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GESTÃO AMBIENTAL (CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE SARGENTOS - CAS BM / 09)

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GESTÃO AMBIENTAL

(CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE SARGENTOS - CAS BM / 09)

INSTRUTOR: MAJ BM RAMOS

Sumário

1. Apresentação .............................................................................................032. Objetivo ......................................................................................................033. Ementas ......................................................................................................044. A Carta da Terra .........................................................................................055. Módulo I .................................................................................................... 14

5.1 Introdução a Gestão Ambiental ........................................................ 145.2 Ecologia Aplicada ............................................................................... 355.3 Gestão da Biodiversidade ................................................................. 44

6. Módulo II .....................................................................................................496.1 Responsabilidade Socioambiental e Desenv. Sustentável ............ 49

7. Considerações Finais ............................................................................. 54

8. Bibliografia ............................................................................................... 54

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1. APRESENTAÇÃO

A disciplina gestão Ambiental procura fundamentar-se em base teórica e científica para atuação dos militares do CBMMG (CAS BM) nos aspectos relacionados às atividades na área ambiental, no cumprimento da legislação ambiental vigente, visando consolidar uma postura ambientalmente correta.

2. OBJETIVO

A disciplina tem como objetivo formar militares do CBMMG ( CAS BM ) aptos a gerenciar problemas que envolvem o meio ambiente, assim como seu desenvolvimento sustentável. A Gestão Ambiental propicia a compreensão da complexidade das questões ambientais como também suas relações com a sociedade e seu desenvolvimento. A disciplina apóia-se em objetivos como o desenvolvimento da capacidade crítica e reflexiva do militar do CBMMG, fundamentada em valores de responsabilidade socioambiental, de ética e justiça.

2.1 Objetivos específicos

A disciplina se propõe a qualificar os militares do CBMMG ( CAS BM ) em Gestão Ambiental para:

* Compreender e contextualizar os problemas relacionados ao meio ambiente urbano e rural;

* Desenvolver senso crítico sobre as questões ambientais;

* Capacitar o militar para planejar, implementar e monitorar a gestão ambiental, de forma responsável, promovendo o desenvolvimento de competências.

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3. EMENTAS

A Gestão Ambiental ministrada para o CAS BM tem o objetivo de fazer uma apresentação temática da disciplina abordando questões ambientais relevantes com conteúdos essenciais que propiciarão a melhor compreensão da conservação ambiental.

Conservação ambiental é questão de sobrevivência e a reflexão sobre meio ambiente deve permear aspectos jurídicos, sociais, econômicos, políticos e culturais, pois meio ambiente se relaciona com as diversas áreas do conhecimento.

A consciência ecológica surge diante da ameaça à qualidade de vida da população mundial, pois a expansão da tecnologia e o crescimento demográfico populacional tem levado à deterioração dos recursos ambientais.

O desenvolvimento tecnológico e industrial tem provocado problemas de poluição do ar, das águas e do solo, devastação da vegetação, como se a natureza tivesse poder de inesgotabilidade de seus recursos e com isso as questões ambientais interferem direta ou indiretamente na qualidade de vida de toda a população.

Introdução a Gestão Ambiental

Conceito. O início do Sistema público de Gestão Ambiental. Sistema Nacional de Meio Ambiente. Sistema de Gestão Ambiental em Minas Gerais. Licenciamento Ambiental. Licenciamento corretivo. A revisão do Sistema Nacional de Licenciamento Ambiental. Prazos de análise.

Ecologia Aplicada

Fundamentos da Ecologia. Áreas de estudo da Ecologia. Conceitos básicos em Ecologia. Princípio de Gause. Componentes de um Ecossistema. Fluxo de Energianos Ecossistemas. Relações entre os seres vivos.

Gestão de Biodiversidade

Conceito. Área de Proteção Ambiental (APA). Reservas Biológicas. Fragmentação. Efeito de Borda. Corredores ecológicos.

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Responsabilidade Socioambiental e Desenvolvimento Sustentável

Conceito. Formas de atuação. A educação ambiental permeando a responsabilidade socioambiental. Ecoeficiência como performance ambiental.

4. CARTA DA TERRA

Preâmbulo

Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações.

Terra, Nosso Lar

A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, está viva com uma comunidade de vida única. As forças da natureza fazem da existência uma aventuraexigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida.

A capacidade de recuperação da comunidade da vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos,uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todas as pessoas. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado.

A Situação Global

Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, redução dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos eqüitativamente e o fosso entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm

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aumentado e são causa de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.

Desafios Para o Futuro

A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais dos nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem atingidas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais, não a ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos ao meio ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano.

Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados, e juntos podemos forjar soluções includentes.

Responsabilidade Universal

Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com toda a comunidade terrestre bem como com nossa comunidade local. Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual a dimensão local e global estão ligadas. Cada um compartilha da responsabilidade pelo presente e pelo futuro, pelo bem-estar da família humana e de todo o mundo dos seres vivos.

O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida, e com humildade considerando em relação ao lugar que ocupa o ser humano na natureza.

Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes princípios, todos interdependentes, visando um modo de vida sustentável como critério comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos, e instituições transnacionais será guiada e avaliada.

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PRINCÍPIOS

I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DA VIDA

1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.

a. Reconhecer que todos os seres são interligados e cada forma de vida tem valor,independentemente de sua utilidade para os seres humanos.b. Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres humanos e no potencial intelectual, artístico, ético e espiritual da humanidade.

2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor.

a. Aceitar que, com o direito de possuir, administrar e usar os recursos naturais vem o dever de impedir o dano causado ao meio ambiente e de proteger os direitos das pessoas.b. Assumir que o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do poder implicaresponsabilidade na promoção do bem comum.

3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas.

a. Assegurar que as comunidades em todos níveis garantam os direitos humanos e as liberdades fundamentais e proporcionem a cada um a oportunidade de realizar seu pleno potencial.b. Promover a justiça econômica e social, propiciando a todos a consecução de uma subsistência significativa e segura, que seja ecologicamente responsável.

4.Garantir as dádivas e a beleza da Terra para as atuais e as futuras gerações.

a. Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada pelas necessidades das gerações futuras.b. Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apóiem, em longo prazo, a prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra.Para poder cumprir estes quatro amplos compromissos, é necessário:

II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA

5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial preocupação pela diversidade biológica e pelos processos naturais que sustentam a vida.

a. Adotar planos e regulamentações de desenvolvimento sustentável em todos os níveis que façam com que a conservação ambiental e a reabilitação sejam parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento.

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b. Estabelecer e proteger as reservas com uma natureza viável e da biosfera, incluindo terras selvagens e áreas marinhas, para proteger os sistemas de sustento à vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa herança natural.c. Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçadas.d. Controlar e erradicar organismos não-nativos ou modificados geneticamente que causem dano às espécies nativas, ao meio ambiente, e prevenir a introdução desses organismos daninhos. e. Manejar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos florestais e vida marinha de forma que não excedam as taxas de regeneração e que protejam a sanidade dos ecossistemas.f. Manejar a extração e o uso de recursos não-renováveis, como minerais e combustíveis fósseis de forma que diminuam a exaustão e não causem dano ambiental grave.

6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução.

a. Orientar ações para evitar a possibilidade de sérios ou irreversíveis danos ambientais mesmo quando a informação científica for incompleta ou não conclusiva.b. Impor o ônus da prova àqueles que afirmarem que a atividade proposta não causará dano significativo e fazer com que os grupos sejam responsabilizados pelo dano ambiental.c. Garantir que a decisão a ser tomada se oriente pelas conseqüências humanas globais, cumulativas, de longo prazo, indiretas e de longo alcance.d. Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o aumento de substâncias radioativas, tóxicas ou outras substâncias perigosas. e. Evitar que atividades militares causem dano ao meio ambiente.

7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário.

a. Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de produção e consumo e garantir que os resíduos possam ser assimilados pelos sistemas ecológicos.b. Atuar com restrição e eficiência no uso de energia e recorrer cada vez mais aos recursos energéticos renováveis, como a energia solar e do vento.c. Promover o desenvolvimento, a adoção e a transferência eqüitativa de tecnologias ambientais saudáveis.d. Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços no preço de venda e habilitar os consumidores a identificar produtos que satisfaçam as mais altas normas sociais e ambientais.e. Garantir acesso universal à assistência de saúde que fomente a saúde reprodutiva e a reprodução responsável.f. Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e subsistência material num mundo finito.

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8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover a troca aberta e a ampla aplicação do conhecimento adquirido.

a. Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada a sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações em desenvolvimento.b. Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria espiritual em todas as culturas que contribuam para a proteção ambiental e o bem-estar humano.c. Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e para a proteção ambiental, incluindo informação genética, estejam disponíveis ao domínio público.

