Upload
vananh
View
221
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Yohn Edison Polo Garzon
Retroanálise da Cortina Instrumentada da
Ferrovia São Paulo - Santos (FEPASA - KM 74)
Dissertação de Mestrado
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio.
Orientador: Prof. Celso Romanel Co-Orientador: Prof. Pedricto Rocha Filho
Rio de Janeiro Julho de 2015
Yohn Edison Polo Garzon
Retroanálise da Cortina Instrumentada da Ferrovia São Paulo - Santos (FEPASA - KM 74)
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil do Departamento de Engenharia Civil do Centro Técnico da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada.
Prof. Celso Romanel Orientador
Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio
Prof. Pedricto Rocha Filho Co-Orientador
Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio
Prof. José Tavares Araruna Júnior Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio
Prof. Fernando Saboya Albuquerque Júnior Universidade Estadual do Norte Fluminense
Prof. José Eugenio Leal Coordenador Setorial do Centro Técnico Científico - PUC-Rio
Rio de Janeiro, 20 Julho de 2015.
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, do autor e do orientador.
Yohn Edison Polo Garzon
Graduou-se em Engenharia Civil pela Universidade Nacional da Colômbia (Sede Manizales) em 2010. Ingressou no mesmo ano ao curso de especialização em Ruas e Transporte na mesma universidade. Ingressou no mestrado de engenharia civil em 2013, na Pontifícia Universidade Católica do Rio, desenvolvendo Dissertação na linha de pesquisa de Geotécnica Experimental.
Ficha Catalográfica
Garzon, Yohn Edison Polo
Retroanálise da Cortina Instrumentada da Ferrovia
São Paulo - Santos (FEPASA - KM 74) / Yohn Edison Polo
Garzon; Orientador: Celso Romanel; Co-orientador:
Pedricto Rocha Filho. – Rio de Janeiro: PUC-Rio,
Departamento de Engenharia Civil, 2015.
(161) f. : il. (color.) ; 30 cm
Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia
Civil, 2015.
Inclui referências bibliográficas
1. Engenharia civil – Teses. 2. Instrumentação. 3.
Estruturas de contenção. 4. Tirantes. 5. Eletroníveis. I.
Romanel, Celso. II. Filho, Rocha Pedricto. III. Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de
Engenharia Civil. IV. Título.
CDD: 624
A Deus, a meus pais, Emilio e Gloria, as meus anjos Sofia e Gabriel, a minha esposa, Johana, a meu irmão e
meu sobrinho, Faber e Nicolas
Agradecimentos
Primeiro agradeço a Deus pela vida e pela saúde, e por me dar tantas oportunidades maravilhosas na vida toda. Para os meus pais Emilio e Gloria, quem com seu exemplo da vida criaram em mim os melhores valores como pessoa. Para minha esposa Johana e minha filha Sofia, quem deixaram seu país e sua casa, para vir e acompanhar-me neste tempo, seu apoio foi essencial. Ao professor Pedricto Rocha, obrigado pela oportunidade de trabalhar com você, sem dúvida sem seu apoio acadêmico não houvera sido possível a finalização de meu mestrado. Ao professor Luis Gusmão pela sua orientação e ajuda no manejo dos eletroníveis e do sistema de aquisição de dados. Aos professores da pós-graduação da PUC-Rio, que em cada aula entregam mais do que conhecimento, entregam sua experiência e qualidade de pessoas, obrigado por tudo o ensinado nesses anos. Ao meu grande amigo Francisco Cruz, quem virou um anjo para nossa família, Deus abençoe sempre. Aos meus caros amigos, Daniel Velez, Juan Manuel, Laura, Nelson, Juan Pablo, que com sua amizade, carinho e apoio, fizeram deste tempo, um tempo mais grato. A todos os funcionários do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Río, em especial à Rita Leite. A CAPES e a PUC-Rio, pelos auxílios concedidos, sem os quais este trabalho não poderia ter sido realizado.
Resumo
Polo Garzon, Yohn Edison; Romanel, Celso; Rocha filho, Pedricto. Retroanálise da Cortina Instrumentada da Ferrovia São Paulo - Santos (FEPASA - KM 74). Rio de Janeiro, 2015. 161 p. Dissertação de Mestrado. Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
O presente trabalho apresenta um estudo sobre uma estrutura de contenção
projetada para a duplicação da ferrovia FEPASA no Km 74 entre Santos e São
Paulo, que consiste em uma cortina ancorada por tirantes. Essa estrutura foi
instrumentada a fim de se medirem as cargas nos tirantes com uso de células de
carga elétricas instaladas na cabeça dos mesmos. As medições de carga nos
tirantes foram feitas durante os ensaios de recebimento, no momento da
incorporação e também após a conclusão da obra. As cargas nos tirantes sofrem
redução de seu valor no momento imediato a sua incorporação, durante a
construção e após da data de terminação das obras da cortina. Constatou-se que
houve perda de carga nos tirantes ao longo do tempo, chegando a 54% de perda
em um deles. Enfatizando a importância da instrumentação de campo para
compreender melhor o comportamento das estruturas, na parte inicial desta
dissertação é apresentado um desenvolvimento teórico e calibração de dezesseis
eletroníveis como proposta para a medição de deslocamentos horizontais em obras
geotécnicas.
Palavras-chave
Instrumentação; Estrutura de contenção; Tirantes, Eletroníveis.
Abstract
Garzon, Yohn Edison Polo; Romanel, Celso (Advisor); Rocha filho, Pedricto (Co-Advisor). Backanalysis of the São Paulo - Santos Railway Anchored Wall (FEPASA - KM 74). Rio de Janeiro, 2015. 161 p. Dissertação de Mestrado. Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
This work presents a study about a retaining structure designed for the
duplication of the rail FEPASA on the 74th km between Santos and São Paulo.
This structure, an anchored retaining wall, was instrumented in the anchors heads
with strain gauges in order to monitor its loads. The load measurements occurred
during the performance test, locking and also after the works were concluded. A
decrease on anchors loads is noticed in the moment immediately after the locking,
during construction and after the works finished. It was observed that a loss of
load in the anchors occurred to a maximum of 54%. Highlighting the relevance of
field monitoring to better understand the structures behavior, in the first part of
this dissertation we present a theoretical background as well as the calibration of
sixteen electrolevels as a proposal for the measurement of horizontal
displacements in Geotechnical works.
Keywords
Instrumentation; Retaining wall; Anchors, Electrolevels.
Sumário
1 . Introdução 21
1.1. Comentários gerais 21
1.2. Objetivos 22
1.3. Organização do trabalho 23
2 . Revisão Bibliográfica 25
2.1. Introdução 25
2.2. Conceitos básicos em instrumentação 26
2.3. Critérios para execução 30
2.4. Frequência de leitura 33
2.5. Medidores de deslocamentos 34
2.5.1. Conceitos de Instrumentos 34
2.5.2. Alguns equipamentos utilizados 37
2.6. Cortinas Ancoradas 42
2.6.1. Tirantes 43
2.6.2. Modos de Ruptura em Cortinas Ancoradas 48
2.6.3. Cálculo do Empuxo Sobre a Cortina 49
2.6.4. Método de Costa Nunes e Velloso (1963) 53
2.6.5. Análise da estabilidade global do sistema de contenção 54
2.6.6. Capacidade de carga das ancoragens 57
2.6.7. Deslocamentos em Estruturas de Contenção e Movimentos
de Solo Associados 62
2.6.8. Cargas em Tirantes 75
3 . Eletroníveis: Montagem, princípio de funcionamento,
calibração e sistema de aquisição de dados. 79
3.1. Introdução 79
3.2. Princípio básico de funcionamento dos eletroníveis 80
3.3. Montagem 84
3.4. Procedimento de calibração 84
3.4.1. Eletronível de referência 87
3.4.2. Eletroníveis A01 a A16 89
3.5. Sistema de aquisição de dados 91
3.5.1. Data logger 91
3.5.2. Sistema de Monitoramento de Eletroníveis 93
4 . Aspectos Gerais da Obra Estudada. 95
4.1. Cortina Ancorada 95
4.2. Tirantes Utilizados 98
4.2.1. Materiais 98
4.2.2. Montagem dos Tirantes 98
4.2.3. Instalação dos Tirantes 102
4.3. Sequência de construção 104
4.4. Caracterização do subsolo 106
4.5. Descrição Geral da Instrumentação da estrutura de
Contenção 108
5 . Resultados e Análises. 112
5.1. Ensaios de Recebimento Característicos dos Tirantes. 112
5.1.1. Ensaios abaixo da “Linha C” 113
5.1.2. Ensaios pertos da “Linha A” 115
5.1.3. Ensaios acima da “Linha C”. 117
5.1.4. Ensaios pertos da “Linha B”. 118
5.2. Análises da Capacidade de Carga dos Tirantes 121
5.2.1. Método da NBR 5629 (2006) 121
5.2.2. Método de Ostermayer (1975) 123
5.2.3. Método de Bustamante e Doix (1985) 124
5.3. Comportamento dos Tirantes Instrumentados 125
5.3.1. Seção 34 da Cortina. 125
5.3.2. Seção 38 da Cortina. 127
5.3.3. Seção 45 da Cortina. 128
5.3.4. Seção 48 da Cortina. 130
5.3.5. Seção 51 da Cortina. 131
5.3.6. Seção 54 da Cortina. 133
5.3.7. Seção 57 da Cortina. 135
5.3.8. Seção 60 da Cortina. 136
5.3.9. Seção 66 da Cortina. 138
5.3.10. Seção 69 da Cortina. 139
5.4. Comparação entre os valores de carga medidos e os teóricos
encontrados na literatura. 141
5.4.1. Verificação da Estabilidade pelo Método de Costa Nunes e
Velloso (1963) 142
5.4.2. Forças nos tirantes pelo diagrama de empuxo proposto por
Terzaghi e Peck (1967) e pela FHWA (USA 1999). 143
5.4.3. Retroanálise dos parâmetros de resistência 148
6 . Conclusões e Sugestões. 151
6.1. Conclusões 151
6.2. Sugestões 153
Referência s Bibliográficas 154
Lista de Figuras
Figura 1. Diferencia entre exatidão e precisão (Dunnicliff 1988). 29
Figura 2. Transdutor pneumático fechado com dois tubos e leitura
de fluxo de gás (Dunnicliff, 1988) 35
Figura 3. Esquema do sensor de corda vibrante (Dunnicliff, 1988) 35
Figura 4. Esquema de LVDT (Dunnicliff. 1988) 37
Figura 5. Extensômetro magnético (Gil et. al., 2008) 38
Figura 6. Componentes do Extensômetro Horizontal de Hastas
Múltiplas (Belitardo e Pereira, 2001, com modificações) 40
Figura 7. Principio de operação do inclinômetro (Dunnicliff, 1988) 42
Figura 8. Partes constituintes de um tirante (YASSUDA e DIAS,
1996). 44
Figura 9. Modos de ruptura em cortinas ancoradas (STROM e
EBELING, 2002). 49
Figura 10. Diagramas empíricos de Terzaghi e Peck (1967). 50
Figura 11. Distribuição de tensões sobre cortina multiescorada,
proposto por Gaba et al. (2003). 52
Figura 12. Análise de Estabilidade pelo método de Costa Nunes e
Velloso (GeoRio, 2000). 53
Figura 13. Tipos de ruptura na análise de estabilidade global em
estruturas ancoradas (More, 2003). 54
Figura 14. Superfície de ruptura interna simplificada (Yassuda e
Dias, 1996). 56
Figura 15. Capacidade de carga de ancoragens executadas em
solos argilosos. (Ostermayer, 1975) 59
Figura 16. Capacidade de carga de ancoragens executadas em
solos granulares. (Ostermayer, 1975) 59
Figura 17. Correlações empíricas para determinação de qs em
areias e pedregulhos (Bustamante e Doix, 1985, apud More,
2003). 61
Figura 18. Correlações empíricas para determinação de qs em
siltes e argilas (Bustamante e Doix, 1985). 62
Figura 19. Movimentos na superfície do solo, devido à construção
de cortina de estacas em argila rija: (a) movimentos horizontais;
(b) movimentos verticais (Gaba et al., 2003). 65
Figura 20. Comportamento de deslocamentos em estruturas de
contenção ancoradas (Gaba et al., 2003). 66
Figura 21. Relação entre o fator de segurança contra
levantamento de fundo, definido por Terzaghi (1943) e o máximo
deslocamento horizontal da cortina (Mana e Clough, 1981). 67
Figura 22. Deslocamento lateral da parede como porcentagem da
profundidade de escavação versus rigidez do sistema de suporte
(Clough et al., 1989). 68
Figura 23. Máximos deslocamentos horizontais observados em
cortinas para escavações em argila de Londres (St John et al.,
1992). 69
Figura 24. Deslocamentos horizontais e verticais em paredes
assentes em argila rija, devido à escavação em frente à cortina
(Gaba et al., 2003). 70
Figura 25. Deslocamentos verticais em paredes assentes em
areia, devido à escavação em frente à parede (Gaba et al., 2003). 71
Figura 26. Variação do máximo deslocamento horizontal com a
profundidade de escavação (Moorman, 2004). 72
Figura 27. Valores de recalques superficiais obtidos por Wang et
al. (2010), plotados no gráfico proposto por Peck (1969). 73
Figura 28. Deslocamentos máximos laterais versus profundidade
de escavação: (a) cortinas construídas pelo método de escavação
de cima para baixo; (b) cortinas relativamente rígidas construídas
pelo método de baixo para cima; (c) cortinas de estacas metálicas
(Wang et al., 2010). 75
Figura 29. Distribuição de carga ao longo do bulbo do tirante,
medida por Li et al. (1988). 76
Figura 30. Distribuição de carga ao longo do tirante, medida por
Briaud et al., 1998, para carga de trabalho igual a 400kN. 77
Figura 31. Distribuição de carga ao longo do tirante, medida por
Iten e Pzrin (2010); (a) 340 kN; (b) 400kN. 77
Figura 32. Rotação de um corpo rígido (Toledo, 2009) 79
Figura 33. Vista do cilindro protetor (Dimensões em milímetros) 81
Figura 34. Detalhe da parte interna do cilindro. 81
Figura 35. Funcionamento do eletronível. 82
Figura 36. Detalhe da variação da altura do liquido eletrolítico
entre os eletrodos. 82
Figura 37. Circuito elétrico de conexão dos eletroníveis com os
condicionadores (Wha,1999). 83
Figura 38. Curvas de sensibilidade dos eletroníveis
(www.frederickscom.com) 83
Figura 39. Barra de calibração dos eletroníveis (Laboratório PUC-
Rio) 85
Figura 40. Calibração dos eletroníveis utilizando o SME. 85
Figura 41. Detalhe da fixação do eletronível à barra de calibração 86
Figura 42. Detalhe do sistema de calibração do eletronível. 86
Figura 43. Relação para as leituras do SME e Mini Data-logger
para o eletronível de referência com valor médio de 3.67E-05 88
Figura 44. Curvas de calibração para os eletroníveis A01 a A16 90
Figura 45. Fatores de calibração dos eletroníveis A01 a A16 90
Figura 46. Detalhes do mini data logger e da conexão com os
eletroníveis. 92
Figura 47. Vista dos equipamentos do Sistema de Monitoramento
de Eletroníveis. 94
Figura 48. Esquema da Cortina Ancorada. (Adaptado de Zeitoune,
1982). 96
Figura 49. Seção típica da Cortina Ancorada. (Adaptado de
Zeitoune, 1982). 97
Figura 50. Esquema do Tirante Tipo Utilizado. (Adaptado de
Zeitoune, 1982). 99
Figura 51. Seção Transversal do Tirante Tipo Utilizado. (Adaptado
de Zeitoune, 1982). 100
Figura 52. Detalhe “A” que apresenta o esquema do trecho
ancorado dos tirantes. (Adaptado de Zeitoune, 1982). 101
Figura 53. Seção geológico-geotécnica no local de estudo.
(Adaptado de Zeitoune, 1982). 107
Figura 54. Esquema de instrumentação de tirante durante a sua
protensão (Dunnicliff, 1988). 108
Figura 55. Ensaio de recebimento do tirante 57D, carga x
deslocamentos totais. 114
Figura 56. Repartição entre deslocamentos elásticos e plásticos
do Tirante 57D, carga x deslocamentos totais. 114
Figura 57. Ensaio de recebimento do tirante 51D, carga x
deslocamentos totais. 116
Figura 58. Repartição entre deslocamentos elásticos e plásticos
do Tirante 51D, carga x deslocamentos totais. 116
Figura 59. Ensaio de recebimento do tirante 66C, carga x
deslocamentos totais. 117
Figura 60. Repartição entre deslocamentos elásticos e plásticos
do Tirante 66C, carga x deslocamentos totais. 118
Figura 61. Ensaio de recebimento do tirante 45A, carga x
deslocamentos totais. 119
Figura 62. Repartição entre deslocamentos elásticos e plásticos
do Tirante 45A, carga x deslocamentos totais. 120
Figura 63. Capacidade de carga das ancoragens média de 550
para as condições do caso em estudo pelo Método de Ostermayer
(1975) 123
Figura 64. Resistência ao cisalhamento na interface solo bulbo
média de qs = 60 kPa para as condições do caso em estudo pelo
Método de Bustamante e Doix (1985) 124
Figura 65. Curva Carga contra Tempo dos Tirantes
instrumentados da Seção 34. 126
Figura 66. Perdas e Ganhos de Carga dos Tirantes
instrumentados da Seção 34. 127
Figura 67. Curva Carga contra Tempo dos Tirantes
instrumentados da Seção 38. 128
Figura 68. Perdas e Ganhos de Carga dos Tirantes
instrumentados da Seção 38. 128
Figura 69. Curva Carga contra Tempo dos Tirantes
instrumentados da Seção 45. 129
Figura 70. Perdas e Ganhos de Carga dos Tirantes
instrumentados da Seção 45. 130
Figura 71. Curva Carga contra Tempo dos Tirantes
instrumentados da Seção 48. 131
Figura 72. Perdas e Ganhos de Carga dos Tirantes
instrumentados da Seção 48. 131
Figura 73. Curva Carga contra Tempo dos Tirantes
instrumentados da Seção 51. 133
Figura 74. Perdas e Ganhos de Carga dos Tirantes
instrumentados da Seção 51. 133
Figura 75. Curva Carga contra Tempo dos Tirantes
instrumentados da Seção 54. 134
Figura 76. Perdas e Ganhos de Carga dos Tirantes
instrumentados da Seção 54. 135
Figura 77. Curva Carga contra Tempo dos Tirantes
instrumentados da Seção 57. 136
Figura 78. Perdas e Ganhos de Carga dos Tirantes
instrumentados da Seção 57. 136
Figura 79. Curva Carga contra Tempo dos Tirantes
instrumentados da Seção 60. 137
Figura 80. Perdas e Ganhos de Carga dos Tirantes
instrumentados da Seção 60. 138
Figura 81. Curva Carga contra Tempo dos Tirantes
instrumentados da Seção 66. 139
Figura 82. Perdas e Ganhos de Carga dos Tirantes
instrumentados da Seção 66. 139
Figura 83. Curva Carga contra Tempo dos Tirantes
instrumentados da Seção 69. 140
Figura 84. Perdas e Ganhos de Carga dos Tirantes
instrumentados da Seção 69. 140
Figura 85. Diagramas de pressão de terras propostos para areias. 144
Figura 86. Diagrama aparente para estruturas com múltiplos
tirantes. 145
Figura 87. Envoltória de Forças medidas em campo e estimadas
pelos Diagramas de empuxo propostos para a seção 57 pela
FHWA e por Terzaghi e Peck (1967). 147
Figura 88. Envoltória de Forças medidas em campo e estimadas
pelos Diagramas de empuxo propostos para a seção 45 pela
FHWA e por Terzaghi e Peck (1967). 148
Figura 89. Valores retro analisados do coeficiente de empuxo
lateral. 149
Figura 90. Valores retro analisados do ângulo de atrito mobilizado. 150
Lista de Tabelas
Tabela 1. Tipos de solo contido (Gaba et al., 2003). 51
Tabela 2. Coeficientes de ancoragem kf (NBR 5629, 2006). 58
Tabela 3. Coeficiente de majoração do diâmetro do bulbo devido à
injeção (BUSTAMANTE e DOIX, 1985, apud MORE, 2003). 61
Tabela 4. Fatores de calibração dos eletroníveis A01 a A16 91
Tabela 5. Sequência de ensaio de recebimento para os tirantes
tipo 8ø8mm. 103
Tabela 6. Sequência de ensaio de recebimento para os tirantes
tipo 10ø8mm. 103
Tabela 7. Tirantes que ficaram abaixo da “Linha C” da NBR 5629
no gráfico de carga contra deformação. 115
Tabela 8. Tirantes que ficaram acima da “Linha C” da NBR 5629
no gráfico de carga contra deformação. 118
Tabela 9. Tirantes que ficaram pertos da “Linha B” da NBR 5629
no gráfico de carga contra deformação. 120
Tabela 10. Avaliação dos Parâmetros de Resistência e de
deformabilidade em Função do SPT (correlações empíricas). 121
Tabela 11. Capacidade de cargas dos tirantes analisados para
cada nível da cortina segundo o Método da NBR 5629 (2006) 123
Tabela 12. Forças finais nos tirantes e somatório em toneladas. 142
Tabela 13. Valores de carga nos tirantes utilizando os diagramas
de empuxo propostos pelo FHWA. 147
Lista de Símbolos
Romanos
A Área da superfície potencial de ruptura
c Coesão do solo
De Diâmetro médio adotado para o trecho ancorado
Dp Diâmetro da perfuração do trecho ancorado
E
Módulo de Young
FC Fator de calibração
FCMDL Fator de calibração do eletronível de referência para o Mini Data-Logger
FCref Fator de calibração do eletronível de referência
FCSME Fator de calibração para o SME
FS Fator de segurança
GF Fator de medição
h Espaçamento vertical entre os suportes da parede
H1 Profundidade do primeiro tirante
Hn+1 Profundidade inferior ao enésimo tirante
I Momento de inércia da área da seção da parede por metro
I1 Empuxo ativo atuante na cunha critica
Ia Empuxo ativo atuante na parede de contenção
kf Coeficiente de ancoragem
L Comprimento
Lb Comprimento do bulbo de ancoragem
Ll Comprimento do trecho livre
Lle Comprimento livre efetivo
LVDT Transformador variável diferencial linear
NSPT Número de golpes do ensaio SPT
P Carga de pressão que estabiliza o corte
P Peso próprio da cunha
qs Resistência ao cisalhamento
R Resistência elétrica
RB Carga de reação na base da cortina
SME Sistema de Monitoramento de Eletroníveis
Su Resistência ao cisalhamento não drenada do solo
T Capacidade de carga do bulbo
TH Componente horizontal da força do tirante
TL Carga total de pressão de terra
U Perímetro médio da seção transversal da ancoragem
W Peso da cunha critica
y Deflexão
Gregos
α Angulo de inclinação da ancoragem com a horizontal
β Coeficiente de majoração do diâmetro do bulbo devido à injeção
γw Peso específico da água
δ Angulo de atrito entre a parede e o solo
∆L Variação de leitura dos eletroníveis
∆LMDL Variação de leitura dos eletroníveis no Mini Data Logger
∆LSME Variação de leitura dos eletroníveis no SME
∆R Variação da resistência elétrica
ε Deformação
Ø Ângulo de rotação
θcr Inclinação da superfície potencial de ruptura
ΣMA Somatório dos momentos atuantes na massa de solo
ΣMR Somatório dos momentos resistentes na massa de solo
φ Angulo de resistência ao cisalhamento do solo
1. Introdução
1.1. Comentários gerais
As cortinas ancoradas são utilizadas em diversos tipos de obras.
