70
UIVERSIDADE FEDERAL DE PERAMBUCO CETRO DE CIÊCIA DA SAÚDE DEPARTAMETO DE EFERMAGEM E OBSTETRÍCIA VULNERABILIDADE A AIDS EM ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA E UMA PARTICULAR, RECIFE, 2003 ILDEBRANDO LEITE DE SOUZA SOLANGE SALES ALBUQUERQUE DE BARROS SALATIEL FELIX FERREIRA FILHO RECIFE - 2003 -

VULNERABILIDADE A AIDS EM ADOLESCENTES DE UMA … · ildebrando leite de souza solange sales albuquerque de barros salatiel felix ferreira filho vulnerabilidade a aids em adolescentes

  • Upload
    lenga

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

U�IVERSIDADE FEDERAL DE PER�AMBUCO

CE�TRO DE CIÊ�CIA DA SAÚDE

DEPARTAME�TO DE E�FERMAGEM E OBSTETRÍCIA

VULNERABILIDADE A AIDS EM ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA E UMA PARTICULAR, RECIFE, 2003

ILDEBRANDO LEITE DE SOUZA

SOLANGE SALES ALBUQUERQUE DE BARROS

SALATIEL FELIX FERREIRA FILHO

RECIFE - 2003 -

ILDEBRANDO LEITE DE SOUZA SOLANGE SALES ALBUQUERQUE DE BARROS

SALATIEL FELIX FERREIRA FILHO

VULNERABILIDADE A AIDS EM ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA E UMA PARTICULAR.

RECIFE, 2003

RECIFE - 2003 -

Monografia apresentada pelos alunos do curso de graduação em Enfermagem e Obstetrícia do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem, sob orientação das preofessoras Maria Ilk Nunes de Albuquerque, M.sc. e Rosa Maria Carneiro, Doc.

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

U�IVERSIDADE FEDERAL DE PER�AMBUCO

CE�TRO DE CIE�CIAS DA SAÚDE

DEPARTAME�TO DE E�FERMAGEM

VULNERABILIDADE A AIDS EM ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA

PÚBLICA E UMA PARTICULAR. RECIFE, 2003

ILDEBRANDO LEITE DE SOUZA

SOLANGE SALES ALBUQUERQUE DE BARROS

SALATIEL FELIX FERREIRA FILHO

Submetida a Banca Examinadora para obtenção de título de graduação em Enfermagem e Obstetrícia.

Aprovada em ___/___/___

Examinadoras

__________________________________________________ (Presidente)

__________________________________________________ (1º Examinador)

__________________________________________________ (2º Examinador)

Dedicatória

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

DEDICATÓRIA

A Antonio Flaudiano Bem Leite pelo apoio e ajuda prestado para realização

deste trabalho, pois ele é tão nosso quanto seu e sem você não teria sido

possível a sua concretização. Como já dizia Paulo Freire, você foi nosso “inédito

viável”.

AGRADECIME�TOS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

AGRADECIMENTOS

Ao Deus que sentimos.

Aos nossos pais, esposas, filhos, irmãos, tios, sobrinhos, primos, cunhados(as) e

demais parentes por alimentarem nossos objetivos;

Às Profª. Drª. Rosa Maria Carneiro e Profª Ms. Maria Ilk Nunes de Albuquerque

pela dedicação, paciência e carisma com que nos orientaram neste trabalho;

À coordenação do curso, aos professores e funcionários que de forma direta e

indireta contribuíram para nossa formação;

A todos os professores que, ao longo dessa estrada, estiveram conosco, desde

nossos primeiros passos, nesta viajem infinita pelo conhecimento;

Aos usuários do Sistema Único de Saúde que, com paciência e coragem, nos

deram chance de aprender, praticar e acrescentar novas experiências

profissionais na nossa jornada acadêmica;

Aos colegas da faculdade e de turma;

Aos amigos;

Aos diretores das escolas por permitirem a realização da pesquisa;

Aos adolescentes pela colaboração voluntária;

Epígrafe

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

“Bem aventurados os brandos de coração,

por que eles possuirão a Terra”.

Mateus: c.5, v.4.

SUMÁRIO

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

SUMÁRIO

8. Conclusões ........................................................................................ 38

Lista de siglas e abreviaturas ............................................................... XIII

Lista de tabelas ...................................................................................... XV

Lista de gráficos .................................................................................... XVII

Resumo ................................................................................................... XIX

Abstract .................................................................................................. XXI

1. Introdução ........................................................................................... 01

2. Problema ...................................................................................... 05

3. Objetivos ............................................................................................ 07

3.1. Objetivo geral ............................................................................ 08

3.2. Objetivos específicos ............................................................... 08

4. Justificativa ........................................................................................ 09

5. Revisão de literatura ......................................................................... 11

6. Materiais e métodos .......................................................................... 17

6.1. Tipologia do estudo ................................................................ 18

6.2. Descrição da área .................................................................... 18

6.3. População e amostra .............................................................. 19

6.4. Instrumento .............................................................................. 19

6.5. Procedimento para coleta de dados ...................................... 19

7. Apresentação e análise dos dados .................................................. 22

7.1. Conhecimentos acerca dos modos de transmissão do HIV 23

7.1.1. De 12 a 14 anos ............................................................ 23

7.1.2. De 15 a 19 anos ............................................................ 26

7.2. Atitudes e práticas .................................................................. 28

7.2.1. De 12 a 14 anos ............................................................ 28

7.2.2. De 15 a 19 anos ............................................................ 30

7.3. Atitudes e práticas .................................................................. 33

7.3.1. Início da vida sexual .................................................... 33

7.3.2. Freqüência de uso de preservativo ........................... 33

7.3.3. Número de parceiros ................................................... 34

7.3.4. Motivos do não uso de preservativo ......................... 35

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

9. Recomendações ................................................................................ 39

10. Referências bibliográficas ............................................................. 41

Anexos .................................................................................................... 46

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F. LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

XIV

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ACO – Anticoncepsional Oral

AIDS – Acquired Immunodeficiency Syndrome

AZT – Azidovidina

DIU – Dispositivo Intra-uterino

DST – Doenças Sexualmente Transmissíveis

EPA – Escola Particular

EPU – Escola Pública

FA – Freqüência Absoluta

FR – Freqüência Relativa

HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

OMS – Organização Mundial de Saúde

ONG – Organização Não-Governamental

OPS – Organização Pan-americana de Saúde

SIDA – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

ρ – Nível de significância

ℵℵℵℵ2 – Qui-quadrado

LISTA DE TABELAS

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F LISTA DE TABELAS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

XVI

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição por idade dos adolescentes da EPU e da EPA, Recife,

2003.

Tabela 2 - Distribuição dos adolescentes segundo as rendas familiares da

EPU e da EPA, Recife, 2003.

Tabela 3 - Distribuição dos adolescentes na faixa etária de 12 a 14 anos segundo

conhecimentos sobre os modos de transmissão da AIDS da EPU e da

EPA, Recife, 2003.

Tabela 4 - Distribuição dos adolescentes na faixa etária de 15 a 19 anos segundo

conhecimentos sobre os modos de transmissão da AIDS da EPU e da

EPA, Recife, 2003.

Tabela 5 - Distribuição dos adolescentes na faixa etária de 12 a 14 anos segundo

conhecimentos sobre os modos de prevenção da AIDS da EPU e da

EPA, Recife, 2003.

Tabela 6 - Distribuição dos adolescentes na faixa etária de 15 a 19 anos

sobre modos de prevenção da AIDS da EPU e da EPA, Recife,

2003.

Tabela 7 – Distribuição dos adolescentes com vida sexual ativa segundo

freqüência do uso de preservativos da EPU e da EPA, Recife, 2003.

Tabela 8 - Distribuição dos adolescentes com vida sexual ativa segundo número

de parceiros da EPU e da EPA, Recife, 2003.

Tabela 9 - Distribuição dos adolescentes com vida sexual ativa segundo motivo

do não uso de preservativo da EPU e da EPA, Recife, 2003.

LISTA DE GRÁFICOS

SOUZA, ILDEBRA�DO L. DE; BARROS, SOLA�GE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F LISTA DE GRÁFICOS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

XVIII

LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 - Idade dos adolescentes da EPU e da EPA, Recife, 2003.

GRÁFICO 2 - Renda familiar dos adolescentes da EPU e da EPA, Recife, 2003.

GRÁFICO 3 - Modo de transmissão de AIDS dos adolescentes na faixa etária de

12 a 14 da EPU e da EPA, Recife, 2003.

GRÁFICO 4 - Conhecimento dos adolescentes na faixa etária de 15 a 19 anos

sobre os modos de transmissão da AIDS da EPU e da EPA, Recife,

2003.

GRÁFICO 5 - Conhecimentos dos adolescentes sobre os modos de prevenção da

AIDS da EPU e da EPA na faixa etária de 12 a 14 anos, Recife,

2003.

GRÁFICO 6 - Conhecimentos dos adolescentes na faixa etária de 15 a 19 anos

sobre os modos de prevenção da AIDS da EPU e da EPA, Recife,

2003.

GRÁFICO 7 - Freqüência do uso de preservativos dos adolescentes com vida

sexual ativa da EPU e da EPA, Recife, 2003.

GRÁFICO 8 - Número de parceiros dos adolescentes com vida sexual ativa da

EPU e da EPA, segundo número de parceiros, Recife, 2003.

