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O Impacto da Oferta de Serviços Microfinanceiros no Nível de Vida da População nas Zonas Rurais em Moçambique: O Caso do Distrito de Gondola Zita Maria Domingos Joaquim Trabalho de Licenciatura Faculdade de Economia Universidade Eduardo Mondlane Outubro de 2008

Zita joaquim trabalho de licenciatura

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O Impacto da Oferta de Serviços Microfinanceiros no Nível de

Vida da População nas Zonas Rurais em Moçambique: O Caso do Distrito de Gondola

Zita Maria Domingos Joaquim

Trabalho de Licenciatura

Faculdade de Economia

Universidade Eduardo Mondlane

Outubro de 2008

Page 2: Zita joaquim trabalho de licenciatura

DECLARAÇÃO

Declaro que este trabalho é resultado da minha investigação pessoal, estando indicados no

texto e na bibliografia as fontes utilizadas. Esta é a primeira vez que o submeto para a

obtenção de um grau académico numa instituição de ensino superior.

Maputo, aos ____ de Outubro de 2008

_______________________________

(Zita Maria Domingos Joaquim)

APROVAÇÃO DO JÚRI

Este trabalho foi aprovado com ___ valores no dia ____ de Outubro de 2008 por nós,

membros do júri, examinadores da Faculdade de Economia da Universidade Eduardo

Mondlane.

________________________________

(O Presidente do Júri)

________________________________

(O Arguente)

_________________________________

(O Supervisor)

Page 3: Zita joaquim trabalho de licenciatura

Dedico este trabalho aos meus sobrinhos,

Zuneid L. C. Mussá e Dário Catarino Chipenembe.

Page 4: Zita joaquim trabalho de licenciatura

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao meu supervisor Prof. Doutor Manoela

Sylvestre pelo acompanhamento, atenção e paciência para a concretização deste trabalho;

a Faculdade de Economia – UEM, a Direcção Nacional de Promoção e Desenvolvimento

Rural – MPD e ao Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento pela

oportunidade que me concederam de concretizar o trabalho de campo; a Dra. Ester dos

Santos, Dr. Jorge Tinga e a biblioteca da Faculdade de Economia – UEM por me terem

facultado informação; ao Governo do Distrito de Gondola pela atenção e compreensão; as

pessoas que me apoiaram durante o trabalho de campo, particularmente ao Sr. Aníbal e a

prima Inês; e aos meus pais Mário D. J. Chipenembe e Maria Laura I. Nota, irmão e

amigos pelo amor, carinho, e atenção.

Em especial agradecer a minha irmã, Dra. Judite Chipenembe, pela atenção, dedicação e

paciência na leitura deste trabalho; e ao dr. Félix Simione pela orientação no tratamento

dos dados.

Por último gostaria de agradecer aos meus professores e colegas que me apoiaram e

acompanharam durante a minha formação.

Page 5: Zita joaquim trabalho de licenciatura

Resumo

A tendência de concentração das instituições microfinanceiras nas principais cidades do

país vem caracterizando o desenvolvimento do sistema financeiro de Moçambique nas

últimas décadas. Diversos factores como a viabilidade financeira das operações na

perspectiva do lucro, a densidade populacional versus procura por serviços financeiros, e a

existência de infra-estruturas básicas vêm determinando a localização física dos balcões

ou agência microfinanceiras no país; colocando assim as zonas rurais em desvantagem. O

presente trabalho procura analisar em que medita o fornecimento de serviços

microfinanceiros nas zonas rurais, particularmente no distrito de Gondola província de

Manica, contribui para a melhoria do nível de vida da população e consequentemente para

o desenvolvimento das zonas rurais. Para tal, com recurso a procedimentos estatísticos

procurou-se analisar os factores que contribuem para a melhoria do nível de vida da

população rural como a oferta de micro-crédito e micro-poupanças, o que permitiu

constatar que a oferta de serviços microfinanceiros tem um impacto bastante positivo nas

pequenas actividades económicas e consequentemente nos níveis de rendimento e

consumo dos agregados familiares alvos.

Page 6: Zita joaquim trabalho de licenciatura

LISTA DE ACRÓNIMOS

ADEM Agência de Desenvolvimento Económico da Província de

Manica

ADF Agência Francesa de Desenvolvimento

AGRICOM Empresa de Comercialização Agrícola

ASA Association for Social Advancement (Bangladesh)

ASCAs Accumulative savings and Credit Association

ATM Automated Teller Machine

BAD Banco Africano de Desenvolvimento

BCM Banco Comercial de Moçambique

BIM Banco Internacional de Moçambique

BM Banco de Moçambique

BOM Banco Oportunidade de Moçambique

BPD Banco Popular de Desenvolvimento

BRI Bank Rakyata Indonesia

CARE Cooperative for Assistance and Relief Every Where,

International

CCCP Caixas Comunitárias de Crédito e Poupança

CDF Caixa Francesa de Desenvolvimento

CMR Caixa das Mulheres Rurais

CNM Caixa das Mulheres de Nampula

COCAMO Cooperação Canadá-Moçambique

CRESCE Crédito Sustentável para o Crescimento das Empresas

DANIDA Agência Dinamarquesa de Ajuda ao Desenvolvimento Rural

DNPDR Direcção Nacional de Promoção do Desenvolvimento Rural

EDR Estratégia de Desenvolvimento rural

EN Estrada Nacional

FAO Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação

FCC Fundo de Crédito Comunitário

FFADR Fundo de Fomento Agrário e de Desenvolvimento

FFPI Fundo de Fomento da Pequena Indústria

FML Federação Mundial Luterana

FRELIMO· Frente de Libertação de Moçambique

Page 7: Zita joaquim trabalho de licenciatura

GPE· Gabinete de Promoção do Emprego

GAPI Sociedade de Promoção de Pequenos Investimentos, SARL

GTZ Deutsche Gesellsschaft Fuer Technische Zusammenarbeit

HAI Health Action International

ICICI Industrial Credit and Investiment Corporation of India

IFAD· Fundo Internacional para o desenvolvimento Agrícola

IMFs· Instituições Microfinanceiras

INDER Instituto Nacional para o Desenvolvimento Rural

IRAM Instituto de Pesquisa e de Aplicação de Métodos de

Desenvolvimento

Mcel Moçambique Celular

MEDA Mennonite Economic Development Associates

MMF Mozambique Microfinance Facility

MPD Ministério do Plano e Desenvolvimento

MPF Ministério do Plano e Finanças

NPM Netherlands Platform for Microfinance

OI Opportunity International

OMS Organização Mundial da Saúde

ONG Organização Não Governamental

PAP Projecto de Alívio a Pobreza

PAPIR Projecto de Apoio às Pequenas Indústrias Rurais

PDPME Projecto de Desenvolvimento de Pequenas e Médias Empresas

PME Pequenas e Médias Empresas

PNUD Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento

PRE Programa de Reabilitação Económica

PRU Projecto de Reabilitação Urbana

SACCOS Savings and Credit Co-operative

SDC Cooperação Suíça

SOCREMO Sociedade de Crédito de Moçambique, SARL

TDM Telecomunicações de Moçambique

UNEFEM United Nations Development Fund for Women

WRI World Relief International

Page 8: Zita joaquim trabalho de licenciatura

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 101.1. Objectivos ............................................................................................................ 10

1.1.1. Objectivo geral .................................................................................................. 101.1.2. Objectivos Específicos ...................................................................................... 11

1.2. Justificação e Relevância do Tema ........................................................................... 111.3. O Problema de Pesquisa ........................................................................................... 131.4. Metodologia............................................................................................................. 15

2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL..................................................... 182.1 Conceitos Fundamentais............................................................................................ 18

2.1.1. Microfinanças.................................................................................................... 182.1.2. Desenvolvimento Rural ..................................................................................... 192.1.3. Pobreza ............................................................................................................. 20

2.2. Teoria Económica .................................................................................................... 212.2.1. A Abordagem Microfinanceira .......................................................................... 212.2.1.1. A Abordagem do Velho Paradigma ................................................................ 212.2.1.2. A Abordagem do Novo Paradigma: Microfinanças Sustentáveis..................... 222.2.2 As Novas Abordagens: Poverty Landing verus Abordagem do Sistema Financeiro ................................................................................................................... 232.2.2. Abordagem do Desenvolvimento Rural ............................................................. 242.2.3. Microfinanças Versus Desenvolvimento Rural .................................................. 25

3. A EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA MICROFINANCEIRA ............................................. 274. ESTUDO DE CASO....................................................................................................... 32

4.1. O Distrito de Gondola .............................................................................................. 324.1. Serviços Financeiros ................................................................................................ 344.2. Análise do Impacto da Oferta dos Serviços Microfinanceiros nas Zonas Rurais........ 39

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 43BIBLIOGRAFIA

ANEXOS

Anexo 1: InquéritosAnexo 2: Produtos, contas e encargos disponíveis no banco BOM, SARLAnexo 3: Teste t de Comparação das MédiasAnexo 4: Dados sobre o nível de vida dos clientes do banco BOM no Distrito de

Gondola

TABELAS

Tabela 1 Distribuição dos Alunos de Acordo com o Nível EscolarTabela 2 Distribuição de Clientes e Carteira de Empréstimos, Segundo o Tipo de

Metodologia (2007) Tabela 3 Impacto da Oferta de micro-crédito no Nível de vida dos ClientesTabela 4 Impacto da Oferta de micro-crédito Tendo em Conta o Período de Tempo

Page 9: Zita joaquim trabalho de licenciatura

FIGURAS

Figura 1 Transição de Mono para multi-produtos (de CRESCE para BOM)

GRÁFICOS

Gráfico 1 Evolução dos Clientes de MicrofinançasGráfico 2 Distribuição da População do Distrito de Gondola por Posto

AdministrativoGráfico 3 Distribuição da Carteira de Empréstimos do BOM por Cidades/distritosGráfico 4 Volume de Depósitos do BOM, Segundo o Tipo de Conta

Page 10: Zita joaquim trabalho de licenciatura

1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento das zonas rurais e a erradicação da pobreza absoluta ocupam um lugar

de destaque nas agendas sobre o desenvolvimento socioeconómico de Moçambique. Até

2002/3 dos 54,1% da população do país a viver na pobreza mais de 55% encontravam-se

nas zonas rurais, onde a inexistência ou degradação das infra-estruturas de base é elevada,

a disponibilização dos serviços financeiros é fraca, e a agricultura de subsistência é a base

da economia.

O papel das instituições microfinanceiras no processo de desenvolvimento rural e combate

a pobreza têm sido alvo de grandes debates nos espaços político e económico, destacando-

se o acesso às infra-estruturas de base e aos serviços financeiros como prioridades nos

programas ou estratégia de combate a pobreza e de desenvolvimento rural dos governos

nos países em vias de desenvolvimento donde Moçambique constitui parte integrante.

Deste modo o presente trabalho procura analisar em que medita a oferta de serviços

microfinanceiros às zonas rurais contribui para a melhoria do nível de vida da população,

e consequentemente para o desenvolvimento das zonas rurais. Para tal, com recurso a

procedimentos estatísticos procurou-se analisar alguns factores que contribuem para a

melhoria do nível de vida da população rural, como por exemplo o rendimento e o

consumo dos clientes das instituições microfinanceiras no distrito de Gondola, província

de Manica. O que permitiu constatar que a oferta de serviços microfinanceiros tem um

impacto significante na actividade económica dos pobres e na melhoria dos seus padrões

de vida.

1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo geral

O presente trabalho tem como objectivo geral analisar o impacto da oferta de serviços

microfinanceiros no nível de vida da população nas zonas rurais, e em que medida este

contribui para o desenvolvimento destas regiões.

Page 11: Zita joaquim trabalho de licenciatura

1.1.2. Objectivos Específicos

Objectivo Específico 1: Avaliar a questão da densidade populacional versus provisão de

serviços microfinanceiros nas zonas rurais, tendo em conta que o que garante

a sustentabilidade da carteira de crédito é o número de clientes;

Objectivo Específico 2: Analisar os fluxos de rendimento dos clientes alvos tendo em

conta a diversidade das actividades económicas, por agregado familiar; e

Objectivo Específico 3: Analisar as potencialidades oferecidas pelo cliente de baixo

rendimento no meio rural, no que se refere a captação de poupanças e

necessidades.

1.2. Justificação e Relevância do Tema

A ideia de analisar o impacto da oferta dos serviços microfinanceiros no nível de vida da

população nas zonas rurais deve-se em parte a importância que a intermediação financeira

pode ter no crescimento e desenvolvimento económico de uma região rural, a partir da

melhoria do padrão de vida da sua população.

A extensão dos serviços e produtos financeiros, por outro lado, constitui uma das

principais preocupações das autoridades financeiras e da sociedade no geral, uma vez que

se verifica uma forte tendência de concentração das instituições financeiras nas principais

cidades do país (Maputo, Beira e Nampula), do que nas zonas rurais1, dada as

características oferecidas pelas mesmas2.

O Governo de Moçambique, para além de pretender alcançar o objectivo de diminuir a

incidência da pobreza de 54% em 2003 para 45% em 2009 e de alterar o padrão de

acumulação de capitais na economia, tem em conta que a população rural pobre3 só

conseguirá romper o ciclo vicioso da pobreza se contribuir e beneficiar do crescimento

económico nacional e que o ritmo de desenvolvimento rural depende não só do nível de

investimento em capital, como também do investimento público que prioriza o

1 O sector rural em Moçambique oferece características que as microfinanças têm dificuldades de ultrapassar, como o sistema de transportes e comunicações frágeis, a fraca densidade populacional, o facto da maioria dos clientes terem apenas a agricultura como fonte de rendimento e a maioria da população encontrar-se marginalmente envolvida na economia monetária; o que leva a crer que os centros urbanos e as zonas peri-urbanas oferecem melhores condições que as zonas rurais (Chidzero, 1998: 21).2 Patel, 2007: 9.3 Em Moçambique mais de metade da população vive abaixo da linha da pobreza, das quais cerca de 64,3% vivem nas zonas rurais (Governo de Moçambique, 2006).

Page 12: Zita joaquim trabalho de licenciatura

desenvolvimento da capacidade produtiva rural, das infra-estruturas e serviços básicos

institucionais4.

Nesta base, o desafio do Governo consiste em promover serviços financeiros adequados às

iniciativas locais, a partir do reforço da regulamentação e supervisão do sistema

financeiro, bem como da criação de novos instrumentos e da provisão de uma maior

cobertura regional, de modo a aumentar o nível de captação de poupança e

disponibilização de crédito5.

No entanto, na tentativa de analisar o impacto da oferta de serviços microfinanceiros no

nível de vida da população rural, e consequentemente no que se refere ao processo de

desenvolvimento rural, procurou-se escolher uma Instituição Microfinanceira (IMF) que

esteja a trabalhar com a população pobre há mais de 10. Esta opção permitiu a

identificação dos clientes do Banco Oportunidade de Moçambique (BOM) no distrito de

Gondola, província de Manica, como objecto de pesquisa, que a partir da assinatura de um

memorando de entendimento adquiriu a carteira de empréstimos do programa Crédito

Sustentável Para o Crescimento das Empresas (CRESCE) que operou no distrito de 1996 a

20046, o que foi relevante na obtenção de resultados precisos para a compreensão dos

objectivos do trabalho.

Dos vários distritos onde o banco BOM encontra-se a operar, Gondola foi o que mais se

identificou com os objectivos do trabalho. Por um lado pelo sucesso que o programa

CRESCE teve no trabalho com os clientes pobres no distrito de Gondola, por ter sido onde

o programa inicio as suas actividades, e pelo facto dos clientes do programa terem

permanecido com o banco BOM após a assinatura do memorando de entendimento. E por

outro, do distrito ter registado algumas melhorias na expansão da rede de energia eléctrica

e telecomunicações, e na evolução de alguns mercados (a destacar o Cruzamento do

Inchope).

Contudo, acredita-se que este trabalho trará uma contribuição para a literatura sobre

microfinanças em Moçambique, uma vez que a maioria dos estudos7 encontrados pouco

4 Governo de Moçambique, 2006: 1, 67-70.5 Ibidem6 O CRESCE era um programa de microfinanças da CARE que durou 9 anos tendo iniciado as suas actividades em Janeiro de 1996 no distrito de Gondola (Província de Manica), o local de pesquisa. 7 Athmer: 2006; Chidzero: 1998; ICC: 2001; Navalha & Teyssier: 2005; Vletter: 2006; entre outros.

Page 13: Zita joaquim trabalho de licenciatura

abordam sobre o papel das microfinanças como ferramenta no combate a pobreza nas

zonas rurais.

1.3. O Problema de Pesquisa

O crescente interesse pelas microfinanças, por parte do Estado e outras organizações

relaciona-se em parte com o recente reconhecimento, por parte de alguns desenhadores de

políticas, de que o sector informal8 é muito grande e permanecerá activo por muitos anos9.

As microfinanças constituem um sistema importante de intermediação financeira

apropriado ao desenvolvimento local, baseado em actividades de pequena e média escala10

que devido a sua natureza encontram-se praticamente vedadas a banca convencional11.

Estatísticas do Banco de Moçambique mostram por exemplo que, até Dezembro de 2006,

das 132 agências bancárias existentes nas principais cidades do país e que correspondiam

a 57,89% do total existente, cerca de 78% encontravam-se situadas na cidade de Maputo.

Dos 128 distritos existentes apenas 28 possuíam agências bancárias, permanecendo 78,5%

do território nacional inacessível aos serviços financeiros. Cerca de 77,24% dos

operadores de micro-crédito e 81,8% das agências cooperativas encontravam-se

concentradas na capital do país12.

