Upload
trinhkhanh
View
215
Download
1
Embed Size (px)
Citation preview
CONCEPÇÕES DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NO CONTEXTO DA
EDUCAÇÃO INFANTIL.
Juliana Ferreira de Sousa1
Carmesina Ribeiro Gurgel ²
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo compreender a avaliação a partir de uma perspectiva de função de controle social entendendo-a como um instrumento de coerção, ou imposição para uma dimensão de mudanças dessas práticas avaliativas dos professores, concebendo-a como parte integrante do processo de ensino-aprendizagem, que orientará o trabalho do professor. Os procedimentos metodológicos empregados consistiram em leituras e discussões de livros, artigos científicos com base nos seguintes autores (Tyler, 1998; Luckesi, 1982; Carvalho, 2002; Mager, 1999), analisamos, ainda os estudos de Antunes, 2002; Hadyt, 1998; Hoffmann, 2003; Vasconceles, 1998) que possui um olhar para avaliação que está inserida dentro da escola como parte do processo de ensino-aprendizagem. Sobressai, portanto, o entendimento da avaliação como um processo dinâmico que, envolve professores e alunos, como uma prática presente, necessária e orientar o processo ensino - aprendizagem, sendo uma ação intencional, inerente e essencial ao fazer educativo.
Palavras-chave: Avaliação da aprendizagem. Ensino Infantil. Avaliação construtivista e
sociointeracionista.
ABSTRACT
This study aims to understand the assessment from aperspective of social control function of understanding it as aninstrument of coercion, or imposition of changes to a dimensionof these assessment practices of teachers, conceiving it as an integral part of the teaching process learning, which will guidethe work of teachers. The methodological procedures employedconsisted of readings and discussions of books, scientific articles based on the following authors (Tyler, 1998; Luckesi,1982; Carvalho, 2002; Mager, 1999), we analyzed, although the studies of Antunes, 2002; Hadyt, 1998 ; Hoffmann, 2003;Vasconcelos, 1998) that has a look that assessment isembedded within the school as part of the teaching-learning process. Emerges, therefore, the understanding of evaluation asa dynamic process that involves teachers and students, as apractical present, necessary and direct the teaching - learning,being an intentional action, inherent and essential to theeducation.
Keywords:Evaluation oflearning Childhood Education. Ratingconstructivist sociointeracionista.
1. INTRODUÇÃO
1 Formada em Licenciatura plena em Pedagogia; Atualmente Mestranda em Educação pela Universidade Federal do Piauí[email protected] em Licenciatura em Pedagogia; Prof. Dra. pela Universidade Federal do Piauí[email protected].
2
Os estudos realizados acerca da avaliação compreende da seguinte forma
como um instrumento de reprodução social, fazendo dela um julgamento de valor para
classificar os alunos de uma série para outra. Na perspectiva histórica percebemos isso
pelas concepções de avaliação dos autores tais como: Foucalt (1993); Bourdieu e
Passeron (1973), a qual utiliza de forma arbitrária, visando muitas vezes, ao exclusivo
propósito de punir ou premiar os alunos, atribuindo notas e conceitos para um resultado
previamente definido. Constatamos que essas práticas avaliativas estão muito presente
no cotidiano da sala de aula, ou seja, o professor utiliza da avaliação classificatória para
disciplinar os alunos de suas condutas sociais, reproduzindo a idéia da avaliação como
poder para ameaçar os alunos quanto ao julgamento de valor.
O interesse pela temática surgiu em face da oportunidade de, enquanto aluna
do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Piauí, atuar como professora
estagiária da Rede Municipal de Ensino de Teresina, em uma escola de Educação
Infantil. Desde, então, passamos a nos preocupar bem mais acerca da compreensão e do
funcionamento dos processos avaliativos empregados na educação infantil, os resultados
alcançados pelos alunos, e a prática pedagógica dos professores. No geral, sobressaía
um entendimento (mas que necessita ser comprovado) de que havia uma certa
desconsideração, no processo de aprendizagem do aluno, com relação aos pré-requisitos
necessários para novas aprendizagens.
A idéia que transparece é que para os professores a avaliação é um
componente do trabalho pedagógico, que pode facilitar ou dificultar o acesso ou a
permanência do aluno na escola, geralmente, os professores não consideram a totalidade
do processo de aprendizagem do aluno, visto que, em muitos casos, a avaliação escolar
é tomada como instrumento punitivo, as notas tem representado a quantidade de
informações adquiridas pelos alunos que aprendem em relação à expectativa do
avaliador.