III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA

9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental.

a. Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, aos solos não contaminados, ao abrigo e saneamento seguro, distribuindo os recursos nacionais e internacionais requeridos.b. Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma subsistência sustentável, e proporcionar seguro social e segurança coletiva a todos aqueles que não são capazes de manter-se por conta própria.c. Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, servir àqueles que sofrem, e permitir-lhes desenvolver suas capacidades e alcançar suas aspirações.

10. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os níveis promovam o desenvolvimento humano de forma eqüitativa e sustentável.

a. Promover a distribuição eqüitativa da riqueza dentro das e entre as nações.b. Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais das nações em desenvolvimento e isentá-las de dívidas internacionais onerosas.c. Garantir que todas as transações comerciais apóiem o uso de recursos sustentáveis, a proteção ambiental e normas trabalhistas progressistas.d. Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras internacionais atuem com transparência em benefício do bem comum e responsabilizá-las pelas conseqüências de suas atividades.

11. Afirmar a igualdade e a eqüidade de gênero como pré-requisitos para odesenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, assistência de saúde e às oportunidades econômicas.

a. Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar com toda violência contra elas.

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b. Promover a participação ativa das mulheres em todos os aspectos da vida econômica, política, civil, social e cultural como parceiras plenas e paritárias, tomadoras de decisão, líderes e beneficiárias.c. Fortalecer as famílias e garantir a segurança e a educação amorosa de todos os membros da família.

12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural e social, capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, concedendo especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias.

a. Eliminar a discriminação em todas suas formas, como as baseadas em raça, cor, gênero, orientação sexual, religião, idioma e origem nacional, étnica ou social.b. Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade, conhecimentos, terras e recursos, assim como às suas práticas relacionadas a formas sustentáveis de vida.c. Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-os a cumprir seu papel essencial na criação de sociedades sustentáveis.d. Proteger e restaurar lugares notáveis pelo significado cultural e espiritual.

IV.DEMOCRACIA, NÃO VIOLÊNCIA E PAZ

13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e proporcionar-lhes transparência e prestação de contas no exercício do governo, participação inclusiva na tomada de decisões, e acesso à justiça.

a. Defender o direito de todas as pessoas no sentido de receber informação clara e oportuna sobre assuntos ambientais e todos os planos de desenvolvimento e atividades que poderiam afetá-las ou nos quais tenham interesse.b. Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a participação significativa de todos os indivíduos e organizações na tomada de decisões.c. Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de assembléia pacífica, de associação e de oposição.d. Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos administrativos e judiciais independentes, incluindo retificação e compensação por danos ambientais e pela ameaça de tais danos.e. Eliminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas.f. Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus próprios ambientes, e atribuir responsabilidades ambientais aos níveis governamentais onde possam ser cumpridas mais efetivamente.

14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável.

a. Oferecer a todos, especialmente a crianças e jovens, oportunidades educativas que lhes permitam contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável.b. Promover a contribuição das artes e humanidades, assim como das ciências, na educação para sustentabilidade.

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c. Intensificar o papel dos meios de comunicação de massa no sentido de aumentar a sensibilização para os desafios ecológicos e sociais.d. Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma subsistênciasustentável.

15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.

a. Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e protegê-los de sofrimentos.b. Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca que causem sofrimento extremo, prolongado ou evitável.c. Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura ou destruição de espécies não visadas.

16. Promover uma cultura de tolerância, não violência e paz.

a. Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a solidariedade e a cooperação entre todas as pessoas, dentro das e entre as nações.b. Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e usar a colaboração na resolução de problemas para manejar e resolver conflitos ambientais e outras disputas.c. Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até chegar ao nível de uma postura não provocativa da defesa e converter os recursos militares em propósitos pacíficos, incluindo restauração ecológica.d. Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras armas de destruição em massa.e. Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico mantenha a proteção ambiental e a paz.f. Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo, com outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte.

O CAMINHO ADIANTE

Como nunca antes na história, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Tal renovação é a promessa dos princípios da Carta da Terra. Para cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a adotar e promover os valores e objetivos da Carta.

Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável aos níveis local, nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa, e diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar expandir o diálogo global gerado pela Carta da Terra,

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porque temos muito que aprender a partir da busca iminente e conjunta por verdade e sabedoria.

A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significar escolhas difíceis. Porém, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo. Todo indivíduo, família, organização e comunidade têm um papel vital a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os meios de comunicação, as empresas, as organizações não-governamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma liderança criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresas é essencial para uma governabilidade efetiva.

Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mundo devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra com um instrumento internacional legalmente unificador quanto ao ambiente e ao desenvolvimento.

Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação da luta pela justiça e pela paz, e a alegre celebração da vida.

AULA ATIVIDADE

Orientações:

Caro aluno,

A carta da terra esta concebida como uma declaração de princípios éticos e fundamentais e como um roteiro prático de significado duradouro amplamente compartilhado por todos os povos . de forma similar à Declaração Universal dos Direitos Humanos das nações unidas, a carta da terra, será utilizada como um código universal de conduta para guiar os povos e as nações na direção de um futuro sustentável.

1) O aluno deverá ler o texto em anexo denominado “ A Carta da Terra “ e apontar dois princípios éticos que mais lhe chamou a atenção, justificando sua resposta.

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5. Módulo I

5.1 Introdução a Gestão Ambiental

No início dos anos 70 o governo federal anunciava índices de crescimento econômico animadores, que foram traduzidos como o “milagre brasileiro”.A repressão inibia a exposição das mazelas sociais e as insatisfações políticas, perseguindo brutalmente as vozes discordantes.

Esse período é lembrado até hoje como os “anos de chumbo”. O país vivia um paradoxo aparente: de um lado a euforia da propaganda governamental com o acelerado desenvolvimento de uma nova era industrial e a modernização com as novas infra-estruturas e, do outro, o aprofundamento do fosso social e a degradação dos recursos naturais. Foi desse período, por exemplo, as obras da transamazônica sem que se levasse em conta nenhuma consideração ambiental sequer.

Foi nesse contexto de industrialização, exploração de recursos não renováveis e expansão da fronteira agrícola a qualquer custo, somada à urbanização acelerada, sob o jugo de um governo fortemente centralizador e autoritário, que o país assistiu à comunidade internacional discutir, pela primeira vez em uma reunião das Nações Unidas, em Estocolmo em 1972, a questão ambiental.

Da participação do Brasil em Estocolmo restou a triste lembrança da representação do governo brasileiro que, conforme amplamente divulgado, convidou os poluidores a vir ao país para participarem da construção do progresso.

A política econômica do governo defendia a tese de que era preciso primeiro fazer crescer o “bolo” para depois reparti-lo e, nesse sentido, o governo acreditava também que as prioridades eram o desenvolvimento do parque industrial e a expansão da fronteira agrícola, considerando secundárias as externalidades decorrentes da poluição e do esgotamento dos recursos naturais.

A insatisfação da sociedade brasileira com os maus resultados do regime militar e a introdução da discussão da variável ambiental na nova ordem econômica internacional proporcionaram a criação de um novo canal de contestação:

o movimento ambientalista.

Nesse movimento desembocaram setores universitários, naturalistas, intelectuais, artistas, comunidades afetadas por impactos locais, adeptos de outros movimentos que contestavam o sistema de maneira geral, como foi o caso do movimento hippie e, também, ex militantes de organizações políticas de esquerda que combatiam sistematicamente o regime. Essa é a razão dos ambientalistas, à

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época, receberem a denominação de melancias: verdes por fora e vermelhos por dentro.

Entretanto a consciência ambiental não se formava apenas na sociedade civil, mas também nos quadros governamentais. Ainda que a tradição da formação da burocracia pública brasileira se pautasse principalmente pelo critério do favoritismo político, houve a criação de grupos executivos de eficiência administrativa em empresas públicas, fundações e autarquias. Programas de capacitação de técnicos no exterior trouxeram para dentro do governo, principalmente para esses órgãos de administração indireta, novos quadros sintonizados com a importância da variável ambiental para o desenvolvimento.

As pressões internas resultantes do ainda incipiente ambientalismo nacional, aliadas às externas, principalmente pela preservação da Amazônia, e a necessidade de se mostrar como uma administração moderna que incorporasse às suas políticas públicas essa nova variável consagrada em Estocolmo, o governo brasileiro criou, em 1973, o primeiro órgão público no nível federal: a Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA, no âmbito do Ministério do Interior, com competências específicas para a proteção e melhoria do meio ambiente, das quais destacamos as seguintes :

- Acompanhar as transformações do ambiente através de técnicas de aferição direta e sensoreamento remoto, identificando as ocorrências adversas e atuando no sentido de sua correção;

- Promover a elaboração e o estabelecimento de normas e padrões relativos à preservação do meio ambiente, em especial dos recursos hídricos, que assegurem o bem estar das populações e o desenvolvimento econômico e social;

- Realizar diretamente ou colaborar com os órgãos especializados no controle e fiscalização das normas e padrões estabelecidos;

- Promover, em todos os níveis, a formação e treinamento de técnicos e especialistas em assuntos relativos à preservação do meio ambiente; e

- Promover intensamente, através de programas em escala nacional, o esclarecimento e a educação do povo brasileiro para o uso adequado dos recursos naturais, tendo em vista a conservação do meio ambiente.