GRÁFICO 9 - Motivos do não uso de preservativo nos adolescentes com vida

sexual ativa da EPU e EPA, Recife, 2003.

RESUMO

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F RESUMO

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

XX

RESUMO

A pesquisa objetivou estudar a vulnerabilidade à AIDS em adolescentes

de 12 a 19 anos em duas escolas: uma pública (EPU) e uma particular (EPA) em

Recife-PE. O estudo é descritivo exploratório, desenvolvido com 348

adolescentes, Foi aplicado questionário sigiloso tipo check-list. Os dados,

analisados em Epi Info 6.0. A idade média é 15,4 anos para EPU e 14,4 anos

para EPA. Foram comparados conhecimentos sobre transmissão e prevenção da

AIDS, atitudes e práticas ligadas à sexualidade entre as duas escolas em dois

grupos etários: 12 a 14 e 15 a 19 anos. A situação financeira da EPA é melhor

que a EPU. Conhecimentos dos modos de transmissão e prevenção da AIDS são

insuficientes, nas duas escolas, com diferenciais de idade. 27,0% adolescentes

da EPU e 33,6% da EPA já iniciaram vida sexual O uso sistemático do

preservativo foi menor na EPU (50,8% contra 71,4% da EPA χ2= 3,94, p<0.05). O

número de parceiros sexuais foi semelhante nas duas escolas. Na EPU, 40,4%

tiveram apenas um parceiro e na EPA 29,0%. Com base no processo cognitivo e

atitudes, conclui-se que os adolescentes de ambas as escolas apresentam níveis

variados de vulnerabilidade individual à infecção pelo o HIV.

ABSTRACT

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F ABSTRACT

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

XXII

ABSTRACT

The research objectified to study the vulnerability to the AIDS in teen age

of 12 the 19 years in two schools: a public (EPU) and a particular one (EPA) in

Recife-PE. The study it is descriptive explored, developed with 348 adolescents,

was applied sigils questionnaire type check-list. The data, analyzed in Epi Info 6.0.

The average age is 15,4 years for EPU and 14,4 years for EPA. Knowledge on

transmission had been compared and prevention of the AIDS, on practical

attitudes and to the sexuality enters the two schools in two years groups: the 12 14

and 15 19 years. The financial situation of the EPA is better that the EPU.

Knowledge in the ways of transmission and prevention of the AIDS are insufficient,

in the two schools, with age differentials. 27.0% students of EPU and 33.6% of the

EPA already had initiated sexual life the systematic use of the condom were lesser

in the EPU (50.8% against 71,4% of the EPA ℵ2 = 3,94, p<0.05). The number of

sexual partners was similar in the two schools. In EPU, 40.4% they had had only

one partner and in EPA 29,0%. On the basis of the cognitive process and

attitudes, conclude that the students of both the schools present levels varied of

individual vulnerability to the infection for o HIV.

I�TRODUÇÃO

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F INTRODUÇÃO

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2

1. INTRODUÇÃO

A AIDS surgiu nas duas últimas décadas do século XX como importante

epidemia por sua elevada letalidade e capacidade de disseminação. Segundo

Cameron (1992), na história da humanidade, nenhuma doença jamais suscitou

questões tão complexas, exigiu tamanha amplitude de respostas ou revelou tão

impiedosamente os sérios desequilíbrios, inadequações e desigualdades

preexistentes nos sistemas médico e social de todos os países. O HIV tem

demonstrado repetidamente sua capacidade de cruzar todas as barreiras -

sociais, culturais, econômicas e políticas. A geografia pode dificultar, mas não

protegerá contra a entrada e disseminação do vírus. (MANN, TARANTOLA e

NETTER, 1992).

No início da epidemia, a maior incidência da doença ocorreu entre

determinados conjuntos de indivíduos, os chamados “grupos de riscos”:

homossexuais e bissexuais masculinos no ano de 1982, quando representavam

96% dos casos, e junto a estes hemofílicos, crianças filhas de pais com AIDS,

hemotrasnfundidos e haitianos residentes nos Estados Unidos, determinando a

localização da doença nesta população (BARRETO, 1986, p.1). Posteriormente,

prosseguiu rumo as classes desempoderadas de heterossexuais, mulheres,

negros, brancos pobres e jovens marginalizados (AYRES et al., 1999; PAIVA et

al., 2002; AYRES & FIGUEREDO, 2003; HEARST & GUERRIERO, 2003;

HEARST et al., 2003).

Enquanto a população se protegia dos chamados grupos de risco,

esqueceram de proteger-se da doença a qual encontrou meios e facilidade nos

nossos mitos, crenças, tabus e preconceitos (PAIVA et al., 2003; HEARST &

GUERIERO, 2003) para seguir em direção as diversidades dos mais variados

contextos culturais, sociais e econômicos. Surpreendeu-nos , mostrando que seu

poder de infecção não tem limites chegando a todas as classes sociais e

territórios (AYRES et al.,1999; PARKER, 2000).

No Brasil, o primeiro caso foi diagnosticado em 1982, embora se suponha

que a entrada do vírus no país tenha ocorrido na década de 70. Os primeiros

casos confirmados foram em homo/bissexuais, de início na faixa litorânea da

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F INTRODUÇÃO

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3

região sudeste no eixo São Paulo-Rio de Janeiro; e Sul do país, e nas regiões

Norte e Nordeste nesta mesma faixa geográfica, para depois se conduzir à

interiorização (CHEQUER, 1997).

As disparidades sociais são agravantes das dificuldades de controle da

epidemia, que caracteriza o processo de pauperização (AYRES et al., 1999;

SPINK, 1999; VERIANO, 2000; CHEQUER, 1997; AYRES & FIGUEREDO, 2003),

o qual é traduzido pelo aumento do número de casos nas classes mais pobres,

principalmente nas regiões Norte/Nordeste, que possuem os 100 municípios com

os menores IDH do Brasil.

Outra temática é o crescente número de casos em heterossexuais pode

ser explicado pelas relações de gênero na negociação sexual, escolha das

práticas sexuais, a concepção de masculinidade, a educação familiar

conservadora, a cultura machista e as relações extraconjugais, levando a um

processo de heterossexualização da epidemia (BARBOSA & PARKER, 1991;

HEILBORN et al., 1999; Paiva, 2001; GUERRIERO, 2001; HEARST &

GUERRIERO, 2003; AYRES & FIGUEREDO, 2003).

No caso do processo de feminilização, há um aumento preponderante

entre as mulheres devido a sua marginalização social histórica justificada pelas

pressões econômicas, sócio-culturais aludidas pelos os parceiros sexuais, o que

conduz para uma subordinação causadora de uma assimetria de poder,

inabilidade de negociação no sexo, não autonomia do sexo com relação o afeto e

ao amor (GUERRIERO, 2001; HEILBORN et al., 1999; BARBOSA & PARKER,

1991). Fatores que dificultam o uso de medidas preventivas.

Os jovens, entretanto, são sempre um grupo vulnerável em todas as

sociedades do mundo globalizado. A juvenização é explicada por todos os fatores

já descritos acima e acentuada por questões como a descoberta do sexo, a

deficiência de informação, a não liberdade para falar e a idade, tornando-os mais

vulneráveis e menos capazes de fazer frente às pressões nas relações desiguais

de parceiros em situações desiguais de poder. E, em relação as adolescentes, a

vulnerabilidade fica explícita, sendo duplamente afetadas pela questão etária

(SPINK, 1999; PAIVA et al., 2003).

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F INTRODUÇÃO

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4

Em relação a AIDS no Estado de Pernambuco, houve um total de 5850

casos de AIDS diagnosticados, no período de 1983 a 2002. Sendo que a faixa

etária de 20 a 39 anos possui mais de 2/3 dos casos, ou seja, 4062. Setenta por

cento dos casos de AIDS se concentram, nesta faixa, indicando que as novas

infecções pelo HIV (que levam anos para evoluírem para síndrome) acontecem

principalmente entre os mais jovens. Em Recife, do total do estado, localizou-se

mais da metade, no mesmo período, sendo cerca de 2861 casos (Boletim

Informativo AIDS 2002).

A AIDS atualmente tem atingido principalmente adulto jovem configurando

um acentuado nível de vulnerabilidade nesta população, portanto merecedora e

especial atenção neste trabalho no qual serão enfocadas questões sobre

conhecimentos, culturais e sócio-econômicas, que podem estar contribuindo para

a construção da vulnerabilidade neste grupo.

PROBLEMA

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F PROLEMA

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6

2. PROBLEMA

Segundo Hoyos & Sierra (2001), O desenvolvimento da epidemia do

HIV/SIDA está associado a desigualdades sociais expressas em acessos

diferentes a oportunidades de proteção e cuidados de saúde, em diferentes

contextos socioeconômicos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estimou

para o ano 2000 aproximadamente, 40 milhões de infectados com HIV no mundo,

dos quais mais de 90% viverão em países pobres, onde as taxas de infecção

tenderão a aumentar pela deficiente oferta dos sistemas de saúde, além de

limitados recursos preventivos e assistenciais. A epidemia tem tido efeitos

importantes na população adolescente e jovem da América Latina e Caribe. A

Organização Pan-americana de Saúde (OPS), estima que a metade de todas as

“novas infecções” se apresenta em pessoas menores de 25 anos e que a maioria

se infecta por via sexual. Se considerarmos que o período de latência da

transmissão do HIV e as manifestações da SIDA variam entre dois e onze anos,

uma importante proporção de casos com SIDA de grupo etário de 20 a 29 anos

podem ter sido infectados durante a adolescência (idem, traduzido por nós).