Diante disso, a preocupação central deste estudo compreender a avaliação a
partir de uma perspectiva de função de controle social entendendo como um
instrumento de coerção, ou imposição para uma dimensão de mudanças dessas práticas
avaliativas dos professores, concebendo-a como parte integrante do processo de ensino-
aprendizagem, que orientará o trabalho do professor para contribuir ou transformar a
avaliação como meio significativo da aprendizagem.
Os procedimentos metodológicos empregados consistiram em leituras e
discussões de livros, artigos científicos com base nos seguintes autores (Tyler, 1998;
2
3
Luckesi, 1982; Carvalho, 2002; Mager, 1999), analisamos, ainda os estudos de Antunes,
2002; Hadyt, 1998; Hoffmann, 2003; Vasconceles, 1998) que possui um olhar para avaliação
que está inserida dentro da escola como parte do processo de ensino-aprendizagem que
orientará as ações dos professores para construir resultados previamente definidos a partir das
tomadas de decisão.
2. Avaliação da aprendizagem: notas históricas, conceituais e teóricas
Essa pesquisa apresenta acerca dos aspectos históricos da avaliação, desde uma
concepção teórica da avaliação tradicional para uma dimensão mais ampla sobre
avaliação como um instrumento importante que auxiliará ações que visam resultados
previamente definido e que irá ganhar sentido a medida que articular com o projeto
pedagógico. Ainda acrescentaremos um referencial teórico que aborda a avaliação da
aprendizagem na educação infantil.
2.1 Notas históricas
A trajetória histórica da avaliação da aprendizagem nas últimas décadas é vista
como uma questão técnica. O caminho percorrido pela avaliação, partindo de uma
perspectiva de medida para uma visão mais ampla, considera todos os aspectos do
processo de avaliar numa dimensão de mudanças comportamentais do aluno, do
professor e da escola.
Acrescentamos, desse modo, que a história da avaliação vem desde tempos
remotos, época em que os chineses defendiam práticas avaliativas que utilizam os testes
para admissão ao serviço civil a fim de promovê-lo ou demiti-lo, e ainda, conforme
observado a partir dos relatos sobre o emprego de exames pelos professores, na Grécia e
Roma antigas.
.Luckesi (1986) ressalta que a função das notas são comumente usada para
fundamentar necessidades da classificação dos alunos dentro de um contínum de
posições, em que a maior ênfase é dada a comparação dos desempenhos e não aos
objetivos instrucionais que se deseja atingir. Observamos no processo histórico que
avaliação assumir um caráter a serviço de uma pedagogia dominante que fazem uso dela
para julgar ou determinar se os alunos continuam ou não a escolaridade.
3
4
Neste sentido, a nota tem representado a quantidade de informações em relação
da expectativa do professor que contrária a finalidade da avaliação de ser útil ao
processo de ensinar e aprender, uma vez que, ela deve estar articulado com o projeto
pedagógico, e consequentemente, com o projeto de ensino.
Depresbiteris (2005) a avaliação e sua utilização vão, progressivamente, se
ampliando no meio social, e de forma particular no meio educacional escolar. Assim é
que surge a visão de avaliação como um sistema para medir as competências dos
professores, ou seja, um estudo sistemático de atribuição de notas e dos
comportamentos dos examinadores. Explica, também, que durante boa parte do século
XX, a avaliação educacional foi vista como aplicação de testes, ou seja, possuía um
caráter de instrumento punitivo que classificava o aluno, no final do período letivo, que
apresentava bom desempenho nas provas objetivas.
Neste sentido, as primeiras idéias sobre avaliação da aprendizagem estavam
ligadas à idéia de medir. O uso da avaliação como medida vem de longa data, isso é
notável através de Ebel que tem o relato da presença de exames. Logo, com o avanço da
história da avaliação revela-se a influência dos Estados Unidos no século XIX, quando,
então, foi criado um sistema de testagem por Horacio Mann como registra a referida
autora.
Autora abarca a problemática da avaliação da aprendizagem desde os seus
primórdios até os dias de hoje, partindo de uma concepção da avaliação como medida,
cuja preocupação era apenas com os resultados previamente definido, até uma
perspectiva dialética, na qual faz parte do processo educativo para orientar ou
acompanhar aprendizagem dos alunos para ocorre as mudanças comportamentais.
