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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SOCIOECONÔMICO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO Guilherme Kuchiniski Gorayeb ANÁLISE DO PROCESSO DE GESTÃO DO CONHECIMENTO NA ÁREA TÉCNICA EM UMA EMPRESA FAMILIAR

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINACENTRO SOCIOECONÔMICO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO

Guilherme Kuchiniski Gorayeb

ANÁLISE DO PROCESSO DE GESTÃO DO CONHECIMENTO NA ÁREA TÉCNICA EM UMA EMPRESA FAMILIAR

Florianópolis

2017

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Guilherme Kuchiniski Gorayeb

ANÁLISE DO PROCESSO DE GESTÃO DO CONHECIMENTO NA ÁREA TÉCNICA EM UMA EMPRESA FAMILIAR

Trabalho de Curso apresentado à disciplina CAD 7305 como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina.Enfoque: MonográficoÁrea de concentração: Recursos Humanos, Gestão do conhecimentoOrientador(a): Prof. Dr. Marcos Baptista Dalmau

Florianópolis

2017

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Dedico essa pesquisa à minha família e a minha noiva.

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AGRADECIMENTOS

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Agradeço primeiramente a Deus, que sempre esteve iluminando meus caminhos.

Agradeço aos meus pais, Sandra e Guilherme, que desde berço me apoiaram em todas minhas decisões e evidenciaram a importância da educação e dos valores. E a minha irmã que sempre dividiu comigo momentos marcantes de felicidade e cumplicidade.

Agradeço às minhas avós por serem sempre exemplo de superação, persistência e sabedoria.Agradeço aos meus professores da graduação que me fizeram se apaixonar pela administração e pelo poder que essa ciência tem de transformar o mundo em um lugar melhor.

Agradeço aos meus amigos, que em todos os momentos dividiram as alegrias e os desafios de que esses anos de faculdade nos proporcionaram.

Agradeço à atlética da administração e a ATCSE por todos as experiências que as mesmas me proporcionaram fazendo-me crescer como pessoa e profissional.

Agradeço os meus colegas de trabalho pela importante colaboração tanto nessa pesquisa quanto durante meu crescimento como profissional.

E por fim, agradeço a minha noiva, Isabela, por todo amor e carinho e por ser meu porto seguro sempre que precisei.

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“Se você deseja algo você precisa imaginar, se você não imaginar nunca vai acontecer. “

Mohammad Yunus

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RESUMO

Saber a importância do conhecimento no mundo dos negócios, atualmente, é fundamental para as empresas, independente do seu porte ou característica. Para isso é essencial saber administrar,

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adquirir e saber utilizar o conhecimento da melhor forma possível. As práticas de gestão do conhecimento auxiliam os gestores e as empresas a enfrentarem a competitividade do mercado e desenvolverem vantagens competitivas. O objetivo geral desta presente pesquisa consiste em analisar os processos de gestão do conhecimento da área técnica de uma empresa de pequeno porte familiar. Esta pesquisa é descritiva e caracterizada como qualitativa. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas direcionadas aos colaboradores da área estudada e o seu respectivo diretor. A empresa estudada é a Vidramaq Comércio e Serviços LTDA EPP, empresa de comércio e manutenção de máquinas para beneficiamento do vidro. Atuante desde 2008, tem sua sede em São José, Santa Catarina. A analise de dados baseou-se no modelo de gestão do conhecimento de Probst, Raub e Romhardt (2002), no modelo proposto por Terra (2000) e na espiral do conhecimento de Nonaka e Takeuchi (1997). Além disso, foram verificadas as práticas e processos mais comuns de gestão do conhecimento sendo compreendidas as seguintes práticas processos: Aprendizagem Organizacional, Benchmarking, Melhores praticas, lições aprendidas, mentoring, comunidades de prática e mapeamento dos processos. De acordo com a analise ficou evidenciado que existiam apenas processos informais e desestruturados se limitando as praticas de mentoring e comunidades de práticas. Após isso, realizou-se o mapeamento de processos nas principais atividades da área técnica e uma topografia do conhecimento para descobrir as lacunas do conhecimento e a partir dai descobriu-se as demandas de conhecimento existente e onde o conhecimento estava mapeado na empresa. A ultima etapa desta pesquisa, visando a melhoria do processo de gestão do conhecimento da empresa estudada, propõe-se a adoção um conjunto de práticas do conhecimento e da formalização de práticas já presentes. Desta forma o conhecimento circulará, se manterá e se atualizará com mais eficácia, democratizando o acesso às informações e melhorando os processos organizacionais e o desempenho individual e coletivo na organização.

Palavras-chave: Gestão do conhecimento; empresas familiares; práticas de gestão do conhecimento; mapeamento de processos.

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ABSTRACT

Knowing how important your knowledge is in the world of business, nowadays, is fundamental for companies, independently of its size or characteristics. For that it is essential to know how to administrate, acquire and utilize this knowledge in the best way possible. Common practices in knowledge management help managers and companies to face market competitiveness and develop competitive advantages. Therefore, the main objective of this present research consists in the analysis of the knowledge management processes in the technical area of a small family company. This research is descriptive and qualitative. The data were collected through semi-structured interviews, directed to the workers in the selected area as well as their manager. The company studied was Vidramaq Comércio e Serviços LTDA EPP, an Exchange and maintenance company pro glass products. Acting since 2008, it has its headquarters in São José, Santa Catarina. The data analysis was based in the knowledge management model from Probst, Raub and Romhardt (2002), in the model proposed by Terra (2000) and in the knowledge spiral by Nonaka and Takeuchi. Besides that, it were verified the most common practices in knowledge management that comprehended the following practices: Organizational Learning, Benchmarking, Best Practices, Lessons Learned, Mentoring, Practices Communities and Process Maping. According to the analysis it was evidenciated that there were informal and desestructuralized processes, limiting themselves to mentoring practices and practice communities. After that a process mapping was made in the main activities of the technical area, along with a knowledge topography to figure out the knowledge gaps, and from that it was discovered the knowledge demands that were necessary, and where the knowledge was mapped within the company. The last step of the research, focusing on the processes improvements of the knowledge management in the referred company, it is proposed the adoption of some knowledge processes and the formalization of already existing practices. Therefore the knowledge will circulate, and will maintain and update more effectively, democratizing the information access and improving organizational processes, and the individual and collective performance.

Keywords: Knowledge Management; Family Companies; Practices in knowledge management; Process mapping.

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LISTA DE FIGURAS

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Figura 1 – O continuum de dados/conhecimento.........................................................................................................32Figura 2 – Quadro de interação entre conhecimento tácito e explícito........................................................................35Figura 3 – Modelo de interação da gestão do conhecimento com o ambiente organizacional....................................40Figura 4 – Inter-relação dos fluxos de informação.......................................................................................................42Figura 5 – Metáfora do Iceberg....................................................................................................................................44Figura 6 – Espiral do conhecimento: Conversão dos conhecimentos explícitos para tácitos......................................45Figura 7 – Modelo de Aprendizagem Organizacional..................................................................................................50Figura 8 – Organograma Vidramaq..............................................................................................................................75

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Dados, Informação e Conhecimento.............................................................32

Quadro 2 – Definições de gestão do conhecimento.........................................................38

Quadro 3 – Práticas de gestão do conhecimento..............................................................48

Quadro 4 – Inserir Título do Quadro................................................................................70

Quadro 5 – Inserir Título do Quadro.................................................................................71

Quadro 6 – Inserir Título do Quadro................................................................................82

Quadro 7 – Análise das Praticas de GC da Vidramaq Segundo Espiral do Conhecimento84

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

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GC: Gestão do conhecimentoKM: knowledge managementMPE’s: Micro e pequenas empresasSEBRAE: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 22

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1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA..................................................................................................... 221.2 OBJETIVOS............................................................................................................................................. 27

1.2.1 Objetivo geral..........................................................................................................................................................271.2.2 Objetivos específicos...........................................................................................................................................27

1.3 JUSTIFICATIVA..................................................................................................................................... 27

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................................................... 292.1 Gestão do conhecimento....................................................................................................................... 29

2.1.1 Dados, Informação e Conhecimento.............................................................................................................292.1.2 Tipos de Conhecimento......................................................................................................................................332.1.3 Conceitos de Gestão do conhecimento........................................................................................................36

2.2 ESPIRAL DO CONHECIMENTO...........................................................................................................442.3 AS PRATICAS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO.............................................................................47

2.3.1. Praticas relacionadas aos aspectos de gestão do conhecimento....................................................482.3.1.1 Aprendizagem Organizacional...................................................................................................................................492.3.1.2 Mentoring............................................................................................................................................................................512.3.1.3 Comunidades de pratica...............................................................................................................................................52

2.3.2. Praticas ligadas à estruturação dos processos organizacionais......................................................552.3.2.1 Benchmarking...................................................................................................................................................................552.3.2.2 Mapeamento de processos...........................................................................................................................................572.3.2.3 Lições aprendidas............................................................................................................................................................592.3.2.4 Melhores praticas............................................................................................................................................................ 61

2.4 EMPRESAS FAMILIARES.........................................................................................................................612.5 GESTÃO DO CONHECIMENTO EM EMPRESAS FAMILIARES........................................................65

3 METODOLOGIA................................................................................................................................. 673.1 TIPO DO ESTUDO..................................................................................................................................... 673.2 COLETA DE DADOS E SUJEITOS DA PESQUISA................................................................................683.3 ANALISE DE DADOS................................................................................................................................. 713.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA................................................................................................................... 71

4. ESTUDO DE CASO............................................................................................................................ 724.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA............................................................................................................ 724.2 PRATICAS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO PRESENTES...........................................................76

4.2.1 Mentoring existente atualmente....................................................................................................................774.2.2 Comunidade de práticas existentes atualmente.....................................................................................79

4.3 PROPOSIÇÃO DE NOVAS PRATICAS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO...................................814.3.1 Mapeamento de Processos...............................................................................................................................814.3.3 Topografia do conhecimento...........................................................................................................................864.3.3 Melhores Práticas.................................................................................................................................................904.3.3 Benchmarking........................................................................................................................................................ 924.3.4 Lições aprendidas.................................................................................................................................................944.3.5 Formalização do Mentoring.............................................................................................................................964.3.5 Aprendizagem organizacional.........................................................................................................................97

5 CONCLUSÃO....................................................................................................................................... 99

REFERÊNCIAS.................................................................................................................................... 102

APENDICE........................................................................................................................................... 107

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1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo se encontra a introdução do estudo buscando trazer a contextualização do

tema, sua importância e os objetivos e justificativa do trabalho.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA

É notável que, nos dias de hoje, os tópicos informação e conhecimento tem sido cada vez

mais estudado e valorizado tanto no meio acadêmico quanto empresarial. A transição da

sociedade industrial para a sociedade do conhecimento acarretou diversas mudanças no modo de

se fazer negócios, fazendo com que o capital intelectual se torne algo imprescindível para o

sucesso das empresas.

As Últimas décadas foram marcadas por grandes mudanças no mundo corporativo. Ao

mesmo tempo que a abertura dos mercados gerou uma atmosfera de concorrência globalizada, o

aumento do fluxo de capital circulando foi percebido, de maneira inédita, em países e mercados

que antes eram periféricos. Além disso, segundo Drucker (1992), houve a evolução para a

sociedade que se baseia no conhecimento e na informação, introduzindo assim novos conceitos e

mudando paradigmas.

Este novo momento recebeu diversas nominações como Era da informação (DRUKER,

1992), Era do conhecimento (SVEIBY, 1998), Terceira Onda (TOFFLER, 2003) e Sociedade em

Rede (CASTELLS, 2002), entre outras. Porém, todas ostentam a mesma característica: o valor

atribuído ao capital intelectual (ou ao conhecimento) como sendo a principal riqueza ou recurso

nas organizações.

Porém, o estudo do conhecimento é antigo, apesar de não ser segmentado desta forma, os

conceitos de conhecimento ganharam maior atenção a partir da era dos gregos. Estudos mais

contemporâneos classificam o conhecimento como gerador de valor, inovação e competitividade

para as empresas (GIRARDI, 2009).

Com o passar dos anos, a sociedade evoluiu de forma cada vez mais acelerada, e com isso

as organizações, visando à manutenção da competitividade perante seus concorrentes, precisaram

desenvolver a capacidade de adaptação através do aprendizado e inovação, podendo-se afirmar

então que as organizações que não investem nesse capital intelectual individual e coletivo tendem

a perder espaço no mercado (ANGELONI, 2008).

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Com o mundo corporativo cada vez mais instável, surge então à necessidade de se manter

sempre atento às mudanças, e as possíveis oportunidades e ameaças que essas mudanças podem

trazer para a empresa, buscando sempre aumentar a lucratividade do negócio (CARVALHO,

2001) .

Assim é possível dizer que nem possuir uma marca forte ou ser líder de um determinado

mercado é suficiente para assegurar um futuro próspero. Isso pois os desafios impostos por essa

sociedade moderna, principalmente a globalização e a crescente exigência dos clientes, são

reflexos de um modelo de gestão e consumo mais informado e conectado (SVEIBY, 1998).

Parece óbvio porem é sempre necessário se entender que uma das coisas mais importantes

na era do conhecimento é a gestão do conhecimento nas corporações. E da mesma forma, um dos

conceitos mais importantes dentro da gestão do conhecimento é a transmissão correta da

informação, ou seja, quando uma pessoa possui um determinado conhecimento e transfere o

mesmo para outra pessoa, a primeira se torna uma multiplicadora do conhecimento, pois ao

transferi-lo ela não o perde. Assim, em um universo organizacional, a empresa só tem a ganhar,

tendo agora dois funcionários com o determinado conhecimento (TERRA, 2005).

Apesar de, atualmente no Brasil, nos encontramos na era da sociedade do conhecimento,

há organizações que, por diversos motivos, como por exemplo, a dificuldade de mensuração de

resultados, ainda não dão o devido valor e não investem tanto quanto deveriam na gestão do

conhecimento como forma de inovação (GIRARDI, 2009).

As organizações de todos os portes, desde as empresas familiares até as multinacionais,

necessitam inovar de forma regular os seus serviços e produtos e também suas práticas e

processos, gerando assim mais valor e diferenciais sustentáveis. E isso somente é possível dado o

devido valor ao processo de criação e manutenção do conhecimento (FIGUEIREDO, 2005).

Igualmente segundo Figueiredo, (2005), a gestão do conhecimento ainda é uma

dificuldade para as organizações atualmente e esta dificuldade se torna ainda maior quando se

trata de micro e pequenas empresas (MPEs). Considerando-se que as MPEs no Brasil

correspondem a maioria das empresas do setor privado, podemos afirmar que a falta de gestão do

conhecimento é expressiva.

As empresas familiares sofrem o mesmo problema, já a maioria está inserida nessa

categoria de MPE. Porém, em um âmbito mundial, as empresas familiares são maioria em muitos

setores do mercado, o que justifica uma analise mais detalhada sobre esse tipo de gestão.

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Segundo Lethbridge (1997), desde os anos 90, no Brasil, as empresas familiares tinham grande

representatividade e totalizam 90% do total de empresas existentes. Assim, através desses

números relevantes, conseguimos perceber a importância e a representatividade das empresas

familiares como um dos pilares da economia mundial.

Para contextualizar essa pesquisa, no ano de 2012, as MPEs representavam cerca de 99%

do total de estabelecimentos do setor privado brasileiro, de acordo com uma pesquisa feita em

2013 pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE. Este número mostra a

enorme representatividade das Micro e Pequenas Empresas (MPEs) no país, e isto faz com que

aumente a competição entre elas. (SEBRAE, 2015). O número de MPEs em 2012 era, em

milhões, de 4,4 e na última pesquisa realizada pelo SEBRAE em março de 2017 esse tipo de

negócio, apesar da baixa se comparado com dezembro de 2015, alcança o número de 4,9 milhões

(SEBRAE, 2017).

Visto que a adesão da gestão do conhecimento, principalmente entre Micro e Pequenas

empresas e empresas familiares, é baixo, se torna necessário que as empresas desenvolvam

estratégias para criar e reter conhecimentos organizacionais que ajudarão nas “atividades críticas”

realizadas, que às diferenciam de seus concorrentes. Aliado a isso, ainda existe o problema da

alta rotatividade de funcionários dentro das MPEs de forma geral (KRUGLIANSKAS, 2003).

Segundo Nonaka e Takeuchi (1997), a criação e a retenção do conhecimento dentro das

empresas são grandes desafios. Em uma economia onde a única certeza é a incerteza, apenas o

conhecimento é fonte segura de vantagem competitiva e sustentável.

A questão das pequenas empresas na era do conhecimento é complexa e peculiar em

vários sentidos, pois o mundo das empresas de pequeno porte é diverso e abrangente,

principalmente as realidades regionais e setoriais com muitos meios de produção desde artesanais

até tradicionais. Dentro deste emaranhado de situações diferentes, a gestão do conhecimento

demonstra sua importância no que tange a auxiliar as empresas a melhorar seus processos,

diminuir os riscos e acelerar a tomada de decisão (LONGENECKER, 1997).

As empresas administradas por famílias constituem uma forma organizacional única e tem

consequências positivas e negativas como todas as outras. Quando dirigentes são parentes, suas

tradições, valores e prioridades brotam de uma fonte comum. As comunicações verbais ou não

podem ser aceleradas nas famílias (BEZERRA, 2000).

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Com uma falta de profissionalização comum e práticas baseadas em valores familiares, as

empresas familiares precisam de práticas como a gestão do conhecimento. Assim sendo, é

fundamental a internalização de novos valores e posturas administrativas no contexto

organizacional por parte, principalmente de profissionais comprometidos com o negócio (LODI,

1986).

Entretanto, para se ter uma estrutura organizacional que promova um processo de

comunicação interna eficaz e estruturação de seus processos é fundamental a implementação de

ações que promovam a interação entre o grupo, a valoração dos colaboradores, os mecanismos

que facilitem o contato dentro da estrutura organizacional (DONNELLEY, 1976).

Além disso, os processos dentro de uma organização são de extrema importância.

Todos os bens e fluxos pertencentes à organização estão relacionados aos seus processos.

Assim sendo, os gestores devem entender e coordenar os processos e ter ferramentas que

possibilitam isso, para que os fluxos de recursos da sejam explorados de uma melhor

maneira (OLIVEIRA, 2009).

Portanto, no que diz respeito às empresas familiares, quando nos referimos às de pequeno

porte, têm-se geralmente que a postura dos tomadores de decisão é conservadora e centralizadora.

Dessa forma, o mais comum nessas empresas é que o fluxo do conhecimento é realizado de

maneira informal, espontânea e desregrada. Diante dessa situação, entende-se que descrever

como deve ocorrer a gestão do conhecimento em uma empresa familiar e, em específico, como

nela se dá a criação e manutenção do conhecimento, poderá contribuir para o melhor

direcionamento e aproveitamento dessa riqueza criando assim mais valor para as empresas

(TERRA, 2005).

Assim, as práticas de gestão do conhecimento se tornam ainda mais essenciais. Segundo

Senge (2004), há presença de pessoas nas organizações estimula o aprendizado dentro das

mesmas, pois estas pessoas aprendem e já aprenderam em algum momento. Da mesma forma, se

proporciona um ambiente de troca de conhecimento e experiência o que facilita no aprendizado

organizacional.

Nonaka e Takeuchi (1997) ainda destacam que este é um processo dinâmico, e não deve

ser necessariamente tratado em estágios separados, mas sim um ciclo de transferência de

informações, onde o conhecimento circula ate ser absorvido (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

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Entretanto para que a GC seja implantada de forma eficiente em uma organização é

preciso que a rede interpessoal integrante da empresa esteja comprometida de fato com este

objetivo. Além disso, precisam dispor de ferramentas e práticas adequadas. As principais

preocupações são referentes à cultura da empresa e a postura de seus membros em relação ao

conhecimento (ALBINO; REINHARD, 2009).

Nesse contexto descrito por Albino e Reinhard (2009) embora muito se tenha pesquisado

sobre a importância desempenhada pela GC, pouca atenção tem se dado as dificuldades entre o

esforço para desenvolver e implantar projetos de gestão de conhecimento nas organizações, e a

sua efetiva utilização. Sendo que nas empresas, principalmente quando se tratando de empresas

familiares de pequeno porte, as poucas ações que existem estão no campo da informalidade e

falta de estruturação.

