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Vozes Esquecidas - Prefácio e Introdução

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A Primeira Guerra Mundial é um dos episódios mais marcantes na história da Humanidade. Imagine esse conflito narrado não por um estudioso, mas pelas pessoas que o vivenciaram e sofreram durante muitos anos. Tais relatos estão contidos em Vozes Esquecidas da Primeira Guerra Mundial, de Max Arthur, em associação com o Museu Imperial de Guerra britânico.

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M a x A r t h u r

VOZESESQUECIDASda PRIMEIRA Guerra MUNDIAL

E M P A R C E R I A C O M O

M U S E U I M P E R I A L D E G U E R R A

Introdução de Sir Martin Gilbert

TraduçãoMarco Antônio de Carvalho

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Pre fá c i o d o Autor

Vozes esquecidas da Primeira Guerra Mundial foi inteiramentecriado com base na notável coleção de entrevistas gravadas peloArquivo de Som do Museu Imperial de Guerra. É um arquivo deprofundidade extraordinária, contendo centenas de depoimentos,gravados em fita, de homens e mulheres que participaram de guerras e campanhas militares ou que as testemunharam, conflitosesses que vão da Primeira Guerra Mundial aos entrechoquesarmados dos dias atuais.

Os arquivos sobre a Primeira Guerra Mundial contêm centenasde entrevistas gravadas nos últimos quarenta anos. Aproveitei far-tamente essas entrevistas ouvindo muitas horas de fitas e lendoincontáveis transcrições.

Embora a Primeira Guerra Mundial tenha envolvido váriospaíses, concentrei-me no front ocidental e na Campanha deGalípoli. Organizei, na medida do possível, os depoimentos emordem cronológica. Como são relatos pessoais, e não históriasfrias, a ordem na qual os coloquei pode parecer, por vezes, imper-feita. De qualquer forma, quando possível, confirmei os dados embusca da precisão histórica. A duração desses depoimentos varia.Alguns exigem muitas páginas, ao passo que outros apresentamapenas os trechos mais emocionantes. No que toca a algunsdepoentes, usei vários relatos seus, nos quais descrevem os dife-rentes combates de que participaram. Para dar a todos os depoi-mentos um contexto histórico, incluí uma pequena história decada ano a respeito da guerra.

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Minha intenção foi tentar pintar, por meio das palavras dehomens e mulheres, um quadro legítimo da vida na PrimeiraGuerra Mundial: a espera e a preparação de seus participantes, aguerra propriamente e suas consequências. Alguns desses relatossão brutalmente vigorosos e terríveis, ao passo que outros são maiscalmos e ponderados.

Em todo o livro, sempre que possível, procurei usar o posto oua função exercida na época. Alguns podem figurar como soldadoe mais tarde ter se tornado graduado ou oficial, enquanto outrospodem ter mudado de serviço. Nem sempre foi possível identificaros regimentos de todos os soldados.

Parece-me perfeitamente compreensível que a tentativa derememorar experiências quarenta ou cinquenta anos após grandesacontecimentos resulte em lembranças cujos detalhes nem sempresão exatos, mas o que jamais se perde é o sentimento gerado pelasentrevistas com os que participaram deles, e tentei grafar no livroa intensidade e a natureza do depoimento. Foi um privilégio ouviras vozes desses homens e dessas mulheres, muitos dos quais estãomortos há muito, e tentar dar vida outra vez às suas vigorosaslembranças. As palavras são deles. Meu papel foi o de simplescompilador — não fui mais que um catalisador.

Max ArthurJulho de 2002

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I ntrodu ção

Lemos este livro com os olhos ardendo em lágrimas. Ele apresenta,como nenhum outro que o antecedeu, a realidade brutal daPrimeira Guerra Mundial, sem disfarces, com seus dramas e cruel-dades, seus momentos de humor — alguns deles bastante negros,certamente —, suas rotinas monótonas e suas emoções. MaxArthur fez uma notável seleção de lembranças: testemunhos oraisdos mais pertinentes e reveladores.

