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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA ATRIBUTOS ADAPTATIVOS DE OVINOS MORADA NOVA CRIADOS NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO WIRTON PEIXOTO COSTA Médico Veterinário AREIA - PB FEVEREIRO - 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA

ATRIBUTOS ADAPTATIVOS DE OVINOS MORADA NOVA CRIADOS NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

WIRTON PEIXOTO COSTA Médico Veterinário

AREIA - PB FEVEREIRO - 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA

ATRIBUTOS ADAPTATIVOS DE OVINOS MORADA NOVA CRIADOS NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

WIRTON PEIXOTO COSTA MÉDICO VETERINÁRIO

AREIA - PB FEVEREIRO – 2012

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WIRTON PEIXOTO COSTA

ATRIBUTOS ADAPTATIVOS DE OVINOS MORADA NOVA CRIADOS NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

Comitê de Orientação: Prof. Dr. Edgard Cavalcanti Pimenta Filho – Orientador Principal Profa. Dra. Débora Andréa Evangelista Façanha

AREIA - PB FEVEREIRO – 2012

Tese apresentada ao Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia, da Universidade Federal da Paraíba, do qual participam a Universidade Federal Rural de Pernambuco e Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Zootecnia. Área de concentração: Bioclimatologia e bem-estar animal

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F Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da Biblioteca Setorial de Areia-PB, CCA/UFPB. Bibliotecária: Elisabete Sirino da Silva CRB.4/905

C837a Costa, Wirton Peixoto

Atributos adaptativos de ovinos Morada Nova criados no Semiárido brasileiro / Wirton Peixoto Costa. Areia -PB: CCA/UFPB, 2012. 117f. : il Tese (Doutorado Integrado em Zootecnia)-Universidade Federal da Paraíba-Centro de Ciências Agrárias,Areia,PB,2012. 1.Ovinos nativos-parâmetros fisiológicos 2. Ovinos nativos- parâmetros sanguíneos 3. Ovinos nativos- características de pelame I..Pimenta Filho, Edgard Cavalcanti (Orientador) II.Façanha, Débora Andréa Evangelista (Co-orientadora) III. Título. CDU: 636.3 CCA/UFPB/BSAR

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Ao Ser Presente para quem quer,

Amigo e fiel escudeiro

Fonte inesgotável de toda felicidade.

É nosso Deus trino e uno,

A paze e o amor de verdade.

Aos meus pais, Wellington e Gilvanda

E vovó Dinorá, minha madrinha.

Porto seguro de todas as horas,

O exemplo que tenho que ser

Para os meus filhos felizes crescerem.

A Anakléa minha amada companheira

Mãe exemplar, esposa perfeita,

Que me deu Wirton Filho e Mariana,

Razão maior de uma vida inteira:

“Os problemas me dão férias, a tristeza diz "bye-bye",

Quando os meus pequeninos me beijam e chamam papai.

Os nossos laços sanguíneos são mais fortes que outros laços

Minhas almas gêmeas caminham em direção aos meus passos.

E eu vou aos braços de Deus quando eles vem aos meus braços.”

(adaptado de Pequeno Príncipe – Os Nonatos)

DEDICO

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AGRADECIMENTOS

A Deus nosso Pai, por me permitir viver, ver e sentir as maravilhas desse

mundo. Foi Ele quem me deu a perseverança das ondas do mar, que fizeram de cada

recuo um ponto de partida para um novo avanço. A Nossa Senhora por guiar os passos

e proteger a minha família.

A meus queridos pais Wellington Costa e Gilvanda Costa, minha amada esposa

Anakléa Costa, meus filhos, Wirton Filho e Mariana Costa, meus irmãos Wellington

Filho e Watson Costa, minha querida sobrinha Maria Fernanda, meus sogros e pais

adotivos Pedro Cruz e Dulce Cruz, minhas cunhadas Isabela Bezerra e Ádilla Palilma.

Agradeço especialmente aos meus avôs Renato Peixoto e Maria Nogueira e Agostinho

Veríssimo, que já partiram para a casa do Pai e vovó Dinorá Costa, aos meus tios,

primos e todos os meus parentes, pela força constante em minha vida e pela

contribuição na minha educação. Vocês me ensinaram que a família unida é a receita

para uma vida feliz.

Aos colegas da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), em

nome da minha co-orientadora profa. Dra. Débora Andréa Evangelista Façanha, que me

incentivou a cursar o doutorado na UFPB e que colaborou em todas as etapas desta

formação. Agradeço a todos pela liberação de minhas atividades docentes para que eu

pudesse ter dedicação integral a este curso.

Ao prof. Dr. Edgard Cavalcanti Pimenta Filho, meu amigo e Orientador, com O

maiúsculo, de fato e de direito. Pela oportunidade deste crescimento, pois entrei na área

de Zootecnia com a formação de Veterinário, mas seus ensinamentos e conselhos me

permitiram delinear um novo caminho em minha vida profissional. Dele só não aprendi

a tocar violão, como prometido no início deste curso, mas o farei a partir de agora. A

sua esposa, Sra. Margareth, por muitas vezes me acolher em sua residência para estudar,

com cuidados de uma mãe.

Aos amigos da “República dos Sem-L`s”: prof. Dr. Faviano Ricelli, pela

amizade de infância, coleguismo de faculdade e a indicação do abrigo nesta república;

prof. Dr. Sérgio Morais, meu primo e companheiro de quarto. Roncador, conversador e

muito engraçado, que não deixa ninguém dormir. Agradecimento extensivo à sua

família, meu Ir∴ Sr. Morais, sua mãe D. Nenzinha, sua Rosa e Serginho, pela amizade e

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respeito; ao garoto prof. Dr. Francisco Helton, o exemplo de vontade de vencer e de que

a nossa capacidade depende muito mais de nosso esforço; ao Dr. Josimar Torres, pelo

companheirismo e amizade de mais um Papa-Jerimum em terras paraibanas; Ao

Presidente da República dos Sem-“L`s”, V. Sa. Jadson Pamplona, organizando uma

“República” de seis ou mais “ministros” desorganizados, com calma diálogo e

paciência; ao prof. Dr. Leilson Bezerra, o velho e bom Lelê sabe-tudo, pela amizade

companheirismo. Agradeço a Deus por ter sobrevivido a suas manifestações corporais

de expurgo; ao gênio prof. M.Sc. Matheus Ramalho, mas acima de tudo um excelente

ser humano, hoje meu colega de UFERSA, se Deus quiser, de lá não sai; ao M.Sc.

Humberto, meu irmão com larga experiência de vida e com ela aprendendo muito.

Aos mestres que facilitaram meu caminho: profs. Drs. Alberício Andrade,

Ariosvaldo Nunes, Dermeval Furtado, Divan Soares, Edilson Saraiva, Edson Mauro,

Elizanilda, Euclides Malheiros (UNESP Jaboticabal-SP), Fernando Guilherme,

Geovergue Medeiros, Gherman Garcia, Isabela Molina, Marcos Carrera, Patrícia

Emília, Roberto Germano, Severino Gonzaga, Terezinha Domiciano, José Humberto

Vilar da Silva. Agradeço a especial atenção e ajuda nas análises estatísticas dos profs.

Drs. Walter Esfraim e Sidney Sakamoto (UFERSA).

Aos alunos, mestres e funcionários da UFERSA e da UFPB que foram

fundamentais em todas as etapas do experimento: a ex-aluna e hoje profa. M.Sc.

Jacinara Hody (Narinha), o bioquímico do HOVET UFERSA André Vale, o técnico em

patologia clínica do HOVET UFERSA Erinaldo Amorim, Ruth Lucena, Wallace

Sóstene, Paula Escóssia, Alcimone Araújo, Aline Silva, Dowglish Chaves, Jardel

Bezerra, Gilvan Júnior, Francisco Helton, Humberto Cardoso, Andreia Bezerra, Flávio

Gomes, Dallysson Coura, Ítalo Reneu, Jadson Pamplona, Elário Martins, Agenor Lima

Júnior, Miguel Ângelo, minha colega de turma de graduação, a Profa. Dra. Suzana

Araújo, a profa. Dra. Valeska Shelda, a Dra. Jacilene Castro. Agradeço à cessão dos

animais da Fazenda Fazendinha (Mogeiro-PB), na pessoa de Dr. Weds Batista e a

essencial ajuda dos amigos que abraçaram comigo a tarefa.

Aos funcionários do CEPEC: D. Graça Medeiros pela atenção especial na

secretaria, D. Carmen pelo cafezinho diário e Sr. Damião, pela descontração nos

intervalos das aulas.

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Aos colegas da pós-graduação Regina e Rinaldo, meus IIr∴ Tobyas Mariz e

Thiago Araújo, Luciana Porangaba, Jória, Lígia Barreto, Cicília Maria, Darklê Luiza,

Marcos Jácome, Wellington Dias, Ebson, Agenor, Henrique Parente, Valdi Lima, Tadeu

Mariniello.

Aos membros da banca de qualificação e de defesa desta tese, capitaneados pelo

presidente: profs. Drs. Edgard Cavalcanti Pimenta Filho, Benito Soto Blanco, Dermeval

de Araújo Furtado, Edilson Paes Saraiva, Maria Bernardete Cordeiro de Sousa, Patrícia

Emília Naves Givisiez, Roberto Gomes da Silva e Saulo Vilarim de Farias Leite, pela

valorosa contribuição nos ensinamentos, correções e sugestões.

Aos irmãos do Encontro de Casais com Cristo da Paróquia de Santa Luzia, em

especial ao grupo Em Busca da Felicidade e à equipe dirigente de 2011, que

entenderam minhas ausências e me deram forças para terminar este curso.

Agradeço o apoio financeiro do Banco do Nordeste do Brasil, da EMBRAPA e

da Petrobras, pelos convênios que permitiram realizar as etapas do estudo, dentro do

macroprojeto.

Enfim, agradeço a todas as pessoas que contribuíram para este momento.

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BIOGRAFIA DO AUTOR

WIRTON PEIXOTO COSTA nasceu aos 17 dias do mês de outubro de 1978, na

maternidade Januário Cicco, em Natal-RN. Cursou o ensino fundamental no Colégio

Diocesano Santa Luzia em Mossoró-RN e o ensino médio nos Colégios Diocesano

Santa Luzia e Salesiano São José em Natal-RN, concluindo em 1995. Em meados de

1996 ingressou no curso de Medicina Veterinária da Escola Superior de Agricultura de

Mossoró - ESAM, atual Universudade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA,

concluindo em 27 de julho de 2001. Em março de 2002 iniciou o curso de Mestrado em

Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres na Universidade de São Paulo - USP,

concluindo em 24 de junho de 2003. Em julho de 2003 foi aprovado no concurso de

professor substituto e assumiu a cadeira de Produção de Não-Ruminantes do

Departamento de Zootecnia da ESAM e em setembro do mesmo ano foi aprovado no

concurso da EMATER-RN, assumindo o cargo de Médico Veterinário Extensionista

Rural nas cidades de Currais Novos-RN, Lagoa Nova-RN e Cerro Corá-RN. Em março

de 2003 foi aprovado em primeiro lugar no concurso para professor efetivo de

Radiologia Veterinária, do Departamento de Medicina Veterinária da ESAM/UFERSA,

assumindo a disciplina em 28 de julho de 2004. Em novembro do mesmo ano foi eleito

Diretor do Hospital Veterinário Universitário da UFERSA, estando à frente deste órgão

no período de 2005 a 2007. No final de 2007 foi aprovado e no início de 2008 iniciou o

curso de doutorado no Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia, na

Universidade Federal da Paraíba, Campus de Areia – CCA/UFPB. Em novembro de

2009 foi eleito e assumiu a Primeira Tesouraria da Sociedade Nordestina de Produção

Animal no biênio de 2009 a 2011. No dia 15 de fevereiro de 2012 obteve o título de

Doutor em Zootecnia pela UFPB.

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SUMÁRIO Lista de tabelas .............................................................................................................................. xi Lista de figuras ........................................................................................................................... xiii Lista De Abreviaturas E Símbolos ............................................................................................... xv Resumo Geral............................................................................................................................ xvii Abstract ....................................................................................................................................... xix Considerações iniciais .................................................................................................................... 1

Capítulo 1

Atributos adaptativos de ovinos Morada Nova criados no semiárido brasileiro ............................ 3 Referencial teórico ......................................................................................................................... 3 Referências bibliográficas ............................................................................................................ 23

Capítulo 2

Respostas fisiológicas de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca às condições termoestressantes do semiárido brasileiro .................................................................................... 32 Resumo ........................................................................................................................................ 33 Abstract ........................................................................................................................................ 34 Introdução .................................................................................................................................... 35 Material e métodos ....................................................................................................................... 36 Resultados e discussão ................................................................................................................. 40 Conclusões ................................................................................................................................... 54 Referências bibliográficas ............................................................................................................ 54

Capítulo 3

Parâmetros bioquímicos e hematológicos na análise de respostas adaptativas de ovinos Morada Nova das variedades branca e vermelha criados na região semiárida brasileira .......................... 61 Resumo ........................................................................................................................................ 62 Abstract ........................................................................................................................................ 63 Introdução .................................................................................................................................... 64 Material e métodos ....................................................................................................................... 65 Resultados e discussão ................................................................................................................. 67 Conclusões ................................................................................................................................... 90 Referências bibliográficas ............................................................................................................ 90

Capítulo 4

Características de pelame em ovinos da raça Morada Nova das variedades vermelha e branca

criados no semiárido .................................................................................................................... 96 Resumo ........................................................................................................................................ 97 Abstract ........................................................................................................................................ 98 Introdução .................................................................................................................................... 99 Material e métodos ..................................................................................................................... 100 Resultados e discussão ............................................................................................................... 102 Conclusões ................................................................................................................................. 111 Referências bibliográficas .......................................................................................................... 111

Considerações finais e implicações............................................................................................ 115

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LISTA DE TABELAS

Capítulo 1

Tabela 1 Revisão das variáveis hematológicas ligadas à adaptabilidade em ovinos. .................. 18 Tabela 2. Revisão dos parâmetros bioquímicos ligados à adaptabilidade em ovinos. ................. 19

Capítulo 2 Tabela 3. Precipitação pluviométrica na cidade de Mogeiro-PB (AESA, 2011) e o delineamento dos períodos seco e chuvoso. ................................................................................. 38 Tabela 4. Média e desvio padrão das variáveis climáticas durante o procedimento experimental, nos dois períodos do ano do semiárido brasileiro. ................................................ 40 Tabela 5. Média e desvio padrão das variáveis fisiológicas de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca nas épocas chuvosa e seca. .......................................................... 43 Tabela 6. Coeficientes de correlação de Pearson entre os parâmetros fisiológicos e hormônios tireoidianos de ovelhas Morada Nova e as variáveis climáticas. ............................... 46 Tabela 7. média e desvio padrão das variáveis fisiológicas de ovelhas Morada Nova de diferentes classes de escore corporal. .......................................................................................... 49 Tabela 8. Análise de variância dos níveis séricos de hormônios tireoidianos em ovelhas Morada Nova vermelhas e brancas de diferentes escores corporais, nos períodos seco e chuvoso. ....................................................................................................................................... 50 Tabela 9. Média e desvio padrão dos níveis séricos de hormônios tireoidianos em ovelhas Morada Nova das vermelha e branca, de diferentes escores corporais, nos períodos seco e chuvoso do ano. ........................................................................................................................... 50

Capítulo 3 Tabela 10. Análise de variância, média e desvio padrão de glicose (Gli), colesterol total (Col) e triacilglicerol (Tri) séricos de ovelhas Morada Nova vermelha e branca, nas condições seca e chuvosa. ..................................................................................................................................... 67 Tabela 11. Coeficientes de correlação de Pearson entre os metabólitos energéticos de ovelhas Morada Nova e as variáveis climáticas do semiárido brasileiro. ................................................. 71 Tabela 12. Análise de variância, média e desvio padrão de ureia, creatinina, proteínas totais, albumina e globulina de ovelhas Morada Nova, nos períodos seco e chuvoso do ano. ............... 74 Tabela 13. Coeficientes de correlação entre os metabólitos protéicos de ovelhas Morada Nova e as variáveis climáticas do semiárido brasileiro. .............................................................. 76 Tabela 14. Análise de variância, média e desvio padrão de aspartato aminotransferase (AST) e alanina aminotransferase (ALT) de ovelhas Morada Nova, nos períodos seco e chuvoso do ano. ............................................................................................................................................... 81 Tabela 15. Coeficientes de correlação de Pearson entre a atividade das transaminases de ovelhas Morada Nova e as variáveis climáticas do semiárido brasileiro. .................................... 83 Tabela 16. Análise de variância, média e desvio padrão de hemácias, hematócrito e do volume corpuscular médio de ovelhas Morada Nova, nos períodos seco e chuvoso do ano. ...... 85 Tabela 17. Coeficientes de correlação entre os parâmetros sanguíneos de ovelhas Morada Nova e as variáveis climáticas do semiárido brasileiro. .............................................................. 88

Capítulo 4 Tabela 18. Média e desvio padrão das variáveis climáticas durante o procedimento experimental, nos dois períodos do ano do semiárido brasileiro. .............................................. 102 Tabela 19. Análise de variância das características de pelame de ovinos Morada Nova das variedades vermelha e branca, criados no semiárido brasileiro. ................................................ 102 Tabela 20. Média e desvio padrão das características de pelame de ovelhas Morada Nova vermelhas e brancas criadas no semiárido brasileiro, nos períodos seco e chuvoso. ................. 103

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Tabela 21. Coeficientes de correlação de Pearson entre as características de pelame de ovelhas Morada Nova e as variáveis climáticas do semiárido brasileiro. .................................. 109

Considerações finais e implicações Tabela 22. Média e desvio padrão das variáveis fisiológicas, sanguíneas e de pelame de ovelhas Morada Nova das vermelha e branca, avaliados nos períodos seco e chuvoso do ano. 116

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LISTA DE FIGURAS

Capítulo 2 Figura 1. Ovelhas da raça Morada Nova das variedades vermelha (A) e branca (B). ................. 37 Figura 2. Distribuição mensal da temperatura do ar (TAR), umidade relativa do ar (UR), índice de temperatura do globo e umidade (ITGU) e carga térmica radiante (CTR) durante o período do estudo. ........................................................................................................................ 42 Figura 3. Análise de regressão entre a frequência respiratória (FR) de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca e a temperatura ambiental (TAR) e umidade relativa do ar (UR). ............................................................................................................................................ 47 Figura 4. Distribuição mensal da frequência respiratória (FR) e temperatura retal (TR) em ovelhas Morada Nova das variedades vermelha (1) e branca (2) no período chuvoso (Jan a Jun/2010) e seco (Set a Dez/2009 e Jul a Ago/2010)................................................................... 47 Figura 5. Análise de regressão entre a temperatura retal (TR) de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca e a temperatura ambiental (TAR) e umidade relativa do ar (UR). . 48 Figura 6. Distribuição mensal dos níveis triiodotironina (T3) e tiroxina (T4) em ovelhas Morada Nova das variedades vermelha (1) e branca (2) no período chuvoso (Jan a Jun/2010) e seco (Set a Dez/2009 e Jul a Ago/2010). .................................................................................. 51 Figura 7. Análise de regressão entre a triiodotironina (T3) de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca e a temperatura ambiental (TAR) e umidade relativa do ar (UR). . 52 Figura 8. Análise de regressão entre a tiroxina (T4) de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca e a temperatura ambiental (TAR) e umidade relativa do ar (UR). ................... 52

Capítulo 3 Figura 9. Variação mensal (9 a 12/2009; 1 a 8/2010) do escore corporal (EC) médio de ovelhas Morada Nova vermelha (1) e branca (2). ........................................................................ 70 Figura 10. Análise de regressão entre glicose (Gli), colesterol (Col) e triacilglicerol (Tri) de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca e a temperatura ambiental (TAR) e umidade relativa do ar. ................................................................................................................. 72 Figura 11. Distribuição mensal dos níveis de glicose (Gli), Colesterol total (Col) e triacilglicerol (Tri) em ovelhas Morada Nova das variedades vermelha (1) e branca (2) no período chuvoso (Jan a Jun/2010) e seco (Set a Dez/2009 e Jul a Ago/2010). ............................ 73 Figura 12. Distribuição mensal dos níveis de ureia (Ur) e creatinina (Cr) em ovelhas Morada Nova das variedades vermelha (1) e branca (2) no período chuvoso (Jan a Jun/2010) e seco (Set a Dez/2009 e Jul a Ago/2010). ............................................................................................. 76 Figura 13. Análise de regressão entre a ureia (Ur) e creatinina (Cr) de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca e a temperatura ambiental (TAR) e umidade relativa do ar (UR). ............................................................................................................................................ 77 Figura 14. Distribuição mensal dos níveis de proteínas totais (PT), albumina (Alb) e globulina (Glo) em ovelhas Morada Nova das variedades vermelha (1) e branca (2) no período chuvoso (Jan a Jun/2010) e seco (Set a Dez/2009 e Jul a Ago/2010). ............................ 78 Figura 15. Análise de regressão entre proteína total (PT) de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca e a temperatura ambiental (TAR) e umidade relativa do ar (UR). . 79 Figura 16. Análise de regressão entre albumina (Alb) de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca e a temperatura ambiental (TAR) e umidade relativa do ar (UR). . 80 Figura 17. Análise de regressão entre globulina (Glo) de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca e a temperatura ambiental (TAR) e umidade relativa do ar (UR). . 80 Figura 18. Distribuição mensal das atividades séricas das enzimas aspartato aminotransferase (AST) e alanina aminotransferase (ALT) em ovelhas Morada Nova das variedades vermelha (1) e branca (2) no período chuvoso (Jan a Jun/2010) e seco (Set a Dez/2009 e Jul a Ago/2010). ................................................................................................................................... 84

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Figura 19. Análise de regressão entre a atividade enzimática de aspartato aminotransferase (AST) e alanina aminotransferase (ALT) de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca e a temperatura ambiental (TAR) e umidade relativa do ar (UR).................................... 84 Figura 20. Distribuição mensal dos níveis de hemácias (He), hematócrito (Ht) e volume corpuscular médio (VCM) em ovelhas Morada Nova das variedades vermelha (1) e branca (2) no período chuvoso (Jan a Jun/2010) e seco (Set a Dez/2009 e Jul a Ago/2010). ................. 87 Figura 21. Análise de regressão entre a contagem total de hemácias (He), a determinação do hematócrito (Ht) e o volume corpuscular médio (VCM) de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca e a temperatura ambiental (TAR) e umidade relativa do ar. .......... 89

Capítulo 4 Figura 22. Variação mensal (9 a 12/2009 e 1 a 8/2010) do comprimento (CP, mm) e do diâmetro (DP, µm) dos pelos e da densidade numérica (DN, pelos.cm

2(-1)) e a espessura (EP, mm) do pelame de ovinos Morada Nova, das variedades vermelha (1) e branca (2). ............... 106 Figura 23. Lesões nas orelhas (alopecia) de ovelhas Moradas Nova da variedade branca, decorrente da coloração clara da pelagem e da pele. ................................................................. 108 Figura 24. Análise de regressão entre a densidade numérica do pelame (DN), o comprimento (CP), o diâmetro (DP) do pelo, a espessura do pelame (EP) e o ângulo de inclinação (θI) de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca e a temperatura ambiental (TAR) e umidade relativa do ar (UR)....................................................................................................... 110

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LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

Alb Albumina

ALT Alanina aminotransferase

AST Aspartato aminotransferase

bat Batimentos cardíacos

CEC Classe de escore corporal

cm centímetro

Col Colesterol total

CP Comprimento médio dos pelos

Cr Creatinina

dL Decilitro

DN Densidade numérica do pelame

DP Diâmetro médio dos pelos

EP Espessura do pelame

FR Freqüência respiratória

g Grama

Gli Glicose

Glo Globulina

h Hora

He Contagem total de hemácias

Ht Determinação de hematócrito

ITGU Índice de temperatura do globo negro e umidade

m Metro

mg Miligrama

min Minuto

mL Mililitro

mm Milímetro

MNB Morada Nova branca

MNV Morada Nova vermelha

mov Movimentos respiratórios

PT Proteína total

SPRD Sem Padrão Racial Definido

T3 Hormônio triiodotironina

T4 Hormônio tiroxina

TAR Temperatura ambiente

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TGN Temperatura do Globo Negro

TR Temperatura retal

Tri Triacilglicerol

UR Umidade relativa do ar

Ur Ureia

VCM Volume corpuscular médio de hemácias

θI Ângulo de inclinação do pelame

µg Micrograma

µL Microlitro

µm Micrômetro

ºC Grau centígrado

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xvii

ATRIBUTOS ADAPTATIVOS DE OVINOS MORADA NOVA CRIADOS NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

RESUMO GERAL

Objetivou-se avaliar as respostas adaptativas de ovinos Morada Nova das variedades

vermelha e branca, de diferentes condições de escore corporal, nos períodos seco e

chuvoso do ano, criados extensivamente no semiárido brasileiro, admitindo-se a

hipótese que a variedade vermelha, por ser mais difundida entre os criadores, está mais

adaptada às condições ambientais. Para tal fim monitorou-se a resposta fisiológica da

freqüência respiratória (FR), temperatura retal (TR), das concentrações séricas de

hormônios tireoidianos (T3 e T4), de metabólitos bioquímicos, da atividade enzimática

de transaminases, dos constituintes sanguíneos e das características de pelame. Foram

utilizadas 30 ovelhas multíparas de cada variedade, com dois a quatro anos, não

prenhes, em 11 colheitas de dados, durante um ano. Realizou-se análise de variância,

utilizando como fontes de variação a variedade da raça, o período do ano e a classe de

escore corporal. Para comparação de médias foi realizado o teste de Tukey a 5% e

análises de correlação e regressão. De maneira geral, observou-se que os parâmetros

avaliados apresentaram comportamento diferente nos dois períodos do ano. O período

provocou modificações significativas na FR, T3 e T4, mas não na TR. Entre as

variedades vermelha e branca, somente a concentração de T4 não apresentou diferença,

observando-se diferença de T3 para a interação período versus variedade e para os

animais de diferentes classes de escore foi observada diferença para FR e TR, mas não

para os hormônios tireoidianos. Na análise dos constituintes sanguíneos e bioquímicos,

praticamente não observou-se diferença entre as variedades. As concentrações de

glicose e colesterol total foram maiores no período chuvoso, o triacilglicerol e a

creatinina não diferiram com nenhuma das fontes de variação, a ureia e a albumina

foram semelhantes nos diferentes períodos do ano, sendo maior nos animais de melhor

condição corporal. As concentrações de proteína total e a globulina foram maiores no

período chuvoso, a proteinemia foi maior e a globulinemia foi menor nos animais de

melhor condição corporal. As atividades séricas da aspartato aminotransferase (AST) e

da alanina aminotransferase (ALT) diferiram com o período do ano e em diferentes

classes de escore corporal, respectivamente. Das variáveis hematológicas, a contagem

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de hemácias (He) não apresentou diferença com as fontes de variação estudadas, porém

o hematócrito foi maior nas ovelhas da variedade branca e nos animais de melhor

condição corporal e o volume corpuscular médio foi maior no período seco. Para as

características de pelame, observou-se que no período seco a densidade numérica do

pelame (DN), o comprimento (CP) e o diâmetro dos pelos (DP) foram maiores e a

espessura do pelame (EP) foi menor do que no período chuvoso, mas o ângulo de

inclinação do pelame (θI) não diferiu entre os períodos. Com relação às variedades, os

resultados de CP, DN e DP foram menores e o θI foi maior para a variedade vermelha e a

EP foi semelhante entre as variedades. Concluiu-se que as ovelhas Morada Nova

promoveram ajustes morfofisiológicos para manter a homeostasia, de acordo com o

período do ano. Os animais de pelame escuro necessitaram acionar mais as respostas

fisiológicas para manter a homeotermia. As características de pelame dos animais da

variedade branca conferiram principalmente proteção contra a radiação ultravioleta e as

da variedade vermelha favoreceram a termólise cutânea. Os níveis hematológicos e

bioquímicos podem ser considerados valores de referência para a raça. As ovelhas

Morada Nova das diferentes variedades estão igualmente adaptadas ao ambiente

semiárido, mesmo no período seco.

Palavras-chave: Ambiente Tropical, Características de Pelame, Ovinos Nativos,

Parâmetros Fisiológicos, Parâmetros Sanguíneos

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ADAPTIVE ATTRIBUTES OF MORADA NOVA SHEEP RAISED IN BRAZILIAN SEMIARID REGION

ABSTRACT

The objective was to evaluate the adaptability of Morada Nova sheep varieties of red

and white, of different body condition score in dry and rain seasons, raised extensively

in semiarid region, through the quantification of physiological parameters, of serum

thyroid hormones, the serum biochemical metabolites, the enzymatic activity of some

transaminases, some blood constituents and coat traits. 30 multiparous sheep of each

variety were used, with two to four years old, not pregnant, and the data were collected

in 11 samples, in one year. Were performed analysis of variance, Tukey test at 5% of

probability and regression and correlation analysis. Overall, it was observed that the

parameters evaluated showed different behavior in terms of two seasons oh the years,

observing morphophysiological adjustments to adapt to weather conditions. The season

of the year caused significant changes in almost all physiological and hormonal

variables except RT. Between the red and white coloured varieties only a T4 level

showed no difference, but difference was observed in T3 for the interaction of period

versus variety and for CBCS was observed differences for the physiological parameters

but not for thyroid hormones. In the analysis of blood constituents, the glucose and total

cholesterol were higher in the rainy season, with no variation to variety and CBCS. The

triacylglycerol did not change with anyone. The urea and albumin were similar between

varieties and in different periods, being higher in CBCS. The creatinine was similar in

all them. The total protein and globulin were higher during the rainy season, but total

protein was higher and globulin was lower in better CBCS. The enzymatic activities of

aspartate aminotransferase (AST) and alanine aminotransferase (ALT) differed with the

season of the year and with the CBCS, respectively. The red blood cells showed no

difference with the proposed sources of variation, but the hematocrit was higher in the

white variety and in the better CBCS and mean corpuscular volume (MCV) was higher

in the dry season. To the coat traits, hair length (HL), hair coat density (HCD), the coat

thickness (CT) and hair diameter (HD) were significantly greater in dry season than in

the rainy season, but the inclination angle of the coat (θI) did not differ between the

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seasons. To the varieties, the HL, HCD and HD were lower and θI was greater for the red

variety, but CT was statistically equal. It was concluded that the Morada Nova sheep

promoted morphophysiological adjustments according to the period of the year, to

maintain homeostasis. The sheep of dark coat color needed to make a larger

physiological responses to maintain homeothermy. The coat traits of the white variety

conferred protection mainly against ultraviolet radiation and the red variety favored

cutaneous heat loss. The hematological and biochemical parameters can be considered

normals to the breed. The Morada Nova sheep of different varieties are also adapted to

semi-arid environment, even in the dry season.

