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Campus “José Santilli Sobrinho” Coordenadoria de Jornalismo Webtv: a Universidade cai na rede Suely da Silva Lima ASSIS 2009

Webtv: a Universidade cai na rede - cepein.femanet.com.br · Omar Rincón, Leal Filho, Gabriel Priolli entre outros. E as características da comunicação digital estão ancoradas

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Campus “José Santilli Sobrinho”

Coordenadoria de Jornalismo

Webtv: a Universidade cai na rede

Suely da Silva Lima

ASSIS 2009

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Campus “José Santilli Sobrinho”

Coordenadoria de Jornalismo

Webtv : a Universidade cai na rede

Trabalho de Conclusão de Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, do Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis - IMESA/FEMA, como requisito para obtenção do Certificado de Conclusão, sob a orientação da Profª Dda. Alzimar Rodrigues Ramalho.

Linha de Pesquisa

Ciências Sociais e Aplicadas

ASSIS 2009

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FICHA CATALOGRÁFICA

LIMA, Suely da Silva

WebTV: a Universidade cai na rede / Suely da Silva Lima. Fundação Educacional do Município de Assis – Fema : Assis, 2009

65p.

Trabalho de Conclusão de Curso ( TCC ) – Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo – Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis

1.WebTV. 2. Interatividade. 3. Televisão. 4. Televisão Universitária. 5. Internet

CDD: 070

Biblioteca da FEMA

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Folha de Aprovação

Assis, _____de _____________de ______.

Assinatura

Orientador: __________________________________________ Alzimar Rodrigues Ramalho

Examinador: __________________________________________ Alcioni Galdino Vieira

Examinador: __________________________________________ Paulo Henrique de Barros Miguel

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À Jandira, João e José. Os três jotas

da minha vida que me deram o resto

do alfabeto!

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Agradecimentos

Por incrível que pareça a parte mais difícil desta monografia não foi definir o

tema ou concluir a pesquisa. Foi escrever os agradecimentos e dedicatória. A Deus?

Óbvio! Mas é tão clichê... A meus professores que me ajudaram e me orientaram

nos corredores da educação durante meu período escolar, não apenas no ensino

superior, mas em toda minha trajetória acadêmica? Simples! Aos amigos

conquistados? Sempre! À minha mãe, que também foi pai? Ao meu pai, que me

deixou à deriva quando eu mais precisava dele? Ao meu padastro, que foi pai de

filho criado quando ainda tinha idade para estar na escola? Aos meus irmãos

Cássia, Roberto, Paulo e Cátia, que mesmo sem saber me incentivaram? Lógico!

Amo todos vocês. Aos cunhados e cunhadas que deram os tesouros da minha vida:

minhas sobrinhas que amo de paixão: Esthéfane, Emylli e Rafaela e ao Miguel que

está chegando aí.

Às minhas tias e primos que sempre ajudaram não apenas a mim, mas a

família inteira. À minha avozinha Maria, simples como o nome mas de uma riqueza e

sabedoria tremendas. Aos vizinhos, amigos, parentes. Ao cachorro que nunca

comeu minha lição (mas que deveria ter comido!).

À Cleusa, minha segunda mãe, que me recebeu em sua casa e sempre me

tratou como filha: te adoro muito! Ao Leandro e ao Lúcio, meus eternos amores que

me acompanham desde sempre e pelos quais eu tenho uma paixão especial. À

minha amiga Jaque: tínhamos tudo para dar errado e contrariamos a lógica! Márcio,

obrigada pelo primeiro “oi” na faculdade, Victor valeu pelas risadinhas e piadas em

off. A Marcitha, que foi e é uma amiga para todas as horas!

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Meus afilhados todos, e não são poucos. A todo mundo da desconhecida

Alexandria: a cidade atrás do Posto! Sei que sempre torceram e acreditaram em

mim! Marcantônio Gonçalves, você é mais que um amigo, é meu pé de coelho.

A Associação Brasileira de Televisão Universitária, primeiro pela bolsa que

me permitiu deixar o emprego no último ano da faculdade para me dedicar à

pesquisa. Segundo, e justamente por isso, eu descobri a pesquisadora que existe

em mim, algo que agradecerei para sempre. À Letícia que acreditou em mim e me

deu a oportunidade de desenvolver esta pesquisa.

Um agradecimento especial e particular à Alzi que aceitou o desafio de ser

minha orientadora, mesmo a 450km de distância. Obrigada pela confiança, pelo

socorro a cada grito de desespero, por colocar em “Tececês” o que eu escrevia em

português arcaico. Salvou minha vida e serei eternamente grata! Sofrer orientação

com você foi um prazer!

Eu jamais poderia deixar de fazer um agradecimento especial a todos os meu

inimigos e desafetos que mesmo sem querer e sem saber me incentivaram da

mesma maneira que todos os meus amigos. A eles!

A todos os professores do curso de Jornalismo da Fema que de alguma

maneira contribuíram para o meu sucesso hoje.

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Resumo

Este Trabalho de Conclusão de Curso teve por objetivo atualizar o mapa das

TVs Universitárias do Brasil e verificar quais emissoras estão disponibilizando seu

conteúdo na Internet, incluindo um estudo de caso de uma emissora produzida

unicamente para a Web. Durante esse percurso, verificamos que muitas TVs que se

autointitulam “online”, na verdade apenas disponibilizam na rede o conteúdo

produzido para as mídias convencionais (aberta ou a cabo). Assim, desconsideram

as potencialidades de comunicação das mídias digitais. As WebTVs devem ter

programação exclusiva e elaborada especialmente para um webtelespectador que,

ao contrário da contemplação passiva do telespectador da TV convencional, busca

seu protagonismo, possível especialmente com a utilização dos recursos de

interatividade.

Palavras-chave: WebTV, Interatividade, Televisão, Televisão Universitária, Internet

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Abstract

This work of Course's Conclusion has the objective to update the map of

University TVs in Brazil and to verify which networks are offering their content on the

Internet, including a case's study of a broadcast made solely for the Web Along the

way, we found that many TVs which call themselves "online", but in fact, only provide

the network content produced for conventional media (opened or cable). So, that

way, they ignore the potential of communication of the digital media. The webTV

should have exclusive programming and developed especially for a

"webtelespectator" that, the opposite of the passive contemplation of spectators of

the conventional TV, it looks for its role, especially with the possible use of

interactivity's resources.

Keywords: WebTV, Interactive, Television, University, Internet

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SUMÁRIO

Introdução .......................................................................................................... 09

CAPÍTULO I

1. A onipresença da TV na vida do brasileiro .................................................... 13

2. Inclusão digital na malha da rede .................................................................. 15

3.O protagonismo pela interação ....................................................................... 17

3.1 Interatividade: em busca de um conceito..................................................... 18

4. Interação.com ................................................................................................ 23

5. Interação versus Reação ............................................................................... 26

6. WebTV – a construção de uma identidade .................................................... 28

CAPÍTULO II

1. Mapa das TVs Universitárias – Pesquisa de campo ...................................... 32

1.1 Algumas considerações sobre a coleta de dados ........................................ 40

2. A WebTV na Universidade ............................................................................. 41

2.1 TV UERJ ...................................................................................................... 43

2.2 TV UVA ........................................................................................................ 45

2.3 TV UFRJ ...................................................................................................... 46

2.4 FAAC WEBTV .............................................................................................. 47

CAPÍTULO III

1. Estudo de caso - TV Facopp Online .............................................................. 49

2. Formas de interatividade................................................................................ 52

3. Considerações finais ...................................................................................... 56

Referências ........................................................................................................ 59

Referências eletrônicas ...................................................................................... 62

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Introdução

Com a finalidade de contribuir para a educação formal num período em que o

analfabetismo superava os 50% no Brasil, entrou no ar em 1968 a TV Universitária

de Recife, ligada à Universidade Federal de Pernambuco, tornando-se a primeira

televisão universitária no Brasil. Até 1995 pelo menos outras 15 Instituições de

Ensino Superior (IES) receberam concessões para explorar canais educativos e

passaram a operar suas estações, como geradoras ou retransmissoras de conteúdo.

Com foco nas “atividades de educação, extensão e pesquisa universitária,

nos personagens e dos pontos de vista do mundo acadêmico.” (Ministério da

Cultura, 2006, p.54), as TVUs apresentam-se como alternativa à TV comercial. Uma

de suas missões, de acordo com a entidade representativa, é formar cidadãos que

tenham um pensamento crítico e que saibam seu papel na construção de um país

digno e justo. Neste sentido, a TV passa a ser uma grande aliada na divulgação do

conhecimento produzido nas IES, muitas vezes servindo de ponte entre sociedade e

academia.

Em 1995, a Lei da Cabodifusão (8977/95) possibilitou a Universidades,

Centros Universitários, Faculdades, Institutos e Fundações a utilizarem

gratuitamente o sinal das operadoras no plano de assinatura básica,

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independentemente do pacote contratado. Em 2006, de acordo com diagnóstico da

Associação Brasileira de TVs Universitárias, já eram cerca de 100 Instituições de

Ensino Superior veiculando programas em emissoras próprias ou em parceria com

canais abertos, a cabo, em rede interna ou na web. Passados apenas dois anos

houve um crescimento de quase 50%, ou seja, 141 IES brasileiras afirmam produzir

programas de TV em ambiente universitário. Os dados completos desta pesquisa

estão no capítulo 2.