Obras de contenção do terreno são necessárias em projetos de estradas,
pontes, canalizações, edificações com subsolos, saneamento e em
estabilização de encostas. Dentre as diversas obras de engenharia, as
contenções são algumas das que exigem maior criatividade e atenção do
engenheiro, tanto na fase de projeto quanto na de acompanhamento da
execução, pois apresentam grande interação entre os elementos
estruturais e o solo contido.
O elevado crescimento populacional nas áreas urbanas tem exigido
a necessidade de execução de escavações cada vez mais profundas, de
maneira a tornar o aproveitamento do solo mais eficiente. Essa realidade
tem imposto aos engenheiros geotécnicos o grande desafio de equilibrar,
através de estruturas de contenção, elevados esforços laterais com um
mínimo de deslocamentos do maciço de solo contido e das estruturas
localizadas nas vizinhanças. Em muito desses casos, a utilização de
cortinas ou cortinas ancoradas se constitui na solução técnica mais
adequada (More, 2003).
Medir deslocamentos em obras de esse tipo é uma tarefa que exige
engenhosidade e capacitação técnica. Nas últimas décadas, não somente
a utilização de estas estruturas em de obras geotécnicas vem
aumentando, mas também, temos maior complexidade na execução e
controle das mesmas. Por isso, aumentou também a exigência por
qualidade e exatidão nos métodos de instrumentação e monitoramento.
Os instrumentos normalmente utilizados para determinar os
deslocamentos horizontais nas obras de contenção são baseados em
princípios relativamente simples. Porém, para que se alcancem os níveis
22
elevados de exatidão, precisão e confiabilidade atualmente requeridos
para as medições de campo, torna-se necessário pesquisar e desenvolver
novos equipamentos e técnicas de medição.
1.2. Objetivos
Esta pesquisa se encontra incluída dentro de um projeto de
consultoria para a PETROBRAS, no qual se dava continuidade aos
estudos realizados por Penedo (2012), os quais consistiram na realização
de uma prova de carga com a finalidade de averiguar a capacidade de um
cais localizado em Itaguaí no estado do Rio de Janeiro, em suportar com
segurança a passagem de um modulo de compressão de gás de 9270
kN, transportado por dois trailers que, juntos, pesam 1260 kN, totalizando
10530 kN. O presente estudo consistia inicialmente em avaliar a
capacidade do mesmo cais para suportar a passagem de um modulo de
compressão de gás do dobro de peso do estudado por Penedo (2012), ou
seja, aproximadamente 18000 kN. Para tanto, iniciaram-se trabalhos de
escritório e laboratório que consistiram a recalibração de 18 eletroníveis
utilizados para a obtenção indireta das deflexões do cais sob as
solicitações de carga previstas. O projeto sofreu mudanças em seu
planejamento estendendo o cronograma com tempos maiores ao tempo
de prazo desta pesquisa, por tanto, os objetivos iniciais não foram
cumpridos na sua totalidade, ficando conclusos unicamente os trabalhos
executados no escritório e laboratório, os quais são apresentados
detalhadamente no Capitulo 3.
Pelo exposto anteriormente, o objetivo principal da pesquisa foi
mudado, mas sempre dando continuidade aos trabalhos feitos pela linha
de pesquisa em instrumentação geotécnica da PUC-Rio nas últimas
décadas. Portanto, decidiu-se utilizar os dados obtidos no programa de
instrumentação realizado por Zeitoune (1982), o objetivo deste estudo foi
então, a retroanálise da Cortina Instrumentada da Ferrovia São Paulo -
Santos (FEPASA - KM 74), construía e monitorada entre os anos 1981 e
1982. O estudo feito consistiu na análise dos dados de cargas medidas
23
em trinta e sies tirantes do trecho central da cortina, os quais foram
comparados com os valores estimados seguindo as metodologias
propostas por Terzaghi e Peck (1967) e os publicados pela FHWA (1999)
no documento Ground Anchors and Anchored Systems utilizando
parâmetros de resistência do solo do local consultados na literatura
conforme as características físicas e geológicas do solo, devido à falta de
informação de ensaios de laboratório. Finalmente foi feia uma retroanálise
dos parâmetros de resistência para verificar os valores adotados nos
estudos anteriores conforme exposto nos capítulos 4 e 5.
1.3. Organização do trabalho
Este compêndio está dividido em seis capítulos.
O capítulo 1 trata da introdução ao tema, esclarecendo os objetivos
e apresenta o corpo resumo do trabalho.
No capítulo 2 consta uma revisão bibliográfica sobre monitoramento
e instrumentação, conceitos básicos do tema abordado, vantagens e
benefícios da implementação de um programa de instrumentação
geotécnica, alguns tipos de instrumentos utilizados nas obras que
envolvem os solos e as rochas, fazendo foco nos mais utilizados para a
medição direta o indireta de deslocamentos horizontais.
No Capítulo 3 é apresentada uma descrição dos eletroníveis,
incluindo o princípio de funcionamento, montagem e calibração. Também
é apresentada a formulação matemática para a interpretação dos
resultados obtidos a partir dos eletroníveis. O capítulo contempla uma
descrição pormenorizada do instrumento, enfatizando sua versatilidade e
apresentando o tipo de análise em que se enquadra a instrumentação da
obra monitorada.
O Capítulo 4 descreve as principais características da obra
monitorada e seu processo construtivo, os perfis geológicos e geotécnicos
do sitio, e o projeto de instrumentação objeto do estudo.
No Capítulo 5 são analisados os resultados do programa de
instrumentação. Para a interpretação dos dados são utilizadas as curvas
24
de carga nos tirantes instrumentados ao longo do tempo em dez seções
da cortina em estudo.
Finalmente, no capítulo 6 são apresentadas as conclusões e
recomendações para futuras pesquisas.
2. Revisão Bibliográfica
2.1. Introdução
As cortinas ou paredes ancoradas se constituem, muitas vezes, em
uma alternativa bastante viável para grande parte dos casos nos que se
tem que escavar o terreno e o espaço de trabalho é pequeno. Apesar do
largo emprego deste tipo de contenção, o empirismo ainda permeia
importantes aspectos do seu projeto e da sua prática executiva. Também
é comum o dimensionamento dessas estruturas considerando-se apenas
o Método de Equilíbrio Limite Simplificado, analisando-se apenas a
ruptura da massa de solo (estabilidade interna e externa), sem levar em
consideração o comportamento mecânico e as deformações sofridas pelo
solo e pelos elementos construtivos. Terzaghi (1943) já citava que as
contenções são estruturas cujo projeto é condicionado por cargas que
dependem dos deslocamentos da estrutura. No entanto, a prática corrente
praticamente ainda não se utiliza deste conhecimento. Aliado a isso, tem-
se o fato de que os esforços atuantes na estrutura variam com os estágios
de construção da obra, podendo levar ao subdimensionamento de
elementos estruturais em determinada etapa da execução (Alves, 2013).
Diante disso, o comportamento desse tipo de estrutura pode e deve
ser estudado através da utilização de instrumentação de campo. A
utilização desse tipo de ferramenta representa um grande avanço nas
soluções de problemas geotécnicos, tendo em vista que os resultados
obtidos por meio dessas instrumentações viabilizam uma melhor
compreensão dos fenômenos que ocorrem na interação solo-estrutura e
no comportamento das estruturas.
Segundo Dunnicliff (1988), a instrumentação geotécnica envolve a
união das capacidades dos instrumentos de medida e das capacidades
das pessoas. A prática da instrumentação não se restringe apenas à
26
seleção de instrumentos, sendo na verdade um processo que começa
com a definição do objetivo e termina com a análise rigorosa dos dados
coletados. Cada passo neste processo é relevante para o sucesso do
programa de instrumentação.
Dunnicliff (1988) classifica os instrumentos de medida em duas
categorias, dependendo da finalidade:
a) Instrumentos usados para determinar as propriedades de solos e
rochas em itálico: medem parâmetros geotécnicos como
resistência, compressibilidade e permeabilidade, sendo usados
normalmente durante a fase de projeto das obras (ex. piezocone,
palheta, pressiômetro).
b) Instrumentos usados para monitorar o comportamento da obra
sobre solo ou rocha durante as fases de construção e de
operação, adicionalmente é possível sua utilização na parte de
projeto: podem envolver medidas de poropressão subterrânea,
tensão total, deformações em solos e rochas e carga o esforço
em estruturas. (ex. piezômetros, células de carga,
extensômetros, inclinômetros, eletroníveis).
No presente trabalho apresentaremos a medição de deslocamentos
horizontais baseado em eletroníveis, então, considera-se apenas a
segunda categoria de instrumentos citada.
Torna-se oportuno distinguir a “instrumentação” dos “ensaios de
campo”, uma vez que ambos medem grandezas. Enquanto na
instrumentação observa-se e medem-se os eventos conforme ocorrem
naturalmente no campo, os ensaios correspondem à medição de eventos
propositadamente provocados (Kanji, 1990).
2.2. Conceitos básicos em instrumentação
Cada projeto geotécnico envolve incertezas e todo trabalho de
construção que envolve solos e rochas corre o risco de se deparar com
surpresas devido às condições de incerteza do solo o do comportamento
do solo. Esta circunstancia é o resultado de se lidar com os materiais
27
criados pela natureza, que raramente oferecem condições uniformes.
Considerando que o perfil geológico-geotécnico de um determinado local
é definido por sondagens pontuais e discretas, espaçadas normalmente
de 50m a 200m entre si, existe a possibilidade de alguma característica
mais desfavorável (material menos resistente ou uma camada mais
espessa) de um determinado material não seja detectado pelas
investigações que normalmente se executam para os estudos. Procura-se
minimizar os riscos dos efeitos dessas heterogeneidades com o uso do
monitoramento geotécnico.
A informação de um programa de instrumentação geotécnica
fornece ao especialista geotécnico os dados que se podem utilizar para
realizar um projeto fiável e eficiente. Por tanto, a instrumentação de
campo é vital para a prática da engenharia geotécnica. O sucesso do
programa de instrumentação de campo está ligado ao desenvolvimento
das necessidades bem definidas e objetivos específicos para coletar e
interpretar as informações da instrumentação de campo
Durante a fase de projeto, a instrumentação de campo é utilizada
para uma grande variedade de propósitos, incluindo a seguinte:
� Definição das condições iniciais.
� Cálculo dos parâmetros do solo.
� Estabelece o comportamento do solo e da rocha quando é
carregado ou descarregado.
� Confirmação de parâmetros de provas anteriores.
� Determinação dos fatos de uma ruptura ou situação de
emergência.
Planejamento avançado é necessário para atender a esses objetivos
de projeto. O processo de planejamento inclui a seleção e considerações
sobre a instalação e estabelecimento de um orçamento para a instalação
e interpretação dos instrumentos. Muitas vezes é difícil obter
financiamento suficiente para cobrir o custo da instrumentação de campo
antes da construção. Consequentemente, o programa de instrumentação
é muitas vezes adiada para a fase de construção de um projeto. Neste
caso, os objetivos mudam de avaliação de desempenho para confirmação
de hipóteses de engenharia ou métodos de projeto.
28
O mais comum é o desenvolvimento do programa de instrumentação
na etapa de construção. Neste caso, a instrumentação se utilizada para:
� Indicação de rotura eminente.
� Fornecimento de alertas/alarmes.
� Revelação de incertezas/desconhecimentos.
� Avaliação de critérios críticos adotados de projeto.
� Acesso aos métodos e procedimentos do contratado.
� Minimização de perturbações em estruturas
vizinhas/adjacentes.
� Controle construtivo.
� Controle operacional.
� Indicação de soluções mitigadoras para um determinado
problema.
� Melhoria do desempenho.
� Avança o estado-da-arte e da- prática.
� Documentação do desempenho para acessar os danos.
� Informação aos investidores.
� Satisfação aos agentes reguladores.
� Redução de ações judiciais.
� Comprovação de que tudo está ok.
Os objetivos da instrumentação de campo durante a fase de
construção mudam dependendo do tamanho e tipo de construção, das
condições geotécnicas e do horário de projeto. Alguns tipos de
instrumentação somente são requeridos se os tempos de construção são
o suficientemente longos para fazer a coleta de dados uteis e relevante.
Entre as principais características dos equipamentos de
instrumentação, pode-se citar:
a) Sensibilidade: capacidade do instrumento de acusar as
variações iniciais da grandeza que está sendo medida, e não
somente quando uma variação significativa já ocorreu.
b) Exatidão: aproximação dos valores medidos ao valor real da
grandeza, podendo ser considerado sinônimo de grau de
correção. A acurácia de um instrumento é avaliada durante sua
calibração, quando o valor medido pelo instrumento é
29
comparado a um valor padrão conhecido. É usual expressar a
acurácia como uma faixa centrada no valor zero. Uma acurácia
de ± 1mm significa que o valor medido difere no máximo 1mm
do valor real.
c) Precisão: A precisão pode ser considerada sinônimo de
reprodutibilidade e de repetibilidade. Também é comum
expressar a precisão através do sinal ±.
A diferença entre acurácia e precisão está ilustrada Figura 1. O
centro do alvo representa o valor real. No caso A, a medida não é precisa,
nem acurada. No caso B, a medida não tem precisão, mas, se forem
feitas leituras suficientes, a média será acurada. No caso C, a medida é
precisa, mas não acurada. No caso D a medida é tanto precisa quanto
acurada.
Figura 1. Diferencia entre exatidão e precisão (Dun nicliff 1988).
d) Faixa de trabalho: significa a extensão da faixa de valores que
pode ser medida; alguns medidores precisam ser “zerados”
periodicamente, por não oferecerem o curso adequado ao valor
total a ser medido ou registrado. O inconveniente da “zeragem”
está na possibilidade de perder-se o registro de algumas
operações e na necessidade de correção dos valores medidos,
levando a eventuais erros nas grandezas medidas.
30
e) Robustez: o equipamento de instrumentação geotécnica deve
ser robusto o bastante para resistir ao transporte, montagem,
manuseio e instalação na obra.
f) Durabilidade: a vida do instrumento deve ser no mínimo igual ao
do período de vida útil da obra, devendo ser resistente à
corrosão e a outros fatores de deterioração, tais como umidade
e variações de temperatura.
g) Confiabilidade: esta característica depende de praticamente
todos os fatores acima, e corresponde ao grau de certeza de
que o equipamento funcionará adequadamente.
Cada um destes requisitos para os instrumentos geotécnicos é
indispensável para o sucesso de um programa de instrumentação,
portanto não seria adequado eleger os requisitos mais importantes. Ao
selecionar os equipamentos para a instrumentação de uma obra, deve ser
considerado que cada instrumento atenda a todas as exigências listadas
acima, minimizando a possibilidade de erros de leitura, quebras e
imprecisão das grandezas medidas.
2.3. Critérios para execução
Como critérios para executar uma instrumentação de qualidade,
podem-se citar os trabalhos de Dunnicliff (1988) e de Kanji (1990). Os
autores levantam uma série de questões, visando esclarecer a
importância e a necessidade da instrumentação de obras geotécnicas. A
primeira destas questões envolve os motivos que levam à adoção da
instrumentação, ou seja, “o porquê instrumentar?”. As respostas para esta
pergunta são dadas a seguir:
a) Para garantir a adequação do projeto à realidade da obra: as
amostras utilizadas em ensaios de laboratório são, na grande
maioria das vezes, de pequenas dimensões. Por isso, ao
comparar a escala da obra com a escala da amostra, certamente
ocorrerão incertezas quanto à representatividade do ensaio de
laboratório. Ao efetuar-se instrumentações de campo, diminui-se
31
este efeito de escala, garantindo o acompanhamento da obra
progressivamente, durante sua construção e operação. Desta
forma, torna-se possível comparar as hipóteses de projeto com o
comportamento real da obra. Incluem-se neste caso as
poropressões de período construtivo, as pressões de terra no
maciço e em suas interfaces com estruturas de concreto, as
deformações verticais e horizontais do maciço e também nas
fundações. Este tipo de investigação é de importância ainda
maior nos casos de enrocamentos, em que a dimensão dos
fragmentos de rocha dificulta a possibilidade prática de ensaios
de laboratório.
b) Para garantir a segurança da obra durante o período construtivo
e durante a operação: existe a possibilidade de que os maciços
apresentem comportamentos não previstos, devido às novas
condições a que estão submetidos nas fases de construção e
operação. A finalidade da instrumentação, nestes casos, é
detectar problemas com suficiente antecedência, permitindo a
intervenção com medidas corretivas. Ocorrências locais como
vazamentos por fissuras em barragens podem refletir-se no
comportamento do material. Se houver instrumentação e
observação adequadas, o problema pode ser detectado e
corrigido antes da ocorrência de um colapso.
c) Para promover economia de recursos: embora nos projetos de
instrumentação seja dada grande ênfase à segurança, um dos
objetivos principais é o de obter maior economia global do
empreendimento. A instrumentação permite determinar quando
uma segurança mínima aceitável é alcançada, garantindo que o
dimensionamento de equipamentos, materiais e mão de obra
serão adequados.
Outro questionamento feito pelos autores acerca dos critérios para a
instrumentação diz respeito aos equipamentos a serem utilizados.
Para determinar os equipamentos que atendam às necessidades da
instrumentação de campo, torna-se necessário conhecer as grandezas
usualmente medidas: deslocamentos (que, quando referidos a um
32
comprimento conhecido, podem ser convertidos em deformações),
pressões (que podem ser convertidas em forças, conhecendo-se a área
de aplicação), vazão, topografia, temperatura, vibração. Os principais
tipos de equipamentos para controle de cada tipo de grandeza a ser
medida são listados a seguir:
a) Medidas de deslocamentos
1. Medidores de deslocamentos verticais ou de recalques:
� Pino de recalque superficial
� Marco de recalque superficial
� Placa de recalque superficial
� Medidor magnético de recalque (MMR)
� Medidor de recalque de hastes tipo KM
� Medidor de recalque tipo USBR
� Medidor de recalque telescópico IPT
� Medidor hidrostático de recalque (caixa sueca)
2. Medidores de deslocamentos horizontais:
� Extensômetros múltiplos horizontais
� Extensômetros magnéticos
� Extensômetros de fibra óptica
� Extensômetros de hastes múltiplas
� Inclinômetros
b) Medidas de deslocamentos de superfície
� Medidor de movimento angular (eletroníveis)
� Medidor de abertura das juntas
� Medidor triortogonal da junta perimetral
� Marcos topográfico
c) Medidas de pressões/cargas:
� Piezômetros
� Medidor de NA (pneumático, hidráulico, elétrico, corda
vibrante).
� Células de pressão total
� Células de carga
33
d) Outros:
� Vazão (hidrômetros, medidores em canal - Parshall)
� Vibração: Sismógrafos.
Em um programa de instrumentação, deve-se também dimensionar
a quantidade de instrumentos necessários aos objetivos que se deseja
alcançar, ou seja, o quanto instrumentar.
2.4. Frequência de leitura
As frequências das leituras da instrumentação devem ser adequadas
aos desempenhos previstos no projeto para as fases de construção da
obra. Deve-se possibilitar o acompanhamento das velocidades de
variação das grandezas medidas, considerando a precisão dos
instrumentos e a importância dessas grandezas na avaliação do
desempenho da obra.
A literatura recomenda frequências mínimas de leituras, devendo ser
intensificadas ou ajustadas quando da ocorrência de fatores especiais,
tais como:
� Tendências desfavoráveis à segurança da obra;
� Fenômenos naturais desfavoráveis à segurança
� Alterações nos procedimentos construtivos
� Alteração das condições geológicas ou geotécnicas previstas em
projeto.
Após a fase de instalação é recomendável que cada instrumento
seja lido preferencialmente na mesma hora do dia: os instrumentos devem
então ser divididos em grupos de observação em um mesmo dia e suas
leituras devem ser programadas com sequência e itinerário fixo.
Uma recomendação importante é que os técnicos de instrumentação
de um determinado tipo de instrumento sejam sempre os mesmos,
evitando-se trocas frequentes nas equipes de leitura, o que acaba tendo
reflexo na precisão dos dados adquiridos. Em caso de substituições
programadas do técnico, é recomendável que o substituto o acompanhe
34
por algumas campanhas de leituras, de forma a minimizar a possibilidade
de erro.
2.5. Medidores de deslocamentos
A seguir são apresentados alguns equipamentos utilizados para a
medição direta ou indireta de deslocamentos na instrumentação
geotécnica, com breve explicação dos respectivos princípios de
funcionamento, os conceitos correspondentes aos instrumentos de
medição de movimentos angulares (eletroníveis) são apresentados
detalhadamente no Capitulo 3.
2.5.1. Conceitos de Instrumentos
1) Sistemas pneumáticos
São utilizados por piezômetros pneumáticos e células de pressão. O
arranjo básico é o mostrado na Figura 2, onde P é a pressão de interesse
a ser registrada. Uma pressão crescente de gás é aplicada ao tubo de
entrada e, quando a pressão do gás excede P, o diafragma se deforma,
permitindo que o gás circule para o tubo de saída. Um detector de fluxo
de gás é instalado no sistema, comprovando a ocorrência de fluxo. O
suprimento de gás é interrompido na válvula de entrada, e qualquer
pressão nos tubos maior que o valor de P é dissipado. Isto faz que o
diafragma volte à sua posição original, garantindo a pressão nos tubos
igual a P. Esta pressão é lida em um medidor elétrico.
2) Sistemas de corda vibrante
São utilizados em sensores de pressão para piezômetros, células de
pressão, medidores hidrostáticos de recalque e em medidores de
deformação. Os equipamentos de corda vibrante são basicamente
compostos de um fio de aço grampeado e tensionado, o qual fica livre
para vibrar em sua frequência natural. Tal como uma corda de piano, a
frequência de vibração do fio de aço varia. O fio pode então ser usado
como sensor de pressão como, mostrado na Figura 3. Uma espiral
35
elétrica é presa magneticamente próxima à metade do fio, sendo esta
espiral utilizada para medir o período ou a frequência de vibração. A
frequência f depende da curvatura do diafragma e da pressão P.
Figura 2. Transdutor pneumático fechado com dois tu bos e leitura de fluxo de gás
(Dunnicliff, 1988)
Figura 3. Esquema do sensor de corda vibrante (Dunn icliff, 1988)
36
3) Sistemas de medição de deformações por resistênc ia
elétrica
A maior parte dos métodos eletro-eletrônicos de medida consiste de
três componentes: um transdutor, um sistema de aquisição de dados e
um sistema de ligação entre estes dois componentes.
Um transdutor eletrônico é um componente que converte alterações
físicas em um sinal elétrico de saída. Sistemas de aquisição de dados vão
desde simples unidades portáteis até complexos sistemas automatizados.
Um medidor de deformações por resistência elétrica é um condutor
com a característica básica de modificar sua resistência em proporção
direta com a mudança em seu comprimento. A relação entre variação
unitária de resistência ∆R e variação unitária de comprimento ∆L é dada
pelo fator de medição GF onde:
Equação 1
A resistência medida pode ser fortemente influenciada por fatores
como comprimento do cabo, contato, umidade e temperatura. Entretanto,
a correção para estes fatores pode ser feita através da medição individual
da resistência de vários componentes do sistema (cabo, contato, etc...).