2 – O Início do sistema público de gestão ambiental

Anteriormente à Conferência de Estocolmo (1972) pode-se observar que as questões ambientais eram tratadas no país de forma fragmentada pela administração pública, tanto no nível federal como estadual.

Além da legislação federal – Código das Águas (1934), Código Florestal (1967), Código de Mineração (1967) e Política Nacional de Saneamento (Lei nº5357 de 17 de novembro de 1967) – verificava-se também no nível estadual o

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surgimento de documentos legais e de instituições que refletiam preocupações setoriais, em função de problemas regionais.

Em 1960 foi criada no Estado de São Paulo a Comissão Intermunicipal de Controle de Poluição do Ar e das Águas – CICPAA, reunindo os Municípios de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano e Mauá, região mais industrializada do país.

Em 1962 foram criados o Instituto de Engenharia Sanitária no Rio de Janeiro, refletindo os problemas advindos da falta de infra-estrutura de saneamento básico nas grandes metrópoles, e o Instituto Estadual de Florestas em Minas Gerais, denotando a preocupação com a devastação do cerrado e das matas mineiras para produção de carvão vegetal, insumo importante para o setor siderúrgico.

Em 1967, no Estado de Pernambuco foi criada a Comissão Estadual de Controle de Poluição Ambiental – CECPA, da qual participava vários órgãos estaduais e a Marinha.

Em 1970, no Estado de São Paulo, foi criada a Diretoria de Controle da Poluição das Águas do Fomento Estadual de Saneamento Básico – FESB, no âmbito da Secretaria de Estado de Obras e Serviço Públicos, sendo que as atividades relativas ao controle da poluição atmosférica tornaram-se competências da Secretaria de Estado da Saúde.

Após a Conferência de Estocolmo, com a crescente conscientização das questões ambientais, interna e externamente, a administração pública foi impelida a se preparar para a política pública explícita de meio ambiente, buscando uma visão mais holística dos recursos naturais, de sua interação e dos modos de sua apropriação.

Mesmo antes da criação da SEMA, no nível federal, foram criados nos Estados de São Paulo e da Bahia os órgãos ambientais precursores do país.

Através da Lei nº118 de 29 de junho de 1973 (SP) foi criada a Companhia de Tecnologia de Saneamento Básico e de Controle de Poluição das Águas – CETESB, que teve sua denominação alterada para Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental em 1976 e passou a vincular-se à Secretaria de Estado de Meio Ambiente em 1987. Através da Lei nº3163 de 4 de outubro de 1973 (BA) foi criado o Conselho Estadual de Proteção Ambiental – CEPRAM vinculado à Secretaria de Estado de Planejamento, Ciência e Tecnologia, tendo sido o primeiro Conselho de Meio Ambiente normativo do país.

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Entretanto foi no bojo da reforma administrativa da fusão dos Estados da Guanabara e do Rio de janeiro, em junho de 1975, que surgiu pela primeira vez um colegiado de Meio Ambiente com poderes deliberativos. É dessa época a criação da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente – FEEMA e da Comissão Estadual de Controle Ambiental – CECA com poderes deliberativos para concessão de autorizações e aplicações de penalidades.

Esse modelo de colegiado deliberativo para políticas públicas, concessão de licenças e aplicação de penalidades, dotado de poder de polícia, apresentava-se como a solução adequada para a estrutura desenhada na reforma administrativa do novo Estado do Rio de Janeiro. Na estrutura proposta à época, o órgão executivo FEEMA deveria ser da administração indireta, uma Fundação, o que permitiria maior autonomia administrativa, mas sem poder de polícia. Daí a necessidade de um órgão da administração direta para concessão de autorizações e aplicação de penalidades.

Além disso, o modelo colegiado também apresentava a vantagem de praticamente eliminar qualquer risco de corrupção, mais provável na dimensão fiscalizatória quando o próprio fiscal aplica as multas.

2.1 - Criação no Estado de Minas Gerais

Foi somente em Minas Gerais, com a criação da Comissão de Política Ambiental – COPAM, em 29 de abril de 1977, que surgiu um colegiado normativo e deliberativo com a participação da sociedade civil de uma forma mais ampla, ensejando algum tipo de controle social na formulação e na implementação da política pública de meio ambiente.

A COPAM foi concebida no âmbito da criação da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia, em um processo de discussão política muito importante para a modernização do Estado, ao procurar resgatar a atividade de planejamento com base em variáveis como a ciência, o desenvolvimento tecnológico e a utilização racional dos recursos naturais.

A primeira ação da COPAM foi o de intervir como órgão regulador no processo de desmatamento de 70 hectares da mata do Jambreiro, solicitado pela proprietária, a mineradora Minerações Brasileiras Reunidas - MBR. Pelo acordo estabelecido à época, julho de 1977, coube à empresa os encargos de manutenção da reserva, onde hoje funciona um Centro de Educação Ambiental, operado por uma ONG, às expensas da empresa mineradora.

A Comissão foi composta pelos Secretários de Estado Adjuntos de Planejamento e Coordenação Geral / de Indústria, Comércio e Turismo / Saúde / Agricultura / e Segurança Pública / além do Secretário de Ciência e Tecnologia que a presidia; por representantes do Departamento de Águas e Energia Elétrica do

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Estado de Minas Gerais / e da Secretaria Especial do Meio Ambiente do Ministério do Interior – SEMA; pelo Presidente da Comissão de Defesa do Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Estado; por representantes das Federação das Indústrias / e da Associação Comercial do Estado de Minas Gerais / por cientistas, tecnólogos, pesquisadores ou pessoas de notório saber, dedicados á atividade de preservação do meio ambiente e à melhoria da qualidade de vida, em número de quatro, de livre escolha do Governador do Estado; e / por representante de entidade para proteção e conservação do meio ambiente no Estado.

O colegiado de Minas Gerais inovava ao incluir a participação de representação de entidade ambientalista e do Poder legislativo, além de grande representação do meio científico. Ressalta-se ainda a participação minoritária do executivo estadual (7) de um total de dezesseis conselheiros. O pluralismo das representações, inclusive do ponto de vista partidário, pois nem sempre o parlamentar pertencia ao partido do governo, induzia ao desenvolvimento da arte de negociar, de administrar conflitos, de construir um pacto que permitisse a utilização racional dos recursos naturais renováveis e não renováveis, compatibilizando o desenvolvimento econômico com a preservação do meio ambiente. A Comissão – COPAM se transformou em Conselho Estadual de Política Ambiental em 1989, mantendo a sigla COPAM.

O desenvolvimento desse modelo e de seu aperfeiçoamento, através das experiências da Bahia, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Minas Gerais, se disseminou pelo país , passando a ser adotado por outros estados : Sergipe (1978); Alagoas e Mato Grosso do Sul (1979); e inspirando o Governo Federal a criar o Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA em 1981.

Os Conselhos de Meio Ambiente no país, em maior ou menor grau, se constituem em foros com participação governamental e de vários segmentos da sociedade civil, de forma bastante pluralista, nos quais a discussão dos contrários é o maior ganho.

A partir daí o Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA e os Sistemas Estaduais – SISEMAs se estruturaram com base no modelo constituído por um Conselho normativo e deliberativo, com participação da sociedade civil que garantisse o controle social, e por um órgão técnico – secretaria, fundação ou autarquia – que executaria a política ambiental definida.

O fortalecimento dos órgãos ambientais estaduais foi ainda determinado pela Lei federal nº6938 de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, ao estabelecer as competências dos estados para conceder as licenças ambientais :

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Art.10 A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetivos e potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional de Meio Ambiente SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis – IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis.

Em 1986 havia conselhos estaduais de Meio Ambiente nos Estados do Amazonas, Alagoas, Bahia, Paraíba, Sergipe, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e de Santa Catarina, já abrangendo portanto todas as cinco regiões geográficas do país, e órgãos executivos em dezenove dos vinte e seis estados. Hoje todos os vinte e seis estados da Federação e o Distrito Federal possuem conselho estadual de Meio Ambiente e respectivos órgãos executivos.

O interesse dos diversos segmentos da sociedade em discutir a política pública de meio ambiente em função não apenas dos objetivos de preservação, mas também dos impactos nos níveis local e regional e as potenciais restrições decorrentes, reforçava o modelo dos conselhos, que se constituíam em foros apropriados para debates democráticos e participativos.

3 – Sistema Nacional de Meio Ambiente

O Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA – foi instituído pela lei federal nº 6938 de 31 de agosto de 1981, sendo composto por órgãos da União, estados, Distrito Federal e municípios

Art. 6º Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as Fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, assim estruturado;

Estruturação do SISNAMA

I – Órgão Superior: Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais

II – Órgão Consultivo e Deliberativo: Conselho Nacional de Meio Ambiente –CONAMA, com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida

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III – Órgão Central: Ministério do Meio Ambiente - MMA , com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente;

IV – Órgão Executor: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos NaturaisRenováveis – IBAMA , com a finalidade de executar, como órgão federal, a política e diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente;

V – Órgãos Seccionais: órgãos ou entidades estaduais, responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental

VI – Órgãos locais: órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições.

