voz & canto

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    Quando um cantor, no decorrer de seu trabalho vocal percebe que h "alguma coisaerrada" com a emisso de seu som, questiona-se sobre o que estaria acontecendo comsua "garganta" e o que poderia estar prejudicando seu instrumento de trabalho.

    O primeiro passo a ser feito a consulta mdico-clnica, para posterior encaminhamentoao mdico-fonoaudilogo.

    Do ponto de vista funcional, cantar essencialmente diferente do falar. As evidnciasindicam que seu controle central est em um local diverso no crebro e os msculos dotrato vocal movimentam-se de maneira distinta. Cantar tambm uma forma decomunicao, e uma forma de expresso dos sentimentos. Em geral, temos um conceito

    pr-concebido de que atravs da fala nos comunicamos melhor e pelo canto nosexpressamos artisticamente, como se pudssemos separar na vida, uma metade racional

    para a fala e outra emocional para o canto, quando na realidade somos as duas partesconcomitantes, onde podemos e devemos nos expressar e nos comunicar ao mesmotempo.

    Todos podemos cantar e o canto tem de ser trabalhado, exercitado e aprimorado. O dom

    de cantar existe mas, em grande parte dos casos, as condies anatmicas e fisiolgicaspodem ser auxiliares importantes.

    Quando o cantor procura um fonoaudilogo , este profissional submete seu paciente sseguintes etapas:

    y Avaliao vocal do cantor;y Anamnese -Levantamento histrico do problema:y Exame fsicoy Exame de imagemy Tratamento propostoy Orientao quanto a sade vocal

    AVALIAO VOCAL DO CANTOR

    Existem diferenas entre a avaliao vocal de um cantor e a de um indivduo que utilizeapenas a voz falada, mesmo que de forma profissional. No primeiro momento, ascaractersticas e as queixas vocais do cantor devem ser percebidas, pelo mdico e pelofonoaudilogo, distintamente em relao aos aspectos particulares da fala e do canto.

    Embora exista um nico rgo e praticamente um mesmo grupo de msculosresponsveis pelas duas funes, h vrios aspectos fundamentais relacionados a

    produo vocal que diferem muito se compararmos a voz falada com a voz cantada. Em

    muitos casos o cantor precisa do auxilio do terapeuta ou mdico para identificar suaqueixa em relao voz, diferenciando as caractersticas da voz falada e da cantada,separadamente. comum o indivduo procurar um profissional queixando-seespecificamente de problemas em relao voz cantada, como por exemplo uma

    passagem de escala ou, ao contrario, no ter nenhuma percepo da forma como eleutiliza a voz falada.

    No momento da avaliao, necessrio distinguir qual a real queixa , o motivo daconsulta, e de que modo est inserida na voz falada ou cantada. Deve-se verificar ao

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    mesmo tempo, qual a percepo que o indivduo possui em relao a sua voz e suaqueixa vocal.

    Considerando-se a avaliao inicial de qualquer pessoa disfnica ou com queixasrelacionadas , deve-se obter informaes , antes de trat-lo ou ser encaminhado fonoterapia, as quais sero efetuadas na anamnese

    Problemas vocais

    fundamental a analise dos fatores especficos do aparelho fonador, paralelamente salteraes gerais tais como: diabetes mellitus, hipertenso arterial, diminuio dacapacidade ventilatria pulmonar, insuficincia cardaca, distrbios metablicos,endocrinos, alergicos, imunologicos, auto-imunes, neurolgicos, infecciosos,inflamatrios, digestivos, entre outros; neoplasias benignas ou malignas; o uso ou abuso

    de drogas com lcool, cafena, tabaco, tranqilizantes, maconha, cocana ou outras; usopermanente ou prolongado de medicamentos como corticides, anticoagulantesplaquetariso, quimioterpicos, etc.; estados de ansiedade, depresso, fadiga, estresse,estafa, insnia, gravidez e sindrome pr-menstrual.

    O exame otorrinolaringologico inclui, igualmente, a avaliao da audio, da voz, dafala, da deglutio e as pesquisas de alteraes anatmico-funcionais e preceptorias dosrgos articulatrios e ressonncias, como a boca e lngua, fossas nasais, rinofaringe efaringe. Tambm a funo pulmonar pode e deve ser avaliada, quando necessrio.

