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Construindo um Regimento A Secretaria Municipal de Educação de São Paulo lança uma série de Decretos e Portarias para a denominada Reorganização Curricular e Administrativa. O decreto nº 54.453 ( 10/10/2013), com vigor imediato (v. art. 3º) trata das atribuições de todos os segmentos escolares. Salvo engano, a única grande alteração, antes apenas uma recomendação, é o contido no artigo 15, inciso IV, que delibera que o docente deve considerar as informações do Ideb. Como o restante do Decreto não trata de nenhuma outra substancial alteração ou orientação, recomendamos apenas a leitura sem grandes detalhes que chamam a atenção. A Portaria nº 5930 de 14/10/2013 vem, então, para alinhavar o contido ao Decreto nº 54.452 (10/10/2013). A leitura desta Portaria (5930/13) deve ser entendida amplamente pelos educadores, tanto para a elaboração do Regimento Escolar como, mais fortemente, atender as Políticas Públicas de implementação da Reorganização Escolar de que se trata a partir de 2014. Para tal esboçamos um pequeno arcabouço de anotações aos tópicos (que julgamos) principais para tal caminho de entendimento e aplicação. Não se pode furtar o esquecimento das metas, ora denominadas finalidades, em seu artigo 2º, com principal relevância aos incisos III ao VII, excetuando por ora o inc. VI, estes vinculados fortemente à ação docente e ao idealizado conceito estabelecido no inciso VIII, onde abarca a gestão de cunho democrático e o grande desafio para algumas escolas referentes à participação efetiva da família. Voltando aos incisos, o III demonstra a preocupação (grifo nosso) do governo em resolver a baixa classificação das

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Construindo um RegimentoA Secretaria Municipal de Educação de São Paulo lança uma série de Decretos e Portarias para a denominada Reorganização Curricular e Administrativa.

O decreto nº 54.453 ( 10/10/2013), com vigor imediato (v. art. 3º) trata das atribuições de todos os segmentos escolares. Salvo engano, a única grande alteração, antes apenas uma recomendação, é o contido no artigo 15, inciso IV, que delibera que o docente deve considerar as informações do Ideb.

Como o restante do Decreto não trata de nenhuma outra substancial alteração ou orientação, recomendamos apenas a leitura sem grandes detalhes que chamam a atenção.

A Portaria nº 5930 de 14/10/2013 vem, então, para alinhavar o contido ao Decreto nº 54.452 (10/10/2013).

A leitura desta Portaria (5930/13) deve ser entendida amplamente pelos educadores, tanto para a elaboração do Regimento Escolar como, mais fortemente, atender as Políticas Públicas de implementação da Reorganização Escolar de que se trata a partir de 2014.

Para tal esboçamos um pequeno arcabouço de anotações aos tópicos (que julgamos) principais para tal caminho de entendimento e aplicação.

Não se pode furtar o esquecimento das metas, ora denominadas finalidades, em seu artigo 2º, com principal relevância aos incisos III ao VII, excetuando por ora o inc. VI, estes vinculados fortemente à ação docente e ao idealizado conceito estabelecido no inciso VIII, onde abarca a gestão de cunho democrático e o grande desafio para algumas escolas referentes à participação efetiva da família.

Voltando aos incisos, o III demonstra a preocupação (grifo nosso) do governo em resolver a baixa classificação das escolas da cidade de São Paulo perante seus resultados no índice do IDEB. Embora os pronunciamentos iniciais da gestão (início de 2013) pareciam não dar à devida importância, somente uma preocupação, a legislação vigente, “abre” o escopo legal com o mencionado índice.

O inc. IV propõe ampla formação aos docentes, esboçada com mais ênfase no decorrer da Portaria.

O VII, em relação à autonomia das escolas, e VIII, visando a democratização da gestão escolar, já eram metas anteriormente

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elencadas por governos passados, e as diferenciações aplicadas se darão ao primeiro (VII) em relação aos novos programas do “Mais Educação” e seus procedimentos nos 16 artigos finais da Portaria (art. 21 ao 36).

Os art. 3º e 4º vão tratar basicamente de propostas e intenções do governo, também não diferentes, realizadas ou não, dos governos passados. Obviamente, a exemplo do “Mais Educação” o documento trará novas articulações junto ao MEC, como exemplificado à alínea b do art. 4º, I.

O art. 5º virá com a nova implementação que sofrerá maior impacto tanto no início da proposta, mas principalmente ao longo de sua empreitada, pois, ali tratará ao que nos interessa (EMEF) as novas divisões dos Ciclos. O estudo mais apurado não é tão somente a premissa da divisão, mas o complexo criado dentro de cada Ciclo. Eles são singulares, complexos e se inter-relacionam.

