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Warcraft - O Ultimo Guardiao - Charles L. Grant

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Livro Warcraft - O Ultimo Guardiao - Charles L. Grant

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  • Warcraft - O ltimo Guardio

    Jeff Grubb Traduo para Portugus BR 1.1 (06/12/2011)

    Prlogo

  • A Torre Solitria

    A maior das duas luas havia nascido primeiro naquela noite e agora aparecia completa, de um brancoprateado contra o cu limpo e pontilhado de estrelas. Abaixo do suave luar, os picos das MontanhasCrustarrubra se erguiam aos cus. Sob a luz do dia, o Sol fazia irradiar tons de magenta e ferrugemdos grandes picos de granito, mas sob o luar eles eram reduzidos a altos e orgulhosos fantasmas.Para o oeste encontra-se a Floresta de vora, com as pesadas copas dos carvalhos e aroeirascobrindo a rea desde a base da cordilheira at o mar. Para o leste se espalha o pntano desolado doLamaal Negro, uma terra encharcada, de colinas baixas, com povoados falidos e perigos a espreita.Uma sombra atravessou brevemente a lua, uma sombra do porte de um corvo, indo em direo a umburaco no corao da montanha. Aqui, um naco havia sido retirado do comprimento de Crustarrubraformando uma clareira circular. Pode ter sido o cenrio de um impacto celestial primordial ou amemria de uma exploso de tremer a terra, mas as eras desgastaram a cratera hemisfrica em umasrie de morros ngremes que agora eram coroados pelas altas montanhas ao redor. Nenhuma dasrvores ancis de Elwynn conseguia alcanar tal altitude e o interior do anel de colinas era desolado,salvo por algumas ervas e por emaranhados de vinhas. No centro do anel de colinas fica um rochedonu, to careca quanto a cabea de lorde mercador de Kul Tiras. De fato, a prpria forma ngremecomo o rochedo se ergue, para ento se aplainar no topo, similar a de um crnio humano. Muitoshaviam percebido isso ao longo dos anos, apesar de poucos terem sido suficientemente corajosos,poderosos ou tolos para mencionar o fato ao dono da propriedade. No topo achatado do rochedo seergue uma torre anci, uma protruso grossa e massiva de rochas brancas e cavidades negras, umaerupo feita pelo homem que se atirava sem esforo para o cu, subindo mais alto do que as colinasvizinhas, acesa pelo luar como um farol. Havia uma muralha baixa na base da torre cercando o ptioe, dentro dessa muralha, os restos decadentes de um estbulo e de uma ferraria.

    Mas a torre por si s dominava tudo dentro do anel de colinas. Um dia essa torre fora chamada deKarazhan. Um dia ela fora o lar do ltimo dos misteriosos e secretos Guardies de Tirisfal. Um diaela fora um lugar vivo. Hoje ela estava simplesmente abandonada e perdida no tempo. Havia silnciosobre a torre, mas no calmaria. No abrao da noite, formas quietas esvoaavam de janela em janelae fantasmas danavam ao longo dos balces e parapeitos. Menos do que fantasmas, mais do quememrias, eles eram nada mais do que pedaos do passado que foram deslocados do fluxo do tempo.Essas sombras do passado foram desprendidas pela loucura do proprietrio da torre, e estavamagora condenadas a encenar suas histrias incessantemente no silncio da torre abandonada.Condenados a encenar, mas negados de qualquer audincia para lhes apreciar. Ento no silncio,ouviu-se o leve som de um pisar de bota sobre a pedra, e ento mais um. Um relmpago demovimento sob o plido luar, uma sombra contra a rocha branca, o esvoaar de um capuz vermelho,esfarrapado, no ar frio da noite. Uma figura andava sobre o mais alto parapeito, na torre mais alta,que anos antes servira como observatrio. A porta do parapeito para o observatrio se abriurangendo suas dobradias ancis e ento parou, congelada pela ferrugem e pela passagem do tempo.A figura encapuzada parou um momento, ento ps um dedo na dobradia e murmurou um pequenoconjunto de palavras. A porta abriu silenciosamente, as dobradias como novas. O invasor se deixousorrir. O observatrio estava vazio agora, as ferramentas restantes destrudas e abandonadas. Oinvasor quase to silencioso como se fosse um fantasma pegou um astrolbio despedaado, suaescala torcida em um momento de raiva j esquecido. Agora um mero pedao pesado de ouro, inertee intil em sua mo. Havia mais movimento no observatrio e o invasor ergueu o olhar. Uma figura

  • fantasmagrica estava parada nas proximidades, ao lado de uma das muitas janelas. O fantasma/nofantasma era um homem de ombros largos, cabelo e barba antes negros, mas agora tornando-seprematuramente cinza nas bordas. A figura era um dos pedaos do passado, descolado e agorarepetindo sua tarefa, independente de ter plateia ou no. Por um momento, o homem de cabelosescuros segurou o astrolbio, o gmeo intacto do que estava nas mos do invasor, munido de umpequeno boto em um dos lados. Um momento, uma leitura, e uma virada no boto.

    Suas sobrancelhas negras se contraram sobre olhos verdes fantasmagricos. Mais um momento,outra leitura, outra virada. Finalmente, a figura alta e imponente suspirou profundamente e colocou oastrolbio em uma mesa que j no estava mais l e desapareceu. O invasor acenou com a cabea.Tais assombraes eram comuns mesmo nos dias em que Karazhan era habitada, mas agora, despidado controle (e da loucura) de seu mestre, elas se tornaram mais constantes. Mas esses pedaos dopassado pertenciam a este lugar, enquanto ele no. Ele era o deslocado, no eles. O invasoratravessou o quarto para as escadarias que levavam aos andares inferiores, enquanto atrs dele ohomem velho reapareceu e repetiu suas aes, olhando com seu astrolbio para um planeta que amuito se movera para outras partes do cu. O invasor seguiu para baixo, pela torre, atravessandoandares para alcanar outras escadarias e outros corredores. Nenhuma porta estava fechada para ele,mesmo as trancadas e pregadas, ou seladas pela ferrugem e idade. Algumas palavras, um toque, umgesto e os trincos corriam livres, a ferrugem se dissolvia em pilhas de p, as dobradias serestauravam. Em um ou dois lugares, protees ancis ainda brilhavam, potentes apesar da idade. Eleparou em frente a elas por um momento, pensando, refletindo, buscando em sua memria a senha. Elefalou a palavra correta, fez os movimentos corretos com as mos, destruiu a magia fraca que restavae seguiu em frente. Enquanto movia-se pela torre, os fantasmas do passado se tornavam mais agitadose ativos. Agora com uma audincia em potencial, parecia que esses pedaos do passado queriamdesempenhar, tentando se tornar livres deste lugar. Qualquer som que possussem fora a muito tempoerodido, deixando apenas imagens se movendo atravs dos corredores. O invasor passou por ummordomo ancio, com uniforme negro, o velho atravessando lentamente o corredor vazio, carregandouma bandeja de prata e usando um par de antolhos para cavalos. O invasor passou pela biblioteca,onde uma jovem de pele esverdeada estava parada, de costas para ele, debruada sobre um antigopergaminho. Ele passou pela sala de banquetes, de um lado um grupo de msicos tocandosilenciosamente, danarinos girando sobre si mesmos. Do outro, uma grande cidade queimava, suaschamas colidindo sem efeito contra as paredes de pedra e a tapearia apodrecida. O invasor passoupelas chamas silenciosas, mas seu semblante se fechou, tenso, enquanto ele via mais uma vez apoderosa cidade de Ventobravo queimando ao seu redor.

    Em um quarto, trs moas estavam sentadas ao redor de uma mesa, contando mentiras agoradesconhecidas. Canecas de metal estavam espalhadas pela superfcie da mesa e tambm abaixo dela.O invasor parou, observando essa imagem por um longo tempo, at que uma garonete fantasmatrouxe mais uma rodada. Ento ele chacoalhou sua cabea e seguiu em frente. Ele estava prximo donvel trreo, e saiu para um balco baixo que estava preso precariamente parede, como um ninho devespas sobre a porta principal. L, na vasta rea em frente a torre, entre a entrada principal e o agoradestrudo estbulo no ptio, estava uma nica figura fantasma, s e separada. Ela no se movia comoas outras, apenas ficava l, esperando, em expectativa. Uma parte do passado no libertada, umaparte que esperava por ele. A imagem parada era de um jovem, com uma faixa branca correndo pelosseus cabelos negros desarrumados, como um gamb. Os espaados fragmentos de uma barba recm

  • nascida. Uma mochila batida ao lado de seus ps, segurando com uma fora mortal uma carta com umselo vermelho. Esse certamente no era um fantasma, o invasor sabia, apesar de o dono desta imagemestar possivelmente morto, cado em combate sob o Sol de uma terra estrangeira. Ele era umamemria, um pedao do passado, preso como um inseto no mbar, esperando sua libertao.Esperando sua chegada. O invasor sentou no beiral de pedra da sacada e olhou, alm do ptio, almdo rochedo, alm do anel de colinas. Havia silencio sobre o luar, como se as montanhas elas mesmasestivessem segurando a respirao, esperando por ele. O invasor levantou uma mo e entoou umasrie de palavras. Primeiro vieram suaves as rimas e os ritmos, ento mais altos, finalmente mais altoainda, terminando a calmaria. Distantes, lobos retornaram o canto, num uivo em contraponto. Ento afigura fantasmagrica do jovem, seus ps aparentemente presos na lama, respirou fundo, levou suamochila de segredos para sobre o ombro, e arrastou-se para a entrada principal da torre de Medivh.

  • 1. Karazhan

    Hadggar agarrou a carta de introduo com selo rubro e tentou desesperadamente lembrar seuprprio nome. Ele cavalgara por dias, seguindo diversas caravanas, e finalmente terminara a viagempara Karazhan sozinho atravs da vasta e super crescida floresta de Elwynn. Ento a longa escaladaat as alturas da montanha, para este local isolado, sereno. At o ar parecia frio e defasado. Agora,amargo e cansado, o jovem de barba rala esperava frente do ptio, petrificado por o que tinha quefazer. Se apresentar para o mais poderoso mago de Azeroth. Uma honra, os escolares do Kirin Tordisseram. Uma oportunidade, eles insistiram, que no era para ser desperdiada. Os sbios mentoresde Hadggar, um conclave de escolares e feiticeiros influentes, disseram a ele que eles estavamtentando infiltrar uma cabea amiga na torre de Karazhan a anos. O Kirin Tor queria aprender queconhecimentos o mago mais poderoso das terras escondera em sua biblioteca. Eles queriam saberque pesquisas ele fazia. E mais do que tudo, eles queriam que esse mago dissidente comeasse aplanejar o seu legado, queriam saber quando o grande e poderoso Medivh planejava treinar umherdeiro. O Grande Medivh e o Kirin Tor aparentemente estavam a tempos se desentendendo em umassunto ou outro, e s agora ele pedira por um dos seus membros. S agora ele teria um aprendiz.Seja por um amolecimento da conhecida cabea dura do feiticeiro, ou por meras concessesdiplomticas, ou por um sentimento rastejante da prpria mortalidade do mago, no importava paraos mestres de Hadggar. A simples verdade era que esse poderoso, independente (e para Hadggar,misterioso) feiticeiro pedira por um assistente, e o Kirin Tor, que governava o reinado mgico deDalaran, estava mais do que feliz de conceder. Ento o jovem Hadggar foi escolhido e despachadocom uma lista de instrues, ordens, contraordens, requisies, sugestes, conselhos e outros pedidosde seus mestres feiticeiros. Pergunte a Medivh sobre as batalhas de sua me contra os demnios,pediu Guzbah, seu primeiro instrutor. Descubra tudo o que conseguir sobre histria lfica em suabiblioteca, pediu a senhora Delth. Pesquise seus volumes por quaisquer bestirios, ordenou Alonda,que estava convencida de que havia uma quinta espcie de troll ainda no registrada em seusprprios volumes. Seja direto, bola pra frente, honesto, recomendou Norlan, o Arteso Chefe ogrande Medivh parecia valorizar esses traos. Seja responsvel e faa o que lhe for pedido.Mantenha a postura. Sempre parea interessado. Fique sempre ereto. E acima de tudo, mantenha seusouvidos e olhos abertos.

