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O PCI Concursos em parceria com o site www.williamdouglas.com.br, disponibiliza
aqui, vários artigos, textos e dicas de William Douglas sobre "Como Passar" em concursos
públicos:
Ela, a depressão.
O Mágico de Oz para concursandos
Inveja, desespero e outros assuntos humanos, nacionais e concursândicos
Pontos Fortes e Pontos Fracos
Os Espiões - A arte da guerra para concursos
Quatro dicas para quem quer comprar um livro ou apostila
Concurso público e a Terra Prometida
Concurso é a morte...
A eterna competição entre o Lazer e o Estudo
Como a atitude pode melhorar seus estudos e sua vida
Quantidade X Qualidade de Estudo e Importância da Capacidade de Comunicação
Você e os concursos públicos
Concurso público: uma boa opção para você
Como ler as questões da prova
Dez conselhos úteis para se fazer uma prova
Concursos, aviadores, mozarts e outras reflexões num fim de tarde
Super-herói
Feliz Ano Novo
Persistência
Não estamos sozinhos
A mula
Persistência
O pensamento positivo
Bom-bom e mau-mau
Quais são os sete pecados capitais que o concurseiro não deve cometer?
Concurso é maracutaia!
Jogue com as cartas que lhe vieram à mão!
Canção da Vitória
O vinho e os concursos públicos
Otimização do Estudo
Dez dicas para concursos
Búzios: Um monte de assuntos e os concursos públicos
Bem-vindos, privilegiados!
O concurso público e a chance de fazer diferença
Sobre concursos públicos, aparelhos ortodônticos e outras insanidades
William Douglas, professor, juiz federal.
Creio que para falar sobre como passar em concursos a pessoa já deve ter sido
reprovada e aprovada várias vezes. Tem, necessariamente de ter sentido cada uma das
dores e alegrias dessa jornada longa, trabalhosa e gratificante.
Apenas tem.
Feliz ou infelizmente, esse é um planeta onde antes de se falar deve se fazer. É
assim que funciona.
E é por isso mesmo que vou me arvorar a falar sobre ela, a depressão. Por que eu
já a tive. Diante da depressão, o mundo não faz sentido, nem nós, nem nossa vida, nem
nada, mesmo as coisas boas. Um sono infinito, uma vontade de tudo acabar mesmo que
precisemos, nós mesmos, dar um fim a isto. Dores loucas pelo corpo, fisgadas, uma afasia
enorme, uma incessante sensação de que nada vale a pena. E remédios. Rivotril, Lexotan,
Frontal... vários, os laboratórios estão aí para isso mesmo. E, claro, consultas e, mais que
tudo, culpa. Culpa por estar triste, culpa por estar assim, culpa por culpa. O mundo todo
desabando, exigindo você... e tudo o que você quer é o direito de não querer mais coisa
alguma.
Apenas passar, ir, dormir.
É assim que funciona. Quem já viveu, sabe. E, em um mundo louco como esse
nosso, parece que quem ainda não viveu pode esperar: cedo ou tarde passa por ela, a
depressão.
Claro, há graus e níveis. Não há quem não tenha tido um mal dia. O problema é que
os jornais são depressivos, a miséria desse país e desse mundo também é e, somadas as
frustrações cotidianas, são um grande incentivo ao desânimo total e irrestrito. E, claro,
estudar para concursos também é depressivo. Sim, das carteiras às apostilas, dos
professores ruins ou arrogantes aos examinadores, passando por programas de concurso,
rotinas, reveses, custos, insucessos, anulações, cansaço, inquietações e, óbvio, prazos
longos. Tudo isso tem um extraordinário potencial depressivo.
Então, por isso, cedo ou tarde, esse depressivo em recuperação teria que tocar no
assunto. Já estive deprimido e sem ânimo algum e, se não tomar cuidado, tenho de novo.
E você, já a experimentou?
Até Elias, um grande profeta da Bíblia, passou pelo atual mal do século (I Reis 19),
desejando morrer e indo para uma caverna.
No livro Não sou a mulher maravilha (Ed. Thomas Nelson Brasil), Sheila Walsh
aborda o tema num interessante capítulo chamado "Máscaras". Acho que o primeiro
problema da vida social é termos que usar máscaras de invencibilidade e força. E isto é
depressivo.
Ela cita o Mágico de Oz, em especial Dorothy e seus amigos por buscarem a
solução para seus problemas no Mágico que estava na cidade Esmeralda. E lá foram eles
pela estrada amarela em busca da solução mágica para suas angústias. E, quando
finalmente chegam à Cidade Esmeralda, descobrem que o Grande Oz usava uma
máscara, que era um engodo. Diz a autora: "À primeira vista, a imagem do Mágico
projetada na tela diante de Dorothy é impressionante e irresistível, mas quando Totó puxa
a cortina, ela vê que o Grande Oz é só um velho falando em um microfone. Dorothy fica
muito decepcionada, mas quando diz ao Mágico que ele é um homem ruim, a resposta é
maravilhosa."
O mágico diz:
- Não, querida, sou um homem bom. Sou apenas um péssimo mágico.
O livro traz boas lições. A primeira é que o que muda Dorothy, o Espantalho, o
Homem de Lata e o Leão não são o mágico, mas a viagem. Outra, que ao reconhecerem
suas limitações e abandonarem as máscaras tiveram força força e alento para, juntos,
prosseguirem. Mas isso eu já comentei no artigo da semana passada.
Quero, agora, ir mais longe.
E, para isso, vou citar a fantástica experiência de Sheila Walsh:
"Já experimentei meus próprios momentos de péssimo mágico. Não conheço sua
história ou quais eventos a levaram à situação em que você se encontra agora, mas será
que já não se sentiu assim também? Será que você deu tanto duro para manter
funcionando toda a fumaça e os espelhos, todos os pratos girando no ar, tentando ser
mais do que consegue e, então, de repente, tudo caiu no chão à sua frente? Acredito que
esses momentos são dádivas de Deus se estivermos dispostos a ver a mão dele.
Eles podem ser o começo de uma nova maneira de viver se deixarmos as máscaras
caírem. Já escrevi extensivamente sobre minha experiência com depressão clínica em
meu livro Honestly [Honestamente] e também abordei isso em The Heartache No One
Sees [A dor que ninguém vê], então não vou me alongar aqui. Mas, se somos novas
amigas, deixe-me dar uma breve noção de como Deus me transformou de uma péssima
mágica, uma Mulher-Maravilha exausta, em uma mulher muito grata que finalmente
entendeu que foi feita maravilhosamente.
Estava morando em Virginia Beach há cinco anos e estava feliz por morar perto do
oceano novamente. Tinha crescido perto da praia e acho que ela pode ser pacífica e
confortante até mesmo quando não estou em paz por dentro. Tinha aprendido a evitar a
praia principal, mais popular, e encontrei meu cantinho sossegado longe da multidão.
Sentei-me na praia uma noite e olhei para as ondas quebrando na areia. Elas pareciam
simbolizar o que estava acontecendo na minha vida. Tudo com que já tinha contado para
construir minha identidade estava acabando.
Amanhã de manhã seria a co-anfitriã de minha última edição do The 700 Club [O
Clube dos 700], e então dirigiria até Washington, D.C., e me internaria em um hospital
psiquiátrico. Era o meu maior medo se concretizando. Se fosse diagnosticada com alguma
coisa física, poderia facilmente compartilhar isso com os outros, receber apoio e
perseverado.
Um diagnóstico de depressão clínica aguda, entretanto, não era algo para se
compartilhar. Estava muito envergonhada.
Por anos havia baseado minha identidade na tentativa de ser a mulher cristã
perfeita. Dava duro, tentava ajudar todas as pessoas que pudesse, nunca me atrasava
para nada e nem reclamava de excesso de trabalho. Até tinha ajuda com minha máscara.
Todas as manhãs eu me sentava na sala de maquiagem e Debbie fazia o melhor que
podia para disfarçar minhas olheiras. Quando terminava, ela fazia meu cabelo. Aileen
trazia meu terno passado, pendurando-o ao lado dos sapatos e jóias certos.
Dei uma última olhada no espelho e caminhei pelo corredor até o camarim de Pat
Robinson, onde orávamos com os produtores antes do show a cada manhã.
Desempenhava meu papel por fora, mas por dentro estava me enfiando mais e mais em
um buraco negro.
Tinha tentado me salvar, mas não pude. Tinha jejuado e orado, me energizado, e
tomado vitaminas suficientes para uma horda de búfalos doentes. Desesperada, falei com
meu amigo, Dr. Henry Cloud, e Henry disse que eu precisava conseguir ajuda, e bem
rápido. Ele me pôs em contato com o médico e o hospital certos, conseguindo que fosse
admitida na noite seguinte.
Não me lembro muito daquele último programa, mas me lembro de uma conversa
final. Uma de minhas amigas que fazia parte do programa há muitos anos e era uma
pessoas respeitada e querida da equipe me pediu para reconsiderar:
- Se você fizer isso, Sheila, ninguém vai confiar em você novamente.
Vai vazar a informação de que esteve em uma ala psiquiátrica e isso vai persegui-la
pelo resto da vida.
Sabia que ela estava certa, mas não tinha escolha. Estava sentindo tanta dor e
incômodo que decidi que o que quer que acontecesse não podia ser pior que viver assim.
Depois do programa, vesti uma calça jeans, um suéter e saí pelos portões da Christian
Brodcasting Network [rede de televisão cristã] em meu carro. Estava dando adeus a tudo
que considerava importante. Tinha um emprego que adorava e no qual era muito boa.
Meus colegas confiavam em mim e me respeitavam. Não fazia idéia do que o futuro
reservaria para mim ou se ao menos teria um.
Para aquelas de vocês que não estão familiarizadas com esta doença, a depressão
não é ter pena de si mesma ou ter uns poucos dias ruins.
É uma doença muito real que ocorre no cérebro quando algumas substâncias
necessárias ao bom funcionamento dele estão faltando. É uma doença totalmente tratável,
mas, infelizmente, muitas pessoas não procuram ajuda porque, como eu, têm vergonha de
admitir que precisam de ajuda. É uma doença que afeta a família inteira - o que sofre e
aqueles ao redor, pois freqüentemente não entendem ou não sabem o que fazer para
ajudar.
Tenho muitas memórias do mês que passei no hospital, mas há duas que se
destacam para mim em especial.
Não dormi bem naquela primeira noite. Eu me sentia doente, com medo e sozinha.
Mais ou menos às sete da manhã, vesti o roupão de banho por cima do pijama e vaguei
pelo corredor até o hall dos pacientes. Havia seis ou sete pacientes lá, conversando e
bebendo café descafeinado.
Quando entrei, eles ficaram em silêncio. Cada um parou o que estava fazendo e me
olhou fixamente. A princípio, não fazia idéia por que estavam me encarando, então, de
repente, dei conta que, estando em uma unidade administrada por médicos cristãos, era
bem provável que eles assistissem The 700 Club. Não tinha pensado nessa possibilidade
até invadir o espaço deles, e a dinâmica da sala mudou. Não sabia o que dizer, então não
disse nada.
Finalmente um homem quebrou o silêncio.
- Você é Sheila Walsh?
- Sim.
- A da televisão?
- Sim.
- Nós assistimos a você aqui. Você deveria estar nos ajudando.
Nunca me esquecerei daquele momento. Naquele milésimo de segundo em que
minha máscara caiu, o fracasso era um convite de Deus para começar uma vida nova, e
eu o aceitei. Tudo o que eu consegui dizer foi:
- Sinto muito, eu também preciso de ajuda.
Eu também preciso de ajuda - cinco palavras, apenas cinco palavrinhas que
pareciam ter o poder de cortar o fardo que vinha carregando por tanto tempo e deixei
espatifar no chão. Naquele momento em que reconheci publicamente que não era a
Mulher-Maravilha ou o Grande Oz, descobri que é o suficiente ser humana. Deus não se
sente diminuído por nossa humanidade e ninguém ganha nada fingindo ser uma deidade
também.
Houve outro momento que me impactou profundamente e me mostrou o que Deus
fará se tirarmos nossas máscaras.
Eu estava no hospital havia quase duas semanas, progredindo bastante na busca
dentro do meu armário interno por tudo que tinha escondido lá por anos. Eu me sentia
como uma criança levando suas bonecas àquele que podia consertá-las. Uma noite,
depois do jantar, fui à sala das enfermeiras para pegar meu secador de cabelo. Qualquer
coisa que seja potencialmente perigosa aos pacientes é mantida trancada na caixa dos
"pontiagudos", mas pode ser retirada por um breve período de tempo.
Quando me aproximava da mesa, vi que eles estavam recebendo uma nova
paciente que estava muito nervosa, então decidi voltar mais tarde. Quando saía, as duas
filhas da nova paciente me reconheceram e começaram a chorar. Instintivamente, me
aproximei delas. Quando a mãe delas levantou os olhos e me viu, jogou os braços em
volta do meu pescoço e me abraçou forte. Ela era uma espectadora fiel de The 700 Club
que precisava de ajuda desesperadamente, mas estava com muita vergonha de sua
necessidade. Deus a pôs ali na mesma hora que eu para que soubesse que não estava
sozinha e que não há problema algum em buscar ajuda.
Aprendi aquela noite que, quando tiramos as máscaras, podemos reconhecer a dor
uns dos outros. Quando estamos dispostos a mostrar nossa fragilidade e deixar a luz de
Cristo entrar em nós, a boa nova é pregada aos pobres de espírito, os cegos podem ver a
verdade, e os aleijados e feridos podem andar de novo.
Não sei que máscaras você está usando. Não sei por que você acha que precisa
delas. O que sei é que, se pela graça de Deus conseguir tirá-las, nunca as usará
novamente. Pode ser que lhe seja custoso; foi para mim, mas valeu a pena. Houve alguns
momentos em que as pessoas me disseram que estavam desapontadas comigo,
particularmente porque ainda tomo medicação para depressão. Mas entendo isso e está
tudo bem. Não preciso da aprovação de todo mundo que conheço. Tenho o amor
poderoso do meu Pai e a companhia de outros que estão tendo o tecido de sua vida
restaurado com amor pelo Mestre dos Alfaiates.
Mas se você já realizou mudanças significativas em sua vida, entende que quando
mudamos, tudo à nossa volta muda também e, o mais significativo de tudo, nossos
relacionamentos."
Não sei se você está passando pelo problema, se já passou ou vai passar. Espero
que não passe. Mas sei que se tentar manter máscaras de que é perfeito ou superior, ou
imune à dor, ou que não tem medo, isso pode ter um alto custo. Máscaras são sempre
pesadas, tiram o ar de quem as usa, atrapalham a visão.
Sei que é preciso ter coragem para se assumir como concurseiro e ir em busca de
uma vaga, quando a multidão se omite, ou ri, ou critica sua busca por uma melhoria de
condição de vida. Sei que sempre vai aparecer alguém, de perto ou de longe, com
soluções melhores e com críticas ácidas ou, pior, com aquele risinho ou carinha de
deboche ou falta de confiança diante de você ou do que você está fazendo.
Sei que existe uma hora em que somos fracos e precisamos de ajuda.
Não existem mágicos, nem super-heróis. E quis começar essa conversa de hoje
dizendo que o primeiro colocado de vários concursos, o "guru", também passou por isso.
Quis tirar a minha máscara e dizer que tenho medo, que sofro, que foi uma lenha
conseguir passar, enfrentar as cobranças, a insegurança, tudo.
Mas, ao mesmo tempo, dizer que tudo isso passa. Nós permanecemos. Você
permanece e estará aqui no futuro. Portanto, espero que jogue fora as máscaras da
perfeição, que aceite ajuda, que se permita mudar.
Como disse Sheila, "quando mudamos, tudo à nossa volta muda também e, o mais
significativo de tudo, nossos relacionamentos."
Estou certo que existem vitórias, alegrias e relacionamentos à sua espera, logo
depois da esquina. E desejo boa sorte a você, e coragem de ir até lá.
É Importante você saber ou, se for o caso, dizer para alguém com esse problema,
que a depressão é só mais uma doença. Não é nenhuma vergonha têla. É só uma "gripe
da alma". Ela tem cura.
Você passa por ela e, cedo ou tarde, reencontra a alegria de viver, compreende que
estar vivo é, apesar de tudo, uma dádiva. Que as coisas valem a pena.
Você passa por ela e se reconstrói, se redescobre, e ainda termina mais sábio, forte
e maduro do que era. Como já foi dito, tudo o que não me destrói, me fortalece. E quem
diz isso já passou pelo desânimo, pela idéia de suicídio e outras dores, umas bem
grandes. No final, tudo se ajeita, a vida segue e a paisagem, com suas flores e pedras,
volta a ficar colorida.
Vamos manter a estrada colorida, e seguir nela, então.
Com abraço fraterno,
William Douglas
William Douglas, professor, juiz federal e escritor.
"Ano novo, problemas antigos", este é o tema de um artigo meu, do ano retrasado.
Mais cedo ou mais tarde temos de enfrentar os fantasmas guardados no armário. Dentro
dessa realidade, ano passado relembrei que "Feliz Ano Novo" não pode ser apenas um
slogan, mas sim um plano, não apenas algo repetido automaticamente, mas algo a ser
construído.
Meus últimos dois artigos encerraram 2007 desejando um bom ano novo, frisando
que não estamos sozinhos e há muito a ser feito. Uma vida a ser aproveitada agora, e uma
mais confortável ainda a ser semeada para o futuro enquanto cuidamos do nosso
cotidiano.
Pois é, depois de um mês de férias, um janeiro delicioso, este é o começo "real" do
ano de 2008. Este é o meu primeiro artigo e uma das promessas que me fiz foi ser o mais
pontual possível na produção dessas conversas, que muito me agradam.
O ano de trabalho está começando depois do Carnaval, naturalmente, porque eu
sou brasileiro... e, além de não desistir nunca, quis descansar. Proporcionei-me período de
descanso e recuperação. Alerto que não fui assim sempre. Durante muito tempo não me
permitia o necessário descanso, nem o imprescindível convívio familiar. E não acho que
ganhei com isso. Estou certo de que poderia ter passado em concursos e terminado a
maratona sem esse tipo de sacrifício. Talvez tivesse me saído até melhor. Mas isso é
passado.
O William de hoje, mais maduro, aproveitou janeiro. Foi duas vezes a Angra, dormiu,
produziu pouco, trabalhou menos ainda, do trabalho fiz apenas o essencial. Vi muitos
filmes, estive com a mulher amada, ri. Li de tudo.
Mas a vida segue e o "show" (da própria vida) não pode parar. Além disso, eu não
conseguiria viver sem produzir, trabalhar e criar. Este será um bom ano, onde lançarei a
edição comemorativa dos dez anos da obra Como Passar em Provas e Concursos, além
do lançamento de três novos livros, um sobre PNL para provas e concursos, pela
Campus/Elsevier, um sobre Como falar bem em público e provas orais, pela Ediouro, e
outro sobre Os Dez Mandamentos como manual de vida, pela Ed Thomas Nelson Brasil.
Além disso, o plano é manter as carreiras de juiz federal e professor.
Parte do meu trabalho, e trabalhar é um prazer para mim, é compartilhar sobre
concurso, vida, saúde, superação pessoal, realização profissional etc.
Nesse sentido, me indaguei repetidamente qual deveria ser o tema de nosso
primeiro "encontro". Depois de muita vacilação, optei pelo Mágico de Oz e suas lições para
concursandos, empresários e corredores.
O livro "Não sou a Mulher-Maravilha, mas Deus me fez maravilhosa! Como superar
as pressões do cotidiano e aproveitar as alegrias de ser mulher" (Sheila Walsh, ed
Thomas Nelson Brasil/Ediouro) é muito interessante e em seu sexto capítulo, que trata de
"máscaras", o Mágico de Oz é abordado.
Logicamente, estou lendo um livro voltado para o público feminino, porque minha
clientela familiar inclui uma morena de 33 e uma loira de 6 anos de idade. E, se é preciso
muito estudo, leitura, observação e reflexão para entender uma morena, que dirá uma
loira.
Mas falemos de O Mágico de Oz. Para quem não se lembra, "um tornado levantou a
casa com Dorothy e Totó dentro, e a girou no ar. Quando a casa finalmente bateu no chão,
e Dorothy abriu a porta, saiu e chegou no multicolorido, visualmente espetacular País dos
Munchkins".
Dorothy quer voltar ao Kansas e para tanto vai procurar o Mágico de Oz. Nessa
aventura, faz amizade com o Espantalho, o Homem de Lata e o Leão Covarde.
Segundo a autora, Sheila Walsh, o aspecto mais espetacular da obra é a amizade
entre a menina e os tais personagens. Em suas palavras, "através do compromisso deles
para ajudar Dorothy a voltar ao Kansas, todos acabam mudando. Imaginam que, se
conseguirem chegar à Cidade Esmeralda e encontrar o Grande Oz, então ele vai poder
dar o que precisam. Em vez disso, é a viagem que os modifica. O Espantalho descobre
que tem um cérebro quando o usa para ajudar seus amigos; o Homem de Lata descobre
que é todo coração; e aquele velho Leão Covarde acha sua coragem no fim das contas.
Cada um dos quatro personagens que viajam juntos pela Estrada das Pedras Amarelas é
honesto e vulnerável um com o outro. Eles não escondem o que falta em sua vida."
Friso: é a viagem que os modifica.
Quando me preparei para a maratona, descobri que o que me fez bem não foi
completar os 42 Km, mas o percurso pessoal, físico e emocional, para chegar lá. Foi a
"caminhada" até a chegada, e não a chegada que fez diferença. Uma caminhada que
começou mais de um ano antes da prova na Maratona Internacional de Curitiba/2001.
Ao ler o interessante "O segredo da Mente Milionária", ed Sextante, achei perfeito o
autor dizer que o mais admirável na pessoa milionária não é sua fortuna, mas o processo
pessoal de evolução que tornou a fortuna possível.
O concurso, curiosamente, exige um processo de amadurecimento extraordinário
que o faz ser um desafio tão duro e tão recompensador quanto uma maratona para o
corredor ou o primeiro milhão para um empreendedor. A diferença é que, embora a
matéria da prova, em geral, tenha relação com o ofício, apenas a vontade pessoal do
servidor público poderá fazer com que sua capacidade intelectual e emocional repercutam
na vida do destinatário de seu ofício.
Mas, em todos os casos, estamos diante de um processo de amadurecimento,
lento, progressivo, trabalhoso... mas muito mais rápido, agradável e reconfortante do que
permanecer sem a pretendida vitória e progresso pessoal.
Chegar à cidade Esmeralda. Esse era o desafio. Lá ficava o Mágico. A cidade
Esmeralda pode ser o concurso, a corrida, a empresa, a conquista do ente amado.
Costumávamos achar, como Dorothy achava, que o Mágico de Oz teria respostas e
soluções. E, para isso, precisavam todos - ela, o Leão, o Homem de Lata e o Espantalho -
chegar à cidade Esmeralda.
Tolo engano. Ao chegar lá, descobrem que o Mágico era um engodo. A cena é
genial:
Dorothy finalmente diz:
- Oh... você é um homem muito ruim!
A resposta do Mágico é antológica, simples e mansa:
- Oh, não, minha querida - eu sou - eu sou um homem muito bom. Sou apenas um
péssimo mágico. (L. Frank Baum, O Mágico de Oz).
Em suma, o Mágico não tinha respostas, e nem era um homem intrinsecamente
mal. Era apenas um mágico ruim. E, apesar de o Mágico ser uma ilusão de ótica e uma
"lenda urbana", mesmo assim o grupo conseguiu realizar seus desejos.
Como? No caminho e ao vencerem os desafios para chegarem à cidade Esmeralda,
a resposta não estava no Mágico, mas neles mesmos. A resposta nunca esteve, nem no
País de Oz nem no nosso, fora de nós mesmos. O sucesso e a felicidade estão
depositados na estrada e dentro de nós.
Muitos esperam que a chegada à cidade Esmeralda (o concurso, o primeiro milhão,
a linha de chegada, o casamento) proporcionará o encontro com um mágico que
solucionará tudo. Não é verdade. Não existe esse tipo de mágico. A mágica é a caminhada
em si. A mágica é chegar à cidade Esmeralda, e não no que está nela. A capacidade de
caminhar é que faz alguém resolver seus problemas, ou ao menos administrá-los, e esse é
o maior legado que o caminhante tem para continuar na estrada, mesmo depois de
encontrar algum objetivo que tenha escolhido. Existem outras cidades depois da cidade
Esmeralda.
Se alguém acha que será feliz ao passar, ou que terá todos os seus problemas
resolvidos, está procurando o Mágico. Se alguém acha que ganhar dinheiro e ter bens vai
trazer paz e alegria, também está procurando o Mágico. Se alguém acha que um corpo
perfeito garante o amor ou a alegria, está caçando Mágicos.
O máximo que pode acontecer é que na caminhada aprenda que a mágica é a
peregrinação. Ou, como disse João Guimarães Rosa, "vivendo se aprende; mas o que se
aprende mais é só a fazer outras maiores perguntas".
Mas como fazer essa peregrinação? Bem, aprendamos com Dorothy e seus amigos.
O primeiro passo do grupo de amigos foi fazer as máscaras caírem. Dorothy
confessou seu simples anseio por voltar para casa; o Leão, sua covardia; o Espantalho,
sua limitação intelectual e o Homem de Lata, a falta de um coração. Não houve
"máscaras".
Em seguida, eles começaram a caminhar. Ninguém ficou parado lamentando seu
estado.
Creio que para progredirmos em direção aos nossos sonhos, para nossa cidade
Esmeralda, o primeiro passo é nos despirmos de nossas máscaras e reconhecermos
nossas limitações. Tirar a armadura orgulhosa, a roupa de festa, arregaçar nossas mangas
e mergulharmos no rio barrento do trabalho diário. Não acho que a superação pessoal seja
um rio de águas cristalinas: é um rio onde você tem de pisar no fundo e fazer movimento.
Se você ainda não está preparado para passar, tudo bem. Isso não faz de você má
pessoa, apenas um concurseiro (momentaneamente) ruim. Mas, ao contrário do Mágico
de Oz, é possível reverter esse quadro.
O Grande Oz usava mesmo uma máscara. À primeira vista, a imagem do Mágico
projetada na tela diante de Dorothy é impressionante e irresistível, mas quando Totó puxa
a cortina, ela vê que o Grande Oz é só um velho falando em um microfone. Não sejamos
como ele. Não nos escondamos atrás de uma cortina e de um bom facho de luz reversa.
Mas imitemos o Mágico ao entender que a falta de habilidade específica como mágico não
o tornava necessariamente uma pessoa ruim. E nem queiramos colocar em outra pessoa
ou coisa (no concurso, no dinheiro, no pai, filho, cônjuge) a terrível e intransponível tarefa
de dar solução para nossos problemas. Se você deseja que outro, ou alguma coisa, faça a
mágica da sua vida, o problema está em você, não no pretenso mágico.
Outros mágicos inábeis são, no concurso, o curso preparatório ou o professor: eles
ajudam, mas não resolvem o problema. A fraude também se apresenta como uma solução
"fácil", e como todas as soluções "fáceis", seu custo x benefício não compensa.
Na gestão financeira, os falsos "mágicos" são a busca do enriquecimento rápido, ou
desonesto, o negócio "da China", a fraude etc. Igualmente, o empréstimo para gerir o
orçamento mensal, o cheque especial, o rotativo do cartão de crédito, um monte de
cartões de lojas, os financiamentos com juros altos mas prestações pequenininhas etc
No cuidado com o corpo, o risco é a busca de regimes miraculosos, dos remédios
perigosos, dos remédios para depressão que não atingem as suas causas remotas, os
anabolizantes, os comprimidos que oferecem felicidade instantânea e imediata.
Na vida pessoal, a mágica falsa é querer ser amado pelos outros antes de amar a si
mesmo, ou ser amado pelo que você não é. Nesse passo, bom citar um conceito
alternativo de status: "comprar o que não precisa, com um dinheiro que não tem, para
parecer quem realmente não é, para agradar a quem não gosta de você".
Tudo mágica ruim, tudo feitiço que se volta contra o feiticeiro. Engodos.
Tirando as boas e más lições do Mágico, vamos aos amigos de Dorothy.
O Leão pensava ser covarde, mas sem coragem ninguém chegaria à cidade
Esmeralda. É preciso coragem para começar, para continuar, para voltar depois de uma
impensada desistência. E muita coragem para assumir a "carapuça" de concurseiro, o
meneio de cabeça de quem não acredita nos concursos ou em você; a coragem de sentar
em frente ao livro, de abrir mão do excesso de lazer ou descanso, abrir mão da Semana
Santa se preciso, a coragem para fazer o quadro horário (mais dicas sobre ele, ver
www.williamdouglas.com.br).
E é preciso um cérebro. Exatamente o que faltava ao Espantalho. Mas basta fazer
como fez o próprio Espantalho: sem se intimidar com sua falta de "cérebro", ia
caminhando, fazendo o que tinha de fazer, pensando, desconfiando de si mesmo
exatamente por reconhecer que ainda não tinha o cérebro que só receberia do Mágico. O
concurseiro precisa reconhecer que precisa aprender a estudar, a se organizar, a fazer
provas. É preciso ser esperto para fazer isso. E também é preciso estudar todo o
Programa do Edital, todas as matérias, e treiná-las. Aproveitar a internet, os livros,
apostilas, professores, dicas de colegas mais experientes. E, no final, haverá um cérebro
dentro do simpático Espantalho.
Por fim, como nos ensina o Homem de Lata, é preciso um coração. O coração é a
motivação, a capacidade de continuar caminhando, com coragem e inteligência, mesmo
quando ainda se está longe da cidade Esmeralda, mesmo diante dos reveses, mesmo
diante das dúvidas que vez ou outra nos assaltam. O coração é o dínamo que catalisa e
equilibra a coragem e a inteligência.
Talvez o que Dorothy tenha a nos ensinar é que, chegando à cidade Esmeralda,
vamos voltar pra casa. Acho que o melhor do concurso é poder encontrar a família, bem. É
ter auto-estima e exemplo para doar aos que nos são íntimos; é ter um porto seguro e
estabilidade para continuar a grande jornada da vida; é ter o dinheiro suficiente para pagar
as contas e alimentar os filhos. Embora o contato com a família não possa aguardar o final
da história, a aprovação, é certo que após o concurso haverá mais tempo, tranqüilidade e
condições financeiras para isso. E, enquanto caminhamos, é preciso aprender a curtir a
família. Talvez o Totó, o cãozinho da "família", seja esse alerta para que não esperemos a
aprovação para ter comunhão com quem nos é próximo. E, ainda a partir de Dorothy, que
possamos encontrar nos colegas de sala não inimigos e concorrentes, mas pessoas que,
como nós, têm seus motivos para ir à cidade Esmeralda. Pessoas que podem ser nossas
amigas; um espaço onde possamos nos dar mutuamente auxílio para enfrentar os
obstáculos e sobressaltos do caminho.
Por fim, não se esqueça das bruxas. Você mata a do Oeste e aparece a do Leste!
Elas nos perseguem: o medo, a preguiça, os concursos anulados, os amigos que só
querem saber de baladas e distração.
Ande com concurseiros sábios, e serás sábio. O livro de Provérbios, que já
recomendei hoje, diz: "Aquele que anda com os sábios será cada vez mais sábio, mas o
companheiro dos tolos acabará mal." (Provérbios 13:20). O companheiro dos tolos
acabará reprovado, diria o "Guru dos Concursos".
Pois é, nesse início de ano, quero lhe desejar uma bem-sucedida caminhada em
direção à sua cidade Esmeralda. Não procure lá, o Mágico. Você é o mágico de sua vida.
Se quiser, no céu há um mágico dos bons, que pode ajudar, mas mesmo Ele espera que
cada um faça sua parte. Isso é uma dica mágica.
Desejo que você amadureça enquanto caminha.
Que curta a família que puder, nem que seja só o Totó.
Que encontre a inteligência que havia escondida no Espantalho.
A coragem não de não ter medos, mas de enfrentá-los, como acabou percebendo o
corajoso Leão, e um coração alegre e motivado como o que irrigou "óleo" em todo o
Homem de Lata.
São meus votos para sua caminhada.
Se não consegui lhe ajudar, na qualidade de velho concurseiro, a chegar mais perto
de Esmeralda, peço que me desculpe. Se não consegui, não é que não seja um bom
homem, apenas terei sido um mágico ruim.
Prezados amigos concurseiros e simpatizantes:
É uma alegria voltar a escrever por mais uma semana. Minha tarefa é como a de
vocês: dia a dia, semana a semana, até conseguirmos o nosso objetivo. O seu, passar; o
meu, receber seu e-mail com a boa notícia. Mas aceito e-mails intermediários, com as
crises, dores etc. Vamos conversando no trajeto, não?
Quanto aos "simpatizantes", o termo é parte de uma "associação" que tenho no
coração, a ACCS - Associação de Corredores, Concurseiros e Simpatizantes. Ainda vou
montá-la, com carteirinha e tudo. O tempo dirá. Já temos atualmente o WDPTS - William
Douglas Personnal Trainer System, a que você pode ter acesso se inscrevendo na minha
página (por meio dele vários concursandos curaram depressão e/ou emagreceram, e
estão se sentindo bem melhor, experimente).
Em breve, virá a nova página na web, com outros programas: o WDPMS e o PEPP.
Como você pode ver, gosto muito de estar entre gente de garra e fé como você,
concursando (ou simpatizante) que me lê agora. Ah, esclareço: WDPMS é o William
Douglas Personal Mind System e PEPP é o Programa de Enriquecimento Pessoal
Progressivo. Claro que falarei deles aqui, em breve. E não temo que vc ache essa sopa de
letrinhas muita coisa por que concursando lida com 7, 10, 15 matérias com os pés nas
costas (se você ainda não está lidando, não se preocupe: isso é um processo evolutivo).
Não se assuste achando que é muita coisa: as técnicas para passar estão no Como
Passar e no seu resumo, o Guia de Aprovação em concursos. Os demais livros e os
demais programas (WDPTS, WDPMS, PEPP etc) são acessórios. Essa coluna, o orkut e a
minha página são pontos de contato, orientação, motivação etc. Os artigos são formas de
irmos repisando assuntos importantes ou, como é o caso hoje, aprofundando alguns itens,
coisa que não se recomenda no livro para que ele não fique volumoso demais e atemorize
os não iniciados. Assim, recomendo a leitura de um dos dois livros básicos e, em paralelo,
me fará gosto ter você participando das demais atividades e programas. E não pense que
estou falando isso para vender livro. Eles já estão indo bem. Falo aqui apenas para que
você não ache que isso é um saco sem fundo. Não é. Passar em concursos é, ao contrário
do que mentiram para você, fácil. Repito: não é difícil. É fácil. É trabalhoso, demorado,
mas as regras são claras e você pode fazer isso. Se quiser e pagar o preço, vai passar.
Não tem risco de não passar. É uma questão de tempo e trabalho bem executados, como
falo nos "mantras".
Quando falo nos novos "programas" (físico, mental, financeiro), alguns podem estar
achando legal (obrigado), outros rindo (obrigado) e outros me achando maluco (obrigado).
Aviso desde já duas coisas: também estou escrevendo minha Autobiografia Não
autorizada - Parte I (a pedido dos amigos da comunidade no orkut) e, segunda coisa, nela
está escrito: sempre que fiz algo que chamavam de maluco, Deus abençoou e consegui
sucesso. Já escrevi aqui que você deve estar sendo chamado de "maluco" por uns
sujeitinhos (com todo respeito) que não estão apostando em você ou desancando os
concursos públicos. Deixa os "caras" e vá jogar seu jogo.
Mas tudo isso é conversa entre amigos e ainda não é o assunto de hoje.
Esta semana recebi um e-mail de uma concurseira que estava há vários anos
estudando, já tinha sido reprovada injustamente, já tinha amargado todas e que me avisou
que passou e está com posse marcada para março. É assim que acontece. Todas as
semanas recebo notícias assim. Estou esperando a sua. Se você jogar o jogo, acontece.
Informo que também tenho outros objetivos: que você seja feliz (o que pode parecer
esquisito aos seus ouvidos agora, mas é muito mais importante que passar ou não) e que
você participe da grande revolução que torço aconteça em breve etc. Mas esses ainda são
outros assuntos. O de hoje é um dos e-mails que recebi esta semana e que quero
compartilhar com vcs. Naturalmente, a privacidade do seu autor está preservada.
Eis o texto:
"Olá amigo, seu livro tem me ajudado muuuuuito mesmo. Eu já escrevi p vc num
momento de desespero qdo reprovei na prova fisíca de um concurso no ES. Mas aquele
concurso até hj não deu em nada p ninguém !!! Hj estou estudando feliz da vida e cheio de
esperança p passar no TRF 2ª Região !!! Um grande abraço e paz do Senhor. X"
Agora, minha resposta:
"X:
Reprovações são parte do processo. Anime-se. E torça para q o concurso do ES
funcione para quem já passou. é melhor assim. O seu virá em breve. na hora certa. Espero
q o desespero não te alcance mais. Vc não merece. Não deixe, então. Estude para o TRF,
treine etc, siga o livro. Mas faça outros concursos tb. Estou orando por vc. Boa sorte e
mande notícias. Abc fraterno e paz!
William Douglas"
Muito bem, vamos a alguns comentários:
Pode ser que o amigo tenha falado "Mas aquele concurso até hoje não deu em nada
p ninguém !!!" apenas se consolando no sentido de que não sofrer com a reprovação já
que não seria chamado mesmo. Mas a sensação que tive foi o velho "se não é meu, não
vai ser de mais ninguém", que já resultou em tantos julgamentos no Tribunal do Júri. E
isso me motivou a trocar idéias sobre o assunto aqui na coluna. Primeiro, esse sentimento
de mágoa, raiva, em relação a uma reprovação é normal num primeiro momento, mas tem
que passar. As reprovações devem ser vistas como parte natural do sistema e como
fontes de aprendizado. Não devemos ter ressentimentos, mas sim aprender com eles. No
caso, ainda pode ter havido um sentimento de inveja (ou outro nome melhor) em face dos
que passaram. E não pensem que é só pessoa "malvada" que tem isso. Os momentos de
mesquinharia ou sentimentos não nobres aterrorizam a todos, não apenas a alguns. Não
deve ser de sua época, mas na minha havia um desenho animado infantil chamado de
"Bom-Bom e Mau-Mau". Engraçadérrimo, mas preconceituosérrimo também. O Bom-Bom
era o típico anglo-saxão, alto, loiro, atlético e sorridente, bonzinho e cavalheiro toda vida. E
o Mau-Mau era baixinho, feio, moreno, mais ou menos um Danny DeVito mexicano, e só
fazia canalhice. Claro que era um enlatado norte-americano. Mas o conceito continua:
existem pessoas boas e pessoas más. E isso, colegas, é uma grande tolice. Existem
pessoas, apenas. O Bom-Bom e o Mau-Mau estão dentro de nós. Como já foi dito, são
dois cachorros e vencerá esta batalha aquele que deixarmos, alimentarmos, que soltarmos
da casinha e levarmos para a rua.
