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i Inês Mariana Marmelo Pinheiro Vítimas de violência no namoro: dos fatores inerentes aos pedidos de ajuda Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Porto, 2016

Vítimas de violência no namoro: dos fatores inerentes aos …ªs... · 2016. 10. 15. · namoro e a sua operacionalização, à necessidade de consentimento dos pais dos jovens

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Inês Mariana Marmelo Pinheiro

Vítimas de violência no namoro: dos fatores inerentes

aos pedidos de ajuda

Universidade Fernando Pessoa

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Porto, 2016

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Inês Mariana Marmelo Pinheiro

Vítimas de violência no namoro: dos fatores inerentes

aos pedidos de ajuda

Universidade Fernando Pessoa

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Porto, 2016

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Inês Mariana Marmelo Pinheiro

Vítimas de violência no namoro: dos fatores inerentes

aos pedidos de ajuda

Inês Mariana Marmelo Pinheiro

Projeto de Graduação apresentado à

Universidade Fernando Pessoa como parte dos

requisitos para obtenção do grau de

Licenciatura em Criminologia, sob a orientação

da Professora Doutora Sónia Caridade.

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Resumo

A investigação internacional e nacional na área da violência nas relações de namoro tem

experimentado um crescimento notável durante os últimos anos. Contudo, tem-se

ignorado o estudo da procura de ajuda das vítimas desta problemática. Neste sentido, o

presente projeto apresenta uma proposta de investigação no domínio da violência nas

relações de intimidade juvenis, procurando-se identificar as principais barreiras e

elementos facilitadores do pedido de ajuda perante uma relação de namoro abusiva.

Procedeu-se à elaboração de uma revisão da literatura, propondo-se a realização de um

estudo quantitativo junto de alunos de idades compreendidas entre os 12 e os 17 anos

das escolas do concelho da Trofa. O questionário será o método de recolha de

informação seleccionado uma vez que permite a possibilidade de inquirir um grande

número de pessoas. Relativamente aos resultados que se poderá obter com a

implementação deste estudo, espera-se que a não denúncia de comportamentos abusivos

numa relação de namoro se sobreponha à sua denúncia por vergonha e por ainda se

considerar este crime como não gravoso. Nos casos em que é feita a denúncia/revelação

prevê-se que as vítimas optem por uma divulgação informal, como os amigos. A

finalizar, procedeu-se à descrição das limitações do estudo onde se procura ainda

identificar pistas para uma investigação futura nesta área.

Palavra-Chave: Adolescência; violência no namoro; vitimação; pedido de ajuda.

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Abstract

Both national and international academic research regarding the subject of relationship

violence has seen a great increase in recent years. However, the specific subject of help

seeking in regard to the victims has been largely neglected. Like so, the present study

proposes an investigation in the field of youth relationship violence, seeking to identify

the main barriers and facilitators of help seeking for victims, mainly when faced with a

critical situation of violence. To better understand this problematic, a literature review

was conducted on this matter. Afterwards we propose a quantitative study with a sample

composed of students between the ages of 12 and 17 years old, in the schools of the city

of Trofa. The questionnaire was the chosen method to collect information, since it

allows us to obtain a bigger sample. Regarding the expected results of this study, we

might observe that the prevalence of help seeking behaviours among victims of

relationship violence is low, this being largely explained by victim shaming (by the own

victim or by someone else) and by attitudes of trivialization towards this particular type

of crime, which in turn tend to undermine its consequences. In the cases that the victims

adopt help seeking behaviours, by either pressing formal charges against the offender or

by disclosing the incident to someone he/she trusts, we predict that victims will tend to

prefer a more informal type approach. Lastly, we enumerated the limitations of the

present study, as well as identified possible suggestions for a future investigation in this

particular subject.

Key – Words: Adolescence; relationship violence; victimization; help seeking

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Agradecimentos

À Universidade Fernando Pessoa por todas as experiências inesquecíveis, bem

como por todos recursos disponibilizados que tornaram possível este Projeto.

A todos os docentes do curso de Criminologia da Universidade Fernando

Pessoa, que me acompanharam ao longo destes três anos, pelos ensinamentos,

conselhos e força transmitidos enriquecendo-me tanto a nível académico como a nível

pessoal.

À Professora Doutora Sónia Caridade, grande exemplo de sucesso, por toda a

sua disponibilidade e prontidão, bem como por todos os esclarecimentos e apoios

prestados. Agradeço toda a sua orientação e transmissão de sabedoria.

Aos meus pais por todo o amor e carinho incondicional que me mimosearam na

minha vida, por todo o apoio e motivação em momentos de maior tensão e ansiedade e

por acreditarem sempre nas minhas capacidades. Obrigada por todo o orgulho que

sentem por mim. Espero ter conseguido alcançar, e se possível superar, as vossas

expectativas e ser um motivo de orgulho para vós.

Ao meu colega de curso e grande amigo Rafael Vinha Valente, por todo o ânimo

e ajuda prestada ao longo do meu percurso académico.

À minha amiga Maria Maciel, por todos os momentos partilhados durante este

nosso percurso único e por todas as trocas de dúvidas e incentivo.

A todos os meus familiares, amigos e colegas que de alguma forma contribuíram

para a realização deste sonho, dando sempre a força necessária para o concluir com o

maior êxito.

Os meus sinceros agradecimentos.

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“Para ser grande, sê inteiro: nada

Teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és

No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda

Brilha, porque alta vive.”

Ricardo Reis, in Odes

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Índice

1. Introdução ..................................................................................................................... 1

PARTE A – ENQUADRAMENTO TEÓRICO ............................................................... 3

2. Violência no namoro .................................................................................................... 4

2.1 Fase da adolescência e o namoro ............................................................................ 4

2.2 Enquadramento conceptual e legal ......................................................................... 5

2.3 Tipologias abusivas e a sua prevalência ................................................................. 7

2.4 Fatores de manutenção na relação abusiva ............................................................. 9

3. Estratégias para lidar com a violência: pedido de ajuda ............................................. 11

3.1 Divulgação informal ............................................................................................. 13

3.2 Divulgação formal ................................................................................................ 14

PARTE B – ESTUDO EMPÍRICO ................................................................................ 16

1. Objetivos geral e específicos ...................................................................................... 17

2. Metodologia ................................................................................................................ 17

2.1. Participantes ......................................................................................................... 18

2.2. Instrumentos ......................................................................................................... 18

2.3. Procedimentos ...................................................................................................... 19

3. Discussão de resultados .............................................................................................. 21

4. Conclusão ................................................................................................................... 23

Referências ..................................................................................................................... 24

Anexos ............................................................................................................................ 29

Anexo I ....................................................................................................................... 30

Anexo II ...................................................................................................................... 35

Anexo III ..................................................................................................................... 36

Anexo IV ..................................................................................................................... 37

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Vítimas de violência no namoro: dos fatores inerentes aos pedidos de ajuda

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1. Introdução

O fenómeno da violência nas relações de intimidade não é uma problemática

recente, contudo, em Portugal, somente a partir do início da década de 90 se começou a

verificar uma maior consciencialização sobre a gravidade e dimensão da violência no

namoro (Caridade & Machado, 2006).

A literatura científica que se ocupou do estudo da violência nas relações de

intimidade, focou-se primordialmente em formas mais tradicionais e formais de

relacionamento como o casamento e a união de facto, dando pouca visibilidade às

relações de namoro. Este atraso na produção de conhecimentos científicos desta

problemática deveu-se à pouca padronização da enunciação do conceito de violência no

namoro e a sua operacionalização, à necessidade de consentimento dos pais dos jovens

em estudo e à inexistência (na altura) de um estatuto legal e autónomo alusivo a este

tipo de violência fora dos contextos maritais (Caridade & Machado, 2013).

