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S. FAUJ_9!( Brasil) Sabbados 2 de dezembro de 1911 ANNO XI-NUMERO 115 EedacçSo, Administração e Officinas Largo da n. 5 (Sobrado) CAIXA POSTAL, 195 Endereço telegraphico : LANTERNA Tod» ¦ correspondência dava sar dirigida ao DIRECTOR : B3IX&AH&D EBUUKJBOTH - Appercce ao» sabbad|^ PREÇOS DK ASSIGNATURAS ANNOIO$d SEMKSTRE 6$q PAGAMENTO ADIANTADÍ FOLHA ANTI-CLERICAL ES OK COM_BA/T:1S No prego de assignaturas para o rior ha a differença de porte do CorJ X.K ÜB PORTBÍí -^ ' *ÊÉÈÊÈÈÊÊÍ!gr¥^— '''^^^^^ . .rafe. -í; XmiM KSS^B^&yS^tSr^*^:^^ -jrrrsr- Cartas dum jesuita a uma freira O ardil das indemnisações—Lobos disfarçados de cordeiros A pro.vi- ma restauração O emprego duma herança ad majorem Dei gloriam A obra mais necessária è defender a nossa easa O porque dum estado de opinião—Os homens do campo ²Coisas de Hespanha Uma liga anticlerical Mais uma ve^ a In- quisição Os faelos de Cullera e e as vãs denegaçóes dos conservado- res— Negócios da China pouco van- lajosos para o governo da mesma Uma revolução nacionalista e repu- blieana, com um grão^inho socialista ²Um perigo que se esvai! DE NOVEMBRO Lisboa, 5 O Mundo publica algumas car- tas do padre jesuita Antunes Serra; ex-morador do convento do Quelhas, de Lisboa, a uma irmã de caridade a quem foram apprehendidas. Em algumas dessas cartas, o jesuita instiga a irmã Rosa da Piedade a influir junto da madre provincial para ella exigir, por meio das nações estrangeiras, for- tes indemnizações pelos bens con- gregacionistas postos em nome de estrangeiros... Em outras recommendava-lhe que trabalhasse para que fosse sophismada a lei pela sua con- gregação, abrindo disfarçadamen- te, como tinham feito outras, novas casas, novos collegios, onde algumas irmãs poderiam fazer até o papel de alumnas. Depois, decretado que nenhuma pessoa religiosa poderia abrir col- legio, o jesuita aconselhava que ficassem em todo cçiso no paiz, pois «isto estava por pouco». Em breve seriam as irmãs precisas para a reabertura dos collegios; e quanto aos jesuítas <hâo de voltar para Portugal e hão de ir rezar... os reponsos sobre a se- pultura dos seus inimigos». A religiosa tem uma irmã rica, Emilia, e delia, ou antes, dos seus bens se oecupa o jesuita. Devem ser applicados na «propa- ganda das boas idéias por meio da imprensa». «O emprego de esmolas nesta obra tão necessária e urgente muito maior gloria a Deus do que fundar hospitaes e casas religiosas. Se eu falar com a Emilia, dir-lhe-ei como, se ella sobreviver á Piedade, ha-de empregar os bens que Nosso Se- nhor lhe deu nesta obra a mais importante de todas em Portu- gal.» E aconselha patrioticamente a troca de papeis da divida in- terna portuguesa por outros mais seguros... São estes sentimentos combati- vos, estas disposições de luta e de predomínio clerical, estes in- tuitos politicos, existentes an- tes da proclamação da republica, que lhes tornam, aos padres, tão irreductivelmente adverso o espi- rito publica em Portugal. E é por isso que a lei de se- paraçâo é bem acceita e furiosa- mente defendida, apesar das suas arestas, apesar da intromissão que ella faculta ao Estado na vida interna da Igreja, apesar de cer- tas prohibições, que parecem ve- xatorias aos espíritos ciosos de todas as liberdades, mas deixam de ser tidas como taes pelo gros- so da opinião activa, por serem dirigidas contra quem de vexa- mes e abusos foi tão pródiga 1 E, se é exaeto o depoimento do administrador do próprio con- celho de Braga, praça forte do clericalismo, e ex-administrador de outro concelho minhoto, tendo exercido a sua acção em mais de cem freguesias, o mesmo povo retardatario dos campos, sobre- tudo a parte masculina, não faz opposiçâo á lei, desinteressandose por completo dos protestos e ódios dos seus parochos, desde que ás incitações furibundas destes se A incontestável popularidade, especialmente entre as gentes ci- tadinas, do autor da lei, o dr. Affonso Costa, ainda hontem es- trondosamente acclamado no Por- to, é em grande parte devida á sua obra anticlerical •— e o seu partido bem o sabe, apoiando nella o seu prestigio e o seu pro- gramma... Que ha por Hespanha ? Terminada a suspensão de ga- rantias e reapparecidos os jornaes antimonarchicos, o odio ao go- verno tem-se expandido em im- ponentes comícios.,. Tambem parece accentuar-se a luta contra a Igreja, tendo-se constituído a «Liga anticlerical hespanhola», que se declara de- cidida á mais intensa propaganda e ao mais vivo combate. Mas o que mais oecupa as at- tenções e exalta a opinião, dentro e fora de Hespanha, é a renova- ção das torturas de Montjuich, de Alcalá dei Valle e de outras inquisições modernas, continuado- ras da negra tradição da Inquisi- ção antiga. Em Montjuich, para arrancar falsas denuncias, comprimiam a cabeça dos aceusados com um capacete mecânico, torciam-lhes os testículos com cordas de violão, arrancavam-lhes as unhas com te- nazes. Foi isse sob o governo de Canovas. Agora, em Cullera, sob o po- der do liberal Canalejas; appli- cam-se novos e engenhosos sup- plicios : a cadeira de roldana para desunir as articulações e a cadei- ra de balanço, balanço adubado com vergalha .as. E como El Radical, jornal re- publicano, desvelou esses horro- res, vai responder a conselho de guerra / Naturalmente, como por ocea- sião de análogos seccessos ante- riores, o governo e a imprensa monarchista negam a-veracidade dos factos; mas, como das outras vezes, ha de resultar finalmente a evidencia. Na Hespanha a insurreição que abata a realeza é a primeira ne- cessidade. E por falar em insurreição, pa- rece que não vai de todo mal a dos republicanos chineses. E' verdade que chegara por vezes noticias de grandes desas- tres por elles sofifridos ; mas pre- tende-se que são invenções ou exaggeros officiaes, para os efíei- tos da boa tactica. Demais as grandes concessões do governo, feitas antes de ter- minada a luta, não são certamen- te indicio de força nem de con- fiança na victoria. E é possivel que essa fraqueza seja percebida pelos revolucionários e apro- veitada. O programma dos insurrectos é a expulsão dos mandchus, a republica federativa, a mais-valia do solo para a collectividade, adopção da civilização occidental e abertura de todos os portos da China ao commercio e á indus- tria dos estrangeiros. Quer dizer: embora esta ten- tativa seja apparente ou momen- taneamente esmagada, a China communga na civilização ocei- dental, põe-se ao nivel das nações de typo europeu, ainda que, como dizem os revolucionários, não faz mais do que continuar as suas mais puras e legitimas tradições nacionaes. E nivelando-se com o oceiden- te, tomando a civilização quasi á altura em que ella se encontra, é de prever que siga, com o Japão, esse mesmo oceidente na sua prenunciada transformação econo- mica e social, fraternizando na do o famoso «perigo amarelo», tantas vezes apresentado, como um papão, ao proletariado rebel- de de Europa e de America. Todos os esteios do velho mun- do vão aluindo com alegre fragor e todos os equívocos se dissipam pouco a pouco.. PJEITOS BÍBLICOS O cap. 38 do Gênesis, falando- nos da vida de Juda, filho de Lia e Jacob, narra-nos coisas bastr.n- te escabrosas e biblicas. A mulher de Juda, uma cana- neia, deu-lhe três filhos, Her, Onan e Sela. O primogênito Her casou com Thamar; mas sendo mau homem, foi morto por Deus (a biblia não diz se a tiro ou á facada, ou na guilhotina, 011 na cadeira electrica, ou de outro modo). Então Juda ordenou a Onan que desposasse a viuva para dar descendência... ao irmão assassinado ! Singular costume ! Onan não' esteve pelos ajustes, e visto que os filhos não haviam de ser delle, acceitou a viuva alegre, mas... batia em retirada, quando semeava por conta do irmão fallecido, inventando o pro- cesso que, por sua causa, recebeu o nome de «onanismo conjugai» e fazendo-se precursor do neo- malthusianismo. Depois a palavra «onanismo» veio a mudar de sen- tido e a ter fervoroso culto nos seminários, nos quartéis e nas prisões. O Deus abrahamico é que nâo gostou do invento, con- trario ás suas regras de multi- plicação, e por isso deu tambem cabo de Onan. Parece que este crime de ho micidio não ficou bem esclarecido na oceasião, porque Juda culpou, s o temperamento da Nora, pen sando : me matou dois filhos : é ca- paz de fazer o mesmo ao terceiro. E disse á fagosa viuvinha que fosse para casa do pai esperar que crescesse o joven Sela. Crês- ce e apparece 1 supplicou a ar- dente Thamar, envolvendo num olhar terno o cunhadinho, o qual devia desempenhar a missão que Onan deixara voluntariamente in- completa. O moço cresceu, mas nada de apparecer ; e como quem espera desespera, Thamar, sabendo que o sogro ficara viuvo e subia a Thamnas para a tosquia das suas ovelhas, foi collocar-se velada e disfarçada na passagem delle, numa encruzilhada, como faziam as vendedoras de amor. Juda caiu no laço e realizou o nego- cio, para o que prometteu em paga um cabrito, deixando como penhor o anel, um bracelete e o cajado. A viuva, logo que o passageiro amante a deixou, em vez de es- perar o cabrito, levou para casa o penhor. Três mezes depois, vieram dizer a Juda que a nora se deixara corromper, como o demonstrava o avultado do ventre, pelo que elle ordenou que fosse queimada ! Mas a maliciosa Thamar mandou ao sogro o penhor, fazendo-lhe saber que concebera de quem lho tinha deixado... Juda reconheceu que a nora tinha razão no que fizera, visto não ter sido cumprida a promes- sa de lhe dar o filho cadete. E deixou-a em paz, dando-se depois o nascimento de dois gêmeos um delles, por signai, muito cau- teloso, pois antes de se arriscar neste valle de lagrimas deitou a mão de fora, a ver se chovia, recolhendo-a depois, com uma fitinha encarnada, e recusando-se sair á frente. O seguro morreu de velho. O pequeno estava ta- lhado para general. O Conleiteiro. Ij^m^ : -* x^ :yX>,XAAvmXX:;\ \V ¦¦¦*.".: Qs que negam a paternidade do macaco A' memória de Ferrer oppõe uma explicação suceinta, mas clara e franca da reforma. | humanidade renovada e desfazen Caraiismo habitual e ík« veierado oura-se com a divulgação da lanterna. Inauguração dum monu- mento em Bruxellas - - No dia 5 do mez passado, rea- lizou-se em Bruxellas a inauguração do monumento erguido a Francisco Ferrer, obra devida ao concurso desinteressado de dois artistas bel- gas, o esculptor Augusto Puttemans e o architecto Adolpho Puissant. Notemos de passagem a circumstan- cia, interessante para os paulistas, de ser o primeiro irmEo do dois distinetos professores de agronomia fmuifco couliecidod entro nós, os srs. Arsenio e Huberto Puttemans, Embora o fuzilado de Montjuich tivesse em seu testamento expri- mido o desejo de não servir a sua morte de motivo a qualquer mani- festaçào politica ou religLsa e mesmo de se falar delle e menos possivel, os seus amigos e sua filha primogênita. Trindad Ferrer, pre- sente á manifestação, entenderam que, nesse ponto, deviam passar por cima de tal vontade. Seria insensato dn. parte delles não aproveitarem, por escrúpulos doutrinários de iconoclastas, a reu- nião em Bruxellas dos representantes do Livre Pensamento e dos grupos avançados de toda a Europa para lançar um pungente appello em prol dos presos, mais uma vez em Hespanha torturados e marcados para a morte. A's 10 lj2 da manhã, formaram- se em cortejo no "boulevard du Midi" alguns milhares de pessoas, dirigindo-se, de bandeiras operárias desfraldadas, para a praça Sainte- Gatherine, onde so levanta o mo- numento. Foi pronunciado um discurso, o de James Hogart, pre- sidente da commissâo, o qual fez notar que aquelle monumento não ei a obra dum partido politico nem duma opinião philosopbica, mas de "todos os que se combinam para a defesa enérgica da liberdade de consciência ultrajada pelo crime de Montjuich.e Durante esta curta cerimonia tocou a banda da Casa do Povo. A queda do veu que cobria a bella estátua foi saudada pela multidão com os gritos de: "Viva Ferrer! Viva a liberdade! Viva a luz!" 0 banquete. Os discursos Ao almoço que se seguiu á inau- guraçUo e que se celebrou na Es- pérance, reunindo livres pensadores e revolucionários de todos os paizes, tomaram n palavra vários oradores, nomeadamente James Hogart, Mon- seur, secretario geral da commis- são; Jorgo Lorand; os deputados belgas Paulo Jansont e Furnemont; Trowein, de Amsterdão; Tarrido dei Marmol, Lourenço Portet e Carloa Malato. Lorand, um dos executores tes- taraentarios de Ferrer, frisou que ao cabo de dois annos o governo do liberal Canalejas recusa restituir A casta dos padn os bens da victima, confiscados pelo governo assassino de Maura. Portet declarou que esse em- bargo impedia a continuação da obra que Ferrer, ao morrer, llie confiou, iiias que, para a realizar, tal como a comprehendia o mar- tyr, se lutaria contra quaesquer resistências, brutaes ou tortuosas. .Malato deu em traços rápidos a physionomia de Ferrer, que avan- çou da republica para o vasto ideal de Reclus e Kropótkine. Mostrou o liberal governo de Canalejas, sob o qual se tortura, a oppor-so ve- lliacamente ao roatamento da obra, guardando os bens da herança e mondando atacar, por lacaios plu- mitivos, a Portet, continuador de Ferrer, que o considerava mais do que um irmão de sangue: um irmão pelas idéias e pelo coração. Estabelecidos estes dois pontos, Malato fez um appello em íavor das novas victímas da monarchia aftonsista. "Ha novamente em Hespanha, exclamou elle, desgraçados submet- tidos á tortura, outros que se pre- param para fuzilar. Se Ferrer pudesse por um instan- te sair do seu túmulo, esse homem modesto, que de antemão declinava qualquer homenagem posthuma á sua pessoa, gritar-vos-ia: "Pensai nos martyrizados, nos encarcerados de Barcelona, de Valencia, de Cul- lera, naquelles cujas torturas a imprensa começa a revelar !" à todos os recantos levareis este appello da humanidade. Grlovificas- tes o morto: salvareis os vivos I" Leram-se cartas de sympathia e desculpas escriptas por Ernesto Haeckel, Alfredo Naquet, Victor Denis, C. Laisaut, Ramsey, Mac- donald, Camillo Pelletan, etc. Paulo Gille leu tambem uma carta de Anselmo Lorenzo mostran- do a verdadeira figura do libertário Ferrer. A ordem do dia Foi por unanimidade votada uma dupla ordem de dia, decidindo a organização duma campanha inter- nacional em favor das novas victi- mas da monarchia afionsista e re- clamando o levantamento do em- bargo que pesa sobre a herança de Ferrer. Procuraremos ter os nossos lei- tores ao corrente dessa campanha, que vem depois de tantas outras, necessitadas pela tyrannia da Hes- panha monarchica, fradetjca e in- quisitorial, na sua ânsia desespe- rada de suftooar a Hespanha nova. De ha um certo numero de anni em virtude dos ideaes de justiç^ de progresso que germinam nos rebros, o nivel intellectual e mo elevou-se nas differentes classes sociedade. Uma classe permanece ft deste movimento progresssivo clero, que íicou estacionado com idéas da idade media; a grandis ma maioria de seus membros, baixo clero, quasi por completo, mi tém-se numa mediocridade rotinei- numa profunda ignorância, co completa nullidade. Nisso nada ha que nos possa s prehender, quando se pensa que contingentes da armada negra rec tam-se' geralmente nessa catego de camponezes fanáticos, rebelde toda idéa de progresso, extran a tudo quanto interessa á huma dade, servilmente submissos á Igre E' não é o mais leal, o mais c rajoso, o mais generoso de seus íilh que os pais catholicos destinam sacerdócio, mas sim o mais inut o mais preguiçoso, o mais guio o mais avarento que elles escolh para «ministro de Deus». Os rapazes assim destinados pa o serviço ccclesiastico sáo antes c< locados em pequenos seminari onde se ensina um pouco de latir insufliciente, porém, para comprehe der os padres da Igreja e os trat dos de theologia. A base fundamental desta primei educação clerical consiste nos exe cicios de devoção que predispõe os candidatos para padres á intol rancia, á obstinação, á ignoranc dos homens e das coisas da vida. Os pequenos seminários são co de ultramontanos, de fanáticos, futuros levitas sáo ahi creados culto ao papa e no respeito ao suita. Fala-se-lhes dos dogmas da Igrej sobretudo do da Immaculada Conce ção e do da infallibilidade papa Quanto á moral, á philosophia, á hi; toria, não merecem o menor cuidad nestas fabricas de padres. Assim, enfarh .liados com um pou de latim, com algumas noções vag; de historia ecclesiastica, os futur padres passam ao grande seminar para serem iniciados nos mysteri da theologia, a mais absurda de to ' as sciencias, se se pode dar o nor de sciencia a uma amálgama de todi as inepcias da idade media e da ass celebrizada Companhia de Jesus Na theologia que se ensina a jovens seminaristas, ha capítulos q' um pai digno deste nome não pr mittiria que lessem seus filh é a pouca vergonha levada ai últimos limites; os romances ma licenciosos parecem castos ante enumeração de certos casos de cc sciencia discutidos pelos- padres Igreja. Quando a imaginação dos jove seminaristas está sufíicientemente co rompida; quando a sua intelligenc: está completamente atrophiada, fa zem-nos padres e são enviados pai as aldeias e para as cidades par governar as almas e dirigir as co sciencias ! E' com semelhante gente que s consegue embrutecer, escravizar explorar o povo, com grande proveit da Igreja catholica, apostólica r romana. Mas dizem-nos ás vezes : «Existe tambem bons padres, existem padr liberaes». O bom padre, aos olhos do clen é um ser combativo, intolerante vingativo, que luta sem descans- para alargar a dominação da Igrej e procurar-lhe sempre novos recurso" Mas não é certamente dessa qur lidade de padres que se nos quere falar. Não, os leigos entendem por bo padre o que possue virtudes priv; das e pessoaes, que gosta de brinc; de vez em quando com os seus pà' §> »? _K* ?^??^???????^??•?v CAUTERIOS Xisto V quando era cardeal fingia estar extenuado pelos annos e pela doença, e andava excessivamente cur- vo. Apenas 1'ôra eleito papa começou a caminhar mais direito do que fizera dantes. Uma tal mudança foi obser- vada por todos, e alguém foi tão ou- sado ao ponto de perguntar-lhe a ra- záo. Procurava dizia elle as cha- ves de S. Pedro; agora que as encon- /T) *•£*. JL trei náo tenho mais necessidade de (/tí-C-^A-o &" apoiar-me.' LIII O padre Pedro Gomes Heredia, de S. SebastiS de Correntes, Minas, di florou a noiva dum pobi rapaz, que depois casado verificou a ii famia.' (Vide noticia nesta folha Jovens que tendes noivas, namorados, Quando ellas forem muito religiosas, Enfeitae vossas testas apressados. Deixae, deixae as pobres languorosas Aos capellües dizerem seus peccados 1 Nito acordeis as tímidas donzellas Na placidez gentil das sacristias: Ditosas as que vivem nas capellas A orar e a confessar todos os dias...