Desde 2000, com a popularização da Internet, as IES estão cada vez mais

utilizando a web como suporte para a transmissão dos programas. Sem a

necessidade de concessão pública para a rede aberta, e sem a limitação do cabo,

que chega apenas à área coberta pela operadora, ou seja, são canais municipais, a

rede mundial de computadores vem sendo uma alternativa para a comunicação

entre a universidade e a sociedade, e é este o objeto desta pesquisa.

Para a imersão neste universo buscamos compreender as características da

TV Pública – campo no qual a TV Universitária está inserido - com Martín-Barbero,

Omar Rincón, Leal Filho, Gabriel Priolli entre outros. E as características da

comunicação digital estão ancoradas em Neusa Amaral, Alex Primo, Barbosa Filho,

Cosete Castro e Beth Saad. Amaral (2004, p. 08) destaca as possibilidades de

interação da TV Online, “atingindo uma audiência impensável e tendo a possibilidade

de oferecer ao internauta-telespectador conteúdos impossíveis de serem oferecidos

através da velha TV analógica.” Com eles, buscamos uma análise transversal sobre

televisão, internet e os conceitos de interatividade para a Comunicação Social,

fugindo assim do tecnicismo e de seus conceitos ligados às ciências exatas e

tecnológicas.

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Esta monografia está dividida em três capítulos. No primeiro, abordamos

conceitos de interatividade e de WebTV, além de sua aplicação no ambiente

universitário. No segundo, apresentamos os resultados finais da pesquisa de campo

pela qual mapeamos as IES que produzem programas de TV pelo Brasil,

identificando aquelas que estão disponibilizadas na Web – nosso objeto. E,

finalmente, no terceiro capítulo, apresentamos o estudo de caso da “TV Facopp

Online” (http://tvfacopp.unoeste.br/tvfacopp/online), a WebTV da Faculdade de

Comunicação Social da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste – Presidente

Prudente). Nosso objetivo, neste capítulo, foi também verificar de que forma a

emissora faz uso das ferramentas de interatividade proporcionadas pelas

plataformas multimídia, e em quais momentos o webtelespectador interage com o

conteúdo.

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CAPÍTULO 1

Navegar é preciso; viver não é preciso

Fernando Pessoa

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1. A onipresença da TV na vida do brasileiro

A televisão foi implantada no Brasil em 1950, e nessas quase seis décadas a

receptividade ao veículo foi unânime, estando presente em 98% dos domicílios em

áreas urbanas do Brasil1. Dados da Associação Brasileira de Telecomunicações por

Assinatura (ABTA) indicam que em fevereiro de 2009 pelo menos 6,4 milhões de

famílias possuem o serviço de TV por assinatura, o que representa um crescimento

de 17,6% em relação ao mesmo período de 2008.

Luiz Costa Pereira Júnior, organizador da obra “A vida com a TV” traz dados e

definições sobre o perfil e a importância deste aparelho na vida do telespectador

A TV brasileira conquistou em menos de cinqüenta anos o que provavelmente nenhuma outra indústria conseguiu no século inteiro. É mais importante do que geladeira para o brasileiro. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (1999), o país tem 87,5%1 de casas com televisores e só 82,5% com o outro eletrodoméstico (PEREIRA JÚNIOR, 2002, p.57).

Sobre a aceitação do brasileiro ao veículo, Pereira compara a uma ‘fusão

genética’: a televisão entrou na corrente sanguínea do brasileiro. Ele acredita que o

motivo seja a atitude contemplativa do telespectador, pois assistir TV não exige

mobilidade física. No entanto, ele critica esta relação de passividade entre o homem

e a máquina

1 A pesquisa foi realizada em 2008 e está disponível em www.cgi.br. Acesso em 19 nov 2009.

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A televisão pode ter muito a aprender sobre suas responsabilidades se prestar mais atenção à realidade que ela própria molda, para além da mera exibição de programas. Os brasileiros podem aprender mais sobre si mesmos se entenderem até que ponto seus hábitos, cotidianos e modos de agir estão condicionados por um veículo que, se não é tudo na vida, tem um peso e tanto. (PEREIRA JÚNIOR, 2002, p.16)

O ano de 2005 é um marco na evolução da tecnologia digital. No Brasil, a

Internet completava 10 anos (na Europa e EUA, 13 anos), e com a Web 2.0 surgem

as redes sociais. O Brasil já lidera em uso no mundo, aqui 80% dos internautas

regulares navegam nas redes sociais, especialmente o Orkut, com crescimento do

Facebook e do Twitter. Segundo Alzimar Ramalho2, “este é o momento de avanço

para a comunicação, pois o usuário passa a ser protagonista do processo. Ao

contrário de receber um conteúdo unilateral, há mais possibilidades de trocas”.

Essa comunicação colaborativa leva a um novo conceito no “fazer” televisão.

Na Web, a arquitetura deve ser diferente da TV aberta, pois o webtelespectador tem

a opção de deixar de ser “contemplativo” e participar da produção do conteúdo, seja

em opiniões publicadas, colaborando com imagens e dados ou construindo seu

próprio conteúdo. Acreditamos ser este o melhor momento para o crescimento das

emissoras de caráter educativo, que pode usar desses recursos para promover a

cultura e a cidadania, expondo a realidade de maneira mais original. Algo ainda

ausente na TV aberta, especialmente as comerciais.

2 Trecho da tese de doutorado na Universidade de São Paulo, em andamento, e orientadora desta pesquisa.

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2. Inclusão digital na malha da rede

Dados apresentados pelo site britânico Netcraft3 em fevereiro de 2009 mostram

que o sistema global de comunicação de dados mantém conectados 1,5 bilhão de

pessoas e hospeda no mundo todo 215 milhões de sites.

No Brasil são 62 milhões de usuários em junho de 2009, de acordo com o Ibope,

sendo duas vezes maior que o Canadá e o sétimo maior mercado do mundo. Em

2008, foram vendidos no Brasil mais computadores (12 milhões) do que aparelhos

de TV. Embora a exclusão digital ainda seja uma realidade no Brasil, o contato com

computadores, direta ou indiretamente, tornou-se parte do cotidiano de grande

parcela da população. Em todas as regiões do país há algum tipo de programa de

inclusão digital e disponibilização de acesso gratuito a internet com diferentes

nomes: Sala de internet, Sala do Cidadão etc.

O estado de São Paulo é um dos pioneiros na proposta, o Acessa SP existe há

oito anos e dados do site oficial (http://www.acessasp.sp.gov.br) de novembro de

2009 indicam que o programa atendeu até hoje quase 42 milhões de pessoas e no

seu banco de dados estão cadastrados mais de 1,7 milhões de usuários. Em todo o

Estado estão instalados 512 postos de atendimento a população de baixa renda, e

mais 101 postos em implantação, o programa emprega 1.164 monitores distribuídos

3 Companhia de serviços e pesquisas sobre Internet e tecnologia. http://news.netcraft.com/.

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nos 453 municípios atendidos. Para dezembro de 2009 está previsto o início das

atividades de mais 36 unidades em todo o estado.

Na Capital, de acordo com o site oficial da Prefeitura de São Paulo, todas as

escolas e creches da Secretária Municipal de Educação oferecem acesso à Internet,

além de aulas semanais de Informática Educativa. Orientado por professores, os

alunos aprendem como fazer a navegação na rede sem perder-se no labirinto

tecnológico e nos caminhos digitais entre os sites de relacionamentos e os bate-

papos online. A rede municipal de ensino atende 9,77% da população, o que

significa mais de um milhão de alunos, entre crianças e jovens distribuídos nas

1.418 escolas.

Um compromisso firmado entre as empresas de telefonia fixa e o Governo

Federal garante que até 2010 a internet rápida chegará a todas as 56.685 escolas

públicas urbanas do País. Considerando que 86% dos estudantes oficialmente

matriculados estão na rede pública, isto significa que 37,2 milhões de alunos serão

beneficiados, o que irá democratizar o acesso àquela população que não tem

computador doméstico.

De acordo com pesquisa divulgada pelo Centro de Estudos sobre as

Tecnologias da Informação e da Comunicação4 (Cetic.br), as lan houses são hoje

mais usadas para acesso a internet, acolhendo 49% dos internautas no Brasil.

Outros 40% são acessos em domicílio, 22% acessam em casas de terceiros e 21%

em local de trabalho.

4 O Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação é responsável pela produção de indicadores e estatísticas sobre a disponibilidade e uso da Internet no Brasil, divulgando análises e informações periódicas sobre o desenvolvimento da rede no país. www.cetic.br. Acesso 11 nov 2009.

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Esses dados são exemplos de que estamos caminhando para a inclusão

digital, embora concordemos com o alerta de Barbosa Filho e Castro (2006), para

quem o simples fato de uma pessoa verificar e enviar emails não significa que ela

conhece e sabe usar, não apenas a máquina, mas a tecnologia a que tem acesso.

