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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA CAMPUS VIII – PAULO AFONSO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS VANESSA RODRIGUES TEIXEIRA INCIDÊNCIA DE AUTOMUTILAÇÃO EM ESTUDANTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO ENSINO FUNDAMENTAL DE PAULO AFONSO, BAHIA

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

CAMPUS VIII – PAULO AFONSO

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

VANESSA RODRIGUES TEIXEIRA

INCIDÊNCIA DE AUTOMUTILAÇÃO EM ESTUDANTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO ENSINO FUNDAMENTAL DE PAULO AFONSO, BAHIA

PAULO AFONSO - BAHIA

SETEMPBRO - 2019

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VANESSA RODRIGUES TEIXEIRA

INCIDÊNCIA DE AUTOMUTILAÇÃO EM ESTUDANTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO ENSINO FUNDAMENTAL DE PAULO

AFONSO, BAHIA

Monografia apresentada ao curso de graduação de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas, da Universidade do Estado da Bahia, como requisito para a obtenção do título de Licenciado em Ciências Biológicas.

Orientadora: Profa. Dra. Eliane Maria de

Souza Nogueira

PAULO AFONSO - BAHIA

Setembro – 2019

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Folha de Aprovação

AUTOR: Vanessa Rodrigues Teixeira

INCIDÊNCIA DE AUTOMUTILAÇÃO EM ESTUDANTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO ENSINO FUNDAMENTAL DE PAULO

AFONSO, BAHIA

Monografia apresentada ao curso de graduação de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas, da Universidade do Estado da Bahia, como requisito para a obtenção do título de Licenciado Em Ciências Biológicas.

Paulo Afonso ______ de __________________ de ____________

Banca Examinadora:

___________________________________________________________

Eliane Maria de Souza Nogueira

(Universidade do estado da Bahia)

___________________________________________________________

Tamara de Almeida e Silva

(Universidade do estado da Bahia)

___________________________________________________________

Deyvison Rhuan Vasco dos Santos

(Colégio Carlina Barboza de Deus)

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Dedico a Deus por sempre estar ao meu lado

nos momentos mais difíceis desse trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha querida filha Ana Clara, que chegou para me fortalecer durante

os últimos períodos deste curso, ao meu amado esposo Luiz Paulo que sempre me apoiou

em todas as minhas escolhas e me deu forças todas as vezes em que fui fraca e

desanimada;

A minha mãe, que com seu exemplo durante o magistério me fez perceber o quanto

era importante estudar e buscar meus sonhos. Ao meu pai, Claudio Teixeira que me faz

todos os dias ter mais forças para seguir em busca dos meus sonhos, para que um dia eu

possa cuidar dele cada dia mais e melhor;

A minha avó Maria Galdino, meu exemplo de força e de perseverança; Todas as

minhas tias, mulheres fortes e guerreiras. Principalmente a minha tia Bega responsável por

cuidar de mim durante meu pós-parto e que me ajuda até hoje com minha casa e com

minha filha;

As minhas primas queridas: Amanda Alexandre, Larissa Moura, Raissa Moura e

Thatiane Alexandre, por serem as fontes dos melhores concelhos, descontrações,

encontros, piqueniques, sorvetes, almoços e MEMES, bem como estarem presentes nos

melhores e piores momentos da minha vida elas estavam presentes. Só tenho a agradecer

por ter vocês em minha vida;

Nas primeiras aulas desse curso encontrei e fiz grandes amigos que levarei da

UNEB para minha vida e por toda ela. Meu eterno grupinho: André Silva, Camilo Brandão,

Larissa Moura, Loraine Lima e Sueli Canário. Foram minha base e sustentação nas horas

difíceis de todas as disciplinas, me ensinando melhor do que os professores com toda

paciência que a minha lerdeza necessitava. Lembrarei com carrinho de todos os

aniversários comemorados com bolinhos e salgados em alguma sala vazia da UNEB e os

encontros para estudar para o seminário de Ilka. As melhores risadas foram e são até hoje

com vocês.

Agradeço também, as professoras Maristela Casé, Nadja Vitoria e Ilka Maria,

levarei para vida os ensinamentos de vocês e o exemplo de como ser uma professora

melhor para meus futuros alunos. A minha orientadora Eliane Maria de Souza Nogueira

agradeço pela paciência e pela confiança.

Um agradecimento especial a Universidade do Estado da Bahia, por todo

conhecimento adquirido durante toda minha formação. E ao Colégio Raimundo Medérico da

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Silva Toledo, bem como à sua gestora, Dyan Lara Batista Barros de Freitas, por me

acolherem durante minha pesquisa, agradeço a colaboração e atenção de ambos.

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RESUMO

O presente trabalho pretende identificar o posicionamento do diretor diante

dos casos de automutilação em sua escola, o qual nos últimos anos, tem crescido e

se tornado uma preocupação constante nas escolas já que a maioria dos casos é

identificada em adolescentes. Para tanto foi feito uma revisão bibliográfica para que

pudesse ter ciência dos principais fatos que levam um adolescente a se automutilar

para assim criar um questionário com dez questões sendo cinco abertas e cinco

fechadas. A ser aplicado para a diretora Dyan Lara Batista Barros De Freitas, no

Colégio Municipal Raimundo Medérico da Silva Toledo de ensino fundamental, onde

é gestora à três anos. Após a análise dos dados e estudos acerca da temática,

percebe-se que os adolescentes que se autolesionan demonstram uma mudança de

comportamento durantes as aulas, os amigos próximos são os primeiros a observar

essa mudança comportamental sendo assim são os principais responsáveis por

comunicar o problema a algum professor ou diretamente ao diretor, os familiares

geralmente são os últimos a saber e na maioria das vezes descobrem através de

uma conversa franca e sútil com o professor ou com o diretor do colégio. É

importante que a identificação dos casos de automutilação seja precoce para que

haja intervenção dos profissionais da área de saúde o quanto antes, pois quando há

a descoberta de um caso nas dependências da escola ela é mediadora para o

encaminhamento desse adolescente para unidade básica de saúde (UBS), evitando

assim possíveis complicações, com a tentativa de suicídio.

Palavras-chave: Auto Dano; Escarificação; Autolesão; Adolescentes.

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ABSTRACT

The present work intends to identify the principal's position regarding the cases

of self-mutilation in his school, which in recent years has grown and become a

constant concern in schools since most cases are identified in adolescents. To this

end, a literature review was made so that she could be aware of the main facts that

lead a teenager to self-mutilate in order to create a questionnaire with ten questions,

five open and five closed. To be applied to Principal Dyan Lara Batista Barros De

Freitas, at the Raimundo Medérico da Silva Toledo Municipal High School, where

she is a manager at tree rerts. After analyzing the data and studies on the subject, it

is clear that adolescents who self-demonstrate a change in behavior during classes,

close friends are the first to observe this behavior change and thus are primarily

responsible for communicating the problem. To some teacher or directly to the

principal, family members are usually the last to know and most often find out

through frank and subtle conversation with the teacher or the principal. It is important

that the identification of self-mutilation cases is early so that health professionals can

intervene as soon as possible, since when a case is discovered on school grounds, it

mediates the referral of this adolescent to the basic health unit. (UBS), thus avoiding

possible complications with the attempted suicide.

Keywords: Scarification; Self-harm; Adolescents; Self- Mutilation; NSSI Non-suicidal

self-injury.

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LISTA DE IMAGENS

Imagem 1: Automutilação em grupos de whattsapp................................................. 11

Imagem 2: Tipos de automutilação........................................................................... 12

Imagem 3: Automutilação ao vivo............................................................................. 22

Imagem 4: Me ajude.................................................................................................. 24

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 8

2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................. 92.1 DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL E COMPORTAMENTAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES DURANTE A IDADE ESCOLAR, DIANTE DO CONVÍVIO COM FAMILIARES E AMIGOS..................................................... 92.2 DEFINIÇÃO DE AUTOMUTILAÇÃO .....................................................