A pergunta que conduz este estudo é “Quais as diferenças observadas

entre os conhecimentos e as práticas de adolescentes com faixa etária de 12 a 19

anos da EPU e da EPA com relação à prevenção da AIDS e sua interação com os

fatores sócio-econômicos?”.

OBJETIVOS

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F OBJETIVOS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

8

3. OBJETIVOS 3.1. OBJETIVO GERAL

Analisar o nível de vunerabilidade de adolescentes, de ambos os sexos de

EPU e EPA, visando embasar um programa educativo.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Comparar o nível de conhecimento quanto aos modos de transmissão e

prevenção da AIDS entre alunos da EPU e EPA.

2. Relacionar os fatores sócio-econômicos e culturais.

3. Descrever as atitudes e práticas relacionadas à vulnerabilidade à AIDS.

JUSTIFICATIVA

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F JUSTIFICATIVA

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

10

4. JUSTIFICATIVA

O início da epidemia de AIDS no mundo foi marcado pela disseminação do

HIV em alguns grupos considerados “de risco”, composto por homossexuais,

hemofílicos, usuários de drogas e profissionais do sexo. Com a progressão da

epidemia e a ocorrência da infecção em outros grupos populacionais, evoluiu-se

para o conceito de “comportamentos de risco”. Atualmente a epidemia direciona-

se para os setores socialmente mais desempoderados: pobres, mulheres,

marginalizados, negros e jovens.

No Brasil, no final do ano 2000 contavam 191.000 casos de AIDS, na

proporção de 2 homens para cada mulheres, e estimavam-se cerca de 500.000

pessoas portadoras do vírus, embora o epicentro da epidemia tenha sido as

cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, o crescimento mais acelerado se dá hoje

nas cidades brasileiras com menos de 50.000 mil habitantes, e em todo país mais

rapidamente entre mulheres e grupos de baixa escolaridade e renda. Os jovens

são sempre um grupo vulnerável em todas as sociedades do mundo globalizado.

Um terço das pessoas vivendo no final de 1998, eram jovens que tinham entre 15

e 24 anos e metade das novas infecções ocorrem em todo o mundo. No Brasil, se

concentram na faixa de 20 e 39 anos, indicando que as novas infecções por HIV

acontecem principalmente também entre os mais jovens.

Considerando-se que existe um grande número de casos de AIDS em

adolescentes e adultos jovens e o longo período de incubação da doença, pode-

se supor que a infecção durante a adolescência, daí a importância de analisar a

vulnerabilidade e promover um trabalho de educação preventiva para esta fase

tão importante da vida onde ocorre grande mudança e descobertas.

Por este motivo, decidiu-se realizar um estudo sobre vulnerabilidade de

adolescentes à infecção pelo HIV, em duas escolas do Recife, sendo uma da

rede pública e outra da EPA. E, desse modo, proceder a uma contribuição da

enfermagem para a construção do conhecimento e para a promoção da saúde.

REVISÃO DE LITERATURA

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F REVISÃO DE LITERATURA

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

12

5. REVISÃO DE LITERATURA

O conceito de adolescência ainda se apresenta bastante novo, é entendida

como alguns autores tais como de crescimento, mudança, oportunidade,

românticos, apaixonados, impulsivos e exagerados na da identidade e da dor e

freqüentemente vinculada aos riscos à saúde reprodutiva. Estes riscos são

vinculados, entre outros fatores, à falta de acesso a educação e emprego, à

expectativa de casamento e relacionamento sexual, à desigualdade de gênero,

religião e cultura. Devido a isto sua saúde reprodutiva tem sido afetada por

gravidez indesejada, aborto DST/HIV, violência sexual e limitação de acesso à

informação (GUNTHER, 1999; AYRES, 1996; PAIVA, 2000).

Segundo a OMS, adolescência é uma fase de transição do corpo para a

fase adulta, que se encontra na faixa etária dos 10 a 19 anos de idade, marcada

por mudanças físicas e psíquicas (OMS, 1995).

O desenvolvimento psicossexual e o bom êxito da vivência da sexualidade

na adolescência dependem de uma complexidade de fatores que abrange desde

a interação com os pais, até fatores morais, culturais, sociais e religiosos. Para

este mesmo autor, a vivência da sexualidade na adolescência é como um

caminho desconhecido e é necessário que os jovens seja orientado e tenha

liberdade para entendê-la, pois desenvolver a sexualidade contribui para

formação da personalidade e para expressão dessa sexualidade quando for

adulto (SOUZA et al, 2002).

Os adolescentes iniciam a vida sexual, em média: no sexo feminino, entre

os 15 e 17 anos e, no masculino, entre os 13 a 15 anos de idade. Também se

sabe que nas classes mais protegidas tendo haver uma iniciação sexual mais

tardia. A maioria mesmo conhecendo os métodos contraceptivos inicia as

relações sem proteção e, no seguimento da atividade sexual, o uso sistemático

deixa quase 30% sem proteção contraceptiva e contra as Dsts ( idem, 2002).

As regras sociais, familiares e religiosas nem sempre estão de acordo com

a conduta preferida pelos adolescentes. A velocidade com que ocorrem as

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F REVISÃO DE LITERATURA

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

13

mudanças comportamentais nesta fase da vida é visivelmente maior do que a

capacidade de adaptação cultural (MAINIERI et al, 2002)

Os jovens têm uma tendência em contrair mais DST/AIDS do que os

adultos, por vários motivos, dentre eles destacamos a relação sexual não

planejada, sem informação, ou uso de preservativo, e por isso tem uma

probabilidade maior de usar os métodos preventivos incorretamente (RICHT,

1996).

Na adolescência, o entendimento e o investimento em saúde reveste-se de

importância especial, visto que o adolescente se encontra cerca de

experimentações e riscos que podem originar diferentes tipos de transtornos e

seqüelas físicas e mentais (PINTO et al, 2002).

O trabalho de intervenção busca produzir a mudança de comportamento,

dando aos membros de grupos da população alvo o conhecimento e informações

adequados sobre o risco de infecção pelo HIV, e aumentando sua percepção e

conscientização do risco para estimular o processo decisório racional que

acabaria por conduzir a uma significativa redução desse risco (PARKER, 2000).

A disseminação de AIDS na adolescência tem motivado famílias e escolas

a discutir sobre sexualidade e comportamento sexual. Neste aspecto a AIDS

provocou a quebra do silêncio entre pais e filhos e escola-aluno. Entretanto nesta

população o desafio da prevenção e controle da epidemia envolve as

características próprias da adolescência, cujo desejo de experimentação, aliado

ao mito da invulnerabilidade, impede que eles considerem as reais situações de

risco (PINTO et al, 2002).

Há consenso de que as formas de prevenção de AIDS, transmitida por via

sexual, seriam abstinência sexual ou a fidelidade mútua. Entretanto não atendem

a realidade quando se consideram as diferenças culturais. Determinando a busca

de estratégias mais eficazes de sexo seguro e identificando como método mais

eficaz na prevenção da AIDS, por via sexual, é o preservativo (BRASIL, 1997).

As experiências adquiridas no combate a AIDS, têm demonstrado que não

existem mágicas soluções ou receitas prontas de prevenção para que se pare de

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F REVISÃO DE LITERATURA

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

14

uma vez por todas a epidemia de AIDS. Esta guerra é um processo de

amadurecimento individual e coletivo que leva em consideração desde as

dificuldades materiais, sócio-culturais e políticas até problemas, de ordem

subjetiva, que surgem e evoluem em interação com o proceso epidêmico (PAIVA,

2001).

A epidemia tomou outros rumos, contradizendo o que a literatura pregava:

a cultura do preconceito contra estas classes desfavorecidas em todos os

sentidos. A sexualidade a ser trabalhada é universal, como se todos

estivessemos interligados pelas mesmas práticas e comportamentos, pois os

mesmos não existem sem contextos sócio-culturais com seus sentidos e

significados singulares socialmente construídos, em cada cena sexual. Não se

tinha a devida consideração que os fatores sócio-culturais da sexualidade e vida

reprodutiva, inclusive do sexo não protegido, que expande a vulnerabilidade ao

HIV/AIDS são iguais entre os portadores e não-portadores (PAIVA, 2001).

Analisando a dinâmica da transmissão sexual do HIV ou a vida afetivo-

sexual dos portadores, mantêm-se como ponto central o fato de que condutas

sexuais são ainda apontadas como “promíscuas” numa visão mais moralista,

sendo penalizadas quando a pessoa procura um serviço de saúde, ao se revelar

portador. Esta estigmatização e preconceito em relação a AIDS dificultam a

adesão das pessoas à prevenção (PAIVA, 2001).

E foi com o avanço da epidemia, atingindo a todas as classes sem

distinção de sexo, práticas sexuais, etnia ou classe social, que se chegou ao

conceito de vulnerabilidade. De acordo com este conceito não existe grupo de

risco, mas sim um conjunto de fatores ambientais, sócio-culturais, educacionais,

programas de saúde, políticos e econômicas que determinam o nível de

suscetibilidade individual e coletiva dos cidadãos à doença (AYRES et al., 1999;

SPINK, 1999).