Os art. 6º ao 11 vão traçar o perfil de cada Ciclo, seu funcionamento, e, mais especificamente, será lançada a ideia no art. 7º, § 3º, aos denominados “Projetos”. Curiosamente o termo é redigido com o uso de aspas em todo o documento (ver art. 8º, inc. IV; art. 9º e Parágrafo Único), até porque necessitará de mais conteúdo e novas orientações.

O art. 12 traz a aplicação da estratégia da lição de casa, mas se furta da periodicidade (diária, semanal, ocasional, mensal etc).

A partir do art. 13 até o 19 tratarão dos procedimentos de avaliação (interna e externa). Em termos de concepção não notaremos nada novo, mesmo que o Decreto anterior diga que há, salvo a periodicidade agora obrigatoriamente bimestral (art. 15).

O diferencial que merece destaque é nos tipos de menção (conceito e notas numéricas) e nos períodos de reprovação, tanto ao final de cada Ciclo, como a cada ano do último Ciclo denominado Autoral (art. 15, §6º). O art. 16 trata da emissão, também bimestral, do “Boletim” com as notas e demais informações sobre os alunos.

Embora seja um eixo no início do documento (art. 3º, inc. IV), o art.20 esgotará o assunto sobre a “Formação dos Educadores”.

A partir do art. 21 começam as inter-relações dos projetos já existentes com o “Mais Educação” e suas possibilidades de composição. Embora pudesse merecer uma Portaria especial, o legislador preferiu ocupar 16 artigos desta Portaria para explicar, definir, articular o devido projeto. Trata de sua formulação e composição. Sua relação de funcionamento e caminho à educação de tempo integral, ou também denominada, contra-turno.

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Apenas a título de informação, a Portaria nº 5929 (14/10/2013) estabelece a renomeação das turmas do ciclo II (do Fundamental de 8 anos) para a correlata imediata agora existindo apenas o Ensino Fundamental de 9 anos nos registros.Passando para a Portaria nº 5941 (15/10/2013), que embora bem extensa dada sua natureza (Regimento Escolar), não ocuparemos muito tempo, devido sua inflexibilidade no contido.

O roteiro aqui proposto não esgota outras análises, ou seja, não descarta a leitura total da referida, nem tão pouco analisa todos os assuntos com a devida profundidade, mas tenta dar um panorama em assuntos chave.

Apenas a título de legalidade, cabe ressaltar sua entrada em vigor já para o ano letivo de 2014 (art. 3º, §1º).

Tanto não esgotaremos o assunto que vamos saltar aqui, por interesse às EMEFs, assuntos referentes à Educação Infantil, CIEJA, CEU e Ensino Médio.

Já em seu art. 5º o referido Regimento, não diferente necessariamente de outros propostos, já carrega em seu corpo, no inc. II, através dos Objetivos do Ensino Regular o “fortalecimento dos vínculos da família”, reforçando o contido na Portaria de Reorientação.

Nota-se também uma atuação mais consistente para o Conselho de Escola, com atenção especial ao art. 17, inc. V, alínea a (sobre turnos e demanda), inc. XIII (aplicação de sanções), XIV (recursos financeiros).

Remete o documento a APM como uma Instituição Auxiliar e o legislador preferiu ocupar ou oferecer pouco espaço para esta (apenas art. 24).

Entre vários artigos, fazemos menção aqui para as alíneas a e b do art. 30, para delimitarmos como seria realizada a pesquisa sobre perfil sociocultural de nossos discentes e profissionais da educação para o PPP.

Neste mesmo art., alínea c, talvez falte ressaltar que algumas Unidades mantem forte relação com instituições não necessariamente de suas regiões, devendo incluir no texto.

O desafio será proposto na alínea d referente ao contido nas normas de convívio da unidade Educacional.

Saltando para o art. 34 notamos o referido na Portaria nº 5929 sobre a introdução somente da nomenclatura Ensino Fundamental com duração de 9 anos.

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Em seu §2º aparece o desafio de composição do Trabalho Colaborativo de Autoria no Ciclo Autoral.

Na seção II, aparentemente algumas questões ainda não são resolvidas pelo legislador, referente ao tempo da Avaliação Institucional. Prefere a informação aberta de “anualmente” (art. 40) sem deixar pistas se será uma avaliação processual ou terminal. Oferece pistas no art. 41 de sua utilidade.

A partir do art. 42 atenção especial para Avaliação do processo de Aprendizagem.

O art. 44 reforça o contido na Portaria de Reorientação sobre os resultados bimestrais e tratará das menções em Conceitos (P, S e NS) e notas numéricas (0; 0,5; 1; 1,5.... 9; 9,5; 10).

