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VÍRUS ANTÁRTICO – UMA

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VÍRUS ANTÁRTICO – UMA

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Aspirantes: Leonardo Gomes de Araújo e

Daniel de Mello Barreira TavaresINTRODUÇÃO

Com um título como este poderíamos pensar:“Seria um novo vírus descoberto? Uma previsão deepidemia? Uma reportagem de biologia?”. Felizmentenão. A expressão “vírus antártico” surge como formade expressar a emoção de brasileiros que passaramum período de suas vidas na região antártica e que avislumbraram, conheceram sua importância eaprenderam a respeitá-la.

Assim que soubemos de nossa indicação para esteintercâmbio, começamos a nos preparar, separar osdocumentos necessários e, logicamente, contar paratodos nossos familiares. O que pudemos notar deantemão é que havia mais dúvidas do que afirmações.Muitos perguntavam “O que é que se pode fazer lá?”,“Vai lá para somente ver gelo?”, “É Antártica ouAntártida?”, e alguns faziam perguntas mais ousadas,como “Por que o Brasil e a Marinha gastam dinheirocom algo tão longe se não damos conta nem mesmodaquilo que está perto de nós?”. Sentimos que surgiauma oportunidade de mudar o que estava em nossavolta e foi com este espírito que partimos, numaviagem em busca de conhecimentos e respostas.

Pudemos vivenciar um momento inesquecível emnossas vidas, conhecer muitas coisas novas e aprendermuito nesta viagem à Antártica. O que objetivamoscom o presente texto é compartilhar o que pudemostrazer de lá e, verdadeiramente, contaminar a todoscom nosso “vírus antártico”.

CURIOSIDADES GERAISEm grego temos a palavra ANTARTIKUS, com a

parte inicial (ANT) passando a idéia de “contrário”,“oposto” e sua parte final (ARTIKUS) significandoUrso. Assim, temos algo como “o oposto ao urso”. Fezsentido? Concordo que ainda não. Mas existe. Estapalavra “Urso” faz referência à estrela polar no Norteque, pertencente à constelação da Ursa Menor, indicanosso Norte (Ártico). Desta forma, e com umainterpretação mais rebuscada, temos Antártica comoo “oposto ao Norte”, logo, Sul. Já o termo Antártida é

VIAGEM AO MUNDO GELADO

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proveniente de uma oposição ao termo Atlântida (ocontinente lendário que afundou no atlântico). O queocorre hoje em dia é que temos a utilização dos doistermos por diversos pesquisadores e nações (podemosver, até mesmo, a utilização de ambos os termos emum único artigo!). O Brasil adotou oficialmente o nomeAntártica e é este termo que a Marinha do Brasil e oPROANTAR utilizam.

Um ponto que chama bastante atenção é a reuniãode superlativos que a Antártica apresenta: Maisremota, mais ventosa, mais desértica, mais estéril,mais inabitável do planeta... Acredito que bastariapensar um pouco mais para duplicar esta relação.Encontramos no verão uma área de aproximadamente14 milhões de km2 (cerca de 1,6 vezes nosso Brasil).Esta área cresce enormemente no inverno, quando(apesar de alguns desencontros entres os estudiososque fornecem esta informação) pode alcançar até 30milhões de km2, devido à formação de uma capa degelo que circula o continente. No já citado inverno,temos noites que duram quatro meses e temperaturasde -70ºC a -20ºC, tendo sido registrada a mínima de -89,2ºC. Nesta região 4 minutos são suficientes paratransformar uma calma total em rajadas de vento a180 km/h. Associada à intensidade do vento existeuma regra que diz que para cada 2 km/h temos adiminuição de 1ºC na sensação térmica. Assim, comtemperatura de -10ºC e vento a 20 km/h teremos umasensação térmica de -20ºC. Estas temperaturas baixastambém determinam o tempo de sobrevivência dohomem caso caia na água. Se um homem cai nas águasgeladas da Antártica, morre de hipotermia emaproximadamente 90 segundos. Esta informação

assustadora nos é passada tão logo chegamos à região,acompanhada da dica para evitar o problema: “NãoCaia!”.

