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MARQUES, J. H. S. e OLIVEIRA, I. B. Águas Subterrâneas - Seção Estudos de Caso e Notas Técnicas, 2020. 1
Alerta: Os artigos publicados nesta seção não são avaliados por pares e não são indexados. A intenção da seção ECNT é prover um espaço para divulgação
de dados e estudos de interesse local, sem caráter científico. Sendo assim, a Revista Águas Subterrâneas não se responsabiliza pelo conteúdo publicado.
Disclaimer: Articles published in this section are not peer-reviewed and are not indexed. The intention of the ECNT section is to provide a space for the
dissemination of data and studies of local interest, with no scientific character. Therefore, Revista Águas Subterrâneas is not responsible for this content.
Vulnerabilidade dos Aquíferos do Município de Salvador, Bahia, Bra-
sil, utilizando o Método GOD
Vulnerability of Aquifers in the Municipality of Salvador, Bahia, Brazil, using the
GOD Method
Jorge Haroldo de Souza Marques1; Iara Brandão de Oliveira2
1 Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia. 2 Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia.
[email protected], [email protected],
1. INTRODUÇÃO
O município de Salvador já foi conhecido como a “cidade das mil fontes”, pela sua riqueza na produção de água potável de origem
subterrânea, entretanto, muitas das fontes originais da cidade desapareceram e as que ainda restam estão em total processo de
abandono (Araújo, 2012).
Palavras-chave:
Vulnerabilidade de aquíferos.
Método GOD.
Município de Salvador.
Estado da Bahia, Brasil
Resumo
Este trabalho investigou a vulnerabilidade dos aquíferos do município de Salvador, Bahia, Brasil, um sistema aquífero fissural
nos domínios do Complexo Cristalino, e, granular, no domínio das rochas sedimentares. Esse sistema aquífero apresenta-se, em
geral, livre e pouco profundo, com superfície piezométrica em torno de 6m, e zona não saturada dominada por materiais argilo-
areno-siltosos e, eventualmente, arenosos finos. Utilizou-se a metodologia GOD para cálculo da vulnerabilidade intrínseca do
aquífero, através da avaliação numérica dos parâmetros hidrogeológicos do sítio: G (tipo de aquífero), O (tipo de solo), D (pro-
fundidade até o aquífero), todos obtidos com base em interpretação das fichas de perfuração de poços tubulares dos bancos
de dados da CERB e da CPRM/SIAGAS, e de alguns poços de pesquisa, perfurados até o ano de 2006. A metodologia GOD
revelou que a vulnerabilidade natural dos aquíferos da cidade de Salvado é baixa à insignificante nos trechos mais argilosos e
elevados; e, alta à extrema, nos trechos mais arenosos que ocorrem nos vales e baixadas. O mapa das classes de vulnerabili-
dade revelaram os trechos com potencial de água subterrânea não potável, devido a risco de contaminação por atividades
antrópicas nelas instaladas.
Abstract
This work investigated the vulnerability of aquifers in the municipality of Salvador (Bahia, Brazil), a fissural aquifer system on the
crystalline complex domains, as well as granular, on sedimentary rocks. This aquifer system is generally free and shallow, with a
piezometric surface around 6m, and unsaturated zone dominated by clay-sandy-silty and eventually fine sandy materials. The
GOD methodology was used to calculate the intrinsic vulnerability of the aquifer establishing numerical values for the site
hydrogeological parameters: G (aquifer type), O (soil type), D (depth to aquifer), obtained from the field sheet for the tubular
wells drilled until 2006, from CERB and CPRM / SIAGAS databases, and some research wells. The GOD methodology revealed
that the natural vulnerability of the city of Salvador aquifers is low to insignificant in the more clayey and higher areas; and high
to extreme in the sandy areas that occur in the valleys and lowlands. The map of the vulnerability classes revealed the areas
with potential for non-potable groundwater, due to the risk of contamination by anthropogenic activities installed upon them.
Keywords
Aquifer Vulnerability.
GOD Method.
Salvador City.
State of Bahia, Brazil.
DOI: https://doi.org/10.14295/ras.v34i1.29767
Estudos de Caso e Notas
Técnicas
Estudos de Caso e Notas
Técnicas
Estudos de Caso e Notas
Técnicas
MARQUES, J. H. S. e OLIVEIRA, I. B. Águas Subterrâneas - Seção Estudos de Caso e Notas Técnicas, 2020. 2
Segundo Nascimento (2002), como uma parcela das águas subterrâneas do município de Salvador é acessível através de poços rasos ou
cacimbas escavadas manualmente, famílias de baixa renda que habitam os vales e baixadas costumam utilizá-las em estado bruto para
suas necessidades básicas. Também os mananciais subterrâneos representam fonte alternativa de abastecimento nas olericulturas dos
vales e em chácaras e casas de veraneio, devido ao fornecimento irregular da água.
Nascimento (2008) estima que cerca de 5% do total da demanda de água potável do município de Salvador vem de fontes subterrâneas.
