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ECOLOGIA DOS ECOSSISTEMAS COSTEIROS Guia do Professor sobre a zona costeira de Viana do Castelo

ZONA COSTEIRA - GUIA DO PROFESSOR

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ECOLOGIA DOS ECOSSISTEMAS COSTEIROSGuia do Professor sobre a zona costeira de Viana do Castelo

ECOLOGIA DOS ECOSSISTEMAS COSTEIROSGuia do Professor sobre a zona costeira de Viana do Castelo

CONTEÚDO

INTRODUÇÃO MÓDULO 1 MÓDULO 2 MÓDULO 3 MÓDULO 4 MÓDULO 5

CONTEÚDO

O AMBIENTE MARINHO

FICHAS DE TRABALHO

O AMBIENTE MARINHO

FICHA DE ATIVIDADE

O AMBIENTE MARINHO

CONTEÚDO

DEsAfIOs DA ZONA INTERTIDAl

FICHAS DE TRABALHO

O AMBIENTE MARINHO

FICHA DE ATIVIDADE

O AMBIENTE MARINHO

CONTEÚDO

PROTEÇÃO DAs DUNAs

FICHAS DE TRABALHO

O AMBIENTE MARINHO

FICHA DE ATIVIDADE

O AMBIENTE MARINHO

CONTEÚDO

EsTUÁRIOs E sAPAIs

FICHAS DE TRABALHO

O AMBIENTE MARINHO

FICHA DE ATIVIDADE

O AMBIENTE MARINHO

CONTEÚDO

IMPAcTOs DAs ATIvIDADEs

HUMANAs

FICHAS DE TRABALHO

O AMBIENTE MARINHO

FICHA DE ATIVIDADE

O AMBIENTE MARINHO

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INTRODUÇÃO O AMBIENTE MARINHO DEsAfIOs DA ZONA INTERTIDAl PROTEÇÃO DAs DUNAs EsTUÁRIOs E sAPAIs IMPAcTOs DAs ATIvIDADEs

HUMANAs

INTRODUÇÃO

Os oceanos ocupam cerca de 71% da superfície da Terra. Neles, encontramos

300 vezes mais espaço para a vida do que os ambientes terrestres e de água

doce combinados, o que resulta numa diversidade espantosa de vida e de

ambientes que serão explorados ao longo deste dossier.

O município de Viana do Castelo tem um litoral com vasta importância,

do ponto de vista natural, paisagístico e cultural. O município conta com

24km de orla costeira, dos quais 16km são praias arenosas, e 8km são praias

rochosas. No total, são cerca de 40 praias, das quais 11 estão classificadas

como Sítio de Importância Comunitária da Região Biogeográfica Atlântica

Rede Natura 2000.

Temos as condições privilegiadas para aprender mais sobre a ecologia dos

ecossistemas costeiros!

Duna com passadiço (praia do Cabedelo). Crédito Susana Matos.

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INTRODUÇÃO O AMBIENTE MARINHO DEsAfIOs DA ZONA INTERTIDAl PROTEÇÃO DAs DUNAs IMPAcTOs DAs ATIvIDADEs

HUMANAs

O AMbIENTE MARINhO

Quando pensamos no oceano, no Norte de Portugal, não podemos deixar

de pensar em águas frias e turvas. Isto deve-se aos ventos fortes e condições

de mar muito variáveis específicas do litoral norte. São estas características

que fazem com que o mar do litoral norte tenha tanta riqueza biológica,

fazendo dele uma importante zona pesqueira.

No norte de Portugal, a complexidade do relevo submarino – que pode

originar situações de perigo para os veraneantes – é muito importante

na criação de espaços com habitats variados, que suportam uma grande

diversidade biológica, e tem grande influência nos fenómenos costeiros,

como regime de correntes e fenómenos de erosão e deposição de

sedimentos.

Relevo SubMaRino

Nas margens das massas continentais os oceanos são pouco profundos.

A plataforma continental (a extensão submersa dos continentes) ocupa

entre 7 a 8% da área total dos oceanos. A sua extensão varia muito (desde

400km na costa do Canadá até apenas alguns quilómetros na costa Oeste

dos Estados Unidos da América), e estende-se desde a superfície das

águas até uma profundidade de cerca de 200m. No limite da plataforma

continental existe uma descida abrupta dos fundos marinhos, o talude

continental, que se estende até uma profundidade máxima de 3000m.

Em profundidades superiores estende-se a planície abissal: uma vasta

área plana e coberta de sedimentos de origem variada. Em certos locais, a

planície abissal pode ter ravinas abissais (que podem atingir os 11000m de

profundidade!) ou mesmo cordilheiras submarinas. Por vezes acontece que

estas elevações oceânicas afloram à superfície, formando ilhas vulcânicas

como é o caso do arquipélago dos Açores. Estas extensas cristas oceânicas

são frequentemente locais de intensa atividade vulcânica.

Curiosidade

O local mais profundo dos

oceanos é a Fossa das

Marianas. Fica situada no

Oceano Pacífico e tem uma

profundidade de 11.034 metros!

Mede mais de 2.500 km de

comprimento e tem uma largura

média de 69 km. Neste local

tão profundo, a pressão é

1.100 vezes superior à pressão

atmosférica, não existe luz

e a temperatura é tão baixa

que se aproxima do ponto de

congelação.

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Zonação oceânica

O meio marinho constitui o maior meio aquático do planeta e, como tal,

pode ser dividido em diferentes zonas. Na coluna de água, a água que

recobre a plataforma continental é conhecida como a zona nerítica,

enquanto na zona acima das bacias do oceano profundo é conhecida como a

zona oceânica. Estas duas zonas, em conjunto, são conhecidas como a zona

pelágica. Os organismos pelágicos vivem no seio das massas de água sem

dependerem do fundo para completar os seus ciclos vitais. Podem apresentar

um de dois estilos de vida diferentes. O plâncton vai sendo arrastado pelas

correntes enquanto os membros do nécton são nadadores ativos.

Por sua vez, a zona bentónica, é a que se encontra mais próxima dos fundos

oceânicos. Pode ser dividida em zona intertidal, a plataforma continental

e a zona profunda. Organismos que vivem nesta zona podem ser parte da

epifauna, que vivem agarrados às rochas ou se deslocam sobre os fundos

oceânicos, ou infauna, organismos que vivem enterrados no lodo ou na areia.

Mas a luz também influencia a zonação do oceano, embora na vertical. Assim,

a zona pelágica pode ser subdividida em zonas diferentes, de acordo com a

quantidade de luz que chega a cada zona. Temos então a zona eufótica (a

zona que recebe luz solar suficiente para permitir a fotossíntese, que pode

variar com fatores como a turbidez das águas, atinge uma profundidade

média de 50m), a zona oligofótica (limitada acima pela zona eufótica e

abaixo pela profundidade máxima à qual a visão humana tem perceção da

luz, profundidade média de 500m) e a zona afótica (que se estende para

baixo da zona oligofótica e corresponde à zona de escuridão total).

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HUMANAs

200 m

4000 m

6000 m

zona afótica

zona eufótica

zona oceânicazona nerítica

talude continental

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DiStRibuição De coMuniDaDeS MaRítiMaS

As diferentes comunidades marinhas podem ser designadas segundo as

regiões dos oceanos que habitam e de acordo com o seu estilo de vida.

Assim, existem espécies oceânicas e espécies neríticas, dependendo se

os organismos são encontrados em águas costeiras ou em oceano aberto

respetivamente.

• Plâncton organismos que flutuam na água e sem capacidade de

propulsão ou mobilidade própria contra uma corrente. Dividem-se em

fitoplâncton (plantas) ou zooplâncton (animais).

• nécton são nadadores ativos que se podem mover contra as correntes.

Inclui peixes, mamíferos, tartarugas, e outros.

• bentos organismos que vivem junto ao fundo (epifauna) ou dentro dos

sedimentos do fundo (infauna).

Alguns organismos podem começar por ser pelágicos no início do seu

ciclo de vida e tornar-se bentónicos mais tarde.

teia aliMentaR MaRinha

Os diferentes grupos marinhos (plâncton, nécton e bentos) relacionam-

se através de cadeias alimentares. Este termo refere-se ao conjunto de

relações tróficas que ocorrem entre os organismos vivos que compõem

um ecossistema.

De modo geral, pode-se dizer que o fitoplâncton alimenta o zooplâncton

que, por sua vez, alimentam pequenos peixes e crustáceos, que serão,

mais tarde, presa de peixes maiores. Estes cumprirão depois o papel de

alimentarem peixes maiores, que, por sua vez, alimentarão predadores de

topo – atuns, aves, baleias, ou tubarões.

