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Departamento de Educação VIVÊNCIA ACADÊMICA E RESPEITO À DIVERSIDADE NA PUC-RIO Alunos: Clara de Melo Araujo e Jully Ana Aguiar Orientadoras: Zena Eisenberg Introdução O trabalho aqui apresentado teve origem no desejo de tornar a vivência acadêmica dos estudantes da PUC-Rio mais satisfatória, principalmente no que diz respeito ao combate aos preconceitos enfrentados. A adaptação dos estudantes à universidade está sendo bastante estudada atualmente, principalmente visando medidas para diminuir a evasão escolar. Estudos apontam [1] para uma relação entre expectativa positiva do estudante na sua entrada na universidadee uma boa adaptação acadêmica. Então, no âmbito interpessoal, por exemplo, um estudante que imagina ter bons relacionamentos quando entrar na universidade, consegue ter uma vida social melhor com os colegas do que aquele que entra com uma expectativa negativa. Possivelmente isso se explica pelo fato de o estudante se empenhar mais ou menos em conhecer pessoas novas e construir um relacionamento favorável com eles. Um outro fator que explica o sucesso da vivência acadêmica é a motivação do aluno com seus estudos e com sua vida na universidade como um todo. Pintrich [2] aponta que estudantes que acreditam ser mais capazes de cumprir as tarefas demandadas, e que consideram interessante o que aprendem no curso, possuem um melhor rendimento acadêmico e são capazes de lidar melhor com as adversidades enfrentadas ao longo do curso. A maior parte da literatura sobre a temática, no entanto, não enfoca as questões sociais, como o não reconhecimento da diferença e o preconceito vivido por alunos dentro das universidades. Apesar de o acesso às universidades estar sendo cada vez mais democratizado, não necessariamente as IES - Instituições de Ensino Superior - estão se adaptando ao novo público presente. Almeida e Soares [3] falam que as expectativas do professor com respeito aos alunos que entram na Universidade, por estarem acostumados a uma história de acesso elitista e segregador, muitas vezes não levam em conta a diversidade de seus alunos e não se esforçam para envolvê-los no processo de aprendizagem. Os autores também apontam que as taxas de evasão e fracasso escolar são mais elevadas entre os alunos das camadas menos favorecidas da sociedade. Muitas vezes, esse afastamento das atividades acadêmicas não tem como causa os fatores de rendimento e notas, mas sim questões econômicas, sociais ou pessoais, uma não identificação com o curso escolhido, ou uma quebra de expectativas [4]. Por causa de uma demanda para promover competência profissional e mão de obra qualificada, o ensino superior prioriza em sua prática a formação técnica e o rendimento acadêmico de seus alunos, tornando a preocupação por uma formação humana em sua dimensão psicossocial esquecida ou muitas vezes inexistente [5]. No estudo de Polydoro e Primi [6] sobre integração e envolvimento acadêmico, estudantes que assumiam necessidade de afiliação, escuta e assistência, juntamente com experiências de raiva e sentimentos de culpa e rejeição foram os que relataram dificuldades no enfrentamento do contexto universitário. Isto mostra a importância da universidade em proporcionar apoio preventivo, remediativo e assistencial aos alunos; evitando e/ou minimizando experiências negativas sentimentais, psicológicas e físicas de seus estudantes. Com a entrada das camadas populares nas IES, o debate sobre o respeito à diversidade está mais em pauta em muitas universidades públicas e privadas, o que pode ser percebido com

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Departamento de Educação

VIVÊNCIA ACADÊMICA E RESPEITO À DIVERSIDADE NA PUC-RIO

Alunos: Clara de Melo Araujo e Jully Ana Aguiar Orientadoras: Zena Eisenberg

Introdução O trabalho aqui apresentado teve origem no desejo de tornar a vivência acadêmica dos

estudantes da PUC-Rio mais satisfatória, principalmente no que diz respeito ao combate aos preconceitos enfrentados.

A adaptação dos estudantes à universidade está sendo bastante estudada atualmente, principalmente visando medidas para diminuir a evasão escolar. Estudos apontam [1] para uma relação entre expectativa positiva do estudante na sua entrada na universidadee uma boa adaptação acadêmica. Então, no âmbito interpessoal, por exemplo, um estudante que imagina ter bons relacionamentos quando entrar na universidade, consegue ter uma vida social melhor com os colegas do que aquele que entra com uma expectativa negativa. Possivelmente isso se explica pelo fato de o estudante se empenhar mais ou menos em conhecer pessoas novas e construir um relacionamento favorável com eles.

Um outro fator que explica o sucesso da vivência acadêmica é a motivação do aluno com seus estudos e com sua vida na universidade como um todo. Pintrich [2] aponta que estudantes que acreditam ser mais capazes de cumprir as tarefas demandadas, e que consideram interessante o que aprendem no curso, possuem um melhor rendimento acadêmico e são capazes de lidar melhor com as adversidades enfrentadas ao longo do curso.

A maior parte da literatura sobre a temática, no entanto, não enfoca as questões sociais, como o não reconhecimento da diferença e o preconceito vivido por alunos dentro das universidades. Apesar de o acesso às universidades estar sendo cada vez mais democratizado, não necessariamente as IES - Instituições de Ensino Superior - estão se adaptando ao novo público presente. Almeida e Soares [3] falam que as expectativas do professor com respeito aos alunos que entram na Universidade, por estarem acostumados a uma história de acesso elitista e segregador, muitas vezes não levam em conta a diversidade de seus alunos e não se esforçam para envolvê-los no processo de aprendizagem.

Os autores também apontam que as taxas de evasão e fracasso escolar são mais elevadas entre os alunos das camadas menos favorecidas da sociedade. Muitas vezes, esse afastamento das atividades acadêmicas não tem como causa os fatores de rendimento e notas, mas sim questões econômicas, sociais ou pessoais, uma não identificação com o curso escolhido, ou uma quebra de expectativas [4]. Por causa de uma demanda para promover competência profissional e mão de obra qualificada, o ensino superior prioriza em sua prática a formação técnica e o rendimento acadêmico de seus alunos, tornando a preocupação por uma formação humana em sua dimensão psicossocial esquecida ou muitas vezes inexistente [5]. No estudo de Polydoro e Primi [6] sobre integração e envolvimento acadêmico, estudantes que assumiam necessidade de afiliação, escuta e assistência, juntamente com experiências de raiva e sentimentos de culpa e rejeição foram os que relataram dificuldades no enfrentamento do contexto universitário. Isto mostra a importância da universidade em proporcionar apoio preventivo, remediativo e assistencial aos alunos; evitando e/ou minimizando experiências negativas sentimentais, psicológicas e físicas de seus estudantes.