Poços tubulares integram o sistema Solução Alternativa Coletiva - SAC, nos 14 Distritos Sanitários do município de Salvador, cujas águas
têm qualidade monitorada pela Vigilância Sanitária de Salvador – VISAMB, (Gois et al. 2012).
Tendo em vista o significativo uso da água subterrânea do município de Salvador, este estudo mapeou a vulnerabilidade de seus
aquíferos, utilizando a metodologia GOD, visando identificar os trechos com risco de contaminação e de fornecimento de água
contaminada aos usuários.
2. ÁREA DE ESTUDO
O Município de Salvador está localizado no Recôncavo Baiano; entre o Trópico de Capricórnio e a Linha do Equador e entre as
coordenadas 08°30’ a 18°30’ de Latitude Sul e 37°30’ a 46°30’ de Longitude Oeste. O clima é Tropical Chuvoso de Floresta, do tipo Af,
segundo a classificação de Köppen, e úmido (B2rÁá), segundo a classificação de Thornthwaite e Matther (SEI, 1999).
A Figura 1 mostra o ordenamento do uso e da ocupação do solo no Município de Salvador, sancionado pela Lei Nº 8.167/2012.
Figura 1 – Planta 02A - Zoneamento. Fonte: Plano de Desenvolvimento Urbano de Salvador - PDDU, 2011.
A geometria territorial do município de Salvador, em formato aproximadamente triangular, forçou o estabelecimento de uma ocupação
urbana expandindo-se nas direções norte e nordeste até o limite municipal norte. A ocupação se deu de forma desestruturada, com os
bairros expandindo-se sobre os espigões topográficos (LIMA, 1995). Em geral, as cumeadas apresentam edificações da classe média a
alta, e as encostas e fundos de vales a ocupação desordenada pela população de baixa renda. Nessa última ocupação, técnicas constru-
tivas precárias, redução da cobertura vegetal e impermeabilização das encostas íngremes, levam à concentração e aceleração do esco-
amento superficial das descargas pluviais, com reflexos nos processos erosivos, e desequilíbrio ambiental.
Segundo o Censo (IBGE 2010) referente ao saneamento básico da cidade do Salvador, 99% da população tem acesso à distribuição de
água potável, mas apenas 85% dos domicílios participam da rede de esgotamento sanitário. O restante da população utiliza fossas sépti-
cas ou não possuem instalações sanitárias. Considerando a localização predominante das edificações de baixa renda nas encostas e
fundos de vales, o não atendimento pela rede geral de esgotamento sanitário facilita o lançamento de águas servidas, in natura, no solo
e subsolo das encostas, contribuindo para desestabilizá-las e/ou contaminar os aquíferos.
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Com relação à disposição dos resíduos sólidos urbanos, embora Salvador conte com o Aterro Metropolitano Centro - AMC, em operação
desde 1997, é frequente encontrar-se lixo disposto nas ruas, acessível à pessoas, roedores e insetos, enquanto aguardam recolhimento
pelo sistema de coleta. Assim, em períodos chuvosos, existe risco real de contaminação das águas pluviais que fluem para os mananciais
superficiais posicionados nos vales, se infiltrando no subsolo e alcançando os aquíferos da cidade.
3. HIDROLOGIA SUPERFICIAL DO MUNICÍPIO DE SALVADOR
As maiores e principais bacias hidrográficas da porção continental do município de Salvador são: Camarujipe (52km²), Cobre (17km²),
Ipitanga (59km²), Jaguaribe (58km²), Lucaia (18km²) e rio das Pedras/Pituaçu, com 28km². O sistema de drenagem é dendrítico, tendo
as suas nascentes situadas no planalto costeiro dissecado, com fluxo no sentido do Oceano Atlântico, exceto as águas da bacia do Cobre,
orientadas para a Baia de Todos os Santos (Nascimento, 2008).
As bacias hidrográficas do município estão dispostas aproximadamente perpendiculares ao sentido da expansão urbana, agravando e
ampliando o contato dos corpos d’água com os esgotos. A Figura 2 apresenta as bacias hidrográficas do Município de Salvador, demar-
cadas no PDDU (2002).
Figura 2 – Bacias Hidrográficas do Município de Salvador Fonte: PDDU (2002) apud Nascimento (2008).
4. GEOLOGIA DO MUNICÍPIO DE SALVADOR
O Município de Salvador apresenta dois domínios geomorfológicos distintos separados pela falha geológica de Salvador. A cidade alta
situa-se sobre o Alto Cristalino, formado por rochas metamórficas do Pré-Cambriano que integram o domínio geotectônico Salvador-
Esplanada (DNPM, 1992). É constituído por granulitos, anfibolitos, granodioritos e granitos. Em Salvador, o domínio ρЄ corresponde a
80% da área total do município (NASCIMENTO, 2008) e, em geral, apresenta-se em superfície profundamente alterado, com a decompo-
sição favorecida pelas águas pluviais, formando um manto regolítico predominantemente argilo-arenoso, com espessuras relativamente
elevadas, com profundidades superiores a 30m, segundo Ribeiro (1991). O sistema de fraturas desenvolvido no ρЄ serve como canal de
percolação das águas, facilitando os processos erosivos que dão origem aos vales, depressões e a rede natural de drenagem fluvial da
cidade. A cidade baixa ergue-se sobre rochas da Bacia Sedimentar do Recôncavo, pertencentes ao Grupo Ilhas, do Cretáceo Inferior. Os
terrenos do Grupo Ilhas aparecem, tanto bordejando a Baia de Todos os Santos, como nos afloramentos das ilhas situadas nesta Baía, e
também na região da cidade baixa. São sedimentos pouco litificados, variando granulometricamente entre argila, silte e areias.