A inclusão passa pela capacitação dos atores sociais para o exercício ativo da cidadania, através do aprendizado tecnológico, do uso dos equipamentos, assim como pela produção de conteúdo e conhecimentos gerados dentro da realidade de cada grupo envolvido para ser disponibilizados na rede e demais tecnologias digitais. Passa ainda pela possibilidade que esses mesmos grupos possam encontrar no ambiente digital um espaço de trabalho e renda, auto-gerindo locais de acesso público a rede (BARBOSA FILHO e CASTRO, 2006, p. 3).

Os autores consideram que a inclusão estende-se para algo bem maior do

que simplesmente usar a internet, o que para eles é uma subutilização da

tecnologia.

3. O protagonismo pela interação

Na era pré-internet, a interação já era objeto de reflexão teórica no campo da

comunicação. DeFleur e Ball-Rokeach (1993, p.351) preconizavam a mudança de

paradigmas da comunicação de massa, o modelo “um para muitos”, para uma

situação em que um grande número de pessoas transmitisse e recebesse vários

gêneros de informação. Sete anos depois, Dizard Junior desenhava o avanço

daquela tecnologia sobre o modelo de televisão, hoje realidade com a comunicação

digital, seja em sinal aberto ou pela Internet:

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Os computadores cada vez mais se tornam parecidos com os televisores; os televisores estão se tornando computadorizados. (...) Os televisores serão transformados de receptores passivos de imagens distantes em instrumentos interativos de multimídia, capazes de lidar com todos os tipos de serviços de vídeo, dados ou som. Esses serviços serão distribuídos para casas e outras localidades através de redes a cabo e redes sem fio, cada uma com capacidade de centenas de canais de vídeo interativos e milhares de links bidirecionados de dados. Pela primeira vez, toda uma gama de mídia, antiga e nova, estará eletronicamente à disposição dos consumidores domésticos (DEFLEUR E BALL-ROKEACH, 2000, p. 54-55).

As primeiras experiências de programação de TV na Web foram uma

‘migração’ do conteúdo disponibilizado na rede aberta, sendo somente uma

plataforma para sua distribuição. Neste modelo podemos identificar semelhanças

com o início do jornalismo online, quando tínhamos a transposição do conteúdo da

versão impressa do jornal postada na íntegra na rede, inclusive em formato PDF. Ou

seja, não era um jornal com uma arquitetura específica, cujas condições de

recepção e de diálogo com o leitor são bem superiores. Hoje, principalmente com a

Web 2.0, que permite o envio de dados, sons e imagens em tempo real e com

qualidade técnica, o jornalismo online é produzido com esta finalidade, e

acreditamos que este é o caminho das Web TVs.

4. Interatividade: em busca de um conceito

Alex Primo (2007) questiona o estudo tecnicista das possibilidades de

interação, limitado pelas “senhas explicativas tradicionais”. Para ele, o sistema

webdesigner→site→internet←usuário, um modelo atual de interatividade aplicado a

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internet, está em xeque. Primo reconhece o avanço desta fórmula perante o conceito

de emissor-mensagem-receptor, mas salienta que a polarização e a supremacia de

uma das extremidades ainda prevalecem. Enquanto um pólo tem a vantagem de se

pronunciar, ao outro é permitido apenas consumir, a única diferença é que agora

pode selecionar e procurar o que vai ser consumido.

DeFleur e Ball-Rokeach já haviam apresentado uma definição de

interatividade, ao que denominavam “interatuação”

Nesta, transmissor e receptor alternadamente se revezam no papel de comunicador, cada um recebendo realimentação imediata e plena sob a forma de mensagens verbais e não-verbais. A comunicação de massa convencional não é interatuante, pois o fluxo da comunicação unilateral não permite a membros da audiência fornecer, ou aos comunicadores de massa receber, plena e imediata retroalimentação. O comunicador de massa não sabe o que a audiência está fazendo, pensando ou sentindo, e o integrante da audiência não pode expressar espanto, tristeza, raiva, excitação ou qualquer outra reação à fonte (DEFLEUR E BALL-ROKEACH, 1993, p. 362).

Para que haja a interação não é necessária a presença física e o

compartilhamento do mesmo espaço geográfico por duas pessoas, por exemplo.

Thompson (1998, p.78) trata de interações mediadas usando os “meios técnicos

(papel, fios elétricos, ondas eletromagnéticas)” em oposição a interação “face a

face”. É este tipo de interação que a internet possibilita; com a interação mediada

por computador é possível transmitir informação e conteúdo simbólico “para

indivíduos situados remotamente no espaço, no tempo, ou em ambos” (1998, p.78).

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Nas definições de Thompson, a televisão se encontra na quase interação

mediada, juntamente com livros e jornais e todos os outros meios de comunicação

de massa. Este tipo de interação assemelha-se ao anterior por disseminar-se no

espaço e no tempo, mas seu caráter é monológico e é direcionada para um número

indefinido de receptores. Para o autor, esta forma de interação não tem a mesma

reciprocidade das outras duas, mas não deixa de ser uma forma de interação:

a televisão implica um fluxo de mensagem predominantemente de sentido único: dos produtores para os receptores. As mensagens que são intercambiadas numa quase-interação televisiva são produzidas na sua maioria esmagadora por um grupo de participantes e transmitidas para um número indefinido de receptores, que tem relativamente poucas oportunidades de contribuir diretamente para o curso e o conteúdo da quase-interação. Eles podem telefonar ou escrever às companhias de televisão para manifestar apoio ou repúdio a determinados programas. Eles podem formar grupos de pressão na tentativa de influenciar planos de programação. Alguns canais têm programas de “direito à resposta” que permitem a um pequeno número de espectadores selecionados expressarem suas opiniões. Mas, na prática, estas avenidas de intervenção são usadas por muito poucos indivíduos. Para a grande maioria dos receptores a única maneira que eles têm para intervir na quase-interação é na decisão de sintonizar a televisão, de continuar com ela ligada, de prestar algum grau de atenção, de trocar de canal ou de desligá-la quando não tiver nenhum interesse na sua programação (THOMPSON, 1998, p.89).

Se por um lado com isto os produtores têm liberdade para continuar a criar de

acordo com o que acredita, livres da interferência do telespectador, por outro a falta

de “respostas” por parte do receptor traz incertezas e preocupações “pois eles são

privados daquele feedback contínuo e imediato que lhes permite verificar o grau de

recepção e de entendimento das mensagens”, conforme observa Thompson.

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Serra (2006) contribui com a busca pela compreensão do termo trazendo uma

abordagem mais social, definindo como “uma característica essencial do agir

humano”. Enfático ao afirmar que esta palavra não é exclusiva das “novas mídias”,

traça um histórico sobre sua origem passando pelo marxismo, o pragmatismo e a

fenomenologia hermenêutica e vai além ao atribuir, apesar das diferenças, sua

paternidade a Marx, Pierce e Heidegger. De acordo com ele, esses pensadores

conceberam o homem como um ser “duplamente interactivo”: na relação com as

coisas e na relação com os outros homens” (p.6). Já Georg Simmel (apud Serra,

p.6), buscando elevar a sociologia à categoria de ciência formal, praticamente

“identifica sociedade com interacção, com a “influência recíproca” ou “reciprocidade

de efeitos” entre as acções de cada homem e as dos outros.”

Na década de 1950, o conceito passou a ser estudado por cientistas da área

de informática que buscavam traçar uma “relação entre o homem e a máquina”. Na

esteira da interação, os meios de comunicação de massa passaram, aos poucos, a

disponibilizar ferramentas para fidelizar o público e assegurar uma relação de

proximidade entre os emissores e os receptores, como exemplos, as cartas dos

leitores nos meios impressos e os telefonemas durante os programas ao vivo do

rádio e da TV.

Desses, o rádio é o veículo com maior grau de interação existente, pois é o

único que permite a participação ao vivo e na íntegra de quem está do outro lado.

Para esse diálogo, o ouvinte não precisa de outras ferramentas senão a voz e o

telefone. Ao executar a música solicitada, o ouvinte tem uma sensação de

pertencimento, que sente a emissora como “sua”. Determinados programas abrem

espaço para a participação ao vivo por telefone, o que permite não apenas ouvir a

música que pediu, mas também estar em igualdade com o apresentador,

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estabelecendo com ele até uma relação de intimidade e suposta “amizade”, tudo

isso sem edição.

Ao estabelecer algumas comparações entre a interatividade possibilitada pelo

rádio e pelo telefone, Lévy (2000, p.80), acredita que por ser um canal de

comunicação bidirecional, é a mídia “incontestavelmente mais interativa que existe”.

Não negamos as possibilidades oferecidas pelo sistema de telefonia, mas

questionamos, hoje, sua supremacia. Talvez o autor não tenha considerado o

telemarketing e os serviços conhecidos como “0800” que, pela forma como são

prestados, nos deixa a sensação de monólogo, e não de diálogo. Por exemplo, ao

ligarmos para o número do serviço de atendimento ao cliente – SAC, quem “atende”

são as máquinas, e automaticamente ouvimos uma gravação que “fala”

ininterruptamente, e ao final, após apertar as teclas ordenadas, temos – ou não – o

sucesso na tentativa de comunicação.

