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Entrevista completa com o crítico Maurício Ângelo, que nos contou um pouco mais sobre o estilo musical da Turma da Colina e dos impactos que eles causaram na época, e que refletem ainda nos dias de hoje.

(Foto: Arquivo Pessoal)

Toca Uma Pra mim: Qual a importância da Turma da Colina no cenário musical brasileira? Maurício Ângelo: Talvez seja seguro afirmar que o Legião Urbana foi a maior banda da sua época e mesmo dos anos 90. Talvez não a primeira em termos de vendagens, mas sem dúvida uma das principais em influenciar toda uma geração, em impactar o desenvolvimento da cena e perdurar até hoje como referência. Goste-se ou não da turma de Renato Russo e seja lá qual for a relação que a geração abaixo de 20 anos tenha com a banda hoje, a importância é enorme. O Capital Inicial tenta justamente permanecer vivo apostando nesse público, mudando consideravelmente sua abordagem desde o retorno no final dos anos 90. O Plebe Rude sempre foi algo bem mais underground, restrito a poucos admiradores e a turma de Brasília. E, claro, veio a segunda geração do rock brasiliense: Raimundos, Little Quail & Mad Birds, etc. TUPM: Com o desmembramento da Plebe Rude, XXX e Aborto Elétrico, sendo criadas então a Legião Urbana e Capital Inicial, houveram diferenças nos estilos musical? MA: Sim, no início todos eram muito influenciados pelo punk e post-punk da época, seja pela vertente inglesa ou americana (Sex Pistols, Ramones, Clash, etc). Com o passar do tempo, especialmente o Legião Urbana bebeu muito na fonte do pós-punk, tendendo mais para algo The Smiths e depois bastante de

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New Wave. Importante perceber que estavam conectados com a música em voga da época por se tratarem de pouquíssimas pessoas que tinham acesso a discos trazidos de fora, caríssimos e num mercado ainda muito incipiente de maneira geral.  TUPM: Como era o mercado da música antes e depois do sucesso dos integrantes da Turma da Colina? MA: Essas bandas surgiram numa época de enorme amadurecimento do mercado brasileiro. A década de 80 foi quando a música do país começou a tomar contornos mais profissionais, seja na produção dos discos, com melhores estúdios, produtores mais capacitados, surgimento de uma mídia especializada (Bizz, etc), marcos como o Rock In Rio em 1985, com o país começando a receber mais shows internacionais (até chegarmos na situação atual, excelente), gravadoras apostando no rock, bandas novas surgindo e fazendo sucesso, caso não só do Legião e Capital, mas a turma de SP, com Ira!, Titãs, além de Paralamas e fenômenos pontuais como Ultraje a Rigor e RPM, por exemplo. Precisamos lembrar que os anos 80 e também marcam a transição da ditadura para a abertura democrática, que teve impacto decisivo em toda essa história. TUPM: O que essas bandas agregaram ao cenário musical brasileiro? MA: Uma certa estética, seja sonora ou lírica, um período de alguma ruptura com a tradição estabelecida da MPB, o samba e mesmo as bandas brasileiras de rock dos anos 70, influenciadas pelo progressivo. Lá fora como aqui, esta geração buscou uma nova sonoridade, mais crua, mais dark, mais direta, apoiando-se no lema torto do "do it yourself" do punk, que buscava convencer as pessoas de que elas não precisavam serem músicos excepcionais para montar uma banda. E, como tanto, agregaram muita coisa. TUPM: Nos dias de hoje, existem bandas que tentam buscar a essência das bandas integrantes da Turma da Colina? MA: É difícil falar em um só movimento, um só grupo de bandas dos anos 80 que influenciem hoje. Os anos 00 viram uma miríade de influências diferentes, da MPB ao experimental, do metal e o rock alternativo dos anos 80 ao indie novidadesco, da pegada pop-poética-sambinha do Los Hermanos a uma infinidade de outras cores. Estamos numa época incomparável em termos de acesso à informação, a música, a relacionamentos estabelecidos  com gente do mundo todo o tempo inteiro, organização de iniciativas próprias, coletivos, leis de incentivo, bandas que tocam no exterior por conta própria, empresas investindo em festivais e lançamentos de discos, enfim, algo completamente diverso da época. Não é possível apontar ninguém que busque essa "essência" e tampouco creio que isso seja necessário. Há muito mais para ser explorado e muito mais para ser criado além do que Legião, Capital & Plebe fizeram.

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