A vulnerabilidade individual depende de três pressupostos: o

comportamento como interesse e habilidade para transformar atitudes e ações; o

cognitivo que é a informação, a consciência do problema e das formas de

enfrentá-los; e o social que se vincula ao acesso aos recursos e poder para

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F REVISÃO DE LITERATURA

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

15

adotar comportamentos protetores. A vulnerabilidade coletiva será o

“empowerment” no sentido de fornecer aos indivíduos subsídios para sua própria

avaliação, no componente social de cada um dos fatores de exposição, no

sentido de construir um diagnóstico capaz de instruir as agendas dos movimentos

sociais organizados e o planejamento de ações por partes de técnicos, de

autoridades e de governos organizados (AYRES, 2001).

A educação sexual envolve aspectos antropológicos, sociológicos e

biopsiquicosociais devendo-se, na adolescência, considerar as características

próprias dessa fase (onipotência, invulnerabilidade, desejo de experimentação e

aventura, crise de identidade), as características do meio social (escola, família,

grupo) e o comportamento sexual desse grupo etário (mudança de parceiros e

desinformação) (GOMES, 2002).

A nossa sociedade estimula o sexo em todos os momentos, mas não é

aberta aos debates das conseqüências deste. E não trabalha a sexualidade das

pessoas como de fato é, nem desmistifica os valores masculinos de nossa

cultura. Existe um padrão a ser cumprido por homens e mulheres que também

atrapalha a negociação sexual dos gêneros devido à assimetria de poder,

aumentando a vulnerabilidade que neste caso precede o risco (PAIVA, 2001;

GUERRIERO, 2001; HEARST & GUERRIERO, 2003; HEARST et al., 2003).

São vários contextos sociais, culturais, o modo como o sexo é tratado e

encarado diversamente por cada sociedade, seus grupos e individualmente, que

alteram o nível de vulnerabilidade. (AYRES et al., 1999; HEILBORN et al., 1999)

É impossível vencer a AIDS com fórmulas mágicas generalizadas que

podem dá certo num determinado local, mas que não vão causar o mesmo

impacto em outros lugares, porque todo contexto social tem suas especificidades

(AYRES et al., 1999; PAIVA, 2001). Faz-se necessário agir localmente e pensar

globalmente. Levar em conta fatores complexos como: distribuição populacional

da pandemia, violência, raça, gênero e movimentos migratórios. E mudar as

estratégias, não deixando que as práticas se paralisem, tornando-as experiências

sempre vivas e humanas, analisando a resposta dos indivíduos e o feed-back

(AYRES et al., 1999).

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F REVISÃO DE LITERATURA

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

16

Tem-se que trabalhar a educação como forma de libertar as pessoas,

procurando as diversidade e especificidades de maneira a tornar visível a

exclusão e a vulnerabilidade de cada um nos seus grupos (PAIVA, 2001).

Não adianta tratar a população (portador ou não de HIV) como

consumidores, pois é necessária uma visão mais abrangente do contexto de cada

um. E quem não tem como conseguir, não tem acesso ao que se vende

(preservativo, medicação) e ao que se prega (receita pronta de comportamento,

modo de usar a camisinha, ou seja, o produto consumido) estará mais vulnerável

ao adoecimento (PAIVA, 2001).

MATERIAIS E MÉTODOS

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F MATERIAIS E MÉTODOS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

18

6. MATERIAIS E MÉTODOS

6.1.TIPOLOGIA DO ESTUDO

O presente estudo é descritivo exploratório, um corte transversal do tipo

inquérito populacional. Neste tipo de estudo, tem-se um corte no fluxo histórico da

doença, sendo apresentadas suas características no momento da coleta.

6.2. DESCRIÇÂO DA ÁREA

A área onde foi desenvolvido o estudo corresponde a duas escolas. A

primeira pertencente à rede pública é localizada no bairro de Areias, Rua Felipe

Ferreira S/N – Vila Cardeal e Silva. Oferece os cursos fundamental e médio,

funcionando, em horário integral, com um total de 1740 adolescentes. Dispõem

de 48 professores, 15 salas de aula, 01 biblioteca, 04 toaletes, 01 secretaria, 01

sala de vídeo, 01 sala de jogos, 01 quadra, 01 sala de direção e 01 sala de jogos.

A segunda, da rede privada, é menor e está situada no bairro da Estância

– Av. Dr. José Rufino S/N, de ensino fundamental e médio, com funcionamento

diurno e um quantitativo de 700 adolescentes. Possuem 40 professores, 21 salas

no total, sendo: 01 biblioteca, 01 secretaria, 01 direção, 01 sala para psicologia,

01 coordenação, 04 toaletes, 01 piscina, 01 quadra coberta e 10 salas de aula.

6.3. POPULAÇÂO E AMOSTRA

A população é composta por 1890 adolescentes de 12 a 19 anos, sendo

1310 na EPU e 580 na EPA.

A amostra é do tipo não casual por voluntários. Foi calculada em 361

adolescentes por programa Epi Info versão 6.0. Esse número foi distribuído

proporcionalmente entre as duas escolas, cabendo 68,4% para a EPU e 31,6%

para a EPA.

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F MATERIAIS E MÉTODOS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

19

6.4. INSTRUMENTO

O instrumento utilizado foi um questionário com perguntas fechadas do

tipo check-list, apresentado no Anexo 1.

6.5. PROCEDIMENTO PARA COLETA DE DADOS

O questionário foi aplicado na sala de aula aos adolescentes do grupo

etário considerado, do turno diurno das escolas, após assinatura do termo de

consentimento pelos diretores (Anexo 2) e consentimento verbal do professor na

sala de aula e dos próprios adolescentes. Foi garantido o sigilo quanto à

identidade dos informantes.

6.6. TRATAMENTO DOS DADOS

Os dados, digitados em Programa Epi Info versão 6.0, foram organizados

em tabelas de freqüências absolutas e relativas e comparados a experiências

semelhantes descritas na literatura. Os testes de significância estatística foram

calculados pelo mesmo programa, como nível crítico de p-valor de 0,05.

Foram respondidos 361 questionários, sendo 251 na EPU e 110 na EPA.

115 são do sexo masculino e 119 do sexo feminino. Na Escola pública, 13

adolescentes não informaram a idade e 4 não declararam o sexo.

A distribuição etária dos adolescentes não foi uniforme, como demonstra

a Tabela e Gráfico 1, sendo o grupo da EPA significativamente mais jovem. Essa

diferença motivou a opção pela análise comparativa das duas escolas em dois

grupos etários distintos: o primeiro de 12 a 14 anos de idade e o segundo de 15 a

19. Um segundo motivo foi o modo diverso como esses dois grupos costumam

comportar-se em relação à sexualidade. Foram excluídos do estudo os 13 jovens

que não declararam a idade.

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F MATERIAIS E MÉTODOS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

20

Tabela 1 - Distribuição por idade dos adolescentes da EPU e da EPA, Recife, 2003.

Idades* EPU EPA

Total FA FR FA FR

12 32 13,4 8 7,3 40

13 30 12,6 30 27,3 60

14 25 10,5 27 24,5 52

15 29 12,2 14 12,7 43

16 29 12,2 18 16,4 47

17 47 19,7 8 7,3 55

18 24 10,1 5 4,5 29

19 22 9,2 0 - 22

Total 238** 100,0 110 100,0 348

* idade em anos ** 13 não declararam a idade (ℵ2=15,53, p<0,05).

13,412,6

10,5

12,2 12,2

19,7

10,19,2

7,3

27,3

24,5

16,4

7,3

4,5

0

12,7

0

5

10

15

20

25

30

12 13 14 15 16 17 18 19

Idade (em anos)

Percentagem (%)

PÚBLICA

PARTICULAR

Gráfico 1 - Idade dos adolescentes da EPU e da EPA, Recife, 2003.

APRESE�TAÇÃO E A�ÁLISE DOS DADOS

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

22

7. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

A idade média dos adolescentes da EPU foi 15,4±2,2 anos (p<0,05), e

14,4±1,6 anos (p < 0,05) na EPA.. Em relação ao sexo, na EPU 48,6% eram do

sexo masculino e 49,0% do feminino. Não declaram o sexo 2,4% dos

adolescentes. A EPA apresentou uma distribuição de 52,7% para o sexo

masculino e de 47,3% para o feminino.

A Tabela e Gráfico 2 mostra a situação econômica dos jovens a partir de

suas declarações sobre a renda familiar. Observa-se que o grupo que estuda na

EPA tem uma situação financeira significantemente melhor que os da rede

pública.

Tabela 2 - Distribuição dos adolescentes segundo as rendas

familiares da EPU e da EPA, Recife, 2003.

Renda Familiar* EPU EPA

Total FA FR FA FR

até 5 198 91,6 62 63,3 260

mais de 5 18 8,4 36 36,7 54

Total 216** 100 98 100*** 314

*em salários mínimos **22 não declararam ***10 não declararam (ℵ2= 38,19, p<0,05).

91,6

8,4

63,3

36,7

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

até 5 mais de 5

Renda Familiar

Percentagem (%) PÚBLICA

PARTICULAR

Gráfico 2 - Renda familiar dos adolescentes da EPU e da EPA, Recife, 2003.

