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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE COMUNICAÇÃO, ARTES E TURISMO CCTA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM JORNALISMO PROFISSIONAL WEBRÁDIO PORTO DO CAPIM: Uma ferramenta de radiojornalismo comunitário na busca de inclusão social e exercício da cidadania Edileide Oliveira Bezerra João Pessoa-PB Agosto/2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE COMUNICAÇÃO, ARTES E TURISMO – CCTA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM JORNALISMO

PROFISSIONAL

WEBRÁDIO PORTO DO CAPIM:

Uma ferramenta de radiojornalismo comunitário na busca de

inclusão social e exercício da cidadania

Edileide Oliveira Bezerra

João Pessoa-PB

Agosto/2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE COMUNICAÇÃO, ARTES E TURISMO – CCTA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM JORNALISMO

PROFISSIONAL

WEBRÁDIO PORTO DO CAPIM:

Uma ferramenta de radiojornalismo comunitário na busca de inclusão

social e exercício da cidadania

Edileide Oliveira Bezerra

Relatório apresentado ao Programa de Pós-

graduação em Jornalismo Profissional da

Universidade Federal da Paraíba, como pré-requisito

parcial à obtenção do título de Mestre em Jornalismo

Profissional.

Linha de pesquisa: Práticas, Processos e

Produtos Jornalísticos.

Orientadora: Prof. Dra. Olga Maria Tavares.

João Pessoa-PB

Agosto/2015

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Edileide Oliveira Bezerra

WEBRÁDIO PORTO DO CAPIM:

Uma ferramenta de radiojornalismo comunitário na busca de inclusão social e

exercício da cidadania

Relatório apresentado ao Programa de Pós-

graduação em Jornalismo Profissional da

Universidade Federal da Paraíba, como pré-requisito

parcial à obtenção do título de Mestre em Jornalismo

Profissional.

Defendida em: ____/_____________/________

Conceito:_______________________________

BANCA EXAMINADORA:

______________________________________________________________

Prof. Dra. Olga Maria Tavares

______________________________________________________________

Prof. Dr. Pedro Nunes Filho

______________________________________________________________

Dr. Hélcio Pacheco de Medeiros

João Pessoa-PB

Agosto/2015

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À minha mãe e meu pai (in memorian), que nunca

desistiram de mim, e me prepararam para a vida para que

eu pudesse vencer os desafios. A Deodato Borges (in

memorian) que levou consigo o desejo de transformar a

webrádio Porto do Capim numa rádio de frequência

modulada.

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AGRADECIMENTOS

À espiritualidade de luz que me guia, pelo auxílio em todas as horas.

A minha orientadora e amiga, profa Olga Maria Tavares, por ter abraçado essa ideia

desde a seleção do mestrado, não ter me largado nem mesmo nos momentos de

difíceis escolhas e rupturas acadêmicas, e principalmente, por ter se apaixonado pelo

projeto, ter se envolvido em todo o processo de construção prática, bem como a base

teórica, e por me receber tantas vezes em sua casa e sempre compreender minhas

idiossincrasias. Com seu estilo pragmático e didático, Olga soube fortalecer, dar vida e

sentido ao projeto em todos os sentidos, aproximando e abrindo oportunidade de

estágios para os estudantes de graduação do curso de Rádio e TV.

Se eu posso dizer que tive uma co-orientadora, essa pessoa se chama profª Carmem

Virgínia Montenegro Sá Barreto, que foi uma luz no meu caminho, me ajudando a

descobrir qual a trilha metodológica a seguir, me apresentando o mundo científico sem

deixar eu perder minha essência social-cultural. E claro, pelas palavras de incentivo,

estímulos, abrindo o meu pensar, e até trocas espirituais. Um ser humano incrível que

eu nem tenho palavras para descrever tamanha gratidão.

Ao professor Pedro Nunes, que foi um dos primeiros que compartilhei o embrião

dessa ideia, bem antes da seleção, e, desde então, durante todo o processo sempre

procurou me fortalecer na caminhada.

Aos professores Hildeberto Barbosa, Claudio Paiva, Joana Belarmino, David

Fernandes, Norma Meireles, esses em especial por terem de alguma forma colaborado

compartilhando conteúdos, e a todos os docentes do Programa de Pós-Graduação em

Jornalismo Profissional, pelas contribuições e apoio nesse caminho de aprendizado. E

ainda, a professora e amiga Emília Barreto, coordenadora do curso de Rádio e TV, que

sempre me incentivou desde quando eu era estudante da graduação, e agora não foi

diferente, também apoiou a iniciativa da professora Olga de tornar o produto numa

ferramenta para extensão da prática dos alunos de graduação.

Aos amigos de vida e do mestrado Jonara Medeiros que sempre foi uma coruja em

todo o processo, Mastroianne Sá, Roberta Matias, e em especial, Jeferson Rocha pelo

apoio técnico, parcerias em produções de artigos científicos, produção de vinhetas,

enfim, as constantes trocas enriquecedoras e o eterno cuidado que Jeff teve comigo até

o fim, que sempre cuidou como se o este projeto fosse um filho dele também. Bem

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como aos demais companheiros da primeira turma do Programa de Pós-Graduação em

Jornalismo Profissional da UFPB, por todo o conhecimento compartilhado nesses dois

anos.

Aos integrantes do Conselho Gestor Comunitário da webrádio, em especial Elioenai

Gomes, que acolheu e abraçou o projeto no Ateliê; ao jornalista Dalmo Oliveira por

nunca abandonar o barco e pela condução de algumas oficinas e outras demandas da

programação; Antônia Sousa por sempre estar presente e não esquecer um detalhe no

registro das atas de reuniões; ao professor Hugo Belarmino por fortalecer e estender a

sua missão acadêmica junto ao meu projeto; Valeska Asfora por endossar minha ideia,

incentivando a participação da comunidade Porto do Capim; à líder comunitária

Rossana de Holanda e todas as mulheres da Associação Porto do Capim que toparam

encarar a experiência; aos estudantes-estagiários do curso de Rádio e TV/UFPB, e

demais proponentes de programas que produziram conteúdos, a exemplo de Andréia

Gisele, Suzy Lopes, os Gonzagas, e o Centro de Referência em Direitos Humanos

(CRDH) da UFPB, junto com a organização de direitos humanos Dignitatis –

Assessoria Técnica Popular.

Aos parceiros que sem eles não seria possível concretizar o sonho: à presidência do

Sistema Paraíba de Comunicação, na pessoa de Eduardo de Oliveira Carlos, por doar

boa parte do equipamento do estúdio; meu grande amigo e parceiro Alek Maracajá

(Ativa Group Web) e todos que compõe sua maravilhosa equipe; Alécio Barrêto e

Éber Costa (webdesing), pela criação e manutenção do site e a hospedagem do mesmo;

ao gigante Percival Henriques da Associação Nacional de Inclusão Digital; à radialista

Duda Santos; ao irmão de todas as horas José Vando Arruda e equipe da Oficina

Escola de Marcenaria de João Pessoa pelo projeto de interior e móveis do estúdio.

Minha gratidão à amiga querida, Maria de Lourdes (uma “Magaiver” de todas as

horas); à Larissa Rodrigues, um anjo em minha vida que me estimulou e deu total

apoio nas horas mais decisivas de todo este processo; aos jovens estudantes do CCTA

Andrezza Carla e Ícaro Diniz; ao radialista Thiago Moraes; Marcílio Rodrigues por

nos doar com sua voz os slogans da rádio; Ilka Cristina por todo apoio incondicional;

à professora amiga Andréa Alice por tantas trocas e interações; à Amanda Costa que,

mesmo distante, também deu sua contribuição; William Campos pela edição do

audiovisual, e carinhosamente ao meu amigo Deodato Borges que viajou partiu para o

plano espiritual, mas deixou de presente seu maravilhoso traço no meu trabalho.

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Aos meus amigos e companheiros de trabalho da época, que me apoiaram durante

todo esse percurso, Verônica Guerra, Cacá Barbosa e Antônio Gomes (Catimba).

A todos os meus amigos pessoais, que me apoiaram e compreenderam minhas

ausências, em especial, Alessandra Lontra, e aos meus queridos e amados Eduardo

Fuba, Fátima Amaral, Eliane Bibiano, Lena Leite, Lorena Telles, Diva Frazão, e a

turma do Muriçocas do Miramar.

À minha família, em especial à minha mãe Maria, que sem ela eu não seria nada do

que sou hoje; minha irmã caçula, Juliana; meu cunhado, Darci, pela força e carinho, e

meus sobrinhos lindos que me enchem de pureza e alegria, e meu tio Raimundo(Cajá)

pelas palavras de incentivo.

Eu sou pura gratidão!

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RESUMO

A pesquisa desenvolve, a partir da criação de um produto, a Webrádio Porto do Capim, sito

em João Pessoa/PB, e todas as fases empreendidas de estruturação e implantação, sob a

perspectiva do método científico da pesquisa-ação, utilizando durante o processo a formação

de ecossistema educativo por meio do viés da educomunicação. Teve o propósito de atuar

junto aos moradores da comunidade Porto do Capim, estudantes de comunicação, e da

sociedade civil interessada em participar desta iniciativa, de modo a estimular a prática da

cibercidadania e, assim, potencializar as interações ‘locais’ e os diálogos polifônicos. É um

trabalho que se apresenta muito mais além de uma ferramenta de radiojornalismo comunitário

porque seu processo de construção envolveu uma concepção nova para o rádio comunitário,

ultrapassando o modelo imposto pela Lei de Radiodifusão Comunitária que limita, que as

ondas de rádio tenham o alcance limitado a 1 quilômetro, para evitar o processo democrático

e participativo, e não tenha expressividade no contexto da sociedade brasileira. Esta nova

proposta extrapola a legislação, alcança uma dimensão extraordinária de rompimento de

barreiras e fronteiras das ondas hertezianas, inversa ao processo de globalização porque é o

local que se projeta no contexto global. A experiência se fixa, em sua proposta, de uma rádio

exclusivamente na web, mas mantendo as características comunitárias de uma gestão, de um

fazer radiofônico, onde as comunidades, tanto acadêmica, como a do Porto do Capim e outras

agregadas são sujeitos no processo de construção da cidadania, com o desafio de proporcionar

a inclusão digital local. Essa dimensão participativa e inclusiva está conectada no processo

metodológico escolhido de trabalhar com pesquisa-ação e com a educomunicação. Portanto,

este se trata de um relatório com análise e reflexões sob a perspectiva de um produto prático.

Palavras-chave: Webrádio. Cibercidadania. Comunicação Comunitária. Educomunicação.

Cidadania. Pesquisa-ação. Radiojornalismo. Jornalismo Cidadão. Webjornalismo. Jornalismo

Comunitário.

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ABSTRACT

This research develops from the creation of a product, Porto do Capim’s Webradio, located in

João Pessoa / PB, and all stages undertaken in structuring and implementation from the

perspective of the scientific method of action research, using during the process the forming

of educational ecosystem through the bias of educommunication. It aimed to act with

residents of Porto do Capim’s community, students from communication course, and civil

society interested in joining this effort to stimulate the practice of cyber citizenship and thus

enhance the 'local' interactions and polyphonic dialog. It is a work that presents itself much

more than a community radio journalism tool because its construction process involved a new

design for community radio, surpassing the model imposed by the Community Broadcasting

Law which limits radio waves allowing them to reach only 1 km to avoid the democratic and

participatory process, and has no expressiveness in the context of Brazilian society. This new

proposal goes beyond the law, reaches an extraordinary dimension of breaking barriers and

border Hertzian waves, reverse the globalization process because it is the location that is

projected in the global context. The experience is fixed in its proposal, a radio exclusively on

the web, while maintaining the Community characteristics of a management, of a radiofonic

practice, where communities, both academic as also from the Porto do Capim and other

aggregates, are actors in the process of building citizenship, with the challenge of providing

local digital inclusion. This participatory and inclusive dimension is connected to the chosen

methodological process of working with action research and educommunication. Therefore,

this is a report with analysis and reflections from the perspective of a practical product.

Keywords: Webradio. Cyber citizenship. Community Communication. Educommunication.

Citizenship. Action research. Radio journalism. Citizen Journalism. Community journalism.

Webjournalism. Communitarian journalism.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Representantes da ONG Viva Olho do Tempo com a orientadora

(Olga) e na outra foto com a orientanda (Edileide)..................................................

41

Figura 2 – Logomarca criada para a Webrádio Vale do Gramame ......................... 41

Figura 3 – Os dois responsáveis pelo Ateliê Multicultural com as idealizadoras

do projeto..................................................................................................................

42

Figura 4 - Print Screen da mensagem de Nai Gomes no Facebook........................ 43

Figura 5 - Fachada do Ateliê onde foi instalado o estúdio comunitário.................. 43

Figura 6 - Print Screen da página oficial no Facebook da Webrádio Porto do

Capim.......................................................................................................................

44

Figura 7 – Desenho de Deodato Borges doada para identidade visual do projeto.. 44

Figura 8 – Esboço da ideia da logomarca, depois a logomarca trabalhada em

dois formatos............................................................................................................

46

Figura 9 – Reuniões com grupos comunitários, estudantes e representantes de

várias categorias da sociedade civil..........................................................................

48

Figura 10 – Integrantes do Conselho Gestor Comunitário...................................... 49

Figura 11 – Primeiras reuniões com a Associação de Mulheres do Porto do

Capim.......................................................................................................................

50

Figura 12 – Estudantes de jovens da comunidade com Cacá Barbosa após

oficina.......................................................................................................................

51

Figura 13 - Print Screen de publicação no Facebook da estagiária Andrezza

Carla.........................................................................................................................

52

Figura 14 – Oficina prática com gravação para primeiro programa Porto do

Capim em Ação........................................................................................................

53

Figura 15 – Oficinas sobre edição de áudio com Catimba...................................... 54

Figura 16 – Oficina de como entrevistar com Andrezza Carla. Joyce Lima,

Andreia Farias e Rossana Holanda fazendo o processo prático com os moradores.

54

Figura 17 – Moradores nas calçadas reunidos para escutar o programa Porto do

Capim em Ação........................................................................................................

55

Figura 18 – Dalmo Oliveira em oficina com as jovens da comunidade................. 56

Figura 19 – Fachada do quarto antes de ser transformado em estúdio................... 57

Figura 20 – Projeto design interior para o estúdio.................................................. 58

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Figura 21 – Espaço físico recebendo melhorias: gesso, pintura, rede elétrica........ 58

Figura 22 – Profissionais apoiadores da Marcenaria Escola da PMJP montando

os móveis projetados para o ambiente. Colagem das espumas para acústica do

estúdio......................................................................................................................

59

Figura 23 – Técnicos da ANID instalando os cabos de fibra óptica para Internet

da Junts....................................................................................................................

60

Figura 24 – A primeira mesa de áudio foi emprestada por Dalmo. Já a mesa

profissional de rádio foi doada ao projeto................................................................

61

Figura 25 – Layout da página principal do site da Webrádio Porto do Capim....... 62

Figura 26 – Primeiros proponentes para a programação da webrádio.................... 63

Figura 27 – Arte de divulgação do programa Luz de Candeeiro com Os

Gonzagas. A atriz Suzy Lopes entrevistando o poeta Políbio Alves no programa

Café Verso e Prosa .................................................................................................

65

Figura 28 – Programa Direito Achado no Porto com integrantes do Centro de

Referência dos Direitos Humanos da UFPB............................................................

65

Figura 29 – Edileide, Olga e Rossana foram entrevistadas na reportagem

veiculada na TV UFPB............................................................................................

68

Figura 30 - Streaming da Webrádio Porto do Capim.............................................. 69

Figura 31 – banner virtual para divulgar a transmissão do show de Val Donato.... 69

Figura 32 – Primeiro programa ao vivo no estúdio – Abrindo o Baú com Cacá

Barbosa.....................................................................................................................

70

Figura 33 – Visita da Reitora da UFPB, profª Margareth Diniz na inauguração e

entrega do estúdio à comunidade. A Reitora foi a 1ª entrevista oficial ao vivo.......

71

Figura 34 – Arte dos programas Passando a Bola e Vida no Trânsito..................... 76

Figura 35 – Arte dos programas Hora Livre e Qual é o Assunto?.......................... 76

Figura 36 – Arte feita para o programa Porto do Capim em Ação.......................... 77

Figura 37 - Relação das propostas premiadas no edital Comunica Diversidade

2014: Edição Juventude. Na faixa etária de jovens entre 18 e 24 anos....................

78

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LISTA DE ANEXOS

Anexo 1 – Estatuto da Webrádio Porto do Capim …………………………........... 88

Anexos 2 e 3 - Atas da 2a Reunião da Rádio Porto do Capim Móvel..................... 91

Anexos 4 e 5 – Scripts do Programa Porto do Capim em Ação............................... 94

Anexo 6 – Texto da reportagem da estagiária Andrezza Carla................................ 100

Anexos 7, 8 e 9 – Scripts do programa Direito Achado no Porto............................ 101

Anexos 10, 11, 12 e 13 – Scripts do programa Negrícia......................................... 108

Anexo 14 – Reportagem do Jornal Contraponto......................................................

Anexo 15 – Mídia digital (DVD) vídeo-documentário............................................

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO………………………………………………………………...... 14

1 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................. 18

1.1 WEBRÁDIO – NOVA CONFIGURAÇÃO RADIOFÔNICA........................ 18

1.2 CIBERCIDADANIA & COMUNICAÇÃO COMUNITÁRIA ........................ 23

1.2.1 Webrádio Comunitária ....................................................................................

29

1.3 EDUCOCOMUNICAÇÃO NA WEBRÁDIO................................................... 34

2 CAMINHOS DO PROJETO: PESQUISA-AÇÃO COMO MÉTODO

PARA A PRÁTICA DE UMA WEBRÁDIO COMUNITÁRIA........................

39

CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 80

REFERÊNCIAS..................................................................................................... 83

ANEXOS ................................................................................................................ 87

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INTRODUÇÃO

O projeto Webrádio Porto do Capim, ferramenta de radiojornalismo comunitário na

busca de inclusão social e exercício da cidadania, tem origem acadêmica e, portanto, pertence

ao Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – Mestrado Profissional em Jornalismo, do

Centro de Comunicação, Turismo e Artes, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), desde

2013. Como fruto dessa pesquisa, a ideia foi criar uma webrádio que agregasse a comunidade

acadêmica a alguma comunidade local, que aceitasse participar, também, como protagonista

de um instrumento de comunicação para trabalhar suas demandas socioculturais e ambientais.

Sousa (2011, p.110) diz que “a atualidade expõe uma forte convergência para o uso

disseminado das novas tecnologias e das redes sociais, como estratégia primordial para o

ativismo desses “sujeitos coletivos”, em novos “lugares” de fala, de apresentação, de

organização e manifestação popular”.

As pessoas que atualmente mantêm a vida ativa da área do Varadouro-Centro

Histórico, de João Pessoa, na Paraíba, sejam os seus moradores, agentes de cultura,

movimentos sociais ou organizações do terceiro setor ali localizadas, anseiam por

perspectivas de fortalecimento e desenvolvimento daquele espaço, através de formas

sustentáveis de transformação socioeconômica.

O poder público municipal pretende dar início ao projeto de revitalização do Centro

Histórico de João Pessoa, através do PAC Sanhauá (Programa de Aceleração do Crescimento

do Governo Federal), contando ainda com recursos e apoio do Banco Interamericano de

Desenvolvimento (BID). Sendo assim, moradores da área (sobretudo aqueles da Comunidade

Porto do Capim) e agentes locais passam a vivenciar uma nova fase que resultará em

mudanças determinantes nas suas formas de existência.

É, portanto, este atual momento, mais do que nunca, a busca da construção de diálogo,

das mediações, das propostas e discussões para que esta nova fase seja profícua a todos, que

incorpore antigas reivindicações, promova a inclusão dos moradores, assegure o

desenvolvimento sustentável e a preservação do patrimônio histórico natural e arquitetônico,

sem que haja nenhum tipo de negligência à voz e às oportunidades necessárias aos que ali já

promovem, ainda que de forma precária, a vida do Centro Histórico, dada a ausência de

apoios efetivos.

Como a linha de pesquisa se insere em Práticas, Processos e Produtos Jornalísticos, a

pesquisadora implantou como produto uma plataforma na Internet

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(www.radioportodocapim.com.br), e também instalou um estúdio comunitário para uso

coletivo, montado e estruturado pela própria idealizadora do projeto, com sede no espaço de

cultura Ateliê Multicultural Elioenai Gomes, localizado na Ladeira da Borborema, Varadouro,

Centro Histórico de João Pessoa, como forma de garantir que a comunidade pudesse produzir,

gravar, editar e fazer ao vivo os seus respectivos programas/produtos radiofônicos,

configurando-se, então, como mais um elemento aglutinador de forças no processo de

formação e comunicação dos moradores da área e promotores de políticas sociais. É uma

iniciativa sem fins lucrativos e se alicerça nos princípios de comunidade. O nome da webrádio

escolhido - ‘Porto do Capim’ – foi uma forma de homenagear a comunidade, onde se originou

a cidade Parahyba e, de certa forma, fortalecer a vida ativa da área.

Esse processo que podemos chamar de socioeducativo se assemelha ao que diz

Peruzzo (2004):

[...] implica a participação ativa, horizontal e democrática dos cidadãos; na

propriedade coletiva; no sentido de pertença que desenvolve entre os

membros; na co-responsabilidade pelos conteúdos emitidos; na gestão

partilhada; na capacidade de conseguir identificação com a cultura e os

interesses locais; no poder de contribuir para a democratização do

conhecimento da cultura. Portanto, é uma comunicação que se compromete,

acima de tudo, com os interesses das “comunidades” onde se localiza e visa

contribuir na ampliação dos direitos e deveres da cidadania (PERUZZO,

2004, p.53).

Sob esse aspecto, a webrádio comunitária buscou ampliar e estruturar as ações

educativas que se conjugam a este conceito de rádio como instrumento não apenas de

comunicação, mas de articulação e formação cidadã.

Nessa perspectiva, esta ferramenta surgiu para estreitar as relações da universidade

com a sociedade, disponibilizando a plataforma para a prática de estágios supervisionados

para os alunos de Rádio e TV da UFPB, e também atender aos anseios de uma comunidade

que quer ser vista na mídia, numa busca de inclusão social e cidadã. Serve para ser um canal

de voz dos sujeitos atuantes na comunidade; com abordagens de temáticas como saúde,

educação, cultura, direitos humanos, preservação do meio ambiente, patrimônio histórico

material e imaterial. Constitui um meio de levar ao mundo as representações e ações sociais e

culturais que acontecem na sua área de atuação, e da comunidade acadêmica.

A proposta ultrapassa os limites do tradicional espaço acadêmico, distante do modelo

de pesquisa convencional, ou seja, por meio da implantação de um projeto de webrádio

comunitária, tendo como base metodológica a modalidade científica da Pesquisa-Ação.

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Para envolver a comunidade e minimamente capacitar as pessoas inseridas no projeto,

para que elas dominassem, na prática, o novo instrumento de comunicação, utilizamos no

processo os princípios da Educomunicação, ou seja, fazer coletivamente que, por meio de

oficinas pedagógicas e didáticas e a participação ativa da população e dos estudantes,

compartilhamos conteúdos com a finalidade de promover a formação de ecossistema de

educação, cultura e ampliação da cidadania, pois, como bem pontuou Kaplun (1998), quando

nos propomos a fazer comunicação popular/comunitária, estamos de uma maneira ou de

outra, buscando um resultado educativo.

Decimos que producimos nuestros mensajes «para que los destinatários

tomen conciencia de su realidad», o «para suscitar una reflexión», o «para

generar una discusión». Concebimos, pues, los medios de comunicación que

realizamos como instrumentos para una educación popular como

aíimentadores de un proceso educativo transformador (KAPLUN, 1998,

p.17).

O que é importante ressaltar como problemática, nesta pesquisa, é em que medida uma

Webrádio Comunitária, construída nos moldes dos processos de pesquisa-ação e de

educomunicação, pode contribuir para a interlocução da comunidade com o poder público,

fomentar suas propostas e discussões de maneira a promover inclusão social e cidadania

ativa?

Portanto, a proposta da Webrádio Comunitária Porto do Capim se enquadra na área de

concentração e linha de pesquisa Processos, Práticas e Produtos por, especificamente,

examinar e experienciar da teoria à prática, através de um produto jornalístico, criado a partir

dos novos ambientes tecnológicos digitais convertidos em meios à existência de novos atores

de noticiabilidade, neste caso, a comunidade, as novas possibilidades de narrativas e, por fim,

a potencialidade que as ferramentas tecnológicas cibernéticas têm para fortalecer a inclusão

social e o exercício da cidadania. Propôs a promoção da cidadania através de trocas e

construções coletivas, uma análise crítica da realidade e uma tomada de postura ativa diante

desta mesma realidade.

O objetivo geral foi realizar uma experiência de implantação de uma webrádio à

disposição da comunidade Varadouro/Porto do Capim, nos moldes de uma pesquisa-ação e de

educomunicação, de maneira a contribuir com os seus processos de inclusão social. Dentro

das especificidades, os objetivos são de experimentar novas possibilidades de prática de

radiojornalismo comunitário e das linguagens jornalísticas próprias para a comunicação

webradiofônica comunitária e produzir conteúdos com temáticas que envolvem o universo da

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comunidade. Segundo Bottomore, (1996, p.115), “no mínimo, comunidade geralmente indica

um grupo de pessoas dentro de uma área geográfica limitada, que interagem dentro de

instituições comuns e que possuem um senso comum de interdependência e integração”.

Para efetivamente a ferramenta ser utilizada, o espaço para o estúdio foi estruturado a

partir de um projeto cuidadosamente planejado da mobília, acústica, de equipamentos, novas

instalações elétricas e banda larga de Internet. Para a capacitação, diversas oficinas de

capacitação foram realizadas com as pessoas da comunidade, envolvidas no processo, para

que tivessem condições de conduzir uma programação com conteúdo jornalístico. O

pensamento é integrar a comunidade no processo de transformação social e melhoria da

qualidade de vida, dando voz a quem não a tem, a partir do momento que eles próprios

possam apresentar programas, falar com os seus, ajudar a comunidade e sentirem-se

valorizados. Sem deixar-se perder o fio condutor com a troca de experiências com a

comunidade acadêmica, especialmente os estudantes de graduação.

Todos os conceitos e processos pertinentes à pesquisa foram aprofundados a cada fase

da pesquisa. O Relatório com o resultado desta pesquisa como pré-requisito parcial à

obtenção do título de Mestre em Jornalismo Profissional no Programa de Pós-graduação em

Jornalismo Profissional da Universidade Federal da Paraíba

No tocante à fundamentação teórica, na primeira parte, o primeiro assunto abordado é

com relação aos conceitos de webrádio dentro de uma perspectiva acadêmica em sintonia com

a comunidade; o segundo aspecto são as peculiaridades da cibercidadania com a comunicação

comunitária e webrádio comunitária; e em um terceiro ponto, tratamos dos conceitos relativos

à educomunicação na webrádio.

Na segunda parte serão relatados os caminhos da pesquisa, detalhando todo o processo

de desenvolvimento até o produto e a prática propriamente dito, em virtude de este objeto de

estudo apresentar uma proposta de webrádio comunitária, bem como todos os processos

pertinentes ao método da pesquisa-ação desenvolvido durante a fase prática junto às

moradoras da comunidade do Porto do Capim - Centro Histórico de João Pessoa, PB.

Por fim, apresentaremos nossas considerações finais acerca dos trabalhos realizados,

da experiência vivenciada, e dos resultados da implantação da webrádio comunitária nesta

área urbana da capital paraibana, abrindo caminhos para novas pesquisas na área do

jornalismo.

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1 REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 WEBRÁDIO – NOVA CONFIGURAÇÃO RADIOFÔNICA

No início dos anos 1960, após a consolidação da televisão, o rádio passou por uma

grande crise no Brasil. Todos os recursos financeiros e artísticos que eram destinados ao rádio

passam a ser da TV. Desta forma, começa-se uma decadência no âmbito radiofônico, e esse

veículo vai perdendo as forças dia após dia. Porém, em meados da década de 1980, o rádio

ressurge com a transmissão via satélite, de músicas e noticiários, tendo como força a

participação do ouvinte em suas programações (ORTRIWANO, 1985).

Agregado ao avanço da tecnologia, contudo, as ferramentas interativas modificam o

cenário radiofônico nos últimos anos. O rádio foge da transmissão tradicional, tendo a Internet

como aliada, que passou a ter um papel considerável nesse âmbito, dispondo de possibilidades

de a radiofonia se expandir por meio da webrádio, uma vez que são veiculadas programações

em tempo real ou on demand1.

Frente a essa nova realidade, o rádio transmitido exclusivamente pela Internet, pode-se

perceber que o profissional do rádio - âncora, comentarista ou repórter - elimina a postura

tradicional de tão somente ser um emissor da mensagem para, ao mesmo tempo, tornar-se um

receptor. Por meio das redes sociais, que permitem a interatividade instantânea, delineia-se

uma mudança de postura que reflete direta e/ou indiretamente no novo modo de comunicação

radiofônica.

A Internet, introduzindo a noção de rede, quebra o paradigma clássico da produção-

recepção. Ela propicia comunicação horizontalizada de enorme abrangência e difusão em

escala planetária. Para Meditsch (2008), o rádio por cabo, por satélite, pela Internet, pelas

bandas utilizadas na transmissão digital, independentemente dos muitos tipos de terminais de

recepção que tendem a ser utilizados, poderia ser considerado rádio por igual. Para ele, a

caracterização de sua natureza e identidade não dependem dos suportes utilizados, “mas sim

da continuidade de seu uso social de uma determinada maneira, na preservação da modalidade

cultural”.

O surgimento da Internet trouxe consigo inúmeras mudanças na área do jornalismo.

Porém, ainda muitos profissionais, acostumados com outro tipo de tecnologia, não

1 On Demand - opção em que o arquivo apenas será executado se o usuário deseje reproduzi-lo.

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conseguiram se enquadrar nessa nova relação. Além de preocupar-se com o domínio da

tecnologia em convergência, o profissional, ao mesmo tempo, precisa ocupar-se do conteúdo.

Não cabe aqui dizer que o produto jornalístico ficou bem mais preparado com o

surgimento da web, porém é inevitável que se exponha que esta trouxe consigo modificações

intensas nas redações e no próprio trabalho.

Assim, Nelson Traquina (2004) afirma que:

De novo, no início do novo milênio, as inovações tecnológicas, em particular

a rede transglobal de computadores interligados, conhecida por internet,

marca as práticas jornalísticas, acelerando ainda mais a velocidade dos

processos de produção de notícias, corroendo as barreiras do tempo e do

espaço, globalizando as notícias e as audiências, criando novos canais de

acesso aos membros da comunidade profissional (TRAQUINA, 2004, p.

210).

