56
ANEXO ÚNICO RELATÓRIO DE ATIVIDADES NOME: Kathya Beja Romero EVENTO: V Congresso Paulista de Direito de Família INSTITUIÇÃO: IBDFAM LOCAL DO EVENTO: Teatro Frei Caneca DATA DE INÍCIO: 23/08/2012; DATA DE TÉRMINO: 25/08/2012. São Paulo, 05 de setembro de 2012 Kathya Beja Romero REGIONAL: Família Central TELEFONE: 11.31059040

€¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

ANEXO ÚNICO

RELATÓRIO DE ATIVIDADES

NOME:Kathya Beja Romero

EVENTO: V Congresso Paulista de Direito de Família

INSTITUIÇÃO:IBDFAM

LOCAL DO EVENTO: Teatro Frei Caneca

DATA DE INÍCIO: 23/08/2012;

DATA DE TÉRMINO: 25/08/2012.

São Paulo, 05 de setembro de 2012

Kathya Beja Romero

REGIONAL: Família Central TELEFONE: 11.31059040

Page 2: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

CONSIDERAÇÕES SOBRE O EVENTOA) Breve resumo dos conteúdos ministrados, com indicação do título das palestras ou

debates, bem como dos nomes dos palestrantes e debatedores.

23 de Agosto – 5ª feira

08h30 - Abertura – Dr. Sérgio Marques da Cruz Filho. Presidente do IBDFAMSP. AdvogadoApresentação do IBDFAM

08h45 – Palestra inaugural. MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM COMO MEIOS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS SUCESSÓRIOS

Expositor: Dr. Francisco José Cahali. Professor Doutor de Direito Civil da PUCSP. Diretor do IBDFAM Nacional. Ex-presidente do IBDFAMSP. Advogado9h25-10h10

Causas de família – inserção de cláusula de arbitragem em acordos de ordem patrimonial.

Salamanca-Espanha – Lei de 1ª linha no tema arbitragem.

Arbitragem testamentária (na lei espanhola) – situações de herdeiros instituídos por testamento.

Nosso sistema admite arbitragem para tratar da herança?

Patrimônio deixado pelo falecido – grande fonte de conflito entre os herdeiros.

Como abordá-los através dos meios alternativos de solução dos conflitos?

Ex. três herdeiros: um quer administrar a empresa deixada, o outro quer sua parte em dinheiro e viver tranquilamente e o terceiro é casado e o cônjuge quer ser diretor da empresa.

Legislação nacional – o CC/02 propicia os conflitos: se o art. 1.790 é constitucional ou não, se o cônjuge casado pela separação convencional de bens é herdeiro ou não etc.

Planejamento sucessório (equivale a testamento) – grande aumento da procura em razão da polêmica jurisprudencial que influi na sucessão.

Disposições do CC que tratam da concorrência entre cônjuge/companheiro e outros herdeiros necessários do falecido.

Arbitragem: tem características positivas:

1º prazo – seis meses para a solução. Tal prazo pode ser estendido por acordo das partes.

Um procedimento bem conduzido, pode chegar até a um ano, se precisar de perícia ou produção probatória maior, a despeito da lei fixar o prazo de 6 meses.O inventário judicial pode levar vários anos.Se tiver litígio ou herdeiros menores – bem demorado. Acaba com acordo, depois de tanta demora, pois os menores atingem a capacidade, p. ex.

Page 3: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

2º - admite solução por equidade: quando a partilha não é favorecida pela natureza do acervo. O juiz pode estabelecer uma divisão cômoda, mas prefere criar o condomínio e dele surgem os conflitos.

A arbitragem viabiliza uma divisão mais cômoda. P. ex., atribuindo o imóvel ao viúvo que já tenha o direito real de habitação. Pode ser menos rigorosa a partilha

3º - informalidade – é procedimento menos formal que o judicial, pois é desenvolvido para se encaminhar à decisão destinada à solução do próprio conflito. O cronograma é estabelecido na primeira audiência, que é de conhecimento dos advogados, que recebem em seu escritório a cópia.

4º - o árbitro é escolhido pelas partes, conforme sua especialidade no tema em discussão. Isso não acontece no Judiciário, onde o juiz conhece um pouco de tudo e o árbitro conhece muito de um determinado assunto.

COMO SE LEVA O PROCEDIMENTO PARA A ARBITRAGEM: DUAS FORMAS:

1- CLÁUSULA – PREVISÃO EM CONTRATO – pode ser em contrato de convivência, p. ex.2- COMPROMISSO – não existe relação anterior entre as partes, que se comprometem a

levar o conflito à arbitragem.

Para direito patrimonial disponível é possível. Há maiores barreiras porque a partilha exige processo judicial ou escritura extrajudicial.

O testador não pode inserir no testamento a obrigatoriedade dos herdeiros se submeterem à arbitragem. Não obstante, os herdeiros testamentários podem deslocar a divisão dos bens para a solução arbitral.

Prestação de contas entre os herdeiros e inventariante – pode ser levada à arbitragem.

Legítima – aberto o inventário, com herdeiros maiores e capazes, podem levar a solução do conflito à arbitragem. Não havendo testamento, podem firmar compromisso de arbitragem.

Árbitro – resolve a partilha, estabelecendo o quinhão de cada um e decide a prestação de contas do inventariante.

SENTENÇA ARBITRAL – é título executivo judicial.

Processo de inventário em curso – se há discussão da divisão do patrimônio, é possível deslocamento à arbitragem para solução do conflito. Feita a divisão, a partilha é levada ao judiciário para finalização do processo de inventário.

- pode ser proposta até mesmo do juiz.

ARBITRAGEM TESTAMENTÁRIA – segundo Cahali é possível, desde que partes maiores e capazes.

Page 4: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

A legítima dos herdeiros necessários não pode ser imposta para solução em arbitragem pelo testador. Porém, é possível a disposição em relação aos demais herdeiros ou legatários facultativos.

TESTAMENTO:

O processo é necessário, mas não se exige que seja judicial. A partilha pode ser feita em arbitragem e levada ao juiz para homologação integrativa: se foi cumprido o testamento (vontade do testador).

MEDIAÇÃO EM CONFLITOS SUCESSÓRIOS – na Itália é obrigatória. No Brasil admite a mediação para solução dos conflitos da partilha

PROPOSTA DO PALESTRATENTE – que o IBDFAM instale uma Câmara de Mediação e Arbitragem.

___________________________________________________

9h30 às 10h15 – Palestra: DOAÇÃO, COLAÇÃO, REDUÇÃO E O DIREITO DAS SUCESSÕES Presidente de mesa: Dra. Ana Paula Gonçalves Copriva. Diretora do IBDFAMSP. Advogada. Presidente da Comissão de Direito das Famílias da 4ᵃ Subseção da OAB Rio ClaroExpositor: Dr. João Ricardo Brandão Aguirre. Doutor pela USP. Mestre pela PUCSP. Vice-Presidente do IBDFAMSP. Professor da EPD e da Rede de Ensino LFG. Advogado

Planejamento sucessório

Doação em vida – traz efeitos ligados ao direito sucessório, criando confusão entre os institutos.

Art. 554 e 559 do CC

Art. 554. A doação a entidade futura caducará se, em dois anos, esta não estiver constituída regularmente.

Art. 559. A revogação por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada dentro de um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a autorizar, e de ter sido o donatário o seu autor.

DOAÇÃO EM ANTECIPAÇÃO DA LEGÍTIMA E DOAÇÃO INOFICIOSA: são institutos diversos

Redução – da parte inoficiosa para o limite da legítima

Doação entre ascendentes/descendentes ou cônjuges – a doação é válida e produzirá efeitos, mas é tratada como antecipação da legítima a ser conferida em colação

Doação inoficiosa não é válida – exige ação judicial para declarar o excesso

STJ – nulidade – a ação pode ser ajuizada ainda antes da abertura da sucessão, o que não ocorre no caso da doação do art. 554CC.

COLAÇÃO E REDUÇÃO DA DOAÇÃO INOFICIOSA – há equívocos no tratamento, pois são institutos diversos, com incidência de dispositivos diversos:

Page 5: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

2.002/2004 e 2007

Art. 2.002 – o descendente deve trazer à colação os bens recebidos em adiantamento da legítima – equívoco – não é apenas o descendente, pois o art. 554 trata também da doação entre cônjuges, de forma que a omissão no art. 2.002 quanto à colação do bem recebido pelo cônjuge, não o exime da colação.

Pena de sonegados – art. 1992 CC – bens não colacionados

NECESSIDADE DE TRAZER A COLAÇÃO TODOS OS BENS:

Problemas:

Valor e forma:

1- O bem não será acrescido ao valor total da herança (acervo), mas apenas a parte disponível. Art. o bem colacionado integra apenas a parte indisponível, sem acrescer a disponível, o que traz grande diferença na forma de apuração do valor.

QUANTO AO VALOR:

- Teorias:

1ª da estimação – que se tem por ideia trazer à colação o bem não em espécie, mas o seu valor no momento da liberalidade (da doação)

2ª da substância – o bem deve ser trazido em espécie. Faz diferença, porque se avaliar o bem no momento da liberalidade, ficam afastados da colação os acréscimos e valorizações do bem. A valorização propiciada pelo esforço do donatário não vai beneficiar os demais herdeiros. De outro lado, se o bem for deteriorado pelo donatário os demais herdeiros também não serão afetados pela desídia.

QUAL A TEORIA ADOTADA PELO CC/02

Art. 1.014 do CC/16 – adotava a Teoria da Substância – expressamente.

O CC/02 – não adota expressamente

Art. 2002 – fala em valor do bem e no art. 2004, expressa que o valor do bem a ser trazido à colação é o da data da liberalidade. Estima-se o valor do bem na época da liberalidade.

O art. 2003 do CC é norma excepcional – se faltar bens no acervo hereditário para a composição da legítima é que se traz o próprio bem.

Dois momentos:

1ª fase – traz o valor do bem na época da liberalidade. Se o valor a ser colacionado não permitir a atribuição da legítima aos herdeiros, leva à 2ª fase

2ª fase – faltando bens no acervo, a colação é feita pelo bem em espécie. Se o bem não mais existir: considera-se também o valor (retorno à teoria da estimação)

PROBLEMA NO MOMENTO DO PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO:

Page 6: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

- o doador, no momento da liberalidade, pode ter um patrimônio diverso daquele do momento da sucessão, pois pode ser reduzido de modo a criar conflitos na colação, a obrigar o donatário a retornar o valor para compor a legítima dos demais herdeiros.

DOADOR – chama no ato de liberalidade aos demais herdeiros para que concordem, como anuentes, com a liberalidade.

Restrição – o expositor entende que caracteriza pacto sucessório, vedado pelo art. 426 do CC.

O art. dispensa a anuência dos demais herdeiros no momento da liberalidade. O doador, também, conforme art. 425 autoriza que o doador DISPENSE a colação no momento da liberalidade.

Mesmo assim, se na abertura da sucessão se perceber que a doação invadiu a legítima, há necessidade de redução, pois se configura a doação inoficiosa.

REDUÇÃO DA DOAÇÃO INOFICIOSA :

Art. 2007 – redução da parte da doação que invade a legítima.

Diferença do art. 2007 – redução em espécie – e o art. 2002 adota a teoria da estimação.

Portanto, o CC – no art. 554, trata de uma situação diferente daquela do art. 559, de forma que o 2002 se refere àquele e o 2007 a esta.

A doação inoficiosa se refere a qualquer pessoa, herdeira ou não, que invade a legítima. Se não for herdeiro não há como compensar com seu quinhão, sendo essa a razão de dever trazer o bem em espécie regulado no art. 2.007.

EFEITOS DE DOAÇÕES FEITAS EM VIDA:

Não é a melhor saída para preparar o planejamento sucessório, em vista dos problemas causados e regulados nos art. 2002 e seguintes.

DOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas a um dos filhos, diferenciando o tratamento entre seus filhos, violando o art. 227 do CF ou quando o pai passou por mais de uma união e para fugir dos alimentos ou privilegiar algum dos herdeiros, começa a adquirir o patrimônio em nome da companheira atual. Ao falecer, nada está em seu nome e o pacto de convivência prevê o regime da separação total dos bens.

Os herdeiros são extremamente prejudicados.

O titular do patrimônio não tem origem para justificar seu acervo. Caso levado ao STF: negócio jurídico simulado – quem não tem renda não tem como constituir o patrimônio volumoso ao contrário daquele que tinha a renda e faleceu sem qualquer patrimônio.