Com a entrada das camadas populares nas IES, o debate sobre o respeito à diversidade está mais em pauta em muitas universidades públicas e privadas, o que pode ser percebido com

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a criação e fortalecimento dos coletivos dos estudantes, por exemplo. Entretanto, além de iniciativas dos alunos, deve-se cobrar também no âmbito acadêmico medidas que auxiliem em uma educação intercultural e em prol dos direitos humanos.

Nas pesquisas de Vera Candau [7], sobre a relação entre igualdade e diferença, esses termos foram apresentados para professores os definirem, e muitos deles, em seus discursos, designaram o termo igualdade como homogeneização, lidar e formar todos de um modo igual, “uniformizando” os alunos. Em relação ao termo diferença, este foi frequentemente caracterizado pelos professores como aquilo que deve ser resolvido e tratado, como um déficit cultural, uma deficiência e uma desigualdade. Os alunos que requerem mais atenção e trabalho dos profissionais dentro da escola foram considerados “os diferentes”. Poucos foram os depoimentos de tratamento da diferença como algo positivo e enriquecedor da prática pedagógica. Tratando sobre essa questão, Candau traz o conceito de educação intercultural, que diz respeito a uma prática escolar que valoriza as diferenças, e assim, promove uma sociedade democrática, justa, igualitária e libertária. Igualdade e diferença vão andar juntas, quando associadas à construção de uma prática educacional que visa o “reconhecimento das diferentes culturas, dentro de uma democracia que assume o pluralismo cultural das nossas sociedades”.

O contexto universitário é identificado, de modo geral, como um espaço com características potenciais para mudanças nos estudantes ingressantes, por causa da oferta de experiências novas que dão oportunidades a encontros sociais diversos, dão importância ao diálogo sobre variados temas e abertura a exercícios de novos papéis e relacionamentos. Entretanto, nem sempre o estudante está pronto para enfrentar esses desafios, quer seja pelas características do indivíduo, pela falta do apoio sentido fora ou dentro da universidade ou, do não oferecimento dessas vivências aos estudantes, o que pode gerar nele dificuldades psicológicas e adaptativas [6]. Algumas pesquisas, como a de Guerreiro-Casanova e Polydoro [8], apontam para a necessidade de uma postura institucional visando uma melhor vivência e adaptação acadêmica dos alunos. Essa postura pode se materializar em políticas, serviços e núcleos de apoio aos estudantes, de forma a criar espaços onde eles possam ser ouvidos e atendidos naquilo que necessitam.

Nesse sentido, nesta pesquisa propomo-nos a conhecer determinados aspectos da vivência dos alunos na PUC-Rio como, por exemplo: (1) como é o relacionamento deles com outros alunos e professores, (2) como avaliam questões relacionadas à diversidade existente na universidade e (3) se conhecem e frequentam os núcleos e grupos/coletivos que a universidade possui. Dando voz a esses alunos, buscamos pensar de que forma melhorar as políticas e serviços que já são oferecidos pela instituição, assim como propor novos caminhos, visando uma melhor vivência acadêmica e um ambiente de mais respeito às diversidades sociais, econômicas, raciais, religiosas, sexuais e de gênero.

Metodologia Realizamos nossa pesquisa na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, que

possuía, em junho de 2018, 11.701 alunos na graduação.

Instrumento de pesquisa Nossa pesquisa foi de cunho qualitativo. Elaboramos um questionário na plataforma

Google Forms para as perguntas sociodemográficas e entrevistas estruturadas para as perguntas sobre a temática. Foram 15 perguntas no total, sendo 8 sociodemográficas e 7 sobre as temáticas de vivência acadêmica. As perguntas do questionário tinham como objetivo investigar o que os estudantes acham de seus professores, de seus colegas, suas experiências com preconceito e diversidade, o pertencimento a coletivos de estudantes e uso dos serviços de apoio da universidade.

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Uma versão inicial do questionário foi apresentado a três integrantes do Coletivo Bastardos da PUC-Rio - coletivo criado por e para alunos bolsistas/moradores da periferia da cidade do Rio de Janeiro - para que pudessem julgar a validade das perguntas. O questionário completo consta no Anexo 1.

Participantes Optamos por utilizar uma amostra proporcional de todos os cursos da PUC-Rio, adotando

a grandeza de 0,5% de participantes para cada curso. Assim, teríamos um total de 62entrevistados, pertencentes a 23 cursos diferentes. Foram excluídas da análise: a modalidade noturna do curso de Direito, as diferentes modalidades dos cursos de Filosofia e Teologia, o curso de Sistemas de Informação, e os diferentes cursos de Engenharia foram agrupados em um só. Conseguimos um total de 60 participantes, faltando apenas 2 estudantes de Administração para completarmos a amostra planejada.

No Anexo 2, encontra-se o quadro com o perfil dos nossos participantes divididos entre os 4 Centros da PUC-Rio: Centro de Teologia e Ciências Humanas (Arquitetura, Desenho Industrial, Filosofia, Letras, Pedagogia, Psicologia, Teologia e Artes cênicas), Centro de Ciências Sociais (Administração, Ciências Sociais, Comunicação Social, Direito, Economia, Geografia, História, Serviço Social e Relações Internacionais), Centro Técnico Científico (Engenharia, Física, Matemática, Química e Ciência da Computação) e Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (Biologia).

Em geral, considerando todos os centros, 20 participantes (33%) estão entre o 1º e o 4º período e os outros 40 (67%) estão no 5º período ou mais. A média de idade dos entrevistados foi de 22 anos. No nosso questionário, o gênero e a raça foram autodeclarados, pois o nosso desejo era dar voz aos alunos e saber como eles próprios se classificariam, sem opções já fechadas. Assim, 55% se declararam do gênero feminino e 40% do masculino. Duas pessoas responderam à pergunta sobre gênero se declarando “heterossexual’’ e uma se declarou “mulher’’. Em relação à raça/cor, 57% se declararam brancas, 18% pardas e 15% negras. Duas pessoas se declararam caucasianas, três preferiram não se declarar e uma respondeu “outra’’.

Figura 1. Distribuição dos participantes por raça/cor declarada.