    As ambies do Kirin Tor no incomodavam Hadggar terrivelmente sua ascenso em Dalaran e suaposio prematura de aprendiz no conclave tornaram claro a ele que seus mentores eraminsaciavelmente curiosos a respeito de mgica em todas as suas formas. Suas continuas acumulaes,catalogaes e definies de magia eram impressas nos novos estudantes j enquanto jovens, eHadggar no era diferente da maioria. Alis, ele reconhecia que a sua prpria curiosidade pode terfavorecido a sua recente situao. Suas prprias perambulaes noturnas pelos corredores daCidadela Violeta em Dalaran haviam levado-o a descobrir mais do que alguns segredos que oconclave preferiria que no fossem chafurdados. O gosto do Arteso Chefe por vinho de chamas, porexemplo, ou a preferncia da senhora Delth por cavalheiros jovens, com uma pequena frao de suaidade, ou a coleo secreta do bibliotecrio Korrigan de panfletos descrevendo (de forma sombria)as prticas de adoradores de demnios histricos. E havia algo a respeito de um dos grandes sbiosde Dalaran, o venervel Arrexis, um dos grandes conselheiros que at os outros respeitavam. Elehavia desaparecido, ou morrido, ou algo horrvel acontecera, e os outros escolheram por no fazermeno a isso, chegando ao ponto de extirpar o nome de Arrexis dos volumes e no falar a seu

  • respeito novamente. Mas Hadggar descobrira, mesmo assim. Hadggar tinha um jeito para descobrir areferencia correta, fazer a conexo necessria, ou conversar com a pessoa certa na hora certa. Era umdom, e poderia vir a se provar uma maldio. Qualquer uma dessas descobertas poderia ter resultadona obteno dessa prestigiada (e considerando todos os treinamentos e avisos, potencialmente fatal)atribuio. Talvez eles pensassem que o jovem Hadggar era muito bom em desencavar segredos mais fcil para o conclave mand-lo para algum lugar onde sua curiosidade faria algum bem para oKirin Tor. Ou pelo menos coloc-lo longe o suficiente para que no ficasse descobrindo coisas sobreos nativos da Cidadela Violeta. E Hadggar, atravs de sua bisbilhotice implacvel, ouvira essa teoriatambm. Ento Hadggar partiu com sua mochila cheia de anotaes, o corao cheio de segredos, e acabea cheia de grandes pedidos e conselhos inteis.

    Na ltima semana antes de partir de Dalaran, ele conversara com quase todos os membros doconclave, estando cada um deles interessado em algo a respeito de Medivh. Para um feiticeiromorando no fim do mundo, cercado de rvores e picos agourentos, os membros do Kirin Tor estavamextremamente curiosos a respeito dele. De forma urgente, parecia. Respirando fundo (e dessa formasendo lembrado de que ainda estava muito perto do estbulo), Hadggar avanou a passos largos emdireo torre propriamente dita, seus ps sentindo como se estivesse puxando seu pnei de cargapelos tornozelos. A entrada principal era ampla como a entrada de uma caverna, sem porto ougrades. Fazia sentido, pois que exrcito iria cruzar a floresta de Elwynn, para vencer as paredesarredondadas da cratera, tudo para lutar com o mago Medivh em pessoa? No havia registro dequalquer um ou qualquer coisa jamais ao menos tentar confrontar Karazhan. A entrada sombria eraalta o suficiente para deixar um elefante completamente armado passar. Pouco acima havia umasacada larga com protees de pedras brancas. De l algum estaria no nvel das colinas ao redor everia as montanhas alm. Houve um estalo de movimento no balco, algo que Hadggar mais sentiu doque testemunhou. Talvez uma figura encapuzada andando pelo balco, entrando na torre. Estava elesendo observado? Haveria algum para receb-lo, ou era esperado que ele desbravasse a torre porconta prpria? Voc o novo jovem? Perguntou uma voz suave, quase sepulcral, e Hadggar, aindacom a cabea empinada, quase pulou para fora de si. Ao girar, ele viu uma figura magra, encurvada,emergir das sombras da entrada. A coisa encurvada se parecia marginalmente humana, e por ummomento Hadggar pensou se Medivh estaria mutando animais silvestres para trabalharem como seusserventes. Este parecia uma fuinha sem pelos, sua longa face era enquadrada por o que parecia umpar de retngulos negros. Hadggar no se lembrava de ter dado qualquer resposta, mas o homemfuinha deu um passo frente e repetiu a pergunta. Voc o novo jovem? disse. Cada palavra eraenunciada com seu prprio flego, encapsulada em sua prpria caixinha, capitalizada e separada dasoutras. Ele saiu completamente para fora das sombras e se mostrou nada mais ou menos ameaadordo que um homem velho magricela em uniforme de l negra.

    Um servente humano, mas um servente. Ele ainda estava usando retngulos negros nas laterais desua cabea, como um par de protetores auriculares que se estendiam para frente at a ponta de seunariz proeminente. O jovem percebeu que ele estava encarando o velho, Hadggar, ele disse, entodepois de um momento apresentou a carta de introduo que apertava em suas mos. De Dalaran.Hadggar de Dalaran, no reino de Lordaeron. Eu fui enviado pelo Kirin Tor. Da Cidadela Violeta. Eusou Hadggar do Kirin Tor. Da Cidadela Violeta. De Dalaran. Em Lordaeron. Ele se sentia como seestivesse jogando pedras de conversao em um poo grande e vazio, esperando que o velhorespondesse a alguma delas. Claro que voc , Hadggar, disse o velho. Do Kirin Tor. Da

  • Cidadela Violeta. De Dalaran. De Lordaeron. O servente tomou a carta proferida como se odocumento fosse um lagarto vivo e, aps alisar as bordas amassadas, enfiou-a na jaqueta de seuuniforme sem abri-la. Aps carreg-la e proteg-la por tantos quilmetros, Hadggar sentiu a dor daperda. A carta de introduo representava seu futuro, e ele estava relutante em v-la desaparecer,nem que por um momento. O Kirin Tor me mandou para auxiliar Medivh. Lorde Medivh. Ofeiticeiro Medivh. Medivh de Karazhan. Hadggar percebeu que ele estava a meio passo de colapsarem pleno balbuciar e com um esforo definitivo, fechou sua boca completamente. Tenho certeza deque o fizeram, disse o servente, lhe mandar, quero dizer. Ele avaliou o selo na carta, e uma momagra mergulhou em seu casaco, puxando um conjunto de retngulos negros presos por um fino fiometlico. Antolhos? Hadggar piscou. No. Quer dizer, no obrigado. Moroes, disse oservente. Hadggar balanou a cabea. Eu sou Moroes, disse o servente. Administrador da torre.Castelo de Medivh. Antolhos? Novamente ele ergueu os retngulos negros, semelhante aos queenquadravam seu rosto. No, obrigado... Moroes, disse Hadggar, sua face se contorcendo decuriosidade. O servente se virou e gesticulou com um fraco aceno de mo para que o seguisse.Hadggar pegou sua mochila e teve que dar uma corrida para alcanar o servente. Com toda suasuposta fragilidade, o administrador se movia num bom ritmo. Voc est sozinho na torre? Hadggararriscou, enquanto comeavam a subir um conjunto de escadas largas e curvadas.

    As pedras eram afundadas no centro, desgastadas pela mirade de ps de serventes e visitantes.Eh? respondeu o servente. Voc est sozinho? repetiu Hadggar, pensando se ele teria que sereduzir a falar como Moroes para ser entendido. Voc vive aqui sozinho? O Magus est aqui,respondeu Moroes numa voz assobiada que parecia to plida e to mrbida como a poeira em umatumba. Sim, claro, disse Hadggar. No faria muito sentido voc estar aqui se ele no, continuouo administrador. No estivesse aqui, quero dizer. Hadggar pensou se a voz do velho soava assimpor no ser usada frequentemente. claro, concordou Hadggar. Algum mais? Voc, agora,continuou Moroes. Mais trabalho cuidar de dois do que de um. No que eu tenha sido consultado.Ento, s voc e o feiticeiro, normalmente? disse Hadggar, pensando se o administrador teria sidocontratado (ou criado) por sua natureza taciturna. E Cook, disse Moroes. Mas Cook no falamuito. Obrigado por perguntar mesmo assim. Hadggar tentou se controlar para no rolar os olhos,mas falhou. Ele torceu para que os antolhos em ambos os lados do rosto do administrador tenhamimpedido-o de ver sua resposta. Eles chegaram em um ponto plano, um cruzamento de corredoresiluminado por tochas. Moroes cruzou imediatamente para outro conjunto de escadas curvasdesgastadas opostas a eles. Hadggar parou por um momento para examinar as tochas. Ele levantouuma mo a meros centmetros das chamas, mas no sentiu calor. Hadggar ponderou se o fogo frio eracomum na torre. Em Dalaran eles usavam cristais fosforescentes que emitiam um brilho constante,apesar de suas pesquisas falarem de espelhos refletivos, espritos elementais presos em lanternas e,em um caso, gigantescos vaga-lumes aprisionados. Entretanto, essas chamas pareciam congeladas nolocal. Moroes, j na metade do prximo conjunto de escadas, virou devagar e deu uma tossida.Hadggar se apressou para alcan-lo. Aparentemente os antolhos no limitavam tanto o velhoadministrador. Por que os antolhos? perguntou Hadggar. Eh? Respondeu Moroes. Hadggar tocouo lado de sua cabea.

    Os antolhos. Por que? Moroes retorceu sua cara no que Hadggar s podia assumir ser um sorriso.A magia forte aqui. Forte e as vezes errada. Voc v... coisas... por aqui. A no ser que voc sejacuidadoso. Eu sou cuidadoso. Outros visitantes, os que vieram antes de voc, eles eram menos

  • cuidadosos. Eles se foram agora. Hadggar pensou no fantasma que ele pode ou no ter visto nobalco superior, e concordou. Cook tem um par de lentes de quartzo rosa, acrescentou Moroes.Jura por eles. Ele parou por um momento e ento acrescentou Ela meio que uma tola. Hadggaresperava que ele fosse ser mais conversador quando estivesse mais aquecido. Ento, voc estcuidando da casa do Magus faz tempo? Eh? disse Moroes de novo. Voc est com Medivh faztempo? Hadggar disse, torcendo para manter o tom impaciente ausente em sua voz. Ayep, disse oadministrador. Tempo suficiente. Muito tempo. Parecem anos. O tempo desse jeito por aqui. Oadministrador experiente deixou sua voz diminuir e os dois subiram em silencio. O que voc sabesobre ele? arriscou Hadggar, finalmente. O Magus, quero dizer. A pergunta , disse Moroes,abrindo ainda mais uma porta para revelar ainda mais um conjunto de escadas. O que voc sabe?A pesquisa de Hadggar sobre o assunto foi surpreendentemente improdutiva e seus resultados foramfrustrantemente esparsos. Apesar do acesso grande biblioteca de Cidadela Violeta (e acesso ilcitoa algumas bibliotecas privadas e colees secretas), havia muito pouco a respeito deste grande epoderoso Medivh. Isso era duplamente estranho, j que todo mago ancio parecia ter grandeadmirao por Medivh, e queria uma coisa ou outra dele. Um favor, um benefcio, um pouco deinformao. Medivh era aparentemente um jovem, comparado com outros feiticeiros. Ele estavaapenas nos seus quarenta anos e por uma grande parte deste tempo parece no ter causado qualquerimpacto nos seus arredores. Isso era uma surpresa para Hadggar. A maioria dos contos que eleouvira ou lera descrevia feiticeiros independentes como sendo extremamente exibidos, destemidospara se meterem com segredos que os homens no foram feitos para saberem, e normalmente mortos,aleijados ou amaldioados por mexerem com energias e poderes alm de seus conhecimentos.