Um outro estudo mostra que de 1997 a 2006 encontravam-se a operar no mercado não

mais do que 35 IMFs13 que cobriam menos de 1% da população nacional, facto este que se

encontra associados a composição da própria indústria. Isto é, até Dezembro de 2005 a

indústria microfinanceira era composta por 9 associações, 7 ONGs, 5 cooperativas, 4

projectos, 3 bancos comerciais, 3 empresas privadas e uma sociedade de responsabilidade

limitada.14.

8 É no sector informal onde predominam os micro empreendimentos, que são considerados o motor da economia moçambicana.9 Robinson, 2003: 13.10As actividades de pequena e média dimensão no geral, devido ao tamanho, apresentam um sistema de registo contabilístico deficiente ou inexistente e com garantias precária. 11 Patel, 2007: 16.12 Ibidem.op.cit; 2113 A indústria era servida por de 35 IMFs em 1997, 29 em 2000 e 32 em 2005. Das 35 instituições a operar no mercado em 1997 apenas 15 se encontravam operacionais em 2000, e 8 em 2005. Facto este associado ao término de alguns projectos, a transformação e a aquisição de alguns operadores pelos bancos de microfinanças (a CRESCE, KARELA e MEDA foram adquiridas pelo BOM; a GTZ-GPE transformou-se em Socremo).14 Vletter, 2006: 2, 16.

Page 14: Zita joaquim trabalho de licenciatura

As mudanças introduzidas na legislação financeira levaram ao surgimento dos bancos de

microfinanças, o que permitiu a introdução de novos produtos e serviços microfinanceiros

no mercado, como a poupança15, os seguros, o depósito a ordem e a prazo, o crédito a

habitação, entre outros. Estas mudanças contribuíram para o aumento do volume de

clientes de 20.000 em 1997para 23.000 em 2000, 52.000 em 2003, 65.000 em 2004, e

120.000 (43% eram poupadores) em 2005 (ver gráfico 1)16.

Gráfico 1: Evolução dos Clientes de Microfinanças

0 50000 100000 150000

1997

2000

2003

2004

2005

Numero declientes

Fonte: baseado em Informação retiradas de Vletter, 2006 e Governo de Moçambique, 2007b.

Embora o gráfico 1 mostre uma evolução significativa do volume de clientes de 1997 a

2005, hoje as 59 IMFs existentes no mercado ainda têm uma cobertura bastante

insignificante, inferior a 4% da população do país, facto este que se encontra associado a

concentração das suas actividades na capital do país.

Na tentativa de reverter este cenário, o Governo tem vindo a desencadear alguns esforços,

como por exemplo: (i) a publicação de alguns estudos17, que visam a divulgação e

estimulação do trabalho que vem sendo levado a cabo pelas instituições microfinanceiras;

(ii) o lançamento do Programa de Apoio às Finanças Rurais (2005) com a missão de

incentivar a expansão das IMFs para as zonas rurais, a partir da criação de novas

instituições/organizações financeiras de base comunitária, melhoria da gestão e

coordenação dos fundos do Governo e financiadores, e consequentemente do aumento do

volume de clientes e poupanças18; (iii) a campanha de expansão dos serviços financeiros

às zonas rurais levada a cabo pelo Banco de Moçambique; (iv) a publicação da Estratégia

de Desenvolvimento Rural (2007); (v) a elaboração da Estratégia de Finanças Rurais (em

curso); (vi) e o lançamento da Campanha Nacional de Promoção de Poupanças, uma

15 A CMN introduziu contas de poupança para seus membros em 1994, de forma ilegal, sob o conhecimento e anuência do Banco de Moçambique.16 Vletter: 2006.17 ICC: 2000; Chidzero: 1998; Navalha & Teyssier: 2005; entre outros.18 Patel, 2007: 28.

Page 15: Zita joaquim trabalho de licenciatura

iniciativa apresentada pela DNPDR na sua IV Conferência Nacional Sobre Microfinanças

em Julho de 2007.

Em suma, a revisão de literatura sobre as microfinanças em Moçambique permitiu, a luz

do objecto de pesquisa que se situa a volta do “impacto das IMFs no nível de vida da

população rural”, colocar a seguinte questão de partida e respectivas hipóteses de trabalho:

Em que medida as IMFs podem contribuir para a melhoria do nível de vida da

população nas zonas rurais, e consequentemente para o desenvolvimento destas

regiões, sem pôr em causa a auto-suficiência institucional, tendo em conta que

a maioria da população pobre encontra-se localizada no meio rural?

Hipóteses 1: A expansão dos serviços microfinanceiros às zonas rurais permite o

desenvolvimento e expansão dos micro empreendimentos e o surgimento de outras

actividades geradoras de rendimento. Sendo assim é uma alternativa para melhorar o nível

de vida da população e com isso reduzir os níveis de pobreza rural.

Hipótese 2: A provisão de serviços microfinanceiros por si só, não garante o

desenvolvimento e expansão dos micro empreendimentos, pois permitem apenas a

sobrevivência dos mesmos em períodos de crise e a melhoria do nível de rendimento dos

seus clientes, visto que existem outros recursos essenciais como as infra-estruturas físicas

e institucionais de base que quando ignorados, podem contribuir para o insucesso de

qualquer programa, projecto ou política.

1.4. Metodologia

Para a elaboração deste trabalho foi feito um levantamento e revisão da bibliografia

básica, seguido de um trabalho de campo que teve lugar no distrito de Gondola, província

de Manica, onde forma entrevistados 100 clientes, 5 trabalhadores da Administração

distrital, três agentes de crédito, dois responsáveis dos grupos ASCAs da ADEM e quatro

trabalhadores dos bancos de microfinanças.

Para responder ao problema levantado durante o trabalho foi seleccionada uma amostra

considerada superior a 10% da população alvo (100 clientes) que obedecera a três

estágios. Num primeiro estágio foi seleccionada uma IMF que esteja a trabalhar com os

Page 16: Zita joaquim trabalho de licenciatura

clientes do distrito de Gondola que beneficiem dos serviços microfinanceiros a mais de 10

anos de modo a permitir a obtenção de resultados mais precisos – o BOM19. No segundo

estágio foram escolhidos os principais mercados, ao longo da EN6, dos postos

administrativos onde as IMFs têm mais clientes, tais como Amatongas, Inchope e Vila de

Gondola, o que facilitou a localização dos clientes. Nestes mercados fora retirada

aleatoriamente uma amostra de 100 clientes do banco BOM, independentemente de que

tenha sido ou não cliente do programa CRESCE, que foram submetidos a um inquérito

que procurou analisar o nível de bem-estar dos mesmos.

Nos inquéritos foram usadas perguntas fechadas para informações referentes ao tamanho

dos empréstimos e agregado familiar, nível de rendimento, consumo e escolaridade, tipo

de empréstimo, estado civil, e mais; e perguntas abertas para a análise da prestação de

serviços por parte da instituição e obtenção de informações adicionais 20.

Os resultados do inquérito permitiram analisar o impacto do micro-crédito, o produto

microfinanceiro oferecido há mais tempo no distrito de Gondola, ao nível do bem-estar do

cliente.

Neste âmbito foram escolhidas quatro variáveis: o rendimento mensal21, o consumo diário,

o índice de bens e o índice de fontes de rendimento (IFR). O IFR ou índice de diversidade

de rendimento do agregado familiar é obtido a partir da soma do número de fontes de

rendimento vezes o ponderador, e varia de 1 a 3 consoante o tipo de actividade: (i) instável

=1, (para actividades informais como trabalhos casuais, venda de produtos agrícolas entre

outras); (ii) moderada = 2 (para actividades menos instáveis como negócios, transportes,

entre outras); e (iii) estável = 3 (para actividades estáveis, como empregos formais)22.

O índice de bens por sua vez é igual ao número de bens vezes o ponderador, e varia de 0 a

1 consoante o tipo de cabaz de bens do agregado familiar: (i) 0,05 – para agregados

familiares sem bens de valor (casa de caniço com cobertura de plástico e palha e pequenos

utensílios domésticos), (ii) 0,15 – agregados familiares com bens de pequeno valor (casa

de caniço com cobertura de chapa ou casa de bambu e argila com cobertura de plástico e

19 Mais de 50% dos clientes do banco BOM no distrito forma clientes do programa CRESCE. Embora a CRESCE já não esteja em actividade a 3 anos, constatou-se no terreno que o BOM ainda é identificado como CRESCE ou banco da CARE.20 Ver anexos 1 e 4.21 Em alguns casos não nos foi possível obter um rendimento líquido preciso dos clientes.22 Matteis et al, 2006: 68.

Page 17: Zita joaquim trabalho de licenciatura

palha, bicicleta, rádio, telemóvel, e pequenos utensílios domésticos), (iii) 0,3 – agregados

familiares com poucos bens duradouros (casa de bambu e argila ou tijolo bruto com

cobertura de chapa, bicicleta, rádio, aparelhagem, telemóvel, cadeiras de madeira ou

plásticas, mesa, televisor, DVD e mais), e (v) 0,5 – agregados familiares com bens de

valor duradouros (casas de alvenaria ou dependências, motorizada ou automóvel, bicicleta,

sofás, uma mesa de 4 ou 8 cadeiras plástica ou de madeira, telemóvel, televisor, DVD,

aparelhagem e mais ).

Em seguida foi feito o teste estatístico de comparação das médias, “Teste – T”, com

recurso ao pacote informático Stata, que pode ser visto com mais detalhes no anexo 3.

Este teste procurou analisar o impacto do crédito em cada variável olhando para

metodologias adoptadas, isto é, o volume do primeiro empréstimo e o tempo que o cliente

beneficia do crédito tendo em conta os níveis de significância convencionais (1%, 5% e

10%).

Para complementar a informação colhida dos clientes foram feitas 9 entrevistas

exploratórias, no terreno, a entidades e individualidades públicas e privadas, sobre a

procura e oferta por serviços financeiros, actividade económica, infra-estruturas, e mais.

Em suma, durante a elaboração deste trabalho enfrentou-se algumas dificuldades tanto na

revisão bibliográfica como recolha de dados no local de pesquisa. Os estudos23 sobre o

sector microfinanceiro em Moçambique apresentam algumas controvérsias no que se

refere ao volume de clientes e carteira de empréstimos. Por exemplos em 1997 para alguns

autores existiam menos de 16.000 clientes, enquanto para outros cerca de 20.000 clientes,

e em 2000 cerca de 16.000 clientes para uns e 23.000 clientes para outros.

Durante o trabalho de campo houve uma relutância por parte de alguns clientes no que se

refere a fornecimento de informações relacionadas com as suas contas de poupança e

depósitos, e alguns clientes individuais recusaram-se a responder o inquérito e a

descriminar os bens adquiridos após o empréstimo. A instituição alvo mostrou-se um

pouco relutante no fornecimento de informações relativas ao distrito de Gondola o que

influenciou na duração do trabalho de campo. A duração do trabalho de campo estava

prevista para um mês mas acabou por durar cinco meses.

23 ICC, 2001; Vletter, 2006; & Governo de Moçambique, 2007b.

Page 18: Zita joaquim trabalho de licenciatura

2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL

A compreensão da indústria microfinanceira neste trabalho passou pela definição de

alguns conceitos fundamentais, bem como a apresentação das teorias sobre

desenvolvimento rural e microfinanças, que permitira a formulação do problema de

pesquisa.

2.1 Conceitos Fundamentais

Neste trabalho consideramos importante a definição dos seguintes conceitos:

microfinanças, desenvolvimento rural e pobreza.

2.1.1. Microfinanças

Em Moçambique podemos encontrar vários conceitos de microfinanças, onde o maior

objectivo é encontrar formas eficientes e lucrativas para fornecer uma diversidade de

produtos microfinanceiros. Se por um lado pode ser vista como “actividade que consiste

na prestação de serviços financeiros essencialmente em operações de reduzida e média

dimensão”24, por outro lado a actividade financeira que “procura oferecer acesso aos

serviços financeiros e não financeiros a pessoas com baixo rendimento, que desejem obter

dinheiro para começar ou para desenvolverem actividades geradoras de rendimento.”25

Não obstante as definições acima referidas estarem em curso em Moçambique, alguns

autores demonstram que as microfinanças vão muito mais além da oferta de serviços

financeiros de pequena e média dimensão, porque estas envolvem o apoio social, a

formação, a criação de associações e mais, facto este que as torna uma ferramenta

poderosa de combate a pobreza26. Nesta óptica, microfinanças refere-se a provisão de

serviços financeiros de pequena escala27 (numa primeira fase crédito e poupança) a

camponeses, pescadores ou pastores de gado e pequenos empresários ou a micro

empresários que produzem, reciclam, reparam ou vendem bens, a pessoas que oferecem

24 Banco de Moçambique: 2006, 4.25 FAO, 2002: 11.26 Ledgerwood, 1998; Robinson, 2001; Otero, 2001.27 Os serviços microfinanceiros, embora sejam pouco acessíveis através do sector formal, ajudam as pessoas de baixo rendimento a reduzir o risco, a melhorar a gestão, aumentar a produtividade, a obter elevados retornos no investimento, a aumentar o seu rendimento, a melhorar a qualidade de vida dos seus clientes e agregados familiares

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serviços em troca de salário ou comissões, ou ainda a pessoas que arrendam terras,

tractores, animais, máquinas, ou ferramentas a indivíduos ou grupos a nível local, sejam

rurais ou urbanos, nos países em vias de desenvolvimento28.

Para efeitos de análise neste trabalho considera-se as microfinanças como uma actividade

financeira que procura fornecer serviços e produtos (financeiros e não financeiros) de

pequena e média dimensão as camadas mais desfavorecidas da população, de modo a

impulsionar as actividades economicamente pobres e melhorar o nível de bem-estar dos

seus clientes.

2.1.2. Desenvolvimento Rural

A primeira dificuldade que aparece quando se fala em Desenvolvimento é a de conceber

um conceito de desenvolvimento rural que permita um certo consenso na orientação de

políticas que realmente promovam a melhoria do bem-estar das populações que vivem no

meio rural29.

O desenvolvimento rural, do ponto de vista histórico, é restringido a provisão de melhores

condições aos camponeses e às áreas economicamente desniveladas30. Mas este conceito,

embora dependa principalmente do progresso agrícola, implica muito mais na medida em

que incorpora esforços para aumentar o rendimento real dos camponeses e não

camponeses rurais (pastores de gado, pescadores, artesões, comerciantes, e mais) a partir

da criação de emprego, industrialização, provisão da educação, saúde e nutrição, habitação

e variedade de serviços sociais que promovam o bem-estar31.

Em Moçambique, o “desenvolvimento rural significa transformação da composição e da

estrutura social, económica, política, cultural, e ambiental das áreas rurais”; o que significa

actuar sobre os estrangulamentos da economia e das instituições da sociedade rural32.

Não obstante, a existência de diferentes significados há que ressaltar à ênfase que é dada a

equidade na redistribuição do rendimento, provisão de educação, habitação, cuidados de

28 Robinson, 2001: 929 Siman: 2006; 4630 Cramer et al: 2001; 37031 Todaro: 2003, 45432 Ministério da Planificação e Desenvolvimento: 2007, 3.

Page 20: Zita joaquim trabalho de licenciatura

saúde, e outros bens e serviços, e ao desenvolvimento da agricultura, considerada o motor

da economia rural pelos desenhadores de políticas.

2.1.3. Pobreza

A definição do conceito de pobreza no presente trabalho prende-se com o facto de ser um

elo de ligação entre as microfinanças e desenvolvimento rural. Portanto, ambas as

ferramentas têm como objectivo combater a pobreza, daí a necessidade de contextualizar o

que é pobreza, especificamente nas zonas rurais onde se faz sentir.

Nos finais do século XIX e início do século XX, alguns autores definiram a pobreza como

insuficiência de rendimento, com recurso a perspectiva absoluta que apontava para a

simples subsistência do indivíduo.33 Mas, com o tempo o conceito foi evoluindo a volta de

três grandes abordagens: (i) o enfoque na sobrevivência, uma abordagem mais restritiva,

que predominou até a década de 1950 e originou do trabalho de nutricionistas inglesas que

concluíram que o rendimento dos mais pobres não era suficiente para a manutenção do

rendimento físico individual34; (ii) o enfoque nas necessidades básicas, da década de 1970,

que colocou novas exigências como o acesso a serviços básicos (água, saúde, educação e

cultura)35; (iii) e o enfoque na privação relativa que dá ênfase ao aspecto social, que

pressupõe que para sair da linha da pobreza é preciso obter uma alimentação adequada,

conforto, e desenvolver papéis e comportamentos socialmente adequados.36

Contudo, neste contexto, em Moçambique a pobreza é concebida como a “impossibilidade

por incapacidade, ou por falta de oportunidades de indivíduos, famílias e comunidades de

terem acesso a condições mínimas, segundo as normas da sociedade.”37 E para efeitos

desta pesquisa, pelo facto de durante o trabalho a questão do rendimento estar patente,

trabalhou-se com o conceito de pobreza relativa que se resume na “falta de rendimentos

suficientes para satisfação das necessidades alimentares e não alimentares essenciais, de

acordo com as normas da sociedade”38.

