Visitei-Ganimedes

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    PALAVRAS DO AUTOR

    Sei que muitos pensaro que minto, e exponho-me ao mais exacerbado ridculo ante oconceito vulgar daqueles que, seguindo a corrente do pensamento comum das pessoas "srias", nose atrevem a falar em pblico de assuntos que, ainda, no foram comprovados cientificamente poresse conjunto muito respeitvel de sbios da Terra que - igual a seus colegas de antigamente -,somente aceitam os fenmenos produzidos por eles mesmos em seus prprios laboratrios e dentro

    de seus prprios mtodos ou sistemas de investigao.Porm ao escrever estas linhas, por estranhas que resultem a todos, limito-me a cumprir apromessa empenhada a um homem que me uniu a mais estreita e fraterna amizade; um homem cujasinceridade e conduta correta pude apreciar desde os dias distantes do colgio, que me narrou osfatos a que vou me referir, dando-me provas irrefutveis de sua veracidade, antes de abandonar este

    planeta para ir viver em outro astro longnquo de nosso sistema solar.J no me importa a risada debochada de muitos, nem a piedosa idia daqueles que pensam

    que perdi a razo. Cumpro a palavra dada ao homem que foi para mim um irmo, e declaro, comtodo o valor ante o escrnio, que os fatos extraordinrios motivo desta narrao no tm sido frutode uma mente alucinada, nem produto de uma fantasia de escritor, seno a realidade crua e tangvel,assombrosa certo, porm vivida conscientemente por um homem desta Terra que hoje se encontra,

    muito longe, no Cosmos...

    YOSIP IBRAHIM

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    "EU VISITEI GANIMEDES..."

    PRIMEIRA PARTE

    CAPTULO I

    A VISITA DO OVNI

    Fui amigo de Pepe desde criana (permitam-me guardar respeitoso silncio sobre seuverdadeiro nome). Crescemos juntos, e juntos passamos, tambm, as etapas da adolescncia, da

    juventude fogosa e alegre, e da maturidade descansada de homens comuns e amantes da vidacaseira, dessa vida modesta e simples que levam neste mundo milhes de seres da classe mdia.Ambos, igualmente, podemos desfrutar de uma educao esmerada para assegurar uma vidacmoda e respeitvel que, sem estar isenta das lutas e problemas comuns maioria, nos permitiuformar lares dignos. Pepe e eu tivemos a sorte de encontrar boas esposas, compreensivas, diligentes,e ainda que ele no chegou a ter filhos, como eu, desfrutou de trinta anos de vida conjugalverdadeiramente feliz. Com trabalho e honradez conseguiu reunir o necessrio para agraciar sua

    esposa com os elementos suficientes para uma vida tranqila, e nos ltimos anos de seu matrimniogozaram da comodidade de uma casa prpria, circundada por amplo e formoso jardim.

    Assim chegou o momento que o destino disps a separao dos dois cnjuges: uma noite, demaneira intempestiva, deixou de bater o corao de sua doce companheira, e desde esse instante avida deste meu amigo mudou por completo. Sempre fora aficionado ao estudo de temas profundos.Conhecia a fundo a Psicologia, a Filosofia e a Metafsica; a maioria das vezes, dedicava muitashoras investigao do passado da humanidade e resoluo de problemas relacionados com aVida e com o Cosmos. morte de sua esposa, depois dos primeiros dias do impacto fatal, se haviatrancado em casa, em meio de suas recordaes e seus livros, sendo para mim tarefa tremendaconseguir tir-lo, de tempos em tempos, para procurar-lhe alguma distrao.

    Transcorreram vrios meses desde o sepultamento de sua senhora, e nossa amizade, cada vezmais estreita e mais ntima, fez que nos vssemos e passssemos juntos muitas horas todos os dias.Chegou a ser companheiro freqente de mesa dos meus, e meus filhos se acostumaram a trat-locomo "o tio Pepe", e a esperar sua chegada com grande interesse, porque sempre tinha algumahistria amena e divertida para contar... Assim iam as coisas - isto faz apenas dois meses -surpreendeu-nos ento, no receber sua costumeira visita. Esperamos at tarde para almoar, ecomo no chegasse, telefonei repetidas vezes para sua casa, sem obter resposta. Sabamos que desdea morte de sua esposa, tinha a seu servio somente um antigo mordomo; porm se havia habituado afechar chave todas as portas da residncia cada vez que saa, e ainda de noite, permaneciafechado na casa, pois o criado tinha um quarto separado, no jardim, sem comunicao alguma como resto do prdio, nem com o telefone.

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    Como o resto do dia no conseguisse me comunicar com ele, noite, insisti em meuschamados com idntico resultado. Estranhvamos aquele silncio, to inusitado, e sabamos porexperincia que no costumava pernoitar fora. Por tais razes, ao no conseguir comunicao, namanh seguinte fui em sua busca. Encontrei o mordomo nervoso e profundamente preocupado.

    -No sei nada do senhor -disse-me-. Ontem noite chegou hora de costume, trancou asportas como sempre... e no o vi todo o dia.

    - Nem hora do desjejum?

    - Tampouco; no abriu as portas em nenhum momento...Guardei silncio. Uma suspeita percorreu minha mente. Busquei em meu chaveiro as chavesque Pepe me dera pouco antes de sua esposa morrer. Nessa ocasio me havia dito: "Toma-as paraque possas entrar quando quiseres. Se alguma vez eu no abrir as portas como todos os dias, faz tu

    por mim... E se me encontrares morto, cumpre as indicaes de um invlucro lacrado que h nacaixa central de meu escritrio". Com tais pensamentos ingressei na casa acompanhado pelo criado.Tudo estava em perfeita ordem. Inclusive a cama no havia sido desarrumada; porm o cobertorenrugado denotava que o corpo de uma pessoa havia repousado sobre ela sem levantar as cobertas.Junto ao sof , o cinzeiro estava cheio de pontas de cigarros. Compreendia-se que esta noite estevefumando muito. Porm nenhum indcio de seu paradeiro.

    Cada vez mais intrigado, depois de procurar por todas as partes na esperana de achar algum

    papel, alguma nota que pudesse lanar luz sobre seu estranho proceder, to fora de sua condutadiria, telefonei s pessoas com quem houvesse a possibilidade de saber algo. Ningum o haviavisto desde dias antes. Enquanto o mordomo assegurava haver falado com ele aquela noite, semhaver notado nada estranho em suas palavras ou atitudes.

    Eu no sabia o que pensar. Conhecendo intimamente o carter e os hbitos de meu amigo,no podia aceitar a idia de uma aventura romntica ou sexual, especialmente naquelascircunstncias, pois o mordomo assegurava haver visto acesa a luz de seu quarto at meia-noite,hora em que foi dormir. Por outra parte, a casa dista muito da cidade e o nico meio decomunicao com ela pela Avenida Central, e a pista a Monterrico em automvel. E Pepe nohavia tirado, sequer, seu carro da garagem.

    Caminhvamos pelo jardim, tratando de encontrar solues lgicas para to estranhodesaparecimento, quando reparei em certos detalhes que, no princpio, no chamaram minhaateno: Na parte central daquela superfcie coberta de grama, sobre uma extenso de uns quinze avinte metros de dimetro, aparecia a erva queimada em um amplo crculo em cujo centro seapreciava, tambm, as marcas do amassamento deixadas por algum artefato grande esuficientemente pesado como para imprimir sobre o solo quatro grandes furos.

    - Quem fez isto? - perguntei ao mordomo.- No sei, senhor...- Desde quando esto estas marcas aqui?- No sei senhor... a primeira vez que as vejo.- E essa erva queimada?

    - Eu no a queimei senhor...- E Seu Pepe?- No o creio, porque faz muito que no vem ao jardim.Olhei longamente o homem em silncio. Estava nervoso, porm falava com franqueza.

    Conheo-o de anos, e sempre foi srio e honrado. Dvamos voltas em torno daquelas misteriosasmarcas e cada vez resultava mais confuso e enigmtico tudo aquilo. Haviam passado duas horasdesde minha chegada. Tinha assuntos urgentes por atender na capital e optei por regressar a Lima.Desta vez, antes de abandonar a casa fechei com chave todos os compartimentos interiores,deixando aberta a comunicao com o telefone, e dei instrues ao mordomo para comunicar-sediariamente comigo caso Pepe tardasse em regressar.

    Pelo trajeto, durante a meia hora que se emprega desde Monterrico at Lima, tratava de

    alinhavar meus pensamentos e encontrar uma resposta lgica do que estava sucedendo. Minhaintimidade com Pepe, que no tinha segredos para mim, fazia-me presumir que se houvesse pensadoem algum plano preconcebido, alguma coisa me haveria deixado perceber. No obstante, nadahouve em sua atitude diria que eu pudesse relacionar com o que estava sucedendo. E se essa noite

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    houvesse sado normalmente de sua casa, haveria necessitado do carro, que permanecia guardado nagaragem. Era vlido supor, em todo caso, que outra pessoa ou pessoas o houvessem recolhido;

    porm isso no podia ter sido seno depois da meia-noite, porque o mordomo assegurava estardesperto, escutando o rdio at essa hora, e que antes de dormir havia visto acesas as luzes dodormitrio de Pepe. Se passada essa hora algum o houvesse buscado, teria que fazer soar acampainha da porta exterior do jardim, e essa campainha se comunica diretamente com o aposentodo mordomo. Era lcito pensar, ainda, que meu amigo estivesse de acordo com algum para ter

    sado; porm em tal caso haviam concordado em no fazer nenhum rudo perceptvel para o criado.Esta deduo tomou corpo em mim ao recordar que no se havia deitado e que o cinzeiro estiveracheio de pontas. Isto sugeria um plano premeditado por ele. Caso eu esteja certo, os fatos deviamrelacionar-se com alguma faceta da vida ntima de meu amigo que eu desconhecia. Isto no eralgico para mim; ao menos eu queria entender assim, pela profunda e muito ampla confianaexistente entre ns.

    Quando cheguei a minha casa hora do almoo, a situao no se havia modificado.Nenhuma notcia de Pepe. E em meu foro ntimo ia ganhando fora a suspeita de que havia algumsegredo em sua vida, guardado to zelosamente que nem eu, seu confidente, conhecia...

    wvw

    Correram os dias e transcorreu uma semana sem ter o menor indcio dele. Minha esposa eseu empregado me pediam avisar polcia. A meus filhos, de comum acordo com minha mulher,havamos dito que ele estava de viagem. Eu desejava ganhar tempo na esperana de que Pepeaparecesse de um momento para outro, e no queria tomar medidas precipitadas, pela suspeita deque em tudo isso houvesse algum desgnio privado, voluntrio de meu amigo. Vrias vezes estivetentado a abrir o invlucro lacrado que deixara na caixa de seu escritrio. Porm outras tantas mecontive, temendo o que pudesse estar escrito nele:

    "Para o Sr. Yosip Ibrahim""Meu querido Yosip":"Se eu morrer repentinamente, rogo-te abrir este e realizar, ao p da letra, todas as

    indicaes nele contidas, antes de proceder a meu sepultamento. Porm no o abras por nenhumoutro motivo". "Pepe".

