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WORKSHOP REGIONAL GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM CIDADES DA AMÉRICA LATINA E CARIBE

WORKSHOP REGIONAL GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS …aidis.org.br/PDF/polis_aidis.pdf · Na América Latina e Caribe, segundo dados da Organização Pan-Americana da Saúde, em 2001,

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WORKSHOP REGIONAL

GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM CIDADES

DA AMÉRICA LATINA E CARIBE

APRESENTAÇÃO O WORKSHOP INTERNACIONAL GESTÃO

INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS será realizado nos dias 16, 17 e 18 de novembro de 2005, na Faculdade de Saúde Pública, em São Paulo.

Este evento terá quatro momentos. Na abertura do evento estarão se pronunciando autoridades ligadas aos governos brasileiro e estrangeiro, e representantes de instituições nacionais e internacionais. A seguir será apresentada a visão de gestão integrada e sustentável de resíduos sólidos, os objetivos, metodologia, resultados esperados e produto final do WORKSHOP.

No segundo momento, serão apresentados oito estudos relativos a experiências desenvolvidas em seis países da ALC – Brasil, Chile, Peru, República Dominicana, Equador e El Salvador.

Está previsto um terceiro momento em que os participantes do evento estarão reunidos em mesas de discussão, para construir coletivamente propostas que contribuam para avançar o paradigma de gestão de resíduos sólidos na América Latina e Caribe. E, por fim, num quarto momento, haverá uma plenária, para consolidação das propostas e encaminhamentos finais, com base nas conclusões e recomendações temáticas desenvolvidas pelos grupos.

OBJETIVOS GERAIS

1. Identificar a situação da Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos Urbanos – GIRSU – na América Latina e Caribe, através de intercâmbio de informações entre os profissionais que trabalham em nível nacional e municipal, representantes de organizações internacionais e especialistas do setor e, também, especialistas do setor de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos.

2. Identificar os pontos fortes e as dificuldades no

processo voltado à sustentabilidade do Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos, sob o ponto de vista legal-institucional, social, ambiental, econômico e da saúde, através de análise profunda de experiências relevantes de cidades da América Latina e Caribe.

METODOLOGIA A metodologia deste WORKSHOP contempla a

seleção de casos que desenvolveram diversas práticas, programas e políticas bem sucedidas para a gestão de resíduos sólidos, nas dimensões institucional-legal, social, ambiental e econômica. A proposta metodológica, portanto, é a de extrair destas experiências, elementos que possam ser adaptados nas diferentes realidades dos países da ALC, e a de criar novos instrumentos e alternativas para a gestão integrada e sustentável de resíduos sólidos, a partir das experiências dos participantes. Desse modo, pretende-se que a dinâmica de grupos permita que se entrelacem os pontos fortes, as dificuldades e desafios das experiências, as etapas do manejo de resíduos e as dimensões para alcançar um patamar sustentável nesta área.

Conclusões e recomendações dos trabalhos em grupos serão consolidadas em plenária ao final do evento.

RESULTADOS ESPERADOS A expectativa deste WORKSHOP é a de que se

produza um conjunto de propostas de gestão integrada de RSU, adaptadas à realidade da ALC, que possa ser incorporado em uma agenda de ações a ser implementada por atores plurais.

PRODUTO FINAL Os resultados dos debates e construções coletivas

serão devidamente sistematizados em um documento e divulgados oportunamente.

SUBSÍDIOS PARA OS DEBATES A coordenação técnica do WORKSHOP elaborou o

documento Diretrizes para a Gestão Integrada e Sustentável de Resíduos Sólidos, com o objetivo de apresentar pressupostos sobre o tema que possam contribuir para as discussões e formulações a serem desenvolvidas neste evento.

DIRETRIZES PARA A GESTÃO INTEGRADA E SUSTENTÁVEL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

INTRODUÇÃO A questão dos resíduos sólidos urbanos constitui uma

das grandes preocupações das sociedades contemporâneas e um desafio para os gestores públicos. O aumento crescente da geração de resíduos sólidos é fruto de um padrão de produção e consumo insustentável que, aliado ao manejo inadequado, principalmente nas etapas que envolvem o destino dos resíduos, tem provocado efeitos indesejáveis – e, muitas vezes, irreversíveis – do ponto de vista sanitário e ambiental, além de representar um grande desperdício de materiais e de energia.

Vários são os fatores que afetam a geração de resíduos sólidos. Na América Latina e Caribe, segundo dados da Organização Pan-Americana da Saúde, em 2001, as estimativas indicam que 369.000 toneladas de resíduos sólidos municipais foram geradas diariamente, das quais valor entre 60 e 80% foi coletado e, destas, apenas 23% tiveram disposição final sanitária e ambientalmente aceitável. A taxa média per capita de resíduos sólidos domiciliares para a região é de 0,79 Kg/hab.dia, enquanto para resíduos sólidos urbanos, o valor sobe para 0,91 Kg/hab.dia.

De uma maneira geral, esta produção está diretamente relacionada a fatores sócio-econômicos, tais como o GDP, ao crescimento populacional, à diversificação de bens e serviços e ao intenso consumo. Entretanto, esta correlação vai depender de fatores geográficos, sociais e produtivos, bem como do nível de tecnologia e de composição industrial.

Até meados da década dos anos 70, período em que ocorreu a Conferência de Estocolmo sobre Meio Ambiente, os resíduos sólidos produzidos nas concentrações demográficas e urbanas eram considerados como uma questão a ser resolvida através da coleta, afastamento da área geradora e disponibilização de um local para abrigar seu lançamento no solo.

A logística da coleta e transporte consagra-se até os dias atuais como diretriz predominante no conjunto das atividades do sistema de limpeza pública. Os elevados custos das etapas de tratamento e disposição final, o desconhecimento da sociedade e dos sistemas econômico-produtivos acerca dos impactos sociais, econômicos, ambientais e os efeitos à saúde que os resíduos inadequadamente dispostos acarretam, tem dificultado maiores avanços nas soluções do problema na ALC. No entanto, esse modelo não mais atende as diretrizes internacionais referentes à questão do gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos, tampouco às Metas do Milênio.