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Esses dois domínios geológicos eventualmente encontram-se sotopostos a sedimentos continentais pouco consolidados da Formação
Barreiras, de idade Plio-Pleistocênica, e sedimentos não consolidados, continentais e marinhos da margem costeira atlântica, datados do
Quaternário. A Formação Barreiras pode ser observada em inúmeras cascalheiras, em áreas de lavra e nos cortes de entrada, apresen-
tando-se com pouca espessura (5 - 10m), podendo alcançar, eventualmente, mais de 30m. Os solos nesta formação são areno-argilosos,
avermelhados ou amarelados, com características geotécnicas equivalentes as do solo do embasamento cristalino (Menezes 1978). Os
sedimentos quaternários se apresentam em ocorrências contínuas ou descontínuas dispostos sobre os domínios do Complexo Cristalino,
do Grupo Ilhas, e, eventualmente, na costa da Baía de Todos os Santos e em suas ilhas. São sedimentos fluviais e costeiros, representa-
dos por dunas, depósitos flúvio-lagunares, terraços arenosos, pântanos em mangues atuais, recifes de corais e de algas coralinas, terra-
ços arenosos deixados acima do nível atual do mar, e depósitos de leques aluviais coalescentes (DNPM, 1983).
5. HIDROGEOLOGIA DO MUNICÍPIO DE SALVADOR
Os sistemas aquíferos de Salvador são hidrogeologicamente distintos, a saber: aquífero fissural (rochas cristalinas) e aquífero granular
(rochas sedimentares). O aquífero fissural ou fraturado ocorre em litotipos do embasamento cristalino, onde as águas encontram-se
armazenadas em fraturas ou fissuras (Lima, 1999). Os aquíferos granulares ocorrem nos sedimentos cretáceos do Grupo Ilhas; nos se-
dimentos terciários e nos quaternários, comumente depositados sobre planícies e vales. Encontram-se também agrupados nesta unida-
de, os aquíferos porosos formados pelo manto de decomposição das rochas cristalinas e pela zona-interface entre a rocha sã e o regolito.
Este último aparece em vários relatórios de poços, constituindo uma via permeável para o fluxo freático (Lima, 1995). O motivo de agru-
pá-los nesta unidade decorre da dificuldade em recolher informações hidrogeológicas específicas destes aquíferos, ou seja, apesar deles
aparecerem distinguidos nos referidos relatórios (de perfuração dos poços tubulares analisados), os dados hidrogeológicos anotados
correspondem ao conjunto das zonas produtoras do perfil. Ressalva-se que, para o manto de decomposição, devido a sua natureza argi-
losa, há dúvidas quanto ao seu comportamento como aquífero livre. Estes aquíferos estão sendo recarregados continuamente por águas
meteóricas.
6. VULNERABILIDADE DE AQUÍFEROS
Existem vários métodos para avaliação da vulnerabilidade das águas subterrâneas à poluição. Por simplicidade, este trabalho utilizou a
metodologia GOD (Foster e Hirata 1988). O método exige três parâmetros: G (grau de confinamento do aquífero); O (grau de consolidação
da zona vadosa) e D (profundidade do nível d’água de um aquífero freático, ou profundidade do topo de um aquífero confinado); todos os
três relacionados com a capacidade intrínseca do ambiente de atenuar a passagem de poluentes pela zona vadosa. A Figura 3 apresenta
os parâmetros e a escala de valores adotados para avaliação do índice GOD de vulnerabilidade do aquífero, segundo Foster et al. (2006).
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Figura 3 – Sistema Para Avaliação do Índice de Vulnerabilidade do Aquífero. Fonte: Foster et al. (2006)
Segundo Hirata (2001) o conceito de vulnerabilidade de aquíferos foi inicialmente utilizado por Le Grand, nos EUA, e Albinet & Margat, na
França, nos anos 1960 e 1970. Em 1987, a conferência internacional realizada nos Países Baixos propôs a definição de vulnerabilidade
de aquíferos como a sensibilidade das águas subterrâneas a uma carga poluente, função apenas das características intrínsecas do aquí-
fero (Duijvenbooden & Waegeningh, 1987). Essa proposição foi adotada por vários autores (Foster e Hirata 1988; Foster 1993; Monteiro
2006; Bovolato 2005; Leite 2006; e Feitosa et al. 2008).