Optamos também por perguntar de qual classe social a pessoa se declara pertencer, ao invés de usar medidas de salário mínimo ou questionários socioeconômicos padrão, pois queríamos saber como as pessoas se veem e também de que forma elas responderiam livremente a essa questão. Nenhum dos entrevistados se declarou ser de classe “alta’’. Este resultado nos surpreendeu, já que algumas pessoas que entrevistamos e que são conhecidos nossos,

57%

3%

15%

18%

5% 2%

Raça/Cor DeclaradaBranca

Caucasiana

Negra/Preta

Parda

Preferiram não sedeclararOutros

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suspeitamos terem abaixarem um pouco sua classe social no momento da declaração. O gráfico a seguir traz os dados completos de classe social.

Figura 2. Distribuição dos participantes por classe social declarada.

Método de coleta de dados e duração das entrevistas Das 60 entrevistas, 46 foram realizadas presencialmente na PUC-Rio, e o restante, 14,

por conta das provas de final de período, foram feitas pelo aplicativo de rede social, Whatsapp. A duração do tempo das entrevistas variou entre 1 minuto e 10 minutos, com uma média de 5 minutos. Uma entrevista durou 21 minutos, com um tempo diferenciado das outras, então não a consideramos no cálculo da média.

Análise de Dados Todas as entrevistas foram gravadas em áudio e posteriormente transcritas e revisadas

pelas próprias autoras. A análise qualitativa foi feita utilizando o software ATLAS.ti [3], a partir das transcrições e criando grupos e códigos para cada uma das respostas dos entrevistados. Para responder às questões de pesquisa, elaboramos 250 códigos, e classificamos cada um deles em três grupos maiores:

1) Adaptativo: Atitudes e exemplos que os entrevistados colocaram, ou que nós

julgamos, como sendo positivos para a adaptação na universidade e vivência acadêmica como um todo. Neste grupo estão, por exemplo, os trechos que mencionam colegas e professores sensíveis às questões pessoais e sociais dos entrevistados, além das experiências positivas com grupos, coletivos e serviços de apoio da PUC-Rio.

2) Não-adaptativo: Atitudes e exemplos que os entrevistados colocaram, ou que nós julgamos, como sendo negativos para sua adaptação na universidade e vivência acadêmica como um todo. Exemplos, como professores e colegas intolerantes e vivências de preconceito, estão nessa categoria.

3) Neutros: Códigos que não consideramos como negativos nem positivos, que eram descrições do curso como por exemplo, “muito diversificado’’, e também adjetivos que classificavam relações como “depende’’ ou “normal’’.

Um total de 127 códigos foram classificados no grupo “Adaptativo’’, 114 no grupo “Não-adaptativo’’ e 9 em “Neutros’’. Dentro de cada um desses grupos maiores, organizamos os

7%

33%

30%

30%

Classe Social Declarada

Baixa

Média baixa

Média

Média alta

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códigos em categorias menores. Para os professores, dividimo-losem“Professor intolerante’’, com 33 códigos, e “Professor sensível”, com 41 códigos. Fizemos a mesma divisão com referência a amizades:14 códigos ficaram em “Colega intolerante’’ e 7 em “Colega sensível’’. Também encontramos falas referentes ao departamento, curso ou à universidade como um todo, e usamos a mesma classificação para estes: grupos “IES Intolerante’’, com 6 códigos e “IES Sensível’’, com 28.

Em seguida, utilizamos os dados sociodemográficos para traçarmos perfis dos estudantes e encontrarmos relações entre suas percepções e os descritores sociodemográficos.

Resultados

Frequência de palavras Geramos uma lista das palavras mais frequentes que apareceram durante as entrevistas a

partir do Atlas.ti e fizemos uma nuvem de palavras no site WordArt. A nuvem abaixo representa de forma gráfica a frequência das palavras, que é proporcional ao tamanho de cada uma. Excluímos da análise artigos, preposições e palavras “vazias’’, como “coisa”, “forma” e “espaço”; e optamos por colocar na nuvem apenas palavras que apareceram mais de 10 vezes nas transcrições.

Figura 3. Nuvem de palavras usadas pelos participantes.

Como podemos observar, “professor’’ foi a palavra mais citada, com um total de 211 ocorrências. Em seguida, aparece a palavra “aluno” com 125 ocorrências; menção à “PUC’’, com 102 ocorrências; seguida de “curso” com 96 ocorrências, “relação’’ com 67 e “aula’’ que foi citada 66 vezes. Também destacamos como relevantes as palavras “bolsista’’, “coletivo’’ e “poder aquisitivo’’, indicando o foco na diversidade que nossa pesquisa buscou. E, buscando relacionar os achados às nossas questões de pesquisa, salientamos que as palavras “diversidade” e “preconceito” foram mencionadas cada uma 28 vezes. O serviço de apoio que foi mais citado

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foi o NOAP (anexo 2), com 30 ocorrências, e o Coletivo mais citado foi o Bastardos, mencionado 15 vezes.

Amizades

Nível de satisfação Em relação às amizades, usamos uma escala Likert no questionário, onde o estudante

escolhia estar desde “Muito Satisfeito’’ até “Muito Insatisfeito’’ com o que lhe era perguntado. Um total de 37 alunos (62%) disseram estar satisfeitos com as amizades e 17 (28%) muito satisfeitos, um total geral de satisfação de 90% dos entrevistados. Apenas duas pessoas (3%) disseram estar muito insatisfeitas e outras duas (3%) insatisfeitas, um total de 6% dos entrevistados. Constatamos que essas 4 pessoas não fazem parte de nenhum grupo ou coletivo da PUC e 3 delas já usaram serviços de apoio da PUC-Rio. Três são do CTC e uma do CCS.

Quando questionados se eles convivem com os amigos fora da PUC-Rio, 31 estudantes (52%) disseram que sim, 17 (28%) disseram que convivem pouco e 12 pessoas (20%) disseram que não convivem. Dentre as que disseram conviver pouco ou não conviver, 8 são do CTC (44% do total de alunos do centro), 9 do CTCH (50%) e 12 do CCS (52%) - ou seja, temos resultados bastante equilibrados entre os diferentes centros.

Poder Aquisitivo Quando perguntamos para os entrevistados como eles se relacionam com pessoas dentro

da PUC-Rio que têm poder aquisitivo diferente do deles, 25 (42%) disseram que a relação é normal ou indiferente. Seis dessas eram do CTCH (33% do total do centro), 8 do CCS (35%) e 10 do CTC, o que representa mais da metade dos alunos desse centro - 56%. Quatro alunos explicitaram que o dinheiro ou a classe social não define amizade.

