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Cidades 18 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, DOMINGO, 22 DE JULHO DE 2012 Exame de vista pelo celular Invento de brasileiro premiado pela Nasa permite saber qual o problema da pessoa e o grau necessário para corrigir a visão TEXTO: Andréa Nunes ARTE: André Felix O s smartphones vão poder ser utilizados para uma no- va função: em testes de vi- são para identificar problemas co- mo miopia, astigmatismo e hiper- metropia. O aplicativo, EyeNetra, deve entrar no mercado no ano que vem. No Brasil, deve custar cerca de R$ 10. A invenção, que ganhou prêmios internacionais, inclusive da Nasa e do Massachusetts Institute of Tech- nology (MIT), faz parte do trabalho de doutorado em Ciência da Com- putação do brasileiro Vitor Pamplo- na pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pelo MIT. “Ele será produzido na China. Neste ano vamos terminar a versão final do produto e comercializar no ano que vem. O aplicativo poderá ser usado em celulares Android, iPhone ou BlackBerry”, disse Vitor. O oftalmologista Ubirajara Mou- lin de Moraes acredita que a novi- dade poderá futuramente baratear o custo de clínicas de oftalmologia. “Tenho um aparelho que custa em média R$ 15 mil, que mede o olho por infravermelho e aponta o grau, e o princípio é o mesmo”, disse. Já os oftalmologistas Laurentino Biccas e José Geraldo Viana Mo- raes viram a novidade com caute- la, ressaltando a necessidade do aplicativo ser testado e aprovado por órgãos regulamentadores an- tes de entrar no mercado. “É uma ideia promissora, mas precisa ser validada, senão pode tranquilizar quem precisa de aler- ta e alarmar quem não tem neces- sidade”, disse Biccas. Fontes: PHD em Ciência da Computação Vitor Pamplona; oftalmologistas Laurentino Biccas, Ubirajara Moulin de Moraes e José Geraldo Viana Moraes; pesquisa realizada pela Transitions Optical do Brasil. Como será o teste Acessório vai ser usado com programa baixado pela internet Principais problemas MIOPIA O olho é mais comprido do que o normal, e por isso a imagem não se forma no fundo do olho, forma-se antes. O míope enxerga bem de perto, mas não consegue ver direito o que está longe. HIPERMETROPIA É o contrário da miopia. O olho é mais curto do que o normal e por isso só é possível enxergar bem o que está longe. ATENÇÃO! O EyeNetra, segundo seu inventor, não substitui o teste clínico, mas ajuda a acom- panhar a evolução do grau e a fa- zer diagnóstico precoce. O objetivo é que famílias e escolas tenham o teste disponível. Ao identificar o problema, aí o paciente procura o médico. ASTIGMATISMO A córnea, película que envolve o olho, é torta, deixando a imagem distorcida, tanto de perto quanto de longe. É mais ou menos como tentar ver algo através de um vidro empenado. AUTORREFRATOR O aparelho, usado em con- sultórios oftalmológicos, faz um teste semelhante, mas usa infravermelho pa- ra medir a curvatura e o comprimento do olho, e aponta o grau do paciente. R$ 15 MIL VALOR COMPARATIVO EYENETRA A invenção brasileira usa um mecanismo mais simples, conside- rando o movimento que a pessoa faz para apro- ximar os traços no apli- cativo, mas o resultado final é semelhante. X Novo monitor 3D Não será necessário usar óculos de grau POR QUE É IMPORTANTE IR AO MÉDICO Porque os problemas de visão não se resumem aos identifica- dos no teste. Outros exames devem ser feitos, como medir a pressão dentro do olho pa- ra verificar risco de de- senvolver glaucoma. R$ 10 VALOR TESTE Para o teste, a pessoa vai olhar para dentro do aparelho e ob- servar dois traços, um verde e ou- tro vermelho. Ele deverá usar bo- tões para aproximar os traços en- tre si. RESULTADO Pela quantidade de to- ques que a pessoa der para aproximar os traços, o software vai calcular o grau de visão e su- gerir a lente adequada para cor- rigir o problema. O programa considera também a direção pa- ra qual os traços serão guiados. ACESSÓRIO O acessório, a ser comprado separadamente, deve ser acoplado ao celular para fazer o teste de vi- são. Além disso, a pessoa vai baixar um programa pela internet, na loja virtual do aparelho. EM UMA PESQUISA realizada pela Transitions, o problema de visão mais rela- tado foi miopia (37%), segui- do por astigmatismo (30%), sensibilidade à luz (19%), cansaço visual (19%), hiper- metropia (14%) e outros. 1 Sem óculos Também faz parte do projeto, um monitor 3D que dispensa o uso de óculos. Com os resul- tados indicados pelo aplicati- vo do celular, os dados são in- seridos no monitor, que vai corrigir a imagem de acordo com o grau do paciente. Uma pessoa que não tem aquele problema de vi- são vai enxergar a imagem toda borrada. 2 Realidade virtual Para o míope, por exem- plo, que só enxerga bem o que está perto, o moni- tor vai projetar a imagem para frente, dando a ilu- são de que ela está mais perto. Será semelhan- te a uma realidade virtual. 2 3 1 CRESCIMENTO 85% das crianças nascem com hiper- metropia, mas o pro- blema é corrigido na- turalmente pelo cresci- mento do tamanho do olho. CATARATA No Estado, 2 mil pes- soas são operadas por ano por catarata, so- mando SUS e rede par- ticular. A cirurgia é a mais realizada no mundo.