    Estas enigmticas palavras iam firmando em meu foro ntimo a convico de que existia umato voluntrio, um determinado propsito s conhecido por ele e por aqueles que, forosamente,tiveram que participar de sua sigilosa sada. Por tais razes voltei a opor-me a que se tomassemedidas policiais ou de outra ordem. Porm, quem podia ser a pessoa ou pessoas participantes deto misterioso proceder? ... Com toda a prudncia, e sem dar a conhecer os verdadeiros motivos,indaguei entre todas as amizades comuns, relaes comerciais e de toda ordem, sendo negativasquantas investigaes fizesse. Ningum sabia nada de Pepe.

    Nossa aflio aumentava com o correr dos dias, e cheguei a temer que houvesse sido objeto

    de algum atentado por motivos que no conseguia presumir. Ao aproximar-se o fim da segundasemana sem notcias, nossa tenso nervosa estava a ponto de estourar.-No podemos continuar assim! - repetia-me, a cada instante, minha mulher - Deves fazer

    algo, e de imediato... no te ds conta que podem complicar-te gravemente por tua inrcia, e se lheaconteceu alguma desgraa? Como explicarias teu silncio... tua calma para denunciar odesaparecimento dele...?

    Eu tambm pensava o mesmo. J haviam transcorrido mais de duas semanas. Meu estado denimo era tal que no podia trabalhar nem dormir tranqilo. Aquelas noites - exatos dezoito diasdesde seu desaparecimento - nem minha esposa nem eu podamos conciliar o sono. Toda amadrugada passamos discutindo sobre a convenincia de dar parte polcia. Ao amanhecer,estvamos de acordo em faz-lo nessa mesma manh. Como no havamos fechado as plpebras

    toda a noite, o cansao nos venceu e dormimos. Porm nosso descanso no durou muito. s oito damanh, o telefone tocou, soando insistentemente, despertando-nos: .- Al! s tu, irmo? - perguntou a voz de Pepe no outro extremo da linha.- O que te aconteceu? ... onde tens estado?... de onde ests chamando?

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    - Falo de minha casa. Estou bem; porm no posso te explicar nada por telefone. Necessitofalar contigo urgentemente, a ss. No digas nada a ningum. Podes vir hoje mesmo?

    - Claro!... Vou te ver imediatamente, s o tempo de me vestir... Porm, o que estacontecendo?

    - Repito que no posso te dizer nada por telefone. Perdoa as incomodaes que seguramentete causei, segundo o que me contou Moiss. No esteve em minhas mos evit-lo. Abraa a Rosinhae as crianas e tem a bondade de vir o quanto antes, pois o tempo pressiona. No me perguntes nada

    agora. Quando estiveres aqui explicarei tudo...

    wvw

    Duas horas mais tarde, ao chegar sua casa, abriu-me a porta Moiss, o mordomo. Ohomem demonstrava forte excitao, e sem me dar tempo de perguntar nada, disse-meapressadamente:

    - Senhor! noite o trouxeram em um "disco"... com estes olhos eu vi!... Era uma mquinaenorme... dessas que dizem que vm de outros mundos...!

    Falava enquanto nos dirigamos a casa atravessando o jardim; e antes de entrar mostrou-meo centro da esplanada de gramas.

    - Ali estavam de novo, as marcas que vimos na outra vez...! Recorda senhor da ervaqueimada e das marcas que nos chamaram a ateno? F-las o "disco"...!

    Pepe veio receber-me e me conduziu diretamente a seu escritrio. Eu havia ficado mudo. Aspalavras do criado eram algo inexplicvel para mim. E meu amigo no me deu tempo para sair doassombro. Agia com rapidez mas com serena gravidade. Como vira, em meus olhos, a emoo queme embargava, sorriu.

    - Vou te servir um usque. Compreendo o que est te acontecendo - disse-me -e necessitastranqilidade para que possas pr toda tua ateno no que devo te explicar.

    - Porm...! o que significa isso do "disco"?- Vejo que Moiss j te disse -. Fez uma pausa enquanto me servia a bebida, e fazendo-me

    sentar, continuou: - Compreendo teu estado de nimo e desejo inteirar-te de tudo, comeando desdeo princpio.

    - Porm ... onde tens estado? Por que no nos avisaste nada?- No podia... Tudo foi muito rpido, imprevisto at certo limite. No foi possvel me

    comunicar com ningum, j que me levaram para fora deste mundo... Escuta-me tranqilo e nopenses que voltei louco. O que Moiss acaba de te dizer certo: Viajei num OVNI, num dessesaparelhos que o povo batizou com o nome de "disco voador"... Conheci um mundo maravilhoso...um verdadeiro paraso!... e vou regressar a ele...

    - O que...??- Sim, Yosip... Compreendo teu assombro e tenho que te colocar a par minuciosamente de

    todo o ocorrido; e, ademais, pedir-te que me ajudes a organizar meus assuntos pessoais, porque

    dentro de quinze dias voltaro para me...- Quem...? De que ests falando...!Pepe guardou silncio. Olhou-me profundamente. Em seus olhos vi um brilho estranho,

    uma expresso desusada nele. Seu olhar parecia penetrar at o mais fundo de minha conscincia, esenti a rara impresso de que, atravs desse olhar, uma voz me falava com palavras inaudveis masque podia entender no mais profundo de meu ser e que me dizia: "Espera e escuta-me com toda aateno!"

    Abriu a caixa de seu escritrio e extraiu o invlucro lacrado.- Recordas isto?Confirmei com a cabea. Ele abriu o invlucro e, extraindo um volumoso pacote de

    documentos continuou:

    - Vais conhecer, agora, o que te pedi para fazer no caso de minha morte. As circunstnciasmudaram de forma to imprevista; os fatos a que vou me referir modificaram de tal maneira minhavida, que vou pr em prtica tudo o que neste documento te indicara, com a nica exceo daquelesdetalhes que se referiam a minhas instrues post-mortem, j que no vo ser necessrias. Porm

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    antes, promete-me guardar o mais estrito segredo, enquanto eu permanecer aqui, sobretudo com oque vais conhecer agora, segredo que manters at que eu me v deste mundo.

    - Ests falando srio?- Inteiramente... E por isto te peo que guardes o mais absoluto silncio sobre tudo o que

    vais conhecer e sobre os passos que ambos temos que dar nestes dias... No me interrompas! Vou terevelar um detalhe ntimo de minha vida que ningum conhece neste pas. Leia isto...

    Alcanou-me um documento que havia extrado do invlucro. Era algo assim como um

    diploma, escrito em linguagem que eu no conhecia, e adornado com estranhos smbolos e figurasorientais.- Est escrito em snscrito - disse-me -, e o ttulo de admisso numa antiqussima ordem

    esotrica secreta, a que perteno j h mais de trinta anos. Tu j sabias de meus estudos filosficos emetafsicos; porm nunca pude revelar-te que esses estudos estavam to adiantados que eu haviachegado ao domnio de conhecimentos e desenvolvimento de faculdades que muito poucos possuemneste mundo. Desde a morte de Marita me propus investigar, nesse terreno, o enigma apaixonantedos OVNIS. Tinha referncias especiais acerca deles e, baseado nos poderes adquiridos em meulongo adestramento esotrico, iniciei a tarefa de descobrir a forma de comunicar-me com os seresque os dirigem. Depois de muitos meses de esforo consegui uma primeira comunicao mental,que logo se repetiu, telepaticamente, de maneira mais convincente e positiva. Pude chegar a captar

    uma mensagem inteligvel e, tambm, uma conversao concreta e plenamente satisfatria. De talsorte, naquela noite, no mais profundo segredo, havia me preparado para receber uma novamensagem... porm em vez da mensagem chegaram eles, em pessoa... Havia estabelecido, horasantes, a comunicao costumeira, e como resposta recebi esta ordem: "Espera-nos!"

    - Mas, falam nosso idioma?- No exatamente isso... A linguagem falada ou escrita necessita da emisso de sons, de

    estruturao de palavras e frases. A linguagem teleptica, por meio da transmisso do pensamento,no tem essas limitaes. O pensamento se manifesta atravs de ondas eletromagnticas parecidascom as que empregam o rdio e a televiso, e que, na verdade, se encontram muito prximo destasno que podemos chamar de "escala csmica de freqncias". Nosso crebro, e todo o sistemanervoso, podem ser comparados com um sistema transmissor-receptor, de uma sutileza e qualidade

    bem superiores a todas as mquinas criadas pelo homem. De tal maneira possvel compreendercomo se produzem os fenmenos de ideao, ou formao de imagens internas dentro do circuitofechado que constitui nosso corpo, em outras palavras, como pensamos; e tambm a possibilidadede emitir essas ondas e de receb-las, segundo seja a potncia e a habilidade que se tenha paraefetuar esse trabalho. Compreendes?... Assim nos entendemos... Duas horas mais tarde, demadrugada, uma luz poderosa iluminou o jardim e vi descer, suavemente, a mquina...

    - Como so...?- Muito parecidos com ns, ainda que possuam caractersticas especiais, diferenas prprias

    de um desenvolvimento evolutivo de um milho de anos, aproximadamente, mais adiantados do quens... Porm permita-me continuar, que, no momento certo, conhecers todos esses detalhes. Devo

    confessar-te que apesar do rgido autodomnio a que estou acostumado, como fruto da frreadisciplina que seguimos na Ordem, a presena daquela nave extraterrestre em meu jardim causou-me uma viva emoo. Cheguei porta e esperei. Lentamente abriu-se um pano da cpula metlicado "disco", deixando aparecer o marco da entrada. Apareceram duas pessoas vestindo algo assimcomo os escafandros que utilizam nossos astronautas. Se detiveram na porta e, enquanto damquina se projetava uma escada mecnica, meu crebro captou claramente o convite que mefaziam para aproximar-me e subir no aparelho. Vencendo o temor que a parte material de minhanatureza humana imprimia em minha conscincia, obedeci. Receberam-me com demonstraesinequvocas de satisfao, e na silenciosa linguagem teleptica em que nos comunicvamos me fezsaber que era bem-vindo, e tinham a misso de conduzir-me ante seus superiores para mostrar-mecoisas que os homens deste mundo deviam conhecer. Fui guiado amavelmente para o interior. Era

    um recinto circular rodeado de mecanismos de controle. Algo assim como a sala de comando de umsubmarino ou uma cabina de controles eletrnicos. A nos esperavam outros trs tripulantes, e o queparecia ser o chefe me ofereceu uma vestimenta parecida. Disseram-me que amos viajar para forada Terra. Que no temesse nada, porque sua misso era de paz e de ensinamento. Que cumpriam

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    sabias ordens que s buscavam o melhor para todos os habitantes de nosso sistema solar, e que asperguntas que liam em meu pensamento seriam satisfeitas somente por seus superiores.

    Fechara-se a comporta exterior e vi fechar-se, igualmente, outro anteparo da separaointerior. Enquanto que os dois que me receberam l fora me ajudavam a vestir aquela estranharoupa, os outros ocuparam seus postos junto a grandes aparelhos com mltiplos botes. Escutou-seum ligeiro silvo e a vibrao de todo o conjunto me deu a entender que partamos. Um de meusassistentes me convidou a olhar por uma grande janela, e minha surpresa foi grande ao ver que nos

    elevvamos com tal rapidez que comeava-se a ver a Terra em toda a sua redondeza e, segundo asegundo, menor. Ao perguntar-lhes a que velocidade amos, sorriram.- Estamos empregando marcha lenta at sair da atmosfera deste mundo - foi a resposta -.

