visao judaica - março 2004

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2editorial

VISO JUDAICA

Maro de 2004

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Liberdade de existirstamos nos preparando para comemorar uma das mais importantes festividades do povo judeu. Pessach, tambm conhecida como Pscoa judaica, tem para ns um significado supremo: a liberdade. A passagem do estado da escravido para a libertao; dos grilhes e da opresso para o livre arbtrio e o desprendimento. Das trevas luz. Pessach rememora toda a histria de um passado que transmitido de gerao para gerao, procurando preservar o valor sublime da liberdade, uma das razes maiores da existncia humana. Nesta edio o leitor pode conhecer tudo sobre Pessach. Os ltimos acontecimentos na Espanha chocaram mundo, mas deram aos europeus a exata medida do que o sofrimento pela matana de inocentes por causa da brutalidade insana do terrorismo. O mesmo com o qual em Israel a populao obrigada a conviver praticamente todos os dias nestes ltimos anos. O sentimento de dor mesmo, a indignao tambm. lamentvel ver vidas sendo ceifadas inutilmente, mas talvez agora os europeus, e o resto do mundo, sentindo as feridas na prpria carne, possam despertar para o horror de ter que sair de casa e no saber se ficar vivo para retornar ao seio da famlia. Quem sabe agora enxerguem melhor e vejam Israel com outros olhos. Com os olhos que precisam ver que as pessoas s desejam viver em paz. A Europa reluta em considerar o Hamas, um dos responsveis pelos atentados em Israel, como grupo terrorista. Infelizmente h ainda um longo caminho a percorrer. Veja-se o caso terrvel do Portal Terra na internet. Colocaram na pgina uma matria contendo os principais atentados terroristas desde o fatdico 11 de setembro, por conta do atentado de Madri. Pasmem leitores: Nem uma s meno aos atentados perpetrados em Israel, entre os citados. Aos que escreveram ao Portal Terra para reclamar desse comportamento acintoso, a resposta era ainda mais revoltante. Diziam que no consideravam os atentados em Israel, j que fazem parte de um conflito entre duas partes e que se estende no tempo, como sendo da mesma natureza de atentados pontuais em partes diferentes do mundo por grupos distintos. Por isso eles no esto presentes em nossa lista. Uma desculpa esfarrapada e mentirosa. Afinal, o conflito entre Rssia e Chechnia no um conflito entre duas partes e que se estende no tempo? Pois esto na lista pelo menos sete atentados chechenos. E o conflito na Colmbia, que j dura anos? No ser tambm um conflito entre duas partes e que se estende no tempo? Mas a lista os inclui tambm. E os conflitos na ndia e Paquisto, no so o mesmo? Mas eles tambm esto na lista. Esto todos l. Menos os de Israel. O que isto? Desdenha-se os mortos em Israel, vtimas de homicidas cruis que buscam a morte pela morte, o terror pelo terror? Uma lista de atentados no mundo sem incluir nenhum atentado em Israel uma vergonha mentira. Ou seria anti-semitismo? O Portal alegou ter-se baseado em informe da Agncia Reuters. Seriam verdadeiras as suspeitas sobre a agncia de notcias ter seu controle acionrio nas mos de capital saudita? O fato que s depois de muita presso o Portal terra voltou atrs e colocou a lista correta no ar.A Redao

Nossa capaA capa reproduz o quadro cujo ttulo A Aliana (H-Brith), pintado com a tcnica crayon cont sobre papel bege, e dimenses 65 X 50 cm, criao de Aristide Brodeschi. Aristide Brodeschi nasceu em Bucareste, Romnia. arquiteto e artista plstico e vive em Curitiba desde 1978. J desenvolveu trabalhos em vrias tcnicas, dentre elas pintura, gravura e tapearia. Recebeu premiaes por seus trabalhos no Brasil e nos EUA. Suas obras esto espalhadas por vrios pases e tem no judasmo, uma das principais fontes de inspirao. colaborador das capas do jornal Viso Judaica.

Publicao mensal independente da EMPRESA JORNALSTICA VISO JUDAICA LTDA. Redao, Administrao e Publicidade [email protected] Curitiba PR Brasil Fone/fax: 55 41 3018-8018 Diretora de Operaes e Marketing SHEILLA FIGLARZ Diretor de Redao SZYJA B. LORBER Diretora Comercial HANA KLEINER Publicidade ALEXANDRE BIEGA Criao e Diagramao SONIA OLESKOVICZ Colaboram nesta edio:Antonio Carlos Coelho, Ariel Bar Tzadok, Aristide Brodeschi, Edda Bergmann, Gustavo Erlichman, Helena Kessel, Jana Beris, Nahum Sirotsky, Rav Berg, Ruth Lapidoth, Sami Goldstein, Srgio Feldman, Srgio Rosvald Donaire, Shmuel Lemle, Vittorio Corinaldi, Yossef Dubrawsky e Yossi Groisseoign.

Acendimento das velas de shabat em Curitiba maro / abrilDATA HORA

Datas importantes20 de maro Veyakhel-Pikud, Shabat Hachodesh 23 de maro Rosh Chodesh 27 de maro Vayikr 3 de abril Tsav, Shabat Hagadol 4 de abril Busca do Chametz 5 de abril Vspera de Pessach, 1 Seder noite 6 de abril 1 Dia de Pessach, 2 Seder noite 7 de abril 2 Dia de Pessach 10 de abril Shabat Chol Hamoed 12 de abril 7 Dia de Pessach 13 de abril 8 Dia de Pessach 17 de abril Shemini 18 de abril Dia do Holocausto e Herosmo

19/3 26/3 2/4 5/4 * 6/4* 9/4 11/4* 12/4* 16/4

18h10 18h03 17h55 17h52 18h46 17h48 17h46 18h40 17h41

Os artigos assinados no representam necessariamente a opinio do jornal

www.visojudaica.com.br

* Em Iom Tov recita-se uma beno diferente

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Revisitando o ShtetlSrgio Feldman*

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Reflexes sobre um passado no muito remoto

ma vez eu descobri o escritor e filsofo Scholem Rabinovitch, mais conhecido como Scholem Aleichem (este termo traduzido ao portugus significa A Paz Seja Convosco). Foi um encontro com um dos maiores tesouros literrios de nossa cultura milenar. Entre muitas de suas obras gostaria de refletir sobre as que falam de uma aldeia fictcia denominada Kasrilevke. H pelo menos uns cinco ou talvez dez contos que falam desta aldeia criada na imaginao frtil deste sensvel escritor. Seria uma aldeia igual a milhares de aldeias situadas na Rssia Czarista, entre a metade do sc. XIX e o final da Primeira Guerra Mundial (1918). Algumas sobreviveram at 1939, em meio a pases originados da queda do Imprio Russo: Polnia, por exemplo. Muitos de nossos avs vieram destas aldeias denominadas em idish shtetl. O shtetl surgiu como o resultado de dois processos intimamente ligados: a excluso social dos judeus da sociedade na Rssia Czarista e na Europa Oriental, e a colocao dos mesmos em uma regio (Zona de Residncia Judaica), restringindo seu direito de circulao em cidades, certas regies da Rssia, e a posse de campos de cultivo. Uma maneira de concentrar e discriminar os judeus, forando-os a uma aguda pauperizao e retirando da minoria judaica qualquer resqucio de direitos. Criada pelos czares Nicolau I (por volta da metade do sc. XIX) e mantida pelos czares Alexandre II e III, e pelo ltimo czar Nicolau I. Nas palavras de Scholem Aleichem, ao descrever Kasrilevke: seria um local onde os judeus foram amontoados uns sobre os outros, como arenques num barril, com a ordem de crescerem e se multiplicarem. Para quem no sabe o que um arenque, seria um peixe em conserva, denominado pela maioria como hering. Se tratava da verso local para dizer que viviam como sardinhas em lata. A expresso literria de Scholem muito rica, mas

se perde ao traduzirmos do idish ao portugus. Estas aldeias eram um amontoado de casinhas mal construdas e apertadas, com ruas tortuosas e sem planejamento nenhum. Sem um sinal de urbanizao, sujas e sem iluminao pblica, esgotos nem gua encanada. Uma das profisses era ser transportador de gua ou aguadeiro: levar baldes da fonte local para as casas. Outros eram carroceiros. Muitos msicos e muitos desempregados. Duas coisas em comum: eram todos judeus e todos viviam famintos. Passavam o dia indo e vindo a procura de algum trabalho ou algum negcio: sem capital e sem profisso eram uma espcie de viradores. O termo utilizado pelos prprios judeus para se autodenominarem era homens que viviam do ar ou luftmenschen. Viviam do ar: no tinham quase nada e viviam com muito pouco. Eram literalmente famintos. No um tipo qualquer de famintos. Podiam passar fome durante a semana, mas tratavam de ganhar para o sbado. Nos relata Scholem com seu humor e sensibilidade: Ganhar para o sbado eis o ideal desta gente. A semana inteira eles trabalham, mourejam a duras penas, se arrebentam de labutar, comem o po que o diabo amassou, bebem gua dos infernos, contanto que garantam o sbado. Traduzindo este trecho significa que na falta de trabalho, correm a semana toda atrs de alguma ocupao para obter pelo menos algo para comer e assim celebrar o Shabat (sbado judaico). Se no conseguissem algum trabalho e no pudessem adquirir alimentos, a solidariedade grupal ajeitava algo: um vizinho emprestava uma chal ou um pouco de peixe para se celebrar o Shabat A identidade coletiva ajudava a sobreviver numa poca de enormes dificuldades. Ser judeu era difcil, mas nas palavras de Scholem: eram pobres, mas felizes (ou contentes). E se interpelados por algum visitante, que lhes questionassem: como sobreviviam? do que viviam? Respondiam evasivamente: Do que vivemos? No est vendo? H, h, h! Vivemos. Discriminados, pobres, famintos e vivendo em uma

verdadeira favela (nos padres locais). E se declaram felizes. Seria uma idealizao de Scholem? Possivelmente sim. Por outro lado h um smbolo implcito nesta pequena obra: sobrevivem atravs de uma identidade coletiva, criam uma solidariedade grupal sem igual e resistem apesar das adversidades. Sua razo de ser sobreviver, como judeus e como seres humanos: alias os dois aspectos so um todo coerente. No poderiam ser apenas um deles. O shtetl no existe mais desde a Segunda Guerra Mundial. Permaneceu na memria dos sobreviventes que esto se indo aos poucos. Permaneceu em fotos que poucos conhecem. Alguns de seus valores no existem mais: solidariedade, resistncia cultural e identidade coletiva. A simplicidade e a pobreza foram substitudas pelo estilo de vida refinado e consumista da sociedade judaica plenamente integrada na sociedade geral. H judeus pobres, mas deixaram de ser a maioria e a pobreza deixou ser uma caracterstica judaica. Hoje, a comunidade ganhou status, riqueza, bens e direitos civis. Por outro lado perdeu valores, identidade e coeso grupal. Quem ser que seria mais pobre: os habitantes de Kasrilevke, pobres, mas felizes ou ns, judeus sem identidade, sem concepo de mundo e sem espiritualidade? O div do psicanalista serve para minorar as dores de uma personalidade partida: perdemos a identidade judaica e somos mais um grupo dissolvido na multido. Sem a identidade perdemos o jeito judaico (idishkait) e nada mais somos que uma sombra no meio da massa amorfa e perdida. Admito que nostalgia e que impossvel querer voltar atrs na histria; que cegueira propor voltar ao Shtetl e aos nveis de pobreza e carncia de cidadania de nossos ancestrais; que antiquado viver sob um estilo de vida conservador e atado s restries rgidas do Judasmo normativo. Ento o que fazer para restaurar nossa identidade? Buscar as razes judaicas e repens-las. Tentar entender e contextualizar o judasmo no mundo contemporneo. Em

nossa kehil vemos por um lado judeus sem identidade e por outro judeus que repetem o modelo antigo, a maneira ortodoxa. Se um carente de esprito, o outro nega a nova realidade. Um se distancia da tradio e dos valores: o outro fica na letra do texto, sem interpretar as mesmas, de maneira coerente com os novos tempos e desta forma negando a caracterstica judaica de atualizar a tradio. No h judasmo fora de seu tempo: este o segredo de sua sobrevivncia. A razo deste fenmeno de duas faces e duas posturas seria a inrcia de alguns e a incapacidade de estudar e rever conceitos, da parte de outros; uns abandonam os valores e a tradio; e outros abandonam a sua prpria realidade. Isso * Srgio Feldman s pode gerar alienaprofessor adjunto de o: ningum vive Histria Antiga do Curso sem raiz e nem fora de Histria da Universidade Tuiuti do do mundo. Ningum Paran e doutorando em pode viver fora da sua Histria realidade e tampouco pela UFPR. sem identidade. Concluindo: os judeus de Kasrilevke eram mais pobres materialmente, eram sem direitos e sem importncia social. Ns somos seres sem identidade, materialistas e consumistas. Sofremos a iluso de termos e a realidade de no sermos. O verbo ter j no nos satisfaz a alma, pois perdemos o verbo ser que preenche nossa espiritualidade. Deixo a pergunta no vazio e o artigo incompleto. O que voc caro leitor prefere: ter ou ser?