X.K XmiM . .rafe. -í;memoria.bn.br/pdf/366153/per366153_1911_00115.pdfnos da vida de Juda, filho Lia e Jacob, narra-nos coisas bastr.n-te escabrosas e biblicas. A mulher de Juda,

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Page 1: X.K XmiM . .rafe. -í;memoria.bn.br/pdf/366153/per366153_1911_00115.pdfnos da vida de Juda, filho Lia e Jacob, narra-nos coisas bastr.n-te escabrosas e biblicas. A mulher de Juda,

S. FAUJ_9!( Brasil) Sabbados 2 de dezembro de 1911 ANNO XI-NUMERO 115

EedacçSo, Administração e Officinas

Largo da Sé n. 5 (Sobrado)

CAIXA POSTAL, 195

Endereço telegraphico : LANTERNA

Tod» ¦ correspondência dava sar dirigida ao

DIRECTOR :

B3IX&AH&D EBUUKJBOTH -

Appercce ao» sabbad|^

PREÇOS DK ASSIGNATURASANNO IO$dSEMKSTRE 6$q

PAGAMENTO ADIANTADÍ

FOLHA ANTI-CLERICAL ES OK COM_BA/T:1SNo prego de assignaturas para o

rior ha a differença de porte do CorJX.K

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Cartas dum jesuita a uma freira —O ardil das indemnisações—Lobosdisfarçados de cordeiros — A pro.vi-ma restauração — O emprego dumaherança ad majorem Dei gloriam —A obra mais necessária è defender anossa easa — O porque dum estadode opinião—Os homens do campo

Coisas de Hespanha — Uma ligaanticlerical — Mais uma ve^ a In-quisição — Os faelos de Cullera ee as vãs denegaçóes dos conservado-res— Negócios da China pouco van-lajosos para o governo da mesma —Uma revolução nacionalista e repu-blieana, com um grão^inho socialista

Um perigo que se esvai!

DE NOVEMBROLisboa, 5O Mundo publica algumas car-

tas do padre jesuita AntunesSerra; ex-morador do conventodo Quelhas, de Lisboa, a umairmã de caridade a quem foramapprehendidas.

Em algumas dessas cartas, ojesuita instiga a irmã Rosa daPiedade a influir junto da madreprovincial para ella exigir, pormeio das nações estrangeiras, for-tes indemnizações pelos bens con-gregacionistas postos em nomede estrangeiros...

Em outras recommendava-lheque trabalhasse para que fossesophismada a lei pela sua con-gregação, abrindo disfarçadamen-te, como já tinham feito outras,novas casas, novos collegios, ondealgumas irmãs poderiam fazer atéo papel de alumnas.

Depois, decretado que nenhumapessoa religiosa poderia abrir col-legio, o jesuita aconselhava queficassem em todo cçiso no paiz,pois «isto estava por pouco». Embreve seriam as irmãs precisaspara a reabertura dos collegios;e quanto aos jesuítas <hâo devoltar para Portugal e hão de irrezar... os reponsos sobre a se-pultura dos seus inimigos».

A religiosa tem uma irmã rica,Emilia, e delia, ou antes, dosseus bens se oecupa o jesuita.Devem ser applicados na «propa-ganda das boas idéias por meioda imprensa». «O emprego deesmolas nesta obra tão necessáriae urgente dá muito maior gloriaa Deus do que fundar hospitaese casas religiosas. Se eu falarcom a Emilia, dir-lhe-ei como, seella sobreviver á Piedade, ha-deempregar os bens que Nosso Se-nhor lhe deu nesta obra a maisimportante de todas em Portu-gal.» E aconselha patrioticamentea troca de papeis da divida in-terna portuguesa por outros maisseguros...

São estes sentimentos combati-vos, estas disposições de luta ede predomínio clerical, estes in-tuitos politicos, já existentes an-tes da proclamação da republica,que lhes tornam, aos padres, tãoirreductivelmente adverso o espi-rito publica em Portugal.

E é por isso que a lei de se-paraçâo é bem acceita e furiosa-mente defendida, apesar das suasarestas, apesar da intromissão queella faculta ao Estado na vidainterna da Igreja, apesar de cer-tas prohibições, que parecem ve-xatorias aos espíritos ciosos detodas as liberdades, mas deixamde ser tidas como taes pelo gros-so da opinião activa, por seremdirigidas contra quem de vexa-mes e abusos foi tão pródiga 1

E, se é exaeto o depoimentodo administrador do próprio con-celho de Braga, praça forte doclericalismo, e ex-administradorde outro concelho minhoto, tendoexercido a sua acção em mais decem freguesias, o mesmo povoretardatario dos campos, sobre-tudo a parte masculina, não fazopposiçâo á lei, desinteressandosepor completo dos protestos e ódiosdos seus parochos, desde que ásincitações furibundas destes se

A incontestável popularidade,especialmente entre as gentes ci-tadinas, do autor da lei, o dr.Affonso Costa, ainda hontem es-trondosamente acclamado no Por-to, é em grande parte devida ásua obra anticlerical •— e o seupartido bem o sabe, apoiandonella o seu prestigio e o seu pro-gramma...

Que ha por Hespanha ?Terminada a suspensão de ga-

rantias e reapparecidos os jornaesantimonarchicos, o odio ao go-verno tem-se expandido em im-ponentes comícios.,.

Tambem parece accentuar-se aluta contra a Igreja, tendo-seconstituído a «Liga anticlericalhespanhola», que se declara de-cidida á mais intensa propagandae ao mais vivo combate.

Mas o que mais oecupa as at-tenções e exalta a opinião, dentroe fora de Hespanha, é a renova-ção das torturas de Montjuich,de Alcalá dei Valle e de outrasinquisições modernas, continuado-ras da negra tradição da Inquisi-ção antiga.

Em Montjuich, para arrancarfalsas denuncias, comprimiam acabeça dos aceusados com umcapacete mecânico, torciam-lhesos testículos com cordas de violão,arrancavam-lhes as unhas com te-nazes. Foi isse sob o governo deCanovas.

Agora, em Cullera, sob o po-der do liberal Canalejas; appli-cam-se novos e engenhosos sup-plicios : a cadeira de roldana paradesunir as articulações e a cadei-ra de balanço, balanço adubadocom vergalha .as.

E como El Radical, jornal re-publicano, desvelou esses horro-res, vai responder a conselho deguerra /

Naturalmente, como por ocea-sião de análogos seccessos ante-riores, o governo e a imprensamonarchista negam a-veracidadedos factos; mas, como das outrasvezes, ha de resultar finalmente aevidencia.

Na Hespanha a insurreição queabata a realeza é a primeira ne-cessidade.

E por falar em insurreição, pa-rece que não vai de todo mal ados republicanos chineses.

E' verdade que chegara porvezes noticias de grandes desas-tres por elles sofifridos ; mas pre-tende-se que são invenções ouexaggeros officiaes, para os efíei-tos da boa tactica.

Demais as grandes concessõesdo governo, feitas antes de ter-minada a luta, não são certamen-te indicio de força nem de con-fiança na victoria. E é possivelque essa fraqueza seja percebidapelos revolucionários — e apro-veitada.

O programma dos insurrectosé a expulsão dos mandchus, arepublica federativa, a mais-valiado solo para a collectividade,adopção da civilização occidentale abertura de todos os portos daChina ao commercio e á indus-tria dos estrangeiros.

Quer dizer: embora esta ten-tativa seja apparente ou momen-taneamente esmagada, a Chinacommunga na civilização ocei-dental, põe-se ao nivel das naçõesde typo europeu, ainda que, comodizem os revolucionários, não fazmais do que continuar as suasmais puras e legitimas tradiçõesnacionaes.

E nivelando-se com o oceiden-te, tomando a civilização quasi áaltura em que ella se encontra, éde prever que siga, com o Japão,esse mesmo oceidente na sua jáprenunciada transformação econo-mica e social, fraternizando na

do o famoso «perigo amarelo»,tantas vezes apresentado, comoum papão, ao proletariado rebel-de de Europa e de America.

Todos os esteios do velho mun-do vão aluindo com alegre fragore todos os equívocos se dissipampouco a pouco..

PJEITOS BÍBLICOSO cap. 38 do Gênesis, falando-

nos da vida de Juda, filho de Liae Jacob, narra-nos coisas bastr.n-te escabrosas e biblicas.

A mulher de Juda, uma cana-neia, deu-lhe três filhos, Her,Onan e Sela. O primogênito Hercasou com Thamar; mas sendomau homem, foi morto por Deus(a biblia não diz se a tiro ou áfacada, ou na guilhotina, 011 nacadeira electrica, ou de outromodo). Então Juda ordenou aOnan que desposasse a viuvapara dar descendência... ao irmãoassassinado ! Singular costume !

Onan não' esteve pelos ajustes,e visto que os filhos não haviamde ser delle, acceitou a viuvaalegre, mas... batia em retirada,quando semeava por conta doirmão fallecido, inventando o pro-cesso que, por sua causa, recebeuo nome de «onanismo conjugai»e fazendo-se precursor do neo-malthusianismo. Depois a palavra«onanismo» veio a mudar de sen-tido e a ter fervoroso culto nosseminários, nos quartéis e nasprisões. O Deus abrahamico éque nâo gostou do invento, con-trario ás suas regras de multi-plicação, e por isso deu tambemcabo de Onan.