A diversidade de players na Internet fragmenta a audiência. Cada um reflete, de forma

até individualizada, necessidades diferentes. Uma diversidade de dispositivos tecnológicos

que enfrentam diretamente os interesses do público. A inter-relação que existe entre o

jornalismo e a Internet, denominada de simbiose, tem pontos complexos. As vantagens da

Internet seriam: fonte de informação, meio de publicação e lugar de interatividade. Apesar

disso, essas vantagens podem se tornar elementos adversos uma vez que, ao ser fonte de

informação, a Internet mostra problemas ao distinguir os materiais que são nela postados. A

proposta de democratização que traz a Internet expõe o direito de publicação de todos, porém

não serão todos que conseguirão o direito de ser lidos; ainda não é factível se saber sempre

quem produz e quem recebe a informação, desta forma não se sabe a diferença entre o que é

noticiado e o que é opinião (SERRA, 2003 apud PRATA, 2012, p.44-45).

A utilização mais usual da transmissão pela web é certamente realizada por rádios

tradicionais que utilizam a Internet, proporcionando sua programação chegar a milhares de

pessoas ao redor do mundo.

Como vantagem, a webrádio se caracteriza como um produto multimidiático, que

possui interatividade, tem quebra de sequência e chance de acumular conhecimentos. Porém,

surgem a partir dessas vantagens inúmeros problemas, quando ocorre o adensamento de

informações, muitas vezes sem nexo e sem contexto, falta de hierarquia e, como produto

dessa realidade, surge a ausência de credibilidade (PRATA, 2012). É interessante destacar a

questão ambígua da webrádio uma vez que muitos autores apontam diversos benefícios, e

outros expõem inúmeras desvantagens, sendo uma delas é que, através da webrádio, o rádio

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tradicional seria extinto. Seguramente, a webrádio não pode e nem deve ser enquadrada em

ponderações extremistas, uma vez que é um produto ainda em fase de implantação,

crescimento e solidificação, que tenta buscar seus próprios delineamentos e vai ocupar outro

espaço tecnológico, que é a rede de computadores.

É fato que a era digital rompe paradigmas e barreiras, traz rupturas entre o velho e a

introdução do novo, e ideias são formadas e ampliadas nessa nova conjuntura. De acordo com

Tavares (2009, p.182), “pode-se pensar numa nova ‘era do rádio’, na qual, inclusive, mesmo,

sejam apagados os preconceitos em relação ao veículo que, na hegemonia da visibilidade,

poderão ressurgir com novos valores e novas ações comunicativas”.

Tavares (2009, p.182) se refere, exatamente, às novas iniciativas, ideias que possam

ser construídas e desenvolvidas sob a perspectiva tecnológica, ou seja, em relação ao rádio,

por exemplo, as tecnologias possibilitam que o que aparentemente era antigo, tem agora um

suporte com probabilidades de inovadoras transformações, “de modo a aliar o poder da

técnica à capacidade criativa e intuitiva que os conteúdos despertam”.

Compete afirmar que o rádio é constituído pela intencionalidade, portanto, não são

todos os serviços de áudio encontrados na Internet que podem ser avaliados como tal. A

multiplicidade de canais de áudio não deve ser comparada como rádio e nem como uma nova

configuração de rádio transmitido pela web que, por sua vez, conserva as características

estéticas e técnicas do meio, assim não passa de um serviço fonográfico (PRATA, 2012).

Enfim, o rádio é um meio de comunicação que ainda busca espaço no âmbito da

tecnologia digital. Para se constituir uma webrádio não são necessários grandes recursos,

sejam de ordem financeira e/ou estrutural, equipamentos de ponta e espaço físico, uma vez

que é necessário somente um computador com programas simples e acesso à Internet para que

seja feita a transmissão via rede.

A interatividade com os ouvintes na webrádio é bem maior devido à ausência de

fronteiras entre os emissores e receptores dos produtos radiofônicos.

Assim, ainda na mesma perspectiva, Faggion, (2001 apud BORGES, 2009) diz:

Ideologicamente, a Internet nasce com o objetivo de combater o monopólio

da mídia, construindo, para isso, uma rede de informações suficientemente

grande, com dimensões planetárias, e anárquicas, para estar fora de um

possível controle. O que se verifica é o ressurgimento de uma esperança num

outro modelo de sociedade, de uma democracia eletrônica (FAGGION,

2001apud BORGES, 2009, p.36).

O que alguns teóricos esperavam ser um processo de democratização global da

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comunicação, em pouco menos de cinco anos, deu lugar a um conflito entre grupos libertários

e conglomerados econômicos, que vêm logrando um acelerado processo de privatização e

oligopolização (BORGES, 2009, p.36).

Devido à segmentação que a webrádio tem, é necessário ainda alcançar muitas

mudanças, com o intuito de chegar ao amadurecimento, para se ter a integração do espaço

multimidiático e a programação segmentada direcionada a ouvintes que buscam opções

alternativas na rede.

Também, por este caminho, as experiências profissionais e acadêmicas podem inserir

parte das novidades na esfera radiofônica, tendo em vista um ajustamento das novas

tecnologias ao rádio, dando-lhe novas perspectivas para a produção de conteúdo. O rádio na

Internet molda novos conceitos e relações, ampliando os novos espaços e oportunidades.

Prata (2012) expõe que estamos perante uma etapa de fusão mediática que dará um

passo enorme para outra época da comunicação e que, por isso, é o tempo de pesquisar, de

organizar, de replanejar, de recriar o rádio se necessário for. Conquanto o trabalho não seja

simples, ainda há espaço para criarmos programas e sentirmos a liberdade da Internet em

nossos produtos radiofônicos.

A convergência de mídias traz um novo cenário midiático que pode ser utilizado pelas

webrádios com bastante eficiência. Segundo Bufarah Jr. (2003, p.4), “o processo de

digitalização sofrido pelas emissoras de rádio e a disponibilidade dos seus conteúdos na

Internet são consequência da evolução contínua do rádio, sendo a webrádio um novo passo na

história do veículo”.

Conforme também explica Bufarah Jr. (2009, p.2), a transmissão via Internet utiliza

três formas básicas, que são: a) streaming, em que a fonte sonora envia os pacotes de dados

simultaneamente à produção/veiculação, ou seja, ao vivo; b) on demand (sob demanda), onde

o arquivo fica disponível na rede e o usuário acessa quantas vezes precisar; e c) podcast, que

embora seja gravado e esteja à disposição na web, o usuário não precisa fazer uma busca, pois

há um sistema que utiliza tecnologia RSS (Really Simple Syndication) que utiliza feeds

(etiquetas) contendo informações sobre título, endereço, descrição de alterações, autor, entre

outras. E o autor (2009, p.2) conclui: “Este sistema permite que o usuário receba seus

arquivos preferidos assim que forem atualizados. Além disso, o arquivo de áudio é baixado

para a máquina do assinante possibilitando a audição e transporte a qualquer momento”.

Por enquanto, a transmissão de conteúdos sonoros que a maioria das webrádios vem

utilizando é o podcast, onde todas as edições dos programas de rádio são armazenadas em um

servidor na Internet, como explica Almeida (2011):

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A possibilidade ao usuário de baixar e ouvir apenas os programas que quiser

pode ser uma das origens do nome podcast, em que POD seria Personal On

Demand e CAST o sufixo de broadcast, em tradução livre seria algo

como ―difusão sob escolha pessoal. E é justamente essa ideia de publicação

e audição individual e descentralizada que torna o podcast atraente. Oferecer

programas para download pelo ouvinte nesse formato pode ser um

complemento aos serviços da rádio comunitária e uma forma de ampliar a

sua penetração e audiência (ALMEIDA, 2011, p.27).

A programação da Webrádio Porto do Capim oferece seu conteúdo em fluxo contínuo,

disponibilizando também arquivos on demand/podcast. A implantação da webrádio possui

todos os requisitos técnicos necessários para seu pleno funcionamento.

A produção de conteúdo da webrádio Porto do Capim apresenta as características

fundamentais que a definem como uma rádio da rede, que são o tratamento da linguagem oral

em nível de ciberespaço; as temáticas audiovisuais; a flexibilidade da grade; e a inserção nas

redes sociais. As ferramentas de interatividade são: a página da webrádio; Facebook, twitter,

youtube, links de notícias, banners virtuais dos programas.

Abaixo o quadro com os elementos fundamentais para a criação da webrádio2:

FONTE: OSORIO, 2010, p. 200.

O modelo que a webrádio assume é o educativo-cultural-comunitário. Ou seja, é o uso

da webrádio para divulgar questões de interesse coletivo, tais quais saúde, educação,

mobilidade pública, meio ambiente, eventos artísticos etc.. A grade de programação

contempla todas essas áreas, ressaltando a relevância das informações no cenário em questão,

2 Disponível em: < http://www.rcaap.pt/detail.jsp?id=urn:repox.ibict.brall:oai:bdtd.ufal.br:510>

O quê? Para quê? Por quê?

Servidor Gerenciamento dos dados Para distribuir a rede a outros

computadores

Computador com conexão

banda larga

Transmissão da programação

via internet

Baixa velocidade não carrega

eficazmente o streming

Softwares de edição,

captação e masterização de

áudio

Para gravar, editar, e agendar a

programação

Para que as transmissões possam ser

síncronas e assíncronas

Mesa de som e microfone Para gravar, editar e mixar Proporciona uma melhor qualidade

de gravação

Software de transmissão Transmitir via internet o pacote

de dados para outros

computadores.

Possibilita que o conteúdo exibido no

servidor seja compartilhado com os

demais usuários conectados.

Sistema para automação das

emissões de radio.

Serve como player que executa

todo arquivo de áudio.

Por que é através dele que é feito e

transmitido todo conteúdo em forma

de áudio.

Site Para comportar a interface da

webrádio.

É através do site que o interagente vai

ter acesso à webrádio.

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dando espaço à diversidade informacional e prescindindo da superficialidade das notícias

correntes na maioria dos veículos.

As pessoas, para as mais diferentes necessidades, ainda dependem umas das

outras; constroem vínculos e relações; compartilham valores, alegrias e

dificuldades; reclamam, reivindicam e se organizam para resolver os

problemas da vida diária, e dificilmente dispensam da memória a sensação

de enraizamento num lugar. A relevância exercida pelo espaço local reforça,

portanto, a necessidade de meios que contemplem essa realidade

(COMASSETO, 2005, p.4).

A webrádio Porto do Capim deve, portanto, legitimar os interesses da comunidade

para estender sua localização geográfica a todo o planeta.

1.2 CIBERCIDADANIA & COMUNICAÇÃO COMUNITÁRIA

No sistema clássico de mídia, a comunicação se dava por meio do jornal, da revista, do

rádio e da televisão. Era apenas através deles que se enxergava o mundo. Na dinâmica da

mediação predominava a posição passiva do receptor. Com o advento da Internet, algo de

novo ocorre. Ela também é uma janela aberta para o mundo, com a vantagem de que propicia

maior interatividade do cidadão. Está configurado, dessa forma um novo universo relacional,

diferente daquele da comunicação tradicional. É onde entra a cidadania, que como sabemos, é

uma dimensão abstrata da condição do ser humano, exatamente aquela que lida com o

exercício e o atendimento de direitos, neste caso o direito de comunicar e expressar, que é

uma necessidade social, utilizando-se se um meio de comunicação.

No Brasil, o surgimento do rádio envolve uma grande polêmica. Duas emissoras

disputam o título de primeira emissora brasileira: a Rádio Clube Pernambuco e Rádio

Sociedade do Rio de Janeiro, hoje no ar como Rádio MEC. A Rádio Sociedade foi registrada

como primeira emissora entrar no ar no País. Ela foi fundada no dia 20 de abril de 1923 por

por iniciativa de Henrique Morize e Edgar Roquette-Pinto. Mas representantes da Rádio

Clube Pernambuco alegam que a emissora fez a primeira transmissão anos antes: 6 de abril de

1919. Até hoje não há uma posição oficial para resolver esta polêmica e cada rádio mantém a

sua versão.

A disputa pelo título de primeira emissora não se tratava de uma batalha comercial.

Nesta época, o governo autorizava a transmissão pelo rádio para clubes ou sociedades, que

sobreviviam com a ajuda de ouvintes através do pagamento de mensalidades. Para entender

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como eles funcionavam podemos utilizar o exemplo dos clubes de futebol de hoje.

No início, ouvir as transmissões não era fácil. Os receptores eram caros – importados

da Europa ou dos Estados Unidos. O reflexo do acesso restrito aos aparelhos era a audiência

elitizada e, consequentemente, a programação também. As principais atrações eram

conferências e óperas.

Aos poucos, junto com a música, a educação ganhou espaço no rádio. Este era o sonho

de Edgar Roquette-Pinto que sonhava com um rádio com finalidade educativa pela facilidade

de alcançar longas distâncias e que por isso deveria ser aproveitado para educação, mas essa

ideia só predominou até a década de 1930 quando o rádio deu seus primeiros passos para se

transformar num meio de comunicação comercial.

A experiência do MEB - Movimento de Educação de Base – foi fundamental para o

rádio educativo e popular. Ligado à Igreja Católica, o MEB transmitia por emissoras criadas

com doações. Esta fórmula foi considerada por muitos como embrião das rádios comunitárias.

A experiência foi trazida de Sutatenza, na Colômbia, pelo cardeal do Rio de Janeiro, Eugênio

Sales que já faleceu e que dentro das ações do Movimento de Natal (RN), uma ação da Igreja

Católica, conseguiu implantar no final dos anos 1950 uma emissora de rádio educativa

chamada Emissora de Educação Rural de Natal que desenvolveu uma ação conhecida como

“Escolas Radiofônicas”. As pessoas eram alfabetizadas pelas ondas dos ‘rádios cativos’, que

só tinham uma faixa de sintonia que era a Emissora de Educação Rural de Natal e

posteriormente a experiência se espalhou pelo Brasil.

No início dos anos de 1980 entraram no ar novas emissoras utilizadas, principalmente,

por comunidades ou grupos de jovens que descobriram ali um espaço para discutir os seus

problemas. Eram chamadas de Rádios Livres, Comunitárias, Populares ou Piratas – esta

última denominação era repudiada por muitos, por seu significado ilegal.

Na década de 1990 as rádios comunitárias se ampliaram incrivelmente, sofreram

também muita resistência e foram alvo de campanhas de difamação e repressão por parte da

Polícia Federal. Um aparato sofisticado era utilizado para fechar as emissoras comunitárias.

Um exemplo é a Rádio Favela, de Belo Horizonte, que teve sua história transformada em

filme.

O projeto de lei que regulamentou a radiodifusão comunitária aconteceu no ano de

1998, mas, como a maioria dos parlamentares era de proprietários ou tinha ligações diretas

com empresas de rádio, não houve interesse de fortalecer esse instrumento essencialmente do

povo. Para garantir o monopólio, o texto foi aprovado com restrições e limitações, a exemplo

do alcance do sinal de um quilômetro, proibição da formação de redes entre as rádios e de

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publicidade, na tentativa de enfraquecer a sustentabilidade da emissora.

No texto Rádio – O Tambor Tribal, McLuhan (1964) aponta muitos efeitos do rádio de

forma sociológica ao afirmar:

Monopolizando o rádio, o governo pode orientar opiniões da população, pela

simples repetição e pela exclusão dos pontos de vista conflitantes. [...] A

mensagem do rádio é uma mensagem de ressonância e de implosão unificada

e violenta (MCLUHAN, 1964, p.334).

Esse monopólio que McLuhan (1964) destaca pode acontecer mesmo na radiodifusão

comunitária, a partir do momento que em que os políticos participam e auxiliam a liberação

das concessões e usam isso como troca de apoio que reflete na própria linha editorial. Este

fato não ocorre na ambiência do ciberespaço, por meio das rádios Web, já que sua produção

de conteúdo está totalmente livre dessas interferências e pode ser potencializada a partir do

momento que tem abrangência mundial, ultrapassa fronteiras e se fortalece ao liberar os

conteúdos através de redes, interagindo, inclusive, com outras realidades. Ainda assim,

mesmo uma webrádio com propósito comunitário, está passível a sofrer tentativas de

monopólios em sua programação e conteúdos pelos próprios agentes envolvidos, numa

tentativa de ter o controle total da ferramenta.

Nesse novo contexto de radiofonia, muitas webrádios têm surgido no Brasil, com o

objetivo de promover desenvolvimento social e educativo, nas suas mais variadas formas. A

Internet vem modificando a sociologia do cotidiano, e vem trazendo novos parâmetros para o

conhecimento tecnológico aliado à produção dos meios de comunicação. A Internet promove

mudanças paradigmáticas importantes em todos os suportes, mas a webrádio se apropria de

novas ferramentas que ampliam sua capacidade reprodutora sonora. Como destaca Gisele

Ferreira (2009):

Na web, a visualidade volumétrica criada pela sonoplastia expande-se ainda

mais e ganha outros contornos: à narração, trilha sonora e efeitos que

constroem o objeto sonoro e garantem o sucesso do programa no dial,

somam-se imagens fotográficas ou em movimento e textos escritos

(FERREIRA, 2009, p.7).

O rádio pode aproveitar esse potencial em rede para expandir suas ondas. A webrádio

estende a força radiofônica ao encontro de uma popularização coletiva sem precedentes. A

partir da década de 1990, do século vinte, as emissoras de rádio foram construindo,

paralelamente, suas páginas na Internet; contudo, houve apenas uma migração quase

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semelhante a já ocorrida no dial. Ou seja, o conceito de webrádio propriamente dito não foi

incorporado e a maioria das rádios ainda hoje se mantém na rede como uma extensão do meio

tradicional. A mudança exige novos formatos na programação, adequação da linguagem

radiofônica com os recursos imagéticos e interação com o contexto multimídia. Segundo

Almeida (2011, p.25), “nenhum projeto mais abrangente, operando exclusivamente como

webrádio, sobreviveu no país, a não ser aqueles que veiculam programação 100% musical”,

porque “o uso mais frequente da transmissão via web é, efetivamente, aquele feito por rádios

convencionais que retransmitem seu sinal na rede e podem, por isso, ter sua programação

ouvida em qualquer parte do planeta”.

A criação da webrádio Porto do Capim surge como projeto de pesquisa do mestrado

em Jornalismo da UFPB, com o objetivo de preencher essa lacuna na comunicação local, de

modo a elaborar um produto midiático em consonância com o cenário digital.

Por webrádio entende-se a emissora radiofônica que pode ser acessada

através de uma URL (Uniform Resource Locator), um endereço na internet,

não mais por uma frequência sintonizada no dial de um aparelho receptor de

ondas hertzianas. (...) Na homepage aparecem o nome da emissora,

geralmente um slogan que resume o tipo de programação e vários hiperlinks

para os outros sites que abrigam as diversas atividades desenvolvidas pela

rádio. (...) Várias novidades são oferecidas pelas webradios, como serviço de

busca, previsão do tempo, chats, podcasts, biografias de artistas, receitas

culinárias, fóruns de discussão, letras cifradas de músicas etc.. Há também

fotografias na homepage e nas outras páginas, tanto imagens publicitárias,

quanto fotos de artistas e de funcionários da emissora. Há também vídeos e

infografia. (...) Um detalhe, porém, difere o site da webradio de tantas outras

páginas da internet: um botão para a escuta sonora da rádio. (...) A webradio

deve ser entendida, portanto, como uma grande constelação de elementos

significantes sonoros, textuais e imagéticos abrigados no suporte Internet

(PRATA, 2008, p.60-61).

Partindo dessa configuração técnica de criar uma webrádio, cuja natureza seja apenas

na rede de computadores, a proposta, portanto, é que a Webrádio Porto do Capim seja um

polo tradutor das discussões locais sob a perspectiva de uma interlocução global. A Webrádio

Porto do Capim quer, efetivamente, produzir conteúdo que possa dialogar com todos os

públicos afins da sua programação, que deverá privilegiar as demandas da sociedade da qual

faz parte, para que ela expanda sua agenda político-social. Deve, portanto, prescindir da pauta

da mídia tradicional. Contudo, manterá na sua dinâmica tecnológica as principais

características do veículo, conforme aponta Silva (2010), que são: sensorialidade; ampla

penetração; imediatismo e instantaneidade; mobilidade; acessibilidade; baixo custo; funções

social e comunitária.

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Quando pensamos em comunicação comunitária, por exemplo, é natural a associarmos

à luta pela democratização da comunicação, que surgiu nos movimentos sociais, na transição

dos anos 1970 para os anos 1980, com bandeiras de luta, na contramão dos regimes

autoritários, e uma das defesas era combater a monopolização dos meios de comunicação.

Duas décadas depois, desde o surgimento da Internet no Brasil, no início dos anos

1990, surgiram também novas possiblidades de fazer rádio sem necessitar de autorização do

governo, podendo ser operacionalizada livremente na rede mundial, através do novo modelo

chamado webrádio.

Assim, a era da tecnologia da informática traz em seu bojo a ampliação do poder de

autonomização do campo midiático, uma vez que recaracteriza o lugar dos atores sociais, que

não mais apenas recebem as informações, mas coproduzem o agendamento das mídias,

possibilidade esta que não existia.

Na experiência da Webrádio Porto do Capim, em João Pessoa, verifica-se que há um

protagonismo desses “sujeitos coletivos”, em novos “lugares” de fala, como aponta Silva

quando destaca a:

Possibilidade de transmutar o público de uma condição de reles massa de

manobra à de sujeito capaz de produzir sentidos midiáticos sob um novo

primado, o de que numa sociedade democrática e plural há também uma

constelação de sujeitos coletivos e de respectivos lugares de fala, mas, não

isolados ou encastelados em nichos corporativos, e sim, intersujeitos

argumentativos, promotores e advogados de direitos e causas (SILVA, 2008,

p.84).

Portanto, implantar uma rádio com caráter comunitário, mesmo que seja pela Internet,

mais do que nunca, é o desafio de busca da construção de cidadania, da promoção à inclusão

dos moradores, sem que haja nenhum tipo de privação à voz e às oportunidades necessárias

aos que já promovem, ainda que de forma precária, dada a ausência de apoios efetivos, a vida

ativa da comunidade.

Segundo Traquina (2004), ninguém controla o jornalismo na sociedade democrática,

devido às novas possibilidades que a Internet oferece aos jornalistas e às vozes alternativas,

implicando o declínio do controle político sobre o jornalismo, e a existência de um campo

jornalístico de disputa entre todos os membros da sociedade.

Podemos dizer que estamos diante do que profetizou McLuhan (1977) quando a

firmou que os meios eletrônicos reduziriam todo o planeta a uma espécie de aldeia. O rádio,

quando se utiliza da plataforma da rede mundial de computadores, estreita as distâncias e

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estabelece novas formas de interação com as mais diversas regiões e realidades. Esta fusão

das tecnologias da comunicação, informação e da computação supera as barreiras geográficas

e fortalece o conceito de cidadania cosmopolita.

A Webrádio Comunitária Porto do Capim vem somar a todo o movimento cultural e à

vida que resiste, no Centro Histórico da cidade de João Pessoa, um canal onde a voz dos

sujeitos ali atuantes seja levada ao mundo inteiro, com experiências vinculadas do território,

caracterizando a desterritorialização da informação e dos conteúdos por eles produzidos

através da navegação pela Internet, processo esse que pode muito bem se alinhar e

fundamentar a este pensamento: “ ...seria a desterritorialização, fenômeno referente às perdas

das fronteiras, às imigrações, à compressão do tempo e espaço, com o advento dos meios

tecnológicos de comunicação em nível planetário, como uma experiência cotidiana de várias

culturas urbanas” (BARRETO, 2013, p.45). E que essas culturas e suas identidades

comunitárias locais ou regionais, possam estar cada vez mais constituídas pelos laços que

rompem com as barreiras territoriais, onde o que se produz, discute e fala na Paraíba, possa

ser ouvido e/ou visto em qualquer região ou parte do mundo. Por meio de uma webrádio,

basta o conhecimento do usuário em manipular as tecnologias atuais, condições de acesso e

interesse do grupo, que a ferramenta pode reaproximar pessoas, disponibilizar informações

geradas pelos protagonistas daquela região na rede, ampliando o conhecimento e rompendo

com barreiras legais que as rádios comunitárias, por exemplo, enfrentam como o limite de

transmissão de 25 watts de potência, para qualquer parte do mundo.

Outro pensamento que podemos destacar é a “Teoria do Rádio”, elaborada no final da

década de 1920 e início dos anos 1930, em que constam as análises e apontamentos de Brecht

que, silenciosamente, vai se cumprindo nesses tempos de velocidades, e uma de suas

reflexões que não se deve subestimar quando afirmou ser preciso “transformar o rádio,

convertê-lo de aparelho de distribuição em aparelho de comunicação” (BRECHT, 1927-1932,

s/p). Desta forma, o pensador conclamou o uso do veículo de forma a proporcionar a

democratização da comunicação, especificamente pela democracia nas ondas radiofônicas, da

sua função social de produzir informação, e a possibilidade de construir uma comunicação

voltada ao interesse público. Portanto, a linguagem livre e libertadora que a webrádio permite

está ganhando espaço, saindo de sua comunidade para atingir ao grande público, contribuindo

para a formação e o exercício da cidadania por meio da comunicação popular surgida dessa

inquietação, da falta de assistência e de espaço na grande mídia.

Para entender melhor, captamos o ponto de vista da militante do movimento de

combate ao racismo em João Pessoa, Andréa Gisele Nóbrega (2015), sobre a cibercidadania,

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quando ela diz que:

A comunidade inserida no ciberespaço é ouvida e atua na nova formação de

sociabilidade que se configurou com a internet, podendo denunciar, se

organizar por meio das redes sociais, criticar algo que não seja positivo,

cobrar do governo ações específicas de seu interesse, participar das decisões

políticas e de oportunidades socioculturais e contribuir para a formação de

cidadãos para um novo modelo de comunicação (SILVA, 2015, p.8).

Para o desenvolvimento de práticas de cibercidadania e comunicação comunitária, via

rádio, a noção de cidadania deve ser considerada a partir da ótica do cidadão, sendo a cidade,

o bairro, a vila, a comunidade, o locus privilegiado de participação do cidadão na

manifestação da sua prática social. Essa noção é compreendida na perspectiva da “cidadania

ativa”, sendo configurada pela “constituição de cidadãos enquanto sujeitos sociais ativos”

(BENEVIDES, 1996, p.42).

Formar para o desenvolvimento local é formar para cidadania. É construir elementos

que possam viabilizar um trabalho, especificamente via rádio que contribua para a consciência

ativa dos direitos individuais e coletivos, valorizando o potencial de cada localidade da

própria vida e do mundo onde se está inserido. Não se educa para a cidadania sem a

interatividade, a troca, a aproximação, o conhecimento do outro.

Oliveira (1999, p.2) destaca que a necessidade de formação da cidadania se deve à

exigência de conhecer as diversas formas de sociabilidade, de maneira que seja possível

alavancar os elementos essenciais para exercitá-la: “... cabe exatamente ao cidadão inventar e

reinventar continuamente seu lugar no mundo, isto é, o impacto se faz andando, não é uma

situação prévia de repouso absoluto, é uma situação sempre”.

Para isso, precisa-se de ferramentas que apoiem a construção de um trabalho com

qualidade, dando chance à população de ouvir diretamente das fontes, de sensibilizar-se com

elas, de poder optar com elas, preparando debates e compartilhando opiniões, considerando

que não é possível educar sem interagir. Tal atitude pode deflagrar uma curiosidade crescente,

tornando a programação numa produção bem mais coletiva, rica e capaz de potencializar a

conquista de direitos sociais.

1.2.1 Webrádio comunitária

O ato de acessar os meios de comunicação, como o rádio ou webrádio, coloca o sujeito

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em um importante espaço público, e é nesse espaço público que é a Webrádio Porto do Capim

pode levar as pessoas a vivenciar e compreender melhor as diferentes dimensões da vida em

sociedade, a experimentar novas possibilidades no seu cotidiano.

Segundo artigo de Fabíola Ortiz (2012), “não há dados sobre o número atual de

webrádios comunitárias no Brasil, mas sabe-se que chegam a várias centenas”.

A previsão é de que a disseminação dessa modalidade de rádio se

multiplicará na medida em que avança o Plano Nacional de Banda Larga,

que pretende que, em 2015, cerca de 40 milhões de lares brasileiros tenham

acesso à internet e que, em 2017, mais de 90% das cidades do país sejam

atendidas pelo programa (ORTIZ, 2012, s/p).

Fabíola Ortiz (2012) ainda apresenta em seu artigo o projeto Radiotube

(www.radiotube.org.br/), criado em 2007, e “que integra uma rede social na Internet de

comunicadores comunitários de todo o Brasil, com foco em cidadania e direitos humanos”, e

essa plataforma adota “os princípios do “creative commons” (licença de conteúdos comuns

criativos) e da democratização da informação mediante a circulação compartilhada e

autorizada de conteúdos e programas”.

A plataforma integra atualmente cerca de 400 webrádios comunitárias, a

maioria com sede no sudeste do país. Dentro do Estado do Rio de Janeiro há

cerca de 40 dessas emissoras vinculadas à Radiotube e outras 30 em São

Paulo. No nordeste do país, a plataforma tem 12 webrádios comunitárias na

Bahia e no Pará, enquanto no norte são seis emissoras (ORTIZ, 2012, s/p).

Os conceitos que definiram a tradicional rádio comunitária são os mesmos para a

webrádio comunitária: é o veiculo de expressão social dos membros de uma comunidade; é

produzida a partir da interação dos fatos locais e das demandas socioculturais e ambientais

dos moradores do local. Sem tirar a autonomia da universidade enquanto instituição geradora

e fomentadora do projeto, a ferramenta é, também, gerida por um Conselho Gestor

Comunitário sem fins lucrativos. Os objetivos também são os mesmos: criar uma

comunicação entre pessoas que estão juntas pelas mesmas causas; agregar mais um serviço à

comunidade; desenvolver consciência coletiva; cuidar de temas que não têm espaço em outros

meios – a saúde, a segurança da comunidade, os eventos socioculturais, o meio ambiente, o

patrimônio natural e cultural; estimular os artistas locais, os artesãos, os doceiros; promover a

integração da comunidade; destacar os direitos e deveres dos cidadãos na comunidade, na

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cidade e no país; não discriminar religião, sexo, ideologia. Neste caso, quando fazemos

deferência à comunidade Porto do Capim dando o nome da webrádio, não quer dizer que a

programação e nem os conteúdos produzidos se restringem exclusivamente ao universo dessa,

principalmente por se tratar de uma ferramenta tecnológica e da Internet, onde se formam as

chamadas comunidades virtuais. As redes sociais, os fóruns, os sistemas de mensagens

instantâneas são espaços que permitem a criação deste tipo de comunidade, e que podem

participar e interagir com produção de conteúdos onde quer que esteja. A própria

universidade, e sua comunidade acadêmica, é deveras importante se fazer sempre presente

neste contexto, construindo espaços de reflexões e debates sobre temas pertinentes e de

interesse da sociedade em geral.

A Webrádio Porto do Capim é composta de vários segmentos: a comunidade

acadêmica, com a participação direta de estudantes de comunicação da UFPB em estágio

supervisionado, grupos de estudos de extensão como o Conselho de Direitos Humanos da

UFPB, militantes e ativistas no combate ao racismo, músicos, artistas, produtores culturais,

jornalistas, radialistas, líderes comunitários, advogados, historiadores, geógrafos, entre outros,

tem participação direta na programação da rádio e, consequentemente, pelos ouvintes,

representados por todas as pessoas que acessarem a rádio através da Internet. Com um

instrumento como a Webrádio Porto do Capim, toda a produção tem a possibilidade de ser

compartilhada ultrapassando os limites geográficos da própria comunidade, mesmo depois

que vai ao ar, pois além de utilizarmos a estratégia de reprises, também disponibilizamos de

forma permanente os principais conteúdos de caráter mais jornalístico na página da Internet.