112.3 MÉTODOS UTILIZADOS PARAR SE AUTOMUTILAR ........................

142.4 JUSTIFICATIVAS DADAS PELOS ADOLESCENTES QUE SE

AUTOMUTILAM ........................................................................................... 152.5 HISTÓRICO ..........................................................................................

172.6 FATORES DE RISCO ...........................................................................

192.7 TECNOLOGIAS ....................................................................................

212.8 TRATAMENTO ..................................................................................... 232.9 POLÍTICAS DE PREVENÇÃO ..............................................................

263 METODOLOGIA ............................................................................................

274 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................. 28

4.1 TESTEMUNHO DA GESTORA DYAN LARA BATISTA BARROS DE FREITAS RESPONSÁVEL PELO COLÉGIO MUNICIPAL RAIMUNDO MEDÉRICO DA SILVA TOLEDO DE PAULO AFONSO, BAHIA................... 28

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 336 REFERÊNCIAS ..............................................................................................

367 APÊNDICES ..................................................................................................

447.1 APÊNDICE A: QUESTIONÁRIO.............................................................. 447.2 APÊNDICE B: TERMO............................................................................. 46

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1 INTRODUÇÃO

O comportamento autolesivo ocorre em diversas faixas etárias, sendo

predominante em adolescentes do sexo feminino (CEDARO & NASCIMENTO,

2013). Em geral, tem início entre os 13 e 14 anos e pode persistir por 10 ou 15

anos ou ainda, por mais tempo (GIUSTI, 2013).

Segundo a OMS (Organização \Mundial da Saúde, 2017), o número de pessoas com

transtornos mentais comuns, como a depressão e o transtorno de ansiedade, está

crescendo especialmente em países de baixa renda, pois a população está crescendo e

mais pessoa chegam às idades em que depressão e ansiedade são mais frequentes.

Automutilação e detém importante atenção principalmente por se tratar de

característica da adolescência, fase prevalente do comportamento (SKEGG, 2005).

Neste contexto a automutilação deliberada é um comportamento que cada vez mais

desafia a atenção dos pesquisadores e clínicos (GRATZ, 2001).

Diante disso foi feito um estudo de caso com o objetivo de identificar o

posicionamento do diretor, perante a descoberta de um caso de automutilação entre seus

alunos, e buscar junto à família e profissionais da área de saúde a melhor solução para

esse problema.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA colocar posição do diretor referencial

2.1DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL E COMPORTAMENTAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES DURANTE A IDADE ESCOLAR, DIANTE DO CONVÍVIO COM FAMILIARES E AMIGOS

À medida que as crianças crescem, elas tornam-se mais conscientes de

seus próprios sentimentos e dos sentimentos das outras pessoas (HARRIS et al.,

1987; OLTHOF et al., 2000). Podendo regular ou controlar melhor suas emoções e

responder ao sofrimento emocional alheio. (HARRIS ET AL., 1987; OLTHOF et al.,

2000).

Por volta dos 7 ou 8 anos, as crianças têm consciência de que sentem

vergonha e orgulho, e têm uma ideia mais clara da diferença entre culpa e vergonha

(HARRIS et al., 1987; OLTHOF et. al., 2000). Essas emoções afetam a opinião que

elas têm de si próprias (HARTER, 1993, 1996). E quando os pais respondem com

desaprovação ou punição, emoções como raiva e medo podem tornar-se mais

intensas e prejudicar o ajustamento social da criança (FABES et. al., 2001) ou ela

poderá tornar-se reservada ou ficar ansiosa em relação aos sentimentos negativos.

Quando a criança se aproxima do início da adolescência, a intolerância

parental com as emoções negativas poderá intensificar o conflito entre pais e filhos

(EISENBERG et. al., 1999).

As crianças em idade escolar passam mais tempo na escola e envolvidas

com os estudos ou em contato com rede sociais e aparelhos eletrônicos, e menos

tempo nas refeições com a família (JUSTER et. al., 2004). Contudo, o lar e as

pessoas que ali vivem continuam sendo uma parte importante da vida da maioria

delas. Porém, quando olhamos para a criança na família, então, precisamos estar

conscientes das forças externas que também as afetam (HALGUNSETH, ISPA E

RUDY, 2006).

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Mas, as influências mais importantes do ambiente familiar no

desenvolvimento das crianças vêm da atmosfera no lar. Um fator de contribuição

para a atmosfera familiar é se ela é sustentadora e amorosa ou dominada por

conflito (KACZYNSKI et al., 2006).

É na adolescência que ocorre a corregulação que é o estágio de transição

no controle do comportamento, quando os pais exercem uma supervisão geral e os

filhos exercem a auto regulação a cada momento (MACCOBY, 1984). Com isso no

decorrer da infância, o controle do comportamento gradualmente passa dos pais

para o filho. E ocorre uma fase de transição, os pais exercem supervisão, mas os

filhos gozam de autorregulação a cada momento (MACCOBY, 1984).

Em relação aos problemas entre as próprias crianças, por exemplo, os pais

agora recorrem menos à intervenção direta e mais a conversas com os filhos

(PARKE e BURIEL, 1998). As crianças estão mais aptas a seguir os desejos dos

pais quando reconhecem que eles são justos e se preocupam com o bem-estar

delas. Será útil se os pais tentarem assumir posições mais inflexíveis (MACCOBY,

1984).

Essa liberdade parcial na decisão e escolhas pela criança ou adolescente e

de estrema importância na formação do psicológico infantil possibilitando uma

autoconfiança essencial para o convívio em grupo (PARKE e BURIEL, 1998). É

reconfortante para as crianças perceber que não estão sozinhas quando nutrem

pensamentos que poderiam ofender um adulto e causar brigas e discussões entre

os familiares (YUNGER et al., 2004).

As crianças desenvolvem habilidades necessárias à socialização e

à intimidade, e adquirem um senso de afiliação. São motivadas a realizar

coisas, além de adquirirem um senso de identidade. Aprendem habilidades

de liderança e comunicação, cooperação, papéis e regras. À medida que as

crianças se afastam da influência parental com a corregulação, o grupo de

pares abre novas perspectivas e as deixa livres para fazer julgamentos

independentes. O grupo de pares oferece segurança emocional

(BANDURA, 1994, p. 47).

Do lado negativo, os grupos de pares podem reforçar o preconceito: atitudes

desfavoráveis para com outras crianças, especialmente membros de certos grupos

raciais ou étnicos (YUNGER et al., 2004). As crianças tendem a ter preconceito contra

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crianças iguais a elas, mas esses preconceitos, exceto por uma preferência por

crianças do mesmo sexo, diminuem com a idade e o desenvolvimento cognitivo

(POWLISHTA, SERBIN, DOYLE, e WHITE et al., 1994).

Imagem 1 : Automutilação em grupos de rede social

Fonte: Google imagens (2019)

Através desses dados podemos observar que a fase de transição da infância

para a adolescência requer grande atenção e supervisão de adultos diante de todo

esse processo o adolescente pode escolher um caminho não convencional de lidar

com seus problemas, podendo buscar na automutilação uma saída para seus

problemas.

2.2DEFINIÇÃO DE AUTOMUTILAÇÃO

A automutilação é definida como qualquer comportamento intencional

envolvendo agressão direta ao próprio corpo sem intenção consciente de suicídio e

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para propósitos não validados socialmente (KLONSK, 2009). Os atos geralmente

têm como intenção o alívio de sofrimento emocional. A autolesão envolve

principalmente lesões cutâneas como, corte ou escultura a pele, uma ferida,

raspando, mordidas, inserindo objetos sob a pele, arrancando cabelo ingestão de

objetos afiados ou não comestíveis e intoxicação exógena não suicida. (KLONSK,

2009).