Carvalho (2002) comenta que, por longo tempo, a avaliação educacional foi
equacionada à avaliação de aprendizagem, de modo que as denominações “avaliação”,
“medição” e “teste” eram percebidas como sinônimas, notadamente nos meados da
década 1960, a esse respeito cita a obra “Avaliação educacional, medição e avaliação na
educação” que discutia principalmente avaliação de aprendizagem e suas questões
pertinentes. No âmbito dessa discussão, a mencionada autora afirma que na educação
não é possível a medição e a testagem na área educacional, mesmo que algumas vezes
tenham sido tratadas como sinônimas.
Na perspectiva de Haydt (1995), esses conceitos não se contemplam
mutuamente, pois são diferentes no seu significado, razão porque da necessidade de
fazer-se a distinção entre medição e avaliação, ampliando-se sua ação e incluindo novas
4
5
concepções a serem consideradas em seu desenvolvimento. Neste sentido, a autora
compreende que na educação não é possível medição por causa das mudanças que
ocorre no processo educativo como a escolha de instrumentos diferentes para
aprendizagem dos alunos, uma vez que, o ritmo e aprendizagem de cada aluno acontece
diferente.
Mager (1999, p. 9) define a ação “medir” “[...] compreendendo-a como um
processo de determinar a extensão de uma característica pertencente a um objeto ou a
uma pessoa”. O autor conceitua “teste”, na condição de medir uma determinada
característica, e também uma amostra de conduta ou de desempenho.
Como é possível perceber, nesse processo evolutivo, o autor explicitado põe
um novo olhar para avaliação a partir de uma dimensão mais ampla, pois através dela a
escola e o professor não só julgam o comportamento do aluno, mas também
contemplam outras dimensões, ou seja, o que se pretende em educação é justamente
identificar mudanças que estão ocorrendo ou que podem vir a ocorrer no processo de
aprendizagem dos alunos.
Desse modo, Antunes (2002, p. 32) que entende a “avaliação numa perspectiva
construtivista como um processo de construção de significados e de atribuições de
sentido” e, como, conseqüência, percebe o ensino como um processo ativo de ajuda à
construção de significados e atribuições de sentidos realizados pelo aluno.
E outros autores como Esteban (2000), Perrenoud (1999), Demo (1999),
Moretto (2001), entendem a avaliação como um processo que contempla práticas
diferenciadas, numa perspectiva formativa, não excludente, portanto. Na verdade, é
como refere Gurgel (2003, p. 78), “uma avaliação que, ao mesmo tempo seja geral e
variável conforme a realidade a que se destina”.
Nesta perspectiva, avaliação é flexível tendo em vista que o comportamento
humano nem sempre é previsível e, em cada momento, convém adaptar-se às diferentes
manifestações, transformando a ação educativa. Assim, é preciso inventar modalidades
de diferenciação e de avaliação formativa mais flexíveis e diversificadas possíveis.
Nessa perspectiva, Tyler (1982, p. 7) menciona o sentido da avaliação como
sinônimo de aplicação de testes com lápis e papel. O autor não desconsidera a
importância de determinar as habilidades sobre um assunto, mas ressalta que existem
outros objetivos como o ajustamento pessoal, que são avaliáveis através da observação
das crianças em situações nas quais estejam envolvidas, além disso, estão relacionados
5
6
no processo avaliativo os seguintes aspectos: observação, registro, habilidades
psicomotores, sendo estes meios para conseguir mudanças comportamentais
O autor provocou um grande impacto na literatura compreendendo a avaliação
não como sinônimo de aplicação de testes escritos, mas considerando que existem
outros instrumentos avaliativos mencionados acima que são relevantes para coletar
evidências acerca dos rendimentos dos alunos de acordo com os objetivos curriculares
desejados.
2.1 Notas conceituais e teóricas
A avaliação no contexto educacional, no sentido de orientar a prática do
professor para o processo de aprendizagem dos alunos, foi, inicialmente, tomada como
referencial da Teoria da Avaliação, incluindo os demais estudos nesta área que os
teóricos definem sobre avaliação, nesse sentido, a seguir, apresentamos diversas
concepções teóricas de avaliação.
