Vital Lopes Cordeiro - Monografia Curso IP 2a Ed

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    CMARA DOS DEPUTADOSDIRETORIA DE RECURSOSHUMANOS

    CENTRO DE FORMAO, TREINAMENTO E APERFEIOAMENTOPROGRAMA DE PS-GRADUAO

    VITAL LOPES CORDEIRO

    A INFLUNCIA POLTICA DA MAONARIA

    NO PERODO DA PR-INDEPENDNCIA DO BRASIL

    Braslia-DF2008

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    CENTRO DE FORMAO, TREINAMENTO E APERFEIOAMENTO

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    CMARA DOS DEPUTADOSDIRETORIA DE RECURSOSHUMANOS

    CENTRO DE FORMAO, TREINAMENTO E APERFEIOAMENTO

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO

    VITAL LOPES CORDEIRO

    A INFLUNCIA POLTICA DA MAONARIANO PERODO DA PR-INDEPENDNCIA DO BRASIL

    Monografia apresentada ao Programa de Ps-Graduao do Centro de Formao,Treinamento e Aperfeioamento da Cmarados Deputados CEFOR, como parte dasexigncias do curso de Especializao em

    Instituies e Processos Polticos doLegislativo.

    Orientador: Casimiro Pedro da Silva Neto

    Braslia-DF2008

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    Autorizo a divulgao do texto completo no stio da Cmara dos Deputados e areproduototal ou parcial, exclusivamente, para fins acadmicos e cientficos.

    Assinatura: ____________________________

    Data____/____/____

    Cordeiro, Vital Lopes.A influncia poltica da maonaria no perodo da pr-independncia do Brasil

    [manuscrito] / Vital Lopes Cordeiro. -- 2008.79 f.

    Orientador: Casimiro Pedro da Silva Neto.Impresso por computador.Monografia (especializao) -- Centro de Formao, Treinamento e

    Aperfeioamento (Cefor), da Cmara dos Deputados, Curso de Especializao emInstituies e Processos Polticos do Legislativo, 2008.

    1. Maonaria. 2. Independncia do Brasil (1822). I. Ttulo.

    CDU 061.236

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    FOLHA DE APROVAO

    Monografia:

    A INFLUNCIA POLTICA DA MAONARIA

    NO PERODO DA PR-INDEPENDNCIA DO BRASIL

    Monografia apresentada ao Programa de Ps-Graduao do Centro de Formao,Treinamento e Aperfeioamento da Cmara dos Deputados CEFOR, como parte dasexigncias do curso de Especializao em Instituies e Processos Polticos do Legislativo.

    1. Semestre / 2008

    BANCA EXAMINADORA

    ______________________________________________________Orientador: Prof. Casimiro Pedro da Silva Neto

    _______________________________________________________Examinador: Prof. Antnio Teixeira de Barros

    Braslia, 11 de fevereiro de 2008.

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    A chave do futuro , pois, a liberdade, princpiomaravilhoso que senhoreia as tendncias do nossoesprito, que esclarece os instintos do nossocorao, fecunda o nosso trabalho, depura asnossaspaixes, ilustra asnossas crenas, alimentaos nossos esforos, que confraterniza todos oshomens pelo amor, pela dedicao, pelo sacrifcio,que engrandece as naes, pela atividade, pelapaz, pela justia e pela instruo. O princpio dofuturo a democracia.

    Rui Barbosa

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    Dedico

    minha me(inmemorian). mpar exemplo.Essncia deminha existncia.

    minha mulher, Aurenir,pelo sono perdidona penumbra do quarto, enquantoo orvalho da manh sedissipava anteo claro

    do rei maior, o sol, queanunciava mais umdia.

    Aosmeus queridosfilhos, CristieeAlexandre,

    depersonalidades fortes, diferentes, pormmeigos, carinhososeamveis.

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    Agradecimentos

    Agradecimento especial aomeugrandeMestre, amigoeorientador Casimiro PedrodaSilvaNeto,pela sua disposioemajudar na escolhadealgumasfontes deleitura, conversar ecorrigir cada texto

    escritoeredigido, tambmpela sua condiointelectual efirmezanasobservaes pertinentes aocensurar meuserrosesugerir caminhosdepesquisa. Sua orientao foi preponderanteemmomento

    vivido. Sua amizadefoi essencial emarcantedurantea orientao o quemefezficar mais confianteemmimmesmo. Obrigado, Mestre!

    Noseria vivel a realizao destetrabalhosemrecorrer competenteeexpressivaorientaometodolgica do professor Antnio Teixeira deBarros. Pois, comele, foi possvel perceber o real objetivo

    da disciplina Pesquisa Cientfica, esclarecendo assim, a idia principal do tema escolhido, paraaelaborao do projeto, bemcomo definir ospontosessenciais na buscadesoluopararesponder asquestesapresentadas.

    colega Ftima Paes Loureiro, pelo incentivo ecorreo ortogrfica destetrabalho. prezada ChefedeGabineteda Lideranado Partido SocialistaBrasileiro, Magda Suely Rosa

    Oyo Valentin, pelo incentivo minha inscrio no Curso deEspecializao eliberao paraassistir saulas duranteo horrio detrabalho.

    Ao Prezadssimo amigo demuitosanoseChefedeSecretaria da Lideranado Partido SocialistaBrasileiro, lvaro Cabral, pelo apoio eincentivo, comas minhasdesculpasnosmomentos deausncia

    para estudos, bemcomo pela confiana eamizadedispensada.AoDeputado Federal amigoeirmoGonzaga Patriota, pela fraternal amizadeeapoio

    dispensadosa mimdurantetodo o tempoqueconvivemosemseu gabinete, bemcomo a todososdemais

    colegasdegabinete, pela preocupao, incentivo eaceitao decadacircunstncia queseapresentavaduranteo incio demeu curso. Umfraternal abrao a todos. Administrao da CmaradosDeputados, por ter proporcionado a mimea todososmeus

    colegasdesala, condiesfuncionais quepermitirama nossa participao no Curso dePs-GraduaoEspecializaoemInstituies eProcessosPolticos do Legislativo.

    Aosmeus novosamigosecolegasdetrabalhoedesala deaula quetiverammuita pacincia emmeouvir sobreassuntos queeramimportantespara mimepor ter compartilhadodeseussonhosedesafios

    forammuitoseemocionantes. Agradeo comsincera emoo egostosa saudadepela solidariedade,carinho, amizadeealegria constante. Foramdezoitomeses muitoprodutivos, decrescimento intelectual e

    aprendizagemrecproca.Commuita emoo eresponsabilidadeagradeo entusiasmado esensibilizadoa oportunidadede

    ter sidoescolhidocomo RepresentantedeTurma peranteo Centro deFormao, Treinamento eAperfeioamento Cefor, daCmara dosDeputados. Agradeotambm, pela oportunidadedeter sido

    eleitopara representar osnobres colegasjuntoaoColegiado da CmaradosDeputados. Foi muitogratificanteehonroso.

    AosIrmosHenrique(chefeda biblioteca) do GrandeOrientedo Brasil eSrgio DominguezRozas, peloapoio nabusca defontes depesquisa.

    Emespecial, aosmestres CarlosRicardo Caichiolo, RicardoJ osPereira Rodrigues, AntnioTeixeiradeBarros, CasimiroPedroda Silva Neto, Amandino TeixeiraNunesJ unior, Erivan da Silva

    Raposo, J lio RobertodeSouza Pinto, Newton TavaresFilho, Yara LopesDepieri (Diretorado Centro deFormao, Treinamento eAperfeioamento), eaos servidores RicardoDiaseRicardoSenna, pela

    dedicaopessoal naelaboraodoscontedos disciplinares, pelasaulasepelashorasdispensadasaonosso aprendizadoeainda pela metodologia aplicada eacompanhamento pedaggico. Nolia, pela

    simpatia epresteza. Sinceros agradecimentospela amizadeconstruda.Enfim, a todos quedealguma maneira facilitaramnossostrabalhoseestudos, abraofraterno

    comespecial sentimento depaz, amor, fraternidade, sadeeprosperidade.

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    RESUMO

    Esta pesquisa tem por objetivo analisar a influncia poltica da Maonaria no perodo da Pr-Independncia do Brasil. Para tanto, utilizou-se de reviso bibliogrfica acerca do tema

    proposto, lanando mo da contribuio de vrios autores que tratam do tema, bem como dabiografia dos principais nomes manicos do perodo, e ainda, breve histrico dos principaismeios de comunicao utilizados para propagar os ideais manicos, que por sua vezfundavam-se nos ideais liberais liberdade, igualdade e fraternidade. A maonaria no BrasilImprio era tratada de forma oculta, secreta, organizando-se em associaes comerciais que,no fundo, serviam de fachada para as atividades manicas. Notou-se que os ideaisrevolucionrios da Frana no final do sculo XVIII atuaram de forma decisiva no processo daIndependncia do Brasil, porm, estes ideais foram postos em prtica no Brasil Imprio porintermdio dos maons, que por sua vez eram compostos da incipiente elite agrria brasileira

    que tinha condies de estudar no exterior, sobretudo na Frana. Outro ponto que chama aateno no decorrer do estudo o fato de que a maonaria esteve presente em vriosprocessos revolucionrios em prol da independncia das colnias europias na Amrica. Amaonaria portuguesa e a brasileira, sobretudo, teve papel decisivo no processo deindependncia do Brasil. Tem-se como resultados que a maonaria teve forte influncia sobreo processo que antecedeu a Independncia do Brasil, que se concretizou com o famoso Gritodo Ipiranga proferido por Dom Pedro s margens do Ipiranga, seja pelos ideais defendidos,social e politicamente, bem como por suas bases econmicas, no perodo, dominantes.

    Palavras-chave: Maonaria, Independncia do Brasil, Grito do Ipiranga, Dom Pedro.

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    ABSTRACT

    This research has for objective to analyze the influence politics of the Masonry in the periodof daily pay independence of Brazil. For in such a way, it was used of bibliographicalrevision concerning the considered subject, launching hand of the contribution of someauthors who deal with the subject, as well asof thebiography of the main masonry names ofthe period, and still, soon historical of the main medias used to propagate the ideals of themasonry, that in turn established in the liberal ideals - freedom, equalityand fraternity. Themasonry in Brazil Empire was treated to occult, private form, organizing itself in tradeassociations that, in thedeep one, served of faade for the masonics activities. It noticed thatideals revolutionary of France in end of century XVIII had acted of formdecisive in processof Independenceof Brazil, however, this ideals had been ranks in practical in Brazil Empire

    for intermediary of maons, that in turn they were composites of the incipient Brazilianagrarian elite who had conditions to study in the exterior, over all in France. Another pointthat calls the attention in elapsing of the study is the fact of that the masonry was present insome revolutionary processes in favor of the independence of the colonies of the Europe inAmerica. The Portuguese masonry and the Brazilian, over all, had decisive paper in theprocess of independenceof Brazil. As it hasbeen resulted thatthemasonry hadfort influenceontheprocess that it preceded of Independenceof Brazil, thatif materializewith thefamousShout of Ipiranga pronounced for Dom Peter to the edges of the Ipiranga, either for thedefended ideals, social and politically, as well as for its economic bases, in the period,dominant.