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Curitiba ter calendrio de eventos tursticosCidade ser destino turstico o ano inteiro com anncio feito no encontro das cidades do MercosulFoto: Valdecir Galor/SMCS

Curitiba vai ganhar um calendrio com os principais eventos tursticos da cidade. Nele estaro destacadas as datas de realizao de atraes como o Festival de Teatro, a Oficina de Msica, a Maratona Ecolgica Internacional e a Capital do Natal, alm de outras informaes sobre lazer, cultura e esportes. O anncio do novo produto foi feito no ltimo dia 11, pelo presidente da Companhia de Desenvolvimento de Curitiba (CIC), Paulo Munhoz da Rocha, durante um encontro de autoridades e empresrios do setor de turismo de Buenos Aires, Assuno, La Paz e Santiago do Chile. Vieram a ministra de turismo do Paraguai, Maria Evangelista de Gallegos, e o secretrio de produo, turismo e meio ambiente de Buenos Aires, Eduardo Epsztein, alm de dirigentes de entidades ligadas ao setor. Participaram cerca de 40 empresas e 350 agentes de viagens de Curitiba e do Paran. Segundo o presidente da CIC, o calendrio de Curitiba est sendo feito com o apoio da Fundao Cultural e da Secretaria Municipal do Esporte e Lazer. A expectativa que fique pronto em abril. Com o calendrio de eventos, nossa inteno fazer com que as agncias de viagens tenham

motivos para oferecer Curitiba como destino turstico o ano inteiro, disse Munhoz da Rocha durante entrevista coletiva com jornalistas brasileiros e de pases convidados. O encontro em Curitiba, que leva o nome Mercosur via TAM, foi organizado pela companhia rea com o apoio da Prefeitura de Curitiba. O objetivo fomentar o turismo entre as cidades da Amrica Latina. A capital paranaense foi a segunda a receber o evento, realizado pela primeira vez em outubro de 2003, em Buenos Aires. O resultado de Buenos Aires foi fantstico e fez com que aumentasse muito o nmero de turistas argentinos que vieram para c e de curitibanos que foram para l, contou Munhoz da Rocha. A informao foi confirmada pelo diretor comercial da TAM Mercosul, Javier Hickethier. Segundo ele, a rota Curitiba-Buenos Aires-Curitiba est consolidada e os vos realizados entre as duas capitais registra ocupao superior a 60%. Outra rota, que liga Curitiba a Assuno (Paraguai), est com movimento menor, mas a situao pode mudar em breve, j que est programada para o prximo ms encontro semelhante naquela cidade. Tambm

esto previstas reunies em Santa Cruz de La Sierra (Bolvia) e Santiago (Chile). Munhoz da Rocha disse que Curitiba participar de todos os eventos, para que o seu potencial turstico seja conhecido pelos agentes e operadores de viagens das principais cidades da regio. No final da tarde de quinta, a diretora de turismo da CIC, Juliana Vosnika, apresentou aos participantes do Workshop as atraes da capital paranaense. Todas as autoridades presentes fizeram questo de divulgar o potencial turstico dos municpios que representam. A ministra do Paraguai falou sobre uma rota de peregrinao que ser lanada nos prximos dias em conjunto com o Brasil. O representante de Buenos Aires falou sobre o tango. O do Chile, sobre o turismo voltado para a natureza e aventura. O da Bolvia, sobre a cultura e geografia do pas. Nas horas vagas, os visitantes fizeram passeios pela cidade. Em assuno, Curitiba vendida como modelo de cidade, contou a ministra Maria Gallegos. Seus administradores souberam combinar planejamento urbano com arte e natureza. uma cidade que tem alma e que precisa ser imitada, disse ela.

Paulo Munhoz da Rocha, presidente da CIC participa do encontro com autoridades e empresrios do setor de turismo de Buenos Aires, Assuno, La Paz e Santiago do Chile.

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Yossi Groisseoign Investigadas contas de Arafat e esposaFiscais franceses investigam a transferncia de US$ 11,5 milhes da Sua para contas bancrias na Frana em nome de Suha Arafat, esposa de Yasser Arafat, entre julho de 2002 e julho de 2003. A investigao teve incio em outubro passado, pelo rgo governamental de combate lavagem de dinheiro, quando o Banco da Frana avisou a Justia. Vrios legisladores da Autoridade Palestina se queixaram das transferncias de Arafat a sua esposa, que leva uma vida luxuosa, mas ela nunca foi investigada pela AP. "A investigao poder trazer muitas respostas", disse um membro do Conselho Legislativo Palestino, explicando que a AP destina muitas verbas a Arafat e no h controle sobre como este dinheiro gasto. Se ficar demonstrada malversao dos recursos provenientes de doaes, mais uma faceta de Arafat ser desmascarada.

(com informaes das agncias AP, Reuters, AFP, EFE, jornais Alef na internet, Jerusalem Post, Haaretz e IG)

porco nos nibus para dissuadir os suicidas palestinos de perpetrar atentados. Aos acionar os cintures explosivos, eles se sujariam com a gordura do animal considerado impuro pela religio muulmana. Segundo o jornal Maariv, a polcia obteve autorizao das autoridades rabnicas para esta 'arma revolucionria', apesar de que o judasmo tambm considera este animal impuro e no adequado para consumo. O rabino Eliezer Moshe Fisher, que dirige importante instituto de estudos talmdicos em Jerusalm emitiu uma declarao dizendo que 'a utilizao de sacos com banha de porco para a proteo de lugares pblicos legtima, uma vez que esto em jogo vidas humanas'.

ro em Israel, Srgio Moreira Lima, afirmou que o Brasil no contra a construo da cerca, mas que questiona o traado da mesma. Os deputados se emocionaram na visita ao Museu do Holocausto e ficaram muito impressionados com toda a tecnologia do Instituto Weizmann. As esposas dos parlamentares visitaram a creche da Na'amat em Yaffo, onde tiveram a oportunidade de conferir o tratamento oferecido tanto s crianas judias quanto s palestinas.

Protesta contra antisemitismo na LituniaO Ministrio das Relaes Exteriores de Israel protestou junto ao embaixador da Litunia Alfonsos Eidintas contra a srie de artigos anti-semitas no principal jornal daquele pas, Respublika. Reclamou tambm de que o levou mais de uma semana para o primeiro-ministro lituano se manifestar sobre o assunto e que ele foi o nico a faz-lo. Eidintas, professor que escreveu sobre a Litunia e o Holocausto ouviu dos israelenses o desapontamento sobre o artigo, o primeiro de uma srie de trs escritos pelo editor do jornal Vytas Tomkus. H leis na Litunia contra o incitamento a discriminao tnica e ao dio, mas o Ministrio da Justia nada fez a respeito do caso, que ainda mais grave porque se trata do principal jornal do pas.

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Gibson: uma questo de famlia?Ser acaso o anti-semitismo do ator, diretor e produtor Mel Gibson, como ficou expresso no recm-lanado filme 'A Paixo de Cristo' que estimula o preconceito aos judeus? Ou ser algo j enraizado na famlia? O pai do ator, Hitton Gibson, nega que Osama Bin Laden possa ter qualquer relao com os ataques s torres do World Trade Center, em 11 de setembro. Ele tambm questiona que possam ter sido assassinados 6 milhes de judeus nos campos de extermnio nazistas, e sua me, Joye Gibson, disse ao jornal The Times que o Holocausto foi um arranjo entre Hitler e 'financistas' para tirar os judeus da Alemanha para que fossem ao Oriente Mdio, lutar contra os rabes, ressaltando que nem havia tantos judeus assim na Europa.

Kirchner quer esclarecer caso AmiaO presidente argentino Nstor Kirchner assegurou que a busca do esclarecimento dos atentados terroristas embaixada de Israel e da entidade judaica AMIA uma 'questo de estado' e 'nos coloca em luta frontal contra o terrorismo internacional'. Lembrou seu posicionamento frente aos legisladores para impedir que os fatos fossem encobertos (como aconteceu no governo de Carlos Menm) e a sua firme disposio para a abertura total dos arquivos. A declarao foi efetuada aps o cancelamento de sua reunio com o presidente do Ir, Mohamed Jatami Jatami, que seria realizada em Caracas, na Venezuela. Segundo a agncia Reuters, Jatami disse que estaria 'enojado porque Buenos Aires acusa o Ir envolvimento no atentado Amia'.

Katzav: 'Sem separao de interesses'O presidente de Israel, Moshe Katzav declarou que 'No podem ser separados totalmente os interesses dos palestinos e dos israelenses. Temos interesses comuns', durante um encontro com os representantes da Medef (Movimento de Empresas da Frana) e uma delegao empresarial israelense, que pediu aos seus colegas franceses que invistam na regio, pois assim estaro contribuindo para a paz. 'Nosso futuro necessita de relaes estreitas com nossos vizinhos', explicou Katzav, adiantando que no futuro seu pas pacificar suas relaes com todo o mundo rabe, como j fez com Egito e Jordnia. O presidente de Israel fez uma visita oficial de quatro dias Frana, destinada a estreitar os laos entre os dois pases.

UE confirma vnculos entre AP e o terrorismoA Unidade Antifraude da Unio Europia (OLAF) acredita que os documentos que Israel possui mostrando que a Autoridade Palestina apia o terrorismo, so autnticos. O jornal alemo Die Welt, noticiou que crescem as suspeitas do envio de dinheiro do escritrio de Yasser Arafat para organizaes terroristas. Isto significa que fundos da Unio Europia foram usados para ajudar a financiar o terrorismo nos primeiros anos do atual ciclo de violncia. Desde o outono de 2000, quando comeou a atual Intifada, a UE vinha financiando a AP com 10 milhes de euros por ms. Os pagamentos foram suspensos no outono de 2002 quando surgiram as suspeitas sobre como os recursos estariam sendo usados. Os documentos foram obtidos no escritrio de Arafat, durante a operao realizada pelo exrcito israelense em maro de 2002 e entregues por Israel Unio Europia.