Key-words: Blood Parameters, Coat Traits, Native Breed Sheep, Physiological

Parameters, Tropical Environment

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A criação de animais de pequeno porte pode ser considerada a melhor opção

para os agricultores familiares do semiárido brasileiro, devido as características

climáticas e nutricionais locais. A maioria desses agropecuaristas pratica a pecuária de

subsistência extensiva, visando basicamente à manutenção familiar. Aliado a estes

fatores, às baixas condições econômica, social e cultural e à insuficiente assistência

técnica rural especializada, os agricultores familiares do semiárido brasileiro têm

dificuldades de possuir planteis de animais de alta capacidade produtiva, e, por uma

questão cultural, a maioria dos rebanhos é formada por bovinos, fato que inviabiliza

ainda mais a produtividade pela elevada necessidade alimentar.

Reitera-se a opinião quase unânime entre os pesquisadores desta região, que a

ovinocultura e a caprinocultura deveriam ser as atividades pecuárias mais intensamente

praticadas e as que devem ser prioritariamente pesquisadas. A escolha de uma ou de

ambas as culturas mencionadas é justificada pela vocação natural e pela intensidade de

sua ocorrência, representando cerca de 57% dos ovinos e 90% dos caprinos criados no

Brasil (PPM/IBGE, 2011). Entretanto, é fundamental avaliar o paradigma existente na

maioria das instituições de ensino, pesquisa e extensão da área de ciências agrárias do

Nordeste, que supervaloriza as raças exóticas, ditas mais produtivas. É necessário frisar

que para confirmar-se tal informação, estes animais necessitam de um maior suporte

alimentar, nutricional e de melhores condições de instalações o que é logisticamente

mais caro e difícil de implantar na maioria das propriedades do semiárido.

É importante ressaltar que as raças nativas são sempre mais adaptadas ao seu

habitat natural e, no caso das raças nativas do semiárido brasileiro, é fundamental a sua

conservação uma vez que tais animais apresentam características adaptativas que

poderão ser determinantes para a manutenção da vida animal no planeta no futuro. Esta

afirmativa tem suas premissas baseadas na observação do aumento global da

temperatura ambiental (ZWALD et al., 2003) e a preservação de animais com estas

características genéticas é um fator crítico para a manutenção das espécies, para a

segurança alimentar e para o desenvolvimento rural (HOFFMANN, 2010).

A raça nativa de ovinos Morada Nova tem se destacado por seus atributos

produtivos, reprodutivos e adaptativos. Existem duas variedades reconhecidas, uma com

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pelagem branca, de maior porte, e outra em diversos tons de marrom, chamada de

Morada Nova vermelha, a mais difundida, que corresponde a mais de 90% dos animais

registrados ou não (ARCO, 2011).

Dentre as principais características adaptativas da raça Morada Nova destacam-

se a elevada prolificidade, rusticidade, habilidade materna e resistência a parasitas,

sentindo minimamente os efeitos do estresse calórico do semiárido (ARAÚJO FILHO et

al., 2010). Esta adaptação envolve uma série de respostas neuroendócrinas, fisiológicas

e comportamentais que agem para equilibrar as funções orgânicas (MARAI et al., 2007)

e as raças nativas foram biogeneticamente adaptadas ao longo dos séculos. Se forem

dadas as mesmas condições de manejo podem ter um desempenho tão eficiente quanto

as raças exóticas, uma vez que demandam menores exigências alimentares e de

instalações, conforme atestaram Medeiros et al. (2007) e Medeiros et al. (2008) em seus

estudos de desempenho com ovinos Morada Nova.

Como a adaptabilidade é, em parte, um fator geneticamente controlado através

da herança de vários atributos que afetam a termogênese ou a termólise (OLSON et al.,

2003), o conhecimento de particularidades da morfofisiologia animal, especialmente

aqueles relacionados às características adaptativas, entre eles os parâmetros sanguíneos,

bioquímicos séricos, hormonais e as características de pelame, permitirão auxiliar o

conhecimento da adaptabilidade, uma vez que podem ser utilizados como indicadores

homeostáticos e oferecer subsídios para a realização de pesquisas que visem o

melhoramento genético e novas estratégias de manejo.

Objetivou-se, portanto, avaliar a adaptabilidade de ovelhas Morada Nova das

variedades vermelha e branca ao ambiente semiárido, com a hipótese de que primeira,

por ser mais preferida pelos criadores, estaria mais adaptada. Para tal fim, esta tese foi

dividida em quatro capítulos:

No primeiro, foi realizada uma revisão de literatura sobre os temas dispostos nos

capítulos seguintes. No capítulo 2, estudou-se a influência dos indicadores de

adaptabilidade por meio do estudo dos parâmetros fisiológicos e dos hormônios

tireoidianos. No terceiro capítulo descreveu-se a adaptabilidade pela análise dos níveis

bioquímicos séricos e de parâmetros sanguíneos. Por fim, no capítulo 4 estudaram-se as

características de pelame.

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CAPÍTULO 1 Atributos adaptativos de ovinos Morada Nova criados no semiárido brasileiro

REFERENCIAL TEÓRICO

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REFERENCIAL TEÓRICO

1. Ovinos Morada Nova

A crescente procura por produtos oriundos da ovinocultura gera a necessidade de

melhorias nos desempenhos produtivos dos rebanhos (ALVES et al., 2003) e a

ampliação do mercado de carne ovina no Brasil permitiu, nos últimos anos, expressivo

desenvolvimento da ovinocultura de corte no país e consolidou a atividade produtiva

como importante setor de geração de emprego e renda, representando hoje uma

atividade cuja participação sócio-econômica é crescente e vem se firmando como uma

alternativa de viabilização da agricultura familiar (CARVALHO, 2011). Segundo

Araújo Filho et al. (2010), cerca de 60 a 70 % dos ovinos criados na região Nordeste

pertencem à categoria sem padrão racial definido (SPRD) seguidos de grupos genéticos

Santa Inês, Morada Nova e Somalis Brasileira.

Os ovinos Morada Nova constituem uma das principais raças nativas de ovinos

deslanados do Nordeste do Brasil. Esses animais foram encontrados entre os anos 1937

a 1938 e descritos pelo professor Octávio Domingues, em visita ao município de

Morada Nova, no estado do Ceará. Nos anos seguintes foram observados mais

exemplares nos municípios de Quixadá, Quixeramobim, Crateús, Sobral, Tauá, além de

outras cidades do interior cearense e no estado do Piauí (FACÓ et al., 2008). São

explorados para carne e pele, sendo o sabor altamente apreciado nos mercados nacional

internacional e, por serem animais de pequeno porte e bem adaptados às condições

climáticas do semiárido, são importantes nas pequenas propriedades, onde constituem

fonte de proteína na alimentação da população rural (FERNANDES et al., 2001).

Estes ovinos possuem um padrão racial definido como animais deslanados,

mochos, machos com 40 a 60 kg e fêmeas adultas com 30 a 50 kg. Cabeça larga,

alongada, perfil sub-convexo, focinho curto bem proporcionado, orelhas bem inseridas

na base do crânio e terminando em ponta, com olhos amendoados. Pescoço bem

inserido no tronco, com ou sem brincos. Linha dorso-lombar reta, admitindo-se ligeira

proeminência de cernelha nas fêmeas, garupa curta com ligeira inclinação, cauda fina e

média, não passando dos jarretes. Membros finos, bem aprumados, cascos pequenos e

escuros. Pelagem de acordo com a variedade: a) variedade vermelha – pelagem

vermelha em suas diversas tonalidades, cor mais clara na região do períneo, bolsa

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escrotal, úbere e cabeça, sendo permitida a presença de sinais pretos. Pele escura,

espessa, elástica e recoberta de pelos curtos, finos e ásperos, com mucosa escura e

admitindo-se cauda com ponta branca. b) Variedade branca – pelagem branca, espessa,

elástica e recoberta de pelos curtos, finos e ásperos, sendo permissíveis mucosas e

cascos claros (ARCO, 2011).

A raça Morada Nova apresenta ainda elevado valor adaptativo para as condições

de produção do semiárido brasileiro, sendo capaz de apresentar elevadas taxas de

fertilidade e prolificidade, mesmo sob condições pouco favoráveis, apresentando

atividade reprodutiva o ano inteiro (RAJAB et al., 1992; ARAÚJO FILHO et al., 2010).

No que se refere ao potencial produtivo, diversos pesquisadores têm verificado índices

relativamente próximos aos obtidos por raças exóticas, desde que os ovinos Morada

Nova sejam alimentados e manejados adequadamente (MEDEIROS et al., 2007;

MEDEIROS et al., 2008; ARAÚJO FILHO et al., 2010). Portanto, a raça Morada Nova

se constitui em material genético de extrema importância para o produtor rural do

Nordeste Brasileiro. Araújo Filho et al. (2010) consideram, por todas essas

características, que a Morada Nova é uma raça materna de excelente habilidade. No

entanto, por representar um importante recurso genético para utilização em sistemas de

produção de carne ovina e estar em uma situação que pode ser classificada como de

risco, recomenda-se cautela nessa orientação de modo a preservar o destino das matrizes

para a multiplicação do rebanho em condição de pureza racial.

2. Adaptabilidade às condições do semiárido

Os estudos de adaptação às regiões de clima quente têm sido essenciais para um

melhor entendimento da capacidade produtiva, reprodutiva e das condições de sanidade.

Bligh & Johnson (1973) definiram adaptação como sendo uma mudança fisiológica que

ameniza as alterações causadas pelo ambiente. Esta mudança pode ocorrer durante a

vida do organismo (fenotípica) ou ser resultado da seleção em direção a uma espécie ou

subespécie (genotípica), já tendo sido mapeados genes que estão relacionados com a

tolerância ao calor em bovinos (OLSON et al., 2003) e ovinos (GRATTEN et al., 2007;

NORRIS & WHAN, 2008).

Dentro de certos limites, os animais podem se ajustar morfofisiológica,

comportamental, bioquímica e imunologicamente (SILVA, 2000), de modo a sustentar a

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homeostase orgânica e, assim, minimizar as consequências adversas (BERTIPAGLIA,

2007).

Estudos com as raças nativas realizados por Fernandes et al. (2001), Castanheira

et al. (2010), Mcmanus et al. (2009) e Mcmanus et al. (2011) revelaram que estes

animais estão mais adaptados ao ambiente semiárido. Porém, muito se tem a investigar

a respeito de mecanismos e características que permitem ajustes morfofuncionais, o que

confere a certos grupos de animais, especialmente os nativos, maior capacidade

adaptativa a ambientes estressantes.

2.1. Termogênese e termólise em animais homeotérmicos

O calor estocado pelos animais homeotérmicos tem, basicamente, duas fontes: o

calor produzido pelas reações físico-químicas orgânicas e o calor recebido por fontes

exógenas ou ambientais (BIANCO, 2000; SILVA, 2000; SILVA, 2008).

A termogênese orgânica deriva basicamente da energia contida nos substratos

energéticos, que é liberada lentamente durante a oxidação dos açúcares e gorduras,

sendo armazenada temporariamente na forma de ATP (síntese de ATP) e da hidrólise do

ATP, para que ocorra trabalho biológico. A eficiência termodinâmica destes processos é

de cerca de 25 a 30%, ou seja, 70 a 75% do substrato energético consumido é

transformado em calor pelos processos bioquímicos. Esta “ineficiência termodinâmica”

dos seres vivos é importante para manter a temperatura relativamente constante dos

animais homeotérmicos (BIANCO, 2000).

A produção de calor endógena é fisiologicamente e didaticamente subdividida

em termogênese obrigatória e termogênese facultativa. A primeira, também chamada de

taxa metabólica basal, é constituída pela somatória de todo o calor produzido no

organismo, estando este em vigília e repouso, na temperatura ambiente e em jejum de

pelo menos 12h. A termogênese facultativa é todo o calor produzido além da taxa

metabólica basal (BIANCO, 2000). A produção de calor pelo metabolismo (facultativa)

depende do nível de atividade orgânica. Animais em crescimento geralmente

apresentam temperatura corporal mais alta do que animais adultos, porque os intensos

processos de divisão celular durante a fase de crescimento e desenvolvimento dos

tecidos implicam em metabolismo mais elevado (BIANCO, 2000; SILVA, 2008).

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A outra fração da energia térmica dos animais é procedente do meio ambiente,

por meio da absorção de radiação de ondas curtas e de ondas longas. Uma parte da

carga térmica radiante (CTR) é diretamente absorvida e parte é refletida. Assim, o

equilíbrio térmico em um animal homeotérmico pode ser expresso pela seguinte

equação (SILVA, 2008):

M + αRC ± RL ± C ± K - EC - ER + S = 0, em que:

M = Produção de calor pelos processos metabólicos (W);

α = Coeficiente de absortância da superfície externa do corpo;

RC = Ganho de calor por meio da radiação de ondas curtas (W);

RL = Trocas térmicas por radiação de ondas longas (W);

C = Trocas térmicas por convecção (W);

K = Trocas térmicas por condução (W);

EC = Perda de calor latente por meio da evaporação cutânea (W);

ER = Perda de calor latente por meio da evaporação respiratória (W);

S = Armazenamento de energia (W).

Segundo Silva (2008) os termos RC, RL, C e K representam a perda de calor

sensível, ou não evaporativa. A condução (K) poderia ser eliminada da equação porque,

exceto no caso de animais deitados sobre o solo, as perdas por condução são

desprezíveis. Numa região tropical, os animais evitam o contato com superfícies

aquecidas e a transferência térmica através dos cascos, quando os animais permanecem

em pé, é mínima.

No ambiente tropical a temperatura do ar pode, em alguns momentos do do dia e

em determinadas épocas, se encontra próxima à corporal ou a excede. Neste caso, há

necessidade de proteger o animal contra o efeito do calor externo por convecção, de

modo que a importância deste mecanismo depende das condições ambientais. Isso

porque as atividades metabólicas de manutenção e produção geram ainda mais energia

térmica a ser dissipada para o ambiente. Além disso, a temperatura radiante média do

ambiente tende a ser muito mais elevada que a da atmosfera e, consequentemente, a

quantidade de energia térmica recebida por radiação pode ser maior que a eliminada

(SILVA, 2008).

Por serem animais homeotérmicos, os ovinos são capazes de manter a

temperatura corporal com pequena variação, em condições ambientais estressantes. Em

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condições termoneutras eles mantêm a temperatura corporal entre 38 e 39oC,

principalmente através da perda de calor sensível (termólise) por condução, convecção e

radiação, dissipando o calor corporal pelo ambiente (AL-HAIDARY, 2004; SILVA,

2008). Quando a temperatura do ar tende a ser mais próxima ou maior do que a

temperatura corporal, como ocorre nos ambientes tropicais, a carga térmica radiante é

frequentemente, muito elevada, dificultando os mecanismos de termólise por condução

e convecção. Nestas condições observa-se a redução do consumo de alimentos (MARAI

et al., 2007) e o animal utiliza principalmente os mecanismos evaporativos da respiração

e da pele (quando a umidade relativa do ar não é elevada), perdendo até 80% do calor

corporal dessa maneira (SHEARER & BEEDE, 1990; STARLING et al., 2002; AL-

HAIDARY, 2004; MARAI et al., 2007).

3. Parâmetros fisiológicos e hormônios tireoidianos e suas relações com a adaptabilidade de ruminantes

Para a avaliação da adaptabilidade, dentre os parâmetros fisiológicos destacam-

se a avaliação da frequência respiratória (FR) e da temperatura retal (TR), pois estas

variáveis estão ligadas ao mecanismo de trocas de calor do animal com o meio e são

consideradas as melhores variáveis fisiológicas para estimar a tolerância dos animais ao

clima quente (BIANCA & KUNZ, 1978). Entretanto, estudos revelam que outros

parâmetros fisiológicos como, por exemplo, as dosagens de hormônios tireoidianos

triiodotironina (T3) e tiroxina (T4), sofrem alterações quando são avaliados animais em

condições ambientais distintas (CLARKE et al., 1997; AMARAL et al., 2009;

VERÍSSIMO et al., 2009; KOLUMAN & DASKIRAN, 2011).

3.1. Frequência respiratória (FR) e temperatura retal (TR)

Abi Saab & Sleiman (1995) estudaram a frequência respiratória e a temperatura

retal de ovinos Awassi (raça nativa libanesa) e de animais cruzados com raças exóticas

na primavera (temperatura ambiente e umidade relativa moderada), verão (aumento da

temperatura ambiente e da luminosidade e diminuição da umidade relativa do ar) e no

outono (baixas temperatura ambiente e luminosidade e elevada umidade relativa),

obtendo os valores de frequência respiratória: 49,3 e 55,5 mov.min-1 (primavera), 62,7 e

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66,5 mov.min-1 (verão) e 35,1 e 35,3 mov.min-1 (outono); e de temperatura retal: 38,8 e

38,9 oC (primavera), 39,1 e 39,1 oC (verão) e 38,6 e 38,7 oC (outono), para os animais

nativos e cruzados, respectivamente.

Para quantificar o estresse calórico através da frequência respiratória, Silanikove

(2000) afirmou que ovinos com valores de 40 a 60 mov.min-1 são classificados como

animais em baixo estresse, de 60 a 80 mov.min-1 como estresse moderado, de 80 a 120

mov.min-1, o estresse já é considerado elevado e acima de 120 mov.min-1, o estresse é

severo.

Avaliando as alterações dos parâmetros fisiológicos de ovinos deslanados

mestiços Santa Inês versus Morada Nova em diferentes níveis de sombreamento

mantidos em seringal cultivado, Magalhães et al. (2001) verificaram maiores

freqüências cardíaca e respiratória em locais sem sombreamento (107,8 bat.min-1 e 70,1

mov.min-1) do que em locais com sombra (98,1 bat.min-1 e 62,0 mov.min-1) mas sem

apresentar variação na temperatura retal (39,8 e 39,8 oC).

Quesada et al. (2001) avaliaram os efeitos da temperatura ambiental (turnos

matutino e vespertino), sobre as características fisiológicas de ovelhas Morada Nova e

Santa Inês, criados em sistema extensivo na região Centro-Oeste do Brasil, descrevendo

que no horário de menor estresse calórico, a frequência respiratória foi de 21,74

mov.min-1 e a temperatura retal foi de 38,4 oC, e no horário de maiores fatores

estressantes, 24,48 mov.min-1 e 39,11oC, respectivamente. Os autores afirmaram ainda

que as ovelhas Morada Nova apresentaram médias desses parâmetros maiores que a

Santa Inês respectivamente (FR: 23,41 e 22,80 mov.min-1 e TR: 38,8 e 38,7 oC).

Avaliando os efeitos do estresse calórico sobre as respostas fisiológicas de

ovinos Naimey (Arábia Saudita) criados em ambiente semiárido, através da manutenção

dos animais em local com temperatura termoneutra constante (grupo controle) e sob

estresse calórico, com picos em algumas horas do dia (grupo experimental), Al-Haidary

(2004) observou que a frequência respiratória e a temperatura retal foram mais elevadas

nos animais submetidos ao estresse calórico (80,0 mov.min-1 e 39,7 oC) do que no grupo

controle (61,0 mov.min-1 e 39,3 oC).

Cézar et al. (2004) avaliaram temperatura retal e a frequência respiratória de

ovinos Santa Inês, Dorper e seus mestiços em diferentes condições ambientais. Os

autores revelaram que estas variáveis fisiológicas foram mais baixas em condições

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ambientais menos estressantes (turno da manhã - TR: 39,5 e FR: 64,38 mov.min-1) do

que nas mais estressantes (turno da tarde - TR: 40,0 e FR: 96,47 mov.min-1) e que as

ovelhas nativas (Santa Inês) apresentaram menores valores do que os mestiços e os da

raça exótica (FR: 66,6; 70,0 e 110,2 mov.min-1).

Santos et al. (2006) avaliaram os parâmetros fisiológicos em cinco grupos

genéticos (Santa Inês - SI, Morada Nova - MN, ½ Santa Inês + ½ Dorper - SIDr, ½

Santa Inês + ½ Morada Nova - SIMN, ½ Morada Nova + ½ Dorper - MNDr) nos turnos

da manhã e da tarde, obtendo valores de temperatura retal: SI = 39,21 e 39,46 oC; MN =

39,02 e 39,04 oC; SIDr = 39,66 e 39,72 oC; SIMN = 39,38 e 39,59 oC; MNDr = 39,26 e

39,54 oC, e de frequência respiratória: SI = 57,66 e 85,00 mov.min-1; MN = 47,33 e

56,00 mov.min-1; SIDr = 83,33 e 115,00 mov.min-1; SIMN = 50,50 e 91,50 mov.min-1;

MNDr = 56,83 e 89,66 mov.min-1.

Andrade et al. (2007) pesquisaram os parâmetros fisiológicos de ovinos Santa

Inês criados em diferentes tipos de ambientes (sem sombra, sombra natural e sombra

artificial) observando que a frequência respiratória e a temperatura superficial foram

superiores no turno da tarde (49,66 mov.min-1 e 34,81 oC), quando comparadas com o

período matutino (31,85 mov.min-1 e 31,65 oC) e que o uso de sombreamento nas

pastagens causa redução nestes parâmetros (FR: 48,46 mov.min-1 sem sombra; 32,79

mov.min-1 com sombra natural e 41,02 mov.min-1 com sombra artificial; TS: 35,12 oC

sem sombra, 31,78 oC com sombra natural e 32,79 oC com sombra artificial).

Para avaliar o comportamento de características termorreguladoras Sousa Jr. et

al. (2008) mensuraram a temperatura retal (39,3 e 39,0 oC), a frequência respiratória

(61,0 e 53,0 mov.min-1) e a taxa de sudação (217,3 e 250,1 g.m-1.h-1) de ovinos sem

padrão racial definido criados extensivamente no semiárido brasileiro, nos períodos

chuvoso e seco, respectivamente.

Ao avaliar os parâmetros fisiológicos e o índice de conforto térmico de

diferentes grupos genéticos de ovinos nativos Ribeiro et al. (2008) concluíram que a

temperatura retal dos animais esteve dentro da faixa normal, sendo a raça Morada Nova

a que apresentou menor valor (38,6 ºC), diferindo estatisticamente dos grupos genéticos

Cariri, Barriga Negra e Cara Curta (39,0; 38,9 e 38,9 ºC respectivamente). A frequência

respiratória dos animais em cada grupo genético foi considerada elevada, porém o

Morada Nova apresentou o menor valor (43,5 mov.min-1), com o grupo Cara Curta

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apresentando valores estatisticamente superiores a este (46,2 mov.min-1), porém

inferiores aos animais Barriga Negra e Cariri (47,2 e 48,0 mov.min-1, respectivamente).

Os autores concluíram ainda que animais com pelagem mais escura e de maior porte,

como os da raça Cariri, apresentaram maior gradiente térmico entre a temperatura do ar

e a temperatura superficial. Os animais apresentaram alto índice de tolerância ao calor,

ou seja, bem adaptados ao ambiente tropical, podendo o grupo genético Cariri ser

caracterizado como o menos adaptado e o Morada Nova considerado o mais bem

adaptado às condições experimentais.

McManus et al. (2009) avaliaram a tolerância ao calor de cinco grupos

genéticos: Santa Inês branco, Santa Inês marrom e Santa Inês preto, animais cruzados

(Santa Inês preto versus Bergamasca) e Bergamasca, através das frequências

respiratória e cardíaca, temperaturas retal e da pele, concluindo que os animais Santa

Inês brancos apresentaram menores valores, que não há diferença significativa entre as

outras variedades de ovinos Santa Inês e os animais cruzados e que os animais

Bergamáscia apresentaram os maiores valores para frequência respiratória (34,38;

41,21; 39,66; 39,65 e 54,94 mov.min-1, respectivamente). Com relação à temperatura

retal, houve uma divisão em dois grupos, com os animais Santa Inês apresentando

temperaturas mais baixas do que os outros dois grupos genéticos (38,65; 38,70; 38,74;

39,04 e 39,12 oC, respectivamente).

Avaliando a adaptabilidade de ovinos nativos (Santa Inês) e exóticos (Texel e Ile

de France) numa região de clima subtropical, através dos parâmetros fisiológicos,

Amaral et al. (2009) revelaram que mesmo numa região de clima mais ameno, as raças

exóticas apresentaram maior desconforto ambiental quando comparadas com a raça

nativa, por apresentarem maiores frequências respiratórias e temperaturas retais, com

valores de 50,6; 107,2 e 85,0 mov.min-1; e 38,7; 39,6 e 39,1 oC, respectivamente, para

Santa Inês, Texel e Ile de France. No período da tarde, quando a temperatura do ar foi

mais estressante aos animais, se acentuou a capacidade adaptativa da raça nativa ao

semiárido brasileiro (FR: 42,2 e 58,9; 81,7 e 132,7; 63,2 e 106,9 mov.min-1,

respectivamente para Santa Inês, Texel e Ile de France, nos turnos da manhã e tarde).

Farias et al. (2009) avaliaram a atividade termorreguladora de ovinos Morada

Nova e Santa Inês no semiárido brasileiro durante o período chuvoso, através da

mensuração das frequências respiratória e cardíaca e da temperatura retal, nos períodos

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matutino e vespertino. Os valores obtidos dos parâmetros fisiológicos pela manhã (FR:

MN = 70,5 e SI = 85,1 mov.min-1; TR: MN = 39,1 e SI= 39,1 oC) foram menores que os

da tarde (FR: MN = 85,0 e SI = 69,8 mov.min-1; TR: MN = 39,5 e SI= 37,3 oC), para os

animais Morada Nova, mas não para os Santa Inês.

Sejian et al. (2009) pesquisaram a influência do escore corporal no desempenho

produtivo e reprodutivo e nos parâmetros fisiológicos de ovelhas da raça Malpura

criadas no semiárido indiano, mostrando que animais de classes de escore 2 (escore

variando de 3 a 3,5) e 3 (escore 4) apresentaram significativamente maiores valores de

frequência respiratória do que animais de classe de escore 1 (escore até 2,5), tanto no

período de da manhã (47,0; 47,2; 23,8 mov.min-1) quanto no da tarde (81,2; 82,0; 63,2

mov.min-1), respectivamente. Entretanto os autores não encontraram diferença

significativa de temperatura retal entre os grupos de classes de escore.

Ainda estudando as características de adaptabilidade de ovelhas Malpura, Sejian

et al. (2010) realizaram um estudo para avaliar os efeitos dos estresses térmico e

nutricional através do monitoramento da frequência respiratória e da temperatura retal,

na região semiárida da Índia e observaram que o estresse nutricional (29,8 mov.min-1 e

38,7 oC) apresenta valores mais baixos do que os obtidos em animais não submetidos a

algum tipo de estresse (40,1 mov.min-1 e 38,9 oC), com os animais submetidos ao

estresse térmico (130,8mov.min-1 e 39,6 oC) e com combinação destes (107,5mov.min-1

e 39,4 oC), apresentando valores estatisticamente superiores, observando-se uma

influência significante nos parâmetros fisiológicos analisados, bem como no consumo

de alimentos e de água, rendendo aos ovinos severo impacto na função biológica.

3.2 Triiodotironina (T3) e tiroxina (T4)

Um dos mecanismos mais utilizados pelos animais para conseguir sobreviver e

ter bons índices produtivos em condições adversas é a redução da atividade metabólica,

controlada pelo eixo hipotâlamo-hipófise-tireóide (CUNNINGHAM, 2004).

Para avaliação da adaptabilidade animal a ambientes termo-estressantes, um dos

meios é a quantificação da concentração plasmática de hormônios tireoidianos, uma vez

que um dos principais efeitos biológicos desses hormônios é a aceleração do

metabolismo energético, através do turnover de ATP, elevando o consumo de energia

orgânica e consequentemente produção de calor (BIANCO, 2000).

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Os dados da literatura para os valores de triiodotironina e tiroxina são

extremamente variados, encontrando-se intervalos muito diferentes para valores

normais, principalmente quando comparado entre raças (STARLING et al., 2005;

LOURENÇO et al., 2010; KOLUMAN & DASKIRAN, 2011; MORAIS, 2011). A

literatura específica não dispõe de muitos estudos com diferentes raças de ovinos em

ambiente semiárido, porém pode-se encontrar algumas referências, conforme descrito a

seguir.

Al-Haidary (2004) estudou os efeitos do estresse calórico sobre os hormônios

tireoidianos de ovinos Naimey (Arábia Saudita) criados em ambiente semiárido, através

da manutenção dos animais em local com temperatura termoneutra constante (grupo

controle) e sob estresse calórico, com picos em algumas horas do dia (grupo

experimental), observando que os níveis séricos de T3 e T4 foram mais baixos nos

animais submetidos ao estresse calórico (0,57 e 1,05 µg.dL-1) do que no grupo controle

(0,63 e 1,15 µg.dL-1).

Avaliando o comportamento dos metabólitos sanguíneos de ovelhas Tuj, uma

raça nativa da Turquia, na lactação e após o desmame Karapehlivan et al. (2007)

afirmaram que as concentrações séricas de T3 (0,24 e 0,33 µg.dL-1) e T4 (3,2 e 2,9

µg.dL-1) não diferiram significativamente entre estes dois estágios fisiológicos

orgânicos.