Todas as recordações lançam luz sobre um aspecto diferente doconflito. Na maioria das vezes, uma luz que não havia sido acesaantes, algo que os mais diligentes historiadores não haviam notadoou que o mais ávido dos leitores do gênero jamais lera.

O leitor se emocionará com vários trechos e sentirá vontadede ler muitos deles repetidas vezes. Por sua força e vivacidade, eisos que mais me comoveram:

Um recruta que tem senso de retidão: “No Novo Testamento,nem João Batista nem Nosso Senhor reprovam a vida de soldado.”

Um jovem de 16 anos que mente sobre a própria idade parapoder se alistar.

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Um estudante universitário convencido, em agosto de 1914,de que a guerra terminaria a tempo de permiti-lo cursar o se-mestre seguinte na universidade, em 7 de outubro.

Em um restaurante francês: “Omeletes e café com rum pormeio penny.”

Trincheiras de sacos de areia; a montagem de uma metra-lhadora Lewis; a vida dentro de um tanque.

Soldados de licença, em trajes civis, ridicularizados pormulheres com a pecha de covardes.

Um soldado francês, em dias anteriores ao uso do uniformecáqui, observando homens “mortos com extrema facilidade”porque suas calças eram vermelhas.

Um soldado refletindo, em meio ao bombardeio, sobre a boavida que ele e seu amigo estavam levando, “pois, se nada feriuJohnny, nada me ferirá também”.

Um soldado desolado com a morte de sua mula pelo fogo deartilharia enviado de volta ao quartel para recuperar o espíritocombativo.

Rações de campanha, os momentos antes do ataque, a primeiraarremetida contra as trincheiras inimigas, os efeitos do gás.

Em Galípoli, comendo o rancho em cima do corpo de umturco muito pesado para ser retirado da trincheira.

O soldado que morreu em uma vala de esgoto, pois os dois cole-gas que o haviam levado para lá estavam fracos demais para queo tirassem da fossa.

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O soldado preso no fundo de uma cratera de bombardeio com um alemão morto: “Céus, vou ter de passar a noite aqui comvocê?!”

Chuva, lama, “ratos tão grandes quanto gatos”, piolhos —“uma verdadeira ameaça” —, o fedor de corpos de cavalosmortos.

A morte dos colegas ao lado, os horríveis aspectos da mortenas trincheiras.

A abertura de túneis e a incrível explosão e impacto da deto-nação de minas: “Este foi o dia do Juízo Final.”

O alívio de um ferimento “abençoado”.

Mortos e feridos na terra de ninguém; soldados avançando eimpossibilitados de parar e ajudar os feridos ou consolar osmoribundos; a extrema-unção; a morte de amigos íntimos;tristeza.

Cenas nos postos de recolhimento de feridos: a horrível reali-dade dos ferimentos graves; o solo muito bombardeado agora“envenenado”; a experiência de sofrer uma amputação.

O trauma de fazer parte de uma execução por deserção.

Armistício: o silêncio e a tristeza ao lado da comemoração.

Os conhecidos campos de batalha — entre eles o elevado deYpres, o Somme e o Passchendaele — estão aqui iluminados poraqueles que os viram, lutaram neles e conviveram com suas lem-branças durante o restante de suas vidas —, lembranças retra-tadas, nestas páginas, com maestria e vivacidade extraordinárias.

INTRODUÇÃO

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As vozes desta antologia são de homens e mulheres reais, depessoas que se lembram sem restrição do período de suas vidas emque a morte era companheira inseparável e do qual o medo, obarulho e o perigo jamais se ausentavam, no qual o trabalho diário — que só durava entre o amanhecer e o meio-dia — era o termo comum da vida humana, ameaçada pela perspectiva damorte iminente.

Esta antologia é uma evocação da Primeira Guerra Mundialfeita pela visão dos que foram chamados para lutar pela pátria. É também uma homenagem aos milhares de outros soldados —conhecidos ou desconhecidos — que figuram nela, que não sobre-viveram além daquele meio-dia e cujas histórias são contadas poroutros, geralmente pelo amigo mais próximo, eternizadas nestelivro por um mestre da crônica.

Sir Martin GilbertDois de julho de 2002

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