Tanto a nível internacional como a nível nacional, são inúmeros os estudos que

evidenciam percentagens significativas de vitimação e agressão nas relações de namoro

juvenis, sendo a violência psicológica a mais subjetiva mas também a mais reportada.

Gonçalves (2010) refere que apesar dos jovens não aceitarem a ocorrência de

violência no namoro, muitos consideram aceitável ou normal em algumas situações. Os

comportamentos abusivos são desculpabilizados quando são atribuídos à impulsividade

e descontrolo do agressor, quando este manifesta arrependimento, quando o abuso

ocorre em contexto privado e por último, quando da violência não decorrem

consequências físicas graves (Caridade, 2011).

Os rapazes tendem a justificar a violência exercidas pelas raparigas, por

considerarem importante preservar a privacidade da relação e minoram a pequena

violência (Machado, Matos, & Moreira, 2003), enquanto as raparigas parecem

confundir ciúme e controlo com amor, banalizando a violência sofrida (Wolfe, Wekerle,

& Scott, 1997 citados por Ferreira, 2011).

As vítimas geralmente não adotam qualquer tipo de comportamento para cessar com

a violência na relação e tendem a permanecer na relação abusiva (Lisboa, 2009).

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Vítimas de violência no namoro: dos fatores inerentes aos pedidos de ajuda

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Muita da literatura científica a respeito da procura de ajuda demonstra uma clara

tendência para a não denúncia de comportamentos abusivos nos relacionamentos

amorosos. Os motivos de não procura de ajuda mais reportados são a vergonha e o facto

de considerarem o ato abusivo como uma situação não gravosa (Edward, Dardis, &

Gidycz, 2012, citados por Sabina & Ho, 2014; Santos, 2013). No entanto, quando existe

divulgação dos abusos, os jovens optam por fontes de revelação mais informais (e.g.,

amigos) (Lopes, Njaine, & Soares, 2013; Sabina & Ho, 2014; Santos, 2013).

Apesar de se verificar um aumento no desenvolvimento e progresso da investigação

sobre violência no namoro (Barros, 2014), ainda não se conhecem estudos nacionais

que procurem compreender os motivos do não pedido de ajuda por parte das vítimas de

comportamentos abusivos nas suas relações. O presente projeto pretende assim dar um

contributo útil na investigação neste âmbito ao explorar os motivos do silêncio das

vítimas mais jovens bem como, nos casos em que são relatadas situações de vitimação,

averiguar a quem recorrem para pedir ajuda.

Este estudo está organizado em dois capítulos distintos: um primeiro referente ao

enquadramento teórico da problemática em estudo e outro ao seu estudo empírico. No

primeiro capítulo será feita uma breve introdução à adolescência e à sua ligação com o

namoro, caraterístico nesta fase. Em sequência será introduzido o enquadramento

conceptual e legal do fenómeno, dando a conhecer também as tipologias abusivas e a

sua prevalência, os fatores de manutenção numa relação de violência e as estratégias

para lidar com a violência, quer seja por um pedido de ajuda formal como informal.

No segundo capítulo será feita a descrição do projeto de estudo, apresentando os

objetivos, a metodologia a utilizar, os participantes, os instrumentos, os procedimentos a

adotar na presente investigação e a apresentação e discussão de resultados. Termina-se

este capítulo com a conclusão, procurando-se refletir acerca dos contributos do estudo,

bem como as potenciais limitações que dele podem advir. Ademais são propostas

algumas sugestões de investigações futuras nesta matéria de estudo.

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PARTE A – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

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2. Violência no namoro

2.1 Fase da adolescência e o namoro

A adolescência é um período crítico no que diz respeito às mudanças e conflitos de

papéis existentes (Caridade & Machado, 2006). Paralelamente, Saavedra (2010, p. 24)

alega que a adolescência: “é um período pautado por uma progressiva aproximação ou

identificação com os pares, sendo óbvio o poder que estes têm sobre as suas escolhas,

sobre as opções relacionais que tomam e também na forma como se assumem como os

seus principais recursos quando os adolescentes buscam apoio ou aconselhamento.”

De acordo com Almeida (2008) a primeira relação de namoro ocorre durante a

adolescência, porque devido às características psico-afetivas do namoro é necessário um

certo amadurecimento físico e psicológico para que ele tenha o seu início.

Em anuência ao referido, Brown (1999) propõe um modelo de relação romântica

sequencial na adolescência que se desenvolve em quatro estágios. O primeiro estágio, a

iniciação (aproximadamente entre os 11 e os 13 anos) em que se verifica uma elevada

centração do adolescente em si mesmo e nas suas capacidades, em oposição a uma

relação. No segundo estágio, designado de estatuto (aproximadamente entre os 13 e 16

anos), o adolescente é confrontado com a pressão dos pares de ter uma relação de

namoro, podendo esta funcionar como forma de aceitação ou promoção junto destes. O

terceiro estágio é relativo ao afeto (aproximadamente entre os 17 e 21 anos), carateriza-

se por uma mudança do foco de orientação do contexto em que a relação ocorre, existe

uma focalização na relação. Passa a existir uma menor preocupação com o estatuto e o

prestígio no grupo de pares e um maior investimento emocional e sexual na relação

amorosa. No último estágio, denominado de ligação (ocorre aproximadamente a partir

dos 21 anos), há a procura e o desejo de manter a profundidade da sua relação,

alcançada no estágio anterior, e, se possível, projetar-se no futuro (Ferreira, 2011).

Não obstante, sendo a adolescência um período em que se iniciam as relações de

namoro, é também nesta fase que surgem os primeiros padrões de violência na

intimidade. Os adolescentes podem ser confrontados com situações relacionais

inesperadas, pautadas por comportamentos violentos e outras formas de coerção, face

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Vítimas de violência no namoro: dos fatores inerentes aos pedidos de ajuda

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aos quais poderão ser levados a adotar uma postura de legitimação, percecionando tais

atos como uma manifestação de amor e/ ou ciúme (Caridade & Machado, 2006).

Esta fase é encarada como um período de grande vulnerabilidade para a ocorrência

de violência entre a díade, devido às alterações desenvolvimentais significativas e por

uma grande instabilidade emocional existente (Ferreira, 2011).

Segundo Caridade e Machado (2006), os resultados das investigações constatam que

a violência nas relações de intimidade ocorre desde a pré-adolescência até à idade

adulta. Concomitantemente Henton e colaboradores (1983, citados por Ferreira, 2011)

referem que o primeiro episódio de violência tende a suceder-se por volta dos 15 anos

de idade.

A violência nas relações de intimidade na adolescência é um problema de enorme

relevância, devido não apenas à sua alarmante prevalência e às suas consequências na

saúde física e mental, mas também porque ocorre numa fase onde os relacionamentos

amorosos estão a iniciar e os padrões interrelacionais estão a ser aprendidos, podendo

passar para a fase adulta (Caridade & Machado, 2013; Ferreira, 2011). A acrescer a isto,

Matos (2000) refere que a violência no namoro pode surgir como preditor da violência

conjugal.

2.2 Enquadramento conceptual e legal

A noção de violência no namoro tende a diferir de autor para autor, o que se pode

traduzir numa discrepância de dados em termos da sua prevalência (Arriaga & Oskamp,

1999, citados por Caridade & Machado, 2006).

Inicialmente a violência nas relações de namoro era definida unicamente como o

exercício de força física, no entanto atualmente é reconhecida como um conjunto de

abusos que vão desde a violência verbal e emocional, até à violência sexual ou até

mesmo ao homicídio (Hickman, Jaycox, & Aronoff, 2004).

