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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DE FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE SÃO PAULO (SP) A DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO, por intermédio do xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, pelo subscritor da presente, que se vale de suas prerrogativas legais ( art. 128 da LC 80/94 e art. 162 da LCE 988/06), dentre elas a intimação pessoal com carga dos autos e a concessão dos prazos processuais em dobro, vem, respeitosamente, a Vossa Excelência, com base nos artigos 1º, III e IV; 3º, I e III; 6º, caput e 225, todos da Constituição da República Federativa do Brasil, combinados com os artigos 1º, IV e 5º, II da Lei nº 7.347/85, e artigo 5º, VI, “g” da Lei Complementar Estadual nº 988/06, propor a presente ENDEREÇO DA UNIDADE - TELEFONE E-MAIL Página 1

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DE

FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE SÃO PAULO (SP)

A DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO, por intermédio

do xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, pelo subscritor da presente, que se vale de suas

prerrogativas legais (art. 128 da LC 80/94 e art. 162 da LCE 988/06), dentre elas a

intimação pessoal com carga dos autos e a concessão dos prazos processuais em

dobro, vem, respeitosamente, a Vossa Excelência, com base nos artigos 1º, III e IV;

3º, I e III; 6º, caput e 225, todos da Constituição da República Federativa do Brasil,

combinados com os artigos 1º, IV e 5º, II da Lei nº 7.347/85, e artigo 5º, VI, “g” da

Lei Complementar Estadual nº 988/06, propor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

COM PEDIDO LIMINAR

em face do MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, pessoa jurídica de direito público interno,

representada pelo Exmo. Sr. Prefeito, Fernando Haddad, com endereço para citação

à Avenida Liberdade, n. 103, térreo, Liberdade, São Paulo (SP), pelos fatos e

fundamentos abaixo a seguir expostos.

DA LEGITIMIDADE ATIVA

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A Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do

Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa dos necessitados em todos

os graus, e de forma integral e gratuita. (CF/88, art. 5, LXXIV, c/c art. 134 da

CF/88).

Dentre as alterações introduzidas pela Lei nº 11.448, de 15 de janeiro de

2007, o art. 5, II, da Lei da Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/85) passou a prever

expressamente a legitimidade ativa da Defensoria Pública para propor ações civis

públicas, a fim de que os direitos metaindividuais relacionados às pessoas e aos

grupos necessitados, como os moradores de um bairro situado na periferia fossem

tutelados via processo coletivo.

No mesmo sentido, o art. 4º, VII, da Lei Complementar nº 80/94 e o art.

5º, VI, 'g', da Lei Complementar Estadual nº 988/06:

Art. 4º da LC 80/94: São funções institucionais da Defensoria

Pública, dentre outras: (...) VII – promover ação civil pública e

todas as espécies de ações capazes de propiciar a adequada tutela

dos direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos quando

o resultado da demanda puder beneficiar grupo de pessoas

hipossuficientes.

Art. 5º da LCE 988/06: São atribuições institucionais da

Defensoria Pública do Estado, dentre outras: (...) VI – promover:

(...) g – ação civil pública para tutela de interesse difuso,

coletivo e individual homogêneo.

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Decisões reiteradas do egrégio Superior Tribunal de Justiça confirmam a

legitimidade da Defensoria Pública para a propositura de ações civis públicas, como

o acórdão relatado pelo Ministro Antonio Herman Benjamin, no REsp 1264116/RS:

“(...)

4. A Defensoria Pública, instituição altruísta por natureza, é

essencial à função jurisdicional do Estado, nos termos do art. 134,

caput, da Constituição Federal. A rigor, mormente em países de

grande desigualdade social, em que a largas parcelas da população

- aos pobres sobretudo - nega-se acesso efetivo ao Judiciário, como

ocorre infelizmente no Brasil, seria impróprio falar em verdadeiro

Estado de Direito sem a existência de uma Defensoria Pública

nacionalmente organizada, conhecida de todos e por todos

respeitada, capaz de atender aos necessitados da maneira mais

profissional e eficaz possível.

5. O direito à educação legitima a propositura da Ação Civil

Pública, inclusive pela Defensoria Pública, cuja intervenção, na

esfera dos interesses e direitos individuais homogêneos, não se

limita às relações de consumo ou à salvaguarda da criança e do

idoso. Ao certo, cabe à Defensoria Pública a tutela de qualquer

interesse individual homogêneo, coletivo stricto sensu ou

difuso, pois sua legitimidade ad causam , no essencial, não se

guia pelas características ou perfil do objeto de tutela (=

critério objetivo), mas pela natureza ou status dos sujeitos

protegidos, concreta ou abstratamente defendidos, os

necessitados (= critério subjetivo).

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6. "É imperioso reiterar, conforme precedentes do Superior

Tribunal de Justiça, que a legitimatio ad causam da Defensoria

Pública para intentar ação civil pública na defesa de interesses

transindividuais de hipossuficientes é reconhecida antes mesmo

do advento da Lei 11.448/07, dada a relevância social (e jurídica)

do direito que se pretende tutelar e do próprio fim do

ordenamento jurídico brasileiro: assegurar a dignidade da pessoa

humana, entendida como núcleo central dos direitos

fundamentais" (REsp 1.106.515/MG, Rel. Ministro Arnaldo Esteves

Lima, Primeira Turma, DJe 2.2.2011).