Imagem 2: Tipos de automutilação

Fonte: Google imagens (2019)

Tal comportamento apresenta graus variados: desde lesões leves,

como arranhar a pele com as unhas ou se queimar com pontas de cigarros;

passando por formas moderadas, como cortes superficiais em braços; e

chegando até as mais graves, como a auto nucleação e a autocastração.

Outras formas graves de automutilação encontradas são a introdução de

corpos estranhos no organismo, como agulhas e a amputação dos lobos da

orelha como na figura 2 (ALROE & GUNDA, 1995; BHARATH, NEUPANE,

& CHATTERJEE, 1999).

Este comportamento tem ganhado maior visibilidade nas últimas décadas.

Vários estudos (SCARAMOZZINO, 2004; GAUTHIER, 2007; JAFFRÉ, 2008) alertam

para o fato de que os comportamentos de automutilação, tiveram um aumento

considerável nos últimos 30 anos. Tais atos costumam surgir na adolescência,

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podendo se estender por um período curto ou se prolongar pela vida adulta.

Segundo Le Breton (2006), em seu artigo "Scarifications adolescentes”.

A automutilação ilustra uma espécie de jogo simbólico no domínio da dor, opondo a dor ao sofrimento, a ferida física ao dilaceramento da alma. Trata-se, nas palavras do autor, "de fazer-se um mal para obter menos mal" trazendo para o centro da cena um modo de se infligir dor que visa, para um sujeito que se encontra em estado de vertigem e devastação psíquica, a construção de um sentimento de existir’. Le Breton (2006, p.5).

A automutilação pode ser vista, segundo Douville (2004), como uma tentativa

de se encontrar algum contorno psíquico na materialidade do corpo próprio, diante

de um sentimento de descontinuidade de si mesmo. Para o autor, tal gesto exerce

uma expulsão do excesso de excitação que acossa o sujeito. (SCARAMOZZINO,

2004; GAUTHIER, 2007; JAFFRÉ, 2008)

A automutilação seria o recurso de um sujeito em estado de

sideração, acometido de forte angústia de despersonalização e do

consequente distanciamento do próprio corpo. Este seria o modelo de um

corpo estrangeiro, quase informe, e a automutilação caracterizaria o

"retorno ao gesto fundador de uma continuidade do vivido corporal"

(DOUVILLE, 2004, p.15).

Fatores como depressão e ansiedade podem contribuir para a dor que motiva

os sofrimentos infligidos ao próprio corpo. O estado emocional tem relação com

raiva, desespero, aflição, além de adotar formas menos severas de atentar contra si

e com uma maior periodicidade (GRATZ, 2001).   Estima-se que um a cada cinco

adolescentes já praticou a autolesão não suicida pelo menos uma vez na vida. O

fenômeno da autolesão, durante muito tempo, foi associado a personalidade

emocionalmente instável. Porém, pesquisas recentes tendem a atualizar esses

dados, associando a diversos fatores, entre eles, a depressão, o Transtorno

obsessivo compulsivo, a ansiedade e outros (SCARAMOZZINO, 2004; GAUTHIER,

2007; JAFFRÉ, 2008).

Os fatores comumente relacionados ao comportamento se dividem em

fatores demográficos, sociais e familiares, desordens psiquiátricas, características

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psicológicas, aspectos neurobiológicos e genéticos e situacionais (SKEGG, 2005).

Um sistema adaptativo mal elaborado constitui um dos principais fatores

relacionados a automutilação e detém importante atenção principalmente por se

tratar de característica da adolescência, fase prevalente do comportamento

(SKEGG, 2005). Neste contexto a automutilação deliberada é um comportamento

que cada vez mais desafia a atenção dos pesquisadores e clínicos (GRATZ, 2001).  

Eventos adversos ocorridos, sobretudo, na infância e na adolescência,

tornam-se tóxicos e comprometem o desenvolvimento psíquico do indivíduo. Como

abuso físico e sexual, maus-tratos, separação parental, ciclo familiar instável e

precário, condições sociais desfavoráveis são situações dramáticas e extremamente

tóxicas (OMS, 2003).

Esses relatos são comuns entre as pessoas que produzem

automutilação deliberada assim com determinadas características, tais

como: dificuldade em identificar, entender ou expressar suas emoções,

maior frequência de emoções negativas na vida diária, menor recurso

pessoal de enfrentamento, baixa autoestima, baixa habilidades de resolução

de problemas, menor crença na autoeficácia e maior tendência de auto-

culpabilização como forma de enfrentamento. Verificam-se também

evidências entre fatores psicopatológicos específicos e o comportamento de

autoagressão, tais como desrealização/dissociação e alexitimia (falta de

expressividade emocional) (FLIEGE et al., 2009).

2.3MÉTODOS UTILIZADOS PARAR SE AUTOMUTILAR

Os cortes autoinflingidos envolvem certa relação entre o corpo próprio e a

expressão do sofrimento, e não a intenção de se matar. A auto agressividade que

estes cortes envolvem circunscreve-se a uma esfera íntima e facilmente acobertada

pelo adolescente (GAUTHIER, 2007), pois são quase sempre realizados em uma

parte do corpo menos monitorada pelos pais ou pela família. Geralmente o

adolescente não demonstra de forma manifesta inquietação ou angústia com o fato

de se automutilar, sendo o alarme acionado quando um adulto descobre e se

preocupa com o fato.

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Não fazer qualquer referência à dor que sente na hora de se cortar. Ao

contrário, referem-se, na sua maioria, ao caráter apaziguante de tal ato. Estes atos

são realizados pelos jovens em momentos de uma insuportável tensão interna, com

a qual não sabem como lidar. Trata-se, portanto, de uma dor que não encontra

expressão pela via das palavras.

Dos métodos utilizados durante o ato de se automutilar, os mais prevalentes

são:

• Corte na pele; raspagem: 70-90%.

• Bater; contundir; golpear: 21-44%.

• Queimar; 15-35%.

• Outros: morder; machucar feridas; furar; beliscar; riscar; esfregar a pele em

superfície áspera; quebrar um osso; ingerir substâncias danosas; amputação.

2.4JUSTIFICATIVAS DADAS PELOS ADOLESCENTES QUE SE AUTOMUTILAM

As justificativas ou motivos para tal ato são inúmeros e variam de pessoa a

pessoa, a mais comum diz respeito a alivio de dor, provocar uma dor para não sentir

outra. Os sujeitos que se mutilam fariam isso por não saberem lidar com emoções

fortes, pressões externas e problemas de relacionamento. Essas ações seriam uma

maneira de administrarem sentimentos pela via da atuação, em vez de expressá-las

verbalmente, pois o outro a ser destruído, pelo ato agressivo, estaria internalizado.

Assim, lesionar-se seria uma forma de amenizar a angústia, gerando

simultaneamente dor e prazer. Adriana Dinamarco (2011) fala de outra linha de

justificativas:

A cicatriz torna uma marca da separação do eu e o outro, por isto há uma área erotizada, onde existe a certeza de que o sujeito está vivo. . . ainda que o ato seja ferir a si mesmo, o eu estaria identificado com o outro, fragmentado, sem a possibilidade de determinar os limites.... Logo, se mutilar é mutilar o outro”. (DINAMARCO, 2011, p. 101)

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Favazza (1987) também corrobora essa observação, completando que o

suicídio é uma saída em direção à morte, um ato de fuga, enquanto a automutilação

é uma tentativa de reentrada em um estado de normalidade, como num ato mórbido

de regeneração. Uma pessoa que tenta suicídio procura acabar com todos os

sentimentos, mas uma pessoa que se mutila procura se sentir melhor.

