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COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, pela Promotora de Justiça de Campinas, abaixo assinada, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, de um lado, e do outro, ALEXANDRE JOSEPH BUDEMBERG FILHO , RG 35886982-1, CPF 440509208-75, residente na Rua Sotero de Souza, 454, São Roque, denominado COMPROMISSÁRIO, endereço eletrônico: [email protected], telefone (11) 9 7267-2851, têm entre si certo e ajustado o presente Compromisso de Ajustamento de Conduta, o qual se regerá pelas cláusulas e condições ora estipuladas, com inteira submissão às disposições legais aplicáveis à espécie e, em especial, ao quanto dispõe o parágrafo 6°, do artigo 5°, da Lei Federal n° 7347/85, com a redação que lhe foi dada pela Lei Federal n° 8078, de 11 de setembro de 1990.
Considerando que o Inquérito Civil nº 14.0739.0004633/2015-7 instaurado em 15 de junho de 2015 constatou a prática de preconceito étnico-racial por parte de estudantes da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica em ambiente de rede social (facebook e whatsapp), tendo como vítimas diretas as alunas Daniela Oliveira e Jaqueline Adriana da Silva, assim como toda a coletividade negra indistintamente considerada.
Considerando que o processo de sindicância- ato nº 04/2015 CCHSA ocorrido na Pontifícia Universidade Católica de Campinas concluiu como autores dos fatos quatorze alunos e, dentre eles, estava o ora compromissário.
1
Considerando que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (artigo 5º, caput, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é fundamento da República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é um objetivo fundamental da República Federativa do Brasil promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (artigo 3º, inciso IV, CF).
Considerando que o Estado brasileiro é signatário da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial – aprovada pela Resolução 2106 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 21 de dezembro de 1965 – que tem como diretrizes o combate à discriminação racial em todas as suas formas e manifestações e a promoção da efetiva igualdade de todas as pessoas, prevendo, para tanto, a adoção pelos Estados partes de medidas especiais e concretas para assegurar o desenvolvimento e a proteção de todos os grupos raciais e de indivíduos pertencentes a esses grupos.
Considerando que a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais (artigo 5°, inciso XLI, da Constituição Federal de 1988).
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Considerando que o Estatuto da Igualdade Racial conceitua discriminação racial ou étnico- racial como toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada (artigo 1º, inciso I, Lei 12.288/10).
Considerando que a Lei nº. 12.966/2014 incluiu o inciso VII ao art. 1º da Lei nº. 7.347/1985 – Lei da Ação Civil Pública para atribuir ao Ministério Público a promoção da ação civil pública de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados à honra e dignidade de grupos raciais, étnicos e religiosos.
Considerando que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido o dano extrapatrimonial coletivo – dano moral coletivo - sempre que a lesão ou ameaça de lesão atingir, sobremodo, valores e interesses fundamentais de um grupo independentemente da comprovação de dor, de sofrimento e de abalo psicológico suscetíveis de apreciação na esfera do indivíduo.1
Considerando que a indenização tem caráter retributivo da injúria e, sobretudo, preventivo, devendo servir para desestimular a disseminação dos preconceitos contra grupos étnicos.
Considerando que a peculiaridade do caso e a inequívoca disponibilidade dos ofensores para reparação do dano e
1 REsp 1.057.274/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/12/2009, DJe 26/02/2010.
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crescimento pessoal impõe que se considere a prática da Justiça Restaurativa uma alternativa adequada e eficiente.
Considerando que a técnica de solução de conflitos conhecida como “Justiça Restaurativa” está baseada na disponibilidade de escuta de ofensores e vítimas e na criação conjunta de um processo de aprendizagem e amadurecimento do indivíduo dentro do espaço coletivo, o que vem se contrapondo, cada vez mais, à concepção exclusivamente punitivista de Justiça, sendo inclusive incentivada pelo Conselho Nacional de Justiça.
Fica acordado o que segue:
Cláusula 1ª - O compromissário, pelo ato individual praticado, se compromete a pagar até 30 de novembro de 2017, uma multa por danos morais coletivos no importe de R$ 2000,00 (dois mil reais) a ser revertido ao Fundo de Valorização da Comunidade Negra do Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas (Lei 10813/2001) ou, na falta de sua regulamentação, ao Fundo Estadual da Promoção de Igualdade Étnica previsto no artigo 13, parágrafo 2º., da Lei 7347/85.2 2 A verba, tanto quanto possível, será preferencialmente destinada às seguintes ações que coletivamente serão construídas
sob a coordenação do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação
Religiosa:
a) Financiamento de ações culturais em cinemas e teatros para alunos de escolas municipais, acompanhadas pelo
MIPIS (programa da Secretaria Municipal de Educação para promoção da Diversidade ) e Centro de Referência em
Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa com temáticas voltadas para
relações étncio-raciais.
b) Eventual contratação de grupo de teatro para a apresentação, em teatro municipal, ou espaços a serem sugeridos
pelo Centro de Referência, de peça que aborde a temática do racismo e genocídio da juventude negra.
c) Financiamento de material publicitário (vídeos, comerciais e campanhas) com a temática de igualdade racial e
tolerância religiosa a ser vinculada em onibus, televisão e redes sociais.
d) Elaboração de oficinas de animação de 2 D “stop motion” para crianças e jovens visando a produção de desenhos
animados educativos sobre a cultura e a história afro-brasileira sob a coordenação do Centro de Referência.
e) Apoios a projetos de empreendedorismo para jovens negros sob a coordenação do Centro de Referência.
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Cláusula 2ª – O valor será pago em 4 (quatro) parcelas de R$500,00 a partir do dia 05/08/2017, vencendo no 5° dia útil dos meses subsequentes.
Cláusula 3ª - O compromissário se obriga a oferecer 120 horas que serão dedicadas à reflexão, estudo e trabalho nas seguintes atividades abaixo sugeridas, a serem coletivamente construídas com a Coordenação do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa.
a) Participação em palestras e oficinas em temáticas em direitos humanos, cidadania, igualdade racial e tolerância religiosa promovidas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa.
b) Visitas indicadas e acompanhadas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa em entidades por ele indicadas que cuidem desta temática.
c) Produção e apresentação de resenhas e obras relacionadas a cultura afro-brasileira e às questões étnico-raciais indicadas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa.
d) Apresentação de cines e debates sobre filmes que estimulem reflexões sobre os temas relativos à igualdade racial.
e) Participação em oficinas e rodas de conversa sobre os temas relativos a racismo e discriminação religiosa.
f) Apoio a projetos de empreendedorismo para mulheres negras sob a coordenação do Centro de Referência.
5
f) Participação como ouvinte ou multiplicador de palestras sobre direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa em escolas públicas e outros locais.
Cláusula 4ª. – As horas acima mencionadas deverão ser cumpridas até no máximo o dia 30 de novembro de 2017.
Cláusula 5ª. – A forma como essas horas serão organizadas – dia e horário – serão acordadas diretamente com a Senhora Coordenadora do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa.
Cláusula 6ª. – Toda a execução do processo restaurativo e controle das horas dedicadas serão feitas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa que relatará, mensalmente, ao Ministério Público, as atividades desenvolvidas e as horas cumpridas pelo compromissário.
Cláusula 7ª. – O Conselho Municipal de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas e a Coordenadoria Setorial de Promoção da Igualdade Racial darão todo o suporte necessário ao Centro de Referência e participarão de todo o processo acima descrito.
Cláusula 8ª. – O NAT – Núcleo Técnico de Atenção Psicossocial do Ministério Público fará o acompanhamento de tdoo o processo, dentro da sua alçada de atuação.
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Cláusula 9ª. – No caso de descumprimento injustificado do presente acordo, por motivo que não seja de força maior ou caso fortuito, o compromissário se sujeitará à multa de 100 (cem) salários mínimos.
Cláusula 10ª. – O acordo terá o efeito de título executivo extrajudicial depois de homologado pelo Conselho Superior do Ministério Público.
Nada mais havendo, segue o presente assinado pelos Compromissários, Promotora de Justiça, representantes dos Órgãos Públicos e testemunhas.
Campinas, 12 de maio de 2017.
Cristiane Corrêa de Souza Hillal Promotora de Justiça
Alexandre Joseph Budemberg Filho
Elisângela Nunes de Oliveira – Especialista em Relações Sociais –CRT
Tagino Alves dos Santos – Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas
Jacqueline Damásio Amarando – Coordenadora - Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa
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Sérgio Max Almeida Prado – Coordenadoria Setorial de Promoção de Igualdade Racial
Aydil da Fonseca Prudente – Analista de Promotoria I – Psicóloga
Andréia Ribeiro Rodrigues Barboza – Analista de Promotoria I -Assistente Social
TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA
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O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, pela Promotora de Justiça de Campinas abaixo assinada, no uso de suas atribuições constitucionais e Aline Azevedo Teixeira, RG 45.196.579-6, CPF 460.203.108-09, residente e domiciliada à Rua Dr. Jorge Tibiriçá, 775, centro, Santo Antônio de Posse/SP, CEP 13.830-000, endereço eletrônico: [email protected], telefone (19) 9 96730087, tendo em vista as considerações abaixo enumeradas, têm entre si certo e ajustado o presente Compromisso de Ajustamento de suas Condutas, o qual se regerá pelas cláusulas e condições ora estipuladas, com inteira submissão às disposições legais aplicáveis à espécie e, em especial, o quanto dispõe o parágrafo 6°, do artigo 5°, da Lei Federal n° 7347/85, com a redação que lhe foi dada pela Lei Federal n° 8078, de 11 de setembro de 1990.
Considerando que o Inquérito Civil nº 14.0739.00046533/2015-7 instaurado em 15 de junho de 2015 constatou a prática de preconceito étnico-racial por parte de estudantes da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica, tendo como vítima direta as alunas Daniela Oliveira e Jaqueline Adriana da Silva, assim como toda a coletividade negra indistintamente considerada.
Considerando que o processo de sindicância- ato nº 04/2015 CCHSA ocorrido na Pontifícia Universidade Católica de Campinas concluiu como autores dos fatos quatorze alunos e, dentre eles, estava o ora compromissário.
Considerando que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
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estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (artigo 5º, caput, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é fundamento da República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é um objetivo fundamental da república federativa do Brasil promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (artigo 3º, inciso IV, CF)
Considerando que o Estado brasileiro é signatário da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial – aprovada pela Resolução 2106 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 21 de dezembro de 1965 – que tem como diretrizes o combate à discriminação racial, em todas as suas formas e manifestações e a promoção da efetiva igualdade de todas as pessoas, prevendo, para tanto, a adoção pelos Estados Partes de medidas especiais e concretas para assegurar o desenvolvimento ou a proteção de certos grupos raciais ou de indivíduos pertencentes a esses grupos;
Considerando que a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais (artigo 5°, inciso XLI, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que o Estatuto da Igualdade Racial conceitua discriminação racial ou étnico- racial como toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor,
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descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada (artigo 1º, inciso I, Lei 12.288/10) ).
Considerando que a Lei nº. 12.966/2014 incluiu o inciso VII ao art. 1º da Lei nº. 7.347/1985 – Lei da Ação Civil Pública, para atribuir ao Ministério Público a promoção da ação civil pública de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados à honra e dignidade de grupos raciais, étnicos e religiosos.
Considerando que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido o dano extrapatrimonial coletivo – dano moral coletivo - sempre que a lesão ou ameaça de lesão atingir, sobremodo, valores e interesses fundamentais de um grupo independentemente até da comprovação de dor, de sofrimento e de abalo psicológico suscetíveis de apreciação na esfera do indivíduo.3
Considerando que a indenização tem caráter retributivo da injúria e, sobretudo, preventivo, devendo servir para desestimular a disseminação dos preconceitos contra grupos étnicos.
Considerando que a peculiaridade do caso e a enorme disponibilidade dos ofensores para reparação do dano e crescimento pessoal impõe que se considere a prática da Justiça Restaurativa uma alternativa adequada e eficiente.
3 REsp 1.057.274/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/12/2009, DJe 26/02/2010.
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Considerando que a técnica de solução de conflitos conhecida como “Justiça Restaurativa” está baseada na disponibilidade de escuta de ofensores e vítimas e na criação conjunta de um processo de aprendizagem e amadurecimento do indivíduo dentro do espaço coletivo, o que vem se contrapondo, cada vez mais, à concepção exclusivamente punitivista de Justiça, sendo inclusive incentivada pelo Conselho Nacional de Justiça.
Considerando que é dever do Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (artigo 127, caput, CF) e que há imensa disponibilidade do compromissário de reparar o dano e restaurar a lesão coletiva provocada.
Fica acordado o que segue:
Cláusula 1ª - O compromissário, independentemente da multa acima mencionada, se obriga a oferecer 120 horas que serão dedicadas à reflexão, estudo e trabalho nas seguintes atividades abaixo sugeridas, divididas em dois eixos de atuação, a serem coletivamente construídas com a coordenação do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa.
Eixo 1 – processos formativos em direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa
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g) Participação em palestras e oficinas em temáticas em direitos humanos, cidadania, igualdade racial e tolerância religiosa promovidas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa com temárticas voltadas para relações étncio-raciais ou por ele indicadas.
h) Visitas indicadas e acompanhadas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa com temárticas voltadas para relações étncio-raciais ás entidades que atuam na prevenção e combate ao racismo e à discriminação religiosa e na promoção da cultura afro-brasileira.
i) Produção e apresentação de resenhas e obras relacionadas a cultura afro-brasileira e ás questões étncio-raciais indicadas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa com temárticas voltadas para relações étncio-raciais.
Eixo 2 – Execução da formação pelos estudantes indicados no TAC em escolas, entidades e ONGs.
a) Apresentação de cines e debates que estimulem reflexões sobre os temas relativos à igualdade racial.
b) Realização de oficinas e rodas de conversa sobre os temas relativos a racismo e discriminação religiosa.
c) Palestras sobre direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa.
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Cláusula 4ª. – As horas acima mencionadas deverão ser cumpridas até no máximo o dia 30 de novembro de 2017.
Cláusula 5ª. – A forma como essas horas serão organizadas – dia e horário – serão acordadas diretamente com a Senhora Coordenadora do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa.
Cláusula 6ª. – Toda a execução do processo restaurativo e controle das horas dedicadas serão feitas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa que relatará, mensalmente, ao Ministério Público, as atividades desenvolvidas e as horas cumpridas pelo compromissário.
Cláusula 7ª. – O Conselho Municipal de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas e a Coordenadoria Setorial de Promoção da Igualdade Racial darão todo o suporte necessário ao Centro de Referência e participarão de todo o processo acima descrito.
Cláusula 8ª. – O NAT – Núcleo Técnico de Atenção Psicossocial do Ministério Público fará o acompanhamento dentro da sua alçada de atuação, de todo o processo.
Cláusula 9ª. – No caso de descumprimento injustificado do presente acordo, por motivo que não seja de força maior ou caso fortuito, o compromissário se sujeitará à multa de 100 (cem) salários mínimos.
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Nada mais havendo, segue o presente assinado pelos Compromissários, Promotora de Justiça, representantes dos Órgãos Públicos e testemunhas.
Campinas, 05 de maio de 2017.
Cristiane Corrêa de Souza Hillal
Promotora de Justiça
Aline Azevedo Teixeira
Elisângela Nunes de Oliveira – Especialista em Relações Sociais –CRT
Tagino Alves dos Santos – Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas
Jacqueline Damásio Amarando – Coordenadora - Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa
Sérgio Max Almeida Prado – Coordenadoria Setorial de Promoção de Igualdade Racial
Aydil da Fonseca Prudente – Analista de Promotoria I – Psicóloga
Andréia Ribeiro Rodrigues Barboza – Analista de Promotoria I -Assistente Social
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TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, pela Promotora de Justiça de Campinas abaixo assinada, no uso de suas atribuições constitucionais e Andressa Pilan do Nascimento, RG 49343969 SSP/SP, CPF 414.078.138-62, residente e domiciliada à Rua Coronel Quirino, 1355, apto 12, Cambuí, Campinas/SP, CEP 13.025-000, endereço eletrônico: [email protected], telefone (19) 9 9621 0137, tendo em vista as considerações abaixo enumeradas, têm entre si certo e ajustado o presente Compromisso de Ajustamento de suas Condutas, o qual se regerá pelas cláusulas e condições ora estipuladas, com inteira submissão às disposições legais aplicáveis à espécie e, em especial, o quanto dispõe o parágrafo 6°, do artigo 5°, da Lei Federal n° 7347/85, com a redação que lhe foi dada pela Lei Federal n° 8078, de 11 de setembro de 1990.