Os Estados poderão elaborar normas e padrões complementares desde que observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA.

Os Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais, também poderão elaborar as normas.

Essa lei estabeleceu ainda os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, que estão listados abaixo:

I – Estabelecimento de padrões de qualidade ambientalII – Zoneamento ambientalIII – Avaliação de Impactos ambientaisIV – Licenciamento e revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidorasV – Incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologias voltados para a melhoria da qualidade ambiental.VI – Criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo poder público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas.VII – Sistema nacional de informações sobre o meio ambiente.VIII – Cadastro Técnico Federal de atividades e instrumentos de defesa ambientalIX – Penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.X – Instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente a ser divulgado anualmente pelo IBAMA.XI – Garantia de prestação de informações relativas ao meio ambiente, obrigando-se o poder público a produzi-las, quando inexistentes.XII – Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais.

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Toda a legislação federal pode ser consultada no site do Ministério do Meio Ambiente: www.mma.gov.br

4 - Sistema de Gestão Ambiental em Minas Gerais

A Comissão de Política Ambiental -COPAM foi criada em abril de 1977 no âmbito da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia ,que lhe prestava apoio por uma secretaria executiva e pela Superintendência de Ecologia e Engenharia ambiental da Fundação Centro Tecnológico –CETEC.

Em março de1983 foi criada a Superintendência de meio Ambiente do COPAM para prestar os serviços de apoio técnico e administrativo à essa Comissão.

A FEAM foi criada em meados de 1988 e implantada no início de 1989, sucedendo a extinta Superintendência do Meio Ambiente do COPAM, que por sua vez passou a se denominar Conselho Estadual de Política Ambiental, assim como a Secretaria passou a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, com atribuições bastante amplas relativas às questões ambientais . À FEAM foi atribuída a competência de secretaria executiva do COPAM.

Com a criação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SEMAD, em 1995, o Sistema Estadual de Meio Ambiente foi reestruturado considerando três Agendas :

Marrom, que contempla o controle da poluição ou degradação ambiental decorrente das atividades industriais, minerárias e de infra-estrutura, de responsabilidade da Fundação Estadual do Meio Ambiente –FEAM, que já era vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente;

Verde, que abrange a proteção à biodiversidade de maneira geral, além do controle das atividades agrossilvopastoris, a cargo do Instituto Estadual de Florestas –IEF, que anteriormente era vinculado à Secretaria de Agricultura e Pecuária; e

Azul, responsável pela gestão das águas, a cargo do Instituto Mineiro de Gestão das Águas -IGAM, que anteriormente era vinculado à Secretaria de Minas e Energia, com a denominação de DRH – Departamento de Recursos Hídricos..

Assim a FEAM conduz os processos de licenciamento e fiscalização ambiental e desenvolve pesquisas, estudos, sistemas, normas e padrões destinados a prevenir e corrigir a poluição ou a degradação ambiental das atividades da Agenda Marrom.

O IEF conduz os processos de licenciamento e fiscalização das atividades agrícolas, pecuárias e florestais, assim como é o órgão estadual responsável pelas

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autorizações de desmatamento, criação e manutenção de Unidades de Conservação e, controle da pesca. (Agenda Verde)

O IGAM fomenta a criação dos Comitês de bacias e respectivas Agências, sendo responsável pela concessão das outorgas dos direitos dos usos das águas estaduais. (Agenda Azul)

A SEMAD é o órgão de coordenação do sistema, presidindo os Conselhos Estaduais de Meio Ambiente –COPAM e de Recursos Hídricos –CERH.

Em 2003 o Sistema Estadual de Meio Ambiente – SISEMA do Estado de Minas Gerais incorporou o projeto de regionalização do COPAM e a integração dos processos autorizativos: licenciamento ambiental, outorga do direito de uso de recursos hídricos e autorização para exploração florestal – APEF.

Foram criados sete COPAMs regionais, considerando as regiões de planejamento do estado, a malha viária, as regiões hidrográficas e a infra-estrutura existente do IEF, órgão do sistema com maior abrangência regional.

Dessa forma foram criados os seguintes colegiados regionais:

COPAM Triângulo Mineiro com sede em Uberlândia

COPAM Sul de Minas com sede em Varginha

COPAM Zona da Mata com sede em Ubá

COPAM Alto São Francisco com sede em Divinópolis

COPAM Leste de Minas com sede em Governador Valadares

COPAM Norte de Minas com sede em Montes Claros

COPAM Jequitinhonha com sede em Jequitinhonha

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SISTEMA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE

DE MINAS GERAIS

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SECRETARIA DE ESTADO DE

MEIO AMBIENTE E

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

SEMADCONSELHO ESTADUAL DE

POLÍTICA AMBIENTAL

COPAM

CONSELHO ESTADUAL DE

RECURSOS HÍDRICOS

CERH

INSTITUTO ESTADUAL

DE FLORESTA

IEF

FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE

FEAM

INSTITUTO MINEIRO

DE GESTÃO DAS ÁGUAS

IGAM

Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM

O COPAM – Conselho Estadual de Política Ambiental, criado em 29 de abril de 1977 é um conselho participativo, deliberativo e paritário composto por 34 (trinta e quatro) conselheiros, sendo 17 (dezessete) representantes do setor público – níveis federal (2), estadual (14) e municipal (1) – e 17 (dezessete) da sociedade civil com representantes do setor produtivo (4), das entidades ambientalistas (3),das associações de profissionais liberais (3) e de cientistas e pessoas de notório saber na área (3), dos pescadores (1), de associações florestais (1), dos trabalhadores (1) e dos municípios (1).

Deliberativo

Poder concedente das licenças ambientais:

- Poder de autorização para a instalação e operação de atividades potencialmente degradadoras do meio ambiente;

- Poder de Polícia Administrativa: poder de aplicação de penalidades – advertências,multas e suspensão de atividades.

A composição do Copam é a seguinte:

I. Representantes Governamentais

I - 1 Governo Estadual:

Secretarias de Estado de:

Meio Ambiente de Desenvolvimento Sustentável - Presidente Planejamento e Coordenação Geral Indústria e Comércio * Minas e Energia * Agricultura , Pecuária e Abastecimento Transporte e Obras Públicas Desenvolvimento Regional e Políticas Urbanas Ciência e Tecnologia Saúde Educação Cultura Procuradoria Geral de Justiça (Ministério Público)

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Defesa Social, Através :

- Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais - CBMMG

- Polícia Militar do Estado de Minas Gerais – PMMG

Representante do Legislativo:Presidente da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais;

I.2 Governo Federal

Ministério do Meio Ambiente - MMA

Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM

I.3 Municípios

Representante Governamental do Conselhos Municipais de Meio Ambiente

II. Representantes da Sociedade Civil

Federação das Indústrias de Minas Gerais – FIEMG Associação Comercial de Minas – ACM Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais – FAEMG Instituto Brasileiro de Mineração – IBRAM Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado de Minas Gerais –

FETAEMG Associações legalmente constituídas para a defesa do ambiente - 3 cadeiras Cientistas ou pessoas de notório saber - 3 cadeiras Entidades civis representativas de categorias profissionais ligados à proteção do

meio ambiente - 2 cadeiras Representante de Associações não Governamentais especializada em

saneamento e recursos hídricos Associações de Pescadores amadores e profissionais Associações Florestais Um representante não Governamental dos Conselhos Municipais de Meio

Ambiente.

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Dinâmica

O COPAM se subdivide em sete Câmaras Especializadas onde os Conselheiros são distribuídos em função de suas maiores afinidades com os temas. Esta divisão orgânica confere grande agilidade ao sistema.

As reuniões ordinárias do Plenário do COPAM são trimestrais e realizam-se nas últimas terças-feiras do trimestre. As Câmaras Especializadas reúnem-se ordinariamente uma vez por mês.

Os órgãos Seccionais, assim denominados os órgãos técnicos do COPAM, são a FEAM, o IEF e o IGAM.

A FEAM

Secretaria três das sete câmaras especializadas do Conselho Estadual de Política Ambiental do Estado de Minas Gerais – COPAM, quais sejam: (Agenda Marrom)

Atividades Industriais – CID;

Atividades Minerarias – CMI;

Atividades de Infra-estrutura – CIF

O IEF tem duas secretaria : (Agenda Verde)

Proteção à Biodiversidade – CPB

Atividades Agrossilvopastoris – CAP

O IGAM uma: (Agenda Azul).

Recursos Hídricos – CRH

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A Câmara de Política Ambiental – CPA e as reuniões plenárias do COPAM são secretariadas pela SEMAD .