33 Rocha, 2000; Laderchi, Saith & Stewart, 2003: Citado por Machado, 2007: 685.34 Esta concepção foi adoptada na Inglaterra e exerceu grande influência em toda a Europa, tendo sido mais usada pelo BIRD.35 Esta concepção foi adoptada por vários órgãos internacionais, sobretudo os que integram a ONU, representando uma ampliação da concepção de sobrevivência física pura e simples36 Crespo & Gurovitz, 2002: 4.37 Governo de Moçambique, 2006: 8.38 Ibidem.

Page 21: Zita joaquim trabalho de licenciatura

2.2. Teoria Económica

Para melhor compreender o problema de pesquisa considerou-se importante trazer a luz as

diferentes abordagens que permitem fazer uma ligação entre as microfinanças e o

desenvolvimento rural. Para tal apresenta-se as diferentes abordagens a volta da teoria

microfinanceira e do desenvolvimento rural para em seguida analisar-se o papel das

microfinanças como uma ferramenta de combate a pobreza nas zonas rurais.

2.2.1. A Abordagem Microfinanceira

A teoria microfinanceira circula à volta de duas grandes abordagens, nomeadamente o

Velho e o Novo Paradigma.

2.2.1.1. A Abordagem do Velho Paradigma

O velho Paradigma conduzido pelas teorias financeiras orientadas para oferta39, dos anos

1960 à 1970, surgiu em resposta as condições prevalecentes apôs a Segunda Guerra

Mundial40. Este paradigma parte do princípio que os pobres não podem e não tem

capacidades para reembolsar um empréstimo a taxa de juro do mercado, que o crédito

deve ser direccionado a determinados tipos de clientes, e que os pobres não têm recursos

para poupar (caso poupem, usam formas não financeiras)41.

Esta abordagem tem como base a metodologia do crédito dirigido, que procura ultrapassar

as imperfeições do mercado a partir do fornecimento de novas tecnologias, estimulação da

produção e implementação dos planos do Estado, tudo isto com o objectivo de ajudar os

pobres42. Grande parte dos fundos das IMFs que usam esta metodologia, provêm do

Governo e dos doadores. Estas não têm em conta a sustentabilidade financeira e são na

maioria dos casos instituições altamente subsidiadas, aumentando assim a dependência

financeira.

39 Partem do princípio que não há necessidade das instituições financeiras formais expandirem os seus serviços para as zonas rurais, devido aos elevados custos e riscos que estas oferecem e a actuação e intervenção directa por parte do governo e ONGs na provisão de serviços financeiros.40 Robinson, 2001: 71.41 Ibidem.op.cit; 86.42 Ibidem.op.cit; 47.

Page 22: Zita joaquim trabalho de licenciatura

A metodologia do crédito dirigido enquadra-se em quatro modelos de crédito subsidiado, a

saber43: (i) instituições que fornecem micro-crédito mas não lhes é permitido mobilizar

poupanças do público por não serem reguladas ou estarem sujeitas a supervisão do Estado;

(ii) instituições que se comportam bem na concessão de empréstimos, mas deficientes na

mobilização de poupanças (o caso do Grameen Bank); (iii) instituições com êxito no

campo das poupanças mas não dos empréstimos, características da etapa de transição do

velho paradigma para o novo (São exemplo os bancos rurais da Índia e as cooperativas de

crédito rural da China); (iv) e o quarto modelo é formado por instituições que fracassaram

tanto quanto a poupança como empréstimos. Uma outra característica deste paradigma que

se encontra associada aos modelos é a vinculação directa entre o crédito e os programas de

capacitação dos tomadores de empréstimos44.

Contudo, as finanças orientadas para oferta não tiveram em conta a realidade política e

social das zonas rurais dos países em vias de desenvolvimento ou a dinâmica financeira

dos seus mercados, o que levou grande parte dos programas de crédito subsidiado a

falência, uma vez que estas, na maioria dos casos, não alcançaram os pequenos

agricultores e apresentaram taxas baixas de reembolsos e perdas constantes45.

2.2.1.2. A Abordagem do Novo Paradigma: Microfinanças Sustentáveis

O Novo Paradigma surge em resposta ao insucesso das metodologias adoptadas pelo

modelo do crédito subsidiado. Esta abordagem centra-se nos conceitos e metodologias

desenvolvidos pelas IMFs na década de 1980 com o fim de garantir um fornecimento

contínuo de serviços microfinanceiros sem recorrer ao subsídio46; e parte do princípio que

dada a estabilidade macroeconómica, as condições políticas, legais, regulamentares e

demográficas, uma IMF pode ser desenvolvidas com vista a fornecer serviços financeiros

às actividades económicas débeis em larga escala de forma sustentável e lucrativa sem

recorrer ao subsídio47.

43 Ibidem.44 Existe uma crença que diz que para que os clientes pobres façam uma boa aplicação do crédito, devem ser capacitados com ferramentas de como fazer um negócio, desenvolve-lo, no que se refere a finanças, alfabetização, agricultura e mais.45 Ibidem.op.cit; 71.46 O que engloba as metodologias para empréstimos individuais e colectivos; a criação de novos produtos financeiros adequados aos clientes pobres (tanto os poupadores como os tomadores de empréstimo); o spreed entre as taxas de juro que proporcionam o lucro institucional; a inovação dos métodos operacionais e do sistema de informação; a expansão das agências; especialização do staff e concessão de pequenos incentivos; e o financiamento da carteira de empréstimos a partir da mobilização de poupança a nível local, bem como de débitos comerciais e investimentos.47 Ibidem.op.cit; 47, 53,73.

Page 23: Zita joaquim trabalho de licenciatura

Não obstante, diferentemente da velha abordagem, o Novo Paradigma tem como base o

modelo das instituições financeiras comerciais que podem alcançar maior cobertura de

forma sustentável, onde o crédito é financiado pela poupança e através do acesso ao

mercado financeiro comercial, que pressupõe que uma instituição financeira que opera

com a carteira de empréstimos subsidiados não pode alcançar maior cobertura tanto em

operações de poupança como empréstimos, porque as taxas de juro sobre os empréstimos

cobradas, são muito baixas para cobrir os custos e os riscos da intermediação financeira

em larga escala.

2.2.2 As Novas Abordagens: Poverty Landing verus Abordagem do Sistema Financeiro

Com a revolução microfinanceira outras abordagens foram surgindo, mas sempre a volta

do velho e novo paradigmas. Duas visões sobressaíram na década de 1990, a abordagem

do Sistema Financeiro e a abordagem Poverty Landing48. A abordagem Poverty Lending,

mais usada por ONGs centrou-se na redução da pobreza a partir do crédito, muitas vezes

fornecido juntamente com serviços complementares como educação, saúde, instrução,

planeamento familiar, entre outros. Estes serviços são providenciados por IMFs criadas

por doadores ou subsidiadas pelo Governo ou ainda fundadas por outros fundos

concessionários; sendo o objectivo primordial das microfinanças o de atingir os pobres,

especialmente os mais pobres, com o crédito para ajuda-los a ganhar habilidades e vencer

a pobreza49.

A abordagem do Sistema Financeiro por sua vez da ênfase a cobertura em grande escala

dos pobres economicamente activos (tanto tomadores como poupadores) tendo em conta a

auto-suficiência institucional, considerada como único meio possível para satisfazer a

procura generalizada por serviços microfinanceiros. Esta visão considera que o governo e

os doadores não podem financiar o micro-crédito em grande escala e que as microfinanças

não são apropriadas aos pobres, em particular aos sem oportunidades de emprego50.

Embora a Poverty Landing tenha dado uma grande contribuição no desenvolvimento de

metodologias de micro-crédito, acredita-se que as ferramentas da abordagem não foram

48 Rhyne (1998) & Gulli (1998); citado por Robinson, 2001: 22.49 Para a Poverty Landing a captação de poupança não é considerada importante pelo facto dos pobres não poderem guardar em instituições semelhantes ao menos que também emprestem lá. A maioria das instituições que usam esta abordagem providencia micro-crédito aos clientes pobres a baixo custo, e não conhecem a procura por poupança voluntária nos pobres. É uma abordagem que dá mais ênfase ao micro-crédito e não as microfinanças.50 Robinson, 2001: 22.

Page 24: Zita joaquim trabalho de licenciatura

concebidas para permitir um micro financiamento mais extenso e profundo, pois os

recursos disponíveis para desenvolver a indústria são limitados e os governos e doadores

devem escolher de entre várias opções se os serviços microfinanceiros serão colocados a

disposição de quem pode fazer uso deles. Nesta base, conclui-se que a abordagem Poverty

Lending não tenta atingir a vasta demanda entre os pobres por serviços de poupanças

voluntárias, e que a abordagem do Sistema Financeiro é a mais adequada para expandir a

indústria microfinanceira51.

Em suma, constatou-se que a maturidade do sector microfinanceiro moçambicano não

permite encontrar dentre as abordagens acima referida, uma única abordagem que

caracterize a indústria microfinanceira no país. Isto é, a dependência de subsídios é

notória, tanto por parte das instituições a operar nas zonas rurais como urbanas; há uma

preocupação tanto por parte dos pequenos como grandes operadores em seguir as boas

práticas, e a sustentabilidade institucional é parte dos objectivos da maioria das

instituições.

2.2.2. Abordagem do Desenvolvimento Rural

A abordagem do desenvolvimento vem mudando nas últimas décadas, do ênfase no

desenvolvimento de infra-estruturas e largo financiamento em projectos de capital

intensivo dos anos 1960 para as necessidades básicas das comunidades pobres (anos1970),

para a prioridade no ajustamento estrutural e estabilização económica (anos 1980), e para

a construção de ferramentas de desenvolvimento sustentável no contexto da

globalização52.

“A década de 1990 presenciou grandes mudanças no mercado de ideias de

desenvolvimento. As lições dos programas de ajuste da década de 1980, juntamente com

as inovações da teoria económica, política e social, impulsionaram o pensamento do

desenvolvimento no sentido de um programa caracterizado por uma compreensão mais

ampla e mais bem integrada do desenvolvimento e de um maior pragmatismo com relação

aos instrumentos.”53 A economia do desenvolvimento apartou-se das explicações

macroeconómicas de Keynes e Harrod & Domar para ressaltar os fundamentos micros da

51 Ibidem.52 Otero, 2001: 8.53 Wolfensohn & Bourguignon, 2004: 3.

Page 25: Zita joaquim trabalho de licenciatura

questão do desenvolvimento; surgindo assim uma maior preocupação com as decisões a

nível micro54 e com o papel crucial dessas decisões no crescimento económico55.

Duas questões vêm sendo levantadas nos últimos tempos: (i) a primeira refere-se aos

esforços das estratégias e políticas de desenvolvimento no combate a pobreza – em que

medida estes afectam os níveis de pobreza; e segunda referente ao papel da assistência

externa no processo de desenvolvimento – se esta é essencial no princípio ou no fim do

projecto ou empreendimento56. O desenvolvimento focalizado no desenvolvimento rural é

considerado uma componente muito importante no combate a pobreza pelo facto de

aproximadamente ¾ da população mundial pobre viver nas zonas rurais57 e de parte dos

pobres nas zonas urbanas terem emigrado do campo para cidade a procura de melhores

condições de vida.

Em Moçambique cerca de 54,1% da população (2002/03), maioritariamente rural, vive na

pobreza, facto este que leva o desenvolvimento rural a ocupar um lugar de destaque nas

agendas sobre o desenvolvimento económico e social do país. Nas zonas rurais a pobreza

encontra-se associada ao fraco desenvolvimento da agricultura, infra-estruturas e

mercados, e a fraca disponibilidade de instituições financeiras58.

Contudo, o governo considera que o desenvolvimento económico e social das áreas rurais não é sinónimo de

desenvolvimento agrícola; que o padrão de vida das famílias rurais depende da complexa relação entre a

produção familiar e trabalho assalariado, agrícola e não-agrícola; e que o ritmo do desenvolvimento rural

depende directamente do nível do investimento concentrado no fomento do capital humano, financeiro,

comercial, intelectual e social59.

2.2.3. Microfinanças Versus Desenvolvimento Rural

Os objectivos das microfinanças e do desenvolvimento interceptam-se em três níveis: (i)

Ambas têm como objectivo aliviar a pobreza. As microfinanças60 criam acesso ao capital

produtivo, o qual juntamente com outras formas de capital (humano e social) permite as

pessoas saírem da pobreza. (ii) O segundo ponto de intercepção entre as microfinanças e o

desenvolvimento ocorre ao nível institucional, isto é, elas procuram criar instituições

54 Decisões no que se refere ao papel da mulher, a mão-de-obra, mercados de crédito precários, bem como no que se refere ao papel das redes e instituições informais no tratamento do fracassos dos mercados.55Ibidem.56 Otero, 2001: 9.57 Banco Mundial, 200158 Governo de Moçambique: 2006, 69-70.59 Ibidem.60 Conceptualmente as microfinanças abordam uma restrição encarada pelos pobres, a escassez do capital.

Page 26: Zita joaquim trabalho de licenciatura

privadas que fornecem serviços financeiros aos pobres e façam parte das infra-estruturas

do país, isto é, elas são um canal de distribuição61; (iii) o terceiro e último ponto, verifica-

se ao nível da intercepção entre as microfinanças e o sistema financeiro62 que ocorre a

partir do reconhecimento da saúde do sistema financeiro como peça importante do enigma

do desenvolvimento, pressupondo que a melhoria e reforma do sector financeiro devem

ser uma prioridade para os países em vias de desenvolvimento.63

As microfinanças ao interceptarem o desenvolvimento a estes níveis passam a ter a

capacidade de criar mudanças estruturais na maneira como o capital é acessível a

população64. Nestes termos, é de reconhecer que as regras de funcionamento do sistema

financeiro são cruciais para o processo de desenvolvimento económico;65 e que as

políticas governamentais e sociais, bem como o nível de desenvolvimento do sector

financeiro, influenciam as organizações microfinanceiras na oferta de serviços financeiros

aos pobres66.

Alguns analistas67 mostram que não há evidências sólidas do crescimento e transformação

dos negócios como resultado do fornecimento de crédito, mas sim de que o crédito

permite os pequenos empreendimentos sobreviverem as crises. Enquanto os doadores e

profissionais têm interesse na análise do impacto como forma de investigação do mercado

através do qual aprenderão mais acerca das necessidades do cliente e de como melhorar os

seus serviços. Estes pressupõem ainda que, em geral o impacto das actividades

microfinanceiras ocorre a três níveis: impacto a nível económico a partir do crescimento

registado a nível regional, a nível sociopolítico ou cultural; e a nível pessoal ou

fisiológico.

61 A criação de um canal de distribuição que forneça acesso a serviços aos sectores pobres é um dos grandes desafios com quem os Governos se deparam. Neste ponto, o propósito das microfinanças é de criar instituições privadas sustentáveis especializadas em fornecer serviços financeiros aos pobres62 Quando as IMFs fazem parte do sistema financeiro, podem aceder ao mercado de capitais para financiar a carteira de empréstimos a qual permitirá o aumento do número de pessoas pobres a serem alcançados; e podem capturar poupanças e fornecer outros serviços financeiros importantes para os pobres63 Otero, 2001:10-12.64 Ibidem.65 Todaro, 2003: 732.66 Ledgerwood, 1998: 11.67 Ledgerwood, 1998; Otero, 2001; Robinson, 2001 e outros.

Page 27: Zita joaquim trabalho de licenciatura

3. A EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA MICROFINANCEIRA

A actividade microfinanceira é muito antiga e universal na sua forma endógena ou

informal; as primeiras cooperativas de crédito, as SACCOS-Credit Union, datam do século

XIX68.

Numa primeira fase, a comercialização microfinanceira não era limitada a pequenos

grupos de instituições espalhadas mas sim uma indústria nova e em crescimento69. Os

primeiros bancos de desenvolvimento e programas de micro-crédito rurais70 datam dos

anos 1950 e encontravam-se todos virados para o sector agrícola71.

De 1960 a 1970 o sistema financeiro foi caracterizado pela repressão financeira, onde o

Estado tinha poder sobre os bancos obrigando-os a praticarem taxas de juro muito baixas.

Nessa altura, as taxas de juro não cobriam os custos de transacção, uma parte do

empréstimo não era coberta e devido a indicação, por parte do Estado, sobre quem devia

receber o crédito, uma boa parte dos empréstimos não era recuperado, o que levou mais

tarde a maioria dos bancos de desenvolvimento a falência72. As taxas de reembolso que

eram baixas, a corrupção e o subsídio intenso contribuíram também para o

desaparecimento dos programas de micro-crédito criados na década de 50.

Os primeiros projectos de desenvolvimento agrícola ou de apoio às Pequenas e Médias

Empresas (PME) e os fundos rotativos, surgiram no período de 1970 a 1990. Período este

caracterizado pela liberalização financeira, que não foi suficientemente forte para alterar

de forma substancial a descriminação das PME no sistema financeiro73. A tentativa de

mudar esta situação levou mais tarde a revolução microfinanceira74

Contudo, a liberalização microfinanceira teve um grande impacto sobre a actuação das

instituições financeiras internacionais. Esta, a partir dos argumentos de Mckinnon & Shaw

(1973) e do modelo de Stiglitz & Weiss (1981), impulsionou os pioneiros em

68 Teyssier, 2007: 4.69 Robinson, 2001: 54.70 Estes programas eram geralmente acompanhados por elevadas perdas, falta de crédito e dificuldades de alcançar os clientes rurais mais pobres.71 Ibidem.op.cit; 53.72 Nitsch & Santos, 2001: 173.73 Ibidem.op.cit; 172.74 O termo revolução microfinanceira refere-se a oferta de serviços microfinanceiros rentáveis – pequenos empréstimos e poupanças – para os pobres economicamente activos a partir de instituições financeiras sustentáveis. Estes serviços são proporcionados por instituições que competem entre si a nível local – em termos de habitação e de lugares de trabalho dos clientes – tanto em áreas urbanas como rurais.