A Vidramaq Comércio e Serviços LTDA EPP, que foi alvo do estudo, é uma pequena

empresa do ramo de comércio e manutenção de máquinas para beneficiamento de vidros, situada

em São José/SC e fundada em 2008. É uma empresa familiar na qual os dois sócios são casados e

um é responsável pela área técnica enquanto o outro é responsável pela área administrativa.

Atualmente a empresa possui 12 funcionários separados em dois setores, área técnica e

administrativo. A área técnica é responsável pela montagem, teste e correção das máquinas

importadas bem como pela instalação e manutenção no local de entrega. Já o setor administrativo

realiza as funções financeiras, comerciais, fiscais e também de recursos humanos. São 6

funcionários que dividem essas funções de forma não departamentalizada.

Pode-se dizer que a área mais importante da empresa é a área técnica, pois dessa provem

o core business da empresa, ou seja, é a área responsável pela instalação e manutenção dos

equipamentos que são a principal fonte de renda da organização. Além disso, os técnicos

convivem diariamente com clientes e são os grandes responsáveis pala qualidade dos serviços da

organização.

Além disso, a empresa atende o território nacional com clientes espalhados por quase

todos os estados. Os clientes são desde vidraçarias, passando pela construção civil e têmperas até

os pequenos produtores moveleiros.

Quando os equipamentos adquiridos pela Vidramaq chegam ao galpão no Brasil os

funcionários da empresa colocam em prática uma série de testes de qualidade e também trocam

algumas peças e fazem algumas adaptações para o mercado nacional. Da mesma forma quando a

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máquina é entregue no galpão da vidraçaria cliente, os funcionários instalam-na e desenvolvem

um treinamento de uma semana com os operadores locais. Além disso, acompanham um dia de

produção para se certificar que tudo estará dentro do previsto.

Para atingir novos clientes de uma forma ampla, a empresa estudada, Vidramaq Comércio

e Serviços LTDA. participa de feiras regionais e também da Feira Internacional do Vidro que

acontece a cada dois anos em São Paulo.

Portanto, dentro deste contexto, analisaremos a importância da formalização das práticas

de gestão do conhecimento no contexto de uma empresa familiar de pequeno porte e levando em

conta a estrutura informal e familiar pergunta-se: Como estruturar formalmente os processos

de gestão do conhecimento em uma empresa familiar de pequeno porte?

1.2 OBJETIVOS

Nesta seção são apresentados o objetivo geral da pesquisa, e em seguida os objetivos específicos.

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho é analisar como estruturar os processos de gestão do

conhecimento em uma empresa familiar de pequeno porte.

1.2.2 Objetivos específicos

A) Identificar os processos de gestão do conhecimento existentes na empresa;

B) Analisar quais processos de gestão do conhecimento se aplicam melhor ao contexto da

empresa estudada;

C) Propor práticas de gestão do conhecimento que sejam aplicáveis da realidade e ao contexto da

empresa;

1.3 JUSTIFICATIVA

A gestão do conhecimento tem um papel fundamental na habilidade da empresa em se

manter competitiva, principalmente se tratando do mercado de micro e pequenas empresas e

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empresas familiares no Brasil, onde a concorrência é ainda mais acirrada. O estudo apresentado

neste trabalho foca neste quesito, pois ao melhorar a disseminação do conhecimento e incentivar

a melhoria dos processos, a empresa reduz custos e agrega valor a seus recursos humanos,

aumentado sua competitividade e em um setor tão saturado.

A importância do estudo também se aplica visto que para serem mais efetivas e

resilientes, as empresas familiares devem estruturar a criação, circulação e manutenção do

conhecimento. Desta forma é fundamental identificar as melhores práticas que se aplicam na

gestão do conhecimento e explicitar os seus benefícios e impactos na gestão das empresas.

A pesquisa se mostra original no âmbito do estudo da gestão do conhecimento dado as

peculiaridades e da estruturação de empresas familiares, pois estas ainda trazem os valores dos

parentes que gerem a empresa de forma muito intrínseca e conservadora. Segundo as

características que são comuns às empresas familiares e de pequeno porte, tomada de decisão

centralizada e informalidade dos processos de gestão são presentes à essa instituição. Isso confere

ainda mais importância ao processo de gestão do conhecimento pois o mesmo aborta tanto o

conhecimento tácito quanto o explícito e favorece a criação e a continuidade do conhecimento na

empresa e é por esse motivo que este estudo procura abordar a gestão do conhecimento nessa

ótica.

Essas ferramentas, além de amplas, procuram explicitar todas as formas de conversão do

conhecimento, inclusive as informais que são muito presentes neste tipo de organização.

Ao final, a pesquisa se torna viável pois é possível vincular os benefícios já conhecidos da

gestão do conhecimento, analisando as estruturas das empresas familiares sob a ótica da espiral

do conhecimento, com o objetivo de explicitar a importância dessas práticas para um melhor

desempenho da empresa e do seu tempo de vida.

Destacando-se assim a importância do estudo para que as empresas familiares possam

adotar práticas de gestão do conhecimento a fim de estruturarem-se melhor tanto em relação aos

seus processos internos quanto em uma caminhada para a profissionalização, derrubando algumas

barreiras e tornando possível a buscar por manter, melhorar e circular o conhecimento nessas

organizações.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo encontra-se um panorama bibliográfico sobre gestão do conhecimento e

empresas familiares. Os principais aspectos conceituais abortados são a gestão do conhecimento e

suas práticas além das características das empresas familiares. Dentro do assunto sobre gestão do

conhecimento contem a diferença entre dados, informações e conhecimento, os diferentes tipos

de conhecimento, os principais conceitos de gestão do conhecimento e ainda a espiral do

conhecimento. Os principais autores que colaboram nesse tópico são Nonaka e Takeuchi (1997),

Davemport e Prusak (1998), Probst, Raub e Romhardt (2002), Maria Terezinha Angeloni (2002)

e Zanella (2006). No tópico sobre as práticas, buscou-se destacar algumas práticas de gestão do

conhecimento separando-as em dois grupos: Práticas relacionadas aos aspectos de gestão do

conhecimento e práticas ligadas à estruturação dos processos organizacionais. Neste segundo

tópico cada prática trouxe uma colaboração de diferentes autores com o destaque para: Batista

(2005), Senge (2004), Hilleshiem (2006), Terra (2005) e Leuch (2006). Por fim, no tópico sobre

empresas familiares buscou-se evidenciar suas características e desafios bem como ligá-las à

gestão do conhecimento. Sobre as empresas familiares os autores que mais contribuíram foram

Drucker (1981), Leone (2005), Bezerra (2000), Lodi (1986), Gandra (1999) e Choo (2003). Esta

fundamentação teórica visa fornecer uma melhor compreensão sobre a pesquisa.

2.1 Gestão do conhecimento

Nesta sessão encontra-se a pesquisa feita em cima do tema gestão do conhecimento.

2.1.1 Dados, Informação e Conhecimento

Buscando o melhor entendimento teórico sobre o tema em questão, apresenta-se a

diferenciação entre os conceitos de dados, informação e conhecimento. Sabe-se que ainda há uma

grande confusão entre esses conceitos que apesar de parecerem similares apresentam diferenças

conceituais. Davenport e Prusak (1998), por exemplo, têm argumentado que a confusão entre tais

conceitos, em que se diferem e o que significam, gera enormes investimentos com tecnologias

que raramente produzem resultados satisfatórios para as empresas. Nas palavras dos autores

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conhecimento não é dado nem informação, embora esteja relacionado com ambos e as diferenças

entre esses termos seja normalmente uma questão de grau.

De acordo com Probst, Raub e Romhardt (2002) a distinção desses conceitos é

imprescindível em termos organizacionais com o objetivo de saber a relação entre eles e assim

evitar a dissociação desses conceitos e suas possíveis consequências.

Segundo Angeloni (2002) os dados são a unidade mais bruta entre os três conceitos e

refere-se a elementos descritivos de um evento, sendo desprovido de contextualização ou

tratamento lógico. De acordo com Ferreira et al (1999) dado é o princípio em que se assenta uma

discussão” ou o “elemento ou base para formação de um juízo. Ainda pode-se dizer que se

desenvolvem dados como “aquilo que se conhece e a partir do que se inicia a solução de um

problema, formulação de um juízo, o desenvolvimento de um raciocínio.

Os dados em uma perspectiva solitária não podem gerar julgamentos e interpretações, pois

os mesmos apenas refletem eventos que já aconteceram. Porem não podem ser descartados

porque são considerados matérias-primas para a criação da informação (DAVEMPORT;

PRUSAK, 1998).

Então, a informação, segundo Ferreira et al. (1999), é o ato ou efeito de informar (-se) , ou

seja, o ato de tomar conhecimento, de inteirar-se ou instruir-se sobre algo. Já para Houaiss et al.

(2001) o vocábulo é entendido como “comunicação ou recepção de um conhecimento ou juízo”.

De modo diverso dos dados, a informação está dentro de uma rede de relações que lhe atribuem

um significado e, consequentemente, uma utilidade. A informação é necessária para a construção

do conceito de conhecimento (NONAKA; TAKEUCHI,1997).

Em complemento, sobre o conceito de informação, Drucker (1992) afirma:"Existem boas razões pelas quais as grandes organizações terão que ser baseadas em informação. Uma delas é a demográfica. Os trabalhadores que utilizam conhecimentos, os quais compõem uma escala crescente a forca de trabalho, não se submetem aos métodos de comando e controle do passado. Outra razão é a necessidade de sistematizar a inovação e o caráter empreendedor, trabalhos com conhecimento no mais auto grau. E a terceira é a necessidade de se acertar com a tecnologia da informação" (DRUCKER, 1992).

No que diz respeito ao conhecimento Ferreira et al. (1999) diz que é o ato ou efeito de

conhecer ou ideia ou ainda noção. Outro significado adotado por esses mesmos autores, define o

termo como “informação, notícia, ciência”. Ainda apresentando outros significados os autores

relacionam o vocábulo como sendo prática de vida; experiência. O conhecimento é o ato ou

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efeito de aprender intelectualmente, de perceber um fato ou uma verdade; cognição, percepção” e

ainda sendo como o “fato, estado ou condição de compreender, de entender.

Assim, finalmente o termo conhecimento se produz relevante pois agrega um conjunto de

informações que podem ser consideradas pertinentes a um sistema elaborado de críticas

(ANGELONI, 2002).

Angeloni (2002) ainda colabora para a compreensão do termo ao defini-lo como “a

compreensão por qualquer experiência” e também ao ressaltar que é “o entendimento obtido

através da experiência, seja ela má ou boa”. Nesse sentido, é correto afirmar que informação pode

ser entendida como um estímulo que produz uma experiência, que por sua vez, resulta em um

determinado conhecimento.

Em uma visão epistemológica afirma que conhecimento é tido como uma forma de crença

justificada. A crença neste caso é qualquer fato que a pessoa tome como verdadeiro. Mas alerta-

se que crenças podem ser falsas e que é possível não se acreditar na verdade. (ANGELONI,

2002).

Nonaka e Takeuchi (1997) destacam três importantes características do conhecimento, as

quais também podem ser encontradas nos conceitos anteriormente citados:“Primeira, o conhecimento, ao contrario da informação, diz respeito a crenças e compromissos. O conhecimento é uma função de uma atitude, perspectiva ou intenção específica. Segunda, o conhecimento, ao contrario da informação, está relacionado à ação. E sempre o conhecimento "com algum fim". E terceira, o conhecimento, como a informação, diz respeito ao significado. E especifico ao contexto e relacional. “ (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

Ainda no contexto do conceito de conhecimento, entende-se que o conhecimento em si

reside na mente dos interlocutores, sendo assim fragmentado e interdependente. Além disso, não

pode ser reduzido apenas ao lado racional da mente, sendo assim mais amplo e integral

(MORAN, 1994).

A figura 1, a seguir, tem como objetivo proporcionar um melhor entendimento entre a

relação dos conceitos:

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Figura 1 - O continuum de dados/conhecimento

Dados ................................................. Informações ............................................................... Conhecimento

desestruturados ............................................................................................................................... estruturado

isolados........................................................................................................................................... incorporado

independentes do contexto .......................................................................................... dependente do contexto baixo

controle comportamental ......................................................................... alto controle comportamental

símbolos ................................................................................................................. padrões cognitivos de ação

distinção ............................................................................................................................ domínio/capacidade

Mudança de qualidade suave, de modo contínuo

Fonte: Probst et al. (2002)

Mesmo após as definições teóricas entre os termos dados, informação e conhecimento

pode-se haver alguma dúvida sobre sua compreensão. Para tanto, é apresentado o quadro 1 a fim

de sanar quaisquer dúvidas referentes aos termos.

Quadro 1 - Dados, Informação e Conhecimento

Dados, Informação e Conhecimento

Dados Informação Conhecimento

Simples observações sobre o

estado do mundo.

Dados dotados de relevância e

propósito.

Informação valiosa da mente

humana. Inclui reflexão, síntese,

contexto.

- Facilmente estruturado;

- Facilmente obtido por

máquinas;

- Frequentemente quantificado;

- Facilmente transferível.

- Requer unidade de análise;

- Exige consenso em relação

ao significado;

- Exige necessariamente a

mediação humana.

- De difícil estruturação;

- De difícil captura em máquinas;

- Frequentemente tácito;

- De difícil transferência.

FONTE: Davenport, Prusak - 1998

Desta forma, pode-se verificar que o sucesso ou o fracasso de uma empresa, muitas vezes,

pode depender de se saber de quais deles (dado, informação e conhecimento) o gestor precisa

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para tomar decisões, quais deles estão disponíveis e o que se pode ou não fazer com eles

(DAVENPORT; PRUSAK, 1998).

Relacionando as ideias acima citadas com desempenho organizacional, Gomes Jr. (2013)

argumenta que dados, informação e conhecimento devem ser considerados como importantes

fatores de competitividade organizacional. Segundo o autor, para desenvolver atividades de

melhoria contínua para a empresa, deve-se gerenciar esses recursos informacionais. No contexto

de inteligência competitiva, por exemplo, ela defende que os recursos informacionais ajudam a

aumentar o desempenho organizacional. Ou seja, significa estabelecer fluxos formais e informais,

bem como mapear e reconhecer os dados, informações e conhecimentos estruturados,

estruturáveis e não estruturados para o negócio também são ações que contribuem para o

desenvolvimento da inteligência competitiva organizacional (GOMES JR., 2013).

2.1.2 Tipos de Conhecimento

O conhecimento é o que se extrai da aprendizagem e assimilação de informações quando

estas estão contextualizadas. Assim, é necessário que o individuo enquanto participante de uma

organização ou sociedade se atualize constantemente buscando de forma contínua novas

informações relevantes e da mesma forma disponibilizando para as outras informações criadas

por ele. Especificamente nas empresas, o conhecimento tem muito mais valor agregado quando

ele é transferido e aplicado, tanto na estrutura quanto nos processos e produtos (ZANELLA,

2006).

De acordo com Zanella (2006), os tipos de conhecimento são:

Conhecimento Empírico: “é aquele obtido pelo acaso, ou pelo método de tentativa

e erro, sem a necessidade de estudo prévio, pesquisa e aplicação. É conhecido por

ser adquirido por observação e experiência vivida e transmitido por imitação ou de

maneira informal” (Zanella, 2006).

Conhecimento Filosófico: Segundo Zanella (2006), é o tipo de conhecimento que

se contrai baseado na razão e na reflexão podendo ser comparado à realidade de

maneira mais ampla.

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Conhecimento Teológico: De acordo com Zanella (2006) é o conhecimento no

qual não é possível ser verificado e mesmo assim e considera indiscutível. É,

portanto, apoiado em fundamentos místicos e religiosos.

Conhecimento científico: se caracteriza pela sua constante atualização e renovação

além de ter sempre uma hipótese de comprovação, sendo resultado de uma

fundamentada investigação regida por fatos e leis (Zanella, 2006).

Segundo Nonaka e Takeuchi (1997), o conhecimento é criado a partir de uma estrutura

ambígua e/ou paradoxal no qual dois elementos, aparentemente opostos, interagem:

Conhecimento explícito e conhecimento tácito.

Autores como Carvalho (2012) citam que o conhecimento explicito é tangível, teórico e

racional. Assim, entende-se de uma melhor forma esse conceito pois este tipo de conhecimento

pode ser escrito na forma de formulas ou regras. O próprio termo “explícito” já sugere algo que é

algo de mais fácil visualização e compreensão. Nas próprias palavras do autor, ele nos apresenta

um conceito mais completo de conhecimento explícito: “Representa um conhecimento

cristalizado que pode ser comunicado através de números e palavras e pode ser armazenado e

transportado por meio de livros, banco de dados e até através de aulas e palestras “

(CARVALHO, 2012).

Ainda segundo Carvalho (2012), o conhecimento tácito é prático e empírico e é oriundo

da experiência e de momentos vividos. Além disso, engloba conceitos de emoção e valores bem

como crenças e intuições também. De forma resumida, o autor explica que o conhecimento tácito

é determinante em nossas vidas pois nos dá uma visão de mundo sem que nós percebemos e

corresponde àquele conhecimento que temos e não sabemos explicar da onde veio.

Também, essa pesquisa, baseou-se nos conhecimentos difundidos por Nonaka e Takeuchi

(1997) que ilustram a obrigatoriedade da criação do conhecimento nas organizações e para tal,

definem os dois tipos de conhecimento existentes:

Conhecimento Tácito: “É o conhecimento que está enraizado profundamente

nas ações e experiências do indivíduo, como também nas suas emoções, ideias

e valores. É um conhecimento construído de maneira lenta e gradual e que é

aparentemente invisível pois se encontra na mente dos usuários” (NONAKA;

TAKEUCHI, 1997).

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Conhecimento explícito: “É o conhecimento que pode ser expresso em

palavras, números, gráficos e formas. É facilmente comunicado e

compartilhado no formato de formulas, dados e procedimentos. Podem ser

quantificáveis e transmitidos de maneira formal e sistematizada. “ (NONAKA;

TAKEUCHI, 1997).

De acordo com Nonaka e Takeuchi (1997), o conhecimento tácito ainda pode ser

decernido em outras duas dimensões: A dimensão técnica é onde se encontra as habilidades que

são difíceis de serem discriminadas, ou seja, aquelas técnicas que adquirimos com nossa

experiência e assim chamamos de habilidades informais. Essas habilidades, da dimensão técnica

são conhecidas também como Know-how. Elementos como insights e inspirações nos ajuda a

lembrar desse conceito. Já a dimensão cognitiva é construída a partir das nossas crenças, valores

e emoções. Esses elementos estão enraizados em nós e os percebemos através de nossos costumes

e hábitos. São aqueles conhecimentos que estão a tanto tempo conosco que achamos que já

nascemos com eles.

Como veremos ainda neste levantamento teórico, Nonaka e Takeuchi (1997) nos afirmam

que os conhecimentos tácitos e explícitos interagem entre si a todo o momento nas organizações e

o resultado desta interação é um processo de criação e expansão do conhecimento. A Figura 2

ilustra essa interação:

Figura 2 - Quadro de interação entre conhecimento tácito e explícito

Fonte: Nonaka e Takeuchi (1997).

Esses processos apresentados na figura acima formam o que podemos chama de base do

conhecimento. Quando o processo está bem definido e acontece todas as etapas de conversão, o

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conhecimento é comunicado de diversas formas possíveis inclusive podendo ser interno ou

externo à organização, existindo assim a interação necessária para a criação, expansão e

manutenção do conhecimento na empresa. Porem, ainda é necessário que seja condensado à

cultura da organização a ideia de aprendizado e atualização continua (NONAKA; TAKEUCHI,

1997).

Uma terceira teoria que corrobora para a criação dos conceitos de conhecimento é a da

autora Angeloni (2002): ela nos diz que o conhecimento é tudo aquilo que uma organização ou

uma determinada pessoa sabe. Podendo ter origem diversa e cronologia ampla. Ainda segundo

Angeloni (2002), o conhecimento pode ser explícito, tácito, individual ou organizacional.

Os conhecimentos das organizações e dos atores que fazem parte dela tanto eles tácitos

quanto explícitos não podem ser considerados isolados. Eles têm relação entre si, porque as

pessoas interagem entre elas e para com a sociedade que está a sua volta, trazendo e levando

informações constantemente. Assim Angeloni (2002) sintetiza que o desempenho organizacional

está diretamente ligado com a combinação de conhecimentos tácitos e explícitos das pessoas

entre si e das pessoas com a organização.