    Key-words: Masonry, Independenceof Brazil, Shout, DomPedro.

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    LISTA DE IMAGENS

    IMAGEM 1 Templo Manico (Interior da Grande Loja Manica do D. Federal) ....... 73

    IMAGEM 2 Templo Manico (Interior da Grande Loja Manica de Londres) ........... 73

    IMAGEM 3 Manuel deArruda Cmara ........................................................................ 74

    IMAGEM 4 Hiplito J osda Costa ................................................................................. 74

    IMAGEM 5 - J osClementePereira ................................................................................. 75

    IMAGEM 5.1 J osClementePereira ............................................................................... 75

    IMAGEM 6 - J osBonifcio deAndrada eSilva .............................................................. 76

    IMAGEM 7 J oaquim Gonalves Ledo ............................................................................ 77

    IMAGEM 8 D. Leopoldina ............................................................................................... 77

    IMAGEM 9 J ornal Revrbero Constitucional Fluminense(Capa Fac-Simile) .......... 78

    IMAGEM 10 DomPedro I............................................................................................... 79

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    SUMRIO

    INTRODUO ................................................................................................................ 11

    1CONTEXTO HISTRICO ...................................................................................... 161.1O queMaonaria? ...................................................................................................... 171.2Origem............................................................................................................................ 181.3A Participao na Europa ena Amrica ................................................................ 192A MAONARIA NO BRASIL ................................................................................ 222.1As Primeiras Reunies................................................................................................ 232.2As Adversidades deI nstalao no Pas................................................................... 242.3O Fechamento das Lojas ............................................................................................ 272.4As Divergncias Ideolgicas ePolticas ............................................................. 28

    2.5A Influncia deMaonsnaIndependncia ................................................................... 322.5.1Manuel deArruda Cmara ................................................................................ 332.5.2DomingosJ osMartins....................................................................................... 342.5.3Hiplito J osda Costa....................................................................................... 342.5.4J osClementePereira ........................................................................................ 362.5.5J osBonifcio deAndrada eSilva ..................................................................... 372.5.6J osIncio Ribeiro deAbreueLima (PadreRoma) ......................................... 382.5.7J oaquimGonalves Ledo ................................................................................... 382.6A Imprensa eos Principais J ornais ................................................................... 40

    2.6.1 O Revrbero Constitucional Fluminense........................................................... 412.6.2O Macaco Brasileiro .......................................................................................... 432.6.3A Malagueta ....................................................................................................... 432.6.4Regulador Baslico-Luso .................................................................................... 443PRINCI PAIS MOMENTOS Pr-Independncia ................................... 453.1A RevoluoPernambucana .............................................................................. 463.2 O Fico................................................................................................................... 503.3 O Manifesto deDomPedro ............................................................................... 523.4 D. Pedro ea Maonaria ..................................................................................... 52

    4 CONSIDERAES FINAIS ...................................................................... 55REFERNCIAS BIBL IOGRFICAS .......................................................... 57ANEXO A ........................................................................................................ 60ANEXO B ........................................................................................................ 61ANEXO C ........................................................................................................ 62ANEXO D ........................................................................................................ 65ANEXO E ........................................................................................................ 66ANEXO F ........................................................................................................ 67

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    INTRODUO

    [...] porqueo Amor da Ptria heo mesmo Amor da

    Nao, edaConstituio: seesta proclamouLiberdade, IgualdadeeConfraternidadeningumse

    deverecolher a silncio ...

    (O SACRISTO DE TAMBI, In ReverberoConstitucional Fluminense)

    A maonaria um assunto recorrente ao longo do tempo quando tratada como

    uma instituio de marcante participao e influncia na poltica. A organizao mereceu o

    respeito e a admirao dos mais diversos segmentos da humanidade, independentemente de

    raa ou continente, desde os seus primeiros atos constitutivos at os dias de hoje.

    A sua atuao significativamente considerada como forte, pois age

    objetivamente e de forma reservada. Sempre foi assim nos momentos onde a mesma teve

    necessidade de intervir, quer atravs da instituio, quer atravs de seus membros. Tanto

    verdade que, na histria da poltica brasileira, vrios autores defendem a idia de que a

    maonaria teve relevante participao nas lutas pela emancipao poltica, principalmente na

    Proclamao da Independncia do Brasil. Castellani afirma que foi, assim, feita aindependncia com o pleno conhecimento de D. Joo e com a participao efetiva de D.

    Pedro, amparado pelo trabalho da maonaria, que se tornara, na poca, uma forte corrente

    poltica1.

    Assim, o tema objeto de anlise desse trabalho ser a influncia poltica da

    maonaria na independncia do Brasil. considerado de importncia relevante,

    principalmente por estar inserido entre os marcos da Histria do Brasil.

    Mesmo sabendo que o assunto polmico, inclusive com uma literatura

    especfica, continua sendo bastante atraente, merecendo outras investigaes e anlise crtica

    mais aprofundada.

    Dentro desta contextualizao, a pergunta-problema a ser respondida :

    Qual a influncia poltica que a Maonaria teria exercido no perodo

    considerado como da pr-independncia do Brasil ?

    1 CASTELLANI, Jos.A ao secreta damaonaria napolticamundial. 2. ed., So Paulo: Landmark, 2007.

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    Dessa maneira, para responder pergunta acima formulada, objetivar-se-

    responder algumas questes consideradas de suma importncia, pois quanto mais se

    aprofunda no assunto, mais uma contribuio para que outros estudiosos do mesmo tema

    possam enriquecer a literatura j existente.

    Portanto, o objetivo geral deste trabalho foi o de analisar os fatores que

    contriburam para detectar a influncia poltica da maonaria no processo de Independncia

    do Brasil. Os objetivos especficos esto relacionados com os principais momentos em que a

    Independncia teve influncia da maonaria. Nesse aspecto, colocar em evidncia a efetiva

    participao da instituio manica e de seus membros no processo de busca da liberdade e

    constituio da Nao primordial para responder aos questionamentos inseridos no incio

    desse trabalho.

    Ao aprofundar essa discusso possibilita-se, ao final do trabalho, o

    desenvolvimento de outros estudos semelhantes no campo das instituies e processos

    polticos do legislativo.

    Quanto metodologia empregada foi utilizado o mtodo histrico-descritivo com

    o intuito de investigar os fatos relacionados ao tema proposto, suas possveis projees e

    influncias no processo de independncia e tambm na sociedade civil. Para o levantamento

    do problema, a identificao dos objetivos e suas respectivas descries, bem como para

    determinao da metodologia da pesquisa, foi adotado o mtodo de Duarte e Barros 2.

    Foram utilizados trs tipos de pesquisa para o desenvolvimento do trabalho:

    a) a bibliogrfica, constituda principalmente de artigos cientfico e livros do

    acervo da Coordenao de Biblioteca/CEDI;

    b) a documental, que se encontrava sob a guarda do museu do Grande Oriente do

    Brasil; e

    c) de discursos e artigos publicados nos cadernos da imprensa da poca.

    2 DUARTE, Jorge; BARROS, Antnio. (orgs.). M todos e Tcnicas de Pesquisa em Comunicao, 2. ed., So Paulo:Atlas, 2006.

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    A pesquisa qualitativa3, na medida em que apresenta um estudo em que os dados

    a serem apresentados so oriundos de fontes qualitativas (bibliogrficas), considerando-se,

    ainda, que a pesquisa, tanto no aspecto bibliogrfico como de campo, obedeceu aos seguintes

    procedimentos:

    Delimitou-se, inicialmente, o tema, levando-se em considerao o interesse, a

    disponibilidade de tempo, dificuldades a serem encontradas e sua aplicao

    prtica. Nesse sentido, foram avaliados possibilidade e o campo necessrios

    para obteno dos dados e foi elaborada uma lista de assuntos a investigar;

    Prioritariamente, elegeram-se os aspectos que seriam considerados e os que

    seriam desprezados na adoo dos rumos da pesquisa, tais como histrico,

    conceitos, pesquisa sobre discurso, sobre linguagem e outros. E assim, para

    desenvolv-la, definiu-se o critrio a ser estabelecido para o processo de

    investigao.

    De posse da documentao necessria foram feitas as devidas leituras,

    oportunidade em que foi objeto de anlises detalhadas tudo que se relacionava ao tema.

    Aps esses passos foi realizada a classificao do material necessrio ao

    desenvolvimento da monografia. Os dados coletados ficaram dispostos em fichas

    bibliogrficas.

    Aps a coleta dos dados e leitura crtica e interpretativa das fontes foram

    observados os critrios utilizados por cada autor no que se refere disposio dos assuntos

    tratados sobre o tema em anlise. Assim sendo, conseguiu-se ter uma noo de como foram

    separadas as etapas no processo e que envolveram as fases de desenvolvimento do estudo.

    Aps a organizao das fichas, foram realizadas anotaes das consideraes e

    comentrios pertinentes e expostos por cada autor ou membro que integrava a instituio

    poca, durante as discusses, debates ou reunies objetivando relacion-las entre si e com os

    fatos propostos na inteno de alcanar o objeto da pesquisa. Dessa forma, foi possvel

    desenvolver uma anlise fundamentada e exposio de consideraes pessoais.

    3 MARCONI, Marina Andrade; LAKATOS, Eva Maria.Fundamentos daMetodologia Cientfica. So Paulo: Atlas, 2003.

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    Encerrada a fase de levantamento, leitura, anlise, interpretao e classificao

    dos documentos, foi realizado o trabalho de escrita da pesquisa, com inseres de dados e

    formulaes tericas visando ao atendimento dos objetivos propostos.

    No se pode deixar de mencionar que a pesquisa que ora se realiza tem o seu

    desenvolvimento carregado de implicaes polticas do perodo. O foco utilizado para o tema

    provoca vises diferentes das relaes pessoais e institucionais na luta poltica de ento. No

    se pretende, ao enfocar discusses acadmicas, separar conflitos a existentes dos confrontos

    polticos simultneos. No entanto, s vezes, podem ser percebidos como camadas diferentes

    das renhidas e radicais disputas ocorridas no conturbado perodo analisado.

    Ao longo do estudo, na contextualizao e argumentao, realizou-se uma

    abordagem histrica do assunto, com estudo focado principalmente no sentido de detectar

    momentos que versaram sobre a influncia poltica da maonaria no incio do sculo XIX

    com reflexos diretos na Independncia do Brasil. Nesse sentido, o trabalho tem a seguinte

    diviso:

    No primeiro captulo fez-se um breve contexto histrico; o que a instituio,

    a origem da maonaria e sua participao no cenrio mundial, desde as pocas

    mais remotas, incluindo a Europa e a Amrica.