Page 28: Zita joaquim trabalho de licenciatura

microfinanças75 a adequar a abordagem do sistema financeiro para microfinanças, isto é, a

partir do desenvolvimento de novas metodologias de empréstimos adequadas aos clientes

mais pobres, demonstrando assim que a provisão de micro-crédito a taxas de juro que

cubram os custos operacionais na sua totalidade podem trazer bons retornos76.

A década de 80, representa o ponto de viragem na história das microfinanças, pois foi

neste período que se verificou um aumento significativo de instituições a operarem no

mercado microfinanceiro, mas no fim desta década o paradigma das microfinanças passou

a tomar um novo rumo. O Grammen Bank e o BRI (dois bancos de microfinanças)

mostraram que as IMFs podem alcançar mais de um milhão de tomadores de empréstimo

com elevadas taxas de retorno; e que o sistema micro bancário pode servir a mais de 6

milhões de contas poupanças e operar sem subsídio (o caso do BRI)77.

O BRI e o BancoSol foram as primeiras IMFs auto-suficientes a desenvolver a gestão, a

estrutura organizacional, o sistema de informação, o sistema de formação do pessoal, e o

controle da supervisão interna que visavam cobrir os custos operacionais e de reembolso

bem como prover microfinanças lucrativas. O sucesso destes bancos gerou uma

competição a nível dos próprios países, impulsionando assim o surgimento de outras

instituições a nível internacional78.

O surgimento do crédito solidário em 1990, uma abordagem do Grammen Bank, trouxe

uma nova dinâmica nas microfinanças; a maioria dos bancos de desenvolvimento entra em

falência, trazendo a luz o conceito de sustentabilidade. Foi precisamente na década de 90

que as microfinanças desenvolveram a sua indústria79

Nos últimos anos, em vários países em vias de desenvolvimento, têm se verificado uma

crescente preocupação por parte das instituições formais em unir a distância entre os

pequenos tomadores no sistema financeiro formal e informal80. Alguns autores salientam

que a ideia de que a as microfinanças são actividades conduzidas por ONGs com fins não

lucrativos e fora do sistema formal está a mudar. Por exemplo em 2002 o ICICI Bank, um

dos maiores bancos privados na Índia, que viu uma oportunidade para fazer lucro nos

mercados intocáveis enquanto melhora o nível de vida dos pobres, iniciou um modelo de

75 O Badan Kredit Desa, os Villages Banks, o Banco Dagang Bali na indonésia; a SEWA na Índia; entre outros.76 Ibidem.77 Robinson, 2001: 5478 Ibidem.op.cit; 2379 Ibidem.80 Perkins, Radelet & Snodgrass, 2001: 551

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parceria, no qual a IMF actua como agente e não intermediário financeiro, reduzindo

assim o risco da carteira de empréstimos81.

Contudo, com o desenvolvimento da Indústria microfinanceira surge a necessidade de se

desenvolver uma regulação e supervisão apropriada para as IMFs. Em alguns países

verifica-se a regulamentação dos intermediários financeiros não bancários e a proliferação

de canais de disseminação de informação a nível internacional a cerca das melhores

práticas microfinanceiras82.

3.1. As Microfinanças em MoçambiqueEm Moçambique as microfinanças apesar de predominarem no mercado informal sob a

forma de Xitique83, que existe há muitos anos, é um tema muito recente.

Nos primeiros anos após a independência o Governo da FRELIMO reconheceu a

importância da agricultura para a economia, o que fez com que se canalizasse a maioria do

capital de empréstimos disponibilizados pelo Estado à agricultura através do Banco

Popular de Desenvolvimento (BPD), mas as péssimas taxas de retorno levaram a um recuo

por parte do Estado, o que fez com que o crédito dos bancos comerciais não alcançasse às

zonas rurais, com a excepção dos empréstimos aos grandes comerciantes e a empresas de

fomento84.

As reformas introduzidas a partir de 198785 e a aprovação em 1990 do programa Linhas

Gerais para a Reforma do Sistema Financeiro86, levaram ao surgimento das primeiras

tentativas de estabelecer um fundo não bancário: a criação do Fundo de Crédito para

Empresas Urbanas em 1989, enquanto uma componente do PRU e do Banco Mundial

executada pelo Gabinete de Promoção do Emprego (GPE) que procurava financiar

81Duflo: 2005.82São exemplo as bases de dados Mixmareting (www.mixmarketing.org), e a Microfinance Information Exchange, Inc.(www.microfinancegateway.org), uma organização sem fins lucrativos que fornece informações da estrutura da indústria microfinanceira nos países em vias de Desenvolvimento, entre outras.83 O Xitique refer-se a pequenos grupos informais de poupança e crédito rotativo compostos por 4 a 10 pessoas, onde as contribuições são feitas regularmente (diariamente, semanalmente, quinzenalmente ou mensalmente), consoante o fluxo de renda dos seus membros. No fim de cada contribuição o valor é passado para um dos membros de forma rotativa. A frequência dos reembolsos e o valor da contribuição depende dos recursos e necessidades dos participantes (Chidzero, 1998: 27).84Vletter, 2006: 55.85É introduzido o Programa de Reabilitação Económica (PRE), mais tarde designado PRES (1989), uma política de ajustamento estrutural com o objectivo de restabelecer os equilíbrios macroeconómicos e restaurar um ambiente conducente ao desenvolvimento económico (Gobe, 1994: 4).86Este programa assentava em três pilares principais: transformar e fortalecer o Banco de Moçambique; reforçar a transparência em todas as actividades do Banco Central; e criar uma supervisão bancária a altura do desenvolvimento do mercado financeiro. Isto tudo com o objectivo de promover a poupanças, o investimento e o crescimento do sistema financeiro.

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actividades urbanas; e o estabelecimento do Fundo de Comercialização para a concessão

de créditos aos comerciantes agrícolas87. Em 199088 é implementado o primeiro programa

de crédito pelo PNUD/UNEFEM em Gaza (Matuba), envolvendo o BPD. A partir de 1991

várias instituições estavam a conceder crédito, sendo a maioria as ONGs, destacando-se o

Projecto de Desenvolvimento de Pequenas e Médias Empresas (PDPME), com uma linha

de crédito financiado pelo Banco Mundial.

A assinatura do Acordo Geral de Pás, em 199289 permitiu que a indústria microfinanceira

começasse a ganhar o seu espaço no país90. Em 1993, aparece a primeira iniciativa

microfinanceira, World Relief (que apresentou bons resultados), com o objectivo de

estabelecer bancos comunitários para as mulheres pobres dos mercados de Chókwè (Gaza)

que abriu cerca de 16 bancos comunitários em menos de 6 meses e atingiu uma taxa de

reembolso de quase 100%, na concessão de créditos no valor de 50 a 100 USD. Em 1994 é

criada a Caixa das Mulheres de Nampula (CNM)91, uma união de crédito fundada pela

associação das mulheres rurais com o apoio da Cooperação Canadá-Moçambique

(COCAMO)92.

Em 199893 é lançado o primeiro workshop nacional sobre o sector microfinanceiro em

Moçambique e publicado o primeiro estudo94 sobre o sector. Desta conferência resultou a

criação de 3 projectos: o Microstart com o objectivo de capacitar as instituições a nível de

operadores através da formação de especialistas locais; o Mozambique Microfinance

Facility (MMF) com o objectivo de apoiar as IMFs na fase da institucionalização e

fornecimento de serviços; e do Upstream com o objectivo de capacitar as instituições do

governo na definição e implementação de políticas adequadas. Estes projectos permitiram

a criação de uma base de dados e um Web-site das IMFs no país, do Draft de Política e

Estratégia Nacional de Microfinanças e do regulamento das microfinanças pelo Banco de

Moçambique a partir do Decreto nº57/ 2004. Estes também contribuíram para a expansão

87Vletter, 2006: 3.88 É criado o Instituto Nacional para o Desenvolvimento Rural (INDER), mais tarde designado DNPDR, e decretado o Fundo de Fomento da Pequena Indústria (FFPI).89O Banco de Moçambique é reestruturado e criado o Banco Comercial de Moçambique (BCM); vários seminários são realizados, destacando-se o seminário sobre o financiamento rural, financiado pelo Fundo de Fomento Agrário e de Desenvolvimento (FFADR) que visava a implementação dum sistema de serviços financeiros rurais.90 Ibidem. 91 Esta apesar de não ser uma cooperativa em termos legais permite aos seus membros abrir contas correntes, e faz parte do grupo dos poucos operadores microfinanceiros auto-suficientes.92 Ibidem.op.cit; 4.93A SOCREMO, a primeira IMF a tornar-se instituição financeira registada, inicia as suas actividades; e é aprovado o primeiro decreto que regula o funcionamento das microfinanças, o decreto 47/98, que deu o direito ao Banco de Moçambique de determinar as taxas de juro e os limites de crédito.94 Chidzero: 1998.

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do volume de clientes de 16.000 em 2000 para 52.000 em 2003, 65.000 em 2004, 100.000

em 2005 e mais de 100.000 em 200695. A IV Conferência96 foi realizada em Julho de 2007

sob o lema Microfinanças em Moçambique – abordagens adaptadas ao meio rural97.

Portanto, durante os primeiros anos, as microfinanças eram parte integrante dos programas

de desenvolvimento rural das ONG98. Hoje, os programas de desenvolvimento rural, tais

como os promovidos pelo BAD, IFAD, PNUD, Banco Mundial e por agência bilaterais

procuram identificam as necessidades em provisão financeira da comunidade para em

seguida procurarem por provedores apropriados de serviços financeiros. É exemplo o

Projecto de Pesca Artesanal de Nampula, financiado pelo IFAD que contratou os serviços

do FFPI para disponibilizar crédito individual aos pescadores, comerciantes e

processadores; e da Ophavela para a implantação de PCRs entre as comunidades costeiras

de Nampula99.

95 Governo de Moçambique, 2007b: 4.96 A II e III Conferencias tiveram lugar em 2000 e 2004 respectivamente, e culminaram com a publicação de um segundo estudo pelo ICC em Fevereiro de 2001; e a criação do task force que inclui o Governo, Banco de Moçambique, IMFs e parceiros para a elaboração do regulamento no âmbito da lei das instituições de crédito em Moçambique.97 Ibidem.op.cit; 6.98 Vletter, 2006: 58.99 Ibidem.

Page 32: Zita joaquim trabalho de licenciatura

4. ESTUDO DE CASO

O presente capítulo encontra-se dividido em três partes: a primeira que compreende a

caracterização do distrito de Gondola do ponto de vista geográfico, administrativo, e económico; a

segunda que apresenta a actividade financeira; e a terceira e última parte que procura analisar o

impacto da oferta dos serviços microfinanceiros nas zonas rurais.

4.1. O Distrito de Gondola

O distrito de Gondola localiza-se na região centro do país a Leste da província de Manica,

e tem como limites geográficos a Sul o rio Revué que o separa do distrito de Sussundenga,

a Nordeste o distrito de Gorongosa (Sofala), a Este o distrito de Nhamatanda (Sofala), a

Sudeste o distrito do Buzi (Sofala), a Norte o rio Pungué que o separa dos distritos de

Macossa e Barue, e a Oeste o distrito de Manica100.

Este distrito possui cerca de 262.412 habitantes, uma superfície de 5.739km² e uma

densidade populacional de 41,2 hab/km². Em termos administrativos, encontra-se dividido

em 7 postos administrativos101 nomeadamente Macate, Inchope, Amatongas, Matsinho,

Zembe, Cafumpe e a Vila de Gondola.102. O gráfico 2 mostra que Macate é o posto

administrativo mais populoso com cerca de 55.838 habitantes, o que corresponde a 22%

da população de Gondola, seguindo-se Amatongas com 16%, Matsinho, Cafumpe e

Inchope com 14% cada, Vila de Gondola com 13% e Zembe com apenas 7%.

Gráfico 2: Distribuição da população do Distrito de Gondola por posto administrativo

Vila de Gondola13%

Inchope14%

Amatongas16%Cafumpe

14%

Matsinho14%

Zembe7%

Macate22%

Fonte: Governo de Moçambique: 2008.

100 Governo de Moçambique, 2005a: 2.101 A cidade de Chimoio, capital provincial, embora não esteja contemplada como parte administrativa do Distrito de Gondola, localiza-se no meio do mesmo.102 Governo de Moçambique, 2005a: 2; Governo de Moçambique: 2008, 4.

Page 33: Zita joaquim trabalho de licenciatura

A mão-de-obra do distrito, que corresponde a mais de 90%, localiza-se nos campos

agrícolas e nas serrações de madeira103. Enquanto os restantes 10% encontram-se a

desenvolver pequenas actividades informais, a trabalhar na empresa Caminhos de Ferro de

Moçambique, na Administração Distrital e nos empreendimentos de grande dimensão

como a Empresa de Agua Mineral de Maforga, as pedreiras de Matsinho, o Oleoduto e a

Fábrica de Farinha Infama localizados na Vila, e o matadouro Rainham Investiment

(fabrica chouriço) em Cafumpe104.

Gondola é um distrito com um grande potencial agrícola, florestal e pecuário.

Aproximadamente 70% da produção agrícola do deste distrito provêm do sector familiar,

que se dedica mais ao cultivo do milho, mapira, amendoim, feijão, hortícola, tabaco e

frutas; sendo o resto da produção produzida pelos grandes produtores como por exemplo

Abílio Antunes e a AGRICOM, que também compram a produção dos camponeses e a

revendem105.

As redes de energia eléctrica e telecomunicações encontram-se bem expandidas, com

serviços de telefone, telefax, fax, internet e telefonia móvel, oferecidos pela TDM, MCel e

Vodacom. Existem no distrito 257 fontes de água potável operacionais (77 poços, 2

nascentes protegidas, e 178 furos mecânicos), que abastecem cerca de 49% da população

em todo o distrito, e um sistema de água canalizada106 deficiente e degradado que abastece

a 325 domicílios na vila107.

Tabela 1: Distribuição dos Alunos de acordo com o nível escolar

Fonte: Adaptado de Governo de Moçambique, 2008: 34-35.

103 No total o distrito possui 13 serrações, sendo as maiores as de Muda e as exploradas pela empresa Lorena na Vila de Gondola104 Entrevista 7, 28/04/2008; Entrevista 8, 28/04/2008105 Entrevista 7, 28/04/2008. 106 A empresa de água fornece águas impróprias para consumo (turva) a uma taxa de 70 meticais a cerca de 325 domicílios.107 Entrevista 8, 28/04/2008; Governo de Moçambique, 2005a: 4; Governo de Moçambique, 2008: 28-29.

Nível de Ensino Nº de Escolas Nº de Alunos

Alfabetização (1º-3º ano) 100 3687EP1 113 55639EP2 25 9270Básico 2 3420Médio 1 655Total 241 72671

Page 34: Zita joaquim trabalho de licenciatura

De acordo com a tabela 1 o distrito possui 241 escolas das quais 100 são centros de

alfabetização, 138 escolas primárias públicas, 1 primária privada e 2 secundárias para um

horizonte de 72.671 alunos, o que corresponde a 28% da população do distrito,

acompanhados por 1019 professores.

O serviço de saúde é composto por 10 unidades sanitárias, das quais 9 são centros de

saúde do tipo II e um hospital distrital, e por 33 postos de socorro, o que permite uma

maior cobertura sanitária. Este serviço é assegurado por 95 funcionários do Sistema

Nacional de Saúde, dos quais 61 são técnicos de saúde, 33 agentes de serviço e um

médico; para além das ONGs (Kubatsirana e Save Children) e Agências Internacionais

(HAI e OMS), que se encontram a operar no distrito108.

4.1. Serviços Financeiros

O sistema financeiro do distrito de Gondola é bastante pequeno e está virado para o micro-

crédito. De momento as instituições financeiras não têm agências bancárias instaladas no

distrito, apenas disponibilizaram alguns serviços como o ATM (Millennium BIM) e o

Banco Móvel (BOM)109. O Banco Móvel, um serviço financeiro novo no país, foi

introduzido pelo BOM em Junho de 2006 na província de Manica, com o objectivo de

satisfazer a procura por serviços financeiros nas regiões com baixa densidade populacional

sem pôr em causa a sustentabilidade financeira da instituição. Este banco funciona como

uma agência financeira, efectuando todo o tipo de transacções desde abertura de contas a

depósitos, levantamentos, pagamentos, transferências, e mais110.

A SOCREMO, o Novo Banco e o BOM encontram-se a trabalhar com os clientes do

distrito de Gondola há mais de três anos. Estes bancos de microfinanças embora tenham as

suas agências bancárias instaladas na cidade de Chimoio, enviam os seus agentes de

crédito ao distrito duas a três vezes por semana para visitarem seus clientes, fazer

cobranças, assinatura de contratos e arrecadarem novos clientes nos principais mercados

dos postos administrativos ao longo da Estrada Nacional N6 (Vila de Gondola, Amatongas

e Inchope). Com excepção do banco BOM, os clientes das IMFs dirigem-se

108 Governo de Moçambique, 2008: 7, 41.109 Operaram no distrito duas agências bancárias, o Banco Austral e o BIM, que acabaram por encerrar as suas portas entre 2003 e 2005 devido a crise de circulação de capital que se instalou no distrito após a queda da empresa CFM (mais de 50% dos trabalhadores foram despedidos e indemnizados após a privatização da linha férrea), que culminou com a redução da procura por serviços financeiros; e uma IMF, CRESCE (programa de microfinanças da CARE) que terminou em Dezembro de 2004 (Entrevista 7, 28/04/2008 & Inquérito 2, 12/09/2008).110 Entrevista 1, 21/04/2008.