Independentemente dos tipos de conhecimento, o importante a ser lembrado é que todos,

sem exceção, para existirem precisaram passar por um processo de aprendizagem, seja ele

consciente ou não. Assim, fica claro a importância do aprendizado e que quando ele ocorre

conseguimos capacitar as pessoas e as organizações e desenvolvendo, portanto, uma capacidade

de compreender, analisar, julga e, principalmente, inovar maior (NONAKA, TAKEUCHI, 1997).

2.1.3 Conceitos de Gestão do conhecimento

Indiretamente a gestão do conhecimento vem sendo abordada desde os primórdios da

administração tanto na linha teórica, quanto na organizacional. Nos anos 80, esse tema tornou-se

mais presente com o advento das abordagens teóricas relacionadas à sociedade do conhecimento,

ao aprendizado organizacional e às competências essenciais na gestão estratégica (SPENDER,

1996).

Porém, o reconhecimento de que para se tornar eficiente na busca pela melhoria dos

processos das organizações o conhecimento precisa ser gerenciado é relativamente recente.

Segundo Teixeira Filho (2000), a capacidade de gerir o conhecimento está ligada, diretamente, à

noção de combinação de diversas fontes tipos de conhecimento existentes.

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O termo Gestão do Conhecimento (GC), Knowledge Management (KM) no inglês, tem

popularizado no meio acadêmico e empresarial nos últimos anos, no entanto ainda não existe um

consenso conceitual entre os teóricos interessados pelo tema em questão (OLIVEIRA, 1999).

Existem várias tentativas de definição do termo. Segundo Sveiby (1998) classifica as

abordagens da KM em duas categorias principais: as orientadas para gestão da informação e

orientadas em aprendizagem organizacional e competências. No entanto, Souza (2009) define a

gestão do conhecimento como o conjunto de atividades que busca desenvolver e controlar todo

tipo de conhecimento de uma organização, visando à utilização na consecução de seus objetivos.

O autor salienta que GC deve ter como meta o apoio ao processo decisório em todos os níveis

organizacionais. Ainda para Souza (2009), a KM pode ser definida como a gestão das atividades

e processos que visam ampliar o uso e a criação do conhecimento de uma organização.

Em estudos mais recentes, Lacombe (2006) brada que a gestão do conhecimento é um

conjunto de esforços realizados de forma organizada com o intuito de disseminar o conhecimento

na organização, incorporando-o nos processos, produtos e pessoas envolvidos.

Segundo Melo (2003), a gestão do conhecimento não necessita de requisitos

metodológicos para ser implementada, pois como o conhecimento se apresenta de forma variada

dentro de uma comunidade deve ser estudado caso a caso. O ideal desse processo é transformar o

conhecimento em um atributo democrático e acessível a fim de atingir dois objetivos: Identificar

de forma correta o que é relevante para o negócio e evitar que conhecimentos desnecessários

afetem os processos organizacionais.

Ainda, segundo Melo (2003), a organização do conhecimento é uma função da gestão do

conhecimento, desta forma, essa disciplina tem o objetivo de estruturar o conhecimento na

organização visando a identificação dos conhecimentos primordiais para alavancar as vantagens

competitivas e ter sucesso.

Essa organização das empresas para estruturação e transformação das informações para

apoio à decisão não é pratica exclusiva das grandes corporações. De acordo com Terra (2000),

todos os tipos de organização de alguma forma gerem o conhecimento existente, pois para todo o

trabalho humano é necessário o emprego de um mínimo de inteligência e um mínimo de

estruturação, mesmo que essa seja informal. Assim, o crescimento da gestão do conhecimento

tende a melhorar na mesma proporção os processos internos organizacionais.

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No quadro 3 são resumidamente destacadas algumas definições selecionadas por

Sollemwerk (2008).

Quadro 2 - Definições de gestão do conhecimento

Autores Definições de KM

WiigConstrução sistemática, explícita e intencional do conhecimento e sua aplicação para

maximizar a eficiência e o retorno sobre os ativos de conhecimento da organização.

PetrashDisponibilização do conhecimento certo para as pessoas certas, no momento certo, de

modo que elas possam tomar as melhores decisões para a organização.

HibbardProcesso de busca e organização da expertise coletiva da organização, em qualquer

lugar em que se encontre, e sua distribuição para onde houver o maior retorno.

Spek e SpikkevertControle e o gerenciamento explícito do conhecimento dentro da organização, de

forma a atingir seus objetivos estratégicos

BeckmanFormalização das experiências, conhecimento e expertise, de forma que tornem

acessíveis para a organização, e esta possa criar novas competências.Fonte: Sollemwerk (2008).

Segundo Sveiby (1998), a Gestão do Conhecimento não é mais uma moda de eficiência

operacional. Faz parte da estratégia empresarial. É essa estratégia empresarial que para Barney

(1986) explica o desempenho superior das empresas, pois o conjunto de recursos (tangíveis e

intangíveis) e capacidades diferenciadoras, que permitem às empresas conquistarem e

sustentarem vantagens competitivas por longos períodos de tempo em seus mercados

consumidores. Para tanto, tais recursos e capacidades devem ser valioso, raros, custosos de serem

imitados e as empresas que os controlam devem ser capazes de explorá-los, por meio da

estruturação de processos e políticas adequadas (BARNEY, 1991).

Drucker (1992) alerta que o trabalho se torna cada vez mais baseado no conhecimento.

Somente a organização pode oferecer a continuidade básica de que os trabalhadores do

conhecimento precisam para serem eficazes. Apenas a organização pode transformar o

conhecimento especializado do trabalhador do conhecimento em desempenho.

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Nonaka e Takeuchi (1997) afirmam que se os investimentos em P, D & E começarem a

ultrapassar os investimentos em bens de capital, pode-se dizer que a empresa está começando a

deixar de ser um local onde se produz, para ser um local onde se pensa.

Segundo Santos (2006) a gestão do conhecimento não se trata apenas de gerir ativos de

conhecimento, mas também a gestão dos processos que atuam sobre esses ativos, o que inclui

desenvolver, preservar, utilizar e compartilhar conhecimento. Tudo isso com o intuito de atingir

os objetivos da organização. 

A gestão do conhecimento, segundo Terra (2000) possui um caráter universal, ou seja, é

aplicável em toda e qualquer empresa e requer criação de modelos organizacionais, novas

posições quanto ao papel da capacidade intelectual de cada funcionário e uma liderança efetiva

capaz de enfrentar os desafios dessa transformação.

Também de acordo com Terra (2000), é necessário que alguns mecanismos dêem suporte

para a gestão do conhecimento para que esta seja implementada e continuada de forma eficaz. É o

caso do suporte do departamento de RH da empresa, dos sistemas de informações e da

implementação de indicadores de desempenho. O autor ainda indica que é necessário um esforço

da empresa para que essas medidas que influenciam na gestão do conhecimento estejam

enraizadas na cultura da organização.

Dentro deste mesmo pensamento, Fleury e Oliveira Jr (2001) mencionam sete práticas

gerencias que dão apoio à gestão do conhecimento nas organizações:

1) Apoio da alta gerência pois a mesma possui influencia considerável na definição de

estratégias e metas organizacionais (FLEURY; OLIVEIRA JR, 2001).

2) Cultura organizacional focada em inovação e aprendizado contínuo que também pensam

no resultado a longo prazo sendo parte da estratégia da empresa (FLEURY; OLIVEIRA

JR, 2001).

3) Estrutura organizacional direcionada para equipe multidisciplinares com alto grau de

autonomia para tomada de decisões (FLEURY; OLIVEIRA JR, 2001).

4) Apoio do setor de RH com praticas como a atração de colaboradores com habilidades

especias, organização do conhecimento já existente na empresa, alinhamento do

comportamento dos colaboradores em relação as praticas de GC e gestão das

competências (FLEURY; OLIVEIRA JR, 2001).

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5) Tecnologia empregada na área da informática através de sistemas de informações que vão

dar suporte à tomada de decisão (FLEURY; OLIVEIRA JR, 2001).

6) Indicadores de desempenhos empregados para analise dos resultados obtidos com a gestão

do conhecimento, inclusive mensurando o capital intelectual também (FLEURY;

OLIVEIRA JR, 2001).

7) Aprendizado continuo e analise do ambiente interno e externo fomentando a criação,

transformação, comunicação e manutenção do conhecimento na empresa (FLEURY;

OLIVEIRA JR, 2001).

A figura 3, do autor Terra (2001), explicita a relação da gestão do conhecimento com diversos

fatores ambientais. Além disso, corrobora com o pensamento de Fleury e Oliveira Jr. (2001) que

relacionou a gestão do conhecimento com as práticas gerenciais importantes. Fica ainda mais

evidente que os fatores externos ao processo de gestão do conhecimento têm impacto direto e que

a empresa tem que pensar em ambas as situações para ter um desempenho de sucesso.

Figura 3 - Modelo de interação da gestão do conhecimento com o ambiente organizacional

Fonte: Terra (2000).

Segundo Terra (2000), o envolvimento da alta gerência, que aparece na primeira

dimensão. Influencia no caso do domínio do conhecimento, ou seja, quem vai ter acesso a cada

informação e também na definição e aplicação da estratégia. Assim, o alinhamento entre alta

gerencia e colaboradores é essencial para que a informação seja repassada de forma eficaz. O

autor afirma que na dimensão 2, a cultura organizacional, é de suma importância, pois representa

o aprendizado contínuo e que acontece no segundo plano, ou seja, está incorporado no dia-a-dia

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da empresa. Da mesma forma, a dimensão 3 que representa a estrutura também está intrínseca na

corporação e em ambas as dimensões o foco está em gerar novos conhecimentos e proporcionar

inovação.

De acordo com Terra (2000), diferente das dimensões 2 e 3 que são intrínsecas a

corporação, a dimensão 4 que consiste no apoio do departamento focaliza na aquisição e

incorporação do conhecimento interno e externo assim como difundi-lo e mantê-lo. Já a

dimensão 5 que é representada pelo apoio tecnológico é o que facilita e dinamiza o processo

internos e também do conhecimento.

Ainda refletindo sobre a figura de Terra (2000), a dimensão 6 refere-se à mensuração dos

resultados que vão refletir melhores resultados se a gestão do conhecimento for eficaz. Por fim, a

dimensão 7 demostra principalmente que as organizações precisam aprender com o ambiente em

que está inserida e além disso, como que o conhecimento pode ser adquirido nas relações com os

clientes e com os fornecedores.

É notório que em todas as dimensões precisam do envolvimento do capital humano e que

quanto mais esse envolvimento esteja alinhado entre organização e funcionários mais a gestão do

conhecimento será eficaz. As habilidades, competências e atitudes dos funcionários são o

começo para uma geração de conhecimento que gere valor e vantagem competitiva para as

empresas (FLEURY; OLIVEIRA JR, 2001).

É essencial que as empresas aprendam a importância da manipulação correta da

informação e do estímulo para geração de novos conhecimentos. Além disso, durante esse

processo de aprendizagem organizacional o desenvolvimento pessoal e profissional dos

funcionários também deve ser levado em conta, pois como já foi visto, a gestão do conhecimento

envolve diversas dimensões (FLEURY; OLIVEIRA JR, 2001).

Essas dimensões interagem de forma aleatória e em cada momento a situação pode ser

diferente. Assim, realizar todas essas dimensões diariamente além de não ser uma tarefa fácil

para empresa é composta por atividades que se inter-relacionam constantemente. Segundo Probst

(2002), a atenção aos processos é necessária visto que o fluxo de informações e conhecimento

que circulam é frequente e diverso e ao mesmo tempo crucial no processo de gestão do

conhecimento. Essas relações ficam evidentes na figura 4:

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Figura 4 - Inter-relação dos fluxos de informação

Fonte: Probst (2002).

A primeira dimensão é a de identificar o conhecimento. Isso significa saber analisar e

apresentar o ambiente da empresa. Isso se dá porque o conhecimento interno e externo não é

visível e demanda uma identificação mais seletiva. O objetivo é encontrar os pontos de apoio e

ter mais acesso ao ambiente (PROBST, 2002).

A aquisição do conhecimento se torna essencial devido as características de mutação e

rápido crescimento do conhecimento. Porem, essas características fazem com que a organização

necessite de buscar o conhecimento também de fontes externas pois as mesmas não conseguem

desenvolver o conhecimento sozinhas. Assim a empresa precisa buscar esse conhecimento

através de relacionamento com clientes, fornecedores e parceiros (PROBST, 2002).

Normalmente, quando se fala de desenvolvimento do conhecimento (outra dimensão do

processo de fluxo de informação) pensa-se logo em pesquisa em desenvolvimento. Porém nem

todas as organizações possuem esse tipo de estrutura. Assim, as organizações precisam analisar

todas as atividades e processos dela visando criar novos conhecimentos. Nessa dimensão as

palavras chaves são criatividade e capacidade de resolver problemas. A transparência e a

comunicação ajudam a transformar esse novo conhecimento mais acessível (PROBST, 2002).

A distribuição do conhecimento é a dimensão responsável pela transferência do

conhecimento entre os colaboradores da empresa. Essa dimensão leva em conta as trocas entre

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indivíduos, entre grupos e de indivíduos para a organização. Essa distribuição deve garantir as

transferências dos conhecimentos tácitos e explícitos (PROBST, 2002).

A razão da existência da gestão do conhecimento no que tange a dimensão de utilização

do conhecimento é assegurar sua utilidade e trazer, assim, benefícios para a empresa. Para isso,

algumas providencias devem ser tomadas. Entre essas providencias estão: a criação de uma

infraestrutura adequada e uma correta administração do espaço, uma abordagem integrada e por

fim documentos intuitivos e fácies de usar (PROBST, 2002).

A dimensão que trata da retenção do conhecimento é responsável pelos processos de

seleção, armazenamento e atualização do conhecimento. Assim, é necessário uma seleção e

organização eficaz dos conhecimentos, experiências e habilidades. Um armazenamento adequado

também se faz necessário, podendo esse ser dividido em individual, coletivo e virtual. Já a

atualização tem objetivo de manter a tomada de decisão sempre baseada em conhecimento atuais

(PROBST, 2002).

Nem sempre as organizações possuem as seis dimensões em funcionamento para ter uma

gestão do conhecimento eficaz. Para isso, é importante que a empresa esteja aberta a mudanças

tanto nos processos, quanto no seu comportamento ou estrutura organizacional. As mudanças

podem ser técnicas como a implementação de um sistema de informação ou pode ser

comportamental como a adoção de reuniões (PROBST, 2002).

Segundo Angeloni (2002), a gestão do conhecimento é uma ferramenta que dá suporte à

tomada de decisão, principalmente nos níveis gerenciais. Esta ferramenta também direciona os

caminhos da organização o que também dá suporta para a melhora do desempenho

organizacional. A autora ainda destaca que a gestão do conhecimento coordena a sistemática de

trabalho de uma empresa, envolvendo, assim, a cultura enraizada na empresa.

Apesar de todas as pesquisas sobre este assunto, a gestão do conhecimento ainda não é

unanimidade entre os autores. Há diferentes abordagens, uma mais voltada para a influência da

tecnologia, outras voltadas para a interação entre as pessoas. Porem há unanimidade quando se

fala que a gestão do conhecimento é um conjunto de ferramentas que relacionam pessoas,

tecnologias e informações. E uma das ferramentas mais conhecida é a Espiral do conhecimento

de Nonaka e Takeuchi (1997) (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

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2.2 ESPIRAL DO CONHECIMENTO

Como visto anteriormente, segundo Nonaka e Takeuchi (1997), na teoria do

conhecimento, é importante saber diferenciar o conhecimento explícito do tácito. O explícito

seria aquele conhecimento encontrado em livros, manuais e outros meios de fácil acesso, ou seja,

um conhecimento mais fácil de ser transmitido, já o conhecimento tácito é mais difícil de ser

transmitido pelo fato dele não ser visível, de ser algo pessoal, é um conhecimento que cada

indivíduo adquire ao longo de sua vida, suas experiências e em sua visão do que é certo e errado,

crenças e valores pessoais.

Para demonstrar a importância do conhecimento tácito como um diferencial estratégico

nas organizações, Nonaka e Takeuchi (1997) criaram a metáfora do iceberg, onde a dita ponta do

iceberg (na metáfora, o conhecimento que os olhos podem ver, de fácil acesso) seria o

conhecimento explícito e o restante, a maior parte que fica em baixo da água (o conhecimento de

difícil acesso, impossibilitando sua cópia), seria o conhecimento tácito. Conforme demonstra a

figura 5.

Figura 5 - Metáfora do Iceberg

Fonte: Authier (1995).

A teoria da criação do conhecimento de Nonaka e Takeuchi (1997) busca examinar os

mecanismos e os processos pelos quais o conhecimento é criado. Ela é fundamentada em duas

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vertentes, a primeira é uma ciência onde é estudada e origem do conhecimento relacionado com

as crenças, ou seja, conhecimento explícito e tácito devem se integrar, por meio de símbolos e

analogias, para a criação do conhecimento nas organizações. A segunda vertente é a de que o

conhecimento é considerado uma criação individual, que, através de uma espiral do

conhecimento, é passada para o restante da organização, formando uma rede de conhecimento

organizacional (NONAKA; TAKEUCHI 1997).

As quatro etapas que Nonaka e Takeuchi (1997) estabeleceram são, “Socialização” que é

o conhecimento compartilhado, tácito para tácito, “Externalização”, é o conhecimento tácito para

o explícito, “Combinação”, que é o conhecimento explícito para explícito e a “Internalização”,

que é o conhecimento explícito para o tácito.

Abaixo vamos trabalhar cada uma dessas etapas detalhadamente, explicando e dando

exemplos, assim como mostra a figura 6.

Figura 6 - Espiral do conhecimento: Conversão dos conhecimentos explícitos para tácitos

Fonte: Adaptado de NONAKA & TAKEUCHI (1997)

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Com este modelo Nonaka e Takeuchi (1997) tentam apresentar uma conceptualização de

como o conhecimento tácito deve ser primeiro transformado em explícito, para mais tarde ser

novamente internalizado. A ideia é que este é um processo dinâmico, e não deve ser

necessariamente tratado em estágios separados, mas sim um vórtice de transferência de

informações, onde o conhecimento circula pelos estágios de socialização, externalização,

internalização e combinação, até ser absorvido pela organização na forma de informação.

A transformação do conhecimento ocorre com a socialização, externalização,

internalização e combinação, durante estes processos o conhecimento tácito e explícito é

transformado em informação, para então, ser internalizado pela organização (NONAKA;

TAKEUCHI, 1997)

Nonaka e Takeuchi (1997) definem a socialização como experimental e ativa, que envolve

capturar o conhecimento através de observação, interação direta com clientes e fornecedores fora

da organização e com as pessoas dentro da organização. A socialização depende de experiências

compartilhadas, resultados em habilidades compartilhadas e modelos mentais em comum, em

suma, a socialização é um processo entre indivíduos.

Externalização pode ser a articulação do conhecimento tácito de um indivíduo, como

transmitir ideias e imagens em palavras, metáforas e analogias. Outro caso pode ser explicitar e

traduzir o conhecimento tácito para outros em uma forma de conhecimento explícito fazendo com

que ele seja compreendido de maneira rápida. A externalização é um processo de indivíduos

dentro de um grupo (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

Segundo Nonaka e Takeuchi (1997), é durante o processo de combinação que o

conhecimento explícito é combinado com o conhecimento explícito, para desenvolver um novo

conhecimento explícito. É, assim, a transferência de conhecimento explícito para conhecimento

explícito. Combinação permite a transferência de conhecimento entre grupos dentro de uma

organização.

Segundo Nonaka e Takeuchi (1997), a internalização é o processo de entender e absorver

o conhecimento explícito em conhecimento tácito do indivíduo. Internalização é altamente ligada

a experiência, para que conceitos e métodos sejam absorvidos, o indivíduo deve realmente

realizar a atividade ou realizar simulações. O processo de internalização transfere o conhecimento

da organização e dos grupos para o indivíduo.

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2.3 AS PRÁTICAS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO

A Gestão do conhecimento não pode ser resumida à sua relação com a tecnologia ou ao

apoio à inovação. Nós temos que ter o conhecimento que a gestão do conhecimento abrange

muitos aspectos relevantes, inclusive o apoio da tomada de decisão. Segundo Terra (2005), o

entendimento das características e das demandas do mercado competitivo de da própria

organização é necessário para um processo efetivo de gestão do conhecimento. Além disso, Terra

(2005) cita também a necessidade da compreensão dos aspectos individuais e coletivos no

processo de geração e manutenção do conhecimento.