7. Recurso Especial provido para reconhecer a legitimidade ativa

da Defensoria Pública para a propositura da Ação Civil Pública.

(REsp 1264116/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA

TURMA, julgado em 18/10/ 2011, DJe 13/04/2012)”.

Não é outra a interpretação do Tribunal de Justiça do Estado de São

Paulo sobre a legitimidade ativa da Defensoria Pública para propor ações civis

públicas:

“Ação civil pública - Alegação de alteração irregular do Plano

Diretor do Município de Diadema, para a exclusão, da relação de

imóveis de interesse paisagístico, histórico, artístico e cultural

(IPHAC), do imóvel denominado "Sítio São Miguel" - Pretensão que

envolve proteção ambiental - Reconhecimento da legitimidade

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da Defensoria Pública para defender, em ação coletiva, o

direito de todos os cidadãos ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado (art. 225, da CF) - Aplicação do

art. 5o., II, da Lei n° . 7.347/85, e do art. Io., da Lei

Complementar n°. 80/94, com as alterações introduzidas

pelas Leis n°. 11.448/07 e n°. 132/09 - Presença da condição da

ação consubstanciada no interesse de agir - Ação julgada extinta,

com fundamento no art. 267, I, c.c. o art. 295, inciso III, parágrafo

único, inciso III, do CPC - Recurso provido.*

(0013943-43.2010.8.26.0161 Apelação. Relatora: Zélia Maria

Antunes Alves. Comarca: Diadema. Data do julgamento:

18/10/2012. Data de registro: 21/11/2012).

Ementa: AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CONSUMIDOR. PRESTAÇÃO DE

SERVIÇOS CONJUNTO HABITACIONAL. NULIDADE DE CLÁUSULA

CONTRATUAL. Preliminar: ilegitimidade ativa "ad causam."

Inocorrência. A Defensoria Pública tem legitimidade

extraordinária para, na qualidade de substituta processual, atuar

em nome próprio na defesa dos direitos supraindividuais

previstos no art. 1º da Lei nº 7.347/85, por meio do ajuizamento

da ação civil pública, quando em jogo o interesse de

hipossuficientes inteligência do art. 134 da CF/88, do art. 103 da

CESP, do art. 5º, II, da Lei nº 7.347/85, com a redação dada pela Lei

nº 11.448/2007, e do art. 5º, VI, "g", da Lei Complementar Estadual

nº 988/2006 precedentes do C. STJ. Mérito: cláusula contratual

que atribui à administradora de condomínio o direito de

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representar os condôminos inadimplentes perante instituições

financeiras para a obtenção de valores que possam satisfazer

eventual dívida em aberto com a prestadora do serviço público de

fornecimento de água e coleta de esgoto nulidade de pleno direito

inteligência do art. 51, IV e VIII, do CDC a livre autonomia das

partes no âmbito contratual não se mostra absoluta, sofrendo

limitações decorrentes de conflito com outros direitos de igual ou

maior hierarquia e importância em nosso sistema jurídico, como

no caso onde se encontram em jogo os direitos do consumidor,

consistentes em direitos fundamentais de terceira dimensão

celebrados pela CF/88 (arts. 5º, XXXII, e 170) manutenção da r.

sentença apelada. RECURSO DA RÉ NÃO PROVIDO. (0008649-

22.2008.8.26.0309 – Apelação. Relator(a): Berenice Marcondes

Cesar. Data do julgamento: 09/04/2013.

Certamente que, no presente caso, a Defensoria Pública está agindo

dentro dos limites de sua missão constitucional.

Indubitavelmente, o Jardim Helian é um bairro carente no qual residem

muitos cidadãos pobres e que somente podem ter acesso à Justiça através da

Defensoria Pública e à Saúde através dos equipamentos de saúde da rede pública.

Ademais, quem mais precisa dos serviços públicos de saúde e educação

são efetivamente as pessoas mais pobres e vulneráveis, pois é fato notório que, em

geral, no Brasil, os cidadãos com maior poder aquisitivo pagam planos privados de

saúde e colégios particulares para seus filhos.

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Não há dúvidas, portanto, sobre a legitimidade da Defensoria Pública

para propor esta ação.

DOS FATOS

Há cerca de trinta anos existe e funciona no bairro Jardim Helian, em

Itaquera, Zona Leste da cidade de São Paulo (SP), uma Unidade Básica de Saúde

(UBS), que atende aos cidadãos da referida localidade e adjacências.

Ocorre que a UBS funciona em um imóvel alugado pelo Município que

não possui condições físicas de atender adequadamente à população.

Diversos pedidos junto à Prefeitura já foram feitos ao longo dos anos

sem que a UBS tenha sido instalada em um prédio adequado até a presente data.

