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I saías a D aniel ""V ) C omentário B íblico J\. \ ' _=■'-r • Í-- - Ross E. Price C. Paul Gray J. Kenneth Grider Roy E. Swim gs

Vol.4 Profetas Maiores

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  • IsaIas Daniel

    4

    CBO

  • Todos os direitos reservados. Copyright 2005 para a lngua portuguesa da Casa Publicadora das Assemblias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.

    Beacon Bible Commentary 10 Volume SetCopyright 1969. Publicado pela Beacon Hill Press of Kansas City, uma diviso da Nazarene Publishing House, Kansas City, Missouri 64109, EUA.

    Edio brasileira publicada sob acordo com a Nazarene Publishing House.

    Traduo deste volume: Valdemar Kroker e Haroldo Janzen Preparao de originais e reviso: Reginaldo de Souza Capa e projeto grfico: Rafael Paixo Editorao: Joede Bezerra

    CDD: 220 - Comentrio Bblico ISBN: 85-263-0688-X

    Para maiores informaes sobre livros, revistas, peridicos e os ltimos lanamentos da CPAD, visite nosso site: http://www.cpad.com.br

    Casa Publicadora das Assemblias de Deus Caixa Postal 33120001-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

    Impresso no Brasil

    4a Impresso/2012 Tiragem: 2.000

  • BEACON HILL PRESS

    COMISSAO EDITORIAL CORPO CONSULTIVO

    A. F. Harper, Ph.D., D.D.Presidente

    G. B. Williamson Superintendente

    W. M. Greathouse, M.A., D.D. Secretrio

    E. S. Phillips Presidente

    W. T. Purkiser, Ph.D., D.D.Editor do Antigo Testamento

    J. Fred Parker Secretrio

    Ralph Earle, B.D., M.A., Th.D.Editor do Novo Testamento

    A. F. Harper Norman R. Oke

    M. A. Lunn

    EDIO BRASILEIRADIREO-GERAL

    Ronaldo Rodrigues de Souza Diretor-Executivo da CPAD

    SUPERVISO EDITORIAL Claudionor de Andrade Gerente de Publicaes

    COORDENAO EDITORIAL Isael de Araujo

    Chefe do Setor de Bblias e Obras Especiais

  • Prefcio

    Toda Escritura divinamente inspirada proveitosa para ensinar, para redargir, para corrigir, para instruir em justia, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instrudo para toda boa obra (2 Tm 3.16,17).

    Cremos na inspirao plenria da Bblia. Deus fala com os homens pela Palavra. Ele fala conosco pelo Filho. Mas sem a palavra escrita como saberamos que o Verbo (ou Palavra) se fez carne? Ele fala conosco pelo Esprito, mas o Esprito usa a Palavra escrita como veculo de revelao, pois Ele o verdadeiro Autor das Santas Escrituras. O que o Esprito revela est de acordo com a Palavra.

    A f crist deriva da Bblia. Esta o fundamento da f, da salvao e da santificao. E o guia do carter e conduta cristos. Lmpada para os meus ps tua palavra e luz, para o meu caminho (SI 119.105).

    A revelao de Deus e sua vontade para os homens so adequadas e completas na Bblia. A grande tarefa da igreja comunicar o conhecimento da Palavra, iluminar os olhos do entendimento e despertar e aclarar a conscincia para que os homens aprendam a viver neste presente sculo sbria, justa e piamente. Este processo conduz posse da herana [que ] incorruptvel, incontaminvel e que se no pode murchar, guardada nos cus (Tt 2.12; 1 Pe 1.4).

    Quando consideramos a traduo e a interpretao da Bblia, admitimos que somos guiados por homens que no so inspirados. A limitao humana, como tambm o fato inconteste de que nenhuma escritura de particular interpretao, ou seja, no tem uma nica interpretao, permite variao na exegese e exposio da Bblia.

    O Comentrio Bblico Beacon (CBB) oferecido em dez volumes com a apropriada modstia. No suplanta outros. Nem pretende ser exaustivo ou conclusivo. O empreendimento colossal. Quarenta dos escritores mais capazes foram incumbidos dessa tarefa. So pessoas treinadas com propsito srio, dedicao sincera e devoo suprema. Os patrocinadores e editores, bem como todos os colaboradores, oram com fervor para que esta nova contribuio entre os comentrios da Bblia seja til a pregadores, professores e leigos na descoberta do significado mais profundo da Palavra de Deus e na revelao de sua mensagem a todos que a ouvirem.

    G. B. Williamson

  • AgradecimentosSomos gratos pela permisso para citar material protegido por direitos autorais,

    t relao apresentamos a seguir: Abindon Press; Henry Sloane Coffin e James Muilenberg in Volume V, The

    Interpreters Bible. Bible House of Los Angeles: W. C. Stevens, The Book of Daniel. Wm. B. Eerdmans Publishing Co.: E. J. Young, The Messianic prophecies of

    Daniel. Fleming H. Revell: G. Campbell Morgan, Studies in the Prophecy of Jeremiah. Westminster Press and Epworth Press (London): James D. Smart, History and

    Theology in Second Isaiah.

    O Comentrio Bblico de Beacon (CBB) cita as seguintes verses bblicas protegidas direitos autorais:

    The Amplified Old Testament. Copyright 1964, Zondervan Publishing House. The Berkeley Version in Modern English. Copyright 1958, 1959, Zondervan

    Publishing House. The Bible: ANew Translation, James Moffatt. Copyright 1950,1952,1953,1954

    de James A. R. Moffatt. Usado com a permisso de Harper & Row. The Bible: An American Translation, J. M. Powis Smith, Edgar J. Goodspeed.

    Copyright 1923,1927, 1948 de The University of Chicago Press. Revised Standard Version of the Holy Bible. Copyright 1946 e 1952 pela Division

    of Christian Education of the National Council of Churches. The Basic Bible: Containing the Old and New Testaments in Basic English.

    Copyright 1950 de E. P. Dutton & Company, Incorporated. Knox Version of the Holy Bible, por Msgr. Ronald Knox. Copyright 1960 por The

    Macmillan Co. The Holy Bible from the Peshita, traduzido por George M. Lamsa. Copyright

    1933,1939,1940, por A. J. Holman Co. Four Prophets: A Modern Translation from the Hebrew, por John B. Phillips.

    Copyright 1963 por Macmillan Co.

  • Citaes e Referncias

    0 tipo negrito na exposio de todo este comentrio indica a citao bblica extrada da verso feita por Joo Ferreira de Almeida, edio de 1995, Revista e Corrigida (RC). Referncias a outras verses bblicas so colocadas entre aspas seguidas pela indicao da verso.

    Nas referncias bblicas, uma letra (a, b, c, etc.) designa parte de frase dentro do versculo. Quando nenhum livro citado, compreende-se que se refere ao livro sob anlise.

    Dados bibliogrficos sobre lima obra citada por um escritor podem ser encontrados consultando-se a primeira referncia que o autor fez obra ou reportando-se bibliografia.

    As bibliografias no tm a pretenso de ser exaustivas, mas so includas para fornecer dados de publicao completos para os volumes citados no texto.

    Referncias a autores no texto, ou a incluso de seus livros na bibliografia no, constituem endosso de suas opinies. Toda leitura no campo da interpretao bblica deve ter caracterstica discriminadora e ser feita de modo reflexivo.

  • Como Usar o Comentrio Bblico Beacon

    A Bblia um livro para ser lido, entendido, obedecido e compartilhado com as pessoas. O Comentrio Bblico Beacon (CBB) foi planejado para auxiliar dois destes quatro itens: o entendimento e o compartilhamento.

    Na maioria dos casos, a Bblia sua melhor intrprete. Quem a l com a mente aberta e esprito receptivo se conscientiza de que, por suas pginas, Deus est falando com o indivduo que a l. Um comentrio serve como valioso recurso quando o significado de uma passagem no est claro sequer para o leitor atento. Mesmo depois de a pessoa ter visto seu particular significado em determinada passagem da Bblia, recompensador descobrir que outros estudiosos chegaram a interpretaes diferentes no mesmo texto. Por vezes, esta prtica corrige possveis concepes errneas que o leitor tenha formado.

    O Comentrio Bblico Beacon (CBB) foi escrito para ser usado com a Bblia em mos. Muitos comentrios importantes imprimem o texto bblico ao longo das suas pginas. Os editores se posicionaram contra esta prtica, acreditando que o usurio comum tem sua compreenso pessoal da Bblia e, por conseguinte, traz em mente a passagem na qual est interessado. Outrossim, ele tem a Bblia ao alcance para checar qualquer referncia citada nos comentrios. Imprimir o texto integral da Bblia em uma obra deste porte teria ocupado aproximadamente um tero do espao. Os editores resolveram dedicar este espao a recursos adicionais para o leitor. Ao mesmo tempo, os escritores enriqueceram seus comentrios com tantas citaes das passagens em debate que o leitor mantm contato mental fcil e constante com as palavras da Bblia. Estas palavras citadas esto impressas em tipo negrito para pronta identificao.

    Esclarecimento de P assagens R elacionadas

    A Bblia sua melhor intrprete quando determinado captulo ou trecho mais longo lido para descobrir-se o seu significado. Este livro tambm seu melhor intrprete quando o leitor souber o que a Bblia diz em outros lugares sobre o assunto em considerao. Os escritores e editores do Comentrio Bblico Beacon (CBB) se esforaram continuamente para proporcionar o mximo de ajuda nesse campo. Referncias cruzadas, relacionadas e cuidadosamente selecionadas, foram includas para que o leitor encontre a Bblia interpretada e ilustrada pela prpria Bblia.

    Tratamento dos P argrafos

    A verdade da Bblia melhor compreendida quando seguimos o pensamento do escritor em sua seqncia e conexes. As divises em versculos com que estamos familiarizados foram introduzidas tardiamente na Bblia (no sculo XVI, para o Novo Testamento, e no sculo XVII, para o Antigo Testamento). As divises foram feitas s pressas e, por vezes, no acompanham o padro de pensamento dos escritores inspirados. O

  • mesmo verdadeiro acerca das divises em captulos. A maioria das tradues de hoje organiza as palavras dos escritores bblicos de acordo com a estrutura de pargrafo conhecida pelos usurios da lngua portuguesa.

    Os escritores deste comentrio consideraram a tarefa de comentar de acordo com este arranjo de pargrafo. Sempre tentaram responder a pergunta: O que o escritor inspirado estava dizendo nesta passagem? Os nmeros dos versculos foram mantidos para facilitar a identificao, mas os significados bsicos foram esboados e interpretados nas formas mais amplas e mais completas de pensamento.

    Introduo dos L ivros da B blia

    A Bblia um livro aberto para quem a l refletidamente. Mas entendida com mais facilidade quando obtemos um maior entendimento de suas origens humanas. Quem escreveu este livro? Onde foi escrito? Quando viveu o escritor? Quais foram as circunstncias que o levaram a escrever? Respostas a estas perguntas sempre acrescentam mais compreenso s palavras das Escrituras.

    Estas respostas so encontradas nas introdues. Nesta parte h um esboo de cada livro. A Introduo foi escrita para dar-lhe uma viso geral do livro em estudo, fornecer- lhe um roteiro seguro antes de voc enfronhar-se no texto comentado e proporcionar-lhe um ponto de referncia quando voc estiver indeciso quanto a que caminho tomar. No ignore o sinal de advertncia: Ver Introduo. Ao final do comentrio de cada livro h uma bibliografia para aprofundamento do estudo.

    Mapas, D iagramas e Ilustraes

    A Bblia trata de pessoas que viveram em terras distantes e estranhas para a maioria dos leitores dos dias atuais. Entender melhor a Bblia depende, muitas vezes, de conhecer melhor a geografia bblica. Quando aparecer o sinal: Ver Mapa, voc deve consultar o mapa indicado para entender melhor os locais, as distncias e a coordenao de tempo relacionados com a poca das experincias das pessoas com quem Deus estava lidando.