A base de uma cadeia alimentar são os organismos autotróficos ou

produtores (por exemplo, o fitoplâncton, organismos unicelulares

fotossintéticos que vivem à deriva e, através da fotossíntese, sintetizam

compostos orgânicos). O zooplâncton, por sua vez (composto por

copépodes, larvas de peixe e animais bentónicos) alimenta-se do

fitoplâncton – pertencem já à categoria dos heterotróficos, ou

consumidores - e os seres vivos que o constituem são habitualmente

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designados por consumidores primários. A cadeia prossegue com os

consumidores secundários (animais que se alimentam de consumidores

primários), terciários (alimentam-se dos consumidores secundários), e

assim por diante. Existem ainda omnívoros, que se alimentam tanto de

produtores como de consumidores, e decompositores, que se alimentam

de toda a matéria orgânica e a quebram em pequenas moléculas.

Dá-se o nome de teia alimentar ao conjunto de cadeias alimentares

interconectadas de uma comunidade.

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PoRque é que a água DaS PRaiaS Do noRte é tão fRia?

A turvação e as baixas temperaturas das águas do mar do Norte de

Portugal devem-se à fina carga sedimentar e grande massa de água

introduzida no mar pelos vários rios que a ele afloram.

Uma curiosidade, porém, é o facto de durante o Inverno, as águas do mar

serem menos frias e turvas que durante os períodos de Verão.

Contrariamente ao que se pode pensar, isto não depende só da

temperatura do ar mas sim de fenómenos denominados de afloramento

costeiro ou upwelling.

Durante o Verão, os ventos paralelos à costa que se fazem sentir em

Portugal sopram do quadrante norte (as famosas nortadas). Durante o

resto do ano, o vento sopra do quadrante sul. Os ventos do quadrante

norte deslocam a massa de água que é arrastada no sentido do vento.

Contudo, devido à rotação da Terra, o deslocamento da água faz-se

em profundidade sendo que no caso de Portugal, este deslocamento

Curiosidade

O atum rabilho (Thunnus

thynnus) é um peixe de sangue

quente, algo que é invulgar.

Essa característica faz com que

possam nadar nas zonas de

águas mais frias do Atlântico

à procura de alimento. São

também peixes muito rápidos

– conseguem nadar a mais de

60km/h.

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Curiosidade

Estima-se que cerca de 50%

da produção piscícola mundial

se efetua nestas zonas de

afloramentos costeiros!

corresponde a um afastamento de água da costa. Assim, fica uma menor

massa de água mais perto da costa e uma maior massa de água longe

desta, sendo que para compensar a diferença de altura e pressão entre

a zona costeira e o mar aberto, ocorre subida à superfície de águas mais

profundas. Por seu lado, a água quente é arrastada para o interior do

oceano.

Quando os ventos sopram do quadrante oposto, este fenómeno dá-se de

forma inversa, isto é, as águas costeiras tendem a deslocar-se para as zonas

mais fundas, e são substituídas por águas mais quentes. Por ser profunda,

esta massa de água recebe menor quantidade de energia solar e portanto

tem uma temperatura mais baixa de onde resulta que a perceção térmica

na zona costeira seja a de que água está fria.

O fenómeno de upwelling é muito positivo no que diz respeito à

diversidade biológica pois o movimento de ascensão de água fria dá

origem às correntes de afloramento – ricas em nutrientes e que são

responsáveis pela grande produtividade das águas costeiras com que

têm 10 vezes mais fitoplâncton do que em períodos de não afloramento,

estimulando o crescimento de toda a cadeia alimentar.

Poça de maré (praia do Canto Marinho). Crédito Susana Matos.

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ECOLOGIA E bIODIVERSIDADE DA ZONA ENTRE-MARéS

A Zona Entre-Marés é a área da costa que está sujeita à influência da maré

alta e da maré baixa. Nesta zona, são as marés que condicionam a vida.

As condições variáveis que se fazem sentir obrigam os seres vivos que

habitam nesta zona a terem uma capacidade de adaptação especial às

variações ambientais. Quando a maré está cheia, estes organismos são

atingidos pelas ondas, e quando a maré está baixa, ficam expostos ao sol

e à secura. Para sobreviver, têm de conseguir aguentar grandes variações

da periodicidade e amplitude das marés, da intensidade luminosa, da

temperatura, salinidade e outros fatores, consoante estão submersos ou

fora de água.

Cada ponto da zona intertidal tem um conjunto de condições específicas

a que correspondem certas populações de animais e vegetais. Os

organismos que vivem nesta zona agrupam-se assim de uma forma

especial, influenciada tanto por fatores físico-químicos, como por fatores

biológicos, uma divisão que se chama Zonação Intertidal e que faz

com que o tipo de organismos presente na zona intertidal vá variando

consoante esses fatores.

A identificação das diferentes zonas é feita pela localização de

povoamentos dos organismos típicos de cada um dos andares do

Sistema litoral. Os limites superiores de distribuição destes organismos

estabelecem-se de acordo com a sua tolerância às condições ambientais

extremas (temperatura, salinidade, exposição à luz solar e ondulação),

enquanto os limites inferiores são determinados por fatores bióticos, como

a predação e competição entre espécies. Os organismos que habitam esta

zona são muito especiais, pois têm de conseguir sobreviver em condições

particularmente duras e mutáveis. A zona entre marés inclui o andar

Supralitoral, o Mediolitoral e a parte superior do andar Infralitoral.

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Limite superior da Praia-mar

anDaR SuPRalitoRal

Esta zona é a que se segue ao domínio terrestre. Só quando ocorrem

marés vivas é que esta zona se encontra coberta pela água. Os organismos

que vivem neste andar estão sujeitos aos salpicos das ondas. Nos

substratos rochosos, este andar engloba vários organismos.

Um dos pequenos animais que habita este andar é Littorina neritoides, que

pertence ao grupo dos animais conhecidos como burriés. É um pequeno

gastrópode que se costuma encontrar nas fissuras das rochas. Este

pequeno animal tem de prevenir a perda de água por evaporação, manter

a sua temperatura equilibrada, defender-se contra possíveis ondas mais

fortes, e ainda tem de se alimentar! É a espécie mais pequena da familia

Littorinidae, mede apenas entre 3 a 5 mm. Tem uma concha lisa, mais alta

do que larga, que termina num vértice pontiagudo.

Limite inferior da Baixa-mar

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Para além destas duas espécies, pode também destacar-se Verrucaria

maura, um líquen negro que à primeira vista parece alcatrão derramado

sobre as rochas. Muitas pessoas ficam surpreendidas ao descobrirem que

é um organismo vivo, porque parece apenas uma mancha preta sobre as

rochas. É responsável por uma característica faixa preta horizontal que

pode ser vista em muitas praias rochosas.

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Ligia oceanic. Crédito innotata. Verrucaria maura.

Está acompanhado no andar supralitoral por Ligia oceanica. Conhecido

vulgarmente como barata-do-mar, este crustáceo achatado ocupa as

fissuras e pequenas concavidades das rochas. Pode atingir até 30 mm de

comprimento, e tem uma cor entre cinza e cor de azeitona. Alimenta-se

essencialmente à noite, de algas e matéria orgânica morta.

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anDaR MeDiolitoRal

Este andar está sujeito ao efeito das marés duas vezes por dia. Nos

substratos rochosos, as cracas são as primeiras a aparecer, particularmente

as espécies Chthamalus montagui e Chthamalus stellatus. As cracas

são crustáceos marinhos sésseis de vários géneros. Estes animais têm

uma concha calcária bastante característica. Vivem normalmente fixas

em substratos rochosos, mas podem fixar-se também a fundos de

embarcações ou a outros animais (por exemplo, baleias).

Outros organismos comuns neste andar pertencem a várias espécies

do género Patella, que são popularmente conhecidas como lapas. As

lapas são gastrópodes que vivem agarrados, normalmente, a rochas.

A sua concha única também os ajuda a protegerem-se durante a maré

baixa. Estes animais conseguem um isolamento completo ao aderirem

fortemente à rocha. O seu pé musculoso, em conjunto com a concha,

torna-as numa espécie de ventosas. As lapas conseguem movimentar-

se fora de água - desde que a humidade seja elevada ou a temperatura

baixa - e por isso conseguem-se alimentar, mesmo que estejam expostas.

Alimentam-se de microalgas, que raspam da superfície das rochas.

Chthamalus stellatus e Patella.

Mais abaixo, é possível encontrar mexilhões da espécie Mytilus

galloprovincialis. Os mexilhões são moluscos bivalves que vivem nas zonas

intertidais, nas rochas costeiras. O mexilhão utiliza o bissus para se agarrar

à rocha e a outros mexilhões, de forma a enfrentar a força das ondas e das

correntes de fluxo e refluxo características deste andar. A sua concha é de

uma cor negra azulada, e alimenta-se de fitoplâncton e de matéria orgânica

ao filtrar a água do mar. Devido a esta filtração constante, a qualidade

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da água é muito importante para o mexilhão! A concha bivalve é muito

importante para defender o mexilhão das condições variáveis desta zona.

Ao fechar as duas valvas da concha, o mexilhão consegue isolar-se do meio

exterior, mantendo alguma água no seu interior e aguentando, assim, os

períodos nos quais está exposto ao ar. No entanto, não pode permanecer

assim muito tempo pois isto dificulta as suas trocas gasosas e impede que se

alimente.