    POSTURA

    Na conversa espontnea, deve-se verificar a inclinao da cabea, a tenso muscularcervical, o posicionamento do queixo em relao ao peito, a inclinao dos ombros.Observa-se a curvatura da coluna vertebral no andar e sentar, observando se a posturaassumida pelo cantor a adequada para a fonao. preciso observar se os aspectos quecaracterizam a postura do cantor durante a fala se modifica ou se mantm durante ocanto. fcil encontrar pessoas que elevam o queixo quando cantam tons mais agudos,com o incorreto e prejudicial intuito de auxiliar a elevao da laringe, posio que, semtenso e participao da musculatura extrnseca, ajudaria a emisso de sons agudos.

    TIPOS RESPIRATRIOS

    H muita discusso sobre o tipo adequado de respirao para a fonao e canto, porm

    deve-se observar se a respirao efetuada pelo cantor a adequada para o canto.Existem trs tipos bsicos de respirao que so o superior, misto e inferior. No cantoencontram-se vrios casos de respirao inferior e mista, ou seja, o cantor, no ato docanto recorre instintivamente a um tipo de respirao de forma que a presso subglticatorne-se mais longa, forte e estvel.

    TEMPO DE EMISSO

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    A capacidade de emitir um som por longo perodo e de enfatizar uma nota nosmomentos finais de uma sentena pode definir o repertrio e longevidade da voz de umcantor. Observa-se tal fato quando existe a solicitao para a emisso de um som ouvogal prolongada ou sustentada, glissando ascendente e descendentemente e fazendouma vogal sustentada com intensificao no tero final da emisso.

    COORDENAO PNEUMOFONOARTICULATRIA

    a coordenao entre a respirao e a fala. Observa-se o cantor durante uma conversaespontnea, ou durante a leitura de um texto, mas pode fornecer dados irreais sobre acoordenao respiratria. comum verificarmos pessoas com dificuldade durante afala, porm quando lhe solicitado uma leitura, e a pessoa percebe que est sendoavaliada, imediatamente corrige as eventuais entradas de ar residual . A coordenaoanalisada um aspecto no qual, na maioria das vezes no se modifica da fala para ocanto. Algumas excees acontecem quando o estilo de msica adotado exige uma vozmuito soprosa, com um gasto de ar muito grande.

    PITCH

    a sensao auditiva que temos sobre a altura da voz, podendo ser classificado emgrave, mdio ou agudo. Mede-se opitch atravs de sistemas computadorizados deanlise vocal. Normalmente, no canto, o pitch elevase, pois h uma busca dascavidades superiores de ressonncia que acaba levando para a agudizao do pitch,muitas vezes camuflado por uma hipernasalisao.

    LOUDNESS

    Tem relao com a percepo do volume da voz e deve ter com o tipo de ambiente emque a voz est sendo emitida. Pode ser classificado em forte, fraco e adequado. Na vozcantada, deve-se lembrar do ambiente e da utilizao da aparelhagem de amplificaosonora. O cantor pode no possuir uma boa aparelhagem de som ou retornos eficientes,fazendo com que produza uma voz cantada com muito volume, e solicitando ao seucorpo que produza um apoio muito potente para que no ocorra sobrecarga das pregasvocais. O cantor popular normalmente no precisa utilizar um volume maior para cantar

    pois possui um bom sistema de amplificao. O cantor de coral emprega muitas vezesexcesso de volume para poder se escutar dentro do coro. O cantor lrico procuraexplorar todas as suas caixas de ressonncia, todo o seu potencial respiratrio paraatingir o quarto formante e assim ser ouvido junto com a orquestra que o acompanha. Avoz transforma-se, neste momento, em mais um e nico instrumento.

    RESSONNCIA

    A ressonncia classificada em seis tipos principais: equilibrada quando se utiliza deforma distribuda os trs focos principais de ressonncia(laringe, oral e nasal); laringo-farngea onde h predomnio do foco na regio do pescoo; hipernasal com constriode pilares onde o foco acentuado no nariz, mas com esforo evidente causado portenso de musculatura orofarngea; hiponasal onde no h nenhuma ressonncia nasal;laringo-farngea com foco nasal compensatrio onde o foco central no pescoo e semnenhuma oralidade, normalmente em articulaes muito travadas. Semelhantemente ao

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    pitch, a ressonncia tambm se eleva, buscando as cavidades mais superiores no cantoem relao fala.

    ARTICULAO

    A articulao pode ser precisa, imprecisa, travada, exagerada, pastosa ou aberta. Estas

    caractersticas podem se combinar aos pares mas no de maneira fixa. Pode-se porexemplo, encontrar uma articulao travada e precisa assim como uma aberta eimprecisa. Nem sempre abrir mais a boca para cantar melhora a articulao das

    palavras. Pode sim projet-la muito mais.