    Este conhecimento da geografia bblica o ajudar a ser um melhor pregador e professor da Bblia. At na apresentao mais formal de um sermo importante a congregao saber que a fuga para o Egito era uma viagem a p, de uns 320 quilmetros, em direo sudoeste. Nos grupos informais e menores, como classes de escola dominical e estudos bblicos em reunies de orao, um grande mapa em sala de aula permite o grupo ver os lugares tanto quanto ouvi-los ser mencionados. Quando vir estes lugares nos mapas deste comentrio, voc estar mais bem preparado para compartilhar a informao com os integrantes da sua classe de estudo bblico.

    Diagramas que listam fatos bblicos em forma de tabela e ilustraes lanam luz sobre as relaes histricas da mesma forma que os mapas ajudam com o entendimento geogrfico. Ver uma lista ordenada dos reis de Jud ou das aparies ps-ressurreio de Jesus proporciona maior entendimento de um item em particular dentro de uma srie. Estes diagramas fazem parte dos recursos oferecidos nesta coleo de comentrios.

  • 0 Comentrio Bblico Beacon (CBB) foi escrito tanto para o recm-chegado ao estudo da Bblia como para quem h muito est familiarizado com a Palavra escrita. Os escritores e editores examinaram cada um dos captulos, versculos, frases, pargrafos e palavras da Bblia. O exame foi feito com a pergunta em mente: O que significam estas palavras? Se a resposta no evidente por si mesma, incumbimo-nos de dar a melhor explicao conhecida por ns. Como nos samos o leitor julgar, mas o convidamos a ler a explanao dessas palavras ou passagens que podem confundi-lo em sua leitura da Palavra escrita de Deus.

    Exegese e Exposio

    Os comentaristas bblicos usam estas palavras para descrever dois modos de elucidar o significado de uma passagem da Bblia. Exegese o estudo do original hebraico ou grego para entender que significados tinham as palavras quando foram usadas pelos homens e mulheres dos tempos bblicos. Saber o significado das palavras isoladas, como tambm a relao gramatical que mantinham umas com as outras, serve para compreender melhor o que o escritor inspirado quis dizer. Voc encontrar neste comentrio esse tipo de ajuda enriquecedora. Mas s o estudo da palavra nem sempre revela o verdadeiro significado do texto bblico.

    Exposio o esforo do comentarista em mostrar o significado de uma passagem na medida em que afetado por qualquer um dos diversos fatos familiares ao escritor, mas, talvez, pouco conhecidos pelo leitor. Estes fatos podem ser: 1) O contexto (os versculos ou captulos adjacentes), 2) o pano de fundo histrico, 3) o ensino relacionado com outras partes da Bblia, 4) a significao destas mensagens de Deus conforme se relacionam com os fatos universais da vida humana, 5) a relevncia destas verdades para as situaes humanas exclusivas nossa contemporaneidade. O comentarista busca explicar o significado pleno da passagem bblica sob a luz do que melhor compreende a respeito de Deus, do homem e do mundo atual.

    Certos comentrios separam a exegese desta base mais ampla de explicao. No Comentrio Bblico Beacon (CBB) os escritores combinaram a exegese e a exposio. Estudos cuidadosos das palavras so indispensveis para uma compreenso correta da Bblia. Mas hoje, tais estudos minuciosos esto to completamente refletidos em vrias tradues atuais que, muitas vezes, no so necessrios, exceto para aumentar o entendimento do significado teolgico de certa passagem. Os escritores e editores desta obra procuraram espelhar uma exegese verdadeira e precisa em cada ponto, mas discusses exegticas especficas so introduzidas primariamente para proporcionar maior esclarecimento no significado de determinada passagem, em vez de servir para engajar-se em discusso erudita.

    A Bblia um livro prtico. Cremos que Deus inspirou os homens santos de antigamente a declarar estas verdades, para que os leitores melhor entendessem e fizessem a vontade de Deus. O Comentrio Bblico Beacon (CBB) tem a incumbncia primordial de ajudar as pessoas a serem mais bem-sucedidas em encontrar a vontade de Deus conforme revelada nas Escrituras descobrir esta vontade e agir de acordo com este conhecimento.

  • J dissemos que a Bblia um livro para ser compartilhado. Desde o sculo I, os pregadores e professores cristos buscam transmitir a mensagem do evangelho lendo e explicando passagens seletas da Bblia. O Comentrio Bblico Beacon (CBB) procura incentivar este tipo de pregao e ensino expositivos. Esta coleo de comentrios contm mais de mil sumrios de esboos expositivos que foram usados por excelentes pregadores e mestres da Bblia. Escritores e editores contriburam ou selecionaram estas sugestes homilticas. Esperamos que os esboos indiquem modos nos quais o leitor deseje expor a Palavra de Deus classe bblica ou congregao. Algumas destas anlises de passagens para pregao so contribuies de nossos contemporneos. Quando h esboos em forma impressa, do-se os autores e referncias para que o leitor v fonte original em busca de mais ajuda.

    Na Bblia encontramos a verdade absoluta. Ela nos apresenta, por inspirao divina, a vontade de Deus para nossa vida. Oferece-nos orientao segura em todas as coisas necessrias para nossa relao com Deus e, segundo sua orientao, para com nosso semelhante. Pelo fato de estas verdades eternas nos terem chegado em lngua humana e por mentes humanas, elas precisam ser colocadas em palavras atuais de acordo com a mudana da lngua e segundo a modificao dos padres de pensamento. No Comentrio Bblico Beacon (CBB) nos empenhamos em tornar a Bblia uma lmpada mais eficiente para os caminhos das pessoas que vivem no presente sculo.

    A. F. Harper

    A ju das para a P regao e o E nsino d a B blia

  • Abreviaes Usadas Nestes ComentriosARA Almeida, Revista e Atualizada ASV American Standard Revised Version*ATA Antigo Testamento Amplificado*BA Bblia Amplificada*BBE The Basic Bible Containing the Old and New Testaments in Basic English* CBB Comentrio Bblico de Beacon HDB Hastings Dictionary of the Bible IB Interpreters Bible*IDB The Interpreters Dictionary of the Bible*ISBE International Standard Bible EncyclopediaKnox The Holy Bible, por Ronald A. KnoxLP Living Prophets, por Kenneth N. TaylorLXX SeptuagintaNASB New American Standard BibleNBC The New Bible Commentary*NBD The New Bible Dictionary*NEB New English BibleNTLH Nova Traduo na Linguagem de HojeNVI Nova Verso InternacionalPhillips Four Prophets, por John B. PhillipsRSV Revised Standard Version*VBB Verso Bblica de Berkeley*Von Orelli The Prophecies of Isaiah, por C. von Orelli Vulg. Vulgata

    * Neste caso, a traduo do contedo destas obras foi feita pelo tradutor deste comentrio. (N. do T.)

    a.C. antes de Cristo cap. captulo caps. captulos cf. confira, compared.C. depois de Cristoe.g. por exemploed. cit. edio citadaesp. especialmente, sobretudoet l. e outrosgr. gregohb. hebraico

    ib. na mesma obra, captulo ou pginalit. literalmenteN. do E. Nota do EditorN. do T. Nota do Tradutorop. cit. obra citadap. pginapp. pginass. e o seguinte (versculo ou pgina) ss. e os seguintes (versculos ou pginas) tb. tambm v. versculo

    i.e. isto

  • Sumrio

    VOLUME 4

    ISAAS 19

    Introduo 21Comentrio 31Notas 218Bibliografia 241

    JEREMIAS 245

    Introduo 247Comentrio 257Notas 387Bibliografia 397

    LAMENTAES 399

    Introduo 401Comentrio 406Notas 424Bibliografia 424

    EZEQUIEL 427

    Introduo 429Comentrio 432Notas 490Bibliografia 493

    DANIEL 495

    Introduo 497Comentrio 502Notas 546Bibliografia 548

    MAPAS, DIAGRAMAS E ILUSTRAES 551

    Autores deste Volume 557

  • 0 Livro de

    ISAlAS

    Ross E. Price

  • Introduo

    A. Importncia

    O livro de Isaas faz parte dos chamados Profetas Maiores. Ele o rei entre todos os famosos mensageiros de Israel. Os escritos que levam seu nome esto entre os mais profundos de toda a literatura, e sua profecia incomparvel no que diz respeito excelncia e distino. Isaas, portanto, no encontra paralelos e se sobressai em relao aos outros profetas pela fora da sua personalidade, sabedoria e habilidade de estadista, pelo poder da sua oratria e pela clareza de suas idias. Seu ministrio foi oportuno e de grande influncia. Os ltimos quarenta anos do oitavo sculo a.C. produziram grandes homens, mas o maior de todos foi o profeta Isaas. Seu nome significa o Senho r salvao, e ele freqentemente faz uso de jogos de palavras com seu prprio nome, ou de seus cognatos, para ressaltar seu tema central: Salvao pela f.

    B. O Mundo nos Dias de Isaas

    O pano de fundo histrico do livro de Isaas est em 2 Reis 1520 e 2 Crnicas 2632.1) Politicamente, foras mundiais estavam em conflito por supremacia. A Assria, o

    colosso do nordeste, dominava a cena. A vigsima terceira dinastia ocupava o poder no Egito no incio do ministrio de Isaas, e as vigsima quarta e vigsima quinta a seguiram antes de sua morte. A cidade de Roma foi fundada somente alguns anos depois do seu nascimento. A era micnica estava com os dias contados na Grcia com o surgimento das famosas cidades-estado. Na poca do nascimento de Isaas, o Reino do Norte de Israel, com sua capital em Samaria, estava a apenas um quarto de sculo da sua queda. A Sria conheceria a sua runa durante os ltimos anos de Isaas.

    De acordo com o incio do seu livro, Isaas profetizou em Jerusalm durante os reinados de Uzias, Joto, Acaz e Ezequias. A tradio diz que ele enfrentou a morte nas mos do rei mpio Manasss. Sabemos que sua grande experincia no Templo (cap. 6) ocorreu no ano da morte de Uzias, e ele ainda estava ativo durante o cerco de Jerusalm causada pelo rei da Assria, Senaqueribe, em 701 a.C.

    Ainda jovem, Isaas testemunhou o desenvolvimento rpido de Jud em um forte estado comercial e militar. Sob o reinado de Uzias, Jud alcanou um grau de prosperidade e poder que no havia desfrutado desde os dias de Salomo. Jud tinha cidades fortificadas, torres e fortalezas, um grande exrcito e um porto comercial no mar Vermelho. Seu comrcio interior havia crescido, impostos eram pagos a Jud pelos amonitas e guerras bem-sucedidas eram promovidas contra os filisteus e os rabes. Esse era o quadro durante os longos 52 anos do prspero reinado de Uzias.

    No reinado de Joto, os assrios voltaram seus exrcitos para o lado oeste e sul visando a conquista mundial. Cidade aps cidade, incluindo finalmente Damasco, na Sria, foram reduzidas a entulho ou ento obrigadas a pagar impostos Assria. Esse fato levou Rezim, da Sria, e Peca, de Israel, a formar uma aliana para resistir ao agressor. Eles chegaram concluso que era imperativo recrutar a ajuda de Jud na oposio deles ao avano

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  • assrio. Assim, o rei Acaz foi intimado a participar dessa aliana. Quando recusou-se a faz-lo, Rezim e Peca declararam guerra a Jud, para for-lo a participar do seu pacto ou para destron-lo e colocar o filho de Tabeal no trono de Davi (2 Rs 16.5; Is 7.6). A batalha que se sucedeu conhecida como a guerra siro-efraimita (734 a.C.).

