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“Universidade Estadual Paulista ‘Júlio de Mesquita Filho’ – Unesp” – Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação – Campus Bauru David Lucas Desidério Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design Bauru/2003

Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

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Trabalho de Conclusão de curso em Design de Jogos

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Page 1: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

ldquoUniversidade Estadual Paulista lsquoJuacutelio deMesquita Filhorsquo ndash Unesprdquo ndash Faculdade de

Arquitetura Artes e Comunicaccedilatildeo ndashCampus Bauru

David Lucas Desideacuterio

Virtualidade Trans-SensorialGame Design

Bauru2003

1

David Lucas Desideacuterio

Virtualidade Trans-Sensorial Game Design

Trabalho de Conclusatildeo de Curso para aobtenccedilatildeo do grau de Bacharel em DesenhoIndustrial com habilitaccedilatildeo em ProgramaccedilatildeoVisual pela Faculdade de Arquitetura Artes eComunicaccedilatildeo na aacuterea de Desenho IndustrialProgramaccedilatildeo Visual sob orientaccedilatildeo Prof DrDorival Campos Rossi do Departamento deDesenho Industrial e Co-orientaccedilatildeo da ProfaDra Salete da Silva Alberti do Departamentode Ciecircncias Humanas

Bauru2003

2

Dedicatoacuteria do meu singelo trabalho in memorian a um mestre

Mestres na vida satildeo difiacuteceis de se encontrar eu nem imaginava que ia conhecer um

tatildeo especial e importante para mim como este Tive a chance de ter contato com uma

sabedoria e caraacuteter que considero superiores Este mestre querido que me aguccedilou o senso de

pesquisador e o gosto pelas leituras

Um mestre que eu escutava sem me cansar e adorava ouvir seus ldquocasosrdquo sempre

pesquisados por ele proacuteprio em sua vida dedicada a qual terei sempre como exemplo

Conheci-o no ano 2000 e tive a humilde chance de rapidamente poder contribuir com

ele e acima de tudo aprender MUITO Infelizmente para noacutes se foi para o plano espiritual

em 2003 Mas a Consciecircncia Coacutesmica demarcou um tempo de vida fiacutesica para cada um de noacutes

e o nosso corpo cessa quando esse tempo chega Mas nem por isso a verdadeira vida cessa

aliaacutes aprendi com esse mestre a ter a mais firme convicccedilatildeo (sem com isso significar crenccedila)

com base em evidecircncias que aceitei como provas da existecircncia do Espiacuterito e da sobrevivecircncia

apoacutes a morte do corpo fiacutesico

Ao senhor querido Dr Hernani Guimaratildees Andrade que aleacutem de mestre era amigo dedico

este trabalho que satildeo apenas pequenos passos nas suas grandes pegadas deixadas para que

noacutes trilhaacutessemos Com muito amor que tive a oportunidade de declarar ao senhor e agrave nossa

querida Suzuko em um daqueles inesqueciacuteveis dias que vocecircs me trouxeram em casa de

carro apoacutes uma tarde de muito trabalho e aprendizado Espero reencontraacute-lo na luz do fim do

tuacutenel tambeacutem =)

3

Agradecimentos afetivos

A conquista deste trabalho foi como um mosaico ou quebra-cabeccedilas tive que juntar

as peccedilas e fazer as relaccedilotildees como numa investigaccedilatildeo mas natildeo fiz isso sozinho Pois se

cheguei ateacute aqui foi pelo apoio incondicional das pessoas que me satildeo mais proacuteximas e que

fazem grande parte da minha vida Por isso agradeccedilo a todas essas pessoas que estiveram

comigo Familiares com suas familiaridades Namorada com seu amor Professores com seus

ensinamentos Amigos com sua amizade Colegas com seu coleguismo Companheiros com

seu companheirismo Irmatildeos com sua fraternidade Agradeccedilo pois afetivamente

A meus pais Maria Aparecida Lopes Barreto Desideacuterio e Nelson Donizeti

Desideacuterio por terem me dado a chance de reencarnar para aprender muito e evoluir trilhando

meu caminho de vida e com muito apoio de vocecircs (apoio moral e financeiro) vencerei Aos

meus genitores todo amor filial do seu rebento

Ao meu irmatildeo Fabiano Desideacuterio por ter me aguumlentado tanto em casa e fora dela mas

sabemos que o nosso amor fraternal aumentou muito saiba que eu tenho muita feacute em vocecirc

sei que vocecirc jaacute eacute e sempre seraacute um vencedor para mim Amo muito vocecirc querido Faacute

Agrave Fabiana C Marcelino minha namorada tatildeo especial que neste mundo natildeo haacute

outra Que me ensinou a ser menos rude e que tambeacutem aprendeu a compreender meu ritmo

Que me ajudou com apoio moral e sua capacidade de siacutentese Esteve comigo nos momentos

mais criacuteticos Que faz tudo de bom para mim e sem ela eu natildeo seria quem sou Pois com ela

me fiz em pessoa e em caraacuteter me espelhando em sua determinaccedilatildeo e tenacidade Enfim por

admirar tanto sua personalidade Amo-te de verdade pois soacute com o amor eacute que podemos nos

reencontrar pela eternidade Querida Fabiana espero que possamos crescer espiritualmente

sempre juntos em uma troca reciacuteproca de ensinamentos e experiecircncias de vida Com todo

meu amor a vocecirc muito obrigado minha linda

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Agradecimentos Especiais

Pessoas especiais nos satildeo colocadas no caminho para que saibamos considerar o valor

da vida e a alegria que pode advir dela Agradeccedilo

A meu orientador (desde 1999) Prof Dr Dorival Rossi que soube me ouvir e

respeitar minhas opiniotildees sempre aceitando o que era coerente e criticando o que era

necessaacuterio Falou-me tanto sobre o Uno que acabei colocando no trabalho e me fortaleceu

essa busca pessoal pela Unidade Obrigado por me ensinar a ENXERGAR e a entender o

Virtual Agrave minha co-orientadora Profa Dra Salete Alberti pelo infinito carinho e ternura

para comigo (que veio ateacute minha casa ldquopara cuidar do filhordquo) e pelo seu rigor Cientiacutefico-

Filosoacutefico mostrando-me os caminhos da Academia Obrigado por me ensinar a PENSAR

apesar da minha resistecircncia Ao Prof Dr Joatildeo Winck por que foi ele quem me indicou os

caminhos (desde 2001) Obrigado pelos primeiros PASSOS para o primeiro FILE Agrave Profa

Dra Solange Bigal sempre criacutetica mas de uma maneira construtiva me ensinando as bases

do ser criacutetico bem como agrave Profa Dra Maria Antocircnia Soares minha inspiradora nas

questotildees de cunho soacutecio-poliacutetico Ao meu orientador de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica Prof Dr Pablo

A Venegas e ao meu co-orientador Prof Dr Aguinaldo R Souza pelo trabalho na aacuterea de

EDUCACcedilAtildeO em FIacuteSICA QUAcircNTICA mesmo com minha dificuldade com nuacutemeros

Aos meus amigos proacuteximos bem como os outros amigos (de quem me distanciei por

motivos da vida mas estatildeo proacuteximos no coraccedilatildeo) agradeccedilo notadamente a meus irmatildeos por

consideraccedilatildeo Alexandre Mendes Andreacutea Kulpas e Ricardo Martins nestes cinco anos de

faculdade Agradeccedilo aos queridos amigos e companheiros de ideal Professor Carlos Luz e

Professora Suzuko Hashizume que sempre foram tatildeo atenciosos e pacientes comigo ao me

ensinarem tantas coisas confiando em mim e me proporcionando momentos da mais pura

alegria na minha vida Obrigado pelos chocolates que me eram dados no IBPP meu

ldquocombustiacutevelrdquo

5

Obrigado a meu professor de computaccedilatildeo Fabriacutecio Odassi que ganhou minha

amizade sem muito esforccedilo pela afinidade Aos pais da minha namorada que sempre

estiveram prontos a me atender especialmente quando torci a perna e precisei engessaacute-la

obrigado pelo carinho D Maria Joseacute Marcelino e Sr Roberto Marcelino

A todos os aspectos da minha proacutepria vida meus gostos e desgostos meus prazeres e

dissabores pois tudo que sou tambeacutem dependeu desses fatores que eu mesmo pude (ou natildeo)

direcionar e escolher por mim mesmo

Agradeccedilo tambeacutem ao criador do seriado de ficccedilatildeo Arquivo-X Chris Carter ao David

Duchovny e agrave Gillian Anderson (Fox Mulder e Dana Scully) e toda equipe do seriado

A todos os videogames que joguei na minha vida pois esses jogos estavam tatildeo

arraigados dentro de mim que natildeo consegui evitar terminar o curso sem produzir o meu

proacuteprio Eles me acompanharam por todo meu trabalho me inspirando e me ensinando ldquocomo

fazerrdquo O jogo simplesmente comeccedilou a tomar forma e saiu Uma consequumlecircncia de mim

mesmo

Agradeccedilo a Deus causa primaacuteria de todas as coisas Consciecircncia Coacutesmica Universal

que se concretiza em noacutes seres humanos Pois permite que pensemos que somos separados

poreacutem soacute precisamos de algum esforccedilo proacuteprio para poder entrar em contato e percebermos

que Somos Todos Um desde a mais iacutenfima partiacutecula subatocircmica ateacute os infinitos universos

que possam existir em infinitas dimensotildees que o homem jamais pode imaginar Agradeccedilo a

Jesus tambeacutem por ser o mais perfeito guia e modelo da humanidade que tentamos tanto

seguir mas natildeo conseguimos por nossa tamanha ignoracircncia para com as coisas espirituais

Mas sei que estamos predestinados agrave perfeiccedilatildeo divina portanto estou certo de que um dia

chegaremos laacute no infinito onde a mentalidade terrena dos homens natildeo alcanccedila ainda Que

assim seja

6

RESUMO

Relaccedilotildees entre teorias da Ufologia estudos antropoloacutegicos dos labirintos de

Filosofias e Espiritualismo Orientais e Ocidentais da Fiacutesica Quacircntica e das teorias do Virtual

para buscar uma visualizaccedilatildeo de questotildees Transcendentais por meio do Game Design e da

interaccedilatildeo em um jogo que utiliza uma tecnologia de realidade virtual natildeo imersiva

Palavras-chave Game Design Ufologia Labirinto Filosofia Espiritualismo Oriental

Realidade Virtual

7

ABSTRACT

Relationship between Ufology theories anthropological studies of

Labyrinths Philosophies Eastern and Western Spiritualism Quantum Physics and Theories

of the Virtual in an attempt to visualize Transcendental issues by means of a Game Design

and of interaction in a game that utilizes a non-immersive technology of Virtual Reality

Keywords Game Design Ufology Labyrinth Philosophy Eastern Spiritualism Virtual

Reality

8

SUMAacuteRIO

1 NOTA INTRODUTOacuteRIA9

11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade11

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial17

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema25

14 UFOS OacuteVNIS26

15 Ciacuterculos Ingleses30

16 Geometria Sagrada33

17 Mandalas36

18 Labirintos41

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos49

110 Os Labirintos e as Dobras51

111 O Atomismo Grego52

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva54

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS59

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS61

APEcircNDICE64

Legendas das imagens mais intrigantes do mundo virtual

HyperCube64

9

1 NOTA INTRODUTOacuteRIA

Todas as palavras ressaltadas com negrito satildeo de iniciativa do aluno

servindo para demarcar as linhas de relaccedilotildees entre as mesmas e com isso a consequumlente

semiose entatildeo todos os negritos satildeo nossos

Gostaria de ressaltar tambeacutem que natildeo haacute verdades absolutas mas infinitas

possibilidades de verdades relativas e portanto ningueacutem pode dizer que a ciecircncia materialista

estaacute sempre com toda razatildeo com todas as explicaccedilotildees e com todas as provas que possam

porventura constituir algum tipo de verdade ldquoO conceito de verdade natildeo estaacute na prova e sim

na evidecircncia dos fatosrdquo1 As provas soacute se tornam provas para quem aceita as evidecircncias

apresentadas Por isso ldquonem tudo o que eacute provado deve ser obrigatoriamente verdadeiro e

nem tudo o que eacute verdadeiro pode ser definitivamente provadordquo2 Existem evidecircncias de que

este velho paradigma cientiacutefico preconizado por Descartes e desenvolvido por Newton natildeo

atende a todos os fenocircmenos que ocorrem no mundo por isso se faz necessaacuterio buscar outras

respostas alhures em outros paradigmas e outras hipoacuteteses e a Fiacutesica Quacircntica tem

contribuiacutedo para isso pois ela por si soacute jaacute derruba toda uma ontologia materialista E

felizmente pode-se encontrar respostas em outro paradigma o paradigma de uma ciecircncia

natildeo-materialista que natildeo diz que o ser humano eacute um monte de carne que se move ou uma

maacutequina apenas e que o universo natildeo eacute sem propoacutesito ou se fez por si soacute Em um paradigma

espiritualista a ciecircncia estaacute aberta a essas questotildees que o materialismo natildeo explica por isso as

nega veementemente

E eacute nesse paradigma espiritualista que coisas tomadas como epifenocircmenos

(fenocircmenos secundaacuterios) da mateacuteria como a consciecircncia mudam de lugar e passam a ser a

1 ANDRADE Hernani G Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte Satildeo Paulo

FE 2000 p 72 Ibidem p 6

10

base o princiacutepio e a essecircncia de tudo portanto abre espaccedilo para uma integraccedilatildeo entre ciecircncia

e espiritualidade que jaacute comeccedilou e que toma o espaccedilo do materialismo que constitui o status

quo ou establishment cientiacutefico atual (sem contudo refutaacute-lo pelo contraacuterio toma-o como

parte das explicaccedilotildees) tudo isso segundo evidecircncias que vatildeo sendo passo a passo desveladas

pela Fiacutesica do seacutec XX

Eacute sob este paradigma transdisciplinar e espiritualista e com uma mente

aberta que deve ser visto e analisado este trabalho que eacute constituiacutedo por uma compilaccedilatildeo de

citaccedilotildees de autores que apoacuteiam as ideacuteias que pretendo relacionar entre si

Mas os ceacuteticos estes nunca poderatildeo ser contentados por julgarem que todos

os experimentos e ideacuteias devem se adequar aos seus gostos e vontades por isso mesmo nunca

seratildeo atendidos a eles resta-lhes apenas sua proacutepria incredulidade em si mesmos portanto

na Natureza

11

11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade

Desde que a Ciecircncia sai da observaccedilatildeo material dos fatos e trata de apreciare de explicar esses fatos o campo estaacute aberto agraves conjecturas Cada um trazseu pequeno sistema que quer fazer prevalecer e o sustenta com obstinaccedilatildeoNatildeo vemos todos os dias as opiniotildees mais divergentes alternativamentepreconizadas e rejeitadas logo repelidas como erros absurdos depoisproclamadas como verdades incontestaacuteveis Os fatos eis o verdadeirocriteacuterio dos nossos julgamentos o argumento sem reacuteplica Na ausecircncia defatos a duacutevida eacute a opiniatildeo do saacutebioPara as coisas notoacuterias a opiniatildeo dos saacutebios faz feacute a justo tiacutetulo porque elessabem mais e melhor que o vulgo mas em fatos de princiacutepios novos decoisas desconhecidas sua maneira de ver natildeo eacute sempre senatildeo hipoteacuteticaporque natildeo satildeo mais que os outros isentos de preconceitos Eu diria mesmoque o saacutebio talvez tem mais preconceito que qualquer outro porque umapropensatildeo natural o leva a tudo subordinar ao ponto de vista que eleaprofundou o matemaacutetico natildeo vecirc prova senatildeo numa demonstraccedilatildeoalgeacutebrica o quiacutemico relaciona tudo com a accedilatildeo dos elementos etc Todohomem que faz uma especialidade a ela subordina todas as suas ideacuteias tirai-o de laacute e frequumlentemente ele desarrazoa porque quer submeter tudo aomesmo crivo eacute uma consequumlecircncia da fraqueza humana3

A maior parte da biologia e da psicologia assim como virtualmente todas asnossas ciecircncias sociais satildeo praticadas sobre uma base newtoniana A ciecircncianewtoniana nos deu alguns preconceitos resistentes ndash como o determinismoa objetividade forte e o materialismo ndash que satildeo adequados quandoinvestigamos a ordem do mundo exterior Mas o propoacutesito daespiritualidade e da religiatildeo eacute investigar nossa realidade interior eacute pocircr emordem nossa vida interior [] Como a espiritualidade exige que aconsciecircncia desempenhe um papel fundamental eacute difiacutecil se natildeo impossiacutevelencontrar um lugar para a espiritualidade numa ciecircncia objetiva ematerialista4

De iniacutecio um diaacutelogo entre ciecircncia e religiatildeo parece um tanto improvaacutevelTanto a ciecircncia como a religiatildeo se empenham na busca da verdade As duasse baseiam na intuiccedilatildeo de que a verdade eacute uacutenica e natildeo pluralista Oproblema eacute que mesmo quando natildeo avanccedilamos o bastante em nossa buscanoacutes tentamos impor nossa limitada verdade aos outros Eacute o que vaacuteriasreligiotildees exoteacutericas5 fazem tradicionalmente hoje a ciecircncia faz a mesmacoisa o que levou agrave atual polarizaccedilatildeo entre ciecircncia e religiatildeo6

3 KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE 131a ed 2000 p 22-234 GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de

Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003 p 19-205 Ver definiccedilatildeo de ldquoesoteacutericordquo e ldquoexoteacutericordquo agrave paacutegina 496 GOSWAMI 2003 p 21

12

Aleacutem disso a metodologia oferecida pelas religiotildees ndash a feacute ndash eacutediametralmente oposta agrave metodologia desenvolvida pela ciecircncia O meacutetodocientiacutefico eacute baseado em tentativa e erro [] Elabore uma teoria e verifique-a O enorme sucesso da ciecircncia comprova a eficaacutecia da sua metodologia Emcomparaccedilatildeo somente algumas pessoas afirmaram ter atingido atransformaccedilatildeo por meio da feacute e muitos desses relatos satildeo discutiacuteveis aosolhos da ciecircncia7

Como pode haver um diaacutelogo uma comunicaccedilatildeo dotada de sentido entreuma tradiccedilatildeo cientiacutefica que ridiculariza concepccedilotildees ldquonatildeo-cientiacuteficasrdquo comoos milagres ou a teleologia e uma tradiccedilatildeo religiosa que abomina oldquocientificismordquo (ciecircncia praticada como religiatildeo em vez do uso deargumentos estritamente cientiacuteficos contra Deus) O debate no Ocidentenatildeo conseguiu superar esse impasse8

A histoacuteria intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entretrecircs ldquoismosrdquo filosoacuteficos ndash dualismo idealismo monista e realismomaterialista Os dualistas orientais como os dualistas do Ocidente acreditamque Deus e o mundo ndash Deus e noacutes ndash satildeo separados Quando estamos comDeus somos felizes por isso os dualistas nos fornecem praacuteticas devocionaise eacuteticas para nos ajudar a estar com Deus mais ou menos como faz ocristianismo exoteacuterico no Ocidente Os partidaacuterios do idealismo monistasalientam que sua filosofia baseia-se na investigaccedilatildeo que a consciecircnciapode ser conhecida diretamente em toda sua essecircncia abrangente porqueldquonoacutes somos Issordquo Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundopelo conhecimento direto quando descobrimos nossa plenitude noacutes nostornamos felizes porque nossa verdadeira natureza eacute a felicidade [] E osdogmas do realismo materialista ndash argumentam os idealistas ndash satildeo puraespeculaccedilatildeo ou resultam igualmente de investigaccedilotildees incompletas A issoos realistas materialistas opotildeem que eacute uma tolice basear nossa metafiacutesica emexperiecircncias subjetivas E os dualistas ridicularizam a ideacuteia de que aseparaccedilatildeo entre Deus e o mundo seja produto de maya910

Mas como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI 2003 p 30) corretamente arealidade natildeo eacute dualiacutestica a realidade eacute uma integraccedilatildeo moniacutestica doimanente no transcendente []Muitos cientistas experimentando uma outra via de integraccedilatildeo procuram[] explicar a metade subjetiva do mundo a consciecircncia o eu aespiritualidade e os valores morais Para esses cientistas explicar aconsciecircncia eacute uma questatildeo de compreender como o ceacuterebro se comportacomo uma complexa maacutequina material A consciecircncia eacute um epifenocircmeno damateacuteria Esses cientistas indagam o que na complexidade do ceacuterebro otorna consciente ou torna a eacutetica importante Eacute possiacutevel que umepifenocircmeno da mateacuteria tenha uma aparecircncia de eficaacutecia causal e mesmo decriatividade e espiritualidade 11

7 GOSWAMI 2003 p 248 Ibidem p 259 Uma definiccedilatildeo de maya se encontra agrave paacutegina 5510 GOSWAMI 2003 p 2811 Ibidem p 30

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Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo

natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo

encontrou resposta alguma

Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13

12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual

encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo

13 GOSWAMI 2003 p 31-32

14

Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda

fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo

faz parte da ordem materialista da realidade

Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14

Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as

mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder

Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se

alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a

espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa

Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo

a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma

direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo

entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de

compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este

resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto

de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo

desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os

outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se

14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy

Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126

15

razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias

agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento

de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na

mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da

mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o

conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se

imagina existir

Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-

se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e

investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo

eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se

uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a

ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode

contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se

olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo

cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas

Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15

Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A

15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua

16

metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17

A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19

Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os

vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram

utilizados na concepccedilatildeo de um jogo

17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso

desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo

19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)

17

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial

Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo

Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade

Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria

constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos

(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute

formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo

realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-

se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja

a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste

momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois

este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos

inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute

originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na

Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a

virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo

movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o

Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das

virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo

enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista

impregnada e condicionada agrave realidade manifesta

20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor

acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural

22 Ibidem opcit p 140

18

A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo

citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami

O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23

[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24

Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis

derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe

em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25

Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na

Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em

que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que

sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o

natildeo-ser pode elucidar a questatildeo

Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26

23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76

19

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do

fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que

estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura

principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos

Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como

uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta

concepccedilatildeo o Game Design

Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais

comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo

que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina

(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees

entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre

utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem

com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no

sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo

auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o

objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que

constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)

O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de

ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o

ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e

fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco

complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior

o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros

ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir

20

da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos

virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem

ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede

de mundos virtuais

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios

principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o

ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o

centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o

usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as

fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador

precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para

chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo

tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que

abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as

portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho

possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer

ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem

possuem luzes com as cores usadas nas mandalas

A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso

desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela

A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o

vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca

A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o

fogo Eacute iluminada com a cor vermelha

21

A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a

gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul

A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se

pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo

material Eacute iluminada com a cor verde

Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas

que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio

eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para

continuar sua jornada ao centro do labirinto

Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode

neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o

labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas

convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras

na alma segundo Gilles Deleuze

O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute

um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar

e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por

fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio

pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais

Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o

hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra

dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar

para o ldquoAndar de Cimardquo

Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que

poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro

22

O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em

faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho

O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e

que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto

sonoro

O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo

cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard

Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)

O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos

Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em

expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos

virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a

partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da

seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de

internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site

httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o

jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio

ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na

esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute

pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade

de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World

Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que

estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa

23

A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de

programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois

tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria

imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do

tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo

de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27

VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28

A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos

satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano

A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29

Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui

melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o

usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais

avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas

27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit

24

Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute

universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e

preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio

que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos

virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio

apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente

distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem

ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute

o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para

VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no

editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in

seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a

partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria

Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos

tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que

geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para

que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual

A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser

de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios

conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um

desenvolvedor de mundos virtuais

25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas

Bi-polar ndash Night Air

Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy

Dead Can Dance ndash Arabian Gothic

Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics

Vangelis ndash Tales of the Future

Vangelis ndash Damask Rose

Akalbeth ndash Taoxm

Trilha Sonora original do seriado Star Trek

Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios

bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz

bull 128 MB de memoacuteria RAM

bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8

bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet

bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido

bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com

Direct3D e OpenGL

Software ou Programas necessaacuterios

bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP

bull Internet Explorer 5 ou superior

bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player

(httpwwwcacomcosmo)

ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)

OBS O Cosmo Player para Windows 98NT

O CORTONA VRML Client para Windows XP

A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas

entre si para a concepccedilatildeo do jogo

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

44

somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002

___ PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001

___ Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte SatildeoPaulo FE 2000

BIacuteBLIA Portuguecircs O Novo Testamento Traduccedilatildeo de Joatildeo Ferreira de Almeida [SL]Gideotildees Internacionais 1982

CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismooriental Traduccedilatildeo de Joseacute Fernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999

DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L OrlandiCampinas Papirus 1991

FATOR X Satildeo Paulo Planeta 1998 n4

GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

___ O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo deRuy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998

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KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE131aed 2000

62

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LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996

PENFIELD Wilder The mystery of mind Princeton Princeton University Press 1976 ApudGOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundomaterial Traduccedilatildeo de Ruy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998

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VARENNE Jean-Michel Os Cristatildeos Miacutesticos do Ocidente Portugal Europa-Ameacuterica1986

VOLPATO Gilson Luiz Publicaccedilatildeo Cientiacutefica Botucatu Tipomic 2003

VON NEUMANN John The Mathematical Foundations of Quantum MechanicsPrinceton Princeton University Press 1955 Apud GOSWAMI Amit A Janela VisionaacuteriaUm guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo PauloCultrix 2003

WILBER Ken A brief history of everything Boston Shambala 1996 Apud GOSWAMIAmit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeode Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

63

Sites

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 2: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

1

David Lucas Desideacuterio

Virtualidade Trans-Sensorial Game Design

Trabalho de Conclusatildeo de Curso para aobtenccedilatildeo do grau de Bacharel em DesenhoIndustrial com habilitaccedilatildeo em ProgramaccedilatildeoVisual pela Faculdade de Arquitetura Artes eComunicaccedilatildeo na aacuterea de Desenho IndustrialProgramaccedilatildeo Visual sob orientaccedilatildeo Prof DrDorival Campos Rossi do Departamento deDesenho Industrial e Co-orientaccedilatildeo da ProfaDra Salete da Silva Alberti do Departamentode Ciecircncias Humanas

Bauru2003

2

Dedicatoacuteria do meu singelo trabalho in memorian a um mestre

Mestres na vida satildeo difiacuteceis de se encontrar eu nem imaginava que ia conhecer um

tatildeo especial e importante para mim como este Tive a chance de ter contato com uma

sabedoria e caraacuteter que considero superiores Este mestre querido que me aguccedilou o senso de

pesquisador e o gosto pelas leituras

Um mestre que eu escutava sem me cansar e adorava ouvir seus ldquocasosrdquo sempre

pesquisados por ele proacuteprio em sua vida dedicada a qual terei sempre como exemplo

Conheci-o no ano 2000 e tive a humilde chance de rapidamente poder contribuir com

ele e acima de tudo aprender MUITO Infelizmente para noacutes se foi para o plano espiritual

em 2003 Mas a Consciecircncia Coacutesmica demarcou um tempo de vida fiacutesica para cada um de noacutes

e o nosso corpo cessa quando esse tempo chega Mas nem por isso a verdadeira vida cessa

aliaacutes aprendi com esse mestre a ter a mais firme convicccedilatildeo (sem com isso significar crenccedila)

com base em evidecircncias que aceitei como provas da existecircncia do Espiacuterito e da sobrevivecircncia

apoacutes a morte do corpo fiacutesico

Ao senhor querido Dr Hernani Guimaratildees Andrade que aleacutem de mestre era amigo dedico

este trabalho que satildeo apenas pequenos passos nas suas grandes pegadas deixadas para que

noacutes trilhaacutessemos Com muito amor que tive a oportunidade de declarar ao senhor e agrave nossa

querida Suzuko em um daqueles inesqueciacuteveis dias que vocecircs me trouxeram em casa de

carro apoacutes uma tarde de muito trabalho e aprendizado Espero reencontraacute-lo na luz do fim do

tuacutenel tambeacutem =)

3

Agradecimentos afetivos

A conquista deste trabalho foi como um mosaico ou quebra-cabeccedilas tive que juntar

as peccedilas e fazer as relaccedilotildees como numa investigaccedilatildeo mas natildeo fiz isso sozinho Pois se

cheguei ateacute aqui foi pelo apoio incondicional das pessoas que me satildeo mais proacuteximas e que

fazem grande parte da minha vida Por isso agradeccedilo a todas essas pessoas que estiveram

comigo Familiares com suas familiaridades Namorada com seu amor Professores com seus

ensinamentos Amigos com sua amizade Colegas com seu coleguismo Companheiros com

seu companheirismo Irmatildeos com sua fraternidade Agradeccedilo pois afetivamente

A meus pais Maria Aparecida Lopes Barreto Desideacuterio e Nelson Donizeti

Desideacuterio por terem me dado a chance de reencarnar para aprender muito e evoluir trilhando

meu caminho de vida e com muito apoio de vocecircs (apoio moral e financeiro) vencerei Aos

meus genitores todo amor filial do seu rebento

Ao meu irmatildeo Fabiano Desideacuterio por ter me aguumlentado tanto em casa e fora dela mas

sabemos que o nosso amor fraternal aumentou muito saiba que eu tenho muita feacute em vocecirc

sei que vocecirc jaacute eacute e sempre seraacute um vencedor para mim Amo muito vocecirc querido Faacute

Agrave Fabiana C Marcelino minha namorada tatildeo especial que neste mundo natildeo haacute

outra Que me ensinou a ser menos rude e que tambeacutem aprendeu a compreender meu ritmo

Que me ajudou com apoio moral e sua capacidade de siacutentese Esteve comigo nos momentos

mais criacuteticos Que faz tudo de bom para mim e sem ela eu natildeo seria quem sou Pois com ela

me fiz em pessoa e em caraacuteter me espelhando em sua determinaccedilatildeo e tenacidade Enfim por

admirar tanto sua personalidade Amo-te de verdade pois soacute com o amor eacute que podemos nos

reencontrar pela eternidade Querida Fabiana espero que possamos crescer espiritualmente

sempre juntos em uma troca reciacuteproca de ensinamentos e experiecircncias de vida Com todo

meu amor a vocecirc muito obrigado minha linda

4

Agradecimentos Especiais

Pessoas especiais nos satildeo colocadas no caminho para que saibamos considerar o valor

da vida e a alegria que pode advir dela Agradeccedilo

A meu orientador (desde 1999) Prof Dr Dorival Rossi que soube me ouvir e

respeitar minhas opiniotildees sempre aceitando o que era coerente e criticando o que era

necessaacuterio Falou-me tanto sobre o Uno que acabei colocando no trabalho e me fortaleceu

essa busca pessoal pela Unidade Obrigado por me ensinar a ENXERGAR e a entender o

Virtual Agrave minha co-orientadora Profa Dra Salete Alberti pelo infinito carinho e ternura

para comigo (que veio ateacute minha casa ldquopara cuidar do filhordquo) e pelo seu rigor Cientiacutefico-

Filosoacutefico mostrando-me os caminhos da Academia Obrigado por me ensinar a PENSAR

apesar da minha resistecircncia Ao Prof Dr Joatildeo Winck por que foi ele quem me indicou os

caminhos (desde 2001) Obrigado pelos primeiros PASSOS para o primeiro FILE Agrave Profa

Dra Solange Bigal sempre criacutetica mas de uma maneira construtiva me ensinando as bases

do ser criacutetico bem como agrave Profa Dra Maria Antocircnia Soares minha inspiradora nas

questotildees de cunho soacutecio-poliacutetico Ao meu orientador de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica Prof Dr Pablo

A Venegas e ao meu co-orientador Prof Dr Aguinaldo R Souza pelo trabalho na aacuterea de

EDUCACcedilAtildeO em FIacuteSICA QUAcircNTICA mesmo com minha dificuldade com nuacutemeros

Aos meus amigos proacuteximos bem como os outros amigos (de quem me distanciei por

motivos da vida mas estatildeo proacuteximos no coraccedilatildeo) agradeccedilo notadamente a meus irmatildeos por

consideraccedilatildeo Alexandre Mendes Andreacutea Kulpas e Ricardo Martins nestes cinco anos de

faculdade Agradeccedilo aos queridos amigos e companheiros de ideal Professor Carlos Luz e

Professora Suzuko Hashizume que sempre foram tatildeo atenciosos e pacientes comigo ao me

ensinarem tantas coisas confiando em mim e me proporcionando momentos da mais pura

alegria na minha vida Obrigado pelos chocolates que me eram dados no IBPP meu

ldquocombustiacutevelrdquo

5

Obrigado a meu professor de computaccedilatildeo Fabriacutecio Odassi que ganhou minha

amizade sem muito esforccedilo pela afinidade Aos pais da minha namorada que sempre

estiveram prontos a me atender especialmente quando torci a perna e precisei engessaacute-la

obrigado pelo carinho D Maria Joseacute Marcelino e Sr Roberto Marcelino

A todos os aspectos da minha proacutepria vida meus gostos e desgostos meus prazeres e

dissabores pois tudo que sou tambeacutem dependeu desses fatores que eu mesmo pude (ou natildeo)

direcionar e escolher por mim mesmo

Agradeccedilo tambeacutem ao criador do seriado de ficccedilatildeo Arquivo-X Chris Carter ao David

Duchovny e agrave Gillian Anderson (Fox Mulder e Dana Scully) e toda equipe do seriado

A todos os videogames que joguei na minha vida pois esses jogos estavam tatildeo

arraigados dentro de mim que natildeo consegui evitar terminar o curso sem produzir o meu

proacuteprio Eles me acompanharam por todo meu trabalho me inspirando e me ensinando ldquocomo

fazerrdquo O jogo simplesmente comeccedilou a tomar forma e saiu Uma consequumlecircncia de mim

mesmo

Agradeccedilo a Deus causa primaacuteria de todas as coisas Consciecircncia Coacutesmica Universal

que se concretiza em noacutes seres humanos Pois permite que pensemos que somos separados

poreacutem soacute precisamos de algum esforccedilo proacuteprio para poder entrar em contato e percebermos

que Somos Todos Um desde a mais iacutenfima partiacutecula subatocircmica ateacute os infinitos universos

que possam existir em infinitas dimensotildees que o homem jamais pode imaginar Agradeccedilo a

Jesus tambeacutem por ser o mais perfeito guia e modelo da humanidade que tentamos tanto

seguir mas natildeo conseguimos por nossa tamanha ignoracircncia para com as coisas espirituais

Mas sei que estamos predestinados agrave perfeiccedilatildeo divina portanto estou certo de que um dia

chegaremos laacute no infinito onde a mentalidade terrena dos homens natildeo alcanccedila ainda Que

assim seja

6

RESUMO

Relaccedilotildees entre teorias da Ufologia estudos antropoloacutegicos dos labirintos de

Filosofias e Espiritualismo Orientais e Ocidentais da Fiacutesica Quacircntica e das teorias do Virtual

para buscar uma visualizaccedilatildeo de questotildees Transcendentais por meio do Game Design e da

interaccedilatildeo em um jogo que utiliza uma tecnologia de realidade virtual natildeo imersiva

Palavras-chave Game Design Ufologia Labirinto Filosofia Espiritualismo Oriental

Realidade Virtual

7

ABSTRACT

Relationship between Ufology theories anthropological studies of

Labyrinths Philosophies Eastern and Western Spiritualism Quantum Physics and Theories

of the Virtual in an attempt to visualize Transcendental issues by means of a Game Design

and of interaction in a game that utilizes a non-immersive technology of Virtual Reality

Keywords Game Design Ufology Labyrinth Philosophy Eastern Spiritualism Virtual

Reality

8

SUMAacuteRIO

1 NOTA INTRODUTOacuteRIA9

11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade11

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial17

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema25

14 UFOS OacuteVNIS26

15 Ciacuterculos Ingleses30

16 Geometria Sagrada33

17 Mandalas36

18 Labirintos41

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos49

110 Os Labirintos e as Dobras51

111 O Atomismo Grego52

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva54

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS59

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS61

APEcircNDICE64

Legendas das imagens mais intrigantes do mundo virtual

HyperCube64

9

1 NOTA INTRODUTOacuteRIA

Todas as palavras ressaltadas com negrito satildeo de iniciativa do aluno

servindo para demarcar as linhas de relaccedilotildees entre as mesmas e com isso a consequumlente

semiose entatildeo todos os negritos satildeo nossos

Gostaria de ressaltar tambeacutem que natildeo haacute verdades absolutas mas infinitas

possibilidades de verdades relativas e portanto ningueacutem pode dizer que a ciecircncia materialista

estaacute sempre com toda razatildeo com todas as explicaccedilotildees e com todas as provas que possam

porventura constituir algum tipo de verdade ldquoO conceito de verdade natildeo estaacute na prova e sim

na evidecircncia dos fatosrdquo1 As provas soacute se tornam provas para quem aceita as evidecircncias

apresentadas Por isso ldquonem tudo o que eacute provado deve ser obrigatoriamente verdadeiro e

nem tudo o que eacute verdadeiro pode ser definitivamente provadordquo2 Existem evidecircncias de que

este velho paradigma cientiacutefico preconizado por Descartes e desenvolvido por Newton natildeo

atende a todos os fenocircmenos que ocorrem no mundo por isso se faz necessaacuterio buscar outras

respostas alhures em outros paradigmas e outras hipoacuteteses e a Fiacutesica Quacircntica tem

contribuiacutedo para isso pois ela por si soacute jaacute derruba toda uma ontologia materialista E

felizmente pode-se encontrar respostas em outro paradigma o paradigma de uma ciecircncia

natildeo-materialista que natildeo diz que o ser humano eacute um monte de carne que se move ou uma

maacutequina apenas e que o universo natildeo eacute sem propoacutesito ou se fez por si soacute Em um paradigma

espiritualista a ciecircncia estaacute aberta a essas questotildees que o materialismo natildeo explica por isso as

nega veementemente

E eacute nesse paradigma espiritualista que coisas tomadas como epifenocircmenos

(fenocircmenos secundaacuterios) da mateacuteria como a consciecircncia mudam de lugar e passam a ser a

1 ANDRADE Hernani G Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte Satildeo Paulo

FE 2000 p 72 Ibidem p 6

10

base o princiacutepio e a essecircncia de tudo portanto abre espaccedilo para uma integraccedilatildeo entre ciecircncia

e espiritualidade que jaacute comeccedilou e que toma o espaccedilo do materialismo que constitui o status

quo ou establishment cientiacutefico atual (sem contudo refutaacute-lo pelo contraacuterio toma-o como

parte das explicaccedilotildees) tudo isso segundo evidecircncias que vatildeo sendo passo a passo desveladas

pela Fiacutesica do seacutec XX

Eacute sob este paradigma transdisciplinar e espiritualista e com uma mente

aberta que deve ser visto e analisado este trabalho que eacute constituiacutedo por uma compilaccedilatildeo de

citaccedilotildees de autores que apoacuteiam as ideacuteias que pretendo relacionar entre si

Mas os ceacuteticos estes nunca poderatildeo ser contentados por julgarem que todos

os experimentos e ideacuteias devem se adequar aos seus gostos e vontades por isso mesmo nunca

seratildeo atendidos a eles resta-lhes apenas sua proacutepria incredulidade em si mesmos portanto

na Natureza

11

11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade

Desde que a Ciecircncia sai da observaccedilatildeo material dos fatos e trata de apreciare de explicar esses fatos o campo estaacute aberto agraves conjecturas Cada um trazseu pequeno sistema que quer fazer prevalecer e o sustenta com obstinaccedilatildeoNatildeo vemos todos os dias as opiniotildees mais divergentes alternativamentepreconizadas e rejeitadas logo repelidas como erros absurdos depoisproclamadas como verdades incontestaacuteveis Os fatos eis o verdadeirocriteacuterio dos nossos julgamentos o argumento sem reacuteplica Na ausecircncia defatos a duacutevida eacute a opiniatildeo do saacutebioPara as coisas notoacuterias a opiniatildeo dos saacutebios faz feacute a justo tiacutetulo porque elessabem mais e melhor que o vulgo mas em fatos de princiacutepios novos decoisas desconhecidas sua maneira de ver natildeo eacute sempre senatildeo hipoteacuteticaporque natildeo satildeo mais que os outros isentos de preconceitos Eu diria mesmoque o saacutebio talvez tem mais preconceito que qualquer outro porque umapropensatildeo natural o leva a tudo subordinar ao ponto de vista que eleaprofundou o matemaacutetico natildeo vecirc prova senatildeo numa demonstraccedilatildeoalgeacutebrica o quiacutemico relaciona tudo com a accedilatildeo dos elementos etc Todohomem que faz uma especialidade a ela subordina todas as suas ideacuteias tirai-o de laacute e frequumlentemente ele desarrazoa porque quer submeter tudo aomesmo crivo eacute uma consequumlecircncia da fraqueza humana3

A maior parte da biologia e da psicologia assim como virtualmente todas asnossas ciecircncias sociais satildeo praticadas sobre uma base newtoniana A ciecircncianewtoniana nos deu alguns preconceitos resistentes ndash como o determinismoa objetividade forte e o materialismo ndash que satildeo adequados quandoinvestigamos a ordem do mundo exterior Mas o propoacutesito daespiritualidade e da religiatildeo eacute investigar nossa realidade interior eacute pocircr emordem nossa vida interior [] Como a espiritualidade exige que aconsciecircncia desempenhe um papel fundamental eacute difiacutecil se natildeo impossiacutevelencontrar um lugar para a espiritualidade numa ciecircncia objetiva ematerialista4

De iniacutecio um diaacutelogo entre ciecircncia e religiatildeo parece um tanto improvaacutevelTanto a ciecircncia como a religiatildeo se empenham na busca da verdade As duasse baseiam na intuiccedilatildeo de que a verdade eacute uacutenica e natildeo pluralista Oproblema eacute que mesmo quando natildeo avanccedilamos o bastante em nossa buscanoacutes tentamos impor nossa limitada verdade aos outros Eacute o que vaacuteriasreligiotildees exoteacutericas5 fazem tradicionalmente hoje a ciecircncia faz a mesmacoisa o que levou agrave atual polarizaccedilatildeo entre ciecircncia e religiatildeo6

3 KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE 131a ed 2000 p 22-234 GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de

Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003 p 19-205 Ver definiccedilatildeo de ldquoesoteacutericordquo e ldquoexoteacutericordquo agrave paacutegina 496 GOSWAMI 2003 p 21

12

Aleacutem disso a metodologia oferecida pelas religiotildees ndash a feacute ndash eacutediametralmente oposta agrave metodologia desenvolvida pela ciecircncia O meacutetodocientiacutefico eacute baseado em tentativa e erro [] Elabore uma teoria e verifique-a O enorme sucesso da ciecircncia comprova a eficaacutecia da sua metodologia Emcomparaccedilatildeo somente algumas pessoas afirmaram ter atingido atransformaccedilatildeo por meio da feacute e muitos desses relatos satildeo discutiacuteveis aosolhos da ciecircncia7

Como pode haver um diaacutelogo uma comunicaccedilatildeo dotada de sentido entreuma tradiccedilatildeo cientiacutefica que ridiculariza concepccedilotildees ldquonatildeo-cientiacuteficasrdquo comoos milagres ou a teleologia e uma tradiccedilatildeo religiosa que abomina oldquocientificismordquo (ciecircncia praticada como religiatildeo em vez do uso deargumentos estritamente cientiacuteficos contra Deus) O debate no Ocidentenatildeo conseguiu superar esse impasse8

A histoacuteria intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entretrecircs ldquoismosrdquo filosoacuteficos ndash dualismo idealismo monista e realismomaterialista Os dualistas orientais como os dualistas do Ocidente acreditamque Deus e o mundo ndash Deus e noacutes ndash satildeo separados Quando estamos comDeus somos felizes por isso os dualistas nos fornecem praacuteticas devocionaise eacuteticas para nos ajudar a estar com Deus mais ou menos como faz ocristianismo exoteacuterico no Ocidente Os partidaacuterios do idealismo monistasalientam que sua filosofia baseia-se na investigaccedilatildeo que a consciecircnciapode ser conhecida diretamente em toda sua essecircncia abrangente porqueldquonoacutes somos Issordquo Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundopelo conhecimento direto quando descobrimos nossa plenitude noacutes nostornamos felizes porque nossa verdadeira natureza eacute a felicidade [] E osdogmas do realismo materialista ndash argumentam os idealistas ndash satildeo puraespeculaccedilatildeo ou resultam igualmente de investigaccedilotildees incompletas A issoos realistas materialistas opotildeem que eacute uma tolice basear nossa metafiacutesica emexperiecircncias subjetivas E os dualistas ridicularizam a ideacuteia de que aseparaccedilatildeo entre Deus e o mundo seja produto de maya910

Mas como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI 2003 p 30) corretamente arealidade natildeo eacute dualiacutestica a realidade eacute uma integraccedilatildeo moniacutestica doimanente no transcendente []Muitos cientistas experimentando uma outra via de integraccedilatildeo procuram[] explicar a metade subjetiva do mundo a consciecircncia o eu aespiritualidade e os valores morais Para esses cientistas explicar aconsciecircncia eacute uma questatildeo de compreender como o ceacuterebro se comportacomo uma complexa maacutequina material A consciecircncia eacute um epifenocircmeno damateacuteria Esses cientistas indagam o que na complexidade do ceacuterebro otorna consciente ou torna a eacutetica importante Eacute possiacutevel que umepifenocircmeno da mateacuteria tenha uma aparecircncia de eficaacutecia causal e mesmo decriatividade e espiritualidade 11

7 GOSWAMI 2003 p 248 Ibidem p 259 Uma definiccedilatildeo de maya se encontra agrave paacutegina 5510 GOSWAMI 2003 p 2811 Ibidem p 30

13

Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo

natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo

encontrou resposta alguma

Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13

12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual

encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo

13 GOSWAMI 2003 p 31-32

14

Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda

fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo

faz parte da ordem materialista da realidade

Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14

Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as

mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder

Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se

alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a

espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa

Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo

a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma

direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo

entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de

compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este

resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto

de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo

desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os

outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se

14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy

Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126

15

razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias

agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento

de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na

mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da

mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o

conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se

imagina existir

Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-

se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e

investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo

eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se

uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a

ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode

contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se

olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo

cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas

Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15

Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A

15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua

16

metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17

A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19

Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os

vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram

utilizados na concepccedilatildeo de um jogo

17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso

desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo

19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)

17

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial

Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo

Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade

Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria

constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos

(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute

formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo

realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-

se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja

a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste

momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois

este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos

inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute

originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na

Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a

virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo

movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o

Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das

virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo

enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista

impregnada e condicionada agrave realidade manifesta

20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor

acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural

22 Ibidem opcit p 140

18

A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo

citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami

O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23

[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24

Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis

derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe

em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25

Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na

Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em

que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que

sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o

natildeo-ser pode elucidar a questatildeo

Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26

23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76

19

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do

fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que

estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura

principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos

Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como

uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta

concepccedilatildeo o Game Design

Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais

comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo

que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina

(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees

entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre

utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem

com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no

sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo

auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o

objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que

constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)