Page 35: Zita joaquim trabalho de licenciatura

constantemente a cidade de Chimoio para efectuarem as suas transacções e resolverem

pequenos problemas111.

Neste distrito existem também pequenos grupos de poupança formados pela ADEM, as

ASCAs112, nos postos administrativos de Macate e Vila de Gondola; uma linha de crédito

para a agricultura do GAPI113 no posto administrativo de Macate114; e um programa de

crédito comunitário do Governo, no âmbito do projecto dos 7 milhões de meticais, em

todos os postos administrativos.

As ASCAs também conhecidas por PCRs (Poupança e Crédito Rotativo) foram

introduzidas em Gondola em Agosto de 2006 pela ADEM, a partir da formação do grupo

Kupona Ngueacha115, hoje composto por 35 mulheres116. Nos grupos identificados no

distrito, o crédito é financiado pela poupança dos seus membros e varia de 500Mts a

5.000Mts, dependendo do número de membros e de necessidades, e do valor de poupanças

disponível, bem como do volume de poupanças do indivíduo (a poupança deve ser

superior a 40% do valor do crédito requisitado). O empréstimo é pago no final do mês ou

do período de vencimento dependendo do volume ou da finalidade do crédito, mediante o

pagamento de mais 10% ou 20% do valor emprestado (as taxas de juro variam de grupo

para grupo)117.

O programa de crédito comunitário, por sua vez, embora apresente uma maior cobertura

regional, possui apenas 238 beneficiários. Até Abril de 2008, dos 7 milhões de meticais

alocados ao distrito, apenas 700 mil meticais (100 por posto administrativo) foram

disponibilizados para a comercialização de produtos agrícolas, abertura de moagens,

fabrico de blocos e pavés, venda de roupas usadas e produtos alimentares diversos, com o

fim de promover o auto-emprego. Os montantes de crédito dependem do tipo de

actividades a serem desenvolvidas pelos beneficiários118 e variam de 500 Mts a 10.000

Mts.

111 Entrevista 1, 21/04/2008; Entrevista 2, 22/04/2008.112 São grupos semi-formais de dimensão reduzida formados para fazerem poupanças regulares, com possibilidade de concessão de crédito entre os seus membros. Estes são formados com o objectivo de facilitar o acesso aos serviços de poupança e crédito a pessoas sem recursos.113 O GAPI, embora esteja a conceder micro-crédito no distrito de Gondola, não é considerado como IMFs por alguns autores pelo facto de se tratar de um grossista; isto é, o GAPI disponibiliza capital de empréstimo a várias associações (Vletter: 2006).114 Entrevista 8, 28/04/2008.115 kupona Ngueacha em Chiteue, língua local da Província de Manica, significa viver na base do sofrimento. 116 Entrevista 3, 23/04/2008.117 Entrevista 3, 23/04/2008; Entrevista 9, 30/04/2008.118 Cabe aos líderes comunitários escolher os beneficiários do crédito e encaminha-los para a administração distrital.

Page 36: Zita joaquim trabalho de licenciatura

4.1.1. O Banco Oportunidade de Moçambique

O Banco Oportunidade de Moçambique, SARL foi fundado a 16 de Fevereiro de 2005,

pela Opportunity International, uma organização internacional estabelecida nos EUA e

obteve a licença para trabalhar como banco comercial em Março do mesmo ano119.

Durante o processo de formação, este adquiriu as carteiras de empréstimo do programa

CRESCE, Karela e kulane (projecto da Meda em Maputo), mediante a assinatura de um

memorando de entendimento em Dezembro de 2004, tendo iniciado a sua actividade em

Janeiro do mesmo ano com um capital de 40.900.000 Mts, numa primeira fase nas

províncias de Maputo, Manica (Chimoio e Gondola), Sofala e Zambézia (Quelimane e

Mocuba) 120.

Em 2006 os seus activos financeiros aumentaram para 73.950.000 Mts, o que permitiu um

aumento do volume de empréstimos de 11.445.972 Mts em 2005 para 24.227.420 Mts em

2006 (Gráfico 3). O gráfico 4 mostra que no mesmo ano o volume de depósito das contas

a prazo, de transacção, e poupança, aumentou bastante, tendo os depósitos a prazo

aumentado em mais de 100% com abertura de mais balcões nas cidades de Quelimane,

Beira e Maputo, onde as carteiras de empréstimo registaram um aumento acima dos 100%.

A Cidade de Chimoio, que cobre toda a província de Manica, registou o crescimento mais

baixo, de cerca de 58%.

Gráfico 3: Distribuição da Carteira de empréstimos Gráfico 4: Volume de Depósitos do BOM, segundo o

do BOM por cidades/Distritos tipo de contas

....Fonte: Inquérito 2, 12/09/2008; & KPMG, 2007. Fonte: KPMG, 2007.

119 Tem como maiores accionistas a Opportunity Transformation Investment, Inc. com cerca de 55,3% do capital, a Oikocredit Ecum. Develop. Coop. Society U.A. com 16, 39%, e a CARE International com 13,86% (KPMG, 2007: 32).120 KPMG, 2007: 9,Vletter, 2006: 17; Inquérito 2, 12/09/2008.

Page 37: Zita joaquim trabalho de licenciatura

O distrito de Gondola embora não possua uma agência financeira até 2006 possuía uma

carteira de empréstimos superior à de Mocuba. Com a introdução de novos produtos

financeiros121 a carteira de empréstimos do distrito de Gondola aumentou em mais de

40%, o que permitiu que dos 122 clientes adquiridos do programa CRESCE122, mais de

90% permanecessem com a instituição.

Tabela 2: Distribuição de clientes e carteira de empréstimos, segundo o tipo de metodologia(2007)

Metodologia

Trust Bank Grupos Solidários Empréstimos individuais Empréstimos a trabalhadores

Distribuição dos

clientes

3 grupos de 25

membros cada

24 grupos de 3 a 7

membros81 1

Distribuição da carteira

de empréstimos90.600 567.000 1.779.500 10.000

Fonte: Inquérito 2, 12/09/2008

Os dados acima mostram que até Dezembro de 2007 o banco possuía 24 grupos solidários,

3 Trust Banks, 82 clientes individuais, o que corresponde aproximadamente a 250 clientes;

para uma carteira de empréstimos no valor de 2.447.100 Mts, com um risco de 2,5% para

30 dias e 0,5% para 90 dias123.

Hoje existem aproximadamente 300 clientes no distrito, dos quais 217 são tomadores de

empréstimos e 217 poupadores. A carteira de empréstimos é de 1.479.929 Mts, com uma

taxa de reembolso de 97% e um risco abaixo dos 2%124.

Importa realçar que, a cedência da carteira de empréstimos do programa CRESCE ao

banco BOM contribuiu bastante para a diversificação dos produtos e serviços

microfinanceiros disponíveis no distrito. A Figura 1 mostra a evolução da oferta de

produtos e serviços microfinanceiros no distrito de 1996 a 2008125.

121 Ver Figura 1122 A CRESCE foi a pioneira em microfinanças no distrito de Gondola. Trabalhou com o distrito de 1996 a 2005, numa primeira fase a conceder crédito em grupo aos comerciantes informais e pequenos produtores (carpinteiros, alfaiates e artesões).123 De acordo com as boas práticas a carteira de riscos de uma instituição financeira deve ser inferior a 5%. A CRESCE durante o seu período de trabalho também apresentou uma boa carteira de riscos, 1,1% e 1,09% para mais de 30 dias (1998 e 2000, respectivamente) e 0,41% para mais de 90 dias (2000) (Chidzero, 1998: 84; & ICC, 2001: 67-68).124 Entrevista 1, 21/04/2008; & Inquérito 2, 12/09/2008.125 A CRESCE iniciou as suas actividades em Janeiro de 1996 numa primeira fase no distrito de Gondola, para em seguida expandir-se para as cidades de Chimoio, Beira e Quelimane, e para os distritos de Manica e Mocuba. Este foi o primeiro programa de microfinanças no distrito, e duros sensivelmente 8 anos.

Page 38: Zita joaquim trabalho de licenciatura

Figura 1: Transição de mono para multi-produtos (de CRESCE para BOM)

Fonte: Entrevista 1, 21/04/2008; & Inquérito 2, 12/09/2008.

Enquanto CRESCE, de Janeiro de 1996 a Dezembro de 2004, a população de baixa renda

do distrito apenas beneficiava-se da oferta de micro-crédito em grupo e individual. O

crédito em grupo era oferecido a partir da metodologia de grupos solidários e Trust Bank:

(i) os grupos solidários são compostos por 4 a 7 pessoas, formados de forma arbitrária, e

recebem empréstimos no valor de 4.000 Mts a 50.000Mts a taxas de 6% fixa; e (ii) os

Trust Banks são compostos por 25 a 30 membros126. No geral os grupos são formados

pelos clientes e não estão sujeitos a monitoria por parte da instituição, permitindo assim

que os mais pobres beneficiem do crédito mesmo sem possuírem bens duráveis127 para

servirem de garantia.

A figura 1 mostra ainda que com a transição do programa CRESCE para o banco BOM, a

partir de Janeiro de 2005 a população de Gondola, para além de beneficiar do crédito,

passa a ter onde guardar as suas poupanças de forma segura, rentável e a baixo custo (o

valor mínimo para abertura de conta é de 100 Mts128). Hoje o banco tem o serviço Banco

Móvel que se desloca duas vezes por semana ao distrito (Inchope e vila de Gondola);

permitindo assim que os clientes façam os seus pagamentos e depósitos sem se deslocarem

126 Ver Anexo 2.127 Antes da assinatura do contrato de crédito as IMFs fazem um levantamento dos bens (rádio, bicicleta, chapas de zinco, electrodomésticos, mobiliário e mais) que o cliente possui para usa-los como garantia no caso de incapacidade de pagamento. Nos grupos solidários a incapacidade de pagamento de um dos membros do grupo é assegurada pelos restantes.128 Ibidem.

1996 2002 2005 2008

Crédito: Crédito: Crédito: Crédito:

Grupo solidário Grupo solidário Grupo solidário Grupo solidário

Trust Bank Trust Bank Trust Bank Trust Bank

Empréstimos Individuais Empréstimos Individuais Empréstimos Individuais

Empréstimos a trabalhadores Empréstimos a trabalhadores

Depósitos: Depósitos:

Conta Poupança Conta Poupança

Depósitos a prazo Depósitos a prazo

Conta de transacção Conta de transacção

Outros Produtos/Serviços:

Banco Móvel

Seguro de vida do crédito

Page 39: Zita joaquim trabalho de licenciatura

a cidade de Chimoio; e tem o seguro de vida do crédito, introduzido em Março de 2008,

que vai permitir que a instituição não entre em prejuízo no caso de morte dos seus

clientes129.

Não obstante, embora Gondola seja um distrito maioritariamente agrícola o banco BOM

não concede crédito a actividade agrícola. Ou seja, a periodicidade dos empréstimos (não

superior a um ano), e a modalidade de pagamento dos mesmos (feito semanalmente,

quinzenalmente ou e mensalmente)130, e a vulnerabilidade da própria actividade fizeram

com que a instituição optasse por trabalhar com a comercialização agrícola; pois mais de

80% da produção agrícola do distrito é comercializada pelos clientes do banco BOM131.

4.2. Análise do Impacto da Oferta dos Serviços Microfinanceirosnas Zonas Rurais

Os cientes das IMFs no distrito de Gondola são compostos maioritariamente por pequenos

comerciantes, prestadores de serviços (alfaiates, carpinteiros, serralheiros, pedreiros), e

donos de pequenas empresas132.

O micro-crédito é o serviço financeiro mais procurado pela população do distrito. Mais de

50% das pessoas que procuram por estes serviços, são pessoas com rendimento mensal

inferior a 3.000 Mts, a viverem em péssimas condições de vida, com agregados familiares

alargados (8 pessoas em média), empregos vulneráveis, baixo nível de escolaridade (4ª a

7ª Classe), com 25 a 50 anos de idade, e com uma única fonte de rendimento133.

A amostra colhida no local de pesquisa, distrito de Gondola, permitiu constatar que mais

de 80% dos clientes iniciaram os seus empréstimos a partir das metodologias de grupos

solidários e Trust Bank. Os clientes com créditos acima dos 50.000 Mts começaram com

empréstimos abaixo de 1.000 Mts em grupos de 25 a 30 membros (Trust Bank) a mais de

6 anos no programa CRESCE. Por norma, todo cliente inicia com valores mínimos de

empréstimos, de modo a garantir o retorno do crédito.

129 Entrevista 1, 21/04/2008; & Inquérito 2, 12/09/2008.130 Ver Anexo 2.131 Entrevista 1, 21/04/2008; & Inquérito 2; 12/09/2008.132 Entrevista 1, 21/04/2008; Entrevista 2, 22/04/2008/; Entrevista 3, 23/04/2008; Inquérito 1, 22-30/04/2008.133 Entrevista 1, 21/04/2008, Inquérito 1, 22-30/04/2008.

Page 40: Zita joaquim trabalho de licenciatura

O crédito requerido pelos tomadores é geralmente investido na abertura de pequenos

negócios, construção de estabelecimentos comerciais, diversificação e compra de

mercadorias para o negócio, abertura de uma nova banca, construção de casa, e mais, o

que contribui para geração de mais emprego e para a estabilidade dos seus próprios

negócios, e consequentemente para a melhoria das condições de vida dos agregados

familiares (ver anexo 4).

Gráfico 5: Distribuição de crédito tendo em conta o tipo de metodologia e o sexo

41

23

18

41

26

16

10

23

3

33

17

16

33

100

56

44

64

36

Total declientes

Homens

Mulheres

Metodologiade Grupos

MetodologiaIndividual Total

empréstimos10000 (Mts)<

empréstimos5000-10000(Mts)empréstimos<5000 (Mts)

Fonte: Entrevistas realizadas durante o trabalho de campo em Abril de 2008

O gráfico 5 mostra que até Abril de 2008, dos 100 clientes inquiridos no distrito de

Gondola, 66 optaram pelos empréstimos em grupo e 36 pelo empréstimo individual, que a

procura por empréstimos abaixo de 5000 Mts é superior a procura por empréstimos acima

de 10.000 Mts, e que tanto homens como mulheres procuram pelos produtos financeiros

oferecidos pelo banco BOM. Da amostra colhida no terreno 41% dos clientes (11 são

viúvas) são do sexo feminino e 56% masculino, onde 71% são chefes de família (ver

anexo 4).

Antes de começar a ter acesso ao crédito, em média cada cliente possuía uma a duas

actividades geradoras de rendimento moderadas, um consumo diário de 24,32 Mts, um

rendimento mensal de 1.069 Mts, e bens duradouros pouco significantes.

A tabela 3 mostra que o acesso ao micro-crédito traz mudanças bastante significativas no

nível de vida da população. Com o acesso aos serviços de micro-crédito as necessidades

de consumo dos agregados familiar tendem a aumentar em mais de 100%, o tipo de

actividade geradora de rendimento dos agregados familiares tende a tornar-se mais estável,

e a procura por bens duráveis tendem a aumentar.

Page 41: Zita joaquim trabalho de licenciatura

Tabela 3: Impacto da oferta de Micro-crédito no Nível de Vida dos ClientesVariável Antes do Credito Depois do Credito Significância (Teste t)

Rendimento (Mts) 1069 5500.6 ***Consumo (Mts) 24.32 81.79 ***Índice de fontes de Rendimento 1.96 2.6 ***

Índice de Bens 0.19959 0.38129 ***Fonte: Entrevistas realizadas durante o trabalho de campo em Abril de 2008

Os dados apresentados nas tabelas 3 e 4 mostram que o micro-crédito tem um efeito

imediato bastante significativo nos padrões de consumo e rendimento dos agregados

familiares. Na tabela 4 consta que após o empréstimo o rendimento médio dos clientes,

que aplicam o crédito nos seus negócios, tende a aumentou em 4.310 Mts para os clientes

com menos de 5 anos, e em 4.348,16 Mts para os clientes com mais de 5 anos,

acompanhados de uma variação do consumo médio (em 64,18 Mts para clientes com

menos de 5 anos e 50,5 Mts para os com mais de 5 anos) bastante significante.

Tabela 4: Impacto da oferta de micro-crédito tendo em conta o período de tempo (T134)

VariávelDiferença Media

para T • 5Significância

(Teste t)Diferença Media

para T> 5Significância

(Teste t)Evolução do rendimento 4,310 *** 4348.163 ***

Evolução do índice de fontes de rendimento 0.7843137 *** 0.4897959 ***

Evolução do consumo 64.17647 *** 50.4898 ***Evolução do Índice de bens 0.1671373 *** 0.1968571 ***

Fonte: Entrevistas realizadas durante o trabalho de campo em Abril de 2008

A tabela 4 mostra ainda que os comerciantes com acesso ao crédito a menos de 5 anos, ao

expandirem os seus negócios, tendem a empregar o resto dos membros do agregado

familiar e a exercer actividades pouco vulneráveis independentemente de a quanto tempo

têm acesso ao crédito. Os clientes que beneficiam dos serviços microfinanceiros a mais de

5 anos tendem a adquirir um maior número de bens duradouros e de valor.