O COPAM central, e suas câmaras especializadas, com sede em Belo Horizonte, permanece como única instância colegiada para a região das bacias dos rios das Velhas e Paraopeba, além de se constituir instância recursal para as deliberações dos Copams regionais.

5 - Licenciamento Ambiental

A necessidade de autorização ambiental – sistema de licenciamento – para qualquer atividade potencialmente poluidora ou degradadora ambiental se instalar no Estado, proporciona uma demanda de análise de estudos e projetos bastante elevada no sistema, requerendo competência e agilidade para atender usuários cada vez mais exigentes , que pagam por estes serviços .

A FEAM procede a análise dos processos de licenciamento ambiental de indústrias, minerações, rodovias, barragens, loteamentos, linhas de transmissão e infra-estrutura de saneamento básico (água, lixo, esgoto e drenagem). As atividades agrossilvipastoris são analisadas pelo IEF.

O licenciamento ambiental ainda se constitui no principal instrumento de controle ambiental utilizado no país e também no Estado de Minas Gerais, uma vez que propicia além de ações preventivas – no caso de novos empreendimentos – ações educativas e corretivas para aqueles que se instalaram ou iniciaram sua operação em desacordo com a legislação ambiental. Por isso, cabe destacar que o objetivo primordial da ação fiscalizadora das atividades potencialmente degradadoras do meio ambiente é verificar a sua conformidade com o licenciamento ambiental.

O licenciamento ambiental compreende três fases: em uma primeira fase se discute a viabilidade ambiental do empreendimento, através dos Estudos de Impacto Ambiental/EIA e respectivo Relatório de Impacto Ambiental / RIMA para os projetos mais complexos, ou do Relatório de Controle Ambiental/RCA para projetos mais simples. Nessa fase, chamada de Licença Prévia - LP, não há, ainda, necessidade de se analisarem os projetos executivos, mas apenas os estudos de concepção ou o anteprojeto do empreendimento.

É durante a análise da Licença Prévia que poderá ocorrer a audiência pública, quando o projeto e seus estudos ambientais são discutidos com as comunidades interessadas. A LP não concede nenhum direito de intervenção no

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meio ambiente, já que se refere a uma fase ainda conceitual. Dessa forma, o certificado de LP não tem valor específico para a ação fiscalizadora, porquanto não permite nem a instalação, nem a operação de quaisquer empreendimentos.

À segunda fase, denominamos Licença de Instalação - LI. É quando são analisados os projetos executivos de controle ambiental sendo avaliada a sua eficiência, conforme tenha sido prevista na fase anterior. Os documentos contendo os projetos executivos e o detalhamento das medidas mitigadoras e compensatórias compõem o Plano de Controle Ambiental - PCA.

A LI concede o direito para a instalação do empreendimento, ou seja, a implantação do canteiro de obras, movimentos de terra , cortes e aterros , abertura de vias , construção de edificações , galpões , maciços de terra , diques , barragens , montagens de equipamentos , enfim todas as obras necessárias ao empreendimento. A LI dispõe sobre as obrigações do empreendedor no que se refere aos cuidados ambientais para a execução dessas obras, assim como aos tratamentos e disposição final dos resíduos sólidos, líquidos e atmosféricos. Nessa fase a fiscalização pode ser feita de forma objetiva, solicitando-se ao empreendedor o certificado de LI. A falta desse certificado ou a implantação em desacordo com o previsto, torna as obras passíveis de autuação e embargo. A LI não permite a operação do empreendimento, nem para fins de testes ou quaisquer experimentos; nenhuma produção é permitida com apenas o certificado de LI.

A terceira fase, denominada Licença de Operação - LO é comparável ao “Habite-se”. Nessa fase a fiscalização vai ao campo para verificar se os projetos de controle foram implantados conforme aprovados na fase anterior. Faz-se necessária nessa fase a vistoria de campo para verificar a conformidade do empreendimento com a legislação ambiental vigente , conforme as premissas dos estudos ambientais – EIA/RIMA, RCA, PCA – e demais condicionantes porventura estabelecidas nas fases anteriores. Entretanto, nessa fase, pode-se também realizar fiscalizações objetivas, exigindo-se apenas o certificado de LO ou a verificação do funcionamento do empreendimento conforme as premissas do licenciamento ambiental. Todos os empreendimentos potencialmente degradadores do meio ambiente instalados no Estado de Minas Gerais , a partir de março de 1981 , estão obrigados a disporem de LO para funcionarem. A falta desse certificado torna o empreendimento passível de autuação e embargo de seu funcionamento; os anteriores a essa data devem primeiramente ser convocados pelo órgão ambiental.

Em Minas Gerais o licenciamento ambiental é de competência do Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM que conforme já mencionado é um conselho normativo e deliberativo, formado por um Plenário composto por 34 Conselheiros que representam os mais diversos segmentos do Governo e da Sociedade Civil. A sua estrutura orgânica, através de sete Câmaras técnicas e das Unidades Regionais Colegiadas, permite uma dinâmica ágil e eficiente.

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Junto ao COPAM atuam a FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente, o IEF – Instituto Estadual de Florestas e o IGAM – Instituto Mineiro de Gestão das Águas, órgãos técnicos executivos que são responsáveis pela elaboração de pareceres técnicos e jurídicos que irão fornecer subsídios para as decisões sobre o licenciamento ambiental, autorização para exploração florestal - APEF e concessão de outorgas de direito de uso de recursos hídricos. Esses órgãos seccionais verificam se o tipo de empreendimento e o local de sua instalação estão de acordo com as normas existentes estaduais e federais, e municipais de uso do solo, promovem audiências públicas sobre o projeto e procedem à avaliação dos seus impactos ambientais.

Todas as informações administrativas e pareceres técnicos e jurídicos são incorporados aos processos que são submetidos à apreciação das Câmaras Especializadas do COPAM para deliberarem sobre a concessão da licença ambiental competente

Os Planos de Controle Ambiental decorrentes do licenciamento têm permitdo reduções significativas de emissões de cargas poluidoras para o ar, as águas e o solo, além de outros ganhos importantes com a recuperação de áreas degradadas, criação de unidades de conservação e programas de conscientização e educação ambiental.

O licenciamento ambiental em Minas Gerais vem se consolidando cada vez mais como um processo de agregação de valor aos projetos de controle, permitindo reduções significativas e consequentemente maior competitividade.

A base legal para o desenvolvimento destas ações é a Lei n0 7.772 de 08/09/80, os Decretos nº 39. 424 de 5 de fevereiro de 1998 e nº 43.127 de 27 de dezembro de 2002 que alteraram e consolidaram o Decreto 21.118 de 10/03/81 que a regulamentou, a Resolução CONAMA nº 237/97 que fez a revisão do sistema nacional de licenciamento ambiental e as Deliberações Normativas do COPAM , principalmente a DN 01/90, em fase de revisão.

A Resolução SEMAD nº146 de 05 de junho de 2003 regulamentou os procedimentos para a integração do licenciamento ambiental com a autorização para exploração florestal – APEF e com a outorga do direito de uso de recursos hídricos.

A discussão das partes no processo de licenciamento ambiental leva à construção de um pacto na fase de Licença Prévia, quando são definidas as

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condições de viabilidade ambiental. Estas condições são chamadas de condicionantes.

As condicionantes são geralmente decorrentes de restrições com vistas à redução de impactos negativos (medidas mitigadoras) ou de compensação para impactos negativos não mitigáveis ou de mitigação insuficiente ou, ainda, no caso de haver necessidade de promover os impactos positivos ( medidas compensatórias).

Entretanto, não raro falhas ou lacunas de estudos ambientais têm sua regularização postergada para as fases seguintes sob a forma de condicionantes, tornando-se um vício corrente na prática dos órgãos ambientais (pseudo condicionantes). Se por um lado muitas são regularizadas com certa facilidade, outras geram dificuldades futuras de difícil solução. Além disso, existem as demandas oportunistas que confundem direitos e deveres de empreendedores e órgãos públicos com permuta de favores.

6 - Licenciamento Corretivo

Para os empreendimentos instalados anteriormente à legislação ambiental (março 1981), é adotado o licenciamento corretivo através de convocação para registro. Assim sendo, esses empreendimentos só têm obrigação de apresentarem LO, se tiverem sido convocados para registro pelo COPAM ou por seus órgãos seccionais.

A data de início de atividade também pode ser verificada a partir do alvará municipal, outro documento indispensável para instalação e funcionamento dos empreendimentos.

Muitas vezes, mesmo para empreendimentos posteriores a março de 1981 é aplicado o licenciamento corretivo, conforme prevê o Decreto n0 21.228 modificado pelos decretos 32.566 e 39.424.

Para os empreendimentos que se instalam e entram em operação sem licença ambiental, o licenciamento também será corretivo, sendo os estudos e projetos analisados e a vistoria de campo realizada em uma única fase, denominada Licença de Operação corretiva. Para os empreendimentos que iniciam sua instalação sem LI, aplica-se a Licença de Instalação corretiva.