O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de

ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o

ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e

fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco

complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior

o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros

ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir

20

da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos

virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem

ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede

de mundos virtuais

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios

principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o

ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o

centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o

usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as

fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador

precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para

chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo

tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que

abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as

portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho

possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer

ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem

possuem luzes com as cores usadas nas mandalas

A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso

desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela

A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o

vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca

A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o

fogo Eacute iluminada com a cor vermelha

21

A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a

gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul

A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se

pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo

material Eacute iluminada com a cor verde

Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas

que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio

eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para

continuar sua jornada ao centro do labirinto

Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode

neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o

labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas

convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras

na alma segundo Gilles Deleuze

O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute

um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar

e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por

fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio

pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais

Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o

hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra

dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar

para o ldquoAndar de Cimardquo

Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que

poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro

22

O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em

faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho

O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e

que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto

sonoro

O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo

cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard

Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)

O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos

Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em

expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos

virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a

partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da

seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de

internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site

httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o

jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio

ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na

esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute

pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade

de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World

Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que

estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa

23

A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de

programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois

tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria

imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do

tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo

de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27

VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28

A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos

satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano

A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29

Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui

melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o

usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais

avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas

27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit

24

Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute

universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e

preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio

que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos

virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio

apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente

distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem

ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute

o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para

VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no

editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in

seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a

partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria

Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos

tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que

geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para

que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual

A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser

de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios

conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um

desenvolvedor de mundos virtuais

25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas

Bi-polar ndash Night Air

Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy

Dead Can Dance ndash Arabian Gothic

Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics

Vangelis ndash Tales of the Future

Vangelis ndash Damask Rose

Akalbeth ndash Taoxm

Trilha Sonora original do seriado Star Trek

Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios

bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz

bull 128 MB de memoacuteria RAM

bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8

bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet

bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido

bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com

Direct3D e OpenGL

Software ou Programas necessaacuterios

bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP

bull Internet Explorer 5 ou superior

bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player

(httpwwwcacomcosmo)

ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)

OBS O Cosmo Player para Windows 98NT

O CORTONA VRML Client para Windows XP

A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas

entre si para a concepccedilatildeo do jogo

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

45

Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

47

Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

48

ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

50

pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

51

110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

52

111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

53

Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

54

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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Sites

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httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 3: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

2

Dedicatoacuteria do meu singelo trabalho in memorian a um mestre

Mestres na vida satildeo difiacuteceis de se encontrar eu nem imaginava que ia conhecer um

tatildeo especial e importante para mim como este Tive a chance de ter contato com uma

sabedoria e caraacuteter que considero superiores Este mestre querido que me aguccedilou o senso de

pesquisador e o gosto pelas leituras

Um mestre que eu escutava sem me cansar e adorava ouvir seus ldquocasosrdquo sempre

pesquisados por ele proacuteprio em sua vida dedicada a qual terei sempre como exemplo

Conheci-o no ano 2000 e tive a humilde chance de rapidamente poder contribuir com

ele e acima de tudo aprender MUITO Infelizmente para noacutes se foi para o plano espiritual

em 2003 Mas a Consciecircncia Coacutesmica demarcou um tempo de vida fiacutesica para cada um de noacutes

e o nosso corpo cessa quando esse tempo chega Mas nem por isso a verdadeira vida cessa

aliaacutes aprendi com esse mestre a ter a mais firme convicccedilatildeo (sem com isso significar crenccedila)

com base em evidecircncias que aceitei como provas da existecircncia do Espiacuterito e da sobrevivecircncia

apoacutes a morte do corpo fiacutesico

Ao senhor querido Dr Hernani Guimaratildees Andrade que aleacutem de mestre era amigo dedico

este trabalho que satildeo apenas pequenos passos nas suas grandes pegadas deixadas para que

noacutes trilhaacutessemos Com muito amor que tive a oportunidade de declarar ao senhor e agrave nossa

querida Suzuko em um daqueles inesqueciacuteveis dias que vocecircs me trouxeram em casa de

carro apoacutes uma tarde de muito trabalho e aprendizado Espero reencontraacute-lo na luz do fim do

tuacutenel tambeacutem =)

3

Agradecimentos afetivos

A conquista deste trabalho foi como um mosaico ou quebra-cabeccedilas tive que juntar

as peccedilas e fazer as relaccedilotildees como numa investigaccedilatildeo mas natildeo fiz isso sozinho Pois se

cheguei ateacute aqui foi pelo apoio incondicional das pessoas que me satildeo mais proacuteximas e que

fazem grande parte da minha vida Por isso agradeccedilo a todas essas pessoas que estiveram

comigo Familiares com suas familiaridades Namorada com seu amor Professores com seus

ensinamentos Amigos com sua amizade Colegas com seu coleguismo Companheiros com

seu companheirismo Irmatildeos com sua fraternidade Agradeccedilo pois afetivamente

A meus pais Maria Aparecida Lopes Barreto Desideacuterio e Nelson Donizeti

Desideacuterio por terem me dado a chance de reencarnar para aprender muito e evoluir trilhando

meu caminho de vida e com muito apoio de vocecircs (apoio moral e financeiro) vencerei Aos

meus genitores todo amor filial do seu rebento

Ao meu irmatildeo Fabiano Desideacuterio por ter me aguumlentado tanto em casa e fora dela mas

sabemos que o nosso amor fraternal aumentou muito saiba que eu tenho muita feacute em vocecirc

sei que vocecirc jaacute eacute e sempre seraacute um vencedor para mim Amo muito vocecirc querido Faacute

Agrave Fabiana C Marcelino minha namorada tatildeo especial que neste mundo natildeo haacute

outra Que me ensinou a ser menos rude e que tambeacutem aprendeu a compreender meu ritmo

Que me ajudou com apoio moral e sua capacidade de siacutentese Esteve comigo nos momentos

mais criacuteticos Que faz tudo de bom para mim e sem ela eu natildeo seria quem sou Pois com ela

me fiz em pessoa e em caraacuteter me espelhando em sua determinaccedilatildeo e tenacidade Enfim por

admirar tanto sua personalidade Amo-te de verdade pois soacute com o amor eacute que podemos nos

reencontrar pela eternidade Querida Fabiana espero que possamos crescer espiritualmente

sempre juntos em uma troca reciacuteproca de ensinamentos e experiecircncias de vida Com todo

meu amor a vocecirc muito obrigado minha linda

4

Agradecimentos Especiais

Pessoas especiais nos satildeo colocadas no caminho para que saibamos considerar o valor

da vida e a alegria que pode advir dela Agradeccedilo

A meu orientador (desde 1999) Prof Dr Dorival Rossi que soube me ouvir e

respeitar minhas opiniotildees sempre aceitando o que era coerente e criticando o que era

necessaacuterio Falou-me tanto sobre o Uno que acabei colocando no trabalho e me fortaleceu

essa busca pessoal pela Unidade Obrigado por me ensinar a ENXERGAR e a entender o

Virtual Agrave minha co-orientadora Profa Dra Salete Alberti pelo infinito carinho e ternura

para comigo (que veio ateacute minha casa ldquopara cuidar do filhordquo) e pelo seu rigor Cientiacutefico-

Filosoacutefico mostrando-me os caminhos da Academia Obrigado por me ensinar a PENSAR

apesar da minha resistecircncia Ao Prof Dr Joatildeo Winck por que foi ele quem me indicou os

caminhos (desde 2001) Obrigado pelos primeiros PASSOS para o primeiro FILE Agrave Profa

Dra Solange Bigal sempre criacutetica mas de uma maneira construtiva me ensinando as bases

do ser criacutetico bem como agrave Profa Dra Maria Antocircnia Soares minha inspiradora nas

questotildees de cunho soacutecio-poliacutetico Ao meu orientador de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica Prof Dr Pablo

A Venegas e ao meu co-orientador Prof Dr Aguinaldo R Souza pelo trabalho na aacuterea de

EDUCACcedilAtildeO em FIacuteSICA QUAcircNTICA mesmo com minha dificuldade com nuacutemeros

Aos meus amigos proacuteximos bem como os outros amigos (de quem me distanciei por

motivos da vida mas estatildeo proacuteximos no coraccedilatildeo) agradeccedilo notadamente a meus irmatildeos por

consideraccedilatildeo Alexandre Mendes Andreacutea Kulpas e Ricardo Martins nestes cinco anos de

faculdade Agradeccedilo aos queridos amigos e companheiros de ideal Professor Carlos Luz e

Professora Suzuko Hashizume que sempre foram tatildeo atenciosos e pacientes comigo ao me

ensinarem tantas coisas confiando em mim e me proporcionando momentos da mais pura

alegria na minha vida Obrigado pelos chocolates que me eram dados no IBPP meu

ldquocombustiacutevelrdquo

5

Obrigado a meu professor de computaccedilatildeo Fabriacutecio Odassi que ganhou minha

amizade sem muito esforccedilo pela afinidade Aos pais da minha namorada que sempre

estiveram prontos a me atender especialmente quando torci a perna e precisei engessaacute-la

obrigado pelo carinho D Maria Joseacute Marcelino e Sr Roberto Marcelino

A todos os aspectos da minha proacutepria vida meus gostos e desgostos meus prazeres e

dissabores pois tudo que sou tambeacutem dependeu desses fatores que eu mesmo pude (ou natildeo)

direcionar e escolher por mim mesmo

Agradeccedilo tambeacutem ao criador do seriado de ficccedilatildeo Arquivo-X Chris Carter ao David

Duchovny e agrave Gillian Anderson (Fox Mulder e Dana Scully) e toda equipe do seriado

A todos os videogames que joguei na minha vida pois esses jogos estavam tatildeo

arraigados dentro de mim que natildeo consegui evitar terminar o curso sem produzir o meu

proacuteprio Eles me acompanharam por todo meu trabalho me inspirando e me ensinando ldquocomo

fazerrdquo O jogo simplesmente comeccedilou a tomar forma e saiu Uma consequumlecircncia de mim

mesmo

Agradeccedilo a Deus causa primaacuteria de todas as coisas Consciecircncia Coacutesmica Universal

que se concretiza em noacutes seres humanos Pois permite que pensemos que somos separados

poreacutem soacute precisamos de algum esforccedilo proacuteprio para poder entrar em contato e percebermos

que Somos Todos Um desde a mais iacutenfima partiacutecula subatocircmica ateacute os infinitos universos

que possam existir em infinitas dimensotildees que o homem jamais pode imaginar Agradeccedilo a

Jesus tambeacutem por ser o mais perfeito guia e modelo da humanidade que tentamos tanto

seguir mas natildeo conseguimos por nossa tamanha ignoracircncia para com as coisas espirituais

Mas sei que estamos predestinados agrave perfeiccedilatildeo divina portanto estou certo de que um dia

chegaremos laacute no infinito onde a mentalidade terrena dos homens natildeo alcanccedila ainda Que

assim seja

6

RESUMO

Relaccedilotildees entre teorias da Ufologia estudos antropoloacutegicos dos labirintos de

Filosofias e Espiritualismo Orientais e Ocidentais da Fiacutesica Quacircntica e das teorias do Virtual

para buscar uma visualizaccedilatildeo de questotildees Transcendentais por meio do Game Design e da

interaccedilatildeo em um jogo que utiliza uma tecnologia de realidade virtual natildeo imersiva

Palavras-chave Game Design Ufologia Labirinto Filosofia Espiritualismo Oriental

Realidade Virtual

7

ABSTRACT

Relationship between Ufology theories anthropological studies of

Labyrinths Philosophies Eastern and Western Spiritualism Quantum Physics and Theories

of the Virtual in an attempt to visualize Transcendental issues by means of a Game Design

and of interaction in a game that utilizes a non-immersive technology of Virtual Reality

Keywords Game Design Ufology Labyrinth Philosophy Eastern Spiritualism Virtual

Reality

8

SUMAacuteRIO

1 NOTA INTRODUTOacuteRIA9

11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade11

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial17

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema25

14 UFOS OacuteVNIS26

15 Ciacuterculos Ingleses30

16 Geometria Sagrada33

17 Mandalas36

18 Labirintos41

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos49

110 Os Labirintos e as Dobras51

111 O Atomismo Grego52

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva54

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS59

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS61

APEcircNDICE64

Legendas das imagens mais intrigantes do mundo virtual

HyperCube64

9

1 NOTA INTRODUTOacuteRIA

Todas as palavras ressaltadas com negrito satildeo de iniciativa do aluno

servindo para demarcar as linhas de relaccedilotildees entre as mesmas e com isso a consequumlente

semiose entatildeo todos os negritos satildeo nossos

Gostaria de ressaltar tambeacutem que natildeo haacute verdades absolutas mas infinitas

possibilidades de verdades relativas e portanto ningueacutem pode dizer que a ciecircncia materialista

estaacute sempre com toda razatildeo com todas as explicaccedilotildees e com todas as provas que possam

porventura constituir algum tipo de verdade ldquoO conceito de verdade natildeo estaacute na prova e sim

na evidecircncia dos fatosrdquo1 As provas soacute se tornam provas para quem aceita as evidecircncias

apresentadas Por isso ldquonem tudo o que eacute provado deve ser obrigatoriamente verdadeiro e

nem tudo o que eacute verdadeiro pode ser definitivamente provadordquo2 Existem evidecircncias de que

este velho paradigma cientiacutefico preconizado por Descartes e desenvolvido por Newton natildeo

atende a todos os fenocircmenos que ocorrem no mundo por isso se faz necessaacuterio buscar outras

respostas alhures em outros paradigmas e outras hipoacuteteses e a Fiacutesica Quacircntica tem

contribuiacutedo para isso pois ela por si soacute jaacute derruba toda uma ontologia materialista E

felizmente pode-se encontrar respostas em outro paradigma o paradigma de uma ciecircncia

natildeo-materialista que natildeo diz que o ser humano eacute um monte de carne que se move ou uma

maacutequina apenas e que o universo natildeo eacute sem propoacutesito ou se fez por si soacute Em um paradigma

espiritualista a ciecircncia estaacute aberta a essas questotildees que o materialismo natildeo explica por isso as

nega veementemente

E eacute nesse paradigma espiritualista que coisas tomadas como epifenocircmenos

(fenocircmenos secundaacuterios) da mateacuteria como a consciecircncia mudam de lugar e passam a ser a

1 ANDRADE Hernani G Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte Satildeo Paulo

FE 2000 p 72 Ibidem p 6

10

base o princiacutepio e a essecircncia de tudo portanto abre espaccedilo para uma integraccedilatildeo entre ciecircncia

e espiritualidade que jaacute comeccedilou e que toma o espaccedilo do materialismo que constitui o status

quo ou establishment cientiacutefico atual (sem contudo refutaacute-lo pelo contraacuterio toma-o como

parte das explicaccedilotildees) tudo isso segundo evidecircncias que vatildeo sendo passo a passo desveladas

pela Fiacutesica do seacutec XX

Eacute sob este paradigma transdisciplinar e espiritualista e com uma mente

aberta que deve ser visto e analisado este trabalho que eacute constituiacutedo por uma compilaccedilatildeo de

citaccedilotildees de autores que apoacuteiam as ideacuteias que pretendo relacionar entre si

Mas os ceacuteticos estes nunca poderatildeo ser contentados por julgarem que todos

os experimentos e ideacuteias devem se adequar aos seus gostos e vontades por isso mesmo nunca

seratildeo atendidos a eles resta-lhes apenas sua proacutepria incredulidade em si mesmos portanto

na Natureza

11

11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade

Desde que a Ciecircncia sai da observaccedilatildeo material dos fatos e trata de apreciare de explicar esses fatos o campo estaacute aberto agraves conjecturas Cada um trazseu pequeno sistema que quer fazer prevalecer e o sustenta com obstinaccedilatildeoNatildeo vemos todos os dias as opiniotildees mais divergentes alternativamentepreconizadas e rejeitadas logo repelidas como erros absurdos depoisproclamadas como verdades incontestaacuteveis Os fatos eis o verdadeirocriteacuterio dos nossos julgamentos o argumento sem reacuteplica Na ausecircncia defatos a duacutevida eacute a opiniatildeo do saacutebioPara as coisas notoacuterias a opiniatildeo dos saacutebios faz feacute a justo tiacutetulo porque elessabem mais e melhor que o vulgo mas em fatos de princiacutepios novos decoisas desconhecidas sua maneira de ver natildeo eacute sempre senatildeo hipoteacuteticaporque natildeo satildeo mais que os outros isentos de preconceitos Eu diria mesmoque o saacutebio talvez tem mais preconceito que qualquer outro porque umapropensatildeo natural o leva a tudo subordinar ao ponto de vista que eleaprofundou o matemaacutetico natildeo vecirc prova senatildeo numa demonstraccedilatildeoalgeacutebrica o quiacutemico relaciona tudo com a accedilatildeo dos elementos etc Todohomem que faz uma especialidade a ela subordina todas as suas ideacuteias tirai-o de laacute e frequumlentemente ele desarrazoa porque quer submeter tudo aomesmo crivo eacute uma consequumlecircncia da fraqueza humana3

A maior parte da biologia e da psicologia assim como virtualmente todas asnossas ciecircncias sociais satildeo praticadas sobre uma base newtoniana A ciecircncianewtoniana nos deu alguns preconceitos resistentes ndash como o determinismoa objetividade forte e o materialismo ndash que satildeo adequados quandoinvestigamos a ordem do mundo exterior Mas o propoacutesito daespiritualidade e da religiatildeo eacute investigar nossa realidade interior eacute pocircr emordem nossa vida interior [] Como a espiritualidade exige que aconsciecircncia desempenhe um papel fundamental eacute difiacutecil se natildeo impossiacutevelencontrar um lugar para a espiritualidade numa ciecircncia objetiva ematerialista4

De iniacutecio um diaacutelogo entre ciecircncia e religiatildeo parece um tanto improvaacutevelTanto a ciecircncia como a religiatildeo se empenham na busca da verdade As duasse baseiam na intuiccedilatildeo de que a verdade eacute uacutenica e natildeo pluralista Oproblema eacute que mesmo quando natildeo avanccedilamos o bastante em nossa buscanoacutes tentamos impor nossa limitada verdade aos outros Eacute o que vaacuteriasreligiotildees exoteacutericas5 fazem tradicionalmente hoje a ciecircncia faz a mesmacoisa o que levou agrave atual polarizaccedilatildeo entre ciecircncia e religiatildeo6

3 KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE 131a ed 2000 p 22-234 GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de

Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003 p 19-205 Ver definiccedilatildeo de ldquoesoteacutericordquo e ldquoexoteacutericordquo agrave paacutegina 496 GOSWAMI 2003 p 21

12

Aleacutem disso a metodologia oferecida pelas religiotildees ndash a feacute ndash eacutediametralmente oposta agrave metodologia desenvolvida pela ciecircncia O meacutetodocientiacutefico eacute baseado em tentativa e erro [] Elabore uma teoria e verifique-a O enorme sucesso da ciecircncia comprova a eficaacutecia da sua metodologia Emcomparaccedilatildeo somente algumas pessoas afirmaram ter atingido atransformaccedilatildeo por meio da feacute e muitos desses relatos satildeo discutiacuteveis aosolhos da ciecircncia7

Como pode haver um diaacutelogo uma comunicaccedilatildeo dotada de sentido entreuma tradiccedilatildeo cientiacutefica que ridiculariza concepccedilotildees ldquonatildeo-cientiacuteficasrdquo comoos milagres ou a teleologia e uma tradiccedilatildeo religiosa que abomina oldquocientificismordquo (ciecircncia praticada como religiatildeo em vez do uso deargumentos estritamente cientiacuteficos contra Deus) O debate no Ocidentenatildeo conseguiu superar esse impasse8

A histoacuteria intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entretrecircs ldquoismosrdquo filosoacuteficos ndash dualismo idealismo monista e realismomaterialista Os dualistas orientais como os dualistas do Ocidente acreditamque Deus e o mundo ndash Deus e noacutes ndash satildeo separados Quando estamos comDeus somos felizes por isso os dualistas nos fornecem praacuteticas devocionaise eacuteticas para nos ajudar a estar com Deus mais ou menos como faz ocristianismo exoteacuterico no Ocidente Os partidaacuterios do idealismo monistasalientam que sua filosofia baseia-se na investigaccedilatildeo que a consciecircnciapode ser conhecida diretamente em toda sua essecircncia abrangente porqueldquonoacutes somos Issordquo Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundopelo conhecimento direto quando descobrimos nossa plenitude noacutes nostornamos felizes porque nossa verdadeira natureza eacute a felicidade [] E osdogmas do realismo materialista ndash argumentam os idealistas ndash satildeo puraespeculaccedilatildeo ou resultam igualmente de investigaccedilotildees incompletas A issoos realistas materialistas opotildeem que eacute uma tolice basear nossa metafiacutesica emexperiecircncias subjetivas E os dualistas ridicularizam a ideacuteia de que aseparaccedilatildeo entre Deus e o mundo seja produto de maya910

Mas como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI 2003 p 30) corretamente arealidade natildeo eacute dualiacutestica a realidade eacute uma integraccedilatildeo moniacutestica doimanente no transcendente []Muitos cientistas experimentando uma outra via de integraccedilatildeo procuram[] explicar a metade subjetiva do mundo a consciecircncia o eu aespiritualidade e os valores morais Para esses cientistas explicar aconsciecircncia eacute uma questatildeo de compreender como o ceacuterebro se comportacomo uma complexa maacutequina material A consciecircncia eacute um epifenocircmeno damateacuteria Esses cientistas indagam o que na complexidade do ceacuterebro otorna consciente ou torna a eacutetica importante Eacute possiacutevel que umepifenocircmeno da mateacuteria tenha uma aparecircncia de eficaacutecia causal e mesmo decriatividade e espiritualidade 11

7 GOSWAMI 2003 p 248 Ibidem p 259 Uma definiccedilatildeo de maya se encontra agrave paacutegina 5510 GOSWAMI 2003 p 2811 Ibidem p 30

13

Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo

natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo

encontrou resposta alguma

Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13

12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual

encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo

13 GOSWAMI 2003 p 31-32

14

Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda

fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo

faz parte da ordem materialista da realidade

Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14

Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as

mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder

Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se

alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a

espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa

Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo

a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma

direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo

entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de

compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este

resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto

de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo

desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os

outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se

14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy

Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126

15

razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias

agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento

de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na

mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da

mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o

conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se

imagina existir

Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-

se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e

investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo

eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se

uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a

ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode

contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se

olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo

cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas

Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15

Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A

15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua

16

metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17

A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19

Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os

vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram

utilizados na concepccedilatildeo de um jogo

17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso

desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo

19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)

17

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial

Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo

Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade

Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria

constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos

(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute

formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo

realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-

se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja

a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste

momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois

este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos

inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute

originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na

Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a

virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo

movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o

Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das

virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo

enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista

impregnada e condicionada agrave realidade manifesta

20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor

acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural

22 Ibidem opcit p 140

18

A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo

citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami

O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23

[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24

Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis

derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe

em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25

Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na

Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em

que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que

sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o

natildeo-ser pode elucidar a questatildeo

Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26

23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76

19

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do

fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que

estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura

principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos

Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como

uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta

concepccedilatildeo o Game Design

Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais

comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo

que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina

(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees

entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre

utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem

com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no

sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo

auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o

objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que

constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)

O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de

ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o

ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e

fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco

complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior

o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros

ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir

20

da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos

virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem

ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede

de mundos virtuais

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios

principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o

ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o

centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o

usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as

fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador

precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para

chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo

tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que

abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as

portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho

possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer

ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem

possuem luzes com as cores usadas nas mandalas

A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso

desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela

A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o

vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca

A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o

fogo Eacute iluminada com a cor vermelha

21

A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a

gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul

A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se

pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo

material Eacute iluminada com a cor verde

Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas

que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio

eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para

continuar sua jornada ao centro do labirinto

Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode

neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o

labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas

convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras

na alma segundo Gilles Deleuze

O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute

um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar

e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por

fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio

pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais

Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o

hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra

dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar

para o ldquoAndar de Cimardquo

Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que

poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro

22

O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em

faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho

O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e

que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto

sonoro

O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo

cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard

Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)

O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos

Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em

expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos

virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a

partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da

seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de

internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site

httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o

jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio

ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na

esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute

pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade

de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World

Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que

estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa

23

A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de

programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois

tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria

imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do

tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo

de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27

VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28

A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos

satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano

A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29

Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui

melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o

usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais

avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas

27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit

24

Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute

universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e

preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio

que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos

virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio

apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente

distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem

ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute

o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para

VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no

editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in

seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a

partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria

Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos

tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que

geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para

que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual

A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser

de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios

conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um

desenvolvedor de mundos virtuais

25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas

Bi-polar ndash Night Air

Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy

Dead Can Dance ndash Arabian Gothic

Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics

Vangelis ndash Tales of the Future

Vangelis ndash Damask Rose

Akalbeth ndash Taoxm

Trilha Sonora original do seriado Star Trek

Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios

bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz

bull 128 MB de memoacuteria RAM

bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8

bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet

bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido

bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com

Direct3D e OpenGL

Software ou Programas necessaacuterios

bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP

bull Internet Explorer 5 ou superior

bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player

(httpwwwcacomcosmo)

ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)

OBS O Cosmo Player para Windows 98NT

O CORTONA VRML Client para Windows XP

A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas

entre si para a concepccedilatildeo do jogo

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

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Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

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17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

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Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

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As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

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As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

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A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

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18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

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Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

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[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

45

Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

48

ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

50

pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

51

110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismooriental Traduccedilatildeo de Joseacute Fernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999

DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L OrlandiCampinas Papirus 1991

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GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

___ O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo deRuy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998

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63

Sites

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 4: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

3

Agradecimentos afetivos

A conquista deste trabalho foi como um mosaico ou quebra-cabeccedilas tive que juntar

as peccedilas e fazer as relaccedilotildees como numa investigaccedilatildeo mas natildeo fiz isso sozinho Pois se

cheguei ateacute aqui foi pelo apoio incondicional das pessoas que me satildeo mais proacuteximas e que

fazem grande parte da minha vida Por isso agradeccedilo a todas essas pessoas que estiveram

comigo Familiares com suas familiaridades Namorada com seu amor Professores com seus

ensinamentos Amigos com sua amizade Colegas com seu coleguismo Companheiros com

seu companheirismo Irmatildeos com sua fraternidade Agradeccedilo pois afetivamente

A meus pais Maria Aparecida Lopes Barreto Desideacuterio e Nelson Donizeti

Desideacuterio por terem me dado a chance de reencarnar para aprender muito e evoluir trilhando

meu caminho de vida e com muito apoio de vocecircs (apoio moral e financeiro) vencerei Aos

meus genitores todo amor filial do seu rebento

Ao meu irmatildeo Fabiano Desideacuterio por ter me aguumlentado tanto em casa e fora dela mas

sabemos que o nosso amor fraternal aumentou muito saiba que eu tenho muita feacute em vocecirc

sei que vocecirc jaacute eacute e sempre seraacute um vencedor para mim Amo muito vocecirc querido Faacute

Agrave Fabiana C Marcelino minha namorada tatildeo especial que neste mundo natildeo haacute

outra Que me ensinou a ser menos rude e que tambeacutem aprendeu a compreender meu ritmo

Que me ajudou com apoio moral e sua capacidade de siacutentese Esteve comigo nos momentos

mais criacuteticos Que faz tudo de bom para mim e sem ela eu natildeo seria quem sou Pois com ela

me fiz em pessoa e em caraacuteter me espelhando em sua determinaccedilatildeo e tenacidade Enfim por

admirar tanto sua personalidade Amo-te de verdade pois soacute com o amor eacute que podemos nos

reencontrar pela eternidade Querida Fabiana espero que possamos crescer espiritualmente

sempre juntos em uma troca reciacuteproca de ensinamentos e experiecircncias de vida Com todo

meu amor a vocecirc muito obrigado minha linda

4

Agradecimentos Especiais

Pessoas especiais nos satildeo colocadas no caminho para que saibamos considerar o valor

da vida e a alegria que pode advir dela Agradeccedilo

A meu orientador (desde 1999) Prof Dr Dorival Rossi que soube me ouvir e

respeitar minhas opiniotildees sempre aceitando o que era coerente e criticando o que era

necessaacuterio Falou-me tanto sobre o Uno que acabei colocando no trabalho e me fortaleceu

essa busca pessoal pela Unidade Obrigado por me ensinar a ENXERGAR e a entender o

Virtual Agrave minha co-orientadora Profa Dra Salete Alberti pelo infinito carinho e ternura

para comigo (que veio ateacute minha casa ldquopara cuidar do filhordquo) e pelo seu rigor Cientiacutefico-

Filosoacutefico mostrando-me os caminhos da Academia Obrigado por me ensinar a PENSAR

apesar da minha resistecircncia Ao Prof Dr Joatildeo Winck por que foi ele quem me indicou os

caminhos (desde 2001) Obrigado pelos primeiros PASSOS para o primeiro FILE Agrave Profa

Dra Solange Bigal sempre criacutetica mas de uma maneira construtiva me ensinando as bases

do ser criacutetico bem como agrave Profa Dra Maria Antocircnia Soares minha inspiradora nas

questotildees de cunho soacutecio-poliacutetico Ao meu orientador de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica Prof Dr Pablo

A Venegas e ao meu co-orientador Prof Dr Aguinaldo R Souza pelo trabalho na aacuterea de

EDUCACcedilAtildeO em FIacuteSICA QUAcircNTICA mesmo com minha dificuldade com nuacutemeros

Aos meus amigos proacuteximos bem como os outros amigos (de quem me distanciei por

motivos da vida mas estatildeo proacuteximos no coraccedilatildeo) agradeccedilo notadamente a meus irmatildeos por

consideraccedilatildeo Alexandre Mendes Andreacutea Kulpas e Ricardo Martins nestes cinco anos de

faculdade Agradeccedilo aos queridos amigos e companheiros de ideal Professor Carlos Luz e

Professora Suzuko Hashizume que sempre foram tatildeo atenciosos e pacientes comigo ao me

ensinarem tantas coisas confiando em mim e me proporcionando momentos da mais pura

alegria na minha vida Obrigado pelos chocolates que me eram dados no IBPP meu

ldquocombustiacutevelrdquo

5

Obrigado a meu professor de computaccedilatildeo Fabriacutecio Odassi que ganhou minha

amizade sem muito esforccedilo pela afinidade Aos pais da minha namorada que sempre

estiveram prontos a me atender especialmente quando torci a perna e precisei engessaacute-la

obrigado pelo carinho D Maria Joseacute Marcelino e Sr Roberto Marcelino

A todos os aspectos da minha proacutepria vida meus gostos e desgostos meus prazeres e

dissabores pois tudo que sou tambeacutem dependeu desses fatores que eu mesmo pude (ou natildeo)

direcionar e escolher por mim mesmo

Agradeccedilo tambeacutem ao criador do seriado de ficccedilatildeo Arquivo-X Chris Carter ao David

Duchovny e agrave Gillian Anderson (Fox Mulder e Dana Scully) e toda equipe do seriado

A todos os videogames que joguei na minha vida pois esses jogos estavam tatildeo

arraigados dentro de mim que natildeo consegui evitar terminar o curso sem produzir o meu

proacuteprio Eles me acompanharam por todo meu trabalho me inspirando e me ensinando ldquocomo

fazerrdquo O jogo simplesmente comeccedilou a tomar forma e saiu Uma consequumlecircncia de mim

mesmo

Agradeccedilo a Deus causa primaacuteria de todas as coisas Consciecircncia Coacutesmica Universal

que se concretiza em noacutes seres humanos Pois permite que pensemos que somos separados

poreacutem soacute precisamos de algum esforccedilo proacuteprio para poder entrar em contato e percebermos

que Somos Todos Um desde a mais iacutenfima partiacutecula subatocircmica ateacute os infinitos universos

que possam existir em infinitas dimensotildees que o homem jamais pode imaginar Agradeccedilo a

Jesus tambeacutem por ser o mais perfeito guia e modelo da humanidade que tentamos tanto

seguir mas natildeo conseguimos por nossa tamanha ignoracircncia para com as coisas espirituais

Mas sei que estamos predestinados agrave perfeiccedilatildeo divina portanto estou certo de que um dia

chegaremos laacute no infinito onde a mentalidade terrena dos homens natildeo alcanccedila ainda Que

assim seja

6

RESUMO

Relaccedilotildees entre teorias da Ufologia estudos antropoloacutegicos dos labirintos de

Filosofias e Espiritualismo Orientais e Ocidentais da Fiacutesica Quacircntica e das teorias do Virtual

para buscar uma visualizaccedilatildeo de questotildees Transcendentais por meio do Game Design e da

interaccedilatildeo em um jogo que utiliza uma tecnologia de realidade virtual natildeo imersiva

Palavras-chave Game Design Ufologia Labirinto Filosofia Espiritualismo Oriental

Realidade Virtual

7

ABSTRACT

Relationship between Ufology theories anthropological studies of

Labyrinths Philosophies Eastern and Western Spiritualism Quantum Physics and Theories

of the Virtual in an attempt to visualize Transcendental issues by means of a Game Design

and of interaction in a game that utilizes a non-immersive technology of Virtual Reality

Keywords Game Design Ufology Labyrinth Philosophy Eastern Spiritualism Virtual

Reality

8

SUMAacuteRIO

1 NOTA INTRODUTOacuteRIA9

11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade11

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial17

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema25

14 UFOS OacuteVNIS26

15 Ciacuterculos Ingleses30

16 Geometria Sagrada33

17 Mandalas36

18 Labirintos41

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos49

110 Os Labirintos e as Dobras51

111 O Atomismo Grego52

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva54

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS59

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS61

APEcircNDICE64

Legendas das imagens mais intrigantes do mundo virtual

HyperCube64

9

1 NOTA INTRODUTOacuteRIA

Todas as palavras ressaltadas com negrito satildeo de iniciativa do aluno

servindo para demarcar as linhas de relaccedilotildees entre as mesmas e com isso a consequumlente

semiose entatildeo todos os negritos satildeo nossos

Gostaria de ressaltar tambeacutem que natildeo haacute verdades absolutas mas infinitas

possibilidades de verdades relativas e portanto ningueacutem pode dizer que a ciecircncia materialista

estaacute sempre com toda razatildeo com todas as explicaccedilotildees e com todas as provas que possam

porventura constituir algum tipo de verdade ldquoO conceito de verdade natildeo estaacute na prova e sim

na evidecircncia dos fatosrdquo1 As provas soacute se tornam provas para quem aceita as evidecircncias

apresentadas Por isso ldquonem tudo o que eacute provado deve ser obrigatoriamente verdadeiro e

nem tudo o que eacute verdadeiro pode ser definitivamente provadordquo2 Existem evidecircncias de que

este velho paradigma cientiacutefico preconizado por Descartes e desenvolvido por Newton natildeo

atende a todos os fenocircmenos que ocorrem no mundo por isso se faz necessaacuterio buscar outras

respostas alhures em outros paradigmas e outras hipoacuteteses e a Fiacutesica Quacircntica tem

contribuiacutedo para isso pois ela por si soacute jaacute derruba toda uma ontologia materialista E

felizmente pode-se encontrar respostas em outro paradigma o paradigma de uma ciecircncia

natildeo-materialista que natildeo diz que o ser humano eacute um monte de carne que se move ou uma

maacutequina apenas e que o universo natildeo eacute sem propoacutesito ou se fez por si soacute Em um paradigma

espiritualista a ciecircncia estaacute aberta a essas questotildees que o materialismo natildeo explica por isso as

nega veementemente

E eacute nesse paradigma espiritualista que coisas tomadas como epifenocircmenos

(fenocircmenos secundaacuterios) da mateacuteria como a consciecircncia mudam de lugar e passam a ser a

1 ANDRADE Hernani G Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte Satildeo Paulo

FE 2000 p 72 Ibidem p 6

10

base o princiacutepio e a essecircncia de tudo portanto abre espaccedilo para uma integraccedilatildeo entre ciecircncia

e espiritualidade que jaacute comeccedilou e que toma o espaccedilo do materialismo que constitui o status

quo ou establishment cientiacutefico atual (sem contudo refutaacute-lo pelo contraacuterio toma-o como

parte das explicaccedilotildees) tudo isso segundo evidecircncias que vatildeo sendo passo a passo desveladas

pela Fiacutesica do seacutec XX

Eacute sob este paradigma transdisciplinar e espiritualista e com uma mente

aberta que deve ser visto e analisado este trabalho que eacute constituiacutedo por uma compilaccedilatildeo de

citaccedilotildees de autores que apoacuteiam as ideacuteias que pretendo relacionar entre si

Mas os ceacuteticos estes nunca poderatildeo ser contentados por julgarem que todos

os experimentos e ideacuteias devem se adequar aos seus gostos e vontades por isso mesmo nunca

seratildeo atendidos a eles resta-lhes apenas sua proacutepria incredulidade em si mesmos portanto

na Natureza

11

11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade

Desde que a Ciecircncia sai da observaccedilatildeo material dos fatos e trata de apreciare de explicar esses fatos o campo estaacute aberto agraves conjecturas Cada um trazseu pequeno sistema que quer fazer prevalecer e o sustenta com obstinaccedilatildeoNatildeo vemos todos os dias as opiniotildees mais divergentes alternativamentepreconizadas e rejeitadas logo repelidas como erros absurdos depoisproclamadas como verdades incontestaacuteveis Os fatos eis o verdadeirocriteacuterio dos nossos julgamentos o argumento sem reacuteplica Na ausecircncia defatos a duacutevida eacute a opiniatildeo do saacutebioPara as coisas notoacuterias a opiniatildeo dos saacutebios faz feacute a justo tiacutetulo porque elessabem mais e melhor que o vulgo mas em fatos de princiacutepios novos decoisas desconhecidas sua maneira de ver natildeo eacute sempre senatildeo hipoteacuteticaporque natildeo satildeo mais que os outros isentos de preconceitos Eu diria mesmoque o saacutebio talvez tem mais preconceito que qualquer outro porque umapropensatildeo natural o leva a tudo subordinar ao ponto de vista que eleaprofundou o matemaacutetico natildeo vecirc prova senatildeo numa demonstraccedilatildeoalgeacutebrica o quiacutemico relaciona tudo com a accedilatildeo dos elementos etc Todohomem que faz uma especialidade a ela subordina todas as suas ideacuteias tirai-o de laacute e frequumlentemente ele desarrazoa porque quer submeter tudo aomesmo crivo eacute uma consequumlecircncia da fraqueza humana3

A maior parte da biologia e da psicologia assim como virtualmente todas asnossas ciecircncias sociais satildeo praticadas sobre uma base newtoniana A ciecircncianewtoniana nos deu alguns preconceitos resistentes ndash como o determinismoa objetividade forte e o materialismo ndash que satildeo adequados quandoinvestigamos a ordem do mundo exterior Mas o propoacutesito daespiritualidade e da religiatildeo eacute investigar nossa realidade interior eacute pocircr emordem nossa vida interior [] Como a espiritualidade exige que aconsciecircncia desempenhe um papel fundamental eacute difiacutecil se natildeo impossiacutevelencontrar um lugar para a espiritualidade numa ciecircncia objetiva ematerialista4

De iniacutecio um diaacutelogo entre ciecircncia e religiatildeo parece um tanto improvaacutevelTanto a ciecircncia como a religiatildeo se empenham na busca da verdade As duasse baseiam na intuiccedilatildeo de que a verdade eacute uacutenica e natildeo pluralista Oproblema eacute que mesmo quando natildeo avanccedilamos o bastante em nossa buscanoacutes tentamos impor nossa limitada verdade aos outros Eacute o que vaacuteriasreligiotildees exoteacutericas5 fazem tradicionalmente hoje a ciecircncia faz a mesmacoisa o que levou agrave atual polarizaccedilatildeo entre ciecircncia e religiatildeo6

3 KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE 131a ed 2000 p 22-234 GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de

Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003 p 19-205 Ver definiccedilatildeo de ldquoesoteacutericordquo e ldquoexoteacutericordquo agrave paacutegina 496 GOSWAMI 2003 p 21

12

Aleacutem disso a metodologia oferecida pelas religiotildees ndash a feacute ndash eacutediametralmente oposta agrave metodologia desenvolvida pela ciecircncia O meacutetodocientiacutefico eacute baseado em tentativa e erro [] Elabore uma teoria e verifique-a O enorme sucesso da ciecircncia comprova a eficaacutecia da sua metodologia Emcomparaccedilatildeo somente algumas pessoas afirmaram ter atingido atransformaccedilatildeo por meio da feacute e muitos desses relatos satildeo discutiacuteveis aosolhos da ciecircncia7

Como pode haver um diaacutelogo uma comunicaccedilatildeo dotada de sentido entreuma tradiccedilatildeo cientiacutefica que ridiculariza concepccedilotildees ldquonatildeo-cientiacuteficasrdquo comoos milagres ou a teleologia e uma tradiccedilatildeo religiosa que abomina oldquocientificismordquo (ciecircncia praticada como religiatildeo em vez do uso deargumentos estritamente cientiacuteficos contra Deus) O debate no Ocidentenatildeo conseguiu superar esse impasse8

A histoacuteria intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entretrecircs ldquoismosrdquo filosoacuteficos ndash dualismo idealismo monista e realismomaterialista Os dualistas orientais como os dualistas do Ocidente acreditamque Deus e o mundo ndash Deus e noacutes ndash satildeo separados Quando estamos comDeus somos felizes por isso os dualistas nos fornecem praacuteticas devocionaise eacuteticas para nos ajudar a estar com Deus mais ou menos como faz ocristianismo exoteacuterico no Ocidente Os partidaacuterios do idealismo monistasalientam que sua filosofia baseia-se na investigaccedilatildeo que a consciecircnciapode ser conhecida diretamente em toda sua essecircncia abrangente porqueldquonoacutes somos Issordquo Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundopelo conhecimento direto quando descobrimos nossa plenitude noacutes nostornamos felizes porque nossa verdadeira natureza eacute a felicidade [] E osdogmas do realismo materialista ndash argumentam os idealistas ndash satildeo puraespeculaccedilatildeo ou resultam igualmente de investigaccedilotildees incompletas A issoos realistas materialistas opotildeem que eacute uma tolice basear nossa metafiacutesica emexperiecircncias subjetivas E os dualistas ridicularizam a ideacuteia de que aseparaccedilatildeo entre Deus e o mundo seja produto de maya910

Mas como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI 2003 p 30) corretamente arealidade natildeo eacute dualiacutestica a realidade eacute uma integraccedilatildeo moniacutestica doimanente no transcendente []Muitos cientistas experimentando uma outra via de integraccedilatildeo procuram[] explicar a metade subjetiva do mundo a consciecircncia o eu aespiritualidade e os valores morais Para esses cientistas explicar aconsciecircncia eacute uma questatildeo de compreender como o ceacuterebro se comportacomo uma complexa maacutequina material A consciecircncia eacute um epifenocircmeno damateacuteria Esses cientistas indagam o que na complexidade do ceacuterebro otorna consciente ou torna a eacutetica importante Eacute possiacutevel que umepifenocircmeno da mateacuteria tenha uma aparecircncia de eficaacutecia causal e mesmo decriatividade e espiritualidade 11

7 GOSWAMI 2003 p 248 Ibidem p 259 Uma definiccedilatildeo de maya se encontra agrave paacutegina 5510 GOSWAMI 2003 p 2811 Ibidem p 30

13

Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo

natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo

encontrou resposta alguma

Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13

12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual

encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo

13 GOSWAMI 2003 p 31-32

14

Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda

fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo

faz parte da ordem materialista da realidade

Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14

Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as

mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder

Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se

alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a

espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa

Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo

a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma

direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo

entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de

compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este

resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto

de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo

desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os

outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se

14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy

Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126

15

razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias

agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento

de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na

mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da

mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o

conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se

imagina existir

Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-

se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e

investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo

eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se

uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a

ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode

contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se

olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo

cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas

Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15

Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A

15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua

16

metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17

A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19

Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os

vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram

utilizados na concepccedilatildeo de um jogo

17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso

desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo

19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)

17

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial

Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo

Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade

Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria

constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos

(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute

formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo

realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-

se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja

a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste

momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois

este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos

inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute

originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na

Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a

virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo

movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o

Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das

virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo

enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista

impregnada e condicionada agrave realidade manifesta

20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor

acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural

22 Ibidem opcit p 140

18

A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo

citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami

O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23

[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24

Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis

derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe

em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25

Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na

Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em

que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que

sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o

natildeo-ser pode elucidar a questatildeo

Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26

23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76

19

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do

fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que

estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura

principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos

Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como

uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta

concepccedilatildeo o Game Design

Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais

comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo

que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina

(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees

entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre

utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem

com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no

sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo

auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o

objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que

constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)

O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de

ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o

ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e

fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco

complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior

o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros

ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir

20

da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos

virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem

ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede

de mundos virtuais

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios

principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o

ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o

centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o

usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as

fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador

precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para

chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo

tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que

abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as

portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho

possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer

ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem

possuem luzes com as cores usadas nas mandalas

A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso

desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela

A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o

vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca

A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o

fogo Eacute iluminada com a cor vermelha

21

A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a

gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul

A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se

pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo

material Eacute iluminada com a cor verde

Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas

que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio

eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para

continuar sua jornada ao centro do labirinto

Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode

neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o

labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas

convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras

na alma segundo Gilles Deleuze

O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute

um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar

e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por

fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio

pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais

Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o

hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra

dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar

para o ldquoAndar de Cimardquo

Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que

poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro

22

O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em

faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho

O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e

que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto

sonoro

O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo

cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard

Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)

O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos

Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em

expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos

virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a

partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da

seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de

internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site

httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o

jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio

ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na

esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute

pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade

de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World

Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que

estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa

23

A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de

programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois

tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria

imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do

tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo

de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27

VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28

A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos

satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano

A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29

Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui

melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o

usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais

avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas

27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit

24

Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute

universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e

preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio

que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos

virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio

apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente

distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem

ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute

o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para

VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no

editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in

seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a

partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria

Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos

tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que

geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para

que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual

A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser

de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios

conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um

desenvolvedor de mundos virtuais

25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas

Bi-polar ndash Night Air

Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy

Dead Can Dance ndash Arabian Gothic

Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics

Vangelis ndash Tales of the Future

Vangelis ndash Damask Rose

Akalbeth ndash Taoxm

Trilha Sonora original do seriado Star Trek

Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios

bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz

bull 128 MB de memoacuteria RAM

bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8

bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet

bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido

bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com

Direct3D e OpenGL

Software ou Programas necessaacuterios

bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP

bull Internet Explorer 5 ou superior

bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player

(httpwwwcacomcosmo)

ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)

OBS O Cosmo Player para Windows 98NT

O CORTONA VRML Client para Windows XP

A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas

entre si para a concepccedilatildeo do jogo

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

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VON NEUMANN John The Mathematical Foundations of Quantum MechanicsPrinceton Princeton University Press 1955 Apud GOSWAMI Amit A Janela VisionaacuteriaUm guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo PauloCultrix 2003

WILBER Ken A brief history of everything Boston Shambala 1996 Apud GOSWAMIAmit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeode Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

63

Sites

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 5: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

4

Agradecimentos Especiais

Pessoas especiais nos satildeo colocadas no caminho para que saibamos considerar o valor

da vida e a alegria que pode advir dela Agradeccedilo

A meu orientador (desde 1999) Prof Dr Dorival Rossi que soube me ouvir e

respeitar minhas opiniotildees sempre aceitando o que era coerente e criticando o que era

necessaacuterio Falou-me tanto sobre o Uno que acabei colocando no trabalho e me fortaleceu

essa busca pessoal pela Unidade Obrigado por me ensinar a ENXERGAR e a entender o

Virtual Agrave minha co-orientadora Profa Dra Salete Alberti pelo infinito carinho e ternura

para comigo (que veio ateacute minha casa ldquopara cuidar do filhordquo) e pelo seu rigor Cientiacutefico-

Filosoacutefico mostrando-me os caminhos da Academia Obrigado por me ensinar a PENSAR

apesar da minha resistecircncia Ao Prof Dr Joatildeo Winck por que foi ele quem me indicou os

caminhos (desde 2001) Obrigado pelos primeiros PASSOS para o primeiro FILE Agrave Profa

Dra Solange Bigal sempre criacutetica mas de uma maneira construtiva me ensinando as bases

do ser criacutetico bem como agrave Profa Dra Maria Antocircnia Soares minha inspiradora nas

questotildees de cunho soacutecio-poliacutetico Ao meu orientador de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica Prof Dr Pablo

A Venegas e ao meu co-orientador Prof Dr Aguinaldo R Souza pelo trabalho na aacuterea de

EDUCACcedilAtildeO em FIacuteSICA QUAcircNTICA mesmo com minha dificuldade com nuacutemeros

Aos meus amigos proacuteximos bem como os outros amigos (de quem me distanciei por

motivos da vida mas estatildeo proacuteximos no coraccedilatildeo) agradeccedilo notadamente a meus irmatildeos por

consideraccedilatildeo Alexandre Mendes Andreacutea Kulpas e Ricardo Martins nestes cinco anos de

faculdade Agradeccedilo aos queridos amigos e companheiros de ideal Professor Carlos Luz e

Professora Suzuko Hashizume que sempre foram tatildeo atenciosos e pacientes comigo ao me

ensinarem tantas coisas confiando em mim e me proporcionando momentos da mais pura

alegria na minha vida Obrigado pelos chocolates que me eram dados no IBPP meu

ldquocombustiacutevelrdquo

5

Obrigado a meu professor de computaccedilatildeo Fabriacutecio Odassi que ganhou minha

amizade sem muito esforccedilo pela afinidade Aos pais da minha namorada que sempre

estiveram prontos a me atender especialmente quando torci a perna e precisei engessaacute-la

obrigado pelo carinho D Maria Joseacute Marcelino e Sr Roberto Marcelino

A todos os aspectos da minha proacutepria vida meus gostos e desgostos meus prazeres e

dissabores pois tudo que sou tambeacutem dependeu desses fatores que eu mesmo pude (ou natildeo)

direcionar e escolher por mim mesmo

Agradeccedilo tambeacutem ao criador do seriado de ficccedilatildeo Arquivo-X Chris Carter ao David

Duchovny e agrave Gillian Anderson (Fox Mulder e Dana Scully) e toda equipe do seriado

A todos os videogames que joguei na minha vida pois esses jogos estavam tatildeo

arraigados dentro de mim que natildeo consegui evitar terminar o curso sem produzir o meu

proacuteprio Eles me acompanharam por todo meu trabalho me inspirando e me ensinando ldquocomo

fazerrdquo O jogo simplesmente comeccedilou a tomar forma e saiu Uma consequumlecircncia de mim

mesmo

Agradeccedilo a Deus causa primaacuteria de todas as coisas Consciecircncia Coacutesmica Universal

que se concretiza em noacutes seres humanos Pois permite que pensemos que somos separados

poreacutem soacute precisamos de algum esforccedilo proacuteprio para poder entrar em contato e percebermos

que Somos Todos Um desde a mais iacutenfima partiacutecula subatocircmica ateacute os infinitos universos

que possam existir em infinitas dimensotildees que o homem jamais pode imaginar Agradeccedilo a

Jesus tambeacutem por ser o mais perfeito guia e modelo da humanidade que tentamos tanto

seguir mas natildeo conseguimos por nossa tamanha ignoracircncia para com as coisas espirituais

Mas sei que estamos predestinados agrave perfeiccedilatildeo divina portanto estou certo de que um dia

chegaremos laacute no infinito onde a mentalidade terrena dos homens natildeo alcanccedila ainda Que

assim seja

6

RESUMO

Relaccedilotildees entre teorias da Ufologia estudos antropoloacutegicos dos labirintos de

Filosofias e Espiritualismo Orientais e Ocidentais da Fiacutesica Quacircntica e das teorias do Virtual

para buscar uma visualizaccedilatildeo de questotildees Transcendentais por meio do Game Design e da

interaccedilatildeo em um jogo que utiliza uma tecnologia de realidade virtual natildeo imersiva

Palavras-chave Game Design Ufologia Labirinto Filosofia Espiritualismo Oriental

Realidade Virtual

7

ABSTRACT

Relationship between Ufology theories anthropological studies of

Labyrinths Philosophies Eastern and Western Spiritualism Quantum Physics and Theories

of the Virtual in an attempt to visualize Transcendental issues by means of a Game Design

and of interaction in a game that utilizes a non-immersive technology of Virtual Reality

Keywords Game Design Ufology Labyrinth Philosophy Eastern Spiritualism Virtual

Reality

8

SUMAacuteRIO

1 NOTA INTRODUTOacuteRIA9

11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade11

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial17

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema25

14 UFOS OacuteVNIS26

15 Ciacuterculos Ingleses30

16 Geometria Sagrada33

17 Mandalas36

18 Labirintos41

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos49

110 Os Labirintos e as Dobras51

111 O Atomismo Grego52

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva54

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS59

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS61

APEcircNDICE64

Legendas das imagens mais intrigantes do mundo virtual

HyperCube64

9

1 NOTA INTRODUTOacuteRIA

Todas as palavras ressaltadas com negrito satildeo de iniciativa do aluno

servindo para demarcar as linhas de relaccedilotildees entre as mesmas e com isso a consequumlente

semiose entatildeo todos os negritos satildeo nossos

Gostaria de ressaltar tambeacutem que natildeo haacute verdades absolutas mas infinitas

possibilidades de verdades relativas e portanto ningueacutem pode dizer que a ciecircncia materialista

estaacute sempre com toda razatildeo com todas as explicaccedilotildees e com todas as provas que possam

porventura constituir algum tipo de verdade ldquoO conceito de verdade natildeo estaacute na prova e sim

na evidecircncia dos fatosrdquo1 As provas soacute se tornam provas para quem aceita as evidecircncias

apresentadas Por isso ldquonem tudo o que eacute provado deve ser obrigatoriamente verdadeiro e

nem tudo o que eacute verdadeiro pode ser definitivamente provadordquo2 Existem evidecircncias de que

este velho paradigma cientiacutefico preconizado por Descartes e desenvolvido por Newton natildeo

atende a todos os fenocircmenos que ocorrem no mundo por isso se faz necessaacuterio buscar outras

respostas alhures em outros paradigmas e outras hipoacuteteses e a Fiacutesica Quacircntica tem

contribuiacutedo para isso pois ela por si soacute jaacute derruba toda uma ontologia materialista E

felizmente pode-se encontrar respostas em outro paradigma o paradigma de uma ciecircncia

natildeo-materialista que natildeo diz que o ser humano eacute um monte de carne que se move ou uma

maacutequina apenas e que o universo natildeo eacute sem propoacutesito ou se fez por si soacute Em um paradigma

espiritualista a ciecircncia estaacute aberta a essas questotildees que o materialismo natildeo explica por isso as

nega veementemente

E eacute nesse paradigma espiritualista que coisas tomadas como epifenocircmenos

(fenocircmenos secundaacuterios) da mateacuteria como a consciecircncia mudam de lugar e passam a ser a

1 ANDRADE Hernani G Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte Satildeo Paulo

FE 2000 p 72 Ibidem p 6

10

base o princiacutepio e a essecircncia de tudo portanto abre espaccedilo para uma integraccedilatildeo entre ciecircncia

e espiritualidade que jaacute comeccedilou e que toma o espaccedilo do materialismo que constitui o status

quo ou establishment cientiacutefico atual (sem contudo refutaacute-lo pelo contraacuterio toma-o como

parte das explicaccedilotildees) tudo isso segundo evidecircncias que vatildeo sendo passo a passo desveladas

pela Fiacutesica do seacutec XX

Eacute sob este paradigma transdisciplinar e espiritualista e com uma mente

aberta que deve ser visto e analisado este trabalho que eacute constituiacutedo por uma compilaccedilatildeo de

citaccedilotildees de autores que apoacuteiam as ideacuteias que pretendo relacionar entre si

Mas os ceacuteticos estes nunca poderatildeo ser contentados por julgarem que todos

os experimentos e ideacuteias devem se adequar aos seus gostos e vontades por isso mesmo nunca

seratildeo atendidos a eles resta-lhes apenas sua proacutepria incredulidade em si mesmos portanto

na Natureza

11

11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade

Desde que a Ciecircncia sai da observaccedilatildeo material dos fatos e trata de apreciare de explicar esses fatos o campo estaacute aberto agraves conjecturas Cada um trazseu pequeno sistema que quer fazer prevalecer e o sustenta com obstinaccedilatildeoNatildeo vemos todos os dias as opiniotildees mais divergentes alternativamentepreconizadas e rejeitadas logo repelidas como erros absurdos depoisproclamadas como verdades incontestaacuteveis Os fatos eis o verdadeirocriteacuterio dos nossos julgamentos o argumento sem reacuteplica Na ausecircncia defatos a duacutevida eacute a opiniatildeo do saacutebioPara as coisas notoacuterias a opiniatildeo dos saacutebios faz feacute a justo tiacutetulo porque elessabem mais e melhor que o vulgo mas em fatos de princiacutepios novos decoisas desconhecidas sua maneira de ver natildeo eacute sempre senatildeo hipoteacuteticaporque natildeo satildeo mais que os outros isentos de preconceitos Eu diria mesmoque o saacutebio talvez tem mais preconceito que qualquer outro porque umapropensatildeo natural o leva a tudo subordinar ao ponto de vista que eleaprofundou o matemaacutetico natildeo vecirc prova senatildeo numa demonstraccedilatildeoalgeacutebrica o quiacutemico relaciona tudo com a accedilatildeo dos elementos etc Todohomem que faz uma especialidade a ela subordina todas as suas ideacuteias tirai-o de laacute e frequumlentemente ele desarrazoa porque quer submeter tudo aomesmo crivo eacute uma consequumlecircncia da fraqueza humana3

A maior parte da biologia e da psicologia assim como virtualmente todas asnossas ciecircncias sociais satildeo praticadas sobre uma base newtoniana A ciecircncianewtoniana nos deu alguns preconceitos resistentes ndash como o determinismoa objetividade forte e o materialismo ndash que satildeo adequados quandoinvestigamos a ordem do mundo exterior Mas o propoacutesito daespiritualidade e da religiatildeo eacute investigar nossa realidade interior eacute pocircr emordem nossa vida interior [] Como a espiritualidade exige que aconsciecircncia desempenhe um papel fundamental eacute difiacutecil se natildeo impossiacutevelencontrar um lugar para a espiritualidade numa ciecircncia objetiva ematerialista4

De iniacutecio um diaacutelogo entre ciecircncia e religiatildeo parece um tanto improvaacutevelTanto a ciecircncia como a religiatildeo se empenham na busca da verdade As duasse baseiam na intuiccedilatildeo de que a verdade eacute uacutenica e natildeo pluralista Oproblema eacute que mesmo quando natildeo avanccedilamos o bastante em nossa buscanoacutes tentamos impor nossa limitada verdade aos outros Eacute o que vaacuteriasreligiotildees exoteacutericas5 fazem tradicionalmente hoje a ciecircncia faz a mesmacoisa o que levou agrave atual polarizaccedilatildeo entre ciecircncia e religiatildeo6

3 KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE 131a ed 2000 p 22-234 GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de

Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003 p 19-205 Ver definiccedilatildeo de ldquoesoteacutericordquo e ldquoexoteacutericordquo agrave paacutegina 496 GOSWAMI 2003 p 21

12

Aleacutem disso a metodologia oferecida pelas religiotildees ndash a feacute ndash eacutediametralmente oposta agrave metodologia desenvolvida pela ciecircncia O meacutetodocientiacutefico eacute baseado em tentativa e erro [] Elabore uma teoria e verifique-a O enorme sucesso da ciecircncia comprova a eficaacutecia da sua metodologia Emcomparaccedilatildeo somente algumas pessoas afirmaram ter atingido atransformaccedilatildeo por meio da feacute e muitos desses relatos satildeo discutiacuteveis aosolhos da ciecircncia7

Como pode haver um diaacutelogo uma comunicaccedilatildeo dotada de sentido entreuma tradiccedilatildeo cientiacutefica que ridiculariza concepccedilotildees ldquonatildeo-cientiacuteficasrdquo comoos milagres ou a teleologia e uma tradiccedilatildeo religiosa que abomina oldquocientificismordquo (ciecircncia praticada como religiatildeo em vez do uso deargumentos estritamente cientiacuteficos contra Deus) O debate no Ocidentenatildeo conseguiu superar esse impasse8

A histoacuteria intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entretrecircs ldquoismosrdquo filosoacuteficos ndash dualismo idealismo monista e realismomaterialista Os dualistas orientais como os dualistas do Ocidente acreditamque Deus e o mundo ndash Deus e noacutes ndash satildeo separados Quando estamos comDeus somos felizes por isso os dualistas nos fornecem praacuteticas devocionaise eacuteticas para nos ajudar a estar com Deus mais ou menos como faz ocristianismo exoteacuterico no Ocidente Os partidaacuterios do idealismo monistasalientam que sua filosofia baseia-se na investigaccedilatildeo que a consciecircnciapode ser conhecida diretamente em toda sua essecircncia abrangente porqueldquonoacutes somos Issordquo Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundopelo conhecimento direto quando descobrimos nossa plenitude noacutes nostornamos felizes porque nossa verdadeira natureza eacute a felicidade [] E osdogmas do realismo materialista ndash argumentam os idealistas ndash satildeo puraespeculaccedilatildeo ou resultam igualmente de investigaccedilotildees incompletas A issoos realistas materialistas opotildeem que eacute uma tolice basear nossa metafiacutesica emexperiecircncias subjetivas E os dualistas ridicularizam a ideacuteia de que aseparaccedilatildeo entre Deus e o mundo seja produto de maya910

Mas como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI 2003 p 30) corretamente arealidade natildeo eacute dualiacutestica a realidade eacute uma integraccedilatildeo moniacutestica doimanente no transcendente []Muitos cientistas experimentando uma outra via de integraccedilatildeo procuram[] explicar a metade subjetiva do mundo a consciecircncia o eu aespiritualidade e os valores morais Para esses cientistas explicar aconsciecircncia eacute uma questatildeo de compreender como o ceacuterebro se comportacomo uma complexa maacutequina material A consciecircncia eacute um epifenocircmeno damateacuteria Esses cientistas indagam o que na complexidade do ceacuterebro otorna consciente ou torna a eacutetica importante Eacute possiacutevel que umepifenocircmeno da mateacuteria tenha uma aparecircncia de eficaacutecia causal e mesmo decriatividade e espiritualidade 11

7 GOSWAMI 2003 p 248 Ibidem p 259 Uma definiccedilatildeo de maya se encontra agrave paacutegina 5510 GOSWAMI 2003 p 2811 Ibidem p 30

13

Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo

natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo

encontrou resposta alguma

Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13

12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual

encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo

13 GOSWAMI 2003 p 31-32

14

Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda

fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo

faz parte da ordem materialista da realidade

Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14

Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as

mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder

Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se

alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a

espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa

Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo

a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma

direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo

entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de

compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este

resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto

de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo

desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os

outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se

14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy

Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126

15

razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias

agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento

de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na

mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da

mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o

conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se

imagina existir

Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-

se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e

investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo

eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se

uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a

ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode

contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se

olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo

cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas

Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15

Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A

15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua

16

metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17

A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19

Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os

vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram

utilizados na concepccedilatildeo de um jogo

17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso

desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo

19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)

17

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial

Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo

Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade

Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria

constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos

(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute

formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo

realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-

se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja

a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste

momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois

este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos

inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute

originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na

Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a

virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo

movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o

Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das

virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo

enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista

impregnada e condicionada agrave realidade manifesta

20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor

acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural

22 Ibidem opcit p 140

18

A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo

citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami

O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23

[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24

Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis

derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe

em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25

Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na

Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em

que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que

sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o

natildeo-ser pode elucidar a questatildeo

Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26

23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76

19

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do

fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que

estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura

principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos

Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como

uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta

concepccedilatildeo o Game Design

Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais

comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo

que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina

(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees

entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre

utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem

com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no

sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo

auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o

objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que

constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)

O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de

ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o

ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e

fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco

complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior

o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros

ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir

20

da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos

virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem

ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede

de mundos virtuais

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios

principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o

ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o

centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o

usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as

fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador

precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para

chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo

tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que

abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as

portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho

possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer

ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem

possuem luzes com as cores usadas nas mandalas

A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso

desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela

A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o

vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca

A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o

fogo Eacute iluminada com a cor vermelha

21

A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a

gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul

A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se

pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo

material Eacute iluminada com a cor verde

Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas

que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio

eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para

continuar sua jornada ao centro do labirinto

Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode

neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o

labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas

convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras

na alma segundo Gilles Deleuze

O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute

um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar

e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por

fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio

pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais

Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o

hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra

dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar

para o ldquoAndar de Cimardquo

Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que

poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro

22

O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em

faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho

O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e

que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto

sonoro

O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo

cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard

Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)

O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos

Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em

expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos

virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a

partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da

seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de

internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site

httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o

jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio

ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na

esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute

pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade

de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World

Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que

estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa

23

A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de

programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois

tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria

imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do

tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo

de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27

VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28

A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos

satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano

A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29

Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui

melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o

usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais

avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas

27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit

24

Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute

universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e

preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio

que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos

virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio

apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente

distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem

ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute

o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para

VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no

editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in

seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a

partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria

Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos

tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que

geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para

que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual

A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser

de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios

conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um

desenvolvedor de mundos virtuais

25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas

Bi-polar ndash Night Air

Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy

Dead Can Dance ndash Arabian Gothic

Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics

Vangelis ndash Tales of the Future

Vangelis ndash Damask Rose

Akalbeth ndash Taoxm

Trilha Sonora original do seriado Star Trek

Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios

bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz

bull 128 MB de memoacuteria RAM

bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8

bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet

bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido

bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com

Direct3D e OpenGL

Software ou Programas necessaacuterios

bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP

bull Internet Explorer 5 ou superior

bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player

(httpwwwcacomcosmo)

ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)

OBS O Cosmo Player para Windows 98NT

O CORTONA VRML Client para Windows XP

A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas

entre si para a concepccedilatildeo do jogo

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

45

Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

47

Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

48

ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

50

pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

51

110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

52

111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

53

Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

54

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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63

Sites

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 6: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

5

Obrigado a meu professor de computaccedilatildeo Fabriacutecio Odassi que ganhou minha

amizade sem muito esforccedilo pela afinidade Aos pais da minha namorada que sempre

estiveram prontos a me atender especialmente quando torci a perna e precisei engessaacute-la

obrigado pelo carinho D Maria Joseacute Marcelino e Sr Roberto Marcelino

A todos os aspectos da minha proacutepria vida meus gostos e desgostos meus prazeres e

dissabores pois tudo que sou tambeacutem dependeu desses fatores que eu mesmo pude (ou natildeo)

direcionar e escolher por mim mesmo

Agradeccedilo tambeacutem ao criador do seriado de ficccedilatildeo Arquivo-X Chris Carter ao David

Duchovny e agrave Gillian Anderson (Fox Mulder e Dana Scully) e toda equipe do seriado

A todos os videogames que joguei na minha vida pois esses jogos estavam tatildeo

arraigados dentro de mim que natildeo consegui evitar terminar o curso sem produzir o meu

proacuteprio Eles me acompanharam por todo meu trabalho me inspirando e me ensinando ldquocomo

fazerrdquo O jogo simplesmente comeccedilou a tomar forma e saiu Uma consequumlecircncia de mim

mesmo

Agradeccedilo a Deus causa primaacuteria de todas as coisas Consciecircncia Coacutesmica Universal

que se concretiza em noacutes seres humanos Pois permite que pensemos que somos separados

poreacutem soacute precisamos de algum esforccedilo proacuteprio para poder entrar em contato e percebermos

que Somos Todos Um desde a mais iacutenfima partiacutecula subatocircmica ateacute os infinitos universos

que possam existir em infinitas dimensotildees que o homem jamais pode imaginar Agradeccedilo a

Jesus tambeacutem por ser o mais perfeito guia e modelo da humanidade que tentamos tanto

seguir mas natildeo conseguimos por nossa tamanha ignoracircncia para com as coisas espirituais

Mas sei que estamos predestinados agrave perfeiccedilatildeo divina portanto estou certo de que um dia

chegaremos laacute no infinito onde a mentalidade terrena dos homens natildeo alcanccedila ainda Que

assim seja

6

RESUMO

Relaccedilotildees entre teorias da Ufologia estudos antropoloacutegicos dos labirintos de

Filosofias e Espiritualismo Orientais e Ocidentais da Fiacutesica Quacircntica e das teorias do Virtual

para buscar uma visualizaccedilatildeo de questotildees Transcendentais por meio do Game Design e da

interaccedilatildeo em um jogo que utiliza uma tecnologia de realidade virtual natildeo imersiva

Palavras-chave Game Design Ufologia Labirinto Filosofia Espiritualismo Oriental

Realidade Virtual

7

ABSTRACT

Relationship between Ufology theories anthropological studies of

Labyrinths Philosophies Eastern and Western Spiritualism Quantum Physics and Theories

of the Virtual in an attempt to visualize Transcendental issues by means of a Game Design

and of interaction in a game that utilizes a non-immersive technology of Virtual Reality

Keywords Game Design Ufology Labyrinth Philosophy Eastern Spiritualism Virtual

Reality

8

SUMAacuteRIO

1 NOTA INTRODUTOacuteRIA9

11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade11

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial17

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema25

14 UFOS OacuteVNIS26

15 Ciacuterculos Ingleses30

16 Geometria Sagrada33

17 Mandalas36

18 Labirintos41

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos49

110 Os Labirintos e as Dobras51

111 O Atomismo Grego52

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva54

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS59

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS61

APEcircNDICE64

Legendas das imagens mais intrigantes do mundo virtual

HyperCube64

9

1 NOTA INTRODUTOacuteRIA

Todas as palavras ressaltadas com negrito satildeo de iniciativa do aluno

servindo para demarcar as linhas de relaccedilotildees entre as mesmas e com isso a consequumlente

semiose entatildeo todos os negritos satildeo nossos

Gostaria de ressaltar tambeacutem que natildeo haacute verdades absolutas mas infinitas

possibilidades de verdades relativas e portanto ningueacutem pode dizer que a ciecircncia materialista

estaacute sempre com toda razatildeo com todas as explicaccedilotildees e com todas as provas que possam

porventura constituir algum tipo de verdade ldquoO conceito de verdade natildeo estaacute na prova e sim

na evidecircncia dos fatosrdquo1 As provas soacute se tornam provas para quem aceita as evidecircncias

apresentadas Por isso ldquonem tudo o que eacute provado deve ser obrigatoriamente verdadeiro e

nem tudo o que eacute verdadeiro pode ser definitivamente provadordquo2 Existem evidecircncias de que

este velho paradigma cientiacutefico preconizado por Descartes e desenvolvido por Newton natildeo

atende a todos os fenocircmenos que ocorrem no mundo por isso se faz necessaacuterio buscar outras

respostas alhures em outros paradigmas e outras hipoacuteteses e a Fiacutesica Quacircntica tem

contribuiacutedo para isso pois ela por si soacute jaacute derruba toda uma ontologia materialista E

felizmente pode-se encontrar respostas em outro paradigma o paradigma de uma ciecircncia

natildeo-materialista que natildeo diz que o ser humano eacute um monte de carne que se move ou uma

maacutequina apenas e que o universo natildeo eacute sem propoacutesito ou se fez por si soacute Em um paradigma

espiritualista a ciecircncia estaacute aberta a essas questotildees que o materialismo natildeo explica por isso as

nega veementemente

E eacute nesse paradigma espiritualista que coisas tomadas como epifenocircmenos

(fenocircmenos secundaacuterios) da mateacuteria como a consciecircncia mudam de lugar e passam a ser a

1 ANDRADE Hernani G Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte Satildeo Paulo

FE 2000 p 72 Ibidem p 6

10

base o princiacutepio e a essecircncia de tudo portanto abre espaccedilo para uma integraccedilatildeo entre ciecircncia

e espiritualidade que jaacute comeccedilou e que toma o espaccedilo do materialismo que constitui o status

quo ou establishment cientiacutefico atual (sem contudo refutaacute-lo pelo contraacuterio toma-o como

parte das explicaccedilotildees) tudo isso segundo evidecircncias que vatildeo sendo passo a passo desveladas

pela Fiacutesica do seacutec XX

Eacute sob este paradigma transdisciplinar e espiritualista e com uma mente

aberta que deve ser visto e analisado este trabalho que eacute constituiacutedo por uma compilaccedilatildeo de

citaccedilotildees de autores que apoacuteiam as ideacuteias que pretendo relacionar entre si

Mas os ceacuteticos estes nunca poderatildeo ser contentados por julgarem que todos

os experimentos e ideacuteias devem se adequar aos seus gostos e vontades por isso mesmo nunca

seratildeo atendidos a eles resta-lhes apenas sua proacutepria incredulidade em si mesmos portanto

na Natureza

11

11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade

Desde que a Ciecircncia sai da observaccedilatildeo material dos fatos e trata de apreciare de explicar esses fatos o campo estaacute aberto agraves conjecturas Cada um trazseu pequeno sistema que quer fazer prevalecer e o sustenta com obstinaccedilatildeoNatildeo vemos todos os dias as opiniotildees mais divergentes alternativamentepreconizadas e rejeitadas logo repelidas como erros absurdos depoisproclamadas como verdades incontestaacuteveis Os fatos eis o verdadeirocriteacuterio dos nossos julgamentos o argumento sem reacuteplica Na ausecircncia defatos a duacutevida eacute a opiniatildeo do saacutebioPara as coisas notoacuterias a opiniatildeo dos saacutebios faz feacute a justo tiacutetulo porque elessabem mais e melhor que o vulgo mas em fatos de princiacutepios novos decoisas desconhecidas sua maneira de ver natildeo eacute sempre senatildeo hipoteacuteticaporque natildeo satildeo mais que os outros isentos de preconceitos Eu diria mesmoque o saacutebio talvez tem mais preconceito que qualquer outro porque umapropensatildeo natural o leva a tudo subordinar ao ponto de vista que eleaprofundou o matemaacutetico natildeo vecirc prova senatildeo numa demonstraccedilatildeoalgeacutebrica o quiacutemico relaciona tudo com a accedilatildeo dos elementos etc Todohomem que faz uma especialidade a ela subordina todas as suas ideacuteias tirai-o de laacute e frequumlentemente ele desarrazoa porque quer submeter tudo aomesmo crivo eacute uma consequumlecircncia da fraqueza humana3

A maior parte da biologia e da psicologia assim como virtualmente todas asnossas ciecircncias sociais satildeo praticadas sobre uma base newtoniana A ciecircncianewtoniana nos deu alguns preconceitos resistentes ndash como o determinismoa objetividade forte e o materialismo ndash que satildeo adequados quandoinvestigamos a ordem do mundo exterior Mas o propoacutesito daespiritualidade e da religiatildeo eacute investigar nossa realidade interior eacute pocircr emordem nossa vida interior [] Como a espiritualidade exige que aconsciecircncia desempenhe um papel fundamental eacute difiacutecil se natildeo impossiacutevelencontrar um lugar para a espiritualidade numa ciecircncia objetiva ematerialista4

De iniacutecio um diaacutelogo entre ciecircncia e religiatildeo parece um tanto improvaacutevelTanto a ciecircncia como a religiatildeo se empenham na busca da verdade As duasse baseiam na intuiccedilatildeo de que a verdade eacute uacutenica e natildeo pluralista Oproblema eacute que mesmo quando natildeo avanccedilamos o bastante em nossa buscanoacutes tentamos impor nossa limitada verdade aos outros Eacute o que vaacuteriasreligiotildees exoteacutericas5 fazem tradicionalmente hoje a ciecircncia faz a mesmacoisa o que levou agrave atual polarizaccedilatildeo entre ciecircncia e religiatildeo6

3 KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE 131a ed 2000 p 22-234 GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de

Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003 p 19-205 Ver definiccedilatildeo de ldquoesoteacutericordquo e ldquoexoteacutericordquo agrave paacutegina 496 GOSWAMI 2003 p 21

12

Aleacutem disso a metodologia oferecida pelas religiotildees ndash a feacute ndash eacutediametralmente oposta agrave metodologia desenvolvida pela ciecircncia O meacutetodocientiacutefico eacute baseado em tentativa e erro [] Elabore uma teoria e verifique-a O enorme sucesso da ciecircncia comprova a eficaacutecia da sua metodologia Emcomparaccedilatildeo somente algumas pessoas afirmaram ter atingido atransformaccedilatildeo por meio da feacute e muitos desses relatos satildeo discutiacuteveis aosolhos da ciecircncia7

Como pode haver um diaacutelogo uma comunicaccedilatildeo dotada de sentido entreuma tradiccedilatildeo cientiacutefica que ridiculariza concepccedilotildees ldquonatildeo-cientiacuteficasrdquo comoos milagres ou a teleologia e uma tradiccedilatildeo religiosa que abomina oldquocientificismordquo (ciecircncia praticada como religiatildeo em vez do uso deargumentos estritamente cientiacuteficos contra Deus) O debate no Ocidentenatildeo conseguiu superar esse impasse8

A histoacuteria intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entretrecircs ldquoismosrdquo filosoacuteficos ndash dualismo idealismo monista e realismomaterialista Os dualistas orientais como os dualistas do Ocidente acreditamque Deus e o mundo ndash Deus e noacutes ndash satildeo separados Quando estamos comDeus somos felizes por isso os dualistas nos fornecem praacuteticas devocionaise eacuteticas para nos ajudar a estar com Deus mais ou menos como faz ocristianismo exoteacuterico no Ocidente Os partidaacuterios do idealismo monistasalientam que sua filosofia baseia-se na investigaccedilatildeo que a consciecircnciapode ser conhecida diretamente em toda sua essecircncia abrangente porqueldquonoacutes somos Issordquo Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundopelo conhecimento direto quando descobrimos nossa plenitude noacutes nostornamos felizes porque nossa verdadeira natureza eacute a felicidade [] E osdogmas do realismo materialista ndash argumentam os idealistas ndash satildeo puraespeculaccedilatildeo ou resultam igualmente de investigaccedilotildees incompletas A issoos realistas materialistas opotildeem que eacute uma tolice basear nossa metafiacutesica emexperiecircncias subjetivas E os dualistas ridicularizam a ideacuteia de que aseparaccedilatildeo entre Deus e o mundo seja produto de maya910

Mas como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI 2003 p 30) corretamente arealidade natildeo eacute dualiacutestica a realidade eacute uma integraccedilatildeo moniacutestica doimanente no transcendente []Muitos cientistas experimentando uma outra via de integraccedilatildeo procuram[] explicar a metade subjetiva do mundo a consciecircncia o eu aespiritualidade e os valores morais Para esses cientistas explicar aconsciecircncia eacute uma questatildeo de compreender como o ceacuterebro se comportacomo uma complexa maacutequina material A consciecircncia eacute um epifenocircmeno damateacuteria Esses cientistas indagam o que na complexidade do ceacuterebro otorna consciente ou torna a eacutetica importante Eacute possiacutevel que umepifenocircmeno da mateacuteria tenha uma aparecircncia de eficaacutecia causal e mesmo decriatividade e espiritualidade 11

7 GOSWAMI 2003 p 248 Ibidem p 259 Uma definiccedilatildeo de maya se encontra agrave paacutegina 5510 GOSWAMI 2003 p 2811 Ibidem p 30

13

Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo

natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo

encontrou resposta alguma

Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13

12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual

encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo

13 GOSWAMI 2003 p 31-32

14

Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda

fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo

faz parte da ordem materialista da realidade

Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14

Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as

mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder

Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se

alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a

espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa

Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo

a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma

direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo

entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de

compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este

resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto

de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo

desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os

outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se

14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy

Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126

15

razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias

agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento

de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na

mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da

mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o

conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se

imagina existir

Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-

se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e

investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo

eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se

uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a

ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode

contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se

olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo

cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas

Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15

Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A

15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua

16

metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17

A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19

Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os

vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram

utilizados na concepccedilatildeo de um jogo

17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso

desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo

19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)

17

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial

Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo

Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade

Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria

constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos

(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute

formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo

realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-

se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja

a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste

momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois

este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos

inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute

originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na

Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a

virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo

movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o

Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das

virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo

enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista

impregnada e condicionada agrave realidade manifesta

20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor

acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural

22 Ibidem opcit p 140

18

A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo

citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami

O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23

[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24

Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis

derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe

em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25

Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na

Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em

que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que

sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o

natildeo-ser pode elucidar a questatildeo

Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26

23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76

19

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do

fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que

estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura

principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos

Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como

uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta

concepccedilatildeo o Game Design

Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais

comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo

que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina

(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees

entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre

utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem

com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no

sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo

auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o

objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que

constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)

O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de

ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o

ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e

fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco

complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior

o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros

ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir

20

da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos

virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem

ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede

de mundos virtuais

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios

principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o

ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o

centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o

usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as

fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador

precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para

chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo

tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que

abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as

portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho

possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer

ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem

possuem luzes com as cores usadas nas mandalas

A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso

desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela

A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o

vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca

A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o

fogo Eacute iluminada com a cor vermelha

21

A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a

gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul

A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se

pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo

material Eacute iluminada com a cor verde

Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas

que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio

eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para

continuar sua jornada ao centro do labirinto

Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode

neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o

labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas

convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras

na alma segundo Gilles Deleuze

O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute

um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar

e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por

fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio

pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais

Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o

hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra

dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar

para o ldquoAndar de Cimardquo

Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que

poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro

22

O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em

faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho

O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e

que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto

sonoro

O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo

cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard

Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)

O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos

Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em

expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos

virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a

partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da

seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de

internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site

httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o

jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio

ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na

esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute

pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade

de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World

Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que

estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa

23

A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de

programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois

tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria

imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do

tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo

de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27

VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28

A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos

satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano

A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29

Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui

melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o

usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais

avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas

27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit

24

Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute

universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e

preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio

que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos

virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio

apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente

distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem

ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute

o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para

VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no

editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in

seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a

partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria

Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos

tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que

geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para

que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual

A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser

de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios

conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um

desenvolvedor de mundos virtuais

25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas

Bi-polar ndash Night Air

Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy

Dead Can Dance ndash Arabian Gothic

Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics

Vangelis ndash Tales of the Future

Vangelis ndash Damask Rose

Akalbeth ndash Taoxm

Trilha Sonora original do seriado Star Trek

Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios

bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz

bull 128 MB de memoacuteria RAM

bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8

bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet

bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido

bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com

Direct3D e OpenGL

Software ou Programas necessaacuterios

bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP

bull Internet Explorer 5 ou superior

bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player

(httpwwwcacomcosmo)

ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)

OBS O Cosmo Player para Windows 98NT

O CORTONA VRML Client para Windows XP

A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas

entre si para a concepccedilatildeo do jogo

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

44

somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

45

Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

46

Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

47

Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

48

ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 7: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

6

RESUMO

Relaccedilotildees entre teorias da Ufologia estudos antropoloacutegicos dos labirintos de

Filosofias e Espiritualismo Orientais e Ocidentais da Fiacutesica Quacircntica e das teorias do Virtual

para buscar uma visualizaccedilatildeo de questotildees Transcendentais por meio do Game Design e da

interaccedilatildeo em um jogo que utiliza uma tecnologia de realidade virtual natildeo imersiva

Palavras-chave Game Design Ufologia Labirinto Filosofia Espiritualismo Oriental

Realidade Virtual

7

ABSTRACT

Relationship between Ufology theories anthropological studies of

Labyrinths Philosophies Eastern and Western Spiritualism Quantum Physics and Theories

of the Virtual in an attempt to visualize Transcendental issues by means of a Game Design

and of interaction in a game that utilizes a non-immersive technology of Virtual Reality

Keywords Game Design Ufology Labyrinth Philosophy Eastern Spiritualism Virtual

Reality

8

SUMAacuteRIO

1 NOTA INTRODUTOacuteRIA9

11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade11

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial17

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema25

14 UFOS OacuteVNIS26

15 Ciacuterculos Ingleses30

16 Geometria Sagrada33

17 Mandalas36

18 Labirintos41

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos49

110 Os Labirintos e as Dobras51

111 O Atomismo Grego52

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva54

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS59

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS61

APEcircNDICE64

Legendas das imagens mais intrigantes do mundo virtual

HyperCube64

9

1 NOTA INTRODUTOacuteRIA

Todas as palavras ressaltadas com negrito satildeo de iniciativa do aluno

servindo para demarcar as linhas de relaccedilotildees entre as mesmas e com isso a consequumlente

semiose entatildeo todos os negritos satildeo nossos

Gostaria de ressaltar tambeacutem que natildeo haacute verdades absolutas mas infinitas

possibilidades de verdades relativas e portanto ningueacutem pode dizer que a ciecircncia materialista

estaacute sempre com toda razatildeo com todas as explicaccedilotildees e com todas as provas que possam

porventura constituir algum tipo de verdade ldquoO conceito de verdade natildeo estaacute na prova e sim

na evidecircncia dos fatosrdquo1 As provas soacute se tornam provas para quem aceita as evidecircncias

apresentadas Por isso ldquonem tudo o que eacute provado deve ser obrigatoriamente verdadeiro e

nem tudo o que eacute verdadeiro pode ser definitivamente provadordquo2 Existem evidecircncias de que

este velho paradigma cientiacutefico preconizado por Descartes e desenvolvido por Newton natildeo

atende a todos os fenocircmenos que ocorrem no mundo por isso se faz necessaacuterio buscar outras

respostas alhures em outros paradigmas e outras hipoacuteteses e a Fiacutesica Quacircntica tem

contribuiacutedo para isso pois ela por si soacute jaacute derruba toda uma ontologia materialista E

felizmente pode-se encontrar respostas em outro paradigma o paradigma de uma ciecircncia

natildeo-materialista que natildeo diz que o ser humano eacute um monte de carne que se move ou uma

maacutequina apenas e que o universo natildeo eacute sem propoacutesito ou se fez por si soacute Em um paradigma

espiritualista a ciecircncia estaacute aberta a essas questotildees que o materialismo natildeo explica por isso as

nega veementemente

E eacute nesse paradigma espiritualista que coisas tomadas como epifenocircmenos

(fenocircmenos secundaacuterios) da mateacuteria como a consciecircncia mudam de lugar e passam a ser a

1 ANDRADE Hernani G Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte Satildeo Paulo

FE 2000 p 72 Ibidem p 6

10

base o princiacutepio e a essecircncia de tudo portanto abre espaccedilo para uma integraccedilatildeo entre ciecircncia

e espiritualidade que jaacute comeccedilou e que toma o espaccedilo do materialismo que constitui o status

quo ou establishment cientiacutefico atual (sem contudo refutaacute-lo pelo contraacuterio toma-o como

parte das explicaccedilotildees) tudo isso segundo evidecircncias que vatildeo sendo passo a passo desveladas

pela Fiacutesica do seacutec XX

Eacute sob este paradigma transdisciplinar e espiritualista e com uma mente

aberta que deve ser visto e analisado este trabalho que eacute constituiacutedo por uma compilaccedilatildeo de

citaccedilotildees de autores que apoacuteiam as ideacuteias que pretendo relacionar entre si

Mas os ceacuteticos estes nunca poderatildeo ser contentados por julgarem que todos

os experimentos e ideacuteias devem se adequar aos seus gostos e vontades por isso mesmo nunca

seratildeo atendidos a eles resta-lhes apenas sua proacutepria incredulidade em si mesmos portanto

na Natureza

11

11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade

Desde que a Ciecircncia sai da observaccedilatildeo material dos fatos e trata de apreciare de explicar esses fatos o campo estaacute aberto agraves conjecturas Cada um trazseu pequeno sistema que quer fazer prevalecer e o sustenta com obstinaccedilatildeoNatildeo vemos todos os dias as opiniotildees mais divergentes alternativamentepreconizadas e rejeitadas logo repelidas como erros absurdos depoisproclamadas como verdades incontestaacuteveis Os fatos eis o verdadeirocriteacuterio dos nossos julgamentos o argumento sem reacuteplica Na ausecircncia defatos a duacutevida eacute a opiniatildeo do saacutebioPara as coisas notoacuterias a opiniatildeo dos saacutebios faz feacute a justo tiacutetulo porque elessabem mais e melhor que o vulgo mas em fatos de princiacutepios novos decoisas desconhecidas sua maneira de ver natildeo eacute sempre senatildeo hipoteacuteticaporque natildeo satildeo mais que os outros isentos de preconceitos Eu diria mesmoque o saacutebio talvez tem mais preconceito que qualquer outro porque umapropensatildeo natural o leva a tudo subordinar ao ponto de vista que eleaprofundou o matemaacutetico natildeo vecirc prova senatildeo numa demonstraccedilatildeoalgeacutebrica o quiacutemico relaciona tudo com a accedilatildeo dos elementos etc Todohomem que faz uma especialidade a ela subordina todas as suas ideacuteias tirai-o de laacute e frequumlentemente ele desarrazoa porque quer submeter tudo aomesmo crivo eacute uma consequumlecircncia da fraqueza humana3

A maior parte da biologia e da psicologia assim como virtualmente todas asnossas ciecircncias sociais satildeo praticadas sobre uma base newtoniana A ciecircncianewtoniana nos deu alguns preconceitos resistentes ndash como o determinismoa objetividade forte e o materialismo ndash que satildeo adequados quandoinvestigamos a ordem do mundo exterior Mas o propoacutesito daespiritualidade e da religiatildeo eacute investigar nossa realidade interior eacute pocircr emordem nossa vida interior [] Como a espiritualidade exige que aconsciecircncia desempenhe um papel fundamental eacute difiacutecil se natildeo impossiacutevelencontrar um lugar para a espiritualidade numa ciecircncia objetiva ematerialista4

De iniacutecio um diaacutelogo entre ciecircncia e religiatildeo parece um tanto improvaacutevelTanto a ciecircncia como a religiatildeo se empenham na busca da verdade As duasse baseiam na intuiccedilatildeo de que a verdade eacute uacutenica e natildeo pluralista Oproblema eacute que mesmo quando natildeo avanccedilamos o bastante em nossa buscanoacutes tentamos impor nossa limitada verdade aos outros Eacute o que vaacuteriasreligiotildees exoteacutericas5 fazem tradicionalmente hoje a ciecircncia faz a mesmacoisa o que levou agrave atual polarizaccedilatildeo entre ciecircncia e religiatildeo6

3 KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE 131a ed 2000 p 22-234 GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de

Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003 p 19-205 Ver definiccedilatildeo de ldquoesoteacutericordquo e ldquoexoteacutericordquo agrave paacutegina 496 GOSWAMI 2003 p 21

12

Aleacutem disso a metodologia oferecida pelas religiotildees ndash a feacute ndash eacutediametralmente oposta agrave metodologia desenvolvida pela ciecircncia O meacutetodocientiacutefico eacute baseado em tentativa e erro [] Elabore uma teoria e verifique-a O enorme sucesso da ciecircncia comprova a eficaacutecia da sua metodologia Emcomparaccedilatildeo somente algumas pessoas afirmaram ter atingido atransformaccedilatildeo por meio da feacute e muitos desses relatos satildeo discutiacuteveis aosolhos da ciecircncia7

Como pode haver um diaacutelogo uma comunicaccedilatildeo dotada de sentido entreuma tradiccedilatildeo cientiacutefica que ridiculariza concepccedilotildees ldquonatildeo-cientiacuteficasrdquo comoos milagres ou a teleologia e uma tradiccedilatildeo religiosa que abomina oldquocientificismordquo (ciecircncia praticada como religiatildeo em vez do uso deargumentos estritamente cientiacuteficos contra Deus) O debate no Ocidentenatildeo conseguiu superar esse impasse8

A histoacuteria intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entretrecircs ldquoismosrdquo filosoacuteficos ndash dualismo idealismo monista e realismomaterialista Os dualistas orientais como os dualistas do Ocidente acreditamque Deus e o mundo ndash Deus e noacutes ndash satildeo separados Quando estamos comDeus somos felizes por isso os dualistas nos fornecem praacuteticas devocionaise eacuteticas para nos ajudar a estar com Deus mais ou menos como faz ocristianismo exoteacuterico no Ocidente Os partidaacuterios do idealismo monistasalientam que sua filosofia baseia-se na investigaccedilatildeo que a consciecircnciapode ser conhecida diretamente em toda sua essecircncia abrangente porqueldquonoacutes somos Issordquo Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundopelo conhecimento direto quando descobrimos nossa plenitude noacutes nostornamos felizes porque nossa verdadeira natureza eacute a felicidade [] E osdogmas do realismo materialista ndash argumentam os idealistas ndash satildeo puraespeculaccedilatildeo ou resultam igualmente de investigaccedilotildees incompletas A issoos realistas materialistas opotildeem que eacute uma tolice basear nossa metafiacutesica emexperiecircncias subjetivas E os dualistas ridicularizam a ideacuteia de que aseparaccedilatildeo entre Deus e o mundo seja produto de maya910