Importante consignar que no já longínquo ano de 2002 houve um

decreto por meio do qual foi declarado “de utilidade pública, para ser

desapropriado judicialmente ou adquirido mediante acordo” um imóvel particular

“situado no distrito Parque do Carmo, necessário à implantação de unidade

básica de saúde” (Decreto Municipal n. 42.430, de 24 de setembro de 2002, cuja

íntegra pode ser lida no seguinte endereço eletrônico:

http://www.imprensaoficial.com.br/PortalIO/DO/GatewayPDF.aspx?link=/

2002/diario%20oficial%20do%20municipio/setembro/25/

pag_0001_E4S6CH6QV9E9Me2UHL60EERNCEI.pdf).

Infelizmente, após mais de 10 anos da declaração de utilidade pública de

um imóvel para a necessária construção de uma UBS no Jardim Helian, necessidade

afirmada por decreto municipal, isto ainda não ocorreu.

A Unidade Básica de Saúde atualmente está instalada em um imóvel

alugado, o qual possui a configuração típica de uma residência, e não de um local

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para atendimento de saúde. Trata-se de um sobrado, uma casa de dois pavimentos

em que foi instalada uma UBS.

Em visita realizada à UBS por Defensor Público em 22/01/2013,

funcionários do setor administrativo e enfermeiras, ao serem perguntados,

relataram que efetivamente o local é inadequado e que sequer os documentos do

setor administrativo podem ser corretamente acomodados, por falta de espaço.

Verifica-se que, até mesmo para os funcionários, o local é inapropriado e

indigno. Mas para os cidadãos a situação é ainda pior.

As consultas médicas devem ocorrer no segundo pavimento do imóvel,

onde se localizam os consultórios. Segundo o médico Dr. Shuichi Tanaka,

genicologista e obstetra, o local não é adequado para atendimento e há mulheres

grávidas que possuem dificuldades para subir a escada.

Além das dificuldades de grávidas e de pessoas idosas, mostra-se

impossível o atendimento adequado a pessoas que dependam de cadeiras de rodas

para sua locomoção, eis que não há outra forma de acesso ao segundo

pavimento senão uma escada íngreme e estreita.

A Dra. Jacinta de Medeiros Gurgel relatou que o local é totalmente

inadequado para a prestação do serviço e que muitas vezes precisa realizar o

atendimento de pessoas idosas em uma sala no térreo onde são feitos outros

atendimentos de saúde, de maneira que a privacidade da consulta fica prejudicada.

Certo ainda que a janela da sala de atendimento da Dra. Jacinta deve

ficar fechada todo o tempo, ou então também a privacidade das consultas seriam

violadas, em razão da existência de janela de casa vizinha há cerca de dois metros

do consultório.

Constata-se, ademais, a existência de apenas um banheiro para o

público, no pavimento inferior do imóvel.

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Em reunião ocorrida em 22 de Janeiro de 2013, em que participou o Sr.

Antonio Sérgio Moreira Lima, Presidente da Associação de Moradores do Jardim

Helian, um Defensor Público, e a Dra. Célia Bortoletto, responsável pela

Coordenadoria de Saúde Leste do Município de São Paulo, além de outras pessoas, a

Coordenadoria de Saúde Leste reconheceu a inadequação do espaço em que está

instalada a UBS e disse que buscaria soluções para a demanda da população.

Ao fim da reunião, a Dra. Célia disponibilizou seu e-mail para contatos

futuros, sendo certo que em 27/03/2013 houve sugestão por parte da Defensoria

Pública para a modificação dos locais das salas de atendimento (atualmente no 2º

pavimento) e as do setor administrativo (no térreo), se fosse possível, para

minimizar os problemas de acessibilidade existentes, até que uma solução

efetivamente adequada.

A resposta apresentada por e-mail pela senhora Amelia E. T. de Freitas

(e-mail: [email protected]) merece ser transcrita, pois bem descreve a

situação do imóvel:

“Em resposta a sua solicitação de adaptação de salas na UBS Jd

Helian, para garantir melhor acolhimento e assistência aos

portadores de deficiência e idosos com dificuldade de locomoção,

informamos que não há como realizar tal sugestão e esclarecemos

o motivo:

-No piso térreo temos uma recepção em local correspondente a

garagem da casa.

-na área abaixo da escada que dá acesso ao piso superior funciona

um setor de aferição de pressão e medicação, não configurando-se

como sala ou consultório

ENDEREÇO DA UNIDADE - TELEFONEE-MAIL Página 9

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-em sequência há uma sala de procedimentos de enfermagem  e

atendimento de Urgência que deve ser no piso inferior para

facilitar o socorro de pessoas em situação de risco

-ao final do corredor há uma sala improvisada para os Agentes

Comunitários de Saúde. Tal espaço não se configura como

consultório, não há  privacidade pois as paredes são divisórias com

parte superior aberta para ventilação.

-Vale ressaltar que as consultas médicas para portadores de

deficiência física e dificuldade de locomoção são realizadas no piso

térreo desde de que solicitado pelo usuário. A Unidade afirma que

no agendamento são priorizados, nos primeiros horários, pessoas

nestas condições.

