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 X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                            p.1         O impacto da Internacionalização da Educação Superior na vida do estudante: a perspectiva dos bolsistas     Resumo O presente artigo buscou compreender o impacto que a Internacionalização da Educação Superior promove no sujeito que participa de algum tipo de intercâmbio internacional através da universidade. Analisando aspectos de impacto relacionados à sua formação na área, no seu futuro e o movimento que gerou na sua visão de mundo. Neste trabalho apresentaremos os determinados aspectos a partir da perspectiva dos alunos que ingressaram na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul por meio de políticas de ação afirmativa. Para esta análise utilizamos um questionário abrangendo diversos aspectos, desde questões demográficas até as que envolviam os impactos da internacionalização. Dentre as questões levantadas pelos sujeitos, podemos concluir que as maiores influências ocorreram no conhecimento acadêmico e na perspectiva de trabalho e continuidade dos estudos.  Palavraschave: Internacionalização; Educação Superior; Política de ação afirmativa.   Marilia Costa Morosini PUCRS [email protected]   Nicole Bertinatti PUCRS [email protected]           

X Anped Sul - FLORIANÓPOLISxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/1156-0.pdf · nicolebertinatti@yahoo ... questionário teve como referência inicial o ... questões abertas, que permitiu

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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.1 

 

 

 

 

    O impacto da Internacionalização da Educação Superior na vida do estudante: a perspectiva dos bolsistas    

 

Resumo O  presente  artigo  buscou  compreender  o  impacto  que  a Internacionalização  da  Educação  Superior  promove  no sujeito  que  participa  de  algum  tipo  de  intercâmbio internacional através da universidade. Analisando aspectos de  impacto  relacionados  à  sua  formação  na  área,  no  seu futuro e o movimento que gerou na  sua visão de mundo. Neste  trabalho apresentaremos os determinados aspectos a  partir  da  perspectiva  dos  alunos  que  ingressaram  na Pontifícia Universidade  Católica  do Rio Grande  do  Sul por meio  de  políticas  de  ação  afirmativa.  Para  esta  análise utilizamos um questionário abrangendo diversos aspectos, desde  questões  demográficas  até  as  que  envolviam  os impactos  da  internacionalização.  Dentre  as  questões levantadas pelos sujeitos, podemos concluir que as maiores influências  ocorreram  no  conhecimento  acadêmico  e  na perspectiva de trabalho e continuidade dos estudos.  Palavras‐chave: Internacionalização; Educação Superior; Política de ação afirmativa.  

 Marilia Costa Morosini 

PUCRS [email protected] 

  

Nicole Bertinatti PUCRS 

[email protected]     

 

 

 

 

 

 

O impacto da Internacionalização da Educação Superior na vida do estudante: a perspectiva dos bolsistas  Marilia Costa Morosini ‐ Nicole Bertinatti 

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Introdução 

Este  artigo  tem  como  principal  objetivo  tentar  elucidar  o  impacto  da 

internacionalização  da  Educação  Superior  na  vida  do  estudante  que  ingressou  na 

universidade  por  meio  de  políticas  de  ação  afirmativa.  O  instrumento  de  trabalho 

utilizado  foi um questionário que abrangeu diversos  aspectos, desde questões para  se 

traçar  um  perfil  deste  aluno  até  indagações  relacionadas  ao  impacto  da 

internacionalização na visão deste estudante. Este trabalho abordará especificadamente 

o impacto quanto a sua formação na área, no futuro e na visão de mundo do sujeito.  

As  questões  norteadoras  foram:  de  que  maneira  se  concretiza  a 

internacionalização na graduação? E, qual o impacto desta internacionalização na vida do 

sujeito que  ingressou por políticas de ação afirmativa? A partir destes questionamentos 

foi possível perceber e criar categorias capazes de tentar respondê‐las.  