4) Transdutores elétricos para medição de deslocame nto linear
Um transformador variável diferencial linear, ou LVDT (linear variable
differential transformer) consiste em um núcleo magnético móvel
passando através de uma bobina primária e de duas bobinas
secundárias. Uma tensão alternada é aplicada à primeira bobina,
induzindo uma tensão alternada à segunda bobina, com magnitude que
depende da proximidade do núcleo magnético de cada bobina
secundária. Esta voltagem secundária é conectada em série, e a saída do
LVDT é a diferença entre estas duas voltagens. Quando o núcleo está na
posição média, a voltagem é zero. Quando o núcleo se afasta do centro, a
voltagem de saída cresce linearmente com a magnitude, com polaridade
37
dependendo do sentido do movimento do núcleo. A Figura 4 ilustra o
esquema de funcionamento do LVDT.
Desde que o núcleo do LVDT não toque nas bobinas, não há atrito.
Não há histerese e os LVDTs são particularmente capazes de medir
movimentos dinâmicos e deslocamentos muito pequenos. Muitos tipos de
LVDTs têm excelente resistência à umidade e corrosão e boa estabilidade
de longo prazo nas leituras. Porém, a transmissão de correntes alternadas
através de cabos longos introduz efeitos indesejáveis, que podem
degradar seriamente o sinal de saída.
Figura 4. Esquema de LVDT (Dunnicliff. 1988)
2.5.2. Alguns equipamentos utilizados
A seguir serão apresentados os principais e mais comuns medidores
de deslocamentos horizontais utilizados na instrumentação geotécnica.
2.5.2.1. Extensômetros magnéticos
Os extensômetros magnéticos são instrumentos que medem os
deslocamentos verticais e horizontais no interior da massa de solo. Estes
instrumentos são compostos de tubo de PVC, que serve de guia para
instalação dos anéis, de anéis magnéticos ou alvos também denominados
aranhas magnéticas e de uma sonda magnética portátil com interruptor de
lâminas. As aranhas magnéticas são posicionadas no terreno a diversas
profundidades, de maneira a possibilitar o monitoramento dos
38
deslocamentos na região através da passagem da sonda no interior do
tubo, suspenso por uma trena milimétrica (Figura 5). A sonda detecta a
mudança de posição dos anéis, devido ao movimento do solo. No caso do
extensômetro horizontal, o tubo é instalado horizontalmente no terreno
antes do lançamento do aterro (Formigueri, 2003).
Figura 5. Extensômetro magnético (Gil et. al., 2008)
As sondas de extensômetros são definidas como dispositivos para
monitorar as alterações de distância entre dois ou mais pontos ao longo
de um eixo comum. As leituras feitas com a sonda são relativas a uma
“referência” magnética localizada no terreno que não se espera mover ou
a medições topográficas realizadas ao ponto de medição no topo do tubo.
39
Sucessivas leituras de cada aranha são tomadas comparadas com
leituras iniciais das mesmas aranhas. Qualquer diferença na leitura
fornece a medição de movimentação necessária (DUNNICLIFF, 1988).
Obter um conjunto de leituras iniciais é particularmente importante,
sendo recomendável que o usuário obtenha três conjuntos de leituras de
três passagens separadas através do tubo. Faz-se a média das leituras
para cada ímã. Alternativamente, encontrar dois conjuntos fechados de
dados e usar um deles como o conjunto inicial (SLOPE INDICATOR,
2002).
Extensômetros tem o objetivo de determinar as movimentações de
solos para estimar a velocidade de execução das obras bem como
eventuais ações ou correções a serem tomadas. São tipicamente usados
para monitorar recalques, compressões em aterros, movimentos ao longo
de escavações, esforços na base de cortes em escavações e
deformações laterais. Instalações em perfurações utilizando tubos rígidos
de plástico com aranhas magnéticas convencionais devem ser usados
somente para acompanhamento de pequenas compressões verticais
(DUNNICLIFF, 1988).
Conforme comentado anteriormente DUNNICLIFF (1988) cita as
seguintes aplicações:
� Acompanhamento de recalques ou esforços em escavações,
fundações, e aterros;
� Acompanhamento de recalques ou esforços acima de túneis e
outras aberturas de metrôs;
� Acompanhamento convergência nas paredes do túnel;
� Monitorar deslocamento lateral.
2.5.2.2. Extensômetros de hastes múltiplas
Objetiva a determinação da deformabilidade de maciços rochosos
e/ou deslocamentos dos blocos de estruturas de concreto na direção
horizontal.
40
Este equipamento é constituído por placas de deslocamento
(circulares ou quadradas), acopladas a hastes de leitura em aço inóx,
conforme indicado na Figura 6. As placas são instaladas nos pontos de
interesse do maciço e as hastes, solidárias às respectivas placas, são
conduzidas até a cabine de leitura à jusante da barragem. Para permitir
deslocamentos das placas no interior do maciço, são instaladas luvas de
emenda na tubulação que conduz as hastes para a cabine de leitura. A
referência das leituras é feita a partir da medição inicial (logo após a
instalação) de cada haste, sendo medidos os deslocamentos a partir de
uma placa fixada na saída das hastes na cabine de leitura. As medidas
são feitas com uma régua graduada em milímetros.
As principais vantagens a serem citadas são a facilidade de leitura, a
possibilidade de instalação de um número razoável de placas de
deslocamento e a reduzida dispersão de leituras.
Figura 6. Componentes do Extensômetro Horizontal de Hastas Múltiplas (Belitardo
e Pereira, 2001, com modificações)
Como limitações, pode-se citar a complexidade construtiva, a
necessidade de proteção contra a oxidação das peças galvanizadas, a
41
dificuldade para se executar reparos no conjunto e a possível ocorrência
de deslocamentos repentinos de difícil interpretação.
2.5.2.3. Inclinômetros
Estes instrumentos são utilizados com o objetivo de determinar
deslocamentos horizontais, superficiais e em subsuperfície. Consistem de
um conjunto de segmentos de tubos de plástico ou de alumínio,
confeccionados especialmente para esta finalidade, montados através de
luvas telescópicas em posição subvertical. Tais tubos possuem dois pares
de ranhuras, diametralmente opostas, com os dois diâmetros assim
formados perpendiculares entre si, dispostos na barragem nas direções
montante/jusante e ombreira esquerda/ ombreira direita. As ranhuras
servem de guia para as rodas do sensor introduzido para efetuar as
leituras, conforme mostra a Figura 7.
A instalação do tubo de inclinômetro pode ser feita em furo de
sondagem, o qual deve se prolongar até camadas de alta rigidez ou até
alcançar profundidades não afetadas pela construção do aterro da
barragem.
Quando instalados em furo de sondagem, o espaço entre o furo e os
tubos deve ser preenchido com mistura de solo, cimento e bentonita, e
não com areia, pois esta última alternativa causa maior dispersão de
resultados.
À medida que o aterro sobe, os tubos de inclinômetro são
simplesmente emendados, procedendo-se a compactação cuidadosa
(manual) no entorno dos tubos.
Os equipamentos de leitura mais utilizados são da marca SINCO
(Slope Indicator Company), existentes em dois modelos – série 200-B
(mais antigo) e Digitilt (mais moderno).
42
Figura 7. Principio de operação do inclinômetro (Du nnicliff, 1988)
Os inclinômetros apresentam como principais características: a
possibilidade da determinação dos componentes dos deslocamentos
horizontais em duas direções ortogonais, ao longo do comprimento do
instrumento; leitura e cálculo (manual) relativamente demorados;
interferência na praça de trabalho; a possibilidade de instalação em furos
verticais ou inclinados.
2.6. Cortinas Ancoradas
Quando o empuxo lateral é combatido apenas pelo engaste da
cortina no solo (ficha), a cortina é dita em balanço. Caso a ficha não seja
suficiente para equilibrar o empuxo lateral, pode-se considerar o uso de
tirantes, a fim de providenciar um suporte lateral adequado.
A grande vantagem do uso de tirantes é que, uma vez instalados, a
escavação fica livre de qualquer obstrução, permitindo a execução de
trabalhos no seu interior. Além disso, quando os tirantes são previamente
tracionados (protendidos) pode haver uma redução da deflexão da parede
43
e do assentamento do solo adjacente, dependendo da magnitude da
carga de protensão.
A desvantagem do uso de tirantes está no tempo de instalação e
protensão dos tirantes, que aumenta o tempo de obra. Ademais, como os
elementos se estendem além dos limites do terreno, é necessário cuidado
especial com relação a possíveis obstáculos presentes no terreno vizinho,
como fundações de estruturas, por exemplo, além de autorização prévia.
2.6.1. Tirantes
Segundo a NBR 5626, 2006; os tirantes são definidos como peças
especialmente montadas, tendo como componente principal um ou mais
elementos resistentes à tração, que são introduzidos no terreno, em
perfuração própria, nas quais, por meio de injeções de calda de cimento
(ou outro aglutinante) em partes dos elementos, forma um bulbo de
ancoragem que é ligado à estrutura através do elemento resistente à
tração e da cabeça do tirante.
O tirante é formado por:
� Cabeça: é a parte que suporta a estrutura do paramento. Existem
várias configurações para a cabeça, dependendo do tipo de tirante,
mas genericamente, suas partes podem ser divididas em placa de
apoio, cunha de grau e bloco de ancoragem.
� Trecho livre: nessa região o elemento constituinte do tirante
(barras, fios ou cordoalhas) é isolado da calda de cimento.
Normalmente usa-se um tubo ou mangueira (bainha) para proteger
essa região.
� Trecho ancorado: nessa região o elemento constituinte do tirante
(barras, fios ou cordoalhas) está em contato com a nata de
cimento, a qual forma o bulbo de ancoragem. É essa a região
responsável por transmitir os esforços de tração do tirante para o
terreno, através do atrito gerado entre o bulbo e o solo.
44
A Figura 8 ilustra as partes constituintes de um tirante.
Figura 8. Partes constituintes de um tirante (YASSU DA e DIAS, 1996).
2.6.1.1. Classificação dos Tirantes
2.6.1.1.1. Quanto à Constituição
Com relação à constituição do elemento principal do tirante
resistente à tração, normalmente se usam os seguintes tipos:
� Tirante monobarra: esse tipo de tirante é constituído por uma
única barra de aço. Normalmente, possui protuberâncias ao
longo de todo o seu comprimento, as quais servem como
rosca, permitindo a emenda de barras através de luvas
especiais, além da fixação de porca na região da cabeça do
tirante. O trecho livre é coberto por uma bainha, com diâmetro
levemente maior do que o diâmetro da barra. O trecho
ancorado possui vários espaçadores, em intervalos de 2 a 3
metros, a fim de manter a barra centralizada no furo. A
cabeça do tirante é formada pela placa de apoio, cunha de
grau e pelo bloco de ancoragem, que nesse caso, consiste
em uma porca.
45
� Tirante de fios: como o próprio nome diz a parte resistente à
tração do tirante é formada por fios, geralmente com 8 ou 9
mm de diâmetro (YASSUDA e DIAS, 1996). A quantidade
desses fios depende da carga de trabalho a qual o tirante está
submetido. O trecho ancorado possui espaçadores, os quais
são responsáveis por manter os fios afastados uns dos
outros, a fim de envolvê-los melhor com a calda de cimento.
No trecho livre, os fios são normalmente envolvidos por
bainhas individuais e logo depois por uma bainha coletiva. A
cabeça é formada pela placa de apoio, cunha de grau e pelo
bloco de ancoragem, que nesse caso, possui vários furos, por
onde os fios passam individualmente e são presos por
clavetes.
� Tirante de múltiplas barras: a parte resistente à tração é
formada por mais de uma barra de aço.
� Tirante de cordoalhas: nesse tipo de tirante, cordoalhas de
aço são usadas para constituir a parte resistente à tração.
Tanto nos tirantes de múltiplas barras quanto nos de cordoalhas, os
elementos constituintes da cabeça, do trecho livre e do trecho ancorado
são praticamente idênticos aos usados para os tirantes de fios.
2.6.1.1.2. Quanto à Vida Útil
Os tirantes podem ser considerados permanentes, quando usados
em construções com mais de dois anos de duração, e provisórios, quando
se destinam a obras com tempo de duração menor que dois anos (NBR
5629, 2006). Essa classificação é importante, pois as especificações em
normas, como a NBR 5629 (2006), costumam fazer distinção entre
tirantes permanentes e temporários, como, por exemplo, na indicação do
fator de segurança que deve ser usado em cada caso.
46
2.6.1.1.3. Quanto à Forma de Trabalho
São classificados em ativos, quando há a protensão dos mesmos, e
passivos, quando não são protendidos. Nesse último caso, o tirante
começa a trabalhar, ou seja, adquire carga, apenas quando há
deslocamento da cortina em relação à escavação, passando assim a
reagir aos esforços impostos pelo maciço adjacente à cortina.
2.6.1.1.4. Quanto ao Sistema de Injeção
Existem dois sistemas possíveis de injeção de nata de cimento no
tirante: a injeção em um único estágio e a injeção em múltiplos estágios.
O sistema de injeção em um único estágio é geralmente usado nos
casos em que o tirante é executado em material de boa capacidade de
suporte, normalmente rocha, ou quando não há grande vantagem em se
executar mais de um estágio de injeção, visto que praticamente não
levará ao alargamento adicional do bulbo, nem ao aumento do atrito com
o maciço (YASSUDA e DIAS, 1996).
No sistema de múltiplas injeções ocorre primeiramente o
preenchimento do furo com a calda a baixa pressão, de modo que ela
vaze pela boca do furo. Num segundo momento, após a cura do cimento,
injeta-se mais calda de cimento, no estágio conhecido como primário.
Nesse estágio, são usadas as chamadas válvulas “manchete”, que
consistem em furos em um tubo de PVC, sendo cada furo recoberto com
borracha flexível, a qual se levanta quando a calda de cimento é aplicada
sob pressão. A injeção é feita até que se atinja uma pressão desejada.
Caso não se atinja essa pressão, são executados outros estágios,
chamados de estágio secundário, terciário, etc.
2.6.1.2. Ensaios para o Controle de Qualidade
A NBR 5629 (2006) recomenda, em obra, a execução de ensaios a
fim de avaliar o desempenho do tirante no terreno. Esses ensaios se
47
dividem em: ensaio básico, ensaio de qualificação (obrigatório em 1% dos
tirantes da obra, com um mínimo de dois ensaios por obra), ensaio de
recebimento (executado em todos os tirantes da obra) e ensaio de
fluência (obrigatório em 1% dos tirantes da obra, com um mínimo de dois
ensaios por obra). Os detalhes dos ensaios podem ser consultados na
referida norma.
2.6.1.3. Execução
Para uma correta execução do tirante, a locação deve ser
cuidadosamente feita, levando-se em conta as tolerâncias de projeto.
Após a locação, o furo pode ser executado com qualquer sistema de
perfuração que tenha condições de garantir perfeitos alinhamento,
diâmetro, comprimento e inclinação do furo, além da estabilidade de suas
paredes. É comum o uso de fluidos estabilizantes ou tubos de proteção
para evitar desmoronamentos da parede do furo, desde que não
comprometam as características de resistência do tirante (YASSUDA e
DIAS, 1996).
Os elementos do tirante (barras ou cordoalhas) devem ser
protegidos contra corrosão, por quaisquer dos métodos descritos na NBR
5629 (2006).
A colocação do tirante no furo pode ser feita tanto antes quanto
depois da injeção de calda de cimento (ou outro aglutinante).
Normalmente, a calda é produzida a partir da mistura de água e cimento
Portland na proporção água/cimento igual a 0,5, em peso. (YASSUDA e
DIAS, 1996).
Após a cura do aglutinante, pode ser feita a protensão, com uso de
um cilindro hidráulico acionado por bomba, devendo a força de tração
aplicada ser coincidente com o eixo do tirante.
48
2.6.2. Modos de Ruptura em Cortinas Ancoradas
As escavações nas proximidades de edifícios nem sempre são
conduzidas de forma segura e projetadas adequadamente, podendo
resultar em acidentes (MILITITSKY, 2012).
De acordo com Gaba et al. (2003), a ruptura de contenções
escoradas são raramente ocasionados por erros na determinação dos
esforços ou dimensionamento das cortinas propriamente ditas.
Geralmente, são associados a fatores como: conhecimento inadequado
das condições geológico-geotécnicas e hidrológicas locais, projeto
deficiente com mau detalhamento construtivo e de especificações, mão de
obra de má qualidade na execução dos sistemas de suporte, sequência
construtiva inadequada resultando empuxos diferentes e superiores aos
de projeto e controle inadequado das etapas construtivas, tais como
escavações além das cotas definidas para implantação dos escoramentos
e sobrecargas não consideradas de equipamentos pesados adjacentes.
De modo geral, os modos de ruptura de uma cortina ancorada
podem ser classificados da seguinte forma (STROM e EBELING, 2002):
� Ruptura da barra do tirante (ou fios, ou cordoalhas) (Figura
9a);
� Insuficiência de atrito entre o bulbo e o solo (Figura 9b);
� Insuficiência de protensão do tirante (Figura 9c);
� Baixa rigidez à flexão da cortina (Figura 9d);
� Ruptura por insuficiência do empuxo passivo na região da
ficha (Figura 9e);
� Ruptura por rotação antes da colocação do primeiro nível de
tirantes (Figura 9f);
� Puncionamento da base, que ocorre quando o solo de
fundação tem baixa capacidade de suporte (Figura 9g);
� Ruptura por tombamento (Figura 9h);
� Ruptura por cisalhamento (Figura 9i);
� Ruptura global (Figura 9j).
49
Figura 9. Modos de ruptura em cortinas ancoradas (S TROM e EBELING, 2002).
2.6.3. Cálculo do Empuxo Sobre a Cortina
O empuxo de terra sobre uma estrutura de contenção corresponde à
resultante das forças aplicadas pela massa de solo circundante, sobre a
estrutura. A forma de distribuição de tensões na estrutura e o valor dessas
tensões dependem da interação entre o solo e a própria estrutura.
Quando uma estrutura de contenção rotaciona em torno de sua
base, como é o caso dos muros de arrimo, as tensões geostáticas a ela
50
aplicadas se distribuem de forma triangular. Nesses casos, o empuxo de
terra pode ser calculado pelas Teorias de Rankine e Coulomb. Nas
estruturas de contenção ancoradas ou escoradas, entretanto, as teorias
de empuxo de terra de Rankine e Coulomb não podem ser utilizadas, pois
o processo de deformações nesse tipo de estrutura é diferente do que
ocorre nos muros de arrimo, gerando distribuições de tensão diferentes,
ao longo da mesma (Marzionna et al. 1996).
Arends (1970) recomendou o uso dos diagramas empíricos de
Terzaghi e Peck (1967), para utilização em escoramentos de valas
escoradas a céu aberto. Tais diagramas foram elaborados a partir de
medições experimentais de tensões horizontais em paredes escoradas
com estroncas (Figura 10).
Figura 10. Diagramas empíricos de Terzaghi e Peck ( 1967).
Esses diagramas ainda são muito utilizados no dimensionamento de
estruturas escoradas, sendo também estendidos aos casos de cortinas
ancoradas (Martins et al., 2002). É importante ressaltar as limitações
desses diagramas, tendo em vista que foram obtidos a partir de medições
experimentais que não levaram em consideração vários aspectos
construtivos que podem influenciar as tensões horizontais atuantes em
parede de apoios múltiplos.
Para se calcular o empuxo total sobre a cortina, deve-se levar em
consideração, além do empuxo de terra, a parcela referente às
sobrecargas nas proximidades da contenção, além das pressões
exercidas pela água presente no solo.
51
Gaba et al. (2003) apresentam diagramas de distribuição de tensões
sobre cortinas multi-escoradas, conforme mostra a Figura 11. Esses
diagramas foram elaborados a partir da observação de 81 casos
históricos, dos quais 60 são referentes a cortinas flexíveis (cortina de
estacas metálicas e cortinas tipo Berlim) e 21 referentes a cortinas rígidas
(paredes-diafragma e paredes de estacas secantes e contíguas). As letras
A, B e C se referem ao tipo de solo contido (Tabela 1) e as letras S e F
indicam quando a cortina é, respectivamente, rígida ou flexível.
Tabela 1. Tipos de solo contido (Gaba et al., 2003).
Classificação do
Solo Descrição
A Solos argilosos normalmente e levemente
sobreadensados (argilas de moles a rijas).
B Solos argilosos muito sobreadensados (argilas
de rijas a muito rijas).
C Solos granulares.
52
Figura 11. Distribuição de tensões sobre cortina mu ltiescorada, proposto por Gaba
et al. (2003).
53
2.6.4. Método de Costa Nunes e Velloso (1963)
Para situações simples envolvendo maciço de solo homogêneo com
terrapleno horizontal, ou com inclinação δ inferior a 30°, Costa Nunes e
Velloso (1963) sugeriram um método baseado em considerações de
equilíbrio das forças horizontais e verticais que atuam na cunha mostrada
na Figura 12.
Figura 12. Análise de Estabilidade pelo método de C osta Nunes e Velloso (GeoRio,
2000).
O fator de segurança foi determinado pela seguinte expressão (Hoek
Bray, 1981) considerando um talude com ausência de água.
54
Equação 2
Onde:
c é a coesão do solo.
A é área da superfície potencial de ruptura por metro linear.
W é o peso da cunha mais a componente devida ao carregamento
distribuído na superfície do talude, por metro linear.
θcr inclinação da superfície potencial de ruptura definida por
T é a força na ancoragem por metro linear.
α é o ângulo de inclinação da ancoragem com a horizontal.
φ é o ângulo de resistência ao cisalhamento do solo.
2.6.5. Análise da estabilidade global do sistema de conten ção
Para que a estabilidade global do sistema parede-maciço-
ancoragem seja garantida, devem-se analisar os aspectos relacionados à
segurança contra a ruptura de duas superfícies diferentes: uma externa
(ruptura global generalizada) e uma interna (ruptura em cunha). Essas
superfícies são mostradas na Figura 13.
Figura 13. Tipos de ruptura na análise de estabilid ade global em estruturas
ancoradas (More, 2003).
55
Na análise de estabilidade global generalizada, os mecanismos de
ruptura têm pouca ou nenhuma relação com a execução da escavação.
Normalmente, essa análise é realizada utilizando-se métodos
convencionais de estabilidade de taludes, como por exemplo, os métodos
de Cullman, Fellenius, Taylor ou Janbu.
A verificação consiste em se garantir um fator de segurança
adequado, definido pela Equação 3
Equação 3
Onde:
é o somatório dos momentos resistentes na massa de solo e
é o somatório dos momentos atuantes na massa de solo.
A NBR 5629 (1996) admite, para esta análise, um fator de
segurança mínimo de 1,5.
Na análise de segurança interna, a superfície de ruptura engloba
apenas o solo adjacente à cortina e ocorre como consequência direta da
variação no estado de tensões do solo devido à escavação. A
estabilidade do conjunto está fortemente condicionada à posição dos
bulbos de ancoragem.
A análise da estabilidade interna é feita através do equilíbrio limite
da cunha que pode vir a ser mobilizada. Esse tipo de análise foi
originalmente proposta por Kranz (1953) para cortinas de estacas-
prancha. O método foi inicialmente desenvolvido para o caso de
ancoragem isolada, sendo posteriormente estendido ao caso de se ter
mais de um nível de tirantes no sistema de contenção.
A verificação da segurança de um tirante isolado é realizada
considerando-se uma superfície de deslizamento simplificada, iniciando
no pé da ficha da parede, chegando até o ponto médio do bulbo e,
verticalmente, interceptando a superfície do terreno (Figura 14).
Através da consideração dos valores e direções das diversas cargas
atuantes na cunha em questão, é possível estabelecer o polígono de
56
forças do qual é deduzida a força de ancoragem compatível com a
segurança da massa (Figura 14). O fator de segurança definido por Kranz
(1953) é determinado pela Equação 4. É importante salientar que a
análise discutida restringe-se a solo homogêneo, ou seja, admite-se que
toda cunha encontra-se em um único material.