Outros dezesseis estudantes (27%) disseram que se relacionam bem ou muito bem com pessoas de outras classes sociais, mas, dentre esses, duas alunas que declararam ser de classe média-baixa relataram que existem limites e barreiras nessa relação, apontando que são realidades diferentes e que a relação nunca é a mesma. O exemplo abaixo vem da resposta de uma delas:

‘’Eu me relaciono bem, só que eu consigo ver que parece que há sempre uma barreira às vezes até que invisível, mas existe uma barreira entre quem tem poder aquisitivo maior e quem não tem um poder aquisitivo tão alto, porque normalmente essas pessoas desses dois grupos, elas não se relacionam assim de uma forma tão aberta... É só aqui na universidade e tchau. Na vida cotidiana não, sabe(...)’’ - Aluno de Comunicação Social

Encontramos também que, dentre os 16 estudantes já mencionados, seis justificaram o fato de não terem problemas de relação exemplificando que já convivem com pessoas de diversas classes em seu círculo de amizade. Duas alunas de classe média e classe média-alta, uma de arquitetura e outra de administração, respectivamente, disseram que consideram que o curso possui poucos alunos de classes mais baixas, indicando pouca diversidade nesses cursos.

Quatro estudantes, dois de classe média e dois de classe média-baixa disseram que o que ajuda em uma relação positiva é o fato de as pessoas de classe mais elevada terem consciência de sua realidade e dos privilégios de que usufrui, não naturalizando esta desigualdade. O relato abaixo é da fala de uma aluna de Administração:

‘’(...) eu me relaciono super bem, os meus amigos nenhum deles são esnobes sabe, eles têm plena noção do poder aquisitivo que eles têm e plena noção do poder aquisitivo que outras pessoas têm e eles não se julgam melhores por isso, nem nada.’’ - Aluna de Administração

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Apesar disso, outros quatro estudantes disseram que comentários fora da realidade são bastante comuns, como, por exemplo, pessoas de classe mais elevada reclamando que não receberam a mesada de 3 mil reais ou falando de viagens realizadas para o exterior. Duas pessoas disseram que tiveram dificuldade de se relacionar no início da faculdade, por conta do choque de realidade que foi a mudança de contexto quando entraram na PUC-Rio. Outras duas disseram que, mesmo se relacionando bem com pessoas de poder aquisitivo mais alto, preferem se relacionar com pessoas da mesma classe, por conta da semelhança em estilo de vida.

Relação com Professores Quando perguntados como se dá a relação dos professores com os alunos do curso, 18

estudantes (30%) começaram a resposta dizendo que depende do professor; 10(17%) disseram que possuem um bom relacionamento com eles e apenas 6 (10%) relataram ter um relacionamento muito bom com eles. Nove (15%) afirmaram possuir um relacionamento apenas acadêmico. Desses, 5 são do CSS e 4 do CTC. Quatorze (23%) definiram a relação como distante, superficial ou impessoal. Para caracterizar essa relação menos próxima, duas alunas disseram que os professores não sabem os nomes dos alunos; 4 apontaram que eles não se importam com questões sociais e econômicas, 2 falaram que os professores não dão espaço para fala em sala de aula e outras duas ressaltaram que eles dão pouco apoio para os alunos. Abaixo a fala de uma delas, do primeiro período:

‘’É uma boa relação. Às vezes acho que é meio impessoal, porque você tem que fazer tudo sozinho. Às vezes eles não mostram o mínimo de apoio... Mas fora isso…’’ - Aluna de Engenharia

Uma aluna de Comunicação Social e um aluno de História apontaram que a relação dentro de sala de aula é muito verticalizada, em que o professor se coloca como detentor do saber. Além disso, uma aluna de administração apontou que alguns dos professores são preconceituosos, machistas e segregadores, mas não relatou nenhum exemplo. Outra estudante, de Comunicação Social, relatou que considera o curso elitizado, o que se reflete nas atitudes dos professores, como podemos ver no exemplo abaixo:

“(...) Uns são bem babacas. O curso de Comunicação Social daqui é um pouco elitizado, então alguns professores correspondem a essa característica. É um dos cursos que têm menos bolsistas da Universidade inteira” - Aluna de Comunicação Social

Duas alunas, uma de Design e outra de Ciências Sociais, disseram que professores mais velhos tendem a ser mais arcaicos e distantes, podendo influenciar um pouco na qualidade da relação. Dois apontaram que professores mais renomados tendem a ser menos próximos e abertos também. Quatro estudantes mencionaram que o tamanho do curso também influencia na relação com os alunos, dois (Artes Cênicas e Biologia) dizendo que curso pequeno favorece uma relação próxima e dois (Direito e Engenharia) afirmando o contrário. Abaixo podemos ver a fala da aluna de Engenharia.

“Os professores não têm muito contato sem ser por e-mail com os alunos do meu curso. Eles, na maioria das vezes, nem sabem nosso nome, porque são muitos alunos por turma. Então, eu não tenho muito contato com os professores também, não sei muito da vida deles, não convivo fora da aula e não costumo encontrar em outros lugares.” - Aluna de Engenharia

Em contraposição, sete alunos, do CTCH e CCS, disseram que a relação deles com alguns professores é próxima e que vai além da sala de aula, com debates sobre questões sociais ou até

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mesmo frequência a bares. Uma estudante de Serviço Social ressaltou a importância de debates mais amplos, que vão além das matérias:

“Eu acho que existe um relacionamento até mesmo interpessoal muito interessante, para além da sala de aula justamente para que a gente promova debates que não fiquem fechados somente a matérias específicas mas também que englobem as questões sociais do qual o meu curso está inserido’’ - Aluna de Serviço Social

Cinco estudantes disseram que os professores são abertos, quatro disseram que são amigáveis e outros quatro ressaltaram que alguns também são atenciosos. Três alunos do CTCH também ressaltaram como positiva a escuta que os professores têm, como pode ser visto no exemplo abaixo:

“É uma relação muito boa, os professores são muito abertos, tanto na sala de aula como fora da sala de aula, para ouvir, ajudar os alunos sempre que possível, em todos os aspectos, principalmente aspectos de ansiedade, essas coisas… Isso é bastante discutido de forma aberta, dentro de sala de aula… (...)” - Aluna de Relações Internacionais

Uma aluna de Psicologia ressaltou que a relação é boa, mas realizou uma comparação dos seus professores com os de ensino médio, algo que pode influenciar a expectativa na chegada à universidade. Como apontam Almeida e cols. [10], a quebra de expectativas pode ser um fator que pode prejudicar inicialmente a adaptação do aluno. Abaixo podemos ver isso no exemplo:

“Depende de professor para professor, mas no geral é uma relação boa... Não são criados vínculos muito aprofundados, que é uma questão que eu senti um pouco de diferença em relação ao ensino médio... No ensino médio eu tinha vínculos mais fortes; que os professores aqui não é isso, mas eu acredito que seja por uma questão de praticidade de mudar a cada período (...)’’ - Aluna de Psicologia

Professores e Diversidade Perguntamos também, em relação aos professores, se os estudantes acham que eles levam

em consideração a diversidade existente na turma. Vinte e quatro alunos (40%) falaram que acham que sim, com a maior parte (44%) deles sendo do CTCH, e os demais (35%) do CCS.