Embora, nos últimos anos, várias iniciativas relacionadas ao desenvolvimento sustentável e integrado tenham sido implementadas em alguns países da América Latina e Caribe, o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos ainda é uma das grandes questões sociais, ambientais e de saúde a serem solucionadas, principalmente em cidades de pequeno e médio porte. Na maioria dos casos, o problema está diretamente ligado ao crescimento acelerado da população, excessiva concentração em áreas urbanas, desenvolvimento industrial descontrolado, padrão de produção perdulário, mudança dos hábitos de consumo e falta de informação da população acerca dos impactos sociais, ambientais e sanitários dos resíduos.

O crescente número de lixões, inclusive clandestinos, nos pequenos e médios municípios, e o esgotamento

das áreas periféricas para a disposição final sanitária e ambientalmente aceitável na região da ALC, nos municípios de grande porte, torna imprescindível a busca de novas alternativas e soluções para a gestão integral e o manejo adequado dos resíduos sólidos urbanos.

Países da América Latina e Caribe evidenciam alguns pontos críticos em termos de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos. Entre outros, as mais notáveis evidências de preocupação referem-se às debilidades estruturais institucionais devido à ambigüidade destas organizações; ações desordenadas; duplicação de tarefas administrativas; falta de articulação e incompatibilidade de instrumentos legais; parcial implementação de planos, programas e projetos de longo prazo, devido à falta de sustentabilidade econômica e financeira; falta de transparência nos processos de privatização; falta de mecanismos de controle social e supervisão na execução dos contratos e a ausência de sistemas de financiamento para apoiar o setor.

A presença de catadores sobrevivendo dos materiais recicláveis nos lixões e nas ruas e sua capacidade de organização têm evidenciado a necessidade de aprofundamento da discussão conjunta na perspectiva da integração deste segmento social em sistemas voltados para o reaproveitamento dos resíduos e para a sustentabilidade ambiental e afirmação dos direitos de cidadania.

Portanto, o entendimento de toda a problemática relacionada ao gerenciamento de resíduos sólidos revela a falta de estratégias de ação voltadas para um conjunto de políticas, padrões, ações, recursos e objetivos consistentes, com vistas a um equacionamento mais avançado dos desafios postos.

E, por fim, um último desafio é superar a cultura da “eliminação” dos resíduos e passar à cultura da recuperação, por meio do desenvolvimento de

ferramentas voltadas para: (1) tecnologias e sistemas de gestão que incorpore o princípio da minimização de resíduos; (2) programas e estratégias voltadas para o incentivo de práticas de redução, reutilização e reciclagem e (3) desenvolvimento de instrumentos econômicos para a sustentabilidade da gestão dos resíduos sólidos.

GESTÃO INTEGRADA E SUSTENTÁVEL DE

RESIDUOS SÓLIDOS A gestão integrada de resíduos sólidos envolve tanto

os conceitos de sustentabilidade associada à visão de tecnologia social, quanto à interação entre o conjunto de órgãos públicos que possam ter interface com os problemas e soluções nesta área, e destes com atores da sociedade, dispostos à práticas de cidadania.

A gestão integrada de resíduos sólidos urbanos deve ser assentada sobre condições ambientais adequadas, considerando-se todos os setores e aspectos envolvidos, desde a fonte geradora até a disposição final segura, depois de esgotadas todas as possibilidades de recuperação dos resíduos, buscando-se, inclusive, incorporar mudanças nos padrões não-sustentáveis de produção e consumo, mediante a educação ambiental para sensibilização, conscientização e participação da sociedade.

A gestão integrada pressupõe a articulação de ações normativas, financeiras, de planejamento, administrativas, operacionais, sociais, educativas, de avaliação e controle e de saúde, em todas as etapas do gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos, a fim de alcançar benefícios ambientais e de saúde, otimização econômica do manejo e aceitação social, respondendo às necessidades e especificidades locais. Deve também

considerar e interligar as políticas públicas setoriais, nas diferentes esferas de governo.

Quanto à integração entre órgãos públicos cabe destacar a importância da participação das diversas competências dentro de uma administração municipal para o equacionamento integral dos problemas. Portanto, a articulação de conhecimentos técnicos dentro do poder público apresenta-se como uma estratégia central para a construção de soluções sustentáveis nesta área.

Para avançar na perspectiva da sustentabilidade – ambiental, social, econômica, política e cultural – na gestão de resíduos urbanos é fundamental avaliar as diversas modalidades de coleta, separação e destinação de resíduos já existentes e exitosas e replicá-las na região, considerando-se a realidade local. Neste sentido, é importante considerar as possibilidades de combinações e de arranjos institucionais que permitam tanto reduzir ao máximo a geração, quanto a destinação de resíduos sólidos para aterros sanitários, considerados, atualmente, como passivos ambientais deixados para as gerações futuras.

Além disso, é fundamental a articulação do poder público com atores da sociedade, com vistas ao estabelecimento de parcerias que venham a convergir e potencializar as iniciativas existentes e também a estimular a entrada de novos atores.

O conjunto de desafios postos para os gestores públicos e para o conjunto da sociedade, visando à superação dos dilemas da geração excessiva de resíduos e os decorrentes impactos ambientais e efeitos à saúde, estão a exigir mudanças radicais na gestão de resíduos sólidos urbanos. E estas mudanças passam pela responsabilidade social dos diversos setores e atores sociais, segundo sua atribuição e papel neste contexto. Governos têm atribuição formal de resolver os problemas, a sociedade civil pode jogar um papel central e contribuir de formas diferenciadas segundo sua

inserção social, e o setor privado tem que se investir do compromisso de implementar soluções sustentáveis, visto que é parte integrante do processo em que se geram passivos ambientais, no caso a geração de resíduos pós consumo.