Peres faz previses e elogia LulaO lder do Partido Trabalhista de Israel, Shimon Peres est convencido de que o traado do muro Israel e a Cisjordnia ser alterado nos prximos dias e at o final do ano sero dados passos importantes em direo paz entre israelenses e palestinos porque a crise atingiu seu pice e precisa ser resolvida com a frmula de dois estados para dois povos. As afirmaes foram feitas durante encontro de mais de uma hora com um grupo de 20 deputados e senadores brasileiros em visita a Israel. Peres elogiou Lula afirmando que 'o Brasil uma grande esperana do mundo socialista. O presidente carrega consigo uma grande mensagem de tolerncia e, em nenhum lugar como o Brasil, possvel viver um relacionamento entre os diversos grupos de forma que sejam garantidos a todos o direito de serem iguais e os mesmos direitos a que todos sejam desiguais'. Falando em nome do grupo de parlamentares brasileiros o deputado federal Walter Pinheiro (PT-BA) informou que Lula dever visitar Israel em data a ser ainda marcada.

Absteno no processo de HaiaA Unio Europia (UE) se absteve no processo iniciado dia 23 de fevereiro na Corte Internacional de Justia de Haia, sobre a cerca de segurana de Israel em resposta a uma solicitao da Assemblia Geral da ONU. A petio de 8 de dezembro de 2003 solicitava s autoridades judiciais de Haia a sua opinio sobre as implicaes legais da construo. A UE considera que transferir o conflito para a rea legal no far avanar o processo de paz. Para o ministro de Assuntos Europeus da UE Dick Roche, h poucas melhoras no processo de paz e as perspectivas em curto prazo no so alentadoras. Insistiu que a UE continue tendo um papel ativo no Quarteto.

O gro-rabino de Israel, Iona Metzger pediu a interveno do Papa Joo Paulo II na polmica suscitada pelo filme de Gibson. Metzger esteve reunido com o papa em fevereiro e pediu uma atitude apropriada para evitar manifestaes contra o povo judeu. Segundo nota oficial entregue ao nncio apostlico em Tel Aviv, o bispo Pietro Sambi, conforme o jornal Jerusalem Post. O gro-rabino destacou que quando esteve no Vaticano o papa se referiu aos judeus como 'nossos irmos maiores'. 'Por isso lamentvel que um filme tendencioso arrune o progresso das relaes judaico-crists', considera ele, lembrando que o Papa Joo XXIII determinou em 1965 que fosse retirado o estigma de povo deicida que pairava sobre os judeus, fato que motivou inmeras perseguies e matanas na Europa.

Gro-Rabino pede atitude da Igreja

Programa escolar para a PazOutra iniciativa para a Paz: Em um programa conjunto, seis institutos de ensino secundrio israelenses e professores palestinos de Belm, Hebron e Jerusalm comearam a ministrar aulas abrangendo tanto a histria tradicional de Israel e do sionismo, quanto a viso dos palestinos sobre o conflito do Oriente Mdio. A iniciativa est causando polmica, pois no houve uma aprovao do Ministrio da Educao israelense ao projeto. O programa foi estabelecido em vrios encontros conjuntos dos professores, que vem se reunindo nos ltimos anos, em Jerusalm Oriental e na Turquia, com o apoio do Instituto Prime sediado Bet Yala, distrito de Belm, na Cisjordnia, segundo o jornal Maariv.

Aliados poderiam ter poupado vidasFotografias tiradas por pilotos britnicos em 1944, no auge do Holocausto, revelaram a veracidade das reclamaes dos judeus de que os Aliados poderiam ter bombardeado as vias frreas que conduziam os judeus aos campos de concentrao nazista, e at mesmo as prprias cmaras de gs. Os arquivos de 5 milhes de fotos esto sendo disponibilizados na internet no site www.evidenceincamera.co.uk. Algumas mostram claramente as colunas de fumaa que saem do crematrio de Auschwitz, enquanto outras as fossas onde foram jogados os corpos dos que no foram levados aos fornos. O diretor do Yad Vashem (O Museu do Holocausto de Jerusalm) disse que o museu tinha fotos dos pilotos norte-americanos e sul-africanos, nas quais podia ser vista a fumaa. Atualmente o site est congestionado, pois os acessos superaram as expectativas.

Expedio de paz AntrtidaQuatro israelenses e quatro palestinos iniciaram uma viagem Antrtida. Eles escalaro uma montanha de cerca de 2 mil metros numa singular expedio pela paz. Os seis homens e as duas mulheres que integram a 'misso de paz' saram de Puerto Williams, no extremo sul do Chile em direo s Ilhas Shetland do Sul. Ao chegar Antrtida, aps uma semana de navegao no perigoso Mar de Drake, viajaro dez dias por terra para chegar montanha, que desejam batizar com uma bandeira de Israel e outra da Palestina. Todas as etapas da viagem intitulada por seus protagonistas de 'Quebrando o gelo' esto sendo filmadas.

'Arma' para coibir atentados em nibusA polcia israelense est estudando a colocao de sacos cheios de banha de

Vista a museu, instituto e crecheA construo da cerca entre Israel e a Cisjordnia dominou parte dos encontros dos parlamentares brasileiros. Em discurso no Parlamento, o embaixador brasilei-

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Shiduch on-line:

O quinto filho

BH

Yossef Dubrawsky *

Procurando sua alma-gmea judaica na internet!Gustavo Erlichman *

A leitura da Hagad, em Pessach, sempre foi direcionada principalmente para as crianas, procurando chamar sua ateno para a os fatos narrados e os detalhes do Seder. A Hagad nos traz os quatro tipos de personalidades que nossos filhos podem apresentar (e o tipo de educao que vo necessitar): o sbio, o perverso, o simples e aquele que no sabe perguntar. Porm h um filho que no mencionado na Hagad, pela simples razo de que o ausente. Entre os outros quatro filhos, mesmo o perverso est presente, e a vida judaica que est sua volta uma esperana de tornar-se tambm consciente da verdade de Tor e mitsvot. Esse filho ausente no pode ser considerado apenas como resultado da modernidade e do apego aos valores materiais. Tem razes mais profundas em nossa histria. Nossos antepassados, vencendo perseguies e sofrimentos encontraram no caminho da imigrao uma esperana de um futuro melhor. Porm, para muitos deles, isso teve um preo muito alto para a vida espiritual de seus descendentes. Chegando a um novo mundo, um ambiente desafiador para quem vinha de pequenas comunidades de intensa vida judaica, quiseram poupar seus filhos dos conflitos entre o mundo material e o espiritual. As concesses foram se tornando cada vez maiores, levando infelizmente assimilao. Procuravam justificativas para deixar a vivncia judaica em detrimento das aparentes facilidades da vida material. Dessa maneira esperavam assegurarlhes um bom entrosamento no novo ambiente; mas a to sonhada liberdade transformou-se em escravido aos costumes alheios ao judasmo. Apesar de serem escravos no Egito, uma minoria oprimida, os judeus preservaram com orgulho suas tradies, costumes e f, o que manteve sua identidade como um povo, assegurando a libertao de qualquer forma de tirania, seja ela fsica ou espiritual. Pessach tambm a festa da esperana, de promessas cumpridas. Temos certeza de que atravs de Ahavat Yisrael (amor ao prximo judeu), at mesmo esta gerao que muitos pessimistas consideram perdida, pode ser trazida em retorno para D-us e Tor, tornando-se no s um dos quatro filhos, mas um filho sbio. Desejamos que a reunio de todos os judeus das tribos perdidas de Yisrael mesa do Seder nos traga, logo em nossos dias, a completa redeno de nosso povo com a vinda de Mashiach. (Baseado em uma carta do Rebe de Lubavitch, 11 de Nissan de 5717)* Yossef Dubrawsky rabino do Beit Chabad de Curitiba.

VJ INDICA

LIVRO

No novidade para ningum que o sonho de toda yidishe-mame ver seu filho se casar com uma linda meidale ou sua filha com um belo ingale. Porm, a probabilidade de voc achar o amor da sua vida na sua cidade muito pequena ainda mais se voc quer que este amor seja da comunidade judaica. Com a chegada da internet, vieram tambm muitos sites especializados em unir novos casais, ou simplesmente para fazer novas amizades, e muitos deles, focados na comunidade judaica. No Brasil, infelizmente, ainda no temos muitas opes, destaca-se o site AHAVA - www.ahava.com.br - que h mais de seis anos vem formando novos casais. Idealizado pela psicloga Flvia Acherboim, o site conta com um banco de dados com judeus de diversas faixas etrias, garantindo o sigilo absoluto das informaes e sempre com a superviso do rabino Yossi Schildkraut na rea de Judasmo. Temos tambm o site COMO VAI - www.comovai.com.br - que apesar de no ser um site exclusivamente voltado para a comunidade judaica, possui uma ferramenta de busca que filtra os usurios por religio, entre elas a judaica. Outra excelente opo o site da AGENDA 18 - www.pletz.com/agenda18 - que realiza encontros semanais para os singles da comunidade judaica, nos melhores points de So Paulo. Em outros pases - como Israel, Estados Unidos, Inglaterra, entre outros - aonde a populao judaica maior que no Brasil, os sites para singles so numerosos e tm muitos servios aos interessados. Um dos mais novos o JWOO - www.jwoo.com - que alm do tradicional mecanismo de busca, possui chat ao vivo com som e vdeo, para conversar olho no olho com a sua (ou seu) pretendente. Entre os mais populares esto o JMATCH - www.jmatch.com - que possui um sistema de busca gratuito, alm disso o site dispe de um numeroso banco de dados com diversos solteiros ao redor do mundo, Brasil inclusive. Outro site bem conceituado o JDATE - www.jdate.com - produzido pela MATCHNET, que tem filiais do servio em diversos pases. Se a sua inteno apenas fazer novas amizade s , e q u e m s a b e u m g ra nd e a mo r, v i s i t e o J E W IS H F R I E N D F I N D E R www.jewishfriendfinder.com - que permite que voc procure amigos e amigas por faixa etria ou por pas, inclusive no Brasil. Se a sua inteno arrumar um novo amor em Tel Aviv, ento visite o site LOVE IN TELAVIV - www.loveintelaviv.com - e aproveite para se programar para o festival que eles esto preparando para acontecer em julho deste ano. Caso voc seja religiosamente ortodoxo(a), no se preocupe! O site SOON BY YOU - www.soonbyyou.com - foi feito para voc! Alm disso, uma caracterstica marcante deste site uma relao completa de casamenteiras espalhadas por Israel e Estados Unidos, com seus nomes, telefones, endereos e rea de atuao! Ao visitar estes e outros sites do gnero, algumas dicas so importantes: 1 - Nunca fornea seus dados pessoais a um desconhecido, a menos que voc esteja seguro(a) que a pessoa que voc conheceu merece a sua confiana. 2 - Ao se cadastrar em um site cujo servio pago com carto de crdito, verifique se ele um site seguro. Se voc quer conhecer mais sites para os solteiros da comunidade judaica ou se voc quer apenas tirar alguma duvida, envie um e-mail para [email protected] que eu lhe responderei o mais breve possvel. Boa sorte e espero que voc encontre seu/sua Bashert (alma-gmea)!* Gustavo Erlichman ([email protected]) consultor de Internet e criador do site judaico PLETZ.com

Judasmo para o sculo 21

Judasmo para o sculo 21, de Aryeh Carmell, um livro raro e moderno que mostra como os mandamentos da Tor formam um sistema dinmico e abrangente destinado a aprimorar o homem e estabelecer uma sociedade justa e fraterna, onde o altrusmo prevalece sobre o egosmo ou seja, uma sociedade que seja um modelo para toda a humanidade. Nesta atual era conturbada em que vivemos, onde milhes de pessoas anseiam por uma direo a seguir, a obra de Carmell permite que o leitor descubra as respostas do Judasmo aos grandes desafios da vida moderna, tais como relacionamento familiar, a preservao do meio ambiente, a revoluo tecnolgica e o crescimento intelectual, moral e espiritual.

