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Voz e Identidade na Comunicação Aumentativa João Miguel Ferreira [email protected]

Voz e identidade na comunicação aumentativa final

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Apresentação nas Primeiras Jornadas a Linguagem da Voz, Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

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Voz e Identidade na Comunicação Aumentativa

João Miguel Ferreira [email protected]

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1- Voz e Identidade

O desenvolvimento da Identidade nas crianças éinfluenciado pela família, amigos, comunidade e escola. Asauto-concepções da criança, em especial, são modeladasatravés da compreensão das suas incapacidades einteracções sociais com os outros.

(Grassmann, 2002)

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1- Voz e Identidade

A longa lista de itens a serem incluídos na nossaconceptualização do que é Identidade podem, talvez, serreduzidos a 3 categorias :

• Informação física : aspecto físico, sexo, idade, saúde.•Informação Social: Região de Origem, nacionalidade,língua mãe, classe social, religião, profissão e poder.•Informação Psicológica: Personalidade, atitudes,emoções.

(Herrero, 2009)

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1- Voz e Identidade

A voz, como veiculo para a linguagem, pode não só gerarcomo reflectir relações de poder e, logo, alguém sem vozou possuindo um tipo de voz diferente, pode estar emdesvantagem.

(Wickenden, 2010)

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Indivíduos com Compromissos Graves de Comunicaçãoquerem que a sua fala e voz reflictam as comunidades em quevivem. Os australianos querem falar como Aussies, osBritânicos preferem o Queen´s English e os Franceses queremfalar Francês.

(Blackstone, 2009)

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1- Voz e Identidade

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1- Voz e Identidade

Da análise das emoções expressas na voz , descritas naliteratura, é conhecido que as emoções causam alteraçõesem 3 parâmetros :

•Qualidade Vocal

•Pitch

•Timing

(Murray et al., 1997)

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2.1- Voz e Identidade na Comunicação Aumentativa

2- Voz na Comunicação Aumentativa

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2.1- Voz e Identidade na Comunicação Aumentativa

2- Voz na Comunicação Aumentativa

Ter voz em idades precoces facilita a criação daprópria identidade bem como a comunicação.(Romski & Sevcik, 2005)

O Sistema de Comunicação Aumentativa faz parte daidentidade da criança – uma das faces que a criançaapresenta ao mundo.(Light, 2006)

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“As atitudes negativas (por parte dos utilizadores) perante os

Sistemas de Comunicação Aumentativa, estavamprimeiramente associadas a questões operacionais (requisitostécnicos para mexer no sistema) e com questões de Auto-imagem/Identidade.”

(Clarke, McConachie, Price, & Wood, 2001)

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2- Voz na Comunicação Aumentativa

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2.1- Voz e Identidade na Comunicação Aumentativa

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2- Voz na Comunicação Aumentativa

A voz é só um dos componentes presentes na ComunicaçãoAumentativa. No conceito de Comunicação Total todos oselementos são utilizados para promover o processocomunicativo, tais como gestos, símbolos, vocalizações, escritae voz.No entanto temos de dividir a Voz em voz natural e vozelectrónica/ sintetizada, sendo que se pretende aprofundarnesta última.

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2.2- Características da Voz Electrónica

2- Voz na Comunicação Aumentativa

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2.2- Características da Voz Electrónica

2- Voz na Comunicação Aumentativa

A voz electrónica ainda não consegue “imitar” na perfeiçãoa voz natural.A voz sintetizada, ao contrário da voz natural, possui menosredundância acústica, menos informação suprasegmental epor vezes pistas fonéticas enganadoras (Duffy & Pisoni,1992, citados por Higginbotham, Scally, Lundy, & Kowarsky,1995)

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2.2- Características da Voz Electrónica

2- Voz na Comunicação Aumentativa

Essa “imitação” é limitada pelas diversascomponentes que influenciam a voz e que sãode difícil sistematização em software de síntesede fala.Roach (1992), citado por Murray & Arnott(1995), refere um exemplo das variações queas emoções fazem na fala, nomeadamentevariações no ritmo, variações de pitch evariações de qualidade vocal

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2.2- Características da Voz Electrónica

2- Voz na Comunicação Aumentativa

Raiva Alegria Tristeza Medo Dor (luto)

Ritmo de fala Ligeiramenteacelerado

Rápido Ligeiramente Lento

Muito rápido

Muito lento

Picth Muito Alto Muito Alto

Ligeiramente Baixo

Muito alto Muito Baixo

Extensão vocal Larga Larga Ligeiramente estreita

Larga Muito estreita

Intensidade Alta Alta baixa Normal Baixa

Variações Hz Abruptas suaves Descendentes Normal Longas descendentes

Articulação Tensa normal Indistinta Precisa Muito Pausada

Sumario dos efeitos das emoções na voz - adaptado de Murray & Arnott, (1995)

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2.2- Características da Voz Electrónica

2- Voz na Comunicação Aumentativa

Os Sistemas Texto-Fala actuais já apresentam uma inteligibilidadebastante boa. No entanto ainda são facilmente identificadas como sendoartificiais. Nenhum dos sistemas incorpora variações prosódicasresultantes de factores emocionais e relacionados. Isto é em largamedida devido à complexidade em identificar e categorizar factoresemocionais em na fala natural e implementar esses factores na falasintetizada. No entanto, , o conteúdo prosódico na fala sintetizada évisto com importância crescente. E é objecto de novas investigaçõespara novos modelos de síntese de fala.(Murray, Arnott, & Rohwer, 1997)

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2.2- Características da Voz Electrónica

2- Voz na Comunicação Aumentativa

Apesar da qualidade actual dos sintetizadores de voz, os interlocutoresainda preferem vozes naturais.