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7 – A Revisão do Sistema Nacional de Licenciamento Ambiental

A Resolução CONAMA nº 237 de 19 de dezembro de 1997 que dispôs sobre a revisão do sistema nacional de licenciamento ambiental previu a listagem das atividades passíveis de licenciamento ambiental no país e deu competência aos órgãos estaduais e municipais para definir detalhamentos e complementações necessárias, levando em consideração as especificidades, os riscos ambientais ,o porte e outras características do empreendimento ou atividade.

Para o Estado de Minas Gerais as atividades passíveis de licenciamento ambiental são as listadas a seguir, com apenas dois dígitos, estando o seu detalhamento completo na DN nº 01/90 *, com sete dígitos.

Listagem de atividades passíveis de licenciamento ambiental

00 - Extração e Tratamento de Minerais

10 - Indústria de Produtos Minerais Não Metálicos

11 - Indústria Metalúrgica

12 - Indústria Mecânica

13 - Indústria de Material Elétrico e Comunicações

14 - Indústria de Material de Transporte

15 - Indústria de Madeira

16 - Indústria de Mobiliário

17 - Indústria de Papel e Papelão

18 - Indústria de Borracha

19 - Indústria de Couros e Peles e Produtos Similares

20 - Indústria Química

21 - Indústria de Produtos Farmacêuticos e Veterinários

22 - Indústria de Perfumaria, Sabões e Velas

23 - Indústria de Produtos de Materiais Plásticos

24 - Indústria Têxtil

25 - Indústria de Vestuário, Calçado e Artefatos de Tecidos

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26 - Indústria de Produtos Alimentares

27 - Indústria de Bebidas e Álcool Etílico

29 - Indústria de Fumo

31 - Indústria Diversas

34 - Construção Civil

35 - Serviços Industriais de Utilidade Pública

43 - Comércio Atacadista

47 - Transportes e Terminais

53 - Serviços Pessoais

55 - Serviços Auxiliares Diversos

58 - Serviços Auxiliares de Atividades Econômicas

61 - Serviços Comunitários e Sociais

62 - Serviços Médicos e Veterinários

70 - Administração Pública, Defesa e Segurança

76 - Beneficiamento de Resíduos

91 - Atividades Diversas

92 - Atividades Agropecuárias

As competências entre os níveis federal, estadual e municipal são as seguintes:

I - Federal (IBAMA)

– localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; no mar territorial; na plataforma continental; na zona econômica exclusiva; em terras indígenas ou em Unidades de Conservação do domínio da União

– localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados, cujos impactos ambientais diretos ultrapassam os limites territoriais do País ou de um ou mais Estados

– Pesquisa, lavra, produção, beneficiamento, transporte, armazenamento ou disposição de material nuclear

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II - Estadual (órgãos estaduais de meio ambiente)

– localizadas ou desenvolvidas em mais de um Município ou em Unidade de Conservação de domínio estadual, cujos impactos ambientais diretos ultrapassam os limites territoriais de um ou mais Municípios delegados pela União aos Estados por instrumento legal ou Convênio

– localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de vegetação natural de preservação permanente relacionada no art. 2º da Lei nº 4.771 de 15-9-65 e em todas as que assim forem consideradas por normas federais, estaduais ou municipais.

III - Municipal (órgãos municipais de meio ambiente)

– empreendimentos e atividades de impacto local

– delegadas pelo Estado por instrumento legal ou Convênio

8 - Prazos de Análise

Os prazos de análise são de até 180 (cento e oitenta ) dias a partir da formalização do pedido da licença, acompanhado de toda a documentação solicitada, para cada um a das fases. Os prazos ficam suspensos no período em que o empreendedor esteja providenciando informações complementares, porventura solicitadas. Para observar melhor esses prazos veja o exemplo para orientação do licenciamento das atividades industriais editado pela FEAM, a seguir.

“O Licenciamento Ambiental é um dos mais eficazes instrumentos da política ambiental para a viabilização do desenvolvimento sustentavel e está dividido em três etapas:

Na 1ª etapa – denominada Licença Prévia – discute-se basicamente as alternativas de concepção e de localização do empreendimento, seus impactos positivos e negativos e as medidas mitigadoras necessárias. Dependendo do porte do empreendimento, a análise do licenciamento far-se-á a partir do Relatório de Controle Ambiental – RCA ou dos Estudos de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental – EIA/RIMA. Nessa fase não há necessidade de projetos executivos, bastando anteprojetos ou relatórios de concepção.

A LP não concede direito a qualquer intervenção ou início das obras.Prazo: até 180 dias a partir da formalização do pedido com toda a documentação completa

Na 2ª etapa – denominada Licença de Instalação – procede-se à análise dos projetos

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executivos para verificar se estão consoantes à concepção aprovada na etapa anterior. A análise dessa Licença é feita com base no Plano de Controle Ambiental – PCA, que consiste do projeto com o detalhamento dos sistemas de controle e das medidas mitigadoras propostos, com os respectivos cronogramas de implantação.

Prazo: até 180 dias a partir da formalização do pedido com toda a documentação completa.

Na 3ª etapa – denominada Licença de Operação – obtém-se a LO com base na verificação da execução das obras e de outras medidas mitigadoras de acordo com os projetos aprovados, equivalendo-se ao conhecido “Habite-se” dos projetos de edificações.

Prazo: até 180 dias a partir da formalização do pedido com toda documentação completa, e para processos com exigência de EIA/RIMA ou Audiência Pública, os prazos para análise poderão ser de até 12 meses.

PARA O LICENCIAMENTO AMBIENTAL O ROTEIRO É O SEGUINTE:

1. O empreendedor preenche o Formulário de Caracterização de Empreendimento –FCE e o entrega devidamente preenchido e assinado à DIINF.

2. A DIINF remete ao empreendedor Formulário de Orientação Básica – FOB detalha os tipos de estudos e a documentação necessários à formalização do processo de licenciamento a ser protocolado na DIINF/FEAM. Esse procedimento se repete para cada uma das etapas do licenciamento. Todas essas comunicações podem ser feitas por fax ou e-mail.

3. O empreendedor solicita a licença do requerimento acompanhada de toda a documentação discriminada no Formulário de Orientação Básica.

4. A FEAM analisa os estudos e a documentação apresentados e realiza vistoria técnica, quando for o caso.

5. A FEAM solicita, se necessário, informações complementares ao empreendedor; este

terá um prazo de até 120 dias para entregar a documentação. Nesse período a contagem de tempo é suspensa.

6. O interessado protocola as informações complementares solicitadas.7. A FEAM elabora pareceres Técnico e Jurídico.8. A Câmara Especializada de Atividades Industriais – CID do COPAM ou a FEAM, em

certos casos, apreciam o processo de licenciamento deferindo ou indeferindo.9. A FEAM, em nome do COPAM, emite certificado de Licenciamento “

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5.2 Ecologia Aplicada

Fundamentos da Ecologia

Antiguidade: o homem observava os animais, as plantas, os fenômenos naturais. Com base nesses fenômenos, planejava o plantio, colheita, etc. No século XVII e XVIII estudiosos da época procuravam compreender as relações na natureza.

Século XIX

Primeiro passo para compreensão dos fenômenos ecológicos. O naturalista alemão Alexander Von Humboldt em uma viagem pelas florestas tropicais da América do Sul, fez observações metódicas do ambiente. Sugeriu haver uma relação estática entre o ambiente e os seres vivos que ali habitavam.

Idéias de Charles Darwin contribuíram para a compreensão de que o meio sofre mudanças contínuas por influência do clima e dos próprios seres vivos, e que as espécies também sofrem modificações.Bem como Ernest Haeckel, que também percebeu que o meio sofre modificações.

Final do século XIX e início do século XX:

A ecologia foi reconhecida como ciência. A expansão desses conhecimentos permitiu o estudo mais detalhado das interações entre as espécies e o meio.Na década de 60: A palavra ecologia foi mais difundida na sociedade.

Na década de 70: Foi intensificada a retirada de recursos da natureza devido a crescente industrialização. Necessidade de se pensar em medidas para administrar os recursos naturais.

Na década de 80: Constituição Federal de 1988: possibilitou aos municípiosassumirem posição mais ativa nas questões ambientais.

Conceituações da Ecologia:

A palavra Ecologia provém de dois termos gregos: Oikos (casa) e logos (estudo).

A Ecologia é o estudo das inter-relações entre os seres vivos e os fatores não vivos do meio. Os fatores não vivos interferem nos seres vivos e estes

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também modificam o ambiente. Entendendo como funciona essa relação

na natureza, o homem tem possibilidades de interferir na natureza de modo consciente preservando-a.