Diante da apresentação dos aspectos históricos faz-se necessário abordar outros
autores que posiciona acerca da avaliação como Scriven e Stuffebean (1978, p. 12), “a
avaliação é o processo de delinear, obter e fornecer informações úteis para o julgamento
de decisões alternativas”. O autor dá ênfase ao caráter pessoal da avaliação, sendo que
esse processo inclui três fases: delinear, obter e fornecer informações, e ainda, menciona
duas finalidades: de decisão e de verificação da produtividade. Nesse sentido,
compreendem que são os princípios básicos que norteiam avaliação do processo ensino-
aprendizagem refletem a atitude do professor e suas relações com o aluno.
Segundo Scriven e Stuffebean (1978, p. 12), “a avaliação é uma metodologia
que consiste na coleta e na comparação de dados relativos ao desempenho, usando um
conjunto ponderado de escalas de critérios que leve a classificações comparativas ou
numéricas”.
Nessa perspectiva, a avaliação não é vista como reguladora de detectar as
dificuldades dos alunos e sim a qualificação e a seleção dos alunos que a sociedade
outorga aos professores para que decidem quais os alunos aprovam e quais passam de
ano para cursar determinados estudos.
Gronlund (1974), em sua definição de avaliar mostra preocupação em formular
os princípios gerais da avaliação, tais como:
6
7
Definir e esclarecer o que vai ser avaliado, como prioridade no processo
avaliativo;
Cuidar para que as técnicas de avaliação sejam selecionadas em relação aos
objetivos;
Conscientizar-se de que a avaliação compreensiva necessita de uma
variedade de técnicas;
Ter clareza e segurança quanto ao uso apropriado das técnicas de avaliação,
conscientizando-se de suas limitações e possibilidades;
Compreender e trabalhar na perspectiva de que a avaliação é um meio para
alcançar fins e não um fim em si mesma.
A avaliação orientará atuação do professor no sentido de escolher os
conteúdos, procedimentos e critérios de avaliação diferentes para avaliar os alunos que
devem conhecer os critérios pelos quais serão avaliados desde que respeite seu ritmo de
aprendizagem, geralmente acontece em ritmo diferente e ganha sentido a medida que
deve haver coerência entre o que ensina e o que se avalia.
Teóricos como Vasconcelos (1998), Hoffman (2003) e Depresbiteris (2005)
concebem a avaliação como um ato pedagógico que ocorre no interior da escola, que
por sua vez, está inserida em um determinado contexto social. Esses autores investigam
a prática avaliativa que se realiza na escola, observando que avaliação pode assumir as
funções classificatórias, diagnóstica e formativa a partir da postura assumida pelo
professor, em conformidade com as propostas de avaliação da escola.
Referem esses autores, que avaliação, historicamente, assumiu um caráter
classificatório no sistema escolar, de modo que essa visão tradicional de reprodução de
relações sociais que ainda perdura na educação, e que é, pois, prejudicial, é vista como
instrumento punitivo para o processo de aprendizagem do aluno, razão porque se
contrapõem a esse formato avaliativo, adotando a concepção de avaliação numa
perspectiva mais ampla, observando os aspectos de influência das tendências na
Educação que se acentuam em cada época em decorrência do desenvolvimento da
ciência e da tecnologia.
Neste caso, para os referidos estudiosos mencionados acima, a avaliação passou a
ser vista não como processos meramente técnicos, mas como aspecto fundamental no
processo de ensino - aprendizagem, tendo relevância na tomada de decisão e na melhoria do
7
8
processo de aprendizagem, e contribuindo com a reconstrução da prática nesse sentido, na
verdade, avaliação assume seu verdadeiro papel de diagnosticar o processo de aprendizagem.
Para Antunes (2002), avaliar significa agir, colocar os alunos em ação para obter
um investimento no trabalho escolar. Sendo assim, a avaliação não significa somente um
meio de verificar se os alunos adquirem os conhecimentos visados, mas também de orientar
o processo de ensino-aprendizagem como apontar as dificuldades e erros dos alunos e
tomar novos rumos para tomada de decisão a fim de superar os obstáculos que encontram
na sala de aula. Dessa forma, o conceito de avaliação envolve uma discussão sobre qual
perspectiva de ensino é utilizada pela escola e pelos professores, pois somente à luz dessas
informações sobre avaliação se pode falar, com mais segurança e propriedade, acerca desse
processo tão significativo seja para professores, seja para alunos.