Desta forma, segundo Nonaka e Takeuchi (1997), na intenção de auxiliar o processo de

criação do conhecimento, foram desenvolvidas, ao longo do tempo, ferramentas e métodos que

funcionam de forma a criar círculos virtuosos de transferência e criação de conhecimento. Optou-

se por apresentar o quadro 3 para melhor entendimento das ferramentas que ajudam a manter esse

círculo virtuoso funcionando:

Quadro 3 - Práticas de gestão do conhecimento

APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL

É o processo que integra a vida dos indivíduos e organizações que, de alguma maneira, convertem os conhecimentos e os incorporam às suas ações cotidianas.

BENCHMARKING É um processo continuo e sistemático de comparações entre processos semelhantes. A partir das conclusões, promovem-se melhorias que permitam que uma determinada atividade tenha desempenho superior quando comparada com outras equivalentes em empresas do mesmo setor ou de outros setores da economia.

COMUNIDADES DE PRÁTICA (CDP)

Consistem em pessoas que estão ligadas informalmente, assim como contextualmente por um interesse comum no aprendizado e na aplicação prática e se baseiam em relações fortes de confiança e na contribuição que cada um traz para a comunidade.

LIÇÕES APRENDIDAS

Lições aprendidas são um processo, um meio de explicitar experiências, ou seja, conhecimento. Desenvolvê-las se da por intermédio do compartilhamento destas experiências no projeto e entre projetos. O intuito é aumentar assim a satisfação com o

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trabalho, melhorando a inter-relação entre os participantes do processo, contribuindo para o aprendizado destes e para o aprendizado organizacional.

MAPEAMENTO DE PROCESSOS

É uma ferramenta gerencial analítica e de comunicação que tem como objetivo a melhoria dos processos existentes ou a implantação de um modelo estrutural na organização voltado aos processos.

MELHORES PRÁTICAS

São aquelas práticas que produziram resultados excelentes em outra situação e que poderiam ser adaptadas para a nossa situação.

MENTORING Refere-se a uma relação entre duas pessoas, voltada ao desenvolvimento de uma delas. Esta relação é constituída então por um padrinho, que é um funcionário competente e experiente, o qual vai se dedicar ao crescimento funcional de um colega que precisa de sua ajuda.

Fonte: Adaptado de Leuch (2006).

De acordo com Batista (2005), em sua pesquisa sobre gestão do conhecimento em

administração pública, as práticas de gestão do conhecimento podem ser divididas em categorias:

as práticas que são relacionadas aos aspectos de recursos humanos (mentoring, coaching,

aprendizagem organizacional e comunidades de prática) e as práticas ligadas à estruturação dos

processos organizacionais (lições aprendidas e melhores práticas, benchmarking, mapeamento de

processos). Ainda segundo esta pesquisa de Batista (2005), nos diz que as práticas que são

relacionais ao recurso humano têm o objetivo de facilitar a transferência, disseminação e

compartilhamento das informações enquanto as praticas ligadas à estruturação dos processos tem

o objetivo de reter, organizar e também disseminar o conhecimento. Além disso, ainda há o apoio

das práticas que estão relacionadas com a tecnologia, como portais intranet, sistemas de apoio a

decisão e gestão eletrônica de documentos.

2.3.1. Práticas relacionadas aos aspectos de gestão do conhecimento

Nesta seção serão apresentadas a revisão da literatura referente às práticas que são

relacionadas aos aspectos dos recursos humanos. Mais especificamente, serão apresentadas as

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seguintes práticas: Aprendizagem organizacional, Mentoring, Coaching, e comunidades de

pratica.

2.3.1.1 Aprendizagem Organizacional

Segundo Probst, Raub e Romhardt (2002), a Aprendizagem Organizacional consiste nas

mudanças na base de conhecimentos da organização, na criação de estruturas coletivas de

referência e no crescimento da competência da organização para agir e resolver problemas.

O processo de aprendizado está presente no dia a dia dos funcionários e das empresas

pois, a todo momento, o conhecimento está convertido de tácito para explícito ou sendo

repassado em ações do cotidiano (SENGE, 2004).

Em seu livro “A Quinta Diciplina”, Peter Senge (2004) cita a importância do aprendizado

organizacional:"Nas organizações que aprendem, as pessoas expandem continuamente sua capacidade de criar resultados que elas realmente desejam, onde maneiras novas e expansivas de pensar são encorajadas aonde a aspiração coletiva é livre, e onde as pessoas estão constantemente aprendendo a aprender coletivamente".

Ainda segundo Senge (2004), há uma relação direta entre aprendizagem organizacional e

aprendizagem individual. Ao mesmo tempo que para ocorrer o aprendizado organizacional é

necessário que ocorra o aprendizado individual, sem a gestão correta do conhecimento pela

empresa, o individuo terá muito mais dificuldades e empecilhos para desenvolver o aprendizado

individual.

O processo de aprendizagem organizacional, de acordo com Akgün; Lynn; Byrne (2003)

é gerado e continuado graças a interação que acontece ramificada entre indivíduos e validada pela

cultura organizacional. Sob esse olhar, tanto os conhecimentos tácitos quanto os explícitos que se

identificam nessas relações interpessoais são essenciais para o processo de aprendizagem, ou

seja, a aprendizagem organizacional é um resultado consequente dos processos sociais e

cognitivos, envolvendo a estrutura, as pessoas e a cultura organizacional.

Segundo Antonello (2005) a aprendizagem organizacional se trata de um conceito

complexo porque se baseia na premissa de que o conhecimento de uma empresa é adquirido

segundo um pensamento coletivo e para que esse pensamento coletivo aconteça, é necessária uma

rede de relacionamento efetiva, conhecida também como capital intelectual.

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De acordo com Robbins (2002) o aprendizado acontece a todo o momento e que a

aprendizagem pode ser considerada qualquer mudança que de alguma forma se torna permanente

no comportamento e que, além disso, pode ser considerado resultado de uma experiência vivida.

Conforme Dibella e Nevis (1999) há três critérios essenciais no processo de aprendizagem

organizacional. A aquisição de novos habilidades, atitudes e comportamentos ao longo do tempo,

a democratização de tudo que é aprendido e a necessidade da gestão do que é aprendido para que

isto se torne um bem para a empresa e não apenas individual.

Terra (2005) indica uma visão ampla do processo de aprendizado individual e

organizacional promovendo esse conceito como um dos pilares da gestão do conhecimento. É

necessário irmos além da visão tradicional de aprendizado que foca principalmente o ensino

formal e o treinamento corporativo, o autor argumenta que a aprendizagem organizacional deve:

promover, interligar e apoiar as diversas formas de aprendizado.

Para Terra (2005) a aprendizagem organizacional inclui uma série de práticas que visam

apoiar o aprendizado de varias formas. Como exemplo dessas práticas podemos citar à facilitação

ao acesso das informações, o incentivo à integração e conectividade das pessoas, o estimulo à

experimentação e inovação e a pratica da reflexão.

Como vimos anteriormente e também segundo Garvin (2000), a ligação entre cultura

organizacional e aprendizagem organizacional é forte. Uma organização para tornar seu processo

de aprendizagem eficaz precisa dispor de habilidades para criar e transferir o conhecimento e

dessa forma modificar, se necessário, comportamentos. E isso não acontece baseado apenas em

decisões momentâneas, para mudar o comportamento organizacional é preciso que essas

mudanças desejadas sejam cultivadas e contem com a dedicação e comprometimento dos

envolvidos, inclusive, em níveis gerenciais e estratégicos.

Porem, não é apenas de aprendizagem que o processo de aprendizagem organizacional se

baseia. Segundo Kiernan (1993) deve haver também, nas empresas, um processo de

‘desaprendizagem’ também, ou seja, alguns tipos de comportamento devem ser desaprendidos e

algumas praticas devem deixar de serem exercitadas. Quando a mudança é necessária, em muitos

casos é necessário esquecer o passado e desenvolver um marco zero no setor envolvido.

Para Nonaka; Takeuchi (1997), a organização se recria destruindo o sistema de

conhecimento existente e encontrando novas formas de pensar e fazer as coisas. Neste mesmo

sentido, para Senge (2004), uma organização que está preparada para se renovar e buscar

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inovação precisa de um processo das Cinco Disciplinas, que acontecem por meio de cinco passos

que se desenvolvem de forma independente.

Os cinco passos são: Domínio pessoal (capacidade de expandir os conhecimentos

pessoais e de criar um ambiente estimulante), Modelos mentais (reflexão contínua da imagem

sobre o mundo com a intenção de melhorar as decisões), Visão compartilhada (trabalho em

grupo com objetivos em comum definidos no futuro e diretrizes para alcança-los), Aprendizado

em grupo (desenvolver a inteligência e as capacidades de um grupo para que isso seja maior que

os talentos individuais contidos nele) e Pensamento sistêmico (capacidade de compreender as

forças, linguagens e relações que modelam um sistema) (SENGE, 2004).

Ainda segundo Senge (2004) as cinco disciplinas devem funcionar em conjunto para se

alcançar uma situação de aprendizagem contínua e a integração fica sob responsabilidade da

visão sistêmica da organização. Dessa forma, a empresa terá uma compreensão melhor de todo o

processo de aprendizagem e poderá, assim, potencializar todas as outras praticas de gestão do

conhecimento.

2.3.1.2 Mentoring

É importante ter-se cuidados para não confundir coaching com mentoria. Segundo Leuch

(2006), a mentoria é uma relação entre um mentor (alguém de dentro da empresa) e um aprendiz

(um colega que recebe assistência). A autora esclarece que a mentoria é uma atividade adicional e

que não requer qualificação específica para quem a desenvolve. Também não é remunerada, mas,

em programas mais formais, podem trazer reconhecimento sob a forma de revisões de

desempenho.

Segundo Bernhoeft (2001) o processo de mentoring dentro de uma organização se dá a

partir de um exercício de poder abalizado na troca de conhecimento e experiências enriquecendo

ambas as partes e com o objetivo de melhorar no trabalho, com qualidade de vida tanto pessoal

quanto profissional.

Conforme Hilleshiem (2006) o processo de mentoring visa, principalmente, o

desenvolvimento pessoal. Assim, esta prática consiste em juntar uma pessoa que possua mais

práticas e experiências em determinada área com uma outra pessoa que não possua o mesmo

nível de habilidades tendo como fim a intenção de desenvolver nessa última pessoa essas

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habilidades em questão.

Desta forma, como a prática mentoring é voltada também para o desenvolvimento

humano e inflige diretamente na importância do papel da liderança que a aplica, tornando-se

evidente o compartilhamento e a transferência de conhecimento entre gerencia e funcionários,

mantando um quadro gerencial também atualizado (HILLESHIEM, 2006).

. Assim, de acordo com Bernhoeft (2001), o mentoring é uma ferramenta que favorece a

interação entre pessoas, politicas e práticas de recursos humanos a fim de revelar o potencial

internalizado. Ou seja, remete a desenvolver condições de forma democrática,

independentemente de nível hierárquico, para todos atuarem com o máximo do seu potencial sem

prejuízo de uma alta qualidade de vida.

Como visto em outros capítulos dessa pesquisa, Nonaka e Takeuchi (1997), explicam que

o aprendizado é valioso quando provem da interação entre as pessoas da organização e quando há

a troca de experiências vividas por eles. Assim, a experiência caracterizada pelo mentoring

ampara a criação de novos conhecimentos.

O processo de mentoring dá suporte para que o conhecimento seja compartilhado entre

mentores e mentorados e ajude, consequentemente, a garantir que menos conhecimento seja

perdido quando as pessoas deixam a organização e não comparecem por algum motivo. (LOTZ;

GRAMMS, 2014)

Da mesma forma que o coaching, o mentoring pode ser tanto interno quanto externo,

tendo cada uma sua vantagem e desvantagem. Porem, os mentores internos, por vivenciar a

organização, podem perceber a valorização que as pessoas atribuem ao conhecimento e como

funciona o quadro de colaboradores. (BERNHOEFT, 2001)

Ainda é importante afirmar que não existe um modelo determinado para mentoring e que

cada empresa pode desenvolver seu método de forma diferente. A melhor receita é a atualização

do capital humano da organização com o crescimento pessoal do mentor e do seu aprendiz. Além

disso, o mentoring pode trazer vários benefícios para a empresa tanto criando novos

conhecimentos quanto aumentando a satisfação dos envolvidos. (LOTZ; GRAMMS, 2014)

2.3.1.3 Comunidades de páatica

Comunidades de Prática consiste em pessoas que estão ligadas informalmente por um

interesse comum no aprendizado, principalmente, na aplicação prática. É um termo que se refere

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à maneira como as pessoas trabalham em conjunto e/ou se associam as outras naturalmente

(LEUCH, 2006).

A comunidade de prática pode ser descrita como a reunião de um grupo de pessoas que

através da troca de experiência, vivências e prática, conversam sobre determinado tema e obtém

vantagem através do aprendizado com a intenção de resolver problemas e adquirir novos

conhecimentos (WENGER; SNYDER, 2001).

Outra definição para Comunidade de Prática é a ligação informal entre pessoas de uma

mesma organização a fim de obter aprendizado, com ênfase nas práticas vividas. Se refere ao

jeito que as pessoas trabalham em conjunto e associam o trabalho à pratica (TERRA, 2005).

As comunidades de prática se utilizam de criatividade e conectividade dos seus

componentes por meio do livre compartilhamento de seus conhecimentos. Por surgirem de

maneira informal e por não possuir qualquer vínculo com a estrutura da empresa podemos dizer

que elas não podem ser gerenciadas (WENGER; SNYDER, 2001).

As comunidades de prática também podem ser formalizadas, porém, de todas as maneiras

se tornam parte do contexto do desenvolvimento do conhecimento organizacional. Elas, desta

forma, se referem a algo que já existe nas organizações, que está internalizado, que faz parte dos

interesses comuns e desenvolvem meios para democratizar muitas vezes através da permuta de

experiências em suas. Portanto, as comunidades praticas fazem parte da manutenção e criação de

conhecimento (TERRA, 2005).

Conforme Balerini (2003) as comunidades de prática surgiram para auxiliar no

compartilhamento do conhecimento, ligando pessoas que se beneficiam pelo conhecimento

recíproco, despertando a criação de processos que estimulam o compartilhamento de

conhecimento na organização.

De acordo com Terra (2005) as comunidades de prática funcionam como complemento às

estruturas formais e quando se tem um alto grau de confiança entre os lideres e seus funcionários

essas organizações tendem a prosperar. Uma gestão do conhecimento eficaz passa por

compreender a capacidade de criar, manter e democratizar o conhecimento dessa comunidade de

pratica para toda a organização.

A ligação entre os membros de uma comunidade prática se da a partir do conhecimento

especializado e da vontade de compartilhá-lo e também pela motivação em um objetivo em

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comum. As comunidades de prática podem se reunir de forma pessoal ou através das redes, com

o apoio de ferramentas virtuais como e-mail por exemplo (WENGER; SNYDER, 2001).

Wenger e Snyder (2001) descrevem que apesar das comunidades de pratica produzir

ativos intangíveis como o conhecimento, pode gerar grande frutos para a organização. Assim

podemos através dessas comunidades definir e direcionar estratégias da organização, gerar novas

oportunidades de negócios, resolver problemas que a empresa enfrenta e assim se atentar as

melhores práticas. Além disso, também pode-se desenvolver novas habilidades e melhorarem o

recrutamento e a reterem de talentos.

As características das comunidades de prática vão desde a sua capacidade de auto-

organizar até o ambiente de compartilhamento de experiências. Além disso, o objetivo em

comum das pessoas que fazem parte da comunidade e o alto nível de comunicação também

podem ser considerados características marcantes. Sobre a comunicação, Davenport e Prusak

(1998) dizem que quando a comunidade é eficaz ao longo do tempo, estabelece-se um sistema

que estabelece a comunidade de pratica.

Porém, não podemos confundir uma comunidade de prática com uma equipe por

exemplo. A principal diferença é que uma equipe é escolhida pela gerencia segundo suas

capacidades e uma comunidade de prática é formada naturalmente por um interesse comum.

Assim, a equipe se desfaz após o final de um projeto e uma comunidade de prática permanece

com a troca de experiências (WENGER; SNYDER, 2001).

Pode-se dize que o principal objetivo da comunidade de prática é o crescimento de

habilidades e competências através da troca de conhecimentos e experiências. Dessa forma, a

medida que as comunidades de prática criam e mantêm conhecimentos elas também se renovam.

O conhecimento individual quando compartilhado gera o conhecimento organizacional

(WENGER; SNYDER, 2001).

Como já dito anteriormente, de acordo com sua natureza orgânica e descerimoniosa, as

comunidades de prática não podem ser gerenciadas. Porém, a gerência, mesmo se poder controlar

as comunidades, ela deve incentivá-las e também proporcionar infraestrutura adequada para o seu

desenvolvimento (WENGER; SNYDER, 2001).

O bom ambiente na empresa, com harmonia e satisfação pessoal é impulsionado pelas

comunidades de pratica. Isso é facilitado pela informalidade e pelos interesses em comum,

principalmente no que tange o aprendizado (TERRA, 2005).

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2.3.2. Práticas ligadas à estruturação dos processos organizacionais

Nesta seção serão apresentadas a revisão da literatura referente às práticas que são

relacionadas à estruturação dos processos organizacionais. Mais especificamente, serão

apresentadas as seguintes práticas: Benchmarketing, lições aprendidas e mapeamento dos

processos.

2.3.2.1 Benchmarking

Um processo contínuo e sistemático para avaliar produtos, serviços e processos de

trabalho de organizações que são ditas como as melhores práticas, com a intenção da melhoria

organizacional é chamado de Benchmarking (LEUCH, 2006).

Os conhecimentos já difundidos tendem a criar padrões, que por muitas vezes, são

aprimorados com base em comparações realizadas no processo de desenvolvimento de produto,

tornando possível a utilização do benchmarking no processo de gestão do conhecimento com o

intuito de proporcionar a obtenção do modelo excelente a ser expandido em toda a organização

(MARSHALL JUNIOR, 2010).

Uma vez categorizados, os conhecimentos explícitos podem ser utilizados como

referência, sendo importantes na criação de modelos a partir de um formato padrão. A

padronização facilita a comparação entre os modelos executados e aqueles que já encontravam-se

na base de dados. No momento em que for realizado o cadastro do documento, é importante que

seja descrito as características principais do processo no qual o modelo foi elaborado. Este dado é

importante para que no momento de executar o modelo ou no momento em que ele se tornar

referência seja fácil de localizar e de utilizar para a comparação (PATTERSON, 1996).

Nesta etapa, onde são analisadas as comparações com a intenção de se observar o

conhecimento ótimo gerado de forma padronizada, o benchmarking sugere os dados necessários

para que esta atividade se desenvolva da melhor forma possível. Por fim, os conhecimentos

explícitos motivados em um processo de externalização poderão ser padronizados em forma de

modelos com o objetivo de favorecer sua comparação com as etapas pré-existentes, através do

benchmarking. Após isto, estes modelos poderão ser colocados em uma categoria de marcos de

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referência, já que quando aplicado o benchmarking estes modelos mostraram ser dotados de grau

de excelência que os capacita a servirem de parâmetro para próximas comparações

(PATTERSON, 1996).

Para Marshall Junior (2010), o benchmarking deve ter, seu começo na empresa –

benchmarking interno de forma cooperativa. O planejamento do benchmarking deve incentivar os

colaboradores, escrevam suas experiências referentes às suas atividades em relatórios. Estes

relatórios deverão ser analisados pela equipe de benchmarking que irá analisar os relatórios

sempre indagando os indivíduos a serem o mais claro e sucinto possível.

Assim, a equipe de benchmarking, deve prestar atenção em duas situações que podem

ocorrer: colaboradores, cujo desempenho seja superior em uma dada função, não conseguem

traduzir de forma clara suas experiências para o relatório; e, por outro lado, colaboradores de

desempenho de menor excelência, que possuem clareza a descrição de suas experiências no

relatório. E assim questiona-se quais conhecimentos explícitos a partir dos relatórios deverão ser

eleitos pela equipe de benchmarking na criação de um modelo padronizado para que sirva de

referência. A escolha depende de quão relevante se mostrou o processo de socialização

desenvolvido entre os colaboradores, pois, quanto mais relevante, maior a probabilidade de os

colaboradores demonstrarem ideias próximas (SPENDOLINI, 1992).