Então, dito isso, veja o eventual momento mesquinho e de ira de nosso colega
como algo que qualquer um de nós sente, se não tomarmos cuidado. E, se sentir, será
preciso racionalizar e tratar. Eu, declaro logo, já tive vários momentos de baixeza,
mesquinharia, gestos equivocados etc. Não sou santo (para quem gosta de assuntos
religiosos, me considero salvo, mas não santo). Nos estudos do PEPP - Programa de
Enriquecimento Pessoal Progressivo, que quero compartilhar em breve com os servidores
públicos (sim, você vai passar e vamos falar de como ficar ainda mais rico!), tenho
estudado administração financeira. Acredite: bons livros sobre como enriquecer
financeiramente falam a mesma coisa que meu bom e velho Como Passar em Provas e
Concursos, de 1998 (e, modéstia a parte, ainda o mais completo livro sobre o tema). Ou
seja: estamos lidando com o mesmo conhecimento. E ele inclui o seguinte: não inveje, não
torça contra, não se alegre quando alguém se dá mal, alegre-se com o sucesso dos
outros, mesmo o de seus inimigos. Deseje o bem. Tudo o q você faz, retorna para você. O
que você imagina, acontece. O que você visualiza, programa sua mente. Se um concurso
no ES não deu certo, isso é ruim! O sistema concurso público é uma benção, algo bom,
uma oportunidade, e tem vários inimigos, como o nepotismo, a incompetência
administrativa, a fraude etc. Daí, precisamos trabalhar para que o sistema melhore. E ele
melhora quando funciona bem. Daí, minha frase em resposta ao colega: "E torça para q o
concurso do ES funcione para quem já passou."
Esse é um ponto importante: SE VOCÊ QUER SE SAIR MELHOR MENTAL E
FISICAMENTE, EMOCIONAL E INTELECTUALMENTE, SE VOCÊ QUER PASSAR EM
CONCURSOS, siga um conselho: não deseje mal, não torça contra, não olhe para quem
está melhor que você e sofra. Faça o seguinte: deseje o bem, torça a favor, olhe para os
caras que estão à sua frente e anime-se a perseguir sua melhoria pessoal. Se você fizer
isso, seu desempenho global será extremamente aperfeiçoado. E esse conhecimento que
informo aqui (e que se for aplicado por você se transformará em sabedoria) serve para
tudo, de concursos a sexo, de riqueza financeira (a mais tosca forma de riqueza) até a
riqueza espiritual (a mais evoluída das formas de riqueza).
Mas se você quiser focar apenas nos concursos, tudo bem: o desempenho em
concursos é afetado pela sua emotividade e o seu desempenho intelectual é afetado pelas
imagens, positivas ou negativas, que você tem na mente. Isso é uma lei natural. Não
muda, assim como a lei da gravidade. Ou você se comporta de acordo com ela e obtém
vantagens, ou não acredita nela e tem problemas. Se você não acredita na lei da
gravidade, camarada, experimente pular de um prédio sem pára-quedas. Se você não
acredita que seus sentimentos, emoções e imagens mentais não influenciam, tudo bem,
mas vai "bater no chão" do mesmo jeito, apenas o tombo leva mais tempo.
Senhores, o que estou colocando aqui é ensinado por todas as doutrinas religiosas
e boa parte das doutrinas filosóficas: a lei do retorno. A programação neurolinguística, o
Método Silva, os estudos psicológicos, as experiências e pesquisas, tudo diz uma coisa
só: aquilo que você deseja acontece; aquilo que você faz (e deseja para os outros) retorna
para você multiplicado. Posso assegurar a vocês, já quase chegando aos 40 anos, que até
aqui tudo o que vivi tem confirmado o quanto esse conhecimento é verdadeiro, o quanto
ele funciona na prática. Assim, cuidado com o que deseja. Acontece para você e para o
planeta. E queira o bem dos concurseiros, mesmo que não seja você, e do sistema
concurso como um todo. É melhor assim.
Nos meus estudos sobre arte militar, guerras e combates corpo-a-corpo, aprendi
isso: o grande guerreiro não sente ira, ele é sereno. Na arte da guerra para concursos,
seja um guerreiro sereno, em estado de graça e harmonia. Funciona .
O colega "X" ainda falou de esperança em passar no concurso do TRF da 2ª
Região. Eu também espero isso. Mas relembro: "concurso se faz não para passar, mas até
passar", que é um dos "mantras" e, outro: "A dor é temporária, o cargo é para sempre".
Relembrado isso, torço, espero e oro para que seja logo.
Para concluir, também disse ao colega:
"Espero q o desespero não te alcance mais. Vc não merece. Não deixe, então."
Você pode ter momentos difíceis, momentos de desânimo etc, e há fórmulas para
lidar com essas ocasiões. Mas... desespero, não. Desespero é falta de esperança, de ter
para onde ir. Há pessoas sem oportunidades, estudo, portas a serem abertas, pessoas
profundamente adoentadas do corpo ou da alma, pessoas sem instrução alguma. Essas
pessoas podem ficar desesperadas. Mas um concurseiro não. Um concurseiro tem portas
para abrir, como disse. Não tem o direito de ficar desesperado, até por que isso atrapalha
o desempenho.
Por fim, quando você passar, aí então terá, além das justas retribuições do cargo,
poder na mão para fazer alguma coisa pelos desesperados desse imenso país. Qualquer
que seja o seu cargo, você poderá tornar esse país mais justo e decente, a partir de seu
metro quadrado de serviço público, acredite. Isso é revolucionário. Mas a revolução, como
disse, é assunto para outro dia.
Saudações concursândicas a todos!
William Douglas
Caros Amigos,
Como já sabem, mais uma obra de minha autoria intitulada "A Arte da Guerra para
Concursos" baseada nos ensinamentos do grande estrategista de guerra chinês, Sun Tzu.
Apresento agora mais um trecho do capítulo VI deste livro, que tem como título:
"Ponto Fracos e Pontos Fortes".
Sun Tzu disse:
"Na arte militar, cada operação particular tem partes que exigem a luz do dia, e
outras que pedem as trevas do segredo.
Não posso determiná-las de antemão. Só as circunstâncias podem ditá-las".
William Douglas:
Há regras gerais e regras que funcionam para todos, mas nunca será possível
prever todas as respostas. As circunstâncias e a vida engendraram novidades de forma
exuberante. Assim, apenas o amadurecimento trará algumas respostas para os
candidatos. Em muitos casos, apenas a experimentação e a individualização poderão
responder qual o melhor caminho a seguir, pesados sob o crivo da relação custo x
benefício.
Se algo nos tranqüiliza, é o fato de que podemos errar, sim, mas que o tempo trará
todas as oportunidades de renovação, aprendizado e crescimento que precisamos.
O capítulo VI é intitulado em algumas traduções como "Do cheio e do Vazio". Isso
traz à memória a idéia do Tão, do Yin e do Yang, o princípio do vácuo e o princípio cristão
de "esvaziar-se de si mesmo" (Filipenses 2:7). Tudo isso remete à idéias, preciosa nos
concursos, de a pessoa conseguir abrir mão temporariamente de prazeres menores em
prol de obter, no futuro, prazeres maiores. Indo além, de abrir mão parcialmente de
prazeres e necessidades, no futuro, de forma mais sobeja.
Para ter sucesso em concursos é preciso um mínimo de objetividade, foco e
simplicidade. É preciso fazer escolhas sacrifícios. Nesse passo, Sun Tzu disse:
"Não procures ter um exército numeroso demais. Amiúde, a excessiva quantidade
de gente é mais nociva do que útil. Um pequeno exército bem disciplinado é invencível,
sob o comando de um bom general".
Se queres passar em concursos, ou obter qualquer outra forma de vitória, tenha
coragem de se diminuir assim como o pássaro abaixa sua cabeça antes de levantar vôo.
Seja menos, e cresça. Tenha um exército pequeno, mas disciplinado. Poucos objetivos,
poucas tarefas, apenas as que bastem para sobreviver e estudar. Quantos poderiam ter
passado se pudessem ser menos famosos, menos viajados, menos presentes em festas e
baladas!
Depois, quando tiveres conquistado os vastos campos de centeio e conhecido as
montanhas mais altas do mundo, então serás grande. Nessa ocasião, recorda-te das
lições da iluminação:
"Antes que eu penetrasse na sabedoria, as montanhas e os rios nada mais eram
senão montanhas e rios. Quando aderi à jornada pela sabedoria, as montanhas não eram
mais montanhas, nem os rios eram rios. Mas, quando alcancei a sabedoria, as montanhas
eram só montanhas e os rios , apenas rios".
Depois da aprovação, festas serão novamente festas, e baladas, baladas. Para os
que assim desejarem. Para outros, serão noites bem dormidas, passeios com a família,
viagens.
William Douglas
Caros Amigos,
Como já sabem, mais uma obra de minha autoria intitulada "A Arte da Guerra para
Concursos" baseada nos ensinamentos do grande estrategista de guerra chinês, Sun Tzu.
Apresento agora mais um trecho do capítulo VI deste livro, que tem como título:
"Ponto Fracos e Pontos Fortes".
Sun Tzu disse:
"Na arte militar, cada operação particular tem partes que exigem a luz do dia, e
outras que pedem as trevas do segredo.
Não posso determiná-las de antemão. Só as circunstâncias podem ditá-las".
William Douglas:
Há regras gerais e regras que funcionam para todos, mas nunca será possível
prever todas as respostas. As circunstâncias e a vida engendraram novidades de forma
exuberante. Assim, apenas o amadurecimento trará algumas respostas para os
candidatos. Em muitos casos, apenas a experimentação e a individualização poderão
responder qual o melhor caminho a seguir, pesados sob o crivo da relação custo x
benefício.
Se algo nos tranqüiliza, é o fato de que podemos errar, sim, mas que o tempo trará
todas as oportunidades de renovação, aprendizado e crescimento que precisamos.
O capítulo VI é intitulado em algumas traduções como "Do cheio e do Vazio". Isso
traz à memória a idéia do Tão, do Yin e do Yang, o princípio do vácuo e o princípio cristão
de "esvaziar-se de si mesmo" (Filipenses 2:7). Tudo isso remete à idéias, preciosa nos
concursos, de a pessoa conseguir abrir mão temporariamente de prazeres menores em
prol de obter, no futuro, prazeres maiores. Indo além, de abrir mão parcialmente de
prazeres e necessidades, no futuro, de forma mais sobeja.
Para ter sucesso em concursos é preciso um mínimo de objetividade, foco e
simplicidade. É preciso fazer escolhas sacrifícios. Nesse passo, Sun Tzu disse:
"Não procures ter um exército numeroso demais. Amiúde, a excessiva quantidade
de gente é mais nociva do que útil. Um pequeno exército bem disciplinado é invencível,
sob o comando de um bom general".
Se queres passar em concursos, ou obter qualquer outra forma de vitória, tenha
coragem de se diminuir assim como o pássaro abaixa sua cabeça antes de levantar vôo.
Seja menos, e cresça. Tenha um exército pequeno, mas disciplinado. Poucos objetivos,
poucas tarefas, apenas as que bastem para sobreviver e estudar. Quantos poderiam ter
passado se pudessem ser menos famosos, menos viajados, menos presentes em festas e
baladas!
Depois, quando tiveres conquistado os vastos campos de centeio e conhecido as
montanhas mais altas do mundo, então serás grande. Nessa ocasião, recorda-te das
lições da iluminação:
"Antes que eu penetrasse na sabedoria, as montanhas e os rios nada mais eram
senão montanhas e rios. Quando aderi à jornada pela sabedoria, as montanhas não eram
mais montanhas, nem os rios eram rios. Mas, quando alcancei a sabedoria, as montanhas
eram só montanhas e os rios , apenas rios".
Depois da aprovação, festas serão novamente festas, e baladas, baladas. Para os
que assim desejarem. Para outros, serão noites bem dormidas, passeios com a família,
viagens.
William Douglas
Se você deseja ser aprovado em um concurso público, uma de suas principais
preocupações deve ser a escolha dos cursos preparatórios e do seu material de estudo.
Não importa tanto se o estudo é em um livro ou numa apostila, mas que este
material seja de boa qualidade, preparado especificamente para o que você precisa, por
quem tenha experiência no tema.
Eis os 4 maiores cuidados a serem adotados:
1 - QUEM É O AUTOR?
Citar doutrina e juntar questões pode ser feito por qualquer um. Você, todavia, deve
procurar na biografia do autor a experiência que o mesmo tem em provas e concursos e
na realização de concursos. Ele é da área? É professor de cursinhos? Há quanto tempo?
2 - COMO É A DIAGRAMAÇÃO?
A diagramação é um dos grandes segredos para que haja o aprendizado. As letras
precisam ser grandes, o espaço entre palavras e linhas também e, claro, é preciso uma
margem de impressão mais leve. Se não for assim, a leitura será cansativa e a
produtividade do estudo seriamente prejudicada.
Embora a diagramação de qualidade encareça livros e apostilas, vale a pena
investir em livros e apostilas com boa diagramação, mesmo que um pouco mais caros,
pois isto fará um grande diferença na hora de estudar.
3 - ATUALIZAÇÃO DO LIVRO
Um dos mais importantes cuidados ao comprar algum livro é verificar se ele está
atualizado. Se você não souber identificar este precioso detalhe, peça ajuda a um colega
mais experiente em concursos ou ao seu professor no cursinho ou faculdade. A legislação
brasileira muda muito rapidamente e comprar um livro desatualizado é jogar dinheiro fora
e... pior, estudar errado.
4 - FATOR PREÇO
Claro que todos preferem um livro mais barato, até porque as despesas com eles e
cursos são pesadas. No entanto, um concursando inteligente é aquele que procura a
melhor relação custo X benefício. Em nenhuma área da vida o mais barato é o melhor.
Nem em apostilas e livros. Assim, deve haver um esforço para buscar as demais
qualidades do livro (autor, foco em concursos, diagramação etc) mesmo que isto custe um
pouco mais caro.
Podemos dizer que o concurso público, com todas as suas vantagens, é a Terra
Prometida: status, estabilidade, bons salários, aposentadoria diferenciada e a
oportunidade de servir à coletividade, e, por isso, faz do país um bom lugar, mais justo e
decente, um lugar melhor para vivermos, nós e nossos filhos. O concurso é a chance de
fazermos parte da administração pública, de ajudarmos o próximo por dever de ofício, com
remuneração garantida pelo governo. Mudar nossa vida... e mudar a vida de quem for ser
atendido por nós, no serviço público.
Nesse passo, contudo, é preciso alertar: toda terra prometida tem um deserto antes,
ou seja, para chegar lá vai ser preciso algum período de peregrinação. Repassando: o
povo de Israel precisou sair do Egito, cruzar o Mar Vermelho e passar 40 anos no deserto,
para chegar a um lugar aprazível onde era muito melhor viver.
Acredito que você, concursando, pode aprender muito com a história dos israelitas e
usar a experiência deles para passar em concursos. Comecemos pela saída do Egito. O
povo de Israel vivia no Egito e lá foi transformado em escravo. Seu crescimento
populacional passou a ser visto como uma ameaça aos egípcios. A solução foi simples:
matar todos os recém-nascidos do sexo masculino, lançando-os ao Nilo.
A mãe de Moisés, um recém-nascido judeu, colocou-o num cesto e pediu que a irmã
dele, Miriã, o vigiasse de longe. O cesto foi encontrado pela filha do Faraó e Miriã, muito
esperta, apresentou-se e perguntou se não queriam uma babá. Moisés, assim, cresceu
sob a marca de duas culturas. Já adulto, tomou a defesa de um judeu que estava sendo
açoitado, acabou matando um soldado egípcio e fugiu para o deserto.
Foi no deserto que Deus apareceu a Moisés, no meio de um arbusto que, mesmo
pegando fogo, não se consumia. E ali ele recebeu a missão de levar o povo de Israel do
Egito para Canaã, a Terra Prometida, onde manava leite e mel. Assumindo o encargo,
Moisés voltou para o Egito e apresentou ao seu povo os planos de Deus. Engana-se quem
imagina que ele foi bem recebido. Ao contrário, foi visto por seu povo com desconfiança.
E, perante os egípcios, como traidor. Traidor... e tolo. Afinal, Moisés abriu mão dos
privilégios de ser considerado filho de Faraó. Daí em diante, todos conhecem a história:
vieram as dez pragas e finalmente o povo foi autorizado a sair do Egito.
Tão logo os judeus tinham saído, o Faraó muda de idéia e determina ao seu
poderoso exército que persiga os judeus. Nessa hora, os retirantes estavam acampados
às margens do Mar Vermelho. Ao saberem da aproximação das tropas egípcias, muitos
judeus reclamaram de Moisés dizendo que se era para morrer no deserto, melhor teria
sido nem sair do Egito. Outros quiseram se suicidar, outros, se render e voltar para o
regime de escravidão, que tinha lá suas comodidades.
Nessa hora, pressionado por todas essas circunstâncias, Moisés começa a orar a
Deus, pedindo socorro. Deus, então, dá uma "bronca" em Moisés, dizendo: "Por que
clamas a mim, Moisés? Diga ao povo de Israel que marche. Estende a tua vara, toca o
mar, que as águas se abrirão". Dito e feito. Moisés passa com o povo pelo meio do mar e
salva-se do exército inimigo. E a história não acabou aí. Os judeus peregrinaram quarenta
anos no deserto do Sinai antes de chegar à Terra Prometida. Foi um tempo de dureza, de
sofrimento, de angústia e incertezas. E ao chegar lá, ainda foi preciso conquistar a terra.
Continuando: o que a história da páscoa pode dizer sobre passar em concursos?
Muitas coisas. Separei 7 para você.
Primeiro: É preciso ter um plano. É preciso imaginar a Terra Prometida e querer ir
para lá. O primeiro passo é sonhar. Sem uma meta ninguém faz nada.
Segundo: As pessoas podem não acreditar em você e nem em seus planos.
Problema delas. Você tem que acreditar em si mesmo e no projeto, mesmo que seja o
único, ou melhor, mesmo que sejamos só nós dois: você mesmo e o autor desse artigo.
Alguns podem achar você até um tolo, pelo preço que se dispôs a pagar. Não se
impressione. Tolo é quem fica parado.
Terceiro: Você vai precisar, como Moisés, de abrir mão de alguns privilégios, de
algum comodismo. Vai ter que abrir mão de uma série de atitudes e comportamentos
contraproducentes. Não dá para passar em concurso agindo como se fosse filho de um
rei... É preciso muito esforço, disciplina, dedicação e, claro, estudo.
Quarto: Não aja como aqueles judeus que reclamaram de Moisés. Eles queriam que
Moisés resolvesse todos os problemas! Eles não estavam sequer ajudando quem liderava
o processo de mudança. Assim, pare de reclamar dos outros e faça alguma coisa. Assuma
o papel de protagonista da própria história. Jamais aceite a comodidade que a paralisia de
projetos e de iniciativa oferece num primeiro momento.
Quinto: Não aja como Moisés, jogando toda a responsabilidade para Deus. Deus se
interessa por você e vai operar milagres (afinal, Ele é quem abriu o mar), mas pare de ficar
só com discursos e orações (só com projetos). É preciso tocar o mar para que ele se abra.
É preciso abrir o mar, os livros, as provas etc. Passar em concursos é para quem tem
sonhos... e tarefas. Faça sua parte. Marche!
Sexto: Antes de chegar a Canaã, havia um deserto. Todo ritual de passagem, em
especial de passagem de uma situação ruim para um melhor, exige um período de
preparação e sacrifícios. O período de estudo, disciplina, muito estudo, muitos simulados
etc, o próprio período de aprender a se preparar para concursos, tudo isso faz parte de um
longo deserto que você precisa superar antes de chegar ao seu objetivo. Sem deserto,
sem terra Prometida. Mas com um detalhe: asseguro que não vai ser preciso quarenta
anos...
Sétimo : A Terra Prometida estava lá para os judeus, e estará lá para você. Tenho
certeza que muitas vezes os judeus, que peregrinavam há anos no deserto, devem ter
desanimado. Você, que está há algum tempo nesse projeto já deve ter passado por
momentos difíceis, ou pode estar em um deles exatamente agora. O que dizer sobre isso?
Colega, a Terra Prometida continua lá! Esperando-lhe! Faça sua jornada que você chega,
não desanime. Calor? Cansaço? Sede? Tudo isso só vai realçar ainda mais sua vitória,
que chegará se você fizer o mesmo que o povo judeu fez no deserto: caminhar. Caminhar
na direção certa, caminhar com a ajuda de Deus, mas, inexoravelmente, caminhar até
chegar.
Eu tenho certeza que você chegará ao seu destino, no tempo certo, após sua dose
de deserto e de caminhada.
Faz algum tempo, li uma pessoa dizendo que "concurso não é a panacéia de todos
os males". Gostei, realmente não é.
O que me motivou a escrever o texto de hoje foi ouvir uma criatura dizer que acha o
concurso "a morte de todos os sonhos e talentos".Ui.
O que me preocupa é que algum concursando ouça essas frases pessimistas e, por
estar cansado ou mal esclarecido, acredite nelas.
Se fazer concurso acreditando já é difícil, imagina com os conceitos errados!
Quem for prestar concurso precisa acreditar que essa opção vale a pena. Se não for
assim, melhor nem tentar: a pessoa deve investir no que realmente acredita.
Eu acredito em concursos e direi o porquê neste artigo.
Outra coisa que me preocupa é a pessoa que começa a falar mal dos concursos
assim como a raposa concluiu que "as uvas estão verdes".
Sempre digo que concurso resolve uma série de problemas, mas não todos, e
também costumo dizer, nas palestras, que "ser feliz é melhor do que passar em
concursos". Meio-plágio da frase do meu amigo Roberto Shinyashiki.
Aliás, eu, ele, o Lair Ribeiro e o Augusto Cury temos boas relações de amizade e
estamos acostumados às críticas rotineiramente direcionadas aos autores chamados de
"auto-ajuda". Já pensei em escrever sobre isso: o preconceito contra o estilo "auto-ajuda",
mas este não é o tema de hoje.
Na verdade, o crescimento dos concursos públicos gerou também o crescimento
dos que atacam essa opção. Não me refiro aos inimigos históricos dos concursos: o
nepotismo, o cargo em comissão, o padrinhamento político, o fisiologismo, os "concursos"
fajutos, as fraudes, as seleções por currículo, a imoralidade das ONGs e assim por diante.
Há inimigos novos: as pessoas que dizem que concurso não é isso tudo, não é aquilo, é a
morte dos sonhos e dos talentos, que o Brasil precisa disso e daquilo.
Ora, claro que o Brasil precisa disso e daquilo. Precisa de bons engenheiros, bons
administradores, empresários, artistas, escritores, marceneiros. Precisamos de tudo.
O que não precisamos é informação equivocada.
Também precisamos de bons servidores públicos: competentes, dedicados,
talentosos, pessoas que saibam servir, que cumpram o dever, que sejam honestas, que
não sejam arrogantes, que tratem as pessoas como gostariam de ser tratadas. Pessoas
que façam sua parte e, depois do expediente, façam o que preferirem.
O concurso não é a morte de todos os sonhos e talentos. Primeiro, porque conheço
gente que sonhou a vida toda em ser delegado de polícia, e hoje é. Conheço quem quis
ser dentista, e hoje é dentista do Tribunal, da Marinha etc. Para eles, não foi a morte do
sonho.
E o talento? Por exemplo, é preciso talento para ser um bom policial. Outro dia, na
Ponte Rio - Niterói, vi uma equipe trabalhando tão bem diante de um acidente e, em
seguida, incidente (briga, bêbados, abusados etc), que tive orgulho da Polícia Rodoviária
Federal.
Tudo gente nova, concursada, trabalhando de um jeito primoroso. Pessoas
talentosas. Pode ser que façam outros concursos (um deles me contou que está fazendo
Direito...), mas pode ser que sejam como minha Diretora de Secretaria, na 4ª. Vara
Federal de Niterói, que optou por não fazer outros concursos e ser, com orgulho,
competência e talento, o que é: serventuária da Justiça.
Assim, informo que há muita gente com sonho realizado, e muita gente talentosa,
trabalhando no serviço público. Tenho orgulho deles.
Esses servidores continuam vivendo num país em guerra civil, com uma carga
tributária vergonhosa, tendo que resolver os problemas de saúde, família, amor, além dos
outros que surgem diariamente, mas com estabilidade, bons salários e uma série de
prerrogativas.
E servem ao povo. Servir ao povo é uma bela carreira.
Ah, e aquele sujeito talentosíssimo para a outra coisa e que se deixou morrer no
serviço público?
Bem, a culpa - se existe - é dele, não do serviço público. Eu conheço vários que
trabalham dignamente no serviço público e se dedicam a outros prazeres fora do
expediente.
E estão com as contas pagas. Ou o poeta vive só da poesia, o que é bonito, ou o
poeta pode ser poeta e servidor público (como, por sinal, é tradição brasileira ter grandes
escritores no serviço público). Que mal há nisso?
Conheço quem virou AFRF até montar seu consultório dentário e depois pediu
exoneração, aliás, abrindo mais uma vaga para quem vinha chegando. O concurso, para
ele, foi o que possibilitou a realização de um sonho ("a porta para o sonho"). E conheço
até quem é juiz federal e trabalha à noite e nos finais de semana falando sobre como
passar em concursos. Prazeres diferentes e concomitantes.
Vou falar um pouco do meu caso. Eu amo ser juiz federal. Tenho orgulho disso, me
sinto útil servindo à coletividade, tenho uma excelente produtividade (graças não só a mim,
mas a uma equipe extraordinária de servidores competentes, dedicados e talentosos),
uma série de prerrogativas etc. E nem por isso todos os meus dias são cor-de-rosa.
Há dias em que acho muito bom ser juiz, e há outros em que quero largar tudo.
Tenho um dos cargos mais cobiçados da República e nem por isso estou livre de dias
ruins. Há dias ensolarados e dias sombrios; dias em que acho que vale a pena ser juiz,
outros em que acho que não.
O fato é que o serviço público não é o único oásis onde bebo. Tenho outros sonhos,
projetos, família, igreja, poesia, corrida etc. Nem o sujeito que só quer ser juiz ou delegado
pode se dar ao luxo de esgotar toda sua existência em apenas um oásis.
Assim, eu sou um caso de alguém que pagou o preço para passar, que trabalha
como servidor e que também investe sua vida em outros projetos.
Se quiser ser só poeta e não separar tempo para trabalhar noutra coisa, tudo bem;
eu que peça exoneração e vá viver minha vida. Mas se não consigo ou banco viver só de e
da poesia, a culpa é minha: não devo ficar reclamando da vida nem da outra coisa que eu
for fazer.
Isso me cansa: pessoas que ficam reclamando de tudo em vez de resolverem suas
vidas.
Você pode decidir: se quer ser poeta e tem asco de fazer outra coisa, vá ser poeta e
não reclame da vida. Terei orgulho de você. Mas se quer ser poeta e acha que pode
estudar, passar em um concurso, e ser um poeta que tem estabilidade, bons vencimentos
etc, que serve ao semelhante durante parte do seu dia, você é um concursando em
potencial. Faça o que tiver de ser feito e seja poeta e servidor público. Também terei
orgulho de você.
Seu prazer é outro que não a poesia? Hum... a arte, qualquer delas, a música, a
dança, os passeios, o convívio com os filhos? Escolha: a poesia pode tomar qualquer
formato. Não sou um parnasiano.
Hoje escrevi para dizer que o concurso pode ser o sonho, ou o caminho para o
sonho, ou só a forma honesta e digna de pagar suas contas. Não importa. Se o seu sonho
é outro e nele não há lugar para o concurso, não sinta culpa: vá viver sua vida. Mas por
favor, não fale das pessoas que optaram pelo concurso como uma carreira, um caminho
ou um ganha-pão.
No poema "O convite", Oriah Mountain Dreamer diz: "Não me interessa saber onde
você mora ou quanto dinheiro tem. Quero saber se, após uma noite de tristeza e
desespero, exausto e ferido até os ossos, é capaz de fazer o que precisa ser feito para
alimentar seus filhos".
Se você só está no concurso para alimentar seus filhos, cara, eu tenho orgulho -
muito - de você.
Se você está aqui, no serviço público, de passagem ou para bancar outros sonhos,
ótimo também. Espero que seja um bom servidor, tanto quanto o que só fez concurso
pelos vencimentos.
Se quer ser servidor mesmo, se é seu sonho, eu quero lhe dizer que você escolheu
uma carreira honrosa, digna, útil ao país e ao planeta.
Em suma, eu não quero saber se você, concursando, está cansado ou se o que
quer é alimentar os sonhos, os filhos ou outra coisa. Também não me importa onde mora
ou o quanto ganha, pois sei que a felicidade, assim como sua rival, se esconde em todos
os bairros e em todas as contas bancárias, qual seja o tamanho que venham a ter.
Também sei que quem passa em concurso melhora de vida.
Eu escrevo para dizer que tenho orgulho de você, concursando, que está fazendo o
que precisa ser feito, pelos seus motivos (pois, afinal de contas, a vida é sua).
Não se assuste nem melindre com pessoas sem paciência, sonho, garra ou
problemas suficientes para ir em frente e escolher um caminho para se resolver.
Não tenho grande apreço por quem não faz uma coisa, não desiste dela, e ainda
não aprendeu a respeitar as decisões que você tomou.
Se você é um concursando, eu tenho orgulho de você.
Tenho visto muitos concursandos sofrendo... a coisa é trabalhosa. Tem hora que
parece que está roendo até os ossos. Sim, mas e daí? Como digo no livro sobre Maratona,
são os fortes que sentem dor. Os fracos desistem. Se você está "ralando", sofrendo, é
porque é forte. Um sujeito mais fraco já teria arrumado uma desculpa, ou um culpado, e
caído fora.
Como diz meu mantra, "a dor é temporária, o cargo é para sempre".
Continue assim, fazendo a coisa certa, se aperfeiçoando, estudando, treinando, que
o cargo será seu, mais cedo ou mais tarde.
Uns estão estudando e fazendo as provas, outros estão fazendo discursos, críticas
e observações maldosas, invejosas, medrosas etc. Wilde disse que "estamos todos na
sarjeta, mas alguns estão olhando as estrelas".
Eu estou olhando as estrelas das armas da República. Eu a represento como juiz
federal, você vai representá-la, mais cedo ou mais tarde, em algum cargo, emprego ou
função, todos nobilíssimos, para quem tem garra e coragem de ir em frente.
Parece ufanismo? Não sei se algo que acontece, que funciona, pode ser chamado
de ufanismo. Concurso funciona.
Parece coisa de autor de auto-ajuda? Tudo bem, eu sou autor de auto-ajuda, então.
Sem problema, eu não tenho vergonha, mas antes um justo orgulho de poder ajudar
o próximo. Técnicas? Estão nos livros.
Motivação? Também. Afinal, como disse, não tenho problemas em ser tachado de
autor de auto-ajuda por, de fato, exercer essa tarefa em parte de meu cotidiano. Ter
sucesso em concursos, em qualquer coisa, demanda uma combinação de motivação e de
técnicas. Eu trabalho com ambas e estou feliz com os resultados. Funciona, simplesmente
funciona.
Antes isso do que ficar falando de quem está correndo em busca de alguma coisa.
É preciso buscar a própria felicidade. O concurso é uma opção válida. Se você quer
fazer, faça direito; se não quer, respeite a opção de quem quer e gaste suas energias
naquilo em que acredita.
O importante é cada um buscar sua felicidade.
Para concluir, uma sugestão para você, concursando: se alguém estiver lhe
aborrecendo com essas historinhas de que concurso é uma coisa ruim, sugiro que imprima
esse texto e entregue à pessoa, com meu carinho e meu abraço. Peça para ela deixar
você tocar sua vida, fazer suas escolhas, colher os frutos que cada escolha proporciona.
Peça para ela não ser uma rádio que toque uma música fúnebre ou desagradável. Ou o
silêncio ou elogios, ok?
Como dizia Ted Turner, "lidere, siga ou saia do caminho".
Todo mundo já se pegou estudando sem a menor concentração, pensando nos
momentos de lazer, como também já deixou de aproveitar as horas de descanso por
causa de um sentimento de culpa ou mesmo remorso, porque deveria estar estudando.
Fazer uma coisa e pensar em outra causa desconcentração, estresse e perda de
rendimento no estudo ou trabalho. Além da perda de prazer nas horas de descanso.
Em diversas pesquisas que realizei durante palestras e seminários pelo país, constatei que
os três problemas mais comuns de quem quer vencer na vida são:
medo do insucesso (gerando ansiedade, insegurança),
falta de tempo e
"competição" entre o estudo ou trabalho e o lazer.
E então, você já teve estes problemas?
Todo mundo sabe que para vencer e estar preparado para o dia-a-dia é preciso
muito conhecimento, estudo e dedicação, mas como conciliar o tempo com as preciosas
horas de lazer ou descanso?
Este e outros problemas atormentavam-me quando era estudante de Direito e
depois, quando passei à preparação para concursos públicos. Não é à toa que fui
reprovado em 5 concursos diferentes!
Outros problemas? Falta de dinheiro, dificuldade dos concursos (que pagam
salários de até R$ 6.000,00/mês, com status e estabilidade, gerando enorme
concorrência), problemas de cobrança dos familiares, memória, concentração etc.
Contudo, depois de aprender a estudar, acabei sendo 1º colocado em outros 7
concursos, entre os quais os de Juiz de Direito, Defensor Público e Delegado de Polícia.
Isso prova que passar em concurso não é impossível e que quem é reprovado pode "dar a
volta por cima".
É possível, com organização, disciplina e força de vontade, conciliar um estudo
eficiente com uma vida onde haja espaço para lazer, diversão e pouco ou nenhum
estresse. A qualidade de vida associada às técnicas de estudo são muito mais produtivas
do que a tradicional imagem da pessoa trancafiada, estudando 14 horas por dia.
O sucesso no estudo e em provas (escritas, concursos, entrevistas etc.) depende
basicamente de três aspectos, em geral, desprezados por quem está querendo passar
numa prova ou conseguir um emprego:
1º) clara definição dos objetivos e técnicas de planejamento e organização;
2º) técnicas para aumentar o rendimento do estudo, do cérebro e da memória;
3º) técnicas específicas sobre como fazer provas e entrevistas, abordando dicas e
macetes que a experiência fornece, mas que podem ser aprendidos.
O conjunto destas técnicas resulta em um aprendizado melhor e em mais sucesso
nas provas escritas e orais (inclusive entrevistas).
Aos poucos, pretendemos ir abordando estes assuntos, mas já podemos anotar
aqui alguns cuidados e providências que irão aumentar seu desempenho.
Para melhorar a "briga" entre estudo e lazer, sugiro que você aprenda a administrar
seu tempo. Para isto, como já disse, basta um pouco de disciplina e organização.
O primeiro passo é fazer o tradicional quadro horário, colocando nele todas as
tarefas a serem realizadas. Ao invés de servir como uma "prisão", este procedimento
facilitará as coisas para você. Pra começar, porque vai levá-lo a escolher as coisas que
não são imediatas e a estabelecer suas prioridades. Experimente. Em pouco tempo, você
vai ver que isto funciona.
Também é recomendável que você separe tempo suficiente para dormir, fazer
algum exercício físico e dar atenção à família ou ao namoro. Sem isso, o estresse será
uma mera questão de tempo. Por incrível que pareça, o fato é que com uma vida
equilibrada o seu rendimento final no estudo aumenta.
Outra dica simples é a seguinte: depois de escolher quantas horas você vai gastar
com cada tarefa ou atividade, evite pensar em uma enquanto está realizando a outra.
Quando o cérebro mandar "mensagens" sobre outras tarefas, é só lembrar que cada uma
tem seu tempo definido. Isto aumentará a concentração no estudo, o rendimento e o
prazer e relaxamento das horas de lazer.
Aprender a separar o tempo é um excelente meio de diminuir o estresse e aumentar
o rendimento, não só no estudo, como em tudo que fazemos.
Prezados amigos:
Entre as atividades educacionais que desenvolvo está a participação em conselhos
editoriais nas Editoras Impetus, Campus/Elsevier e Thomas Nelson Brasil. Parte de minha
atividade é a leitura de originais para opinar sobre livros e, eventualmente, tentar melhorá-
los, utilizando minha experiência na área.
Esta atividade me traz grandes alegrias e o privilégio de lidar com excelentes obras.
Uma delas, que li recentemente e votei por sua publicação no Brasil, é o livro
"VOCÊ FAZ A DIFERENÇA - Como sua atitude por revolucionar sua vida", de autoria de
John C. Maxwell, publicado pela Editora Thomas Nelson Brasil.
Costumo dizer que a atitude é essencial no candidato aos concursos públicos. Além
disso, a atitude será necessária para o exercício do cargo. Também creio numa revolução
que será feita no serviço público (e que abordo no último capítulo do meu livro A arte da
guerra para concursos, pela Editora Campus/Elsevier).
Assim, pela importância do tema e pela excepcional qualidade do texto e da
mensagem que veicula, obtive a autorização da Editora Thomas Nelson Brasil para
veicular uma parte do livro. Recomendo a leitura atenta e, para os que puderem, a leitura
de todo o livro, o que certamente trará ainda mais aprendizado e aperfeiçoamento para os
que assim desejarem.