Considerando que o Inquérito Civil nº 14.0739.0004633/2015-7 instaurado em 15 de junho de 2015 constatou a prática de preconceito étnico-racial por parte de estudantes da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica, tendo como vítima direta as alunas Daniela Oliveira e Jaqueline Adriana da Silva, assim como toda a coletividade negra indistintamente considerada.
Considerando que o processo de sindicância- ato nº 04/2015 CCHSA ocorrido na Pontifícia Universidade Católica de Campinas concluiu como autores dos fatos quatorze alunos e, dentre eles, estava o ora compromissário.
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Considerando que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (artigo 5º, caput, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é fundamento da República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é um objetivo fundamental da república federativa do Brasil promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (artigo 3º, inciso IV, CF)
Considerando que o Estado brasileiro é signatário da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial – aprovada pela Resolução 2106 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 21 de dezembro de 1965 – que tem como diretrizes o combate à discriminação racial, em todas as suas formas e manifestações e a promoção da efetiva igualdade de todas as pessoas, prevendo, para tanto, a adoção pelos Estados Partes de medidas especiais e concretas para assegurar o desenvolvimento ou a proteção de certos grupos raciais ou de indivíduos pertencentes a esses grupos;
Considerando que a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais (artigo 5°, inciso XLI, da Constituição Federal de 1988).
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Considerando que o Estatuto da Igualdade Racial conceitua discriminação racial ou étnico- racial como toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada (artigo 1º, inciso I, Lei 12.288/10) ).
Considerando que a Lei nº. 12.966/2014 incluiu o inciso VII ao art. 1º da Lei nº. 7.347/1985 – Lei da Ação Civil Pública, para atribuir ao Ministério Público a promoção da ação civil pública de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados à honra e dignidade de grupos raciais, étnicos e religiosos.
Considerando que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido o dano extrapatrimonial coletivo – dano moral coletivo - sempre que a lesão ou ameaça de lesão atingir, sobremodo, valores e interesses fundamentais de um grupo independentemente até da comprovação de dor, de sofrimento e de abalo psicológico suscetíveis de apreciação na esfera do indivíduo.4
Considerando que a indenização tem caráter retributivo da injúria e, sobretudo, preventivo, devendo servir para desestimular a disseminação dos preconceitos contra grupos étnicos.
Considerando que a peculiaridade do caso e a enorme disponibilidade dos ofensores para reparação do dano e crescimento
4 REsp 1.057.274/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/12/2009, DJe 26/02/2010.
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pessoal impõe que se considere a prática da Justiça Restaurativa uma alternativa adequada e eficiente.
Considerando que a técnica de solução de conflitos conhecida como “Justiça Restaurativa” está baseada na disponibilidade de escuta de ofensores e vítimas e na criação conjunta de um processo de aprendizagem e amadurecimento do indivíduo dentro do espaço coletivo, o que vem se contrapondo, cada vez mais, à concepção exclusivamente punitivista de Justiça, sendo inclusive incentivada pelo Conselho Nacional de Justiça.
Considerando que é dever do Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (artigo 127, caput, CF) e que há imensa disponibilidade do compromissário de reparar o dano e restaurar a lesão coletiva provocada.
Fica acordado o que segue:
Cláusula 1ª - O compromissário, pelo ato individual praticado, se compromete a pagar até 05 de agosto de 2018, uma multa por danos morais coletivos no importe de R$ 1800,00 (mil reais) a ser revertido ao Fundo de Valorização da Comunidade Negra do Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas (Lei 10813/2001) ou, na falta de sua regulamentação, ao Fundo Estadual da Promoção de Igualdade Étnica previsto no artigo 13, parágrafo 2º., da Lei 7347/85.5 5 A verba, tanto quanto possível, será preferencialmente destinada às seguintes ações que coletivamente serão construídas
sob a coordenação do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação
Religiosa:
g) Financiamento de ações culturais em cinemas e teatros para alunos de escolas municipais, acompanhadas pelo
MIPIS (programa da Secretaria Municipal de Educação para promoção da Diversidade ) e Centro de Referência em
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Cláusula 2ª – O valor será pago em 12(doze) parcelas de R$150,00 a partir do dia 05/08/2017, vencendo no 5° dia útil dos meses subsequentes.
Cláusula 3ª - O compromissário se obriga a oferecer 120 horas que serão dedicadas à reflexão, estudo e trabalho nas seguintes atividades abaixo sugeridas, divididas em dois eixos de atuação, a serem coletivamente construídas com a coordenação do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa, disponibilizando seus conhecimentos e seu aparato técnico para fotografias, vídeos e marketing digital em geral.
Eixo 1 – processos formativos em direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa
j) Participação em palestras e oficinas em temáticas em direitos humanos, cidadania, igualdade racial e tolerância religiosa promovidas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa
Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa com temáticas voltadas para
relações étncio-raciais.
h) Eventual contratação de grupo de teatro para a apresentação, em teatro municipal, ou espaços a serem sugeridos
pelo Centro de Referência, de peça que aborde a temática do racismo e genocídio da juventude negra.
i) Financiamento de material publicitário (vídeos, comerciais e campanhas) com a temática de igualdade racial e
tolerância religiosa a ser vinculada em onibus, televisão e redes sociais.
j) Elaboração de oficinas de animação de 2 D “stop motion” para crianças e jovens visando a produção de desenhos
animados educativos sobre a cultura e a história afro-brasileira sob a coordenação do Centro de Referência.
k) Apoios a projetos de empreendedorismo para jovens negros sob a coordenação do Centro de Referência.
l) Apoio a projetos de empreendedorismo para mulheres negras sob a coordenação do Centro de Referência.
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com temárticas voltadas para relações étncio-raciais ou por ele indicadas.
k) Visitas indicadas e acompanhadas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa em entidades indicadas pelo Centro de Referência.
l) Produção e apresentação de resenhas e obras relacionadas a cultura afro-brasileira e ás questões étncio-raciais indicadas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa.
Eixo 2 – Execução da formação pelos estudantes indicados no TAC em escolas, entidades e ONGs.
d) Apresentação de cines e debates que estimulem reflexões sobre os temas relativos à igualdade racial.
e) Realização de oficinas e rodas de conversa sobre os temas relativos a racismo e discriminação religiosa.
f) Palestras sobre direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa.
Cláusula 4ª. – As horas acima mencionadas deverão ser cumpridas até no máximo o dia 30 de novembro de 2017.
Cláusula 5ª. – A forma como essas horas serão organizadas – dia e horário – serão acordadas diretamente com a Senhora Coordenadora
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do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa.
Cláusula 6ª. – Toda a execução do processo restaurativo e controle das horas dedicadas serão feitas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa que relatará, mensalmente, ao Ministério Público, as atividades desenvolvidas e as horas cumpridas pelo compromissário.
Cláusula 7ª. – O Conselho Municipal de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas e a Coordenadoria Setorial de Promoção da Igualdade Racial darão todo o suporte necessário ao Centro de Referência e participarão de todo o processo acima descrito.
Cláusula 8ª. – O NAT – Núcleo Técnico de Atenção Psicossocial do Ministério Público fará o acompanhamento dentro da sua alçada de atuação, de todo o processo.
Cláusula 9ª. – No caso de descumprimento injustificado do presente acordo, por motivo que não seja de força maior ou caso fortuito, o compromissário se sujeitará à multa de 100 (cem) salários mínimos.
Cláusula 10ª. – O presente Compromisso de Ajustamento valerá como título executivo extra judicial depois de homologado pelo Conselho Superior do Ministério Público.
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Nada mais havendo, segue o presente assinado pelos Compromissários, Promotora de Justiça, representantes dos Órgãos Públicos e testemunhas.
Campinas, 05 de maio de 2017.
Cristiane Corrêa de Souza Hillal Promotora de Justiça
Andressa Pilan do Nascimento
Elisângela Nunes de Oliveira – Especialista em Relações Sociais – Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa
Tagino Alves dos Santos – Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas
Jacqueline Damázio Armando – Coordenadora - Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa
Sérgio Max Almeida Prado – Coordenadoria Setorial de Promoção de Igualdade Racial
Aydil da Fonseca Prudente – Analista de Promotoria I – Psicóloga
Andréia Ribeiro Rodrigues Barboza – Analista de Promotoria I -Assistente Social
TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA
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O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, pela Promotora de Justiça de Campinas abaixo assinada, no uso de suas atribuições constitucionais e Bruno Martins de Castro, RG 47.978.656-2 SSP/SP, CPF 397.983.958-32, residente e domiciliado à Rua José Rosada, 58, Jd. Ouro Branco, Campinas/SP, CEP 13.100-505, telefone (19) 9 9212 3226 , tendo em vista as considerações abaixo enumeradas, têm entre si certo e ajustado o presente Compromisso de Ajustamento de suas Condutas, o qual se regerá pelas cláusulas e condições ora estipuladas, com inteira submissão às disposições legais aplicáveis à espécie e, em especial, o quanto dispõe o parágrafo 6°, do artigo 5°, da Lei Federal n° 7347/85, com a redação que lhe foi dada pela Lei Federal n° 8078, de 11 de setembro de 1990.
Considerando que o Inquérito Civil nº 14.0739.0004633/2015-7 instaurado em 15 de junho de 2015 constatou a prática de preconceito étnico-racial por parte de estudantes da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica, tendo como vítima direta as alunas Daniela Oliveira e Jaqueline Adriana da Silva, assim como toda a coletividade negra indistintamente considerada.
Considerando que o processo de sindicância- ato nº 04/2015 CCHSA ocorrido na Pontifícia Universidade Católica de Campinas concluiu como autores dos fatos quatorze alunos e, dentre eles, estava o ora compromissário.
Considerando que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
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liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (artigo 5º, caput, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é fundamento da República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é um objetivo fundamental da república federativa do Brasil promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (artigo 3º, inciso IV, CF)
Considerando que o Estado brasileiro é signatário da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial – aprovada pela Resolução 2106 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 21 de dezembro de 1965 – que tem como diretrizes o combate à discriminação racial, em todas as suas formas e manifestações e a promoção da efetiva igualdade de todas as pessoas, prevendo, para tanto, a adoção pelos Estados Partes de medidas especiais e concretas para assegurar o desenvolvimento ou a proteção de certos grupos raciais ou de indivíduos pertencentes a esses grupos;
Considerando que a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais (artigo 5°, inciso XLI, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que o Estatuto da Igualdade Racial conceitua discriminação racial ou étnico- racial como toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto
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anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada (artigo 1º, inciso I, Lei 12.288/10) ).
Considerando que a Lei nº. 12.966/2014 incluiu o inciso VII ao art. 1º da Lei nº. 7.347/1985 – Lei da Ação Civil Pública, para atribuir ao Ministério Público a promoção da ação civil pública de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados à honra e dignidade de grupos raciais, étnicos e religiosos.
Considerando que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido o dano extrapatrimonial coletivo – dano moral coletivo - sempre que a lesão ou ameaça de lesão atingir, sobremodo, valores e interesses fundamentais de um grupo independentemente até da comprovação de dor, de sofrimento e de abalo psicológico suscetíveis de apreciação na esfera do indivíduo.6
Considerando que a indenização tem caráter retributivo da injúria e, sobretudo, preventivo, devendo servir para desestimular a disseminação dos preconceitos contra grupos étnicos.
Considerando que a peculiaridade do caso e a enorme disponibilidade dos ofensores para reparação do dano e crescimento pessoal impõe que se considere a prática da Justiça Restaurativa uma alternativa adequada e eficiente.
Considerando que a técnica de solução de conflitos conhecida como “Justiça Restaurativa” está baseada na 6 REsp 1.057.274/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/12/2009, DJe 26/02/2010.
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disponibilidade de escuta de ofensores e vítimas e na criação conjunta de um processo de aprendizagem e amadurecimento do indivíduo dentro do espaço coletivo, o que vem se contrapondo, cada vez mais, à concepção exclusivamente punitivista de Justiça, sendo inclusive incentivada pelo Conselho Nacional de Justiça.
Considerando que é dever do Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (artigo 127, caput, CF) e que há imensa disponibilidade do compromissário de reparar o dano e restaurar a lesão coletiva provocada.
Fica acordado o que segue:
Cláusula 1ª - O compromissário, pelo ato individual praticado, se compromete a pagar até 30 de novembro de 2017, uma multa por danos morais coletivos no importe de R$ 3000,00 (três mil reais) a ser revertido ao Fundo de Valorização da Comunidade Negra do Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas (Lei 10813/2001) ou, na falta de sua regulamentação, ao Fundo Estadual da Promoção de Igualdade Étnica previsto no artigo 13, parágrafo 2º., da Lei 7347/85.7
7 A verba, tanto quanto possível, será preferencialmente destinada às seguintes ações que coletivamente serão construídas
sob a coordenação do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação
Religiosa:
m) Financiamento de ações culturais em cinemas e teatros para alunos de escolas municipais, acompanhadas pelo
MIPIS (programa da Secretaria Municipal de Educação para promoção da Diversidade ) e Centro de Referência em
Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa com temáticas voltadas para
relações étncio-raciais.
n) Eventual contratação de grupo de teatro para a apresentação, em teatro municipal, ou espaços a serem sugeridos
pelo Centro de Referência, de peça que aborde a temática do racismo e genocídio da juventude negra.
o) Financiamento de material publicitário (vídeos, comerciais e campanhas) com a temática de igualdade racial e
tolerância religiosa a ser vinculada em onibus, televisão e redes sociais.
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Cláusula 2ª – O valor será pago em 04(quatro) parcelas de R$ 750,00 a partir do dia 05/08/2017, vencendo no 5° dia útil dos meses subsequentes.
Cláusula 3ª - O compromissário se obriga a oferecer 120 horas que serão dedicadas à reflexão, estudo e trabalho nas seguintes atividades abaixo sugeridas, divididas em dois eixos de atuação, a serem coletivamente construídas com a coordenação do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa, disponibilizando seus conhecimentos e seu aparato técnico para fotografias, vídeos e marketing digital em geral.
Eixo 1 – processos formativos em direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa
m)Participação em palestras e oficinas em temáticas em direitos humanos, cidadania, igualdade racial e tolerância religiosa promovidas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa com temárticas voltadas para relações étncio-raciais ou por ele indicadas.
n) Visitas indicadas e acompanhadas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e
p) Elaboração de oficinas de animação de 2 D “stop motion” para crianças e jovens visando a produção de desenhos
animados educativos sobre a cultura e a história afro-brasileira sob a coordenação do Centro de Referência.
q) Apoios a projetos de empreendedorismo para jovens negros sob a coordenação do Centro de Referência.
r) Apoio a projetos de empreendedorismo para mulheres negras sob a coordenação do Centro de Referência.
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Discriminação religiosa em entidades indicadas pelo Centro de Referência.
o) Produção e apresentação de resenhas e obras relacionadas a cultura afro-brasileira e ás questões étncio-raciais indicadas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa.
Eixo 2 – Execução da formação pelos estudantes indicados no TAC em escolas, entidades e ONGs.
g) Apresentação de cines e debates que estimulem reflexões sobre os temas relativos à igualdade racial.
h) Realização de oficinas e rodas de conversa sobre os temas relativos a racismo e discriminação religiosa.
i) Palestras sobre direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa.
Cláusula 4ª. – As horas acima mencionadas deverão ser cumpridas até no máximo o dia 30 de novembro de 2017.
Cláusula 5ª. – A forma como essas horas serão organizadas – dia e horário – serão acordadas diretamente com a Senhora Coordenadora do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa.
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Cláusula 6ª. – Toda a execução do processo restaurativo e controle das horas dedicadas serão feitas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa que relatará, mensalmente, ao Ministério Público, as atividades desenvolvidas e as horas cumpridas pelo compromissário.
Cláusula 7ª. – O Conselho Municipal de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas e a Coordenadoria Setorial de Promoção da Igualdade Racial darão todo o suporte necessário ao Centro de Referência e participarão de todo o processo acima descrito.