    A maioria das lies que ele aprendera quando criana a respeito de magos que no eram de Dalaranterminavam da mesma forma sem restries, controle ou pensar, o feiticeiro selvagem, destreinadoou autodidata sempre terminava com um fim ruim (algumas vezes, apesar de pouco frequente,destruindo tambm uma grande poro dos campos ao seu redor). O fato de Medivh ter falhado emtrazer um castelo para cima de si mesmo, ou dispersar seus tomos pela Espiral Etrea, ou invocarum drago sem saber como controlar esse drago, indicava ou grandes restries ou grandes poderes.Pela baguna que os escolares fizeram a respeito de sua escolha, e pela lista de instrues querecebera, Hadggar decidiu pela segunda opo. Ainda assim, com toda sua pesquisa, ele noconseguiu descobrir o porqu. Nada indicava alguma grande pesquisa desse Medivh, alguma grandedescoberta, nem algum feito de tremer o solo que seria responsvel pela grande admirao que oKirin Tor tinha por esse mago independente. Nenhuma grande guerra, nenhuma grande conquista oubatalhas picas conhecidas. Os bardos eram notavelmente falhos nos assuntos que diziam respeito aMedivh, e os mais zelosos arautos acenavam com a cabea na hora de discutir seus feitos. Aindaassim, percebia Hadggar, havia algo importante aqui, algo que criava nos escolares uma mistura demedo, respeito, inveja. O Kirin Tor no considerava qualquer outro conjurador de magias comosemelhante em conhecimento mgico. Alis, normalmente tentavam retardar os feiticeiros que no sealiavam com a Cidadela Violeta. Ainda assim, eles bajulavam Medivh. Por que? Hadggar tinhaapenas as peas menores um pouco de seus pais (Guzbah estava particularmente interessado na mede Medivh), algumas notas de rodap em um grimrio evocando seu nome, e a meno de ocasionaisvisitas a Dalaran. Todas essas visitas ocorreram nos ltimos cinco anos, e aparentemente Medivh seencontrou apenas com magos ancios, como o agora desaparecido Arrexis. Somando tudo, Hadggarconhecia menos que pouco a respeito desse suposto grande mago a quem ele fora atribudo atrabalhar com. E como ele considerava conhecimento como sua armadura e sua espada, ele se sentia

  • calamitosamente despreparado para o encontro por vir.

    Em voz alta ele disse, No muito. Eh? respondeu Moroes, meio que se virando nas escadarias.Eu disse, eu no sei muito, disse Hadggar, mais alto do que ele gostaria. Sua voz ecoou pelasparedes nuas da escadaria. Elas estavam curvadas agora, e Hadggar pensou se a torre era mesmo toalta quanto parecia. Suas coxas j estavam doendo por conta da escalada. Claro que no, disseMoroes. No sabe, quero dizer. Homens jovens nunca sabem de muita coisa. isso que os fazjovens, eu suponho. Eu quero dizer, disse Hadggar, irritado. Ele pausou e tomou flego. Euquero dizer, eu no sei muito sobre Medivh. Voc perguntou. Moroes esperou por um momento, seup parado no prximo degrau, Eu suponho que eu o tenha perguntado, ele disse finalmente. Comoele ? perguntou Hadggar, sua voz quase suplicando. Como todo mundo, eu suponho, disseMoroes. Tem suas manias, seus gnios, bons dias e maus dias. Como todo mundo. Veste suascalas uma perna de cada vez, disse Hadggar, suspirando. No, ele levita para dentro delas, disseMoroes. O velho servente olhou para Hadggar, e o jovem percebeu o menor esboo de um sorriso naface do velho. Mais um conjunto de escadas. O conjunto final de escadas fazia uma curva apertada,e Hadggar sups que eles deviam estar prximo ao anel mais alto da torre. O velho servente mostrouo caminho. A escadaria se abriu em um pequeno quarto circular, cercado por um largo parapeito.Como Hadggar supusera, eles estavam na ponta mais alta da torre, com um grande observatrio. Asparedes e o teto eram perfurados por janelas cristalinas, claras e desembaadas. Durante o tempo daescalada, a noite cara completamente e o cu estava negro e polvilhado de estrelas. O observatriopropriamente dito era escuro, iluminado por algumas poucas das mesmas tochas de chamascongeladas, como nos outros locais. Entretanto estas estavam encapuzadas, os lampies cobertospara a observao do cu noturno. Um braseiro apagado no centro do quarto estava preparado paramais tarde, pois a temperatura cairia pela manh. Vrias mesas grandes e curvas estavam dispostasem volta da parede externa do observatrio, cobertas com toda sorte de aparatos.

    Alavancas de prata e astrolbios de ouro serviam de peso de papel ou como marca pginas,mantendo textos ancios abertos nas pginas certas. Um modelo metade desmontado estava em umamesa, mostrando movimentos planetrios atravs do vazio celestial, fios finos e miangas adicionaisestavam espalhados juntos com ferramentas delicadas. Blocos de notas estavam amontoados contrauma parede e outros estavam em caixotes entulhados embaixo das mesas. Um mapa do continenteestava esticado em uma moldura, mostrando as terras do sul de Azeroth e a prpria Lordaeron deHadggar, assim como os reinos dos reclusos anes e elfos de Khaz Modan e QuelThalas.Numerosos alfinetes espetavam o mapa, formando uma constelao que s o prprio Medivh poderiadecifrar. E Medivh estava l, pois para Hadggar no podia ser qualquer outro. Ele era um homem demeia idade, seu cabelo longo e preso em formando um rabo de cavalo. Em sua juventude, seu cabelodevia ter sido preto bano, mas agora j estava se tornando cinza nas tmporas e na barba. Hadggarsabia que isso acontecia com muitos magos, por causa do desgaste das energias mgicas que elesmanejavam. Medivh trajava um roupo simples para um mago bem cortado, caindo bem eapropriado para seu alto semblante. Um tabardo curto, sem adornos, pendurado na cintura,sobrecalas enfiadas nas botas superdimensionadas. Uma capa castanha pesada pendurada em seusombros largos, o capuz cado para trs. Quando os olhos de Hadggar se ajustaram escurido, elepercebeu que estava errado quando aos trajes do feiticeiro no serem adornados. Pelo contrrio,eram rendados com fios de prata, de natureza to delicada que eram invisveis num primeiro olhar.Olhando para as costas do mago, Hadggar percebeu que ele estava olhando para a face estilizada de

  • um algum demnio legendrio ancio. Ele piscou e, nesse tempo, os traos se tornaram um drago, eento o cu noturno. Medivh estava de costas para seu servente e o jovem, ignorando-oscompletamente. Ele estava de p de frente a uma das mesas, um astrolbio dourado em uma mo, umlivro de notas na outra. Ele parecia perdido em seus pensamentos, e Hadggar imaginou se essa seriauma das coisas que Moroes tinha lhe avisado sobre. Hadggar limpou sua garganta e deu um passo afrente, mas Moroes levantou uma mo. Hadggar travou no lugar, to certeiro como se estivesseafetado por uma magia.

    Por sua vez, o velho servente andou silenciosamente para um dos lados do mestre mago, esperandoque Medivh reconhecesse sua presena. Um minuto se passou. Um segundo minuto. Ento um perodoque Hadggar jurava ter sido uma eternidade. Finalmente a figura de roupo largou o astrolbio e feztrs rpidas anotaes no livro. Ele fechou o livro com um movimento rpido e olhou para Moroes.Vendo seu rosto pela primeira vez, Hadggar pensou que Medivh era muito mais velho do que seussupostos quarenta e poucos anos. A face estava profundamente delineada e desgastada. Hadggarpensou em que magias Medivh possuiria que escrevessem uma historia to funda em seu rosto.Moroes mergulhou a mo em sua vestimenta e pescou a carta de apresentao, o selo rubro agoravermelho sangue na constante e imutvel luz das tochas. Medivh se virou e olhou para o jovem. Osolhos do mago eram profundos sob suas grandes e pesadas sobrancelhas, mas Hadggar percebeu nahora o poder contido. Algo danava e tremulava naqueles olhos verdes profundos, algo poderoso etalvez descontrolado. Algo perigoso. O mestre mago olhou rapidamente para ele e em um momentoHadggar sentiu que o feiticeiro havia tomado a somatria de toda sua existncia e no a achou maisintrigante do que a de um besouro ou uma pulga. Medivh desviou seu olhar de Hadggar para a cartade apresentao selada. Hadggar se sentiu relaxar quase que imediatamente, como se um grande efaminto predador tivesse passado por ele sem olhar pela segunda vez. Seu alivio durou pouco.Medivh no abriu a carta. Ao invs disso suas sobrancelhas se enviesaram apenas levemente, e odocumento se incendiou com um explosivo jato de ar. As chamas se amontoavam na extremidadeoposta que Medivh segurava, e tremulavam na forma de uma chama intensa, azul. Quando Medivhfalou, sua voz era profunda e entretida. Ento, disse Medivh, absorto do fato de estar segurando ofuturo de Hadggar queimando em suas mos. Parece que o nosso jovem espio chegou, finalmente.

  • 2. Entrevista com o Magus

    -Tem alguma coisa errada? - perguntou Medivh, e Hadggar subitamente se sentiu sob o olhar do magonovamente.

    Ele se sentiu como um besouro de novo, mas dessa vez um que havia desadvertidamente rastejadopara a escrivaninha de um colecionador de insetos. As chamas j haviam consumido metade da cartade apresentao, e o selo de cera j estava derretendo, pingando no pavimento de pedra doobservatrio. Hadggar estava ciente de que seus olhos estavam arregalados, sua cara sem sangue eplida, seu queixo cado. Ele tentou forar o ar para fora de seu corpo, mas tudo o que ele conseguiufoi um som estrangulado, assoviado. As sobrancelhas negras e pesadas franziram em um olharpreocupado.

    -Voc est doente? Moroes, esse rapaz est doente?

    -Ofegante, talvez. - disse Moroes em um tom baixo.

    -Foi uma subida longa.

    Finalmente Hadggar conseguiu voltar a seus sentidos o suficiente para dizer:

    -A carta!

    -Ah! -disse Medivh.

    -Sim. Obrigado, eu quase havia me esquecido.

    Ele se dirigiu ao braseiro e jogou o pergaminho flamejante sobre o carvo. A bola azul de chamascresceu espetacularmente para quase a altura dos ombros e ento regrediu para o tamanho de umachama normal, preenchendo o quarto com uma luz quente, avermelhada. Da carta de apresentao,com seu pergaminho e o selo rubro inscrito com o smbolo do Kirin Tor, no havia sinal.

    -Mas voc no a leu! - disse Hadggar, ento se controlou,

    -Quero dizer, senhor, com todo o respeito...

    O mestre mago riu e se ajeitou em uma grande cadeira feita de lona e madeira negra entalhada. Obraseiro iluminava seu rosto, exibindo em suas linhas profundas a forma de um sorriso. Apesar disso,Hadggar no conseguia relaxar. Medivh se inclinou para frente em sua cadeira e disse,

    -' grande e respeitado mago Medivh, mestre mago de Karazhan, eu lhe trago os cumprimentos doKirin Tor, a mais estudada e poderosa das academias mgicas, guildas, e sociedades, conselheirosde reis, professores dos conhecedores, reveladora de segredos.' - Eles continuam dessa forma por umtempo, inflando-se mais a cada frase.

    -Como estou indo por enquanto?

  • -Eu no saberia dizer. -disse Hadggar.

    -Eu fui instrudo a No abrir a carta. -completou Medivh.

    -Mas voc o fez, mesmo assim. - O mestre mago levantou seus olhos para ver o jovem, e a respiraode Hadggar travou em sua garganta.