O propósito é o da popularização da informação, através da comunicação colaborativa

entre profissionais de rádio, estudantes de comunicação e áreas afins, membros da sociedade

civil e moradores do Porto do Capim, que podem exercer uma comunicação muito mais ampla

em rede, interconectando seus programas de conscientização e discussões socioculturais e

ambientais a um grande número de interlocutores, de modo que a construção de uma

cibercidadania também possa ser feita.

Qualquer rádio pode contribuir para o desenvolvimento social e local, mas as

rádios comunitárias têm potencial especial para isso. Por quê? A razão de ser

do meio comunitário de comunicação está baseada no compromisso com a

melhoria das condições de existência e de conhecimento dos membros de

uma “comunidade”, ou seja, na ampliação do exercício dos direitos e deveres

de cidadania (PERUZZO, 2007, p.6).

Desse modo, a formação para a cidadania deve ser vivenciada por todo profissional de

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comunicação/educação que se pretenda cidadão e não queira estabelecer sua prática sobre

bases que lidam com a comunicação como mera transferência de informação, sem criar as

condições necessárias para a produção e construção de novos conhecimentos que venham,

efetivamente, melhorar a vida de todos.

Como ratifica Comassetto (2010):

O diferente e exclusivo do rádio local passou a ser a informação de

proximidade, sejam notícias dos acontecimentos mais imediatos, prestação

de serviços ou mesmo discussões de interesse humano que dizem respeito às

problemáticas do dia-a-dia do cidadão (COMASSETTO, 2010, p.8).

Levando em consideração que notadamente a Internet intensifica as trocas entre

lugares, possibilidades físicas e tecnológicas, pensando na comunicação planetária, esse autor

ainda acrescenta:

O local diz respeito a tudo que desperta algum sentimento de afinidade com

as pessoas, já não importando tanto longe ou perto fisicamente, de forma que

os meios locais não podem ficar alheios às temáticas em evidência na mídia

global (COMASSETTO, 2010, p.9).

A webrádio enquanto formadora de opinião e de cidadania pode ser utilizada para

propagação de conhecimentos, já que seus ouvintes podem exercer uma polifonia dialógica

muito mais ampla em rede. Essa polifonia pode ser feita através da interligação contínua de

seus programas, através de conscientização, discussões socioculturais e ambientais levada a

um grande número de interlocutores, de modo que a construção de uma cibercidadania

também possa ser criada. Então, para atender às exigências do ciberouvinte, a webrádio

comunitária deve convergir sua programação para os interesses “glocais” (global + local)

dessa “rede de cidadãos” (CASTELLS, 2006 e 2003).

Se você quiser saber o que aconteceu na sua cidade, estando do outro lado do

mundo, só a internet é capaz de fornecer essa informação, seja na forma de

texto (jornais locais), seja na forma de áudio (estações de rádio locais).

Assim, a liberdade de contornar a cultura global para atingir sua identidade

local funda-se na Internet, a rede global de comunicação local (CASTELLS,

2003, p.162).

A inserção no ciberespaço permite manter suas características, tanto quanto ter maior

liberdade de expressão, haja vista não ocorrer o cerceamento que as rádios comunitárias

analógicas sempre sofreram.

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As rádios virtuais não dependem de autorização ou concessão oficial,

precisam de poucos recursos de custeio e se beneficiam da cultura criativa e

colaborativa dos internautas. Se não houver uma reação rápida dos

radiodifusores, elas poderão retirar do rádio convencional uma fatia

considerável de público e com a utilização de características e estratégias

típicas dele. Hoje, as rádios de internet são estimuladas pela interatividade e

pela difusão simultânea facilitadas pela popularização dos terminais móveis

da web (ALMEIDA; MAGNONI, 2009, p.4-5).

Portanto, a informação na sociedade em tempos líquidos é algo mais compartilhado,

em virtude da velocidade, da mobilidade e do acesso crescente aos dispositivos em rede, e

como diria McLuhan, o meio é a mensagem. A Webrádio Porto do Capim visa, com isso,

ampliar a inclusão digital e informacional com os moradores da área em questão, a partir da

reorganização da produção de conteúdo, renovação das ferramentas digitais, adaptação das

novas linguagens etc.

A inovação digital tem mudado os paradigmas comunicacionais quando

segmenta, “desintermedeia” ou corta transversalmente as tradicionais

relações da sociedade em diversas dimensões e facetas. A comunicação nesta

nova configuração permite que todos os atores sejam emissores e receptores,

num elevado nível de interatividade entre as partes e, em tese, com os

mesmos graus de visibilidade e de oportunidade. A internet, em especial,

provocou expansão na forma pela qual as pessoas e organizações se

relacionam, dada a sua rapidez, acessibilidade, transculturalidade e

transnacionalidade. Ela alterou a noção de tempo e de espaço, o tipo de

acesso aos bens e serviços, a relação entre a noção de cidadania e o universo

da política (BRITO, 2006, p.113).

Sob essa perspectiva, a Webrádio Porto do Capim apresenta o diferencial de se

conectar, primeiramente, com a própria comunidade na qual está inserida, para que sua

realidade possa ser compreendida e captada por todo o grupo e, assim, pautar a difusão que se

adeque às expectativas que serão construídas ao longo das demandas coletivas.

A possibilidade de uma emissora se identificar institucionalmente perante

os ouvintes é uma das facilidades que a Internet proporciona ao rádio. Um

site bem produzido oferece aos ouvintes a possibilidade de conhecer

detalhadamente uma equipe inteira, ou os produtores e apresentadores de

um programa. Permite que eles falem,participem, vejam fotos e até vídeos

com os donos das vozes que escutam. A internet adiciona outras formas

mais amigáveis e práticas para o ouvinte interagir com sua emissora

(ALMEIDA; MAGNONI, 2009, p.5).

A difusão da informação, através dessa interatividade em tempo real, incentiva uma

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sintonia hipertextual que vai construindo a teia comunicacional ad infinitum. Como enfatizam

Almeida e Magnoni (2009, p.2), “assim, o “internauta” traça o próprio caminho durante a

navegação em busca dos conteúdos que lhe sejam úteis ou mais agradáveis. Com a

customização, cada vez mais o conteúdo da web é determinado pelos interesses de nichos

específicos de receptores”.

As novas possibilidades tecnológicas traçam variados diferenciais que agilizam a

rotina radiofônica.

As novas tecnologias de interatividade estão presentes em todas as

atividades da rádio. Até mesmo o estagiário que antigamente atendia as

ligações dos ouvintes foi substituído por uma central telefônica que atende

até cem ouvintes ao mesmo tempo, e já tabula as informações, oferecendo

relatórios simplificados sobre as músicas mais pedidas ou cadastros para a

participação de sorteios. As secretárias que dividiam as correspondências

foram substituídas por endereços de e-mail para cada área da rádio, o que

permite que se envie mensagens de forma rápida e fácil diretamente para

quem pretendemos (LILJA, 2005, p.12).

A interatividade oferece uma potencialização que abre inúmeras inter-relações, com as

quais a comunidade amplia sua agenda cotidiana e ramifica suas práticas socioculturais e

ambientais.

1.3 EDUCOCOMUNICAÇÃO NA WEBRÁDIO

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O rádio educando para a cidadania é um esforço que nasce, exatamente, da

compreensão do significado de desenvolver um trabalho por meio de um veículo de

comunicação, particularmente, o rádio. A responsabilidade está na democratização dos fluxos

e das trocas de informação, quebrando o mito de que a comunicação, a cultura e a educação

são privilégios de poucos. Ao contrário, queremos fortalecer a ideia de que a comunicação, a

cultura e a educação são direito de todos, conforme previsto na Constituição Federal e na

Declaração dos Direitos Humanos.

Cabe ressaltar, entretanto, que a perspectiva educacional apresentada se situa em um

amplo processo social, no qual as práticas sociais não se resumem ao cotidiano institucional

de aprendizagem, mas em que se levam em conta, sobretudo, as inúmeras redes de relações de

práticas que se configuram nas diversas comunidades, grupos, segmentos etc.. Segundo

Carrano (2003, p.17), “a educação informal é entendida não como algo que gera efeitos que

não são formais, mas, sim, como um processo formativo que ocorre informalmente”.

Na realidade, fazemos parte desse processo educativo quando nos relacionamos

socialmente, são as trilhas invisíveis do aprender que se pode perceber nas muitas situações

vividas, que revelam ser a educação um amplo processo social (BRANDÃO, 1984).

A educação aqui focalizada é construída no processo das relações sociais da vida

cotidiana dos atores sujeito dos diversos formatos de organização, gestão e participação

social. Assim, a educação configura-se a partir da dimensão do aprendizado construído pelo

conjunto de determinantes – sociais, políticos, econômicos, culturais, ambientais, etc. Trata-se

da prática educativa, cujo conteúdo está localizado no contexto das relações sociais.

Parte-se do pressuposto de que se aprende não só nas escolas, colégios e nas

universidades. Aprende-se também por intermédio dos meios de

comunicação, na vivência cotidiana, nos relacionamentos sociais, nas

reuniões das equipes, nas práticas comunicativas no âmbito da comunicação

comunitária, nas oficinas visando melhoria do trabalho no rádio popular, ou

seja, por dinâmicas de educação informal e não formal. É neste âmbito que

acontece a educomunicação comunitária (PERUZZO, 2007, p.79).

O processo do fazer rádio dentro de um processo educativo contribui para a formação

do ser cidadão, e a educomunicação nesse sentido age na perspectiva do desenvolvimento

integral das pessoas, pois amplia seus conhecimentos técnicos, dos seus direitos, desenvolve a

capacidade de expressão oral e o poder mobilizatório e de projeção que a mídia possui, além

de aprender a entender como funcionam os mecanismos de um determinado meio de

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comunicação, da técnica à linguagem.

Para Ismar de Oliveira (2009), a Educomunicação define-se como um conjunto das

ações destinadas a:

Integrar às práticas educativas o estudo sistemático dos sistemas de

comunicação [...]; criar e fortalecer ecossistemas comunicativos em espaços

educativos [...]; melhorar o coeficiente expressivo e comunicativo das ações

educativas, para tanto, incluímos o rádio como recurso privilegiado, tanto

como facilitador no processo de aprendizagem, quanto como recurso de

expressão para alunos, professores e membros da comunidade (OLIVEIRA,

2009, p.1).

Sob essa perspectiva, a concepção de formação está fundamentada em uma reflexão

sobre educação que visa contribuir para formar pessoas capazes de se defrontar com os

problemas de seu ambiente cultural, natural, político e social. E é nesse sentido que a

educação deve ser compreendida como uma ação dinâmica, que se propõe desenvolver entre

seus participantes a consciência da realidade, da qual os meios de comunicação, como o rádio,

fazem parte, mediante uma orientação.

Torna-se importante não só a consciência dos problemas, mas também o trabalho de

reflexão crítica que deve ser promovido por todos os que participam de ações de comunicação

e educação, no tempo e no espaço de suas atividades, com o objetivo de abrir caminho para o

entendimento dos problemas do homem contemporâneo, situado num contexto de pluralidade

cultural.

Essa proposta de formação requer também liberdade reflexiva e confiança nas

capacidades individuais. Todo ser humano é capaz de aprender, desde que se crie um espaço

de valorização privilegiado, propiciando que se adquira a competência de fazer e de refletir

sobre este fazer, considerando os interesses e as motivações da população e garantindo as

aprendizagens essenciais para a formação de cidadãos autônomos, críticos e participativos,

capazes de atuar com dignidade e responsabilidade na sociedade em que vivem.

A possibilidade de uma produção de radiojornalismo comunitário faz parte de um

investimento numa educação não institucional, mas que possa contribuir para a ampliação da

informação e a formação para a cidadania. E isso, só um profissional de rádio e comunicação

pode fazer, portanto, na condição de mediadora, me senti privilegiada desse processo, que se

coloca entre a produção e os agentes envolvidos, que incorpora a realidade e as experiências

vividas pela comunidade aos conteúdos apresentados na Webrádio Porto do Capim, conforme

afirma Schaun (2002, p.19), quando se refere à revolução da informática e dos meios de

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comunicação que traz em seu bojo a “definitiva mudança de perspectiva para a área de

comunicação em educação: da passividade da oferta à dinâmica da produção”. E é através dos

desdobramentos das produções que o projeto ganha sentido e significados, principalmente

para os ouvintes.

O desafio efetivo, para que os processos de comunicação comunitária via plataforma

de Internet (webrádios) se tornem realidade, torna necessário o empoderamento social, ou

seja, a participação popular ativa. Para isso, é preciso justamente avançar no amplo

apoderamento, sentimento de pertença das possibilidades que apresentam as novas

tecnologias de comunicação.

O protagonismo ativo do cidadão, tanto na gestão como na produção de conteúdos,

propicia a consolidação de processos educomunicativos e sua prática ocorre, mais

precisamente, no contexto do terceiro setor, nos movimentos populares, ou seja, no universo

onde, exatamente, o projeto está inserido (PERUZZO, 2006).

Desse modo, uma comunicação comunitária em que a informação passa a ter um papel

pedagógico e emancipatório, através dos meios tecnológicos, uma webrádio de caráter

comunitário sob controle dos movimentos e organizações sociais, sem fins lucrativos, é uma

forma de garantir o direito à comunicação e de se comunicar, sair da condição de meros

receptores para a condição de emissores e produtores de conteúdos.

Ângela Schaun (2002) pontua a inter-relação comunicação/educação como uma

“mediação possível”:

O desenvolvimento tecnológico, mais especificamente o avanço dos meios

de comunicação, desenvolveu um campo novo de convergência de saberes,

em que o percurso da educação para a comunicação, ou da comunicação para

a educação, passou a ser um campo que perpassa as diversidades aparentes.

(...) A inter-relação comunicação/educação ganhou densidade própria e se

afirma como um campo de intervenção social específico (SCHAUN, 2002,

p.79).

É uma possibilidade de construir estratégias em que a informação via uma webrádio

possa contribuir para a ampliação da cidadania e para diminuição dos processos de exclusão

em relação aos quais a educação e a comunicação podem ter um papel significativo.

Nessa perspectiva, a conjugação comunicação via rádio e educação deve ser

entendida como a utilização de um meio privilegiado para o exercício do diálogo, da interação

e da pluralidade, de forma que a “...comunicação e educação possam vir a integra-se, em

algum momento, num campo específico e autônomo de intervenção social” (SOARES, 2000).

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A formação deve ser entendida aqui como um processo, um exercício de aquisição de

novos instrumentos de análise e planejamento para o fortalecimento de uma prática social

determinada. Ao invés de se centrarem as preocupações na expectativa de um produto, passa-

se a considerar a valorização do processo como um fator preponderante da formação.

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2 CAMINHOS DO PROJETO - PESQUISA-AÇÃO COMO MÉTODO PARA A

PRÁTICA DE UMA WEB RÁDIO COMUNITÁRIA

A utilização de metodologias participativas é realidade nas universidades brasileiras,

sobretudo nos Programas de Pós-Graduação, na proposição de dar movimento ao diálogo

interdisciplinar ou transdisciplinar entre as áreas de conhecimento. A sua natureza é a

participação ou cooperação entre os pesquisadores e as partes envolvidas visando à

transformação da realidade social, compartilhando conhecimentos e as experiências.

Criada na Europa e nos Estados Unidos nos anos 1940, e na América Latina, nos anos

1970, época em que os trabalhos do educador Paulo Freire se perpetuavam, a pesquisa-ação é

um método utilizado em várias áreas do conhecimento, tanto, que nos últimos anos, é notório

o crescimento das produções científicas das metodologias participativas no Brasil, sobretudo

na área da Educação, Saúde Coletiva, Enfermagem e Interdisciplinar, e neste caso de minha

pesquisa, se dá no campo também do jornalismo. A pesquisa realizada com a palavra-chave

“pesquisa-ação” em base de dados do Banco de Teses da CAPES, mostrou que de 2003 a

2008, 1.118 dissertações e teses foram defendidas, em média de 186/ano; de 2009 a 2011

foram 1.583, em média de 528/ano.

Grandes transformações ocorrem no mundo em face ao avanço da tecnologia e cuja

profundidade não encontra paralelo em outra era da história da humanidade. Estamos hoje

protagonizando um desenvolvimento científico sem par, marcado pela velocidade das

inovações e por uma enorme capacidade criadora, ao mesmo tempo em que o contexto atual

também traz consigo poderosa carga de expectativas, ansiedades e tensão. Para relatar os

caminhos desta pesquisa, faz-se necessário começar pela vertente de natureza metodológica

adotada, neste caso a pesquisa-ação. Através desse método podemos contribuir para a análise

de como o surgimento de uma webrádio no modelo comunitário e como pôde facilitar a

comunicação voltada para as questões socioculturais e históricas, dentro do contexto de

inclusão e cidadania ativa.

Esse método propõe aos indivíduos possibilidades de empoderamento por meio das

novas mídias de comunicação, levando em conta suas aspirações e potencialidades de

conhecer e agir, e implica o deslocamento proposital dos agentes ligados à universidade para

o campo concreto da realidade, visando compreender e transformá-la, através da ruptura do

monopólio do saber e do conhecimento. A participação das pessoas da comunidade na questão

investigada é absolutamente necessária, pois a pesquisa só é qualificada de pesquisa-ação

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quando há realmente uma ação por parte das pessoas ou grupos envolvidos no problema sob

observação.

Conforme menciona Thiollent (1994):

É um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada

em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema

coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da

situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou

participativo (THIOLLENT, 1994, p.14).

Esta pesquisa teve início na elaboração do anteprojeto para o mestrado em Jornalismo

(CCTA-UFPB), em 2013. A ideia era criar uma webradio que agregasse a comunidade

acadêmica a alguma comunidade local que aceitasse instalar um veículo de comunicação para

trabalhar suas demandas socioculturais e ambientais.

O método de pesquisa que utilizei foi o que os teóricos chamam de pesquisa-ação e/ou

participante, que é ir a campo, envolver-se, aplicar o projeto de forma prática, tentando

modificar a realidade em que a comunidade vive. O processo em si consiste no envolvimento

de um profissional com base teórica, que planeje, tenha ação, e avalie os resultados dessas

ações que foram executas e monitore as atividades. Tanto o objeto, como a meta, são o

processo de aprendizagem, com interação entre o pesquisador e o grupo, pois podem ocorrer

perspectivas de continuidade para depois do projeto terminado. Essa metodologia atrelada de

qualquer ação educativa, segundo Oliveira (1988, p.19) promove a “produção de novos

conhecimentos que aumentem a consciência e a capacidade de iniciativa transformadora dos

grupos com quem trabalhamos”. E para Gamboa (1982, p.36) a pesquisa-ação “busca superar,

essencialmente, a separação entre conhecimento e ação, buscando realizar a prática de

conhecer para atuar”.

O título inicial do projeto acadêmico do Mestrado Profissional em Jornalismo/ UFPB -

DO DIAL AO PC: a webrádio como ferramenta para o radiojornalismo comunitário. Minha

ideia inicial era uma rádio na zona rural de João Pessoa conhecida como Vale do Gramame.

Ainda dei os primeiros passos para que o projeto fosse desenvolvido lá. Alguns encontros,

reuniões, com o grupo da comunidade que havia abraçado a proposta, que foi a ONG Viva

Olho do Tempo, que trabalha com educação paralela à escola para crianças e adolescentes

daquela comunidade.

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Figura 1 - Representantes da ONG Viva Olho do Tempo com a orientadora (Olga) e na outra foto com a

orientanda (Edileide)

Com os alunos da Escola Viva Olho do Tempo, iriamos desenvolver a

educomunicação a partir da implantação da webradiovaledogramame.com.br. Reservamos

uma sala, criamos uma logomarca que representasse a nossa ideia de conteúdo, pois iriamos

trabalhar exclusivamente com a produção de jornalismo ambiental, tendo em vista a

localização do Gramame, por se tratar da pouca área considerada zona rural da capital, e uma

das lutas da comunidade pela preservação do rio e de resquícios da Mata Atlântica que lá

possui.

Figura 2 – logomarca criada para a webradio Vale do Gramame

Porém, lá no Vale do Gramame, o acesso à Internet é limitado e, obviamente, isso

dificultaria muito o projeto. Pela localização, o sinal da Internet é muito instável, e logo

percebi que comprometeria a realização plena do trabalho, ou seja, com uma navegação

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insegura, inviabilizaria a ideia.

Foi então que tive que pensar em um plano alternativo, ou seja, outro local para

realizar o projeto. Se na zona rural ficou difícil, o caminho foi ir para área urbana. No dia 03

de setembro de 2013, houve o primeiro encontro da mestranda Edileide e a orientadora Olga

Tavares com os dois gestores do Ateliê Multicultural, Antonia Souza e Elioenai Gomes, onde

foi apresentada a proposta que foi acolhida de imediato. Juntos, escolhemos a sala para a

montagem do estúdio.

Figura 3 – Os dois responsáveis pelo Ateliê Multicultural com as idealizadoras do projeto

Em mensagem publicada no Facebook pelo gestor do Ateliê Multicultural, Elioenai

Gomes, ele declarou: "É com grande entusiasmo e fé que acolho a Rádio Porto do Capim

como um só caminho assim como somos uma só vida. Acreditando na soma e no

fortalecimento dos laços afetivos. Vejo que este projeto só vem fortalecer todo um processo de

vitalização humana que vem sendo desenvolvido pelo Ateliê Multicultural Elioenai Gomes na

construção de conceitos pela melhor qualidade de vida no centro histórico da cidade

Parahyba e no mundo. Promovendo através de ações, arranjos criativos e projetos afins, a

expansão do ser humano usando a arte como principal ferramenta de transformação. O ateliê

é um espaço de educação, cultura, sustentabilidade e inclusão. Tendo como foco: crianças,

adolescentes e seus familiares. Axé um novo ciclo iniciou... Oxalá!"

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Figura 4 - Print Screen da mensagem de Nai Gomes no Facebook

O local que foi disponibilizado para a montagem do estúdio para uso comunitário da

webrádio, foi o Ateliê Multicultural Elioenai Gomes, que funciona como espaço atuante de

produção cultural do Varadouro – Centro Histórico, localizado na Ladeira da Borborema.

Figura 5 - Fachada do Ateliê onde foi instalado o estúdio comunitário

O projeto começou a existir logo no primeiro momento nas redes sociais, com todo

passo a passo sendo postado na página do Facebook, onde todo o processo era compartilhado

em rede. E foi uma ferramenta importante para a interação e aproximação com o público,

divulgação dos programas, atrair ouvintes, parceiros, proponentes para ocupar nossa grade de

programação. Alcançando um total de mais de 1.500 seguidores, a fanpage

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(https://www.facebook.com/radioportodocapim) mantém informações sempre atualizadas, no

twitter (https://twitter.com/RadioPortoCapim), aplicativo TuneIn Rádio para escutar rádio em

celulares e tablets, e também o canal do youtube

https://www.youtube.com/channel/UCTQtfdCZ-HjSCTJbauy3H4g.

Figura 6 - Print Screen da página oficial no Facebook da webrádio Porto do Capim

Com a nova localidade definida a partir do acolhimento do projeto pelo Ateliê

Multicultural Elioenai Gomes, o projeto ganhou a primeira identidade visual para uso

exclusivo, um desenho criado e doada pelo quadrinista, jornalista, radialista e roteirista

Deodato Taumaturgo Borges:

Figura 7 – Desenho de Deodato Borges doada para identidade visual do projeto

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Foi então que se deu a escolha da área do Centro Histórico (Varadouro),

homenageando com o nome da webrádio, a comunidade do Porto do Capim, local onde a

cidade surgiu, e a história da Paraíba começou. No dia 5 de agosto de 1585, dia dedicado à

Nossa Senhora das Neves, João Tavares, a quem Martim Leitão confiara a conquista da terra

paraibana, tinha acabado de tomar a decisão que ali seria construído o Forte do Varadouro, a

fim de melhor garantir a segurança de todos os integrantes da sua caravana.

Às margens do rio Sanhauá, onde hoje existe o Porto do Capim, exclamou:

- Aqui fundaremos uma cidade... a Cidade de Nossa Senhora das Neves!

Por conta do local do seu nascedouro, o centro histórico da cidade ficou marcado até

hoje por uma grande integração com o meio ambiente, já que o local continha, à época, como

acontece ainda em menor escala em nossos dias, muitos atributos naturais, onde se destacava

uma vegetação exuberante, alternando-se, ao longo do rio, manguezais e coqueirais com a

Mata Atlântica, formando verdadeiras florestas. A cidade, portanto, deve o seu

desenvolvimento a dois caminhos principais, formados pelo Varadouro e pela Cidade Alta,

interligados pela Ladeira de São Francisco, quando foi criado o Porto do Capim, em águas

fluviais, a fim de escoar a produção local, especialmente do açúcar, que era exportado. Como

não poderia deixar de acontecer, ao redor do porto se estabeleceu a importante área comercial

do Varadouro, onde foram construídos vários armazéns e uma alfândega.

O antigo Porto do Varadouro, popularmente conhecido como Porto do Capim,

localizado à beira do Rio Sanhauá, a área do Porto do Capim, abrange as comunidades,

formada por três núcleos de moradia: Porto do Capim, Vila Nassau e Vila Frei Vital. A

população que reside na área do Porto é formada majoritariamente por pescadores, antigos

pescadores, marisqueiras, ex-trabalhadores do cais do Porto (carregadores, atracadores,

armeiros, entre outros), e as duas vilas são formadas por ex-trabalhadores de

empreendimentos que foram fechados há muitos anos, respectivamente uma fábrica de

cimento e curtume. Essa comunidade apresenta características tradicionais, uma vez que, do

seu surgimento até os tempos atuais, as famílias foram recriando os laços de parentesco e

mantendo algumas formas de vida em interação com o rio, ainda que de forma bastante

precária.

E é nesse contexto que resolvemos dar nome da primeira webrádio acadêmica de

caráter comunitário da Paraíba, Webrádio Porto do Capim, como também uma forma de dar

visibilidade e voz àquela população ribeirinha e fortalecer a vida ativa da área do Varadouro-

Centro Histórico, de João Pessoa, Paraíba, com a participação dos seus moradores, agentes de

cultura, movimentos sociais ou organizações do terceiro setor ali localizadas, que anseiam por

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perspectivas de fortalecimento e desenvolvimento daquele espaço, através de formas

sustentáveis de transformação socioeconômica.

Com a filosofia da ideia bem definida, senti necessidade de outra identidade visual que

traduzisse a essência da pesquisa, foi, então, que solicitamos ao artista plástico Nai Gomes um

desenho que se transformou em logomarca a partir da adaptação virtual feita pelo web

designer Alécio Barreto, inclusive se tornando adesivos doados pela diagramadora Ilka

Cristina, com o intuito de fortalecer a divulgação da webrádio.

Figura 8 – Esboço da ideia da logomarca, depois a logomarca trabalhada em dois formatos

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Existe a perspectiva do poder público municipal dar início ao projeto de revitalização

do Centro Histórico de João Pessoa, através do PAC Sanhauá (Programa de Aceleração do

Crescimento do Governo Federal), contando, ainda, com recursos e apoio do Banco

Interamericano de Desenvolvimento (BID). Sendo assim, moradores da área (sobretudo

aqueles da Comunidade Porto do Capim) e agentes locais passarão a vivenciar uma nova fase

que resultará em mudanças determinantes nas suas formas de existência.

É, portanto, este atual momento, mais do que nunca, a busca da construção de diálogo,

das mediações, das propostas e discussões para que esta nova fase seja profícua a todos, que

incorporem antigas reivindicações, promova a inclusão dos moradores, assegure o

desenvolvimento sustentável e a preservação do patrimônio histórico natural e arquitetônico,

sem que haja nenhum tipo de negligência à voz e às oportunidades necessárias aos que ali já

promovem, ainda que de forma precária, a vida do Centro Histórico, dada a ausência de

apoios efetivos.

Todo um contexto que muito se aproxima com os pensamentos do educador Paulo

Freire (1988) que diz não entender pesquisa e construção de saberes como algo parado,

fechado e imobilizado dentro dos muros acadêmicos, e reduzir a comunidade em que o

projeto está inserido a simples objeto de pesquisa, mas como a busca de uma aproximação

real com o cotidiano dos sujeitos pesquisados, neste caso a comunidade do Varadouro-Centro

Histórico, prioritariamente a do Porto do Capim.

Simplesmente não posso conhecer a realidade de que participam a não ser

com eles, como sujeitos também deste conhecimento que, sendo para eles,

um conhecimento do conhecimento anterior (o que se dá ao nível da sua

experiência cotidiana) se torna um novo conhecimento [...] Na perspectiva

libertadora em que me situo, a pesquisa, como ato de conhecimento, tem

como sujeitos cognoscentes, de um lado, os pesquisadores profissionais; de

outro, os grupos populares e, como objeto a ser desvelado, a “realidade

concreta” (FREIRE, 1988, p.35).

Esse processo socioeducativo voltado para a valorização do ser humano como cidadão

quanto indivíduo que reflete e, ao mesmo tempo, interfere no mundo em que vive, exige a

mínima formação de todos os envolvidos no processo, condição essencial para aprimorar e

ampliar o trabalho, corroborando com o pensamento de Freire (1988):

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Se a minha opção é libertadora, se a realidade se dá a mim não como algo

parado, imobilizado, posto aí, mas na relação dinâmica entre objetividade e

subjetividade, não posso reduzir os grupos populares a meros objetos de

minha pesquisa (FREIRE, 1988, p.35).

A preocupação com a formação está inserida exatamente na necessidade de uma ação

que tenha em seu reflexo a identidade da comunidade como prioridade. Foi importante

romper com a unilateralidade para promover formas de participação, além de minimamente

uma qualidade técnica, formato, linguagem própria da comunidade, porém compatíveis, de

forma que o cidadão participante se tornasse um sujeito reflexivo que pode e deve intervir no

mundo em que vive. O grupo que se formou em rede reuniu professores, estudantes,

profissionais da saúde, advogados, artistas, assistentes sociais, radialistas, jornalistas,

comerciantes, lideres comunitários de vários bairros da capital paraibana etc.

Figura 9 – Reuniões com grupos comunitários, estudantes e representantes de várias categorias da sociedade

civil

Foram realizados uma sequência de quatro encontros com organizações

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representativas da população: moradores, produtores culturais, jornalistas, estudantes,

educadores, e até o padre da paróquia do bairro, para pensar coletivamente a implantação

desta ferramenta. Através das reuniões, ficou estabelecida uma ordem na prioridade das

tarefas urgentes a serem encaminhadas. Todas as reuniões foram registradas em atas, como

por exemplo, as que estão anexas; foi criado um Conselho Gestor Comunitário para deliberar

as decisões, organizar as pautas e a programação, que é feita pelos diversos colaboradores. Ou

seja, o Conselho dispõe propostas a serem discutidas, bem como sugere formatos e horários

para os programas escolhidos. Os resultados retornam às reuniões para serem acordados por

todos. Nesses encontros ficaram definidos a equipe do Conselho Gestor Comunitário e o

Estatuto/regimento com os princípios básicos que norteiam a webradio Porto do Capim. Uma

das primeiras iniciativas do Conselho Gestor foi criar um Estatuto (anexo) –

http://radioportodocapim.com.br/estatuto/ com as normas gerais como regimento interno

instituído em 21 de janeiro de 2014 (Anexo).