Segundo o livro, e eu concordo com isso, sua atitude pode passar a ter maior
qualidade. Para isso, Maxwell faz algumas observações importantes (a partir daqui,
transcrevo o texto do livro citado):
"O que sua atitude pode fazer por você
O que normalmente separa os melhores do restante? Você já pensou nisso? O que
separa o medalhista de ouro do medalhista de prata nas Olimpíadas? O que separa o
empresário de sucesso daquele que não tem sucesso? O que possibilita uma pessoa
vencer na vida depois de um acidente que a deixou incapacitada enquanto outra desiste e
morre? É a atitude.
É claro que, de vez em quando, aparecem pessoas como Mozart ou Lance
Armstrong - aquelas cujos dons são tão extraordinários a ponto de realizarem coisas com
as quais o restante de nós só consegue sonhar. (Mas até elas são auxiliadas pelo fato de
terem atitudes extraordinárias). A maioria das pessoas, quando estão no auge de sua
profissão, são parecidas no que se refere ao talento. O que separa uma medalha de ouro
de uma de prata normalmente são centésimos de segundo. Jogadores de golfe
profissionais vencem torneios com uma única tacada. Como disse Denis Waitley em The
Winner"s Edge [A vantagem do vencedor], "a vantagem do vencedor não está em nascer
em berço de ouro, em ter QI elevado ou em ser talentoso. A vantagem do vencedor está
na atitude, não na aptidão. Atitude é o critério para o sucesso. Mas não se pode comprar
uma atitude por um milhão de dólares. As atitudes não estão à venda".
A maior diferença que minha atitude pode fazer está dentro de mim, não nos
outros
Por anos tentei viver de acordo com a seguinte afirmação: nem sempre posso
escolher o que acontece comigo, mas sempre posso escolher o que acontece em mim.
Algumas coisas na vida escapam ao meu controle. Outras não. Minha atitude nas áreas
que escapam ao meu controle pode fazer diferença. Minha atitude nas áreas que estão
sob meu controle irá fazer diferença. Em outras palavras, a maior diferença que minha
atitude pode fazer está dentro de mim, não nos outros. Essa é a razão por que sua atitude
é a sua maior qualidade ou a sua maior deficiência. É ela que prepara ou acaba com você.
Ela pode levantar ou derrubar você. Uma atitude mental positiva não lhe permitirá fazer
tudo. Mas ela pode ajudá-lo a fazer qualquer coisa melhor do que você faria se sua atitude
fosse negativa.
O que a atitude pode fazer por você
Uma atitude positiva é uma qualidade diária em quase todos os sentidos. Ela não só
ajuda a resolver problemas pequenos como também fornece um instrumental poderoso
que pode ser útil por toda a sua vida. Aqui está o que quero dizer:
1. Sua atitude faz diferença na sua maneira de encarar a vida
À medida que nos aproximávamos do fim do século XX, muito se escreveu sobre os
homens e mulheres que sobreviveram à Depressão e lutaram na II Guerra Mundial, as
pessoas que Tom Brokaw chamou de "a melhor geração". Lembro-me de ler uma história
sobre uma mulher daquela geração que acompanhou o marido durante a guerra até um
acampamento do exército norte-americano no deserto do sul da Califórnia. O homem a
aconselhou a não ir, achando que ela ficaria melhor se voltasse para o leste para ficar com
a família, mas a jovem recém-casada não quis se separar de seu marido.
A única acomodação que eles conseguiram encontrar foi uma cabana em situação
precária perto de uma aldeia de índios americanos. O lugar era muito simples. Durante o
dia, as temperaturas muitas vezes chegavam aos 46ºC. O vento, que soprava
constantemente, parecia o ar quente que sai do forno. E a poeira deixava tudo em estado
deplorável.
A jovem achava os dias longos e tediosos. Seus únicos vizinhos eram índios
americanos com os quais ela encontrou poucas afinidades. Quando seu marido foi enviado
para o deserto para duas semanas de manobras militares, ela desabou. As condições de
vida e a solidão eram demais para ela. Ela escreveu para a mãe para dizer que queria
voltar para casa.
Pouco tempo depois, recebeu uma resposta de casa. Uma das coisas que sua mãe
lhe disse foi: Dois homens olhavam pelas grades de uma prisão. Um via lama; o outro,
estrelas.
Ao ler várias vezes as linhas da carta, a jovem inicialmente sentiu vergonha. Depois
sua reflexão amadureceu. Ela realmente queria ficar com o marido, por isso tomou uma
decisão: ela procuraria as estrelas.
No dia seguinte, esforçou-se para fazer amizade com seus vizinhos. À medida que
os conhecia, ela também pedia que eles a ensinassem a tecer e a fazer cerâmicas. No
início, eles relutaram, mas, quando viram que o interesse que ela tinha por eles e pelo
trabalho que faziam era genuíno, eles mostraram-se mais receptivos. Quanto mais a
mulher aprendia sobre a cultura e a história dos índios americanos, mais ela queria saber.
Sua perspectiva começou a mudar. Até o deserto começou a parecer diferente para ela.
Ela começou a apreciar sua beleza serena, sua vegetação resistente porém vistosa, e até
pedras e conchas fossilizadas encontrou ao explorar a região. Ela começou, inclusive, a
escrever sobre suas experiências ali.
O que mudou? Não foi o deserto. Não foram as pessoas que moravam naquele
lugar. Ela mudou. Sua atitude mudou - e, conseqüentemente, seu ponto de vista mudou.
As pessoas mais felizes na vida não têm necessariamente tudo o que há de melhor.
Elas simplesmente tentam aproveitar tudo ao máximo. São como a pessoa de uma aldeia
afastada que vai a uma fonte todos os dias para pegar água e que diz: "Toda vez que
venho a esta fonte, vou embora com o balde cheio de água!", em vez de "Não posso
acreditar que tenho de continuar a voltar a essa fonte para encher o balde!"
A atitude de uma pessoa tem uma profunda influência sobre o seu modo de encarar
a vida. Pergunte a um técnico antes de um jogo importante se a atitude dele e a de seus
jogadores farão diferença no resultado do jogo. Pergunte a um cirurgião se a atitude do
paciente é importante quando sua vida está em jogo em uma sala de emergência.
Pergunte a um professor se as atitudes dos alunos têm um impacto antes de realizarem
um teste.
Uma das coisas que aprendi é que a vida muitas vezes lhe dá tudo aquilo que você
espera dela. Se você espera coisas ruins, é isso que você receberá. Se espera coisas
boas, você muitas vezes as recebe. Não sei por que as coisas são assim, mas é assim
que funciona. Se você não acredita em mim, faça um teste. Experimente passar 30 dias
esperando o melhor de tudo: o melhor lugar para estacionar o carro, a melhor mesa no
restaurante, a melhor interação com os clientes, o melhor tratamento dos funcionários
públicos. Você se surpreenderá com o que verá, principalmente se também der o melhor
de você mesmo para os outros em todas as situações.
2. Sua atitude faz diferença em seus relacionamentos pessoais
Em agosto de 2005, tive o privilégio de falar no Willow Creek Leadership Summit.
Uma das pessoas que conheci ali foi Colleen Barrett, presidente e secretária corporativa
da Southwest Airlines, que também era uma das palestrantes do evento. Eu estava
ansioso para conversar com ela porque, enquanto outras companhias aéreas perdiam
dinheiro e lutavam para sobreviver durante os últimos anos, a Southwest havia obtido
sucesso e lucro.
Colleen e eu conversamos sobre liderança. Segundo ela, uma das coisas das quais
a companhia mais se orgulhava era sua reputação pelo excelente atendimento ao cliente.
Quando lhe perguntei como eles conseguiam isso, ela disse que a companhia não
dependia de muitas regras. Havia, sem dúvida, regulamentos determinados pela Agência
Federal de Aviação aos quais eles obedeciam e, além disso, eles tinham regras que
exigiam que os comissários de bordo sempre fossem pontuais para cumprir suas tarefas
uma vez que sua escalação era tranqüila. Mas a ênfase da companhia está na criação do
tipo certo de atitude entre os funcionários. Os funcionários da Southwest estavam
habilitados para avaliar situações e tomar decisões. E seu foco está nas habilidades
pessoais e na regra de ouro. Mesmo quando cometem erros, desde que estejam tentando
ver as coisas pelo ponto de vista do cliente e tentando prestar um bom serviço, os
funcionários recebem apoio.
Para ter sucesso, é preciso ser capaz de trabalhar bem com os outros. Essa é a
razão por que Theodore Roosevelt disse: "O único ingrediente mais importante na fórmula
para o sucesso é saber se entender com as pessoas".
Muitos fatores entram em ação quando o assunto diz respeito a abilidades que
envolvem trabalhar com pessoas, mas o que desenvolve ou acaba com essa habilidade é
a atitude de uma pessoa. Recentemente escrevi um livro chamado Vencendo com as
pessoas em que descrevo 25 princípios pessoais que qualquer pessoa pode usar para
melhorar sua capacidade de construir relacionamentos e de trabalhar com outras pessoas.
Muitos desses princípios se baseiam na atitude. Aqui estão alguns exemplos:
O Princípio da Lente: quem somos é o que determina o modo como vemos os
outros. Nossa percepção dos outros depende mais de nossa atitude do que das
características dos que nos cercam. Se formos positivos, nós os vemos de modo
positivo.
O Princípio da Dor: pessoas magoadas magoam pessoas e se deixam facilmente
magoar por elas. Nossas experiências negativas e nossa bagagem emocional dão
cor à nossa percepção das ações dos outros. Interações normais podem causar-
nos dor mesmo quando a outra pessoa não fez nada para causar dor.
O Princípio do Elevador: podemos levantar as pessoas ou derrubá-las em nossos
relacionamentos. As pessoas têm uma mentalidade que consiste em levantar ou
limitar os outros.
O Princípio do Aprendizado: cada pessoa que conhecemos tem o potencial de nos
ensinar algo. Algumas pessoas têm uma atitude receptiva ao ensino e admitem que
podem aprender algo com todas as pessoas que conhecem. Outras desprezam
muitas pessoas e admitem que elas nada têm a oferecer.
Há outros princípios no livro baseados na atitude, mas já deu para você ter uma
idéia. Em se tratando de lidar com pessoas, a atitude faz diferença. Se seu currículo não é
tão bom quanto você gostaria que fosse quando o assunto é lidar com pessoas, talvez
você precise observar sua atitude. Embora seja verdade que algumas pessoas pareçam
ter um modo natural de ganhar os outros, até alguém com habilidades pessoais naturais
limitadas pode aprender a ganhar as pessoas se decidir ter uma atitude positiva para com
elas.
3. Sua atitude faz diferença em seu modo de enfrentar desafios
Dizem que quando Chesty Puller, da Marinha norte-americana, viu-se cercado de
oito divisões inimigas durante a guerra coreana, sua resposta foi: "Tudo bem, eles estão à
nossa esquerda. Estão à nossa direita. Estão à nossa frente. Estão atrás de nós - desta
vez, eles não podem escapar!"
Na vida, os obstáculos, os desafios, os problemas e os fracassos são inevitáveis.
Como você vai lidar com eles? Vai desistir? Vai deixar que as circunstâncias o deixem
mal? Ou você vai tentar fazer o melhor possível? O caminho que você escolher depende
de sua atitude.
Certa vez, ouvi um conferencista dizer que nenhuma sociedade jamais desenvolveu
homens valentes durante tempos de paz. O velho provérbio é verdadeiro: o que não mata,
fortalece. Lembre-se dos momentos em sua vida em que você mais cresceu. Aposto que
você cresceu em conseqüência de superar dificuldades. Quanto melhor sua atitude,
maiores as chances de você conseguir superar dificuldades, crescer e seguir em frente.
Você pode ver esse padrão na vida de grandes homens e mulheres:
Demóstenes, conhecido como o maior orador da Grécia antiga, tinha um problema
de fala. A lenda diz que ele o superou recitando versos com seixos na boca e falando mais
alto que o bramido das ondas na beira do mar.
Martinho Lutero, pai da Reforma Protestante, aproveitou o tempo que ficou
confinado no castelo de Wartburg para traduzir o Novo Testamento para o alemão.
O compositor Ludwig van Beethoven compôs suas maiores peças sinfônicas depois
que ficou surdo.
John Bunyan escreveu O peregrino enquanto estava preso. Daniel Defoe também
escreveu o livro Robinson Crusoé enquanto estava preso.
Abraham Lincoln é considerado por muitos o melhor dos presidentes dos Estados
Unidos, mas ele provavelmente não teria se destacado como um grande líder se não
tivesse conduzido o país durante a guerra civil. Muitas vezes as circunstâncias difíceis
parecem servir de instrumento na criação de grandes líderes e pensadores. Mas isso só
acontece quando as atitudes deles são corretas.
Ouvi dizer que na língua chinesa duas palavras muitas vezes se juntam para criar
outra palavra com um significado muito diferente. Por exemplo, quando o símbolo para a
palavra que significa homem se junta com o símbolo para a palavra que significa mulher, a
palavra resultante significa bom.
Ter uma atitude positiva pode ter um efeito semelhante. Quando um problema vem
em direção a alguém que tem uma atitude positiva, o resultado é muitas vezes algo
maravilhoso. É da confusão que os problemas causam que podem surgir grandes
estadistas, cientistas, autores ou empresários. Todo desafio tem uma oportunidade. E toda
oportunidade tem um desafio. A atitude de uma pessoa determina seu modo de lidar com
ambas as coisas.
4. Sua atitude faz diferença
Quando a atitude é o mais importante? Quando ela faz a maior diferença? Não é
durante um evento esportivo ou quando os negócios ficam difíceis. É quando a própria
vida está em perigo. E, nessas ocasiões, a atitude realmente faz diferença.
Quando pastor, eu passava a maior parte do tempo com pessoas que estavam
vivendo situações de tragédia. Visitava muitos pacientes antes de serem operados, e os
que se empenhavam ao máximo e se recuperavam mais rápido eram as pessoas que
tinham as melhores atitudes. Visitava muitas clínicas de repouso. Os idosos que têm
sucesso são os que ainda têm uma atitude positiva com relação a si mesmos e a sua
situação. Certa vez, ouvi um funcionário de uma clínica de repouso dizer que, não raro,
pacientes recém internados, por sentirem-se abandonados e sem poder de escolha quanto
à internação, tendiam a se entregar e a morrer antes daqueles que viam a situação como
apenas outra fase da vida a ser enfrentada de maneira positiva.
Muitas pessoas escreveram sobre o poder que uma atitude positiva tem sobre a
saúde e a boa forma. Muitas equipes médicas dizem que viram uma correlação positiva
entre as atitudes das pessoas e a sua capacidade de recuperar-se de doenças como o
câncer. Dr. Ernest H. Rosenbaum e Isadora R. Rosenbaum dizem que essas observações
levaram a novos estudos sobre a atitude:
Pesquisadores estão agora experimentando métodos para levar efetivamente a
mente a participar do combate do corpo contra o câncer... Alguns médicos e psicólogos
agora acreditam que a atitude adequada pode até ter um efeito direto sobre a função da
célula e, conseqüentemente, ser usada para inibir, se não curar, o câncer. Esse novo
campo de estudo científico, chamado psiconeuroimunologia, concentra-se no efeito que a
atividade mental e emocional tem sobre o bem-estar físico, indicando que os pacientes
podem desempenhar um papel muito maior em sua recuperação.
Ver uma ligação entre os pensamentos e sentimentos das pessoas e sua saúde não
é novidade. Segundo Rosenbaum: "Sabemos há mais de dois mil anos - com os escritos
de Platão e Galeno - que há uma correlação direta entre a mente, o corpo e a saúde da
pessoa". O poeta John Milton escreveu:
A mente é um lugar em si mesma, e
Pode fazer do inferno um céu e do próprio céu um inferno.
Sua atitude tem uma profunda influência sobre seu modo de ver o mundo - e,
portanto, sobre o modo como você leva a vida.
Atitude é importante. É tão importante que ela realmente faz diferença. Ela não é
tudo, mas é uma coisa que pode fazer diferença em sua vida."
(Extraído da obra você faz a diferença - como sua atitude pode revolucionar sua
vida, de John C. Maxwell, Editora Thomas Nelson Brasil)
É isso. A atitude é essencial e algo que pode ser desenvolvido. Servirá para
concursos e para a vida inteira. Passe a partir de agora a desenvolver e aperfeiçoar sua
atitude. Ate porque, como já foi dito, "a felicidade não decorre de um determinado conjunto
de circunstâncias, mas de um conjunto de atitudes diante das circunstâncias".
Caros amigos,
Hoje falarei sobre dois assuntos importantes na vida de um concurseiro: Quantidade
X Qualidade de Estudo e a Importância da Capacidade de Comunicação.
QUANTIDADE X QUALIDADE DO ESTUDO
Como tudo na vida, importa mais a qualidade do que a quantidade. Há quem estude
doze horas por dia e seu resultado prático seja inferior ao de outro que estuda apenas uma
hora por dia. Por quê? Por causa de inúmeros fatores, como a concentração, a
metodologia e o ambiente de estudo. Mesmo assim, os estudantes e candidatos
preocupam-se apenas com "quantas horas" ele ou o colega estuda por dia, e quase não
se vê a preocupação com o "como" se estuda.
Quem se preocupa apenas com "quantas" horas se estuda, esquece do desperdício
de tempo de estudo por causa de sua baixa qualidade.
Uma das vantagens de estudar com dedicação, é que até passar você sacrifica uma
considerável parte do seu tempo, mas após sua aprovação pode refazer seu horário do
jeito que preferir. Pode até voltar a fazer o que fazia, só que com sua vida mais resolvida,
já curtindo o seu sucesso.
Uma hora de estudo com qualidade valem mais do que 5 horas de estudo sem
qualidade.
Contudo, cinco horas de estudo com qualidade valem mais do que 1 hora de estudo
com qualidade. Assim, você deve reservar o maior tempo possível para estudo, apenas
com cuidado de separar tempo para descansar, relaxar, etc.
A IMPORTÂNCIA DA CAPACIDADE DE COMUNICAÇÃO
Concursos exigem um bom preparo para se comunicar por escrito e verbalmente.
Uma coisa é deter o conhecimento da matéria, outra - bem diferente - é saber transportar
esse conhecimento para o papel ou para o discurso. Um surdo-mudo que tenha assistido a
um fato poderá lembrar-se dele perfeitamente e mesmo assim não lograr êxito em atuar
como testemunha.
Imagine dois candidatos. "A" estudou muito, aprendeu e memorizou tudo, mas não
sabe redigir e nem falar bem, ao passo que "B" não estudou tanto e sabe apenas
medianamente a matéria. "B", contudo, tem prática de redação e domina as técnicas
básicas da oratória. Por saber comunicar-se melhor, a tendência é de que a nota de "B"
seja superior à de "A".
Treine sua capacidade de transmissão de idéias. Não adianta ter uma Usina de
Itaipu de conhecimentos, e um fio de meio milímetro para transmitir essa energia. Saber
memorizar e não saber transmitir é nadar, nadar e morrer na praia. Você precisa de
ambos.
Aqui, vale a preocupação com a leitura e a redação. Quem lê melhor, melhor se
comunica. O conhecimento da língua portuguesa e a capacidade de expressão escrita são
indispensáveis.
William Douglas e Francisco Dirceu Barros
O telefone tocou. Era um ex-aluno que queria esclarecer algumas dúvidas. Uma
imensa alegria contagiou meu coração, pois sempre tive grande prazer em reencontrar
meus colegas de aprendizagem. O ex-aluno era um desses que o Professor sabe que será
um grande vencedor, inteligente, dedicado, persistente, humilde e o principal, sabia o que
queria.
Lembro-me que no 5º semestre "ele" me disse que iria ser Delegado de Polícia,
queria um edital e que eu o orientasse como deveria ser sua estratégia de estudos.
No intervalo das aulas lá vinha "ele" com suas perguntas geniais, com as quais eu
ensinava e aprendia. Era um aluno espetacular, que se comportava com muita dignidade e
tinha, ainda quando estudante, uma visão muito boa do papel social que o Profissional de
Direito tem que desenvolver na sociedade.
Eu sempre pensava que era da honestidade e dignidade e de seu idealismo que
precisávamos para o fortalecimento da justiça. Tive conhecimento de suas dificuldades:
"ele" era muito pobre, trabalhava muito, quase não conseguia conciliar "aula/trabalho" e
sempre chegava atrasado nas minhas aulas. Eu, ajudava-o como podia, colocando suas
presenças, doando vários livros, etc.
Após o término da faculdade, não tive mais notícias "dele", até que o telefone tocou,
e logo minha alegria se transformou em tristeza.
Ao perguntar sobre seu sonho de "ser Delegado de Polícia", ele respondeu:
- Desisti, Professor.
- Como? Desistiu?
- Sim. Fiz concursos em dois Estados e não passei nem na primeira fase, senti que
não era capaz e desisti. Agora estou trabalhando em uma empresa e meu trabalho não
tem relação com o Direito.
Esclarecida a dúvida, desliguei o telefone e confesso que fiquei incomodado, eu
teria que fazer alguma coisa, não era possível que alguém que cultivava um belo ideal
tivesse desistido tão facilmente.
Lembrei-me que tinha anotado seu endereço para mandar-lhe um livro de presente
e de forma incontinenti fui até ao computador e escrevi uma "cartinha" com o título "carta a
um futuro vencedor".
Remeti a carta junto com o livro e fiquei esperando a resposta.
A resposta não chegou e eu até já tinha esquecido deste triste episódio quando dois
anos após, o carteiro me entregou um "sedex urgente", antes de abrir eu pensei: "porque
alguém mandaria uma folha por sedex?". Era uma carta do ex-aluno que, em síntese,
dizia:
Professor, muito obrigado:
Quando recebi a "carta a um futuro vencedor", chorei ...
Abandonei tudo e voltei a estudar ...
Retomei a luta por meu sonho ...
Jurei que não iria desistir ...
Nos momentos de crises eu lia textos de sua "carta".
Em anexo um convite para minha posse como Delegado de Polícia.
Não falte, eu e minha família queremos lhe dar um grande abraço."
Você que está lendo este artigo está em que situação? No primeiro entusiasmo? Se
estiver, saiba que vai passar por momentos de desânimo. Prepare-se para superá-los.
Está desanimado? Saiba que está na hora de voltar a trabalhar por seu sonho, sua vida,
seu futuro. Está no segundo entusiasmo, aquele após já ter superado momentos de
cansaço? Prossiga no sonho, ele está mais perto do que você imagina.
Citamos esse caso para lembrar você que há muitas coisas boas acontecendo:
você, que decidiu passar em algum concurso, está no caminho certo. Permaneça nele,
que vale a pena.
O desemprego tem crescido por conta da falta de políticas públicas adequadas, pela
alta dos juros, pelo excesso de tributos e de burocracia, bem como pela falta de incentivo à
educação e à produção. Se você está desempregado ou em um emprego onde não está
satisfeito, há uma solução chamada concurso público. O concurso público, ao selecionar
as pessoas pelo mérito e não pelo apadrinhamento, tem o poder de melhorar não só a
qualidade do serviço público mas também de ser um excelente caminho para você, leitor.
Em regra, para alguém trabalhar no serviço público, é preciso passar em um
concurso público. É uma seleção aberta a todos, onde a pessoa faz provas e é chamada
conforme sua nota. A estabilidade é considerada a maior vantagem do concurso público:
os governos (federal, estadual e municipal) não demitem seus funcionários. Isso só
acontece com terceirizados e não concursados.
Há também outras vantagens: salários atrativos (algumas vezes mais altos que nas
empresas privadas), carga de trabalho razoável, aposentadoria diferenciada, plano de
saúde, status etc. Você recebe seu salário todo mês, não é demitido, tem direito a férias,
13º etc. Outra vantagem muito importante: você recebe do governo para servir à
coletividade, ao próximo. Sua atividade profissional será útil para o País.
Atualmente vivemos um período com muitos concursos públicos, havendo mais de
um milhão de vagas a serem abertas nos próximos anos, a partir de 2007. Teremos
concursos para milhares e milhares de cargos públicos. É só abrir os jornais para descobrir
como é grande a oferta de vagas. Existem concursos para todos os tipos de atividade e
para todos os níveis de escolaridade e de remuneração.
Assim, se você tem interesse nessa alternativa, basta procurar os sites
especializados, utilizando os sites de busca, escrevendo "concurso público". Existem
também jornais especializados, que informam todos os concursos que serão abertos. Para
se preparar, existem livros e apostilas. Os meus livros mais conhecidos são exatamente os
que ensinam "o caminho das pedras" para passar em concursos. Também existem
informações gratuitas no meu site, www.williamdouglas.com.br.
Se você quer ser um servidor público, deve começar a se preparar com seriedade
para isso. Não pense que será rápido, nem fácil. Passar em concurso é trabalhoso, leva
tempo, exige dedicação e disciplina. Por outro lado, as compensações e prêmios por esse
esforço são enormes. Ou seja, vale a pena. Embora não haja um prazo determinado, as
pessoas levam em média de 1 a 3 anos para serem aprovadas, se fizerem as coisas do
jeito certo. Imagine se você, daqui a 3 anos, puder ter um emprego estável, respeitado,
bem remunerado, com a chance de fazer a diferença e melhorar a vida do próximo?
Imagine em 3 anos ter tempo para a família, status, exercer parte da autoridade pública e
ainda ter direito à aposentadoria?
Como eu disse, vale a pena. O concurso é uma grande opção de vida e de carreira,
e você pode chegar lá se colocar sua fé em Deus e fizer a sua parte. Assim, pense nisso e
boa sorte. Que Deus te abençoe.
Certifique-se que você leu as orientações ao candidato. As orientações ao candidato
são preciosíssimas que já esclarecem elementos importantes. Há até casos em que o
candidato que não lê as orientações pode seguir um curso errado durante a prova. A
melhor hora para lê-las é antes do início da prova. Mesmo que não permitam lê-las antes
de correr o tempo de prova, leia-as com calma e atenção quando permitirem virar a prova.
A relação custo de tempo x benefício de informação vale a pena.
Houve um concurso em que fui o primeiro colocado e a segunda colocada comentou
comigo que teria sido a primeira se atentasse para as orientações ao candidato, que
vedavam a redação a lápis. Além disso, falou que se tivesse tempo teria passado a caneta
por cima, mas como não fez isso obteve zero em redação. Essa pessoa, hoje uma grande
amiga, cometeu dois erros desprezando dois elementos que são contados para se aprovar
ou classificar um candidato: leitura das orientações prévias ao candidato e controle do
tempo.
Preste atenção às dicas abaixo:
a)Pré-leia o texto rapidamente (uma "olhada" geral, uma vista d"olhos rápida, que
tira a ansiedade sobre o que caiu na prova). Cuidado para não começar a dar as respostas
ou definir qual é a pergunta. Essa reação rápida pode ser equivocada e induzir ao erro.
Apenas olhe a prova rapidamente. Nuca diga: "não sei esta", diga "esta eu vou lembrar" ou
"esta eu vou dar uma boa resposta". Não é má idéia dizer, ao final dessa primeira lida, que
gostou da prova.
b)Leia todas as perguntas. Agora sim, você deve fazer uma leitura calma e atenta.
O tempo gasto vale a pena. Mantenha uma atitude positiva e sempre se pergunte o que o
examinador quer saber naquela pergunta. Essa leitura inicial ajuda o cérebro a começar a
procurar respostas. Com o tempo, você aprenderá a juntar estas duas primeiras leituras.
Quando não tiver mais ansiedade para saber o que caiu, bastará fazer a leitura da letra
"b".
c)Formule as respostas lendo o enunciado de cada uma delas por vez. Ao ler o
enunciado, analise criticamente a questão a fim de procurar a resposta. Se quiser,
sublinhe as palavras-chaves e anote ao lado da questão o que você deve ou quer dizer.
d)Se há algum texto para interpretar, proceda assim: sempre faça uma pré-leitura
rápida (para aguçar a curiosidade do cérebro); leia todo o texto com calma; só depois vá
fazer as questões (assim você evita o ping-pong entre o texto e as perguntas). Claro que
se surgir uma dúvida você pode e deve voltar ao texto, mas esta técnica diminui tal
intensidade.
No final da prova (depois de responder às demais questões, isto é, no tempo que
sobrou), releia o texto e repasse as respostas. Quase sempre você verá algo novo e/ou
poderá melhorar suas respostas.
Ao separar o tempo em provas de múltipla escolha, reserve um período, ao final,
para marcar o cartão de respostas.
Em resumo: Leia a prova. Não rotule. Leia e descubra o que o examinador quer. Ele
é o "dono da bola".
1) A primeira coisa que se precisa em uma prova é calma, tranqüilidade. Se você
começar a ficar nervoso, sente-se e simplesmente respire. Respire calma e
tranqüilamente, sentindo o ar, sentindo sua própria respiração. Após uns poucos minutos
verá que respirar é um ótimo calmante.
Comece a ver a prova como algo agradável, como uma oportunidade, visualize-se
calmo e tranqüilo. Lembre-se que "treino é treino e jogo é jogo" e que os jogadores gostam
mesmo é de jogar: a prova é a oportunidade de jogar pra valer, à vera, de ir para o
campeonato.
Fazer provas é bom, é gostoso, é uma oportunidade. Conscientize-se disso e
enquanto a maioria estiver tensa e preocupada, você estará feliz e satisfeito. Um dos
motivos pelos quais eu sempre rendi bem em provas é porque considero fazer provas algo
agradável. Imagine só, às vezes a gente vai para uma prova desempregado e sai dela com
um excelente cargo! Mesmo quando não passamos, a prova nos dá experiência para a
próxima vez. Comece a ver, sentir e ouvir "fazer prova" como algo positivo, como uma
ocasião em que podemos estar tranqüilos, calmos e onde podemos render bem.
2) Ao fazer uma prova, nunca perca de vista o objetivo: passar. O objetivo não é ser
o primeiro colocado (o que é uma grande ilusão, já que ser o primeiro traz mais problemas
do que vantagens). Também não é mostrar que é o bom, o melhor, o "sabe-tudo". O
objetivo é acertar as questões, tentar fazer o máximo de pontos mas ficar feliz se acertar o
mínimo para passar. Só isso.
3) A simplicidade e a objetividade são indispensáveis na prova, ladeadas com o
equilíbrio emocional e o controle do tempo. Para passar lembre-se que você precisa
responder àquilo que foi perguntado. Leia com atenção as orientações ao candidato e o
enunciado de cada questão.
4) Em provas objetivas, seja metódico ao responder. Em provas dissertativas, seja
objetivo e mostre seus conhecimentos. Por mais simples que seja a questão, responda-a
fundamentadamente. No início e no final seja objetivo; no desenvolvimento (no miolo),
procure demonstrar seus conhecimentos. Nessa parte, anote tudo o que você se recordar
sobre o assunto e estabeleça relações com outros. Sem se perder, defina rapidamente
conceitos e classificações. Se souber, dê exemplos. Aja com segurança: se não tiver
certeza a respeito de um comentário, adendo ou exemplo, evite-o. "Florear" a resposta
sem ter certeza do que está escrevendo não vale a pena. Isso só compensa se tratar-se
do ponto central da pergunta, do cerne da questão. Nesse caso, se o erro não for
descontado dos acertos, arrisque a resposta que lhe parecer melhor.
5) Utilize linguagem técnica. A linguagem de prova é formal, de modo que não se
deixe enganar pela coloquial. Substitua termos, se preciso. Ex.: "Eu acho" "Eu entendo"
"Entendo que".
6) Correção lingüística. Tão ruim quanto uma letra ilegível ou uma voz inaudível é a
letra bonita ou a voz tonitruante com erros de português. O estudo da língua nunca é
desperdício e deve ser valorizado. Além disso, a leitura constante aumenta a correção da
exposição escrita ou falada.
7) Evitar vaidades ou "invenções". Muitos querem responder o que preferem, do
jeito que preferem. Em provas e concursos temos que atentar para a simplicidade e para o
modo de entender dominante e/ou do examinador. Aquela nossa tese e opinião inovadora,
devemos guardá-la para a ocasião própria, que certamente não é a do concurso.
8) Tenha sempre humildade intelectual. Não queira parecer mais inteligente que o
examinador ou criticá-lo. Não se considere infalível, sempre prestando atenção mesmo a
questões fáceis ou aparentemente simples. Nunca despreze uma opinião diversa.
9) "Teoria da fluidez + Teoria do consumidor". Além desses cuidados, temos que ter
um extra com alguns examinadores. Lembre-se que todo professor, quando aplica uma
prova é, na prática, um examinador. A grande maioria dos examinadores aceita que o
candidato tenha uma opinião divergente da sua. Há, contudo, alguns mestres e bancas um
tanto mais inflexíveis, casos em que será exigido do candidato uma dose de fluidez,
docilidade, suavidade e brandura.
Junte-se a isso o ensino daqueles que sabem atender ao consumidor: o importante
é satisfazer o cliente, o cliente tem sempre razão, o atendimento é tão importante quanto o
produto.
Esta técnica ensina que o candidato deve ser prudente e pragmático. Pragmatismo,
anote-se, é a "doutrina segundo a qual a verdade de uma proposição consiste no fato de
que ela seja útil, tenha alguma espécie de êxito ou de satisfação". O candidato precisa ter
fluidez e maleabilidade suficientes para moldar-se à eventual inflexibilidade do
examinador.
Se o seu professor só considera correta uma posição, devemos ter cuidado ao
responder, pois a prova não é a ocasião mais adequada para um enfrentamento de idéias,
até porque ele é quem dá a nota, havendo uma grande desigualdade de forças. Existem
os momentos adequados para firmar nossas opiniões e pontos de vista e isso é
absolutamente indispensável, desde que na hora certa.
Ao tratar do raciocínio jurídico, abordamos vários itens sobre como lidar com
opiniões divergentes. Vou citar um exemplo do uso da "teoria". Ensinei a técnica para uma
amiga, dias antes de fazermos uma prova. O professor vivia falando de louras fatais em
sala. A prova era para criar um fato e analisá-lo sob o aspecto criminal. Criei um fato
superelaborado e tirei apenas 5. No dia do resultado minha amiga me agradeceu pela
"dica" da "teoria" pois a utilizou e tirou 10. Ela simplesmente criou uma história com o
assassinato de uma loura, inclusive descrevendo sutilmente seus atributos. Ela
simplesmente aplicou a técnica, escrevendo sobre um fato que nosso professor achava
interessante. Eu mesmo esqueci de usar a técnica...
Eu não tirei uma nota melhor naquela prova porque perdi o foco, porque não prestei
atenção (acuidade), porque esqueci do objetivo (tirar a melhor nota possível), porque não
utilizei técnicas que eu já conhecia (essas mencionadas), porque escrevi o que eu queria
(para me agradar) e não para agradar e atender à expectativa de quem estava mandando
naquele jogo, porque deixei de atentar para a fluidez (fluência) em provas e porque não
me adaptei às circunstâncias. Felizmente a nota foi suficiente para passar, mas poderia
não ter sido.
Esta "teoria" não versa sobre não ter opinião mas sim sobre ser hábil o suficiente
para adaptar a resposta a fim de obter o resultado almejado. Após o sucesso específico
você poderá, a partir de uma situação melhor, lutar por seu ponto de vista.
Não estando em uma situação como a de candidato, não tenha medo de expor suas
opiniões ou de contestar alguma premissa já estabelecida. Poucos têm suas próprias
opiniões e a capacidade de inovar e analisar criticamente um fato ou problema. Se você o
fizer, mesmo que alguém não goste, todos (inclusive quem não gostou) respeitarão você.
Contudo, sempre o faça de modo gentil, educado, técnico, equilibrado e profissional.
Se quiser contestar alguma idéia, conteste a idéia e não o seu autor ou defensor.
Saiba a hora de ceder e a hora de enfrentar a oposição, a hora de lutar e a hora de
celebrar um acordo.
Não tenha medo de ser diferente ou de mudar as estruturas consolidadas. Se você
pensa, é possível que discorde e é assim que o mundo progride: mudando ou concluindo
que a mudança não oferece um ganho compensador. Ao decidir sobre idéias e soluções,
não se prenda a paradigmas antigos, prenda-se ao objetivo buscado.
A teoria do consumidor ainda possui outra aplicação preciosa. O cliente sempre tem
razão, é ele quem deve ficar satisfeito, não é mesmo? Em concursos, o cliente é o
examinador.
Sempre verifique o que ele quer e o atenda. Veja o que ele perguntou, o que quer
saber, a letra bonita que quer ler, etc. Faça-o feliz e ele lhe retribuirá.
10) Letra legível, palavras audíveis. Se o examinador não consegue decifrar sua
caligrafia nem ouvir sua voz, isso irá prejudicar a quem? Quem tem o maior interesse em
ser lido, ouvido e entendido? Será que todos os examinadores, profissionais ocupados e
atarefados, diante de centenas ou de milhares de provas para corrigir, terão tempo e
compreensão diante de uma letra ilegível? Na hora da prova faça letra bonita, de
preferência redondinha (ou, no mínimo, em caixa alta), a fim de que ela fique legível.
Treine sua oratória para saber falar razoavelmente.
Antoine de Saint-Exupéry nasceu na França, em 1900, e morreu em 1944. Foi
aviador de profissão e escritor por devoção. Foi piloto do correio aéreo na década de 1930,
voando pela África, Argentina, Chile, Brasil etc. Foi um dos pioneiros da aviação comercial
francesa e atuou na Segunda Guerra Mundial unindo-se à aviação Aliada em 1942. De
espírito audaz, sentia-se melhor do que nunca quando estava no ar e, de preferência,
realizando os vôos mais arriscados.
Exupéry viveu missões heróicas e soube transportá-las, bem como suas reflexões
enquanto voava, para seus livros, e de maneira profunda. Seu livro mais conhecido "O
pequeno príncipe", é um convite à reflexão para que as pessoas se humanizem, se
cativem e se percebam. Mas o aviador-poeta tem outras contribuições à Humanidade.
Uma de suas fantásticas obras, ainda que não tão conhecida como a história do
Pequeno Príncipe, é o livro Terra dos Homens (1ª ed. Especial. - Rio de Janeiro: Editora
Nova Fronteira, 2006). Nessa obra colhi o objeto de nossa conversa de hoje. Inicialmente,
convido o amigo a ler o seguinte texto, extraído das páginas 138 a 140 de Terra dos
Homens:
"Há alguns anos, durante uma longa viagem de estrada de ferro, resolvi visitar
aquela pátria em marcha em que ficaria por três dias, prisioneiro, durante os três dias,
daquele ruído de seixos rolados pelo mar. Levantei-me. Pela uma hora da madrugada corri
os carros, de ponta a ponta. Os dormitórios estavam vazios. Os carros de primeira classe
estavam vazios.