É uma região, definitivamente, assustadora eapaixonante. Sentimos o quão somos pequenos dianteda força da natureza e essa força, aliada à sua belezanatural, nos fornece uma nova dimensão de vida,reformulando conceitos sobre quem somos e qualnossa importância.VISÃO CIENTÍFICA

Já foi contaminado pelo “vírus antártico”? Aindanão? Então prossigamos agora com um olhar maiscientífico.

Umas das teorias que faz o mundo voltar os olhospara Antártica é a Teoria da Deriva Continental. Eladiz, utilizando uma linguagem mais simples, que oscontinentes eram todos unidos e formavam um únicobloco chamado “Pangéia”. Devido a forças que a citadateoria exemplifica, o bloco se partiu em três, sendoum deles (“Gondwana”) formado pela Antártica,América do Sul, África, Áustria e Índia. Após umanova repartição, a Antártica se deslocou rumo ao sul.A importância desta teoria está na possibilidade daexistência de inúmeros recursos minerais na terragelada. Tida como uma suposta continuidade dosAndes, podemos presumir a presença de ouro e pratana região gelada. Como também poderia ser umacontinuação da África, teríamos diamantes.Acreditando que “Gondwana” tivesse climatemperado (ou talvez tropical), podemos supor que suavegetação se tornaria resíduos fósseis e teríamosimensas quantidades de petróleo. Novas notíciasinformam que foram encontrados fósseis e foicomprovada a existência de uma floresta em grande

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parte do continente. Estes fatos dão o suporte necessárioà teoria da deriva continental e aumentam as chancesde existência de grandes quantidades de recursosminerais a serem explorados. Isso tudo sem mencionarque esta região possui mais de 90% de toda água docede nosso planeta.

Ainda com enfoque na ciência, pesquisas comdeterminados tipos de peixes antárticos mostram tipode respiração cujo estudo poderia ajudar na soluçãodos problemas respiratórios de recém-nascidos.Fazem-se também diversos estudos sobre osfitoplânctons da região, organismos aquáticosmicroscópicos que têm capacidade fotossintética e quevivem dispersos flutuando na coluna de água. Acredita-se que o fitoplâncton é responsável pela produção decerca de 98% do oxigênio da atmosfera terrestre.

Em alguns locais as condições climáticas egeológicas têm feito da Antártica um laboratório paraviagens espaciais. Reprodutora fiel das condiçõesexistentes no planeta Marte, a Antártica possibilitaensaios para verificar possibilidade de vida em nossoplaneta vizinho.

Outro ponto de estudo é a Glaciologia, que estudaas geleiras e desvenda a história da Terra.Características da Antártica fazem com que suaprecipitação guarde amostras da atmosfera no solo.O estudo das moléculas que compõem parte do solorecolhido identifica quais partículas estavamsuspensas no ar e determina uma efetiva volta aopassado, permitindo o registro evolutivo da Terra.Para melhor ilustrar, um buraco de 10m deprofundidade nos permite detectar a radioatividadedos testes nucleares dos anos 40 e 50. Um buraco maisprofundo comprova que a revolução industrialaumentou em 25% a quantidade de CO2 no ar.

Por último (aqui cabe ressaltar que existeminúmeros outros exemplos de pesquisas científicas queexaltam a importância da Antártica), hoje sabemosque a atmosfera tem influência global. Não se poluisomente a atmosfera de nosso local, estamos poluindoo mundo como um todo. Esta compreensão permitemelhor identificação e estudo de fenômenos como oburaco de ozônio e o efeito estufa.

Agora que foi visto um pouco da importância da

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Antártica, podemos concluir que investir lá significater visão voltada para o futuro. Sendo um local decondições muito diferentes dos demais continentes,encontramos nele muitas respostas e possíveissoluções para crises que afetam os demais continentes.