A violência no namoro é entendida como qualquer ação ou ato, quer seja de natureza

física, psicológica, verbal, moral ou mesmo de natureza simbólica, que cause morte,

dano ou sofrimento ao outro (Nascimento & Cordeiro, 2011). A Organização Mundial

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de Saúde considera ainda a violência pelo parceiro íntimo um problema de saúde

pública, uma vez que não afeta somente a integridade física mas também a saúde mental

das vítimas (OMS, 2012).

Segundo a Associação União de Mulheres Alternativa e Resposta (2016) a violência

nas relações de namoro é o resultado das relações de desigualdade de poder, em que

uma das partes da relação, na maior parte das vezes o homem, tenta impor a sua força

submetendo a vítima a comportamentos de poder e controlo.

Para a APAV (2011), a violência no namoro consiste num ato de violência, pontual

ou contínua, cometida por um dos parceiros (ou por ambos) numa relação de namoro,

com o objetivo de controlar, dominar e ter mais poder do que outra pessoa envolvida na

relação. Na legislação portuguesa, a violência no namoro integra o quadro legal da

Violência Doméstica, como um crime público, na alínea b) do número 1 do artigo 152.º,

conforme se pode verificar:

“Quem, de modo reiterado ou não, infligir maus tratos físicos ou psíquicos, incluindo

castigos corporais, privações da liberdade e ofensas sexuais a pessoa de outro ou do mesmo

sexo com quem o agente mantenha ou tenha mantido uma relação de namoro ou uma relação

análoga à dos cônjuges, ainda que sem coabitação.”

É punido com a pena de prisão de um a cinco anos, se pena mais grave lhe não couber por

força de outra disposição legal.

Com a expressão “… relação análoga à dos cônjuges, ainda que sem coabitação”,

após alteração pela Lei n.º 59/2007 de 4 de setembro, deixou de ser necessária a

coabitação, a existência de uma relação conjugal ou de união de facto para o crime ser

devidamente punido. Nesta alteração, foi ainda incluída a eventual violência por casais

homossexuais. Ainda assim, a Lei n.º 19/2013 de 21 de fevereiro, veio integrar de forma

mais explícita a violência nas relações de namoro “… com quem o agente mantenha ou

tenha mantido uma relação de namoro…”.

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2.3 Tipologias abusivas e a sua prevalência

Caridade e Machado (2013, p. 98) referem que a violência nas relações de namoro

“não pode ser entendida como um fenómeno unitário, antes pelo contrário deverá ser

conceptualizada em função da sua multiplicidade”.

Efetivamente, inúmeros estudos comprovam que os adolescentes em situações de

abuso na intimidade vivenciam múltiplas formas de violência durante as relações,

nomeadamente violência física, psicológica, verbal e sexual (Caridade, 2011). A

Associação de Apoio à Vítima (APAV) acrescenta a estes três tipos de violência, a

violência social e a verbal.

A violência física é caracterizada pela “utilização da ameaça, da intimidação e/ou da

força física com o objectivo de causar dor e/ou sofrimento físico e/ou psicológico”

(APAV, 2011, p.87). A mesma engloba atos como empurrar, puxar o cabelo, dar

estaladas, murros, pontapés, apertar os braços com força, entre outros comportamentos

que podem ir de formas menos severas de violência física até formas extremamente

severas, das quais resultam lesões graves, como incapacidade permanente ou mesmo a

morte da vítima (Manita, Ribeiro, & Peixoto, 2009)

Comportamentos socialmente violentos são “caracterizados pela intenção de um dos

elementos de deteriorar ou mesmo vedar o contacto com pessoas significativas da rede

social, prejudicando deliberadamente a qualidade e quantidade das interações sociais e

causando dor e/ou sofrimento psicológico ao outro” (APAV, 2011, p.87)

A violência verbal é caraterizada pela utilização de comunicação verbal com o

intuito de ferir e/ou causar sofrimento psicológico ao companheiro/a. Já a violência

psicológica ocorre quando o/a namorado/a utiliza tanto a comunicação verbal como a

não-verbal para causar sofrimento psicológico e/ou medo (APAV, 2011). Para Barros

(2014), exemplos desta violência nas relações de namoro são controlar a maneira de

vestir, os tempos livres ou as mensagens. A violência psicológica é a mais difícil de

identificar porque não deixa marcas visíveis.

No que diz respeito à violência sexual, esta sucede-se quando o/a namorado/a

recorre à intimidação, ameaça e/ou força física com o objetivo de forçar o outro a uma

interação sexual sem o seu consentimento (APAV, 2011). A violação e a coação sexual

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Vítimas de violência no namoro: dos fatores inerentes aos pedidos de ajuda

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são alguns dos crimes sexuais mais frequentemente praticados no âmbito da violência

nas relações de intimidade mas que muitas das vítimas, por força de crenças erróneas,

valores e mitos interiorizados, acabam por não reconhecer como tal, achando,

incorretamente, que “dentro do casal não existe violação”, “são deveres numa relação”

ou “exigências naturais” do homem a que a mulher se deve submeter (Manita, Ribeiro,

& Peixoto, 2009).

Um estudo elaborado por Paiva e Figueiredo (2004), com uma amostra de 318

universitários com idades compreendidas entre os 19 e 39 anos, demonstrou que o

abuso psicológico é o mais reportado com 50.8% como forma de vitimação, seguindo-

se o abuso sexual (25.6%) e em último o abuso físico sem sequelas (15.4%) e com

sequelas (3.8%).

Outro estudo recente realizado pela UMAR (2016) com uma amostra constituída

com sujeitos com idades entre os 12 e 18 anos, os participantes identificaram a violência

psicológico como a mais frequente em relações de namoro não saudáveis com uma

percentagem de 8.5%, no entanto a violência física apareceu em segundo e a violência

sexual em último como forma de vitimação.

Um estudo espanhol realizado por Gómez, Delgado e Gómez (2014), com uma

amostra de 716 jovens com idades entre os 14 e os 20 anos, demonstrou que tanto os

rapazes como as raparigas relataram a violência psicológica como a mais sofrida,

seguida da violência sexual. Não obstante, o Center for Disease Control and Prevention

(2013) referiu que um em cada dez estudantes sofreu de violência física pelo parceiro

íntimo.

Tanto a nível nacional como a nível internacional, a violência psicológica é a mais

frequente em situações de namoro (Gonçalves, 2013). Concomitantemente, dentro de

cada tipo de violência, pequenos abusos tendem a ser mais reiterados do que abusos

severos (O’Keefe & Treister, 1998).

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Vítimas de violência no namoro: dos fatores inerentes aos pedidos de ajuda

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2.4 Fatores de manutenção na relação abusiva

Segundo a APAV (2011, p. 91), a “concordância com atitudes favoráveis à

utilização da violência nas relações de namoro e a adoção de crenças que a legitima

apresentam-se como fatores para a manutenção da vítima na relação violenta e para a

subsistência da violência no tempo”. Quando os adolescentes não reconhecem o

comportamento abusivo ou não o percebem como tal, é pouco provável que procurem

ajuda e tomem as devidas medidas para cessarem a relação (Ehlert, 2007, citado por

Ferreira, 2011).

Segundo Matos, Machado, Caridade e Silva (2006), a falta de experiência relacional,

associada à necessidade de emancipação e de independência dos jovens nesta fase,

muitas vezes facilita a legitimação da violência no namoro.