Dos outros alunos, quatorze (23%) alunos responderam que os professores não levam em consideração a diversidade; 5 (8%) afirmaram que a maioria dos professores considera a diversidade, 4 (7%) que a minoria considera e 8 (13%) responderam que depende do professor. Dos alunos que responderam que depende, 2 falaram que às vezes consideram a diversidade e às vezes não e 4 responderam que parte deles considera; destes últimos, segue um relato abaixo:

“Enquanto você tem professores que eles tocam numa boa, eles entendem que eles têm alunos que têm um pouco mais de dificuldade, que às vezes não vão ter o material, que eu não vou poder ir a tal situação, eles têm o entendimento de que temos que lidar com tipos diferentes de pessoa, e outros que priorizam a excelência da PUC a marca PUC e que custe o que custar (...) Então vocês têm os caras que tem uma preocupação social bacana, que entendem que é preciso dar essa diversificada, como tem essas figuras que doa a quem doer, que eu lamento muitíssimo, que o espaço não é pra você… Alguns levam, outros não levam”. - Aluna de Desenho Industrial

Seis (10%) alunos, 2 de cada Centro (CTCH, CCS, CTC), disseram que seus professores se importam com questões sociais/econômicas - ou seja, consideram a diversidade de classe

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existente em sala. Alguns exemplos dados foram: professores que cancelam aulas em dias por motivos externos, como greve de transporte; professores que não marcam atraso por saberem que alguns alunos moram longe ou que disponibilizam gratuitamente o PDF dos textos ao invés de pedir para os alunos tirarem cópia.

Entretanto, 17 (28%) disseram que seus professores não se importam com tais questões. Dentre eles, 5 - sendo 3 de Arquitetura - citaram que é pedido materiais caros e seus professores não consideram que nem todos têm condição de pagá-los. Cinco - todos do CCS - também citaram que não é considerado quando existem alunos que não dominam a língua inglesa, e abaixo podemos ver um relato de uma aluna de Direito sobre esta última questão:

“Uma professora semana passada falou para os alunos irem para uma palestra de um professor gringo que estava dando aula no mestrado, fazer um relatório pra ganhar ponto extra, só que a palestra era toda em inglês. E aí alguns alunos que são bolsistas e que estudaram em escola pública falaram que não tinham o inglês bom o suficiente para isso, perguntaram se podiam fazer outra coisa. E a professora falou que era um absurdo, a nível universitário, os alunos não falarem bem inglês, como se isso fosse uma escolha, né, muito livre de todas as pessoas do planeta falar em inglês, e não como se tipo, ‘po’, teve gente que tá aqui que não pôde fazer inglês como eu pude, ou como outras pessoas puderam”.

Uma aluna de Arquitetura, e uma outra aluna de Relações Internacionais, contaram que por uma reivindicação da turma, os professores consideraram não pedir materiais caros. Além disso, 3 alunos, todos do Centro de Ciências Sociais (CCS), disseram que seus professores se importam com questões raciais.

Oito alunos comentaram também sobre os professores considerarem ou não dificuldades de aprendizagem; desses, 5 eram de Engenharia: três responderam que eles consideram, e dois que não consideram. Além disso, 4 alunos comentaram sobre os professores tratarem eles de forma igual, dois deles considerando esse tratamento positivo e dois considerando-o negativo. Os que consideraram negativo, foram os alunos de Engenharia: um dizendo que não acontece nada de inovador no curso e o outro que seu tratamento não influencia em nenhuma decisão. Achamos interessante que os alunos que falaram sobre o professor só transmitir conteúdo, tendo uma relação impessoal com o aluno, também eram de Engenharia, demonstrando que a maioria dos alunos daquele curso que foram entrevistados, acham que seus professores não têm uma relação próxima com a turma, com a prioridade única de transmitir a matéria.

Percepção de Preconceito Quando perguntamos aos alunos se eles já tinham observado algum tipo de preconceito,

comentário maldoso, ou tratamento diferente na PUC-Rio, e se poderiam contar algum exemplo, 41 pessoas (68%) disseram que já observaram uma situação ou que ouviram falar de algum caso. Desses, 10 são do CTC (56% do curso), 14 do CTCH (78%) e 15 do CCS (65%). Apesar de o CTCH ser o centro com maior ocorrência, não podemos dizer se lá as cenas de preconceito são realmente mais frequentes, ou se são os alunos desse centro que têm o olhar mais atento/sensível a essas questões. Outras 17 pessoas (28%) disseram que não observaram nem ouviram falar de nenhum caso de preconceito e 2 (3%) responderam que já sofreram. Dois alunos falaram sobre preconceito velado e dois sobre privilégios, eo relato de um deles vem a seguir:

“Diversos momentos, né, está no cotidiano isso. Não tem como exemplificar uma coisa dessas, sabe... Tá todo dia, cotidianamente sendo tolido. Eu acho que o que eu posso encontrar em comum é sempre o questionamento do seu lugar aqui, acho que está muito pautado nisso. Enquanto para pessoas mais

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favorecidas que eu, pessoas brancas ou pessoas mais ricas que eu, elas têm uma certa facilidade, eu não tenho isso. Eu tenho algumas limitações, acontecem embates”. - Aluno de Geografia.

Dos 41 alunos que relataram já ter visto situações de preconceito, 18 (30%) falaram que a discriminação foi realizada por alunos e 17 (28%) que foram por professores. Dentre os que viram discriminação por professores, dois relataram casos de assédio sexual e um de assédio moral. Ademais, os cursos em que os alunos mais observaram discriminação foram: Engenharia, onde 9 dos 14 entrevistados já observaram discriminação; Comunicação Social, 6 dos 7 entrevistados; e Desenho Industrial, onde todos os 6 entrevistados foram testemunhas de discriminação. É válido ressaltar que esses cursos são os maiores de seus respectivos Centros.