    No segundo captulo aborda-se a Maonaria no Brasil, a partir das primeiras

    reunies; suas adversidades por ocasio de sua instalao no pas; as

    divergncias de seus seguidores, tanto ideolgicas quanto polticas e at

    culturais; apresenta a influncia dos principais jornais da poca e ainda o

    fechamento de algumas lojas por questes diversas. Essa parte fundamenta a

    resposta a um dos problemas do projeto: Qual foi a influncia poltica damaonaria para o processo de Independncia do Brasil?

    No terceiro captulo, apresenta-se uma cronologia dos principais momentos

    pr-independncia, com os acontecimentos que vo delinear uma importante

    contribuio para responder outro problema: Revoluo Pernambucana, O

    Fico, D. Pedro e o seu ingresso na Maonaria e o Grito do Ipiranga, bem como

    o Manifesto de D. Pedro.

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    Finalmente, cabe esclarecer que, nesse estudo, optou-se por no se fazer citaes

    extensivas e indicaes bibliogrficas ao que se constitui matria consensual na historiografia

    brasileira. No obstante, algumas leituras mais recentes ou que se destacam do conjunto so

    devidamente localizadas.

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    1 CONTEXTO HISTRICO

    A independncia , ento, o atrativoprincipal dosquese

    dispema analisar a histria da maonaria no Brasil. E por isso que, entretodososacontecimentosondehouveparticipaodemaons, ela a mais mistificada ...

    (CASTELLANI, 1993)

    Entende-se que a Maonaria no possui leis gerais nem livro santo que a definam

    ou obriguem todo o maom atravs do mundo; no sendo uma religio, no tem dogmas. Em

    cada pas e ao longo dos sculos, estatutos numerosos se promulgaram e fizeram f para

    comunidades diferentes no tempo e nos costumes. Mas isso no obsta a que a Maonaria

    possua certo nmero de princpios bsicos, aceito por todos os irmos em todas as partes do

    globo. essa aceitao, alis, que torna possvel a fraternidade universal dos maons e a sua

    condio de grande famlia no seio da humanidade, sem que, no entanto, exista uma potncia

    manica escala mundial nem um Gro-Mestre, tipo Papa, que centralize o pensamento e a

    ao da Ordem4.

    O nome maonaria vem provavelmente do francs "Maonnerie", que significa

    uma construo qualquer, feita por um pedreiro, o "maom". A Maonaria ter assim, comoobjetivo essencial, a edificao de qualquer coisa. O maom, o pedreiro-livre em vernculo

    portugus, ser, portanto, o construtor, o que trabalha para erguer um edifcio5.

    A maonaria admite que o homem e a sociedade so suscetveis de melhoria, so

    passveis de aperfeioamento. Por outras palavras, aceita e promove a transformao do ser

    humano e das sociedades em que vive. Mas, para alm da solidariedade e da justia, no

    define os meios rigorosos por que essa transformao se h de fazer nem os modelos exatos

    em que ela possa desembocar. Nada h, por exemplo, no seio da Maonaria, que faa rejeitar

    uma sociedade de tipo socialista ou liberal. O que lhe importa um homem melhor dentro de

    uma sociedade melhor6.

    Dos ideais de justia e solidariedade humanas levados at as ltimas

    conseqncias, resulta naturalmente o de ser a Maonaria uma instituio aclassista e anti-

    4

    FIGUEIREDO, Luis. O que a maonaria?Disponvel em: http://www.maconaria.net/whatis.shtml,Acesso em 2 jan.2008.5 Ibidem.6 Idem.

    http://www.maconaria.net/whatis.shtml,http://www.maconaria.net/whatis.shtml,http://www.getpdf.com/http://www.maconaria.net/whatis.shtml,
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    classista, englobando representantes de todos os grupos sociais que, como maons, devem

    tentar esquecer a sua integrao de classe e comportarem-se como iguais. "A Maonaria honra

    igualmente o trabalho intelectual e o trabalho manual", conforme estipulava a Constituio

    manica de 1926.

    Segundo o site Maonaria, dentre os requisitos para se ser maom, exige-se alm

    dos formais condies morais e intelectuais, bem como se exercer uma profisso honesta que

    assegure meios de subsistncia. verdade que a exigncia de se possuir a instruo necessria

    para compreender os fins da Ordem exclui, desde logo, os analfabetos e grande parte das

    massas populares (em Portugal, entenda-se). E verdade tambm que a maioria dos maons

    proveio e continua a provir dos grupos burgueses.

    Mas isso se deve apenas s condies histricas em que todas as sociedades tm

    vivido nos ltimos 200 anos. medida que as classes trabalhadoras vo atingindo mais

    elevado nvel social e cultural, assim o nmero de maons delas oriundo tende a aumentar

    paralelamente. Em Maonarias de pases como a Gr-Bretanha, a Frana ou a Holanda, o

    carter aclassista da Ordem Manica nota-se com muito maior intensidade do que em

    Portugal ou na Espanha7.

    1.1O queMaonaria?

    A Maonaria tem recebido vrias definies no decorrer dos tempos. Nesse

    sentido, de acordo com os rituais da Grande Loja Manica do Distrito Federal (IMAGEM 1)

    a Ordem Manica : [...] uma associao de homens sbios e virtuosos, que se consideram

    Irmos entre si e cujo fim viver em perfeita igualdade, intimamente unidos por laos derecproca estima, confiana e amizade, estimulando-se uns aos outros, na prtica das

    virtudes8.

    E afirma tambm a Grande Loja do Distrito Federal ser um sistema de Moral,

    velado por alegorias e ilustrado por smbolos.

    7 FIGUEIREDO, Luis. O que a maonaria?Disponvel em: http://www.maconaria.net/whatis.shtml,Acesso em 2 jan.2008.

    8 GRANDE LOJA MANICA DO DISTRITO FEDERAL, Ritual, 2007.

    http://www.maconaria.net/whatis.shtml,http://www.maconaria.net/whatis.shtml,http://www.getpdf.com/http://www.maconaria.net/whatis.shtml,
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    1.2Origem

    A origem da maonaria remonta ao sculo XVI e aponta ligaes com a religio, a

    poltica e o trabalho. Vidal9 descreve cinco grandes teorias existentes para a explicao do

    surgimento da maonaria: 1) a teoria megaltica10 sugere que a existncia das reunies

    manicas j podiam ser evidenciada por volta dos anos 7100 a.C. e refere-se aos maons

    como sabedores de astronomia e esoterismo; 2)a teoria egpcia11 aponta que a origem est no

    Egito Antigo, envolvendo conhecimentos de manufatura e esoterismo; 3)a teoria inicitica12

    descreve a maonaria como uma sociedade ritualstica, de cultos pagos e esotricos; 4) a

    teoria templria13 vincula a maonaria aos cavaleiros da ordem militar que, mesmo aps ter

    sido desfeita, continuou a ser difundida pelos chamados templrios; e 5) a teoria medieval, a

    qual afirma que os maons eram pedreiros e reuniam-se em lojas em razo do ofcio que

    exerciam. Nesse sentido, Vidal apresenta, dentro da teoria medieval, o exemplo de pedreiros:

    Na Inglaterra, por exemplo, os pedreiros se agrupavam em grmios queresguardavam zelosamente os saberes do seu ofcio, ensinavam sua arte apenas

    para pessoas escolhidas e se reuniam para descansar em cabanas, que acabaramrecebendo o nome de loja manica. At onde sabemos, esses agrupamentosde carter trabalhista um dos seus objetivos era burlar os regulamentos (OldCharges) que fixavam lucros mximos pelo trabalho de construo estavamtambm submetidos a uma regulamentao moral, muito similar, por certo,quela que vigorava em outros grmios medievais14.

    Considerando essa ltima teoria, foi na transmisso entre a Idade Mdia e a

    Moderna que a maonaria adquiriu carter social, moral e poltico, aceitando pessoas

    qualificadas social e culturalmente, mas que no eram obrigatoriamente pedreiros e

    9 VIDAL, Csar.Os maons- a sociedadesecreta mais influenteda histria. Rio de Janeiro: Ediouro, 200610 De acordo com essa teoria, portanto, o saber manico remontaria pr-histria e foi conservado no seio das associaes

    de sbios astrnomos, que, antes do Dilvio Universal, o teriam levado para o Oriente, onde esta peculiar explicao das

    origens da maonaria situa duas teorias que, como pode-se ver, so mais antigas. Fala-se daquelas que ligam o nascimentoda maonaria construo do Templo de Salomo e aos cavaleiros templrios, separados por nada menos que dois mil eduzentos anos (Vidal, 2006, p. 14).

    11 Para Vidal (2006, p. 16), [...] essa teoria de enorme interesse para o historiador, no porque mostre as verdadeiras razesda maonaria, mas porque aponta para a origem que a maonaria, historicamente, afirma possuir. Tratar-se-ia de umaorigem esotrica, ligada aos cultos iniciticos e ocultistas, assentados no seio do paganismo, e impregnada de interpretaesespirituais que se chocam frontalmente com a mensagem contida na Bblia.

    12 Segundo Vidal (2006, p. 17), Esta origem ocultista explicaria, sempre segundo o maom Paine, o fato de que os maons,para se protegerem da Igreja crist, sempre tenham falado de modo mstico. Seu carter de religio pag solar era seusegredo, especialmente nos pases catlicos. Paine cita as simbologias das distintas lojas manicas, trechos dascerimnias de iniciao da maonaria e, inclusive, seu calendrio....

    13 Ainda segundo Vidal (2006, p. 19), De acordo com a mesma, a sabedoria ocultista expressa na construo do Templo dorei Salomo teria sido descoberta no sculo XII pelos cavaleiros templrios. A ordem dos templrios teria sido dissolvida

    por deciso papal em um episdio no qual a maonaria veria a luta milenar entre a Liz e as trevas; mas sua sabedoria noteria desaparecido com a ordem: alguns templrios teriam conservado esses conhecimentos iniciticos especialmenteaqueles que emigraram para a Esccia em busca de refgio - formando, com o passar dos sculos, a maonaria.

    14 VIDAL, Csar.Os maons- a sociedade secreta mais influente da histria. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006.

    http://www.getpdf.com/
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    construtores15,16. Esse fato possibilitou que a maonaria participasse de movimentos de cunho

    social e cultural, no sentido de garantir os direitos humanos. Foi assim que em 1717 nasceu

    oficialmente a Primeira Grande Loja (IMAGEM 2), sendo que no dia 24 de junho, como fora

    marcado, as quatro Lojas reuniram-se e criaram The Premier Grand Lodge (a Primeira

    Grande Loja), em Londres...17.