O auto-martírio claramente prazeroso na melancolia significa... a satisfação de tendências sádicas e de ódio relativas a um objeto, que por essa via se voltaram contra a própria pessoa. . . através do rodeio da autopunição, vingar-se dos objetos originais e torturar seus amores por intermédio da doença, depois que se entregaram a ela para não ter de lhes mostrar diretamente sua hostilidade. A pessoa que provocou o distúrbio afetivo do doente, e para a qual está orientada sua doença, normalmente se encontra no círculo imediato dele. Assim, o investimento amoroso melancólico em seu objeto experimentou um duplo destino: parte dele regrediu à identificação, mas outra parte, sob a influência do conflito da ambivalência, foi remetida de volta ao estágio do sadismo, mais próxima desse conflito. (FREUD, 1917/2010b, p. 184)

A dor é um fenômeno que ajuda a entender o limiar entre prazer e

desprazer, pois tal experiência está na fronteira entre essas sensações. A dor está

ligada às pulsões, no sentido de que ela vincula o campo somático e o campo

psíquico, tendo a função de alerta (LACAN, 1959-1960/1997). É produto do exagero

de excitação que invade o campo psíquico, numa grande quantidade de energia, e

estando muito acumulada no organismo, não tendo sido descarregada

adequadamente, pode paralisá-lo, tal qual a angústia não elaborada. Assim, ao

invés de uma defesa, para evitar um problema maior, a dor em excesso se torna o

problema em si. (FREUD, 1895/1990).

Essa dor pode estar associada a coisas totalmente divergentes podendo

também não ser uma dor física ser apenas a sensação ou um sentimento gerado de

uma situação com por exemplo: dor no coração, no peito, na alma e na mente

(MARS et al., 2014). Como também pode determinar uma busca pelo equilíbrio, na

tentativa de liberar pressão emocional acumulada ou criar limites Interpessoais,

criando uma fronteira consequentemente se afastando de outras pessoas. Podendo

também usar como autopunição pois se punindo expressa a raiva em relação a si

mesmo por ser inútil ou estúpido, na sua visão (MARS et al., 2014).

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Esse comportamento também pode ser o resultado da excitação ou euforia

fazendo algo extremo e radical para a visibilidade ou inclusão em determinados

grupos, procurando ser enquadrando, como também buscando ajuda através da

Influência interpessoal deixando outros saberem a extensão da sua dor emocional,

buscando ajuda ou cuidados de outros. (LAUKKANEN et al., 2009). Ou de uma

maneira totalmente controversa demonstrar força provando através dos cortes que

pode suportar a dor, como também provar a si mesmo que sua dor não é física e sim

emocional. Por fim demostrar vingança a pessoas próximas, onde se automutilar vai

ferir mais ao outro do que a si próprio (MARS et al., 2014).

2.5HISTÓRICO

É interessante assinalar que, já no início do século XX, havia, conforme

atesta a literatura psiquiátrica e psicológica da época, a percepção de que a

automutilação não seria uma tentativa de suicídio ou autodestruição, mas sim a

compreensão de que os automutiladores estavam, na verdade, buscando um meio

de se auto curar e se auto preservar (ARAÚJO, SCHEINKMAN, CARVALHO,

VIANA, 2016).

Segundo a Organização mundial da saúde (OMS, 2017), do início dos anos

80 cerca de 400 pessoas a cada 100.000 habitantes se automutilaram em alguma

fase da vida, até o final dos anos 80 esse número chegou a 750 a cada 100.000

habitantes. E em 1993 mais de 1% da população foi diagnosticada. Em 2006 nos

Estados Unidos, um estudo com crianças a partir de quatro anos, mostrou que 5%

dos estudantes entrevistados disseram que iniciaram a automutilação antes dos dez

anos.

Quanto aos adolescentes um estudo da OMS em 2002 mostrou que 10 a

15% se automutilaram pelo menos uma vez. No ano de 2007, esse estudo mostrou

que 47% dos jovens relataram automutilação pelo menos uma vez no ano anterior.

O fato de ser um episódio isolado é um alto fator de risco para o próximo, e por

consequência a repetição que é de fato o maior problema.

Os estudos de Fliege et al. (2009) evidenciam que a automutilação é

característica da adolescência, as taxas de automutilação em indivíduos de 12 anos

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são de 2,7% entre meninas e 3,1% entre meninos, sendo que aos 15 anos, as taxas

aumentam para 12,6% para meninas e 4,6% para meninos. Cerca de 19% dos

pacientes com 16 anos em estudo de coorte de base populacional apresentaram

histórico de auto dano na vida, sendo que 40% dos adolescentes com auto dano

apresentaram depressão e transtornos de ansiedade e 35% com problemas de uso

de substâncias (MARS et al., 2014)

No Brasil, estima-se que 5.0 a 9.9 mortes por 100 mil habitantes em 2018

tenha como causa o suicídio.  Esse número representa uma parcela significativa da

taxa de mortalidade geral. Estima-se que, anualmente, a cada adulto que se suicida,

pelo menos outros 20 possuem algum tipo de ideação ou atentam contra a própria

vida.  O suicídio representa 1,4% de todas as mortes em todo o mundo, e entre os

jovens de 15 a 29 anos, é a segunda principal causa de morte (OMS, 2017).

Em relação aos métodos utilizados para infligir as lesões, identificou-se entre

meninas de 13-18 anos a prevalência de 11% de auto corte e 10% em outros

métodos (abuso de drogas lícitas e ilícitas) (LAUKKANEN et al., 2009). O estudo de

Hawton et al (2002) também apresenta alta prevalência para o auto corte (64,6%) e

intoxicação (30,7%), sendo que 12,6% dos casos necessitaram de tratamento

hospitalar. Tem sido sugerido que as meninas expressam através de um

comportamento auto prejudicial a sua incapacidade de adaptação e equilíbrio

psicológico, neste caso o auto corte é utilizado como método auto terapêutico para

alívio de tensão (LAUKKANEN et al., 2009).

Entre os fatores associados à automutilação entre crianças de 5, 7, 10 e 12

anos encontram-se história familiar de tentativa de suicídio ou suicídio consumado e

história de maltrato físico por um adulto. Verificam-se também evidências entre

fatores psicopatológicos específicos, tais como transtorno de conduta,

personalidade borderline, depressão e sintomas psicóticos (FISHER et al., 2012).

Estudo de base populacional investigando a frequência de automutilação

deliberada entre adolescentes mostra que 18,0% das meninas e 5,3% dos meninos

não tinha amigos íntimos, 24,7% das meninas e 13,7% dos meninos sentiam que

ninguém gostava deles e 40,5% das meninas e 15,4% dos meninos estavam

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insatisfeitos com a própria vida, sendo a solidão um fator importante a ser

considerado entre adolescentes (RONKA et al., 2013).

40% dos adultos jovens universitários em 2006 relataram o começo da

automutilação nos últimos anos da adolescência e início da idade adulta, segundo

dados da OMS, 2006 5 a 35% de prevalência em adultos os pesquisadores apontam

este grupo como o de mais alto risco para NSSI (Non-suicidal self-injury).

Estudo de prevalência de autolesão entre universitários norte-

americanos mostra que alunos de graduação (7,9%) são mais propensos do

que os alunos de pós-graduação (6,0%) para relatar autolesão. Jovens.

Entre os universitários que relataram autolesão, os comportamentos mais

frequentes foram feridas (36,7%), bater a cabeça ou outras partes do corpo

(35,8%), perfuração (20,7%), arranhão (18,4%), mordida (17,5%) e corte

(11,1%), sendo mais comum entre as mulheres o relato de bater a cabeça

ou outras partes do corpo e perfurar-se (Gollust et al., 2008).

Dentre os universitários com história de autolesão observa-se que 32,5%

apresentam associação com transtorno depressivo, 25,9% com transtorno alimentar,

16,6% com ansiedade e 11% relataram pensamentos suicidas durante as últimas 4

semanas. Sendo que a prevalência de pensamentos suicidas entre os universitários

com história de autolesão foi maior entre os homens do que nas mulheres

(GOLLUST et al., 2008) .

Aqueles que relataram autolesão foram mais propensos a relatar o consumo

diário de cigarros e uso de maconha do que os seus pares sem história de

autolesão. Os estudantes que relataram estar em um relacionamento foram mais

propensos a autolesão do que os universitários solteiros. Estudantes homens

bissexuais e mulheres lésbicas apresentaram mais relato de autolesão do que

universitários heterossexuais (GOLLUST et al., 2008).

