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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO Pós-graduação Lato Sensu: Língua Portuguesa Disciplina: Oralidade e Escrita: Fundamentos e Ensino O TÓPICO DISCURSIVO 1. Conceito do tópico discursivo e os atos de linguagem A partir de dois eventos comunicativos registrados pela NURC (Norma Urbana Culta) a autora conceitua tópico discursivo “como aquilo acerca di que está falando” onde a autora cita Brown e Yule, 1983 acrescentando: ele é antes de tudo uma questão de conteúdo, estando na dependência de um processo colaborativo que envolve os participantes do ato interacional. Entendemos que um “ato interacional” mencionado acima está estreitamente ligado aos atos de linguagem postulado por Austin como outros autores a partir dos anos 60 do século XX da corrente hoje conhecida como Pragmática, inclusive os conceitos são fundamentos de teorias como a Análise do Discurso de linha francesa. Um dos autores, Patrick Charaudeau (2006), em sua obra Discurso Político, descreve os princípios dos atos de linguagem (alteridade, influência e regulação) que: linguagem e ação são dois componentes da troca social que têm uma autonomia própria e que, ao mesmo tempo, encontram-se em uma relação de interdependência recíproca e não simétrica. Todo ato de linguagem emana de um sujeito que apenas pode definir-se em relação ao outro, segundo um princípio de alteridade (sem a existência do outro, não há consciência de si). Nessa relação, o sujeito não cessa de trazer o outro para si, segundo um princípio de influência, para que esse outro pense, diga ou aja segundo a intenção daquele. Entretanto, se esse outro puder ter seu próprio projeto de influência, os dois serão levados a gerenciar sua relação segundo um princípio de regulação. Princípios de alteridade, influência e regulação são fundadores do ato de linguagem se inscrevem em um quadro de ação, em uma praxiologia do agir sobre o outro (p. 16). Fávero ainda complementa que “o sentido é construído durante essa interação e está assentado numa série de fatores como: conhecimento de mundo, conhecimento Willlian Alves da Silva Francisco Fevereiro, 2015

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULOPós-graduação Lato Sensu: Língua PortuguesaDisciplina: Oralidade e Escrita: Fundamentos e EnsinoProfa. Nílvia Pantaleoni

O TÓPICO DISCURSIVO

1. Conceito do tópico discursivo e os atos de linguagem

A partir de dois eventos comunicativos registrados pela NURC (Norma Urbana Culta) a autora conceitua tópico discursivo “como aquilo acerca di que está falando” onde a autora cita Brown e Yule, 1983 acrescentando: ele é antes de tudo uma questão de conteúdo, estando na dependência de um processo colaborativo que envolve os participantes do ato interacional.

Entendemos que um “ato interacional” mencionado acima está estreitamente ligado aos atos de linguagem postulado por Austin como outros autores a partir dos anos 60 do século XX da corrente hoje conhecida como Pragmática, inclusive os conceitos são fundamentos de teorias como a Análise do Discurso de linha francesa. Um dos autores, Patrick Charaudeau (2006), em sua obra Discurso Político, descreve os princípios dos atos de linguagem (alteridade, influência e regulação) que:

linguagem e ação são dois componentes da troca social que têm uma autonomia própria e que, ao mesmo tempo, encontram-se em uma relação de interdependência recíproca e não simétrica. Todo ato de linguagem emana de um sujeito que apenas pode definir-se em relação ao outro, segundo um princípio de alteridade (sem a existência do outro, não há consciência de si). Nessa relação, o sujeito não cessa de trazer o outro para si, segundo um princípio de influência, para que esse outro pense, diga ou aja segundo a intenção daquele. Entretanto, se esse outro puder ter seu próprio projeto de influência, os dois serão levados a gerenciar sua relação segundo um princípio de regulação. Princípios de alteridade, influência e regulação são fundadores do ato de linguagem se inscrevem em um quadro de ação, em uma praxiologia do agir sobre o outro (p. 16).

Fávero ainda complementa que “o sentido é construído durante essa interação e está assentado numa série de fatores como: conhecimento de mundo, conhecimento partilhado, circunstâncias em que ocorre a conversação, pressuposições etc. Justificando, portanto, que falar de tópico discursivo, turnos de fala e de atividades, principalmente, orais da linguagem é indissociável não tratar dos princípios de linguagem descritos anteriormente.

Com o objetivo de aproveitar o áudio de uma gravação feita por nós julgamos trabalhar o conceito de tópico discursivo por meio dele.

2. Objeto de Análise

Entrevistador: Telma... éh... por favor... fale pra mim qual foi como aconteceu éh:::... toda história de... que envolve seu casamento hoje de que forma você conheceu seu esposo e tudo mais...

(De 22’’ até 2’01’’)

Entrevistada: Éh:::... boA tarde... então... a::: a gente se conheceu na::: na pré adolescência... isso em dois mil... no ano de dois mil... logo depois de::: no ano de::: de janeiro de 2002... eu estive... estive que mudar para

Willlian Alves da Silva Francisco Fevereiro, 2015

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULOPós-graduação Lato Sensu: Língua PortuguesaDisciplina: Oralidade e Escrita: Fundamentos e EnsinoProfa. Nílvia Pantaleoni

Pernambuco... e após OIto anos a gente se re... a minha mãe veio para São Paulo para resolver um problema judicial... e... na hora que ela foi para igreja e/la (ela) reencontrou com o Willian... e... e eles conversaram... trocaram e-mails... e depois de uns dois três dias a gente começou eu e ele começamos a comunicar... no:::... antigo Orkut... e do orkut a gente foi pro (MSN) eme esse ene e aí a gente conversou no dia seis de setembro ele me pediu em namoro... no dia/a gente começou a namorar via internet telefone correspondências e:::... e no dia quinze de novembro a gente noivou no mesmo ano de dois mil e... dois mil e dez... e no dia nove de julho de:::... dois mil e onze a gente casou... hoje a gente já tem::: uma filha de dois anos... que se chama Eloá... e agora estou grávida de sete meses da nossa segunda filha a Emanuele... e só isso...

Os tópicos e subtópicos formam o que a autora chama de organicidade (p. 53). Esta segmentação é possível por causa de um fator impreterível da produção de enunciados em quase todos os casos – os “marcadores” conversacionais. No entanto, não é um padrão absoluto uma vez que estas “marcas” são facultativas e multifuncionais.

Outro fator que pode colaborar com a abordagem do tópico discursivo é a digressão que segunda Fávero “pode ser definida como uma porção da conversa que não se acha diretamente relacionada ao tópico em andamento”. A autora classifica em tipos a digressão: a baseada em enunciados, na interação e sequências inseridas.

TEXTO-BASE:

FÁVERO, Leonor Lopes. O tópico discursivo. In: PRETI, Dino. (org.). Análise de textos orais. São Paulo: Humanitas FFLCH/USP, 2003.

Willlian Alves da Silva Francisco Fevereiro, 2015

RELAÇÃO AMOROSA

DATAS MEMORÁVEIS

NA CASA DOS PAIS

DO RELACIONAMENTO

COM COM O ESPOSO

A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA

UmA PARTICIPAÇÃO ESPECIAL DE SUA MÃE NO

REENCONTROA NOVA FAMÍLIA JÁ

CONSTITUÍDA COM O ESPOSO