Art. 167 CC - nulidade

Relatora. Nancy Andrighi – RESP 918643 – o acervo em nome da viúva é declarado pertencente ao acervo hereditário e deve ser considerado para compor a legítima.

Page 7: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

RESP 658244/CE – o pai privilegiou os filhos do casamento em detrimento daquele de fora do casamento, abrindo conta em nome daqueles onde fazia aportes. O julgado considerou doação simulada, com declaração de nulidade.

_______________________________________________________

10h45 – Palestra: AS COMPANHIAS DE CAPITAL FECHADO E A LEGÍTIMA DOS HERDEIROS NECESSÁRIOS: SÍNTESE E ANTÍTESE

Presidente de mesa: Dra. Viviane Girardi. Mestre em Direito Civil pela UFPR. Diretora do IBDFAMSP. Advogada

Expositor: Dr. Rolf Hassen Madaleno. Mestre pela PUCRS. Professor da PUCRS e da EPD. Diretor do IBDFAM Nacional. Advogado

Desconsideração da Pessoa Jurídica

Empresas familiares – considerável número das empresas configuram empresas familiares, inclusive as S/As. As Ltdas, maioria das médias e pequenas empresas, são integradas por pessoas que têm objetivos comuns no empreendedorismo e também bastante comuns nas empresas em família.

A gestão dessas empresas influencia nas relações familiares e nas demandas de família e sucessões, quando ocorre o divórcio ou a sucessão.

Fraudes – o sócio majoritário pode beneficiar alguns herdeiros em detrimento de outros. Ocorre que muitos se valem das sociedades para aportar nelas seu patrimônio, refletindo na sucessão.

Planejamento sucessório – grandes dificuldades em razão do CC/02. Dificuldade para permitir ou impedir que o patrimônio chegue nas mãos de pessoas escolhidas ou indesejadas, ainda que herdeiros necessários.

Uso da sociedade empresária para desvio dos bens.

S/A e companhia fechada – familiares – o tipo social não foi escolhido para fins de fraude, mas preocupada com a perenização da própria sociedade e não para atender aos interesses escusos dos sócios. As Ltdas. ficam à mercê da maior ou menor animosidade dos sócios entre si, gerando sua dissolução.

Tais companhias se saem melhor com uma ou outra modalidade. Outras transmudam sua natureza societária: de S/A para Ltda. ou vice-versa.

Fraude – é muito utilizada no meio empresarial – o tipo social acaba servindo aos interesses dos administradores.

Empresas criadas para administrar os bens conjugais à revelia do cônjuge: há redução de cotas, alteração na avaliação das cotas sociais ou outros meios fraudulentos.

Na separação do casal, os sócios apresentam contas de empréstimos tomados dos sócios ou de terceiros, fraudulentamente, prejudicando a meação do outro. As dívidas são abatidas do acervo a ser partilhado, levando à redução do patrimônio do outro.

Page 8: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

Pequenas empresas e sociedades familiares fechadas, constituídas às vésperas do divórcio ou próximo ao falecimento do titular da herança, também configuram fraude.

A S/A de capital fechado ou a LTDA. é meio de engessar o meeiro, pois não há oferta de ações ao público, ficando apenas entre os sócios que participam da fraude.

Dissolução parcial da sociedade. Art. 1031 CC – não para transformar a viúva ou herdeiros em sócios, mas apenas para permitir o conhecimento do patrimônio. As cotas dão direito à indenização apenas, afastando o outro da afectio societatis. A sociedade, parcialmente dissolvida, indeniza o meeiro ou os herdeiros, pagando o valor das cotas do separado.

Isso não se aplica às S/As de capital fechado, pois as ações não são de oferta pública, que apenas podem ser negociadas entre os próprios sócios e herdeiros. O remanescente meeiro/herdeiro fica preso e amarrado, sem poder transformar suas ações em dinheiro, oferecendo as ações a terceiros. No caso, apenas os familiares interessados reunidos na empresa podem adquirir as ações.

Se fosse Ltda., a dissolução seria judicial, com avaliação judicial feita por meio idôneo, alcançando o valor real, correspondente ao momento da separação ou da morte – art. 1.031 CC.

Dúvida – e as empresas alteradas para fugir do art. 1031? A Lei das S/A não prevê dissolução de sociedade anônima, seja de capital aberto ou fechado. Não se dissolve, portanto, porque o estatuto não tem sócios, já que o capital é dividido em ações.

Situação gerada é enfrentada pela jurisprudência – o STJ admitiu, se a empresa há muito tempo não distribui lucros, outro expediente perverso, fazendo com que as ações não gerem lucros e que não podem ser transferidas abertamente, limita o patrimônio, formado até mesmo com os bens do casamento, de forma que por analogia já se admitiu, /nesses casos, a dissolução parcial das sociedades anônimas.

Analogia do art. 1031 e da Lei S/A – art. 5º, XX, CF – ninguém é obrigado a se manter associado, gerando direito constitucional de dissolver a sociedade, ainda que parcialmente. S/A que não poderia ser dissolvida, pela lei regente, mas que se vê na possibilidade dessa dissolução por aplicação analógica do art. 1031 do CC.

Porém, o art. 5º, XX, CF, fala em associação e não em sociedade, de forma que vem sendo equivocadamente invocado, mas mesmo assim é usado como fundamento para a dissolução.

Desconsideração da personalidade jurídica – quando a empresa é usada para fraudar os outros (meeiro ou herdeiro), a sociedade é usada como forma de engessamento dos bens que seriam transferidos, efetivamente a desconsideração da PJ no direito sucessório é de grande valia.

Pai que tinha dois filhos e uma empresa que foi sendo passada a um deles ao longo da vida. Quando faleceu, esse filho tinha 100% da empresa (jornal) e a outra filha apenas tinha um apartamento modesto. Ele recebeu uma enorme empresa, fraudulentamente, como aquisição simulando as doações. O expediente era abusivo e está sendo enfrentado pelo Judiciário.

______________________________________________________________________13h45 às 14h45 – Palestra: ASPECTOS POLÊMICOS RELACIONADOS À PARTILHA NO INVENTÁRIO Presidente de mesa: Dr. Fernando Nishiyama. Diretor do IBDFAMSP. Advogado

Page 9: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

Expositora: Dr. Euclides Benedito de Oliveira. Doutor pela USP. Ex-desembargador do TJSP. Ex-presidente do IBDFAMSP. Advogado e consultor jurídico

Substituído pela Dra. Fernanda Tartuce.

Inventariar –

Principais vias – inventário propriamente dito (completo, tradicional e solene) e o arrolamento sumário.

Fases – instauração, nomeação de inventariante e compromisso, primeiras declarações, citações, avaliação de bens, últimos declarações, impostos, pedidos de quinhões deliberações da partilha, juntada de negativas fiscais, homologação da partilha e expedição do formal.

INSTAURAÇÃO – competência – CPC art. 96 – vis atrativa : foro do domicílio do autor da herança, no Brasil.

Exceções- se não tinha domicílio certo, foro da situação dos bens;

- se em domicílio certo e com bens em lugares diferentes, no local do óbito (problema: a passeio em outro Estado, com bens dispersos em vários lugares, ainda que nenhum ali, fixa esse local. Muito imprópria a regra, porque dificulta aos herdeiros)

Trata-se de regra de competência absoluta ou relativa?

- o juiz pode conhecer de ofício eventual inobservância da regra?

NÃO – o juiz não pode remeter os autos para outro foro, pois o legislador deixou a escolha a critério do inventariante.

Súmula 33 STJ – a incompetência relativa não pode ser conhecida de ofício.

Art. 112 CPC- deve ser arguida a incompetência relativa por um dos herdeiros. Se todos silenciam, o juiz não pode conhecer de oficio sua incompetência relativa.

Caso: companheira quer abrir o inventário do companheiro falecido no foro da residência do casal. A união não foi reconhecida judicialmente e os filhos dele abrem inventário em outra cidade.

Quem é o polo passivo? São os herdeiros.

A ação de inventário é personalíssima e movida contra os sucessores (não contra o espólio)

STJ – sim – a pretensão inicial em ação declaratória de união estável de fato é obter uma decisão judicial só se a existência do relacionamento afetivo mantido entre os companheiros e, a partir daí, usufruir dos direitos decorrentes dessa declaração. Eventuais reflexos indiretos da declaração não são aptos a justificar o deslocamento da competência. (STJ; CC 117.526; Proc. 2011/0132265-9; SP; Segunda Seção; Relª Minª Nancy Andrighi; Julg. 24/08/2011; DJE 05/09/2011)

- é competente o foro da residência da mulher (ver slide) – art. 100 CPC (/STJ CC 117.526)

Page 10: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

TJSP – sim – conflito negativo de competência (TJSP; CC 994.09.224923-2; Ac. 4305345; São Paulo; Câmara Especial; Rel. Des. Martins Pinto; Julg. 18/01/2010; DJESP 26/04/2010) CC – 994.09.2249).

QUESTÃO – enquanto tramita a ação de reconhecimento e dissolução de união estável post mortem deve ser feita a reserva de quinhão?

Art. 1.001 CPC – o CPC remete a discussão para as vias ordinárias, mas com reserva do quinhão. A reserva deve ser promovida de oficio pelo juiz, independente de medida cautelar proposta pelo interessado.

PORÉM, Informativo 0326, de 1º a 10/8/2007, 3ª Turma – a reserva do art. 1001 exige os requisitos da natureza cautelar. REsp 660.897-SP, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, j. em 2/8/2007.

Na jurisprudência, o juiz deve deferir a reserva de quinhão desde que presentes os requisitos da medida cautelar.

TJSP, AGRAVO DE INSTRUMENTO. ARROLAMENTO. A autora de ação de investigação de paternidade, em face de robustos indícios favoráveis ao seu pedido naqueles autos, tem o direito à reserva de quinhão hereditário no arrolamento do suposto pai. Deram provimento ao agravo. (TJSP; AI 0155018-68.2010.8.26.0000; Ac. 4968132; São Paulo; Sétima Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Gilberto de Souza Moreira; Julg. 02/02/2011; DJESP 14/03/2011)

AVALIAÇÃO – Objetivo: atingir o escopo principal da partilha, a igualdade de quinhões. CPC 1.003 a 1.010.

Art. 1007 CPC- pode ser dispensada se os valores forem comprovados por documentos fiscais e não houver impugnação.

Se uma das herdeiras discorda da manutenção dos bens em condomínio. Quem deve arcar com o custo da avaliação: a herdeira ou o espólio?

Art. 33, CPC – quem pede, paga pela perícia, mas em Direito das Sucessões, a regra do art. 33 não se aplica. V. acórdão TJ/PR, TJ/RS e do STJ (custeio pelo espólio)

TJSP; AI 291.634-4/7; São João da Boa Vista; Quarta Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Carlos Stroppa; Julg. 14/08/2003)

QUESTÃO

Se o inventariante, após intimado, não dá andamento à causa, o feito deve ser extinto? Ou deve seguir, removendo o juiz o inventariante?

Art. 267, inc. II e III

Art. 989, CPC

Meta 02 do CNJ – os juízes deveriam extinguir os processos anteriores a 2005.

Porém, há vários julgados entendendo que a extinção não é cabível. Deve determinar o arquivamento ou promover a substituição do inventariante.

Page 11: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

APCV 0090719-23.2000.8.13.0153; Cataguases; Quarta Câmara Cível; Relª Desª Heloisa Combat; Julg. 03/03/2011; DJEMG 04/04/2011

APL 0004846-55.2005.8.26.0238; Ac. 6074277; Ibiúna; Quinta Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Moreira Viegas; Julg. 01/08/2012; DJESP 16/08/2012_____________________________________________________________________

14h45 às 15h45 – Palestra: CONCORRÊNCIA SUCESSÓRIA ENTRE O CÔNJUGE E O COMPANHEIRO Presidente de mesa: Dra. Telma Kutnikas Weiss. Diretora do IBDFAMSP. Psicanalista Expositor: Dr. Flávio Tartuce. Doutor pela USP. Mestre pela PUCSP. Coordenador e professor da EPD. Professor da Rede de Ensino LFG. Diretor do IBDFAM-SP. Advogado e consultor jurídico.

Hipótese - pessoa casada, separada apenas de fato, passa a viver em união estável. É muito comum na prática.

Poliamorismo – um homem com duas mulheres simultaneamente. Há quem diga que é nulo de pleno direito, pois viola norma de ordem pública.