Cláusula 8ª. – O NAT – Núcleo Técnico de Atenção Psicossocial do Ministério Público fará o acompanhamento dentro da sua alçada de atuação, de todo o processo.
Cláusula 9ª. – No caso de descumprimento injustificado do presente acordo, por motivo que não seja de força maior ou caso fortuito, o compromissário se sujeitará à multa de 100 (cem) salários mínimos.
Cláusula 10ª. – O presente Compromisso de Ajustamento valerá como título executivo extra judicial depois de homologado pelo Conselho Superior do Ministério Público.
Nada mais havendo, segue o presente assinado pelos Compromissários, Promotora de Justiça, representantes dos Órgãos Públicos e testemunhas.
Campinas, 05 de maio de 2017.
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Cristiane Corrêa de Souza Hillal Promotora de Justiça
Bruno Martins de Castro
Elisângela Nunes de Oliveira – Especialista em Relações Sociais – Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa
Tagino Alves dos Santos – Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas
Jacqueline Damázio Armando – Coordenadora - Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa
Sérgio Max Almeida Prado – Coordenadoria Setorial de Promoção de Igualdade Racial
Aydil da Fonseca Prudente – Analista de Promotoria I – Psicóloga
Andréia Ribeiro Rodrigues Barboza – Analista de Promotoria I -Assistente Social
TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, pela Promotora de Justiça de Campinas abaixo assinada, no uso de suas atribuições constitucionais e Camila Farias Villela, RG
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MG 7820187 SSP/MG, CPF 087.224.656-69, residente e domiciliado à Rua Rua Jasmin, n°190, apto 53, Chácara Primavera, Campinas/SP, endereço eletrônico: [email protected], telefone (19) 9 9162 5896, tendo em vista as considerações abaixo enumeradas, têm entre si certo e ajustado o presente Compromisso de Ajustamento de suas Condutas, o qual se regerá pelas cláusulas e condições ora estipuladas, com inteira submissão às disposições legais aplicáveis à espécie e, em especial, o quanto dispõe o parágrafo 6°, do artigo 5°, da Lei Federal n° 7347/85, com a redação que lhe foi dada pela Lei Federal n° 8078, de 11 de setembro de 1990.
Considerando que o Inquérito Civil nº 14.0739.0004633/2015-7 instaurado em 15 de junho de 2015 constatou a prática de preconceito étnico-racial por parte de estudantes da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica, tendo como vítima direta as alunas Daniela Oliveira e Jaqueline Adriana da Silva, assim como toda a coletividade negra indistintamente considerada.
Considerando que o processo de sindicância- ato nº 04/2015 CCHSA ocorrido na Pontifícia Universidade Católica de Campinas concluiu como autores dos fatos quatorze alunos e, dentre eles, estava o ora compromissário.
Considerando que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (artigo 5º, caput, da Constituição Federal de 1988).
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Considerando que é fundamento da República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é um objetivo fundamental da república federativa do Brasil promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (artigo 3º, inciso IV, CF)
Considerando que o Estado brasileiro é signatário da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial – aprovada pela Resolução 2106 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 21 de dezembro de 1965 – que tem como diretrizes o combate à discriminação racial, em todas as suas formas e manifestações e a promoção da efetiva igualdade de todas as pessoas, prevendo, para tanto, a adoção pelos Estados Partes de medidas especiais e concretas para assegurar o desenvolvimento ou a proteção de certos grupos raciais ou de indivíduos pertencentes a esses grupos;
Considerando que a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais (artigo 5°, inciso XLI, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que o Estatuto da Igualdade Racial conceitua discriminação racial ou étnico- racial como toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em
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qualquer outro campo da vida pública ou privada (artigo 1º, inciso I, Lei 12.288/10) ).
Considerando que a Lei nº. 12.966/2014 incluiu o inciso VII ao art. 1º da Lei nº. 7.347/1985 – Lei da Ação Civil Pública, para atribuir ao Ministério Público a promoção da ação civil pública de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados à honra e dignidade de grupos raciais, étnicos e religiosos.
Considerando que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido o dano extrapatrimonial coletivo – dano moral coletivo - sempre que a lesão ou ameaça de lesão atingir, sobremodo, valores e interesses fundamentais de um grupo independentemente até da comprovação de dor, de sofrimento e de abalo psicológico suscetíveis de apreciação na esfera do indivíduo.8
Considerando que a indenização tem caráter retributivo da injúria e, sobretudo, preventivo, devendo servir para desestimular a disseminação dos preconceitos contra grupos étnicos.
Considerando que a peculiaridade do caso e a enorme disponibilidade dos ofensores para reparação do dano e crescimento pessoal impõe que se considere a prática da Justiça Restaurativa uma alternativa adequada e eficiente.
Considerando que a técnica de solução de conflitos conhecida como “Justiça Restaurativa” está baseada na disponibilidade de escuta de ofensores e vítimas e na criação conjunta de um processo de aprendizagem e amadurecimento do indivíduo dentro do espaço coletivo, o que vem se contrapondo, cada 8 REsp 1.057.274/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/12/2009, DJe 26/02/2010.
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vez mais, à concepção exclusivamente punitivista de Justiça, sendo inclusive incentivada pelo Conselho Nacional de Justiça.
Considerando que é dever do Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (artigo 127, caput, CF) e que há imensa disponibilidade do compromissário de reparar o dano e restaurar a lesão coletiva provocada.
Fica acordado o que segue:
Cláusula 1ª - O compromissário, pelo ato individual praticado, se compromete a pagar até 30 de novembro de 2017, uma multa por danos morais coletivos no importe de R$ 500,00 (quinhentos reais) a ser revertido ao Fundo de Valorização da Comunidade Negra do Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas (Lei 10813/2001) ou, na falta de sua regulamentação, ao Fundo Estadual da Promoção de Igualdade Étnica previsto no artigo 13, parágrafo 2º., da Lei 7347/85.9 9 A verba, tanto quanto possível, será preferencialmente destinada às seguintes ações que coletivamente serão construídas
sob a coordenação do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação
Religiosa:
s) Financiamento de ações culturais em cinemas e teatros para alunos de escolas municipais, acompanhadas pelo
MIPIS (programa da Secretaria Municipal de Educação para promoção da Diversidade ) e Centro de Referência em
Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa com temáticas voltadas para
relações étncio-raciais.
t) Eventual contratação de grupo de teatro para a apresentação, em teatro municipal, ou espaços a serem sugeridos
pelo Centro de Referência, de peça que aborde a temática do racismo e genocídio da juventude negra.
u) Financiamento de material publicitário (vídeos, comerciais e campanhas) com a temática de igualdade racial e
tolerância religiosa a ser vinculada em onibus, televisão e redes sociais.
v) Elaboração de oficinas de animação de 2 D “stop motion” para crianças e jovens visando a produção de desenhos
animados educativos sobre a cultura e a história afro-brasileira sob a coordenação do Centro de Referência.
w) Apoios a projetos de empreendedorismo para jovens negros sob a coordenação do Centro de Referência.
x) Apoio a projetos de empreendedorismo para mulheres negras sob a coordenação do Centro de Referência.
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Cláusula 2ª – O valor será pago em 04(dez) parcelas de R$125,00 a partir do dia 05/08/2017, vencendo no 5° dia útil dos meses subsequentes.
Cláusula 3ª - O compromissário se obriga a oferecer 160 horas que serão dedicadas à reflexão, estudo e trabalho nas seguintes atividades abaixo sugeridas, divididas em dois eixos de atuação, a serem coletivamente construídas com a coordenação do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa, disponibilizando seus conhecimentos e seu aparato técnico para fotografias, vídeos e marketing digital em geral.
Eixo 1 – processos formativos em direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa
p) Participação em palestras e oficinas em temáticas em direitos humanos, cidadania, igualdade racial e tolerância religiosa promovidas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa com temárticas voltadas para relações étncio-raciais ou por ele indicadas.
q) Visitas indicadas e acompanhadas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa em entidades indicadas pelo Centro de Referência.
r) Produção e apresentação de resenhas e obras relacionadas a cultura afro-brasileira e ás questões étncio-raciais indicadas
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pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa.
Eixo 2 – Execução da formação pelos estudantes indicados no TAC em escolas, entidades e ONGs.
j) Apresentação de cines e debates que estimulem reflexões sobre os temas relativos à igualdade racial.
k) Realização de oficinas e rodas de conversa sobre os temas relativos a racismo e discriminação religiosa.
l) Palestras sobre direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa.
Cláusula 4ª. – As horas acima mencionadas deverão ser cumpridas até no máximo o dia 30 de novembro de 2017.
Cláusula 5ª. – A forma como essas horas serão organizadas – dia e horário – serão acordadas diretamente com a Senhora Coordenadora do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa.
Cláusula 6ª. – Toda a execução do processo restaurativo e controle das horas dedicadas serão feitas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa que relatará, mensalmente, ao Ministério
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Público, as atividades desenvolvidas e as horas cumpridas pelo compromissário.
Cláusula 7ª. – O Conselho Municipal de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas e a Coordenadoria Setorial de Promoção da Igualdade Racial darão todo o suporte necessário ao Centro de Referência e participarão de todo o processo acima descrito.
Cláusula 8ª. – O NAT – Núcleo Técnico de Atenção Psicossocial do Ministério Público fará o acompanhamento dentro da sua alçada de atuação, de todo o processo.
Cláusula 9ª. – No caso de descumprimento injustificado do presente acordo, por motivo que não seja de força maior ou caso fortuito, o compromissário se sujeitará à multa de 100 (cem) salários mínimos.
Cláusula 10ª. – O presente Compromisso de Ajustamento valerá como título executivo extra judicial depois de homologado pelo Conselho Superior do Ministério Público.
Nada mais havendo, segue o presente assinado pelos Compromissários, Promotora de Justiça, representantes dos Órgãos Públicos e testemunhas.
Campinas, 05 de maio de 2017.
Cristiane Corrêa de Souza Hillal Promotora de Justiça
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Camila Farias Villela
Elisângela Nunes de Oliveira – Especialista em Relações Sociais – Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa
Tagino Alves dos Santos – Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas
Jacqueline Damázio Armando – Coordenadora - Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa
Sérgio Max Almeida Prado – Coordenadoria Setorial de Promoção de Igualdade Racial
Aydil da Fonseca Prudente – Analista de Promotoria I – Psicóloga
Andréia Ribeiro Rodrigues Barboza – Analista de Promotoria I -Assistente Social
TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, pela Promotora de Justiça de Campinas abaixo assinada, no uso de suas atribuições constitucionais e Eduardo Tancler Ambiel, RG 48691941 SSP/SP, CPF 414.970.188-11, residente e domiciliado à Rua Padre Vicente Rizzo, n° 377, Vila Sfeir, Campinas/SP, CEP 13.148-251, endereço eletrônico: [email protected], telefone (19) 9 9920 0991, tendo em vista as considerações abaixo enumeradas, têm entre si certo e ajustado o presente Compromisso de Ajustamento
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de suas Condutas, o qual se regerá pelas cláusulas e condições ora estipuladas, com inteira submissão às disposições legais aplicáveis à espécie e, em especial, o quanto dispõe o parágrafo 6°, do artigo 5°, da Lei Federal n° 7347/85, com a redação que lhe foi dada pela Lei Federal n° 8078, de 11 de setembro de 1990.
Considerando que o Inquérito Civil nº 14.0739.0004633/2015-7 instaurado em 15 de junho de 2015 constatou a prática de preconceito étnico-racial por parte de estudantes da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica, tendo como vítima direta as alunas Daniela Oliveira e Jaqueline Adriana da Silva, assim como toda a coletividade negra indistintamente considerada.
Considerando que o processo de sindicância- ato nº 04/2015 CCHSA ocorrido na Pontifícia Universidade Católica de Campinas concluiu como autores dos fatos quatorze alunos e, dentre eles, estava o ora compromissário.
Considerando que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (artigo 5º, caput, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é fundamento da República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é um objetivo fundamental da república federativa do Brasil promover o bem de todos, sem
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preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (artigo 3º, inciso IV, CF)
Considerando que o Estado brasileiro é signatário da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial – aprovada pela Resolução 2106 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 21 de dezembro de 1965 – que tem como diretrizes o combate à discriminação racial, em todas as suas formas e manifestações e a promoção da efetiva igualdade de todas as pessoas, prevendo, para tanto, a adoção pelos Estados Partes de medidas especiais e concretas para assegurar o desenvolvimento ou a proteção de certos grupos raciais ou de indivíduos pertencentes a esses grupos;
Considerando que a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais (artigo 5°, inciso XLI, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que o Estatuto da Igualdade Racial conceitua discriminação racial ou étnico- racial como toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada (artigo 1º, inciso I, Lei 12.288/10) ).
Considerando que a Lei nº. 12.966/2014 incluiu o inciso VII ao art. 1º da Lei nº. 7.347/1985 – Lei da Ação Civil Pública, para atribuir ao Ministério Público a promoção da ação civil pública de
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responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados à honra e dignidade de grupos raciais, étnicos e religiosos.
Considerando que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido o dano extrapatrimonial coletivo – dano moral coletivo - sempre que a lesão ou ameaça de lesão atingir, sobremodo, valores e interesses fundamentais de um grupo independentemente até da comprovação de dor, de sofrimento e de abalo psicológico suscetíveis de apreciação na esfera do indivíduo.10
Considerando que a indenização tem caráter retributivo da injúria e, sobretudo, preventivo, devendo servir para desestimular a disseminação dos preconceitos contra grupos étnicos.
Considerando que a peculiaridade do caso e a enorme disponibilidade dos ofensores para reparação do dano e crescimento pessoal impõe que se considere a prática da Justiça Restaurativa uma alternativa adequada e eficiente.
Considerando que a técnica de solução de conflitos conhecida como “Justiça Restaurativa” está baseada na disponibilidade de escuta de ofensores e vítimas e na criação conjunta de um processo de aprendizagem e amadurecimento do indivíduo dentro do espaço coletivo, o que vem se contrapondo, cada vez mais, à concepção exclusivamente punitivista de Justiça, sendo inclusive incentivada pelo Conselho Nacional de Justiça.
Considerando que é dever do Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (artigo 127, caput, CF) e que há 10 REsp 1.057.274/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/12/2009, DJe 26/02/2010.
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imensa disponibilidade do compromissário de participar desta vivência proposta embora defenda que não praticou a lesão racial que foi imputada pela Universidade e que não há, nos autos, prova neste sentido.
Fica acordado o que segue:
Cláusula 1ª - O compromissário se obriga a oferecer 120 horas que serão dedicadas à reflexão, estudo e trabalho nas seguintes atividades abaixo sugeridas, divididas em dois eixos de atuação, a serem coletivamente construídas com a coordenação do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa, disponibilizando seus conhecimentos e seu aparato técnico para fotografias, vídeos e marketing digital em geral.
Eixo 1 – processos formativos em direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa
s) Participação em palestras e oficinas em temáticas em direitos humanos, cidadania, igualdade racial e tolerância religiosa promovidas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa com temárticas voltadas para relações étncio-raciais ou por ele indicadas.
t) Visitas indicadas e acompanhadas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa em entidades indicadas pelo Centro de Referência.
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u) Produção e apresentação de resenhas e obras relacionadas a cultura afro-brasileira e ás questões étncio-raciais indicadas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa.
Eixo 2 – Execução da formação pelos estudantes indicados no TAC em escolas, entidades e ONGs.
m)Apresentação de cines e debates que estimulem reflexões sobre os temas relativos à igualdade racial.
n) Realização de oficinas e rodas de conversa sobre os temas relativos a racismo e discriminação religiosa.
o) Palestras sobre direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa.
Cláusula 4ª. – As horas acima mencionadas deverão ser cumpridas até no máximo o dia 30 de novembro de 2017.
Cláusula 5ª. – A forma como essas horas serão organizadas – dia e horário – serão acordadas diretamente com a Senhora Coordenadora do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa.
Cláusula 6ª. – Toda a execução do processo restaurativo e controle das horas dedicadas serão feitas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa que relatará, mensalmente, ao Ministério
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Público, as atividades desenvolvidas e as horas cumpridas pelo compromissário.