DIRETRIZES GERAIS 1. O atual modelo de produção e consumo da

ALC, que resulta em crescente geração de RSU, deveria ser revisto, principalmente, dentro do processo produtivo, com o objetivo de minimizar a geração de resíduos do pós-consumo, sobretudo, quanto às embalagens descartáveis e produtos de curta vida útil.

2. A busca de soluções para a questão dos RSU

na ALC deveria ter como foco a gestão integrada – diagnósticos participativos, planejamento estratégico, integração de políticas setoriais, parcerias entre os setores público e privado, mecanismos de implementação compartilhada das ações, instrumentos de avaliação e monitoramento – e, não somente, a escolha de tecnologias apropriadas, para avançar rumo à sustentabilidade da gestão de resíduos sólidos.

3. Há urgência de se investir no levantamento de

informações, elaboração de diagnósticos e análises para o dimensionamento das demandas no setor de RSU e para definição de prioridades, estratégias políticas e de financiamento de programas voltados para a sustentabilidade das iniciativas e ações regionais e locais.

4. O gerenciamento dos RSU deveria contemplar as atividades de reutilização, reciclagem e tratamento com recuperação energética ou de biomassa, visando reduzir ao máximo a quantidade de resíduos a ser disposta no solo, minimizando os custos operacionais e os impactos ambientais e à saúde.

5. A disposição final dos RSU no solo deveria

ser praticada dentro de padrões ambientais e critérios técnicos que minimizem os impactos ao ambiente e os efeitos à saúde e incorpore o tratamento do percolado e a recuperação do biogás.

6. Os países da região deveriam estabelecer um

marco legal e regulatório para o manejo de resíduos sólidos que regule a competência e a atuação de cada ator envolvido na gestão integrada, os mecanismos de fiscalização e controle das instituições públicas responsáveis e os incentivos para a gestão sustentável.

7. A sustentabilidade econômica dos sistemas

de gestão de RSU deveria ser garantida por mecanismos de tributação, financiamento e de valorização dos resíduos, mediante a recuperação de materiais orgânicos e inorgânicos e de subprodutos do tratamento e da disposição final destes.

8. A gestão integrada de RSU deveria

reconhecer o valor social, econômico, ambiental e organizativo do trabalho dos catadores na ALC, enquanto agentes integrantes de sistemas públicos de reaproveitamento de resíduos sólidos.

9. Produzir informações e indicadores para

avançar rumo à gestão integrada e sustentável de RSU.

ATORES Agenda política • Autoridades nacionais, estaduais, setoriais e

locais • Legisladores • Entidades reguladoras, fiscalizadoras e de

controle Agenda empresarial • Empresas Agenda social • Cooperativas de catadores e/ou empresas

comunitárias • ONGs • Academia • Meios de comunicação • Comunidade internacional e agências de

cooperação PRIMEIRA DIRETRIZ GERAL

1. O atual modelo de produção e consumo da ALC, que resulta em crescente geração de RSU, deveria ser revisto, principalmente, dentro do processo produtivo, com o objetivo de minimizar a geração de resíduos do pós-consumo, sobretudo, quanto às embalagens descartáveis e produtos de curta vida útil.

Justificativa - O acelerado crescimento populacional da região e

sua concentração em áreas urbanas, o desenvolvimento industrial e as mudanças nos níveis de consumo têm incentivado o aumento da quantidade e variedade de resíduos sólidos gerados na região da ALC, com a decorrente demanda de serviços para seu manejo adequado.

- Em 2001, a população urbana da ALC alcançou a

cifra de 406 milhões (78,3%) de um total de 518 milhões de habitantes, com uma produção estimada de resíduos sólidos urbanos de 369 mil toneladas/dia; para o ano de 2015 é projetada uma população de 627 milhões de habitantes, dos quais cerca de 501 milhões serão urbanos (80%) e, mantendo-se as taxas de geração atuais, a produção de resíduos suplantará 446 mil toneladas/dia.

- As áreas apropriadas para disposição final de

resíduos sólidos estão cada vez mais escassas e mais distantes dos locais de geração, incidindo em maiores custos de aquisição e de transporte, além de utilizar áreas agricultáveis.

Diretrizes específicas • Incorporar o conceito de minimização de resíduos

na fonte geradora nas políticas do setor produtivo, buscando a sustentabilidade na definição do produto (ecodesign), na seleção de matérias-primas, no consumo de água e energia e na escolha de tecnologias de produção.

• Instituir a responsabilidade estendida do setor produtivo, considerando que todo processo de produção gera poluição e passivos ambientais.

• Instituir instrumentos econômicos para tributar ou incentivar os produtores com relação à quantidade e qualidade dos resíduos do pós-consumo gerados.

• Incentivar o uso de embalagens retornáveis, de materiais não combinados ou passíveis de reciclagem e a produção de bens com maior durabilidade.

SEGUNDA DIRETRIZ GERAL

2. A busca de soluções para a questão dos RSU na ALC deveria ter como foco a gestão integrada – diagnósticos participativos, planejamento estratégico, integração de políticas setoriais, parcerias entre os setores público e privado, mecanismos de implementação compartilhada das ações, instrumentos de avaliação e monitoramento – e, não somente, a escolha de tecnologias apropriadas, para avançar rumo à sustentabilidade da gestão de resíduos sólidos. Justificativa - Hoje, na ALC, gera-se cerca de 369.000 toneladas

por dia de resíduos sólidos municipais, sendo que, em média, 56% são orgânicos e 25% inorgânicos. A cultura política na gestão de resíduos sólidos fez com que estes materiais fossem considerados lixo, inservíveis, jogados em locais inadequados – lixões a céu aberto. A visão de que resolver este problema envolve centralmente garantir sistema de coleta indiferenciada, transporte e destinação para aterros sanitários ou controlados e para incineradores se tornou insuficiente devido à produção

de embalagens em alta escala, à escassez de locais para novos aterros, especialmente nas grandes e médias cidades e ao crescente aumento dos custos de gerenciamento deste sistema.