O princípio da monogamia não está expresso na lei.

Multiparentalidade – criança com um pai e duas mães em seu registro. Decisão recente, revolucionária, que manteve o registro da mãe biológica e acrescentou o nome da madrasta, pela maternidade socioafetiva. A criança será beneficiada com duas sucessões.

Tema da palestra: concorrência sucessória entre companheiro e cônjuge

Art. 1723, § 1º CC - a pessoa casada, mas separada de fato, pode constituir união estável. Tutela do fato social, pois o brasileiro não regulariza o fim do vínculo. Resulta na separação de fato, seguida de convivência posterior com outra pessoa.

Quem herda os bens nessa situação?

Quanto tempo depois a separação de fato deve ser considerado para que a companheira seja a herdeira?

Confusão entre meação e herança pela jurisprudência.

Soluções:

Euclides de Oliveira – aplica o princípio da proporcionalidade: art. 4º da Lei de Introdução- metade dos bens quando da morte para a companheira e metade para a ex-mulher. Problema: condomínio entre elas em relação ao bem.

Pessoa que tem 3 mulheres simultaneamente e nenhuma sabe da outra.

STJ – não reconhece nenhuma das uniões como estáveis, considerando todas como concubinatos

3correntes: o STJ segue a da Maria Helena Diniz e Álvaro Villaça.

Enunciado 525 – a concorrência sucessória entre companheiro e cônjuge.

Page 12: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

Interpretação: separada: quanto aos bens adquiridos durante o casamento herda a esposa e os adquiridos onerosamente durante a UE herdará a companheira.

Terceira solução – inc. III, art. 1.790 CC- o companheiro, quando concorre com outros parentes sucessíveis, recebe 1/3 da herança. Os outros 2/3 irão para a mulher.

Problema técnico dessa posição: cônjuge e companheiro não são parentes e a lei fala em parentes sucessíveis.

Quarta solução:

Maria Berenice Dias e Prof. Cassetari – se está separado de fato, o art. 1.830 deve ser lido de forma diferente –

Simão – dividir dois montes: o primeiro com bens adquiridos na Constancia fática do casamento – herança da esposa. Segundo monte, formado pelos bens adquiridos onerosamente na constância da UE cabe à companheira.

Os bens adquiridos graciosamente não entram no acervo da herança do companheiro.

Art. 1830 – outro problema – somente reconhece direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se ao tempo da morte não estavam separados judicialmente, nem separados de fato.

A partir daí há problema – fala em 2 anos (tempo que era exigido para constituição de união com terceiro), salvo prova de que a convivência se tornar impossível sem culpa do sobrevivente: culpa.

Dois problemas – o prazo de 2 anos, já que a união pode ser constituída no dia seguinte da separação de fato do cônjuge. É possível já nesse dia se firmar instrumento de convivência.

Culpa – prova da culpa mortuária – como provar culpa de quem já morreu?

PROPOSTA – esquematizar o problema:

Concorrência fazendo dois montes – exige a análise do art. 1830 na integralidade, mas isso é difícil na prática.

SE FIZER A LEITURA DO DISPOSITIVO ATÉ APALAVRA “SEPARADO DE FATO” – a melhor solução é a de MBDias, apesar da dificuldade de convencimento do juiz.

Na leitura integral, fazer dois montes. Herança do cônjuge e do companheiro dos bens adquiridos durante cada fase: do casamento e da UE.

Leitura idealizada – se o cônjuge estava separado de fato, herda tudo a companheira.

_________________________________________________________________16h15 às 17h15 – Palestra: SUCESSÃO DO COMPANHEIRO. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 1.790 DO CÓDIGO CIVIL

Presidente de mesa. Dra. Aguida Arruda Barbosa. Doutora pela USP. Diretora Nacional do IBDFAM. Advogada

Page 13: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

Expositora: Dra. Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka. Professora Titular de Direito Civil da USP. Coordenadora geral da EPD. Diretora Nacional do IBDFAM para a Região Sudeste. Consultora jurídica

CONCORRÊNCIA DO COMPANHEIRO SOBREVIVENTE

Sucessão do cônjuge – regulada no capitulo da sucessão legítima, mas a do companheiro não, pois inserida nas disposições gerais.

Demonstra preconceito do legislador civil. O cônjuge no art. 1.829, inc. I: dificuldades até mesmo para os cálculos matemáticos, pois não regula a concorrência com filiação híbrida (resolve concorrência com descendentes comuns e com descendentes exclusivas do falecido, mas não trata da concorrência com filhos comuns e simultaneamente com filhos exclusivos do falecido)

Até hoje, com ajuda de matemáticos e estatísticos, se chegou à solução matematicamente viável.

No caso da concorrência do companheiro sobrevivente com os descendentes, regulada no art. 1.790 do CC, é tratada como disposição geral da sucessão legítima.

Importa notar que o art. 1.790 CC é inconstitucional, mas não teve a declaração nesse sentido pelo STF, de modo que está vigorando.

No caso do companheiro, de forma semelhante do que ocorre com o cônjuge, não há previsão de concorrência com filiação híbrida.

Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes:

I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho;

II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles;

(...)

Pressupostos:

Bens adquiridos onerosamente – concorre apenas nos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável – caput art. 1790.

Disposição legal específica – art. 1.790

Condições:

I- Se concorrer com filhos comuns, terá direito ao quinhão igual ao dos filhos

- concorre com 1 filho comum: 50% para cada

- Concorre com dois filhos comuns: 1/3 para cada

Page 14: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

(Segundo o palestrante, houve erro do legislador ao especificar a concorrência com filho, já que é pacífica a possibilidade de concorrência com netos, conforme, a maioria da doutrina, podendo ser citados Francisco José Cahali, Euclides de Oliveira e José Simão, que entendem que o inciso I deve ser aplicado também aos netos comuns).

II- Se concorrer com descendentes exclusivos do autor da herança, receberá a metade do que eles receberem:

- com um filho exclusivo: 1/3 companheiro e 2/3 ao filho

- Com dois exclusivos: 1/5 ao companheiro e 2/5 aos filhos

(aqui a redação insere a expressão descendentes e não apenas filhos)

Forma de cálculo – multiplica tudo por dois, para facilitar a conta, já que o companheiro recebe a metade do quinhão de cada filho exclusivo do falecido.

PROBLEMA:

E se houver filhos comuns e exclusivos?

O art. 1832 regula a divisão para o cônjuge, ao concorrer com filhos comuns, será reservada a quarta parte. Em razão dessa regra é que matematicamente fica inviável a solução justa no caso de filiação híbrida. Tal reserva não existe no caso do companheiro. Ali o cônjuge foi resguardado, aqui não. Essa é outra razão que leva à inconstitucionalidade do art. 1790, pois o companheiro sobrevivente é desprotegido.

No caso da concorrência do companheiro com filiação híbrida também não há solução expressa na lei. Mas como não é caso de reserva, há solução matemática, usando o critério da ponderação.

Na concorrência com os comuns, multiplica 1 (peso dos comum) por 2 e ½ (peso dos exclusivos) por 2

Fórmula: x= 2(F+S) . H

2(F+S)2 +2F+S

C= 2F+S .X

2(F+S)

X= quinhão dos filhos

C= quinhão do companheiro

H= valor dos bens em que incide a concorrência (bens onerosamente adquiridos na constância da união estável)

F= número de descendentes comuns

S= número de descendentes exclusivos

(material no site do Flavio Tartuce)

Comentários ao CC, Ed. Saraiva, 2ª Ed., Volume 20, Giselda Hironaka.

Page 15: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

___________________________________________________________________

24 de Agosto – 6ª feira

9h15 às 10h15 – Palestra: INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAIS. QUESTÕES CONTROVERTIDAS Presidente de mesa: Dr. Cássio Namur. Advogado. Diretor do IBDFAMSP

Expositor: Dr. Christiano Cassettari. Doutorando pela USP. Mestre pela PUCSP. Pro fessor da Universidade São Judas e da EPD. Diretor do IBDFAMSP. Advogado

O expositor ressaltou a importância do inventário extrajudicial, por escritura pública, já que o processo judicial é muito moroso. A celeridade do procedimento extrajudicial é grande. Hoje a tendência é aliviar o trabalho do judiciário. Esta possibilidade existe desde 2007. O inventário extrajudicial está previsto no art. 982 do CPC. Havendo testamento ou interessado incapaz precisa-se do judiciário. Todos precisam estar de acordo e há a necessidade de advogado. Há gratuidade para escrituras de inventário quando as pessoas de declararem pobres.

Se desrespeitados os requisitos do art. 982 a escritura é nula. Portanto, os requisitos são:

1- Ausência de interessado incapaz (a incapacidade do cônjuge meeiro inviabiliza o inventario extrajudicial?). A incapacidade deve ser verificada no momento da lavradora da escritura, não no momento do óbito. Se a pessoa faleceu em 200 a lei material aplicável e o cc de 1916. Entretanto, o inventario extrajudicial foi introduzido no CPC cuja lei tem aplicação automática. A incapacidade é verificada não no momento do óbito, mas sim no momento da lavratura do atos da escritura. Por ex., no curso do processo o herdeiro se torna capaz, é possível que se desista do processo e se vá ao cartório.

2- Concordância acerca dos bens e da partilha

3- Inexistência de testamento. Para prova desse aspecto, deve-se buscar certidão do colégio notarial. Se na certidão constar nada consta, pode- se fazer o inventario extrajudicial. Busca-se alterar o CPC, pode ser que uma pessoal faça um testamento e revogou o testamento, entende- se que pode fazer o inventario extrajudicial. Pode ser que o testamento institua tutela, mas quando o testador falece o incapaz já estava capaz, o ato era impossível de ser aplicado, não se fala em tutela de pessoa capaz. Neste caso daria para fazer o inventário por escritura, segundo o professor. O legislador precisa constar que o testamento contenha disposição patrimonial válida para existir a obrigatoriedade de inventário judicial. O expositor entende importante tal modificação legislativa. Recolhimento do tributo Hoje em SP o tabelião é o fiscal e faz a análise deste tributo.

4- O advogado é indispensável. O ato é consensual, pode haver um só advogado ou mais de um.

5- Outro requisito e a necessidade do pagamento dos tributos.

Questões:

Page 16: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

Pagamento do tributo – problemas relacionados ao pagamento do ITCMD (bases de cálculo diferentes conforme a localização do bem, sistema do Posto Eletrônico da Fazenda etc)

Falta de dinheiro dos herdeiros para recolhimento do tributo: no judicial busca-se o alvará para alienar um dos bens para quitar o tributo. No caso do extrajudicial, no CNJ autorizou em 2007 Res. 35, art. 14, para uniformizar o sistema da separação e divórcio extrajudicial nos Estados, dispôs no art. 14 que quanto às medidas autorizadas na lei do alvará autônomo (L. 6.858/80) é admissível a escritura pública (saldo se salário, restituição de IR, saldo de FGTS, PIS/PASEP, cadernetas de poupança até 100 ORTN).A LINDB, art. 10, lei do domicílio – lei brasileira aplicada à sucessão de pessoas domiciliadas no Brasil. Há muitas pessoas que adquiriram imóveis fora do Brasil e o CNJ tem norma estabelecendo a inadequação de inventário extrajudicial quando o acervo tem bens no exterior. Conflito de competência internacional.

União estável – rol de documentos ao tabelião, comprovando o estado civil do falecido, regime de bens, documentos dos herdeiros e bens. Aquele que vive em UE não tem documento, quando muito tem um contrato de convivência, trazendo a discussão sobre a possibilidade de inventário extrajudicial nesse caso. Porém, como o ato é consensual, o tabelião aproveita os presentes e prepara esse contrato no próprio momento da escritura do inventário, já que os herdeiros atestarão a veracidade das informações que envolvem a convivência.Sem o consenso o convivente deverá ingressar com a ação judicial, mas é indispensável a anotação nas matrículas dos imóveis a existência da ação para a reserva do quinhão (bloqueio de bens).Inventário de união estável homoafetiva: aplica-se todo o regramento da união estável heteroafetiva.