Equação 4
Figura 14. Superfície de ruptura interna simplifica da (Yassuda e Dias, 1996).
Na Figura 14 e na Equação 4:
Ia é o empuxo ativo atuante na parede de contenção;
I1 o empuxo ativo atuante na cunha;
P é o peso próprio da cunha;
φ é o ângulo de atrito interno do solo;
δ é o ângulo de atrito entre a parede e o solo;
é a carga máxima que pode ocorrer no tirante;
é a carga de trabalho do tirante.
Para os casos em que o sistema de contenção apresenta mais de
uma linha de tirantes, são validos os mesmos princípios anteriormente
57
expostos. Entretanto, é necessário se analisar diversas superfícies de
deslizamento, passando por apenas um tirante ou ligando os pontos
médios dos bulbos das ancoragens envolvidas.
2.6.6. Capacidade de carga das ancoragens
A capacidade de carga do bulbo de ancoragem corresponde à carga
de arrancamento do tirante. Essa capacidade de carga depende das
dimensões do bulbo (diâmetro e comprimento), da pressão efetiva ao
redor do bulbo (peso do solo e pressão de injeção) e das características
do solo.
2.6.6.1. Método NBR 5629 (2006)
O método proposto pela NBR 5629 (2006) para cálculo da
capacidade de carga das ancoragens não leva em consideração o efeito
da injeção, e por isso, é considerado como uma formulação conservadora.
Para tirantes executados em solos arenosos a norma recomenda a
utilização da Equação 5:
Equação 5
Onde:
T = capacidade de carga do bulbo;
= tensão efetiva no ponto médio da ancoragem;
U = perímetro médio da seção transversal da ancoragem;
Lb = comprimento do bulbo de ancoragem;
kf = coeficiente de ancoragem indicado na Tabela 2.
58
Tabela 2. Coeficientes de ancoragem kf (NBR 5629, 2 006).
Solo
Compacidade
Fofa Compacta Muito
Compacta
Silte 0,1 0,4 1
Areia Fina 0,2 0,6 1,5
Areia Média 0,5 1,2 2
Areia Grossa e
Pedregulho 1 2 3
No caso de tirantes executados em solos argilosos, a NBR 5629
(2006) recomenda a utilização da Equação 6:
Equação 6
Onde:
α = coeficiente redutor da resistência ao cisalhamento (para e para );
Su = resistência ao cisalhamento não drenada do solo argiloso.
2.6.6.2. Método de Ostermayer (1975)
O método de Ostermayer (1975) consiste na utilização de gráficos,
elaborados a partir de resultados de aproximadamente 300 ensaios de
campo, em ancoragens na Alemanha. Os gráficos relacionam o
comprimento de ancoragem à capacidade de carga das mesmas.
Os gráficos obtidos por Ostermayer (1975) para as ancoragens em
solos granulares, relacionando a capacidade de carga e o comprimento
do bulbo, são mostrados na Figura 15. Esses gráficos, porém, não fazem
menção ao procedimento de injeção (estágio único ou estágios múltiplos)
utilizado na execução das ancoragens.
A Figura 16 mostra os resultados obtidos para solos coesivos, dessa
vez, apresentando os resultados para tirantes executados com e sem
reinjeção.
59
Figura 15. Capacidade de carga de ancoragens execut adas em solos argilosos.
(Ostermayer, 1975)
Figura 16. Capacidade de carga de ancoragens execut adas em solos granulares.
(Ostermayer, 1975)
60
2.6.6.3. Método de Bustamante e Doix (1985, apud More, 2003)
Esse método considera, de forma qualitativa, a influência da técnica
de injeção, pressão de injeção e volume de calda de cimento injetada.
A capacidade de carga limite da ancoragem pode ser determinada
por:
Equação 7
Equação 8
Onde:
De é o diâmetro médio adotado para o trecho ancorado;
Dp é o diâmetro da perfuração do trecho ancorado;
Lb é o comprimento do trecho ancorado;
β é o coeficiente de majoração do diâmetro do bulbo devido à
injeção;
qs é a resistência ao cisalhamento.
A Tabela 3 apresenta os valores de coeficiente de majoração para
diversos tipos de solo, considerando as duas técnicas de injeção (com e
sem reinjeção). Para que atinja os valores indicados na Tabela 3, o volume
de nata de cimento injetada deve ser de, no mínimo, 1,5 vezes o volume
perfurado.
O valor de pode ser obtido a partir de gráficos de correlações
empíricas, apresentados na Figura 18, para areias e pedregulhos e na
Figura 19, para siltes e argilas. No eixo das abscissas p1 se refere à
pressão limite do ensaio pressiométrico e N, ao número de golpes do
ensaio SPT.
61
Tabela 3. Coeficiente de majoração do diâmetro do b ulbo devido à injeção
(BUSTAMANTE e DOIX, 1985, apud MORE, 2003).
Tipo de Solo Coeficiente β
Com reinjeção Sem reinjeção
Cascalho 1,8 1,3 - 1,4
Cascalho arenoso 1,6 - 1,8 1,2 - 1,4
Areia com cascalho 1,5 - 1,6 1,2 - 1,3
Areia grossa 1,4 - 1,5 1,1 - 1,2
Areia média 1,4 - 1,5 1,1 - 1,2
Areia fina 1,4 - 1,5 1,1 - 1,2
Areia siltosa 1,4 - 1,5 1,1 - 1,2
Silte 1,4 - 1,6 1,1 - 1,2
Argila 1,8 - 2,0 1,2
Figura 17. Correlações empíricas para determinação de qs em areias e
pedregulhos (Bustamante e Doix, 1985, apud More, 20 03).
62
Figura 18. Correlações empíricas para determinação de qs em siltes e argilas
(Bustamante e Doix, 1985).
2.6.7. Deslocamentos em Estruturas de Contenção e Moviment os de Solo Associados
A previsão ou cálculo de deslocamentos de estruturas de contenção
é de difícil solução, pois existem muitos fatores complexos que
influenciam na ocorrência e magnitude desses deslocamentos, tais como:
condições do solo, tipo de contenção, rigidez do sistema de suporte,
Sequência construtiva, método de execução, drenagem, efeito do tempo e
condições geométricas do contorno da escavação.
As grandezas desses movimentos não podem ser previstas com
precisão, mas podem ser estimadas por aproximações empíricas
baseadas em medições de campo ou por métodos analíticos e numéricos
calibrados a partir de comparações com a experiência. Dessa forma, a
experiência anterior documentada se constitui em importante ferramenta e
deve ser utilizada sempre.
63
Sabe-se, entretanto, que a literatura possui dados de desempenho
de cortinas insuficientes, sendo necessário obterem-se, urgentemente,
mais dados de casos históricos que providenciem medições de alta
qualidade do comportamento atual dos diferentes tipos de paredes de
contenção instalados em várias condições de solo (GABA et al., 2003).
O movimento do solo nas proximidades da contenção ocorre
basicamente devido a três fatores: processo construtivo da parede,
escavação do solo na frente da cotenção e fluxo de água próximo ou
através da parede. Esses fatores são detalhados a seguir.
2.6.7.1. Movimentos devido à construção da cortina
Os movimentos provocados durante a construção de uma cortina
tendem a ser localizados e decorrem da escavação ou cravação de
estacas ou da escavação e instalação de painéis dentro do solo.
Nas estacas cravadas, a vibração gerada pode causar a
compactação de depósitos de solo granular fofo e pode se estender a
distâncias consideráveis. Já na execução de estacas escavadas, pode
haver uma movimentação de solo para a região da estaca adjacente, mas
os movimentos são restritos à área local ao redor das mesmas (Gaba et
al., 2003).
Dados de deslocamentos coletados por Clough e O’Rourke (1990),
Thompson (1991), Carder (1995) e Carder et al. (1997) são apresentados
na Figura 19. Os gráficos elaborados permitem estimar as deformações
no solo provocadas apenas pela construção de cortinas de estacas
(contíguas e secantes).
A Figura 19a se refere aos movimentos horizontais do solo próximo
à cortina de estacas. Observa-se que os movimentos de solo são maiores
na região próxima à cortina, diminuindo à medida que se afasta dela.
Esses dados experimentais sugerem que o deslocamento horizontal do
solo é nulo a uma distância da cortina de aproximadamente 1,5 vezes a
profundidade de escavação. Devido à diferença no processo construtivo,
64
as cortinas de estacas secantes apresentaram deslocamento de solo
maior do que as cortinas de estacas contíguas.
A Figura 19b mostra os deslocamentos verticais (recalques) do solo
nas proximidades das estruturas de contenção, provocados pela
construção da mesma. Pode-se considerar, a partir do gráfico, que o
recalque do solo se iguala a zero a uma distância da cortina igual a duas
vezes a profundidade de escavação.
2.6.7.2. Movimentos devido à escavação na frente da parede
Quando é feita uma escavação na frente de uma estrutura de
contenção, há um alívio no suporte lateral do solo atrás da mesma, além
de um alívio de carga vertical na base da escavação. Se a contenção for
escorada ou ancorada, ela tenderá a se deslocar conforme mostrado na
Figura 20.
Durante o estágio inicial de escavação, a cortina se desloca como
uma estrutura em balanço, provocando um recalque no solo adjacente.
Esse recalque diminui à medida que aumenta a distância até a cortina,
formando uma superfície de recalques aproximadamente triangular
(Figura 20a).
Quando a escavação avança para o próximo nível, o movimento na
parte superior da estrutura é restringido pela instalação de um suporte.
Ocorrem, então, movimentos na região da cortina abaixo do suporte. Isso
é mostrado como um componente incremental de deslocamentos totais na
Figura 20b.
A combinação desses movimentos resulta em um perfil de
deslocamentos da cortina e do solo, conforme mostra a Figura 20c. Se o
movimento da cortina na região abaixo dos suportes for predominante, o
padrão de recalque do solo tende a ser delimitado por um perfil
trapezoidal. Se o movimento em balanço predominar, então o perfil de
assentamento tende a formar um padrão triangular.
65
Figura 19. Movimentos na superfície do solo, devido à construção de cortina de
estacas em argila rija: (a) movimentos horizontais; (b) movimentos verticais (Gaba
et al., 2003).
66
Figura 20. Comportamento de deslocamentos em estrut uras de contenção
ancoradas (Gaba et al., 2003).
A primeira coleção de dados reais sobre deslocamentos em cortinas,
organizados na bibliografia técnica, foi a de Peck (1969), a qual mostra
dados de recalque de solo, provocados pela escavação na frente da
contenção, em pontos localizados a diversas distâncias da cortina, em
função da profundidade de escavação.
No gráfico de Peck, observam-se três zonas (ver Figura 27): a zona I
representa areia e argila mole a rija, a zona II representa argila muito mole
a mole, com profundidade limitada de argila abaixo do fundo da
escavação e a zona III representa argila mole a muito mole, para uma
profundidade significativa abaixo do fundo da escavação.
A partir dos estudos de Peck, iniciaram-se vários outros estudos
semi-empíricos similares, conduzidos por vários pesquisadores, os quais
analisaram o comportamento de diferentes tipos de estruturas de
contenção em diferentes condições de solo e construção.
Mana e Clough (1981) examinaram 11 casos históricos. Os
movimentos máximos observados são correlacionados com o fator de
segurança ao levantamento do fundo da escavação, definido por Terzaghi
(1943). A Figura 21 mostra o gráfico proposto por Mana e Clough (1981)
para estimativa de deslocamentos da estrutura.
67
Figura 21. Relação entre o fator de segurança contr a levantamento de fundo,
definido por Terzaghi (1943) e o máximo deslocament o horizontal da cortina (Mana
e Clough, 1981).
Clough et al. (1989) propuseram um método semi-empírico para
estimar movimentos nas escavações em argila, em que o deslocamento
lateral máximo da parede é relacionado com o fator de segurança definido
por Terzaghi (1943) e com a rigidez do sistema de suporte da escavação.
A rigidez do sistema solo-estrutura de contenção é definido por
Clough et al. (1989) como:
Equação 9
Onde:
E é o módulo de Young;
I é o momento de inércia da área da seção da parede por metro;
γw é o peso específico da água;
h é o espaçamento vertical entre os suportes da parede.
68
Os deslocamentos máximos podem ser estimados a partir do gráfico
mostrado na Figura 22.
Figura 22. Deslocamento lateral da parede como porc entagem da profundidade de
escavação versus rigidez do sistema de suporte (Clo ugh et al., 1989).
St John et al. (1992) apresentaram valores de deslocamentos
horizontais de cortinas construídas para suporte de escavações na argila
de Londres (Figura 23). Para cortinas executadas de cima para baixo
(rigidez de suporte alta) foram observados valores de deslocamentos
horizontais menores que 0,2%H, tipicamente, 0,15%H (em que H é a
altura máxima da escavação). No caso de cortinas em balanço (rigidez de
suporte baixa), os deslocamentos horizontais máximos foram da ordem de
0,4%H.
Correia et al. (1996), através de instrumentação de campo e
simulações numéricas, obtiveram dados de deslocamentos para duas
contenções do tipo Berlim, construídas em solo variando entre silte e
argila, obtendo valores de deslocamentos horizontais máximos, em
69
relação à altura da contenção (H), da ordem de 0,15%H, para uma das
contenções e 0,69%H para a outra.
Figura 23. Máximos deslocamentos horizontais observ ados em cortinas para
escavações em argila de Londres (St John et al., 1992).
Gaba et al. (2003) apresenta gráficos elaborados a partir da reunião
de vários trabalhos, os quais podem ser usados para estimar a magnitude
de deslocamentos em estruturas de contenção, devido à escavação na
frente da mesma. A Figura 24 se refere aos deslocamentos horizontais e
verticais de paredes de estacas e paredes diafragma assentes em argila
rija e a Figura 25 se refere aos deslocamentos verticais dos mesmos tipos
de estruturas, quando assentes em areia. Observa-se que os valores de
deslocamentos são maiores para estruturas menos rígidas, além disso,
observa-se também que os deslocamentos no solo contido atingem uma
distância em relação à cortina de aproximadamente 4H em solos
predominantemente argilosos e 2H em solos predominantemente
arenosos.
70
Figura 24. Deslocamentos horizontais e verticais em paredes assentes em argila
rija, devido à escavação em frente à cortina (Gaba et al., 2003).
71
Figura 25. Deslocamentos verticais em paredes assen tes em areia, devido à
escavação em frente à parede (Gaba et al., 2003).
Moormann (2004) estudou cerca de 530 casos de deslocamento em
estruturas de contenção, provocado por escavações executadas em solos
argilosos de baixa consistência (cu<75kPa). Concluiu-se que o
deslocamento horizontal máximo típico situa-se entre 0,5% e 1,0% da
profundidade máxima de escavação (H), com média de 0,87%H (Figura
26).
72
Figura 26. Variação do máximo deslocamento horizont al com a profundidade de
escavação (Moorman, 2004).
Oliveira et al. (2009) mediram os deslocamentos horizontais de uma
parede diafragma assente em areia argilo-siltosa e encontraram
deslocamentos máximos de 0,33 %H. Esse valor se aproxima bastante
dos medidos por Hsieh et al. (2003), o qual encontrou valores de 0,3 a
0,5%H, para paredes-diafragma executadas em solos areno-siltosos.
Wang et al. (2010) reuniram dados de deslocamento de paredes em
cerca de 300 escavações profundas em solo mole de Shanghai e
compararam seus resultados com aqueles obtidos por Peck (1969). A
Figura 27 mostra o recalque medido na superfície do terreno em função
da distância à cortina. Ambas as grandezas são normalizadas pela
profundidade máxima de escavação. Observa-se que a maioria dos
recalques medidos na superfície do terreno se encontra dentro da Zona I,
proposta por Peck (1969), mesmo sendo o solo de Shanghai constituído
73
de material de baixa resistência, sendo esperado que estivessem dentro
da zona III.
Figura 27. Valores de recalques superficiais obtido s por Wang et al. (2010),
plotados no gráfico proposto por Peck (1969).
Wang et al. (2010) também apresentaram medições de
deslocamentos horizontais para diferentes tipos de estruturas de
contenção. Os gráficos da Figura 28 mostram os resultados de
deslocamento horizontal para três classes diferentes de estruturas de
contenção, em função da profundidade de escavação. Nesses gráficos
são mostradas retas representativas de deslocamento máximo, mínimo e
médio, como porcentagem da profundidade de escavação (H). A classe 1
representa cortinas construídas pelo método de escavação de cima para
baixo, incluindo paredes-diafragma e cortinas de estacas contíguas. A
classe 2 representa cortinas relativamente rígidas construídas pelo
método de baixo para cima, incluindo paredes-diafragma, cortinas de
estacas contíguas e mistura de solo em profundidade (deep soil mixing). E
a classe 3 representa cortinas de estacas metálicas (Figura 28a, Figura
28b e Figura 28c, respectivamente).
Observa-se que as cortinas constituídas de estacas metálicas
apresentaram, em média, os maiores valores de deslocamento horizontal
74
e, por esse motivo, agora são raramente usadas em escavações
profundas em Shanghai (Wang et al., 2010).
Magalhães (2003) mediu os deslocamentos horizontais no topo de
uma cortina de estacas, através de método topográfico, e observou que
os valores de deslocamento horizontal aumentavam com o passar do
tempo, porém, tendendo à estabilização.
A magnitude dos deslocamentos horizontais em cortinas depende
quase totalmente da eficácia do sistema de suporte. Long (2001) reporta
que grandes deslocamentos (maiores que 0,3%H) em cortinas ancoradas
em solos rígidos são causados principalmente pelos seguintes fatores: i)
movimentações ocorridas no estágio inicial do processo construtivo,
quando a estrutura se desloca como uma cortina em balanço; ii) sistemas
de contenção excessivamente flexíveis; iii) fluência de ancoragens; iv)
escoamento estrutural.
É importante frisar que a geometria da escavação afeta a magnitude
e a distribuição de movimentos no solo nas proximidades da contenção.
Observa-se, por exemplo, que as laterais da escavação tendem a
restringir movimentos da estrutura nessa região, como observado por
Guerra et al. (1997). Esse fenômeno é conhecido como efeito de canto e
também foi reportado por Gaba et al. (2003).
75
Figura 28. Deslocamentos máximos laterais versus pr ofundidade de escavação: (a)
cortinas construídas pelo método de escavação de ci ma para baixo; (b) cortinas
relativamente rígidas construídas pelo método de ba ixo para cima; (c) cortinas de
estacas metálicas (Wang et al., 2010).
2.6.8. Cargas em Tirantes
Li et al. (1988) investigaram, através do uso de extensômetros
elétricos instalados no bulbo de tirantes, a distribuição de carga ao longo
dos mesmos. Os tirantes foram usados para contenção de uma parede
diafragma, assente em terreno variando entre silte argiloso e argila siltosa.
Cada tirante possuía 30 m de comprimento, sendo 23 m de comprimento
ancorado. A Figura 29 mostra essa distribuição de carga, para diversos
níveis de carregamento. Observou-se que as cargas não se distribuíram
de forma linear, se concentrando mais no início do bulbo do tirante.
76
Aproximadamente na metade do trecho ancorado, essa carga é
praticamente nula.
Figura 29. Distribuição de carga ao longo do bulbo do tirante, medida por Li et al.
(1988).
Briaud et al. (1998) usaram extensômetros de corda vibrante para
instrumentar tirantes com 13,8 m de comprimento, sendo 4,6 m de
comprimento ancorado, instalados em argila. A distribuição de carga ao
longo do tirante é mostrada na Figura 30, para a carga de trabalho de 400
kN (o eixo horizontal corresponde à posição no tirante, em que 0 e 4,6 m
correspondem, respectivamente, ao final e ao início do trecho ancorado).
Observa-se uma configuração de distribuição de carga parecida com a
identificada por Li et al. (1988), com maior concentração de carga no
início do bulbo do tirante.
77
Figura 30. Distribuição de carga ao longo do tirant e, medida por Briaud et al., 1998,
para carga de trabalho igual a 400kN.
Iten e Puzrin (2010) mediram a distribuição de carga ao longo de um
tirante de 7m de comprimento, sendo 5,75m de comprimento ancorado e
1,25m de comprimento livre. Nessa instrumentação foram usados vários
tipos de sensores de fibra óptica, os quais foram incorporados ao
elemento resistente à tração do tirante. A Figura 31a e a Figura 31b
mostram os resultados dessa instrumentação, medidos por quatro tipos
diferentes de sensores ópticos, para dois dos níveis de carga aplicados
ao tirante (o eixo horizontal corresponde à posição no tirante, em que 0 e
5,75 m correspondem, respectivamente, ao final e ao início do trecho
ancorado).
Observa-se que as cargas medidas se distribuíram de forma mais
linear no trecho ancorado, diferente do que foi observado por Li et al.
(1988) e Briaud et al. (1998).
Figura 31. Distribuição de carga ao longo do tirant e, medida por Iten e Pzrin (2010);
(a) 340 kN; (b) 400kN.
78
Normalmente, os tirantes utilizados para ancorar estruturas de
contenção são protendidos até um determinado valor de carga,
especificada em projeto (carga de incorporação). Após essa incorporação,
à medida que se prossegue a escavação, as cargas nos tirantes podem
variar para mais ou para menos, a depender, principalmente, da interação
entre o bulbo de ancoragem e o solo ou rocha circundante (Dunnicliff,
1988).
Correia et. al. (1996), através da instrumentação de duas
contenções do tipo Berlim, construídas em solo variando entre silte e
argila, observaram um acréscimo máximo de carga em tirantes de 7,8%
em relação à carga de incorporação do mesmo e um decréscimo máximo
de 6%.
Guerra (1999) também mediu a variação de cargas em tirantes, para
o mesmo tipo de cortina e observou acréscimos de carga maiores, da
ordem de 10 a 13% da carga de incorporação dos tirantes.
Ehrlich e Silva (2012) identificaram variação de carga em
ancoragens para uma contenção executada em solo residual do Rio de
Janeiro, o qual possuía camadas intercaladas de solo pouco resistente.
Os acréscimos de carga foram altos para algumas ancoragens, que
apresentaram cargas até 25% maiores do que a carga de trabalho
prevista em projeto. As medições feitas durante toda a execução da obra,
com a utilização de extensômetros elétricos e células de carga, permitiram
identificar a necessidade de se fazer um reforço nessas ancoragens.
Observa-se que os dados de campo apresentados pela literatura,
tanto de deslocamentos da cortina quanto de cargas em tirantes, variam
muito em função das características de cada obra. A extrapolação dos
resultados de cada estudo para casos gerais são, portanto, limitados, em
face da grande quantidade de variantes que influenciam no
comportamento de uma estrutura de contenção. Muitos trabalhos ainda
são necessários até que se estabeleçam correlações confiáveis para
aplicações gerais.
3. Eletroníveis: Montagem, princípio de funcionamento, calibração e sistema de aquisição de dados.
3.1. Introdução
Os eletroníveis foram desenvolvidos há mais de 60 anos nos
Estados Unidos como sensores para a indústria aeronáutica. Porém, sua
aplicação em obras geotécnicas diretamente ligadas ao monitoramento de
recalques foi feita inicialmente na Inglaterra em 1990, em trabalhos
realizados pela Construction Monitoring Control Systems (CMCS),
destacando-se o sistema de monitoramento instalado na Mansion House
objetivando controlar os recalques oriundos da expansão do metrô de
Londres (Penedo, 2012).
As medidas indicadas pelos eletroníveis são relacionadas ao
fornecimento direto ou indireto de rotações e de distorções angulares que
ocorrem na superfície ou no interior de um meio, devido a uma
determinada solicitação.
Para se determinar a rotação de um corpo rígido, os eletroníveis são
fixados na superfície isoladamente. No caso de se determinar as
distorções angulares na superfície ou interior de um meio, vários
eletroníveis são alinhados ao longo da superfície.