Analisando os relatos, e os exemplos dados, vimos que, 10 (17%) foram de cunho racista, 10 (17%) de discriminação de gênero, 7 (12%) de discriminação socioeconômica, 5 (8%) discriminação contra orientação sexual e 1 (2%) com relação a idade. Dentre os testemunhos dados, uma aluna alegou que ela e uma colega já sofreram tratamento diferente, ela por ser negra e sua colega por causa da idade:

“Cara, com certeza. Eu por ser negra, onde a gente passa há olhares e há ‘desolhares’ também. E assim, essa moça mesmo que tem 55 anos, ela relega muito isso para mim, a gente sempre conversa e ela alega que as pessoas olham com muita meio que repulsa sabe, ‘mas você não tá no seu lugar’ ‘você não tem idade para isso’. Mas com certeza que tem racismo e outros preconceitos”. - Aluna de Letras.

Vivência de Preconceito Quando perguntados se já sofreram algum tipo de exclusão, comentários maldosos, ou

tratamento diferente, 47 (78%) alunos responderam que não. Dentre esses, achamos interessante as colocações de dois: um aluno de Psicologia respondeu que não sofreu porque faz parte da classe privilegiada; e um de Ciência da Computação relatou que não sofreu exclusão porque os alunos da sua turma se reunem para entender a matéria em conjunto.

Dentre os 13 (22%) restantes, apenas um se declarou ser de classe média-alta e dois ser de classe média. Os 10 restantes disseram pertencer a classe média-baixa ou baixa. Esse resultado aponta que, possivelmente, as pessoas de classes menos favorecidas vivenciam mais situações de preconceito dentro da universidade do que aquelas de classe social mais alta. Em relação à cor/raça, vimos bastante diversidade: 6 dos estudantes que vivenciaram preconceito se declararam brancos, 3 pretos ou negros, 2 pardos e duas pessoas preferiram não declarar. Quanto aos Centros, os que obtiveram mais relatos de alunos com vivência de preconceito foram CCS e CTC, com 3 do curso de Comunicação Social e 3 alunos do curso de Engenharia.

Quatro desses alunos que sofreram preconceito, falaram com mais detalhes como aconteceram seus casos. Dois foram de preconceito social/econômico, um de preconceito racial/Racismo e um de preconceito religioso. Um dos alunos que relatou caso de preconceito social/econômico, disse que os colegas que repararam no tratamento do estudante para com ele, o puxaram para mais próximo, e ele pôde ver uma outra face dos alunos de classe social diferente; a outra aluna contou que teve força e apoio quando encontrou o Coletivo Bastardos:

“(...) minha reação foi entrar no banheiro e chorar, entrar na cabine e chorar. Fiquei totalmente desestabilizada fiquei muito mal foi até quando eu me aproximei do coletivo, porque até então eu não fazia parte dos Bastardos (...) A gente conversou e foi uma das coisas que me deu apoio para continuar. Mas em um segundo momento quando eu já estava um pouco mais forte e mais uma vez situações do tipo aconteceram, eu consegui me colocar naquela situação e consegui dar uma resposta a pessoa. Uma resposta dentro da educação sem

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nenhum, enfim, não me desestabilizei emocionalmente, foi até algo que eu fiquei feliz comigo mesmo”.

Uma outra aluna citou o Coletivo Bastardos, que além disso, sentiu que foi tratada diferente em uma entrevista por causa de sua condição social; disse que o Coletivo é um lugar de desabafo, e alegou que já tentou várias vezes fazer reclamações na Ouvidoria da PUC, mas que não funcionou. Em relação ao aluno que relatou ter sofrido preconceito religioso, por levar em consideração uma ideologia religiosa, também comentou que no seu curso há privilégio de certas vertentes políticas/ideológicas, e alegou ter exclusão se você não as defende, e se você também não obtiver notas altas ou não participar de grupos de pesquisa. Este aluno disse que procurou ajuda do NOAP e comentou que, se não fosse por esse serviço de apoio, não estaria mais no curso. Ainda no que se refere a privilégios de certas vertentes políticas/ideológicas, uma outra estudante que relatou ter sofrido comentário maldoso por parte de um professor por sua posição política, denunciou na PUC. Ademais, abaixo podemos ler o exemplo da aluna que sofreu preconceito racial/Racismo:

“Na verdade isso foi saindo da PUC por um aluno da PUC especificamente quando eu entrei no ônibus e meu cabelo é black e tava solto e quando eu fui endireitar meu cabelo, eu vi dois resíduos de lixo no meu cabelo, como se fosse algo do tipo, mas aí o aluno já tinha descido e eu não consegui identificá-lo”.

Coletivos e Grupos Das 60 pessoas entrevistadas, 40 (67%) disseram não fazer parte de nenhum coletivo ou

grupo na PUC-Rio. Dentre as 20 (33%) que fazem parte, 9 são do Centro de Teologia e Ciências Humanas (CTCH) e 9 são do Centro de Ciências Sociais (CCS). Foram citados 3 vezes o Coletivo Bastardos - Coletivo de alunos da PUC-Rio, bolsistas/moradores da periferia da cidade; 4 vezes o Coletivo Nuvem Negra - uma potência autônoma de alunos e ex-alunos negros da PUC-Rio; e 2 vezes coletivos feministas do próprio curso. Além disso, 6 pessoas disseram fazer parte do Dunamis Pocket, grupo de jovens cristãos da PUC-Rio, e 3 do DCE, Diretório Central dos Estudantes da PUC-Rio. Outros grupos como Pokémon e Cheerleader também apareceram como importantes para o fortalecimento das amizades na PUC-Rio.

Os entrevistados ressaltaram que esses grupos e coletivos são importantes para a adaptação na universidade, pois é uma oportunidade de se reunirem com pessoas semelhantes e debaterem sobre assuntos relevantes. Três pessoas disseram que fazer parte de coletivos os torna mais fortes, representando uma possibilidade de ação real para lutar pelos seus direitos dentro do espaço acadêmico. Além disso, promove a sensação de pertencimento e acolhimento, que é apontado por eles como algo importante para a adaptação e até mesmo a permanência na universidade, como podemos ler no relato abaixo:

“(...) e aí eu tava meio que decidida a sair daqui, quando apareceu o coletivo, naquelas postagens da internet que viralizaram, e eu vi que eu não tava sozinha, foi como se de repente descortinasse aquelas pessoas, aparecessem, sabe? Aquele monte de gente igual a mim, vivendo situações parecidas com a minha e pensando ‘’vamos batalhar o nosso espaço, a gente tem direito de estar aqui como qualquer outra pessoa e a gente não vai se deixar vencer, a gente não vai ceder, então vamos batalhar’’. - Entrevistada de Desenho Industrial

Como podemos ver no trecho acima, fazer parte de um coletivo foi, para a entrevistada, o que a fez permanecer na PUC-Rio, sendo descoberto por ela a partir da ampla divulgação que foi feita nas redes sociais no momento do seu início. Como apresentado na introdução, a ocorrência da evasão é mais elevada entre os alunos das camadas menos favorecidas da

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sociedade, e, mesmo com os programas do Governo para o combate à evasão no ensino superior, ainda não há investigações efetivas e propostas concretas para a diminuição dela [11].