Em relação à percepção de necessidade de ajuda observa-se que entre os

universitários que relataram autolesão cerca da metade (50,9%) percebiam

necessidade de ajuda, 15,7% usaram alguma medicação psiquiátrica e mais de 80%

estiveram com um profissional de saúde no ano passado, ainda se encontra que

19,9% apresentam história de ter feito terapia e 25,9% algum diagnóstico de

problema de saúde mental (GOLLUST et al., 2008).

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Em adultos 4% dos entrevistados confirmaram que se automutilaram.

Automutilação em indivíduos adultos e idosos não é muito pesquisada. Quanto a

gênero há uma pequena diferença na prevalência; mulheres tem maior prevalência

quando o comportamento é repetitivo (OMS, 1998, 2003)

2.6 FATORES DE RISCO

O abandono da posição infantil pelo processo adolescente significa a perda

do valor da imagem corporal do narcisismo dos pais para o investimento em seu

narcisismo tomando o seu corpo próprio como objeto de investimento (DE KLOET et

al, 2011). A construção de novos modelos identificatórios na adolescência vai

requerer que o sujeito possa abrir mão da onipotência infantil para construir um novo

caminho para si. No entanto, isso só tem como ocorrer quando as figuras parentais

investiram a criança a partir de seu próprio narcisismo, movimento condensado

naquilo que Freud (1914/1974) caracteriza, em "Introdução ao narcisismo", como

sendo a figura de "sua majestade, o bebe".

Para a psicóloga Priscila Moraes Henrique, que atualmente integra o quadro

de profissionais de um centro clínico de Brasília/DF, a infância e a adolescência são

fases nas quais os processos de formação vão acontecendo, do imaginário à

personalidade. A especialista alerta que muitas vezes os principais atingidos não

conseguem ainda ter a real noção de como a vida acontece e nem de como podem

se defender em alguma situação de perigo.

A puberdade sendo uma fase de autoconhecimento sem o

devido apoio e auxílio de uma base familiar forte pode trazer

consequências psicológicas para a vida adulta, que pode acarretar

em distúrbios como a automutilação, e fatores como: Depressão;

borderline; abuso de álcool; atividade sexual precoce; impulsividade,

transtornos Psiquiátricos, transtornos de humor, transtornos de

ansiedade, História de abuso sexual ou físico, eventos estressantes,

perdas, discórdia familiar e problemas escolares (DE KLOET et al,

2011)

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• Estado emocional: Pessoas que se automutilam experienciam emoções negativas

com maior frequência e intensidade, com mais dificuldades em regular essas

emoções.

• Auto depreciação: Alto nível de auto depreciação e autopunição podem levar à

automutilação. O indivíduo direciona a raiva, o que pode ter origem em episódios de

abuso emocional ou longos períodos em que sofreu críticas.

• Impulsividade: Estudos mostram que indivíduos que se automutilam tem maiores

níveis de impulsividade.

Os psicólogos apontam, ainda, sinais que podem demonstrar riscos.

“Isolamento social, a perda do prazer em atividades que a pessoa gostava, crises de

choro frequentes, tristeza profunda, queda no rendimento escolar e afastamentos no

trabalho sem motivos aparentes estão entre os exemplos isso (ANDERSON et al.,

2003). Completam a lista, agressividade, impulsividade e as pessoas que falam

muito em morte, que tomam providências de despedida (HUESMANN, 2007). É

preciso estar atento às postagens nas redes sociais. Isso não quer dizer

obrigatoriamente a pessoa está pensando em tirar sua vida, mas isto é um sinal de

que alguém está em sofrimento, e nós não devemos pagar para ver (WEISZ et al.,

1995).

2.7TECNOLOGIAS

Em média, as crianças passam cerca de 4 horas por dia na frente de uma

televisão ou da tela de um computador algumas muito mais que isso (ANDERSON

et al., 2003). A evidência de pesquisas conduzidas durante os últimos 50 anos sobre

exposição à violência na TV, no cinema e nos videogames apoia uma relação causal

entre violência na mídia e comportamento violento dos espectadores (HUESMANN,

2007). Embora a correlação mais forte com o comportamento violento seja a

exposição prévia à violência (AAP COMMITTEE ON PUBLIC EDUCATION, 2001;

ANDERSON, BERKOWITZ et al., 2003; ANDERSON et al., 2001; HUESMANN et

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al., 2003), o efeito da exposição à violência por meio da mídia de massa é

significativo.

Image 3. Automutilaçao ao vivo

Fonte Google Imagens (2019)

As crianças são mais vulneráveis que os adultos à influência da violência na

televisão (AAP COMMITTEE ON PUBLIC EDUCATION, 2001; COIE E DODGE,

1998). Pesquisas clássicas em aprendizagem social sugerem que elas imitam

personagens de filmes mais do que modelos reais (BANDURA et al., 1963). A

influência é mais forte se a criança acredita que a violência na tela é real, identifica-

se com o personagem violento, o considera atraente, e assiste televisão sem

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supervisão ou intervenção dos pais (ANDERSON, BERKOWITZ et al., 2003; COIE E

DODGE, 1998).

Crianças altamente agressivas são mais afetadas pela violência na mídia do

que as crianças menos agressivas (ANDERSON, BERKOWITZ et al., 2003).

Crianças que jogam jogos violentos são participantes ativos que recebem reforço

positivo por ações violentas (HUESMANN, 2007).

Especialistas chamam a atenção, ainda, para um fator que pode incidir

principalmente sobre pessoas na fase da adolescência. A disseminação de

informações seja pessoalmente, por WhatsApp, e-mail e o anonimato fazem com

que esse envio seja, muitas vezes, inconsequente televisão (AAP COMMITTEE ON

PUBLIC EDUCATION, 2001; COIE E DODGE, 1998) como na imagem 3. A

adolescência é a fase em que a busca por grupos sociais é bem latente, com o

anseio de fazer parte de um grupo, de se sentir interagindo com as outras pessoas

que vivem as mesmas coisas, por essa e outras questões costuma ser uma fase

delicada (BANDURA et al., 1963). Muitas vezes, os comportamentos dos

adolescentes são formas de se sentirem parte de determinado grupo, uma questão

de identificação (HUESMANN, 2007).

Um adolescente que possivelmente está inserido em um contexto

de vida difícil, que já vive uma alta carga emocional, ao receber informações

sobre casos de suicídio, de automutilação, de pessoas que vivem ou

viveram um contexto parecido com o seu, essa identificação acontece. E

para se ‘livrar’ de algo considerado ruim ou apenas para viver a mesma

experiência que o outro, o adolescente pode agir da mesma maneira.

(KOZLOWSKA E HAN- NEY, 1999).

2.8TRATAMENTO

A maioria em adolescentes conseguem parar de se automutilar e resolve-se

espontaneamente no momento em que se tornam jovens, em adultos é mais

provável de persistir nas mulheres (HUESMANN, 2007). A academia américa de

psiquiatria da infância e adolescência recomenda que: Toda criança ou adolescente

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que se automutilação deve ser avaliada por risco de repetição e risco de suicídio

Manejo da automutilação. De acordo com a diretriz NICE (NATIONAL INSTITUTE

FOR HEALTH AND CLINICAL EXCELLENCE, 2011): Métodos e frequência de

autoagressão, A intenção suicida atual e passada, sintomas depressivos, Transtorno

psiquiátrico, o contexto pessoal e social e quaisquer outros fatores específicos

precedendo autoagressão, como estados afetivos desagradáveis e mudanças nos

relacionamentos (HUESMANN, 2007). Encaminhar para o psiquiatra, orientar família

para evitar meios, orientar adolescente, o uso de escalas de avaliação de risco de

suicídio ou a repetição de automutilação não é recomendado pela NICE. (DIRETRIZ

CLÍNICA, NICE, 2011),

É muito mais fácil praticar certas coisas com crianças e adolescentes, uma

vez que a reação pode não ser imediata, ou que eles não saberão se proteger,

justamente por não entenderem que estão em uma situação perigosa (OLFSON et

al., 2006). Ou, ainda, por serem amedrontados e facilmente desencorajados a

recorrer a alguém que possa ajudá-los. Modificações no ambiente, psicoterapia,

orientação parental, medicamento, técnicas como atenção plena, relaxamento,

parceria com as famílias e escolas, estimular, vínculos saudáveis entre os ambientes

evitar conflitos. (OLFSON et al., 2006).