Portanto reafirmamos  a nossa preocupação e priorizamos a

construção de uma unidade de saúde no bairro.

Atenciosamente

Amelia”

Percebe-se que os próprios integrantes da Administração Pública têm

plena consciência das deficiências e da necessidade de efetiva construção de uma

UBS no bairro.

Percebe-se ainda o esforço dos profissionais para minimizar os

problemas advindos da falta de estrutura, mas infelizmente isso não é possível

apenas com sua boa vontade.

Note-se que primeiramente explica-se sobre o “setor de aferição de

pressão e medicação”, a seguir sobre a “sala de procedimentos de enfermagem e

atendimento de urgência” e, depois, sobre a “sala improvisada para os Agentes

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Comunitários de Saúde”. Afirma-se que estas salas não se configuram como

consultórios. Ocorre que as “as consultas médicas para portadores de deficiência

física e dificuldade de locomoção são realizadas no piso térreo.”

Ora, se não há consultórios no piso térreo, a consulta de pessoas com

dificuldades de locomoção somente pode ser realizada de forma precária e

indevida, com prejuízo à privacidade necessária a um atendimento digno, bem

como com prejuízo para os demais cidadãos que precisam dos demais serviços,

como os de aferição de pressão, medicação, procedimentos de enfermagem e até

mesmo atendimentos de urgência.

Importante mencionar que existe normatização do Ministério da Saúde

para a Estrutura Física das Unidades Básicas de Saúde

(http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_estrutura_fisica_ubs.pdf) ,

sendo certo que a estrutura da UBS do Jardim Helian nem mesmo se aproxima do

mínimo necessário para um atendimento adequado, seja para pessoas com

deficiência, seja para pessoas com mobilidade reduzida, seja para as demais

pessoas.

Ano após ano o contrato de aluguel do sobrado onde está instalada a

UBS é renovado, mesmo sem as devidas adaptações exigidas pela lei municipal

11.345/93.

Até a presente data, apesar de insistentes pedidos da população, o

atendimento de saúde continua a ocorrer em local completamente inadequado.

Dessa forma, faz-se necessária a atuação do Poder Judiciário para que

venham a ser respeitados os direitos dos cidadãos, que possuem direito de serem

atendidos em local apropriado.

DO DIREITO

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Diversas normas jurídicas amparam o direito dos cidadãos no presente

caso, tais como as seguintes normas constitucionais:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o

trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a

proteção à maternidade e à infância, a assistência aos

desamparados, na forma desta Constituição.

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios:

...

II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia

das pessoas portadoras de deficiência;

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido

mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do

risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e

igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e

recuperação.

A Constituição Federal de 1988 deu relevância ao tema da

acessibilidade, tanto que por duas vezes determinou a criação de lei para a garantia

de acesso adequado aos portadores de deficiência. Vejamos:

ENDEREÇO DA UNIDADE - TELEFONEE-MAIL Página 12

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“Art. 227...

§ 2º - A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e

dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de

transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas

portadoras de deficiência.”

“Art. 244. A lei disporá sobre a adaptação dos logradouros, dos

edifícios de uso público e dos veículos de transporte coletivo

atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado às

pessoas portadoras de deficiência, conforme o disposto no art.

227, § 2º.”

Ainda em termos de normas constitucionais, foram incorporados ao

ordenamento jurídico nacional a Convenção Internacional sobre os Direitos das

Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, com status constitucional, na

forma do art. 5º, § 3º, da Constituição Federal, através do decreto 6.949, de

25/08/2009. Na Convenção está estabelecido o seguinte:

“Artigo 9 - Acessibilidade 

ENDEREÇO DA UNIDADE - TELEFONEE-MAIL Página 13

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1. A fim de possibilitar às pessoas com deficiência viver de forma

independente e participar plenamente de todos os aspectos da

vida, os Estados Partes tomarão as medidas apropriadas para

assegurar às pessoas com deficiência o acesso, em igualdade de

oportunidades com as demais pessoas, ao meio físico, ao

transporte, à informação e comunicação, inclusive aos sistemas e

tecnologias da informação e comunicação, bem como a outros

serviços e instalações abertos ao público ou de uso público, tanto

na zona urbana como na rural. Essas medidas, que incluirão a

identificação e a eliminação de obstáculos e barreiras à

acessibilidade, serão aplicadas, entre outros, a:

a) Edifícios, rodovias, meios de transporte e outras instalações

internas e externas, inclusive escolas, residências, instalações

médicas e local de trabalho;

b) ... 