A questão é: mesmo usando o telefone, temos apenas a opção pelas

alternativas previamente disponibilizadas, e se por acaso apertarmos alguma tecla

não prevista, o resultado não é alcançado e o processo de comunicação é

interrompido. Mesmo quando o atendimento é feito por um profissional, como no

caso do telemarketing, a sensação de falar com uma “máquina” ainda permanece,

sendo inclusive motivo da aversão do público a esse tipo de estratégia

mercadológica. Nestes dois exemplos, não houve interação, se observarmos o

conceito de Lévy (2000, p.80), no qual o telefone “permite o diálogo, a reciprocidade,

a comunicação efetiva”. O e-mail (correio eletrônico) pode ser considerado o

precursor dos recursos de interatividade na internet. No entanto, é apenas uma

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transmissão de mensagens, não permitindo a interferência na produção de

conteúdo.

5. Interação.com

O conceito de interatividade, no Brasil, passou a ser popularizado com as

discussões sobre o novo modelo de TV Digital, em fase de implantação há dois anos

(começou a operar em dezembro de 2007, na cidade de São Paulo). O sistema

brasileiro de TV Digital terrestre (SBTVD-T) promete, além de melhor qualidade de

áudio e imagens, a possibilidade do telespectador interagir com a programação. No

entanto, os recursos são tímidos e ainda dependem de ajustes tecnológicos para

serem efetivamente dialógicos, ou seja, a tecnologia do canal de retorno que vai

propiciar a interação ainda está sendo testada.

Ainda assim, os teóricos apontam as diferentes formas de interatividade que

serão proporcionadas pela tecnologia digital de TV. São vários estudos, e aqui

destacamos Esteca e Maia (2009, p. 01), que dividem em oito níveis:

Nível 0: Ajustes como regulagem de brilho, contraste, volume e troca de canais.

Exibição de imagens em preto e branco.

Nível 1: Exibição de imagens coloridas e uso do controle remoto para ajustes do

televisor.

Nível 2: Uso de periféricos como videocassetes, câmeras e aparelhos de jogos.

Nível 3: Interatividade por meio de ligações telefônicas, e-mails e fax.

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Nível 4: Possibilidade de escolher ângulos de câmeras em tempo real.

Nível 5: Possibilidade de o usuário participar da programação enviando vídeos de

baixa qualidade.

Nível 6: Envio de vídeos com imagens de alta qualidade.

Nível 7: Usuário alcança interatividade plena, gerando conteúdo da mesma forma

que a emissora.

O uso de ferramentas interativas na televisão, entretanto, é algo que o

homem almeja desde quando as imagens na TV ainda eram em preto e branco, com

o controle remoto, o vídeo cassete, o aluguel de filmes e, atualmente, o pay-per-view

(PPV) é um exemplo da busca pela interatividade na TV por assinatura. O sistema

de distribuição por encomenda (on-demand) permite ao assinante receber

programas exclusivos, e a taxa é debitada na fatura da TV por assinatura. Para o

segmento da televisão comercial, interagir está associado a comprar, responder a

questões, enviar SMS, telefonar, mandar emails e enviar comentários sobre o

conteúdo.

Esses exemplos refletem, segundo Primo (2007, p.26), “o interesse das

empresas do setor televisivo em aumentar sua receita”. Esta perspectiva comercial

no uso das possibilidades de interação desperta reações indignadas por parte de

alguns pesquisadores, que vêem no segmento apenas dois propósitos: seduzir o

consumidor e silenciar o cidadão. “Essa tal de interatividade deveria se chamar

interpassividade. Nada mais. Interpassividade consumista: anabolizante para o

comércio, nuvem de fumaça para a democracia.” (Bucci apud Primo, 2007, p.26).

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Há outras iniciativas para ampliar a participação do telespectador na TV

aberta. A revista eletrônica Fantástico da Rede Globo inovou em sua programação

dominical ao abrir espaço para que os telespectadores enviem, via internet, vídeos

caseiros, feitos por webcam e celulares, referentes ao conteúdo do programa ou

alusivo a algum tema proposto. Outros programas da emissora também passaram a

oferecer ao público algum tipo de interatividade, em maior ou menor grau. O Mais

Você, de Ana Maria Braga, desenvolve receitas culinárias enviadas por

telespectadores, em alguns casos leva o próprio telespectador para fazer o prato ao

vivo no programa matinal, ou faz visita de surpresa em casa. O Domingão do

Faustão faz do quadro Garagem do Faustão uma vitrine para músicos que buscam

visibilidade. Os interessados enviam um vídeo e a cada domingo o público elege um

vencedor, que se apresenta ao vivo no programa seguinte.

No dia 20 de Junho de 2009, por causa de evento esportivo transmitido ao

vivo, a TV Globo exibiu o programa TV XUXA pela web5. Que voltou a ser exibido no

dia 01 de agosto. A emissora testou um formato específico: O programa foi dividido

em três partes, sem intervalos comerciais, num total de dezesseis minutos e cinco

segundos. Na página, estão disponíveis os três vídeos: no primeiro uma entrevista

com o ator global Murilo Benício, sobre carreira e infância; no segundo uma receita

culinária desenvolvida por uma criança. E no terceiro e último bloco, uma

apresentação da cantora Ivete Sangalo. Mas a entrevista com o ator Murilo Benício e

a participação da cantora só seriam apresentados na íntegra no programa semanal

da TV aberta. Isso nos leva a pensar que o “especial para Web” serviu apenas de

“vitrine” para o programa em rede aberta.

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6. Interação versus Reação

Muitas vezes, o que é oferecido como conteúdo interativo não oferece as

condições de diálogo, mas de reação. Como explica Alex Primo (2007, 27), “um

sistema interativo deveria dar total autonomia ao espectador e viabilizar a resposta

criativa e não-prevista da audiência (...) nos sistemas reativos a extensão de

escolhas é predeterminada6.” Ou seja, é importante estar atento para a utilização do

conceito como jogada de marketing, já que, como alerta Arlindo Machado (apud

Primo, idem) “muitos dos equipamentos vendidos como “interativos” não facultam

verdadeiras respostas, mas simplesmente escolhas dentro de um conjunto de

alternativas preestabelecidas.”

Por exemplo, o extinto Você Decide ou o Big Brother Brasil, programas nos

quais o público pode participar por meio de telefone, SMS ou internet, mas só lhe é

permitido optar entre as possibilidades oferecidas pelos programadores e de criação.

De acordo com Amaral, interagir é em uma outra esfera de diálogo, “implica a

possibilidade de resposta autônoma, criativa e não prevista da audiência, ou mesmo

no limite, a substituição total dos pólos emissor e receptor pela idéia mais

estimulante dos agentes intercomunicadores.” (2004, p. 90).

Interação vai além da escolha entre duas ou mais opções apresentadas,

como as finais dos programas de realities-shows ou de episódios de ficção. Significa

de fato cooperação na construção dos sentidos, um espaço no qual as pessoas são

5 O site da emissora (http://tvglobo.tvxuxa.globo.com/novidades/2009) informa que sempre que houver transmissão esportiva nas manhãs de sábado, o programa será online 6 Grifo nosso.

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livres não apenas para escolher ou opinar, mas também e principalmente para

sugerir e criar. Interatividade é liberdade.

A comunicação é vital e a interatividade está na base dialógica de todo ser

humano. No caso da comunicação pelas mídias digitais, a unidirecionalidade do

conteúdo, de “um para todos” como no sistema broadcasting; dá lugar à uma maior

possibilidade de trocas. No caso da WebTV o webtelespectador tem a opção de

intervir no processo de construção do conteúdo, resguardadas as possibilidades

tecnológicas a ele oferecidas.

Pierre Lévy (2000) aborda a interatividade como algo que requer

participação, que desperta reações e sentimentos, mas ressalta que mesmo nos

sistemas unidirecionais, o receptor jamais é passivo. “Mesmo sentado na frente de

uma televisão sem controle remoto, o destinatário decodifica, interpreta, participa,

mobiliza seu sistema nervoso de muitas maneiras, e sempre de forma diferente de

seu vizinho” (2000, p.79).

No caso da televisão, a digitalização poderia aumentar ainda mais as possibilidades de reapropriação e personalização da mensagem ao permitir, por exemplo, uma descentralização da emissora do lado do receptor: escolha da câmera que filma um evento, possibilidade de ampliar imagens, alternância personalizada entre imagens e comentários, seleção dos comentaristas etc. (2000, p.79)

Não podemos confundir WebTV com TV na Web. Leila Nogueira (2004, p.3)

classifica as emissoras de TVs que disponibilizam produção na internet em três

categorias:

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1) as que apenas transferem a produção audiovisual da televisão aberta para a

internet, visando com isso rejuvenescer e modernizar a cara da empresa e resgatar

aquele telespectador que não pode acompanhar a programação em sua grade,

como por exemplo os capítulos das novelas;

2) empresas de comunicação que apesar de produzirem programas específicos para

veiculação na web, continuam utilizando a linguagem da TV convencional, como por

exemplo programas longos divididos em blocos comerciais; e

3) empresas que começaram a perceber o potencial da internet e trabalham

exclusivamente para alimentar uma programação que contemple, ainda que de

maneira limitada, a “convergência, interatividade, hipertextualidade e memória” além

de oferecer ao webtelespectador a possibilidade de montar a própria grade de

programação.