Exemplificando:

(interações entre seres vivos e fatores não vivos)

O tipo de planta que cresce no solo de florestas, depende da quantidade de luz que chega ao chão. Os organismos que vivem numa lagoa modificam a concentração de oxigênio da água. Dependendo da quantidade de luz vai haver maior ou menor taxa de oxigênio disponível.

*Usos indevidos da palavra ecologia

“O desmatamento altera a ecologia da região”.

O desmatamento prejudica o equilíbrio natural e não a ecologia que é uma ciência.

Áreas de estudo da Ecologia

Auto – ecologia: Estudo das espécies de modo individual

Ecologia descritiva: Relaciona e descreve os tipos de vegetais e animais de um ambiente e as interações que eles estabelecem entre si.

Ecologia das populações: Estuda as populações e suas variações numéricas

Sinecologia: Estudo das comunidades ecológicas;

Ecologia ecossistêmica: Estuda os ecossistemas individualmente ou em conjunto. Essa área de estudo foi organizada a partir da década de 40 com os trabalhos de Eugene Odum. (SARIEGO, 1994);

Conceitos básicos em Ecologia

Componentes bióticos: São todos os seres vivos que habitam determinado ecossistema. Animais, plantas, microrganismos.

Organização do ser vivo: células à tecido à órgão à sistemas à organismo

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Organização dos níveis em Ecologia: população à comunidade à ecossistema à biosfera

População: grupos de indivíduos de mesma espécie que vivem em uma determinada área.

Comunidade ou Biocenose: Conjunto de populações de determinada área. Pode ser representada pelos habitantes de uma floresta, campo, lago, rio ou cidade.

Componentes Abióticos: São os aspectos físicos e geoquímicos do ecossistema,como água, solo, luminosidade, temperatura, ar.

Ecossistema: termo que surgiu em 1935. É o conjunto formado pela comunidade e pelo ambiente. É o conjunto das influências mútuas existentes entre a comunidade ( biocenose) e o mundo físico( biótopo).

Biosfera: Conjunto formado por todos os ecossistemas da Terra. É a porção do planeta habitada por seres vivos.

Habitat: lugar do ecossistema em que vive um organismo.

Nicho Ecológico: É o modo de vida do organismo no seu habitat. O que ele come, em que momento do dia (hábitos noturnos ou diurnos), seus inimigos naturais, época do ano que se reproduz.

ATIVIDADES :

Considerando os conceitos apresentados até o momento, quais estão implícitos na seguinte afirmação?

“As populações daquele ambiente pertencem a diferentes espécies de animais e vegetais, que se relacionam com os demais componentes do meio, como água, solo, ar”.

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PRINCÍPIO DE GAUSE

Duas espécies diferentes podem ter o mesmo habitat com nichos ecológicos diferentes. Se as espécies tiverem o mesmo nicho ecológico por muito tempo haverá competição entre elas em todos os níveis. A competição pode levar a três diferentes situações: uma delas pode desaparecer; uma espécie ser expulsa do território; uma ou ambas se adaptarem ao nicho em função da competição.

ATIVIDADES

Observe a figura do pardal e do tico-tico

Após a leitura do texto, discuta o princípio de Gause em relação à situação apresentada;

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COMPONENTES DE UM ECOSSISTEMA

Formado por componentes bióticos e abióticos.

Bióticos: produtores, consumidores, decompositores.

Produtores (autótrofos): produzem matéria orgânica a partir de substâncias inorgânicas. De acordo com a fonte de energia podem ser fotossintetizantes (obtém energia da luz solar) ou quimiossintetizantes (obtém energia de substâncias químicas oxidadas).

Ecossistemas aquáticos:

produtores são principalmente as algas;

Ecossistemas terrestres:

plantas clorofiladas;

Consumidores: Todos os organismos heterótrofos de um ecossistema. Dependem do alimento produzido pelos produtores. Os consumidores são, todas as bactérias sem clorofila, protozoários, fungos e animais.

Podem ser classificados em:

Decompositores: São fungos e bactérias. São heterótrofos. No processo de alimentação degradam a matéria orgânica em produtos inorgânicos.

ATIVIDADES

Observe a figura: Que relação existe entre ela e o equilíbrio na natureza?

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FLUXO DE ENERGIANOS ECOSSISTEMAS

O sol é fonte primária de energia. A energia luminosa é captada pela plantas clorofiladas para a realização da fotossíntese.

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FOTOSSÍNTESE

O que a planta utiliza? CO2 + H2O + luz solar + clorofilas

O que a planta produz? Glicose + O2

Cada componente da cadeia, em suas atividades, consome energia adquirida dos alimentos. Cada consumidor transfere para o nível trófico seguinte, apenas parte da energia recebida.

A energia tem um fluxo decrescente ao longo da cadeia alimentar. A outra parte dessa energia é transformada em calor e liberada para o ambiente.

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A energia é unidirecional, tem início com a captação da energia luminosa etermina com a ação dos decompositores.

CICLO DO OXIGÊNIO

Encontrado na atmosfera, dissolvido na água e em algumas substâncias inorgânicas como H2O e o CO2. Estas substâncias estão constantemente trocando átomos na atmosfera.

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Retiram o2 da atmosfera:

- Respiração dos seres vivos;

- Combustão;

- Formação de óxidos metálicos.

Devolvem o o2 para atmosfera:

Ação fotossintética dos produtores (vegetais e algas unicelulares);

ATIVIDADES :

Com base nos ciclos do Carbono e Oxigênio, que relação existe entre queima de combustíveis fósseis, efeito estufa, fotossíntese e estes dois ciclos?

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RELAÇÕES ENTRE OS SERES VIVOS

As interações entre os organismos de uma comunidade biológica são chamadas relações ecológicas. Essas relações são classificadas em dois tipos: relações intra-específicas e relações interespecífica.

-Intra-específica: relação entre indivíduos de mesma espécie

-Interespecífica: relação entre indivíduos de espécies diferentes.

As relações entre os seres vivos podem ser classificadas também em relações Harmônicas e Desarmônicas.

Harmônicas: Não causam prejuízos;

Desarmônicas: Uma das espécies é prejudicada.

5.3 Gestão da Biodiversidade

5.3.1 Conceito:44

Biodiversidade

Variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte.

-número (riqueza) de diferentes categorias biológicas.

-abundância relativa (equitabilidade) dessas categorias.

-variabilidade ao nível local (alfa diversidade).

-complementaridade biológica entre habitats (beta diversidade).

-variabilidade entre paisagens (gama diversidade).

Biodiversidade inclui, assim, a totalidade dos recursos vivos, ou biológicos, e dos recursos genéticos e seus componentes.

Brasil = uma das maiores biodiversidades do Mundo = 13% da biota mundial.

ATIVIDADES

Baseado nesta imagem, diga como podemos definir biodiversidade.

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Área de Proteção Ambiental (APA)

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Surgiu no início dos anos 80 (Artigo 8o da Lei Federal no 6.902, de 27/04/1981), como instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente destinados à conservação ambiental. No Brasil, existem cerca de 40 APAs.

É uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

Reservas Biológicas

Tem como objetivo a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana diretaou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais. É de posse e domínio públicos.

ATIVIDADES

Como se diferencia Área de Proteção Ambiental de Reserva Ambiental?

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Vocês poderiam citar alguma APA ou reserva existente na sua região.

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Fragmentação

Descreve o aparecimento de descontinuidades (fragmentação) no meio ambiente de um organismo. Freqüentemente causada pelos humanos quando a vegetação nativa é removida para instalar produção agrícola, desenvolvimento rural ou planejamento urbano.

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Fragmentos florestais sofrem pressões diversas que resultam em perda de diversidade biológica. A pressão antrópica, o aumento do efeito de borda, associado à diminuição da área do fragmento, e a remoção da fauna que, entre outros serviços prestados, poliniza e dispersa frutos e sementes, são responsáveis pela extinção local de espécies vegetais. Estes processos acarretam na diminuição da capacidade dos fragmentos em dar suporte à vida animal, criando um efeito negativo sobre outros níveis tróficos. Este processo em cascata culmina em perda de biodiversidade.

Efeito de Borda

Uma alteração na estrutura, na composição e/ou na abundância relativa de espécies na parte marginal de um fragmento.Essa alteração depende do tamanhoe da forma do fragmentos vegetais.

Corredores Ecológicos

Uma grande extensão de ecossistemas naturais interligados por um conjunto de unidades de conservação tanto públicas quanto particulares, que permite uma maior oxigenação genética, possibilitando a manutenção da biodiversidade com seus processos evolutivos. Foram criados para a proteção das florestas tropicais.

Objetivos

A conservação in situ da biodiversidade de determinada área natural, através da integração das unidades de conservação.

Implementação de unidades modelos em áreas de alta prioridade de biodiversidade.

Incentivar a expansão de RPPNs (Reserva Particular do Patrimônio Natural) e preservar grandes blocos de florestas através da integração das populações envolvidas.

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ATIVIDADES

Como a fragmentação e o efeito de borda influenciam na diversidade biológica?