Mas os carros de terceira estavam cheios de centenas de operários poloneses
despedidos na França, que voltavam para a sua Polônia. Caminhei pelo carro levantando
as pernas para não tocar nos corpos adormecidos. Parei para olhar. De pé sob a lâmpada
do carro, contemplei, naquele vagão sem divisões, que parecia um dormitório, que
cheirava a caserna e a delegacia, toda uma população confusa, sacudida pelos
movimentos do trem. Toda uma população mergulhada em sonhos tristes, que regressava
para a sua miséria. Grandes cabeças raspadas rolavam no encosto dos bancos. Homens,
mulheres, crianças, todos se viravam da direita para a esquerda, como atacados por todos
aqueles ruídos, por todas aquelas sacudidelas que ameaçavam seu sono, seu
esquecimento. Não achavam ali a hospitalidade de um bom sono.
E assim ele me pareciam ter perdido um pouco a qualidade humana, sacudidos de
um extremo a outro da Europa pelas necessidades econômicas, arrancados à casinha do
Norte, ao minúsculo jardim, aos três vasos de gerânio que notei outrora nas janelas dos
mineiros poloneses. Nos grandes fardos mal arrumados, mal amarrados, eles haviam
juntado apenas seus utensílios de cozinha, suas roupas de cama e cortinas. Mas tudo o
que haviam acariciado e amado, tudo a que se haviam afeiçoado em quatro ou cinco anos
de vida na França, o gato, o cachorro, os gerânios, tudo tiveram de sacrificar, levando
apenas aquelas baterias de cozinha.
Uma criança chupava o seio de sua mãe que de tão cansada parecia dormir. A vida
transmitia-se assim num absurdo e na desordem daquela viagem. Olhei o pai. Um crânio
pesado e nu como uma pedra. Um corpo dobrado no desconforto do sono, preso nas suas
vestimentas de trabalho, um rosto escavado com buracos de barro. Era como um desses
embrulhos sem forma que se deixam ficar à noite nas bancas dos mercados. E eu pensei:
o problema não reside nessa miséria, nem nessa sujeira, nem nessa fealdade. Mas esse
homem e essa mulher sem dúvida se conheceram um dia, e o homem sorriu para a
mulher; levou-lhe, sem dúvida, algumas flores depois do trabalho. Tímido e sem jeito, ele
temia ser desprezado. Mas a mulher, por faceirice natural, a mulher, certa de sua graça,
talvez se divertisse em inquietá-lo. E ele, que hoje é apenas uma máquina de cavar ou
martelar, sentia assim no coração uma deliciosa angústia. O mistério está nisso: eles se
terem tornado esses montes de barro. Por que terrível molde terão passado, por que
estranha máquina de entortar homens? Um animal ao envelhecer conserva a sua graça.
Por que a bela argila humana se estraga assim?
E continuo minha viagem entre uma população de sono turvo e inquieto. Flutua no
ar um barulho vago feito de roncos roucos, de queixas obscuras, do raspar das botinas
dos que se viram de um lado para o outro. E sempre, em surdina, o infatigável
acompanhamento de seixos rolados pelo mar.
Sento-me diante de um casal. Entre o homem e a mulher a criança, bem ou mal,
havia se alojado, e dormia. Volta-se, porém, no sono, e seus rosto me aparece sob a luz
da lâmpada. Ah, que lindo rosto! Havia nascido daquele casal uma espécie de fruto
dourado. Daqueles pesados animais havia nascido um prodígio de graça e encanto.
Inclinei-me sobre a fronte lisa, a pequena boca ingênua. E disse comigo mesmo: eis a face
de um músico, Mozart criança, eis uma bela promessa da vida. Não são diferentes deles
os belos príncipes das lendas. Protegido, educado, cultivado, que não seria ele? Quando,
por mutação, nasce nos jardins uma rosa nova, os jardineiros se alvoroçam. A rosa é
isolada, é cultivada, é favorecida. Mas não há jardineiros para os homens. Mozart criança
irá para a estranha máquina de entortar homens. Mozart fará suas alegrias mais altas da
música podre na sujeira dos café-concertos. Mozart está condenado.
Voltei para o meu carro. E pensava: essa gente quase não sofre o seu destino. E o
que me atormenta aqui não é a caridade. Não se trata da gente se comover sobre uma
ferida eternamente aberta. Os que a levam não a sentem. É alguma coisa como a espécie
humana, e não o indivíduo, que está ferida, que está lesada. Não creio na piedade. O que
me atormenta é o ponto de vista do jardineiro. O que me atormenta não é essa miséria na
qual, afinal de contas, a gente se acomoda, como no ócio. Gerações de orientais vivem na
sujeira e gostam de viver assim.
O que me atormenta, as sopas populares não remedeiam. O que me atormenta não
são essas faces escavadas nem essas feiúras. É Mozart assassinado, um pouco, em cada
um desses homens.
Só o Espírito, soprando sobre a argila, pode criar o Homem."
Este trecho me fez companhia num final de tarde, ainda em Búzios, na mesma
oportunidade em que preparei outro artigo para este espaço. E, lendo, não pude deixar de
lembrar de cada um de vocês, concursandos, como seus próprios Mozarts.
Como diria Exupéry, "disse comigo mesmo: eis a face de um músico, Mozart
criança, eis uma bela promessa da vida." Eis aqui, diante de meu texto, na tela do
computador, eis aqui um Mozart em construção, uma bela promessa de (mais e melhor)
vida: um concursando.
O aviador-poeta conseguiu ter a sensibilidade de ver a semente e a possibilidade de
um Mozart em cada pessoa cansada naquela locomotiva. Mas, ao contrário daquelas
pessoas, o Mozart diante de meu texto, diante dessa tela que é nossa fonte de
comunicação, diante de mim há um Mozart se construindo, um Mozart que tem tudo para
não se perder como se perderam tantos naqueles trens por onde seguia Exupéry.
Você é seu próprio Mozart, um artista em construção, autor de uma sinfonia possível
e agradável. Autor de uma sonata trabalhosa, mas realizável.
Você é um Mozart, redigindo com seus atos e dias a música que vai ser tocada para
você mesmo e para sua família, para seu país, para as pessoas a quem você -
devidamente recompensado e remunerado - vai poder servir.
Você pode não estar se achando um Mozart... mas acredite, você é. Cada um tem
sua vida, suas dificuldades, seus obstáculos a superar. Dificilmente nascemos um
"Mozart". Essa construção é um processo, onde a grande diferença está em como nos
posicionamos diante dos desafios da vida. Ou, como diria o próprio Exupéry, "O verdadeiro
homem mede a sua força, quando se defronta com o obstáculo."
Boa música, Mozart.
Recebi a seguinte mensagem na minha comunidade, no Orkut:
"Por que o William nunca cita, em suas entrevistas, que já fez parte de um grupo
teatral e que montou um espetáculo infantil em 1984? O grupo se chamava Espalhafatos e
a peça tinha o mesmo nome do grupo. William vivia um super-herói na peça. Quando ele
entrava em cena, o músico Tchelo, que compôs todas as músicas da peça, entoava:
"Super lindo, super forte, super-herói, super, super, super.. Ele pode tudo, ele tudo pode,
ele corre, voa, pula e se sacode... Ele quebra tudo, ele tudo quebra, ele mexe, vira, se
coça e requebra..." Bem, a profecia foi cumprida: William se tornou um super-herói da vida
real, pelo menos dos aspirantes a concursos, certo? Só que não deveria apagar da
memória o período que atuou como ator em grupo de teatro amador".
Bem, primeiro, uma explicação: não cito esse fato corriqueiramente porque o
mesmo não tem relação imediata com os concursos e, em geral, faltam tempo e espaço
nas entrevistas. Quanto a participar de teatro, até que cito quando posso, pois foi uma fase
muito especial na minha vida e que me trouxe muitas vivências e experiências
importantes. Foi muito legal ter participado do Espalhafatos.
Tudo começou com curso de teatro no SESC, com a preparação de uma peça,
ensaios etc. Logo depois virou peça mesmo, no circuito comercial. Lembro que toda
semana recebia minha parte dos ingressos (o cachê!) e comprava tudo em LPs, de vinil
(sim, sou dessa época).
Foi uma experiência fantástica. Conheci coisas muito diferentes do mundo
"enredomado" no qual vivia, de igreja protestante etc.
Vi novos tipos, pessoas que não faziam parte de meu contexto, dos grupos onde
vivia. Conheci muitas pessoas bacanas, entre as quais o Chico Maciel, o autor do texto da
peça que encenávamos. Era um homem vindo da favela, negro, menino pobre e
prodigioso, que ganhou um prêmio por sei lá o quê e foi para a Europa passar uns dias. De
ele ver tanta riqueza, decência, organização, em comparação com o lugar de onde vinha,
acho que a Europa surtou o Chico.
Injustiça incomoda, dói. Chico era poeta de primeira, e bom autor. Pegou uns
poemas meus, puros projetos de poesia, e os transformou em poesia rara. E me fez um
poema bem bonito, em inglês (veja que luxo): "will i am". Chico bebia, o que lhe fez mais
mal ainda.
Outro amigo, de pouco tempo, Carlo Carrenho, morou em Estocolmo e está
trabalhando agora no Brasil, do lado da Favela da Maré. Carlo tem sofrido e está
escrevendo um livro que lhe encomendei: "O que Estocolmo me ensinou sobre a Favela
da Maré". Mas este já é outro assunto.
Como disse, costumo comentar que já fiz teatro vez ou outra. Falava mais sobre o
assunto nos meus tempos de Tribunal de Júri. O teatro está anotado no coração.
Recentemente fiz mais um pouco (coisa de uns seis anos), um curso de férias na
CAL, em Laranjeiras. Foi legal, mais uma vez. E saí com mais uns poemas, em especial
um, que falava dos olhos de Maria Rita (moça com predicados que escorrem de suas íris
até todo o resto seu e mais o que lhe passa em torno). Bem, estou escrevendo minha
"autobiografia não-autorizada" e esta fase estará lá, com certeza. Se alguém souber onde
anda o Chico Maciel, me avise, ok?
E o que tudo isso tem a ver com concurso? Além do super-herói, um enganador
meio "Tio Sam" em versão tupiniquim, e do povão no ônibus. Tanto o enganador, quanto o
super-herói, eram versões nacionais.
O malandro que eu encarnava, vestido de Tio Sam verde e amarelo, tentava
enganar os outros para se dar bem. Era um infeliz, tão pobre e ferrado quanto os demais
na peça, todos sul-amaricanos, "cucarachas". No meio da peça ele se toca que explorava
quem era tão infeliz quanto ele. O canastrão evolui, cresce. De repente, descobre que não
é enganando os iguais, o próximo, que conseguiria alguma coisa. Ele aprende que não
vale a pena jogar sujo, que isso só piora as coisas.
A Menina das Mariolas, que era a personagem central, ao ver o super-herói tão
poderoso, pedia para ele (que voava, era forte etc) resolvesse o problema da falta de
comida e de escola. Em resposta, o super-herói dizia que ele não trabalhava com essas
coisas... esses problemas ele não sabia resolver.
O Chico era um crítico social de mão-cheia. A roupa do super-herói era impagável.
Minha mãe se esmerou e fez um colete de espuma com o desenho dos músculos. Sobre o
colete, uma roupa branca com capa e calção listrado de vermelho, branco e amarelo. E
meus braços e pernas esqualidérrimos, fazendo um contraste hilariante. Óculos escuros,
tênis vermelhos com asinhas, cinto de utilidades etc. Só de ver já morriam de rir.
Hoje, como juiz federal (e cada servidor público em seu respectivo mister), acho que
sou mais "poderoso" do que meu antigo personagem, pois, afinal, nós servidores somos
mais úteis às meninas e meninos pobres do que o voador de capa e glamourizado. Se me
transformei em super-herói, como gentilmente o amigo citou, é porque me despi da idéia
de "super", passando a ser apenas alguém que tinha um objetivo e foi atrás dele. Os
heroísmos que aprendi a admirar e a perseguir são os do cotidiano. As vitórias foram
colhidas com a ajuda de Deus e o aprendizado num jardim de derrotas e reveses muitas
vezes dolorosos.
O heroísmo mais refinado é o do cotidiano: o "fazer a coisa certa", jogar com as
cartas que vierem à mão, aproveitar o dia, ter um plano, beijar a pessoa amada (casar-se
com ela, se possível), visitar a mãe, ajudar alguém, olhar a paisagem. Herói é você, que
está ralando para estudar apesar de tudo. Heróis somos nós, os servidores públicos, parte
da solução que a menina buscava. Herói é qualquer um, servidor ou não, que faz sua
parte. A vida é, como já disse no livro A última carta do tenente, irresistível. Frase que
aprendi com Tânia Fróes. Ainda segundo ela, "a vida não tem ensaio: é espetáculo que
estréia todo dia".
Aproveite o show.
"Prezados amigos:
Inicio o ano de 2008 trazendo alguns votos e, em seguida, respondendo a uma carta
de leitor. Tomei a liberdade de inserir minha mensagem de natal e ano novo. Estou
inaugurando hoje, junto com 2008, uma nova prática: citar também algumas respostas
dadas por outros concurseiros às questões que me chegam. São muito boas e confirmam
que as grandes verdades estão à solta: é só pegá-las. Segue uma pergunta que me
chegou, algumas respostas de outros concurseiros e a minha. Espero que sejam úteis.
Assim, peço que compartilhem comigo a mensagem de natal e ano novo que se
segue e, em seguida, caso o tema lhes interesse, que participem da resposta dada ao
leitor que compartilhou comigo não só suas preocupações, mas também seus sonhos e
planos.
MENSAGEM DE NATAL E ANO NOVO
NÃO ESTAMOS SOZINHOS
Empolgados com um mundo cheio de riscos, mas também de oportunidades,
pensamos no novo ano com uma esperança de realizações e prosperidade, ou como diz a
música "muito dinheiro no bolso, saúde para dar e vender..." Mas, enquanto pensamos nos
nossos mais ousados empreendimentos, enfrentamos o paradoxo de - nestes dias de
dezembro - comemorar a vinda de um Rei que optou por chegar entre os pobres, numa
estrebaria sem nome, numa manjedoura sem luxos, num lugar emprestado e impróprio.
O Talmud nos ensina que rico é aquele que está satisfeito com o que tem.
Como disse um amigo, Alberto Moszkowicz, "termos uma família querida e um lar
sólido para nos acolher, saúde para buscarmos sustento e ainda nos permitir ajudar ao
próximo, e a consciência de sermos limitados e crermos numa força onipotente acima de
nós é a maior fortuna que podemos almejar."
Aprender a matéria e fazer provas não é nada comparado com aprender a dominar
nossos medos e fraquezas; sermos capazes de "vencer" uma prova ou uma banca
examinadora chega a ser tolice diante do dilema de lembrarmos sempre que somos
pequenos, frágeis, toscos e que a vida é "um vapor que aparece por um pouco e logo se
desvanece". Que antes, durante, enquanto e após os concursos é urgente ser feliz, fazer o
bem, estar bem e ajudar alguém.
Passar em uma prova pode ser fantástico e muito lucrativo sob vários aspectos, mas
a abertura de novos espaços profissionais não é tão auspiciosa quanto abrirmos nosso
peito à nossa natureza humana e afetiva, quanto lançarmos a nós mesmos no coração de
pais, filhos, cônjuge, amigos. E, igualmente, sermos tão transparentes e confiáveis quanto
se espera da água que iremos beber. Que realizemos nossos projetos, mas nunca
deixando de, antes, estar em paz conosco e com as pessoas que amamos; que nosso
serviço ao mundo não se resuma a produzir notas, resultados e nomeações, mas,
também, outras formas sublimes de sucesso e prosperidade, pois, no grande concurso da
vida, a nobreza tem tido muito menos liquidez que a inteligência e os bens palpáveis.
Vamos oferecer ao mundo e as pessoas não só nossa competência e dedicação para o
estudo e as provas, mas os bens mais preciosos e mais em falta: fé, alegria, solidariedade
e exemplos a serem seguidos. E que façamos com tranqüilidade, pois se uma parcela de
nossos projetos depende da vida, os projetos de paz, família e fraternidade só correm risco
se nós ficarmos imóveis. Não podemos definir o que acontecerá ao mundo, mas podemos
decidir o que acontecerá a nós mesmos com relação ao que acontece no mundo lá fora.
E, para os que desejarem também essa força, os anjos já nos advertiram, em
Belém, sobre nossas preocupações e ansiedades: "Não tenham medo. Estou lhes
trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo povo: Hoje, na cidade de Davi,
lhes nasceu o salvador que é Cristo, o Senhor".
Não tenham medo. Algumas coisas são difíceis para nós, mas não estamos
sozinhos. O mesmo Deus único que uns chamam de O Eterno, outros de Alah, é aquele
que diz "Eu sou o SENHOR, o Deus de toda a humanidade. Há alguma coisa difícil demais
para mim?" (Jer 33:27).
Não existe.
Não estamos sozinhos, e temos coisas a fazer. É um bom começo de 2008. Faço
votos que cada um celebre com muita fé e alegria o Natal e que Deus continue a conceder
muitas bênçãos em todas as suas realizações.
PERGUNTAS E RESPOSTAS / LEITORES
"TRABALHO, TENHO FILHOS E QUERO PASSAR NUM CONCURSO"
"Pessoal, Alguém aqui conseguiu passar em algum concurso nos últimos dois anos
mesmo trabalhando e tendo família para sustentar??? Essa é minha situação atualmente,
tenho esposa e três barrigudinhos para sustentar, ainda por cima sou coordenador de um
departamento de contabilidade, ou seja, tenho muita coisa pra fazer e pouco tempo para
estudar... Gostaria de dicas de como me organizar para os estudos. WD já falou da
importância de estudar nem que seja meia hora por dia, mas sejamos francos que meia
hora por dia ou até mesmo duas horas por dia de estudos, fica difícil de competir com
quem estuda de 4 a 8 horas por dia e não tem filhos para sustentar. Meus concursos são
TCU, CGU, MPOG, STN, pois atualmente ganho 6.500,00 e não posso largar o emprego
para ganhar menos. Grato pelas sugestões
'X' "
RESPOSTA DO JOSÉ:
"Dá o teu jeito", irmão... A tua realidade não é rara por aqui, eu, por exemplo, me
enquadro na mesma situação e sigo em frente com luta, garra e fé, que um dia dará certo.
O tempo de estudo não é o primordial, mas sim a qualidade. Assim uma programação
mental nesse sentido, assume caráter primordial na nossa empreitada. "Não estuda para
passar, estuda até passar". Eu estudo duas horas de segunda a sexta, e não faço menos
de quatro horas nos sábados e domingos. Em muitos casos, falta de tempo é falta de
organização.
E lembre-se: fé em Deus! Feliz Ano Novo, à todos!
RESPOSTA DA RENATA:
Olá, "X"!
O diferencial não está na quantidade de horas que vc estuda mas nas motivações
que tem para conseguir a sua vaga num concurso público.
O que eu quero dizer é o seguinte: Digamos que uma pessoa na mesma situação
que vc (casado, com três filhos para sustentar e dar atenção) e que vive com um salário de
R$ 700, estuda para um concurso cuja vaga garantir-lhe-á um salário de R$ 3.000. Esta
pessoa consegue estudar duas horas por dia e vislumbra a vida que terá quando sua
renda aumentar mais de 300%. Com certeza este é um grande motivador para que estas
duas horas de estudo sejam muito, mas muito mesmo, proveitosas. Agora temos vc
(casado, com três filhos, salário de R$6.500) que estuda duas horas por dia para alguns
concursos. Então, eu pergunto, quais as mudanças significativas que virão para sua vida
com o novo cargo (melhor salário, melhor carga horária, melhores tarefas, etc)? A questão
é importante de ser respondida e analisada porque só assim vc consolidará suas
motivações para estudar. Do contrário, sem saber ao certo quais as suas motivações, vc
pode passar oito horas por dia estudando que dificilmente conseguirá sua vaga. Esta idéia
de se pensar nas motivações fez-me lembrar da história de Viktor E. Frankl, Psicólogo,
prisioneiro da 2ªguerra, já próximo dos 40 anos, perdeu toda a sua família e no entanto
construiu uma grande obra. Sucesso neste novo ano!
Renata
RESPOSTA DO WILLIAM DOUGLAS:
"X"
Comecei citando as respostas acima pois gostei delas. Muitas vezes as respostas
que vejo sendo dadas nas comunidades, blogs, chats etc são muito boas, focam algum
ponto diferente, abordam o tema com um outro ângulo de visada. Embora existam muitos
"palpiteiros", também existem em grande número pessoas que estão batalhando e que
podem ser parceiras nas agruras e delícias do esforço pelo vir a ser. Estou certo que em
breve vc também trará respostas e notícias que serão parte do grande processo onde
estão envolvidos os que querem melhorar de vida, seja através do concurso público ou
não.
Seja bem-vindo a este time. Muitas pessoas conseguem passar mesmo trabalhando
e tendo família para sustentar. Aprenda a administrar seu tempo e a aproveitar bem a
esposa , os três barrigudinhos e a ser um bom coordenador do departamento de
contabilidade. Ter muita coisa pra fazer é trabalhoso, mas honroso também, e uma benção
q muitos gostaria de ter. Pouco tempo para estudar? Faz parte. Dá pra vencer apesar
disso. Você cita uma das frases que repito bastante: "WD já falou da importância de
estudar nem que seja meia hora por dia, mas sejamos francos que meia hora por dia ou
até mesmo duas horas por dia de estudos, fica difícil de competir com quem estuda de 4 a
8 horas por dia e não tem filhos para sustentar". Se vc estuda bem a meia hora, ela pode
valer mais q as 4 a 8 de quem estuda mal; se quem estuda mais tempo também estuda
com qualidade, ele apenas vai passar primeiro, vai andar mais rápido na fila. Não adianta
pensar nele e se frustrar p q isso não vai acrescentar (antes roubar) seus poucos minutos
q devem estar sendo administrados para ter saúde, bem estar emocional, deixar a esposa
sorrindo, apreciar a graça da paternidade... e estudar. Separe tempo para tudo, sem medo
de q não vai funcionar. Coloque Deus em primeiro lugar, a família em segundo e o resto
em terceiro. O terceiro bloco vai funcionar melhor assim, acredite. É uma questão de fé...
mas funciona.
No livro "Carta aos concursandos", em parceria com Francisco Dirceu Barros, já
mencionamos o conceito da "fila". "Passar em concurso" é uma fila e vc só precisa ficar
nela.
Gostei de vc dizer "Meus concursos são TCU, CGU, MPOG, STN". Vc tem razão: se
vc se esforçar e não desanimar, eles são seus sim. Apenas me preocupa q vc foque as
matérias, não tente atirar para todos os lados, centre.
Vc já tem um bom salário, e pode melhorar ainda mais. O Talmude diz q rico é quem
está satisfeito com o q tem. Vc já é rico? Espero q sim. Estar satisfeito com o q tem não
significa q vc não vai buscar mais coisas...
Apenas q vai acordar e ficar feliz por estar vivo, vai dormir e agradecer por estar vivo
e pelo q tem, q vai beijar a esposa, rir com os filhos, trabalhar fazendo com q em seu
ambiente de trabalho hoje vc seja alguém q traz alegria e bem-estar e não frustração e
tristeza, essas coisas. Alegrar-se com o pão à mesa, com ter trabalho, família... como já
dizia Clarice Lispector e o livro de Eclesiastes, na Bíblia. E, mesmo assim, mesmo fazendo
o que precisa ser feito, ainda ser um leão, um guerreiro, um herói do cotidiano, capaz de
fazer tudo isso, alegrar-se com tudo isso... e ainda plantar novos e melhores dias, q estão
vindo, trazidos por sua fé e esforço. Acho q vc está no caminho certo. Não perca o q vc já
tem de bom (e vc tem muitas coisas boas já, hoje, agora) e continue plantando. Como digo
no livro "A maratona da vida", reparei que na grande maratona que estamos correndo,
onde existem maratonas internas diferentes (família, saúde, realização profissional etc), os
grandes momentos não são - por melhores que eles sejam - os momentos onde
acontecem as chegadas, as vitórias, as medalhas. Os melhores momentos são quando
aproveitamos a corrida, quando olhamos a paisagem. Gandhi dizia isso: "não existe um
caminho para a paz, a paz é o caminho", ou, em outras palavras, "o sucesso não é a
chegada; o sucesso é a jornada".
Ainda no livro sobre maratona e concurso público, citado acima, cito o "joelho
direito". Meu joelho direito sempre foi "bichado", demandando fisioterapia, musculação etc
para eu conseguir correr os 42 km, que era meu sonho. Pois bem, houve uma ocasião em
que o joelho esquerdo, q era o "bom", começou a doer. Fui ao médico e ele me deu a
razão: para "proteger" o joelho que doía, eu comecei a jogar peso demais para o lado
esquerdo. A advertência foi clara: se eu continuasse a cometer esse erro... estragaria o
joelho esquerdo também.
A grande sabedoria que se demanda de nós, "X", é fazermos o certo para o "joelho
direito" funcionar (o concurso) sem estragar o joelho esquerdo" (saúde, família, mulher,
filhos, emprego atual q paga as contas). Por isso, como irmão mais velho, como alguém
que já passou por estas estradas e que já cometeu bom número de erros, peço que vc
perceba que é uma pessoa de valor, que já tem coisas boas e terá outras. Organize-se,
aproveite o dia, plante coisas boas para frente: dá para fazer tudo, e razoavelmente bem
feito, se formos com calma e com cuidado. Ou, como dizia o poeta, "devagar, por que
temos pressa".
O mundo é nosso: vamos comê-lo aos pouquinhos.
O homem é livre para semear, mas escravo das sementes plantadas; livre para
escolher, mas prisioneiro de suas escolhas. Junte ao seus sonhos o suor e dessa química
louca e fantástica verás q vc é o alquimista de seu futuro.
A alquimia está em acreditar, trabalhar, treinar, organizar o tempo, dar atenção ao
que precisa de atenção... tudo sem angústia, mas com alegria e otimismo. Faça as coisas
certas pelo tempo certo e espere os resultados. Não me considere ufanista: estou
acostumado a ver essas coisas. Elas existem, elas funcionam, elas são assim mesmo.
Bom 2008. Espero q seja o ano da premiação. Ou, se não, q seja o ano da
aproximação para o ano da premiação. Embora vc já tenha muitos prêmios, queria outros,
não faz mal desde q não seja fonte de ansiedade mas de motivação.
Ao passar, aliste-se na revolução, ok? www.revolucao.info E nos faça companhia
aqui, contando as derrotas e as vitórias.
Abc fraternal,
William Douglas
Persistência? Hummm, depende pra quê!
Acho que a pessoa deve persistir em busca do que é bom para si ou para o planeta
(depois de decidir o que é bom para ela ou para o planeta...). É bom progredir, vencer, se
realizar, terminar um projeto, mas... isso não vale para conseguir coisas aparentemente
boas mas que são ilusórias. Não devemos persistir no erro, no sofrimento inútil, nos
sonhos destemperados, nas quimeras. E entre as coisas a não merecerem nossa
insistência está ser famoso, melhor que os outros, conseguir colocar os pés na Lua.
Ligia Fagundes Telles, em Ciranda de Pedra, nos alerta para não ficarmos tão
preocupados com grandes feitos, e diz (texto adaptado por Elenita Rodrigues): "É preciso
amar o inútil.
Criar pombos sem pensar em comê-los, plantar roseiras sem pensar em colher
rosas, escrever sem pensar em publicar, fazer coisas assim, sem esperar nada em troca.
A distância mais curta entre dois pontos pode ser a linha reta, mas é nos caminhos curvos
que se encontram as melhores coisas. A música ... Este céu que nem promete chuva ...
Aquela estrelinha que está nascendo ali... está vendo aquela estrelinha? Há milênios não
tem feito nada, não guiou os Reis Magos, nem os pastores, nem os marinheiros perdidos...
Não faz nada. Apenas brilha. Ninguém repara nela porque é uma estrela inútil. Pois é
preciso amar o inútil porque no inútil está a Beleza. No inútil também está Deus."
Há um pensamento que diz que nos portos os navios ficam seguros, mas não foi
para isso que eles foram feitos. Creio que precisamos içar as velas e ir para o mar... mas
escolhendo antes as rotas, e até alterando-as, mas sempre indo em direção a coisas boas,
e modestas. Não precisamos descobrir a América ou um novo caminho para as Índias.
Basta curtir a viagem.
Empolgados com um mundo cheio de riscos, mas também de oportunidades,
pensamos no novo ano com uma esperança de realizações e prosperidade, ou como diz a
música "muito dinheiro no bolso, saúde para dar e ender..." Mas, enquanto pensamos nos
nossos mais ousados empreendimentos, enfrentamos o paradoxo de - nestes dias de
dezembro - comemorar a vinda de um Rei que optou por chegar entre os pobres, numa
estrebaria sem nome, numa manjedoura sem luxos, num lugar emprestado e impróprio.
O Talmud nos ensina que rico é aquele que está satisfeito com o que tem. Como
disse um amigo, Alberto Moszkowicz, "termos uma família querida e um lar sólido para nos
acolher, saúde para buscarmos sustento e ainda nos permitir ajudar ao próximo, e a
consciência de sermos limitados e crermos numa força onipotente acima de nós é a maior
fortuna que podemos almejar."
Aprender a matéria e fazer provas não é nada comparado com aprender a dominar
nossos medos e fraquezas; sermos capazes de "vencer" uma prova ou uma banca
examinadora chega a ser tolice diante do dilema de lembrarmos sempre que somos
pequenos, frágeis, toscos e que a vida é "um vapor que aparece por um pouco e logo se
desvanece".
Que antes, durante, enquanto e após os concursos é urgente ser feliz, fazer o bem,
estar bem e ajudar alguém. Passar em uma prova pode ser fantástico e muito lucrativo sob
vários aspectos, mas a abertura de novos espaços profissionais não é tão auspiciosa
quanto abrirmos nosso peito à nossa natureza humana e afetiva, quanto lançarmos a nós
mesmos no coração de pais, filhos, cônjuge, amigos. E, igualmente, sermos tão
transparentes e confiáveis quanto se espera da água que iremos beber.
Que realizemos nossos projetos, mas nunca deixando de, antes, estar em paz
conosco e com as pessoas que amamos; que nosso serviço ao mundo não se resuma a
produzir notas, resultados e nomeações, mas, também, outras formas sublimes de
sucesso e prosperidade, pois, no grande concurso da vida, a nobreza tem tido muito
menos liquidez que a inteligência e os bens palpáveis. Vamos oferecer ao mundo e as
pessoas não só nossa competência e dedicação para o estudo e as provas, mas os bens
mais preciosos e mais em falta: fé, alegria, solidariedade e exemplos a serem seguidos.
E que façamos com tranqüilidade, pois se uma parcela de nossos projetos depende
da vida, os projetos de paz, família e fraternidade só correm risco se nós ficarmos imóveis.
Não podemos definir o que acontecerá ao mundo, mas podemos decidir o que acontecerá
a nós mesmos com relação ao que acontece no mundo lá fora.
E, para os que desejarem também essa força, os anjos já nos advertiram, em
Belém, sobre nossas preocupações e ansiedades: "Não tenham medo. Estou lhes
trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo povo: Hoje, na cidade de Davi,
lhes nasceu o salvador que é Cristo, o Senhor".
Não tenham medo. Algumas coisas são difíceis para nós, mas não estamos
sozinhos. O mesmo Deus único que uns chamam de O Eterno, outros de Alah, é aquele
que diz " Eu sou o SENHOR, o Deus de toda a humanidade. Há alguma coisa difícil
demais para mim?" (Jer 33:27). Não existe.
Não estamos sozinhos, e temos coisas a fazer. É um bom começo de 2008. Faço
votos que cada um celebre com muita fé e alegria o Natal e que Deus continue a conceder
muitas bênçãos em todas as suas realizações.
William Douglas
Wiliam Douglas, 11/11/07, domingo à tarde, Taquaral.
Depois de pegar a pequena preá nas mãos, minha filha e meu pai partem para
alguma nova aventura. Antes, já tinham circulado pelo sítio, o avô puxando a égua, sobre
ela a "patroinha" e seguindo o cortejo "sharpay", a potrinha de poucos dias de vida,
marrom, com uma estrela branca na testa, como se soubesse de onde veio seu nome.
Deito-me.
A luz apagada e o cheiro das coisas me remete à casa do avô, distante trezentos
metros no espaço e trinta anos no tempo. O cheiro é o mesmo, exatamente o mesmo. Eu
poderia ouvir meu avô andar pela casa, quase me levanto para furtar mais doce de leite da
Maria Luiza, mãe de meu pai. Mas "não", me contento em, já não tão desatento, acender a
luz e pegar uma caneta para contar o que vejo, sinto, ouço, nem sei. O único caderno
disponível é de 1993, com a assinatura de minha mãe, e de novo viajo no tempo. Escolho
uma folha como quem profana o sagrado: o caderno da mãe já morta. No caderno,
contudo, ela vive. Fico confuso, mas escrevo.
Minha filha vai na sela como uma princesa, eu sequer tive um cavalo. A egüinha
neonata é dela, que negociou há poucas semanas com o avô esse delicado assunto. Dona
do "Pepetinha", a última cria da égua, queria também o novo filhote. Eu, sabido, quis que
ela abrisse mão do antigo, ela resistiu mas cedeu, tendo a idéia de dá-lo para o irmão e a
dúvida algoz se nesse trato se meteria o avô, afinal. O avô aceita, o "Pepetinha" fica pro
Lucas e ela com a cria que viria. Se macho, "Troy", se fêmea, "Gabriela". Mas desde então
a Sharpay parece ter feito qualquer coisa no High School Musical e tomou a frente. Luísa
deu uns pulinhos ao saber que a cria era menina e, pronto, "sharpay" é como se chama.
Eu estou no ar condicionado. A menina já está com o repelente de insetos, sim, o
progresso passou pelo sítio. Mas, d´alguma forma, os meus avós rondam pela casa. O ar
condicionado só está aqui como prova do tempo que passa, mas posso ver o menino
loirinho rodando pelos riachinhos, pescando. E por ele cruza a loirinha, majestática. Num
átimo, eu menino e minha filha brincamos perto, quase juntos, transtornando o tempo, a
lógica e a cronologia.
Não saio do quarto: temo me reencontrar menino. Ouço minha mãe chamar
qualquer coisa e é como se ela e Luísa finalmente se vissem. Não saio do quarto: temo
mexer naquilo que não entendo.
Eu já contei antes, no livro: meu avô não sabia pronunciar o nome do neto. Era algo
parecido com "Dôguis" o que ele falava para dizer o nome de avião que ao neto deu seu
filho sonhador, o menino do engenho, também arteiro, que queria voar, que saiu do meio
do mato para ser professor, para estudar na Europa.
Sim, Izequias já velho, 68, aceitou de bom grado (e mesmo adivinhou) a intenção da
neta: poupou-lhe no acanhamento e recebeu "Pepetinha" de volta, cedendo-lhe o potro por
nascer, na já narrada negociação de poucas semanas atrás. Hoje, então, Luísa veio
conhecer sua potrinha, cujo sexo ainda não sabia. Ela disse para o avô, três ou quatro
vezes, o nome da egüinha: "Sharpay". Desde a primeira o avô alertou que era nome
difícil... e lá pela quinta eu tive que ralhar com a menina : "Filha, fale direito com seu avô!"
Ela tinha se exasperado, reclamando de ele não conseguir falar o nome de seu presente.
Hoje, céu cinzento, o tempo se perverte: o meu avô não sabia falar meu nome, o
avô de minha filha não repete o nome da égua. As gerações, os tempos, os acasos, tudo
se encontra. Apenas o ar condicionado me prende à lógica do tempo, do progresso e da
morte.
A foto digital que tirei de minha tia, Lídia, 73, há pouco, também diz alguma coisa.
Ela tem aquela dignidade estranha, singular, quase incompreensível das pessoas do
campo. Eles têm uma altivez serena, um olhar profundo, uma realeza que não advém de
posses ou riquezas materiais (que sequer têm). Essa postura deve vir do campo, de fazer
brotar a alface, a couve e a chicória, de ver nascerem os bichos, de interagir à noite com
as estrelas, de comer galinha sem hormônio, leite sem acetona, berílio ou tungstênio.
A neta ralha com o avô, e eu intervenho. Ah, se ela soubesse que eu não tive isso!
O avô, o meu, já disse antes: éramos de mundos tão diferentes! Ele sequer sabia falar
meu nome. Eu tinha medo dos grilos, ele dos sons da cidade, e talvez da luz lancinante
dos postes com faróis de mercúrio. De repente, meu pai Doutor na Espanha, o aviador,
titular em tudo, não pronuncia direito o nome do cavalo (egüinha) que deu pra neta.
Me assusto: o mundo deles deve ser também tão distante... E longínquos assim, na
vez passada tomaram banho de lama. Fotografei-os como se filma quando o homem
pousa na Lua. Fico assustado, sim, sharpay, sharpay. Que mundos distantes!
E, num milagre esplendoroso, eles caminham juntos, riem, colhem flores, olham
cobras e caçam preás assustadas. Quantos mundos distantes pousaram no sítio esta
tarde! Eu queria dormir, apenas.
Mas o cheiro de tudo me sobressalta: a cama e a pele de meu pai cheiram a meu
avô em minhas memórias enevoadas, e não tenho acesso ao doce de leite, ao doce de
leite de minha avó, Luiza, nem ao som terno ou ao afeto abraço de minha mãe. Em breve,
meu pai e a neta pularão na piscina que eu não tive. Houve progresso, prosperidade,
criada por Deus e pelo pai, que saiu dali para ganhar o mundo, aviador, o sonhador que
não fala "sharpay".
Um cão late, logo não posso estar dormindo. Mas não faz sentido: vejo-me menino
brincando com uma menininha loira, arteira, que anda pelo sítio com ares de dona.
"Patroinha", é como lhe chamam os caseiros. Eu continuo à procura de barrigudinhos,
peneira na mão e cabeça nas estrelas. A idéia é ser astronauta, daqui a algum tempo.