Mas como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI 2003 p 30) corretamente arealidade natildeo eacute dualiacutestica a realidade eacute uma integraccedilatildeo moniacutestica doimanente no transcendente []Muitos cientistas experimentando uma outra via de integraccedilatildeo procuram[] explicar a metade subjetiva do mundo a consciecircncia o eu aespiritualidade e os valores morais Para esses cientistas explicar aconsciecircncia eacute uma questatildeo de compreender como o ceacuterebro se comportacomo uma complexa maacutequina material A consciecircncia eacute um epifenocircmeno damateacuteria Esses cientistas indagam o que na complexidade do ceacuterebro otorna consciente ou torna a eacutetica importante Eacute possiacutevel que umepifenocircmeno da mateacuteria tenha uma aparecircncia de eficaacutecia causal e mesmo decriatividade e espiritualidade 11

7 GOSWAMI 2003 p 248 Ibidem p 259 Uma definiccedilatildeo de maya se encontra agrave paacutegina 5510 GOSWAMI 2003 p 2811 Ibidem p 30

13

Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo

natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo

encontrou resposta alguma

Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13

12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual

encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo

13 GOSWAMI 2003 p 31-32

14

Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda

fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo

faz parte da ordem materialista da realidade

Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14

Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as

mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder

Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se

alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a

espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa

Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo

a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma

direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo

entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de

compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este

resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto

de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo

desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os

outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se

14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy

Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126

15

razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias

agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento

de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na

mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da

mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o

conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se

imagina existir

Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-

se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e

investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo

eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se

uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a

ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode

contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se

olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo

cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas

Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15

Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A

15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua

16

metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17

A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19

Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os

vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram

utilizados na concepccedilatildeo de um jogo

17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso

desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo

19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)

17

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial

Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo

Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade

Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria

constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos

(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute

formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo

realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-

se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja

a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste

momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois

este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos

inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute

originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na

Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a

virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo

movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o

Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das

virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo

enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista

impregnada e condicionada agrave realidade manifesta

20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor

acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural

22 Ibidem opcit p 140

18

A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo

citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami

O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23

[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24

Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis

derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe

em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25

Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na

Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em

que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que

sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o

natildeo-ser pode elucidar a questatildeo

Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26

23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76

19

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do

fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que

estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura

principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos

Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como

uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta

concepccedilatildeo o Game Design

Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais

comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo

que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina

(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees

entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre

utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem

com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no

sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo

auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o

objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que

constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)

O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de

ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o

ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e

fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco

complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior

o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros

ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir

20

da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos

virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem

ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede

de mundos virtuais

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios

principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o

ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o

centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o

usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as

fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador

precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para

chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo

tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que

abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as

portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho

possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer

ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem

possuem luzes com as cores usadas nas mandalas

A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso

desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela

A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o

vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca

A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o

fogo Eacute iluminada com a cor vermelha

21

A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a

gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul

A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se

pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo

material Eacute iluminada com a cor verde

Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas

que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio

eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para

continuar sua jornada ao centro do labirinto

Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode

neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o

labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas

convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras

na alma segundo Gilles Deleuze

O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute

um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar

e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por

fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio

pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais

Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o

hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra

dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar

para o ldquoAndar de Cimardquo

Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que

poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro

22

O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em

faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho

O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e

que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto

sonoro

O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo

cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard

Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)

O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos

Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em

expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos

virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a

partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da

seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de

internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site

httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o

jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio

ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na

esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute

pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade

de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World

Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que

estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa

23

A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de

programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois

tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria

imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do

tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo

de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27

VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28

A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos

satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano

A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29

Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui

melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o

usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais

avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas

27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit

24

Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute

universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e

preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio

que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos

virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio

apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente

distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem

ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute

o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para

VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no

editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in

seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a

partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria

Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos

tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que

geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para

que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual

A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser

de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios

conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um

desenvolvedor de mundos virtuais

25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas

Bi-polar ndash Night Air

Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy

Dead Can Dance ndash Arabian Gothic

Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics

Vangelis ndash Tales of the Future

Vangelis ndash Damask Rose

Akalbeth ndash Taoxm

Trilha Sonora original do seriado Star Trek

Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios

bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz

bull 128 MB de memoacuteria RAM

bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8

bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet

bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido

bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com

Direct3D e OpenGL

Software ou Programas necessaacuterios

bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP

bull Internet Explorer 5 ou superior

bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player

(httpwwwcacomcosmo)

ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)

OBS O Cosmo Player para Windows 98NT

O CORTONA VRML Client para Windows XP

A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas

entre si para a concepccedilatildeo do jogo

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

44

somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

45

Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

46

Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

47

Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

48

ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

50

pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

51

110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismooriental Traduccedilatildeo de Joseacute Fernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999

DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L OrlandiCampinas Papirus 1991

FATOR X Satildeo Paulo Planeta 1998 n4

GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

___ O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo deRuy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998

___ Creativity and the Quantum A unified theory of creativity Creativity ResearchJournal pp47-61 1996 Apud GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para ailuminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

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63

Sites

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 8: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

7

ABSTRACT

Relationship between Ufology theories anthropological studies of

Labyrinths Philosophies Eastern and Western Spiritualism Quantum Physics and Theories

of the Virtual in an attempt to visualize Transcendental issues by means of a Game Design

and of interaction in a game that utilizes a non-immersive technology of Virtual Reality

Keywords Game Design Ufology Labyrinth Philosophy Eastern Spiritualism Virtual

Reality

8

SUMAacuteRIO

1 NOTA INTRODUTOacuteRIA9

11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade11

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial17

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema25

14 UFOS OacuteVNIS26

15 Ciacuterculos Ingleses30

16 Geometria Sagrada33

17 Mandalas36

18 Labirintos41

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos49

110 Os Labirintos e as Dobras51

111 O Atomismo Grego52

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva54

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS59

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS61

APEcircNDICE64

Legendas das imagens mais intrigantes do mundo virtual

HyperCube64

9

1 NOTA INTRODUTOacuteRIA

Todas as palavras ressaltadas com negrito satildeo de iniciativa do aluno

servindo para demarcar as linhas de relaccedilotildees entre as mesmas e com isso a consequumlente

semiose entatildeo todos os negritos satildeo nossos

Gostaria de ressaltar tambeacutem que natildeo haacute verdades absolutas mas infinitas

possibilidades de verdades relativas e portanto ningueacutem pode dizer que a ciecircncia materialista

estaacute sempre com toda razatildeo com todas as explicaccedilotildees e com todas as provas que possam

porventura constituir algum tipo de verdade ldquoO conceito de verdade natildeo estaacute na prova e sim

na evidecircncia dos fatosrdquo1 As provas soacute se tornam provas para quem aceita as evidecircncias

apresentadas Por isso ldquonem tudo o que eacute provado deve ser obrigatoriamente verdadeiro e

nem tudo o que eacute verdadeiro pode ser definitivamente provadordquo2 Existem evidecircncias de que

este velho paradigma cientiacutefico preconizado por Descartes e desenvolvido por Newton natildeo

atende a todos os fenocircmenos que ocorrem no mundo por isso se faz necessaacuterio buscar outras

respostas alhures em outros paradigmas e outras hipoacuteteses e a Fiacutesica Quacircntica tem

contribuiacutedo para isso pois ela por si soacute jaacute derruba toda uma ontologia materialista E

felizmente pode-se encontrar respostas em outro paradigma o paradigma de uma ciecircncia

natildeo-materialista que natildeo diz que o ser humano eacute um monte de carne que se move ou uma

maacutequina apenas e que o universo natildeo eacute sem propoacutesito ou se fez por si soacute Em um paradigma

espiritualista a ciecircncia estaacute aberta a essas questotildees que o materialismo natildeo explica por isso as

nega veementemente

E eacute nesse paradigma espiritualista que coisas tomadas como epifenocircmenos

(fenocircmenos secundaacuterios) da mateacuteria como a consciecircncia mudam de lugar e passam a ser a

1 ANDRADE Hernani G Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte Satildeo Paulo

FE 2000 p 72 Ibidem p 6

10

base o princiacutepio e a essecircncia de tudo portanto abre espaccedilo para uma integraccedilatildeo entre ciecircncia

e espiritualidade que jaacute comeccedilou e que toma o espaccedilo do materialismo que constitui o status

quo ou establishment cientiacutefico atual (sem contudo refutaacute-lo pelo contraacuterio toma-o como

parte das explicaccedilotildees) tudo isso segundo evidecircncias que vatildeo sendo passo a passo desveladas

pela Fiacutesica do seacutec XX

Eacute sob este paradigma transdisciplinar e espiritualista e com uma mente

aberta que deve ser visto e analisado este trabalho que eacute constituiacutedo por uma compilaccedilatildeo de

citaccedilotildees de autores que apoacuteiam as ideacuteias que pretendo relacionar entre si

Mas os ceacuteticos estes nunca poderatildeo ser contentados por julgarem que todos

os experimentos e ideacuteias devem se adequar aos seus gostos e vontades por isso mesmo nunca

seratildeo atendidos a eles resta-lhes apenas sua proacutepria incredulidade em si mesmos portanto

na Natureza

11

11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade

Desde que a Ciecircncia sai da observaccedilatildeo material dos fatos e trata de apreciare de explicar esses fatos o campo estaacute aberto agraves conjecturas Cada um trazseu pequeno sistema que quer fazer prevalecer e o sustenta com obstinaccedilatildeoNatildeo vemos todos os dias as opiniotildees mais divergentes alternativamentepreconizadas e rejeitadas logo repelidas como erros absurdos depoisproclamadas como verdades incontestaacuteveis Os fatos eis o verdadeirocriteacuterio dos nossos julgamentos o argumento sem reacuteplica Na ausecircncia defatos a duacutevida eacute a opiniatildeo do saacutebioPara as coisas notoacuterias a opiniatildeo dos saacutebios faz feacute a justo tiacutetulo porque elessabem mais e melhor que o vulgo mas em fatos de princiacutepios novos decoisas desconhecidas sua maneira de ver natildeo eacute sempre senatildeo hipoteacuteticaporque natildeo satildeo mais que os outros isentos de preconceitos Eu diria mesmoque o saacutebio talvez tem mais preconceito que qualquer outro porque umapropensatildeo natural o leva a tudo subordinar ao ponto de vista que eleaprofundou o matemaacutetico natildeo vecirc prova senatildeo numa demonstraccedilatildeoalgeacutebrica o quiacutemico relaciona tudo com a accedilatildeo dos elementos etc Todohomem que faz uma especialidade a ela subordina todas as suas ideacuteias tirai-o de laacute e frequumlentemente ele desarrazoa porque quer submeter tudo aomesmo crivo eacute uma consequumlecircncia da fraqueza humana3

A maior parte da biologia e da psicologia assim como virtualmente todas asnossas ciecircncias sociais satildeo praticadas sobre uma base newtoniana A ciecircncianewtoniana nos deu alguns preconceitos resistentes ndash como o determinismoa objetividade forte e o materialismo ndash que satildeo adequados quandoinvestigamos a ordem do mundo exterior Mas o propoacutesito daespiritualidade e da religiatildeo eacute investigar nossa realidade interior eacute pocircr emordem nossa vida interior [] Como a espiritualidade exige que aconsciecircncia desempenhe um papel fundamental eacute difiacutecil se natildeo impossiacutevelencontrar um lugar para a espiritualidade numa ciecircncia objetiva ematerialista4

De iniacutecio um diaacutelogo entre ciecircncia e religiatildeo parece um tanto improvaacutevelTanto a ciecircncia como a religiatildeo se empenham na busca da verdade As duasse baseiam na intuiccedilatildeo de que a verdade eacute uacutenica e natildeo pluralista Oproblema eacute que mesmo quando natildeo avanccedilamos o bastante em nossa buscanoacutes tentamos impor nossa limitada verdade aos outros Eacute o que vaacuteriasreligiotildees exoteacutericas5 fazem tradicionalmente hoje a ciecircncia faz a mesmacoisa o que levou agrave atual polarizaccedilatildeo entre ciecircncia e religiatildeo6

3 KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE 131a ed 2000 p 22-234 GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de

Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003 p 19-205 Ver definiccedilatildeo de ldquoesoteacutericordquo e ldquoexoteacutericordquo agrave paacutegina 496 GOSWAMI 2003 p 21

12

Aleacutem disso a metodologia oferecida pelas religiotildees ndash a feacute ndash eacutediametralmente oposta agrave metodologia desenvolvida pela ciecircncia O meacutetodocientiacutefico eacute baseado em tentativa e erro [] Elabore uma teoria e verifique-a O enorme sucesso da ciecircncia comprova a eficaacutecia da sua metodologia Emcomparaccedilatildeo somente algumas pessoas afirmaram ter atingido atransformaccedilatildeo por meio da feacute e muitos desses relatos satildeo discutiacuteveis aosolhos da ciecircncia7

Como pode haver um diaacutelogo uma comunicaccedilatildeo dotada de sentido entreuma tradiccedilatildeo cientiacutefica que ridiculariza concepccedilotildees ldquonatildeo-cientiacuteficasrdquo comoos milagres ou a teleologia e uma tradiccedilatildeo religiosa que abomina oldquocientificismordquo (ciecircncia praticada como religiatildeo em vez do uso deargumentos estritamente cientiacuteficos contra Deus) O debate no Ocidentenatildeo conseguiu superar esse impasse8

A histoacuteria intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entretrecircs ldquoismosrdquo filosoacuteficos ndash dualismo idealismo monista e realismomaterialista Os dualistas orientais como os dualistas do Ocidente acreditamque Deus e o mundo ndash Deus e noacutes ndash satildeo separados Quando estamos comDeus somos felizes por isso os dualistas nos fornecem praacuteticas devocionaise eacuteticas para nos ajudar a estar com Deus mais ou menos como faz ocristianismo exoteacuterico no Ocidente Os partidaacuterios do idealismo monistasalientam que sua filosofia baseia-se na investigaccedilatildeo que a consciecircnciapode ser conhecida diretamente em toda sua essecircncia abrangente porqueldquonoacutes somos Issordquo Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundopelo conhecimento direto quando descobrimos nossa plenitude noacutes nostornamos felizes porque nossa verdadeira natureza eacute a felicidade [] E osdogmas do realismo materialista ndash argumentam os idealistas ndash satildeo puraespeculaccedilatildeo ou resultam igualmente de investigaccedilotildees incompletas A issoos realistas materialistas opotildeem que eacute uma tolice basear nossa metafiacutesica emexperiecircncias subjetivas E os dualistas ridicularizam a ideacuteia de que aseparaccedilatildeo entre Deus e o mundo seja produto de maya910

Mas como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI 2003 p 30) corretamente arealidade natildeo eacute dualiacutestica a realidade eacute uma integraccedilatildeo moniacutestica doimanente no transcendente []Muitos cientistas experimentando uma outra via de integraccedilatildeo procuram[] explicar a metade subjetiva do mundo a consciecircncia o eu aespiritualidade e os valores morais Para esses cientistas explicar aconsciecircncia eacute uma questatildeo de compreender como o ceacuterebro se comportacomo uma complexa maacutequina material A consciecircncia eacute um epifenocircmeno damateacuteria Esses cientistas indagam o que na complexidade do ceacuterebro otorna consciente ou torna a eacutetica importante Eacute possiacutevel que umepifenocircmeno da mateacuteria tenha uma aparecircncia de eficaacutecia causal e mesmo decriatividade e espiritualidade 11

7 GOSWAMI 2003 p 248 Ibidem p 259 Uma definiccedilatildeo de maya se encontra agrave paacutegina 5510 GOSWAMI 2003 p 2811 Ibidem p 30

13

Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo

natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo

encontrou resposta alguma

Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13

12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual

encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo

13 GOSWAMI 2003 p 31-32

14

Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda

fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo

faz parte da ordem materialista da realidade

Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14

Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as

mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder

Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se

alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a

espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa

Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo

a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma

direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo

entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de

compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este

resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto

de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo

desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os

outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se

14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy

Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126

15

razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias

agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento

de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na

mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da

mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o

conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se

imagina existir

Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-

se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e

investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo

eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se

uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a

ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode

contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se

olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo

cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas

Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15

Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A

15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua

16

metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17

A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19

Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os

vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram

utilizados na concepccedilatildeo de um jogo

17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso

desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo

19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)

17

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial

Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo

Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade

Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria

constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos

(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute

formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo

realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-

se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja

a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste

momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois

este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos

inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute

originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na

Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a

virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo

movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o

Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das

virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo

enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista

impregnada e condicionada agrave realidade manifesta

20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor

acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural

22 Ibidem opcit p 140

18

A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo

citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami

O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23

[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24

Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis

derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe

em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25

Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na

Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em

que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que

sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o

natildeo-ser pode elucidar a questatildeo

Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26

23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76

19

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do

fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que

estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura

principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos

Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como

uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta

concepccedilatildeo o Game Design

Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais

comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo

que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina

(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees

entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre

utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem

com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no

sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo

auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o

objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que

constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)

O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de

ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o

ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e

fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco

complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior

o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros

ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir

20

da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos

virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem

ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede

de mundos virtuais

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios

principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o

ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o

centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o

usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as

fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador

precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para

chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo

tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que

abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as

portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho

possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer

ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem

possuem luzes com as cores usadas nas mandalas

A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso

desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela

A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o

vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca

A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o

fogo Eacute iluminada com a cor vermelha

21

A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a

gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul

A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se

pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo

material Eacute iluminada com a cor verde

Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas

que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio

eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para

continuar sua jornada ao centro do labirinto

Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode

neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o

labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas

convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras

na alma segundo Gilles Deleuze

O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute

um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar

e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por

fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio

pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais

Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o

hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra

dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar

para o ldquoAndar de Cimardquo

Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que

poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro

22

O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em

faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho

O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e

que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto

sonoro

O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo

cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard

Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)

O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos

Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em

expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos

virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a

partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da

seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de

internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site

httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o

jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio

ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na

esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute

pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade

de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World

Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que

estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa

23

A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de

programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois

tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria

imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do

tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo

de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27

VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28

A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos

satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano

A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29

Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui

melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o

usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais

avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas

27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit

24

Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute

universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e

preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio

que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos

virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio

apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente

distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem

ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute

o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para

VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no

editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in

seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a

partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria

Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos

tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que

geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para

que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual

A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser

de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios

conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um

desenvolvedor de mundos virtuais

25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas

Bi-polar ndash Night Air

Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy

Dead Can Dance ndash Arabian Gothic

Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics

Vangelis ndash Tales of the Future

Vangelis ndash Damask Rose

Akalbeth ndash Taoxm

Trilha Sonora original do seriado Star Trek

Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios

bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz

bull 128 MB de memoacuteria RAM

bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8

bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet

bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido

bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com

Direct3D e OpenGL

Software ou Programas necessaacuterios

bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP

bull Internet Explorer 5 ou superior

bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player

(httpwwwcacomcosmo)

ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)

OBS O Cosmo Player para Windows 98NT

O CORTONA VRML Client para Windows XP

A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas

entre si para a concepccedilatildeo do jogo

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

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16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

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Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

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17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

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Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

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As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

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As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

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A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

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18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

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Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

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[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

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ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismooriental Traduccedilatildeo de Joseacute Fernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999

DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L OrlandiCampinas Papirus 1991

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GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

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63

Sites

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 9: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

8

SUMAacuteRIO

1 NOTA INTRODUTOacuteRIA9

11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade11

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial17

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema25

14 UFOS OacuteVNIS26

15 Ciacuterculos Ingleses30

16 Geometria Sagrada33

17 Mandalas36

18 Labirintos41

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos49

110 Os Labirintos e as Dobras51

111 O Atomismo Grego52

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva54

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS59

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS61

APEcircNDICE64

Legendas das imagens mais intrigantes do mundo virtual

HyperCube64

9

1 NOTA INTRODUTOacuteRIA

Todas as palavras ressaltadas com negrito satildeo de iniciativa do aluno

servindo para demarcar as linhas de relaccedilotildees entre as mesmas e com isso a consequumlente

semiose entatildeo todos os negritos satildeo nossos

Gostaria de ressaltar tambeacutem que natildeo haacute verdades absolutas mas infinitas

possibilidades de verdades relativas e portanto ningueacutem pode dizer que a ciecircncia materialista

estaacute sempre com toda razatildeo com todas as explicaccedilotildees e com todas as provas que possam

porventura constituir algum tipo de verdade ldquoO conceito de verdade natildeo estaacute na prova e sim

na evidecircncia dos fatosrdquo1 As provas soacute se tornam provas para quem aceita as evidecircncias

apresentadas Por isso ldquonem tudo o que eacute provado deve ser obrigatoriamente verdadeiro e

nem tudo o que eacute verdadeiro pode ser definitivamente provadordquo2 Existem evidecircncias de que

este velho paradigma cientiacutefico preconizado por Descartes e desenvolvido por Newton natildeo

atende a todos os fenocircmenos que ocorrem no mundo por isso se faz necessaacuterio buscar outras

respostas alhures em outros paradigmas e outras hipoacuteteses e a Fiacutesica Quacircntica tem

contribuiacutedo para isso pois ela por si soacute jaacute derruba toda uma ontologia materialista E

felizmente pode-se encontrar respostas em outro paradigma o paradigma de uma ciecircncia

natildeo-materialista que natildeo diz que o ser humano eacute um monte de carne que se move ou uma

maacutequina apenas e que o universo natildeo eacute sem propoacutesito ou se fez por si soacute Em um paradigma

espiritualista a ciecircncia estaacute aberta a essas questotildees que o materialismo natildeo explica por isso as

nega veementemente

E eacute nesse paradigma espiritualista que coisas tomadas como epifenocircmenos

(fenocircmenos secundaacuterios) da mateacuteria como a consciecircncia mudam de lugar e passam a ser a

1 ANDRADE Hernani G Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte Satildeo Paulo

FE 2000 p 72 Ibidem p 6

10

base o princiacutepio e a essecircncia de tudo portanto abre espaccedilo para uma integraccedilatildeo entre ciecircncia

e espiritualidade que jaacute comeccedilou e que toma o espaccedilo do materialismo que constitui o status

quo ou establishment cientiacutefico atual (sem contudo refutaacute-lo pelo contraacuterio toma-o como

parte das explicaccedilotildees) tudo isso segundo evidecircncias que vatildeo sendo passo a passo desveladas

pela Fiacutesica do seacutec XX

Eacute sob este paradigma transdisciplinar e espiritualista e com uma mente

aberta que deve ser visto e analisado este trabalho que eacute constituiacutedo por uma compilaccedilatildeo de

citaccedilotildees de autores que apoacuteiam as ideacuteias que pretendo relacionar entre si

Mas os ceacuteticos estes nunca poderatildeo ser contentados por julgarem que todos

os experimentos e ideacuteias devem se adequar aos seus gostos e vontades por isso mesmo nunca

seratildeo atendidos a eles resta-lhes apenas sua proacutepria incredulidade em si mesmos portanto

na Natureza

11

11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade

Desde que a Ciecircncia sai da observaccedilatildeo material dos fatos e trata de apreciare de explicar esses fatos o campo estaacute aberto agraves conjecturas Cada um trazseu pequeno sistema que quer fazer prevalecer e o sustenta com obstinaccedilatildeoNatildeo vemos todos os dias as opiniotildees mais divergentes alternativamentepreconizadas e rejeitadas logo repelidas como erros absurdos depoisproclamadas como verdades incontestaacuteveis Os fatos eis o verdadeirocriteacuterio dos nossos julgamentos o argumento sem reacuteplica Na ausecircncia defatos a duacutevida eacute a opiniatildeo do saacutebioPara as coisas notoacuterias a opiniatildeo dos saacutebios faz feacute a justo tiacutetulo porque elessabem mais e melhor que o vulgo mas em fatos de princiacutepios novos decoisas desconhecidas sua maneira de ver natildeo eacute sempre senatildeo hipoteacuteticaporque natildeo satildeo mais que os outros isentos de preconceitos Eu diria mesmoque o saacutebio talvez tem mais preconceito que qualquer outro porque umapropensatildeo natural o leva a tudo subordinar ao ponto de vista que eleaprofundou o matemaacutetico natildeo vecirc prova senatildeo numa demonstraccedilatildeoalgeacutebrica o quiacutemico relaciona tudo com a accedilatildeo dos elementos etc Todohomem que faz uma especialidade a ela subordina todas as suas ideacuteias tirai-o de laacute e frequumlentemente ele desarrazoa porque quer submeter tudo aomesmo crivo eacute uma consequumlecircncia da fraqueza humana3

A maior parte da biologia e da psicologia assim como virtualmente todas asnossas ciecircncias sociais satildeo praticadas sobre uma base newtoniana A ciecircncianewtoniana nos deu alguns preconceitos resistentes ndash como o determinismoa objetividade forte e o materialismo ndash que satildeo adequados quandoinvestigamos a ordem do mundo exterior Mas o propoacutesito daespiritualidade e da religiatildeo eacute investigar nossa realidade interior eacute pocircr emordem nossa vida interior [] Como a espiritualidade exige que aconsciecircncia desempenhe um papel fundamental eacute difiacutecil se natildeo impossiacutevelencontrar um lugar para a espiritualidade numa ciecircncia objetiva ematerialista4

De iniacutecio um diaacutelogo entre ciecircncia e religiatildeo parece um tanto improvaacutevelTanto a ciecircncia como a religiatildeo se empenham na busca da verdade As duasse baseiam na intuiccedilatildeo de que a verdade eacute uacutenica e natildeo pluralista Oproblema eacute que mesmo quando natildeo avanccedilamos o bastante em nossa buscanoacutes tentamos impor nossa limitada verdade aos outros Eacute o que vaacuteriasreligiotildees exoteacutericas5 fazem tradicionalmente hoje a ciecircncia faz a mesmacoisa o que levou agrave atual polarizaccedilatildeo entre ciecircncia e religiatildeo6

3 KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE 131a ed 2000 p 22-234 GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de

Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003 p 19-205 Ver definiccedilatildeo de ldquoesoteacutericordquo e ldquoexoteacutericordquo agrave paacutegina 496 GOSWAMI 2003 p 21

12

Aleacutem disso a metodologia oferecida pelas religiotildees ndash a feacute ndash eacutediametralmente oposta agrave metodologia desenvolvida pela ciecircncia O meacutetodocientiacutefico eacute baseado em tentativa e erro [] Elabore uma teoria e verifique-a O enorme sucesso da ciecircncia comprova a eficaacutecia da sua metodologia Emcomparaccedilatildeo somente algumas pessoas afirmaram ter atingido atransformaccedilatildeo por meio da feacute e muitos desses relatos satildeo discutiacuteveis aosolhos da ciecircncia7

Como pode haver um diaacutelogo uma comunicaccedilatildeo dotada de sentido entreuma tradiccedilatildeo cientiacutefica que ridiculariza concepccedilotildees ldquonatildeo-cientiacuteficasrdquo comoos milagres ou a teleologia e uma tradiccedilatildeo religiosa que abomina oldquocientificismordquo (ciecircncia praticada como religiatildeo em vez do uso deargumentos estritamente cientiacuteficos contra Deus) O debate no Ocidentenatildeo conseguiu superar esse impasse8

A histoacuteria intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entretrecircs ldquoismosrdquo filosoacuteficos ndash dualismo idealismo monista e realismomaterialista Os dualistas orientais como os dualistas do Ocidente acreditamque Deus e o mundo ndash Deus e noacutes ndash satildeo separados Quando estamos comDeus somos felizes por isso os dualistas nos fornecem praacuteticas devocionaise eacuteticas para nos ajudar a estar com Deus mais ou menos como faz ocristianismo exoteacuterico no Ocidente Os partidaacuterios do idealismo monistasalientam que sua filosofia baseia-se na investigaccedilatildeo que a consciecircnciapode ser conhecida diretamente em toda sua essecircncia abrangente porqueldquonoacutes somos Issordquo Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundopelo conhecimento direto quando descobrimos nossa plenitude noacutes nostornamos felizes porque nossa verdadeira natureza eacute a felicidade [] E osdogmas do realismo materialista ndash argumentam os idealistas ndash satildeo puraespeculaccedilatildeo ou resultam igualmente de investigaccedilotildees incompletas A issoos realistas materialistas opotildeem que eacute uma tolice basear nossa metafiacutesica emexperiecircncias subjetivas E os dualistas ridicularizam a ideacuteia de que aseparaccedilatildeo entre Deus e o mundo seja produto de maya910

Mas como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI 2003 p 30) corretamente arealidade natildeo eacute dualiacutestica a realidade eacute uma integraccedilatildeo moniacutestica doimanente no transcendente []Muitos cientistas experimentando uma outra via de integraccedilatildeo procuram[] explicar a metade subjetiva do mundo a consciecircncia o eu aespiritualidade e os valores morais Para esses cientistas explicar aconsciecircncia eacute uma questatildeo de compreender como o ceacuterebro se comportacomo uma complexa maacutequina material A consciecircncia eacute um epifenocircmeno damateacuteria Esses cientistas indagam o que na complexidade do ceacuterebro otorna consciente ou torna a eacutetica importante Eacute possiacutevel que umepifenocircmeno da mateacuteria tenha uma aparecircncia de eficaacutecia causal e mesmo decriatividade e espiritualidade 11

7 GOSWAMI 2003 p 248 Ibidem p 259 Uma definiccedilatildeo de maya se encontra agrave paacutegina 5510 GOSWAMI 2003 p 2811 Ibidem p 30

13

Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo

natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo

encontrou resposta alguma

Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13

12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual

encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo

13 GOSWAMI 2003 p 31-32

14

Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda

fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo

faz parte da ordem materialista da realidade

Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14

Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as

mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder

Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se

alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a

espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa

Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo

a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma

direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo

entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de

compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este

resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto

de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo

desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os

outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se

14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy

Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126

15

razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias

agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento

de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na

mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da

mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o

conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se

imagina existir

Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-

se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e

investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo

eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se

uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a

ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode

contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se

olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo

cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas

Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15

Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A

15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua

16

metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17

A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19

Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os

vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram

utilizados na concepccedilatildeo de um jogo

17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso

desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo

19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)

17

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial

Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo

Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade

Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria

constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos

(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute

formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo

realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-

se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja

a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste

momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois

este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos

inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute

originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na

Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a

virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo

movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o

Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das

virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo

enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista

impregnada e condicionada agrave realidade manifesta

20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor

acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural

22 Ibidem opcit p 140

18

A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo

citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami

O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23

[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24

Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis

derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe

em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25

Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na

Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em

que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que

sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o

natildeo-ser pode elucidar a questatildeo

Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26

23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76

19

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do

fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que

estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura

principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos

Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como

uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta

concepccedilatildeo o Game Design

Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais

comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo

que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina

(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees

entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre

utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem

com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no

sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo

auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o

objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que

constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)

O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de

ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o

ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e

fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco

complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior

o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros

ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir

20

da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos

virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem

ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede

de mundos virtuais

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios

principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o

ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o

centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o

usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as

fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador

precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para

chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo

tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que

abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as

portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho

possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer

ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem

possuem luzes com as cores usadas nas mandalas

A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso

desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela

A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o

vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca

A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o

fogo Eacute iluminada com a cor vermelha

21

A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a

gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul

A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se

pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo

material Eacute iluminada com a cor verde

Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas

que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio

eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para

continuar sua jornada ao centro do labirinto

Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode

neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o

labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas

convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras

na alma segundo Gilles Deleuze

O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute

um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar

e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por

fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio

pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais

Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o

hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra

dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar

para o ldquoAndar de Cimardquo

Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que

poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro

22

O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em

faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho

O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e

que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto

sonoro

O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo

cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard

Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)

O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos

Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em

expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos

virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a

partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da

seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de

internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site

httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o

jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio

ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na

esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute

pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade

de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World

Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que

estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa

23

A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de

programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois

tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria

imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do

tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo

de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27

VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28

A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos

satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano

A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29

Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui

melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o

usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais

avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas

27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit

24

Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute

universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e

preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio

que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos

virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio

apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente

distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem

ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute

o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para

VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no

editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in

seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a

partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria

Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos

tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que

geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para

que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual

A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser

de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios

conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um

desenvolvedor de mundos virtuais

25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas

Bi-polar ndash Night Air

Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy

Dead Can Dance ndash Arabian Gothic

Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics

Vangelis ndash Tales of the Future

Vangelis ndash Damask Rose

Akalbeth ndash Taoxm

Trilha Sonora original do seriado Star Trek

Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios

bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz

bull 128 MB de memoacuteria RAM

bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8

bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet

bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido

bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com

Direct3D e OpenGL

Software ou Programas necessaacuterios

bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP

bull Internet Explorer 5 ou superior

bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player

(httpwwwcacomcosmo)

ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)

OBS O Cosmo Player para Windows 98NT

O CORTONA VRML Client para Windows XP

A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas

entre si para a concepccedilatildeo do jogo

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

44

somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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63

Sites

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httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 10: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

9

1 NOTA INTRODUTOacuteRIA

Todas as palavras ressaltadas com negrito satildeo de iniciativa do aluno

servindo para demarcar as linhas de relaccedilotildees entre as mesmas e com isso a consequumlente

semiose entatildeo todos os negritos satildeo nossos

Gostaria de ressaltar tambeacutem que natildeo haacute verdades absolutas mas infinitas

possibilidades de verdades relativas e portanto ningueacutem pode dizer que a ciecircncia materialista

estaacute sempre com toda razatildeo com todas as explicaccedilotildees e com todas as provas que possam

porventura constituir algum tipo de verdade ldquoO conceito de verdade natildeo estaacute na prova e sim

na evidecircncia dos fatosrdquo1 As provas soacute se tornam provas para quem aceita as evidecircncias

apresentadas Por isso ldquonem tudo o que eacute provado deve ser obrigatoriamente verdadeiro e

nem tudo o que eacute verdadeiro pode ser definitivamente provadordquo2 Existem evidecircncias de que

este velho paradigma cientiacutefico preconizado por Descartes e desenvolvido por Newton natildeo

atende a todos os fenocircmenos que ocorrem no mundo por isso se faz necessaacuterio buscar outras

respostas alhures em outros paradigmas e outras hipoacuteteses e a Fiacutesica Quacircntica tem

contribuiacutedo para isso pois ela por si soacute jaacute derruba toda uma ontologia materialista E

felizmente pode-se encontrar respostas em outro paradigma o paradigma de uma ciecircncia

natildeo-materialista que natildeo diz que o ser humano eacute um monte de carne que se move ou uma

maacutequina apenas e que o universo natildeo eacute sem propoacutesito ou se fez por si soacute Em um paradigma

espiritualista a ciecircncia estaacute aberta a essas questotildees que o materialismo natildeo explica por isso as

nega veementemente

E eacute nesse paradigma espiritualista que coisas tomadas como epifenocircmenos

(fenocircmenos secundaacuterios) da mateacuteria como a consciecircncia mudam de lugar e passam a ser a

1 ANDRADE Hernani G Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte Satildeo Paulo

FE 2000 p 72 Ibidem p 6

10

base o princiacutepio e a essecircncia de tudo portanto abre espaccedilo para uma integraccedilatildeo entre ciecircncia

e espiritualidade que jaacute comeccedilou e que toma o espaccedilo do materialismo que constitui o status

quo ou establishment cientiacutefico atual (sem contudo refutaacute-lo pelo contraacuterio toma-o como

parte das explicaccedilotildees) tudo isso segundo evidecircncias que vatildeo sendo passo a passo desveladas

pela Fiacutesica do seacutec XX

Eacute sob este paradigma transdisciplinar e espiritualista e com uma mente

aberta que deve ser visto e analisado este trabalho que eacute constituiacutedo por uma compilaccedilatildeo de

citaccedilotildees de autores que apoacuteiam as ideacuteias que pretendo relacionar entre si

Mas os ceacuteticos estes nunca poderatildeo ser contentados por julgarem que todos

os experimentos e ideacuteias devem se adequar aos seus gostos e vontades por isso mesmo nunca

seratildeo atendidos a eles resta-lhes apenas sua proacutepria incredulidade em si mesmos portanto

na Natureza

11

11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade

Desde que a Ciecircncia sai da observaccedilatildeo material dos fatos e trata de apreciare de explicar esses fatos o campo estaacute aberto agraves conjecturas Cada um trazseu pequeno sistema que quer fazer prevalecer e o sustenta com obstinaccedilatildeoNatildeo vemos todos os dias as opiniotildees mais divergentes alternativamentepreconizadas e rejeitadas logo repelidas como erros absurdos depoisproclamadas como verdades incontestaacuteveis Os fatos eis o verdadeirocriteacuterio dos nossos julgamentos o argumento sem reacuteplica Na ausecircncia defatos a duacutevida eacute a opiniatildeo do saacutebioPara as coisas notoacuterias a opiniatildeo dos saacutebios faz feacute a justo tiacutetulo porque elessabem mais e melhor que o vulgo mas em fatos de princiacutepios novos decoisas desconhecidas sua maneira de ver natildeo eacute sempre senatildeo hipoteacuteticaporque natildeo satildeo mais que os outros isentos de preconceitos Eu diria mesmoque o saacutebio talvez tem mais preconceito que qualquer outro porque umapropensatildeo natural o leva a tudo subordinar ao ponto de vista que eleaprofundou o matemaacutetico natildeo vecirc prova senatildeo numa demonstraccedilatildeoalgeacutebrica o quiacutemico relaciona tudo com a accedilatildeo dos elementos etc Todohomem que faz uma especialidade a ela subordina todas as suas ideacuteias tirai-o de laacute e frequumlentemente ele desarrazoa porque quer submeter tudo aomesmo crivo eacute uma consequumlecircncia da fraqueza humana3

A maior parte da biologia e da psicologia assim como virtualmente todas asnossas ciecircncias sociais satildeo praticadas sobre uma base newtoniana A ciecircncianewtoniana nos deu alguns preconceitos resistentes ndash como o determinismoa objetividade forte e o materialismo ndash que satildeo adequados quandoinvestigamos a ordem do mundo exterior Mas o propoacutesito daespiritualidade e da religiatildeo eacute investigar nossa realidade interior eacute pocircr emordem nossa vida interior [] Como a espiritualidade exige que aconsciecircncia desempenhe um papel fundamental eacute difiacutecil se natildeo impossiacutevelencontrar um lugar para a espiritualidade numa ciecircncia objetiva ematerialista4

De iniacutecio um diaacutelogo entre ciecircncia e religiatildeo parece um tanto improvaacutevelTanto a ciecircncia como a religiatildeo se empenham na busca da verdade As duasse baseiam na intuiccedilatildeo de que a verdade eacute uacutenica e natildeo pluralista Oproblema eacute que mesmo quando natildeo avanccedilamos o bastante em nossa buscanoacutes tentamos impor nossa limitada verdade aos outros Eacute o que vaacuteriasreligiotildees exoteacutericas5 fazem tradicionalmente hoje a ciecircncia faz a mesmacoisa o que levou agrave atual polarizaccedilatildeo entre ciecircncia e religiatildeo6

3 KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE 131a ed 2000 p 22-234 GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de

Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003 p 19-205 Ver definiccedilatildeo de ldquoesoteacutericordquo e ldquoexoteacutericordquo agrave paacutegina 496 GOSWAMI 2003 p 21

12

Aleacutem disso a metodologia oferecida pelas religiotildees ndash a feacute ndash eacutediametralmente oposta agrave metodologia desenvolvida pela ciecircncia O meacutetodocientiacutefico eacute baseado em tentativa e erro [] Elabore uma teoria e verifique-a O enorme sucesso da ciecircncia comprova a eficaacutecia da sua metodologia Emcomparaccedilatildeo somente algumas pessoas afirmaram ter atingido atransformaccedilatildeo por meio da feacute e muitos desses relatos satildeo discutiacuteveis aosolhos da ciecircncia7

Como pode haver um diaacutelogo uma comunicaccedilatildeo dotada de sentido entreuma tradiccedilatildeo cientiacutefica que ridiculariza concepccedilotildees ldquonatildeo-cientiacuteficasrdquo comoos milagres ou a teleologia e uma tradiccedilatildeo religiosa que abomina oldquocientificismordquo (ciecircncia praticada como religiatildeo em vez do uso deargumentos estritamente cientiacuteficos contra Deus) O debate no Ocidentenatildeo conseguiu superar esse impasse8

A histoacuteria intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entretrecircs ldquoismosrdquo filosoacuteficos ndash dualismo idealismo monista e realismomaterialista Os dualistas orientais como os dualistas do Ocidente acreditamque Deus e o mundo ndash Deus e noacutes ndash satildeo separados Quando estamos comDeus somos felizes por isso os dualistas nos fornecem praacuteticas devocionaise eacuteticas para nos ajudar a estar com Deus mais ou menos como faz ocristianismo exoteacuterico no Ocidente Os partidaacuterios do idealismo monistasalientam que sua filosofia baseia-se na investigaccedilatildeo que a consciecircnciapode ser conhecida diretamente em toda sua essecircncia abrangente porqueldquonoacutes somos Issordquo Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundopelo conhecimento direto quando descobrimos nossa plenitude noacutes nostornamos felizes porque nossa verdadeira natureza eacute a felicidade [] E osdogmas do realismo materialista ndash argumentam os idealistas ndash satildeo puraespeculaccedilatildeo ou resultam igualmente de investigaccedilotildees incompletas A issoos realistas materialistas opotildeem que eacute uma tolice basear nossa metafiacutesica emexperiecircncias subjetivas E os dualistas ridicularizam a ideacuteia de que aseparaccedilatildeo entre Deus e o mundo seja produto de maya910

Mas como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI 2003 p 30) corretamente arealidade natildeo eacute dualiacutestica a realidade eacute uma integraccedilatildeo moniacutestica doimanente no transcendente []Muitos cientistas experimentando uma outra via de integraccedilatildeo procuram[] explicar a metade subjetiva do mundo a consciecircncia o eu aespiritualidade e os valores morais Para esses cientistas explicar aconsciecircncia eacute uma questatildeo de compreender como o ceacuterebro se comportacomo uma complexa maacutequina material A consciecircncia eacute um epifenocircmeno damateacuteria Esses cientistas indagam o que na complexidade do ceacuterebro otorna consciente ou torna a eacutetica importante Eacute possiacutevel que umepifenocircmeno da mateacuteria tenha uma aparecircncia de eficaacutecia causal e mesmo decriatividade e espiritualidade 11

7 GOSWAMI 2003 p 248 Ibidem p 259 Uma definiccedilatildeo de maya se encontra agrave paacutegina 5510 GOSWAMI 2003 p 2811 Ibidem p 30

13

Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo

natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo

encontrou resposta alguma

Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13

12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual

encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo

13 GOSWAMI 2003 p 31-32

14

Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda

fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo

faz parte da ordem materialista da realidade

Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14

Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as

mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder

Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se

alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a

espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa

Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo

a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma

direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo

entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de

compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este

resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto

de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo

desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os

outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se

14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy

Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126

15

razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias

agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento

de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na

mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da

mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o

conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se

imagina existir

Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-

se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e

investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo

eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se

uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a

ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode

contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se

olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo

cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas

Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15

Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A

15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua

16

metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17

A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19

Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os

vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram

utilizados na concepccedilatildeo de um jogo

17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso

desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo

19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)

17

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial

Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo

Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade

Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria

constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos

(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute

formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo

realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-

se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja

a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste

momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois

este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos

inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute

originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na

Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a

virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo

movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o

Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das

virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo

enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista

impregnada e condicionada agrave realidade manifesta

20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor

acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural

22 Ibidem opcit p 140

18

A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo

citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami

O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23

[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24

Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis

derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe

em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25

Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na

Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em

que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que

sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o

natildeo-ser pode elucidar a questatildeo

Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26

23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76

19

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do

fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que

estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura

principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos

Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como

uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta

concepccedilatildeo o Game Design

Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais

comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo

que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina

(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees

entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre

utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem

com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no

sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo

auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o

objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que

constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)

O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de

ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o

ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e

fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco

complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior

o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros

ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir

20

da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos

virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem

ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede

de mundos virtuais

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios

principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o

ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o

centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o

usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as

fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador

precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para

chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo

tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que

abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as

portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho

possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer

ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem

possuem luzes com as cores usadas nas mandalas

A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso

desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela

A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o

vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca

A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o

fogo Eacute iluminada com a cor vermelha

21

A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a

gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul

A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se

pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo

material Eacute iluminada com a cor verde

Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas

que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio

eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para

continuar sua jornada ao centro do labirinto

Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode

neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o

labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas

convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras

na alma segundo Gilles Deleuze

O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute

um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar

e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por

fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio

pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais

Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o

hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra

dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar

para o ldquoAndar de Cimardquo

Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que

poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro

22

O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em

faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho

O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e

que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto

sonoro

O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo

cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard

Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)

O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos

Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em

expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos

virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a

partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da

seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de

internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site

httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o

jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio

ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na

esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute

pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade

de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World

Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que

estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa

23

A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de

programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois

tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria

imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do

tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo

de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27

VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28

A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos

satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano

A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29

Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui

melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o

usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais

avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas

27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit

24

Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute

universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e

preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio

que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos

virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio

apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente

distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem

ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute

o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para

VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no

editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in

seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a

partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria

Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos

tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que

geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para

que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual

A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser

de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios

conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um

desenvolvedor de mundos virtuais

25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas

Bi-polar ndash Night Air

Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy

Dead Can Dance ndash Arabian Gothic

Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics

Vangelis ndash Tales of the Future

Vangelis ndash Damask Rose

Akalbeth ndash Taoxm

Trilha Sonora original do seriado Star Trek

Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios

bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz

bull 128 MB de memoacuteria RAM

bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8

bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet

bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido

bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com

Direct3D e OpenGL

Software ou Programas necessaacuterios

bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP

bull Internet Explorer 5 ou superior

bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player

(httpwwwcacomcosmo)

ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)

OBS O Cosmo Player para Windows 98NT

O CORTONA VRML Client para Windows XP

A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas

entre si para a concepccedilatildeo do jogo

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 11: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

10

base o princiacutepio e a essecircncia de tudo portanto abre espaccedilo para uma integraccedilatildeo entre ciecircncia

e espiritualidade que jaacute comeccedilou e que toma o espaccedilo do materialismo que constitui o status

quo ou establishment cientiacutefico atual (sem contudo refutaacute-lo pelo contraacuterio toma-o como

parte das explicaccedilotildees) tudo isso segundo evidecircncias que vatildeo sendo passo a passo desveladas

pela Fiacutesica do seacutec XX

Eacute sob este paradigma transdisciplinar e espiritualista e com uma mente

aberta que deve ser visto e analisado este trabalho que eacute constituiacutedo por uma compilaccedilatildeo de

citaccedilotildees de autores que apoacuteiam as ideacuteias que pretendo relacionar entre si