2.Os Estados Partes também tomarão medidas apropriadas para:

a) Desenvolver, promulgar e monitorar a implementação de

normas e diretrizes mínimas para a acessibilidade das instalações

e dos serviços abertos ao público ou de uso público;

b) Assegurar que as entidades privadas que oferecem instalações e

serviços abertos ao público ou de uso público levem em

consideração todos os aspectos relativos à acessibilidade para

pessoas com deficiência;”

“Artigo 25 - Saúde 

ENDEREÇO DA UNIDADE - TELEFONEE-MAIL Página 14

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Os Estados Partes reconhecem que as pessoas com deficiência têm

o direito de gozar do estado de saúde mais elevado possível, sem

discriminação baseada na deficiência. Os Estados Partes tomarão

todas as medidas apropriadas para assegurar às pessoas com

deficiência o acesso a serviços de saúde, incluindo os serviços

de reabilitação, que levarão em conta as especificidades de gênero.

Em especial, os Estados Partes:

a) Oferecerão às pessoas com deficiência programas e atenção à

saúde gratuitos ou a custos acessíveis da mesma variedade,

qualidade e padrão que são oferecidos às demais pessoas,

inclusive na área de saúde sexual e reprodutiva e de programas de

saúde pública destinados à população em geral;

b) Propiciarão serviços de saúde que as pessoas com deficiência

necessitam especificamente por causa de sua deficiência, inclusive

diagnóstico e intervenção precoces, bem como serviços projetados

para reduzir ao máximo e prevenir deficiências adicionais,

inclusive entre crianças e idosos;

c) Propiciarão esses serviços de saúde às pessoas com deficiência,

o mais próximo possível de suas comunidades, inclusive na zona

rural;

d) Exigirão dos profissionais de saúde que dispensem às pessoas

com deficiência a mesma qualidade de serviços dispensada às

demais pessoas e, principalmente, que obtenham o consentimento

livre e esclarecido das pessoas com deficiência concernentes. Para

esse fim, os Estados Partes realizarão atividades de formação e

ENDEREÇO DA UNIDADE - TELEFONEE-MAIL Página 15

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definirão regras éticas para os setores de saúde público e privado,

de modo a conscientizar os profissionais de saúde acerca dos

direitos humanos, da dignidade, autonomia e das necessidades das

pessoas com deficiência;”

Logo após a Constituição, foi promulgada a lei 7.853/89, que

estabeleceu as seguintes normas, dentre outras:

       

“Art. 2º Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às

pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus

direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao

trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à

maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das

leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico.

Parágrafo único. Para o fim estabelecido no caput deste artigo, os

órgãos e entidades da administração direta e indireta devem

dispensar, no âmbito de sua competência e finalidade, aos

assuntos objetos esta Lei, tratamento prioritário e adequado,

tendente a viabilizar, sem prejuízo de outras, as seguintes

medidas:

II - na área da saúde:

...

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d) a garantia de acesso das pessoas portadoras de deficiência

aos estabelecimentos de saúde públicos e privados, e de seu

adequado tratamento neles, sob normas técnicas e padrões de

conduta apropriados;

e) a garantia de atendimento domiciliar de saúde ao deficiente

grave não internado;

...

V - na área das edificações:

a) a adoção e a efetiva execução de normas que garantam a

funcionalidade das edificações e vias públicas, que evitem ou

removam os óbices às pessoas portadoras de deficiência,

permitam o acesso destas a edifícios, a logradouros e a meios de

transporte.”

       

Apesar da existência da lei 7.853/89, foi editada nova lei, que trouxe em

mais detalhes o direito ao acesso adequado de pessoas com deficiência ou

mobilidade reduzida a logradouros e edifícios públicos e privados, estabelecendo

direitos para os cidadãos e obrigações para o Poder Público. Vejamos alguns

dispositivos da lei 10.098, de 29/12/2000:

“Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais e critérios básicos para a

promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência

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ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e

de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na

construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de

comunicação.

...

Art. 11. A construção, ampliação ou reforma de edifícios públicos

ou privados destinados ao uso coletivo deverão ser executadas de

modo que sejam ou se tornem acessíveis às pessoas portadoras de

deficiência ou com mobilidade reduzida.

Parágrafo único. Para os fins do disposto neste artigo, na

construção, ampliação ou reforma de edifícios públicos ou

privados destinados ao uso coletivo deverão ser observados, pelo

menos, os seguintes requisitos de acessibilidade:

I – ...

II – pelo menos um dos acessos ao interior da edificação deverá

estar livre de barreiras arquitetônicas e de obstáculos que

impeçam ou dificultem a acessibilidade de pessoa portadora de

deficiência ou com mobilidade reduzida;

III – pelo menos um dos itinerários que comuniquem horizontal e

verticalmente todas as dependências e serviços do edifício, entre si

e com o exterior, deverá cumprir os requisitos de acessibilidade de

que trata esta Lei; e

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IV – os edifícios deverão dispor, pelo menos, de um banheiro

acessível, distribuindo-se seus equipamentos e acessórios de

maneira que possam ser utilizados por pessoa portadora de

deficiência ou com mobilidade reduzida.

...

Art. 20. O Poder Público promoverá a supressão de barreiras

urbanísticas, arquitetônicas, de transporte e de comunicação,

mediante ajudas técnicas.”