FELIZ PESSACHDesejam Blima e David Lorber a toda comunidade

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Os escritos do Baal Shem TovShmuel Lemle*

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Baal Shem Tov (Mestre do Bom Nome) nasceu ao redor do ano de 1700 na Ucrnia. Sua abordagem para a conexo com a Luz e com a energia do Criador baseava-se na alegria, na felicidade e na inteno espiritual, em vez de ritos e rituais religiosos. At os dias de hoje, seus ensinamentos continuam a inspirar geraes de estudantes. Fascas de luz A Criao pode ser comparada a um quebra-cabea que foi desmontado. Nosso objetivo reagrupar o quebra-cabea para que ns tambm possamos ser considerados co-Criadores do mundo. Cada vez que fazemos uma transformao espiritual em nossa natureza, escolhendo o bem em vez do mal, compartilhar em vez de receber, juntamos uma pea do quebra-cabea. Essas peas de quebracabea so formadas pela Luz do Cria-

dor - as Fascas Sagradas. Em tudo o que existe no mundo h Fascas Sagradas, no existe nada que no tenha Fascas. Tambm nas aes dos homens, de fato at mesmo nos pecados cometidos pelo homem, h Fascas Sagradas da glria de D-us. E o que as Fascas que habitam nos pecados aguardam? a Virada. No momento em que voc se afasta de um pecado que cometia antes, eleva a Fasca Sagrada presa por ele ao Mundo Mais Alto do Cu. As Fascas Sagradas que caram quando D-us construiu e destruiu os mundos, o homem deve elevar e purificar, de pedra para planta, de planta a animal, de animal a ser falante, ele dever purificar as Fascas Sagradas que esto aprisionadas no mundo das cascas. O homem as come, as bebe, as usa; essas so as Fascas que habitam nas coisas. Desta forma, a pessoa deve ter piedade de suas ferramentas e de suas posses, pelo bem

das Fascas que esto nelas; deve-se ter piedade das Fascas Sagradas. Tudo que um homem possui - seus empregados, seus animais, suas ferramentas - tudo oculta Fascas que pertencem s razes de sua alma e que desejam ser elevadas por ele sua Origem. Palavras de sabedoria Uma vassoura limpa, e ela mesma fica suja; limpe-se das ofensas de que se sente culpado. Assim como o homem age, D-us reage. Antes de encontrar a D-us, voc precisa se perder. Se a Bblia no nos mostrasse as fraquezas, as vulnerabilidades e os pecados de nossos heris, poderamos ter perguntas profundas acerca de sua verdadeira virtude. As pessoas devem permitir a si mesmas ter a oportunidade de realmente saber o que significa a unidade de D-us. Compreender uma parte da unio indivisvel

compreender o todo. No h lugar para D-us num homem que est cheio de si mesmo. Quando um pai reclama que seu filho est seguindo um mau caminho, o que deve fazer? Am-lo mais que nunca.

* Shmuel Lemle pertence ao Centro de Cabala - Rio de Janeiro (tel. 21 2526-3353) e o tradutor deste artigo baseado nos ensinamentos do cabalista Rav Berg. www.kabbalah.com

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Mubarak d aulas de polticaNahum Sirotsky *

De Israel bvio que estamos acompanhando as confuses polticas no Brasil. Mas, aqui, no Oriente Mdio, existem sinais preocupantes. Existiam informaes de que os egpcios assumiriam a manuteno da ordem da Faixa de Gaza quando dela fossem retirados colonos judeus e a tropa de Israel. Mubarak, o presidente egpcio no poder, nega e acaba de dizer que no topa a misso. deciso de grandes conseqncias. At acredito que a em Casa, * Nahum Sirotsky nem se atente para a crise jornalista, aqui. Temos demais. Porm, as correspondente da RBS em Israel e colunista do minorias em posio de coltimo Segundo/IG. A mando precisam saber. No publicao desta coluna nosso mundo, como j foi tem a autorizao do autor. lembrado, mariposa bate as asas na China e escala num tufo no Texas. Se a crise da Argentina com o FMI se aprofunda, vai doer no Brasil. A globalizao maquiavlica. O ruim vem instantaneamente, o bom em etapas. Acontece que Bush no tenta ape-

nas pacificar o Iraque. Ele quer democracias no Oriente Mdio no lugar do autoritarismo, ditaduras e monarquias. Mubarak, o grande aliado americano no mundo rabe, responde que o plano americano de reformas polticas no ter sucesso, resultar em anarquia na regio e, em qualquer hiptese, nada pode dar certo sem a soluo do conflito israelense-palestino. E mais que os americanos parece que no entendem que tudo que vier de fora ser rejeitado pelos nossos povos. Haver confuso do Marrocos ao Paquisto. Os terroristas se aproveitaro e atacaro aqui, na Europa e nos Estados Unidos. No fim de maro os lderes rabes se renem em Tunis, Tunsia, para responderem em conjunto a iniciativa americana. Em abril Mubarak vai a Bush explicar as decises rabes Os povos rabes acompanham pela televiso rabe o que acontece no conflito com Israel. No h ambiente para iniciativa alguma que parea simptica aos judeus.

No h nem sombra de entendimento entre israelenses e palestinos. Na zona de Gaza s piora. Sharon anuncia que quer sair de Gaza. Como parte de medidas de soluo unilateral do conflito. Arafat, que deveria estar pressionando por retomada de negociaes, quer tropas internacionais separando os lados. Ningum se movimenta no sentido da paz. Mubarak, do Egito, em conversa com Le Figaro, dirio de Paris, acaba de afirmar que cabe Autoridade Palestina a segurana e tranqilidade em Gaza. Eles precisam dos meios para isto. Mubarak confessa o receio que se mandar foras haver a possibilidade de que se choquem com elementos palestinos. E mais, se houver problema poderemos nos ver em conflito com os israelenses. Concordou, indiretamente, que confuso o ambiente em Gaza. O que teme pode acontecer. Existe o rumor, de fontes de um agncia de origem evanglica, de que o Hamas, o mais poderoso e organi-

zado grupo fundamentalista palestino, responsvel pela maioria dos ataques de homens-bomba a Israel, e ultimamente, desenvolvendo msseis Kassam, que projeta sobre centros urbanos em Israel, at agora sem sucesso, treina e cria fora regular para tomar o poder em Gaza se, e quando Sharon tirar sua tropa e colonos. Fala-se em 20 mil homens. O general Yalon, comandante em chefe das Foras Armadas de Israel, prev que a simples hiptese de retirada de sua gente faz aumentar os ataques palestinos. Sair de Gaza, deixando a impresso de retirada sob fogo, s aumentar a audcia das foras extremistas, insiste. Mubarak quer tranqilidade. Bush quer evitar escalada de violncia entre israelenses e palestinos pelo menos at depois das eleies gerais americanas, no fim do ano, que pretende vencer. As eleies americanas podem ser decididas pelos acontecimentos no Oriente Mdio. Entendem, a globalizao?

Anti-semitismo e cerca so faces de uma mesma moedaEntrevista com Elie WieselGraas a essa barreira, pouqussimos terroristas tm conseguido entrar no pas, e assim se salvaro muitas vidas, no s israelenses, mas tambm palestinas, j que aps cada atentado suicida a resposta do Estado [israel] provoca novas vtimas entre os palestinos. No esqueamos que esta medida no foi inspirada por uma deciso poltica, mas pela segurana nacional: se se chegar a um acordo de paz entre as partes, sero suficientes uns poucos dias para derrub-la. Nova York Francamente, no consigo compreender tanto barulho por nada. O que se construiu em Israel no um muro, mas uma cerca para proteger o pas dos ataques suicidas dos kamikazes. Tenta-se cumprir essa funo, que por outro lado provisria e indiscutvel. Quem fala Elie Wiesel, renomado escritor e prmio Nobel da Paz, que escapou de Auschwitz e que se diz contrrio ao processo iniciado dias atrs na Corte Internacional de Justia de Haia para discutir a legitimidade da cerca que Israel constri para separ-lo da Cisjordnia. Penso que cada nao soberana e cada governo civil tm o direito-dever de defender seus prprios cidados como melhor puderem explica Wiesel. Certamente no tarefa do tribunal da ONU imiscuir-se neste assunto, ordenando a Israel no defender as suas prprias mulheres, ancios e crianas. Ser que esse tribunal est disposto a proteger os inocentes que so assassinados todos os dias pelos terroristas? Se a resposta sim, ento podemos falar em derrubar essa cerca. Pergunta Para os palestinos, um instrumento de segregao que os afeta gravemente. Resposta Graas a essa barreira, pouqussimos terroristas tm conseguido entrar no pas, e assim se salvaro muitas vidas, no s israelenses, mas tambm palestinas, j que aps cada atentado suicida a resposta do Estado [israel] provoca novas vtimas entre os palestinos. No esqueamos que esta medida no foi inspirada por uma deciso poltica, mas pela segurana nacional: se se chega a um acordo de paz entre as partes, sero suficientes uns poucos dias para derrub-la. P Acha que os palestinos esto ganhando a guerra dos meios de comunicao? R Israel est lutando por sua prpria existncia e sua prioridade absoluta salvar vidas e defender a dignidade das pessoas que desejam viver. Explicar ao mundo suas razes e satisfazer a opinio pblica no pode portanto estar mais que em segundo lugar. P At a administrao Bush tem expressado no poucas reservas nas discusses sobre o muro. R Insisto, um problema de linguagem. Jamais se deveria chamar de muro, porque essa palavra tem estranhas conotaes que despertam velhos fantasmas, desde o muro de Varsvia, ao muro de Berlim e estimulam os crculos de Arafat, que o rebatizou como o muro nazista. Mas pelo menos ofensivo e repugnante comparar qualquer coisa que suceda em Israel com o passado trgico de seus habitantes. A nica sada desta espiral de dio retomar o dilogo. Isto s se poder acontecer quando ambas as partes baixem o volume e a violncia dos insultos recprocos. Por ora, Israel deve continuar fazendo o que faz, defender-se com uma cerca ou obstculo que, no o esqueamos, entre vizinhos normal. P otimista? R Se algum me tivesse dito em 1945 que viveria para participar desta campanha em 2004, no teria acreditado jamais. Estava convencido de que o anti-semitismo havia morrido em Auschwitz, mas em contrapartida constatei com estupor que s os judeus morreram nesse lugar, enquanto que o antisemitismo est mais so e vigoroso que nunca. Tem sido a realidade mais dolorosa que comprovei na minha vida. P Anti-semitismo e a cerca so faces de uma mesma moeda? R Sim, mas a Europa pode fazer muito, j que, da inquisio s cruzadas, e at os pogroms, o antisemitismo uma enfermidade europia. Jamais esqueo das vezes em que a Europa tem abandonado Israel. Em 1973, quando estava por perder a guerra de Yom Kipur, que devia decidir a prpria existncia, os norte-americanos comearam a enviar avies, mas nenhuma s nao europia permitiu sua aterrisagem para reabastecer. Que recordem bem esse triste captulo da histria os lderes europeus que hoje atacam a cerca.

Originalmente publicado dia 25/2/2004 no jornal italiano Corriere della Sera. Entrevista concedida por Elie Wiesel jornalista Alessandra Farkas. Republicado no jornal argentino La Nacin, com traduo de Mara Elena Rey.