Parece que este crime de homicidio não ficou bem esclarecidona oceasião, porque Juda culpou, so temperamento da Nora, pensando :

Já me matou dois filhos : é ca-paz de fazer o mesmo ao terceiro.

E disse á fagosa viuvinha quefosse para casa do pai esperarque crescesse o joven Sela. Crês-ce e apparece 1 — supplicou a ar-dente Thamar, envolvendo numolhar terno o cunhadinho, o qualdevia desempenhar a missão queOnan deixara voluntariamente in-completa.

O moço cresceu, mas nada deapparecer ; e como quem esperadesespera, Thamar, sabendo queo sogro ficara viuvo e subia aThamnas para a tosquia das suasovelhas, foi collocar-se velada edisfarçada na passagem delle,numa encruzilhada, como faziamas vendedoras de amor. Judacaiu no laço e realizou o nego-cio, para o que prometteu empaga um cabrito, deixando comopenhor o anel, um bracelete e ocajado.

A viuva, logo que o passageiroamante a deixou, em vez de es-perar o cabrito, levou para casao penhor.

Três mezes depois, vieram dizera Juda que a nora se deixaracorromper, como o demonstravao avultado do ventre, pelo queelle ordenou que fosse queimada !Mas a maliciosa Thamar mandouao sogro o penhor, fazendo-lhesaber que concebera de quem lhotinha deixado...

Juda reconheceu que a noratinha razão no que fizera, vistonão ter sido cumprida a promes-sa de lhe dar o filho cadete. Edeixou-a em paz, dando-se depoiso nascimento de dois gêmeos —um delles, por signai, muito cau-teloso, pois antes de se arriscarneste valle de lagrimas deitou amão de fora, a ver se chovia,recolhendo-a depois, já com umafitinha encarnada, e recusando-sesair á frente. O seguro morreude velho. O pequeno estava ta-lhado para general.

O Conleiteiro.

Ij^m^ : -* x^:yX>,XAAv mXX:;\ \V

¦¦¦*.".:

Qs que negam a paternidade do macaco

A' memória de Ferrer

oppõe uma explicação suceinta,mas clara e franca da reforma. | humanidade renovada e desfazen

Caraiismo habitual e ík«veierado — oura-se com adivulgação da lanterna.

Inauguração dum monu-mento em Bruxellas - -

No dia 5 do mez passado, rea-lizou-se em Bruxellas a inauguraçãodo monumento erguido a FranciscoFerrer, obra devida ao concursodesinteressado de dois artistas bel-gas, o esculptor Augusto Puttemanse o architecto Adolpho Puissant.Notemos de passagem a circumstan-cia, interessante para os paulistas,de ser o primeiro irmEo do doisdistinetos professores de agronomia

fmuifco couliecidod entro nós, os srs.Arsenio e Huberto Puttemans,

Embora o fuzilado de Montjuichtivesse em seu testamento expri-mido o desejo de não servir a suamorte de motivo a qualquer mani-festaçào politica ou religLsa emesmo de se falar delle e menospossivel, os seus amigos e sua filhaprimogênita. Trindad Ferrer, pre-sente á manifestação, entenderamque, nesse ponto, deviam passarpor cima de tal vontade.

Seria insensato dn. parte dellesnão aproveitarem, por escrúpulosdoutrinários de iconoclastas, a reu-nião em Bruxellas dos representantesdo Livre Pensamento e dos gruposavançados de toda a Europa paralançar um pungente appello emprol dos presos, mais uma vez emHespanha torturados e marcadospara a morte.

A's 10 lj2 da manhã, formaram-se em cortejo no "boulevard duMidi" alguns milhares de pessoas,dirigindo-se, de bandeiras operáriasdesfraldadas, para a praça Sainte-Gatherine, onde so levanta o mo-numento. Foi pronunciado um sódiscurso, o de James Hogart, pre-sidente da commissâo, o qual feznotar que aquelle monumento nãoei a obra dum só partido politiconem duma só opinião philosopbica,mas de "todos os que se combinampara a defesa enérgica da liberdadede consciência ultrajada pelo crimede Montjuich.e

Durante esta curta cerimoniatocou a banda da Casa do Povo.A queda do veu que cobria a bellaestátua foi saudada pela multidãocom os gritos de: "Viva Ferrer!Viva a liberdade! Viva a luz!"

0 banquete. Os discursosAo almoço que se seguiu á inau-

guraçUo e que se celebrou na Es-pérance, reunindo livres pensadorese revolucionários de todos os paizes,tomaram n palavra vários oradores,nomeadamente James Hogart, Mon-seur, secretario geral da commis-são; Jorgo Lorand; os deputadosbelgas Paulo Jansont e Furnemont;Trowein, de Amsterdão; Tarrido deiMarmol, Lourenço Portet e CarloaMalato.

Lorand, um dos executores tes-taraentarios de Ferrer, frisou queao cabo de dois annos o governodo liberal Canalejas recusa restituir

A castados padn

os bens da victima, confiscadospelo governo assassino de Maura.

Portet declarou que só esse em-bargo impedia a continuação daobra que Ferrer, ao morrer, llieconfiou, iiias que, para a realizar,tal como a comprehendia o mar-tyr, se lutaria contra quaesquerresistências, brutaes ou tortuosas.

.Malato deu em traços rápidos aphysionomia de Ferrer, que avan-çou da republica para o vasto idealde Reclus e Kropótkine. Mostrou oliberal governo de Canalejas, sobo qual se tortura, a oppor-so ve-lliacamente ao roatamento da obra,guardando os bens da herança emondando atacar, por lacaios plu-mitivos, a Portet, continuador deFerrer, que o considerava mais doque um irmão de sangue: um irmãopelas idéias e pelo coração.

Estabelecidos estes dois pontos,Malato fez um appello em íavordas novas victímas da monarchiaaftonsista.

"Ha novamente em Hespanha,exclamou elle, desgraçados submet-tidos á tortura, outros que se pre-param para fuzilar.

Se Ferrer pudesse por um instan-te sair do seu túmulo, esse homemmodesto, que de antemão declinavaqualquer homenagem posthuma ásua pessoa, gritar-vos-ia: "Pensainos martyrizados, nos encarceradosde Barcelona, de Valencia, de Cul-lera, naquelles cujas torturas aimprensa começa a revelar !"

à todos os recantos levareis esteappello da humanidade. Grlovificas-tes o morto: salvareis os vivos I"

Leram-se cartas de sympathia edesculpas escriptas por ErnestoHaeckel, Alfredo Naquet, VictorDenis, C. Laisaut, Ramsey, Mac-donald, Camillo Pelletan, etc.

Paulo Gille leu tambem umacarta de Anselmo Lorenzo mostran-do a verdadeira figura do libertárioFerrer.

A ordem do diaFoi por unanimidade votada uma

dupla ordem de dia, decidindo aorganização duma campanha inter-nacional em favor das novas victi-mas da monarchia afionsista e re-clamando o levantamento do em-bargo que pesa sobre a herança deFerrer.

Procuraremos ter os nossos lei-tores ao corrente dessa campanha,que vem depois de tantas outras,necessitadas pela tyrannia da Hes-panha monarchica, fradetjca e in-quisitorial, na sua ânsia desespe-rada de suftooar a Hespanha nova.

De ha um certo numero de anniem virtude dos ideaes de justiç^de progresso que germinam nosrebros, o nivel intellectual e moelevou-se nas differentes classessociedade.

Uma só classe permanece ftdeste movimento progresssivo —clero, que íicou estacionado comidéas da idade media; a grandisma maioria de seus membros,baixo clero, quasi por completo, mitém-se numa mediocridade rotinei-numa profunda ignorância, cocompleta nullidade.

Nisso nada ha que nos possa sprehender, quando se pensa quecontingentes da armada negra rectam-se' geralmente nessa categode camponezes fanáticos, rebeldetoda idéa de progresso, extrana tudo quanto interessa á humadade, servilmente submissos á Igre

E' não é o mais leal, o mais crajoso, o mais generoso de seus íilhque os pais catholicos destinamsacerdócio, mas sim o mais inuto mais preguiçoso, o mais guioo mais avarento que elles escolhpara «ministro de Deus».

Os rapazes assim destinados pao serviço ccclesiastico sáo antes c<locados em pequenos seminarionde se ensina um pouco de latirinsufliciente, porém, para compreheder os padres da Igreja e os tratdos de theologia.

A base fundamental desta primeieducação clerical consiste nos execicios de devoção que predispõeos candidatos para padres á intolrancia, á obstinação, á ignorancdos homens e das coisas da vida.

Os pequenos seminários são code ultramontanos, de fanáticos,futuros levitas sáo ahi creadosculto ao papa e no respeito aosuita.

Fala-se-lhes dos dogmas da Igrejsobretudo do da Immaculada Conceção e do da infallibilidade papaQuanto á moral, á philosophia, á hi;toria, não merecem o menor cuidadnestas fabricas de padres.

Assim, enfarh .liados com um poude latim, com algumas noções vag;de historia ecclesiastica, os futurpadres passam ao grande seminarpara serem iniciados nos mysterida theologia, a mais absurda de to 'as sciencias, se se pode dar o norde sciencia a uma amálgama de todias inepcias da idade media e da asscelebrizada Companhia de Jesus

Na theologia que se ensina ajovens seminaristas, ha capítulos q'um pai digno deste nome não prmittiria que lessem seus filhé a pouca vergonha levada aiúltimos limites; os romances malicenciosos parecem castos anteenumeração de certos casos de ccsciencia discutidos pelos- padresIgreja.

Quando a imaginação dos joveseminaristas está sufíicientemente corompida; quando a sua intelligenc:está completamente atrophiada, fazem-nos padres e são enviados paias aldeias e para as cidades pargovernar as almas e dirigir as cosciencias !

E' com semelhante gente que sconsegue embrutecer, escravizarexplorar o povo, com grande proveitda Igreja catholica, apostólica rromana.

Mas dizem-nos ás vezes : «Existetambem bons padres, existem padrliberaes».

O bom padre, aos olhos do clené um ser combativo, intolerantevingativo, que luta sem descans-para alargar a dominação da Igreje procurar-lhe sempre novos recurso"

Mas não é certamente dessa qurlidade de padres que se nos querefalar.

Não, os leigos entendem por bopadre o que possue virtudes priv;das e pessoaes, que gosta de brinc;de vez em quando com os seus pà'

§> »? _K* ?^??^???????^??•?v

CAUTERIOS

Xisto V quando era cardeal fingiaestar extenuado pelos annos e peladoença, e andava excessivamente cur-vo. Apenas 1'ôra eleito papa começoua caminhar mais direito do que fizeradantes. Uma tal mudança foi obser-vada por todos, e alguém foi tão ou-sado ao ponto de perguntar-lhe a ra-záo. Procurava — dizia elle — as cha-ves de S. Pedro; agora que as encon- /T) *•£*.

JLtrei náo tenho mais necessidade de (/tí-C-^A-o &"apoiar-me. '

LIIIO padre Pedro Gomes

Heredia, de S. SebastiSde Correntes, Minas, diflorou a noiva dum pobirapaz, que só depoiscasado verificou a iifamia.'

(Vide noticia nesta folha

Jovens que tendes noivas, namorados,Quando ellas forem muito religiosas,Enfeitae vossas testas apressados.Deixae, deixae as pobres languorosasAos capellües dizerem seus peccados 1

Nito acordeis as tímidas donzellasNa placidez gentil das sacristias:Ditosas as que vivem nas capellasA orar e a confessar todos os dias...

Page 2: X.K XmiM . .rafe. -í;memoria.bn.br/pdf/366153/per366153_1911_00115.pdfnos da vida de Juda, filho Lia e Jacob, narra-nos coisas bastr.n-te escabrosas e biblicas. A mulher de Juda,

•3

jjmsíTm satyroihianos, mesmo com os «liberaesriveis» e com os «abomináveis so-listas».Ylas este bom padre náo compre-ide mais do que os outros osncipios dos tempos moderno_s;iservará no intimo do seu coraçãoaelle ódio surdo em relação áquel-

que não pensam como elle, queloriosa, e methodicamente lhe foilulcado no seminário; approyará aquisição e todos os crimes impu-'eis a Igreja, cujas ordens ellescutará sempre cegamente, mesmoando forem as mais iníquas.Quanto ao «padre liberal» não exis-

logicamente. E' uma pura con-dicção. Liberalismo e clericalis-

juram caminhar juntos e um„ba para devorar o outro. O padreeral é um mystico que não chegafim do seu

"mysticismo. Elle éilluminado, não e um bom ca-

jjlico, e aos olhos da Igreja é tãoíidemnavel quanto nós.O catholicismo está nos dogmas

mysterios da fé, na Immaculadainceição, na Eucharistia, nas cham-fis eternas do inferno; está cm tudobue elle ensina ou então não existe.

preciso acceital-o todo_ inteiro,b pena de não fazer mais partelie, sob pena de excommunhão.Regeitar uma só coisa do catho-ismo eqüivale a regeital-o por com-:to; tocando em qualquer das pe-as sobre as quaes elle se firma,io o edificio se esphacela e cai eminas.Não ha e náo pode haver, no cleroíholico, senão padres crentes e pornseguinte sectários e fanáticos _edres incrédulos cujo espirito se li-Irtou das superstições religiosas.lugar destes está fora da Igreja.

Be elles persistem e mantêm-secasta sacerdotal devem ser con-

¦lerados como miseráveis hypocri-' . Compadeço-me delles, assimimo os critico.

J. Dons.

São conürmados os crimes do padre Heredia, o satyrode S. Sebastião de Correntes - Além do delira-mento de «ma moça na própria igreia, conhecem-seoutras immoralidades desse bruto - A sua Sugalevando uma pobre oriã

Se quizessemos seguir o velhohabito dos grandes rotativos, quan-do noticiam algum facto de certaretumbancia, teriamos que falaraqui de profunda impressão pro-duzida em toda a parte por ondecircula a Lanterna pela noticiaapparecida em nosso numero pas-sado c anunciando as immoralida-des commettidas em S. Sebastiãode Correntes, no Estado de Mi-nas, pelo padre Pedro Gomes de

Heredia, o satyro de batina.O publico já está ficando tão

habituado com as proezas dos

homens de batina, que a divul-

gação de novas immoralidades,de outros crimes por elles prati-cados, só o impressionará relati-vãmente.

i

Jma no cravo...iROMA, 27 —- Realizou-se hoje, como es-

fa annunciada, a reunião do Consistoriolereto, para a nomeação de novos car-

pes O papa presidiu a reuniSo, e no.ícurso que proferiu disse que o anno de11 tinha sido de luto para a Igreja.Ido o mundo comprehendia a grave dor

je causou aos filhos da Igreja Catholica(lommemoração ardente dos aconteclmen-

que marcaram o inicio de tantas often-1 aos direitos da Santa Sé. A acção se-[ria organizou manifestações de ódio eUeguiçüo ao catholicismo, injuriando os5s do mundo inteiro. Temos, porém, a

[isfaçSo de ver que a Italia, que todoss amamos vivamente, se inspirou na féigiosa para levar a civilização a regiões

íbaras.O pontífice terminou fazendo o elogio

Ei

soldados que combatem na África, mastima que se conceda a impunidade aia seita que tanto odeia Deus e a chris-idade.

casar, oppoudo-se a isso até o

ultimo momento.O noivo da moça, desconfiando

do seu estado, obrigou-a, amea-

çando-a com uma garrucha, aconfiar-lhe tudo. Interrogada porsua mãi, contou-lhe que tinhasido deflorada pelo padre He-redia.