Figura 10 – Integrantes do Conselho Gestor Comunitário

Conselho Gestor:

- Edileide Vilaça (Jornalista, Mestranda em Jornalismo /CCTA-UFPB)

- Olga Tavares (Professora Doutora / CCTA-UFPB)

- Hugo Belarmino (Advogado, Especialista em Direitos Humanos, Professor/UFPB)

- Elioenai Gomes (Artista Plástico)

- Dalmo Oliveira (Jornalista)

- Antônia Sousa (Jornalista, Mestranda em Jornalismo/CCTA-UFPB)

- Jairo Pessoa (Jornalista)

- Rossana de Holanda (Líder Comunitária da comunidade Porto do Capim)

- Valeska Asfora (Assistente Social)

-Suplentes

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- Danylo Aguiar (Consultor e Agente Cultural)

- Monara Eugênio (Estudante de Publicidade)

Como o projeto originalmente, na sua essência, é fruto de uma pesquisa acadêmica,

então está subordinado primeiramente ao Mestrado de Jornalismo do CCTA/UFPB, a quem o

projeto pertence, e por isso, hierarquicamente, acima do conselho comunitário. O projeto

deverá estar sempre a serviço da comunidade acadêmica, e por isso, junto com a orientadora

foi escolhido também o Conselho Acadêmico que é formado por:

- Edileide Oliveira Bezerra (Edileide Vilaça) – Mestranda do Projeto (PPJ/CCTA/UFPB)

Banca Avaliadora

- Olga Tavares (Professora Doutora / CCTA-UFPB) – ORIENTADORA

- Prof. Dr. Pedro Nunes Filho

- Prof. Dr. Adriano Lopes Gomes

- Prof. Dr. Claudio Cardoso Paiva (Suplente)

Professoras Colaboradoras:

- Profa. Dra. Virgínia Sá Barreto

- Profa. Dra. Emília Barreto

Representante dos estagiários/graduação

- Genésio Vieira (Estudante de Rádio e TV/UFPB)

A orientanda, então, deu início a vários encontros com a comunidade. O grupo

escolhido pela comunidade nativa, por meio da Associação de Mulheres do Porto do Capim,

era formado por dez mulheres moradoras do local de diferentes idades e gerações, para

apresentar a ideia e despertar a adesão das mesmas para se tornarem protagonistas desse

processo.

Figura 11 – Primeiras reuniões com a Associação de Mulheres do Porto do Capim

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Dentro da associação formada por moradoras, três delas: Rossana Holanda

(presidente), Joyce Lima e Andreia Silva foram as escolhidas pelo próprio coletivo de

mulheres para formarem a equipe que posteriormente trabalhei dentro da perspectiva da

educomunicação, onde as mesmas aprenderam a conduzir todo o processo de produção de

três audições de um programa feito exclusivamente pela e para a comunidade, chamado

“Porto do Capim em Ação”, abordando temáticas que norteiam o universo delas. Para dar o

suporte na produção, foi convidada a então aluna de jornalismo da UFPB, Andrezza Carla,

que, juntamente com a orientanda, fez oficinas de como produzir um programa, desde a

seleção de pautas, captação de sonoras, script, matérias, dicas de locução; bem como também

houve a oficina de edição de áudio, ministrada pelo técnico Antônio Gomes (Katimba), e

também com o radialista Caca Barbosa, que ficou com a missão de ensinar para o grupo

nativo e alguns estagiários de Comunicação a utilização da mesa de áudio e microfones para

programas ao vivo e principalmente o uso da plataforma streaming.

Figura 12 – Estudantes e jovens da comunidade com Cacá Barbosa após oficina

Quanto a esta experiência, depoimento de Cacá Barbosa: “Tenho a alegria e o orgulho

de dizer que a minha modesta participação nesse processo todo, indicando para Edileide

como montar os equipamentos necessários, tive orgulho de ser a primeira voz que entrou no

ar pela rádio Porto do Capim, através do programa que eu faço semanalmente ‘Abrindo o

Baú’, e orgulho também de preparar as moradoras da comunidade para operarem e mexerem

nestes equipamentos, que carinhosamente eu chamo de brinquedo, mas que são brinquedos

muito sérios, e sentirem o que é esse negócio gostoso, essa magia chamada rádio. Então, é

muito gratificante ver gente da comunidade, gente que a única coisa que entendia de rádio

era ligar e desligar para ouvir, hoje vendo essas pessoas mexendo nos equipamentos,

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operando, falando como gente grande. Parabéns Edileide, e parabéns à habilidade das

meninas de terem aprendido de forma tão rápida”.

Figura 13 - Print Screen de publicação no Facebook da estagiária Andrezza Carla

A estudante Andrezza Carla, que além de ter sido a produtora do programa Porto do

Capim em Ação, também fez reportagem (anexa), e em seu depoimento por meio de vídeo

publicado no Facebook falou um pouco mais sobre sua experiência:

“Para mim foi muito gratificante ter participado desse projeto. Sou aluna da UFPB,

da graduação de jornalismo, e fiquei sabendo através de uma entrevista que fiz com Edileide

para um trabalho de uma disciplina, foi quando ela me contou do projeto dela. Como eu tinha

estudado Educomunicação em Campina Grande, eu vi muita da Educomunicação no projeto

que ela estava querendo desenvolver na comunidade. Quando foi futuramente, que ela foi

colocar em prática, ela se lembrou de mim, me convidou, eu topei na hora. Foi muito bacana

porque eu pude sair da Universidade e ir a campo, ir à rua. Conheci realidades diferentes,

pessoas diferentes, a comunidade tem muita história bacana para contar. Foi de onde nasceu

a cidade de João Pessoa. Foi onde eu pude fazer uma mistura de jornalismo comunitário com

educomunicação. Levando através de oficinas junto com Edileide e com outros

colaboradores, para a comunidade, ensinando a turma de lá a operar uma webradio, a fazer

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matérias, a entender como se faz jornalismo. Pude ensinar um pouco às meninas um

pouquinho do que eu sabia, que a universidade já tinha me dado de vivência acadêmica. E foi

muito importante ter participado”.

Figura 14 – Oficina prática com gravação para primeiro programa Porto do Capim em Ação

Para a capacitação, diversas oficinas pedagógicas começaram a ser realizadas com as

pessoas da comunidade, envolvidas no processo, para que tivessem condições de conduzir

uma programação com conteúdo jornalístico: oficina de gravação e edição de áudio, a arte de

entrevistar e roteiro, especialmente voltadas para Associação de Mulheres do Porto do Capim.

Este é o depoimento da Presidente da Associação de Mulheres do Porto do Capim,

Rossana Holanda: “Para nós que representamos a comunidade Porto do Capim através de um

instrumento de difusão como este, entendemos que é um passo importante para o

fortalecimento da autoestima e das relações sociais. Desenvolver este programa como uma

forma de envolver a comunidade no processo de transformação social e melhoria da nossa

qualidade de vida, a partir do momento que temos um espaço para dar voz a quem não tinha

voz, a partir do momento em que os nativos da comunidade possam participar ativamente e se

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sentir valorizados”.

Figura 15 – Oficinas sobre edição de áudio com Catimba

Com o uso do celular com gravador, acompanhamento e orientação da estudante de

jornalismo Andrezza Carla, aos poucos as jovens moradoras do Porto do Capim foram

ganhando confiança em si mesmo, percebendo as possiblidades e captando suas próprias

entrevistas com personagens definidos em reunião de pauta numa escolha delas próprias,

como figuras importantes no contexto social em que elas vivem.

Figura 16 – Oficina de como entrevistar com Andrezza Carla. Joyce Lima, Andreia Farias e Rossana

Holanda fazendo o processo prático com os moradores

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Um momento muito inusitado desse processo todo junto aos moradores da vila do

Porto do Capim foi a forma em que a presidente da Associação de Mulheres, Rossana

Holanda, encontrou para fazer todo mundo ouvir os programas juntos. Idosos, jovens,

crianças, todos reunidos e sentados com as cadeiras na calçada em torno de uma grande caixa

amplificada, que ligada ao computador com internet, transmitia em bom som e em tempo real

o programa da comunidade Porto do Capim em Ação, convergindo o passado do rádio, onde

se ouvia rádio ao redor do aparelho, ao futuro, que é a webrádio.

Figura 17 – Moradores nas calçadas reunidos para escutar o programa Porto do Capim em Ação

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Um dos parceiros voluntários que foi capacitado para se tornar um agente

multiplicador do conhecimento foi o jornalista Dalmo Oliveira que, além de ministrar

algumas oficinas, também se tornou o programador da webrádio.

Figura 18 – Dalmo Oliveira em oficina com as jovens da comunidade

Em seu depoimento, Dalmo Oliveira que representa a Sociedade Cultural Posse Nova

República e do Programa Alô Comunidade disse: “A iniciativa da Webrádio Porto do Capim é

muito bem vinda no seio do movimento paraibano de comunicação comunitária,

comunicação alternativa. Nós que fazemos também parte do movimento de rádios

comunitárias aqui na Paraíba estamos engajados e contentes, em mais essa iniciativa. O

mais interessante é a iniciativa colaborativa que o projeto da rádio web Porto do Capim tem

desencadeado, aglutinando produtores independentes, iniciativas autônomas, num coletivo de

criação na base da comunicação e do jornalismo colaborativo. Uma experiência muito

interessante, muito mobilizadora, e para nós tem sido uma excelente oportunidade. A gente

quer parabenizar todo o coletivo da Edileide Vilaça e da professora Olga, e os demais atores

que participam dessa empreitada de comunicação em João Pessoa. Então, longa vida à rádio

web Porto do Capim, a gente se escuta pela web”.

Paralelamente aos encontros e reuniões com as comunidades e mais especialmente

com o grupo de jovens do Porto do Capim, pensava-se em como os grupos iriam produzir ou

fazer os programas. Primeiramente, foi estruturado um espaço físico, montado um estúdio de

rádio para uso comunitário e coletivo em um quarto disponibilizado por Nai Gomes no Ateliê

Multicultural. Mas para que tudo isso fosse possível, houve todo um esforço em busca de

doações com as amizades que a idealizadora dispõe, e investimentos de recursos financeiros

da própria pesquisadora para montar e instalar a estrutura física e virtual ideal para a

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concretização e prática da experiência. Para o estúdio, por exemplo, como o quartinho estava

muito deteriorado, foi preciso novas instalações elétricas com vários pontos de tomadas,

inclusive deixando pronto para ar condicionado, iluminação adequada, gesso para teto, pintura

e reparos nas paredes e chão, conserto de porta e janela que estavam quebradas, toda mobília

de mesas e armários, computadores desktop completo com estabilizadores, mesa de áudio

profissional para rádio, microfones, cabos, conectores e régua para extensão, aparelho de som

para retorno, sinal de Internet livre, e pagamento da mão de obra de profissionais técnicos

para instalar e deixar tudo isso devidamente montado e testado. A ferramenta virtual (site,

provedor, streaming) e alguns equipamentos para a estrutura do espaço físico (estúdio) foram

doados e/ou adquiridos por iniciativa da idealizadora ou com recursos próprios, como também

por meio do escambo, de forma que pudesse viabilizar as condições técnicas necessárias.

Figura 19 – Fachada do quarto antes de ser transformado em estúdio

Em Parceria com a Marcenaria Escola da Prefeitura Municipal de João Pessoa

(PMJP), por meio do coordenador e pedagogo José Vando Arruda, idealizamos um projeto de

design interior planejado para mobília, acústica e novas instalações elétricas, para o

aproveitamento do pequeno espaço de forma otimizada e que acomodasse tudo que seria

necessário.

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Figura 20 – Projeto design interior para o estúdio

Figura 21 – Espaço físico recebendo melhorias: gesso, pintura, rede elétrica

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Figura 22 – Profissionais apoiadores da Marcenaria Escola da PMJP montando os móveis projetados

para o ambiente. Colagem das espumas para acústica do estúdio

As espumas para garantir a acústica do ambiente, eram do antigo estúdio de rádio do

CCTA da UFPB, que foram trocadas e iriam ser jogadas no lixo, se não fosse a sensibilidade e

percepção do estudante Ícaro Diniz, que me sugeriu pegar para reaproveitamento. A

orientanda comprou a cola e junto com a amiga Lourdinha, sem nenhuma técnica profissional,

nem material de proteção, apenas uma máscara de dentista, movidas pela vontade de ver tudo

pronto, passaram cerca de dez horas numa força-tarefa, só as duas, cobrindo cada canto das

quatro paredes do quarto, sem que aparecesse ninguém se colocando à disposição para revezar

com elas. As duas foram às lágrimas quando terminaram, pois já estavam com a sensação de

náusea e correndo o risco de terem uma intoxicação por conta da quantidade de tempo em

contato com um produto tóxico como é a cola de sapateiro.

Ainda dentro das articulações e parcerias captadas pela idealizadora do projeto, foi

possível estender a missão/objetivos do projeto e promover também a inclusão digital, e,

através da Associação Nacional de Inclusão Digital (ANID), foi adquirido sinal de Internet

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livre por um programa chamado Junts - possibilita o acesso gratuito à Internet em pontos

coletivos por meio de fibra óptica. Por meio dessa parceria, foi garantido o sinal da Internet

livre não só para o ambiente do estúdio comunitário da webrádio que sem Internet não

funcionaria para levar ao ar programas ao vivo, como também chegou sinal para outros pontos

do Centro Histórico, e na comunidade do Porto do Capim, possibilitando, que os moradores

daquela localidade acessassem a Internet de forma gratuita, e, assim, pudessem, então, escutar

a programação da webrádio.

Figura 23 – Técnicos da ANID instalando os cabos de fibra óptica para internet da Junts

Através de parceria com a empresa Rede Paraíba de Comunicação foi feita a doação

de equipamentos necessários como computadores, mesa de áudio.

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Figura 24 – A primeira mesa de áudio foi emprestada por Dalmo. Já a mesa profissional de rádio foi

doada ao projeto

Por meio da agência Cyoung e Ativaweb Group, foi a parceira que garantiu a criação

do site – www.webradioportodocapim.com.br e www.radioportodocapim.com.br, ambos

direcionados para o mesmo sítio. A criação visual do site recebeu a assinatura dos

profissionais em webdesign Alécio Barreto e Éber Costa, ambos profissionais Ativawebgroup

e CYoung, empresas do empresário Alek Maracajá que, além de dar suporte tecnológico com a

criação e assistência ao site, também disponibilizou a hospedagem no servidor/provedor e

manutenção da ferramenta. Nesta relação, além do apoio por amizade espontâneo, para

garantir a criação do site, por exemplo, houve a prática do escambo, onde a orientanda prestou

um serviço de cobertura por uma semana no evento Feira do Empreendedor do SEBRAE para

transmissão ao vivo pela TV AtivaWeb (Tv pela Internet), e, em troca, recebeu o serviço, em

forma de crédito. Não foi à toa que em conversa com uma das consultoras palestrantes do

evento, Lala Deheinzelin, a mesma identificou nesta experiência, traços marcantes dos

conceitos pertinentes ao universo da Economia Criativa, uma vez que, cultura, criatividade e

conhecimento (matérias-primas da Economia Criativa) são os únicos recursos que não se

esgotam, mas se renovam e multiplicam com o uso, são estratégicos para a sustentabilidade.

Segundo a especialista, as características da Economia Criativa permitem promover a

inclusão de segmentos periféricos da população.

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O grande diferencial da Economia Criativa é que ela promove

desenvolvimento sustentável e humano e não mero crescimento econômico.

Quando trabalhamos com criatividade e cultura, atuamos simultaneamente

em quatro dimensões: econômica (em geral, a única percebida), social,

simbólica e ambiental. Isso leva a um inédito intercâmbio de moedas: o

investimento feito em moeda-dinheiro, por exemplo, pode ter um retorno em

moeda-social; o investimento realizado em moeda-ambiente pode gerar um

retorno em moeda-simbólica, e assim por diante (DEHEINZELIN, 2008,

p.14).

Figura 25 – Layout da página principal do site da Webradio Porto do Capim

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Era preciso então, pensar uma programação a partir de temas e saberes socialmente

construídos na prática comunitária, o que exigiu estratégias de interação. Foi por meio das

redes sociais que foi feito um chamamento aos interessados em ocupar a grade de

programação a apresentarem suas propostas de programas. Foram inscritos e aprovados as

seguintes propostas de programas no primeiro chamamento: Porto do Capim em Ação

(proponente: Rossana Holanda); Desmistificando os Direitos Humanos (proponente: Centro

de Referência dos Direitos Humanos da UFPB e Organização de direitos humanos Dignitatis

– Assessoria Técnica Popular); Cultura Viva Comunica (proponente: Anne Karolyne Santos

Fernandes); O Rock no Universo Feminino (proponente: Andréa Gisele Nóbrega da Silva);

Bem-Estar Mulher (proponentes: Leide Jane e Solnaya Nunes); Música da Paraíba

(proponente: Pedro Santos); Mulher Paraíba (proponente: Fabiana Veloso e Mabel Dias);

Parto Feliz! (proponente: Lia Haikal); Parahyba Esquecida (proponente: Lígia Tavares); Luz

de Candeeiro (proponente: Os Gonzagas); Balaio Nordeste (proponente: Associação Cultural

Balaio Nordeste); Ecos da Aldeia (proponente: Jairo Pessoa); Memória Falada (proponente:

Elioenai Gomes); Sarau Café em Verso e Prosa (proponente: Suzy Lopes); Casa de Bamba

(proponente: Ateliê Multicultural); Intercâmbio (proponente: Rádio Porto do Capim).

Reuniões foram realizadas com os proponentes dos programas apresentados para

apresentar a estrutura física do estúdio que eles poderiam fazer uso coletivo para produção

dos seus respectivos conteúdos.

Figura 26 – Primeiros proponentes para a programação da webrádio

O que se percebe, com a tamanha adesão, é que há efetivamente uma carência de

espaços como este para dar vasão a uma produção de gaveta de cidadãos que em sua maioria

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não são necessariamente jornalistas ou radialistas, mas que têm vontade de expressar algum

pensamento e conteúdo. Ao mesmo tempo, apesar do número expressivo dos adeptos iniciais

que enviaram propostas, porém, na prática, apenas os programas:

Porto do Capim em Ação - Uma iniciativa da Associação de Mulheres do Porto do

Capim foi ao ar toda segunda-feira, sempre a partir das 19h, com reprise na terça no mesmo

horário. Semanalmente trazendo informações sobre saúde, educação, cultura, moda, culinária,

a história da nossa comunidade, e principalmente discussões que norteiam os interesses

sociais dos moradores do Porto do Capim. Só durou o tempo que teve o suporte/auxílio direto

da mestranda e da estagiária Andrezza Carla e que, apesar de ter tido toda preparação por

meio de oficinas de capacitação, não deram continuidade;

Negrícia - Produzido pelo Coletivo Negrícia, juntamente com a Rádio Porto do

Capim, o programa tem como princípio norteador a valorização da herança civilizatória

africana e afro-brasileira, assim como a percepção da negritude como instância de

convergência e organização de tais valores. Aguardando novas produções em breve;

Sarau Café em Verso e Prosa - Com a atriz Suzy Lopes, quinzenalmente, com a

participação de escritores, poetas e atores da cidade. Só aconteceu uma edição também porque

teve a produção e acompanhamento da pesquisadora;

O Direito Achado no Porto - O CRDH da UFPB, junto com a Dignitatis, aborda

temáticas que envolvem os Direitos Humanos, suspenso temporariamente até renovar e

contratarem uma bolsista na área de jornalismo;

Luz de Candeeiro - Apresentado por integrantes do grupo de forró “Os Gonzagas”,

todas as sextas das 18h às 19h, apesar dos jovens rapazes terem aprendido a utilizar o estúdio

e a ferramenta com muita rapidez, autonomia e habilidade para apresentar ao vivo como

aconteceu por quatro edições, não teve continuidade por conta de algumas incompatibilidades

de tempo com outros projetos do grupo musical, e também alguns problemas de ordem

técnica, surgidos no meio da vivência, pelo qual os gestores do conselho comunitário que

estavam mais in loco não tiveram iniciativa de solucionar em tempo hábil para que pudesse

viabilizar os programas ao vivo, e isso gerou o desestímulo dos Gonzagas.

Alô Comunidade - é transmitido direto dos estúdios da Rádio Tabajara da Paraíba AM

(1.110), todos os sábados, sendo em rede de retransmissão por diversas emissoras

comunitárias da Paraíba, inclusive a Webrádio Porto do Capim. Apresentação de Fábio

Mozart, Dalmo Oliveira, Beto Palhano e Marcos Veloso.

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Figura 27 – Arte de divulgação do programa Luz de Candeeiro com Os Gonzagas. A atriz Suzy Lopes

entrevistando o poeta Políbio Alves no programa Café Verso e Prosa

Figura 28– Programa Direito Achado no Porto com integrantes do Centro de Referência dos Direitos Humanos

da UFPB

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Um dos programas, a meu ver, mais promissor de continuidade, apesar também de ter

sofrido uma pausa, é o ‘Direito achado no Porto’, que tem como proponente o Centro de

Referência dos Direitos Humanos – CRDH, da UFPB e Organização de Direitos Humanos

Dignitatis – Assessoria Técnica Popular. No primeiro momento com a participação de uma

estagiária de comunicação contratada pelo projeto de extensão do CRDH, os grupos de

pesquisa envolvidos nesse programa realizaram três audições, mas a perspectiva é de que

assim que renovarem a bolsa para garantir o suporte de um estagiário de comunicação irão

retomar as gravações.

E por que eu vislumbro a continuidade desse programa? Exatamente, porque desde o

primeiro momento a equipe percebeu a necessidade de um técnico em comunicação para

cuidar da parte pragmática do fazer jornalístico, como script, gravação e edição de áudio.

Pois, com raríssimas exceções, o que pude comprovar é que alguns programas sequer

iniciaram, ou não foram adiante por sentirem necessidade de um apoio técnico permanente de

um profissional especializado na área, a necessidade de se ter um profissional que estivesse à

disposição dos proponentes que tinham desejo em apresentar suas ideias em forma de

programas radiofônicos. Assim como também houve caso de que foi colocado à disposição,

estagiários de Rádio e TV para dar vasão a algumas propostas, e também não avançou, por

terem outras prioridades, até mesmos integrantes do coletivo gestor.

Em depoimento gravado em vídeo, o advogado e professor da UFPB e membro do

conselho consultivo do CRDH, Hugo Belarmino, disse que o projeto da webrádio Porto do

Capim se divide em três grandes questões: “A primeira questão é o impacto social do projeto.

É um projeto que nessa interface entre realidade comunitária e um projeto acadêmico

consegue trazer um produto que vai muito além de uma mera sistematização de experiência

ou uma dissertação. É um projeto que traz um produto que se relaciona com uma demanda

comunitária muito latente como é a área da comunidade do Porto do Capim e que, inclusive,

traz a própria comunidade para ser sujeito do processo do conhecimento na medida em que

constrói uma proposta de programação inserindo o programa Porto do Capim em Ação, que

é feito pela Associação de Mulheres do Porto do Capim, esse é o primeiro grande elemento

muito importante. A segunda questão é o impacto acadêmico da proposta. Na verdade,

quando a gente pensa num projeto de mestrado, a gente sempre pensa em algo que é um mero

pedaço de papel, que tem algum conhecimento produzido, mas os cursos de jornalismo, seja

na instância de graduação, quanto de mestrado, quanto de doutorado, eu acho que podem

aprender muito com a experiência, sobretudo porque a gente consegue, através dessa

experiência, construir um debate sobre um direito humano à comunicação, a relação entre

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comunicação e direitos humanos, e efetivar uma estratégia de que a comunicação seja um

elemento para concretizar direitos humanos na prática. É por isso que a gente é parceiro do

projeto”.

Por fim, outro programa que chegou desde o lançamento do projeto é o Negrícia - uma

expressão do povo negro no combate ao racismo, que posteriormente virou um trabalho de

conclusão de curso (TCC) para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social,

habilitação em Radialismo, de Andréa Gisele Nóbrega, sob a orientação da Profa Dra Glória

Rabay. O programa foi produzido de forma totalmente independente, explorando as

possiblidades das novas tecnologias, de forma que atendeu em todas as suas edições os

princípios de produção de conteúdo totalmente jornalístico, discutindo temas relevantes e

trazendo à tona reflexões sobre o preconceito racial de forma criativa e sugestiva, sendo

realizado exclusivamente para compor a programação desde o primeiro momento que foi ao

ar a webradio Porto do Capim. A banca examinadora aprovou o projeto com nota máxima.

Andréia Gisele relatou como foi essa experiência:

“Conversando com amigos, quando formamos o Coletivo Negrícia, decidimos pôr em

prática uma velha ideia minha para construção de um programa de rádio que contemplasse o

povo negro, nasceu o Programa Negrícia. Fizemos a proposta para aceitação do nosso formato

de programa para uma seleção a convite da jornalista Edileide Vilaça, desenvolvida a partir de

seu mestrado em Jornalismo, fomos aceitos e começamos a pesquisar sobre os temas. O

espaço da Webrádio Porto do Capim, pela sua história, sua proposta e possibilidade de

compartilhamento se tornou o espaço adequado para o acolhimento e realização do Negrícia.

A proposta que a jornalista Edileide Vilaça nos fez para integrar ao seu projeto de mestrado

deu o que precisávamos para começar a pensar o formato do programa de rádio Negrícia.

Investimos num gravador Sony ICD – PX312 para captação das falas dos convidados e

locutores. Aprendi com a ajuda de um dos colaboradores do Projeto da Webrádio Porto do

Capim, Antônio Gomes Ferreira, conhecido como Catimba, a manusear o programa para

edição dos áudios, Sound Fourge 8.0 e para montagem final no programa, Samplitude 7.0

profissional. As vinhetas que produzimos foi também com a ajuda da jornalista Edileide

Vilaça, cedendo o espaço físico e equipamento do estúdio. Pesquisamos sobre alguns temas e

outros já tínhamos material resultante de ações que participamos em outros momentos e ações

desenvolvidas pelo Coletivo Negrícia, a experiência de cada um sobre a temática foi de

grande importância e avanço para construção dos roteiros. Foi assim".

Podemos dizer que o projeto chamou atenção de outros pesquisadores acadêmicos, dos

internautas, dos amantes do rádio e das novas tecnologias, enfim, uma experiência que chegou

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até pautar a imprensa local, se tornando matéria do Jornal Contraponto (anexo), como também

reportagem para o programa Acontece da TV UFPB.

Figura 29 – Edileide, Olga e Rossana foram entrevistadas na reportagem veiculada na TV UFPB

A partir do momento que o site já estava pronto, a Webrádio Porto do Capim entrou no

ar em caráter experimental a partir da contratação do streaming com o apoio financeiro no

primeiro instante do parceiro Dalmo Oliveira, que fez esta doação para o contrato inicial, que

foi de janeiro de 2014 a janeiro de 2015; e para o segundo ano do contrato, de janeiro de 2015

a janeiro 2016, o valor da anuidade do streaming foi rateado entre cinco integrantes do

Conselho Gestor Comunitário, com alguns ofertando mais e outros menos de forma que

somando fechasse a cota anual da assinatura. Os doadores foram: Hugo Belarmino, Jairo

Pessoa, Dalmo Oliveira, Edileide Vilaça e Olga Tavares.

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Figura 30 - Streaming da webrádio Porto do Capim

Com a plataforma na Internet totalmente operante, o site e o streaming, foram feitas as

primeiras transmissões ao vivo. A primeira foi o show de despedida da cantora Val Donato, no

dia 09 de maio de 2014. Onde muita gente acompanhou até em outros estados pelo aplicativo

TuneIn nos dispositivos móveis e também pelo site, como relembra a ouvinte Marketóloga,

Dir. Comercial Bora Ali Produções & Eventos, na época produtora da cantora Val Donato,

Alessandra Lontra, em depoimento gravado em vídeo:

“... A transmissão no dia da “Saideira” da cantora Val Donato foi fantástica. Eu já tinha

um App baixado no Iphone que é o TuneIn, e a gente pode ouvir a rádio muito limpa. Outros

amigos que estavam em Brasília também ouviram e disseram que estava perfeitamente

audível...”

Figura 31 – banner virtual para divulgar a transmissão do show de Val Donato

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Já utilizando a estrutura do estúdio, no dia 21 de maio de 2014, levando ao ar o

programa Abrindo o Baú do radialista Cacá Barbosa. Foi quando se pode sentir a interação

dos ouvintes pelas redes sociais pedindo músicas. O locutor também entrevistou a

idealizadora para que ela pudesse explicar um pouco sobre o projeto, e também conversou ao

vivo com Elioenai Gomes sobre essa parceria. Foi um momento em que de fato toda estrutura

e a ferramenta foram testadas de forma positiva.

Figura 32 – Primeiro programa ao vivo no estúdio – Abrindo o Baú com Cacá Barbosa

Tudo devidamente pronto e testado, foi realizada uma cerimônia simbólica de entrega

do estúdio à comunidade, com apresentações artísticas, participação de professores e alunos

do CCTA da UFPB, moradores da localidade, agentes culturais, representantes de ONG’s,

parceiros do projeto, artistas, e a presença da reitora da Universidade Federal da Paraíba,

Professora Margareth Diniz, que, na ocasião, conheceu o estúdio e foi a primeira a ser

entrevistada oficialmente ao vivo.

Na abertura da entrevista, a reitora disse: “É com imensa satisfação acadêmica e

profissional que vejo concretizado uma proposta de um curso de pós-graduação da nossa

instituição, da professora doutora Olga Tavares, e Edileide Vilaça como orientanda, que

resulta num produto em prol da sociedade. E digo imensamente feliz de hoje estar aqui

participando. É de fato, é esta a universidade que nós queremos. É esta a universidade que a

sociedade precisa, produtiva, qualitativa”.