Não obstante, embora a teoria demonstre que o impacto das microfinanças sob os

pequenos empreendimentos ocorre a um nível muito pequeno e difícil de se medir, os

resultados empíricos obtidos a partir do teste de comparação das médias (ver anexo 3)

mostram o contrário. Em Gondola a questão da densidade populacional é pouco relevante,

134 A quanto tempo o cliente beneficia dos serviços de crédito. Mais de 70% dos clientes inqueridos foram clientes do programa CRESCE.

Page 42: Zita joaquim trabalho de licenciatura

uma vez que as IMFs tendem a trabalhar com os comerciantes dos principais mercados.

Mais de 40% dos antigos clientes do programa CRESCE que beneficiam dos serviços

financeiros do banco BOM, hoje são detentores de negócios de grande dimensão (ver

anexo 4).

Contudo, a hipótese de que a expansão dos serviços microfinanceiros às zonas rurais

permite o desenvolvimento e expansão dos pequenos negócios e o surgimento de outras

actividades geradoras de rendimento é válida.

Page 43: Zita joaquim trabalho de licenciatura

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar dos esforços que vem sendo feito tanto por parte do Governo como dos doadores

em apoio às instituições financeiras que demonstrem interesse em expandirem para as

zonas rurais, ainda existe uma relutância por parte das mesmas em se instalar nas zonas

rurais. A inexistência de infra-estruturas de base e a fraca demanda por serviços

financeiros devido a fraca densidade populacional e a fraca circulação de capital, são os

factores mais levantados como obstáculo pelas instituições financeiras.

A teoria mostrou que o acesso aos serviços microfinanceiros permite a sobrevivência dos

micro empreendimentos, garantindo assim a estabilidade financeira dos mesmos; isto é, os

serviços microfinanceiros tornam os pequenos negócios mais estáveis e aumentam o

número de fontes de rendimento dos agregados familiares, na medida em que permitem a

abertura de novos negócios. E que as taxas de reembolsos oferecidas pelos clientes rurais

demonstram que os pobres também têm necessidades financeiras, embora sejam de

pequena dimensão (o que constatou-se no Distrito de Gondola).

Durante o trabalho as evidências empíricas demonstraram por um lado que as instituições

microfinanceiras em alguns distritos, como Gondola, para satisfazer a procura por serviços

microfinanceiros optam por enviam os seus agentes de crédito para angariar novos clientes

e disponibilizar o serviço de Banco Móvel para execução de pequenas transacções

financeiras, uma a duas vezes por semana; alegando que a procura por serviços financeiros

é pouco significante para justificar a instalação de uma agência no distrito.

Mas, por outro lado a concorrência entre as instituições microfinanceiras e a dinâmica

comercial do cruzamento de Inchope são bastante significativas ao ponto de poderem

manter uma instituição financeira em funcionamento. Isto é, as instituições tendem a

marginalizar os restantes postos administrativos de Gondola ao concentrar as actividades

financeiras na vila de Gondola, o que não permite conhecer a verdadeira procura por

serviços financeiros.

Os resultados obtidos nos testes de comparação das médias permitiram confirmar a

hipótese de que a oferta de serviços microfinanceiros nas zonas rurais permite a expansão

das pequenas e médias empresas e o surgimento de outras actividades geradores de

Page 44: Zita joaquim trabalho de licenciatura

rendimento, e consequentemente para a melhoria do nível de vida da população. Isto é, a

oferta de serviços microfinanceiros melhora os níveis de rendimento e consumo, permite a

aquisição de bens duradouros, torna os pequenos negócios mais estáveis e aumenta o nível

emprego.

Contudo, o acesso contínuo a oferta de serviços microfinanceiros irá impulsionar a

actividade económica dos distritos, ou seja, com mais dinheiro em mão as pessoas e

entidades com rendimento muito baixo, terão como impulsionar os seus empreendimentos

de forma dinâmica e rentável, com possibilidades de expansão dos mesmos.

Nesta perspectiva recomenda-se às entidades públicas e privadas o seguinte:

_ O Estado deve criar condições nos distritos a partir de provisão de infra-

estruturas de base, nomeadamente estradas, pontes, redes de abastecimento

de água e energia, bem como escolas e hospitais. Por exemplo para o caso

do distrito de Gondola, quase todas as vias de acesso que ligam os postos

administrativos e outras localidades devem ser reabilitadas ou asfaltadas de

modo a atrair o investimento privado.

_ O estado deve também procurar encaminhar os seus programas ou

projectos de distribuição de crédito às entidades competentes (as IMFs) de

modo a permitir que estes abranjam a população em geral e para que os

provedores privados não fiquem desmotivados.

_ As instituições microfinanceiras devem por outro lado procurar adequar os

seus produtos e serviços à realidade económica da região onde se

encontram a operar. Por exemplo no distrito de Gondola estas deveriam

estar a conceder crédito aos agricultores e camponeses, uma vez que este

distrito oferece um grande potencial agrícola.

Page 45: Zita joaquim trabalho de licenciatura

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Lista de entrevistados

1 Gerente do Banco Oportunidade de Moçambique de Chimoio. Trabalho de Campo.

Chimoio, província de Manica: 21/04/2008.

2 Agentes de Crédito das IMFs (Socremo, NovoBanco e BOM) a trabalharem no

distrito. Trabalho de Campo. Gondola, província de Manica: 22/04/2008.

3 Sra. Isabel Oliveira responsável pelo grupo de Poupanças Kupona Ngueacha,

formado pela ADEM em Gondola, província de Manica: 23/04/2008.

4 Encarregado da Vila de Gondola. Administração Distrital de Gondola.

Administração Distrital de Gondola, província de Manica: 24/04/2008.

5 Encarregado do Posto Administrativo de Amatongas. Administração Distrital de

Gondola. Gondola, província de Manica: 25/04/2008.

6 Encarregado do Posto Administrativo de Inchope. Administração Distrital de

Gondola, província de Manica: 25/04/2008.

7 Secretário Permanente da Administração Distrital de Gondola, província de Manica:

28/04/2008.

8 Director do Serviço Distrital de Actividades Económicas do Distrito de Gondola,

província de Manica: 28/04/2008.

9 Sr. Fernando Jaqueta responsável por um grupo de Poupanças, formado pela ADEM.

Gondola, província de Manica: 30/04/2008.

Lista de Entidades e individualidades Inquiridas

1 Inquérito a 100 Clientes do Banco Oportunidade de Moçambique do Distrito de

Gondola, província de Manica: 22-30/04/2008.

2 Inquérito ao Banco Oportunidade de Moçambique. Maputo: 12/09/2008.

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Page 50: Zita joaquim trabalho de licenciatura

ANEXOS

Anexo 1: Inquéritos

Inquérito 1Nível de bem-estar dos clientes das IMF

1. Identidade: ________________ 2. Idade: __________3. Sexo: ________4. Estado Civil: ___________ 5. Nível de escolaridade_______6.Onde trabalha: _______________________________________________________________7. Com quem vive: _____________________________________________________________________________8 Tamanho do agregado familiar: _________9. É Chefe de família? Sim________ Não___________10. Quantas pessoas trabalham no seu agregado familiar: ______________________

Rendimento11. Fontes de rendimento do agregado familiar.

Actividades Remuneração1234

12. De que tipo de serviços financeiros beneficia? __________________________________________________________________________________________________________________________________12.1. Em que instituição? ______________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________________12.2. A quanto tempo recebe credito desta instituição? ______________________________________

Serviço Montante Taxa de Juros Periodicidade Duração

1

2

3

4

12.3. Alguma vez teve dificuldades de pagar o empréstimo, caso tenha pedido algum?Sim__________ Nao____________Se sim quais são essas dificuldades? ______________________________________________________ _____________________________________________________________________________________12.4. Está satisfeito com os serviços financeiros da IMF?Sim_________ Não_____________11.5. Se não, Porque?R: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Consumo12. Por dia, Quanto gasta para alimentação? ______________________________12.1 Tipo de alimentos consumidos

Produtos Custo unitário1234567

Page 51: Zita joaquim trabalho de licenciatura

89

1011

12.2. Tem acesso a serviços de saúde?Hospital__________ Centro de Saúde_____________ Posto de Saúde___________Medico Tradicional_______12.2.1. Consegue pagar as consultas ou tratamentos? Sim_________ Não__________12.2.2. Se não porque? _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________12.3. Os seus filhos têm acesso a educação? Sim_________ Não__________

12.3.1. Se não porque? ___________________________________________________________________________________________________________________________________12.3.2. Consegue pagar as despesas escolares dos seus filhos? ___________________________12.3.3. Se não porque?________________________________________________________________________________________________________________________________________________

12.3.4. Nível de escolaridade do agregado familiar:Idade Sexo Nível escolar Ano de ingresso

12345678910

13. Bens adquiridos: Antes do empréstimo Depois do empréstimo

123456789

101213

14. Informação adicional:______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Page 52: Zita joaquim trabalho de licenciatura

Inquérito 2Avaliação da oferta de serviços microfinanceiros no Distrito de Gondola

1. Nome da Instituição: _____________________________________________________2. Quando Iniciou as actividades? ____________________________________________3. Quantos clientes a instituição adquiriu do projecto CRESCE em Gondola? ___________4. Quantos clientes possuem hoje no Distrito de Gondola? ____________4.1. Homens: ___________ Mulheres: ___________4.2. Tomadores de empréstimos______________ Poupadores__________________4.3. Volume de clientes segundo as metodologias de crédito no Distrito de Gondola

MetodologiaAno Trust Bank Grupos solidários Empréstimos Individuais Empréstimos a trabalhadores

2005

2006

2007

5. Qual o volume da carteira de empréstimos para o distrito? ______________________5.1Qual é a taxa de reembolso? ________________________5.2. Volume de empréstimos segundo as metodologias

MetodologiaAno Trust Bank Grupos solidários Empréstimos Individuais Empréstimos a trabalhadores

20052006

2007

5.3 Qual a metodologia mais usada pela instituição no distrito e que oferece melhores taxa de retorno?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

7. Percentagem da carteira de riscos:Ano Mais de 30 dias Mais de 90 dias200520062007

8. Quais os serviços mais procurados pelos clientes no distrito de Gondola?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________

9. Quais as dificuldades enfrentadas pelos agentes de crédito nos distritos?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Page 53: Zita joaquim trabalho de licenciatura

____________________________________________________________________________

10. Porquê o banco não tem uma agência no distrito de Gondola?___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

11. Houve desistência por parte dos clientes no processo de mudança de CRESCE para BOM?___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

12. Porque é que o Banco não concede crédito a produção agrícola?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________13. Informações adicionais:______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Page 54: Zita joaquim trabalho de licenciatura

Anexo2: Produtos, Contas & Encargos disponíveis no BOM, SARL

ProdutosEmpréstimos

Empréstimos individuaisValor mínimo

(MT)Valor Máximo

(MT)Prazo

MínimoPrazo

MáximoTaxa de

Juro(%)

Cálculo do Juro Encargos(MT)

Frequência dos Pagamentos

5.000,00 150.000,00 4 Meses 12 Meses 5 p/m Saldo decrescente 1.000,00 Mensal

Empréstimos para Grupos solidáriosValor mínimo

(MT)Valor Máximo

(MT)Prazo Mínimo Prazo Máximo Taxa de

Juro(%)

Calculo do Juro

Encargos(MT)

Frequência dos Pagamentos

4.000,00 50.000 12 Semanas 35 Semanas 6 p/m Prestação fixa 20,00 Mensal e bissemanal

Empréstimos ao Trust Bank ( Banco de Confiança) Valor mínimo

(MT)Valor Máximo

(MT)Prazo Mínimo Prazo

MáximoTaxa de

Juro(%)

Tipo de pagamento

Encargos(MT)

Frequência dos Pagamentos

2.000,00 150.000,00 12 Semanas 27 Semanas 6 p/m Prestações fixas 20 Mensal e bissemanal

Empréstimos para Trabalhadores Valor mínimo

(MT)Valor Máximo

(MT)Prazo Mínimo Prazo

MáximoTaxa de

Juro(%)

Tipo de pagamento

Encargos(MT)

Frequência dos Pagamentos

500,00 150.000,00 3 Meses 12 Meses 2 p/m Saldo decrescente Sem encargos Mensal

ContasTipo de contas Valor mínimo para

abertura (MT)Taxas de Juro Saldo mínimo ( a

manter) (MT)Saldo para cálculo de Juros

Contabilização

De Transacção 100,00 0% 100,00 0 % 0Poupança 100,00 0 – 299,9

0%300 – 1.000 3%1.000 – 5.000 5%5.000 – 10.000 7%Mais de 10.000 9%

100,00 Saldo mínimo durante o mês

Em cada seis meses

Deposito a prazo 3.000,00 1 Mês – 6% p/a3 Meses – 7% p/a6 Meses – 8% p/a

0 Sobre o Valor depositado

No final de cada período

EncargosTipos de contas Limite Máximo de

Transacções a efectuar em cadaMês

Encargos sobre as transacções após o nº limite de transacções

Encargos de manutenção em cada final do mês

Encargos para fechar a conta

Encargos de manutenção do saldo mínimo

De Transacção 4 10,00 1,00 50,00 10,00Poupança 1 10,00 1,00 50,00 10,00Fonte: Banco Oportunidade de Moçambique, SARL (Chimoio)

Page 55: Zita joaquim trabalho de licenciatura

Anexo 3: Teste t de Comparação das Médias O teste t de comparação foi feito com o objectivo de medir o nível de vida da população

nas zonas rurais. Para fazer o teste foi usada uma amostra de 100 clientes do Banco

Oportunidade de Moçambique no distrito de Gondola, província de Manica, colhida em

Abril de 2008.

Foram comparadas quatro variáveis:

• Índice de fontes de rendimento

• Rendimento mensal

• Consumo diário

• Índice de fontes de rendimento

Os cálculos foram feitos no programa econométrico Stata.

1. Impacto da oferta de micro-crédito segundo a metodologia adoptada

Tabela 1 Evolução do rendimento (evol 4 = para Trust bank; evol3 = para grupos solidários)Variable Obs Mean Std. Err. Std. Dev. [95% Conf. Interval]

Evol4 25 5212 866.07 4330.35 3424.519 6999.481Evol3 25 4004 985.41 4927.05 1970.214 6037.786

Diff 25 1208 1292.49 6462.47 -1459.575 3875.575

Ho: mean (Evol4 - Evol3) = mean (diff) = 0

Ha: mean (diff) < 0 Ha: mean (diff) != 0 Ha: mean (diff) > 0t = 0.9346 t = 0.9346 t = 0.9346

P <t = 0.8204 P > |t| = 0.3593 P > t = 0.1796

Tabela 2: Evolução do índice de bens (evol 6 = para Trust bank; evol7 = para grupos solidários)Variable Obs Mean Std. Err. Std. Dev. [95% Conf. Interval]

Evol6 25 0.2625 0.032494 0.162469 0.1954562 0.329584Evol5 25 0.1701 0.024235 0.121173 0.1200624 0.220098

Diff 25 0.0924 0.046186 0.230932 -0.0028838 0.187764

Ho: mean (Evol6 - Evol5) = mean (diff) = 0

Ha: mean (diff) < 0 Ha: mean (diff)! = 0 Ha: mean (diff) > 0t = 2.0015 t = 2.0015 t = 2.0015

P < t = 0.9716 P > |t| = 0.0568 P > t = 0.0284

Tabela 3: Evolução do consumo diário (evol 8 = para Trust bank; evol7 = grupos solidários)Variable Obs Mean Std. Err. Std. Dev. [95% Conf. Interval]

Evol8 25 86.92 9.23236 46.16178 67.86535 105.975Evol7 25 46.36 12.7705 63.85262 20.00294 72.7171

Diff 25 40.56 18.0778 90.38901 3.24925 77.8708

Ho: mean (Evol8 - Evol7) = mean (diff) = 0

Page 56: Zita joaquim trabalho de licenciatura

Ha: mean (diff) < 0 Ha: mean (diff) != 0 Ha: mean(diff) > 0t = 2.2436 t = 2.2436 t = 2.2436

P < t = 0.9828 P > |t| = 0.0344 P > t = 0.0172

Tabela 4: Evolução do índice de fontes de rendimento (evol 10 = para Trust bank; evol9 = grupos solidários)Variable Obs Mean Std. Err. Std. Dev. [95% Conf. Interval]Evol10 25 0.84 0.280951 1.404754 0.2601461 1.419854Evol9 25 0.92 0.244404 1.22202 0.4155749 1.424425Diff 25 -0.08 0.336254 1.681269 -0.7739939 0.613994

Ho: mean (Evol10 - Evol9) = mean (diff) = 0

Ha: mean (diff) < 0 Ha: mean (diff)! = 0 Ha: mean (diff) > 0t = -0.2379 t = -0.2379 t = -0.2379

P < t = 0.4070 P > |t| = 0.8140 P > t = 0.5930

2. Impacto do crédito nos clientes olhando apara o período de tempoa) Rendimento (rendd = rendimento após o empréstimo; rend = rendimento antes do

empréstimo)

Tabela 5: clientes com menos de 5 ano.Variable Obs Mean Std. Err. Std. Dev. [95% Conf. Interval]

rendd 44 5595.46 644.939 4278.038 4294.812 6896.1rend 44 1285.23 179.753 1192.349 922.7202 1647.73

diff 44 4310.23 655.128 4345.628 2989.035 5631.42

Ho: mean (rendd - rend) = mean (diff) = 0

Ha: mean (diff) < 0 Ha: mean (diff) != 0 Ha: mean(diff) > 0 t = 6.5792 t = 6.5792 t = 6.5792