    Ezequias sucedeu Acaz, e embora herdasse uma carga pesada de tributos estrangeiros do reinado de seu pai, ele instituiu reformas ao derrubar os postes-dolos e remover os lugares altos com seus altares (2 Rs 18.4,22). Ele ordenou a adorao diante do verdadeiro altar em Jerusalm e chegou a convidar aqueles que ficaram no Reino do Norte para celebrar a Pscoa com Jud em Jerusalm (2 Cr 30.1).

    A queda do Reino do Norte ocorreu em janeiro de 721 a.C., diante de Sargo II da Assria. Ele levou mais de 27.000 cativos e trouxe colonizadores da Babilnia para assent- los no lugar deles nas cidades adjacentes a Samaria (2 Rs 17.6, 24). Jud somente escapou por se dispor a pagar uma elevada carga tributria.

    Quando Ezequias faleceu, seu filho Manasss o sucedeu no trono de Jud. Ele imediatamente abandonou as reformas do pai, enfrentando, dessa forma, a oposio do profeta. Manasss derramou muito sangue (2 Rs 21.2-16) e, de acordo com Epifnio,1 serrou Isaas ao meio no entanto, no antes de o profeta ter nos deixado algumas das maiores profecias messinicas das Escrituras Sagradas.

    2) Socialmente, havia as classes pobre e rica no tempo de Isaas, com o costumeiro abismo entre ambas. Prevaleciam abusos, ressentimentos, mal-estar, explorao, roubo de terras, extorso e despejo. Governos de cidades corruptos e juizes que aceitavam suborno tornaram a vida miservel para os pobres. Luxria e ociosidade unidos indiferena para com o sofrimento dos outros caracterizavam aqueles que eram prsperos. A embriagus seguia sua trilha costumeira e aumentava a pobreza, tristeza e aflio.

    3) As condies religiosas estavam longe do ideal. O baalismo havia se infiltrado na adorao, tanto nas classes mais elevadas como nas baixas. Costumes supersticiosos do Oriente e a adorao horripilante a Moloque haviam poludo a religio pura. Faltava fibra moral e os padres ticos eram baixos. Os profetas comuns estavam ocupados demais com bebidas fortes para dar ateno ao bem-estar das pessoas. E mesmo se tivessem disposio em ajud-las, careciam de qualquer mensagem verdadeira e de poder. As mulheres eram vulgares, sensuais, bbadas, mimadas e negligentes.

    Os impostos do Templo haviam sido aumentados, mas podia se ver um divrcio crescente entre religio e vida. A devoo religiosa era somente uma atividade formal imitada por aqueles que careciam da verdadeira compreenso de Deus e suas ordenanas. Cultos a Deus destitudos de nimo eram poludos com a adorao de outros deuses e a terra estava cheia de dolos diante dos quais ricos e pobres se curvavam. Adivinhos e feiticeiros tinham muitos clientes. Percebia-se em toda parte orgulho e auto-satisfao, o que levava o povo a esquecer-se de qualquer dependncia de Deus. Isaas lamentou o ritual meramente mecnico e convocou o povo a retornar a uma adorao sincera e espontnea.

    C. O Homem

    1) Seu nascimento. Isaas nasceu em tomo de 760 a.C., embora alguns estudiosos da Bblia entendam que seu nascimento ocorreu em 770 a.C.2 Ele era nativo de Jerusalm, no

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  • Reino do Sul. Pelo que tudo indica pertencia a uma famlia de certa posio, porque tinha acesso fcil ao rei e intimidade com o sumo sacerdote. A tradio diz que Isaas era primo do rei Uzias. Ele estava familiarizado com a cidade de Jerusalm. Suas imagens derivam de cenas daquela cidade, e seu interesse parece basicamente voltado a essa cidade. As metforas urbanas do livro esto relacionadas a ele da mesma forma que as smiles pastorais esto ligadas a Ams. Ele estava familiarizado com o Templo e seus rituais, e parece ter trabalhado na maior parte da sua longa vida como um pregador da corte para a cidade e a nao.

    2) Sua famlia. Isaas casou-se provavelmente em 735 a.C. e teve dois filhos, a quem deu nomes simblicos e profticos. O mais velho foi chamado de Sear-Jasube, um remanescente deve retomar. Ele provavelmente nasceu em torno de 734 a.C., pouco depois da grande viso de Isaas no Templo descrita no captulo 6. O mais jovem, Maher-shalal- hash-baz, apressando-se sobre a presa ou precipitando-se sobre a rapina, foi nomeado dessa forma como predio do iminente saque de Damasco e Samaria pelo exrcito dos assrios. Isaas refere-se sua esposa como a profetisa (8.3), mas no devemos concluir dessa designao que ela compartilhava o dom de profecia do seu marido. Em vez disso, o ttulo parece ter sido dado a ela devido funo do seu marido.

    3) Sua santificao e chamado. E muito provvel que Isaas tenha sido influenciado pelos contatos com Ams, Osias e Miquias. Seu contemporneo imediato foi Miquias. Mas a grande influncia espiritual em sua vida foi a crise que experimentou no Templo no ano em que o rei Uzias faleceu. Alguns estudiosos bblicos acreditam que essa foi a sua primeira viso, mas ela lhe veio depois de alguns anos de experincia na pregao. Essa viso serviu definitivamente para aprofundar sua espiritualidade e esclarecer suas percepes a respeito do carter de Deus e da natureza do seu prprio chamado.

    Podemos notar que a experincia foi sbita, visual e audvel. Nela o Deus transcendente se revelou em majestade e glria sua criatura que o adorava. Isaas teve a viso e ouviu o cntico dos serafins e a voz do Deus Eterno. Em contraste com o Deus santo ele viu sua prpria impureza, e quando a convico tocou sua alma ele expressou sua confisso em alta voz. O resultado foi uma limpeza e purificao dos lbios que o qualificou a levar a cabo a sua comisso divina.

    Tendo ouvido o chamado do Eterno para ser embaixador, Isaas atendeu imediatamente. Como homem transformado por Deus ele agora estava preparado para a sua tarefa. Ele foi incumbido de ser o porta-voz de Deus, um conselheiro poltico e religioso em Jerusalm, at que cidades fossem devastadas e ficassem desabitadas. L no vale do exlio e deportao ele deveria se tomar um confortador, crtico e conselheiro do seu povo. Ele tinha, portanto, a funo de ministrar, sabendo que muitos no estariam dispostos a ouvi-lo, e que somente um remanescente seria salvo para tornar-se o ncleo da nova Sio e a substncia da semente sagrada.

    4) Suas caractersticas pessoais. Isaas foi uma das maiores personalidades de todos os tempos, um homem de f com uma viso otimista do resultado final da causa do Senhor. Ele transmitiu a mensagem de Deus a homens do seu tempo, e os sculos o tm reconhecido como um homem de percepo poltica aguada e habilidade de estadista.

    Isaas foi tanto um poeta como um orador um artista com as palavras; sua expresso lmpida insupervel. Alm do mais, ele sempre tinha seus olhos voltados para o futuro; por isso, o elemento de predio era forte na sua profecia. Seu carter e gnio tm sido resumidos sob quatro caracterizaes, ou seja, como estadista, reformador, telogo e

    2 3

  • poeta.3 Certamente ele foi tudo isso. Sua viso era clara, consistente e completa. Ele tinha uma grande preocupao com a justia social e a retido nacional. Seus orculos mostram que seu horizonte era mundial. Ele possua uma verdadeira viso missionria. Se ele foi aristocrata por nascimento, tambm o foi em carter e esprito.

    D. Seu Ministrio

    O ministrio de Isaas durou uma vida inteira, desde que era jovem at se tornar um senhor de idade avanada. Esse ministrio foi todo realizado em sua prpria comunidade: uma vida ocupada com a pregao, predio, argumentando com reis, sacerdotes e pessoas, e escrevendo profecias. Se a tradio est correta, ele viu a passagem de quatro reis antes do seu prprio martrio. Como estadista no h outro semelhante a ele entre os profetas. Nem mesmo Elias enfrentou tempos to graves e difceis. Reis foram salvos de polticas suicidas devido ao seu discernimento. Sua f foi a fonte de encorajamento para muitos em Jerusalm e a salvao de Jud repetidas vezes.

    Como pregador da justia social no h paralelo, a no ser o profeta Ams. Reis, juizes, prncipes e mercadores foram todos repreendidos por ele. Isaas gastou sua vida tentando ajudar pessoas a ver Deus como ele o conhecia. Ele destacou-se como um gigante espiritual dos seus dias um visionrio meticuloso e um prognosticador de destinos.

    E. Sua Mensagem

    O que se destaca na profecia de Isaas seu rico conceito acerca do Deus eterno.11 Para o profeta, Deus se eleva acima de todas as coisas terrenas. Ele o Senhor dos exrcitos, o Alto e Sublime que habitou a eternidade, o Poderoso de Israel, Criador de todas as coisas e o Eterno que fez todas as coisas. Deus dirige o curso da histria; no h outro Deus alm dele e Ele no tem nenhuma inteno de repartir sua divindade com qualquer rival humano. Ele o Deus de sabedoria e poder. Alm disso, Ele apaixonadamente tico o Santo. A respeito dele os serafins cantaram: Santo, Santo, Santo (6.2-3).

    Essa santidade significa mais para Isaas do que mera divindade; ela tambm significa pureza. O seu Deus requer arrependimento e f, e somente o Eterno Salvao. Por esta razo, deve haver um retorno a Deus e um cessar de fazer o mal (1.16), alm de uma espera silenciosa em Deus por meio de uma f prtica de que Ele prover livramento. Se o povo de Deus sofre opresso, por causa dos seus pecados. No entanto, chegar o tempo do perdo e conforto de Deus. Assim, na profecia de Isaas Deus fala de si mesmo como: teu Redentor, teu Deus, o Santo de Israel, teu Salvador, teu Criador, Aquele que te formou e teu marido.

    O povo de Israel precioso para Ele, mais do que as outras naes. Ele no os esqueceu. Ele se compadece dos seus sofrimentos e fraquezas e est preocupado com as suas necessidades. Como Pastor, Ele vai aliment-los e gui-los a lugares de abenoada abundncia. Aquele que os carregou desde o nascimento vai cuidar deles mesmo em idade avanada. Tendo o Eterno como seu Deus eles podem estar seguros de que tero um tempo de exaltao e bno futura.

    24

  • Isaas tem muito a dizer a respeito do remanescente justo, que ele entende como a minoria grandiosa de Deus, a semente de um incio novo e puro surgindo de cada crise devastadora. Aqui est o ncleo da doutrina promulgada mais tarde por Paulo; este remanescente espiritual, e no as entidades polticas de Israel e Jud, que o reino de Deus. A luz do fato de que um remanescente sempre sobreviveria, Isaas nunca podia falar de julgamento como um estado de destruio total. Sempre haver uma minoria sobrevivente que, no tempo oportuno, ser o ncleo santo. Desse remanescente vir o estado ideal sobre o qual o Messias, o Davi ideal, ser o Senhor. A esperana de Jud , portanto, projetada alm da nao existente. Nesse tempo, o Messias reinar sobre um Israel redimido e espiritual. Seu futuro ser Jerusalm, purificada das impurezas, como o monte santo do Eterno. Os homens ento crero e dependero somente de Deus. Por esta razo, esse novo e justo remanescente no somente a minoria grandiosa mas uma verdadeira comunho de f.

    Duas passagens famosas nos apresentam o ncleo do ensino de Isaas referente ao Messias 9.6-7 e 11.1-10. Nesta ltima introduzida a pessoa de um Rei maravilhoso por meio de quem vir a nova ordem das coisas. Da raiz de Jess, depois que a catstrofe cortou a rvore da monarquia davdica (11.1-10), dever brotar um rebento. Sobre Ele o Esprito do Eterno descer em plenitude. Isso se desenvolver em discernimento perspicaz, eqidade de deciso, proclamao justa e fidelidade permanente. Sob sua disciplina e governo os animais selvagens vo perder sua natureza predatria e tornar-se mansos. Ento a paz ser universal por causa do amplo conhecimento do Eterno.