Mytilus edulis. Fucus spiralis. Crédito ciar.

No limite inferior deste andar, é possível encontrar a alga castanha,

Fucus spiralis. É uma macroalga que pode formar frondes de dimensões

consideráveis. Costumam estar fixas ao substrato através de um rizóide (um

órgão semelhante a uma raiz). Estas algas são flexíveis mas têm uma fixação

resistente. Assim, não oferecem demasiada resistência à força das ondas e

deixam os talos flutuar com a corrente, evitando partir ou ficar danificadas.

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Neste andar, surgem também as características “pocinhas”, espaço entre

as rochas que estão permanentemente cheios de água - chamam-se

poças de maré. São zonas importantes de refúgio para certos organismos

marinhos que se abrigam nelas até que a maré suba. As poças de

maré não estão sujeitas a tanta variação como outras zonas, mas são

condicionadas pela sua posição na praia e pelas marés - as poças que

estão mais próximas do mar têm menos variabilidade do que as que estão

mais afastadas do mar. Todas as poças são diferentes umas das outras, o

que faz com que cada uma tenha particularidades únicas para explorar.

A temperatura é um dos fatores que mais afeta as poças de maré. Como

têm, geralmente, pouca água, estão sujeitas a alterações muito rápidas de

temperatura - num só dia, a temperatura pode variar dentro de uma gama

de cerca de 15ºC. Esta variação pode ocorrer gradualmente ou de forma

súbita: uma poça exposta vai aumentando lentamente de temperatura,

mas quando a maré sobe e inunda as poças, a temperatura da poça desce

de repente. A salinidade também é variável e depende da posição da

poça em relação ao mar, da temperatura, da precipitação, entre outros.

Em poças mais pequenas, quando está muito calor, a evaporação da água

pode levar à precipitação de sais. As poças da praia baixa estão mais

próximas do oceano ficam isoladas menos tempo e, por isso, costumam

ter maior biodiversidade: algas fucóides, mexilhões, lapas, burriés,

anémonas, ouriços, esponjas... Já as poças mais afastadas do oceano e que

ficam isoladas por mais tempo são dominadas por algas verdes, camarões

e caranguejos.

Poça de maré.

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Nestas poças de maré é possível encontrar animais que também existem

no andar infralitoral, como por exemplo o ouriço-do-mar, Paracentrotus

lividus. O ouriço-do-mar é um equinoderme, como as estrelas-do-mar e

os pepinos-do-mar, mas o seu corpo é recoberto por espinhos rígidos.

Alimenta-se de invertebrados e de algas que raspa das rochas com os

seus dentes localizados na superfície inferior do corpo. Os ouriços-do-mar

não são fixos: podem-se movimentar com o auxílio de pés ambulacrários.

Os pés ambulacrários são apêndices exclusivos dos animais do filo dos

equinodermes. Nos ouriços-do-mar e nas estrelas-do-mar, estes pés

terminam em ventosas e assumem funções locomotoras.

Também é possível, por vezes, encontrar estrelas-do-mar. Trata-se de um

equinoderme que ganhou o seu nome popular por ter forma de estrela. A

maior parte das estrelas-do-mar têm cinco braços, mas algumas espécies

podem ter bastantes mais. Podem ser de cores muito diferentes: algumas

são alaranjadas, outras vão do castanho ao vermelho ou à púrpura. Na

parte de baixo dos braços, as estrelas-do-mar têm pequenas estruturas

em forma de tubo, que terminam numa ventosa. São os já referenciados

pés ambulacrários, que servem para as estrelas-do-mar se moverem e se

agarrarem às rochas. Os pés são preenchidos por água do mar: quando a

pressão do líquido é maior nos pés, ficam mais rígidos e quando a pressão

diminui, eles ficam moles – essa diferença faz com que as estrelas-do-mar

se possam movimentar. Alimentam-se principalmente de bivalves.

Curiosidade

As estrelas-do-mar conseguem

ainda fazer outra coisa

interessante: regenerar-se! Isto

quer dizer que quando perdem

um braço, ou uma porção de um

braço, podem fazê-lo crescer

de novo.

Poça de maré com alga vermelha em destaque (Halarachnion ligulatum). Crédito Susana Matos.

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anDaR infRalitoRal

Este andar vai desde o mediolitoral até à profundidade máxima onde

podem existir algas fotófilas (que precisam de muita luz solar), que na

costa portuguesa situa-se entre os 20 e os 24 m de profundidade. Na

maré baixa, uma pequena parte no limite superior deste andar pode

ficar a descoberto, mas o resto permanece sempre submerso. Esta zona

é bastante rica em algas, como Coralina elongata, Gelidium corneum,

Chondracanthus acicularis e Asparagopsis armata. Também pode ser

provável encontrar mexilhões.

Relativamente a algas, nesta zona pode ser possível encontrar algas do

género Laminaria, que podem constituir florestas de Kelp. Kelp é o termo

utilizado para designar as algas castanhas gigantes, como as do género

Laminaria. Estas algas crescem principalmente em águas frias e ricas em

nutrientes, como as que existem na costa de Viana do Castelo. Estas algas

podem formar florestas no fundo do mar, chegando a atingir 65 m de

altura. Estas florestas formam ecossistemas fundamentais para o equilíbrio

da vida marinha. As algas Laminaria, e não só, são importantes produtores

primários, transformando energia solar em matéria orgânica. Captam

dióxido de carbono e libertam oxigénio, contribuindo assim para regular o

efeito de estufa da atmosfera. As florestas de Kelp são muito importantes

para várias espécies, que as utilizam como zonas de alimentação e refúgio.

São também relevantes do ponto de vista económico, pois atraem espécies

de elevado valor comercial para a pesca, como os robalos e as corvinas. Das

algas são ainda extraídos produtos utilizados na alimentação, cosmética e

indústria, o que acentua a sua importância económica.

Macrocystis pyrifera, uma macroalga comum em florestas de kelp.

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Pollicipes pollicipes.

Falando ainda de algas de grandes dimensões, em Viana é também

possível encontrar espécies do género Saccorhiza. Saccorhiza polyschides,

por exemplo, é uma espécie anual cujas lâminas, castanhas e largas,

variam de comprimento de acordo com certos fatores (como a idade,

a profundidade ou a localização). Podem atingir 3m de comprimento

quando as condições são ideais.

Órgão de fixação/rizóide de alga castanha (Saccorhiza polyschides). Crédito Susana Matos.

Outros organismos que ocorrem neste andar (assim como nas poças de

maré do andar mediolitoral) são os percebes (Pollicipes pollicipes). Os

percebes são crustáceos que vivem fixos na rocha, e que têm um aspeto

bastante particular. São compostos por duas partes: o capítulo (uma concha

com placas calcárias que protege o percebe da desidratação) e o pedúnculo

(a parte musculosa e flexível, que contém a glândula adesiva responsável

por aderir o animal ao substrato de modo a resistir à ondulação).

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Anemonia sulcata.

Neste andar, vemos igualmente anémonas-do-mar (Anemonia sulcata). Estes

animais do filo Cnidaria estão presos ao substrato por um pé adesivo e utilizam

os seus tentáculos para capturar alimentos. Para minimizar as perdas de água

durante a maré-baixa, podem reduzir a superfície corporal exposta. Para além

disso, a mucilagem que recobre esta anémona, e que a torna escorregadia,

contribui para que o animal se mantenha húmido, mesmo que esteja exposto

ao ar algum tempo. Alimentam-se de pequenos peixes e crustáceos.

Actinia equina. Crédito holger Krisp.

É ainda possível encontrar tomate-do-mar (Actinia equina). Também

conhecido como morango-do-mar, possui uma coroa com cerca de 200

tentáculos. Quando a maré baixa e o animal fica exposto, retrai os tentáculos

para dentro da cavidade central e fecha-se, ficando com o aspeto de uma

bola gelatinosa. Podem permanecer assim por várias horas, preservando

alguma água no interior e sobrevivendo até ao regresso da água.

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Carcinus maenas.

Esta zona também alberga o caranguejo verde (Carcinus maenas). Trata-se

de um caranguejo típico desta zona. É omnívoro e predador, alimentando-

se de uma grande variedade de presas, em particular moluscos, crustáceos

e poliquetas. É mais ativo à noite e na maré alta. A sua dieta pode mudar

se existirem variações sazonais na disponibilidade das suas presas. A sua

carapaça pode atingir os 10 cm de largura.

Palaemon serratus.

Conta também com o camarão das poças, Palaemon serratus, um

organismo de águas mediterrâneas e do Atlântico Norte temperado. Habita

as regiões marinhas costeiras, especialmente em fissuras rochosas, até

aos 40 metros de profundidade, e pode atingir um comprimento máximo

de 110 mm. É omnívoro e alimenta-se principalmente durante a noite, de

algas e pequenos crustáceos.

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Lipophrys pholis.