Ao avaliar a adaptabilidade de ovinos Santa Inês (nativos), Ile de France e Texel

(exóticos) na região Sul do Brasil, Amaral et al. (2009) monitoraram o ritmo circanual

sérico de T3 e T4 e verificaram que a raça Santa Inês apresentou maiores níveis do que

as Texel e Ile de France (T3: 0,16; 0,09 e 0,10 µg.dL-1 e T4: 8,1; 6,0 e 7,0 µg.dL-1). Os

autores concluíram ainda que as concentrações séricas de T3 foram afetadas pela

temperatura ambiental, com decréscimo desse hormônio em situação de estresse

calórico (Santa Inês e Texel), confirmando a resposta da tireóide às altas temperaturas.

Maurya et al. (2010) avaliaram as concentrações plasmáticas de T3 e T4 em

ovinos Malpura de diferentes classes de escores corporais (CEC), mantidos em

ambiente quente, na região semiárida da Índia. Os autores mostraram que quanto maior

o escore corporal, maiores são as concentrações sanguíneas dos hormônios tireoidianos

(CEC 2: T3 = 0,15 e T4 = 5,0 µg.dL-1; CEC 3: T3 = 0,25 e T4 = 7,6 µg.dL-1; CEC 4: T3

= 0,26 e T4 = 9,17 µg.dL-1).

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Koluman & Daskiran (2011) pesquisaram as concentrações séricas de hormônios

tireoidianos de ovinos Assaf durante o verão, comparando a influência da ventilação

artificial (menores temperatura ambiente, umidade relativa) com ambiente sem

ventilação (maiores valores de variáveis ambientais). Os animais mantidos em ambiente

mais estressante apresentaram menores valores do que os mantidos em ambiente

ventilado, respectivamente (T3: 0,22 e 0,25 µg.dL-1; T4: 5,9 e 6,6 µg.dL

-1).

Morais (2011) avaliou as concentrações séricas de T3 e T4 em alguns rebanhos

de ovinos Morada Nova criados no semiárido brasileiro obtendo valores médios de 1,96

e 4,60 µg.dL-1, respectivamente.

4. Parâmetros hematológicos e bioquímicos na avaliação da adaptabilidade de ruminantes

A determinação de valores bioquímicos séricos de animais exóticos criados em

clima tropical é importante não só para a determinação dos valores normais como para a

avaliação de sua adaptabilidade, bem como para compararmos com as raças nativas ou

já adaptadas a este ambiente. Apesar da maioria dos trabalhos sobre parâmetros

hematológicos e bioquímicos se referirem a animais com enfermidades, tem sido

utilizado também como ferramenta ligada à adaptabilidade, uma vez que alterações nas

condições ambientais podem afetar o metabolismo, por alterar a taxa metabólica. Os

valores obtidos pelos autores referenciados na revisão de literatura foram descritos nas

Tabelas 1 e 2 no final deste tópico.

Krajnicakova et al. (1997) avaliaram o comportamento dos parâmetros

sanguíneos de cordeiros Merino, na região da Eslováquia, em duas estações distintas e

concluíram que a época do ano influencia significativamente, observando-se maiores

valores de hemácias e de hematócrito no período de maior temperatura ambiente.

El-Sherif & Assad (2001) estudaram os parâmetros hematológicos e bioquímicos

de ovelhas Barki prenhes e não-prenhes, criadas no semiárido egípcio e concluíram que

o hematócrito, e a hemoglobina são maiores durante a gestação (não na mesma época do

parto) do quando em lactação e que a glicose, proteínas totais, albumina, globulina,

ureia, creatinina, AST e ALT foram maiores nas ovelhas prenhes do que nas ovelhas

secas ou lactantes.

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Pesquisando os efeitos do estresse calórico sobre os parâmetros hematológicos

de ovinos Naimey (Arábia Saudita) através da manutenção dos animais em local com

temperatura termoneutra constante (grupo controle) e sob estresse calórico, com picos

em algumas horas do dia (grupo experimental), Al-Haidary (2004) observou que a

contagem total de hemácias e o volume globular foram maiores nos animais sob estresse

calórico.

Odongo et al. (2006) avaliaram o efeito da alimentação sem (grupo controle) e

com excesso de grãos em cordeiros na temperatura ambiente e sob estresse calórico,

através da mensuração de parâmetros hematológicos e bioquímicos. Os autores afirmam

que na temperatura ambiente os valores de hematócrito são maiores no grupo sem

excesso de grãos, e sob estresse calórico não há diferença significativa e que as

concentrações séricas de glicose e proteínas totais não variaram significativamente nos

animais em ambiente adequado ou estressante, mesmo quando alimentados com excesso

de grãos.

Souza et al. (2006) determinaram os padrões séricos de colesterol total,

lipoproteínas de alta densidade e cortisol de ovinos lanados da raça Ideal-Polwarth

(exótica) criados em sistema de semi-confinamento em Jaboticabal-SP. Os autores

observaram que no período de altas temperaturas (bem como nas horas mais quentes do

dia) e baixa precipitação pluviométrica os níveis destes metabólitos estão menores do

que nos meses mais frios (assim como nos horários mais frios do dia) e com maior

precipitação pluviométrica.

As concentrações séricas de glicose, colesterol, triglicerídeos, proteínas totais,

albumina, globulina, ureia e bilirrubina foram avaliadas no período gestacional e no

pós-parto de ovelhas da raça Akkaraman (Turquia). Observou-se que os níveis de

glicose, proteínas totais, globulina e ureia foram menores no pós-parto e no final da

gestação do que no início e meio da prenhez. O colesterol, triacilglicerol e bilirrubina

estão maiores no período gestacional e a albumina sérica não diferiu entre os períodos

das colheitas (BALIKCI et al., 2007).

Karapehlivan et al. (2007) estudaram o comportamento dos metabólitos

sanguíneos de ovelhas Tuj, uma raça nativa da Turquia, na lactação e no período seco.

Os autores afirmaram que as concentrações séricas de ureia, ácido úrico, glicose foram

maiores na lactação do que no período seco. Inversamente, a dosagem de triacilglicerol

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foi maior no período seco e os níveis séricos de proteínas totais, albumina, globulina e a

relação proteína com globulina não variaram entre os estágios fisiológicos analisados.

Udum et al. (2008) mensuraram os níveis plasmáticos de glicose e insulina de

ovinos jovens sob três diferentes regimes nutricionais: 1- alimentação ad libitum; 2-

uma vez ao dia (manhã); 3- duas vezes ao dia (manhã e tarde). Os autores descreveram

que os níveis sanguíneos destes metabólitos foram maiores nos animais alimentados

duas vezes ao dia.

Avaliando a suplementação de proteína na dieta de ovinos Santa Inês (raça

nativa), Ile de France e Texel (raças exóticas) nas quatro estações do ano e seus efeitos

sobre os indicadores orgânicos de adaptabilidade, Amaral et al. (2009) revelaram que a

raça nativa Santa Inês apresentou maiores níveis séricos de glicose, proteínas totais e

albumina do que as duas raças exóticas em todas as épocas do ano.

McManus et al. (2009) avaliaram a tolerância ao calor em cinco diferentes

grupos genéticos no Centro-Oeste do Brasil (Santa Inês marrom, preta e branca,

Bergamáscia e cruzados entre Santa Inês e Bergamáscia) através dos parâmetros

hematológicos e dosagem sérica de proteínas totais. Observaram que os animais

Bergamasca apresentaram valores significativamente inferiores de hemácias,

hematócrito, hemoglobina, e proteínas totais, quando comparados com os animais

mestiços e os Santa Inês marrom, preto e branco (nativos), grupos estes que mostraram-

se estatisticamente iguais. Os autores observaram ainda que não há diferença

significativa entre os períodos matutino e vespertino para os parâmetros sanguíneos

estudados e concluíram que o Santa Inês branco é o mais adaptado e o Bergamasca é o

de maior comprometimento produtivo causado pelo estresse calórico da região central

do Brasil.

Rabassa et al. (2009) avaliaram os efeitos de época do ano e do escore corporal

sobre as dosagens bioquímicas de ovinos Corriedale mantidos em pasto nativo criados

na região Sul do Brasil, mostrando em seus resultados que os níveis plasmáticos de

glicose, colesterol, triacilglicerol e ureia foram maiores quando havia maior

disponibilidade de alimento (pasto nativo de melhor qualidade) e que a albumina

apresentou comportamento inverso. No que se refere às variações desses metabólitos

sanguíneos em ovinos de diferentes classes de escore, os autores relataram que não

houve diferenças significativas para os metabólitos sanguíneos analisados.

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Buscando determinar os valores padrões dos parâmetros sanguíneos e

bioquímicos de ovinos Morada Nova criados no semiárido do Brasil, em diferentes

idades, gênero e condição corporal, Carlos (2010) revelou que a contagem total de

hemácias e o VCM apresentam-se dentro dos valores normais para a espécie, entretanto

o autor afirmou que o VCM foi afetado significativamente pela idade e pela condição de

escore corporal, sendo maior em animais adultos e com maior escore corporal, e que a

contagem total de hemácias foi maior em ovinos Morada Nova com menor escore

corporal. O autor afirma ainda que as concentrações séricas de glicose, colesterol,

triacilglicerol, proteínas totais, albumina, AST e ALT apresentam-se dentro dos valores

normais para a espécie. Ureia e globulina tiveram dosagens diferentes, sendo maior e

menor, respectivamente, dos valores normais para a espécie. A idade dos ovinos afetou

de forma significante os valores sanguíneos de colesterol, triacilglicerol, ureia,

creatinina, proteínas totais, globulinas, relação albumina/globulinas (A/G), AST e ALT,

que foram maiores em animais jovens. Por outro lado, os valores de glicose e albumina

não foram afetados pela idade. Com relação a influência do escore corporal, observou-

se que a albumina, ALT e ureia foram significativamente influenciados, com os animais

com escore mais alto tendo maiores níveis séricos.

A análise multivariada das características físicas e fisiológicas de ovinos criados

no Distrito Federal-BR foi utilizada para testar a habilidade de cinco grupos de animais

(Bergamasca, Santa Inês branco, marrom e preto e animais cruzados Bergamasca com

Santa Inês preto) e determinar quais características são mais importantes na

determinação destes animais ao estresse calórico. Este estudo revelou que a frequência

cardíaca, a taxa de sudação e o VCM, pela análise canônica, e o número de hemácias, o

VCM e a hemoglobina, pela análise discriminante simples, não são características

marcantes para classificação do estresse calórico em ovinos na região central do Brasil

(CASTANHEIRA et al., 2010).

Pesquisando as características de adaptabilidade de ovelhas Malpura, sob

estresse térmico, nutricional e ambos combinados, através da análise dos parâmetros

sanguíneos (hemoglobina e hematócrito) e bioquímicos, Sejian et al. (2010) mostraram

que todos os tipos de estresse estudados tem efeito significativo sobre a concentração de

hemoglobina e sobre o hematócrito, sendo mais severo quando os animais passaram

pela situação combinada e revelaram que a concentração de glicose sanguínea é maior

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nos animais que foram submetidos ao estresse térmico e nutricional simultaneamente,

não havendo diferença entre os grupos sem estresse, com estresse térmico e com

estresse nutricional. Com relação as dosagens de colesterol total e proteínas totais, os

autores encontraram resultados semelhantes, onde o grupo submetido ao estresse

combinado apresentou valores séricos significativamente menores do que os grupos em

estresse térmico e nutricional, e o grupo controle foi estatisticamente diferente dos

demais, apresentando maiores valores séricos para estes metabólitos. Assim os autores

concluem que os parâmetros sanguíneos estão diminuídos nos animais mantidos sob

estresse, com especial efeito depressor quando se combina estresse térmico e

nutricional.

Soysal et al. (2011) estudaram o modelo dos parâmetros hematológicos e

bioquímicos em ovinos das raças Merino e Kivircik criados em manejos convencional e

orgânico na Turquia e observaram que a contagem de hemácias e o hematócrito foram

maiores nos animais criados de modo convencional e que não há diferença significativa

para as dosagens séricas de triacilglicerol, colesteróis total, LDL, HDL e VLDL, apesar

de o grupo com manejo orgânico ter apresentado maior valor de colesterol HDL, o

chamado colesterol bom.

Nas Tabelas 1 e 2 descreveram-se os valores das variáveis hematológicas e

bioquímicas em ovinos, respectivamente, encontrados por diversos pesquisadores, com

variadas fontes de variação.

Tabela 1 Revisão das variáveis hematológicas ligadas à adaptabilidade em ovinos. Autor Fonte de variação He (106.mm3) Ht (%) Hb (dL-1) VCM (fl)

Krajnicakova et al. (1997) ME ET 8,2 34,1

ME TN 7,7 28,6

El Sherif & Assad (2001) BK Gestação

32,5 10,7

BK Lactação

26,5 7,9

Al-Haidary (2004) ET 8,4 29,2 11,4 34,9 TN 7,9 27,3 11,0 34,7

Odongo et al. (2006)

ET CS

31,8

ET SS

31,2

TN CS

31,7

TN SS

35,5

McManus et al. (2009)

SI marrom 10,5a 30,0a 9,2 a 29,6 SI preto 10,9 a 29,5a 9,5 a 30,6 SI branco 10,7 a 29,4a 9,5 a 32,0 SIP x BM 11,6 a 31,3a 9,9 a 30,4 BM 8,5 b 24,2b 8,0 b 33,2

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Autor Fonte de variação He (106.mm3) Ht (%) Hb (dL-1) VCM (fl)

Carlos (2010) CEC 1 12,4ª 32,9ª

30,0b

CEC 2 10,3b 32,7ª

32,1ªb CEC 3 9,9b 33,3ª

33,8ª

Sejian et al. (2010)

MP Cont.

41,3 a 11,9 a

MP ET

31,3 c 9,5 c

MP EN

35,8 b 10,7 b

MP ETN

26,5 d 8,6 d

Morais (2011)

MN seca 8,9 ª 33,7 b

38,5 ª MN chuva 10,8 b 34,6 ª

32,3 b

MN CEC 1 9,7 b 32,1c

33,7b MN CEC 2 9,9 a 33,8b

34,8a

MN CEC 3 10,1 a 35,4a

34,7a

Soysal et al. (2011)

ME SC 14,7 35,4 14,8

KV SC 15,5 37,1 14,9

ME SO 12,9 32,6 13,8

KV SO 14,0 33,9 14,2

He – contagem de hemácias; Ht – porcentagem de hematócrito; Hb – hemoglobina; VCM – volume corpuscular médio; ET – estresse térmico; EN – estresse nutricional; ETN – estresses térmico e nutricional; TN – ambiente termoneutro; CS – com suplementação alimentar; SS – sem suplementação alimentar; SC – sistema convencional de criação; SO – sistema orgânico de criação; CEC – classe de escore corporal; SI – ovino Santa Inês; MN – ovinos Morada Nova; BK – ovinos Barki; BM – ovinos Bergamáscia; MP – ovinos Malpura; ME – ovinos Merino; KV – ovinos Kivircik; RN – Rio Grande do Norte; CE- Ceará.

Tabela 2. Revisão dos parâmetros bioquímicos ligados à adaptabilidade em ovinos. Autor Variação Gli Col Tri Ur Cre PT Alb Glo AST ALT

Odongo et al. (2006)

ET CS 43,0a

6,2ª ET SS 41,0a

6,1ª

TN CS 42,7ª

6,2a TN SS 41,7ª

6,5ª

Rabassa et al. (2009)

Controle 42,3ª 40,3ª 27,8ª 33,1ª

2,6b EN 35,5b 34,3b 35,5ª 28,6b

2,8ª

EC 2,0 38,4ª 48,4ª 26,7ª 36,7ª

2,6b EC 2,5 41,9ª 40,7ª 27,4ª 33,3ª

2,6b

EC 3,0 45,2ª 35,5ª 29,7a 30,9ª

2,8ª

McManus et al. (2009)

SI marrom

7,0a SI preto

7,1ª

SI branco

6,9ª SIP x BM

6,8ª

BM

5,9b

Amaral et al. (2009) SI 62,8

7,0 3,9

TX 57,3

6,9 3,6 IF 56,3

7,2 3,7

Carlos (2010) CEC 1 64,3ª 68,8ª 34,5ª 51,6b 1,8ª 6,1ª 2,8b 3,3 92,2ª 28,6b CEC 2 63,5ª 73,5ª 36,8ª 56,1ª 1,7ª 6,0a 3,0a 3,0 90,1ª 28,7b CEC 3 64,5ª 64,0a 33,9ª 58,2ª 1,4ª 6,0a 3,1ª 2,9 96,0a 33,6ª

Sejian et al. (2010)

MP Cont. 52,0a 52,3ª

8,9ª MP ET 47,8ª 42,7b

7,9b

MP EN 44,2ab 42,6b

7,9b MP ETN 42,3b 35,6c

7,1c

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20

Autor Variação Gli Col Tri Ur Cre PT Alb Glo AST ALT

Morais (2011)

MN Seca 51,7ª 57,4ª 30,7ª 49,2ª 0,7b 6,4ª 2,9ª 3,5ª 111,4ª 23,5ª MN Chuva 69,8ª 59,4ª 30,2ª 49,0a 1,8ª 5,7b 3,0a 2,7b 93,9b 25,4ª MN CEC 1 58,6b 58,6ª 29,8b 46,9ª 1,0b 6,7ª 2,8b 3,9ª 102,1ª 24,3ª MN CEC 2 55,4c 60,7ª 30,1b 47,3ª 1,1ª 6,8ª 2,9ab 3,9ª 100,1ª 26,6ª MN CEC 3 63,5ª 63,7ª 34,2ª 46,8ª 1,1ª 6,5ª 3,0a 3,5b 103,8ª 25,3ª

Soysal et al. (2011)

ME SC

56,5 23,8

KV SC

53,2 20,3

ME SO

45,8 20,8

KV SO

45,2 16,8

Gl – glicose; Col – colesterol total; Tri – triglicerídeos; Ur – ureia; Cre – creatinina; PT – proteínas totais; Alb – albumina; Glo – globulina; AST – aspartato aminotransferase; ALT – alanina aminotransferase; ET – estresse térmico; EN – estresse nutricional; ETN – estresses térmico e nutricional; TN – ambiente termoneutro; CS – com suplementação alimentar; SS – sem suplementação alimentar; SC – sistema convencional de criação; SO – sistema orgânico de criação; CEC – classe de escore corporal; SI – ovino Santa Inês; MN – ovinos Morada Nova; BK – ovinos Barki; BM – ovinos Bergamáscia; MP – ovinos Malpura; ME – ovinos Merino; KV – ovinos Kivircik; RN – Rio Grande do Norte; CE- Ceará.

5. Características de pelame na avaliação da adaptabilidade de ruminantes

A cobertura corporal exerce uma importância fundamental para as trocas

térmicas entre o animal e o ambiente. A estrutura física da pele e seus anexos e a

camada de ar nela armazenada promovem isolamento térmico e proteção contra a

radiação solar direta (SILVA, 2000), além de conferir proteção mecânica

(CUNNINGHAM, 2004; REESE et al., 2011).

Os pelos dos ruminantes apresentam fases distintas de desenvolvimento e em

regiões de clima temperado verificam-se normalmente uma ou duas mudas por ano,

quando a maioria dos pelos é substituída (SILVA, 2000; NIXON et al., 2002). Na fase

anagênica observa-se crescimento do pelo, com ativa queratinização e divisão mitótica

no bulbo. Numa fase intermediária de repouso, verifica-se uma estacionalidade nessa

divisão, havendo uma regressão de até um terço do tamanho original (catagênica). Por

fim tem-se a fase de inatividade, telogênica, podendo haver a queda do pelo, iniciando-

se novamente o ciclo (SISSON, 1986).

De acordo com Dickson (2006) os hormônios tireoidianos estão envolvidos na

regulação do crescimento do folículo piloso em bovinos e ovinos, com a hipofunção da

tireóide resultando em pelos fracos, quebradiços, com pelames ralos e áreas de alopecia.

Silva (2000) descreveu que o pelame está diretamente relacionado à capacidade

do animal em perder ou ganhar calor do ambiente e, dentre as características que mais

interessam aos organismos nas regiões tropicais, destaca-se a capacidade de resistência

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21

à intensa radiação solar, qualidade muito importante para os animais em condições de

pasto. Os diversos tipos de pelames envolvem isolamento térmico, eficiência da

termólise, associação com produção, ganho de peso, reprodução e outras características

não ligadas diretamente à termorregulação (TURNER, 1964; MARAI et al., 2007;

BERTIPAGLIA et al., 2008). Entretanto, desde há muito o tipo de pelame tem sido

considerado mais como uma característica de valor estético e seus efeitos na produção e

reprodução tidos como de pouca importância (BERTIPAGLIA, 2007).

A quantidade de radiação efetivamente transmitida através da capa de pelame

depende de suas características físicas, entre elas a cor da pele e do pelo, a espessura do

pelame, o número por unidade de área (densidade numérica), o comprimento médio, o

diâmetro e o ângulo de inclinação dos pelos (CENA & MONTEITH, 1975; MAIA et

al., 2003; BERTIPAGLIA et al., 2008). Além dessas características, as propriedades

radiativas do pelame (refletância, transmitância e absorbância) são muito importantes

para animais em ambientes abertos, como em pastagem, e condicionam a resistência à

radiação solar (SILVA, 2000).

Por mais que um animal consiga perder calor pelos processos evaporativos e

físicos, a elevada temperatura ambiente (TAR) do semiárido brasileiro impõe um

armazenamento de calor (estocagem térmica) durante o dia, que provavelmente se

dissipa durante a noite, quando a TAR esteve mais baixa do que a da pele (FINCH et al.,

1980; SILVA, 2000; FAÇANHA et al., 2010; MORAIS, 2011), sendo esta uma

característica de adaptabilidade (MCMANUS et al., 2011).

A maioria dos estudos em ambiente tropical indica que as características ideais

para produção em sistema intensivo incluem pelame claro (com epiderme escura) e bem

assentado (pequena espessura de pelame), com pelos numerosos, espessos e curtos

(MAIA et al., 2003; SILVA, 2008; FAÇANHA et al., 2010; VERÍSSIMO et al., 2009;

MCMANUS et al., 2011).

Sob regime extensivo, a criação de animais de pelame preto ou escuro parece

mais vantajosa, pois apesar de pelos escuros aumentarem a carga de calor absorvida e

tornarem tais animais mais susceptíveis ao estresse calórico, observou-se maior

proteção às camadas mais profundas da epiderme dos danos promovidos pela radiação

ultravioleta, uma importante causa de enfermidades cutâneas (SILVA et al., 1988).

Devido às características das ondas de radiação, as perdas de calor por radiação em

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peles pigmentadas e despigmentadas são aproximadamente iguais, ou seja, ambas

irradiam como corpos virtualmente negros (FINCH et al., 1980; SILVA, 2000).

Morão et al. (1989) estudaram algumas características do pelo e do pelame em

ovinos deslanados no estado de São Paulo, como espessura do pelame e comprimento

do pelo e obtiveram respectivas médias de 4,83 e 10,72 mm.

Veríssimo et al. (2009) comparando as características de pelame de ovelhas

Santa Inês de diferentes tonalidades criadas em ambiente tropical, observaram que não

houve diferença estatística significativa para a espessura de pelame (4,7mm para

animais de pelagem clara e 4,5 mm para animais de pelagem escura) nem para

comprimento médio do pêlo (9,1mm para animais de pelagem clara e 9,4mm para

animais de pelagem escura).

A análise multivariada das características físicas e fisiológicas de ovinos criados

no Distrito Federal-BR foi utilizada para testar a habilidade de cinco grupos de animais

(Bergamáscia, Santa Inês branco, marrom e preto e animais cruzados Bergamáscia com

Santa Inês) e determinar quais características são mais importantes na determinação

destes animais ao estresse calórico. A análise de correlação canônica mostrou que a

refletância do pelame, bem como o comprimento do pelo e a densidade numérica de

pelos por unidade de área foram às características fisiológicas mais úteis para explicar

mudanças no organismo animal. Mostrou-se ainda que as características de pele e da

pelagem como comprimento, refletância do pelo, porcentagem de área epitelial ocupada

por glândulas sudoríparas e espessura da pele, bem como as frequências cardíaca e

respiratória, foram as mais importantes características na separação desses grupos. O

diagrama em árvore para a análise de todas as características (fisiológicas,

hematológicas e de pelame) revelou uma formação de dois grupos, um com os animais

cruzados e o Bergamáscia e outro com as raças nativas, notando-se maior proximidade

entre as variedades escuras da raça Santa Inês (CASTANHEIRA et al., 2010).

McManus et al. (2011) compararam as características de pelame de cinco

diferentes grupos genéticos de ovinos: Santa Inês branco, marrom e preto (raças nativas

deslanadas), Bergamáscia (raça exótica lanada) e o cruzamento de Bergamáscia com

Santa Inês preto, na região central do Brasil e observaram respectivamente os seguintes

dados de espessura do pelame (4,76; 5,52; 4,79; 6,00 e 5,54 mm), comprimento do pelo

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23

(1,26; 1,36; 1,46; 9,56 e 2,20 mm) e densidade numérica (314,23; 307,66; 279,25; - ;

346,67 pelos.cm2).

Morais (2011) realizou estudo da caracterização morfofisiológica da

adaptabilidade de ovinos da raça Morada Nova em vários rebanhos dos estados do Rio

Grande do Norte, Ceará e Piauí (região semiárida) e observou que para as características

de pelame (comprimento médio = 12,3 mm; densidade numérica = 987,1 pelos.cm2;

espessura de pelame = 4,7 mm e diâmetro médio = 5,4 µm) houve diferença

significativa quando inter-relacionados os rebanhos. Quando feita a comparação entre

estados verificou-se que os animais criados no estado do Ceará apresentaram maiores

valores para densidade numérica e espessura de pelame, enquanto no estado do Rio

Grande do Norte os rebanhos apresentaram o comprimento médio dos pelos maior.

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CAPÍTULO 2

Respostas fisiológicas de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca às condições termoestressantes do semiárido brasileiro

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RESPOSTAS FISIOLÓGICAS DE OVELHAS MORADA NOVA DAS VARIEDADES VERMELHA E BRANCA ÀS CONDIÇÕES TERMOESTRESSANTES DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

RESUMO

Objetivou-se avaliar a resposta adaptativa de ovinos Morada Nova por meio da

frequência respiratória (FR), temperatura retal (TR) e das dosagens séricas de

triiodotironina (T3) e tiroxina (T4). Foram utilizadas 30 ovelhas multíparas de cada

variedade vermelha e branca, com idade entre 2 e 4 anos. Na análise estatística utilizou-

se como efeitos fixos a variedade da raça, o período do ano (seco e chuvoso) e a classe

de escore corporal (1, 2 e 3), analisando-se pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade e

análises de correlação e regressão. No período seco observou-se elevação da FR

principalmente na variedade vermelha, sem elevação na TR. As concentrações séricas

dos hormônios tireoidianos foram maiores no período chuvoso. A dosagem de T3 foi

menor na variedade vermelha e a de T4 não apresentou diferença entre as variedades. Os

ovinos Morada Nova apresentaram respostas fisiológicas ao aumento da temperatura

ambiente, com elevação da FR e TR e redução de T3 e T4, mostrando boa capacidade de

responder às condições climáticas do semiárido brasileiro, características estas que

permitem considerá-los bem adaptados, com a variedade vermelha necessitando maiores

ajustes para manter a homeotermia.

Palavras-chave: Ambiente Tropical, Animais Nativos, Frequência Respiratória,

Temperatura Retal, Tiroxina, Triiodotironina

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34

PHYSIOLOGICAL RESPONSES OF RED AND WHITE VARIETIES OF MORADA NOVA SHEEP TO THERMAL STRESS OF THE BRAZILIAN

SEMI-ARID REGION

ABSTRACT

The objective was to evaluate the adaptive response of Morada Nova sheep through the

respiratory rate (RR), rectal temperature (RT) and serum triiodothyronine (T3) and

thyroxine (T4). Were used 30 multiparous ewes of red and white Morada Nova sheep

varieties, aged between 2 and 4 years. In the statistical analysis, were used as fixed

effects the variety of the breed, the season of the year (dry and rain) and the class of

body condition score (1, 2 and 3), analysing by the Tukey test at 5% probability and

analyzes of correlation and regression. During the dry season there was an increase of

RR mainly in the red variety, no differences were observed in RT. Serum concentrations

of thyroid hormones were higher in the rainy season. The serum dose of T3 was lower in

the red variety and T4 did not differ among varieties. The Morada Nova sheep showed

physiological responses to the increased ambient temperature, noted by an increase of

RR and RT and reduction of T3 and T4, showing a good ability to respond to the

climatic conditions of the Brazilian semiarid region, characteristics which allow us to

consider them well adapted, and the red variety requiring major adjustments to maintain

homeothermy.

Key-words: Native Breed Sheep, Rectal Temperature, Respiratory Rate,

Triiodothyronine, Tropical Environment, Thyroxine

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35

INTRODUÇÃO

As tabelas com valores de referência dos parâmetros fisiológicos para as

diversas espécies animais, tomadas como base de avaliação para monitorar a condição

de saúde, quase sempre são elaboradas sem levar em consideração a variação causada

pelas características climáticas e ambientais de cada região e que podem resultar em

níveis tão elevados quanto os observados em animais enfermos.

Para a avaliação da adaptabilidade a um determinado ambiente destacam-se as

avaliações da frequência respiratória e da temperatura retal, pois estão ligadas ao

mecanismo de trocas de calor do animal com o meio e são utilizadas para estimar a

tolerância dos animais ao clima quente, respondendo ao aumento da temperatura

ambiente com aumento de seus valores (BIANCA & KUNZ, 1978; QUESADA et al.,

2001; NEIVA et al., 2004; BEZERRA et al., 2011; MCMANUS et al., 2011; MORAIS,

2011).

Entretanto, estudos revelam que outros parâmetros fisiológicos, como por

exemplo, os hormônios tireoidianos, sofrem alterações quando os animais são avaliados

em condições ambientais distintas (CLARKE et al., 1997; AMARAL et al., 2009;

VERÍSSIMO et al., 2009; KOLUMAN & DASKIRAN, 2011).