O padre, vendo que reinavauma grande- indignação no povocontra elle e tendo recebido umaintimação na noite de ió do cor-rente para sair da população, re-solveu fugir, o que fez na ma-drugada de 17, levando em suacompanhia uma pobre órfã quelhe foi confiada ha tempos.

Como disse em minha primeiracarta, essa órfã íoi por elle deflo-rada e já teve dois ou ttes abor-tos provocados pelo padre.

Ha aqui mais victimas da lu-bricidade desse satyro.

Este padre começou a com-mel ter as suas immoralidades logo

qne aqui chegou.Escreverei novamente enviando

mais detalhes.S. Sebastião de Correntes, 18

de novembro de 1911.

Recebemos da mesma cidadeum artigo sobre o facto que, porter chegado tarde, será publicado110 próximo numero.

Padke Pedro Gomes Heredia

¦y^^*^r.j^»i*'**j*íi«rf'E-11 &*'*•»

Eis ahi o que se chama dar

a no cravo e outra na ferra-ira.Na primeira parte de seu dis-

irso, o papa rememora a perda> poder temporal que, em boaira, lhe foi tirado pela Italia, o

ie acarretou á casa de Saboyataa excommunhão maior, que

jrida hoje subsiste.A despeito disso, p^rém, o

,pa proclama que a Italia se

ipirou na fé religiosa (com essa: que elle hoje absolutamente.0 se preocoupa, dizemos nós),,ra levar a civilização a regiões

jrbaras. por meio dos seus cou-

.çados, das suas metralhadorasdas bombas explosivas lança-

ns dos aeroplanos, acerescen-

[mos.-I O papa. lastima que se conceda

impunidade a uma seita que\nto odeia Deus e a christamiade,

Essa seita, vê-se logo, é a ma-maria que José Sarto considera

feiosa porque concorreu para a

béda da pútrida theocracia ro-

lana, que ainda envergonhava o:cidente, estando o século XIX

no seu declinio..Está regulando: a maçonariairia um batalhão angélico, rays-:o e sacrosanto si se filiasse á

impanhia de Jesus, que quermar no mundo inteiro o pode-

do bispo de Roma e da qual[da membro é um autômato nasios do papa «pennde ac ca-

»ver».ÍPio X chaleire á vontade a

tsa real da Italia que das gar-.s lhe arrancou Roma e os Es-

idos, pontifícios, mas se assimer .proceder, poupe a ordemiçonica a quem Victor Ma-iei II deu a posse da Cidade

fterna.IO papa deve comprehenderüe não pode ser muito agrada-

fl ao governo excommungado,hjas plantas elle agora lambe,

edindo o extermínio da associa-ío que, mais que nenhuma ou-

ia, concorreu para a unificação

6 Italia.Ahi papa desmiolado, papa

iiota...Ah 1 papafigas !

Pela sua condição de celibata-

rio, impedindo-o de satisfazer nor-

malmente uma imperiosa necessi-

dade physiologica e pela vida

ociosa que leva, o padre é arras-

tado á pratica dc todas as ímmo-

rahdades. O bom padre, o sacer-

dote puro, é uma creação imagi-

naria.O padre será sempre o que

tem sido : um ente corrompido.

E existirá até que a humanidade

se resolva a dar cabo da sua

raça e do carcomido arcabouço

religioso que o sustenta.Se o povo não se . sacrificasse

para sustenta-lo, permittindo ain-

da, com uma cega confiança, quesuas mulhetes e seus filhos fre-

quentem a igreja, em estreita con-

vivência com elle, não se verifica-

riam factos da gravidade deste

de que tratamos.Como não se ha de verificar

os attentados contra as creanças, as

corrupções de mulheres casadas,

quando o padre tem-nas sempre,

isolada e submissamente, ao seu

lado fSi se quer evitar os crimes

commettidos pelos padres, não se

deve consentir que as mulheres e

as crianças freqüentem a igreja,

abandone-se o confessionário de

uma vez para sempre como uma

instituição immoral.Emquanto isso não se fizer, os

padres satyros da laia dos faus-

tinos e dos heredias hão de exis-

tir sempre.Pondere bem o povo de b. be-

bastião de Correntes e conven-

cer-se-á de que o padre é um

parasita que vive á custa da

ignorância do povo, ao qual pro-cura einbrutecer pata que se nao

rebelle ao seu domínio.Feitas estas considerações, pas-

semos a inserir mais uma carta

do amigo que tão solicitamente

nos tem informado sobre o caso.

Eis a segunda carta que rece-

bemos :«Sr. redactor

"A Lanterna" em TaubatéA CIDADE EM REBULIÇO POR

causa de uma fita — vlga-

rio versus Victor Hugo —

o fim da batalha...

1 Jesuitismo agudo — cura-& com duchas da Lan-ferna,

Escusado será dizer que a po-

pulaçãc desta localidade continuaainda indignada com os factos

escandalosos de que é autor o

padre Pedro Gomes Heredia e

que foram trazidos a publico com

a divulgação da noticia do deflo-

ramento de uma moça na pro-

pria igreja.Foram confirmadas todas as

informações que vos prestei em

minha primeira carta.A moça que o padre Heredia

deflorou tem 15 annos de idade.

O crime deu-se ha um anno e

meio mais ou menos.

Quando o padre soube que a

moça era noiva? procurou con-

vence-la de que não se devia

Veiu, alfim, a bonança, dissi-

param-se afinal as derradeiras nu-vens negras que toldaram amea-

çadoramente a limpidez do nossocéo... Cessaram as ultimas vibra-

ções dos ecos da batalha que seia travar...

De que se riem ? Uma batalha,sim senhores. íamos tendo aquiuma terrivel batalha entre o vi-

gario e o autor dos Miseráveis...E querem saber como se ia

dando o negro acontecimento ?Pois vá lá, concordamos, poisserão estes apontamentos impor-tantes dados para a historia dahumanidade...

Entremos, pois, ua matéria.Reinava a paz em Taubaté. O

pacato povo desta terra seguia

placidamente a sua vida no mou-rejar incessante para o ganha-pãoquotidiano, quando, inesperada-mente, espalha-se de um extremoa outro da cidade a terrivel nova...

Tínhamos o inimigo ás portas,terrivelmente disposto a lançar-sesobre nós...

Belzebú achava-se no nossoseio e o bom cura, cioso dosseus deveres de santo ministro doSenhor, como bom pastor amantedo seu rebanho, lançava o grito dealarma chamando o exercito santoao seu posto.

Os sinos tocaram a rebate, osarautos da té seguiram em todasas direcções levando ao povo deAllah a mensagem do apóstoloAntônio Firmino...

Todos os bons cordeiros daIgreja mostravam-se já dispostosa sacrificar a vida em holocaustoda boa causa do Padre Eterno.Em Tremembé, o exercito dosTrapistas, abandonando o seu ar-rozal, se arregimentava, dispondo-se a marchar para esta terra...

E tudo porque f Por causa deuma fita...

O Cinema Rio espalhara umum grande cartaz annunciando aexhibição do grande film de Pathé,Notre D ame de Paris, e o nossosanto vigário Antouio Firmino,fazendo-se interprete de Pio X,espalhou ao publico um retum-bante boletim, lançando a suaexcommunhão á artística fita.

O povo não devia assistir atal attestado de irreligiosidade.Presenciar a exhibição de seme-lhante fita seria abdicar da sua fé.

Assim falou o padre Firminoem seu serafico boletim."E

tinha razão o bom cura deTaubaté. A Notre Dame de Parisé mesmo immoralissima.

«Nenhuma familia honrada e

pessoa alguma, que se preza de-

verão assistir essa (assistir essa . I)

immunda exhibição sem abdicarsua fé e sua honestidade.»

Carradas de razão tinha o pa-dre Firmino. Na amaldiçoada fitaha scenas de profunda immora-lidade.

Senão vejamos. Lembremos umaao acaso.

Aquelle quadro, estupendo, em

que se vê o padre Cláudio Frolloextasiado ante os requebros pro-vocadores da formosa Esmeraldaé indigno de ser olhado pelacasta gente catholica.

Aquillo é mesmo de uma im-moralidade que reclama as cham-mas do Tinhosa.

Vêr-sc, mesmo no Pateo dosMilagres da Notre Dame, um pa-dre, confundido com a massa, aadmirar, de olhos esbugalhados,faces afogueadas pelo desejo bru-tal da carne os contornos sen*sualizadores de uma bailarina, uão

pôde deixar de ser uma scenade pura immoralidade...

E depois, quando o padre, se-dento de amor, possuído de irre-sistiveis desejos santamente eroti-cos, ordena a Quasimodo o raptoda provocadora Esmeralda, não éuma prova de profunda immora-lidade ?

Tem razão o padre Firmino,«nenhuma familia honrada e pes-soa alguma deverão assistir (fl)essa immunda exhibição»...

Immoralissima é tambem a sce-na do restaurant!.- «Maçã de Eva»,onde o archi-diacono Frollo as-sassina o amante de Esmeralda,aceusando depois a pobre baila-rina.

E querem maior prova de im-moralidade do que a scena riatortura de Esmeralda, ordenada

pelo padre, desejoso de possuira sua carne palpitante ? A pobremoça, estendida sobre o instru-mento do supplicio, a gemer do-lor.osamente e o padre, ali pre-sente, a gosa-la, de narinas dila-tadas e os olhos saltados dasorbitas! Oh 1 quanta immorali-dade 1

E ainda ha outras immoralidades. A scena do supplicio do pobreQuasimodo, condemnado pelo cri-me do rapto de Esmeralda, amando do padre, é de uma ímmo-ralidade revoltante...

E como se nao bastasse, temosainda o acto mais que immoralde Quasimodo atirando religiosa

•mente o padre do alto da torreda Notre Dame...

Ap provamos, pois, o acto dovigário Antonio Firmino quando,«cumprindo o sagrado dever deseu ministério parochial», reclama-va a intervenção do delegado de

policia para que não fosse exhi-bida tal immoralidade...

Entretanto, de nada valeram os

protestos do bom cura, pois afita foi exhibida e o salão do ci-nema encheu-se á cunha, provo-cando a Notre Dame calorososapplausos de uma multidão de he-j-eticos condemnados ás fogueiraseternas...

Passou assim a borrasca, vol-tando a reinar a paz no seio do

povo do padre Antonio Firmino.

Leão Vermelho.

JÍê^ÉÊÈÊêL¦jffiSfseí-.-r.jKT-.i-.--s

Um jornal clerical suisso, do

cantão de Vaiais, sentenciou a

propósito da revolta popularconlra a careslia da rida, em

França e na Bélgica, eslas ju-diciosas palavras:

«Colhe-se o que se semeou.Depois de apagar as estrellasdo céu, disseram ao povo quesó lhe resl ava a lerra, e elle

quer go\a-la o mais possivel. 0trabalho lorna-se para elle um

fardo, o prazer e o luxo umanecessidade: as conseqüênciasapertam-nos numa formidávelbigorna.

«Se não queremos ser esma-

gados, voltemos á ordem divina.:Comèrás o teu pão com o suordo teu rosto e ao grilo tão forada moda e que no entanto seriade tão prática actualidade: Fa-zei penitencia 1»

Qãi de nós! o mal eslá já lãoadiantado e tão profundo, quea aprátiea actualidade» do ima-

giuoso conselheiro é excessiva-mente duvidosa. Os povos, con-vencido s de que o céu fica mesmosituado nesla terra, querem tudo,e de lal modo se lhes desenvolveua gula, que ao pão com suor

preferem lorradinhas com man-leiga ! 'T\_em ousemos falar-lhesde penitencia, porque são capa-•{es de afazer... sobre as nossascostas.

:-A lão escandoloso ponto che-

garam as coisas, na falta derespeito pela religião, que ossagrados representantes do Se-nhor e os que como elles perde-ram o habito do trabalho eadquiriram em troca a doce esanla necessidade do prazer cdo luxo, vão certamente ser obri-

gados a cumprir a famosa ordemdivina, agüentando uma partedo fardo e banhando com o finosuor do seu rosto a seceura sò-

frega da terra!

E todavia quando aqui, na Europa,o pensamento humano é livre, lá, estáelle encarcerado. Aqui, a Razão, pou-co a pouco, expulsa o Dogma; lá, oDogma, e que Dogma? o mais em-brutecedor fetichismo! amordaça aRazão. Aqui soffre-se, sem duvida,mas ha queixas, ha gritos, ha revol-tas, e ás vezes, sob o impulso popu-lar, os poderes cambaleam, desabamos thronos, os organismos sociaesparasitários e oppressores desfazem-se; lá é preciso soffrer em silencio,avíltar-se em silencio, morrer semuma queixa.

E os seus irmãos de raça curvam-se sob esse jugo humilhante e dessepovo submettido a um [regimen no-,íitico e religioso que o século XVImal teria tolerada, não se levantauma só voz a lançar o grande gritode liberdade que tantas nações mor-tas tem já resuscitadol

Para esclarecer a Europa muitoignorante e sobretudo a Hespanhaentorpecida, para despertar a sensi-bilidade da sua pátria, demasiado ha-bituada a soffrer, resolveu elle apre- _sentar o quadro sincero, preciso, scien-tifico, das suas misérias e das suasdores. Em 1880, appareceu Nolt metangere... .

Abri um diecionario de medicina eprocurae essa phrase. Vereis que ul-ceras dolorosas e repugnantes^ rece-beram esse •nome. Ah! sim, nao lhesloqueis, a não ser para lhes introduziro ferro que, só elle, pode cura-las;não lhes toqueis tambem, porque ecerto o perigo, a morte provável;não lhe toqueis, a não ser que tenhaesfeito o sacrilicio das vossas vidas.