- Há indícios de que esta realidade tende a mudar na

ALC, evoluindo em direção à priorização de políticas públicas voltadas à minimização, reaproveitamento, segregação na fonte geradora, coleta seletiva, pré-beneficiamento, comercialização e reciclagem; apenas o rejeito deve ser destinado aos aterros sanitários. Hoje, a recuperação dos materiais é predominantemente uma atividade informal, que resulta em baixos índices de recuperação – 2,2% do total de resíduos sólidos gerados na ALC, sendo 1,9 inorgânicos e 0,3% orgânicos, resultando em desperdício de recursos naturais e de geração de oportunidades de trabalho e renda.

- A questão dos resíduos sólidos envolve setores da

administração pública, tais como: ambiental, desenvolvimento urbano, educação, saneamento, saúde, social, habitação e econômico. Assim sendo, as ações devem ser articuladas e prever a integração das políticas setoriais para alcançar seus objetivos. Da mesma forma, essa questão envolve instituições públicas, privadas e a sociedade civil, portanto, deve contemplar a inter-institucionalidade.

- Diversos empreendimentos para tratamento ou

disposição final de RSU na ALC foram rejeitados na etapa de implantação por não envolverem a participação da diversidade de atores sociais na tomada de decisão que levou à sua escolha, resultando em desperdício de recursos econômicos e perda de tempo.

Diretrizes específicas

• Promover uma visão de gestão integrada e participativa de resíduos sólidos, com inclusão social.

• Revisar e ampliar o marco legal e institucional visando compatibilizar as leis e regulamentos nos diferentes níveis governamentais – federal, estadual, regional, local.

• Promover a integração das políticas intersetoriais.

• Promover a integração inter-institucional – governo, setor privado, sociedade civil e cooperação internacional.

• Promover a implementação simultânea de sistemas públicos de reaproveitamento de resíduos sólidos com integração dos catadores e de suas organizações.

• Estabelecer parceria entre governos e sociedade para desenvolver programas de educação ambiental voltados para a questão de resíduos sólidos.

• Promover soluções consorciadas em nível regional, na perspectiva da gestão integrada e sustentável de RSU.

• Promover o fortalecimento da capacidade dos governos federal, estadual e local para a gestão integral dos resíduos sólidos, incluindo a planificação e a implementação de políticas, planos, programas e projetos.

• Promover a implementação de programas de capacitação contínua dos quadros técnicos, nos municípios, para o desenho e a implementação da gestão integrada e sustentável de resíduos sólidos.

TERCEIRA DIRETRIZ GERAL

3. Há urgência de se investir no levantamento de informações, elaboração de diagnósticos e

análises para o dimensionamento das demandas no setor de RSU e para definição de prioridades, estratégias políticas e de financiamento de programas voltados para a sustentabilidade das iniciativas e ações regionais e locais.

Justificativa - Atualmente registra-se uma deficiência de

informação confiável sobre a situação de manejo de RSU na ALC e na disponibilização e acesso das informações existentes, o que prejudica a definição de políticas públicas e a quantificação de recursos necessários ao setor.

- A ausência de informações sobre a situação nesta área dificulta a participação e controle social, como também o estabelecimento de parcerias com o setor privado e com instituições de cooperação internacional.

Diretrizes específicas • Promover a execução ou atualização de análises

setoriais de resíduos sólidos e perigosos para disponibilizar informações e dados estatísticos confiáveis sobre a questão dos resíduos na América Latina e Caribe.

• Promover a implementação de sistemas de informação permanente sobre resíduos sólidos.

• Produzir e disponibilizar informações e dados estatísticos confiáveis sobre a questão dos RSU na ALC.

• Identificar e disponibilizar os custos reais de cada etapa do gerenciamento dos RSU.

• Produzir estudos e análises que possam instrumentalizar os diferentes atores sociais envolvidos no processo de gestão integrada de RSU.

• Promover o desenvolvimento de estudos, investigação e controle dos riscos à saúde e ao ambiente pelo manejo inadequado de resíduos sólidos e perigosos.

QUARTA DIRETRIZ GERAL

4. O gerenciamento dos RSU deveria contemplar as atividades de reutilização, reciclagem e tratamento com recuperação energética ou de biomassa, visando reduzir ao máximo a quantidade de resíduos a ser disposta no solo, minimizando os custos operacionais e os impactos ambientais e à saúde.

Justificativa - A recuperação de resíduos - reutilização e

reciclagem, como também o tratamento de RSU, reduz a quantidade e altera a qualidade dos resíduos a serem dispostos no solo. Com menos resíduos, a vida útil dos aterros é prolongada e, com menos matéria orgânica e resíduos mais inertes, há uma menor geração de percolado, minimizando impactos ambientais e sanitários.

- A reutilização e reciclagem de resíduos minimizam o consumo de recursos naturais e promove a valorização dos resíduos.

- Atualmente já existem tecnologias para tratamento de resíduos que incorporam ganhos energéticos (incineração) ou de biomassa (compostagem), além de eliminar ou reduzir os resíduos a serem dispostos no solo.

Diretrizes específicas • Incentivar a participação dos geradores na

segregação dos resíduos na fonte e implementar as coletas diferenciadas para os diversos seguimentos de resíduos triados, visando a otimização da reciclagem.

• Criar centros de triagem de materiais recicláveis, para promover sua valorização e otimizar a reciclagem.

• Incentivar a criação de associações para coleta seletiva e triagem de resíduos, com a participação da sociedade civil organizada e da empresa privada.

• Incentivar a implantação de empresas recicladoras e o consumo de materiais reciclados.

• Desenvolver e empregar tecnologias de recuperação e tratamento de RSU sanitária e ambientalmente sustentáveis.

• Dispor no solo somente a parcela de RSU que não é mais passível de recuperação ou tratamento.