Cláusula 7ª. – O Conselho Municipal de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas e a Coordenadoria Setorial de Promoção da Igualdade Racial darão todo o suporte necessário ao Centro de Referência e participarão de todo o processo acima descrito.
Cláusula 8ª. – O NAT – Núcleo Técnico de Atenção Psicossocial do Ministério Público fará o acompanhamento dentro da sua alçada de atuação, de todo o processo.
Cláusula 9ª. – No caso de descumprimento injustificado do presente acordo, por motivo que não seja de força maior ou caso fortuito, o compromissário se sujeitará à multa de 100 (cem) salários mínimos.
Cláusula 10ª. – O presente Compromisso de Ajustamento valerá como título executivo extra judicial depois de homologado pelo Conselho Superior do Ministério Público.
Nada mais havendo, segue o presente assinado pelos Compromissários, Promotora de Justiça, representantes dos Órgãos Públicos e testemunhas.
Campinas, 05 de maio de 2017.
Cristiane Corrêa de Souza Hillal Promotora de Justiça
Eduardo Tancler Ambiel
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Elisângela Nunes de Oliveira – Especialista em Relações Sociais – Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa
Tagino Alves dos Santos – Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas
Jacqueline Damázio Armando – Coordenadora - Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa
Sérgio Max Almeida Prado – Coordenadoria Setorial de Promoção de Igualdade Racial
Aydil da Fonseca Prudente – Analista de Promotoria I – Psicóloga
Andréia Ribeiro Rodrigues Barboza – Analista de Promotoria I -Assistente Social
TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, pela Promotora de Justiça de Campinas abaixo assinada, no uso de suas atribuições constitucionais e Felipe Roberto Cardozo, RG 36893666 SSP/SP, CPF 453.441.608-36, residente e domiciliado à Av. Julio de Mesquita, 590, Cambuí, Campinas/SP, CEP 13.073-907, endereço eletrônico: [email protected], telefone (19) 9 8200-1545, tendo em vista as considerações abaixo enumeradas, têm entre si certo e ajustado o presente Compromisso de Ajustamento de suas Condutas, o qual se regerá pelas cláusulas e condições ora estipuladas, com inteira submissão às disposições legais aplicáveis à espécie e, em especial, o quanto dispõe o parágrafo 6°, do artigo 5°, da Lei Federal n° 7347/85, com a redação que lhe foi dada pela Lei Federal n° 8078, de 11 de setembro de 1990.
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Considerando que o Inquérito Civil nº 14.0739.0004633/2015-7 instaurado em 15 de junho de 2015 constatou a prática de preconceito étnico-racial por parte de estudantes da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica, tendo como vítima direta as alunas Daniela Oliveira e Jaqueline Adriana da Silva, assim como toda a coletividade negra indistintamente considerada.
Considerando que o processo de sindicância- ato nº 04/2015 CCHSA ocorrido na Pontifícia Universidade Católica de Campinas concluiu como autores dos fatos quatorze alunos e, dentre eles, estava o ora compromissário.
Considerando que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (artigo 5º, caput, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é fundamento da República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é um objetivo fundamental da república federativa do Brasil promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (artigo 3º, inciso IV, CF)
Considerando que o Estado brasileiro é signatário da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de
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Discriminação Racial – aprovada pela Resolução 2106 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 21 de dezembro de 1965 – que tem como diretrizes o combate à discriminação racial, em todas as suas formas e manifestações e a promoção da efetiva igualdade de todas as pessoas, prevendo, para tanto, a adoção pelos Estados Partes de medidas especiais e concretas para assegurar o desenvolvimento ou a proteção de certos grupos raciais ou de indivíduos pertencentes a esses grupos;
Considerando que a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais (artigo 5°, inciso XLI, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que o Estatuto da Igualdade Racial conceitua discriminação racial ou étnico- racial como toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada (artigo 1º, inciso I, Lei 12.288/10) ).
Considerando que a Lei nº. 12.966/2014 incluiu o inciso VII ao art. 1º da Lei nº. 7.347/1985 – Lei da Ação Civil Pública, para atribuir ao Ministério Público a promoção da ação civil pública de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados à honra e dignidade de grupos raciais, étnicos e religiosos.
Considerando que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido o dano extrapatrimonial coletivo
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– dano moral coletivo - sempre que a lesão ou ameaça de lesão atingir, sobremodo, valores e interesses fundamentais de um grupo independentemente até da comprovação de dor, de sofrimento e de abalo psicológico suscetíveis de apreciação na esfera do indivíduo.11
Considerando que a indenização tem caráter retributivo da injúria e, sobretudo, preventivo, devendo servir para desestimular a disseminação dos preconceitos contra grupos étnicos.
Considerando que a peculiaridade do caso e a enorme disponibilidade dos ofensores para reparação do dano e crescimento pessoal impõe que se considere a prática da Justiça Restaurativa uma alternativa adequada e eficiente.
Considerando que a técnica de solução de conflitos conhecida como “Justiça Restaurativa” está baseada na disponibilidade de escuta de ofensores e vítimas e na criação conjunta de um processo de aprendizagem e amadurecimento do indivíduo dentro do espaço coletivo, o que vem se contrapondo, cada vez mais, à concepção exclusivamente punitivista de Justiça, sendo inclusive incentivada pelo Conselho Nacional de Justiça.
Considerando que é dever do Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (artigo 127, caput, CF) e que há imensa disponibilidade do compromissário de reparar o dano e restaurar a lesão coletiva provocada.
Fica acordado o que segue:
11 REsp 1.057.274/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/12/2009, DJe 26/02/2010.
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Cláusula 1ª - O compromissário se obriga a oferecer 240 horas que serão dedicadas à reflexão, estudo e trabalho nas seguintes atividades abaixo sugeridas, divididas em dois eixos de atuação, a serem coletivamente construídas com a coordenação do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa, disponibilizando seus conhecimentos e seu aparato técnico para fotografias, vídeos e marketing digital em geral.
Eixo 1 – processos formativos em direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa
v) Participação em palestras e oficinas em temáticas em direitos humanos, cidadania, igualdade racial e tolerância religiosa promovidas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa com temárticas voltadas para relações étncio-raciais ou por ele indicadas.
w) Visitas indicadas e acompanhadas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa em entidades indicadas pelo Centro de Referência.
x) Produção e apresentação de resenhas e obras relacionadas a cultura afro-brasileira e ás questões étncio-raciais indicadas pelo Centro de Refer~encia em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa.
Eixo 2 – Execução da formação pelos estudantes indicados no TAC em escolas, entidades e ONGs.
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p) Apresentação de cines e debates que estimulem reflexões sobre os temas relativos à igualdade racial.
q) Realização de oficinas e rodas de conversa sobre os temas relativos a racismo e discriminação religiosa.
r) Palestras sobre direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa.
Cláusula 4ª. – As horas acima mencionadas deverão ser cumpridas até no máximo o dia 30 de novembro de 2017.
Cláusula 5ª. – A forma como essas horas serão organizadas – dia e horário – serão acordadas diretamente com a Senhora Coordenadora do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa.
Cláusula 6ª. – Toda a execução do processo restaurativo e controle das horas dedicadas serão feitas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa que relatará, mensalmente, ao Ministério Público, as atividades desenvolvidas e as horas cumpridas pelo compromissário.
Cláusula 7ª. – O Conselho Municipal de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas e a Coordenadoria Setorial de Promoção da Igualdade Racial darão todo o suporte necessário ao Centro de Referência e participarão de todo o processo acima descrito.
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Cláusula 8ª. – O NAT – Núcleo Técnico de Atenção Psicossocial do Ministério Público fará o acompanhamento dentro da sua alçada de atuação, de todo o processo.
Cláusula 9ª. – No caso de descumprimento injustificado do presente acordo, por motivo que não seja de força maior ou caso fortuito, o compromissário se sujeitará à multa de 100 (cem) salários mínimos.
Nada mais havendo, segue o presente assinado pelos Compromissários, Promotora de Justiça, representantes dos Órgãos Públicos e testemunhas.
Campinas, 05 de maio de 2017.
Cristiane Corrêa de Souza Hillal Promotora de Justiça
Felipe Roberto Cardozo
Elisângela Nunes de Oliveira – Especialista em Relações Sociais –CRT
Tagino Alves dos Santos – Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas
Jacqueline Damásio Amarando – Coordenadora - Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa
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Sérgio Max Almeida Prado – Coordenadoria Setorial de Promoção de Igualdade Racial
Aydil da Fonseca Prudente – Analista de Promotoria I – Psicóloga
Andréia Ribeiro Rodrigues Barboza – Analista de Promotoria I -Assistente Social
TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, pela Promotora de Justiça de Campinas abaixo assinada, no uso de suas atribuições constitucionais e Gustavo Basaglia Martins, RG 40.242.094 SSP/SP, CPF 342.058.938-76, residente e domiciliado à Rua Agripino Pinheiro da Costa, 269, Mococa/SP, CEP 13.737-500, email: [email protected], telefone (19) 9 9401 6166, tendo em vista as considerações abaixo enumeradas, têm entre si certo e ajustado o presente Compromisso de Ajustamento de suas Condutas, o qual se regerá pelas cláusulas e condições ora estipuladas, com inteira submissão às disposições legais aplicáveis à espécie e, em especial, o quanto dispõe o parágrafo 6°, do artigo 5°, da Lei Federal n° 7347/85, com a redação que lhe foi dada pela Lei Federal n° 8078, de 11 de setembro de 1990.
Considerando que o Inquérito Civil nº 14.0739.0004633/2015-7 instaurado em 15 de junho de 2015 constatou a prática de preconceito étnico-racial por parte de estudantes da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica, tendo como vítima direta as alunas Daniela Oliveira e
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Jaqueline Adriana da Silva, assim como toda a coletividade negra indistintamente considerada.
Considerando que o processo de sindicância- ato nº 04/2015 CCHSA ocorrido na Pontifícia Universidade Católica de Campinas concluiu como autores dos fatos quatorze alunos e, dentre eles, estava o ora compromissário.
Considerando que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (artigo 5º, caput, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é fundamento da República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é um objetivo fundamental da república federativa do Brasil promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (artigo 3º, inciso IV, CF)
Considerando que o Estado brasileiro é signatário da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial – aprovada pela Resolução 2106 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 21 de dezembro de 1965 – que tem como diretrizes o combate à discriminação racial, em todas as suas formas e manifestações e a promoção da efetiva igualdade de todas as pessoas, prevendo, para tanto, a adoção pelos Estados Partes de medidas especiais e concretas para assegurar o desenvolvimento ou
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a proteção de certos grupos raciais ou de indivíduos pertencentes a esses grupos;
Considerando que a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais (artigo 5°, inciso XLI, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que o Estatuto da Igualdade Racial conceitua discriminação racial ou étnico- racial como toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada (artigo 1º, inciso I, Lei 12.288/10) ).
Considerando que a Lei nº. 12.966/2014 incluiu o inciso VII ao art. 1º da Lei nº. 7.347/1985 – Lei da Ação Civil Pública, para atribuir ao Ministério Público a promoção da ação civil pública de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados à honra e dignidade de grupos raciais, étnicos e religiosos.
Considerando que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido o dano extrapatrimonial coletivo – dano moral coletivo - sempre que a lesão ou ameaça de lesão atingir, sobremodo, valores e interesses fundamentais de um grupo independentemente até da comprovação de dor, de sofrimento e de abalo psicológico suscetíveis de apreciação na esfera do indivíduo.12
12 REsp 1.057.274/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/12/2009, DJe 26/02/2010.
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Considerando que a indenização tem caráter retributivo da injúria e, sobretudo, preventivo, devendo servir para desestimular a disseminação dos preconceitos contra grupos étnicos.
Considerando que a peculiaridade do caso e a enorme disponibilidade dos ofensores para reparação do dano e crescimento pessoal impõe que se considere a prática da Justiça Restaurativa uma alternativa adequada e eficiente.
Considerando que a técnica de solução de conflitos conhecida como “Justiça Restaurativa” está baseada na disponibilidade de escuta de ofensores e vítimas e na criação conjunta de um processo de aprendizagem e amadurecimento do indivíduo dentro do espaço coletivo, o que vem se contrapondo, cada vez mais, à concepção exclusivamente punitivista de Justiça, sendo inclusive incentivada pelo Conselho Nacional de Justiça.
Considerando que é dever do Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (artigo 127, caput, CF) e que há imensa disponibilidade do compromissário de reparar o dano e restaurar a lesão coletiva provocada.
Fica acordado o que segue:
Cláusula 1ª - O compromissário se obriga a oferecer 240 horas que serão dedicadas à reflexão, estudo e trabalho nas seguintes atividades abaixo sugeridas, divididas em dois eixos de atuação, a serem coletivamente construídas com a coordenação do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa.
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Eixo 1 – processos formativos em direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa
y) Participação em palestras e oficinas em temáticas em direitos humanos, cidadania, igualdade racial e tolerância religiosa promovidas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa com temárticas voltadas para relações étncio-raciais ou por ele indicadas.
z) Visitas indicadas e acompanhadas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa em entidades indicadas pelo Centro de Referência.
aa) Produção e apresentação de resenhas e obras relacionadas a cultura afro-brasileira e ás questões étncio-raciais indicadas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa.
Eixo 2 – Execução da formação pelos estudantes indicados no TAC em escolas, entidades e ONGs.
s) Apresentação de cines e debates que estimulem reflexões sobre os temas relativos à igualdade racial.
t) Realização de oficinas e rodas de conversa sobre os temas relativos a racismo e discriminação religiosa.
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u) Palestras sobre direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa.
Cláusula 4ª. – As horas acima mencionadas deverão ser cumpridas até no máximo o dia 30 de março de 2018.
Cláusula 5ª. – A forma como essas horas serão organizadas – dia e horário – serão acordadas diretamente com a Senhora Coordenadora do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa.
Cláusula 6ª. – Toda a execução do processo restaurativo e controle das horas dedicadas serão feitas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa que relatará, mensalmente, ao Ministério Público, as atividades desenvolvidas e as horas cumpridas pelo compromissário.
Cláusula 7ª. – O Conselho Municipal de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas e a Coordenadoria Setorial de Promoção da Igualdade Racial darão todo o suporte necessário ao Centro de Referência e participarão de todo o processo acima descrito.
Cláusula 8ª. – O NAT – Núcleo Técnico de Atenção Psicossocial do Ministério Público fará o acompanhamento dentro da sua alçada de atuação, de todo o processo.
Cláusula 9ª. – No caso de descumprimento injustificado do presente acordo, por motivo que não seja de força maior ou caso fortuito, o compromissário se sujeitará à multa de 100 (cem) salários mínimos.
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Cláusula 10ª. – O presente Compromisso de Ajustamento valerá como título executivo extra judicial depois de homologado pelo Conselho Superior do Ministério Público.
Nada mais havendo, segue o presente assinado pelos Compromissários, Promotora de Justiça, representantes dos Órgãos Públicos e testemunhas.
Campinas, 05 de maio de 2017.
Cristiane Corrêa de Souza Hillal Promotora de Justiça
Gustavo Basaglia Martins
Elisângela Nunes de Oliveira – Especialista em Relações Sociais – Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa
Tagino Alves dos Santos – Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas
Jacqueline Damázio Armando – Coordenadora - Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa
Sérgio Max Almeida Prado – Coordenadoria Setorial de Promoção de Igualdade Racial
Aydil da Fonseca Prudente – Analista de Promotoria I – Psicóloga
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Andréia Ribeiro Rodrigues Barboza – Analista de Promotoria I -Assistente Social
TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, pela Promotora de Justiça de Campinas abaixo assinada, no uso de suas atribuições constitucionais e Isabella Lemes Prieto, RG 38769544 SSP/SP, CPF 469.999.778-36, residente e domiciliado à Rua Uruguaiana, 543, Bosque, Campinas/SP, CEP 13.026-001, endereço eletrônico: [email protected], telefone (19) 9 7415 7811, tendo em vista as considerações abaixo enumeradas, têm entre si certo e ajustado o presente Compromisso de Ajustamento de suas Condutas, o qual se regerá pelas cláusulas e condições ora estipuladas, com inteira submissão às disposições legais aplicáveis à espécie e, em especial, o quanto dispõe o parágrafo 6°, do artigo 5°, da Lei Federal n° 7347/85, com a redação que lhe foi dada pela Lei Federal n° 8078, de 11 de setembro de 1990.