Corajosamente, Rizal tocou-as coma mão.

Esse livro é toda a questão dasPhilippinas. Poderiam ainda, talvez,acceitar o regimen hespanhol se oregimen hespanhol pudesse vir repre-sentar a liberdade. Não podiam to-lerar o regimen fradesco.

Rizal não ataca a Hespanha; que-reria mesmo, sob o império de cer-tos prejuízos provenientes da sua edu-cação, respeitar a religião, mas in-veste dc frente o monstro clerical.Seja qual fôr o personagem pelabocea de quem fala, Ibarra, lasio,Elias, impõe-se sempre a mesmaconclusão, sempre o mesmo delenda:é preciso destruir as congregações.Esse foi e é ainda o moi d'ordre dainsurreição de Aguinaldo.

(Continua),

cgp jj qgp ll a^ãir^T-^ggJL^

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®

JOSÉ' RIZAL

Nesse horrível drama que é.a his-toria da revolução philippina, desta-ca-se uma figura nobre e pura entretodas — a de José Rizal.

Sábio, poeta, artista, philologo, es-criptor, quem sabe as bellas obras,emancipadoras e fecundas, que essetagalo, esse homem de cor, esse usei-vagem», teria dado á pátria e á huma-nidade, se a barbaria européa o não

Os faustinosTelegramma de Logrono pu-

blicado pelo Heraldo de Madridde 27 de outubro:

Em conseqüência duma denuncia feitapor algumas crianças, as autoridades pro-cederam a investigações sobre, abusos des-honestos commettidos num collegio dirigi-do por irmios maristas.

Ordenou-se a instauração do processo,bem como a pris-Sto do prior José Corons,que, segundo se diz, fugiu.

O povo, agrupado ás portas do edificio,começou a protestar e a policia viu-seobrigada a dissolver os ajuntamentos.

Muitos pais dos alumnos mandaram bus-car os filhos, e toda a tarde sairam esco-lares.

Ouxndo os maristas conheceram a ue-nunciã visitaram os pais dos alumnos de-nunciantes, rogando-lhes retirassem as suasfirmas e o documento da denuncia.

Outro collegio de maristas, deManzanares, foi fechado e presostrês dos padres que nelle ensina-vam, igualmente por attentadoscontra o pudor com alguns me-

ninos.Estamos daqui a ver alguns

faustinos do nosso conhecimentoa murmurarem :

— Processos ? prisões ? encerra-mentos de collegios ? Mas nãoteem religião, os pinheirinhos* evaxintões daquelle tão catholico

país : Non c'è pá rehgione I NoBrasil, ao menos, estamos maisseguros' do que na própria pátriade Torquemada e de Maura !

tivesse estupidamente assassinado ?Era com effeito um talento, uma

energia, uma força esse joven disci-pulo do Aleneo Municipal qüe, aostreze annos, acabado de sair do seupueblo natal de Galambo, compunhaum melodrama em verso, Junto alPasig, applaudido pela sociedade ele-gante de Manilla, esse adolescenteque, com uma ode, A' Mocidade Phi-lippina, alcançava o primeiro premiono concurso' do «Liceu Artístico-Literário», e triumphava ainda numtorneio literário organizado por oc-casião do centenário de Cervantès,com uma composição em prosa, oConselho dos deuses, impregnada domais puro hellenismo.

Mas a pobre sciencia que os jesui-tas — ainda assim mais generosos queos seus rivaes das outras congrega-ções — distribuíam com parcimôniaaos seus discípulos não podia bastar-lhe. Era-lhe necessário beber naspróprias fontes do pensamento ; parasatisfazer esta alma ardente, tornava-se indispensável toda a chamma dosnossos grandes focos scientificos daEuropa. E, em 1882, lá partiu ellepara a Hespanha, com pouco maisde vinte annos. Em Madrid, conquis-tou rapidamente os graus de doutorem medicina e de licenciado em phi-losophia e letras. Visita então as gran-des nações europeas, entregando-secom paixão á philologia. A's suasduas linguas maternas, tagalo e cas-telhano, )untára elle, no decorrer dosseus estudos clássicos, o grego, o la-tim e o hebreu; apaixonado pela lite-ratura e pela arte dramática do Im-perio do Sol Nascente, familiarizara-se com o japonez; agora é o fran-cez, é o inglez, é o allemão, é o ita-liano que elle quer conhecer, que lheé preciso aprender : e aprende-os, co-nhece-os.

Secção amenaUm pregador que visitava uma ta-

zenda encontrou, perto de uma por-teira, uma mulher á frente de umamanada de asnos, e gritou-lhe alegre-mente:

Adeus, mãi dos asnos.Adeus, filho predilecto — respon-

deu a outra immediatamente.

#O padre Sebastião dissera ao seu

creado que queria ser comprehendidopor meia palavra.Por exemplo — lhe disse — quan-do eu te pedir o chá, tu me traráschá, assucar, rhum, leite, pão, queijo,manteiga, etc.

O creado, bem amestrado, compre-hende logo as vontades do seu amo.

Um dia o padre sentiu-se um pou-co indisposto, e mandou o espertocreado na pharmacia comprar um re-medio.

O creado saiu, e levou tanto tem-po que quando voltou achou o amotodo agitado.

Lesma, o que fizeste tanto tempona rua?

Padre, fiz tudo o que era neces-sario para que o senhor não dissesseque eu não lhe comprehendia logo.Estive na pharmacia, procurei umdoutor, fui no tabellião, avizei o yi-gario, os coveiros, emfim providencieipara os solennes funeraes.

Dialogo com um vigário usurario.Por que juros me empresta o sr.

um conto de réis ?A 9 por cento, menos nada. E' o

juro ordinário.Mas isso é uma exorbitância !Ora, ralo-me com isso.

E não receia o desprezo dos seusconcidadãos ?

E' o que menos me importa.Nem a justiça do vosso Deus,

ao menos ?Não senhor. D2US, felizmente,

está muito alto e lá de cima vê o alga-rismo de pernas para o ar, de formaque para Deus o 9 será um 6.

Habita alternadamente 'em

Paris,em Bruxellas, Londres, Gand, Ber-lim, nas cidades rhenanas, nas mar-gens dos lagos suissos; maravilha-secom as grandezas de Roma, deixa-seencantar pela doçura do esplendidocéo italiano ; o seu espirito anima-secom as heróicas tradições da Helve-cia, o poeta interessa-se, o sonhadorcommove-se deante das lendas fan-tasticas das negras florestas allemãsdas margens escarpadas do velhoRheno.

Elle não esquece, porém, a pátria.Soffre por ver que a Europa a desço-nhece, que o éco dos seus soffrimen-tos náo atravessa os vastos oceanose todavia...

Tendo dois frades num convento sepegado a ponta-pés o prior fez a se-guinte queixa :

Os frades A e B chegaram ás mãos,com os pés.

Um frade, que era um filante demarca maior, costumava ir todos ósdias ás dez horas comer o almoço decerto burguez que não apreciava mui-to a gentileza.

Uma oceasião disse-lhe o padre :Nós estamos táo longe do sol

que se atirassem de lá um burro, de-moraria vinte annos para chegar áterra.

Pois olhe, o que lhe posso ga-rantir é que se de lá atirassem umfrade ás nove e meia, ás dez horasestaria aqui para almoçar commigo.

Page 3: X.K XmiM . .rafe. -í;memoria.bn.br/pdf/366153/per366153_1911_00115.pdfnos da vida de Juda, filho Lia e Jacob, narra-nos coisas bastr.n-te escabrosas e biblicas. A mulher de Juda,

A I;A.NT-F/RNA

O caso Madame Curie

Os leitores conhecem sem du-vida o caso : a illustre viuva ecollaboradora do sábio descobri-dor do radio foi accusada no

Journal de ter desapparecido comum seu collega casado. Era falsoe á eminente professora foramlogo apresentadas humillimas des-culpas, pelo que ella se limitou

Mas, como grande parte desantos padres, Antonio Marcellinonão era mais do que um hypo-crita, não levando muitcs mezes adeixar cahir a mascara.

Tomando conta da sua nova

parochia, tratou elle de reforma-la,introduzindo certos melhoramen-tos, dos quaes esperava tirar osmelhores resultados... em beneficioda religião.

A primeira coisa que fez foi

O bonzo do Ocçidente

fazer uma breve declaração nos abrir a aula de catecismo. Como

jornaes, considerando como abominavel qualquer intromissão daimprensa ê do publico na vida

privada e annunciando que para o

futuro, em casos análogos, exigi-ria judicialmente uma forte in-

demnização, para ser utilizada no

interesse da sciencia.Mas é typica a carta que lhe

foi dirigida por Fernando Hauser,redactor do Journal, provável-mente a isso coagido pelo di-

rector:Paris, 5 de novembro de 1911

Minha senhora,Estou desesperado, e venho apresentar-

lhe as minhas inais humildes desculpas.Fiado em informações concordes, escrevi

o artigo que sabe *, fui enganado ; e demais,aquelle artigo, de nenhum modo eu deve-ria ter escripto ; e nilo posso comprehender,neste momento, como a febre da minhaprofiss5o pôde levar-me a tío detestávelacto. .

Sou cruelmente punido, minha senhora,pelas torturas que soffro, pensando no malque lhe fiz.

Uma só consolação me resta : é que ohumilde jornalista que sou nfio pode, com

qualquer dos seus escriplos, deslustrar a

gloria que a aureola nem a consideraçãoque a cerca.

Nunca mais, minha senhora, escrevereiuma palavra, assignado ou nao, sobre estedoloroso caso, pois bem desgraçado sou porser o autor do fatal artigo que deploro.

Quer acceitar, minha senhora, as des-culpas que lhe dirijo do fundo do coração".

E' inclinando-me respeitosamente anteV. E., autorizo-a, minha senhora, a fnzerdesta carta o uso que lhe convier, especifi-cadamente a pubhca-la.

Seu muito afflicto,Fernando Hauser.

Esta lamentável carta causa-nos

pena, mas faz-nos maguadamentercflectir na miséria moral do triste

jornalismo moderno de negóciose de escândalos, de chantàge e

de mentiras interessadas IMadame Curie obteve prompta

e completa satisfação por ser

quem é.Mas se fosse um ou uma de

menor categoria? Quantos não

ficam para sempre enxovalhados,ainda que os follicularios sem es-crupulos tenham sido convencidosde infâmia ou de mentira ?

Os leitores lembram-se porexemplo dos grosseiros insultose insinuações torpes que soffre-mos quando Maria Magdalena foi

apresentada por Idalina ?... Osinsultadores confessaram depois o

seu erro ? enguliram os seus in-sultos ?

E ainda Hauser achou aquelladesculpada «febre da profissão»...Febre maligna e infecciosa I

era natural, os pais mandaramseus filhos e filhas para se pre-pararem para a primeira com-munhão.

Entre as freqüentadoras dasaulas, uma dellas despertou aattenção do exemplar vigário.

E desde então começaram os

presentes: um santinho, um rosa-rio de missanga, um livrinho...todos os dias uma pequena lem-branca 110 intuito de, cada vezmais, approximar a incauta meni-na, que pelo interesse começou afreqüentar assiduamente a casado padre. Este só esperava ummomento opportuno que, afinal,chegou.

A infeliz creatura, uma pobremenina inconsciente, foi victimados brutaes desregramentos do

padre libidinoso.Esse novo caso exasperou a

população, que exigiu a retiradado miserável padre, que foi presoe remettido para Porto Alegre,de onde ante-hontem regressouescoltado para Bento Gonçalves,afim de ver-se processado pelocrime que commetteu.

Lenda tártara

Emquanto na ara sacra o azimo pão elevasAnte o extatico' olhar da crente multidão,E, alma feita de lodo, alma feita de trevas,Finges seguir piedoso os Passos da Paixão;

A grangrena roaz dos sôfregos instinetosImprime-te no corpo asinino e suado,Os beijos sensuaes, tantalicos, famintosDa impureza carnal, do lubrico peccado.

Sacrilego, onde tens recôndita a consciência,Onde abrigas, Tartufo, a mysteriosa fé ;Porque erijas em crime as normas da Existência,E calques a virtude honesta com teu pé f

Prostitues a mulher, e a chamas Magdalena,Perdoas o adultério e condemnas o berço.Maculando do Amor a grande alma serena,

Que forma o pantheismo immenso do universo.

Olha, torpe embahidor das vans consciências cegas,Mocho da escuridão no século da luz ;Emquanto na tribuna a caridade pregas,Pregas o Salvador segunda vez na cruz !

Debaixo da apparencia humilima e bondosa,

(E não falta, aliás, quem inclita proclamc-a !)Occultas uma jaula escura e pavorosa,Em que ruge, sangrenta, a panthera da infâmia I

Tivesses tu poder, e este formoso mundo,

Que avista agora a luz dum sol promettedor,Não passaria, então, dum pantanal immundo,Do qual serias, sapo, o unico dictádor.

E nesse esgar canino, hydrophobo c nefario,Cobririas, até, se o pudesses de rastros,Com a tua roupeta o espaço planetário,Só para os Galileus não descobrirem astros.

installar em casa, como sentinellavigilante e ciumenta do lar e dafidelidade clérico-marital, uma mu-lher, uma fúria, um dragão !Credo ! Adeus confissão ! adeusconquistas 1 Seria um nunca acabar de scenas de ciurne junto aoconfessionário, de escândalos emplena igreja!

Abrtnuntno!

@ ts? "Ss?

A pobreza SranciscanaChegados diante de um rio, que

devia ser passado a vau, dois fra-des, um dominicano e outro fran-ciscano, disse o primeiro ao se-gundo:

Irmão, já que estás descalço,conforme prescreve a tna regra,passa-me para a outra margem áscostas.

0 tranciscano accedeu, mas nomeio do rio assaltou-o um escru-pulo e exclamou, parando:

Irmão, levas dinheiro com-tigo?

Sim : uns 3$000 reis.Pois uão posso continuar com-

tigo ás costas, porque a minha regraprohibe-me que traga dinheiro emcima do corpo.

E atirou coie o dominicano áagua.

Liga anti-clerical hespanholaConstitue-se em Madrid um valioso

núcleo liberal que trabalha paraa separação do poder civil dopoder religioso.