Figura 32. Rotação de um corpo rígido (Toledo, 2009 )
80
Na Figura 32 está ilustrada a rotação (Ø) de um corpo rígido de
comprimento L e o deslocamento (y) na extremidade, que pode ser
determinado através da simples relação trigonométrica:
Equação 10
Por outro lado, a obtenção de distorções angulares através desta
série de eletroníveis alinhados possibilita a determinação da deformada
de um meio solicitado através de duas maneiras: Incremental (somatório
de deslocamentos de trechos considerados rígidos) e Sequêncial (integral
de uma função matemática que represente a variação das rotações).
A função matemática ajustada aos pontos de rotação obtidos através
dos eletroníveis também permite a determinação dos momentos fletores
atuantes no meio através do produto entre a sua primeira derivada e a
rigidez da estrutura, segundo a teoria de viga de Bernoulli-Euler.
3.2.Princípio básico de funcionamento dos eletronív eis
Como mencionado anteriormente os eletroníveis são sensores
elétricos constituídos de uma ampola parcialmente preenchida por um
líquido eletrolítico, possuindo três ou quatro pinos (eletrodos) metálicos
que a penetram utilizados para medir a resistência elétrica do conjunto,
formando meia ponte de Wheatstone, quanto maior numero de pinos,
maior a precisão da medição do eletronível, devido que o volume de
liquido entre pinos é menor. A resistência elétrica entre dois pinos
consecutivos é inversamente proporcional ao volume de liquido entre os
mesmos e o volume entre pinos é alterado de acordo com a rotação
aplicada ao conjunto.
O princípio de funcionamento do eletronível é simples. A ampola ao
sofrer uma inclinação, no plano dos eletrodos, provoca uma variação de
tensão entre os eletrodos decorrentes da variação angular do eletronível.
Assim, ao se induzir uma variação angular do eletronível, obtém-se uma
variação de tensão elétrica. A ampola e os eletrodos ficam protegidos por
um cilindro metálico como mostra a Figura 33.
81
Figura 33. Vista do cilindro protetor (Dimensões em milímetros)
A Figura 34 mostra o interior do cilindro metálico que envolve o
eletronível. O cilindro além de ser constituído por um material resistente
garante vedação ao sistema, ou seja, não permite o contato da ampola e
dos eletrodos com água.
Figura 34. Detalhe da parte interna do cilindro.
82
A Figura 35 mostra o eletronível ao sofrer uma rotação angular em
torno de um eixo vertical. O cabo elétrico é conectado a um logger que
permite obter esta variação angular.
Figura 35. Funcionamento do eletronível.
A Figura 36 mostra a ampliação da ampola preenchida com líquido
eletrolítico. Na Figura 36 (a) a ampola está em repouso em um estágio
inicial tomado como referência, e a Figura 36 (b) apresenta a variação da
área do eletrodo submersa no líquido eletrolítico. O circuito elétrico dos
eletroníveis é mostrado na Figura 37. Note-se que o eletronível é utilizado
como uma metade de uma ponte de Wheatstone, onde a outra metade é
composta por duas resistências. A tensão de saída é tratada por um
circuito adicional que fornece a leitura.
Figura 36. Detalhe da variação da altura do liquido eletrolítico entre os eletrodos.
83
A faixa de valores de saída que os eletroníveis apresentam varia em
função do modelo e do fabricante do eletronível. Na Figura 38 são
apresentadas curvas de dois diferentes modelos de eletronível. Nota-se a
diferença entre as faixas de valores e os trechos de linearidade, que na
Figura 38 a é de ±3º, enquanto na Figura 38 b é de ±6º.
Figura 37. Circuito elétrico de conexão dos eletron íveis com os condicionadores
(Wha,1999).
Figura 38. Curvas de sensibilidade dos eletroníveis (www.frederickscom.com)
84
3.3. Montagem
A preparação dos eletroníveis para utilização em campo foi realizada
no laboratório de instrumentação geotécnica de campo da PUC-Rio por
Penedo em 2012 para a prova de carga instrumentada em um cais
apoiado sobre estacas. Esta preparação consistiu basicamente da
proteção mecânica, fixação e vedação da ampola.
Segundo Penedo, foi usinada uma cápsula cilíndrica de alumínio
com uma cavidade excêntrica onde o eletronível é posicionado e envolto
por resina plástica. As cápsulas apresentam uma rosca em uma face para
fixação nas cantoneiras metálicas utilizadas para fixar os eletroníveis na
estrutura. O detalhamento da cápsula utilizada e o eletronível posicionado
na cápsula antes da aplicação da resina foram apresentados
anteriormente na Figura 33 e na Figura 34 respectivamente.
3.4. Procedimento de calibração
Os eletroníveis utilizados no programa de instrumentação
desenvolvido neste trabalho foram inicialmente calibrados no Laboratório
da PUC-Rio por Penedo em 2012, após desses trabalhos os eletroníveis
ficaram sem uso no laboratório de instrumentação da PUC-Rio até o inicio
do desenvolvimento deste novo projeto, o que fiz que os eletroníveis
fossem recalibrados a fim de conhecer se as propriedades eletrolíticas
deles tenham sofrido mudanças. A finalidade do procedimento de
calibração é a determinação do coeficiente de calibração (Cf) para cada
um dos eletroníveis empregados nesse trabalho. Assim objetiva-se
determinar uma curva que forneça a variação das leituras dos eletroníveis
em função da variação angular. Com isso é possível determinar um
coeficiente de calibração para cada eletronível o qual poderá ser utilizado
na determinação das rotações e deflexões.
Para fazer a calibração dos eletroníveis, eles são fixados juntamente
com um eletronível de referência (Fator de Calibração conhecido) numa
85
barra rígida de comprimento L conhecido. No laboratório da PUC-Rio
adotou-se uma barra de 2,42 m como apresentado na Figura 39. Esta
barra possibilita a calibração de até nove eletroníveis simultaneamente.
As leituras foram feitas utilizando o Sistema de Monitoramento de
Eletroníveis (SME) desenvolvido na PUC-Rio, que fornece as leituras dos
eletroníveis em miliVolts, e pode fazer leitura até de 32 (trinta e dois)
eletroníveis (Figura 40).
Figura 39. Barra de calibração dos eletroníveis (La boratório PUC-Rio)
Figura 40. Calibração dos eletroníveis utilizando o SME.
Os eletroníveis são fixados à barra de calibração por meio de
parafusos que não permitem que os mesmos se desloquem em relação à
barra. A Figura 41 mostra os detalhes dessa fixação.
86
Figura 41. Detalhe da fixação do eletronível à barr a de calibração
Uma das extremidades da barra (A) é livre para se deslocar
verticalmente como ilustra a Figura 42, a outra extremidade (B) possui
uma rótula e é impedida de transladar. Impondo um deslocamento D
(milímetros) na extremidade A da barra a extremidade B sofre uma
rotação θ.
Figura 42. Detalhe do sistema de calibração do elet ronível.
Desse modo pode-se calcular a rotação angular θ em radianos
correspondente a um incremento y em milímetros através da seguinte
expressão:
87
Equação 11
A partir daí pode-se determinar o fator de calibração (FC) para cada
eletronível utilizando-se a equação:
Equação 12
Uma vez que a magnitude da leitura dos eletroníveis é de uma
ordem de grandeza muito pequena, pequenos erros na medição do
deslocamento vertical podem resultar em erros grandes no cálculo do
fator de calibração. Portanto, os ângulos de rotação da barra são obtidos
a partir das leituras (∆L) do eletronível de referência e de seu respectivo
fator de calibração (FCref) da seguinte forma:
Equação 13
3.4.1. Eletronível de referência
O eletronível de referência possui faixa de trabalho de ±1,5°, ou seja,
a faixa de linearidade de suas leituras tem metade da amplitude dos
eletroníveis utilizados na instrumentação.
Como já mencionado anteriormente, durante a calibração as leituras
foram feitas utilizando o Sistema de Monitoramento de eletroníveis. Uma
vez que o eletronível de referência apenas possui fator de calibração para
leituras pelo Mini Data-Logger desenvolvido pela CMCS, foi necessário
obter um fator de calibração para as leituras do SME. Portanto, para cada
posição da barra de calibração correspondente a um ângulo diferente,
foram feitas leituras utilizando os dois sistemas conforme a Figura 43,
este procedimento foi feito em duas ocasiões, utilizando para os cálculos
o valor médio.
88
Figura 43. Relação para as leituras do SME e Mini D ata-logger para o
eletronível de referência com valor médio de 3.67E- 05
Logo, a partir da correlação obtida e conhecido o fator de calibração
do eletronível de referência para o Mini Data-Logger (FCMDL), o fator de
calibração para o Sistema de Monitoramento de Eletroníveis (SME)
(FCSME) foi obtido da seguinte maneira:
Equação 14
Equação 15
Equação 16
Equação 17
Equação 18
Equação 19
89
Equação 20
3.4.2. Eletroníveis A01 a A16
Utilizando o fator de calibração do eletronível de referência corrigido
para sistema de monitoramento de Eletroníveis, é possível obter os
ângulos corrigidos para a calibração dos dezesseis eletroníveis
produzidos para a instrumentação realizada.
Os eletroníveis foram separados em dois grupos com oito
eletroníveis cada e o eletronível de referência, uma vez que a barra de
calibração só pode conter ate dez elementos. Foram feitas variações
angulares de aproximadamente 0,003 radianos, corroborando uma
amplitude de aproximadamente ±3° fornecida pelo fabricante. A Figura 44
mostra o resultado de calibração para os ângulos corrigidos na faixa de
linearidade do eletronível de referência.
Os coeficientes de calibração em radianos para cada um dos 16
eletroníveis que foram utilizados no programa de instrumentação são
apresentados na Figura 45 e na Tabela 4. Observa-se nesse gráfico a
repetibilidade dos valores do fator de calibração. Encontraram-se notórias
diferenças respeito aos valores obtidos por Penedo (2012), deveu-se
principalmente ao numero de decimais utilizados na correlação entre as
leituras do SME e as leituras da Mini Data-logger, tendo utilizado nosso
caso dois números decimais mais que no trabalho do Penedo, é disser
quatro números decimais.
90
θ = 0,135x∆LR² = 0,9998
-0.025
-0.020
-0.015
-0.010
-0.005
0.000
0.005
0.010
0.015
0.020
0.025
-0.2 -0.15 -0.1 -0.05 0 0.05 0.1 0.15 0.2
Ân
gu
lo (R
AD
)
Leituras
Dummy Grupo 1-8
A01
A02
A03
A04
A05
A06
A07
A08
A09
A10
A11
A12
A13
A14
A15
A16
Lineal ( Dummy Grupo 1-8)
Figura 44. Curvas de calibração para os eletronívei s A01 a A16
0.1680.174
0.193
0.1790.175
0.180
0.190
0.174
0.184
0.201
0.1860.191 0.191
0.1970.193
0.185
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07 A08 A09 A10 A11 A12 A13 A14 A15 A16
FA
TO
R D
E C
AL
IBR
AÇ
ÃO
ELECTRONIVEIS
FATORES DE CALIBRAÇÃO COM SME
Figura 45. Fatores de calibração dos eletroníveis A 01 a A16
91
Tabela 4. Fatores de calibração dos eletroníveis A0 1 a A16
Eletronível Fator de
Correlação
A01 0.168
A02 0.174
A03 0.193
A04 0.179
A05 0.175
A06 0.180
A07 0.190
A08 0.174
A09 0.184
A10 0.201
A11 0.186
A12 0.191
A13 0.191
A14 0.197
A15 0.193
A16 0.185
Média 0.185
3.5. Sistema de aquisição de dados
Como já mencionado os eletroníveis são fixados na estrutura
estudada e através de cabos elétricos são conectados a um sistema de
aquisição de dados localizado em uma central para que uma equipe
técnica possa obter as leituras. Posto isso é necessário abordar a questão
de como são obtidos tais dados, ou seja, como de fato são feitas as
leituras dos eletroníveis. Assim a seguir se procura explicar o sistema de
aquisição de dados utilizando-se um dispositivo que reconhece o sinal
elétrico do eletronível.
3.5.1. Data logger
O mini data logger ou também chamado minilogger é um dispositivo
de três canais de leituras que podem ser usados independentemente, ou
seja, é possível instalar até três eletroníveis no minilogger e obter as
leituras de cada um deles separadamente. O minilogger possui um visor
92
de 6 dígitos e um teclado com funções de programação, mudança de
canal e ajuste de data e hora. Esse equipamento funciona com 4 pilhas
AA ou pode também ser ligado à corrente contínua. O sistema do
minilogger reconhece o sinal elétrico gerado pelo eletronível e mostra no
visor o valor em miliVolts. Este visor possui um intervalo de 19999
divisões, onde uma divisão corresponde a cerca de 1 segundo do arco,
como 6° equivalem a 21600 segundos uma divisão corresponde a cerca
de 1 segundo do arco tem-se portanto 19999 divisões. Entretanto dever-
se-ia ter uma faixa de operação de ± 5°, entretanto a leitura fornecida pelo
miniloger é amplificada o que possibilita faixas de operação de ± 6°.
A Figura 46 apresenta o minilogger e alguns detalhes das conexões
que podem ser feitas. O computador é conectado à porta paralela e à
porta serial é acoplada a uma pequena caixa para três canais que
possibilita a ligação de até três eletroníveis simultaneamente. O visor do
minilogger mostra a leitura do minilogger, ou seja, o valor em miliVolts,
entretanto como se conhece o fator de calibração do eletronível é possível
obter a rotação em radianos para aquela grandeza. O minilogger funciona
com quatro pilhas do tipo AA, mas pode também ser ligado à corrente
contínua. Esse equipamento possui dimensões aproximadas de uma
calculadora, portanto de fácil portabilidade além de possuir um simples
sistema de conexão. Pode-se programar o minilogger para que as leituras
sejam armazenadas em um intervalo de tempo pré-definido de um 1
minuto até 24 horas.
Figura 46. Detalhes do mini data logger e da conexã o com os eletroníveis.
93
O mainlogger possui o mesmo sistema de funcionamento do
minilogger, entretanto é capaz de suportar um maior número de
eletroníveis conectados simultaneamente, pois conta com 32 canais.
3.5.2. Sistema de Monitoramento de Eletroníveis
O SME é um programa auto-executável desenvolvido numa
plataforma NI LabView 8.5 conjugada com o módulo de conversão A/D-
D/A NI USB6229, do qual são utilizados 32 canais analógicos de entrada
e 4 canais analógicos de saída. Com o objetivo de monitorar até 96
eletroníveis, o sistema utiliza 3 módulos conversores, cada um deles
controlado por um programa próprio e associado a 2 módulos para
condicionamento de eletroníveis.
Além de aquisitar os dados provenientes dos eletroníveis, os
conversores são responsáveis pela geração dos sinais senoidais que
excitam os mesmos. Os módulos de condicionamento recebem os sinais
senoidais dos eletroníveis e fazem a retificação, gerando níveis c.c.
(corrente contínua) de tensão (proporcionais às inclinações medidas), que
são então transferidos para os conversores. A Figura 47 apresenta a vista
dos equipamentos do Sistema de Monitoramento de Eletroníveis.
Quando ativados, os programas SME iniciam imediatamente a
leitura e processamento dos dados, que são mostrados no painel nas
formas numérica e gráfica e atualizados de acordo com o intervalo
programado. A gravação dos dados, em arquivo .xls ou .txt, é iniciada
somente após habilitada pela chave “gravação”. Qualquer alteração
executada nos parâmetros do painel só é válida para a operação em
curso, não sendo possível salvá-las para uso futuro.
94
Figura 47. Vista dos equipamentos do Sistema de Mon itoramento de Eletroníveis.
4. Aspectos Gerais da Obra Estudada.
4.1. Cortina Ancorada
A estrutura de contenção estudada foi projetada para a duplicação
da ferrovia Santos - São Paulo, Km 74 (FEPASA) e consiste em uma
cortina ancorada composta por painéis contínuos concretados “in situ”,
geralmente compreendendo dois tirantes em cada unidade, com altura
entre 1,5 m e 2,0 m e comprimento igual a 4,5 m. O comprimento total da
cortina é aproximadamente 205 m, com altura máxima de 19 m no trecho
central decrescendo em direção às extremidades, e apresentando seis
juntas de dilatação ao longo de sua extensão. A estrutura possui um total
de 89 seções, espaçadas de 2,0 m, cada qual correspondendo a uma fila
de tirantes, determinada pelo nível final do trecho da cortina, que varia
entre o nível superior (Nível A) até o nível inferior (Nível L), compondo um
quadro de 786 tirantes em total. Cada tirante é designado pelo número
da seção a que pertence, seguido da letra correspondente ao nível no que
esta encontra localizado. Sendo assim, o tirante situado ao nível B da
seção 54, é denominado Tirante 54B. O esquema da cortina ancorada,
em seu trecho instrumentado, é apresentado na Figura 48 e a seção
típica é apresentada na Figura 49.
96
Figura 48. Esquema da Cortina Ancorada. (Adaptado d e Zeitoune, 1982).
97
Figura 49. Seção típica da Cortina Ancorada. (Adapt ado de Zeitoune, 1982).
98
4.2. Tirantes Utilizados
4.2.1. Materiais
A continuação é listada as propriedades estruturais dos tirantes
� Aço: BEMA CP – 150 RB8
Ø = 8 mm
Área = 50,3 mm2
Carga convencional de Escoamento = 67,90 kN
Carga mínima de ruptura = 75,45 kN
Modulo de elasticidade: 210.000.000 kN/m2
� Bainha: em polipropileno
� Tubos de injeção: plástico polipropileno
� Espaçadores: anéis metálicos e/ou plásticos
� Vedações: Tubos PVC
� Cones de ancoragem - compreendendo cones machos e
fêmea: argamassa fortemente fretada
4.2.2. Montagem dos Tirantes
Os tirantes foram montados em bancada, situada em lugar abrigado
de maneira a garantir a integridade de todos os seus componentes até
seu transporte para à área de emprego.
O trecho de ancoragem é constituído por fios de aço descoberto,
protegidos por uma tinta plástica e dispostos, em torno de “tubos
manchetes” (Tubo PVC perfurado, envolvido por membrana de borracha)
usando espaçadores e fixados na extremidade final à peça passiva,
conforme o apresentado nas Figura 50 até Figura 52. Durante a atividade
de injeção sob pressão, a membrana do tubo de manchete se dilata,
deixando passar a nata de cimento que irá ancorar o tirante ao maciço.
O tirante no trecho livre tem os fios recobertos um a um por tubos
conduite plástico (Bainha), além do envolvimento de toda a extensão do
trecho livre através de um tubo PVC, a fim de proteger este trecho de nata
de cimento, durante as fases de injeção.
99
Figura 50. Esquema do Tirante Tipo Utilizado. (Adap tado de Zeitoune, 1982).
100
Figura 51. Seção Transversal do Tirante Tipo Utiliz ado. (Adaptado de Zeitoune, 1982).
101
Figura 52. Detalhe “A” que apresenta o esquema do t recho ancorado dos tirantes. (Adaptado de Zeitoune, 1982).
4.2.3. Instalação dos Tirantes
As perfurações para os tirantes foram feitas em coroas de diâmetro
NX (76 mm), com devido alargamento para colocação do revestimento, no
processo convencional e, de 115 de diâmetro no processo rotopercursor.
Previamente à inserção dos tirantes nas perfurações, foram feitas
verificações quanto ao estado de limpeza dessas, ao comprimento relativo
perfuração-tirante, ao estado de oxidação do aço e à integridade dos
componentes do tirante.
Após do processo de perfuração foram feitas as fases de injeção
com duas finalidades, a primeira fixar o tirante ao maciço através do
trecho ancorado, e a segunda a proteção do tirante contra a corrosão com
o decorrer do tempo, por ser este um tirante permanente, foi preenchido
em todo seu comprimento com nata de cimento após da protensão e
cravação do tirante.
Na fase de protensão, o tirante é tensionado com um atuador
hidráulico, ligado a um conjunto bomba-manômetro previamente
calibrado. A tensão aplicada diretamente ao comprimento livre é
transmitida ao maciço através do comprimento de ancoragem, resultando
uma zona de terreno comprimido entre a parede da cortina e o ponto de
ancoragem.
Os tirantes utilizados são dos tipos 10ø8mm e 8ø8mm, com carga
de trabalho de 350 kN nos níveis B, C, D, E, I, J, K e 250 kN instalados
nos níveis A, F, G, H respectivamente e formando todos um ângulo de 20°
respeito à horizontal.
Os comprimentos totais estão na faixa entre 13,9 m e 31 m, sendo o
trecho ancorado de 5 metros e 6 metros.
O primeiro tirante foi instalado no dia 04 de agosto de 1981 e o
ultimo no dia 06 de janeiro de 1982.
Antes da cravação de cada tirante, foi feito um ensaio de
recebimento, segundo a norma vigente no momento da construção da
estrutura denominada de NB-565, em que o tirante é protendido
gradualmente em estágios de carregamento, sendo efetuadas leituras de
103
alongamento, equivalente à deformação elástica do comprimento livre,
representados pelo deslocamento do pistão do macaco. O ciclo de
carregamento corresponde a iguais acréscimos de carga, desde o valor
inicial igual a 20% da carga de trabalho até a carga de ensaio, igual a 1,4
vezes a carga de trabalho. Após de constatar a permanência desta por 15
minutos é feito o ensaio de descarregamento até o valor de carga inicial e
então o tirante é levado até a carga de instalação, correspondente à carga
de incorporação adicionada as perdas, devida ao processo de cravação –
relaxação do aço, atrito e acomodação do cone, entre outros. Os estágios
de carregamento, descarregamento e recarregamento para os dois tipos
de tirantes analisados estão apresentados na Tabela 5 e na Tabela 6.
Tabela 5. Sequência de ensaio de recebimento para o s tirantes tipo 8ø8mm.
Ensaio de Recebimento
Carregamento Descarregamento Recarregamento
Carga (KN) Carga (KN) Carga (KN)
0,2xCT 50,00 1,4xCT 350,00 0,2xCT 50,00
0,4xCT 100,00 1,2xCT 300,00 Instalação ~=450
0,6xCT 150,00 1,0xCT 250,00
0,8xCT 200,00 0,8xCT 200,00
1,0xCT 250,00 0,6xCT 150,00
1,2xCT 300,00 0,4xCT 100,00
1,4xCT 350,00 0,2xCT 50,00
Tabela 6. Sequência de ensaio de recebimento para o s tirantes tipo 10ø8mm.
Ensaio de Recebimento
Carregamento Descarregamento Recarregamento
Carga (KN) Carga (KN) Carga (KN)
0,2xCT 70,00 1,4xCT 490,00 0,2xCT 70,00
0,4xCT 140,00 1,2xCT 420,00 Instalação ~=350
0,6xCT 210,00 1,0xCT 350,00
0,8xCT 280,00 0,8xCT 280,00
1,0xCT 350,00 0,6xCT 210,00
1,2xCT 420,00 0,4xCT 140,00
1,4xCT 490,00 0,2xCT 70,00
Onde
CT corresponde á carga de trabalho do tirante.
104
Com os dados da realização dos ensaios de recebimento fornecidos,
compara-se a deformação elástica obtida, com os limites estabelecidos
pela norma, sendo aprovado o ensaio, o tirante é cravada para sua carga
de instalação.
Além deste procedimento, foi testado um a cada dez tirantes para
uma carga de 1,8 vezes a carga de trabalho.
A norma atual denominada de NBR-5629 de abril de 2006, define os
ensaios apresentados acima de ensaio Tipo A e ensaio Tipo B, os
estágios de carregamento desta norma tem uma leve diferença com os
estágios realizados nos tirantes.