Os hormônios tireoidianos têm a função de regular a taxa metabólica, tendo um

papel essencial na termorregulação, controlando a termogênese. Ocorre redução desses

hormônios em condições ambientais de elevada temperatura ambiental, resultando em

diminuição da taxa metabólica basal de ovinos, evitando assim um maior aumento na

temperatura corpórea (AL-HAIDARY, 2004; STARLING et al., 2005; AMARAL et al.,

2009; MAURYA et al., 2010; KOLUMAN & DASKIRAN, 2011; MORAIS, 2011).

Entretanto Lourenço et al. (2010) observaram maiores níveis de T3 em altas

temperaturas do que em baixa, com o T4 permanecendo maior no período mais frio. A

variação dos níveis séricos dos hormônios tireoidianos é alta e fatores genéticos podem

causar diferentes respostas, interferindo no grau de adaptabilidade ao estresse causado

por condições climáticas estressantes.

Assim o estudo da freqüência respiratória (FR) e da temperatura retal (TR) em

associação com os hormônios triiodotironina (T3) e tiroxina (T4) podem auxiliar no

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36

entendimento dos processos termorregulatórios, principalmente nas condições

climáticas do semiárido brasileiro.

Objetivou-se, neste estudo, avaliar a resposta adaptativa de ovinos Morada

Nova, das variedades vermelha e branca, criados extensivamente no semiárido

brasileiro, por meio da frequência respiratória (FR), temperatura retal (TR) e das

dosagens séricas de triiodotironina (T3) e tiroxina (T4).

MATERIAL E MÉTODOS

1. Local, período e animais do experimento

O estudo foi realizado no período de setembro 2009 a agosto de 2010, em uma

propriedade particular, localizada no município de Mogeiro-PB, nas coordenadas: 07°

17' 58' de Latitude Sul, 35° 28' 46' de Longitude Oeste e 117m de Altitude. A

temperatura ambiente média anual varia entre 25 e 35 ºC, com média anual de umidade

relativa do ar em torno de 70% e com sistema muito complexo da formação das chuvas

(300 a 1000 mm/ano), resultando em chuvas erráticas e concentradas em poucos meses

do ano e em anos chuvosos alternados irregularmente com anos de seca (AESA, 2011).

Outro fator que causa a irregularidade da precipitação pluviométrica na região é a

disposição orográfica, com serras e chapadas mais altas interceptando as frentes mais

úmidas, recebendo mais chuvas que o entorno e criando zonas pouco chuvosas a

sotavento (GARIGLIO et al., 2010).

No manejo reprodutivo da fazenda eram realizadas duas estações de monta, uma

em janeiro e outra em agosto. Foram selecionadas 60 ovelhas adultas que não ficaram

prenhes na estação de monta de agosto de 2009, sendo 30 da variedade vermelha e 30

da variedade branca de ovinos da raça Morada Nova (Figura 1). Todas as ovelhas foram

previamente examinadas, everminadas e certificadas clinicamente quanto à boa

sanidade. Inclusive, mantiveram a atividade reprodutiva atestada pela monitoração

mensal dos sinais de estro, mesmo sem terem sido fertilizadas durante o estudo. Os

animais foram mantidos sob regime extensivo de criação, em sistema de alimentação

em pastagem nativa com suplementação mineral comercial, contendo cloreto de sódio

(sal comum), fosfato bicálcico, sulfato de cobre pentahidratado, enxofre ventilado (flor

de enxofre), iodato de cálcio, sulfato de ferro, sulfato de zinco, sulfato de manganês,

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selenito de sódio, sulfato de cobalto heptahidratado, oxido d

cálcio, sem suplementação protéico

Figura 1. Ovelhas da raça Morada Nova das variedades vermelha (A) e branca (B).

2. Protocolo de colheita de dados

As colheitas de material experimental e dos dados ambientais foram realizadas

em dias programados. Os trabalhos eram iniciados sempre às sete horas da manhã,

perfazendo um tempo total aproximado de quatro horas, finalizando

onze horas. Após a contenção

fosse observada uma normalização dos sinais fisiológicos. Antes da contenção todos os

animais eram mantidos em um curral coletivo, com jejum hídrico e nutricional, sendo

fornecidas água e comida depois das colheitas,

causado. Realizaram-se onze colheitas de dados (sangue e variáveis ambientais), com

intervalos aproximados entre 20 a 30 dias.

3. Classificação da condição de

O escore corporal (EC)

visual e por palpação do dorso e da garupa

classificando-as em escala variando de 1 (muito magra) a 5 (obesa)

animal podendo variar de classificação ao longo do ano

estatísticas os escores foram agrupados em classes de escore corporal (CEC), nas quais

animais com escore até 2,5 foram classificados como CEC = 1 (baixo), de 2,5 a 3,5 o

selenito de sódio, sulfato de cobalto heptahidratado, oxido de magnésio, carbonato de

, sem suplementação protéico-energética, conforme manejo local.

raça Morada Nova das variedades vermelha (A) e branca (B).

Protocolo de colheita de dados

As colheitas de material experimental e dos dados ambientais foram realizadas

em dias programados. Os trabalhos eram iniciados sempre às sete horas da manhã,

um tempo total aproximado de quatro horas, finalizando-se no máximo às

contenção aleatória dos animais, esperava-se 10 minutos até que

fosse observada uma normalização dos sinais fisiológicos. Antes da contenção todos os

eram mantidos em um curral coletivo, com jejum hídrico e nutricional, sendo

fornecidas água e comida depois das colheitas, para compensar o estresse nutricional

se onze colheitas de dados (sangue e variáveis ambientais), com

aproximados entre 20 a 30 dias.

da condição de escore corporal

escore corporal (EC) das ovelhas era determinado por meio de

e por palpação do dorso e da garupa a cada de de colheita de dados

escala variando de 1 (muito magra) a 5 (obesa), com um mesmo

animal podendo variar de classificação ao longo do ano. Para a realização das análises

s escores foram agrupados em classes de escore corporal (CEC), nas quais

é 2,5 foram classificados como CEC = 1 (baixo), de 2,5 a 3,5 o

A

37

e magnésio, carbonato de

As colheitas de material experimental e dos dados ambientais foram realizadas

em dias programados. Os trabalhos eram iniciados sempre às sete horas da manhã,

se no máximo às

se 10 minutos até que

fosse observada uma normalização dos sinais fisiológicos. Antes da contenção todos os

eram mantidos em um curral coletivo, com jejum hídrico e nutricional, sendo

para compensar o estresse nutricional

se onze colheitas de dados (sangue e variáveis ambientais), com

determinado por meio de estimativa

a cada de de colheita de dados,

, com um mesmo

Para a realização das análises

s escores foram agrupados em classes de escore corporal (CEC), nas quais

é 2,5 foram classificados como CEC = 1 (baixo), de 2,5 a 3,5 o

B

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38

CEC = 2 (médio), e animais com escore superior a 3,5 foram classificados como CEC =

3 (alto), de acordo com Russel et al. (1969).

4. Variáveis climáticas

Para a obtenção dos dados climáticos do dia da colheita, foi montada uma

estação meteorológica básica, composta de termômetros de máxima e mínima,

anemômetro posicionado à altura do dorso dos animais, globo negro ao sol também

posicionado na altura do dorso e higrômetro. Os dados da temperatura ambiente (TAR),

umidade relativa do ar (UR) e velocidade do vento (VV) eram anotados a cada três

minutos e a carga térmica radiante (CTR) e o índice de temperatura do globo negro e

umidade (ITGU) foram calculados conforme metodologia de Silva (2008) e Buffington

et al. (1981), respectivamente.

Nos meses de janeiro a junho de 2010, as colheitas foram em dias com chuva,

com os dados agrupados no período chuvoso e os de setembro a dezembro de 2009 e de

julho e agosto de 2010, sem ocorrência de chuva no dia da colheita, caracterizando o

período seco. Entretanto, é válido salientar que ocorreram chuvas irregulares na cidade

de Mogeiro-PB (AESA, 2011), durante o período do estudo (Tabela 3).

Tabela 3. Precipitação pluviométrica na cidade de Mogeiro-PB (AESA, 2011) e o delineamento dos períodos seco e chuvoso.

Mês IP (mm) Set/2009 2,0 Seco Out/2009 0,0 Seco Nov/2009 7,0 Seco Dez/2009 14,0 Seco Jan/2010 90,0 Chuvoso Fev/2010 22,0 Chuvoso Mar/2010 17,0 Chuvoso Abr/2010 86,0 Chuvoso Mai/2010* 11,0 Chuvoso

Jun/2010 141,0 Chuvoso Jul/2010 25,0 Seco Ago/2010 18,0 Seco

IP – índice pluviométrico; * o mês mai/2010 não teve colheita de dados por não haver chuva na propriedade estudada.

5. Aferição da frequência respiratória (FR) e temperatura retal (TR)

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39

Para a aferição da frequência respiratória, foi utilizado um estetoscópio clínico

na região do costado direito do animal, através da contagem dos movimentos

respiratórios com o auxílio de um cronômetro, em um período de 30 segundos,

multiplicando-se o resultado por 2 (dois), obtendo-se assim os movimentos respiratórios

por minuto (mov.min-1).

A aferição da temperatura retal foi realizada com o uso de um termômetro

clínico digital, com escala até 44 ºC, inserido diretamente no reto do animal orientando-

se para o teto desta cavidade a fim de detectar-se a temperatura da mucosa anal, a uma

profundidade aproximada de 5 cm, permanecendo por um período aproximado de 2

minutos (até que soe o sinal sonoro), sendo então realizada a leitura em oC.

6. Dosagem de triiodotironina (T3) e tiroxina (T4)

Para as dosagens hormonais procedeu-se a venopunção Jugular esquerda,

utilizando-se agulhas hipodérmicas 40 x 12 mm descartáveis, acoplada a tubo de ensaio

específico e estéril a vácuo (10 mL) sem anticoagulante. Após a colheita os tubos foram

acondicionados em uma caixa térmica com gelo (para manter resfriada entre 8 e 10oC) e

transportadas até o Laboratório de Apoio ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em

Pequenos Ruminantes da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA).

A dosagem hormonal foi feita com kits comerciais de ELISA, com anticorpo

específico de T3 e de T4 da marca Human In Vitro®, sendo cada análise feita em

duplicata, no aparelho automático da marca Elysis Uno®, da Human®.

7. Análise estatística

Para a avaliação estatística dos parâmetros fisiológicos foi adotado um modelo

estatístico que incluiu os efeitos fixos da variedade (vermelha e branca), da condição de

época de colheita (seca e chuvosa), da interação entre estes e da condição de escore

corporal (CEC1, CEC2 e CEC3), além dos efeitos aleatórios do animal, que por se tratar

de medidas repetidas no mesmo animal, utilizou-se uma estrutura de covariância

simétrica. Procedeu-se a análise de variância e para a comparação das médias das

variáveis fisiológicas e hormonais (FR, TR, T3 e T4) foi feito o teste de Tukey a 5% de

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40

probabilidade, além de análises de correlação e regressão, por meio do programa

estatístico SAS, versão 8.02 (SAS, 2001). O modelo estatístico utilizado para a análise

das médias foi:

Yijkl = µ + Vi + Pj + VPij + Ek + εijk, onde:

Yijk = Média da i-ésima observação de cada característica fisiológica ou

hormonal avaliada;

µ = é a média geral de cada uma das variáveis fisiológicas ou hormonais;

Vi = efeito da i-ésima variedade de raça Morada Nova;

Pj = efeito da j-ésima condição de época de colheita;

VPij = efeito da interação i-ésima da variedade com a j-ésima condição de época

de colheita;

Ek = efeito da k-ésima classe de escore corporal;

εijk= resíduo associado à observação Yijk.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

1. Avaliação do ambiente

Os períodos seco e chuvoso diferiram (P<0,05) para quase todas as variáveis

climáticas (Tabela 4), exceto para a velocidade do vento e para o ITGU. A velocidade

do ar foi considerada moderada, quando associada a termólise (SILVA & STARLING,

2003).

Tabela 4. Média e desvio padrão das variáveis climáticas durante o procedimento experimental, nos dois períodos do ano do semiárido brasileiro.

Período TAR(oC) UR (%) VV (m.s-1) ITGU CTR (W.m2(-1))

Seco 32,1ª (1,68) 49,4b (6,41) 1,5 (1,07) 84,5 (6,00) 602,9ª (97,85) Chuvoso 28,4b (2,05) 79,0a (7,20) 1,6 (0,96) 82,1 (3,12) 583,6b (54,32)

TAR – Temperatura ambiente; UR – Umidade relativa do ar; VV – velocidade do vento; ITGU – índice de temperatura de globo e umidade; CTR – carga térmica radiante; letras minúsculas diferentes nas colunas, significativo ao teste Tukey.

A diferença de TAR de quase 4oC entre as condições seca e chuvosa pode ocorrer

normalmente na região semiárida (CÉZAR et al., 2004; FARIAS et al., 2009;

GARIGLIO et al., 2010; AESA, 2011) podendo ser uma possível causa na diferença dos

parâmetros fisiológicos, conforme atestaram Silva (2008), Bezerra et al. (2011),

McManus et al. (2009) e Morais (2011).

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41

Na época chuvosa a TAR esteve dentro da faixa de conforto térmico de ovinos

(28,4oC), que é entre 20 e 30oC, de acordo com Baeta & Souza (1997), porém foi mais

elevada, se comparada com os níveis apresentados por Fuquay (1981), que afirmaram o

conforto térmico entre 24 e 27oC. A elevada TAR pode ter dificultado a termólise

evaporativa por sudação e respiração (SILVA, 2008; FAÇANHA et al., 2010;

MORAIS, 2011), principalmente pela elevada UR (79,01%).

Em contrapartida, na época seca observou-se TAR de 32,1oC, valor superior à

temperatura de conforto térmico, o que pode ter caracterizado um ambiente levemente

estressante para ovinos (BAETA & SOUSA, 1997). Quando a temperatura do ar se

eleva acima de 29oC, a via de perda de calor mais eficiente ocorre pelos meios

evaporativos já que a termólise por convecção e a radiação é dificultada ou inibida

(SILVA, 2000), desde que a umidade relativa do ar esteja baixa (FAÇANHA et al.,

2010), como observado neste estudo (49,36%).

O ITGU não diferiu (P>0,05) entre as condições seca (84,5) e chuvosa (82,1).

Cézar et al. (2004) verificaram índices inferiores aos encontrado neste trabalho (75,5).

Bezerra et al. (2011) observaram valores semelhantes, variando de 87,5 e 82,2, para o

período seco e chuvoso em estudo conduzido também no semiárido paraibano,

respectivamente. Estudo feito por Morais (2011), com ovinos Morada Nova, em vários

estados do semiárido nordestino, resultou em valor médio de ITGU de 84,3 em uma

amplitude de 81,6 a 102,3.

Segundo o National Weather Service dos Estados Unidos, citado por Baeta &

Sousa (1997), valores de ITGU acima de 79 são considerados como de elevado estresse

térmico. Neste estudo foram observados valores acima deste nível, nas duas épocas do

ano, parecendo adequado afirmar que os animais estiveram em estresse térmico, apesar

de se observar nas respostas fisiológicas que se seguem, grande capacidade adaptativa.

Os valores deste índice permaneceram em níveis mais elevados sem efeito depressor

severo no bem-estar e conforto térmico dos animais, como observado também por Cézar

et al. (2004), Andrade et al. (2007), Bezerra et al. (2011) e Morais (2011).

A radiação solar, calculada pela carga térmica radiante (CTR), apresentou-se

elevada (P<0,05), especialmente no período seco (602,91 W.m2(-1)), mas foi muito alta

também nos dias de colheita com chuva (583,65 W.m2(-1)). Morais (2011) observou

valores também elevados, porém menores (598,8 W.m²(-1)). Em ambientes tropicais, a

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42

elevada radiação favorece ao aumento de absorção de calor pela pele, havendo a

necessidade de aumentar a eficiência dos mecanismos de termólise, a fim de manter a

homeotermia.

Na Figura 2 foi descrito a distribuição mensal das principais variáveis climáticas

durante o período do estudo.

Figura 2. Distribuição mensal da temperatura do ar (TAR), umidade relativa do ar (UR), índice de temperatura do globo e umidade (ITGU) e carga térmica radiante (CTR) durante o período do estudo.

Pela avaliação dos índices climáticos associada às variáveis deste estudo,

observou-se que possivelmente os animais apresentaram pouco desconforto térmico,

resultando em maior adaptabilidade e bem-estar às condições climáticas do semiárido,

resultados estes semelhantes aos descritos por Rajab et al. (1992), Sleiman & Abi Saab

(1995), Quesada et al. (2001), Al-Haidary (2004), Castanheira et al. (2010), Farias et al.

(2009), McManus et al. (2009) e Morais (2011).

2. Frequência respiratória (FR) e temperatura retal (TR)

A frequência respiratória diferiu significativamente entre as variedades (P<0,05)

e nas diferentes condições ambientais (P<0,05) enquanto que a temperatura retal não

47,00 47,19 46,2749,62

78,3174,40

82,91 83,74

75,56

56,38

50,59

78,27 76,94 77,50 76,61 75,2274,13 74,75 75,06 76,68

78,80 78,76

32,35 31,17 31,71 32,4528,46 27,62 27,90 28,14 29,81

32,38 32,60

20

30

40

50

60

70

80

9 10 11 12 1 2 3 4 6 7 8

Média de UR Média de ITGU Média de TAR(%) (oC)

654,00

549,98

680,83

515,53 546,81589,47 590,19 596,79 595,27

559,42

669,07

0

100

200

300

400

500

600

700

800

9 10 11 12 1 2 3 4 6 7 8

TotalCTR

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diferiu entre as condições seca e chuvosa (P>0,05). A TR foi maior em animais com

melhor condição corporal (P<0,05), conforme observado na Tabela 5.

Tabela 5. Média e desvio padrão das variáveis fisiológicas de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca nas épocas chuvosa e seca.

FR – frequência respiratória; TR – temperatura retal; N – número de observações; MNV – Morada Nova vermelha; MNB – Morada Nova branca; letras minúsculas diferentes nas colunas: diferença significativa ao teste Tukey.

2.1. Efeito de variedade

As ovelhas da variedade vermelha apresentaram maiores frequências

respiratórias (42,23 mov.min-1) do que as da variedade branca (37,47 mov.min-1),

mesmo apresentando índices menores de temperatura retal (38,40 e 38,77 oC,

respectivamente).

As variáveis fisiológicas das ovelhas vermelhas e brancas foram normais e

estiveram dentro da classificação de baixo estresse, com frequência respiratória menor

do que 60 mov.min-1, conforme descrito por Silanikove (2000), e temperatura retal

média inferior a 40,5oC, de acordo com informações descritas por Silva (2000).

Maia et al. (2003) e Façanha-Morais et al. (2008) trabalhando com bovinos,

observaram o mesmo comportamento. McManus et al. (2009) observaram

comportamento semelhante em ovinos Santa Inês e relataram que a frequência

respiratória da variedade branca foi menor do que as variedades marrom e preta, de

mestiços e de ovinos Bergamasca (34,38; 41,21; 39,66; 39,60 e 54,94 mov.min-1,

respectivamente), valores que justificam a menor temperatura retal nos animais nativos

comparado aos outros grupos genéticos (38,65; 38,70; 38,74; 39,04 e 39,12 oC,

respectivamente).

Fontes de variação FR (mov.min-1) TR (oC) Variedade racial (V) * * Período do ano (P) * ns Interação V x P * * Escore corporal ns *

Variável Variedade Período do ano

Média Seco Chuvoso

FR (mov.min-1) MNV 45,54ª ± 8,23 38,49 ± 7,34 42,23ª ± 8,57 MNB 39,27b ± 8,57 35,41 ± 8,68 37,47b ± 8,82 Média 42,26A ± 8,96 36,89B ± 8,20 39,75 ± 9,02

TR (oC)

MNV 38,41b ± 0,56 38,39b ± 0,52 38,40b ± 0,54 MNB 38,76ª ± 0,56 38,79ª ± 0,52 38,77a ± 0,54 Média 38,59 ± 0,58 38,60 ± 0,56 38,59 ± 0,57

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Animais de pelame escuro absorvem mais energia térmica do ambiente (FINCH

et al., 1980; SILVA, 2008; MCMANUS et al., 2009; FAÇANHA et al., 2010). De

acordo com esta informação, pôde-se afirmar que as ovelhas Morada Nova vermelhas

tiveram maior necessidade de acionar mais intensamente a frequência respiratória para

manter a homeotermia, e as brancas podem não ter tido a mesma necessidade por ter

absorvido menos calor do ambiente.

Mas diferente dos resultados expressados por McManus et al. (2009), as ovelhas

Morada Nova vermelhas apresentaram menores valores de temperatura retal, apesar de

ser notório que animais com pelame claro absorvem entre 40 e 50% menos calor

(SILVA, 2000).

Outros estudos realizados com a raça Morada Nova da variedade vermelha

expressaram resultados semelhantes. Quesada et al. (2001) observaram menores valores

de frequência respiratória no turno da manhã (o mesmo desse estudo), porém com

maiores valores de temperatura retal (23,41 mov.min-1 e 38,8oC, respectivamente);

Santos et al. (2006) observaram maiores valores de frequência respiratória e temperatura

retal para ovelhas Morada Nova no turno da manhã (47,33 mov.min-1 e 39,02 oC,

respectivamente); Morais (2011) avaliou diferentes rebanhos Morada Nova no Nordeste

brasileiro, encontrando valores mínimos e máximos de frequência respiratória (33,0 e

48,0 mov.min-1) e temperatura retal (37,9 a 39,2 oC), entretanto não foi especificado o

turno da colheita.

Comparando a influência do ambiente nos parâmetros fisiológicos de animais

nativos e animais cruzados ou exóticos, diversos pesquisadores também encontraram

menores valores para as raças nativas (ABI SAAB & SLEIMAN, 1995; CÉZAR et al.,

2004; SANTOS et al., 2006; AMARAL et al., 2009; MCMANUS et al., 2009;

BEZERRA et al., 2011). A maior frequência respiratória de animais exóticos e cruzados

reflete a dificuldade de se adaptar em regiões onde a temperatura ambiente é igual ou

superior à corpórea, fazendo com que estes animais necessitem acionar mais a termólise

evaporativa respiratória para dissipação de calor e manter a homeotermia, fazendo com

que muitas vezes entrem em estresse respiratório (STARLING et al., 2002;

MCMANUS et al., 2009), conforme descreveu Silanikove (2000). Estes resultados

reafirmam a b aadaptabilidade da raça nativa Morada Nova ao ambiente quente.

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45

Os ovinos Morada Nova estão bem adaptados ao ambiente quente, às vezes até

mais do que outros grupos raciais nativos ou mestiços avaliados em diferentes regiões

do mundo, conforme afirmaram Pimenta Filho et al. (2000), Magalhães et al. (2001),

Cézar et al. (2004), Santos et al. (2006), Sousa Jr. et al. (2008), Andrade et al. (2007),

Ribeiro et al. (2008) e Morais (2011).

2.2. Efeitos do período

A frequência respiratória foi maior (P<0,05) na época seca (42,26 mov.min-1) do

que na chuvosa (36,89 mov.min-1), observando-se diferença (P<0,05) também entre as

variedades vermelha e branca, dentro do período seco (45,54 e 39,27 mov.min-1,

respectivamente), mas não no período chuvoso (P>0,05; 38,49 e 35,41 mov.min-1,

respectivamente). Estes resultados revelaram que a variedade vermelha necessitou

acionar mais a FR no período seco e menos no chuvoso para manter a homeotermia.

Em estudos com animais nativos em condições climáticas estressantes, Quesada

et al. (2001), Andrade et al. (2007), Ribeiro et al. (2008) e McManus et al. (2009)

revelaram valores de FR semelhantes aos obtidos neste estudo. Entretanto em estudos

conduzidos por Abi Saab & Sleiman (1995), Magalhães et al. (2001), Al-Haidary

(2004), Cézar et al. (2004), Santos et al. (2006), Sousa Jr. et al. (2008), Amaral et al.

(2009), Farias et al. (2009) e Sejian et al. (2010), verificaram-se valores superiores a 50

mov.min-1. Com estas comparações ratificou-se a boa adaptabilidade das ovelhas

Morada Nova das variedades vermelha e branca ao ambiente semiárido.

A TR foi semelhante (P>0,05) nas condições seca (38,59oC) e chuvosa

(38,60oC), mas nas variedades vermelha e branca diferiu (P<0,05) dentro dos períodos

seco (38,41 ± 0,56 e 38,76 ± 0,56 oC, respectivamente) e chuvoso (38,39 ± 0,52 e 38,79

± 0,52 oC, respectivamente), e a correlação entre a TAR e a TR foi significativa (P<0,05;

r = 0,16; Tabela 6), demonstrando que as ovelhas Morada Nova conseguiram manter a

temperatura corporal dentro de níveis normais e relativamente constantes e que a

variedade vermelha necessitou acionar a termólise respiratória em maior intensidade.

As condições climáticas do período seco foram mais estressantes (Tabela 3),

mas a temperatura corporal esteve dentro dos limites fisiológicos. Anderson & Jónasson

(2006) afirmaram que a temperatura retal ultrapassa níveis fisiológicos quando a

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temperatura ambiental supera os 32oC, mas mesmo na temperatura especificada, as

ovelhas Morada Nova conseguiram manter a homeotermia.

A elevação da FR coincidiu com o aumento da TAR, durante o período

experimental, demonstrado através da correlação positiva (0,13; P<0,05), (Tabela 6),

ratificando a informação que nos períodos mais quentes e secos houve incremento da

FR para manter a homeotermia, conforme relataram também Abi Saab & Sleiman

(1995), Magalhães et al. (2001), Quesada et al. (2001), Al-Haidary (2004), Cézar et al.

(2004), Santos et al. (2006), Sousa Jr. et al. (2008), Amaral et al. (2009), Farias et al.

(2009), McManus et al. (2009) e Sejian et al. (2010). A TR foi influenciada (P<0,05)

pela TAR, pela CTR e pelo ITGU. Os baixos coeficientes de correlação demonstram que

mesmo em condições climáticas estressantes, os animais da raça Morada Nova

conseguiram manter a homeotermia, comportamento característicos de adaptabilidade.

Tabela 6. Coeficientes de correlação de Pearson entre os parâmetros fisiológicos e hormônios tireoidianos de ovelhas Morada Nova e as variáveis climáticas. FR TR T3 T4

TAR 0,13* 0,10* -0,23* -0,15* UR -0,26* 0,01ns 0,29* 0,15* CTR 0,01ns 0,12* -0,10* -0,05ns

ITGU 0,07ns 0,11* -0,19* -0,14*

FR – frequência respiratória; TR – temperatura retal; T3 – triiodotironina; T4 – tiroxina; * significativo a 5% (P<0,05); ns – não significativo (P>0,05).

Observou-se que a termólise evaporativa respiratória ficou dificultada com a alta

UR. Nessas situações os animais provavelmente utilizaram outros processos de

termólise para manter a homeotermia, resultados estes semelhantes aos de Silva &

Starling (2003). É importante salientar que nos meses com elevada UR, a TAR foi menor

e provavelmente o ganho térmico também.

Contrariamente, na análise de regressão da FR com a TAR e UR (Figura 3), os

baixos coeficientes de determinação (R2) revelaram a baixa influência das variáveis

climáticas nas alterações das respostas fisiológicas, demonstrando que as ovelhas

conseguiram manter a homeotermia em resposta às condições estressantes.

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Figura 3. Análise de regressão entre a frequência respiratória (FR) de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca e a temperatura ambiental (TAR) e umidade relativa do ar (UR).

A disposição mensal das variáveis fisiológicas (Figura 4) revelou que os animais

estiveram em baixo estresse em todos os meses do estudo, já que não apresentaram FR

maior do que 60 mov.min-1 nem TR maior do que e 40,5oC, conforme afirmaram

Silanikove (2000) e Silva (2000).

Figura 4. Distribuição mensal da frequência respiratória (FR) e temperatura retal (TR) em ovelhas Morada Nova das variedades vermelha (1) e branca (2) no período chuvoso (Jan a Jun/2010) e seco (Set a Dez/2009 e Jul a Ago/2010).

Nos meses do período seco acredita-se que a variedade vermelha utilizou com

maior intensidade a termólise respiratória, devido à maior elevação na FR. As ovelhas

brancas também necessitaram elevar a FR, mas em menor intensidade. Sugere-se que os

animais utilizaram amplamente a termólise evaporativa para manter a homeotermia,

uma vez que os processos sensíveis de termólise ficam diminuídos pela elevada TAR,

FR = 0,4715.TAR + 25,455

R² = 0,0188

01020304050607080

20 25 30 35 TAR (oC)

FR (mov.min-1) FR = -0,148.UR + 49,125

R² = 0,0709

0

20

40

60

80

20 40 60 80

FR (mov.min-1)

UR (%)

46,549,6

46,143,4

39,236,4

39,6 39,737,5

42,145,6

40,1 42,339,7

36,635,5 36,0

35,4 35,5 34,6 36,140,5

0

10

20

30

40

50

60

9 10 11 12 1 2 3 4 6 7 8

1 2

38,838,3 38,6

37,7

38,638,0 38,3 38,4 38,6 38,6 38,6

39,1 38,8 38,7 38,438,9 38,8 38,6

38,9 38,8 38,9 38,6

33

34

35

36

37

38

39

40

41

42

9 10 11 12 1 2 3 4 6 7 8

1 2TR (oC)

FR (mov.min-1)

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mesmo em baixa UR (SILVA, 2000; FAÇANHA et al., 2010). Com isso pôde-se

demonstrar que houve uma resposta fisiológica diferente em períodos distintos,

conforme observaram também Cézar et al. (2004), McManus et al. (2009) e Castanheira

et al. (2010).

Diversos autores afirmaram que a termólise respiratória em altas temperaturas,

contribui com cerca de 70% da perda de calor em ovinos, sendo o restante perdido por

sudação (HOFMEYER et al., 1969; SILVA, 2000; STARLING et al., 2002;

MCMANUS et al., 2009; MORAIS, 2011). Portanto pôde-se afirmar que as ovelhas

Morada Nova elevaram a FR para aumentar a dissipação do calor corporal por meio do

aquecimento do ar inspirado e da evaporação nas vias respiratórias (MENDES et al.,

1976; SILVA, 2000; STARLING et al., 2005).