    Mais adiante utilizaremos velocidade de cruzeiro.Passavam os minutos. Desde a janela contemplava absorto, como se afastava a Terra que j

    no era mais que uma simples bola, como uma bola de futebol. Em seguida um novo silvo e umatrepidao mais forte me fizeram notar que a velocidade aumentava, O espao que nos rodeava, forado aparelho, era negro, enfeitado com diminutos pontos luminosos. Em curto espao nosso planetaestava se convertendo em um daqueles pontos longnquos, e no pude deixar de sentir um calafrioem todo o meu ser. Meus dois companheiros me observavam, e um deles ps a mo em meu peito.Experimentei a sensao de que circulava por minhas veias uma fora estranha, algo como o efeito

    de um estimulante cardaco como nos casos de choque. A sensao de fraqueza desapareceu eminutos depois me sentia reconfortado e sem nenhum temor.

    Convidaram-me a sentar em um dos raros porm muito confortveis assentos que havia norecinto. Todo o conjunto tinha aspecto metlico; mas nos lugares de contato com o corpo era deuma suavidade e plasticidade superiores a qualquer outro material que eu conhecera. Consultei meurelgio e vi que havia transcorrido uma hora desde a partida. Enquanto descansava, tratei decalcular a distncia que nos separava da Terra, que era somente como um grande astro brilhante noespao, e meu assombro no teve limites ao me dar conta que devamos nos encontrar a muitascentenas de milhares de milhas...

    Os tripulantes estavam dedicados a observar os mecanismos de controle, e poucos minutosmais tarde me chamaram janela. Frente a ns, ainda muito longe, distinguia-se uma luz celesteque aumentava rapidamente.

    - Essa nossa base - disseram-me -.Ao mesmo tempo notei que o aparelho diminua sua velocidade. O foco luminoso

    aproximava-se vertiginosamente. Dois minutos e j pude ver, claramente, algo como uma enormebola brilhante que, medida que fomos nos aproximando mostrava os contornos de uma gigantescaestrutura metlica esferoidal. Nossa nave foi diminuindo a velocidade de seu vo, e poucossegundos mais tarde girvamos em torno daquele volume enorme suspenso no espao. Podia-seapreciar uma srie de estranhas construes, possivelmente edifcios, e outros aparelhos iguais aoque ocupvamos, ordenadamente alinhados no que supus ser uma pista circular de estacionamento.

    Nossa nave se deteve exatamente sobre o centro daquela pista, ou o que fosse, mantendo-se imvel

    a uma altura como de trezentos metros.Em seguida, ante os sinais emitidos pela tela de controle, comeamos a descer suavementeat pousar, sem a menor trepidao, naquela grande pracinha de metal. Os que me haviam assistidodurante a viagem disseram que descesse com eles. Regularam umas chaves do capacete de meuescafandro, e as portas corredias se abriram. Em baixo esperavam outros seres com iguaisvestimentas, que me guiaram at uma construo semi-esfrica em um dos extremos do lugar emque ficou a astronave.

    No pude ver, em nenhuma parte, focos de luz, refletores, ou algo da espcie. No obstante,todo aquele lugar estava profusamente iluminado, como se fosse dia. Era como se das prpriasestruturas emanasse a luz em todo o conjunto. Fui introduzido nesse raro edifcio, e enquantoatravessvamos vrios corredores e salas, em que apreciei mobilirio e artefatos inteiramente

    diferentes dos que eu conhecia, dei-me conta de que tambm no interior reinava a mesma luz defora, sem distinguir janelas nem lmpadas de nenhuma espcie. Detivemo-nos ante um arco fechadopor um anteparo de polido metal que, meu acompanhante ao levantar uma mo, abriu lentamente.

    Meu guia me convidou a entrar. Ao faz-lo, vi que ficava atrs e o anteparo metlico voltava

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    a fechar-se. Inquieto olhei ao meu redor. Estava numa ampla sala circular, sobriamente decoradacom escassos mveis, todos de aspecto metlico. No centro havia uma grande mesa do mesmomaterial e frente a ela, sentado numa poltrona parecida com as que vira no OVNI, esperava-me umhomem de figura imponente que no vestia escafandro mas uma roupa constituda de uma s peade textura brilhante como os mveis. Sua estatura era maior que a dos outros e que a minha, sendosua cabea, proporcionalmente ao resto do corpo, ligeiramente maior que o comum na terra. Deresto, o rosto no acusava diferenas que pudessem ser desagradveis ao nosso gosto esttico, e

    pude notar em seus olhos, de brilho inusitado, uma aparente expresso de doura.- No temas - transmitiu-me em poderosa linguagem teleptica, linguagem que eu sentiacada vez mais ntida e clara em meu interior-. Ests entre seres que servem a todas as humanidadesdeste sistema planetrio, como vocs chamam. Vivemos para a Paz, o Amor e a Luz. Temosrecebido tuas mensagens e analisado teus pensamentos. Sabemos que conheces muitas coisas que amaioria dos seres de teu astro ignoram, e por isso te trouxemos. Agora vou te ensinar a te despojardo elmo de tua roupa protetora, pois neste lugar reproduzimos, exatamente, as condies daatmosfera e presso de teu mundo, o que no nos afeta. No estranhes que eu no use a vestimentaque tens visto l fora. Mais adiante compreenders tudo isso, porque vamos te ensinar muitasmatrias e formas de vida e de trabalho que desconhecem por completo no astro que vocs chamam"Terra".

    Levantou-se, e com um gesto paternal me ajudou a tirar o capacete do escafandro. Comefeito, a atmosfera e a temperatura naquele recinto no deixavam pensar que estivssemos adistncia to enorme de nosso planeta. Ainda mais, notei que meus pulmes se dilatavam e que todoo meu corpo recebia como que um banho balsmico e reconfortante. Ia formular algumas perguntas,mas meu interlocutor se adiantou, respondendo a meu pensamento:

    - Somos uma raa muito antiga, que chegou ao grau de evoluo que hoje alcana tuahumanidade quando teu mundo ainda no era habitado por seres inteligentes. E nosso reino seencontra nos confins deste sistema de astros que vocs denominam "Sistema Solar". Tu vais visit-lo e vers que j se acham nele outros homens de teu mundo. Descansa aqui - e mostrou-me umobjeto parecido com uma mesa baixa e plana - porque dentro de uma hora do tempo que tuconheces empreenders a viajem a nosso Reino...

    Sorriu levemente e saiu. Ao reclinar-me em to estranha cama senti que aquela superfciemoldava-se com perfeio a meu corpo, adaptando-se s diferentes posturas que tomasse, e, aomesmo tempo, sentia-me envolvido por uma tnue corrente de ar, ou do que fosse, de sutil perfume,que gradualmente me levou a um profundo sono.

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    CAPTULO II

    A VISITA A GANIMEDES

    Pepe havia feito uma pausa para servir-se de uma taa de caf. Ofereceu-me outra, e depoisde saborear a aromtica infuso, voltou a acomodar-se em sua poltrona para recomear o relato.Observei que j no fumava.

    - Assim - respondeu-me -. Desde ento no voltei a usar tabaco. Em realidade s umadroga estimulante do sistema nervoso. Entretm-nos, porm pode ocasionar efeitos danosos que melhor evitar. Ademais, nesta viagem vi muitas coisas novas e recebi correntes estimulantesdesconhecidas neste mundo, que substituem com acrscimo todos os tnicos e substncias qumicasempregadas na Terra para ativar nossa energia... No curso desta exposio, e sobre o que falaremosnos prximos dias, vais conhecer detalhes verdadeiramente maravilhosos de como a vida nessereino de super-homens...

    - Mas, so homens como ns?- At certo ponto, sim. J te disse, no obstante, que possuem algumas caractersticas

    diferentes, devidas ao grande adiantamento evolutivo que eles tm comparados a ns. No esqueasque sua civilizao um milho de anos mais antiga que a nossa, e nesse vasto perodo chegou a

    possuir dois sentidos a mais que o homem deste mundo: o sexto, que na terra s est em embrioem alguns, muito poucos, mas em todos eles comum atravs de rgos perfeitamentedesenvolvidos. A glndula pineal em seu crebro quase o dobro da nossa, e no deles se encontraconectada com a pituitria por um filete nervoso, diferente da nossa, que permite possuir aclarividncia -"esse terceiro olho" a que se referem os orientais - como sexto sentido, comum enatural. Ademais, em seu crebro, maior e mais desenvolvido que o nosso, existe um pequeno

    bulbo, desconhecido por ns, colocado entre o bulbo raquidiano e a pituitria, bulbo que em algunsdeles, os mais adiantados, a sede de um stimo sentido ou seja o da "Palavra Criadora ou Verbo,

    poder para atuar sobre a matria pelo som, utilizando as vibraes sonoras como foratransformadora e reguladora. Por isso aqueles super-homens j no usam a linguagem falada. No anecessitam, j que seu sexto sentido e sua grande potncia cerebral e mental permitem acomunicao pela leitura, ou captao direta, do pensamento e pelo uso da telepatia. Seu rgo davoz utilizam unicamente para determinados efeitos. Para produzir ou destruir fenmenos materiais,

    para influir vontade sobre os elementos, e para construir objetos, dirigindo, alterando ouregulando, com o concurso de outras foras csmicas, o processo atmico e molecular dassubstncias.

    Seu conhecimento e poder sobre a Natureza e o Cosmos so to avanados que muitos dosfenmenos considerados como milagres entre ns, so fatos naturais e correntes em seu mundo. Turecordars haver-me ouvido explicar, outras vezes, que a matria nica: uma s em sua essncia, eque todas as formas conhecidas por ns no so mais que transformaes, mudanas, modificaesdo funcionamento atmico e molecular e de seus sistemas, em cada corpo ou em cada elemento. Da

    o fato, j comprovado na Terra, da possibilidade de transformar uma substncia em outra,modificando sua constituio atmica. Portanto, quem conhea as leis que regem as relaes entre aenergia e a matria, e possua os meios, ou poder, de faz-las funcionar vontade, est em condiesde operar toda classe de fenmenos, em relao direta com os alcances de seu poder e de suacincia...

    Pepe fez outra pausa. Bebeu alguns goles de caf, e continuou:- Tudo isto e muito mais te explicarei no curso destes dias em que teremos que estar juntos a

    maior parte do tempo. Devo preparar todos meus assuntos para no deixar aqui nada pendente...Inteira-te deste outro documento...

    Ao dizer isto adiantou-me uns papis extrados do invlucro lacrado. Eram seu testamento.Nele doava-me na ntegra seus bens, excetuando os fundos que possua no banco, os quais me pedia

    empregar na quitao de uma srie de obrigaes.- Preparei tudo isso presumindo um caso de morte repentina. Agora teremos que fazeralgumas pequenas modificaes. Eu pagarei, pessoalmente, minhas dvidas e atenderei todas asobrigaes que ainda tenha. E ao mesmo tempo, faremos a transferncia desta casa, do automvel e

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    de todos os meus pertences em mveis e utenslios, para ti e para os teus.- Aquele encontro absurdo. Pepe. Que razo h para que insistas em um propsito de tal

    natureza?- J te disse que, dentro de quinze dias, regressaro para me...Mas..., que loucura essa?- No loucura. Yosip. Vou deixar a Terra voluntariamente... e no serei o primeiro nem o

    nico... J vivem l vrios homens dos nossos. Algumas dessas desaparies de cientistas e outros,

    de quem nunca mais se soube, tm essa explicao: Encontram-se em GANIMEDES...- GANIMEDES! Que isso?- o nome que nossos astrnomos do a esse mundo: a segunda em tamanho das maiores

    "luas", ou satlites naturais, do planeta Jpiter...- Mas Jpiter est a uma enorme distncia...- Sim, a mais ou menos setecentos e sessenta milhes de quilmetros de ns. GANIMEDES

    um astro de tamanho maior que o planeta Mercrio. Mais ou menos da metade do tamanho daTerra, sendo sua constituio fsica e qumica bastante similar a nossa; porm a civilizao queencontramos l bastante diferente, h uma distncia to grande entre ambas, que bem poderamosdizer que um verdadeiro paraso.