Considerando que o Inquérito Civil nº 14.0739.0004633/2015-7 instaurado em 15 de junho de 2015 constatou a prática de preconceito étnico-racial por parte de estudantes da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica, tendo como vítima direta as alunas Daniela Oliveira e Jaqueline Adriana da Silva, assim como toda a coletividade negra indistintamente considerada.
Considerando que o processo de sindicância- ato nº 04/2015 CCHSA ocorrido na Pontifícia Universidade Católica de
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Campinas concluiu como autores dos fatos quatorze alunos e, dentre eles, estava o ora compromissário.
Considerando que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (artigo 5º, caput, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é fundamento da República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é um objetivo fundamental da república federativa do Brasil promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (artigo 3º, inciso IV, CF)
Considerando que o Estado brasileiro é signatário da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial – aprovada pela Resolução 2106 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 21 de dezembro de 1965 – que tem como diretrizes o combate à discriminação racial, em todas as suas formas e manifestações e a promoção da efetiva igualdade de todas as pessoas, prevendo, para tanto, a adoção pelos Estados Partes de medidas especiais e concretas para assegurar o desenvolvimento ou a proteção de certos grupos raciais ou de indivíduos pertencentes a esses grupos;
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Considerando que a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais (artigo 5°, inciso XLI, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que o Estatuto da Igualdade Racial conceitua discriminação racial ou étnico- racial como toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada (artigo 1º, inciso I, Lei 12.288/10) ).
Considerando que a Lei nº. 12.966/2014 incluiu o inciso VII ao art. 1º da Lei nº. 7.347/1985 – Lei da Ação Civil Pública, para atribuir ao Ministério Público a promoção da ação civil pública de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados à honra e dignidade de grupos raciais, étnicos e religiosos.
Considerando que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido o dano extrapatrimonial coletivo – dano moral coletivo - sempre que a lesão ou ameaça de lesão atingir, sobremodo, valores e interesses fundamentais de um grupo independentemente até da comprovação de dor, de sofrimento e de abalo psicológico suscetíveis de apreciação na esfera do indivíduo.13
Considerando que a indenização tem caráter retributivo da injúria e, sobretudo, preventivo, devendo servir para desestimular a disseminação dos preconceitos contra grupos étnicos.13 REsp 1.057.274/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/12/2009, DJe 26/02/2010.
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Considerando que a peculiaridade do caso e a enorme disponibilidade dos ofensores para reparação do dano e crescimento pessoal impõe que se considere a prática da Justiça Restaurativa uma alternativa adequada e eficiente.
Considerando que a técnica de solução de conflitos conhecida como “Justiça Restaurativa” está baseada na disponibilidade de escuta de ofensores e vítimas e na criação conjunta de um processo de aprendizagem e amadurecimento do indivíduo dentro do espaço coletivo, o que vem se contrapondo, cada vez mais, à concepção exclusivamente punitivista de Justiça, sendo inclusive incentivada pelo Conselho Nacional de Justiça.
Considerando que é dever do Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (artigo 127, caput, CF) e que há imensa disponibilidade do compromissário de reparar o dano e restaurar a lesão coletiva provocada.
Fica acordado o que segue:
Cláusula 1ª - O compromissário, pelo ato individual praticado, se compromete a pagar até 30 de novembro de 2017, uma multa por danos morais coletivos no importe de R$ 400,00 (quatrocentos reais) a ser revertido ao Fundo de Valorização da Comunidade Negra do Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas (Lei 10813/2001) ou, na falta de sua regulamentação,
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ao Fundo Estadual da Promoção de Igualdade Étnica previsto no artigo 13, parágrafo 2º., da Lei 7347/85.14 Cláusula 2ª – O valor será pago em 4 (quatro) parcelas de R$100,00 a partir do dia 05/08/2017, vencendo no 5° dias útil dos meses subsequentes.
Cláusula 3ª - O compromissário se obriga a oferecer 160 horas que serão dedicadas à reflexão, estudo e trabalho nas seguintes atividades abaixo sugeridas, divididas em dois eixos de atuação, a serem coletivamente construídas com a coordenação do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa, disponibilizando seus conhecimentos e seu aparato técnico para fotografias, vídeos e marketing digital em geral.
Eixo 1 – processos formativos em direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa
14 A verba, tanto quanto possível, será preferencialmente destinada às seguintes ações que coletivamente serão construídas
sob a coordenação do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação
Religiosa:
y) Financiamento de ações culturais em cinemas e teatros para alunos de escolas municipais, acompanhadas pelo
MIPIS (programa da Secretaria Municipal de Educação para promoção da Diversidade ) e Centro de Referência em
Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa com temáticas voltadas para
relações étncio-raciais.
z) Eventual contratação de grupo de teatro para a apresentação, em teatro municipal, ou espaços a serem sugeridos
pelo Centro de Referência, de peça que aborde a temática do racismo e genocídio da juventude negra.
aa) Financiamento de material publicitário (vídeos, comerciais e campanhas) com a temática de igualdade racial e
tolerância religiosa a ser vinculada em onibus, televisão e redes sociais.
bb) Elaboração de oficinas de animação de 2 D “stop motion” para crianças e jovens visando a produção de desenhos
animados educativos sobre a cultura e a história afro-brasileira sob a coordenação do Centro de Referência.
cc) Apoios a projetos de empreendedorismo para jovens negros sob a coordenação do Centro de Referência.
dd) Apoio a projetos de empreendedorismo para mulheres negras sob a coordenação do Centro de Referência.
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bb) Participação em palestras e oficinas em temáticas em direitos humanos, cidadania, igualdade racial e tolerância religiosa promovidas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa com temárticas voltadas para relações étncio-raciais ou por ele indicadas.
cc)Visitas indicadas e acompanhadas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa em entidades indicadas pelo Centro de Referência.
dd) Produção e apresentação de resenhas e obras relacionadas a cultura afro-brasileira e ás questões étncio-raciais indicadas pelo Centro de Refer~encia em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa.
Eixo 2 – Execução da formação pelos estudantes indicados no TAC em escolas, entidades e ONGs.
v) Apresentação de cines e debates que estimulem reflexões sobre os temas relativos à igualdade racial.
w) Realização de oficinas e rodas de conversa sobre os temas relativos a racismo e discriminação religiosa.
x) Palestras sobre direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa.
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Cláusula 4ª. – As horas acima mencionadas deverão ser cumpridas até no máximo o dia 30 de novembro de 2017.
Cláusula 5ª. – A forma como essas horas serão organizadas – dia e horário – serão acordadas diretamente com a Senhora Coordenadora do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa.
Cláusula 6ª. – Toda a execução do processo restaurativo e controle das horas dedicadas serão feitas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa que relatará, mensalmente, ao Ministério Público, as atividades desenvolvidas e as horas cumpridas pelo compromissário.
Cláusula 7ª. – O Conselho Municipal de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas e a Coordenadoria Setorial de Promoção da Igualdade Racial darão todo o suporte necessário ao Centro de Referência e participarão de todo o processo acima descrito.
Cláusula 8ª. – O NAT – Núcleo Técnico de Atenção Psicossocial do Ministério Público fará o acompanhamento dentro da sua alçada de atuação, de todo o processo.
Cláusula 9ª. – No caso de descumprimento injustificado do presente acordo, por motivo que não seja de força maior ou caso fortuito, o compromissário se sujeitará à multa de 100 (cem) salários mínimos.
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Nada mais havendo, segue o presente assinado pelos Compromissários, Promotora de Justiça, representantes dos Órgãos Públicos e testemunhas.
Campinas, 05 de maio de 2017.
Cristiane Corrêa de Souza Hillal Promotora de Justiça
Isabella Lemes Prieto
Elisângela Nunes de Oliveira – Especialista em Relações Sociais –CRT
Tagino Alves dos Santos – Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas
Jacqueline Damásio Amarando – Coordenadora - Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa
Sérgio Max Almeida Prado – Coordenadoria Setorial de Promoção de Igualdade Racial
Aydil da Fonseca Prudente – Analista de Promotoria I – Psicóloga
Andréia Ribeiro Rodrigues Barboza – Analista de Promotoria I -Assistente Social
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TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, pela Promotora de Justiça de Campinas abaixo assinada, no uso de suas atribuições constitucionais e Marina Lagedo Alves, RG 49515612 SSP/SP, CPF 417.894.398-76, residente e domiciliado à Rua Pedreira, n° 971, Campos Elíseos, Campinas/SP, CEP 13.050-544, endereço eletrônico: [email protected], telefone (19) 9 9436 0660, tendo em vista as considerações abaixo enumeradas, têm entre si certo e ajustado o presente Compromisso de Ajustamento de suas Condutas, o qual se regerá pelas cláusulas e condições ora estipuladas, com inteira submissão às disposições legais aplicáveis à espécie e, em especial, o quanto dispõe o parágrafo 6°, do artigo 5°, da Lei Federal n° 7347/85, com a redação que lhe foi dada pela Lei Federal n° 8078, de 11 de setembro de 1990.
Considerando que o Inquérito Civil nº 14.0739.0004633/2015-7 instaurado em 15 de junho de 2015 constatou a prática de preconceito étnico-racial por parte de estudantes da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica, tendo como vítima direta as alunas Daniela Oliveira e Jaqueline Adriana da Silva, assim como toda a coletividade negra indistintamente considerada.
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Considerando que o processo de sindicância- ato nº 04/2015 CCHSA ocorrido na Pontifícia Universidade Católica de Campinas concluiu como autores dos fatos quatorze alunos e, dentre eles, estava o ora compromissário.
Considerando que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (artigo 5º, caput, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é fundamento da República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é um objetivo fundamental da república federativa do Brasil promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (artigo 3º, inciso IV, CF)
Considerando que o Estado brasileiro é signatário da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial – aprovada pela Resolução 2106 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 21 de dezembro de 1965 – que tem como diretrizes o combate à discriminação racial, em todas as suas formas e manifestações e a promoção da efetiva igualdade de todas as pessoas, prevendo, para tanto, a adoção pelos Estados Partes de medidas especiais e concretas para assegurar o desenvolvimento ou a proteção de certos grupos raciais ou de indivíduos pertencentes a esses grupos;
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Considerando que a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais (artigo 5°, inciso XLI, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que o Estatuto da Igualdade Racial conceitua discriminação racial ou étnico- racial como toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada (artigo 1º, inciso I, Lei 12.288/10) ).
Considerando que a Lei nº. 12.966/2014 incluiu o inciso VII ao art. 1º da Lei nº. 7.347/1985 – Lei da Ação Civil Pública, para atribuir ao Ministério Público a promoção da ação civil pública de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados à honra e dignidade de grupos raciais, étnicos e religiosos.
Considerando que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido o dano extrapatrimonial coletivo – dano moral coletivo - sempre que a lesão ou ameaça de lesão atingir, sobremodo, valores e interesses fundamentais de um grupo independentemente até da comprovação de dor, de sofrimento e de abalo psicológico suscetíveis de apreciação na esfera do indivíduo.15
Considerando que a indenização tem caráter retributivo da injúria e, sobretudo, preventivo, devendo servir para desestimular a disseminação dos preconceitos contra grupos étnicos.15 REsp 1.057.274/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/12/2009, DJe 26/02/2010.
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Considerando que a peculiaridade do caso e a enorme disponibilidade dos ofensores para reparação do dano e crescimento pessoal impõe que se considere a prática da Justiça Restaurativa uma alternativa adequada e eficiente.
Considerando que a técnica de solução de conflitos conhecida como “Justiça Restaurativa” está baseada na disponibilidade de escuta de ofensores e vítimas e na criação conjunta de um processo de aprendizagem e amadurecimento do indivíduo dentro do espaço coletivo, o que vem se contrapondo, cada vez mais, à concepção exclusivamente punitivista de Justiça, sendo inclusive incentivada pelo Conselho Nacional de Justiça.
Considerando que é dever do Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (artigo 127, caput, CF) e que há imensa disponibilidade do compromissário de participar da vivência proposta deixando porém claro que não reconhece sua responsabilidade em relação à lesão racial que lhe foi imputada.
Fica acordado o que segue:
Cláusula 1ª - O compromissário se obriga a oferecer 120 horas que serão dedicadas à reflexão, estudo e trabalho nas seguintes atividades abaixo sugeridas, divididas em dois eixos de atuação, a serem coletivamente construídas com a coordenação do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa, disponibilizando seus conhecimentos e seu aparato técnico para fotografias, vídeos e marketing digital em geral.
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Eixo 1 – processos formativos em direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa
ee) Participação em palestras e oficinas em temáticas em direitos humanos, cidadania, igualdade racial e tolerância religiosa promovidas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa com temárticas voltadas para relações étncio-raciais ou por ele indicadas.
ff) Visitas indicadas e acompanhadas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa em entidades indicadas pelo Centro de Referência.
gg) Produção e apresentação de resenhas e obras relacionadas a cultura afro-brasileira e ás questões étncio-raciais indicadas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa.
Eixo 2 – Execução da formação pelos estudantes indicados no TAC em escolas, entidades e ONGs.
y) Apresentação de cines e debates que estimulem reflexões sobre os temas relativos à igualdade racial.
z) Realização de oficinas e rodas de conversa sobre os temas relativos a racismo e discriminação religiosa.
72
aa) Palestras sobre direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa.
Cláusula 4ª. – As horas acima mencionadas deverão ser cumpridas até no máximo o dia 30 de novembro de 2017.
Cláusula 5ª. – A forma como essas horas serão organizadas – dia e horário – serão acordadas diretamente com a Senhora Coordenadora do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa.
Cláusula 6ª. – Toda a execução do processo restaurativo e controle das horas dedicadas serão feitas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa que relatará, mensalmente, ao Ministério Público, as atividades desenvolvidas e as horas cumpridas pelo compromissário.
Cláusula 7ª. – O Conselho Municipal de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas e a Coordenadoria Setorial de Promoção da Igualdade Racial darão todo o suporte necessário ao Centro de Referência e participarão de todo o processo acima descrito.
Cláusula 8ª. – O NAT – Núcleo Técnico de Atenção Psicossocial do Ministério Público fará o acompanhamento dentro da sua alçada de atuação, de todo o processo.
Cláusula 9ª. – No caso de descumprimento injustificado do presente acordo, por motivo que não seja de força maior ou caso fortuito, o compromissário se sujeitará à multa de 100 (cem) salários mínimos.
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Cláusula 10ª. – O presente Compromisso de Ajustamento valerá como título executivo extra judicial depois de homologado pelo Conselho Superior do Ministério Público.
Nada mais havendo, segue o presente assinado pelos Compromissários, Promotora de Justiça, representantes dos Órgãos Públicos e testemunhas.
Campinas, 05 de maio de 2017.
Cristiane Corrêa de Souza Hillal Promotora de Justiça
Marina Lagedo Alves
Elisângela Nunes de Oliveira – Especialista em Relações Sociais – Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa
Tagino Alves dos Santos – Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas
Jacqueline Damázio Armando – Coordenadora - Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa
Sérgio Max Almeida Prado – Coordenadoria Setorial de Promoção de Igualdade Racial
Aydil da Fonseca Prudente – Analista de Promotoria I – Psicóloga
Andréia Ribeiro Rodrigues Barboza – Analista de Promotoria I -Assistente Social
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TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, pela Promotora de Justiça de Campinas abaixo assinada, no uso de suas atribuições constitucionais e Miriam de Jesus Oliveira, RG 47452787 SSP/SP, CPF 350.816.318-09, residente e domiciliada à Rua Francisco Bueno de Jacerder, 220, apto 71, XXXX, Campinas/SP, CEP xxxxxxx, endereço eletrônico: [email protected], telefone (19) 9 8271 4981, tendo em vista as considerações abaixo enumeradas, têm entre si certo e ajustado o presente Compromisso de Ajustamento de suas Condutas, o qual se regerá pelas cláusulas e condições ora estipuladas, com inteira submissão às disposições legais aplicáveis à espécie e, em especial, o quanto dispõe o parágrafo 6°, do artigo 5°, da Lei Federal n° 7347/85, com a redação que lhe foi dada pela Lei Federal n° 8078, de 11 de setembro de 1990.