Aqui e nas poças-de-marés podemos ainda encontrar Lipophrys pholis, o

peixe vulgarmente conhecido por “ranhosa”. É um peixe comum em poças

rochosas e encontra-se, por vezes, entre as algas. O nome pelo qual este

peixe é popularmente conhecido deve-se ao facto de terem a pele coberta

por um muco abundante. Passam horas apoiados nas barbatanas pélvicas.

Pode permanecer fora da água sob pedras ou algas. É mais ativo durante

o dia, durante o período da maré alta. Alimenta-se especialmente de

gastrópodes, cracas e algas.

Em Viana do Castelo, as praias rochosas têm zonas entre-marés com muita

diversidade, o que torna esta zona muito rica em termos de diversidade e

divertida de explorar!

Poça de maré (praia do Canto Marinho). Crédito Susana Matos.

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DeSafioS Da Zona inteRtiDal

A zona intertidal é uma das zonas mais complicadas para sobreviver.

Os organismos ora estão submersos, ora estão expostos ao ar, e

isto faz com que as condições a que estão expostos (a luz, o ar, o

movimento das ondas...) variem regularmente. Quando os animais

ficam expostos ao ar durante a maré baixa enfrentam vários desafios.

Esta exposição ao ar significa que podem perder água por desidratação,

e para sobreviverem os organismos têm de ser capazes de tolerar

essas perdas de água ou têm de possuir mecanismos que os ajudem

a reduzir as perdas. Já mencionamos previamente que os mexilhões e

as lapas, por exemplo, se servem das suas conchas para conservarem

água no seu interior, e outros animais, como as anémonas, defendem-

se graças à mucilagem que as recobre. Por outro lado, as algas têm

dificuldade em realizar a fotossíntese quando estão expostas ao ar.

Os seus sistemas de trocas de gases são ineficazes fora de água, o que

pode acarretar problemas relativos à respiração. Os animais que não

possuem adaptações para lidar com a falta de água (como conchas ou

mucilagem) podem passar a maré baixa escondidos em locais frescos e

húmidos, como nas fendas das rochas, debaixo de pedras, em bancos

de mexilhões, ou nas poças de marés.

A força das ondas é outro desafio com o qual estes organismos têm de

lidar. Principalmente para os animais que se movem com dificuldade

(ou não se movem mesmo), como os mexilhões ou as cracas, é

importante conseguirem aguentar a força das ondas e das correntes

quando a maré sobe e desce. O facto de viverem em grupo ajuda a

dissipar a força das marés, mas para além disso, estes animais são

caracterizados pelas suas conchas e fixação forte. Os animais móveis

podem evitar os locais mais críticos, mas ainda assim é comum terem

características que lhes facilitem a vida nestes locais. Podem ainda

abrigar-se em cavidades nas rochas ou em bancos de algas e mexilhões.

Alguns animais adotam ainda outras estratégias, enterrando-se no

sedimento que surge entre as rochas ou entre grupos de mexilhões, ou

recorrendo a conchas vazias de búzios para se protegerem (como é o

caso dos caranguejos-eremita). O efeito das ondas é forte e agressivo,

mas é essencial para espécies que dependem das ondas para recursos

vitais como alimento e oxigénio.

Outro dos desafios que os organismos da zona intertidal enfrentam

deve-se ao substrato onde vivem. Num substrato rochoso, mesmo

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que existam mais ondas e mais agitação marítima, os organismos têm

maior facilidade em se fixar e, assim, resolver o problema. No entanto,

o subtrato arenoso, por ser mais móvel e mutável, não permite essa

fixação. Isto faz com que, geralmente, as praias arenosas tenham uma

menor biodiversidade e os seus organismos sejam mais difíceis de

observar.

Poça de maré (praia do Canto Marinho). Crédito Susana Matos.

Curiosidade

O filo Cnidaria é constituído por

de animais aquáticos como as

hidras, medusas, alforrecas,

corais, e anémonas. É um grupo

com mais de 9000 espécies!

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IMPORTâNCIA DOS SISTEMAS DUNARES

Apesar de não estarem diretamente relacionados com o mar, encontramos,

quase sempre perto dele, dunas.

As dunas são elevações de areia, sistemas temporários que fazem a transição

entre o ambiente marinho e o ambiente terrestre.

A importância destes sistemas é enorme sendo que nos dias de hoje,

felizmente, o Homem se tem vindo a aperceber da relevância da proteção

das dunas.

O sistema dunar forma-se em consequência de fatores como:

• Perfil do litoral;

• Areia disponível na praia;

• Vento;

• Presença de obstáculos (como por exemplo, vegetação).

De forma geral, o nascimento das dunas começa com a formação de Bancos

de Areia, zonas de acumulação sedimentar que podem ser o resultado de

fenómenos complexos entre a ação dos ventos e a ondulação marítima.

Estes bancos de areia fornecem a areia que irá alimentar as praias e entrar no

processo de formação das dunas. Assim, na área de areia permanentemente

seca, a areia, depois de seca ao sol, é transportada para o interior pela

ação do vento. Os grãos de areia vão rolando uns sobre os outros, e param

quando encontram vegetação ou outros obstáculos que possibilitem a sua

acumulação. Aí, vão formando um montinho e começam uma pendente

suave para o lado do oceano (barlavento) e um declive mais acentuado no

lado oposto (sotavento).

Neste ponto, considera-se uma duna embrionária. Criam-se então condições

para a colonização de plantas que promovem a acumulação de areias. Inicia-

se assim um progressivo crescimento e maturação da duna, acompanhada

por uma sucessão de comunidades vegetais.

Apesar de partilharem o mesmo processo de formação, existem diferentes

tipos de dunas. O tipo mais normal no litoral português é a duna transversal:

dunas compridas e transversais ao sentido do vento e paralelas entre si.

Existem outros tipos de dunas, como as dunas parabólicas (dunas com

forma de crescente cuja concavidade fica voltada para o lado de onde vem

o vento) ou as dunas barcanes (dunas com a mesma forma das parabólicas,

mas concavidade fica do lado oposto àquele de onde vem o vento).

Curiosidade

As dunas podem ser móveis

(são as mais comuns quando

há uma influência contínua

do vento), fixas (quando têm

vegetação que as estabiliza)

ou fósseis (consolidadas numa

época geológica antiga).

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duna embrionária

Quando existem conjuntos de dunas organizados de acordo com as

condições de vento de um dado local, diz-se que existe um sistema dunar.

Estes constituem a forma mais comum de ocorrência das dunas.

Estes sistemas começam com o aparecimento de uma acumulação de areia

na zona mais próxima à água, embora afastada da zona de rebentação das

ondas, até formar uma duna. Esta duna vai-se movimentando no sentido

do vento, normalmente do litoral para o interior. O afastamento pode

abrir espaço para que apareçam outras acumulações de areia nesse local.

Estas novas acumulações criam obstáculos para o vento que empurra a

duna inicial. A partir do momento em que o vento diminui, a duna inicial,

já mais afastada do mar, pode começar a estabilizar e a ser recoberta com

vegetação. Assim, dá-se a fixação da duna inicial. O processo pode-se ir

repetindo até que o sistema dunar esteja todo fixo, o que pode acontecer

por razões naturais ou por intervenção humana, através de plantações de

espécies vegetais fixadoras.

À medida que as dunas mais afastadas do mar se vão fixando, também a

duna mais próxima do mar vai ficando mais equilibrada. Mantém-se mais ou

menos constante num dado local e pode começar a ser fixada pelas plantas.

duna frontal

duna interior

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Essa duna pode então ser chamada “duna frontal”, à duna seguinte “duna

interior” e à zona entre elas “espaço inter-dunar”.

Os sistemas dunares costeiros são sistemas muito dinâmicos e sensíveis.

Vão mudando ao longo do tempo, de acordo com as pressões a que estão

sujeitos. Formam barreiras naturais muito resistentes à ação dos ventos

e das ondas, e são uma proteção importante, em especial durante as

tempestades mais agressivas de inverno.

Do ponto de vista da conservação, os sistemas dunares costeiros são

considerados como habitats naturais muito importantes, especialmente

relativamente à vegetação. A natureza dinâmica destes sistemas cria

paisagens com uma topografia variável, fornecendo uma enorme

variedade de habitats que apresentam uma riqueza florística e animal com

características únicas.

bioDiveRSiDaDe

As dunas são admiráveis habitats naturais com muitas espécies de flora e

fauna. Como meio ambiente, as dunas caracterizam-se pela mobilidade do

sedimento, pela existência de um gradiente de salinidade entre as zonas

mais perto e mais longe do mar e por diferenças entre a zona frontal,

delimitada pelo topo da duna, e as regiões que esta protege.

As características dos sistemas dunares (vento, salinidade, insolação,

secura, escassez de água e nutrientes, mobilidade de areias) implicam

que poucas espécies de plantas e animais consigam colonizar este

meio. As que o fazem, porém, são espécies de elevado valor ecológico,

exclusivas destes habitats e com um extraordinário grau de adaptação e

especialização.