    Por outro lado, aquela Grande Loja pode ser considerada um marco na histria da

    maonaria, pois cria uma hierarquia que foi entendida como necessria e aponta um novo

    caminho para a sociedade manica, especialmente a partir da criao das primeiras

    Constituies manicas18.

    1.3A Participao na Europa ena Amrica

    A partir de ento a maonaria passa a ser disseminada pela Europa e deixa de ser

    composta somente por artesos e pedreiros, mas tambm pelos nobres. Na Rssia, a

    maonaria foi percebida como relevante politicamente por Catarina II, a qual passou a apoiar

    e valorizar os maons, tendo sido posteriormente apoiada por eles em sua ascenso ao trono 19.

    A Holanda reagiu diferente, por medo do domnio que as lojas manicas poderiam ter em

    detrimento hegemonia do cristianismo20.

    A Frana foi influenciada pela maonaria medida que a Revoluo que

    patrocinou teve grande participao dos maons poca e, com a figura de Napoleo

    Bonaparte, a maonaria desempenhou papel ativo na poltica francesa aps a Revoluo.

    A relao da Revoluo Francesa com a maonaria merece destaque, pois exerceu

    um papel muito importante, gerando grande influncia cultural, poltica e social nos pases

    mais desenvolvidos da Europa. A Revoluo Francesa o marco das revolues ocorridas

    com a participao da maonaria. A trplice divisa Liberdade, Igualdade e Fraternidade que

    hoje adotada pela maonaria, tem sua origem com a frase que se usava na Revoluo

    15 Ibidem.16 CASTELLANI, Jos.A ao secreta damaonaria napolticamundial. 2. ed., So Paulo: Landmark, 2007.17

    CASTELLANI, Jos.A ao secreta damaonaria napolticamundial. 2. ed., So Paulo: Landmark, 2007.18 Ibidem.19 Idem.20 Idem.

    http://www.getpdf.com/
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    Francesa Libert, galit ou la Mort(Liberdade, Igualdade ou a Morte). O lema oficial

    depois seriaLibert, galit, Fraternit(Liberdade, Igualdade, Fraternidade) [...]21.

    Para Castellani22

    , na Itlia h semelhana no sentido revolucionrio advindo darevoluo francesa e do incentivo dado pelos maons a esse sentimento de liberdade. A idia

    de proclamar a repblica italiana, dificultada com a tomada por Napoleo III, seguida das

    invases austracas e dos Bourbons, findou na unificao do pas. Uma questo principal que

    emergiu na Itlia refere-se insero de maons no alto clero, que poderia ser considerada

    uma afronta Igreja e poderia facilitar uma derrubada.

    Na Espanha, a maonaria teve incio com soldados espanhis iniciados na Frana,

    mas a presena marcante da maonaria ocorreu por ocasio da Revoluo Francesa e do

    interesse de Napoleo em invadir as terras espanholas. Nesse sentido, as lojas manicas

    fundadas tinham como objetivo propagar o pensamento napolenico e parece ter sido o nico

    pas europeu no qual a maonaria subserviu de tal modo s doutrinas polticas, que os

    revolucionrios no eram os maons, mas todos anti-manicos23.

    Ainda segundo Castellani, o envolvimento da maonaria na poltica foi muito

    mais presente nas Amricas que na Europa, especialmente pelo fato de muitos pases

    americanos serem colnias e buscarem emancipao24. Fato corroborado ao se perceber que a

    maonaria esteve presente em vrios movimentos pr-independncia na Amrica, inclusive

    nos Estados Unidos da Amrica.

    Nos Estados Unidos da Amrica, a maonaria ajudou na independncia do pas,

    inclusive com apoio francs. Ainda hoje o papel da maonaria forte na Amrica do Norte,

    especialmente nos Estados Unidos25.Com relao Amrica Central e do Sul, a participao

    manica na poltica tambm girou em torno das independncias dos pases. O apoiorequerido era no sentido da Frana, Inglaterra e Estados Unidos ajudarem as colnias da

    Amrica a se emanciparem. Com esse propsito principal, surgiu a primeira loja manica na

    Argentina, tendo sido criada tambm em outros pases posteriormente.

    21 Idem.22

    CASTELLANI, Jos.A ao secreta damaonaria napolticamundial. 2. ed., So Paulo: Landmark, 2007.23 VIDAL, Csar.Os maons- a sociedade secreta mais influente da histria. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006.24 Ibidem.25 Idem.

    http://www.getpdf.com/
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    Iniciado ento na Argentina, esse processo revolucionrio estendeu-se s outras

    colnias, com alguns personagens em comum, que viajavam pela Amrica auxiliando outros

    Irmos que estavam na mesma luta. Assim, a Bolvia, o Chile, o Peru, a Venezuela, a

    Colmbia, o Equador e o Panam foram palcos de aes da maonaria no sentido de libert-

    los da soberania espanhola. A loja difundida foi a Lautaro que circulou secretamente por

    cada pas com esse objetivo. No Brasil, como se ver adiante, a Proclamao da

    Independncia tambm foi marcada por personagens e atos manicos26.

    26 VIDAL, Csar.Os maons- a sociedade secreta mais influente da histria. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006.

    http://www.getpdf.com/
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    22

    2 A MAONARIA NO BRASIL

    A independncia doBrasil era a metaespecfica dos

    fundadores doGrandeOrienteelogo todos elesdedicaram-sea consegui-la, embora o processo

    emancipador, nosmeiosmanicosj tivessesidoiniciado antes de17dejunho de1822.

    Jos Castellani

    A Maonaria no Brasil tem sua histria relacionada com os grandes momentos em

    que o pas atravessou ao longo do Imprio e Repblica. A leitura dos diversos autores

    pesquisados mostra que a maonaria sempre esteve presente nos acontecimentos polticos,

    demonstrando uma participao efetiva.

    Reforando esta correlao entre o vanguardismo poltico e a maonaria no Brasil,

    basta ver que os primeiros pensamentos revoltosos contra a metrpole surgiram da

    permanncia de estudantes brasileiros na Frana.

    Para tanto, tem-se que a cidade de Montpellier, localizada no sul da Frana, foi

    muito procurada por estudantes estrangeiros, j que a sua Universidade sempre foi importante

    centro de estudos. L, a Faculdade de Medicina destacou-se na preferncia dos brasileiros,conforme relato do Instituto Histrico e Geogrfico Brasileiro. Quinze brasileiros estudaram

    em Montpellier, entre 1767 e 1793. Entre esses, Manuel de Arruda Cmara, fundador do

    Arepago do Itamb, Jos Joaquim Maia e Barbalho, Jos lvares Maciel e Domingos Vidal

    Barbosa. O primeiro foi o precursor da Conjurao Mineira, o segundo, o incentivador, e o

    terceiro, um ativista secundrio27.

    Nesta perspectiva, observa-se que a maonaria esteve, ainda que de forma oculta,

    sempre presente nos fatos histrico-polticos da poca, pois, no ano de 1802, o capito-mor de

    Olinda, Francisco de Paula Cavalcante de Albuquerque, fundou na cidade do Cabo (provncia

    de Pernambuco), no Engenho de Suassuna, de sua propriedade, a Academia de Suassuna. E

    no Recife, foi instalada pelo padre Joo Ribeiro Pessoa, a Academia do Paraso, tendo como

    secretrio, o monsenhor Muniz Tavares, associaes estas que em verdade eram polticas e

    secretas, fundadas sob os preceitos manicos nas quais eram ensinadas as novas doutrinas

    27 Histria da Maonaria Brasileira. Disponvel em: http://www.glojars.org.br/institucional/historia_brasileira.htm.Acesso em 03 jan. 2008.

    http://www.glojars.org.br/institucional/historia_brasileira.htm.http://www.getpdf.com/http://www.glojars.org.br/institucional/historia_brasileira.htm.
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    republicana oriundas da turbulenta e revolucionria Frana do sculo XVIII, com seus ideais

    de liberdade, igualdade e fraternidade.

    Um fato histrico que refora a importncia da maonaria no Brasil no incio dosculo XIX a inusitada resposta do ento Prncipe Regente D. Joo ao receber uma lista dos

    maons que deveriam ser presos, dizendo, diante do tamanho da lista, que foram estes que

    me salvaram28.

    Outro exemplo da importncia da maonaria no Brasil observada quando da

    partida da famlia real para Portugal deixando no Brasil um prncipe regente cercado de

    maons, que constituam poca a elite econmica e pensante do pas. O prncipe fora

    aprovado em assemblia manica, sendo iniciado em agosto de 1822 e recebido o nome

    simblico de Guatimozin e em poucos dias fora aprovado para o grau de Mestre Maom da

    loja Comrcio e Artes29.

    2.1As Primeiras Reunies

    O ideal humano sempre voltado para as finalidades filantrpicas e humanitrias,levou essa instituio a se qualificar para servir de testemunho como uma entidade voltada

    para os interesses da humanidade. Ideal que esteve sempre presente nos movimentos

    libertrios mais importantes do sculo XVIII e incio do sculo XIX.

    de se observar que no final do sculo XVIII o Brasil possua agrupamentos

    secretos, com caractersticas manicas, funcionando como clubes, ou mesmo academias, e

    que na realidade no eram lojas manicas, mas tinha a participao de lideranas manicas.

    o caso, por exemplo, do famoso Arepago de Itamb, localizado entre os estados de

    Pernambuco e Paraba, fundado em 1796, por M anuel de Arruda Cmara, ex-frade

    carmelita e mdico pela Faculdade de Montpelier, na Frana.

    ocasio teve-se tambm a Academia de Suassuna, em 1802. Nesse sentido, h

    quem diga, sem mostrar onde e quando, existiram outras lojas antes do final do sculo XVIII,

    porm descabido de provas, razo por que se deixa de mencionar.

    28 Breve Resumo Histrico da Maonaria no Brasil. Disponvel em: http://www.mercuri.com.br/gm-historicodamaconaria.html Acesso em 03 jan. 2008.

    29 Ibidem.

    http://www.mercuri.com.br/gm-http://www.getpdf.com/http://www.mercuri.com.br/gm-
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    O embasamento histrico prende-se ao fato de que o primeiro templo manico

    do mundo, o da Grande Loja de Londres, s apareceu em 1776, portanto, no faz sentido ou

    pouco provvel assegurar que no Brasil, j antes de 1800, existissem templos manicos. O

    que a historiografia nos mostra que a primeira loja brasileira de que se tem conhecimento

    surgiu na Bahia, em 17 de julho de 1797, na Fragata Francesa La Preneuse, cujo nome foi

    dado de Cavaleiro da Luz e foi fundada pelo comandante Larcher, Jos Borges de Barros e

    o Tenente Hermgenes Aguiar Pantoja30.