Instituir oficialmente instrumentos de controle das quantidades e tipos de materiais efetivamente reciclados, junto às indústrias recicladoras.

Produzir prognósticos confiáveis de desenvolvimento do mercado, com projeções de oferta e demanda dos produtos reciclados, para definição de estratégias de reciclagem que deverão ser adaptadas às necessidades, recursos e condições locais.

Instituir mecanismos que viabilizem a estruturação de pólos de reciclagem, visando a convergência entre as ações de triagem e armazenamento de materiais recicláveis e sua absorção pela cadeia produtiva da reciclagem, mediante ações dos governos local, estadual e federal em sintonia com o setor privado.

QUINTA DIRETRIZ GERAL

5. A disposição final dos RSU no solo deveria ser praticada dentro de padrões ambientais e critérios técnicos que minimizem os impactos ao ambiente e os efeitos à saúde e incorpore o tratamento do percolado e a recuperação do biogás.

Justificativa - Na ALC a disposição final é a etapa mais crítica do

manejo dos RSU. Somente 23% dos resíduos municipais gerados na região são depositados de forma sanitária e ambientalmente adequada. Cerca de 60% dos RSU gerados na região e 85% dos resíduos coletados, são dispostos em lixões a céu aberto ou aterros controlados, sem o devido controle ambiental e sanitário. A maioria dos países da ALC está longe de alcançar as metas da Agenda 21 para as etapas de tratamento e disposição final dos RSU; a meta para alcançar cobertura de tratamento e disposição final adequados para 50% dos resíduos, até o ano 2005, parece que será alcançada por um número reduzidíssimo de países.

- A disposição inadequada contribui para a poluição do ar, solo, águas superficiais e subterrâneas e para a proliferação de vetores e outros agentes de enfermidades, além de resultar em degradação e desvalorização da área de disposição e incentivar a presença de catadores de materiais recicláveis de forma insalubre.

- A ALC apresenta grande incidência de catadores em situação de risco à saúde, nos sítios de disposição final inadequada, destacando-se o número de mulheres e crianças, decorrente da situação sócio-econômica enfrentada pelos países da região e da valorização dos materiais recicláveis.

- A contaminação ambiental pelos líquidos percolados é crítica na maioria dos paises da ALC. A maioria dos

sítios de disposição de resíduos no solo não conta com sistemas de tratamento de percolado.

- Apesar do enorme potencial que os sistemas de recuperação de biogás para aproveitamento energético representam, apenas em um número reduzido de aterros, e em muito poucos países da região (Argentina, Brasil, Chile, México), estão sendo implantados.

Diretrizes específicas • Eliminar a disposição de RSU a céu aberto e

promover a recuperação das áreas degradadas com a inclusão social dos catadores.

• Minimizar os impactos ambientais e à saúde

mediante eliminação ou tratamento dos líquidos percolados e tratamento ou recuperação dos gases gerados.

• Implantar aterros sanitários com sistemas

eficientes de captação do biogás para otimizar sua recuperação e reduzir ao máximo sua emissão no ambiente, reduzindo os gases de efeito estufa.

• Desenvolver e implantar tecnologias de recuperação do biogás e utilizar os mecanismos de desenvolvimento limpo, para minimizar os custos dessa recuperação.

• Promover fóruns de debate, em âmbito regional e

local, para discutir e difundir as possibilidades de recuperação de gás de aterros de resíduos e a aplicação dos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo.

• Valorizar a recuperação de biogás como uma

nova fonte de geração de energia.

SEXTA DIRETRIZ GERAL 6. Os países da região deveriam estabelecer um

marco legal e regulatório para o manejo de resíduos sólidos que regule a competência e a atuação de cada ator envolvido tanto nos processos de geração de resíduos quanto na gestão integrada, os mecanismos de fiscalização e controle, e os incentivos para a gestão sustentável.

Justificativa - A carência de um marco regulatório debilita o

cumprimento das leis ao não permitir viabilizar e instrumentalizar a execução das ações.

- A legislação existente para o setor encontra-se

dispersa em vários dispositivos, o que dificulta sua efetividade por falta de complementariedade entre as distintas disposições jurídicas e, muitas vezes, pelas lacunas ou superposição de competências ou contradições entre as mesmas.

- Embora os países da região disponham de

legislação ambiental, em muitos deles ainda é insuficiente uma legislação específica referente ao manejo de RSU. Poucos países possuem Plano Nacional de Gerenciamento de RS e planos e programas integrados para atender às demandas do setor. Somente uma pequena parcela dos municípios desenvolveram Planos Diretores Municipais.

- A carência de regulamentos específicos, normas de

referência e padrões de ecoeficiência, ligados a instrumentos econômicos ad hoc à gestão dos resíduos

sólidos, é o principal vazio que impede a aplicação correta das leis ambientais e de gestão de resíduos sólidos que prevalecem no setor.

- Novas leis de descentralização e reforma ao código

municipal têm aberto novos espaços para alianças entre a sociedade civil, em especial, os coletores privados e o poder público municipal.

Diretrizes específicas • Promover o fortalecimento do marco institucional

e legal dos resíduos sólidos nos países da ALC – normatividade em nível federal e mecanismos legais de financiamento para projetos de infra-estrutura de resíduos sólidos.

• Estabelecer normas e instrumentos que definam

responsabilidades pós-consumo, de maneira a induzir os distintos atores envolvidos à adoção dos 3 Rs – redução, reutilização e reciclagem.

• Estabelecer, nos diferentes níveis de administração pública (federal, estadual, regional e local), a política de gestão integrada de resíduos sólidos, articulada às demais políticas de governo, para o ordenamento do setor.

• Estabelecer as responsabilidades e

competências de cada ator envolvido na gestão integrada de RSU.

• Estabelecer os limites de emissão, os padrões de

qualidade ambiental e os indicadores de saúde a serem atendidos pelas unidades que integram o gerenciamento

dos RSU (centros de triagem e reciclagem, unidades de transbordo, recuperação e tratamento de resíduos e locais de disposição final).