A  Internacionalização  da  Educação  Superior  neste  trabalho  é  entendida  como 

qualquer  esforço  sistemático que  tem  como objetivo  tornar  a  Educação  Superior mais 

respondente  às  exigências  e  desafios  relacionados  à  globalização  da  sociedade,  da 

economia e do mercado de  trabalho. É  a  análise da Educação Superior na perspectiva 

internacional. A  internacionalização da Educação Superior é baseada em  relações entre 

nações e suas instituições (MOROSINI, 2006). 

Com o apoio do setor de Mobilidade Acadêmica da Pontifícia Universidade Católica 

do Rio Grande  do  Sul,  e  autorização  do  Comitê  de  Ética  da Universidade,  foi  possível 

perceber a  tentativa de promover a  internacionalização no âmbito acadêmico. Diversos 

são os programas que promovem  intercâmbios e buscam uma  troca de conhecimentos 

entre  instituições. Morosini (2006) reforça ainda que a  Internacionalização da Educação 

Superior –  funções acadêmicas é o estudo da  internacionalização da Educação Superior 

sob a ótica das funções do ensino e da pesquisa. Notas: Por sua natureza de produção de 

conhecimento a universidade sempre teve como norma a  internacionalização da função 

pesquisa.  

O Programa de Mobilidade Acadêmica  – PMA/PUCRS,  também  conhecido  como 

intercâmbio acadêmico, é oferecido exclusivamente aos seus alunos de Graduação, não 

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estando aberto ao público em geral. Por meio do PMA, os alunos têm a possibilidade de 

realizar estudos compatíveis com o seu currículo em Universidades que possuem Acordo 

ou Convênio de Cooperação Científica e Cultural com a PUCRS, por um período de um ou 

dois semestres consecutivos ou não, com possibilidade de aproveitamento das disciplinas 

(http://www.pucrs.br/aaii/pma/apresent.php).  

Os alunos bolsistas participantes da pesquisa realizaram seu intercâmbio por meio 

de seis programas que promovem a  internacionalização da Educação Superior, os quais 

serão apresentados posteriormente. 

A  metodologia  da  pesquisa  consistiu  na  aplicação  de  um  questionário 

desenvolvido,  inicialmente em world, e aplicado com alunos que participaram de algum 

tipo de intercâmbio internacional. Pensado a partir de indagações a respeito dos aspectos 

de  sua  permanência  no  país  destinado,  além  de  fatores  relacionados  à  aprendizagem 

cognitiva, cultural e psicossocial, o questionário foi montado a fim de tentar elucidar as 

referidas inquietações.  

Formado por 34 questões, sendo 16 fechadas de múltipla escolha e 18 abertas, o 

questionário  teve  como  referência  inicial o Questionário do Estudante  2013 – Enade, o 

qual auxiliou nas questões referentes a aspectos sociais, econômico e étnico. O restante 

dos  blocos,  que  buscou  perceber  a  contribuição  e  as  potencialidades  desenvolvidas 

durante  o  intercâmbio,  foi  pensado  em  conjunto  por  pesquisadores  e  bolsistas  que 

desenvolvem suas práticas no CEES – Centro de Estudos em Educação Superior.  

Frente  ao  grande  número  de  estudantes  em mobilidade  foi  preciso  pensar  em 

algum  programa  eficaz  e  de  fácil  manejo  para  que  os  estudantes  respondessem  de 

maneira satisfatória e dentro de um período compatível. Sendo assim, o questionário foi 

passado  para  o  programa  online  Google  Docs,  que  possibilitou  estruturá‐lo  conforme 

esperado. O Google Docs  é  um  é  um  pacote  de  aplicativos  do Google  totalmente  on‐

line. Possibilita a edição de texto, planilhas, apresentações, formulários e desenhos, além 

de  diversos  aplicativos  que  permitem  edição  de  arquivos  diversos,  possibilita  ainda  a 

publicação do arquivo como página que pode ser acessada por qualquer um ou por um 

grupo restrito na internet.  