    Segundo consta, d-se o destaque para a primeira Loja Manica regular do

    Brasil, a que se denominou Reunio, fundada em 1801, no Rio de Janeiro, que tinha fins

    puramente poltico-sociais31, a qual era filiada ao Oriente da Ilha da Frana. Dois anos mais

    tarde, o Grande Oriente Lusitano, ou seja, de Portugal, desejando propagar no Brasil a

    verdadeira doutrina manica, nomeou trs delegados com poderes para criar mais lojas no

    Rio de Janeiro, ento surgiram as lojas Constncia e Filantropia. Estas, na realidade,

    foram as primeiras Lojas que foram fundadas puramente com finalidades polticas e que

    tiveram uma extraordinria participao na independncia do Brasil, principalmente pela

    grande atuao de seus membros, pois os mesmos eram todos envolvidos com os

    acontecimentos polticos da poca.

    Em seguida, no ano de 1813, os maons ativos nas duas lojas existentes na Bahia

    resolveram fundar uma terceira, para viabilizar legalmente a criao da primeira federao

    manica no Brasil. No mesmo ano, instalaram em Salvador, o Grande Oriente Brasileiro,

    sendo proclamado Gro-Mestre, Antonio Carlos Ribeiro de Andrada, desde ento nota-se que

    o crescimento da maonaria no Brasil se d de forma contnua32.

    2.2As Adversidades deI nstalao no Pas

    Posteriormente, foram fundadas lojas em vrias provncias, destacando as das

    provncias da Bahia, de Pernambuco e do Rio de Janeiro, sob os auspcios do Grande Oriente

    Lusitano e do Grande Oriente da Frana. Destaca-se tambm a Loja Virtude e Razo,

    30 CARVALHO, Assis. Itamb - Bero Herico da Maonaria no Brasil. edio. Londrina-PR: Editora Manica A

    Trolha Ltda, 1996.31 COSTA, Frederico Guilherme.Histria daMaonaria Brasileira. Londrina-PR: Editora A Trolha, 1993.32 Histria da Maonaria Brasileira. Disponvel em: http://www.glojars.org.br/institucional/historia_brasileira.htm

    Acesso em 03 jan. 2008.

    http://www.glojars.org.br/institucional/historia_brasileira.htmhttp://www.getpdf.com/http://www.glojars.org.br/institucional/historia_brasileira.htm
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    fundada em 1802, na Bahia e que foi fechada em funo de perseguio das autoridades

    daquela provncia, principalmente sob o governo do Conde dos Arcos. A partir dos anos

    subseqentes, vieram outras lojas, das quais citam-se o ano de fundao e outros

    acontecimentos relacionados a seguir:

    1804: Fundao das Lojas Constncia e Filantropia;

    1806: Fechamento, pela ao do Conde dos Arcos, das Lojas Constncia e

    Filantropia;

    1807: Criao da Loja Virtude e Razo Restaurada, sucessora da Virtude e

    Razo;

    1809: Fundao, em Pernambuco, da Loja Regenerao;

    1812: Fundao da Loja Distintiva, em So Gonalo da Praia Grande

    (Niteri);

    1813: Instalao, na Bahia, da Loja Unio;

    1813: Fundao de uma Obedincia efmera e sem suporte legal. Neste caso

    especfico alguns consideram como o primeiro Grande Oriente Brasileiro

    constituda por trs Lojas da Bahia e uma do Rio de Janeiro;

    1815: Fundao, no Rio de Janeiro, da Loja Comrcio e Artes;

    1818: Expedio do Alvar de 30 de maro, proibindo o funcionamento das

    sociedades secretas, o que provocou a suspenso pelo menos aparentemente,

    dos trabalhos manicos em todas as provncias.

    1821: Reinstalao da Loja Comrcio e Artes, no Rio de Janeiro;

    1822: Em 17 de junho: fundao do Grande Oriente do Brasil.

    Em Pernambuco, a maonaria tambm se apresentava bastante pujante, contando,

    em 1816, com lojas muito prsperas como a Restaurao, a Patriotismo, a Guatimozin

    que seria a precursora, por mudana de ttulo, em 1821, da Loja 6 de maro de 1817, em

    homenagem Revoluo Pernambucana.

    Dentro do perodo histrico proposto nesta pesquisa, isto , de 1817 a 1822, no

    se poderia deixar de enfatizar um fato registrado nos anais da instituio, no ano de 1815, que

    foi a fundao da loja manica Comrcio e Artes, na rua da Pedreira da Glria, na casa do

    Dr. Vahia. A histria registra que fora nesta loja que comeara o verdadeiro piv da histriada Independncia do Brasil.

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    Porm, esta mesma loja viria a ser proibida de funcionar, assim como todas as

    outras lojas e entidades que funcionassem secretamente, em virtude da expedio do Alvar

    datado de 30 de maro de 1818, que suspendia todos os seus trabalhos. A partir da, essas

    instituies passaram a ser perseguidas e fechadas pela polcia imperial, pois as mesmas

    haviam passado a funcionar mais secretamente ainda. Em virtude desses fatos esta loja deixou

    de funcionar regularmente. Porm, foi novamente instalada em 24 de junho de 1821, ainda, na

    casa do Capito de Mar e Guerra Jos Domingues de Atade Moncorvo. Residncia que ficava

    Rua do Fogo esquina com a Rua das Violas, no Rio de Janeiro. Desde ento esta Loja

    comeou a funcionar normalmente.

    A esta sociedade secreta se reuniu a maioria dos homens importantes da Corte

    (Rio de Janeiro) e Provncia do Rio de Janeiro, a ponto do seu nmero de membros ser to

    grande que, no comeo de 1822, foi necessrio fazer uma diviso, criando assim, mais duas

    lojas eminentemente polticas, intituladas Unio e Tranqilidade e Esperana de Niteri.

    Aps a criao dessas lojas, e mais a Comrcio e Artes foram constitudas as trs mais

    importantes lojas do Rio de Janeiro, que originaram ento o Grande Oriente do Brasil.

    A partir da, os principais nomes que integravam a maonaria no Brasil levaram

    para suas lojas a mesma tendncia poltica que discutiam nas reunies da primeira loja, ouseja, Comrcio e Artes. Jos Castellani33 diz, sem medo de errar, que no se pode escrever

    a histria do Brasil independente, sem entrar na Histria do Grande Oriente do Brasil.

    O percurso da histria da maonaria naquele perodo marcado por inmeras

    conturbaes que vieram a deix-las em situao de defesa. No princpio do sculo XIX

    reuniam-se secretamente, camuflada em instituies de ensino e estudos culturais e sociais.

    Os participantes destas entidades que se reuniam secretamente eram personagensde importncia relevante da Corte do Rio de Janeiro e das provncias de So Paulo,

    Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro. Aos membros dessas lojas somavam-se outros que

    vinham da Europa, principalmente de Portugal, alm dos que iam estudar naquele continente,

    quando retornavam, quase sempre na condio de iniciados, eram convidados pelos que j

    participavam dessas instituies, para fazer parte do grupo manico34.

    33 CASTELLANI, Jos.A ao secreta damaonaria napolticamundial. 2. ed., So Paulo: Landmark, 2007.34 FERREIRA, Tito Lvio & FERREIRA, Manoel Rodrigues.A maonaria naindependncia brasileira II , 2. ed.,: Editora

    Grfica Biblos Ltda, 1962.

    http://www.getpdf.com/
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    2.3O Fechamentodas InstituiesSecretas

    Segundo Carvalho35, o "Abalo ssmico" que foi a Revoluo Pernambucana

    desestruturou os alicerces do trono. Dom Joo VI sentiu o peso da revolta dos brasileiros e

    tentou, atravs de seu Ministro, Tomaz Antonio de Vila Nova Portugal, barrar os passos da

    Maonaria em terras Brasileiras. Em 30 de maro de 1818, ele assina o Alvar, que

    estabelecia:

    [...] sou servido declarar por criminosas e proibidas, todas e quaisquersociedades secretas, de qualquer denominao que elas sejam, ou com os nomese formas j conhecidas ou debaixo de qualquer nome ou forma que de novodisponha ou imagine; pois que todas e quaisquer, devero ser consideradas, deagora em diante, como feitas para conselho e Confederao contra a Lei e o

    Estado (ANEXO II).

    A revoluo de 1817 levou o Rei a considerar a maonaria como crime de lesa-

    ptria, sendo, portanto, tais crimes, punidos com a pena de morte. Isto , os maons estavam

    enquadrados naquele Alvar (ANEXO II), como criminosos, sujeitos a pena de morte. Com

    base nesse Alvar, a Loja "Comrcio e Artes", do Rio de Janeiro, fundada em 15 de novembro

    de 1815 abateu suas Colunas36.

    Essa loja, tem para os maons, uma grande importncia pois seus membros

    permaneceram unidos, mesmo sem ela funcionar normalmente, reabrindo suas portas, quando

    se amainava o "Vendaval Pernambucano". Eram seus Membros Fundadores: Antnio

    Marques de Correia de Aguiar; Francisco Mendes Ribeiro; Jos Cardozo Neto; Jos Incio

    Albernaz; Joaquim Ferreira Junior; Felipe Contuxa; Andr Avelino, Custdio Peixoto Soares

    e Antonio Jos Lana.

    Em 24 de junho de 1821, ela foi reinstalada, na residncia do Capito de Mar e

    Guerra - Jos Domingos Athayde Moncorvo - com um novo ttulo distintivo: loja "Comrcioe Artes na Idade do Ouro". Como j dissemos, ela serviu de base para a fundao do Grande

    Oriente Brasileiro, em 17 de junho de 1822. Quatro meses depois, ela subdividiu-se em trs

    lojas. Ela, prprio, "Esperana de Niteri", "Unio e Tranqilidade". Essas trs Lojas ainda se

    mantm em plena atividade37.

    35 CARVALHO, Assis. I tamb - Bero Herico da Maonaria no Brasil. Editora Manica A TROLHA, Londrina,

    1996.36 CARVALHO, Assis. I tamb - Bero Herico da Maonaria no Brasil. Editora Manica A TROLHA, Londrina,1996.

    37 Idem.

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    Mas os sacrifcios dos Irmos revolucionrios da Revoluo Pernambucana, no

    haviam sido em vo. Os idealistas (mas no revolucionrios) maons do Rio de Janeiro, que

    viviam sombra da Corte, como velhos e bons cortesos - J os Bonifcio de Andrada e

    Silva; J oaquim Gonalves Ldo, J os Clemente Pereira; Major Manoel dos Santos

    Portugal, Major Albino dos Santos Pereira; Major Pedra Jos da Costa Barros; Frei Sampaio;

    cnegoJ anurio daCunhaBarbosa; o Padre Belchior Pinheiro de Oliveira e o prprioDom

    Pedro I , fizeram a Independncia do Brasil. Mas uma independncia pr-fabricada para

    acalmar os nimos dos brasileiros - um tanto quanto exaltados. O sete de setembro, assim

    como o nove, do mesmo setembro - o primeiro s margens do riacho Ipiranga, nas periferias

    de So Paulo e o segundo dentro do Grande Oriente Brasileiro - foram apenas paliativos, para

    acomodar os maons mais ativos, como os citados acima, e alguns profanos descontentes.