Diante do exposto, com base na análise da avaliação de aprendizagem, emerge
a necessidade de evidenciar esses novos paradigmas, refletindo como é complexo
atribuir sentido à prática da avaliação da aprendizagem assim como é complexo,
também, usar adequados instrumentos avaliativos que possam contemplar várias
linguagens, no sentido de fortalecer a aprendizagem do aluno. Na verdade, deve-se
discutir a avaliação, partindo da diversidade dos seus tipos de avaliação, de suas funções
e de procedimentos e seus instrumentos e ainda mediante as decisões que envolvem
sucesso e fracasso do alunado.
Neste sentido, fica evidente a importância de um ensino quando compartilhar
com o aluno os seus erros e suas dificuldades, desde que haja ajuda ativa do professor
em observar as necessidades do aluno e sua participação no processo de significados e
atribuições de sentido. A propósito, Souza (1995) compreende a avaliação em suas reais
funções, mostrando que é um ato desvinculado da decisão de aprovar e reprovar os alunos.
Logo, tem a finalidade verdadeira de uma aprendizagem que consiste não simplesmente em
reduzir um modelo, mas em resolver as situações dos problemas de aprendizagem a fim de
compreender as causas do fracasso escolar utilizando de novas estratégias e instrumentos para
superação dentro do processo de ensino-aprendizagem..
A partir da literatura contemporânea (HAYDT, 1998; HOFFMANN, 2003;
VASCONCELOS, 1998 e outros) possui um novo olhar para a avaliação numa perspectiva
que não tem como objetivo reunir informações, ou justificar, ou explicar os resultados do
desempenho do aluno, mas no sentido de acompanhar com atenção, seriedade, todas as etapas
vividas pelo estudante, diagnosticando e verificando em que medida os objetivos propostos
8
9
para o processo de ensino-aprendizagem estão sendo atingidos, na dupla dimensão: do aluno
e do professor.
A perspectiva de Hoffmann (2003, p. 14), por exemplo, é de perceber a
“avaliação como essencial à educação, inerente e indissociável, enquanto concebida
como problematização, questionamento, reflexão sobre a ação, no sentido indagativo,
investigativo de problematizar o mundo”. A autora destaca a necessidade de mudança
de postura do educador, partindo desses elementos que estão aliados a prática
pedagógica do professor , sendo um processo de ação/ reflexão/ ação, não acontecendo
de uma só vez. A essência de uma nova concepção de avaliação mais profunda centrada
numa perceptiva formativa que procura ajudar o aluno no decorrer da aprendizagem.
Emerge, portanto, o sentido de que avaliar é uma atividade educativa que não
tem por meta somente atribuir notas, mas realizar uma série de objetivos que se
traduzem em termos de mudanças de comportamento dos alunos, especialmente no que
diz respeito ao avanço na sua aprendizagem, inclui, ainda, nova postura pedagógica dos
professores e da escola inclusiva.
Freitas (1994) analisa a avaliação, relacionando-a com os objetivos da escola,
constituindo o par dialético avaliação/objetivos, categorias centrais da didática na escola
capitalista. Para esse autor, é através dos resultados da avaliação que o aluno se defronta
com o momento final previamente idealizado pelos objetivos da escola capitalista. Esses
objetivos (funções sociais), adquiridos na sociedade na qual a escola esta inserida, são
garantidos e controlados por meio dos procedimentos da avaliação.
Para Villas Boas (1993) constatou-se que a maioria dos trabalhos se detinha na
dimensão técnica, sem questionar o papel social da avaliação e sem relacioná-la às
questões sociais e educacionais mais amplas. Descrevendo a necessidade de superação
da compreensão tecnicista da avaliação, ainda sugere a importância de se analisar o
processo de avaliação dentro da escola integrando as dimensões técnicas, humana e
político-social.
2.3 A avaliação da aprendizagem no contexto do ensino infantil
Tendo em vista que o enfoque deste estudo é compreender a avaliação a partir
de uma perspectiva de função de controle social entendendo como um instrumento de
coerção, ou imposição para uma dimensão de mudanças dessas práticas avaliativas dos
9
10
professores, concebendo-a como parte integrante do processo de ensino-aprendizagem,
que orientará o trabalho do professor para contribuir ou transformar a avaliação como
meio significativo da aprendizagem. Neste sentido, faz- se necessário abordar acerca da
avaliação na Educação Infantil discutindo sobre aspectos relativos neste nível de ensino,
ressaltando que o item avaliação é uma das preocupações da Rede Municipal de Ensino,
em Teresina.