O que essa menina tem que gosta tanto de ser dona e de andar a cavalos? Meu
irmão menino cruza por mim em busca de gaviões, minha mãe chama para a refeição...
não faz sentido, são quatro da tarde, a mãe está morta, o tempo está louco, o avô - de
facão na cinta - cruza os umbrais da porta (sempre procuro em sua algibeira seu relógio de
bolso, sempre). A avó e o doce de leite, não acho. Nem mesmo o cheiro. Enquanto
escrevo, a filha entra no quarto suada, querendo saber da roupa de banho. Pega a chave
do carro e some apressada. Me critica por não ir para a piscina. É, já não sei se durmo ou
acordo.
Os avôs têm dificuldade com os nomes, é certo. Mas o avô de minha filha brinca
com ela, e já lhe deu um cavalo, depois uma potrinha, e toma banho de lama. A figura de
meu pai novamente me desafia: que tipo de avô eu serei para meus netos? Não
bastassem seus feitos profissionais quase miraculosos, agora não mostra qualquer pejo ou
constrangimento em misturar-se à lama como faziam os porcos de que cuidou para poder
estudar o segundo grau. Não se percebe nele qualquer vacilação para puxar o cabresto da
mula. A menina não sabe, mas seu dedicado pajem tem Doutorado em Educação na
Espanha. E quanto ao cabresto, sabe puxá-lo desde menino, quando no lombo da mula
levava banana e aipim, melado, batatas. A única coisa perene é a mula. Sim, a mula é que
não muda. O homem à frente do cabresto construiu-se, a carga no lombo da mula não é
mais o fruto da terra, mas o fruto do ventre projetado no etéreo. Não é mais a herança da
terra, mas a dos próprios lombos do lavrador que queria ser doutor, estudar, fazer-se
grande, e fez-se. Eu fico no ar condicionado, preciso dormir, é claro.
Enfim, lembro de meu pai, anos atrás, sempre dormindo nas tardes de domingo.
Enquanto isso, meu eu menino e minha filha correm pra a piscina. O avô presente vai junto
deles. O menino loirinho se assusta: "Como é que construíram aqui, tão rápido, uma
piscina?" Ouço uma voz alegre a berrar pela menina. "Que avô arrumou essa loirinha?",
penso não sei se "eu" ou meu "eu menino". Avô moleque, aviador, maluco. Eu serei
astronauta, um dia.
E, talvez daqui a trinta anos, uma mulher muito interessante aterrisse no sítio algum
veículo voador do último tipo. Dele descerão meninos e meninas, e meu eu idoso quererá
segui-los pelo meio do mato ou do que tivermos construído ali perto. Minha neta ou neto
terão nomes ou coisas cuja tormentosa pronúncia me fará voltar no tempo.
Sentarei, sereno, na roda dos homens velhos. Serei um sábio. Olharei meu avô e
meu pai e serei um deles, e terei no semblante a dignidade estranha dos homens do
campo. Tomaremos café. Minha avó e minha mãe trarão doce de leite e um bolo.
Enquanto isso, meu pai menino, meu eu loirinho e Luísa, a menina, e o Lucas, correrão
pelo lugar em companhia das crianças que o tempo trará. O mesmo tempo que me fará
perder o medo da lama, como não tinha antes. As mesmas crianças que sentarão um dia
na roda dos velhos, comigo, com meu pai e meu avô sereno. Seus "eus" adultos. Naquele
tempo, como outrora, os meninos e as meninas, no quintal, no mato, na água, estarão
brincando.
Meu pai saiu do meio do mato em busca de um sonho: ser aviador. Para isso, teve
que estudar, trabalhar etc. Virou professor, venceu na vida e terminou piloto de ultraleve. O
estudo e o esforço mudaram sua vida... e a minha. O que proporcionou a piscina e o
cavalo que deu para a neta foi o estudo.
Eu, igualmente, foquei no estudo, voltado inicialmente para concursos e depois para
o magistério.
Assim, tudo o que aconteceu não teria sido como foi sem estudo e esforço pessoal.
Não sei quais são seus planos, mas quero crer que o texto lhe motive a cumprir
suas missões e sonhos nesse planeta.
PERSISTÊNCIA
Persistência? Hummm, depende pra quê!
Acho que a pessoa deve persistir em busca do que é bom para si ou para o planeta
(depois de decidir o que é bom para ela ou para o planeta...). É bom progredir, vencer, se
realizar, terminar um projeto, mas... isso não vale para conseguir coisas aparentemente
boas mas que são ilusórias. Não devemos persistir no erro, no sofrimento inútil, nos
sonhos destemperados, nas quimeras. E entre as coisas a não merecerem nossa
insistência está ser famoso, melhor que os outros, conseguir colocar os pés na Lua.
Ligia Fagundes Telles, em Ciranda de Pedra, nos alerta para não ficarmos tão
preocupados com grandes feitos, e diz (texto adaptado por Elenita Rodrigues): "É preciso
amar o inútil. Criar pombos sem pensar em comê-los, plantar roseiras sem pensar em
colher rosas, escrever sem pensar em publicar, fazer coisas assim, sem esperar nada em
troca. A distância mais curta entre dois pontos pode ser a linha reta, mas é nos caminhos
curvos que se encontram as melhores coisas. A música ... Este céu que nem promete
chuva ... Aquela estrelinha que está nascendo ali... está vendo aquela estrelinha? Há
milênios não tem feito nada, não guiou os Reis Magos, nem os pastores, nem os
marinheiros perdidos... Não faz nada. Apenas brilha. Ninguém repara nela porque é uma
estrela inútil. Pois é preciso amar o inútil porque no inútil está a Beleza. No inútil também
está Deus."
Há um pensamento que diz que nos portos os navios ficam seguros, mas não foi
para isso que eles foram feitos. Creio que precisamos içar as velas e ir para o mar... mas
escolhendo antes as rotas, e até alterando-as, mas sempre indo em direção a coisas boas,
e modestas. Não precisamos descobrir a América ou um novo caminho para as Índias.
Basta curtir a viagem.
Recebi um e-mail que me motivou a abordar os assuntos acima. Aqui está o e-mail:
"William Douglas:
Olá Dr. q bom q te encontrei aqui no orkut! Estou no meu 1º ano de cursinho (xxx)
em (xxx)... estou gostando muito da didática e principalmente da organização dos
professores. Assisti a sua palestra logo na primeira aula do curso carreira fiscal e acabei
comprando o livro; simplesmente fantástico!
Parabéns!
Fiquei muito pensativa qdo vc disse q mesmo q não seguíssemos religião alguma,
seria interessante crer em alguma coisa... isso pessoalmente está me incomodando. Agora
q consegui me organizar nos estudos e no trabalho, tem dias q sinto um grande vazio.
Será q é pq n creio em nada?? A única certeza q tenho é pensamentos positivos, geram
resultados positivos. Estou no caminho
certo?!
Uma ótima semana e espero q o Sr. me add. ,
"A"
Vamos à resposta.
"A",
Obrigado pelo elogio. Vc é gentil.
Que bom que esta gostando do curso e indo em direção aos seus sonhos. Guarde
isso, continue assim. Não se impressione pelo fato de ser seu primeiro ano. O tempo é só
um serviçal do futuro, que se avizinha com mais rapidez do que podemos perceber. O
tempo fará sua parte, faça você a sua... e, em breve, estaremos comemorando sua
aprovação. As dores da preparação e do amadurecimento são temporárias, mas o cargo e
a sabedoria são para sempre.
Vou começar a lhe responder de trás para frente.
Crer
Você me disse que não crê em nada. Não diga isso. E não diga que você não crê
em nada. Alguém que trabalha e estuda crê pelo menos em duas coisas: em si mesmo e
no futuro.
O poder do pensamento positivo e da lei da atração
Continuando, vou lamentar, mas discordo um pouco do que você disse: não acho
que pensamentos positivos geram resultados positivos. Creio que pensamentos positivos
somados aos comportamentos positivos geram, ao longo do tempo, resultados positivos. É
parecido, mas não é a mesma coisa.
Sucesso e resultados demandam trabalho e o decurso do tempo. Só pensamentos
não adianta.
E você, querida, demonstra que não só está com pensamentos
positivos, mas também com comportamentos compatíveis. Se tiver paciência e
determinação, se tiver persistência, colherá aquilo que está plantando.
Recentemente foram publicados vários livros sobre segredos e a lei da atração. Se
você os ler poderá imaginar que basta o pensamento positivo. Mas não é bem assim.
Nesse passo, vale a crítica de Ed Gungor (ob.cit.), de que o pensamento positivo não é a
única força a gerar resultados, não respondendo sozinho pelos acontecimentos futuros. E,
ainda na clara e profunda explicação que o autor dá, é preciso juntar aos desejos e
pensamentos um grau adequado de ação, de valor e de responsabilidade pessoal e social.
Mas permita-me citar o que o próprio autor, Ed Gungor, disse:
"Por que estudar para escola? Isso não é divertido. Apenas sinta coisas boas e
imagine tirar uma série de "A" em suas provas. Por que malhar na academia? Isso, com
certeza, é difícil. Dói. Por que não ficar o dia todo apenas comendo sanduíches de salame
e tirando umas sonecas?
Apenas cultive os "sentimentos" de estar em forma...
Não que eu acredite que Byrne (Rhonda Byrne, autora do livro O segredo) e outros
preguem tais atitudes; o problema é que nos livros não há avisos contra esses absurdos.
Byrne escreve: "O mais importante é saber que é impossível sentir-se mal e ao mesmo
tempo ter bons pensamentos. Quando você está se sentindo mal, você está na freqüência
que atrai mais coisas ruins. Quando se sente mal, é como se pedisse: "Traga-me mais
circunstâncias que me farão sentir mal. Pode mandar." Ela continua: "Seus sentimentos
negativos são um comunicado para o universo que poderia ser expresso assim: "Atenção!
Mudar o pensamento agora. Registrando freqüência negativa. Mudar a freqüência.
Contagem regressiva para manifestações. Atenção!"
Sim, nossos pensamentos e sentimentos compõem a maior parte do que nós
chamamos de "vida", criando uma aura que atrai circunstâncias afins. Bons pensamentos
e emoções atraem boas situações. Os maus atraem situações negativas. Deus nos deu a
vida como presente; um bom presente. A vida não deve ser um constante trabalho pesado,
uma luta. Precisamos evitar os maus pensamentos e sentimentos e abraçar os bons em
seu lugar. Mas entenda que fixar-se somente nos "bons sentimentos" não é uma maneira
eficiente de aplicar essas idéias.
Nossos pensamentos e sentimentos são refletidos em nossas vidas - eles criam as
circunstâncias que nos cercam. (Muito Além do Segredo, Ed Gungor, Editora Thomas
Nelson Brasil, RJ, 2007, p. 49/50)
E, adiante, prossegue:
"Todavia, antes de nos aprofundarmos, deixe-me dizer algo importante. Como já
vimos, ao contrário do que alegam os defensores do uso mais recente da lei da atração,
pensamentos e sentimentos não são as únicas forças em jogo na sua vida. Se houver
equilíbrio, a lei da atração funciona como a lei da semeadura e da colheita. Entretanto, há
momentos em que essa relação direta é superada pela presença de outras forças.
Por exemplo, cada fazendeiro se prepara para a época do plantio com a confiança
na lei da semeadura e da colheita. E, na maioria dos casos, essa confiança será
recompensada. No entanto, se houver uma seca, ou um furacão, ou uma geada nesta
temporada? As safras vão quebrar. Diante disso, o fazendeiro não concluiria que a lei da
semeadura e da colheita não funciona mais; ele reconheceria que outras forças surgiram e
a superaram." (ob.cit, p. 53/54.)
Em resumo, tanto eu quanto o autor citado, cremos que o pensamento seja
poderoso e que a lei da atração tenha utilidade, mas não são fatores isolados e não
podem ser utilizados apenas para conseguir o sucesso, dinheiro e poder. O ideal é que
estes vetores se equilibrem com outros e que a pessoa esteja atenta aos valores pessoais
e sociais mais elevados.
Ainda dentro do tema "responsabilidade", convido você a conhecer o projeto de
revolução que está no site www.revolucao.infor e que só pode se sustentar com a ajuda de
pessoas que, como você, em breve estarão no serviço público.
Agora, caminhemos adiante naquilo que você gentilmente me escreveu. Você
mencionou minha observação de que, mesmo sem seguir uma religião específica, é bom
crer em algo.
Definição de "religião"
Quando falo em religião, não me refiro à religião institucionalizada, que há muito
perdeu sua essência. Religião vem de religare, religar. É o ato de religamento entre o
homem e seu criador. A religião institucionalizada é vazia e tem trazido muitos problemas,
e está assim porque pode haver religião sem instituição, mas uma instituição religiosa sem
ligação direta com a divindade não funciona, pois vira apenas um ritual, talvez uma fuga,
ou distração. Mas não responde aos anseios maiores da alma.
Crer em algo x religião
Vista da forma adequada, "religião" é algo bom. Nesse prisma, quando falo em
seguir uma religião, ou crer em algo, expresso minha experiência pessoal, onde Deus me
ajudou muito, muito mesmo, no processo de superação e vitória. A Bíblia foi uma
companheira fiel e útil nesse período, tanto que, em minhas palestras presentei meus
ouvintes com a Bíblia (como ofereci a todos na palestra no curso que você freqüenta).
Logo, para dizer como venci, devo - para ser honesto - dizer que não venci sozinho. Foi
meu braço, mas Deus é quem deu força a ele.
99% das pessoas acreditam em Deus. Assim, sinto-me a vontade para sugerir que
cada um aproveite esse "parceiro" não só porque há um sentimento bem geral de que Ele
existe (ainda que a percepção da forma da divindade varie bastante), mas também porque
funcionou para mim e, assim, tal citação tem um conteúdo testemunhal.
Crer em algo ajuda. Mas eu não gostaria de crer em algo que não existe só para me
ajudar. Prefiro coisas concretas. Quase posso dizer que sou um cético, mas um cético que
não quis negar uma realidade quando a encontrou.
Acho que seguir uma religião tem utilidade sim, como você me perguntou.
Mas se você perguntar a mesma coisa para quem não crê, para um cético, um ateu,
esta pessoa não verá sentido - e talvez até considere ruim - contar com algo que pode não
existir.
Mas se você perguntar para mim, vou dizer que Deus existe, que é uma pessoa,
que se interessa por você e por sua vida, pelo seu bem-estar, que interage e atua. E que é
bom, um bom (e poderoso) amigo. Em seu lado justo e de bom pai, será um amigo que
esperará você crescer e amadurecer, mas estará ao lado.
Eu tenho uma filha pequena, e a levei à praia. Estive ao seu lado quando começou
a "enfrentar" as ondas, marolinhas, que batiam na areia. Estive todo o tempo ao seu lado,
mas deixei que ela levasse uns tombos até aprender a se equilibrar sozinha. Por mais que
me doesse vê-la "enrolada", eu precisava deixá-la aprender a viver aquela experiência, e
crescer. Um pai ruim a protegeria tanto que a transformaria em um vegetal, em medrosa e
dependente. Mas eu estava lá para dar cabo de qualquer onda maior do que ela pudesse
agüentar. Eu a deixei ficar assustada, para enfrentar o medo e a onda, mas não a deixaria
engolir água demais ou se afogar.
Em minha vida, percebo que Deus faz bem parecido. Só que Ele é mais forte e
esperto do que eu. Já engoli uns bons bocados de água e já tomei vários "caixotes", mas
não tenho dúvidas que o Pai estava atento e presente, torcendo e cuidando para que eu
aprendesse a me equilibrar. Afinal, é da natureza divina andar sobre as ondas.
Pois bem, creio que tanto no plano pessoal quanto em relação à Humanidade como
um todo, Deus está presente e disponível, mas não intervém senão na medida do
necessário ou do demandado pela pessoa. Ele tem seus planos gerais, que vai executar,
mas respeita não só o livre arbítrio, as escolhas pessoais e o propósito de que os homens
amadureçam, cresçam e vivam. Por isso menciono uma "parceria", onde Deus faz uma
parte e nós, a outra. Se Ele fizesse tudo não seríamos mais que vegetais, e se nos
deixasse totalmente sozinhos, nossa solidão seria inimaginável. De alguma forma, Ele
sempre está presente, como dizia Jesus, ao mencionar que Ele faz a chuva cair sobre
bons e maus; e, paralelamente, Ele atua na medida em que queremos ou pedimos, sendo
Jesus useiro e vezeiro em dizer "O que queres?",
"Quer me seguir?".
Assim, posso afirmar que Deus está cuidando de você, mesmo quando você não
percebe. Ao mesmo tempo, está ansioso por desenvolver uma relação de abundância e
intimidade, uma amizade, uma parceria. Contudo, cavalheiro que é, não vai arrombar a
porta. Mas está presente e disponível. E, sempre, esperará de você atitudes, crescimento
e esforço.
Propostas práticas
Nesse sentido é que falo aos concursandos e a qualquer um que tenha um plano
(correr uma maratona, montar uma empresa, fazer um doutorado, salvar um casamento
etc.) para pedir ajuda a Deus, mas fazer sua parte, pois Deus é bondoso, libertário, justo e
cuidadoso o suficiente para não nos negar o amadurecimento, o esforço pessoal e o
crescimento. Se ele fizesse tudo isso seria pernicioso. Quer destruir alguém? Dê a esse
alguém tudo o que deseja sem que tal pessoa precise fazer qualquer esforço, renúncia ou
escolha.
Não sei se você conhece a história, mas o esforço da borboleta para sair do casulo
é necessário para que ela tenha condições de voar.
Mas não quero ser muito extenso.
Nesse campo, recomendo o que funcionou para mim, pois já tive experiências muito
concretas com a divindade (conto algumas no meu site www.williamdouglas.com.br, no
item "atividade divina na Terra").
Em suma, creia em alguma coisa. E saiba que, de qualquer modo que você lide com
isso, ela existe. Nesse passo, a religião é positiva.
Mas a religião que eu acredito como boa (independentemente do ramo escolhido) é
aquela que ultrapassa os rituais e as formalidades, a culpa e os dogmas, e concentra-se
numa relação pessoal com a divindade que se quer conhecer, seguir ou adorar. Creio que
a religião se sustenta numa relação viva, íntima e consistente com Deus. Por isso, não
satisfaz a religião oca, sem vida. Por isso, ela precisa ser pessoal e se basear em
experiências pessoais. Se você for discutir teorias, teologia, ceticismo etc. pode se
confundir, mas quando sente a presença de Deus uma única vez, passa o resto da vida
sabendo que Ele é real. A religião que tem graça é aquela onde há uma intimidade
construída.
Portanto, sugiro-lhe que além da busca pelo cargo, pelo amor e por outras coisas,
inclua uma busca pessoal por Deus. Deus, segundo a Bíblia, diz: "Buscar-me-eis e me
achareis quando me buscardes de todo vosso coração"; Jesus diz que "aquele que busca,
encontra; aquele que pede, recebe". Creio, portanto, que se você começar a buscar, irá
encontrá-lo.
Como sou cristão, minha experiência com a divindade é bem específica e cito,
bastante, Jesus e a Bíblia. Por isso, tire um desconto, pois os cristãos são meio sectários
(com isso de "Só Jesus Salva", coisa em que acredito, mas que mantenho no plano
pessoal). Na minha expressão pessoal, creio que só Jesus salva e sustento isso com
tranqüilidade, mas na minha qualidade de professor, devo dizer que qualquer pessoa que
busque a Deus (mesmo que não seja aquele em que eu pessoalmente creio) estará num
bom caminho. E posso dizer isso com base na minha longa experiência (de mais de 30
anos ministrando aulas e mais de 600 mil alunos) e em tudo o que já estudei e pesquisei
sobre educação, cérebro, mente etc.
O mundo seria bem melhor se todas as pessoas seguissem cada qual o que sua
religião prega. Só para citar as mais conhecidas, o cristianismo, o islamismo, o judaísmo, o
budismo, o taoísmo etc., todos mandam ser honestos, não explorar os outros, tratar os
outros com respeito, buscar a paz etc. Imagine se cada um deixasse de dizer que é o
melhor e seguisse primeiro o que sua própria religião ensina? Fomes, guerras, injustiça, a
exploração do homem pelo homem, tudo isso estaria com os dias contados. Conheço
pessoas que se relacionam com Deus de modo admirável e que são boas pessoas dentro
de outros ramos do cristianismo, no islamismo etc. E conheço cristãos que me fazem ter
náuseas. Daí, não se fie nas pessoas que seguem, mas no Deus que é seguido e no que
Ele ensina.
Em resumo, busque a Deus e Ele se revelará. Não há uma fórmula mágica nem um
protocolo único. Deus vai falar com você de um jeito particular, singular e único. Eu levei
anos perguntando até ouvir uma resposta, e conheço quem tenha recebido o mesmo na
primeira vez que pediu. Hoje, Deus fala comigo quando leio a Bíblia, quando oro, quando o
louvo na igreja, às vezes manda recados, às vezes fala no meu ouvido... e está sempre
presente no sorriso da minha filha. Deus às vezes está no trovão, mas é mais corrente
estar numa leve brisa, num sussurro.
O vazio
Mas ainda preciso abordar o seu "vazio", ou, como disse "um grande vazio".
Dostoievski dizia que o homem tem na sua alma um vazio do tamanho de Deus. Se
for esse o vazio que você sente, preencha-o com a única coisa suficientemente grande
para tal.
Mas seu "vazio" também pode decorrer de alguma pressa para ver os resultados, e
aí o remédio é a paciência e a consciência de que você está em um processo de
crescimento intelectual e emocional. Leva tempo mesmo, faz parte. Lembre-se: A
diferença entre o sonho e a realidade é quantidade certa de tempo e trabalho.
Mas o "vazio" pode ter ainda uma outra causa: se os seus horários estiverem muito
desequilibrados. Você tem separado o tempo necessário para viver, ser feliz (ainda que
com a disciplina para estudar)?
Sua vida, qualidade de vida e administração do tempo inteligente e saudável
demandam um tempo mínimo para dormir, ter lazer, conviver com as pessoas que ama,
estar só, fazer exercícios físicos. Se você não respeitar isso pode aparecer vazio,
depressão, fastio etc.
Alguns minutos consigo mesmo já bastam. Um silêncio, uma música, e só você.
Aprenda a ser boa companhia... até para si mesma. Exercícios físicos três vezes por
semana já são razoáveis quando falta tempo (nesse passo, veja o WDPTS, na minha
página na internet). O tempo de sono, família, lazer, serviço ao próximo etc. vão depender
de sua vida. De um modo geral, só você pode descobrir as doses mais indicadas de cada
um desses elementos necessários para o cotidiano.
Conclusão
Você já está fazendo uma boa quantidade de coisas certas: não perca isso. E pode,
se quiser, ir além, tanto no estudo quanto em outras dimensões. Espero que você
aproveite a fantástica jornada da vida. Se quiser, Deus estará bem presente; se não
quiser, Ele estará olhando para você carinhosamente, mesmo que à distância.
Continue juntando aos seus bons pensamentos, as boas atitudes e
comportamentos. Se possível, melhore isso. Faça, aos poucos, aperfeiçoamentos e
ajustes, que é o método que melhor funciona.
E cuide para ser feliz, desde agora, pois a vida tem mais graça quando vivida de
modo pleno.
Atenciosamente,
William Douglas
Quando menino recordo-me de assistir a um desenho animado infantil chamado de
"Bom-Bom e Mau-Mau". Engraçadérrimo, mas Preconceituosérrimo também. O Bom-Bom
era o típico anglo-saxão, alto, loiro, atlético e sorridente, bonzinho e cavalheiro toda vida.
O Mau-Mau era baixinho, feio, moreno, mais ou menos um Danny Devito mexicano, e só
fazia canalhice. Claro que era um enlatado norte-americano. Mas o conceito continua:
existem pessoas boas e pessoas más.
O primeiro problema era que os malvados, baixos, mesquinhos tinham a aparência
física mais comum dos latinos. Aliás, a reparar nos filmes de Hollywood, as gangues são
normalmente compostas de tipos latinos, orientais ou negros, salvo o chefe, que em geral
é caucasiano (afinal, liderar uma "missão" para a raça superior, mesmo que para
delinqüir). Não bastasse o erro de impor traços físicos à virtude e à sua falta, o grande
equívoco é desenhar pessoas que sejam exemplos de perfeição e, outras, da baixeza
humana.
Isso é uma grande tolice. Existem pessoas, apenas.
Bom-Bom e o Mau-Mau estão dentro de nós. Como já foi dito, são dois cachorros
que temos dentro de nós e vencerá esta batalha aquele que alimentarmos melhor, aquele
que soltarmos da "casinha" e levarmos para a rua, para o desenrolar do cotidiano.
O fato de uma pessoa tentar acertar e ficar do lado do bem cotidianamente pode
levá-la ao equívoco de que seja o "Bom-Bom" e que aqueles que dela discordam sejam a
encarnação do "Mau-Mau".
Receio de ser visto como "Mau-Mau" leva todos a recusar qualquer fraqueza,
gerando uma imagem falseada, irreal e, pior, um grande peso a ser carregado: o da
realização do impossível.
Fernando Pessoa, na voz de Álvaro de Campos, no Poema em Linha Reta, chega a
dizer: "Nunca conheci quem tivesse levado porrada./ Todos os meus conhecidos têm sido
campeões em tudo./ E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,/ Eu
tantas vezes irrespondivelmente parasita,/ Indesculpavelmente sujo. (...) Toda a gente que
eu conheço e que fala comigo/ Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, /
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida... (...) Arre, estou farto de
semideuses!/ Onde é que há gente no mundo?"
Jesus, em outras palavras, referindo-se aos fariseus e aos mestres da lei, que se
julgavam modelos de "Bom-Bom", disse: "Digo-lhes a verdade: os publicanos e as
meretrizes entrarão adiante de vós no reino de Deus." (Mt. 21:31). E o mesmo Cristo disse
ter vindo "não para os sãos, mas para os doentes" (Mc 2:17), e chamou para si os
"cansados e oprimidos", e não os fortes e vitoriosos (Mt 11:28).
O leitor que se oprime imaginando-se um "Mau-Mau" tenha um alento, e o que se
julga um "Bom-Bom" uma reflexão: somos humanos, apenas, tendo dentro de nós todas
as possibilidades - o belo e o feio, a grandeza e a vilania. E se nos recordarmos disso
seremos mais tolerantes com o comportamento equivocado e falho, e comemoraremos
mais a bondade nossa ou no homem ao lado. Faremos da virtude não nosso falso
componente, mas nosso desafio, nossa meta.
É de lembrar nossa natureza dúbia, de nossa fragilidade física e moral, que
poderemos vigiar diante do espelho o "Mau-Mau", para que se comporte, e libertar,
humilde e grato, nosso lado "Bom-Bom" no correr dos dias.
Os pecados capitais levam ao inferno, os do concurso à reprovação, desânimo e
desistência. Os pecados capitais são os seguintes: gula, soberba, inveja, preguiça, ira,
luxúria, avareza. Vamos vê-los agora em sua manifestação "concursândica".
A gula é a pressa de passar. Como sempre digo: concurso se faz não para passar,
mas até passar. Assim, esqueça a pressa e comece a estudar com regularidade,
planejamento e antecedência. Os concursos estão vindo aos montes, e continuarão assim.
A aprovação é resultado de um processo longo, mas é algo que você - se trabalhar direito
- pode contar.
A soberba é a arrogância, o achar que já se é o "Sabe-Tudo", o "rei da cocada".
Muitos candidatos inteligentes e bem formados são vítimas da soberba, ao passo que os
menos capazes, mas esforçados, chegam lá, assim como na história da corrida da lebre
com a tartaruga. A humildade nas aulas, no estudo, nas provas, em todo o processo,
enfim, é o caminho para a glória.
A preguiça. Nem é preciso escrever nada. A palavra é auto-explicativa. Mas deixe-
me dizer uma coisa: eu sou meio preguiçoso. Só que sempre fazia o que devia ser feito,
quando, me imaginava desempregado e sem grana, caso deixasse a preguiça me
dominar.
A inveja acontece quando o concurseiro fica vigiando a vida, as notas e as coisas
boas que os outros possuem ao invés de ir resolver a própria vida. É impressionante como
as pessoas pecam ao se compararem com os outros e dedicarem-se à reclamação e à
autocomiseração em vez de estudarem e treinarem.
A ira representa deixar-se estourar, ou desanimar, pela enorme quantidade de fatos
que têm justificadamente esse condão: cansaço, carteiras duras (do curso e a sua),
dificuldades com a família, com a matéria, os absurdos ou fraudes em concursos, taxas de
inscrição abusivas etc. haja paciência! (ops! Estamos falando de pecados e não de
virtudes...). Nessas horas, não adianta irar-se. O jeito é ir estudar, pois um dia a gente
passa, apesar de tudo.
A luxúria é talvez o maior pecado. Veja nela o lazer exagerado, as viagens,
passeios baladas e tudo o mais que é delicioso, um luxo, e que nos tira tempo para
estudar e trinar. Pois bem, equilibrar estudo e lazer, administrar bem o tempo e saber
estabelecer as prioridades é essencial para chegar ao reino dos céus, digo, da nomeação.
A avareza tem duas manifestações. A primeira, do candidato, quando economiza
nos investimentos necessários para ser aprovado. Vale a pena escolher os melhores
livros, cursos e gastos, que incluem até mesmo os exames de saúde para estar bem e
enfrentar a maratona dos concursos. A segunda avareza, a pior delas, ocorre quando o
cidadão passa e deixa de utilizar o cargo e os poderes e competências dele para o bem da
coletividade. Não sejamos avaros com o país, nem com o povo que o (e nos) sustenta. Ao
passar, para não ser blasfemo, herege ou apóstata, é preciso devolver ao povo o quanto
nós custamos. Isso pode ser feito com trabalho, eficiência, simpatia, honestidade e
entusiasmo. Cumprir o dever, e se puder, um pouco mais.
Pois é, que Deus nos livre dos pecados capitais e do concurso. E que façamos
nossa parte, dando nossa parcela de fé e sacrifício, para chegarmos à Terra Prometida,
ao Paraíso, com méritos dos santos. "Santo", por sinal, significa, etimologicamente,
"separado". Gente que passa em concurso é assim: meio diferente da média, mais
dedicada, mais focada. Isso é santidade.
No fim, os votos de que alcancemos os frutos do Espírito, que, na Bíblia (Gálatas
5:22), se opõem aos pecados capitais: amor, alegria, paz, paciência, delicadeza, bondade,
fidelidade, humildade e domínio próprio. E, claro, passar em concursos.
William Douglas é Juiz Federal, professor universitário e autor de vários livros sobre
concurso público.
Visite o site: www.williamdouglas.com.br
William Douglas
Essa é uma das frases que constam em um e-mail que recebi. Ela não é a mais
importante, talvez a menos importante, mas a escolhi como título da conversa de hoje.
A frase foi pronunciada algumas vezes (talvez várias) por pessoas que queriam o
bem de um concursando... E, por isso mesmo diziam para ele "sair fora" desse projeto
maluco pois, afinal, "concurso é maracutaia".
O então concursando se chama Sérgio Bezerra Torres, que felizmente não aceitou
os conselhos, dados com boa intenção, por seu pai e irmãos e, hoje, é servidor público.
O Sérgio, quando ouvia isso, ainda não tinha passado em nenhum concurso, e,
claro, não deve ter sido fácil lidar com essa "opinião coletiva" sobre o projeto sobre o qual
ele se dedicava.
Seja como for, Sérgio passou. Em um, em outro... mais outro. E as coisas mudaram.
Sérgio me escreveu uma gentilíssima e simpática carta, vinda por e-mail, que
transcrevo e, em seguida, comento.
---Mensagem original---
Enviada em: quinta-feira, 26 de julho de 2007 15:12
Para: www.williamdouglas.com.br
"Olá, William! Olha! Nem sei como começar! Primeiro te agradecendo! MUITO
OBRIGADO WILLIAM! Sei que você deve receber diversos e-mails com histórias de
sucesso. Bem, gostaria também de compartilhar a minha com você como uma forma de
agradecimento. Quando saí da Aeronáutica me vi à mercê do comércio. Nos dois primeiros
meses de trabalho, quando recebi o meu salário, parei, raciocinei ... se eu continuar a
ganhar isto vou precisar de umas dez vidas para conseguir o que quero, era o meu sonho,
uma moto esportiva que custa R$ 53.000,00. Foi quando decidi estudar. Continuei
trabalhando, agüentando aquela situação e usando o dinheiro para fazer cursinhos e
comprar materiais de estudo. Quando me abasteci de material resolvi largar o emprego. E
comecei estudando manhã tarde e noite, escutando críticas e críticas de meus irmãos e de
meu pai. Concurso é maracutaia, diziam eles. E eu dizia, que quem chegasse lá sabendo
a matéria não teria como não entrar. Apenas minha mãe me observava e acompanhava
meu esforço. Disse a ela: "mãe, sei que não vou ter dinheiro para sair ou para comprar
roupas ou para sequer arrumar uma namorada, mas eu vou pagar o preço e vou
conseguir!" Na época eu tinha uma certa dificuldade em língua portuguesa, e que, após
mais uma colocação desastrosa, resolvi estudá-la. Minha atitude "NÃO VIRO UMA
PÁGINA DESTE LIVRO ENQUANTO NÃO APRENDER O QUE TEM ESCRITO NELA".
Resultado? Aprendi a matéria e me apaixonei por ela. Minha resistência era porque eu não
sabia a matéria. Aí pensei! NÃO IMPORTA A MATÉRIA! BASTA EU APRENDÊ-LA QUE
PASSAREI A GOSTAR DELA! Foi quando uma amiga minha que me ajudava em língua
portuguesa e que dava aulas particulares me convidou para ensinar também, uma coisa
somou-se a outra, agora eu tinha um novo estímulo, estava sendo remunerado pelo meu
estudo. Quando conheci o seu livro, acredite William, li seu livro, o antigo, aquele bem
grosso, quase todo em uma semana. A ferramenta que eu precisava para alcançar meus
objetivos. Minha pior dificuldade... MUDAR VELHOS HÁBITOS. Mas como diz aquele
ditado japonês "ÀS VEZES É NECESSÁRIO DAR UM PASSO ATRÁS PARA ANDAR DEZ
NA FRENTE". Tive de me habituar a fazer O CERTO. William e quando consegui mudar
meus hábitos... ahhh meu amigo! 2º COLOCADO no concurso para a Guarda Municipal de
Recife. Fui para lá para ganhar R$ 400,00 por mês e R$ 100,00 de ticket alimentação.
Mais críticas... "como é que tu vai sobreviver em Recife com R$ 400,00?" diziam meus
irmãos. Fui para lá para freqüentar os bons cursinhos... precisava de ritmo e de aumentar
meu nível. Eu era batedor, trabalhava de moto. Tinha dias que eu parava a moto, abria
aquele baú que fica atrás escondia o livro ali e ia estudar, no meio da rua, com a moto
estacionada, e a população pensava que eu estava multando alguém. Viajava para casa
às vezes apenas com o dinheiro da passagem de ida e volta. Veio o próximo concurso, e
fui novamente 2º COLOCADO no Corpo de Bombeiros de Pernambuco. O salário era
maior e os primeiros colocados tinham direito a escolher em que cidade seriam lotados. Já
fiquei muito alegre sabendo que iria voltar para casa. Veio o próximo concurso TRIBUNAL
REGIONAL FEDERAL, e advinha William fui o 8º COLOCADO para Técnico Judiciário
atividade que atualmente exerço. Resolvi então fazer o vestibular para Direito e passei em
23º. Visando o próximo concurso para Analista Judiciário. Hoje, já comprei meu terreno,
começo a construir minha casa ano que vem, construí dois apartamentos que estão
alugados, tenho meu carro, mas A MOTO só vou comprá-la quando construir minha casa.
Por tudo isso William eu te devo muito, sua ajuda tem sido fundamental para o meu
crescimento. E como forma de agradecimento, embora não nos conheçamos, eu falo muito
de você, mas muito mesmo. Divulgo seu livro para todos aqueles que me perguntam como
eu fiz. Mas também sempre faço questão de dizer que seu livro é apenas uma ferramenta,
primeiro tem de se querer! OBRIGADO WILLIAM! MUITÍSSIMO OBRIGADO! Que Deus te
abençoe. Quando puder gostaria muito de agradecer pessoalmente. Um forte abraço! Sim
faltou dizer o momento mais emocionante dessa minha caminhada. Um dia minha mãe se
aproximou de mim com um cartão e um brinquedo, era uma gaivota. Estávamos sozinhos
no meu quarto. Aí ela me disse "Olhe meu filho procurei uma águia para te dar de
presente, pois você agiu como uma em direção a seus objetivos, mas não encontrei.
Encontrei melhor, uma gaivota, porque ela tem de se esforçar muito mais que uma águia
quando voa de um continente a outro e foi isso que você fez." Não agüentei! Comecei a
chorar e me abracei com ela! Ela disse ainda: "O que você fez não fez só por você. Você
agora é um exemplo para sua família e motivo de orgulho para seus pais!" SEM
PALAVRAS!!"
Minha resposta, quase imediata, foi:
"Sérgio:
Uau, que história!
Obrigado e vários parabéns, amigo.
Você me permite dar publicidade a sua carta? Ela é inspiradora.
Me diga se posso e se você prefere que eu cite ou não cite seu nome.
Vou lhe responder depois, com calma, pois estou indo p/ o aeroporto. Quero fazer
isso com calma.
Com abraços,
William Douglas
Em seguida, Sérgio me respondeu autorizando a citação da carta e incluiu mais
algumas informações:
"quando passei para Técnico paguei uma excursão para minha mãe para o Sul do
país.
Consegui também no meu emprego uma Função de Confiança, sou Supervisor
Administrativo desde que entrei.
Outra, todos os meus irmãos agora estudam para concurso. Minha irmã mais nova,
que é dentista, passou em um na sexta colocação e está esperando o resultado final de
outro.
Abraço.
Seu amigo.
SÉRGIO BEZERRA TÔRRES (Caruaru-PE)."
Pois é.
Primeiro, Sérgio:
Tenho orgulho de você, cara. Sei que não foi fácil, mas você conseguiu.
Você é dos bons, não é à toa que já está como Supervisor Administrativo. Se
quisesse, você poderia continuar no cargo atual o resto da vida e já estaria ótimo.