Considerando que o Inquérito Civil nº 14.0739.0004633/2015-7 instaurado em 15 de junho de 2015 constatou a prática de preconceito étnico-racial por parte de estudantes da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica, tendo como vítima direta as alunas Daniela Oliveira e Jaqueline Adriana da Silva, assim como toda a coletividade negra indistintamente considerada.
Considerando que o processo de sindicância- ato nº 04/2015 CCHSA ocorrido na Pontifícia Universidade Católica de Campinas concluiu como autores dos fatos quatorze alunos e, dentre eles, estava o ora compromissário.
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Considerando que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (artigo 5º, caput, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é fundamento da República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é um objetivo fundamental da república federativa do Brasil promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (artigo 3º, inciso IV, CF)
Considerando que o Estado brasileiro é signatário da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial – aprovada pela Resolução 2106 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 21 de dezembro de 1965 – que tem como diretrizes o combate à discriminação racial, em todas as suas formas e manifestações e a promoção da efetiva igualdade de todas as pessoas, prevendo, para tanto, a adoção pelos Estados Partes de medidas especiais e concretas para assegurar o desenvolvimento ou a proteção de certos grupos raciais ou de indivíduos pertencentes a esses grupos;
Considerando que a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais (artigo 5°, inciso XLI, da Constituição Federal de 1988).
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Considerando que o Estatuto da Igualdade Racial conceitua discriminação racial ou étnico- racial como toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada (artigo 1º, inciso I, Lei 12.288/10) ).
Considerando que a Lei nº. 12.966/2014 incluiu o inciso VII ao art. 1º da Lei nº. 7.347/1985 – Lei da Ação Civil Pública, para atribuir ao Ministério Público a promoção da ação civil pública de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados à honra e dignidade de grupos raciais, étnicos e religiosos.
Considerando que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido o dano extrapatrimonial coletivo – dano moral coletivo - sempre que a lesão ou ameaça de lesão atingir, sobremodo, valores e interesses fundamentais de um grupo independentemente até da comprovação de dor, de sofrimento e de abalo psicológico suscetíveis de apreciação na esfera do indivíduo.16
Considerando que a indenização tem caráter retributivo da injúria e, sobretudo, preventivo, devendo servir para desestimular a disseminação dos preconceitos contra grupos étnicos.
Considerando que a peculiaridade do caso e a enorme disponibilidade dos ofensores para reparação do dano e crescimento
16 REsp 1.057.274/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/12/2009, DJe 26/02/2010.
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pessoal impõe que se considere a prática da Justiça Restaurativa uma alternativa adequada e eficiente.
Considerando que a técnica de solução de conflitos conhecida como “Justiça Restaurativa” está baseada na disponibilidade de escuta de ofensores e vítimas e na criação conjunta de um processo de aprendizagem e amadurecimento do indivíduo dentro do espaço coletivo, o que vem se contrapondo, cada vez mais, à concepção exclusivamente punitivista de Justiça, sendo inclusive incentivada pelo Conselho Nacional de Justiça.
Considerando que é dever do Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (artigo 127, caput, CF) e que há imensa disponibilidade do compromissário de reparar o dano e restaurar a lesão coletiva provocada.
Fica acordado o que segue:
Cláusula 1ª - O compromissário, pelo ato individual praticado, se compromete a pagar até 05 de agosto de 2018, uma multa por danos morais coletivos no importe de R$ 1800,00 (mil reais) a ser revertido ao Fundo de Valorização da Comunidade Negra do Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas (Lei 10813/2001) ou, na falta de sua regulamentação, ao Fundo Estadual da Promoção de Igualdade Étnica previsto no artigo 13, parágrafo 2º., da Lei 7347/85.17 17 A verba, tanto quanto possível, será preferencialmente destinada às seguintes ações que coletivamente serão construídas
sob a coordenação do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação
Religiosa:
ee) Financiamento de ações culturais em cinemas e teatros para alunos de escolas municipais, acompanhadas pelo
MIPIS (programa da Secretaria Municipal de Educação para promoção da Diversidade ) e Centro de Referência em
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Cláusula 2ª – O valor será pago em 12(doze) parcelas de R$150,00 a partir do dia 05/08/2017, vencendo no 5° dia útil dos meses subsequentes.
Cláusula 3ª - O compromissário se obriga a oferecer 120 horas que serão dedicadas à reflexão, estudo e trabalho nas seguintes atividades abaixo sugeridas, divididas em dois eixos de atuação, a serem coletivamente construídas com a coordenação do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa, disponibilizando seus conhecimentos e seu aparato técnico para fotografias, vídeos e marketing digital em geral.
Eixo 1 – processos formativos em direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa
hh) Participação em palestras e oficinas em temáticas em direitos humanos, cidadania, igualdade racial e tolerância religiosa promovidas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação
Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa com temáticas voltadas para
relações étncio-raciais.
ff) Eventual contratação de grupo de teatro para a apresentação, em teatro municipal, ou espaços a serem sugeridos
pelo Centro de Referência, de peça que aborde a temática do racismo e genocídio da juventude negra.
gg) Financiamento de material publicitário (vídeos, comerciais e campanhas) com a temática de igualdade racial e
tolerância religiosa a ser vinculada em onibus, televisão e redes sociais.
hh) Elaboração de oficinas de animação de 2 D “stop motion” para crianças e jovens visando a produção de desenhos
animados educativos sobre a cultura e a história afro-brasileira sob a coordenação do Centro de Referência.
ii) Apoios a projetos de empreendedorismo para jovens negros sob a coordenação do Centro de Referência.
jj) Apoio a projetos de empreendedorismo para mulheres negras sob a coordenação do Centro de Referência.
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religiosa com temárticas voltadas para relações étncio-raciais ou por ele indicadas.
ii) Visitas indicadas e acompanhadas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa em entidades indicadas pelo Centro de Referência.
jj) Produção e apresentação de resenhas e obras relacionadas a cultura afro-brasileira e ás questões étncio-raciais indicadas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa.
Eixo 2 – Execução da formação pelos estudantes indicados no TAC em escolas, entidades e ONGs.
bb) Apresentação de cines e debates que estimulem reflexões sobre os temas relativos à igualdade racial.
cc)Realização de oficinas e rodas de conversa sobre os temas relativos a racismo e discriminação religiosa.
dd) Palestras sobre direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa.
Cláusula 4ª. – As horas acima mencionadas deverão ser cumpridas até no máximo o dia 30 de novembro de 2017.
Cláusula 5ª. – A forma como essas horas serão organizadas – dia e horário – serão acordadas diretamente com a Senhora Coordenadora
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do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa.
Cláusula 6ª. – Toda a execução do processo restaurativo e controle das horas dedicadas serão feitas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa que relatará, mensalmente, ao Ministério Público, as atividades desenvolvidas e as horas cumpridas pelo compromissário.
Cláusula 7ª. – O Conselho Municipal de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas e a Coordenadoria Setorial de Promoção da Igualdade Racial darão todo o suporte necessário ao Centro de Referência e participarão de todo o processo acima descrito.
Cláusula 8ª. – O NAT – Núcleo Técnico de Atenção Psicossocial do Ministério Público fará o acompanhamento dentro da sua alçada de atuação, de todo o processo.
Cláusula 9ª. – No caso de descumprimento injustificado do presente acordo, por motivo que não seja de força maior ou caso fortuito, o compromissário se sujeitará à multa de 100 (cem) salários mínimos.
Cláusula 10ª. – O presente Compromisso de Ajustamento valerá como título executivo extra judicial depois de homologado pelo Conselho Superior do Ministério Público.
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Nada mais havendo, segue o presente assinado pelos Compromissários, Promotora de Justiça, representantes dos Órgãos Públicos e testemunhas.
Campinas, 05 de maio de 2017.
Cristiane Corrêa de Souza Hillal Promotora de Justiça
Miriam de Jesus Oliveira
Elisângela Nunes de Oliveira – Especialista em Relações Sociais – Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa
Tagino Alves dos Santos – Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas
Jacqueline Damázio Armando – Coordenadora - Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa
Sérgio Max Almeida Prado – Coordenadoria Setorial de Promoção de Igualdade Racial
Aydil da Fonseca Prudente – Analista de Promotoria I – Psicóloga
Andréia Ribeiro Rodrigues Barboza – Analista de Promotoria I -Assistente Social
TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA
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O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, pela Promotora de Justiça de Campinas abaixo assinada, no uso de suas atribuições constitucionais e Rafael Lincoln Silva Bertti, RG 37.953.467-8 SSP/SP, CPF 455.541.778/08, residente e domiciliado à Rua Caetano Moreira, n° 110, Village das Flores, Caçapava/SP, CEP 12.297-030, telefone (12) 9 9757 7012, tendo em vista as considerações abaixo enumeradas, têm entre si certo e ajustado o presente Compromisso de Ajustamento de suas Condutas, o qual se regerá pelas cláusulas e condições ora estipuladas, com inteira submissão às disposições legais aplicáveis à espécie e, em especial, o quanto dispõe o parágrafo 6°, do artigo 5°, da Lei Federal n° 7347/85, com a redação que lhe foi dada pela Lei Federal n° 8078, de 11 de setembro de 1990.
Considerando que o Inquérito Civil nº 14.0739.0004633/2015-7 instaurado em 15 de junho de 2015 constatou a prática de preconceito étnico-racial por parte de estudantes da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica, tendo como vítima direta as alunas Daniela Oliveira e Jaqueline Adriana da Silva, assim como toda a coletividade negra indistintamente considerada.
Considerando que o processo de sindicância- ato nº 04/2015 CCHSA ocorrido na Pontifícia Universidade Católica de Campinas concluiu como autores dos fatos quatorze alunos e, dentre eles, estava o ora compromissário.
Considerando que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
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estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (artigo 5º, caput, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é fundamento da República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é um objetivo fundamental da república federativa do Brasil promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (artigo 3º, inciso IV, CF)
Considerando que o Estado brasileiro é signatário da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial – aprovada pela Resolução 2106 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 21 de dezembro de 1965 – que tem como diretrizes o combate à discriminação racial, em todas as suas formas e manifestações e a promoção da efetiva igualdade de todas as pessoas, prevendo, para tanto, a adoção pelos Estados Partes de medidas especiais e concretas para assegurar o desenvolvimento ou a proteção de certos grupos raciais ou de indivíduos pertencentes a esses grupos;
Considerando que a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais (artigo 5°, inciso XLI, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que o Estatuto da Igualdade Racial conceitua discriminação racial ou étnico- racial como toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor,
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descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada (artigo 1º, inciso I, Lei 12.288/10) ).
Considerando que a Lei nº. 12.966/2014 incluiu o inciso VII ao art. 1º da Lei nº. 7.347/1985 – Lei da Ação Civil Pública, para atribuir ao Ministério Público a promoção da ação civil pública de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados à honra e dignidade de grupos raciais, étnicos e religiosos.
Considerando que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido o dano extrapatrimonial coletivo – dano moral coletivo - sempre que a lesão ou ameaça de lesão atingir, sobremodo, valores e interesses fundamentais de um grupo independentemente até da comprovação de dor, de sofrimento e de abalo psicológico suscetíveis de apreciação na esfera do indivíduo.18
Considerando que a indenização tem caráter retributivo da injúria e, sobretudo, preventivo, devendo servir para desestimular a disseminação dos preconceitos contra grupos étnicos.
Considerando que a peculiaridade do caso e a enorme disponibilidade dos ofensores para reparação do dano e crescimento pessoal impõe que se considere a prática da Justiça Restaurativa uma alternativa adequada e eficiente.
18 REsp 1.057.274/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/12/2009, DJe 26/02/2010.
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Considerando que a técnica de solução de conflitos conhecida como “Justiça Restaurativa” está baseada na disponibilidade de escuta de ofensores e vítimas e na criação conjunta de um processo de aprendizagem e amadurecimento do indivíduo dentro do espaço coletivo, o que vem se contrapondo, cada vez mais, à concepção exclusivamente punitivista de Justiça, sendo inclusive incentivada pelo Conselho Nacional de Justiça.
Considerando que é dever do Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (artigo 127, caput, CF) e que há imensa disponibilidade do compromissário de reparar o dano e restaurar a lesão coletiva provocada.
Fica acordado o que segue:
Cláusula 1ª - O compromissário se obriga a oferecer 240 horas que serão dedicadas à reflexão, estudo e trabalho nas seguintes atividades abaixo sugeridas, divididas em dois eixos de atuação, a serem coletivamente construídas com a coordenação do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa, disponibilizando seus conhecimentos e seu aparato técnico para fotografias, vídeos e marketing digital em geral.
Eixo 1 – processos formativos em direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa
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kk) Participação em palestras e oficinas em temáticas em direitos humanos, cidadania, igualdade racial e tolerância religiosa promovidas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa com temárticas voltadas para relações étncio-raciais ou por ele indicadas.
ll) Visitas indicadas e acompanhadas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa em entidades indicadas pelo Centro de Referência.
mm) Produção e apresentação de resenhas e obras relacionadas a cultura afro-brasileira e ás questões étncio-raciais indicadas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa.
Eixo 2 – Execução da formação pelos estudantes indicados no TAC em escolas, entidades e ONGs.
ee) Apresentação de cines e debates que estimulem reflexões sobre os temas relativos à igualdade racial.
ff) Realização de oficinas e rodas de conversa sobre os temas relativos a racismo e discriminação religiosa.
gg) Palestras sobre direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa.
Cláusula 4ª. – As horas acima mencionadas deverão ser cumpridas até no máximo o dia 30 de dezembro de 2017.
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Cláusula 5ª. – A forma como essas horas serão organizadas – dia e horário – serão acordadas diretamente com a Senhora Coordenadora do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa.
Cláusula 6ª. – Toda a execução do processo restaurativo e controle das horas dedicadas serão feitas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa que relatará, mensalmente, ao Ministério Público, as atividades desenvolvidas e as horas cumpridas pelo compromissário.
Cláusula 7ª. – O Conselho Municipal de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas e a Coordenadoria Setorial de Promoção da Igualdade Racial darão todo o suporte necessário ao Centro de Referência e participarão de todo o processo acima descrito.
Cláusula 8ª. – O NAT – Núcleo Técnico de Atenção Psicossocial do Ministério Público fará o acompanhamento dentro da sua alçada de atuação, de todo o processo.
Cláusula 9ª. – No caso de descumprimento injustificado do presente acordo, por motivo que não seja de força maior ou caso fortuito, o compromissário se sujeitará à multa de 100 (cem) salários mínimos.
Cláusula 10ª. – O presente Compromisso de Ajustamento valerá como título executivo extra judicial depois de homologado pelo Conselho Superior do Ministério Público.
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Nada mais havendo, segue o presente assinado pelos Compromissários, Promotora de Justiça, representantes dos Órgãos Públicos e testemunhas.
Campinas, 05 de maio de 2017.
Cristiane Corrêa de Souza Hillal Promotora de Justiça
Rafael Lincoln Silva Bertti
Elisângela Nunes de Oliveira – Especialista em Relações Sociais – Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa
Tagino Alves dos Santos – Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas
Jacqueline Damázio Armando – Coordenadora - Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa
Sérgio Max Almeida Prado – Coordenadoria Setorial de Promoção de Igualdade Racial
Aydil da Fonseca Prudente – Analista de Promotoria I – Psicóloga
Andréia Ribeiro Rodrigues Barboza – Analista de Promotoria I -Assistente Social
TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, pela Promotora de Justiça de Campinas abaixo assinada, no
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uso de suas atribuições constitucionais e Renan Caire Camillo Rocha, RG 47.917.708 SSP/SP, CPF 423.882.688-42, residente e domiciliado à Rua Laudo Vieira Rocha, n° 42, Parque Tropical, Campinas/SP, CEP 13.060-536, telefone (19) 9 8195 9267 , tendo em vista as considerações abaixo enumeradas, têm entre si certo e ajustado o presente Compromisso de Ajustamento de suas Condutas, o qual se regerá pelas cláusulas e condições ora estipuladas, com inteira submissão às disposições legais aplicáveis à espécie e, em especial, o quanto dispõe o parágrafo 6°, do artigo 5°, da Lei Federal n° 7347/85, com a redação que lhe foi dada pela Lei Federal n° 8078, de 11 de setembro de 1990.