    ATAQUE VOCAL

    O ataque vocal pode ser dividido em brusco, aspirado e suave, podendo ser observadona fala espontnea. Normalmente o tipo de ataque se modifica da fala para o canto.Existem pessoas que falam com ataque brusco, porm na hora de cantar optam peloestilo bossa-nova , que trabalha com um ataque mais suave.

    QUALIDADE VOCAL OU TIMBRE

    o item que esclarece o diagnstico no nvel de pregas vocais. Costuma fechar aavaliao perceptual da voz falada. No canto isso ocorre de forma diferente, pois na vozcantada avalia-se a qualidade em relao direta com o estilo de msica adotado e com aforma pessoal de interpretao. No possvel dizer que todo cantor de bossa-nova

    possui uma voz patolgica soprosa, pois esta soprosidade faz parte de um estilo decantar, de tornar a voz mais um instrumento dentro da msica e no o principal deles. Ocantor de hard rocktem a voz rouca e spera, mas pode-se utilizar outro modo de cantareste estilo de msica. A qualidade da voz cantada abre discusso para as caractersticasvocais mais freqentes em cada estilo de msica. impossvel se discutir a qualidadesem falar de estilo, ao contrrio da voz falada, na qual a qualidade vocal tem relaodireta com a patologia.

    H vrias maneiras de se nomear as qualidades e caractersticas vocais. Utilizamo-nosda voz rouca (moderada/suave), suave, fluida, spera, soprosa, com quebra desonoridade, tensa, pastosa, trmula, estrangulada, infantil e diplofnica (bitonal).

    H outros nomes diferentes dos utilizados acima, mas estes combinados entre si quandonecessrios so suficientes para definir precisamente uma qualidade vocal.

    RITMO

    um aspecto que avaliamos apenas na voz falada, pois na cantada depender do estilo,melodia e harmonia da msica e da maneira como o cantor interpreta a cano. Na falausamos um ritmo lento, acelerado, muito acelerado e adequado.

    TESSITURA

    A tessitura e a extenso so dois aspectos a serem avaliados apenas na voz cantada.Quando o cantor disfnico tem queixa apenas na voz cantada no h necessidade deavaliao dos dois aspectos. Pesquisar a tessitura do cantor, que seriam as notas

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    confortveis dentro da sua extenso vocal, quando o cantor est totalmente disfnico, algo que no tem muito sentido.

    Quando o cantor apresenta a queixa de dificuldade nos agudos ou quebra de sonoridadena passagem, solicita-se que emita a escala completa para se avaliar a dificuldade, masno h como classificar definitivamente a regio onde esse cantor deve produzir sua voz

    cantada sem esforo ou prejuzo do trato vocal, pois a hora da avaliao um momentoatpico. Conforme o trabalho fonoteraputico evolui deve-se rever a tessitura, assimcomo a extenso vocal.

    A classificao vocal das vozes masculinas em tenor, bartono e baixo e das femininasem soprano, mezzo-soprano e contralto tm relao com o canto lrico, muitas vezesempregada no canto popular, porm mais para auxiliar na definio da tessitura do que

    para classificar uma voz dentro de um repertrio especfico. Considerando-se as formasdiferentes de configurao gltica do canto popular para o lrico, no acredita-se naimportncia dessa classificao para o canto popular.

    REGISTRO

    o modo de vibrao variado das pregas vocais de acordo com vriospitchs,fornecendo diferentes qualidades vocais que so chamados de registro, que nada mais do que a produo de freqncias consecutivas que se originam da mesma maneira dafreqncia fundamental. Deve ser avaliado apenas na voz cantada, pois trata-se de umconceito dividido em registro basal (fry), modal (peito e cabea) e falsete.

    BRILHO

    Tem relao direta com o uso das cavidades de ressonncia e a produo de formantes.Quanto mais amplo for o uso dessas cavidades maior ser a riqueza de harmnicosamplificados, fazendo com que a voz parea cheia, preenchendo todo o ambiente.

    A posio da laringe no pescoo responsvel pelo colorido do som produzido. No belcanto, com a laringe baixa, temos um som mais lmpido e alegre, enquanto no cantodramtico, com laringe alta, o som escuro mas cheio de nuanas.

    PROJEO

    Termo advindo do canto, mas muito utilizado no meio teatral e em oratria. Temrelao direta com respirao, presso subgltica e superiormente com a boca aberta.