Hirata (2001) ressalta que devido à complexidade de um meio hidrogeológico, os métodos de vulnerabilidade dificilmente classificam os
aquíferos de forma absoluta. À despeito dessa limitação, vários países utilizam para a proteção das águas subterrâneas, basicamente, a
delimitação de perímetros de proteção ao redor de poços e fontes, e os mapas de vulnerabilidade à poluição de aquíferos (Hirata et. al.
1991; Barboza et al. 2007; Afonso et al. 2008; Almarsi 2008; Awawdeh e Nawafleh 2008; Cutrim e Campos, 2010; Muradás et al. 2010).
A literatura reporta muitas experiências de aplicação da metodologia GOD. Seguem alguns registros dos últimos 25 anos, da avaliação da
vulnerabilidade dos seguintes aquíferos: Aquíferos da Região Metropolitana do Recife - PE (CPRM 2001). Região aquífera de Soledade-RS
(Camponogara et al. 2004). Aquíferos na região de Araguaína – TO (Bovolato 2005). Águas subterrâneas da Bacia Sedimentar do Araripe
– CE (Tavares et al 2009). Aquíferos no Alto Aguapeí e Alto Peixe, SP (Monteiro e Peixoto 2013). Águas subterrâneas em Humaitá - AM
(Duarte et al. 2016). Aquíferos do quadrilátero ferrífero – MG (Sabadini et al. 2017). Águas subterrâneas na região semiárida da Bahia,
município de Tucano (Nascimento et al. 2019).
O trabalho desses autores conduziram às seguintes conclusões à respeito do método GOD: a) permite visualizar as diferentes classes de
vulnerabilidade dos aquíferos; b) o mapa de vulnerabilidade é importante para diagnosticar as diferentes suscetibilidades das áreas à
poluição; e c) o método é uma ferramenta útil para o planejamento do uso e ocupação do solo.
7. APLICAÇÃO DO MÉTODO GOD AOS AQUÍFEROS DE SALVADOR E RESULTADOS
Os dados necessários foram coletados nas fichas de perfuração dos poços tubulares da cidade de Salvador, até o ano de 2006, constan-
tes nos bancos de dados da Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia - CERB e da Companhia de Pesquisa de
Recursos Minerais/Sistema de Informações Sobre Águas Subterrâneas - CPRM/SIAGAS, e em relatórios de poços de pesquisa de Cer-
queira Neto (1983).
Feita a análise de consistência dos dados e a seleção dos poços, vários destes poços tiveram de ser georreferenciados in loco com a
utilização de GPS. Outros foram georreferenciados utilizando mapas digitais da Conder (2007), Earth (2007) e Wikimapia (2007).
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O Quadro 1 apresenta a valoração do parâmetro G (grau de confinamento) adotada neste trabalho, adaptado da primeira escala da Figu-
ra 3 de Foster et al. (2006). Foram feitas alterações na valoração da vulnerabilidade dos aquíferos, com valores mais restritivos, por se
tratar de zona urbana.
Quadro 1 – Valoração do Grau de Confinamento. Fonte: Autor, adaptado de Foster et al. (2006).
GRAU DE CONFINAMEN-
TO HIDRÁULICO
Nen
hu
m (
nã
o h
á á
gua
sub
terr
ân
ea
)
Su
rgen
te
Co
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ber
tura
Livr
e (S
up
erfi
cia
l ou
sub
sup
erfi
cia
l)
Valoração 0 0,2 0,5 0,8 1,0
Segundo o Quadro 1, observa-se que o valor 0 (zero) corresponde aos locais sem água subterrânea ou aquífero surgente (não verificado
em Salvador); e o valor 0,8 corresponde a aquífero livre, com zona vadosa igual ou superior a 3m de espessura. Esta situação é frequente
nos relatórios de perfuração, predominando nas regiões medianamente elevadas ou elevadas do relevo, correspondentes as meia-
encostas, morros e altiplanos. O valor 1,0 corresponde a aquífero livre, com zona vadosa inferior a 3m de espessura, considerado neste
trabalho como superficial ou aquíferos sem cobertura. Esta situação é também comum em trechos com relevo mais baixo, corresponden-
tes aos vales e baixadas da costa oriental da cidade, em trechos da costa ocidental e algumas regiões deprimidas, disseminadas na área
de estudo.
O Quadro 2 apresenta a valoração do parâmetro O (tipo litológico) adotada neste trabalho, adaptado da segunda escala da Figura 3, para
adequar-se aos litotipos que ocorrem no Município de Salvador.
Quadro 2 – Valoração do Grau de Cobertura. Fonte: Autor, adaptado de Foster et al. (2006).