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Após o  recebimento das  respostas,  criamos  categorias que  foram  codificadas  e 

inseridas  no  SPSS,  programa  estatístico  que  permite  realizar  o  cruzamento  de  dados 

através  de  variáveis.  Neste  caso  as  variáveis  foram  as  questões  e  seus  volumes, 

caracterizados  aqui  pelas  categorias  criadas.  Em  seguida,  foram  inseridas  as  respostas 

individuais de cada sujeito. 

No  decorrer  das  análises  também  foi  utilizada  a  ferramenta  do Wordle  com  as 

questões abertas, que permitiu uma visão panorâmica das respostas mais significativas.  

Através do Wordle é possível  criar  "nuvens de palavras" do  texto que é  fornecido. As 

palavras que aparecem com maior frequência são destacadas, gerando uma visualização 

das principais ideias do texto. 

 

Perfil dos Bolsistas 

A PUCRS possui milhares de alunos, com diversas características que constituem 

diferentes grupos, ainda que no mesmo curso de graduação. O grupo que será descrito 

agora, é constituído por 19 alunos bolsistas que realizaram intercâmbio internacional com 

o  objetivo  de  promover  a  internacionalização  na  Educação  Superior.  Desta  forma 

buscamos  identificar as características em comum destes alunos para melhor analisar e 

interpretar os impactos que serão descritos mais adiante. 

Das  70  respostas  obtidas  na  pesquisa,  filtramos  19  sujeitos  que  responderam 

possuir bolsa de estudos ou financiamento governamental ou ainda outro tipo de bolsa 

com  ingresso por ação afirmativa. Segundo Morosini  (2006), são consideradas políticas 

de ação afirmativa, o conjunto de orientações e ações destinadas a favorecer minorias e 

grupos que tenham sido historicamente discriminados.  

São  políticas  que  se  baseiam  no  argumento  de  que  a  subrepresentação  de 

minorias em instituições e posições de maior prestígio e poder na sociedade é um reflexo 

da  discriminação  social.  Visa,  em  caráter  provisório,  a  criação  de  incentivos  a  grupos 

desfavorecidos para que estes possam também fazer parte da elite de um país, de acordo 

com a sua representatividade numérica no conjunto da população.  

Raça,  sexo  e  origem  social  têm  sido  os  principais  critérios  para  o  uso  de 

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discriminações  positivas,  como  são  chamadas  algumas  políticas  de  ação  afirmativa. 

Universidades em diversos países têm implementado esse tipo de política, o que contribui 

para  aumentar  a diversidade nos  sistemas de educação  superior,  tanto na  composição 

dos  alunos,  professores  e  funcionários  como,  também,  na  organização  do  currículo, 

programas  de  estudos  e  de  pesquisas.  Entre  as  políticas  de  ação  afirmativa,  a  mais 

conhecida  e polêmica é o  estabelecimento de  cotas, ou  seja, percentuais previamente 

destinados a grupos específicos em universidades, empregos e cargos administrativos. 

Os  alunos participantes da pesquisa  ingressaram na universidade por diferentes 

políticas de ação afirmativa, embora não soubessem responder com clareza em quais se 

enquadram, sendo direcionados para a categoria Sistema diferente dos anteriores. O que 

pôde  ser  avaliado  como  defasagem  de  conhecimento  por  parte  do  aluno  sobre  o 

conceito  de  ação  afirmativa. Destaca‐se,  porém,  a  ausência  de  auto  declaração  étnica 

negro,  indígena ou de origem oriental. Nota‐se que a grande maioria,  16 dos  19 alunos, 

declarou‐se  branco  (a)  e  apenas  2  pardo  (a)  /mulato  (a).  Como  se  pode  verificar  no 

Gráfico 1, abaixo e no Gráfico 2 de etnia. 