O ciclo completo de carregamento e descarregamento que antecede
a protensão final do tirante tem como objetivo final verificar o seu
comportamento, tanto de ancoragem que deve resistir aos esforços de
arrancamento, quanto dos fios de aço que devem sofrer deformações
elásticas dentro dos limites de proporcionalidade.
4.3. Sequência de construção
O processo construtivo compreendeu três frentes de serviço, sendo
adotadas para diferentes segmentos da cortina ancorada.
A primeira frente foi caracterizada por não apresentar aterro de
preenchimento, sendo que sua execução teve inicio em corte, pelo
primeiro nível de tirantes. A segunda frente encontrava-se
predominantemente em área cujos três primeiros níveis de tirantes foram
preenchidos com material escolhido, devidamente compactado,
proveniente da escavação da primeira frente. A sua execução foi iniciada
no terceiro nível de tirantes, realizando-se o aterro, para então continuar
em corte os demais níveis inferiores. Finalmente, a terceira frente, em
condições análogas a segunda frente, teve sua iniciação pelo quarto nível
de tirantes.
A seguir, são apresentadas as etapas de execução da obra para os
trechos em corte e em aterro referente a cada nível da cortina.
105
Corte
� Primeira etapa: Regularização e escavação do terreno.
� Segunda etapa: Execução e incorporação dos tirantes.
� Terceira etapa: Escavação dos painéis, armação e
concretagem da cortina.
� Quarta etapa: Protensão dos tirantes e execução de obras de
drenagem.
Aterro
� Primeira etapa: Regularização do terreno.
� Segunda etapa: Execução e incorporação dos tirantes.
� Terceira etapa: Escavação dos painéis, armação e
concretagem da cortina.
� Quarta etapa: Reaterro, protensão dos tirantes e execução
de obras de drenagem.
A Sequência acima descrita das fases de construção dos segmentos
em aterro iniciou-se no terceiro nível para a segunda frente e no quarto
nível para a terceira frente, prosseguindo até o primeiro nível referente ao
topo da cortina. Após a execução destas fases referentes ao trecho em
aterro, executaram-se os níveis inferiores, seguindo os procedimentos
referentes aos trechos em corte.
Após o termino da execução de todos os níveis da cortina dos
trechos em corte quanto em aterro, foram realizados os seguintes
serviços complementares:
� Concretagem das cabeças dos tirantes.
� Acabamento do terreno ao pé da cortina através de
hidrossemeadura.
� Impermeabilização.
� Drenagem superficial.
� Escada de acesso.
� Guarda-corpo.
� Limpeza geral.
106
4.4. Caracterização do subsolo
O aterro do Km 74 do trecho da ferrovia analisado, abrange o trecho
compreendido entre as estacas 1837 e 1850, e sua plataforma se
desenvolve aproximadamente na cota 638. A topografia é acentuada,
ficando o aterro situado à meia encosta, e limitando a esquerda por corte
íngreme com desnível da ordem de 80 metros, e a direita por desnível da
mesma proporção. A inclinação, tanto para corte quanto para o aterro, é
variável entre 45° e 80°.
O aterro é constituído de uma areia variada siltosa, micácea, de cor
marron acinzentada variegada, com fragmentos de rocha. Sua espessura
varia entre 8 a 12 metros com comprimento em torno de 250 metros.
Desde o ponto de vista geológico o local da obra encontra-se em
uma região representada por gnaisses Pré-cambrianos de textura média,
com bandas xistosas e bandas graníticas intercaladas. O solo de
alteração local é caracterizado por uma areia siltosa amarelada,
variegada, micácea, com intercalações de rocha alterada.
Essas intercalações se comportam como matações, uma vez que
são descontínuas, conferindo ao maciço de solo uma grande
heterogeneidade. A espessura desse material é aproximadamente de dez
metros.
A fundação do aterro é constituída de solo de alteração em toda sua
extensão, abaixo desta camada de solo ocorre uma camada de rocha
alterada mole com intercalações de solo, e abaixo desta o topo de rocha
alterada dura e sã. A seção geológica - geotécnica esta apresentada na
Figura 53.
As sondagens executadas não atingiram o lençol freático, que deve
existir a grande profundidade (além de 50 metros). A alteração existente
nas superfícies de fraturas interceptadas caracteriza o maciço rochoso
como um caminho preferência l para as águas de infiltração, funcionando
como um dreno natural.
Entre as estacas 1837 e 1841 foi constatada a existência de “bota-
fora” provavelmente da época de construção da ferrovia. Apresentou-se
107
como um patamar com largura máxima de 30 metros, e em continuidade
com o aterro, confundindo-se a sua saia com a saia do mesmo. Sua
espessura não foi determinada não devendo ser maior de 10 metros, e
sua constituição semelhante à do aterro no que diz respeito a rocha
matriz.
Figura 53. Seção geológico-geotécnica no local de e studo. (Adaptado de Zeitoune,
1982).
Segundo os estudos realizados sobre o local, os fatores
preponderantes e fundamentais, responsáveis pelo alto grau de
erodibilidade, são a inclinação acentuada do terreno natural onde se
assentou o aterro, e as condições deficientes dessa fundação. Quanto ao
sistema de drenagem existente, foi garantido o bom desempenho deste
contra os efeitos de erosão, através da existência de tratamento
superficial da encosta com extensa rede de drenagem, canaletas de
plataforma, poços profundos, como também de drenagem sub-superficial.
Deve-se levar em conta apenas o efeito da água da chuva que penetra
pela saída do aterro, fator que, independente do sistema de drenagem,
influi na queda da resistência ao cisalhamento do solo devido à perda da
sucção pelo aumento da saturação das camadas de solo.
108
Outro a ressaltar, diz respeito à dificuldade quanto à definição do
perfil geológico que apresentava grandes possibilidades de matações e
blocos, próximos à zona de transição entre solo residual e rocha alterada,
além do fato do maciço ser resultante de alteração de gnaisse e xisto e,
consequentemente, apresentava intemperismos diferenciais nos locais.
4.5. Descrição Geral da Instrumentação da estrutura de C ontenção
Dez seções, ao longo do trecho central da cortina, foram
instrumentadas a fim de se medirem as cargas nos tirantes ao longo do
tempo durante e após da construção da mencionada estrutura. Cada
seção tinha uma coluna de entre nove a doze tirantes no máximo, dos
quais três o quatro tirantes foram instrumentados.
A locação dos tirantes é apresentada na Figura 48, são
apresentados de cor vermelho os tirantes instrumentados.
A instrumentação dos tirantes foi feita com células de carga que
utilizaram extensômetros elétricos, instalados na cabeça dos tirantes,
conforme mostrado na Figura 54.
Figura 54. Esquema de instrumentação de tirante dur ante a sua protensão
(Dunnicliff, 1988).
109
As células de carga que utilizam extensômetros elétricos são
unidades mecânicas que transforma força (ou peso) em grandezas
elétricas (pequena voltagem) através da propriedade especifica dos
extensômetros instalados internamente na parte “sensível” das células de
carga. Essa parte “sensível” que pode ser do tipo coluna ou diafragma é
um corpo elástico, deformável quando sujeito a um carregamento e que
consequentemente transmite uma deformação aos extensômetros
elétricos colados nessa peça provocando então uma variação na sua
resistência elétrica. Obviamente, nesse processo de interação, a
deformação especifica, é a quantidade fundamental envolvida. O termo
deformação especifica refere à deformação linear como um resultado da
variação das forças externas e na utilização geral em engenharia é
definida como a razão entre a variação do comprimento e o comprimento
original. A deformação é uma grandeza adimensional e comumente
expressada em “micro strain” que corresponde a 10-6
centímetros/centímetro.
O extensômetro elétrico foi o equipamento fundamental para a
instrumentação objeto dessa análise, suas vantagens de utilização podem
ser resumidas nos seguintes itens:
� Grandes precisões nas medições.
� Pequeno tamanho, peso leve.
� Excelente resposta a processos dinâmicos.
� Excelente linearidade.
� As medições são possíveis em grande faixa de temperaturas.
� Aplicáveis submersos à água ou em atmosfera corrosiva com
tratamentos adequados.
� Aplicados como transdutor para medidas de varias
grandezas físicas (Força, pressão, torque, aceleração,
deslocamento, etc)
� Possibilidade de medição a distancia.
O extensômetro elétrico é colado na parte “sensível” das células de
carga e consiste de um condutor elétrico. Esse condutor elétrico possui
uma área transversal infinitamente pequena comparada com o seu
comprimento, e isso permite que o mesmo fique solidário na peça em
110
questão com muita segurança. Isso permite que as deformações sejam
transferidas diretamente do objeto solicitado para o condutor
(extensômetro) sem nenhum o quase nenhum deslizamento significativo
entre o objeto e o conduto. Essas pequenas variações no comprimento do
condutor causadas por cargas aplicadas no corpo solicitado induzem
pequenas variações na resistência elétrica do condutor e essas variações
na resistência elétrica do extensômetro são então detectadas pelo
equipamento de medição.
A relação entre a deformação especifica (ε) e a variação de
resistência do condutor elétrico (R) é dada por:
Equação 21
Onde K é chamado de “gage factor” ou sensibilidade do material à
deformação especifica e dependente da resistividade do material
empregado no extensômetro.
A metodologia de instalação das células de carga, de modo a
eliminar fontes de erros na medição de carga real aplicada nos tirantes,
fontes essas devidas a fatores de instalação e não inerente ao
desempenho ao sistema de medição das células de carga cumpriu as
especificações expostas no relatório interno da PUC-Rio, e foram as
seguintes:
� A face exterior da cortina próxima à região da cabeça dos
tirantes deve apresentar-se plana, vertical e sem rugosidades.
Com isso se viso a obter um bom contato entre a placa de
aço e a cortina.
� A cunha de normalização deve:
o Possuir as bases de apoio com dimensões iguais ou
superiores à base da célula de carga.
o Possuir as bases de apoio lisas para permitir um bom
contato entra a cunha e a célula de carga.
o Possuir o ângulo de normalização igual ao ângulo de
inclinação dos tirantes (20 graus) evitando a
possibilidade de ocorrência de carregamento inclinado.
111
� O peso do atuador hidráulico de protensão deverá ser
aliviado, de modo de não introduzir uma componente vertical
e, consequentemente, uma resultante inclinada em relação ao
sistema de reação.
� O manômetro da bomba do macaco devera ser devidamente
calibrado
5. Resultados e Análises.
5.1. Ensaios de Recebimento Característicos dos Tirantes .
Através dos boletins dos ensaios de recebimento fornecidos como
característicos dos tirantes instrumentados obtiveram-se os valores de
deslocamento para as cargas aplicadas, e então construídas as curvas
carga-deslocamento diferenciando os deslocamentos (de) elásticos e
plásticos (dp), apresentando-se nos gráficos os limites para o tipo usual
de ensaio denominado de Tipo B segundo a norma vigente NBR-5629 de
abril de 2006 aplicável obrigatoriamente em todos os tirantes executados
em obra.
A norma NBR-5629 estabelece os deslocamentos elásticos máximos
e mínimos que o comprimento livre de cada tirante deve registrar durante
o ensaio de recebimento, esses limites são representados mediante três
linhas (A, B e C) plotadas nos gráficos de repartição de deslocamentos
para cada tirante. A linha A do gráfico corresponde ao deslocamento
elástico teórico do elemento resistente à tração do tirante, considerando o
comprimento livre efetivo do mesmo igual ao comprimento livre de projeto,
mais 50% do comprimento do bulbo, (Lle = Ll + 0,5Lb); a linha B
corresponde ao deslocamento elástico teórico do elemento resistente à
tração do tirante, considerando que o comprimento livre efetivo do mesmo
seja igual a 80% do comprimento livre de projeto (Lle = 0,8Ll) e a linha C
corresponde ao deslocamento elástico teórico do elemento resistente à
tração do tirante, considerando o comprimento livre efetivo do mesmo
igual ao comprimento livre de projeto.
113
5.1.1. Ensaios abaixo da “Linha C”
A Figura 55 mostra a curva carga versus deslocamento do tirante
57D, resultante do ensaio de recebimento do mesmo. O deslocamento
total da cabeça do tirante (d) foi de 67,00 mm, enquanto que o
deslocamento permanente (dp), que corresponde ao arrancamento do
tirante, foi de aproximadamente 24,00 mm. Dessa forma, obteve-se um
deslocamento elástico (de) igual a 43,00 mm.
A partir desses dados de deslocamento, traçou-se o gráfico de
repartição entre deslocamentos elásticos e permanentes do tirante (Figura
56). Como pode se ver no gráfico, a linha real de deslocamentos elásticos
do tirante 57D se situa entre as linhas A e B. Esse é justamente um dos
critérios de aceitação do tirante quanto ao ensaio de recebimento,
estabelecido pela NBR 5629 (2006). Além disso, a linha de
deslocamentos elásticos reais está entre a linha B e a linha C, ou seja, o
comprimento livre efetivo do tirante 57D é menor do que o comprimento
livre de projeto.
Calculando-se o comprimento livre efetivo do tirante, através da
Equação 22, encontra-se:
Equação 22
Onde:
E é o módulo de Young;
S é a área da seção transversal;
Lle é o comprimento livre efetivo do tirante;
F é a força final do ensaio;
F0 é a força inicial do ensaio.
114
Figura 55. Ensaio de recebimento do tirante 57D, ca rga x deslocamentos totais.
Figura 56. Repartição entre deslocamentos elásticos e plásticos do Tirante
57D, carga x deslocamentos totais.
Os tirantes que apresentaram esse tipo de comportamento durante o
ensaio de recebimento com seus respectivos deslocamentos elásticos e
plásticos totais estão apresentados na Tabela 7 a seguir:
115
Tabela 7. Tirantes que ficaram abaixo da “Linha C” da NBR 5629 no gráfico de
carga contra deformação.
TIRANTE de (mm)
dp (mm)
Tirante 34I-10ø8mm 30 14 Tirante 38J-10ø8mm 28 13 Tirante 45G-8ø8mm 26 9 Tirante 48K-10ø8mm 29 16 Tirante 51J-10ø8mm 27 13 Tirante 54E-10ø8mm 38 14 Tirante 54H-8ø8mm 25 13 Tirante 54K-10ø8mm 28 5 Tirante 57D-8ø8mm 43 24 Tirante 60E-8ø8mm 40 20 Tirante 60H-8ø8mm 26 7
5.1.2. Ensaios pertos da “Linha A”
Os resultados obtidos apresentados neste item correspondem aos
tirantes nos quais os deslocamentos elásticos máximos ficaram muito
próximos ao limite Superior denominado pela NBR-5629 de Linha A, é
disser, apresentaram quase o máximo deslocamento permitido pela citada
norma.
Similarmente, a Figura 57 e a Figura 58 apresentam os gráficos de
deslocamentos totais e a repartição de deslocamentos ao longo da
aplicação de carga do tirante 51D, onde a linha real de deslocamentos
elásticos se situa entre as linhas A e C, o que representa que o
comprimento livre efetivo do tirante 51D é maior do que o comprimento
livre de projeto correspondendo a 13,35 metros estimados através da
Equação 22:
Onde:
E é o módulo de Young;
S é a área da seção transversal;
116
Lle é o comprimento livre efetivo do tirante;
F é a força final do ensaio;
F0 é a força inicial do ensaio.
0
10
20
30
40
50
60
70
0 70
14
0
21
0
28
0
35
0
42
0
49
0
De
slo
cam
ento
To
tal (
mm
)
Força (kN)d
pd
e
Figura 57. Ensaio de recebimento do tirante 51D, ca rga x deslocamentos totais.
Figura 58. Repartição entre deslocamentos elásticos e plásticos do Tirante 51D,
carga x deslocamentos totais.
O Tirante 51D foi o único que apresentou-se perto da “linha A” no
gráfico carga contra deslocamento traçado com os dados obtidos do
ensaio de recebimento.
117
5.1.3. Ensaios acima da “Linha C”.
Os tirantes cujos deslocamentos elásticos totais se apresentaram no
gráfico de carga versus deslocamento entre as Linhas A e a linha C, e
que não ficaram pertos do limite Superior são representados pelo
comportamento do tirante 66C, que apresento um deslocamento elástico
(de) total igual a 40,00 mm, e um comprimento livre efetivo do tirante de
10,06 m, 80, cm maior do que o comprimento de projeto.
A Figura 59 e a Figura 60 apresentam os resultados obtidos para o
tirante 66C.
Figura 59. Ensaio de recebimento do tirante 66C, ca rga x deslocamentos
totais.
118
Figura 60. Repartição entre deslocamentos elásticos e plásticos do Tirante
66C, carga x deslocamentos totais.
A Tabela 8 a seguir, apresenta o resumo dos deslocamentos dos
tirantes que apresentaram o mesmo comportamento do tirante 66C
durante o ensaio de recebimento.
Tabela 8. Tirantes que ficaram acima da “Linha C” d a NBR 5629 no gráfico de
carga contra deformação.
TIRANTE de (mm)
dp (mm)
Tirante 45D-10ø8mm 36 7 Tirante 51A-8ø8mm 57 22 Tirante 54B-8ø8mm 66 14 Tirante 57A-8ø8mm 47 26 Tirante 66C-8ø8mm 40 21 Tirante 69A-8ø8mm 47 10 Tirante 69I-10ø8mm 35 10
Onde:
de é o deslocamento elástico do tirante;
dp é o deslocamento plástico do tirante.
5.1.4.Ensaios pertos da “Linha B”.
Finalmente, o ultimo comportamento identificado durante os ensaios
de recebimento foi o que apresentaram os tirantes cujos deslocamentos
119
ficaram dentro dos estabelecidos pela norma brasileira, mas ficaram muito
pertos do limite inferior, ou seja, os deslocamentos elásticos totais ficaram
muito pertos da chamada Linha B.
Este comportamento foi representado pelo tirante 45A, a Figura 61 e
a Figura 62 apresentadas a seguir mostram os resultados obtidos a partir
dos dados de deslocamento e carregamento fornecidos pelo ensaio de
recebimento.
Figura 61. Ensaio de recebimento do tirante 45A, ca rga x deslocamentos
totais.
120
Figura 62. Repartição entre deslocamentos elásticos e plásticos do Tirante
45A, carga x deslocamentos totais.
A Tabela 9 apresenta o resumo dos tirantes cujos deslocamentos
plásticos ficaram pertos do limite inferior (Linha B).
Tabela 9. Tirantes que ficaram pertos da “Linha B” da NBR 5629 no gráfico de
carga contra deformação.
TIRANTE DE (mm)
DP (mm)
Tirante 34A-10ø8mm 72 6 Tirante 38C-10ø8mm 42 17 Tirante 45A-8ø8mm 52 10 Tirante 60K-8ø8mm 26 13 Tirante 69E-10ø8mm 35 15
Onde:
de é o deslocamento elástico do tirante;
dp é o deslocamento plástico do tirante.
Os tirantes que não foram apresentados nas Tabela 7 a Tabela 9
ficaram na “Linha C”, que corresponde a um comportamento de
comprimento livre efetiva igual a comprimento real livre do tirante.
121
5.2. Análises da Capacidade de Carga dos Tirantes
Conforme o exposto no Capítulo 4 os tirantes foram projetados para
suportar cargas de ensaio de 35 e 49 toneladas respectivamente, após da
realização dos ensaios de recebimento se verificou que todos os tirantes
instrumentados suportavam as cargas aplicadas, mas no decorrer do
tempo teve alguns tirantes que estabilizaram sua carga em valores
menores as cargas de projeto. A seguir, é apresentado a modo
comparativo as capacidades de carga para cada tirante com os métodos
mostrados no capitulo 2.
5.2.1. Método da NBR 5629 (2006)
Para o cálculo da capacidade de carga dos tirantes, através do
método proposto pela NBR 5629 (2006), e devido a pouca informação
correspondente a ensaios de laboratório feitos no solo local, se decidiu
abordar parâmetros de resistência registrados na literatura e conforme
apenas na descrição geológica- geotécnica da seção 4.4 desse
documento. A Tabela 10 a seguir, apresenta os valores dos parâmetros
de resistência para diferentes tipos de solo propostos por Bowles (1996).
Tabela 10. Avaliação dos Parâmetros de Resistência e de deformabilidade em
Função do SPT (correlações empíricas).
Ondé:
122
Ɣ = Peso Específico Natural do Solo
Ø = Ângulo de Atrito Interno
C = Coesão
E = Módulo de Elasticidade (Não Drenado)
E’= Módulo de Elasticidade (Drenado)
µ = Módulo de Poisson
Portanto, os valores das variáveis do problema em estudo adotadas
nas seguintes análises são apresentados a seguir:
� Profundidade do ponto médio da ancoragem, sendo para cada
nível de tirantes os seguintes:
o Nível A: 11,85 m
o Nível B: 12,75 m
o Nível C: 13,65 m
o Nível D: 14,50 m
o Nível E: 15,40 m
o Nível F: 16,25 m
o Nível G: 17,15 m
o Nível H: 18,00 m
o Nível I: 18,90 m
o Nível J: 19,75 m
o Nível K: 20,65 m
� Peso específico aparente do solo γ = 18,0 kN/m³.
� Diâmetro médio da ancoragem D = 0,165 m (foi usado coeficiente
de majoração do diâmetro do bulbo β = 1,45, conforme Bustamante
e Doix (1985)).
� Comprimento do bulbo do tirante Lb = 5 e 6 m respectivamente.
� Coeficiente de ancoragem kf = 0,5 (Tabela 2).
Dessa forma, o valor da capacidade de carga do tirante (T)
encontrado para nível da cortina é apresentado na Tabela 11. Observa-se
que esse valor e maior que os valores da carga de ensaio (350 e 490 kN).
123
Tabela 11. Capacidade de cargas dos tirantes analis ados para cada nível da cortina
segundo o Método da NBR 5629 (2006)
Nível Capacidade de Carga (kN)
A 472,9
B 494,0
C 515,1
D 535,0
E 556,1
F 576,0
G 597,1
H 617,0
I 638,1
J 658,0
K 679,1
5.2.2. Método de Ostermayer (1975)
Nesse método utiliza-se o gráfico da Figura 16. Os dados de entrada
se restringem à compacidade do solo (solo pouco compacto, NSPT médio
de 6) e ao comprimento do bulbo de 5 m e 6 m.
Figura 63. Capacidade de carga das ancoragens média de 550 para as condições
do caso em estudo pelo Método de Ostermayer (1975)
Da Figura 63, obtém-se a capacidade de carga da ancoragem na
faixa de 550 kN, o que representa um valor aproximado da média
observada no Método da NBR 5629 (2006), para essa obra. Pelo valor
124
estimado para T, fica claro que o Método de Ostermayer pode se aplicar
ao caso em estudo.
5.2.3. Método de Bustamante e Doix (1985)
Para o cálculo da capacidade de carga dos tirantes através do
método proposto por Bustamante e Doix (1985), utilizaram-se os
seguintes dados:
� Diâmetro perfurado do comprimento ancorado Dp = 0,1143 m;
� Coeficiente de majoração do diâmetro do bulbo devido à
injeção β = 1,45 (Tabela 3);
� Comprimento do bulbo do tirante Lb = 5 m e 6 m;
� Resistência ao cisalhamento na interface solo bulbo média de
60 kPa, conforme a Figura 64, em função do NSPT.