    No possvel se ouvir um cantor com projeo com a articulao totalmente travada.Na avaliao deve-se evitar termos qualitativos (boa projeo/pssima projeo). Deve-

    se gravar a voz do cantor para registro, solicitando sonorizaes especficas, comovogais (/a/e/i/) prolongadas, escalas ascendente e descendente emstacatto e ligatto, falaencadeada (dias da semana, meses do ano) e conversa espontnea.

    Havendo gravaes antigas e recentes, interessante ouv-lo para compreender oprocesso de desenvolvimento da voz cantada. A avaliao in locco fundamental paracomparar dados ao vivo, e para conhecer o ambiente de trabalho do cantor.

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    ALTERAAO DE VOZ NO CANTO DISFONIA FUNCIONAL

    As alteraes de voz mais comumente encontradas nos cantores so chamadas de

    disfonias funcionais, que podem ser causadas por uso inadequado dos msculosvoluntrios da fonao, que incluem os msculos da laringe, faringe, mandbula, lngua,

    pescoo e sistema respiratrio. O desalinhamento postural tambm um achado clnicofreqente. Algumas disfonias podem ser atribudas a tcnicas vocais incorretas taiscomo: Coordenao pneumofonoarticulatria pobre, uso excessivo ou inadequado davlvula larngea, foco ressonantal inadequado, dificuldades no controle dinmico de

    pitch e loudness.

    Por definio, a disfonia funcional a alterao vocal que decorre geralmente do mauuso ou abuso de um aparelho fonador anatmica e fisiologicamente intacto, mas quetambm pode ser resultado de um mecanismo compensatrio mal adaptado, comoconseqncia de uma condio orgnica preexistente. Mesmo nos casos de alteraovocal onde a funo larngea normal ao exame clnico, ou quando h presena desinais de tenso muscular larngea anormal, a disfonia classificada com funcional.

    A disfonia funcional com abuso vocal prolongado pode levar ao desenvolvimento dealteraes orgnicas secundrias, como os ndulos vocais. Apesar desses seremconsiderados entidades patolgicas individualizadas, eles so resultado de uma disfoniafuncional precedente.

    CLASSIFICAO

    H vrias propostas para a classificao das disfonias funcionais. Alguns autores

    propem abordagens mais amplas referindo-se aos mecanismos casuais e outrosbaseiam-se nos aspectos clnicos-sintomticos. importante haver uma diferenciaoentre cada subgrupo de pacientes portadores de disfonia funcional.

    Podemos classificar as disfonias funcionais em quatro tipos, que so: as disfoniaspsicognicas, a disfonia por habituao, o uso inapropriado de registro e as sndromesde abuso vocal.

    DISFONIAS PSICOGNICAS

    Podem ser divididas em dois subtipos: as conversivas e as recidivantes. O padrorecidivante normalmente associado a um perfil psicoptico e o conversivo, s

    caractersticas histricas e o aparecimento da alterao vocal associado a algum fatordesencadeante. A qualidade vocal caracterizada por afonia ou disfonia severa, comsonoridade pobre. A laringoscopia pode ser normal ou evidenciar fenda glticatriangular posterior(com reduo da amplitude e assimetria da onda mucosa), ou aindatriangular em toda a extenso(fenda pararela). Pode ser observada a constriosupragltica ntero-posterior parcial, projeo medial de pregas ventriculares ouinconsistncia nos achados laringoscpicos.

    DISFONIA POR HABITUAO

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    Inicia-se por uma laringite viral ou cirurgia das pregas vocais, o que propicia umacompensao inadequada do trato vocal organicamente comprometido. A disfonia

    persiste mesmo aps o desaparecimento do processo viral ou da cicatrizao cirrgica.A terapia fonoaudiolgica pr-cirrgica pode evitar este tipo de alterao. Sintomascomo fadiga vocal e odinofonia podem ser observados. A qualidade vocal podeapresentar soprosidade, aspereza, diplofonia ou fonao ventricular. A sonoridade

    geralmente pobre e a laringoscopia pode ser normal, mostrar aproximao de pregasventriculares, constrio supragltica ntero-posterior parcial ou ainda fechamentosupragltico esfinctrico.

