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XXV CONGRESSO DO CONPEDI - CURITIBA EFICÁCIA DE DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES DO TRABALHO, SOCIAIS E EMPRESARIAIS I LUIZ EDUARDO GUNTHER CANDY FLORENCIO THOME SANDRO LUNARD NICOLADELI

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XXV CONGRESSO DO CONPEDI - CURITIBA

EFICÁCIA DE DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES DO TRABALHO, SOCIAIS E

EMPRESARIAIS I

LUIZ EDUARDO GUNTHER

CANDY FLORENCIO THOME

SANDRO LUNARD NICOLADELI

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Copyright © 2016 Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito

Todos os direitos reservados e protegidos. Nenhuma parte destes anais poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados sem prévia autorização dos editores.

Diretoria – CONPEDI Presidente - Prof. Dr. Raymundo Juliano Feitosa – UNICAP Vice-presidente Sul - Prof. Dr. Ingo Wolfgang Sarlet – PUC - RS Vice-presidente Sudeste - Prof. Dr. João Marcelo de Lima Assafim – UCAM Vice-presidente Nordeste - Profa. Dra. Maria dos Remédios Fontes Silva – UFRN Vice-presidente Norte/Centro - Profa. Dra. Julia Maurmann Ximenes – IDP Secretário Executivo - Prof. Dr. Orides Mezzaroba – UFSC Secretário Adjunto - Prof. Dr. Felipe Chiarello de Souza Pinto – Mackenzie

Representante Discente – Doutoranda Vivian de Almeida Gregori Torres – USP

Conselho Fiscal:

Prof. Msc. Caio Augusto Souza Lara – ESDH Prof. Dr. José Querino Tavares Neto – UFG/PUC PR Profa. Dra. Samyra Haydêe Dal Farra Naspolini Sanches – UNINOVE

Prof. Dr. Lucas Gonçalves da Silva – UFS (suplente) Prof. Dr. Fernando Antonio de Carvalho Dantas – UFG (suplente)

Secretarias: Relações Institucionais – Ministro José Barroso Filho – IDP

Prof. Dr. Liton Lanes Pilau Sobrinho – UPF

Educação Jurídica – Prof. Dr. Horácio Wanderlei Rodrigues – IMED/ABEDi Eventos – Prof. Dr. Antônio Carlos Diniz Murta – FUMEC

Prof. Dr. Jose Luiz Quadros de Magalhaes – UFMG

E27Eficácia de direitos fundamentais nas relações do trabalho, sociais e empresariais I [Recurso eletrônico on-line] organização CONPEDI/UNICURITIBA;

Coordenadores: Candy Florencio Thome, Luiz Eduardo Gunther, Sandro Lunard Nicoladeli – Florianópolis:

CONPEDI, 2016.

1. Direito – Estudo e ensino (Pós-graduação) – Brasil – Congressos. 2. Direitos Fundamentais. 3. Relações doTrabalho. I. Congresso Nacional do CONPEDI (25. : 2016 : Curitiba, PR).

CDU: 34

_________________________________________________________________________________________________

Florianópolis – Santa Catarina – SC www.conpedi.org.br

Profa. Dra. Monica Herman Salem Caggiano – USP

Prof. Dr. Valter Moura do Carmo – UNIMAR

Profa. Dra. Viviane Coêlho de Séllos Knoerr – UNICURITIBAComunicação – Prof. Dr. Matheus Felipe de Castro – UNOESC

Inclui bibliografia

ISBN: 978-85-5505-365-8Modo de acesso: www.conpedi.org.br em publicações

Tema: CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: o papel dos atores sociais no Estado Democrático de Direito.

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XXV CONGRESSO DO CONPEDI - CURITIBA

EFICÁCIA DE DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES DO TRABALHO, SOCIAIS E EMPRESARIAIS I

Apresentação

A Coordenação do Grupo de Trabalho EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

NAS RELAÇÕES DE TRABALHO, SOCIAIS E EMPRESARIAIS I, do Conselho Nacional

de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito - CONPEDI, sente-se honrada por apresentar essa

coletânea de artigos, fruto das pesquisas e dos debates que serão realizados no âmbito do

XXV ENCONTRO NACIONAL DO CONPEDI, cujo tema é CIDADANIA E

DESENVOLVIMENTO: O PAPEL DOS ATORES NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE

DIREITO.

O evento ocorreu no Centro Universitário Curitiba - UNICURITIBA, entre os dias 7 e 10 de

dezembro de 2016, na capital do Estado do Paraná.

Dentre os inúmeros trabalhos encaminhados, provenientes de todas as regiões do País,

dezesseis artigos foram aprovados e selecionados para a nossa Coordenação, com temas

ligados ao Direito Econômico, ao Direito Empresarial, ao Direito do Trabalho e ao Direito

Ambiental.

O CONPEDI, desde 2005, fomenta o debate nas áreas do Direito Econômico em grupos de

trabalho específicos, como aqueles voltados às relações de consumo e desenvolvimento.

Além disso, investiga a relação entre Direito Econômico, modernidade e análise econômica

do Direito, assim como temas correlatos.

Não remanescem dúvidas de que a contribuição acadêmica dos pesquisadores participantes

do Grupo de Trabalho EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES

DE TRABALHO, SOCIAIS E EMPRESARIAIS I é essencial para movimentar os debates

social, econômico, ambiental, político e jurídico, revigorando a participação democrática.