As primeiras plantas começam-se a instalar quando as condições

ambientais o permitem, geralmente a partir do momento em que a

possibilidade de submersão começa a ser menor. Estas plantas vão

impedir que as areias se movimentem para o interior, e podem permitir

o crescimento das dunas em altura assim como favorecer a estabilização

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da faixa costeira. As primeiras plantas a aparecer são muito simples, mas

destacam-se por serem plantas resistentes à salinidade e a um substrato

instável. São uma espécie chamada Elymus farctus, uma gramínea que é

popularmente conhecida como feno-das-areias. Cresce muito depressa,

para evitar ser soterrada pela areia, e conta com as longas raízes para fixar

as areias da duna onde se desenvolve. Tem folhas lisas e brilhantes na face

superior e enrugadas como um fole na face inferior. A superfície brilhante

tem uma película que reflete a luz solar excessiva e protege as células da

ação da água salgada que por vezes salpica. A face inferior, enrugada,

cria um ambiente abrigado e húmido onde as trocas gasosas se dão,

minimizando as perdas de água. Nas praias mais lotadas, esta planta tem

muita dificuldade em sobreviver, pois a sua localização coincide com as

zonas preferidas pelos veraneantes, que, por causa do pisoteio, danificam

as comunidades vegetais e impedem que se desenvolvam.

Junto do feno-das-areias, surgem outras plantas como a carqueja-mansa

(Cakile maritima). A carqueja-mansa é uma planta que tolera grandes

concentrações de sal, diz-se que é halófita. Tem órgãos suculentos, que lhe

permitem diluir o sal acumulado, e as suas pequenas e rijas folhas limitam

a sua exposição aos salpicos salgados das ondas. Podem surgir em grandes

quantidades em zonas que tenham grandes concentrações temporárias

de matéria orgânica. São plantas anuais, o que quer dizer que o seu

efeito fixador só se faz notar durante o seu período de crescimento ativo.

Quando desaparecem, a areia acumulada pode ser novamente arrastada

pelo vento. Como é tão difícil viver nesta zona, por causa do substrato

instável e da pontual submersão pelas águas (que pode acontecer durante

tempestades, no Inverno), só o feno-das-areias, com o seu crescimento

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Carqueja-mansa (Cakile maritima). Crédito Susana Matos.

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rápido e as suas raízes longas, consegue permanecer aqui. O feno-das-

areias vai então constituir um obstáculo ao vento, que vai começar ali a

depositar areia e a formar uma elevação.

Após alguns anos, o topo da duna começa a ver o aparecimento de

pequenos povoamentos de cordeiro-das-dunas (Otanthus maritimus),

que é recoberto por um tomento lanoso que protege a planta da intensa

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Cordeiro-das-dunas (Otanthus maritimus). Crédito Susana Matos.

luz solar, mantendo ao mesmo tempo uma fina camada de ar húmido

perto do caule e das folhas. O sapinho-da-praia (Honkenia peploides) e

morganheira-das-praias (Euphorbia paralias) também surgem, com o

sapinho-da-praia a preferir locais com maior humidade. Com a ajuda

destas plantas, a duna vai continuar a crescer em altura, formando uma

duna embrionária. Mais atrás, aparece o estorno (Ammophila arenaria).

O estorno também se caracteriza pelo seu crescimento rápido, que

Morganheira-das-praias (Euphorbia paralis). Crédito Susana Matos.

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Cordeiro-das-dunas (Otanthus maritimus). Crédito Susana Matos.

impede que a planta fique soterrada na areia, e pelas suas raízes longas,

que captam água e estabilizam a planta. Cresce em tufos densos, e

graças a isso consegue resistir à força do vento. Ao abrigo dos pequenos

montículos de areia que se vão acumulando em redor desta espécie

vão surgindo outras espécies, como a leituga-dos-montes (Leontodon

taraxacoides), ou a granza-das-praias (Crucianella marítima).

Esta zona da duna é a mais sensível, e é a zona da duna em que os efeitos

do homem mais se fazem sentir. Os veraneantes, muitas vezes, passam por

cima das dunas, pisoteando as plantas que habitam nesta zona, e pode

mesmo acontecer que o trânsito de veículos agrícolas e de lazer destruam

vegetação. Ao fazer isto, contribuem para pôr as areias em movimento,

eliminando assim o primeiro obstáculo que o mar encontra pela frente.

Cordeiro-das-dunas (Otanthus maritimus). Crédito Susana Matos.

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Lírio-das-areias (Pancratium maritimum).

A duna embrionária torna-se, eventualmente, uma duna primária.

A vegetação que aí se encontra é dominada por estorno, mas inclui

mais espécies, como o cardo-marítimo (Eryngium maritimum), que se

caracteriza por uma roseta basal de onde partem caules espinhosos,

podendo atingir cerca de 50 cm de altura, o lírio-das-areias (Pancratium

maritimum), com características flores brancas, e Silene littorea, uma

pequena herbácea anual.

Sillene litorea. Crédito Susana Matos.

Para lá do topo da duna frontal, já existe um ambiente mais seco e abrigado

do vento, que é dominado por madorneira (Artemisia crithmifolia) e

perpétua-das-areias (Helichrysum picardii). Estas são acompanhadas por

espécies como a vúlpia (Vulpia alopecurus), a gramínea erva-pinchoneira

(Corynephorus canescens), e o morrião-azul (Anagallis monelli). Esta zona

já tem um substrato mais estável, o que permite que exista uma maior

diversidade de plantas, organizada em comunidades mais complexas.

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Chegada a esta fase, a forma dunar está definida. O seu perfil suave

corresponde à passagem gradual de um ambiente marinho para um

ambiente terrestre. As zonas mais recuadas podem evoluir no sentido de

ficarem mais estáveis, e podem depois ganhar mais diversidade caso esta

evolução não seja perturbada por fatores como tempestades, subida do

nível do mar, défice de areia na alimentação das praias, entre outros.

Na duna secundária, mais afastada do mar e, geralmente, mais estável,

podem surgir plantas arbustivas como a saboneteira (Polycarpon

tetraphyllum), cujas elegantes flores brancas surgem entre abril e setembro,

ou a perpétua-das-areias (Helichrisum picardii), uma planta aromática que

floresce entre maio e setembro, e cujos caules podem ter entre 20 a 50 cm

de altura.

Morrião-azul (Anagallis monelli). Crédito Susana Matos. Saboneteira (Polycarpon tetraphyllum). Crédito Susana Matos.

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Perpétua-das-areias (Helichrisum picardii).Crédito Susana Matos.

A vegetação natural deve ser preservada, não só porque tem um papel

importante no crescimento e estabilização das dunas, mas também porque

constitui alimento e abrigo de muitos animais.

Assim, a nível de fauna, a duna também contém alguns exemplares

adaptados à vida neste espaço que, por vezes, pode ser hostil.

Na porção mais próxima do mar, é possível encontrar pequenos crustáceos

como as pulgas-da-areia, assim conhecidas por causa dos seus saltos súbitos

e aspeto parecido ao das pulgas. Alimenta-se de detritos orgânicos em

decomposição, especialmente de restos de macroalgas. São uma parte

importante da alimentação de diversas espécies de peixes e aves. Passam

bastante tempo enterradas na areia.

Em zonas da duna com maior diversidade de plantas, existe também maior

diversidade de animais, graças à maior variedade e disponibilidade de

alimento.

O sapo-de-unha-negra (Pelobates cultripes) é um anfíbio que se pode

encontrar associado a este habitat. Pode atingir os 10 cm de comprimento.

Alimenta-se de invertebrados que captura durante a noite. Durante o dia,

mantém-se enterrado na areia, onde é mais fresco e húmido. Este sapo não

vive só nas dunas, mas as dunas contêm importantes zonas de reprodução,

pelo que a destruição destas zonas é uma ameaça à sua sobrevivência.

Curiosidade

O sapo-de-unha-negra é um

anfíbio robusto, que ganhou

o nome por possuir uma

espora negra nos membros

posteriores, que utiliza para

escavar. É essencialmente

noturno: passa o dia enterrado

na areia, nos buracos que

escava com as esporas negras.

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Empusa pennata. Crédito béotien lambda.

Esta zona mais rica em espécies vegetais alberga aracnídeos e também

insetos variados, como gafanhotos. Estes têm, geralmente, formas especiais

e cores claras, que lhes permitem confundir-se com a areia e passar

despercebidos aos numerosos insectívoros que por ali passam. Uma destas

espécies é o louva-a-deus (Empusa pennata). A forma deste habitante dos

sistemas dunares faz com que possa ser facilmente confundido com um

galho seco, tanto em larva como em adulto.

Também é possível observar gaivotas, embora estas não estejam restritas

às dunas. Uma das espécies destas regiões é a gaivota-de-asa-escura (Larus

fuscus). É uma espécie comum e fácil de reconhecer: os adultos são brancos,

com as asas de cor cinzento-escuro, e com manchas pretas na cauda.