Sendo assim, o conhecimento tácito estaria difundido entre todos por meio da

socialização, e, portanto, experiências de um estariam sendo absorvidas por outros, gerando um

grau maior de padronização no processo de externalização, colaborando para que o benchmarking

respeitasse duas suposições: o estabelecimento de modelos padronizados e a maior possibilidade

de se definir marcos de referência que representem o desempenho superior. O processo de

socialização relacionado ao de externalização colaboraria significativamente para dispersão do

conhecimento tácito e explícito no meio organizacional. A exposição dos marcos estabelecidos

por meio do processo de combinação seria de grande valia para que se consolidasse a

disseminação (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

Para conservar o grau de excelência requerido na execução do modelo em análise, é

necessário que o conhecimento explícito gerado seja internalizado pelos envolvidos no processo.

Sendo assim, surge, o processo de internalização, no qual o conhecimento explícito gerado,

padronizado e alcançado na condição de marco de referência não seria compreendido pelos

colaboradores da organização através do aprendendo fazendo (FLEURY, 1997).

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Na fase do ciclo de conversão, o processo de transformação do conhecimento explícito

em conhecimento tácito, sendo exemplificado o primeiro como, constante dos manuais e o

segundo como, gerado a partir do aprendizado, se ocupa da divulgação e assimilação dos novos

marcos de referência consequentes das fases anteriores. Então nesta etapa do ciclo, a equipe de

benchmarking deve acompanhar o processo de internalização identificando, os desempenhos

superiores com o intuito de selecionar colaboradores cuja colaboração deverá ser considerada em

um seguinte processo de socialização e externalização (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

Spendolini (1992), concluiu que o modelo mostrado tende a motivar ganhos para a

organização, principalmente na geração de conhecimentos que seriam produzidos. Precisa-se,

então, salientar o importante trabalho da equipe de benchmarking em cada etapa do ciclo, com

evidência para o seu desempenho no processo de socialização com a intenção de maximizar os

resultados da fase seguinte de externalização, reiterando a socialização sempre que necessárias,

além de escolher os relatórios que explicam, de forma clara, o conhecimento tácito trazido à luz,

a fim de contribuir de forma relevante durante o processo de desenvolvimento de produtos e

processos.

A equipe de benchmarking deve ser responsável por, após o subsequente processo de

combinação – no qual o conhecimento explícito transcrito nos relatórios são transformados em

marcos de referência, para próximas analises, seja nos manuais ou em documentos padrões –

acompanhar o contínuo processo de internalização com intuito que, na etapa seguinte de

socialização, à seleção dos desempenhos superiores, transcritos em relatórios, serão comparados

com os marcos de referência gerados nos ciclos anteriores (SPENDOLINI, 1992).

2.3.2.2 Mapeamento de processos

Para Leuch (2006), o mapeamento de processos refere-se a uma ferramenta gerencial

analítica e de comunicação que tem a finalidade de aprimorar os processos existentes ou de

inserir uma nova estrutura voltada para os processos dentro da organização.

Uma organização pode ser dividida em diversos setores, cada um responsável pela

execução de muitos processos onde em cada processo deve-se entregar resultados a um cliente,

sendo ele interno ou externo a organização. Como todo processo é responsável pela produção de

resultados, corrobora-se a importância de ir em busca da excelência na execução dos mesmos

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(LEUCH, 2006). Para Soliman (1999) o método de mapeamento de processos busca mostrar os

processos de maneira detalhada destacando os pontos críticos de influência em seu

comportamento.

Teixeira (2013), classifica o mapeamento de processos como uma ferramenta gerencial e

de comunicação imprescindível para líderes e organizações que buscam promover melhorias ou

implantar uma estrutura voltada a novos processos.

Pode-se perceber, a importância gerencial da ferramenta estudada. Tendo em mãos as

informações geradas pelo mapeamento de processos torna-se possível a efetivação de análises

sobre a otimização dos processos e consequentemente na melhoria dos resultados de uma

organização. O mapeamento de processos também gera a produção de registros históricos da

realização dos processos. No momento que o aprendizado é construído levando em conta os

conhecimentos e experiências passadas dos colaboradores, a organização não pode correr riscos,

em função de seus funcionários se desligarem de seu emprego para outro ou se aposentarem, a

perder lições e experiências conseguidas em um longo período de tempo.

Villela (2000) diz que esse método apresenta a função de registro o que facilita na

documentação das experiências e dos aprendizados na organização. Segundo Pinho et. al.

(2007)a literatura mostra diversos métodos e procedimentos que auxiliam no mapeamento de

processos, dentre eles destacam-se: fluxogramas, mapa de processos, mapa de fluxograma, e

outras. Porém, a elaboração gráfica desses depende de algumas etapas.

Assim sendo, Leal (2003) relaciona os passos usualmente executados na realização de

mapeamento de processos, conforme quadro 4:Quadro 4: execução do mapeamento de processos

Identificação dos produtos e serviços e seus respectivos processos

↓Identificação dos pontos de início e fim dos processos

↓Reunião de dados

↓Transformação dos dados em representação visual

↓Identificação gargalos, desperdícios, demoras e duplicação de esforços

Fonte: adaptado de Leal (2003).

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59

O segundo, terceiro e o quarto passo descrito por Leal (2003) pode-se perceber a

transformação do conhecimento tácito em conhecimento explícito abordado pela Gestão do

Conhecimento.

Leal (2003) ao compilar os dados e preparação dos mesmos conecta-se com o processo de

absorção do conhecimento tácito dos colaboradores de uma organização. Adotando o raciocínio,

o terceiro e o quarto passo do mapeamento de processos que se refere a transformação dos dados

coletados anteriormente em representação visual.

O mapeamento de processos poderá demonstrar lacunas de eficiência a serem otimizados

ou até mesmo traçar a necessidade da implantação de melhoria como por exemplo implementar

um sistema de informação ou até mesmo outras soluções tecnológicas.

Pode-se dizer que o mapeamento de processos exerce o papel fundamental de desafiar os

processos existentes, sugerindo oportunidades de melhoria de desempenho organizacional ao

encontrar interfaces críticas e, sobretudo, criar formas para implantação de novas práticas como a

inserção de tecnologia de informação e de integração empresarial (TEIXEIRA, 2013).

O processo de levantamento de dados que permite o processo de registro de conhecimento

tácito da gestão do conhecimento também pode ser utilizado como base de dados na construção

de um sistema de informação. A partir de um processo bem mapeado e do levantamento de

necessidades dos usuários a partir da aplicação de processos de gestão de conhecimento, aliado

aos avanços tecnológicos da atualidade, sistemas de informação podem ser desenvolvidos

visando aprimorar os processos das organizações modernizando-as (TERRA, 2005).

As ferramentas indicadas acima, são utilizadas no processo de criação, comunicação e

manutenção do sempre com o intuito de tornar o conhecimento coletivo. Sendo assim, a gestão

do conhecimento e suas práticas visam disponibilizar o conhecimento para as pessoas, fazendo

com que contribuam para a tomada de decisão no processo decisório (TERRA, 2005).

2.3.2.3 Lições aprendidas

Para Probst, Raub e Romhardt (2002) as lições aprendidas são à essência da experiência

alcançada em um projeto ou cargo. Na prática as empresas as utilizam para exemplificar e

incorporar atividades que ocorreram e para aprender com seus erros e acertos.

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60

Para eles as lições aprendidas, se dão durante e no final da execução de projetos onde

pode ser percebido o aprendizado através de erros e sucessos no desempenho do trabalho.

Podendo ser utilizado quando equipes futuras tratam de temas semelhantes. Entretanto muitas

vezes, um projeto pode concluir sem que seja comparado com outras experiências de forma

detalhada e formalizada fazendo assim com que dificulte a disponibilização para a organização.

Os autores sugerem um fluxo, em que as lições aprendidas durante a execução dos

projetos, são integradas possibilitando um processo de aprendizado às equipes envolvidas, no

início projeto e ao fim do mesmo, conforme demonstra o quadro 5.

Quadro 5: Integrando as lições aprendidas no processo do projeto.

VELHO NOVO

Idéia do projeto↓

Execução do projeto↓

Resumo do projeto↓

Idéia do projeto↓

Lições aprendidas com projetos anteriores↓

Resumo do projeto↓

Execução do projeto↓

Lições aprendidas para novos projetos

Fonte: adaptado de Probst, Raub e Romhardt. (2002).

Para que ocorra o que é sugerido pelos autores é necessário que como um ciclo, ao início

de um projeto seja feita as lições aprendidas dos projetos anteriores e com a conclusão do projeto

atual são geradas as lições aprendidas, para futura crítica e reflexão, assim, ciclicamente é

alimentado e gerando novos resultados.

Para Cadais (2003), uma das lições aprendidas durante a implantação do processo de

gestão do conhecimento são os que promovem mudanças organizacionais na empresa como um

todo. E para isso deve considerar o tempo, de cada pessoa e também, seus respectivos modelos

mentais, sendo a necessário trabalhar a mudança dos comportamentos durante todo o processo e

não somente no início da implantação de um novo processo.

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61

2.3.2.4 Melhores práticas

Segundo O’dell e Grayson (2000), as melhores práticas são tais que produziram

resultados excelentes em um projeto, processo ou organização e que poderiam ser ajustadas para

a realidade de outro projeto, processo ou organização, com o intuído de produzir os mesmos

excelentes resultados.

Para Batista (2005), as melhores práticas representam um método validado para a

realização de uma atividade ou para a solução de um problema, gerando documentos de

referência em banco de dados ou manuais.

O’dell e Grayson (2000) afirmam que as melhores práticas absorvem as

informações/dados e os estabelecem no contexto de pessoas e experiências reais no interior da

empresa. As pessoas aprendem fazendo e vendo os outros fazerem, assim, a transmissão de

melhores práticas auxiliam “outros na empresa a aprenderem melhor, mais rápido e

efetivamente”.

Para Probst, Raub e Romhardt (2002) as melhores práticas devem ser difundidas somente

quando houver compartilhamento e distribuição sistemática de conhecimento através das

diferentes áreas da empresa.

2.4 EMPRESAS FAMILIARES

Dentre os fatores que influenciaram o trabalho em família deu-se na transição do Brasil

agrícola para o Brasil industrial, onde o idealismo e o "coronelismo" se transpuseram de maneira

natural para este tipo de empresa, a forte influência de alemães e italianos, unidos a um contexto

histórico persuasivo. Desta forma, o mundo capitalista está fundamentado neste tipo de empresa

em sua historia, mas o Brasil manteve as características das empresas familiares por mais tempo,

o que se tornou desfavorável diante do cenário competitivo que se formou mediante o advento da

globalização (BERNHOEFT, 1989).

De acordo com Lodi (1986), a empresa familiar é aquela em que: a consideração da

sucessão da diretoria está ligada ao fator hereditário e onde os valores institucionais da firma

identificam-se com um sobrenome de familiar ou com a figura de um fundador. O nascimento da

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empresa familiar se dá geralmente com a segunda geração de dirigentes, pois a empresa onde o

fundador não tem herdeiros, não é considerada uma empresa familiar.

Ou ainda, no entendimento de Bezerra (2000), uma empresa é considerada familiar

quando: está perfeitamente identificada com uma família pelo menos há duas gerações e quando

essa ligação resulta numa influencia reciproca na politica geral da fira e nos interesses e objetivos

da família. Ou seja, aquela que tem sua origem e sua história vinculadas a uma família e que

mantem os membros da família na administração.

Ainda segundo Bezerra (2000), os laços de família constituem um dos fatores que

determina a sucessão nos cargos administrativos; esposas ou filhos dos atuais ou antigos

dirigentes máximos encontram-se no conselho administrativo; as ações praticadas por um

membro da família refletem-se ou acredita-se que se reflitam na reputação da empresa,

independentemente de sua ligação na administração.

Segundo Leone (2005), uma empresa familiar pode ser caracterizada por quatro aspectos

principais. O primeiro aspecto se se refere ao fundador, que é o membro da família. O segundo

aspecto, segundo o autor, consiste na presença de outros familiares na organização. O terceiro

aspecto se dá pelos valores institucionais que são atrelados aos valores da família. Por ultimo, o

quarto aspecto trata da sucessão hereditária. Pode-se agrupar esses aspectos em três flancos:

propriedade, gestão e sucessão. A propriedade diz respeito ao comando da família sobre a

organização pois a mesma a pertence. A gestão trata da ocupação de cargos feita pelos membros

da família (normalmente cargos mais estratégicos) e por fim, a sucessão trata da segunda geração

de familiares que pertencerão a empresa.

Para Bezerra (2000), as empresas administradas por famílias constituem uma forma

organizacional peculiar e tem consequências positivas e negativas como todas as outras. Quando

dirigentes são parentes, suas tradições, valores e prioridades brotam de uma fonte comum.

Independentemente da globalização, o próprio desenvolvimento capitalista caracterizado

pelo surgimento e pelo crescimento das grandes corporações e pela expansão do mercado, criou

uma tendência de perda da importância relativa das empresas familiares entre as firmas de grande

ou maior porte (GANDRA, 1999).

Segundo Hesselbein (1997) enfatizam que as firmas familiares tendem a se mostrar

resistentes a alternativas de sucessão e abertura de capital, pois temem a perda de controle. Com a

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transformação da estrutura produtiva e o aumento das fusões e aquisições, as empresas familiares

são afetadas de maneira mais negativa ou diferenciada, ao invés das demais.

O mesmo raciocínio pode ser transposto para o mundo empresarial, sendo que as

empresas duradouras são aquelas que conseguem fixar bases solidas de princípios, valores,

filosofia e postura coerentes. Isto permite a flexibilidade de se adaptarem. As mudanças do

mercado, alterações estas provocadas por acionistas, concorrentes, clientes, fornecedores e

medidas governamentais (HESSELBEIN, 1997).

A empresa familiar tem um grande desafio, que passa pela solução de problemas do

processo de sucessão. A resolução dos conflitos internos permite colocar a empresa numa base

sólida, mais eficaz e contribuindo com o grau de motivação dos colaboradores da empresa e com

o processo de inter-relação interna e externa (LODI, 1986).

Quanto ao processo de sucessão nestas empresas, o mesmo acontece porque o fundador

pretende dar oportunidade profissional a seus herdeiros ou porque os futuros sucessores têm que

se mostrarem aptos e capacitados a assumirem responsabilidades que a eles são delegadas.

Gandra (1999) aponta que cada vez mais, os estudiosos do assunto chegam a uma mesma

conclusão no que se refere a questão da sucessão em uma empresa familiar, pois este fator é

ponto chave do sucesso da mesma.

Sendo assim, Lodi (1986) enfatiza que a capacitação dos jovens deve ser realizada fora do

ambiente da empresa da família. Os filhos devem ser educados para seguirem as profissões de

acordo com seus perfis vocacionais e não na convivência de posição de comando empresarial.

Diretrizes como a passagem do filho sucessor por outras organizações antes de assumir o

comando da empresa e a passagem deste mesmo por todas as áreas, começando desde o básico,

são destacadas pelo autor (LODI, 1986).

Estas características apontadas possuem um maior ou menor grau de evidencia, de acordo

com o modelo ou estagio de profissionalização em que a empresa se encontra. Conforme

Bornholdt (2005), as empresas familiares classificam-se no "sentido amplo e restrito". As

empresas familiares no "sentido amplo" são as que apresentam participação acionaria relevante

de uma família e com uma gestão exercida por executivos que não fazem parte da família

necessariamente. Já as empresas familiares no "sentido restrito" são as que "estão sob o comando

da família".

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Entre os pontos positivos e negativos, Drucker (1981) aponta que há três regras de ouro

para administração das empresas familiares. São elas:

a) os integrantes da família não devem trabalhar na empresa, a menos que sejam tão

capacitados quanto quaisquer outros colaboradores e atuem com dedicação. Se o quadro de

colaboradores incluir um filho ou sobrinho improdutivo, os demais profissionais perderão o

respeito pela empresa; (DRUCKER,1981).

b) independentemente de quantos membros da família atuam na gestão da empresa e da

capacidade de cada um desses profissionais, é essencial que pelo menos um posto elevado sempre

seja ocupado por alguém de fora do grupo familiar; (DRUCKER,1981).

c) com exceção das empresas familiares muito pequenas, as de outros portes necessitam,

cada vez mais, de profissionais sem vínculos de sangue nos cargos essenciais.

(DRUCKER,1981).

Outro importante e definitivo passo para a melhora dos processos administrativos das

empresas familiares, ocorre com a profissionalização da empresa, que conforme Lodi (1986)

afirma que não implica em descaracterização como firma familiar, pois os parentes mais aptos

podem permanecer na firma como profissionais. O que se busca com a profissionalização é

minimizar os efeitos da prevalência da politica familiar em detrimento das politicas empresariais.

A construção, o crescimento, o desenvolvimento e a sobrevivência da empresa familiar de

forma sucinta, parte de pré-requisitos indispensáveis para o seu sucesso, pois em sua fase inicial,

esse tipo de empresa é marcada pela garra e visão de mercado que o fundador possui. Desse

modo, o perfil e as crenças do fundador acabam passando para seus gestores e funcionários

iniciando assim, a chamada cultura organizacional (FLORIANI, 2002).

Conforme Bernhoeft (1999), cada vez mais os estudiosos do assunto chegam à mesma

conclusão: "a questão da sucessão é o ponto chave do sucesso da empresa familiar". O fundador

deve se preocupar em oferecer uma formação adequada a seus filhos, e precisa estar ciente de que

não viverá para sempre; portanto, para ele é muito mais fácil resolver o problema da sucessão

enquanto é vivo, pois, se não o fizer, depois de sua morte a família pode acabar entrando em

conflito; isso fará com que a empresa quebre, ou seja, vendida. Assim, uma sucessão mal

resolvida pode acabar com o patrimônio de anos.

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2.5 GESTÃO DO CONHECIMENTO EM EMPRESAS FAMILIARES

Para Leone (2005), embora a empresa familiar apresente problemas, principalmente de

ordem gerencial, existem alternativas viáveis para sua sobrevivência no mercado globalizado,

desde que haja uma readequação de sua estrutura.

Dentre as alternativas para a empresa familiar, a gestão do conhecimento surge como

oportunidade de estratégia para sobrevivência organizacional, ao procurar, a partir da tecnologia,

aprendizado organizacional e criatividade, gerar, armazenar e compartilhar conhecimento de

valor para a empresa. O grande desafio da gestão do conhecimento em empresas familiares é,

certamente, vencer as barreiras culturais, administrativas e estruturais, peculiares a empresas

desse tipo (LEONE, 2005).

Todas as organizações praticam a gestão do conhecimento, independentemente de

saberem ou não disso (TERRA, 2001). No seu processo produtivo, as organizações geram ou

utilizam o conhecimento. Davenport e Prusak (1998) compreendem que o conhecimento faz parte

do desenvolvimento das empresas.

Nas organizações familiares geralmente testemunha-se uma gestão conservadora e

centralizada. Nestas empresas o conhecimento é transmitido de forma informal e espontânea.

Necessita-se observar que muitas organizações não sabem administrar o conhecimento, e também

não sabem que tipo de conhecimento carece de se desenvolver. Stewart (2002) salienta que

algumas limitações dificultam a gestão do conhecimento:

a) Valores e crenças da empresa resistem à criação de uma nova visão;

b) O conhecimento não é reconhecido como diferenciação de competitividade; e

c) Somente a alta gerência é considerada capaz de pensar, os demais colaboradores não são

aproveitados.

Para Choo (2003), a gestão do conhecimento representa processos intrínsecos de

personalidade, raciocínio, valores das pessoas, e a capacidade de agregar a organização. Conclui

ainda que a organização que for capaz de integrar eficientemente os processos de significado,

construção do conhecimento e tomada de decisão pode ser considerada uma organização do

conhecimento.

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A partir da identificação do foco ou corrente estratégica da gestão do conhecimento, Jóia

e Oliveira (2007) certificam que é admissível melhorar o processo de criação do conhecimento,

aumentando assim a vantagem competitiva das organizações.

De acordo com Jóia e Oliveira (2007) acredita-se que o entendimento da corrente de

gestão do conhecimento de uma organização e sua estratégia de transmissão do conhecimento se

justificam a partir de três perspectivas: 1) identificar a gestão do conhecimento aplicada pela

organização; 2) alinhar as técnicas de gestão do conhecimento para a estratégia da organização; e

3) maximizar recursos humanos, materiais, financeiros, e demais envolvidos na geração do

conhecimento.

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3 METODOLOGIA

Para melhor compreensão da desenvoltura do trabalho aqui exposto, será demonstrado

nesta seção os procedimentos que nortearam a realização do mesmo. Tendo isso em mente,

evidencia-se qual foi o tipo de estudo realizado bem como as técnicas para coleta dos dados e sua

devida análise.