Aproveitamos para, mais uma vez, tecer sinceros parabéns aos autores pelos impressionantes

trabalhos e, ainda, registrar nosso propósito de instauração de enriquecedores debates no

Congresso que se avizinha.

Prof. Dr. Luiz Eduardo Gunther - TRT

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Profa. Dra. Candy Florencio Thome - USP

Prof. Dr. Sandro Lunard Nicoladelli - UFPR

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O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES TRABALHISTAS: UM PANORAMA DA CRISE ECONÔMICA.

LE MOLESTIE MORALI NEI RAPPORTI DI LAVORO: UNA PANORAMICA SULLA CRISI ECONOMICA.

Luiza Helena Gonçalves

Resumo

O assédio moral nas relações trabalhistas não é um problema recente, mas a preocupação

sobre o assunto ganhou destaque nas últimas duas décadas. Hoje o tema é corriqueiro. Isso se

dá pelo grande número de casos e de vítimas desta realidade degradante. E um dos fatores

que contribui para estes altos índices é a crise econômica. Na ânsia de garantir a

produtividade e reduzir os custos muitas empresas acabam criando um ambiente favorável à

perpetuação desta prática. Daí a importância no estudo do assédio moral, analisando formas

de prevenção e meios efetivos de erradicação deste fenômeno.

Palavras-chave: Assédio moral, Relações trabalhistas, Crise econômica, Efeitos, Prevenção

Abstract/Resumen/Résumé

La violenza sul posto di lovoro non è un problema nuovo, ma la inquietudine con il soggetto

ha acquistato evidenza negli ultimi due decenni. Oggi il tema è usuale. Questo è causato dal

gran numero di casi di questa realtà degradanti. E uno dei fattori che contribuisce a questi alti

tassi è la crisi economica. Desideroso di garantire la produttività e minorare i costi molte

aziende finiscono per creare un ambiente favorevole alla perpetuazione di questa pratica.

Ecco perché l'importanza nello studio del abuso sul posto di lavoro, analizzando forme di

prevenzione e sistemi efficaci per spurgare questo fenomeno.

Keywords/Palabras-claves/Mots-clés: Abuso sul posto di lavoro, Rapporti di lavori, Crisi economica, Efetti, Prevenzione

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INTRODUÇÃO

O consagrado modelo de relação trabalhista é marcado pela subordinação, cuja

principal característica consiste no fato do empregador (superior hierárquico) possuir o poder

de direção em relação aos demais integrantes da corporação.

E é neste contexto que, via de regra, o assédio moral surge, ou seja, quando os limites

deste poder são ultrapassados dando lugar ao excesso, às condutas, tanto ativas como omissivas,

desarrazoadas e com fito de agredir determinada pessoa (ou grupo de pessoas).

Por certo que o simples ato de se exigir cumprimento de metas, quando adequadas ao

normal andamento da atividade, por si só, não constitui assédio. É necessário o abuso, o

descomedimento, a arbitrariedade.

Também não bastam atos isolados, típicos de ocorrências pontuais e passageiras. É

preciso a continuidade, ou seja, uma sequência de humilhações repetidas e prolongadas ao

longo da jornada de trabalho.

Na mesma seara, não é suficiente que a conduta seja motivada por razões pessoais. É

imprescindível que ela esteja diretamente relacionada às funções desempenhadas no contexto

laboral. Tudo isso alinhado a um único fim: alijar a vítima de maneira a causar-lhe profundos

danos psíquicos e até mesmo físicos.

Ainda que o assédio moral seja um fenômeno tão antigo quanto a própria existência

do trabalho, somente nas últimas décadas esta grave vicissitude despertou maior interesse com

a divulgação de pesquisas realizadas em diversos segmentos profissionais, bem como através

da difusão de estudos acadêmicos e de dados da justiça. Com isso, passou-se a verificar como

eram frequentes os casos de assédio no meio laboral e a gravidade das consequências geradas

por este tipo de violência cometida em face do trabalhador.

Tal cenário, infelizmente, se mostra mais agravado na atual conjuntura de crise

econômica, marcada pela extrema redução de custos e, sobretudo, pela dispensa maciça de mão-

de-obra. Com equipes cada vez mais enxutas, e uma miríade de números extraordinários a

serem atingidos, exsurge nas empresas o ambiente ideal para a prática do assédio.

Sob o pretexto de manter a produtividade e diminuir os gastos a verdade é que o

assédio só traz consequências negativas, seja para a pessoa do trabalhador, seja para a empresa

que permite este tipo de conduta, seja, em última análise, para a própria sociedade.

Neste contexto, um dos maiores debates sobre o tema deriva da ausência de um

tratamento legal específico e a suposta necessidade de tipificação do assédio.

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Todavia, em que pese esta lacuna legislativa, o fato é que mesmo na carência de uma

norma que cuide em particular do assédio moral, o arcabouço legal brasileiro dá pleno suporte

ao seu tratamento e penalização.

Assim, muito antes de uma lei própria é imperioso que se dispense maior atenção à

prevenção do problema, de maneira a inibir esta devastadora mácula social.

Seja por meio de políticas de conscientização, de decisões judiciais, ou, ainda, através

da plena aplicabilidade de instrumentos legais já existentes, somente através da educação será

possível reprimir o assédio moral.

1. O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES TRABALHISTAS:

Os primeiros passos dados à compreensão e estudo do assédio moral no âmbito das

relações trabalhistas partiram da psicologia e da psiquiatria, tendo na figura do médico alemão

Heinz Leymann um dos seus principais representantes1 (PEDUZZI, 2007). Outro expoente na

análise deste fenômeno é a psicóloga francesa Marie-France Hirigoyen.