Esta espécie pode existir em ambientes distintos, podendo mesmo ser

encontrada a muitos quilómetros da costa. Pode existir nas proximidades

da orla costeira e estuários, mas também de salinas, lagoas, cursos de água,

Larus fuscus. Crédito andreas trepte.

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barragens, estações de tratamento de águas residuais, lixeiras e zonas

urbanas. Esta espécie de gaivotas alimenta-se de quase tudo: restos de

animais mortos, crustáceos, material vegetal, aves jovens, ovos e insetos, e

até mesmo resíduos resultantes da atividade humana.

Assim, é fácil concluir que as dunas são um abrigo muito importante

de várias espécies de fauna e flora: quer para reprodução, quer para

alimentação, várias espécies estão dependentes das dunas.

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Charadrius alexandrinus. Crédito alnus.

PRoteção DaS DunaS

Mesmo quando estão estabilizadas pela vegetação, as dunas são instáveis

e é muito fácil perturbar a sua estrutura. O pisoteio, por exemplo, destrói

a vegetação e faz com que a areia fique novamente solta, podendo ser

espalhada pelo vento. Isto inicia um chamado processo que em casos

extremos pode por em risco todo o sistema dunar. A extração de espécies de

plantas das dunas também pode resultar na destruição dos sistemas dunares.

A construção de estruturas em cima das dunas pode transformar uma duna

fixa numa duna móvel, sendo assim os processos dominados pela presença

da areia e do vento e da relação entre eles e as estruturas ocorrentes na

duna. Este processo resulta quase sempre na destruição da duna ou da

estrutura artificial, o que pode fazer com que a linha de costa recue.

As dunas constituem uma proteção muito importante para o homem.

Funcionam como uma fronteira que protege os terrenos interiores dos

avanços do mar. São a principal barreira contra a erosão e o avanço do mar

que pode ocorrer durante tempestades ou eventos extremos. Quando as

dunas são destruídas ou danificadas, isso facilita o avanço do mar em direção

Curiosidade

Os borrelhos-de-coleira-

interrompida formam casais

monogâmicos, de duração

sazonal, mas o mesmo casal

pode estar junto por vários

anos. Ambos os progenitores

cuidam das crias.

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ao interior. As dunas maiores e mais estáveis contribuem para estabilizar o

litoral, limitando a influência do mar sobre o interior. Também servem como

“armazém” de areias que compensam os fenómenos erosivos e os períodos

mais críticos. Para além disso, contribuem para o equilíbrio dos sistemas

litorais e preservam a paisagem em toda a sua diversidade de componentes.

Em resumo, as dunas são essenciais para proteção da biodiversidade, das

pessoas e das povoações. São boas razões para serem eficazmente protegidas.

Duna com vegetação, incluindo Morganheira-das-praias (Euphorbia paralias). Crédito Susana Matos.Sistema dunar com passadiço. Crédito Susana Matos.

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OS ESTUáRIOS E SAPAIS

Os estuários são o resultado da mistura de águas continentais e oceânicas e

o canal por onde os rios penetram no mar.

Estão sujeitos à influência das marés e são a fronteira entre os meios

marinho e de água doce, sendo as suas características determinadas pela

forma com as duas massas de água com diferentes origens se combinam.

Os estuários localizam-se nas fozes dos grandes rios portugueses, em

zonas costeiras de baixa energia, menos sujeitas à agitação e às correntes

marítimas, porém muito expostas a correntes de maré.

Apesar do senso comum nos indicar que o estuário é um local onde a água

do rio entra na água do mar, o oposto também é verdade.

A diferença de densidades entre as duas águas – salgada e doce – permite

tal feito.

A água salgada, por ter maior densidade, circula, genericamente mais

próxima do fundo enquanto a água doce se mantém mais à superfície.

Curso superior

Curso médio

Praia fluvial

Planície fluvial

Delta

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Esta diferença de densidades tem também consequências no que diz

respeito ao transporte de sedimentos, nos fluxos de materiais no interior do

estuário e nas características físico-químicas do ambiente estuarino.

A carga sedimentar transportada até ao mar, também é diversificada

conforme o percurso. Assim, a carga sedimentar grosseira é depositada

no início do estuário – estuário alto, a zona de maior influência do rio.

No estuário médio – a zona com a maior variação diária de salinidade e

temperatura - verifica-se deposição de carga sedimentar fina, dando origem

aos bancos lodos e limosos e portanto só mesmo as partículas mais finas,

associadas à corrente principal do rio, chegam ao mar, dando origem à

pluma estuarina.

Como dito anteriormente, porém, nos estuários é também verificável a

existente de circulação de água contrária ao habitual montante-jusante.

A circulação com origem marinha acompanha o ritmo das marés e portanto,

durante a subida da maré, o mar empurra o rio para montante. Isto provoca o

deslocamento da água doce para as zonas laterais do canal de circulação – a

nível do estuário baixo, uma zona de características principalmente marinhas.

Já no estuário médio e alto, a influência desta entrada de água do mar no rio

é notória no fundo, tendo como resultado a subida do nível da água.

A vida num estuário nem sempre é fácil, mas para quem lá consegue viver

pode ser um ambiente recompensador. As diferentes características das

duas massas de água que se encontram num estuário influenciam de forma

diferente os organismos que habitam o curso de água da nascente á foz,

Estuário (veiga de S. Simão). Crédito Susana Matos.

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detendo uma grande variabilidade de organismos.

Por um lado, existem os organismos sésseis (fixos ao substrato ou de

mobilidade reduzida) cuja flutuação diária do nível de água, salinidade,

temperatura e concentração de oxigénio constituem um desafio. Por outro

lado, os organismos capazes de suportar esta variação diária, apresenta-se-

lhes uma grande disponibilidade de nutrientes e alimento – os estuários

são dos ambientes com maior produtividade do planeta. Por imobilizarem

materiais no sedimento e biomassa animal e vegetal, funcionam ainda

como filtros naturais para poluentes.

Já os organismos móveis, em particular os de origem marinha que residem

no estuário, vêm a entrada de água salgada como uma possibilidade de

aceder a um meio onde o alimento abunda, além de que este é um meio

mais propício para depositar os seus ovos ou para o desenvolvimento larvar.

Devido aos nutrientes que são transportados pelas águas de terra,

um estuário apresenta elevada produtividade biológica, que suporta

inclusivamente algumas atividades do Homem, como a pesca ou a

recolha de bivalves. Os estuários também são notáveis por serem um

local de abrigo contra predadores (uma vez que impede a entrada de

predadores tanto marinhos como de água doce), permitindo que peixes

juvenis e outros animais cresçam num local rico em alimento. Várias aves

utilizam os estuários como local privilegiado de nidificação. São também

um importante local de alimento e repouso para as aves migratórias.

Os estuários prestam ainda vários outros serviços: armazenamento e

reciclagem de nutrientes, retenção de sedimentos, transição entre o

Curiosidade

A veiga de S. Simão é uma

zona húmida que se estende

de Mazarefes a Subportela.

Tem uma extensão de cerca

de 150 hectares de terrenos

alagados e 200 hectares de

campos agrícolas e matas

dispersas. O encharcamento

quase permanente desta zona

permitiu uma evolução da flora

e da fauna mais diferenciada,

uma vez que os terrenos

alagados impunham condições

adversas para algumas práticas

agrícolas.Estuário do rio Lima. Crédito Susana Matos.

EsTUÁRIOs E sAPAIs

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INTRODUÇÃO O AMBIENTE MARINHO DEsAfIOs DA ZONA INTERTIDAl PROTEÇÃO DAs DUNAs IMPAcTOs DAs ATIvIDADEs

HUMANAs

meio marinho e de água doce e filtro natural de poluentes. São muito

importantes!

Em Viana do Castelo, existe o estuário do rio Lima. É um dos maiores

estuários do norte de Portugal, albergando no seu interior o importante

porto de Viana do Castelo e desenvolve-se nas duas margens do rio Lima,

assim como na foz do mesmo.

Os lodaçais salgados, que cobrem e descobrem com as marés surgem

associados às ínsuas, dando origem a uma paisagem dominada por

vegetação tolerante ao sal. Na margem direita existem alguns sapais de

pequenas dimensões. Na margem esquerda, o estuário contacta com os

caniçais e juncais da veiga de S. Simão.

O estuário do Lima alberga espécies de fauna bastante interessantes.

A garça-real (Ardea cinerea), a maior garça que ocorre em Portugal,

encontra no estuário do rio Lima um bom local de descanso. O corvo-

marinho-de-faces-brancas (Phalacrocorax carbo) também usa o estuário

para se alimentar e descansar. Esta ave de penas negras pode ser vista

especialmente durante o período de setembro a abril. O pilrito-das-praias

(Calidris alba), uma pequena ave de patas pretas e ventre branco, é um

Curiosidade

O corvo-marinho-de-faces-

brancas pode ser encontrado

em grandes bandos em zonas

ricas em alimento. Depois de

pescar, esta ave descansa com

as asas abertas ao sol para

conseguir secar as penas.

Ardea cinerea.