Considerando que o Inquérito Civil nº 14.0739.0004633/2015-7 instaurado em 15 de junho de 2015 constatou a prática de preconceito étnico-racial por parte de estudantes da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica, tendo como vítima direta as alunas Daniela Oliveira e Jaqueline Adriana da Silva, assim como toda a coletividade negra indistintamente considerada.
Considerando que o processo de sindicância- ato nº 04/2015 CCHSA ocorrido na Pontifícia Universidade Católica de Campinas concluiu como autores dos fatos quatorze alunos e, dentre eles, estava o ora compromissário.
Considerando que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (artigo 5º, caput, da Constituição Federal de 1988).
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Considerando que é fundamento da República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é um objetivo fundamental da república federativa do Brasil promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (artigo 3º, inciso IV, CF)
Considerando que o Estado brasileiro é signatário da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial – aprovada pela Resolução 2106 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 21 de dezembro de 1965 – que tem como diretrizes o combate à discriminação racial, em todas as suas formas e manifestações e a promoção da efetiva igualdade de todas as pessoas, prevendo, para tanto, a adoção pelos Estados Partes de medidas especiais e concretas para assegurar o desenvolvimento ou a proteção de certos grupos raciais ou de indivíduos pertencentes a esses grupos;
Considerando que a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais (artigo 5°, inciso XLI, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que o Estatuto da Igualdade Racial conceitua discriminação racial ou étnico- racial como toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em
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qualquer outro campo da vida pública ou privada (artigo 1º, inciso I, Lei 12.288/10) ).
Considerando que a Lei nº. 12.966/2014 incluiu o inciso VII ao art. 1º da Lei nº. 7.347/1985 – Lei da Ação Civil Pública, para atribuir ao Ministério Público a promoção da ação civil pública de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados à honra e dignidade de grupos raciais, étnicos e religiosos.
Considerando que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido o dano extrapatrimonial coletivo – dano moral coletivo - sempre que a lesão ou ameaça de lesão atingir, sobremodo, valores e interesses fundamentais de um grupo independentemente até da comprovação de dor, de sofrimento e de abalo psicológico suscetíveis de apreciação na esfera do indivíduo.19
Considerando que a indenização tem caráter retributivo da injúria e, sobretudo, preventivo, devendo servir para desestimular a disseminação dos preconceitos contra grupos étnicos.
Considerando que a peculiaridade do caso e a enorme disponibilidade dos ofensores para reparação do dano e crescimento pessoal impõe que se considere a prática da Justiça Restaurativa uma alternativa adequada e eficiente.
Considerando que a técnica de solução de conflitos conhecida como “Justiça Restaurativa” está baseada na disponibilidade de escuta de ofensores e vítimas e na criação conjunta de um processo de aprendizagem e amadurecimento do indivíduo dentro do espaço coletivo, o que vem se contrapondo, cada 19 REsp 1.057.274/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/12/2009, DJe 26/02/2010.
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vez mais, à concepção exclusivamente punitivista de Justiça, sendo inclusive incentivada pelo Conselho Nacional de Justiça.
Considerando que é dever do Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (artigo 127, caput, CF) e que há imensa disponibilidade do compromissário de reparar o dano e restaurar a lesão coletiva provocada.
Fica acordado o que segue:
Cláusula 1ª - O compromissário, pelo ato individual praticado, se compromete a pagar até 05 de agosto de 2018, uma multa por danos morais coletivos no importe de R$ 1800,00 (mil reais) a ser revertido ao Fundo de Valorização da Comunidade Negra do Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas (Lei 10813/2001) ou, na falta de sua regulamentação, ao Fundo Estadual da Promoção de Igualdade Étnica previsto no artigo 13, parágrafo 2º., da Lei 7347/85.20 20 A verba, tanto quanto possível, será preferencialmente destinada às seguintes ações que coletivamente serão construídas
sob a coordenação do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação
Religiosa:
kk) Financiamento de ações culturais em cinemas e teatros para alunos de escolas municipais, acompanhadas pelo
MIPIS (programa da Secretaria Municipal de Educação para promoção da Diversidade ) e Centro de Referência em
Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa com temáticas voltadas para
relações étncio-raciais.
ll) Eventual contratação de grupo de teatro para a apresentação, em teatro municipal, ou espaços a serem sugeridos
pelo Centro de Referência, de peça que aborde a temática do racismo e genocídio da juventude negra.
mm) Financiamento de material publicitário (vídeos, comerciais e campanhas) com a temática de igualdade racial e
tolerância religiosa a ser vinculada em onibus, televisão e redes sociais.
nn) Elaboração de oficinas de animação de 2 D “stop motion” para crianças e jovens visando a produção de desenhos
animados educativos sobre a cultura e a história afro-brasileira sob a coordenação do Centro de Referência.
oo) Apoios a projetos de empreendedorismo para jovens negros sob a coordenação do Centro de Referência.
pp) Apoio a projetos de empreendedorismo para mulheres negras sob a coordenação do Centro de Referência.
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Cláusula 2ª – O valor será pago em 12(doze) parcelas de R$150,00 a partir do dia 05/08/2017, vencendo no 5° dia útil dos meses subsequentes.
Cláusula 3ª - O compromissário se obriga a oferecer 120 horas que serão dedicadas à reflexão, estudo e trabalho nas seguintes atividades abaixo sugeridas, divididas em dois eixos de atuação, a serem coletivamente construídas com a coordenação do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa, disponibilizando seus conhecimentos e seu aparato técnico para fotografias, vídeos e marketing digital em geral.
Eixo 1 – processos formativos em direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa
nn) Participação em palestras e oficinas em temáticas em direitos humanos, cidadania, igualdade racial e tolerância religiosa promovidas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa com temárticas voltadas para relações étncio-raciais ou por ele indicadas.
oo) Visitas indicadas e acompanhadas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa em entidades indicadas pelo Centro de Referência.
pp) Produção e apresentação de resenhas e obras relacionadas a cultura afro-brasileira e ás questões étncio-raciais indicadas pelo Centro de Referência em Direitos
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Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa.
Eixo 2 – Execução da formação pelos estudantes indicados no TAC em escolas, entidades e ONGs.
hh) Apresentação de cines e debates que estimulem reflexões sobre os temas relativos à igualdade racial.
ii) Realização de oficinas e rodas de conversa sobre os temas relativos a racismo e discriminação religiosa.
jj) Palestras sobre direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa.
Cláusula 4ª. – As horas acima mencionadas deverão ser cumpridas até no máximo o dia 30 de novembro de 2017.
Cláusula 5ª. – A forma como essas horas serão organizadas – dia e horário – serão acordadas diretamente com a Senhora Coordenadora do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa.
Cláusula 6ª. – Toda a execução do processo restaurativo e controle das horas dedicadas serão feitas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa que relatará, mensalmente, ao Ministério
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Público, as atividades desenvolvidas e as horas cumpridas pelo compromissário.
Cláusula 7ª. – O Conselho Municipal de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas e a Coordenadoria Setorial de Promoção da Igualdade Racial darão todo o suporte necessário ao Centro de Referência e participarão de todo o processo acima descrito.
Cláusula 8ª. – O NAT – Núcleo Técnico de Atenção Psicossocial do Ministério Público fará o acompanhamento dentro da sua alçada de atuação, de todo o processo.
Cláusula 9ª. – No caso de descumprimento injustificado do presente acordo, por motivo que não seja de força maior ou caso fortuito, o compromissário se sujeitará à multa de 100 (cem) salários mínimos.
Cláusula 10ª. – O presente Compromisso de Ajustamento valerá como título executivo extra judicial depois de homologado pelo Conselho Superior do Ministério Público.
Nada mais havendo, segue o presente assinado pelos Compromissários, Promotora de Justiça, representantes dos Órgãos Públicos e testemunhas.
Campinas, 05 de maio de 2017.
Cristiane Corrêa de Souza Hillal Promotora de Justiça
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Renan Caire Camillo Rocha
Elisângela Nunes de Oliveira – Especialista em Relações Sociais – Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa
Tagino Alves dos Santos – Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas
Jacqueline Damázio Armando – Coordenadora - Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa
Sérgio Max Almeida Prado – Coordenadoria Setorial de Promoção de Igualdade Racial
Aydil da Fonseca Prudente – Analista de Promotoria I – Psicóloga
Andréia Ribeiro Rodrigues Barboza – Analista de Promotoria I -Assistente Social
TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, pela Promotora de Justiça de Campinas abaixo assinada, no uso de suas atribuições constitucionais e Rodrigo Copelli Frizzi, RG 37.236.148-1 SSP/SP, CPF 405.433.308-77, residente e domiciliado à Rua Eng. José Francisco Bento Homem de Mello, 1155, Fazenda São Quirino, Campinas/SP, CEP 13.091-700, endereço eletrônico: [email protected], telefone (19) 9 8181-0951, tendo em vista as considerações abaixo enumeradas, têm entre si certo e ajustado o
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presente Compromisso de Ajustamento de suas Condutas, o qual se regerá pelas cláusulas e condições ora estipuladas, com inteira submissão às disposições legais aplicáveis à espécie e, em especial, o quanto dispõe o parágrafo 6°, do artigo 5°, da Lei Federal n° 7347/85, com a redação que lhe foi dada pela Lei Federal n° 8078, de 11 de setembro de 1990.
Considerando que o Inquérito Civil nº 14.0739.0004633/2015-7 instaurado em 15 de junho de 2015 constatou a prática de preconceito étnico-racial por parte de estudantes da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica, tendo como vítima direta as alunas Daniela Oliveira e Jaqueline Adriana da Silva, assim como toda a coletividade negra indistintamente considerada.
Considerando que o processo de sindicância- ato nº 04/2015 CCHSA ocorrido na Pontifícia Universidade Católica de Campinas concluiu como autores dos fatos quatorze alunos e, dentre eles, estava o ora compromissário.
Considerando que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (artigo 5º, caput, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é fundamento da República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III, da Constituição Federal de 1988).
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Considerando que é um objetivo fundamental da república federativa do Brasil promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (artigo 3º, inciso IV, CF)
Considerando que o Estado brasileiro é signatário da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial – aprovada pela Resolução 2106 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 21 de dezembro de 1965 – que tem como diretrizes o combate à discriminação racial, em todas as suas formas e manifestações e a promoção da efetiva igualdade de todas as pessoas, prevendo, para tanto, a adoção pelos Estados Partes de medidas especiais e concretas para assegurar o desenvolvimento ou a proteção de certos grupos raciais ou de indivíduos pertencentes a esses grupos;
Considerando que a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais (artigo 5°, inciso XLI, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que o Estatuto da Igualdade Racial conceitua discriminação racial ou étnico- racial como toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada (artigo 1º, inciso I, Lei 12.288/10) ).
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Considerando que a Lei nº. 12.966/2014 incluiu o inciso VII ao art. 1º da Lei nº. 7.347/1985 – Lei da Ação Civil Pública, para atribuir ao Ministério Público a promoção da ação civil pública de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados à honra e dignidade de grupos raciais, étnicos e religiosos.
Considerando que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido o dano extrapatrimonial coletivo – dano moral coletivo - sempre que a lesão ou ameaça de lesão atingir, sobremodo, valores e interesses fundamentais de um grupo independentemente até da comprovação de dor, de sofrimento e de abalo psicológico suscetíveis de apreciação na esfera do indivíduo.21
Considerando que a indenização tem caráter retributivo da injúria e, sobretudo, preventivo, devendo servir para desestimular a disseminação dos preconceitos contra grupos étnicos.
Considerando que a peculiaridade do caso e a enorme disponibilidade dos ofensores para reparação do dano e crescimento pessoal impõe que se considere a prática da Justiça Restaurativa uma alternativa adequada e eficiente.
Considerando que a técnica de solução de conflitos conhecida como “Justiça Restaurativa” está baseada na disponibilidade de escuta de ofensores e vítimas e na criação conjunta de um processo de aprendizagem e amadurecimento do indivíduo dentro do espaço coletivo, o que vem se contrapondo, cada vez mais, à concepção exclusivamente punitivista de Justiça, sendo inclusive incentivada pelo Conselho Nacional de Justiça.
21 REsp 1.057.274/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/12/2009, DJe 26/02/2010.
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Considerando que é dever do Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (artigo 127, caput, CF) e que há imensa disponibilidade do compromissário de reparar o dano e restaurar a lesão coletiva provocada.
Fica acordado o que segue:
Cláusula 1ª - O compromissário, pelo ato individual praticado, se compromete a pagar até 30 de novembro de 2017, uma multa por danos morais coletivos no importe de R$ 2000,00 (dois mil reais) a ser revertido ao Fundo de Valorização da Comunidade Negra do Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas (Lei 10813/2001) ou, na falta de sua regulamentação, ao Fundo Estadual da Promoção de Igualdade Étnica previsto no artigo 13, parágrafo 2º., da Lei 7347/85.22 Cláusula 2ª – O valor será pago em 5 (cinco) parcelas de R$400,00 a partir do dia 05/08/2017, vencendo no 5° dia útil dos meses subsequentes.22 A verba, tanto quanto possível, será preferencialmente destinada às seguintes ações que coletivamente serão construídas
sob a coordenação do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação
Religiosa:
qq) Financiamento de ações culturais em cinemas e teatros para alunos de escolas municipais, acompanhadas pelo
MIPIS (programa da Secretaria Municipal de Educação para promoção da Diversidade ) e Centro de Referência em
Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa com temáticas voltadas para
relações étncio-raciais.
rr) Eventual contratação de grupo de teatro para a apresentação, em teatro municipal, ou espaços a serem sugeridos
pelo Centro de Referência, de peça que aborde a temática do racismo e genocídio da juventude negra.
ss) Financiamento de material publicitário (vídeos, comerciais e campanhas) com a temática de igualdade racial e
tolerância religiosa a ser vinculada em onibus, televisão e redes sociais.
tt) Elaboração de oficinas de animação de 2 D “stop motion” para crianças e jovens visando a produção de desenhos
animados educativos sobre a cultura e a história afro-brasileira sob a coordenação do Centro de Referência.
uu) Apoios a projetos de empreendedorismo para jovens negros sob a coordenação do Centro de Referência.
vv) Apoio a projetos de empreendedorismo para mulheres negras sob a coordenação do Centro de Referência.
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Cláusula 3ª - O compromissário se obriga a oferecer 120 horas que serão dedicadas à reflexão, estudo e trabalho nas seguintes atividades abaixo sugeridas, divididas em dois eixos de atuação, a serem coletivamente construídas com a coordenação do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa, disponibilizando seus conhecimentos e seu aparato técnico para fotografias, vídeos e marketing digital em geral.
Eixo 1 – processos formativos em direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa
qq) Participação em palestras e oficinas em temáticas em direitos humanos, cidadania, igualdade racial e tolerância religiosa promovidas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa com temárticas voltadas para relações étncio-raciais ou por ele indicadas.
rr) Visitas indicadas e acompanhadas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa em entidades indicadas pelo Centro de Referência.
ss) Produção e apresentação de resenhas e obras relacionadas a cultura afro-brasileira e ás questões étncio-raciais indicadas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa.
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Eixo 2 – Execução da formação pelos estudantes indicados no TAC em escolas, entidades e ONGs.
kk) Apresentação de cines e debates que estimulem reflexões sobre os temas relativos à igualdade racial.
ll) Realização de oficinas e rodas de conversa sobre os temas relativos a racismo e discriminação religiosa.
mm) Palestras sobre direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa.
Cláusula 4ª. – As horas acima mencionadas deverão ser cumpridas até no máximo o dia 30 de março de 2018.
Cláusula 5ª. – A forma como essas horas serão organizadas – dia e horário – serão acordadas diretamente com a Senhora Coordenadora do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa.
Cláusula 6ª. – Toda a execução do processo restaurativo e controle das horas dedicadas serão feitas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa que relatará, mensalmente, ao Ministério Público, as atividades desenvolvidas e as horas cumpridas pelo compromissário.
Cláusula 7ª. – O Conselho Municipal de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas e a Coordenadoria
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Setorial de Promoção da Igualdade Racial darão todo o suporte necessário ao Centro de Referência e participarão de todo o processo acima descrito.
Cláusula 8ª. – O NAT – Núcleo Técnico de Atenção Psicossocial do Ministério Público fará o acompanhamento dentro da sua alçada de atuação, de todo o processo.