CNJ, Res. 35 – se não existir herdeiro e apenas a(o) companheira/companheiro, em que não haverá ninguém para atestar a convivência, o CNJ ressalva que nesse caso, há impedimento para o inventário extrajudicial

INVENTÁRIO NEGATIVO – não há bens partilháveis. Interesse no ato: herdeiro (viúvo/viúva) que quer se casar e não quer restrição no regime de bens. PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL PRELIMINAR – pactual a venda do imóvel, com prazo para cumprimento da promessa. No momento do ato, após quitada a dívida, deve incluir o bem no inventário? NÃO – pois incide ITCMD e registro do ato. Não precisa do inventário judicial e pedido de alvará. Basta apresentar a promessa de compra e venda com firma reconhecida, para permitir a autenticidade dada pelo ato notarial, além da QUITAÇÃO em vida, criando a obrigação de fazer ao falecido – lavrar a escritura (conforme Código Civil), que se transmite aos herdeiros. Com a promessa quitada e o contrato, o inventariante pode substituir o falecido na outorga da escritura, como representante legal do espólio, que tem a obrigação constituída na transferência do bem.Os tabeliães lavram a escritura de nomeação de inventariante ou na própria escritura do inventário vem indicado o inventariante nomeado. É indispensável a nomeação do inventariante para que possa solucionar questões pendentes ou futuras, como por exemplo, o cumprimento de obrigação de fazer.FALECIDO NÃO DEIXOU BENS, APENAS A OBRIGAÇÃO DE OUTORGA DE ESCRITURA – o ideal é inventário negativo com nomeação do inventariante para outorgar a escritura.

As escrituras podem ser gratuitas aos beneficiários de justiça gratuita – O Colégio Notarial tem acordo com a Defensoria Pública para que sejam lavradas as escrituras de inventário extrajudicial e divórcio extrajudicial.

INTERVALO

Page 17: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

10h45 – Palestra: TESTAMENTO. QUESTÕES RELATIVAS ÀS CLÁUSULAS RESTRITIVAS Presidente de mesa: Dra. Fabiana Domingues Cardoso. Advogada. Diretora do IBDFAMSP Expositor: Dr. Marcelo Truzzi Otero. Doutor e Mestre pela PUCSP. Professor da EPD e da Fundação Padre Albino/Catanduva. Diretor do IBDFAMSP. Advogado

11h00 -

TESTAMENTOS E AS CLÁUSULAS RESTRITIVAS DA PROPRIEDADE

TESTAMENTO E TRANSMISSÃO PATRIMONIAIS

Distinção entre legítima do herdeiro necessários e parte disponível da herança

A legítima na legislação estrangeira: Itália, França, Portugal e Espanha

A legítima no direito brasileiro: Ordenações (era de 2/3 da herança, que não comportavam qualquer restrição, condição ou cláusula), Lei Feliciano Pena (Dec. 1839/1907 – altera a norma anterior, reduzindo o percentual da legítima a 50% e autoriza a criação de ônus, como conversão da legítima em outros bens, via testamento; previa cláusulas de incomunicabilidade e inalienabilidade da herança) e CC/16 (praticamente transcreve as restrições da Lei Feliciano Pena – o herdeiro necessário – descendentes e ascendentes – permite a conversão da legítima e outros bens. Naquele sistema, embora assegurasse ao herdeiro uma parcela da herança, preservando o patrimônio e seus interesses, havia uma curiosidade, porque havia também a possibilidade de restrição ao testador, não aos interesses do herdeiro, mas aos próprios interesses. Ou seja, ao estabelecer ônus ou cláusula restritiva, sendo contrasenso e contraria o interesse social, porque inibe a circulação da riqueza, até por interesse do próprio testador – no contexto do CC/16, que era individualista e patrimonialista, fazia algum sentido. Esse contexto não vige mais hoje, à luz do CC/2002, que trabalha a função social da propriedade, a proteção das famílias como sendo projetos parentais e mesmo os individuais). O CC/16 e a finalidade da legítima, sob as perspectivas do testador.

A CF colocou o ser humano no centro das relações jurídicas e com menor enfoque patrimonial, de modo que o direito civil foi repaginado, tal como o D. de Família e de Sucessão.

Até então, a tutela do herdeiro visada pela legítima foi suavizada. A legítima é instrumento de proteção da família, no interesse real de seus membros, concretizando princípios de dignidade e solidariedade.

Hoje: 50% do patrimônio do autor da herança, sendo que esse percentual se eleva quando há concorrência dos filhos com o cônjuge.

Brasil: sistema rígido.

Art. 3º, I, CF – a legítima visa distribuir compulsoriamente os bens do de cujos entre os membros mais próximos da comunidade familiar, auxiliando-lhes no processo de inserção social (Ana Luisa Maria Nevares)

Panorama instalado pelo CC/02 – princípio da concretude, da função social.

Art. 1848 – regra geral: intangibilidade da legítima. A oneração é a exceção.

Page 18: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

A parte disponível da herança ainda pode ser clausulada conforme vontade do testador, mas a legítima apenas pode ser restringida se houver JUSTA CAUSA.

Art. 1.848. Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre os bens da legítima.

§ 1o Não é permitido ao testador estabelecer a conversão dos bens da legítima em outros de espécie diversa.

§ 2o Mediante autorização judicial e havendo justa causa, podem ser alienados os bens gravados, convertendo-se o produto em outros bens, que ficarão sub-rogados nos ônus dos primeiros.

JUSTA CAUSA; cláusula aberta, o que é bom. É conceito subjetivo e indeterminado, propositadamente vago, para permitir a atividade integradora do julgador.

Problema – não é causa, mas é motivo.

Conceito de justa causa – motivo sério, concreto, lícito, apontado pessoalmente pelo autor em instrumento idôneo, sempre no interesse do herdeiro beneficiário da disposição que, se persistentes ao temo da abertura da sucessão, justificam a inalienabilidade, a impenhorabilidade ou a incomunicabilidade sobre a legítima do herdeiro necessário.

CAUSA –

deve vir ao encontro do INTERESSE DO HERDEIRO (e não do testador). Preocupações do pai, p. ex., não valem, tal como proteger o herdeiro da dilapidação.

Não podem afrontar o art. 166 do CC (objeto lícito e moral).

Além disso, a justa causa deve ser persistente ao tempo da aberturada sucessão. Ex. faz no ano 2000 justificando na perdularidade do filho (gastador compulsivo), mas a sucessão foi aberta em 2012, quando o herdeiro não tem mais tal comportamento.

CONSEQUÊNCIAS DA JUSTA CAUSA:

Requisitos de validade: dicotomia entre requisitos formais ou extrínsecos e requisitos de conteúdo ou de mérito

REQUISITOS ESSENCIAIS FORMAIS OU EXTRÍNSECOS:

Apontamento de uma justa causa (justa no sentido de conformar-se à lei, a moral, aos bons costumes e estar apoiada em fatos concretos)

Pessoalidade da declaração (apenas o próprio testador pode clausular, pessoalmente, sendo vedada a procuração)

Idoneidade do objeto utilizado para as cláusulas restritivas – requisito essencial do ato jurídico – aptidão para produzir os efeitos. Deve ser em testamento, necessariamente (ou no instrumento de doação que antecipa a legítima do herdeiro)

DECORREM DA LITERALIDADE DO ART. 1848 c/c art. 166, VII, CC.

Page 19: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

VIOLAÇÃO – nulidade da cláusula face descompasso entre o 1848 e 166, VII, do C. Civil

Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:

(...)

VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.

MOTIVOS – devem ser declarados em testamento.

VÍCIOS DE FUNDO E DE MÉRITO – os motivos devem ser declarados e provados.

QUESTÕES A SEREM RESPONDIDAS

Art. 544 – doação em vida é antecipação da legítima do herdeiro necessário.

Doutrina defende que a justa causa na clausulação dessas doações também deve ser declarada e demonstrada – TJRS AC 70009761180, Des. André Villarinho, j. 27/10/2005

Palestrante – o sistema de proteção à família não se harmoniza com a ideia.

LEGITIMIDADE E MECANISMOS PARA A IMPUGNAÇÃO:

Mecanismo de impugnação:

Feriu requisitos formais – incidente de apresentação de testamento – a doutrina é uniforme que o procedimento é muito singelo e não cabe a impugnação. Mas o Palestrante sustenta que se falta justa causa, é nesse incidente que a nulidade deve ser alegada. É afronta a norma de ordem pública e até mesmo o juiz poderia reconhecer de ofício no incidente. Da mesma forma, é nesse momento e incidente que a questão deverá ser levantada.

Ap. Cível 497.715-4/9-00, TJSP, rel. Des. Reis Kuntz – é impossível discutir a justa causa no procedimento de apresentação e registro do testamento.

IMPUGNAÇÃO NO INVENTÁRIO É PACÍFICA:

Sentido contrário, entendendo ser possível a discussão nos autos do inventário – Ap. Cível 00022337.47.2004, TJSP, Marcos Andrade, ausência de justa causa demanda análise exclusivamente jurídica, sem questões de alta indagação.

MARCELO TRUZZI – entende que a justa causa e sua justificativa podem ser feitas em instrumento separado do testamento principal, mas também através de testamento.

Impugnação – qualquer interessado e até o MP podem impugnar a justa causa. Há quem sustente que apenas o herdeiro interessado.

PARA O PALESTRANTE – sustenta que os requisitos de validade podem ser questionados pelo MP, pois o art. 166 é de ordem pública. Violado requisito de forma, qualquer interessado poderá suscitar o problema, até porque o juiz pode mesmo reconhecer de ofício.

Se a questão for de fundo – procedência ou improcedência da justa causa – por ser intangível a legítima em interesse do herdeiro, apenas este, o interessado, poderá impugnar.

Page 20: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

EXARADO O CUMPRA-SE- nada importa já que ineficaz o testamento ou a cláusula ineficaz será após o cumpra-se.

OPORTUNIDADE PARA A IMPUGNAÇÃO – apenas após a abertura da sucessão, inclusive a justa causa da doação em antecipação da legítima.

Ônus da prova e casos de dúvida – AI 461.519-4 – sugere que na dúvida permanecerá a cláusula. Fato constitutivo do direito cabe ao instituidor declarar a causa, tendo o cuidado da pessoalidade da declaração e a idoneidade do objeto. Requisitos formais são preocupação do testador. O mérito da clausula cabe ser discutido pelo herdeiro.

O testador declara a justa causa, cuidando de dar os elementos de prova. Para impugnar o conteúdo, o herdeiro prejudicado deverá provar.

Dúvida – os requisitos formais foram atendidos e a causa é razoável. O herdeiro impugna a causa e surge dúvida: DOUTRINA: a cláusula deve prevalecer. O PALESTRANTE entende o contrário, pois a intangibilidade da legítima deve prevalecer. o patrimônio deve ser liberado em nome do interesse social.

Coisa julgada e justa causa

Testamentos lavrados anteriormente ao CC/02 – há necessidade de “aditamento” do testamento, POR UM NOVO TESTAMENTO, para inserir a justa causa das cláusulas restritivas.

Os requisitos formais do testamento são aqueles da lei vigente quando da feitura, mas o conteúdo deve obedecer à lei da abertura da sucessão.

_____________________________________________________________________

TARDE13h45 às 14h45 – Palestra: “HOLDING” FAMILIAR E SUAS APLICAÇÕES NO DIREITO DE FAMÍLIA E DAS SUCESSÕES

Presidente de mesa: Dra. Maria Beatriz Ciarlariello. Diretora do IBDFAMSP. Advogada

Expositor: Dr. Gladston Mamede. Doutor pela UFMG. Professor da Universidade FUMEC. Presidente do Instituto Jurídico Pandectas

Holding pura – sem atividade empresária. Sociedade com objetivo exclusivo de titular das quotas ou ações de outra ou outras sociedades.

Holding de controle: constituída para deter o controle societário de outra ou de outras sociedades

Holding de participação: constituída para deter participações societárias, sem ter o objetivo de controlar outras sociedades

Holding de administração: constituída para centralizar a administração de outras sociedades, definindo planos, orientações, metas etc.

Holding mista: sociedade produtiva, mas que detém participação societária relevante em outra ou outras sociedades

Page 21: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

Holding patrimonial: sociedade constituída para ser a proprietária de determinado patrimônio.

NATUREZA:

SIMPLES – registradas nos Cartórios de Registro de pessoas Jurídicas

EMPRESÁRIA – registradas nas Juntas Comerciais.

A escolha entre a natureza simples ou empresária deve levar em conta as particularidades de cada caso. É uma escolha estratégica.

DESCONSIDERAÇÃO REVERSA DA PERSONALIDADE JURÍDICA – prática jurídica para buscar patrimônio escondido: e muito comum que se coloque na Junta Comercial a holding que quer que seja conhecida e em forma de sociedade simples aquela que se quer esconder. Quem pretende que não se controle as atividades e o patrimônio, a escolha deve ser feito na forma de sociedade simples, registrada em Cartório de cidade do Interior.