    A outra passagem (9.6-7) atribui a esse Rei vindouro caractersticas sobre-humanas. Nascido como uma criana, o domnio estar sobre os seus ombros em dignidade real, e o nome qudruplo que Ele leva : Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Prncipe da Paz.

    Messias significa Deus conosco, um Rei justo, um Esconderijo da tempestade, um Crrego no deserto e uma grande Rocha que prover sombra em uma terra cansada. Sua salvao ter integralidade csmica, e a redeno dever incluir restaurao da ordem material e animal bem como social e moral.

    Mas o Messias tambm o Servo Sofredor do Senhor, sofrendo vicariamente pela salvao das pessoas (52.1353.12). Veja os trs outros cnticos do servo precedentes, conforme enumerados na nota 10 dos comentrios em Isaas 53.

    Em resumo, os ensinos de Isaas acerca da salvao mostram que o prprio Deus eterno inicia a salvao (49.8; 59.16; 61.10; 63.5). O homem se apropria dela por meio da f e espera em Deus com reverncia (12.2; 33.2, 6). A salvao de Deus eterna (45.17; 51.6, 8). Sua salvao universal para Sio e para os confins da terra, mesmo para os gentios (46.13; 49.6; 52.10; 62.11). Sua salvao est porta (46.13; 56.1). algo para se alegrar e proclamar (12.2-3; 25.9; 60.18). Alm disso, o mundo ser salvo por meio do Servo Sofredor.

    Finalmente, Isaas tem algo a dizer a respeito da adorao espiritual. Mero ritualismo exterior no pode satisfazer a Deus. A retido mais do que uma mera participao no templo. Tanto o ritualismo quanto o sensualismo so igualmente falsos. O formalismo e o viver carnal so pura estupidez. Ningum pode escapar do foro judicial da conscincia diante do qual Deus chama a juzo todos os homens. Assim, uma mudana genuna do corao mais importante do que a conformidade ao ritual. A viso que Isaas teve de Deus

    25

  • nos mostra que a verdadeira adorao , em primeiro lugar, um encontro entre o divino e o humano. Ela se move da contemplao reverente revelao e percepo morais, e ento avana para o estado de comunicao real, que, por sua vez, leva ao fruir em compromisso e servio.5 A viso de Deus sempre provocou em ns um sentimento da nossa prpria indignidade, e o primeiro impulso de um corao limpo a tentativa de levar outros a Deus.

    A contribuio de Isaas f judaico-crist grande e duradoura. Das suas percepes profticas nos vieram as sementes que ao longo dos sculos geraram os conceitos mais definidos de expiao e salvao. Porque todos ns, como ovelhas, andvamos desgarrados, e o Senhor havia colocado sobre Cristo a iniqidade de todos ns, para que por meio das suas pisaduras pudssemos ser curados. Somente com esse tipo de convico poderemos voltar ao nosso Deus, que ter misericrdia de ns, com a certeza de que Ele tambm nos perdoar abundantemente.

    F. A Unidade e Autenticidade do Livro

    A questo Quantos Isaas existem? tem dado muita dor de cabea aos crticos. E, semelhantemente a Manasss, eles serraram esse autor em Proto, Deutero e Trito Isaas, declarando que seus postulados so fatos inquestionveis. Mas a tradio est unanimemente a favor da unidade do Livro de Isaas. Fotografias de descobertas mais recentes do pergaminho de Isaas da comunidade de Qumr, perto do mar Morto, mostram que no h uma quebra nos escritos entre os captulos 39 e 40. Nenhum manuscrito nem evidncias tradicionais descartam a unidade desse livro.

    Inmeros estudiosos renomados podem ser citados de ambos os lados da controvrsia acerca da unidade da profecia de Isaas e sua unicidade quanto autoria. O autor deste comentrio est disposto a se unir a estudiosos como George L. Robinson, C. W. E. Naegelsbach, Oswald T. Allis, entre outros, ao argumentar a favor de um nico Isaas.6 Seu argumento que, quando comeamos a dividir a profecia e atribu-la a vrios autores, no h limites. A aplicao consistente do princpio dessas divises requereria, no trs Isaas, mas pelo menos seis, e, mais logicamente, uma escola completa de Isaas. Nesse caso, quem vai poder dizer com certeza o que foi escrito pelo profeta original e o que no? Desta forma, a lgica do princpio auto-invalidada. Esse argumento deveria, portanto, se tomar suspeito. Se lermos com uma mente aberta o captulo 35 e, em seguida, o captulo 40, teremos de, no mnimo, admitir que ambas as passagens poderiam facilmente ter vindo da mesma caneta, da mesma mente e da mesma mo. Tambm precisamos admitir que se no adotarmos a priori os princpios que excluiro o elemento sobrenatural e proftico dos escritos de Isaas, existem poucos motivos para dividir esse livro em diversos autores. A viso prvia e a predio do Cativeiro ou Exlio so to possveis quanto a retrospectiva de um relato contemporneo, se a participao de um Deus onisciente no for excluda. Que Isaas acreditava que seu livro incorporava predies evidente (30.8), e o Deus de Isaas desafia os opositores a predizer o futuro e declarar as coisas que ocorreriam depois como somente Ele podia fazer (41.21-24). No entanto, como verdadeiro que quando uma razo ardilosa enche o corao de um intrprete, muitos argumentos honestos se alinham com ela!

    26

  • Esboo

    I. Profecias Introdutrias, 1.1 6.13

    A. A Grande Denncia, 1.1-31B. Percepes Profticas a Nao e sua Capital, 2.14.6C. O Cntico da Vinha, 5.1-30D. A Viso Transformadora, 6.1-13

    II. O L ivro de E m anuel , 7.1 12.6

    A. A Conspirao Siro-Efraimita, 7.19.1B. O Prncipe com o Nome Qudruplo, 9.2-7C. O Apelo do Eterno, 9.810.4D. A Vara da Ira de Deus, 10.5-34E. O Renovo do Tronco de Jess, 11.1-10F. O Remanescente Restaurado e Jubiloso, 11.1112.6

    III. O rculos contra N aes E strangeiras, 13.123.18

    A. Contra a Babilnia, 13.114.27B. Contra a Filstia, 14.28-32C. Contra Moabe, 15.116.14D. Contra Damasco e Efraim, 17.1-14E. Contra a Etipia, 18.1-7F. Contra o Egito, 19.120.6G. Contra o Deserto do Mar, 21.1-10H. Contra Dum (Edom), 21.11-12I. Contra aArbia, 21.13-17J. Aclamao Solene do Vale da Viso, 22.1-25 K. Contra Tiro, 23.1-18

    IV. Julgamento M undial e R edeno de Israel, 24.1 27.13

    A. Desolaes na Terra, 24.1-23B. Os Cnticos dos Redimidos, 25.1-12C. O Cntico da nossa Cidade de Refgio, 26.127.1D. A Preocupao Redentora do Senhor pelo seu Povo, 27.2-13

    V. Seis Ais de Advertncia, 28.1 33.24

    A. Ai aos Polticos, 28.1-29B. Ai aos Formalistas Orgulhosos, 29.1-14C. Ai aos Perversos e Insubordinados, 29.15-24D. Ai aos Partidrios pr-Egito, 30.1-33

    Parte Um: JULGAMENTO, Captulos 133

  • E. Ai daqueles que Confiam na Carne, 31.1-9F. Trs Homilias para Jerusalm, 32.1-20G. Ai ao Destruidor Assrio, 33.1-24

    Interldio: Captulos 3439

    V I. R etrospectiva e P erspectiva: Indignao e S alvao, 34.135.10

    A. Quando Deus Traz Julgamento, 34.1-17B. Promessas para o Povo Santo, 35.1-10

    V II. Interldio H istrico: Isaas e E zequias, 36.1 39.8

    A. A Invaso de Senaqueribe, 36.137.38B. A Enfermidade de Ezequias, 38.139.8

    Parte Dois: CONSOLAO, Captulos 4066

    V III. A D ivindade Incomparvel, 40.148.22

    A. O Conforto e a Majestade de Deus, 40.1-31B. Garantia de Ajuda a Israel, 41.1-29C. Deus Introduz seu Servo Escolhido, 42.1-25D. Tu s meu: Eu Sou o vosso Santo, 43.144.5E. Fora de mim no H Deus, 44.6-23F. Deus Comissiona Ciro e Promete Livramento a Israel, 44.2445.25G. O Deus de Israel Capaz, 46.1-13H. A Queda da Babilnia, 47.1-15I. A Convocao ao Novo xodo, 48.1-22

    IX . O S ervo do E terno, 49.1 57.21

    A. A Garantia do Eterno a Sio, 49.150.3B. O Eterno Defende os seus, 50.4-11C. A Promessa de Libertao do Eterno, 51.1-23D. A Redeno da Cativa Filha de Sio, 52.1-12E. O Servo Sofredor do Senhor, 52.1353.12F. O Amor da Aliana do Senhor por Sio, 54.1-17G. O Convite para a Misericrdia Oferecida por Deus, 55.1-13H. A Observncia do Sbado e Adorao, 56.1-8I. A Runa da Apostasia e Idolatria, 56.957.21

    X. A G lria F utura, 58.1 66.24A. A Verdadeira e a Falsa Piedade, 58.1-14B. Realizao e Redeno, 59.1-21C. A Descrio da Sio Glorificada, 60.1-22D. O Arauto e o Programa de Salvao, 61.1-11

    2 8

  • E. AAliana do Eterno, 62.1-12F. O Drama da Vingana Divina, 63.1-6G. 0 Povo de Deus em Orao, 63.764.12H. A Resposta de Deus para as Splicas do seu Povo, 65.1-25I. A Retribuio do Senhor e sua Recompensa, 66.1-24

    2 9

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    O> dia do julgamento da Babilnia chegou (47). Quando os traspassados de Israel (49) so vingados, mesmo os cus e a terra [...] jubilaro (48). Nessa hora de destruio, pensem em Jerusalm (50, NVI). Aqueles que escaparem da Babilnia nunca devero esquecer a vergonha que Sio sofreu por causa da profanao da Casa do S enhor (51).

    B (51.52-58). O Senhor destri Babilnia (55). Os decretos de Deus se cumpriram. Os saqueadores chegaram. Ainda que a Babilnia subisse aos cus (53), nada poderia livrar essa cidade condenada. A NVI traduz o versculo 55 da seguinte maneira:

    O Senhor destruir a Babilnia; ele silenciar o seu grande rudo.Ondas de inimigos avanaro como grandes guas;o rugir de suas vozes ressoar.

    Deus embriagou seus governantes e lderes (57) para que no sejam capazes de defender a cidade. Eles sero mortos em sua embriaguez e dormiro um sono perptuo (o sono dos mortos). Os grandes muros da Babilnia sero derrubados e toda a sua glria desaparecer.

    Assim termina o trabalho das naes; termina em fumaa, e os pagos exaurem seus esforos (58, Moffatt).

    2. As palavras de Jeremias a Seraas (51.59-64)De acordo com essa passagem, Zedequias, rei de Jud (59), fez uma visita oficial

    Babilnia no ano quarto do seu reinado, em torno de 594 a.C. No h meno feita a essa visita em outro texto das Escrituras. Lemos o motivo da viagem, mas muitos

    3 8 2

  • O r c u l o s C o n t r a a s N a e s E st r an g e ir as Jer em ias 5 1 . 5 9 - 6 4

    estudiosos tm conjecturado que Zedequias foi Babilnia para esclarecer a suspeita de uma insurreio (27.2-11). O prncipe pacfico do rei (lit., prncipe do lugar de descanso) era Seraas, filho de Nerias, evidentemente o irmo de Baruque, secretrio de Jeremias (59).