A QUEM PERTENCE E O QUE É OTRATADO DA ANTÁRTICA

Visto toda sua importância, é natural que apareçao desejo de explorar e declarar-se dono destas terras.Levadas por motivos diferentes, muitas naçõeschegam ao continente gelado e reinvidicam para si oterritório. Buscando resolver (ou adiar) o problemadas disputas territorialistas, cria-se o Tratado daAntártica (1959).

Ele determina o uso da região apenas parafinalidade de paz, promove e incentiva a liberdadecientífica e a cooperação internacional. Asreinvidicações territoriais ficam congeladas (e novasnão são permitidas) por período indefinido. Ficamproibidos a explosão nuclear e o armazenamento delixo radioativo. Prega-se a proteção e conservação dolocal. Posteriormente, em 1991, o Protocolo de Madri,ressaltando a proteção ao meio ambiente, vem proibira exploração dos recursos minerais da Antártica,permitindo revisão das cláusulas somente no ano de2041.

Estas regras determinadas pelo Tratado daAntártica são seguidas rigorosamente. Ficamossurpresos com as relações políticas que encontramosna terra do frio. Havia, efetivamente, uma cooperaçãointernacional. Verificamos que os países se ajudam,trocam informações, prestam socorro uns aos outros.Arriscaria dizer que encontrei uma nação antártica,onde não havia imposição de fusos e todos sepreocupavam com o desenvolvimento e manutençãodo local. Como o pessoal que vive nas bases ou estaçõesde pesquisa passa lá cerca de um ou dois anos, todorosto novo é bem-vindo. Desenvolve-se uma maiornoção de importância da presença das outras pessoas,e aprende-se a respeitar e ajudar mais os outros (algoque estamos perdendo em nossos continenteshabitados). Para complementar esta idéia de ajudamútua, vamos citar um exemplo. Lá existem refúgios,uma espécie de cabana abrigada, de portas sempredestrancadas, equipados com alimentos e materiaisnecessários à sobrevivência de um eventual exploradorperdido (mantimentos, aquecedores, ferramentas,barracas, livros...), independente de sua nacionalidade.

O BRASIL NA ANTÁRTICAUm ponto importante a ser ressaltado é que

existem, de acordo com o Tratado da Antártica,classificações das nações que possuem interesse naAntártica. Sendo o Status de Nação Consultiva aqueleque permite participar efetivamente das decisõessobre o continente gelado (poder de voto). Para se obtertal status é necessário realizar substancial atividadecientífica no local. É nesse contexto que se encaixa oBrasil.

De olho no futuro, adere, ainda sem direito de voto,ao Tratado em 1975. Após a criação do PROANTAR(Programa Antártico Brasileiro - 1982), realizamosnossa primeira operação nas águas geladas (OperaçãoAntártica I, ou OPERANTAR I) entre o final de 1982 einício de 1983 (verão no hemisfério Sul), já buscandoum local para nossa futura Estação Antártica. Obtidosucesso nesta operação, conseguimos nos tornarmembro consultivo ainda em 1983. A partir daí,consecutivos sucessos nos trazem aos dias de hoje,quando acabamos de realizar a OPERANTAR XXV (naqual estivemos presentes) e nos preparamos para aXXVI.

Nossos interesses na região podem ser divididosem três principais vertentes, a saber: interessesestratégico, científico e econômico. No primeiro(estratégico), temos a ligação atlântico-pacífico peloestreito de Drake, de enorme valor potencial como rotade navegação marítima. As outras ligações existentesentre os dois citados oceanos (Canal do Panamá eCanais do Ártico) podem, diferentemente de Drake,ser facilmente controladas por poucos que exerçaminfluência na região. Quanto ao cunho científico, alémdas possibilidades já mencionadas, o Brasil dáespecial atenção à meteorologia, visto que temos aconsciência de sua atuação global. Uma frente friavinda do pólo sul afeta nossa agricultura. Se previstosfenômenos como a Friagem, podemos tomarprovidências ou nos preparar de algum modo paraque possamos minimizar seus efeitos. Quanto aointeresse econômico, seguimos o desejo das demaisnações, recursos minerais e água doce. Um trecho queexemplifica bem o interesse econômico, escrito porMarques, 1994, nos diz: “A verdade é que estas geleirasimensas recobrem antigas florestas e jazidas deminerais, muitas pedras preciosas, ouro, prata,carvão, ferro, urânio, manganês, petróleo e outrasriquezas de difícil acesso, cujas montanhas geladasabrigam 100 mil quilômetros cúbicos de carvão e cujosolo esconde reservas da ordem de 45 bilhões de barris

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de petróleo e 115 trilhões de pés cúbicos de gásnatural”.