Todavia, a empresa aparecerá no imposto de renda, mas sempre fica mais discreta.

Estrutura em cadeia: holdings que se constituem ligadas entre si, dificultando a identificação da administradora.

USAR TODOS OS TIPOS SOCIETÁRIOS? Não é possível usar cooperativas

Sociedades simples: em sentido estrito, em nome coletivo, em comandita simples, Ltda. e cooperativa (esta não pode).

Sociedades empresárias – em nome coletivo, em comandita simples, ltda., anônima e em comandita por ações.

Também deve se levar em conta a particularidade de cada família.

A cultura brasileira valoriza as Ltda. e S/A, mas isso não é uma necessidade.

Ato constitutivo:

Estatuto – Fundações, Associações

- sociedades: por ações (anônima/comandita) ou cooperativa

Contrato - sociedades simples comum, em nome coletivo, em comandita simples e Ltda.

Não há um tipo melhor ou pior. Cada tipo tem características próprias. Define-se de acordo com o perfil da empresa, patrimônio e família.

As associações, fundações e cooperativas não se prestam à constituição de holding.

Conforme a família que vai titularizar a empresa, deve ser verificada a naturez do ela entre elas, para analisar se o ideal é um estatuto (relações horizontais) ou contrato (relações verticais).

Estatutos – os associados não estão obrigados entre si

Page 22: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

Sociedades contratuais – há possibilidade de denúncia imotivada do vínculo. Antes, por causa da lei 6404, não via possibilidade de denuncia nos estatutos, mas o STJ, em julgamento de Nancy Andhrigi, nas sociedades familiares passou a ser admitida essa denúncia.

Na família, os pais acionistas são familiares entre si, desnaturando as sociedades. Portanto, apenas nas sociedades familiares admite-se o amplo direito de dissolução parcial da companhia pela falta de affectio societatis.

DIMENSÃO ESCRITURAL DAS PESSOAS JURÍDICAS – as possibilidades e os méritos da constituição de uma holding familiar, bem como de todo e qualquer planejamento societário, estão no próprio artifício jurídico que é a pessoa jurídica.

O advogado, usando a legislação, tem ampla liberdade de dar forma à estrutura da sociedade. Pode fixar a administração em um ou todos os sócios, toda e qualquer forma de representação, maioria ou não para as decisões etc.

Ex. holding do Itaú: são 3 classes de ações, sendo uma em titularidade de uma das famílias controladoras. Cada classe tem direito a um voto e o estatuto prevê que todas as decisões devem ser unânimes, impedindo decisões que desagradem uma dessas famílias.

A dimensão escritural dá ao advogado uma ferramenta para resolver várias situações peculiares das famílias.

Há pais que imprudentemente tentam resolver as brigas entre os filhos criando sociedades anônimas e quando falecia os irmãos eram amarrados pela sociedade. Agora, após a decisão do STF. Qualquer um deles pode sair quando quiser.

VANTAGENS: uniformidade de administração e relacionamento com a sociedade em gera,

O fundador ou patriarca, que em regra é o que toca a empresa, mas que um dia irá morrer, pode criar as holdings e dar personalidade jurídica a cada uma das sociedades controladas pela holding. Ele falará pelo grupo, pela organização (pela família).

- contenção dos conflitos familiares: instancia societária própria da família – com a morte do fundador, a família permanecerá na titularidade do patrimônio do falecido .

A holding permite que a morte do majoritário, o voto da holding continue com o peso dessa posição.

Há pessoas vocacionadas para a atividade empresária e outras não.

Divisão funcional dos membros da família:

Holding – todos os familiares tornam-se, indistintamente, sócios da holding, cuja receita provém das sociedades controladas e filiadas. Cada sócio recebe dividendos proporcionais à sua participação societária, independentemente de trabalhar, ou não, nas empresas.

Sociedades operacionais – aqueles que mostram disposição e vocação para atuar nas empresas, ocupam cargos de direção ou funções no organograma das sociedades produtoras,

Page 23: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

sendo remunerados por este trabalho, por meio de pro labore, se diretores, ou salário, se funcionários.

Possibilidade de adoção de administração profissional, sem perda do comanda dos empresas: o que é permitido ainda que nenhum dos acionistas tenha vocação empresarial, possibilitando a contratação de administração profissional, com prestação de contas rigorosa. Ex. Klabin – a família controladora, pelo estatuto, é proibida de participar da administração das operacionais.

OTIMIZAÇÃO da sucessão patrimonial/empresarial :

Sucessão intestata – Administração anterior – morte e abertura de inventário – definição da distribuição dos bens – definição da nova administração

Planejamento sucessório – administração anterior – constituição da holding familiar =- morte e inventário – continuidade da holding e das empresas

As empresas precisam de comando, a fase de sucessão é o início da crise que levou muitas empresas à quebra. Com o planejamento sucessório a situação é antecipada, pois o patrimônio é titularizado por uma holding, cujo estatuto irá reger a forma de administração quando for aberta a sucessão do fundador.

VANTAGENS GENÉRICAS:

Proteção contra terceiros (não é blindagem) – fixa direitos e deveres em pessoas bem localizadas

Proteção contra fracassos amorosos – casamento por comunhão universal de bens pelos herdeiros. A holding permite mecanismos para pagamento dos direitos do que se retira. Se um sócio indesejado sair, não irá descapitalizar a empresa, se houver previsão de pagamento parcelado de seus direitos.

Internacionalização: offshore company

CONSTITUIÇÃO DA HOLDING, PASSO A PASSO-

Avaliação da melhor estrutura societária para a holding e controladas: (chamar cada uma das pessoas da família para conversar para que se avalie isso com maior adequação) – conforme a conversa pode ser escolhida a forma de sociedade simples ou empresária, se é contratual ou estatutária, qual o tipo societário.

São escolhas estratégicas, devendo levar em conta particularidades de cada caso.

Avaliação da melhor forma de integralização de capital (dinheiro, bens ou créditos ou participações societárias), com muita atenção aos impactos fiscaisEstratégias acessórias

Atenção na redação do ato constitutivo:a- Redação de ato constitutivo que previna conflitos e preveja soluçõesb- Avaliação do proveito de se firmarem pactos parassociais (ex. como os filhos

participarão ativamente da empresa, qual cargo inicial e forma de evolução, impedimento de genros e noras de participar da administração. São regras que não precisam constar do estatuto social/contrato social, podendo figurar no instrumento paralelo)

Page 24: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

c- Eventual necessidade de estabelecimento de mecanismos de proteção a minoritários

14h45 às 15h45 – Palestra: OS LEGADOS NO CÓDIGO CIVIL DE 2002. QUESTÕES POLÊMICAS Presidente de mesa: Dra. Daniela de Carvalho Mucilo. Advogada. Diretora do IBDFAMSP Expositor: Dr. Mário Luiz Delgado Régis. Doutorando pela USP. Mestre pela PUCSP. Professor da EPD. Diretor do IBDFAMSP. Advogado

Cultura preconceituosa dos brasileiros de não fazer testamento, ou porque dá azar (incutido pela igreja, pois quem não tinha testamento possibilitava a transferência dos bens à igreja ou ao estado) ou de que apenas quem tem patrimônio pode fazer testamento.

Testamento vital – não é testamento

O brasileiro deve evoluir no Direito Sucessório na área testamentária, para que se considere a abertura da sucessão o momento da morte cerebral. Há casos de postergação do cumprimento do testamento mesmo em caso de vida vegetativa. Evolução que deve seguir juntamente com a medicina, para fixar o exato momento da morte cerebral.

Sucessão testamentária pode solucionar e evitar muitos problemas hoje recorrentes na prática.

Outra proposta para minimizar as discussões será com a extinção da legítima. Em muitos países não há essa figura.

Sucessão testamentária seria mais prestigiada e o pleno exercício do direito de liberdade para as pessoas disporem de seu patrimônio.

Hoje, com a legítima, o testamento pode tratar de 50% do patrimônio disponível, fazendo parte dessa possibilidade o uso dos legados.

Distinção entre herança e legado: herdeiro é sucessor do de cujus, do testador, e que sucede na totalidade ou em cota específica do patrimônio. O legatário sucede apenas em bens e valores determinados.

O herdeiro recebe um percentual do patrimônio, deixando bem determinado, não há herança, mas legado. O legatário é credor da herança, não responde pelas dívidas da herança. O legado é encargo da herança, portanto.

No caso de herança, incide o princípio de saisine, mas isso não ocorre com o legado.

Interpretação do testamento, pela primazia da vontade do testador. Não importa se o testador chamar o beneficiário de herdeiro do apartamento tal, porque se destacar um bem em especial, será legatário.

Em determinado testamento, ao inserir que o legado era deixado para sua companheira o imóvel tal, tratando assim àquela cuidadora, que nunca viveu em união estável, permitiu que essa pessoa fosse nomeada inventariante e obtivesse tratamento de convivente, pois houve leitura literal de uma única frase do testamento. No caso concreto, em nenhum outro momento do texto, havia qualquer referência a qualquer vínculo de convivência, prejudicando os herdeiros que precisam provar que ela se beneficiou dessa peculiaridade da redação.

Page 25: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

O testador pode legar bem que não seja seu? A princípio, conforme art. 1.912, há ineficácia do legado. Todavia, é possível, caso no momento da abertura da sucessão aquele bem exista. Portanto, o testador pode legar um bem que ainda irá adquirir, que se existir no momento da abertura da sucessão, será regra eficaz.

De outro lado, se o legado existir no momento do testamento, mas o testador alienar o bem em vida, o legado caducará, retirando do legatário qualquer direito em relação ao bem.

Legado de coisa alheia – nomear alguém como herdeiro ou legatário com o encargo de entregar uma coisa a entregar ao terceiro: é o sublegado.

Outra situação é o testador ser condômino do bem inserido no testamento como legado: não sendo dono da integralidade do bem, a transmissão do legado se limita à parte de propriedade do testador, ficando ineficaz quanto ao excesso.

Art. 1912 e seguintes do CC – regula os legados. A disciplina dos legados está ligada à teoria geral das obrigações. Legado e obrigação da herança e se rege pelos art. 413 e s. do CC.

Legado de coisa genérica – se determina pelo gênero (ex. lega 10 cabeças de gado a fulano. Aplica-se a teoria geral para a concentração do legado – escolha não pode recair no melhor nem ser obrigado a aceitar o pior)

- sem determinação expressa do testador, a escolha caberá ao herdeiro (contrariamente à regra geral)

- legado de imóvel de até determinado valor: o herdeiro irá adquirir o imóvel compatível com o valor estabelecido, atendendo a vontade do testador, para pagar o legado.

Art. 461 do CPC- sendo credor da herança, o legatário pode executar a herança.

LEGADO ALTERNATIVO – lega ou a casa x ou apto y. A escolha cabe ao legatário, se não houver disposição expressa do testador quanto à escolha.

LEGADO DE COISA SINGULARIZADA PELA LOCALIZAÇÃO PERMANENTE – o testador identifica o bem pela sua localização (deixo para F. os bens da sala de jantar). Se a coisa não for mais encontrada no local, o legado fica ineficaz, salvo:

a) Se a remoção do bem foi feita transitoriamente (para pintura do imóvel, ou para reparos, uma obra de arte foi para exposição, restauração)

b) Se a remoção foi feita maliciosamente pelo herdeiro – a prova cabe ao legatárioSe foi o testador que removeu o bem, há ineficácia do legado, pela presunção de que o próprio testador quis alterar sua disposição de última vontade.

Art. 1.917. O legado de coisa que deva encontrar-se em determinado lugar só terá eficácia se nele for achada, salvo se removida a título transitório.

LEGADO DE CRÉDITO E LEGADO DE QUITAÇÃO – no primeiro equivale a uma cessão de crédito causa morte (o testador deixa para o legatário um crédito que ainda não venceu) e o segundo o testador é o credor do legatário e dá quitação. No primeiro caso o crédito ainda deve subsistir no momento da abertura da sucessão. Se houve pagamento parcial do crédito o legado subsiste parcialmente, até o quanto que subsistiu. Por ser cessão de crédito as regras deste instituto se aplicam.

Page 26: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

No legado de quitação o cumprimento compete aos herdeiros e se realiza mediante a entrega do título ao legatário ou um termo de quitação.

Art. 1.918. O legado de crédito, ou de quitação de dívida, terá eficácia somente até a importância desta, ou daquele, ao tempo da morte do testador.