    2.4 As DivergnciasIdeolgicas ePolticas

    Internamente, a maonaria era na poca composta por duas correntes, a

    vermelha e a azul. A loja Comrcio e Artes crescia bastante em nmero de membros,

    portanto, merecendo ser transformada em trs lojas, e assim foi feito38.

    Vale dizer que naquela poca as instituies que se reuniam secretamente eram

    muito perseguidas e, em razo disso as suas diretorias foram formadas atravs de critrios

    rgidos, de forma que os nomes de projeo no deviam figurar no primeiro escalo de

    diretoria das lojas, com uma razo simples: no atrair para as lojas as vistas das autoridades

    contrrias ao funcionamento dessas instituies39.

    A questo da independncia do Brasil vinha sendo tratada com mais fervor desde

    a revoluo pernambucana de 1817 e logo a seguir com a revoluo do Porto de 1820, em

    Lisboa. Com a queda da monarquia absolutista em 24 de agosto de 1820 em Portugal,

    completada no Brasil em 26 de fevereiro de 1821, caiu a monarquia absolutista, foram

    implantadas reformas polticas, sociais e econmicas e por isso podemos considerar realmente

    como uma autntica revoluo liberal em Portugal com reflexos nas provncias do Brasil.

    38 FERREIRA, Tito Lvio: FERREIRA, Manoel Rodrigues. A maonaria na independncia brasileira, 2. ed., Vol. II,s/lugar : Editora Grfica Biblos Ltda, 1962.

    39 Ibidem.

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    Nesse novo regime ora inaugurado, surge uma dificuldade que era como o

    governo da grande nao portuguesa administraria dois reinos, o do Brasil e o de Portugal.

    nesse ponto que entra em ao as foras manicas antagnicas. Elas eram de foras polticas

    opostas: a Vermelha defendendo o seu ponto de vista republicano e a Azul defendendo o

    seu ponto de vista monrquico constitucional e parlamentar. Cada uma delas querendo que

    sua forma de governo se sobressasse, regendo a sua filosofia e a sua teoria poltica a ser

    desenvolvida.

    Naquele instante, as Cortes de Lisboa estavam dominadas pela maonaria

    Vermelha, em perfeita consonncia com a maonaria Vermelha do Brasil, que pretendiam

    retirar do Brasil o prncipe regente D. Pedro de Alcntara, para assim anular mais um

    elemento da Casa de Bragana, do outro lado do Atlntico, embora o pretexto usado para que

    ele retornasse foi o de concluso dos estudos.

    Com o advento dos decretos ns 124 e 12540, que objetivavam resolver o

    problema, favorecendo a maonaria Vermelha no Brasil, entregava tambm as provncias

    do Brasil maonaria Vermelha, que organizaria o seu governo41. que a pretensa sujeio

    s Cortes Portuguesas teria mais ainda o objetivo de garantir as provncias nas mos dos

    republicanos, e que cada provncia passaria a constituir um Estado republicano independente.

    A chegada dos citados decretos ao Rio de Janeiro, puseram em ao

    imediatamente a maonaria Azul que se organizou em torno de D. Pedro, de forma que o

    mesmo ficou fortalecido e em condies de agir com mais segurana e determinao.

    A maonaria Vermelha esperava que os decretos fossem executados e

    cumpridos imediatamente, porm diante da reao da maonaria Azul e da opinio

    monarquista do povo, favorvel a D. Pedro, a maonaria Vermelha recuou e omitiu-se,resistindo passivamente. No entanto, pouco tempo depois comeou a instigar os motins em

    todo o Rio de Janeiro42.

    Quando D. Pedro resolveu ficar e ordenou que o Decreto n 124 no fosse

    cumprido, ele declarou-se em estado de rebelio contra as Cortes de Lisboa. Com apoio

    40 Decretos de 29 de setembro de 1821, originrios das cortes de Lisboa, o primeiro reorganizando os governos das

    provncias e o segundo exigindo o imediato retorno do prncipe regente a Portugal.41 FERREIRA, Tito Lvio; FERREIRA, Manoel Rodrigues. A maonaria na independncia brasileira, 2. ed., Vol. II,s/lugar : Editora Grfica Biblos Ltda, 1962.

    42 Ibidem.

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    explcito de Jos Bonifcio e da Maonaria Azul, ele organiza um governo forte, tendo

    respaldo principalmente da provncia de So Paulo que era predominantemente Azul43.

    Com esta nova situao teria ele de tomar algumas medidas, e a primeira delas foireunir novamente as provncias do Brasil, pois era inegvel o caos existente. Havia provncias

    que j tinham se declarado independente, como foi o caso da de Minas Gerais, porm algumas

    provncias do Norte ainda eram dominadas pela maonaria Vermelha e prestavam

    obedincia s Cortes de Lisboa. Na provncia do Rio de Janeiro, o Senado da Cmara

    Municipal estava nas mos de maons pertencentes maonaria Vermelha, como por

    exemplo, Jos Clemente e Gonalves Ledo. Nessa oportunidade, somente So Paulo dava

    apoio irrestrito e integralmente a um governo forte na figura do prncipe regente D. Pedro que

    se instalara com apoio de Jos Bonifcio, que era da corrente da maonaria Azul.

    Em virtude do caos em que as Cortes de Lisboa lanaram o Brasil, D. Pedro e Jos

    Bonifcio tiveram de patrocinar novamente a idia de um pas unido e organizado poltico e

    socialmente. E assim foi feito, com Jos Bonifcio e D. Pedro I comearam a percorrer as

    provncias no sentido de buscar adeso ao governo implantado em terras brasileiras44.

    Cabe esclarecer que nesse perodo de dezembro de 1821 a janeiro de 1822,

    quando as foras divergentes da maonaria mais se enfrentaram, poderiam ter ocorrido

    conflitos sangrentos, como aconteceu em outros pases. Por exemplo, na Revoluo Francesa

    e na Amrica Espanhola a questo era resolvida de modo mais radical, ou seja, em situaes

    de extrema violncia como a guilhotina e pelotes de execuo. No Brasil nada disso

    aconteceu. Pois mesmo se enfrentando com objetivos opostos, deram demonstrao de

    coragem, civismo e de humanidade como poucos j o fizeram. Ressalta-se que nem um lado

    nem outro quiseram percorrer por esta trilha de conduta que viesse ao extremo.

    Observa-se que a maonaria Vermelha poderia fazer com que chegassem

    inmeras tropas estrangeiras para combater a maonaria Azul e vencer a batalha de forma

    radical utilizando-se a fora, mas para isso derramariam muito sangue patriota. Por isso, no

    permitiu que nenhum soldado estrangeiro viesse ao Brasil com essa finalidade.

    43 SILVA NETO, Casimiro Pedro da.A Construo da Democracia Sntese histrica dos grandes momentos da Cmarados Deputados das Assemblias Nacionais Constituintes e do Congresso Nacional. Cmara dos Deputados, Braslia, 2003.

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    Ainda segundo os autores, quando os Irmos maons precisavam enfrentar-se,

    deixavam as armas carem de suas mos e desistiam abandonando seus maiores desejos,

    permitindo-se que a deciso fosse a que mais contemplasse o desejo geral. No se tem

    conhecimento de batalha em que as foras da maonaria brasileira utilizassem meios extremos

    no sentido de atacar a outra corrente45.

    A luta desses abnegados homens, tanto da maonaria Vermelha, quanto da

    Azul, era de panfletos, de propaganda, de tablides, de intriga, e de bastidores. Era comum

    naquele tempo surgirem pela manh panfletos jogados e distribudos pelas ruas da cidade,

    bem como muros pichados, com aluso aos membros da outra faco. Nesta poca foram

    criados vrios jornais com intuito de divulgarem manifestaes de membros de cada lado.

    Destarte, as Cortes de Lisboa sentiram-se frustradas. Haviam perdido uma batalha

    ideolgica importante. O Brasil era Azul. Portugal era todo-poderoso com a maonaria

    Vermelha e D. Joo VI seu prisioneiro. No Brasil, era exatamente o contrrio, D. Pedro

    com o apoio da maonaria Azul era o todo-poderoso naquele instante.

    A relutncia das Cortes de Lisboa em aceitar o Brasil dessa forma no meio da

    Nao Portuguesa, inegavelmente era o incio da separao dos Reinos. As Cortes desejavam

    isso e a maonaria Vermelha continuava a insistir, embora isoladamente, pois queria a

    repblica. A maonaria Azul, de origem inglesa, era vista por ela como um perigo

    segurana da Nao Portuguesa que era toda dominada pela maonaria Vermelha, esta

    oriunda da Frana.

    Estava mais uma vez aberta a luta de duas faces manicas. Porm o Brasil

    colocava mesa de negociao um acordo, at porque no pretendia deixar de pertencer

    Nao Portuguesa. Vale lembrar que esse acordo era nas bases elaboradas por Jos Bonifcionas suas Instrues aos deputados paulistas, no dia 09 de outubro de 1821.

    De acordo com Casimiro Neto46, em 5 de outubro de 1821, o Prncipe Regente

    poca, D. Pedro de Alcntara, expediu sua Proclamao aos povos do Brasil. Nesse sentido,

    sobre as tendncias do povo independncia do Brasil. Torna pblica sua fidelidade

    44 FERREIRA, Tito Lvio; FERREIRA, Manoel Rodrigues. A maonaria na independncia brasileira, 2. ed., Vol. II,

    s/lugar : Editora Grfica Biblos Ltda, 1962.45 Ibidem.46 SILVA NETO, Casimiro Pedro da.A Construo da Democracia Sntese histrica dos grandes momentos da Cmara

    dos Deputados da Assemblias Nacionais Constituintes e do Congresso Nacional. Cmara dos Deputados, Braslia, 2003.

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    religio, ao Rei D. Joo VI e Constituio Portuguesa, estando pronto a morrer por estas e

    declarando guerra aos anticonstitucionais e aos perturbadores do sossego pblico.

    A volta do Prncipe Regente D. Pedro de Alcntara era fortemente exigida pelasCortes Portuguesas. Em funo do alto prestgio que o Prncipe possua, surgiu a grande

    dvida se ficava no Brasil ou se obedecia s ordens vindas de Portugal. Nesse perodo chega

    ao Rio de Janeiro o navio de guerra Infante D. Sebastio, que tinha a misso de lev-lo a

    Portugal.

    2.5A Influncia deMaonsnaIndependncia

    Merecem ser citados alguns dos principais nomes de figuras manicas que

    compuseram as direes das trs lojas mais importantes, criadas da diviso das correntes Azul

    e Vermelha, e mais alguns membros que tambm surgiram como sendo peas importantes na

    luta pela Independncia do Brasil.