    Algo tremulou nos olhos de Medivh, e Hadggar imaginou se o mestre mago tinha o poder de invocarmagias sem que percebessem. Hadggar concordou com um lento aceno com a cabea, sedendo aresposta. Medivh gargalhou alto, Quando? Na... na viagem de Lordaeron para Kul Tiras, disseHadggar, incerto de se o que disse iria divertir ou irritar seu mentor em potencial. Ns estvamosem calmaria por dois dias e... A curiosidade levou a melhor, terminou Medivh novamente. Elesorriu, e era um sorriso limpo e branco por baixo da barba grisalha. Eu provavelmente teria abertona hora em que eu estivesse fora da vista da Cidadela Violeta de Dalaran. Hadggar respirou fundo edisso, Eu considerei essa hiptese, mas eu achei que eles teriam magias de adivinhao emoperao, pelo menos quela distncia. E voc queria estar longe de qualquer magia ou mensagemde retorno por abrir a carta. E voc a arrumou de volta bem o suficiente para enganar um observadorde relance, certo de que eu quebraria o selo logo de cara e no perceberia sua malandragem.Medivh se deixou rir, mas fechou sua expresso, agora focado. Como eu fiz aquilo? ele perguntou.Hadggar piscou. Fez o que, senhor? Soube o que estava na carta? disse Medivh, os lados de suaboca se curvando para baixo. A carta que eu acabei de queimar dizia que eu me impressionaria coma inteligncia e o poder dedutivo do jovem Hadggar. Me impressione. Hadggar olhou para Medivh,e o sorriso jovial de alguns segundos atrs evaporou. A cara risonha era agora a de um deus de pedraprimitivo, julgando sem perdo. Os olhos que tiniam com alegria mais cedo agora pareciam quaseexpressar uma fria escondida. As sobrancelhas se uniram como nuvens tempestuosas. Hadggarexitou por um momento, ento disse, Voc l minha mente. Possvel, disse Medivh. Masincorreto. Voc est uma pilha de nervos agora, e isso atrapalha a leitura da mente. Uma errada.Voc recebeu esse tipo de carta outras vezes, disse Hadggar. Do Kirin Tor. Voc sabe que tiposde carta so escritos.

    Tambm possvel, disse o mago mestre. Como eu j recebi tais cartas e elas realmente tendem aser exageradas no tom autocongratulatrio. Mas voc sabe as palavras exatas to bem quanto eu. Umaboa tentativa, e a mais bvia, mas ainda incorreta. Duas erradas. A boca de Hadggar formou umalinha apertada. Sua mente fervilhava e seu corao trovejava em seu peito. Empatia, ele disseenfim. Os olhos de Medivh se mantiveram ilegveis, sua voz em um tom constante. Explique.Hadggar respirou fundo. Uma das leis da magia. Quando algum manuseia um objeto, ele deixaparte de sua prpria aura mgica ou vibrao entranhada no item. Como auras variam com cadaindivduo, possvel se conectar com um para afetar o outro. Dessa forma, uma mecha de cabelopode ser usada em uma poo do amor, ou uma moeda pode ser usada para encontrar seu donooriginal. Os olhos de Medivh se apertaram levemente, e ele arrastou um dedo pela barba em seuqueixo. Continue. Hadggar parou por um momento, sentindo o peso dos olhos de Medivh fazendopresso sobre ele. Isso era o que ele sabia de suas leituras. Ele estava na metade do caminho. Mascomo Medivh fizera uso disso para descobrir... Quanto mais algum usa um item, mais forte aressonncia, disse Hadggar rapidamente. Portanto um objeto que recebe muito manuseio ou atenoter uma empatia mais forte. As palavras estavam se formando mais rapidamente agora. Ento um

  • documento que algum escreveu tem mais aura nele do que um pergaminho em branco, e a pessoaest se concentrando no que ela est escrevendo, ento... Hadggar deixou seus pensamentos alcan-lo por um momento. Voc estava lendo mentes, mas no a minha mente a mente do escrivo queescreveu a carta na hora em que ele a estava escrevendo voc captou seus pensamentos reforandoas palavras. Sem ter que abrir o documento fisicamente, disse Medivh, e a luz danou em seusolhos novamente. Ento como esse truque seria til para um escolar? Hadggar piscou por ummomento e olhou para longe do mestre mago, buscando evitar seu olhar perfurante. Voc poderia lerlivros sem ter que ler livros. Muito til para um pesquisador, disse Medivh. Voc pertence auma comunidade de escolares. Por que vocs no fazem isso?

    Porque... porque... Hadggar pensou no velho Korrigan, que conseguia encontrar qualquer coisa nabiblioteca, mesmo a menor nota de rodap. Eu acho que ns fazemos, mas s os membros maisvelhos do conclave. Medivh concordou com um aceno de cabea. E isso acontece porque...Hadggar pensou por um momento, ento chacoalhou sua cabea. Quem escreveria se todo oconhecimento pudesse ser extirpado com uma torcida da mente e um punhado de magia? SugeriuMedivh. Ele sorriu, e Hadggar percebeu que ele estivera segurando a respirao. Voc no mau.Nem um pouco. Voc conhece suas contra magias? At o quinto conjunto, disse Hadggar. Vocconsegue energizar um raio mstico? perguntou Medivh rapidamente. Um ou dois, mas exaustivo, respondeu o jovem, percebendo de repente que a conversa guinara para o srionovamente. E os seus elementais primrios? O mais forte a chama, mas eu conheo todos eles.Magia da natureza? perguntou Medivh. Maturar, abater, cultivar? Voc consegue pegar umasemente e extrair a juventude dela at que ela vire uma flor? No senhor. Eu fui treinado em umacidade. Voc consegue fazer um homnculo? A doutrina reprova isso, mas eu entendo osprincpios envolvidos, disse Hadggar, Se voc estiver curioso... Os olhos de Medivh seacenderam por um momento e ele disse Voc navegou para c de Lordaeron? Que tipo de barco?Hadggar se sentiu acossado por um momento pela sbita mudana de assunto. Sim. Um... UmCorredor dos Ventos Tirassiano, o Briza Graciosa, ele respondeu. Saindo de Kul Tiras, concluiuMedivh. Tripulao humana? Sim. Voc falou com a tripulao? Novamente Hadggar se sentiusaindo de uma conversa para um interrogatrio. Um pouco, disse Hadggar. Eu acho que eu osentretive com meu sotaque. Os tripulantes das embarcaes de Kul Tiras so fceis de entreter,disse Medivh. Algum no-humano na tripulao?

    No, senhor, disse Hadggar. Os Tirassianos contaram histrias de homens peixes. Eles oschamaram de Murlocs. Eles so reais? So, disse o mago. Que outras raas voc j encontrou?Alm de variaes de humanos. Alguns gnomos estiveram em Dalaran uma vez, disse Hadggar.E eu conheci artesos anes na Cidadela Violeta. Eu conheo drages de lendas; Eu vi uma caveirade drago em uma das academias uma vez. E que tal trolls ou goblins? disse Medivh. Trolls,disse Hadggar. Quatro variedades conhecidas de trolls. Pode haver uma quinta. Isso a baboseiraque a Alonda ensina, resmungou Medivh, mas acenou para que Hadggar continuasse. Trolls soselvagens, maiores que humanos. Muito altos e magricelos, com traos alongados. Um... Ele pensoupor um momento. Organizao tribal. Quase completamente removidos de terras civilizadas, quaseextintos de Lordaeron. Goblins? Muio menores, mais do porte de anes, to inventivos quanto,mas de forma destrutiva. Destemidos. Eu li que, como uma raa, eles so loucos. Somente osespertos, disse Medivh. Voc sabe alguma coisa sobre demnios? claro, senhor, disseHadggar rapidamente. Digo, das lendas, senhor. E eu conheo as abjuraes e protees

  • apropriadas. Todos os magos de Dalaran recebem ensinamentos sobre isso desde o primeiro dia detreinamento. Mas voc nunca invocou um, disse Medivh. Ou esteve presente quando outra pessoao fez. Hadggar piscou, pensando se no seria uma pegadinha. No senhor. Eu jamais ao menospensaria nisso. Eu no duvido que voc no o faria, disse o mago, e havia a mais sutil asperezaem voz. Pensar em faz-lo, quero dizer. Voc sabe o que um Guardio? Um Guardio?Hadggar subitamente sentiu a conversa fazer mais uma guinada. Um protetor? Um guarda? Talvezuma outra raa? um tipo de monstro? Talvez um protetor contra monstros? Medivh sorriu e entochacoalhou a cabea. No se preocupe. No esperado que voc saiba. parte do truque. Entoele olhou para cima e disse, Ento, o que voc sabe sobre mim?

    Hadggar lanou um olhar para Moroes, o castelo, e subitamente percebeu que o servente haviadesaparecido, retornando para as sombras. O jovem balbuciou por um momento. Os magos do KirinTor o tem em alta estima, ele conseguiu dizer em fim, diplomaticamente. Obviamente, disseMedivh bruscamente. Voc um mago independente poderoso, supostamente um conselheiro do ReiLlane de Azeroth. Voltaremos a isso mais tarde, disse Medivh, acenando para o jovem. Almdisso... Hadggar exitou, pensando se o mago podia realmente ler sua mente. Sim? Nadaespecfico que justifique a alta estima... disse Hadggar. E o medo, acrescentou Medivh. E ainveja, Hadggar finalizou, se sentindo subitamente pressionado pelas perguntas, incerto de comoresponder. Ele adicionou rapidamente, Nada especfico que explique diretamente todo o respeitoque o Kirin Tor tem por voc. Assim que para ser, completou Medivh rabugento, esfregandosuas mos sobre o braseiro. Assim que para ser. Hadggar no conseguia acreditar como o mestremago poderia estar com frio. Ele mesmo suava nas costas de nervoso. Finalmente, Medivh olhoupara o alto, e a tempestade nascia em seus olhos novamente. Mas o que voc sabe sobre mim?Nada, senhor, disse Hadggar. Nada? A voz de Medivh se elevou e parecia reverberar peloobservatrio. Nada? Voc veio at aqui para nada? Voc nem se deu ao trabalho de checar? Talvezeu fosse s uma desculpa para seus mestres tirarem voc de perto deles, torcendo para que vocmorresse no caminho. No seria a primeira vez que algum tentaria isso. No havia tanto parachecar. Voc no fez muita coisa, respondeu Hadggar inflamado. Ento respirou fundo, percebendocom quem ele estava falando, e o que ele estava falando. Quero dizer, no muita coisa que eu tenhadescoberto. Quer dizer... Ele esperava uma exploso do mago mais velho, mas Medivh s riu. E oque voc descobriu? ele perguntou. Hadggar suspirou e disse, Voc vem de uma linhagem deconjuradores de magias. Seu pai foi um mago de Azeroth, um tal de Nielas Aran. Sua me eraAegwynn, o que pode ser um ttulo ao invs de um nome, um que tem ao menos oitocentos anos.

    Voc cresceu em Azeroth e conhece o Rei Llane e Lorde Lothar da sua infncia. Alm disso...Hadggar deixou sua voz diminuir. Nada. Medivh olhava para o braseiro e acenou, Bem, isso alguma coisa. Mais do que a maioria consegue descobrir. E seu nome significa 'Protetor deSegredos', Hadggar acrescentou. Em Alto lfico. Eu descobri isto tambm. Tudo verdade, disseMedivh, olhando subitamente cansado. Ele olhou para o braseiro por um tempo. Aegwynn no umttulo, ele disse em seguida. simplesmente o nome da minha me. Ento houveram vriasAegwynns, provavelmente um nome de famlia, sugeriu Hadggar. Somente uma, disse Medivh, deforma sombria. Hadggar riu nervosamente. Mas isso faria com que ela tivesse... Mais desetecentos e cinquenta anos de idade quando eu nasci, disse Medivh, dando uma bufada. Ela muito mais velha do que isso. Eu fui uma criana tardia na vida dela. O que pode ser uma das razespela qual o Kirin Tor est interessado no que eu mantenho na minha biblioteca. Que o porque deles

  • terem mandado voc para descobrir. Senhor, disse Hadggar, to austero quanto conseguiu. Paraser honesto, cada mago exceto os mais altos no Kirin Tor querem que eu descubra alguma coisa a seurespeito. Eu vou suprir a eles o melhor que eu conseguir, mas se houver material que voc quisermanter restrito ou escondido, eu entendo completamente... Se eu pensasse nisso, voc no teriaatravessado a floresta para chegar aqui, disse Medivh, subitamente srio. Eu preciso de algumque separe e organize a biblioteca para comear, da a gente trabalha nos laboratrios de alquimia.Sim, voc servir bem. Veja bem, eu sei o significado do seu nome tanto quanto voc sabe o do meu.Moroes! Aqui, senhor, disse o servente, subitamente se manifestando vindo das sombras. Semconseguir se controlar, Hadggar pulou. Leve o rapaz para baixo para seus aposentos e faa com quecoma alguma coisa. Foi um longo dia para ele. claro, senhor, disse Moroes. Uma pergunta,mestre, disse Hadggar, se adiantando. Quero dizer, Lorde Magus, senhor. Me chame Medivh porhora. Eu tambm respondo por Protetor de Segredos e alguns outros nomes, nem todos conhecidos.