A AllTV (www.alltv.com.br), criada por Alberto Luchetti Neto em 2002, se

autointitula a primeira WebTV do Brasil, ou seja, é oferecida exclusivamente para a

Internet. Ainda assim, tem uma arquitetura semelhante ao modelo da TV aberta,

seus programas são divididos em blocos separados por intervalos comerciais. O

conteúdo é transmitido ao vivo, 24h por dia, e a interatividade é possibilitada no

chat7 “linha direta”, pelo qual se pode fazer comentários sobre a programação ao

vivo, e ainda enviar suas próprias reportagens.

7 canais de bate-papo online onde os usuários podem conversar entre si, em tempo real, em “salas” virtuais, divididas por categorias ou temas. Esses canais são ideais para possibilitar a interação entre os leitores e a equipe de redação.

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6. WebTV – A construção de uma identidade

A TV na internet passa por um estágio de “midiamorfose”, buscando

linguagem e códigos próprios, tendo como referência os suportes anteriores, como

nas primeiras décadas da TV brasileira, que se ancorou na experiência do rádio - a

grande mídia de massa de então. Mas “a idéia é, no futuro, chegar a uma

interatividade entre o vídeo e a pessoa, este é nosso objetivo, oferecer uma

interatividade que nem a TV nem o cinema podem ter.” (CORTEAUX apud RAMOS,

2008, p.5,)

Outras questões estão ligadas à transição do suporte analógico para o digital,

que exige um homem multimidiático para explorar as novas possibilidades que os

veículos oferecem. Com a internet, nasce uma geração voltada para o audiovisual e

ao mesmo tempo busca as informações com a agilidade de um click. A presença do

computador, seja na intimidade de um quarto de dormir ou no espaço público (desde

as lan houses, livrarias e lanchonetes até terminais de transporte públicos,

bibliotecas, escolas e outros equipamentos de uso público) garante acessibilidade a

todos os que queiram fazer uso da internet. Vale ressaltar, no entanto, que além do

suporte o usuário deve ter as competências e habilidades para sua utilização, e esse

também é o papel da educação.

A comunicação é vital, e a interatividade está na base dialógica de todo ser

humano. No caso da comunicação pela mídia, não precisa mais ser unidirecional, de

“um para todos” como no sistema broadcasting: com o conteúdo disponibilizado na

internet, oferecendo ferramentas de interatividade, haverá possibilidade de troca,

tornando-se mais um exemplo de “obra aberta”, como ensina Umberto Eco. O

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webtelespectador tem a opção de intervir no processo de construção do conteúdo,

resguardadas as possibilidades tecnológicas a ele oferecidas.

Com o intercâmbio na rede, a “sociedade da informação” pode vir a tornar-se

a “sociedade do conhecimento” autenticando o processo de aprendizado. De acordo

com Gutiérrez (1978), os jovens querem ser, hoje, forjadores de sua própria história

e não meros espectadores ou consumidores passivos.

É incontestável que o processo de troca de informação entre os

equipamentos é o que diferencia a Internet dos outros meios de comunicação, mas

não podemos esquecer que nas extremidades desta malha estamos eu e você, e é

isto que tem que ser levado em conta quando falamos em interação no campo da

comunicação. Apesar de as máquinas serem os meios, não são elas as

protagonistas do processo. Seja por carta, por telefone ou por internet, devemos

sempre considerar que quem possibilita a troca são as pessoas. É a participação

delas que permite a construção de algo maior: o conhecimento.

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CAPÍTULO 2

Pode-se fazer televisão pela internet, pode-se fazer

pelos próprios canais educativos, nas TV’s pagas e

via satélite e agora com a TV Digital, abre-se uma

perspectiva muito maior para se produzir.

Cláudio Magalhães Vice Presidente da Associação

Brasileira de Televisão Universitária

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1. Mapa das TVs Universitárias – pesquisa de campo

Em agosto de 2008 iniciamos uma pesquisa de campo para atualização do

Mapa das TVs Universitárias no Brasil, desenvolvida com o apoio da Associação

Brasileira de TVs Universitárias8. Até novembro daquele ano foram enviados cerca

de 180 questionários via e-mail para IES das regiões Norte, Sul, Nordeste, Centro-

Oeste, e 206 para a região Sudeste. Dessas, apenas 41 IES responderam.

Numa primeira avaliação realizada, juntamente com os diretores da ABTU

Daniel De Thomaz e Pedro Ortiz, foi constatado que esse mecanismo não daria

resultado satisfatório, visto que o e-mail ainda não é uma ferramenta eficiente quanto

à rapidez e garantia de recebimento das respostas. Assim, em Dezembro de 2008

antecipamos a segunda etapa da coleta de dados, realizando cerca de 100 contatos

telefônicos satisfatórios9 com o objetivo testar a nova metodologia. Desde então, o

foco da pesquisa passou a ser quantitativo, ou seja, detectar quantas IES possuem

TVs Universitárias, já que a vertente qualitativa, que seria possível com a resposta

dos questionários via e-mail, não se viabilizou. Portanto, não foi possível traçar um

8 A pesquisa que atualizou o mapa das TVs Universitárias foi financiada pela ABTU - Associação Brasileira de Televisão Universitária, com bolsa-estágio pelo Centro de Integração Empresa Escola – CIEE. Iniciada em agosto de 2008, foi encerrada em novembro de 2009. 9São cerca de cinco ligações telefônicas para cada IES, até que a informação seja obtida. As ligações

foram feitas da FEMA, e os cursos foram ressarcidos mensalmente à ABTU, numa média de R$ 150,00/mês).

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perfil dessas emissoras, quanto à sua institucionalização, formas de gestão,

conteúdo, recursos humanos e financiamento.

De 5 de janeiro até 20 de fevereiro de 2009, foi realizado o levantamento dos

números de telefones de todas as instituições cadastradas no site do Ministério da

Educação (www.mec.gov.br), cuja lista somava 2.495 IES, e que serviu de base para

a análise dos dados. O trabalho, nesta fase, apesar de desgastante, foi fundamental

para a fase seguinte, quando foi elaborada uma tabela com todas as Instituições e

seus respectivos telefones, servindo de guia para a coleta de dados.

No dia 2 de março de 2009 foram retomadas as ligações e, paralelamente,

enviados os questionários para as IES que afirmaram possuir TV ou que produziam

programas e veiculavam em outras emissoras ou suportes. Até 15 de novembro

foram realizadas aproximadamente 9 mil ligações para as regiões Norte, Sul,

Sudeste, Centro-oeste e Nordeste.

Uma das maiores dificuldades encontradas na coleta de dados foi na

usabilidade do site do MEC. Muitos links de IES não abriam, ou então não tinham as

informações básicas, como o telefone de contato (muitos, quando tinha, estavam

incompletos, com cinco dígitos, por exemplo); ou os e-mails estavam desatualizados

ou errados, haja vista que muitos “voltavam”.

Outro problema, ainda com relação ao MEC como fonte, foi o fato de uma

única IES estar cadastrada com vários nomes. A Fundação Armando Álvares

Penteado (FAAP-SP), por exemplo, estava cadastrada com quatro nomes diferentes.

Ou seja, o universo de 2.495 IES não corresponde à realidade, mas mantivemos

esta referência por falta de outra fonte oficial. Dessas, conseguimos concretizar

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1.662 contatos telefônicos (66% das IES cadastradas) o que, para efeito de

tabulação, foram considerados como sendo 100% da nossa amostragem.

Acreditamos que a decisão de descartar as 833 IES restantes não prejudicou o

resultado, pois segundo o presidente da ABTU e co-orientador da pesquisa, Prof. Dr.

Cláudio Magalhães, “se essas IES não foram localizadas via telefone mostra que, ou

estão desativadas, ou são pequenas ou desorganizadas. Isso diminui – em muito –

as possibilidades de terem uma TV Universitária.”

Estes foram os resultados:

Total registrado no MEC – . 2.495 Instituições

Total IES contactadas

1662

66%

Total IES não Contactadas

83334%

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Região Norte

Das 150 IES instaladas na região norte, 100 afirmaram não possuir TV, nove

delas deram respostas positivas, mas apenas uma respondeu o e-mail (TV Unama).

Algumas faculdades possuem estúdio de TV para práticas laboratoriais, mas não

veiculam nenhum tipo de programação, exceto o Instituto Esperança de Ensino

Superior–IESPES, localizado em Santarém-PA. A produção vai ao ar pela TV

Amazônia, canal 7 - afiliado da Rede TV.

Sua IES tem TV Universitária

Possuem TV Universitária

98%

Não possuem TV Universitária

100

92%

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Região Centro-oeste

Na região Centro-oeste estão registradas 266 IES. Tentamos entrar em

contato com todas elas no mínimo cinco vezes, conseguimos falar com 207 e as

dificuldades de contato foram as mesmas: 17 IES afirmam possuir a mídia, mas

apenas quatro responderam ao questionário.