• Estabelecer as restrições legais e sanções

(administrativas, civis e penais), sob as quais deve operar o sistema de manejo de RSU.

• Integrar ao marco jurídico regulador os acordos

internacionais vigentes (Convenção da Basiléia, Convenção da Prevenção da Contaminação dos Barcos, Convenção das mudanças Climáticas).

• Promover a implementação de mecanismos de

fiscalização dos serviços de manejo de resíduos sólidos, em todas as suas etapas, incluindo a implementação de auditorias ambientais.

• Promover a aplicação de mecanismos de

transparência de informações sobre a gestão dos resíduos sólidos.

SÉTIMA DIRETRIZ GERAL 7. A sustentabilidade econômica dos sistemas

de gestão de RSU deveria ser garantida por mecanismos de tributação, financiamento e de valorização dos resíduos, mediante a recuperação de materiais orgânicos e inorgânicos, e de subprodutos do tratamento e da disposição final destes.

Justificativa

- Os custos de gerenciamento de resíduos são altos, podendo representar 5% a 15% dos orçamentos públicos municipais na região, o que requer a destinação de recursos públicos federais e estaduais para financiar a implantação de diversas modalidades de recuperação de resíduos. Estes recursos, além das fontes convencionais de captação, podem advir também de mecanismos de tributação dos geradores, segundo sua responsabilidade no processo produtivo e/ou pós-consumo.

- Cabe salientar que ainda é pouco usual a cobrança pela prestação dos serviços em nível municipal, na maioria dos municípios da ALC, fundamentalmente por razões de caráter político. Existem diferentes formas de estabelecer tarifas e de implementar sistemas de cobrança pelos serviços que deveriam ser padronizados na América Latina.

- Por outro lado, são insuficientes os mecanismos de

incentivo para os diversos atores, a fim de adotarem práticas voltadas para a redução, reutilização e reciclagem.

Diretrizes específicas • Promover o estabelecimento de mecanismos de

cobrança e sistemas de avaliação efetiva de custos, de acordo com a realidade dos países da ALC.

• Gerar consciência na população e suas autoridades a respeito da necessidade de assumir o custo do gerenciamento integrado de RSU e aplicar mecanismos de cobrança.

• Instituir a cobrança pelos serviços de limpeza

urbana, na qual está incluído o gerenciamento dos RSU.

• Elaborar propostas de programas de reciclagem e projetos de unidades de tratamento e disposição de RSU compatíveis com as reais possibilidades de pagamento da população, a fim de assegurar a sustentabilidade dos serviços.

• Instituir mecanismos de financiamento, nas

diferentes esferas de governo, que estimulem as administrações municipais a implementarem novas modalidades de gestão voltadas para a recuperação dos resíduos – reutilização, reciclagem, recuperação energética e de biomassa.

• Incentivar o setor empresarial a investir em

modalidades de recuperação de recicláveis, promovendo a geração de trabalho e renda e direitos de cidadania.

• Reaplicar os ganhos econômicos da recuperação

do biogás e aplicação do MDL na gestão sustentável dos RSU.

Diretrizes específicas • É preciso que se institua oficialmente

instrumentos de controle das quantidades e tipos de materiais efetivamente reciclados, junto às indústrias recicladoras.

• Deve-se produzir prognósticos fidedignos de desenvolvimento do mercado, com projeções de oferta e demanda dos produtos reciclados, para definição de estratégias de reciclagem que deverão ser adaptadas às necessidades, recursos e condições locais.

• Governos local, estadual e federal, em sintonia com o setor privado, devem formular mecanismos que viabilizem a estruturação de pólos de reciclagem dos resíduos gerados para que haja convergências entre as ações de separação e armazenamento de materiais

recicláveis e sua absorção pela cadeia produtiva da reciclagem.

OITAVA DIRETRIZ GERAL 8. A gestão integrada de RSU deveria

reconhecer o valor econômico, social, ambiental e organizativo do trabalho dos catadores na ALC, enquanto agentes integrantes de sistemas de reaproveitamento de resíduos sólidos.

Justificativa - Existem mais de 200 organizações na ALC, de

catadores, segregadores, cartoneros, gancheros, pepenadores, recicladores, trabalhadores da reciclagem e do manejo de resíduos sólidos, na totalidade dos países do continente. Cerca de 120.000 famílias sobrevivem, há mais de 60 anos, da obtenção de materiais extraídos do lixo nas ruas, lixões e depósitos. Ademais, não existem análises na região que dimensionem o valor econômico deste setor, em termos de potencial de geração de trabalho.

- Estes trabalhadores e seus filhos atuam em

situações de alta vulnerabilidade, sujeitos a várias enfermidades e mutilações, sendo constantemente discriminados e, muitas vezes, ignorados pelo poder público, o que agrava sua condição de exclusão social.

- Existem experiências de implantação de sistemas

públicos de coleta seletiva, triagem e comercialização de materiais recicláveis com inclusão social, em diversos países da ALC, que atestam a viabilidade e sustentabilidade da inclusão social dos catadores na gestão integrada de resíduos sólidos.

- Hoje existe a Rede Latino-americana de

Trabalhadores da Reciclagem, que reúne diversos movimentos e redes organizadas em nível regional (países), o que demonstra a capacidade de organização deste segmento social e sua determinação em afirmar-se enquanto categoria profissional capaz de se integrar aos sistemas públicos de gestão de resíduos sólidos.

- Não existem análises que detectem o valor

econômico do setor quanto à sua capacidade de geração de trabalho e renda em relação a uma significativa parcela da população de baixa renda. Tampouco não se mediu o impacto econômico das atividades de reciclagem e a utilização dos resíduos como “matéria-prima” nos processos industriais para gerar novos produtos de qualidade para a sociedade, inclusive, com capacidade de exportação. Em parte, devido à visão de que as atividades de recuperação de resíduos se inserem em uma economia estritamente informal.