    O que voc quis dizer quando disse que sabe o que significa meu nome? perguntou Hadggar.Medivh sorriu, e o quarto subitamente pareceu estar quente e confortvel novamente. Voc no falaano, ele observou. Hadggar chacoalhou a cabea. Meu nome significa 'Protetor de Segredos' emAlto lfico. Seu nome significa 'Confiana' na velha lngua an. Ento vou acreditar no seu nome,jovem Hadggar. Jovem Confiana. Moroes levou o jovem para seus aposentos na metade inferior datorre, dando explicaes naquela voz fantasmagrica, bem definida, enquanto descia as escadarias.Refeies na torre de Medivh eram coisa simples mingau e salsichas para o caf da manh, umalmoo frio, e um grande e vigoroso jantar, normalmente um cozido ou assado servido com legumes.Cook se retiraria aps as refeies da noite, mas sempre haviam sobras na cmara fria. Medivhmantinha horrios que podiam ser simpaticamente chamados de 'errticos' e Moroes e Cook haviamh muito aprendido como acomod-lo com uma quantidade mnima de privao por parte deles.Moroes informou ao jovem Hadggar que, como um assistente ao invs de um servente, ele no teriatal luxo. Seria esperado que ele estivesse disponvel para ajudar o mestre sempre que fosse julgadonecessrio. Eu j o esperava, sendo um aprendiz, disse Hadggar. Moroes virou em meio a umpasso (eles estavam andando atravs de uma galeria contemplando o que parecia ser uma sala derecepo ou uma sala de baile). Ainda no um aprendiz, rapaz, disse Moroes numa voz assoviada,Nem metade disso. Mas Medivh disse... Que voc poderia organizar a biblioteca, disseMoroes. Trabalho de assistente, no aprendiz. Outros j foram assistentes. Nenhum virou aprendiz.Hadggar enrugou a testa, e ele sentiu o calor do corar em seu rosto. Ele no esperava que houvesseum nvel abaixo de aprendiz na hierarquia do Magus. Quanto tempo antes de... Eu no saberiadizer, mesmo, suspirou o servente. Nenhum jamais chegou longe o suficiente. Hadggar pensou emduas perguntas ao mesmo tempo, hesitou, ento perguntou, Quantos outros 'assistentes' jhouveram?

    Moroes olhou por sobre os parapeitos da galeria, e seus olhos perderam o foco. Hadggar imaginou seo servente estaria pensando ou se havia se descarrilhado pela pergunta. A galeria abaixo eramobilhada de forma esparsa, com uma mesa central pesada e cadeiras. Era surpreendentementearrumada, e Hadggar deduziu que Medivh no oferecia muitos banquetes. Dezenas, disse Moroesenfim. Pelo menos. A maioria deles de Azeroth. Um elfo. No, dois elfos. Voc o primeiro doKirin Tor. Dezenas, repetiu Hadggar, seu corao afundava enquanto ele imaginava quantas vezesMedivh havia recebido um jovem aspirante a mago a seu servio. Ele fez a outra pergunta. Quantotempo eles duraram? Moroes bufou dessa vez e disse Dias. Algumas vezes horas. Um elfo nem

  • conseguiu subir as escadarias. Ele deu uma batida nos antolhos nos lados de sua cabea esguia.Eles veem coisas, sabe? Hadggar pensou na figura do porto principal e simplesmente acenou.Enfim eles chegaram aos aposentos de Hadggar, numa passagem secundria no muito longe da salade banquetes. Se arrume, disse Moroes, entregando a lanterna para Hadggar. O lavabo no fim docorredor. Tem uma bacia em baixo da cama. Desa at a cozinha. Cook vai esquentar algo paravoc. O quarto de Hadggar era uma cunha estreita da torre, mais apropriado para as contemplaesde um monge recluso do que para um mago. Uma cama estreita ao longo de uma parede e umaescrivaninha to estreita quanto ao longo da outra, com uma estante vazia acima. Um armrio para asroupas. Hadggar jogou sua mochila no armrio sem abri-la e se debruou na estreita janela. A janelaera uma fatia fina de vidro chumbado, montada verticalmente em um piv no centro. Hadggarempurrou uma metade e ela se abriu lentamente, o leo solidificado na base amolecendo enquanto ajanela girava. A vista ainda era do lado alto da torre, e as colinas arredondadas que cercavam a torreeram cinzas e pobres sob a luz das luas gmeas. Dessa altura, era obvio para Hadggar que as colinashaviam sido uma cratera, desgastada e erodida pela passagem do tempo. Teria uma montanha sidoarrancada deste ponto, como um dente podre? Ou talvez o anel de colinas no havia crescido, massim as montanhas ao redor cresceram mais rpido, deixando s este local poderoso no lugar.

    Hadggar imaginou se a me de Medivh estivera aqui quando a terra subiu, ou afundou, ou foi atingidapor um objeto do cu. Oitocentos anos era muito, mesmo para os padres de um feiticeiro. Depois deduzentos anos, com a maioria das velhas lies ensinadas, os magos humanos estavam na maioriamortalmente magros e frgeis. Ter setecentos e cinquenta anos de idade e ter um filho! Hadggarchacoalhou a cabea, e imaginou se Medivh estava caoando dele. Hadggar soltou sua capa deviagem e foi conhecer as instalaes no fim do corredor. Elas eram espartanas, mas incluam umajarra de gua fria, um lavatrio e um bom e lmpido espelho. Hadggar pensou em usar uma magiamenor para aquecer a gua, ento decidiu simplesmente enfrent-la. A gua era estimulante eHadggar se sentiu melhor ao vestir roupas menos empoeiradas uma camiseta confortvel quechegava quase nos joelhos e um par de calas robustas. Sua roupa de trabalho. Ele puxou umaestreita faca para comida da sua sacola e, depois de pensar por um momento, a enfiou dentro do canoda bota. Ele voltou para o corredor e percebeu que no tinha uma ideia clara de onde a cozinhaficava. No havia um barraco de cozinha perto dos estbulos, ento todos os preparos eramprovavelmente feitos na torre. Provavelmente no trreo ou num andar prximo, com uma bomba dopoo. Com uma rota desobstruda para a sala de banquete, quer ela fosse usada com frequncia ouno. Hadggar encontrou a galeria acima da sala de banquete facilmente, mas teve que procurarbastante para encontrar a escadaria, estreita e torcida sobre ela mesma, levando para l. Da sala debanquetes, ele tinha toda uma seleo de sadas. Hadggar escolheu a mais provvel e foi parar em umcorredor sem sada com quartos vazios em todos os lados, similares aos seus aposentos. Umasegunda escolha teve resultados similares. A terceira levou o jovem para o corao de uma batalha.Ele no esperava por isso. Em um momento ele estava andando por sobre um conjunto de degraus depedra, imaginando se ele precisaria de um mapa ou um sino ou uma corneta de caa para navegarpela torre. No momento seguinte, o teto acima dele se abriu em um cu brilhante da cor de sanguepuro, e ele estava cercado de homens em armadura, armados para batalha. Hadggar deu um passopara trs, mas o corredor havia desaparecido, deixando apenas uma terra desnivelada e estril,diferente de qualquer uma com a qual ele tivesse familiaridade.

    Os homens estavam gritando e apontando, mas suas vozes, apesar do fato de estarem bem ao lado de

  • Hadggar, eram indistinguveis e confusas, como se estivessem falando com ele dentro d'gua. Umsonho? Pensou Hadggar. Talvez ele tivesse deitado por um momento e cado no sono, e tudo issofosse um terror noturno trazido por suas prprias preocupaes. Mas no, ele quase conseguia sentiro calor na sua pele do Sol corpulento, morrendo, e a brisa e os homens gritando se moviam ao seuredor. Era como se ele estivesse solto do resto do mundo, ocupando sua prpria ilhota, com apenasas mais tnues conexes com a realidade ao seu redor. Como se ele tivesse se tornado um fantasma.De fato os soldados o ignoravam como se ele fosse um esprito. Hadggar se esticou para agarrar umdeles pelo ombro, e para seu alvio a sua mo no passou pela placa degastada da ombreira. Haviaresistncia, mas somente do tipo mais amorfo ele conseguia sentir a solidez da armadura, e se elese concentrasse, sentir as protuberncias do metal amassado. Esses homens haviam lutadorecentemente e duramente, percebeu Hadggar. Somente um a cada trs homens no tinha algum tipode bandagem rude, medalhas sangrentas da guerra saindo por debaixo da armadura suja e doscapacetes danificados. Suas armas estavam talhadas tambm, e manchadas em rubro seco. Ele haviacado em um campo de batalha. Hadggar examinou a posio deles. Eles estavam no topo de umapequena colina, uma mera dobra nas plancies onduladas que pareciam cercar-lhes. Qualquervegetao que existisse havia sido derrubada e transformada em muralhas cruas, agora guardadas porhomens de expresso mrbida. Isso no era um reduto seguro, ou castelo, ou forte. Eles haviamescolhido esse local para lutar s porque no havia qualquer outro disponvel. Os soldados sesepararam quando seu aparente lder, um grande homem de barba branca com ombros largos, forousua passagem. Sua armadura estava surrada como qualquer outra, mas consistia de um peitoralaparafusado sobre um robe rubro de escolares, do tipo que no estaria deslocado nos corredores doKirin Tor. A bainha, as mangas e o manto do robe estavam inscritas com runas de poder - algumasdas quais Hadggar reconheceu, mas outras pareciam aliengenas para ele. A barba branca como aneve do lder alcanava quase at a cintura, escondendo a armadura por baixo, e ele usava umcapacete vermelho com uma nica gema dourada na testa.

    Ele carregava um basto com uma gema na ponta em uma mo, e uma espada vermelha escura naoutra. O lder estava berrando para os soldados, em uma voz que soava para Hadggar como um marrevolto. Os soldados pareciam entender o que ele dizia, pois eles se posicionaram de formaarrumada ao longo das barricadas, com outros preenchendo as frestas ao longo da linha. Ocomandante de barba branca passou raspando por Hadggar, e sem conseguir evitar, o jovem tomboupara trs, para fora do caminho. O comandante no deveria t-lo notado, no mais do que ossoldados manchados de sangue. Mas o comandante o notou. Sua voz se reduziu por um momento, elegaguejou, seu p aterrissou mal no solo desigual do topo rochoso da colina e ele quase caiu.Entretanto ele se virou e olhou para Hadggar. Sim, ele olhou para Hadggar, e estava claro para oaspirante a aprendiz que o mago guerreiro ancio o viu, e o viu claramente. Os olhos do comandanteolharam profundamente os de Hadggar, e por um momento Hadggar se sentiu como mais cedo, sob oolhar de Medivh. Porm isso era mais intenso. Hadggar olhou nos olhos do comandante. E o que eleviu o fez ofegar. Sem conseguir evitar, ele se virou, quebrando o olhar fixo do mago guerreiro.Quando ele olhou para cima novamente, o comandante estava acenando para ele. Foi um aceno breve,quase de rejeio, e a boca do velho estava fechada, franzida. Ento o lder de barba branca partiunovamente, urrando para os guerreiros, motivando-os a se defenderem. Hadggar queria ir atrs dele,segui-lo e descobrir como ele conseguia v-lo e os outros no, e o que ele podia lhe contar, mashavia um grito ao seu redor, um grito confuso de homens cansados chamados para um ltimo servio.Espadas e lanas erguidas para os cus da cor de sangue ressecado, e os braos apontaram para as

  • cordilheiras prximas, de onde rios fluindo haviam arrancado partes roxas do solo cor de ferrugem.Hadggar olhou para onde os homens estavam apontando e uma onda de verde e preto cobriu acordilheira mais prxima. Hadggar achou que fosse algum rio, ou uma avalanche de lama arcanacolorida, mas ele percebeu que a onda era um exrcito avanando. Preto era a cor de suas armadurase verde era a cor de suas peles.