A partir da década de 70, a ampliação da oferta de atendimento do ensino para
crianças, ainda, era muito restrita, principalmente para classes populares, que em geral,
eram excluídas dadas as poucas condições sócio-econômicas. Assim, de acordo com as
Diretrizes Curriculares (2008, p. 11), “no período da ditadura militar houve um movimento
popular, destacando-se o Movimento de Luta pelas creches, o qual reivindicava a
participação do Estado na criação das redes públicas de creches”.
Em função desses movimentos, nesse período (década de 70), os órgãos
públicos passaram a considerar a educação infantil com um novo olhar, com o objetivo
de suprir as carências das crianças e prepará-las para escola regular. Dessa forma, a
partir da década 80, as creches passaram a ser preocupação de estudos e pesquisas na
área da educação. Segundo as Diretrizes Curriculares (2008) a educação em creches
mais do que uma reivindicação, tornou-se um direito da criança, neste caso a creche
deixou de ter o papel de mera assistência, assumindo novos papéis educacionais.
Neste sentido, com as lutas e transformações sociais e avanços do
conhecimento científico, o atendimento em creches passou a ser compreendido no
âmbito educacional, não mais como restrita à assistência, mas assumindo novas
concepções da Educação Infantil, notadamente as funções de “cuidar e educar”.
Neste caso, a educação infantil torna-se a primeira etapa da educação básica
que tem como finalidade o desenvolvimento integral de criança de zero até seis anos de
idade, objetivando desenvolver os seguintes aspectos: físico, psicológico, intelectual,
afetivo e social, complementando-se com a ação da família e da comunidade.
A educação infantil, a exemplo de outros níveis busca seguir os quatros pilares
do conhecimento apontados pelo Relatório da UNESCO, para a educação do novo
milênio, claro que observando se a dimensões dessa perspectiva:
Aprender a conhecer, isto é, mobilizar seus saberes para possuir uma
compreensão maior da realidade.
Aprender a fazer, de associar teoria e prática.
Aprender a conviver, diz respeito a viver juntos, a viver com outros.
10
11
Aprender a ser, presume que o ser humano possui pensamento crítico e
autônomo, e também que a criança expresse sua ética, no exercício da
cidadania.
Entendemos que os pilares do conhecimento orientam para educação para o
novo milênio, bem como os diversos aspectos do aprender que são indissociáveis das
propostas pedagógicas que orientam a Educação Infantil.
Ainda sobre referida proposta pedagógica acrescentarmos que é inerente a sua
natureza nortear a concepção de criança: como um ser humano completo, integrando as
dimensões afetivas, intelectual, física, moral e social, que embora em processo de
desenvolvimento, e, portanto, dependente do adulto para sua sobrevivência e
crescimento, objetiva formar um ser ativo e capaz de ampliar seus conhecimentos e
experiências e de alcançar progressos graus de autonomia frente às condições de meio.
Neste sentido, a educação nesse nível de ensino visa a promover condições
adequadas para o bem-estar da criança, seu desenvolvimento físico, motor, emocional,
moral e social, e a ampliação de suas experiências, bem como estimular seu interesse
pelo progresso do ser humano, da natureza e da sociedade.
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais (2008), que asseguram igualdade
de acesso dos alunos a uma base nacional comum, propiciando unidade e maior
qualidade das ações pedagógicas nas diversidades nacionais, e na preocupação com a
formação cidadã.
De igual modo, está assegurado na LDB (Lei de Diretrizes e Bases) n: 9394/96,
ao mencionar no seu artigo 31 que avaliação na educação infantil far-se-á mediante
acompanhamento e registro do desenvolvimento da criança, sem o objetivo de
promoção para o ensino fundamental.