Para Marie-France (2011, p. 65) o assédio moral em um local de trabalho deve ser

compreendido como todo e qualquer comportamento de cunho eminentemente abusivo,

marcado por condutas, palavras, atos ou gestos que possam trazer algum tipo de dano à

personalidade, à dignidade ou à integridade física e psíquica de uma pessoa (com o

desencadeamento de doenças, como a depressão, por exemplo), de maneira a deteriorar o

ambiente de trabalho. Ainda na obra de referida autora (2005, p. 17):

O assédio moral no trabalho é definido como qualquer conduta abusiva (gesto,

palavra, comportamento, atitude...) que atente, por sua repetição ou sistematização,

contra a dignidade ou integridade psíquica ou física de uma pessoa, ameaçando seu

emprego ou degradando o clima de trabalho.

Já Hádassa Dolores Bonilha Ferreira (2004, p. 37) afirma que o assédio moral é fruto

de um conjunto de fatores, entre eles a globalização econômica predatória (que teria como

embrião a revolução industrial), a busca incessante pela produção e pelo lucro cada vez maiores,

assim como a atual organização do trabalho, que, segundo defende, resta profundamente

1 Nos anos oitenta Heinz Leymann realizou estudos em organizações e através deles observou inúmeros

tratamentos hostis que se manifestavam nas relações de trabalho em relação aos empregados (PEDUZZI, 2007).

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marcada pela competição agressiva e pela opressão dos trabalhadores através do medo e da

ameaça.

Neste compasso, no que tange aos elementos caracterizadores do assédio moral surge

a figura do sujeito ativo (agressor ou assediador), que pode ser representado pelo empregador

(superior hierárquico), por um colega de serviço ou até mesmo por um subordinado2. Noutra

ponta está o sujeito passivo (vítima ou assediado), consubstanciado, em geral, na pessoa do

empregado, por ser esta a forma mais habitual de assédio, ou pelo empregador eventualmente

atingido. Além disso, é necessário a identificação de uma conduta ou comportamento

consciente daquele que agride, atentando contra os direitos de personalidade do ofendido de

maneira reiterada e habitual (ALKIMIN, 2007, p. 41).

Desta feita, para a caracterização do assédio moral não basta um ato isolado, ou uma

exigência costumeira de uma determinada atividade laboral. É preciso atos exacerbados,

pautados pela repetição, assim como o evidente propósito de assediar, perseguir. Além disso, é

necessário inequívoco direcionamento (foco em uma pessoa ou um grupo de pessoas

“escolhidas” para serem alvo do assédio), bem como temporalidade, já que as atitudes de cunho

assediador devem ocorrer durante a jornada de trabalho e perdurarem ao longo do tempo (dias,

meses, anos) e, por fim, ter por resultado a nítida degradação da vítima e das condições de

trabalho (ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO, [201-?]).

Com base nisso, a literatura acerca do tema identifica algumas espécies de assédio

moral. A primeira delas, o chamado assédio vertical descendente, parte do superior, ou

empregador, sendo a vítima o subordinado. Nesta hipótese o agressor, na qualidade de detentor

de poder, vale-se desta posição de maneira desarrazoada e, com isso, acaba por atingir a pessoa

do trabalhador. Em seguida o assédio horizontal, que se dá entre colegas de labor, os quais

possuem mesma competência ou representatividade no local de trabalho. Neste caso o assédio

ocorre, na maioria das vezes, por incentivo da própria empresa em nome de uma melhor e maior

produção, sendo de iniciativa do empregador o estímulo à competição entre pares. Por último,

o assédio moral vertical ascendente, ou seja, provocada por um subordinado em relação ao seu

superior hierárquico (ALKIMIN, p. 61).

Assim, para a já citada autora Hádassa Dolores Bonilha Ferreira (2004, p. 124):

O fenômeno pode ser entendido como um processo desenvolvido no bojo das relações

de trabalho, envolvendo condutas abusivas, positivas ou negativas, que atentam contra

a dignidade do trabalhador, promovendo, mediante humilhações, ridicularizações,

isolamento, etc., um ambiente de trabalho penoso. Além disso, as condutas que

2 Ainda que raras, existem situações de assédio praticado por empregado em relação a seu superior hierárquico.

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caracterizam essa figura precisam ser repetitivas e prolongadas no tempo, compondo

um processo destrutivo. Vale ressaltar que o assédio moral nas relações de trabalho

necessita ocorrer em razão do exercício das atividades contratadas, não se

confundindo com questões pessoais, alheias à esfera trabalhista.

Ou ainda (GUIA DE DIREITOS, [201-?]):

No ambiente de trabalho o assédio moral pode ser identificado por humilhações

constantes, geralmente provocados por um chefe ou superior na escala hierárquica,

que levam à uma degradação das condições de trabalho. A vítima, com medo de perder

o emprego, se sente de mãos atadas diante das hostilidades acaba se submetendo ao

rebaixamento.

Justamente por ser um processo de ataques repetitivos, e que se estendem ao longo do

tempo, permeado por ardis e estratégias psicológicas impregnadas de humilhação, descrédito e

hostilização, o assédio traz, sem sombra de dúvidas, grande sofrimento ao trabalhador.

O assédio moral, portanto, significa a violação de deveres e obrigações que são

intrínsecos a qualquer contrato de trabalho, entre eles a boa-fé, o respeito mútuo e a não

discriminação. Esta prática, que pode ser considerada uma espécie de quebra contratual, gera

graves consequências para a pessoa do empregado, o qual tem sua dignidade e sua esfera de

direitos da personalidade3 profundamente atingidos.