    Eles eram criaturas de pesadelos, um esboo da forma humana. Suas faces cor de jade eramdominadas por mandbulas pesadas com dentes afiados, seus narizes achatados e farejantes como osde ces, e seus olhos eram pequenos, sanguinolentos, cheios de dio. Suas armas negras e armadurasornadas brilhavam sob o sol eternamente morrendo deste mundo e enquanto eles subiam a colina elessoltaram um urro que partiu o cho sob seus ps. Os soldados ao seu redor tambm soltaram umgrito, e enquanto as criaturas verdes diminuam a distncia at a colina, eles soltaram saraivada atrsde saraivada de flechas de ponta vermelha. A linha de frente das criaturas monstruosas tropeou ecaiu, e foi imediatamente atropelada pelos que vinham por trs. Mais uma saraivada e mais umbatalho dos monstros inumanos tombou, mas as suas perdas eram compensadas pela massa da marque avanava. direita de Hadggar haviam clares, como raios danando ao longo da superfcie daterra, e as monstruosidades gritavam enquanto a carne fervia por sobre os ossos. Hadggar pensou nocomandante guerreiro mago, mas tambm percebeu que esses raios somente afinavam em uma merafrao as hordas em carga. E ento as monstruosidades de pele verde estavam em cima deles, a ondade bano e jade se esmagando contra a paliada tosca. As vigas caam como se no fossem mais doque gravetos no caminho dessa tempestade, e Hadggar sentia a fina linha se curvar. Um dos soldadosmais perto dele caiu, empalado por uma grande lana escura. No lugar do guerreiro, havia umpesadelo de pele verde e armadura negra, uivando enquanto caia por cima dele. Sem conseguir secontrolar, Hadggar recuou dois passos e ento virou para correr. E quase atropelou Moroes, paradona passagem. Voc, sussurrou Moroes calmamente, estava atrasado. Talvez perdido. Hadggargirou no lugar novamente e viu que atras dele no havia um mundo de cu rubro e monstruosidadesverdes, mas um quarto de reunies abandonado, sua lareira vazia e as cadeiras cobertas com panos.O ar cheirava a poeira recentemente perturbada. Eu estava... balbuciou Hadggar. Eu vi... euestava... Em outro lugar? sugeriu Moroes.

    Hadggar engoliu seco, olhou ao redor, ento acenou mudo. A ceia est pronta, resmungou Moroes.No v para outro lugar de novo, agora. E o servente de roupas escuras virou e planousilenciosamente para fora do quarto. Hadggar olhou uma ltima vez para a passagem sem sada naqual ele havia parado. No haviam arcos msticos ou portas mgicas. A viso (se foi uma viso)terminara to de repente quanto comeara. No haviam soldados. Nem criaturas de pele verde.Nenhum exrcito a ponto de colapsar. Havia s uma memria que assustava Hadggar at a alma. Erareal. Ele havia sentido como se fosse real. Havia sentido como se fosse verdadeiro. No foram osmonstros ou o derramamento de sangue que o haviam assustado. Era o mago guerreiro, o comandantede cabelos brancos como a neve que parecia poder v-lo. Que parecia ter olhado para seu corao eo encontrado. E o pior de tudo, a figura de barba branca com armadura e robes tinha os olhos deHadggar. A face estava envelhecida, o cabelo branco como neve, o feitio poderoso, mas ainda assimo comandante tinha os mesmos olhos que Hadggar havia visto no espelho lmpido alguns momentos(geraes?) atrs. Hadggar saiu do quarto de reunies, e imaginou se seria muito tarde para arranjarum par de antolhos.

  • 3. Se Acomodando

    Vamos comear com voc devagar, disse o mestre feiticeiro do outro lado da mesa. Faa uminventrio da biblioteca. Descubra como que voc ir organiz-la. Hadggar acenouafirmativamente por sobre o mingau e salsichas. O centro da conversa do caf da manh foi sobreDalaran de forma geral. O que era popular em Dalaran e quais eram as modas de Lordaeron. O queeles estavam discutindo nas corredores do Kirin Tor. Hadggar mencionou que a atual perguntafilosofal de quando ele partiu era se, quando se criava chama com magia, voc a criava ou se ainvocava de alguma existncia paralela. Medivh se zangou. Tolos. Eles no reconheceriam umadimenso alternativa mesmo se ela aparecesse e os mordesse no... Ento, qual a sua opinio? Euacho que... E Hadggar subitamente percebeu que ele era novamente o centro das atenes. Eu achoque pode ser algo completamente diferente. Excelente, disse Medivh, sorrindo. Quando sodadas duas alternativas, escolha a terceira. claro que o que voc queria dizer que, quando voccria fogo, tudo o que voc est fazendo concentrar a natureza inerente do fogo contida na rea aoredor para um nico ponto, o invocando? Ah, sim, disse Hadggar, adicionando, se eu pensassesobre o assunto. Por uns tempos. Talvez alguns anos. Bom, disse Medivh, tocando suavemente suabarba com um guardanapo. Voc tem uma mente rpida e uma opinio honesta sobre si mesmo.Vamos ver como voc se sair com a biblioteca. Moroes lhe mostrar o caminho. A bibliotecaocupava dois andares e estava situada a um tero da altura da torre. As escadarias nesta parte datorre abraavam a borda da citadela, formando uma grande cmara de dois andares de altura. Umaplataforma de ferro manufaturada criava uma galeria superior no segundo nvel. As janelas estreitasestavam cobertas com bastes de ferro entrelaados, reduzindo a pouca luz natural para pouco maisdo que a de uma tocha coberta. Nas grandes mesas de carvalho do primeiro nvel, globos cristalinoscobertos por uma fina camada de poeira brilhavam azul acinzentados. O quarto por si s era umarea de desastre. Livros estavam espalhados abertos em pginas aleatrias, pergaminhos estavamdesenrolados sobre as cadeiras, e uma camada fina de folhas de papel almao empoeiradas cobriatudo, como folhas no cho de uma floresta.

    Os tomos mais antigos, ainda acorrentados nas prateleiras, haviam sido tirados de suas embalagens, ese dependuravam como prisioneiros em uma cela de masmorra. Hadggar fez um levantamento doestrago e soltou um suspiro profundo. Vamos comear devagar com voc, ele disse. Eu poderiaembrulhar seus equipamentos em uma hora, disse Moroes do corredor. O servente no entrou nabiblioteca. Hadggar pegou um pedao de pergaminho a seus ps. Um dos lados era um pedido doKirin Tor para o mestre mago para que respondesse missiva mais recente deles. O outro ladoestava marcado com uma mancha vermelha escura que Hadggar primeiro assumiu ser sangue, masento percebeu ser nada mais do que cera de selo derretida. No, disse Hadggar, batendo em suapequena bolsa de ferramentas de escrivo. s um desafio maior do que eu havia imaginado. Jouvi isso antes, disse Moroes. Hadggar se virou para perguntar sobre o comentrio, mas o serventej havia partido. Com o cuidado de um assaltante, Hadggar foi atravessando os escombros. Era comose uma verdadeira batalha houvesse estourado na biblioteca. Lombadas de livros estavam quebradas,capas semidestrudas, papis dobrados sobre si mesmos, marcaes haviam sido arrancadas doscadernos completamente. E isso para os livros que ainda estavam quase inteiros. A maioria dosportflios havia sido arrancada de suas capas, e a poeira por cima das mesas cobria uma camada depapis e correspondncias. Algumas delas estavam abertas, mas algumas estavam notavelmente aindano lidas, e seu conhecimento contido sob seus selos de cera. O mago no precisa de um assistente,

  • resmungou Hadggar, limpando uma rea em uma extremidade de uma mesa e puxando uma cadeira.Ele precisa de uma faxineira. Ele deu uma olhada para a porta para garantir que o castelo haviarealmente ido embora. Hadggar se sentou e a cadeira se inclinou significativamente. Ele se levantounovamente e viu que as pernas desiguais estavam sobre um tomo grosso, com capa metlica. A capada frente era ornada e as bordas das pginas cobertas de prata. Hadggar abriu o texto, e ao faz-loele sentiu algo se movendo dentro do livro, como uma pea escorregando por um eixo metlico, ouuma gota de mercrio se movendo atravs de um tubo de vidro.

    Algo metlico se desenrolou pela lombada do tomo. O livro comeou a tiquetaquear. Hadggar fechoua capa rapidamente, e o livro se silenciou com um estalo e um movimento rpido, o mecanismo sereiniciando. O jovem colocou o volume de volta sobre a mesa delicadamente. Foi ento que elepercebeu as marcas de queimado na cadeira que ele estava usando e no cho ao seu redor. Euentendo porque voc teve tantos assistentes, disse Hadggar, andando devagar pelo quarto. Asituao no melhorou. Livros estavam pendurados abertos sobre braos de cadeiras e sobrecorrimes. A pilha de correspondncia ficava mais alta a medida que caminhava para o fundo doquarto. Algo havia feito um ninho em um dos cantos da estante, e assim que ele o retirou daprateleira, uma caveira de musaranho caiu e se despedaou no cho. O nvel superior erapraticamente um depsito, os livros nem estavam nas prateleiras, apenas uns em cima dos outros,formando pilhas cada vez maiores, de colinas para montanhas, para picos inalcanveis. E havia umponto vazio, mas parecia que algum havia feito uma fogueira nele, numa tentativa desesperada dereduzir a quantidade de papel presente. Hadggar examinou a rea e chacoalhou a cabea algo maisqueimara aqui tambm, porque haviam pedaos de tecido, provavelmente um robe de um escolar.Hadggar chacoalhou a cabea e voltou para onde ele havia deixado suas ferramentas de escrivo. Eletirou uma caneta fina de madeira com um punhado de pontas de metal, uma pedra para afiar e moldaras pontas, uma faca com lmina flexvel para raspar pergaminhos, um bloco de tinta de polvo, umpires para derreter a tinta, uma coleo de chaves finas e achatadas, lentes de aumento, e o queparecia ser um grilo metlico. Ele pegou o grilo, girou-o de costas, e usando uma ponta de canetaespecialmente projetada, o espetou. Um presente de Guzbah para Hadggar ao completar seu primeirotreinamento como escrivo, ele havia provado ser inestimvel nas perambulaes do jovem peloscorredores do Kirin Tor. Dentro dele estava contida uma simples, mas eficaz magia que avisavaquando havia uma armadilha nas redondezas. To logo ele havia espetado e dado uma volta com acaneta, o grilo metlico soltou um gemido agudo. Hadggar, surpreso, quase deixou cair o insetodetetor. Ento ele percebeu que o aparelho estava s avisando sobre a intensidade do perigo empotencial.