Gráfico 1: Intercambistas integrantes de políticas de ação afirmativa, 2013 

 

                      Fonte: Questionário elaborado pelos autores, 2013 

 

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Gráfico 2: Etnia dos intercambistas, 2013 

 

Fonte: Questionário elaborado pelos autores, 2013 

 

Os alunos participantes tem idade entre 20 e 31 anos, sendo a maior concentração 

entre 22 e 25 anos. De um total de 19 alunos, cinco tem 22 anos,  levando a crer que, em 

sua maioria, estão no final graduação. As idades podem ser observadas no Gráfico 3. 

 

Gráfico 3: Faixa etária dos Intercambistas internacionais, 2013.  

 

Fonte: Questionário elaborado pelos autores, 2013 

Os alunos intercambistas fazem parte dos cursos de: Administração, Arquitetura e 

Urbanismo,  Ciências  Biológicas,  Engenharia  Civil,  Engenharia  Elétrica,  Engenharia  de 

Produção,  Engenharia  Mecânica,  Engenharia  Química,  Física,  Fisioterapia,  Medicina  e 

Sistemas de Informação.  

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Foi  possível  observar  que  nenhum  dos  alunos  provinha  de  cursos  da  área  das 

Ciências Humanas.  Isso não significa que não há procura de alunos desta área, mas nos 

leva a crer que não há, ou pouco há, oferta de bolsas de intercâmbio que contemple este 

campo  da  Ciência.  Conforme  dados  disponíveis  no  site  da  PUC‐RS 

(http://www.pucrs.br/portal/?p=alunos/estude‐no‐exterior), muitos programas  limitam as 

bolsas oferecidas para áreas como Engenharias e Ciências. 

A  maior  parte  dos  alunos  realizou  o  intercâmbio  pelo  Programa  Ciência  Sem 

Fronteiras. Foram 12 alunos entre os cursos de Física, Ciências Biológicas, Engenharia de 

Produção,  Medicina,  Sistemas  de  Informação,  Engenharia  Química,  Arquitetura  e 

Urbanismo e Engenharia Mecânica.  

O Programa de Licenciaturas  Internacionais  (PLI) enviou dois alunos de Ciências 

Biológicas. Os outros programas, BRAFITEC, PGIDT/GCUB, CAPES/FIPSE, MITACS e Bolsas 

Ibero‐americanas Santander enviaram um aluno cada, entre os cursos de Engenharia Civil, 

Administração, Engenharia Elétrica, Fisioterapia e Arquitetura e Urbanismo. O Gráfico 4 

abaixo permite a visualização dos Programas que enviaram alunos bolsistas ao exterior.  

 

Gráfico 4: Programas de Intercâmbio dos Intercambistas internacionais, 2013. 

 

Fonte: Questionário elaborado pelos autores, 2013 

 

Observou‐se  que  a  demanda  de  alunos  que  participaram  do  Ciência  Sem 

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Fronteiras,  ocorreu  nos  últimos  anos,  2012  e  2013  (anos  em  que  alunos  iniciaram  o 

intercâmbio) em comparação com os outro programas em que a maior concentração de 

saída  de  alunos  esteve  em  2010  e  2011.  Supomos  que,  o  fluxo  de  participantes  se 

direcionou ao programa Ciências Sem Fronteira após sua criação em 2011, diminuindo a 

procura por outros programas de intercambio.  

Dos 19 alunos que participaram da pesquisa 15 deles frequentaram o Ensino Médio 

em escolas públicas e quatro em escolas privadas. Destes quatro não podemos precisar o 

número de alunos que  tiveram bolsa de estudos. Também não há  relação com a  renda 

familiar que se manteve baixa mesmo entre os alunos que estudaram em escola privada, 

com exceção de um sujeito que apresentou renda de mais de 20 salários mínimos. 

A  renda  familiar  dos  alunos  se  concentra  entre  3  a  5  salários  mínimos 

(considerando o salário mínimo na época de aplicação da pesquisa, que corresponde a R$ 

678,00).  Seis  alunos  não  responderam  esta  questão,  dificultando  a  analise  da  renda. 

Porém, destacam‐se alunos com rendas altas: R$ 6.000,00, R$ 7.000,00, R$ 15.000,00.  