Uma vez que ao se tratar de assédio moral se fala em violação aos direitos da

personalidade (imagem, honra, saúde, intimidade, privacidade, liberdade, entre outros), bem

como em desrespeito ao princípio da dignidade, significa dizer que o empregado, ao oferecer

sua força de trabalho em troca de uma recompensa pecuniária (salário), sujeitando-se, para

tanto, ao poder de direção e comando do empregador, não cede seus direitos a outrem, ou seja,

de forma alguma o trabalhador autoriza que um terceiro atinja sua gama de direitos mais

absolutos. (ALKIMIN, 2007, p. 126-127).

Isso porque, como bem ensina Daniel Sarmento (2006, p. 85):

(...) o princípio da dignidade da pessoa humana, consagrado como fundamento da

República Federativa do Brasil (art. 1°, inciso III, CF), e que costura e unifica todo o

sistema pátrio de direitos fundamentais, “representa o epicentro axiológico da ordem

constitucional, irradiando efeitos sobre todo o ordenamento jurídico e balizando não

apenas os atos estatais, mas também toda a miríade de relações privadas que se

desenvolvem no seio da sociedade civil e no mercado”.

3 Assim entendidos como aqueles direitos que dizem respeito aos atributos que definem e individualizam a pessoa

(ALKIMIN, 2007, p. 20).

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Logo, por ser a dignidade inerente à pessoa humana, sua proteção deve ser assegurada

em todas as circunstâncias e notadamente no âmbito da relação de trabalho (HIRIGOYEN,

2005, p. 342).

Não obstante, tratam-se os direitos da personalidade de direitos irrenunciáveis e

intransponíveis, razão pela qual merecem ampla proteção, pois conforme defende Carlos

Alberto Bittar (1995, p. 60):

Com essa proteção, evita-se sejam esses bens oferecidos a conhecimento, ou a fruição

de terceiros, ou mesmo submetidos a ações deletérias ou depreciativas, enfim, a

resultados não desejados pela pessoa e, portanto, contrários à ordem jurídica.

Representam esses direitos, sob esse prisma, verdadeiras muralhas antepostas pelo

Direito como defesa da pessoa frente a invasão de qualquer outro componente da

coletividade.

Dito isto, o assédio moral emerge, em sua maior parte, de uma constante busca pela

produtividade e pelo incentivo à competitividade, tendo como catalizadores as drásticas

reduções de custos e de mão-de-obra. Porém, como defende Denise da Fátima Stadler (2008,

p. 86):

Quando a empresa adota estratégias que visam aumentar a produção e diminuir os

custos, não se pode esquecer de que estas estratégicas não devem resultar na

degradação das condições de trabalho.

...

Embora se reconheça como compreensível que o empresário vise o lucro, isso não lhe

dá o direito de exigir dos seus trabalhadores a prática de atos humilhantes e

constrangedores. O empresário extrapola o seu poder de mando no momento em que

exige uma competição em busca de resultados, deixando de respeitar os limites

individuais de cada um daqueles que coloca sob o seu comando.

O grande paradoxo encontrado neste cenário de abusos praticados sob o pretexto de

aumentar a produtividade e diminuir os custos, é que, na verdade, o resultado é exatamente o

oposto. As consequências geradas pelo assédio moral vão muito além do que os danos à saúde

do trabalhador. Também afloram deste fenômeno inúmeros efeitos negativos para a própria

empresa, e como bem coloca Maria Aparecida Alkimin (2007, p. 101):

O assédio moral engendra prejuízos econômicos para a organização empresarial,

afetando diretamente a produtividade e lucratividade pelo absenteísmo e rotatividade

de mão-de-obra, devendo-se acrescer, ainda, o alto custo com o pagamento dos

direitos rescisórios e indenizações compensatórias, além do custeio das indenizações

por dano moral e material.

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O próprio Ministério do Trabalho ressalta que, entre os vários resultados negativos que

o assédio traz às empresas, estão as seguintes perdas (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2013):

Queda da produtividade e menor eficiência, imagem negativa da empresa perante os

consumidores e mercado de trabalho;

Alteração na qualidade do serviço/produto e baixo índice de criatividade;

Doenças profissionais, acidentes de trabalho e danos aos equipamentos;

Troca constante de empregados, ocasionando despesas com rescisões, seleção e

treinamento de pessoal;

Aumento de ações trabalhistas, inclusive com pedidos de reparação por danos morais;

O fato é que os empregados não conseguem entregar os resultados esperados em um

ambiente de constantes agressões e pressões desmedidas. Os números almejados simplesmente

não são alcançados. Ademais, a grande maioria destes empregados vitimados acabam se

desligando da empresa e, aos que procuram o Poder Judiciário para denunciar a mazelas

sofridas, muitos pleiteiam reparações pelos danos sofridos. Não bastasse, cria-se perante o

mercado uma notável rejeição da empresa que permite este tipo de conduta.

Entretanto, mesmo diante de todos estes ônus, muitas companhias continuam a

perpetrar atos de terror no âmbito laboral. Simplesmente esquecem-se que “o bom

funcionamento de uma empresa não pode ser visto unicamente pelos resultados econômicos,

mas também por seu ambiente de trabalho” (HIRIGOYEN, 2005, p. 316), pois “a produtividade

do empregado está diretamente ligada à satisfação no trabalho” (GALIA; RAMOS, 2012, p.