Dito isto, e de acordo com o recente estudo conduzido pela UMAR (2016),

concluiu-se que 22% dos jovens não identificam comportamentos de controlo e

agressão como violência. Situações específicas como a proibição de sair, de estar ou

ficar com alguém e de vestir alguma peça de roupa, é legitimada, segundo o referido

estudo, por mais de 30% dos jovens. Estas situações de isolamento impostas pelo/a

namorado/a, não são na maioria das vezes, reconhecidas como um comportamento

abuso (Matos et al., 2006).

Em relação às várias formas de violência, a psicológica é a mais legitimada e

portanto a menos reconhecida como violência pelos jovens (UMAR, 2016). Esta

premissa é igualmente defendida por Blasco-Ros, Sánchez-Lorente, e Martinez (2010,

citados por Baptista, 2012), segundo o qual especifica que as raparigas vítimas de

violência psicológica apresentam maior probabilidade de manutenção na relação

abusiva.

Relativamente às diferenças de género, neste estudo como na maioria dos estudos, a

legitimação da violência no namoro tende a ser maior nos rapazes do que nas raparigas,

uma maior percentagem de jovens do sexo feminino reconhecem como violência os atos

apresentados, comparativamente aos jovens do sexo masculino. Na violência física e

sexual o valor de não reconhecimento da violência como tal, passa para mais do dobro

(UMAR, 2016).

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Vítimas de violência no namoro: dos fatores inerentes aos pedidos de ajuda

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A literatura revela que os adolescentes, pelo período desenvolvimental em que se

encontram, podem formar crenças erradas sobre as relações afetivas, tais como associar

o ciúme ao amor, considerando a violência como um ato de revolta justificável pelo

ciúme (Machado et al., 2003).

Segundo Mendéz e Hernandez (2001), a visão romântica excessiva pode contribuir

para que os jovens construam relações asfixiantes, em que o sentimento de amor

apareça como justificação para que o/a namorado/a exerça controlo sobre a vítima.

Além disso, é construída a idealização de que as relações são eternas e ideais sendo que

se deverá lutar contra os obstáculos e fazer sacrifícios.

Ademais, a teoria do ciclo da violência ajuda a compreender que a intermitência de

atitudes boas e más do agressor deixa a vítima na dúvida, ansiando pelos

comportamentos bons e desvalorizando com base nestes a agressão (Baptista, 2012). A

teoria do ciclo da violência de Walker (1989) engloba três fases centrais: a fase do

aumento da tensão, a fase do ataque violento ou do episódio de violência, e a fase de

reconciliação ou “lua-de-mel” (Manita, Ribeiro, & Peixoto, 2009).

A primeira fase, do aumento de tensão, carateriza-se por uma escalada gradual de

irritabilidade por parte do agressor. Este, muitas vezes, associado à sua necessidade de

controlo e domínio sobre a vítima, utiliza todas as situações da dinâmica relacional para

produzir uma escalada de tensão para a vítima, criando um ambiente de iminente perigo

para aquela. Nesta fase estão patentes episódios de violência verbal (Baptista, 2012;

Manita et al., 2009).

No que se refere à segunda fase, designada de ataque violento, em que o agressor

passa efetivamente para o ato de agressão. Muitas vítimas não reagem porque percebem

intuitivamente, ou pela experiência anterior, que isso pode agravar a violência

perpetrada e procuram apenas defender-se dos ataques mais violentos, na esperança de

que esta submissão atenue a ira do agressor e leve à interrupção do ataque violento.

Nesta fase, o agressor pode ainda, frequentemente culpabilizar a vítima dos

comportamentos exercidos ou atribuir esta a fatores externos (e.g., consumo de álcool e

outras drogas), atenuantes que ajudam a legitimar os atos violentos (Manita et al.,

2009).

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Vítimas de violência no namoro: dos fatores inerentes aos pedidos de ajuda

11

Por último, na fase da reconciliação, o agressor altera o seu comportamento,

tornando-se afetivo e manifesta arrependimento e a promessa de não voltar a ser

violento (Manita et al., 2009).

Manita, Ribeiro e Peixoto (2009, p. 29), complementam que a “oscilação

comportamental do agressor e consequente ressonância e impacto cognitivo-afectivo na vítima

constitui um dos factores que mais dificultam a ruptura por parte desta, fazendo-a acreditar, ora

que existe amor na relação, ora que existe a efectiva possibilidade de mudança do

comportamento do agressor. A esperança na mudança é reforçada pela vontade que esta tem de

ver o seu projecto de vida a dois ser bem-sucedido e pela identificação de aspectos positivos no

companheiro e, muito frequentemente, pela ideia de que ainda existe amor.”

Num estudo realizado por Alves (2011) com vítimas do sexo feminino, os motivos

para a manutenção na relação abusiva e subsistência da violência relatados por estas

foram: 37.7% considerou que os comportamentos não eram normais mas tinham

esperança que o namorado mudasse, 23.3% revelou medo de perder o namorado, 21.9%

referiu que gostava do namorado, 3.4% referiu que só existia violência quando o

namorado estava embriagado, 1.4% tinha medo que a culpassem de não ter sido uma

boa namorada e 1.4% considerou que o companheiro tinha razão.

3. Estratégias para lidar com a violência: pedido de ajuda

Em território nacional, e pese embora se assista na atualidade a uma eclosão de

investigações na área de violência nos relacionamentos íntimos juvenis, não se

conhecem ainda estudos que procurem explorar as razões que levam os jovens a não

procurarem ajuda perante uma situação de violência no namoro e quando este pedido de

ajuda acontece a quem recorrem os adolescentes.

O processo de procura de ajuda pode ser equiparado ao modelo transteórico. No

modelo transteórico, a mudança comportamental é conceptualizada como um processo

que se desenrola ao longo do tempo e envolve uma evolução ao longo de uma série de

seis estádios: pré-contemplação, contemplação, preparação, ação, manutenção e

terminação, cada estádio representa um conjunto de tarefas necessárias com vista à

progressão ao estádio seguinte (Prochaska & Norcross, 2001, citador por Esteves,

2013).

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Vítimas de violência no namoro: dos fatores inerentes aos pedidos de ajuda

12

A primeira fase, a pré-contemplação corresponde ao estádio em que não existe

intenção de mudar o comportamento num futuro próximo, nem existe reconhecimento

da existência de um problema ou minimizam a sua importância. Nos casos de violência

no namoro, as vítimas negam a existência de violência. A contemplação é a fase em que

as pessoas estão conscientes de que existe um problema e estão a pensar seriamente em

ultrapassá-lo, contudo ainda não se encontram preparadas para mudar. É típica a

avaliação dos prós e contras do problema e a ambivalência quanto à mudança. Nesta

fase as vítimas estão cientes do problema existente na relação e até podem já ter

divulgado com alguém próximo, começando a imaginar uma vida sem o namorado/a

abusivo/a (Frasier et al., 2001 citados por Quaresma, 2013).

Na fase seguinte, preparação, as vítimas podem evidenciar pequenas mudanças de

comportamento, podem encorajar o agressor a procurar apoio ou optam por acabar a

relação, se o fizerem com base num plano cuidadosamente preparado terão uma maior

taxa de sucesso do que aquelas que o façam sem esse planeamento. Uma preparação

incompleta pode conduzir a um retorno à fase de contemplação ou preparação (Frasier

et al., 2001, citados por Quaresma, 2013).

Na fase da ação, as vítimas de violência no namoro procuram medidas mais

drásticas para se protegerem ou procurar ajudar se ainda não o tivessem feito. Por

último, na fase de manutenção, as vítimas esforçam-se por consolidar os ganhos

atingidos na fase de ação e prevenir a recaída (Frasier et al., 2001 citados por Quaresma,

2013).