§ 1o Cumpre-se o legado, entregando o herdeiro ao legatário o título respectivo.

§ 2o Este legado não compreende as dívidas posteriores à data do testamento.

Se o legado se refere a uma dívida específica que é paga pelo legatário antes da abertura da sucessão, e vem a contrair outra, esta segunda não se subrroga na quitação legada. Não cabe ação de repetição de indébito se pagou antes da abertura da sucessão.Se o testador faz um legado ao seu próprio credor, não ocorre a compensação das dívidas. Se declarou expressamente o contrário o legatário recebe tanto a quitação, quanto o próprio legado.

Art. 1.919. Não o declarando expressamente o testador, não se reputará compensação da sua dívida o legado que ele faça ao credor.

Parágrafo único. Subsistirá integralmente o legado, se a dívida lhe foi posterior, e o testador a solveu antes de morrer.

O LEGADO DE QUITAÇÃO – equivale à remissão da dívida do direito das obrigações. O testador, pelo legado, perdoa a dívida.Legado ao credor do testador não há compensação, salvo se o testador estabeleceu isso expressamente. No silêncio, não ocorre compensação de dívidas. O credor do testador receberá duas vezes, seu legado e o crédito que será habilitado no inventário.

LEGADO DE ALIMENTOS – legado envolve a prestação de alimentos, que abrange sustento, cura, vestuário, casa e educação (se menor, quanto à educação), enquanto o legatário viver – não se limita à maioridade o legado de alimentos, exceto se o próprio testador limitar a prestação a alguma idade.

Dívida de valor e dívida de dinheiro – Teoria Geral das Obrigações – é dívida de valor o legado de alimentos. O testador deve expressamente dizer que está deixando um legado de alimentos. Sendo dívida de valor, cabem todas as regras de alimentos, inclusive a ação revisional contra os herdeiros que recolheram a legítima e aplicaram a parte disponível para cumprir o legado. Os herdeiros, também, podem revisionar para baixo e as forças da herança não suportarem o cumprimento.

O juiz fixa um valor que satisfaça a amplitude do direito.Se o testador estabelece que deixa uma renda mensal de R$xx, trata-se de dívida de dinheiro, e será reajustada na forma da disposição. Nesse caso não cabe ação de alimentos.Os alimentos também podem ser fixados a título de sublegado – o legatário recebe o legado se prestar alimentos a outrem.O testador se quiser efetivamente deixar legado de alimentos, deve deixar isso claro para que não seja tratado como dívida de dinheiro (deixar renda mensal não aplica o 1.694 e nem a Lei

Page 27: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

de Alimentos). Ainda que estabeleça a importância, deve dizer que se refere a alimentos, moradia e educação, p. ex.

Art. 1.920. O legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver, além da educação, se ele for menor.

LEGADO DE USUFRUTO – prazo do usufruto – se o testador não estabelecer o prazo do usufruto, considera-se vitalício, em se tratando de pessoa física e, se for PJ, será pelo prazo de 30 anos (é uma presunção – art. 1.410, III), salvo se a PJ se encerrar antes disso. O legatário será usufrutuário dos bens especificados ou de toda a herança, se o testador não destacar o bem.Pessoa jurídica – se o legatário for PJ e sem estabelecimento de prazo, este será de 30 anos.

Art. 1.921. O legado de usufruto, sem fixação de tempo, entende-se deixado ao legatário por toda a sua vida.

Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de Imóveis:

(...)

III - pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi constituído, ou, se ela perdurar, pelo decurso de trinta anos da data em que se começou a exercer;

Em nenhuma hipótese o usufruto ultrapassa a pessoa do usufrutuário – este não pode legar seu legado a outrem (exceto se houver o direito de acrescer, fixado no testamento – art. 1.946)

LEGADO DE IMÓVEL – se o testador fizer alterações, aplica-se a regra geral do art. 1922. Os acréscimos não se incluem no legado, salvo disposição expressa do testador.Na regra geral não se incluem as acessões e benfeitorias. Estas se agregam ao imóvel.Polêmica – quando há dúvida quando o testador quis beneficiar o legatário com esses aumentos: ex. comprou o terreno ao lado e construiu a piscina – pela regra geral não estaria agregada, mas se a piscina ficou totalmente integrada ao imóvel, pode ser considerada aplicada a prevalência da vontade do testador – considera-se presunção de que o testador quis beneficiar o legatário com a benfeitoria, ainda que em terreno adquirido depois.Situações em que o acessório passa a ser mais valioso que o principal – legou o terreno e depois construiu o prédio de 20 andares – pela regra geral o acessório segue o principal. Há quem sustente que o testador quis beneficiar o legatário, se construiu e não alterou o testamento (doutrina mais tradicional). INTERPRETAÇÃO CASO A CASO: NOVA DOUTRINA. A interpretação privilegia a vontade do testador, situando-a no tempo e no espaço, levando também em conta fatores econômicos e sociais. O direito não pode se divorciar da realidade social ou econômica. Nova doutrina (Zeno Veloso), propõe que se investigue a vontade do testador. Se foi da vontade do testador beneficiar o legatário ou se a vontade mudou (construiu um shopping no terreno – é hipótese de caducidade do legado se o bem se transformou em outro bem):

Page 28: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

investigar se houve intenção de beneficiar ou de transformar. Naquele caso persiste a disposição e neste há a caducidade.

Art. 1.922. Se aquele que legar um imóvel lhe ajuntar depois novas aquisições, estas, ainda que contíguas, não se compreendem no legado, salvo expressa declaração em contrário do testador.

Parágrafo único. Não se aplica o disposto neste artigo às benfeitorias necessárias, úteis ou voluptuárias feitas no prédio legado.

CADUCIDADE DOS LEGADOS:

5 hipóteses:a) Transformação do legado: depois do testamento o testador modificar a coisa legada,

ao ponto de já não ter a forma nem lhe caber a denominação que possuía – se nenhum elemento comprovar que o testador quis beneficiar o legatário com a melhoria significativa do bem, considera-se caduca a disposição. Caso do exemplo do terreno onde foi, depois, edificado um Shopping Center. A regra geral é que o que está acima do solo abrange o legado, mas se a acessão for de tal forma e monta que supere em valor o próprio legado, ocorre a extinção do legado.

b) Alienação da coisa total ou parcialmente: se o testador, por qualquer título, alienar no todo ou em parte a coisa legada; nesse caso, caducará até onde ela deixou de pertencer ao testador. Se vendeu, é porque mudou sua vontade. O momento da verificação é o da abertura da sucessão.

c) Perecimento da coisa sem culpa ou evicção: se a coisa perecer ou for evicta, vivo ou morto o testador, sem culpa do herdeiro ou legatário incumbido do seu cumprimento.A caducidade se verifica por perda do objeto. A culpa do herdeiro leva à responsabilidade pelos atos que praticou com culpa ou dolo.A coisa perece para o dono: se o testador estava vivo quando do perecimento, perece para ele a coisa. Se pereceu depois da morte, o prejuízo é do legatário.

d) se o legatário for excluído da sucessão, nos termos do art. 1.815:Na verdade a exclusão por indignidade é tratada no art. 1.814 e se aplica aos legatários. No art. 1.839 há erro, pois se reporta ao art. 1.815, quando na verdade se refere ao art. 1.814.

e) Morte do legatário - se o legatário falecer antes do testador não há direito de representação na sucessão testamentária. Há ainda outras hipóteses: falecer antes do implemento de condição suspensiva ou fixação de termo também gera a caducidade, ainda que venha a falecer depois do testador. Se o legatário morrer depois de receber o legado, o bem passa a integrar seu próprio patrimônio e se transmite aos seus herdeiros, mas não se trata de representação.

f) A renúncia ao legado também gera caducidade

HÁ UMA SITUAÇÃO EM QUE mesmo falecendo antes ele subsiste: o legado feito a duas pessoas conjuntamente e um deles falece – é o direito de acrescer______________________________________________________________

Page 29: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

16h15 às 17h15 – Palestra: REGIME DE BENS E SUCESSÃO Presidente de mesa: Dr. Daniel Blikstein. Doutor pela PUC/SP. Conselheiro Estadual da OAB e Presidente do XVII Tribunal de Ética e Disciplina da OAB/SP. Diretor do IBDFAM-SP. Advogado

Expositor: Dr. Rodrigo da Cunha Pereira. Doutor pela UFPR. Presidente Nacional do IBDFAM. Professor da PUCMG. Advogado

Tripé e esteio do direito Civil: família, propriedade e contrato.

A situação disso é importante porque se trata da transmissão da propriedade, que interessa à ordem jurídica e a um sistema capitalista que faz repensar a questão da propriedade privada. A sucessão é complemento natural complemento do direito de propriedade (e a transmissão dos bens).

Preconceitos:

- fazer testamento e fazer pacto antenupcial. É cultural.

Uma das maiores e mais significativas mudanças do CC/02 foi a inclusão do cônjuge como herdeiro necessário, pois altera toda a lógica e sequencia da transmissão do patrimônio e propriedade privada.

Art. 1845 – são herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.

INTERFERÊNCIA EXCESSIVA NA VIDA PRIVADA?

CASAIS QUE SE DIVORCIAM EM RAZÃO DISSO.

Para o palestrante, foi a pior alteração e interferência do legislador na vida privada. Mulher casada pelo regime da comunhão parcial de bens. Recebe herança do pai e não quer que essa herança vá para os familiares de seu cônjuge, que será seu herdeiro necessário. Ela se divorciou para instituir uma união estável.

Ocorre que, agora, se discute a igualdade entre casamento e união estável, o que eliminaria a opção do exemplo acima.

Art. 1845 – herdeiros necessários são os descendentes, ascendentes e cônjuge.

Além de herdeiro necessário, o cônjuge passou a ser concorrente com os demais herdeiros.

REGIME DE BENS NO CC/2002

Para compreender melhor o endereçamento dos bens aos sucessores de quem falece, se este foi casado, convém mencionar os regimes de bens que regem o casamento, hoje:

regime da comunhão parcial de bens (art. 1658 a 1666)

regime da comunhão universal de bens (art.1.667 a 1.671, CC)

regime da comunhão final dos aquestos (art.1.672 a 1.686)

regime da separação de bens:

Page 30: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

separação obrigatória de bens (art. 1.641)

regime da separação convencional de bens (art. 1.687 e 1.688)

Desrespeito à autonomia da vontade e da liberdade. Timidez da Lei 12.344/2010 para 70 anos

TJMG 1.0491.04.911594-3/2011

PACTO ANTENUPCIAL

Art. 1.639 – os nubentes podem fundir regimes, criar e modificar os previstos em lei. O nome de tais regimes pode alterar a ordem e vocação hereditária

Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver.

§ 1o O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do casamento.

§ 2o É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros.

Qual o nome do novo regime, fundido, e altera a ordem da vocação hereditária:

Ap.Civ. TJMG 1.0024.02.698806-3/001, de 27/7/2007 – no pacto antenupcial não basta que insira o regime de bens do casamento, deve estar acompanhado da escritura.

O que pode ser estabelecido no pacto antenupcial ou pos nupcial?

- objeto lícito – se o objeto não for lícito, será nulo.

Nulo o paco antenupcial, em sua totalidade ou em qualquer arte, se violar disposição legal cogente. Ex. contrato de convivência envolvendo três pessoas.

- pode aumentar para 80 anos a idade para a separação obrigatória de bens naquele casamento?

- Só questões patrimoniais?

O art. 1.513 – é defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família. Pode ser direcionado, desde que não contrarie a lei, como cercear direitos paternos ou maternos ou até de filiação.

- pode tratar da fidelidade ou quebra do princípio da monogamia? Se quiserem regulamentar a possibilidade de ter amantes.?

Quando modificado o regime de bens, pode ensejar o pacto pós nupcial. Sem ele, aplica-se o regime do novo regime adotado.

REsp. 992749, Nancy Andrighi, 3ª Turma. STJ: liberdade na pactuação do regime de bens, mas isso não pode ser podado na fase sucessória.

Page 31: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

Pacto pós nupcial – art.1639

Questões intertemporais e o pacto – art. 2039 o a jurisprudência admite a mudança de regime de casamento mesmo para os celebrados antes do CC/2002,

HERANÇA DE ACORDO COM O REGIME DE BENS DO CASAMENTO

ART. 1790 – sucessão dos companheiros – muda a ordem da vocação hereditária na união estável. É polêmica sua constitucionalidade.