78).

O assédio moral, sem dúvidas, é uma grande chaga da sociedade atual e uma

verdadeira atrocidade que fere valores sociais e garantias jurídicas, razão pela qual deve ser

severamente combatido.

2. OS NÚMEROS DO ASSÉDIO MORAL NO BRASIL:

O primeiro debate sobre assédio moral no Brasil surgiu com a divulgação de uma

pesquisa pela Folha de São Paulo em novembro de 2000. Tratava-se de uma reportagem da

jornalista Mônica Bergamo e naquela ocasião foram veiculadas as seguintes informações

(BERGAMO, 2000):

Um estudo da médica do trabalho Margarida Barreto, da PUC, aponta que empregados

humilhados sofrem mais de pressão alta, dores no peito, falta de ar, enjoos e graves

doenças psicológicas.

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A médica diz que não apenas os gritos e ofensas são graves: "O chefe que ironiza, faz

piadas sobre o subordinado ou obriga seu funcionário a fazer um trabalho que não será

utilizado está cometendo psicoterror, ou assédio moral”.

De lá até hoje muito se avançou sobre o tema. Todavia, ainda há muito que ser

discutido pela sociedade, em especial pelos movimentos sindicais e pelo poder judiciário

(ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO, [201-?]).

Isso se deve ao fato de que nos mais recentes levantamentos sobre o assédio moral no

Brasil os números são alarmantes.

Em matéria divulgada em junho de 2015, de um total de mais de 4.900 profissionais

entrevistados em todas as regiões do país, 52% disseram ter sido vítimas de algum tipo de

assédio. Mesmo entre aqueles que disseram não ter enfrentado diretamente uma situação deste

tipo, 34% afirmaram que já tinham presenciado algum episódio de abuso no ambiente de

trabalho (BARIFOUSE, 2015).

Outra reportagem revelou os números do Ministério Público do Trabalho da 2º Região,

do qual faz parte o Estado de São Paulo, evidenciando que 684 denúncias sobre assédio moral

haviam sido registradas em 2014, número três vezes maior do que o total de casos recebidos

em 2009, quando foram oficializados 213 (LIBORIO, 2015).

No estado do Paraná, por sua vez, de janeiro até setembro de 2008 a Coordenadoria do

Núcleo de Igualdade e Combate à Discriminação da Superintendência Regional do Trabalho

registrou 369 queixas de trabalhadores que teriam sido vítimas de assédio moral na capital,

Curitiba, e demais cidades integrantes da Região Metropolitana (BOREKI, 2008).

Ainda, dados do Ministério Público do Trabalho do Paraná apontaram que o número de

processos de investigação sobre denúncias de assédio moral cresceu mais de 5 vezes no

interregno de 2004 até 2009, o que representou um salto significativo de 24 registros para 128

(NASCIMENTO, 2010).

O Ministério Público do Trabalho divulgou que o estado do Rio Grande do Sul recebeu

no ano de 2014 um total de 390 denúncias sobre assédio moral no trabalho, o que representou

um número 25% maior do que os casos registrados em 2013 (MINISTÉRIO PÚBLICO DO

TRABALHO, 2015).

Segundo informação publicada em março de 2016 pelo Conselho Superior da Justiça

do Trabalho, uma apuração realizada pela Organização Internacional do Trabalho – OIT

apontou que 42% dos brasileiros já sofreram assédio moral (ALMEIDA, 2016).

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Este panorama deixa claro que, apesar do assunto já ter ganho ampla notoriedade através

de discussões travadas na mídia, no âmbito acadêmico e nos próprios tribunais brasileiros, ainda há

muito que se avançar.

Talvez o terror psicológico (um dos termos comumente usados para se tratar do assédio

moral) possa ter deixado para trás sua eventual invisibilidade, pois durante muito tempo sequer se

sabia como nominar as agressões perpetradas no ambiente de trabalho. Todavia, diante de dados

consistentes no sentido de demonstrar que esta mazela é habitual e crescente, uma efetiva erradicação

do problema ainda está distante.

Daí a importância de serem adotadas medidas de educação sobre o tema e, principalmente,

de se encontrar meios para identificação dos fatores, internos ou externos, permanentes ou sazonais,

que influenciam diretamente nos números do assédio moral, tornando possível a aplicação de

instrumentos cada vez mais enérgicos e expressivos no combate a esse mal que assombra muitos

trabalhadores.

3. A CRISE ECONÔMICA E OS REFLEXOS NO ÂMBITO DO ASSÉDIO MORAL:

Infelizmente a violência moral perpetrada no ambiente de trabalho ganha proporções

mais absolutas em tempos de crise econômica, como a enfrentada hodiernamente pelo Brasil.

Em períodos de instabilidade se acentuam situações nas quais medidas extremas de

racionamento de custos são adotadas pelas corporações, entre elas o corte severo de mão-de-

obra. Da mesma forma, os trabalhadores acabam se submetendo de forma inerte a

circunstâncias degradantes de labor, haja vista o temor diuturno do desemprego.

De acordo com informativo divulgado em junho de 2016 pela Empresa Brasil de

Comunicação – EBC (ABDALA, 2016):

A taxa de desemprego no Brasil, na medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de

Domicílios (Pnad) Contínua, ficou em 11,2% no trimestre encerrado em maio deste

ano. Ela é superior aos 10,2% de fevereiro e aos 8,1% do trimestre encerrado em maio

de 2015, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado

é o mais alto da série histórica iniciada em março de 2012 e o mesmo do trimestre

encerrado em abril deste ano.