A literatura que discute a avaliação da aprendizagem, notadamente Hoffmann
(2003) e as Diretrizes Curriculares (2008) as crianças apresentam maneiras singulares e
peculiares e diferenciadas de vivenciar situações, de interagir com os objetos do mundo,
situações em que se apresentam a avaliação no âmbito escolar. Neste caso, questiona
que a proposta de avaliação na educação infantil adotada pelos professores, às vezes
está permeada de uma concepção de julgamento de valor. A autora ainda crítica que se
pretende fazer a criança em geral um modelo definido pelo adulto a respeito dos
comportamentos esperados que ele apresente.
Hoffmann (2003) critica também avaliação classificatória ou comparativa, ou
seja, que defende uma idéia a priori de propor para a criança um comportamento
11
12
esperado pelo adulto. Diante dessa realidade, a autora critica o sentido da avaliação
numa perspectiva tradicional, que não se configura como uma prática avaliativa em seu
dinamismo, ou seja, deixa de valorizar, assim, as formas peculiares de as crianças
vivenciarem as situações cotidianas escolares e de construírem seu conhecimento.
Sendo assim, a utilização da prática avaliativa do professor no ensino regular,
portanto, adotado na educação infantil, às vezes, incluir, como a autora menciona,
alguns princípios básicos de negação da própria educação infantil:
A primeira negação que se perpetua na educação infantil – um ambiente de tensões e limitações em as crianças não pode vivenciar um ambiente de prova. A segunda, a criança não é considerada como o centro da ação avaliativa – observa e acompanha, na maioria das vezes, a criança em suas descobertas, entretanto, quando se registram aspectos do seu desenvolvimento, em geral, é para apresentar resultados aos pais ou necessidades de registros escolares. A terceira, o educador não reflete teoricamente sobre as possibilidades das crianças – ou seja, a incompreensão do professor que trabalha com essas crianças sobre as necessidades delas em diferentes momentos. A quarta, os registros de avaliação não se referem ao pleno desenvolvimento da criança – a escola pretende observar e limitada às expectativas dela em relação ao aluno, desconectando, assim, de uma visão plena de suas possibilidades e do conhecimento construído por ele. (HOFFMANN, 2003, p. 72).
Diante disso, concebemos que há, ás vezes, incoerências na prática avaliativa
na educação infantil, quando se deixa de observar o sentido da avaliação numa
perspectiva de acompanhamento e direcionamento da prática do professor, em uma
dimensão integrada e global, que valorize o aluno como centro do processo, respeitando
as possibilidades das crianças nos diferentes estágios de desenvolvimento e quanto as
especificidades da escola na educação infantil.
Hoffmann (2003) chama atenção para dois aspectos integrantes da avaliação na
educação infantil: observação e reflexão. Sendo assim, a avaliação é concebida pela
observação, reflexão e ação, que encaminham fortemente o educador a esse
aprofundamento na medida em que é impelido a encontrar respostas aos
questionamentos decorrentes da adoção de uma postura investigativa.
Acerca desses aspectos, menciona uma seqüência lógica entre as atividades
desenvolvidas por um educador infantil, com um significado interacionista,
oportunizada pelo professor, pela exploração de objetos ou vivências de situações pela
criança (observação, diálogo e reflexão) repetição e/ou variação da exploração de
objetos e/ou situações, ou seja, pela introdução de novos objetos ou situações que
12
13
propiciem o estabelecimento de relações com as situações anteriores, contempla a
avaliação como um processo dinâmico.
3. ENCAMINHAMENTO CONCLUSIVO
A avaliação é uma prática que está presente em nossa vida diária, que pode
ser aplicados de maneira consciente ou inconsciente. Neste sentido, de uma prática
consciente e planejada para discutirmos como nos desenvolve diversos contextos
escolares, no sentido de melhor compreendê-la e de oferecer subsídios teóricos para este
campo de estudo.
O interesse desta pesquisa é observar avaliação no âmbito educativo da
educação infantil, para apreender as concepções de avaliação do professor como
desenvolve no cotidiano da sala de aula, é o que justifica nossa investigação da
avaliação da aprendizagem enquanto um processo dinâmico e participativo em que as
aprendizagens do aluno são mediados pelo professor, sendo o facilitador do
conhecimento. Diante disso, a preocupação com avaliação na Educação Infantil de
prepara as crianças para seu desenvolvimento integral, geralmente o acompanhamento
da criança acontece por registro e observação do aluno sem objetivo da promoção para o
ensino fundamental.