Região Centro-Oeste

Possuem TV Universitária178%

Não possuem TV Universitária

19092%

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Região Sul

Na região Sul, das 407 IES obtivemos respostas concretas em 294, das quais

38 afirmam possuir TV e 256 não. Onze delas, embora não tenham emissoras

próprias, afirmam veicular programas em veículos locais.

Região Sul –

Possuem TV Universitária3813%

Não possuem TV Universitária

25687%

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Região Nordeste

Das 464 instituições na região Nordeste conseguimos contato com 336, das

quais 34 afirmam possuir emissora, mas apenas quatro responderam ao

questionário. Nesta região localizamos pela primeira vez na pesquisa uma WebTV

Universitária (FACE), uma TV desativada, quatro circuitos internos, e cinco

faculdades possuem parcerias com emissoras de TV aberta.

Região Nordeste –

Possuem TV Universitária

3410%

Não possuem TV Universitária

302

90%

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Região Sudeste

Esta região foi um caso a parte. Apesar de concentrar o maior número de IES,

no total são 1.203, só conseguimos contato com 716 – um índice abaixo da média

das demais. Uma curiosidade desta região foi a quantidade de menções na lista do

MEC, algumas até oito vezes! O número de telefone incompleto ou de outro local foi

outro fator que prejudicou a coleta de dados. Além disso, encontramos muitas IES

desativadas e outras que vão começar a operar em 2010. Dos 716 contatos

realizados, 53 afirmam possuir TVs.

Região Sudeste

Possuem TV Universitária

53

7%

Não possuem TV Universitária

663

93%

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Algumas considerações sobre a coleta de dados

Uma das maiores dificuldades foi a falta de compreensão sobre o que é uma

TV universitária por parte dos atendentes (telefonistas, porteiros, secretárias etc).

Diante da pergunta “sua faculdade tem TV Universitária?” obtivemos as respostas

mais inusitadas e bizarras possíveis, desde “Sim, não temos apenas uma TV, temos

duas. Uma pequena e outra grandona!”, até “ Temos sim, destas bem grandes de 29

polegadas”. Mas a maioria das respostas veio com outra pergunta: “Se nós temos o

que?”. Outra constatação foi o fato de as IES que não têm TV Universitária

associarem a iniciativa ao seu viés pedagógico. Muitas respondiam: “Aqui não tem

TV porque não temos curso de comunicação”.

Um comportamento corriqueiro observado durante as ligações é que ao

serem interpelados e não saberem a resposta, os atendentes transferiam as

chamadas para os mais variados setores: Biblioteca, Secretaria, Tesouraria,

Recursos Humanos e até mesmo a portaria. Um dos números indicados era o

telefone residencial do proprietário da faculdade. Em outro, a pessoa que atendeu

identificou-se como “esposa do dono”.

Acreditamos que na região Sudeste seria mais fácil, por agregar o maior

número de IES e ser o estado mais desenvolvido da federação. Mas, na verdade,

em alguns casos foi até pior. Uma funcionária, ao responder que a faculdade

possuía TV, completou: “tem sim, e pega bem. Na Copa do Mundo (de Futebol) nós

até assistimos o jogo do Brasil aqui na secretaria”.

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Para o Norte, as ligações deviam ser feitas entre 15h e 19h, pela diferença no

fuso horário e do horário de verão. Ou seja, quando começava a ligar, às 14h, eles

ainda estavam em horário de almoço. Ligar para o nordeste era como estar em uma

aconchegante rede na varanda de alguém. O toque insistente do telefone sempre

era atendido por um cantado “ô meu amor”, “meu bem”, e ao desligar sempre

recebia um “cheiro”. Inicialmente esses tratamentos causaram estranheza, mas com

o tempo passou a fazer parte da rotina, e os diferentes sotaques eram sempre bem

vindos.

O tratamento mais “profissional”, para não dizer “frio”, veio justamente do

Estado de São Paulo, onde os atendentes identificavam imediatamente as

universidades e direcionavam as ligações para os setores competentes. E, ainda os

próprios atendentes já davam a informação solicitada, com firmeza.

Apesar de tudo isso e especialmente por tudo isso, a fase de coleta de dados

foi muito divertida e enriquecedora, tanto pelas respostas inusitadas, quanto pelo

contato com os mais diversos sotaques e tratamentos deste Brasil afora. Durante

mais de um ano “viajamos” a todas as regiões do País sem sair da Fema.

2. A WebTV na Universidade

De acordo com levantamento realizado pela ABTU (Associação Brasileira de

Televisão Universitária), em 2006 havia cerca de 100 IES produzindo programação

televisiva – a maioria com exibição pelo cabo, amparadas pela Lei do Cabo, número

8977/95, ou seja, são canais municipais. Com a WebTV, o acesso ao seu conteúdo

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é ilimitado, além de poder oferecer uma programação diferenciada, com a utilização

das ferramentas como a interatividade. Ao contrário do modelo “unidirecional”,

possibilita ao webtelespectador interagir durante o processo de produção,

contribuindo para sua construção.

Das 151 IES que produzem televisão, esta pesquisa identificou cerca de 15

que disponibilizam programas via web. Pensando nisso, cabe olhar para a internet

como ambiente para a experimentação de uma nova linguagem na comunicação

entre a universidade e a sociedade. Uma das vantagens da WebTV em relação a

transmissão via cabo ou em rede aberta está o amplo alcance, o acesso mais

democrático e a ampliação das possibilidades de recepção da programação junto ao

público universitário, já que o jovem, cada vez mais, está substituindo a TV pela

Internet, conforme apontamos no capítulo anterior. Pode, ainda, ser uma alternativa

viável técnica e economicamente para as IES e outras iniciativas de produção de

conteúdo educativo, já que esse suporte não exige uma produção “broadcasting”.

Nos últimos anos a www deixou de ser um passatempo, e o ambiente virtual

tem assumido importância no processo de comunicação entre a Universidade e a

Sociedade. A produção científica e cultural de uma IES precisa ser divulgada, uma

vez que a instituição tem o compromisso com o ensino, a pesquisa e a extensão.

Portanto, tornar fechado o conhecimento produzido, sem oferecer um canal

adequado para sua divulgação, vai de encontro a esses princípios. Estas questões

estão em Paviani (2004.), para quem a Universidade é uma instituição voltada para o

educar, o saber, o conhecer. Entre suas funções essenciais está a produção,

organização e sistematização de conhecimentos e, consequentemente, na

publicação, divulgação e outras formas de acesso ao conhecimento.

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Sobre seu uso acadêmico como suporte para a produção televisiva, a internet

é um espaço que permite a experimentação, a tentativa sem medo de errar, como

observa Ramos:

Estamos diante de um novo código audiovisual (...) e há dificuldades evidentes na assimilação deste código na rotina de utilização de conteúdos multimídia (...) O que é incorporado são os códigos e formatos já legitimados oriundos da TV e rádio. (RAMOS, 2008, p.4)

Entre as vantagens da TV na internet está o amplo alcance e o acesso cada

vez mais democrático. Pode, ainda, ser uma alternativa viável técnica e

economicamente, devido às plataformas tecnológicas que permitem a

disponibilização desse conteúdo educativo.

A seguir, apresentamos alguns exemplos de WebTVs universitárias

localizadas na rede, com algumas impressões sobre sua programação. As TVUs

visitadas mantêm estagiários dos cursos de comunicação social e apresentam

programas no formato da TV aberta, com reportagens entre um e dois minutos.

2.1 - TV UERJ

A TV UERJ (http://www.tvuerj.uerj.br) foi primeira WebTV Universitária do

Brasil. Na rede desde 2001, seu conteúdo é de responsabilidade da Faculdade de

Comunicação Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. O primeiro

programa foi um telejornal diário, resultado dos trabalhos laboratoriais de alunos de

Jornalismo (atualmente envolve também os alunos do curso de Relações Públicas).

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É deles a responsabilidade por todo o processo, desde a produção até a veiculação.

Por seu caráter inovador, a WebTV da UERJ recebeu algumas homenagens, entre

elas o “Prêmio Luiz Beltrão”, oferecido para projetos inovadores pela Intercom –

Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicação, em 2002.

Atualmente conta com quatro programas:

Telejornal UERJ Online – Traz notícias da universidade, locais, nacionais e

mundiais.

TV UERJ Esportes - discute as notícias do esporte de forma despojado e com

humor.

Penúltimas - programa de debates com a presença de convidados.

ETC! - programa de cultura e variedades.

A interatividade está presente na disponibilização de vídeos para download,

email e fones de contato, twitter e o blog da TV. Para sugestões, críticas e

informações, os apresentadores convidam os webtelespectadores a enviar emails

para o endereço eletrônico da emissora durante o programa. Fora do horário de

exibição ao vivo, devem preencher um formulário específico, para que os produtores

entrem em contato. Entretanto, esta última alternativa de diálogo não surtiu

resultado, pois em três tentativas, não obtivemos resposta.