Também, se desejar, pode dedicar-se a outros projetos, mas pelo visto você fará Direito e,
em breve, será advogado, promotor, procurador, auditor, delegado, juiz... são várias as
opções. O mundo é seu, ao menos quando o assunto é: possibilidades e escolhas.
Como sua mãe já disse, você é um exemplo.
E também é mais uma prova de que "concurso não é maracutaia". Embora vez ou
outra a gente pegue alguém tentando fraudar os concursos, isso não é a regra. Não
espanta que haja fraudes, pois não existem ilhas de santidade no mundo dos homens.
Não poderia ser diferente, em uma raça, a humana, e um país, o nosso, onde o caminho
mais fácil é sempre tentador. Tentador, mas mau negócio, é claro.
O jeito mais fácil é o mais trabalhoso, o mais seguro e o mais demorado.
Assim, parabéns, mais uma vez. É uma história bonita e você a escreveu.
Espero que se aliste na revolução: www.revolucao.info
Estamos, o serviço público e o povo, precisando de você.
Espero que você aproveite seu sucesso para ser feliz e para tornar a felicidade algo
possível ou, ao menos, mais próximo para as pessoas ao seu redor, desde a sua família
até ao cidadão sofrido que vai torcer para você ser um bom servidor. Claro que seu poder
de influência ultrapassa o cercado de sua repartição. Você é influente em diversos
espaços, desde sua casa, seu bairro, igreja, associação, enfim, em todos os lugares que
freqüenta ou freqüentará na sociedade onde vive. Hoje mesmo soube de uma voluntária
no Inca, trabalhando com crianças. Ela é influente lá, onde estavam precisando dela.
Não sei quais são os seus planos, mas sei que você pode realizá-los.
No meu caso, depois do concurso vieram a carreira, aulas, cursos, livros... editora.
E, ainda depois, a maratona: 42 km... Em todos esses desafios e sonhos, o aprendizado
com os concursos e o que o concurso proporcionou de tempo, estratégia e recursos
ajudou tremendamente.
Então... é isso. Parabéns. Também fico feliz por sua família... e você mandou muito
na "viagem-presente" para sua mãe. Essas coisas são demais, são as que levamos da
vida.
Abraço do colega concurseiro e servidor,
William Douglas"
Agora vamos rever alguns pontos sobre concursos.
AGRADECER
SÉRGIO: "Olá, William! Olha! Nem sei como começar! Primeiro te agradecendo!
MUITO OBRIGADO WILLIAM!"
WILLIAM: Sérgio me agradece, legal. E eu agradeço a ele.
Ser grato ajuda em tudo. A gratidão também ajuda durante a preparação. Seja grato
pelas coisas e oportunidades que tem, mais do que revoltado pelas coisas e oportunidades
que não tem, e sua vida fluirá melhor. Isso tem a ver com PNL, mentalização, energia...
Com o que você quiser. Apenas saiba que funciona: seja grato. Você está vivo e já sabe
ler. Isso já é bastante coisa.
INDIVIDUALIDADE
SÉRGIO: "Sei que você deve receber diversos e-mails com histórias de sucesso.
Bem, gostaria também de compartilhar a minha com você como uma forma de
agradecimento."
WILLIAM: Ainda assim gosto de ouvir/ler cada depoimento.
Somos únicos, e minha história com os concursos seria menos rica sem o
compartilhamento com a sua, que só agora vim a conhecer, mas que confirma credos e
certezas que eu já trazia comigo.
O DESEJO DE MUDANÇA
SÉRGIO: "Quando saí da Aeronáutica me vi à mercê do comércio. Nos dois
primeiros meses de trabalho, quando recebi o meu salário, parei, raciocinei... se eu
continuar a ganhar isto vou precisar de umas dez vidas para conseguir o que quero, era o
meu sonho, uma moto esportiva que custa R$ 53.000,00. Foi quando decidi estudar."
WILLIAM: A moto, na verdade, foi só a catalisadora da mudança, tanto que você já
poderia ter comprado a dita cuja e ainda não o fez. A moto foi só o pretexto. Aliás, depois
que você descobriu que pode tê-la, só isso já te dá quase tanto prazer quanto ter a moto,
não?
O fato é que, em determinado momento, você avaliou sua vida e descobriu que
queria mais, que queria alguns progressos.
Felizmente, entendeu também que mudanças exigem mudanças! E esteve disposto
a buscar alternativas (estudar) e as buscou (estudou).
A PNL diz que "se você fizer o que sempre fez vai ter os resultados que sempre
teve". Logo, se queremos mudar nosso futuro, comecemos por mudar as coisas no nosso
presente.
No momento, você adia a moto "trocando-a" por outros objetivos. Também vale.
SACRIFÍCIOS
SÉRGIO: "Continuei trabalhando, agüentando aquela situação e usando o dinheiro
para fazer cursinhos e comprar materiais de estudo. Quando me abasteci de material
resolvi largar o emprego."
WILLIAM: "Agüentando a situação". Basta dizer isso. Quem quer passar, tem que
agüentar a situação, segurar a vida presente do melhor jeito que der e ainda arrumar
tempo para estudar e treinar. Isso exige sacrifícios.
FAMÍLIA
SÉRGIO: "E comecei estudando manhã tarde e noite, escutando críticas e críticas
de meus irmãos e de meu pai. "Concurso é maracutaia", diziam eles. E eu dizia, que quem
chegasse lá sabendo a matéria não teria como não entrar. Apenas minha mãe me
observava e acompanhava meu esforço.
WILLIAM: Educadamente, mas não podemos deixar nossa família matar nosso
sonho. E mãe é mãe (rs).
A PIOR MATÉRIA - E UMA ESTRATÉGIA DE ESTUDO
SÉRGIO: "Na época eu tinha uma certa dificuldade em língua portuguesa, e que,
após mais uma colocação desastrosa, resolvi estudá-la. Minha atitude "NÃO VIRO UMA
PÁGINA DESTE LIVRO ENQUANTO NÃO APRENDER O QUE TEM ESCRITO NELA".
Resultado? Aprendi a matéria e me apaixonei por ela. Minha resistência era porque eu não
sabia a matéria. Aí pensei! NÃO IMPORTA A MATÉRIA! BASTA EU APRENDÊ-LA QUE
PASSAREI A GOSTAR DELA! Foi quando uma amiga minha que me ajudava em língua
portuguesa e que dava aulas particulares me convidou para ensinar também, uma coisa
somou-se a outra, agora eu tinha um novo estímulo, estava sendo remunerado pelo meu
estudo."
WILLIAM: É a sua pior matéria, a que você menos gosta, que vai lhe reprovar... a
menos que você mude de atitude e de comportamento em relação a ela. Para aprender
uma matéria, um bom caminho é começar a dar aulas sobre a mesma. Isso não só ajuda a
aprender e a fixar, como ajuda ao próximo e pode ser o começo de mais uma carreira,
paralela ao concurso: o magistério. Não que todo mundo que dá aula vai virar professor,
mas acontece.
LIVROS
SÉRGIO: "Quando conheci o seu livro, acredite William, li seu livro, o antigo, aquele
bem grosso, quase todo em uma semana. A ferramenta que eu precisava para alcançar
meus objetivos. Minha pior dificuldade... MUDAR VELHOS HÁBITOS. Mas como diz
aquele ditado japonês "ÀS VEZES É NECESSÁRIO DAR UM PASSO ATRÁS PARA
ANDAR DEZ NA FRENTE". Tive de me habituar a fazer O CERTO. William e quando
consegui mudar meus hábitos ... ahhh meu amigo!"
WILLIAM: Livros ajudam. Cada matéria tem um livro, ou mais que um, ou um
resumo, ou um tratado, ou um livro de questões exatamente da Banca que irá preparar
sua prova. Não abra mão dos bons livros e apostilas.
RESULTADOS - "CONCURSO-ESCADA"
SÉRGIO: "2º COLOCADO no concurso para a Guarda Municipal de Recife. Fui para
lá para ganhar R$ 400,00 por mês e R$ 100,00 de ticket alimentação. Mais críticas...
"como é que tu vai sobreviver em Recife com R$ 400,00?" diziam meus irmãos. Fui para lá
para freqüentar os bons cursinhos... precisava de ritmo e de aumentar meu nível. Eu era
batedor, trabalhava de moto. Tinha dias que eu parava a moto, abria aquele baú que fica
atrás escondia o livro ali e ia estudar, no meio da rua, com a moto estacionada, e a
população pensava que eu estava multando alguém. Viajava para casa às vezes apenas
com o dinheiro da passagem de ida e volta. Veio o próximo concurso, e fui novamente 2º
COLOCADO no Corpo de Bombeiros de Pernambuco. O salário era maior e os primeiros
colocados tinham direito a escolher em que cidade seriam lotados. Já fiquei muito alegre
sabendo que iria voltar para casa. Veio o próximo concurso TRIBUNAL REGIONAL
FEDERAL, e adivinha William fui o 8º COLOCADO para Técnico Judiciário atividade que
atualmente exerço."
WILLIAM: Com o tempo, os resultados chegam. Em geral, a pessoa é reprovada
várias vezes, ou passa muito lá atrás sem a menor chance de ser chamada. É assim
mesmo. Como se pode ver, o Sérgio fez o "´concurso-escada": vai fazendo, vai
passando... e vai utilizando as vitórias parciais para pavimentar o caminho para as vitórias
maiores. Repare que sempre houve um interesse em cursos e livros... isso, como disse,
ajuda bastante.
NOVOS PROJETOS
SÉRGIO: "Resolvi então fazer o vestibular para Direito e passei em 23º. Visando o
próximo concurso para Analista Judiciário. Hoje, já comprei meu terreno, começo a
construir minha casa ano que vem, construí dois apartamentos que estão alugados, tenho
meu carro, mas A MOTO só vou comprá-la quando construir minha casa."
WILLIAM: O bom desempenho no "projeto concursos" abre portas para novos
projetos. Alguns surgem naturalmente, como fazer Direito; outros se apresentam como
possíveis a partir do momento em que sabemos que podemos fazer coisas novas, a partir
do momento em que nos tornamos pessoas mais organizadas, autoconfiantes e seguras.
Desistir dos concursos pode envolver um dano maior do que perder as vantagens
do cargo almejado. Se a pessoa desiste sem vencer suas dificuldades e limitações
pessoais, ela estará abrindo mão de uma evolução e aperfeiçoamento pessoal que farão
falta em outros projetos, por mais diferentes que sejam. Assim, recomendo que ninguém
desista dessa carreira antes de uma aprovação efetiva, para que possa se forçar à
construção de si mesmo, tanto no aspecto emocional, quanto no intelectual, passando pela
organização de horários, prioridades etc.
AGRADECER, DE NOVO
SÉRGIO: "Por tudo isso William eu te devo muito, sua ajuda tem sido fundamental
para o meu crescimento. E como forma de agradecimento, embora não nos conheçamos,
eu falo muito de você, mas muito mesmo. Divulgo seu livro para todos aqueles que me
perguntam como eu fiz. Mas também sempre faço questão de dizer que seu livro é apenas
uma ferramenta, primeiro tem de se querer! OBRIGADO WILLIAM! MUITÍSSIMO
OBRIGADO! Que Deus te abençoe. Quando puder gostaria muito de agradecer
pessoalmente. Um forte abraço!"
WILLIAM: Bem, eu também te agradeço. Inclusive por citar o essencial, o primeiro
passo: "querer". Sem vontade nada pode ser alcançado, nem aliado nenhum pode nos
ajudar. Obrigado por ajudar a divulgar não só meu trabalho, mas, também, a lição mais
importante, que é a de que qualquer um pode chegar lá, desde que realmente o queira.
RECOMPENSAS EMOCIONANTES
SÉRGIO: "Sim faltou dizer o momento mais emocionante dessa minha caminhada.
Um dia minha mãe se aproximou de mim com um cartão e um brinquedo, era uma gaivota.
Estávamos sozinhos no meu quarto. Aí ela me disse "Olhe meu filho procurei uma águia
para te dar de presente, pois você agiu como uma em direção a seus objetivos, mas não
encontrei. Encontrei melhor, uma gaivota, porque ela tem de se esforçar muito mais que
uma águia quando voa de um continente a outro e foi isso que você fez." Não agüentei!
Comecei a chorar e me abracei com ela! Ela disse ainda: "O que você fez não fez só por
você. Você agora é um exemplo para sua família e motivo de orgulho para seus pais!"
SEM PALAVRAS!!"
WILLIAM: Águia... gaivota... mães... bichos fantásticos. A vida é muito mais bonita
quando se tem a oportunidade de viver esses momentos. Qualquer um que pagar o alto
preço de esforço e dedicação terá suas recompensas emocionantes. Elas não serão
necessariamente como as do Sérgio, mas cada um terá suas recompensas. E, mesmo que
não houvesse nenhuma, olhar-se no espelho e saber o quanto custou e até onde se foi já
é algo emocionante.
GASTANTO A GRANA
SÉRGIO: "quando passei para Técnico paguei uma excursão para minha mãe para
o Sul do país."
WILLIAM: Os primeiros vencimentos devem ser curtidos ao máximo, com as justas
premiações e homenagens. Com o tempo, é preciso aprender a administrar a grana. Não
importa quanto se ganha, mas como se gasta. Michael Jackson ganhava muito e está
quebrado. Um pouco de administração financeira e a leitura de livros sobre o tema vai ser
de grande valia. Entre os cuidados com o dinheiro, além do planejamento, valem a pena o
investimento e cuidado com alguns pontos. Uma parte se gasta com as despesas, outra se
guarda/poupa/investe, outra se investe em estudo e aperfeiçoamento e, essencial, alguma
parte (mesmo que pequena) se gasta em prazer pessoal/familiar. Isso é importante.
Também recomendo que a pessoa separe 5 ou 10% de seus ganhos para ajudar os
necessitados. Um caminho interessante é ajudar alguém a estudar, bancando cursos,
livros etc. Essa ajuda tem a virtude de criar outras pessoas capazes de se sustentarem e
de ajudar novos beneficiários. Seja como for, todas as religiões do mundo ensinam a "lei
do retorno": tudo o que você faz, o bem ou o mal, retorna multiplicado para você.
O PODER DO EXEMPLO
SÉRGIO: "Outra, todos os meus irmãos agora estudam para concurso. Minha irmã
mais nova, que é dentista, passou em um na sexta colocação e está esperando o
resultado final de outro."
WILLIAM: Seu exemplo de vitória, e de que o sistema funciona, continua trazendo
resultados. Seus irmãos terão sucesso, assim como sua irmã já está tendo. Parabéns a
todos, vocês são uma família de sucesso. Agora, o desafio é transformar tudo isso em
sabedoria e felicidade.
É isso. Espero que essa conversa seja útil a quem tiver chegado até aqui.
A vitória está ao nosso alcance. Ao seu alcance.
Olá Amigos concurseiros!
Transcrevo abaixo, mais um dos emails que recebo semanalmente
A saber, substituí, por motivos óbvios, os nomes reais por "X" e "Y".
Mensagem:
"Prezado Amigo, escrevo para desabafar, conclui o curso de direito em meados do
ano passado e desde lá tento buscar o meu lugar ao sol, comprei o seu 1º livro, apliquei
algumas técnicas e venho tentando passar em concursos, mas o negócio tá brabo.
Fracassos: OAB até Hoje não consigo o básico, já tentei 4 vezes em dezembro faço a 5º
vez; AGU não passei na 1º fase; Delegado de Polícia Estadual não passei na 1º fase; TJ
não passei em analista e nem em oficial de justiça; Tribunal de contas não passei para o
cargo de assistente jurídico; MPU não passei para o cargo de analista; MPE não passei
para cargo analista; IASC não passei para cargo Advogado; METROREC não passei para
o cargo de Advogado CHESF não passei para Advogado; Bacen, não passei para técnico;
Enfim, meu amigo te peço, eu sei que o senhor é uma pessoa ocupada mas me ajude eu
preciso reverter este quadro; tenho tempo para estudar e tento e tento, mas eu canso e
estou quase desistindo e me sinto um verdadeiro fracassado. Quero casar e estou
estudando há 2 meses com minha namorada que também é bacharelanda em direito e
também tem tempo para estudar. Te pedimos ajuda. Temos o 1º livro aplicamos a técnica
de estudo, mas cansamos pois só perdemos. desesperadamente, "X" e "Y"
Minha Resposta:
"X" e "Y":
Você pode e deve vencer essa fase de desânimo.
Sua lista de reprovações mostra que vc tem disposição para ir para a batalha. Mas
eu não chamaria essas reprovações de "fracassos" : esses reveses fazem parte do
processo de amadurecimento que, na hora certa, após o esforço preciso, culminarão com
o início de uma série de aprovações.
Eu também tenho uma lista com seis reprovações. Praticamente todo mundo que
passou tem uma lista dessas.
Apenas os gênios não passam por isso e, felizmente, eles são muito poucos!
Assim, não se ache um fracassado. Fracasso seria não tentar, não insistir, não se
aperfeiçoar.
Você me disse que tem o livro: espero que procure seguir as dicas e continuar se
aprimorando. Isso normalmente leva tempo. Vc tem certeza que está aplicando as
técnicas? Procure ver o que ainda não está aplicando e procure aplicar.
Agora, uma ressalva: vc tem pouco mais de um ano de formado. Ainda é pouco
tempo, na maioria dos casos, para se colher os frutos. Assim, não pense que está mal ou
demorando muito.
De tudo o que você falou, a única coisa que me preocupou foi a prova da OAB.
Deve haver algum problema a ser resolvido. Não sei se vc está ficando na prova
específica ou no provão. Se for na prova, tente fazer um cursinho. Se for na específica,
troque a matéria para outra onde se saia melhor.
Quanto às demais reprovações, faz parte. Nada demais. O importante é ir
melhorando, vendo onde está pisando na bola e corrigindo.
Quanto a estudar junto há dois meses, legal. Mas ainda é pouco tempo, camarada.
Quanto a casar, boa idéia. Mas tudo tem sua hora. Até para poder fazer isso mais
rápido, melhore a si mesmo como candidato e o seu nível de preparação intelectual e
emocional.
Aproveite o amor entre vocês dois do jeito que a vida permite no momento e plante
sementes para aproveitá-lo melhor daqui a algum tempo.
Estou lendo o livro "Sem nunca jogar a toalha", a autobiografia de George Foreman,
duas vezes campeão mundial de boxe peso-pesado (Ed. Thomas Nelson). Numa parte do
livro, ele diz o seguinte:
"Jogue com as cartas que lhe vieram à mão".
Pegue o você atual e jogue com isso: melhore isso.
Igualmente, aproveite seu namoro com o que é possível agora. Ficar botando mais
pressão em geral não ajuda.
E nunca diga que só perde. Isso não é verdade: perde quem não tenta, não
aprende, não descobre onde precisa melhorar.
E, lamento informar: prepare-se para - ainda - uma boa jornada de preparação.
Provavelmente, ainda vai levar algum tempo.
Esteja preparado e não desista. Você só não pode ser reprovado na última vez que
tentar.
Estarei orando por você. Faça sua parte. Jogue o jogo, prepare-se, melhore, ajuste-
se... e espere os resultados.
Com abraço fraterno,
William Douglas
Olá, meus camaradas concurseiros,
Estava pensando qual o assunto escolher, dentre os inúmeros temas, para
nossa "conversa" de hoje. Sem saber qual a melhor escolha, fui surpreendido com
mais uma dentre as inúmeras mensagens que recebo, vinda de um colega de nome
Gilberto. Ei-la:
"Minha motivação me fez ser nomeado"
Olá, todos meus amigos concurseiros. Vou tentar ser breve. (Rs)Estudo para
concursos desde 2003. Já fiz mais de 12 concursos. Nos primeiros, não fui nem aprovado.
Depois comecei a ser aprovado longe das vagas, até que, de uns dois anos pra cá,
comecei a ficar como excedente perto das vagas, mas nunca dentro das vagas.
Em janeiro de 2006 comprei o livro Como passar em provas e concursos. Li e tentei
adotar as técnicas de estudo. Vi que minha motivação para passar estava errada ("raiva"
do meu chefe e do meu antigo emprego). Em março teve a prova do concurso do DNIT -
Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes: Seria o primeiro concurso após
ler o livro, após adotar as técnicas de estudo apresentadas. Além disso, adotei uma
motivação positiva: a prova seria na data de aniversário da minha noiva. Seria um ótimo
presente de aniversário para ela eu passarmos nesse concurso.
Estudava seis horas por dia (três pela manhã, três pela noite). Fiz resumos, mapas
mentais. No dia da prova, estava muito nervoso: consegui responder bem as questões
objetivas, mas fiz uma redação pífia. No dia do resultado da prova objetiva, pela primeira
vez fiquei dentro do número de vagas, mas depois com a redação caí 98 posições, ficando
fora até da homologação. Nunca chorei tanto como naqueles dias.
Continuei estudando para outros concursos. Em agosto de 2006 fui demitido do
antigo emprego, o que aumentou a pressão para passar em algum concurso. Já tinha
perdido as esperanças naquele concurso do DNIT, quando vi que o Ministério do
Planejamento autorizou chamar mais 50% dos aprovados.
Mesmo com a autorização, fiquei a 2 pessoas de ser chamado.
O número de desistências do órgão era enorme, o que acarretou uma nova
homologação no Diário Oficial. Então hoje, dia 12 de junho de 2007, minha noiva ganhou o
presente de aniversário, 1 ano e 3 meses atrasado: Minha nomeação no Diário Oficial da
União.
Obrigado Dr. William Douglas, pelo livro, pelas dicas, pelo apoio e por mostrar que
"eu posso, se acredito que posso!".
Legal, não?
Minha resposta:
Gilberto,
Obrigado por contar, tenho certeza q vai mostrar - mais uma vez - aos membros da
comunidade concurseira, q todos podemos realizar esse sonho/projeto/meta de passar em
um concurso.
Fico feliz por vc, cara, muito.
E obrigado por compartilhar comigo seu sucesso.
Agora, bro, seja feliz, ok?
Q vc aproveite sua vida, vc merece.
Q Deus possa ter vc debaixo de Suas mãos seguras e amorosas.
Q vc use suas vitórias para encontrar os melhores caminhos e transformar seus dias
em dias ensolarados.
Que você aprenda a lidar com os dias de chuva.
Que possa caminhar mais entre flores do que entre pedras.
Mas que aprenda a lidar tanto com estas quanto com aquelas.
E, claro, q você seja um bom servidor.
Que honre o cargo.
Que vc participe da revolução. Que seja parte dela.
Porque a revolução vive de cada metro quadrado de Funcionalismo... e é urgente.
A revolução virá."
A revolução? O que é a revolução?
Falarei em breve sobre ela no site www.revolucao.info
Mas, por ora, parabéns ao Gilberto.
E a vc, que será Gilberto amanhã.
Em viagem recente, tive a oportunidade de visitar o Vale dos Vinhedos, no Rio
Grande do Sul, e aprender um pouco mais sobre o vinho. Como se sabe, o país tem se
notabilizado por um grande progresso na qualidade de seu vinho.
Para aperfeiçoar a qualidade de nosso vinho, uma das providências foi diminuir a
produção de uva por hectare. Antes, produzia-se de 20 a 25 mil quilos por hectare, e, para
se ter um bom vinho, reduziu-se a produção para a faixa de 10 a 13 mil quilos de uva por
hectare. A iniciativa funcionou: o vinho ficou melhor.
Para diminuir a produção de uva, os viticultores cortam parte dos cachos em
formação. Em média, de cada três cachos dois são cortados. E o corte se justifica, pois os
nutrientes e a força da parreira precisam ser direcionados. Se a parreira tiver que dividir
seus nutrientes para três cachos, a uva fica menos doce, mais fraca, com menos
qualidade. Além disso, quando os cachos ficam juntos, diminui a incidência de luz solar
sobre eles e... eles ficam mais fracos. Para que haja mais luz, chega-se a cortar as folhas
que ficam perto dos cachos.
Depois de muitos e muitos concursos, com várias reprovações e, depois, vários
primeiros lugares, comecei a me lembrar do assunto, enquanto o técnico em viticultura e
enologia, Stevan Arcari, funcionário da Casa Valduga, explanava o tema. Era a manhã de
um belo feriado e eu caminhava com ele pelos vinhedos.
A administração do tempo do concursando é como fazer a uva e o vinho ficarem
melhores. Se você quiser uma boa qualidade de estudo, e sucesso na produção do vinho,
quer dizer, na sua produção nas provas, vai precisar fazer uns cortes. Ao cortar as
atividades supérfluas (os cachos extras...) e ao organizar bem as atividades
indispensáveis, você estará direcionando os "nutrientes" de que seu estudo precisa para
dar certo. Você vai precisar cortar algumas folhas para que o "sol" do tempo e da
concentração ilumine seus livros, sua mente e sua aprendizagem. Aparentemente, você
estará perdendo produção, fazendo menos, mas será como o vinhedo que abaixa de 25
para 10 toneladas de uvas por hectare: as uvas que surgem são melhores.
Anos atrás, o vinho brasileiro era discriminado e "reprovado"; depois que os
produtores tiveram coragem de melhorar a qualidade e fazer os cortes recomendados,
nosso vinho passou a ganhar prêmios e medalhas no exterior. O Merlot Premium 99, da
Valduga, ganhou nove medalhas! E você ganhará as suas, seus justos prêmios e
aprovações, nomeações e cargos, a partir do tempo em que se organizar. Claro que, até
colher as uvas, leva algum tempo, mas - como se sabe - concurso público não é para
passar, mas até passar.
Outro dado relevante é que o vinho brasileiro é apontado com um dos melhores do
mundo para evitar problemas cardíacos. A dose recomendada pela Organização Mundial
da Saúde - OMS para que o consumo de vinho faça bem ao corpo é a de
aproximadamente 300 ml por dia. Nessa dose, ele ajuda até mesmo ao fígado. Por outro
lado, o consumo excessivo é causa de cirrose e de outros problemas de saúde, de grande
parte das internações hospitalares, dos acidentes de trânsito e de uma série de tragédias,
como perda de carreiras pelo alcoolismo, problemas familiares, separações e divórcios.
Como se sabe, a única diferença entre o veneno e o remédio é a dose. O consumo de
vinho na dose correta contribui para sua saúde; em excesso, pode se transformar em vício
e causar tragédias. É preciso responsabilidade, pois.
E a administração do seu tempo demanda o mesmo cuidado. É preciso esforço para
alcançar sua aprovação, o vencimento certo, o status, a aposentadoria, a bela carreira
pública, a chance de fazer diferença no país. Mas este esforço tem que respeitar limites
para que o remédio não envenene sua qualidade de vida. Não adianta estudar tanto que
você não agüente o longo e trabalhoso processo de preparação.
Há atividades que não podem ser esquecidas: o sono na medida certa, alguma
atividade física, algum lazer e o tempo para você aproveitar seu parceiro amoroso e sua
família. Tentar eliminar estas atividades é contraproducente. Outro cuidado é separar
algum tempo para sua relação com Deus. Algum tempo para ajudar o próximo e, em
especial, pelo menos cinco minutos por dia, quando você pára, respira, não pensa em
nada senão em como você está, onde quer chegar, onde pode acertar, onde errou e pode
melhorar. Uma das inteligências é saber lidar com seu próprio eu, é conseguir ficar
sozinho e se sentir bem. Claro que você pode usar estes cinco minutos para ouvir uma
música e relaxar. O importante é que são só cinco minutos, mas cinco minutos que vão
fazer seu organismo, sua mente e a qualidade de sua vida melhorar.
O candidato mais produtivo não é o que estuda mais, mas sim o que estuda melhor.
Com um pouco de esforço, você poderá organizar sua vida, mas mantendo um mínimo de
sanidade e equilíbrio. Um candidato que faz isso rende mais no estudo e não "surta" nem
desiste no meio do caminho.
Outro dado sobre vinho. Perguntei ao técnico, que em breve se formará em nível
superior em viticultura e enologia, se era realmente verdade que nosso vinho é melhor
para o coração do que os vinhos estrangeiros. Seria só marketing ou o que o Brasil tem é
de fato melhor?
A resposta foi espetacular. As substâncias que ajudam o coração e diminuem o
risco de enfartes são os polifenóis; dentro dos polifenóis, há o grupo dos estilbenos (o mais
famoso dos estilbenos é o resveratrol). Os estilbenos são absorvidos pela corrente
sanguínea e transformam o LDL (colesterol ruim) em HDL (colesterol bom). Este tipo de
polifenol é a principal defesa natural que a uva cria para proteger-se dos fungos. E, como o
Brasil tem um sério problema de fungos, nossa uva tem mais estilbenos que as uvas e os
vinhos produzidos na maioria das outras regiões vitivinícolas do mundo. Dessa forma, o
fungo, que é um drama para o viticultor, torna nosso vinho mais especial. Se o produtor
brasileiro conseguir fazer o fungo não destruir a produção de seu vinhedo, a uva bem
cuidada que sair do vinhedo será a melhor para a saúde do que aquelas uvazinhas
plantadas em lugares sem tantos transtornos e dificuldades.
Mais uma vez o concurso. As dificuldades por que você está passando, hoje, podem
ser comparadas aos fungos: vão dar um trabalho extraordinário, vão exigir esforço, fé,
persistência, garra. Em compensação, você terá no sangue o equivalente emocional aos
polifenóis das uvas. As dificuldades que não o vencerem vão transformá-lo em alguém
mais forte, mas experiente, mais capacitado. Quando você chegar ao seu grau de
maturidade para passar nas provas, verá que parte do candidato mais sério, organizado e
preparado em que se transformou é fruto das dificuldades que exigiram sua melhora.
Esse breve texto é um estímulo para você continuar se esforçando. Organize bem
seu tempo, de modo que haja "nutrientes" para alimentar seu projeto de carreira; saiba
dosar seu tempo para que as coisas funcionem como remédio, e não como veneno, e, por
fim, lembre-se de que as dificuldades apenas estão moldando um vinho, digo, um
candidato mais forte e especial.
Quando passar, além de me mandar um e-mail
([email protected]), para que eu me alegre com, junto e por você,
sugiro uma semana de descanso em Bento Gonçalves - RS.
Merecidamente.
William Douglas, é Juiz Federal, mestre em Direito, professor universitário e
especialista em concursos públicos.
1. INTRODUÇÃO
As condições de um mercado de trabalho cada vez mais restrito têm indicado os
concursos públicos como uma das melhores opções para a rápida obtenção de
estabilidade, status e boa remuneração. O perfil dos acadêmicos das Faculdades de
Direito tem se modificado, e a intenção de realizar concursos é a marca predominante no
alunado, opção que também é manifestada entre profissionais liberais e empregados do
setor privado.
Em conseqüência desse fenômeno, os cursos preparatórios e as listas de inscritos
em concursos estão, a cada dia, mais abarrotados. Não obstante, os índices de aprovação
continuam em patamares incrivelmente baixos, próximos de 1 a 2%. Mesmo os Exames de
Ordem indicam o baixíssimo nível de formação dos bacharéis. Os chefes de Instituições
reclamam incessantemente que não conseguem preencher as vagas por falta de
candidatos habilitados em suficiente número. Assim, paradoxalmente, aumentam os
candidatos e diminui ainda mais o número de aprovados. Por mais que se esforcem,
faculdades e cursos preparatórios têm tido pouco êxito. Mas, qual a razão dessa
carnificina ou, quando menos, como inverter esse lamentável quadro?
O desempenho dos candidatos nos concursos públicos serve como inquestionável
demonstração da baixa qualidade do ensino jurídico. Causas e soluções para tais
deficiências vêm sendo tema de debate entre os profissionais da área e professores,
desde longa data, indicando a necessidade de alguma mudança radical. Os remédios até
agora utilizados não têm se mostrado eficazes contra o mal diagnosticado. As recentes
modificações normativas na educação brasileira e no ensino do Direito indicam a tentativa
de busca por soluções para estes dilemas, embora as tenhamos por ainda tímidas.
2. RACIOCÍNIO OU REPETIÇÃO
Temos para nós que uma das principais falhas do sistema está na forma de ensino
do Direito, voltado quase que exclusivamente para a estéril análise de leis e códigos, sem
sequer haver preocupação com a formação da capacidade de raciocínio jurídico e de
espírito crítico nos alunos. O acadêmico, ao invés de aprender a interpretar as leis, decora
a interpretação da norma vigente. Quando uma lei é revogada, o acadêmico é incapaz de
interpretar a norma que a substitui. Isso ainda fica mais patente hoje, pelo país ter o
sistema jurídico de maior mutabilidade que se tem notícia. Atualmente, existe o direito
consuetudinário, o civil law e o direito brasileiro, onde as Medidas Provisórias são mais
rápidas que os costumes, que a lei, a jurisprudência ou qualquer outra coisa que se move.
Por muito tempo e ainda em muitos lugares, todo o sistema de ensino (jurídico e
não jurídico) nada mais é do que meter um monte de informações na cabeça de alguém, e
exigir que este alguém seja capaz de repetir uma porcentagem disso, na hora da prova. O
ensino terminou sendo atividade de informar, e não de formar pessoas. Educar deixou de
ser paixão, alegria, força, intensidade, curiosidade e crescimento, para ser uma mera
atividade de repetição, estéril e sem graça. Fazem dos alunos roscas, parafusos e
roldanas, como peças nas fábricas da era da industrialização. Felizmente, aos poucos, vai
se redescobrindo o estudo como algo agradável, criativo, inovador. Apenas assim formam-
se pessoas e preparam-nas para a vida real, para o século XXI, para uma vida realmente
produtiva.
3. O SUBAPROVEITAMENTO DO CÉREBRO
Mais grave do que a insana opção pelo automatismo intelectual, temos como causa
principal do sofrível desempenho dos nossos alunos o fato de não saberem eles aproveitar
o seu estupendo potencial intelectual. Nossos alunos, em geral, e com honrosas, mas
poucas exceções, não sabem ler com eficiência, não sabem estudar, não possuem
suficiente capacidade de expressão escrita e verbal, em suma, subaproveitam sua quase
ilimitada capacidade cognitiva. Não estou falando apenas de matérias como Metodologia
do Ensino e da Pesquisa, sede onde muito poderia se aprender, mas que permanece
desprezada, tanto pelas instituições quanto pelos alunos. É preciso aprender a aprender.
A verdade é que alguns professores e a maioria absoluta dos alunos não dá
importância a assuntos basilares, tais como as técnicas de aprendizagem e o
funcionamento do cérebro, da memória, da inteligência etc. Em geral, os alunos
desprezam pontos da matéria, como a introdução e os princípios e conceitos
fundamentais, pois querem "ir direto para o assunto", não querendo "perder tempo" com
estas partes, que para eles são de somenos importância. Eles estão viciados em não
pensar, a se satisfazerem com um produto final e acabado, sem que possam ou saibam
julgá-lo.
Este comportamento repete a prática mais que comezinha de as pessoas não lerem
os manuais de instrução dos eletrodomésticos que adquirem. Apesar de, lá uma vez ou
outra, alguém fundir um aparelho, via de regra, consegue-se usar um liqüidificador ou
videocassete sem a leitura do manual. Nesses casos, o subaproveitamento da máquina,
que decorre da falta de conhecimento de seu modus operandi, permanece em limites
toleráveis. Todavia, quanto mais complexo o equipamento, maior a necessidade de,
mesmo com algum trabalho, estudar-se o manual, ver como a máquina funciona, sua
potencialidade, funções etc. Se isto não ocorrer, o subaproveitamento será considerável.
Como o cérebro é muito mais sofisticado que o mais avançado dos computadores, é
preciso "ler o manual", sob pena de estarmos condenados a subaproveitá-lo. Os índices
de aprovação dos bacharéis em concursos públicos mostram que o uso do cérebro e da
inteligência sem a "leitura do manual" está sendo insuficiente.
4. QUANTIDADE X QUALIDADE DO ESTUDO
Outro ponto a ser considerado é que, como tudo na vida, importa mais a qualidade
do que a quantidade. Há quem estude 12 horas por dia e seu resultado prático seja inferior
ao de outro que estuda apenas uma hora por dia. Por quê? Por causa de inúmeros fatores,
como a concentração, a metodologia e o ambiente de estudo. Mesmo assim, os
estudantes e candidatos se preocupam apenas com "quantas horas" ele ou o colega
estudam por dia, e quase não se vê a preocupação com o "como" se estuda.
5. OTIMIZAÇÃO DE ESTUDO
Como um dos caminhos para solucionar o fraco desempenho de nossos alunos,
entendemos que deva ser dada atenção ao processo de aprendizagem da aprendizagem,
aquilo que chamamos de Otimização de Estudo. Otimização, como já diz Aurélio, "é o
processo pelo qual se determina o valor ótimo de uma grandeza, é o ato ou efeito de
otimizar ". Assim, é tornar algo ótimo, é buscar o que é excelente, o melhor possível, "o
grau, quantidade ou estado que se considera o mais favorável, em relação a um
determinado critério". Através da otimização é possível estudar uma mesma quantidade de
horas, obtendo-se um considerável ganho em agregação de novos conhecimentos,
decorrente do acréscimo de qualidade. Em suma, o aperfeiçoamento da capacidade de
aprendizagem resulta em maior produtividade, exatamente o que tem faltado aos nossos
alunos e candidatos.
6. ACRÉSCIMOS DE INTELIGÊNCIA E DESEMPENHO
Somos educados a pensar que a inteligência e a beleza são dádivas da vida, às
quais já recebemos prontas e acabadas, estando condenados a passar o resto da vida
com a quantidade de uma ou de outra que foi por nós recebida. É óbvio que aquele que do
destino já recebeu beleza e/ou inteligência prontas é um afortunado, com muito mais
facilidade e conforto. Para quem não nasceu genial ou lindo, porém, resta apenas a
resignação?
As academias de ginástica, clínicas de beleza e os cirurgiões plásticos já há tempos
vêm provando que a beleza pode ser obtida com esforço pessoal e tecnologia. No que
tange à inteligência, aos poucos vai se firmando não só o seu melhor conceito, mas
também, e felizmente, o fato de que ela pode ser aperfeiçoada. É óbvio que o gênio e o
espírito criativo nascem prontos, contudo, eles podem se aperfeiçoar. As pessoas que não
tiveram tal sina podem aprender técnicas que otimizem suas capacidades, muitas delas
aprendidas da observação dos gênios.