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Um rabino ortodoxo responde ao filme de GibsonAriel Bar Tzadok*

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udo bem, eu vi o novo filme de Mel Gibson, A Paixo de Cristo. Como sempre o sr. Gibson fez um bom filme, to realstico e ambguo como E o Vento Levou... ou Guerra nas Estrelas (Star Wars). Para mim, a Paixo de Cristo exatamente como qualquer outro filme de fico que eu sempre vi. uma estria, no real, no histria, e no assim que foi. H muito para dizer sobre as imprecises histricas do filme, e apesar de todas as declaraes pblicas em contrrio, a Paixo de Cristo contm definitivamente sutis elementos anti-semitas. Deixem-me documentlos alguns deles aqui. O sr. Gibson retrata a viso dele dos sacerdotes saduceus do Templo, rabinos, e muitos dos outros judeus do dia em que Jesus foi condenado, escarnecido, zombado e agredido, como usando peyot enrolados (cachos laterais de cabelo), de acordo com o mesmo estilo usado hoje pelos judeus ortodoxos da tradio hassdica da Europa Oriental. Os sacerdotes e rabinos tambm aparecem usando algum tipo de manto ou xale com longas faixas pretas, semelhante em aparncia verso do leste europeu para o Talit (manto de orao, usado pelos judeus religiosos durante preces matinais). um fato claro e de indiscutvel realidade que os cachos laterais e mantos de orao de design europeu oriental eram totalmente desconhecidos nos dias de Jesus. O sr. Gibson usa nitidamente formas modernas de identidade judaica para ter certeza que suas audincias iro reconhecer o relacionamento entre os judeus atuais e aqueles a quem cristos acreditam ser os responsveis pelo assassinato de seu senhor. (ref. CB 1 Thes. 2:15). Os judeus na multido so mostrados zombando de Jesus e o espancando sem motivo. O comportamento deles certamente desperta ressentimento e enfurece a qualquer um que esteja assistindo. Vestindo os judeus antigos para os fazer parecer to sutilmente como judeus atuais, o sr. Gibson est tendo certeza que sua audincia no ter nenhum problema para transferir sua raiva e ressentimento sobre os judeus de hoje. S por esta terrvel encenao, nada do sr. Gibson envergonhar-se dele prprio! Quando eu um rabino ortodoxo, vi

a Paixo, vi com uma luz diferente da mdia crist. Veja voc, a morte e ressurreio de Cristo no parte da minha estrutura de convico, assim como no uma imagem entalhada na minha psique. Eu no tenho vnculo emocional com as concepes que podem ser provocados pelo filme do sr. Gibson. Isso no significa, porm, que o filme no v despertar sentimentos dos espectadores nocristos. Enquanto eu reconheo que o filme s fico, at mesmo narraes ficcionais evocam dentro de ns profunda emoo. Quando eu vejo a natureza do sofrimento de Jesus, eu penso nos incontveis judeus que realmente sofreram da mesma maneira como Jesus foi retratado no filme. Quando eu, como um judeu, vejo a maneira como Jesus foi golpeado e sua me chorando por causa do sofrimento do filho dela, eu no me identifico com o que considerado por muitos no-cristos, ser uma narrativa fictcia registrada nos Evangelhos. De certa forma, eu me identifico com algo muito mais prximo e familiar. Eu sinto a dor das muitas mes judias ao longo de dois mil anos de perseguio crist que choraram inconsolveis pelos sofrimentos e perda dos seus filhos. Eu me identifico com as mes judias que choraram por seus filhos enquanto sofrendo dos nazistas alemes, cossacos russos, inquisidores espanhis e todos os tipos de cruzados europeus. Todos aqueles perseguidores dos judeus tinham uma coisa em comum, eles eram todos cristos, e eles todos tiveram de uma s vez, ou outra, visto uma paixo representada alguma vez, semelhante do filme do sr. Gibson, que os motivou, aos olhos deles, tomar a vingana de Cristo contra aqueles que o mataram. Chegar um tempo quando, por um bem maior, teremos que colocar os fatos de lado ao invs de enfocar assuntos de f. O filme do sr. Gibson tem o potencial para fazer retroceder as boas e duradouras relaes judaico-crists. Partindo do fato que ele pertence a um ramo dissidente do culto catlico, que no reconhece a autoridade do Papa ou o Vaticano, bem provvel que, no fundo, a inteno dissimulada do sr. Gibson causar uma ruptura nessas boas relaes. Tambm concebvel que o filme Paixo possa servir para prejudicar seriamente o apoio dado a Israel pelos cristos sionistas da Amrica. A esse respeito, o sr. Gibson pode ser visto como trabalhando para apoiar o

enfraquecimento do Estado de Israel. Isto, em contrapartida, s fortaleceria os inimigos dos Estados Unidos. Assim, num certo crculo, o filme do sr. Gibson no final das contas poderia servir para fortalecer os inimigos de paz. Isto o que eu sinto, e muito importante agora que ns focalizemos assuntos de camaradagem no lugar de temas de conflito. Como povos de f, ns os judeus e cristos temos mais em comum fundado em nossa f do que temos a nos separar baseado em nossas vises divergentes de fatos histricos, teologia e doutrina. Como cristos e judeus ns ambos acreditamos no cdigo bblico da moralidade. Ns ambos queremos viver numa sociedade construda e prosperando sobre princpios bsicos como os esboados nos Dez Mandamentos. Os cristos adotaram nossa Bblia judaica e a colocaram ao lado de sua prpria. Embora chamem a nossa de velha e a sua de nova os cristos ainda reconhecem o valor e a importncia da aliana que D-s fez conosco, o povo judeu. Infelizmente existem aqueles cristos indecorosos que reivindicam que eles se transformaram no novo Israel e aquele povo escolhido de D-s, o velho Israel, os judeus, so agora nada mais que uma nao rejeitada e odiada por D-s, e dessa forma merecedora do dio e do desprezo do novo Israel, a Igreja. este tipo de teologia de substituio e da danao no fogo de inferno, sustentada por tais pessoas como o sr. Gibson que abastece as fogueiras do anti-semitismo e do dio por todo o mundo. Isso no pode ser tolerado. Cristos sinceros e tementes a D-s ao redor do mundo devem unir-se aos judeus, opondo-se a esta aberrao da religio e buscando mtuo respeito ainda que sejam grandes as nossas diferenas (ref. CB Rev. 12:17). F de qualquer tipo uma questo do corao. Pode motivar uma pessoa a galgar o mais elevado ponto das alturas espirituais ou da mesma forma motivar algum para destruir o mundo e todos os incrdulos nele. Ns vemos hoje um crescimento muulmano mundial mais e mais fundamentalista que procura empreender uma guerra contra os incrdulos da sociedade ocidental, especificamente, o mundo cristo. Ns aqui no ocidente observamos o crescimento do Isl radical como um mal que deve ser erradicado. Toda-

via, no se v a ironia nisso tudo. Veja voc, o Isl no a primeira religio do mundo a ficar intolerante com os outros e cobiosa de conquistar o mundo. A igreja crist sempre manteve semelhantemente doutrinas radicais com desgnios similares para evangelizar e converter o mundo inteiro ao cristianismo. Mil anos atrs, durante as Cruzadas eram terroristas cristos que iam invadindo e atacando centros muulmanos, da mesma maneira que muulmanos esto fazendo hoje. Da mesma maneira que, note bem, os muulmanos hoje atacam os judeus como intermedirios para atacar o Oeste, assim como os cristos assassinaram povoaes inteiras de judeus no seu caminho ao Oriente Mdio para guerrear os muulmanos. Parece que ns os judeus sempre estamos no meio, sempre o sofrimento dos inocentes servidores de D-s (ref. Isaas 53). Eu ouvi muitos comentaristas sobre a Paixo de Cristo declarar que o que preciso um filme sobre a vida de Jesus, no sua morte. Aqueles cristos sinceros e tementes a D-s querem difundir os ensinamentos de Jesus sobre amor e vida. A esse respeito eles poderiam encontrar alguns aliados dispostos no mundo judeu. A maioria dos discursos de Jesus como registrado de fato nos Evangelhos expressam ensinamentos de tradies rabnicas da poca. Se os cristos s conheceram a fonte judaica para muitas das suas crenas sagradas, eu acredito que isto cicatrizaria o longo caminho do conflito que tem dois milnios e que no foi nada diferente de uma profanao do Nome de D-s. * O rabino Ariel Bar Um ltimo ponto, Tzadok, da Yeshivat especialmente para Benei Nviim escreveu meus leitores cristos. este artigo, em ingls, Se a histria de Jesus no site como retratada nos KosherTorah.com Contatos: Evangelhos fosse fato [email protected] atual, e Jesus fosse um judeu ntegro perseguido por malvados sacerdotes saduceus e os seus senhores romanos, eu prprio teria sado em sua defesa, e at carregado sua cruz. Mais ainda, muitos dos judeus religiosos que eu conheo teriam feito o mesmo. Ns judeus no somos os assassinos de Cristo; ns somos as vtimas daqueles que nos acusaram de tal.

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A Segunda Lei da Termodinmica e D-usSrgio Rosvald Donaire (Jochanan Saphir ben Avraham) *

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que a Segunda Lei da Termodinmica tem a ver com D-us e com a tica judaica? Ora, meus amigos, se vocs tambm no lembram muito bem daquela Lei, no se preocupem, fiz cursinho h uns 15 anos, tambm no lembro totalmente. Vamos recordar os princpios bsicos e o relacionamento disto com a vida; com o modo de vida judaico, mais particu* Srgio Rosvald Donaire larmente. E, com (Jochanan Saphir ben Avraham) administrador de empresas, isso, nossa relao auditor, consultor - Donaire com D-us, BH. Sistemas, coordenador do Grupo Yidish Surfers Imagine uma pehttp://br.groups.yahoo.com/ dra caindo. Ela posgroup/Yidish_Surfers sui Energia Potencial Reproduo e divulgao permitida no total, desde que (pela sua posio, sua citada a origem e o autor. altura do solo) e Cintica, relacionada ao seu movimento. Quando se choca com o solo, converte parte da energia de seu movimento em calor e desagregao, neste caso,

um desperdcio, por assim dizer, uma energia catica, uma energia desorganizada. O que quero propor aqui que a forma como o Universo est disposto, faz-nos acreditar que toda energia organizada tende a se desorganizar. Hum... Agora voc deve estar pensando: Como explicar os processos que organizam a vida? Este o ponto no qual queremos refletir. Vamos voltar s definies clssicas. A Segunda Lei da Termodinmica procura estudar as limitaes a que esto sujeitos os processos, determinando o sentido em que ocorrem essas transformaes, atravs da funo Entropia. Entropia: quando ocorre uma transformao termodinmica, uma parte da energia aproveitada e uma outra desperdiada, em forma desorganizada e aparentemente intil, conhecida como energia trmica. A Entropia mede a degradao da energia organizada para uma energia desorganizada.