    Na Loja Comrcio e Artes a sua diretoria foi assim composta: Venervel,

    Manoel dos Santos Portugal; Primeiro Vigilante, Thomaz Jos Tinoco de Almeida; SegundoVigilante, Domingos Ribeiro Guimares Peixoto; Orador frei Francisco de Santa Tereza de

    Jesus Sampaio; Secretrio,Domingos Alves Branco Muniz Barreto e Tesoureiro, Antnio

    Jos de Sousa. O cnego J anurio da Cunha Barbosae o capito Joo Mendes Viana,

    ficaram nesta Loja.

    Na Loja Esperana de Niteri, a sua primeira diretoria foi assim composta:

    Venervel, Pedro Jos da Costa Barros; Primeiro Vigilante, Jos Joaquim de Gouveia;

    Segundo Vigilante, Jos Maria da Silva Bittencourt; Orador J os J os Vahia; Secretrio,Joo Antnio Maduro e Tesoureiro, Joo da Silva Lomba; J os Bonifcio de Andrada e

    Silva e Francisco das Chagas Ribeiro ficaram filiados nesta Loja.

    Na loja Unio e Tranqilidade, a sua primeira diretoria foi assim composta:

    Venervel, Albino dos Santos Pereira; Primeiro Vigilante, Jos Joaquim de Gouveia; Segundo

    Vigilante, Joaquim Valrio Tavares; Orador, J os Clemente Pereira (IMAGEM 5.1);

    Secretrio, Jos Domingos de Athayde Moncorvo e Tesoureiro, Jos Cardoso Netto. Nesta

    loja filiou-seJ oaquim Gonalves Ldo.

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    A primeira diretoria da Alta Administrao do Grande Oriente do Brasil ficou

    constituda por integrantes das trs lojas:

    Gro-Mestre:J osBonifcio deAndrada eSilva (Pitgoras); Delegado do Gro-Mestre: marechal Joaquim de Oliveira Alvarez;

    Primeiro Grande Vigilante:J oaquim Gonalves Ldo(Diderot);

    Segundo Grande Vigilante: capito Joo Mendes Viana (Graccho);

    Grande Orador: cnegoJ anurio daCunhaBarbosa (Kant);

    Grande Secretrio: capito Manoel Jos de Oliveira (Bolvar);

    Grande Chanceler: Francisco das Chagas Ribeiro (Adamastor);

    Promotor Fiscal: coronel Francisco Luiz Pereira da Nbrega;

    Grande Cobridor: Joo da Rocha;

    Grande Experto: Joaquim Jos de Carvalho.

    2.5.1 Manuel deArruda Cmara

    Na histria da Revoluo Pernambucana tem que se dar destaque a personagens

    que tiveram participao de grande destaque e entre eles podemos citarManuel deArruda

    Cmara (IMAGEM 3).

    Nascido em Pombal, Paraba, no ano de 1752, Manuel de Arruda Cmara era

    mdico e naturalista, alm de frade carmelita (Frei Manuel do Corao de Jesus), tendo

    professado, como tal, em Goiana, Pernambuco, em 1783.

    Estudou em Coimbra, iniciando seus estudos em filosofia e medicina. Teve de

    interromp-los por tecer comentrios e fazer manifestaes a favor da Revoluo Francesa.

    Em seguida passou a estudar na Frana, onde concluiu seu curso de medicina, na Faculdade

    de Montpelier.

    Manuel de Arruda Cmara defendia ideais liberais e republicanos, sendo um

    grande propagador, embasado no que havia convivido, aprendido e defendido na Frana, em

    seus tempos de estudos naquele pas. Desde esse tempo j tinha tendncia de liberdade e

    liberalidade. Aos 44 anos fundou o Arepago de Itamb, em 1796.

    Sobre sua atuao em reunies secretas e reservadas merece a alcunha de ser o

    percussor e preparador da Revoluo Pernambucana de 1817, juntamente com outros

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    abnegados defensores de um Brasil livre da explorao portuguesa. Fato este considerado

    como sendo um preldio para a arrancada rumo Independncia do Brasil47.

    2.5.2DomingosJ osMartins

    Iniciado na Maonaria em Londres, tendo como padrinhos Francisco de Miranda e

    Hiplito Jos da Costa, ambos de grande participao na maonaria europia, o maom

    Domingos J os Martins, foi o grande chefe da Revoluo Pernambucana de 1817. Ele

    defendia as tendncias nacionalista e republicana.

    Nascido em Cachoeiro do Itapemirim, Esprito Santo, em 1781, Domingos Jos

    Martins foi morar em Recife, onde trabalhou como comerciante. Por ser um maom atuante e

    de grande prestgio, era em sua casa no Recife ou em seu engenho no Cabo, que ocorriam as

    reunies no sentido de se implantar a repblica em Pernambuco. Essa revoluo obteve

    sucesso devido ao fato de ter o apoio popular.

    Em 8 de maro, com a instalao do governo republicano, Domingos Jos Martins

    foi escolhido para ser o representante do comrcio perante o governo, tendo em vista ser oproprietrio de uma firma importadora e exportadora e gozar de bastante conhecimento, tanto

    no Brasil quanto na Europa.

    Domingos Martins foi executado na Bahia, aps responder processo sumrio,

    tendo em vista ter participado da resistncia s tropas do Governador Conde dos Arcos, em 20

    de maio de 1817. Juntamente com ele foram executadas mais outras 42 pessoas entre civis e

    militares, bem como algumas pertencentes ao clero48.

    2.5.3Hiplito J osda Costa

    Hip1ito J os da Costa Pereira Furtado de Mendona (IMAGEM 4) foi o

    patriarca da imprensa brasileira e o mais autntico dos intelectuais brasileiros da chamada

    poca das luzes, alm de grande vulto da independncia. Nascido em 13 de agosto de 1774,

    na Colnia de Sacramento, no Rio da Prata (hoje Uruguai), e falecido em Kensington, a 11 de

    47 CASTELLANI, Jos.Os maons naindependncia doBrasil. Londrina: Ed. Manica A Trolha 1993.48 Ibidem.

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    setembro de 1823, fez os cursos preparatrios no Rio de Janeiro e formou-se em Coimbra,

    com apenas 24 anos49.

    Em 1798 foi encarregado de importante misso nos Estados Unidos da Amricado Norte, para estudar questes econmicas relacionadas ao desenvolvimento material do

    Brasil (cultura de rvores nativas, tabaco, algodo, cana, formao de pastagens, pesca da

    baleia, etc.).

    Conforme consta no seu Dirio de Viagem, mandado copiar do manuscrito

    existente na Biblioteca de vora, por Alceu Amoroso Lima e s publicado em 1955,

    desempenhou-se muito bem na misso. Foi iniciado na Maonaria em Filadlfia (EUA) nesse

    perodo e teve bastante participao nos movimentos da poca.

    Foi nomeado para a Imprensa Real, em 1801, empreendendo nova viagem ao

    exterior, desta vez Frana e Inglaterra, sendo preso, ao regressar a Lisboa, por seu

    envolvimento com um grupo de maons importantes e influentes da poca.

    Segundo Castellani50, Hiplito Jos da Costa foi preso e penou durante trs anos

    nos crceres da negra inquisio portuguesa, mesmo assim, no abandonou suas idias e nem

    culpou seus companheiros maons, porm conseguiu fugir em 1805, refugiando-se em

    Londres, onde passou a viver como professor e tradutor.

    Em maro de 1808, em Londres, entrou para a Loja Antiquity e foi um dos

    fundadores da Royal Invernes, em 1814.

    Foi secretrio de Assuntos do Exterior do Freemason's Hall e Gro-Mestre da

    provncia de Rutland; estreitou relaes com o general Miranda e conheceu o Conde de

    Sussex, filho de George III, o mais importante dos maons.

    Em 1812, percebendo o potencial e liderana comercial do senhor Domingos Jos

    Martins, entre no Brasil e nos pases da Europa, apadrinhou o mesmo na maonaria. Este seu

    afilhado viria a ser o chefe da Revoluo Pernambucana de 1817.

    49 CASTELLANI, Jos.Os maons naindependncia doBrasil. Londrina: Ed. Manica A Trolha 1993.50 Idem.

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    Ainda segundo Castellani51, a partir de 1808 comeou a publicar o Correio

    Braziliense, ou Armazm Literrio, cuja publicao s fora interrompida em 1823, aps a

    independncia do Brasil. Nascia a o primeiro jornal brasileiro. Nesse mesmo ano de 1808, era

    fundada no Brasil a Imprensa Oficial. Imprensa essa que s publicava o que a monarquia

    desejava que se publicasse.

    O Correio Braziliense no foi, apenas, o primeiro rgo da imprensa brasileira,

    ainda que publicado no exterior mas, principalmente o mais completo veculo de informao e

    anlise da situao poltica e social de Portugal e do Brasil, poca com a preconizao de

    uma verdadeira reforma de base para nosso pas. Bateu-se, ento, pela necessidade de

    construo de uma rede de estradas, tambm a utilizao de matrias primas no fabrico de

    manufaturas, propiciando a formao e expanso do mercado interna, pela abolio da

    escravatura e pela transferncia da capital para o interior e pela adoo de uma poltica

    imigratria que aproveitasse, de preferncia, artesos e tcnicos52.

    Foi nomeado Cnsul Geral do Brasil em Londres por sua brilhante atuao em

    benefcio da Ptria, mas faleceu antes que a notcia da nomeao houvesse chegado ao seu

    conhecimento, em 11 de setembro de 1823. Foi um dos maiores nomes de nossa histria,

    apesar de ter sido esquecido pela maioria dos historiadores. Foi tambm o nico que teve queenfrentar os pavores da vergonhosa inquisio por pertencer maonaria, que lhe deu o ideal

    de lutar por um Brasil livre. Dele disse Roquete Pinto: Nasceu e morreu fora da terra do

    Brasil, mas sempre viveu por ela53.

    2.5.4J osClementePereira

    Nascido em 1787, em Portugal, e falecido no Rio de Janeiro, em 1854, Jos

    Clemente Pereira (IMAGEM 5) foi senador do Imprio e um dos grandes vultos de nossa

    independncia.

    Bacharelou-se em direito pela Universidade de Coimbra, vindo para o Brasil

    depois da vinda da famlia real portuguesa, radicando-se no Rio de Janeiro, onde se tornou

    51

    CASTELLANI, Jos.Os maons naindependncia doBrasil. Londrina: Ed. Manica A Trolha 1993.52 Ibidem.53 Ibidem.53 Idem.

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    lder do comrcio portugus54. Foi nomeado juiz de fora na Praia Grande (hoje Niteri) e

    depois desembargador da Relao.