    - No consigo compreender-te! Como podes ter ido e voltado a um astro que est a tantos

    milhes de quilmetros, em apenas duas semanas e meia, se para ir e regressar Lua que est quaseque pegada a ns, demoram uma semana...?

    Pepe sorriu. Olhou-me com uma expresso na qual senti muito de paternal condescendncia,e de forma lenta, sentenciosa e grave, continuou:

    - Nossos sbios, nossos fsicos e tcnicos, nossos mdicos e qumicos, nossos polticos, juristas, homens de letras, de leis ou de religio, que at ontem se creram os nicos seresinteligentes em todo o Universo, e que, ingenuamente, pensavam que a Terra - uma simples gotad'gua no ilimitado oceano da Vida e do Cosmos - era o nico mundo habitado, tero que seconvencer, brevemente, de que so como simples estudantes do primrio se os comparamos com oshabitantes de GANIMEDES... Eles chegaram a construir mquinas capazes de alcanar velocidadesincompreensveis para ns: velocidades prximas da luz... Deves saber que a viagem, desde a baseno espao a que me referi antes e seu mundo, durou s trs dias e quatro horas. ..

    Meu assombro no me permitiu articular palavra. Pepe tomou mais caf, e continuou:- Quando chegamos, encontrei um pas de rara beleza. Um mundo com marcados contrastes

    em seu fsico, porm com uma vida que expresso da paz e da harmonia, em graus impossveis decomparar com qualquer coisa conhecida na Terra. Durante a viagem havia sido submetido a umtratamento de adaptao que me permitia, depois, poder respirar e me mover nesse ambiente sem oescafandro. Da mquina que nos conduz atravs do espao, fui transferido, por uma espcie decorredor hermeticamente isolado do exterior, a um recinto bastante parecido ao que conhecera na

    base espacial. Ali permaneci outros trs dias (segundo meus clculos de tempo, conforme meurelgio) durante os quais me esterilizaram de todos os germes terrestres, completando-se o

    tratamento para minha adaptao atmosfera externa. Enquanto estive naquele lugar, recebi a visitade um grupo de homens e mulheres de nosso planeta. Explicaram-me que haviam sidotransportados em diferente pocas. Que estavam sendo educados e tratados cientificamente paraestarem em condies de voltar Terra no prximo sculo, quando as atuais circunstncias hajammudado e seja o momento de formar uma nova raa, superior, em nosso mundo. Recordars, Yosip,que te disse alguma vez que nossa civilizao est chegando a seu fim. Que estamos vivendo as

    profecias dos livros sagrados do Oriente e Ocidente. J a humanidade terrestre est passando portudo o que a linguagem simblica e alegrica da Bblia prediz no Apocalipse de So Joo. Os"tempos chegaram e nossa civilizao agoniza. Trs dos cavalos alegricos e funestos daquela

    profecia desataram sua fria sobre nosso mundo. Por isso que se est vivendo um caos tohorrvel; toda a humanidade est comovida pela mais absurda exploso dos baixos instintos, das

    paixes exaltadas, da mais cnica e desavergonhada exposio de seus vcios e de seus brutaisapetites. Nunca, at hoje, havamos assistido uma quebra, to completa, dos mais altos valores doesprito. As normas elevadas de moral, de beleza e de harmonia, esto esquecidas, produzem risos eescrnio... toda marcha para sua prpria destruio, num bestial alarde de materialismo egosta,

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    sdico e repugnante; numa ecloso nefasta da barbrie e da luxria, que esquece a beleza e o amore s busca a efmera e embrutecedora sensao do orgasmo e da orgia, em um ambiente invadido

    pelas drogas, pela violncia e pelo crime... E assim marcham todos, como um rebanho furioso quese lana ao abismo...

    O quarto ginete apocalptico assolar a Terra quando estoure a terceira e ltima guerramundial, e os cataclismos e calamidades de toda ordem arrasem integralmente o planeta; porque oshomens de nossa raa no tm conseguido avanar moral nem intelectualmente at um nvel que

    seu egosmo, sua avareza, seu dio e sua luxria lhes deixaro passar a concepes superiores, arealizaes mais perfeitas e depuradas, a instituies mais sbias e altrustas, a uma convivnciamais fraterna e pacfica... S desenvolveram a cincia e a tcnica no af de lucro, de domnio deegosta competncia e no de til cooperao. E o resultado a constante diviso, o enfrentamentodo homem contra o homem, e portanto, a guerra...

    Deves saber que nesse mundo a que fui levado, e para onde vou regressar, j no seconhecem as guerras nem a menor forma de luta ou antagonismo entre seus habitantes. Elesdesenvolveram instituies que permitem a mtua e recproca convivncia num sistema decooperao mundial perfeito, sob a sbia direo de um estado e um governo que abarca todo essemundo. Faz muitos sculos, muitos milhares de anos que essa raa alcanou tal grau deadiantamento, que lhes permitiu visitar a Terra em outras oportunidades. Todas as referncias

    conhecidas por ns que nos escritos mais antigos se faz sobre visitas a este planeta de "deuses emcarro de fogo como nas mitologias da Grcia, nos papiros do Egito, da Prsia, da ndia e do Tibet;as lendas fabulosas dos Maias, dos Aztecas e dos Incas; o "Homem da Mscara de Jade achadonuma desconcertante sepultura sob a pirmide de Palenque, no Mxico, em 1952, cujo sarcfago de

    pedra, de dez mil anos de antigidade, estava coberto por uma enorme pedra com belos alto-relevosrepresentando um homem sentado no comando de uma nave espacial... Tudo isso foi motivado, noincio de nossa civilizao, pelas visitas que, de tempos em tempos, fazem os homens dessa raa anosso mundo. No se trata de visitas de estudo nem de mera curiosidade cientfica. Desde milhares,muitos milhares de anos, pois quando o Egito dos Faras era s um conjunto de tribos selvagens,em GANIMEDES j existia uma civilizao to sbia e to poderosa que lhes permitiu ser osintrpretes e executores do Plano Csmico de nosso sistema solar. E em cumprimento desse planovieram Terra quando sua presena se fez necessria para ajudar a adiantar os seres deste mundo.

    O mtico e portentoso Hermes de Trismegisto, pedra fundamental de toda a sabedoriaegpcia desde ento, e de muitas escolas esotricas, foi um deles... E a subida ao cu do profetaElias, em "um carro de fogo", que nos narra a Bblia, no foi seno uma das tantas misses dessePlano Csmico, executada pelos seres dessa raa de super-homens...

    Meu amigo voltou a calar. Serviu mais caf e enquanto o tomava, olhou-me sereno porminsistentemente. Eu estava absorto, sem saber o que dizer. Experimentei uma estranha sensao.Parecia-me que de seus olhos partia uma luz que invadia e enchia meu crebro. Senti-me confuso elevantei-me bruscamente do assento. Ele sorriu. Deixou a xcara e, abrindo uma caixa do escritrio,mostrou-me um pequeno objeto de metal parecido em tamanho e forma com uma mquina

    fotogrfica das menores.- Trouxe isto e, quando me v, deixar-te-ei. um aparelho transmissor e receptor com o qualpodemos nos comunicar diretamente com eles. No se deve usar sem necessidade, pois no terianenhum resultado positivo e til faz-lo por mera curiosidade. Ensinar-te-ei seu manejo e quando eutenha que entrar em contato, tu estars presente e assim no duvidars mais de minhas palavras.

    - Porm, de que isso me servir quando j tiveres ido?- Poderemos continuar nos comunicando. Ser um privilgio que guardars no mais estrito

    segredo, exclusivamente para teu bem e dos teus. Talvez mais adiante, vocs possam, tambm,reunir-se a ns...-Sua potncia permanente, inaltervel. Atua com energia csmica, e unicamente requer

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    que receba pelo menos uma hora de luz solar cada semana. Servir-me- para te instruir atravs dadistncia que separa ambos os mundos, e tu e os teus resolvero seus futuros... No esqueas oque te disse antes: Os tempos chegaram, o Apocalipse se cumpre e esta civilizao ser extinta,como indicam em smbolos e alegorias, a Grande Pirmide de Keops no Egito e as profecias deSo Joo, e isto ter lugar nos ltimos decnios deste sculo... A promessa de Cristo se realizar:A famosa "Jerusalm de Ouro", smbolo da nova raa, que "baixa desde os cus Terra" paraestabelecer nela Seu Reino, sero fatos tangveis e reais no prximo milnio. Porm todos os

    males deste mundo tm que desaparecer. A humanidade deste planeta dever ser regenerada, paraque uma nova civilizao, sobre os moldes da de GANIMEDES, possa substituir as carcomidas epodres estruturas sobre as quais descansam todas as crenas e todas as instituies atuais. ComoFnix, esta raa e esta civilizao morrero para serem purificadas, redimidas, superadas,renascendo de suas cinzas nos albores de um mundo e de uma nova raa, cujos primeiros paissero aqueles, - homens e mulheres - escolhidos por seu grau de adiantamento, que so,efetivamente, "os das brancas vestimentas do Reino" de que nos fala o Apocalipse e o JuzoFinal, que vo ser levados, pouco a pouco, a GANIMEDES, para regressarem, devidamente

    preparados, quando chegue o tempo de povoar a Terra sob a direo amorosa e sbia de seusmestres desse mundo...

    - Disseste que esses homens e mulheres vo vir outra vez, no prximo sculo... como vo

    poder viver tantos anos e chegar a ser os pais da nova raa a que te referes?- No estranhes minhas palavras: em GANIMEDES, um dos conhecimentos comuns o

    da conservao dos corpos. A regenerao celular, e portanto a conservao orgnica sem aesclerose que produz a velhice, conhecida e utilizada por todos. O segredo dos patriarcas

    bblicos, que viveram vrios sculos, comum nesse mundo...

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    CAPTULO III

    A VIAGEM

    As provas que Pepe me dera, no curso desses quinze dias, acabaram por convencer-me.As maravilhas de que falava, diariamente, fizeram-me sentir, pouco a pouco, o desejo deconhecer tambm aquele verdadeiro paraso... Porm o perigo maior estava em minha famlia e

    em nossa falta de preparao. Se eu me havia convencido, nem por isso me encontrava alturados conhecimentos e do desenvolvimento moral, mental, e cientfico conseguido por ele. E osmeus, to distantes como eu. A tal ponto, que tivemos que ocultar nossos passos dos primeirosdias e fazer crer que se preparava uma viagem a outro lugar da Terra, de onde no regressaria.