    Ao ficar sabendo da viagem, Jeremias aproveitou a oportunidade para pedir que Seraas cumprisse uma misso especial. Jeremias tinha escrito em um rolo um orculo proftico anunciando todo o mal que havia de vir sohre a Babilnia (60). Ao chegar Babilnia (61), Seraas deveria ler todas as palavras da profecia. A mensagem era provavelmente para os exilados judeus ou para os seus lderes e no deveria ser lida publicamente. Depois de orar (62) e ler o livro, Seraas deveria at-lo a uma pedra e lan-lo no meio do Eufrates (63). Isso simbolizaria o destino que aguardava a Babilnia. Enquanto o rolo de pergaminho afundava nas guas do rio, Seraas deveria dizer: Assim ser afundada a Babilnia e no se levantar, por causa do mal que eu hei de trazer sobre ela (64).

    Esse foi um ato de f da parte de Jeremias. Ele proclamava aos lderes dos exilados judeus que seu odiado opressor no ficaria impune. Assim, por meia dessa ao simblica, o juzo de Deus contra a Babilnia foi colocado em movimento.32 No tempo de Deus, os seus propsitos morais em relao Babilnia e aos exilados seriam alcanados.

    3 8 3

  • APNDICE HISTRICO

    Jeremias 52.1-34

    Este captulo basicamente uma reproduo de 2 Reis 24.825.30, embora apresente algumas variaes significativas. Visto que somente as diferenas em relao ao relato no livro de Reis sero estudadas nos pargrafos seguintes, o leitor deveria consultar os comentrios em 2 Reis para uma exposio geral do material.

    A. A scenso e R evo lta de Zedequias, 52.1-3 (2 Rs 24.18-20)

    B. O C erco a Jerusalm, 52.4-5 (2 Rs 25.1-2)

    C. A Fome durante o C erco, 52.6 (2 Rs 25.3)

    D. A Queda de Jerusalm, 52.7 (2 Rs 25.4-5)

    E. A Captura e o D estino de Zedequias, 52.8-11 (2 Rs 25.6-7)

    Os versculos 10-11 so ligeiramente expandidos em relao ao relato em 2 Reis, e informao adicional dada aqui concernente ao destino de Zedequias.

    F. A D em olio de Jerusalm, 52.12-16 (2 Rs 25.8-12)

    O versculo 12 traz dcimo dia ao passo que 2 Reis 25.8 traz stimo dia. O versculo15 traz os mais pobres do povo, mas, provavelmente, deveria ser omitido como erro de um copista, visto que contradiz o versculo 16.

    S eo X I I

    3 8 4

  • A pndice H is t r ic o Jerem ias 5 2 .1 7 - 3 1

    G. Os Vasos do Templo So Levados, 52.17-23 (2 Rs 25.13-17)

    Os versculos 17-23 so ligeiramente encurtados em 2 Reis.

    H. O D estino dos Regentes, 52.24-27 (2 Rs 25.18-21)

    O versculo 25 traz sete homens, enquanto 2 Reis 25.19 traz cinco homens. O captulo aqui omite completamente 2 Reis 25.22-26 porque suprfluo. Essas informaes j tinham sido apresentadas em Jeremias 39.1143.7.

    I. T rs D eportaes de Cativos, 52.28-30

    Estes versculos que tratam da deportao dos cativos judeus para a Babilnia esto inteiramente ausentes em 2 Reis. Os dados estatsticos apresentados aqui no so encontrados em nenhuma outra parte das Escrituras e acrescentam algo aos diversos relatos da captura de Jerusalm. O escritor evidentemente tinha acesso a uma fonte estatstica adicional. Ele fala de uma deportao no stimo ano do reinado de Nabucodonosor, uma outra no dcimo oitavo ano e uma terceira no vigsimo terceiro do reinado de Nabucodonosor. Esses dados no esto em harmonia com outros relatos de deportaes e levantam dvidas em relao ao nmero de deportaes que de fato ocorreram.1

    A primeira deportao mencionada aqui ocorreu no stimo ano do reinado de Nabucodonosor, e 3 023 pessoas foram levadas para a Babilnia. Essa deportao descrita em 2 Reis 24.12-14, mas que ocorre l no oitavo ano de Nabucodonosor e inclui10 000 deportados. A discrepncia geralmente resolvida ao se entender que um nmero menor representa somente os homens preparados para a guerra. A diferena nos anos explicada por dois mtodos de contagem do incio do reinado de um determinado rei. Um mtodo usa o sistema que no inclui o ano da ascenso ao trono, e que comea a contar o ano no qual o rei ascende ao trono; o outro o sistema que inclui o ano da ascenso que inicia com um ano de ascenso antes do primeiro ano em que um rei comea a governar. Isso poderia resolver o problema acima.

    A segunda deportao ocorreu no dcimo oitavo ano de Nabucodonosor (dcimo nono ano no versculo 12) e corresponde ao tempo de destruio de Jerusalm em 587 a.C. No entanto, 832 (29) parece um nmero insignificante para a guarnio em Jerusalm no ano de 587 a.C., mesmo que estejam includos somente os homens com idade para guerrear.

    A terceira deportao no mencionada em nenhum outro texto das Escrituras. E interessante notar, no entanto, que Josefo menciona que Nabucodonosor, no vigsimo terceiro ano do seu reinado, deportou judeus do Egito, e a sugesto que ao faz-lo ele vingou o assassinato de Gedalias.

    J. Favor M ostrado a Joaquim, 52.31-34 (2 Rs 25.27-30)

    A seo final deste captulo corresponde de forma quase idntica ao texto de 2 Reis. Ela contm uma nota de esperana ao relatar como Joaquim, o aprisionado rei de Jud,

    3 8 5

  • Jerem ias 5 2 . 3 1 - 3 4 A pndice H ist r ic o

    ganhou o favor da corte da Babilnia. No trigsimo stimo ano do seu cativeiro (ele havia sido levado para a Babilnia quando tinha dezoito anos), Evil-Merodaque (561559 a.C.), filho e sucessor de Nabucodonosor, levantou a cabea (31) de Joaquim, i.e., restaurou-o posio real. Ele foi tirado da priso, recebeu comida e vestes apropriadas, e foi condecorado com um assento de honra mais elevado (32) do que de outros reis cativos na Babilnia. Ele foi tratado benignamente e lhe deram uma penso para o resto de sua vida (34). Para alcanar esse sucesso, ele obviamente aprendeu a se ajustar ao ambiente hostil, a ponto de ganhar o respeito dos seus inimigos. Como sugere Hopper: Ele emerge finalmente com um carter inesperado.2

    Os estudiosos tm debatido em detalhes a respeito do motivo de esse apndice histrico estar anexado s profecias de Jeremias. Parece um pouco estranho, visto que o nome do profeta no mencionado uma nica vez nesse apndice, e a maior parte do material pode ser encontrada no livro de Reis. Por outro lado, no podemos dizer que ele inapropriado. Geralmente se reconhece que esse material foi colocado aqui para mostrar que as profecias de Jeremias referentes a Jerusalm foram, de fato, cumpridas. Dessa forma, a histria pode justificar os longos anos de sofrimento suportados pelo profeta mais difamado e menos entendido do Antigo Testamento. Alm disso, a prosperidade de Joaquim despertava uma expectativa de um dia melhor aps o julgamento, uma expectativa que Jeremias proclamou inmeras vezes nos momentos mais auspiciosos de sua vida.

    3 8 6

  • Notas

    INTRODUO1 Charles Edward Jefferson, Cardinal Ideas of Jeremiah (Nova York: The Macmillan Company,

    1928), pp. 194, 197.2 John Paterson, Jeremiah, Peake's Commentary on the Bible (Nova York: Thomas Nelson and

    Sons, 1962), p. 539.3 Ibid., p. 537.4 C. A. Robinson, Ancient History (Nova York: The Macmillan Company, 1951), p. 103.5 John Bright, Jeremiah, The Anchor Bible (Nova York: Doubleday and Comapny, Inc., 1965), p.

    xxxix.6 Op. cit., p. 538.7 Ibid.8 Veja 2 Reis 24.1; tambm Daniel 1.19 Parece que o exrcito babilnico conquistou as cidades menores de Jud antes de sitiar Jerusalm.

    Laquis, uma cidade fortificada, que ficava prxima aos montes a sudeste de Jerusalm, servia para manter as linhas de comunicao abertas com o Egito. Laquis precisava ser destruda antes que Jerusalm pudesse ser tomada. A linguagem dessas Cartas semelhante linguagem do Livro de Jeremias. Elas so inscries hebraicas antigas, em pedaos de cermica, e muitas delas tratam dos problemas de um oficial militar em um posto avanado perto de Laquis. Essas cartas revelam as frustraes desse oficial daqueles dias angustiantes pouco antes da fortaleza de Laquis cair. Veja uma traduo dessas cartas em Lachish Letters, ed. Harry Torczyner (Londres: Oxford University Press, 1938); tambm A Suplement to Jeremiah: The Lachish Ostraca, de W. F. Albright, em Bulletin of the American Schools of Oriental Research, nQ 61 (fevereiro, 1936), pp. 15-16; A Re-examination of the Lachish Letters, ibid., n2 73 (fevereiro, 1939), p. 16.

    Jeremiah, Layman's Bible Commentary (Londres: SCM Press, Ltd., 1961), pp. 12ss.11 Ibid., p. 13.12 Kuist, op. cit., p. 14.

    SEO I1 Veja George Adam Smith, Jeremiah, (Nova York: George H. Doran Co., 1922), p. 66.2 J. P. Hyatt, Prophetic Religion (Nova York: Abingdon Press, 1947), pp. 31ss.

    SEO II1 Hyatt, op. cit., pp. 311ss.2 A palavra hebraica para criana (naar) usada no AT para referir-se a um infante (Ex 2.6; Is

    7.16; 8.4; etc.), a um menino pequeno (Gn 21.21; 22.5; 37.2; 43.8), ou a um jovem com idade para casar (Gn 34.19; 2 Sm 18.5, 12, etc.). Ns, portanto, no podemos determinar a idade exata de Jeremias. bem possvel, que ele tivesse pelo menos dezessete anos. Ele pode ter sido mais velho.

    3 Stanley R. Hopper, Jeremiah. The Interpreters Bible.4 Cf. a viso de John Wesley, que acreditava que a perfeio crist era um estado de completa

    devoo a Deus.

    3 8 7

  • 5 Hyatt, op. cit., p. 48. Veja tambm Hebrew-English Lexicon de Brown, Driver & Briggs (Oxford:Clarendon Press, 1955), p. 611.

    6 Kyle M. Yates, Preaching from the Prophets (Nashville: Broadman Press, 1942), p. 2.7 C. A. McConnell costumava dizer: Deus muda seus planos para adaptar-se s escolhas incons

    tantes do homem, mas os propsitos de Deus nunca mudam; eles so eternos.8 IB., V (Expos.), p. 805.9 J. P. Hyatt, The Book of Jeremiah (Exeg.), The Interpreters Bible, ed. George A. Buttrick, et al.

    (Nova York: Abingdon-Cokesbury Press, 1951), V, p. 798ss.10 Na nota de rodap da KJV lemos o sentido literal do hebraico: do Norte.11 Kuist, op. cit., p. 29.

    SEO III1 IB., V (Expos.), p. 813.2 Os que tratavam da lei parece indicar que j havia escribas em Israel, ou mestres que expli

    cassem a Lei (Tor).3 Referncia aos profetas significaria membros da associao proftica ou da escola dos profetas.

    Esses profetas profissionais estiveram presentes em Israel desde o tempo de Samuel.4 Os termos Quitim e Quedar so, na verdade, expresses que indicavam as extremidades do

    oeste e do leste. Quitim Chipre e as ilhas circunvizinhas, enquanto que Quedar o nome da tribo dos rabes a leste de Jud. Esses so povos gentios que serviam a falsos deuses.