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Figura 33 – Visita da Reitora da UFPB, Profa Margareth Diniz na inauguração e entrega do estúdio à

comunidade. A Reitora foi a 1a entrevista oficial ao vivo

Bom, depois de ter, como diz o ditado popular “ensinado a pescar e ofertado a vara

para pescar”, a orientanda resolveu estrategicamente, durante aproximadamente uns sete

meses, afastar-se do processo prático, dos protagonistas capacitados para serem

multiplicadores, da própria ferramenta e dos envolvidos diretamente no processo, e passando

a observar o que eles e elas fariam então com aquela estrutura física doada à comunidade e,

principalmente, a programação da webrádio. E o que juntamente com a orientadora se

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observou, foi que tudo praticamente parou onde se deixou. Nenhum programa novo, os

programas já existentes pararam, os multiplicadores do saber não repassaram a contento; de

acordo com a presidente da associação de mulheres, nenhuma reunião para desencadear novas

demandas, problemas técnicos de Internet do estúdio que surgiram por serem resolvidos, e

que por isso dificultou o próprio continuísmo do programa Luz de Candeeiro do grupo Os

Gonzagas. Apenas os programas que eram produzidos independentes da estrutura montada no

estúdio, a exemplo do Negrícia, tiveram continuidade até a defesa do TCC, e a retransmissão

do Alô Comunidade, que nunca deixou de ir ao ar: todo sábado um novo programa. Durante

esse tempo, ficaram os programas já realizados sendo diariamente reprisados, e a seleção

musical eclética e de muito bom gosto, através de uma profunda pesquisa musical feita com

tanto zelo, apreço e cuidado pelo jornalista voluntário Dalmo Oliveira. O programa Direito

Achado no Porto justificou sua interrupção devido justamente ao término da bolsa de extensão

ofertada à estudante de jornalismo que era responsável pela produção do programa, que é

desenvolvido pelo Centro de Referência em Direitos Humanos (CRDH) da UFPB, em

parceria com a Dignitatis – Assessoria Técnica Popular. Esse programa tem como proposta

promover a participação dinâmica de todos os eixos de atuação que compõem o Centro. Os

eixos de atuação do Centro são: Mediação de Conflitos, Sistema Carcerário, Terra e Território,

Gênero e Saúde e Saúde Mental. Cada um desses grupos tem uma equipe de estudantes

extensionistas e professores-coordenadores, que poderão colaborar na concepção e na

condução deste programa. O objetivo principal é abordar temáticas que envolvam os Direitos

Humanos e que possam ser relacionadas com as demandas e interesses da comunidade neste

campo de atuação. Os temas abordados no programa são mapeados a partir de atividades junto

à Associação de Mulheres do Porto do Capim e discutidos com a participação dos membros

da comunidade e das organizações parceiras.

A solução inicial pensada para inibir o problema detectado e relatado acima, e evitar

uma possível inoperância do projeto, é agir em rede como prática educativa. Eis a grande

questão que norteia este trabalho de pesquisa acadêmica. É preciso observar, que pela

primeira vez na história da humanidade, as pessoas se encontram mundialmente imerso num

único sistema técnico, que é a Internet, o que possibilita, por consequência, um modelo de

rádio por via exclusiva desse sistema - webrádio. Para tanto, precisamos de certa forma nos

organizar em rede 3 entre vários segmentos e grupos, de modo a potencializar e dar

3 Redes são sistemas organizacionais capazes de reunir indivíduos e instituições, de forma democrática e

participativa, em torno de objetivos e/ou temáticas comuns. Dispondo de estruturas flexíveis, as redes se baseiam

em relações horizontais que pressupõem dinâmicas apoiadas no trabalho cooperativo e de natureza participativa.

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sustentabilidade à webradio, que pode ser suporte ao trabalho que vem sendo desenvolvido. A

rede formada por moradores da comunidade, estudantes estagiários de comunicação,

jornalistas profissionais etc. favorece a interação entre equipe de produção dos programas.

Cabe destacar que as redes se sustentam pela vontade e afinidade de seus integrantes,

caracterizando-se como significativo recurso formativo, assim, fornecendo informações para

os envolvidos, de forma a facilitar a veiculação dos programas numa perspectiva local,

instituindo diálogos, que possam alimentar a produção de novos conteúdos e programas.

Segundo Whitaker (1993, p.4-5) as redes são estruturas que “foram se tornando cada

vez mais possíveis com o processo tecnológico: correio e telégrafo ao avião, ao rádio, ao

telefone, ao fax, aos meios de comunicação de massa, o mundo se transformou numa imensa

rede com cada vez menos barreiras à livre circulação de informações”, e agora, muito mais

ainda com a plataforma da Internet. As atuais possibilidades oferecidas pela informática – na

rapidez da comunicação e na estocagem da informação – podem dar uma extrema eficácia a

redes constituídas com objetivos específicos, assim como lhes assegurar efetivamente plena

liberdade de circulação de informações. Estimula-se, assim, com esta opção, “o exercício da

liberdade, a responsabilidade e a democratização da informação”, que sua lógica ajuda

desenvolver.

Para além de outros recursos utilizados nessa proposta, foram realizados encontros

presenciais – igualmente importantes, mas com um efeito mais pontual e episódico -, as redes

constituídas via Internet se tornaram um meio indispensável, ao se considerar o caráter

processual do produto. Com essa formação foi possível oferecer, por exemplo, suporte de

técnicos especializados, profissionais para ministrar oficinas, estagiários, estimular e atrair

proponentes para programas da rádio, proporcionando, com isto, uma formação dinâmica e

participativa, visando incentivar a realização de ações conjuntas, assim como a mobilização

das diferentes comunidades. Assim, foi possível, que, progressivamente, esta tarefa fosse

compartilhada com a consequente capacitação de outros agentes, que se tornaram

posteriormente multiplicadores do conhecimento e do saber sobre as particularidades do

produto, de modo a assegurar a horizontalidade – características próprias ao trabalho em rede,

indispensável para garantir uma atuação comprometida com a realidade local em sua

diversidade.

A capacidade de emprestar um caráter contínuo a processos de formação é assegurada,

desde que haja, segundo Sorrentino (1993), “a promoção do enraizamento nos elos locais”, ou

Pode-se afirmar, neste sentido, que na prática, “redes são comunidades, virtual ou presencialmente constituídas”.

OLIVIERI, Laura. A importância histórico-social das Redes [online].

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seja, de que se faça “rede criar significados localmente”, por meio “do intercâmbio de ideias e

experiências”, por parte das comunidades envolvidas, isto é, os próprios agentes da

localidade, ao se apropriarem deste recurso, poderão garantir o seu caráter contínuo e estável.

Cabe salientar, neste sentido, que operar com base de aprendizagens e conhecimentos implica

considerar a vivência cotidiana como elemento essencial para a construção na atualidade

(ALVES, 1998).

Processo esse que foi experienciado com a participação dos alunos graduandos do

curso de Rádio e TV do CCTA/UFPB, da disciplina Estágio Supervisionado II, no período

2015.1.

Com a chegada dos alunos estagiários de comunicação, a programação da Webrádio

Porto do Capim ganhou o ritmo, a dinâmica e a produção de conteúdos minimamente

esperados pela pesquisadora e sua orientadora. Mesmo sabendo que estes programas são

sazonais, com duração do período da disciplina, até que venha uma nova turma de estagiários

acadêmicos, eles fortalecem a missão e os objetivos propostos por este projeto. Como uma

das estratégias metodológicas da pesquisa-ação é a interação entre o pesquisador e as pessoas

implicadas na situação, tentou-se manter essa permanente interação com os estudantes em

contato virtual, e a cada problema que surgia, procurava alternativa para solução,

esclarecendo, acompanhando e compartilhando conhecimento com todos os estagiários

envolvidos no processo.

A aluna Simone Eliz depõe sobre a sua experiência no estágio: “A Rádio Porto do

Capim me proporcionou uma experiência ampla que me ajudou e irá ajudar futuramente na

minha vida acadêmica e profissional. Dentro da rádio, enquanto estagiária, “passei” por

diversas funções, desde mídias sociais, administração do streaming, programação musical a

elaboração e produção de programas. Tudo isso foi bem relevante para a minha formação. Vi

na prática como funciona uma rádio web. Aliei algumas matérias que vi em sala de aula

como Mídias sociais em contextos comunitários, por ser uma rádio, ou ainda, mídia,

convergência e portabilidade. Também mídias digitais, entre outras. Além do lado

profissional também aprendi muito no lado pessoal, como o espírito de grupo, por exemplo.

Ainda o lado humano, pelo fato de ser uma rádio comunitária. Enfim, a Webrádio Porto do

Capim foi uma extraordinária escola onde colhi grandes frutos tanto na vida acadêmica

quanto na experiência profissional”.

Programas produzidos para a Webrádio Porto do Capim pelos alunos do estágio

supervisionado:

Passando a Bola - Vai ao ar todas as quintas, 10h30 às 11h e tem apresentação de Max

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Oliveira. Um raio X do futebol paraibano com reportagens, notícias, comentários e análises

dos jogos do campeonato estadual.

Qual é o assunto? - É um programa de entrevistas com temas livres. Toda quarta-

feira, às 19 horas. Cada programa tem um apresentador diferente. Alunos: Rhalyston Lyncoln,

Isa Silveira, Cibele Leite, José Roberto, Sheyla Targino.

Forró da Parahyba - Um programa divertido com receitas de comidas típicas e

canções do legítimo “forró pé de serra”, de segunda a sexta, das 5h30 às 6h da matina.

Apresentação: Genésio Vieira e Victória Jácome.

Vida no Trânsito - Vai ao ar todas as quintas, das 10 às 10h30. Programa ao vivo com

Genésio Vieira voltado para educação do trânsito onde o ouvinte tem a oportunidade de

compartilhar e tirar suas dúvidas sobre vários temas que envolvem a segurança no trânsito.

Enem 2015 - Dicas do Enem 2015 com Victória Jácome.

Palco de Outrora - Uma recordação da era de ouro do rádio – simula um programa de

auditório. Sucessos que marcaram toda uma geração da “Era de Ouro do Rádio”, com

Genésio Vieira e Victória Jácome.

Espaço Inclusivo - O programa “Espaço Inclusivo” tem como objetivo principal

informar e conscientizar os webouvintes sobre a acessibilidade e inclusão. Programa

quinzenal e com duração de cerca de 20 minutos. Equipe de alunos: Simone Eliz, Jonas

Monteiro, Simone Eliz, Otto de Sousa, Tayná Nunes, José Victor, Mayara Silva.

Programa Hora Livre - Um programa jornalístico com as notícias mais importantes

da semana, sempre nas sextas, abordando temas de interesse da sociedade, trazendo

convidados para debater o tema proposto. Equipe de estudantes: Rômulo Teodorico, Renato

Soares, Brenow Muniz, Jailma Farias.

Na turma de estagiários do curso de Rádio e TV da UFPB, a aluna Sayonara Elayne

ficou responsável pelo trabalho de marketing/direção de arte, e juntamente com Simone Eliz,

também pela divulgação da Webrádio Porto do Capim nas redes sociais. Para cada novo

programa elaborado pelos alunos da turma da disciplina Estágio Supervisonado II era criada

uma logomarca. Como os exemplos abaixo.

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Figura 34 – Arte dos programas Passando a Bola e Vida no Trânsito

A arte do programa Hora Livre foi criada antes da definição de quem seria o

marketing, por isso a aluna responsável não precisou fazer, e o alunos do programa “Qual é o

assunto?” optaram por eles mesmos fazerem a arte.

Figura 35 – Arte dos programas Hora Livre e Qual é o Assunto?

A aluna Sayonara também encontrou inspiração para prestigiar com uma arte

exclusiva para uso do programa Porto do Capim em Ação.

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Figura 36 – Arte feita para o programa Porto do Capim em Ação

Uma das gratas surpresas que tive como mais um fruto e desdobramento deste projeto

de mestrado, foi quando a amiga Jonara Medeiros informou que a participante da experiência

Porto do Capim em Ação havia sido premiada no edital Comunica Diversidade 2014: Edição

Juventude, promovido pelo Ministério da Cultura (MinC) e a Fundação Universitária José

Bonifácio (FUJB), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Foram contemplados,

com o montante bruto de R$ 14 mil, 60 jovens entre 15 e 29 anos, que desenvolvem ações de

comunicação para a cultura em suas comunidades, e entre as vencedoras está a jovem

integrante do Conselho Gestor da Webrádio Porto do Capim, Rossana Holanda. Dentre as

iniciativas que a proponente fundamentou seu projeto estava a experiência vivenciada na

webradio, apresentando o programa Porto do Capim em Ação.

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Figura 37 - Relação das propostas premiadas no edital Comunica Diversidade 2014: Edição Juventude. Na faixa

etária de jovens entre 18 e 24 anos

Fonte: http://www.cultura.gov.br/documents/10883/1197198/Lista+final+18+a+24+anos.pdf/63a65557-e529-

4eae-bf73-27700d4664ba

Disse Rossana: “A experiência e oportunidade que estou tendo do fazer um novo

modelo de rádio que dialoga com as novas tecnologias dentro de uma perspectiva de

cidadania comunitária, não tenho dúvida de que foi fundamental para que eu já estivesse

entre as jovens habilitadas, o que muito me deixa radiante de felicidade. Feliz pelo

reconhecimento da minha comunidade. Significa para mim um reconhecimento das nossas

vivencias, das nossas culturas, do nosso povo. E este reconhecimento me instiga ainda mais a

lutar”.

O Comunica Diversidade 20144: Edição Juventude tem o objetivo de reconhecer e

incentivar ações de comunicação para a cultura protagonizada por jovens e que dão

visibilidade a expressões da cultura brasileira. Também busca fomentar iniciativas que, por

meio de processos de comunicação popular, ampliem o exercício dos direitos à liberdade de

expressão cultural e à comunicação. São consideradas ações de comunicação para a cultura

atividades que articulem cultura e comunicação e outras áreas do conhecimento (ou uma

4 Informações da Assessoria de Comunicação do Ministério da Cultura no http://www.cultura.gov.br/o-dia-a-dia-

da-cultura/-/asset_publisher/waaE236Oves2/content/minc-divulga-vencedores/10883

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combinação dessas iniciativas), realizadas sem financiamento direto e subordinação editorial a

empresas de comunicação, e que agreguem e priorizem ações colaborativas e participativas,

interatividade e atuação em rede na produção e difusão de conteúdos, preferencialmente em

formato livre, por meio de diferentes suportes de mídia.

E assim, com os dois slogans que ficaram para sempre na memória: Webrádio Porto

do Capim – a primeira webrádio comunitária da Paraíba e Webrádio Porto Do Capim – da

Paraíba para o Mundo, termino o relato dessa experiência que envolveu Práticas, Processos e

Produtos Jornalísticos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A opção por fomentar esses aspectos do trabalho com webrádio é um esforço na ação

pela inclusão de setores da população no exercício de uma cidadania ativa, por um maior

acesso à comunicação, à cultura e à educação. Como parte deste mestrado foi lançada, em

2014, a primeira webrádio acadêmica nos moldes comunitário no estado, pode-se dizer, sem

modéstia, que o projeto pioneiro foi bem-sucedido em toda sua primeira etapa, por um ano,

2014 até 2015, com a participação de grupos da comunidade, e segue agora no seu segundo

ano com total continuidade, a partir do envolvimento dos alunos de graduação do curso de

Rádio e TV/UFPB, na disciplina de Estágio Supervisionado II. Assim sendo, uma ferramenta

filho do Mestrado Profissional, nada mais coerente de que o CCTA/UFPB se apodere desta

ferramenta e a utilize como instrumento para a prática dos alunos graduados do curso de RTV.

A perspectiva é de que esta iniciativa tenha continuidade por semestres adiante, já que os

princípios norteadores das ações estão em comunhão com o programa de pós-graduação em

Jornalismo e com a instituição em si, através de professores e estudantes que já se

incorporaram ao projeto da Webrádio Porto do Capim.

O projeto já apresenta resultados satisfatórios que configuram um quadro favorável ao

futuro das atividades elencadas. Passamos por todas as etapas, passos que percorreram desde

escolher os modelos e formatos dos programas aprovados, elaborar e incorporar a grade de

programas, definir horários, duração e recursos multimídia necessários para que a

programação permanecesse na rede. A programação plural contempla todos os nichos e

segmentos socioculturais e ambientais, a fim de promover uma interatividade coletiva que

agregue vozes a valores em comum, no sentido de difundir a democratização do pensamento e

da ação.

Veem-se maiores perspectivas de longa existência se a comunidade acadêmica for a

cada semestre protagonista desse processo que é permanente e contínuo, pois, percebeu-se

junto ao convívio da comunidade social, vários fatores alheios e/ou pertinentes à

disponibilidade, agenda e compromisso desses grupos que não são oriundos da academia.

Apesar dos mesmos terem passado por oficinas de capacitação dentro de uma perspectiva de

Educomunicação, mesmo assim, continuaram apresentando sinais de certa dependência, ou

seja, necessidade de se ter o permanente controle e acompanhamento de profissionais

especialistas formados em jornalismo/radialismo, com domínio da ferramenta webrádio,

script/roteiro, gravação e edição, controle e operação de mesa de áudio, que de certa forma,

também, seriam o fio condutor, com poder e iniciativa de articulação e execução junto aos

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grupos não acadêmicos. Os alunos de graduação, até por terem a base teórica que a própria

universidade já oferece, por possuírem o convívio diário com o mundo da tecno-comunicação,

quando vão para a prática, efetivamente para o processo de produção e o uso das

possiblidades da ferramenta da webrádio, o resultado é muito mais rápido, dinâmico,

ininterrupto, autônomos, empoderados.

Essa experiência tem sido fator de inspiração para os estudantes do Mestrado em

Jornalismo (PPJ/UFPB), assim como resultou em artigos em Congressos, Seminários e afins,

e também já serviu de plataforma para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da então

graduanda, Andréa Gisele Nóbrega, com o programa que faz parte da grade de programação

desse produto de Webrádio chamado “Negrícia – Uma expressão do povo Negro no Combate

ao Racismo” (CCTA/DECOM, 2015).

Em nenhum momento pensou-se que não iria dar certo, que não iria conseguir realizar

toda a ideia e a proposta em tempo e a contento. Todas as metas e os prazos planejados foram

cumpridos. Os esforços, o cansaço, os investimentos foram compensadores porque eram

envolvidos de afeto. Agora se entende quando diziam que quando se entra em um mestrado ou

doutorado, é preciso se apaixonar pelo seu projeto. E houve o tempo inteiro muita paixão pelo

projeto. Acho até que era isso que movia a vontade de realização. Foi um aprendizado

imensurável e inenarrável, especialmente no tocante ao convívio coletivo. O sonho era que

não houvesse segregação de tribos, que essa iniciativa fosse da teoria à prática uma

ferramenta verdadeiramente democrática, como uma mandala, onde grupos, sejam oriundos

da comunidade acadêmica e/ou social, ocupassem o mesmo espaço, cada um dentro da sua

linha de atuação, e aproximando mundos, ou seja, um produto vivo, girando feito roda

gigante, num movimento cíclico, sem constrangimentos aos novatos e nem sentimento de

posse dos que já estavam. No fim, tudo nesta vida é uma soma. Só assim pode-se pensar em

construção coletiva, nunca individual, e muito menos segregada. Foi assim que tudo foi

realizado, por meio de uma grande soma de vários atores, inclusive alguns na invisibilidade. A

essência do projeto, antes mesmo de reconhecê-la em Paulo Freire, no âmago já era libertária,

preservando o livre fazer, sem se estar preso às estruturas e formas, e nem muito menos a

conteúdos fechados e preestabelecidos. O livre criar e livre falar. Havia só a vontade de ter os

protagonistas envolvidos nesse processo como um ser em pleno estado de inspiração e

superação.

Quando se comentou para a banca de seleção do mestrado que não se concebia

conhecimento trancado entre os muros acadêmicos, o que se queria era exatamente isso que

foi realizado. Ao mesmo tempo em que houve o mergulho em prazerosas leituras em busca da

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base teórica, houve o compartilhar um pouco dos próprios conhecimentos pessoais de toda

uma grande experiência prática acumulada ao longo de mais de duas décadas na prática do

jornalismo. Talvez, exatamente por estar ingressando em um mestrado profissional, existiu

esse sentimento de estar tão à vontade de trilhar os caminhos que foram trilhados aqui,

tentando a máxima aproximação do que o mestrado se propunha como programa.

Este projeto dá possiblidades de seguir para a formação em nível de doutorado,

transformando essa experiência vivenciada em um objeto de análise, por exemplo: qual o

alcance desse novo meio de relacionamento entre indivíduos e grupos e quais os benefícios

para o desenvolvimento de uma comunidade local? É possível pensar na sua auto

sustentabilidade econômica? Nesse caso podendo seguir por uma pesquisa buscando aporte

nas teorias que fundamentam a Economia Criativa, por exemplo. Por ora, não foi possível

imaginar em que dimensão poderá usufruir de uma webrádio para o desencadeamento de

processos de mobilização social. Mas acredita-se que o papel e o sentido desse novo meio

serão cada vez mais expressivos e determinantes. É preciso que atentemos para essas

transformações se quisermos organizar uma comunicação que seja realmente do interesse do

cidadão.

Foi uma pesquisa desenvolvida ao longo de dois anos que exigiu muito fôlego,

dedicação e experimentação junto aos grupos envolvidos. E que essa experiência pioneira na

UFPB, desafiadora e atual, no meu entender, de relevância significativa no contexto

radiofônico do século XXI, quando o rádio se reconfigura, se adapta às práticas e processos

no campo da comunicação no cenário atual, seja disponibilizada como fonte de pesquisa para

novos estudantes e pesquisadores desta nova era da comunicação digital, sob a perspectiva de

uma útil e criativa ferramenta de radiojornalismo comunitário na busca de inclusão social e

exercício da cidadania no ciberespaço.

E para terminar, uma certeza: “começaria tudo outra vez se preciso fosse...”

(Gonzaguinha).

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ANEXOS

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Anexo 1

ESTATUTO DA WEBRÁDIO PORTO DO CAPIM

CAPÍTULO PRIMEIRO - DOS OBJETIVOS DA ORGANIZAÇÃO RADIOFÔNICA:

Art. 1º - A Webrádio PORTO DO CAPIM, fundada em Janeiro de 2014, com sede na Ladeira

da Borborema, 101, João Pessoa, Paraíba, é uma organização radiofônica civil de objetivos

culturais, democrática e sem fins lucrativos.

Parágrafo único - A Webrádio PORTO DO CAPIM manterá sua independência em relação aos

partidos políticos, ao Estado e ao Poder Econômico.

Art. 2º - A webrádio PORTO DO CAPIM se organiza sob os principais pontos que nortearão

suas ações: a) o trabalho em conjunto com a comunidade do PORTO DO CAPIM,

VARADOURO E CENTRO HISTÓRICO, abrindo a programação às associações locais e aos

cidadãos e cidadãs; b) a atenção à programação que se relacione com os assuntos das

comunidades envolvidas; c) a promoção de interfaces da comunidade PORTO DO CAPIM,

VARADOURO e CENTRO HISTÓRICO com as representações culturais, sociais,

socioambientais e direitos humanos e ambientais do seu entorno, a fim de estabelecer a coesão

dos moradores desta área central da cidade de João Pessoa.

Art. 3º - A webrádio PORTO DO CAPIM tem por princípios básicos:

a) Contribuir com a luta pela democratização dos meios de comunicação, pela democratização

da informação e pela institucionalização do direito de comunicar;

b) Dar oportunidade à difusão das ideias, elementos de cultura, tradições e hábitos sociais da

comunidade, propagando a música nacional e local, além do intercâmbio entre os aspectos

culturais das várias comunidades organizadas;

c) Prestar serviços de utilidade pública, integrando-se aos serviços de defesa civil, sempre que

necessário;

e) Coletar, pesquisar, elaborar e divulgar nos meios de comunicação locais, regionais e

nacionais, informações de cunho político, social, econômico, científico, cultural e desportivo,

relacionados às comunidades e de seu interesse;

f) Promover cursos de capacitação radiofônica, observada a legislação vigente;

g) Organizar arquivo público com registro sonoro, fonográfico ou audiovisual de depoimentos

e fotos produzidas ou colhidas na comunidade ou de interesse geral;

h) Promover continuamente o debate objetivando o avanço dos projetos comunitários.

Art. 4º - Poderá agregar-se às atividades da Organização Radiofônica qualquer pessoa,

independente de cor, raça sexo ou opção sexual, condição social ou financeira, concepção

religiosa ou filosófica, orientação política ou qualquer outra condição desde que concorde

com o disposto neste estatuto.

Art. 5º - São direitos dos associados:

a) Ter voz e voto nas assembleias;

b) Ter acesso a qualquer documento oficial da Organização Radiofônica, mediante solicitação

por escrito ao Comitê Gestor, resguardando-se as informações de caráter pessoais, exceto se

aprovado em reunião do Comitê Gestor.

Art. 6º - Para ser considerado associado da Organização Radiofônica será necessário ser

morador da cidade sede (no caso de pessoa física) ou em caso entidades (jurídico) ter sede nas

áreas atingidas pela transmissão.

Somente serão aceitas como filiadas as Entidades da Sociedade Civil sem fins lucrativos.

CAPÍTULO SEGUNDO - ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA WEBRÁDIO

PORTO DO CAPIM:

Art. 7º - A webrádio PORTO DO CAPIM terá o Comitê Gestor como responsável pela sua

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organização e funcionamento, podendo deliberar, sob aprovação da Assembleia Geral

constituída por membros da sociedade civil e da comunidade do Porto do Capim, novos

integrantes para gerir questões financeiras e/ou jurídicas, por exemplo.

Art. 8º - A Assembleia Geral, órgão coletivo de discussão e encaminhamento, será convocada

ordinariamente toda vez que for necessário, para avaliação dos trabalhos desenvolvidos, e

discussão de assuntos gerais da webrádio PORTO DO CAPIM e/ou das comunidades

envolvidas.

Parágrafo 1º - A AG poderá ser convocada extraordinariamente pelo Comitê Gestor por meio

de uma convocação que deverá ser feita com antecedência de, no mínimo, oito dias, através

de envio de emails e postagem no Facebook da webrádio, onde constarão o dia, o local,

horário e pauta da reunião.

Parágrafo 2º - A AG deliberará em primeira convocação com qualquer número de membros

presentes.

Art. 9º - O Comitê Gestor reunir-se-á sempre que necessário em data, hora e local por ele

determinado, igualmente com antecedência de oito dias e envio do comunicado para a lista do

grupo.

Art. 10º - O Comitê Gestor será eleito para mandato de 01 ano, em AGE convocada para este

fim, através de votação aberta nas chapas inscritas.

Parágrafo 1º - A formação do Comitê Gestor será a partir da proporcionalidade qualificada e

direta dos votos;

Parágrafo 2º - A AGE com fim eleitoral deverá ser convocada com antecedência mínima de

trinta dias, utilizando-se os mesmos meios de divulgação previstos no Art. 8º, parágrafo 1º;

Parágrafo 3º - A inscrição das chapas deverá ser feita até quinze dias antes da data marcada

para a realização da AGE, mediante apresentação de pedido por escrito à Comissão Eleitoral;

Parágrafo 4º - somente poderão votar e serem votados os membros que tenham pelo menos

seis meses de participação nas atividades da organização radiofônica.

CAPÍTULO TERCEIRO - ATRIBUIÇÕES DO COMITÊ GESTOR:

Art. 11º - Caberá ao Comitê Gestor, coletivamente:

a) Traçar estratégia e planos de ação que garantam a implementação dos objetivos definidos

em AG;

b) Convocar as AG;

c) Indicar um de seus membros ou um dos membros para representar a webrádio em atos

públicos ou em outros eventos;

d) Elaborar relatórios semestrais das atividades, realizações e atos administrativos;

e) Autorizar a aquisição de equipamentos;

f) Efetivar a realização de convênios que se enquadrem nos objetivos da webrádio;

Art. 12º - Caberá ao Comitê Gestor, coletivamente:

a) Executar com zelo e pontualidade as tarefas decorrentes das funções pré-determinadas, bem

como aquelas espontaneamente assumidas;

b) Manter postura pública compatível com as responsabilidades da função que exerce;

c) Representar a organização radiofônica externamente, sempre que designado pelos pares;

d) Assumir os compromissos concernentes ao desempenho de suas funções.

CAPÍTULO QUARTO - PROGRAMAÇÃO MÍNIMA E PARTICIPAÇÃO NA GRADE:

Art. 13º - Minimamente, a programação deverá constar de:

a) Espaço garantido aos segmentos organizados da sociedade para divulgação de seus

trabalhos e reivindicações, observada apenas a adequação de horário na programação;

b) Reserva de espaço semanal para programação rotativa de programas produzidos por

pessoas das comunidades, dentro das especificações técnicas definidas pelo Diretor de

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Programação. Esse espaço deverá funcionar como laboratório radiofônico;

c) Proibição de uso de qualquer espaço com fins político-partidários, exceto os de

participação igualitária dos vários partidos com representação nas comunidades atingidas pela

transmissão, cujo convite deverá ser feito pela Associação, por escrito a todos e protocolado.

Proibição de uso de qualquer espaço com fins religiosos, exceto os de participação igualitária

das várias convicções religiosas representadas nas comunidades atingidas pela transmissão. A

solicitação de espaço deverá ser feita por escrito ao Comitê Gestor.

CAPÍTULO QUINTO – DO CÓDIGO DE ÉTICA:

Art. 14º - O compromisso dos membros com a grade de programação e a produção dos

programas deve atentar para: a) cumprimento dos horários; b) organização do espaço no

estúdio em relação ao trabalho e à higiene (não comer, não fumar e não beber no estúdio); c)

respeito aos princípios deste Estatuto em relação aos/às convidados/as quanto aos temas a ser

discutidos por eles/elas.

Parágrafo 1º - Em caso de descumprimento do código de ética, haverá primeiro uma

advertência; se o erro se repetir, poderá haver suspensão temporária ou definitiva do

programa. Ficará a cargo do Comitê Gestor julgar as questões de quebra dos princípios deste

Estatuto.

CAPÍTULO SEXTO - DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E GERAIS:

Art. 15º - Caberá ao Comitê Gestor:

a) Registrar o presente Estatuto, na forma da lei;

b) Estabelecer um plano de metas para os primeiros três anos de existência da webrádio;

c) Organizar o cadastro de membros;

d) Montar a emissora de radiodifusão; e) Organizar as atas das reuniões;

f) Associar a rádio à entidade estadual ou distrital de radiodifusão comunitária;

g) Manter intercâmbio com a ABRAÇO e outras entidades de radiodifusão comunitária

existentes no Brasil e/ou em outros países; h) Estabelecer parcerias com universidades locais,

associações diversas, ONGs e afins.

João Pessoa/PB, 21 de janeiro de 2014.

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Anexos 2 e 3

Ata da 2ª Reunião da Rádio Porto do Capim realizada no dia 14 de janeiro de 2014 no

Atelier Multicultural Elioenai Gomes, localizado na Ladeira da Borborema, 101-

Varadouro da Capital

A reunião foi aberta por volta das 19h30mim pelo gestor cultural Elioenai Gomes que deu

boas vindas aos presentes e falou da sua alegria e satisfação de recebê-los para concretização

de um grande empreendimento que é a Rádio Porto do Capim com instalações neste atelier.