Após 12 anos da Constituição Federal, ingressou no ordenamento

jurídico a lei acima indicada. Contudo, somente em Dezembro de 2004 a referida lei

foi regulamentada, através do decreto 5.296, de 02/12/2004. Eis alguns de seus

dispositivos:

“Art. 1o  Este Decreto regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de

novembro de 2000, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000.

...

Art. 8o Para os fins de acessibilidade, considera-se:

I - acessibilidade: condição para utilização, com segurança e

autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e

equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte

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e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação,

por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida;

II - barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça

o acesso, a liberdade de movimento, a circulação com segurança e

a possibilidade de as pessoas se comunicarem ou terem acesso à

informação, classificadas em:

a) ...;

b) barreiras nas edificações: as existentes no entorno e interior

das edificações de uso público e coletivo e no entorno e nas áreas

internas de uso comum nas edificações de uso privado

multifamiliar;

...

VI - edificações de uso público: aquelas administradas por

entidades da administração pública, direta e indireta, ou por

empresas prestadoras de serviços públicos e destinadas ao público

em geral;

VII - edificações de uso coletivo: aquelas destinadas às atividades

de natureza comercial, hoteleira, cultural, esportiva, financeira,

turística, recreativa, social, religiosa, educacional, industrial e de

saúde, inclusive as edificações de prestação de serviços de

atividades da mesma natureza;

...

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Art. 11.  A construção, reforma ou ampliação de edificações de uso

público ou coletivo, ou a mudança de destinação para estes tipos

de edificação, deverão ser executadas de modo que sejam ou se

tornem acessíveis à pessoa portadora de deficiência ou com

mobilidade reduzida.

Art. 19.  A construção, ampliação ou reforma de edificações de

uso público deve garantir, pelo menos, um dos acessos ao seu

interior, com comunicação com todas as suas dependências e

serviços, livre de barreiras e de obstáculos que impeçam ou

dificultem a sua acessibilidade.

§ 1o  No caso das edificações de uso público já existentes, terão

elas prazo de trinta meses a contar da data de publicação

deste Decreto para garantir acessibilidade às pessoas

portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.

...

Art. 20.  Na ampliação ou reforma das edificações de uso púbico ou

de uso coletivo, os desníveis das áreas de circulação internas ou

externas serão transpostos por meio de rampa ou equipamento

eletromecânico de deslocamento vertical, quando não for possível

outro acesso mais cômodo para pessoa portadora de deficiência ou

com mobilidade reduzida, conforme estabelecido nas normas

técnicas de acessibilidade da ABNT.

...

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Art. 22.  A construção, ampliação ou reforma de edificações de uso

público ou de uso coletivo devem dispor de sanitários acessíveis

destinados ao uso por pessoa portadora de deficiência ou com

mobilidade reduzida.

§ 1o  Nas edificações de uso público a serem construídas, os

sanitários destinados ao uso por pessoa portadora de deficiência

ou com mobilidade reduzida serão distribuídos na razão de, no

mínimo, uma cabine para cada sexo em cada pavimento da

edificação, com entrada independente dos sanitários coletivos,

obedecendo às normas técnicas de acessibilidade da ABNT.

§   2 o     Nas edificações de uso público já existentes, terão elas

prazo de trinta meses a contar da data de publicação deste

Decreto para garantir pelo menos um banheiro acessível por

pavimento, com entrada independente, distribuindo-se seus

equipamentos e acessórios de modo que possam ser

utilizados por pessoa portadora de deficiência ou com

mobilidade reduzida.

§ 3o  Nas edificações de uso coletivo a serem construídas,

ampliadas ou reformadas, onde devem existir banheiros de uso

público, os sanitários destinados ao uso por pessoa portadora de

deficiência deverão ter entrada independente dos demais e

obedecer às normas técnicas de acessibilidade da ABNT.

§ 4o  Nas edificações de uso coletivo já existentes, onde haja

banheiros destinados ao uso público, os sanitários preparados

para o uso por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade

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reduzida deverão estar localizados nos pavimentos acessíveis, ter

entrada independente dos demais sanitários, se houver, e

obedecer as normas técnicas de acessibilidade da ABNT.

...

Art. 72. Este Decreto entra em vigor na data da sua publicação.”

Por seu turno, a Constituição Estadual estabelece em seu artigo 280 que:

“É assegurado, na forma da lei, aos portadores de deficiências e aos

idosos, acesso adequado aos logradouros e edifícios de uso

público, bem como aos veículos de transporte coletivo urbano.”

Há ainda a lei municipal 11.345/93, promulgada há mais de 20 anos,

que estabelece o seguinte:

Art. 1º - Passa a integrar o Código de Obras e Edificações do

Município com o título próprio de "Normas de Adequação das

Edificações à Pessoa Deficiente", a Norma NBR nº 9050, de

setembro de 1985 da Associação Brasileira de Normas Técnicas,

para os efeitos de aplicação das disposições especiais para pessoas

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portadoras de deficiência física previstas na Lei nº 11.228, de 25

de junho de 1992.

...