O fato é que é possível aprender a ser mais inteligente, bem como a desenvolver
espécies diferentes de inteligência. Os melhores conceitos de inteligência são aqueles que
a indicam como a capacidade de adaptar-se a novas situações, e como capacidade de
buscar a felicidade. Isto pode ser aprendido. Como já disse Charles Chaplin, precisamos
mais de humanidade do que de inteligência. A inteligência necessária para a felicidade
está à disposição de todos. Além do mais, não existem pessoas burras, existem pessoas
que ainda não tiveram a possibilidade de se educarem e de crescerem intelectualmente.
Isto, aliás, é tarefa moral da sociedade, do Estado e dos que já angariaram um certo grau
de inteligência.
7. CONCLUSÃO
Entendemos, assim, ser necessário um esforço, no sentido de desenvolver as
inteligências, a capacidade de aprendizagem e o inesgotável potencial do cérebro
humano. Se isto não for feito, nossos alunos continuarão condenados a níveis
insatisfatórios de desempenho. Lidamos, hoje, com grande quantidade de esforço
desperdiçado, baixa produtividade no processo de ensino e aprendizagem e frustração
inteiramente desnecessárias. Antes de ensinar ao aluno a matéria em si ("o inimigo"),
devemos ensiná-lo a conhecer a si próprio e a dominar sua espetacular capacidade de
crescimento humano e cognitivo. Isso foi dito já há 2.500 anos, por Sun Tzu, excepcional
general chinês, na obra "A Arte da Guerra ":
"Se conhecermos o inimigo e a nós mesmos, não precisamos temer o resultado de
uma centena de combates. Se nos conhecemos, mas não ao inimigo, para cada vitória
sofreremos uma derrota. Se não nos conhecemos nem ao inimigo, sucumbiremos em
todas as batalhas."
1ª Dica: Dicas para obter Motivação
MOTIVAÇÃO
A primeira atitude de que alguém precisa para passar em concursos é a motivação.
Uma pessoa motivada é mais feliz e produtiva. Motivação é a disposição para agir,
podendo ser entendida simplesmente como "motivo para a ação" ou "motivos para agir".
Você precisa de motivação. Ela é quem nos anima e ela é quem nos faz "segurar a
barra" nas horas mais difíceis e recomeçar quando algo dá errado. Porém... isto você já
sabe. O que todo mundo quer saber é:
Como conseguir motivação?
A motivação é pessoal: só você pode dizer o que lhe dá ânimo para trabalhar,
prosseguir, crescer. As outras pessoas podem ajudar na motivação, mas não nos dá-la de
presente.
A primeira motivação é você cuidar bem de si mesmo, ser feliz. Costumo dizer que
você vai passar o resto da vida "consigo", que pode se livrar de quem quiser, de qualquer
coisa, menos de você mesmo. Por isso, deve cuidar bem de sua mente, corpo e projetos,
sonhos, futuro.
Mas existem outras motivações.
Deus Deus pode ser uma fonte de ânimo e consolo, de força para viver e
prosseguir. Além disto, se você for uma pessoa com sucesso profissional e capaz, poderá
servir mais ao trabalho para sua divindade.
Família Ajudar a família, ter dinheiro e tempo para o parceiro amoroso, filhos, pais,
irmãos, é uma das mais fortes injeções de disposição para o estudo e o trabalho.
Riqueza Existem muitas formas de riqueza, sendo o dinheiro a menor delas. Paz,
saúde, equilíbrio, família, sucesso, fama, ser benquisto e admirado, tudo isto são formas
de riqueza, que podem ser escolhidas por você e servirem como estímulo.
Dinheiro O dinheiro nunca deve ser o motivo principal de uma escolha, mas é
perfeitamente lícito e digno a pessoa querer ganhar dinheiro. Basta que seja dinheiro
honesto. O dinheiro serve para comprar muitas coisas úteis e prazerosas. Assim, se você
quer estudar para ter mais dinheiro para gastar, tudo bem, é um bom motivo.
Tempo Quanto melhor você estudar e quanto mais resultado tiver, mais tempo você
terá para fazer outras coisas. E as fará com mais tranqüilidade e segurança.
Resolver problemas Conheço amigos para os quais o concurso serviu para
resolver problemas. Um deles, o Professor Carlos André Tamez, do Curso Aprovação,
estudou para ser Auditor da Receita, pois morava no Rio de Janeiro e sua amada, em
Curitiba. O concurso serviu para ele poder trabalhar na cidade que desejava. E conheço
uma amiga para quem o concurso serviu para poder se separar sem depender de pensão
do ex-marido. Para outro, o concurso foi a fonte de dinheiro para montar seu consultório
dentário.
Segurança O estudo e o concurso trazem segurança, seja a de ter alternativas, seja
a de ter emprego, dinheiro, aposentadoria etc. São bons motivos.
Motivação é tarefa de todos os dias!
Entenda que todo projeto de longo prazo terá momentos de grande ânimo,
momentos normais e momentos de desânimo, e vontade de desistir. Sabendo disso de
antemão, procure se preparar para os dias de baixa: eles virão e você vai precisar
aprender a lidar com eles.
A motivação deve ser trabalhada diariamente. Todos os dias você pode e deve
lembrar dos motivos que o estão fazendo estudar, ter planos, persistir.A motivação deve
ser redobrada nos momentos de crise, de desânimo e cansaço. Em geral, ela vai segurá-
lo. Algumas vezes, você vai "surtar", ter uma crise e parar um tempo. Tudo bem, tenha a
crise, faça o que quiser, mas volte a estudar o mais rápido possível. De preferência,
recomece no dia seguinte.
Dicas de motivação
1) Você pode criar técnicas para se animar. Eu usava uma xerox do contraqueche
(hollerith) de um amigo que já tinha sido aprovado. Quando eu começava a querer parar
de estudar antes da hora, olhava o contracheque que eu queria para mim e conseguia
continuar estudando mais um tempo. Conheço gente que tem a foto de um carro, de uma
casa, uma nota de 100 dólares, a foto de onde quer passar as férias de seus sonhos. E
tem gente com foto da esposa, do marido, dos filhos.
2) Outra dica importante: esteja perto de pessoas com alto astral, animadas,
otimistas, e de pessoas com objetivos semelhantes. Evite muito contato com pessoas que
não estejam trabalhando por seus sonhos, que vivam reclamando de tudo, que não
queiram nada. Escolha as pessoas com as quais você estará em contato e sintonizado. O
canarinho aprende a cantar, ouvindo outro canário. E canários juntos cantam melhor.
Esteja perto de quem cante ou goste de cantar.
Motivação: dor ou prazer. O ser humano age basicamente por duas motivações
primárias: obtenção de prazer ou fuga da dor. Quando alguém deixa de saborear uma
apetitosa sobremesa, pode estar querendo evitar a dor de engordar; quando a saboreia,
está buscando o prazer do paladar. Há pessoas que estudam para evitar dor (nota baixa,
reprovação, fracasso) e pessoas que estudam para obter prazer (aprender, saber, acertar,
crescer, ter sucesso na prova etc.). Embora o objetivo seja o mesmo (estudar), a
motivação pode ser completamente diferente. Acontece que, comprovado em 23 anos de
estudo e experiência, mesmo com um objetivo idêntico (por exemplo, passar no vestibular
ou concurso público), o desempenho de quem tem motivação positiva (buscar prazer) é
bastante superior ao daquele que atua por motivação negativa (evitar dor).
2ª Dica: A eterna competição entre o lazer e o estudo
Todo mundo já se pegou estudando sem a menor concentração pensando nos
momentos de lazer, e todo mundo já deixou de aproveitar as horas de descanso por causa
de um sentimento de culpa, remorso mesmo, porque deveria estar estudando.
Esta inversão de fazer uma coisa e pensar em outra causa desconcentração, stress
e perda de rendimento no estudo ou trabalho. Além da perda de prazer nas horas de
descanso.
Em diversas pesquisas que realizei durante palestras e seminários pelo país,
contatei que os três problemas mais comuns de quem quer vencer na vida são estes:
medo do insucesso (gerando ansiedade, insegurança),
falta de tempo e
a "competição" entre o estudo ou trabalho e a praia, cinema, namoro, etc.
E então, você já teve estes problemas?
Todo mundo sabe que para vencer e estar preparado para o dia-a-dia é preciso
muito conhecimento, estudo e dedicação, mas como conciliar o tempo com as preciosas
horas de lazer ou descanso?
Este e outros problemas atormentavam-me quando eu era estudante de Direito e
depois quando passei a preparação para concursos públicos. Não é à toa que fui
reprovado em 5 concursos diferentes!
Outros problemas? Falta de dinheiro, dificuldade dos concursos (que pagam
salários de até R$ 12.000,00/mês, com status e estabilidade, gerando enorme
concorrência), problemas de cobrança dos familiares, memória, concentração etc.
Contudo, depois de aprender a estudar, acabei sendo 1º colocado em outros 7
concursos, entre os quais os de Juiz de Direito, Defensor Público e Delegado de Polícia.
Isso prova que passar em concurso não é impossível e que quem é reprovado pode "dar a
volta por cima".
Dá para, com um pouco de organização, disciplina e força de vontade, conciliar um
estudo eficiente com uma vida onde haja espaço para lazer, diversão e pouco ou nenhum
stress. A qualidade de vida associada às técnicas de estudo são muito mais produtivas do
que a tradicional imagem da pessoa trancafiada estudando 14 horas por dia.
O sucesso no estudo e em provas (escritas, concursos, entrevistas, etc.) depende
basicamente de três aspectos, em geral desprezados por quem está querendo passar
numa prova ou conseguir um emprego:
1º) Clara definição dos objetivos e técnicas de planejamento e organização;
2º) Técnicas para aumentar o rendimento do estudo, do cérebro e da memória;
3º) Técnicas específicas sobre como fazer provas e entrevistas, abordando dicas e
macetes que a experiência fornece mas que podem ser aprendidos.
O conjunto destas técnicas resulta em um aprendizado melhor e mais sucesso em
provas escritas e orais (inclusive entrevistas).
Aos poucos, pretendemos ir abordando estes assuntos, mas já podemos anotar
aqui alguns cuidados e providências que irão aumentar seu desempenho.Para melhorar a
"briga" entre estudo e lazer , sugiro que você aprenda a administrar seu tempo. Para isto,
como já disse, basta um pouco de disciplina e organização.
O primeiro passo é fazer o tradicional quadro horário, colocando nele todas as
tarefas a serem realizadas. Ao invés de servir como uma "prisão", este procedimento
facilitará as coisas para você. Pra começar, porque vai levá-lo a escolher as coisas que
quer dar mais tempo e a estabelecer suas prioridades. Experimente. Em pouco tempo
você vai ver que isto funciona.Também é recomendável que você separe tempo suficiente
para dormir, fazer algum exercício físico e dar atenção à família ou namoro. Sem isso, o
stress será uma mera questão de tempo. Por incrível que pareça, o fato é que com uma
vida equilibrada o seu rendimento final no estudo aumenta.Outra dica simples é a
seguinte: depois de escolher quantas horas você vai gastar com cada tarefa ou atividade,
evite pensar em uma enquanto está realizando a outra. Quando o cérebro mandar
"mensagens" sobre outras tarefas, é só lembrar que cada uma tem seu tempo definido.
Isto aumentará a concentração no estudo, o rendimento, e o prazer e relaxamento das
horas de lazer.
Aprender a separar o tempo é um excelente meio de diminuir o stress e aumentar o
rendimento, em tudo.
3ª DICA: Dez dicas importantes para fazer uma prova (concurso público)
A primeira coisa que se precisa em uma prova é calma, tranqüilidade. Se você
começar a ficar nervoso, sente-se e simplesmente respire. Respire calma e
tranqüilamente, sentindo o ar, sentindo sua própria respiração.
Após uns poucos minutos verá que respirar é um ótimo calmante. Procure manter-
se em estado alfa, ou seja, combine calma e atenção.
Comece a ver a prova como algo agradável, como uma oportunidade, visualize-se
calmo e tranqüilo. Lembre-se que "treino é treino e jogo é jogo" e que os jogadores gostam
mesmo é de jogar: a prova é a oportunidade de jogar pra valer, de ir para o campeonato.
Fazer provas é bom, é gostoso, é uma oportunidade. Conscientize-se disso e
enquanto a maioria estiver tensa e preocupada, você estará feliz e satisfeito. Um dos
motivos pelos quais eu sempre rendi bem em provas é porque considero fazer provas algo
agradável. Imagine só, às vezes a gente vai para uma prova desempregado e sai dela com
um excelente cargo! Mesmo quando não passamos, a prova nos dá experiência para a
próxima vez. Comece a ver, sentir e ouvir "fazer prova" como algo positivo, como uma
ocasião em que podemos estar tranqüilos, calmos e onde podemos render bem.
Ao fazer uma prova, nunca perca de vista o objetivo: passar. O objetivo não é ser o
primeiro colocado (o que é uma grande ilusão, já que ser o primeiro traz mais problemas
do que vantagens). Também não é mostrar que é o bom, o melhor, o "sabe-tudo". O
objetivo é acertar as questões, tentar fazer o máximo de pontos mas ficar feliz se acertar o
mínimo para passar.
Só isso.
A simplicidade e a objetividade são indispensáveis na prova, ladeadas com o
equilíbrio emocional e o controle do tempo. Para passar lembre-se que você precisa
responder aquilo que foi perguntado. Leia com atenção as orientações ao candidato e o
enunciado de cada questão.
Em provas objetivas, seja metódico ao responder. Em provas dissertativas, seja
objetivo e mostre seus conhecimentos. Por mais simples que seja a questão, responda-a
fundamentadamente. No início e no final seja objetivo; no desenvolvimento (no miolo),
procure demonstrar seus conhecimentos. Nessa parte, anote tudo o que você se recordar
sobre o assunto e estabeleça relações com outros. Sem se perder, defina rapidamente
conceitos e classificações. Se souber, dê exemplos. Aja com segurança: se não tiver
certeza a respeito de um comentário, adendo ou exemplo, evite-o. "Florear" a resposta
sem ter certeza do que está escrevendo não vale a pena. Isso só compensa se tratar-se
do ponto central da pergunta, do cerne da questão. Nesse caso, se o erro não for
descontado dos acertos, arrisque a resposta que lhe parecer melhor.
Utilize linguagem técnica. A linguagem de prova é formal, de modo que não se deixe
enganar pela coloquial. Substitua termos, se preciso. Ex.: "Eu acho", "Eu entendo",
"Entendo que".
Correção lingüística. Tão ruim quanto uma letra ilegível ou uma voz inaudível é a
letra bonita ou a voz tonitruante com erros de português. O estudo da língua nunca é
desperdício e deve ser valorizado. Além disso, a leitura constante aumenta a correção da
exposição escrita ou falada.
Evitar vaidades ou "invenções". Muitos querem responder o que preferem, do jeito
que preferem. Em provas e concursos temos que atentar para a simplicidade e para o
modo de entender dominante e/ou do examinador. Aquela nossa tese e opinião inovadora,
devemos guardá-la para a ocasião própria, que certamente não é a do concurso.
Tenha sempre humildade intelectual. Não queira parecer mais inteligente que o
examinador ou criticá-lo. Não se considere infalível, sempre prestando atenção mesmo a
questões fáceis ou aparentemente simples. Nunca despreze uma opinião diversa.
"Teoria do consumidor". Além desses cuidados, temos que ter um extra com alguns
examinadores. Lembre-se que todo professor, quando aplica uma prova é, na prática, um
examinador. A grande maioria dos examinadores aceita que o candidato tenha uma
opinião divergente da sua. Há, contudo, alguns mestres e bancas um tanto mais
inflexíveis, casos em que será exigido do candidato uma dose de fluidez, docilidade,
suavidade e brandura.
Junte-se a isso o ensino daqueles que sabem atender ao consumidor: o importante
é satisfazer o cliente, o cliente tem sempre razão, o atendimento é tão importante quanto o
produto.
Esta técnica ensina que o candidato deve ser prudente e pragmático.
Pragmatismo, anote-se, é a "doutrina segundo a qual a verdade de uma proposição
consiste no fato de que ela seja útil, tenha alguma espécie de êxito ou de satisfação".
O candidato precisa ter fluidez e maleabilidade suficientes para moldar-se à
eventual inflexibilidade do examinador.
Se o seu professor só considera correta uma posição, devemos ter cuidado ao
responder pois a prova não é a ocasião mais adequada para um enfrentamento de idéias,
até porque ele é quem dá a nota, havendo uma grande desigualdade de forças. Existem
os momentos adequados para firmar nossas opiniões e pontos de vista e isso é
absolutamente indispensável, desde que na hora certa.
Letra legível, palavras audíveis. Se o examinador não consegue decifrar sua
caligrafia nem ouvir sua voz, isso irá prejudicar a quem? Quem tem o maior interesse em
ser lido, ouvido e entendido? Será que todos os examinadores, profissionais ocupados e
atarefados, diante de centenas ou de milhares de provas para corrigir, terão tempo e
compreensão diante de uma letra ilegível? Na hora da prova faça letra bonita, de
preferência redondinha (ou, no mínimo, em caixa alta), a fim de que ela fique legível.
Treine sua oratória para saber falar razoavelmente.
4ª DICA: Fazendo Provas
A realização de provas exige cuidados específicos para cada momento, que serão
objeto de nossa atenção a partir de agora. Cada fase da preparação ou da prova tem suas
técnicas. Não se assuste, achando que são muitas: como a técnica ajuda, quanto mais
técnicas melhor.
A técnica da prática: aprenda a fazer, fazendo.
Aconselho o leitor a treinar o mais que puder a realização de provas. A experiência
constitui um excelente trunfo na hora de um campeonato ou de um concurso.
Estes anos correndo o país me mostraram que pouca gente treina fazer provas. E
esta é a grande dica: faça provas. Os cursos que mais aprovam são os que levam seus
alunos a treinarem fazer provas, os candidatos que passam são os que treinaram fazer
provas.
Para fazer provas, existem duas maneiras: simulados e provas reais. O ideal é que
o candidato faça as duas, ou seja, que treine fazer provas e questões e que se inscreva
em concursos para a área que deseja.Para os simulados, recomendo a você resolver
questões e provas da matéria que estudou, como forma de fixar o conteúdo,
periodicamente, fazer um concurso simulado, reprisando o tempo real da prova, o uso
apenas do material permitido e, claro, utilizando provas de concursos anteriores. Outra
dica boa é fazer os simulados filantrópicos cada vez mais comuns nos cursos
preparatórios.
Falemos mais um pouco sobre este importante item.
VÁ FAZER AS PROVAS. Há pessoas que deixam de fazer uma prova por não se
considerarem "preparadas" e deixam de adquirir experiência e até mesmo, algumas vezes,
ser aprovadas. Mesmo que ainda esteja começando a se preparar, vá fazer as provas. Se
for para alguém dizer que você ainda precisa estudar mais um pouco antes da aprovação,
deixe que a banca examinadora o faça. Quem sabe o dia da prova não é o seu dia?
Asseguro que, pelo menos, você irá adquirir experiência, ver como está o seu nível, como
é estar "no meio do jogo" etc. Ao chegar em casa, procure nos livros as respostas: a
fixação daquilo que você pesquisar nessa ocasião é sempre muito alta. Analise o gabarito
e, se for possível, participe da vista de prova. Se o resultado for abaixo de sua expectativa,
não desanime: apenas continue estudando e agregando conhecimentos. A coisa funciona
assim mesmo: a gente normalmente "apanha" um pouco antes de começar a "bater".
TREINE EM CASA. Mesmo que você não tenha como fazer as provas, é possível
adquirir boa parte dessa experiência em casa, treinando. Reúna provas de concursos
anteriores ou comercializadas através de cadernos de testes e livros, separe o material de
consulta permitido pelo Edital, o número de questões, o tempo de prova, etc. E faça a
prova! Tente simular uma prova do modo mais próximo possível daquele que irá encontrar
no dia do concurso. Aproveite esses "simulados" para aprender a administrar o tempo de
prova. Se os cursos preparatórios oferecerem provões ou simulados, participe.
TREINOS ESPECIAIS. Depois de algum treino, passe a ficar resolvendo mais
questões por um tempo um pouco maior (p. ex., uma hora a mais) do que o que terá
disponível no dia da prova, o que serve para aumentar sua resistência.
Outro exercício é resolver questões em um tempo menor, aumentando a pressão.
Por exemplo, se a prova terá 4 horas para 50 questões de múltipla escolha, experimente
tentar responder esse número de questões em 3 horas ou 3 horas e meia. Em seguida,
responda a outras questões até completar o tempo de 4 horas. Se você está acostumado
a resolver questões com uma pressão maior do tempo e com uma longa duração (5 ou 6
horas, por exemplo), ficará mais à vontade em provas em condições menos severas.
Contudo, à medida em que a data do concurso for se aproximando, passe a realizar mais
provas simuladas em condições absolutamente iguais às que você irá enfrentar.
5ª DICA: Mudança de paradigma
Se você está acostumado a pensar numa prova apenas como aluno, aprenda a
mudar esse paradigma. Você também precisa ver a prova com os olhos do examinador.
Se um médico, um engenheiro, um advogado e um político virem uma ponte ruir e pessoas
se ferirem, é possível que haja quatro modos de avaliar o fato: um pensará em socorro
médico, outro em qual foi a falha na construção, outro em ações de indenização, e o último
em mais um ponto de sua plataforma eleitoral.
Enquanto você não aprender a ver a prova não como quem quer acertar (o aluno)
mas como quem quer ver se está certo (o examinador), as suas provas terão menos
qualidade.
Em duplas ou grupos, passe a fazer provas e trocá-las para a correção. Corrija-as
como se fosse o próprio examinador. Você aprenderá a ver a prova com outros olhos e
isto facilitará seu desempenho quando reassumir o papel de aluno. Treine para fazer
provas orais reparando a postura e respostas do colega como se você fosse da banca.
Humildade intelectual
Nunca despreze uma idéia nova ou uma opinião sem meditar e refletir.
Nunca despreze uma idéia por causa de sua fonte, por exemplo, por ser de alguém
que você não gosta, ou que é pobre, ou que é de outra raça, ou de outra religião, ou de
outro estado, ou de outro sexo, ou de outra qualquer coisa. Avalie as idéias pelo seu valor
e não pela sua origem ou roupagem.
Além disso, é preciso conhecer o que há, o que já existe, nem que seja para
sustentar uma tese inteiramente nova. Caso contrário, pode ocorrer aquela história onde
um ateu foi para o Clube dos Herejes e, na portaria, perguntaram-lhe se havia lido a Bíblia,
o Talmude, etc. O ateu disse que não leu nada porque era ateu, e o mandaram para o
Clube dos Ignorantes.
Resumos e cores
Ao estudar faça resumos, esquemas, gráficos, fluxogramas, anotações em árvore,
mencionados no item abaixo. Organize-se para periodicamente, ao estudar a matéria, reler
os resumos que tiver preparado. Uma boa ocasião é fazê-lo a cada vez que for começar a
estudar a matéria. Quando o número de resumos for muito grande, divida-os de forma a
que de vez em quando (semana a semana ou mês a mês) você dê uma "passada" por
eles. Essa revisão servirá para aumentar de modo extraordinário seu aprendizado e
memorização.
O uso de mais de uma cor em suas anotações é proveitosa, pois estimula mais a
atenção e o lado direito do cérebro. Alguns alunos gostam de correlacionar cores com
assuntos ou com referências. Por exemplo, o que está em vermelho são os assuntos mais
"quentes" para cair, o que está em azul são exceções, princípios na cor verde, e assim por
diante. Dessa forma, as cores também funcionam como uma espécie de ícone.
SQ3R
Morgan e Deese mencionam estudos feitos pela Universidade de Ohio nos quais se
identificou aquele que seria o melhor método de estudo: o SQ3R. Este eficiente método
pode ser utilizado isoladamente ou em combinação com outros, sendo referido por
praticamente todos os livros que tratam do assunto (metodologia, aprendizado, leitura
dinâmica, memorização, etc.).
Nesse sistema nós reaprenderemos a ler, agora não mais em um passo, mas em
cinco. Por demorarmos mais tempo para ler com o SQ3R, aparentemente estará havendo
"perda" de tempo. Mas isso é só aparência. Embora se leve um pouco mais de tempo, o
ganho de fixação é tão superior que compensa com sobras o esforço de aprender esta
nova dinâmica de leitura, em fases. É claro que o leitor só usará este sistema quando
achar conveniente, ficando ele como mais um recurso disponível.
As duas primeiras fases (S e Q) servem para aguçar a curiosidade mental e dar uma
noção do que se busca, servem para "abrir" o cérebro e "arar" a terra onde serão lançadas
as novas informações.
As três fases seguintes (3R), que correspondem a três formas diferentes de se ler,
correspondem a três momentos de fixação cerebral, um complementar do outro.
O conjunto facilita o estabelecimento mental de relações e associações, a
apreensão, a memorização e a "etiquetação mental". Em resumo:
1º - Defina o que você está procurando ou quer aprender.
2º- Formule perguntas e questões.
3º - Leia o texto rapidamente, prestando atenção aleatoriamente a termos isolados,
lendo os títulos e subtítulos, reparando as figuras, as notas, os termos em negrito. Essa
leitura é um "vôo geral" sobre o que será lido em seguida.
4º - Leia tradicionalmente, com atenção, e, se quiser, sublinhando o que achar mais
importante.
5º - Releia o texto, revisando o que for mais importante. Veja se respondeu às
perguntas formuladas de antemão. Reforce os pontos de menor fixação.
Formule perguntas sobre o que se sabe, o que vai ser tratado, o que se quer
aprender. Prepare perguntas a serem respondidas. Levante dúvidas. Isso "abre as portas"
para a matéria que virá em seguida.I4.3, acima.
Na primeira leitura, procure apenas a idéia principal, detalhes importantes que
sejam rapidamente captados, veja "qual é o lance". Essa primeira leitura é rápida,
"descompromissada", sem a preocupação com a compreensão total. É um vôo sobre uma
floresta antes de descer para caminhar por ela.
Na segunda leitura faça uma análise melhor, a leitura tradicional, comece a tirar
suas conclusões pessoais, a criticar, concordar, anotar, sublinhar, etc. Esta leitura é o
passeio a pé pela floresta. Como sublinhar,C19, I5, p. 475.
Na terceira leitura, você já pode sintetizar, resumir, etc. Aqui você utilizará e
melhorará eventuais anotações rápidas feitas na 2ª leitura. Ao final dela você já deverá
sentir-se apto a fazer uma explanação sobre o tema. Essa leitura é aquela onde se anota o
que ficou de mais emocionante ou importante da visita à floresta, é aquela onde você,
novamente do avião, registra os pontos mais bonitos, onde existe esta cachoeira, aquela
nascente ou aquela árvore fenomenal, etc.
Após terminar o estudo pelo SQ3R, pegue o questionário previamente preparado e
veja se já pode respondê-lo. O que você responder é o que já foi fixado. Procure em
seguida as respostas para as perguntas que não tiver respondido, o que servirá como
excelente forma de aprender e fixar a matéria.
6ª DICA: ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO E TEMPO DE ESTUDO
INDIVIDUALIZAÇÃO E QUALIDADE
O tempo de estudo não é uma parte isolada de nossa vida, mas uma parcela do
tempo em interação com as demais atividades.
Para se ter um bom horário de estudo é preciso harmonização, pois ninguém pode
apenas estudar. É preciso cuidar da administração do tempo, que envolve vários fatores,
entre os quais reluzem a responsabilidade com nossos objetivos e a flexibilidade para
adaptar o que for possível e para se adaptar às circunstâncias.
A administração do tempo abrange o tempo de cada uma de nossas diversas
atividades, algo tão grave e sério que às vezes nos causa certa angústia. A Bíblia, em
muitas passagens, fala a respeito da administração do tempo.
A administração do tempo abrange o tempo de cada uma de nossas diversas
atividades, algo tão grave e sério que às vezes nos causa certa angústia. A Bíblia, em
muitas passagens, fala a respeito da administração do tempo.
Em Efésios 5:16 fala em agir "remindo o tempo, porque os dias são maus", sendo
que uma tradução mais recente utiliza os termos "usando bem cada oportunidade". Remir,
como se sabe, significa salvar, resgatar, adquirir de novo. Essa preocupação com o tempo
excede em muito a preocupação com a data da prova. Ela se liga à fugacidade da vida, ao
seu caráter transitório e efêmero.
Isso foi retratado por Tiago (Cap. 4, vers. 14) ao dizer: "Que é a vossa vida? Sois,
apenas, como uma neblina que aparece por um instante e logo se dissipa" ao passo que o
Salmista disse que "tudo passa rapidamente, e nós voamos" (Salmo 90:10).
Se administrar o tempo é algo assim tão valioso, é óbvio que administrar o nosso
tempo de estudo também o é. Seja porque o estudo ajuda a vencer em nossa curta vida,
seja porque nosso tempo é limitado e, portanto, devemos saber dividi-lo harmoniosamente.
Procurando o ideal. A idéia normal de quem está estudando é a de saber qual o
número ideal de horas de estudo para se alcançar sucesso. É por essa razão que uma das
perguntas que mais ouço é:
"Quantas horas você estudava por dia?"
Já ocorreu de um aluno me perguntar quantas horas eu estudava, pois ele, já que
não era tão inteligente quanto eu, estudaria o dobro e, assim, passaria no concurso.
Obviamente, disse a ele 1) que não existe isto de mais ou menos inteligente, mas sim a
pessoa usar ou não a inteligência que todos temos e 2) que o importante não era quantas
horas eu estudei mas quantas ele poderia estudar.
Embora equivocado quanto ao método, repare que esse aluno tinha um objetivo e
estava "matutando", pensando em como chegar lá. Isso é positivo. O fato de estar
equivocado foi resolvido, pois, além de ele estar procurando soluções, ele fez perguntas. E
só quem pergunta (ao professor ou aos livros) pode obter respostas.
O importante é o seu horário. Perguntar quantas horas outra pessoa estudava não
tem utilidade porque ninguém tem sua vida igual à de outrem: uns trabalham, outros não;
uns vão à igreja, outros não; uns são solteiros, outros casados, outros mais ou menos; uns
têm filhos, outros não. O que adianta saber é quantas horas você estuda, ou, mais,
quantas pode estudar por dia ou por semana.
Além do mais, o certo é perguntar, primeiro, como estudar e, depois, quantas horas
você pode aproveitar para estudar. O número ideal de horas para se estudar é: o maior
número de horas que você puder, mantida a qualidade de vida e do estudo. Esse é o
número.
Quantidade x Qualidade do Estudo. Como tudo na vida, importa mais a qualidade
do que a quantidade. Há quem estude doze horas por dia e seu resultado prático seja
inferior ao de outro que estuda apenas uma hora por dia. Por quê? Por causa de inúmeros
fatores, como a concentração, a metodologia e o ambiente de estudo. Mesmo assim, os
estudantes e candidatos preocupam-se apenas com "quantas horas" ele ou o colega
estuda por dia, e quase não se vê a preocupação com o "como" se estuda.
Quem se preocupa apenas com "quantas" horas se estuda, esquece do desperdício
de tempo de estudo por causa de sua baixa qualidade.Como ensinou Deming (obra
citada), "a produtividade aumenta à medida que a qualidade melhora", pois há menos
retrabalho (fazer de novo o que foi mal feito), pois há menos desperdício.
Quantidade x Qualidade x Qualidade + Qualidade. Embora a qualidade seja o
mais importante, é óbvio que você precisa dedicar uma quantidade de tempo para estudar.
Se pode estudar 2 horas por dia, não estude apenas "uma com qualidade" e desperdice a
outra: estude as duas com qualidade. Se João estuda uma hora com qualidade e José
duas horas sem qualidade, João estudou mais. Porém, se João estuda uma hora com
qualidade e José duas horas com qualidade, José estudou mais.
Uma das vantagens de estudar para um concurso é que até passar você sacrifica
uma considerável parte do seu tempo, mas após sua aprovação pode refazer seu horário
do jeito que preferir. Pode até voltar a fazer o que fazia, só que com sua vida profissional
resolvida, já curtindo o seu sucesso e, é claro, com mais status e dinheiro no bolso.
Uma hora de estudo com qualidade vale mais do que 5 horas de estudo sem
qualidade. Contudo, cinco horas de estudo com qualidade valem mais do que 1 hora de
estudo com qualidade. Assim, você deve reservar o maior tempo possível para estudo,
apenas com o cuidado de separar tempo para descansar, relaxar, etc.
O resultado da soma da quantidade com a qualidade pode ser expresso pelo
que se lê em II Coríntios 9:6: "Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e aquele
que semeia em abundância, em abundância também ceifará.
7ª DICA: COMO FUNCIONA UM PROJETO DE ESTUDO
O primeiro passo que devemos dar é assumir o controle de nossa vida e planejar
qual será o caminho a ser trilhado. A preparação para uma prova, exame ou concurso é
uma atividade séria demais para ser feita aleatoriamente, ao sabor do vento, deixando-se
levar como as ondas do mar. É aconselhável que se tenha um projeto e que, para realizá-
lo, se organize um sistema eficiente de estudo.
Estudar não é uma atividade isolada: o estudo produtivo e otimizado deve ser
organizado como um projeto. E o projeto de estudo nada mais é do que montar um
sistema de estudo.
Sistema é disposição de partes em uma estrutura organizada. É, pois, uma reunião
coordenada e lógica de diversos elementos. O sistema de estudo será o emprego de um
conjunto de técnicas ou métodos voltados para um resultado. Isso abrange o estudo de
qualidade e a coordenação ideal entre as atividades de estudo, lazer, descanso, trabalho,
deslocamento, etc., de modo a propiciar um rendimento ótimo nos estudos.
Este sistema deve ser eficiente, eficaz, isto é, capaz de produzir o efeito desejado,
de dar um bom resultado.
Não adianta, como muitas vezes ocorre, a pessoa parar toda sua vida, lazer,
descanso e ficar quase 24 horas ligada em estudo, estudo, estudo e, em pouco tempo,
parar tudo por causa de estresse, depressão ou coisa semelhante. Um sistema organizado
e razoável permite um esforço dosado e contínuo.
QUALIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS
COMPROMISSO
(Persistência, Constância de propósito)
Ao contrário do mero interesse por alguma coisa, significa querer com constância.
David McNally diz que "compromisso é a disposição de fazer o necessário para conseguir
o que você deseja". O mesmo autor cita, ainda, a explicação de Kenneth Blanchard: "Há
uma diferença entre interesse e compromisso. Quando você está interessado em fazer
alguma coisa, você só faz quando for conveniente. Quando está comprometido com
alguma coisa, você não aceita desculpas, só resultados." É o compromisso que nos vai
fazer sacrificar temporariamente o que for necessário para estudarmos e perseverar até
chegar aonde queremos. Compromisso também pode ser entendido como perseverança,
firmeza de vontade, constância de propósito, fortaleza. Thomas Edison, diz-se, só
conseguiu transformar em realidade sua visão mental da lâmpada elétrica na tentativa de
nº 10.000. A cada fracasso ele se animava a continuar tentando dizendo que havia
descoberto mais uma forma de não inventar a lâmpada elétrica.
Há quem ainda distinga compromisso e comprometimento, que seria um grau ainda
maior de interesse. Exemplo: se tenho que estar em tal lugar em tal dia, tenho um
compromisso, ao passo que se estou querendo ir, estou comprometido com isso.
Assuma a responsabilidade por seu destino, tenha iniciativa e persistência.
Sobre persistência em obedecer a alguma coisa (a Deus, a um objetivo, etc.), se
houver interesse, veja Jeremias, cap. 36. Quanto ao modo de se executar, reflita sobre
Colossenses 3:23: "E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração (...)".
AUTODISCIPLINA (domínio próprio)
Um dos maiores atletas que conhecemos, Oscar Schmidt, ensina que a diferença
entre um bom atleta e um atleta medíocre (mediano) é que este pára diante das primeiras
dificuldades ao passo que aquele, quando está cansado, dá mais uma volta na pista, e
mais uma volta, e mais uma volta. Assim, aos poucos, vai melhorando, minuto a minuto.
Não foi qualquer um que ensinou isso, foi um dos maiores jogadores de basquete de todos
os tempos. Ele, na verdade, indicou uma qualidade indispensável para um atleta e para se
alcançar um sonho: autodisciplina. Ele também ensina que é preciso ter-se humildade, não
achar que se é o melhor, pois, sempre temos algo a aprender e a melhorar.
Autodisciplina é a capacidade de a pessoa se submeter a regras, opções e
comportamentos escolhidos por ela mesma, mesmo diante de dificuldades. Como se vê,
autodisciplina significa que vamos submeter-nos a uma coisa ao invés de outra. Ninguém
é completamente livre: somos sempre escravos da disciplina ou da indisciplina. A
disciplina permite escolhas mais inteligentes e é melhor para efeito de passar em provas e
concursos.
É a autodisciplina que nos dará poder para renunciar, ainda que temporariamente, a
prazeres menos importantes em favor da busca por prazeres mais importantes. Aqueles
que se recusam a ser "mandados" por uma disciplina auto-imposta são escravos ainda
maiores da própria desorganização, preguiça ou falta de vontade. Nesse sentido, vendo-se
as vantagens do exercício da autodisciplina, podemos dizer que o poeta Renato Russo
estava certo quando cantava, na música "Há Tempos" que "disciplina é liberdade".
Além de autodisciplina, o sucesso no estudo e nas provas exige alta disciplina, ou
seja, uma alta dose dessa atitude. Em geral, lidamos com grande quantidade de matéria e
grande quantidade de tempo para aprender tudo. Mesmo que o estudo de qualidade
ganhe tempo, você terá que ter paciência. E disciplina para fazer a coisa certa pelo tempo
certo.
A alta disciplina não é só para o estudo, mas também para manter a atitude mental
certa, o equilíbrio, saber administrar o tempo, descansar na hora de descansar e assim por
diante. Se pensar em desanimar ao saber que vai precisar de auto e alta disciplina,
lembre-se de que a única escolha que você tem é de pagar o preço de aprender ... ou o
preço de não aprender.A única escolha que você tem é: pagar o preço de aprender ... ou o
preço de não aprender.
Para ajudar na autodisciplina, conscientize-se de que você é responsável por seu
futuro. Liste seus objetivos de curto, médio e longo prazos e periodicamente os releia.