Devido  ao  baixo  número  de  respostas,  não  é  possível  relacionar  a  renda  com 

outros dados. O Gráfico 5 apresenta este panorama. 

 

Gráfico 5: Renda Familiar dos Intercambistas internacionais, 2013. 

 

Fonte: Questionário elaborado pelos autores, 2013. 

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Outro dado coletado foi quanto à escolaridade dos pais.  Apenas em quatro casos 

a mãe tem grau de escolaridade inferior ao pai, o contrário apresenta seis casos. Em nove 

casos os pais possuem o mesmo grau de escolaridade.  

Destes  casos,  oito  estudaram  até  o  Ensino Médio  e  um  até  o  Ensino  Superior. 

Quatro mães não concluíram o Ensino Médio, enquanto que o número sobe para seis na 

relação dos pais. Do outro lado o número de mães que concluíram Pós‐graduação foram 

duas  enquanto  há  apenas  um  caso  entre  os  pais.  Isso  nos  mostra  que  poucos  não 

concluíram o Ensino Médio e que há um número considerável de pais formados no Ensino 

Superior e Pós Graduação. 

O perfil do bolsista nos apresenta alunos que estudaram em sua maioria em escola 

pública, predominantemente brancos. Verifica‐se uma concentração maior entre os 22 e 

25 anos e na renda até 5 salários mínimos. Quanto à escolaridade dos pais, pouco mais de 

50% possuem Ensino Médio completo, o restante se divide entre os que estudaram até o 

Ensino Fundamental e os que chegaram ao Ensino Superior, com uma  leve tendência ao 

primeiro. Nota‐se, porém, que as mães possuem maior escolaridade que os pais. 

 

Impacto sobre visão de mundo 

Diante  das  questões  apresentadas  foi  possível  categorizá‐las  em  três  critérios 

capazes de dar consistência ao objetivo proposto. Analisamos segundo os impactos para 

a área de formação do estudante, sobre a visão de mundo e impactos sobre o futuro.  

A  realização  de  um  intercâmbio  é  também  sinônimo  de  crescimento  pessoal  e 

impactos  sobre a visão de mundo que o  sujeito possui, pelo menos é o que mostra as 

respostas  dos  intercambistas  que  passaram  algum  tempo  em  contato  com  diferentes 

culturas, tendo de adaptar‐se ou simplesmente encarar a nova realidade.  

Evidenciando  especificadamente  os  efeitos  da  visão  de  mundo,  os  alunos 

relataram, em sua grande maioria, a positividade da imersão em novas culturas. Referem 

que  o  contato  com  pessoas  do mundo  inteiro  possibilitou  adquirir  uma maior  cultura, 

O impacto da Internacionalização da Educação Superior na vida do estudante: a perspectiva dos bolsistas  Marilia Costa Morosini ‐ Nicole Bertinatti 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.10 

 

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ampliando  sua visão de mundo como  também os permitiu perceber questões  sociais e 

técnicas.  

A  figura  1,  criada  através  da  ferramenta  do Wordle  com  as  questões  abertas, 

permitiu  uma  visão  panorâmica  das  respostas  mais  significativas,  evidenciando  as 

palavras mais marcantes nesta resposta. 

 

Figura 1: Impacto na visão de mundo dos Intercambistas internacionais, 2013. (Wordle) 

 

Fonte: Questionário elaborado pelos autores, 2013. 

 

É possível perceber por meio desta figura que a visão de mundo modificou‐se. Seja 

por meio do contato com outras pessoas seja por meio individual. Os sujeitos relatam que 

“o  intercâmbio possibilitou a olhar para as coisas de um  jeito diferente, me mostrou outas 

possibilidades que eu não conhecia”.  