Art. 1829 –

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;

II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;

III – ao cônjuge sobrevivente;

IV – aos colaterais

Concorrência do cônjuge sobrevivente com os descendentes:

Regimes que concorrem:

o regime da comunhão parcial de bens:

com bens particulares

o regime da separação convencional de bens

o regime da comunhão final dos aquestos

Não concorrem:

o regime da comunhão universal de bens

o regime da separação obrigatória de bens

o regime da comunhão parcial de bens:

sem bens particulares

Page 32: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

Confusão entre herdeiro e meeiro – categorias diferentes. No regime da comunhão parcial de bens: é herdeira naquilo que não é meeiro. O cônjuge, ao entrar na concorrência com os filhos, passa a figurar em situação mais favorável.

Quanto à herança e também ao direito real de habitação: o CC não revogou as leis que regem a união estável e regulam o direito real de habitação:

Casamento – art. 1831 CC

União Estável – Lei 8.071/94, art. 2º e Lei 9.278/96, art. 7º, § único.

Direito intertemporal no Direito Real de Habitação – art. 2039 CC e 2041.

REsp. 1204347 , Min. Felipe Salomão.

REsp. 82.1660/DF, min. Sidney Beneti.

SEEPARAÇÃO DE FATO/CESSAÇÃO DO REGIME DE BENS:

O que é a separação de fato? A separação cria uma nova situação jurídica, inclusive cessando o regime de bens do casamento e da união estável.

Art. 1830 – reconhecimento do direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se não estavam separados de fato ou se estavam, que não havia culpa do cônjuge sobrevivente.

TJMG – bens adquiridos durante da separação de fato não se comunicam independente do regime de bens do casamento.

Precisa da separação de corpos judicial?não, RESP 1065209/SP, Min. João Otávio de Noronha, 4ª Turma.

Clausula de incomunicabilidade:

- o regime da comunhão universal de bens não há herança (art. 1668), mas há bens que não se comunicam e nesses bens haverá herança.

Art. 549 – doação inoficiosa RESP 112254/SP. Min. Fernando Gonçalves, 4ª Turma.

Polêmica: quais as mudanças do CC são necessárias? Proposta do palestrante é que se faça, em discussão com a sociedade, é retirar da categoria de herdeiro necessário o cônjuge.

25 de Agosto – Sábado

9h15 às 10h15 – Palestra: PREMISSAS PARA ALTERAÇÃO DAS REGRAS DA CONCORRÊNCIA SUCESSÓRIA.

Presidente de mesa: Dra Verônica Marques da Cruz. Diretora do IBDFAMSP. Advogada Expositor: Dr. José Fernando Simão. Livre-docente, Doutor e Mestre pela USP. Professor Associado da Faculdade de Direito da USP. Diretor do IBDFAMSP. Advogado.

1ª Premissas da sucessão anteriores ao CC/02

Page 33: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

2ª Premissas no atual contexto

3ª Premissas da proposta de reforma

Início em 2007 da elaboração do Estatuto das Sucessões:

Reformar ou não, eis a questão:

Cônjuge e companheiro – qual o papel do jurista? Maior comprometimento do que o que envolve o legislador – o jurista deve desfazer o emaranhado legislativo.

Há quem diga, p. ex., Mario Delgado, que não se deve reformar (isso antes de 2002), pois se tivesse ocorrido não se teria possibilitado a evolução jurisprudencial. Há problemas que devem ser solucionados pelos juristas.

Porém, em matéria sucessória, Giselda Hironaka conclui que “demonstramos, em uma espécie de percurso ponto a ponto, essas tentativas de soluções; assim concluímos que, segundo o nosso sentir, não pode haver melhor solução que a de se buscar mudar e, logo, a descompassada legislação sucessória.

Assim, em questões contratuais, a evolução jurisprudencial tem espaço, porém em matéria sucessória o ideal é a alteração legislativa.

Direito é tese, antítese e síntese, com várias correntes, passa a ser confuso quando se chega a 8 correntes diversas para interpretar um dispositivo, demonstrando que está mal formulado.

Premissas: a- a igualdade no tratamento sucessório entre cônjuges e companheiros (art. 1611 CC/16 e art. 1º Lei 8971/94 e art. 7º da Lei 9278/96: antes do CC/02, eles eram comparados e colocados em terceiro lugar na sucessão e não concorriam com os descendentes ou ascendentes quanto à propriedade dos bens (art. 1603, III, do CC/16 e art. 2º Lei 8971). Mas o cojunge era usufrutuário vidual do imóvel da residência. O cônjuge casado pelo regime não da comunhão universal era herdeiro e o que era casado pelo outro regime não era herdeiro, mas tinha o usufruto.

A lei da união estável conferiu igualdade, concedendo direito real de habitação ao companheiro.

B - Hoje – o CC/02, trata com desigualdade os cônjuges e companheiros (art. 1790 e 1829 CC/02)- o legislador, optou por tratar do companheiro em tratar do companheiro nas disposições gerais, de forma isolada, com tratamento totalmente distinto ao cônjuge.

Cônjuge está na 3ª classe na sucessão e concorre com os descendentes ou ascendentes quanto à propriedade dos bens (art. 1819, I).

Ao concorrer com os descendentes depende do regime de bens, mas quanto aos ascendentes independe desse regime.

Companheiro – concorre com os concorrentes ou ascendentes quanto à propriedade dos bens. A diferença em relação ao cônjuge, o companheiro só participa quanto aos bens adquiridos onerosamente na constância da convivência e o cônjuge participa de toda a massa patrimonial.

Page 34: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

Caput do art. 1790, CC. Problema do dispositivo :

Resultado da lei – 1- Cônjuge quando casado pela comunhão parcial de bens é meeiro dos bens comuns e concorre com descendentes quanto aos particulares (tem meação e não concorre)

Companheiro (sem contrato escrito) é meeiro dos bens comuns e concorre com descendentes quanto aos mesmos bens, nada recebendo dos particulares. (situação oposta: tem meação dos bens adquiridos na constância da união e concorrência sucessória quanto aos demais bens)

Resultado é que metade dos tribunais brasileiros entende que o dispositivo é inconstitucinal porque priviliegia os companheiros em relação ao cônjuge. Concluem que é melhor unir do que casar. Outra parte entende que os regimes são diversos e assim deve ser aplicado. Geram decisões diametralmente opostas.

Apenas por isso já ensejaria reforma do sistema.

Resultado 2- O cônjuge tem, pelo art. 1832, tem garantia de quinhão mínimo quando concorre com descendentes comuns (25%).

Companheiro quando concorre com descendentes comuns recebe quota igual e com exclusivos recebe ½ quota (art. 1790, I e II).

Há desigualdade em relação ao quinhão.

C - premissa das legislações anteriores: cônjuge e companheiro excluíam da sucessão os parentes colaterais do falecido.

Feliciano Pena, em 1907, mudou as Ordenações Filipinas para tirar os colaterais que estavam em 3º lugar na sucessão para colocar o cônjuge. Portanto, o cônjuge, antes do CC/16, já ocupava o terceiro lugar na sucessão. O colateral qua até então excluía o cônjuge, ia até o 10º grau.

Em 1907 a aberração foi corrigida e as leis da união estável reproduziu o regime, equalizando os cônjuges e companheiros.

Hoje, com o CC/02, também exclui da sucessão os parentes colaterais do falecido (art. 1829, III)

Já o companheiro concorre com colaterais do falecido quanto aos bens onerosamente adquiridos na constância da união estável e os demais serão do colateral (art. 1790, III). Absurda a regra. O companheiro concorre com os colaterais quanto

Portanto, o cônjuge afasta os colaterais em relação a todos os bens, mas o companheiro, concorre apenas quanto àqueles adquiridos onerosamente na convivência e fica afastado em relação ao resto.

Ex. companheiros, o falecido não adquiriu bens e somente tem os recebidos em herança. Após 40 anos, a companheira fica sem nada, pois os bens anteriores vão integralmente aos colaterais.

Tribunais brasileiros – I- Regra é constitucional (SP, RS e DF)

Page 35: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

II – Regra é inconstitucional (PR)

Portanto, nem mesmo o Pleno dos Tribunais conseguem ver constitucionalidade no dispositivo.

O STJ está julgando a matéria, voto condutor do Min. Felipe Salomão, pela inconstitucionalidade do art. 1790 CC/02.

4ª premissa:

Legislação anterior – cônjuge e companheiro não eram considerados herdeiros necessários (art. 1721 CC/16)

Atual – apenas o cônjuge é assim considerado.

5ª premissa

Anterior- cônjuge e companheiro tinham direito real de habitação (art. 1611, §2º, CC/16 e art. 7º Lei 9278)

Atual – apenas o cônjuge tem direito real de habitação (art. 1831 CC/02)

CONCLUSÃO: REFORMA JÁ

Pontual de 6 dispositivos, antes da discussão do Estatuto das Sucessões, para acabar com o caos:

Art.

PREMISSAS PARA REFORMA:

1ª cônjuge e companheiro devem ter tratamento idêntico? SIM – com revogação do art. 1790 CC (se eles têm proteção constitucional e a família e família independente de sua conformação, não pode ser tolerado o entendimento de que união estável gera família de segunda classe) – o constituinte disse que o legislador infraconstitucional não pode editar leis que dificultem a conversão da união estável em casamento, mas sem permitir a interpretação de que a união estável é hierarquicamente inferior à família originária do casamento.

2ª cônjuge e companheiro devem continuar concorrendo com ascendentes e descendentes? SIM – critério: apenas quanto aos bens particulares (em que não há meação).

POR QUE? –

3ª deve ser mantida ou estendida a reserva legal de ¼ ao cônjuge na concorrência com descendente comum?

NÃO – é ilógica e padece de tradição histórica. Fere a lógica da afeição presumida.

4ª devemos manter o cônjuge como herdeiro necessário?

Questão fulcral. Os tribunais não gostam da regra e criam interpretações divergentes para fugir da regra. Portanto deveria ser abolida, segundo o palestrante.

Como garantir ao cônjuge um mínimo existencial sem agredir o senso comum?

Page 36: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

NÃO, cônjuge e companheiros são herdeiros facultativos, sem direito à legítima.

CONTUDO, criando o direito real de usufruto.

SUGESTÃO:

Acrescer parágrafo primeiro art. 1821: sem prejuízo do direito real de habitação, o cônjuge ou companheiro que, por força do regime de bens ou contrato escrito, não tiverem bens comuns, e por força de testamento não participarem da sucessão nos termos doa RT. 1829, terão direito ao usufruto, enquanto dele necessitar, da quarta parte dos bens do cônjuge falecido, se houver descendentes, deste ou do casal, e à metade, se não houver descendentes, embora sobrevivam ascendentes do de cujus”.

5ª manteremos as diferenças quando houver concorrência com descendentes comuns ou com exclusivos (art. 1790, I e II) no tocante ao companheiro?

NÃO – é ilógica e padece de tradição história. Fere a lógica da afeição presumida.

6ª O direito real de habitação deve ser a termo (vitalício) ou sob condição (se não constituir novo casamento ou união)?

O sistema tradicional deve ser reformado:

Art. 1831- ao cônjuge ou companheiro sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo....

§ 2º - poderá o juiz fixar termo para o exercício deste direito, considerando a necessidade de seu titular, bem como as condições pessoais dos descendentes ou ascendentes do falecido, mormente eventual deficiência destes que os impossibilite para o trabalho.

Portanto, a cláusula geral que dê ao juiz a possibilidade de fixar um prazo final para o exercício do direito permitirá os ajustes necessários a cada caso concreto.

_________________________________________________________10h45 às 11h45 – Palestra: O DIREITO DAS SUCESSÕES NA JURISPRUDÊNCIA DO STJ Presidente de mesa: Dr. José Fernando Simão. Diretor do IBDFAMSP. Advogado.

Expositor: Ministro Sidnei Beneti. Ministro do Superior Tribunal de Justiça.

O CC/02 tumultuou o que já estava pacificado na sociedade.

Antes, a legislação era clara e se discutiam e provavam fatos. Agora, antes da discussão dos fatos, gasta-se tempo com a questão jurídica, definindo qual o regime jurídico do instituto em análise.

As lidem devem ser solucionadas de qualquer forma, gerando decisões extremamente conflitantes. Tais decisões são premidas pelos casos concretos e de modo divergente inclusive entre as Turmas do STJ.