VITÓRIA, ES, DOMINGO, 22 DE JULHO DE 2012 Exame de …vitorpamplona.com/deps/atribuna.pdf · O aplicativo, EyeNetra, deve entrar no mercado no ano que vem. No Brasil, deve custar

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Ci d a d e s

18 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, DOMINGO, 22 DE JULHO DE 2012

Exame de vista pelo celularInvento de brasileiropremiado pela Nasapermite saber qual oproblema da pessoa eo grau necessário paracorrigir a visão

TEXTO: Andréa NunesARTE: André Felix

Os smartphones vão poderser utilizados para uma no-va função: em testes de vi-

são para identificar problemas co-mo miopia, astigmatismo e hiper-metropia. O aplicativo, EyeNetra,deve entrar no mercado no anoque vem. No Brasil, deve custarcerca de R$ 10.

A invenção, que ganhou prêmiosinternacionais, inclusive da Nasa edo Massachusetts Institute of Tech-nology (MIT), faz parte do trabalhode doutorado em Ciência da Com-putação do brasileiro Vitor Pamplo-na pela Universidade Federal doRio Grande do Sul (UFRGS) e peloMIT. “Ele será produzido na China.Neste ano vamos terminar a versãofinal do produto e comercializar noano que vem. O aplicativo poderáser usado em celulares Android,iPhone ou BlackBerry”, disse Vitor.

O oftalmologista Ubirajara Mou-lin de Moraes acredita que a novi-dade poderá futuramente baratearo custo de clínicas de oftalmologia.“Tenho um aparelho que custa emmédia R$ 15 mil, que mede o olhopor infravermelho e aponta o grau,e o princípio é o mesmo”, disse.

Já os oftalmologistas LaurentinoBiccas e José Geraldo Viana Mo-raes viram a novidade com caute-la, ressaltando a necessidade doaplicativo ser testado e aprovadopor órgãos regulamentadores an-tes de entrar no mercado.

“É uma ideia promissora, masprecisa ser validada, senão podetranquilizar quem precisa de aler-ta e alarmar quem não tem neces-sidade”, disse Biccas.

Fontes: PHD em Ciência da Computação Vitor Pamplona; oftalmologistas Laurentino Biccas, Ubirajara Moulin de Moraes e José Geraldo Viana Moraes; pesquisa realizada pela Transitions Optical do Brasil.