Aspectos  subjetivos  são  vistos  neste  processo.  Mudanças  de  pensamentos  e 

atitudes que  interferiram no  jeito de  ser de cada um. Os  intercambistas  reforçam: “me 

sinto  completamente diferente”; “aprendi  a  conviver  com diferenças”; “Amadureci  como 

pessoa”;  “tolerância  e  aceitação”. Diversos  foram os  relatos  relacionados  à questão de 

independência e mudanças de percepção. Um dos entrevistados ressalta que “o mundo 

tornou‐se um lugar menor com mil possibilidades, todas ao meu alcance”, outro reforça que 

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vê  “as  coisas  diferentes  depois  que  passou  a morar  em  outro  país”. A  visão  de mundo 

ampliou‐se para estes sujeitos: “ficou maior  [visão de mundo], deixei de  ser o  centro do 

universo. Conheci muitas visões e opiniões”. 

Outro aspecto que chamou a atenção foi a questão do olhar que os alunos tinham 

e  lançaram para o Brasil,  comparando‐o  com  a  realidade dos países destino. Aspectos 

perceptíveis nas  seguintes  respostas:  “visão  geral do Brasil  [...]  comparação dos pontos 

positivos  e  negativos  do  nosso  país”;  “conhecer  uma  outra  cultura  nos  faz  ver  a  nossa 

cultura de uma forma diferente [...] Então a visão sobre o mundo é interessante quando se 

conhece uma cultura diferente e se consegue discernir o que pode ser acrescentado na tua 

vida e o que não interessa”; “mudança na visão sobre o nosso próprio povo brasileiro”.  

 

Impacto sobre futuro 

Ao  analisar  o  impacto  sobre  o  futuro  dos  estudantes  que  ingressaram  na 

universidade  por  políticas  de  ações  afirmativas  pode‐se  inferir  que  os  impactos  estão 

relacionados a questões profissionais e acadêmicas, como mostra o mapa mental abaixo: 

 

Figura 2 Impactos sobre o futuro dos Intercambistas internacionais, 2013.   (Mapa mental) 

 

Fonte: Questionário elaborado pelos autores, 2013 

 

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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.12 

 

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Ao observar as respostas foi possível perceber que a  intenção de posteriormente 

realizar um mestrado ou doutorado foi quase unânime entre os bolsistas: “penso em fazer 

um mestrado”;  “oportunidade  para  uma  pós‐graduação”;  “pós‐graduação”;  “fluência  no 

idioma;  realizar  pós‐graduação”.  Assim  como  a  questão  da  fluência  na  língua  e 

oportunidades  de  emprego:  “fortaleceu  no  inglês”;  “interesse  por  outros  programas  de 

intercâmbio”;  “oportunidade  de  emprego”;  “destaque  profissional;  fluência  na  língua 

inglesa,  relacionamentos  interpessoais”;  “melhores  chances  no  mercado  de  trabalho”; 

“conhecimento  acadêmico,  aperfeiçoamento  de  uma  nova  língua”;  “oportunidades  de 

emprego”.  

Para o aluno bolsista os maiores impactos em relação ao futuro estão relacionados 

a questões de empregabilidade e continuidade nos estudos. Questões  subjetivas como 

superação, autoconfiança e diferentes aspirações, não apareceram em suas respostas. O 

foco de futuro foi impactado para questões totalmente profissionais. 

Para eles o intercambio possibilita um diferencial no campo profissional, o domínio 

da  língua estrangeira e a própria experiência  internacional acabariam contribuindo para 

um destaque profissional futuro.  

 

Impactos sobre a formação na área 

A  análise  das  respostas  referentes  aos  resultados  sobre  a  formação  na  área 

apresentou colocações relativas a oportunidades futuras, na empregabilidade e estudos, 

consequentes  de  frequentarem  as melhores  universidades  do mundo  dentro  de  suas 

áreas de atuação, além de poderem  lançar um novo olhar à sua profissão, uma vez que 

inseridos em outra cultura. 

Através da  figura 2, criada na  ferramenta Wordle a partir das  respostas abertas, 

temos uma visão panorâmica das palavras mais citadas pelos alunos. 