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

23

7.1. Conhecimentos acerca dos modos de transmissão do HIV.

Os conhecimentos acerca dos modos de transmissão da AIDS são

insuficientes entre os adolescentes das duas escolas estudadas. Observam-se,

entretanto, alguns diferenciais quando analisados por grupos etários distintos e

comparando-se a EPU e a EPA. Entretanto, observa-se, pela experiência de

vários autores, que o nível de informação, embora da maior importância para a

diminuição da vulnerabilidade do jovem, não garantem um comportamento de

sexo seguro. (Carneiro et al, 2000; Monteiro, 2000). Chicraia et al. (1997) afirmou,

em seu estudo, que quanto às formas de transmissão da AIDS, 90,5 por cento

dos adolescentes sabiam como a doença é transmitida, e as formas mais citadas

foram via sexual (94,1 por cento), sangue (70,6 por cento) e seringas

contaminadas (41,2 por cento).

7.1.1. De 12 a 14 anos

Conforme pode ser observado na Tabela 3, observam-se algumas

diferenças quando são comparadas as respostas das crianças de 12 a 14 anos

das duas escolas.

São semelhantes os conhecimentos relacionados ao sexo vaginal, sexo

anal, sexo oral, esperma, drogas injetáveis com compartilhamento de seringas,

tatuagem com agulhas, sangue/transfusão, leite materno, saliva/beijo, urina,

piscina, picadas de insetos, fezes, menstruação e escarro.

Quando cotejadas as duas escolas, nota-se que são diferentes os

conhecimentos relacionados a algumas variáveis. Os conhecimentos dos

adolescentes da EPA, expressos percentualmente, são mais elevados em relação

a transmissão por manicures (46,1% na EPA contra 28,7% na EPU); uso de

talheres (27,7% na EPA e 20,7% na EPU); masturbação (35,4% na EPA e 18,4%

na EPU); uso de banheiro (30,8% na EPA contra 15,0% na EPU). 9,2% dos

adolescentes da EPU acreditam na transmissão através do abraço, percentual

bem mais elevado do que 1,5% observado entre os da EPA. Outra pergunta

respondida de modo diferente pelos adolescentes das escolas foi a da

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

24

transmissão do HIV através de água contaminada, quando se obteve 20,7% de

respostas positivas na EPU e apenas 7,7% na EPA (Tabela e Gráfico 3).

Nota-se um percentual muito baixo dos que acreditam ser o esperma um

meio transmissor do HIV (59,8% dos adolescentes da EPU e 55,4% da EPA). Os

baixos percentuais dos que acreditam nas formas de transmissão que envolve o

sangue, como tatuagem, compartilhamento de seringas, manicure e menstruação

revelam o elevado nível de vulnerabilidade dos jovens pesquisados. Outro fato a

se notar é quanto aos elevados percentuais dos que acreditam ser possível a

transmissão durante a masturbação, levando a crer que haja diferenças quanto ao

conceito de masturbação.

Tabela 3 - Distribuição dos adolescentes na faixa etária de 12 a 14 anos

segundo conhecimentos sobre os modos de transmissão da AIDS da EPU e da EPA, Recife, 2003.

Modos de transmissão EPU % (*) EPA % (*) valor de p

Sexo vaginal 86,2 87,7 p >0,05

Sexo anal 72,4 70,8 p >0,05

Sexo oral 64,4 53,9 p >0,05

Esperma 59.8 55,4 p >0,05

Drogas Injetáveis 62,1 70,8 p >0,05

Tatuagem 56,3 61,5 p >0,05

Transfusão de sangue 54,0 64,6 p >0,05

Leite materno 27,7 31,0 p >0,05

Manicure 28,7 46,1 p <0,05

Saliva/beijo 28,7 23,1 p >0,05

Água contaminada 20,7 7,7 p <0,05

Talheres 20,7 27,7 p <0,05

Masturbação 18,4 35,4 p <0,05

Urina 17,2 23,1 p >0,05

Piscina 16,1 7,7 p >0,05

Banheiro 15,0 30,8 p <0,05

Picadas de insetos 14,9 6,1 p >0,05

Fezes 13,7 15,4 p >0,05

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

25

Modos de transmissão EPU % (*) EPA % (*) valor de p

Abraço 9,2 1,5 p <0,05

Menstruação 8,0 3,1 p >0,05

Escarro 6,9 9,2 p >0,05

*Cálculo realizado com número total de adolescente correspondente a amostra de cada escola.

86,2

72,4

64,4

59,8

62,1

56,3

54

27,7

28,7

28,7

20,7

20,7

18,4

17,2

16,1

15

14,9

13,7

9,2

8

6,9

87,7

70,8

53,9

55,4

70,8

61,5

64,6

31

46,1

23,1

7,7

27,7

35,4

23,1

7,7

30,8

6,1

15,4

1,5

3,1

9,2

0 20 40 60 80 100

Sexo vaginal

Sexo anal

Sexo oral

Esperma

Drogas Injetáveis

Tatuagem

Transfusão de sangue

Leite materno

Manicure

Saliva/beijo

Água contaminada

Talheres

Masturbação

Urina

Piscina

Banheiro

Picadas de insetos

Fezes

Abraço

Menstruação

Escarro

Modos de transmissão

Percentagem (%)

PARTICULAR

PÚBLICA

Gráfico 3 - Modo de transmissão de AIDS dos adolescentes na faixa etária de 12 a 14 da EPU e da EPA, Recife, 2003.

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

26

7.1.2. De 15 a 19 anos

Quanto aos adolescentes do grupo com idade igual ou superior a 15 anos,

observa-se que, embora ainda insuficientes, há uma melhora do nível dos

conhecimentos sobre os modos de transmissão do HIV.

A análise comparativa entre os conhecimentos dos 151 adolescentes da

EPU e os dos 45 da EPA demonstra a semelhança entre os percentuais de todas

as variáveis pesquisadas, exceto a transmissão através da saliva/beijo (26,5%

dos adolescentes da EPU e 11,1% dos da EPA responderam afirmativamente) e

do leite materno (41,7% dos adolescentes da EPU e 20,0% dos da EPA

responderam acreditar nesse modo de transmissão), verificado na Tabela 4 e no

Gráfico 4.

Tabela 4 - Distribuição dos adolescentes na faixa etária de 15 a 19 anos segundo conhecimentos sobre os modos de transmissão da AIDS da EPU e da EPA, Recife, 2003.

Modos de transmissão EPU % (*) EPA % (*) valor de p

Sexo vaginal 89,4 91,1 p>0,05

Sexo anal 82,1 86,7 p>0,05

Sexo oral 68,9 62,2 p>0,05

Esperma 64,9 60,0 p>0,05

Drogas Injetáveis 80,8 82,2 p>0,05

Tatuagem 62,2 71,1 p>0,05

Transfusão de sangue 68,2 64,4 p>0,05

Leite materno 41,7 20,0 p<0,05

Manicure 44,4 37,8 p>0,05

Saliva beijo 26,5 11,1 p<0,05

Água contaminada 11,3 6,7 p>0,05

Talheres 4,6 2,2 p>0,05

Masturbação 21,9 22,2 p>0,05

Urina 9,3 13,3 p>0,05

Piscina 4,6 2,2 p>0,05

Banheiro 12,6 11,1 p>0,05

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

27

Modos de transmissão EPU % (*) EPA % (*) valor de p

Picadas de insetos 9,3 11,1 p >0,05

Fezes 8,0 4,4 p >0,05

Abraço 4,0 - -

Menstruação 5,3 6,7 p >0,05

Escarro 6,6 8,9 p >0,05

*Cálculo realizado com número total de adolescente correspondente a amostra de cada escola.

89,4

82,1

68,9

64,9

80,8

62,2

68,2

41,7

44,4

26,5

11,3

4,6

21,9

9,3

4,6

12,6

9,3

8

4

5,3

6,6

91,1

86,7

62,2

60

82,2

71,1

64,4

20

37,8

11,1

6,7

2,2

22,2

13,3

2,2

11,1

11,1

4,4

0

6,7

8,9

0 20 40 60 80 100

Sexo vaginal

Sexo anal

Sexo oral

Esperma

Drogas Injetáveis

Tatuagem

Transfusão de sangue

Leite materno

Manicure

Saliva beijo

Água contaminada

Talheres

Masturbação

Urina

Piscina

Banheiro

Picadas de insetos

Fezes

Abraço

Menstruação

Escarro

Modos de Transmissão

Percentagem (%)

PARTICULAR

PÚBLICA

3

Gráfico 4 - Conhecimento dos adolescentes na faixa etária de 15 a 19 anos sobre os modos de transmissão da AIDS da EPU e da EPA, Recife, 2003.

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

28

7.2. Conhecimentos acerca dos modos de prevenção da infecção pelo HIV

Comparando os conhecimentos entre os grupos etários verifica-se que há um

diferencial importante no nível de conhecimento da maioria dos modos de

prevenção pesquisados. A grande importância dada pelos adolescentes a “não

transar com qualquer uma” é uma reprodução do juízo de valor como se prevenir

a AIDS fosse um critério de seleção socialmente construído como diria Giami &

Schiltz (1996) apud MONTEIRO (2002, p.104), segundo o qual:

Os critérios utilizados pelos indivíduos não são sempre determinados por uma

racionalidade que visa a proteção do HIV, refletindo a adaptação de critérios

tradicionais de seleção de parceiros, reformulados pela linguagem de prevenção.

MONTEIRO (2002, p.106) conclui em seu estudo que:

Os dados apresentados até então indicaram nexo entre o sentido de proteção e

o significado social do mundo conhecido (familiar; da ‘casa’, ordem) em

contraposição às ameaças do universo conhecido (estranho; da ‘rua’, desordem).