“O PROANTAR veio ativar setores deuniversidades e instituições que estavam parados,dando motivação a pesquisadores e criando, algumasvezes, novas tecnologias no Brasil”. “Participar doPROANTAR faz do Brasil um dos membros quedecidirá o destino do continente antártico”.

ARY RONGEL, EACF E NOSSAVIAGEM

Substituindo o antigo NApOc Barão de Teffé, queatuou até a OPERANTAR XII, o NApOc Ary Rongel(H-44) é um navio pequeno em suas dimensões, mas échamado a bordo de “O Gigante Vermelho”. Suaimportância na região é o que traz sua grandiosidade.Arriscaríamos dizer que sem o gigante vermelho nãoconseguiríamos fazer nossa OPERANTAR. Ele énecessário para a implantação e retirada de projetos,apoio à Estação Antártica Comandante Ferraz eresponde pela vida de muitos brasileiros que atuamna região. Logo que subimos a bordo do Ary Rongel,pudemos notar que nos encontrávamos em um naviodiferente. Atuar em região de extremos exige maiorprofissionalismo por parte dos tripulantes e obrigasuperação constante. Como exemplo, por muitasvezes, quando estávamos diante de um campo de gelo

à noite, vimos que chegava a hora de render serviço,mas o quarto que estava para sair decidia ficar paraajudar o quarto que entra. Tínhamos dois quartos deserviço olhando para a proa tentando identificaralgum “growler” se aproximando. Ficava claro quetodos colocavam os interesses do navio acima dospróprios, deixando um grande legado para nós.

Grande navio responsável por apoiar muitosprojetos, fazia muito mais do que estava escrito emsuas ordens para a comissão. Bastavam algunspesquisadores informarem que, apesar de não estarno projeto sobrevôo na região para aerofotogrametria,seria muito importante fotos aéreas da região que oComandante já reunia seus oficiais para estudar apossibilidade de atender a este pedido (e quase sempreatendia!). Observamos a dificuldade que existe emcomandar. Rotineiramente o Comandante sentianecessidade de alterar seus planos e modificarhorários devido à instabilidade da região. Decisõesdifíceis, desde permitir que as aeronaves levantassemvôo até adiar a retirada de pessoas acampadas no gelohá meses, deviam ser tomadas a todo momento. Olegado deixado pelo navio e por todos os oficiais debordo foi dos melhores possíveis. Vivenciamos osignificado da palavra superação e obtivemosinúmeros exemplos de como ser e agir ao longo denossas carreiras.

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A respeito da Estação Antártica ComandanteFerraz, soubemos que foi iniciada sua construção em1984. Desde nossa primeira operação já procurávamosum lugar abrigado que atendesse uma série dequesitos. Ao fim, escolhemos a Baía do Almirantado,na Ilha do Rei George, arquipélago da Ilhas Shetlanddo Sul. Para manutenção do local temos um grupo-base composto por 10 militares que a guarnecem porum ano, que se sacrificam para manter o local nasmelhores condições possíveis. Temos sido exemplo deestação, e nosso processo de coleta de lixo é modelo naregião. Vizinhos de poloneses, russos, chilenos,chineses, argentinos, coreanos, peruanos e outrosmais, temos sempre mantido contato e nos ajudamos,principalmente no tocante à saúde e cuidados médicos.