Art. 4º - Nenhum próprio Municipal será edificado, reformado ou

ampliado, sem que o projeto atenda as disposições desta lei.

Parágrafo Único - A locação de imóveis que se destinem a

abrigar as Repartições Públicas, somente ocorrerá após

efetuadas as devidas adaptações para atendimento à pessoa

portadora de deficiência, de acordo com as disposições desta

lei.

Para regulamentar a lei acima citada, foi expedido o decreto municipal

37.649, de 25 de Setembro de 1998, que estabelece o seguinte:

“Art. 17 - Todos os próprios municipais que vierem a ser

construídos, reformados ou ampliados deverão atender os

dispositivos da Lei nº 11.345, de 14 de abril de 1993.

§ 1º A locação de imóveis que se destinem a abrigar as repartições

públicas municipais somente ocorrerá após efetuadas as devidas

adaptações à acessibilidade da pessoa portadora de deficiência, de

acordo com as disposições da lei referida no "caput" deste artigo.”

A doutrina, por sua vez, assim ensina:

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“O direito à saúde é tão fundamental, por estar mais diretamente

ligado ao direito à vida, que nem precisava de reconhecimento

explícito”,

E que é possível

“...através de ação civil pública, provocar a atuação do Poder

Judiciário no controle da omissão total ou parcialmente

inconstitucional do poder público na implementação das ações de

saúde, caso verifique, por exemplo, que o Município não está

concretizando o seu dever constitucional de assegurar o direito em

questão, em face da inexistência ou deficiente prestação dos

serviços públicos de saúde para a comunidade local...”,

Sendo certo ainda que

“os direitos sociais representam uma garantia constitucional das

condições mínimas e indispensáveis para uma existência digna”

(Curso de Direito Constitucional – Dirley da Cunha Jr., 6ª Edição,

pp. 767, 769 e 770).

A jurisprudência também protege o direito dos cidadãos em hipóteses

como esta. Vejamos:

EMENTA. Agravo regimental no agravo de instrumento.

Constitucional. Legitimidade do Ministério Público. Ação civil

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pública. Implementação de políticas públicas. Possibilidade.

Violação do princípio da separação dos poderes. Não

ocorrência. Precedentes. 1. Esta Corte já firmou a orientação de

que o Ministério Público detém legitimidade para requerer, em

Juízo, a implementação de políticas públicas por parte do Poder

Executivo, de molde a assegurar a concretização de direitos

difusos, coletivos e individuais homogêneos garantidos pela

Constituição Federal, como é o caso do acesso à saúde. 2. O Poder

Judiciário, em situações excepcionais, pode determinar que a

Administração Pública adote medidas assecuratórias de direitos

constitucionalmente reconhecidos como essenciais, sem que isso

configure violação do princípio da separação de poderes. 3. Agravo

regimental não provido. (AI 809018 AgR / SC - SANTA CATARINA 

AG.REG. NO AGRAVO DE INSTRUMENTO

Relator(a):  Min. DIAS TOFFOLI Julgamento:  25/09/2012          

Órgão Julgador:  Primeira Turma)

EMENTA. Agravo regimental no agravo de instrumento.

Constitucional. Ação civil pública. Ampliação da atuação da

Defensoria Pública. Relevância institucional. Implementação

de políticas públicas. Possibilidade. Violação do princípio da

separação dos poderes. Não ocorrência. Precedentes. 1. O Poder

Judiciário, em situações excepcionais, pode determinar que a

Administração pública adote medidas assecuratórias de direitos

constitucionalmente reconhecidos como essenciais, sem que isso

configure violação do princípio da separação dos poderes, inserto

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no art. 2º da Constituição Federal. 2. Agravo regimental não

provido. (AI 835956 AgR / MA - MARANHÃO 

AG.REG. NO AGRAVO DE INSTRUMENTO

Relator(a):  Min. DIAS TOFFOLI Julgamento:  07/05/2013          

Órgão Julgador:  Primeira Turma)

Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AÇÃO CIVIL

PÚBLICA. ABRIGOS PARA MORADORES DE RUA. REEXAME DE

FATOS E PROVAS. SÚMULA 279 DO STF. OFENSA AO PRINCÍPIO

DA SEPARAÇÃO DOS PODERES. INEXISTÊNCIA. AGRAVO

REGIMENTAL DESPROVIDO. Incabível o recurso extraordinário

quando as alegações de violação a dispositivos constitucionais

exigem o reexame de fatos e provas (Súmula 279/STF). Esta Corte

já firmou entendimento no sentido de que não ofende o

princípio da separação de poderes a determinação, pelo

Poder Judiciário, em situações excepcionais, de realização

de políticas públicas indispensáveis para a garantia de

relevantes direitos constitucionais. Precedentes. Agravo

regimental desprovido. (RE 634643 AgR / RJ - RIO DE JANEIRO 

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Relator(a):  Min. JOAQUIM BARBOSA Julgamento: 

26/06/2012           Órgão Julgador:  Segunda Turma)

Em verdade, nesta ação nem mesmo se busca a implementação de

uma política pública inexistente, o que também seria possível, conforme

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julgados acima. Busca-se menos: apenas que um serviço público, que já é

prestado no indicado bairro, seja prestado em imóvel adequado, não havendo

dúvidas, portanto, da obrigação do Município em prestar o serviço de saúde

em uma UBS cuja estrutura esteja de acordo com as normas jurídicas em

vigor.