Neste sentido, a literatura da educação infantil critica avaliação classificatória
ou comparativa defende uma idéia a priori de propor para a criança um comportamento
esperado pelo adulto. Diante dessa realidade, deixa de valorizar, assim, as formas
peculiares de as crianças vivenciarem as situações cotidianas escolares e de construírem
seu conhecimento.
Conclui-se que a idéia de avaliação de julgar os alunos pelos resultados
alcançados passou a ser considerada uma concepção de educação tradicional, e os
professores deixam claro esse entendimento, negando, portanto, que a finalidade da
avaliação para os dias atuais, não é controlar, mas aperfeiçoar o processo de ensino-
aprendizagem. Para tanto, a avaliação é tomada como elemento transparente e praticada
com compromisso pelo professor na sua ação educativa, tendo sempre como principal
alvo a aprendizagem do aluno, e o sucesso de sua prática pedagógica, diante do
propósito de uma a avaliação contínua, sistemática, cumulativa, descritiva e
compreendida numa dimensão global.
13
14
REFERÊNCIAS
ANDRADE, M. M. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
ANTUNES, C. A avaliação da aprendizagem escolar. Petrópolis/Rj: Vozes, 2002.
BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean Claude. A Reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1975.
BRASIL, Presidência da Republica. Lei n.9394/96. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 1996.
CARVALHO, J. S. O discurso pedagógico das diretrizes curriculares nacionais: competência crítica e interdisciplinaridade. Cadernos de Pesquisa, n. 112, mar. 2002.
DELORS, J. (Org.). Educação: um tesouro descobrir. 4. ed. São Paulo: Cortez/ Brasília, DF: MEC: UNESCO, 2000.
DEMO, P. Mitologias da avaliação: de como ignorar em vez de enfrentar problemas. Campinas/ SP: Autores Associados, 1999.
DEPRESBITERIS, L. O desafio da avaliação da aprendizagem: dos fundamentos a uma proposta inovadora. São Paulo: EPU, 2005.
ESTEBAN, M. T. Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
GURGEL, C. R. As práticas avaliativas e a evolução de suas funções. In: ANDRIOLA, W. B.; MC .
GRONLUND, N. E. A elaboração de testes de aproveitamento escolar. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1974.
HADYT, R. C. Avaliação do processo ensino aprendizagem. São Paulo: Ática, 1998.
HOFFMANN, J. Avaliação mito e desafio: uma perspectiva construtivista em avaliação. Porto Alegre: Mediação, 2003.
HONÓRIO, T. C. T. Avaliação da aprendizagem no ensino fundamental de Teresina: um estudo. 2000. Dissertação (mestrado) – UFPI, Teresina, 2000.
MAGER, R. F. Medindo os objetivos educacionais. Porto Alegre: Globo, 1999.
MINAYO, M. C. de S. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis/Rj: Vozes, 1994.
14
15
MORETTO, V. P. Prova – um momento privilegiado de estudo – não acerto de contas. Rio de Janeiro: DP7A, 2001.
PERRENOUD, P. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens – entre duas lógicas. Tradução Pratrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.
SCRIVEN, M.; STUFFEBEAN, D. Avaliação educacional II: perspectivas, procedimentos e alternativas. Petrópolis: Vozes, 1978.
SILVA, I. de O. Profissionais da educação infantil: formação e construção de identidade. São Paulo: Cortez, 2001.
SOUZA, P. N. P. de; SILVA, E. B. da. Como entender e aplicar a nova LDB: lei n: 9.394/96. São Paulo: Pioneira, 2000.
SOUZA, V. T. de. Avaliação da aprendizagem. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v.1. n° 3, p.13-26, abr/jun. 1995.
TERESINA-PI. Prefeitura Municipal de Teresina. Secretaria Municipal de Educação e Cultura. Diretrizes Curriculares do Município de Teresina. Teresina, PI: Semec, 2008.
TYLER, R. W. Basic principles of curriculum and instruction. Chicago, University of. Chicago, University of Chicago Press, 1949.
______. Avaliando experiências de aprendizagem. In: GOLDERG, M. A.; SOUZA, C. P. (Org.). Avaliação de programas educacionais: vicissitudes, controvérsias e desafios. São Paulo. EPU, 1982.
VASCONCELLOS, C. dos S. Superação da lógica classificatória e excludente da avalição- do “é proibido reprovar” ao é preciso garantir aprendizagem. São Paulo: Libertad, 1998.
15
16
16