    Todos os seus preparativos j estavam ultimados. Minha famlia feliz pela inesperadaherana. As amizades dele acreditavam em sua partida para um lamastrio da ndia. E noobstante, eu cada vez mais inquieto; preocupado minuto a minuto, hora aps hora, pelo estranhosegredo desse mundo a que Pepe havia ido me ensinando a imaginar, a compreender e, por fim, adesejar...

    De suas explicaes, de suas numerosas narraes vividas nos poucos dias que passara l,desprendia-se uma luz que invadiu totalmente minha alma. um mundo em que no existe o mal

    de forma nenhuma. Uma espcie de colmia gigantesca onde todos trabalham felizes, com aalegria e o amor de verdadeiros irmos. Um mundo em que a sabedoria milenar, a cincia e atcnica em nveis to elevados, tem conseguido eliminar, desde tempos remotssimos, todas asenfermidades, todas as paixes comuns a nossa humanidade, todos os elementos de discrdia ediviso. Um mundo onde no existem nem fronteiras, nem credos divergentes, nem mesquinhosinteresses econmicos suscetveis de enfrentar e inimizar seus habitantes. Uma religio superior,sem dogmas absurdos ou caprichosos; uma religio nascida do conhecimento profundo doCosmos, da Vida e da Eternidade, no imposta com palavras e ameaas, seno demonstrada como conhecimento cientfico das grandes verdades espirituais e csmicas, e obedientes no a seresmortais e imperfeitos, muitas vezes falsos e hipcritas, mas ao mandato direto de entidadessuperiores, governantes sbios e amorosos daquele Reino a que Cristo se referira, muitas vezes,quando dizia: "Meu Reino no deste Mundo".

    Um mundo guiado, politicamente, por um conjunto de sbios e poderosos Mestres,preparados atravs de uma longa evoluo para seu papel de condutores e de pais da massa. Umpas em que seu povo, dotado do sexto e do stimo sentidos, jamais poderia enganar-se nemocultar seu pensamento e portanto, na necessidade - feita j faculdade consciente e nata - de fazero bem e no cair em nenhum erro suscetvel de prejudicar... Um lugar onde no falta nada aningum para ser feliz, em que tudo se produz para a satisfao de todos, atravs de sistemas emque cada qual desempenha sua misso com o mais completo conhecimento e dentro do maisdepurado conceito da mtua ajuda e da recproca correspondncia. Essa imagem paradisaca dasrealizaes mais avanadas e mais nobres em todos os campos da vida... E, ao mesmo tempo, o

    domnio sbio e absoluto das foras naturais e de toda natureza desse mundo, para umaproveitamento integral em benefcio coletivo de seus habitantes... que diferente de nossamesquinha Terra ! Governada, em muitos casos, por tiranos executores de interesses particularese escusos; por avarentos comerciantes, vidos por encher suas arcas custa do sofrimento, daexplorao e do engano de outros; por falsos apstolos ambiciosos, hipcritas e muitas vezescruis; por ignorantes cheios de vaidade por um leve verniz de conhecimentos infantis, que, comalardes de orgulho e vaidade, pavoneiam-se como os nicos definidores da Verdade e da Vida...

    Comparava, a cada instante, os alcances de nossa cincia e de nossa tcnica, que apesarde progressos to notveis deste ltimo sculo, distam tanto do demonstrado por essas mquinasdominadoras do espao e de todas as limitaes da energia e da matria conhecidas por ns...Contemplava o panorama deste mundo, habitado em sua maior parte por seres na mais triste

    condio de vida, material e moral, explorados iniquamente, muitas vezes, para acumularriquezas em benefcio de pequenos grupos de polvos humanos... e povoado igualmente, por umaheterognea multido em que os baixos instintos, desbocando continuamente improprios,levam-nos a cometer as aes mais abjetas, os mais vis enganos, as piores traies, os abusos

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    mais cruis e os mais abominveis crimes...Em tal estado de nimo, vi chegar, com a nsia e a sede que teria o perdido num deserto,

    o momento em que Pepe ia comunicar-se com GANIMEDES. Cinco dias antes de sua partida,nos encerramos em sua casa pela tarde. Sentou-se junto a mim. Pegou o aparelhinho que mehavia mostrado na vez anterior; acionou uma chavezinha, e esperamos em profundo silncio. Omecanismo comeou a emitir um ligeirssimo zumbido, e na tela do transmissor, parecida comuma de nossas lentes fotogrficas, apareceu um ponto luminoso que foi aumentando, segundo a

    segundo, at encher todo o espao. Ento, Pepe colocou seus dedos sobre um botozinho, evimos formar-se uma imagem, a princpio turva, depois cada vez mais ntida: era o panorama deuma regio que podia ser algum lugar da Terra. A imagem aproximava-se, e pude percebervegetao, que uma vez prxima, era diferente de tudo quanto eu conhecia. Ao mesmo tempoescutava algo assim como uma msica suave, harmoniosa, de efeito balsmico. A projeo eracomo se estivssemos voando sobre aquela paragem e vimos que nos aproximvamos de umestranho edifcio, semi-esfrico de um brilho inusitado. A viso passou atravs dos muros eencontramo-nos em um recinto rodeados por numerosos tabuleiros de controle e telasresplandecentes, com diversas imagens em movimento. No centro, diante de uma rara mesa demetal com numerosos botes e chaves, estava um homem de cabea ligeiramente grande. Seurosto ocupou toda nossa lente at que s vimos seus olhos. Olhos raros, profundos e com intenso

    brilho. Vi que meu amigo concentrava fixamente sua vista naqueles olhos, e ao cabo de algunssegundos falou-me, sem afastar o olhar do aparelho:

    Disse-me que te sade e que trates de concentrar tua ateno em seus olhos.Esforcei-me em faz-lo. Aquelas pupilas pareciam emitir ondas que penetravam em meu

    crebro. Nesse momento pensava se, algum dia, poderia chegar a conhecer to maravilhosomundo, e senti clara, positivamente, em meu interior, como uma voz que respondia:

    Deixa-te guiar por teu amigo. Ele te ensinar o necessrio, e quando tu e os teusestiverem preparados, podero vir.

    Olhei Pepe que sorria. Fez-me sinal que me afastasse e voltou a concentrar-se em suasilenciosa conversao. Passaram alguns minutos. Pepe colocou-se ligeiramente atrs, e aqueles

    olhos voltaram a fixar-se nos meus: "Tem f, e at breve"

    pude captar nitidamente que mediziam. Meu amigo retirou a mo do aparelho. Apagou-se a imagem da tela e entre os doisdesligamos a chavezinha.

    O que me dizes agora? perguntou-me.J no necessitava responder. Prometeu ensinar-me como e porqu funcionava o

    aparelhinho, recomendando-me no mostr-lo a ningum, a no ser minha mulher, quando elej houvesse ido, e comunicou-me que tudo estava pronto para a sua viagem.

    Perguntei se na noite de minha partida podes vir com tua famlia e se me autorizas afazer para que creiam, e que possas ajud-los na difcil tarefa de conseguir que te acompanhem,quando chegue o momento propcio de afast-los deste mundo. Pedi com insistncia, porque oamor que tenho por eles impele-me a salv-los dos terrveis tempos que se avizinham. Suas

    almas chegaram a nvel de moral que permita adapt-las a essa mudana de mundo. Pormrequerem a preparao cientfica e os conhecimentos tcnicos indispensveis a to formidvelsalto. Isso vamos fazer se vocs cooperarem. Em tal caso, nossa separao ser por curto tempo.Mas no deves esquecer que esse aparelhinho que te deixarei, s tu usars e ningum mais... Docontrrio, interromper-se-a toda nossa comunicao.

    Quando tenham aprendido o suficiente para ter uma base elementar de conhecimentos,especialmente metafsicos, que lhes permita conseguir uma marcada transformao de suaconstituio molecular, a fim de alcanar uma elevao de suas freqncias vibratrias em todo oorganismo, poderemos lev-los, e gozaro desse reino bendito, no qual sero educados e tratadosadequadamente para estarem em condies de repovoar a Terra, com muitos outros, nos comeosda Nova Era...

    tut

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    Na noite de sua partida, Pepe convidou-nos a cear em sua casa. No me havia atrevido arevelar nada minha mulher nem a meus filhos. Preferi esperar que os fatos consumados meevitassem luta e discusses para convenc-los de que no estava louco. Somente dissemos queviajaria essa noite e eles concluram que seria de avio.

    O jantar transcorreu animado e tivemos o cuidado de oferecer alguns coquetis minhaesposa e calmantes para os nervos de meus filhos.

    As crianas perguntavam insistentemente pelo pas onde ia Pepe, a que horas sairiam para

    o aeroporto, e toda uma srie de perguntas comuns no caso de uma viagem normal.Falta pouco; esperem, que ainda temos tempo...Esse pas muito longe?Sim, muito longe...E, muito bonito?Belssimo! Tudo o que eu possa dizer seria pouco em comparao com a realidade.E, poderemos ir te visitar?Assim espero. Tudo o que vocs tm que fazer se portar bem. Obedecer e querer

    muito a seus pais, e aprender tudo o que o paizinho vai ensinar a partir de hoje...O tempo transcorria lentamente. A conversa girava em torno da suposta viagem ndia.

    Pepe e eu trocvamos olhares inteligentes, e segundo se aproximava a hora marcada, meunervosismo aumentava, apesar de que havia tomado, s escondidas, boas doses de calmante.

    Eram duas da madrugada quando, pelas janelas da sala de jantar, vimos que o jardim seiluminava com uma potente luz que vinha do alto. Todos, menos meu amigo, avanamos para as

    janelas.Que luz essa?perguntaram todos em coro.Eu olhei para Pepe, que, impassvel, permanecia em seu lugar.Tenham calma e no se assustem disse, marcando as palavras, nas quais, no

    obstante, percebia-se profunda emoo. Vm por mim...Como! Dessa forma?exclamou assombrada minha mulher.

    Sim; no temam nada nem se assustem com o que vo ver... So amigos, e chegou ahora de minha partida...Naquele instante saiu um grito da boca daqueles que desconheciam o segredo: Uma

    mquina enorme, em forma de gigantesca lentilha, descia suavemente sobre o jardim, projetandoum poderoso facho de luz celeste desde seu centro.

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    EU VISITEI GANIMEDES ...

    SEGUNDA PARTE

    O QUE NOSSO AMIGO NARROU

    No sou cientista especializado nos temas que se abordam nestas pginas. No pretendo

    assumir pose de astrnomo, de fsico, nem de profeta. Limito-me, somente, a transcrever osapontamentos que tomei com Pepe em nossas longas conversaes, naqueles dias inesquecveisque precederam a sua extraordinria partida deste mundo.

    No desejo publicidade pessoal, nem me converter em vedete da Imprensa... Muito pelocontrrio: desejo achar a paz e o silncio que requerem as instrues recebidas de meu amigo

    para o rpido desenvolvimento individual, meu e dos meus...Porm, devo cumprir a promessa empenhada. Anunciar o que se aproxima e procurar que

    a Luz se faa na mente daqueles que j esto preparados para receb-la, nestes momentos tocrticos para toda a nossa humanidade...Yosip Ibrahim

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    CAPTULO IV

    QUEM SO OS HOMENS DE GANIMEDES

    Faz muitos sculos, muitos milhares de anos, em nosso sistema solar existia outroplaneta que girava em torno do sol entre as rbitas que seguem Marte e Jpiter. Hoje em dia, esseespao est ocupado pelo Cinturo de Asterides, como se conhece entre os astrnomos a larga

    esteira de meteoros e meteoritos que se encontra naquela zona, girando constantemente namesma rbita.Nossos homens de cincia conhecem bem sua existncia, e sabem que est formada por

    corpos siderais de todo tamanho, desde simples p csmico at massas como a do asterideCeres, cujo dimetro alcana 780 quilmetros. Se tivermos em conta que o mencionadocinturo chega a estender-se, na mltipla soma das rbitas de todos seus incontveis

    planetides, at a respeitvel cifra de cerca de 250 milhes de quilmetros de largura, podemosimaginar a magnitude de corpos, ou massas dispersas que o formam. J os astrnomos supemque podem ser os restos daquele planeta desaparecido... e aqui comea, em verdade, o relato queme fizeram de to maravilhosa histria.