    Hadggar olhou para os volumes empilhados ao seu redor, e resmungou um improprio. Ele voltoupara as portas e terminou de dar corda no grilo. Ento ele trouxe o primeiro livro que ele haviapegado, o que tiquetaqueava, para as portas. O grilo gorjeou de leve. Hadggar deixou o livro com aarmadilha em um dos lados das portas. Ele pegou outro volume e o trouxe. O grilo ficou silencioso.Hadggar segurou a respirao, esperando que o grilo estivesse encantado para manusear todo tipo dearmadilhas, mgicas e de outros tipos, e abriu o livro. Era um tratado escrito em uma letra femininamacia sobre poltica dos elfos de trezentos anos atrs. Hadggar deixou o volume manuscrito no outrolado das portas, e foi atrs de mais um livro. Eu conheo voc, disse Medivh, na manh seguinte,sobre seu mingau e salsichas. Hadggar, senhor, disse o jovem. O novo assistente, disse o magomais velho. claro. Me desculpe, mas minha memria j no mais a mesma. Muita coisa est

  • acontecendo. Alguma coisa com o que voc precisa de ajuda, senhor? perguntou Hadggar. Ohomem mais velho pareceu pensar sobre isso por um momento, ento disse, A biblioteca, JovemConfiana. Como esto as coisas na biblioteca? Bem, disse Hadggar. Muito bem. Estou ocupadodividindo livros e papis. Ah, por assunto? Autor? perguntou o mestre mago. Fatais e no fatais,pensou Hadggar. Estou pensando em por assunto. Muitos so annimos. Hmmmmfph, disseMedivh. Nunca confie em algo para o que um homem no d seu nome e sua reputao. Continue,ento. Diga-me, qual a opinio dos magos do Kirin Tor a respeito do Rei Llane? Eles omencionam? O trabalho continuava com uma lerdeza glacial, mas Medivh no parecia estar cientedo tempo envolvido. De fato, ele parecia comear cada manh agradavelmente surpreso por Hadggarainda estar com eles e, aps um curto resumo do progresso, a conversa mudava para uma novadireo. Falando em bibliotecas, ele dizia. O que est aprontando o bibliotecrio do Kirin Tor,Korrigan? Como as pessoas de Lordaeron se sentem a respeito dos elfos? Algum deles j foi vistol, fresco na memria?

    Existem lendas sobre homens com cabea de touro nos corredores da Cidadela Violeta? E em umamanh, uma semana aps a chegada de Hadggar, Medivh no estava presente. Partiu, disse Moroesde forma simples, quando indagado. Partiu para onde? perguntou Hadggar. O velho castelo deu deombros, e Hadggar quase conseguiu ouvir os ossos rangendo dentro daquela forma. Ele no dedizer. O que ele est fazendo? insistiu Hadggar. Ele no de dizer. Quando ele estar devolta? Ele no de dizer. Ele me deixaria sozinho em sua torre? perguntou Hadggar. Semsuperviso, com todos os seus textos msticos? Eu poderia ficar de guarda sobre voc, sevoluntariou Moroes. Se isso que voc quer. Hadggar chacoalhou a cabea, mas disse, Moroes?Sim, jovem senhor? Essas vises... comeou o jovem. Antolhos? sugeriu o servente. Hadggarchacoalhou a cabea novamente. Elas mostram o futuro ou o passado? Ambos, das vezes em queprestei ateno, mas normalmente eu no o fao, disse Moroes. Prestar ateno, quero dizer. Eas do futuro, elas se tornam realidade? disse o jovem. Moroes soltou algo que Hadggar s podiaassumir ter sido um longo suspiro, uma exalao de tremer os ossos. Na minha experincia, sim,jovem senhor. Em uma viso Cook viu eu quebrar um pedao de cristal, ento ela o escondeu. Mesesse passaram, e finalmente o mestre perguntou pelo pedao de cristal. Ela o removeu do esconderijo eem dois minutos eu o quebrei. Completamente sem inteno. Ele suspirou de novo. Ela ganhou suaslentes de quartzo rosa no dia seguinte. Mais alguma coisa? Hadggar disse que no, mas estavaperturbado enquanto escalava as escadarias para o nvel da biblioteca. Ele havia ido to longequanto ele se atrevera na sua organizao, e o desaparecimento sbito de Medivh o deixou na seca,sem uma nova direo. O jovem aspirante de aprendiz entrou na biblioteca. Em um lado do quartoestavam os volumes (e restos de volumes) que o grilo havia considerado 'seguros', enquanto a outrametade do quarto estava repleto dos (normalmente mais completos) volumes que teriam armadilhas.

    As grandes mesas estavam cobertas com folhas soltas e correspondncia fechada, postos em doismontes semirregulares. As prateleiras estavam completamente vazias, as correntes penduradas livresde seus prisioneiros. Hadggar podia separar os papis, mas melhor reabastecer as prateleiras com oslivros. Mas a maioria dos volumes estava sem ttulo, ou se com ttulo, as capas estavam todesgastadas e estragadas que estavam ilegveis. A nica forma de determinar os contedos seriaabrir os livros. O que dispararia os com armadilhas. Hadggar olhou para a marca chamuscada nocho e chacoalhou a cabea. Ento ele comeou a observar, primeiro os com armadilhas, depois ossem, at que ele achou o que estava procurando. Um livro marcado com o smbolo da chave. Estava

  • trancado, uma faixa espessa de metal mantendo-o fechado, seguro por uma fechadura. Em nenhummomento nas suas buscas Hadggar encontrara uma chave de verdade, apesar de isso no osurpreender, dada a organizao do quarto. A amarrao era forte, e a capa ela mesma era uma placade metal coberta de couro vermelho. Hadggar pegou as partes achatadas de chaves de sua bolsa, maselas eram todas insuficientes para a grande fechadura. Finalmente, usando a ponta da faca de raspar,Hadggar conseguiu empurrar a lingueta de metal atravs da fechadura, e ela fez um agradvel 'clique'quando ele a reposicionou. Hadggar olhou para o grilo que ele mantinha na mesa, e ele estavasilencioso. Segurando sua respirao, o jovem mago abriu o pesado volume. O cheiro azedo de papelapodrecido subiu por suas narinas. De Armadilhas e Fechaduras, ele leu em voz alta, amarrando aboca por causa da escritura arcaica e das pretensiosas palavras. Um Tratado sobre a Natureza dosDispositivos de Segurana. Hadggar puxou a cadeira (levemente mais baixa, j que ele haviaserrado as trs pernas mais longas para balance-la) e comeou a ler. Medivh estava fora haviamduas semanas e, nesse ponto, Hadggar havia proclamado a biblioteca como sua.

    Em cada manh ele se levantava para o caf da manh, dava a Moroes uma atualizao superficial doseu progresso (sobre a qual o castelo, assim como Cook, nunca deram qualquer indicao decuriosidade), ento se enterrava dentro do compartimento. Almoo e janta eram levados at ele, e elefrequentemente avanava a noite trabalhando sob a luz azulada das esferas brilhantes. Ele tambm seadaptou natureza da torre. Haviam imagens que apareciam nos cantos de seus olhos frequentemente,s o tremular de uma figura em uma capa batida que evaporava quando ele se virava para olh-la.Uma semi acabada palavra que flutuava no ar. Um frio sbito como se uma porta ou janela tivessesido deixada aberta, ou uma sbita mudana de presso, como se uma entrada escondida tivesseaparecido de repente. Algumas vezes a torre emitia rudos ao vento, as pedras ancis se movendoumas sobre as outras aps sculos de construdas. Lentamente, ele aprendeu a natureza, se no oscontedos exatos, dos livros que estavam na biblioteca, contornando as armadilhas postas nos tomosmais valiosos. Suas pesquisas lhe serviram bem no ltimo caso. Ele logo se tornou to bomespecialista em contornar mecanismos mgicos e armadilhas com pesos como ele fora com portastrancadas e segredos escondidos em Dalaran. O truque para a maioria delas era convencer omecanismo de trava (seja de natureza mgica ou mecnica) de que a fechadura no havia sidocontornada quando na verdade havia sido. Determinar o que dispara cada armadilha em particular,quer fosse um peso, ou um pedao de metal mvel, ou mesmo a exposio ao Sol ou ao ar fresco, erametade da batalha para venc-la. Haviam livros que estavam alm do seu alcance, cujas fechadurasvenceram mesmo seus pinos modificados e sua gil faca. Esse iam para o nvel superior, l no fundo,e Hadggar se comprometeu a descobrir o que havia dentro deles, seja por conta prpria ou extraindoo conhecimento de Medivh. Ele duvidava da segunda alternativa, e imaginava se o mago mestre haviausado a biblioteca como qualquer coisa que no um depsito para textos herdados e velhas cartas. Osarquivos da maioria dos magos do Kirin Tor tinha ao menos algo parecido com alguma organizao,com seus tomos mais valiosos escondidos. Mas Medivh mantinha tudo uma baderna, como se ele noprecisasse deles. Exceto como um teste, pensou Hadggar. Um teste para manter aspirantes aaprendizes longe.

    Agora os livros estavam nas prateleiras, os mais valiosos (e ilegveis) presos com correntes no nvelsuperior, enquanto os mais comuns, de histrias militares, almanaques e dirios, estavam no pisoinferior. Aqui estavam tambm os pergaminhos, variando de listas mundanas de itens comprados evendidos em Ventobravo, a gravaes de poemas picos. Os ltimos eram particularmente

  • interessantes j que alguns deles eram sobre Aegwynn, a dita me de Medivh. Se ela vivera mais deoitocentos anos, ela deve ter mesmo sido uma maga poderosa, pensou Hadggar. Mais informaessobre ela estariam provavelmente nos livros protegidos nos fundos. At agora, esses tomos haviamresistido qualquer abordagem comum e tentativa fsica de deixar de lado suas fechaduras earmadilhas, e o grilo detector praticamente miava de horror quando ele tentava destranc-los. Aindaassim, havia mais do que o suficiente para se fazer, categorizando as partes soltas, remontando osvolumes quase destrudos pela idade, e dividindo (ou pelo menos lendo) a maioria dacorrespondncia. Algumas dessas ltimas estavam em caligrafia lfica, e a maioria delas, de umavariedade de origens, estava de alguma forma cifrada. Esse ltimo tipo vinha com uma variedade deselos sobre elas, de Azeroth, Khaz Modan e Lordaeron, assim como lugares que Hadggar noconseguia encontrar no atlas. Um grande grupo se comunicava com palavras cifradas uns com osoutros, e com o prprio Medivh. Haviam vrios grimrios antigos com cdigos, a maioria deles dotipo com letras substitudas e jarges. Nada comparado com o cdigo usado nessas palavrascifradas. Talvez eles usassem uma combinao de mtodos para criar seu prprio mtodo. Comoresultado, Hadggar mantinha os grimrios com cdigos junto com cartilhas em lnguas lficas e ansabertos sobre a mesa na manh em que Medivh subitamente retornou torre. Hadggar no o ouviutanto quanto sentiu sua presena sbita, da forma como o ar muda quando o fronte de uma tempestadeatravessa terras e fazendas. O jovem mago se virou em sua cadeira e l estava Medivh, seus ombroslargos preenchendo o vo das portas, seu robe tremulando atrs dele por conta prpria. Senhor,eu... comeou Hadggar, sorrindo e quase se levantando da cadeira. Ento ele viu que os cabelos domestre estavam bagunados, e seus olhos verdes tremulantes estavam arregalados e bravos.