Acaba de fundar-se em Hespanhauma liga liberal destinada a coni-bater o clericalismo em todas as suasmanifestações e principalmentea-orga-nizar as hostes dispersas do anti-clericalismo, dirigindo e robustecen-do a sua acção, e dando coherencia-atodas as suas íormas de exteriori-zação. A commissão organizadoradesta importante instituição ó com-posta do srs. Miguel Morayta, pre-sidente; Luiz Morote, vice-presidente;Santiago Arimon, Augusto Barcia,Francisco Escola, Ricardo VUlamar,vogaes, e Eduardo Oncjero, secretario.Síio nomes já conhecidos por seterem salientado na propaganda dosideiais liberais c garantem uma te-nacidade e uma energia prodigiosaspara a luta contra o jesuitismo. Oprogramma com que se apresentam,sendo modesto, sem espalhafatos, éclaro e cheio de lirmeza :

ALMAS EVANGÉLICAS

Auguato de Lima.

(Das Contemporâneas).

^jtzzzjzzzzn&ax********-''**

CINEMA UNIVERSAL

DESLUMBRANTES FITAS... MORAES— Dois «bons> padres —

Duas freiras seduzidas —

Uma menor deshonrada.

Não são fitas novas para osnossos leitores, mas agora apre-sentamo-las mais completas. Apre-ciemo-las, pois:

Não é fita nem opereta, masum facto que tem indignado aoextremo a população da pacatavilla Bento Gonçalves, no RioGrande do Sul.

Ha ali um recolhimento ete,órfãs,, dirigido pelas irmãs efeS. José.

O vigário da localidade, umrapagão espadaudo e decidido, o

padre Carmine Fasulo, e que eratambem o capelão do referidorecolhimento, engraçou-se por umafreira, e, insinuante, tornou-a suaamante. E os dois religiosos pom-binhos viviam sem arrufos, quando o volúvel padre apaixonou-se

por uma outra freira, fazendo-atambem sua amante. E assim iaelle dividindo as suas caricias eos seus amores com as duasfreiras, até que um dia ellas des-cobriram que eram objecto am-bas do mesmo amor e... travarama lucta. Scenas de ciúmes suece-diam-se e o escândalo estoirou.

As freiras deixaram os hábitos,voltando á casa de seus pais e o

vigário seduetor foi suspenso porordem do arcebispado.

Para substituir o padre Carmi-ne, foi então nomeado o padreAntonio Marcellino, em quem as

autoridades ecclesiasticas distri-

O Supremo Construetor de todas as coisas, depois de crear ohomem, arrependeu-se da perfei-ção relativa da sua obra e pensouem o cercar de obstáculos e doen-

ças de todas as classes.Para o privar, em determinada

hora do dia, da vista do astrobenéfico, o Sol, fez a noite. Edisse :

— Homem : desapparecerá dia-riamente a luz e não verás nemconhecerás teu irmão, nem teu

pai, nem teu amigo. Viverás per-dido nas trevas.

Mas o homem revoltou-se. Des-cobriu o fogo e inventou a luzartificial.

Então o Construetor abriu ascataratas das nuvens afim de lheinundar o refugio e de o alagaraté aos ossos.

Mas o homem construiu boascabanas, etn seguida casas e pa-lacios, e fabricou guarda-chuvas eimpermeáveis.

Sem se dar por vencido, o Su-

premo Construetor pensou logoem o gelar de frio. O homem,

porém, edificou confortáveis vi-vendas com fogões e caloriferose abrigou o corpo conveniente-mente.

Depois enviou-lhe o raio quefulmina. E ao raio oppoz o ho-mem o pára-raios.

Quiz refrear a sua faculdadede locomoção, concedendo-lhe cur-tas e vagarosas pernas ; e foi ohomem e inventou o carro, a di-ligencia, a ferrovia e o automóvel.

Não poderá communicar-se comseus semelhantes rapidamente, eficará isolado, pensou ; e o ho-mem ideou o correio, o livro, aimprensa, o telegrapho, o tele-

phone e o telegrapho sem fios.O Supremo ia dar-se por ven-

cido, mas o Diabo, que não des-cansava na sua faina de escanga-lhar o homem, deu uma palmadana testa e disse ao Construetorde todas as coisas :

Não te empenhes em deter

a marcha do homem para o pro-gresso, porqne continuarás a fazerfiasco. Encarrega disso o ser maismaligno que creaste e talvez elleo consiga.

Que ser é esse ?O frade.

corre bem, e pode rivalizar como de muitos templos e túmulos

que, na China e na índia, pos-suem iguaes virtudes curativas ;apesar da differença dos deuses,e até com o famoso e milagrentotúmulo do Propheta de Allah, emMecca.,.

feantertia /VlagicaEvitai o purgatório

O Jornal de Alsacia-Lorena

publicou o calculo feito por um

jesuita para determinar o tempo

que mesmo o mais piedoso ca-tholico terá de passar no purga-torio :

Commettemos pelo menos 10 pescadospor dia. Por anno süo, pois, 36ÇO pecca-drs ou arredondando, 3000. Em vinte an"nos, 60 000 peccados. Admitíamos que asnossas supplicas e esmolas (e esmolas *

attenção l) resgatem metade dessas culpas ;restam ainda, para cada periodo de 20annos da nossa vida, 30 mil peccados queteremos que expiar nas chammas do pur-gatorio. E' necessário, dizem os theologos,uma hora de solTrimento para ext nguirum peccadu; podemos, pois, calcular quetodo pio catholico terá de passar nesselugar de horriveis penas 30 mil horas,isto é, 3 annos, 5 mezes e 20 dias.

Os freguezes comprehenderam fSão precisas muitas missinhas!muitas esmolas!...

Na Áustria

Em Muhlbache (Tyrol) foi mui-tado um pobre operário, Prinz,

pai de 5 crianças, porque nãomandava as três de mais idadeá missa ! O motivo era que oscaminhos eram maus e os peque-nos tinham falta de roupa. Em-boral Muito pobre para pagaras multas suecessivas (ao todo110 coroas, cerca de 75$ooo),retirou-se para Linz ; mas ali foi

processado e iria para a cadeia,se não conseguisse arranjar porfim o dinheiro.

Quando e onde elles mandam...é o que se está vendo !

Coisas de sempreNo Breve enviado pelo papa

Paschoal ao bispo de Santiagoem 1103, dizia-se o seguinte:

E' de todo ponto indecente que em tuaprovincia, segundo nos informam, moremjuntos frades e freiras. Isso a tua expe-riencia o deve procurar impedir, para que,conformemente ao juizo de pessoas religio-sas, sejam apartados em moradas muitodiversas os que presentemente estão jun-tos ; e para que, de futuro, nâo se use se-nielhante liberdade.

Tal liberdade era o equivalentedo... casamento dos padres e po-deria fazer diminuir o numerodos attentados contra crianças...

Questão de preçoRefere El Correo de Catania:

Na aldeia de Minco ha um parochomuito temperado.

Outro dia foi dar o ultimo passaporte aum enfermo, e ao sair da habitação, de-pois de o confessar, disse á familia :

E' inútil ! é inútil ! NSo posso abiol-ve-lo. Os seus peccados são muito grandes.

Ai 1 pobres de nós 1 E diga-nos sr.cura, como poderíamos arranjar isso '.

O ultimo preço, trinta pesetas.Afinal, para poupai uma éter-

nidade no inferno, era até de

graça! Que são trinta pesetas aolado da eternidade, meus irmãos f...

Acaha de sair em Hespanha Eltriunfo dei tradicionalismo, opusculoem que se Íaz.um quadro anteci-

pado do que será aquelle paiz apósa victoria dos jaimistas (ahsolutis-tas e clericaes) — os hons amigosdos realistas portuguezes na fron-teira.

Quem muito deu que fazer aorei (os factoa silo dados, por lan-tasia, como já succeditlos) loi omaldito Nakens. 0 seu sacrilegoMottn teimava em apparecer, oraaqui, ora acolá, ató que um dia ocadáver do hereje íoi encontradosuspenso do lustre duma igreja deMadrid. Adoptara aquelle suicidiocomo ultimo iusulto, o quo elleexplicava em carta.

Traduzamos agora:"... Ura ancião que servira ás

ordens do conde de Hespanha ahriu

passagem por entre-multidão enfia-recida, e puxando duma navalhadeu no corpo do suicida um golpetremendo, chupando-lhe depois oescasso sangue que lhe restava.

"Aquelle acto foi imitado poroutro e outros, e em hreve o corpodo que fora espanto de politicospusillanimes foi uma verdadeiracarniçaria.

"Então uma senhora velha cortoucom umas tesouras um dedo do

justiçado, iniciando assim uma ver-dadeira repartição daquella carne,

já putreíacta."Todos levaram um pedaço, gran-de ou pequeno, do corpo de Nakens,do qual só ficou um pequeno rastode sangue, a marcar a sua passagempela3 ruas.

"No dia seguinte o Senhor e oInquisidor geral publicaram umamensagem ao povo louvando aquelleacto de vindicta popular.

"Em verdade não merecia menosaquelle aborto do Averno.

"A paz do Altíssimo seja comelle".

Que almas! Felizmente são uto-

pias os pios desejos destes canibaes I

«Os dois principios que silo a essen-cia da vida moderna, da cultura con-temporanca c do espirito europeu : —a liberdade do pensamento e a su-premacia do poder civil na esfera dasua própria acção — náo teem emHespanha uma existência sequer to-lerada. A Liga Anti-Clerical Hcspa-nhola propõe-se como íim immediato,estabelecei* uma continua communi-cação com análogas entidades doestrangeiro, crear uma unidade entretodas as collectividades hespanholas,estimular os poderes governantes,fiscalizar a acção do clericalismo,sempre reaccionario, propagar tenaz-mente as doutrinas de emancipaçãoreligiosa, e como lim remoto con-seguir, a separação eíTectiva dos po-eleges civil e religioso, já separadosna consciência de todo o homemculto, até chegar á completa laici-zação da vida civil. Para isso diri-gimos um incitamento a todas asforças vivas do -paiz, tanto collecti-vas' como individuais, convencidosde que encarnamos as aspirações detodos os elementos liberaes da naçãoc de que a campanha que organi-/.amos não só obedece ao mais su-premo imperativo Ja cultura moderna,mas que é, antes de tudo e sobretudo para os hespanhoes, unia obraimprescindível de conservação na-cional.»

A. Liga Anti-Clerical vai encetaruma intensa propaganda por meioJe conferências, publicações etc,não só em Hespanha, mas no es-trangeiro.

DIVERSÕES

0 casamento dos padres

Pequenos ecos

J. Caballero <le la Vega.

Liga Anticlericaldo Rio de Janeiro

São convidados todos os srs.

associados a comparecer á assem-

bléa geral ordinária mensal quese realizará quinta-feira, 7 de de-

zembro, ás 7 horas da noite, á

jrua General Câmara n. 335.— A directòria faz sciente aos

srs. sócios que a Liga não tem

cobrador, por isso convida áquel-les que queiram quitar se de suasmensalidades' a' entender-se como contador, sr. Maximiano Ma-

autoridades ecc*eSiaSu^ «--.*- cedo, na sede «ciai, toda»»

ctaes depositavam máxima con- quintas-feiras, das 7 fyfJgW

fiança, em vista da sua vida re- te. - Carlos A. de Lacerda, 2.

grada e exemplar... secretario.

Milagre alternativoE' uma nova especialidade da

afamada casa Lourdes. Narra LaPensèe, segundo um seu corres-

pondente de Liège :

Uma senhora desta cidade soffria deforte dysenteria, pelos médicos declaradaincurável. A conselho do confessor foi aLourdes e voltou completamente curada,curada demais até, porque trouxe umaprisão de ventre t5o renitente como hapouco a sua diarrheia. Nova viagem aLourdes : já se annuncia que está em viasde recuperar a dysenteria que lá perdera.Deste modo, a sua vida decorrerá entreLourdes e Liège, numa serie de milagres,prova deslumbrante de ter Deus concedidoá sua mãe de Lourdes o mesmo poderque aos apóstolos, o de ligar e desligar...

Numerosos têm sido os mila-

gres de Lourdes este anno, ao

que se diz, e as curas de enteri-tes são as mais freqüentes. Acasa está satisfeita: o negocio

O padre francez Claraz, autorde varias obras approvadas pelasautoridades ecclesiasticas, -acaba

de publicar um grosso livro de

450 paginas para defender o ca-samento dos padres. O livro foilogo condemnado pelo arcebispode Paris, a quem o sacerdoterespondeu com uma enérgica car-ta de revolta ede indisciplina.

Um jornal lembra que a disci-

plina nem sempre foi em Françatão rigorosa: tempos houve em

que certo prelado de Lorena nãosó tolerava que se casassem os

padres da sua diocese, mas da-va-lhes para isso autorização offi-ciai, mediante o pagamento deuma taxa particular.

Não sabemos afinal porque ha

padres que aspiram ao matrimo-nia, ao laço indissolúvel, apesardas manifestas vantagens do ce-libato — na opinião particular damaioria delles e na geral da Igre-

ja... E' verdade que S. Pedro,

primeiro chefe, foi casado, poisteve sogra; mas, precisamente,não é a sogra um dos peoresinconvenientes f

Demais, para perigo e ameaça,bastam os pais e maridos dasconfessadas e devotas. Ainda ir

Tabacaria e Livraria Ideal —o nossoamigo Adelino Tavares de Pinho, que re-sidiu por alguns annos no Brasil, estáagora novamente no Porto, Portugal, ondeabriu um pequeno negocio com a denomi-nação acima, á rua das Flores, 65.

Todos os nossos amigos que desejaremadquirir ua Europa livros sobre literatura,sociologia e sciencia, poderão faze-lo porseu intermédio, remettendo-lhe os pedidosacompanhados da respectiva importância

Conferência — 0 Centro de ConferênciasScientiíicas realizou no domingo passado, ái hora da tarde, a sua segunda conferen-cia, na sede da Sociedade Gil Vicente.

Agradecemos o convite que nos foi en-viado.

Theatro Casino — Muitos nume-ros de suecesso íoram apresentadosdurante a semana aos freqüentadoresdeste apreciado tnitsic-liall e muitos ..outros números serão apresentadosna semana entrante.

Amanhã, matinee familiar, comdistribuição de bonbos ás creanças.

Theatro Colombo — No Braz, ésempre o Colombo quê dá a nota emmateria de cinematographia. E porisso anda sempre repleto de gente debom gosto.Amanhã haverá attrahente ma-tinée infantil.

Cinema Congresso — Novidades^emais novidades todos os dias sãolevadas neste bello cinema da praçaJoão Mendes, innegavelmente o maisfreqüentado pela população do dis-tricto da Liberdade. Para a semanaque entra estão já annunciadas muitasexhibições de suecesso garantido.Amanhã haverá malinée com es-colhido programma.

Eldorado Cinema — Continua dan-do bellas fitas todos os dias e estápor este motivo sempre cheio.

Amanhã haverá matinee combons films.