ROCHA NÃO CON-
SOLIDADA Argilas
Solos residuais,
argilas siltosa
e/ou arenosa
Silte e/ou areias
argilosas
Areias de granulo-
metria fina a
média, incluindo
dunas
Ausência de cober-
tura
Valoração 0,3 0,4 0,5 0,8 1,0
Segundo o Quadro 2, observa-se que o valor 0,5 corresponde à silte e/ou areias com conteúdo argiloso, material que geralmente compõe
os solos transportados, depositados nos vales e regiões deprimidas do relevo; o valor 0,8 foi atribuído às areias, descritas nos relatórios
de perfuração com granulometria fina a média, incluindo os depósitos arenosos eólicos que formam as dunas; e o valor 1,0 foi atribuído
aos locais desprovidos de estratos geológicos de cobertura, ou estratos com pequena espessura, equivalentes aos locais onde a zona
vadosa (ZV) aparece com espessura inferior a 3m. Repisa-se que a valoração da vulnerabilidade foi mais restritiva em relação ao propos-
to por Foster et al. (2006) por tratar-se de zona urbana.
O Quadro 3 apresenta a valoração do parâmetro D (espessura da zona vadosa) adotada neste trabalho, adaptado da terceira escala da
Figura 3.
Quadro 3 – Valoração da Espessura da Zona Vadosa. Fonte: Autor, adaptado de Foster et al. (2006).
PROFUNDIDADE DO
LENÇOL FREÁTICO OU
TOPO DO AQUÍFERO
CONFINADO
> 50m 20 a 50m 10 a 20m 3 a 10m < 3m
Valoração 0,4 0,6 0,8 0,9 1,0
Segundo o Quadro 3, observa-se que o valor 0,4 foi atribuído à profundidades > 50m, e o valor 0,6 foi atribuído às profundidades (20m -
50m), valores menos restritivos do que o proposto for Foster et al. (2006), porque em Salvador a ZV é predominantemente composta por
conteúdo argiloso que amplia a atenuação. O valor 1,0 atribuído às profundidades < 3m, similarmente ao parâmetro G, ou seja, o refe-
rencial de 3m está atribuído à espessura da zona vadosa para diferenciar os aquíferos livres cobertos, dos livres desprovidos de cobertu-
ra que são mais expostos à contaminação superficial. Também os locais de descarga dos aquíferos foram tomados neste trabalho com
valoração igual a 1,0.
A valoração da vulnerabilidade GOD proposta por Foster et al. (2006), que resulta da multiplicação dos três parâmetros descritos, corres-
ponde à quarta escala da Figura 3, e foi adotada neste trabalho sem qualquer adaptação.
O cálculo da vulnerabilidade GOD desenvolvido para os aquíferos do Município de Salvador corresponde à vulnerabilidade intrínseca, ou
“natural”, desconsiderando-se as alterações antrópicas (de relevo por cortes e/ou aterros em obras de construção civil) ocorridas poste-
riores à elaboração do mapa topográfico e mapa geológico utilizados para a construção do presente trabalho.
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Também foram consideradas na pesquisa as condições recomendadas por Foster (1993): a) quando a zona vadosa apresentou-se com
mais de uma camada litológica, com propriedades hidráulicas distintas entre si, foram utilizados os parâmetros da litologia predominan-
te; b) quando os diferentes estratos geológicos se apresentaram com dimensões semelhantes em um determinado perfil, foram empre-
gados os parâmetros do estrato mais permeável, que resulta em maior vulnerabilidade e tem o fim de melhor proteger o aquífero; c) nos
casos de dúvidas quanto ao grau de confinamento dos aquíferos, estes foram considerados não-confinados, como são os casos de al-
guns trechos onde os poços foram construídos no regolito. Embora haja indícios de que os mananciais subterrâneos se encontram confi-
nados pelas camadas argilosas sobrepostas dos solos residuais, não existe certeza sobre este confinamento. As informações hidrogeoló-
gicas extraídas dos relatórios dos poços, sempre que possível, foram complementadas com informações coletadas em campo (pesquisas
diretas), em mapas geológicos e relatórios de pesquisa, para melhor avaliação da vulnerabilidade
O Quadro 4 apresenta os resultados da aplicação do índice GOD nos diversos cenários hidrogeológicos do Município de Salvador e as
respectivas classes de vulnerabilidade natural determinadas.