Cláusula 9ª. – No caso de descumprimento injustificado do presente acordo, por motivo que não seja de força maior ou caso fortuito, o compromissário se sujeitará à multa de 100 (cem) salários mínimos.
Nada mais havendo, segue o presente assinado pelos Compromissários, Promotora de Justiça, representantes dos Órgãos Públicos e testemunhas.
Campinas, 05 de maio de 2017.
Cristiane Corrêa de Souza Hillal Promotora de Justiça
Rodrigo Copelli Frizzi
Elisângela Nunes de Oliveira – Especialista em Relações Sociais –CRT
Tagino Alves dos Santos – Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas
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Jacqueline Damásio Amarando – Coordenadora - Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa
Sérgio Max Almeida Prado – Coordenadoria Setorial de Promoção de Igualdade Racial
Aydil da Fonseca Prudente – Analista de Promotoria I – Psicóloga
Andréia Ribeiro Rodrigues Barboza – Analista de Promotoria I -Assistente Social
TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, pela Promotora de Justiça de Campinas abaixo assinada, no uso de suas atribuições constitucionais e Thiago D’Agostinho Gomes, RG 45.706.614-3 SSP/SP, CPF 477.799.228-47, residente e domiciliado à Rua 02, n° 351, Residencial Paineiras, Campinas/SP, CEP 13.148-251, endereço eletrônico: [email protected], telefone (19) 9 9210 3496, tendo em vista as considerações abaixo enumeradas, têm entre si certo e ajustado o presente Compromisso de Ajustamento de suas Condutas, o qual se regerá pelas cláusulas e condições ora estipuladas, com inteira submissão às disposições legais aplicáveis à espécie e, em especial, o quanto dispõe o parágrafo 6°, do
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artigo 5°, da Lei Federal n° 7347/85, com a redação que lhe foi dada pela Lei Federal n° 8078, de 11 de setembro de 1990.
Considerando que o Inquérito Civil nº 14.0739.0004633/2015-7 instaurado em 15 de junho de 2015 constatou a prática de preconceito étnico-racial por parte de estudantes da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica, tendo como vítima direta as alunas Daniela Oliveira e Jaqueline Adriana da Silva, assim como toda a coletividade negra indistintamente considerada.
Considerando que o processo de sindicância- ato nº 04/2015 CCHSA ocorrido na Pontifícia Universidade Católica de Campinas concluiu como autores dos fatos quatorze alunos e, dentre eles, estava o ora compromissário.
Considerando que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (artigo 5º, caput, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é fundamento da República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é um objetivo fundamental da república federativa do Brasil promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (artigo 3º, inciso IV, CF)
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Considerando que o Estado brasileiro é signatário da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial – aprovada pela Resolução 2106 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 21 de dezembro de 1965 – que tem como diretrizes o combate à discriminação racial, em todas as suas formas e manifestações e a promoção da efetiva igualdade de todas as pessoas, prevendo, para tanto, a adoção pelos Estados Partes de medidas especiais e concretas para assegurar o desenvolvimento ou a proteção de certos grupos raciais ou de indivíduos pertencentes a esses grupos;
Considerando que a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais (artigo 5°, inciso XLI, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que o Estatuto da Igualdade Racial conceitua discriminação racial ou étnico- racial como toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada (artigo 1º, inciso I, Lei 12.288/10) ).
Considerando que a Lei nº. 12.966/2014 incluiu o inciso VII ao art. 1º da Lei nº. 7.347/1985 – Lei da Ação Civil Pública, para atribuir ao Ministério Público a promoção da ação civil pública de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados à honra e dignidade de grupos raciais, étnicos e religiosos.
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Considerando que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido o dano extrapatrimonial coletivo – dano moral coletivo - sempre que a lesão ou ameaça de lesão atingir, sobremodo, valores e interesses fundamentais de um grupo independentemente até da comprovação de dor, de sofrimento e de abalo psicológico suscetíveis de apreciação na esfera do indivíduo.23
Considerando que a indenização tem caráter retributivo da injúria e, sobretudo, preventivo, devendo servir para desestimular a disseminação dos preconceitos contra grupos étnicos.
Considerando que a peculiaridade do caso e a enorme disponibilidade dos ofensores para reparação do dano e crescimento pessoal impõe que se considere a prática da Justiça Restaurativa uma alternativa adequada e eficiente.
Considerando que a técnica de solução de conflitos conhecida como “Justiça Restaurativa” está baseada na disponibilidade de escuta de ofensores e vítimas e na criação conjunta de um processo de aprendizagem e amadurecimento do indivíduo dentro do espaço coletivo, o que vem se contrapondo, cada vez mais, à concepção exclusivamente punitivista de Justiça, sendo inclusive incentivada pelo Conselho Nacional de Justiça.
Considerando que é dever do Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (artigo 127, caput, CF) e que há imensa disponibilidade do compromissário de reparar o dano e restaurar a lesão coletiva provocada.
23 REsp 1.057.274/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/12/2009, DJe 26/02/2010.
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Fica acordado o que segue:
Cláusula 1ª - O compromissário, pelo ato individual praticado, se compromete a pagar até 05 de maio de 2018, uma multa por danos morais coletivos no importe de R$ 1000,00 (mil reais) a ser revertido ao Fundo de Valorização da Comunidade Negra do Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas (Lei 10813/2001) ou, na falta de sua regulamentação, ao Fundo Estadual da Promoção de Igualdade Étnica previsto no artigo 13, parágrafo 2º., da Lei 7347/85.24 Cláusula 2ª – O valor será pago em 10(dez) parcelas de R$100,00 a partir do dia 05/08/2017, vencendo no 5° dia útil dos meses subsequentes.
Cláusula 3ª - O compromissário se obriga a oferecer 120 horas que serão dedicadas à reflexão, estudo e trabalho nas seguintes atividades abaixo sugeridas, divididas em dois eixos de atuação, a serem coletivamente construídas com a coordenação do Centro de
24 A verba, tanto quanto possível, será preferencialmente destinada às seguintes ações que coletivamente serão construídas
sob a coordenação do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação
Religiosa:
ww) Financiamento de ações culturais em cinemas e teatros para alunos de escolas municipais, acompanhadas pelo
MIPIS (programa da Secretaria Municipal de Educação para promoção da Diversidade ) e Centro de Referência em
Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa com temáticas voltadas para
relações étncio-raciais.
xx) Eventual contratação de grupo de teatro para a apresentação, em teatro municipal, ou espaços a serem sugeridos
pelo Centro de Referência, de peça que aborde a temática do racismo e genocídio da juventude negra.
yy) Financiamento de material publicitário (vídeos, comerciais e campanhas) com a temática de igualdade racial e
tolerância religiosa a ser vinculada em onibus, televisão e redes sociais.
zz) Elaboração de oficinas de animação de 2 D “stop motion” para crianças e jovens visando a produção de desenhos
animados educativos sobre a cultura e a história afro-brasileira sob a coordenação do Centro de Referência.
aaa) Apoios a projetos de empreendedorismo para jovens negros sob a coordenação do Centro de Referência.
bbb) Apoio a projetos de empreendedorismo para mulheres negras sob a coordenação do Centro de Referência.
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Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa, disponibilizando seus conhecimentos e seu aparato técnico para fotografias, vídeos e marketing digital em geral.
Eixo 1 – processos formativos em direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa
tt) Participação em palestras e oficinas em temáticas em direitos humanos, cidadania, igualdade racial e tolerância religiosa promovidas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa com temárticas voltadas para relações étncio-raciais ou por ele indicadas.
uu) Visitas indicadas e acompanhadas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa em entidades indicadas pelo Centro de Referência.
vv) Produção e apresentação de resenhas e obras relacionadas a cultura afro-brasileira e ás questões étncio-raciais indicadas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa.
Eixo 2 – Execução da formação pelos estudantes indicados no TAC em escolas, entidades e ONGs.
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nn) Apresentação de cines e debates que estimulem reflexões sobre os temas relativos à igualdade racial.
oo) Realização de oficinas e rodas de conversa sobre os temas relativos a racismo e discriminação religiosa.
pp) Palestras sobre direitos humanos, cidadania e temáticas de igualdade racial e tolerância religiosa.
Cláusula 4ª. – As horas acima mencionadas deverão ser cumpridas até no máximo o dia 30 de novembro de 2017.
Cláusula 5ª. – A forma como essas horas serão organizadas – dia e horário – serão acordadas diretamente com a Senhora Coordenadora do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa.
Cláusula 6ª. – Toda a execução do processo restaurativo e controle das horas dedicadas serão feitas pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa que relatará, mensalmente, ao Ministério Público, as atividades desenvolvidas e as horas cumpridas pelo compromissário.
Cláusula 7ª. – O Conselho Municipal de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas e a Coordenadoria Setorial de Promoção da Igualdade Racial darão todo o suporte necessário ao Centro de Referência e participarão de todo o processo acima descrito.
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Cláusula 8ª. – O NAT – Núcleo Técnico de Atenção Psicossocial do Ministério Público fará o acompanhamento dentro da sua alçada de atuação, de todo o processo.
Cláusula 9ª. – No caso de descumprimento injustificado do presente acordo, por motivo que não seja de força maior ou caso fortuito, o compromissário se sujeitará à multa de 100 (cem) salários mínimos.
Nada mais havendo, segue o presente assinado pelos Compromissários, Promotora de Justiça, representantes dos Órgãos Públicos e testemunhas.
Campinas, 05 de maio de 2017.
Cristiane Corrêa de Souza Hillal Promotora de Justiça
Thiago D’Agostinho Gomes
Elisângela Nunes de Oliveira – Especialista em Relações Sociais – Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa
Tagino Alves dos Santos – Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas
Jacqueline Damázio Armando – Coordenadora - Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa
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Sérgio Max Almeida Prado – Coordenadoria Setorial de Promoção de Igualdade Racial
Aydil da Fonseca Prudente – Analista de Promotoria I – Psicóloga
Andréia Ribeiro Rodrigues Barboza – Analista de Promotoria I -Assistente Social
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COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, pela Promotora de Justiça de Campinas, abaixo assinada, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, de um lado, e do outro, Marcos Paulo Farias Silva OAB n°, residente na Rua Balbina Blummer Hofman, 254, Parque Virgílio, Sumaré, SP, denominado COMPROMISSÁRIO, endereço eletrônico: [email protected], telefone (19) 9 98678353, têm entre si certo e ajustado o presente Compromisso de Ajustamento de Conduta, o qual se regerá pelas cláusulas e condições ora estipuladas, com inteira submissão às disposições legais aplicáveis à espécie e, em especial, ao quanto dispõe o parágrafo 6°, do artigo 5°, da Lei Federal n° 7347/85, com a redação que lhe foi dada pela Lei Federal n° 8078, de 11 de setembro de 1990.
Considerando que o Inquérito Civil nº 14.0739.0004633/2015-7 instaurado em 15 de junho de 2015 constatou a prática de preconceito étnico-racial por parte de estudantes da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica em ambiente de rede social (facebook e whatsapp), tendo como vítimas diretas as alunas Daniela Oliveira e Jaqueline Adriana da Silva, assim como toda a coletividade negra indistintamente considerada.
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Considerando que embora o processo de sindicância- ato nº 04/2015 CCHSA ocorrido na Pontifícia Universidade Católica de Campinas não tenha incluído o ora compromissário, seu nome foi ventilado pelos demais alunos, como corresponsável pela publicação de um post na rede social de cunho racista.
Considerando que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (artigo 5º, caput, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é fundamento da República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que é um objetivo fundamental da República Federativa do Brasil promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (artigo 3º, inciso IV, CF).
Considerando que o Estado brasileiro é signatário da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial – aprovada pela Resolução 2106 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 21 de dezembro de 1965 – que tem como diretrizes o combate à discriminação racial em todas as suas formas e manifestações e a promoção da efetiva igualdade de todas as pessoas, prevendo, para tanto, a adoção pelos Estados partes de medidas especiais e concretas para assegurar o desenvolvimento e a proteção de todos os grupos raciais e de indivíduos pertencentes a esses grupos.
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Considerando que a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais (artigo 5°, inciso XLI, da Constituição Federal de 1988).
Considerando que o Estatuto da Igualdade Racial conceitua discriminação racial ou étnico-racial como toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada (artigo 1º, inciso I, Lei 12.288/10).
Considerando que a Lei nº. 12.966/2014 incluiu o inciso VII ao art. 1º da Lei nº. 7.347/1985 – Lei da Ação Civil Pública para atribuir ao Ministério Público a promoção da ação civil pública de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados à honra e dignidade de grupos raciais, étnicos e religiosos.
Considerando que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido o dano extrapatrimonial coletivo – dano moral coletivo - sempre que a lesão ou ameaça de lesão atingir, sobremodo, valores e interesses fundamentais de um grupo independentemente da comprovação de dor, de sofrimento e de abalo psicológico suscetíveis de apreciação na esfera do indivíduo.25
25 REsp 1.057.274/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/12/2009, DJe 26/02/2010.
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Considerando que a indenização tem caráter retributivo da injúria e, sobretudo, preventivo, devendo servir para desestimular a disseminação dos preconceitos contra grupos étnicos.
Fica acordado o que segue:
Cláusula 1ª - O compromissário, pelo ato individual praticado, se compromete a pagar em 05 de setembro de 2017, uma multa por danos morais coletivos no importe de R$ 400,00 (quatrocentos reais) a ser revertida ao Fundo de Valorização da Comunidade Negra do Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas (Lei 10813/2001) ou, na falta de sua regulamentação até a data acima, será revertida ao Fundo Estadual da Promoção de Igualdade Étnica previsto no artigo 13, parágrafo 2º., da Lei 7347/85.26
Cláusula 2ª. – O acompanhamento deste pagamento será feito pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religios, pelo Conselho Municipal de 26 A verba, tanto quanto possível, será preferencialmente destinada às seguintes ações que coletivamente serão construídas
sob a coordenação do Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação
Religiosa:
ccc) Financiamento de ações culturais em cinemas e teatros para alunos de escolas municipais, acompanhadas pelo
MIPIS (programa da Secretaria Municipal de Educação para promoção da Diversidade ) e Centro de Referência em
Direitos Humanos na prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação religiosa com temáticas voltadas para
relações étncio-raciais.
ddd) Eventual contratação de grupo de teatro para a apresentação, em teatro municipal, ou espaços a serem sugeridos
pelo Centro de Referência, de peça que aborde a temática do racismo e genocídio da juventude negra.
eee) Financiamento de material publicitário (vídeos, comerciais e campanhas) com a temática de igualdade racial e
tolerância religiosa a ser vinculada em onibus, televisão e redes sociais.
fff) Elaboração de oficinas de animação de 2 D “stop motion” para crianças e jovens visando a produção de desenhos
animados educativos sobre a cultura e a história afro-brasileira sob a coordenação do Centro de Referência.
ggg) Apoios a projetos de empreendedorismo para jovens negros sob a coordenação do Centro de Referência.
hhh) Apoio a projetos de empreendedorismo para mulheres negras sob a coordenação do Centro de Referência.
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Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas e pela Coordenadoria Setorial de Promoção da Igualdade Racial que comunicarão, com o comprovante, o Ministério Público do Estado de São Paulo acerca do pagamento.
Cláusula 3ª. – O NAT – Núcleo Técnico de Atenção Psicossocial do Ministério Público fará o acompanhamento do processo, dentro da sua alçada de atuação.
Cláusula 4ª. – O acordo terá o efeito de título executivo extrajudicial depois de homologado pelo Conselho Superior do Ministério Público.
Nada mais havendo, segue o presente assinado pelos Compromissários, Promotora de Justiça, representantes dos Órgãos Públicos e testemunhas.
Campinas, 07 de junho de 2017.
Cristiane Corrêa de Souza Hillal Promotora de Justiça
Marcos Paulo Farias Silva
Elisângela Nunes de Oliveira – Especialista em Relações Sociais –CRT
Tagino Alves dos Santos – Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas
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Jacqueline Damásio Amarando – Coordenadora - Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e Discriminação Religiosa
Sérgio Max Almeida Prado – Coordenadoria Setorial de Promoção de Igualdade Racial
Aydil da Fonseca Prudente – Analista de Promotoria I – Psicóloga
Andréia Ribeiro Rodrigues Barboza – Analista de Promotoria I -Assistente Social
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