A TR não diferiu entre os períodos seco e chuvoso (38,59 e 38,60 oC,

respectivamente), entretanto verificou-se diferença entre os meses do ano e na análise

de regressão (Figura 5) observou-se que a influência da TAR e da UR na TR foram

baixas (R2 = 0,009 e 0,001, respectivamente).

Figura 5. Análise de regressão entre a temperatura retal (TR) de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca e a temperatura ambiental (TAR) e umidade relativa do ar (UR).

Esta variação mensal da TR pôde estar relacionada com fatores ambientais ou

metabólicos, entretanto o fato de os animais conseguirem manter a temperatura corporal

em níveis normais ratificou a boa adaptabilidade às condições do semiárido.

Abi Saab & Sleiman (1995), Starling et al. (2002), Santos et al. (2006) e Sousa

Jr. et al. (2008) também não verificaram variação na temperatura retal em diferentes

condições climáticas. Entretanto os resultados aqui apresentados contrariam os

revelados por diversos autores, que consideram a temperatura retal isoladamente uma

importante variável na avaliação do nível de adaptabilidade (BIANCA & KUNZ, 1978;

MAGALHÃES et al., 2001; QUESADA et al., 2001; AL-HAIDARY, 2004; CÉZAR et

TR = 0,0208.TAR + 37,968

R² = 0,0092

36

37

38

39

40

41

20 25 30 35 40

TR (oC)TR (oC)

TAR (oC)

TR = -0,0013.UR + 38,683

R² = 0,0014

36

37

38

39

40

41

20 40 60 80 100 UR (%)

TR (oC)

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49

al., 2004; NEIVA et al., 2004; FARIAS et al., 2009; BEZERRA et al., 2011; MORAIS,

2011).

A temperatura retal não sofre grandes variações em condições normais de

sanidade, ou seja, o organismo tem que dispor de meios para efetuar a termólise e não

permitir o aumento excessivo da temperatura corporal. Assim valores acima de 42oC e

abaixo de 36oC podem levar à desnaturação de proteínas e ao óbito (CUNNIGHAM,

2004; KANEKO et al., 2008), portanto pode ser incorreto considerar isoladamente seu

uso como indicador de adaptabilidade animal ao ambiente quente.

2.3. Efeito da condição corporal

A TR foi maior (P<0,05) em animais com maiores condições de escore corporal.

A FR foi semelhante (P>0,05) nos animais com diferentes classes de escore corporal. A

influência da condição corporal nas respostas fisiológicas está disposta na Tabela 7.

Tabela 7. média e desvio padrão das variáveis fisiológicas de ovelhas Morada Nova de diferentes classes de escore corporal.

FR – frequência respiratória; TR – temperatura retal; N – número de observações; MNV – Morada Nova vermelha; MNB – Morada Nova branca; letras minúsculas diferentes nas colunas: diferença significativa ao teste Tukey.

Sejian et al. (2009) observaram que animais com escore 2,5 (CEC 1)

apresentaram menor FR (23,8 mov.min-1) do que animais com escore 3,0 a 3,5 (CEC 2)

e 4,0 (CEC 3), que apresentaram valores estatisticamente iguais (47,0 e 47,2 mov.min-1,

respectivamente). Estes autores observaram ainda que não houve diferença significativa

na TR entre os três grupos (38,5; 38,3 e 38,3 oC, respectivamente).

A maior temperatura corporal nos animais de melhor condição corporal pôde

estar relacionada à maior taxa metabólica desses animais, produzindo-se mais calor

endógeno (BIANCO, 2000; SILVA, 2000).

3. Triiodotironina (T3) e tiroxina (T4)

Classes de Escore Corporal FR (mov.min-1) TR (oC)

CEC1 38,17 (9,54) 38,45c (0,63)

CEC2 40,32 (8,79) 38,60 b (0,57)

CEC3 39,57 (9,00) 38,81ª (0,33)

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50

A dosagem de T3 foi menor (P<0,05) no período seco e na variedade vermelha,

mas sem alteração com o escore corporal (P>0,05). A concentração de T4 também foi

menor no período seco (P<0,05), mas sem distinção com a variedade e com a classe de

escore corporal (P>0,05). O resumo da análise de variância foi descrito na Tabela 8 e as

médias e desvios padrões, na Tabela 9.

Tabela 8. Análise de variância dos níveis séricos de hormônios tireoidianos em ovelhas Morada Nova vermelhas e brancas de diferentes escores corporais, nos períodos seco e chuvoso.

T3 (µg.dL-1) T4 (µg.dL

-1)

Variedade racial (V) * ns

Período do ano (P) * * Interação V x P * ns

Escore corporal ns ns T3 – triiodotironina; T4 – tiroxina; ns – não significativo; * - significativo a 5% (P<0,05); ao teste de Tukey.

3.1. Efeito da variedade versus época

Tabela 9. Média e desvio padrão dos níveis séricos de hormônios tireoidianos em ovelhas Morada Nova das vermelha e branca, de diferentes escores corporais, nos períodos seco e chuvoso do ano.

Período Escore corporal

Seco Chuvoso CEC1 CEC2 CEC3

T3 (µg.dL-1)

MNV 0,15bB ± 0,07 0,23aA ± 0,06 0,15b ± 0,09 0,15 b ± 0,09 0,16 b ± 0,08 0,19b ±0,07

MNB 0,21aB ± 0,08 0,26aA ± 0,08 0,24a ± 0,08 0,26 a ± 0,10 0,25 a ±0,08 0,24a ± 0,08

Total 0,18B ± 0,08 0,25A ± 0,07 0,20 ± 0,09 0,21 ± 0,10 0,21 ± 0,11 0,21 ± 0,08

T4 (µg.dL-1)

MNV 6,31bB ± 1,66 6,76aA ± 1,39 6,51 ± 1,41 6,53 ± 1,46 6,55 ± 1,29 6,53 ± 1,51

MNB 6,30bB ±1,62 6,72aA ± 1,34 6,50 ± 1,33 6,52 ± 1,38 6,53 ± 1,57 6,52 ± 1,46

Total 6,31B ± 1,64 6,74A ± 1,37 6,51 ± 1,53 6,52 ± 1,45 6,54 ± 1,56 6,52 ± 1,48

T3 – triiodotironina; T4 – tiroxina; MNV – Morada Nova vermelha; MNB – Morada Nova branca; letras minúsculas diferentes nas colunas e maiúsculas nas linhas, significância ao teste de Tukey.

A concentração média de T3 (P<0,05) foi menor na variedade vermelha do que

na branca (0,19 e 0,24 µg.dL-1, respectivamente). Nos meses do período seco, a

diminuição de T3 nas ovelhas vermelhas foi ainda maior, quando comparada às brancas

(Figura 6), mas estiveram dentro e levemente acima dos níveis normais para a espécie,

respectivamente, conforme descreveram Dias et al. (2004), que estabeleceram valores

normais de T3 entre 0,09 e 0,23 µg.dL-1.

A dosagem de T4 foi maior (P<0,05) no período chuvoso do que no seco (6,74 e

6,31 µg.dL-1, respectivamente). Não houve diferença de T4 (P>0,05) entre as variedades

vermelha e branca (6,53 e 6,52 µg.dL-1, respectivamente), ratificando a boa

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adaptabilidade das duas variedades, por manter a atividade tireoidiana. De acordo com

Dias et al. (2004) é normal concentrações de T4 variando entre 3,8 e 7,7 µg.dL-1. A

dosagem de T4 não pôde ser considerada como elevada, uma vez que uma das principais

consequências do hipertireoidismo é a fraqueza muscular, derivada da insuficiência

circulatória, havendo necessidade duplicada de oxigênio e nutrientes para a manutenção

da atividade metabólica basal (DICKSON, 2006), problemas não encontrados neste

estudo. Na Figura 6 descreveu-se a distribuição mensal dos hormônios tireoidianos,

ratificando-se o aumento nos meses do período chuvoso (janeiro a junho).

Figura 6. Distribuição mensal dos níveis triiodotironina (T3) e tiroxina (T4) em ovelhas Morada Nova das variedades vermelha (1) e branca (2) no período chuvoso (Jan a Jun/2010) e seco (Set a Dez/2009 e Jul a Ago/2010).

Com este comportamento pôde-se sugerir que as ovelhas vermelhas

necessitaram de uma maior resposta termogênica, provavelmente devido à maior

absorção de calor do ambiente, conforme apontaram diversos autores (FINCH, 1980;

SILVA, 2000; MCMANUS et al., 2011). Nessas situações o organismo animal aciona

mecanismos termorreguladores, diminuindo a secreção de hormônios tireoidianos, para

uma redução na taxa metabólica e consequente redução na produção de calor endógeno

(BIANCO, 2000). A análise de correlação confirmou que a TAR e a UR apresentaram

influência em T3 (coeficiente de correlação: r = -0,23 e 0,29, respectivamente).

Observou-se também que a dosagem de T4 foi maior com a maior UR (P<0,05; r = 0,15)

0,150,12

0,160,19

0,250,22

0,220,24

0,21

0,150,13

0,200,23

0,190,22

0,27 0,29

0,25 0,25

0,28

0,23 0,22

0,0

0,1

0,1

0,2

0,2

0,3

0,3

9 10 11 12 1 2 3 4 6 7 8

1 2

6,116,22 6,18

6,38 6,49

6,82

6,62

6,79

6,636,44

6,30

6,16

6,24 6,25 6,25

6,71

6,57 6,566,65 6,68

6,346,26

5

6

7

9 10 11 12 1 2 3 4 6 7 8

1 2T4 (µg.dL-1)

T3 (µg.dL-1)

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e com a menor TAR (P<0,05; r = -0,15), sugerindo-se que no período seco, com

condições mais estressantes, reduziu-se a atividade tireoidiana (Tabela 7).

Na Figura 7 foi descrita a análise de regressão entre T3 e TAR e UR, ratificando a

resposta termogênica.

Figura 7. Análise de regressão entre a triiodotironina (T3) de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca e a temperatura ambiental (TAR) e umidade relativa do ar (UR).

A análise de regressão de T4 com a TAR e a UR confirma a informação que no

período seco, com variáveis climáticas mais estressantes, houve redução atividade

tireoidiana (Figura 8).

Figura 8. Análise de regressão entre a tiroxina (T4) de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca e a temperatura ambiental (TAR) e umidade relativa do ar (UR).

Menores níveis séricos de T3 em ambientes com elevada temperatura também

foram descritos por Al-Haidary (2004), Starling et al. (2005), Amaral et al. (2009),

Koluman & Daskiran (2011) e Morais (2011). Contrariamente Lourenço et al. (2010)

observaram maior secreção deste hormônio com a temperatura ambiente mais elevada

(91,15 e 62,85 ng.dL-1, respectivamente).

Amaral et al. (2009) verificaram maiores níveis para a raça Santa Inês do que

para as Texel e Ile de France (T3: 1,65; 0,97 e 1,08 ng.mL-1 e T4: 81,3; 60,0 e 70,4

ng.mL-1, respectivamente) e Morais (2011) descreveu em ovelhas Morada Nova médias

T3 = -0,0073.TAR + 0,4355

R² = 0,051

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

19 29 39

T3 (µg.dL-1)

TAR (oC)

T3 = 0,0015.UR + 0,1183

R² = 0,0862

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

25 45 65 85

T3 (µg.dL-1)

UR (%)

T4 = -0,0797TAR + 8,857

R² = 0,0212

0

2

4

6

8

10

12

20,0 25,0 30,0 35,0

T4 (µg.dL-1)

TAR (oC)

T4 = 0,0132UR + 5,6063R² = 0,0227

234567891011

25 45 65 85

T4 (µg.dL-1)

UR (%)

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de 0,19 µg.dL-1 e 4,6 para T3 e T4 µg.dL-1, respectivamente. Já Lourenço et al. (2010)

não observaram níveis estatisticamente diferentes de T3 (79,0 e 75,0 ng.dL-1) e T4 (7,0 e

8,0 µg.dL-1) para as raças Ile de France e Churra-da-Terra-Quente, respectivamente.

No período chuvoso a variação de T3 das ovelhas da variedade vermelha (0,15 a

0,23 µg.dL-1) foi maior do que a das brancas (0,21 a 0,26 µg.dL-1). Não houve diferença

(P>0,05) na secreção de T3 entre as variedades vermelha e branca no período chuvoso.

Com este comportamento pode-se afirmar que em condições de neutralidade térmica

ambiental as duas variedades apresentam semelhantes capacidades de manter a

homeostasia, com bom desenvolvimento metabólico, que se traduz em boa capacidade

produtiva e reprodutiva, que não foi afetada ao longo do ano.

De acordo com Dickson (2006) a potência biológica do T3 é superior a do T4,

com aproximadamente 30% do T4 sendo convertido em T3 nas células dos tecidos

periféricos. Com a redução de T3 no período seco, houve maior necessidade de

conversão de T4 em T3 para manutenção das atividades metabólicas, já que mais de 75%

do T3 circulante resulta dessa desiodação periférica, comportamento semelhante

observado também por Façanha-Morais et al. (2008), justificando a manutenção a boa

condição corporal e o desempenho reprodutivo mesmo no período seco.

Portanto pode-se sugerir que não houve maior secreção de T4 no período seco e

sim maior conversão de T4 em T3 no período chuvoso, responsável por esta diminuição.

Esses resultados são semelhantes aos mencionados por Starling et al. (2005), Amaral et

al. (2009), Lourenço et al. (2010) e Morais (2011) e divergentes dos revelados por Al-

Haidary (2004), Koluman & Daskiran (2011), que observaram maiores níveis de T4 em

ambientes menos estressantes.

3.3. Efeito da condição corporal

As diferentes classes de escore corporal não causaram variação (P>0,05) nos

níveis de T3 e de T4, conforme descrito na Tabela 9.

Maurya et al. (2010) observaram que as concentrações séricas dos hormônios

tireoidianos foram maiores nos animais de maior escore corporal (T3: 0,15; 0,25 e 0,26

µg.dL-1; T4: 5,0; 7,6 e 9,17 µg.dL-1, para animais de escores 2,5; 3 e 4, respectivamente),

concluindo que a eficiência reprodutiva estava diretamente ligada aos maiores níveis

séricos desses hormônios.

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Os níveis iguais (P>0,05) de T3 e T4 observados nas três classes de escore

corporal podem justificar a elevada eficiência reprodutiva na raça Morada Nova

(DICKSON, 2006; FAÇANHA-MORAIS et al., 2008), pois mesmo em animais com

pior condição corporal os elevados níveis deste hormônio promoveram a manutenção

das atividades metabólicas.

Associado a isto, a verificação de níveis normais de metabólitos protéicos e

energéticos, conforme descrito no capítulo seguinte, está correlacionada com níveis

normais de T4 total, conforme afirmaram Blum et al. (1980). Dias et al. (2004)

afirmaram que o T4 apresenta maior correlação com metabólitos sanguíneos do que o

T3. Lourenço et al. (2010) e Souza et al. (2002) ratificaram este argumento ao afirmar

que os hormônios tireoidianos podem ser bons indicadores do status reprodutivo em

ovinos e a redução desses hormônios podendo causar a estacionalidade reprodutiva.

CONCLUSÕES

As ovelhas Morada Nova apresentaram frequência respiratória e temperatura

retal consideradas de baixo estresse e dentro da faixa de normalidade, observando-se

aumento dos movimentos respiratórios no período seco e principalmente nos animais de

pelame escuro, para auxiliar a manter a homeotermia;

Os níveis séricos de triiodotironina e tiroxina foram considerados normais para a

espécie ovina e observou-se uma resposta tireoidiana ao calor em ambas as variedades,

porém com maior redução das concentrações séricas na variedade vermelha e nos

períodos mais quentes.

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61

CAPÍTULO 3

Parâmetros bioquímicos e hematológicos na análise de respostas adaptativas de ovinos Morada Nova das variedades branca e vermelha criados na região

semiárida brasileira

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PARÂMETROS BIOQUÍMICOS E HEMATOLÓGICOS NA ANÁLISE DE RESPOSTAS ADAPTATIVAS DE OVINOS MORADA NOVA DAS

VARIEDADES BRANCA E VERMELHA CRIADOS NA REGIÃO SEMIÁRIDA BRASILEIRA

RESUMO

Objetivou-se avaliar os parâmetros hematológicos e bioquímicos de ovelhas Morada

Nova criadas nas épocas seca e chuvosa do semiárido brasileiro, enfocando o aspecto da

adaptabilidade. Foram utilizadas 30 ovelhas vermelhas e 30 brancas, adultas, multíparas

e não prenhes. Determinou-se como efeito fixo a variedade (vermelha e branca), a época

do ano (seca e chuvosa) e a classe de escore corporal (1, 2 e 3), realizando-se análise de

variância e teste de Tukey, além de análises de correlação e regressão. As concentrações

de glicose e colesterol total foram maiores no período chuvoso, sem apresentar variação

com as demais fontes de variação. O triacilglicerol não variou com nenhuma das fontes

de variação. Dos metabólitos protéicos, a ureia e a albumina foram semelhantes entre as

variedades e nos diferentes períodos, sendo maior nos animais de melhor condição

corporal. A creatinina foi semelhante em todas as fontes de variação. As dosagens

séricas de proteína total e a globulina foram maiores no período chuvoso. A proteinemia

foi maior e a globulinemia foi menor nos animais de melhor condição corporal. As

atividades enzimáticas da aspartato aminotransferase (AST) e da alanina

aminotransferase (ALT) diferiram com o período do ano e em diferentes classes de

escore corporal, respectivamente. Das variáveis hematológicas a contagem de hemácias

(He) não apresentou diferença com as fontes de variação propostas, porém o

hematócrito foi maior nas ovelhas da variedade branca e nos animais de melhor

condição corporal e o volume corpuscular médio (VCM) foi maior no período seco.

Todos os parâmetros analisados apresentaram-se próximo ou dentro dos níveis normais

para a espécie, concluindo-se que os animais Morada Nova das variedades branca e

vermelha estão bem adaptados ao ambiente semiárido, apresentando pouca variação ao

longo do ano.

Palavras-chave: Estresse térmico; raça nativa; ovinos; metabolismo; parâmetros

sanguíneos.

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BIOCHEMICAL AND HEMATOLOGIC PARAMETERS USED IN ADAPTIVE RESPONSES OF RED AND WHITE MORADA NOVA SHEEP REARED IN

BRAZILIAN SEMI-ARID REGION

ABSTRACT

This study aimed to evaluate the haematological and biochemical measurements of

Morada Nova sheep in dry and rain seansons of the Brazilian semiarid region. We used

30 red and 30 white varieties ewes of Morada Nova sheep, adult, non-pregnant and

multiparous. Was determined as a fixed effect the variety (red and white), the season of

the year (dry and rain) and the class of body condition score (CBCS: 1, 2 and 3)

performing analysis of variance, Tukey's test and correlation and regression analysis.

The glucose and total cholesterol were higher in the rainy season, with no variation to

variety and CBCS. The triacylglycerol did not change with anyone. The urea and

albumin were similar between varieties and in different periods, being higher in CBCS.

The creatinine was similar in all them. The total protein and globulin were higher

(P<0.05) during the rainy season, but total protein was higher and globulin was lower in

better CBCS. The enzymatic activities of aspartate aminotransferase (AST) and alanine

aminotransferase (ALT) differed with the season of the year and with the CBCS,

respectively. The red blood cells showed no difference with the proposed sources of

variation, but the hematocrit was higher in the white variety and in the better CBCS and

mean corpuscular volume (MCV) was higher in the dry season. All parameters analyzed

were within the normal range for sheep, concluding that the Morada Nova white and red

varieties of sheep are well apadted to the Brazilian semiarid environment, presenting

low variation during all year.

Keywords: Heat stress; native breed, sheep, metabolism, blood parameters.

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64

INTRODUÇÃO

O semiárido brasileiro apresenta duas estações características, mas de difícil

definição cronológica, compreendendo um período seco (caracterizado por elevadas

radiação solar e temperatura ambiente e baixa umidade relativa do ar, com pastagens

reduzidas e de qualidade inferior) e um período chuvoso, com características inversas,

(GARIGLIO et al., 2010), que provocam não só alterações superficiais (QUESADA et

al., 2001; STARLING et al., 2005; SEJIAN et al., 2009; FAÇANHA et al., 2010;

MCMANUS et al., 2011; MORAIS, 2011), mas também causam alterações internas,

especialmente no quantitativo dos constituintes e metabólicos sanguíneos

(KRAJNICAKOVA et al., 1997; AL-HAIDARY, 2004; ODONGO et al., 2006;

SOUZA et al., 2006; AMARAL et al., 2009; MCMANUS et al., 2009; RABASSA et

al., 2009; CASTANHEIRA et al., 2010; SEJIAN et al., 2010; MORAIS, 2011).

As análises sanguíneas e bioquímicas são usualmente feitas para avaliar a

sanidade animal, uma vez que o sangue é o principal órgão responsável pela nutrição e

eliminação dos catabólitos teciduais (SWENSON, 2006), ou seja, é através da

circulação sanguínea que o organismo animal inicia o combate às enfermidades e com

isto o sangue sofre modificações de ordem quantitativa e qualitativa na ocorrência de

doenças (BIRGEL, 1973; BIRGEL et al., 1982) e de acordo com as condições

ambientais. Variações nos fatores nutricionais, genéticos e climáticos, entre outros,

podem causar alterações nestes parâmetros e esta avaliação pode ser usada para

quantificar o nível de adaptação de um grupo genético a um determinado ambiente, com

características climáticas e ambientais específicas. Isto ocorre porque oscilações na

disponibilidade de alimentos podem resultar em estacionalidade na formação de

componentes corporais (SOYSAL et al., 2011) e carências nutricionais podem ser

verificadas pelos constituintes bioquímicos e hematológicos no sangue (SWENSON,

2006).

As raças nativas ou naturalizadas são mais adaptadas às condições climático-

nutricionais específicas do semiárido brasileiro e esta adaptabilidade se traduz em níveis

plasmáticos de metabólitos sanguíneos mais elevados do que os pesquisados em animais

exóticos (AMARAL et al., 2009; MCMANUS et al., 2009).

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Ao estudar as dosagens bioquímicas séricas ligadas à adaptabilidade, Rabassa et

al. (2009) e Sejian et al. (2010) descreveram que nas épocas do ano com menor estresse

térmico, e consequentemente maior disponibilidade e qualidade de forragens, os níveis

sanguíneos dos metabólitos são maiores do que nos períodos mais estressantes do ano,

sendo tais parâmetros fortemente influenciados pelas condições ambientais e sazonais

(KRAJNICAKOVA et al., 1997). Outros pesquisadores, avaliando se ocorre alteração

no número de células sanguíneas, não encontraram diferença entre períodos quente e de

temperatura moderada (AL-HAIDARY, 2004; BROUCEK et al., 2009).

Este estudo teve por objetivo avaliar o comportamento dos parâmetros

hematológicos e das dosagens bioquímicas de ovinos da raça Morada Nova, das

variedades branca e vermelha, associando às condições climáticas do semiárido

brasileiro, nos períodos seco e chuvoso do ano.

MATERIAL E MÉTODOS

1. Local, período, animais do experimento, classificação do escore corporal e variáveis climáticas

A descrição do local, período, animais do experimento, classificação do escore

corporal e variáveis climáticas é a mesma contida no item Material e Métodos do

capítulo 2.

2. Colheita de sangue para dosagens sanguíneas (eritrograma e bioquímica)

Para a realização das dosagens hematológicas e bioquímicas procedeu-se a

venopunção Jugular esquerda, utilizando-se agulhas hipodérmicas 40 x 12 mm

descartáveis, acoplada a tubos de ensaio específicos e estéreis à vácuo (10 mL) sem

anti-coagulante para as dosagens bioquímicas (exceto para a avaliação da glicemia, que

foram usados tubos de ensaio com fluoreto de potássio) e com anti-coagulante

(etilenodiamino-tetracético-di-sódica -EDTA- a 10%) para as dosagens hematológicas

(5 mL). Após a colheita os tubos foram acondicionados em uma caixa térmica com gelo

(para manter resfriada entre 8 e 10oC) para transporte até o Laboratório de Apoio ao

Núcleo de Estudos e Pesquisas em Pequenos Ruminantes da UFERSA.

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3. Avaliação bioquímica

As amostras de sangue sem anti-coagulante foram centrifugadas a 5.000 rpm

durante 5 minutos para separação do soro sanguíneo, sendo este por fim armazenado em

quatro cópias para cada animal (tubos tipos eppendorff devidamente numerados e

identificados, com o número do animal e data de colheita) e congelados a -20 oC para

análise subsequente.

As dosagens bioquímicas séricas (colesterol total, triglicerídeos, ureia,

creatinina, proteínas totais, albumina e globulina) e as atividades enzimáticas (aspartato-

amino-transferase e alanina-amino-transferase) foram feitas com o soro descongelado,

com o uso de reagentes específicos para cada metabólito da marca Human In Vitro,

analisados no aparelho semi-automático de dosagens bioquímicas SBA-200 da marca

CELM.

O sangue com fluoreto de potássio foi centrifugado seguindo o mesmo protocolo

e a amostra de plasma foi utilizada para dosagem de glicose sanguínea, 24 horas depois

de colhida, com o mesmo aparelho descrito anteriormente.

Para a avaliação hematológica foi utilizado a amostra de sangue com anti-

coagulante EDTA. As contagens de hemácias (He) foram efetuadas em câmara do tipo

Neubauer modificada e a determinação do hematócrito (Ht) foi realizada por meio da

técnica do microhematócrito, na qual se utilizaram tubos capilares homogêneos. Em

seguida foi estimado o Volume Corpuscular Médio (VCM), que representa o volume

médio das hemácias e é estimado através da equação: VCM = Ht/He, onde Ht =

hematócrito (%) e He = número de hemáceas/100ml de sangue total.

4. Análise estatística

Na avaliação estatística dos parâmetros fisiológicos foi adotado um modelo

estatístico que incluiu os efeitos fixos da variedade (vermelha e branca), da condição de

época de colheita (seca e chuvosa), da interação entre estes e da condição de escore

corporal (CEC1, CEC2 e CEC3). Procedeu-se a análise de variância e para a

comparação das médias das variáveis bioquímicas e hematológicas (Gli, Col, Tri, Ur,

Cr, PT, Alb, Glo, AST, ALT, He, He e VCM) foi feito o teste de Tukey a 5% de

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probabilidade, além de análises de correlação, por meio do programa estatístico SAS,

versão 8.02 (SAS, 2001). O modelo estatístico utilizado para a análise das médias foi:

Yijk = µ + Vi + Pj + VPij + Ek + εijk, onde:

Yijk = Média da i-ésima observação de cada característica hematológica e

bioquímica;

µ = é a média geral de cada uma das variáveis hematológicas e bioquímicas;

Vi = efeito da i-ésima variedade de raça Morada Nova;

Pj = efeito da j-ésima condição de época de colheita;

VPij = efeito da interação i-ésima da variedade com a j-ésima condição de época

de colheita;

Ek = efeito da k-ésima classe de escore corporal;

εijk= resíduo associado à observação Yijk.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

1. Dosagens séricas de glicose (Gli), colesterol total (Col) e triacilglicerol (Tri)

As concentrações séricas de glicose, colesterol e triacilglicerol não variaram

(P>0,05) com as variedades de ovinos nem com a condição corporal. A época do ano

provocou diferença significativa nas dosagens de glicose e colesterol total (P<0,05),

sem influenciar no triacilglicerol (P>0,05). Os resultados da análise de variância e as

médias destas variáveis estão apresentados na Tabela 10.

Tabela 10. Análise de variância, média e desvio padrão de glicose (Gli), colesterol total (Col) e triacilglicerol (Tri) séricos de ovelhas Morada Nova vermelha e branca, nas condições seca e chuvosa. Fonte de variação Gli (mg.dL-1) Col (mg.dL-1) Tri (mg.dL-1)

Variedade racial (V) ns ns ns Período do ano (P) * * ns Interação V x P ns ns ns

Classe de escore corporal ns ns ns Período Seco 45,33b ± 11,96 47,34b ± 10,43 26,96 ± 7,87

Período Chuvoso 53,77ª ± 11,52 55,25ª ± 8,81 25,55 ± 6,46 MNV 47,88 ± 12,47 49,80 ± 11,03 26,52 ± 7,34 MNB 50,57 ± 12,37 52,09 ± 9,83 26,11 ± 7,21 CEC1 47,90 ± 14,53 49,84 ± 15,64 27,18 ± 7,32 CEC2 48,13 ± 14,82 50,63 ± 13,41 25,97 ± 8,61 CEC3 50,62 ± 13,62 52,49 ± 9,69 25,73 ± 8,31

Gli – glicose; Col – colesterol total; Tri – triacilglecerol; ns P>0,05; * significativo a 5% (P<0,05); letras minúsculas diferentes nas colunas, diferença ao teste Tukey.

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A glicemia ficou dentro da normalidade para as ovelhas brancas e vermelhas,

sem diferenças entre elas. Na época chuvosa a dosagem de glicose foi maior do que na

seca, o que pode ser atribuída à maior disponibilidade de alimentos. Swenson (2006)

observou valores normais entre 40 a 80 mg.dL-1 em ovinos adultos e Kaneko et al.

(2008) descreveram que a glicemia normal ovino pode variar entre 50 a 80 mg.dL-1.

A concentração de colesterol total não variou entre as ovelhas brancas e

vermelhas. Os valores de colesterolemia estiveram normais, pois de acordo com as

condições descritas na literatura específica, podem variar de 52 a 76 mg.dL-1

(KANEKO et al., 2008) e de 50 a 150 mg.dL-1 (SWENSON, 2006). No período

chuvoso a concentração de colesterol total foi superior e dentro do limite normal para a

espécie. Entretanto, no período seco foi levemente inferior ao normal.