    Faz milhares, muitos milhares de anos, repito, aquele planeta, ao qual chamaremos

    Planeta Amarelo pela classe de luz que desprendia, era o lar de uma raa muito antiga, que emsua grande evoluo de milnios havia alcanado nveis de cultura semelhantes, ou talvezsuperiores aos que estamos chegando os homens na Terra. Nesses remotos tempos, nosso planetaainda no era habitado por seres humanos, Por outro lado, os homens do Planeta Amarelovoavam j pelo espao... Sua cincia e sua tcnica permitiam, ento, iniciar as primeirasexpedies aos outros mundos de nosso sistema solar, e nessa forma, atravs de muitos sculos,foram conhecendo a existncia e as caractersticas prprias de todos e cada um dos diferentes

    planetas.Ao que hoje se propem os homens da Terra, eles haviam conhecido quando na Terra

    no havia homens... Em tais condies de adiantamento chegaram a visitar outros astros, comohoje o estamos fazendo com a Lua. E sua sabedoria permitiu descobrir a tempo os sintomas

    precursores da destruio de seu mundo. Quando o terrvel cataclismo csmico reduziu esse planeta aos restos que hoje formam o Cinturo de Asterides muitos deles j haviamconseguido estabelecer-se num dos satlites maiores dos doze que possui Jpiter, batizado pornosso sbio Galileu com o nome de GANIMEDES.

    E nesse novo mundo, nessa nova esfera, adaptada pouco a pouco seguiu progredindo e sedesenvolvendo a vida e a cultura daquela civilizao de super-homens. Porm nem todosvoaram para GANIMEDES. Parece que alguns, talvez os mais reacionrios a deixar seu mundoou talvez os derradeiros fugitivos do desastre, chegaram at a Terra... J comeava ento aflorescer a Humanidade nestes lares. Os homens baixados do cu foram recebidos como deuses

    pelas primitivas tribos dessas pocas, e sua presena explica o mistrio de tantos seres

    mitolgicos na multido de lendas aborgines nos mais remotos povos deste mundo.Porm no h somente lendas a respeito. Recentes descobrimentos arqueolgicos vmrespaldar essa afirmao. Um dos mais assombrosos , sem dvida, o realizado no Mxico peloarquelogo Alberto Ruiz Luillier, no ano de 1952, na Pirmide de Palenque, no Estado deChiapas, que mereceu ser divulgado amplamente em todo o mundo, pela imprensa, pelo rdio e

    pela televiso, comovendo profundamente todos os crculos cientficos especializados. o casoque muitos tm denominado Enigma do Homem da Mscara de Jade.

    Na mencionada Pirmide de Palenque, foi descoberto o sarcfago com os restosmumificados de um ser a quem os Maias haviam adorado como o deus Kulkulkan. Estavarodeado por todos os atributos da divindade no culto milenar dessa raa, tendo o rosto coberto

    por fina mscara de Jade e ouro. Porm o mais notvel do achado constitui a pedra sepulcral que

    tapava essa tumba: uma lpide monoltica de 3,80 metros de altura por 2,20 metros de largura,com espessura mdia de 25 centmetros e um peso de 6 toneladas, na qual se encontra esculpidanitidamente a figura de um homem sentado no interior de uma mquina que guardaextraordinria semelhana com as cpsulas espaciais empregadas, atualmente, por nossos

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    cosmonautas. A escultura maia mostra esse homem em atitude de manejar dito aparelho; temambas as mos nas alavancas de comando, claramente representadas e o p direito pisando num

    pedal. Leva na cabea um estranho capacete e um aparato aplicado ao mesmo maneira de tuboou mangueira altura do nariz. O desenho de todo o conjunto comprova a evidente inteno dereproduzir os complicados mecanismos de uma nave espacial, com surpreendente semelhanacom as que hoje usamos na Terra, pois se cuidou at do detalhe da expulso de gases ou fogo

    pela parte posterior do aparelho.

    Por todo o mundo tm circulado as fotografias e desenhos de to extraordinriodescobrimento. No ser demais dizer que tanto a mmia como o sarcfago e os objetosencontrados na tumba foram submetidos a todas as provas com que nossa cincia podedeterminar a autenticidade e a antiguidade dos mesmos e os resultados dessas provas, inclusiveas do Carbono 14 renderam um veredicto irrefutvel e desconcertante: o Homem da Mscara deJade e a pedra esculpida com to estranhas figuras datam de 10.000 anos atrs...!

    Alm das investigaes realizadas depreendeu-se, tambm, que o personagem enterradosob aquela enigmtica lpide no era da raa Maia. A morfologia e a estatura da mmia eramnotavelmente distintas das dos Maias. O Deus Kulkulkan como o denominavam teve umaaltura de 1,72 metros aproximadamente, e caracteres raciais marcadamente distintos dos antigos

    povoadores do que, depois, foi Mxico e Amrica Central.

    Porm no o da Pirmide de Palenque o nico caso que nos prova a visita Terra, desdemilnios, de seres de uma raa e com uma civilizao muito superiores. Durante sculos, nossahumanidade acreditou ser a nica habitante do universo. As distncias e os primitivos meios decomunicao de nosso planeta em tempos remotos favoreceram a ignorncia de muitos ncleose o lento desenvolvimento dos povos, at hoje; originaram conceitos errneos e o esquecimentode milhes de seres humanos de outras civilizaes em diferentes mundos distribudos noCosmos.

    No obstante, em distintas pocas e em vrios lugares tm ficado as marcas irrefutveisdessas visitas de seres e mquinas extraterrestres. Os arquelogos e os eruditos na matria

    possuem, j, um copioso arquivo de dados a respeito. Muitos renderam-se evidncia de provasirrefutveis, como a do Homem da Mscara de Jade. Outros, ainda duvidam... Porm, como

    podero explicar fatos e conhecimentos de povos remotos cujas provas se tm mantido atravsdo tempo?

    Outro dos casos maravilhosos nos princpios da civilizao terrena, o da famosaPirmide de Keops, no antigo Egito. Tem sido estudada por legies de sbios, no curso de vriossculos. O resultado de todos esses estudos leva concluso de que teve que ser dirigida, emsua construo, por homens que possuam uma cincia que, em matria de matemticas,astronomia e metafsica, em engenharia e arquitetura, ainda igualam ou superam as atuais. Osclculos astronmicos evidenciados na pirmide egpcia demonstram que, faz 6.000 anos, noEgito havia sbios conhecedores do segredo de nosso sistema solar, das constelaes que nosrodeiam, das estreitas relaes entre os demais astros e a Terra, das foras naturais e das leis

    csmicas, at o grau de permitir-lhes predizer o futuro de nossa humanidade e de sua civilizao,em todo um ciclo de 6.000 anos, sem equivocar-se...!Os velhos papiros egpcios contm abundantes aluses a respeito e um papiro da poca

    do fara Tutmosis III, escrito 1.500 anos antes do nascimento de Cristo, relata os detalhes davisita de um Disco Voador e descreve o aparelho nos pitorescos termos que o assombradoautor pde expressar.

    As mitologias da Sria, Babilnia, Prsia, ndia e Tibet, alm dos Maias e dos Egpciosabundam em referncias deste tipo. Todas elas coincidem em mencionar as visitas de deusesque baixam das estrelas, em carros ou naves de fogo, que instruem os humanos e depoisregressam ao cu, rodeados por grande resplendores. Os antiqssimos livros da ndia,Samarangana Sutradara, Mahabarata e o Ramaiana, escritos faz milhares de anos, contm

    precisas descries de viagens realizadas por discos voadores, denominados em snscritovimanas, conduzindo deuses que baixaram Terra.E nas legendrias tradies do povo chins, tambm, encontramos a explicao de sua

    origem atribuda vinda de seres divinos, baixados do cu para ensinar aos homens. Recordemos

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    que os antigos imperadores da China foram chamados sempre Filhos do Cu... e, queexplicao teriam as pinturas encontradas pelo explorador Henri Lothe nas cavernas de Tassiliem pleno deserto do Saara? Este descobrimento teve lugar no ano de 1956 e aquelas figuras, querepresentam seres muito parecidos com os nossos astronautas tm, igualmente, uma antiguidadede mais de 10.000 anos...

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    CAPTULO V

    COMO SO AS MQUINAS DENOMINADAS OVNIS

    Nesses quinze dias em que estive todo o tempo com Pepe, preparando sua partidadefinitiva da Terra, narrou-me muitas coisas que, s vezes, no podia escrever, poisconversvamos constantemente, a toda hora, e muitas de suas explicaes tive que ret-las na

    memria, por terem sido detalhes que me dava em pblico no transitar dirio dos preparativosnecessrios para a sua partida.Isto esclarece que, em algumas passagens desta obra, podem deslizar, talvez, erros de

    conceitos ou de interpretao, devidos ao meu desconhecimento tcnico ou cientfico, relativos acertos temas tratados com maior autoridade por ele, mas que s pude reter mediante rpidos enem sempre detalhados apontamentos. Fao a ressalva porque desejo que minha verso consigaser sincera, ainda que em certos aspectos de ordem cientfica no chegue a interpretarcorretamente, em todas as suas partes, as surpreendentes explicaes do meu amigo.

    J manifestei na Primeira Parte a impresso que tive ao contemplar, junto com os meus, aenorme mquina que desceu no jardim da sua casa na noite em que Pepe abandonou, parasempre, este planeta...

    Era como uma gigantesca lentilha metlica, de mais ou menos 15 ou 20 metros dedimetro, com uma cpula central que poderia ter at 3 metros de altura, contados desde a basedo aparelho. Em todo o contorno exterior, o fio daquela lentilha, que rodeava a cpula se viauma fileira de buracos pequenos como tubos de escape. Em ambos os lados da mencionadacpula pude apreciar janelas estreitas e largas, algo assim como os pra-brisas de um automvel,sem conseguir ver o interior pela distncia de que nos encontrvamos quela noite, pois jexpliquei como foi nossa despedida: minha famlia e eu profundamente impressionados,

    permanecemos na porta da casa que d para o jardim, sem nos aproximarmos do disco,quando Pepe, depois de abraar-nos, ingressou na mquina. Para faz-lo, subiu por umaescadinha de metal pela qual havia descido da base de uma porta. No anteparo que se abrira nacpula frente a ns no centro das janelas j descritas esperavam-no duas pessoas de estaturacomo a nossa, vestindo escafandros no meu entender iguais ou semelhantes aos que usamnossos astronautas.