Quadro 4 – Classes de Vulnerabilidade para os Aquíferos de Salvador utilizando o método GOD
Tipo de aquí-
fero
Características da zona vadosa Classes de Vulnerabilidade
Espessura
(m)
Litologia dominan-
te
Grau de confina-
mento Litologia Profundidade Índices GOD Classificação
Ausência 0,0 - 0,0 0,0 0,0 0,000 Insignificante
Surgente 0,0 - 0,0 0,0 0,0 0,000 Insignificante
Confinado > 3 Argila 0,2 0,3 0,9 0,054 Insignificante
< 3* - - - - - Extrema
Semi-
confinado
> 50 Areia 0,5 0,8 0,4 0,160 Baixa
>50 Silte/areia argilosa 0,5 0,5 0,4 0,100 Insignificante
20 a 50 Areia 0,5 0,8 0,6 0,240 Baixa
20 a 50 Silte/areia argilosa 0,5 0,5 0,6 0,150 Baixa
20 a 50 Argila silto-
sa/arenosa 0,5 0,4 0,6 0,120 Baixa
20 a 50 Argila 0,5 0,3 0,6 0,090 Insignificante
10 a 20 Areia 0,5 0,8 0,8 0,320 Média
10 a 20 Silte/areia argilosa 0,5 0,5 0,8 0,200 Baixa
10 a 20 Argila silto-
sa/arenosa 0,5 0,4 0,8 0,160 Baixa
10 a 20 Argila 0,5 0,3 0,8 0,120 Baixa
3 a 10 Areia 0,5 0,8 0,9 0,360 Média
3 a 10 Silte/areia argilosa 0,5 0,5 0,9 0,225 Baixa
3 a 10 Argila silto-
sa/arenosa 0,5 0,4 0,9 0,180 Baixa
3 a 10 Argila 0,5 0,3 0,9 0,135 Baixa
< 3* - - - - - Extrema
Livre coberto
> 50 Areia 0,8 0,8 0,4 0,256 Baixa
> 50 Silte/areia argilosa 0,8 0,5 0,4 0,160 Baixa
> 50 Argila silto-
sa/arenosa 0,8 0,4 0,4 0,128 Baixa
> 50 Argila 0,8 0,3 0,4 0,096 Insignificante
20 a 50 Areia 0,8 0,8 0,6 0,384 Média
20 a 50 Silte/areia argilosa 0,8 0,5 0,6 0,240 Baixa
20 a 50 Argila silto-
sa/arenosa 0,8 0,4 0,6 0,192 Baixa
20 a 50 Argila 0,8 0,3 0,6 0,144 Baixa
10 a 20 Areia 0,8 0,8 0,8 0,512 Alta
10 a 20 Silte/areia argilosa 0,8 0,5 0,8 0,320 Média
10 a 20 Argila silto-
sa/arenosa 0,8 0,4 0,8 0,256 Baixa
10 a 20 Argila 0,8 0,3 0,8 0,192 Baixa
MARQUES, J. H. S. e OLIVEIRA, I. B. Águas Subterrâneas - Seção Estudos de Caso e Notas Técnicas, 2020. 8
Tipo de aquí-
fero
Características da zona vadosa Classes de Vulnerabilidade
Espessura
(m)
Litologia dominan-
te
Grau de confina-
mento Litologia Profundidade Índices GOD Classificação
3 a 10 Areia 0,8 0,8 0,9 0,576 Alta
3 a 10 Silte/areia argilosa 0,8 0,5 0,9 0,360 Média
3 a 10 Argila silto-
sa/arenosa 0,8 0,4 0,9 0,288 Baixa
3 a 10 Argila 0,8 0,3 0,9 0,216 Baixa
< 3 - 1,0 1,0 1,0 1,000 Extrema
Livre sem
cobertura < 3 - 1,0 1,0 1,0 1,000 Extrema
8. CONSTRUÇÃO DAS CARTAS DE VULNERABILIDADE E DO MAPA DE VULNERABILIDADE GOD DOS AQUÍFEROS DE SALVADOR
Para elaboração do mapa de vulnerabilidade GOD dos aquíferos do Município de Salvador, foram gerados nove (9) mapas distintos, rela-
tivos aos parâmetros de vulnerabilidade do método. Para gerar o Mapa de Topografia do Terreno (Figura 4), utilizou-se 253 cartas topo-
gráficas do Sistema Cartográfico SICAR-RMS (CONDER, 1992); o PERH (2005) para o limite intermunicipal; o Google Earth (para informa-
ções de localidades) e o ArcGis (para gerar as curvas de nível). O Mapa do Modelo Digital do Terreno – MDT (Figura 5) foi baseado no
mapa topográfico e nas ferramentas do ArcGis. O Mapa de Hidrografia (Figura 6) e o Mapa de Espelhos d’Água (Figura 7) foram construí-
dos retirando-se das cartas topográficas os corpos hídricos; sendo os perenes (espelhos d’água) considerados os locais de exsudação
dos aquíferos. Quanto ao Mapa do Modelo Digital de Elevação da Superfície Saturada do Aquífero – MDSA (Figura 8), foi baseado nos
contornos dos espelhos; nas cotas do terreno e nas cotas do nível estático (NE) dos poços tubulares. O Mapa de Profundidade da Super-
fície Saturada do Aquífero (Figura 9), foi construído à partir dos modelos digitais - MDT e MDSA dos quais obteve-se a profundidade da
superfície saturada do aquífero. O Mapa do Grau de Confinamento dos Aquíferos (Figura 10) utilizou três Shapefiles: o de localização dos
poços, o do grau de confinamento dos poços, e o dos pontos de profundidade do topo do aquífero. O Mapa Geológico do Município de
Salvador (Figura 11) foi compilado do PERH (2005). O Mapa de Características Litológicas da Zona Vadosa (Figura 12) foi construído
inserindo-se as características da unidade litológica da Zona Vadosa (ZV) no mapa geológico. Finalmente o Mapa da Vulnerabilidade GOD
(Figura 13) foi elaborado utilizando-se a ferramenta Raster Calculator do ArcGis, efetuando-se a multiplicação das imagens dos mapas de
Grau de Confinamento do Aquífero; Característica Litológica da Zona Vadosa; e Profundidade da Superfície Saturada dos Aquíferos. Esse
mapa mostra a vulnerabilidade dos aquíferos variando de 0,0 até 1,0, correspondente aos dois extremos da escala: vulnerabilidade
insignificante e extrema, respectivamente. No intervalo entre ambos aparecem: vulnerabilidade baixa (0,1 a 0,3); média (0,3 a 0,5); alta
(0,5 a 0,7); e, finalmente, extrema, a partir de 0,7 até 1,0.