Num estudo realizado por Quaresma (2013), referente às fases descritas

anteriormente, a maior parte das vítimas não considerava a hipótese de recorrer a apoios

especializados (Pré-contemplação: 41%), ou caso o considerassem era algo ainda muito

pouco definido (Contemplação: 40%). No que respeita à divulgação da situação com

alguém próximo, mais de um terço considerou vagamente essa hipótese (34.5%) e 45%

já o estava a fazer ou já tinha feito (Ação e manutenção).

A literatura científica aponta para uma clara tendência da vítima para não denunciar

os comportamentos abusivos sofridos (e.g. Alves, 2011; Lopes, Njaires, & Soares,

2013; Santos, 2013).

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Vítimas de violência no namoro: dos fatores inerentes aos pedidos de ajuda

13

Quando a divulgação ou o pedido de ajuda é efetivamente levado a cabo, verifica-se

que a divulgação informal (e.g., amigos, familiares, vizinhos) é priorizada em relação à

divulgação formal (e.g., polícia, instituições) (Sabina & Ho, 2014). Alves (2011) no seu

estudo concluiu que o principal motivo que levou as mulheres a procurarem ajuda foi a

necessidade de interromper o ciclo de violência, bem como a rotura e separação do

namorado. As mulheres tendem a procurar mais ajuda do que os homens, na sua relação

de namoro violento (Foshee, 1996).

3.1 Divulgação informal

Conforme foi supra mencionado, o pedido de ajuda pela divulgação informal é o

mais utilizado pelas vítimas de violência nas relações de intimidade. Analisando os

estudo existentes nesta matéria, verifica-se que os pedidos de ajuda por parte das

vítimas recaem, maioritariamente, sobre os amigos e/ou os pares (e.g., Machado et al.,

2009; Lopes, Njaine & Soares, 2013; Santos, 2013).

Num estudo realizado em 10 cidades do Brasil, com jovens de 15 a 19 anos de

idade, constatou-se que os amigos eram os mais procurados para confidentes e

conselheiros diante de dificuldades nos relacionamentos (45.9%). Os familiares surgiam

sempre em segunda opção (24.2%). Esta preferência para compartilhar confidências e

decisões aos amigos sobre comportamentos abusivos nos relacionamentos afetivo-

sexuais ocorre pelo facto de estes estarem a vivenciarem situações semelhantes

decorrentes da fase da vida em que se encontram e da inexistência de ajuda de outra

natureza que seja próxima e acessível aos jovens. Os pais são colocados como segunda

opção por vergonha, medo do julgamento ou dificuldades de comunicação entre pais e

filhos. No entanto, quando questionados de quem seria a pessoa mais indicada para

divulgar a situação, os familiares foram colocados em primeiro. Independentemente das

dificuldades e diferenças geracionais, os jovens consideraram a família, nomeadamente

os pais, como as pessoas de confiança e com pareceres mais maduros (Lopes et al.,

2013).

Numa metanálise de Sabina e Ho (2014), foram reunidos artigos e relatórios sobre a

pesquisa empírica da divulgação informal e formal e a utilização destes serviços por

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Vítimas de violência no namoro: dos fatores inerentes aos pedidos de ajuda

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parte dos jovens universitários. Esta revisão corrobora os resultados anteriormente

mencionados, ou seja, a existência de uma maior divulgação aos amigos, principalmente

do sexo feminino. Relativamente à resposta dada por este meio de divulgação, foram

recebidas, na sua maioria, reações positivas, foi dada a oportunidade para desabafar e

foi oferecido apoio emocional. A divulgação era vista como uma resposta negativa

quando ocorreu controlo de decisões da vítima originando sintomas de stress e

ansiedade e quando culpavam a vítima originando baixa auto estima.

3.2 Divulgação formal

Analisada a diferença entre os resultados da divulgação informal e a divulgação

formal, verifica-se que a última divulgação evidencia resultados exorbitantemente

reduzidos.

De acordo com Lopes, Njaine e Soares (2013) apenas 5% admitiu ter procurado

ajuda profissional em consequência do comportamento violento do namorado/a, 3.9%

recorreu a este serviço por problemas emocionais e 1.1% por sequelas físicas resultantes

da violência no namoro. Ademais, apoio de profissionais religiosos foi procurado por

3.6% dos jovens inquiridos, o apoio de profissionais de saúde por 3.3%

(preferencialmente o serviço de psicologia) e 2.6% procuraram os professores como

confidentes.

Contrariamente ao que foi referido, Alves (2011) demonstrou que as forças de

segurança pública foram as mais solicitadas para pedir ajuda pelas vítimas,

apresentando um resultado muito divergente aos referidos anteriormente. As vítimas

recorreram a estes tipos de serviço mais formal para pedir proteção, procuram encontrar

um local seguro, aconselharem-se sobre como gerir as situações de violência,

apresentarem queixa ou receberem tratamento médico para as lesões sofridas (Harris et

al., 2001 citados por Machado et al., 2009).

Amar e Gennaro (2005) referem que cerca de 40% das vítimas de violência nas

relações de intimidade reportaram as lesões sofridas e procuraram cuidados de saúde.

Não obstante, Próspero e Vohra-Gupta (2008, citados por Sabina & Ho, 2014)

mencionam que somente 16% procurou serviço de saúde. Os motivos evidenciados para

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Vítimas de violência no namoro: dos fatores inerentes aos pedidos de ajuda

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este reduzido número incide no facto das vítimas apresentarem vergonha de procurarem

um profissional de saúde, terem dificuldades em remunerar um serviço caro e

considerarem que iriam ser vistas como loucas.

Mesmo quando a vítima procura ajuda, por vezes, é sujeita à vitimação secundária

por parte de agentes que têm o dever de prestar apoio (e.g., profissionais de saúde, de

justiça e da educação). A vitimação secundária é especialmente emergente quando estão

presentes nestes profissionais, crenças e atitudes erróneas que potenciam a invalidação

da experiência da vítima, acabando por se constituir como barreiras à denúncia. Neste

sentido, torna-se fundamental promover a consciencialização e sensibilização dos

profissionais (e.g., da justiça, da saúde e da educação) para a gravidade deste fenómeno

e para a necessidade de proporcionar às suas vítimas respostas adequadas (Machado et

al., 2009).

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Vítimas de violência no namoro: dos fatores inerentes aos pedidos de ajuda

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PARTE B – ESTUDO EMPÍRICO

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Vítimas de violência no namoro: dos fatores inerentes aos pedidos de ajuda

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1. Objetivos geral e específicos

Como já foi explanado anteriormente, a problemática da violência no namoro carece

ainda de investigação, pois é algo relativamente recente, principalmente no que diz

respeito à realidade portuguesa (Caridade & Machado, 2006; Ferreira, 2011).

Sendo assim, o presente projeto, procura estudar, de uma forma geral a violência nas

relações de namoro, procurando identificar e compreender os fatores facilitadores do

pedido de ajuda, bem como aquelas que, não raras vezes, bloqueiam a revelação da

situação abusiva.

De uma forma mais específica pretende-se:

i. Compreender os motivos e crenças que levam os jovens a não

pedirem auxílio/ajuda/revelaram a situação abusiva;

ii. Identificar os agentes a quem os jovens solicitam ajuda,

procurando perceber as motivações subjacentes a tal escolha;

iii. Averiguar as possíveis razões que estão subjacentes à divulgação

a agentes formais e à divulgação a agentes informais;

iv. Procurar avaliar a eficácia do pedido de ajuda de comportamentos

abusivos na relação amorosa.

2. Metodologia

A pesquisa quantitativa foca-se na análise de factos e fenómenos observáveis

passíveis de serem quantificados e avaliados em variáveis comportamentais e/ou socio-

afetivas e ainda comparadas e/ou relacionadas no decorrer do processo da investigação

empírica (Coutinho, 2014, citados por Borges, 2016).