ORGANIZAÇÃO
A importância do planejamento e da organização foi mostrada por Jesus (Lucas
14:28, 32), em parábola:
Da mesma forma, quem começa a estudar deve planejar o desenvolvimento dos
estudos, as matérias que precisa aprender, o material necessário, a administração do
tempo, etc., para não começar mal uma obra ou ir para a guerra despreparado.
Organizar-se é estabelecer prioridades. A conjugação do estabelecimento de
prioridades (planejamento estratégico) com a autodisciplina (domínio próprio) e com a
estruturação das atividades é a melhor forma de se obter tempo para estudar, para o lazer,
descanso, família, etc.
Aprenda a não deixar mais as coisas para a última hora, seja um trabalho, seja uma
inscrição em concurso. Deixar as coisas para o último dia é pedir para ter problemas e dar
chance para o azar. No último dia uma máquina quebra, alguém fica doente, ocorre um
imprevisto, etc. Comece a se organizar e uma boa dica é essa: cumpra logo suas tarefas.
Não procrastine.Organize-se. Defina suas prioridades. Discipline o seu tempo. Estabeleça
metas e cumpra-as. Ao executar uma coisa, pense apenas nela. Execute com alegria.
Aproveite o dia (carpe diem).
ACUIDADE
Acuidade significa, como ensina o Aurélio, "agudeza de percepção; perspicácia,
finura". Finura, no sentido aqui tratado, e ainda segundo o Aurélio, significa "afiado, que
tem vivacidade, sagaz". Essa qualidade, pode ser resumida em "prestar atenção". Istoé o
que mais falta quando alguém assiste a uma aula, lê um livro ou responde a uma questão
de prova. Quantas vezes você não aprendeu alguma coisa apenas porque não estava
atento, ou errou uma questão de prova (uma "casca de banana") porque não estava
"ligado" no que estava fazendo? Apenas por falta de atenção, de acuidade. A regra básica
aqui é, na lição de N. Poussin, a seguinte: "O que vale a pena ser feito vale a pena ser
bem feito."
Assim, se você vai estudar, ler um livro, assistir a uma aula, fazer uma prova (isto é,
se você decidiu fazer isto), faça bem feito. Para fazer bem é preciso acuidade, ou seja,
prestar atenção. Esse princípio serve para tudo: trabalho, lazer, sexo, etc.
Esteja aberto para a realidade e para novas idéias. Veja, ouça e sinta as coisas.
Participe da vida como ator e não como espectador. Seja sujeito e não objeto dos
acontecimentos. Concentre-se no que faz. Seja curioso. Não tenha receio de questionar,
duvidar, perguntar. Pense, raciocine e reflita sobre o que está acontecendo ao seu redor.
FLEXIBILIDADE
Talvez esta seja a qualidade mais importante para que este livro possa ser útil. O
meu sistema não será bom para você a menos que você o adapte à sua realidade,
qualidades, defeitos, facilidades e dificuldades. Adaptação é uma forma de inteligência.
Tudo o que você vir, ler, ouvir, sentir, etc. deve ser avaliado e adaptado. Teste as coisas,
veja se funcionam bem para você ou se, para funcionarem melhor, demandam alguma
modificação. Não tenha receio de criar seus próprios métodos e soluções.
A capacidade de adaptação foi mencionada por um grande general:
Em suma, você deve ser capaz de - como diz conhecida oração atribuída a um
almirante americano - ter coragem para mudar as coisas que são mutáveis, resignação
para aceitar as que são imutáveis e sabedoria para distinguir ambas. Para montar seu
projeto de estudo, adapte o que é adaptável e adapte-se às condições que você não tem
como alterar.
A flexibilidade é, portanto, a capacidade de adaptação. Ela será importante em toda
a sua vida e, também, para montar um sistema de estudo. Ela também serve para que
possam ir sendo feitas as modificações necessárias à medida em que forem surgindo
novas situações, circunstâncias, imprevistos, etc.
8ª DICA: COMO DEFINIR O PRAZO PARA SER APROVADO
1 PRAZO PARA APROVAÇÃO
Essa é a regra de ouro do candidato. Não defina prazos: estabeleça um objetivo e
tenha a persistência necessária para alcançá-lo. Como dizia o maior vendedor do mundo:
"O fracasso nunca me alcançará se minha vontade de vencer for suficientemente forte".
Além do mais, o fracasso é uma situação ou um momento, nunca uma pessoa.
Como já disse, você pode acumular concursos em que não passou mas bastará uma
aprovação para "resolver" o problema. E, de mais a mais, um resultado negativo sequer
pode ser considerado um fracasso, porque sempre se ganha experiência para o próximo
concurso (C23). Outro equívoco é o da pessoa que após um ou dois reveses resolve
mudar de carreira ao invés de persistir em seu intento.
O título deste Capítulo contém uma pequena armadilha: Como definir o prazo para
ser aprovado é exatamente não buscar a sua definição. O que devemos definir é o objetivo
a ser buscado o quanto for suficiente. Um dos motivos é o fenômeno da agregação cíclica.
9ª DICA: 1 - exercícios
Comece a redigir todos os dias ou, pelo menos, toda semana. Separe horários
específicos apenas para redigir. Faça redação geral, de apoio e específica.C9, I5, p. 240.
Como diz o brocardo latino Fiat fabricandun faber, fazer se aprende fazendo. Ou melhor, é
indicado obter primeiro uma base teórica, mas a perfeição só adquire-se com a prática.
Experimente começar a escrever um diário, poesias, contos, fazer descrições de objetos,
narrar fatos ou problemas, dissertações sobre assuntos em geral e assuntos da matéria da
prova. Faça resumos de livros, filmes, etc.
Treine fazer descrições bem completas, identificando tudo o que caracteriza a coisa
descrita e a distingue das demais.
Façamos um exercício: Descreva um pão de queijo.
Isto mesmo. Pare a leitura, pegue uma folha e comece a trabalhar. [Descreva um
pão de queijo.
Já descreveu?
Vamos lá, pegue uma folha em separado e descreva um pão de queijo.
Estou esperando...
esperando...
esperando...
Pronto. Acabou?
Vamos "corrigir" ?
Primeiro passo:
Pegue novamente folha em anexo e
1 - Veja a "cara" dela. Está bonita?
2 - Por melhor que esteja, tenho certeza que dá para melhorar. Faça isso.
Já fez?
Estou esperando...
esperando...
esperando.
Experimente conferir se sua descrição pode ir um pouco mais fundo, passando para
o campo da dissertação, onde você pode desenvolver idéias, juízos, valor.
Ótimo. Agora diga-me se você descreveu bem um pão de queijo.
Veja se falou do seu tamanho, cor, temperatura ideal, sabor, composição (massa,
queijo, tempero, etc.), odor, textura, acompanhamentos ideais (café, refrigerante, etc.),
origem (Minas Gerais), ocasiões e modo de consumo, variedades (simples, com pedaços
de outros ingredientes, com doce de leite, etc.), sua utilidade para reuniões, lanches
rápidos, tira-gostos, etc., lojas especializadas em vender pão de queijo, se faz diferença
ser feito no forno de fogão ou em microondas, sua primeira, melhor e pior experiência com
um pão de queijo, eventuais comparações com outros tipos de pão (francês, pão de
batata, pão integral), etc.
Você falou nisso tudo?
Se você não falou é porque não quis, não teve paciência ou não está treinado para
levar a sério a tarefa de escrever. Vamos, eu tenho certeza que você pode fazer um
trabalho excepcionalmente bonito. Tente agora outra descrição.
Que tal o pão francês?
Outro treino útil será experimentar contar uma história, isto é, fazer uma narração,
com todos os seus elementos: personagem (um pão de queijo que adquiriu vida), ação,
espaço, tempo em desenvolvimento, enredo ou trama e narrador. Escrever uma história irá
ajudar muito na construção daquela já mencionada estrada que liga o cérebro à caneta e
esta ao papel.
Se você sabe descrever um pão de queijo, saberá certamente descrever qualquer
outra coisa que conheça, da vida ou da matéria que cairá na prova.Em provas jurídicas,
uma das questões que os candidatos consideram mais complicadas é descrever a
natureza jurídica de alguma coisa. Ora, natureza significa, nesta acepção, espécie ou
qualidade. Natureza jurídica será absolutamente a mesma coisa dentro desse universo
específico. Para descrever-se a natureza jurídica de algo, basta dizer o que tal coisa é na
essência, quais as suas características e o que a distingue das demais. Se você conhece
a coisa e sabe escrever, estas questões não serão mais um problema.
10ª DICA: RESUMO PARA A PROVA
Como citei muitas técnicas, vou fazer um resumo para você lembrar no dia da prova.
A técnica que usarei é a do processo mnemônico.Pense na frase:
Até cair foi legal, administrei, revi e descansei. Agora, repare que a frase é a ligação
para uma série de palavras/técnicas:
Até cair foi legal, administrei, revi e descansei.
Não leve isto anotado para o dia da prova pois, embora não o seja, pode ser
considerado como "cola". Memorize a frase e, ao receber seu material de prova, escreva
no caderno de questões ou folha para rascunho. Usando a técnica, você lembrará as
coisas mais importantes para a prova.
At - atitude e atenção
Ca - calma e tranqüilidade
Fo - foco
Le - ler as instruções aos candidatos e ler a prova com atençãoAdminist -
administrar o tempo e administrar o que não sabe
Revi - revisões 1 e 2
Descansei - intervalos, situação, atitude
At - atitude e atenção. Lembre que fazer provas é um privilégio, uma oportunidade,
que muitos queriam estar onde você está, lutando por seus sonhos. E tenha atenção, não
fique voando.
Ca - calma e tranqüilidade. Um candidato calmo rende mais. Se preciso, respire
lentamente até se acalmar. Divirta-se.
Fo - foco. O objetivo é passar e, para passar, a atitude correta é: fazer a melhor
prova que eu puder fazer hoje, devo mostrar meus conhecimentos com clareza e
objetividade para deixar o examinador feliz.
Le - ler as instruções aos candidatos e ler a prova com atenção . Ler as
instruções vai ajudá-lo a fazer a prova corretamente; ler as questões vai fazer você
descobrir o que o examinador realmente quer saber de você (e não o que você gostaria
que ele perguntasse). O examinador precisa ser atendido.
Administ - administrar o tempo e administrar o que não sabe. O tempo se
administra fazendo as contas e, claro, treinando antes, para ter prática de fazer provas.
Administrar o que não se sabe é decidir deixar em branco ou mostrar o que for possível de
conhecimento.
Revi - revisões 1 e 2. E, se necessário, o uso da técnica VMR.
Descansei. Implica bom uso dos intervalos para melhorar seu rendimento, em
"descansar" na idéia (atitude) de que concurso se faz até passar, que se deve exigir
apenas o melhor possível, que a situação é favorável (na prova, você ou vai passar ou vai
ver onde precisa melhorar).*
*Para aqueles que, como eu, acreditam que "todas as coisas concorrem para o bem
daqueles que amam a Deus" (Romanos 8: 28), também é possível "descansar" nessa
idéia. Assim, se você acredita em Deus, pode e deve se acalmar com a ajuda d´Ele.
www.williamdouglas.com.br
(Janeiro/2007)
Estou em férias. Um direito e necessidade de todos, e algo bem mais simples e
seguro de se tirar no serviço público. Conheço vários amigos que trabalham em empresas
privadas e ficam estressados, imaginando se não serão demitidos logo após o seu retorno.
Graças ao concurso, minhas férias são mais tranqüilas. Não totalmente, pois ainda
tenho outros objetivos a contemplar.
Minhas férias possuem um objetivo tríplice: descansar, trabalhar no novo livro
(oratória) e viajar para as diversas palestras de lançamento do livro A arte da Guerra para
Concursos que marquei pelo país afora. Por conta do descanso, fui para Armação de
Búzios, famoso balneário, no Rio de Janeiro. Mais especificamente, fui para a praia da
Ferradura e, lá, passei três dias. Voltei, fiz mais palestras, escrevi mais um pouco e
voltarei para Búzios semana que vem.
E por qual razão uma coluna fala desses assuntos para quem, talvez, esteja sem
tempo, férias ou grana para ir a Búzios ou para qualquer outro lugar legal? Ou para quem
férias seja um desejo distante?
Não estou tirando onda. Se fosse para tirar, estaria em Búzios. Estou aqui para lhe
animar, falando sobre as férias que você vai merecer, lá. Ou em outro lugar que preferir.
Escrevo exatamente para que você visualize isso, deseje isso e saiba que é algo
que pode ter daqui a algum tempo. E se este tempo for alguns poucos anos, e daí? Vale a
pena assim mesmo.
Claro que durante a preparação para os concursos públicos você precisa encontrar
espaço para descanso periódico e, se der, uma pausa um pouco maior uma ou duas vezes
por ano. É a questão do "dia de descanso", que abordo no livro Como Passar em Provas e
Concursos: um dia, ou ao menos meio turno de um dia por semana, é bom ficar parado, ou
em lazer, com descanso, pois essa prática aumenta sua produtividade. Este conceito já
está escrito no Livro de Êxodo, na Bíblia, nos Dez Mandamentos, mas também é ensinado
por Domenico De Masi, na obra O Ócio Criativo. Assim, mesmo que você, ao contrário de
mim, não creia que Deus possua boas dicas, siga as dicas do moderno filósofo italiano que
recomenda um pouco de ócio. São as mesmas.
Claro que esse "ócio" pode ser bem-aproveitado com a família, diversão etc. Não
digo com atividade física, pois ela precisa ser feita pelo menos duas a três vezes por
semana para ser produtiva e positiva. Aos sedentários, recomendo o "WDPTS - The
William Douglas Personal Training System", disponível gratuitamente na minha página
pessoal.
Aviso: já recebi agradecimentos do marido de uma concursanda, dizendo que a vida
do casal melhorou depois que sua mulher começou a seguir a dica do "dia de descanso".
Funciona, experimente. E tenho recebido cartas de concursandos que estão no WDPTS e
sentindo seus efeitos positivos. Alguns informam quantos quilogramas emagreceram. O
recorde é 15 kg.
Mas voltemos ao assunto. Assim como recomendei uma visita a Bento Gonçalves
(RS), no artigo "Vinho e concurso público", agora recomendo Búzios (RJ).
Os vencimentos de servidor público não permitem que você tenha uma casa na
praia da Ferradura. Não dá, já conferi. Mas dá para pagar uma pousadinha bem legal
(conferi também). Vale a pena. O lugar é lindo, aliás, a cidade toda é uma pérola.
Até passar, cuide para ter seu equilíbrio entre muito estudo e algum descanso.
Como dizia Sun Tzu, que comentei em meu novo livro, "sem equilíbrio e harmonia não
pode haver formação de batalha". Na batalha dos concursos, tenha um horário equilibrado,
com a maior quantidade de estudo e treino que puder, mantendo a qualidade do estudo e
um mínimo de qualidade de vida.
Depois de passar, programe Bento Gonçalves, Búzios ou, querendo fazer um
pouquinho mais de poupança, Paris ou Nova York. Você vai merecer.Voltemos a Búzios,
esse mês, comigo. Se você quiser uma casa na Ferradura, vá ser empresário, artista,
jogador de futebol, coisa parecida. Os vencimentos do serviço público são excelentes, mas
limitados. É uma opção de vida: você não vai ficar rico, mas também não vai perder o que
tem da noite para o dia, nem vai viver estressado e sem horários como empresários,
artistas e jogadores vivem. É uma escolha pessoal.
Ah! E os caras que estão roubando no serviço público e têm fortunas? Claro que
não esqueci deles. E posso afirmar: não vale a pena. Conheço vários e ainda não
encontrei um que tenha paz. Mais cedo ou mais tarde, alguns são pegos e aí o crime não
compensou. Quanto aos que nunca são pegos (e existem alguns), já percebi que não são
felizes, não têm paz. Parece que encostar a cabeça no travesseiro e saber que é um
pilantra, alguém que rouba dos outros, isso parece ter um custo alto. E eu ainda acredito
em Justiça Divina, que, ao contrário da humana, não falha nunca. Assim, não sofra como
os corruptos e, sempre que der, atrapalhe a vida de um. Há formas seguras de se fazer
isso. Mas, por ora, voltemos a Búzios.
Além de lhe fazer lembrar que após a sua posse no cargo, você terá uma série de
vantagens e privilégios merecidos, tenho outro ponto a abordar. As vantagens e privilégios
são para que você retribua em eficiência, educação e bom atendimento aos seus
concidadãos. Não se esqueça que 70% dos servidores públicos serão substituídos nessa
década e que esta é uma excelente oportunidade para mudarmos a "cara" do serviço
público, em prol do país onde vivemos e onde viverão nossos filhos.
Voltemos a Búzios.
Fui caminhar pela praia, descalço, esposinha do lado, uma maravilha. A praia tem o
nome de Ferradura porque é exatamente esse o seu desenho.
Logo onde desci, do lado esquerdo, onde fica a pousada, não se vê o oceano.
Parece que estamos em um lago. Na medida em que vamos caminhando para o centro da
praia é possível ver a entrada do oceano. A praia é técnica e geograficamente falando,
uma pequena enseada. Assim, no início, não vi o oceano Atlântico, mas, no meio exato da
praia, é possível vê-lo claramente.
Viciado em concurso é assim mesmo: pensei nos concursos. Imaginei que se o mar
fosse o objetivo, seria preciso estar no meio da praia para vê-lo melhor e perceber que a
entrada da praia poderia até ser pequena, mas que daria para passar por ali.
Logo me lembrei da minha história, primeiro para passar em um concurso, depois
para criar a Editora Impetus, depois para correr os 42 Km da Maratona de Nova York.
Sempre que estive no centro do meu objetivo, no centro do meu sonho (o oceano), era
perfeitamente visível e sem obstáculos consideráveis. Porém, sempre que me deixava
levar para a esquerda ou para a direita, a "entrada" da enseada ou da Baía, a "entrada"
para o que eu desejava começava a diminuir de tamanho, a ponto de, eventualmente, de
tão oblíquo que se pode ficar, parecia visualmente impossível de ser alcançado.
Se você estiver em um dos cantos da praia da Ferradura, em Búzios, seu ângulo de
visão permitirá apenas que você veja um lago, não uma pequena enseada. Se você estiver
observando pelo ângulo errado, achará que não há entrada (ou saída) para o mar. Mas há.
A realidade é a mesma, quer você a perceba adequadamente ou não. A questão
não é a realidade, mas a sua percepção sobre ela. O problema não importa, já dizia
Einstein, mas sim como você o formula.
Se você estiver se achando sem saída em algum problema de sua vida, seja ele o
seu casamento, seu emprego, seus sonhos ou seu cargo público, provavelmente sua
questão é o ângulo. Você está vendo as coisas do ponto de vista errado, ou obliquamente,
ou muito do canto, ou sem ver de cima, da perspectiva exata.
Um problema, na perspectiva correta, é uma oportunidade, um mestre. Uma derrota,
pelo ângulo correto, é experiência e um laudo pericial indicativo dos itens a serem revistos
e melhorados para o próximo combate. Como digo no livro A Arte da Guerra para
Concursos, a cada reprovação, nos transformamos em highlanders que ressuscitam para
combater novamente. Nesse assunto, somos invencíveis. A cada derrota, voltamos mais
experientes e, se pagarmos o preço de estudo e treino, mais fortes.
Se você não está vendo o mar, camarada, é porque está meio de lado. Vá para o
centro de sua vontade, de seu sonho, de seus planos. Dali, a entrada é suficientemente
grande e o mar enorme, bonito e perfeitamente possível.
Do centro da Ferradura até o mar existem muitos metros e ondas, mas para quem
deseja o oceano, terá de vencer esses desafios, haverá de ser como o rio, que vai dando
as curvas, vai buscando os vales e evitando os aclives, até chegar ao seu destino.
Ajuda ver o mar se você está no centro do sonho e visualizando-o, e não nos
cantos, sem perspectiva;quando se focaliza o sonho é mais fácil pagar o preço de
sacrifício pessoal e dedicação que transforma pessoas comuns em vencedores. Veja o
mar, foque nele, nade sobre as ondas, ande sobre elas, se preciso. Levante vôo, se
preciso. Veja as coisas de outra perspectiva: esses seus anos de esforço gigantesco serão
poucos, comparados aos 20 a 30 anos que estão vindo pela frente e que serão muito mais
deleitosos com seu cargo na mão.
Quando estiver navegando na enseada, em direção ao mar, lembre-se do provérbio
romano que diz: "se não houver vento, reme".
Assim, focado, com ou sem vento, remando, o mar é um destino. Como digo no
mantra número 7: "o concurso não é um obstáculo, o concurso é um caminho". Esse
mantra foi inspirado em Amyr Klink, que diz: "o mar não é um obstáculo, o mar é um
caminho". Por isso Amyr Klink é um navegador; por isso nós somos concurseiros.
A gente se vê em breve, aqui, ou comendo camarão em Búzios, cedo ou tarde.
Com abraço fraterno, William Douglas
Concursando, ouça-me: se houve uma decisão capaz de levá-lo a mudar para uma
vida melhor e se você está pagando um preço de trabalho e esforço pessoal para
conseguir isto, então certamente haverá em seu coração, corpo e mente, algum cansaço.
Pior, algum desânimo.O cansaço e o desânimo fazem parte de qualquer processo de
crescimento, de qualquer projeto de maior monta. Passar em concurso é uma tarefa
possível, ao alcance de qualquer um que tenha dedicação e perseverança. Vejo isto todos
os dias. Mas não é tarefa fácil nem rápida: dá trabalho (que vale a pena) e leva tempo (que
será menor, conforme você saiba aprender e aprenda a fazer as provas). Mas haverá dias
em que tudo vai parecer difícil demais. São horas normais de crise: "curta-as", vá dormir,
"chute o balde" e... no dia seguinte, pegue os livros novamente.
Pois bem, esta pequena mensagem é para você. Se houve uma decisão sua de
tornar-se servidor público, e se você continuar estudando com afinco, apesar de todos os
obstáculos e incertezas, se tiver garra para superar o tempo necessário de maturação da
mente e de preparação para as provas, em breve você também estará sendo chamado de
"privilegiado".
Com o devido respeito, eu já acho que você é um privilegiado, agora. Afinal, por pior
que seja a sua situação momentânea, se você está estudando para um concurso é porque
tem alguma escolaridade, alguma condição e a possibilidade concreta de, dentro em
pouco, ter uma função pública, um vencimento bastante interessante em termos de Brasil,
um status que governo nenhum vai conseguir eliminar, uma oportunidade de fazer alguma
diferença para este país ser mais justo, além da felicidade de ingressar em uma atividade
nobre e relevante. Você pode até estar desempregado, mas é um desempregado com
esperança, com chances reais de virar o jogo e firmar-se em um trabalho útil, digno, com
um bom conjunto de retribuições pecuniárias e de segurança pessoal.
Vão chamá-lo de privilegiado, sim, mas o grande privilégio que nós, servidores
concursados, temos não são as condições estatutárias nem as prerrogativas do cargo,
mas outra, que registro. Somos privilegiados porque pagamos um preço, porque fomos
escolhidos pelo mérito e não por amizade, raça, cor, sexo, compadrio político, sexual ou
parentesco. Nós, concursados, fomos os melhores quando da seleção à qual nos
submetemos. Para chegar até aqui, pagamos um alto preço pessoal e familiar,
sacrificamos noites de sono, estudamos horas e horas, tivemos que superar reprovações,
cansaço, dúvidas, injustiças, várias provas etc. Assim, somos privilegiados, pois nos
submetemos a uma seleção pública e fomos os melhores na ocasião.
E melhor não é, necessariamente, quem sabe mais a matéria, mas quem, além de
saber a matéria, aprendeu a aprender, aprendeu a fazer as provas, a controlar os nervos,
a superar os óbices, a nadar contra a maré.
Por mais que se desrespeite o serviço público, sempre serão necessários homens e
mulheres capazes de superar a si mesmos e realizar tarefas trabalhosas, como as que
realizamos. O país sempre vai precisar de gente de fibra, como, aliás, tem que ter fibra
quem deseja estudar para concurso. E é essa fibra de que o leitor precisa para superar,
com sucesso, os muros que aparecem para quem estuda.
Dirijo-me, assim, aos meus colegas servidores já aprovados em algum concurso
(INSS, Receita, Polícia, Judiciário etc.) e aos que se encontram nessa tarefa trabalhosa e
meritória de estudar para ser aprovados em algum concurso público. No momento em que
muitos duvidam de nós, registro minha admiração por você, concursando, e minha fé em
dias melhores, fé cuja fundação é o exemplo de coragem e persistência que vejo todos os
dias nos cursinhos, nas bibliotecas, nos sites para concursos etc.
E concito os concursandos a não desanimarem, pois o país precisa de gente
competente e briosa para fazer a diferença. Daqui a algum tempo, maior ou menor, de
acordo com mil fatores distintos, os que persistirem e aperfeiçoarem-se estarão tomando
posse.
A nomeação e a posse não são o grande privilégio, pois os cargos encontram-se
acessíveis a todos os brasileiros. O grande privilégio é a demonstração de possuir
dedicação e capacidade necessárias para galgar aos cargos públicos. Assim, aos que
persistirem e que, em breve, estarão tomando posse, desde logo, se me permitem, digo:
- Bem-vindos, privilegiados!
* William Douglas é Juiz Federal, Professor universitário, Mestre em Direito,
especialista em Políticas Públicas e Governo, e autor de diversos livros, entre os quais
Como passar em provas e concursos, A Arte da Guerra para Concursos e Maratona da
Vida - Um manual de superação pessoal. Acesse o site www.williamdouglas.com.br
É muito comum ver, nos clubes, nos bairros e nas escolas grupos de pessoas em
que aparecem três classes: os famosos, os neutros e os mal-afamados. Para ser famoso,
basta uma boa qualidade: habilidade nos esportes, riqueza, beleza, inteligência (desde
que não se seja um nerd), uma boa compleição física, força ou, então, bons
relacionamentos ("filho de", "amigo de", "protegido de" e até "namorando tal pessoa"). Do
outro lado, os exageradamente feios, pobres, limitados intelectualmente, mal relacionados
(o mesmo "amigo de", "filho de" etc., mas em outro contexto), ou, às vezes, basta o azar
de um ou outro acontecimento ruim e rumoroso (como uma surra, um vexame ou coisa
que o valha). Ser "chato" também é motivo para estar sob a mira de qualquer grupo.
Para ser chato, é preciso algum bom motivo: pessoas muito estudiosas e sem
simpatia são hipótese corrente; monotemáticos, idem. Por fim, vale lembrar que um dos
melhores conceitos do que seja um "chato": chato é aquela pessoa que tem mais interesse
em você, do que você nele.
Um fato positivo, também, pode guindar alguém ao estrelato, mas, para as coisas
boas, a memória humana é muito falha, de modo que, depois de algum tempo, será
preciso "atualizar" algum motivo para estar no hall da fama.
Aqueles que não têm a sorte de estar no primeiro grupo nem o azar de estar no
último são os neutros, aqueles que têm a vida mais tranqüila, livres das responsabilidades
dos eleitos pela fama e das discriminações e perseguições aos mal-afamados.
É claro que as tais classes não são estanques, permitindo movimentação, conforme
a vida vai andando. Pois bem, os representantes dos grupos da extremidade andam mais
ou menos juntos: os famosos, por uma questão de elitização, e os mal-afamados, por falta
de opção. Claro que todos possuem seus grupos menores, de pessoas com as quais há
maior amizade e, necessariamente, mais compreensão e solidariedade mútuas.
No grupo dos mal-afamados, há sempre um núcleo de resistência às gozações dos
famosos, quando, entre eles, aparece um ou outro infeliz que, não satisfeito por estar
"bem", ainda faz questão de marcar sua suposta "superioridade". E, como se tem que
imitar os famosos, o grupo dos mal-afamados costuma unir-se para uma certa proteção
mútua.
Os filmes americanos sobre adolescentes, colégios etc. mostram razoavelmente
estas divisões, embora as colocando de forma um pouco estereotipada, além de trazerem
tais filmes seqüelas do american way of life, que é um modelo consideravelmente frívolo,
conforme se vê, por exemplo, através das noções de winners e loosers; como se
vencedores e perdedores fossem pessoas, e não situações.
A aprovação em concurso é interessante, pois coloca a pessoa no grupo dos bem
resolvidos, dos que tiveram sucesso, dos que têm algum poder (maior ou menor, de
acordo com o cargo, mas sempre considerável). Além disso, a aprovação também guinda
o candidato ao estrelato. Num momento, ele é um "cara" desempregado, que estuda,
estuda, estuda e só "leva bomba"; de repente, transforma-se num vencedor, num winner.
É óbvio que, se eu for ter um conceito de vencedor, o sucesso profissional será apenas um
dos aspectos considerados, mas que a aprovação é um grande feito, disto ninguém
duvida.
Uma das lembranças de minha infância refere-se ao Guto. Ele era um "cara" que,
quando eu tinha lá uns oito anos, deveria ter uns quinze ou dezesseis e estava na lista dos
"caras" respeitados. Tinha namorada, jogava bem futebol e o pessoal da vizinhança tinha-
o como um daqueles cuja opinião tinha que ser considerada, ouvida. Eu, para variar, não
jogava nada direito, estava na lista dos mais crianças, era muito branco (qualquer
diferença é motivo de chacota) e, obviamente, estava "mal parado". Por esse motivo, era
um daqueles que, de vez em quando, sofria alguma gozação, vitupério ou ameaça dos
"caras" maiores e daqueles que, estando na lista dos respeitados, gostavam de criar-se
em cima dos menores e mais fracos.
Contudo, sempre que alguém queria fazer alguma maldade, daquelas pequenas
maldades (ou, às vezes, grandes) que são feitas no dia-a-dia, Guto intervinha, impedindo-
a. O fato de estar na lista dos detentores de força e fama era, para tanto, indispensável.
Certas vezes, vi-o proteger outros "normais" ou mal-afamados; outras tantas, eu mesmo
deixei de ser ridicularizado ou receber um tapa ou cascudo, em razão da generosa e
gratuita intervenção do Guto.
Eu admirava sua atitude. Além do mais, proteger ou tomar partido de algum mal-
afamado ou fraco chegava a ser, em geral, atitude quase reprovável entre os bem-
afamados, que poderia custar sua exclusão da lista dos "bam-bam-bans", vez que ainda
existe, em algum lugar no imaginário social, a infeliz idéia de que os grandes não podem
ou não devem preocupar-se com os menores.
É gozado, mas eu já encontrei o Guto umas duas vezes e acabei ficando
fisicamente bem maior do que ele. É gozado, pois, quando o cumprimento, continuo a
perceber-me menor do que ele, e permaneço agradecido.
O fato é que Guto influenciou-me bastante por sua atitude. Eu, pequeno que era, via
como era necessário ser forte para estar protegido. Mais do que isto, eu admirava seu jeito
de proteger os outros e sentia vontade de, um dia, ser forte e imitá-lo, proteger os mais
fracos gratuitamente. Eu admirava o que ele fazia e, no fundo, sonhava em, um dia, ser
forte e defender os outros.
Escrevo isto porque já passamos da época em que a força física era a melhor forma
de resolver as disputas. Atualmente, prevalece a força da caneta, do conhecimento, da
competência.
Eu gosto muito de ser juiz, vez que, ao realizar as atividades típicas do cargo, acabo
podendo seguir o bom exemplo do Guto: defender o mais fraco ou o que tem razão. Há
horas em que o governo é a vítima; noutras (mais freqüentes), o cidadão. Seja como for, o
cargo permite-me fazer o bem e, ainda, pagam-me por isto! Podem até não ser os
vencimentos de que eu gostaria, mas é um bom valor, diante das condições do país.
Não é apenas na magistratura que há esse privilégio de servir, e não haverá um
Brasil melhor sem policiais, fiscais, auditores, promotores, defensores, servidores de todos
os Poderes e níveis que estejam imbuídos de bem cumprir sua parte.
Cada um que me lê, agora, e que está estudando para um concurso, representa
uma esperança de dias melhores. Você não é apenas a esperança de dias melhores para
si mesmo, com a aprovação, mas também a de que o serviço público consiga lograr êxito
em atender aos anseios da população por justiça social e progresso.
Precisamos buscar motivação, seja ela em Deus, na família, nos filhos, nos sonhos
de um mundo melhor, no desejo de segurança e emprego ou, até, de seguir algum
exemplo marcante. Seja como for, importa que haja esforço e persistência necessários ao
sucesso nas provas. E que à nomeação, à posse e ao exercício sigam-se as atividades
naturais do ofício, desempenhadas com a certeza de que nossa atuação influencia os
destinos da nação. John Kennedy foi muito feliz ao dizer que poucos mudam o curso da
história sozinhos: a história da Humanidade é feita de pequenos gestos de coragem e de
crença.
O fato é que cada um de nós tem uma pequena, mas essencial parcela no destino
deste planeta e, através do concurso público, não só resolvemos nosso problema pessoal
relativo à vida profissional, mas também habilitamo-nos a influenciar positiva e eficazmente
os destinos do país.
* William Douglas, 40 anos, é Juiz Federal, Professor universitário, Mestre em
Direito, especialista em Políticas Públicas e Governo, e autor de diversos livros, entre os
quais Como passar em provas e concursos e Direito Constitucional - Teoria e 1.000
questões. Foi 1º colocado nos concursos para Juiz de Direito, Defensor Público e
Delegado de Polícia. www.williamdouglas.com.br
Periodicamente me preocupo em repisar o tema dos concursos públicos, tendo já
feito comparações dele. Hoje, vou compartilhar um sofrimento novo.
Passei décadas fugindo da implantação de aparelho ortodôntico necessário para a
correção de minha oclusão mandibular imperfeita. Há dois anos, aos 38 anos, fui
compelido a fazê-lo. Tanto o meu dentista quanto a ortodontista disseram que se não
corrigir o problema terminarei por perder os dentes! Coloquei-o e cheguei à conclusão de
que só um louco coloca um troço desses na boca.
Pensei em ir lá e mandar tirar tudo, preferia ficar com a mordida cruzada e pronto!
Lembrei-me de quantas vezes pensei em desistir dos concursos públicos. Logo, vieram as
comparações, que decidi pôr no papel e dividi-las com os amigos.
Primeiro, tanto em concursos quanto no caso do aparelho, tentei fugir, mas ambos
foram a melhor opção entre o leque de alternativas. É a relação custo-benefício. O
concurso pode ter suas dificuldades, mas é uma das melhores formas de se conseguir um
bom emprego, estabilidade, carreira etc.
Segunda comparação: estou um pouco velho para o aparelho... mas nunca é tarde
para começar. Esta semana um amigo com 38 anos me perguntou se era tarde para
concursos... Respondi que para concursos é ótima hora, que tarde é para aparelhos! E
mesmo assim, coloquei um aparelho agora, porque, como disse, antes tarde do que
nunca.
Outro ponto de contato é a dor. Dói, mas é necessário; dói, mas é o jeito. Antes
essa dor agora do que, depois, a dor do não ter feito o que foi recomendado. Aí, lembro-
me da máxima que criei sobre concursos: "a dor é temporária, o cargo é para sempre."
Aplicada aos aparelhos ortodônticos, "a dor é temporária, o sorriso é para sempre". Quem
paga o preço do concurso evita a dor do desemprego, da falta de seu lugar ao sol, da falta
de dinheiro para o sustento diário.
Por outro lado, e aqui vai outra comparação, a ortodontista disse que com o tempo
eu iria me acostumar, que haveria um período de adaptação. Não que a coisa ficaria
totalmente resolvida, mas pelo menos estaria no limite do tolerável. Para quem não está
acostumado à vida de concursando, toda organização, disciplina, horários, técnicas e
procedimentos básicos podem parecer insuportáveis, irrealizáveis, estressantes. Mas, à
medida que eles vão se tornando parte do dia-a-dia, passam a ser toleráveis a ponto de,
um dia, pelo costume, você até ter um certo prazerzinho nesse negócio. Tudo pode doer
muito no início, depois melhora.
Importante também perceber o mergulho numa situação aparentemente pior. Você
piora um pouco para depois melhorar. No caso do aparelho, meu sorriso enfeou
temporariamente para, depois de um tempo, ficar mais bonito do que antes. Se você vai
estudar para concurso, se optou por isso, sua vida vai ficar mais difícil do que antes
durante algum tempo. Depois da aprovação, ela vai ficar bem mais bonita.
O melhor exemplo ainda é o povo de Israel saindo do Egito. Para que conseguissem
a liberdade foi necessária a marcha em direção à Terra Prometida, a Canaã, onde manava
leite e mel. Para chegar lá, no entanto, tiveram que cruzar um deserto. O deserto era pior
do que o Egito, mas era o caminho necessário para a terra onde uma nova vida. Assim,
por pouco mais de dois anos meu sorriso ficará mais feio, mas ao final melhorará. Não que
concurso demande dois anos, pode ser mais ou menos. O que importa é saber que é uma
troca boa, justa e convidativa.
O aparelho custou dinheiro, a ser entendido como investimento e não como
despesa. O concurso demandará investimento também: livros, cursos etc., mas valerá a
pena lá na frente. No meu caso, posso afirmar que se não fosse o concurso eu não teria
dinheiro para pagar o aparelho. Assim, leve com serenidade as despesas necessárias
para a preparação: isso também faz parte do sistema.
A ortodontista disse que o prazo para a retirada do aparelho será de uns dois
anos, mas afirmou que não pode prometer. Eu quase a ouvi dizer que o aparelho é usado
até que o problema seja sanado. Lembrei-me da frase que costumo ensinar: "concurso
não é para passar, mas até passar."
Para você que está lendo este artigo, acredite, eu sei bem o que é colocar um freio
na boca para daqui a algum tempo receber algo muito bom em troca como prêmio. Já fiz
isso antes: nos concursos, na maratona e lá me vou outra vez num desses projetos para
fazer algo de bom, agora aos próprios dentes. Pode até parecer uma insanidade fazer
cursinhos e concursos, ou colocar aparelhos ortodônticos, mas insanidade mesmo é não
fazer o que precisa logo ser feito. Escolha bem quais insanidades quer cometer. Seu
melhor futuro depende disso!
* William Douglas, 40 anos, é Juiz Federal, Professor da Universidade Salgado de
Oliveira, Mestre em Direito, autor de diversos livros e artigos, e especialista em provas e
concursos. www.williamdouglas.com.br