Figura 4 – Mapa da Topografia do Terreno do Município de Salvador. Fonte: Autor
Figura 5 – Mapa do Modelo Digital do Terreno. Fonte: Autor
MARQUES, J. H. S. e OLIVEIRA, I. B. Águas Subterrâneas - Seção Estudos de Caso e Notas Técnicas, 2020. 9
Figura 6 – Mapa da Hidrografia do Município de Salvador. Fonte: Autor
Figura 7 – Mapa dos Espelhos D’Água Selecionados. Fonte: Autor
MARQUES, J. H. S. e OLIVEIRA, I. B. Águas Subterrâneas - Seção Estudos de Caso e Notas Técnicas, 2020. 10
Figura 8 – Mapa do Modelo Digital de Elevação da Superfície Saturada do Aquífero – MDSA. Fonte: Autor
Figura 9 – Mapa da Profundidade da Superfície Saturada do Aquífero. Fonte: Autor
Figura 10 – Mapa do Grau de Confinamento dos Aquíferos. Fonte: Autor
MARQUES, J. H. S. e OLIVEIRA, I. B. Águas Subterrâneas - Seção Estudos de Caso e Notas Técnicas, 2020. 11
Figura 11 – Mapa da Geologia do Município de Salvador adaptado de PERH (2005). Fonte: Autor
Figura 12 – Mapa das Características Litológicas da Zona Vadosa. Fonte: Autor
Figura 13 – Mapa da Vulnerabilidade GOD dos Aquíferos do Município de Salvador. Fonte: Autor
MARQUES, J. H. S. e OLIVEIRA, I. B. Águas Subterrâneas - Seção Estudos de Caso e Notas Técnicas, 2020. 12
9. DISCUSSÃO: VULNERABILIDADE GOD DOS AQUÍFEROS DE SALVADOR
Verifica-se a seguinte correlação entre a litologia do município de Salvador e os índices de vulnerabilidade GOD encontrados (Quadro 4):
A vulnerabilidade extrema, com Índice de Vulnerabilidade GOD (0,7 - 1,0) ocorrem para aquífero livre e superfície freática com profundi-
dade <3m, ou seja, aquífero superficial ou subsuperficial. O aquífero é considerado descoberto e deixam de existir aquíferos confinados
ou semi-confinados. Essas condições estão associadas aos aquíferos granulares formados por rochas sedimentares, bem como cristali-
nas decompostas, nos trechos de relevo baixo.
A vulnerabilidade alta, com Índice de Vulnerabilidade GOD (0,5 - 0,7) correspondem aos aquíferos livre; superfície freática com profundi-
dade entre 3-20m; e zona vadosa constituída por litologia inconsolidada e arenosa. Essas condições estão associadas aos aquíferos
granulares, em relevo levemente a medianamente elevado, nas proximidades das regiões mapeadas como vulnerabilidade extrema,
citadas na classe anterior.
A vulnerabilidade média, com Índice de Vulnerabilidade GOD (0,3 - 0,5) correspondem à três tipos de aquífero. Ao aquífero semi-
confinado; com superfície freática situada entre 3-20m de profundidade; e zona vadosa constituída por litologias arenosas, em geral
associadas ao aquífero sedimentares do Grupo Ilhas, situados em cotas medianamente elevadas ou elevadas. Ao aquífero livre-coberto;
com superfície freática situada entre 20-50m de profundidade; e zona vadosa constituída por litologias arenosas e cotas medianamente
elevadas ou elevadas. Ao aquífero livre-coberto; com superfície freática situada entre 3-20m de profundidade; e zona vadosa constituída
por litologias silto-areno-argilosas, em geral associadas aos aquíferos sedimentares e/ou cristalino-decompostas, em relevo levemente a
medianamente elevado.