O efeito deletério deste cenário traz à tona os aspectos perversos do assédio moral no

âmbito das relações trabalhistas, pois (SILVA, 2009):

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Além das demissões em massa, redução de jornada e salário, a situação "crise" cria

um desconforto geral nos empregados e empregadores. O clima de instabilidade, de

medo e preocupação é maior e pode dar ensejo a um mal já conhecido das empresas

e empregados, o assédio moral.

Como consequência direta na diminuição do número de empregados as tarefas daqueles

que foram dispensados são distribuídas para os funcionários remanescentes, os quais, muitas vezes,

se veem sobrecarregados, tendo que cumprir uma função para o qual não possuem qualificação ou

cumprirem tarefas muito aquém de suas capacidades.

Além disso, é comum o acirramento da competição entre os funcionários (temerosos de

perderem seus postos de trabalho), criando um ambiente permeado por disputas, desconfianças e

profundas incertezas, pois em épocas de crise econômica, e enormes taxas de desemprego, a

propagação do assédio moral motivado pela política de mercado ganha especial incentivo,

dando ensejo a comportamentos desumanos em que prevalecem a arrogância e o interesse

individual (SCAGLIONI, 2016).

Associado a isto, a preeminente necessidade de reestruturação das empresas tem por

corolário o aumento das exigências e, com elas, as ameaças constantes, o que contribui para o

incremento dos casos de humilhação, de pressão exacerbada, de tratamentos desrespeitosos, de

isolamento do funcionário, e mais uma infinidade de práticas abusivas. O resultado é um meio

laboral marcado pelo medo e sujeição.

Agravada a crise econômica, e com ela o aumento no número de demissões, desvenda-

se um panorama assustador: o quão as empresas ainda estão despreparadas no que atine ao

combate do assédio moral.

E isso se dá porque, apesar de todo o discurso já propagado no sentido de reforçar a

humanização e democratização do mundo do trabalho, muitas corporações continuam a

desenvolver práticas que favorecem a centralização de poder e o autoritarismo (FREITAS,

2001, p. 18).

Em abril de 2016 a revista Cipa, publicação especializada na área de segurança e saúde

no trabalho, fez um alerta no sentido de que doenças psiquiátricas estão cada vez mais comuns

na indústria devido ao aumento da pressão para atingir metas, exigências de produtividade e o

malfadado assédio moral por parte de alguns patrões ou supervisores (MOTTA, 2016).

Levantamentos realizados em março de 2016 pelos Tribunais Regionais do Trabalho

do Brasil apontaram que a crise econômica mundial deflagrada em 2008, e que se agravou no

âmbito nacional em 2014, não só gerou um aumento significativo do número de desempregados

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como também reverberou no incremento de demandas ajuizadas perante a justiça do trabalho,

em especial as que tratam do dano moral por assédio (PRATES, 2016).

Resumindo este cenário (MENDONÇA, 2016):

A crise econômica que atualmente figura no Brasil faz encontrar nas organizações um

clima de insegurança não só econômica, como também empregatícia.

...

É nesse contexto de crise onde mais surgem as violências psicológicas na cultura e no

ambiente organizacional.

Infelizmente, o que se nota no mundo empresarial é que o assédio moral acaba

surgindo como uma espécie de ferramenta de gestão na tentativa de driblar os maus resultados

em tempos de crise.

Por esta razão, não se deve banalizar o assédio fazendo dele uma fatalidade de nossa

sociedade ou uma simples consequência da crise econômica atual, mas sim, antes de tudo,

incentivar o constante debate e evitar que este problema tão devastador se resuma a um laxismo

organizacional (HIRIGOYEN, 2011, p. 103).

4. OS RUMOS DO ASSÉDIO MORAL E SUA EFETIVA PREVENÇÃO:

Maria Rita Manzarra Garcia de Aguiar (2008) assevera que:

Provavelmente uma das tarefas mais difíceis da humanidade é a tentativa de equilibrar

o desenvolvimento econômico de uma comunidade com a mantença de um ambiente

de trabalho sadio, de conciliar as vantagens econômicas com a não degradação das

condições de trabalho, isto é, propiciar o denominado crescimento econômico

sustentável sem gravames excessivos ao meio ambiente, aqui inserido, obviamente, o

meio ambiente laboral.

Muito se fala acerca do efetivo combate ao assédio moral e a eventual necessidade de

uma legislação específica sobre o tema no ordenamento jurídico brasileiro. E neste sentido,

vários projetos de lei estão em andamento, como enumera Maria Cristina Irigoyen Peduzzi

(2007, p. 30):

Há, pelo menos, 11 (onze) projetos de lei atualmente tramitando no Congresso

Nacional sobre o tema. Entre eles, destacam-se os seguintes: a) Projeto de lei federal

nº 5.970/2001 (introduz disposições aos arts. 483 e 484 da CLT); b) Projeto de lei

federal nº 2.593/2003 (introduz alíneas ao art. 483, da CLT); c) Projeto de lei federal

nº 2.369/2003 (define, proíbe o assédio moral, impõe dever de indenizar e estabelece

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medidas preventivas e multas); d) Projeto de lei federal nº 5.887/2001 (tipifica como

crime a conduta enquadrada como assédio moral, introduzindo alínea “A” ao art. 146

do Código Penal, impondo pena de detenção de três meses a um ano e multa); e)

Projeto de lei federal nº 4.742/2001 (também introduz o tipo no Código Penal); f)

Projeto de lei federal nº 4.591/2001 (introduz alterações na Lei nº 8.112/1990,

proibindo aos servidores públicos a prática de assédio moral contra seus subordinados,

com a fixação de penalidades disciplinares).