Mas os ceacuteticos estes nunca poderatildeo ser contentados por julgarem que todos

os experimentos e ideacuteias devem se adequar aos seus gostos e vontades por isso mesmo nunca

seratildeo atendidos a eles resta-lhes apenas sua proacutepria incredulidade em si mesmos portanto

na Natureza

11

11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade

Desde que a Ciecircncia sai da observaccedilatildeo material dos fatos e trata de apreciare de explicar esses fatos o campo estaacute aberto agraves conjecturas Cada um trazseu pequeno sistema que quer fazer prevalecer e o sustenta com obstinaccedilatildeoNatildeo vemos todos os dias as opiniotildees mais divergentes alternativamentepreconizadas e rejeitadas logo repelidas como erros absurdos depoisproclamadas como verdades incontestaacuteveis Os fatos eis o verdadeirocriteacuterio dos nossos julgamentos o argumento sem reacuteplica Na ausecircncia defatos a duacutevida eacute a opiniatildeo do saacutebioPara as coisas notoacuterias a opiniatildeo dos saacutebios faz feacute a justo tiacutetulo porque elessabem mais e melhor que o vulgo mas em fatos de princiacutepios novos decoisas desconhecidas sua maneira de ver natildeo eacute sempre senatildeo hipoteacuteticaporque natildeo satildeo mais que os outros isentos de preconceitos Eu diria mesmoque o saacutebio talvez tem mais preconceito que qualquer outro porque umapropensatildeo natural o leva a tudo subordinar ao ponto de vista que eleaprofundou o matemaacutetico natildeo vecirc prova senatildeo numa demonstraccedilatildeoalgeacutebrica o quiacutemico relaciona tudo com a accedilatildeo dos elementos etc Todohomem que faz uma especialidade a ela subordina todas as suas ideacuteias tirai-o de laacute e frequumlentemente ele desarrazoa porque quer submeter tudo aomesmo crivo eacute uma consequumlecircncia da fraqueza humana3

A maior parte da biologia e da psicologia assim como virtualmente todas asnossas ciecircncias sociais satildeo praticadas sobre uma base newtoniana A ciecircncianewtoniana nos deu alguns preconceitos resistentes ndash como o determinismoa objetividade forte e o materialismo ndash que satildeo adequados quandoinvestigamos a ordem do mundo exterior Mas o propoacutesito daespiritualidade e da religiatildeo eacute investigar nossa realidade interior eacute pocircr emordem nossa vida interior [] Como a espiritualidade exige que aconsciecircncia desempenhe um papel fundamental eacute difiacutecil se natildeo impossiacutevelencontrar um lugar para a espiritualidade numa ciecircncia objetiva ematerialista4

De iniacutecio um diaacutelogo entre ciecircncia e religiatildeo parece um tanto improvaacutevelTanto a ciecircncia como a religiatildeo se empenham na busca da verdade As duasse baseiam na intuiccedilatildeo de que a verdade eacute uacutenica e natildeo pluralista Oproblema eacute que mesmo quando natildeo avanccedilamos o bastante em nossa buscanoacutes tentamos impor nossa limitada verdade aos outros Eacute o que vaacuteriasreligiotildees exoteacutericas5 fazem tradicionalmente hoje a ciecircncia faz a mesmacoisa o que levou agrave atual polarizaccedilatildeo entre ciecircncia e religiatildeo6

3 KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE 131a ed 2000 p 22-234 GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de

Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003 p 19-205 Ver definiccedilatildeo de ldquoesoteacutericordquo e ldquoexoteacutericordquo agrave paacutegina 496 GOSWAMI 2003 p 21

12

Aleacutem disso a metodologia oferecida pelas religiotildees ndash a feacute ndash eacutediametralmente oposta agrave metodologia desenvolvida pela ciecircncia O meacutetodocientiacutefico eacute baseado em tentativa e erro [] Elabore uma teoria e verifique-a O enorme sucesso da ciecircncia comprova a eficaacutecia da sua metodologia Emcomparaccedilatildeo somente algumas pessoas afirmaram ter atingido atransformaccedilatildeo por meio da feacute e muitos desses relatos satildeo discutiacuteveis aosolhos da ciecircncia7

Como pode haver um diaacutelogo uma comunicaccedilatildeo dotada de sentido entreuma tradiccedilatildeo cientiacutefica que ridiculariza concepccedilotildees ldquonatildeo-cientiacuteficasrdquo comoos milagres ou a teleologia e uma tradiccedilatildeo religiosa que abomina oldquocientificismordquo (ciecircncia praticada como religiatildeo em vez do uso deargumentos estritamente cientiacuteficos contra Deus) O debate no Ocidentenatildeo conseguiu superar esse impasse8

A histoacuteria intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entretrecircs ldquoismosrdquo filosoacuteficos ndash dualismo idealismo monista e realismomaterialista Os dualistas orientais como os dualistas do Ocidente acreditamque Deus e o mundo ndash Deus e noacutes ndash satildeo separados Quando estamos comDeus somos felizes por isso os dualistas nos fornecem praacuteticas devocionaise eacuteticas para nos ajudar a estar com Deus mais ou menos como faz ocristianismo exoteacuterico no Ocidente Os partidaacuterios do idealismo monistasalientam que sua filosofia baseia-se na investigaccedilatildeo que a consciecircnciapode ser conhecida diretamente em toda sua essecircncia abrangente porqueldquonoacutes somos Issordquo Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundopelo conhecimento direto quando descobrimos nossa plenitude noacutes nostornamos felizes porque nossa verdadeira natureza eacute a felicidade [] E osdogmas do realismo materialista ndash argumentam os idealistas ndash satildeo puraespeculaccedilatildeo ou resultam igualmente de investigaccedilotildees incompletas A issoos realistas materialistas opotildeem que eacute uma tolice basear nossa metafiacutesica emexperiecircncias subjetivas E os dualistas ridicularizam a ideacuteia de que aseparaccedilatildeo entre Deus e o mundo seja produto de maya910

Mas como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI 2003 p 30) corretamente arealidade natildeo eacute dualiacutestica a realidade eacute uma integraccedilatildeo moniacutestica doimanente no transcendente []Muitos cientistas experimentando uma outra via de integraccedilatildeo procuram[] explicar a metade subjetiva do mundo a consciecircncia o eu aespiritualidade e os valores morais Para esses cientistas explicar aconsciecircncia eacute uma questatildeo de compreender como o ceacuterebro se comportacomo uma complexa maacutequina material A consciecircncia eacute um epifenocircmeno damateacuteria Esses cientistas indagam o que na complexidade do ceacuterebro otorna consciente ou torna a eacutetica importante Eacute possiacutevel que umepifenocircmeno da mateacuteria tenha uma aparecircncia de eficaacutecia causal e mesmo decriatividade e espiritualidade 11

7 GOSWAMI 2003 p 248 Ibidem p 259 Uma definiccedilatildeo de maya se encontra agrave paacutegina 5510 GOSWAMI 2003 p 2811 Ibidem p 30

13

Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo

natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo

encontrou resposta alguma

Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13

12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual

encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo

13 GOSWAMI 2003 p 31-32

14

Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda

fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo

faz parte da ordem materialista da realidade

Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14

Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as

mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder

Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se

alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a

espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa

Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo

a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma

direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo

entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de

compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este

resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto

de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo

desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os

outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se

14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy

Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126

15

razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias

agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento

de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na

mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da

mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o

conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se

imagina existir

Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-

se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e

investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo

eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se

uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a

ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode

contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se

olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo

cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas

Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15

Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A

15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua

16

metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17

A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19

Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os

vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram

utilizados na concepccedilatildeo de um jogo

17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso

desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo

19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)

17

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial

Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo

Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade

Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria

constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos

(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute

formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo

realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-

se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja

a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste

momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois

este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos

inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute

originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na

Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a

virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo

movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o

Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das

virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo

enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista

impregnada e condicionada agrave realidade manifesta

20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor

acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural

22 Ibidem opcit p 140

18

A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo

citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami

O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23

[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24

Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis

derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe

em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25

Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na

Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em

que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que

sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o

natildeo-ser pode elucidar a questatildeo

Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26

23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76

19

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do

fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que

estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura

principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos

Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como

uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta

concepccedilatildeo o Game Design

Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais

comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo

que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina

(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees

entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre

utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem

com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no

sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo

auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o

objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que

constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)

O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de

ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o

ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e

fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco

complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior

o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros

ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir

20

da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos

virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem

ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede

de mundos virtuais

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios

principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o

ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o

centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o

usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as

fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador

precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para

chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo

tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que

abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as

portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho

possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer

ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem

possuem luzes com as cores usadas nas mandalas

A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso

desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela

A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o

vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca

A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o

fogo Eacute iluminada com a cor vermelha

21

A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a

gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul

A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se

pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo

material Eacute iluminada com a cor verde

Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas

que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio

eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para

continuar sua jornada ao centro do labirinto

Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode

neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o

labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas

convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras

na alma segundo Gilles Deleuze

O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute

um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar

e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por

fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio

pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais

Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o

hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra

dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar

para o ldquoAndar de Cimardquo

Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que

poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro

22

O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em

faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho

O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e

que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto

sonoro

O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo

cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard

Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)

O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos

Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em

expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos

virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a

partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da

seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de

internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site

httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o

jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio

ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na

esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute

pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade

de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World

Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que

estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa

23

A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de

programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois

tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria

imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do

tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo

de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27

VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28

A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos

satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano

A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29

Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui

melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o

usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais

avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas

27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit

24

Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute

universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e

preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio

que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos

virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio

apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente

distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem

ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute

o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para

VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no

editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in

seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a

partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria

Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos

tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que

geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para

que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual

A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser

de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios

conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um

desenvolvedor de mundos virtuais

25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas

Bi-polar ndash Night Air

Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy

Dead Can Dance ndash Arabian Gothic

Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics

Vangelis ndash Tales of the Future

Vangelis ndash Damask Rose

Akalbeth ndash Taoxm

Trilha Sonora original do seriado Star Trek

Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios

bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz

bull 128 MB de memoacuteria RAM

bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8

bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet

bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido

bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com

Direct3D e OpenGL

Software ou Programas necessaacuterios

bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP

bull Internet Explorer 5 ou superior

bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player

(httpwwwcacomcosmo)

ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)

OBS O Cosmo Player para Windows 98NT

O CORTONA VRML Client para Windows XP

A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas

entre si para a concepccedilatildeo do jogo

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

48

ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

53

Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 12: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

11

11 Consideraccedilotildees sobre a Integraccedilatildeo entre Ciecircncia e Espiritualidade

Desde que a Ciecircncia sai da observaccedilatildeo material dos fatos e trata de apreciare de explicar esses fatos o campo estaacute aberto agraves conjecturas Cada um trazseu pequeno sistema que quer fazer prevalecer e o sustenta com obstinaccedilatildeoNatildeo vemos todos os dias as opiniotildees mais divergentes alternativamentepreconizadas e rejeitadas logo repelidas como erros absurdos depoisproclamadas como verdades incontestaacuteveis Os fatos eis o verdadeirocriteacuterio dos nossos julgamentos o argumento sem reacuteplica Na ausecircncia defatos a duacutevida eacute a opiniatildeo do saacutebioPara as coisas notoacuterias a opiniatildeo dos saacutebios faz feacute a justo tiacutetulo porque elessabem mais e melhor que o vulgo mas em fatos de princiacutepios novos decoisas desconhecidas sua maneira de ver natildeo eacute sempre senatildeo hipoteacuteticaporque natildeo satildeo mais que os outros isentos de preconceitos Eu diria mesmoque o saacutebio talvez tem mais preconceito que qualquer outro porque umapropensatildeo natural o leva a tudo subordinar ao ponto de vista que eleaprofundou o matemaacutetico natildeo vecirc prova senatildeo numa demonstraccedilatildeoalgeacutebrica o quiacutemico relaciona tudo com a accedilatildeo dos elementos etc Todohomem que faz uma especialidade a ela subordina todas as suas ideacuteias tirai-o de laacute e frequumlentemente ele desarrazoa porque quer submeter tudo aomesmo crivo eacute uma consequumlecircncia da fraqueza humana3

A maior parte da biologia e da psicologia assim como virtualmente todas asnossas ciecircncias sociais satildeo praticadas sobre uma base newtoniana A ciecircncianewtoniana nos deu alguns preconceitos resistentes ndash como o determinismoa objetividade forte e o materialismo ndash que satildeo adequados quandoinvestigamos a ordem do mundo exterior Mas o propoacutesito daespiritualidade e da religiatildeo eacute investigar nossa realidade interior eacute pocircr emordem nossa vida interior [] Como a espiritualidade exige que aconsciecircncia desempenhe um papel fundamental eacute difiacutecil se natildeo impossiacutevelencontrar um lugar para a espiritualidade numa ciecircncia objetiva ematerialista4

De iniacutecio um diaacutelogo entre ciecircncia e religiatildeo parece um tanto improvaacutevelTanto a ciecircncia como a religiatildeo se empenham na busca da verdade As duasse baseiam na intuiccedilatildeo de que a verdade eacute uacutenica e natildeo pluralista Oproblema eacute que mesmo quando natildeo avanccedilamos o bastante em nossa buscanoacutes tentamos impor nossa limitada verdade aos outros Eacute o que vaacuteriasreligiotildees exoteacutericas5 fazem tradicionalmente hoje a ciecircncia faz a mesmacoisa o que levou agrave atual polarizaccedilatildeo entre ciecircncia e religiatildeo6

3 KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE 131a ed 2000 p 22-234 GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de

Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003 p 19-205 Ver definiccedilatildeo de ldquoesoteacutericordquo e ldquoexoteacutericordquo agrave paacutegina 496 GOSWAMI 2003 p 21

12

Aleacutem disso a metodologia oferecida pelas religiotildees ndash a feacute ndash eacutediametralmente oposta agrave metodologia desenvolvida pela ciecircncia O meacutetodocientiacutefico eacute baseado em tentativa e erro [] Elabore uma teoria e verifique-a O enorme sucesso da ciecircncia comprova a eficaacutecia da sua metodologia Emcomparaccedilatildeo somente algumas pessoas afirmaram ter atingido atransformaccedilatildeo por meio da feacute e muitos desses relatos satildeo discutiacuteveis aosolhos da ciecircncia7

Como pode haver um diaacutelogo uma comunicaccedilatildeo dotada de sentido entreuma tradiccedilatildeo cientiacutefica que ridiculariza concepccedilotildees ldquonatildeo-cientiacuteficasrdquo comoos milagres ou a teleologia e uma tradiccedilatildeo religiosa que abomina oldquocientificismordquo (ciecircncia praticada como religiatildeo em vez do uso deargumentos estritamente cientiacuteficos contra Deus) O debate no Ocidentenatildeo conseguiu superar esse impasse8

A histoacuteria intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entretrecircs ldquoismosrdquo filosoacuteficos ndash dualismo idealismo monista e realismomaterialista Os dualistas orientais como os dualistas do Ocidente acreditamque Deus e o mundo ndash Deus e noacutes ndash satildeo separados Quando estamos comDeus somos felizes por isso os dualistas nos fornecem praacuteticas devocionaise eacuteticas para nos ajudar a estar com Deus mais ou menos como faz ocristianismo exoteacuterico no Ocidente Os partidaacuterios do idealismo monistasalientam que sua filosofia baseia-se na investigaccedilatildeo que a consciecircnciapode ser conhecida diretamente em toda sua essecircncia abrangente porqueldquonoacutes somos Issordquo Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundopelo conhecimento direto quando descobrimos nossa plenitude noacutes nostornamos felizes porque nossa verdadeira natureza eacute a felicidade [] E osdogmas do realismo materialista ndash argumentam os idealistas ndash satildeo puraespeculaccedilatildeo ou resultam igualmente de investigaccedilotildees incompletas A issoos realistas materialistas opotildeem que eacute uma tolice basear nossa metafiacutesica emexperiecircncias subjetivas E os dualistas ridicularizam a ideacuteia de que aseparaccedilatildeo entre Deus e o mundo seja produto de maya910

Mas como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI 2003 p 30) corretamente arealidade natildeo eacute dualiacutestica a realidade eacute uma integraccedilatildeo moniacutestica doimanente no transcendente []Muitos cientistas experimentando uma outra via de integraccedilatildeo procuram[] explicar a metade subjetiva do mundo a consciecircncia o eu aespiritualidade e os valores morais Para esses cientistas explicar aconsciecircncia eacute uma questatildeo de compreender como o ceacuterebro se comportacomo uma complexa maacutequina material A consciecircncia eacute um epifenocircmeno damateacuteria Esses cientistas indagam o que na complexidade do ceacuterebro otorna consciente ou torna a eacutetica importante Eacute possiacutevel que umepifenocircmeno da mateacuteria tenha uma aparecircncia de eficaacutecia causal e mesmo decriatividade e espiritualidade 11

7 GOSWAMI 2003 p 248 Ibidem p 259 Uma definiccedilatildeo de maya se encontra agrave paacutegina 5510 GOSWAMI 2003 p 2811 Ibidem p 30

13

Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo

natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo

encontrou resposta alguma

Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13

12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual

encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo

13 GOSWAMI 2003 p 31-32

14

Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda

fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo

faz parte da ordem materialista da realidade

Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14

Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as

mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder

Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se

alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a

espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa

Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo

a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma

direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo

entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de

compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este

resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto

de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo

desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os

outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se

14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy

Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126

15

razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias

agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento

de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na

mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da

mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o

conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se

imagina existir

Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-

se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e

investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo

eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se

uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a

ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode

contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se

olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo

cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas

Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15

Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A

15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua

16

metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17

A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19

Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os

vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram

utilizados na concepccedilatildeo de um jogo

17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso

desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo

19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)

17

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial

Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo

Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade

Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria

constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos

(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute

formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo

realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-

se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja

a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste

momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois

este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos

inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute

originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na

Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a

virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo

movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o

Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das

virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo

enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista

impregnada e condicionada agrave realidade manifesta

20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor

acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural

22 Ibidem opcit p 140

18

A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo

citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami

O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23

[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24

Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis

derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe

em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25

Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na

Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em

que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que

sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o

natildeo-ser pode elucidar a questatildeo

Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26

23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76

19

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do

fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que

estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura

principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos

Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como

uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta

concepccedilatildeo o Game Design

Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais

comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo

que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina

(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees

entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre

utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem

com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no

sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo

auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o

objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que

constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)

O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de

ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o

ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e

fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco

complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior

o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros

ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir

20

da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos

virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem

ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede

de mundos virtuais

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios

principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o

ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o

centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o

usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as

fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador

precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para

chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo

tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que

abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as

portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho

possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer

ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem

possuem luzes com as cores usadas nas mandalas

A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso

desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela

A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o

vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca

A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o

fogo Eacute iluminada com a cor vermelha

21

A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a

gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul

A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se

pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo

material Eacute iluminada com a cor verde

Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas

que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio

eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para

continuar sua jornada ao centro do labirinto

Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode

neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o

labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas

convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras

na alma segundo Gilles Deleuze

O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute

um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar

e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por

fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio

pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais

Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o

hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra

dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar

para o ldquoAndar de Cimardquo

Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que

poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro

22

O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em

faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho

O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e

que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto

sonoro

O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo

cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard

Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)

O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos

Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em

expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos

virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a

partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da

seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de

internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site

httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o

jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio

ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na

esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute

pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade

de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World

Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que

estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa

23

A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de

programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois

tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria

imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do

tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo

de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27

VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28

A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos

satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano

A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29

Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui

melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o

usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais

avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas

27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit

24

Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute

universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e

preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio

que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos

virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio

apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente

distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem

ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute

o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para

VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no

editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in

seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a

partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria

Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos

tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que

geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para

que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual

A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser

de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios

conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um

desenvolvedor de mundos virtuais

25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas

Bi-polar ndash Night Air

Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy

Dead Can Dance ndash Arabian Gothic

Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics

Vangelis ndash Tales of the Future

Vangelis ndash Damask Rose

Akalbeth ndash Taoxm

Trilha Sonora original do seriado Star Trek

Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios

bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz

bull 128 MB de memoacuteria RAM

bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8

bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet

bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido

bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com

Direct3D e OpenGL

Software ou Programas necessaacuterios

bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP

bull Internet Explorer 5 ou superior

bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player

(httpwwwcacomcosmo)

ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)

OBS O Cosmo Player para Windows 98NT

O CORTONA VRML Client para Windows XP

A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas

entre si para a concepccedilatildeo do jogo

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 13: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

12

Aleacutem disso a metodologia oferecida pelas religiotildees ndash a feacute ndash eacutediametralmente oposta agrave metodologia desenvolvida pela ciecircncia O meacutetodocientiacutefico eacute baseado em tentativa e erro [] Elabore uma teoria e verifique-a O enorme sucesso da ciecircncia comprova a eficaacutecia da sua metodologia Emcomparaccedilatildeo somente algumas pessoas afirmaram ter atingido atransformaccedilatildeo por meio da feacute e muitos desses relatos satildeo discutiacuteveis aosolhos da ciecircncia7

Como pode haver um diaacutelogo uma comunicaccedilatildeo dotada de sentido entreuma tradiccedilatildeo cientiacutefica que ridiculariza concepccedilotildees ldquonatildeo-cientiacuteficasrdquo comoos milagres ou a teleologia e uma tradiccedilatildeo religiosa que abomina oldquocientificismordquo (ciecircncia praticada como religiatildeo em vez do uso deargumentos estritamente cientiacuteficos contra Deus) O debate no Ocidentenatildeo conseguiu superar esse impasse8

A histoacuteria intelectual do Oriente pode ser vista como um longo debate entretrecircs ldquoismosrdquo filosoacuteficos ndash dualismo idealismo monista e realismomaterialista Os dualistas orientais como os dualistas do Ocidente acreditamque Deus e o mundo ndash Deus e noacutes ndash satildeo separados Quando estamos comDeus somos felizes por isso os dualistas nos fornecem praacuteticas devocionaise eacuteticas para nos ajudar a estar com Deus mais ou menos como faz ocristianismo exoteacuterico no Ocidente Os partidaacuterios do idealismo monistasalientam que sua filosofia baseia-se na investigaccedilatildeo que a consciecircnciapode ser conhecida diretamente em toda sua essecircncia abrangente porqueldquonoacutes somos Issordquo Quando transcendemos o dualismo do eu e do mundopelo conhecimento direto quando descobrimos nossa plenitude noacutes nostornamos felizes porque nossa verdadeira natureza eacute a felicidade [] E osdogmas do realismo materialista ndash argumentam os idealistas ndash satildeo puraespeculaccedilatildeo ou resultam igualmente de investigaccedilotildees incompletas A issoos realistas materialistas opotildeem que eacute uma tolice basear nossa metafiacutesica emexperiecircncias subjetivas E os dualistas ridicularizam a ideacuteia de que aseparaccedilatildeo entre Deus e o mundo seja produto de maya910

Mas como diz Wilber (1996 apud GOSWAMI 2003 p 30) corretamente arealidade natildeo eacute dualiacutestica a realidade eacute uma integraccedilatildeo moniacutestica doimanente no transcendente []Muitos cientistas experimentando uma outra via de integraccedilatildeo procuram[] explicar a metade subjetiva do mundo a consciecircncia o eu aespiritualidade e os valores morais Para esses cientistas explicar aconsciecircncia eacute uma questatildeo de compreender como o ceacuterebro se comportacomo uma complexa maacutequina material A consciecircncia eacute um epifenocircmeno damateacuteria Esses cientistas indagam o que na complexidade do ceacuterebro otorna consciente ou torna a eacutetica importante Eacute possiacutevel que umepifenocircmeno da mateacuteria tenha uma aparecircncia de eficaacutecia causal e mesmo decriatividade e espiritualidade 11

7 GOSWAMI 2003 p 248 Ibidem p 259 Uma definiccedilatildeo de maya se encontra agrave paacutegina 5510 GOSWAMI 2003 p 2811 Ibidem p 30

13

Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo

natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo

encontrou resposta alguma

Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13

12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual

encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo

13 GOSWAMI 2003 p 31-32

14

Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda

fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo

faz parte da ordem materialista da realidade

Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14

Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as

mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder

Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se

alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a

espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa

Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo

a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma

direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo

entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de

compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este

resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto

de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo

desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os

outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se

14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy

Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126

15

razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias

agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento

de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na

mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da

mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o

conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se

imagina existir

Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-

se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e

investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo

eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se

uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a

ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode

contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se

olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo

cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas

Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15

Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A

15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua

16

metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17

A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19

Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os

vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram

utilizados na concepccedilatildeo de um jogo

17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso

desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo

19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)

17

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial

Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo

Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade

Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria

constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos

(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute

formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo

realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-

se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja

a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste

momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois

este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos

inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute

originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na

Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a

virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo

movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o

Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das

virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo

enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista

impregnada e condicionada agrave realidade manifesta

20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor

acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural

22 Ibidem opcit p 140

18

A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo

citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami

O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23

[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24

Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis

derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe

em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25

Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na

Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em

que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que

sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o

natildeo-ser pode elucidar a questatildeo

Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26

23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76

19

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do

fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que

estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura

principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos

Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como

uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta

concepccedilatildeo o Game Design

Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais

comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo

que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina

(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees

entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre

utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem

com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no

sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo

auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o

objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que

constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)

O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de

ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o

ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e

fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco

complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior

o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros

ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir

20

da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos

virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem

ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede

de mundos virtuais

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios

principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o

ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o

centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o

usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as

fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador

precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para

chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo

tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que

abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as

portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho

possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer

ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem

possuem luzes com as cores usadas nas mandalas

A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso

desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela

A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o

vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca

A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o

fogo Eacute iluminada com a cor vermelha

21

A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a

gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul

A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se

pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo

material Eacute iluminada com a cor verde

Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas

que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio

eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para

continuar sua jornada ao centro do labirinto

Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode

neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o

labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas

convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras

na alma segundo Gilles Deleuze

O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute

um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar

e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por

fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio

pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais

Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o

hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra

dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar

para o ldquoAndar de Cimardquo

Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que

poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro

22

O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em

faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho

O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e

que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto

sonoro

O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo

cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard

Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)

O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos

Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em

expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos

virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a

partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da

seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de

internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site

httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o

jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio

ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na

esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute

pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade

de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World

Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que

estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa

23

A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de

programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois

tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria

imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do

tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo

de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27

VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28

A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos

satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano

A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29

Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui

melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o

usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais

avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas

27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit

24

Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute

universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e

preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio

que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos

virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio

apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente

distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem

ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute

o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para

VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no

editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in

seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a

partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria

Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos

tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que

geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para

que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual

A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser

de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios

conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um

desenvolvedor de mundos virtuais

25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas

Bi-polar ndash Night Air

Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy

Dead Can Dance ndash Arabian Gothic

Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics

Vangelis ndash Tales of the Future

Vangelis ndash Damask Rose

Akalbeth ndash Taoxm

Trilha Sonora original do seriado Star Trek

Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios

bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz

bull 128 MB de memoacuteria RAM

bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8

bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet

bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido

bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com

Direct3D e OpenGL

Software ou Programas necessaacuterios

bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP

bull Internet Explorer 5 ou superior

bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player

(httpwwwcacomcosmo)

ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)

OBS O Cosmo Player para Windows 98NT

O CORTONA VRML Client para Windows XP

A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas

entre si para a concepccedilatildeo do jogo

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

44

somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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63

Sites

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httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 14: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

13

Talvez o ponto de partida do epifenomenalismo possa ser duvidoso contudo

natildeo se pode negar que eacute uma busca empreendida pela ciecircncia materialista e que ainda natildeo

encontrou resposta alguma

Wilber (1996a) discute a insensatez de se fundamentar a espiritualidade emnoccedilotildees cientiacuteficas A ciecircncia acentua ele eacute uma empreitada em evoluccedilatildeoSurgem novas teorias que invalidam as mais antigas Uma filosofia perenenatildeo pode se basear em concepccedilotildees efecircmeras como uma teoria daconsciecircncia emergente do ceacuterebro E voltamos ao nosso impasseEacute possiacutevel um diaacutelogo e eventualmente uma reconciliaccedilatildeo entre ciecircncia eespiritualidade Wilber tem razatildeo Enquanto nos apegarmos a umaontologia de base materialista natildeo haveraacute espaccedilo para um diaacutelogo real paranatildeo falar em reconciliaccedilatildeo pelo simples motivo de que a ciecircncia trata defenocircmenos enquanto a espiritualidade se ocupa daquilo que estaacute aleacutem dosfenocircmenosA questatildeo crucial eacute a metafiacutesica da ciecircncia precisa se basear no realismomaterialista O atual paradigma da fiacutesica na verdade superou a ciecircncianewtoniana e a substituiu pela fiacutesica quacircntica A fiacutesica quacircntica se baseiano conceito de quanta ndash quantidades discretas de energia e de outrosatributos da mateacuteria como o momentum angular As consequumlecircncias dessafiacutesica para a descriccedilatildeo da mateacuteria satildeo profundas e inesperadas A mateacuteria eacutedescrita por exemplo como ondas de possibilidade A fiacutesica quacircnticacalcula os eventos possiacuteveis para os eleacutetrons e a probabilidade de cada umdesses eventos possiacuteveis mas natildeo eacute capaz de prever o evento real uacutenico queuma determinada observaccedilatildeo vai precipitar Portanto [] para utilizar ojargatildeo favorito dos fiacutesicos quem ou o que provoca o ldquocolapsordquo da onda depossibilidade no eleacutetron real no espaccedilo e tempo reais num caso real deobservaccedilatildeo[] a ideacuteia baacutesica eacute extremamente simples o agente que transforma apossibilidade em ato eacute a consciecircncia12 Eacute um fato que sempre queobservamos um objeto noacutes vemos um ato uacutenico e natildeo o espectro inteiro depossibilidades Assim a observaccedilatildeo consciente eacute uma condiccedilatildeo suficientepara o colapso da onda de possibilidade [] Para que se inicie o colapso eacutenecessaacuterio um agente que esteja fora da jurisdiccedilatildeo da mecacircnica quacircnticaPara o von Neumann (1955 apud GOSWAMI 2003 p 32) soacute existe umagente nessas condiccedilotildees a consciecircncia[] No materialismo ocidental a ideacuteia de uma consciecircncia causando ocolapso de uma onda de possibilidade eacute um paradoxo porque a consciecircnciasendo um epifenocircmeno da mateacuteria (do ceacuterebro) natildeo tem eficaacutecia causalcomo ela poderia causar o colapso de uma onda de possibilidade quacircntica 13

12 A discussatildeo da transformaccedilatildeo da potecircncia em ato (atualizaccedilatildeo e realizaccedilatildeo) eacute a mesma das teorias do Virtual

encontradas em LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p136-145 e em DELEUZEGilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991 p157 ldquoOmundo eacute uma virtualidade que se atualiza nas mocircnadas ou nas almas mas tambeacutem eacute uma possibilidade quedeve realizar-se nas mateacuterias ou nos corposrdquo

13 GOSWAMI 2003 p 31-32

14

Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda

fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo

faz parte da ordem materialista da realidade

Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14

Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as

mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder

Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se

alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a

espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa

Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo

a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma

direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo

entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de

compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este

resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto

de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo

desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os

outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se

14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy

Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126

15

razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias

agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento

de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na

mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da

mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o

conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se

imagina existir

Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-

se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e

investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo

eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se

uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a

ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode

contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se

olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo

cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas

Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15

Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A

15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua

16

metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17

A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19

Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os

vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram

utilizados na concepccedilatildeo de um jogo

17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso

desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo

19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)

17

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial

Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo

Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade

Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria

constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos

(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute

formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo

realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-

se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja

a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste

momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois

este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos

inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute

originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na

Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a

virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo

movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o

Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das

virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo

enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista

impregnada e condicionada agrave realidade manifesta

20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor

acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural

22 Ibidem opcit p 140

18

A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo

citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami

O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23

[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24

Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis

derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe

em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25

Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na

Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em

que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que

sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o

natildeo-ser pode elucidar a questatildeo

Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26

23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76

19

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do

fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que

estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura

principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos

Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como

uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta

concepccedilatildeo o Game Design

Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais

comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo

que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina

(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees

entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre

utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem

com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no

sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo

auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o

objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que

constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)

O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de

ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o

ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e

fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco

complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior

o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros

ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir

20

da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos

virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem

ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede

de mundos virtuais

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios

principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o

ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o

centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o

usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as

fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador

precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para

chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo

tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que

abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as

portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho

possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer

ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem

possuem luzes com as cores usadas nas mandalas

A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso

desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela

A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o

vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca

A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o

fogo Eacute iluminada com a cor vermelha

21

A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a

gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul

A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se

pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo

material Eacute iluminada com a cor verde

Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas

que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio

eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para

continuar sua jornada ao centro do labirinto

Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode

neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o

labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas

convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras

na alma segundo Gilles Deleuze

O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute

um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar

e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por

fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio

pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais

Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o

hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra

dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar

para o ldquoAndar de Cimardquo

Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que

poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro

22

O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em

faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho

O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e

que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto

sonoro

O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo

cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard

Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)

O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos

Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em

expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos

virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a

partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da

seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de

internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site

httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o

jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio

ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na

esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute

pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade

de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World

Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que

estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa

23

A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de

programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois

tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria

imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do

tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo

de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27

VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28

A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos

satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano

A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29

Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui

melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o

usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais

avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas

27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit

24

Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute

universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e

preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio

que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos

virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio

apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente

distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem

ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute

o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para

VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no

editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in

seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a

partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria

Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos

tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que

geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para

que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual

A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser

de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios

conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um

desenvolvedor de mundos virtuais

25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas

Bi-polar ndash Night Air

Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy

Dead Can Dance ndash Arabian Gothic

Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics

Vangelis ndash Tales of the Future

Vangelis ndash Damask Rose

Akalbeth ndash Taoxm

Trilha Sonora original do seriado Star Trek

Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios

bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz

bull 128 MB de memoacuteria RAM

bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8

bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet

bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido

bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com

Direct3D e OpenGL

Software ou Programas necessaacuterios

bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP

bull Internet Explorer 5 ou superior

bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player

(httpwwwcacomcosmo)

ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)

OBS O Cosmo Player para Windows 98NT

O CORTONA VRML Client para Windows XP

A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas

entre si para a concepccedilatildeo do jogo

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

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Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

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17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

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Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

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As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

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As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

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A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

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18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

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Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

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[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

45

Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

48

ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

50

pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

51

110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismooriental Traduccedilatildeo de Joseacute Fernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999

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63

Sites

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 15: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

14

Como foi dito a consciecircncia pode causar o colapso de uma funccedilatildeo de onda

fazendo entatildeo com que o eleacutetron se ldquomaterializerdquo nesta realidade tatildeo somente porque ela natildeo

faz parte da ordem materialista da realidade

Deve ser oacutebvio portanto que a consciecircncia deve funcionar fora do mundomaterial Em outras palavras a consciecircncia deve ser transcendente ndash natildeo-local[] O famoso neurocirurgiatildeo canadense Wilder Penfield (1955 apudGOSWAMI 1998 p 125-126) ficou identicamente confuso ao pensar naperspectiva de realizar em si mesmo uma cirurgia no ceacuterebro ldquoOnde estaacute osujeito e onde estaacute o objeto se vocecirc estaacute operando seu proacuteprio ceacuterebrordquo[] Este argumento eacute transmitido bem pela expressatildeo lsquoO que estamosprocurando eacute aquilo que procurarsquo A consciecircncia implica uma auto-referecircncia paradoxal uma capacidade aceita como natural de referirmo-nosa noacutes mesmos como separados do ambiente14

Poreacutem sabe-se que essa sensaccedilatildeo de separatividade eacute ilusoacuteria segundo as

mais antigas tradiccedilotildees Orientais O uacutenico problema eacute presumir que soacute a ciecircncia tenha o ldquoPoder

Absoluto da Verdaderdquo quando na melhor das hipoacuteteses a ciecircncia eacute apenas um meio de se

alcanccedilar esta verdade tatildeo almejada pelos homens enquanto que o misticismo a religiatildeo ou a

espiritualidade o satildeo tambeacutem meios de se alcanccedilar a mesma coisa

Afinal as formas de conhecimento humano quais sejam a Arte a Religiatildeo

a Ciecircncia a Filosofia (e ateacute mesmo a Loucura por que natildeo) deveriam ter seguido na mesma

direccedilatildeo pois assim era desde a Antiguumlidade quando natildeo se faziam distinccedilotildees de qualquer tipo

entre essas Sendo o homem incapaz ndash agravequela eacutepoca salvo magniacuteficas exceccedilotildees ndash de

compreender a Unidade de todas as coisas em todas as suas formas e manifestaccedilotildees este

resolveu separar classificar e categorizar chegando a uma pormenorizaccedilatildeo tamanha a ponto

de enxergar-se separado do meio em que vive Decorrem daiacute vaacuterias consequumlecircncias que vatildeo

desde as guerras ao desrespeito para com a natureza portanto para consigo proacuteprio e com os

outros Poreacutem a Humanidade se encontra em eterna evoluccedilatildeo vendo por este acircngulo torna-se

14 GOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo de Ruy

Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998 p 124-126

15

razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias

agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento

de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na

mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da

mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o

conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se

imagina existir

Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-

se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e

investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo

eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se

uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a

ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode

contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se

olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo

cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas

Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15

Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A

15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua

16

metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17

A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19

Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os

vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram

utilizados na concepccedilatildeo de um jogo

17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso

desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo

19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)

17

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial

Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo

Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade

Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria

constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos

(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute

formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo

realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-

se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja

a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste

momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois

este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos

inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute

originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na

Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a

virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo

movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o

Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das

virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo

enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista

impregnada e condicionada agrave realidade manifesta

20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor

acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural

22 Ibidem opcit p 140

18

A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo

citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami

O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23

[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24

Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis

derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe

em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25

Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na

Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em

que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que

sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o

natildeo-ser pode elucidar a questatildeo

Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26

23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76

19

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do

fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que

estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura

principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos

Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como

uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta

concepccedilatildeo o Game Design

Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais

comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo

que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina

(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees

entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre

utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem

com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no

sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo

auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o

objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que

constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)

O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de

ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o

ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e

fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco

complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior

o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros

ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir

20

da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos

virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem

ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede

de mundos virtuais

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios

principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o

ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o

centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o

usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as

fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador

precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para

chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo

tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que

abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as

portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho

possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer

ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem

possuem luzes com as cores usadas nas mandalas

A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso

desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela

A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o

vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca

A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o

fogo Eacute iluminada com a cor vermelha

21

A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a

gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul

A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se

pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo

material Eacute iluminada com a cor verde

Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas

que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio

eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para

continuar sua jornada ao centro do labirinto

Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode

neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o

labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas

convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras

na alma segundo Gilles Deleuze

O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute

um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar

e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por

fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio

pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais

Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o

hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra

dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar

para o ldquoAndar de Cimardquo

Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que

poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro

22

O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em

faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho

O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e

que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto

sonoro

O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo

cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard

Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)

O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos

Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em

expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos

virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a

partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da

seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de

internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site

httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o

jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio

ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na

esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute

pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade

de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World

Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que

estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa

23

A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de

programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois

tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria

imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do

tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo

de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27

VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28

A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos

satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano

A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29

Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui

melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o

usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais

avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas

27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit

24

Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute

universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e

preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio

que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos

virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio

apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente

distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem

ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute

o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para

VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no

editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in

seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a

partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria

Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos

tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que

geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para

que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual

A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser

de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios

conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um

desenvolvedor de mundos virtuais

25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas

Bi-polar ndash Night Air

Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy

Dead Can Dance ndash Arabian Gothic

Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics

Vangelis ndash Tales of the Future

Vangelis ndash Damask Rose

Akalbeth ndash Taoxm

Trilha Sonora original do seriado Star Trek

Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios

bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz

bull 128 MB de memoacuteria RAM

bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8

bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet

bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido

bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com

Direct3D e OpenGL

Software ou Programas necessaacuterios

bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP

bull Internet Explorer 5 ou superior

bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player

(httpwwwcacomcosmo)

ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)

OBS O Cosmo Player para Windows 98NT

O CORTONA VRML Client para Windows XP

A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas

entre si para a concepccedilatildeo do jogo

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

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Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

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[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

53

Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

54

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

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httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 16: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

15

razoaacutevel a compreensatildeo de que a categorizaccedilatildeo e separaccedilatildeo das coisas eram necessaacuterias

agravequela eacutepoca porquanto ainda a Humanidade dava seus primeiros passos no descobrimento

de si proacutepria e do mundo que a cercava E jaacute que as formas de conhecimento natildeo seguiram na

mesma direccedilatildeo entatildeo que seja dada a mesma importacircncia a cada uma delas pois saiacuteram da

mesma fonte Nenhuma em detrimento da outra todas podem servir para se adquirir o

conhecimento tanto de qualquer aspecto da realidade como do que se supotildee e do que nem se

imagina existir

Nota-se nesses tempos que a separaccedilatildeo natildeo se justifica mais por isso fala-

se tanto em multi inter e transdisciplinaridade Aceitando tudo que ainda eacute ldquodesconhecidordquo e

investigando simplesmente pela mesma vontade de se descobrir a verdade que em si jaacute natildeo

eacute absoluta Somos todos relativos perante verdades relativas Segundo as religiotildees cogita-se

uma ldquoVerdade Uacuteltimardquo que eacute um atributo da Transcendecircncia da Divindade e que segundo a

ciecircncia enquanto humanos em eterna busca ainda natildeo se pode alcanccedilar (ateacute a isso se pode

contra-argumentar vide os grandes miacutesticos da Humanidade) Mas assim mesmo haacute que se

olhar para todas as coisas e inclusive ter a coragem de ousar propondo teses que um mundo

cheio de preconceitos atacaria E aiacute estaacute uma delas

Se adotarmos a consciecircncia como a base do ser transcendente una auto-referente em noacutes ndash e eacute o que os mestres espirituais de todo o mundo ensinamndash eacute possiacutevel apaziguar o debate sobre o quantum e resolver os paradoxos[] Postular a consciecircncia como a base do ser traz agrave tona uma mudanccedila deparadigma de uma ciecircncia materialista para uma ciecircncia baseada no primadoda consciecircncia A mateacuteria nessa ciecircncia possui eficaacutecia causal mas apenasa ponto de determinar possibilidades e probabilidades Eacute a consciecircncia emuacuteltima anaacutelise quem cria a realidade porque a escolha do que se converteem ato evento por evento eacute sempre uma atribuiccedilatildeo da consciecircncia15

Portanto eacute possiacutevel que a consciecircncia impregne a realidade com seupropoacutesito criador e ela realmente o faz como jaacute intuiacuteram vaacuterios teoacutelogoscristatildeos []16O mundo eacute apenas aparentemente contiacutenuo newtoniano ematerial Na verdade ele eacute descontiacutenuo quacircntico e conscienteO mais importante eacute que essa ciecircncia conduz a uma verdadeira reconciliaccedilatildeocom as tradiccedilotildees espirituais porque natildeo pede agrave espiritualidade que sebaseie na ciecircncia mas agrave ciecircncia que se baseie na noccedilatildeo de espiacuterito eterno A

15 A este respeito ver a nota de nuacutemero 12 ao final da paacutegina 1416 A escolha da consciecircncia transformando o que eacute potecircncia em ato implica em uma mudanccedila descontiacutenua

16

metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17

A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19

Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os

vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram

utilizados na concepccedilatildeo de um jogo

17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso

desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo

19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)

17

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial

Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo

Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade

Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria

constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos

(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute

formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo

realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-

se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja

a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste

momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois

este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos

inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute

originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na

Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a

virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo

movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o

Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das

virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo

enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista

impregnada e condicionada agrave realidade manifesta

20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor

acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural

22 Ibidem opcit p 140

18

A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo

citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami

O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23

[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24

Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis

derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe

em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25

Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na

Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em

que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que

sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o

natildeo-ser pode elucidar a questatildeo

Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26

23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76

19

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do

fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que

estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura

principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos

Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como

uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta

concepccedilatildeo o Game Design

Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais

comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo

que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina

(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees

entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre

utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem

com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no

sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo

auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o

objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que

constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)

O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de

ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o

ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e

fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco

complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior

o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros

ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir

20

da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos

virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem

ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede

de mundos virtuais

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios

principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o

ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o

centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o

usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as

fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador

precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para

chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo

tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que

abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as

portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho

possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer

ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem

possuem luzes com as cores usadas nas mandalas

A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso

desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela

A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o

vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca

A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o

fogo Eacute iluminada com a cor vermelha

21

A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a

gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul

A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se

pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo

material Eacute iluminada com a cor verde

Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas

que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio

eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para

continuar sua jornada ao centro do labirinto

Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode

neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o

labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas

convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras

na alma segundo Gilles Deleuze

O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute

um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar

e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por

fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio

pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais

Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o

hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra

dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar

para o ldquoAndar de Cimardquo

Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que

poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro

22

O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em

faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho

O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e

que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto

sonoro

O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo

cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard

Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)

O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos

Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em

expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos

virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a

partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da

seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de

internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site

httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o

jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio

ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na

esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute

pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade

de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World

Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que

estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa

23

A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de

programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois

tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria

imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do

tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo

de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27

VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28

A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos

satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano

A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29

Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui

melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o

usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais

avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas

27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit

24

Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute

universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e

preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio

que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos

virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio

apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente

distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem

ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute

o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para

VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no

editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in

seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a

partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria

Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos

tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que

geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para

que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual

A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser

de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios

conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um

desenvolvedor de mundos virtuais

25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas

Bi-polar ndash Night Air

Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy

Dead Can Dance ndash Arabian Gothic

Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics

Vangelis ndash Tales of the Future

Vangelis ndash Damask Rose

Akalbeth ndash Taoxm

Trilha Sonora original do seriado Star Trek

Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios

bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz

bull 128 MB de memoacuteria RAM

bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8

bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet

bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido

bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com

Direct3D e OpenGL

Software ou Programas necessaacuterios

bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP

bull Internet Explorer 5 ou superior

bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player

(httpwwwcacomcosmo)

ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)