3.1 TIPO DO ESTUDO

O estudo foi caracterizado como sendo qualitativo, uma vez que não foram utilizados

métodos quantitativos para proceder à análise do material apresentado na base teórica, nem para a

análise do discurso das entrevistas. Segundo Vergara (2007), um estudo qualitativo visa mensurar

opiniões, reações, sentimentos, hábitos e atitudes, por meio de uma amostra ou população.

Além disso, os conteúdos das observações possuem grandes proporções, influenciando,

também, o direcionamento da pesquisa. O entendimento do contexto também é considerado

indispensável para a interpretação dos fenômenos apresentados. Assim buscou-se verificar como

as pessoas que participam do dia-a-dia da empresa sobre o problema de pesquisa e se as mesmas

percebem e entendem sobre o mesmo. Também buscou-se saber como as decisões tomadas são

influenciadas pela problemática em estudo e quais ações têm como orientação os conceitos

apresentados na fundamentação teórica do trabalho.

Quanto aos seus objetivos a pesquisa é exposta como descritiva, pois inquiriu-se

descrever as principais características da empresa em relação às práticas de gestão do

conhecimento adotadas pelas empresas. Segundo Gil (2002) a pesquisa descritiva tem como

objetivo principal a descrição das características de uma determinada população ou fenômeno ou,

portanto, o estabelecimento de uma relação entre as variáveis.

Então, o caráter descritivo desta pesquisa se deu pelo fato da mesma procurar identificar e

descrever as práticas de gestão do conhecimento existentes, descrevendo ainda o contexto das

praticas vividos sem emitir juízo de valor e de forma totalmente imparcial.

A pesquisa é um estudo de caso aplicado, uma vez que foi buscado um aprofundamento

na coleta de dados em relação às práticas de gestão do conhecimento, logo foi também uma

pesquisa de campo que, de acordo com Vergara (2007), a pesquisa de campo corresponde à

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coleta de dados. No lugar onde os fenômenos ocorrem ou que tem os elementos para explicá-lo,

então a classificação deste estudo como pesquisa de campo, uma vez que os dados foram

coletados dentro da Vidramaq Comércio e Serviços LTDA.

3.2 COLETA DE DADOS E SUJEITOS DA PESQUISA

Como instrumento de coleta de dados, utilizou-se entrevistas semiestruturadas aplicada

apenas aos membros da área técnica e ao diretor técnico, construído com base no referencial

teórico., documentos da empresa e observação não participante. O levantamento de evidências na

organização aconteceu por meio de entrevistas, observação não participante e documentos da

empresa.

No quadro 6 apresenta-se os objetivos específicos, os sujeitos da pesquisa e as estratégias

utilizadas para alcançar esses objetivos. Os sujeitos da pesquisa, como demostra o quadro, são os

técnicos de instalação, o técnico de manutenção, o auxiliar de montagem, e o diretor técnico.

Esses sujeitos foram escolhidos pois são os que atuam na área técnica, que foi a área estudada, e

assim participam diretamente dos processos desenvolvidos nesta área.Quadro 6 – Objetivos, sujeitos e estratégias

OBJETIVO SUJEITOS ESTRATÉGIA

D) Identificar as praticas de gestão do

conhecimento existentes na área

técnica da empresa.

Técnicos de instalação,

técnico de manutenção,

auxiliar de montagem e

diretor técnico.

Foram realizadas entrevistas

semiestruturadas com os

funcionários da área técnica,

incluindo o diretor técnico. Foi

utilizada a observação não

participante, pois o pesquisador

permanece apenas como

expectador com o objetivo de

coletar dados.

E) Analisar quais praticas de gestão

do conhecimento se aplicam

melhor às empresas familiares de

pequeno porte

Técnicos de instalação,

técnico de manutenção,

auxiliar de montagem e

diretor técnico.

Foi confrontada a respostas

encontradas a partir das

entrevistas com a

fundamentação teórica. Além

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69

disso, foi utilizada a observação

não participante. E a analise

dos documentos da empresa.

F) Propor práticas de gestão do

conhecimento que sejam

aplicáveis da realidade e ao

contexto da empresa.

Técnicos de instalação,

técnico de manutenção,

auxiliar de montagem e

diretor técnico.

Através da fundamentação

teórica e do reconhecimento

das necessidades levantadas

após a análise dos dados,

análise do mapeamento dos

processos e análise da

topografia do conhecimento,

foi indicada as práticas de

gestão do conhecimento a

serem propostas.Fonte: Elaborado pelo autor.

Segundo Yin (2001) o uso de documentos como fonte de dados exige que o pesquisador

compreenda que eles foram escritos com objetivo diverso e público diferente daquele para o qual

a pesquisa está sendo realizada. Foram pesquisados os seguintes documentos na organização:

relatórios de visitas técnicas e relatórios do sistema ERP presente na empresa.

A observação, segundo Yin (2001), é obtida por meio do contato direto do pesquisador

com o fenômeno observado, para abrigar as obras dos atores em seu contexto natural, a partir de

sua perspectiva e seus pontos de vista. Assim, o pesquisador pode obter um ponto de vista de

dentro do estudo de caso. A escolha da observação não participante se deu pelo fato do

pesquisador, apesar de fazer parte do quadro de funcionários da empresa e da família, não atua na

área técnica, setor escolhido para a pesquisa. Contudo, a objetivação não participante também

auxilia na compreensão dos aspectos intrínsecos ao grupo e das características do dia-a-dia da

organização.

Para essa pesquisa a observação não participante aconteceu durante duas semanas,

principalmente durante a elaboração do mapeamento de processos. Foram seis reuniões diárias de

1 hora de duração. Por não fazer parte do processo, o pesquisador se limitou a observar como se

deu a interação entre os colaboradores da área técnica, fazendo anotações em seu diário de

campo.

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70

Para uma pesquisa qualitativa é frequentemente utilizado entrevistas como método de

coleta de dados e também considerada como técnica essencial para descobrir como o entrevistado

pensa, senta e faz. Nesta pesquisa optou-se pela utilização da entrevista semiestruturadas pois

segundo Gil (2002), é mais fácil de analisar as informações recolhidas.

Para essa pesquisa, o roteiro da entrevista, que teve o objetivo de levantar informações

sobre as praticas de gestão do conhecimento já realizadas pela empresa e que foi aplicada aos

funcionários da área técnica, foi baseado nos tópicos da fundamentação teórica conforme a

quadro 7.

Quadro 7 – Relação da fundamentação teórica com as questões do roteiro

PRATICAS DE GESTÃO

DO CONHECIMENTO

REFERENCIA NO

TRABALHOQUESTÕES

Aprendizagem

Organizacional2.3.1.1 1

Mentoring 2.3.1.2 17, 18, 19 e 20

Comunidades de Prática 2.3.1.3 4, 5, 6, 7 e 8

Benchmarketing 2.3.2.1 2

Mapeamento dos processos 2.3.2.4 9,10, 11, 12, 13, 14, 15 e 16

Lições Aprendidas 2.3.2.2 8

Melhores práticas 2.3.2.3 15 e 16

Fonte: Elaborado pelo autor.

As entrevistas semiestruturadas foram realizadas com os diretor técnico e funcionários da

área técnica. Baseada nas práticas de gestão do conhecimento presentes na fundamentação

teórica. As entrevistas tiveram duração de 30 minutos. As respostas obtidas foram utilizadas para

a elaboração da seção de análise das práticas do conhecimento.

Para a construção fundamentação teórica, procurou-se explorar a literatura principalmente

sobre gestão do conhecimento. Buscou-se, também, trazer neste estudo literatura sobre as

empresas familiares. A maior parte se apoiou nos livros procurando trazer o máximo de fontes

primarias possíveis.

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Sobre gestão do conhecimento, os principais autores que colaboram na construção da

fundamentação teórica são Nonaka e Takeuchi (1997), Davemport e Prusak (1998), Probst, Raub

e Romhardt (2002), Maria Terezinha Angeloni (2002) e Zanella (2006).

Sobre empresas familiares e suas características, a colobração veio principalmente dos

seguintes autores: Batista (2005), Senge (2004), Hilleshiem (2006), Terra (2005) e Leuch (2006).

3.3 ANáLISE DE DADOS

A análise de dados é um processo complexo e crucial para o resultado do trabalho, ela

envolve dados de uma maneira aleatória e conceitos abstratos, assim como raciocínio indutivo e

dedutivo entre a descrição e a interpretação dos mesmos. A análise dos documentos e das

observações foram utilizadas na descrição da empresa e na análise das práticas de gestão

presentes atualmente. O resultado dessa análise se encontra em formato de texto no tópico de

analise de dados. A análise utilizada nas entrevistas foi a analise de conteúdo.

Assim como as anotações provenientes das entrevistas que também foram descritas em

forma de texto tanto na seção de introdução da empresa quanto na seção de analise das práticas

de gestão existentes.

3.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Nesta seção encontra-se as limitações da pesquisa. Este presente estudo foi realizado no

primeiro semestre de 2017 na empresa Vidramaq Comércio e Serviços LTDA EPP. O setor

estudado da empresa é a área técnica. Ressalta-se que os resultados obtidos a partir das análises

propostas não podem ser consideradas verdades absolutas ou suplantadas para outras

organizações mesmo que de mesmo porte e características.

Apesar dos esforços do autor para não emitir juízo de valor durante a analise,

principalmente no que tange as observações, mesmo que não participantes, destaca-se que os

resultados podem ter sidos influenciados pela experiência adquirida pelo autor, pelo fato do

mesmo ser parte integrante do quadro de funcionários atual da empresa.

4. ESTUDO DE CASO

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Neste capítulo será apresentado o estudo de caso com uma breve apresentação da

empresa; em seguida, a análise das práticas de gestão do conhecimento já existentes na empresa e

por fim uma proposição de práticas para suprir as necessidades levantadas.

4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA

O estudo foi realizado em uma pequena e familiar empresa do ramo de comércio de

máquinas para beneficiamento de vidros, situada em São José/SC e fundada em 2008. A ideia da

criação da empresa surgiu quando o casal de sócios, que até então moravam em São Paulo,

decidiu deixar seus empregos de carteira assinada e abrir a própria empresa. Um dos sócios, que

já trabalhava na área de manutenção industrial consertando e desenvolvendo linhas de montagem,

percebeu, durante um de seus projetos, que o ramo de máquinas de vidro no Brasil ainda era

pouco explorado e que com seu conhecimento técnico ele conseguiria se inserir nesse mercado.

Naquele ano eles se mudaram para Florianópolis e compraram a primeira máquina usada

para revenda. Após uma reforma e com a empresa tendo apenas 4 funcionários conseguiram seu

primeiro cliente. Com o valor da venda da máquina, o diretor técnico foi até a China, em uma

feira do ramo, e comprou a primeira máquina importada. De volta ao Brasil percebeu que

trabalhar com máquinas chinesas não seria fácil e assim tomou a decisão de que iria ter que

trabalhar com a melhor marca de máquinas da China a fim de oferecer produtos de melhor

qualidade para os seus clientes e diminuir o retrabalho. Foi para China novamente e estabeleceu

uma parceria com uma grande marca chinesa do ramo, parceria esta que vigora até hoje.

Obteve-se aumento nas vendas com o inicio da parceria. Inicialmente a empresa

trabalhava com dois produtos: Lapidadora Retilínea Vertical de 9 rebolos e a Biseladora Retilínea

Vertical de 9 rebolos. Os primeiros clientes surgiram em Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Mas em 2009, quando foi feita uma venda para Manaus/AM, os sócios se deram conta de que

podiam expandir as vendas. Assim, a marca foi ganhando consistência no mercado nacional e

atingiu todas as regiões do Brasil.

Com o número de pedidos aumentando gradativamente, foram contratados mais

funcionários, e em 2012 a empresa comprou dois veículos para se locomover até os clientes nas

instalações e manutenções.

Também em 2012 a empresa vendeu seu primeiro forno de tempera plano-curvo, fato

marcante, pois além de ser um equipamento com uma tecnologia avançada e um custo de

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produção alto, foi o primeiro forno a ser comercializado com essa tecnologia em Santa Catarina,

mais precisamente em Blumenau. A logística de venda do equipamento foi grande, vindo da

China com mais de 12 contêineres. Ao vender um equipamento como este, a empresa mudou de

patamar, passou a oferecer também produtos de alta tecnologia e maiores custos. A partir dessa

mudança notou-se uma evolução, pois em 2013 e 2014 a empresa vendeu outras duas grandes

linhas de laminação de vidros, sendo uma no interior do Rio Grande do Sul e outra na Grande

Florianópolis.

A empresa atua com uma grande variedade de máquinas para beneficiamento de vidros a

fim de atender as necessidades de seus clientes que são compostos por pequenas, médias e

grandes vidraçarias, além de fábricas de móveis e construtoras. Também trabalha com a

manutenção desses equipamentos, oferecendo um ano de garantia total aos seus clientes. Para

isso, mantém um estoque com todas as peças que as suas máquinas possuem para que possam

realizar uma troca mais rápida quando necessário. Outro ramo de atividade da empresa é a venda

de insumos e peças; quase todos os equipamentos da empresa utilizam uma sequência de rebolos

para desgaste do vidro, e esse rebolo e todas as outras peças das máquinas são colocados à venda.

Desde 2014 a empresa mantém um galpão extra alugado na região de São José,

contabilizando 750 metros quadrados de área de trabalho para auxiliar nos serviços de

manutenção e estoque. Além disso conta com uma sede própria, na mesma região, que ocupa um

terreno grande e possui um galpão equipado de maquinário ideal para o carregamento e

descarregamento dos materiais pesados vendidos e comprados. Hoje, a empresa conta com doze

funcionários (seis na área técnica e seis na área administrativa) e tem mais de 200 máquinas

vendidas em mais de três regiões do Brasil. A empresa está organizada como mostra o

organograma representado na Figura 7.

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Figura 7 - Organograma Vidramaq

Fonte: Elaborado pelo autor.

A empresa não possui filial, apenas a sede e um galpão de apoio. Ela conta com dois

sócios-proprietários que se dividem como diretor técnico e diretor administrativo.

O diretor Técnico é responsável por coordenar a equipe técnica; além disso, ele coordena

os esforços de criação de soluções para problemas diários e estabelece e supervisiona padrões de

qualidade desde a recepção até a instalação do equipamento no cliente. Também é responsável

pelo planejamento, desenvolvimento e controle das tarefas da área técnica, tanto interna quanto

externamente.

O conhecimento que o diretor técnico possui foi adquirido a partir da sua experiência

anterior em projetos de desenvolvimento e automação de linhas de produção. Esse conhecimento

se expandiu com os anos de trabalho com as máquinas além dos estudos e visitas ao fornecedor

na China.

Essa experiência é passada para os funcionários de maneira informal e cotidiana. O diretor

técnico mantém contato constante com os técnicos do fornecedor de maquinas na China, através

de comunicação em inglês via internet, e-mails e aplicativos de massagens instantâneas no

celular. Isso faz com que as informações sobre inovação e resolução de problemas se mantenham

atualizadas.

Além disso, é de responsabilidade do diretor técnico manter uma coletânea de desenhos

em terceira dimensão representando todas as peças de cada máquina e consequentemente as

máquinas como um conjunto. A intenção desse projeto é buscar melhoria nas peças e máquinas

além de auxiliar na resolução de alguns problemas encontrados. Também tem utilidade quando

surge a necessidade de confeccionar alguma peça em um torneiro ou fabrica.

Na área técnica, o técnico de manutenção é responsável pelo atendimento aos clientes que

necessitam de manutenção em suas máquinas. Fazem visitas para manutenção preventiva e

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também reformam as máquinas recebidas como forma de pagamento e destinadas à revenda. O

técnico de instalação realiza a vistoria nas máquinas assim que chegam do fornecedor, operando

suas funções em caráter teste. Instala as máquinas nos clientes e dá o treinamento de uso durante

uma semana. Os dois auxiliares de montagem organizam e administram o chão de fábrica; são

responsáveis pela montagem e desmontagem das máquinas e também auxiliam de forma geral

tanto nos processos de manutenção quanto nos processos de instalação.

Não há um sistema de treinamento estruturado. O conhecimento é transmitido dentro da

área técnica de maneira informal. Porém, algumas práticas podem ser encontradas como

comunidade de práticas, mentoring e socialização.

Esta área de instalação e manutenção de máquinas de beneficiamento de vidros não é uma

área comum e consequentemente os requisitos para trabalhar na área não são comuns aos

trabalhadores, mesmo aos técnicos e engenheiros. Isso só aumenta a importância da manutenção

e transmissão do conhecimento entre os funcionários e evidencia ainda mais o caráter tácito do

conhecimento existente.

O diretor administrativo faz a gestão, o planejamento e o controle das atividades da área

administrativa da empresa. Ele visa cumprir as políticas e os objetivos da empresa definindo

estratégias e tomando decisões no âmbito administrativo. Na empresa, é o diretor administrativo

que faz o contato internacional e realiza os processos de compra das máquinas e seus respectivos

processos como o câmbio e acompanhamento de importação.

Sob uma análise contábil e trabalhista, todos os outros cinco funcionários da organização

possuem o cargo de auxiliar administrativo. É importante salientar que não há uma

departamentalização estruturada e que muito desses funcionários são responsáveis por tarefas em

diversas áreas da gestão. Alias, o perfil multifuncional é constante dentro da organização. Porém,

para facilitar alguns processos, mesmo sem possuir essa estruturação formal e definida, a empresa

trata os seus funcionários da área administrativa por suas principais tarefas.

Na área administrativa, o auxiliar de recursos humanos (ou seja, aquele que mesmo tento

responsabilidades e tarefas em outras áreas, como por exemplo financeiro, possui sua maior área

de atuação no âmbito dos recursos humanos) auxilia nos processos demissionários e

admissionais, do recrutamento e da seleção de novos funcionários. Cuida também da folha ponto,

da folha salarial e das conversas junto à contabilidade sobre todos os assuntos referentes ao setor

de recursos humanos da empresa.

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O auxiliar financeiro realiza as tarefas de conciliação bancária, pagamento de contas,

pagamento de salários e de fornecedores, cobrança de pagamentos atrasados, além da elaboração

de planilhas financeiras e do planejamento financeiro da empresa.

O auxiliar fiscal é responsável por todas as notas fiscais da empresa, tanto de entrada no

sistema gerencial quanto de saída de produtos vendidos. É o funcionário que está sempre

conectado à contabilidade para resolver os problemas fiscais da empresa. Além disso, ele gera

guias de impostos e elabora os contratos da empresa.

Por fim, o auxiliar comercial cuida das vendas de um modo geral. Prospecta novos

clientes, faz orçamentos e propostas comerciais. É ele quem separa as peças vendidas na

expedição, define o frete e envia as mercadorias para os clientes.

Da mesma forma que na área administrativa a maior parte das práticas de gestão não são

estruturadas e formais. Isso não é diferente no que tange a gestão do conhecimento. Existem

algumas práticas que são realizadas de forma informal e pode-se perceber uma grande presença

do conhecimento tácito e da socialização como principal forma de troca de conhecimento.

Neste âmbito, na próxima seção, a partir da observação participante, análise documental e

entrevistas, procura-se identificar e caracterizar as práticas existentes mesmo que de forma

informal ou não estruturada.

4.2 PRÁTICAS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO PRESENTES

Resgatando os conceitos sobre as práticas de gestão do conhecimento mais comuns

apresentadas na fundamentação teórica, pode-se afirmar que a gestão do conhecimento, de

alguma forma, é praticada nas organizações pois estas, mesmo que de maneira informal e que as

mesmas gerem o conhecimento existente. Segundo Terra (2000), para todo o trabalho humano há

o emprego mínimo da inteligência e estruturação. Corroborando com esta ideia, Albino e

Reinhard (2009), afirmam que, principalmente quando se trata de empresas familiares, as ações

apontadas em direção ao conhecimento se concentram-no campo da informalidade. Para

completar esse pensamento, Terra (2005) confirma que o fluxo do conhecimento, neste tipo de

organização, ocorre de maneira informal, espontânea e desregrada.

Na empresa estudada, a Vidramaq Comércio e Serviços LTDA EPP, o processo de gestão

do conhecimento segue as características apontadas por Terra, Albino e Reinhard. Ou seja, as

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práticas de gestão do conhecimento existentes figuram no campo da informalidade e

desestruturação.