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2.2 - TV UVA

A TV UVA (http://www.uva.br/tvuva/), da Universidade Veiga de Almeida-RJ, é

mais atrativa, tanto pela variedade na programação quanto pela apresentação da

página, colorida em tons suaves. Os catorze programas são produzidos e

apresentados por alunos de Comunicação Social e áreas afins sob a supervisão de

profissionais de comunicação. Um diferencial desta TV é que na grade já está

disponível um espaço (vídeo vitrine) para o envio de vídeos independentes. A

agilidade é outro fator positivo, pois não é necessário abrir outras páginas para

acessar o arquivo de vídeos, pois já estão disponíveis em uma janela ao lado dos

nomes dos programas.

Esta é a programação:

Sexo, Coisas e tal: uma sexóloga esclarece dúvidas sobre o assunto.

Expresso.Com - Sobre o mundo dos negócios.

Arena Universitária - Debate com a participação dos alunos e professores da

Universidade.

Pedagogia em Ação - Discute a educação com a presença de educadores,

professores e alunos.

Jogo Aberto - Talk show cultural.

Saúde em Foco - Programa didático envolvendo os cursos e os professores da área

de saúde da faculdade para discutir o corpo e a mente.

Letras & etc. - Esclarece dúvidas sobre a língua portuguesa.

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Vídeo Vitrine - Espaço para as produções audiovisuais independentes.

A Dica é... - Dicas culturais.

Retratos do Rio - Apresenta o Rio de Janeiro utilizando a biografia de personagens

interessantes da cidade.

Abrindo o Jogo – Um passeio pelo campus ouvindo idéias dos alunos e utilizando-

as para promover debates entre os universitários.

Desvendando a História - Parceria com o curso de para descobrir fatos e sobre

bairros e personalidades.

Vivenciando Profissões - Orientação vocacional.

UVA Music – Biografia de cantores e músicos famosos.

Primeiros Passos - Passeio pelos campi para mostrar alunos artistas.

Ambiente Virtual - Espaço para o Nead – Núcleo de educação a distância.

2.3 – TV UFRJ

A TV UFRJ (http://www.webtv.ufrj.br) é um projeto da Coordenadoria de

Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Apesar da qualidade da

exibição, a falta de programação ao vivo não prende o webtelespectador e o

telejornal segue o esquema da TV aberta. Estão disponíveis cinco programas:

Revista UFRJ - Produzida pela Coordenadoria de Comunicação, é um programa

semanal com foco na produção científica e debates sobre políticas públicas.

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Noticias - programa de caráter noticioso voltado para eventos específicos.

Especiais - aprofunda-se em um assunto especifico.

Institucional – Trata dos assuntos da Universidade.

Consuni – arquivo das Sessões do Conselho Universitário.

Papo UFRJ - Sobre personalidades da UFRJ.

2.4. FAAC - WebTV

A FAAC WebTV (http://www.tbr.locaweb.com.br/webtv/) nasceu do projeto

"Impactos Tecnológicos da Produção e Difusão de Sinais de TV Via Web" da

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - campus Bauru (UNESP

Bauru). A programação conta com produção de alunos dos cursos da FAAC,

trabalhos laboratoriais e de conclusão de curso.

De acordo com o site, entre seus objetivos estão a busca por “soluções

criativas e críticas para a comunicação midiática, além de propor o avanço do estado

da arte da educação assistida por meios tecnológicos.” Sua grade de programação é

composta de eventos, jornalismo, infantil, variedades, ficção, documentário,

videoclipe, além das transmissões ao vivo que privilegiam os simpósios e

congressos.

Apesar de fazer parte do Programa de Mestrado Profissional em TV Digital,

desde maio de 2009 os vídeos disponíveis no site não são possíveis de serem

executados. Assim, nos abstemos de descrever sua programação.

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CAPÍTULO 3

Acreditamos na TV na Internet enquanto espaço de

experimentação, onde tempo e espaço são

ilimitados.

Profa. Thaisa Bacco

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1. Estudo de Caso - TV Facopp Online

A TV Facopp Online (http://tvfacopp.unoeste.br/tvfacopp/online/) é uma

produção da Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Oeste Paulista

(Unoeste - Presidente Prudente – SP). É a WebTV mais recente (2008) entre as

que visitamos e apesar de oferecer menor quantidade de programas é a única que

convida o público a produzir conteúdo, cujos vídeos, após analisados e aprovados,

são disponibilizados para o acesso. Conforme chamada do site da emissora,

A TV Facopp Online só vai conseguir colocar em prática todas as idéias se você participar. Entendemos interatividade como a junção de opinião e ação. Isso significa que queremos ouvi-lo, temos muitos espaços para a sua participação e precisamos da sua ajuda para produzirmos, a cada minuto, jornalismo online televisivo com responsabilidade e ética, inerentes à profissão do comunicador.

A Coordenadora da TV, professora Thaisa Bacco, explica que a opção por

uma TV na internet não está relacionada somente a questões financeiras, “porque

acreditamos nesse espaço de experimentação, onde tempo e espaço são ilimitados”,

defende.

Durante quatro meses fizemos visitas semanais ao site, sempre no período da

tarde, acompanhando a atualização das reportagens e programas como um

webtelespectador. Mandamos e-mail, tentamos contato via telefone, participamos do

fórum, votamos nas enquetes e tentamos postar um vídeo, mas o tamanho excedia

o permitido. Por fim, realizamos uma visita às instalações da TV na cidade de

Presidente Prudente, no dia 11 de novembro de 2009 e pudemos conhecer a rotina

de produção. A sede fica no bloco de aulas dos cursos de Comunicação Social

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(Bloco B3), e conta com cinco câmeras digitais com tripés, cinco microfones de mão

e cinco de lapela, uma ilha de edição não linear e estúdio com iluminação quente e

fria. A universidade disponibilizou uma linha telefonia exclusiva, mas o transporte

para a produção externa é de responsabilidade dos próprios estudantes, que

utilizam veículos particulares.

Todos os programas são semanais. Para a produção e realização das

reportagens a TV Facopp conta com uma equipe de 15 estagiários voluntários

selecionados entre os alunos sendo 11 do curso de Jornalismo, responsáveis pela

produção de conteúdo; e desde agosto de 2009 passaram a integrar a equipe quatro

estagiários de Publicidade e Propaganda, que juntamente com o Coordenador desta

área dentro da TV, Renato Pandur, respondem pela reestruturação do layout da

emissora, além das campanhas institucionais da WebTV. O perfil do

webtelespectador da TV Facopp, de acordo com pesquisa realizada pela direção da

emissora, é o jovem que tem acesso à conexão de banda larga e interesse na área

de Comunicação Social. Inicialmente o público-alvo da TV eram os próprios alunos

do curso de Comunicação Social e profissionais da área, mas a proposta é ampliar a

audiência. Uma das campanhas institucionais foi iniciada no dia 23 de novembro,

denominada “Pode entrar”, com a divulgação da emissora por meio de cartazes

afixados nos campi 1 e 2 da Instituição.

A direção geral é da professora de Telejornalismo, Thaisa Bacco, e a

Coordenadora do curso de Jornalismo, Carolina Costa, cumpre a função de editora-

chefe. A cada seis meses é feita uma nova seleção de estagiários, embora alguns

permaneçam desde que desempenhem satisfatoriamente suas funções. A decisão

sempre é das professoras. Mesmo sem remuneração, todos atuam com muita

dedicação e competência, pois gostam do que fazem. Pesquisam os temas a serem

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abordados, pedem ajuda aos colegas, aceitam as críticas e sugestões e aproveitam

a experiência para amadurecimento profissional.

Há um verdadeiro trabalho em equipe, respeito mútuo e camaradagem. Por

exemplo: no dia em que estivemos lá deveria ser gravado o boletim “Minuto notícia”

sobre a nossa visita, mas estava sendo realizada uma cobertura externa, fora da

universidade. Uma ligação do nosso anfitrião (o estudante de jornalismo Thales

Araújo que cumpre a função de chefe de redação) resolveu o problema e logo

vieram duas estagiárias com câmera, microfone e um sorriso estampado no rosto.

Imediatamente revisaram o texto, definiram a locação, gravaram a entrevista e

voltaram para a reportagem que estavam produzindo anteriormente. Apesar da

correria, não dispensaram a atenção, o bate papo agradável e o sorriso. Um misto

de boa vontade e profissionalismo.

A medição da audiência é feita por dois sistemas: um da própria TV Facopp,

que registra os acessos diários da programação geral e de cada programa,

individualmente. O outro é o Google Analytics, pelo qual todas as páginas da TV são

cadastradas e pode-se assim ter dados concretos sobre os acessos: quando, de

onde está sendo acessado, qual o caminho percorrido pelo webtelespectador até

chegar ao site, quais páginas foram visitadas e qual o objetivo do “click” na página.

O fluxo de visitação é constante nos dias da semana, diminuindo aos sábados e

domingos. Assim, a aferição é mais precisa e os dados recolhidos mais completos

do que o sistema de Ibope da TV convencional.