Em que pese muitos atribuírem o crescimento dos casos de assédio nos últimos anos

justamente à falta de uma lei que trate de maneira particular do assunto, o fato é que a

regulamentação normativa para repressão do assédio moral, por si só, não seria suficiente para

obstar a disseminação deste mal nas organizações do trabalho.

Para Denise de Fátima Stadler o combate ao assédio nas relações trabalhistas prescinde

da existência de um tipo legal específico (2008, p. 85). Isso porque, para referida autora (Ibid.,

p. 89):

As normas jurídicas já existentes devem ser entendidas tendo em vista o contexto legal

em que inseridas e considerando os valores tido como validos em determinado

momento histórico.

Não há como interpretar uma disposição ignorando as profundas modificações por

que passou a sociedade, desprezando os avanços da ciência e deixando de ter em conta

as alterações de outras normas, pertinentes aos mesmos institutos jurídicos.

Quer-se sustentar que, na coibição do assédio moral, a teoria do abuso do direito

reconstruída pode contribuir para a efetividade dos direitos fundamentais dos

trabalhadores.

Sob a égide do princípio da dignidade e da defesa dos direitos de personalidade,

enquanto direitos fundamentais amplamente garantidos a todos os trabalhadores, uma solução

viável à tutela jurídica do assédio moral é justamente a “potencialização da aplicabilidade das

normas trabalhistas e constitucionais já existentes no ordenamento jurídico brasileiro” (GALIA;

RAMOS, 2012, p. 198).

Ou como defende Daniel Sarmento (2006, p. 89), ao tratar da dignidade da pessoa

humana:

Ademais, ele desempenha papel essencial na revelação de novos direitos não inscritos

no catálogo constitucional, que poderão ser exigidos quando se verificar que

determinada prestação omissiva ou comissiva revela-se vital para a garantia da vida

humana com dignidade.

Já para Ingo Wolfgang Sarlet (2009, p. 274):

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Além disso, a aplicabilidade imediata e a plena eficácia destes direitos fundamentais

encontram explicação na circunstância de que as normas que os consagram receberam

do Constituinte, em regra, a suficiente normatividade e independem de concretização

legislativa, consoante, aliás, já sustentava a clássica concepção das normas auto-

executáveis.

Tudo isso para afirmar que mesmo sendo a legislação específica acerca do assédio

moral inexistente (ou incipiente), é possível aplicar com efetividade aquilo já existe em matéria

normativa e, invocando princípios e garantias constitucionais, permitir a repressão às violações

perpetradas contra os trabalhadores.

Nesta tangente, destaca-se o decreto 62.150 de 1968, pelo qual o Brasil recepcionou a

Convenção nº 111 da Organização Internacional do Trabalho. Este decreto coíbe qualquer tipo

de distinção, exclusão ou preferência que tenha por intuito interferir na igualdade de

oportunidades e tratamento em matéria trabalhista, incluindo nessas hipóteses, por certo, os

casos de assédio.

Na sequência, pela Constituição Federal de 1988 foram alçados ao patamar de

garantias fundamentais o princípio da dignidade humana, previsto no artigo 1º, inciso III, e a

inviolabilidade dos direitos à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem da pessoa,

conforme artigo 5º, inciso X, da Carta Magna.

Ainda na seara constitucional destacam-se os artigos 7º, inciso XXII, que estabelece a

proteção à saúde do trabalhador, bem como os artigos 170, inciso VI, e 225, pelos quais a defesa

de um meio ambiente equilibrado deve se estender ao meio ambiente do trabalho.

Na esfera celetista possui grande importância o artigo 483 e suas alíneas "a", "b" e "e",

as quais permitem ao trabalhador pleitear a rescisão indireta do contrato de trabalho, e todas as

verbas inerentes à dispensa, em caso de práticas alusivas ao assédio moral.

Já o artigo 8º da Consolidação das Leis do Trabalho vaticina que, na falta de previsões

legais ou contratuais, os casos concretos poderão ser decididos pela jurisprudência, pela

analogia, pela equidade ou outros princípios e normas gerais de direito, dando ensejo à plena

aplicabilidade da salvaguarda constitucional e das previsões oriundas de outros ramos do direito

no âmbito trabalhista.

No campo do direito privado, o artigo 11º do Código Civil entabula que os direitos da

personalidade não podem sofrer qualquer tipo de limitação, tanto de condutas omissivas quanto

comissivas. O artigo 12º do mesmo códex, por sua vez, traz a possibilidade de se exigir que a

ameaça ou a lesão a direito da personalidade seja cessado, assim como oportuniza à vítima

reclamar eventuais perdas e danos perpetrados pelo ato de assédio.

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Tais dispositivos legais, extraídos das mais diversas fontes do direito, mesmo que aqui

citados de forma meramente exemplificativa, servem para demonstrar que o assédio moral pode

sim ser severamente punido, e essa punição deve ocorrer independentemente de existir uma

legislação que trate especificamente do tema (STADLER, 2008, p. 86).