Dito isto, no presente estudo optou-se por utilizar um inquérito por questionário,

uma vez que permite o tratamento quantitativo das informações e posterior análise

estatística. Resolveu-se ainda privilegiar este instrumento pelo facto de permitir atingir

um grande número de pessoas, implicar baixos custos, garantir o anonimato das

pessoas, não implicar uma relação direta entre o investigador e o inquirido, e, por

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Vítimas de violência no namoro: dos fatores inerentes aos pedidos de ajuda

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último, não expor o investigador à influência das opiniões e dos aspetos pessoais do

inquirido (Gil, 1999).

A utilização de um questionário tem as suas desvantagens, nomeadamente a

impossibilidade de esclarecimento de questões aquando o preenchimento do

questionário e a limitação existente no que diz respeito à variedade de questões e

respostas obtidas (Gil, 1999).

2.1. Participantes

A amostra deste estudo será constituída por alunos do 7º ao 12º ano das escolas do

concelho da Trofa, com idades compreendidas entre os 12 e os 17 anos. A escolha desta

faixa etária recai sobre o facto de em Portugal a população-alvo das investigações nesta

área serem tendencialmente jovens universitários, sendo as faixas etárias mais jovens

negligenciadas (Caridade, Machado, & Vaz, 2007).

Uma vez que Caridade e Machado (2013) evidenciam uma carência no que toca à

expressão das relações homossexuais nas investigações de violência no namoro e

Dobash e Dobash (2004, citados por Ferreira, 2011) sustentam que a violência é

simétrica, ou seja, as vítimas tanto podem ser homens como mulheres, nesta

investigação serão englobados todos os alunos disponíveis, não discriminando em

função da orientação sexual ou diferenças de género.

2.2. Instrumentos

Pese embora no contexto português existam já alguns instrumentos especificamente

construídos para estudar a violência no namoro, a verdade é que não parecem existir

instrumentos específicos que procurem analisar a procura do pedido de ajuda ou não

revelação por parte das vítimas de uma relação de violência. Neste sentido, optou-se por

elaborar um questionário específico, o qual se intitula de “Questionário alusivo ao

Pedido de Ajuda em Relações de Namoro Abusivas, que se encontra anexado a este

projeto (cf. Anexo I).

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Vítimas de violência no namoro: dos fatores inerentes aos pedidos de ajuda

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O questionário pode ser definido “como a técnica de investigação composta por um

número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo

por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas

e situações vivenciadas” (Gil, 1999, p. 128). Trata-se assim de uma metodologia de

auto-relato.

A razão pelo qual se optou por este instrumento, como já foi explanado

anteriormente, é porque este possibilita inquirir um grande número de pessoas, e assim

obter uma melhorar caraterização de um determinado grupo (Coutinho, 2014, citados

por Borges, 2016).

Este questionário é constituído por duas partes: a primeira parte é relativa aos dados

sociodemográficos, sendo composto por identificação do sexo, idade, situação

relacional e orientação sexual, e a segunda parte é destinada ao estudo da caraterização

das dinâmicas amorosas dos jovens, composto por 9 itens. Esta segunda parte aborda

questões como a tipologia abusiva, as barreiras e fatores facilitadores da revelação do

comportamento abusivo e os agentes a que recorreram para a divulgação.

2.3. Procedimentos

Como foi oportunamente referido, para a realização deste estudo, e tendo por base os

objetivos definidos, tornou-se necessário elaborar um Questionário alusivo ao Pedido de

Ajuda em Relações de Namoro Abusivas, o qual será submetido aos devidos

procedimentos de validação, nomeadamente à realização do pré-teste. O pré-teste

permite testar a legibilidade das questões colocadas. Estas questões podem ser

reformuladas ou serem mesmo eliminadas da versão final, permitindo melhorar o

questionário construído.

O projeto proposto passará, essencialmente, por três fases genéricas: (1) Solicitação

das devidas autorizações e declarações de consentimento informado; (2) Recolha dos

dados pretendidos através do Questionário; (3) Análise estatística dos dados com o

SPSS.

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Vítimas de violência no namoro: dos fatores inerentes aos pedidos de ajuda

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Para a concretização do estudo “Vítimas de violência no namoro: dos fatores

inerentes aos pedidos de ajuda” será necessário a apreciação da Comissão de Ética e

Direção da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Fernando Pessoa

do presente projeto de investigação. Seguidamente será elaborado um pedido de

autorização ao Ministério da Educação através do preenchimento de um formulário

próprio disponível no site institucional - MIME, no sentido de se obter a autorização

para a recolha de dados na amostra selecionada.

Numa segunda fase será necessário formalizar um pedido de colaboração ao Diretor

do Agrupamento de Escolas de Coronado e Castro (Escola Básica e Secundária do

Coronado e Castro e Escola Básica do Castro) (cf. Anexo II) e ao Diretor do

Agrupamento de Escolas da Trofa (Escola Secundária da Trofa e Escola Básica 2/3

Professor Napoleão Sousa Marques) (cf. Anexo III), para a realização do estudo em

causa e aplicação do instrumento aos alunos. Nestes pedidos são explanados os

objetivos geral e específicos do estudo, bem como é enfatizado a participação voluntária

dos alunos e a confidencialidade de todos os dados fornecidos.

Após obter resposta positiva, o passo seguinte passa por contactar os encarregados

de educação, dos alunos do 7º ao 12º anos, através da declaração de consentimento

informado no sentido de concederem autorização para a realização do estudo (cf. Anexo

IV). Os alunos autorizadas pelos respetivos encarregados de educação a participar no

estudo “Vítimas de violência no namoro: dos fatores inerentes aos pedidos de ajuda”

realizarão o Questionário alusivo ao Pedido de Ajuda em Relações de Namoro

Abusivas. Os questionários serão realizados nas escolas que os alunos frequentam. Esta

escolha recai sobre o facto de a sala de aula ser um espaço familiar e de confiança para

estes.

Inicialmente serão apresentadas as instruções a respeitar, onde ainda os participantes

serão informados do total anonimato e confidencialidade de todos os dados fornecidos.

O preenchimento do questionário terá uma duração de 15 minutos, aproximadamente.

Como já foi explanado anteriormente, o questionário está dividido em duas partes, a

primeira destinada à análise de dados sociodemográficos e uma segunda parte atribuído

à caraterização das dinâmicas relacionais.

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Vítimas de violência no namoro: dos fatores inerentes aos pedidos de ajuda

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Numa última fase, a análise de dados será feita recorrendo ao auxílio do software de

análise estatística Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 23 para

Windows.

3. Discussão de resultados

No que concerne à apresentação dos resultados, espera-se que estes permitam a

concretização dos objetivos inicialmente propostos.

Na grande maioria dos estudos no âmbito da violência nas relações de namoro, tanto

a nível nacional como internacional, verifica-se que a violência psicológica é a mais

frequente nas relações de intimidade juvenil, por essa razão é expectável que esta

tipologia seja igualmente a mais reportada. Não obstante, muitos jovens legitimam a

violência no namoro, não considerando que estão a ser vítimas de um comportamento

abusivo (UMAR, 2016).

A literatura internacional tem vindo a documentar uma tendência por parte da vítima

em não denunciar os comportamentos abusivos no relacionamento amoroso (Lopes et

al., 2013; Santos, 2013). Pelo que é esperado que no presente estudo se verifique um

número bastante reduzido de vítimas que procurem ajuda.