 

 

 

O impacto da Internacionalização da Educação Superior na vida do estudante: a perspectiva dos bolsistas  Marilia Costa Morosini ‐ Nicole Bertinatti 

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Figura 2: Impacto na visão de mundo dos Intercambistas internacionais, 2013. (Wordle) 

 

Fonte: Questionário elaborado pelos autores, 2013. 

  

O principal  resultado está no  conhecimento  adquirido. Todos os  alunos  relatam 

que  de  alguma  forma  houve  um  ganho  significativo  de  conhecimento  através  de  um 

aprendizado diferenciado. A experiência com a IES receptora está muito presente na fala 

dos alunos, contato com a cultura, língua estrangeira, pessoas, professores, etc. 

“Proporcionou‐me conhecer outras culturas,  instituições de ensino além de ter sido 

uma ótima experiência acadêmica com repercussão no meu conhecimento e curricular.” 

“Com certeza, posso  incluir  todo o conhecimento adquirido  sobre metodologia em 

pesquisa, novas tecnologias em pesquisa, contato com pesquisadores  internacionais, o que 

pode ser extremamente válido para um mestrado/doutorado, além de treinar uma segunda 

língua.” 

Alguns  alunos  preocupam‐se  em  retribuir  ao  país  o  apoio  e  oportunidade  que 

receberam  do  governo  em  estudar  fora.  Sentem  que  os  conhecimentos  adquiridos 

podem ser aplicados a nossa sociedade, contribuindo com o desenvolvimento do país.  

“Quando você vê que o teu pais  investe na tua formação, você sente um desejo de 

voltar  e  ajudar  a  crescer o  teu pais. Alguém pagou para mim  estudar no  exterior,  e  este 

alguém  no  final  das  contas  é  o  povo  brasileiro,  ninguém mais.  Então  penso  que  é muito 

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importante  que  todo  o  estudante  com  uma  vivencia  no  exterior  observe  e  valorize  esta 

questão. Você só pode ir estudar no exterior por que o povo brasileiro pagou isto. Então no 

futuro, nada mais  justo que você volte para o Brasil e ajude o pais a crescer possibilitando 

um melhor desenvolvimento do país.” 

Mas a grande maioria vê os  resultados do  intercâmbio de  forma muito pessoal. 

Não demonstram desta  forma,  consciência de que o  conhecimento que adquiriram vai 

contribuir  com  seus  colegas  e  professores,  elevando  a  qualidade  dos  estudantes  e 

profissionais brasileiros. 

“Volto para o Brasil com um conhecimento diferenciado e que contribuiu muito para 

minha evolução pessoal e profissional.” 

Há  um  grande  impacto  na  visão  que  cada  um  tem  sobre  seu  curso.  É  a 

compreensão da abrangência e das possibilidades, tanto que  já tinham no Brasil quanto 

agora com o diferencial da graduação no exterior.  

“... apesar das dificuldades, amadureci, aprendi coisas novas, pra minha vida pessoal 

e profissional, e que também me fizeram ver a minha profissão com olhos diferentes.” 

Muitos veem no  intercâmbio a possibilidade de continuar estudando. Por  terem 

um diferencial curricular ou mesmo por terem descoberto novas oportunidades. Inclusive 

este já é o objetivo inicial de muitos ao realizar o intercambio. 

“A  tecnologia de  um país desenvolvido,  foi o  aspecto principal, pois me  abri para 

coisas novas que posso aplicar e até mesmo desenvolver em uma pós graduação aplicando‐

se a nossa realidade.” 

“O  intercambio  é  voltado  para  o mestrado,  o  que  significa  que  possui  um  grande 

impacto na minha formação.” 

 “Contato  para  mestrado/doutorado;  Metodologia  em  pesquisa;  Formação 

internacional; Experiência com o inglês.” 

O intercambio influiu sobre a visão que os alunos têm sobre seu curso, sobre suas 

possibilidades durante e após a graduação, tanto no Brasil quanto no exterior. Segundo o 

relato dos alunos, o contato com universidades estrangeiras, professores e  tecnologias 

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modificou suas perspectivas, na medida em que o aumento do conhecimento e as novas 

oportunidades foram os mais impactantes.  