Ao pisar em Ferraz, sentimos verdadeiramente umpedaço de Brasil na Antártica. Toda aquela impressãode ambiente hostil oferecido pelos módulos verdes emoposição ao branco da neve é rapidamente extinta aose adentrar na estação, passando pela região “Rio 40graus” (uma sala aquecida dentro da estação) echegando às nossas instalações, onde encontramosconfortáveis camarotes, uma excelente praça-d’armas(local das refeições) e outros compartimentos, comomódulos de pesquisa, sala de cinema, sala de acesso àinternet, biblioteca... Conseguimos, de fato, viver bemna Antártica. É claro que para que tudo isso funcione épreciso que o chefe da estação consiga unir os interessesde diversos pesquisadores aos da base. Tarefa não tãofácil, por não se tratar apenas de militares, mas quetem sido facilmente exercida, dada a capacidade denossos militares escolhidos para comandar Ferraz.

Quanto ao nosso intercâmbio, iniciamos nossaviagem no dia 20 de janeiro de 2007, no 4º vôo de apoioda FAB. As escalas foram as seguintes: Rio – Pelotas,Pelotas – Punta Arenas (Chile), Punta Arenas –Antártica. Ao fim da última escala, nos apresentamosno Ary Rongel, onde realizamos diversas atividades,dentre as quais destacamos: acompanhamento dasatividades dos oficiais intendentes e eletrônicos,acompanhamento do serviço no passadiço, ajuda nainstalação e retirada de acampamentos de pesquisa,vôos de helicóptero (HU-1), atividades e passeios debote (Big Krill), visita à Estação Antártica ComandanteFerraz, convívio com a tripulação e com ospesquisadores, condução do cerimonial à Bandeira,baldeação do navio, fundeio e manobra do navio,travessia do Estreito de Drake, atracação na cidade deUshuaia (Argentina), participação nos eventos do

navio no porto, partida de futebol contra a MarinhaArgentina e representação no navio Uruguaio GeneralArtigas.

Cabe aqui uma observação sobre o estreito deDrake, que é um trecho de mar aberto que separa aAmérica do Sul da Península Antártica, e tem a famade ser o local com as mais perigosas condições denavegação do planeta. “As águas do Atlântico Sul, doÍndico e do Pacífico Sul juntam-se em torno daAntártica formando o Oceano Austral, que é a únicamassa de água que circula o planeta sem nenhumobstáculo, em eternas correntes para Leste. Mas, noencontro do Pacífico com o Atlântico, este enormevolume de água fica afunilado entre a América do Sule a Península Antártica, fazendo com que as correntesacelerem-se ainda mais. Junte-se a isto as diferentesprofundidades e os ventos uivantes, que são osmaiores fatores para a formação de ondas gigantes,acrescentem-se as águas geladas e os icebergs quederivam para todos os lados, e não fica difícil entenderporque a passagem do Drake tem uma fama tão ruim”.

No dia 16 de fevereiro de 2007, regressamos aoRio de Janeiro, totalizando 26 dias deste inesquecívelintercâmbio. Pudemos conhecer Pelotas, a ESANTAR,o museu Antártico, Punta Arenas e Ushuaia. Masdiante de tantas informações de valor culturalespecial, o que fizemos no porto ou o que conhecemosnesses locais se torna pequeno para ser mencionado.

COMENTÁRIOS FINAISImagine em uma única viagem sentir felicidade,

conhecer um mundo novo, presenciar belezas animais,ver paisagens naturais inesquecíveis, expandir amente, aumentar sua noção de política, praticar seuaprendizado em outras línguas, entender outrasculturas, viver cada momento sabendo que erammomentos únicos e especiais, ter plena consciência deque se estava presente em mais do que uma viagem,adquirindo novas experiências e absorvendo umaprendizado diferente a cada dia. Imagine o quesignifica entender que mesmo que o trabalho sejaárduo, que as dificuldades sejam inúmeras ecrescentes, e que a força da natureza esteja como umobstáculo, transmitindo seu frio mais intenso, o calorda nossa motivação é capaz de nos aquecer e nosmanter seguindo adiante. Não há dúvidas, voltamosoutra pessoa. Fomos verdadeiramente contaminadospelo “vírus antártico”, e, mais do que isso, estamosbuscando contaminar a todos.