    Maom dos mais ativos aderiu ao movimento do Fico, liderado por JoaquimGonalves Ldo, Janurio da Cunha Barbosa e Jos Joaquim da Rocha. Nessa poca era

    presidente do Senado da Cmara55.

    Embora sendo portugus, assim como outros nascidos naquele pas, participou

    intensamente de todo o movimento emancipador brasileiro.

    2.5.5J osBonifcio deAndrada eSilva

    J osBonifcio deAndrada eSilva (IMAGEM 6) foi cientista, poltico, ministro

    de Estado e primeiro Gro-Mestre do Grande Oriente do Brasil. Nascido em Santos, So

    Paulo, em 13 de junho de 1763, e falecido em Niteri, em 6 de abril de 1838.

    Fez seus primeiros estudos em So Paulo, indo, em 1783, para Coimbra, estudar

    Cincias Naturais, viajando, depois, por toda a Europa e realizando estgios em universidades

    e fundaes da Frana, Itlia, Alemanha, Dinamarca e Sucia, de 1790 a 1800.

    Foi o primeiro catedrtico de Metalurgia da Universidade de Coimbra, em 1801, e

    pertenceu a diversas entidades cientficas da Europa; descreveu doze novos minerais e, em

    sua homenagem, foi dado o nome de andradita a uma variedade clcioferrosa da granada.

    Era um homem bastante culto, falando e escrevendo correntemente em francs,

    ingls, alemo, grego e latim. Por ocasio da invaso francesa em Portugal comandou, no

    posto de tenente-coronel, o Corpo Acadmico, que resistiu ocupao.

    Somente em 1819 retornaria ao Brasil, ingressando na poltica, que lhe daria o

    destaque que a cincia no lhe deu.

    Em 1821 foi vice-presidente da Junta Governativa de So Paulo; em 24 de

    dezembro de 1821 era redigido o ofcio dos paulistas, por Jos Bonifcio e assinado pela

    55 CASTELLANI, Jos.Os maons naindependncia doBrasil. Londrina: Ed. Manica A Trolha 1993.

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    Junta56. A partir da precipitaram-se os acontecimentos que culminariam com a

    Independncia.

    Jos Bonifcio chegava ao Rio no dia 18 de janeiro, nove dias aps o Fico eassumindo o Ministrio dos Negcios do Reino e Estrangeiros.

    2.5.6J osIncio Ribeiro deAbreueLima (PadreRoma)

    Foi mrtir da Revoluo Republicana de 1817. Nascido em Pernambuco, em 1768

    e fuzilado em 181757

    .

    J osIncio Ribeiro deAbreu eLima ingressou na Ordem do Carmelo mas, logo

    depois, abandonou a clausura. Recebeu a alcunha de padre Roma, por ter estudado na capital

    italiana.

    Foi companheiro de Domingos Jos Martins, lder da Revoluo republicana que,

    em 8 de maro de 1817 instalou o governo republicano em Recife, aps depor o governador

    Caetano Pinto de Miranda Montenegro. Aps a vitria do movimento e a implantao dogoverno republicano, o padre Roma recebeu a misso de sublevar as provncias da Bahia e de

    Alagoas. Entretanto, foi preso ao desembarcar em Salvador, tendo sido sumariamente

    fuzilado, no Campo da Plvora, por determinao do Conde dos Arcos, Marcos de Noronha e

    Brito. Como todos os principais nomes da Revoluo de 1817, o padre Roma era maom.

    2.5.7 J oaquimGonalves Ldo

    Nascido em 1781, no Rio de Janeiro, e falecido em 1846, J oaquim Gonalves

    Ldo (IMAGEM 7) foi um dos maiores maons brasileiros de sua poca, por ter participado

    ativamente do movimento emancipatrio brasileiro.

    Joaquim Gonalves Ldo estudou em Coimbra, iniciando o curso de medicina,

    mas no chegando a conclu-lo. Ao retornar ao Brasil, empregou-se como escriturrio na

    56 FERREIRA, Tito Lvio & FERREIRA, Manoel Rodrigues.A maonaria naindependncia brasileira II , 2. ed.,: EditoraGrfica Biblos Ltda, 1962.

    57 CASTELLANI, Jos, op. Cit.

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    contadoria dos Arsenais Reais do Exrcito. Colocar-se-ia, depois, destemidamente, frente do

    movimento emancipador, lutando desabridamente pela independncia e fazendo da Maonaria

    o centro incrementador das idias de liberdade58.

    A 15 de setembro de 1821, funda, juntamente com o cnego Janurio da Cunha

    Barbosa, o Revrbero Constitucional Fluminense, jornal que teve a mais extraordinria

    importncia no movimento libertador, pois contribuiu para a formao de uma conscincia

    brasileira, despertando a alma da nacionalidade.

    Gonalves Ldo foi membro destacado da loja Comrcio e Artes e do Clube da

    Resistncia e, em 1821, organizou uma revolta republicana, com o auxlio do Brigadeiro

    Felisherto Caldeira Brant (futuro Marqus de Barbacena) e do Almirante Rodrigo Pinto

    Guedes. Fracassada a conspirao, a loja Comrcio e Artes foi fechada e os maons

    perseguidos tenazmente59.

    Entretanto, ele continuava aglutinando os maons em torno do ideal de liberdade

    da Ptria. Assim, sigilosamente, reergueram as colunas da Comrcio e Artes, a 24 de junho de

    1821, instalando-a na casa do Capito Domingos de Ataide Moncorvo.

    Posteriormente, com o crescimento da Loja, ela foi instalada em outro local (Rua

    Nova do Conde, n. 4) e seus principais prceres eram:J oaquim Gonalves Ldo,J anurio

    daCunhaBarbosa, BrigadeiroDomingos Alves Branco Muniz Barreto, Marechal Joaquim

    de Oliveira Alves, Capito de Mar e Guerra Domingos deAtaide Moncorvo, Capito Jos

    Mendes Viana, Tenente Coronel Manoel dos Santos Portugal, Tenente-Coronel Francisco de

    Paula Vasconcelos, Manoel Joaquim de Menezes, Major Jos Maria Bittencourt, Jos Caetano

    Gomes e Albino dos Santos Pereira.

    O ttulo de Defensor Perptuo dado ao Prncipe Regente D. Pedro a 13 de maio

    de 1822, foi obra do grupo de Joaquim Gonalves Ldo, por proposta de Domingos Alves

    Branco Muniz Barreto, em sesso da Loja Comrcio e Artes, conquistando-se, assim, o

    Prncipe, para a causa do Brasil.

    O Fico, de 9 de janeiro de 1822, quando o Prncipe Regente, desobedecendo os

    decretos ns 124 e 125 das Cortes Portuguesas, resolveu ficar no Brasil, foi obra exclusiva da

    58 CASTELLANI, Jos.Os maons naindependncia doBrasil. Londrina: Ed. Manica A Trolha 1993.59 Ibidem.

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    Maonaria Brasileira e, principalmente, de Joaquim Gonalves Ldo, Janurio da Cunha

    Barbosa e Jos Joaquim da Rocha.

    A 17 de junho de 1822, Gonalves Ldo foi um dos fundadores do GrandeOriente do Brasil e, apesar de ser o lder incontestvel da maonaria brasileira, trabalhou para

    que o cargo de Gro-Mestre fosse exercido por Jos Bonifcio, reservando para si,

    modestamente o cargo de Primeiro Grande Vigilante.

    No dia 2 de agosto de 1822, por proposta de Jos Bonifcio, deu entrada, no

    Grande Oriente do Brasil, a proposta de iniciao do Prncipe D. Pedro de Alcntara, que foi

    aprovada, sendo ele iniciado no mesmo dia e elevado a Mestre j trs dias depois.

    A 22 de agosto, por influncia do grupo de Gonalves Ldo, o prncipe regente

    era indicado para exercer o Gro-Mestrado60, numa manobra poltica de fundamental

    importncia para o advento da independncia. Com a eleio do Prncipe, Jos Bonifcio

    passou a atuar na condio de Gro-Mestre Adjunto, o que o deixou bastante magoado.

    Joaquim Gonalves Ldo foi quem dirigiu os trabalhos no dia 9 de setembro de

    1822, em sesso do Grande Oriente, quando D. Pedro era aclamado Imperador do Brasil. O

    mesmo retornara ao Rio de Janeiro logo aps o Grito do Ipiranga para tomar posse no cargo

    de Gro-Mestre. No dia seguinte era feita uma proclamao ao povo, redigida por Ldo.

    2.6A I mprensa eos Principais J ornais

    A imprensa desempenhou papel importante em favor da Independncia do Brasil.

    Com a volta da famlia real a Portugal a censura foi extinta, surgindo ento, a partir de agostode 1821, vrios jornais tais como o Revrbero Constitucional Fluminense, O Espelho, A

    Malagueta, O Macaco Brasileiro, O Regulador Baslico-Luso depois Regulador

    Brasileiro, no Rio de Janeiro e o Dirio Constitucional, na Bahia.

    Todos estes jornais voltados preponderantemente para os debates polticos,

    primeiramente com o foco dirigido permanncia de D. Pedro I no Brasil e depois

    redirecionando as suas linhas de atuao para a independncia. Essas linhas de atuao eram

    60 CASTELLANI, Jos.Os maons naindependncia doBrasil. Londrina: Ed. Manica A Trolha 1993.

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    embasadas de acordo com o pensamento de seus criadores, pois havia os que defendiam a

    idia de independncia e havia os que embasados nesse prisma, surgiam como opositores ao

    pensamento daqueles.

    A proliferao desse meio de comunicao aconteceu principalmente em funo

    de que at aquela presente data a imprensa estava sob censura e que as principais discusses

    polticas ocorriam em recintos manicos, pois os seus membros se reuniam secretamente

    para discutirem temas de relevncia para o momento em que o Brasil passava.

    Nesse perodo foram acirrados os nimos entre as faces existentes,

    principalmente porque era no meio manico em que as maiores lideranas governamentais

    pertenciam e era notrio o conflito de opinies. Havia jornalistas e maons que escreviam de

    diversas maneiras, valendo-se de pseudnimos, com o propsito de disfarar suas opinies.

    2.6.1Revrbero Constitucional Fluminense

    O Revrbero Constitucional Fluminense (IMAGEM 9) fundado em 15 de

    setembro de 1821, pelo maom Joaquim Gonalves Ledo e pelo tambm maom, CnegoJanurio da Cunha Barbosa, defendia idias democratas e a autonomia do Brasil, pregava a

    liberdade atravs da representao, principalmente com a convocao de uma assemblia

    constituinte.

    Foi o primeiro jornal independente do governo no Rio de Janeiro. A

    independncia do Brasil era sua bandeira, porm sem grandes laos com Portugal. Mesmo

    assim, publicava artigos de Lisboa, Paris e Londres. Sua marca registrada eram os artigos

    doutrinrios, que criaram fora juntamente com a evoluo da independncia. Inicialmente

    circulava sema