O triacilglicerol sérico não variou significativamente entre os períodos seco e

chuvoso e foram semelhantes nos animais vermelhos e brancos e em animais de

diferentes condições corporais e mantiveram-se em níveis normais, que varia de 18 a 54

mg.dL-1, conforme descrição de Silveira (1988). Esta condição é importante, pois os

triacilgliceróis são o grupo mais significativo de lipídios do ponto de vista do

metabolismo energético dos animais (BEITZ & ALLEN, 2006b).

Não houve diferença das dosagens de glicose, colesterol total e triacilglicerol

entre animais de diferentes classes de escore corporal (CEC). Este resultado foi

semelhante ao observado por Rabassa et al. (2009) e Carlos (2010). Já Morais (2011)

observou que animais de maior classe de escore corporal apresentaram maiores níveis

séricos desses metabólitos.

Os valores de glicose sanguínea descritos por Amaral et al. (2009) 58,8 mg.dL-1,

Carlos (2010) 64,1 mg.dL-1, Soto-Banco et al. (2010) 64,8 mg.dL-1 e Morais (2011)

60,75 mg.dL-1 foram maiores que os observados nestes estudo, estes três últimos

estudando ovelhas Morada Nova. Porém Odongo et al. (2006) e Rabassa et al. (2009)

verificaram menor nível glicêmico (42,2 e 38,9 mg.dL-1, respectivamente) quando os

animais foram mantidos em estresse térmico, mesmo com suplementação alimentar, em

diferentes condições climáticas e nutricionais.

Morais (2011) também observou níveis glicêmicos maiores em ovelhas Morada

Nova no período chuvoso (69,8 mg.dL-1) do que no seco (51,7 mg.dL-1). O período seco

do Nordeste brasileiro é marcado por restrição nutricional aos animais em sistema

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69

extensivo de criação, mas animais adaptados podem demandar menores níveis séricos

para manter as funções orgânicas.

Estudos conduzidos por Ford et al. (2007) mostraram que a restrição alimentar

em ovelhas no início e no meio da gestação causou Diabettes melittus nas crias, além de

resultar em piores condições de carcaça (ZHU et al., 2006; DANIEL et al., 2007) e

menor peso e tamanho das vísceras (SCHEAFFER et al., 2004). Estes estudos

reforçaram a opinião que os animais Morada Nova não sofreram restrição alimentar,

mesmo no período seco, de acordo com a glicemia observada.

Rabassa et al. (2009) observaram resultados semelhantes com animais

submetidos e não a estresse nutricional, Sejian et al (2010) mostraram que o estresse

térmico resultou em maior diminuição do colesterol total do que o estresse nutricional e

a combinação destes, Souza et al. (2006) revelaram diferenças em diferentes épocas do

ano e nos diferentes turnos, para dosagens de colesterol total em carneiros da raça Ideal-

Polwarth. Enquanto isso, Morais (2011) não observou diferenças significativas nas

dosagens de colesterol total e triglicerídeos em ovelhas Morada Nova criadas em

diferentes estados do Nordeste brasileiro nos períodos chuvoso (59,4 e 30,2 mg.dL-1,

respectivamente) e seco (57,4 e 30,7 mg.dL-1, respectivamente).

Soysal et al. (2011) também não observaram diferenças significativas nem

valores elevados para o colesterol e o triacilglicerol séricos, das raças Merino e

Kivircik, tanto em sistema de criação convencional (Merino: 56,5 e 23,8 mg.dL-1;

Kivircik: 53,2 e 20,3 mg.dL-1) quanto em sistema de criação orgânico (Merino: 45,8 e

20,8 mg.dL-1; Kivircik: 45,2 e 16,8 mg.dL-1).

Os níveis normais de glicose, colesterol e triacilglicerol indicaram que os

animais Morada Nova tiveram acesso a alimentos que supriram suas necessidades

energéticas e que conseguissem desempenhar bem as funções metabólicas, produtivas e

reprodutivas que usam gliceróis (BEITZ & ALLEN, 2006b; MAURYA et al., 2010).

Outros argumentos favorecem a tese de que os metabólicos energéticos foram

normais durante o período estudado. Kerr (2003), Beitz & Allen (2006a) e González &

Silva (2006) afirmaram que os eritrócitos e o cérebro, bem como as funções orgânicas

básicas, como a atividade celular, são criticamente dependentes da glicose. Dias et al.

(2004) observaram uma correlação positiva e alta entre a dosagem de T4 e os

metabólicos energéticos e protéicos. A secreção normal de T4 e a contagem de

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70

eritrócitos em níveis normais no período analisado (descrito no final deste Capítulo),

ratificaram a condição normal dos metabólicos energéticos. Além do mais uma

enfermidade comum causada por glicemia inferior a 30 mg.dL-1 é a cetose em ovelhas,

(BERGMAN, 2006), condição esta não observada.

Pelo escore corporal mensal médio das duas variedades (Figura 9) também pôde-

se sugerir que o nível destes metabólitos foi normal, pois é preciso levar em

consideração a questão racial e ambiental.

Figura 9. Variação mensal (9 a 12/2009; 1 a 8/2010) do escore corporal (EC) médio de ovelhas Morada Nova vermelha (1) e branca (2).

Durante todo o período do estudo, o EC das ovelhas foi sempre maior do que 2,

na classificação de Russel et al. (1969) que vai até 5, sendo este o principal indicativo

de boa nutrição e de que os níveis séricos desses metabólicos estão dentro dos níveis

normais.

A súbita diminuição do EC no mês de janeiro de 2010 coincide com o início do

período chuvoso e a maior disponibilidade de forragem de boa qualidade causa

problemas gastroentéricos e perda de peso nos ovinos. Essa pode ser a explicação para o

menor escore nas duas variedades, apesar do escore 2,5 em ovelhas representar

condição corporal que permite facilidade na reprodução (RUSSEL et al., 1969). O

escore corporal apresentou-se crescente de janeiro a junho de 2010, e apesar do período

chuvoso ter sido considerado até abril, ocorreram chuvas nos meses subsequentes e a

disponibilidade forrageira foi suficiente para a manutenção da condição corporal dos

animais.

Beitz & Allen (2006ab) afirmaram que a variação dos metabólitos energéticos

em animais de uma mesma espécie está relacionada ao estado nutricional e aos estoques

2,87

2,552,76

2,592,38

2,44 2,572,69

3,263,12

2,81

3,28

2,732,77 2,79

2,532,72

2,85 2,90

3,39 3,29

2,90

1,00

1,30

1,60

1,90

2,20

2,50

2,80

3,10

3,40

9 10 11 12 1 2 3 4 6 7 8

1 2Escore corporal (EC)

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71

de carboidratos no organismo. Como animais de diferentes condições corporais não

apresentaram diferença para glicose, colesterol e triacilglicerol, o organismo animal

deve ter conseguido suprir as necessidades energéticas também pelas fontes alternativas,

como a glicogenólise muscular e hepática, de corpos cetônicos e ácidos graxos. Estes

resultados corroboram a opinião de que animais da raça Morada Nova sofrem menos o

estresse térmico e nutricional do período seco do semiárido brasileiro, conseguindo

compensar com o metabolismo energético em alguma parte do organismo, sendo

capazes de manter suas funções vitais, inclusive a reprodução.

Na análise de correlação (Tabela 11) entre os metabólitos energéticos e as

variáveis climáticas, confirmou-se que nos meses mais quentes e secos as dosagens de

glicose e colesterol total diminuíram (P<0,05). O Triacilglicerol sérico não sofreu

influência (P>0,05) das condições climáticas dos períodos seco e chuvoso.

Tabela 11. Coeficientes de correlação de Pearson entre os metabólitos energéticos de ovelhas Morada Nova e as variáveis climáticas do semiárido brasileiro. Gli Col Tri

TAR -0,22* -0,32* 0,06ns

UR 0,33* 0,33* -0,07ns

CTR -0,06ns -0,07ns -0,04ns

ITGU -0,17* -0,28* 0,05ns

Glicose (Gli); Colesterol (Col); Triacilglicerol (Tri); Carga Térmica Radiante (CTR), TAR (temperatura do ar), UR (umidade relativa do ar) e Índice de Temperatura Globo e Umidade (ITGU); n.s P>0,05; * P<0,05.

Na análise de regressão entre os metabólicos energéticos e as variáveis

climáticas observou-se o mesmo comportamento (Figura 10), com os coeficientes de

determinação (R2) sendo significativos (P<0,05) para as análises entre a Gli e o Col e a

TAR e a UR, mas não entre o Tri e estas variáveis climáticas (P>0,05).

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72

Figura 10. Análise de regressão entre glicose (Gli), colesterol (Col) e triacilglicerol (Tri) de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca e a temperatura ambiental (TAR) e umidade relativa do ar.

Esta diminuição de glicose e colesterol total nos meses do período seco (Figura

11) revela que a alteração nos metabólitos ocorreu sem que houvesse diminuição do

escore corporal. Como houve precipitação pluviométrica nos meses do período seco, é

provável que chuvas irregulares tenham produzido forragem suficiente para suprir as

demandas energéticas e devido a uma capacidade de armazenar gordura omental, como

ressaltado por Torreão (2007), as ovelhas Morada Nova conseguiram manter a condição

corporal e os níveis séricos desses metabólicos em níveis satisfatórios durante o ano

todo.

Gli = -1,1692TAR + 84,726

R² = 0,0604

0

20

40

60

80

100

20 25 30 35

Gli (mg.dL-1)

TAR (oC)

Gli = 0,2513UR + 33,393

R² = 0,1076

0102030405060708090100

20 40 60 80 UR (%)

Gli (mg.dL-1)

Col = -1,329TAR + 91,375R² = 0,1074

0

20

40

60

80

100

120

20 25 30 35

Col (mg.dL-1)

TAR (oC)

Col= 0,2128UR + 37,581R² = 0,1087

0

20

40

60

80

100

120

20 40 60 80

Col (mg.dL-1)

UR (%)

Tri= 0,2172TAR + 19,708R² = 0,0062

01020304050607080

20 25 30 35

Tri (mg.dL-1)

TAR (oC)

Tri = -0,0361UR + 28,584R² = 0,0065

01020304050607080

20 40 60 80

Tri (mg.dL-1)

UR (%)

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73

Figura 11. Distribuição mensal dos níveis de glicose (Gli), Colesterol total (Col) e triacilglicerol (Tri) em ovelhas Morada Nova das variedades vermelha (1) e branca (2) no período chuvoso (Jan a Jun/2010) e seco (Set a Dez/2009 e Jul a Ago/2010).

As menores concentrações de glicose e colesterol no período seco podem ter

sido causadas por um aumento da utilização destes metabólicos, produzindo energia

necessária para a elevada atividade muscular despendida, conforme reiteraram Sejian et

al. (2010).

2. Dosagens de ureia (Ur), creatinina (Cr) proteínas totais (PT), albumina (Alb) e globulina (Glo)

As variáveis independentes consideradas não pareceram promover variação nas

dosagens dos metabólicos protéicos, com exceção do período do ano, que influenciou o

nível de proteínas totais e globulina, e a classe de escore corporal, que influenciou as

39,7643,74 43,86 45,68

53,89 52,11 53,7550,67

52,32

46,23 42,7342,3442,00

49,3950,73

58,9354,87 57,97

52,3250,24 50,69

45,79

0

10

20

30

40

50

60

70

9 10 11 12 1 2 3 4 6 7 8

1 2Gli (mg.dL-1)

45,56 45,1546,00 48,25

55,3252,63 51,36

54,93 53,82

46,69 46,4547,79 48,71

46,03

49,60

56,3355,37

58,86 58,4855,72

48,15 48,88

0

10

20

30

40

50

60

70

9 10 11 12 1 2 3 4 6 7 8

1 2Col (mg.dL-1)

28,12 26,74 27,96 27,79

25,7523,59

25,8225,89

26,46 26,27 27,5529,34

26,52 25,3926,77 25,90 25,47

25,37 25,61 25,59 25,6225,54

0

5

10

15

20

25

30

35

9 10 11 12 1 2 3 4 6 7 8

1 2Tri (mg.dL-1)

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74

dosagens de ureia, proteínas totais, albumina e globulina, conforme dados descritos na

Tabela 12.

Tabela 12. Análise de variância, média e desvio padrão de ureia, creatinina, proteínas totais, albumina e globulina de ovelhas Morada Nova, nos períodos seco e chuvoso do ano.

Fonte de variação Ur (mg.dL-1) Cr (mg.dL-1) PT (g.dL-1) Alb (g.dL-1) Glo (g.dL-1)

Variedade racial (V) ns ns ns ns ns

Período do ano (P) ns ns * ns *

Interação V x P ns ns ns ns ns

Escore Corporal * ns * * *

Período Seco 55,13 ± 10,49 0,65 ± 0,16 5,93b ± 0,66 3,05 ± 0,37 2,88b ± 0,59

Período Chuvoso 56,55 ± 10,47 0,78 ± 0,15 6,48ª ± 0,55 3,12 ± 0,35 3,36ª ± 0,51

MNV 55,45 ± 11,09 0,69 ± 0,17 6,13 ± 0,69 3,09 ± 0,36 3,04 ± 0,60

MNB 56,11 ± 9,93 0,73 ± 0,17 6,24 ± 0,64 3,08 ± 0,37 3,16 ± 0,59

CEC1 47,55b ± 12,93 0,65 ± 0,16 6,05b ± 0,61 2,90c ± 0,39 3,15ª ± 0,59

CEC2 58,20ª ± 15,54 0,70 ± 0,15 6,20ª ± 0,73 3,18b ± 0,34 3,02b ± 0,62

CEC3 55,42ª ± 15,23 0,76 ± 0,17 6,28ª ± 0,53 3,28ª ± 0,34 3,00b ± 0,57 Ur – ureia; Cr – creatinina; PT – proteínas totais; Al – albumina; Gl – globulina;

ns P>0,05; * P<0,05; letras minúsculas diferentes nas colunas, significativo ao teste Tukey.

A uremia não diferiu (P>0,05) entre as variedades vermelha (55,13 mg.dL-1) e

branca (56,55 mg.dL-1) e quando comparados com os dados publicados por Kaneko et

al. (2008), que variaram de 36,6 a 92,0 mg.dL-1, pode-se afirmar que os níveis estiveram

dentro dos valores normais. Estudando ovinos Morada Nova vermelhos, Soto-blanco et

al. (2010) e Morais (2011) encontraram valores maiores e menores para a ureia

sanguínea (55,8 e 49,2 mg.dL-1, respectivamente). Rabassa et al. (2009) observaram

valores de ureia mais baixos e diferentes em animais mantidos sem (33,1 mg.dL-1) e

com estresse nutricional (28,6 mg.dL-1).

A creatinina sérica não apresentou diferença (P>0,05) entre as variedades

(vermelha: 0,65 mg.dL-1; branca: 0,78 mg.dL-1) nem entre as estações chuvosa (0,73

mg.dL-1) e seca (0,69 mg.dL-1), estando abaixo dos valores normais para a espécie (1,2 a

1,9 mg.dL-1) descritos por Silveira (1988), mas que provavelmente são normais para a

raça Morada Nova no semiárido.

As concentrações séricas das proteínas totais não diferiram (P>0,05) entre as

variedades vermelha (6,13 g.dL-1) e branca (6,24 g.dL-1) e são consideradas normais

quando comparadas ao valor de referência de 6,0 g.dL-1, descrito por Kaneko et al.

(2008) e de 6,0 a 7,9 g.dL-1, descrito por Silveira (1988). Na época chuvosa observou-se

um aumento sérico (P>0,05) das proteínas totais (6,48 e 5,93 mg.dL-1, no período seco)

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75

devido principalmente ao aumento na globulinemia (3,36 e 2,88 mg.dL-1 nos período

chuoso e seco, respectivamente).

As concentrações de albumina foram semelhantes (P>0,05) para os animais

vermelhos e brancos (3,13 e 3,07 g.dL-1, respectivamente), e nos períodos chuvoso e

seco (3,09 e 3,08 g.dL-1, respectivamente). Os resultados encontrados estão

discretamente acima dos limites normais estabelecidos por Silveira (1988), entre 2,4 e

3,0 g.dL-1 e abaixo dos níveis descritos por Swenson (2006), entre 3,5 e 4,5 g.dL-1.

As ovelhas brancas apresentaram maiores valores (P<0,05) de globulina do que

as vermelhas (3,16 e 3,04 g.dL-1, respectivamente). A média geral revelou que não

houve diferença (P>0,05) entre as dosagens de albumina e globulina (3,08 ± 0,36 e 3,11

± 0,60 g.dL-1, respectivamente), mantendo-se a relação 1 para 1. Com relação ao

período do ano verificou-se menor concentração de globulina no período seco (P<0,05)

(2,88g.dL-1) do que no chuvoso (3,36g.dL-1). Swenson (2006) descreveu valores

normais de globulina para carneiros entre 2,5 e 3,5 g.dL-1 e afirmou que nos ovinos é

comum a predominância da albumina sobre as globulinas.

A ureia é um indicativo da ingestão de proteínas a curto prazo (RABASSA et al.,

2009), por ser a principal via de excreção da amônia resultante do catabolismo protéico,

que ocorre principalmente no fígado (BEITZ & ALLEN, 2006c). Swenson (2006) e

Kaneto et al. (2008) afirmaram que valores acima de 92 mg.dL-1 podem ser indicativos

de alimentação com proteínas além das necessidades diárias.

Em ruminantes sadios a uremia muito baixa ocorre principalmente em casos de

desnutrição severa, uma vez que a amônia resultante da digestão de carboidratos

absorvida é convertida em ureia no fígado, para ser eliminada (DZIUK, 2006). Mesmo

nos meses mais quentes a uremia foi sempre próxima ou superior a 50 mg.dL-1 (Figura

12) em ambas as variedades estudadas, ratificando a informação que os animais tiveram

alimentação suficiente.

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76

Figura 12. Distribuição mensal dos níveis de ureia (Ur) e creatinina (Cr) em ovelhas Morada Nova das variedades vermelha (1) e branca (2) no período chuvoso (Jan a Jun/2010) e seco (Set a Dez/2009 e Jul a Ago/2010).

Na distribuição mensal verificou-se que no mês de março a variedade vermelha

apresentou níveis distoantes de creatinina, o que pode ter elevado a média da variedade.

As análises de correlação (Tabela 13) e de regressão (Figura 12) entre a ureia e a

TAR e a UR revelaram que nos meses com maior TAR houve diminuição da uremia

(coeficiente de correlação: r = -0,13; P<0,05), porém a influência da UR não foi

significativa (P>0,05 - r = 0,06; coeficiente de determinação: R2 = 0,003). A correlação

e a regressão das variáveis ambientais com a creatinina apresentaram maiores

coeficientes e a influência da TAR (r = -0,20 e R2 = 0,0359) e da UR (r = 0,35 e R2 =

0,1188) foram maiores (P<0,05).

Tabela 13. Coeficientes de correlação entre os metabólitos protéicos de ovelhas Morada Nova e as variáveis climáticas do semiárido brasileiro.

Ur Cr PT Alb Glo

TAR -0,13* -0,20* -0,25* -0,06ns -0,24*

UR 0,06ns 0,35* 0,39* 0,11* 0,37*

CTR -0,004ns -0,03ns 0,0036ns 0,12* -0,07ns

ITGU -0,13* -0,13* -0,18* -0,03ns -0,18* UR (Ureia); Cr (creatinina), PT (proteínas totais), Alb (albumina), Glo (globulina), (CTR) carga térmica radiante, TAR (temperatura do ar), UR (umidade relativa do ar) e ITGU (Índice de Temperatura Globo e Umidade); n.s P>0,05; * P<0,05.

56,2053,33 55,54 55,18

58,50 57,5259,54

56,7450,32 53,58

53,0057,66 57,00 58,94

55,1358,53 58,00

53,9358,16

53,93 54,92

49,04

0

10

20

30

40

50

60

70

9 10 11 12 1 2 3 4 6 7 8

1 2Ur (mg.dL-1)

0,590,54

0,70 0,700,76 0,70

0,96

0,69 0,71

0,55 0,58

0,70

0,57

0,73 0,72

0,85 0,87

0,74 0,75 0,720,68 0,65

0,0

0,5

1,0

9 10 11 12 1 2 3 4 6 7 8

1 2Cr (mg.dL-1)

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77

Figura 13. Análise de regressão entre a ureia (Ur) e creatinina (Cr) de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca e a temperatura ambiental (TAR) e umidade relativa do ar (UR).

Carlos (2010) e Morais (2011) descreveram valores de proteinemia para ovinos

da raça Morada Nova de 5,99 e 6,33 g.dL-1, respectivamente. Amaral et al. (2009)

observaram que a raça nativa Santa Inês apresentou maiores níveis séricos de proteínas

totais do que as raças exóticas Texel e Ile de France, corroborando a maior

adaptabilidade de raças originárias no seu habitat natural. O aumento das proteínas

totais no período chuvoso pode ser relacionado ao aumento da secreção de hormônios

tireoidianos, já que eles são carreados no sangue por proteínas.

Braun et al. (2010) afirmou que há aumento da proteinemia em situações de

restrição de água, por maior concentração no sangue. Este comportamento não foi

observado na época seca, provavelmente porque na propriedade havia reservatórios

naturais de água e os animais não sofreram restrição hídrica.

Na tabela 13 observou-se uma correlação negativa entre a proteinemia e a TAR (r

= -0,25; P<0,05). A correlação negativa entre a concentração de proteínas plasmáticas e

temperatura ambiente foi observada por Sejian et al. (2009) e Sejian et al. (2010), que

afirmaram ainda que a redução da proteinemia no estresse térmico se dá para suportar a

gliconeogênese hepática, para aumentar a glicose que está diminuída também devido ao

estresse.

Apesar da menor proteinemia no período seco, os níveis séricos de PT e Glo não

devem ser considerados baixos uma vez que as ovelhas mantiveram boas condições

Ur = -0,4987TAR + 70,927R² = 0,0153

10

30

50

70

90

110

20 25 30 35

Ur (mg.dL-1)

TAR (oC)

Ur = 0,0351UR + 53,572R² = 0,003

10

30

50

70

90

110

20 40 60 80

Ur (mg.dL-1)

UR(%)

Cr = -0,0123TAR + 1,082R² = 0,0359

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

20,0 25,0 30,0 35,0

Cr (mg.dL-1)

TAR (oC)

Cr = 0,0036UR + 0,4798R² = 0,1188

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

20 40 60 80

Cr (mg.dL-1)

UR(%)

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78

corporais, com boas concentrações mesmo nos meses mais quentes, não sendo

observada hipoproteinemia (valor inferior a que 15g.dL-1), que segundo Braun et al.

(2010), ocorre principalmente secundária a parasitoses, como a infestação por

Haemonchus contortus. Observou-se ainda um ritmo circanual para PT e Glo, com

aumento nos meses chuvosos e uma tendência a linearidade para a Alb (Figura 13).

Figura 14. Distribuição mensal dos níveis de proteínas totais (PT), albumina (Alb) e globulina (Glo) em ovelhas Morada Nova das variedades vermelha (1) e branca (2) no período chuvoso (Jan a Jun/2010) e seco (Set a Dez/2009 e Jul a Ago/2010).

Na análise de regressão observou-se que a proteinemia diminui com a elevada

TAR e aumenta nos meses de maior UR (Figura 16). Assim a diminuição das proteínas

em condições climáticas severas pode ser devido a vários fatores, como a diminuição no

consumo de alimentos. Observou-se correlação (P<0,05) entre a proteinemia e a

dosagem de T3 (0,19) e de T4 (0,08), corroborando com Bianco (2000) ao afirmar que a

5,995,49

5,82 5,606,19 6,49 6,56 6,52 6,47 6,23 6,016,14 5,88 5,76 5,97 6,12 6,35 6,62 6,76 6,73

6,31 6,02

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9 10 11 12 1 2 3 4 6 7 8

1 2PT (g.dL-1)

3,102,67

3,10 2,873,07 3,19 3,12 3,17 3,25 3,28 3,153,04 3,06 3,02 2,88 2,86 2,89

3,333,04

3,303,27 3,23

0

1

2

3

4

9 10 11 12 1 2 3 4 6 7 8

1 2Alb (g.dL-1)

2,89 2,82 2,73 2,733,13

3,303,44

3,35 3,222,95 2,86

3,102,82 2,74

3,093,25

3,463,29

3,723,43

3,042,79

0

1

2

3

4

9 10 11 12 1 2 3 4 6 7 8

1 2Glo (g.dL-1)

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79

diminuição das concentrações de hormônios tireoidianos pode resultar em diminuição

dos metabólicos protéicos.

Figura 15. Análise de regressão entre proteína total (PT) de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca e a temperatura ambiental (TAR) e umidade relativa do ar (UR).

Estes níveis elevados de albumina sugerem pouca variação da ingestão de

proteínas a longo prazo e são importantes pois a albumina desempenha a função de

carrear os ácidos graxos não esterificados, os quais são utilizados pelos tecidos

periféricos como fonte de energia (RABASSA et al., 2009), justificando o maior aporte

de energia aos tecidos e conseqüentemente as boas condições corporais das ovelhas

Morada Nova. Além do mais, a diminuição severa da albumina só ocorre

principalmente em ovinos severamente infectados (BRAUN et al., 2010).

Carlos (2010), Soto-Blanco et al. (2010) e Morais (2011) descreveram valores

semelhantes de albumina em ovinos Morada Nova (3,1 g.dL-1, 3,01 g.dL-1 e 3,0 g.dL-1,

respectivamente).

Na avaliação mensal não foi observado uma padrão de albumina, ou seja, em

alguns meses a variedade vermelha apresentou níveis maiores, em outros idênticos ou

menores do que a branca (Figura 15). Também não foi observado um padrão mensal.

Estes comportamentos poderiam estar relacionados a alguma necessidade metabólica

específica, e podem ser considerados normais em todos os meses, quando comparado

com valores de referência (SILVEIRA, 1988).

Nas análises de correlação (Tabela 13) e regressão verificou-se a albuminemia

diminui em meses de baixa UR (P<0,05; r = 0,11 e R2 = 0,0142), sendo pouco

influenciada pela TAR (P>0,05; r = -0,06 e R2 = 0,0048 (Figura 17).

PT = -0,0676TAR + 8,2457R² = 0,0703

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

20 25 30 35

PT (g.dL-1)

TAR (oC)

PT = 0,0165UR + 5,1501R² = 0,1608

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

20 40 60 80

PT (g.dL-1)

UR(%)

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80

Figura 16. Análise de regressão entre albumina (Alb) de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca e a temperatura ambiental (TAR) e umidade relativa do ar (UR).

Carlos (2010) e Morais (2011) revelaram menores e maiores níveis de globulina

para animais da raça Morada Nova (2,7 e 3,1 g.dL-1, respectivamente).

Fernandes et al. (2003) e Braun et al. (2010) afirmaram que a diminuição da

relação albumina/globulina ocorre principalmente em enfermidades, mas não há

alteração na proteinemia, pois apesar da diminuição da albumina, há elevação das

globulinas e as análises de correlação (Tabela 13) e regressão (Figura 18) confirmaram

que a globulinemia diminuiu nos meses quentes e secos diferente do comportamento

observado por Morais (2011), que encontrou dosagem de globulina maior na época seca

do que na chuvosa (3,5 e 2,7 g.dL-1, respectivamente) para ovelhas Morada Nova

criadas no semiárido.

Figura 17. Análise de regressão entre globulina (Glo) de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca e a temperatura ambiental (TAR) e umidade relativa do ar (UR).

As globulinas são responsáveis pelo transporte de T3 e T4 no plasma sanguíneo

(BEITZ & ALLEN, 2006c) e esta diminuição no período seco coincidiu com a

diminuição da secreção dos hormônios tireoidianos. Entretanto, não se pode afirmar que

esta é a causa, pois as condições climáticas do período seco impuseram a resposta

termogênica tireoidiana.

Alb = -0,0096TAR + 3,3765R² = 0,0048

1,0

2,0

3,0

4,0

20 25 30 35

Alb (g.dL-1)

TAR (oC)

Alb = 0,0026UR + 2,9152R² = 0,0142

1,0

2,0

3,0

4,0

20 40 60 80

Alb (g.dL-1)

UR(%)

Glo = -0,0579TAR + 4,8692R² = 0,0643

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

20,0 25,0 30,0 35,0

Glo (g.dL-1)

TAR (oC)

Glo = 0,0138UR + 2,2349R² = 0,1414

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

20 40 60 80

Glo (g.dL-1)

UR(%)

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81

Com relação à condição corporal, observou-se que animais de menor classe de

escore corporal apresentaram menor concentração de ureia, proteínas totais e globulina

(P<0,05). Porém os valores foram considerados normais para ovinos (SWENSON,

2006; KANEKO et al., 2008). Os níveis desses metabólitos estiveram sempre dentro

dos níveis normais (Figuras 11 e 15), ratificando que os ovinos Morada Nova tiveram

boa disponibilidade de alimento protéico.

Nos animais avaliados não houve redução de PT, Alb e Glo, devido à sua elevada

adaptação às condições climáticas e nutricionais do semiárido, com isso, possivelmente

não houve diminuição no consumo de alimento, podendo ser percebido através dos

níveis normais também do perfil energético, refletindo em manutenção das

concentrações protéicas, fato de extrema importância para não prejudicar o

desenvolvimento produtivo e reprodutivo dos animais.

3. Atividades enzimáticas de aspartato aminotransferase (AST) e alanina aminotransferase (ALT)

As atividades enzimáticas de AST e ALT mostraram-se distintas de acordo com

o escore corporal (P<0,05), mas não diferiram entre os períodos do ano e entre as

variedades (P>0,05). As determinações estão dentro dos parâmetros normais

estabelecidos por Kaneko et al. (2008): AST = 60 a 280 UI.L-1 e ALT = 11 a 38 UI.L-1,

respectivamente. A análise de variância e os valores médios observados estão descritos

na tabela 14.

Tabela 14. Análise de variância, média e desvio padrão de aspartato aminotransferase (AST) e alanina aminotransferase (ALT) de ovelhas Morada Nova, nos períodos seco e chuvoso do ano.