    5 Mnfis era a capital do baixo Egito, e Tafnes era o lugar de um dos palcios favoritos do rei doEgito (veja mapa 3).

    6 2 Reis 2223.7 C. J. Ball. The Prophecies of Jeremiah, The Espositors Bible (Nova York: George H. Doran

    Co.), pp. 114ss.8 Kuist, op. cit., p. 31.9 H vrias conjecturas entre os estudiosos em relao arca da aliana. Alguns acreditam que

    ela desapareceu durante o reinado mpio de Manasss, e se esse foi o caso, ela desapareceu durante a composio desse livro. Outros acham que a arca foi destruda com o Templo em 586 a.C., mas ela no aparece na lista dos tesouros tomados por Nabucodonosor no captulo 52. Na verdade, ningum sabe exatamente o que aconteceu. Jeremias, no entanto, est dizendo que a ordem antiga, da qual ela era smbolo, ser substituda por uma nova ordem, eo mero smbolo no ser desejado nem se sentir falta dele.

    10 A S. Peake, Jeremiah, The New Century Bible (Edimburgo: T. C. e E. C. Jack, 1910), p. 114.11 Hyatt, Prophetic Religion, p. 167.12 IB., V (Exeg.), p. 831.13 Op. cit., p. 115.14 IB, V (Expos.), p. 832.15 John Skinner, Prophecy and Religion (Cambridge: University Press, 1951), p. 151.16 John Calvin, The Book of the Prophet Jeremiah, Calvins Commentary, traduzido por John

    Owen (Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans Publishing Co., 1950), p. 205. John Skinner diz: Circunciso [...] era [...] um ato de dedicao significando a remoo da impureza inerente

    3 8 8

  • ao estado da natureza, por meio da qual o indivduo se tomava membro da comunidade religiosa (op. cit., pp. 151-152).

    17 Op. cit., p. 246.18 Veja o sermo de John Wesley: A Circunciso do Corao, Wesleys Works (Kansas City: Beacon

    Hill Press, 1958), V. 203.19 Veja Kuist, op. cit., p. 31.20 Ibid.21 Aprofecia de Jonas referente a Nnive um exemplo disso. Veja Goodly Fellowship of the Prophets

    de Paterson (Nova York: Charles Schribner and Sons, 1948), p. 6.22 Veja Adam Clarke, A Commentary and Critical Notes, IV (Nova York: The Methodist Book

    Concern, sem data), p. 264.23 IB, V (Expos.), p. 840.24 Peake, op. cit., p. 130.25 Veja IB, V (Exeg.), p. 856.26 O profeta Ams era nativo de Tecoa (Am 1.1).21 Acerca das diferentes interpretaes veja IB, V, p. 859.28 O uso da palavra congregao um tanto estranho; o hebraico obscuro, mas parece referir-

    se a Israel como um todo. Veja Peake, op. cit., p. 142.29 Sab uma tribo de comerciantes conhecida no sudoeste da Arbia, e cana aromtica prova

    velmente no se refere cana-de-acar, mas ao clamo, uma erva usada na fabricao de incenso.

    30 Cf. 1 Samuel 15.22.31 Veja Calvin, op. cit, p. 391; IB, V, p. 875; Peake, op. cit., p. 152; Clarke, op. cit., p. 274.32 C. W. Eduard Naegelsbach, The Book of the Prophet Jeremiah, A Commentary on the Holy

    Scriptures, ed. Peter Lange; traduzido por Philip Schaff (Nova York: Charles Schribners Sons, 1915), p. 97.

    33 Tambm veja 2.10-11; 5.22-23; 18.13-17.34 Kuist, op. cit., p. 39.36 Peake, op. cit., p. 165.36 IB, V, (Expos.), p. 892.37 Kuist, op. cit., p. 40.38 Veja ASV, RSV e C. F. Keil e F. Delitzsch, Jeremiah, Commentaries on the Old Testament

    (Grand Rapids, Mich.: Wm. B. Eerdmans Publishing Co., 1956, reedio), p. 192; IB, V, p. 896; NBC, p. 616; e J. F. Graybill, Jeremiah, The Wycliffe Bible Commentary (Chicago: Moody Press, 1962), p. 666.

    39 Ibid.40 Kuist, op. cit., p. 41.41 Ibid.42 Trsis na Espanha ou Siclia ficava no extremo oeste do mundo conhecido, notria pela sua

    prata; Ufaz desconhecida, embora alguns acreditem ser ela a terra de Ofr, conhecida pelo seu ouro.

    3 8 9

  • 43 Kuist, ibid., p. 42.44 Clarke, op. cit., p. 284.45 Kuist, op. cit., p. 42.

    SEO IV1 Kuist, op. cit., p. 47.2 Esse um ponto a favor da unidade de Isaas, visto que se a ltima parte de Isaas foi escrito por

    um segundo Isaas no perodo do retorno do exlio, Jeremias no poderia ter conhecimento desse fato.

    3 Clarke, op. cit., p. 291; Lange, op. cit., p. 143; veja tb E. Stanley Jones, Christian Maturity (NovaYork: Abingdon Press, 1947), p. 173.

    4 Keil e Delitzsch, op. cit., p. 253.5 Lange, op. cit., p. 150.6 Cf. Ezequiel 2.83.3; Apocalipse 10.9-10.7 Peake, op. cit., p. 213.8 Para maiores explicaes acerca dos diversos ritos para os mortos, veja Keil e Delitzsch, op. cit.,

    pp. 267ss, ou Lange, op. cit., pp. 158ss.9 cf. 3.17; 7.24; 9.14; 11.8; 13.10; 18.12; 23.17.10 Kuist, op. cit., p. 55.11 G. A. Smith, op. cit., p. 346.12 Keil e Delitzsch, op. cit., p. 281.13 Alguns estudiosos acreditam que Jeremias est se referindo a Zedequias ao colocar sua confian

    a no Egito. Veja IB, V (Exeg.), p. 950.14 A mesma forma hebraica usada para a palavra Jac.15 Kuist, op. cit., p. 57.16 Ibid.17 Essa frase tambm pode ser traduzida da seguinte forma: aqueles que me [Jeremias] aoitam

    [maltratam].18 Somente aqui lemos acerca da porta dos filhos do povo. Apesar das muitas conjectu

    ras, qualquer identificao exata dessa porta permanece incerta. Essa deciso no importante visto que Jeremias foi instrudo, mais adiante, a ir a todas as portas de Jerusalm.

    19 A oficina do oleiro provavelmente estava localizada no vale de Ben Hinom, ao sul de Jerusalm.Era de supor que inclusse, alm da oficina, um local para armazenar e amassar o barro, uma estufa para os vasos e um depsito de lixo (IB, V [Exeg.], p. 961).

    20 Veja G. A. Smith, op. cit., pp. 186ss.; John Skinner,Prophecy andReligion (Cambridge: UniversityPress, 1957), pp. 162ss.

    21 Smith, op. cit., p. 189; cf. Mateus 25.46; Lucas 19.41-44.22 Studies in the Prophecy ofJeremiah (Nova York: Fleming H. Revell Company, 1931), pp. 107ss.23 Smith, op. cit, pp. 186ss.

    3 9 0

  • 24 L. Elliot Binns, The Book of the Prophet Jeremiah, Westminter Commentaries (Londres:Methuen and Co., Ltda, 1919), p. 147.

    25 Keil e Delitzsch, op. cit., p. 296.26 Binns, op. cit, p. 149.27 Esse vale, ao sul de Jerusalm, tinha sido transformado em um lugar de adorao a falsos

    deuses pelo perverso Manasss (2 Cr 33.6). Os filhos eram sacrificados l a esses deuses falsos. Quando Josias instituiu sua reforma, esse lugar foi transformado em um monturo para a cidade (2 Rs 23.10) e seu nome foi mudado para Tbfete. Em outras passagens das Escrituras esse lugar est conectado ao inferno, o monturo do universo.

    28 Para distingui-la da porta da cidade com esse nome essa era provavelmente a porta norte doptio interior do Templo.

    29IB, V (Exeg.), p. 973.30 Op. cit, p. 155. Outros estudiosos buscam resolver o problema ao inserir os versculos 14-18

    aps o versculo 10. Dessa forma, os versculos 11-13 viriam aps o versculo 18.31A Bblia no ensina que a vida com Deus uma jornada serena. Pelo contrrio, ela ensina que os

    homens de Deus em todas as pocas tiveram, de tempo em tempo, as mais impetuosas tentaes, frustraes, lutas interiores, perodos de profundos questionamentos e batalhas de f. Eles tiveram de ficar diante das portas da sua alma com espada desembainhada e lutar contra as foras demonacas que procuravam destru-los. Mesmo o Mestre teve seus momentos de luta ardente (Mt 26.37-44; Mc 15.34; Lc 4.1-13).

    32 IB, V (Exeg.), p. 976.

    SEO V10 Pasur citado aqui no o mesmo Pasur mencionado no captulo 20. Esse filho de Malquias,

    o outro filho de Imer.2 Kuist, op. cit., p. 67.3Ibid.4 Keil e Delitzsch, op. cit., p. 340.5 Os estudiosos tm procurado descobrir o que aconteceu na morte de Jeoaquim. Alguns acredi

    tam que ele morreu em uma revolta no palcio, e seu corpo foi desonrado. Outros acreditam que, ao morrer durante o cerco, ele foi enterrado s pressas, e os caldeus, sabendo disso (8.1ss), desenterraram e desonraram seu corpo. Outros acham que ele foi capturado pelos caldeus em uma incurso fora dos muros da cidade (597 a.C.) e acorrentado, mas morreu em decorrncia de uma doena ou do abandono no acampamento do inimigo. Nos eventos que seguiram a captura da cidade, seu corpo foi desonrado, no recebendo um enterro decente. Cf. Lange, op. cit., p. 202; Keil e Delitzsch, op. cit., p. 341.

    6 No est claro a quem as palavras de 22.20-23 so dirigidas, mas elas ratificam o mesmoprincpio defendido por Jeremias (Kuist, op. cit., p. 70).

    7 IB, V (Exeg.), p. 985.8 Ibid, p. 987.9 Binns, op. cit, p. 173.10 A palavra maldio (hb., alah) pode ser traduzido por juramento, mas no contexto maldi

    o se encaixa melhor.

    3 9 1

  • 11 Kuist, op. cit., p. 73.12 Peake, op. cit., p. 269.13 Kuist, op. cit., ad loc.14 Peake, op. cit., p. 271.16 Precisamos admitir que existem dificuldades cronolgicas concernentes apario de

    Nabucodonosor em Jerusalm em 606-605 a.C. Vrios argumentos so apresentados. Para uma apresentao dos diferentes pontos de vista, consulte as seguintes obras: E. J. Young, Introduction to the Old Testament (Grand Rapids: Eerdmans Publishing Co., 1949); G. L. Archer, A Survey of Old Testament Introduction (Chicago: Moody Press, 1964), pp. 369ss; J. E. H. Thomson, The Book of Daniel, Pulpit Commentary (Grand Rapids: Eerdmans Publishing Co., 1950), XIII, p. i e seguintes; R. H. Pfeiffer, Introduction to the Old Testament (Nova York: Harper and Brothers, 1948), p. 765.

    16 IB, V (Expos.), p. 999.17 Kuist, op. cit., p. 79.18 Paterson, op. cit., pp. 538, 545.19 Kuist, op. cit., p. 80.20 Paterson, op. cit., p. 545.21 IB, V, (Exeg.), p. 1012.22 Op. cit., p. 70.23 Binns cita Cheyne, op. cit., p. 210.24 Paterson, op. cit., p. 554.25 Neelamita significa morador de Neelo, mas no temos notcia desse lugar no AT. Sua

    etimologia sugere sonhar, o que deu origem a uma nota marginal: sonhador (ISBE).