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6. Módulo II

6.1 Responsabilidade Socioambiental e Desenvolvimento Sustentável

O que é? Responsabilidade socioambiental pode ser conceituada como um conjunto

de ações que promovam o desenvolvimento em comprometimento com as questões relativas ao meio ambiente e às questões sociais.

Como surgiu?Devido a uma necessidade (demanda) de mercado, na qual os

consumidores passaram a delimitar a escolha de seus produtos de acordo com a responsabilidade das empresas em termos sociais e ambientais. No Brasil este fenômeno é recente.

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Formas de atuaçãoAs empresas devem atuar internamente e externamente no sentido de

disseminar e aplicar metodologias que configurem a responsabilidade sócio-ambiental; – Devem também contribuir para a criação de uma rede de relacionamentos entre os diversos atores como forma de compartilhamento das ações e distribuições de papéis.

Os benefícios?

Desenvolvimento do capital humano; Desenvolvimento para pesquisas de novas tecnologias; Expansão da consciência ambiental; Melhoria da imagem das empresas junto aos consumidores e opinião pública; Redução da poluição; Reutilização dos recursos naturais (água, etc.); Otimização do uso de energia.

Reflexão:Dizer que a vida psíquica e intelectual do homem está indissoluvelmente

ligada à natureza, não significa outra coisa senão que a natureza está indissoluvelmente ligada com ela mesma, pois o homem é parte da Natureza.

Karl Marx, Manuscritos de 1844.

A Educação Ambiental permeando a Responsabilidade Socioambiental

É sabido que o termo Responsabilidade Socioambiental tem sido adotado desde a década de 1990, entretanto a luta pela sociedade e principalmente pela natureza é mais antiga, contudo “há quem sustente que os povos que se sentem parte da natureza apresentam um comportamento mais prudente em relação ao meio ambiente e utilizam seus recursos com parcimônia”. (BARBIERI, 2007, p.07)

Na atualidade, muitas empresas estão preocupadas em desenvolver atividades e/ou ações que despertem tanto intra quanto extraempresa (entorno) adoção de propostas que possam contribuir para minimizar seus impactos ambientais adversos, maximizar os benefícios e tornar a sociedade mais justa.

Vale salientar que o lixo gerado pela população cada vez mais está composto por restos de embalagens e de produtos industriais, e que o uso de

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inseticidas, herbicidas, fertilizantes, implementos e outros produtos industrializados fez com que a agricultura se tornasse uma atividade intensiva de degradação ambiental. O mesmo pode-se dizer da pesca, dos transportes e inclusive das atividades comerciais e de serviço. Grande parte dos problemas ambientais produzidos por agências bancárias, escritórios, consultórios, lojas, escolas, repartições públicas, hotéis, hospitais, aeroportos e outros estabelecimentos de serviço se devem aos materiais industrializados que dão suporte às suas atividades.

Sendo assim, para toda essa era pós-revolução industrial é que entra a educação ambiental como fonte (não salvadora da Pátria) de auxílio para amenizar a produção de resíduos gerados, a preocupação com a área urbana e com a rural – alertando as pessoas que só temos uma terra para viver e sobreviver, onde temos recursos naturais (fig.02) renováveis e não renováveis.

Os recursos naturais (apresentados na figura 02) são classificados em renováveis (energia solar, ar, plantas, águas, animais e outros) e não renováveis (areia, argila, minérios, carvão mineral, petróleo e outros). Esta classificação, conforme Barbieri (2008, p. 09), “deve ser vista com reserva, pois ela depende de uma escala temporal humana”.

Entende-se por recurso natural aquele que pode ser obtido indefinidamente de uma mesma fonte, enquanto o não renovável possui uma quantidade finita, que em algum momento irá esgotar se for continuamente explorado. Porém, todos os recursos podem se renovar através de ciclos naturais, embora alguns possam levar até milhões de anos, o que é impossível para o padrão humano de tempo.

Ecoeficiência como performance ambiental

O termo Ecoeficiência surgiu no ano de 1992 em um informe do Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, informe denominado de “Mudando o Curso”. Dias (2008, p.130) afirmava que seriam chamadas empresas ecoeficientes as empresas que atingissem de forma contínua maiores níveis de eficiência, evitando a contaminação mediante a substituição de materiais, tecnologias e produtos mais limpos, e a busca do uso mais eficiente, com a recuperação dos recursos através de uma boa gestão.

A partir deste momento, o conceito de ecoeficiência vem sendo trabalhado e desenvolvido pelo Word Business Council for Sustainable Development (WBCSD) e outras organizações. Dias (2008) comenta ainda que em 1993 ocorreu o

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primeiro workshop sobre ecoeficiência e os participantes elaboraram a seguinte definição:

A eco-eficiência atinge-se através da oferta de bens e serviços a preços competitivos, que, por um lado, satisfaçam as necessidades humanas e contribuam para a qualidade de vida e, por outro, reduzam progressivamente o impacto ecológico e a intensidade de utilização de recursos ao longo do ciclo de vida, até atingirem um nível, que, pelo menos, respeite a capacidade de sustentação estimada para o planeta Terra (DIAS, 2008, p.130).

Ao observar esta construção conceitual verificam-se três objetivos centrais, sendo:

1 – redução do consumo de recursos: inclui amenizar/minimizar a utilização de energia, materiais, água e solo, favorecendo a reciclagem e a durabilidade do produto e fechando o ciclo dos materiais;

2 – redução do impacto na natureza: inclui a minimização das emissões gasosas, descargas líquidas, eliminação de desperdícios e a dispersão de substâncias tóxicas, assim como impulsiona a utilização sustentável dos recursos renováveis;

3 – melhoria do valor do produto ou serviços: significa oferecer serviços concentrando-se em vender as necessidades funcionais de que os clientes necessitam, o que levanta a possibilidade de o cliente receber a mesma necessidade funcional com menos materiais e menor utilização de recursos.

A ecoeficiência se alcança pela entrega de produtos e serviços com preços competitivos que satisfaçam as necessidades humanas e melhorem a qualidade de vida, enquanto reduzem progressivamente os impactos ambientais e a intensidade dos recursos ao longo de seu ciclo de vida para no mínimo manterem a capacidade de carga estimada do Planeta. Conforme Barbieri (2008, p.138), uma empresa se tornaria ecoeficiente, conforme dados da WBCSD, por meio de práticas voltadas para:

1 – minimizar a intensidade de materiais nos produtos e serviços;2 – diminuir a demanda intensa de energia;3 – reduzir a dispersão de substância tóxica;4 – aumentar a reciclabilidade dos seus materiais;5 – maximizar o uso sustentável dos recursos renováveis;6 – aumentar a durabilidade dos produtos da empresa;7 – incrementar a intensidade dos serviços.

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Em síntese, a ecoeficiência se baseia na idéia de que a redução de materiais e energia por unidade de produto ou serviço aumenta a competitividade da empresa, ao mesmo tempo em que reduz as pressões sobre o meio ambiente, seja como fonte de recurso, seja como depósito de resíduos.

ATIVIDADES

Vale a pena pensar: Qual é o meu papel em meio a todos estes conceitos da ecoeficiência? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Qual é a relação entre o meu cotidiano e o meio ambiente?_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Por diversas vezes, nos remetemos à responsabilidade de outros sem olhar para os nossos hábitos em casa, no trabalho e na comunidade. Descubra qual o impacto de pequenos gestos do nosso dia-a-dia na natureza, pois nossa caminhada pela Terra deixa “rastros”, “pegadas”, que podem ser maiores ou menores, dependendo de como caminhamos.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A formação é um meio para se conseguir criar e aplicar formas cada vez mais sustentáveis de interação entre sociedade e natureza, buscando soluções para problemas ambientais . Porém, a educação sozinha não é suficiente para mudar os rumos do planeta.

Como já dizia o pai da química, Antoine Laurent Lavoisier, nas ultimas décadas do século XVIII, em sua conhecida lei da conservação da matéria: “ Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma “. Hoje, no século XXI, a surpreendente quantidade de lixo produzido nas nossas cidades e a sensibilização de que é preciso reciclar e reutilizar materiais e produtos como forma de promover o moderno conceito de sustentabilidade, faz com que a frase ganhe fôlego renovado e seja novamente entoada.

Existem boas perspectivas para a melhoria da qualidade do meio ambiente e por conseqüência da qualidade de vida. Pode-se pelo conjunto de ações, determinar o ambiente futuro, e este é um grande desafio, que reconhece ser a Educação Ambiental através da Responsabilidade Socioambiental o valioso instrumento para informar, sensibilizar e estimular a todos na participação desta caminhada em busca da qualidade ambiental.

8. BIBLIOGRAFIA:

MILLER JÚNIOR,G. Tyler. Ciência Ambiental. São Paulo : Thomson Learming,2007;

BARBIERI, José Carlos. Desenvolvimento e Meio Ambiente: Ed Petrópolis: Vozes 2000.

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