DA LIMINAR

A Constituição Federal de 1988 é terreno fértil à tutela de urgência, na

medida em que garante o acesso à justiça, a tutela jurisdicional adequada (art. 5º,

XXXV), bem como a duração razoável do processo (art. 5º, LXXVIII); tudo a

possibilitar a plena eficácia do direito no plano processual.

Além da genérica previsão de antecipação de tutela prevista no artigo

273 do CPC, a própria lei da ação civil pública também admite expressamente a

concessão de liminar, nos seguintes termos:

“Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem

justificação prévia, em decisão sujeita a agravo.

§ 1º A requerimento de pessoa jurídica de direito público

interessada, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à

segurança e à economia pública, poderá o Presidente do Tribunal

a que competir o conhecimento do respectivo recurso suspender

a execução da liminar, em decisão fundamentada, da qual caberá

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agravo para uma das turmas julgadoras, no prazo de 5 (cinco)

dias a partir da publicação do ato.”

A previsão de possibilidade de pessoa jurídica de direito público

manejar recurso contra a decisão liminar traz a certeza absoluta de que a própria

lei trouxe a possibilidade de haver tal decisão em face de ente público.

Ademais, mesmo que não houvesse norma expressa, ou mesmo que

houvesse norma infraconstitucional proibindo a tutela de urgência, tal medida

poderia e deveria ser deferida pelo Poder Judiciário. Isto porque os preceitos

constitucionais acima citados constituem direitos fundamentais dos cidadãos, que

não podem ser limitados por normas inferiores.

Se a tutela adequada para o jurisdicionado for medida de caráter

urgente, o juiz deve concedê-la, uma vez preenchidos os requisitos legais.

No presente caso, estão presentes os requisitos para a antecipação dos

efeitos da tutela, pois há provas irrefutáveis do alegado, como, por exemplo, o e-

mail de pessoa ligada à administração municipal (fls. 09/10 desta inicial)

descrevendo a inadequação do imóvel e que se prioriza a construção de uma

unidade de saúde no bairro. Ocorre que esta prioridade mencionada não saiu do

papel até o momento, apesar de promessas e do decreto municipal publicado há

mais de 10 anos (fl. 07 desta inicial). Já a urgência da medida pleiteada (periculum

in mora) decorre da necessidade de se assegurar atendimento e tratamento em

locais adequados às pessoas que desses atendimentos precisam, sem o que fica em

risco a saúde, diariamente, de um grande número de pessoas. Se, com razão, se

concede antecipação de tutela em grande parte dos pedidos individuais que

chegam ao Poder Judiciário em casos de saúde, com maior razão há de se deferir a

medida de urgência pleiteada em ação que envolve o direito à saúde de milhares de

pessoas.

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DO PEDIDO

Pelo exposto, requer a Vossa Excelência:

a) Sejam observadas, em favor da Defensoria Pública do Estado de São

Paulo, suas prerrogativas (art. 128 da LC 80/94 e art. 162 da LCE 988/06), dentre

elas a intimação pessoal com carga dos autos e a concessão dos prazos processuais

em dobro;

b) seja concedida a antecipação dos efeitos da tutela, para

determinar-se ao Município que passe a prestar o serviço de saúde da UBS do

Jardim Helian em imóvel que respeite as normas de acessibilidade, no próprio

bairro, no prazo de 90 dias, sob pena de multa diária no valor de R$ 3.000,00 (mil

reais);

c) a citação do Réu, para que apresente contestação no prazo legal, sob

pena de revelia;

d) a intimação do representante do Ministério Público do Estado de São

Paulo, nos termos do art. 5º, § 1º da Lei 7.347/85;

e) seja julgado procedente o pedido, para que seja o Município

condenado a, no prazo de 90 dias, instalar a UBS do bairro Jardim Helian em

imóvel com estrutura física que respeite o direito à acessibilidade, a privacidade

das consultas médicas e a dignidade dos cidadãos e funcionários,

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preferencialmente em imóvel próprio a ser construído, ou em imóvel adequado a

ser alugado, mantendo-a no mesmo bairro (evidentemente), sob pena de multa

diária de R$ 3.000,00 (três mil reais);

f) seja o Réu condenado a pagar honorários de sucumbência à

Defensoria Pública do Estado de São Paulo (AgRg no REsp 1084534/MG e REsp

1355694/RS).

Protesta por todos os meios de prova admitidos pelo direito, em

especial documental, documental superveniente, pericial, inspeção judicial, oitiva

de testemunhas, e depoimento de representante legal do réu.

Dá-se à causa o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Termos em que,

pede deferimento.

São Paulo, xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Defensor(a) Público(a) Unidade de XXXXXXXXX

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