    SEO VI1 Keil and Delitzsch, op. cit., II, 2; IB, V (Expos.), p. 1043; G. C. Morgan, op. cit., p. 160.2 Op. cit., p. 160.3 Alguns estudiosos acreditam que o livro mencionado aqui encerra apenas os captulos 3031,

    enquanto que outros incluem os captulos 3233. Esse escritor concorda com a segunda posio. A palavra hebraica para livro (sepher) pode ser usada tanto para uma carta curta ou um livro volumoso como o caso do livro de Gnesis, ou Isaas.

    4 Morgan, op. cit., p. 162.5 Ibid.6 T. K. Cheyne, The Book of Jeremiah (Expos.), The Pulpit Commentary, XI (Grand Rapids: Wm.

    B. Eerdmans, [reedio], 1950), p. 600.7 Keil e Delitzsch, op. cit., II, p. 6.8 Kuist, op. cit., p. 89.9 Morgan, op. cit, p. 170.10 No Oriente Mdio at o dia de hoje, o primognito tem um lugar especial no corao do pai.

    1 Crnicas 5.1 diz que, visto que Rben profanou a cama do pai, o direito de primogenitura foi dado aos filhos de Jos. Isso explica a referncia a Efraim, filho de Jos, no versculo 9 acima.

    3 9 2

  • 11 Fred M. Wood, Fire in My Bones (Nashville: Broadman Press, 1959), p. 152.12 Paterson, op. cit., p. 556.13 Keil e Delitzsch, op. cit., II, p. 39.14 Kuist, op. cit., p. 97.15 James Fleming, Personalities of the Old Testament (Nova York: Chas. Schribners Sons, 1946),

    p. 329.

    16 Binns, op. cit., p. 240; tambm James, op. cit., p. 1.17 J. F. Graybill, op. cit., p. 679.18 Keil e Delitzsch, op. cit., II, p. 46.19 O ptio da guarda, ou ptio da priso (v. 2) fazia parte do palcio do rei. Parece ter sido um

    ptio aberto ao redor do qual ficavam as barracas dos guarda-costas do rei. Esse ptio erausado para prisioneiros polticos que no precisavam de um confinamento rigoroso (IB, V,

    [Exeg.], p. 1043. Evidentemente as pessoas podiam ver o que se passava no ptio (w. 10,12). Veja Binns, op. cit., p. 245.20 IB, V (Exeg.), p. 1045; John Bright, op. cit., p. 239.21 Paterson, op. cit, p. 556.22 Op. cit, pp. 193ss.23 Paterson, op. cit., p. 628.24 F. Cawley, Jeremiah, The New Bible Commentary, ed. Francis Davidson, et al. (Grand Rapids.

    Mich.: Wm. B. Eerdmans Publishing Co., 1956), p. 628.26 Kuist, op. cit., p. 102.26 Binns, op. cit, p. 253.27 Cf. a exegese de G. C. Morgan, op. cit., pp. 200ss.28 Ibid., p.204.29 Keil e Delitzsch, op. cit., II, p. 72; Morgan, op. cit, p. 201.30 Keil e Delitzsch, op. cit., II, p. 73; Paterson, op. cit., p. 557.31 Cawley, NBC, P. 628.

    SEO V II1 Laquis (veja mapa 2) era uma cidade fortificada a cerca de trinta e cinco quilmetros de Jeru

    salm, que controlava a estrada que ia da plancie costeira (Sefel) a Jerusalm. Antes que a capital pudesse ser forada a se render, essa fortaleza teria de ser tomada. Em escavaes realizadas nessa rea foram descobertas as Cartas de Laquis escritas durante o perodo que estamos considerando. Veja na Introduo a discusso da importncia das Cartas de Laquis para compreender melhor a vida e poca de Jeremias. Azeca ficava entre Laquis e Jerusalm.

    2 Cf. Keil e Delitzsch, op. cit, p. 81.3 IB, V (Exeg.), p. 1054; tambm veja Peake, op. cit., II, p. 137; Graybill, op. cit., p. 680.4 Binns observa: O nmero de escravos deve ter sido muito grande visto que as freqentes inva

    ses tinham destrudo os pequenos proprietrios de terra, que eram oprimidos pela ganncia dos grandes proprietrios e na sua pobreza reduzidos escravido (op. cit., p. 260).

    3 9 3

  • 5 Nos tempos antigos, uma aliana entre duas partes era confirmada pela morte de um animal,preferencialmente um bezerro, cortando-o em duas metades. As duas partes passavam entre esses pedaos, concordando que se uma das duas partes quebrasse a aliana ocorreria com ela a mesma coisa que havia acontecido com o animal cortado em duas metades (Ungers Bible Dictionary, p. 224).

    6 Acerca de arrependimento superficial veja Jeremias 34.8-11, Pulpit Commentary, XI, p. 87.7 Merrill F. Unger, Ungers Bible Dictionary (Chicago: Moody Press, 1957), p. 913; IB, V, (Exeg.), p.

    1062; Paterson, op. cit., p. 557.8 Antiquities of the Jews X. 9.1.9 IB, V (Exeg.), p. 1064.10 Kuist, op. cit., p. 110.11 Ungers Bible Dictionary, p. 561.

    SEO VIII1 Alguns estudiosos vem os versculos 1-2 como um dispositivo de traduo do editor (talvez

    Baruque) para comunicar ao leitor que ele est passando do reinado de Jeoaquim (cap. 3) para o reinado de Zedequias. A mudana to abrupta que o editor achou melhor que o leitor fosse avisado.

    2 Cawley, NBC, p. 630.3 Muitas tradues modernas trazem trs homens.4 Pulpit Commentary, XI, (II), p. 138.5 Rabe-Saris geralmente tem sido traduzido por eunuco chefe e Rabe-Mague por Mago chefe

    ou adivinhador. Essas tradues no so satisfatrias, mas provavelmente se referem a um militar graduado ou oficial diplomtico. (Veja J. B. Pritchard, Ancient Near Eastern Texts [Princeton: Princeton University Press, 1950], pp. 307-308; tambm, IB, V (Exeg.), pp. 1078ss; Bright, op. cit., p. 243).

    6 Ribla, na terra de Hamate (veja mapa 1) era um ponto militar muito estratgico no mundoantigo. Ela ficava na encruzilhada da sia ocidental. De l a estrada principal ia para o sul em direo a Damasco, Jerusalm e at as entradas do Egito; para o leste, o Eufrates e a Babilnia; para o sudoeste, Tiro e Sidom; para o norte, as plancies centrais da sia Menor.O fara Neco montou seu quartel-general l antes da batalha de Carquemis.

    7 Op. cit., p. 116.

    SEO IX1 Essa frase aparece sete vezes nessa seo: 40.11; 42.15,19; 43.5; 44.12,14, 28; resto de Jud,

    40.15.2 IB, V, (Exeg.), p. 1084.3 Bright, op. cit., p. 254.4 Keil e Delitzsch, op. cit., p. 132.5 Os caldeus evidentemente deixaram alguns membros da casa real na Palestina; Peake, op.

    cit., p. 189.6 Os arquelogos descobriram vestgios de um excelente sistema de guas nessa regio. Esse local

    hoje se chama Ej Jib.

    3 9 4

  • 7 Jezanias aqui conhecido como o filho de Hosaas; em 40.8 ele conhecido como o filho de ummaacatita; em 43.2 Azarias conhecido como o filho de Hosaas. Ou havia dois Jezanias e dois Hosaas, ou houve um erro no texto (Langes Commentary, p. 342).

    8 Peake, op. cit., p. 193.9 Op. cit., p. 251.10 Kuist, op. cit., p. 120.11 Esttuas de Bete-Semes (v. 13) provavelmente eram os obeliscos de Beth-shemesh Casa

    do Sol um famoso templo dedicado ao sol, com uma fileira de obeliscos diante dele (Berk., nota de rodap).

    12 Pritchard, op. cit., p. 308; IB, V (Exeg.), 1095; Kuist, op. cit., p. 121.13 Antiquities X. 9.7.14 Veja Clarke, op. cit., IV, p. 367; Peake, op. cit., p. 208; Binns, op. cit., p. 314.15 Veja Keil e Delitzsch, op. cit., pp. 168ss.

    SEO X1 Kuist, op. cit., p. 123.2 Pulpit Commentary, XI, p. 201.3 Bright, op. cit., p. 186.

    SEO XI1 Kuist, op. cit., p. 125.2 Lbios e ldios eram pessoas da antiga Pute e Lude. Pute provavelmente Punt, um

    povo que ficava na costa leste da Africa, perto do Egito. Lude era provavelmente um povo lbio a oeste do Egito (Ludim ou Lubim). Veja Peake, op. cit., II, p. 217; Bright, op. cit., p. 306.

    3 Cawley, NBC, p. 634.4 No hebraico, todas as palavras esto no singular exceto os fortes (ASV; homens valentes, KJV).

    A LXX e a Vulgata alm de outras verses colocam esse termo no singular.6 Essa a parfrase de John Bright (op. cit., p. 303). A ASV traduz esse texto da seguinte

    maneira: Eles clamam ali: o fara, rei do Egito, apenas um barulho; deixou passar o tempo oportuno.

    6 Veja uma descrio mais completa em Deil e Delitzsch, op. cit., pp. 197ss.7 D.J. Wiseman, Chronicles of Chaldean Kings (London: British Museum, 1956).8 IB, V (Exeg.), p. 1112.9 Os versculos 29-34 so paralelos de alguns versculos de Isaas 1516; os versculos 43-44 so

    paralelos de Isaas 24,17-18; 45-46 so paralelos de Nmeros 21.28-29 e 24.17. Cf. os comentrios do CBB dessas passagens.

    10 Veja opinies mais detalhadas em Keil e Delitzsch, op. cit., p. 129; IB, V (Exeg.), p. 1112; Cawley,NBC, p. 635.

    11 Os moabitas ainda eram culpados por depositarem sua confiana no lugar errado.12 Em 1868, arquelogos encontraram a Pedra Moabita de Dibom. Essa descoberta acrescentou

    muito nossa compreenso desse perodo da histria do AT. Mesa, rei de Moabe, registra

    3 9 5

  • suas vitrias sobre Israel nessa pedra. Os nomes das seguintes cidades mencionados nesse captulo so encontrados na Pedra Moabita: Nebo, Dibom, Horonaim, Aroer, Quiriataim, Jaza, Queriote, Bozra, Bete-Meom e Bete-Diblataim.

    13 Kuist, op. cit., p. 130.14 Veja Keil e Delitzsch, op. cit., p. 226.15 Antiquities X. 9.7.16 Keil e Delitzsch, op. cit., p. 233.17 A natureza dupla dos amonitas revelada no seguinte: Nos tempos de Jeremias eles (a) apare

    cem como aliados da Babilnia (2 Rs 24.2); (b) aliam-se contra a Babilnia (Jr 27.3); (c) oferecem refgio para os fugitivos judeus (Jr 40.14); (d) tramam matar Gedalias (Jr 40.14), Binns, op. cit., p. 343.

    18 Bright, op. cit., p. 335.19 Veja Peake, op. cit, pp. 239ss; Keil e Delitzsch, op. cit., pp. 237ss.20 E claro que isto levanta a questo da data de Obadias. Alguns estudiosos acreditam que Obadias

    no foi escrito antes de 585 a.C. Se isso verdade, ento tanto Jeremias quanto Obadias citam um orculo que mais antigo do que eles.

    21 Ded era uma cidade rabe prxima da fronteira de Edom. Os negociantes de Ded costumavam negociar com os comerciantes de Tem e Bozra.

    22 Peake, op. cit., p. 244.23 Keil e Delitzsch, op. cit., II, p. 244.24 Esse versculo tem apresentado dificuldades para os tradutores. O texto literal: no mar h

    angstia no faz muito sentido. A RSV (a NVI apresenta uma traduo semelhante) traduz melhor o significado desse texto.