Esta relutância em denunciar a situação parece estar relacionada com inúmeros

motivos, tais como: (1) descrença da violência (Edward et al., 2012, citados por Sabina

& Ho, 2014; Santos, 2013), (2) sentimento de vergonha em expor a situação e perda de

confidencialidade (Krebs et al., 2007; Sable, Danis, Mauzy, & Gallagher, 2006; Santos,

2013), (3) inexistência de provas que comprovem os abusos sofridos (Krebs et al.,

2007), (4) falta de confiança nos serviços de apoio à vítima e/ou falta de conhecimento

da existência dos mesmos (Sabina & Ho, 2014; Santos, 2013), (5) medo de represálias

do/a namorado/a (Sable et al., 2006) e (6) esperança de normalização da relação

(Santos, 2013). Concomitantemente, os jovens não denunciam os comportamentos

abusivos sofridos, na maioria das vezes, por considerarem que não se trata de uma

situação grave (Sabina & Ho, 2014). Prevê-se que sejam estes os motivos mais relatados

pelas vítimas por não divulgarem a violência no namoro.

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Vítimas de violência no namoro: dos fatores inerentes aos pedidos de ajuda

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Relativamente ao fatores que poderão constituir-se como facilitadores do pedido de

ajuda da vítima prevê-se que estes recaiam essencialmente no conhecimento dos

diversos serviços de ajuda e aconselhamento, entendimento da violência no namoro

como um crime punível por lei, conhecimento da lei de proteção ao redor da

confidencialidade nos serviços formais (Krebs et al., 2007), necessidade de interromper

o ciclo de violência e a própria rotura e separação do/a namorado/a (Alves, 2011).

Os estudos conduzidos nesta área evidenciam que o confidente escolhido são

geralmente os amigos (e.g., Lopes et al., 2013; Santos, 2013). De seguida aparece a

família, com destaque para os pais como fontes de revelação (Lopes et al., 2013; Black

& Weisy, 2003 citados por Caridade & Machado, 2006).

Segundo Lopes et al. (2013) os apoios derivados de profissionais de saúde, justiça e

religiosos e professores são os menos procurados. De acordo com Amar e Gennaro

(2005), as vitimas só procuram estes serviços de apoio formal, nomeadamente os

serviços de saúde, para tratamento de lesões. Concomitantemente Alves (2011) refere

que os tipos de ajuda mais solicitados são geralmente o aconselhamento e apoio legal,

acolhimento temporário e apoio psicológico e emocional. É esperado que a procura de

ajuda num apoio informal seja bastante superior à procura de ajuda nem apoio formal.

No que diz respeito às eventuais diferenças de género, as mulheres procuram

mais ajuda em comparação aos homens (Ashley & Foshee, 2005, citados por Ferreira,

2011). Segundo Littleton et al. (2006 citados por Sabina & Ho, 2014) o número médio

de pessoas a quem eram divulgados os comportamentos abusivos sofridos pela vítima

eram três pessoas. De acordo com Sabina e Ho (2014), as divulgações e pedidos de

ajuda foram vistos como bastante positivos para a vítima. Nos casos de divulgação

informal, foi dado o apoio emocional necessário, através da oportunidade de desabafar e

de um bom. As divulgações eram vistas como negativas quando ocorreu controlo de

decisões da vítima originando sintomas de stress e ansiedade e quando culpavam a

vítima originando baixa autoestima.

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4. Conclusão

A violência nas relações de intimidade juvenis encerra um problema social relevante

e merecedor de atenção em si mesmo, principalmente os comportamentos de procura de

ajuda dos adolescentes vítimas de violência no namoro que ainda são muito pouco

explorados (Caridade & Machado, 2013; Ashley & Foshee, 2005, citados por Ferreira,

2011).

Não obstante, com este estudo pretende-se demonstrar que o fenómeno da violência

no namoro está patente numa faixa etária mais jovem, não sendo uma problemática

unicamente existente na população jovem a frequentar o ensino universitário. Ademais,

pretende-se apresentar as enormes dificuldades ainda existentes para que a vítima

denuncie os atos abusivos. Neste sentido, é indubitável perceber as causas existentes na

procura de ajuda ou não divulgação da violência no namoro, para desenvolver ações de

intervenção e prevenção da violência no namoro entre adolescentes, no sentido de

reduzir a prevalência de comportamentos abusivos e combater as crenças relativamente

à legitimação da violência em relacionamentos amorosos.

O presente estudo também poderá enfrentar algumas limitações, que importa

identificar. A principal limitação poderá prender-se com o acesso à amostra, por se

tratar de jovens menores de 18 anos, carece do pedido de autorização aos seus

encarregados de educação para poderem participar no estudo. Além do mais, trata-se de

uma amostra por conveniência que tem como resultado a incapacidade de fazer

afirmações gerais com rigor estatístico sobre a população juvenil portuguesa.

Quanto às novas linhas de investigação, como já foi referido anteriormente, é

consensual que a explicação de todo o processo de procura de ajuda carece de muitos

mais estudos a nível nacional. Seria de extrema relevância desenvolver este estudo com

métodos de recolha de informação qualitativos (e.g., entrevistas) permitindo resultados

não meramente estatísticos e mais elucidativos da problemática em análise.

Concomitantemente, considera-se relevante o estudo dos comportamentos dos

profissionais de justiça, de saúde e da educação perante pedidos de ajuda de vítimas de

violência no namoro, no sentido de prevenir a vitimação secundária que leva muitas

vezes à desmoralização da procura de ajuda e manutenção na relação abusiva.

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Vítimas de violência no namoro: dos fatores inerentes aos pedidos de ajuda

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Anexos

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Anexo I

Questionário alusivo ao pedido de ajuda em relações de namoro abusivas

Elaborado por Inês Pinheiro

N.º de Questionário

A – DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS

1. Caraterização pessoal

1.1. Sexo: (1) Masculino

(2) Feminino

1.2. Idade: ____ Anos

2. Caraterização da relação

2.1. Situação relacional: (1) Atualmente, não tenho uma relação amorosa

(2) Atualmente, não tenho qualquer relação

amorosa, mas já tive no passado

(3) Nunca estive em nenhuma relação amorosa

2.2. Orientação sexual: (1) Heterossexual

(2) Homossexual

(3) Bissexual

Instruções:

De seguida vais encontrar um conjunto de questões em relação a situações de

violência no namoro. Pede-se que leias atentamente essas frases e que avalies cada

uma, colocando um (X) na opção que melhor se adequa ao teu modo de pensar e

agir. Por favor, responde com o máximo de verdade. Não existem respostas certas,

nem erradas.

Respeita a ordem de preenchimento.

Todos os dados fornecidos são totalmente anónimos e confidenciais.

O questionário terá uma duração de apenas 15 minutos.

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B – CARATERIZAÇÃO DAS DINÂMICAS AMOROSAS

1. Refere se já sofreste algum tipo(s) de violência(s).

Podes colocar (X) em mais do que uma opção.

1.1. Violência física (e.g., empurrar, dar bofetadas, pontapés e/ou murros).

1.2. Violência psicológica (e.g., controlar a maneira de vestir, tempos livres ou

mensagens, ligar constantemente e ameaçar terminar a relação como estratégia

manipulação).

1.3. Violência sexual (e.g., toques indesejados e obrigar a ter relações sexuais).

1.4. Violência verbal (e.g., chamar nomes e humilhar através de comentários

negativos).

1.5. Violência social (e.g., denegrir a sua imagem em público, mexer nas suas

coisas sem consentimento e proibir de conviver com os seus amigos e/ou sua

família).

1.6. Nunca sofri de nenhum do(s) tipo(s) violência descritos. A tua colaboração

acaba aqui, obrigada.

2. Indica se alguma vez divulgaste esses abusos exercidos pelo/a seu/sua

namorado/a a alguém.