A pesquisa de (Gorenflo, Santer, & Gorreflo, 1994) refere que vozessintetizadas mais naturais influenciavam positivamente as atitudes dosparceiros de comunicação.A mesma pesquisa revelou ainda que os parceiros de Comunicaçãopreferem uma voz sintetizada que tivesse características mais naturais,com grande inteligibilidade e que correspondesse ao género dapessoa.

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2.2- Características da Voz Electrónica

2- Voz na Comunicação Aumentativa

Os Digitalizadores de Fala têm agora vozes maispersonalizadas, com mais inteligibilidade emesmo mais naturais. As próprias colunas desom (internas ou externas) influenciambastante a qualidade do output de fala.

(Blackstone, 2009)

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2.2- Características da Voz Electrónica

2- Voz na Comunicação Aumentativa

A qualidade dos dispositivos geradores de fala melhorousignificativamente nos últimos anos.Existem já sistemas que permitem a escolha de uma serie de opçõesvocais .No entanto, pelo facto se serem electrónicas, a estas vozes falta-lhes“naturalidade”.Não têm aquelas subtis variações de tom de voz, volume e sotaque

regional que as vozes naturais têm. Apesar dos avanços, as vozesainda mantêm o aspecto “robótico”.

(Wickenden, 2010)

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3- Caminho para o Futuro

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3- Caminho para o Futuro

Diversos estudos consultados, referem a importância deter uma voz adequada ao género, à idade, comcaracterísticas mais naturais e com características pessoaisnuma perspectiva de Identidade Pessoal.

(Duffy & Pisoni, 1992, citados por Higginbotham, Scally,Lundy, & Kowarsky, 1995) ; (Gorenflo, Santer, & Gorreflo,1994)

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3- Caminho para o Futuro

O estudo de Murray e Arnott (1995) indica que simular asemoções vocais, durante a reprodução de textosemocionais, leva a uma melhoria muito significativa doreconhecimento da emoção vocal intencionada nessasfrases.

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Higginbotham (2010) reconhece a importância da voz paraidentidade de cada um, apelando aos pesquisadores paramelhorarem os dispositivos geradores de fala e apontando 3objectivos:1. Fornecer formas de expressar emoções, para que osutilizadores possam gritar, cantar, falar com animais, etc.2. Providenciar formas de os utilizadores poderem seleccionardeterminadas características de entre diversas vozes eposteriormente poderem “misturar” tudo numa vozsintetizada com características únicas.3. Providenciar formas de os utilizadores poderem controlar adimensão prosódica das suas frases em tempo real.

3- Caminho para o Futuro

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WITH AND WITHOUTWithout a voice I feel lonely

With a voice I can make friends

Without a voice I am vulnerableWith a voice I am safe

Without a voice I have no life now or in the futureWith a voice I can enjoy and achieve

Without a voice I am excludedWith a voice I can be included in my community

Without a voice people think I am stupidWith a voice I can go to school and learn

Without a voice I would be so bored and frustratedWith a voice I feel good about who I am

Nathalie(15anos) (Wickenden, 2010)

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Voz- “Célia”GRID II – Sensory Software International

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Bibliografia

•Blackstone, S. (2009, Outubro). Speech and Sound: Can you hear me now? Augmentative Communication News, 21(3), 6-7.•Clarke, M., McConachie, H., Price, K., & Wood, P. (2001). Views of young people using augmentative and alternative communication systems. Int J Lang CommunDisorders, 36(1), 107-115.•Gorenflo, C., Santer, S. A., & Gorreflo, W. (1994). Effects of synthetic voice output on attitudes toward the augmented communicator. Journal of speech and hearing research, 37(1), 64.•Grassmann, L. (2002). Identity and Augmentative and Alternative Communication. Journal of Special Education Technology, 17(2).•Herrero, P. (2009). Voice and Identity :A contrastive study of identity perception in voice (Tese Doutoramento). Universidade de Munique-Universidade de Valencia.

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Bibliografia

•Higginbotham, D. J., Scally, C. A., Lundy, D. C., & Kowarsky, K. (1995). Discourse comprehension of synthetic speech across three augmentative and alternative communication (AAC) output methods. Journal of speech and hearing research, 38(4), 889.•Higginbotham, D. J. (2010). Humanizing VoxArtificialis: The Role of Speech Synthesis inAugmentative and Alternative Communication. Computer synthesized speech technologies tools for aiding impairment. Hershey PA: Medical Information Science Reference.•Light, J. (2006). From The Guest Editor. Perspectives on Augmentative and Alternative Communication, 15(1), 2-8.•Murray, I., Arnott, J. L., & Rohwer, E. A. (1997). Emotional stress in synthetic speech: Progress and future directions. Speech communication., 20(1-2), 85.•Murray, I. R., & Arnott, J. L. (1995). Implementation and testing of a system for producing emotion-by-rule in synthetic speech. Speech Communication, 16(4), 369–390.

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Bibliografia

•Romski, M. A., & Sevcik, R. A. (2005). Augmentative communication and early intervention: Myths and realities. Infants & Young Children, 18(3), 174.•Wickenden, J. M. (2010). Teenage worlds, different voices: an ethnographic study of identity and the lifeworlds of disabled teenagers who use Augmentative and Alternative Communication (Doutoramento). University of Sheffield.

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