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INTRODUÇÃO O AMBIENTE MARINHO DEsAfIOs DA ZONA INTERTIDAl PROTEÇÃO DAs DUNAs IMPAcTOs DAs ATIvIDADEs

HUMANAs

outro visitante frequente do estuário. Pode ser visto mais frequentemente

entre setembro e março. A petinha-dos-prados (Anthus pratensis) é uma

ave de plumagem castanha e peito malhado que surge em grandes

números no início do Outono. Alimenta-se de insetos e, entre outubro

e março, é possível ver esta pequena ave em todo o tipo de terrenos

agrícolas, pastagens, incultos ou campos encharcados, sendo uma

presença regular no estuário do rio Lima.

Phalacrocorax carbo. Crédito andreas trepte.

O robusto lagarto-de-água (Lacerta schreiberi) ocorre nas proximidades

do rio Lima, e mantém-se ativo entre os meses de Fevereiro e Outubro,

quando entra em repouso invernal. É uma espécie que só ocorre na

Península Ibérica e que, por isso, é muito importante. Em Portugal é uma

espécie pouco preocupante, mas tem muito interesse do ponto de vista da

conservação: faz parte da Convenção de Berna e da Diretiva Habitats.

Lacerta schreiberi.

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INTRODUÇÃO O AMBIENTE MARINHO DEsAfIOs DA ZONA INTERTIDAl PROTEÇÃO DAs DUNAs IMPAcTOs DAs ATIvIDADEs

HUMANAs

SaPaiS

Nos estuários é frequente a presença de comunidades vegetais que se

podem desenvolver em ambientes com muito sal, designadas por sapais.

Estes desenvolvem-se sobre lodaçais onde as correntes não conseguem

transportar todos os sedimentos que carregam. Existem plantas, como

por exemplo as do género Spartina, que têm um papel muito importante

na estabilização dos fundos dos sapais estuarinos, pois formam pequenas

ilhotas de vegetação pioneira. As raízes destas plantas contribuem para

tornar mais coesas as partículas do solo. Por outro lado, os caules fazem

com que a água vá abrandando e favorecem a sedimentação. Spartina

maritima, por exemplo, conhecida popularmente como morraça, é uma

espécie do género Spartina presente nos sapais de Viana do Castelo, que

suporta longos períodos de submersão. À medida que o solo do sapal

se torna mais espesso, criam-se condições para a existência de outras

plantas. Em Portugal, os sapais são os locais com maior diversidade de

plantas que se desenvolvem em locais com estas concentrações de sal.

Pode haver tipos de vegetação de sapal muito variáveis, mas em Portugal

existem mais plantas herbáceas ou arbustivas.

Nas zonas de sapal mais próximas da foz, banhadas por águas mais salinas

e submetidas ao movimento da água do mar, situa-se o sapal externo.

No sapal interno a influência da água doce é muito maior, as marés são

menos evidentes e a vegetação vai sendo dominada por elementos menos

tolerantes ao sal.

No sapal externo, a zonação é definida principalmente pela probabilidade

e a duração do encharcamento pela água da maré. Existem três zonas

principais no sapal externo: alto, médio e baixo. O sapal baixo situa-se

no extremo inferior do sapal, em solos de salinidade mais ou menos

constante, sempre saturados de água salgada. Nas comunidades mais

interiores do sapal baixo e no sapal médio há um ciclo de inundação e

drenagem que ocorre duas vezes por dia. O sapal alto só é visitado pelas

águas marinhas na maré cheia.

No que diz respeito a espécies vegetais existentes nos sapais, há várias

que merecem menção, como por exemplo, os juncos. O junco-marítimo,

ou junco-das-esteiras, (Juncus maritimus), por exemplo, é uma planta

herbácea perene, que pode atingir uma altura entre 60 a 150cm. Trata-se

de uma planta halófita, ou seja, tolerante à salinidade. Durante muito

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HUMANAs

carnudos que podem atingir 30cm de altura. Ocorre em áreas de sapais,

e nas arribas temporariamente encharcadas por água salgada ou salobra,

bem como nas salinas, o que significa que tem tolerância à salinidade.

A salicórnia está a ganhar alguma popularidade a nível gastronómico,

especialmente como substituto do sal: há quem utilize esta planta

para colocar em saladas, para saltear com legumes, ou para utilizar em

omeletes.

tempo, as populações usavam o junco-das-esteiras para produzir, como o

próprio nome indica, esteiras. Estas eram utilizadas para cobrir habitações

mais modestas, e também era utilizada para proteger os barracões onde

do gado contra o frio e a chuva.

A salicórnia é outro tipo de plantas que podem ser encontradas nos

sapais. Salicornia ramosissima, por exemplo, é uma planta com caules

Estuário do rio Lima. Crédito Susana Matos. Caniçal (Phagmites australis), estuário do rio Lima

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HUMANAs

IMPACTOS DAS ATIVIDADES hUMANAS NOS ECOSSISTEMAS COSTEIROS

Segundo o Plano de Ação de Proteção e Valorização do litoral 2012-2015, o

litoral português enfrenta hoje em dia uma ameaça significativa decorrente

dos fenómenos de erosão costeira, inundação, instabilidade das arribas,

entre outros. Cerca de 1/4 da sua extensão mostra tendência para erosão

ou erosão confirmada. A perda de território e a destruição ou danificação

das infraestruturas existentes (de proteção costeira ou edifícios) em alguns

pontos da orla costeira, têm contribuído para aumentar as situações de

risco nestas áreas, que podem ter implicações graves no que se refere à sua

segurança.

A costa norte de Portugal Continental tem estado exposta a diversas

pressões humanas, as quais, em maior ou menor grau, contribuem para

a sua degradação. As praias rochosas estão especialmente sujeitas à

exploração humana, pois abrigam um grande número de espécies, algumas

delas de elevado valor económico.

No Verão, as zonas costeiras são ainda mais perturbadas pois é o período

em que as pessoas vão à praia em grandes números. Os danos causados

pelo pisoteio na zona intertidal das praias rochosas, durante este período,

tornam-se ainda mais graves pelo facto de nesta época se dar a fixação

larvar das principais espécies bentónicas.

Nas proximidades de cidades, vemos outro dos principais problemas, que

é a descarga de efluentes domésticos e industriais não tratados é uma

situação comum no nosso país. Outra forma de poluição crónica é causada

pelo intenso tráfego marítimo que se verifica em águas portuguesas (da

qual fazem parte as descargas de águas de lavagem dos tanques dos

petroleiros que passam pela costa portuguesa), principalmente junto às

zonas portuárias.

A recuperação de terras para agricultura leva por vezes à perda de habitats

e áreas essenciais dos ambientes estuarinos e lagunares costeiros, e a

invasão urbana, com cada vez mais habitações e equipamentos turísticos

localizados perto das praias, contribuem para a degradação da paisagem

litoral, chegando a destruir o cordão dunar. Pratica-se também a extração

de areias de dunas primárias. Ao fazê-lo, permite-se que mais água salgada

entre nos estuários, provocando o salgamento de solos cultivados e

substituindo os lençóis de água doce por água salgada.

Entre os fatores antrópicos que afetam a dinâmica das zonas costeiras

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8 6 8 7

segundo o INAG (2010), destacam-se:

• O efeito de estufa;

• A ocupação da faixa litoral;

• A diminuição de sedimentos que chegam ao litoral devido à construção de

barragens nos grandes rios;

• A destruição de defesas naturais, seja pela remoção de vegetação, pisoteio

das dunas, etc.

Devido à conjugação dos vários fatores inumerados anteriormente, pode-se

verificar as seguintes consequências:

• Erosão costeira;

• Poluição da água do mar e das praias;

• Fragmentação de habitats e perturbação dos ecossistemas;

• Perda da biodiversidade;

• Expansão de espécies invasoras;

• Perda de atratividade da zona costeira.

A gestão dos riscos relacionados com a evolução do litoral vai ser cada

vez mais importante devido aos impactos das alterações climáticas. Estes

podem ter várias consequências, como a subida do nível médio do mar, a

modificação do regime de agitação marítima, alterações da precipitação...

Neste cenário, segundo os dados constantes do Projeto SIAM II - Alterações

Climáticas em Portugal. Cenários, Impactos e Medidas de Adaptação (2006),

prevêem-se alterações no balanço sedimentar. Estas podem significar

uma variação da intensidade da erosão, ou modificações da frequência e

intensidade das inundações costeiras. Os impactos dessas alterações ao

nível económico, social e ambiental serão variáveis e irão depender das

características geológicas, morfológicas e padrões de ocupação existentes

na faixa costeira nacional.