OBS O Cosmo Player para Windows 98NT

O CORTONA VRML Client para Windows XP

A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas

entre si para a concepccedilatildeo do jogo

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

44

somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

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63

Sites

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 17: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

16

metafiacutesica espiritual jamais entra em questatildeo O foco em vez disso estaacute nacosmologia ndash como surge o mundo dos fenocircmenos A nova ciecircncia podeincluir tanto a subjetividade como a objetividade tanto assuntos espirituaiscomo os assuntos materiais A essa nova ciecircncia dou o nome de ciecircnciadentro da consciecircncia ou ciecircncia idealista17

A metodologia da religiatildeo eacute a feacute enquanto o meacutetodo cientiacutefico eacute ldquotente eveja o resultadordquo Essa enorme barreira parece impossiacutevel de ultrapassar Noentanto se levarmos em conta as tradiccedilotildees religiosas esoteacutericas a barreiraentre as metodologias da religiatildeo e da ciecircncia natildeo eacute [] tatildeo grande assimExistem paralelos evidentes na verdade Embora experienciais e subjetivasas tradiccedilotildees esoteacutericas tanto do Oriente como do Ocidente tambeacutem adotamo meacutetodo cientiacutefico do ldquotente e veja por si mesmordquo Elas natildeo definem abusca espiritual como uma questatildeo de aceitar um dogma A feacute eacutereinterpretada natildeo como crenccedila cega neste ou naquele sistema deconhecimento mas como intuiccedilatildeo a ser seguida por meio de umcompromisso de observar de investigarA ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite ver como nem as tradiccedilotildeescientiacuteficas nem as tradiccedilotildees espirituais enfatizam um importante aspecto deseus esforccedilos Quando enfatizamos esse componente oculto torna-se claroque a ciecircncia e a espiritualidade sempre utilizaram o mesmo meacutetodo Qualeacute esse componente natildeo reconhecido Eacute a criatividade ndash a descoberta ourevelaccedilatildeo de um novo sentido num contexto velho ou novo (GOSWAMI1996 apud GOSWAMI 2003 p 34) Ateacute recentemente os cientistas seexcederam na ecircnfase aos processos racionais e contiacutenuos da investigaccedilatildeocientiacutefica Mas a criatividade eacute natildeo-racional e descontiacutenua E a ciecircncia exigea criatividade de modo crucial ldquoEu natildeo descobri a relatividade soacute com opensamento racionalrdquo disse o imortal Einstein []As tradiccedilotildees espirituais sempre souberam da importacircncia do natildeo-racional ndashpor exemplo da intuiccedilatildeo que se torna feacute18 ndash mas tambeacutem natildeo enfatizaramuniversalmente a instantaneidade e a descontinuidade das revelaccedilotildeesespirituais A ciecircncia dentro da consciecircncia nos permite desenvolveruma teoria da criatividade na qual a ciecircncia resulta de uma investigaccedilatildeocriativa no domiacutenio exterior e a espiritualidade resulta de umainvestigaccedilatildeo criativa no domiacutenio interior[] Portanto natildeo eacute apenas possiacutevel haver um diaacutelogo defendo que odesenvolvimento da ciecircncia dentro da consciecircncia pode nos dar umaintegraccedilatildeo da ciecircncia e da religiatildeo ndash uma integraccedilatildeo das metafiacutesicas dascosmologias e das metodologias19

Com base nestas ideacuteias acima expostas eacute que se iniciaratildeo as relaccedilotildees entre os

vaacuterios referenciais teoacutericos pesquisados para a concretizaccedilatildeo deste trabalho que foram

utilizados na concepccedilatildeo de um jogo

17 GOSWAMI 2003 p 3218 Em algumas circunstacircncias a intuiccedilatildeo e a feacute natildeo passam pela razatildeo vide o fanatismo religioso (natildeo eacute o caso

desta citaccedilatildeo) Aqui provavelmente o autor se refere a uma intuiccedilatildeo ou insight que irrompem sem antes terempassado pelo crivo da razatildeo e que podem ser manifestos pela feacute ou por uma crenccedila sem questionamentosimplesmente aceita como verdade inquestionaacutevel como um dogma ou ldquomisteacuteriordquo

19 GOSWAMI 2003 p 34-35 (grifo nosso)

17

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial

Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo

Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade

Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria

constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos

(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute

formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo

realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-

se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja

a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste

momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois

este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos

inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute

originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na

Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a

virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo

movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o

Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das

virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo

enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista

impregnada e condicionada agrave realidade manifesta

20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor

acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural

22 Ibidem opcit p 140

18

A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo

citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami

O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23

[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24

Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis

derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe

em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25

Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na

Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em

que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que

sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o

natildeo-ser pode elucidar a questatildeo

Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26

23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76

19

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do

fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que

estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura

principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos

Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como

uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta

concepccedilatildeo o Game Design

Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais

comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo

que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina

(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees

entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre

utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem

com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no

sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo

auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o

objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que

constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)

O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de

ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o

ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e

fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco

complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior

o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros

ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir

20

da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos

virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem

ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede

de mundos virtuais

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios

principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o

ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o

centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o

usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as

fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador

precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para

chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo

tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que

abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as

portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho

possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer

ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem

possuem luzes com as cores usadas nas mandalas

A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso

desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela

A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o

vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca

A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o

fogo Eacute iluminada com a cor vermelha

21

A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a

gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul

A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se

pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo

material Eacute iluminada com a cor verde

Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas

que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio

eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para

continuar sua jornada ao centro do labirinto

Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode

neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o

labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas

convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras

na alma segundo Gilles Deleuze

O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute

um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar

e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por

fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio

pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais

Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o

hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra

dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar

para o ldquoAndar de Cimardquo

Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que

poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro

22

O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em

faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho

O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e

que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto

sonoro

O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo

cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard

Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)

O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos

Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em

expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos

virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a

partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da

seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de

internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site

httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o

jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio

ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na

esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute

pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade

de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World

Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que

estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa

23

A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de

programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois

tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria

imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do

tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo

de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27

VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28

A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos

satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano

A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29

Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui

melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o

usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais

avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas

27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit

24

Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute

universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e

preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio

que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos

virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio

apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente

distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem

ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute

o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para

VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no

editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in

seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a

partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria

Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos

tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que

geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para

que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual

A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser

de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios

conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um

desenvolvedor de mundos virtuais

25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas

Bi-polar ndash Night Air

Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy

Dead Can Dance ndash Arabian Gothic

Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics

Vangelis ndash Tales of the Future

Vangelis ndash Damask Rose

Akalbeth ndash Taoxm

Trilha Sonora original do seriado Star Trek

Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios

bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz

bull 128 MB de memoacuteria RAM

bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8

bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet

bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido

bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com

Direct3D e OpenGL

Software ou Programas necessaacuterios

bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP

bull Internet Explorer 5 ou superior

bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player

(httpwwwcacomcosmo)

ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)

OBS O Cosmo Player para Windows 98NT

O CORTONA VRML Client para Windows XP

A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas

entre si para a concepccedilatildeo do jogo

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

44

somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

45

Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

46

Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

47

Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

48

ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

50

pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

51

110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

52

111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

53

Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

54

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

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httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 18: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

17

12 O Jogo Virtualidade Trans-Sensorial

Com base em teorias e relaccedilotildees entre elas desenvolveu-se o jogo

Virtualidade Trans-Sensorial Aqui se faz uma analogia com a palavra ldquoRealidade

Virtualrdquo poreacutem com uma outra conotaccedilatildeo Virtualidade neste caso significa a proacutepria

constituiccedilatildeo da Transcendecircncia que jaacute eacute por si soacute inapreensiacutevel aos oacutergatildeos dos sentidos

(transcende-os) e envolve outros tipos de percepccedilatildeo A Transcendecircncia natildeo eacute Virtual mas eacute

formada por miriacuteades de virtualidades natildeo convertidas em ato e possibilidades natildeo

realizadas Sendo a Transcendecircncia a Realidade Uacuteltima segundo as filosofias Orientais tira-

se daiacute que a destinaccedilatildeo final e original do ser espiritual que possui um corpo atualmente seja

a Transcendecircncia que entatildeo passa a ser o Real Absoluto ndash desconsiderando somente neste

momento as diferenciaccedilotildees entre virtual atual possiacutevel e real feitas por Pierre Levy20 ndash (pois

este Real eacute eterno sem comeccedilo nem fim e natildeo-manifesto e a realidade onde estamos

inseridos eacute ilusoacuteria material manifesta e passageira)21 Eacute dessa Transcendecircncia que tudo eacute

originado ou seja atualizado ou criado portanto tudo deve existir virtualmente na

Transcendecircncia (e de fato reconsiderando Pierre Levy o virtual existe e tanto a

virtualizaccedilatildeo como a atualizaccedilatildeo satildeo da ordem da criaccedilatildeo22 pode-se extrapolar que estes satildeo

movimentos ldquodivinosrdquo e sabe-se que todos possuem essa divindade dentro de si pois o

Homem tambeacutem cria) Por isso Virtualidade Trans-Sensorial O jogo eacute mais uma das

virtualidades da Transcendecircncia que escapam aos sentidos fiacutesicos a sua compreensatildeo

enquanto conceito requer transcender os receptores sensoacuterios e a mentalidade materialista

impregnada e condicionada agrave realidade manifesta

20 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p13821 A linguagem natildeo daacute conta de abordar esses assuntos e a desconsideraccedilatildeo temporaacuteria da conceituaccedilatildeo do autor

acima se faz necessaacuteria pois cada cultura e cada sistema utilizam terminologias proacuteprias causando umaconfusatildeo natural

22 Ibidem opcit p 140

18

A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo

citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami

O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23

[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24

Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis

derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe

em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25

Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na

Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em

que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que

sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o

natildeo-ser pode elucidar a questatildeo

Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26

23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76

19

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do

fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que

estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura

principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos

Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como

uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta

concepccedilatildeo o Game Design

Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais

comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo

que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina

(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees

entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre

utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem

com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no

sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo

auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o

objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que

constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)

O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de

ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o

ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e

fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco

complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior

o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros

ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir

20

da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos

virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem

ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede

de mundos virtuais

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios

principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o

ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o

centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o

usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as

fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador

precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para

chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo

tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que

abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as

portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho

possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer

ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem

possuem luzes com as cores usadas nas mandalas

A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso

desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela

A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o

vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca

A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o

fogo Eacute iluminada com a cor vermelha

21

A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a

gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul

A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se

pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo

material Eacute iluminada com a cor verde

Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas

que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio

eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para

continuar sua jornada ao centro do labirinto

Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode

neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o

labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas

convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras

na alma segundo Gilles Deleuze

O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute

um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar

e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por

fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio

pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais

Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o

hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra

dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar

para o ldquoAndar de Cimardquo

Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que

poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro

22

O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em

faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho

O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e

que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto

sonoro

O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo

cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard

Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)

O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos

Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em

expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos

virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a

partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da

seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de

internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site

httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o

jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio

ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na

esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute

pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade

de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World

Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que

estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa

23

A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de

programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois

tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria

imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do

tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo

de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27

VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28

A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos

satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano

A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29

Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui

melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o

usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais

avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas

27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit

24

Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute

universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e

preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio

que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos

virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio

apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente

distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem

ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute

o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para

VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no

editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in

seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a

partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria

Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos

tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que

geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para

que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual

A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser

de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios

conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um

desenvolvedor de mundos virtuais

25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas

Bi-polar ndash Night Air

Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy

Dead Can Dance ndash Arabian Gothic

Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics

Vangelis ndash Tales of the Future

Vangelis ndash Damask Rose

Akalbeth ndash Taoxm

Trilha Sonora original do seriado Star Trek

Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios

bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz

bull 128 MB de memoacuteria RAM

bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8

bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet

bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido

bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com

Direct3D e OpenGL

Software ou Programas necessaacuterios

bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP

bull Internet Explorer 5 ou superior

bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player

(httpwwwcacomcosmo)

ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)

OBS O Cosmo Player para Windows 98NT

O CORTONA VRML Client para Windows XP

A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas

entre si para a concepccedilatildeo do jogo

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

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Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

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As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

45

Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

46

Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

47

Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

48

ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

51

110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

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ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L OrlandiCampinas Papirus 1991

FATOR X Satildeo Paulo Planeta 1998 n4

GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

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63

Sites

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 19: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

18

A relaccedilatildeo entre a Transcendecircncia e o Virtual pode ser justificada segundo

citaccedilotildees da Fiacutesica Quacircntica e da teoria do Virtual Segundo Goswami

O eleacutetron segundo Bohr jamais poderaacute ocupar qualquer posiccedilatildeo entreoacuterbitas Dessa maneira quando salta deve de alguma maneira transferir-sediretamente para outra oacuterbita [] o eleacutetron daacute o salto sem jamais passar peloespaccedilo entre eles [os orbitais eletrocircnicos ou ldquodegrausrdquo] Em vez dissoparece que desaparece em um degrau e reaparece no outro ndash de formainteiramente descontiacutenua [o chamado salto quacircntico]23

[] para onde vai o eleacutetron entre os saltos [] Podemos atribuir ao eleacutetronqualquer realidade manifesta no espaccedilo e tempo entre observaccedilotildees Deacordo com a interpretaccedilatildeo de Copenhague da mecacircnica quacircntica a respostaeacute natildeo Entre observaccedilotildees o eleacutetron espalha-se de acordo com a equaccedilatildeo deSchroumldinger mas probabilisticamente em potentia disse Heisenberg queadotou a palavra potentia usada por Aristoacuteteles Onde eacute que existe essapotentia Uma vez que a onda de eleacutetron entra imediatamente em colapsoquando a observamos a potentia natildeo poderia existir no domiacutenio material doespaccedilo-tempo [] o domiacutenio da potentia deve situar-se fora do espaccedilo-tempo A potentia existe em um domiacutenio transcendente da realidade Entreobservaccedilotildees o eleacutetron existe como uma forma de possibilidade tal como umarqueacutetipo platocircnico no domiacutenio transcendente da potentia24

Pierre Levy diz que ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis

derivado por sua vez de virtus forccedila potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe

em potecircncia e natildeo em ato [] O virtual com muita frequumlecircncia lsquonatildeo estaacute presentersquordquo25

Essas ideacuteias relacionadas sugerem que as ldquocoisasrdquo satildeo virtuais na

Transcendecircncia ldquoCoisasrdquo que podem ser compreendidas como natildeo-coisas na medida em

que sendo virtuais natildeo possuem uma manifestaccedilatildeo no espaccedilo-tempo Natildeo significando que

sua existecircncia seja negada Uma explicaccedilatildeo de Buda sobre a referecircncia agrave consciecircncia como o

natildeo-ser pode elucidar a questatildeo

Haacute o Natildeo-nascido o Natildeo-originado o Natildeo-criado o Natildeo-formado Se natildeohouvesse esse Natildeo-nascido esse Natildeo-originado esse Natildeo-criado esse Natildeo-formado escapar o mundo do nascido do originado do criado e do formadonatildeo seria possiacutevel Mas desde que haacute um Natildeo-nascido Natildeo-originado Natildeo-criado Natildeo-formado eacute possiacutevel tambeacutem transcender o mundo do nascidodo originado do criado do formado26

23 GOSWAMI 1998 p 50-5224 Ibidem p 83-8425 LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996 p15 1926 GOSWAMI 1998 p 76

19

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do

fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que

estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura

principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos

Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como

uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta

concepccedilatildeo o Game Design

Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais

comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo

que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina

(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees

entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre

utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem

com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no

sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo

auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o

objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que

constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)

O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de

ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o

ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e

fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco

complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior

o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros

ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir

20

da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos

virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem

ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede

de mundos virtuais

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios

principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o

ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o

centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o

usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as

fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador

precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para

chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo

tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que

abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as

portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho

possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer

ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem

possuem luzes com as cores usadas nas mandalas

A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso

desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela

A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o

vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca

A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o

fogo Eacute iluminada com a cor vermelha

21

A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a

gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul

A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se

pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo

material Eacute iluminada com a cor verde

Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas

que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio

eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para

continuar sua jornada ao centro do labirinto

Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode

neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o

labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas

convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras

na alma segundo Gilles Deleuze

O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute

um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar

e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por

fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio

pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais

Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o

hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra

dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar

para o ldquoAndar de Cimardquo

Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que

poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro

22

O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em

faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho

O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e

que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto

sonoro

O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo

cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard

Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)

O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos

Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em

expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos

virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a

partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da

seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de

internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site

httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o

jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio

ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na

esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute

pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade

de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World

Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que

estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa

23

A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de

programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois

tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria

imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do

tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo

de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27

VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28

A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos

satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano

A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29

Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui

melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o

usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais

avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas

27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit

24

Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute

universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e

preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio

que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos

virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio

apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente

distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem

ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute

o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para

VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no

editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in

seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a

partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria

Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos

tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que

geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para

que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual

A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser

de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios

conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um

desenvolvedor de mundos virtuais

25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas

Bi-polar ndash Night Air

Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy

Dead Can Dance ndash Arabian Gothic

Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics

Vangelis ndash Tales of the Future

Vangelis ndash Damask Rose

Akalbeth ndash Taoxm

Trilha Sonora original do seriado Star Trek

Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios

bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz

bull 128 MB de memoacuteria RAM

bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8

bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet

bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido

bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com

Direct3D e OpenGL

Software ou Programas necessaacuterios

bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP

bull Internet Explorer 5 ou superior

bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player

(httpwwwcacomcosmo)

ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)

OBS O Cosmo Player para Windows 98NT

O CORTONA VRML Client para Windows XP

A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas

entre si para a concepccedilatildeo do jogo

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L OrlandiCampinas Papirus 1991

FATOR X Satildeo Paulo Planeta 1998 n4

GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

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VON NEUMANN John The Mathematical Foundations of Quantum MechanicsPrinceton Princeton University Press 1955 Apud GOSWAMI Amit A Janela VisionaacuteriaUm guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo PauloCultrix 2003

WILBER Ken A brief history of everything Boston Shambala 1996 Apud GOSWAMIAmit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeode Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

63

Sites

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 20: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

19

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial foi inicialmente concebido a partir do

fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses Seu design foi elaborado conforme as cicularidades que

estes grandes desenhos nas plantaccedilotildees mostram O proacuteprio labirinto que eacute a estrutura

principal do jogo eacute circular um misto de Ciacuterculos Ingleses mandalas e labirintos

Portanto o fenocircmeno dos Ciacuterculos Ingleses que eacute um fenocircmeno Ufoloacutegico foi utilizado como

uma das vaacuterias temaacuteticas que serviram como base para a concepccedilatildeo do jogo sendo esta

concepccedilatildeo o Game Design

Game Design eacute o nome que se daacute agrave atividade de se projetar jogos mais

comumente utilizada no projeto de videojogos eletrocircnicos O design se encontra na relaccedilatildeo

que eacute estabelecida entre o jogador e o jogo ou seja na interface entre o homem e a maacutequina

(a interface eacute o intermediador das relaccedilotildees) bem como na pesquisa nos estudos e relaccedilotildees

entre os conceitos envolvidos e na construccedilatildeo do proacuteprio jogo Como estes jogos sempre

utilizam tanto recursos sonoros como graacuteficos torna-se claro que satildeo audiovisuais poreacutem

com um recurso a mais a interatividade onde uma accedilatildeo do usuaacuterio causa uma reaccedilatildeo no

sistema e o sistema por sua vez ldquoresponderdquo ao usuaacuterio ou jogador atraveacutes de outro estiacutemulo

auditivo ou visual No jogo tambeacutem eacute importante a questatildeo da dificuldade em se alcanccedilar o

objetivo pois sem isso natildeo seria um jogo Basicamente satildeo essas caracteriacutesticas que

constituem um videojogo eletrocircnico (ou jogo) comumente chamado de videogame (ou game)

O jogo eacute do tipo ldquoexploraccedilatildeordquo e constitui-se de um labirinto (no sentido de

ldquomazerdquo) em que o jogador deve chegar ao centro para alcanccedilar um outro estaacutegio ou o

ldquoAndar de Cimardquo No ldquoAndar de Baixordquo ele precisa passar por fases onde tem que abrir e

fechar portas para que consiga chegar ao centro Pela natureza dos mazes torna-se um pouco

complicado de alcanccedilar esse objetivo poreacutem natildeo impossiacutevel Esse jogo no seu niacutevel superior

o ldquoAndar de Cimardquo serviraacute como um portal para outras fases desconhecidas e para outros

ldquouniversosrdquo e mundos virtuais de outros autores inclusive Esse sistema seraacute iniciado a partir

20

da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos

virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem

ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede

de mundos virtuais

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios

principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o

ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o

centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o

usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as

fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador

precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para

chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo

tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que

abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as

portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho

possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer

ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem

possuem luzes com as cores usadas nas mandalas

A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso

desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela

A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o

vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca

A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o

fogo Eacute iluminada com a cor vermelha

21

A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a

gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul

A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se

pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo

material Eacute iluminada com a cor verde

Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas

que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio

eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para

continuar sua jornada ao centro do labirinto

Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode

neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o

labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas

convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras

na alma segundo Gilles Deleuze

O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute

um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar

e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por

fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio

pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais

Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o

hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra

dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar

para o ldquoAndar de Cimardquo

Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que

poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro

22

O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em

faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho

O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e

que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto

sonoro

O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo

cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard

Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)

O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos

Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em

expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos

virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a

partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da

seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de

internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site

httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o

jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio

ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na

esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute

pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade

de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World

Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que

estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa

23

A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de

programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois

tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria

imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do

tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo

de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27

VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28

A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos

satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano

A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29

Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui

melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o

usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais

avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas

27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit

24

Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute

universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e

preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio

que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos

virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio

apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente

distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem

ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute

o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para

VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no

editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in

seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a

partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria

Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos

tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que

geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para

que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual

A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser

de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios

conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um

desenvolvedor de mundos virtuais

25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas

Bi-polar ndash Night Air

Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy

Dead Can Dance ndash Arabian Gothic

Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics

Vangelis ndash Tales of the Future

Vangelis ndash Damask Rose

Akalbeth ndash Taoxm

Trilha Sonora original do seriado Star Trek

Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios

bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz

bull 128 MB de memoacuteria RAM

bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8

bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet

bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido

bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com

Direct3D e OpenGL

Software ou Programas necessaacuterios

bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP

bull Internet Explorer 5 ou superior

bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player

(httpwwwcacomcosmo)

ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)

OBS O Cosmo Player para Windows 98NT

O CORTONA VRML Client para Windows XP

A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas

entre si para a concepccedilatildeo do jogo

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

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Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

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[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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Sites

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httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 21: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

20

da divulgaccedilatildeo do jogo na Internet Seria feito contato com desenvolvedores de mundos

virtuais correlatos com caracteriacutesticas proacuteximas agraves deste jogo para que seus mundos fossem

ligados ao jogo e que o jogo fosse divulgado em seus sites com o intuito de formar uma rede

de mundos virtuais

O jogo Virtualidade Trans-Sensorial eacute composto por dois estaacutegios

principais constituiacutedos por fases a serem transpostas e acessadas O Primeiro Estaacutegio eacute o

ldquoAndar de Baixordquo um labirinto (maze) contiacutenuo e linear com o objetivo de se alcanccedilar o

centro poreacutem com caminhos confusos e ilusoacuterios aleacutem de voacutertices que teletransportam o

usuaacuterio para alhures Suas fases satildeo baseadas nas ideacuteias de Platatildeo sobre os aacutetomos Entre as

fases existem ldquoante-salas de decisatildeordquo que satildeo muito importantes para o jogo Nelas o jogador

precisa abrir ou fechar as portas que daratildeo acesso agraves fases pelas quais ele precisa passar para

chegar ao centro Existe um menu que tem seis esferas que vatildeo mudando de cor ao mesmo

tempo fazendo com que as esferas sejam iguais Ao clicar nas esferas externas pode ser que

abra ou feche as portas das primeiras quatro fases e clicando na esfera do centro abrem-se as

portas que datildeo acesso agrave Quinta Fase aleacutem de aacutetomos que aparecem indicando um caminho

possiacutevel a ser seguido As fases satildeo baseadas tambeacutem na ideacuteia de maya que faz a fase parecer

ldquorealrdquo pelas texturas mas que apesar disso possuem algo de ilusoacuterio As fases tambeacutem

possuem luzes com as cores usadas nas mandalas

A Primeira Fase do Primeiro estaacutegio eacute a Terra Cuacutebica onde eacute preciso

desenterrar a porta e o cubo que a abre Eacute iluminada com a cor amarela

A Segunda Fase eacute o Ar Octaeacutedrico na qual para ser mais raacutepido que o

vento eacute preciso apanhar o ar em movimento Eacute iluminada com a cor branca

A Terceira Fase eacute o Fogo Tetraeacutedrico em que se queima para depois tocar o

fogo Eacute iluminada com a cor vermelha

21

A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a

gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul

A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se

pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo

material Eacute iluminada com a cor verde

Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas

que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio

eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para

continuar sua jornada ao centro do labirinto

Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode

neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o

labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas

convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras

na alma segundo Gilles Deleuze

O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute

um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar

e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por

fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio

pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais

Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o

hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra

dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar

para o ldquoAndar de Cimardquo

Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que

poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro

22

O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em

faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho

O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e

que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto

sonoro

O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo

cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard

Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)

O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos

Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em

expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos

virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a

partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da

seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de

internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site

httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o

jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio

ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na

esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute

pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade

de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World

Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que

estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa

23

A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de

programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois

tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria

imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do

tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo

de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27

VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28

A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos

satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano

A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29

Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui

melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o

usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais

avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas

27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit

24

Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute

universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e

preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio

que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos

virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio

apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente

distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem

ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute

o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para

VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no

editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in

seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a

partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria

Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos

tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que

geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para

que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual

A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser

de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios

conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um

desenvolvedor de mundos virtuais

25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas

Bi-polar ndash Night Air

Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy

Dead Can Dance ndash Arabian Gothic

Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics

Vangelis ndash Tales of the Future

Vangelis ndash Damask Rose

Akalbeth ndash Taoxm

Trilha Sonora original do seriado Star Trek

Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios

bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz

bull 128 MB de memoacuteria RAM

bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8

bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet

bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido

bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com

Direct3D e OpenGL

Software ou Programas necessaacuterios

bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP

bull Internet Explorer 5 ou superior

bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player

(httpwwwcacomcosmo)

ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)

OBS O Cosmo Player para Windows 98NT

O CORTONA VRML Client para Windows XP

A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas

entre si para a concepccedilatildeo do jogo

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

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Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

53

Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

54

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 22: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

21

A Quarta Fase eacute a Aacutegua Icosaeacutedrica onde eacute preciso se molhar para pegar a

gota drsquoaacutegua Eacute iluminada com a cor azul

A Quinta e uacuteltima Fase do Primeiro Estaacutegio eacute a Alma Esfeacuterica onde se

pode escolher apoacutes encarar a multiplicidade encontrar-se na Unidade ou perder-se na ilusatildeo

material Eacute iluminada com a cor verde

Pode ser que o jogador se perca no maze ou entatildeo acabe fechando portas

que natildeo deveria nestes casos existem voacutertices (ou portais) que ao se entrar por eles o usuaacuterio

eacute teletransportado para as ldquoante-salas de decisatildeordquo onde pode reabrir as portas que precisa para

continuar sua jornada ao centro do labirinto

Na a Quinta Fase a Alma Esfeacuterica o jogador alcanccedilou o centro e ele pode

neste local partir para o Segundo Estaacutegio que eacute o ldquoAndar de Cimardquo ou voltar para o

labirinto Neste ponto todas as interpretaccedilotildees metafiacutesicas dos labirintos e das mandalas

convergem Inclusive as veias do maacutermore que compotildee as redobras da mateacuteria e as dobras

na alma segundo Gilles Deleuze

O ldquoAndar de Cimardquo ou Segundo Estaacutegio natildeo possui suas proacuteprias fases eacute

um espaccedilo de navegaccedilatildeo livre onde o usuaacuterio natildeo tem colisotildees com as paredes e pode flutuar

e percorrer todos os espaccedilos Pode ateacute ver o andar de baixo poreacutem natildeo pode reentrar nele por

fora depois que jaacute se ldquolibertourdquo Eacute o local das mocircnadas ou almas Neste ambiente o usuaacuterio

pode encontrar um tubo de luz que conteacutem esferas que o levaratildeo a outros mundos virtuais

Um deles eacute um ldquoburaco de minhocardquo termo da Fiacutesica contemporacircnea que descreve o

hipoteacutetico local dentro de um buraco negro que ao ser atravessado transporta para uma outra

dimensatildeo Neste ldquotuacutenelrdquo eacute possiacutevel tambeacutem escolher outros mundos virtuais e inclusive voltar

para o ldquoAndar de Cimardquo

Os mundos virtuais que estaratildeo primeiramente disponiacuteveis na Internet e que

poderatildeo ser acessados pelo ldquoAndar de Cimardquo satildeo quatro

22

O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em

faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho

O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e

que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto

sonoro

O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo

cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard

Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)

O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos

Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em

expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos

virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a

partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da

seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de

internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site

httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o

jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio

ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na

esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute

pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade

de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World

Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que

estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa

23

A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de

programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois

tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria

imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do

tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo

de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27

VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28

A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos

satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano

A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29

Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui

melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o

usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais

avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas

27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit

24

Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute

universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e

preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio

que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos

virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio

apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente

distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem

ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute

o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para

VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no

editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in

seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a

partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria

Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos

tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que

geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para

que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual

A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser

de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios

conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um

desenvolvedor de mundos virtuais

25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas

Bi-polar ndash Night Air

Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy

Dead Can Dance ndash Arabian Gothic

Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics

Vangelis ndash Tales of the Future

Vangelis ndash Damask Rose

Akalbeth ndash Taoxm

Trilha Sonora original do seriado Star Trek

Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios

bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz

bull 128 MB de memoacuteria RAM

bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8

bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet

bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido

bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com

Direct3D e OpenGL

Software ou Programas necessaacuterios

bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP

bull Internet Explorer 5 ou superior

bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player

(httpwwwcacomcosmo)

ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)

OBS O Cosmo Player para Windows 98NT

O CORTONA VRML Client para Windows XP

A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas

entre si para a concepccedilatildeo do jogo

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

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Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

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[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

53

Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

54

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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63

Sites

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 23: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

22

O mundo HyperCube (hipercubo) que explicita por meio de imagens em

faces de cubos as referecircncias imageacuteticas e o desenvolvimento das ideacuteias deste trabalho

O mundo CaosOrdem que eacute uma viagem por um grande octaedro fractal e

que fica caoacutetico com a navegaccedilatildeo do usuaacuterio que pode produzir um caos tanto graacutefico quanto

sonoro

O mundo SpockTrek uma referecircncia direta ao mais famoso seriado de ficccedilatildeo

cientiacutefica e uma homenagem ao Sr Spock o alieniacutegena imortalizado pelo ator Leonard

Nimoy na criaccedilatildeo original de Gene Rodenberry Star Trek (Jornada nas Estrelas)

O tuacutenel ldquoBuraco de Minhocardquo que tambeacutem leva a outros mundos

Seratildeo acrescentados outros posteriormente para que esse portal continue em

expansatildeo e tambeacutem com links para mundos de outros autores (designers artistas arquitetos

virtuais e etc) O objetivo de fazer este jogo estar em constante atualizaccedilatildeo seraacute alcanccedilado a

partir do momento que este for disponibilizado ou publicado na Internet Isto seraacute feito da

seguinte maneira Seraacute construiacuteda uma homepage para este jogo ou seja uma paacutegina de

internet onde este jogo estaraacute disponibilizado para download Estaraacute disponiacutevel no site

httpweb1asphostcomtransvirtual Deste modo o usuaacuterio que se interessar poderaacute gravar o

jogo para si e jogar a partir do seu computador Ele poderaacute apenas baixar o Primeiro Estaacutegio

ou o ldquoAndar de Baixordquo Quando a pessoa tiver alcanccedilado o centro do labirinto ao clicar na

esfera correta o jogo automaticamente levaraacute a pessoa ao site do jogo na Internet E estaraacute

pronto para jogar o ldquoAndar de Cimardquo on-line Ou seja a partir da Internet sem a necessidade

de baixar (download) o jogo pois neste Estaacutegio o jogador acessaraacute outros mundos pela World

Wide Web e por isso existe a necessidade de estar conectado agrave Internet no momento que

estiver jogando o Primeiro Estaacutegio em casa

23

A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de

programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois

tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria

imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do

tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo

de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27

VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28

A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos

satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano

A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29

Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui

melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o

usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais

avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas

27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit

24

Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute

universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e

preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio

que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos

virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio

apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente

distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem

ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute

o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para

VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no

editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in

seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a

partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria

Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos

tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que

geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para

que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual

A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser

de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios

conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um

desenvolvedor de mundos virtuais

25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas

Bi-polar ndash Night Air

Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy

Dead Can Dance ndash Arabian Gothic

Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics

Vangelis ndash Tales of the Future

Vangelis ndash Damask Rose

Akalbeth ndash Taoxm

Trilha Sonora original do seriado Star Trek

Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios

bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz

bull 128 MB de memoacuteria RAM

bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8

bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet

bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido

bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com

Direct3D e OpenGL

Software ou Programas necessaacuterios

bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP

bull Internet Explorer 5 ou superior

bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player

(httpwwwcacomcosmo)

ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)

OBS O Cosmo Player para Windows 98NT

O CORTONA VRML Client para Windows XP

A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas

entre si para a concepccedilatildeo do jogo

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

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Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

48

ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

54

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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63

Sites

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 24: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

23

A tecnologia empregada para codificaccedilatildeo deste jogo foi uma linguagem de

programaccedilatildeo de mundos em realidade virtual natildeo imersiva (VRML) Natildeo imersiva pois

tecnicamente a sua visualizaccedilatildeo acontece em monitores (computador ou televisatildeo) Seria

imersiva se a visualizaccedilatildeo utilizasse outros dispositivos chamados ldquonatildeo convencionaisrdquo do

tipo luvas eletrocircnicas capacetes de visualizaccedilatildeo sensores oacuteticos e de posiccedilatildeo eou outro tipo

de projeccedilatildeo tridimensional onde o usuaacuterio pudesse se sentir imerso no ambiente27

VRML eacute a abreviaccedilatildeo de lsquoVirtual Reality Modeling Languagersquo ouLinguagem para Modelagem em Realidade Virtual Eacute uma linguagemindependente de plataforma que permite a criaccedilatildeo de cenaacuterios 3D por ondese pode passear visualizar objetos por acircngulos diferentes e interagir comeles A linguagem foi concebida para descrever simulaccedilotildees interativas demuacuteltiplos participantes em mundos virtuais disponibilizados na Internet[] mas a primeira versatildeo da linguagem natildeo possibilitou muita interaccedilatildeo dousuaacuterio com o mundo virtual Nas versotildees futuras seriam acrescentadascaracteriacutesticas como animaccedilatildeo movimentos de corpos som e interaccedilatildeo entremuacuteltiplos usuaacuterios em tempo real28

A linguagem VRML eacute baseada no sistema cartesiano tridimensoacuterio Os eixos

satildeo X Y Z a unidade de medida para distacircncias eacute o metro e para acircngulos eacute o radiano

A linguagem na sua versatildeo 10 trabalha com geometria 3D permitindo aelaboraccedilatildeo de objetos baseados em poliacutegonos possui alguns objetos preacute-definidos como cubo cone cilindro e esfera suporta transformaccedilotildees comorotaccedilatildeo translaccedilatildeo e escala permite a aplicaccedilatildeo de texturas luzsombreamento etc Outra caracteriacutestica importante da linguagem eacute o Niacutevelde Detalhe (LOD lsquolevel of detailrsquo) que permite o ajustamento dacomplexidade dos objetos dependendo da distacircncia do observador []Tambeacutem se pode colocar em um mundo objetos que estatildeo localizadosremotamente em outros lugares na Internet aleacutem de links que levam a outroshomeworlds ou homepages 29

Foi utilizada a versatildeo 20 para o desenvolvimento deste jogo pois possui

melhores recursos de multimiacutedia e de animaccedilatildeo bem como maior interatividade com o

usuaacuterio que pode ser feita atraveacutes de Scripts que necessitam de uma programaccedilatildeo mais

avanccedilada com a inclusatildeo de funccedilotildees matemaacuteticas

27 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtm28 httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm29 Ibidem loc cit

24

Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute

universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e

preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio

que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos

virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio

apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente

distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem

ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute

o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para

VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no

editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in

seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a

partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria

Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos

tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que

geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para

que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual

A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser

de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios

conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um

desenvolvedor de mundos virtuais

25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas

Bi-polar ndash Night Air

Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy

Dead Can Dance ndash Arabian Gothic

Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics

Vangelis ndash Tales of the Future

Vangelis ndash Damask Rose

Akalbeth ndash Taoxm

Trilha Sonora original do seriado Star Trek

Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios

bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz

bull 128 MB de memoacuteria RAM

bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8

bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet

bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido

bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com

Direct3D e OpenGL

Software ou Programas necessaacuterios

bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP

bull Internet Explorer 5 ou superior

bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player

(httpwwwcacomcosmo)

ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)

OBS O Cosmo Player para Windows 98NT

O CORTONA VRML Client para Windows XP

A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas

entre si para a concepccedilatildeo do jogo

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

48

ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

53

Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

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63

Sites

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 25: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

24

Como esta eacute uma linguagem independente de plataforma ou seja eacute

universal podendo ser visualizada de qualquer computador desde que esteja equipado e

preparado com o hardware e software necessaacuterios ela se torna acessiacutevel a qualquer usuaacuterio

que esteja disposto a aprender a sintaxe para codificar seus proacuteprios ambientes e mundos

virtuais Para se programar um ambiente desses com a linguagem VRML eacute necessaacuterio

apenas um editor de textos simples como o ldquobloco de notasrdquo e tutoriais que satildeo amplamente

distribuiacutedos pela Internet Para a visualizaccedilatildeo satildeo necessaacuterios outros requisitos que podem

ser adquiridos facilmente tambeacutem pela Internet Por exemplo eacute preciso ter um browser que eacute

o programa no qual as paacuteginas convencionais da Internet satildeo visualizadas e um plug-in para

VRML que eacute um software adicionado ao browser que permite que o coacutedigo digitado no

editor de textos seja visualizado como um ambiente de navegaccedilatildeo tridimensional Este plug-in

seraacute utilizado para interpretar o coacutedigo e passaraacute a entendecirc-los como caacutelculos matemaacuteticos a

partir daiacute apresentando uma cena tridimensoacuteria

Quanto ao hardware eacute necessaacuterio uma placa aceleradora de graacuteficos

tridimensionais que permitiraacute animaccedilotildees mais suaves em ambientes muito complexos que

geram mais caacutelculos Tambeacutem eacute preciso uma placa de som com bons recursos sonoros para

que a experiecircncia seja autenticamente audiovisual

A linguagem VRML dependendo do plug-in que se estaacute utilizando pode ser

de faacutecil visualizaccedilatildeo para o usuaacuterio Poreacutem como foi citado anteriormente satildeo necessaacuterios

conhecimentos mais aprofundados da linguagem para que o usuaacuterio se torne tambeacutem um

desenvolvedor de mundos virtuais

25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas

Bi-polar ndash Night Air

Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy

Dead Can Dance ndash Arabian Gothic

Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics

Vangelis ndash Tales of the Future

Vangelis ndash Damask Rose

Akalbeth ndash Taoxm

Trilha Sonora original do seriado Star Trek

Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios

bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz

bull 128 MB de memoacuteria RAM

bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8

bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet

bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido

bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com

Direct3D e OpenGL

Software ou Programas necessaacuterios

bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP

bull Internet Explorer 5 ou superior

bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player

(httpwwwcacomcosmo)

ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)

OBS O Cosmo Player para Windows 98NT

O CORTONA VRML Client para Windows XP

A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas

entre si para a concepccedilatildeo do jogo

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

44

somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

45

Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

46

Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

47

Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

48

ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

50

pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

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ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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___ PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001

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BIacuteBLIA Portuguecircs O Novo Testamento Traduccedilatildeo de Joatildeo Ferreira de Almeida [SL]Gideotildees Internacionais 1982

CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismooriental Traduccedilatildeo de Joseacute Fernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999

DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L OrlandiCampinas Papirus 1991

FATOR X Satildeo Paulo Planeta 1998 n4

GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

___ O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo deRuy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998

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VARENNE Jean-Michel Os Cristatildeos Miacutesticos do Ocidente Portugal Europa-Ameacuterica1986

VOLPATO Gilson Luiz Publicaccedilatildeo Cientiacutefica Botucatu Tipomic 2003

VON NEUMANN John The Mathematical Foundations of Quantum MechanicsPrinceton Princeton University Press 1955 Apud GOSWAMI Amit A Janela VisionaacuteriaUm guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo PauloCultrix 2003

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63

Sites

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 26: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

25

As trilhas e efeitos sonoros do jogo foram retirados dos seguintes artistas ndash muacutesicas

Bi-polar ndash Night Air

Toucan Zabir ndash Himalayan Mountain Spy

Dead Can Dance ndash Arabian Gothic

Dead Can Dance ndash Mantra ndash Organics

Vangelis ndash Tales of the Future

Vangelis ndash Damask Rose

Akalbeth ndash Taoxm

Trilha Sonora original do seriado Star Trek

Trilha Sonora do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau

13 Requisitos Computacionais miacutenimos do Sistema (Somente para PC)Hardware ou Equipamentos necessaacuterios

bull Processador Pentium 4 12 Mhz ou AMD Athlon XP 14 Mhz

bull 128 MB de memoacuteria RAM

bull Placa de som compatiacutevel com Sound Blaster e DirectX 8

bull Placa de FAXMODEM para conexatildeo com a Internet

bull 50 MB de espaccedilo livre em disco riacutegido

bull Placa de viacutedeo aceleradora graacutefica 3D com 32 MB compatiacutevel com

Direct3D e OpenGL

Software ou Programas necessaacuterios

bull Windows 98NT com Service Pack 3 ou Windows XP

bull Internet Explorer 5 ou superior

bull Plug-in para visualizaccedilatildeo de VRML Cosmo Player

(httpwwwcacomcosmo)

ou CORTONA VRML Client (httpparallelgraphicscomproducts)

OBS O Cosmo Player para Windows 98NT

O CORTONA VRML Client para Windows XP

A seguir estaratildeo descritas as teorias que foram pesquisadas e relacionadas

entre si para a concepccedilatildeo do jogo

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

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Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

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As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

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As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

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A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

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Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

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[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

45

Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

46

Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

48

ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 27: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

26

14 UFOS OacuteVNIS

Ufologia eacute a ciecircncia que estuda o fenocircmeno UFO (ou fenocircmenos

ufoloacutegicos) e eacute baseada no pressuposto da existecircncia de vida em outros planetas ou seja

extraterrestre As teorias que explicam os fenocircmenos podem ser materialistas ou

espiritualistas

Os termos que descrevem os meios de transporte (naves) dos seres

Extraterrestres (ET) segundo a Ufologia satildeo UFO ndash Unknown Flying Object OVNI

ndash Objeto Voador Natildeo identificado (traduccedilatildeo literal para o portuguecircs) O termo ldquodisco-

voadorrdquo eacute geneacuterico e eacute devido agrave forma discoacuteide comumente relatada nos casos de

avistamentos de OacuteVNIS Poreacutem existem segundo outros casos ufoloacutegicos variados formatos

de naves que podem ser ciliacutendricas triangulares esfeacutericas piramidais e etc

Eacute comum a referecircncia aos fatos ufoloacutegicos como sendo ldquocasosrdquo no sentido

de uma investigaccedilatildeo de uma ocorrecircncia ou relato dessa natureza Os casos geralmente satildeo de

Contatos Imediatos de pessoas com ETs que podem ser de vaacuterios graus desde simples

avistamentos de naves a longas distacircncias (1ograu) a contatos fiacutesicos com EBEs ou seja

entidades bioloacutegicas extraterrestres (3ograu) passando por abduccedilotildees (raptos de pessoas)

experiecircncias fora do corpo viagens interplanetaacuterias e assim por diante aumentando os graus

segundo a natureza do contato A histoacuteria da Ufologia possui vaacuterios casos que foram

importantes para o seu desenvolvimento Seratildeo resumidos o primeiro caso mais importante da

Ufologia e posteriormente outro caso que possui estreita relaccedilatildeo com o tema central deste

trabalho

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

45

Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

46

Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

47

Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

48

ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 28: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

27

O Caso Roswell

Em 8 de julho de 1947 o porta voz da base das forccedilas Aeacutereas Norte-

Americanas em Roswell (Roswell Army Air Field RAAF) havia divulgado a notiacutecia mais

importante do seacuteculo ldquoO Exeacutercito encontra um disco voador em um rancho do Novo

Meacutexicordquo O ocorrido foi devido a uma queda e explosatildeo de um OVNI em meio a uma

tempestade que aconteceu em 2 de junho de 1947

A notiacutecia foi divulgada ao meio-dia hora do Novo Meacutexico Poreacutem devidoaos diferentes fusos horaacuterios nos EUA a notiacutecia chegou tarde na maioria dosjornais matinais apenas aparecendo em algumas ediccedilotildees vespertinas A notade imprensa inicial foi divulgada pela base aeacuterea e tanto a delegacia comoos jornais locais foram assediados por uma ansiosa opiniatildeo puacuteblicaRapidamente em meio a tanta expectativa o Exeacutercito mudou sua versatildeo[] As manchetes do dia seguinte davam por encerrada a histoacuteria ldquoAnotiacutecia sobre os discos voadores perde interesse o lsquodiscorsquo do Novo Meacutexicoeacute apenas um balatildeo meteoroloacutegicordquo30

Durante os trinta anos seguintes nunca mais se falou sobre o incidente Foi

este o primeiro fato ufoloacutegico que ganhou maior atenccedilatildeo da miacutedia Desde entatildeo o Governo

Norte-Americano assim como outros Governos inclusive do Brasil procuram esconder as

evidecircncias da existecircncia de seres extraterrestres apesar de vaacuterios avistamentos ocorrerem

pelo mundo inteiro bem como por vaacuterias eacutepocas da histoacuteria da Humanidade

30 Fator X Satildeo Paulo Planeta 1998 N4 pp71

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

44

somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

45

Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

46

Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

47

Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

48

ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

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ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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63

Sites

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httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 29: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

28

O Caso do ldquoNinho de Tullyrdquo

Os ldquodiscos-voadoresrdquo parecem ser particularmente atraiacutedos pela pequena e

pitoresca cidade de Tully ao norte de Queensland Austraacutelia A cerca de 180km ao sul de