Fonte de variação AST (UI.L-1) ALT (UI.L-1)

Variedade racial (V) ns ns

Período do ano (P) ns *

Interação V x P ns ns

Escore corporal * ns

Período Seco 135,36 ± 33,44 18,74ª ± 7,28

Período Chuvoso 135,59 ± 35,73 15,98b ± 6,68

MNV 137,40 ± 32,66 17,61 ± 7,21

MNB 133,72 ± 33,28 18,21 ± 6,99

CEC1 141,61ª ± 36,13 16,05 ± 8,33

CEC2 133,95b ± 31,07 17,97 ± 6,81

CEC3 132,35b ± 36,03 17,30 ± 6,15

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82

AST – aspartato aminotransferase; ALT – alanina aminotransferase; n.s P>0,05; * P<0,05; letras minúsculas diferentes nas colunas, significativo ao teste Tukey.

A atividade enzimática do AST não variou (P>0,05) estatisticamente entre as

variedades branca (133,72 UI.L-1) e vermelha (137,40 UI.L-1), nem com as diferentes

épocas do ano (135,36 e 135,59 UI.L-1 nos períodos seco e chuvoso, respectivamente)

mas foi diferente (P<0,05) em animais com diferentes escores corporais (141,61; 133,95

e 132,35 UI.L-1 para as classes 1, 2 e 3, respectivamente).

A elevação da atividade enzimática de AST e ALT também ocorre na obesidade,

em decorrência da esteatose hepática (DIAS et al., 2004). Neste estudo não se observou

este comportamento em animais com maior condição corporal, corroborado pela baixa

correlação (P>0,05) entre o AST e os metabólitos energéticos (r = -0,05; 0,08 e 0,02;

Gli, Col e Tri, respectivamente) e o ALT (r = -0,02; -0,06 e 0,06; Gli, Col e Tri,

respectivamente), sugerindo-se que os ovinos Morada Nova apresentem

prioritariamente outro local de armazenamento de gordura, como por exemplo, o tecido

omental, conforme revelou Torreão (2007).

A atividade enzimática do ALT foi maior (P<0,05) no período seco do que no

chuvoso (18,74 e 15,98 UI.L-1, respectivamente), mas não variou entre as variedades

vermelha e branca (17,61 e 18,21 UI.L-1, respectivamente) e nem entre animais de

diferentes escores corporais (16,05; 17,97 e 17,30 UI.L-1 para as classes de escores 1, 2

e 3, respectivamente).

Soto-Blanco et al. (2010) encontraram atividades enzimáticas de 92,8 e 30,3

U.L-1 respectivamente para AST e ALT em ovinos Morada Nova no semiárido

brasileiro. Morais (2011) relatou que no período seco a atividade da enzima AST foi

maior do que no chuvoso (111,4 e 93,9 UI.L-1, respectivamente), sem encontrar

variação na atividade da ALT (23,5 e 25,4 UI.L-1).

De acordo Dias et al. (2004) a elevação na atividade enzimática do AST pode

ocorrer em estresse causado por elevado exercício físico, como resultado do aumento da

degeneração muscular. Em quase todos os meses do período chuvoso (janeiro a maio de

2010) e no mês de dezembro de 2009 observaram-se maiores atividades enzimáticas do

AST, do que no período de setembro a novembro de 2009 e de junho a agosto de 2010

(P<0,05). Este comportamento foi corroborado pela análise de correlação descrita na

Tabela 15. Mesmo esta elevação observada, não se observou valores fora da

normalidade, como descrito por Kaneko et al. (2008). Uma hipótese para esta elevação

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83

está no aumento da atividade física na busca por alimento, devido à maior

disponibilidade de forragens naturais em decorrência das chuvas, período em que os

animais não eram alimentados nos cochos.

A atividade enzimática do ALT apresentou comportamento inverso no início do

período seco, com maiores valores nos meses de setembro a novembro de 2009 (Figura

19), período de pouca ou nenhuma precipitação pluviométrica na cidade de Mogeiro-PB

(Tabela 3). A análise de correlação (Tabela 15) entre o ALT e as variáveis climáticas

corroboram a informação que no período seco ocorreram maiores valores, entretanto

não foi acima do normal, segundo Kaneko et al. (2008). Nos períodos de restrição

alimentar, o organismo animal amplia a glicogenólise hepática para suas necessidades

energéticas (BRAUN et al., 2010), comportamento este que pode estar associado com o

aumento da atividade enzimática do ALT.

Tabela 15. Coeficientes de correlação de Pearson entre a atividade das transaminases de ovelhas Morada Nova e as variáveis climáticas do semiárido brasileiro.

AST ALT

TAR -0,09* 0,09*

UR 0,02ns -0,23*

CTR -0,12* 0,20*

ITGU -0,9* 0,45* AST (aspartato aminotransferase); ALT (alanina aminotransferase), (CTR) carga térmica radiante, TAR (temperatura do ar), UR (umidade relativa do ar) e ITGU (Índice de Temperatura Globo e Umidade); n.s

P>0,05; * P<0,05.

A não observância de valores elevados das atividades enzimáticas de AST e

ALT realça a boa adaptabilidade às condições nutricionais e climáticas do semiárido,

uma vez que não se observa danos excessivos ao fígado nem à musculatura esquelética,

mesmo quando há a necessidade de busca de alimentos distantes. A disposição mensal

da atividade destas enzimas está descrita na Figura 18.

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84

Figura 18. Distribuição mensal das atividades séricas das enzimas aspartato aminotransferase (AST) e alanina aminotransferase (ALT) em ovelhas Morada Nova das variedades vermelha (1) e branca (2) no período chuvoso (Jan a Jun/2010) e seco (Set a Dez/2009 e Jul a Ago/2010).

Na análise de regressão entre o AST e o ALT e as variáveis climáticas TAR e UR

observou-se que estas variáveis exerceram pouca influência sobre a atividade

enzimática destas enzimas (baixos coeficientes de determinação – R2) (Figura 19).

Figura 19. Análise de regressão entre a atividade enzimática de aspartato aminotransferase (AST) e alanina aminotransferase (ALT) de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca e a temperatura ambiental (TAR) e umidade relativa do ar (UR).

127,16

143,59

124,79

165,89

142,82

160,89

135,46137,74

100,89

138,04132,53126,86 131,06

122,97

153,60136,50

151,37156,10

124,55110,03

124,40131,08

0

50

100

150

200

9 10 11 12 1 2 3 4 6 7 8

1 2AST (UI.L-1)

21,20

17,59

23,54

11,93

22,21

13,22 13,18

16,04

12,61

15,9215,32

22,8620,16

25,94

17,87

22,70

18,57

13,67 14,00 13,31 13,58

16,58

0

5

10

15

20

25

30

9 10 11 12 1 2 3 4 6 7 8

1 2ALT (UI.L-1)

AST = -1,0838TAR + 167,99R² = 0,0075

40

90

140

190

240

290

20 25 30 35

AST (UI.L-1) AST = 0,038UR + 132,96R² = 0,0004

40

90

140

190

240

290

20 40 60 80

AST (UI.L-1)

ALT = 0,3193TAR + 7,7511R² = 0,0136

0

10

20

30

40

20 25 30 35

ALT (UI.L-1)

TAR (oC)

ALT = -0,1065UR + 24,189R² = 0,0596

0

10

20

30

40

25 45 65 85

ALT (UI.L-1)

UR (%)

TAR (oC) UR(%)

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85

4. Contagem total de hemácias (He), hematócrito (Ht) e volume corpuscular médio (VCM)

A contagem total de hemácias (He) não diferiu (P>0,05) com as fontes de

variação estabelecidas. A determinação do microhematócrito (Ht) foi maior (P<0,05)

nas ovelhas vermelhas e em animais com maior classe de escore corporal, não diferindo

entre as diferentes épocas do ano. O volume corpuscular médio (VCM) foi maior na

época seca (P<0,05), mas não apresentou diferença com as demais fontes de variação

(Tabela 16).

Tabela 16. Análise de variância, média e desvio padrão de hemácias, hematócrito e do volume corpuscular médio de ovelhas Morada Nova, nos períodos seco e chuvoso do ano.

Fonte de variação He (106.mm3 (-1)) Ht (%) VCM (fl)

Variedade racial (V) ns * ns

Período do ano (P) ns ns *

Interação V x P ns ns ns

Escore Corporal ns * ns

Período Seco 8,66 ± 1,96 33,56 ± 6,41 38,74ª ± 8,12

Período Chuvoso 9,20 ± 2,14 31,28 ± 4,63 33,99b ± 7,37

MNV 9,39 ± 2,14 34,15ª ± 5,71 36,37 ± 9,17

MNB 8,48 ± 1,90 30,97b ± 5,37 36,51 ± 8,78

CEC1 8,28 ± 2,02 29,60b ± 5,45 35,75 ± 7,12

CEC2 9,02 ± 2,03 33,13ª ± 5,63 36,72 ± 8,83

CEC3 9,46 ± 2,05 34,10ª ± 5,30 36,04 ± 12,09 He – contagem geral de hemácias; Ht – determinação do microhematócrito; VCM – volume corpuscular médio; n.s P>0,05; * P<0,05; letras minúsculas diferentes nas colunas, significativo ao teste Tukey.

A contagem de He e o VCM foram semelhantes (P>0,05) entre as variedades

branca e vermelha (8,48 e 9,39 .106.mm3 (-1); 36,51 e 36,37 fl respectivamente) e

apresentaram valores normais para He e VCM (8 a 16 .106.mm3 (-1) e 23 a 48 fl,

respectivamente), conforme descreveu Silveira (1988).

Pesquisando em diversas raças, Ullrey et al. (1965) não encontraram diferenças

para a contagem de hemácias. McManus et al. (2009) estudando em ovinos Santa Inês,

Bergasmasca e animais cruzados Santa Inês versus Bergamasca também não

encontraram diferença para a contagem de hemácias entre os animais nativos (10,9; 10,7

e 10,5 .106mm3 (-1) para ovinos Santa Inês pretos, brancos e marrons, respectivamente) e

cruzados (11,6 .106mm3 (-1)), porém observaram menores valores para os animais

exóticos (8,5.106.mm3(-1)).

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86

Soysal et al. (2011) também não observaram diferenças significativas no número

de hemácias entre as raças Merino e Kivirck, criadas na Turquia (13,8 e 14,7 .106.mm3(-

1), respectivamente). Estes pesquisadores sugerem ter resultados consistentes que

reafirmam valores semelhantes mesmo em raças diferentes, desde que os animais sejam

adaptados às condições locais.

Não foi observada diferença na contagem de He entre os períodos seco e

chuvoso (8,66 e 9,20 .106.mm3(-1), respectivamente). Morais (2011) também encontrou

valores semelhantes para ovelhas Morada Nova nos períodos seco e chuvoso (8,95 e

10,81 .106.mm3(-1), respectivamente).

Esta semelhança no número de hemácias sanguíneas é importante para ratificar a

boa adaptabilidade ao ambiente semiárido (Figura 20), uma vez que a quantidade

normal de hemácias foi verificada em quase todos os meses, estanto pouco abaixo dos

valores normais apenas nos meses de dezembro de 2009 e janeiro de 2010, para a

variedade branca. O nível normal de hemácias caracterizou um aporte suficiente de

oxigênio para todas as células do corpo, oferecendo condições adequadas de

desenvolvimento.

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87

Figura 20. Distribuição mensal dos níveis de hemácias (He), hematócrito (Ht) e volume corpuscular médio (VCM) em ovelhas Morada Nova das variedades vermelha (1) e branca (2) no período chuvoso (Jan a Jun/2010) e seco (Set a Dez/2009 e Jul a Ago/2010).

No mês de agosto de 2010 a contagem de He foi mais elevada, principalmente

na variedade vermelha, podendo estar relacionado com a ocorrência de chuvas

irregulares que promovem o crecimento de forragens nativas ou mesmo devido a

presença de forragens no interstício entre os períodos seco e chuvoso, conforme

destacou Gariglio et al. (2010).

Apesar da semelhança dos parâmetros hematológicos entre os períodos seco e

chuvoso, a análise de correlação revelou que quase todas as variáveis ambientais

influenciaram tais parâmetros (Tabela 17).

8,998,51

9,09 8,719,16

10,40

9,1610,09 10,48

8,32

10,50

8,638,07

8,95

7,65 7,75

8,899,28

8,42 8,698,04

9,03

0

2

4

6

8

10

12

9 10 11 12 1 2 3 4 6 7 8

1 2

40,48

34,56

30,11

37,82

30,39

34,89 33,64 32,70 33,82 35,3532,23

38,38

32,1628,23

32,60

28,0730,70 31,67

28,77 28,90

32,77

28,50

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

9 10 11 12 1 2 3 4 6 7 8

1 2Ht (%)

48,77

41,69

33,99

44,26

34,34 35,5837,65

32,98 32,49

43,15

30,80

48,17

41,21

32,47

44,1237,38

35,60 34,75 34,75 33,56

41,35

31,61

0

10

20

30

40

50

60

9 10 11 12 1 2 3 4 6 7 8

1 2

He (. 106.mm3(-1))

VCM (fl)

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88

Tabela 17. Coeficientes de correlação entre os parâmetros sanguíneos de ovelhas Morada Nova e as variáveis climáticas do semiárido brasileiro. He Ht VCM

TAR -0,14* 0,09ns 0,22*

UR 0,13* -0,13* -0,25*

CTR 0,08ns -0,08ns -0,12*

ITGU -0,13* 0,07ns 0,18* He (contagem total de hemácias) Ht (determinação do hematócrito), VCM (volume corpuscular médio),TAR (temperatura do ar), UR (umidade relativa do ar) e ITGU (Índice de Temperatura Globo e Umidade); n.s P>0,05; * P<0,05.

Os coeficientes de regressão e de determinação entre He e TAR também

apresentaram valores moderados, se considerado que ambas eram variáveis aleatórias (-

0,119% e 0,02; respectivamente), mostrando que apesar de não ser verificada diferença

entre os períodos seco e chuvoso (P>0,05), nos meses com maior TAR foram observados

menores níveis de He (Figura 20). A regressão de He com a UR demonstrou valores

mais baixos para os coeficientes de regressão e determinação (0,016 e 0,016;

respectivamente), permitindo a interpretação de que em períodos de maior umidade,

aumenta-se a contagem de He.

O hematócrito diferiu entre as variedades (P<0,05), apresentando maior valor

nas vermelhas (34,15%) do que nas brancas (30,97%) e em animais de melhor condição

corporal (29,60; 33,13 e 34,10 %, respectivamente para as classes 1, 2 e 3), mas não

diferiu entre os períodos seco e chuvoso (33,56 e 31,28 %, respectivamente).

A avaliação mensal do Ht (Figura 20) confirmou os maiores valores para a

variedade vermelha e revelou que a igualdade observada entre os períodos seco e

chuvoso deveu-se basicamente aos valores obtidos no mês de setembro de 2009 (40,48 e

38,38 % para as variedades vermelha e branca, respectivamente), o primeiro mês da

época chuvosa neste estudo, que pôde estar relacionado a restrição hídrica e a

consequente hemoconcentração relativa, conforme destacaram Srikandakumar et al.

(2004) e McManus et al. (2011). Pôde-se observar que no período chuvoso (janeiro a

junho de 2010) houve uma maior uniformidade dos valores de Ht, provavelmente

devido à maior disponibilidade de água e alimentos.

Apesar da variação mensal, em todos os meses do estudo não se observou

concentração de Ht menor do que 27% (Figura 20), considerado por Pugh (2002) o

limite inferior da normalidade, comportamento que reitera a informação de boa

adaptabilidade das ovelhas Morada Nova ao ambiente semiárido.

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89

Observou-se diferença (P<0,05) para o VCM entre os períodos seco e chuvoso

(38,74 e 33,99 fl, respectivamente). Uma explicação é que no período seco houve

renovação mais rápida das hemácias, uma vez que as formas mais jovens de hemácias

apresentam maiores tamanho e volume, provavelmente devido ao maior metabolismo

orgânico, conforme destacaram Braun et al. (2010). Swenson (2006) também afirmou

que a renovação de hemácias é maior em animais com elevada temperatura corporal.

Na análise de regressão ratificou-se a informação que nos meses mais quentes e

secos o Ht e o VCM foram maiores, observando-se maior coeficiente de regressão para

a TAR (0,207 e 0,698) do que para a UR (-0,05 e -0,129), conforme descrito na Figura

21.

Figura 21. Análise de regressão entre a contagem total de hemácias (He), a determinação do hematócrito (Ht) e o volume corpuscular médio (VCM) de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca e a temperatura ambiental (TAR) e umidade relativa do ar.

A exposição prolongada às condições termoestressantes promoveu uma

adaptabilidade orgânica a ponto de não ocorrer variações significativas nos parâmetros

He = -0,1148TAR + 12,4R² = 0,021

0

5

10

15

20

20,0 25,0 30,0 35,0

He (106.mm3(-1)) He = 0,0157UR + 7,9225R² = 0,0154

0

5

10

15

20

20 40 60 80 100UR (%)

He (106.mm3(-1))

Ht = 0,2071TAR + 26,159R² = 0,0091

20

30

40

50

60

20 25 30 35

Ht (%)

TAR (oC)

Ht = -0,0507UR + 35,655R² = 0,0215

20

30

40

50

60

20 40 60 80

Ht (%)

UR (%)

VCM = 0,6987TAR + 16,374R² = 0,0508

1020304050607080

20 25 30 35 TAR (oC)

VCM (fl) VCM = -0,1297UR + 45,788R² = 0,0688

10

20

30

40

50

60

70

80

20 40 60 80 UR (%)

VCM (fl)

TAR (oC)

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90

sanguíneos e bioquímicos analisados, fazendo com que os ovinos Morada Nova

mantivessem suas atividades metabólicas básicas e produtivas. Broucek et al. (2009)

afirmaram que condições climáticas desfavoráveis causam problemas produtivos e

sanitários, como acidose, cetose.

CONCLUSÕES

As concentrações bioquímicas e hematológicas séricas das ovelhas Morada

Nova vermelha e branca estiveram, em sua maioria, dentro dos níveis considerados

normais para a espécie, praticamente não havendo diferença entre as variedades;

Os parâmetros hematológicos e bioquímicos refletem a adaptabilidade dos

ovinos Morada Nova ao ambiente semiárido, não sendo observada diferença entre os

períodos seco e chuvoso para a maioria das variáveis avaliadas;

Os valores observados podem e devem ser utilizados como valores de referência

para ovinos da raça Morada Nova, quando criados em condições ambientais

semelhantes.

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96

CAPÍTULO 4

Características de pelame em ovinos da raça Morada Nova das variedades vermelha e branca criados no semiárido

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97

CARACTERÍSTICAS DE PELAME EM OVINOS DA RAÇA MORADA NOVA DAS VARIEDADES VERMELHA E BRANCA CRIADOS NO SEMIÁRIDO

BRASILEIRO

RESUMO

Objetivou-se caracterizar o pelame de ovinos Morada Nova das variedades vermelha e

branca, criados no semiárido brasileiro nos períodos seco e chuvoso do ano, com

destaque para as variáveis: espessura do pelame (EP); ângulo de inclinação do pelame

(θI); densidade do pelame (DN); comprimento médio (CP) e diâmetro médio dos pelos

(DP). Na análise de variância, foram considerados os efeitos de época do ano (seca e

chuvosa), variedade racial (vermelha e branca) e a interação época versus variedade. A

comparação das médias foi feita pelo teste de Tukey e foram feitas análises de

correlação e regressão. No período seco o CP, a EP, a DN e o DP foram menores que no

período chuvoso (P<0,05), mas o θI não diferiu entre os períodos (P>0,05). Com relação

às variedades, os resultados de CP, DN e DP foram menores e o θI foi maior para a

variedade vermelha (P<0,05) e a EP foi estatisticamente igual (P>0,05) entre as

variedades. A interação época versus variedade mostrou diferença significativa (P<0,05)

e a quanto à condição corporal, não se verificou diferença (P>0,05). Concluiu-se que os

ovinos Morada Nova apresentaram características de pelame que conferem adaptação ao

ambiente semiárido, com a variedade Morada Nova branca apresentando características

que conferiram maior proteção da pele contra radiação ultravioleta, e a vermelha, com

características que favorecem principalmente a termólise em ambientes quentes.

Palavras-chave: Adaptação, Ambiente Tropical, Capa Externa, Conservação de

Recursos Genéticos Animais, Ovinos

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COAT TRAITS IN RED AND WHITE MORADA NOVA SHEEP REARED IN BRAZILIAN SEMI-ARID REGION

ABSTRACT

This study aimed to characterize the coat traits of red and white varieties of Morada

Nova sheep, raised in Brazilian semiarid region during the rainy and dry seasons of the

year, especially for the variables: coat thickness (CT), inclination angle of the coat (θI),

hair density (HDE), hair length (HL) and hair diameter (HD). In the statistical analysis

was made analysis of variance, Tukey test at 5%, regression and correlation analysis,

with the season of the year (dry and rain), the variety (red and white) and the interaction

season versus variety, as fixed effects. HL, HCD and HD were significantly greater in dry

season than in the rainy season (P<0.05), but the CT and θI and did not differ between

the seasons (P>0.05). To the varieties, the HL, HCD and HD were lower and θI was

greater (P<0.05) for the red variety, but CT was statistically equal (P>0.05). It was

concluded that the coat traits of the Morada Nova sheep showed adaptation to semiarid

environment, with the white variety showing traits that conferred greater skin protection

against ultraviolet radiation, and the red one, with characteristics that favor mainly the

thermolysis in hot climates.

Key-Words: Adaptation Conservation of Animal Genetic Resources, Hair Coat, Sheep,

Tropical Environment

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INTRODUÇÃO

O conhecimento das características de pelame é fundamental para o

entendimento da adaptabilidade animal, já que através da pele o animal pode acionar

mecanismos de trocas térmicas (SILVA, 2000). A manutenção da temperatura corpórea

dentro de limites fisiológicos é necessária para a manutenção da saúde, sobrevivência e

produtividade (MARAI et al., 2007), uma vez que o estresse calórico pode afetar o

crescimento, o desenvolvimento, a alimentação, o consumo de água e a reprodução

(SILVA, 2000; ZWALD et al., 2003). Esse efeito é especialmente potencializado

quando relacionado a animais não adaptados (CASTANHEIRA et al., 2010;

MCMANUS et al., 2011).

A pele e seus anexos sempre foram considerados órgãos de valor estético e de

julgamento do que objeto de estudo para se conhecer seus efeitos na produção e na

reprodução (SILVA, 2000). Entretanto, sabe-se que a estrutura da capa de pelos e a

camada de ar nela armazenada promovem isolamento térmico e proteção contra a

radiação solar ultravioleta e a eficiência da termólise está associada à produção, ganho

de peso, reprodução e outras características não ligadas diretamente à termorregulação

(TURNER, 1964; SILVA, 2000).

A quantidade de radiação absorvida pela pele é determinada pela combinação da

estrutura física com a cor do pelame. Animais com pelame escuro geralmente são mais

susceptíveis ao estresse calórico que os de pelame claro, por absorverem maior radiação

(MAIA et al., 2003; FAÇANHA-MORAIS, et al., 2008; FAÇANHA et al., 2010;

CASTANHEIRA et al., 2010; MCMANUS et al., 2011).

As características de pelame variam com a época do ano e sua amplitude de

mudança pode ser de alguns dias a vários meses (SISSON, 1986) e animais com

epiderme pigmentada, pelos curtos, claros e assentados e pelame pouco denso que

favorecem a proteção contra a radiação e a eficiência da termólise são desejáveis em

animais que vivem em climas quentes, como o semiárido brasileiro, sendo estes

considerados bem adaptados (SILVA, 2000; FAÇANHA et al., 2010; MORAIS, 2011).

O objetivo deste estudo foi caracterizar o pelame de ovinos da Raça Morada

Nova das variedades vermelha e branca, criados em ambiente semiarido e avaliar a

influência da época do ano, através da mensuração da espessura de pelame (EP), do

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ângulo de inclinação (θI), da densidade numérica média (DN), do diâmetro médio (DP) e

do comprimento médio (CP) dos pelos.

MATERIAL E MÉTODOS

1. Local, período, animais do experimento e variáveis climáticas

A descrição do local, período, animais do experimento e das variáveis climáticas

é a mesma contida no item Material e Métodos do capítulo 2.

2. Colheita e processamento de amostras do pelame

A espessura do pelame foi determinada in situ, na região da garupa, utilizando-

se um paquímetro digital. Este foi introduzido no pelame, perpendicularmente à

superfície do animal, até tocar a pele e o cursor movido até tocar a superfície externa do

pelame, quando foi realizada a leitura.

O ângulo de inclinação dos pelos em relação à superfície da epiderme (graus) foi

obtido através da fórmula seguinte, conforme Silva (2000):

θI = arc sen [espessura µm / comprimento mm].

Para a estimativa da densidade do pelame (DN) - número de pelos por cm2, do

comprimento médio (CP) e do diâmetro médio (DP) dos pelos realizou-se uma colheita

de pelos na mesma área da mensuração da espessura do pelame por animal, com o

auxílio de um alicate específico tipo “bico de pato”, cuja área de captação dos pelos era

conhecida.

As análises foram concluídas no Laboratório de Apoio ao Núcleo de Pesquisa

em Pequenos Ruminantes, da UFERSA. Inicialmente posicionou-se uma placa de petri

numa superfície plana escura, na qual foram colocados os pelos de cada animal

individualmente, para determinação da DN (estimada pela contagem do número de pelos

colhidos em cada amostra, correspondente a 0,14 cm2 de pele do animal que era a área

de abertura promovida no bico do alicate, calculando-se, por fim, a conversão para

estimar o número de pelos por centímetro quadrado de pele: DN . 0,14-1).

A estimativa do CP dos pelos foi determinada sempre pelo mesmo técnico uma

vez que a “calibração da mão” é essencial para obtenção de resultados confiáveis. Nesta

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101

etapa se utilizou um paquímetro digital, com o qual foram mensurados os dez maiores

pelos de cada amostra colhida, eleitos por análise visual, sendo então posteriormente

calculada a média aritmética do comprimento desses pelos, segundo o procedimento

recomendado por Udo (1978).

Os pelos utilizados para a determinação do CP foram usados para a mensuração

do DP, obedecidas as mesmas precauções para minimizar o erro. Para tanto, utilizou-se

um micrômetro digital, com o qual mediram-se os diâmetros dos dez maiores pelos,

obtendo-se a média aritmética para cada animal do experimento em cada dia de colheita,

com metodologia também descrita por Udo (1978).

3. Análise estatística

O comportamento das características de pelame foi avaliado através de análise

de variância, adotando-se um modelo estatístico que incluiu os efeitos fixos de

variedade (vermelha e branca) e da época colheita (seca e chuvosa) e da interação entre

estes. Para a comparação das médias das características de pelame foi empregado o teste

de Tukey a 5% de significância, além de análises de correlação e regressão. Todas as

análises estatísticas foram efetuadas com o auxílio do programa estatístico SAS, versão

8.02 (SAS, 2001). O modelo estatístico utilizado para a análise das médias foi:

Yij = µ + Vi + Pj + VPij + εij, onde:

Yij = Valor da i-ésima observação de cada característica de pelame avaliada;

µ = é a média geral de cada uma das variáveis de pelame;

Vi = efeito da i-ésima variedade de raça estudada;

Pj = efeito do j-ésimo período do ano;

VPij = efeito da k-ésima interação entre as variedades e os períodos estudados;

εij = resíduo associado à observação Yijk.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

No período seco verificou-se que o ambiente foi mais estressante, com maiores

TAR e CTR e menor UR. Apesar da semelhança na VV e no ITGU, observou-se que este

índice foi elevado em ambos os períodos. Na Tabela 18, foi descrita as médias das

variáveis climáticas.

Tabela 18. Média e desvio padrão das variáveis climáticas durante o procedimento experimental, nos dois períodos do ano do semiárido brasileiro. Período TAR(

oC) UR (%) VV (m.s-1) ITGU CTR (W.m2(-1)) Seco 32,08ª (1,68) 49,36b (6,41) 1,52 (1.07) 84,46 (6,00) 602,91ª (99,04)

Chuvoso 28,38b (2,05) 79,01a (7,20) 1,61 (0.96) 82,14 (3,12) 583,65b (54,32) TAR – temperatura ambiente; UR – umidade relativa do ar; VV – velocidade do vento; ITGU – índice de temperatura de globo e umidade; CTR – carga térmica radiante; letras minúsculas diferentes nas colunas: diferença no Terste F.

As características de pelame das ovelhas deste estudo apresentaram

modificações específicas de acordo com o período do ano, com a variedade e com a

interação entre estas. Na Tabela 19 foi descrito um resumo da análise de variância.

Tabela 19. Análise de variância das características de pelame de ovinos Morada Nova das variedades vermelha e branca, criados no semiárido brasileiro. Fontes de variação EP θI DN CP DP

Variedade racial (V) ns * * * * Período do ano (P) * ns * * * Interação V x P ns ns * * *

EP – espessura de pelame, θI – ângulo de inclinação dos pelos; DN – densidade numérica por centímetro quadrado; CP – comprimento médio dos pelos; DP – diâmetro médio dos pelos; * – significativo a 5% (P<0,05); ns – não significativo (P>0,05) pelo teste de Tukey.

No período seco, com maiores TAR e CTR, os animais de pelagem branca

apresentaram maior CP, DP e DN do que os de pelagem vermelha (Tabela 20). Estas

características foram mais importantes para a proteção da pele do que para a termólise,

uma vez que pelos mais curtos e pelame menos denso facilitam a perda de calor. Estes

resultados corroboraram com os descritos de Finch et al. (1980) e Silva (2008), que

afirmaram que animais de pelagem e pele claros tem maior necessidade de proteção da

epiderme do que promover a perda de calor.

Na época seca o comprimento médio (CP), a densidade numérica (DN) e o

diâmetro dos pelos (DP) foram maiores (12,31mm; 846,82 pelos.cm2(-1); 57,41µm) do

que na chuvosa (11,55; 734,29 pelos.cm2(-1); 47,95µm). A EP (5,09 e 5,11 mm) e o θI

(44,17 e 47,21o) não variaram entre os períodos, conforme descrito na Tabela 20.