Serviços de Apoio Antes de apresentarmos os resultados, consideramos importante apresentar quais são os

serviços de apoio da PUC-Rio, então retiramos do site da instituição as definições e explicações. A Rede de Apoio ao Estudante (RAE) reúne cinco núcleos da Universidade com o objetivo de “prestar atendimento multidisciplinar aos alunos, contemplando aspectos acadêmicos, de leitura e escrita, psicopedagógicos, de orientação profissional, psicológicos e de necessidades especiais”. Os cinco núcleos estão descritos no Anexo 3.

Além da RAE, também podemos citar como serviço de apoio da PUC-Rio, o Fundo Emergencial de Solidariedade (FESP): “programa de permanência de estudantes universitários que não têm condições financeiras para manter-se no curso através da concessão de transporte, refeição e outros auxílios socioassistenciais”

Como resultados da nossa pesquisa, encontramos que apenas 9 (15%) pessoas disseram não conhecer os serviços de apoio da PUC-Rio, 5 delas são do Centro Técnico Científico (CTC), e uma delas, de Economia, falou que não sabia da existência desse tipo de serviço. Dos outros 51 entrevistados (85%), 8 disseram que conhecem serviços de apoio, mas não citaram nomes e 24 conhecem serviços de apoio, citam nomes, mas não utilizam. Além disso, 18 (30%) pessoas disseram que usam ou já usaram algum serviço de apoio, sendo que 7 delas, utilizam/utilizaram mais de um serviço. Oito das pessoas que usam/usaram, são do CCS, e das outras 10, 5 são do CTCH e 5 do CTC. Ademais, uma elogiou o Serviço de Apoio NOAP e outra elogiou o SPA. Na tabela abaixo, podemos ver os serviços conhecidos e utilizados pelos alunos:

Serviços de apoio Conhece Usa/Usou

RAE 2 1

NOAP 11 9

SOU 4 4

SPA 3 2

NAIPD 1 0

PSICOM 4 3

FESP 5 3

Apoio Psicológico 10 2

Apoio Pedagógico 2 0

Tabela 2. Distribuição de utilização dos Serviços de Apoio

Dos 51 entrevistados que conhecem algum serviço de apoio, 8 citaram os Coletivos como serviço, mostrando que são considerados por eles espaços de apoio, mesmo não institucionalizados. Uma pessoa citou o Núcleo de Prática Jurídica (NPJ), órgão do Departamento de Direito que oferece estágios para os alunos e presta assistência jurídica; uma citou a Ouvidoria do DCE e outra Vice-Reitoria Comunitária. Um serviço de apoio conhecido por 2 estudantes, mesmo não sendo um núcleo que atende os universitários, foi o NEAM que tem como objetivo “manter suas atividades fundamentadas num processo de educação de crianças e adolescentes, através de ações de cidadania em comunidades parceiras”.

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Considerações Finais Os achados dessa pesquisa apontam para a importância do fortalecimento dos grupos,

coletivos e serviços de apoio da universidade. Por mais que a maioria dos alunos se digam satisfeitos em relação a amizades e até mesmo no relacionamento com professores, há muitos relatos negativos de ambas as partes. É inaceitável ainda ouvirmos relatos de assédio e de discriminação dentro da universidade. É preciso entender, como ressaltamos no início, que o perfil das IES mudou, e que agora está muito mais diversificado, em vários sentidos. Dessa forma, é importante haver maior sensibilidade por parte dos alunos e professores, para que a vivência acadêmica seja cada vez mais positiva e acolhedora.

Os achados da pesquisa indicam que os estudantes de classes menos favorecidas, independemente do curso, relatam maior dificuldade de se relacionarem com pessoas com poder aquisitivo elevado. Além disso - em sua grande maioria - são as pessoas dessas classes mais baixas que relataram terem sofrido preconceito dentro da instituição.

A partir dos relatos, pudemos perceber que os professores do CTC tendem a estabelecer uma relação mais acadêmica com os alunos, sem extrapolar questões de matérias, por exemplo. Os alunos do centro também foram os que menos relataram professores que levam em consideração a diversidade existente na sala de aula. Além disso, apenas duas pessoas do CTC disseram frequentar grupos e coletivos, o que poderia ser uma boa opção para conseguirem discutir mais as questões sociais e criar mais vínculos na universidade - uma vez que há uma distância em relação aos professores.

Nesse sentido, os resultados apontam que os serviços de apoio, os coletivos e grupos estão ajudando muito nessa adaptação, então pensar formas de ampliar essas ações pode ser um caminho favorável. Percebemos que muitos sabem citar o nome dos serviços oferecidos, mas que são poucos os que parecem realmente entender mais a fundo seu funcionamento. Apesar disso, consideramos que um bom número de pessoas - 30% dos entrevistados - já utilizou algum dos serviços. Também nos surpreendeu a grande importância dos coletivos e grupos para as 20 pessoas entrevistadas que os utilizam. Todos os relatos ressaltaram que fazer parte desses grupos possibilita uma melhor adaptação à universidade - seja no âmbito de amizades ou no âmbito de questões sociais e culturais.

Além disso dos serviços e coletivos já existentes, acreditamos que poderiam ser planejadas ações mais direcionadas para os professores dos diferentes cursos, para que eles também possam refletir sobre algumas de suas práticas e tentar mudá-las. Com medidas como essa, poderemos buscar uma educação com uma proposta mais intercultural, em que as diferenças sejam vistas como positivas e importantes, tornando o ambiente acadêmico cada vez mais inclusivo na sua diversidade.