Em seguida a jornalista Edileide Vilaça fez um relato da primeira reunião e do objetivo dos

encontros, da realização de seu projeto de mestrado com a criação do produto que é a rádio

Web onde os atores principais são os moradores da comunidade Porto do Capim. Do

andamento dos trabalhos para lançamento da rádio, a localização, de como está sendo

adquirida a estrutura, da esponja para a acústica doada pela UFPB, dos móveis pela Oficina da

PMJP. Dos encaminhamentos práticos em relação aos equipamentos, dos conteúdos

programáticos onde o objetivo com o agrupamento dos laços- parceiros convidados e

presentes, dos moradores todos possam discutir, sugerir e construir a grade de noticias que

serão veiculadas. Falou da formação de uma equipe gestora, sugerida na última reunião, para

dar o norte da programação da rádio. Da construção de um braço com a Universidade- um

laboratório do curso de comunicação. Onde a Universidade tem um grande interesse haja vista

ser um projeto acadêmico de grande relevância. Falou sobre a capacitação que será realizada

para a comunidade e outras pessoas participantes interessadas. Em seguida a prof. Olga

Tavares falou sobre a identidade desse projeto- De um espaço comunitário- da comunidade

para a comunidade para ser exibida e divulgada pela rádio e para outras esferas. Que haja

informações sobre gênero, meio ambiente, relações humanas, cidade- patrimônio, direito,

entre outras temáticas que através da rádio isso alcance todo planeta. Falou que é necessário e

importante estabelecer diálogos com as sociedades de modo em geral e que a comunidade

tenha maior reconhecimento e seja divulgada de forma ampliada pela web rádio. Falou da

importância desse veículo que ainda não tem concessões, mas que muitas discussões irão ser

travadas e que será importante um guia para ser seguido para que a rádio tenha uma direção

no que será divulgado, trabalhado, que estabeleça as melhores convivências entre os

participantes e a rádio web divulgue coisas abrangentes. Falou ainda da importância da

parceria da Universidade com esse novo espaço e de que os seus alunos possam e tenha a

oportunidade de vivenciar esse universo e sejam também atores da radio Porto do Capim e

isso vai acontecer. Ela ressaltou e afirmou que na grade de programação vai poder falar de

tudo- dentro dos princípios que forem estabelecidos pelo regimento e pela equipe gestora

sobre as atividades, interesses, demandas, necessidades e que a própria comunidade poderá

pautar toda a divulgação da rádio- claro que a partir de um mapeamento. Camila do IAB-

Instituto de Arquitetos localizado no Centro Histórico falou do seu interesse de participar do

projeto e questionou sobre a data do lançamento da rádio e previsão para ir ao Ar. Edileide

respondeu que o funcionamento depende agora de questões técnicas e de alguns equipamentos

que estão sendo adquiridos em curto prazo, e em seguida ela será colocada em

experimentação. Em seguida Danilo Aguiar falou sobre a participação da comunidade e dos

interesses mútuos de todos os participantes e laços que estão inseridos no entorno do Porto do

Capim e que tem uma relação com o atelier e todos estão interligados e deverão ser ouvidos e

que o mesmo faz parte do atelier e de conspirações interexistenciais e que está muito feliz de

poder participar dessa realização e que seja conhecida, respeitada e que os conteúdos sejam

alcançados. São conjuntos de sujeitos por meio da criatividade e que juntos somam a

cidadania cultural. Luiz Sousa - estudante de comunicação e estagiário da CBN falou de sua

alegria de poder estar na discussão desse projeto e que deseja adquirir outras experiências e ao

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mesmo tempo repassar o que ela já sabe na radio convencional para os participantes da radio

Web. Sales que é bibliotecário disse que tem experiência com rádio web foi convidado e quer

colaborar com o que for necessário. A estudante de Publicidade Monara que também é

contadora também falou da sua alegria de estar participando do processo de construção da

radio web e que quer também aprender com a experiência dos outros. Já Eduardo que faz

parte do movimento dos direitos humanos, é Professor da Universidade de Direito de Santa

Rita falou de uma série de temáticas que poderão ser abordadas nos conteúdos programáticos

e tem conhecimentos vastos de algumas questões relacionadas ao Porto do Capim e de

advocacia popular, que pode colaborar de diversas formas e que pode trazer estudantes para

participar da construção das noticias e informações. O estudante de História Hermes e que é

militante do Porto do Capim falou sobre sua experiência com Rádio Livre, suas preocupações

em relação à Comunidade e colocou sua disponibilidade para participação no projeto. Rosana

da Comunidade Porto do Capim justificou que ninguém caiu de para- quedas- já havia um

interesse, uma relação com o atelier e que todos da comunidade estão ansiosos para ver a

rádio no Ar. Jairo Pessoa que ativista cultural cobrou os encaminhamentos práticos e que

deverá ter mais agilidade para concretização da programação. Iana do coletivo Cunhã disse

que veio pra somar e que ela se coloca a disposição para produção da grade de programação.

A jornalista e estudante de Mestrado em Jornalismo profissional Jonara falou da relevância do

projeto de Edileide e que seu trabalho tem uma correlação já que a mesma pesquisa sobre

comunicação acessível e de que essa temática poderá vir dar um suporte e conteúdo para os

programas da radio Porto do Capim. A professora da UFPB e geógrafa Ligia Tavares falou da

sua experiência e identificação e familiaridade com a área onde está sendo lançada e que vai

acontecer a rádio e ela se coloca a disposição para uma assessoria nas questões ambientais. O

jornalista e radialista Dalmo Oliveira falou de sua experiência com o sindicalismo, da

associação de rádios comunitárias, da comunicação popular e da sua atuação no programa Alô

Comunidade que é realizado e exibido pela rádio Tabajara AM. Ele enfatizou a importância da

concretização da rádio Porto do Capim e de que é necessário pensar na sustentabilidade para

que a mesma seja mantida após a pesquisa de Edileide. Além disso, é preciso que haja

disciplina, produtividade de comunicação, organização, compartilhamento de conhecimentos

e de comunicadores comunitários. É importante manter laços com outras instituições, veículos

que possam reproduzir os conteúdos da radio, a exemplo da rádio Tabajara, se preocupar

também com a audiência e que a comunidade possa também ouvir a rádio através das

cornetas, caixas em poste e acesso a Web. Falou sobre a importância da existência de outra

rádio comunitária em João Pessoa e que a Porto do Capim poderá ser trabalhada nessa

perspectiva. Uma iniciativa de comunicação deverá estar preparada também politicamente e

para os embates que poderão vir por que vai incomodar e deverá atuar com firmeza e

dedicação e se colocou a disposição para formação dos comunicadores comunitários. A

reunião foi finalizada as 21h30mim com alguns encaminhamentos, onde foi formado um

comitê gestor com sete pessoas e alguns suplentes que irão ser responsáveis pela

representatividade, criação do regimento e normas éticas da rádio, vão realizar capacitação

para os participantes entre outros aspectos para funcionamento da rádio web Porto do Capim,

são eles: Edileide Vilaça, Olga Tavares, Elioenai Gomes, Dalmo Oliveira, Antônia Sousa,

Jairo Pessoa, Rossana, além de Danilo Aguiar e Monara e os mesmos irão se reunir na

próxima terça-feira, dia 21 de janeiro para andamentos das demandas e atividades.

Participaram desta reunião as seguintes pessoas que assinaram lista de presença anexa.

Eu, Antônia Souza, relatei.

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Ata da Reunião do Comitê Gestor da Rádio Porto do Capim realizada dia 15 de abril de

2015, Ateliê Multicultural Elioenai Gomes, Ladeira da Borborema, 101, Varadouro

Iniciada às 19 horas e 30min com as presenças de Dalmo Oliveira, Olga Tavares, Elioenai

Gomes, Antonia Sousa, Rossana Holanda e Jairo Pessoa. Foram passados alguns informes do

funcionamento da rádio, equipamentos, avaliação dos programas existentes, grade de

programação, autocríticas etc. Foi informado e com votos de aplausos pela professora Olga a

defesa e apresentação do projeto de final do curso de jornalismo, da aluna e agora jornalista

Andrea Gisele Nóbrega com o programa Negrícia, fruto e sucesso da Rádio Porto do Capim.

Em seguida Olga colocou também para os presentes a vinda de 05 alunos do curso de

comunicação - da disciplina que ela leciona - Estágio Supervisionado I, II, III, onde os

mesmos ficarão durante quatro meses participando ativamente das atividades da rádio

acompanhando e preparando os programas juntos com as pessoas responsáveis pelos mesmos,

com avaliação da professora. Das meninas do Porto do Capim, o de Jairo Pessoa, o de Nai

Gomes, de Hugo e dos Gonzagas (que continuam produzindo fora da rádio e vão ser

convidados a retomar) e outros. Ficou a princípio marcado para o dia 18 (sábado às 10 horas)

uma reunião de apresentação dos estagiários para reconhecimento da área e das instalações da

rádio e juntamente com o pessoal do Porto do Capim para monitoramento técnico. Ficou

marcado também para o dia 29 um encontro do comitê gestor com os estagiários para

definição das atividades, acompanhamento técnico por Dalmo e Jairo, para os programas que

eles irão junto executar. Em seguida Eu, Antânia, também coloquei a possibilidade da

realização do meu projeto de Mestrado, onde serão feitos programas de rádio na área de

Educação Ambiental com orientação da professora Glória Rabay, produzidos na Comunidade

Porto do Capim e exibidos pela web rádio e marquei uma reunião com Rossana para iniciar

minha convivência com as pessoas daquela área. Rossana solicitou a ajuda de Dalmo Oliveira

no orçamento e levantamento para compra do material da rádio difusora na área do Porto do

Capim, sendo amplificadores, caixas de som, onde a mesma já dispõe de verba para tal. A

partir disso, Jairo Pessoa ficou incumbido de ver a autorização para colocar as caixas nos

postes e a possibilidade de alguns patrocínios, buscando parcerias para cobrir as despesas de

energia elétrica no atelier. Ficou no momento marcado também uma reunião com o jornalista

e empresário Walter Santos que tem mostrado interesse de contribuir com as ações do atelier e

da rádio Porto do Capim. Rossana também destacou que está programado para o dia 09 de

maio próximo uma atividade cultural do Porto do Capim onde ela pensa em divulgar ao vivo

pela rádio e depois ficar sendo reprisado e ficou de sentar com alguns membros para informar

a programação. Ao mesmo tempo Dalmo também enfatizou que será realizada no dia 15 de

maio a Plenária de saúde da população negra, na Casa da Pólvora, de 13 às 17 horas onde

também haverá possibilidade de ser ao vivo pela rádio Porto do Capim. Foi encerrada a

reunião ficando acertada a próxima para o dia 29, às 16 horas, no atelier.

Por Antônia Sousa.

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Anexos 4 e 5

WEBRÁDIO PORTO DO CAPIM

PORTO DO CAPIM EM AÇĀO

SCRIPT E PRODUÇÃO: ANDREZZA CARLA

PROGRAMA DO DIA 2 DE JUNHO DE 2014

GRAVAÇĀO: 24 DE MAIO DE 2014

HISTÓRIAS DO PORTO

____________________________________________________________

PRIMEIRO BLOCO

ABERTURA:

TÉCNICA: TOCA A VINHETA DE PRODUÇĀO INDEPENDENTE SEGUIDA DA

ABERTURA DO PORTO DO CAPIM EM AÇĀO E VAI CAINDO PARA O BG.

LOCUTOR: (EDITORIAL)

LOCUTOR: Boa noite! Está no ar a primeira ediçāo do Programa Porto do Capim em Açāo,

uma iniciativa da Associação de Mulheres do Porto do Capim, como parte do projeto de

mestrado em jornalismo pela UFPB.

Semanalmente estaremos trazendo informações sobre saúde, educação, cultura, moda,

culinária, a história da nossa comunidade, e principalmente discursões que norteiam os

interesses sociais dos moradores do Porto do Capim.

Para nós que representamos a comunidade Porto do Capim com um instrumento de difusão

como este, entendemos que será um passo importante para o fortalecimento da autoestima e

das relações sociais e desenvolver este programa como uma forma de envolver a nossa

comunidade no processo de transformação social e melhoria da nossa qualidade de vida, a

partir do momento que temos a partir de agora um espaço para dar voz a quem não tinha voz,

a partir do momento em que os nativos da comunidade, possam participar ativamente e se

sentir valorizados.

E é justamente neste sentido que fizemos questão de dar início a este nosso encontro semanal

com um o programa que busca valorizar a memória através de relatos de alguns moradores

mais antigos do Porto do Capim. É a história contada pelos próprios personagens.

Eu sou Rossana Holanda, presidente da Associação de Mulheres do Porto do Capim.

LOCUTOR: E eu sou Andréia Farias.

TÉCNICA: ENTRA VINHETA SECA DO PROGRAMA.

LOCUTOR: Vamos aos principais informes da comunidade:

LOCUTOR: Moradores mais antigos contam suas memórias sobre a vida no Antigo Porto.

LOCUTOR: Comunidade se prepara para a realização de mais uma edição do Arraiá da

Catequese.

LOCUTOR: Arraiá do Porto do Capim acontece no dia 28 de junho.

TÉCNICA: TOCA A VINHETA SECA DO PORTO DO CAPIM EM AÇĀO.

LOCUTOR: O Porto do Varadouro, mais conhecido como Porto do Capim, contém as

principais memórias de João Pessoa. Há quem diga que a entrada da cidade pelo Porto foi a

primeira vista que os colonizadores tiveram quando chegaram aqui.

Perseverança, cultura, religião e tradição são os fortes da comunidade em que vivemos hoje e

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isso foi construído no decorrer dos anos pelos moradores que começaram a habitar a região do

Antigo Porto.

A repórter Andréia Farias conversou com Dona Maria da Penha, moradora da localidade há 52

anos e responsável pelo surgimento da tradicional procissão marítima de Nossa Senhora da

Conceição.

TÉCNICA: ENTRA ENTREVISTA DE DONA PENHA.

LOCUTOR: Nós vamos a um breve intervalo. O programa Porto do Capim em Ação volta já.

SEGUNDO BLOCO

TÉCNICA: ENTRA VINHETA VOLTAMOS A APRESENTAR.

LOCUTOR: Você está ouvindo o Programa Porto do Capim em Ação, uma iniciativa da

Associação de Mulheres do Porto do Capim.

LOCUTOR: Você pode interagir com a gente pelas redes sociais.

LOCUTOR: No Facebook pela página: www.facebook.com/radioportodocapim.

LOCUTOR: Ou pelo nosso Twitter @radioportocapim.

LOCUTOR: OLÁ, SOU JOYCE LIMA! SE LIGA NA AGENDA CULTURAL DA NOSSA

COMUNIDADE PARA O MÊS DE JUNHO.

LOCUTOR: Dia 28 de junho acontece o Arraiá do Porto do Capim. O evento terá início às 18

horas com um bazar comunitário. Em seguida a animação da festa fica por conta das

apresentações de quadrilha junina, trio pé-de-serra, sorteios de rifa e do bingo.

LOCUTOR: Igreja São Frei Pedro Gonçalves começa os preparativos para o Arraiá da

Catequese. O evento, que acontece anualmente, é conhecido por reunir as crianças da

catequese e os idosos da comunidade.

>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>><<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<

LOCUTOR: Agora vamos as nossas dicas de saúde, com Joyce Lima.

TÉCNICA: ENTRA VINHETA DO QUADRO SAÚDE.

LOCUTOR: (?) E então Rozeane, quais as dicas que você traz pra gente hoje?

ROZEANE: (?) Você sabia que o consumo em excesso de refrigerantes e sucos prontos pode

causar obesidade, diabetes, mau funcionamento dos rins e aumento da pressão arterial?

LOCUTOR: (?) Então o mais saudável é ficar no suco de frutas, né isso?

ROZEANE: É sim e outra coisa importante é distribuir melhor as refeições ao longo do dia. O

ideal é se alimentar a cada três horas, assim o nosso metabolismo não diminui e não vamos

sentir vontade de comer muito em determinadas horas, principalmente à noite.

LOCUTOR: (?) Então é verdade aquela história que não faz bem comer muito a noite?

ROZEANE: É verdade, durante a noite o nosso metabolismo fica mais lento, o que dificulta a

perda de calorias, facilitando o aumento de peso. Além disso, dormir de barriga muito cheia

pode prejudicar o sono.

LOCUTOR: (?) Para o nosso ouvinte entender melhor, o que é o metabolismo?

ROZEANE: É o conjunto de transformações sofridas no corpo humano. Essas transformações

acontecem a partir das substâncias que formam o organismo. Por isso a alimentação é

importante, assim como beber muito líquido durante o dia. (?) Quantos copos de água você

bebe por dia?

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LOCUTOR: Responde.

ROZEANE: O certo é beber pelo menos oito copos ou dois litros de água diariamente, pois o

consumo contínuo de líquidos mantém o nosso metabolismo em constante movimento, além

de ajudar no funcionamento do intestino. O certo é não esperar a sede, porque quando ela

chega já é sinal de que o corpo está desidratado.

LOCUTOR: Interage com a informação.

ROZEANE: Para finalizar, outra coisa muito importante para a nossa saúde é PRATICAR

exercícios físicos, porque promove o bem-estar do corpo humano, ajuda na resistência física e

diminui o estresse. Para quem tem mais de 35 anos, as atividades físicas facilitam na

manutenção do peso.

LOCUTOR: Tá certo, então Rozeane. Você conferiu agora as dicas de saúde com Rozeane

Mendes.

TÉCNICA: ENTRA VINHETA SECA DO PROGRAMA.

LOCUTOR: Com a feira trazida pelas embarcações o comércio era intenso no Porto do

Capim, o que ocasionou com o tempo a ocupação de terrenos para construção de moradias e

fortaleceu a economia na localidade.

E foi acreditando nas oportunidades que surgiam aqui, que Edmilson Gomes Bezerra, mais

conhecido como Seu Pintinho, deixou de servir ao Exército para construir sua vida às margens

do Rio Sanhauá, como conta em entrevista a repórter Joyce Lima.

TÉCNICA: ENTRA ENTREVISTA DE SEU PINTINHO.

LOCUTOR: Vamos ao intervalo comercial. Já voltamos com mais informação e assuntos da

comunidade.

LOCUTOR: O programa Porto do Capim em Ação volta já.

TÉCNICA: ENTRA VINHETA ESTAMOS APRESENTANDO

TERCEIRO BLOCO

LOCUTOR: Você está ouvindo o Programa Porto do Capim em Ação, uma iniciativa da

Associação de Mulheres do Porto do Capim.

LOCUTOR: Você pode interagir com a gente pelas redes sociais.

LOCUTOR: No Facebook pela página: www.facebook.com/radioportodocapim.

LOCUTOR: Ou pelo nosso Twitter @radioportocapim.

VINHETA

LOCUTOR: O tempo passou e a comunidade cresceu bastante. Hoje aproximadamente 500

famílias moram no Porto do Capim. Pedro Paulino de Holanda reside há mais de 50 anos na

localidade e é chefe de uma família que já está na quinta geração.

Na época do Antigo Porto trabalhou como estivador, tornou-se presidente do Sindicato dos

Arrumadores e compartilhou um pouco da sua vivência em nossa comunidade.

SEU PEDRO CONVERSOU COM A REPÓRTER ROSSANA HOLANDA.

TÉCNICA: ENTRA VINHETA SECA DO PROGRAMA.

ENCERRAMENTO:

LOC 1:Você acabou de ouvir o programa Porto do Capim em Ação.

LOC 2: Agradecemos a todos pela audiência.

LOC 3: Continuem ligados em nossa programação.

LOC 4: Boa noite e ATÉ A PRÓXIMA EDIÇÃO...

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WEBRÁDIO PORTO DO CAPIM

PORTO DO CAPIM EM AÇĀO

SCRIPT E PRODUÇÃO: ANDREZZA CARLA

PROGRAMA DO DIA 6 DE JUNHO DE 2014

GRAVAÇĀO: 01 DE MAIO DE 2014

HISTÓRIAS DO PORTO

____________________________________________________________

PRIMEIRO BLOCO

ABERTURA:

TÉCNICA: TOCA A VINHETA DE PRODUÇĀO INDEPENDENTE SEGUIDA DA

ABERTURA DO PORTO DO CAPIM EM AÇĀO E VAI CAINDO PARA O BG.

LOCUTOR: (EDITORIAL)

LOCUTOR: Boa noite!/ Está no ar a segunda edição do Programa Porto do Capim em Ação,

uma iniciativa da Associação de Mulheres do Porto do Capim, como parte do projeto de

mestrado em jornalismo pela UFPB./

LOCUTOR: Semanalmente estaremos trazendo informações sobre saúde, educação, cultura,

moda, culinária, a história da nossa comunidade, e principalmente discursões que norteiam os

interesses sociais dos moradores do Porto do Capim./

LOCUTOR: E por falar em cultura, estamos no mês de junho./ É tempo de comemorar a forte

tradição dos festejos juninos./

LOCUTOR: Momento de exaltar São João, São Pedro, Santo Antônio./ Quadrilha, comidas

típicas e muito forró marcam o mês mais efervescente do ano na região nordeste./

LOCUTOR: (?) Mas, como estão os preparativos para o São João na nossa comunidade?/ O

programa de hoje traz um pouco do Porto do Capim no mês de Junho./

LOCUTOR: Histórias, comidas, música, roupas e os personagens que mantém vivo o São

João no Porto do Capim./

LOCUTOR: Em estúdio vamos conversar com Seu Valentim, sanfoneiro e compositor do

grupo Os valentes do Nordeste./ Eu sou Rossana Holanda, presidente da Associação de

Mulheres do Porto do Capim.//

LOCUTOR: Eu sou Andréia...

TÉCNICA: ENTRA VINHETA SECA DO PROGRAMA.

LOCUTOR: Vamos aos principais informes da comunidade:

LOCUTOR: Começa a comercialização de comidas típicas no Porto do Capim./

LOCUTOR: Ateliê multicultural Elionai Gomes realiza programação especial para o mês de

junho./

LOCUTOR: Comunidade se prepara para a realização de mais um Arraiá da Catequese./

LOCUTOR: Começa os ensaios da quadrilha junina infantil Ribeirão.

LOCUTOR: Arraiá do Porto do Capim acontece no dia 28 de junho./

TÉCNICA: TOCA A VINHETA SECA DO PORTO DO CAPIM EM AÇĀO.

LOCUTOR: Aqui no Porto do Capim a iniciativa dos moradores move a cultura da

comunidade./

Dona Maria da Penha vende comidas típicas na porta de sua casa durante o mês de junho,

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acompanhou os grandes festejos juninos do Porto do Capim e do Centro de João Pessoa./

É uma das figuras características do São João na comunidade, como mostra a matéria de

Andrezza Carla.//

TÉCNICA: ENTRA MATÉRIA COM DONA PENHA.

TÉCNICA: ENTRA VINHETA SECA DO PROGRAMA.

LOCUTOR: Nós vamos a um breve intervalo. O programa Porto do Capim em Ação volta já.

SEGUNDO BLOCO

TÉCNICA: ENTRA VINHETA VOLTAMOS A APRESENTAR.

LOCUTOR: Você está ouvindo o Programa Porto do Capim em Ação, uma iniciativa da

Associação de Mulheres do Porto do Capim.

LOCUTOR: Você pode interagir com a gente pelas redes sociais.

LOCUTOR: No Facebook pela página: www.facebook.com/radioportodocapim. Ou pelo

nosso Twitter @radioportocapim.

LOCUTOR: Agora vamos falar de comidas típicas. A nossa coluna de culinária conversou

com Rosália Gomes, mais conhecida como Bela, famosa por seus quitutes na comunidade.

TÉCNICA: ENTRA VINHETA DE CULINÁRIA.

TÉCNICA: ENTRA ENTREVISTA COM BELA.

TÉCNICA: ENTRA VINHETA SECA DO PROGRAMA.

LOCUTOR: Se liga na agenda da nossa comunidade:

TÉCNICA: ENTRA VINHETA DA AGENDA CULTURAL.

LOCUTOR: Dia 28 de junho acontece o Arraiá do Porto do Capim. O evento terá início às 18

horas com um bazar comunitário. Em seguida a animação da festa fica por conta das

apresentações de quadrilha junina, trio pé-de-serra, sorteios de rifa e do bingo.

LOCUTOR: No mês de junho o Centro Histórico de João Pessoa vai poder festejar em grande

estilo com muito forró tradicional./

O Ateliê Multicultural Elionai Gomes realiza nos dias 14, 21 e 28 o projeto Luz de

Candeeiro./

LOCUTOR: Igreja São Frei Pedro Gonçalves começa os preparativos para o Arraiá da

Catequese. O evento, que acontece anualmente, é conhecido por reunir as crianças da

catequese e os idosos da comunidade.

TÉCNICA: ENTRA VINHETA SECA DO PROGRAMA.

LOCUTOR: O nosso quadro de moda dessa semana conversou com Geysa de Holanda, a

famosa “Preta”, que comentou as tendências de tratamento capilar do Porto do Capim./

TÉCNICA: ENTRA VINHETA DE MODA.

TÉCNICA: ENTRA ENTREVISTA COM GEYSA.

LOCUTOR: Também conversamos com Ednaldo, famoso pelo seu trabalho como costureiro

na comunidade./

TÉCNICA: ENTRA VINHETA DE MODA.

TÉCNICA: ENTRA ENTREVISTA COM EDNALDO.

TÉCNICA: ENTRA VINHETA SECA DO PROGRAMA.

LOCUTOR: Vamos ao intervalo comercial. Já voltamos com mais informação e assuntos da

comunidade.

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LOCUTOR: O programa Porto do Capim em Ação volta já.

TÉCNICA: ENTRA VINHETA ESTAMOS APRESENTANDO

TERCEIRO BLOCO

LOCUTOR: Você está ouvindo o Programa Porto do Capim em Ação, uma iniciativa da

Associação de Mulheres do Porto do Capim.

LOCUTOR: Você pode interagir com a gente pelas redes sociais.

LOCUTOR: No Facebook pela página: www.facebook.com/radioportodocapim. Ou pelo

nosso Twitter @radioportocapim.

TÉCNICA: ENTRA VINHETA SECA DO PROGRAMA.

LOCUTOR: O forró move os festejos juninos./

É indispensável nessa época do ano, embala as noites de fogueira, anima as quadrilhas e

exalta a nossa tradição./

Estamos recebendo em nosso estúdio Seu Valentim, sanfoneiro conhecido na comunidade./

Além de ser um dos integrantes do grupo Os Valentes do Nordeste, também é compositor e

um dos personagens que colaboram para manter acesa a chama das fogueiras juninas na

comunidade./

Boa noite, Seu Valentim./

• conta melhor pra gente como começou sua vida na música?

• (?) E a compor músicas?/ Há quanto tempo o senhor compõe? < após

a resposta> O senhor poderia mostrar um pedacinho de uma de suas músicas autorais?

• (?)E o grupo? /Há quanto tempo vocês estão juntos na estrada?

• Vocês tem algum CD gravado?

Capim? Como era o São João antigamente na comunidade?

• IA: (?) O que era mais tocado naquela época? Dá pra fazer uma palhinha

pra gente?

• ão João da comunidade?

• Como tá a agenda do grupo agora no mês de junho? Já tem alguma

apresentação marcada?

• tato do grupo? Como faz pra agendar uma apresentação?

ENCERRAMENTO:

LOC 1: O programa Porto do Capim em ação de hoje vai ficando por aqui. Obrigada a todos

pela audiência. Uma boa noite e continue ligado na nossa programação!

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Anexo 6

TEXTO DA MATÉRIA PARA O PROGRAMA PORTO DO CAPIM EM AÇÃO

REPORTAGEM: ANDREZZA CARLA - ESTAGIÁRIA DE JORNALISMO

Cultura, Tradição, força, história! A comunidade Porto do Capim guarda em suas entrelinhas o

primeiro parágrafo da história de João Pessoa. /

Situada às margens do Rio Sanhauá, a região ficou marcada pela chegada dos portugueses e

holandeses no período colonial e pela construção do Forte do Varadouro, que deu origem ao

Porto do Capim./

O porto, enquanto esteve um funcionamento, fez do local um verdadeiro pólo econômico./

Além das feiras trazidas pelas embarcações, armazéns, cortumes e uma alfândega foi

construída na região, fazendo com que a população visse nas margens do rio, a oportunidade

de melhorar de vida./

Com a construção do Porto de Cabedelo e a efetivação do transporte ferroviário, o tempo fez

com que o porto fosse sendo desativado./

A realidade econômica do lugar é bem diferente nos dias atuais e o poder público não dá a

devida atenção à localidade, mas cada pessoa, cada construção, traz um pouco do passado e

fortalece a memória, do que era a região quando o antigo porto funcionava./

Dona Maria da Penha mora há 60 anos na comunidade, quando chegou ainda presenciou as

feiras trazidas pelas embarcações e os armazéns em funcionamento, aprendeu a fazer carvão e

a cozinhar comidas típicas, viu na frente da sua casa um ponto de comércio e conseguiu criar

seus filhos com o seu trabalho./

(6’50’’/34’’/1’17’’/1’53’/7’14’) =>sobre a frente da casa dela, dos produtos que ela vende, do

prazer que tem em trabalhar.)

Mas antes de conseguir ganhar dinheiro cozinhando, Dona Penha trabalhou em uma das

fábricas do Porto./ Lembra claramente de como era o trabalho na firma de agave e dos

momentos que viveu enquanto trabalhava lá (5’10’’=> firma de agave, trabalhou como

revisora).

Hoje é conhecida pela venda de comidas típicas, mas a relação de Dona Penha com o São

João vai além de seus dotes culinários. Ela presenciou grandes apresentações de quadrilhas

juninas em frente a sua casa e relembra com emoção os festejos juninos que aconteciam no

centro da cidade./

(3’32’’)=> quadrilhas na frente da casa dela/9’32’’=> quadrilhas de antigamente./8’42’’=> ela

cantando./

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Anexos 7, 8 e 9

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE REFERÊNCIA EM DIREITOS HUMANOS

DIREITO ACHADO NO PORTO

PROGRAMA DO DIA 03 DE JUNHO DE 2014

SEGURANÇA PÚBLICA

ABERTURA (APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA)

TÉCNICA – TOCA ABERTURA DO DIREITO ACHADO NO PORTO E VAI CAINDO

PARA O BG

LOCUTOR: Olá, está no ar o programa Direito Achado no Porto! Uma produção do Centro

de Referência em Direitos Humanos da Universidade Federal da Paraíba.

O Laboratório de Pesquisa e Extensão em Subjetividade Humana e Segurança Pública

(Lapsus) é uma entidade acadêmica ligada ao Centro de Referência em Direitos Humanos.

O grupo é formado por estudantes de Direito, Serviço Social e Psicologia/ sendo coordenado

pelo Prof. Nelson Gomes Júnior. Desde 2010, realiza atividades com o objetivo de promover

e garantir os direitos humanos por meio do apoio psicossocial a familiares de presos. O grupo

realiza também o monitoramento das condições do cárcere em João Pessoa.//

Segurança Pública é o tema do programa de hoje. Para tratar do assunto, temos conosco o

psicólogo Rodolfo Marques e o estudante de psicologia Bruno Gonçalves, integrantes do

LAPSUS.

Boa noite, eu sou Nathalia Correia e está começando o Direito Achado no Porto, na Webrádio

Porto do Capim.//

TÉCNICA – SOLTA O BG E CAI PARA COMEÇAR O PAINEL

>>>>> SEGUE

PRIMEIRO BLOCO

LOCUTOR:

1 – Como pode ser entendida a segurança pública e quais são suas ligações com os Direitos

Humanos?