Diretrizes Específicas • O poder público municipal deve criar condições

para a integração dos catadores na gestão de resíduos, desenvolvendo processos de construção participativa, para definição de modelos coerentes com a uma visão de gestão integrada e sustentável.

• A disponibilização de infra-estrutura e de recursos para capacitação técnica, gerencial e organizacional dos catadores e agentes comunitários é determinante para o êxito de programas de reaproveitamento de materiais recicláveis com inclusão social e desenvolvimento humano.

• Promover a incorporação de materiais segregados nos processos produtivos.

NONA DIRETRIZ GERAL 9. Produzir informações e indicadores para

avançar rumo à gestão integrada e sustentável de RSU.

Justificativa - Na região da ALC há lacunas de informação na área

de resíduos e, praticamente, em todos os países, as instituições e organismos do setor dispõem de informações insuficientes. Muitas vezes, quando há informações, estas encontram-se dispersas, desatualizadas ou incompletas e costumam não ser compartilhadas entre as instituições.

- O princípio dos 3 Rs - reduzir, reutilizar e reciclar -,

preconizado pela Agenda 21, na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992, ainda não está bem difundido na região. Embora tenha sido implementado em alguns países, não se obteve o êxito desejado, como demonstra o aumento da produção per capita de resíduos e a pequena quantidade de materiais reciclados.

- Praticamente nenhum país da região conta com

sistemas de informação que mantenha registros atualizados de indicadores associados ao manejo dos RSU. Há falta de informações sobre os danos sanitários e ambientais do manejo inadequado dos RSU em suas distintas fases.

Diretrizes Específicas

• Sensibilizar a comunidade sobre os danos à

saúde e ao ambiente, decorrentes do manejo inadequado de RSU, principalmente, na etapa de disposição final, e quanto às vantagens da redução e recuperação dos resíduos.

• Instituir programas de sensibilização e educação

socio-ambiental junto à população, a fim de que pratiquem a redução, reutilização e reciclagem.

• Produzir e criar redes de informação,

disponibilizando estes meios e recursos aos setores envolvidos na gestão integrada de RSU.

• Promover programas de educação ambiental, em

diferentes níveis educativos do ensino formal, tendo como foco a minimização de resíduos – reduzir, reutilizar, reciclar.

• Promover a participação cidadã e ativa da

população em programas de controle do manejo de resíduos sólidos.

• Promover campanhas de sensibilização sobre os

impactos sociais, sanitários e na saúde, decorrente da destinação inadequada dos RSU, e a importância de pagamento pelos custos reais da limpeza pública, com o objetivo, inclusive, de reduzir a morosidade do pagamento deste serviço.

• Promover ampla divulgação da comunidade na

celebração do DIADESOL.

AGENDA POLÍTICA

• Autoridades nacionais, estaduais, setoriais e

locais Ratificar as Metas do Milênio em nível de Política

Nacional de Resíduos Sólidos, promovendo a redução da geração, a responsabilização diferenciada pós-consumo, com vistas a garantir qualidade de vida para toda a população, preservação dos recursos naturais, respeito ao meio ambiente e promoção da saúde.

Incorporar na definição das agendas dos países da

ALC o conceito de gestão integrada e sustentável de resíduos sólidos.

Reconhecer a área de RSU como um setor ou sub-

setor economicamente viável com objetivos, programação, recursos que lhe são particulares, visando ao estabelecimento de políticas incentivadoras e à garantia de financiamento para as atividades privadas neste campo.

Instituir um marco regulatório, através de ampla

discussão com a sociedade, para implementar as diretrizes para a minimização de resíduos, no âmbito da produção e do consumo, e para a gestão integrada e sustentável dos resíduos sólidos.

Implementar ações emergenciais e de cidadania para

a erradicação dos lixões, promovendo, simultaneamente, a implantação de sistemas de reaproveitamento de resíduos sólidos com integração dos catadores e de suas organizações.

Promover programas públicos e desenvolver

instrumentos jurídicos e financeiros para a integração dos catadores e de suas organizações, reconhecendo

seu direito ao trabalho digno nesta área e sua contribuição para a redução da quantidade de resíduos destinados aos aterros sanitários, e para a dinamização da economia da reciclagem.

Promover parcerias entre o setor público e privado

para implementação de sistemas mistos de gestão de resíduos, com participação de micro-empresas, empresas comunitárias e cooperativas de catadores.

Definir metas e mecanismos de avaliação e

monitoramento, através de normas, em nível federal, para controlar as unidades implantadas, integrantes da operação do gerenciamento do RSU (centros de triagem, unidades de reciclagem, transferência, tratamento e disposição final).

Estabelecer parcerias com a sociedade para o

desenvolvimento de programas de educação ambiental, em redes de ensino formal e não-formal, bem como para divulgar informações na diversidade de canais de comunicação existentes.

• Legisladores Incorporar as Metas do Milênio em nível legislativo. Promover a construção de marco legal e institucional,

relativo à gestão integrada e sustentável de resíduos sólidos, de forma participativa, nos diferentes níveis de governo (federal, estadual, regional e local).

Instituir tarifas à população pela prestação de serviço,

estimulando uma participação pública mais ativa quanto à qualidade deste serviço e quanto à criação de incentivos para os que reciclam e separam os resíduos.

• Entidades reguladoras, fiscalizadoras e de controle

Desenvolver mecanismos de regulação e controle do

setor para garantir sistemas que priorizem a gestão voltada à minimização, recuperação e destinação final adequada.

Criar tarifas e incentivos para o setor privado convergir

para as diretrizes da minimização da geração e dos impactos à saúde humana e do ambiente.

Desenvolver mecanismos para tornar efetiva a

fiscalização para a garantia da gestão integrada e sustentável de resíduos.

AGENDA EMPRESARIAL

• Empresas Promover análises de ciclo de vida dos produtos, de

forma a buscar o menor impacto ambiental causado pela geração de resíduos, e orientar a escolha e a produção de materiais e produtos, segundo critérios de sustentabilidade ambiental e social.