    USO INAPROPRIADO DE REGISTRO

    A alterao vocal ocorre em homens durante o crescimento, manifesta-se depois dapuberdade como dificuldade em abaixar opitch e acompanha-se de "quebras" noregistro. Pode ocorrer em ambos os sexos, porm no to evidente nas mulheres emdecorrncia do seu tom habitual de fala. Alguns fatores psicolgicos podem levar ainibies durante este perodo de transio e estabelecer um padro de fonao emfalsete. Estes casos devem ser diferenciados daqueles em que existam

    comprometimentos hormonais ou conversivos. No h sintomas associados. Aqualidade vocal caracteriza-se porpitch anormalmente alto e sonoridade pobre.

    A laringoscopia geralmente normal, mas pode haver tenso gltica. A laringe podetambm estar elevada e sua trao para baixo pode mostrar mudana de registro vocal

    para umpitch mais adequado.

    SINDROMES DE ABUSO VOCAL

    As alteraes vocais decorrentes das sndromes de abuso vocal so geralmenteflutuantes ou intermitentes e mantm-se por perodos prolongados. Os aspectos maiscomumente observados nestas alteraes so: fadiga vocal, reduo da extensodinmica da voz, odinifonia, padro respiratrio inadequado e sindromes tencionaismsculo-esquelticas. Outros sintomas, como alteraes ressonantais e depitch,tambm podem ser observados. As sndromes de abuso vocal podem ocorrer comfreqncia tambm em profissionais da voz.

    A qualidade vocal dos pacientes portadores de sndrome de abuso vocal mostracaractersticas de soprosidade e aspereza, sonoridade pobre, quebras na voz,pitchgeralmente agravado e ataque vocal brusco.

    A laringoscopia pode ser normal, mas tambm pode apresentar aproximao de bandasventriculares, constrio supragltica ntero-posterior parcial e ainda fechamento

    supragltico do tipo esfinctrico.

    Outros fatores devem ser observados em profissionais da voz com alteraesrelacionadas ao abuso ou mau uso vocal. Algumas alteraes na voz falada muitas vezesno ocorrem na voz cantada, ou ocorrem em menor grau. Como exemplo, uma boatcnica de canto no implicar em uma voz falada adequada. O apoio respiratriotambm pode mostrar-se deficiente somente na voz falada. Apesar disso, a extensovocal no afetada. A avaliao de profissionais da voz deve ser cuidadosa, levando-seem conta as variveis entre a voz falada e cantada.

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    Como alteraes orgnicas secundrias temos: ndulos de pregas vocais, edema dereinke e lceras e granulomas, os quais passaremos a discertar.

    NDULOS DE PREGAS VOCAIS

    So leses secundrias associadas s alteraes funcionais da voz, caracterizando-se por

    alterao na camada superficial da lmina prpria, representada histologicamente pelapresena de tecido edematoso e/ou fibrocolagenoso associado a um espessamento doepitlio das pregas vocais, com queratinizao superficial e acantose entre as cristasepidrmicas. Apresentam-se como leses esbranquiadas, em torno da borda livre na

    juno do tero mdio de ambas as pregas vocais , que, ao entrarem em contato durantea fonao, assumem a silhueta de um "beijo". Apresenta aspecto endurecido e algumasvezes edematoso, principalmente em crianas. H um aumento de massa e rigidez dacobertura, assim como interferncia na vibrao mucosa contralateral. Na maioria doscasos h presena de fenda triangular mdio-posterior.

    A incidncia desta alterao em adultos maior no sexo feminino e est sempreassociada ao abuso vocal e ao estresse. a disfonia funcional mais comum entre as

    crianas, predominando no sexo masculino. Em cantores, pode ocorrer secundariamente execuo do canto fora da extenso adequada e por pobre apoio respiratrio.

    Os sintomas vocais mais comuns so fadiga vocal, alteraes depitch, alteraesressonantais e extenso dinmica reduzida.

    A qualidade vocal mostra caractersticas de soprosidade, aspereza, quebra vocal eataque vocal brusco.

    EDEMA DE REINKE

    uma leso de aspecto edematoso e por vezes polipide, o que lhe rendeu adenominao de degenerao polipide, ou ainda, plipo edematoso de pregas vocais. geralmente bilateral, porm quase sempre assimtrica. Estende-se ao longo de toda a

    borda livre das pregas vocais na maioria dos casos. Apresenta crescimento progressivo,podendo obstruir completamente a glote com conseqente asfixia, em seu estgio maisavanado. Interfere na vibrao mucosa contralateral e est freqentemente associadoao tabagismo crnico e, em menor escala, ao hipotireoidismo e ao refluxogastroesofgico. A fonoterapia pode reduzir a leso em alguns casos, ainda que ocorramelhora importante da qualidade vocal nos casos com leses pouco exuberantes.Entretanto, o encaminhamento posterior para tratamento cirrgico necessrio.