Tal perspectiva não foi evidenciada apenas na lógica dos(as) jovens

entrevistados(as) em relação aos riscos do HIV, mas também nos critérios

utilizados por diferentes grupos sociais em relação ao uso do preservativo.

Para Paiva et al. (2002, p.55-78), uma das dificuldades encontradas, consenso na

avaliação, realizada em 1999, de vários grupos jovens de São Paulo é:

Apesar de acharem que qualquer pessoa pode ter AIDS, muitos acreditam que

com “a vida que levam não vão se contaminar”. “Conhecem” e confiam em seus

namorados e namoradas porque: “elas não usam drogas” ou “ele não transa com

qualquer pessoa”. Com parceiros ainda “desconhecidos” tendem a lembrar e

usar mais o preservativo. A camisinha tem se tornada mais conhecida deles e

delas sabem que precisam usá-la, mas é para o começo da relação, quando

“não conhecem bem a pessoa”. Apaixonar-se é uma dica para deixar de usá-la.

7.2.1. De 12 a 14 anos

Segundo os dados apresentados na Tabela e Gráfico 5, os conhecimentos acerca

da prevenção da AIDS diferem entre os adolescentes das duas escolas, em

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

29

relação à maioria das variáveis pesquisadas. São semelhantes os conhecimentos

acerca da importância do uso de preservativo, não transar com qualquer um(a),

transfusão com sangue previamente testado contra HIV, o uso de

anticoncepcionais orais e de antibióticos. Porém, é preocupante os elevados

percentuais dos que referiram que não transar qualquer um(a), monogamia,

abstinência sexual, o uso anticoncepcionais orais, coito interrompido e o uso de

antibióticos, respectivamente, podem prevenir a AIDS, principalmente, nos

adolescentes da EPU.

Tabela 5 - Distribuição dos adolescentes na faixa etária de 12 a 14 anos segundo conhecimentos sobre os modos de prevenção da AIDS da EPU e da EPA, Recife, 2003.

Modos de prevenção EPU % (*) EPA % (*) valor de p

Preservativo 90,8 98,5 p >0,05

Não transar com qualquer um(a) 85,1 80,0 p >0,05

Monogamia 65,5 44,6 p <0,05

Transfusão sangüínea 50,6 56,9 p >0,05

Abstinência sexual 35,6 15,4 p <0,05

Seringas esterilizadas 34,5 66,2 p <0,05

Anticoncepcionais orais 28,7 23,1 p >0,05

Evitar portadores de HIV 22,9 9,2 p <0,05

Não doar sangue 22,9 7,7 p <0,05

Coito interrompido 21,8 6,2 p <0,05

Antibióticos 18,4 9,2 p >0,05

Evitar multidões 14,9 3,1 p <0,05

DIU 11,5 3,1 p <0,05

*Cálculo realizado com número total de adolescente correspondente a amostra de cada escola.

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

30

90,8

85,1

65,5

50,6

35,6

34,5

28,7

22,9

22,9

21,8

18,4

14,9

11,5

98,5

80

44,6

56,9

15,4

66,2

23,1

9,2

7,7

6,2

9,2

3,1

3,1

0 20 40 60 80 100 120

Preservativo

Não transar com qualquerum(a)

Monogamia

Transfusão sangüínea

Abstinência sexual

Seringas esterilizadas

Anticoncepcionais orais

Afastar-se dos portadoresde HIV

Não doar sangue

Coito interrompido

Antibióticos

Evitar multidões

DIUModos de prevenção

Percentagem (%)

PARTICULAR

PÚBLICA

Gráfico 5 - Conhecimentos dos adolescentes sobre os modos de prevenção da AIDS da EPU e da EPA na faixa etária de 12 a 14 anos, Recife, 2003.

7.2.2. De 15 a 19 anos

Verifica-se nesse grupo etário que há uma inversão nos percentuais de

conhecimento dos adolescentes da EPA em relação aos da EPU quanto aos

modos de prevenção: monogamia, abstinência sexual, anticoncepcionais orais,

não doar sangue, coito interrompido, antibiótico e uso do DIU. Permanecendo, no

mesmo patamar, os percentuais acerca de não transar com qualquer um(a), nos

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

31

dois grupos etários, perdendo somente para uso de preservativo, o qual se

manteve em primeiro lugar como forma de se evitar a AIDS. (Tabela e Gráfico 6).

Tabela 6 - Distribuição dos adolescentes na faixa etária de 15 a 19 anos

sobre modos de prevenção da AIDS da EPU e da EPA,

Recife, 2003.

Modos de prevenção EPU % (*) EPA % (*) Valor de p

Preservativo 98,7 100,0 p >0,05

Não transar com qualquer um(a) 73,5 71,1 p >0,05

Monogamia 42,4 51,1 p >0,05

Transfusão sangüínea 49,0 53,3 p >0,05

Abstinência sexual 19,2 13,3 p >0,05

Seringas esterilizadas 45,7 60,0 p >0,05

Anticoncepcionais orais 12,6 17,9 p >0,05

Afastar-se dos portadores de HIV 11,3 4,4 p >0,05

Não doar sangue 7,3 11,1 p >0,05

Coito interrompido 16,6 17,8 p >0,05

Antibióticos 2,7 4,4 p >0,05

Evitar multidões 5,3 4,4 p >0,05

DIU 3,9 6,7 p >0,05

*Cálculo realizado com número total de adolescente correspondente a amostra de cada escola.

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

32

0 20 40 60 80 100 120

Preservativo

Não transarcomqualquer um(a)

Monogamia

Transfusão sangüínea

Abstinência sexual

Seringas esterilizadas

Anticoncepcionaisorais

Afastar-se dosportadores de HIV

Não doar sangue

Coito interrompido

Antibióticos

Evitar multidões

DIUModos de prevenção

Percentagem (%)

PARTICULAR

PÚBLICA

Gráfico 6 - Conhecimentos dos adolescentes na faixa etária de 15 a 19 anos sobre os modos de prevenção da AIDS da EPU e da EPA, Recife, 2003.

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

33

7.3. Atitudes e Práticas

7.3.1. Início da vida sexual

Na EPU, 27,0% adolescentes da amostra analisada declararam já ter

iniciado a vida sexual com no mínimo um parceiro. Na EPA, 33,6% fizeram essa

mesma afirmação. A idade média em que tiveram a primeira relação sexual foi de

14,2 anos na EPU e 13,3 na EPA. Segundo Hoyos e Sierra (2001) em seus

estudos com adolescentes, o início da relação sexual por coito foi de 15,9±1,7

anos, com um desacordo com a EPA, que se figura menor. Monteiro (2002)

observa em seus estudos que a média de idade para o início da relação sexual

prevalece entre 13 a 15 anos, estando esta média em acordo com a encontrada

neste estudo, mais segundo a autora em desacordo com a média nacional (de

16,7 entre os homens e 19,5 entre as mulheres).

7.3.2. Freqüência de uso de preservativo

A freqüência do uso sistemático do preservativo entre os adolescentes da

EPU foi significativamente menor do que entre os adolescentes da EPA, 50,8% e

71,4% respectivamente (χ2= 3,94, p<0.05) – Tabela e Gráfico 7. MONTEIRO

(2002) afirma que fatores como não envolvimento amoroso, o desconhecido do

âmbito familiar, a falta de presença social na comunidade, o visual feio, sujo e

imoral e a relação de natureza casual, paga ou profissional são orientadores do

uso do preservativo. Hoyos e Sierra (2001) encontraram em sua pesquisa,

percentuais de 52,0% e 22,7% na freqüência de uso, respectivamente, em

estratos sociais mais elevados e mais baixos. Segundo Paiva et al (2002) os

percentuais de uso sistemático do preservativo no Brasil não passavam de 5% em

1986 e se elevou para 50,0% em 1999. Carneiro et al (2003) encontraram 65%

em EPU do bairro da Várzea, no Recife, onde depoimentos dos adolescentes

referiam forte influência da mídia televisiva como motivo da mudança de

comportamento. Tais literaturas acordam com as informações geradas por este

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

34

estudo, levando a pertinência de que em EPU seja de estratos sociais mais baixo

e EPA mais alto.

Tabela 7 – Distribuição dos adolescentes com vida sexual ativa segundo freqüência do uso de preservativos da EPU e da EPA, Recife, 2003.

Freqüência do

uso preservativo

EPU EPA

FA FR FA FR

Sempre 32 50,8 25 71,4

Às vezes 31 49,2 10 28,6

TOTAL 63* 100,0 35** 100,0

χ2= 3,94, p<0.05 * 1 não declarou ** 2 não declararam

50,8 49,2

71,4

28,6

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Sempre Às vezesFreqüência do uso de preservativo

Percentagem (%)

PÚBLICA

PARTICULAR

Gráfico 7 - Freqüência do uso de preservativos dos adolescentes com vida sexual ativa da EPU e da EPA, Recife, 2003.

7.3.3. Número de parceiros

O número de parceiros sexuais dos adolescentes foi semelhante nas duas

escolas. Na EPU, 40,4% tiveram apenas um parceiro e 29,0% na EPA (Tabela e

Gráfico 8). Hoyos e Sierra (2001) referem que os 60,4% dos adolescentes por

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

35

eles estudados em Guadalajara tiveram um parceiro sexual e que dos 39,6% dos

que declararam mais de um tinham 4,4±4,5 parceiros, em média.