Como será o testeAcessório vai ser usadocom programa baixadopela internet

Pr i n c i p a i sp ro b l e m a s

MIOPIAO olho é maiscomprido do queo normal, e porisso a imagemnão se forma nofundo do olho,forma-se antes.O míope enxergabem de perto,mas nãoconsegue verdireito o queestá longe.

HIPERMETROPIAÉ o contrário damiopia. O olho émais curto doque o normale por isso sóé possívelenxergar bem oque está longe.

AT E N Ç Ã O !O EyeNetra, segundo

seu inventor, não substitui oteste clínico, mas ajuda a acom-panhar a evolução do grau e a fa-zer diagnóstico precoce. O objetivoé que famílias e escolas tenham oteste disponível. Ao identificaro problema, aí o pacienteprocura o médico.

AST I G M AT I S M OA córnea,película queenvolve o olho, étorta, deixandoa imagemdistorcida, tantode perto quantode longe. É maisou menos comotentar ver algoatravés de umvidro empenado.

AU TO R R E F R ATO RO aparelho, usado em con-sultórios oftalmológicos,faz um teste semelhante,mas usa infravermelho pa-ra medir a curvatura e ocomprimento do olho, eaponta o grau do paciente.

R$ 15 MILVA LO R

C O M PA R AT I VO

EYENETRAA invenção brasileira

usa um mecanismomais simples, conside-

rando o movimento quea pessoa faz para apro-ximar os traços no apli-cativo, mas o resultado

final é semelhante.

X

Novo monitor 3D Não será necessário usar óculos de grau

POR QUE ÉI M P O RTA N T EIR AO MÉDICO

Porque os problemas de visão

não se resumem aos identifica-

dos no teste. Outros exames

devem ser feitos, como medir

a pressão dentro do olho pa-

ra verificar risco de de-

senvolver glaucoma. R$ 10VA LO R

T E ST EPara o teste, a pessoa vai

olhar para dentro do aparelho e ob-servar dois traços, um verde e ou-tro vermelho. Ele deverá usar bo-tões para aproximar os traços en-tre si.

R E S U LTA D OPela quantidade de to-

ques que a pessoa der paraaproximar os traços, o softwarevai calcular o grau de visão e su-gerir a lente adequada para cor-rigir o problema. O programaconsidera também a direção pa-ra qual os traços serão guiados.

AC E S S Ó R I OO acessório, a ser comprado

separadamente, deve ser acopladoao celular para fazer o teste de vi-são. Além disso, a pessoa vai baixarum programa pela internet, na lojavirtual do aparelho.

EM UMA PESQUISArealizada pela Transitions, oproblema de visão mais rela-tado foi miopia (37%), segui-do por astigmatismo (30%),sensibilidade à luz (19%),cansaço visual (19%), hiper-metropia (14%) e outros.

1 Sem óculosTambém faz parte do projeto,um monitor 3D que dispensa ouso de óculos. Com os resul-tados indicados pelo aplicati-vo do celular, os dados são in-seridos no monitor, que vaicorrigir a imagem de acordocom o grau do paciente.Uma pessoa que não temaquele problema de vi-são vai enxergar aimagem toda borrada.

2 R ealidadevir tualPara o míope, por exem-plo, que só enxerga bemo que está perto, o moni-tor vai projetar a imagempara frente, dando a ilu-são de que ela está mais

perto. Será semelhan-te a uma realidade

vir tual.

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C R ES C I M E N TO85% das criançasnascem com hiper-metropia, mas o pro-blema é corrigido na-

turalmente pelo cresci-mento do tamanho do olho.

CATA R ATANo Estado, 2 mil pes-

soas são operadas porano por catarata, so-mando SUS e rede par-

ticular. A cirurgia é a maisrealizada no mundo.