Nos processos naturais (irreversveis) a Entropia aumenta. Se admitirmos que o Universo seja um sistema isolado, a Entropia do Universo sempre aumentaria. (Conforme Fuke, Carlos e Kazuhito - Os Alicerces da Fsica - 1 edio - Ed. Saraiva, 1988) E ns, Yehudi, com isso? Vamos tentar imaginar se a vida um processo organizado ou desorganizado. O que voc acha? Talvez no sejam necessrios muitos argumentos para convenc-lo que os processos vitais so altamente organizados, complexos, perfeitos, preparados, sbios, por que no dizer? E quanto criatividade? Bem, ento agora chegamos ao contraponto: os processos vitais, em sua constituio, negam o aumento da Entropia (que seria o aumento da baguna). E isto est perfeitamente de acordo com as leis de D-us. Nos foi dado o livre-arbtrio. Nos foi dada a opo de imitarmos nosso D-us, de auxiliarmos em sua Obra Criadora, de sermos realmente uma parte do D-us acima. LeChaim! Viva a vida! A noo de Entropia (e aqui no a estamos desfazendo, e sim, buscando trazer um conceito da Fsica) foi desenvolvida numa poca em que a preocupao dos cientistas era a de estudar as condies atravs das quais o Calor pode ser convertido em Trabalho. O quanto de seu Calor, digo, do Calor de seus pensamentos, do Calor de seu corao, tem se convertido em Trabalho Divino? Com seu trabalho, com sua imaginao bem conduzida, com sua ao neste Mundo, podemos melhor-lo. Assim, com a sua criatividade aplicada, elevando este Mundo, voc estaria negando aquela lei do aumento da Entropia (baguna). Entenda que tudo neste Mundo foi criado e est sob as Leis de D-us, e as leis da matria, as leis cientficas, no se opem s leis morais, s leis judaicas. Qualquer contradio aparente um ponto a desenvolvermos, pois como sabemos e acreditamos: Adnai Elohnu, Adnai Echd. (O Eterno nosso D-us, o Eterno Um). O fato que D-us no s criou a mat-

ria, mas o Homem, sua semelhana. Conforme revelado a nosso Patriarca, Avraham, Avinu, ZL, este abraou a f monotesta, e construiu uma nao, para glorificar e aumentar a luz de D-us neste mundo. A dualidade Energia organizada versus Entropia apenas uma outra forma de se colocar a questo do dualismo da Criao. Isto no foi toa. H o mundo Olam e h o Homem Adam Kadmon. Atravs dele, D-us quer que seja evitada a tendncia ao caos, a tendncia de aumento da Entropia. Yetzer HaTov sobrepujando Yetzer Har. A boa inclinao superando a m inclinao. Como dizia um nobre Fsico: D-us no joga dados com o Universo. Observe os fenmenos ao seu redor. As guas de um rio movimentam-se devido a um desnvel; o fluxo de gua pode ser utilizado para gerar Trabalho e mover turbinas de usinas hidroeltricas ou mover moinhos. Voc, meu amigo, no deixe suas guas paradas, transforme-as em Energia; isto o que quer nos dizer a Natureza. Entretanto, a mesma gua, estando parada num lago, por exemplo, no capaz de gerar trabalho, pois no h fluxo. Aqui se v outra relao importante: a vida fluxo, a vida movimento. Lembrando daquela outra definio: Trabalho igual Fora vezes o Deslocamento. Portanto: entre no movimento da vida, desloque-se, provoque a mudana, transforme o mundo: Tikun Olam, conforme dizem nossos sbios. Uma xcara de caf quente deixada sobre a mesa, esfria, isto , entra em equilbrio trmico com o meio ambiente, e deixa de haver fluxo de calor do caf para o meio externo. Ao contrrio disso, sejamos parte do fluxo que vem de D-us, contribuamos para aquecer nossos semelhantes e vice-versa. Shalom.

Crtica rabe aos atentados suicidasNo jornal egpcio Al Shark El Awsat a jornalista Mona El Tjawi [1] criticou abertamente os atentados suicidas e o uso de mulheres por parte das organizaes terroristas. Num artigo publicado dia 25 de janeiro ela escreveu que desta forma, a mensagem do Hamas aos palestinos reforar a idia de que as mulheres no valem nada. A jornalista expressa sua preocupao ante a impossibilidade de avivar um debate no seio da sociedade palestina sobre o intil e imoral estmulo ao sacrifcio de meninos para auto-imolao. Tambm destaca que se ope aos atentados suicidas em todas suas formas e que at agora o envio de suicidas nunca havia envolvido crianas. Do seu ponto de vista, o atentado que Al Riashi [2] realizou no servir como apoio aos trabalhadores palestinos, como justificou o Hamas, mas s os prejudica mais ainda. Aps o atentado, Israel fechou a passagem de Erez e isso deixou os operrios jogados sua sorte. Assim mesmo, a jornalista pede ao povo palestino para superar suas dvidas e negar-se claramente a este fenmeno espantoso. Num outro artigo de 8 de fevereiro, a mesma jornalista se estendeu em sua crtica e explica que se os palestinos querem derrotar Israel, devero viver e no morrer. Tambm reflexiona acerca da impossibilidade do governo palestino em entender que sua responsabilidade coroar como heris aos que permanecem com vida apesar de todas as dificuldades, e no aos que se sacrificam. Mona El Tjawi vai alm: Que os mais de 100 atentados suicidas no trouxeram ao povo palestino nenhum beneficio. Ainda assim, agrega tambm que os dirigentes palestinos s dizem a verdade a seu pblico s depois que renunciam. Como exemplo cita o caso de Mohamed Dahlan que, s depois de renunciar, declarou que a situao dos palestinos era melhor antes da Intifada. Na mesma nota a jornalista destaca que muitos leitores lhe enviaram cartas carregadas de dio em resposta ao seu artigo anterior, no qual se manifestou contrria a suicida Al Raishi, se bem que escolheu resumir as reaes dos leitores que a apoiaram, um da Arbia Saudita e o outro da Frana. Resumindo: Nestes artigos ela tambm critica Israel e a poltica de conquista, mas aos leitores fica bem claro que a mensagem principal o repudio aos atentados suicidas.[1] Jornalista egpcia radicada em Nova York. Trabalhou como correspondente da Reuters no Cairo e como representante desta agncia de notcias em Jerusalm durante um ano. [2] Primeira mulher suicida palestina que se matou em nome do Hamas, em fevereiro de 2004. Tinha filhos.

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Em seguida a esse incidente, uma denncia foi interposta na polcia.Helena Kessel correspondente VJ

Por ocasio da visita do presidente de Israel, Moshe Katzav, Cidade das Luzes entre 16 e 20 de fevereiro, uma das avenidas mais importantes do mundo, a Champs Elyses, foi decorada, desde a Place de La Concorde at o Arco do Triunfo com bandeiras de Israel e da Frana, em cada uma das rvores e postes que contornam a famosa avenida. A imagem aquece o corao e desperta ainda mais o judasmo que cada judeu tem dentro de si. Alm disso, a rdio judaica, a 94.8, foi s ruas no dia 16 e entrevistou os cidados. Entre as manifestaes, ouviuse que orgulho ser judeu, h muito tempo eu no via uma coisa como esta. Com efeito, e como no poderia deixar de ser, o policiamento foi intenso e ostensivo na regio, no s por conta do azul e branco e a Maguen David ao lado da bandeira tricolor francesa, como tambm por conta da proximidade do local da casa do presidente Jacques Chirac. Finalmente a Frana est reconhecendo o Estado de Israel. A comunidade judaica parisiense composta por aproximadamente 500 mil judeus ao passo que a comunidade islmica perfaz a quantia de 2 milhes. A titulo estatstico, 1% e 10% respectivamente em relao populao de Paris. Como parnass (sustento), a maioria dos judeus se dedica s profisses liberais, embora ainda seja possvel vislumbrar resqucios das geraes anteriores e de seus atuais herdeiros na atividade do comrcio, sobretudo no vesturio. O diretrio acadmico de uma universidade sempre emblemtico. Na

Frana, a coletividade judaica acadmica muito bem representada pela entidade chamada UEJF, Unio dos Estudantes Judeus. Alm de promover diversas atividades, palestras, viagens, cursos, ela rene os judeus de cada universidade, defendendo-os e os representando. Conforme informei na edio anterior, a Universidade Paris 2, Pantheon Assas, infelizmente conhecida pela tendncia extrema-direita de seus estudantes. Com efeito, essa inclinao se estende s atitudes do diretrio acadmico, que, no raras vezes engendra discusses e at brigas com os representantes da UEJF. No entanto, esse tipo de situao no e exclusiva da Universidade de Direito. Caso anlogo ocorreu e infelizmente ainda ocorre na Faculdade de Medicina, em que os participantes acabaram no hospital, sem, todavia, prestar queixa na polcia. Sophie, uma amiga que conheci no kabalat shabat da sinagoga da Rue de La Victoire, me contou o seguinte fato: um amigo seu, chamado Cyril, 30 anos, queria comprar um apartamento aqui em Paris. No dia 4 de fevereiro de 2004, um agente imobilirio e o proprietrio do studio no 6me arrondissement o levaram para visitar o imvel. Aps a tradicional visita, o proprietrio perguntou se Cyril era judeu. Aps a evidente resposta afirmativa, seguiu dizendo bem, eu no vendo nada a judeus!. Ato contnuo, falou para o agente imobilirio: por favor, no me traga mais isso para visitar o meu apartamento.

Um dos exerccios propostos pela professora em uma das aulas de francs era trazer um artigo de jornal, apresent-lo diante da turma e finalizar tecendo alguns comentrios sobre a notcia. Uma das colegas resolveu falar sobre o direito das minorias. Logo pensei com a minha adrenalina que dentro de poucos instantes eu teria de me manifestar. Qual no foi a minha surpresa quando nem a colega nem o resto da turma mencionaram o nosso povo como sendo uma minoria. Curioso. Dentro dos exemplos trazidos, citou os muulmanos (!) e os homossexuais. Curioso, para dizer o mnimo. A alegria da festa de Purim contagia toda a comunidade parisiense. Nas ruas, possvel encontrar vrias faml i a s c a r re g a n do c e s t a s d e mishloach manot, crianas e adultos fantasiados e purim sameach uma saudao comum e natural, mesmo entre pessoas que at ento no se conheciam.

Alis, em Paris s no escuta a leitura da Meguilat Esther quem no quer. A comunidade dispe de aproximadamente 100 lugares em que a mitsv pode ser cumprida, sem contar que em muitos deles a leitura feita de hora em hora. Alm disso, se ainda assim o cidado resolve que no quer sair de casa, muitas sinagogas dispem de bachurim ou membros da prpria coletividade que se deslocam at a casa da pessoa e efetuam a leitura, com o tradicional barulho na palavra haman. Toda semana o jornal Actualit Juive dedica as suas trs ultimas pginas seo chamada pequenos anncios, ocasio na qual os leitores podem fazer ofertas para compra, venda, locao de diversos bens e, o mais importante, onde so feitos anncios com o objetivo de encontrar pessoas, quer para fins de matrimonio, quer para fins de amizade. A pessoa faz uma autodescrio, em seguida escreve o que procura e, por fim, ou fornece o seu telefone para estabelecerem o contato ou encarrega o jornal de faz-lo. Certamente a prtica pode se entender a outras comunidades.

12GENTE DE VISO

VISO JUDAICA

Joel Bergman: lder comunitrio o incansveldo nasceu?Joel Bergman Nasci em Pabjanice, perto de Lodz, na Polnia, em 17 de fevereiro de 1921. VJ Como era sua vida l? JB Minha casa era religiosa. Estudei para ser shochet (magarefe ritual), mas em 1939 quando tinha 18 anos, os alemes invadiram a Polnia e comeou a 2 Guerra Mundial, sobrevindo depois o Holocausto. VJ De que forma conseguiu sobreviver ao Holocausto? JB ramos seis irmos. Com o incio da guerra, meu irmo mais velho fugiu para a Rssia e nunca mais soube dele. Depois da invaso da Polnia, os alemes exigiram trabaFoto:Szyja Lorber

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Joel Bergman um batalhador. No h quem no o conhea na comunidade. Moo, teve que enfrentar os nazistas e a tragdia da guerra. Perdeu pais e irmos, mas sobreviveu, guardando como triste recordao dos tempos do Holocausto o nmero que lhe tatuaram no brao esquerdo. No Brasil, mais precisamente em Curitiba, comeou vida nova, dedicando-se simultaneamente ao comrcio e aos servios comunitrios, como na Chevra Kadisha, a instituio mantenedora da sinagoga e dos cemitrios da comunidade, do Hils Farein (Ajuda aos Necessitados), do Fundo Comunitrio, Beit Chabad, foi fundador e ainda participa da Bnai Brith em Curitiba, na Loja Chaim Weizmann. Ele nosso Gente de viso deste ms.