    Quando o OVNI elevou-se brotaram jatos incandescentes dos buracos que circundavamo exterior da lentilha e pareceu-me que o metal da estrutura do imenso prato, e no somentea cpula , trocava de cor com uma brilhante iridiscncia. Tambm me chamou a ateno quetoda a manobra efetuava-se sem maior rudo, pois s escutamos um leve zumbido, que se perdeurapidamente medida que a nave se afastava no espao.

    At aqui, o que eu vira. Pepe me havia explicado como foram as duas viagens, de ida evolta, a GANIMEDES, e sua passagem , as duas vezes, pela base espacial a que me referi naPrimeira Parte deste livro. Disse-me, ento, que havia viajado em dois modelos de astronaves

    diferentes, em tamanho e poder, ainda que similares em suas caractersticas essenciais: que daterra base espacial e vice-versa, empregaram um tipo menor com capacidade para seis pessoas;porm que da base at GANIMEDES usaram mquinas muito maiores e poderosas nas quaiscomodamente poderiam viajar mais de 20 tripulantes. As caractersticas principais dessas navesse diferenciam enormemente das que estamos empregando na Terra, tanto em estruturas quantoem energia, manobras e em velocidade.

    Os dois modelos descritos por meu amigo estavam formados, estruturalmente, por doiscorpos concntricos: a cabina de comando e a cmara de mquinas. A cabina de comando,colocada na cpula central, era algo assim como o crebro eletrnico de todo o conjunto, desdea qual os tripulantes podiam controlar e dirigir o funcionamento dos complicados mecanismos

    produtores de energia e impulsionadores da nave espacial, repartidos, por sua vez, em todo o

    espao interior do outro corpo, ou cmara de mquinas, enchendo a circunferncia de formalenticular que rodeia o corpo central.

    Os homens de GANIMEDES chegaram a produzir e a controlar, de maneira absoluta, a

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    energia atmica e a termonuclear. Possuem, tambm, o segredo de neutralizar vontade osefeitos daninhos das radiaes e sua converso automtica em novas formas de energia, queunidas ao aproveitamento de energia proveniente dos raios solares, dos raios csmicos e dasvibraes luminosas e sonoras, cujo domnio chega neles ao que na Terra nos pareceriamilagroso; assim como suas mquinas do espao tm podido alcanar metas que ainda nos faltamuito alcanar.

    Em primeiro lugar, contam com materiais completamente desconhecidos na Terra.

    Desenvolveram fuses de metais que resistem a todas as foras da natureza por mais poderosasque sejam e por adversas que sejam as circunstncias em que atuem. Tm, tambm, produtosmaleveis ou plsticos de propriedades to maravilhosas que nossos qumicos e fsicos atuaisresistiriam em aceitar. Isto foi evidenciado por Pepe ao comprovar as assombrosas velocidadesque essas mquinas podem alcanar. J disse na Primeira Parte do desconcertante assombro comque vi afastar-se nosso mundo em questo de minutos e como, ao calcular a possvel velocidadecom referncia ao vertiginoso afastamento de nosso planeta, esteve a ponto de sofrer umasncope ao se dar conta dos resultados do seu clculo. O trajeto desde a Terra at a baseconstruda por eles no espao, que, segundo informaram, dista de ns pouco mais de 10 milhesde quilmetros, tardou somente 1 hora e minutos...!

    Um simples clculo basta para chegar a uma cifra que, na atualidade, produz calafrios:

    3.000 quilmetros por segundo! Somente 100 vezes menos que a velocidade da luz! Quandotratamos disto, Pepe manifestou que sua primeira reao havia sido de incredulidade. Porm seusacompanhantes no OVNI, lendo seu pensamento, disseram-lhe que esperasse chegar aGANIMEDES, que comprovariam aquilo e muito mais.

    No necessito repetir o exposto na Primeira Parte a respeito da segunda etapa da viagem.A distncia de 760 milhes de quilmetros que nos separa de GANIMEDES foi coberta entre asduas etapas, num total de 3 dias e 4 horas, aproximadamente!... Isto corroborou de novo os

    primeiros clculos efetuados e a mdia de vo de 10 milhes e 800 mil quilmetros por hora...!Tudo isso resulta incrvel, e assim opinei ento. Porque, alm dos problemas diretamenterelacionados com a fora impulsora necessria para alcanar uma suposta velocidade desse tipohavia que levar em conta os diferentes problemas derivados da resistncia de materiais,gravitao, inrcia, problemas de ordem trmica, biolgica e funcional sobre os organismosvivos. Toda essa enormidade de barreiras que nossa cincia e nossa tcnica calculam hoje diantede possibilidades de tal envergadura. Porm ante todas as minhas objees, Pepe limitou-se adizer: Faz somente dois sculos, se houvssemos falado de televiso , de viagens lua, decontrole remoto, de mquinas no espao e dos adiantamentos da eletrnica e da energia nuclear,nossos antepassados nos tomariam por loucos...

    E depois explicou-me o que conseguira conhecer sobre essas prodigiosas naves espaciais.Advertiu-me, no obstante, que seus tripulantes no quiseram fornecer detalhes minuciosos arespeito dos mecanismos nem de certas particularidades sobre propulso, fontes de energia,aplicao de foras e converso ou neutralizao das mesmas e que o obtido era somente fruto de

    suas observaes pessoais, luz do apreendido por ele na Terra e da comparao de seusconhecimentos com os novos fenmenos comprovados na viagem.J se disse que as estruturas e todas as peas de que esto formadas essas mquinas so de

    materiais completamente desconhecidos na Terra. Portanto, suas resistncias e reaes s forase leis da natureza por ns conhecidas so diferentes. Parece que sua fora impulsora o resultadode um complexo sistema no qual intervm: energia termonuclear dominada e controlada emabsoluto, o desenvolvimento de poderosos campos magnticos e o auxlio e o aproveitamentosimultneo de novas fontes de energia csmica e luminosa at agora desconhecida por ns. Seum raio de luz viaja no espao a 300.000 quilmetros por segundo, e se as microscpicas

    partculas que formam os raios luminosos podem ser suscetveis de concentrar-se e de dirigir-secomo, por exemplo, nos laser, quem se atreveria a negar que, dentro de condies especiais,

    atravs de mecanismos ainda no imaginados por nossa humanidade, e no amplo campo dasondas eletromagnticas e dos raios csmicos, outra humanidade tenha conseguido encadear afora dessas partculas, obrigando-as a proporcionar uma parte de sua energia cintica em

    proveito de todo o conjunto...?

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    Das observaes efetuadas, pude deduzir que os dois corpos concntricos a que se fezmeno: a cpula central ou cabina de comandos, e a plataforma circular externa, ou cmara demquinas, no obstante estarem solidamente unidas, ficavam isoladas, automaticamente, pelainsero de materiais que, sem diminuir a solidez do conjunto, garantiam a independncia e asegurana da cabina interior, neutralizando foras e possveis radiaes. Ainda quando ostripulantes pudessem cometer algum erro ou descuido fortuito, o sistema de controle eletrnicodo aparelho os punha, constantemente, a salvo dos riscos prprios de to extraordinrias

    viagens. Tal sistema abarcava soluo total dos problemas que, para nossos fsicos, apresentamas viagens espaciais, e muitos outros ainda desconhecidos na Terra.Um dos mais srios obstculos que tm que vencer nossos conterrneos o conjunto de

    fenmenos derivados da Lei de Gravidade. Os astronautas de GANIMEDES riem disto: elesresolveram, faz muito tempo, todos os problemas relacionados com o que ns chamamosGravidade segundo a definio de Newton. Suas mquinas podem neutralizar, vontade, todaa forma de atrao de massas, liberando-se, assim, quando convm, da influncia de qualquercorpo celeste ou astro em tal sentido. Isto lhes permite realizar as manobras que tmdesconcertado a muitos tcnicos que, algumas vezes, chegaram a ver um OVNI. Explica porque

    podem elevar-se com toda a suavidade e lentido e afastar-se do solo a qualquer tipo develocidade. Sabemos que nossas naves espaciais devem iniciar seu vo com determinada

    velocidade, segundo seu tamanho e peso, para conseguir a fora de arranque ,ou seja, avelocidade inicial que, resistindo fora de gravidade, permita mquina afastar-se da Terra,sem o que no poderia continuar a trajetria e cairia de novo ao solo.

    Por outro lado, os OVNIS sobem e baixam com toda a suavidade, podem deter-se noespao a qualquer altura e permanecer imveis todo o tempo que seus tripulantes desejem erealizar todo o tipo de troca de ngulos, inverossmeis para nossos aviadores, sem que amquina ou seus ocupantes sofram qualquer dano. Poderosos campos magnticos e acombinao de foras a que j se aludiu anteriormente, conseguem isso, alm da qualidadeespecial dos materiais mencionados. Quanto ao organismo e funes biolgicas de seustripulantes, sucede o mesmo: nos momentos crticos de certas manobras, como subidas edescidas, ou nas trocas bruscas de velocidade, ou guinadas violentas, toda a estrutura e muito

    particularmente a cabina central so rodeadas por uma fora cuja magnitude est em relaodireta com as foras naturais que h de vencer, mantendo assim a nave dentro do que se poderiachamar um campo gravitacional prprio. Desta forma, ficam anuladas todas as reaes porgravidade ou inrcia, e so vencidos todos os efeitos desagradveis e perigosos provenientes dasmudanas de presso, desgravitao ou perda de peso no espao exterior e os conseqentesefeitos fisiolgicos e psquicos para seus ocupantes.

    Outro problema que at agora resultou em obstculo irremovvel para nossos sbios: oreaquecimento pelo atrito dos corpos, que pode ter resultados terrveis ao atravessar as zonas daatmosfera da Terra ou de outros astros, tem sido, tambm, resolvido por eles. Um sistemaautomtico protetor absorve a energia trmica medida que esta se vai gerando em toda a

    coberta exterior da astronave, transformando-a em refrigerao controlada e em fora propulsora; de tal maneira que a capacidade do vo permite alcanar velocidades muitosuperiores, dentro da atmosfera, a todo o calculado por nossos cientistas, ainda quando, emverdade, dentro dessas zonas no se chegue nunca aos limites assombrosos que acima se indicou.Recordemos que, na Primeira Parte, nosso amigo explicou como havia notado uma apreciveltroca de velocidade entre o tempo que permaneceram na atmosfera terrestre e quando alcanaramo espao interestelar.

    Outra das caractersticas espaciais observada por ele foi a referente ao sistema dedeteco distncia. Ns desenvolvemos o radar. O que eles possuem a respeito rene ascondies de servio, combinadas, do radar, da televiso e da telemetria telescpica. Umaexperincia interessante foi presenciada por Pepe quando atravessava a zona conhecida como

    Cinturo de Asterides, j mencionada anteriormente. Na respectiva tela da cabina de comandosapareceu de repente a imagem de um meteorito que se aproximava velozmente na mesmatrajetria seguida pela nave. Pelas janelas do aparelho no se distinguia nada. Os tripulanteschamaram-lhe a ateno e disseram-lhe, telepaticamente, que iam eliminar esse obstculo.

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    Nosso amigo seguia sem ver nada atravs da janela. Na tela de controle o asteride continuavaaproximando-se e era visvel em todos os seus detalhes. Um dos astronautas regulou umachavezinha e comprimiu um boto. Na tela viu-se explodir, em formidvel estalo, o meteoro e,ao mesmo tempo, nosso amigo pode ver pelas janelas na mesma direo em que viajavam,

    porm a uma distncia enorme, um claro fugaz que desapareceu... Ao olhar de novo,inquisitivamente a seus acompanhantes, a resposta foi: Raios csmicos... e de luz...