2.1. Não, nunca.

2.2. Sim, já. Se sim, passa para a questão 4.

3. Refere qual/quais os motivos que te levaram a não denunciar a violência.

Podes colocar (X) em mais do que uma opção.

3.1. Por considerar que a violência não era grave o suficiente.

3.2. Inexistência de provas que comprovassem a violência sofrida.

3.3. Medo de represálias do/a namorado/a.

3.4. Sentimento de vergonha e de perda de confidencialidade ao divulgar a

problemática.

3.5. Sentimento de culpa por alguns dos comportamentos abusivos ocorridos.

3.6. Falta de confiança nos pares, família e profissionais de justiça ou saúde.

Especifique qual/quais__________________________________________

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3.7. Existência de pouca informação sobre o apoio às vítimas de violência no

namoro.

3.8. Esperança de normalização da relação.

3.9. Outro. Refira qual/quais_________________________________________

________________________________________________________________

A tua colaboração acaba aqui, obrigada.

4. Descreve qual/quais o(s) facilitador(es) que te fizeram pedir ajuda perante a

situação de violência.

Podes colocar (X) em mais do que uma opção.

4.1. Conhecimento dos inúmeros apoios às vítimas existentes.

4.2. Entendimento da violência sofrida como um crime punível na lei.

4.3. Culminar dos atos abusivos por parte do/a namorado/a.

4.4. Confiança na(s) pessoa(s) ou no(s) serviço(s) a que revelaste a situação.

4.5. Existência de grande apoio familiar e social.

4.6. Outro. Refere qual/quais ________________________________________

_________________________________________________________________

5. Indica quanto tempo após se iniciarem os comportamentos abusivos é que

divulgaste a situação.

6. Indica o número de pessoas a quem relataste os comportamentos abusivos do

teu/tua namorado/a.

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7. Indica a quem recorreste para divulgar a situação abusiva que estavas a

vivenciar na tua relação de namoro.

Podes colocar (X) em mais do que uma opção.

7.1. Forças de segurança pública

7.1.1. GNR

7.1.2. PSP

7.1.3. PJ

7.2. Serviços de saúde. Especifica qual _______________________________

7.3. Comissão de Proteção de Crianças e Jovens

7.4. Linhas de Apoio à Vítima

7.5. Família

7.5.1. Pais

7.5.2. Irmão(s)/Irmã(s)

7.5.3. Tio(s)/Tia(s)

7.5.4. Avô(s)/Avó(s)

7.5.5. Outro. Refere qual/quais ______________________________________

7.6. Amigo(s)/Amiga(s)

7.7.Corpo religioso

7.8. Professor(es)

7.9.Outro. Refere qual/quais __________________________________________

8. Explica o motivo de teres optado por divulgar a tua situação a essa(s) pessoa(s).

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9. Refere como caraterizas a resposta dada a quem divulgaste os comportamentos

abusivos exercidos pelo/a teu/tua namorado/a.

9.1. Positiva, fico feliz por ter divulgado a minha situação.

Justifica __________________________________________________________

_________________________________________________________________

9.2. Negativa, estou arrependido/a por ter divulgado a minha situação.

Justifica __________________________________________________________

_________________________________________________________________

Muito obrigada pela tua colaboração!

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Anexo II

Pedido de Colaboração

Exmo Sr. Renato Carneiro

Diretor do Agrupamento de Escolas de Coronado e Castro,

Eu, Inês Mariana Marmelo Pinheiro, aluna do 1º ciclo do curso de Criminologia da

Universidade Fernando Pessoa, venho por este meio solicitar a Vossa Excelência,

autorização para proceder à implementação do estudo intitulado como “Vítimas de

violência no namoro: dos fatores inerentes aos pedidos de ajuda”, com os alunos do 7º

ao 12º anos, nas instalações da escola.

O que se pretende com este estudo é identificar as barreiras e facilitadores do pedido

de ajuda perante uma relação de namoro abusiva. De uma forma mais específica

pretende-se: compreender os motivos e crenças que levam os jovens a não pedirem

ajuda; identificar os agentes a quem os jovens pedem ajuda e a explicação para a

escolha dessa fonte de revelação; averiguar as possíveis diferenças entre a divulgação a

agentes formais e a divulgação a agentes informais e procurar identificar as

reações/respostas dos jovens após a divulgação de comportamentos abusivos na relação

amorosa.

A participação dos alunos na investigação é absolutamente voluntária, sendo que

qualquer aluno pode decidir não participar da mesma. Ademais, é garantido a todos os

participantes sigilo quanto às suas identidades e confidencialidade dos dados fornecidos.

Peço deferimento,

Atenciosamente e grata pela sua atenção,

____________________________________

(Inês Pinheiro)

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Anexo III

Pedido de Colaboração

Exmo Sr. Paulino Rodrigues Macedo

Diretor do Agrupamento de Escolas da Trofa,

Eu, Inês Mariana Marmelo Pinheiro, aluna do 1º ciclo do curso de Criminologia da

Universidade Fernando Pessoa, venho por este meio solicitar a Vossa Excelência,

autorização para proceder à implementação de um questionário inserido no estudo

intitulado como “Vítimas de violência no namoro: dos fatores inerentes aos pedidos de

ajuda”, com os alunos do 7º ao 12º anos, nas instalações da escola.

O que se pretende com o estudo é identificar as barreiras e facilitadores do pedido de

ajuda perante uma relação de namoro abusiva. De uma forma mais específica pretende-

se: compreender os motivos e crenças que levam os jovens a não pedirem ajuda;

identificar os agentes a quem os jovens pedem ajuda e a explicação para a escolha dessa

fonte de revelação; averiguar as possíveis diferenças entre a divulgação a agentes

formais e a divulgação a agentes informais e procurar identificar as reações/respostas

dos jovens após a divulgação de comportamentos abusivos na relação amorosa.

A participação dos alunos na investigação é absolutamente voluntária, sendo que

qualquer aluno pode decidir não participar da mesma. Ademais, é garantido a todos os

participantes sigilo quanto às suas identidades e confidencialidade dos dados fornecidos.

Peço deferimento,

Atenciosamente e grata pela sua atenção,

____________________________________

(Inês Pinheiro)

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Anexo IV

Declaração de Consentimento Informado

Exmo/a Encarregado/a de Educação

Eu, Inês Mariana Marmelo Pinheiro, aluna do 1º ciclo do curso de Criminologia da

Universidade Fernando Pessoa, venho por este meio solicitar a Vossa Excelência, a

autorização para a participação do/a seu/sua educando/a na implementação de um

questionário inserido no estudo intitulado: “Vítimas de violência no namoro: dos fatores

inerentes aos pedidos de ajuda”.

Este estudo tem como objetivo identificar as barreiras e facilitadores do pedido de

ajuda perante uma relação de namoro abusiva.

A participação dos alunos na investigação é absolutamente voluntária, sendo

necessária a sua autorização para o efeito. Ademais, é salvaguardado a todos os

participantes sigilo quanto às suas identidades e confidencialidade dos dados fornecidos,

estes servirão apenas para fins de investigação.

_____________________

(Inês Pinheiro)

----------------------------------------Recorte e devolva----------------------------------------------

Tomei conhecimento da informação do objetivo e dos métodos do estudo. Além disso,

foi-me assegurado que os dados fornecidos pelo/a meu/minha educando/a serão

confidenciais e utilizados única e exclusivamente para o estudo em causa.

Autorizo a participação do/a meu/minha educando/a neste estudo.

Data:___/___/______

Nome do/a Aluno/a:______________________________________________________

Assinatura do/a Encarregado/a de Educação:___________________________________