P < t = 1.0000 P > |t| = 0.0000 P > t = 0.0000

Tabela 6: Clientes com mais de 5 anosVariable Obs Mean Std. Err. Std. Dev. [95% Conf. Interval]

rendd 49 5318.57 501.074 3507.516 4311.095 6326.05rend 49 970.408 139.78 978.4617 689.3611 1251.46

diff 49 4348.16 514.227 3599.592 3314.24 5382.09

Ho: mean (rendd - rend) = mean (diff) = 0

Ha: mean(diff) < 0 Ha: mean(diff) != 0 Ha: mean(diff) > 0t = 8.4557 t = 8.4557 t = 8.4557

P < t = 1.0000 P > |t| = 0.0000 P > t = 0.0000

b) Consumo (consd = consumo após o empréstimo; cons = consumo antes do empréstimo)

Tabela 7: clientes com menos de 5 ano.Variable Obs Mean Std. Err. Std. Dev. [95% Conf. Interval]

consd 51 88.902 8.84477 63.16431 71.13671 106.667Cons 51 24.7255 1.89117 13.50567 20.92696 28.524diff 51 64.1765 8.8226 63.00594 46.45576 81.8972

Ho: mean (consd - Cons) = mean (diff) = 0

Ha: mean (diff) < 0 Ha: mean (diff) != 0 Ha: mean(diff) > 0t = 7.2741 t = 7.2741 t = 7.2741

P < t = 1.0000 P > |t| = 0.0000 P > t = 0.0000

Tabela 8: Clientes com mais de 5 anos

Page 57: Zita joaquim trabalho de licenciatura

Variable Obs Mean Std. Err. Std. Dev. [95% Conf. Interval]consd 49 74.3878 5.93623 41.55359 62.45217 86.3233Cons 49 23.898 1.89751 13.28258 20.08276 27.7132diff 49 50.4898 5.87737 41.14159 38.67255 62.307

Ho: mean (consd - Cons) = mean (diff) = 0

Ha: mean (diff) < 0 Ha: mean (diff) != 0 Ha: mean (diff) > 0t = 8.5905 t = 8.5905 t = 8.5905

P < t = 1.0000 P > |t| = 0.0000 P > t = 0.0000

c) Bens (IBd = índice de bens após o empréstimo; IB= índice de bens antes do empréstimo)

Tabela 9: clientes com menos de 5 ano.Variable Obs Mean Std. Err. Std. Dev. [95% Conf. Interval]

IBd 51 0.351784 0.027877 0.199082 0.2957917 0.407777IB 51 0.184647 0.021129 0.15089 0.1422086 0.227086diff 51 0.167137 0.017954 0.128218 0.1310755 0.203199

Ho: mean (IBd - IB) = mean (diff) = 0

Ha: mean (diff) < 0 Ha: mean (diff)! = 0 Ha: mean (diff) > 0t = 9.3092 t = 9.3092 t = 9.3092

P < t = 1.0000 P > |t| = 0.0000 P > t = 0.0000

Tabela 10: Clientes com mais de 5 anosVariable Obs Mean Std. Err. Std. Dev. [95% Conf. Interval]

IBd 49 0.412 0.023384 0.16369 0.3649828 0.459017IB 49 0.215143 0.018983 0.132881 0.1769749 0.253311

diff 49 0.196857 0.022069 0.154482 0.1524848 0.24123

Ho: mean (IBd - IB) = mean (diff) = 0

Ha: mean (diff) < 0 Ha: mean (diff)! = 0 Ha: mean (diff) > 0t = 8.9202 t = 8.9202 t = 8.9202

P < t = 1.0000 P > |t| = 0.0000 P > t = 0.0000

d) Fontes de rendimento (IFRAFd = índice de fontes de rendimento após o empréstimo; IFRAF = índice de fontes rendimento antes do empréstimo)

Tabela 11: clientes com menos de 5 ano.Variable Obs Mean Std. Err. Std. Dev. [95% Conf. Interval]IFRAFd 51 2.54902 0.23316 1.665097 2.080703 3.01734IFRAF 51 1.764706 0.152337 1.087901 1.458729 2.07068

diff 51 0.784314 0.154193 1.101158 0.474608 1.09402

Ho: mean (IFRAFd - IFRAF) = mean (diff) = 0

Ha: mean (diff) < 0 Ha: mean (diff)! = 0 Ha: mean (diff) > 0 t = 5.0866 t = 5.0866 t = 5.0866

P < t = 1.0000 P > |t| = 0.0000 P > t = 0.0000

Tabela 12: Clientes com mais de 5 anosVariable Obs Mean Std. Err. Std. Dev. [95% Conf. Interval]IFRAFd 49 2.653061 0.232465 1.627255 2.185659 3.120463IFRAF 49 2.163265 0.194191 1.359334 1.772819 2.553712

diff 49 0.489796 0.175261 1.226826 0.1374103 0.842182

Ho: mean (IFRAFd - IFRAF) = mean (diff) = 0

Page 58: Zita joaquim trabalho de licenciatura

Ha: mean (diff) < 0 Ha: mean (diff)! = 0 Ha: mean (diff) > 0t = 2.7947 t = 2.7947 t = 2.7947

P < t = 0.9963 P > |t| = 0.0074 P > t = 0.0037

Tabela 13: Informação adicionalVariable Obs Mean Std. Dev. Min Max

rend 100 1069 1072.022 0 5000Cons 100 24.32 13.33551 5 70

IFRAF 100 1.96 1.238442 1 6IB 100 0.1996 0.14246 0 0.631

Credito0 100 1425 1931.314 0 15000

Met0 100 2.04 0.803025 0 3

Variable Obs Mean Std. Dev. Min Max

rendd 100 5500.6 3836.723 1500 26000consd 100 81.79 53.90157 20 350

IFRAFd 100 2.6 1.639167 1 8IBd 100 0.3813 0.184183 0.056 1.009

Credito1 100 12253 15764.92 2500 100000Met1 100 1.65 0.479373 1 2

Page 59: Zita joaquim trabalho de licenciatura

Anexo 4: Dados sobre os clientes do Distrito de Gondola

Ciente Numero Tipo de cliente

Tamanho do Grupo Sexo Idade Estado civil

Tamanho do Agregado

familiar

Nível de escolaridade

Chefe de Família

Número de fontes de

rendimento

Consumo diário (Mts)

1 Individual 0 Masculino 53 Casado 17 3 Sim 2 150

2 Grupo 7 Masculino 44 Casado 12 7 Sim 2 90

3 Grupo 7 Masculino 36 Casado 9 6 Sim 2 100

4 Grupo 7 Masculino 37 Casado 9 8 Sim 2 120

5 Grupo 5 Masculino 23 Solteiro 7 9 Não 3 25

6 Individual 0 Masculino 50 Casado 5 10 Sim 3 200

7 Individual 0 Masculino 32 Casado 9 9 Sim 1 70

8 Individual 0 Masculino 25 Casado 3 7 Sim 1 115

9 Grupo 3 Masculino 62 Casado 9 3 Sim 1 85

10 Grupo 4 Masculino 28 Casado 4 6 Sim 1 30

11 Grupo 4 Masculino 30 Casado 5 6 Sim 1 40

12 Grupo 9 Masculino 43 Casado 13 7 Sim 2 70

13 Individual 0 Masculino 50 Casado 6 3 Sim 2 40

14 Individual 0 Masculino 43 Casado 10 10 Sim 1 350

15 Grupo 4 Masculino 36 Casado 5 6 Sim 1 20

16 Grupo 4 Masculino 32 Casado 5 3 Sim 1 30

17 Grupo 4 Masculino 31 Casado 5 5 Sim 1 50

18 Grupo 5 Masculino 36 Casado 5 8 Sim 2 50

19 Grupo 7 Masculino 38 Casado 8 9 Sim 2 97

20 Grupo 7 Masculino 32 Casado 7 7 Sim 2 45

21 Individual 0 Masculino 63 Casado 10 4 Sim 3 100

22 Grupo 7 Masculino 33 Casado 4 7 Sim 1 60

23 Grupo 4 Masculino 32 Casado 8 3 Sim 1 30

24 Grupo 4 Masculino 33 Casado 6 5 Sim 1 45

25 Grupo 5 Masculino 36 Casado 4 8 Sim 2 50

26 Grupo 5 Masculino 33 Casado 8 3 Sim 1 25

27 Grupo 7 Masculino 43 Casado 12 7 Sim 1 50

28 Individual 0 Masculino 50 Casado 5 10 Sim 2 100

29 Individual 0 Masculino 32 Casado 9 9 Sim 1 70

30 Individual 0 Masculino 35 Casado 6 7 Sim 1 160

31 Grupo 7 Masculino 36 Casado 9 6 Sim 2 100

32 Grupo 7 Masculino 37 Casado 9 8 Sim 2 120

33 Grupo 5 Masculino 33 Casado 7 9 Sim 1 25

Page 60: Zita joaquim trabalho de licenciatura

34 Individual 0 Masculino 50 Casado 5 10 Sim 2 100

35 Individual 0 Masculino 32 Casado 9 9 Sim 1 70

36 Individual 0 Masculino 44 Casado 3 7 Sim 1 100

37 Grupo 3 Masculino 62 Casado 9 3 Sim 1 75

38 Grupo 4 Masculino 28 Casado 4 6 Sim 1 30

39 Grupo 4 Masculino 30 Casado 5 6 Sim 1 40

40 Grupo 9 Masculino 43 Casado 13 7 Sim 2 70

41 Grupo 7 Masculino 32 Casado 7 7 Sim 1 80

42 Individual 0 Masculino 63 Casado 10 4 Sim 3 100

43 Grupo 7 Masculino 33 Casado 4 7 Sim 1 60

44 Grupo 4 Masculino 32 Casado 8 3 Sim 1 30

45 Individual 0 Masculino 50 Casado 5 10 Sim 2 100

46 Individual 0 Masculino 32 Casado 9 9 Sim 1 7047 Individual 0 Masculino 35 Casado 6 10 Sim 1 16048 Grupo 4 Masculino 36 Casado 5 6 Sim 1 2049 Grupo 7 Masculino 43 Casado 12 7 Sim 1 50

50 Grupo 7 Masculino 44 Casado 12 7 Sim 1 50

Rendimento proveniente de outras actividades

Cliente Número

Tipo de estabelecimento

Tipo de Produto/serviços

oferecidos

Bens adquiridos após o 1o empréstimo

Rendimento Mensal (Mts) Actividade Rendimento (Mts)

1 Barracas Venda de Bebida alcoólica

Motorizada, 5 Cabeças de vaca, construção da casa, 2 telemóveis,

rádio DVD, Bicicleta10000-15000

2 Bancas

Reparação de Bicicletas e venda

de produtos alimentares

3telemoveis, tchova, DVD, TV, ventoinha, abertura de outra banca,

congelador, ferro eléctrico6000

3 2 Bancas Capulana, mexiasTV, DVD, Cristaleira, 2celulateres,

cama, ventoinha, aquisição da outra banca, rádio, casa

6000

4 2 Bancas Negócios diversos

Sofá, adquiriu outra banca, 2 celulares, montou instalação eléctrica,

rebocou a casa, construiu uma dependência pau a pique

7000

5 BancaEsculturas e bijutaria de

madeiraMercadoria 6000 Pensão do Pai,

salário do pai 5300

6 Quiosque e Alojamento

Bebidas alcoólicas e Aluguer de

quartos

Construção dos quartos, Quinta, TV, Bicicleta, carro, mobiliário, construção

de uma pensão1500-2000 Venda de Produtos

agrícolas 10000

7 Banca Peixe seco Conclusão da casa, congelador, televisor, cristaleira, celulares 3500

8 Barraca Acessórios de Telemóveis

TV, Computador, Motorizada, Cadeiras plásticas e bens diversos 9000

9 Banca Peixe seco Geleira, rádio, adquiriu outra banca, 2 celulares, bicicleta 3000

10 Banca Carne de cabrito Celular 3200

11 Banca Carne de cabrito Congelador, DVD, TV, mesa, cadeiras, celular, instalação eléctrica, 3200

Page 61: Zita joaquim trabalho de licenciatura

bicicleta, rádio cassete

12 Banca ao longo da estrada

Esculturas e bijutaria de

madeiraConstrução da Barraca, celular, cama 5000 Salário da esposa 600

13 Banca fixa Vestuário

Construção da outra banca, construção da casa (bambu, cimento e chapa), Motorizada, mesa, rádio,

bicicleta, 2 celulares

10000 Produção agrícola 15000

14 Bancas fixas no mercado Roupa usada

Talhão, construção de casa (alvenaria), carro, 4TV,6 rádio, 2

DVDs, 2 amplificadores, congelador, geleira, móveis, cristaleira, colunas, 2

celulares, construção da banca

26000

15 Banca no mercado Carne de cabrito e vaca Loiça e vestuário 7800

16 Banca no mercado Carne de cabrito Telemóvel 2000

17 Banca no mercado Carne de cabrito e porco Telemóvel 6500

18 Bancas no mercadoCarne de vaca e

peixe seco e vegetais

7800 Venda de tomate e cebola 1820

19 Banca no mercado Peixe 3000 Construção de casas 15000

20 Bancas no mercado Produtos diversos 4500

21 Banca no mercado Frutas diversas Esta a construir a casa (alvenaria), bicicleta 2000

Reformas, venda de produtos

agrícolas8000

22 Banca no mercado Produtos diversos 5000

23 Banca no mercado Carne de cabrito Telemóvel 2000

24 Banca no mercado Carne de cabrito e porco Telemóvel 6500

25 Banca no mercado Carne de vaca e peixe seco 7800 Venda de tomate e

cebola 1820

26 Barraca Comida e bebidas tradicional

Construção da barraca (argila e chapa), rádio, celular, bicicleta 1500

27 Banca no mercado Produtos diversos 5000

28 Quiosque e Alojamento

Bebidas alcoólicas e Aluguer de

quartos

Construção dos quartos, Quinta, TV, Bicicleta, carro, mobiliário, construção

de uma pensão1500-2000

29 Banca Peixe seco Conclusão da casa, congelador, televisor, cristaleira, celulares 3500

30 BarracaEsculturas e bijutaria de

madeira

TV, Computador, Motorizada, Cadeiras plásticas e bens diversos 9000

31 2 Bancas Produtos diversos TV, DVD, Cristaleira, 2celulateres, cama, ventoinha, rádio, casa 6000

32 2 Bancas Negócios diversosSofá, adquiriu outra banca, celular,

montou instalação eléctrica, rebocou a casa,

7000

33 BancaEsculturas e bijutaria de

madeiraMercadoria 6000 5300

34 Quiosque e Alojamento

Bebidas alcoólicas e Aluguer de

quartos

Construção da casa e da quinta, TV, Bicicleta, motorizada, mobiliário,

construção de quartos para aluguer1500-2000 Venda de Produtos

agrícolas 10000

35 Banca Peixe seco Conclusão da casa, congelador, televisor, cristaleira, celular 3500

36 Barraca Produtos diversos TV, Rádio, Motorizada, Cadeiras plásticas e bens diversos 9000

Page 62: Zita joaquim trabalho de licenciatura

37 Banca Peixe seco Geleira, rádio, TV, adquiriu outra banca, 2celulares, bicicleta 3000

38 Banca Carne de cabrito Celular 3200

39 Banca Carne de cabritoCongelador, DVD, TV, mesa,

cadeiras, celular, instalação eléctrica, bicicleta, rádio cassete

3200

40 Banca ao longo da estrada

Esculturas e bijutaria de

madeiraConstrução da Barraca, celular, cama 5000 Salário da esposa 600

41 Banca no mercado Sementes 4000

42 Banca no mercado Frutas diversas Esta a construir uma casa de alvenaria, bicicleta, telemóvel 2000 Reformas, venda de produtos

agrícolas 8000

43 Banca no mercado Produtos diversos 5000

44 Banca no mercado Carne de cabrito Telemóvel 2000

45 Alojamento Aluguer de quartos

, Quinta, TV, Bicicleta, carro, mobiliário, construção de uma pensão 1500-2000 Venda de Produtos agrícolas 7000

46 Banca Peixe seco Construção da casa, congelador, televisor, cristaleira, celular 3500

47 Barraca Vestuário e Calcado

TV, Congelador, Cadeiras plásticas e bens diversos 9000

48 Banca no mercado Carne de cabrito e vaca Loiça e vestuário 7800

49 Banca no mercado Produtos diversos 5000

50 Banca Reparação de Bicicletas

3telemoveis, tchova, DVD, TV, ventoinha, abertura de outra banca,

congelador, ferro eléctrico4000

Serviços financeiros

Credito Poupança Conta CorrenteCliente Número

Montante (Mts)

Juro (Mts) Periodicidade Duração Outras

Instituições Credito Juro (Mts) Periodicidade Duração BOM Outras

Instituições BOM Outra Instituição Tempo

1 25000 3200 Mensal 8 Meses Não Não 12Anos

2 10000 2270 Mensal 6 Meses Não Sim 6 Anos

3 10000 2270 Mensal 6 Meses Informal Não Não 6 Anos

4 10000 2270 Mensal 6 Meses Informal Não Não 5 Anos

5 2500 650 Mensal 5 Meses Não Não 2 Meses

6 100000 13600 Mensal 10 Meses Novo Banco 300000 35000 Mensal 3 anos Não Sim Novo Banco