Viso Judaica Onde e quan-

Joel Bergman e o nmero de Auschwitz em seu brao

lhadores e pegaram meu irmo menor de 16 anos. Consultei meus pais e decidi me oferecer em seu lugar para ser enviado aos campos de trabalho forado em Neubenchen, na fronteira com a Alemanha. Pensava que assim estava salvando meu irmo. Dois dias mais tarde pegaramno de novo e o levaram tambm para a fronteira. Durante um bom tempo no campo de trabalho, algum deixava todo dia um balde com batatas cozidas. Isso foi minha salvao e a de muitos outros. Nunca fiquei sabendo quem foi nosso salvador. Todos os dias morriam de fome, doenas e maus tratos 10, 15 at 20 pessoas e seus corpos eram empilhados fora do local de trabalho. Tnhamos cotas de trabalho, e eu sempre consegui cumpri-las. Isso tambm me ajudou. Mais tarde fui mandado para o campo de concentrao de Auschwitz. Duas ou trs semanas mais tarde mandaram mil pessoas desmontar e limpar o Gueto de Varsvia que ento tinha sido destrudo. Faltavam oito homens e ento colocaram os primeiros que apareciam. Eu estava entre eles. Tnhamos que limpar 1250 tijolos por dia, do desmonte do gueto, para a sua reutilizao em construes. De l me levaram para Mildorf, uma fbrica alem de munies onde fiquei at o final da guerra. Trs dias antes do fim, nos embarcaram de trem para ir ao Tirol, na ustria, onde provavelmente seramos fuzilados. Mas a ferrovia foi bombardeada e ficamos presos dentro dos vages de gado por dois ou trs dias (no sei quantos!) amontoados, sem gua, comida e sem poder sair para fazer

as necessidades. Finalmente apareceram os norte-americanos. Eu tinha 38 quilos quando fui libertado. Existe um vdeo na escola Israelita, acho que feito em 2001, onde relato tudo isso. Alm disso, fui um dos sobreviventes que prestou depoimento Fundao Spielberg, para os arquivos do Museu do Holocausto em Los Angeles e j dei muitas entrevistas a jornais e estudantes sobre o tema.VJ Quando veio para o Brasil? Com quem se casou? JB Foi em 1957. Mas antes disso me casei com Tubi (Tova em hebraico), na Alemanha, para onde fui enviado, e fui para Israel onde eu tinha um tio, Israel Bergman. Morei em Rehovot. Vim para o Brasil para reencontrar meu irmo mais novo, Samuel, que al,md e mim, foi o nico da minha famlia a sobreviver, que ento morava em So Paulo. Sara, minha nica filha, mora em So Paulo e tem dois filhos. Fiquei em So Paulo, por um ms e ouvi falar que em Curitiba tinha judeus de origem polonesa. VJ Como foi sua chegada a Curitiba? JB So Paulo era muito grande e eu no estava acostumado com isso. Assim, vim para c e gostei de Curitiba, onde logo fiz alguns negcios, pois comprava em nome do meu irmo que j estava estabelecido, roupas feitas, para revend-las. Logo, aluguei uma loja na Rua Westphalen e passei a trabalhar. A colnia em Curitiba era muito fechada naquele

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tempo, mas logo me adaptei e participei da Chevra Kadisha, do Fundo Comunitrio, do Hils Farein e ajudei a fundar a Bnai Brith, da qual ainda fao parte, alm de ter sido vice-presidente do Beit Chabad.VJ Qual a sua relao com o Estado de Israel? JB Sou cem por cento sionista. Graas a Israel o povo judeu tem hoje um pas para viver em segurana e nos permite viver em segurana em qualquer parte do mundo. Acredito que todo judeu tem laos afetivos com Israel. VJ Como lder comunitrio, qual o momento mais difcil e o melhor momento vividos? JB Creio que o momento mais difcil foi durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967 porque mexeu muito com a gente. Estvamos apreensivos com os acontecimentos e as ameaas de jogar os judeus no mar. Em 1973 houve outro momento de tenso, durante a Guerra do Iom Kipur, quando houve perigo. Mas graas a Sharon, que hoje o primeiro-minis-

tro do pas, tudo deu certo. O melhor momento, sem dvida foi a alegria da Independncia do Estado de Israel.VJ Hoje fcil, como ontem,

Armando a fotografiaFoto: Internet

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de atuar na comunidade? JB Atualmente mais difcil trabalhar com a comunidade. Antigamente isso representava para as pessoas uma honra. Hoje, ningum mais liga para isso. Parece que as pessoas s se preocupam com seus problemas e os de sua famlia, deixando de lado o trabalho comunitrio.VJ Qual a mensagem que gostaria de deixar para os novos lderes comunitrios? JB Gostaria que eles mantivessem firme a continuidade do judasmo. Um exemplo a seguir o que est acontecendo na parte religiosa. Estamos assistindo a um belo trabalho com a juventude, por parte do nosso lder espiritual Sami Goldstein, na Sinagoga Francisco Frischmann, como com o trabalho desenvolvido pelo rabino Dubrawsky do Beit Chabad e de sua esposa Tila em favor do judasmo.

Esta fotografia foi feita durante uma manifestao na qual participaram organizaes palestinas e israelenses de direitos humanos e associaes pr-palestinas em Abu Dis, onde est sendo construdo a cerca de segurana. A foto foi publicada por um jornal Manipulao: Como se "arma" uma cena de protesto, enganando israelense que tem a imprensa em todo mundo e o seus leitores contrato com duas importantes agncias de notcias para aquisio de fotografias. A diferena desse jornal com os outros meios, que utilizam somente fotografias autorizadas e pelas quais pagam um determinado preo atravs de uma conta mensal. A foto mencionada pertence a um meio ao qual o jornal no associado. Por isso, o jornal entrou em contato com as agncias noticiosas com as que tem contrato, para saber se tinham alguma fotografia similar, explicando-lhes do que se tratava. Esperou uns minutos enquanto procuravam entre as fotos feitas no dia anterior e no tinham nada parecido. Surgiu ento a interrogao do porqu o fotgrafo no se prevenira de fazer a tomada como os demais, ao que responderam: Nosso fotgrafo observou a situao, mas se deu conta que era uma tomada 'armada'. Assim que se pode ver que a mulher est 'justamente' parada diante de uma pichao que diz: 'Parem de matar o povo palestino'. Para conseguir a fotografia tal como se observa o jornal teve que se dirigir a uma agncia que a possua. Esta mais uma demonstrao de que a maioria dos meios de comunicao (sobretudo estrangeiros), muitas vezes de forma ingnua, faz mau uso jornalismo e acaba prejudicando Israel de forma intencional ou no.

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TURISMO

Jerusalm (9)Antnio Carlos Coelho da Costa*

Bairro rabe (4)Aqueles que visitam a esplanada onde se encontram os dois importantes monumentos da f islmica em Jerusalm, Domo da Rocha e Mesquita de Al Aksa, dificilmente reparam na construo que se encontra prxima bilheteria: a Fonte do Sulto Quytbay. A fonte do sculo 15 (1482), no tem merecido a ateno dos guias de turismo, o que uma injustia. Ela passa despercebida pelos olhos dos visitantes como outros tantos monumentos que fazem parte do conjunto de obras deixadas pelos califas e sultes que passaram por Jerusalm ou que, mesmo sem estarem presentes, ordenaram suas construes que hoje lembram os seus nomes. A fonte construda por artesos egpcios e por um mestre cristo, traz a caracterstica da requintada arquitetura mameluca. Seu interior decorado com o mesmo requinte e, em seu entorno, h uma inscrio de frases do Coro. No ano de 1883 sofreu sua nica restaurao, sem que esta modificasse o seu aspecto original. Por ter sido construda por artesos especializados em edifcios fnebres, recebeu tambm, influncia da arquitetura funerria. Outra obra que chama a ateno por sua beleza o Plpito de Burhan ed-Din. Situado direita do Domo da Rocha. A construo do sculo 14 (1388) rene elementos bizantinos e cruzados, formando uma combinao muito interessante. H uma es-

O plpito de Burhan ed-Din, um tesouros arquitetnicos que passam despercebidos em Jerusalm

cada que leva ao lugar do pregador (juiz). O plpito coberto diferenciase dos outros com a mesma finalidade, pois foi feito especialmente para pregaes em local aberto. No imenso jardim da esplanada h muitas outras marcas da presena islmica em Jerusalm. Lamentavelmente, elas passam despercebidas dos visitantes que, hipnotizados pelo dourado da cpula do Domo da Ro-

cha ou apresados para cumprir os apertados programas tursticos. No s na esplanada h belos exemplos da arquitetura islmica. Elas esto nas vielas, nas fachadas dos edifcios, nas fontes e nas decoraes talhadas na pedra, perdidas nos cantos do mercado. Visitar Jerusalm requer olhos atentos para cada detalhe que contam a histria de uma cidade nica.

*Antnio Carlos Coelho da Costa professor e diretor do Instituto Cincia e F

Pessach a festa que comemora a libertaoVISO JUDAICA Maro de 2004 Adar/Nissan 5764

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14 de Nissan 5764 - 6 e 7 de abril de 2004

Pessach (Pscoa) uma festa da primavera que comemora o xodo - a sada dos filhos de Israel do Egito h cerca de 3300 anos, guiados por Moiss, depois de dois sculos de escravido. A festa comea com o Seder, um jantar cerimonial em famlia, durante o qual a histria do xodo, tal como relatada na Hagad, recitada e celebrada. Durante os sete dias de Pessach, proibido comer po fermentado (isto , feito com fermento), que substitudo pelo po zimo. A origem do nome da festa est na promessa feita pelo Eterno de Passar por cima das casas dos filhos de Israel, colocandoas a salvo dessas pragas. Na poca bblica, Pessach coincidia com a colheita da cevada, a primeira colheita de cereal do ano. Na segunda noite de Pessach comea a contagem do mer, que se conclui quarenta e nove dias mais tarde, na vspera de Shavut.

Guia para a Pscoa judaicaBusca do chametzUma busca formal por chametz (restos de comida esquecida ou migalhas perdidas ou cadas de po, biscoito, etc) deve ocorrer na noite anterior a Pessach, este ano, 2004, segunda-feira noite, dia 5 de abril. A busca do chametz feita luz de uma vela. Os membros da famlia percorrem aposento por aposento, onde quer que algum alimento possa estar. um costume cabalstico colocar dez pedaos de po bem embrulhados (para que no caia nenhum farelo) e espalhados pelos diversos ambientes, para serem achados e coletados durante a busca geral de chametz. As crianas curtem muito este momento, percorrendo a casa munidos com uma pena que serve para varrer o chametz. Antes de procurar, recita-se a bno Al Biur Chametz: Baruch At A-do-nai E-lo-h-nu Mlech Haolm, Asher Kideshnu Be-

mitsvotav Vetzivnu Al Biur Chamts. (Bendito s Tu, Senhor nosso D-us, Rei do Universo que nos santificou com Seus mandamentos e nos ordenou remover o chametz). Ao concluir a busca e aps ter-se recolhido qualquer chametz que por acaso tenha sido encontrado, a seguinte declarao de anulao deve ser pronunciada: Todo fermento ou qualquer produto fermentado em meu poder que no vi ou removi, e de que no tenho conscincia, seja considerado sem valor e sem dono como o p da terra. O chametz encontrado durante a busca deve ento ser embrulhado e colocado de lado, para ser queimado na manh seguinte na sinagoga juntamente com o chametz de outros membros de sua comunidade e que passaram pelo mesmo procedimento.

aps as 9h30m e tambm no podemos ingerir matz antes do Seder. Em Yom Tov (dia sagrado) no se cozinha para o dia seguinte.

A taa para cada um dos presentes. O contedo mnimo de cada taa de 86 mililitros (valor numrico de Kos = copo).