O tratamento psicológico para distúrbios emocionais pode assumir várias

formas. Na psicoterapia individual, o terapeuta atende cada criança individualmente

para ajudá-la a entender sua personalidade e seus relacionamentos e para

interpretar sentimentos e comportamentos (HUESMANN, 2007). Esse tipo de

tratamento pode ser útil em um momento de estresse, como a morte de um dos pais

ou o divórcio parental, mesmo quando a criança ainda não deu sinais de

perturbação (OLFSON et al., 2006).

Imagem 4: Me ajude

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Fonte: Google imagens (2019)

A psicoterapia infantil geralmente é mais eficaz quando combinada com

aconselhamento aos pais. Na terapia familiar, o terapeuta atende toda a família em

conjunto, observa como os membros interagem e mostra padrões de atividades

familiares que produzem ou inibem o desenvolvimento (WEISZ et al., 1995). A

terapia pode ajudar os pais a enfrentarem seus conflitos e a começarem a resolvê-

los. Geralmente esse é o primeiro passo para resolver também os problemas da

criança (OLFSON et al., 2010). A terapia comportamental, ou modificação

comportamental, é uma forma de psicoterapia que utiliza princípios da teoria da

aprendizagem para eliminar comportamentos indesejáveis ou desenvolver

comportamentos desejáveis (HUESMANN, 2007).

Os resultados são melhores quando o tratamento tem como objetivo

problemas específicos e resultados desejáveis (WEISZ et al., 1995). A terapia

cognitivo comportamental, que procura mudar pensamentos negativos por meio de

exposição gradual, modelagem, recompensas ou “conversas” da pessoa consigo

mesma, tem-se mostrado o tratamento mais eficaz para transtornos de ansiedade

em crianças e adolescentes (HUESMANN, 2007). Quando a criança possui

habilidades verbais e conceituais limitadas ou sofreu um trauma emocional, a

arteterapia pode ajudá-la a descrever o que a ator- menta sem que precise

expressar seus sentimentos em palavras. A criança poderá expressar emoções

profundas através da escolha de cores e temas (KOZLOWSKA E HAN- NEY, 1999).

Observar como uma família planeja, executa e discute um projeto artístico pode

revelar padrões de interações familiares.

O uso da terapia medicamentosa com antidepressivos, estimulantes,

tranquilizantes ou medicamentos antipsicóticos para tratar transtornos emocionais

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da infância é controverso. Durante a década passada, a taxa na qual medicamentos

antipsicóticos eram prescritos para crianças e adolescentes mais que quintuplicou

(OLFSON et al., 2006). Por exemplo, de 1999 a 2001 aproximadamente 1 em 650

crianças estava recebendo medicamentos antipsicóticos; este número subiu para 1

em 329 em 2007 (OLFSON et al., 2010). Não há pesquisas suficientes sobre a

eficácia e a segurança de muitos desses medicamentos, especialmente para

crianças.

2.9 POLÍTICAS DE PREVENÇÃO 

O Governo do Brasil optou pela abordagem interdisciplinar em uma ação

conjunta entre os Ministério da Saúde (MS) e da Mulher, da Família e dos Direitos

Humanos (MMFDH). As políticas públicas de prevenção ao suicídio e automutilação

pretendem, de modo inédito, realizar ações programáticas que alterem os índices de

suicídio e autolesão entre crianças e jovens. As políticas familiares permaneceram

ocultas durante décadas, obliteradas por ações destinadas a indivíduos

frequentemente em desconsideração aos contextos e às matrizes de referência

(MMFDH, 2019). Muito recentemente inaugurou-se a pauta de reinvindicação de

direitos e garantias referidas ao contexto familiar que se constitui no fundamento da

sociedade brasileira e, por conseguinte, no suporte à vida de crianças e jovens

(MMFDH, 2019).

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Consiste em um alerta o crescimento da mortalidade por suicídio nessa faixa

etária e uma evidência de que as políticas públicas ainda precisam compreender os

eixos da problemática cuja ação contribuiria para o sucesso da prevenção do

suicídio e da promoção da vida (HUESMANN, 2007). Entende-se que este é o

momento de destinar as políticas públicas ao grupo familiar com o objetivo de

promover o envolvimento com a temática além de favorecer o acesso a informações

que permitam diagnosticar precocemente alterações nocivas do convívio familiar, a

exemplo do abuso, discriminações, intolerância e a promoção do enfrentamento de

dificuldades e fortalecimento dos vínculos familiares (HUESMANN, 2007).

O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH),

especialmente por meio da Secretaria Nacional da Família, destaca as políticas de

prevenção do suicídio e da automutilação e, assim, realiza o pressuposto da

Constituição Federal de 1988 no que diz respeito à valorização da família. Nós

vamos ter que entender o que está causando esse sofrimento. E como mudar essas

realidades. Por isso a campanha conta com consultores especialistas no tema”,

observa a ministra. Sobre as temáticas, a titular do MMFDH observa que fatores

como bullying e cyberbullying, abandono, abusos físicos e sexuais, além de famílias

desestruturadas, podem contribuir para o aumento dos índices de suicídio e

automutilação.

De acordo com o psicólogo especialista em Prevenção do Suicídio e

doutorando da Universidade de Brasília (UNB), Carlos Aragão, o suicídio e a

automutilação são dois importantes problemas de saúde.

No caso da autolesão, nós vemos o método mais prevalente, que é o corte. A prevalência deste comportamento autodestrutivo está na faixa etária que vai da pré-adolescência até o adulto jovem, ou seja, dos 10 até os 25 anos, aproximadamente, onde são encontrados o maior número de casos”, explica (Universidade de Brasília (UNB), Carlos Aragão).

Se o problema não for tratado, pode evoluir para um quadro mais grave. Ao

verificar que alguém está com esse comportamento, você precisa, imediatamente,

acolher essa pessoa. Nessas situações, a recomendação é não agredir, não julgar,

não agir com preconceitos ou dogmas. O que essa pessoa em profunda dor precisa,

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naquele momento, é de alguém que se importe, que se vincule de forma sincera e

pergunte como está se sentindo. Deixe a pessoa falar. O desabafo em uma hora

como essa, dividir essa angústia, é essencial.

3 METODOLOGIA

Os dados referentes a presente pesquisa contaram com duas etapas de

abordagem. A primeira, realizada junto ao Google acadêmico, Scientific Electronic

Library Online (SciELo), Karger Publishers, Researchgate, Ncbi (The National

Center for Biotechnology Information). Combinando os termos: “automutilação” e

“Educação”:  Auto-Dano, Automutilação, Escarificaçao, Autolesão, Adolescentes,

Self-Mutilation, NSSI Non-suicidal self-injury, Borderline. Posteriormente, foi

realizado um estudo de caso, com a diretora Dyan Lara do colégio Raimundo

Medérico da silva Toledo, através da aplicação de um questionário contendo dez

perguntas sendo cinco fechadas (Apêndice A) juntamente com um Termo De Livre

Consentimento (Apêndice B). A entrevista foi realizada no mês de setembro de

2019, em Paulo Afonso, Bahia, cidade localizada no semiárido baiano.