10 Anos

7 30000 6010 Mensal 6 Meses Não Não 10 Anos

8 20000 3160 Mensal 8 Meses Não Sim 11 Meses

9 10000 2265 Mensal 6 Meses Não Não 6 Anos

10 2800 365 Quinzenal 5 Meses Não Não 8 Meses

11 5000 1140 Mensal 6 Meses Não Sim 3 Anos

12 6000 1365 Mensal 6 Meses Não Não 7 Anos

13 15000 2370 Mensal 8 Meses Não Não 7 Anos

14 90000 11950 Mensal 10 Meses Não Sim 11 Anos

15 3500 988 Mensal 5 Meses Não Não 1 Ano

Page 63: Zita joaquim trabalho de licenciatura

16 2800 365 Quinzenal 5 Meses Não Não 8 Meses

17 2800 365 Quinzenal 5 Meses Não Não 8 Meses

18 3700 965 Mensal 5 Meses Não Não 11 Meses

19 3500 920 Mensal 5 Meses Não Não Novo Banco 6 Ano

20 3500 920 Mensal 5 Meses Não Não 1 Ano

21 6000 1205 Mensal 6 Meses ASCAs 1600 1775 Mensal 1 Mês Não ASCAs Sim BIM 9 Anos

22 2500 330 Quinzenal 5 Meses Não Não 5 Meses

23 2800 365 Quinzenal 5 Meses Não Não 8 Meses

24 2800 365 Quinzenal 5 Meses Não Não 8 Meses

25 3700 965 Mensal 5 Meses Não Não 11 Meses

26 4000 910 Mensal 6 Meses Não ASCAs Não 5 Anos

27 2500 330 Quinzenal 5 Meses Não Não 5 Meses

28 50000 6650 Mensal 10 Meses Novo Banco Não Sim Novo Banco 7 Anos

29 30000 6010 Mensal 6 Meses Não Não 10 Anos

30 20000 3160 Mensal 8 Meses Não Sim 11 Meses

31 10000 2270 Mensal 6 Meses Informal Não Não 6 Anos

32 10000 2270 Mensal 6 Meses Informal Não Não 5 Anos

33 2500 650 Mensal 5 Meses Não Não 2 Meses

34 25000 3200 Mensal 8 Meses Novo Banco Não Sim Novo Banco 7 Anos

35 30000 6010 Mensal 6 Meses Não Não 10 Anos

36 20000 3160 Mensal 11 Meses Não Sim 11 Meses

37 10000 2265 Mensal 6 Meses Não Não 6 Anos

38 2800 365 Quinzenal 5 Meses Não Não 4 Meses

39 5000 1140 Mensal 6 Meses Não Sim 3 Anos

40 6000 1365 Mensal 6 Meses Não Não 7 Anos

41 3500 920 Mensal 5 Meses Não Não 1 Ano

42 6000 1205 Mensal 6 Meses ASCAs 1600 1775 Mensal 1 Mês Não ASCAs Sim BIM 9 Anos

43 2500 330 Quinzenal 5 Meses Não Não 5 Meses

44 2800 365 Quinzenal 5 Meses Não Não 8 Meses

45 50000 6650 Mensal 10 Meses Novo Banco 300000 35000 Mensal 3 Anos Não Sim Novo Banco 7 Anos

46 30000 6010 Mensal 6 Meses Não Não 10 Anos

47 20000 3160 Mensal 8 Meses Não Sim 11 Meses

48 3500 988 Mensal 5 Meses Não Não 1 Ano

49 2500 330 Quinzenal 5 Meses Não Não 5 Meses

Page 64: Zita joaquim trabalho de licenciatura

50 10000 2270 Mensal 6 Meses Não Sim 6 Anos

Cliente Número

Tipo de cliente

Tamanho do Grupo Sexo Idade Estado civil

Tamanho do Agregado

familiarNível de

escolaridadeChefe de Família

Número de fontes de

rendimento

Consumo diário (Mts)

51 Grupo 5 Masculino 28 Solteiro 4 9 Não 1 45

52 Individual 0 Masculino 53 Casado 17 3 Sim 1 200

53 Grupo 4 Masculino 30 Casado 5 6 Sim 1 40

54 Grupo 3 Masculino 62 Casado 9 3 Sim 1 80

55 Grupo 4 Masculino 28 Viúva 4 6 Sim 2 30

56 Individual 0 Masculino 50 Casado 8 11 Sim 2 100

57 Individual 0 Masculino 53 Casado 17 3 Sim 2 200

58 Grupo 4 Masculino 36 Casado 5 6 Sim 1 20

49 Individual 0 Feminino 27 Casada 5 11 Não 2 100

60 Individual 0 Feminino 40 Casada 7 8 Não 2 100

61 Grupo 6 Feminino 36 Viúva 6 4 Sim 3 25

62 Individual 0 Feminino 39 Casada 10 3 Não 2 100

63 Individual 0 Feminino 37 Casada 7 2 Não 1 85

64 Individual 0 Feminino 42 Casada 7 8 Não 2 200

65 Grupo 4 Feminino 45 Casada 8 0 Sim 1 100

66 Grupo 3 Feminino 48 Viúva 5 2 Sim 1 120

67 Grupo 5 Feminino 32 Viúva 6 6 Sim 1 50

68 Individual 0 Feminino 55 Casada 15 4 Não 3 100

69 Grupo 5 Feminino 33 Viúva 8 3 Sim 1 20

70 Grupo 4 Feminino 36 Casada 7 9 Não 2 50

71 Grupo 4 Feminino 35 Casada 5 0 Não 2 60

72 Grupo 5 Feminino 35 Casada 6 3 Não 1 50

73 Grupo 4 Feminino 36 Casada 7 6 Não 2 30

74 Grupo 7 Feminino 38 Casado 8 9 Sim 2 97

75 Grupo 7 Feminino 32 Viúva 7 7 Sim 2 50

76 Individual 0 Feminino 50 Viúva 6 4 Sim 3 100

77 Grupo 4 Feminino 36 Casada 7 9 Não 1 50

78 Individual 0 Feminino 37 Casada 7 2 Não 1 100

79 Individual 0 Feminino 42 Casada 7 8 Não 2 200

80 Individual 0 Feminino 37 Casada 7 2 Não 1 80

81 Individual 0 Feminino 42 Casada 7 8 Não 2 200

82 Grupo 4 Feminino 45 Casada 8 0 Sim 1 100

Page 65: Zita joaquim trabalho de licenciatura

83 Grupo 3 Feminino 48 Viúva 5 2 Sim 1 90

84 Grupo 5 Feminino 38 Viúva 6 6 Sim 1 50

85 Grupo 4 Feminino 36 Casada 7 9 Não 2 50

86 Grupo 4 Feminino 35 Casada 5 0 Não 2 60

87 Grupo 5 Feminino 35 Casada 6 3 Não 1 50

88 Grupo 4 Feminino 36 Casada 7 6 Não 1 30

89 Individual 0 Feminino 37 Casada 7 2 Não 1 80

90 Individual 0 Feminino 42 Casada 7 8 Não 2 200

91 Grupo 4 Feminino 36 Casada 7 9 Não 2 50

92 Grupo 4 Feminino 45 Casada 5 0 Não 2 60

93 Grupo 5 Feminino 50 Casada 7 3 Não 1 55

94 Grupo 6 Feminino 36 Viúva 6 4 Sim 3 25

95 Grupo 4 Feminino 45 Casada 8 0 Sim 1 100

96 Individual 0 Feminino 37 Casada 5 11 Não 2 100

97 Individual 0 Feminino 40 Casada 7 8 Não 2 75

98 Grupo 4 Feminino 45 Casada 8 0 Sim 2 100

99 Grupo 3 Feminino 48 Viúva 5 2 Sim 1 100

100 Individual 0 Feminino 40 Casada 7 8 Não 2 75

Rendimento proveniente de outras actividade

Bens Adquiridos após o primeiro empréstimo

Cliente Número

Tipo de estabelecimento

Tipo de Produto/serviços

oferecidos

Rendimento Mensal (Mts)

Actividade Rendimento

51 Banca Esculturas e bijutaria de madeira 6000 Mercadoria

52 Barraca Venda de Bebida alcoólica 10000-15000

Motorisada, 5 Cabecas de vaca, construcao da casa, 2 telemoveis, radio DVD, Bicicleta

53 Banca Carne de cabrito 3200

Congelador, DVD,TV,mesa,cadeiras,celular,instalacao electrica,bicicleta, radio cassete

54 Banca Peixe seca 3000 Gileira, radio,TV, adquiriu outra banca, 2celulares, bicicleta

55 Venda ao domicílio Carne de cabrito 3200 Reforma do marido Celular

56 Carpintaria Serviços de carpintaria 3000-5000 Casa em construcao, vestuario, loica

57 Barracas Venda de Bebida alcoólica 10000-15000

Motorisada, 5 Cabecas de vaca, construcao da casa, 2 telemoveis, radio DVD, Bicicleta

58 Banca no mercado Carne de cabrito e vaca 7800 Loica e vestuario

49 Salão de Cabeleireiro Tratamento do cabelo 3000-5000 Casa em construcao, vestuario,

loica

60 Venda ao domicílio Venda de carne de vaca 5000-7000 glieira, fugao, bicicleta, mota, machamba

61 2 Salões de TV, Quiosque

Venda de Bebida alcoólica e Projecção de 15000-20000 Construção do Salao, Mesa,

cadeiras, congeladores,

Page 66: Zita joaquim trabalho de licenciatura

filmes ventoinha, TV, Projector, celular, e casa em construcao

62 Banca Verduras, hortícola, cereais 3000 Reforma

do marido 3700 Congelador, Aparelhagem, TV, DVD e Celular

63 Banca Peixe seco 6000-9000 Congelador, casa em construcao

64 Venda ao domicílio Peixe fresco e carne 1500-2000 Salário do Marido

Mesa, congelador, fugao, sofa, radio, celular

65 Banca Produtos alimentares 6000 Rádio, colchão, machada

66 Banca Produtos alimentares 10400 Aparelhagem, celular, TV, geleira, aparador

67 Banca precária em frente ao mercado Feijão manteiga 3000

Construção da casa, loiça, panelas, telemovel,cama,mesa,vestuario,

68 Barracas Bebidas alcoólicas e refeição 7000

Salário do filho e marido

3000

Comprou 3 Barracas, 4TVs, 2congeladore,Celular, mesa, cadeira,motorizada,aparelhagem,DVD

69 Barraca Comida e banidas 1500 construcao da barraca(Matope e chapa), radio, celular,bicicleta

70 Banca fixa no mercado Produtos diversos 3000 Salário do

Marido 2600 Bicicleta

71 Banca fixa no mercado Produtos diversos 4000 Salário do

Marido 1200 Esta a construir a casa( alvenaria)

72 Banca em frente ao mercado Feijão manteiga 2500

73 Bancas no mercado Carne de cabrito e vaca 7800 Loica e vestuario

74 Banca no mercado Peixe fresco 3000Construçã

o de casas

15000

75 Banca no mercado Sementes vegetais 6000

76 Banca no mercado Frutas diversas 2000

reformas, venda de produtos agrícolas

8000 Esta a construir a casa( alvenaria), bicicleta

77 Banca fixa no mercado Produtos diversos 3000 Salário do

Marido 2600 Bicicleta78 Banca Peixe seco 6000-9000 Congelador, casa em construcao

79 Banca fixa no mercado Peixe fresco e carne 1500-2000 Mesa, congelador, fugao, sofa,

radio, celular80 Banca Peixe seco 6000-9000 Congelador, casa em construcao

81 Sem estabelecimento Peixe fresco e carne 1500-2000 Mesa, congelador, fugao, sofa,

radio, celular82 Banca Produtos diversos 6000 Radio, culchao, machamba

83 Banca Produtos alimentares 10400 Aparelhagem, celular, TV, gileira, aparador

84 Banca precária em frente ao mercado Feijão manteiga 3000

Construcao da casa, loica, panelas, telemovel,cama,mesa,vestuario,

85 Banca fixa no mercado Produtos diversos 3000 Salário do

Marido 2600 Bicicleta86 Banca fixa no

mercado Produtos diversos 4000 Salário do Marido 1200 Esta a construir a casa(

alvenaria)

87 Banca em frente ao mercado Feijão manteiga 1560

88 Banca no mercado Carne de cabrito e vaca 7800 Loica e vestuario89 Banca Milho e Arroz 6000-9000 Congelador, casa em construcao

90 Sem estabelecimento Peixe fresco e carne 1500-2000 Mesa, congelador, fugao, sofa,

radio, celular

Page 67: Zita joaquim trabalho de licenciatura

91 Banca fixa no mercado Produtos diversos 3000 Salário do

Marido 2600 Bicicleta

92 Banca fixa no mercado Produtos diversos 4000 Salário do

Marido 1200 Esta a construir a casa( alvenaria)

93 Banca em frente ao mercado

Feijão manteiga e amendoim 2500

94 Quiosques Venda de Bebida alcoólica 15000-20000

Cosntrucao do Salao, Mesa, cadeiras, congeladores, ventoinha, TV, Projector, celular, e casa em construcao

95 Banca Produtos alimentares 6000 Radio, culchao, machamba

96 Salão de Cabeleireiro Tratamento do cabelo 3000-5000 Casa em construcao, vestuario,

loica97 Venda ao domicílio Venda de carne de vaca 5000-7000 Salário do

Maridoglieira, fugao, bicicleta, mota, machamba

98 Bancas Produtos alimentares 6000 Radio, culchao, machamba

99 Banca Produtos alimentares 10400 Aparelhagem, celular, TV, gileira, aparador

100 Sem estabelecimento Venda de carne de vaca 5000-7000 glieira, fugao, bicicleta, mota,

machamba

Número de Clientes

Crédito Juros Periodicidade Duração Crédito Juro Periodicidade Duração BOM Outra Instituição

Tempo

51 2500 650 Mensal 5 meses Não Não2 meses

52 25000 3200 Mensal 8 meses Não Não12 anos

53 5000 1140 Mensal 6 meses Não Sim 3 anos54 10000 2265 Mensal 6 meses Não Não 6 anos

55 2800 365 Quinzenal 5 meses Não Não8 meses

56 25000 4000 Mensal 5 meses Sim Sim 8 anos

57 25000 3200 Mensal 8 meses Não Não12 anos

58 3500 988 Mensal 5 meses Não Não 1 ano49 25000 4000 Mensal 5 meses Sim Sim 8 anos60 15000 3100 Mensal 6 meses Não Sim 9 anos61 10000 2270 Mensal 6 meses Não Não 7 anos62 14000 2400 Mensal 7 meses ASCAs Não ASCAs Não 9 anos63 15000 3005 Mensal 6 meses Não Sim 6 anos64 15000 2500 Mensal 6 meses Não Não 5 anos65 5000 1140 Mensal 6 meses Não ASCAs Não 8 anos

66 7000 1567.5 Mensal 6 meses Não ASCAs Não11 anos

67 2500 650 Mensal 5 meses Não Não 9 anos

68 50000 6650 Mensal 10 meses Não Não10 anos

69 4000 910 Mensal 6 meses Não ASCAs Não 5 anos70 4000 511 Quinzenal 5 meses Não Não 2 anos71 4000 511 Quinzenal 5 meses Não Informal Não 2 anos

Page 68: Zita joaquim trabalho de licenciatura

72 2500 650 Mensal 5 meses Não Não 1 ano73 3500 988 Mensal 5 meses Não Não 1 ano

74 3500 920 Mensal 5 meses Não NãoNovo Banco 1 ano

75 6000 1205 Mensal 6 meses Socremo Não Não 1 ano76 6000 1205 Mensal 6 meses ASCAs 1600 1775 Mensal 1 mes Não ASCAs Sim BIM 9 anos77 4000 511 Quinzenal 5 meses Não Não 2 anos78 15000 3005 Mensal 6 meses Não Sim 6 anos79 15000 2500 Mensal 6 meses Não Não 5 anos80 15000 3005 Mensal 6 meses Não Sim 6 anos81 15000 2500 Mensal 6 meses Não Não 5 anos82 5000 1140 Mensal 6 meses Não ASCAs Não 8 anos

83 7000 1567.5 Mensal 6 meses Não ASCAs Não11 anos

84 3500 920 Mensal 5 meses Não Não 9 anos85 4000 511 Quinzenal 5 meses Não Não 2 anos86 4000 511 Quinzenal 5 meses Não Informal Não 2 anos87 2500 650 Mensal 5 meses Não Não 1 ano88 3500 988 Mensal 5 meses Não Não 1 ano89 15000 3005 Mensal 6 meses Não Sim 6 anos90 15000 2500 Mensal 6 meses Não Não 5 anos91 5000 1140 Mensal 6 meses Não Não 2 anos92 4000 511 Quinzenal 5 meses Não Informal Não 2 anos93 2500 650 Mensal 5 meses Não Não 1 ano94 10000 2270 Mensal 6 meses Não Não 7 anos95 5000 1140 Mensal 6 meses Não ASCAs Não 8 anos96 10000 2270 Mensal 6 meses Sim Sim 6 anos97 15000 3100 Mensal 6 meses Não Sim 9 anos98 5000 1140 Mensal 6 meses Não ASCAs Não 8 anos

99 7000 1567.5 Mensal 6 meses Não ASCAs Não11 anos

100 15000 3100 Mensal 6 meses Não Sim 9 anos

Fonte: trabalho de campo realizado no distrito de Gondola em Abril de 2008