Tabela 8 - Distribuição dos adolescentes com vida sexual ativa segundo

número de parceiros da EPU e da EPA, Recife, 2003.

Número

de parceiros

EPU EPA

FA FR FA FR

1 23 40,4 9 29,0

2 e mais 34 59,6 22 71,0

Total 57* 100,0 31** 100,0

*7 adolescentes não informaram *6 adolescentes não informaram (χ2= 1,11, p<0.05).

40,4

59,6

29

71

0

10

20

30

40

50

60

70

80

1 2 e mais

Número de parceiros

Percentagem (%)

PÚBLICA

PARTICULAR

Gráfico 8 - Número de parceiros dos adolescentes com vida sexual ativa da EPU e da EPA, segundo número de parceiros, Recife, 2003.

7.3.4. Motivos do não uso de preservativo

Os maiores percentuais dos motivos que justificavam o não uso do

preservativo foram à confiança do parceiro (21,3%), a recusa do parceiro (19,7%)

e a diminuição do prazer (16,4%) – Tabela e Gráfico 9. Para Monteiro (2002) o

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

36

uso e não uso do preservativo é definido em função da percepção que se tem do

parceiro: o conhecido/familiar dá a noção de proteção e vincula o

desconhecido/estranho a uma perspectiva ameaçadora. Paiva (2002) refere que

os adolescentes usam com maior freqüência o preservativo com parceiros

eventuais, mas não com o namorado ou parceiro fixo.

Tabela 9 - Distribuição dos adolescentes com vida sexual ativa segundo

motivo do não uso de preservativo da EPU e da EPA, Recife,

2003.

Motivo do não uso de

preservativo

EPU EPA

FA FR FA FR

Confiança no(a) parceiro(a) 13 21,3 12 37,4

Recusa do parceiro(a) 12 19,7 4 12,5

Diminuição do prazer 10 16,4 6 18,8

Outros * 26 42,6 10 31,3

TOTAL 61 100,0 32 100,0

* Correspondem a: “Não tem acesso”, “Está apaixonado”, “Receio em sugerir o uso do preservativo” e “Não lembrar de

usar”.

21,319,7

16,4

42,6

37,4

12,5

18,8

31,3

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Conf iança no(a) parceiro(a) Recusa do parceiro(a) Diminuição do prazer Outros

Motivos do não uso de preservativo

PERCENTAGEM (%) PÚBLICA

PARTICULAR

Gráfico 9 - Motivos do não uso de preservativo nos adolescentes com vida sexual ativa da EPU e EPA, Recife, 2003.

CO�CLUSÕES

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F CONCLUSÕES

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

38

8. CONCLUSÕES

Os resultados do presente trabalho permitem concluir: 1. De um modo geral, os conhecimentos dos adolescentes das duas escolas

sobre os modos de transmissão e de prevenção da AIDS são insuficientes,

embora melhorem com o aumento da idade;

2. Embora mais elevados do que o encontrado por outros pesquisadores, os

percentuais dos adolescentes que usam preservativo em todas as relações

sexuais são limitados;

3. É elevado o percentual dos adolescentes que revelaram mais de um parceiro

sexual;

4. No que diz respeito ao processo cognitivo, os adolescentes de ambas as

escolas apresentam níveis variados de vulnerabilidade individual à infecção pelo o

HIV, o mesmo acontecendo em relação ao comportamento.

5. Em relação ao comportamento, os adolescentes da EPU são mais vulneráveis

do que ao da EPA;

6. É necessário que novos estudos mais aprofundados sejam realizados, para

que sempre haja diante deles uma possibilidade de avaliação das dinâmicas da

epidemia e com isto sejam reformulados e criados novos processos para conter a

sua progressão.

RECOME�DAÇÕES

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F RECOMENDAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

40

9. RECOME�DAÇÃO

É preciso que haja uma elaboração de um projeto de educação preventiva

e continuada que considere os resultados deste estudo a fim de que se trabalhe a

sexualidade, numa proposta pedagógica interativa, conduzindo a uma promoção

de saúde completa. Que se resgate a idéia de cidadania e eqüidade social

durante todo e qualquer trabalho a ser desenvolvido na área de saúde reprodutiva

nestas instituições, de forma a visualizar junto aos adolescentes suas

vulnerabilidades individual e coletiva e de um modo mais específico, que seja

reforçado a atenção das questões das atitudes e comportamentos de risco para

infecção do HIV e logo, que seja pertinente, considerações em relação aos

estratos sócio-econômicos e culturais de cada grupo etário e social,.

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2

REFERÊ�CIAS BIBLIOGRÁFICAS

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

42

10. REFERÊ�CIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ALMEIDA FILHO, Naomar de; ROQUAYROL, Maria Zélia. Introdução à

Epidemiologia Moderna. 2. ed. Belo Horizonte: COOPMED, 1992. 186p.

2. AYRES, José R; França JR, Ivan; CALAZANS; Gabriela; SALETTI FILHO,

Haraldo. Vulnerabilidade e prevenção em tempos de AIDS. In: BARBOSA, R.;

PARKER, R. (org.) Sexualidades pelo avesso. São Paulo: Editora 34, 1999.

c.1. p. 1ª.

3. AYRES, J.R. Vulnerabilidade e avaliação de ações preventivas. São Paulo:

Eletrônica, 1996

4. AYRES, José; FIGUEIREDO, Regina. Intervenção comunitária e redução da

vulnerabilidade de mulheres as AIDS em São Paulo, SP. Rev.Saúde pública

v.36 n. 4[citado 04 abril 2003], p.96-107, supl. SãoPaulo ago. 2002. Disponível

em: world wide web: < http;//www.scielo.br/scielo.php?script=sci-

arttext&pid=S0034-89102002000500014&1ng=pt&nrm=iso > Acesso em: 04

Abr. 2003.

5. BARBOSA, Regina M. “Negociação sexual ou sexo negociado? Poder,

gênero e sexualidade em tempo de AIDS”. In: BARBOSA, Regina Maria;

PARKER, Richard (org.) Sexualidade pelo avesso: direitos, identidsde e

poder. Rio de Janeiro: IMS/UERJ; São Paulo: Ed. 34, c. 5. p. 74-85,1991.

6. BOLETIM, AIDS e pobreza. VERIANO, Terto. Abia nº 44, jan/mar, 2000.

7. BOLETIM, AIDS em tempos de globalização. PARKER, Richard. Rio de

Janeiro: ABIA, nº 44, jan/mar, 2000.

8. BOLETIM, informativo AIDS. Governo de Pernambuco. Secretaria de Saúde.

Maio/agosto de 2002. Ano II. Nº 2. Tabela 2. Casos de AIDS, por faixa etária.

Pernambuco, 1983-2002.

9. BOLETIM, O mundo e a AIDS. VERGUEIRO, Francisca GTPOS. Nº 21

ago/set, 2001.

10. BRASIL. Ministério da Saúde. Comissão Nacional de DST/AIDS. Pesquisa

nacional sobre doenças sexualmente transmissível e AIDS. Brasília, 1997.

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

43

11. CARNEIRO, Rosa et al. Conhecimentos, práticas de risco e percepções

de adolescentes sobre AIDS, em EPU do Recife, 2003. Livro de resumos do

2o Seminário Internacional/ 1o Seminário Norte-Nordeste: Homens,

Sexualidade e Reprodução/Tempos, práticas e vozes promovido pelo Instituto

Papai, Fages, Nepo e Pegapacapá. Recife, 2003. p.37

12. CAMERON, C. Assistência. In: MANN, J., TARANTOLA, D.J.M., NETTER,

T.W. A AIDS no mundo. Rio de Janeiro, Relume Dumará: ABIA, IMS, UERJ,

1992. 321p.

13. CHEQUER, Euclides A. de Castilho; Pedro. Situação e tendências. A

epidemia de AIDS no Brasil. C.9.

14. CHICRAIA, M. A et al. Conhecimento, atitudes e práticas relacionadas à

DST/AIDS: avaliação de adolescentes atendidos em uma unidade de

atenção primária. Rio de Janeiro: DST j. bras. doenças sex. transm, v.9, n.3,

p. 10-5, mai-jun. 1997.

15. FOLHA ONLINE, Veja a relação do Índice de Desenvolvimento Humano

nos Estados. C. 8. p. 1, dez. 2002. Disponível: em world wide web:

<http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u65592.shtml> Acesso em:

04 Abr.de 2003.

16. GOMES, Waldelene de Araújo et al. Educação para sexualidade. IN: COSTA,

Maria Conceição O., SOUZA, Ronald Pagnoncelli. Adolescência – Aspectos

clínicos e psicossociais. São Paulo: Artemed Editora Ltda, 2002, c. 28, p.

283-388

17. GUERRIERO, Iara C. Z. Gênero e vulnerabilidade ao HIV: um estudo com

homens na cidade de São Paulo. 2001. p. 171-187. Tese (mestrado em

psicologia clínica) Pontíficia Universidade Católica. São paulo. c. 3.

18. GUNTHER, I.A. Adolescência e projeto de vida, IN: SHOR, N.; MOTA,

M.S.F.T.; CASTELO, V. Cadernos juventudes, Saúde e Desenvolvimento.,

Brasília: Ministério da Saúde, 1999.