A escolha dessa diretora se deu pelo fato de ela estar engajada na

divulgação do tema fazendo palestras, contando suas experiências diante dos casos

de sua escola. A análise foi realizada com base na interpretação das respostas dos

questionamentos e relacionadas com a literatura pertinente, para observar e ordenar

dados. Após a coleta de dados, as informações foram digitalizadas, depois

transcritas todas as respostas.

A diretora apontou que foi descoberto dezesseis casos de automutilação em

sua escola, sendo que todo com meninas de treze á dezessete anos, do sexto ao

nono ano.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

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4.1 TESTEMUNHO DA GESTORA DYAN LARA BATISTA BARROS DE FREITAS RESPONSÁVEL PELO COLÉGIO MUNICIPAL RAIMUNDO MEDÉRICO DA SILVA TOLEDO DE PAULO AFONSO, BAHIA

O estudo de caso, demonstra que a de automutilação é um comportamento

que atinge às escolas públicas de Paulo Afonso e causam sérios transtornos aos

seus dirigentes.

Quando indagada sobre se o tema automutilação é trabalhado em sala de aula, ela confirmou e ressaltou que já identificou casos de automutilação entre os alunos do estabelecimento de ensino, no qual é gestora. Ela apontou os

seguintes procedimentos, quando há identificação de casos de automutilação na escola:

Observação do comportamento do aluno;

Investigação informal através das amizades do aluno, de alguma queixa ou

desabafo no ciclo de amizade;

Diálogo com o aluno bem sutil de forma que ele se abra e se solte;

Termo de comparecimento da família;

Encaminhamento ao UBS (UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE) para um psicólogo.

No entanto, talvez por serem acontecimentos recentes, a escola ainda não

possui um regimento que aborde como devem proceder diante da descoberta de

casos de automutilação na escola e que aguarda um regimento unificado que será

disponibilizado pelo governo para todas as escolas.

Os estudantes em risco de fracasso escolar ou problemas acadêmicos,

comportamentais, ou de atenção, progrediram tanto quanto seus pares de baixo

risco quando os professores ofereceram apoio acadêmico e emocional forte. Esse

apoio assumia a forma de instrução de alfabetização frequente, feedback avaliativo,

envolvimento dos estudantes em discussões, resposta a suas necessidades

emocionais, encorajamento da responsabilidade, e criação de uma atmosfera de

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sala de aula positiva (HAMRE E PIANTA, 2005). A família, a sala de aula, as

mensagens recebidas dos amigos, ou a cultura em geral, tem influência sobre o

desempenho escolar e o comportamento do aluno.

Os professores e diretores das escolas são responsáveis pelo aluno durante

as horas passadas dentro das dependências da escola e é na escola onde muitos

dos problemas enfrentados por esses alunos são descobertos, através do olhar mais

atento do professor ao comportamento do aluno em sala de aula, quando aluno e

professor possuem uma boa relação dando apoio junto aos amigos do aluno e

aconselhando sempre que possível, tudo o que acontece em sala de aula é relatado

no diário é passado para a diretoria da escola para serem tomadas as devidas

providências em conjunto com a família, professores e amigos.

Quanto a especificação sobre o comportamento dos discentes na

escola a diretora afirmou que o percebe triste, com tendência ao isolamento, queda

de rendimento, sensibilidade aflorada (Choro), desmotivação, baixa autoestima,

frieza. Estes sintomas podem ser confundidos com outros sintomas emocionais, que

necessariamente não levem as pessoas a automutilação, visto que a adolescência é

um período de transição, de incertezas e de oscilações de hormônios. Os dados

indicados pela entrevista apontam que todos os casos aconteceram com meninas

entre 13 e 17 anos, com identificação de 16 casos na escola que gerencia.

A ACADEMIA AMÉRICANA DE PSIQUIATRIA DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

recomenda que: Toda criança ou adolescente que se automutile deve ser avaliada

por risco de repetição e risco de suicídio. Manejo da automutilação,

Métodos e frequência de autoagressão, a intenção suicida atual e passada,

sintomas depressivos, transtorno psiquiátrico, o contexto pessoal e social e

quaisquer outros fatores específicos precedendo autoagressão, como

estados afetivos desagradáveis e mudanças nos relacionamentos.

Encaminhar para o psiquiatra, orientar família e orientar adolescente.

(DIRETRIZ CLÍNICA, NICE, 2011)

O início da automutilação geralmente acontece na adolescência entre 11 e

15 anos e pode permanecer por décadas. (FAVAZZA, 1998) há controvérsias quanto

a diferença de prevalência entre os gêneros. Alguns estudos mencionam maior

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prevalência entre mulheres (CONTERIO; LADER, 1998; ROSS; HEARTH, 2002),

enquanto em outros não foi constatada diferença na prevalência desse

comportamento entre os sexos (MUEHLENKANP; GUTIERREZ, 2004).

No entanto Whitlock et al (2008) afirmam que há diferença entre sexo quanto

a formas e quantidades do comportamento de automutilação, os homens se

machucam mais e de forma mais grave. Na população brasileira, não há estudo

epidemiológico publicado a respeito da prevalência da automutilação em amostras

clinicas e/ou populacional em nenhuma faixa etária (Dos dez aos sessenta anos).

Crianças e adolescentes são espelhos que refletem o comportamento dos

pais e de pessoas com quem convivem, quando esse espelho não lhes oferece uma

boa imagem e exemplo, a criança e o adolescente veem esse exemplo como sendo

um padrão para todos e o segue mesmo inconscientemente, por exemplo uma

menina nos seu treze anos, que vê a sua mãe nutrir uma relação abusiva em todos

os sentidos, e mesmo assim não se impõe nessa relação sofrendo por anos

aceitando os abusos calada, pode no futuro também passar por essa situação sendo

induzida a acreditar que esse é o comportamento normal de uma mulher na relação

do casal.

O relato da entrevistada sugere que as meninas que se automutilam passaram por relações abusivas e estupro. Esse tipo de relação e de situação

familiar reflete no seu comportamento e rendimento na escola, onde na maioria das

vezes se faz perceber através do seu comportamento em sala de aula ou em rodas

de conversas com os amigos. Na adolescência a menina está em fase de transição

e é normal que haja mudanças de comportamento diante do convívio com amigos,

por isso muitas vezes há uma descoberta tardia de determinados problemas como o

de se automutilar.

A intervenção da escola diante desse problema é de estrema importância

pois pode auxiliar criança e familiares a passar por esse problema sem sequelas

psicológicas já que o encaminhamento para um psicólogo é um dos principais meios

utilizados pela escola.

É importante também que haja intervenção do psicólogo junto a família da

criança pois deve-se evitar os conflitos que antes existiam para que a intervenção

psicológica seja eficaz.

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Além dos sintomas emocionais, os discentes apresentam quadros problemáticos de diversas origens, tais como: Depressão, problemas familiares, Estupro, tentativa de estupro, namoro.

Fisher et al (2012) Afirmam que entre os fatores associados à automutilação

entre crianças de 5, 7, 10 e 12 anos encontram-se história familiar de tentativa de

suicídio ou suicídio consumado e história de maltrato físico por um adulto. Verificam-

se também evidências entre fatores psicopatológicos específicos, tais como

transtorno de conduta, personalidade borderline, depressão e sintomas psicóticos

(FISHER et al., 2012).

Alguns fatores ambientais estão associados a persistência desse

comportamento, tais como negligencia, expressão emocional sufocante, abuso

emocional, físico ou sexual (LINEHAN, 1993); maus tratos com frequentes casos de

abuso e negligencia (VAN DER KOLK et al.,1991), violência familiar e relações

parentais vulneráveis (GRATZ et al, 2002).

A resposta de entrevistada está de acordo com as bibliografias pesquisadas

e mostram o quanto é importante uma base familiar firme e que apoie o adolescente

em seus momentos mais difíceis. Sendo a família uma base estruturada e fonte de

apoio, o adolescente pode se tornar forte o suficiente para buscar seu caminho

sozinho afastando-se de muitos problemas encontrados nessa fase.