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Tabela 20. Média e desvio padrão das características de pelame de ovelhas Morada Nova vermelhas e brancas criadas no semiárido brasileiro, nos períodos seco e chuvoso.

Variável Variedade Período do ano

Média Seco Chuvoso

EP (mm)

MNV 4,90b ± 0,80 5,24ª ± 0,85 5,07 ± 0,83

MNB 5,27a ± 0,81 4,98b ± 1,13 5,16 ± 0,95

Média 5,09 ± 0,82 5,11 ± 1,01 5,11 ± 0,89

CP (mm)

MNV 11,45c ± 1,97 10,81c ± 1,89 11,21ª ± 1,96

MNB 13,08ª ± 2,40 12,25b ± 2,46 12,78b ± 2,40

Média 12,31a ± 2,30 11,55b ± 2,31 12,03 ± 2,33

DN (pelo.cm2(-1))

MNV 811,12ab ± 323,32 677,46c ± 254,01 761,56ª ± 305,96

MNB 879,20a ± 370,49 787,24b ± 315,68 845,60b ± 354,34

Média 846,82a ± 350,07 734,29b ± 292,18 805,47 ± 334,18

DP (µm)

MNV 55,38b ± 12,20 44,63b ± 9,41 51,40A ± 12,38

MNB 59,25a ± 14,46 51,04a ± 9,41 56,26B ± 13,44

Média 57,41a ± 13,56 47,95b ± 9,93 53,93 ± 13,16

θI (°)

MNV 45,88 ± 10,31 51,88a ± 10,48 48,11ª ± 10,76

MNB 42,63 ± 9,19 42,85b ± 10,47 42,71b ± 9,66

Média 44,17 ± 9,86 47,21 ± 11,39 45,29 ± 10,54 MNV – Morada Nova vermelha; MNB – Morada Nova branca; EP – espessura do pelame; CP – comprimento médio dos pelos; DN = densidade numérica; DP – diâmetro médio dos pelos; θI – ângulo de inclinação do pelame. Letras minúsculas diferentes na coluna e maiúsculas na linha representam significância a 5% no teste Tukey.

Apesar de maior, o CP foi considerado baixo, mesmo na época mais quente,

sendo menor nos animais de pelagem vermelha (11,21mm) do que nos de pelagem

branca (12,78mm). O maior CP no período mais quente (época seca) ocorreu devido ao

maior CP das ovelhas brancas (13,08mm) nesse período. Na época chuvosa o CP

diminuiu em ambas as variedades (10,81mm na vermelha e 12,25mm na branca), o que

favoreceu a perda de calor através da capa (MORAIS, 2011), já que as condições

climáticas favoreceram (menor TAR). Apesar deste comportamento, não se verificou

correlação significativa entre a TAR e o CP (P>0,05; -0,04; Tabela 21). Esses pelos

moderadamente mais longos foram compensados com um maior assentamento sobre a

epiderme (menor espessura de pelame).

O CP foi maior do que os mencionados por Morão (1989) que estudou ovinos

deslanados criados em São Paulo e encontrou tamanho médio de 10,72mm e por

Veríssimo et al. (2009) que observou em ovinos Santa Inês tamanhos de 9,1 e 9,4mm

para animais de pelagem clara e escura, respectivamente e semelhantes aos de Morais

(2011), que encontrou média de 12,3mm em ovinos Morada Nova. O pelo mais longo

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foi essencial para promover a proteção da pele em animais de pelame claro diminuindo

a incidência de problemas de pele, porém não favoreceu à termólise por convecção, que,

aliás, não é o principal mecanismo de termólise em condições de elevada TAR (SILVA,

2000; MAIA et al., 2003; FAÇANHA et al., 2010; MCMANUS et al., 2011).

Animais de pelame escuro apresentam maior proteção natural contra a incidência

de radiação ultravioleta, entretanto absorvem mais energia térmica (FUQUAY, 1981;

SILVA, 2000). Desta maneira, pode-se afirmar que os menores valores de CP e DN dos

animais da variedade vermelha foram importantes para permitir maior termólise

convectiva e evaporativa cutânea, ajudando a manter a homeotermia.

No período chuvoso, com condições climáticas mais amenas, observou-se

diminuição da DN, do CP e do DP, com maior amplitude na variedade branca, o que

favoreceu a perda de calor através da capa, conforme descreveu Silva (2008).

Entretanto os valores observados, quando comparados com os dados de outros

estudos, não foram considerados elevados. Mourão (1989) estudou ovinos deslanados

em São Paulo e observou média de CP de 10,72mm. Veríssimo et al. (2009) avaliaram

ovinos Santa Inês de pelagem clara e escura e observaram CP igual a 9,1mm e 9,4mm,

respectivamente e Morais (2011) encontrou média de CP de 12,3mm em ovinos Morada

Nova da variedade vermelha. Ambos os autores afirmaram a boa capacidade de

termólise dos animais em seus estudos.

Para a EP observou-se menor valor no período seco, sem diferença entre as

variedades vermelha e branca. A baixa EP provavelmente favoreceu a termólise por

apresentar uma menor camada de pelos, que tendem a promover a estacionalidade do ar

quente, corroborando com Yeates (1954) e Hoffmann (2010), que afirmaram que

pelames menos espessos estão associados com baixo estresse calórico e que pelames

mais espessos podem ser uma ameaça a sobrevivência em ambientes de temperatura

anual elevada. Animais com maiores EP e DN apresentam grandes dificuldades de

eliminar o calor latente via evaporação cutânea (SILVA, 2000; MCMANUS et al.,

2011).

Morão et al. (1989) observaram valores mais baixos de EP (4,8mm em ovinos

deslanados), bem como Veríssimo et al. (2009) que verificaram valores de 4,7 e 4,5mm,

medidos em ovinos Santa Inês de pelagens clara e escura. McManus et al. (2011)

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observaram 5,5 e 4,7mm de EP em ovinos Santa Inês de pelagens branca e marrom,

respectivamente e Morais (2011) obteve 4,7mm em ovinos Morada Nova vermelhos.

O θI do pelame não variou entre os períodos do ano, mas foi maior na variedade

vermelha do que na branca, em ambos os períodos. O maior θI permite maior penetração

do ar e consequentemente maior termólise convectiva e evaporativa cutânea (SILVA,

2000; MAIA et al., 2003; FAÇANHA et al., 2010). Devido à coloração escura do

pelame, este comportamento na variedade vermelha provavelmente permitiu maior

renovação do ar, favorecendo a termólise.

Na Figura 22 representou-se graficamente o comportamento das características

de pelame e das respostas fisiológicas. Os CP e DP foram maiores principalmente nos

meses de setembro e outubro (período seco). A DN dos animais da variedade branca foi

maior do que os da variedade vermelha no período seco, mas não diferiu no período

chuvoso, exceto nos meses de março, abril e junho. A disposição mensal das variáveis

fisiológicas revelou que os animais estiveram em baixo estresse em todos os meses do

estudo, já que não apresentaram FR maior do que 60 mov.min-1 nem TR maior do que e

40,5oC, conforme afirmaram Silanikove (2000) e Silva (2000).

Nos meses do período seco acredita-se que a variedade vermelha utilizou com

maior intensidade a termólise respiratória, devido à maior elevação na FR. As ovelhas

brancas também necessitaram elevar a FR, mas em menor intensidade. Sugere-se que os

animais utilizaram amplamente a termólise evaporativa para manter a homeotermia,

uma vez que os processos sensíveis de termólise ficam diminuídos pela elevada TAR,

mesmo em baixa UR (SILVA, 2000; FAÇANHA et al., 2010). Com isso pôde-se

demonstrar que houve uma resposta fisiológica diferente em períodos distintos,

conforme observaram também Cézar et al. (2004), McManus et al. (2009) e Castanheira

et al. (2010).

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106

Figura 22. Variação mensal (9 a 12/2009 e 1 a 8/2010) do comprimento (CP, mm) e do diâmetro (DP, µm) dos pelos e da densidade numérica (DN, pelos.cm

2(-1)) e a espessura (EP, mm) do pelame de ovinos Morada Nova, das variedades vermelha (1) e branca (2).

Avaliando-se a disposição mensal, observou-se que no início do período

chuvoso (janeiro) a DN diminuiu consideravelmente nas duas variedades, podendo-se

sugerir que ocorreu muda de pelame na interface dos períodos seco e chuvoso. Silva

(2000) e Nixon et al. (2002) afirmaram que em regiões de clima temperado ocorrem

duas mudas de pelame em ovinos, nos meses de setembro e março (SILVA, 2000;

NIXON et al., 2002).

12,40 12,2811,01 10,78 11,02 10,80 10,98 10,87 11,38 10,54

11,41

14,08 14,20

12,33 12,15 12,70 12,94 12,9912,29 11,74 11,78

13,29

1

3

5

7

9

11

13

15

9 10 11 12 1 2 3 4 6 7 8

1 2

61,54 61,78

53,15 50,42 45,30

55,9952,40

36,10

59,37

46,5341,35

74,9868,83

58,73 58,5054,75 58,22 55,65

42,7047,90 48,09 48,04

0

20

40

60

80

9 10 11 12 1 2 3 4 6 7 8

1 2

771,14

1082,80

858,93 868,88

653,57 635,19

751,53

607,67

980,87

569,51 537,99

1038,92

1171,90

938,251061,19

603,57 642,86

875,95

738,71 731,53 740,93 722,32

0

200

400

600

800

1000

1200

9 10 11 12 1 2 3 4 6 7 8

1 2DN (pelos.cm2 (-1))

3,92

5,10 5,27 5,345,55

5,03 5,004,62

5,56 5,47

4,424,61 4,825,41 5,37 5,65

5,24

5,95

4,23

5,404,65

5,46

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

9 10 11 12 1 2 3 4 6 7 8

1 2

CP (mm)

DP (µm)

EP (mm)

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107

Os valores da DN foram menores que os encontrados por Morais (2011) para

Morada Nova vermelho (987,1 pelos.cm2 (-1)) e maiores do que os observados por

McManus et al. (2011) para Santa Inês (314,2 pelos.cm2 (-1) para animais de pelagem

branca e 307,6pelos.cm2 (-1) para pelagem marrom). A baixa DN favoreceu tanto a

termólise sensitiva convectiva no período chuvoso, quanto a termólise evaporativa

cutânea nos períodos mais quentes, demonstrando a elevada adaptabilidade da raça em

ambientes quentes.

Pelames pouco densos favorecem a termólise em ambientes quentes, através da

maior facilidade de penetração do vento na capa de pelame, removendo o ar aprisionado

e aumentando a transferência térmica (MACMANUS et al., 2011; BERTIPAGLIA et

al., 2008). Para Gebremedhin & Wu (2002), Gebremedhin et al. (1997) e Cena &

Monteith (1975) a influência do vento é maior quando o pelame possui menos de 1000

pelos.cm2 (-1). Neste estudo, a DN foi menor que 1000 pelos.cm2(-1) em quaisquer das

fontes de variação, permitindo uma maior perda por evaporação cutânea, conforme

destacaram Maia et al. (2003).

A maior DN também está relacionada com um maior número de glândulas

sudoríparas, importante para a termólise evaporativa cutânea, quando a temperatura da

superfície da epiderme se eleva mais que a TAR (HOFMEYER et al., 1969; SILVA &

STARLING, 2003; MARAI et al., 2007).

A diminuição da DN e do CP e o aumento do DP podem ser considerados uma

resposta adaptativa às condições climáticas mais severas, uma vez que o menor CP

facilita a perda de calor pela fibra do pelo, por percorrer menor percurso, a menor DN

permite maior penetração do ar na capa de pelame e o maior DP aumenta a superfície de

contato do pelo com o ar (HALL et al., 1969; YEATES, 1954; SILVA, 2008).

Na avaliação mensal observou-se maior EP nos meses do período chuvoso, com

exceção do mês de abril. A menor EP foi especialmente importante para as ovelhas

vermelhas manterem a homeotermia, pois pelames escuros apresentam maior

absortância e menor refletância da radiação solar, resultando em maior aquecimento da

superfície corporal (FINCH et al., 1980; SILVA, 2000; BERTIPAGLIA et al., 2008;

VERÍSSIMO et al., 2009; MACMANUS et al., 2011).

As características do pelame das ovelhas brancas promoveram tanto uma

termólise eficiente quanto uma proteção contra a radiação ultravioleta, mas mesmo

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assim observaram-se lesões

proteção da pele contra a radiação ultravioleta em animais de pelame claro é mais

importante do que promover a termólise cutânea

2009). Para minimizar esta agressão

posicionados em ângulo baixo sobre a epiderme, de modo a minimizar a transmissão de

ondas curtas através da capa (MARAI et al., 2007),

estudo. Assim, apesar da melhor condição de pelame

fundamental a seleção de animais com pele pigmentada, quando a criação é

predominantemente extensiva, como é o caso dos animais deste estudo e da maioria das

propriedades do semiárido brasileiro.

Figura 23. Lesões nas orelhas (alopecia) de ovelhas Moradas Nova da variedade branca, decorrente da coloração clara da pelagem e da pele.

Analisando os coeficientes de correlação (Tabela

características de pelame apresentaram

importante para utilização em programas de melhoramento genético. Destaca

correlação positiva entre

menos denso e pelos menores

A DN apresentou correlação

por Morais (2011), podendo ser justificado

seco. Nas condições climáticas

da pele, e o maior DP facilitou a termólise, por ampliar a superfície de contato do animal

com o ar, promovendo dissipação do excesso de calor dos animais.

se lesões de pele (Figura 23). Na região semiárida brasileira, a

proteção da pele contra a radiação ultravioleta em animais de pelame claro é mais

importante do que promover a termólise cutânea (SILVA, 2008; MCMANUS et al.,

Para minimizar esta agressão, os pelos devem ser densamente distribuídos e

posicionados em ângulo baixo sobre a epiderme, de modo a minimizar a transmissão de

ondas curtas através da capa (MARAI et al., 2007), comportamento observado neste

apesar da melhor condição de pelame da variedade branca, é

fundamental a seleção de animais com pele pigmentada, quando a criação é

predominantemente extensiva, como é o caso dos animais deste estudo e da maioria das

propriedades do semiárido brasileiro.

nas orelhas (alopecia) de ovelhas Moradas Nova da variedade branca, decorrente da

coloração clara da pelagem e da pele.

Analisando os coeficientes de correlação (Tabela 21), verific

características de pelame apresentaram algumas correlações significativa

importante para utilização em programas de melhoramento genético. Destaca

positiva entre EP e CP que pode nortear a seleção de animais

e pelos menores, por exemplo.

apresentou correlação positiva com o Dp, resultado também encontrado

por Morais (2011), podendo ser justificado pela maior DN observada durante o período

climáticas estressantes, a maior DN resultou em maior de proteção

facilitou a termólise, por ampliar a superfície de contato do animal

dissipação do excesso de calor dos animais.

108

). Na região semiárida brasileira, a

proteção da pele contra a radiação ultravioleta em animais de pelame claro é mais

VA, 2008; MCMANUS et al.,

los devem ser densamente distribuídos e

posicionados em ângulo baixo sobre a epiderme, de modo a minimizar a transmissão de

comportamento observado neste

da variedade branca, é

fundamental a seleção de animais com pele pigmentada, quando a criação é

predominantemente extensiva, como é o caso dos animais deste estudo e da maioria das

nas orelhas (alopecia) de ovelhas Moradas Nova da variedade branca, decorrente da

), verificou-se que as

significativas entre si, fato

importante para utilização em programas de melhoramento genético. Destaca-se a

a seleção de animais de pelame

, resultado também encontrado

durante o período

maior de proteção

facilitou a termólise, por ampliar a superfície de contato do animal

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109

Tabela 21. Coeficientes de correlação de Pearson entre as características de pelame de ovelhas Morada Nova e as variáveis climáticas do semiárido brasileiro.

EP CP DN DP θI

EP -

CP 0,10* -

DN 0,06ns 0,02ns -

DP 0,03ns 0,05ns 0,25* -

θI 0,55* -0,39* 0,03ns -0,13* -

TAR -0,04ns 0,09ns 0,08ns -0,10ns -0,10ns

UR 0,03ns -0,17* -0,23* -0,30* 0,15*

CTR -0,10* 0,09ns -0,03ns -0,13* -0,17*

ITGU -0,03ns 0,05ns 0,09ns 0,10ns -0,07ns

EP (mm) - Espessura do Pelame, Comprimento Médio - CP (mm), Densidade Numérica – DN (pêlos/cm2),

Diâmetro médio – DP (µm), Ângulo de Inclinação - θI (graus); Carga Térmica Radiante (CTR), TAR (temperatura do ar), UR (umidade relativa) e Índice de Temperatura Globo e Umidade (ITGU); n.s P>0,05; * P<0,05.

A EP foi menor quando a CTR foi maior, podendo esta correlação facilitar a

termólise. Apesar dos maiores DP e θI facilitarem a termólise, observou-se correlação

negativa entre CTR e estas variáveis. O maior DP pode facilitar também a absorção de

calor do ambiente, assim o menor DP pode ter diminuído a absorção da radiação

térmica, diminuindo a estocagem térmica.

Pela análise de regressão, as diferenças das variáveis climáticas nos período seco

e chuvoso influenciaram as características de pelame. Na análise entre a DN, o CP o DP e

o θI e as variáveis TAR e UR, observou-se que está última influenciou mais. A EP foi

pouco influenciada por estas variáveis, corroborando com os achados da correlação

(Tabela 21). Entretanto na análise de regressão observou-se uma baixa influência da

TAR e da UR no DP e no θI (Figura 24).

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110

Figura 24. Análise de regressão entre a densidade numérica do pelame (DN), o comprimento (CP), o diâmetro (DP) do pelo, a espessura do pelame (EP) e o ângulo de inclinação (θI) de ovelhas Morada Nova das variedades vermelha e branca e a temperatura ambiental (TAR) e umidade relativa do ar (UR).

DN = 17,927TAR + 262,07R² = 0,0198

0

500

1000

1500

2000

20 25 30 35 TAR (oC)

DN = -4,8211UR + 1110,4R² = 0,0552

0

500

1000

1500

2000

30 60 90 UR (%)

DN (pelos.cm2(-1))

CP = 0,0751TAR + 9,7591R² = 0,0071

0

5

10

15

20

25

30

20 25 30 35 TAR (oC)

CP (mm)CP = -0,0215UR + 13,386

R² = 0,0225

0

5

10

15

20

25

30

30 60 90 UR (%)

CP (mm)

EP = -0,0257TAR + 5,8855R² = 0,0057

0

2

4

6

8

10

20 25 30 35 TAR (oC)

EP (mm)EP = 0,0032UR + 4,9038

R² = 0,0034

0

2

4

6

8

10

20 40 60 80 UR (%)

EP (mm)

DP = 0,7487TAR + 31,228R² = 0,0222

0

50

100

20 25 30 35

DP (µm)

TAR (oC)

DP = -0,2351UR + 68,804R² = 0,0847

0

20

40

60

80

100

30 50 70 90 UR (%)

DP (µm)

θI = -0,0048TAR + 0,597R² = 0,0141

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

20 25 30 35 TAR (oC)

θI (o)θI = 0,001UR + 0,3899

R² = 0,0237

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

30 50 70 90UR (%)

θI (o)

DN (pelos.cm2(-1))

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111

Os ovinos da raça Morada Nova apresentaram características que favoreceram a

perda de calor por evaporação nos períodos mais frios e por convecção cutânea nas

condições climáticas mais estressantes, conforme descreveram Hall et al. (1996),

Façanha et al. (2010), Silva (2008), McManus et al. (2011) e Morais (2011).

Diante das condições deste estudo, que foi semelhante aos relatos encontrados

na literatura para o semiárido brasileiro, conforme descreveu Gariglio et al. (2010),

pôde-se afirmar que os animais das duas variedades utilizaram mecanismos morfo-

fisiológicos para adaptar seus pelames, com alterações específicas para cada época do

ano.

CONCLUSÕES

As duas variedades estudadas apresentaram características de pelame que lhes

conferem boa adaptabilidade ao ambiente semiárido;

As ovelhas da variedade branca apresentaram principalmente características que

conferiram proteção contra a radiação ultravioleta e as da variedade vermelha

favoreceram mais a termólise cutânea;

Estudos sobre as características de pelame podem ser utilizadas em programas

de melhoramento genético, devido à sua relação com a adaptabilidade.

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115

CONSIDERAÇÕES FINAIS E IMPLICAÇÕES

As variações climáticas não impuseram maiores dificuldades na termólise dos

ovinos Morada Nova, uma vez que estes animais apresentaram mecanismos

morfofisiológicos para manter a homeotermia. Entretanto há a necessidade de se obter

um índice que envolva além das temperaturas de bulbo seco e de bulbo úmido e

umidade, a carga térmica radiante e a absorção de radiação ultravioleta, principalmente

em estudos realizados na região intertropical do planeta, uma vez que a energia

absorvida por meio da radiação tem grande influência no bem-estar dos animais e os

índices até aqui propostos não são confiáveis para qualificar nem quantificar o bem-

estar e o conforto térmico animal.

As ovelhas Morada Nova vermelhas e brancas estão igualmente bem adaptadas

ao semiárido brasileiro, entretanto os animais da variedade branca apresentaram melhor

condição corporal média durante todo o período de estudo, além de ser de maior porte.

Pode-se sugerir, portanto, que a opção de se criar principalmente animais de pelame

escuro deve estar ligada as perdas produtivas causadas por problemas de pele, afetando

especialmente os animais criados em sistema extensivo e com pouca sombra, como é o

caso da maioria das propriedades do semiárido brasileiro.

Estudos entre as variedades branca e vermelha nas diferentes condições

climáticas do semiárido, que envolvam quantitativamente e qualitativamente os aspectos

produtivos e reprodutivos, enfocando outras características morfofisiológicas, podem

ajudar a responder qual variedade está mais adaptada e quais as modificações de manejo

devem ser recomendadas, inclusive com reflexo na conservação e no melhoramento

genético de raças nativas, visando aumentar a produção de alimentos e melhorar as

condições sócio-econômicas dos agricultores familiares do semiárido brasileiro.

Na Tabela 22 foi descrito um resumo das variáveis fisiológicas de ovelhas

Morada Nova das variedades vermelha e branca, analisadas nos períodos seco e

chuvoso do ano.

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116

Tabela 22. Média e desvio padrão das variáveis fisiológicas, sanguíneas e de pelame de ovelhas Morada Nova das vermelha e branca, avaliados nos períodos seco e chuvoso do ano.

Variável Variedade Período do ano

Média Seco Chuvoso

FR (mov.min-1) MNV 45,54ª ± 8,23 38,49 ± 7,34 42,23ª ± 8,57 MNB 39,27b ± 8,57 35,41 ± 8,68 37,47b ± 8,82

Média 42,26A ± 8,96 36,89B ± 8,20 39,75 ± 9,02

TR (oC)

MNV 38,41b ± 0,56 38,39b ± 0,52 38,40b ± 0,54 MNB 38,76ª ± 0,56 38,79ª ± 0,52 38,77a ± 0,54

Média 38,59 ± 0,58 38,60 ± 0,56 38,59 ± 0,57

T3 (µg.dL-1)

MNV 0,15bB ± 0,07 0,23aA ± 0,06 0,19b ±0,07

MNB 0,21aB ± 0,08 0,26aA ± 0,08 0,24a ± 0,08

Média 0,18B ± 0,08 0,25A ± 0,07 0,21 ± 0,08

T4 (µg.dL-1)

MNV 6,31bB ± 1,66 6,76aA ± 1,39 6,53 ± 1,51

MNB 6,30bB ±1,62 6,72aA ± 1,34 6,52 ± 1,46

Média 6,31B ± 1,64 6,74A ± 1,37 6,52 ± 1,48

Gli (mg.dL-1)

MNV 43,74 ± 11,59 52,57 ± 11,79 47,88 ± 12,47 MNB 46,78 ± 12,14 54,88 ± 11,19 50,57 ± 12,37

Média 45,33b ± 11,96 53,77ª ± 11,52 49,28 ± 12,48

Col (mg.dL-1)

MNV 46,44 ± 11,63 53,61 ± 8,92 49,80 ± 11,03 MNB 48,16 ± 9,16 56,85 ± 8,44 52,09 ± 9,83

Média 47,34b ± 10,43 55,25ª ± 8,81 50,98 ± 10,48

Tri (mg.dL-1)

MNV 27,40 ± 7,06 25,51 ± 7,56 26,52 ± 7,34 MNB 26,56 ± 8,54 25,59 ± 5,27 26,11 ± 7,21

Média 26,96 ± 7,87 25,55 ± 6,46 26,30 ± 7,27

Ur (mg.dL-1)

MNV 54,51 ± 11,11 56,51 ± 11,00 55,45 ± 11,09 MNB 55,70 ± 9,89 56,57 ± 9,99 56,11 ± 9,93

Média 55,13 ± 10,49 56,55 ± 10,47 55,79 ± 10,50

Cr (mg.dL-1)

MNV 0,61± 0,15 0,77 ± 0,15 0,69 ± 0,17 MNB 0,68 ± 0,17 0,79 ± 0,15 0,73 ± 0,17

Média 0,65 ± 0,16 0,78 ± 0,15 0,71 ± 0,17

PT (g.dL-1)

MNV 5,85 ± 0,72 6,45 ± 0,51 6,13 ± 0,69 MNB 6,00 ± 0,59 6,52 ± 0,60 6,24 ± 0,64

Média 5,93b ± 0,66 6,48ª ± 0,55 6,19 ± 0,67

Alb (g.dL-1)

MNV 3,02 ± 0,38 3,16 ± 0,32 3,09 ± 0,36 MNB 3,07 ± 0,36 3,08 ± 0,37 3,08 ± 0,37

Média 3,05 ± 0,37 3,12 ± 0,35 3,08 ± 0,36

Glo (g.dL-1)

MNV 2,82 ± 0,61 3,28 ± 0,50 3,04 ± 0,60 MNB 2,93 ± 0,57 3,43 ± 0,50 3,16 ± 0,59

Média 2,88b ± 0,59 3,36ª ± 0,51 3,11 ± 0,60

AST (UI.L-1)

MNV 139,23 ± 30,57 135,36 ± 34,84 137,40 ± 32,66 MNB 131,87 ± 29,99 135,81 ± 36,64 133,72 ± 33,28

Média 135,36 ± 33,44 135,59 ± 35,73 135,47 ± 33,01

ALT (UI.L-1)

MNV 17,62 ± 7,34 15,46 ± 6,90 17,61 ± 7,21 MNB 19,76 ± 7,09 16,45 ± 6,46 18,21 ± 6,99

Média 18,74ª ± 7,28 15,98b ± 6,68 17,45 ± 7,14

He (106.mm3 (-1))

MNV 8,98 ± 1,92 9,85 ± 2,27 9,39 ± 2,14 MNB 8,38 ± 1,96 8,60 ± 1,83 8,48 ± 1,90

Média 8,66 ± 1,96 9,20 ± 2,14 8,92 ± 2,06

Page 138: ww2.pdiz.ufrpe.brww2.pdiz.ufrpe.br/sites/ww2.prppg.ufrpe.br/files/wirton_peixoto... · iii WIRTON PEIXOTO COSTA ATRIBUTOS ADAPTATIVOS DE OVINOS MORADA NOVA CRIADOS NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

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FR – frequência respiratória; TR – temperatura retal; T3 – triiodotironina; T4 – tiroxina; Gli – glicose; Col – colesterol total; Tri – triacilglecerol; Ur – ureia; Cr – creatinina; PT – proteínas totais; Al – albumina; Gl – globulina; AST – aspartato aminotransferase; ALT – alanina aminotransferase; He – contagem geral de hemácias; Ht – determinação do microhematócrito; VCM – volume corpuscular médio; EP – espessura do pelame; CP – comprimento médio dos pelos; DN = densidade numérica; DP – diâmetro médio dos pelos; θI – ângulo de inclinação do pelame; MNV – Morada Nova vermelha; MNB – Morada Nova branca; letras minúsculas diferentes nas colunas: diferença significativa ao teste Tukey.

Variável Variedade Período do ano

Média Seco Chuvoso

Ht (%)

MNV 35,10 ± 6,48 33,08 ± 4,49 34,15ª ± 5,71 MNB 32,16 ± 6,02 29,62 ± 4,12 30,97b ± 5,37

Média 33,56 ± 6,41 31,28 ± 4,63 32,49 ± 5,75

VCM (fl)

MNV 40,56 ± 10,54 34,61 ± 5,97 36,37 ± 9,17 MNB 39,94 ± 10,61 35,22 ± 5,06 36,51 ± 8,78

Média 38,74ª ± 8,12 33,99b ± 7,37 37,74 ± 8,96

EP (mm)

MNV 4,90b ± 0,80 5,24ª ± 0,85 5,07 ± 0,83 MNB 5,27a ± 0,81 4,98b ± 1,13 5,16 ± 0,95

Média 5,09 ± 0,82 5,11 ± 1,01 5,11 ± 0,89

CP (mm)

MNV 11,45c ± 1,97 10,81c ± 1,89 11,21ª ± 1,96 MNB 13,08ª ± 2,40 12,25b ± 2,46 12,78b ± 2,40

Média 12,31a ± 2,30 11,55b ± 2,31 12,03 ± 2,33

DN (pelo.cm2(-1))

MNV 811,12ab ± 323,32 677,46c ± 254,01 761,56ª ± 305,96 MNB 879,20a ± 370,49 787,24b ± 315,68 845,60b ± 354,34

Média 846,82a ± 350,07 734,29b ± 292,18 805,47 ± 334,18

DP (µm)

MNV 55,38b ± 12,20 44,63b ± 9,41 51,40A ± 12,38 MNB 59,25a ± 14,46 51,04a ± 9,41 56,26B ± 13,44

Média 57,41a ± 13,56 47,95b ± 9,93 53,93 ± 13,16

θI (°)

MNV 45,88 ± 10,31 51,88a ± 10,48 48,11ª ± 10,76

MNB 42,63 ± 9,19 42,85b ± 10,47 42,71b ± 9,66

Média 44,17 ± 9,86 47,21 ± 11,39 45,29 ± 10,54