    Ladro! gritou Medivh, apontando para Hadggar. Intruso! O mago mais velho apontou para omais novo e comeou a entonar uma sequncia de slabas aliengenas, palavras no feitas para agarganta humana. Instintivamente, Hadggar levantou uma mo e acenou um smbolo de proteo no ar sua frente, mas podia ter sido apenas um gesto de mo rude, dado o efeito que teve sobre a magiade Medivh. Uma parede de ar solidificado trombou no jovem, derrubando-o e a cadeira em queestava sentado. Os grimrios e cartilhas escorregaram na superfcie da mesa como barcos pegos emuma rajada de vento, e as anotaes saram girando, danando. Surpreso, Hadggar foi jogado paratrs, trombando em uma das prateleiras atrs dele. A prateleira tremeu com a fora do choque, e ojovem temeu que ela fosse tombar, estragando todo o seu trabalho duro. A estante se manteve emposio, mas a presso no peito de Hadggar causada pela fora do ataque se intensificava. Quem voc? trovejou Medivh. O que voc est fazendo aqui? O jovem lutava contra o peso em seupeito, e conseguiu falar, Hadggar, ele ofegava. Assistente. Limpando a biblioteca. Ordens suas.Parte de sua mente pensou se isso era a razo pela qual Moroes falava de forma to breve. Medivhpiscou aps as palavras de Hadggar e se ergueu como um homem que acabara de acordar de umlongo sono. Ele torceu sua mo levemente, e a muralha de ar solidificado se evaporou de uma vez.Hadggar caiu de joelhos, ofegando. Medivh andou at ele e o ajudou a se levantar. Sinto muito,rapaz, ele comeou. Eu me esqueci de que voc ainda estava aqui. Assumi que voc era umladro. Um ladro que insiste em largar o quarto mais arrumado do que ele o encontrara, disseHadggar. Doa um pouco quando ele respirava. Sim, disse Medivh, olhando para o quarto ao redore acenando com a cabea, apesar da desorganizao causada pelo seu prprio ataque. Sim. Euacredito que ningum foi to longe antes. Eu os dividi por tipo, disse Hadggar, ainda retorcidoapoiado nos joelhos. Histrias, incluindo poemas picos, a direita. Cincias naturais a suaesquerda. Materiais legendrios no centro, com lnguas e materiais de referncia. Os materiais mais

  • poderosos notas de alquimia, descries de magias e teoria vo para o balco, junto com algunslivros que eu no consegui identificar e que parecem ser bastante poderosos.

    Voc ter que dar uma olhada nesses voc mesmo. Bom, disse Medivh, ignorando o jovem eescaneando o quarto. Excelente. Um trabalho excelente. Muito bom. Ele olhou em volta, parecendoum homem que acabara de recuperar o prumo. Muito bom mesmo. Voc foi bem. Agora venhacomigo. O mestre mago correu para a porta, parou de sbito e ento virou. Voc vem? Hadggar sesentiu como se tivesse sido atingido por outro raio mstico. Ir? Para onde ns vamos? Para otopo, disse Medivh, bruscamente. Venha agora ou chegaremos atrasados. Tempo essencial. Paraum homem mais velho, Medivh se movia rapidamente pelas escadas, subindo dois degraus por vezem passo rpido. O que h no topo? falou Hadggar ofegante, finalmente alcanando-o em um platprximo ao topo. Transporte, soltou Medivh, ento exitou por um momento. Ele virou sobre simesmo e ento seus ombros caram. Por um momento pareceu que o fogo havia se extinguido de seusolhos. Eu preciso me desculpar. Pelo que aconteceu l embaixo. Senhor? disse Hadggar, suamente girando com essa nova transformao. Minha memria no mais a mesma, JovemConfiana, disse o mago. Eu deveria ter lembrado que voc estava na torre. Contudo, eu assumique voc deveria ser um... Senhor? interrompeu Hadggar. Tempo essencial. Tempo, disseMedivh, ento deu um aceno com a cabea e a intensidade voltou ao seu rosto. Sim, mesmo.Venha, no fique de bobeira! E ento o homem mais velho estava de p e pulando dois degraus porvez. Hadggar percebeu que a torre amaldioada e a biblioteca desorganizada no eram a nica razopela qual as pessoas largavam o trabalho com Medivh, ento se apressou atrs dele. O castelo idosoestava esperando por eles na torre do observatrio. Moroes, gritou Medivh quando chegou no topoda torre. O apito dourado, por favor. Sim, disse o servente, apresentando um cilindro fino. Runasans estavam esculpidas nas laterais, refletindo sob as luzes das lmpadas do quarto. J tomei aliberdade, senhor. Eles esto aqui. Eles? comeou Hadggar.

    Ele podia ouvir o farfalhar de grandes asas acima deles. Medivh partiu para a plataforma, e Hadggarolhou para cima. Pssaros enormes desceram do cu, suas asas luminescentes sob o luar. No, noeram pssaros, Hadggar percebeu grifos. Eles tinham o corpo de grandes felinos, mas a cabea e aspatas da frente de guias do mar, e suas asas eram douradas. Medivh pegou um freio e uma cela.Amarre o seu, e partiremos. Hadggar olhou a grande besta. O grifo mais prximo soltou umguincho e arranhou o pavimento com suas patas frontais. Eu nunca... comeou o jovem. Eu nosei... Medivh lanou um olhar de censura. Eles no ensinam nada no Kirin Tor? Eu no tenhotempo para isso. Ele levantou um dedo e murmurou algumas palavras, tocando a testa de Hadggar.Hadggar deu um passo em falso para trs, gritando surpreso. O toque do velho mago o fez se sentircomo se houvessem enfiado um ferro quente no seu crebro. Medivh disse, Agora voc sabe. Ajusteo freio e a cela, agora. Hadggar tocou sua testa e soltou um suspiro surpreso. Ele sabia comoarrumar um grifo propriamente, e a montar um tambm, tanto com cela, ou ao estilo ano, sem. Elesabia como fazer uma curva, uma subida, e mais importante, como se preparar para uma aterrissagemsbita. Hadggar preparou seu grifo, ciente de que sua cabea estava pulsando levemente, como se oconhecimento estivesse lutado com o j presente por um lugar em seu crnio. Pronto? Siga-me!disse Medivh, sem esperar por uma resposta. O par se lanou ao ar, as bestas grandiosas fazendofora e batendo no ar para permitir que subissem. As grandes criaturas podiam carregar anes emarmadura, mas um humano de robe chegava prximo ao limite. Hadggar virou seu grifo em quedalivre habilmente e seguiu Medivh, que mergulhava sobre as copas das rvores escuras. A dor em sua

  • cabea se espalhou do ponto em que Medivh o havia tocado, e agora sua testa estava pesada e seuspensamentos embaralhados. Ainda assim ele se concentrava e seguiu os movimentos do seu mestreexatamente, como se tivesse cavalgado grifos toda sua vida. O mago mais jovem tentou se aproximarde Medivh para perguntar aonde eles estavam indo e qual o objetivo, mas ele no conseguia alcan-lo.

    Mesmo se conseguisse, Hadggar percebeu, o vento forte abafaria qualquer som mais baixo do que umgrito dos mais fortes. Ento ele o seguiu para o leste, enquanto as montanhas se formavam nadistncia. Hadggar no sabia dizer quanto tempo eles voaram. Ele podia ter cochiladoconfortavelmente nas costas do grifo, mas manteve suas mos nas rdeas firmemente, e o grifomanteve o passo com sua criatura irm. S quando Medivh guinou seu grifo para a direita queHadggar acordou de seu estado de dormncia (se isso) e seguiu o mestre mago em seu novo rumopara o sul. A dor de cabea de Hadggar, provvel resultado da magia, havia se dissipado quasecompletamente, restando apenas um incmodo como lembrana. Eles haviam passado pelasmontanhas e Hadggar percebeu que eles estavam voando sobre campos abertos. Abaixo deles, o luarse partia e se refletia em uma mirade de possas d'gua. Um grande charco, ou um pntano, Hadggarpensou. Devia ser de manh cedo, e o horizonte a direita deles comeava a se iluminar com aeventual promessa de um dia. Medivh mergulhou fundo e levantou ambas as mos sobre a cabea.Estava conjurando das costas do grifo, Hadggar percebeu, e apesar de sua mente lhe garantir que eleconseguia fazer isso, guiando a grandiosa besta com os joelhos, ele sentiu em seu corao que nuncase sentiria confortvel fazendo esta manobra. As criaturas desceram ainda mais, e Medivhsubitamente tornou-se imerso em uma bola de luz que o delineava claramente e englobava o grifo deHadggar como uma sombra seguindo-o. Abaixo deles, o jovem viu um acampamento armado em umplat baixo que se projetava no meio do pntano. Eles voaram baixo por cima do acampamento eHadggar ouviu abaixo dele gritos e o clangor de armaduras e armas sendo empunhadas rapidamente.O que Medivh estava fazendo? Eles passaram por cima do acampamento e Medivh fez uma curvafechada para o alto, Hadggar seguindo-o a cada movimento. Eles retornaram para cima doacampamento e ele estava mais claro agora as fogueiras que antes estavam apagadas, agoraestavam acesas, recm alimentadas, iluminando a noite. Hadggar viu que era uma patrulha grande,talvez at mesmo uma companhia. A tenda do comandante era grande e ornada e Hadggar reconheceua bandeira de Azeroth abanando sobre ela. Aliados, ento, j que Medivh era prximo do Rei Llanede Azeroth e de Lothar, o Cavaleiro Campeo do reino.

    Hadggar achou que Medivh iria aterrissar, mas ao invs disso, o mago chutou os lados de suamontaria, puxando a cabea do grifo para o alto. As grandiosas asas da besta empurraram o ar escuroe eles subiram novamente, desta vez rumando para o norte. Hadggar no tinha opo alm de segui-lo, enquanto a luz de Medivh se apagava e o mestre mago tomava as rdeas novamente. Voandonovamente por sobre o pntano Hadggar viu um filete estreito abaixo deles, muito fino para ser umrio, muito largo para ser uma calha de irrigao. Uma rua, ento, atravessando o pntano, conectandopedaos de terra seca que emergiam do charco. Ento a terra subiu para outra cordilheira, outroponto seco e outro acampamento. Tambm haviam chamas nesse acampamento, mas no as claras econtidas das foras do exrcito. Essas estavam espalhadas pela clareira e quando eles seaproximaram, Hadggar percebeu que eram vages incendiados, suas cargas espalhadas junto com asformas humanas escuras que foram jogadas como bonecas de crianas no terreno arenoso doacampamento. Como antes, Medivh passou por cima do acampamento, ento virou para o alto para

  • fazer uma segunda passagem. Hadggar o seguiu, o jovem mago ele mesmo se inclinando para o ladoda montaria para ter uma vista melhor. Parecia ser uma caravana que fora pilhada e incendiada, masos bens estavam espalhados pelo cho. Os bandidos no levariam a pilhagem e os vages? Haveriamsobreviventes? A resposta para a segunda pergunta viera com um grito e uma saraivada de flechasque arqueavam para o alto, vinda dos arbustos cercando o local. O grifo lder soltou um grito agudoenquanto Medivh puxou as rdeas para trs sem esforo, manobrando a criatura para longe dasflechas. Hadggar tentou a mesma manobra, a memria quente, falsa, reconfortante na sua cabeadizendo a ele que essa era a maneira correta de virar. Mas diferente de Medivh, Hadggar estavadirigindo muito a frente na sua montaria e ele no puxou a rdea o suficiente. O grifo virou, mas noo suficiente para evitar todas as flechas. Uma flecha barbada atravessou as penas da asa direita e abesta grandiosa soltou um berro, dando solavancos no ar e tentando desesperadamente bater as asaspara voar acima das flechas. Hadggar estava desequilibrado e no pde compensar. Em um piscar deolhos, as rdeas escorregaram de suas mos, e seus joelhos escorregaram dos lados do grifo. Nomais sob controle firme, o grifo arremeteu, jogando Hadggar para fora de suas costas. Hadggar seesticou para pegar as rdeas. As fitas de couro chicotearam por seus dedos e ento sumiram na noite,junto com sua montaria. Hadggar mergulhou em direo escurido armada abaixo.

  • 4. Batalha e Consequncias

    O ar se esvaiu dos pulmes de Hadggar quando ele atingiu o solo. A terra era granulada sob seusdedos, e ele percebeu que cara em uma pequena duna de cascalho arenoso amontoado de um lado dacordilheira. Com dificuldade, o jovem mago se levantou e ficou de p. Do ar, a cordilheira pareciauma floresta de fogo. Do solo ela parecia uma abertura para o inferno. Os vages j estavam quasecompletamente consumidos pelo fogo, seus contedos espalhados e incendiados ao longo damontanha. Bobinas de tecido haviam sido desenroladas na lama, barris furados e vazando, a comidaroubada e espalhada pela terra. Ao seu redor tambm haviam corpos, formas