Para tanto, basta que as normas e princípios já existentes sejam aplicados com rigor,

como, aliás, fez o Tribunal Regional do Trabalho da Nona Região em recentíssima decisão

(BRASIL, 2016):

A indenização por assédio moral, não obstante a ausência de tipificação legal da

conduta, é devida quando o trabalhador sofre pressões diretas, humilhações pessoais

e constrangimentos deliberados com o intuito de tornar impossível a manutenção da

relação de emprego. Comprovado que a empregadora exigia do empregado o

cumprimento de metas mediante tratamento totalmente inadequado, suficiente para

minar a autoestima e ferir a dignidade do empregado, caracterizou-se o assédio moral,

sendo devido o pagamento indenizatório.

Até porque, como defende Denise de Fátima Stadler (2008, p. 85) “a tipificação deixa

de lado diversas situações que podem caracterizar também o fenômeno do assédio, afastando a

possibilidade de enquadrá-las como assédio moral”.

Outra forma eficaz de combate ao assédio moral se dá através da educação, com a

ampla propagação de informações sobre este achaque que assola as relações trabalhistas.

Um exemplo bastante significativo neste sentido é a cartilha sobre o assédio moral e

sexual no trabalho elaborada pela Subcomissão de Gênero com participação da Comissão de

Ética do Ministério do Trabalho e Emprego.

Neste repositório estão lançadas informações sobre o assédio moral com o objetivo de

contribuir para a divulgação do problema e, assim, criar meios de erradicar as práticas abusivas

perpetradas no ambiente de trabalho. Referido compêndio traz esclarecimentos de como o

assediador se comporta, explica como deve proceder a vítima de assédio e, por fim, enumera

quais os direitos que o trabalhador assediado pode reivindicar na justiça.

A cartilha traz ainda algumas medidas preventivas que podem ser adotadas pelas

corporações no enfrentamento ao assédio moral, tais como (MINISTERIO DO TRABALHO E

EMPREGO, 2013, p. 27):

Estabelecer diálogo sobre os métodos de organização de trabalho com os gestores

(RH) e trabalhadores(as);

Realização de seminários, palestras e outras atividades voltadas à discussão e

sensibilização sobre tais práticas abusivas;

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Criar um código de ética que proíba todas as formas de discriminação e de assédio

moral;

A verdade é que, como justifica Sônia Mascaro Nascimento (2009, p. 105):

Há algumas formas de enfrentar a questão do assédio moral dentro da estrutura do

ambiente laboral. (...) A mais eficaz delas sempre será a preventiva. No caso do

assédio já ter ocorrido (situação em que as medidas sempre serão paliativas e não

muito eficientes, uma vez que o dano já foi causado), devem ser adotadas as medidas

repressoras ou remediadoras.

Assim, as empresas devem adotar novos modelos de gerenciamento, tendo por enfoque

a amplitude de conhecimento sobre o tema, seja através da divulgação de um código de ética

ou de regras de conduta a todos os setores e níveis hierárquicos, seja por meio de campanhas

de esclarecimento sobre o assédio.

Na esfera judicial, por sua vez, a prevenção ao assédio deve ocorrer por meio de

condenações expressivas em casos concretos, cabendo aos magistrados e operadores do direito

tomarem medidas enérgicas no sentido de coibir esta prática.

Não obstante o temor da malfadada “indústria de indenizações”, pois nem todas as

situações vivenciadas no âmbito do trabalho resultam no direito à reparação de eventuais danos,

nos casos patentes e graves, em que o descuido da empresa no trato de seus empregados é

evidente, o poder judiciário deverá dar uma resposta adequada, proporcional, razoável e

suficiente à punição do descalabro ocasionado.

Pelo todo exposto, tem-se à evidência que a prevenção surge como uma das melhores

formas de combate ao assédio moral. Com a adoção de medidas que não exigem altos

investimentos, pode-se proporcionar uma melhor qualidade de vida aos trabalhadores e, por

conseguinte, um meio ambiente de trabalho mais sadio e produtivo (AGUIAR, 2008).

CONCLUSÃO

Com o presente trabalho buscou-se conceituar o assédio moral no local de trabalho,

assim como demonstrar os efeitos que este fenômeno acarreta ao atingir os direitos

fundamentais do trabalhador, entre eles a dignidade.

Partindo de uma breve concepção do assédio nas relações trabalhistas viu-se que uma

das consequências da crise econômica verificada nos últimos anos está justamente no aumento

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significativo do número de processos motivados por situações de assédio moral no âmbito do

trabalho.

Isso se dá porque o momento de crise acaba por motivar algumas empresas a

pressionarem desarrazoadamente seus funcionários e, com isso, expô-los a constrangimentos.

A contínua busca por metas em contraposição a um drástico corte de custos cria o meio

ideal ao surgimento do assédio.

Por se tratar de um problema grave e que aniquila sobremaneira as relações laborativas,

sobretudo na atual conjuntura econômica, é preciso avançar cada vez mais no sentido de buscar

meios de eliminar tal prática, uma vez que o assédio significa prejuízos não só para a vítima,

mas principalmente para a corporação e, em última análise, para a própria sociedade.

A crescente busca pelo Judiciário com o ajuizamento de ações tendo por objeto a

indenização derivada de casos de assédio deflagra uma realidade alarmante: este mal ainda está

longe do fim. Por isso é imprescindível o fomento à sua prevenção.

Neste sentido, o efetivo combate ao assédio se dá muito antes da formulação de uma

lei específica sobre o tema. É indispensável o incentivo à educação e a divulgação de campanhas

de conscientização. É imprescindível estimular reformulações organizacionais, e,

principalmente, dar respostas mais rigorosas na reparação dos danos verificados em casos

concretos. É preciso, em primeiro lugar, acabar com a cultura do assédio moral.

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