O art. 45 traz a menção sobre a periodicidade do lançamento dos conceitos/notas, mas esquece, talvez por lapso do legislador, do contido ao art. 16 da Portaria de Reorganização, que é o “Boletim”. Talvez seja proveitoso incluí-lo no texto deste artigo.

O art. 53 trata do período de realização do Conselho de Classe e deixa a reserva de Portaria que trará suas diretrizes ainda.Será necessário um amplo estudo para contemplarmos o contido neste Regimento e o contido em seu art. 57, §2º, quando vai tratar de Normas de Convívio e ECA.

Alguns pequenos destaques que podem ganhar força às Normas, por exemplo, aparecem no art. 59, inc. VI e VII.

O alvo da discussão, então, às referidas Normas se darão no art. 60. Aqui o legislador não indica, pois se trata de um documento de acordo com cada Unidade ou realidade.

Também não sugere a introdução no próprio Regimento, podendo ser um anexo. O risco é ser um mero documento, como um simples manual altamente mutável, sem deliberação. Recomenda-se que seja ou contido ao Regimento ou identificado como sendo seu anexo.

O art. 61, em seu inc. III, alínea c, prefere trazer a discussão do uso do aparelho de celular, mesmo já havendo legislação em vigor.

Em relação à alínea e é necessária a inter-relação ao art. 69, § 1º, para se diferenciar “dano” de “ato infracional”.

No art. 66 começará a delinear as sanções iniciais (Repreensão, Advertência Escrita e Suspenção).

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Dentro deste artigo atenção especial aos parágrafos nele contidos para procedimentos e possíveis exceções (§2º).

O art. 69 fará o arcabouço de formalidades legais para não desconfigurar os preceitos das Normas. Ressaltamos aqui o §1º e suas implicações.

O §2º não trata como sanção a transferência (compulsória), mas sim como medida de proteção ao educando ou terceiros.

O Título IV, a partir, então, do art. 71 trata das questões vinculadas ao Calendário de Atividades, onde cabe a leitura “corrida”, pois já é de amplo conhecimento, portanto, mera formalidade. Somente uma especial atenção ao art. 75, pois as reuniões de pais bimestrais estarão agora condicionadas ao boletim.

Dos art. 76 ao 78 trata da Matrícula, também sem alterações.

Dos art. 79 ao 84 trata da reclassificação. A base legal para estes art. estão na Portaria 4688/ 06.

Embora tal seção se trate de Reclassificação é necessário certo cuidado, pois o texto faz menção aos critérios de transferência.

O Capítulo IV trata da Recuperação das Aprendizagens. O seu próprio texto é autoexplicativo, principalmente no que tange a responsabilidade docente frente a ela.

Importante se faz a leitura detalhada do Cap. V para os cálculos referentes à Assiduidade discente. Passa pela responsabilidade compartilhada (gestão/corpo docente) art. 87, 88 e 91, para a individual relacional (docente remete ao gestor; alguns casos remetem-se ao Conselho de Escola¹ e/ou Conselho Tutelar²) art. 89, art. 91, Parágrafo Único¹ e art. 92². O Parágrafo Único deste art. repete orientações anteriores.

A contabilização se dá no art. 90, separando para o inc. II do 1º ao 5º ano e no III do 6º ao 9º ano.

A legislação era de interpretação conflitante sobre apuração de frequência de alunos matriculados no decorrer do ano e o texto silencia a dúvida no § 1º.

O Cap. VI trata das Compensações de Ausências e, acima de tudo, disciplina as ações em períodos e porcentagens a serem seguidas a risca.

Da Promoção, Cap. VII, embora a atenção se poste aos finais de Ciclo e anos de retenção. A terminologia “desenvolvimento global” é ainda

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a moderadora (v. art. 97, § 1º) para casos tanto de aluno Retido como Promovido.

O Regimento “caminha” para seu fim a partir do art. 98 até 106 com orientações e responsabilidades gerais da Unidade no âmbito da certificação e disposições gerais e transitórias.

Como podemos observar, as alterações primordiais (EMEF) se dão ao universo das sanções e da introdução efetiva do Ensino Fundamental de 9 anos, agora em três Ciclos e suas especificidades (tipicidade, diferentes menções, retenções ora em Ciclo, ora em ano). Alguns podem notar uma presença mais acentuada do Conselho de Escola, mais vinculado às decisões orçamentárias. O papel do diretor perante aplicação da sanção muda a figura do mesmo no cenário educacional, e indiretamente aos dos demais interlocutores. O texto traz orientações sobre alunos PNE, mas carece de maior atenção para elaboração de políticas inclusivas

Rodrigo Machado MerliDiretor de Escola