2 – Como a televisão e os jornais podem influenciar a visão das pessoas sobre um

determinado bairro da cidade?

3 – Como a polícia e a justiça podem ser usadas para excluir marginalizar comunidades da

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102

cidade?

LOCUTOR: Faremos agora um pequeno intervalo e voltaremos em instantes com o painel

sobre a “Segurança Pública”. Temos como convidados o psicólogo Rodolfo Marques e o

estudante de psicologia Bruno Gonçalves, integrantes do LAPSUS (Laboratório de Pesquisa e

Extensão em Subjetividade Humana e Segurança Pública da UFPB).

TÉCNICA – SOLTA VINHETA DO INTERVALO DO DIREITO ACHADO NO PORTO.

SEGUNDO BLOCO

TÉCNICA – SOLTA VINHETA DO INTERVALO DO DIREITO ACHADO NO PORTO.

LOCUTOR: Estamos de volta com o Direito achado no Porto. Hoje trazemos o psicólogo

Rodolfo Marques e o estudante de psicologia Bruno Gonçalves, integrantes do LAPSUS, com

quem estamos discutindo o tema “Segurança Pública”.

QUADRO DIREITO ACHADO NA MÚSICA

Vamos ouvir agora o quadro direito achado na música! Toda quinta-feira traremos uma

música relacionada ao tema da discussão. Hoje a gente vai de Cê Lá Faz Ideia - Emicida.//

TÉCNICA – SOLTA A MÚSICA “CÊ LÁ FAZ IDEIA - EMICIDA”

>>>>> SEGUE

04 – Quais são os procedimentos da abordagem policial?

05 -

06–

LOCUTOR: Gostaríamos de agradecer ao psicólogo Rodolfo Marques e o estudante de

psicologia Bruno Gonçalves, pela presença neste programa, que abordou “Segurança

Pública”.

TÉCNICA – SOLTA A MÚSICA “CABIDELA - SEU PEREIRA E COLETIVO 401”

ENCERRAMENTO

LOCUTOR: Este programa teve produção de toda a equipe do CRDH e apresentação de

Nathalia Correia.

TÉCNICA – SOBE BG E DEIXA ROLAR ATÉ O FIM DA FAIXA.

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103

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE REFERÊNCIA EM DIREITOS HUMANOS

DIREITO ACHADO NO PORTO

PROGRAMA DO DIA 12 DE JUNHO DE 2014

TERRA E TERRITÓRIO NA COMUNIDADE PORTO DO CAPIM

ABERTURA (APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA)

TÉCNICA – TOCA ABERTURA DO DIREITO ACHADO NO PORTO E VAI CAINDO

PARA O BG

LOCUTOR:

Olá, está no ar o programa Direito Achado no Porto! Uma produção do Centro de Referência

em Direitos Humanos da Universidade Federal da Paraíba, em parceria com a Dignitatis –

Assessoria Técnica Popular. O programa vai ao ar todas as quintas-feiras e tem como proposta

promover a participação dinâmica de todos os eixos de atuação que compõem o Centro.

Os eixos de atuação do Centro são: Mediação de Conflitos, Sistema Carcerário, Terra e

Território, Gênero e Saúde e Saúde Mental. Cada um desses grupos tem uma equipe de

estudantes extensionistas e professores-coordenadores, que poderão colaborar na concepção e

na condução deste programa.

O nosso objetivo principal é abordar temáticas que envolvam os Direitos Humanos e que

possam ser relacionadas com as demandas e interesses da comunidade neste campo de

atuação. Os temas abordados no programa serão mapeados a partir de atividades junto à

Associação de Mulheres do Porto do Capim e discutidos com a participação dos membros da

comunidade e das organizações parceiras.

Terra e território é o tema do programa de hoje e para tratar do assunto e falar também sobre

atuação do CRDH na comunidade do Porto do Capim, temos conosco o professor do curso de

direito da UFPB e coordenador do Centro de Referência em Direitos Humanos, Hugo

Belarmino e o advogado do Centro de Referência, Pablo Honorato. No estúdio também,

dividindo a apresentação comigo, temos o com o psicólogo do Centro de Referencia, Rodolfo

Marques.

Boa noite, eu sou Nathalia Correia, estudante de Jornalismo da UFPB e está começando o

Direito achado no Porto, na web rádio Porto do Capim.//

TÉCNICA – SOLTA O BG E CAI PARA COMEÇAR O PAINEL.

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104

>>>>> SEGUE

PRIMEIRO BLOCO

LOCUTOR:

01 - Qual a importância do território na vida das pessoas?

02 - Gostaríamos que vocês explicassem para nossos ouvintes como o PAC Cidades

Históricas irá afetar a Comunidade do Porto do Capim.

03 - Existe algum amparo legal para a permanência de comunidades no território que elas

ocupam tradicionalmente?

LOCUTOR: Faremos agora um pequeno intervalo e voltaremos em instantes com o painel

sobre a “Terra e Território na Comunidade do Porto do Capim”. Temos como convidados o

advogado do Centro de Referencia em Direitos Humanos da UFPB, Pablo Honorato, e o

professor de direito da UFPB, Hugo Belarmino.

TÉCNICA – SOLTA VINHETA DO INTERVALO DO DIREITO ACHADO NO PORTO.

SEGUNDO BLOCO

TÉCNICA – SOLTA VINHETA DO INTERVALO DO DIREITO ACHADO NO PORTO.

LOCUTOR: Estamos de volta com o Direito achado no Porto. Hoje trazemos o advogado,

Pablo Honorato e o professor de direito, Hugo Belarmino, com quem estamos discutindo terra

e território na comunidade do Porto do Capim.

QUADRO DIREITO ACHADO NA MÚSICA

Vamos ouvir agora o quadro direito achado na música! Toda quinta-feira traremos uma

música relacionada ao tema da discussão. Hoje a gente vai de Despejo na Favela, de Adoniran

Barbosa.//

TÉCNICA – SOLTA A MÚSICA “DESPEJO NA FAVELA - ADONIRAN BARBOSA”

>>>>> SEGUE

04 - Existe necessidade de consulta prévia à comunidade, antes de realização de intervenções

por parte do governo que possam afetar a vida dos moradores?

05 - Como se deve proceder no caso de o poder público não respeitar os direitos da

comunidade?

06 - Se a propriedade de um bem público não pode ser transmitida ao indivíduo pela

usucapião como a comunidade pode ter direito a permanecer na margem de um rio, que é um

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terreno de marinha e logo um bem da União?

07 - Como o proprietário de um bem pode exigir de volta a sua posse?

LOCUTOR: Gostaríamos de agradecer ao professor Hugo Belarmino e ao advogado Pablo

Honorato pela presença neste programa, que abordou Terra e Território na Comunidade do

Porto do Capim.

TÉCNICA – SOLTA A MÚSICA “OPINIÃO - NARA LEÃO”

ENCERRAMENTO

LOCUTOR: Este programa teve produção de Nathalia Correia, Rodolfo Marques e Pablo

Honorato. Apresentação de Nathalia Correia e Rodolfo Marques.

TÉCNICA – SOBE BG E DEIXA ROLAR ATÉ O FIM DA FAIXA.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE REFERÊNCIA EM DIREITOS HUMANOS

DIREITO ACHADO NO PORTO

PROGRAMA DO DIA 10 DE JUNHO DE 2014

MEIO AMBIENTE E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

ABERTURA (APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA)

TÉCNICA – TOCA ABERTURA DO DIREITO ACHADO NO PORTO E VAI CAINDO

PARA O BG.

LOCUTOR: Olá, está no ar o programa Direito Achado no Porto! Uma produção do Centro

de Referência em Direitos Humanos da Universidade Federal da Paraíba.

Boa noite, eu sou Nathalia Correia e está começando o Direito achado no Porto, na web rádio

Porto do Capim.//

TÉCNICA – SOLTA O BG E CAI PARA COMEÇAR O PAINEL

O projeto de extensão Ymyrapytã desenvolve pesquisas e ações em comunidades

Tradicionais, visando garantir seus direitos, tradições e o uso sustentável da terra e riquezas

naturais. O grupo analisa os desafios dos Riberinhos, Pescadores e Indígenas diante da

especulação imobiliária (a construção de casas em áreas de proteção ambiental), o uso único

do solo (através da cana-de-açúcar) e o aumento da poluição nos rios e matas.

O Ymyrapytã atua na comunidade de Areia Branca, considerada uma das principais áreas de

preservação ambiental do litoral norte da Paraíba e presta assessoria jurídica popular no

campo da educação em direitos humanos, direito constitucional, direito ambiental e demais

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áreas indicadas pela comunidade.

O Ymyrapytã faz parte dos eixos de atuação do Centro de Referencia em Direitos Humanos e

hoje vêm discutir a atual situação dos moradores do Porto do Capim. Meio ambiente e

participação social é o tema do programa de hoje. Para tratar do assunto, temos o professor do

curso de direito da UFPB, Eduardo Fernandes e o(s) estudante(s) extensionistas do projeto de

Ymyrapytã, Daniele Andrade, Wyllck Jadyson, Eduardo Bonfim.

>>>>> SEGUE

PRIMEIRO BLOCO

LOCUTOR:

01 -

02 -

03 -

LOCUTOR: Faremos agora um pequeno intervalo e voltaremos em instantes com o painel

sobre a “Meio ambiente e participação social”. Temos como convidados o professor do curso

de direito da UFPB, Eduardo Fernandes e o(s) estudante(s) extensionistas do projeto de

Ymyrapytã, _________________________.

TÉCNICA – SOLTA VINHETA DO INTERVALO DO DIREITO ACHADO NO PORTO.

SEGUNDO BLOCO

TÉCNICA – SOLTA VINHETA DO INTERVALO DO DIREITO ACHADO NO PORTO.

LOCUTOR: Estamos de volta com o Direito achado no Porto. Hoje trazemos o professor do

curso de direito da UFPB, Eduardo Fernandes e o(s) estudante(s)_______________, com

quem estamos discutindo o tema “Meio ambiente e participação social”.

QUADRO DIREITO ACHADO NA MÚSICA

Vamos ouvir agora o quadro direito achado na música! Toda quinta-feira traremos uma

música relacionada ao tema da discussão. Hoje a gente vai de Rios, pontes e overdrives, de

Chico Science e Nação Zumbi.//

TÉCNICA – SOLTA A MÚSICA “RIOS, PONTES & OVERDRIVES - CHICO SCIENCE E

NAÇÃO ZUMBI”

>>>>> SEGUE

04 –

05 -

06 –

LOCUTOR: Gostaríamos de agradecer ao professor Eduardo Fernandes e dos estudantes

__________________ pela presença neste programa, que abordou Meio ambiente e

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107

participação social.

TÉCNICA – SOLTA A MÚSICA “____________________”

ENCERRAMENTO

LOCUTOR: Este programa teve produção de Rodolfo Marques e Nathalia Correia.

Apresentação de Rodolfo Marques.

TÉCNICA – SOBE BG E DEIXA ROLAR ATÉ O FIM DA FAIXA.

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108

Anexos 10, 11, 12 e 13

ROTEIRO PROGRAMA NEGRÍCIA 01

DURAÇÃ

O:

01:06:00”

PROGRAMA: NEGRÍCIA

TEMA: O RACISMO E A VIOLÊNCIA CONTRA A JUVENTUDE NEGRA

DIREÇÃO, PRODUÇÃO E TÉCNICA: COLETIVO NEGRÍCIA

(ANA PAULA PEREIRA, ANDRÉA GISELE, MÁRIO CRUZ, JONATAS DU

MONTE E PATRÍCIA ASSAD)

TÉCNICA 1º BLOCO

VHT PRODUÇÃO INDEPENDENTE - TEMPO: 00:00:08”

VHT RÁDIO PORTO DO CAPIM -ANDREA E ANA- TEMPO: 00:00:05”

VHT PROGRAMA NEGRÍCIA (MARIO NAYABINGHI - TEMPO:

00:00:13”

ÁUDIO POEMA NÃO SE CONCEDE- ELE SEMOG NA VOZ DE

ALESSANDRO AMORIM -TEMPO: 00:00:28”

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LOCUTO

R 1

LOCUTO

R 2

TÉCNIC

A

Olá ouvintes, eu sou Mário Cruz é um enorme prazer estar com vocês conectados

à programação da Rádio Porto do Capim/

Está entrando no ar o programa Negrícia – a voz negra ecoando no mundo virtual/

O objetivo da nossa programação é apresentar e dialogar sobre temas importantes

para a população num todo e especificamente para a população negra/

Nosso referencial de identidade/

Cultura e conhecimento/

Através do espaço informativo da web rádio/

Juntamente comigo estão Andréa Gisele/

Jônatas Monte e Patrícia Assad/

Para o conhecimento dos ouvintes/

Negrícia é um coletivo que através da ferramenta comunicativa do rádio e da web

procura valorizar a identidade negra de uma maneira dinâmica e integracionista/

Olá, meu nome é Patrícia Assad/O nome tem origem num grupo de produção

Negrícia fundado em 1984, por Éle Semog, pseudônimo de Luiz Carlos Amaral

Gomes,

SEGUE >>>

Nascido no estado do Rio de Janeiro em 1952/

sua poesia e arte negra lhe marca como militante e individuo conscientizador da

realidade brasileira acerca do racismo/

Éle Semog formou-se em análise de sistemas e se especializou em administração

de empresas exercendo entre 1989 e 1996 a presidência do centro de articulação

de populações marginalizadas/

A CEAP/

No programa de hoje temos duas questões problema que interferem diretamente

na plenitude da vida e dos direitos constitucionais da juventude negra brasileira e

paraibana/

VHT NERÍCIA – MÁRIO – SECA ECO- TEMPO: 00:00:07”

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LOCUTO

R 3

LOCUTO

R 4

TÉCNIC

A

A primeira diz respeito ao racismo e a segunda refere-se de forma mais específica

ao genocídio da juventude negra/

Que de certa forma está sistematicamente organizada dentro da estrutura do

Estado através do racismo institucional quando este negligencia ou atua

diretamente no aumento dessa realidade da população jovem negra no Brasil//

Olá, eu sou Jônatas Monte/

Esse seguimento compreende os indivíduos entre 15 e 29 anos, que segundo a

UNICEF , de certa forma, são específicos e particulares na nossa sociedade/

Está nitidamente perceptível nas praças, escolas, esquinas, locais de esporte e

lazer e, por incrível que pareça nas páginas e discursos dos jornais policiais/

Mas dentro deste seguimento ainda há especificidades no tocante a origem e

identidade racial da juventude/

Nesse caso, negros/

brancos e índios/

Eles se intercalam no funil seletivo dos meios de ascensão sociocultural e

econômica no Brasil/

Também é o norte de transformações de nossa sociedade que atualmente tem sido

destruído continuamente/

Principalmente a juventude negra pela dinâmica da violência//

VHT PORTO DO CAPIM – ANDRÉA E ANA - TEMPO: 00:00:05”

E aí beleza? Eu sou Andréa Gisele /

Vou falar para você um pouco de violência/

SEGUE >>>

Violência é algo que nos assola ultimamente e

Violência contra a juventude é ainda mais constante/

Sendo o público negro o alvo em evidência no catálogo de dados e registros de

homicídios contra a juventude negra e praticado pela juventude negra/

Observamos no cotidiano diversas falas acerca desta característica constante de

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111

TÉCNICA

LOCUTO

R 1

nossa sociedade/

Muitos falam em falta de civilidade/

Outros dizem que é o excesso de tecnologia/

Mas é certo que é o que nos fere e mata até na hora do sono relaxante/

Nosso país, para termos uma ideia, possui as posições número cinco, sete e nove

no ranking das cidades mais violentas sem estar em eminência ou declaração de

guerra civil para o mundo/

Sendo nosso estado e município o nono no relatório produzido pela ONG

mexicana Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal/

Que classifica as cidades como mais ou menos violentas, utilizando a taxa de

homicídio por 100 mil habitantes no ano passado.)///

POEMA – PONTO HISTÓRICO DE ÉLE SEMOG – POR MÁRIO CRUZ

- TEMPO: 00:01:26”

VHT NEGRÍCIA – ANDREA – ECO - TEMPO: 00:00:06”

MÚSICA: STILL A FOOL - MUDDY WATERS - TEMPO: 00:03:19”

VHT NEGRÍCIA – MÁRIO – SECO ECO - TEMPO: 00:00:02”

E o que é a violência?/

Bem/

Segundo a UNESCO, a violência é vista como violação de direitos humanos

fundamentais/

Com ameaça ao respeito aos princípios de liberdade e igualdade e principalmente

à vida/

Então/

Dentro dessa perspectiva a realidade brasileira mostra que a juventude negra está

caracterizada no grupo que é vítima e um número bem pequeno, mas significante

causadora de violências /

E é aqui que entra o fator crucial da nossa realidade/

É a nossa questão do racismo/ SEGUE

>>>

Consistindo em um dos maiores problemas que assola a humanidade/

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O racismo ao longo da história tem sido o sustentáculo e justificação dos

privilégios das elites/

Que nesse caso se caracterizam como as pessoas brancas em detrimento da

população como um todo/

Ou da sociedade humana como um todo/

E mais especificamente na realidade brasileira a questão da população negra e

indígena/

E o que é o racismo propriamente dito?/

É uma ideologia cientificamente desenvolvida no século dezenove dentro de um

momento hegemônico da Europa/

e tem como princípio, até hoje, a efetiva afirmação da superioridade branca

perante negros indígenas e asiáticos/

Na contemporaneidade, ela organiza-se como sistema de dominação e poder que

não somente justifica os privilégios gozados pelas elites/

Nesse caso as elites brancas no Brasil/

Mas busca legitimar-se como eterna tutora dos demais segmentos populacionais

não-brancos/

Outro ponto que temos de colocar é que ela interfere também dentro de um padrão

psicológico das populações porque ela cria um padrão de beleza branco-europeu e

isto fica visível na nossa sociedade como sendo único/

Nesse contexto o corpo negro/

Cor de pele/

Nariz/

Seus diversos tipos de cabelos são colocados como feios/

Estranhos e passíveis de sofrer todo tipo de violência/

Violação e ato racista/

Isso também vem se traduzindo na forma de como a violência é gerenciada diante

da população negra/

Sendo ela atuante/

Protagonista ou vítima ou em todo caso ela vai estar como protagonista atuando

diretamente ou como vítima/

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113

LOCUTO

R 2

SEGUE

>>>

Estas inquietações serão respondidas por duas personalidades do campo

educacional/

O primeiro é o Dr. Élio chaves flores/

Doutor em história e Professor do departamento de História da UFPB e

Alessandro Amorim/

Mestre em História e Professor da rede pública municipal de ensino/

Ambos entrevistados são ativistas no combate ao racismo sociocultural vivido por

toda a sociedade/

E atuam mais especificamente nos casos da sociedade paraibana e brasileira/

Fomos até a Universidade Federal da Paraíba ouvir a opinião de ambos os

professores que falaram sobre esta relação do racismo e violência contra a

juventude negra através do Estado//

TÉCNICA VHT RÁDIO NEGRICIA ANDREA E ANA - TEMPO: 00:00:05”

SOLTA ÁUDIO DO PROFESSOR ELIO CHAVES - TEMPO: 00:04:38”

VHT NEGRÍCIA – ANDRÉA- SECO ECO - TEMPO: 00:00:07”

ÁUDIO EXTRAÍDO DA CAMPANHA DIÁLOGOS CONTRA O

RACISMO, PELA IGUALDADE RACIAL - TEMPO: 00:00:37”

SOLTA ÁUDIO PROF ELIO SOBRE RACISMO INSTITUCIONAL -

TEMPO: 00:08:06”

MÚSICA: Z'AFRICA BRASIL - TEM COR AGE - TEMPO: 00:00:32”

LOCUTO

R 4

Vamos ouvir agora a opinião de Alessandro Amorim – professor – historiador e

ativista do movimento negro – sobre o racismo e a educação em João Pessoa////

TÉCNICA

ÁUDIO FALA ALESSANDRO AMORIM SOBRE RACISMO

INSTITUCIONAL - TEMPO: 00:03:04”

2º BLOCO

VHT WEB RÁDIO - ANA - TEMPO: 00:00:02”

VHT JUNTS - TEMPO: 00:00:15”

VHT PROGRAMA NEGRÍCIA ANDREA NAYABINGHI - TEMPO:

00:00:15”

POEMA DE OLIVEIRA SILVEIRA – ENCONTREI MINHAS ORIGENS -

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TÉCNICA

LOCUTOR 4

NA VOZ DE ALESSANDRO - TEMPO: 00:00:48”

MÚSICA: SÃO JORGE DE KIKO DINUCCI POR JUÇARA MARÇAL-

TEMPO:00:03:04”

SEGUE

>>>

ÁUDIO FALA MÁRIO E JÔNATAS (PARTE 1) - TEMPO: 00:08:39”

ÁUDIO FALA MÁRIO E JÔNATAS (PARTE 2) - TEMPO: 00:06:55”

VHT PROGRAMA NEGRÍCIA – ANDRÉA - TEMPO: 00:00:05”

POEMA – EU HABITO UMA FERIDA SAGRADA – NA VOZ DE

EDILEIDE VILAÇA TEMPO: 00:00:17”

3º BLOCO

VHT PROGRAMA NEGRÍCIA ANDREA SECO - TEMPO: 00:00:06”

VHT RÁDIO PORTO DO CAPIM ANDREA E ANA - TEMPO: 00:00:05”

POEMA – DANÇANDO NEGRO- DE ÉLE SEMOG– NA VOZ DE

ANDREA GISELE TEMPO: 00:00:38”

MÚSICA: PRETO EM MOVIMENTO DE MV BILL - TEMPO: 00:05:32”

Ouviremos agora um debate entre Mario Cruz e Jônatas Monte– historiadores

e ativistas negros/

LOCUTO

R 4

Dando continuidade aos diálogos e explicações sobre esta nossa atual realidade

ouviremos a segunda parte das duas argumentações ditas pelos professores Élio

Chaves Flores e Alessandro Amorim/

TÉCNICA FALA ALESSANDRO SENSIBILIZAÇÃO DO ALUNO - TEMPO:

00:02:27”

VHT WEB RÁDIO PORTO DO CAPIM – ANA - TEMPO: 00:00:02”

VHT NEGRÍCIA- ANDRÉA SECO – ECO - TEMPO: 00:00:06”

POEMA DE ÉLE SEMOG – GESTAS LÍRICAS DA NEGRITUDE – NA

VOZ DE ILBERTO CANUTO - TEMPO: 00:00:32”

VHT PROGRAMA NEGRÍCIA – MÁRIO – ECO SECO - TEMPO:

00:00:03”

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VHT JUNTS - TEMPO: 00:00:15”

ÁUDIO EXTRAÍDO DA CAMPANHA DIÁLOGOS CONTRA O

RACISMO, PELA IGUALDADE RACIAL 2 - TEMPO: 00:00:29”

4º BLOCO

VHT RÁDIO PORTO DO CAPIM ANDREA E ANA - TEMPO: 00:00:05”

VHT PROGRAMA NEGRÍCIA – MÁRIO – NAYABHINGHI - TEMPO:

00:00:13”

SEGUE

>>>

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LOCUTO

R 4

As músicas tocadas no programa hoje foram Still a Full de Muddy Waters/

Tem Cor Age de Z’áfrica Brasil/

São Jorge de Juçara Marçal e Preto em Movimento de MV Bill/

Estamos agora encerrando esta edição do programa Negrícia pela web rádio porto

do capim/

Se você gostou e quer dar alguma sugestão de pauta ou crítica/

Nos envie comentários na página da rádio Negrícia pelo Facebook/

Até a próxima e fiquem agora com uma pérola do compositor crioulo, adaptação

feita em cima da música “cálice” de Chico Buarque///

TÉCNICA

VHT PROGRAMA NEGRÍCIA MARIO SECO ECO – 0:07”

SOLTA SOM CRIOULO DOIDO – CÁLICE TEMPO: 00:01:36”

FIM

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ROTEIRO PROGRAMA NEGRÍCIA 02

DURAÇÃO:

00:46:25”

TEMA: O PROTAGONISMO DA MULHER NEGRA NA

CONTEMPORANEIDADE

DIREÇÃO, PRODUÇÃO E TÉCNICA: ANDRÉA GISELE E MÁRIO

CRUZ

TÉCNICA

1º BLOCO

VHT PRODUÇÃO INDEPENDENTE - TEMPO: 00:00:08”

VHT RÁDIO PORTO DO CAPIM (ANDREA E ANA)– TEMPO: 00:00:05”

VHT PROGRAMA NEGRÍCIA (MARIO NAYABINGHI – TEMPO:

00:00:13”

ÁUDIO POEMA VOZES MULHERES - CONCEIÇÃO EVARISTO POR

MARIO CRUZ - COM BASE VIOLÃO - TEMPO: 00:01:30”

LOCUTOR

1

TÉCNICA

LOCUTOR

2

Olá, sou Mário Cruz

É um enorme prazer estar com vocês, ouvintes conectados a programação da

rádio Porto do Capim/

Está entrando no ar mais um programa Negrícia – a voz negra ecoando no mundo

virtual/

Nosso objetivo enquanto programa ação no espaço da web radio é discutir,

valorizar e dialogar sobre temas importantes para a população na sua totalidade e

especificamente para a população negra, nosso referencial de identidade, cultura

e conhecimento//

Estamos hoje com o programa de numero dois/ cujo tema é o protagonismo da

mulher negra na contemporaneidade/

No programa de hoje teremos a participação da professora doutora em história da

UFPB Solange rocha e a estudante de comunicação com habilitação em

jornalismo e rapper Kalyne Lima/

Mande seus questionamentos, dúvidas, sugestões de matérias e/ou inquietações

sobre a temática negra pelo Facebook na nossa página negrícia- programa de

rádio/

Ouviremos agora a fala da professora e doutora em história Solange Rocha/

FALA PROF SOLANGE - MINORIA DE NEGR@S NA

UNIVERSIDADE - TEMPO: 00:02:36”

VHT PROGRAMA NEGRÍCIA – ANDREA E MARIO – NAYABINGHI

- TEMPO 00:00:11”

Olá, aqui quem fala é Andréa Gisele e vim aqui falar com vocês da minha visão/

Em conversas com algumas mulheres negras escuto quase que o mesmo discurso/

SEGUE >>> Quando elas têm uma posição de destaque na sociedade, como professoras,

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advogadas ou outras funções nunca são vistas como tal/

Os nossos méritos/

E falo como mulher negra, não passam pela cabeça das pessoas quando nos vêem

sem saber qual profissão possuímos/

Sempre atribuem um cargo abaixo ou simplesmente nenhum cargo pelo fator da

cor da pele/

Ao me pronunciar em certos locais as pessoas ou se espantam ou se afastam por

querer me desmerecer/

Achando que essa negrinha de cabelo diferente, que usa uns lenços amarrados na

cabeça, que acham legal, mas não usariam por não terem coragem/

Que fala com propriedade sobre sua identidade/

Dentre outros assuntos tem opinião formada e isso vejo como mais uma face do

racismo tentando me enfraquecer em suas incansáveis formas de me negar o

lugar na história que meus ancestrais lutaram e morreram para construir/

Deitam e rolam fingindo não terem essa lembrança histórica/

TÉCNICA

LOCUTOR

1

VHT JUNTS - TEMPO: 00:00:15”

MUSICA: HOUND DOG DE BIG MAMA THORNTON - TEMPO:

00:02’48”

PROJETO DIÁLOGOS CONTRA O RACISMO - TEMPO: 00:00:29”

POEMA MULATA EXPORTAÇÃO – ELISA LUCINDA POR ANDRÉA

GISELE - TEMPO: 00:01’37”

VHT NEGRÍCIA – ANDRÉA –SECO - TEMPO: 00:00:05”

Quando a mulher branca começou a queimar sutiã em praça pública exigindo

seus direitos, atitude que marca o início da luta feminista no mundo

masculinizado a mulher negra enxugava seu suor depois de um dia duro de

trabalho/

Em muitos casos cuidando da casa e filhos dessas mulheres brancas, cansada e

pensando nos filhos/

Segue para uma segunda jornada de esforço e dedicação/

Cuidar dos seus e de sua morada/

E ainda descansar para recomeçar a batalha no outro dia/

Muito se fala em avanços e lutas da mulher/

Mas pouco se discute sobre os problemas que a mulher negra enfrenta ao ser mãe

e mãe de famílias/

SEGUE >>> Na grande maioria das experiências sendo quem sofre as sentenças nos

julgamentos sociais e jurídicos dos insucessos de seus descendentes/

Nos empregos ou no dia-a-dia, muitas vezes, ela é vitima dos estereótipos/

Atitudes e práticas culturais da escravidão e do racismo moderno/

Ou seja/

Submetidas à negação de seus diretos trabalhistas quando funcionárias do

exercício doméstico/

Julgadas e excluídas por ter relacionamentos com companheiros contrários às

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119

leis/

Criminalizadas por receber benefícios sociais que ajudem ou mantenham ela e

seus descendentes filhas e filhos/

Desvalorizadas e mal tratadas e violentadas além do que nas relações amorosas e

principalmente no imaginário estético da sociedade/

Muitas vezes sendo vulgarizada/

Posta na condição de objeto comercializado do sexo/

Fatores que o feminismo e suas correntes no mundo ainda não colocaram nas

palavras de ordem e bandeiras de luta//

Ou seja/

Assim como no mundo/

O Brasil possui na sua história, memória e atualidade um problema que não foi e

não tem sido base para entender as relações hierarquizadas entre homens e

mulheres/

Fator que não surgiu na nossa atualidade/

mas sempre ficou invisível nos campos de discussão e melhoramento coletivo no

país e principalmente no mundo/

Ouviremos agora a fala da professora e doutora em história Solange Rocha//

TÉCNICA 2º BLOCO

FALA DA PROF SOLANGE ROCHA - MULHER NEGRA NA HISTORIA

- TEMPO: 00:03:09”

PROJETO DIÁLOGOS CONTRA O RACISMO - TEMPO: 00:00:29”

FALA PROF SOLANGE ROCHA - ESPAÇO NA SOCIEDADE.