Cairns com uma populaccedilatildeo de cerca de 3400 habitantes Tully eacute bem famosa apesar do

tamanho A mais interessante razatildeo da fama de Tully eacute que ela eacute o Quartel General OVNI da

Austraacutelia com centenas de avistamentos todo ano Moradores mais velhos como o fazendeiro

de cana de 82 anos Albert Pennisi concordam ldquoTodos que moram em Tully sabem sobre os

OVNIS daquirdquo31 diz Pennisi

Foi na fazenda de 83 hectares de Albert Penisi que aconteceu o mais famoso

avistamento de Tully Na manhatilde de 19 de janeiro de 1966 o vizinho de Pennisi George

Pedley estava dirigindo seu trator em sua plantaccedilatildeo de bananas quando ele ouviu um som

estranho e sibilante Em um primeiro momento Pedley pensou que o som sibilante viesse dos

pneus do seu trator mas Pennisi diz que o som na verdade vinha de um lago com forma de

ferradura em sua propriedade o lago ldquoHorseshoerdquo George Pedley relatou ter visto um grande

objeto cinza-azulado em forma de discos convexos na base e no topo ldquoDe repente George

viu essa maacutequina levantar do nosso lago uns 30 ou 40 peacutes (10 ndash 12 metros) de altura e entatildeo

virou para o outro lado e partiurdquo32 disse Pennisi

Mas Pennisi e outros que visitaram o local acreditaram que aquilo tinha

deixado uma lembranccedila de sua visita

George foi direto para o lago e viu a aacutegua ainda girando ainda se agitandocircularmente Eu acho que isso o assustou e ele veio me buscar mas eunatildeo estava Mais tarde quando eu voltei noacutes fomos juntos ao lago e entatildeoeu que fiquei mais assustado ainda33

31 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)32 Ibidem loc cit33 Ibid loc cit

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

45

Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

53

Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

54

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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Sites

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httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 30: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

29

Flutuando no lago de Pennisi estava um ldquoninhordquo de OVNI uma massa

circular de junco com 9 metros fibras naturais firmemente torcidas em um intrincado

desenho espiralado em sentido horaacuterio e tatildeo forte que segundo Pennisi poderia facilmente

suportar o peso de 10 homens

O avistamento do disco azul-acinzentado por Pedley nunca se repetiu mas o

que quer que tenha feito aquele primeiro ldquoninhordquo no accedilude de Pennisi continuou fazendo-os

ldquoEles voltaram em 1972 1975 1980 1982 e 1987 Sempre havia um ciacuterculo grande mas noacutes

tambeacutem vimos uns 22 ciacuterculos menores e o mais estranho eacute que enquanto o maior era

sempre no sentido horaacuterio os outros eram sempre no sentido anti-horaacuteriordquo34

Determinado a explicar o fenocircmeno Pennisi pocircs-se a observar o lago a noite

toda ldquoEu nunca descobri porque eles vieram para minha fazenda ou porque eles pararam de

vir repentinamente mas eu apenas faccedilo ideacuteiardquo35 Pennisi acredita que o interesse no seu lago

mais a atenccedilatildeo da poliacutecia e da forccedila aeacuterea podem ter feito o que quer que seja ou quem quer

que seja que estivesse visitando sua fazenda recuar ldquoNoacutes tiacutenhamos pessoas do mundo inteiro

chegando pesquisadores de OacuteVNIS policiais os investigadores da forccedila aeacuterea ficavam

observando a gente 24 horas por diardquo36 Depois de uma extensiva investigaccedilatildeo da poliacutecia e da

RAAF um relatoacuterio de 1966 da Commonwealth Aerial Phenomena Investigation

Organization (CAPIO) concluiu que o fenocircmeno poderia estar associado agrave secas lsquowilly

williesrsquo ou descarga de aacuteguas que se sabe ocorrerem na aacuterea norte de Queensland Pennisi riu-

se da explicaccedilatildeo

Eles tambeacutem tentaram me dizer que foi um helicoacuteptero voando baixo ummini tornado ateacute mesmo um crocodilo Mas qualquer um que viu isso diraacuteque o que quer que tenha feito isso natildeo eacute desse mundo meu amigo Antesdisso acontecer comigo eu era ceacutetico tambeacutem mas as coisas mudam quandovocecirc vecirc as coisas com seus proacuteprios olhos37

34 httpwwwcirclemakersorgtullyhtml (traduccedilatildeo nossa)35 Ibidem loc cit36 Ibid loc cit37 Ibid loc cit

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

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Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

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As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

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Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

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[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

45

Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

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ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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___ PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001

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CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismooriental Traduccedilatildeo de Joseacute Fernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999

DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L OrlandiCampinas Papirus 1991

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GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

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VON NEUMANN John The Mathematical Foundations of Quantum MechanicsPrinceton Princeton University Press 1955 Apud GOSWAMI Amit A Janela VisionaacuteriaUm guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo PauloCultrix 2003

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63

Sites

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 31: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

30

15 Ciacuterculos Ingleses

Anualmente o ldquoFenocircmeno dos Ciacuterculos Inglesesrdquo ressurge cada vez mais

ousado e numeroso no veratildeo do hemisfeacuterio norte ndash principalmente na Inglaterra ndash e em outras

localidades esparsas do mundo Poreacutem esse fenocircmeno agora difundido entre artistas europeus

teve um iniacutecio inusitado na Austraacutelia em uma fazenda perto da cidade de Tully em 19 de

janeiro de 1966

A ocorrecircncia de que um disco-voador teria pousado numa fazenda

deixando marcas ganhou publicidade e entatildeo a propriedade passou a ser assediada por

curiosos cientistas (os que estudam os ciacuterculos satildeo chamados de ldquocerealogistasrdquo) militares e

entusiastas da ufologia38 Esse sucesso perdurou por vaacuterios anos

Ao tomarem conhecimento desta ocorrecircncia em 1978 dois ingleses ndash Doug

Bower e Dave Chorley ndash resolveram espalhar essa ideacuteia pela Inglaterra com o propoacutesito de

fazerem as pessoas pensarem que tinham sido produzidas por discos voadores

extraterrestres39 As marcas feitas pelos dois tiveram meacutedia repercussatildeo entre as pessoas e a

miacutedia enquanto secretamente outros ldquoenganadoresrdquo simpatizavam com a ideacuteia de desenhar

ldquomisteriososrdquo ciacuterculos nas plantaccedilotildees de cereais Os ciacuterculos eram (e ainda satildeo) feitos agrave noite

e aparecem ldquorepentinamenterdquo na manhatilde seguinte

Em 1991 os dois ldquopioneirosrdquo declararam agrave miacutedia serem os autores dos

desenhos Mas nesse momento o fenocircmeno jaacute estava sendo tatildeo ldquocultuadordquo que ningueacutem deu

creacutedito Os padrotildees graacuteficos de simples e apenas circulares no comeccedilo foram sofrendo

modificaccedilotildees com o tempo e com maior quantidades de grupos de pessoas passando a

reproduzir o fenocircmeno a cada ano tornaram-se cada vez mais complexos e mais ldquoincriacuteveisrdquo

ateacute mesmo com desenhos produzidos matematicamente por computador

38 httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm (traduccedilatildeo nossa)39 httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml (traduccedilatildeo nossa)

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

45

Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

46

Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

47

Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

48

ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

53

Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

54

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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Sites

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httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 32: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

31

Antigamente a ldquoinesperada apariccedilatildeordquo de ciacuterculos em plantaccedilotildees causava

ldquosustosrdquo e reaccedilotildees de ldquoestranhamentordquo nas pessoas Atualmente a complexidade dos designs

aticcedila nas pessoas a ideacuteia do ldquomisteriosordquo ou do ldquomiacutesticordquo fazendo-as realmente acreditar que

satildeo extraterrestres

Os grupos de pessoas que produzem os ciacuterculos nas plantaccedilotildees satildeo

conhecidos pela designaccedilatildeo de ldquocirclemakersrdquo ou fazedores de ciacuterculos Atualmente estes

possuem razoaacutevel divulgaccedilatildeo na miacutedia poreacutem sempre escondem seus rostos pois desenham

ilegalmente nas plantaccedilotildees alheias Ultimamente tecircm feito logotipos gigantescos para

promover empresas contrariando os princiacutepios do projeto a que se propuseram ou seja o

fenocircmeno artiacutestico que havia se caracterizado transformou-se em ldquofonte de rendardquo para seus

principais divulgadores na atualidade John Lundberg e Rod Dickinson que mantecircm um site

sobre suas atividades40

Poreacutem existem casos de pousos de naves no mundo inteiro mas as marcas

satildeo diferentes e fica um impasse os ciacuterculos satildeo extraterrestres ou feitos pelos fazedores de

ciacuterculos ldquocirclemakersrdquo A resposta pode ser um e outro Com precisatildeo soacute as investigaccedilotildees

poderatildeo dizer

40 httpwwwcirclemakersorg

32

NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

33

16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

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Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

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As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

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As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

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A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

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18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

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Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

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[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

45

Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 33: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

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NOTA DE IMPRENSA PELOS FAZEDORES DE CIacuteRCULOS NAS PLANTACcedilOtildeES 41

Por John Lundberg amp Rod Dickinson

FORMACcedilOtildeES DAS PLANTACcedilOtildeES DE 1997 NOacuteS SOMOS ARTISTAS ESTAS SAtildeO NOSSAS

OBRAS

Noacutes publicamos esta nota de imprensa para esclarecer a recente especulaccedilatildeo da miacutedia Britacircnica sobre

as formaccedilotildees circulares nas plantaccedilotildees em 1997

Incluindo os jornais e as raacutedios The Guardian 14 de agosto p8 The Independent no Domingo 10 de

agosto p7 GLR Radio 10 de agosto 10h30min The People 10 de agosto p12 The Daily Mail 04 de

agosto p16 The Independent 02 de agosto p14-15

Como a temporada de ciacuterculos nas plantaccedilotildees de 1997 estaacute chegando ao fim nosso trabalho para

este ano estaacute quase terminado

Formaccedilotildees nas plantaccedilotildees natildeo satildeo fraudes Satildeo obras de arte construiacutedas anonimamente sob a

escuridatildeo noturna por pequenos grupos de artistas experientes e talentosos

O ofiacutecio de ldquofazer ciacuterculosrdquo requer designs cuidadosamente planejados ferramentas acuradas de

mediccedilatildeo (utilizando geometrias sagradas) e ferramentas simples de aplanamento

Muitos dos designs de 1997 utilizam geometrias de seis dobras na sua estrutura subjacente isto eacute a

divisatildeo de um ciacuterculo em seis ou trecircs seccedilotildees

Nossos anos de experiecircncia nos habilitam a construir formaccedilotildees nas plantaccedilotildees de uma escala e

complexidade as quais levam muitas pessoas a acreditar que elas satildeo aleacutem do esforccedilo humano

Esses designs satildeo grandes testes de Rorschach aplainados nos campos de Wiltshire decifrados de

acordo com os sistemas de crenccedila de quem os vecirc

Nossas obras de arte estatildeo situadas em Wiltshire particularmente na aacuterea de Avebury ndash uma

paisagem neoliacutetica ndash ela proacutepria sendo uma rede de linhas siacutetios e geometrias ainda vibrante de

misteacuterio

Nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees pretendem funcionar como locais sagrados temporaacuterios nesta

paisagem

Enquanto construiacutemos as formaccedilotildees nos campos de plantaccedilotildees noacutes temos experimentado uma seacuterie

de anomalias aeacutereas incluindo pequenas esferas de luz colunas de luz e flashes ofuscantes Todas

aparentemente direcionadas a noacutes ou nossas formaccedilotildees nas plantaccedilotildees

Noacutes natildeo nos surpreendemos com os numerosos visitantes que tecircm relatado um diverso conjunto de

anomalias associadas com nossas obras Elas incluem efeitos fisioloacutegicos como dores de cabeccedila e

naacuteusea Efeitos de cura como um relato de cura de osteoporose aguda Efeitos fiacutesicos como falhas

em cacircmeras e outros equipamentos eletrocircnicos

Noacutes estamos certos de que nossas obras satildeo objetos da atenccedilatildeo de forccedilas paranormais que agem

como catalisadoras de outros eventos paranormais

41 httpwwwcirclemakersorgpresshtml (traduccedilatildeo nossa)

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16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

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Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

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17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

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Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

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As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

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As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

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Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

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[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

45

Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

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ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 34: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

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16 Geometria Sagrada

A Geometria Sagrada muitas vezes utilizada na construccedilatildeo dos Ciacuterculos

Ingleses pode ser definida como ldquoo estudo das ligaccedilotildees entre as proporccedilotildees e formas contidos

no microcosmo e no macrocosmo com o propoacutesito de compreender a Unidade que permeia

toda a Vidardquo42

Desde a Antiguumlidade os egiacutepcios os gregos os maias os arquitetos dascatedrais goacuteticas artistas como Leonardo da Vinci ou o pintor GeorgesSeurat todos reconheciam na natureza formas e proporccedilotildees especiais quetraduziam uma harmonia e unidade em si Essas relaccedilotildees de forma eproporccedilotildees consideradas sagradas na geometria e na arquitetura tambeacutemocorrem de forma idecircntica em outras aacutereas da expressatildeo humana como naMuacutesica A mesma harmonia nos sons nas formas nas cores e etc tambeacutem seencontra na natureza do microcosmo ao macrocosmo A GeometriaSagrada seria a linguagem mais proacutexima da Criaccedilatildeo A partir do seu estudofica clara a ligaccedilatildeo a Unidade de todas as coisas e que a vida floresce deuma mesma fonte a forccedila criativa inteligente e incondicionalmente amorosaque alguns chamam de ldquoDeusrdquo43

A perfeiccedilatildeo inerente a templos da Antiguumlidade ou a uma pintura de Da Vinci

ou nas mandalas orientais se daacute simplesmente porque as proporccedilotildees harmocircnicas contidas no

seu design estatildeo ligadas agraves leis da Geometria Sagrada a qual eacute a proacutepria incorporaccedilatildeo das

ondas harmocircnicas de energia melodia e proporccedilatildeo universal Os nossos sentidos respondem

agraves harmonias proporcionais e agraves formas de ondas criadas pela aplicaccedilatildeo da Geometria

Sagrada

Natildeo haacute certeza do local de origem terrestre deste conhecimento mas suasformas estatildeo evidentes atraveacutes dos yantras e mandalas das artes HinduiacutestasTibetanas e Budistas entalhes Celtas e adornos de livros ateacute mesmo naspinturas de areia dos nativos Norte-Americanos Os mais antigosproprietaacuterios conhecidos da Geometria Sagrada foram os Egiacutepcios Apesardessas pessoas iluminadas utilizarem a geometria para todos os modos deaplicaccedilatildeo terrestres ndash por isso a palavra lsquogeo-metriarsquo ou lsquomedida da terrarsquo ndasho propoacutesito era metafiacutesico em sua essecircnciaPorque a Geometria Sagrada reflete o universo suas formas puras eequiliacutebrios dinacircmicos tecircm um propoacutesito maior a obtenccedilatildeo de uma totalidadeespiritual atraveacutes da auto-reflexatildeo dando insights estruturais nos trabalhosdo self interior 44

42 httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml43 Ibidem loc cit44 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

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Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

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As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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63

Sites

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httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 35: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

34

Parece que a ldquosacralizaccedilatildeordquo da geometria tambeacutem ocorreu com Pitaacutegoras

(580-500 aC aproximadamente) que construiu uma espeacutecie de ldquoreligiosidaderdquo em torno de

seus ensinamentos de matemaacutetica e geometria

Haacute uma variedade de designs de ciacuterculos nas plantaccedilotildees onde se pode notar

temas recorrentes que satildeo em sua maior parte gerados dentro de uma forma circular e

continuam atraveacutes de uma expansatildeo proporcional se desenvolvendo aleacutem dos limites do

design original

Isso eacute consistente com o princiacutepio da Geometria Sagrada onde o ciacuterculo eacuteo principal elemento jaacute que ali jaz o coraccedilatildeo do princiacutepio criativo Eacute arepresentaccedilatildeo da vida coacutesmica do menor aacutetomo ao maior planeta Eacuteportanto o siacutembolo do incognosciacutevel do espiacuterito e do ceacuteu O opostosimboacutelico do ciacuterculo eacute o quadrado que eacute considerado material e da terraAmbas as formas em aacutereas iguais e superpostas se tornam um siacutembolo dafusatildeo entre a Humanidade e o Universo de espiacuterito e mateacuteria45

45 httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml (traduccedilatildeo nossa)

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

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Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

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As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

45

Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

46

Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

47

Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

48

ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

53

Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

54

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

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httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 36: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

35

ldquoHomem Universalrdquo Pitaacutegoras Soacutelidos primeiramente

estudados pelos Pitagoacutericosconsiderados Sagrados

Utilizaccedilatildeo da Geometria Sagrada nas formaccedilotildees deciacuterculos nas plantaccedilotildees

36

17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

50

pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

53

Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

54

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 37: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

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17 Mandalas

A palavra mandala pode ter diversos significados No sentido mais amplo

significa ciacuterculo Eacute tambeacutem um diagrama simboacutelico de uma mansatildeo sagrada o palaacutecio de

Buddha a dimensatildeo pura da mente iluminada Eacute um arranjo harmonioso em torno de um

ponto central um siacutembolo da harmonia e integraccedilatildeo dos diferentes niacuteveis e aspectos de nosso

ser Pode ser definida tambeacutem como designs geomeacutetricos pretendendo simbolizar o universo

Sua utilizaccedilatildeo eacute referida nas praacuteticas Budistas e Hinduiacutestas

[] no Rig Veda [a mais antiga Escritura Sagrada Hindu] e na literaturaassociada a mandala eacute o nome de um capiacutetulo uma coleccedilatildeo de mantras ouhinos em verso cantados nas cerimocircnias Veacutedicas talvez advindo o senso deciacuteclico como num ciclo de canccedilotildees Acreditava-se que o universo seoriginava desses hinos cujos sons sagrados continham padrotildees geneacuteticos deseres e coisas entatildeo haacute um sentido claro da mandala como um modelo domundoA palavra em si eacute derivada da raiz manda que significa lsquoessecircnciarsquo agrave que osufixo la significando lsquoque conteacutemrsquo foi adicionado dando uma conotaccedilatildeooacutebvia de que a mandala conteacutem a essecircncia []A origem da mandala eacute o centro um ponto Eacute um siacutembolo aparentementelivre de dimensotildees Significa uma lsquosementersquo lsquoespermarsquo lsquogotarsquo o pontosaliente inicial Eacute do centro que as energias satildeo projetadas para fora e noato dessa projeccedilatildeo das forccedilas as proacuteprias forccedilas do devoto se desdobram etambeacutem satildeo projetadas Deste modo ela representa o espaccedilo interior eexterior Seu propoacutesito eacute remover a dicotomia sujeito-objeto No processo amandala eacute consagrada a uma deidadeNa sua criaccedilatildeo uma linha se faz de um ponto Outras linhas satildeo desenhadasateacute se intersectarem criando padrotildees geomeacutetricos triangulares O ciacuterculodesenhado em volta representa a consciecircncia dinacircmica do iniciado Oquadrado extriacutenseco simboliza o mundo limitado em quatro direccedilotildeesrepresentado por quatro portotildees a aacuterea central eacute a residecircncia da deidadeDessa maneira o centro eacute visualizado como a essecircncia e a circunferecircnciacomo compreensatildeo fazendo a mandala significar no seu desenho completoa compreensatildeo da essecircncia46

Geralmente as mandalas satildeo pintadas (em tibetano thangkas)representadas tridimensionalmente em madeira ou metal simbolizadas pormontes de arroz ou construiacutedas com areia colorida sobre uma plataformaNeste uacuteltimo caso a mandala eacute desfeita apoacutes algumas cerimocircnias e a areia eacutejogada em um rio proacuteximo para que as becircnccedilatildeos se espalhem A dissoluccedilatildeode uma mandala serve tambeacutem como exemplo da impermanecircncia47

46 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)47 httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

37

Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

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As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

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Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

53

Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

54

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 38: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

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Antes de se permitir que um monge trabalhe na construccedilatildeo de uma mandalaele deve passar por um longo periacuteodo de treino de teacutecnica artiacutestica ememorizaccedilatildeo aprendendo como desenhar todos os vaacuterios siacutembolos eestudando os conceitos filosoacuteficos relacionados No monasteacuterio Namgyal (omonasteacuterio pessoal do Dalai Lama) [] este periacuteodo eacute de trecircs anos []Tradicionalmente a mandala eacute dividida em quatro quadrantes e um mongeeacute designado para cada quadrante No ponto em que os monges aplicam ascores um assistente se junta a cada um dos quatro Trabalhandocooperativamente os assistentes ajudam a preencher as aacutereas de corenquanto os quatro monges principais delineiam os outros detalhes[] Eacute importante notar que a mandala eacute explicitamente baseada nasEscrituras Sagradas No final de cada sessatildeo de trabalho os monges dedicamqualquer meacuterito artiacutestico ou espiritual acumulado dessa atividade aobenefiacutecio de outros []A preparaccedilatildeo da mandala eacute um empenho artiacutestico mas ao mesmo tempo eacuteum ato de adoraccedilatildeo Nesta forma de adoraccedilatildeo conceitos e formas satildeocriados nas quais as mais profundas intuiccedilotildees satildeo cristalizadas e expressascomo arte espiritual O design no qual eacute geralmente meditado eacute umcontinuum de experiecircncias espaciais a essecircncia que precede sua existecircnciaque significa que o conceito precede a forma48

O esquema baacutesico da mandala conteacutem cinco formas simboacutelicas (Buddhas e

Boddhisattwas seres lsquoiluminadosrsquo e lsquoanjosrsquo) organizadas em um padratildeo especiacutefico um no

centro e quatro nos pontos cardeais

Em todos estes mandalas o siacutembolo central o arqueacutetipo central representa aproacutepria realidade ou eacute a proacutepria realidade [a Realidade Uacuteltima ou adeidade] E as outras quatro formas simboacutelicas distribuiacutedas nos quatropontos cardeais representam os quatro aspectos principais desta realidade ouos quatro aspectos principais nos quais ela eacute lsquodivididarsquo []49

Na sua forma mais comum a mandala aparece como uma seacuterie de ciacuterculosconcecircntricos Conteacutem uma estrutura quadrada concecircntrica aos ciacuterculosonde reside a deidade Sua forma quadrada perfeita indica que o espaccediloabsoluto da sabedoria eacute livre de aberraccedilotildees Esta estrutura quadrada possuiquatro portotildees elaborados Essas quatro portas simbolizam juntas os quatropensamentos sem limites a saber benevolecircncia amorosa compaixatildeosimpatia e equanimidade [] Esta estrutura quadrada define a arquiteturada mandala descrita como um palaacutecio de quatro lados ou templo []

48 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)49 httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

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Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

53

Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

54

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 39: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

38

As seacuteries de ciacuterculos ao redor do palaacutecio central seguem uma intensaestrutura simboacutelica Comeccedilando pelos ciacuterculos exteriores pode-se encontrarum anel de fogo frequumlentemente um ornato em forma de arabescosestilizado Isso simboliza o processo de transformaccedilatildeo que os seres humanoscomuns tecircm que passar antes de adentrar o territoacuterio sagrado interior Isso eacuteseguido por um anel de raios e trovotildees ou cetros de diamante (vajra)indicando a indestrutibilidade e o brilho diamantino dos reinos espirituaisda mandala50

Finalmente ao centro jaz a deidade com a qual a mandala eacute identificada Eacute

da forccedila dessa deidade que a mandala estaacute investida

50 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

45

Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

46

Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

47

Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

48

ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

53

Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

54

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 40: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

39

As cores tambeacutem satildeo cruciais para a mandala

Os quadrantes da mandala-palaacutecio satildeo tipicamente divididos em triacircngulosisoacutesceles coloridos incluindo quatro das seguintes cinco cores brancoamarelo vermelho verde e azul escuro Cada uma dessas cores estaacuteassociada a um dos cinco Buddhas transcendentais posteriormenteassociadas agraves cinco ilusotildees da natureza humana Essas ilusotildees obscurecem averdadeira natureza do ser humano mas atraveacutes da praacutetica espiritual elaspodem ser transformadas na sabedoria dos cinco Buddhas respectivosespecificamenteBranco ndash Vairocana A ilusatildeo da ignoracircncia se torna a sabedoria darealidadeAmarelo ndash Ratnasambhava A ilusatildeo do orgulho se torna a sabedoria dauniformidadeVermelho ndash Amitabha A ilusatildeo do apego se torna a sabedoria dodiscernimentoVerde ndash Amoghasiddhi A ilusatildeo da inveja se torna a sabedoria darealizaccedilatildeoAzul ndash Akshobhya A ilusatildeo da raiva se torna a sabedoria espelhada51

Para se meditar sobre uma mandala o praticante deve sentar-seconfortavelmente e observaacute-la durante longo tempo limpando a mente detodos os pensamentos O objetivo eacute preencher a mente com a imagem damandala construindo-a dentro de si Deve-se fixar o olhar para o centro domandala e dirigir a atenccedilatildeo para os detalhes que a visatildeo perifeacuterica captaAos poucos o intelecto se cala o diaacutelogo interior cessa e a intuiccedilatildeo assumeo comando criando condiccedilotildees para o autoconhecimentoExistem vaacuterias tradiccedilotildees orientais associadas agrave meditaccedilatildeo com a mandala[] por exemplo deve-se cercar a mandala dos quatro elementos vitaisuma vela (representando o fogo) um cristal (terra) um copo de aacutegua comuma haste de cobre dentro (aacutegua) e um incenso de aroma sutil(representando o ar) fazendo um altar com estes elementos cercando amandala Ou ainda fazer como os tibetanos recomendam treine diariamentecom os olhos abertos sem piscar iluminando a mandala com uma velaDeve-se treinar ateacute conseguir ficar uma hora em meditaccedilatildeo sem piscar osolhos Eles acreditam que a longa meditaccedilatildeo com os olhos abertos faz apessoa lacrimejar ateacute ldquoperder as laacutegrimasrdquo e quando os olhos secam eacutepossiacutevel ver a aura das pessoas ou entatildeo ter uma visatildeo a respeito de simesmo52

Ao meditar sobre uma mandala a pessoa ldquodobra-serdquo para dentro de si

proacutepria e chegando a centro da mandala pode perceber que ela natildeo eacute mais uma parte

separada do universo mas sim o Proacuteprio Todo

51 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)52 httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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63

Sites

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httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 41: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

40

A visualizaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo do conceito da mandala satildeo algumas das

maiores contribuiccedilotildees do Budismo para a psicologia religiosa e que foi muito estudada por

Carl Gustav Jung

As mandalas satildeo vistas como locais sagrados as quais pela proacutepriapresenccedila no mundo lembram o observador da imanecircncia da santidade nouniverso e seu potencial em si mesmo No contexto do caminho Budista opropoacutesito da mandala eacute colocar um fim ao sofrimento humano obter alsquoiluminaccedilatildeorsquo e obter uma visatildeo correta da Realidade Eacute um meio dedescobrir a Divindade pela percepccedilatildeo de que Ela reside dentro do self decada um53

53 wwwexoticindiaartcomarticlemandala (traduccedilatildeo nossa)

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

44

somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

45

Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

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19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

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ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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63

Sites

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httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 42: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

41

18 Labirintos

Mitologicamente o Labirinto como nos eacute conhecido hoje eacute atribuiacutedo a

Deacutedalo (pai de Iacutecaro) o maior artista ateniense considerado o ldquopairdquo dos arquitetos Segundo a

histoacuteria mitoloacutegica foi construiacutedo na capital da ilha de Creta Knossos durante um exiacutelio a

que Deacutedalo teve que se submeter quando a ilha era governada pelo rico e poderoso rei

Minos54

[] o termo lsquolabirintorsquo tem trecircs diferentes significados Eacute maisfrequumlentemente utilizado como uma metaacutefora uma referecircncia a umasituaccedilatildeo difiacutecil natildeo clara e confusa Esse sentido figurativo proverbial temsido usado desde a Antiguumlidade tardia (Seacuteculo trecircs dC) e pode ser retomadodo conceito de lsquomazersquo55 uma estrutura tortuosa que oferece ao caminhantemuitos caminhos alguns dos quais levam a becos sem saiacuteda Esta noccedilatildeoparticular de labirinto [] (neste contexto um maze) eacute empregada comomotivo literaacuterio []Como uma figura linear ou um graacutefico um labirinto eacute mais bem definidoprimeiramente em termos de forma Sua forma circular ou retangular fazsentido somente quando visto de cima como a planta de uma construccedilatildeoVisto como tal as linhas aparecem delineando as paredes e o espaccedilo entreelas como o caminho o lendaacuterio lsquoFio de Ariadnersquo As paredes em si natildeo satildeoimportantes Sua uacutenica funccedilatildeo eacute marcar o caminho definircoreograficamente como era o padratildeo fixo do movimento O caminhocomeccedila com uma pequena abertura no periacutemetro e leva ao centro dirigindo-se de forma circular por todo o labirintoOposto a um maze o caminho do labirinto natildeo eacute intersectado por outroscaminhos Natildeo existem escolhas a serem feitas e o caminho levainevitavelmente a finalizar no centro Portanto o uacutenico beco sem saiacuteda emum labirinto eacute no seu centro Uma vez laacute o caminhante deve dar meia volta eretornar pelo mesmo caminho para fora 56

Forma

O desenho do caminho pode assumir numerosas formas e constitui umlabirinto somente se o caminho natildeo eacute intersectado ou seja se natildeo requer docaminhante nenhuma escolha e sebull dobra-se de volta em si mesmo continuamente mudando de direccedilatildeobull preenche o espaccedilo interior inteiramente direcionando seu caminho daforma mais circular possiacutevelbull repetidamente leva o visitante a passar perto do centrobull inevitavelmente termina no centro ebull tem um uacutenico caminho de volta agrave entrada57

54 STEPHANIDES I amp M Deacutedalo e Iacutecaro Rio de Janeiro Tecnoprint 1984 Seacuterie-B v11 p 2555 Em Inglecircs o termo lsquolabyrinthrsquo eacute diferente do termo lsquomazersquo (lecirc-se lsquomeizersquo) contudo os dois possuem a mesma

traduccedilatildeo para o Portuguecircs lsquolabirintorsquo as diferenccedilas seratildeo explicadas adiante poreacutem quando for encontrada atraduccedilatildeo lsquolabirintorsquo esta se referiraacute ao termo lsquolabyrinthrsquo E lsquomazersquo permaneceraacute sem traduccedilatildeo

56 KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years Munich Prestel 2000 p23(traduccedilatildeo nossa)

57 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

42

Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

44

somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

45

Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

46

Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

47

Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

48

ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

53

Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 43: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

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Sabe-se que se um labirinto ou maze forem percorridos sempre com a matildeo

direita na parede eacute muito provaacutevel que se possa alcanccedilar o centro e voltar ao iniacutecio

Construccedilatildeo

O tipo mais antigo de labirinto chamado ldquoCretenserdquo por sua presumida

origem apesar de ter existido como uma forma labiriacutentica baacutesica na Iacutendia e Ameacuterica tem sete

circuitos natildeo arrumados consecutivamente58

Haacute muitos princiacutepios de construccedilatildeo relativos aos labirintos que podem serusados em vaacuterias combinaccedilotildees algumas baacutesicas variaccedilotildees que podem seraplicadas ao tipo Cretense Para comeccedilar coloque quatro acircngulos retos entreos braccedilos de uma cruz central e insira quatro pontos nesses acircngulos Entatildeoconecte o topo da cruz com o braccedilo vertical do acircngulo superior esquerdoAgora coloque sua caneta no ponto desse acircngulo reto Daqui desenhe ndash nadireccedilatildeo oposta ndash um arco conectando o braccedilo vertical do acircngulo superiordireito Comeccedilando no ponto desse acircngulo reto desenhe um arco ateacute o finaldo braccedilo horizontal do acircngulo superior esquerdo Uma vez que os outrosfinais tenham sido conectados da mesma maneira o labirinto Cretense desete circuitos estaraacute completo59

Baseado nas formas que compotildeem a construccedilatildeo de um labirinto do tipo

Cretense pode-se chegar a duas conclusotildees

58 KERN 2000 p 24 (traduccedilatildeo nossa)59 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)

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[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

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somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

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Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

53

Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 44: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

43

[] um quadrado eacute claramente transformado em um ciacuterculo A cruz centrale os pontos colocados em um padratildeo quadrado juntamente com as linhasconectoras semicirculares satildeo os elementos constitutivos do labirinto Oresultado desta soma orgacircnica de vetores em termos de forma eacute um ciacuterculo[] incompleto Eacute impossiacutevel negligenciar o fenocircmeno de enquadrar umciacuterculo (isto eacute realizar o impossiacutevel) ndash natildeo como um problema matemaacuteticomas como um ponto de vista cosmoloacutegico antigo O quadrado (cujascoordenadas refletem os quatro pontos cardeais) e o ciacuterculo (acircunferecircncia ou a aacuterea da superfiacutecie) representam duas visotildees de mundobaacutesicas Ambas as formas revelam uma tentativa de orientaccedilatildeo baacutesica ou adeterminaccedilatildeo de uma posiccedilatildeo Ambas as formas satildeo inerentes ao labirinto evatildeo mais longe do que determinar sua forma proacutepria Elas sublinham o fatode que o labirinto eacute uma lsquofigura de orientaccedilatildeorsquo quintessenciada umaentidade com um caminho claro representando uma visatildeo de mundo Este eacuteum tema que tambeacutem pertence aos mazes mas de uma forma negativa poisnos mazes o caminho se resume agrave falta de orientaccedilatildeo Baseado nainterpretaccedilatildeo do ciacuterculo como um siacutembolo dos ceacuteus (e do caminho do sol) edo quadrado como um siacutembolo da terra pode-se inferir que oenquadramento de um ciacuterculo [] representa um tipo de reconciliaccedilatildeo umauniatildeo de ambos []O tipo Cretense poderia ter sido originalmente feito usando-se dois pedaccedilosde fios que poderiam ser dispostos de tal maneira que eles se cruzassemapenas uma vez com os quatro finais demarcando os cantos de umquadrado espiritual e delineando um direcionamento caracteriacutestico docaminho que natildeo eacute intersectado por outros caminhos [figura da construccedilatildeodo labirinto]60

Histoacuteria

A histoacuteria do conceito de labirinto natildeo eacute difiacutecil de ser traccedilada Asreferecircncias literaacuterias mais antigas levam a assumir-se que o termolsquolabirintorsquo significava uma notaacutevel estrutura (de pedra) O que eacuteprovavelmente a primeira menccedilatildeo a um labirinto aparece em uma pequenatabuleta de barro Micena achada em Knossos datando de 1400 aC []Tambeacutem eacute possiacutevel que a palavra significasse uma superfiacutecie de danccedilamarcando padratildeo labiriacutentico correspondente ao desenho naaproximadamente contemporacircnea tabuleta de barro em Pylos (ano 1200aC)A proacutexima menccedilatildeo conhecida apareceu no trabalho agora perdido doarquiteto de Samos Theodorus o Heraeum que ele construiu em Samos noseacuteculo sexto Em um tributo de auto-exaltaccedilatildeo ele se comparou a Deacutedalo[] [] Os mazes natildeo satildeo mencionados em nenhum desses relatos e natildeoparecem estar associados a labirintos[] Eacute possiacutevel que a palavra [lsquolabyrinthosrsquo] tenha sido emprestada de fontesMinoacuteicas eou orientais O local do labirinto original de Creta estaacute sugeridona descriccedilatildeo de Homero de uma danccedila labiriacutentica em Knossos (Iliacuteada18590) e da aventura Cretense de Teseu []61

Jaacute que a etimologia da palavra eacute desconhecida e as mais antigas referecircnciasliteraacuterias obviamente denotam um significado derivativo e secundaacuterio

60 KERN 2000 p 24-25 (traduccedilatildeo nossa)61 Ibidem p25 (traduccedilatildeo nossa)

44

somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

45

Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

46

Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

47

Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

48

ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

51

110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

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ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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63

Sites

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httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 45: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

44

somente pode-se reconstruir o conceito original de labirinto indiretamente[]Se as tradiccedilotildees literaacuterias visuais e de danccedila devem ser traccediladas a uma fontecomum esta fonte deve ser chamada de labirinto arquetiacutepico Haacute muito aser dito sobre a hipoacutetese de que o conceito de labirinto primeiramente semanifestou como uma danccedila em grupo e que uma fila de danccedilarinos seguiaum caminho muito parecido com aquele representado na tabuleta de Pylos enos petroacuteglifos correspondentes agrave Idade do Bronze da Bacia doMediterracircneo []Esse design de labirinto tinha uma funccedilatildeo coreograacutefica ele determinava ocaminho da danccedila do labirinto62

ldquoEsses caminhos da danccedila eram provavelmente marcados na superfiacutecie de

danccedila com muita antecedecircncia portanto as duas manifestaccedilotildees a danccedila e a versatildeo graacutefica

coincidiram uma com a outrardquo63

Isso parece apoiar a teoria de que o termo ldquo labyrinthosrdquo originalmentedenotava uma danccedila cujo caminho era determinado pelo padratildeo graacutefico[] Aleacutem do mais essa superfiacutecie de danccedila que Deacutedalo lsquoastuciosamentetrabalhoursquo para Ariadne segundo Homero (Iliacuteada 18592) certamente tinhamarcas perfuradas deste caminho ndash possivelmente incrustado em maacutermore ndashque permitiram agrave fila de danccedilarinos executar seus movimentos labiriacutenticostambeacutem descritos por Homero Este ldquoestaacutegiordquo elaborado [] deve terservido como modelo para o jaacute mencionado conceito de labirinto umaldquonotaacutevel estrutura (de pedra)rdquo Agora eacute possiacutevel reconstruir o conceitooriginal de labirinto a partir desta concordacircncia das tradiccedilotildees literaacuteriasvisuais e de danccedila64

A origem do ldquoMazerdquo

Ainda natildeo se sabe como a palavra denotando este design simples que natildeotem intersecccedilotildees veio a ser usada como um sinocircnimo de lsquomazersquo Aexplicaccedilatildeo mais provaacutevel eacute baseada na suposiccedilatildeo de que ndash na era Heleniacutesticatardia ndash o caminho desenhado da danccedila natildeo era mais entendido que atradiccedilatildeo tinha morrido ou se modificado e que os movimentos prescritoseram tidos como confusos e difiacuteceis de compreender mesmo quando erafeito corretamente Esta confusatildeo era presumivelmente pretendida comosendo uma das caracteriacutesticas fundamentais da danccedila Uma vez que a danccedilanatildeo era mais compreendida nem pelos danccedilarinos nem pela audiecircncia osenso de confusatildeo foi posteriormente intensificado Parece ter sido o casoaproximadamente no tempo do nascimento de Cristo [] []Se a natureza imprevisiacutevel da danccedila do labirinto for vista sob a luz da ideacuteiamencionada anteriormente [] do labirinto como uma estrutura notaacutevelengenhosa e complexa o resultado eacute um maze fechado em uma construccedilatildeo

62 KERN 2000 p 25 (traduccedilatildeo nossa)63 Ibidem p 27 (traduccedilatildeo nossa)64 Ibid p 25-26 (traduccedilatildeo nossa)

45

Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

46

Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

47

Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

48

ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

50

pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

51

110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

52

111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

53

Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

54

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 46: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

45

Combinando esses dois conceitos cada um chamado de lsquolabirintorsquo umaterceira ideacuteia emerge que natildeo tem nada em comum com o conceito originalde labirinto a natildeo ser o nome65

Mais adiante a interpretaccedilatildeo moralmente depreciativa do labirinto como umlocal pecaminoso e enganoso evidente em muitas representaccedilotildees delabirintos em manuscritos medievais eacute um outro exemplo do design simplesdo labirinto sendo eclipsado pelo complexo motivo literaacuterio maze O uacuteniconovo aspecto dessa interpretaccedilatildeo Cristatilde eacute o juiacutezo de valor moral negativoassociado a eleA suposiccedilatildeo declarada anteriormente ndash de que o motivo literaacuterio maze daAntiguumlidade ocorreu graccedilas a uma concepccedilatildeo erroneamente interpretada dolabirinto ndash eacute tambeacutem relevante a este exemplo que ecoa o fato de as danccedilasdo labirinto cessarem por natildeo serem compreendidas e como resultadoserem vistas como desesperadamente confusas Finalmente deve-se notarque os verdadeiros labirintos em contraste aos mazes satildeo praticamenteimpossiacuteveis de se verbalizar portanto natildeo eacute surpresa que as metaacuteforas dolabirinto geralmente se refiram a mazes66

Assim tem-se as duas mais importantes formulaccedilotildees do conceito de

labirinto que depois se dividiu em numerosos outros significados nos anos seguintes

Tipos de Maze

65 KERN 2000 p 26 (traduccedilatildeo nossa)66 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

46

Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

47

Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

48

ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

53

Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 47: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

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Princiacutepios e Interpretaccedilotildees

A evidecircncia mais antiga da existecircncia do design do labirinto [] eacuteconhecida na Creta Minoacuteica no segundo ou possivelmente no terceiromilecircnio aC [] O que se tem certeza eacute que o design natildeo eacute Paleoliacutetico maso mais tardar Neoliacutetico Os aspectos astrais e cosmoloacutegicos de labirintosapoacuteiam isto Observaccedilatildeo celestial o conhecimento derivativo do calendaacuterioe a habilidade de medir o tempo natildeo eram do interesse dos caccediladores ecoletores nocircmades do Paleoliacutetico mas eram dos fazendeiros Neoliacuteticos queprecisavam colher suas plantaccedilotildees em certos periacuteodos do ano Outraindicaccedilatildeo do labirinto ter sido criado no periacuteodo Neoliacutetico eacute a relaccedilatildeoproacutexima entre a morte e a esperanccedila de reencarnaccedilatildeo que eacuteimpressionantemente documentada pelos tuacutemulos megaliacuteticos do periacuteodoNeoliacutetico67

Iniciaccedilatildeo Morte o Mundo Subterracircneo e Reencarnaccedilatildeo

O labirinto pode ser visto como a representaccedilatildeo perfeita para rituais de

iniciaccedilatildeo e passagem

Olhando-se a figura do labirinto mais atentamente percebe-se que este eacute umespaccedilo interior isolado dos arredores Uma parede externa envolve-o e existesomente uma pequena entrada O espaccedilo interior lembra um plano ou plantaarquitetocircnica e parece alarmantemente complicado em uma primeira olhadaUm certo niacutevel de maturidade eacute requerido para se entender sua forma bemcomo tomar a decisatildeo de se aventurar dentro de um labirinto []Uma vez passada a entrada o lsquoprinciacutepio do caminho tortuosorsquo tem efeito Oespaccedilo interior eacute preenchido com o maior nuacutemero possiacutevel de voltas eguinadas ndash significando a maior perda de tempo e maior empenho fiacutesico parao caminhante na sua jornada para o centro[]No centro o sujeito estaacute sozinho encontrando com ele mesmo ndash ou umprinciacutepio divino um Minotauro ou qualquer coisa que represente estelsquocentrorsquo Em qualquer caso deve ser o lugar onde se tem a oportunidade dese descobrir algo tatildeo baacutesico de modo que isso demande uma fundamentalmudanccedila de direccedilatildeo Para deixar um labirinto o caminhante deve se virar eretraccedilar seus passos Uma mudanccedila de direccedilatildeo de 180 graus significadistanciar-se do seu proacuteprio passado o quanto for possiacutevel []Portanto virar-se no centro natildeo significa somente desistir de uma existecircnciapreacutevia mas tambeacutem marca um novo comeccedilo Um caminhante deixando olabirinto natildeo eacute a mesma pessoa que entrou e renasceu em uma nova fase ouniacutevel de existecircncia o centro eacute onde a morte e o renascimento ocorrem[] este eacute um dos mais importantes ritos de passagem[] Natildeo eacute por acaso que alguns dos mais antigos labirintos ndash petroacuteglifos daIdade do Bronze ndash estatildeo associados tanto com tuacutemulos como com minas istoeacute aqueles locais onde a pessoa parte por um caminho perigoso de volta aouacutetero da Matildee Terra a ldquorainha do mundo subterracircneordquo 68

67 KERN 2000 p 27 (traduccedilatildeo nossa)68 Ibidem p 30 (traduccedilatildeo nossa)

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

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ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

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111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

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ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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63

Sites

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httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 48: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

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Tambeacutem natildeo eacute por acaso que labirintos sejam associados agraves voltas dasentranhas que eacute similar ao pensamento de que na Iacutendia o labirintomagicamente facilitaria o nascimento []Iniciaccedilatildeo significa morte e renascimento simboacutelicos Ainda a morte fiacutesicapode tambeacutem ser vista como a transformaccedilatildeo de uma existecircncia preacutevia ecomo uma passagem para outra nova Portanto se o labirinto simbolizamorte e reencarnaccedilatildeo como descrito acima entatildeo se deve encontrarlabirintos somente em culturas onde se acreditava existir uma poacutes-vida 69

Uniatildeo Sagrada

Discutiu-se o labirinto como um uacutetero e a ldquopenetraccedilatildeo no ventre da MatildeeTerrardquo Se esta ideacuteia fosse considerada por um niacutevel menos metafoacuterico seriajustificaacutevel apontar as oacutebvias conotaccedilotildees sexuais que estatildeo associadas com apenetraccedilatildeo da totalidade organoacuteide do labirinto e com a estreiteza e formado seu caminho [] Pensava-se que eventos sexuais nas proximidades dolabirinto aumentavam a fecundidade dos campos por restabelecer a UniatildeoSagrada (hierogamia) coacutesmica a uniatildeo do (Pai) Ceacuteu e da (Matildee) Terra quegera a vida 70

Simbolismo Cosmoloacutegico e Astral

Existem indicaccedilotildees [ainda inconclusivas] de que as reviravoltas da danccedilalabiriacutentica representassem os movimentos de corpos celestes de uma maneiramais geral A razatildeo para este tipo de imitaccedilatildeo poderia ter sido para manter aharmonia do mundo e do ceacuteu por meio de maacutegica simpaacutetica 71

ldquoA ideacuteia Pitagoacuterica da harmonia das esferas devia ter sido muito importante

para os labirintos [nesta interpretaccedilatildeo]rdquo72

[] a ideacuteia da harmonia das esferas emergiu em 400 aC depois de ter sidodescoberto que a Terra era redonda e o ldquoespaccedilo para as oacuterbitas circulares econcecircntricas dos planetas foi criadordquo Antes dessa descoberta os planetastinham o nome geneacuterico (ldquoestrelas andantesrdquo) e jaacute que natildeo se sabia que seusmovimentos satildeo governados por leis naturais os planetas teriam sido ligadosndash se foram ndash ao caminho do labirinto (jaacute provado ser muito mais antigo) emum senso mais geneacuterico e metafoacuterico73

69 KERN 2000 p 31 (traduccedilatildeo nossa)70 Ibidem loccit (traduccedilatildeo nossa)71 Ibid p 32 (traduccedilatildeo nossa)72 Ibid p 33 (traduccedilatildeo nossa)73 Ibid p 32-33 (traduccedilatildeo nossa)