A vivencia do adolescente diante dos abusos e problemas psicológicos e de

relacionamento modifica sua rotina e comportamento inclusive sua interação com

outras pessoas fazendo com que ele perca a confiança nas pessoas próximas do

seu círculo familiar e de amigos, e muitas vezes se abrindo para pessoas estranhas

ou de certa forma não tão próximas é aí onde a escola e seus funcionários entram,

pois muitas vezes num momento de extremo desespero o adolescente pode

encontrar em um professor, vigia, zelador ou diretor a pessoa que poderá ajudá-la a

vencer seu problemas seja através de uma conversa, um desabafo e até mesmo um

abraço.

Sobre as relações de amizades, foi perguntado: Você observou se os alunos identificados com comportamento auto lesivo possui amigos em sala de aula? A entrevista disse que sim. Sobre este aspecto observamos que as

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amizades podem ser positivas ou negativas. Por exemplo, Powlishta, et.al.(1994)

afirmam que é reconfortante para as crianças perceber que não estão sozinhas. Por

outro lado, os grupos de pares (grupo de indivíduos do mesmo gênero) podem

reforçar o preconceito: atitudes desfavoráveis para com os de fora, especialmente

membros de certos grupos raciais ou étnicos. As crianças tendem a ter preconceito

contra crianças iguais a elas, mas esses preconceitos, exceto por uma preferência

por crianças do mesmo sexo, diminuem com a idade e o desenvolvimento cognitivo.

Preconceito e discriminação podem causar dano real. O grupo de pares

pode alimentar tendências antissociais. Crianças e pré-adolescentes são

especialmente suscetíveis à pressão para ajustar-se ao grupo. Naturalmente, um

certo grau de conformidade aos padrões do grupo é saudável. Não é saudável

quando se torna destrutivo ou incita jovens a agir contra seus melhores julgamentos.

Geralmente é na companhia dos pares que algumas crianças cometem pequenos

furtos e começam a usar drogas (HARTUP, 1992).

A pesquisa confirma a importância das amizades durante o período escolar

sendo fundamental para a descoberta de casos de automutilação nas escolas, pois

na maioria das vezes são os amigos que percebem ou descobrem que o colega de

classe está se automutilando e contatam ao professor (a), diretor (a) ou parente

desse aluno na tentativa de ajudar o amigo que está passando pelo problema.

Seguindo a linha de pensamento sobre a afirmativa, perguntou-se se, dos alunos observados com comportamento de automutilar-se, se algum apresenta também tendência ao suicídio, fato também confirmado pela entrevista. Nock e

colaboradores (2006) evidenciam que a ocorre uma interação frequente entre a

automutilação e comportamento suicida, incluindo os suicídios e tentativas de

suicídio. No entanto, por definição a automutilação exclui ideação suicida no

momento em que a automutilação é executada.

Todas as referências pesquisadas indicam que a automutilação é utilizada

para evitar o suicídio como uma forma de aliviar a dor seja ela física ou mental,

quando essa forma controversa de salvação já não lhe garante mais o alivio

desejado a intenção suicida é aflorada e tona-se sua principal opção de fuga.

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Diante da resposta do questionário observou-se que em casos mais

extremos dos adolescentes que se automutilam em que sua descoberta é tardia o

adolescente pode apresentar intenção suicida chegando até a tentativas de suicídio.

Sobre as medidas profiláticas para o caso envolvendo a escola como um todo, foram apontadas as seguintes soluções: Palestras, introdução nas aulas

do tema através de textos, vídeos, rodas de conversas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da descoberta dos casos no ambiente escolar a escola tem um papel

de grande importância na recuperação e prevenção da automutilação em seus

alunos, sendo através dela que as crianças, adolescentes e familiares são

orientados e encaminhados para o acompanhamento psicológico, bem como

fazendo acompanhamento desses jovens no ambiente escolar durante todo o ano

letivo. Sendo assim, também responsável por todos os outros alunos da unidade

escolar deve tomar medidas para que novos casos não aconteçam, a direção

juntamente com o corpo docente através de reuniões deve discutir as formas de

como apresentar o tema automutilação aos alunos de faixa etária diferentes da

melhor forma possível.

A intervenção escolar não se dá apenas durante o setembro amarelo, mês

em que se faz campanhas de prevenção ao suicido, e que as turmas se manifestam

e produzem conteúdo avaliativo de diversas formas, mas sim durante todo o ano

letivo dentro e fora de sala de aula.

O resultado dessa pesquisa a partir do questionário respondido pela diretora,

mostra que o corpo docente bem como todos os funcionários da instituição também

necessita de auxílio do governo para que se preparem e para que consigam intervir

da forma correta diante da descoberta de novos casos de automutilação dos alunos

da instituição, como foi citado pela entrevistada o governo já está trabalhando em

um regimento unificado que será disponibilizado para todas as escolas, com

diretrizes para que a escola saiba exatamente como proceder. Isso será importante

também para o governo obter dados sobre os casos de cada região do pais podendo

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estabelecer novas diretrizes a cada ano melhorando a forma de como lidar com o

problema favorecendo alunos, familiares e a comunidade escolar em geral.

A pesquisa confirmou também a importância da boa relação entre os

funcionários da escola o corpo docente e diretoria junto aos alunos pois esse vínculo

torna possível ter uma conversa aberta com o aluno que está passando por um

problema bem como facilita uma sondagem juntos aos amigos desse adolescente,

diferente do que as literaturas pesquisadas mostram, os alunos que se automutilam

dessa escola possui grandes amigos que se mostram preocupados com o outro

colega muitas vezes indo pessoalmente procurar ajuda para essa pessoa, junto aos

professores e ou diretores sendo um dos principais auxílios dá para a descoberta

previa de novos casos evitando assim possíveis complicações como a tentativa de

suicídio, mesmo a automutilação sendo uma forma de escape para evitar o suicídio,

em casos extremos e de descoberta tardia o adolescente pode procurar aquilo que

tanto evitava como a única forma de se livrar da dor e do sofrimento passado por

ele, vendo no suicídio a solução para sua seus problemas.

A escola é responsável pela disseminação de conhecimento, seja para seus

alunos ou para a comunidade ao seu redor. Fazer a automutilação ser conhecida por

seus alunos e familiares através das aulas e palestras aberta a comunidade é uma

das armas contra novos casos, sabendo o que é, como acontece, porque acontece,

como abordar, e como tratar será mais fácil para a família lidar com o adolescente. A

principal intervenção da escola é a comunicação da família e posteriormente o

encaminhamento para um psicólogo para que seja feita uma avaliação e começar o

tratamento desse aluno.

Conversando com a entrevistada observou-se que além dos alunos, o

diretor, professor e familiares, também necessitam de ajuda psicológicas.

“Não é fácil para o corpo docente lidar com histórias muitas vezes

inimagináveis capazes de deixar você pensando naquele assunto por

bastante tempo, e ainda se responsável por uma casa filhos e marido e

muito mais” (Dyan Lara) diretora do colégio Raimundo Mederico da Silva

Toledo.

Diante das respostas dadas pela diretora Dyan Lara conclui-se que

nenhuma pessoa seja ela professor, diretor, amigo ou familiar; nunca vai estar

preparado o suficiente para lidar com a automutilação seja de uma pessoa próxima

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ou não, as únicas medidas a serem tomadas, é estudar sobre o assunto, conhecer

melhor as causas, criar um vínculo forte e confiante com a pessoa fazendo com que

ela se sinta bem em conversar e se abrir com você, para que seja feita uma

abordagem cautelosa diante da descoberta do caso para assim encaminhar esse

adolescente para um especialista que melhor cuidará dele, e isso não implica

afastar-se do caso e sim observar de perto como esse adolescente passara á se

comportar dali em diante.

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7 APÊNDICES

7.1. APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO

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7.2. APÊNDICE B – TERMO