A vulnerabilidade baixa, com Índice de Vulnerabilidade GOD (0,1 - 0,3) correspondem à sete tipos de aquífero. Ao aquífero semi-confinado
com teto acima de 20m de profundidade e zona vadosa constituída por litologias arenosas, associados aos aquíferos sedimentares,
arenosos, do Grupo Ilhas, em relevo levemente elevado a elevado. Ao aquífero semi-confinado com teto situado entre 3- 50m de profun-
didade e zona vadosa constituída por litologia areno-argilosa, associadas aos aquíferos sedimentares, silto/areno-argilosas, do Grupo
Ilhas, em relevo levemente elevado a elevado. Ao aquífero semi-confinado com teto entre 3-20m de profundidade e zona vadosa constitu-
ída por litologia argilosa, associadas aos aquíferos sedimentares, argilosas, do Grupo Ilhas, em relevo levemente a medianamente eleva-
do. Ao aquífero livre-coberto com superfície freática situada acima de 50m de profundidade e zona vadosa constituída por litologias are-
nosas, associadas aos aquíferos sedimentares, arenosos, em cotas elevadas. Ao aquífero livre-coberto com superfície freática situada
acima de 20m de profundidade e zona vadosa constituída por litologia silto/areno-argiloso, associadas aos aquíferos sedimentares e/ou
cristalinas-decomposta, em relevo medianamente elevado ou elevado. Ao aquífero livre-coberto com superfície freática situada acima de
3m de profundidade; e zona vadosa constituída por litologia argilo-arenosa/siltosa, associadas aos aquíferos sedimentares e/ou cristali-
nas-decomposta, argilosas, em relevo levemente elevado a elevado. Ao aquífero livre-coberto com superfície freática situada entre 3-50m
de profundidade e zona vadosa constituída por litologia argilosa, associadas aos aquíferos sedimentares e/ou cristalinas-decomposta,
argilosas, em relevo levemente elevado a elevado.
A vulnerabilidade insignificante, com Índice de Vulnerabilidade GOD (0,0 - 0,1) ocorrem em cinco situações. Na ausência de aquíferos,
geralmente associado à região do Complexo Cristalino sem fraturas, ou trechos argilosos em sedimentos do Grupo Ilhas. Em aquífero
confinado com teto acima de 3m de profundidade, sotoposta a uma zona vadosa constituída por litologia argilosa, associada aos aquífe-
ros sedimentares, com conteúdo argiloso, do Grupo Ilhas, em relevo levemente elevado a elevado. Em aquífero semi-confinado com teto
ou superfície semiconfinada situada acima de 50m de profundidade e zona vadosa constituída por litologias areno-argilosas, associadas
aos aquíferos sedimentares, areno-argilosas, do Grupo Ilhas, em relevo elevado. Em aquífero semi-confinado com teto ou superfície se-
miconfinada situada entre 20-50m de profundidade e zona vadosa constituída por litologias argilosas, associadas aos aquíferos sedi-
mentares, de composição argilosa, em relevo medianamente elevado a elevado. Em aquífero livre-coberto com superfície freática situada
acima de 50m de profundidade e zona vadosa constituída por litologias argilosas, associadas aos aquíferos sedimentares e/ou cristalino-
decompostas, argilosas, em relevo elevado.
MARQUES, J. H. S. e OLIVEIRA, I. B. Águas Subterrâneas - Seção Estudos de Caso e Notas Técnicas, 2020. 13
Na Figura 13, o Mapa da Vulnerabilidade GOD dos aquíferos do Município de Salvador, mostra forte correlação com o relevo. Nas áreas
mais elevadas, correspondentes aos morros e altiplanos verifica-se menor vulnerabilidade e nas áreas mais deprimidas, correspondentes
aos vales e baixadas verifica-se maior vulnerabilidade. O mapa também mostra forte correlação da vulnerabilidade com as características
litológicas da zona vadosa. Nos trechos onde predominam os solos residuais de composição argilosa, correspondentes aos morros e
altiplanos (ocorre a menor vulnerabilidade) e onde predominam os solos transportados, de composição areno-argilosa, e os sedimentos
arenosos, representados por dunas, terraços e outros, predominantes nos vales e baixadas (ocorre maior vulnerabilidade)
10. CONCLUSÃO
Os resultados obtidos com o cálculo da vulnerabilidade GOD para os aquíferos do Município de Salvador, estão associados às caracterís-
ticas hidrogeológicas da região e as características do relevo. A vulnerabilidade das águas subterrâneas varia com a espessura do manto
de cobertura e da característica litológica da zona vadosa, sendo mais protegida na região onde a cobertura é mais espessa e argilosa e
menos protegida onde a cobertura se encontra mais delgada e arenosa.
No geral, o mapa de vulnerabilidade mostra que na faixa central da península, nos trechos onde o relevo aparece mais elevado e argiloso,
predomina a vulnerabilidade baixa. Na faixa oriental do mapa, a vulnerabilidade predominante aumenta à medida que se aproxima do
litoral. Na faixa ocidental, região da Bacia do Recôncavo, a vulnerabilidade aparece em correspondência com o relevo, sendo baixa nos
trechos deprimidos e alta nos trechos mais elevados.
A compartimentação do Município de Salvador em áreas de diferentes graus de vulnerabilidade permitiu inferir a fragilidade dos aquífe-
ros ante o risco de contaminação das suas águas por atividades antrópicas desenvolvidas no solo e subsolo urbanos.
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