O Seder (Ordem)Durante o Seder, quem conduz a cerimnia deve obedecer a seguinte ordem:

Preparao da mesaNo Seder, prepara-se a mesa da seguinte forma: no centro de uma bandeja colocam-se trs matzt, que representam os trs grupos de judeus: Cohanim, Leviim e Israel. Ao lado dessas matzt, colocam-se os seguintes smbolos: Zero - Pedao de osso do cordeiro ou ovelha, que se coloca na parte superior, direita da bandeja. Este osso simboliza o poder com que D-us nos tirou do Egito e o cordeiro nos lembra o cordeiro pascal, sacrificado no Templo. Bets - Ovo cozido, colocado na parte superior esquerda da b a nde j a , s i m b o l i z a uma lembrana do sacrifcio que se oferecia em cada festividade. Marr - Erva amarga, colocada no centro da bandeja, simboliza o sofrimento dos judeus escravos no Egito. Usa-se escarola, verdura mais amarga que alface. Charsset - Mistura de nozes, amndoas, tmaras, canela e vinho. Colocada na parte inferior direita da bandeja, representa a argamassa com a qual os judeus trabalhavam na construo das edificaes do fara. Karps - O salso, colocado embaixo, esquerda. Essa verdura, molhada em vinagre ou gua salgada, serve para dar o sabor do xodo. Lembra o hissopo (Ezov) com o qual os israelitas aspergiram um pouco de sangue nos batentes de suas casas, antes da praga dos primognitos.

Kadesh - fazer o kidush (beno)O Seder comea com o kidush feito sobre um copo de vinho cheio. Cada um dos presentes tem obrigao de beber no decorrer do Seder quatro copos de vinho. Estes quatro copos lembram as quatro expresses de salvao mencionadas na Tor: ...E vos tirarei do Egito... e vos salvarei da escravido... e vos redimirei com brao estendido... e vos tomarei para mim como povo... Ao terminar de recitar o kidush, cada um dos presentes bebe o primeiro dos quatro copos, reclinandose sobre o lado esquerdo, como expresso de liberdade. Ele moadei Ad-onai mikra kodesh, asher tikre otam bemoadam. Vaidaber Moshe et moadei Adonai el benei Israel. Sabri maranan! Veonim: (Lechaim). Baruch At Ad-onai El-oheinu melech haolam bor peri haguefen. Baruch At Ad-onai El-oheinu melech haolam, asher bachar banu mikol am, veromemanu mikol lashon, vekideshanu bemits-

Venda do chametzTradicionalmente, aps guardar o chametz num quarto fechado ou num congelador trancado, dada autorizao ao rabino para a venda do nosso chametz. Assim o chametz deixa de pertencer ao judeu.

Jejum dos primognitosEste jejum realizado na vspera de Pessach, porm costuma-se part ic i p a r de um trmino de t ra t a do Talmud para isentar-se dele.

Na vspera do SederNo domingo, a cozinha dever estar devidamente casherizada. vspera de Pessach, permitido comer matz ashir (matz de ovo). A matz shemur usada nas duas noites do Seder. Alguns a usam durante toda a festa. Na vspera de Pessach proibido ingerir po

Chazret - Escarola. Coloca-se sob o Marr.Alm disso, colocam-se na mesa: Um recipiente com gua salgada, em que se mergulham as verduras. Lembra o mar.

votav, vatiten lanu Ad-onai El-ohenu beahav Shabatot limnuch umoadim lesimch, chaguim uzmanim lessasson. Et yom chag hamatsot haz, veet yom tov mikra kodesh haz, zeman cherutenu. Beahav mikra kodesh, zecher litsiat mitzraim, ki banu bacharta veotanu kidashta mikol haamim, umoadei kdshecha besimch uvssasson hinchaltnu. Baruch At Ad-onai, mekadesh Yisrael vehazemanim. Baruch At Ado-nai El-ohenu melech haolam shehecheianu vekiyemanu vehiguianu lazeman haze.

Viso Judaica, Hana Kleiner, Sheilla Figlarz, Szyja Lorber e famlias Desejam nesta festa da Liberdade um Pessach com muitas alegrias

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Urchatz Lavar as mosLavam-se as mos como normalmente se faz antes de comer o po, porm no se fala a berach (beno). Isto porque o karps mergulhado na gua salgada, o que exige lavar as mos antes.

A terminar o texto da Hagad com a bno Asher guealanu, bebe-se o segundo copo de vinho, reclinando-se sobre o lado esquerdo, sem dizer a berach.

Shulchan Orech Refeio festivaServe-se a refeio, que se inicia com o ovo cozido. Depois, seguem-se os pratos especialmente preparados para a ceia. Deve-se acabar antes da meia-noite, para poder comer o aficoman antes desse horrio.

Rochts Lavagem das mosAntes do Hamotsi (beno do po) lavam-se as mos para a refeio, recitando a seguinte bno: Baruch At Ad-onai El-ohenu melech haolam asher kideshanu bemitsvotav vetsivanu al netilat yadaim.

Karps SalsoMergulha-se um pedacinho de salso (com menos de 18 g) na gua salgada e, antes de com-lo, recita-se a seguinte bno (pensando no marr, pois a berach tambm vlida para este): Baruch At Ad-onai El-ohenu melech haolam bor peri haadam.

Tsafun AficomanAps a refeio come-se um kazait (29 g) de matz, que o aficoman, recitando-se a seguinte frase: Zecher lekorbarn Pssach haneechal al hassab. Aps esta bno, no mais permitido comer ou beber durante essa noite, com exceo dos ltimos copos de vinho.

Motsi Matz Bno da matzSegurando as trs matzt (as duas inteiras e a quebrada), recita-se a bno do po (Hamotsi): Baruch At Adonai El-ohenu melech haolam ha-

Yachats Partir a matz.Na bandeja do Seder h trs matzt. Toma-se a matz do meio, quebrando-a em duas partes para lembrar o po da pobreza, que nunca est inteiro. O pedao menor recolocado, entre as duas matzt inteiras, na bandeja do Seder. O pedao maior guardado dentro de um guardanapo, sendo escondido. Este pedao o aficoman, que ser comido no final do Seder. As crianas costumam procurar o aficoman, ganhando brindes se o encontrarem, como pretexto para deix-los acordados.

Barech Bno aps a refeioEnche-se o copo de vinho pela terceira vez, recitando-se, ento, o Bircat Hamazon (Graas aps as refeies). Logo se diz a bno do vinho e se toma o terceiro copo, reclinado sobre o lado esquerdo.

Halel LouvoresEnche-se o quarto copo de vinho e recitam-se os louvores a D-us desde Shefoch Chamatch, seguido do Halel at a concluso do Nishmat. Bebe-se o quarto copo de vinho com o corpo reclinado sobre o lado esquerdo e depois recita-se a berach Al haguefen veal peri haguefen, a bno para quando se bebeu vinho em quantidade maior do que 45 centmetros cbicos.

Maguid Recitao da Hagad (Livro recitado em Pessach).Descobre-se a matz e comea-se a leitura da Hagad. Ha lachm ani. Este o po da pobreza recita-se at o final do primeiro trecho. Enche-se novamente o copo de vinho e o mais jovem da casa recita, ento, as quatro perguntas.

Nirts AceitaoTendo conduzido o Seder da maneira certa, conforme indicado acima, a pessoa pode estar segura de que o mesmo foi bem aceito. Ento, termina-se com a seguinte proclamao: Leshan haba bYerushalaim No prximo ano em Jerusalm.

Manishtan As quatro perguntas:Por que esta noite diferente de todas as outras noites? Em todas as noites no temos obrigao de mergulhar os alimentos nem uma s vez, enquanto que nesta noite o fazemos duas vezes? Em todas as noites comemos po com levedura ou matz, ao passo que esta noite, s matz? Em todas as noites comemos todo tipo de verduras, enquanto que esta noite comemos marr - ervas amargas? Em todas as noites comemos sentados, enquanto que esta noite todos nos reclinamos? A resposta comea com Avadim hainu escravos fomos e faz-se uma narrativa histrica, falando sobre a escravido e os sofrimentos dos judeus no Egito. Conta-se sobre as pragas e sobre os milagres realizados por D-us para a redeno de seu povo.

motsilechem min haaretz. Imediatamente solta-se a matz inferior e, segurando a matz superior e a do meio, diz-se: Baruch At Ad-onai El-ohenu melech haolam asher kideshanu bemitsvotav vetsivanu al achilat matz.

Marr Erva amargaPega-se a folha de alface e mergulha-se no charosset. No se reclina o corpo ao comer o marr, pois este nos lembra a servido e a amargura. Antes de comer recita-se a seguinte bno: Baruch At Adonai El-ohenu melech haolam asher kideshanu bemitsvotav vetsivanu al achilat marr.

Contagem do mer6 de abril de 2004 Na segunda noite de Pssach, iniciamos Sefirt Hamer, contando 49 dias entre Pessach e Shavut, dia em que a Tor foi outorgada ao povo de Israel. Esta contagem foi ordenada por D-us e serve como preparao ao povo para o recebimento da Tor. Na tradio Judaica, o termo sefir tambm possui significado especfico, pois o povo judeu foi redimido de um terrvel perodo de escravido fsica na casa do cativeiro, no Egito. Em Shavuot, que comemora D-us outorgando Seu

precioso presente, a Tor, ao povo judeu no Monte Sinai, celebramos nossa passagem da Escravido Espiritual Liberdade Espiritual. O objetivo da Redeno Fsica a Redeno Espiritual. Sem a Espiritual, a Fsica nada significaria. A nica fonte de moralidade D-us; o ser humano muito criativo, mas incapaz de inventar um cdigo moral. O melhor que o ser humano pode fazer por si s estabelecer regras que impeam a sociedade de mergulhar no caos. A Tor prescreve um modo de vida que eleva o ser humano acima da natureza puramente fsica, ao nvel de um ser moral e espiritual. Por que contamos? O povo de Israel ao partir do Egito recebeu a Tor sete semanas mais tarde no Monte Sinai. Todos os anos lembramos isto com a Contagem do mer, por quarenta e nove dias. Comeamos na segunda noite de Pessach: Hoje o primeiro dia do mer, proclamamos na primeira noite da contagem. Hoje so dois dias do mer ou Hoje so sete dias, que perfazem uma semana do mer, Hoje so vinte e seis dias que perfazem trs semanas e cinco dias do mer, e assim por diante, at hoje so quarenta e nove dias, que perfazem sete semanas do mer. At chegar no qinquagsimo dia que Shavut. Os cabalistas explicam que cada um de ns possui sete poderes no corao - amor, reverncia, beleza, ambio, humildade, compromisso e realeza - e que cada um desses sete poderes inclui elementos de todos os sete. So representados pelas sete semanas e 49 dias da contagem do mer. A cada Pessach, recebemos uma arca do tesouro contendo o mais grandioso dom jamais concedido ao homem - o dom da liberdade. tambm um dom completamente intil. O que liberdade? O que pode ser feito com ela? Nada. A menos que abramos a arca do tesouro e contemos seu contedo. Ento, no segundo dia de Pessach, aps termos levado nosso tesouro para casa, comeamos a contagem. Contamos sete vezes sete, porque o presente da liberdade foi dado a cada um dos sete poderes e dimenses de nossa alma. De fato, de que serve a capacidade de amar, se somos escravos de influncias externas e neuroses internas? De que vale a ambio, se somos seu servo ao invs de seu amo?

Korech Sanduche de matz e marrNa Tor est escrito: Al matzot umerorim yocheluhu. Hillel entendia que se devia comer o sacrifcio pascal junto com matz e marr. Portanto, pega-se a matz inferior e coloca-se entre dois pedaos da mesma (equivalentes ambo