    A disfuno vocal geralmente estvel, de longa durao, e predomina no sexo

    feminino. Os principais sintomas associados so fadiga vocal, alteraes ressonantais eextenso vocal reduzida. A qualidade vocal apresenta caractersticas de rouquido, compitch agravado, sonoridade pobre e quebras vocais.

    ULCERAS E GRANULOMAS

    So as nicas leses orgnicas localizadas fora da borda livre das pregas vocais,decorrentes de distrbios funcionais da laringe. So associadas a processosinflamatrios extralarngeos ou secundrios entubao endotraqueal prolongada. Nos

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    Aparecem alguns questionamentos por parte do cantor, porm esses so um desafioconstante para quem trabalha com a rea da voz e tem conscincia da influncia da vidaemocional e psquica na questo da comunicao.

    As questes da sade vocal devem ser tratadas com pacincia e esclarecimento, semvirar uma lista de proibies, pois o ideal passar informaes aos poucos e obter o

    retorno do cantor sobre a verdadeira compreenso dos porqus sobre sua voz.

    No fcil estabelecer um limite sobre onde comea a terapia fonoaudiolgica docantor, pois o incio de cada processo depender de cada indivduo. No existehierarquia dentro da terapia fonoaudiolgica. Na voz tudo ocorre ao mesmo tempo. Asnecessidades so de cada caso e sempre que possvel devem ser trabalhadas noconjunto.

    No caso dos cantores fundamental trabalhar a parte respiratria no sentido deconscientizar o papel da respirao na emisso da voz cantada, mostrando

    preferencialmente a respirao costo-diafragmtica, como a mais adequada para a suavoz. O trabalho articulatrio visando a abertura vertical e preciso sonora dos fonemas

    tambm tem destaque na rotina teraputica. Os exerccios que auxiliam no abaixamentoda laringe tem demonstrado timo resultado, mesmo nos casos de cantores populares,

    permitindo um movimento vertical livre nos graves e agudos. Exerccios de resistnciatambm so indicados para cantores que costumam cantar muitas horas por semana.Massagem digital na laringe depois de cantar, ou antes de dormir, promove avasodilatao que possibilitar um maior relaxamento noturno, levando a uma qualidadevocal mais satisfatria para os dias seguintes no uso intensivo da voz.

    No possvel abordar a parte de exerccios, pois cada indivduo tem seu problema e osexerccios devem ser aplicados de maneira pessoal. O terapeuta tem que experimentaros exerccios consigo mesmo e, posteriormente, observar como cada paciente realiza oureage diante daquele exerccio. De maneira geral, acredita-se que o terapeuta nonecessita ser um cantor ou msico para poder prestar atendimento, porm deve ouvir asqueixas do paciente e saber que as dvidas que ocorrerem durante o processoteraputico podero ser investigadas e respondidas por ambos, paciente e terapeuta.

    CONCLUSO

    Estivemos analisando alguns os problemas possveis a serem apresentados na estruturafuncional da laringe e cordas vocais, nos profissionais da voz, em especfico com oscantores.

    Apresentamos alguns mtodos a serem aplicados na avaliao e tratamento de tais

    problemas, porm tal explanao no esgota o assunto.

    Ficou claro porm que, para a eficcia levantamento dos problemas apresentados, bemcomo o respectivo tratamento, h necessidade de se recorrer ao profissional mdico davoz, especificamente ao Otorrinolaringologista e ao Fonoterapeuta para a obteno desucesso para a resoluo dos distrbios que possam ocorrer com a voz.

    Creio porm que deve haver um relacionamento muito aproximado entre o profissionalda voz, o mdico da voz e o preparador vocal, pois suas atividades se interagem e, com

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    essa aproximao o resultado pode se tornar mais produtivo, fazendo com que a voz doprofissional possa ser melhor elaborada para um bom resultado profissional.

    Com este tipo de relacionamento, creio que os cinco profissionais da voz Otorrinolaringologista, Fonoaudiologista, Professor de Canto, PreparadorVocal eCantor podero crescer em conhecimento e sucesso profissional, onde cada um

    individualmente alcanar a satisfao pessoal de aplicar o seu trabalho de modo direto,com conhecimento e bem feito.

    Referncias

    Gouveia, Lidia Maria de. A Fonoaudiologia e o Canto Universidade Cruzeiro do Sul. http://www.geocities.com/Vienna/9177/fonocanto.html