    25 J. W. Swain, TheAncient World (Nova York: Harper and Borthers, 1950), I, pp. 187ss. wIbid, p. 178.27 Bright, op. cit., p. 328; tambm veja Ezequiel 32.24.28 Os elamitas evidentemente foram forados a se estabelecer em Samaria, de acordo com Esdras

    4.9, e os judeus do Elo estavam presentes em Pentecostes (At 2.9).29 Bright, op. cit., p. 359.30 E. J. Young, op. cit., p. 228; tambm NBC, pp. 636-637.31 H um jogo de palavras das razes hebraicas mrh e pqd. Mar marrati era um distrito que ficava

    ao sul da Babilnia. O Puqudu era um povo da Babilnia oriental. Mrh significa rebelar e pqd significa castigar.

    32 Bright, op. cit., p. 212.

    SEO XII1 Este comentarista acredita que podem ter havido diversas deportaes alm daquelas que

    os estudiosos normalmente postulam. Ele acha que as deportaes relacionadas nos versculos 28-30 esto includas aqui porque no tinham sido registradas em outra parte das Escrituras.

    2IB, V (Expos.), p. 1142.

    3 9 6

  • Bibliografia

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  • 0 Livro de

    LAMENTAES de JEREMIAS

    C. Paul Gray

  • Introduo

    A. Pano de Fundo Histrico

    A catstrofe terrvel que ocorreu com o pas de Jud e a cidade de Jerusalm em 587586 a.C. constitui a cortina de fundo desse pequeno livro. O exrcito babilnico de Nabucodonosor tinha sitiado Jerusalm por dezoito longos meses. Quando a cidade afetada pela fome e doena foi finalmente tomada, ela foi totalmente demolida e incendiada. Foi uma ocasio trgica e muito sofrida para o povo judeu. A segurana de Jerusalm era vista como uma doutrina preciosa pelos habitantes da cidade desde os tempos de Isaas (701 a.C.). Agora, os que estavam vivos para ver a cidade em runas e o Templo completamente destrudo tinham dificuldades em acreditar naquilo que viam. A aflio deles era quase insuportvel. Nos meses e anos que se seguiram, suas mentes foram importunadas com muitas perguntas no respondidas acerca da sua histria passada e do seu destino futuro.

    Esses cinco poemas so resultado da dor atormentadora daqueles dias atribulados que seguiram a destruio da cidade, a captura do rei Zedequias e a deportao do povo para a Babilnia. A torrente de emoes que pode ser detectada nesse livro revela a profundidade do desnimo que havia tomado conta do povo. Esses poemas so uma expresso de toda aflio e sofrimento que estavam acumulados em seus coraes. Esses sentimentos so agora derramados por meio da descrio da sua situao miservel, misturados com a confisso de pecados e acompanhados de um clamor angustiante de penitncia. Sua aflio era realmente profunda demais para ser colocada em palavras, mas uma compulso interior os impeliu a expressar sua tristeza de alguma forma. Como ocorre em todas as pocas, a poesia e o cntico eram a forma mais natural de dar vazo s suas emoes.

    B. Ttulo e Lugar no Cnon

    No texto hebraico o livro no recebe ttulo, mas semelhantemente aos livros do Pentateuco, ele era conhecido pela sua primeira palavra: Como!, eykah (tambm a primeira palavra dos captulos 2 e 4). No entanto, de alguma forma, no decorrer dos sculos os rabinos comearam a referir-se a esse livro como lamentaes ou hinos fnebres (qinot), e ele aparece com esse nome no Talmude babilnico. Os tradutores da Septuaginta, a verso grega do Antigo Testamento, seguiram os rabinos ao usar o termo grego para lamentaes, Threnoi. Eles foram um passo adiante e atriburam o livro a Jeremias. Conseqentemente, as verses gregas posteriores, a siraca, a antiga verso latina, a Vulgata de Jernimo e as verses em ingls e portugus tm colocado o seguinte ttulo: As Lamentaes de Jeremias.

    Na Bblia Hebraica atual o livro de Lamentaes no faz parte dos Livros Profticos, mas, sim, dos Escritos (Hagigrafos). Ele um dos Cinco Rolos (Megilloth) daquela seo (o terceiro) das Escrituras Hebraicas. Por meio da Septuaginta e dos escritos de Josefo fica evidente que a posio desse livro nem sempre foi essa. A Septuaginta coerentemen-

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  • te colocou Lamentaes junto com a profecia de Jeremias. Em um comentrio acerca do nmero e natureza das Sagradas Escrituras,1 Josefo faz o mesmo. Ao se referir aos livros do Antigo Testamento, Josefo afirma que so vinte e dois, e os divide em trs grupos. Embora no mencione Lamentaes pelo nome, para chegar ao nmero vinte e dois, ele precisava juntar Lamentaes com Jeremias e Rute com o livro de Juizes. Ele evidentemente seguiu a Septuaginta ao posicionar Lamentaes entre os Livros Profticos e no entre os Escritos.

    Melito, bispo de Sardes (180 d.C.), semelhantemente chegou aos mesmos vinte e dois livros, no que foi seguido por Orgenes (250 d.C.), Agostinho (420 d.C.) e Jernimo (405 d.C.). Isso significa que todos esses homens acreditavam que o livro de Lamentaes pertencia aos Livros Profticos e no aos hagigrafos. Jernimo, no entanto, menciona que alguns incluam Rute e Lamentaes nos hagigrafos e, dessa forma, acreditavam existir vinte e quatro livros no Antigo Testamento.2 Esses estudiosos podiam estar se referindo a 2 Esdras e ao Talmude. Dessa forma eles acreditavam existir vinte e quatro livros e colocavam Lamentaes entre os Escritos. Podemos concluir que durante o perodo intertestamental e nos primeiros sculos da Igreja Crist no existia uma posio oficial e unnime em relao aos livros das Escrituras. O livro de Lamentaes em um catlogo era encontrado nos Escritos e em outro nos Livros Profticos. As nossas Bblias seguem a ordem da Septuaginta e relacionam o livro de Lamentaes com Jeremias.

    C. Autoria e Data

    O texto hebraico no menciona ningum especificamente como autor do livro de Lamentaes. Mas uma longa tradio coloca Jeremias como autor desse livro. No se pode negar que o livro escrito no esprito de Jeremias e apresenta muitas similaridades com suas profecias. A Septuaginta, no entanto, a fonte mais antiga que atribui esses poemas a Jeremias. Embora 2 Crnicas 35.25 tenha sido citado, com freqncia, como referncia bblica para a autoria de Jeremias do livro de Lamentaes, essa passagem meramente menciona que Jeremias escreveu um lamento acerca da morte do rei Josias que ficou conhecido pelos cantores do Templo em uma poca posterior. Ele conecta Jeremias com esse tipo de literatura, mas isso apenas confirma o que j sabemos acerca do prprio livro do profeta. No possvel saber se esse versculo se refere ao livro de Lamentaes, porque o repertrio coral do Templo devia conter muitos hinos de lamentao.

    A Septuaginta bastante explcita em sua posio quanto autoria do livro. Essa verso grega do livro apresenta uma nota introdutria (evidentemente baseada em um original hebraico) que claramente atribui o livro a Jeremias. Essa nota diz o seguinte: Depois que Israel foi levado cativo e Jerusalm foi destruda, Jeremias chorou e se lamentou com esta lamentao a respeito de Jerusalm, e disse. Em seguida vem o primeiro versculo do texto hebraico. A Vulgata apresenta essa nota introdutria com uma pequena variante; o texto em rabe o reproduz com exatido, e o Targum (parfrase) de Jnatas, a substitui com esta linha: Jeremias, o profeta e sumo sacerdote disse. Essas autoridades so seguidas pelo Talmude e pelos Pais da Igreja, dando a entender que Jeremias era o autor de Lamentaes. Por sculos a autoria de Jeremias nunca foi questionada.

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  • Hoje, no entanto, muitos estudiosos renomados rejeitam a autoria de Jeremias. Eles o fazem com base na estrutura, estilo e atitude em relao destruio de Jerusalm admitida pelo autor. Eles alegam que a forma acrstica bastante precisa, a presena de muitos termos novos e de frases que no so encontradas na profecia de Jeremias, a atitude desnorteada do escritor em relao destruio de Jerusalm, so discrepantes com o pensamento de Jeremias. Esses estudiosos apresentam um nmero impressionante de diferenas com a profecia, e esto bastante seguros de que esses poemas no vm da pena de Jeremias.

    Por outro lado, estudiosos to bem qualificados quanto aqueles citados acima defendem com bastante propriedade a viso tradicional. Eles baseiam sua opinio nas similaridades que existem entre os dois livros. A idia de que o castigo tinha vindo sobre Israel por causa do seu pecado persistente e sua dependncia de aliados vulnerveis e desleais comum nos dois livros. A mesma atitude em relao aos falsos profetas e sacerdotes caracteriza os dois volumes. Palavras e frases similares apontam para um autor comum. A angstia e as lgrimas do autor de Lamentaes refletem vividamente a personalidade de Jeremias. A descrio detalhada da destruio da cidade fala a favor da autoria de Jeremias. Sabemos que ele esteve presente quando a cidade caiu e permaneceu nela para observar e lamentar a destruio avassaladora. Assim, a afinidade em contedo, esprito, tom e linguagem falam a favor da autoria de Jeremias.

    A data dos dois livros, pelo que tudo indica, a mesma. Os eventos finais registrados no livro de Jeremias ocorreram em torno de 580 a.C., e no h nada no livro de Lamentaes que demandaria uma data posterior.

    D. Estrutura

    Dos cinco poemas que compem o livro, os primeiros quatro so canes tristes ou fnebres, enquanto o quinto apresenta mais a forma de orao. No hebraico, os quatro primeiros poemas so acrsticos alfabticos. Os poemas um, dois e quatro apresentam vinte e dois versculos, correspondendo em nmero e ordem ao alfabeto hebraico. Os versculos nos poemas um e dois apresentam trs linhas cada, em que somente a primeira linha segue a forma acrstica. O mesmo ocorre com o poema quatro, com a exceo de apresentar apenas duas linhas em cada versculo. O poema trs singular no sentido de que todas as letras do alfabeto so repetidas trs vezes sucessivamente. Por causa disso, os massoretas entendiam que cada linha era um versculo e dividiram o poema em sessenta e seis versculos. O quinto poema tambm apresenta vinte e dois versculos, sem um arranjo acrstico evidente.

    No se sabe por que o autor escolheu o uso da forma acrstica. Embora seja artstico e apropriado expressar a tristeza de uma nao sofrida, ela limita e obstrui o movimento livre de pensamento. Kuist sugere que essa forma acrstica foi usada como um artifcio mnemnico para auxiliar a memria, ou para manter o elemento emocional explosivo sob cuidadoso controle, ou para dar um sentido de continuidade e completitude s expresses pblicas de dor e culpa e esforando-se para manter viva a esperana que essas elegias promoviam.3

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  • importante salientar, no entanto, que o acrstico era um artifcio literrio conhecido4 nos tempos bblicos e que o autor tinha a liberdade de us-lo em certos momentos. Nos poemas dois, trs e quatro as letras ayin e pe do alfabeto hebraico esto invertidas, e o versculo 7 do poema um e o versculo 19 do poema dois tm quatro linhas em vez de trs.

    A estrutura mtrica usada aqui conhecida como ritmo Qina. Ela a estrutura mais comumente usada para entoar canes tristes acerca dos mortos ou acerca de grandes desgraas nos tempos antigos. O uso de paralelismo, repetio, apstrofe e seu jogo de palavras eram admiravelmente apropriados para comunicar as profundezas insondveis do sofrimento e tristeza que a alma humana capaz de experimentar.

    E. Pr