48

ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

50

pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

51

110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

52

111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

53

Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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Sites

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httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 49: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

48

ldquoIn a labyrinth one does not lose oneself

In a labyrinth one finds oneself

In a labyrinth one does not encounter the Minotaur

In a labyrinth one encounters oneselfrdquo74

Num labirinto a pessoa natildeo se perde

Num labirinto a pessoa se acha

Num labirinto a pessoa natildeo encontra o Minotauro

Num labirinto a pessoa se encontra

74 KERN 2000 p 23

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

50

pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

51

110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

52

111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

53

Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

54

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Sites

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httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 50: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

49

19 Relaccedilotildees entre mandalas e labirintos

Diante das interpretaccedilotildees dos labirintos como um dos melhores siacutembolos

para ritos de iniciaccedilatildeo sabe-se que essas relaccedilotildees entre o rito de iniciaccedilatildeo e o iniciado

ocorrem frequumlentemente nas religiotildees Nesse sentido o iniciado teria que ldquopercorrer um

labirintordquo metaforicamente para alcanccedilar os segredos esoteacutericos mais profundos e

guardados de certas religiotildees O que eacute esoteacuterico diz respeito aos conhecimentos diretamente

adquiridos pela experiecircncia do mestre ldquomiacutesticordquo que satildeo ensinadas apenas aos iniciados ou

seja toda religiatildeo no seu acircmago ou em seus ensinamentos mais iacutentimos e profundos

possuem um caraacuteter ldquomiacutesticordquo Mas quando o conhecimento se torna exoteacuterico significa que

este foi reorganizado pelos seguidores daquele mestre espiritual geralmente apoacutes sua morte e

transformaram-no em uma religiatildeo propriamente dita ou seja simplificada para que pudesse

ser repassada agraves grandes massas ou os natildeo iniciados que natildeo possuem a tenacidade

necessaacuteria para ldquopercorrer o labirintordquo e conhecer os ensinamentos mais profundamente e

possivelmente alcanccedilar a ldquoiluminaccedilatildeordquo ou ldquograccedilardquo assim como o mestre fez75 76

Portanto se o iniciado conseguir transpassar o labirinto entatildeo concluiraacute sua

iniciaccedilatildeo ou seu rito de passagem que pode ser simbolizado como tambeacutem jaacute foi dito pelas

passagens da morte e da reencarnaccedilatildeo

[] retardar a chegada do viajante ao centro e impedir o acesso agravequeles quenatildeo estatildeo qualificados o intruso que pode violar o sagrado a intimidade dasrelaccedilotildees com o divino O acesso soacute eacute permitido agravequeles que conhecem osplanos divinos aos iniciados77

Esta seria a finalidade do labirinto relacionado agrave mandala

Cair no labirinto eacute como cair no ciclo das experiecircncias na mateacuteria e vagar aesmo confusamente entre mil desvios e incertezas [] em meio aosinumeraacuteveis rumos das sensaccedilotildees da duacutevida dos pensamentos e dasemoccedilotildees [] [ateacute que concentrado em si mesmo quando metaforicamenteatinge o centro do labirinto] o caminhante eacute tomado pela luz da intuiccedilatildeo

75 GOSWAMI 1998 p 74-8176 ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002 pp30 8677 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

50

pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

51

110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

52

111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

53

Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

54

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 51: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

50

pura e volta agrave luz da verdadeira ressurreiccedilatildeo espiritual da vitoacuteria doespiritual sobre o material do eterno sobre o pereciacutevel da inteligecircncia sobreo instinto da compaixatildeo sobre a insensibilidade do coraccedilatildeo da doccediluracontra a forccedila cega da siacutentese sobre a multiplicidade do saber sobre asombra da ignoracircncia [avidya] escravizante Quanto mais penosa acaminhada e aacuterduos os obstaacuteculos a serem vencidos mais o viajante setransforma Alcanccedilado o centro do labirinto o viajante cumpriu a metaconsagrou-se alcanccedilou a graccedila (revelaccedilatildeo) dos misteacuterios divinos [re]ligou-se agrave Luz pelo segredo78

Esse eacute o objetivo da meditaccedilatildeo sobre uma mandala e a estreita relaccedilatildeo entre

o labirinto e a mandala que muitas vezes possui uma configuraccedilatildeo labiriacutentica Assim como

no labirinto eacute necessaacuterio con[C]ENTRAR-se sobre a mandala

Como o labirinto a mandala conteacutem um espaccedilo sagrado centralInteriorizada constitui a caverna do coraccedilatildeo Enquanto no labirinto ocaminhante se encontra no mundo material mas numa busca iniciatoacuteria dotranscendente a mandala representa o universo material (seus quadrados)e o universo espiritual (seus ciacuterculos) Eacute uma projeccedilatildeo visiacutevel de um mundodivino a imagem e a propulsora da ascensatildeo espiritual Da mesma formaque encontrar o centro do labirinto a contemplaccedilatildeo de uma mandalainspira no iniciante o sentimento de que a vida reencontrou sua essecircncia seusentido sua razatildeo 79

78 httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm79 Ibidem loccit

51

110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

52

111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

53

Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

54

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

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Sites

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httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

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httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 52: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

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110 Os Labirintos e as Dobras

Assim como as mandalas os labirintos (no sentido de maze) satildeo todos

compostos por dobras que podem ser tanto curvas como retas dobradas

Diz-se que um labirinto eacute muacuteltiplo etimologicamente porque tem muitasdobras O muacuteltiplo eacute natildeo soacute o que tem muitas partes mas o que eacute dobradode muitas maneiras Um labirinto corresponde precisamente a cada andar olabirinto do contiacutenuo na mateacuteria e em suas partes e o labirinto daliberdade na alma e em seus predicados80

Eacute certo dizer que os dois andares se comunicam (razatildeo pela qual o contiacutenuoremonta agrave alma) Haacute almas embaixo sensitivas animais ou ateacute mesmo umandar de baixo nas almas e estas estatildeo rodeadas envolvidas pelasredobras da mateacuteria Quando aprendemos que as almas natildeo podem terjanela que decirc para fora devemos compreender isso pelo menosinicialmente em relaccedilatildeo agraves almas de cima racionais que ascenderam aooutro andar (ldquoelevaccedilatildeordquo)81

[] Leibniz afirmaraacute sempre uma correspondecircncia e mesmo umacomunicaccedilatildeo entre os dois andares entre os dois labirintos entre asredobras da mateacuteria e as dobras na alma Uma dobra entre duas dobras Ea mesma imagem a das veias de maacutermore aplica-se agraves duas sob condiccedilotildeesdiferentes ora as veias satildeo as redobras da mateacuteria que rodeiam os viventesagarrados na massa de modo que a placa de maacutermore eacute como um lagoondulante de peixe ora as veias satildeo as ideacuteias inatas na alma como asfiguras dobradas ou as estaacutetuas em potecircncia presas no bloco de maacutermoreA mateacuteria eacute marmoreada e a alma eacute marmoreada mas de duas maneirasdiferentes82

Sabe-se que nome daraacute Leibniz agrave alma ou ao sujeito como ponto metafiacutesicomocircnada Ele encontra esse nome entre os neoplatocircnicos os quais se serviamdele para designar um estado do Uno a unidade uma vez que envolve umamultiplicidade que por sua vez desenvolve o Uno agrave maneira de umaldquoseacuterierdquo83

80 DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L Orlandi Campinas Papirus 1991

cap1 passim81 Ibidem loccit82 Ibid loccit83 Ibid loccit

52

111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

53

Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismooriental Traduccedilatildeo de Joseacute Fernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999

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GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

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63

Sites

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 53: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

52

111 O Atomismo Grego

Aos gregos pertence a autoria dos labirintos e da teoria atomista Eles

construiacuteram as bases do conhecimento ocidental por meio de reflexotildees filosoacuteficas loacutegicas

Os Eleatas a cuja escola pertencia Empeacutedocles criaram seacuterias dificuldadespara a conciliaccedilatildeo entre a razatildeo e os sentidos De um lado ensinavam ummonismo corporalista negavam a existecircncia do vazio e afirmavam aimpossibilidade do movimento como decorrecircncia loacutegica dessas proposiccedilotildeesPor outro lado eram obrigados pelos sentidos a observar a existecircncia de umpluralismo ainda que aparente e a realidade fiacutesica do movimento []Empeacutedocles [no seacuteculo V aC (490 a 430 aC)] procurou harmonizaacute-lospropondo a substituiccedilatildeo do monismo corporalista por um pluralismo em queo Universo compreenderia quatro raiacutezes ou elementos a aacutegua o ar a terra eo fogo 84

Estes elementos seriam eternos e imutaacuteveis e combinados em diferentes

proporccedilotildees (misturados pelo Amor e separados pelo Oacutedio85) gerariam todas as coisas

Zenon de Eleacuteia (aproximadamente 504 aC) concordava com os Eleatas agraves

vezes chegando a natildeo condizer com a realidade observaacutevel Zenon parece ter sido um dos

mestres de Leucipo a quem eacute atribuiacuteda a criaccedilatildeo do atomismo grego posteriormente

desenvolvida por Demoacutecrito seu disciacutepulo Leucipo de Mileto viveu aproximadamente de

500-430 aC Jaacute Demoacutecrito de Abdera (460-370 aC) ajudou-o a desenvolver suas ideacuteias

Leucipo e seu disciacutepulo Demoacutecrito formularam uma teoria conciliatoacuteria Natildeorefutaram existecircncia do ser como um cheio absoluto ndash o ldquoplenumrdquo ndash poreacutemadmitiram que o ser natildeo era uno mas sim muacuteltiplo constituindo-se em umnuacutemero infinito de aacutetomos invisiacuteveis e indivisiacuteveis movimentando-se novaacutecuo Para eles o cheio e o vazio satildeo elementos Ao primeiro deram onome de ser ao segundo natildeo-ser o ser eacute pleno e soacutelido o natildeo-ser eacute vazio einconsistente Desta forma Leucipo e Demoacutecrito resolveram tambeacutem oproblema da geraccedilatildeo e da destruiccedilatildeo das coisas assim como o domovimento As coisas formam-se pela uniatildeo dos aacutetomos e estes podemcombinar-se de inuacutemeras maneiras originando assim a incomensuraacutevelvariedade dos objetos Estes por sua vez podem mover-se devido agrave presenccedilado vazio86

84 ANDRADE Hernani G PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001 p2785 Ibidem p2886 Ibid p24

53

Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

54

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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___ PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001

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BIacuteBLIA Portuguecircs O Novo Testamento Traduccedilatildeo de Joatildeo Ferreira de Almeida [SL]Gideotildees Internacionais 1982

CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismooriental Traduccedilatildeo de Joseacute Fernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999

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GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

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VON NEUMANN John The Mathematical Foundations of Quantum MechanicsPrinceton Princeton University Press 1955 Apud GOSWAMI Amit A Janela VisionaacuteriaUm guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo PauloCultrix 2003

WILBER Ken A brief history of everything Boston Shambala 1996 Apud GOSWAMIAmit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeode Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

63

Sites

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 54: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

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Eacute importante ressaltar que foi Leucipo quem concebeu os ldquopedaccedilos

indivisiacuteveis de mateacuteriardquo e foi Demoacutecrito quem os nomeou de ldquoaacutetomosrdquo (que significa ldquonatildeo-

cortaacutevelrdquo) e ao uacuteltimo tambeacutem eacute atribuiacuteda a declaraccedilatildeo de que ldquoa alma se constitui de aacutetomos

esfeacutericosrdquo segundo Aristoacuteteles87

No seacuteculo IV Aristoacuteteles (384-322 aC) acrescentou um quinto elemento o

eacuteter agrave teoria dos elementos de Empeacutedocles Este seria a mateacuteria constitutiva dos corpos

celestes (o sol a lua as estrelas e planetas)

Posteriormente Platatildeo deu sua explicaccedilatildeo sobre a composiccedilatildeo da mateacuteria nodiaacutelogo ldquoTimaeusrdquo Ele combinou ideacuteias proacuteximas do atomismo com odescobrimento dos soacutelidos regulares feito pelos Pitagoacutericos e tambeacutem comos elementos de Empeacutedocles Ele comparou as menores partes do elementoterra com o cubo do ar com o octaedro do fogo com o tetraedro e daaacutegua com o icosaedro88

Ao dodecaedro conclui-se que correspondia o eacuteter pois Platatildeo disse

ldquohavia ainda uma quinta combinaccedilatildeo que Deus usou na delineaccedilatildeo do universordquo89

87 ANDRADE 2001 p9488 HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science New York HarperTorchbooks 1958 p68 (traduccedilatildeo nossa)89 Ibidem loc cit

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112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

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ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002

___ PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001

___ Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte SatildeoPaulo FE 2000

BIacuteBLIA Portuguecircs O Novo Testamento Traduccedilatildeo de Joatildeo Ferreira de Almeida [SL]Gideotildees Internacionais 1982

CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismooriental Traduccedilatildeo de Joseacute Fernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999

DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L OrlandiCampinas Papirus 1991

FATOR X Satildeo Paulo Planeta 1998 n4

GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

___ O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo deRuy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998

___ Creativity and the Quantum A unified theory of creativity Creativity ResearchJournal pp47-61 1996 Apud GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para ailuminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science NewYork Harper Torchbooks 1958

KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE131aed 2000

62

KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years MunichPrestel 2000

LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996

PENFIELD Wilder The mystery of mind Princeton Princeton University Press 1976 ApudGOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundomaterial Traduccedilatildeo de Ruy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998

SANTAELLA Luacutecia Teoria Geral dos Signos Como as linguagens significam as coisasSatildeo Paulo Pioneira 2000

VARENNE Jean-Michel Os Cristatildeos Miacutesticos do Ocidente Portugal Europa-Ameacuterica1986

VOLPATO Gilson Luiz Publicaccedilatildeo Cientiacutefica Botucatu Tipomic 2003

VON NEUMANN John The Mathematical Foundations of Quantum MechanicsPrinceton Princeton University Press 1955 Apud GOSWAMI Amit A Janela VisionaacuteriaUm guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo PauloCultrix 2003

WILBER Ken A brief history of everything Boston Shambala 1996 Apud GOSWAMIAmit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeode Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

63

Sites

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
Page 55: Virtualidade Trans-Sensorial: Game Design

54

112 A Unidade A ilusatildeo de Maya e o deus Shiva

O fiacutesico Amit Goswami sugere uma filosofia idealista monista para a

interpretaccedilatildeo da fiacutesica quacircntica que sendo analisada sob a oacutetica do realismo materialista se

perde em meio a paradoxos insoluacuteveis Essa filosofia idealista monista aleacutem de acabar com

os paradoxos da fiacutesica quacircntica ainda abre espaccedilo para a integraccedilatildeo entre ciecircncia e

espiritualidade Diz ele

De acordo com o idealismo monista a consciecircncia do sujeito em umaexperiecircncia sujeito-objeto eacute a mesma que constitui o fundamento de todo serPor conseguinte a consciecircncia eacute unitiva Soacute haacute um sujeito-consciecircncia esomos essa consciecircncia ldquoTu eacutes issordquo dizem os livros sagrados hindusconhecidos coletivamente como UpanishadsPorque entatildeo em nossa experiecircncia comum noacutes nos sentimos tatildeoseparados A separatividade insiste o miacutestico eacute uma ilusatildeo Se meditarmossobre a verdadeira natureza de nosso ser descobriremos como descobriramos miacutesticos de muitas eras e tempos que soacute haacute uma consciecircncia por traacutes detoda diversidade Esta consciecircnciasujeitoser recebe numerosos nomes90

Os miacutesticos satildeo testemunhas dessa realidade fundamental uacutenica e essas

evidecircncias ocorreram em diferentes eacutepocas e culturas por todo o mundo Como exemplo

pode-se citar referecircncias do Hinduiacutesmo e do Cristianismo a essa unidade

Shankara miacutestico hindu do seacuteculo VIII expressou exuberantemente essailuminaccedilatildeo ldquoEu sou a realidade sem comeccedilo sem igual Natildeo participo dailusatildeo lsquoEursquo e lsquoVoacutesrsquo lsquoIstorsquo e lsquoAquilorsquo Eu sou Brahman o primeiro semsegundo a bem-aventuranccedila sem fim a verdade eterna imutaacutevel Eu residoem todos os seres como a alma a consciecircncia pura o fundamento de todosos fenocircmenos internos e externos Eu sou o que desfruta e o que eacutedesfrutado Nos dias da minha ignoracircncia eu costumava pensar nessascoisas como separadas de mim Agora sei que sou TudordquoE finalmente Jesus de Nazareacute declarou ldquoEu e o Pai somos umrdquo 91

Mas tambeacutem Jesus reafirmou o que as escrituras judaicas diziam ldquoSois

deusesrdquo agravequeles a quem a palavra de Deus foi dirigida92

90 GOSWAMI 1998 p 7591 Ibidem p 7792 JOAtildeO cap X v de 30 a 35

55

Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

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descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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BIacuteBLIA Portuguecircs O Novo Testamento Traduccedilatildeo de Joatildeo Ferreira de Almeida [SL]Gideotildees Internacionais 1982

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DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L OrlandiCampinas Papirus 1991

FATOR X Satildeo Paulo Planeta 1998 n4

GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

___ O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo deRuy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998

___ Creativity and the Quantum A unified theory of creativity Creativity ResearchJournal pp47-61 1996 Apud GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para ailuminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science NewYork Harper Torchbooks 1958

KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE131aed 2000

62

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LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996

PENFIELD Wilder The mystery of mind Princeton Princeton University Press 1976 ApudGOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundomaterial Traduccedilatildeo de Ruy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998

SANTAELLA Luacutecia Teoria Geral dos Signos Como as linguagens significam as coisasSatildeo Paulo Pioneira 2000

VARENNE Jean-Michel Os Cristatildeos Miacutesticos do Ocidente Portugal Europa-Ameacuterica1986

VOLPATO Gilson Luiz Publicaccedilatildeo Cientiacutefica Botucatu Tipomic 2003

VON NEUMANN John The Mathematical Foundations of Quantum MechanicsPrinceton Princeton University Press 1955 Apud GOSWAMI Amit A Janela VisionaacuteriaUm guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo PauloCultrix 2003

WILBER Ken A brief history of everything Boston Shambala 1996 Apud GOSWAMIAmit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeode Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

63

Sites

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httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

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httpwwwcirclemakersorg

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httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
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Uma resposta tradicional dada por idealistas como Shankara eacute que o selfindividual [e a separatividade] eacute ilusoacuterio tal como o resto do mundoimanente Faz parte daquilo que em sacircnscrito eacute denominado de maya omundo da ilusatildeo Em uma veia semelhante Platatildeo descreveu o mundo comoum espetaacuteculo de sombras [a alegoria da caverna]93

A base da instruccedilatildeo espiritual [] de todo o Hinduiacutesmo consiste na ideacuteia deque as coisas e eventos que nos cercam nada mais satildeo em sua grande partevariedade que manifestaccedilotildees diversas de uma mesma realidade uacuteltima Essarealidade chamada Brahman eacute o conceito unificador que confere aoHinduiacutesmo o seu caraacuteter essencialmente moniacutestico natildeo obstante a adoraccedilatildeode numerosos deuses e deusasBrahman a realidade uacuteltima eacute entendida como sendo a ldquoalmardquo ou essecircnciainterna de todas as coisas Ela eacute infinita e estaacute aleacutem de todos os conceitosEla natildeo pode ser apreendida pelo intelecto nem adequadamente descrita empalavras [] Contudo as pessoas querem falar acerca dessa realidade e ossaacutebios hindus com sua propensatildeo caracteriacutestica para o mito representaramBrahman como divino e sobre ele se expressam em linguagem mitoloacutegicaOs diversos aspectos do Divino receberam os nomes dos inuacutemeros deusesadorados pelos hindus mas os textos deixam bem claro que todos essesdeuses satildeo apenas reflexos da realidade uacuteltima []A manifestaccedilatildeo de Brahman na alma humana eacute chamada Atman e a ideacuteia deque Atman e Brahman a realidade individual e a realidade uacuteltima satildeo Umconstitui a essecircncia dos Upanishads 94

Na mitologia hindu a criaccedilatildeo do mundo se daacute pelo auto-sacrifiacutecio de Deus

Sacrifiacutecio no sentido de ldquo fazer o sagradordquo no qual Deus se torna o mundo e depois o mundo

torna-se Deus novamente Essa criaccedilatildeo eacute chamada de lila a peccedila divina cujo palco eacute o mundo

Brahman eacute o grande mago que se transforma no mundo e desempenha suafaccedilanha com seu lsquopoder criativo maacutegicorsquo que eacute o significado original demaya no Rig Veda A palavra maya ndash um dos termos mais importantes nafilosofia da Iacutendia ndash teve seu significado alterado ao longo dos seacuteculos Delsquopoderrsquo do agente maacutegico divino veio a significar o estado psicoloacutegico deum ser humano sob o encantamento da peccedila maacutegica Na medida em queconfundimos a miriacuteade de formas da divina lila com a realidade semperceber a unidade de Brahman subjacente a todas elas continuaremos sob oencanto de mayaMaya entatildeo natildeo significa que o mundo eacute uma ilusatildeo como erradamente seafirma com frequumlecircncia A ilusatildeo reside meramente em nosso ponto de vistase pensarmos que as formas e estruturas coisas e fatos existentes em tornode noacutes satildeo realidades da natureza em vez de percebermos que satildeo apenasconceitos oriundos de nossas mentes voltadas para a mediccedilatildeo e acategorizaccedilatildeo Maya eacute a ilusatildeo de tomar tais conceitos pela realidade deconfundir o mapa com o territoacuterio

93 GOSWAMI 1998 p 19694 CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismo oriental Traduccedilatildeo de JoseacuteFernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999 pp 72

56

Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

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63

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httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

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httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

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APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

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Na concepccedilatildeo hinduiacutestica da natureza todas as formas satildeo relativas fluidasmaya em eterna mutaccedilatildeo conjuradas pelo grande mago da peccedila divina [queeacute riacutetmica e dinacircmica] A forccedila dinacircmica da peccedila eacute karma um outro conceitofundamental do pensamento indiano Karma significa lsquoaccedilatildeorsquo Eacute o princiacutepioativo da peccedila a totalidade do universo em accedilatildeo onde tudo se achadinamicamente vinculado a tudo o mais []O significado de karma como o de maya tem sido reduzido de seu niacutevelcoacutesmico original ao niacutevel humano onde adquiriu um sentido psicoloacutegico Namedida em que nossa concepccedilatildeo do mundo permanece fragmentada namedida em que continuamos sob o encantamento de maya e pensamos estarseparados do meio que nos cerca podendo agir independentemente achamo-nos atados pelo karma Libertar-se desse laccedilo significa compreender aunidade e harmonia de toda a natureza inclusive noacutes mesmos e agir deacordo com esse entendimento95

A indivi[dualidade] que faz a pessoa se reconhecer como indiviacute[duo]

mostra que este ainda estaacute preso na ilusatildeo que engloba as dualidades (o indiviacute[duo] jaacute eacute dual

isso eacute uma ilusatildeo e um paradoxo pois acha que eacute um sendo indivi[dual] mas se vecirc como

separado pois pensa que satildeo dois ele e o mundo externo)

Entatildeo o ldquomundo imanente natildeo eacute maya nem mesmo o ego o eacute A verdadeira

maya eacute a separatividade Sentirmo-nos e pensarmos que somos realmente separados do todo

eis a ilusatildeordquo96

Libertar-se do encantamento de maya romper os laccedilos do karma significacompreender que todos os fenocircmenos que percebemos com nossos sentidosconstituem parte da mesma realidade Significa experimentar concreta epessoalmente o fato de que tudo inclusive nosso proacuteprio ser eacute BrahmanEssa experiecircncia eacute denominada moksha ou ldquolibertaccedilatildeordquo na filosofiahinduiacutesta e constitui a essecircncia mesma do HinduiacutesmoO Hinduiacutesmo sustenta que existem inuacutemeros caminhos para a libertaccedilatildeoNatildeo se pode esperar que todos os seus grandes seguidores possam seaproximar do Divino de idecircntica forma razatildeo pela qual o Hinduiacutesmoproporciona diferentes conceitos rituais e exerciacutecios espirituais para asdiversas modalidades de consciecircncia []Para o hindu comum a forma mais popular de se aproximar do Divinoconsiste em adoraacute-lo sob a forma de um deus (ou deusa) pessoal A feacutertilimaginaccedilatildeo indiana criou literalmente milhares de divindades que aparecemem inuacutemeras manifestaccedilotildees []97

95 CAPRA 1999 p 7396 GOSWAMI 1998 p 23297 CAPRA op cit p74

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Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

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ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002

___ PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001

___ Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte SatildeoPaulo FE 2000

BIacuteBLIA Portuguecircs O Novo Testamento Traduccedilatildeo de Joatildeo Ferreira de Almeida [SL]Gideotildees Internacionais 1982

CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismooriental Traduccedilatildeo de Joseacute Fernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999

DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L OrlandiCampinas Papirus 1991

FATOR X Satildeo Paulo Planeta 1998 n4

GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

___ O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo deRuy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998

___ Creativity and the Quantum A unified theory of creativity Creativity ResearchJournal pp47-61 1996 Apud GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para ailuminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science NewYork Harper Torchbooks 1958

KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE131aed 2000

62

KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years MunichPrestel 2000

LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996

PENFIELD Wilder The mystery of mind Princeton Princeton University Press 1976 ApudGOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundomaterial Traduccedilatildeo de Ruy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998

SANTAELLA Luacutecia Teoria Geral dos Signos Como as linguagens significam as coisasSatildeo Paulo Pioneira 2000

VARENNE Jean-Michel Os Cristatildeos Miacutesticos do Ocidente Portugal Europa-Ameacuterica1986

VOLPATO Gilson Luiz Publicaccedilatildeo Cientiacutefica Botucatu Tipomic 2003

VON NEUMANN John The Mathematical Foundations of Quantum MechanicsPrinceton Princeton University Press 1955 Apud GOSWAMI Amit A Janela VisionaacuteriaUm guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo PauloCultrix 2003

WILBER Ken A brief history of everything Boston Shambala 1996 Apud GOSWAMIAmit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeode Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

63

Sites

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

  • APEcircNDICE64
  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
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57

Uma delas eacute o deus Shiva Eacute ldquoum dos mais antigos deuses indianos e pode

assumir muitas formas[] Sua apariccedilatildeo mais celebrada corresponde a Nataraja o Rei dos

Danccedilarinosrdquo98

Segundo a crenccedila hindu todas as vidas satildeo parte de um grande processoriacutetmico de criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo de morte e renascimento e a danccedila de Shivasimboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclosinterminaacuteveis []A danccedila de Shiva [como Nataraja] simboliza natildeo apenas os ciclos coacutesmicosde criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo mas tambeacutem o ritmo diaacuterio de nascimento e mortevisto no misticismo indiano como a base da existecircncia Ao mesmo tempoShiva lembra-nos que as muacuteltiplas formas do mundo satildeo maya ndash natildeofundamentais mas ilusoacuterias e em permanente mudanccedila ndash na medida em quesegue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua danccedila []Os artistas indianos dos seacuteculos X e XII representaram a danccedila coacutesmica deShiva em magniacuteficas esculturas de bronze de figuras danccedilantes com quatrobraccedilos cujos gestos soberbamente equilibrados e natildeo obstante dinacircmicosexpressam o ritmo e a unidade da Vida Os diversos significados da danccedilasatildeo transmitidos pelos detalhes dessas figuras atraveacutes de uma complexaalegoria pictoacuterica A matildeo direita superior do deus segura um tambor quesimboliza o som primordial da criaccedilatildeo a matildeo esquerda superior sustentauma liacutengua de chama o elemento de destruiccedilatildeo O equiliacutebrio das duas matildeosrepresenta o equiliacutebrio dinacircmico entre a criaccedilatildeo e a destruiccedilatildeo no mundoacentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Danccedilarino no centrodas duas matildeos no qual a polaridade ente criaccedilatildeo e destruiccedilatildeo eacute dissolvida etranscendida A segunda matildeo direita ergue-se num gesto que significa ldquonatildeotenha medordquo expressando manutenccedilatildeo proteccedilatildeo e paz por sua vez a matildeoesquerda remanescente aponta para baixo para o peacute erguido e que simbolizaa libertaccedilatildeo da fascinaccedilatildeo de maya O deus eacute representado danccedilando sobre ocorpo de um democircnio siacutembolo da ignoracircncia do homem e que deve serconquistado antes que seja alcanccedilada a libertaccedilatildeo []A danccedila de Shiva eacute o universo que danccedila o fluxo incessante de energia quepermeia uma variedade infinita de padrotildees que se fundem uns nos outros99

98 CAPRA 1999 p 7499 Ibidem p 183-184

58

ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

59

2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002

___ PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001

___ Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte SatildeoPaulo FE 2000

BIacuteBLIA Portuguecircs O Novo Testamento Traduccedilatildeo de Joatildeo Ferreira de Almeida [SL]Gideotildees Internacionais 1982

CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismooriental Traduccedilatildeo de Joseacute Fernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999

DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L OrlandiCampinas Papirus 1991

FATOR X Satildeo Paulo Planeta 1998 n4

GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

___ O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo deRuy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998

___ Creativity and the Quantum A unified theory of creativity Creativity ResearchJournal pp47-61 1996 Apud GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para ailuminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science NewYork Harper Torchbooks 1958

KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE131aed 2000

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KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years MunichPrestel 2000

LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996

PENFIELD Wilder The mystery of mind Princeton Princeton University Press 1976 ApudGOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundomaterial Traduccedilatildeo de Ruy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998

SANTAELLA Luacutecia Teoria Geral dos Signos Como as linguagens significam as coisasSatildeo Paulo Pioneira 2000

VARENNE Jean-Michel Os Cristatildeos Miacutesticos do Ocidente Portugal Europa-Ameacuterica1986

VOLPATO Gilson Luiz Publicaccedilatildeo Cientiacutefica Botucatu Tipomic 2003

VON NEUMANN John The Mathematical Foundations of Quantum MechanicsPrinceton Princeton University Press 1955 Apud GOSWAMI Amit A Janela VisionaacuteriaUm guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo PauloCultrix 2003

WILBER Ken A brief history of everything Boston Shambala 1996 Apud GOSWAMIAmit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeode Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

63

Sites

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

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APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

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ldquoNem de nem para no ponto imoacutevel aiacute estaacute a danccedila

Mas natildeo parada nem em movimento E natildeo chame de imobilidade

O local onde passado e futuro se encontram

Se natildeo houvesse o ponto o ponto imoacutevel

Natildeo haveria danccedila e soacute haacute a danccedilardquo 100

TS Eliot

100 GOSWAMI 1998 p 232

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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002

___ PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001

___ Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte SatildeoPaulo FE 2000

BIacuteBLIA Portuguecircs O Novo Testamento Traduccedilatildeo de Joatildeo Ferreira de Almeida [SL]Gideotildees Internacionais 1982

CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismooriental Traduccedilatildeo de Joseacute Fernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999

DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L OrlandiCampinas Papirus 1991

FATOR X Satildeo Paulo Planeta 1998 n4

GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

___ O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo deRuy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998

___ Creativity and the Quantum A unified theory of creativity Creativity ResearchJournal pp47-61 1996 Apud GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para ailuminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science NewYork Harper Torchbooks 1958

KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE131aed 2000

62

KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years MunichPrestel 2000

LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996

PENFIELD Wilder The mystery of mind Princeton Princeton University Press 1976 ApudGOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundomaterial Traduccedilatildeo de Ruy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998

SANTAELLA Luacutecia Teoria Geral dos Signos Como as linguagens significam as coisasSatildeo Paulo Pioneira 2000

VARENNE Jean-Michel Os Cristatildeos Miacutesticos do Ocidente Portugal Europa-Ameacuterica1986

VOLPATO Gilson Luiz Publicaccedilatildeo Cientiacutefica Botucatu Tipomic 2003

VON NEUMANN John The Mathematical Foundations of Quantum MechanicsPrinceton Princeton University Press 1955 Apud GOSWAMI Amit A Janela VisionaacuteriaUm guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo PauloCultrix 2003

WILBER Ken A brief history of everything Boston Shambala 1996 Apud GOSWAMIAmit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeode Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

63

Sites

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

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  • REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
  • Sites
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2 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Este trabalho proporcionou trecircs insights principais

O paradoxo da indivi[dualidade] que se resolve quando se compreende que

natildeo existem sujeito nem objeto nem dualidades na Unidade Transcendente a necessidade de

con[C]ENTRAR-se tanto nas mandalas como nos labirintos e a proacutepria [Uni]dade no

[Uni]verso

Considera-se finalmente que se levarmos em consideraccedilatildeo apenas uma visatildeo

de mundo que natildeo eacute capaz de explicar satisfatoriamente ndash metafisicamente e

metodologicamente ndash todos os fenocircmenos existentes na natureza torna-se muito difiacutecil

pretender que as coisas sejam explicadas com tantos entraves colocados por meacutetodos que se

presumem ldquocorretosrdquo apenas porque deram resultados ldquopositivosrdquo Estes antolhos cientiacuteficos

satildeo como dogmas que natildeo permitem enxergar que para questotildees espirituais natildeo se pode

utilizar os mesmos meacutetodos de investigaccedilatildeo que satildeo utilizados para pesquisas no acircmbito

material Eacute preciso olhar para outras metodologias jaacute consagradas pelas grandes tradiccedilotildees

filosoacuteficas milenares ndash e satildeo muitasndash que basicamente possuem outras caracteriacutesticas quais

sejam a intuiccedilatildeo e a criatividade usadas como meacutetodo que natildeo passam pelo pensamento

racional quando irrompem pela primeira vez no ser humano como um salto quacircntico Aliaacutes

surgem como um insight que natildeo eacute nada menos do que um salto quacircntico da mente Tais

caracteriacutesticas natildeo satildeo mensuraacuteveis ponderaacuteveis ou quantificaacuteveis Eacute interessante perceber

que a ciecircncia tambeacutem se utiliza destas mesmas caracteriacutesticas quando quer descobrir algo e o

mais interessante eacute que isso pode ser encarado como a relaccedilatildeo de integraccedilatildeo entre a ciecircncia e

a espiritualidade Apenas com uma pequena diferenccedila apoacutes a ciecircncia ter trabalhado com

todas estas caracteriacutesticas natildeo-quantificaacuteveis ela aplica a razatildeo posteriormente para que isso

possa ldquoservirrdquo a propoacutesitos quaisquer tirando a primeiridade da experiecircncia Ou seja saindo

do ldquoesoterismordquo cientiacutefico e transformando-o em ldquoexoterismordquo cientiacutefico neste sentido as

60

descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002

___ PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001

___ Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte SatildeoPaulo FE 2000

BIacuteBLIA Portuguecircs O Novo Testamento Traduccedilatildeo de Joatildeo Ferreira de Almeida [SL]Gideotildees Internacionais 1982

CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismooriental Traduccedilatildeo de Joseacute Fernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999

DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L OrlandiCampinas Papirus 1991

FATOR X Satildeo Paulo Planeta 1998 n4

GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

___ O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo deRuy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998

___ Creativity and the Quantum A unified theory of creativity Creativity ResearchJournal pp47-61 1996 Apud GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para ailuminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science NewYork Harper Torchbooks 1958

KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE131aed 2000

62

KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years MunichPrestel 2000

LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996

PENFIELD Wilder The mystery of mind Princeton Princeton University Press 1976 ApudGOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundomaterial Traduccedilatildeo de Ruy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998

SANTAELLA Luacutecia Teoria Geral dos Signos Como as linguagens significam as coisasSatildeo Paulo Pioneira 2000

VARENNE Jean-Michel Os Cristatildeos Miacutesticos do Ocidente Portugal Europa-Ameacuterica1986

VOLPATO Gilson Luiz Publicaccedilatildeo Cientiacutefica Botucatu Tipomic 2003

VON NEUMANN John The Mathematical Foundations of Quantum MechanicsPrinceton Princeton University Press 1955 Apud GOSWAMI Amit A Janela VisionaacuteriaUm guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo PauloCultrix 2003

WILBER Ken A brief history of everything Boston Shambala 1996 Apud GOSWAMIAmit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeode Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

63

Sites

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

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httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

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APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

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descobertas cientiacuteficas satildeo apenas aceitas pelas pessoas pois natildeo foram elas que as

pesquisaram e descobriram A divulgaccedilatildeo cientiacutefica eacute aceita assim como os dogmas religiosos

(exoteacutericos) o satildeo pelos que tecircm feacute

E note-se que este eacute o mesmo meacutetodo com relaccedilatildeo agraves filosofias ldquomiacutesticasrdquo

Orientais e Ocidentais o experimentador vai tentar por si mesmo chegar a uma compreensatildeo

da dimensatildeo do Transcendente e chega quando percebe a Unidade que existe entre o

primeiro e o Uacuteltimo Isso pode caracterizar-se como uma conclusatildeo cientiacutefica pois eacute este

resultado que os miacutesticos encontraram em seus experimentos constituindo assim a

universalidade dos achados que eacute um meacutetodo cientiacutefico Se apoacutes vaacuterios experimentos chega-

se ao mesmo resultado pode-se generalizar este resultado para o resto da populaccedilatildeo simples

meacutetodo indutivo Talvez seja o caso de apenas querer ver que todas as coisas satildeo interligadas

e natildeo separadas Aiacute se pode ter mais paz interior pois as pessoas podem ser Unas elas

mesmas sem divisatildeo com a Unidade de tudo no Universo

Eacute preciso ter coragem para mudar os meacutetodos encarar a irracionalidade das

experiecircncias e perceber esses paralelos que existem nas metodologias metafiacutesicas e tudo que

envolve a ciecircncia a religiatildeo as artes a filosofia e a loucura A humanidade caminha para a

integraccedilatildeo eacute inevitaacutevel e natural

E um componente em especial tem um papel decisivo neste processo de

integraccedilatildeo Eacute preciso utilizar-se do VIRTUAL Por meio do Virtual as coisas e as natildeo-coisas

natildeo se diferenciam mais Eacute como o ponto imoacutevel o ponto de convergecircncia o ponto de

mutaccedilatildeo eacute onde tudo ainda seraacute natildeo eacute sendo eacute Isso o Virtual que estaacute no Transcendente

Essa concretizaccedilatildeo atualizaccedilatildeo realizaccedilatildeo colapso de ondas quacircnticas soacute depende de noacutes

aliaacutes da nossa base essencial de seres humanos que eacute a ConsciecircnciaEspiacuterito

61

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002

___ PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001

___ Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte SatildeoPaulo FE 2000

BIacuteBLIA Portuguecircs O Novo Testamento Traduccedilatildeo de Joatildeo Ferreira de Almeida [SL]Gideotildees Internacionais 1982

CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismooriental Traduccedilatildeo de Joseacute Fernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999

DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L OrlandiCampinas Papirus 1991

FATOR X Satildeo Paulo Planeta 1998 n4

GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

___ O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo deRuy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998

___ Creativity and the Quantum A unified theory of creativity Creativity ResearchJournal pp47-61 1996 Apud GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para ailuminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science NewYork Harper Torchbooks 1958

KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE131aed 2000

62

KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years MunichPrestel 2000

LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996

PENFIELD Wilder The mystery of mind Princeton Princeton University Press 1976 ApudGOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundomaterial Traduccedilatildeo de Ruy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998

SANTAELLA Luacutecia Teoria Geral dos Signos Como as linguagens significam as coisasSatildeo Paulo Pioneira 2000

VARENNE Jean-Michel Os Cristatildeos Miacutesticos do Ocidente Portugal Europa-Ameacuterica1986

VOLPATO Gilson Luiz Publicaccedilatildeo Cientiacutefica Botucatu Tipomic 2003

VON NEUMANN John The Mathematical Foundations of Quantum MechanicsPrinceton Princeton University Press 1955 Apud GOSWAMI Amit A Janela VisionaacuteriaUm guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo PauloCultrix 2003

WILBER Ken A brief history of everything Boston Shambala 1996 Apud GOSWAMIAmit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeode Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

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Sites

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

httpwwwufoartworkcom

httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

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APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ANDRADE Hernani G Vocecirc e a reencarnaccedilatildeo Bauru CEAC 2002

___ PSI Quacircntico Uma extensatildeo dos conceitos quacircnticos e atocircmicos agrave ideacuteia do EspiacuteritoVotuporanga Didier 2001

___ Morte uma luz no fim do tuacutenel Evidecircncias da sobrevivecircncia apoacutes a morte SatildeoPaulo FE 2000

BIacuteBLIA Portuguecircs O Novo Testamento Traduccedilatildeo de Joatildeo Ferreira de Almeida [SL]Gideotildees Internacionais 1982

CAPRA Fritjof O Tao da fiacutesica um paralelo entre a fiacutesica moderna e o misticismooriental Traduccedilatildeo de Joseacute Fernandes Dias Satildeo Paulo Cultrix 1999

DELEUZE Gilles A Dobra Leibniz e o Barroco Traduccedilatildeo de Luiz B L OrlandiCampinas Papirus 1991

FATOR X Satildeo Paulo Planeta 1998 n4

GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um FiacutesicoQuacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

___ O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundo material Traduccedilatildeo deRuy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998

___ Creativity and the Quantum A unified theory of creativity Creativity ResearchJournal pp47-61 1996 Apud GOSWAMI Amit A Janela Visionaacuteria Um guia para ailuminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

HEISENBERG Werner Physics and Philosophy The revolutions in modern Science NewYork Harper Torchbooks 1958

KARDEC Allan O Livro dos Espiacuteritos Traduccedilatildeo de Salvador Gentile Araras IDE131aed 2000

62

KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years MunichPrestel 2000

LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996

PENFIELD Wilder The mystery of mind Princeton Princeton University Press 1976 ApudGOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundomaterial Traduccedilatildeo de Ruy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998

SANTAELLA Luacutecia Teoria Geral dos Signos Como as linguagens significam as coisasSatildeo Paulo Pioneira 2000

VARENNE Jean-Michel Os Cristatildeos Miacutesticos do Ocidente Portugal Europa-Ameacuterica1986

VOLPATO Gilson Luiz Publicaccedilatildeo Cientiacutefica Botucatu Tipomic 2003

VON NEUMANN John The Mathematical Foundations of Quantum MechanicsPrinceton Princeton University Press 1955 Apud GOSWAMI Amit A Janela VisionaacuteriaUm guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo PauloCultrix 2003

WILBER Ken A brief history of everything Boston Shambala 1996 Apud GOSWAMIAmit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeode Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

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Sites

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

httpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

httpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

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httpwwwcirclemakersorgtotc2002html

64

APEcircNDICELegendas das imagens mais intrigantes do mundo

virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

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62

KERN Herman Through the Labyrinth Designs and meanings over 5000 years MunichPrestel 2000

LEVY Pierre O que eacute o Virtual Satildeo Paulo Editora 34 1996

PENFIELD Wilder The mystery of mind Princeton Princeton University Press 1976 ApudGOSWAMI Amit O universo autoconsciente Como a consciecircncia cria o mundomaterial Traduccedilatildeo de Ruy Jungman Rio de Janeiro Rosa dos Tempos 1998

SANTAELLA Luacutecia Teoria Geral dos Signos Como as linguagens significam as coisasSatildeo Paulo Pioneira 2000

VARENNE Jean-Michel Os Cristatildeos Miacutesticos do Ocidente Portugal Europa-Ameacuterica1986

VOLPATO Gilson Luiz Publicaccedilatildeo Cientiacutefica Botucatu Tipomic 2003

VON NEUMANN John The Mathematical Foundations of Quantum MechanicsPrinceton Princeton University Press 1955 Apud GOSWAMI Amit A Janela VisionaacuteriaUm guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeo de Paulo Salles Satildeo PauloCultrix 2003

WILBER Ken A brief history of everything Boston Shambala 1996 Apud GOSWAMIAmit A Janela Visionaacuteria Um guia para a iluminaccedilatildeo por um Fiacutesico Quacircntico Traduccedilatildeode Paulo Salles Satildeo Paulo Cultrix 2003

63

Sites

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoestutorial_rvtutrvhtm

httpwwwrealidadevirtualcombrpublicacoesapostila_rv_disp_aplicacoesapostila_rvhtml

httpwwwcacomcosmo

httpwwwcirclemakersorg

httpwwwcirclemakersorgtullyhtml

httpufosaboutcomlibraryweeklyaa112398htm

httpwwwcirclemakersorgcase_historyhtml

httpwwwcirclemakersorgpresshtml

httpwwwflordavidacombrHTMLgeometriahtml

httpwwwlovelyclaranetcrop_circles_sacredgeohtml

httpwwwexoticindiaartcomarticlemandala

httpwwwdharmanetcombrlistasvajrayana

httpwwwcentromandalacombrsitiomandalatextos_budismoo_que_e_mandalahtm

httpwwwcadernofemininocombrandreao_que_e_mandalahtm

httpwwwantarescombr~sbrCho-Ku-Rei3-2htm

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virtual HyperCubeCalendaacuterio Astecahttpmemberstripodcom~agentwilsonmexico5html

O deus Shiva manifesto como Natarajahttpwwwfh-lueneburgdeu1gym03expojonaturauffassuweltrelishivajpg

Essa foto mostra estatuetas achadas no Equador Note que parece estar vestindoroupas espaciais Pode-se ver uma foto comparativa de um astronauta da Apollo(Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

A imagem vem de uma traduccedilatildeo Tibetana do texto em Sacircnscrito ldquoPrajnaparamitaSutrardquo guardado em um museu Japonecircs Na marcaccedilatildeo pode-se ver dois objetos queparecem chapeacuteus mas por que eles estatildeo flutuando no meio do ar Tambeacutem umdeles parece ter aberturas de portas ou janelas Textos Veacutedicos Indianos estatildeo cheiosde descriccedilotildees de ldquoVimanasrdquo O ldquoRamayanardquo descreve os ldquoVimanasrdquo como umaaeronave circular ou ciliacutendrica com dois andares janelas e um domo Voava com ldquoavelocidade do ventordquo e soava um ldquosom meloacutedicordquo (Traduccedilatildeo nossa)httpwwwufoartworkcom

Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

Formaccedilatildeo incomum em um campo da Inglaterra em 2002 O ciacuterculo agrave direita conteacuteminformaccedilotildees em coacutedigo binaacuteriohttpwwwcirclemakersorgtotc2002html

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Esta eacute uma ilustraccedilatildeo do livro ldquoUme No Chirirdquo (Poeira de Albricoque) publicado em1803 Uma nau estrangeira e tripulaccedilatildeo testemunharam este estranho objeto emHaratonohama (Litoral de Haratono) em Hitachi no Kuni (Proviacutencia de Ibaragi)Japatildeo De acordo com a explicaccedilatildeo no desenho a casca externa era feita de ferro evidro e estranhas letras mostradas no desenho eram vistas dentro da navehttpwwwufoartworkcom

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