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FRANCISCO FERRER

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(Continua),

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de trabalho, pedimos aos nossosassignantes que transfiram de re-sidencia, nos communiquem a pri**mitiva residência.

Números atrasadosDispomos de alguns pacotes de

números atrasados da Lanterna

para serem distribuídos gratuitamente.

Page 4: X.K XmiM . .rafe. -í;memoria.bn.br/pdf/366153/per366153_1911_00115.pdfnos da vida de Juda, filho Lia e Jacob, narra-nos coisas bastr.n-te escabrosas e biblicas. A mulher de Juda,

A LANTERNA

"LANTERNA" NO INTERIOR

Em Tauhatégj — ji — iqn — Não tenho por

costume falar da vida alheia, mas vejo-mehoje na dura necessidade de mostrar aosrespeitáveis leitores da Lanterna o cumulode hypócrisia ou a pouca vergonha dessasaves negras, a que chamam padres, essespulhas sein caracter que julgam ser Tau-bate uma fazenda do bispo, onde estepacato povo tenha que se sujeitar a todas assuas imposições. Mas desta vez saiu-lhes otrunfo ás avessas.

Eis o facto : o empresário do CinernaPio mandou vir a fita Notre Darne de Paris,para ser exhibida no seu pavilh-So, annun-ciando-a em um grande cartaz distribuídopelas ruas,

Sabem o que fizeram ns taes aves derapina ? Formaram logo uma commissão detrês delles da qual fazia parte o tisicohomem das crianças. Essa. sagrada com-missão foi ter com o sr. delegado afimdeste impedir que fosse exhibida a fita quelhes vinha de muito perto tocar as feridas.

Essa autoridade mandou-a ao sr. Car-valho Freitas o empresário do cinema, que,por ella procurado, negou-se a attendc-la.

Foi então espalhado pela cidade o lalboletim do padre, pedindo, implorandomesmo aos pais de fámilias para não ireme nem deixarem suas famílias assistirem a ia!exhibição.

Pois foi quanto bastou para que, comessa reclame, a empresa tivesse — umacasa cheia, mais uma enchente ií cunha.

O povo mais uma vez mosirou assimque é livre, deixando a commissão fc opadre Firmino com cara de tacho.

Abaixo, pois, a canalha de batina !

Taubateano livre.

Em Villa RaEEardA convite, esteve entre nós o compn-

nheiro Waldomiro Padilha com o fim derealizar umn conferência, que leve lugarno Salão Theatro do sr. Ângelo Carnevalli,ás 7 horas e meia da noite de domingo,26 do corrente.

Depois de ser apresentado ao numerosoauditório, Padilha deu inicio á sua bellaconferência, dissertando sobre a vida dooperário, arrancnndo a cada momento ca-lorosos applausos e grandes ovaçOes, quelhe cortavam a oração.

O povo de Villa Raffard sente-se satis-feito por ter tido oceasião de ouvir essemoço, pertencente a essa gigantesca pha-lange de lutadores que por toda a parte,affrontando todos os perigos, dedica-se aocombate contra os erros sociaes e todos osparasitas que sugam a seiva da vida dohonrado trabalhador.

E' de esperar que todos os operários queestiveram presentes á conferência tomeminteresse pela elevada questão que nellafoi tratada, tratando com umor da organi-zação duma liga de resistência, contratodos os exploradores do trabalho. Essamissão cabe, porém, especialmente, a essalegião de operários que está sempre sujeita si : ude e perpetua luta com a fadigae miséria diárias.

A elles ci he levantar a fronte lavada emsuor e protestar contra essa meia dúzia deparasitas que explora todas as suas forçns,sem lhe dar a compensação merecida.

Não é com a santa paciência «le esperar,que realizará a aspiração de melhores diaspara sua classe desprovida de tudo o queque é necessário. Aspirar somente umporvir de liberdade e de bem-estar paratodos, não resolve o difficil problema davida, sem a união dos esforços e sem seagir directamente nada se conseguirá,

Ida Moreno.

Mas, deixemos de mais preâmbulos, poisjá estamos notando.a grande curiosidaile«pie domina os leitores...

Pois lá vai a grande nova, que muitoha-de imprcssionnr a humana gente.

Como é sabido, Tundiahy vai ter ninafabrica de canos de esgottos.

Oh ! que novidade! — dirá o leitordesdenhosamente. Entretanto é uma noticiadc valor, pois não se Irati de um nconte-cimento que interessa só a nós, míseroshabitantes deste valle de lagrimas, mastambem á sagrada diplomacia celestial...

Inaugurar-se uma fabrica de canos deesgottos é coisa muilo commum, corriquei-ra mesmo. Poiém o que não entra noshábitos da vida normal é dispor-se a fa-

naç-alo, como nem siquer para a suaprisão.»

Na ultima parte faz-se uma analy-se do protestantismo em geral e, es-pecialmerite, do calvinismo, demons-trando ser este, ao contrario do quemuitos julgavam, um movimento anti-liberal, antivital, antibumano. Umagrande quantidade de documentosauthenticos apoia tão importanteobra, e delia resalta triurhphante acolossal figura do grande sábio, aoqual, até agora, não se havia dado adevida importância.

Custa tres pesetas o volume, quecontém 320 paginas, impressas cmpapel especial, com oito gravuras e

bricar os conduetores da... alma dos padres, j com uma confecção typographica cs-

sob os sanlos auspícios celcstiaes... | merada.

Pois foi o que aconteceu em JundiahyA fabrica de canos de esgottos «lesta cida-de recebeu ns bênçãos do céu, por inter-médio do cura da terra, que a livrou assimdos futuros maus olhados de Belzebií. Aagua benta abriu lhe o caminho da bem-aventurança...

Vamos, portanto, ter ergottos santos...Bom aviso para os qm: sulficreiii de ir-

regularidades intestinaes. a . Quem sobrelies deitar a sua .. alma, não mais i-offre-

rá de piii-ão de ventre ou dc pincha-lon<;e...

Leu.

Em Mo PretoA grande luta por todo o mundo trava-

da para a conquista do bem-estar dn hu-manidade já chegou até a esta cidade,ccllocndn á margem <*Ui sertão, provocandomn -inimiuli-r despertar da sua «d* sse tra-balliadora.

Um núcleo dos amigos que nesta cidadeacompanham o movimento das idéias no-vas, desejando unir os esforços dos ope-rnrios, promoveu uma reunião, realizadano dia 6 do corrente, no salão PalhéCinema.

Essa assembléia foi bastante concorrida,e animada. Abriu-a o operário Paulo Bon-giorno, que txpoz os fuis da organizaçãooperaria.

Foi depois posta em discussão o esta-tuto da Liga Operaria, havendo uma ani-mada troca de idéias entre diversos doscompanheiros presentes.

Nessa mesma reunião deliberou-se reali-zar uma nova assembléia para a eleiçãodas com mi soes administrativas da Liga.

Nu seio da classe reina grande cnthu-siasmo pela sua organização.

Este facto é mais uma demonstração de

que esla futuros» cidade vai em continuoprogresso.

29-11-911 O correspondente.

Os pedidos devem ser dirigidos úCasa Editorial Maucci, Calle de Mal-lorca, 16G, -Barcellona.

Bilhetes _e recadosGaranluins — II. Costa: Remettemos os

pacotes. Elles formigam por toda n p:-;U\Havemos de deitar-lhes formicida em cima.

Engenheiro Brodowsky — Q. Tomaschi:Recebemos os 5$ do sr. J. Cantare.lli.Saudações.

Cordeiro— Alfredo Nassif: Foi satisiei-to o seu pedido.

Bruxellas — Ruben Faro : Remettemosos jornaes pedidos. Escreva. Saudações dosamigos.

Sorocoba —* J. Cavicchioli : Recebi sim

Bibliotheca de! Âpostoladode La Verdad

Faliu-tos a1 Correio :

zoo réis, fora o porte e registo

tanto que já noticiei

Remettemos oagradonesmo

o seutrazer

Remetto-

¦*a-<£-ja**í*t*>riáCiS3SC^n^2S^-* rvr-^ssar-Mssio

Pelas publicações

a caria de quo falaso facto. SaiUle !

Capim Branco — P. Rseu pedido. Acceitamos comofferecimento. E' precisotodos esses factos para o conhecimentodo povo ingênuo que ainda lhes dá cro-dilo. Saudações.

Livramento — J. C. de Mello: Remotte*mos o recibo de um anno conforme seu

pedido. Saudações.Itapipoca -*- A. Drummond

mos 03 livros pedidos e entregámos aoBento da Silva a respectiva importância.

Cataguazcs— J. Schettini : Recebemos aimportância de sua assignatura e da dosr. V. Infante. Remettemos o Papa Negro.Vamos procurar nns livrarias. Saudações.

S. Carlos —- J. C. da Silva : Remelle-mos as medalhas.

Ri0 _ o. Reinelt : Muito lhe agradece-mos a ofTerta e a promessa de outras..,O Bento anda ntarefado com o seu Bre-viário. Dcmos-lhc o scu recado. Sempre quetenha vagar, lembre-se da Lanterna. Umabraço dus amigos,

Therezina — V. Tito: Recebemos aimportância que nos enviou. Agradecemos-lhe a demonstração de sympathia pelonosso jornal. SaudaçOes.

Santos— M. Perdigão: Seguiram os to-lhetos. Desculpe-nos a demora.

Juiz de Fora — T. R- Santos : Dê-nosnoticias de si. Saudações dos amigos.

Primeira série, já publicada '.

La I.ujuria dei Clero, segun los concilios.El Diablo, por Roberto RobertCrislo en ei Vaticano, por Victor Hugo.El Romance Anticlerical, por vários autores

(primero tomo).El Pueblo a la Aristocracia, por Pey Ordéix.Historias de la corte celestial, por Narciso

Campillo,Monita Secreta de los Jesuítas.A Una Madre, por Ramon Chies.La Democracia y la Iglesia, por Potvin. •

2.1' Série em publicação '¦

Dios, por SuHer y Capdevila.Los Milagros, por Roberto Robert.Lo que come-n los curas, por Frcy Gerendio.Viaje ai Inficrno, por José Nakens.La libertad de cnsiiianzn, por Edmundo

Gonzalez.La Papiza Juana, por Julio F. Mateo.Sonetos Piadosos, por vários.Retratos de José Nakens, 1S500 réis.

cA ILsaiteE-SES-» no SâsífiE-âorA Lanterna, alím do ser vend.da

avulaamente em quasi o todo interiordo Estado, 6 encontrada tambem íivenda nus i-eguintea agonoias :

Em Ribeirão Preto, na agenda dos.y. iTobó Selles, ma Amador Bueno, 4ie'4H.

Em Campinas, em casa tlo ur. An-tonio Albino Jnnior.

Em Santos, na agencia do nr. PaivaMagalhães, rua Santo Antônio.

Ém Mogy ãas Cruzes, na, agencia doer. Antônio Costa.

Limeira, com o sr. .Toso D'Urso.Juiz de Fora, com o sr. Thomaz H.

dos Santos, rna Rilva Jardim, 4 — A.Florianópolis, com o sr. Valentim

Farinhas, rua llepublica, 4,Em S. Roque, & rua Dr. Estevana

vende-se a Lanterna a 200 rs.

BIBLIOTHECA DA "LANTERNA'

EM P0RTUOURZ

M. Gorki, Os amassadores . . . $200A de Pinho, /'cia Educação e feioTrabalho • • $200

H. Malatesta, Programma socialistaanarquiita-revol-ucionario . . . $100

Pe iro Kropótkine, 0 ComunismoAnârqutco $100

Prof. Saturnino Barbosa, PoemaTranscendente i$ooo

B. Peres Galdós, Electra, (dramaanticlerical em 5 actos) . . . i$S0°

Mezza Botta, 0 Papa Negro . . 2S000yesus Christo nunca existiu, Bossi, $SooAtheismo, Le Dnntec 3$ooo

¦H

Eus JundiahyUm facto de incalculável alcance acaba

de ser registado nesta laboriosa terra. Eseria por isso uma imperfloavel, uma cia-morosa injustiça deixa-lo de registar nascolumnàs deste popularissimo semanário.

Estamos certos que todos os leitores daLanterna saberão dar o devido valor aogrande esforço empregado pelo seu corres-pondente de Jundiahy para conseguir avaliosa noticia de um acontecimento de talimportância.

Servet, pelo doutor Pomveyo GenerEste livro que acaba de ser edita-

do pela Gasa Maucci, dc Barcelona,pode ser considerado como um ver-dadeiro monumento a Miguel Servet.

Pompeyo Gener, cujo valor é jâ bas-tante admirado na Europa e na Ame-rica. dedicou largos annos ao escru-pulosò

"estudo áa grande figura deServet, o insigne sahio que vem a ser«um dos dez grandes homens daHumanidade», segundo a expressãode Elyseu Reclus.

Eni Servet determina-se o seu nas-cimento e a sua proge.nie. comprova-dos com documentos na primeiraparte do livro.

Na segunda parte, o autor estudaas obras, os descobrimentos, as idéiase as tendências deste gênio universal,medico, philosopho e theologo, sendosua conclusão epie elle encarnavaante o protestantismo o renascimentodo espirito crego-latino coin a reivin-dicaçao do homem.

Na terceira parte oecupa-se o autordo processo infame que Calvino, seuinimigo, lhe fez instruir, por rivalida-de, pára legitimar o horrendo suppli-cio da fogueira, que lhe foi applicadosem motivo algum. «Li e_ reli, diz oautor, o processo e commigo um dosprimeiros advogados suissos. Em ne-nhuma de suas paginas resulta motivoalgum serio, não só para a condem-

Ribeirão PretoNa Livraria Selles á rua Ama

dor B eno,"4l e 43,Lanterna a 200avulso

vende-se Aréis o numero

Folhetim da LANTERNA

(26) JOSÉ RIZAL

Desse numero ainda dispomos dealguns pacotes, que pomos á dis»

posição dos amigos. E' um nu-mero que não perde a sua actua-lidade e serve para a distribuiçãoem reuniões, procissães e á portadas igrejas.

Os preços de pacotes são osmesmos, isto é, os seguintes :

1 pacote de 20 exemplares i$ooü» » 30 i$5oo> » 50 2$500

Os pedidos devem vir acom-

panhados das respectivas impor-tancias, sem o que não poderãoser attendidos.