 

Considerações finais 

Tendo em vista a busca da universidade pela  internacionalização pode‐se concluir 

que  a  concretização  deste  investimento  acontece,  principalmente,  através  dos 

programas desenvolvidos pelo governo ou pela própria  instituição de  Ensino Superior. 

Programas  que  investem  na  formação,  aprimoramento,  oportunidades  e  experiências 

para alunos, no caso deste artigo, alunos que  ingressaram na universidade por meio de 

algum tipo de política de ação afirmativa.  

A partir deste estudo  foi possível  identificar que o efeito na vida dos estudantes 

que tiveram a oportunidade de viver este  intercâmbio perpassa pelo campo profissional 

e, principalmente pessoal. Segundo  relatos amplia‐se a visão de mundo do sujeito que, 

consequentemente, interfere na sua futura atuação profissional, contribuindo assim para 

o crescimento do país em contexto de micro e macro atuação.   

Finalizando em contextos que tem o ethos do desenvolvimento humano e social 

na globalização, em que há  interação com outras formas de contextos, tradicionais e/ou 

neoliberais, a formação via programas internacionais têm contribuído para uma formação 

geral mais do que propriamente para o aumento do conhecimento cognitivo.   Bawden 

(2013.  p.  49)  afirma  que  “existe  uma  relutância  estranha  e  inexplicável  por  parte  das 

instituições de educação superior, em todo o planeta, de assumir o fato de que são, acima 

de tudo, agências de desenvolvimento humano e social”.   

Frente aos arrazoados acima a educação não pode ficar na periferia da Sociedade 

do Conhecimento na ordenação desumana de um mundo binário  ‐  Inhumantidiness of a 

binary world (NEAVE, 2006 p.17), ou mesmo, internamente, de um país binário. Ao pensar 

a educação superior devemos atentar ao hibridismo econômico e social. 

Embora neste artigo tenham sido abordadas apenas as questões de  impactos na 

vida do aluno que participou de algum tipo de intercâmbio internacional, outras diversas 

e  distintas  indagações  puderam  ser  evidenciadas  no  decorrer  da  pesquisa.  Desafios, 

O impacto da Internacionalização da Educação Superior na vida do estudante: a perspectiva dos bolsistas  Marilia Costa Morosini ‐ Nicole Bertinatti 

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anseios, medos, estratégias para lidar com o novo contexto, enfim, tentar compreender e 

perceber a importância do investimento e o real aproveitamento de tais objetivos.  

 

 

 

Referências bibliográficas 

BAWDEN, Richard. O objetivo educador da educação superior para o desenvolvimento humano e social no contexto da globalização. In: GUNI. Educação superior em um tempo de transformação: novas dinâmicas para a responsabilidade social / trad. Vera Muller. – Porto Alegre: EDIPUCRS, 2013.  MOROSINI, Marilia Costa. Enciclopédia de pedagogia universitária. v.2. Brasília (DF): INEP, 2006.  NEAVE, G. (Ed.). Knowledge, power and dissent: critical perspectives on Higher Education and research in Knowledge Society. França: UNESCO, 2006.  SILVA, Stella Maris Wolf da. Cooperação Acadêmica Internacional da CAPES Na Perspectiva Do Programa Ciências Sem Fronteira. 2012. 113 f. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências) ‐ Universidade Federal do Rio Grande do Sul ‐ UFRGS, Brasília, 2012.   Referências Eletrônicas  PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL. Programa De Mobilidade Acadêmica. Apresentação. Disponível em: <http://www.pucrs.br/aaii/pma/apresent.php>. Acesso em: 16 abr. 2014.  PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL. Alunos: Estude no Exterior. Disponível em: <http://www.pucrs.br/portal/?p=alunos/estude‐no‐exterior>. Acesso em: 16 abr. 2014.