Entre os programas, o recorde de audiência é do “Na Prática”, que apresenta

a rotina dos profissionais de comunicação. No dia 15 de outubro de 2009, o especial

em homenagem aos professores recebeu, em menos de uma semana, mais de 700

acessos de diversas partes do país. O programa mais interativo é o “Telejovem”,

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resultado de um Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo que será defendido

em dezembro deste ano, embora o telejornal esteja em sua terceira edição já

garantiu lugar na grade de programação.

Atualmente a emissora passa por uma reformulação para tornar-se mais

atraente e conquistar mais webtelespectadores, tanto entre a comunidade

acadêmica quanto entre a população. Este trabalho começou com a mudança da

logomarca e com o lançamento da campanha “Pode entrar”, um convite para que os

estudantes da Unoeste e a população em geral saibam que a TV não é só dos

cursos de Comunicação Social. Outra inovação está no acesso aos vídeos, que

serão abertos automaticamente sem a necessidade de passar pelo processo de

buffer, área de memória temporária usada para potencializar a velocidade de acesso

de um vídeo.

2. Formas de interatividade

A interatividade é proporcionada por meio de canais como a enquete, na qual

há uma pergunta e três opções de resposta; o fórum passa por reformulações, tem

pouca participação e está inativo desde setembro de 2009. Segundo avaliação de

Thales Araújo, uma das explicações para a baixa popularidade do fórum pode estar

na localização do link, na parte inferior da página principal, prejudicando sua

visibilidade. O Blog da TV (http://www.tvfacopp.blogspot.com/) é um canal para os

estagiários escreverem sobre suas experiências durante a realização das matérias,

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este espaço permite ao webtelespectador inteirar-se sobre como foi a execução da

pauta, além de possibilitar comentários sobre os textos.

Não há um telefone de contato diretamente com a TV, a única linha é

específica para a produção. O e-mail é um canal ativo, as respostas às nossas

mensagens foram imediatas (cerca de duas horas). É, também, segundo Thaisa

Bacco, o canal preferido pelo webtelespectador, por meio do qual envia comentários,

críticas, dúvidas e sugestões de pauta, armazenadas no link “Contato”. Nas reuniões

realizadas às segundas-feiras, os temas são desenvolvidos e incluídos no rol de

pautas sugeridas pela equipe. A própria diretora se encarrega de dar o retorno às

sugestões, também via e-mail.

“Mande seu vídeo” é outra forma de incentivar a interatividade, mas há um

controle da direção da emissora, que antes de ser disponibilizado no site examina o

conteúdo para certificar-se de que não é impróprio. As contribuições ficam

disponíveis no link “Meus vídeos”.

A grade é composta de quatro programas e um informativo:

Login Cultural – Foco nas manifestações artísticas sempre procurando fazer

um link com a área de Comunicação Social. Por exemplo, na cobertura de uma

exposição de pintura em tela procura-se também na Faculdade alguém que participe

do evento ou que seja artista plástico, mesmo como hobbie.

Café com Q - Programa de entrevistas que aborda em profundidade assuntos

e dúvidas de interesse público.

Na Prática – Mostra o dia a dia dos profissionais que atuam na área de

Comunicação Social.

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Telejovem – Telejornal, inicialmente produzido como Trabalho de Conclusão

de Curso. A partir de 2010, o programa passará a ter uma equipe própria. No site o

TeleJovem, é descrito como um webjornal interativo:

Seu objetivo é dialogar com os jovens e ouvir a opinião deles sobre os mais diversos assuntos. Além disso, a cada semana o internauta recebe dicas culturais no quadro Pega Essa, conhece as dificuldades de um jovem no quadro SOS Galera, vai com o nosso videorrepórter praticar esporte, no Câmera Esportiva, e ouve opiniões sobre o trabalho da imprensa no Troca de Ideias. Para o TeleJovem, o importante é que o webespectador participe e produza conteúdo, tornando-o assim, a voz da juventude na internet. (Site da TV FACOPP, 2009)

O conteúdo deste programa é menos restrito do que dos outros, ou seja, não

é direcionado apenas à área de comunicação. Dentro do webjornal há quadros no

quais os webtelespectadores podem mandar fotos, opinar sobre a matéria, mandar

dicas de livros. No “SOS Galera”, um jovem narra, em primeira pessoa, um problema

ou dificuldade enfrentados em seu dia a dia, e o repórter vai ouvir o outro lado. Por

exemplo: o portador de deficiência física tem problemas de acessibilidade no

sistema de transporte coletivo, o repórter vai até a empresa e cobra do responsável

uma solução. Outro diferencial deste programa é o Messenger

([email protected]), usado para discutir as pautas do programa.

Minuto Notícia – Boletim informativo ou reportagens curtas produzidas para a

comunidade interna. Apesar do nome, sua duração pode ser maior. Este programa é

atualizado sempre que houver nova produção, sendo o único cuja periodicidade não

é semanal.

Esta é a imagem da página principal da TV Facopp online

(http://www.tvfacopponline.com.br):

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3. Considerações finais

Este trabalho teve origem na busca de uma compreensão das definições do

conceito de interatividade aplicado à Comunicação Social, diferente da visão

tecnicista apresentada pelos estudiosos da área das telecomunicações. Para isso

fizemos uma revisão bibliográfica buscando visões diferentes do uso mercadológico

que vem permeando este conceito, especialmente com o advento da TV Digital no

Brasil.

Não há dúvidas sobre a importância das máquinas no nosso cotidiano, em

algumas sociedades elas são vitais: a instantaneidade da troca de informações em

alguns casos pode até salvar vidas, e no caso dos veículos de comunicação, vem

exigindo uma nova postura, não apenas no processo de produção de conteúdo, mas

na relação com o seu público. Quem manda um e-mail, telefona ou envia um SMS,

quer uma resposta, espera ser reconhecido como um ser participante. Quem está do

outro lado tem essa preocupação?

Nosso objeto de estudo foi o campo das TVs Universitárias. Fizemos uma

pesquisa quantitativa para identificar as universidades brasileiras que possuem esse

canal de comunicação, e dessas, quantas estão disponibilizadas na internet. Nesta

etapa, utilizamos a relação das 2.495 Instituições de Ensino Superior cadastradas no

site do Ministério da Educação e Cultura (www.mec.gov.br). Inicialmente foram

enviados cerca de 400 emails, mas este método mostrou-se ineficaz, pois não

obtivemos respostas aos questionários. Partimos então para os contatos telefônicos,

e alcançamos até novembro de 2009 a marca de aproximadamente nove mil

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ligações a todas as IES registradas no site do MEC. Destes, efetivamos exatos

1.662 contatos, o que corresponde a 66% das IES brasileiras.

No Sudeste localizamos 716 das 1203 cadastradas, das quais 53 afirmaram

possuir Televisão Universitária. No Nordeste das 464, conseguimos contato com

336, das quais 34 produzem TV. No Sul o número de contatos efetivados foi menor,

apenas 294 das 407 IES, sendo 38 TVs localizadas. No Centro-Oeste falamos com

207 das 266 cadastradas e 17 disseram ter TV. Já o Norte foi a região onde

conseguimos o contato com o maior número de IES: 109 das 151 oficialmente

registradas, e 9 afirmam fazer TV na Universidade. Durante a pesquisa identificamos

cerca de 15 TVUs aportadas na internet, o que comprova que a comunidade

acadêmica tem voltado os olhos para este segmento. A maioria ainda está no cabo,

outras em canal aberto e em menor número, em circuito fechado.

Finalmente, fizemos um estudo de caso da TV Facopp Online, da

Universidade do Oeste Paulista, de Presidente Prudente (SP). A escolha se deu pela

oferta de interatividade e seu perfil de comunicação colaborativa.

Com esta pesquisa passamos a enxergar a internet com outros olhos, e não

simplesmente como uma alternativa ao telefone e correio. Vimos que vai além de

Orkut, msn, google e youtube e acreditamos que oferece mais canais de

interatividade do que a alardeada TV Digital, ainda em fase de implantação e para

muitos, um sonho distante. As possibilidades de interagir com uma TV na internet

são reais e não apenas promessas no papel.

Não menosprezamos o potencial do aparelho de televisão na sala da família

brasileira, mas acreditamos que a TV na internet é a revolução. Entretanto,

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percebemos que esta tecnologia ainda não é utilizada em toda sua plenitude.

Interagir com o conteúdo é apenas uma das possibilidades, existem outras tão

relevantes quanto, e que também não foram consideradas. Como por exemplo, a

liberdade de assistir o jornal das 20h, às onze horas da manhã do dia seguinte. Essa

possibilidade de criar a própria grade de acordo com os horários de cada um, de

certa maneira “liberta” o telespectador do horário imposto pela emissora.

Assim, acreditamos que no futuro a televisão da internet ocupará um lugar de

destaque. A comunidade acadêmica já vem percebendo isso, e as iniciativas, apesar

de tímidas e pouco exploradas, continuam a surgir. Disponibilizar vídeos na web,

como o youtube, não é fazer TV. Torcemos para que mais universidades acreditem

nesta plataforma, para que a comunicação com a comunidade seja mais efetiva, e

de mão dupla. A internet é democrática e aceita todos que dela queiram fazer parte.

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