Participar das discussões sobre a construção de um

marco regulatório para a gestão sustentável de resíduos sólidos.

Produzir prognósticos de desenvolvimento do

mercado, com projeções de oferta e demanda dos produtos reciclados, para definição de estratégias de reciclagem que deverão ser adaptadas às necessidades,

recursos e condições regionais e locais, levando em conta a viabilidade econômica.

Apoiar a estruturação de pólos de reciclagem de RSU,

buscando convergências entre as ações de separação e armazenamento de materiais recicláveis e sua absorção pela cadeia produtiva.

Informar à sociedade os efeitos e os custos

ambientais e à saúde dos produtos, para orientar a decisão de compra e, também, o uso correto e o descarte final adequado do produto, seguindo as normas de rotulagem.

Implementar mecanismos de fiscalização e controle

de processos de reciclagem e produtos reciclados. Promover parcerias entre as empresas e os catadores

para a gestão de resíduos sólidos, visando agregar valor na etapa de comercialização de recicláveis e para promover a educação socio-ambiental.

Apoiar sistemas públicos de recuperação de resíduos,

com inclusão dos catadores, fornecendo infra-estrutura para suas atividades de coleta, triagem e beneficiamento de recicláveis.

Promover eventos para pequenas, médias e grandes

empresas, a fim de sensibilizar estes segmentos para as diretrizes da gestão integrada e sustentável de resíduos sólidos.

Convocar as empresas recicladoras a seguirem as

normas ambientais e de saúde nos processos de reciclagem e na geração de produtos, inclusive os artesanais.

Instituir oficialmente instrumentos de controle das quantidades e tipos de materiais efetivamente reciclados, junto às indústrias recicladoras.

AGENDA SOCIAL • Cooperativas de catadores e/ou empresas

comunitárias Convocar o poder público a dimensionar as demandas

dos catadores para a construção compartilhada de sistemas públicos de recuperação de resíduos que os integre de forma digna e autônoma.

Sensibilizar a população sobre os benefícios sociais e

ambientais dos processos de recuperação de recicláveis. Promover troca de experiências entre as organizações

de catadores, para a apropriação de instrumentos, mecanismos e experiências de integração deste segmento e de suas organizações, em sistemas de recuperação de materiais recicláveis.

Promover a conscientização e a valorização do

catador junto à população. Estabelecer parcerias com as empresas para

potencializar a capacidade produtiva das cooperativas e associações de catadores, agregando valor à comercialização dos materiais recicláveis.

• ONGs Promover a articulação de fóruns com instituições

plurais, de forma a construir propostas para a elaboração de um marco regulatório que defina princípios, objetivos, mecanismos, instrumentos e metas para a mudança do padrão de produção e consumo e para a instituição de medidas que garantam a implantação da gestão integrada e sustentável de resíduos sólidos.

Desenvolver estudos e projetos que contribuam para a

construção de instrumentos que viabilizem a implementação de políticas sociais e programas públicos que garantam a máxima recuperação dos resíduos orgânicos e inorgânicos.

Desenvolver projetos em parceria com os catadores,

suas organizações e movimentos sociais para a estruturação de ações e estratégias que viabilizem condições adequadas à sua integração em sistemas de recuperação de resíduos - inorgânicos, orgânicos, resíduos de obras, bem como na cadeia da reciclagem.

Desenvolver instrumentos de controle social para

acompanhamento na implementação das políticas públicas e da execução do orçamento público.

Promover debates com instituições plurais para

desenvolver estratégias para monitorar e intervir na definição da pauta de produtos com vistas à sustentabilidade ambiental e à garantia de qualidade de vida de toda a sociedade.

Sensibilizar a população para as práticas dos 3 Rs -

redução, reutilização e reciclagem.

Sensibilizar a população para diversas possibilidades de contribuir para a inclusão social dos catadores.

Estabelecer parcerias com as empresas privadas com

vistas à promoção de ações voltadas para a educação da população, para as práticas de redução e recuperação de recicláveis e para a formação dos catadores, na perspectiva da gestão integrada e sustentável dos resíduos.

• Academia Incorporar os princípios da gestão integrada e

sustentável de RSU e de tecnologias apropriadas (custo-eficiência), orientadas à minimização dos RSU e à dinamização da reciclagem na grade curricular de cursos neste campo de conhecimento.

Promover o trabalho em equipe e de forma

multidisciplinar na formação de profissionais da área de gestão integrada e sustentável de RSU.

Desenvolver tecnologias apropriadas para melhorar as

condições de trabalho do setor de RSU. Desenvolver tecnologias apropriadas para reciclagem

e tratamento de RSU. Desenvolver metodologias de educação ambiental

para ampliar a participação social. Participar das discussões sobre a construção de um

marco regulatório para a gestão sustentável de resíduos sólidos, oferecendo suporte técnico-acadêmico.

• Meios de comunicação Contribuir na formação da opinião pública referente à

questão dos RS, principalmente, quanto aos impactos ambientais e de saúde envolvidos e na necessidade da minimização dos resíduos gerados, enfatizando o princípio dos 3 Rs - redução, reutilização, reciclagem – e incentivando a participação da sociedade.

Estabelecer parcerias com governos e instituições da

sociedade para desenvolvimento de programas de educação ambiental, potencializando o uso da diversidade de canais de comunicação existentes.

Sensibilizar a sociedade para a adesão a produtos

reciclados, desde que certificados. • Comunidade internacional e agências de

cooperação Apoiar projetos voltados para a Gestão Integrada de

RSU, coerentes com a sustentabilidade, considerando as dimensões social, ambiental, econômica, política, cultural e de saúde.

Apoiar estudos e pesquisas para geração de

informações, em âmbito regional e local, que subsidiem tomadas de decisão quanto à GIRSU.

Apoiar a criação e manutenção de redes de

informação sobre a situação dos paises de ALC na questão dos RSU.