19. HEARST, Norman; GUERRIERO, Iara. Masculinidade e vulnerabilidade HIV.

ao de homens heterossexuais, Saõ Paulo, SP. Rev. Saúde Pública v.36

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

44

n.4[citado 04 abril 2003], p.50-60, supl. São Paulo ago. 2002. Disponível em:

world wide web:<http;//www.scielo.br/scielo.php?script=sci-arttext&pid=S0034-

891020020050008&1ng=pt&nrn=iso >Acesso em: 04 Abr. 2003.

20. HEARST, Norman; PAIVA; PERES, Camila; ANTUNES, Maria Cristina.

Diferenças na prevenção da AIDS entre homens e mulheres jovens de escolas

Públicas em São Paulo, SP. Rev. Saúde Pública v.36 n.4[citado 04 abril

2003], p.88-95, supl. São Paulo ago. 2002. Disponível em: world wide web:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci-arttext&pid=Soo34-

89102002000500013&ing=pt&nrn=iso>. Acesso em: 04 Abr. 2003.

21. HEILBOBRN, Maria L.; GOUVEIA, Patrícia F. “Marido é tudo igual”:

mulheres populares de sexualidade no contexto da AIDS. In BARBOSA,

Regina Maria; PARKER, Richard (org.). Sexualidades pelo avesso: direitos,

identidade e poder. Rio de Janeiro: IMS/URJ; São Paulo: Ed. 34, 1999. c. 4.

p. 176-197.

22. HOYOS, Ramiro Caballero; SIERRA, Alberto Villaseñor. El estrato

socioeconómico como factor predictor del uso constante de condón en

adolescentes. Rev. Saúde Pública. v.35, n.6, São Paulo, dez 2001. [ 15 junho

2003] Disponível em : <

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-

89102001000600006&lng=p&nrm=iso >.

23. MAINIERI, Alberto Escofano et al. Problemas relacionados com sexualidade.

IN: COSTA, Maria Conceição O., SOUZA, Ronald Pagnoncelli. Adolescência

– Aspectos clínicos e psicossociais. São Paulo: Artemed Editora Ltda,

2002, c. 21, p. 211-219.

24. MONTEIRO, Simone. Qual prevenção? AIDS, sexualidade e gênero em

uma favela carioca. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2002. 148 p. p.101.

25. OMS – Organização Mundial de Saúde. Global AIDS News, n.1, 1995

26. PAIVA, Vera. Sem mágicas soluções: a prevenção do HIV e dá AIDS

como um processo de emancipação psicossocial. Fortaleza, agosto de

2001(no prelo.) c. 2.

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

45

27. __________. Fazendo arte com a camisinha: sexualidades jovens em

tempo de AIDS. São Paulo: Summus, 2000.

28. PAIVA, Vera; PERES, Camila & BLESSA, Cely. Jovens e adolescentes em

tempos de AIDS reflexões sobre uma década de trabalho de prevenção.

Psicol. USP. [online]. 2002, Vol. 13, nº 1[citado 04 abril 2003], p.55-78.

Disponível em: World Wide Web:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sciarttext&pid=S010365642002001000

04&1ng=pt&8nrm=iso >. ISSN0103-6564. Acesso em: 04 Abr. 2003.

29. PARKER, Richard. Na contramão da AIDS – Sexualidade, intervensão,

política.São Paulo: Editora 34 Ltda, 2000, 160p.

30. PINTO, Lorene Louise et al. DSTs e AIDS. IN: COSTA, Maria Conceição O.,

SOUZA, Ronald Pagnoncelli. Adolescência – Aspectos clínicos e

psicossociais. São Paulo: Artemed Editora Ltda, 2002, c. 23, p. 232-248.

31. RICTH, Flávia. Adolescência, sexualidade e família. 48ª Reunião da

Associação Brasileira de Antropologia, Salvador, Bahia, 1996.

32. SOUZA, Ronald Pagnoncelli et al. Comportamento sexual. IN: COSTA, Maria

Conceição O., SOUZA, Ronald Pagnoncelli. Adolescência – Aspectos

clínicos e psicossociais. São Paulo: Artemed Editora Ltda, 2002, c. 20, p.

200-210.

33. SPINK, Mary J. P. Aspectos psicossociais e a vulnerabilidade feminina –

Revista A Folha Médica, da Universidade Federal de São Paulo, Escola

Paulista de Medicina. São Paulo, c. 6. p. 41-46, jan/fev/mar. 1999.

A�EXOS

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F ANEXOS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

47

ANEXO I

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título: VULNERABILIDADE A AIDS EM ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA E UMA PARTICULAR, RECIFE, 2003. Autores: Ildebrando Leite de Souza Solange Sales Albuquerque de Barros Salatiel Felix Ferreira Orientadora: Maria Ilk Nunes de Albuquerque Esta pesquisa pretende identificar a vulnerabilidade a AIDS de escolas públicas e particulares do Recife, na faixa etária de 12 a 19 anos. Os dados serão coletados a partir da aplicação de um questionário auto-aplicável com questões de múltipla escolha durante 05 dias, a contar da permissão para realização do estudo, respeitando a confidencialidade não incorrerá em dano físico ou psicológico e garantindo a participação ou retirada do voluntário, assim como o esclarecimento de suas dúvidas. As informações aqui obtidas serão utilizadas para avaliar e posteriormente melhorar o nível de conhecimento sobre os fatores que determinam a vulnerabilidade dos adolescentes à AIDS. A coleta dos dados será realizada nas escolas, nos dias e horários previamente estabelecidos, em comum acordo com o usuário e diretores(as) das escolas. Este estudo não incorrerá em ônus nem constituirá riscos ou prejuízos para os participantes, obedecendo desta maneira as normas estabelecidas pela resolução Nº 196/96, dos Conselhos Nacionais de Saúde, que trata sobre a condução das pesquisas envolvendo seres humanos; Vale notar que este consentimento poderá ser revogado a partir do momento em que você desejar participar como voluntário deste estudo. Informamos ainda, que os dados serão tabulados, agrupados em tabelas e figuras, apresentados em frequências absolutas e relativas e comparados a experiências semelhantes descritas na literatuira. Os quais poderão ser apresentados em eventos científicos de âmbito nacional e internacional e divulgados em revistas científicas. Eu, _______________________________________responsável pelo menor_______________________________________afirmo que li e compreendi a natureza e o objetivo da pesquisa, do qual o menor sob minha responsabilidade participará, concordando voluntariamente que ele participe deste estudo. Declaração da testemunha: Fui testemunha do menor e da assinatura do mesmo. Nome: _____________________________________________Data: _________ Assinatura: ______________________________________________________

SOUZA, ILDEBRANDO L. DE; BARROS, SOLANGE S. A.DE; FERREIRA, SALATIEL F ANEXOS

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

48

Anexo II

VULNERABILIDADE À AIDS DE ADOLESCENTES

QUESTIONÁRIO

OBS: Considere S para SIM e N para NÃO, no item I. I – INFORMAÇÕES PESSOAIS 01. Escola: Pública( ) Particular( ) 02. Série

03. Sexo: Masc.( ) Fem.( ) 04. Idade

05. Renda familiar aproximada: (SM = Salário Mínimo) até 01 SM( ) de 01 a 05 SM( ) de 05 a 10 SM( ) mais de 10 SM( )

II – CONHECIMENTOS 01. Qual (is) a(s) forma(s) de transmissão de AIDS que você conhece?

Saliva/beijo( ) Urina( ) Ar (tosse/espirro) ( ) Leite materno( ) Sexo anal( ) Massagens( ) Roupas íntimas( ) Sexo oral( ) Esperma( ) Talheres( ) Água contaminada( ) Dentista( ) Lágrima( ) Sexo vaginal( ) Assento( ) Através da pele( ) Carícias( ) Banheiro( ) Abraço( ) Drogas injetáveis (agulhas

compartilhadas) ( ) Piscina( )

Escarro( ) Doação de Sangue (materiais descartáveis) ( )

Fezes( )

Manicure( ) Picadas de insetos( ) Sangue/Transfusões( ) Suor( ) Tatuagem (com agulhas) ( ) Menstruação Masturbação( ) Outro(s)? Qual(is)? 02. Como você acha que se previne AIDS? Uso de preservativo (camisinha) ( )

Transfusões com sangue previamente testado contra HIV( )

Não doar sangue( )

Uso de seringas esterilizadas( )

Abstinência sexual (não fazer sexo) ( )

DIU( )

Anticoncepcionais Orais( )

Monogamia (sexo com um único parceiro) ( )

Coito interrompido (gozar fora) ( )

Evitar multidões ( ) Afastando-se dos portadores de HIV ( ) Antibióticos( ) Não transar com qualquer um(a) ( ) Outro(s)? Qual(is)? lll – ATITUDES E PRÁTICAS lll.A 01. Já teve relação sexual com penetração? Sim( ) Não( ) lll.B – (Item reservado às pessoas que já tiveram relação sexual) 01. Com que idade você teve sua primeira relação sexual com penetração? 02. Nas relações sexuais, tem o hábito de usar preservativo? Sempre( ) Frequentemente (mais de 50% das vezes) ( ) Algumas vezes (10-50%) ( ) Raramente (menos de 10% das vezes) ( ) 03. Quando não usa, qual o motivo? Não tem acesso( ) Recieo em sugerir o uso do preservativo ( ) Recusa do(a) parceiro(a) ( ) Confiança no(a) parceiro(a) ( ) Diminuição do prazer( ) Não lembra de usar( ) Está apaixonado(a) ( ) Outro(s) Qual(is)?