Noll me ingeri(0 Paiz Dos frades)

Hona&ace fagalo de 188-3

Joniaes de propagandaO companheiro José Sanches, residente

a rua Monsenhor Anacleto, 37, no Braz,com o intuilo de desenvolver aqui a pro-paganda em hespanhol, recebe e tein A.venda os seguintes jornaes : Rcgeneración,orgam dos revolucionários mexicanos, dcLos Angeles, Estados Unidos; Tierral, deCuba e' Ticrra y Libertad, de Barcelona.

cA 1AMTBBNA»__H0 BIO

é encontrada á venda nos seguintes pontos:Café Ciuteriijm, largo do Rocio;Na rua Salvador de Sá, 48, esquina da

rua Visconde de Sapucahy (engraxate).Nn rua da Assemblea, esquina da rua

tlo Carmo, (engraxate);Rua do Ouvidor, 181, agencia do sr.

Bl*az Lauria.Na rua do Senado, 63.Avenida Passos, 120 (engraxate).Rua Lavradio, 47, com o sr. Ângelo

Priusi.Largo da Carioca, 2, com o sr. Leonar-

do Bettiuo.Rua da Saude, 221, com o sr. Toão

Perrotla.Rua da Saude, 167, com o sr. Nicolau

Caruso.Largo de Santo Cristo, com o sr. An-

tonio Fittipaldi.Estação Central, com o sr. Raphael

Mauro.Largo da Lapa, 112 com o sr. Januário

Cascardi.Rua I? de Março — Agencia do sr.

Mantlarino.Rua Uruguayana, IIO, esquina da rua

do Rosai io (exgraxate).Rua Marechal Floriano Peixoto, 58,

(egraxate).Avenida Mem de Sá, esquina da rua

Lavradio, com o sr. Caruso Compas.Avenida Central, no edificio do Lloyd

(engraxate).Rua Souza Franco, 68, com o sr. í>per-

duto — V. Izabel.Largo dos LeBes, com o sr. Nlltan

Carelli.Rua Uruguayana, 202, com M. ). Pe-

reira.

Religião \c Evolução, E. HaeckelMaravilhas da vida, »Enigmas do Universo >•Sociologia Fundamental, BenteoPôr Universal, Faure ....

KM HESPANHOL

f. Rutgen', Las Guerras y la Pen-sidad de la Póblación ....

M. Devaldés, Malthusianismo y Neo-Mallhusianismo

Ch. Drysdale, Dignidad, Libertadé Independência

C. S. Darrow, Crimen y Crimi-na les

André Girard, Edueación y Auto-ridati Prternal

EM ITALIANO

Dottor Nicoló Converti, Che cosaé il Socialismo

F. Domela Nicuwonhuis, La Chie-sa e ln St ato

Romanzo di una Donna, ÂngeloLovga> et/i

Almacco Libertário illustrado içoç

EM F11ANCE7.

Les Prisons, Pierre Kropótkine, .I.AEsprit de Revolte *> . . .René Chaughi, La Femme F.sdaveJean Grave, Leniente pour 1'actionE'liséo Reclus, Amon Frére lePaysan

Tean Grave, .SV i'avais áparler a-uxElecleurs

Charles Albert, Pa/He, Chterre, Ca-sente

Elisíc Reclus, LAvolntion e Révo-httion

A. Girard, VEnfer Militaire . .

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LA LIBRE PENSÉERevue Internationale hebdomaire

paraissant des le ier juillel1 ç 1 1 à Lausanne (Suisse) etÈvian (France)

De. nombreux ècrivains de France, doSuisse et autres pays ont dèjà proinis leurcollaboration, parmi lesquels :

MM. Auguste Dide, Dr. A. Forel, N.Simon, Gustave Iíubbard, Sòbastien Faure,Dr. O. Karmin, Herriot, maire dc Lyon,A. Thalamas, etc.

M.mes Marie Bonnelvial, Ida Altmann,Alexandra David, Ncly Roussel, OdetleLaguerie, etc.

Abonncmcnt: Un a", fr. 7,25 six móisfr. 3-75

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NOVO FOLHETO

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A confissãoAcaba de sair do prelo, sob o titulo

acima e contendo 16 paginas, o pri-meiro folheto da série que pretendemoseditar.

E' um bom folheio para a propagai!da no seio do povo.

Os amigos do interior devem adquiri-lo para fazerem delle uma larga distri-buição entre os crentes. Pessoalmenteou em grupos poderão distribui-los poroceasião de procissões e d porta dasigrejas.

Custa 4.f,ooti o cento e 100 avulso.Os pedidos devem vir acompanhadosda respectiva importância.

Só podemos atti nder 03 pedidosque venham acon panhados da res-pectiva importância.

Leiam ! propaguem ! o

Evangelho da Horaque se destaca fortemente, pela suaoriginalidade, pela sua belleza literária,pela simplicidade do sou estylo, pelaforça doa seus argumentos, pela Iim-pidez e podor convincente das snasimagens.

E', não uma parodia, quo poderiacair no ridiculo, mas uma sentida,uma empolgante, uma commovedoraparaphrase do Evangelho, <-m quo osversículos Hão phrases lapidares e pro-fundas, um que as parábolas fulgununcom intenso e orystallino brilho.

Preço :Um cento G$000Avulso 200 róisOa podidos de folhetos acampanha-

dos da relativa importância devemsei* enviados a Pedro Frigerio, ruaEubino de Oliveira a. 28, S. Paulo.

Grupos «Aurora» e «Libertas», edi-ores.

Engenho StamatoSem engrenagem para moagem de

canna com salvaguarda para evitiu-desastre. Privilegiado o premiado comdiversas medalhas de bronze, prata eouro. Progressivamente estão se eepalhando por esto vasto paiz; jií foramadquiridos por mais de 1.000 fazen-deiros que attestam a utilidade dostaimportante maohiua. Inventor e fa-brioante

RAPHAEL STAMATOAlfândega, 194--Filial, Kua da

Eio de Janeiro.Fundição o Meohanioa, Avenida Mar-

tini Burohard, 146 — S. Paulo.

(Especialmente traduzido para A Lanterna)XIX

O SERMÃOcurvará a cabeça e offerecera opescoço para que sobre elle se apoieo amortg; se o padro e o indio vftoa cavallo, entüo o indio parará,tirará o salakot ou chapéu revê-rentementa, finalmente, se o indiovai a cavallo e o sacerdote a pé,descerá o primeiro do cavallo o sótornará a montar quando o padrelbe disser sulung ou iôr já muitolonge. Assim mandam os santosconcilios, e excommungado ficaráquem não obedecer".

B quando se vai montadonum carabao ? — pergunta um escrupuloso camponio ao seu vizinho.

Então... segue o seu cami-nho ! — responde esi,e, que era umcasuista.

Mas apesar dos gritos o gestosdo pregador, muitos dormiam oudistrahiam-se, pois aquelle discursoera o mesmo de sempre. Bm vãoalgumas devotas trataram de sus-pirar e chorarrigar pelos peecadosdos impios, mas tiveram que desistirda empresa, por nfto haver quem

lhes fizesse coro. A própria irmãPuté pensava exactamente o con-trario. üm homem sentado a seulado tão profundamente adormeceraque caiu'sobre ella, deaarrajando-lhe o vestido; a boa velha agarrouno tamanco e começou a desperta-lo á pancada, gritando :

Sai daqui, selvagem, demo-nio, carabao, cachorro, condem-nado!

Originou se tumulto, naturalmeu-te. 0 orador parou, arregalou osolh*;s espantado de tao grande es-caudalo. A indignação afogou-lhe avoz na garganta e só pôde pronun-ciar algumas palavras incoherentes,esmurrando o púlpito.

"Aaah 1 aaah 1 — pôde porfim exclamar o indignado sacerdote,cruzando os braços e agitando acabeça; — para isso estou aquitoda a manha a pregar, selvagens!Aqui, na casa de Deus, brigais eproferia más palavras, descarados!Aaah ! já nada respeitais ! Eis aobra da luxaria e da incontinen-cia do século! Bem o dizia ou,aaah!

iii sobre este thema continuoupregando por espaço de meia hora.0 alcaide roncava; Maria Claracabeceava: a pobrezinha nfto podiaresistir ao somno, nao tendo maisquadros nem imagens que analysarnem com que se distrahir. A Iharrajá não lhe faziam mossa as aliu-soes; pensava agora numa casinha,no alto dum monte onde planeava¦*,er feliz com Maria Clara. Que nofundu do valle rastejassem os ho-

miMStMMBUU .-/Wmb -. la^nir^K^rr^att-^^^-nn***!1**

mens e vivessem nos seus miseráveispovoados !

0 padre Sal vi mandara tocarduas vezes a campainha, mas Í3soera pôr lenha no íogo ; frei Damasoera cabeçudo e r^ais alongava osermão. Frei Sibyla mordia os la-bios e arranjava repetidas vozes assuas lunetas de crystal montadasem oiro. Frei Manuel Martin erao unico que parecia escutar comprazer, pois estava risonho.

Afinal o pregador cansou-se odesceu do púlpito.

Todos ajoelharam para rendergraças a Deus. 0 alcaide esfregouos olhos, estendeu um braço, comopara se espreguiçar, soltando umaah profundo e bocejantj.

Continuou a missa.Quando, ao cantarem Balbino e

Chananay o Licarnatus est, to iosse ajoelhavam, um homem miirmu-rou ao ouvido de Ibarra: "Na ce-rimonia da benção não se afastedo cura, u?o desça ao fosso, nãosc aproxime da pedra, que nissoestá a sua vida !"

Ibarra viu Elias que, ditas estaspalavras so perdia entre a mui-tidão.

XXA CÁBREA

Sobre oito metros de altura ele-vava-se complicado andaime: qua-tro grossos madeiros, enterradosno' solo, eram as peças capitães,sujeitas entre si por enormes vigascruzadas e postas diagonalmente,unides umas ás outra3 por pregos

E' vendida, ao preço de ioo réis, nosseguintes pontos :

S<\LÃo Monteiro — Avenida RangelPestana, 140.

Ventura Suírra, rua Conselheiro Ra-malho, 1C6.

Agencia de jornaes do sr. Antônioàcafuto, rua 15 de Novembro, 37.

Na rua S. Caetano, 230.Lapa, com o sr. Miguel D'Ângelo

Medalhas de FerrerRecebemos da Europa e temos

a venda uma boa quantidade deuma interessante medalha paracorrente, tendo de um lado o re-trato em alto relevo do grandemartyr da educação racionalista eno reverso uma bella legenda.

São vendidas ao preço de i$ooo

pagando mais 200 registrada pelocorreio.

caibraes, enterrados só até. meio,talvez porque, tendo o apparelhoum caracter provisório, facilmentepoderia ser depois desfeito. Enor-mes cabos, pendendo por todos oslados, davam um aspecto de solidez e magnitude ao conjuneto, co-roado lá em cima por bandeirasvariegadas, galhardetes e grinaldasde flores artisticamente entretecidas.

Do alto pendia, po« meio decordas e ganchos de ferro, umadescommunal roldana de três rodas,sobre cujos brilhantes reburdos pas*savam três canos ainda maiores doque os outros, cios quaes estavasuspenso o coloasal cubo de pedra,íscavado no centro, para lormarcora a concavidade da outra pedra,já descida no fosso, o pequeno es-paço destinado a guardar a historiado dia, como periódicos, maituscri-ptos, moedas, etc, e transmitti laa remotas gerações. Estes cabosiam enrolar-se no cylindro dumsarilho preso no chão por meio depranchOes. 0 sarilho, que podia pôr-se em movimento graças a duasmanivelas. centuplicava a forçadum homem com um jogo de rodasdentadas.

Nos kioskes que ante hontem vi-mos oecupados pelo mestre-oscolae pelos alumnos, preparava-se agorao almoço opiparo o abundante. Nocaramanchel que os unia estavamos assentos para os músicos e umamesa coberta do doces e compotase de garrafas de agua coroadasde folhas e flores, para o publicosequioso.

fabrica de Fumas "Braz"FUNDADA EM 1887

Escusado é dizer-se que esta é aúnica fabrica que vendo sem

reserva de preços. Seus produetossão conhecidos em todo o

Estado

Avenida Rangel Pestana, 66— S. Paulo --

0 mestre-oscola mandara levan-tar mastros de cocanha e depen-durar frigideiras e panelas paraalegres divertimentos.

A multidão, ostentando trajes decores vivas, fugia do sol, agglome-raudo-se á sombra das arvores e daramada. Os rapazes trepavam paraos ramos e para as pedras, afimde ver melhor a cerimonia, e olha-vam com inveja os pequenos esco-lares que, asseado3 e bem vestidos,oeeupavam um lugar a eiles des-tinado.

Em breve se ouviram os distantesacordes da música que se aproxi-mava precedida duma turba multi-cor. 0 homem encarregado da cábreapôs-se inquieto e examinou comum olhar todo o seu apparelho.Um curioso camponês lhe seguiaos olhares, ob^ervando-lhe todos osmovimento: era Elias, que acudiatambem a presenciar a cerimonia;com o seu salakot e a sua maneirade vestir, era quasi irraconhecivel.Arranjara o melhor sitio, quasichegado ao sarilho, á beira da es-cavação.

Com a musica vinham o alcaide,os vereadores, os frades e oá empregados hespànhóes. Faltava uni-camente o padre Damaso. Ibarraconversava com o primeiro, dequemse fizera muito amigo desde quelhe dirigira uns finos cumprimentospor suas condecorações e faixas:os fumos aristocráticos eram o fracode sua excellencia. 0 capitão Tiago,o alteres e mais alguns ricos acom-panhavam as lindas moças, que

preservavam os rostos morenos do3raios do sol sob vistosas sombri-nhas de seda. 0 padre Salvi ia,como sempre, silencioso e pensa-tivo.

— Conte com o meu apoio sem-pre que se trate de uma boa acção— düia o alcaide a Ibarra; — eulhe proporcionarei o que o senhorprecisar, ou farei com que lho pro-porcionem os outros.

A' medida que se iam aproxi-mando, sentia o joven palpitar-lheo coração. Instinctivamente, dirigiuum olhar ao estranho andaime alilevantado; viu o homem encarre-gado do cabrestante cumprimenta-lo respeitosamente e fixar nelle porum momento a vista. Com surpre-sa descortinou Elias, que com umsignificativo piscar de olhos lhe deua entender que devia ter presentea recommendação fe-ta na igreja.

O parocho envergou as vestessacerdotaes e deu começo ás ceri-monias. Os zarolho sacristao-mírsegurava no livro e um menino docoro' no hyssope e na caldeirinhade agua benta. Os demais, á volta,de pé e descobertos, guardavam pro-fundo silencio.

Entretanto tinham sido colloca-dos na caixa de crystal jornaes,medalhas e moedas.

Senhor Ibarra, quer collocara caixa no seu lugar? murmurouo alcaide ao ouvido do moço.

Com muito gosto — respon-deu este, — mas usurparia essehonroso dever ao senhor Escrivão; o

(Continua).