Por enquanto as questões sucessórias não têm sido trazidas em volume que permitam um julgamento nos moldes dos processos repetitivos, de modo a consolidar alguma tese. As questões sucessórias envolvem outras vertentes polêmicas da sociedade brasileira, que vem

Page 37: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

exigindo transformação do direito, com união estável, limites, efeitos, como se constitui, união homoafetiva, filiação socioafetiva e legal ou biológica, reprodução assistida, dentre outros. Tais questões vêm como pressupostos da sucessória. O Direito da Sucessão sofre reflexo de qualquer área do Direito, como obrigações, empresarial e familiar.

Perdidos os referenciais da doutrina e jurisprudência do anterior CC, passou-se a exigir nova construção. A jurisprudência é somatória de julgados no mesmo sentido, que confere perenidade ao entendimento, produto do diálogo de todos os tribunais. Porém, agora, têm-se julgados, mas ainda longe de consolidar jurisprudência.

Hoje, chegam ao STJ, as decisões vêm com o sentido de equidade, que deve ser sumulada. Equidade é a ciência do caso concreto, é a decisão do caso concreto com fundamento na lei.

Ideias fundamentais que permanecem – a antiga ordem da vocação hereditária o CC/16, que tinha uma redação clara para orientar a sociedade. A atual conformação da ordem de vocação hereditária, art. 1829, traz redação tão complexa e confusa, que é a grande fonte de divergências interpretativas, pois prevê a concorrência do cônjuge sobrevivente e com detalhamento dos regimes de bens. No inc. II também prevê a concorrência do cônjuge com os ascendentes do falecido.

Também há o art. 1.830, que apenas reconhece o direito sucessório se o casamento estava vigendo faticamente, sem separação judicial ou fática por tempo maior de 2 anos, ainda excepcionando a questão da ausência da culpa pela separação. Essa regra é outra fonte de grandes problemas, já que é a causa da exclusão da qualidade de herdeiro.

Por fim, o art. 1.790, ainda que tenha sido boa a previsão no Código Civil, coloca o companheiro atrás dos demais parentes sucessíveis, com regime diverso dos cônjuges.

O CC/02 trouxe instabilidade às relações jurídicas.

O STJ vem enfrentando isso da seguinte forma, em julgamentos de recursos especiais, que trazem maior relevância:

1ª Resp 1204347, D. habitação da companheira ainda que houvesse outro imóvel; 974.241 (concorrência do cônjuge); 821660 (d. habitação); 954567; AI em Resp 4972465; AI 950301, 400948; 1.117.563, 887990; 1.090.722; 1.111.1095; 992749, MS 14.509; E.Resp 636627; RO em MS 22684; 1.161.575; MS 14.205; 805806; 820814; 740127 e 658831.

Sucessão legítima abrangida nessa seleção. Mas nem sempre o julgador explicita toda a matéria decidida, inclusive porque em alguns casos não quer explicitar. A tese é obscurecida até que amadureça, pois poderá ser alterada.

3ª e 4ª Turmas – vieram ficar definitivas agora, porque passaram 4 ou 5 anos com composição incompleta e com participação de Des. convocados, retirando a certeza de que as decisões refletiam o entendimento da Corte.

Outros que enfrentaram temas polêmicos:

MS 22684; R.Esp. 992.749; R.Esp.. 1.117.573 (dois últimos de Nancy, com voto declarado de Sidnei Beneti); R.Esp.1.090.922 (M. Ieda); R.Esp. 954.567 (M. Ieda); R.Esp. 974.241 (Galoti); R.Esp.887.990 (Felipe Salomão) e R.Esp.974.241/DF (Isabel Galoti).

POSIÇÃO DOS JULGADOS:

Page 38: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

1º Nancy – quando casado no regime da comunhão universal de bens, considerado que o cônjuge é meeiro, não terá direito à herança. Interpretação mais literal do art. 1.829 do CC.

2º Polêmico – 1.117.563- além das linhas de interpretação das Jornadas (Enunciado 117), criou-se uma quarta linha de interpretação, que remonta ao momento da celebração do casamento. Prestigiou-se o elemento vontade, para distinguir a separação obrigatória e a convencional de bens. Até a Lei 6.515 vigeu o regime da comunhão universal de bens, quando o cônjuge não concorria à herança. A partir daí o regime passou a ser o parcial. Fica preservado o postulado da autodeterminação. O cônjuge sobrevivente sés beneficiou com os bens comuns e dos particulares. Excluiu a concorrência sobre os bens particulares.

R.Esp. 992.749 - semelhante

R.Esp. 1.090.722- união estável – separação obrigatória pela senilidade. A não extensão do regime da separação obrigatória de bens pela senilidade equivaleria ao desestímulo ao casamento, discrepando do costume arraigado na sociedade. O regime deve ser suavizado pela Súmula 377, comunicando-se os bens adquiridos na constância da convivência independente do esforço comum. P. solidariedade.

R.Esp. (com votos vencidos) Sanseverino, inclusive – é possível a participação da companheira como herdeira nos créditos de natureza laboral, pois se comunicam os bens advindos do trabalho de um ou outro, se concorrer com descendentes exclusivos do falecido, concorre com a metade dos bens.

R.Esp. bens particulares, comunhão parcial – venceu Galoti – no regime comunhão parcial o cônjuge sobrevivente não concorre com os descendentes nos bens adquiridos na constância do casamento, art. 1.829, I, em vista das circunstâncias da causa e do estágio da jurisprudência nacional. Determinou partilha entre o apenas dos bens particulares do falecido.

VETORES:

- se companheira em algum momento concorre com a esposa, pois isso acontece na prática em vista da separação de fato que autoriza a constituição de união estável,

- restringir (tendência) a concorrência do cônjuge em casos que não envolvam a comunhão total de bens

- em casos de separação, há apenas o caso da Nancy Andrighi

- herdeiros, sempre terão seus direitos preservados

STJ tende a esperar os primeiros casos bem sustentados, exaustivamente, com contraditório pleno.

_________________________________________________________

Palestra: PATERNIDADE SOCIOAFETIVA E HERANÇA.

Expositor: Dr. Antonio Carlos Mathias Coltro. Mestre pela PUCSP. Desembargador do TJSP. Ex-presidente do IBDFAMSP

Page 39: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

A socioafetividade foi objeto de primeira decisão do STJ em 1999, Min. Rui Rosado de Aguiar. Em matéria de família a jurisprudência evoluiu primeiro que a doutrina, sendo exemplo a questão da socioafetividade.

O STJ nas estrelinhas, quando precisa, chega a abordar até mesmo a constitucionalidade das normas, tal como ocorreu com o tema em análise.

Preâmbulo da CF – liberdade, segurança, desenvolvimento etc1 – que tem a ver com a solidariedade, com a pluralidade.

Princípios fundamentais – art. 1º, inc. II e III – cidadania e dignidade da pessoa humana: o conceito de dignidade humana se amplia cada vez mais e ninguém chega a um modelo igual. O conceito do direito natural é aquele que nasce de dentro, não aquele que nos é dado. A dignidade tem a ver com direito natural. Não temos que nos preocuparmos com os conceitos das coisas, já que o conceito evolui e muda. Ex. é o conceito de moralidade que vem se transformando ao longo dos anos.

Art. 3º, CF , traz os objetivos fundamentais: construção da sociedade livre, justa e solidária e promoção do bem de todos, sem preconceitos ou discriminação. Devemos aceitar as mudanças oferecidas pela vida.

ER. 4º, II —princípio da prevalência dos direitos humanos.

Art. 226, §3- deu proteção à união estável e o §4º protegeu a família monoparental.

Modalidades de família: são 08 admitidas pela jurisprudência hoje. Possivelmente no futuro serão mais.

Art. 1511 CC e 1565 CC – comunhão plena de vida e igualdade entre os cônjuges, equivalendo as responsabilidades pelos encargos aos dois.

Art. 5º, CF – princípio da igualdade incondicional. Se hoje a doutrina e jurisprudência entendem que o laço de afeto tem ate maior importância que o laço biológico. Existem muitas famílias unidas por laços biológicos que não tem afeto ou respeito e outras, pautadas em outros laços, que compartilham projetos de vida.

O Código Civil prevê a formação de laços de parentesco em outras origens, possibilitando a construção da socioafetividade.

§7º - fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal.

§8º - assistência do Estado às famílias. Hoje o /estado ainda não criou os mecanismos de proteção e prevenção da violência.

Art. 237 – prioridade da criança e do adolescente, com preferência à convivência familiar: é dispositivo que se equivale ao conceito de salário mínimo: é um poema não concretizado, mas dá ideia da importância à socioafetividade.

1 Preâmbulo: “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.”

Page 40: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

§1º - programas estatais, assim como nos incisos I e V, nada ainda implementado.

Todavia, o STJ e os Tribunais vêm tentando executar da melhor forma possível.

Adoção –

Igualdade entre os filhos, independente da origem da filiação (§ 6º)

Quando a doutrina e jurisprudência se ocuparam da socioafetividade, encontraram nos dispositivos que tratam da filiação, se fundaram na igualdade prevista na CF.

Art. 1593 – igualdade entre os filhos, regulada na legislação infraconstitucional. O dispositivo embarca a filiação socioafetiva, ao falar em “outra origem”.

Adoção póstuma – ingressa com a ação de adoção e o adotante falece antes da decisão – a postulação é a manifestação de vontade de criar o vínculo de filiação. O Min. Rui rosado, no primeiro caso apreciado, falou em socioafetividade para justificar sua decisão favorável à adoção.

Art. 1784 – aberta a sucessão, a herança se transfere aos herdeiros legítimos e testamentários. Para o palestrante, nos herdeiros legítimos, se inserem os filhos socioafetivos.

Hoje há varias ações de investigação de paternidade com base na socioafetividade, objetivando efeitos sucessórios.

Resp 125460/SP, 19/6/2012 – Nancy Andrighi- parentalidade nascida de uma decisão espontânea deve ser protegida. O filho biológico não pode contrariar vontade de seu pai que registrou a criança que não é seu filho biológico.

Para o palestrante, a adoção à brasileira cria vínculo de filiação socioafetiva e deve produzir efeitos sucessórios. O “adotante” optou pelo vínculo baseado no afeto.

Art. 41 e §§ - ECA – direitos sucessórios aos filhos adotados.

Resp. Min. Felipe Salomão, reconheceu direito sucessório a um filho socioafetivo (não biológico nem adotivo), registrado pelo meio da adoção à brasileira.

ENCERRAMENTO

Page 41: €¦ · Web viewDOAÇÃO – são comuns as doações simuladas por contratos de compra e venda e institutos afins: isso ocorre em sociedades familiares, quando o pai cede cotas

B) Sugestão de bibliografia sobre os temas tratados que eventualmente tenha sido indicada no evento.www.fernandatartuce.com.br- arquivo da palestra “Temas polêmicos sobre partilha no inventário”

- Autor e palestrante Dr. Christiano Cassetari: Separação, Divórcio e Inventário por Escritura Pública.

- Resoluções do CNJ e normas da Corregedoria do TJ/SP

- Holding Familiar e Suas Vantagens, autor Prof. Gladston Mamede

-http://www.professorsimao.com.br/Reforma%20CC%20Sucessao.pdf

Palestra proferida no V Congresso Paulista do IBDFAM

C) Destaque, se for o caso, os apontamentos acerca dos conteúdos tratados que sejam identificados como especialmente úteis para as atribuições funcionais do Defensor ou servidor Público (teses jurídicas, argumentos, precedentes jurisprudenciais ou outras informações relevantes).

NA MINHA VISÃO, TODO O CONTEÚDO QUE TRATA DA QUESTÃO DA SUCESSÃO DO CÔNJUGE E COMPANHEIRO, PASSANDO PELO REGIME DE BENS DO CASAMENTO, ALTERABILIDADE E EFEITOS NA CONCORRÊNCIA COM OS DESCENDENTES, EM ESPECIAL A INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 1.790 DO CC/02, SUSTENTADA POR ALGUNS DOUTRINADORES.

QUANTO AOS EFEITOS DA SOCIOAFETIVIDADE NA QUESTÃO SUCESSÓRIA, HÁ CAMPO PARA DEFESA DOS INTERESSES DOS PARENTES SOCIOAFETIVOS, EM ESPECIAL NA LINHA RETA ASCENDENTE E/OU DESCENDENTE.

D) O evento cumpriu satisfatoriamente com objetivo de capacitação e aperfeiçoamento?Sim

E) É recomendável que a EDEPE continue a investir nesse evento e nessa instituição de ensino?Sim