Amcham Brasil

Ciclo da violência

Por isso, Grelin recomenda que é preciso ouvir sem julgar, respeitar a autonomia da vítima, oferecer ajuda e estar perto da vítima em todas essas etapas.

“A violência é percebida só quando chega com sintomas físicos, ou das formas mais extremas:

sexual, estupro e feminicídio. Na Lei Maria da Penha estão previstas a violência patrimonial,

moral e psicológica, que são tão persistentes e perversas, mas mais sutis, silenciosas. Nosso

primeiro passo no sentido de prevenção é conscientizar todas as pessoas da empresa sobre

quais são as formas de violência.” Daniela Grelin, Instituto Avon

Entender as nuances da violência de gênero também ajudam a compreender o porquê muitas mulheres têm dificuldade de denunciar agressões, principalmente dentro do ambiente de trabalho. Ainda há muito estigma e culpabilização ao redor do tema: há receio em ser questionada, desqualificada ou mesmo a vergonha de expor a situação para colegas. Entra aqui a parte de combater esses vieses inconscientes e reforçar, tanto para a vítima quanto para as pessoas ao seu redor, que nada justifica uma agressão ou qualquer tipo de violência.

Page 9: Violência contra mulher - Amcham Brasil

As faces da violência de

gênero

A Lei Maria da Penha, reconhecida pela ONU como uma das três melhores legislações do mundo no enfrentamento à desigualdade de gênero, abarca cinco tipos de violência contra a mulher:

Patrimonial Controlar o dinheiro ou reter documentos; não pagamento de pensão; proibir que a mulher trabalhe; ocultar ganhos e bens; destruição de patrimônio.

Sexual Estupro, proibição do uso de métodos contraceptivos, assédio, comentários sexuais indesejados, tráfico sexual, exploração do corpo.

Física Agressões, danos ao corpo da vítima; qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal.

Moral Humilhação, desvalorização moral ou deboche público; expor vida íntima sem consentimento, vazar fotos ou vídeos íntimos; calúnia, difamação ou injúria

Psicológica Dano emocional e diminuição da autoestima; ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir.

Fonte: Conselho Nacional de Justiça e Portal Brasil

Page 10: Violência contra mulher - Amcham Brasil

Tomada de Ação

MagazineLuiza

MAGAZINE LUIZA

O assassinato de uma gerente de uma loja da Magazine Luiza foi o que motivou Luiza Trajano, CEO da empresa, a tomar ações concretas com relação ao tema do feminicídio. A colaboradora foi morta pelo marido durante o final de semana e o crime chocou o quadro de funcionários. Na época, Trajano lançou um vídeo em que avisava que criaria um canal interno para os funcionários e funcionárias pudessem romper com o silêncio e buscar ajuda antes de qualquer desfecho fatal. O canal conta com um portal online, telefone e e-mail e garante anonimato.

“Em 4 meses, foram 78 denúncias. Foi muito assustador e decidimos no mesmo dia criar um comitê dentro da empresa, justamente por ser

uma questão difícil e complexa de lidar”

Luiza Trajano, Magazine Luiza

Após receber a denúncia, a organização realiza uma fase de acolhimento da vítima; se necessário, há também apoio financeiro para que a mulher consiga se afastar do agressor, caso seja financeiramente dependente dele. Os responsáveis pelo canal também encaminham os casos para os órgãos públicos responsáveis, orientando legalmente as funcionárias por todo o processo.

Além do canal, a empresa também se engajou na criação de um comitê para mulheres, para discutir questões de gênero e “furar a nuvem” - ou seja, reconhecer que isso é uma realidade e que está mais próximo do que imaginamos. Treinamentos para as lideranças e colaboradores sobre o que é assédio sexual e moral também fazem parte de ações para construir um ambiente mais inclusivo e seguro.

Page 11: Violência contra mulher - Amcham Brasil

A Avon, também após perder uma colaboradora vítima de violência, construiu uma política interna para acolher as mulheres, baseada nos pilares de prevenção, intervenção e proteção.

A prevenção consiste em sensibilizar a preparar todos os funcionários da empresa para a primeira abordagem em uma situação de violência. O treinamento é anual e mandatório e aborda o assunto, incentivando a todos a escutarem sem preconceitos, entender e respeitar a autonomia de uma vítima, compreenderem os diferentes escopos da violência de gênero e como ajudar uma vítima.

Após a denúncia, a organização oferece apoio à vítima de acordo com o que ela precisa, seja apoio legal, financeiro ou psicológico. No pilar de intervenção, a empresa incentiva os líderes e funcionários a compreenderem a responsabilidade e papel de cada um nessa situação.

“O líder não pode ter dúvida do que deve fazer.” Daniela Grelin, Instituto Avon

Os funcionários de Recursos Humanos e Serviço social recebem treinamentos aprofundados sobre o assunto, legislação e políticas voltadas para a mulher e como lidar com a primeira abordagem da vítima.

O eixo de proteção trabalha com a necessidade de cada vítima, envolvendo diferentes setores da organização. Se a mulher precisa se afastar do agressor, a Avon tenta antecipar férias ou mesmo priorizar uma transferência para outra localidade, caso seja possível. Se a vítima se sente insegura no caminho de volta para casa, há o envolvimento da área de segurança - para restringir acesso nas proximidades da empresa - ou até ajustar o ponto de descida do fretado. Em termos de saúde mental, a empresa oferece também afastamento clínico e abono de falta.

Tomada de Ação

Avon

Page 12: Violência contra mulher - Amcham Brasil

Em parceria com o Pacto Global, a ONU Mulheres criou uma série de considerações que ajudam as empresas a incorporarem práticas e valores relacionadas à equidade de gênero e ao empoderamento feminino. Veja quais são esses sete Princípios:

1. Estabelecer liderança corporativa sensível à igualdade de gênero, no mais alto nível.

2. Tratar todas as mulheres e homens de forma justa no trabalho, respeitando e apoiando os direitos humanos e a não-discriminação.

3. Garantir a saúde, segurança e bem-estar de todas as mulheres e homens que trabalham na empresa.

4. Promover educação, capacitação e desenvolvimento profissional para as mulheres.

5. Apoiar empreendedorismo de mulheres e promover políticas de empoderamento das mulheres através das cadeias de suprimentos e marketing.

6. Promover a igualdade de gênero através de iniciativas voltadas à comunidade e ao ativismo social.

7. Medir, documentar e publicar os progressos da empresa na promoção da igualdade de gênero.

Princípios de Empoderamento

das Mulheres (ONU)

Fonte: ONU Mulheres (onumulheres.org.br/referencias/principios-de-empoderamento-das-mulheres/)

Page 13: Violência contra mulher - Amcham Brasil

Expediente

| Amcham Brasil |

CEO Deborah Vieitas

Presidente do Conselho de Administração Hélio Magalhães

Diretora de Produtos e Serviços Camila Moura

Gerente de Comunicação/editor Dirceu Pinto

Repórter Beatriz Avila

Projeto Gráfico Renato Orlandini Santos |