Figura 64 . Resistência ao cisalhamento na interface solo bulbo média de qs = 60
kPa para as condições do caso em estudo pelo Método de Bustamante e Doix
(1985)
125
Dessa forma, o valor da capacidade de carga do tirante (T)
encontrado ficou na faixa de 150 kN. Observa-se que esse valor é menor
do que a carga de ensaio especificada em projeto (350 e 490 kN),
portanto, por esse método, era previsível que os tirantes sofreriam ruptura
durante a realização dos ensaios de recebimento, fato que não ocorreu na
realidade. Isso demonstra que o procedimento proposto por Bustamante e
Doix (1985) não é indicado para as condições da obra estudada.
5.3. Comportamento dos Tirantes Instrumentados
As cargas nos tirantes instrumentados foram medidas através de
extensômetros elétricos de resistência, conforme exposto no Capítulo 4.
Observou-se que quando os tirantes foram instalados e após a cura da
nata de cimento, os extensômetros funcionavam adequadamente.
Após de ter estudado os dados de instrumentação, procede-se a
seguir uma análise do comportamento dos tirantes instrumentados, em
função das características apresentadas pela curva carga-tempo,
considerando o período de tempo compreendido entre o momento de
protensão do tirante, durante o processo construtivo e até seis meses
após de construção da cortina. Essa análise é feita para cada seção
instrumentada da cortina e é apresentada a seguir.
5.3.1. Seção 34 da Cortina.
Após a incorporação de cada tirante, foram feitas as leituras nas
células de carga instaladas ao longo do tempo. A Figura 65 mostra os
valores de carga medidos ao longo do tempo.
O primeiro tirante instrumentado em se fazer a cravação foi o Tirante
34E. O comportamento de esse tirante foi caracterizado pelo aumento de
carga após a perda durante o processo construtivo, nesse caso o tirante
não apresentou perda de carga instantânea e atingiu sua estabilização
imediatamente após do aumento de carga, que corresponde a um total de
45 dias. O valor de carga final deste tirante ficou na faixa de 370 kN,
126
apresentando assim uma perda de carga total aproximada aos 6% da
carga de cravação.
Seguindo o processo construtivo, foi cravado o tirante T34A, que se
caracterizou por apresentar uma perda de carga instantânea de
aproximadamente 60 kN, após a dessa queda houve um aumento
gradativo de carga durante o processo construtivo e finalmente uma
estabilização que foi atingida perto de cinco meses após da cravação.
Finamente foi realizada a cravação do tirante 34I, o qual apresenta
em sua grande maioria somente queda instantânea, estabilizando se
aproximadamente em uma carga de toneladas após de um mês
executada sua cravação.
Respeito à carga de trabalho, a carga final do tirante 34A ficou
muito próxima à carga de projeto, quanto que para o tirante 34E ficou
levemente maior, para o tirante 34I ficou cinco toneladas abaixo da carga
de trabalho.
A Figura 66 apresenta as parcelas de variação de carga dos tirantes
dessa seção, onde pode se observar que a maior perda de carga ocorreu
no tirante 34I e foi de aproximadamente 32%.
As cargas finais dos três tirantes ficaram acima da carga de
incorporação de projeto, que corresponde ao 80% da carga de trabalho
(280 e 200 kN respectivamente para os tirantes de carga de trabalho de
350 e 250 kN).
Figura 65. Curva Carga contra Tempo dos Tirantes in strumentados da Seção 34.
127
-35.00%
-30.00%
-25.00%
-20.00%
-15.00%
-10.00%
-5.00%
0.00%
5.00%
10.00%
Tirante 34A-
10ø8mm
Tirante 34E-
8ø8mm
Tirante 34I-
10ø8mm
Variação Apos Processo
Construtivo
Variação no Processo
Construtivo
Queda Instantanea
Figura 66. Perdas e Ganhos de Carga dos Tirantes in strumentados da Seção 34.
5.3.2. Seção 38 da Cortina.
Nessa seção foram três os tirantes instrumentados, o primeiro em se
executar foi o tirante 38C, que apresentou sua estabilização após de um
aumento de carga durante o processo construtivo, a perda de carga total
desse tirante ficou na faixa de 10% da carga de cravação.
O tirante 38F foi o segundo tirante instrumentado dessa seção em se
executar, seu comportamento foi quase o mesmo que do tirante 38C, com
a diferença de que esse apresentou uma queda instantânea de
aproximadamente 5 Toneladas, o tempo de estabilização foi igual que do
tirante 38C e corresponde aproximadamente a 4 meses.
O último tirante instrumentado executado nessa seção, foi o tirante
38J, que não apresentou aumento de carga ao longo de tempo, esse
tirante apresento um tempo de estabilização muito corto de 15 dias e sua
perda de carga total foi quase que instantânea.
A Figura 67 apresenta a curva de carga ao longo do tempo dos três
tirantes e a Figura 68 apresenta as parcelas de variação de carga dos
tirantes, as perdas totais variam dos 10% para o tirante 38C aos 30% para
o tirante 38J.
128
Figura 67. Curva Carga contra Tempo dos Tirantes in strumentados da Seção 38.
-35.00%
-30.00%
-25.00%
-20.00%
-15.00%
-10.00%
-5.00%
0.00%
Tirante
38C-10ø8mm
Tirante 38F-
8ø8mm
Tirante 38J-
10ø8mm
Variação Apos Processo
Construtivo
Variação no Processo
Construtivo
Queda Instantanea
Figura 68. Perdas e Ganhos de Carga dos Tirantes in strumentados da Seção 38.
5.3.3. Seção 45 da Cortina.
Nessa seção foram quatro os tirantes instrumentados, o
comportamento de três deles foi caracterizado por apresentar perda
instantânea próxima aos 15% da carga de cravação e posteriormente
129
apresentar uma perda gradativa pelo processo construtivo, as perdas
totais foram aproximadamente de 33%, 30% e 16% para os tirantes 45A,
45G e 45J respectivamente.
O tirante 45D, apresento igual que todos nessa seção uma perda
instantânea, mas também foi caracterizado por apresentar aumentos de
carga ao longo do processo construtivo.
Os tempos de estabilização para esses tirantes foram de 6 e 5
meses para o 45A e 45D respectivamente, em quanto para o s tirantes
45G e 45J os tempos foram mais curtos, apresentando um tempo total em
estabilizar de 1,5 e 4 semanas respectivamente.
A Figura 69 e a Figura 70 apresentam como acostuma a curva carga
ao longo de tempo e as parcelas de variação de carga para cada tirante
respectivamente.
Figura 69. Curva Carga contra Tempo dos Tirantes in strumentados da Seção 45.
130
-40.00%
-35.00%
-30.00%
-25.00%
-20.00%
-15.00%
-10.00%
-5.00%
0.00%
5.00%
Tirante 45A-
8ø8mm
Tirante 45D-
10ø8mm
Tirante 45G-
8ø8mm
Tirante 45J-
10ø8mm
Variação Apos Processo
Construtivo
Variação no Processo
Construtivo
Queda Instantanea
Figura 70. Perdas e Ganhos de Carga dos Tirantes in strumentados da Seção 45.
5.3.4. Seção 48 da Cortina.
Os quatro tirantes instrumentados nessa seção apresentaram o
mesmo comportamento, caracterizado por uma perda instantânea com
media de 17%, e posteriormente uma variação ondulatória ao longo do
processo construtivo, chegando se a uma perda total em torno de 25%.
Os tirantes 48E, 48H e 48K estabilizaram após de um aumento da
carga durante as oscilações da curva apresentadas durante o processo
construtivo.
Se bem os tirantes apresentaram o mesmo comportamento, o tempo
de estabilização para eles foi bem diferente, sendo o menor para o tirante
48H e correspondente a 15 dias, e sendo o maior para o tirante 48B pero
dos 4 meses após da cravação.
A Figura 71 e a Figura 72 a seguir, apresentam os resultados das
leituras realizadas nas células de carga instaladas nos tirantes dessa
seção.
Em quanto à carga de trabalho de projeto, os tirantes 48H e 48K
apresentaram sua carga final igual à carga de trabalho, e os tirantes 48B
e 48E sua carga final medida foi menor em aproximadamente 15% da
carga de trabalho projetada.
131
Figura 71. Curva Carga contra Tempo dos Tirantes in strumentados da Seção 48.
-30.00%
-25.00%
-20.00%
-15.00%
-10.00%
-5.00%
0.00%
5.00%
Tirante 48B-
8ø8mm
Tirante 48E-
10ø8mm
Tirante 48H-
8ø8mm
Tirante 48K-
10ø8mm
Variação Apos Processo
Construtivo
Variação no Processo
Construtivo
Queda Instantanea
Figura 72. Perdas e Ganhos de Carga dos Tirantes in strumentados da Seção 48.
5.3.5. Seção 51 da Cortina.
Nessa seção foram registrados dois comportamentos novos nos
tirantes instrumentados, um deles corresponde ao tirante 51D, o qual se
caracterizo por ter uma acentuada perda durante o período do processo
construtivo, a qual correspondeu aproximadamente ao 50% da carga de
cravação que somada a perda instantânea deu uma perda total de 58%. A
carga final desse tirante foi de 200 kN, muito baixa com respeito a carga
de trabalho de 350 kN, a modo de diminuir os deslocamentos e aproveitar
o trabalho do tirante, se realizou uma reprotensão do tirante após da
132
construção da cortina, com a qual a carga final do tirante ficou muito
próxima da carga de trabalho.
O outro comportamento novo se apresentou no tirante 51A, o qual
foi característico por apresentar uma queda instantânea acompanhada de
oscilações desde o dia de protensão até o dia de estabilização. Ditas
oscilações podem se explicar por a ação de cargas móveis acima da
cortina, como pode ser equipamentos o devido ao funcionamento da via
férrea. Esse tirante apresento uma perda total de carga total de
aproximadamente 55% e sua carga final foi de 125 kN a metade da carga
de trabalho projetada.
O tirante 51J apresentou uma perda instantânea maior aos 20%,
mas teve um aumento durante o período do processo construtivo quase o
5% da carga de instalação.
Os tirantes 51G e 51J estabilizaram-se com uma carga final de 23
de 34 toneladas respectivamente, cargas levemente menores a carga de
trabalho.
Os tempos de estabilização variaram de 15 dias a 7 meses,
correspondendo aos tirantes 51G e 51A respectivamente.
A Figura 73 e a Figura 74 a seguir apresentam o comportamento e
variações de carga dos tirantes.
133
Figura 73. Curva Carga contra Tempo dos Tirantes in strumentados da Seção 51.
-60.00%
-50.00%
-40.00%
-30.00%
-20.00%
-10.00%
0.00%
10.00%
Tirante 51A-
8ø8mm
Tirante 51D-
10ø8mm
Tirante 51G-
8ø8mm
Tirante 51J-
10ø8mm
Variação Apos Processo
Construtivo
Variação no Processo
Construtivo
Queda Instantanea
Figura 74. Perdas e Ganhos de Carga dos Tirantes in strumentados da Seção 51.
5.3.6. Seção 54 da Cortina.
O comportamento dos tirantes dessa seção já tem sido apresentado por
tirantes das seções anteriores, correspondendo para o tirante 54B as
oscilações desde o dia de instalação e para os outros uma queda
134
instantânea acompanhada por uma queda em menor proporção gradativa
ao longo do período de construção.
Os tirantes dos níveis B, E e K desta seção estabilizaram sua carga em
um valor de 300 kN e apresentaram perdas totais até de 30%, o tirante
54H apresentou uma perda de carga total de 35% o que corresponde a
um valor de carga final de 210 kN igual à carga de incorporação para os
tirantes de 250 kN de carga de trabalho.
Os tempos de estabilização foram como observados anteriormente
dispersos, variando entre 1 e 3 meses após da cravação.
A Figura 75 apresenta a curva carga ao longo de tempo e a Figura 76
mostra os valores de perda de carga instantânea, ao longo do processo
construtivo a pós de terminada a construção da cortina para os tirantes
instrumentados nessa seção.
Figura 75. Curva Carga contra Tempo dos Tirantes in strumentados da Seção 54.
135
-40.00%
-35.00%
-30.00%
-25.00%
-20.00%
-15.00%
-10.00%
-5.00%
0.00%
Tirante 54B-
8ø8mm
Tirante 54E-
10ø8mm
Tirante 54H-
8ø8mm
Tirante 54K-
10ø8mm
Variação Apos Processo
Construtivo
Variação no Processo
Construtivo
Queda Instantanea
Figura 76. Perdas e Ganhos de Carga dos Tirantes in strumentados da Seção 54.
5.3.7. Seção 57 da Cortina.
Nessa seção se apresentou um novo tirante com uma queda acentuada
durante o processo construtivo, portanto se decidiu fazer uma repotensão
após da construção da cortina para verificar as cargas reais nesse nível
da seção. O tirante em menção foi o 57D, que estabilizou em um valor de
carga final após da repontensão de 300 kN.
Nos tirantes instrumentados dessa seção não foi verificado perda de
carga após do processo construtivo, as perdas registradas após da
construção da cortina foram as correspondentes à reprotensão do tirante
57D.
O tirante 57G apresentou um aumento de carga ao final do processo
construtivo, mas durante todo o período de atividades de construção se
reportou uma perda de aproximadamente o 3%.
As cargas finais dos quatro tirantes instrumentados nessa seção foram
menores que a carga de trabalho, ao único tirante que ficou com uma
carga menor à carga de incorporação foi o tirante 57A, que correspondeu
a 180 kN. A Figura 77 e a Figura 78 a seguir apresentam o
comportamento dos tirantes dessa seção.
136
Figura 77. Curva Carga contra Tempo dos Tirantes in strumentados da Seção 57.
-45.00%
-40.00%
-35.00%
-30.00%
-25.00%
-20.00%
-15.00%
-10.00%
-5.00%
0.00%
Tirante 57A-
8ø8mm
Tirante 57D-
8ø8mm
Tirante 57G-
8ø8mm
Tirante 57J-
10ø8mm
Variação Apos Processo
Construtivo
Variação no Processo
Construtivo
Queda Instantanea
Figura 78. Perdas e Ganhos de Carga dos Tirantes in strumentados da Seção 57.
5.3.8. Seção 60 da Cortina.
Os tirantes dos níveis superiores que correspondem ao 60B e 60E de
carga de trabalho de 30 toneladas apresentaram o mesmo
comportamento, com uma perda de carga instantânea de 14% seguidos
de uma perda adicional de 15 e 20% respectivamente, para finalmente
ficar em um valor de carga de 300 kN.
137
O tirante 60H de carga de trabalho de 250 kN registrou uma perda inicial
de aproximadamente 60 kN, seguido de uma perda durante o período
construtivo de 10 kN até o dia de sua estabilização, antes de terminar a
construção da cortina.
Os três tirantes mencionados acima não apresentaram perdas de carga
após da construção da cortina e seu tempo de estabilização for
relativamente curto, indo desde uma semana até um mês após sua
cravação.
O tirante 60K, o único tirante que apresentou perdas de carga após da
construção da cortina, demoro um tempo igual a um mês para estabilizar
sua carga em um valor final de 240 kN.
A Figura 79 e a Figura 80 a seguir apresentam as curvas de carga
ao longo do tempo e o resumo das variações de carga para os quatro
tirantes.
Figura 79. Curva Carga contra Tempo dos Tirantes in strumentados da Seção 60.
138
-50.00%
-45.00%
-40.00%
-35.00%
-30.00%
-25.00%
-20.00%
-15.00%
-10.00%
-5.00%
0.00%
Tirante 60B-
8ø8mm
Tirante 60E-
8ø8mm
Tirante 60H-
8ø8mm
Tirante 60K-
8ø8mm
Variação Apos Processo
Construtivo
Variação no Processo
Construtivo
Queda Instantanea
Figura 80. Perdas e Ganhos de Carga dos Tirantes in strumentados da Seção 60.
5.3.9. Seção 66 da Cortina.
Novamente nessa seção se apresentou um tirante com uma perda
acentuada, o tirante em menção é o tirante 66C, que em um período de
três dias após sua cravação registro uma perda de 100 kN e em os dias
seguintes até o momento de sua reprotensão registro uma perda de 290
kN adicionais, chegando até um valor de 60 kN. Após da sua reprotensão
o tirante apresentou uma perda instantânea de 60 kN e atingiu sua
estabilização em uma carga final correspondente a 320 kN, menor que a
carga de trabalho.
Os outros dois tirantes apresentaram um comportamento já
mencionado em outros tirantes, onde a maior perda se apresenta no
instante após da protensão seguido de uma pequena parcela de perda de
carga durante o período de construção, e atingindo sua estabilização
antes da terminação final das atividades de construção.
As perdas totais variaram entre o 20 e 30% da carga de cravação
como pode ser observado na Figura 81 e na Figura 82 a seguir.
139
Figura 81. Curva Carga contra Tempo dos Tirantes in strumentados da Seção 66.
-3 5 .0 0 %
-3 0 .0 0 %
-2 5 .0 0 %
-2 0 .0 0 %
-1 5 .0 0 %
-1 0 .0 0 %
-5 .0 0 %
0 .0 0 %
Tirante
6 6 C-8 ø8 mm
Tirante 6 6 F-
8 ø8 mm
Tirante 6 6 J-
8 ø8 mm
Var iaç ão A pos P roc e sso
Construtivo
Var iaç ão no Proce sso
Construtivo
Q ue da Instantan e a
Figura 82. Perdas e Ganhos de Carga dos Tirantes in strumentados da Seção 66.
5.3.10. Seção 69 da Cortina.
Finamente, a última seção instrumentada não apresentou novos
comportamentos dos tirantes, sendo a característica representativa para
os tirantes dos níveis inferiores a perda instantânea a maior parcela da
perda total de carga.
As perdas totais registradas nas leituras das células de carga para
os tirantes dessa seção foram de 25% para o 69I e de 36% para o 69E e
o 69E.
140
O tempo de estabilização dos dois tirantes dos níveis superiores
vario de uma semana a um mês, sendo para o nível superior de perto de
6 meses.
As cargas finais para os três tirantes foram menores de que 80% da
carga de trabalho de projeto.
A Figura 83 e a Figura 84 a seguir apresentam como foi costume o
comportamento dos tirantes instrumentados dessa seção.
Figura 83. Curva Carga contra Tempo dos Tirantes in strumentados da Seção 69.
-40.00%
-35.00%
-30.00%
-25.00%
-20.00%
-15.00%
-10.00%
-5.00%
0.00%
Tirante 69A-
8ø8mm
Tirante 69E-
10ø8mm
Tirante 69I-
10ø8mm
Variação Apos Processo
Construtivo
Variação no Processo
Construtivo
Queda Instantanea
Figura 84. Perdas e Ganhos de Carga dos Tirantes in strumentados da Seção 69.
141
Em geral para as dez seções instrumentadas, as maiores perdas de
carga foram apresentadas nos níveis superiores, registrando uma carga
final de aproximadamente de 80% da carga de trabalho, em quanto os
níveis inferiores ficaram com carga final muito perto à carga de trabalho,
portanto registraram menores perdas.
5.4. Comparação entre os valores de carga medidos e os t eóricos encontrados na literatura.
A seguir, é apresentada uma comparação entre as cargas finais
medidas entre os tirantes e as cargas de projeto para garantir a
estabilidade com um fator de segurança de 1,5, estimadas segundo dois
dos métodos apresentados no capitulo 2.
As seções escolhidas para o estudo comparativo foi a que
apresentou o menor e o maior somatório de forças em todos os tirantes, o
valor da força nos tirantes não instrumentados para as seções entre a 38
e a 66 foi estimado com interpolação linear com os valores entre os dois
tirantes instrumentados adjacentes do mesmo nível um de cada lado do
tirante, por exemplo, para o tirante 54C, se utilizaram os valores medidos
nos tirantes 38C e 66C, e se realizou interpolação linear da carga com
respeito a distancia horizontal. Os valores para os tirantes sem
instrumentar das seções 34 e 69 foram obtidos a partir de extrapolação
com os dois tirantes adjacentes e internos, por exemplo, para o tirante
34G se utilizaram os dados medidos nos tirantes 45G e 51G, e se realizou
extrapolação linear com respeito à distancia entre eles. A Tabela 12 a
seguir apresenta os valores de carga finais nos tirantes, sendo os
números em negrito os correspondentes aos tirantes instrumentados.
142
Tabela 12. Forças finais nos tirantes e somatório e m toneladas.
SEÇÃO
34 38 45 48 51 54 57 60 66 69
NÍV
EL
A 245,0 221,4 180,0 152,5 125,0 155,0 185,0 181,3 173,8 170,0
B 278,3 281,7 287,5 290,0 292,5 295,0 295,0 295,0 295,0 295,0
C 394,3 385,0 368,8 361,8 354,8 347,9 340,9 333,9 320,0 313,0
D 435,0 415,0 380,0 365,0 350,0 320,0 290,0 260,0 200,0 170,0
E 375,0 356,4 323,9 310,0 305,0 300,0 300,0 300,0 276,7 265,0
F 285,7 275,0 256,3 248,2 240,2 232,1 224,1 216,1 200,0 192,0
G 210,8 214,2 220,0 222,5 225,0 247,5 270,0 292,5 337,5 360,0
H 360,0 330,0 277,5 255,0 232,5 210,0 220,0 230,0 250,0 260,0
I 300,0 302,9 307,9 310,0 312,1 314,3 316,4 318,6 322,9 325,0
J 320,0 365,0 352,5 340,0 340,0 340,0 343,3 350,0 353,3
K 433,3 375,0 350,0 325,0 300,0 270,0 240,0 180,0
L 385,0 347,5 310,0 260,0 200,0
SOMATÓRIO 2884,2 3534,8 3341,8 3217,5 3102,1 3061,8 3051,4 3010,7 2905,8 2703,3
Como pode se observar na Tabela 12, a seção 57 foi a que se
estima que tem a o menor somatório das cargas dos tirantes na parte de
maior altura de cortina e a seção 45 corresponde ao maior somatório de
forças nos tirantes para a mesma altura de cortina, essas secos são as
que foram comparadas com os empuxos teóricos a seguir.
5.4.1. Verificação da Estabilidade pelo Método de Costa Nu nes e Velloso (1963)
Para a estimativa da força total da ancoragem por este método
utilizaram-se os seguintes parâmetros de resistência do solo adotados e
geometria da cortina:
� Altura da cortina = 18 m;
� Peso específico aparente do solo γ =18 kN/m³;
� Ângulo de resistência ao cisalhamento do solo = 20, conforme a
Tabela 10°;
� Inclinação da cortin = 90°;
� Inclinação dos tirantes com a horizontal = 20°;
� Fator de segurança requerido = 1,5;
� Sobrecarga devido ao uso = 20 kN por metro linear;
143
Com a geometria da cortina e o peso especifico do solo se tem um
peso da cunha critica correspondente a 188 toneladas por metro linear.
Substituindo os valores acima na Equação 2 se tem um valor de
ancoragem por metro linear de 1660 kN. A separação de cada coluna de
tirantes é de dois metros, portanto a força total nos tirantes para garantir
um fator de segurança de 1,5 estimada por esse método é de 332
toneladas.
Esse valor e similar ao valor obtido nas medições e interpolações
das cargas nos tirantes da seção 45, o que representa que o método de
Costa Nunes e Velloso é aplicável com grande exatidão ao caso em
estudo. Em comparação com a seção em que se obtiveram os menores
valores de força nos tirantes, correspondente a seção 57, pode se dizer
que os empuxos reais nesta seção são menores que os de projeto em
quase 10%, o que pode garantir um fator de segurança maior a 1,5 para
essa seção.