DIFICULDADE DE INSERÇAO. INVISIBILIDADE NO MERCADO DE

TRABALHO. ESPAÇO NA RELIGIAO DE MATRIZ AFRICANA -

TEMPO: 00:01:19”

VHT PROGRAMA NEGRÍCIA ANDREA - TEMPO: 00:00:02”

SEGUE >>>

FALA PROF SOLANGE ROCHA - RACISMO INSTITUCIONAL/ A

CONFUNDEM COM ALUNA/ CRIAÇÃO DO NEABI COMO PONTO

POSITIVO - TEMPO: 00:02:45”

MÚSICA: OPANIJÉ – DO CD CANDOMBLÉ - TEMPO: 00:01:34”

VHT WEB RÁDIO PORTO DO CAPIM – ANA ANDRÉA - TEMPO:

00:00:05”

LOCUTOR

2

Ouviremos a seguir a fala de Kalyne Lima, rapper aqui da paraíba, falando

também sobre sua experiência neste meio musical/

TÉCNICA

FALA DE KALYNE LIMA - TEMPO: 00:01:55”

VHT NEGRÍCIA –MARIO – NAYABINGHI - TEMPO: 00:00:13”

LOCUTOR

2

Eu quero mostrar o protagonismo da mulher negra e não como coadjuvante de

sua história tendo sua imagem sempre relacionada ao estereótipo colocado pela

mídia e sendo reforçado na sociedade da negra exportação/

Da mulata exportação/

Antes de levantarem bandeiras apontando as qualidades e direitos das mulheres/

Nós já estávamos acordadas trabalhando e mantendo a roda girando/

A mulher negra se enxerga enquanto pertencente a uma descendência com

características físicas próprias/

Onde a mídia, na grande maioria dos casos, mostra meninas e jovens negras com

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120

um único padrão de beleza/

Um recente estudo denominado “a cara do cinema nacional” revela que a grande

maioria das mulheres negras está fora da produção do cinema brasileiro/

O modelo ideal de mulher para a sociedade não é a negra/

Quando se trata de nós/

Pretas/

A sexualidade é sempre a primeira coisa a ser observada e desrespeitada/

As mulheres negras/

Além de serem oprimidas cotidianamente e ocuparem os lugares mais

desfavoráveis na estrutura social e econômica do país tem que literalmente se

matar para ter algum espaço e ser percebida como um membro dela/

Mesmo tendo o nível de escolaridade igual aos brancos, o negro e principalmente

a mulher negra que além da cor da pele ainda tem os obstáculos por ser mulher e

se for pobre é quase impossível alcançar objetivos com rapidez/

SEGUE >>>

TÉCNICA

PROJETO DIÁLOGOS CONTRA O RACISMO - TEMPO: 00:00:29”

LOCUTOR

2

Levantando o fato acontecido em maio de 2006 quando houve um dos maiores

massacres da história brasileira em São Paulo/

Trago para este programa e ao conhecimento de quem não teve acesso a essa

informação/

As mulheres que carregam o fardo de terem sua imagem sempre relacionada ao

veículo transmissor de tragédias por terem seus filhos/

Maridos e ou irmãos como assassinos, traficantes ou ladrões/

Falo do movimento independente mães de maio na luta por memória, verdade e

justiça/

Unidas pela dor de terem perdido seus entes queridos e clamam por justiça ou

simplesmente querem os restos mortais de seus parentes que estão entre mortos e

desaparecidos/

Pois a polícia executou sumariamente mais de 500 pessoas entre elas um bebê de

9 meses que estava na barriga de sua mãe/

Segundo o blog mães de maio/

Numa petição pública, a imensa maioria das vítimas/

Mais de 400 jovens negros, afro-indígena-descendentes e pobres – executados

sumariamente com a desculpa que eram respostas aos ataques do PCC/

Centenas de mães, familiares e amigos tiveram em um intervalo de mais de uma

semana seus entes queridos assassinados covardemente e até hoje não receberam

sequer uma satisfação do Estado brasileiro/

Diante dessa triste/

Inconstitucional e desumana realidade o movimento reaja ou será morta, reaja ou

será morto/

Nascido na Bahia chega a João Pessoa para somar forças de ativistas locais

contra a chaga do racismo nesse Estado/

Haja vista que o Estado paraibano está ranqueado em quarta posição

nacionalmente nos índices de mortes contra a população negra/

A cada mês de agosto acontece internacionalmente a marcha contra o genocídio

do povo negro/

No intuito de chamar a atenção da população para os altos índices de mortes dos

negros e negras de cada estado no mundo/

Conscientes da real necessidade o movimento reaja Jampa desmascara a

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121

aceitação social do povo paraibano com relação às suas mortes no seu estado//

SEGUE >>>

TÉCNICA

VHT NEGRÍCIA – ANDREA – SECO - TEMPO: 00:00:02”

MUSICA - UM BOM LUGAR – SABOTAGE - TEMPO: 00:05:10”

VHT WEB RÁDIO PORTO DO CAPIM – ANA PAULA – TEMPO:

00:00:02”

LOCUTOR

2

Voltamos com o programa Negrícia e já tivemos a participação da professora e

doutora em história Solange Rocha/

E da rapper/

Estudante de jornalismo Kalyne Lima falando sobre o tema de hoje que é a

mulher negra na contemporaneidade/

TÉCNICA

3º BLOCO

VHT PROGRAMA NEGRÍCIA – MARIO – ECO - TEMPO: 00:00:03”

LETRA DA MUSICA PRETO EM MOVIMENTO DE MV BILL POR

KALYNE LIMA TEMPO:00:00:42”

FALA KALYNE LIMA - AVANÇOS E RETORCESSOS NO RAP.

CONSCIENCIA NEGRA - TEMPO: 00:01:19”

VHT ANDREA E MÁRIO – NAYABINGHI - TEMPO: 00:00:11”

MÚSICA: STEPHEN MARLEY E CAPLETON AND SIZZLA –

ROCKSTONE - TEMPO: 00:04:38”

VHT WEB RÁDIO PORTO DO CAPIM – ANA E ANDREA - TEMPO:

00:00:05”

VHT NEGRICIA ANDREA MARIO- TEMPO: 00:00:11”

MUSICA - ROCKSTONE - STEPHEN MARLEY E CAPLETON AND

SIZZLA - TEMPO: 00:04:38”

LOCUTOR

2

4º BLOCO

Estamos encerrando esta edição do programa Negrícia pela web rádio porto do

capim/

Se você gostou e quer dar alguma sugestão de pauta ou crítica nos envie

comentários na página do programa Negrícia pelo Facebook/

As músicas tocadas hoje foram Hound Dog de Big Mama Thornton/

Um bom lugar de Sabotage e Rockstone de Stephen Marley e Capleton and

Sizzla/

Até a próxima e fiquem agora com a declamação do poema de Marcelino Freire

recitado por Naruna costa: da paz //

TÉCNICA

SOLTA POEMA DE MARCELINO FREIRE - TEMPO: 00:03:00”

VHT PROGRAMA NEGRÍCIA – MÁRIO – NAYABINGHI -TEMPO:

00:00:13” FIM

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122

ROTEIRO PROGRAMA NEGRÍCIA 03

DURAÇÃ

O:

00:50:07”

TEMA: CULTURA E NEGRITUDE COMO ELEMENTOS PARA UMA

IDENTIDADE GLOBAL

DIREÇÃO, PRODUÇÃO E TÉCNICA: ANDRÉA GISELE, MÁRIO CRUZ

TÉCNICA

1º BLOCO

VHT PRODUÇÃO INDEPENDENTE - 0:08”

VHT RÁDIO PORTO DO CAPIM (ANDREA E ANA)– TEMPO:

00:00’:05”

VHT PROGRAMA NEGRÍCIA (MARIO NAYABINGHI – TEMPO:

00:00’:13”

FALA DE LUIZ PRECONCEITO EM SUA AREA 01 – RECORTE ONDE

VOCÊ GUARDA SEU RACISMO PB – TEMPO: 00:00’:49”

SOLTA MÚSICA - SLAVERY DAYS - BURNING SPEAR- TEMPO:

00:03’:25”

LOCUTO

R 1

Olá, eu sou Mário Cruz/

Está entrando no ar o programa Negrícia a voz negra ecoando no mundo virtual/

Nosso objetivo enquanto programa ação no espaço da web radio é discutir/

Valorizar e dialogar sobre temas importantes para a população na sua totalidade e

especificamente para a população negra/

Nosso referencial de identidade/

Cultura e conhecimento/

Mande seus questionamentos/

Dúvidas/

Sugestões de matérias ou inquietações sobre a temática negra pelo Facebook na

nossa página negrícia- programa de rádio/

No programa de hoje teremos como tema: Cultura e Negritude Como Elementos

Para uma Identidade Global/

Os diversos povos do mundo educam-se através da cultura e representam suas

identidades com a prática cultural no cotidiano deles/

Também dessa forma podem continuar a existir dentro da globalização

econômica, cultura, política e religiosa contemporânea//

A cultura negra chegou ao Brasil por meio dos diversos africanos escravizados/

Na época do Brasil colônia/

A hegemonia cultural europeia era imposta através do silenciamento da

diversidade cultural negra presente na sociedade/

SEGUE >>> Fato também presente no império e repúblicas/

Inclusive a atual democracia/

Onde todas as manifestações culturais afro-brasileiras foram por vezes

criminalizadas e não apresentava civilidade/

uma representação cultural inferior em contraponto à branca europeia//

Mesmo nos períodos da escravidão e da política racista moderna e

contemporânea/

A cultura negra cultivou a resistência/

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123

TÉCNIC

A

LOCUTO

R 2

Defesa e educação dos negros e por outro lado reeducou/

Combateu e freiou os atos racistas e escravistas no mundo/

Essa resistência e luta foi desenvolvida no país através do movimento

populacional negro por direitos constitucionais e humanitários/ um bom exemplo

está nos espaços denominados quilombos/

Também através dos quilombos a população negra pode construir, reconstruir e

preservar suas representações culturais/

Formando células de resistência contra o sistema de escravidão/

Segundo Ângela Maria da Silva Gomes/

Doutora em etnobotânica pela Universidade Federal de Minas Gerais/

“passados mais de 500 anos o governo brasileiro reconhece ser este um país de

maioria negra- africana e o “dia nacional da consciência negra”, como um dia

de importância cívica nacional “/

O dia nacional da consciência negra rememora a resistência à escravidão e o

racismo/

Sendo comemorado no dia 20 de novembro/

Representado na luta até a morte de Zumbi dos Palmares, em 1695/

Um dos ícones de liberdade/

Respeito e valorização da cultura negra./

A homenagem ao dia surgiu em 1971/

De um dos criadores e celebre integrante do grupo palmares e movimento negro

unificado chamado Oliveira Silveira/

E em 1978, através do Movimento Negro Unificado e foi denominado como

marco na luta contra a discriminação racial no período do regime militar até os

dias atuais///

SEGUE >>>

VHT WEB RÁDIO PORTO DO CAPIM – ANA PAULA

TEMPO: 00:00:02”

Olá, eu sou Andréa Gisele e vou falar um pouco para você sobre a história de

Zumbi dos PALMARES/

No período colonial o líder que inspirou e ainda inspira a muitos negros foi um

herói contra o sistema que vigorava na época/

O líder dos negros no quilombo dos palmares/

Zumbi dos Palmares, foi responsável por lutar contra a escravidão e morreu

lutando pelos direitos do seu povo/

O quilombo liderado por ele encontrava-se no estado de Alagoas e resistiu por

cerca de 100 anos/

Abrigando entre 25 mil a 30 mil negros/

Segundo os dados da Fundação Cultural Palmares/

Zumbi foi morto pelas tropas coloniais de Jorge Velho e foi assassinado em 20 de

novembro de 1695

Após a sua morte a abolição da escravatura só chegou ao Brasil em 1888/

A data é ponto facultativo e não um feriado obrigatório/

Nesse dia e em todo o mês de novembro, várias atividades culturais são

realizadas em comemoração com passeatas/ oficinas/

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124

Cursos/

Seminários/

Etc/

Além disso, entidades e instituições ligadas aos movimentos negros/

Repensam e estimulam a população para lutar pela identidade dos negros na

sociedade brasileira/

Vamos ouvir agora a fala do professor dr. em história, da ufpb, Eduardo

Guimaraes que falará sobre o conceito de cultura e todas as formas que ela se

apresenta do Brasil colônia até hoje///

TÉCNICA

VHT RÁDIO NEGRICIA ANDREA – ECO - TEMPO: 00:00’:06”

SOLTA ÁUDIO DA FALA DO PROFESSOR EDUARDO GUIMARAES –

INTRODUÇÃO – COLONIALISMO – CONCEITO DE CULTURA -

TEMPO: 00:1”44” SEGUE >>>

MÚSICA: TESSALIT - TINARIWEN - TEMPO:00:03’:58”

POEMA: RACISMO – DE MANUEL GUILHERME DE FREITAS -

TEMPO: 00:00’:45”

VHT PROGRAMA NEGRÍCIA – ANDREA E MARIO - TEMPO:

00:00’:11”

2º BLOCO

VHT JUNTS - TEMPO: 0:15”

VHT PROGRAMA NEGRÍCIA ANDREA NAYABINGHI - TEMPO:

00:00’:15”

RECORTE – ONDE VOCÊ GUARDA SEU RACISMO PB - PROF.

EDUARDO - AS PESSOAS PRECISAM SE ORGANIZAR PARA NÃO

ATRAPALHAR - TEMPO: 00:00’:08”

VHT WEB RÁDIO PORTO DO CAPIM ANA PAULA - TEMPO: 0:00’:02”

POEMA ANA PAULA TAVARES – ROSTO DA MURALHA POR

ONDJAKI –

TEMPO: 00:01’:18”

LOCUTO

R 1

Voltamos com o programa Negrícia e o tema de hoje é cultura e negritude como

elementos para uma identidade global/

Vamos ouvir a opinião de Luiz Filho/

Ativista cultural, negro– nascido e criado em Joao Pessoa com diversas ações

voltadas para o campo da musica e dança envolvendo a cultura negra e indígena/

Luiz filho fala de sua experiência com a cultura negra como formação cidadã///

TÉCNICA

FALA DE LUIZ FILHO - CULTURA NEGRA COMO FORMAÇÃO -

TEMPO: 00:1’04”

FALA DE LUIZ FILHO - A MUSICA COMO LIBERTAÇAO POLITICA -

TEMPO: 00:03’:31”

VHT PROGRAMA NEGRÍCIA - MARIO SECO – ECO - TEMPO:

00:00:07”

RECORTE ONDE VOCÊ GUARDA SEU RACISMO PB – FALA THIAGO

BRANDÃO TEMPO: 00:00’27”

MÚSICA –TENHO SEDE – DOMINGUINHOS E GIL - TEMPO:

00:02’:53”

3º BLOCO

VHT NEGRÍCIA ANDREA SECO - TEMPO: 00:00’:02”

VHT WEB RADIO PORTO DO CAPIM - TEMPO: 00:00’:14”

LOCUTO

R 1

Voltamos com o programa Negrícia e já tivemos a participação do professor

doutor Eduardo Guimaraes e do ativista cultural Luiz Filho falando sobre o tema

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125

de hoje/

Vamos ouvir agora a opinião do escritor angolano Ondjaki que vai falar sobre o

racismo na cultura e educação brasileira///

SEGUE >>>

TÉCNICA

SOLTA FALA DE ONDJAKI - O RACISMO NA CULTURA E

EDUCAÇÃO BRASILEIRA

TEMPO: 00:02’:38”

VHT NEGRICIA MÁRIO SECA ECO - TEMPO: 00:00’:02”

FALA DE ONDJAKI SOBRE A INSERÇÃO DA LITERATURA NEGRA

NO MERCADO TEMPO: 00:03’:53”

MÚSICA: CANÇÃO PRA NINAR OXUM – JUÇARA MARÇAL -

TEMPO: 00:03’:25”

VHT RADIO PORTO – ANA E ANDREA – TEMPO: 00:00’:05”

LOCUTO

R 2

O escritor Ondjaki também deu sua contribuição lendo um de seus poemas/

Vamos ouvir//

TÉCNICA SOLTA POEMA DE ONDJAKI – PENÚLTIMA VIVÊNCIA - TEMPO:

00:00’:28”

LOCUTO

R 2

4º BLOCO

Voltamos com o programa Negrícia pela Web Rádio Porto do Capim/

Já tivemos a participação do professor doutor em História da UFPB, Eduardo

Guimaraes/

Do produtor cultural Luiz Filho e do escritor angolano Ondjaki que apresentaram

sobre o tema de hoje cultura e negritude como elementos para uma identidade

global///

TÉCNICA

VHT NEGRÍCIA ANDREA – SECO - TEMPO: 00:00’:02”

SOLTA MÚSICA LEI ÁUREA DE JAGUARIBE CARNE - TEMPO:

00:03’46”

RECORTE ONDE VOCÊ GUARDA SEU RACISMO PB – DANILO

SANTOS – LUTA CONTRA O RACISMO NA ACADEMIA - TEMPO:

00:00’52”

LOCUTO

R 1

Estamos encerrando esta edição do programa Negrícia pela Web Rádio Porto Do

Capim/

Se você gostou e quer dar alguma sugestão de pauta ou crítica nos envie

comentários na página da rádio Negrícia pelo Facebook/

Até a próxima e fiquem agora com a declamação do poema olhos d’agua de

Conceição Evaristo///

LOCUTO

R 2

As músicas que ouvimos no programa hoje foram Slavery Days de Burning

Spears/

Tinariwen com Tessalit/ Dominguinhos e Gilberto Gil com tenho sede/ Lei Áurea

de Jaguaribe carne e Juçara Marçal com Canção pra Ninar Oxum//

TÉCNICA

SOLTA POEMA OLHOS D’AGUA DE CONCEIÇÃO EVARISTO –

TEMPO: 00:07’:06”

VHT WEB RÁDIO PORTO DO CAPIM ANDRÉA E ANA – TEMPO:

00:00’:05”

VHT PROGRAMA NEGRÍCIA – ANDREA – SECO - ECO – 00:00:06”

FIM

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126

ROTEIRO PROGRAMA NEGRÍCIA 04

DURAÇÃO

:

00:58:44”

TEMA: CULTURA E NEGRITUDE COMO ELEMENTOS PARA UMA

IDENTIDADE GLOBAL 2

DIREÇÃO, PRODUÇÃO E TÉCNICA: ANDRÉA GISELE E MÁRIO

CRUZ

TÉCNICA

1º BLOCO

VHT PRODUÇÃO INDEPENDENTE – TEMPO: 00:00:08”

VHT RÁDIO PORTO DO CAPIM - ANDREA E ANA - TEMPO:

00:00:05”

VHT PROGRAMA NEGRÍCIA (MARIO NAYABINGHI - TEMPO:

00:00:13”

ÁUDIO RECORTE DEPOIMENTO DE CRIOLO – ARMA APONTADA -

TEMPO: 00:01:02”

MÚSICA: CANTO PRA OXUM – DIÁSPORA AFRONÉTICA - TEMPO:

00:01:58”

VHT NEGRÍCIA– MÁRIO - SECA ECO - TEMPO: 00:00:05”

LOCUTOR

1

LOCUTOR

Olá, eu sou Andréa Gisele/

Está entrando no ar o programa Negrícia /

A voz negra ecoando no mundo virtual/

Nosso objetivo enquanto programa ação no espaço da web radio é discutir/

Valorizar e dialogar sobre temas importantes para a população/

Na sua totalidade e especificamente para a população negra/

Nosso referencial de identidade, cultura e conhecimento///

No programa de hoje teremos a continuação do tema cultura e negritude como

elementos para uma identidade global/

Tema iniciado no programa de número três///

Mande seus questionamentos, dúvidas, sugestões de matérias ou inquietações

sobre a temática negra pelo Facebook na nossa página negrícia- programa de

rádio//

Olá, sou Mário Cruz/

A história e estética andam mais juntos do que imaginamos/

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2

Apesar das mudanças positivas e conquistas ocorridas após a abolição no brasil

ao longo do último século/

A discriminação/

O preconceito e diversas tentativas de anular as identidades étnicas culturais

negras, fruto do racismo ideológico e político aplicado nas sociedades e países

em que a presença do negro é ativa e grita nas estatísticas/

A padronização estética imposta pela mídia generaliza o ser humano e o encaixa

num modelo único/

SEGUE >>>

Onde certos tipos capilares, estéticas específicas/

A branca europeia ou as brancas elitistas dentre as ditas nações/

Valores e práticas culturais vindas dessa hegemonia que impede a presença do

negro nas construções socioculturais e humanas do mundo/

Sendo reconhecida nos meios de comunicação onde os polos higiene e

civilidade estão impostos no imaginário/

Essa cor configurada nos outros/

Negras e negros asiáticos e indígenas e aos seus ‘iguais’ é uma condição que

reune grupos humanos racialmente separados/

Que leva a ideologia e ao ‘senso comum’ pré-conceituado de que se não for

branco tornam-se pressupostos marginais do ser humano/

Mesmo dentro dos meios de comunicação essa configuração é posta na

mentalidade das pessoas com total descrença e percepção sobre o racismo e as

representações negras de uma maneira normalmente aceitável/ codificadas na

criminalização do negro e a descriminalização da existência do racismo dentro

de uma velada prática social/

Nesse sentido o aparelho de mídia hoje executa o organograma acima

demonstrado ao representar essas formas e fórmulas de ser negro e branco/

E tendo ambos lugares separados na formação da identidade/

Cultura e pensamento sócio educacional brasileiro/

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128

TÉCNICA

LOCUTOR

1

VHT NEGRICIA – ANDREA SECO – TEMPO:00:00:01”

Trazemos o cabelo como exemplo visível/

Um símbolo importantíssimo na formação da identidade do povo negro e uma

das principais formas de comunicação com o outro/

Revela sua identidade e pertencimento/

Através dele recebemos e passamos informações de nossa cultura/

Como diz Raul Lody em seu livro cabelos de axé/

É território livre, ancestral e contemporâneo, dinâmico e tradicional, é a cabeça/

O corpo e o cabelo são o espaço de manifestação estética e histórico onde

percebemos as riquezas e diversidades que a cultura negra possui/ SEGUE

>>>

Os penteados/

Turbantes/

Danças/

Culinária/

Capoeira/

Música/

Dentre muitas outras manifestações culturais trazem várias áfricas estampadas

nos homens e mulheres orgulhosos de sua ancestralidade/

Além de comunicóloga em formação/

Eu/

Andréa Gisele/

Sou fotógrafa e pesquiso as origens do turbante como elemento ativo na

identidade negra/

Temos o turbante como parte desta cultura/

Ao perceber que mesmo sem conhecer da minha ancestralidade e cultura de

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129

meu povo/

Iniciei um resgate ás raízes e me deparei com elementos que sempre me foram

negados na criação que tive/

Não conhecia o porquê de me chamar tanto a atenção/

Mexendo na minha percepção com o mundo que vivia e que me foi apresentado/

Fiquei em conflito/

Confesso/

É um fato que acontece com a maioria dos negros e negras ao se perceberem na

mesma situação/

De se redescobrir e entender seu papel na sociedade/

O turbante abriu portas para reconhecer minhas origens/

Repassar aos outros o que aprendo me ajuda a formar novas cabeças a partir

desta experiência/ principalmente a minha/

O turbante é um dos elementos culturais de origem africana no resgate da

dignidade e em respeito à ancestralidade/

Em África o uso deste adorno serve para identificar seu lugar no grupo/

Na sua comunidade e na sociedade/

Engana-se quem acha que este acessório é apenas usado por praticantes da

religiosidade de matriz africana/

Ele também é utilizado neste espaço para proteção do orí/

Que traduzido do dialeto ioruba significa: cabeça/

Identifica o cargo dentro de um casa de candomblé/

Dependendo do modelo da amarração// SEGUE

>>>

No islã seu uso não é simplório/

Pois é na cabeça onde se situa nossa opção racional entre verdadeiro/

Ilusório/

Certo e errado/

Dentre outras escolhas/

Simboliza e reforça a consciência espiritual/

Na cultura muçulmana o turbante opõe-se a tudo que é profano e protege o

pensamento//

Fui contemplada com uma exposição de fotografias pelo Sesc aqui de João

Pessoa no ano de 2014/

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130

Escolhi negros e negras da minha cidade para serem protagonistas deste

acontecimento como modelos na visão que tenho sobre meu povo como gosto

de chamar paraibanáfricano/

Entrevistei alguns participantes que expuseram suas opiniões de como se

sentem ao resgatar suas origens usando o turbante/

Em cada fala percebi um resgate do que senti ao começar a usar o turbante

como parte de minha vestimenta do dia a dia/

Falando sobre suas experiências no uso dos turbantes vamos ouvir o depoimento

de duas artistas paraibanas que participaram desta exposição /

Neide Melo é atriz e gláucia lima, cantora e compositora

Na sequência ouviremos Guilherme Semedo/

Integrante do grupo Mama Jazz e artista plástico senegalês falando sobre o

turbante e a importância de uma exposição fotográfica contemplando a cultura

negra//

TÉCNICA

SOLTA ÁUDIO DA FALA DE NEIDE MELO - TEMPO: 00:01:06”

VHT PROGRAMA NEGRÍCIA – ANDREA E MARIO – TEMPO:

00:00:11”

FALA DE GLÁUCIA LIMA - TEMPO:00:02:23”

VHT WEB RADIO PORTO DO CAPIM – ANA E ANDRÉA - TEMPO:

00:00:05”

FALA DE GUILHERME SEMEDO - TEMPO:00:00:28”

VHT NEGRICIA – ANDREA NEGRO SOU - TEMPO: 00:00:02”

MÚSICA: CASSIANO - PRIMAVERA - TEMPO:00:02:04”

RECORTE ONDE VOCÊ GUARDA SEU RACISMO PB- FALA DE

JONAS MONTE - NEGRITUDE E REPRESENTAÇÃO IDENTITÁRIA

VISUAL - TEMPO: 00:00:32”

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VHT NEGRICIA – ANDREA - SECO - TEMPO: 00:00:06”

SEGUE >>>

POEMA DE SÉRGIO VAZ – JORGINHO - TEMPO: 00:00:51”

VHT WEB RADIO PORTO DO CAPIM – ANA - TEMPO: 00:00:02”

2º BLOCO

VHT JUNTS - TEMPO: 00:00:15”

VHT PROGRAMA NEGRÍCIA ANDREA NAYABINGHI– 00:00:15”

RECORTE ONDE VOCÊ GUARDA SEU RACISMO PB- DANILO

SANTOS - LUTA CONTRA RACISMO NA ACADEMIA - TEMPO:

00:00:52”

LOCUTOR

2

Voltamos com o programa Negrícia e o tema de hoje é a continuação do

programa de número três/

Cultura e negritude como elementos para uma identidade global//

Quando o assunto é cultura negra costumamos apenas ouvir falar de samba,

capoeira e culinária, mas engana-se quem pensa que temos só isso para nos

representar/

Engloba a mais diversa gama de artistas e formas de expressão, estamos na

literatura, na música, não apenas no samba, mas em todos os estilos musicais/

Não se ouve muito falar sobre a nossa participação em todos os campos

culturais e políticos porque não é interessante para o branco sobressaltar as

qualidades e capacidade do povo negro/

Em tudo que colocamos a mão carrega-se tempero, muita paixão, força e

ancestralidade/

isso incomoda/

Ouviremos agora a fala de Jonas Monte/

Natural do município de Pilar que fica aqui na paraíba, ele estuda ciências

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132

políticas e filosofia da universidade de Ottawa no Canadá/

TÉCNICA

FALA DE JONAS SOBRE NEGRITUDE, RACISMO E POLÍTICA -

TEMPO: 00:03:05”

VHT PROGRAMA NEGRÍCIA MARIO – SECO – ECO - TEMPO:

00:00:07”

MÚSICA – PRAISING – GROUNDATION - TEMPO: 00:06:02”

RECORTE –TRECHO ENTREVISTA DE CRIOLO - PAI DETIDO POR

SER NEGRO

TEMPO: 00:00:38”

3º BLOCO

VHT RÁDIO PORTO DO CAPIM ANDREA E ANA– 00:00:05”

VHT PROGRAMA NEGRÍCIA ANDREA E MÁRIO – 00:00:11”

SEGUE >>>

LOCUTOR

1

Voltamos com o programa Negrícia pela web radio porto do capim/

Não tem como falar de cultura negra e não abordar a religiosidade que foi

trazida da África com todas as suas crenças e rituais/

O sistema escravista acentuou a mistura de cultos aqui no Brasil/

Africanos de diversas etnias e crenças eram obrigados a aderir a crenças que

não eram as suas como forma de sobrevivência dentro do sistema /

A etnia nagô do sul da Nigéria também chamados Iorubás/

Os Jejes do Daomé e os bantos do sul da África reinterpretaram as outras

religiões do brasil como a indígena/

a católica e outras etnias africanas em termos de culto aos mortos como forma

de ocultar-se e sobreviver/

Existe um discurso entre os adeptos de que ao vir para o brasil a religião foi

fragmentada e isto foi uma forma de embranquecer o negro adaptando sua

crença ao catolicismo/

Mas a segregação maior que ocorre é quando a religiosidade de matriz africana

é tratada como folclore e para nos fazer entender mais sobre como tratar deste

assunto vamos ouvir agora a fala Iêdo Paes/

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Professor doutor da universidade federal rural de Pernambuco //

TÉCNICA

VHT NEGRICIA MÁRIO - SECA – ECO - TEMPO: 00:00:07”

FALA DO PROF. DR IEDO PAES - RELIGIÃO DE MATRIZ AFRICANA

NÃO É FOLCLORE - TEMPO: 00:03:00”

MÚSICA: OXUM - CARLINHOS D'OXUM - TEMPO: 00:03:08”

VHT WEB RÁDIO PORTO DO CAPIM – ANA - TEMPO: 00: 00:02”

FALA DO PROF. DR IEDO PAES - LEIS QUE AINDA NÃO SERVEM -

TEMPO: 00:01:56”

VHT NEGRICIA - MÁRIO – SECA - TEMPO: 00:00:02”

POEMA DE SÉRGIO VAZ - NOVOS DIAS - TEMPO: 00:03:24”

SEGUE >>>

LOCUTOR

2

4º BLOCO

Voltamos com o programa Negrícia e vamos ouvir agora a opinião de Pedro

Osmar/

Cantor e compositor paraibano/

Agitador cultural que falará sobre como ser negro e artista na Paraíba/

TÉCNICA

FALA PEDRO OSMAR - CONSCIENCIA HUMANA ANTES DA NEGRA

- TEMPO: 00:04:29”

VHT WEB RADIO PORTO DO CAPIM – ANA - TEMPO: 00:00:02”

FALA PEDRO OSMAR - TERRITORIOS - PRAÇAS – POLÍTICAGEM -

TEMPO: 00:09:05”

VHT NEGRÍCIA – ANDRÉA – SECO - TEMPO: 00:00:01”

LOCUTOR

1

Estamos encerrando esta edição do programa Negrícia pela web rádio porto do

capim/

Se você gostou e quer dar alguma sugestão de pauta ou crítica nos envie

comentários na página da rádio Negrícia pelo Facebook/

E os recortes de falas sobre experiências com o racismo foram de uma entrevista

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que o cantor e compositor Criolo deu para a ponte/

Canal de informações sobre segurança pública, justiça e direitos humanos que

você pode acessar na internet pelo endereço eletrônico www.ponte.org/

As intervenções de falas ao decorrer do programa expressam experiências

vividas com o racismo sofrido por pessoas que convivem no cotidiano de nossa

cidade/

As músicas tocadas hoje foram

Canto para oxum pela Diáspora Afronética/

Primavera de Cassiano/

Praising de Groundation/

e oxum por Carlinhos d’Oxum/

Até a próxima e fique agora com o poema Sérgio Vaz declamado por ele mesmo

intitulado magia negra///

TÉCNICA

VHT PROGRAMA NEGRÍCIA – ANDREA – SECO - TEMPO: 00:00:02”

POEMA: MAGIA NEGRA - TEMPO: 00:01:47”

VHT RÁDIO PORTO DO CAPIM - ANDREA E ANA - TEMPO:

00:00:05”

FIM

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Anexo 14

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Anexo 15