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    CAPTULO VI

    AS BASES NO ESPAO

    Dissemos, na Primeira Parte, que em ambas as viagens a ida e a volta deGANIMEDES fizeram escala numa base espacial. A primeira posio dessa base, a julgar

    pelos dados obtidos por meu amigo, encontravam-se a pouco mais de 10 milhes de quilmetros

    da terra; porm, na segunda visita, os clculos por ele efetuados, a partir do tempo queempregaram no regresso, chegaram quase ao dobro daquela distncia. Isto, e as observaesmais cuidadosas que pode efetuar nessa nova oportunidade, convenceram-no de que amencionada base no mantinha uma posio fixa, mas que variava de lugar.

    Ampliando suas observaes com os dados que pde obter dos prprios tripulantes dasastronaves, havia chegado concluso de que aquele artefato espacial no s trocava de

    posio, mas que, para isso possua os meios necessrios, a fora e as fontes de energiasuficientes para manter-se no espao indefinidamente, mudando de lugar vontade de seusocupantes, dentro de um plano estabelecido e coordenado com o funcionamento de outras basessimilares, distribudas em diferentes pontos de nosso sistema planetrio. No lhe disseramquantas eram essa bases; porm no negaram sua existncia. Ainda mais, informaram queobedeciam a um sistema e que integravam uma organizao de servios permanentes, que

    permitia aos habitantes do seu reino conhecer e manter informao constante a respeito dodesenvolvimento evolutivo de toda a famlia de astros integrantes do que ns chamamos nossosistema solar. Manifestaram tambm que todo o conjunto formado por essas bases, alm defacilitar-lhes sua comunicao com os diferentes mundos que o integram, eram estaes decontrole, de regulagem e de abastecimento que permitiam armazenar transitoriamentedeterminadas substncias, obtidas da natureza e alguns dos planetas desta famlia sideral.

    Tudo isso foi comprovado, mais tarde, por Pepe. Recordava, com efeito, que na viagemde ida, efetuada, como disse, numa mquina muito maior, viu introduzir bom nmero deembalagens, algo assim como cilindros de metal polido e parecido com o ao inoxidvel, num

    amplo compartimento, ou depsito de carga, sob a cabina central da nave. Disse j que entre asbases e o mundo ocupado por eles, se emprega tipos de astronaves muito maiores usadas para oque podamos chamar viagens curtas. Meu amigo viu mquinas com capacidade para conduzirmais de 40 ou 50 pessoas e alm disso aprecivel quantidade de carga em compartimentosespeciais. Em informaes posteriores a sua partida proporcionou-me maiores detalhes arespeito.

    As bases espaciais dessa raa de super-homens tinham dimenses suficientes para abrigartodo um completo conjunto de mquinas capazes de proporcionar formas de fora e energiarequeridas para manuteno permanente no espao de um grupo de pessoas que passava nelasdeterminados perodos de tempo. Geralmente eram turnos renovveis a cada perodo comparadocom nossos meses (porque as medidas de tempo em GANIMEDES so diferentes das nossas,

    como se explicar mais adiante). Durante esses turnos as distintas tripulaes desfrutam de todasas comodidades iguais s que tm em seus prprios lares, pois vivem em edifciosacondicionados como se explicou na Primeira Parte, nos que dentro de espaos, em verdade maisreduzidos, possuem todo o conforto necessrio para no tornar tediosa a misso em tais lugares.

    Quase todo o trabalho realizado em recintos fechados. Somente quando se trata deefetuar ou receber viagens, utilizam seus escafandros para atuar no exterior. E o labordesenvolvido por eles, em sua maior parte, de controle e superviso de equipamentos emaquinarias. Tudo funciona automaticamente, e as foras empregadas em todo o complexoconjunto daqueles mecanismos, provm de fontes de energia termonuclear combinadas comoutras, como j disse, nas quais intervm o domnio e aproveitamento dos raios gama, csmicos,ftons ou corpsculos de luz, ons, vibraes sonoras e radiaes de vrios tipos e todo um

    sistema muito mais avanado que o nosso para o aproveitamento integral de prtons, neutrons eeltrons, alm de novos corpsculos atmicos desconhecidos por ns...

    Pepe advertiu-me que muitos desses aspectos cientficos no pde conhec-los em

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    detalhe, porque nessa primeira etapa de contato com a civilizao de GANIMEDES no lhederam seno informaes muito simples. Compreendia que desejavam manter reservado muitosdos segredos de suas conquistas e de seu adiantamento, at que ele se estabelecesse,definitivamente, entre eles; porm haviam prometido ensinar-lhe tudo, uma vez que estivesseformando parte de seu mundo...

    No obstante, com o observado nesse perodo, h abundante material de estudo e decomparao para os sbios de nossa Terra.

    Por exemplo, j se afirmou que, no referente s energias de tipo atmico e termonuclear,fisso ou fuso dos tomos, tm alcanado nvel to superiores aos nossos que as forasemanadas de ambas as fontes so utilizadas ampla e permanentemente em todas as atividades davida diria desse mundo, e em todos os centros pertencentes a essa raa, como em suasastronaves e bases espaciais. Conseguiram dominar e controlar vontade tudo quanto serelacione com essas foras, tanto em seus aspectos positivos quanto negativos. Os problemas desua produo, controle e aproveitamento foram resolvidos desde os primrdios a que se referemas mais antigas aluses que a histria de nossa humanidade conserva sobre eles. No correr dossculos, aperfeioaram mtodos e sistemas que lhes permitiu encadear sob suas mos aquelafonte universal de energia, convertendo a gigantesca fora das estrelas num dcil e obedienteescravo de sua civilizao, como se quisessem imitar, na realidade, o fantstico e simblico

    conto das Mil e Uma Noites que nos fala do gnio encerrado na lmpada de Aladim...Afirmamos que a radioatividade tem sido controlada e aproveitada por eles em variadas

    formas. Possuem um material, metal, liga, ou l o que seja, que no s impede passagens dasradiaes, mas que as anula por completo. Delgadas lminas de dito material bastam paraneutraliz-las, de tal sorte esto protegidos todos os ncleos produtores de fora e todos osartefatos, mecanismos ou ambiente que seja necessrio isolar. Alm disso, o mencionadomaterial relativamente leve e muito verstil. Abunda em todas as instalaes e ainda nosacessrios ou implementos de trabalho exterior, entra na confeco dos sistemas protetores,quando estes, de alguma forma, possam estar expostos a receber mnimas propores radioativas.

    Se a tudo isso acrescentarmos que nos milhares de anos durante os quais aproveitamessas foras chegaram a descobrir meios e mtodos ainda no imaginados na Terra, noestranharamos saber que tambm obtm os mesmos resultados e melhores, em toda a linha de

    produo, com matria-prima diferente. Eles j no necessitam dos primitivos sistemas base deurnio ou de plutnio. Utilizam vrios elementos muito mais correntes e to abundantes nasuperfcie da maioria dos astros que nos rodeiam, que se pode dizer que so inesgotveis e

    baratssimos. Talvez os carregamentos como os que vira Pepe transportados na astronave que oconduziu a GANIMEDES tenham algo a ver com isso... E se tomarmos em conta, igualmente,que chegaram a dominar todas as limitaes trmicas e a reduzir ao mnimo os espaosrequeridos para a produo e transformao desses tipos de energia, poderemos compreendermelhor os prodigiosos coeficientes alcanados por suas naves interplanetrias e suas basesespaciais. Recordemos, quando crianas, o grande adiantamento que entre ns representou, em

    eletrnica, o descobrimento e a utilizao dos transstores, em substituio s antigas e lentasvlvulas.Outro detalhe que chamou fortemente a ateno de Pepe, na base, nos veculos e, depois,

    na cidade que conhecera, foi o do sistema de iluminao. Como referimos na Primeira Partesurpreendeu-se ao no descobrir, em lugar algum, interior ou exterior, nada que pudesse parecer-se a determinada forma de iluminao, como ns o entendemos ou utilizamos. Quando seaproximava, na viagem de ida, da estao espacial, de longe havia tido a impresso de ver umaestrutura metlica esferoidal brilhando fortemente em meio da treva sideral. No obstante,quando chegaram, pde comprovar que se tratava de uma gigantesca plataforma, de vrios pisos,na qual estavam distribudos, equilibradamente, os diversos compartimentos a que antes nosreferimos. O que dava a sensao de esfera eram os arcos levemente vibrteis, de material ou

    substncia que no pde precisar, aparentemente no slidos; mas que limitavam em todo ocontorno da base, ou melhor dito, em todo o seu permetro, uma zona de luz azulada, suave retina, porm suficientemente intensa como para manter perfeitamente iluminados os maisafastados lugares de to gigantesco artefato espacial. E a mesma luz estava presente em todos os

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    recintos interiores.Quando inquiriu a respeito, a informao que lhe deram foi parca e condicionada a um

    posterior ensinamento em sua futura permanncia no Reino. No obstante, pde compreendero seguinte: o espao interplanetrio no est, absolutamente, vazio, o nada no existe noUniverso. Ainda os limitados espaos que separam as constelaes, as galxias, as nebulosas;todos esses bilhes de quilmetros que medeiam entre umas e outras, aparentemente vazios,contm, alm do p csmico imperceptvel, alm dos distintos raios invisveis que partem dos

    incontveis mundos que os povoam, em meio de todo esse pramo solitrio de distnciasastronmicas, uma substncia to sutil, to impondervel, que no pde sequer ser calculada pornossos astrnomos: chamemo-la substncia matriz universal ou matria originria. Se talsubstncia tambm, suscetvel de estar formada por partculas to infinitamentemicroscpicas que no possam ser evidenciadas por nenhum instrumento, porm que, noobstante, sirvam de meio comunicante para todas as formas ondulatrias ou vibrteis da Vida ouda Energia, o fenmeno de um tipo de iluminao como o que nos ocupa, s se reduz aencontrar os elementos e os meios para poder ionizar com energia fotnica as mencionadas

    partculas...Antes de terminar esta resenha sobre a rede de bases mantidas no espao por essa raa de

    super-homens, convm referir a outro aspecto interessante: o mtodo de construo e transporte

    das mesmas. Na Terra se estuda, j, a possibilidade de estabelecer estaes ou bases espaciais.Todavia no se calcula que possam ser to grandes como para servir de assento a uma tripulao

    permanente e numerosa, e para assegurar perfeitas condies de servio auto-abastecido emlongos perodos de tempo, com garantia de permanncia indefinida e potencialidade suficiente

    para percorrer todos os espaos interplanetrios vontade de seus tripulantes. No creio que sehaja imaginado ainda planos de tal magnitude. A julgar pelos ensaios e estudos atuais, essas

    possveis bases seriam reduzidas aos alcances de nossa tcnica espacial atual, e dentro dessessistemas conhecidos de propulso e mantimento similares aos empregados nas viagens lunares.Ademais, teriam que ser construdas no espao mediante o acoplamento de estruturas parciais,conduzidas pelos mesmos meios de que hoje nos valemos para enviar lua os mdulos eequipamentos transportados, que no podem ultrapassar determinados limites em tamanho e

    peso, porque seguimos sendo freados pelos problemas antes enunciados.Por outro lado, os de GANIMEDES podem construir