Porem, mesmo que informais as práticas de gestão do conhecimento e o conhecimento

propriamente dito são importantes dentro da organização. Conforme afirma Valentim (2002),

estabelecer fluxos de transmissão de conhecimento, sejam eles formais e informais, assim como

mapear os dados e informações que possam ser estruturados são ações que geram um diferencial

quanto a competitividade organizacional.

A partir dos instrumentos de pesquisa, como documentos, entrevistas e observação

procurou-se identificar e descrever as práticas de gestão do conhecimento realizadas pela

empresa. Essas práticas, como poderão ser vistas, permeiam no campo da informalidade porém

tem grande valor para troca de conhecimentos na empresa.

Dentre as práticas de gestão do conhecimento apontadas na fundamentação teórica a

empresa prática de forma informal e não estruturada as práticas de Mentoring e de Comunidades

Práticas. Ou seja, foi identificado a partir do estudo que a empresa não possui esforços no sentido

da aprendizagem organizacional, benchmarking, lições aprendidas mapeamento de processos e

melhores práticas. Nas seções a seguir explica-se detalhadamente como que essas práticas

acontecem atualmente na área técnica da empresa.

4.2.1 Mentoring existente atualmente

O mentoring é uma prática de acompanhamento e intercâmbio de experiências. Segundo

Leuch (2006) consiste na relação entre um mentor e um aprendiz com a intenção de repassar os

conhecimentos de um para o outro tendo o objetivo deste aprendiz poder se desenvolver. De

acordo com Hilleshiem (2006), o mentor é, dentro desse processo, aquele que tem mais pratica e

experiência no assunto e o aprendiz é aquele que por possuir menos habilidades procura se

desenvolver melhor para atingir um potencial melhor.

É possível notar a partir das entrevistas, que a prática de mentoring é reconhecida como

uma das ferramentas utilizadas para compartilhar conhecimento. Quando os colaboradores da

área técnica e o diretor foram perguntados se a organização fazia uso dessa prática, todos eles

responderam que sim e a unanimidade também foi notada quando todos afirmaram que essa

pratica era adotada de maneira informal.

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Outro fator que se notou a partir das respostas da entrevista foi a menção ao diretor como

líder neste processo de mentoria. Tanto quando perguntados sobre a importância da liderança

quanto na descrição do processo de mentoring que acontece na empresa os técnicos afirmaram

que o diretor técnico é uma peça chave nesse processo.

Este fato corrobora com o que foi dito por Hilleshiem (2006), o autor afirma que o papel

da liderança é de suma importância e que é função da gerência transferir conhecimento para seus

colaboradores.

O processo de mentoring, segundo descrição dos colaboradores, por não ser estruturado,

acontece de forma espontânea e normalmente para atender uma necessidade durante os processos

de verificação, instalação ou manutenção dos equipamentos. Quando entrevistado, o diretor

técnico afirmou que o mentorig poderia ser definido como método de treinamento dos técnicos.

Isso porque, segundo o diretor técnico, quando um técnico começa a trabalhar nesta área de

máquinas para vidros, apesar de ter os conhecimentos básicos e gerais de um técnico, não possui

a experiência e a prática necessária para resolver alguns processos mais característicos. Dessa

forma, tanto o diretor técnico, quanto os técnicos mais experientes devem auxiliar os técnicos

com menos prática.

Nota-se que mesmo de forma informal e não estruturada, o processo de mentoring dá

suporte ao compartilhamento do conhecimento. Segundo Lotz e Gramms (2014), essa prática

garante que menos conhecimento seja perdido caso algum funcionário deixe a organização ou

não comparece em determinado dia. Quando perguntados sobre como fazem o mentoring, cada

técnico o descreveu de forma diferente. As respostas se concentram em duas vertentes: A) o

mentor faz a prática pela primeira vez enquanto o aprendiz assiste. Após isso, o aprendiz aplica o

que aprendeu na observação e o mentor permanece ao lado para aconselhamento. B) o aprendiz

inicia a atividade e o mentor passa as instruções de forma simultânea.

Assim conclui-se que o mentoring acontece na empresa, de maneira informal e não

estruturada, sem uma identificação previa dos problemas, sem padronização e sem comprovação

dos resultados.

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4.2.2 Comunidade de práticas existentes atualmente

Segundo Leuch (2006) as comunidades de prática consistem na ligação informal entre

colaboradores de uma organização com a intenção de trocar experiências para adquirir o

conhecimento através de um objetivo em comum.

Após uma introdução sobre comunidades práticas durante a entrevista aos colaboradores

da área técnica pode-se perceber que essa prática está bem presente na empresa segundo as

respostas encontradas.

Porém, quando o diretor técnico foi questionado sobre a comunidade de práticas, o

mesmo afirmou que acredita que exista essa prática dentro da área técnica, entretanto o mesmo

não tem grande influência quanto a sua criação, ou seja, esses grupos são formados de forma

autônoma e pontual.

De acordo com Wenger e Snyder (2001), as comunidades de práticas, com suas estruturas

informais, não tem vínculos com a estrutura da empresa e também não são gerenciadas. Essas

práticas surgem com o objetivo de resolver determinado problema e também para adquirir um

novo conhecimento. Fica evidenciado o principal objetivo das comunidades de prática que é o

compartilhamento do conhecimento com a motivação de um objetivo em comum.

Para entender o surgimento destas comunidades destaca-se as respostas sobre as fontes de

conhecimento. Quando perguntados sobre quais são as fontes de conhecimento os colaboradores

convergiram na resposta no sentido de informar que uma das principais fontes de conhecimento

são os próprios colegas de trabalho. Além disso foram citados os manuais e o contato com o

fornecedor.

Os manuais citados nas entrevistas são produzidos em inglês pelo fornecedor chinês, com

a descrição do funcionamento da maquinas e dos procedimentos de instalação e ajuste. Esses

manuais são traduzidos pela equipe técnica da empresa que além de utiliza-los como suporte

também entregam para os compradores das máquinas. Já o contato com o fornecedor, acontece

em sua maioria através do diretor técnico. Apesar de existir a interação dos técnicos com o

fornecedor por meio de e-mails, o diretor técnico mantém um contato mais regular através de e-

mail, conferencia por vídeo e aplicativos de mensagem.

Outro fator que propicia o surgimento das comunidades de prática se encontra na

importância que os colaboradores dão para o compartilhamento das informações. Quando

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perguntados os técnicos e o diretor técnico afirmaram que consideram importante o

compartilhamento do conhecimento. Como a empresa não possui ferramentas formalizadas para

isso, as comunidades de prática surgem como alternativa para esta função e funciona de forma

rotineira na organização.

Sobre a pergunta sobre os fatores responsáveis pelo compartilhamento do conhecimento

obtivemos respostas como a vontade de contribuir, a intenção de adquirir novos conhecimentos, o

tempo de trabalho junto e o ambiente da empresa. Sobre este assunto, durante a entrevista

percebeu-se que os colaboradores gostariam de um apoio maior vindo da organização. Ressaltou-

se que o ambiente da empresa é muito propicio para troca de conhecimentos, sendo descrito

como descontraído. Porém, a maior parte dos esforços partem do próprio colaborador e sua

vontade de melhorar seus conhecimentos.

O grupo de técnicos já trabalha junto por um tempo considerável (o último foi contratado

a mais e três anos) e isso contribui para eles formarem essa comunidade de prática. Em geral,

quando surge um problema na manutenção ou na instalação e o colaborador que esta responsável

pela função tem alguma dúvida, os técnicos se reúnem em um grupo, trocam experiências e

conhecimentos com a intenção de resolver esse problema. Após isso, com o conhecimento

adquirido, o responsável pela função volta a fazer o processo e tenta sanar o problema que tinha.

Ao mesmo tempo, Terra (2005) afirma que as comunidades de prática funcionam como

complemento às estruturas formais e quando se tem um alto grau de confiança entre os líderes e

seus funcionários essas organizações tendem a prosperar. Assim, nota-se que as comunidades

práticas e a empresa têm uma boa prática de gestão do conhecimento, porém esse conhecimento

se mantem no campo tácito e informal, precisando de mais práticas formais para que esse

conhecimento se mantenha na organização por mais tempo.

Portanto, após a analise dos documentos, entrevistas sobre as práticas de gestão do

conhecimento e da contribuição da observação não participante, pode-se observar que o

conhecimento, dentro da área técnica da empresa, é a sua maior parte tácito. Dessa forma, o

compartilhamento do conhecimento se dá através da socialização.

Assim, se faz necessário adotar-se práticas que contemplem as dimensões de

externalização, Internalização e combinação, deixando assim, o processo de criação, manutenção

e atualização do conhecimento completo como será mostrado nas seções a seguir.

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4.3 PROPOSIÇÃO DE NOVAS PRÁTICAS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO

Nota-se que independente do modelo escolhido para a análise, seja ele o modelo proposto por

Probst (2002) ou Nonaka e Takeuchi (1997), o funcionamento de várias práticas simultaneamente

é essencial para que o fluxo do conhecimento permaneça continuo e atualizado. Um conjunto de

práticas formais e informais são necessários, junto com o apoio da gerência e o comprometimento

dos colaboradores. Então, voltados a necessidades encontradas na área técnica da empresa

estudada, sugere-se a adoção das práticas de Mapeamento de processo, melhores práticas,

Benchmarking e Lições aprendidas, além de um suporte e estruturação às práticas já utilizadas

como Comunidade de práticas e Mentoring.

Como salientado por Probst (2002), a gestão do conhecimento é composta por diversas

variáveis e processos, percorrendo desde a alta gerência até os colaboradores de nível

operacional. Como pode-se perceber o fluxo do conhecimento e a sua correta gestão se torna

essencial para uma administração eficaz. Porém, por conta da existência de tantos processos

dentro de uma gestão do conhecimento, algumas empresas podem não contar com todas as

praticas necessárias para criar, manter e atualizar o conhecimento, como é o caso da empresa

estudada nesta pesquisa. Para isso, é fundamental que a empresa esteja aberta a mudanças tanto

nos processos, quanto no seu comportamento ou estrutura organizacional. E que busque atualizar

suas práticas e engajar todos nessa mudança. Para uma melhor análise das lacunas do

conhecimento, optou-se por executar um mapeamento dos principais processos da área técnica e

uma pesquisa de topografia do conhecimento com os colaboradores e com o diretor técnico,

conforme constam nas seções seguintes.

4.3.1 Mapeamento de Processos

Conforme analisado por Leal (2003) existem diversas técnicas e procedimentos que

auxiliam no mapeamento de processos como por exemplo fluxogramas, mapa de processos, mapa

de fluxograma, dentre outras. Uma das mais comuns e a escolhida para esta pesquisa é o

fluxograma.

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Para realizar o mapeamento dos processos, Leal (2003) relaciona três passos usualmente

executados na realização de mapeamento de processos: a identificação dos produtos e serviços e

seus respectivos processos sabendo assim os pontos de início e fim de cada processo, em seguida

deve haver uma reunião para levantamento e preparação dos dados e por fim transformar esses

dados em uma representação gráfica. Essa tarefa é de suma importância na gestão do

conhecimento, identificação de gargalos e desperdícios e melhor direcionamento dos esforços.

O primeiro passo então deu-se por meio da identificação do serviço, a fim de levantar as

atividades que iniciam e as que as que o finalizam. Foram realizados os mapeamentos dos três

principais processos que ocorrem atualmente na área técnica: Recebimento das máquinas vindas

da china, instalação das máquinas no cliente e manutenção das máquinas. Para exemplificar esse

processo, nesta seção encontra-se o mapeamento e, sua respectiva execução, do processo de

instalação.

Pode-se, então, perceber que o processo de instalação se inicia no departamento

administrativo, quando o mesmo solicita um conjunto de ações que o cliente tem que tomar com

o objetivo de preparar o local para receber a maquina e para sua instalação. Assim, desde o início

percebe-se que a comunicação entre os setores da empresa precisa ocorrer de forma clara e

eficaz.

A partir da identificação do serviço, neste exemplo a instalação das máquinas, e das

atividades que iniciam e finalizam o processo, partiu-se para segunda etapa, que consistiu na

reunião dos funcionários da área técnica, junto com o diretor técnico com a intenção de levantar

todas as atividades que fazem parte da instalação de um equipamento. Notou-se que cada

funcionário tinha um procedimento diferente para realizar a mesma tarefa, porém esses

procedimentos, mesmo que atingissem seu objetivo de instalar a máquina, não contavam etapas

que o diretor julgava como importante, como por exemplo o engraxamento das peças.

A segunda etapa consistiu em seis reuniões, durante duas semanas, para definição das

atividades que pertenciam aos processos escolhidos. Isso se deu, pois, as atividades da empresa

continuaram e por muitas vezes nem todos os técnicos ou o diretor estavam presentes na empresa.

Para dar apoio a esse processo, utilizou-se os relatórios de instalação que cada técnico produziu

nas últimas instalações. Esse relatório é utilizado para descrever os serviços que os técnicos

fazem quando estão realizando uma instalação em um cliente. A figura 8 apresenta um trecho de

um desses relatórios, como exemplo, que foram utilizados nestas reuniões.

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Figura 8 – Exemplo do relatório de serviços

Fonte: Documento da empresa.

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Durante os processos de reunião para levantamento de dados e de transformação em

ferramenta gráfica há uma grande interação entre as pessoas da organização, compartilhando

conhecimento e transformando-os de tácito para explícito. Sendo assim, para esse tipo de reunião

ter êxito, é importante o empenho dos funcionários que concentram mais o conhecimento

tacitamente a fim de, no final da reunião, ter esses conhecimentos de forma explícita para

transformação em uma ferramenta gráfica.

Pode-se a partir das reuniões estabelecer quais são as atividades necessárias para

realização do procedimento de instalação de um equipamento. Desta forma, os membros da área

técnica chegaram ao um procedimento único, no qual foi desenvolvido o fluxograma e assim o

procedimento de instalação foi padronizado.

A terceira e última etapa consistiu no desenvolvimento do fluxograma a partir das

informações adquiridas nas reuniões. Durante a criação desta ferramenta gráfica podemos

perceber a ligação desse processo com os fluxos de gestão do conhecimento citados por Probst

(2002), mais especificadamente o de transformação do conhecimento. Além disso, como já citado

por Nonaka e Takeuchi (1997) é parte do processo de externalização.

A partir das entrevistas e da observação e entrando em contato diretamente com os

colaboradores e com o diretor da área técnica, têm-se que os principais processos que acontecem

nesta área são: Recebimento das mercadorias, manutenção das máquinas e instalação das

maquinas. Para cada processo critico foi elaborado um mapeamento de processos seguindo os

passos apresentados nesta seção. Os mapeamentos de processos se encontram no Apêndice B. A

figura 9 ilustra o exemplo do mapeamento de processos da instalação.

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Figura 9 – Mapeamento do processo de instalação

Fonte: Elaborado pelo autor.

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4.3.3 Topografia do conhecimento

As topografias do conhecimento identificam os colaboradores que possuem habilidades

ou conhecimentos específicos, indicando o nível do seu conhecimento de acordo com uma escala

pré-definida. No caso desta pesquisa, a topográfica do conhecimento baseou-se em uma escala de

4 níveis. Conforme legenda expressa na figura 10.

Figura 10 – Legenda da escala da topografia do conhecimento

Não tem nenhum conhecimento sobre o assunto

Possui pouco conhecimento no assunto

Possui somente o conhecimento necessário no assunto

Domina completamente o assunto

Fonte: Elaborado pelo autor.

Este mapeamento pode ser feito, inicialmente, através de procura prévia por títulos dos

cargos, nível de escolaridade, por análise de currículos e pesquisa junto a funcionários. No caso

desta pesquisa, optou-se pela entrevista como forma de pesquisa junto aos funcionários. Esse

procedimento possuiu três etapas: Topografia do conhecimento segundo opinião dos próprios

colaborados acerca de seus conhecimentos, topografia do conhecimento de acordo com a opinião

do diretor técnico e comparação das topografias e identificação das lacunas de conhecimento.

A fim de exemplificar o processo realizado, selecionou-se o processo de instalação de

máquinas. Os funcionários selecionados para essa topografia do conhecimento foram o técnico de

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instalação 1, o técnico de instalação 2 e o diretor técnico. A partir do mapeamento dos processos

realizado na seção 4.3.1 foi estabelecido as atividades e conhecimentos mais importantes para

realização dessa tarefa. Além disso, por recomendação do diretor técnico também foram levados

em conta conhecimentos como: Conhecimento na área do vidro (o vidro possui características

especificas que comprometem a qualidade do equipamento quando não são bem trabalhados),

Conhecimento específicos das máquinas (no caso desse exemplo foi-se utilizado o conhecimento

especifico na máquina lapidadora e na maquina Biseladora) e também o atendimento ao cliente.

A figura 11 demonstra a primeira etapa da topografia do conhecimento, que levou em

conta a opinião dos colaboradores sobre os conhecimentos que os mesmos possuem no que diz

respeito às atividades de instalação da máquina e nos pontos relevantes sugeridos pelo diretor

técnico.

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Figura 11 – Legenda da escala da topografia do conhecimento

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Notou-se a presença de algumas lacunas, principalmente quanto à programação,

conhecimentos específicos das máquinas e atendimento ao cliente. Isso significa que na própria

opinião dos colaboradores entrevistados nestes quesitos ele possuem pouco ou nenhum

conhecimento. Da mesma forma é possível perceber que o diretor técnico possui domínio

completo em quase todos os conhecimentos necessários para a execução do procedimento de

instalação.

A figura 12 demonstra a opinião do diretor técnico a respeito do técnico de instalação 1 e

do técnico de instalação 2 sobre os conhecimentos necessários para a instalação de um

equipamento. Figura 12 – Legenda da escala da topografia do conhecimento

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Pode-se perceber pouca variação entre a opinião do diretor técnico e o levantamento feito

pelos próprios colaboradores. Desta forma pode-se concluir então que as lacunas do

conhecimento, a partir da análise do mapeamento de processos e da topografia do conhecimento,

se encontram nos processos de programação do computador da máquina e nos conhecimentos

referentes ao ramo do vidro além dos conhecimentos específicos de cada máquina.

Nas seções seguintes, propõe-se práticas de gestão do conhecimento a fim de minimizar

as lacunas encontradas melhorando o compartilhamento de conhecimento e ajudando a

transformar o conhecimento tácito em conhecimento explícito.

Foram-se propostas as seguintes práticas: Melhores práticas, Benchmarking, Lições

aprendidas e a formalização do processo de Mentoring que atualmente acontece de forma

informal e desestruturado.

4.3.3 Melhores Práticas

Quando se utiliza essa prática de GC, precisa-se desenvolver um padrão de ações a serem

todas, assim, todas as vezes que um colaborador participar do projeto já sabe como agir para criar

ou atualizar o conhecimento.

Primeiramente é necessário escolher o projeto/processo que esta sendo realizado. No

contexto da área técnica da Vidramaq Comércio e Serviços LTDA EPP, podemos elencar os

processos de recebimento das máquinas importadas, da manutenção das máquinas e da instalação

das maquinas no cliente.

O processo deve ser estruturado em três grandes etapas: coleta, análise e implantação e

disseminação. A primeira parte consiste na coleta de informações relativas às boas práticas pelos

participantes do processo. Esta etapa pode ser realizada ao longo dos processos de forma

simultânea facilitando a coleta de dados. Para dar suporte a esta etapa, foi desenvolvido uma

planilha de apoio, que a empresa disponibilizará para a todos os usuários.

A figura 13 demonstra o documento criado para dar suporte à essa prática. Os campos

“data” e “técnico” tem o objetivo de identificar a data que na qual preenchido o formulário e o

técnico responsável pela execução. Os campos “máquina” e “atividade” servem para identificar a

qual equipamento as praticas levantadas são referentes e em qual processo isso ocorre. Por

exemplo: máquina Lapidadora e a atividade de instalação. Essa identificação é importante pois

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auxilia na organização da base de dados da organização. O campo “descrição da boa prática” é o

campo onde o técnico, durante a execução dos processos, faz as anotações do que ele julga,

quando houverem, as boas práticas executadas durante o processo.

Figura 13 – Legenda da escala da topografia do conhecimento

Fonte: Elaborado pelo autor.