5.4.2. Forças nos tirantes pelo diagrama de empuxo propost o por Terzaghi e Peck (1967) e pela FHWA (USA 1999).
O comparativo feito neste item envolve as forças medidas nos
tirantes e as forças estimadas seguindo os procedimentos descritos no
Ground Anchors and Anchored Systems publicado pela FHWA. Para o
cálculo das cargas de pressão de terra sobre a estrutura, se utilizou um
diagrama de pressão de terras aparente. O uso de diagramas de pressão
de terras se remonta aos trabalhos apresentados por Terzaghi e Peck na
década de 1940. Os diagramas semi-empíricos foram desenvolvidos a
partir das cargas pontuais medidas para escavações ancoradas
internamente. Os diagramas originais de Terzaghi e Peck se têm
modificado nos últimos anos, mas em geral são consistentes com a
investigação original. Os procedimentos da FHWA recomendam um
diagrama trapezoidal para areias com a forma dependendo da posição
dos tirantes superior e inferior. A Figura 85 apresenta o diagrama
resultante segundo o procedimento da FHWA para tirantes simples e
144
�� = 0,65. . �. �2 + �. . �
múltiplos tirantes assim como os diagramas recomendados por Terzaghi e
Peck.
Figura 85. Diagramas de pressão de terras propostos para areias.
Como foi apresentado no capitulo 2 na Figura 10, a máxima carga
total de pressão em solos arenosos obtida dos diagramas teóricos
propostos por Terzaghi e Peck (1967), está definida por:
Equação 23
Onde:
Tl é a Carga total de pressão de terra (kN/m).
KA é coeficiente lateral de empuxo ativo de terras de Rankine;
q é a sobrecarga estimada;
H é a altura da cortina.
Os valores de carga de pressão total para solos granulares, tanto
para estruturas onde se permite deformação ou para as estruturas onde
não se permite, devem ser convertidas a um diagrama de pressão
KAƔH
145
aparente como se apresenta na Figura 86 como é recomendada pela
FHWA dos Estados Unidos.
Figura 86. Diagrama aparente para estruturas com mú ltiplos tirantes.
A pressão de transformação que estabiliza o corte segundo o
diagrama de pressão aparente para estruturas com múltiplos níveis de
tirantes é:
Equação 24
Onde:
H1 = Profundidade do primeiro tirante (m).
TH = Componente horizontal da força do tirante (kN/m).
TL = Carga total de pressão de terra (kN/m).
P = Carga de pressão que estabiliza o corte (kN/m2).
Hn+1 = Profundidade inferior ao enésimo tirante (m).
RB = Carga de reação na base (kN/m).
As fórmulas utilizadas para o cálculo das componentes horizontais
das forças nos tirantes pelos diagramas de pressão aparente incluindo a
sobrecarga uniforme empregando o método de áreas tributarias são as
seguintes:
146
Equação 25
Equação 26
Equação 27
Utilizando a Equação 23, estima se um valor de 2035,1 kN/m
correspondente à carga total de pressão.
Obteve se um valor de empuxo que estabiliza o corte definido pela
Equação 24 de 119,7 kN/m2.
A carga no tirante do nível A, é calculado a partir da
Equação 25, no qual corresponde a um valor 164,3 kN/m.
As cargas nos tirantes dos níveis B até K foram calculadas pela
Equação 26, e se obtive um valor de 194,3 kN/m.
Finalmente o valor correspondente à carga do nível mais profundo
(Nível L), foi estimado pela Equação 27, e se obteve um valor de 164,3
kN/m.
Os valores anteriores devem ser multiplicados pelo espaçamento
entre colunas de tirantes, para estimar a carga total em kN, em nosso
caso dito espaçamento é de 2 metros.
A Tabela 13 apresenta os valores calculados pelo método descrito
acima para todos os níveis da cortina em sua parte central. Como pode se
observar, em sua grande maioria os empuxos estimados são muito
próximos que os empuxos medidos em campo nas seções
instrumentadas.
147
Tabela 13. Valores de carga nos tirantes utilizando os diagramas de empuxo
propostos pelo FHWA.
Nível Carga (kN)
A 328,7 B 388,6 C 388,6 D 388,6 E 388,6 F 388,6 G 388,6 H 388,6 I 388,6 J 388,6 K 388,6 L 328,7
A Figura 87 a seguir apresenta a envoltória da componente
horizontal dos empuxos medidos em campo para a seção 57
correspondente à de menor somatória de forças desde o momento de sua
incorporação até a estabilização das cargas nos tirantes, e os estimados
pelos Diagramas de empuxo propostos pela FHWA e por Terzaghi e Peck
(1967).
Figura 87. Envoltória de Forças medidas em campo e estimadas pelos Diagramas
de empuxo propostos para a seção 57 pela FHWA e por Terzaghi e Peck (1967).
148
Similarmente a Figura 88 a seguir apresenta a envoltória da
componente horizontal dos empuxos medidos em campo para a seção 45
correspondente à de maior somatória de forças desde o momento da
cravação até estabilizar as forças nos tirantes, e os estimados pelos
Diagramas de empuxo propostos pela FHWA e por Terzaghi e Peck
(1967).
Figura 88. Envoltória de Forças medidas em campo e estimadas pelos Diagramas
de empuxo propostos para a seção 45 pela FHWA e por Terzaghi e Peck (1967).
5.4.3. Retroanálise dos parâmetros de resistência
Estabelecendo a hipótese em que a somatória das forças nos
tirantes é igual e contrária a resultante dos diagramas propostos por
Terzaghi e Peck (1967), pode se obter o valor retro analisado de campo
do ângulo de atrito do solo do local. O procedimento feito para as dez
seções é o descrito a seguir:
� Igualando a somatória das forças medidas em campo para cada
seção apresentados na Tabela 12 com o empuxo total definido pela
Equação 23
149
� pode-se obter a seguinte expressão para o coeficiente lateral de
empuxo somando a pressão devido à sobrecarga devido ao uso:
Equação 28
Equação 29
Os valores obtidos para o coeficiente de empuxo são apresentados na
Figura 89, esses valores são menores ao valor do coeficiente de
empuxo no repouso definido por Jaky (1944), para esse caso
corresponde a um valor de 0,65; os valores retro analisados de campo
na média 40% menores do teórico proposto por Jaky (1944), o que
corresponde quase à condição limite ativa para umas poucas seções.
Figura 89. Valores retro analisados do coeficiente de empuxo lateral.
� Estimando o valor do coeficiente de empuxo para todas as seções
instrumentadas pode-se obter o valor retroanálisado para o parâmetro
do ângulo de atrito, correspondente ao ângulo de atrito mobilizado,
mediante a formulação para a geometria da estrutura estudada e
definida pela Equação 30 desenvolvida da equação do coeficiente
lateral de empuxo original de Rankine e apresentada a seguir.
150
Equação 30
O valor obtido mediante essa análise é apresentado na Figura 90 para
as dez seções instrumentadas.
Figura 90. Valores retro analisados do ângulo de at rito mobilizado.
Pode se observar no gráfico acima que os valores retro analisados
apresentam grande similitude, e no qual se estimou um valor médio
de 25° para esse parâmetro de resistência, maior ao valor adotado
para todas as estimativas feitas nesse trabalho e consistentes com os
aportados na literatura consultada e apresentados na Tabela 10.
151
6. Conclusões e Sugestões.
Esse trabalho realizou a calibração de 16 eletroníveis para a
medição de deslocamentos horizontais em um programa de
instrumentação, esse estudo não alcançou a ser executado no tempo
dentro dessa pesquisa, mas foi apresentado como proposta para um
futuro projeto de instrumentação. Como estudo principal, foi analisado o
comportamento de uma estrutura de contenção projetada para a
duplicação da ferrovia Santos - São Paulo, km 74, construída entre os
anos de 1981 E 1982, que consiste em uma cortina ancorada por tirantes,
em areia. A cortina foi instrumentada a fim de se medirem as cargas nos
tirantes. As cargas nos tirantes foram obtidas com uso de extensômetros
elétricos de resistência instalados em células de carga na cabeça dos
tirantes.
6.1. Conclusões
� Os métodos de cálculo de capacidade de carga em tirantes
propostos pela NBR 5629 (2006) e Ostermayer (1975) podem ser
usados para condições de obra semelhantes à estudada nesse
trabalho, mas o método de Bustamente e Doix (1985) não é
indicado, devido a que subestima a capacidade de carga do tirante.
� Os deslocamentos elásticos dos tirantes analisados ficaram
dentro dos limites estabelecidos pela Norma NBR 5629 de 2006,
mas aproximadamente o 15% dos tirantes ficaram nos limites
máximos e mínimos que indicam dita norma.
� O tirante que mais perda de carga registrou foi o 51A, o qual
atingiu um valor de perda de 54% da carga de instalação, em
quanto o tirante que reporto menor perda de carga ao longo do
tempo foi o 34E correspondendo a 6,25% de perda total.
152
� Os tirantes 51D, 57D e 66C apresentaram uma perda
acentuada de carga durante o período de construção, portanto, se
realizou uma reprotensão após da construção da cortina, com o
qual após disse reportaram uma perda de carga de 12%, 28% e
24% respectivamente.
� As maiores perdas de carga identificadas ocorreram
imediatamente após da protensão dos tirantes, atingindo valores de
até o 33% da carga inicial.
� Dez dos tirantes estudados reportaram cargas finais iguais
ou maiores às cargas de trabalho de projetos dos tirantes
utilizados.
� O menor tempo de estabilização de carga dos tirantes foi de
sete dias, em quando outros tirantes reportaram tempo iguais a
sete meses após da protensão.
� Os tirantes dos níveis superiores reportaram maiores perdas
que os tirantes dos níveis inferiores, este devido a que os níveis
superiores são os mais expostos ao processo construtivo.
� O método para o análise de estabilidade proposto por Costa
Nunes e Velloso (1963), pode ser utilizado com bastante exatidão
para cortinas ancoradas com características semelhantes às do
caso em estudo.
� As cargas nos tirantes medidas em campo foram
consistentes com estimadas pelos diagramas trapezoidais
propostos por Terzaghi e Peck (1967) e pelos modificados pela
FHWA dos Estados Unidos.
� Os resultados desse estudo sugerem que a prática atual de
utilizar o diagrama de pressão de terras aparente proposto pela
FHWA para o projeto de cortinas ancoradas é apropriado e
representa um enfoque bastante conservador, em quanto, o
diagrama original proposto por Terzaghi e Peck (1967), é também
apropriado, mas é menos conservador. Os resultados não indicam
que nenhum método particular para o desenvolvimento da
envolvente de pressão de terra é superior aos outros métodos de
projeto.
153
� Os valores retro analisados do ângulo de atrito apresentam
grande aderência com o valor adotado de acordo a literatura para o
solo presente no local.
6.2. Sugestões
� Incluir nos projetos de instrumentação a realizar os equipamentos
necessários para a medição de deslocamentos horizontais e
recalques da estrutura estudada ao longo do tempo e estudar a
influencia da velocidade de deslocamento da estrutura na
estabilidade.
� Instrumentar mais obras de contenção, a fim de se montar um
banco de dados.
� Simular tridimensionalmente, através de métodos numéricos, a
obra instrumentada, a fim de complementar os dados
experimentais de campo.
� Instrumentar tirantes em mais pontos ao longo do bulbo e do trecho
livre, a fim de se obterem diagramas de distribuição de carga mais
detalhados.
154
Referências Bibliográficas
ALVES, B.R. Patologias Apresentadas Em Construções Vizinhas
Devido A Escavações . 2013. 43p. Trabalho De Conclusão De Curso
(Curso em Engenharia Civil) –Universidade de Brasília - DF.
ARENDS, R. A. (1970). Medidas de Pressão de Terra em
Escoramentos de Valas . In: Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos
e Engenharia Geotécnica, 4, v. 1, p. III-94/III-111, Rio de Janeiro.
BELITARDO, G.; PEREIRA, R. F. (2001). “Projeto e Instalação da
Instrumentação da Barragem EFC do AHE Itapebi” , XXIV Seminário
Nacional de Grandes Barragens - Tema 3, CBDB, Fortaleza, pp 345-356.
BENNETT, V. et al. Unstable Slope Monitoring with a Wireless Shape-
Acceleration Array system . In:. International Symposium on Field
Measurements in Geomechanics. 7th. 2007, Boston, Massachusetts.
BOWLES, J. E. (1996). Foundation Analysis and Design. (5th ed.). The
McGraw-Hill Companies,Inc., Illinois.
BRAHANA D. C., TANNER W. M., MULLINS L. D. Deflection and Earth
Pressure Measurements of an Anchored Concrete Shori ng Wall In:.
International symposium on Field Measurements in Geomechanics. 7th.
2007, Boston, Massachusetts.
BRIAUD, J. L.; GRIFFIN, A. Y.; SOTO, A.; SUROOR, A.; PARK, H.
(1998). Long-term behavior of ground anchors and tieback wa lls.
Texas Transportation Institute. Report 1391-1. Texas.
155
BUSTAMANTE, M.; DOIX,B. Une méthode pour lê calcul des tyrants et
des micropieux injectées. Bulletin des Liaison de Laboratoire de Ponts
et /chaussées, n° 140, 1985.
BUSTAMANTE, M. AND SHEELE,F. Research on Ground Anchors in
Non-cohesive Soils. 9th International Conference on soil Mechanics
and Foundation Engineering , Tokyo, 1977.
CARDER, D. R. (1995). Ground movements caused by different
embedded retaining wall construction techniques . Report 172,
Transport Reseach Laboratory, Crowthorne.
CARDER, D. R.; MORLEY, C. H.; ALDERMAN, G. H. (1997). Behaviour
during construction of a propped diaphragm wall fou nded in London
clay at Aldershort road underpass . Report 239, Transport Reseach
Laboratory, Crowthorne.
CLOUGH, G. W.; O’ROURKE, T. D. (1990). Construction induced
movements of in situ walls . ASCE Special Publication 15, Proc design
and performance of earth retaining structures, Cornell University, pp. 439-
470.
CLOUGH, G. W.; SMITH, E. W.; SWEENEY, B. P. (1989). Movement
control of excavation support sustem by iterative d esign . Foundation
Engineering Current Principles and Practices, Vol. 2, ASCE, New York,
pp. 869-882.
CORREIA, A. G.; GUERRA, N. C.; PINTO, A. (1996). Comportamento de
três estruturas de contenção tipo Berlim . Geotecnia – Revista da
Sociedade Portuguesa de Geotecnia, nº 81, p. 65-78, Lisboa.
COSTA NUNES, A. J. da e VELLOSO, Dirceu de Alencar (1963).
Estabilização de Taludes em Capas Residuais de Orig em Granito-
156
Gnaissica . 2° Congresso Panamericano de Mecânica dos Solos e
Engenharia de Fundações 2:383-394. Brasil, ABMS.
DOHERTY K. et al. Problems and Solutions using Electrolytic
Tiltmeters: Case Study New Natomas and South River Pump
Stations, Sacramento, CA. . In:. International symposium on Field
Measurements in Geomechanics. 7th. 2007, Boston, Massachusetts.
DUNNICLIFF, J. (1988). Geotechnical Instrumentation for Monitoring
Field Performance . Wiley Interscience, New York.
EHRLICH, M. E SILVA, R. C. 2012. Ensaios de Arrancamento de
Grampos – Verificação da influência do Nspt e da in jeção da bainha .
Anais do XVI Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia
Geotécnica – Porto de Galinhas, 2012.
FHWA (1999). Ground Anchors and Anchored Systems . Geotechnical
Engineering Circular No. 4 (FHWA-IF-99-015) Federal Highway
Administration, Washington D.C.
FORMIGUERI, L.E. Comportamento de um Aterro Sobre Argila Mole
da Baixada Fluminense . 2003. 182p. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Civil) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro -
RJ.
GABA, A. R.; et al (2003). C580 - Embedded Retaining Wall - Guidance
for Economic Design . Construction Industry Research and Information
Association (CIRIA), London.
GEO RIO. (20006). Manual Tecnico de Encostas. Ancoragens e
Grampos . Volume 4. 2ª edição, 2000.
157
Gil, S., & Páscoa, J. (2006). Instrumentação geotécnica em aterros e
plataformas ferroviárias: Importância, Necessidade e Aplicações . X
Congresso de Geotecnia.
GUERRA, N. M. C.; CORREIA, A. G.; JOVICIC, M. (1997). Efeitos
tridimensionais de canto em paredes de contenção “t ipo Lisboa”.
Congresso Nacional de Geotecnia, 6, Sociedade Portuguesa de
Geotecnia e entro de Geotecnia do IST, Lisboa.
GUERRA, N. M., MACHADO, V., FALCÃO, J., SANTOS, J., PINTO, F.,
PINTO, A., FERREIRA, A. (2000). Observação do comportamento de
uma escavação em Lisboa . Escola Superior de Tecnologia e Gestão de
Portalegre.
HOEK, E. AND BRAY, J.W., 1981. Rock slope engineering. Institution
of Mining and Metallurgy . London.
ITEN, M; PUZRIN, A. M. (2009). Monitoring of stress distribution along
a ground anchor using BOTDA. Proc. SPIE, Vol. 7647.
JAKY, J. (1944). The Coefficient of Earth Pressure at Rest . Journal of
Society of Hungarian Architects and Engineers, Budapest, Hungary, pp.
355-358.
KANJI, M. A.; FIGUEIRA, P. C. DA S. (1990). Quantificação tentativa do
uso de instrumentação em barragens , Rio de Janeiro, Simpósio sobre
Instrumentação Geotécnica de Campo – SINGEO’90”, ABMS, Rio de
Janeiro, pp. 119-128.
KRANZ, E. Uber Verankerung von Spundwanden . Berlin, Verlag von
Wilhelm Ernst & Sohn, 1953.
LI, J. C.; YAO, H. L.; SHI, L. P.; SHY, B. I. (1988). Behavior of Ground
Anchors for Taipai Sendimentary Soils . Proc. Second International
158
Conference on Case Histories in Geotechnical Engineering, St. Louis, no
6.73.
LONG, M. (2001). Database for retaining wall and ground movements
due to deep excavations . Journal of Geotechnical and Geoenvironmental
Engineering. ASCE, Vol. 127, no 3, pp. 203-224.
MAGALHÃES, E. P. (2003). Comportamento Experimental de uma
Cortina de Estaca Prancha Assente em Solo Poroso do DF:
Implicações para o Projeto e Metodologia do Cálculo . Dissertação
(Mestrado). Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade
de Brasília, Brasília, DF, 149 p.
MANA, A. I.; CLOUGH, G. W. (1981). Prediction of movements for
braced cuts in clay. J. Geotech. Engrg, ASCE, 107 (6): 759-777.
MARTINS, M.; MACEDO, L. F.; PACHECO, M. (2002). Uma Discussão
Sobre Empuxos em Paredes Atirantadas. 1º Congresso Luso Brasileiro
de Geotecnia, São Paulo.
MARZIONNA, J. D.; MAFFEI, C. E. M.; FERREIRA, A. A.; CAPUTO, A. N.
(1996). Análise, projeto e execução de escavações e contenç ões . In:
In: Fundações: Teoria e prática, 2ª edição, Hachich et al., cap. 15, PINI,
São Paulo.
MAYUR D.P.E. et al. Observational Approach Used For Slope Stability
during Surcharging of Municipal Solid Waste and Sof t Soils . In:.
International symposium on Field Measurements in Geomechanics. 7th.
2007, Boston, Massachusetts.
MILITITSKY, J. (2012). Grandes Escavações em Áreas Urbanas .
Palestra Técnica. In: Seminário de Engenharia de Fundações Especiais e
Geotecnia, 7, São Paulo.
159
MOORMANN, C. (2004). Analysis of wall and ground movement due
to deep excavation in soft soil based on a new worl dwide database .
Soils and Foundations, Vol. 44, No. 1, 87-98.
MORE, Javier Z. P. (2003). Análise Numérica do Comportamento de
Cortinas Atirantadas em Solos. Dissertação (mestrado), Rio de Janeiro:
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
NBR 5629 (2006). Execução de Tirantes Ancorados no Terreno .
Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro.
OLIVEIRA, J. R. M. S.; MARQUES, M. E. S.; CABRAL, D. A.; SILVA, M.
R. L.; CARNEIRO, L. A. V. (2009). Deslocamentos Horizontais em uma
Parede Diafragma . In: Conferência Brasileira de Estabilidade de
Encostas, 5, Associação Brasileira de Mecânica dos Solos – ABMS, v. 1,
p. 245 – 250, São Paulo.
OSTERMAYER, M. (1975). Construction, Carrying Behaviour and
Creep Characteristics of Ground Anchors . Conference on Diaphragm
Wall and Anchorages, Institution of Civil Engineers of London, pp. 141-
151, London.
PENEDO, E.A.F. Prova de Carga Instrumentada em um Cais Apoiado
Sobre Estacas . 2012. 104p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil)
– Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - RJ.
PECK, R. B. (1969). Deep excavation and tunneling in soft ground .
Proceedings of the 7th International Conference on Soil Mechanics and
Foundation Engineering, pp. 225–290, Mexico City.
RAMOS, D.T. Aplicação de Eletroníveis para Obtenção das Deflexõ es
e dos Momentos Fletores na Face de Concreto de Barr agens de
Enrocamento . 2009. 148p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) –
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - RJ.
160
ROCHA FILHO, P; PRICE, G. Curso: Instrumentação em Emgenharia
Geotecnica – Aplicação da Tecnica dos Electroníveis . Sociedade
Portuguesa de Geotecnia, 2000. 45p.
SONG H. et al. Soil behavior and excavation instrumentation layout .
In:. International symposium on Field Measurements in Geomechanics.
7th. 2007, Boston, Massachusetts.
ST JOHN, H. D.; POTTS, D. M.; JARDINE, R. J.; HIGGINS, K. G. (1992).
Prediction and performance of ground response due t o construction
of a deep to construction of a deep basement at 60 Victoria
Embankment . In: Wroth Memorial Symposium on Predictive Soil
Mechanics, pp. 581-608. Oxford.
STROM, R. W; EBELING, R. M. (2002). Methods Used in Tieback Wall
Design and Construction to Prevent Local Anchor Fai lure,
Progressive Anchorage Failure, and Ground Mass Stab ility Failure .
US Army Corps of Engineers, Engineer Research and Development
Center, Washington.
TERZAGHI, K. (1943). Theoretical Soil Mechanic . Jhon Wiley and Sons,
Inc. New York.
TERZAGHI, K.; PECK, R. B. (1967). Soil Mechanics in Engineering
Practice . 2nd Ed. Wiley-Interscience, New York.
THOMPSON, P. (1991). A review of retaining wall behaviour in
overconsolidated clay during the early stages of co nstruction . MSs
Thesis, Imperial College, London.
TOLEDO, D. Aplicação de Eletroníveis para Obtenção das Deflexõ es
e dos Momentos Fletores na Face de Concreto de Barr agens de
161
Enrocamento . 2009. 148p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) –
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - RJ.
U.S. Army Corps of Engineers (1995), Instrumentation of Embankment
Dams and Levees. Manual No. 1110-2-1908, Department of the Army,
Washington, DC. 75p.
WANG, J. H.; XU, Z. H.; WANG, W. D. (2010). Wall and Ground
Movements due to Deep Excavations in Shanghai Soft Soils . Journal
of Geotechnical and Geoenvironmental Engineering, Vol. 136, Nº 7, New
York.
WHA, C. K. Aplicabilidade dos eletroníveis na instrumentação
geotécnica. Dissertação de Mestrado, DEC / PUC-Rio de Janeiro, Brasil,
2000.
YASSUDA, C. T.; DIAS, P. H. V. (1996). Tirantes. In. Fundações: Teoria
e Pratica , 2ª edição, Hachich et al. (eds), cap. 17, PINI, São Paulo.
ZEITOUNE, N.M. Instrumentação e Análise de uma Cortina Ancorada
Localizada no Km 74 da Ferrovia Santos – São Paulo, FEPASA . 1982.
263p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro - RJ.