Referências 1 - SOARES, Adriana Benevides et al. O impacto das expectativas na adaptação acadêmica dos estudantes no Ensino Superior. Psico-usf, v. 19, n. 1, p. 49-60, 2014. 2 - PINTRICH, Paul R.; DE GROOT, Elisabeth V. Motivational and self-regulated learning components of classroom academic performance. Journal of educational psychology, v. 82, n. 1, p. 33, 1990. 3 - ALMEIDA, Leandro S.; SOARES, Ana Paula. Os estudantes universitários: sucesso escolar e desenvolvimento psicossocial. Estudante universitário: Características e experiências de formação, p. 15-40, 2004. 4 - POLYDORO, Soely Aparecida Jorge. Evasão em uma instituição de ensino superior: desafios para a psicologia escolar. 1995. 145 p. 1995. Tese de Doutorado. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Departamento de Pós-Graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas.

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5 - PACHANE, Graziela Giusti. A experiência universitária e sua contribuição ao desenvolvimento pessoal do aluno. Estudante universitário: Características e experiências de formação, p. 155-186, 2003. 6 - POLYDORO, Soely Aparecida Jorge; PRIMI, Ricardo. Integração ao ensino superior: Explorando sua relação com características de personalidade e envolvimento acadêmico. Estudante universitário: Características e experiências de formação. Taubaté, SP: Cabral Editora e Livraria Universitária, p. 41-66, 2004. 7 - CANDAU, Vera Maria. Cotidiano escolar: a tensão entre igualdade e diferença. Revista Novamerica, Rio de Janeiro, n. 134, p. 134-138, 2012. 8 - GUERREIRO-CASANOVA, Daniela; POLYDORO, Soely. Integração ao ensino superior: relações ao longo do primeiro ano de graduação. Psicologia Ensino & Formação, v. 1, n. 2, p. 85-96, 2010. 9 - ATLAS.ti. Qualitative Data Analysis. Scientific Software Development GmbH, 2002. 10 - ALMEIDA, Leandro S. et al. Expectativas de envolvimento académico à entrada na Universidade: Estudo com alunos da Universidade do Minho. Psicologia: Teoria, Investigação e Prática, p. 3-15, 2003. 11 - GILIOLI, Renato de Sousa Porto. Evasão em instituições federais de ensino superior no Brasil: expansão da rede, SISU e desafios. 2016. Anexos Anexo 1:

1. Qual o seu curso? 2. Em que período você está? 3. De qual cor/raça você se declara ser? 4. De qual gênero você se declara ser? 5. Qual a sua idade? 6. Qual você diria ser sua classe socioeconômica? (baixa, média baixa, média, média alta

ou alta?) 7. Você pertence a algum grupo/coletivo aqui na PUC? Qual? Qual a importância desse

grupo pra você? 8. Em relação a amizades dentro e fora do seu curso: ➔ Estou SATISFEITO com meu círculo de amizades ➔ Estou INSATISFEITO com meu círculo de amizades ➔ Estou MUITO SATISFEITO com meu círculo de amizades ➔ Estou MUITO INSATISFEITO com meu círculo de amizades 9. Você convive com eles fora da PUC? ➔ Sim ➔ Não ➔ Pouco 10. Como você se relaciona com pessoas com poder aquisitivo diferente do seu aqui na

PUC? 11. Como se dá a relação dos seus professores com os alunos do seu curso? 12. Você acha que eles levam em consideração as diversidades existentes em sua turma?

Dê exemplos se puder. 13. Você já observou algum tipo de preconceito, comentário maldoso, ou tratamento

diferente na PUC? Você pode contar algum exemplo?

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14. Você já sofreu algum tipo de exclusão, comentários maldosos, ou tratamentos diferentes? Quando isso aconteceu, o que você fez? Você procurou alguém?

15. Você conhece os serviços de apoio da PUC? Já usou algum deles? Qual?

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Anexo 2:

Feminino Masculino Mulher Heterosexual BrancoCalcasian

o Pardo Negro OutrosNão

Declarou BaixaMédia-Baixa Média

Média-Alta Alta

Classe SocialAuto-declarado

CTCH 18 5,9 25 10 8 0 0

Centros da PUC

# de Entrevis

tados

Período em

curso (média)

Idade (média)

Gênero Raça/Cor:

0

CCS 23 5,6 22 14

10 1 1 4 1 1

5

0 6 7 4

7 1 1 11 1 6 0

CTC 18 4,7 21 8 9 0 1

4 0 2 1 10 6

00

CCBS 1 7 21 1

8

0 0 0 1 0 0

2

0

2 4 411 1 5 4

00 0 0 0 0 1

Tabela 1. Perfil dos estudantes entrevistados por Centro.

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Anexo 3:

NAIPD: “O Núcleo de Apoio e Inclusão da Pessoa com Deficiência está vinculado à Vice-Reitoria Acadêmica e tem como objetivo garantir o acesso e assegurar condições de permanência dos alunos com deficiência e necessidades educacionais especiais na Universidade. Oferece aos alunos o suporte necessário para as atividades acadêmicas, por meio do acesso à informação, recursos pedagógicos, intérpretes de Libras e práticas inclusivas”.

NOAP: “O Núcleo de Orientação e Atendimento Psicopedagógico é vinculado à Vice-Reitoria Acadêmica e coordenado pelo Departamento de Educação. Oferece aos alunos atendimento psicopedagógico, trabalho de aperfeiçoamento da leitura e da escrita e orientação profissional. Aos professores, oferece um espaço de diálogo sobre eventuais problemas enfrentados na relação professor-aluno. Para tanto, conta com três equipes de especialistas que realizam e supervisionam os atendimentos: Psicopedagogia, Leitura e Escrita e Orientação Profissional”.

PSICOM: “O Serviço Comunitário de Orientação Psicológica, criado pela Vice-Reitoria Comunitária, atende a alunos, professores e funcionários da PUC-Rio. São realizadas, pelo PSICOM, orientações especializadas de ordem pedagógica e psicológica, compreendendo questões emocionais e/ou comportamentais que possam estar trazendo repercussões para o desempenho acadêmico ou profissional, para a vida pessoal e familiar dos atendidos”.

SOU-CTC: “O Serviço de Orientação ao Universitário do CTC, do Decanato do Centro Técnico Científico, oferece apoio, orientação e suporte aos alunos do Centro, ao longo da sua trajetória universitária. Em paralelo, subsidia permanentemente a comunidade acadêmica com informações sobre as necessidades dos alunos, para que pense e proponha ações voltadas à melhoria da qualidade de ensino e da experiência em sala de aula”.

SPA: “O Serviço de Psicologia Aplicada, do Departamento de Psicologia, tem um profissional especializado para atender exclusivamente os alunos da PUC-Rio. Os encaminhamentos são feitos dentro da Rede oferecendo aos alunos atendimento terapêutico individual ou em grupo”.