Na segunda etapa, a de análise e implantação, a discrição das informações coletadas pode

variar segundo as características do colaborador que as escreveu. Ou seja, cada pessoa tem uma

forma diferente de expor suas ideias e transcrevê-las em palavras. Porém, o item coletado apesar

de estar registrado no formulário somente torna-se parte do banco de dados após ser validado por

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especialistas da área de conhecimento específica. O especialista é indicado pelo diretor técnico,

podendo ser um membro da equipe ou próprio diretor. Esse passo tem como objetivo minimizar

as diferenças entre os pontos de vista dos técnicos e garantir que esta prática tenha relevância no

processo de compartilhamento do conhecimento. O especialista pode reprovar, em caso de não

adequação, pedir uma revisão para o autor da pratica, indicando as mudanças no formulário ou

aprovar a boa pratica. Caso haja a necessidade de uma revisão, o especialista discorre suas

observações no campo “revisão” e o técnico atualiza o formulário conforme indicado.

A partir da validação pelos especialistas, as boas práticas então passíveis de prosseguir

para a terceira etapa de disseminação. Nesta etapa, o formulário aprovado se junta a um banco de

dados existente que será consultado quando necessários por todos os membros da organização.

Foi desenvolvido o formulário com base neste processo e o mesmo se encontra no apêndice C.

4.3.3 Benchmarking

Após análise da fundamentação teórica, do mapeamento dos processos e da topográfica

do conhecimento optou-se por propor a utilização do benchmarking para minimizar as lacunas do

conhecimento, mais especificamente sobre o conhecimento no ramo do vidro. Isso porque as

instalações e a maioria das manutenções ocorrem em vidraçarias, que são clientes da empresa.

Essas vidraçarias possuem um grande conjunto de conhecimentos, tácitos e explícitos que podem

contribuir no aumento e atualização do conhecimento dos técnicos na área do vidro. Visto isso

podemos definir uma implementação de benchmarking adaptável a empresa, levando em conta as

características e necessidades levantadas e as peculiaridades de uma empresa familiar. Isto

significa que o benchmarking nesse caso, vem para auxiliar na resolução de problemas já

definidos. Mais especificamente, o problema da falta de conhecimento de alguns técnicos sobre o

ramo do vidro, identificado em seções anteriores.

Para isso, foi-se proposto uma sequencia de ações descritas no quadro 8. É um processo

composto por 5 etapas que abrange desde a definição do problema até a avaliação dos resultados.

Quadro 8 – Etapas do procedimento de benchmarking

ETAPAS DO PROCEDIMENTO DE BENCHMARKING

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1 - Identificação do problema↓

2 –Identificar as empresas que sirvam de referência para auxiliar com o problema identificado

↓3- Analisar e comparar as atividades da empresa e/ou dos

funcionários da empresa com as da empresa escolhida como referência

↓4 –Implementar ações / adquirir conhecimento

5 – Monitorar o processo e avaliar as melhorias

Fonte: Elaborado pelo autor.

Exemplificando a partir do problema já identificado pela pesquisa o benchmarking seria

usado para melhorar o fluxo de conhecimento na área do vidro para os técnicos. Assim, o

primeiro passo, já está definido, ou seja, o problema é o conhecimento sobre o ramo do vidro. A

segunda etapa, preconiza a escolha da empresa que servirá de referência. As instalações dos

equipamentos acontecem sempre na vidraçaria do cliente. Esse ambiente é rico de conhecimentos

na área do vidro. Os clientes, tornam-se assim as melhores empresas para serem referencias para

resolver esse problema. Mais um ponto favorável é que há, normalmente, mais de uma instalação

por mês, contribuindo para um processo de benchmarking mais contínuo. Segundo a topografia

do conhecimento, pode-se perceber que há um técnico de manutenção que possui conhecimento

no ramo do vidro. Assim, com o auxílio deste funcionário será desenvolvido um documento no

qual é elencado as principais atividades que devem ser consideradas durante a estadia do técnico

no cliente. Em conjunto com as lições aprendidas, será proposto uma reunião de encerramento do

processo de instalação, na qual os técnicos se reunirão para troca de conhecimentos. Nessa

reunião, será discutida essas atividades que foram aprendidas segundo o benchmarking com a

intenção de cumprir a quarta etapa do processo e assim adquirir o conhecimento.

Deste modo, o conhecimento tácito estaria fluindo entre os colaboradores da área técnica

por meio da socialização, e, portanto, experiências de um estariam sendo assimiladas. Ter esse

processo estruturado, gera um grau maior de padronização e garante a externalização, (a

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transformação de conhecimento tácito em explicito. Isso contribui para o benchmarking possa

atender a dois pressupostos: o estabelecimento de modelos padronizados e a maior probabilidade

de se definir marcos de referência que representem o desempenho superior.

A ultima etapa é a de avaliação das melhorias. Uma das formas que isso se torna possível

é estabelecer a execução da topografia do conhecimento, assim como foi feia nesta pesquisa, uma

prática recorrente. Desta forma, poderá se avaliar se as lacunas do conhecimento estão sendo

preenchidas.

4.3.4 Lições aprendidas

Neste trabalho foi-se proposto as lições aprendidas como descrições de experiências, esta

prática tem a intenção de minimizar as lacunas de conhecimento identificadas a partir do

mapeamento dos processos e da topografia do conhecimento. Isso se dá, pois, esta prática permite

a troca e a criação de conhecimento específicos de cada máquina e a partir do momento que este

conhecimento se torna disponível e organizado, há democratização do mesmo colaborando para a

melhora do conhecimento de todos.

Como visto durante a pesquisa e na topografia do conhecimento, uma das lacunas

encontradas era referente aos conhecimentos específicos sobre as máquinas. Esse conhecimento

pode já existir dentro da empresa, por meio de outros funcionários. A topografia do

conhecimento demonstrou que existem técnicos que possuem conhecimentos suficientes em

todas as máquinas. A intenção, então, é criar mecanismos que possibilitem a troca desses

conhecimentos, que muitas vezes são conhecimentos tácitos e permanecem apenas com um

técnico. Uma das práticas que podem ajudar no compartilhamento do conhecimento é a das lições

aprendidas.

Utilizou-se como base as etapas descritas por Probst, Raub e Romhardt. (2002), onde

inicia-se com a ideia do projeto, que significa a identificação do processo estudado como por

exemplo a manutenção de máquinas, esta identificação é importante no momento que for inserida

no banco de dados para facilitar a localização pois será classificado por processos. O Quadro 9

procura exemplificar esse processo.

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Quadro 9– Etapas do procedimento de lições aprendidas

ETAPAS DO PROCEDIMENTO DE LIÇÕES APRENDIDAS

1 - Identificação do projeto↓

2 -Consulta ao banco de dados com lições aprendidas com projetos anteriores

↓3 -Execução do projeto

↓4 -Preenchimento do campo lições aprendidas no relatório

5 - Reunião de encerramento do projeto

Fonte: Elaborado pelo autor.

A próxima etapa refere-se a uma análise com base nos relatórios concluídos de serviço de

clientes, assim conseguiremos obter as lições aprendidas em projetos anteriores. Recomenda-se a

criação de um campo extra nos relatórios para evidenciar as novas práticas que o técnico

considera importante reportar como uma lição aprendida.

Após a análise das lições aprendidas em projetos anteriores o técnico levará consigo

durante o projeto atual um documento resumido com algumas das lições aprendidas referentes a

área que ele está atuando com o objetivo de auxiliar na execução do projeto podendo fazer

comparações entre o ocorrido e o que estava descrito em projetos anteriores. E ainda preencherá

o relatório em um campo específico que indica as lições aprendidas com o projeto que ele

executou.

Na última etapa, será feita uma reunião com todas as partes integrantes da área técnica

onde será abordada as lições aprendidas do último projeto. Será feito uma análise das

ocorrências importantes, inovadoras ou cujos resultados foram inesperados, para descrever os

sucessos e os erros. Após isso, sé necessário o banco de dados será atualizado com as novas

informações.

Desta forma visa-se compartilhar o conhecimento adquirido em cada projeto e também

acumulado fruto das experiências vividas. Além disso, com a adoção dessa prática, o fluxo do

conhecimento aumenta assim como a interações entre os colaboradores da área e a

democratização junto da formalização minimizam as lacunas do conhecimento encontradas.

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4.3.5 Formalização do Mentoring

Como visto em seções anteriores o processo de mentoring já existe na empresa, porem,

por ser informal e desestruturado não consegue ser efetivo no objetivo de minimizar as lacunas de

conhecimento existes. Isso se dá pelo fato da empresa não ter feito nenhuma pesquisa interna ou

levantamento de informações para saber onde a demanda do conhecimento é necessária. Além

disso, como não havia processos mapeados, cada funcionário praticava as atividades de uma

forma diferente, dificultado assim a averiguação do nível de conhecimento por tarefa.

Propõe-se então, uma nova forma de praticar o mentoring, conforme o quadro 10

apresenta.

Quadro 10 – Diferença entre o velho e o novo processo de mentoring

VELHO NOVO

Problema identificado durante

projeto↓

Escolha aleatória do mentor

↓Processo

exclusivamente tácito e momentâneo

Identificação prévia do problema através do mapeamento de processos e topografia

do conhecimento↓

Escolha dos pares (mentores e aprendizes) de acordo com seus conhecimentos e

habilidades↓

Reuniões presenciais com acompanhamento do diretor técnico

↓Avaliação de ganhos

Fonte: Elaborado pelo autor.

Como o quadro 10 demonstra, algumas medidas deverão ser tomadas para que o processo

de mentoring seja estruturado na empresa. A primeira mudança acontece na identificação do

problema. Antes os problemas surgiam ao longo dos projetos e algumas vezes eram repetidos. O

técnico então, pedia ajuda para quem fosse mais conveniente no momento, seja pelo fato da

pessoa estar disponível ou estar mais perto. Isso não garantia que o mentor fosse o mais adequado

e assim poderia comprometer a qualidade do trabalho. Com o mapeamento e padronização dos

processos da empresa e com o auxílio de pesquisas de topografia do conhecimento, a empresa

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tem informações suficientes para definir quem serão os pares de mentor e aprendiz que mais se

encaixam na necessidade levantada. Assim, com esse conhecimento mapeado pela empresa é

possível saber quem necessita adquirir mais conhecimento em determinada área e quem tem esse

conhecimento e necessita compartilhá-lo. A definição correta dos pares de mentoring garante que

o conhecimento circulará da melhor forma possível dentro da área técnica, fazendo que todos os

funcionários se desenvolvam e atinjam um potencial maior.

Além disso, a presença do diretor técnico no projeto, quando o mesmo não for o mentor,

demonstra o envolvimento da liderança e da empresa. Isso também favorece o comprometimento

dos envolvidos no projeto e melhora a qualidade do conhecimento compartilhado. Outro ponto

positivo é que como pode ser visto na topografia do conhecimento, o diretor técnico tem um

grande conhecimento podendo sempre agregar nos ensinamentos do mentor e no processo de

aprendizagem do aprendiz.

A avaliação dos ganhos no final do processo de mentoring deve ser um procedimento que

a partir de então deve ser considerado pela empresa. Além da execução das pesquisas de

topografia do conhecimento com mais frequência como foi sugerido em outras práticas também,

a avaliação do projeto de mentoring deve ser alvo de uma conversa entre o diretor técnico e o

aprendiz a fim de levantar as percepções sobre o projeto, ganhos pessoas e possíveis melhorias.

A estruturação do mentorig também passa pela definição de alguns conceitos antes de os

projetos serem colocados em pratica como por exemplo: a empresa precisará fornecer alguma

ferramenta para que o processo ocorra e se haverá ou não recompensa pela participação nos

programas de mentoring.

Com esse novo modelo, espera-se tornar o mentoring um processo mais estruturado e

eficiente na organização, atendendo as demandas do conhecimento levantadas e conseguindo

mesmo que de forma tácita, compartilhar o conhecimento e fazer o fluxo do conhecimento se

manter continuo e atualizado.

4.3.5 Aprendizagem organizacional

Com a adoção dessas práticas propostas nas seções anteriores a empresa está no caminho

certo para o desenvolvimento da aprendizagem organizacional. Resgatando a fundamentação

teórica, segundo Senge (2004), tem-se que o processo de aprendizagem organizacional, além de

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ter uma relação direta com a aprendizagem individual, está presente no dia a dia dos

colaboradores e da empresa pois a todo o momento os conhecimentos estão circulando.

Conforme afirmaram Dibella e Nevis (1999) os três critérios essências para que haja

aprendizagem organizacional são: a aquisição de novas habilidades, atitudes e comportamentos

ao longo do tempo, democratização de tudo o que é aprendido e necessidade de gestão do

conhecimento por parte da organização. As práticas propostas têm esse objetivo. As lições

aprendidas, além de desenvolverem novos conhecimentos, possibilitam a democratização do

mesmo através das reuniões e relatórios. Assim como o benchmarking que busca através das

empresas parceiras desenvolver novos conhecimento e das melhores práticas que visa a

democratização das boas práticas desenvolvidas. A formalização do mentoring, além de

possuírem as mesmas características das práticas mencionadas, envolvem a liderança e a empresa

com a intenção da mesma participar da gestão do conhecimento.

Isso corrobora com o que Terra (2005) afirma, a aprendizagem organizacional inclui uma

série de práticas que visam apoiar o aprendizado de varias formas. Lições aprendidas,

mapeamento de processos, melhores praticas, mentoring, comunidades de pratica e benchmarking

formam um conjunto de praticas de diferentes características que visam facilitar o acesso da

informação. Incentivar a conectividade interpessoal e a busca por atualização do conhecimento e

inovação.

Porem, é importante salientar que, como afirmou Garvin (2001), a ligação entre cultura

organizacional e aprendizagem organizacional é forte. Uma organização para tornar seu processo

de aprendizagem eficaz precisa dispor de habilidades para criar e transferir o conhecimento e

dessa forma modificar, se necessário, comportamentos. E isso não acontece baseado apenas em

decisões momentâneas, para mudar o comportamento organizacional é preciso que essas

mudanças desejadas sejam cultivadas e contem com a dedicação e comprometimento dos

envolvidos, inclusive, em níveis gerenciais e estratégicos.

Assim, pode-se afirmar que a empresa, a partir da implementação dessas práticas de gestão do

conhecimento, também estará praticando a aprendizagem organizacional, desde que a mesma

cultive a gestão do conhecimento como sendo essencial e que se dedique de forma comprometida

para que estas práticas não sejam momentâneas. Além disso, a organização precisa incorporar a

gestão do conhecimento na sua cultura organizacional, envolvendo assim todos os colaboradores,

desde níveis operacionais até os diretores da empresa.

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O quadro 11 demonstra como que as práticas de gestão do conhecimento sugeridas

comtemplam a diversidade de características e os quatro modos de conversão do conhecimento. Quadro 11 – Resumo das praticas propostas

RESUMO DAS PRATICAS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO DA VIDRAMAQ APÓS MODELO

PROPOSTO PELA PESQUISA

SOCIALIZAÇÃO EXTERNALIZAÇÃO

- Mentoring OBJETIVO: Compartilhar os

conhecimentos que existem de forma tácita entra os colaboradores da área técnica a fim de extinguir as lacunas de conhecimento apresentadas como as de programação e conhecimentos específicos em cada maquina.

COMO: Transferindo conhecimentos tácitos entre mentor e aprendiz a fim de desenvolver os colaboradores e permitir potencializar seus conhecimentos).

- Mapeamento de processos OBJETIVO: Padronizar as atividades da

área técnica, para que os conhecimentos possam ser identificados, compartilhados e desenvolvidos

COMO: através da organização, planejamento, desenvolvimento, acompanhamento e padronização dos processos da empresa.

INTERNALIZAÇÃO COMBINAÇÃO

- Lições aprendidas OBJETIVO: Desenvolver e compartilhar

conhecimentos adquiridos durante um processo com a intenção de compartilhá-lo e assim diminuir as lacunas de conhecimento como por exemplo as de conhecimentos específicos sobre uma determinada maquina.

COMO: através do compartilhamento estruturado das experiências adquiridas em um projeto ou cargo especifico transformando o conhecimento explicito em tácito)

- Melhores prática

OBJETIVO: Análise de relatórios e práticas para evidencias as melhores práticas realizadas durante uma atividade a fim de compartilhar esse conhecimento e diminuir as lacunas do conhecimento encontradas.

COMO: através de um procedimento para validar a realização das tarefas ou soluções de problemas

- Benchmarketing OBJETIVO: analisar atividades em

empresas parceiras com o objetivo de aperfeiçoar os conhecimentos como por exemplo o caso dos conhecimentos específicos no ramo do vidro.

COMO: combinando conhecimentos explícitos adquiridos através das parcerias e análise de fontes externas.

Fonte: Elaborado pelo autor.

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5 CONCLUSÃO

Diante do contexto atual, levando em conta a era do conhecimento, e a velocidade que as

mudanças acontecem no meio corporativo, as empresas de pequeno porte, incluído as empresas

familiares, têm que buscar novas alternativas a suas gestões tradicionais para contemplar melhor

a gestão do capital humano e dos recursos tangíveis e intangíveis. Fomentando o uso de práticas

de gestão do conhecimento, incentivando a democratização e criação do mesmo e promovendo as

relações interpessoais e entre empresas parceiras as organizações, independente do seu porte e

características podem desenvolver vantagens competitivas.

Conforme foi apresentado no decorrer deste trabalho, a gestão do conhecimento oferece

um conjunto de práticas que, quando aplicadas de forma adequada, podem apoiar a gestão da

empresa e garantir a circulação do conhecimento interno. Suas principais consequências são a

geração de novos conhecimentos e habilidades e a garantia de manutenção do conhecimento

existente. Isso possibilita a otimização dos processos da empresa trazendo mais eficiência e

eficácia na gestão.

Além da gestão do conhecimento, as empresas devem estar preparadas para as mudanças

e devem ter a cultura organizacional alinhadas à gestão do conhecimento. O apoio da gerência e a

dedicação dos colaboradores também são fatores fundamentais nesse processo de gestão de

conhecimento. Além disso, precisam contemplar todos os modos de conversão do conhecimento,

visto que existem tanto conhecimento tácitos quanto conhecimento explícitos nas organizações.

A proposta apresentada nesta pesquisa buscou contemplar todos esses fatores e apresentar

um conjunto variado de práticas que contribuíssem de maneiras divergentes para a conversão do

conhecimento e solução das lacunas levantadas a partir da análise do mapeamento e da topografia

do conhecimento realizados. As ações voltadas para a gestão do conhecimento devem objetivar

melhorias nas mais variadas atividades da empresa. A alocação de pessoas certas em seus devidos

lugares, sendo devidamente consideradas suas habilidades e capacidades, o monitoramento das

atividades mapeadas e o gerenciamento das praticas produtivas gerarão, certamente benefícios à,

sejam eles tangíveis ou intangíveis.

Na empresa estudada, a gestão do conhecimento, dentro do contexto desta pesquisa,

representa a possibilidade de difundir os conhecimentos existentes, que por algumas vezes se

concentram em determinados funcionários, permitindo assim a aprendizagem organizacional e o

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preenchimento das lacunas encontradas. Além disso, a padronização dos processos deve diminuir

as perdas e alocar de forma mais eficaz os recursos da organização.

Sendo assim, buscou-se neste trabalho analisar como estruturar os processos de gestão do

conhecimento em uma empresa familiar de pequeno porte. Pode-se perceber a presença de

praticas de maneira informa e desestruturada.

Quanto à identificação dos processos de gestão do conhecimento existentes na empresa, a

partir de entrevistas semiestruturadas e observação não participante, pode-se verificar a existência

das comunidades de práticas e do processo de mentoring informal.

Consoante à analise dos processos que se aplicam melhores ao contexto da empresa, com

o apoio da fundamentação teórica, com o mapeamento dos processos e topografia do

conhecimento, pode-se contatar um conjunto de praticas aplicáveis.

Finalmente, em relação à proposição de praticas de gestão do conhecimento que se

aplicam à realidade da empresa obteve-se um conjunto de cinco práticas que visam atender as

demandas do conhecimento da empresa compartilhando o conhecimento existente de forma

estruturada e buscando desenvolver novos conhecimentos.

Tais propostas foram realizadas com o objetivo e proporcionar vantagem competitiva e

melhoria ne gestão organizacional da empresa. Além disso, com um programa de gestão do

conhecimento continuo, a empresa poderá gerir melhor os recursos tangíveis e intangíveis bem

como seu capital humano propiciando um desenvolvimento pessoal e profissional aos

funcionários e trazendo, consequentemente, benefícios à empresa.

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APENDICE A – Roteiro da entrevista com membros da área técnica.

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APENDICE B - Mapeamento dos principais processos da área técnica.

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APENDICE C - Formulário de Melhores práticas.