INTRODUÇÃO O AMBIENTE MARINHO DEsAfIOs DA ZONA INTERTIDAl PROTEÇÃO DAs DUNAs IMPAcTOs DAs ATIvIDADEs

HUMANAs

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zona costeirade Viana do castelo

8 9

fIChASfichas de trabalho

fichas de atividade

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9 0 9 1

ficha De tRabalho • 1

MóDulo 1 // o aMbiente MaRinho

200 m

4000 m

6000 m

1. O que é a plataforma continental?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

2. Como se chama a zona que se segue à plataforma continental?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

3. Legenda a seguinte imagem:

4. Como achas que serão as condições de vida na Fossa das Marianas, o local mais profundo dos oceanos? Porquê?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

ficha De tRabalho • 2

1. O que é um organismo pelágico?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

2. Legenda a seguinte imagem de acordo com a região do oceano que habitam:

3. Pertencem ao nécton:

a) todos os organismos marinhos que nadam ativamente;

b) todos os organismos marinhos, fixos ou rastejantes do substrato abissal;

c) todos os organismos marinhos, fixos ou rastejantes do substrato litorâneo;

d) todos os organismos marinhos que vivem a flutuar no oceano.

4. Dá um exemplo de um organismo que pertença ao nécton.

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

MóDulo 1 // o aMbiente MaRinho

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9 2 9 3

ficha De tRabalho • 3

MóDulo 1 // o aMbiente MaRinho

1. O que são organismos autotróficos? Dá um exemplo.

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

2. O conceito de teia alimentar refere-se a quê?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

3. Define o fenómeno de upwelling.

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

4. Porque é que o upwelling é um fenómeno benéfico?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

ficha De ativiDaDe

Esta atividade simples vai ajudar a perceber as diferenças de pressão que existem no oceano e que variam de acordo

com a profundidade.

MóDulo 1 // o aMbiente MaRinho

MateRial

• 1 garrafa de plástico de água (pode ser de

1,5L);

• Régua;

• Marcador;

• Pionés ou semelhante;

• Fita isoladora adesiva;

• Água.

PRoceDiMento

• Coloca a garrafa pousada numa mesa.

• Com o marcador e a régua, marca cinco pontos equidistantes a

partir da base da garrafa.

• Com a ajuda do pionés, faz furos do mesmo tamanho em cada

um dos cinco pontos que marcaste.

• Utiliza a fita isoladora adesiva para tapar os furos.

• Enche a garrafa com água e coloca-se perto de um lavatório ou

lava-loiças.

• Tira a fita isoladora e observa o que acontece.

Repara que quando a fita adesiva for retirada, a água vai começar a sair pelos furos. A distância alcançada pelos

esguichos vai variar com a profundidade – quanto mais próximo da base da garrafa, maior será o esguicho. Isto

acontece devido ao peso da coluna de água ser maior no fundo da garrafa do que na superfície. À medida que a garrafa

vai ficando vazia e que a pressão diminui, a distância alcançada pelos esguichos também se vai tornando menor.

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ficha De tRabalho • 1

MóDulo 2 // DeSafioS Da Zona inteRtiDal

1. O que se entende por Zona Intertidal?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

2. Os seres vivos da zona intertidal…

a) Distribuem-se por diferentes andares da zona intertidal, condicionados por fatores físicos, químicos e

biológicos;

b) Distribuem-se por diferentes andares da zona intertidal, condicionados por fatores unicamente biológicos;

c) Distribuem-se aleatoriamente por diferentes andares da zona intertidal, sem estarem condicionados por

nenhum fator externo ou interno;

d) Distribuem-se por diferentes andares da zona intertidal, condicionados por fatores unicamente físico-químicos.

3. Os animais do andar supralitoral costumam estar submersos pela água do mar. Verdadeiro ou Falso? Justifica a tua

resposta.

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

4. Nas estrelas-do-mar, para que servem os pés ambulacrários?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

ficha De tRabalho • 2

1. Que animais se podem encontrar nas rochas da Zona Mediolitoral?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

2. Que fatores condicionam as poças de maré?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

3. Se perderem um braço, as estrelas-do-mar podem regenerar-se, fazendo crescer um novo braço. Verdadeiro ou

falso?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

4. Nas estrelas-do-mar, para que servem os pés ambulacrários?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

MóDulo 2 // DeSafioS Da Zona inteRtiDal

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ficha De tRabalho • 3

MóDulo 2 // DeSafioS Da Zona inteRtiDal

1. O que é uma floresta de Kelp?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

2. Qual é a importância das florestas de Kelp?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

3. Quando a maré baixa, o tomate-do-mar…

a) Desliza até um local mais baixo, onde fique submerso;

b) Fica no mesmo local, sem mudar nada;

c) Enrola os tentáculos para dentro da cavidade central e espera até a maré subir;

d) Aproveita para se alimentar mais.

4. Porque é que a zona intertidal pode ser um local complicado para viver?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

ficha De ativiDaDe

Uma saída de campo a uma praia rochosa de Viana do Castelo é uma boa maneira de levar os alunos a testemunhar,

em primeira mão, a diversidade e a estrutura destas praias. Assim, sugere-se esta atividade. Pode inclusivamente

ser estabelecida uma pequena competição de fotografia, com os melhores trabalhos a terem a oportunidade de ser

expostos na escola.

Nota: As visitas deverão ser programadas de modo a serem realizadas na maré baixa, o que permitirá visualizar uma maior

diversidade de habitats (consultar a Tabela de Marés do Instituto Hidrográfico: www.hidrografico.pt/previsao-mares.php).

MateRial

• Lápis e borracha;

• Caderno de registo;

• Máquina fotográfica;

• Pionés ou semelhante;

• Ficha de campo.

MóDulo 2 // DeSafioS Da Zona inteRtiDal

PRoceDiMento

• Observar a morfologia da praia.

• Observar e registar: poças cobertas por água na baixa-mar (infralitoral), rochas a descoberto durante a maré-

baixa (médiolitoral), rochas sempre descobertas (supralitoral); flora e fauna (forma e dimensões, habitats, modo de

fixação, modo de locomoção, atividade);

• Zonas de areia molhada e seca;

• Observar e registar vestígios de influência da atividade humana no ecossistema.

obJetivoS

• Identificar a diversidade de seres vivos no litoral;

• Reconhecer as diferentes zonas do litoral e os organismos que nelas

habitam;

• Observar e caracterizar as relações entre os diferentes seres vivos.

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ficha De ativiDaDe

MóDulo 2 // DeSafioS Da Zona inteRtiDal

FICHA DE CAMPO

1. Local _______________________________________________________________________________________

2. Data _______________________________________________________________________________________

3. Hora _______________________________________________________________________________________

4. Condições atmosféricas _______________________________________________________________________

5. Tipo de substrato ____________________________________________________________________________

6. Outras informações __________________________________________________________________________

7. Espécie detetadas

noMe científico noMe vulgaRnÚMeRo De inDivíDuoS

ficha De tRabalho • 1

1. Que fatores influenciam a formação dos sistemas dunares?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

2. Os sistemas dunares podem ser considerados dinâmicos? Porquê?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

3. Que fatores naturais contribuem para a fixação das dunas?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

4. As dunas são importantes? Porquê?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

MóDulo 3 // PRoteção DaS DunaS

ECOLOGIA DOS ECOSSISTEMAS COSTEIROS zOnA COSTEIRADE VIAnA DO CASTELO

1 0 0 1 0 1

ficha De tRabalho • 2

1. Que características definem os sistemas dunares enquanto habitats?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

2. O feno-das-areias tem algumas características especiais que lhe permitem sobreviver nas dunas. Quais são?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

3. Uma planta halófita é uma planta que…

a) Tolera a exposição à luz solar;

b) Tolera a exposição a temperaturas baixas;

c) Tolera a salinidade;

d) Tolera estar soterrada pela areia.

4. As dunas são importantes? Porquê?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

MóDulo 3 // PRoteção DaS DunaS

ficha De tRabalho • 3

1. Qual é a importância das dunas para o sapo-de-unha-negra?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

2. Que característica dá o nome ao borrelho-de-coleira-interrompida?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

3. Que fatores podem influenciar negativamente as dunas?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

4. O pisoteio é benéfico para as dunas. Verdadeiro ou Falso? Justifica a resposta.

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

MóDulo 3 // PRoteção DaS DunaS

ECOLOGIA DOS ECOSSISTEMAS COSTEIROS zOnA COSTEIRADE VIAnA DO CASTELO

1 0 2 1 0 3

ficha De ativiDaDe

MóDulo 2 // DeSafioS Da Zona inteRtiDal

A vegetação dunar deve ser preservada e, para tal, é bom conhecê-la. Para além de constituir alimento e zona

de abrigo para várias espécies de animais, a vegetação dunar tem um papel importante no crescimento e

estabilização das dunas, e inclui, no seu grupo, espécies de grande interesse do ponto de vista da conservação. A

presente atividade pretende familiarizar os alunos com um sistema dunar, levando-os a registar a sua estrutura e a

diversidade botânica que nele é possível encontrar.

É essencial não pisar a duna e percorrer apenas os passadiços indicados para o efeito.

MateRial

• Lápis e borracha;

• Caderno de registo;

• Máquina fotográfica.

PRoceDiMento

• Observar o sistema dunar.

• Analisar os diferentes tipos de vegetação.

• Esquematizar, no caderno, uma representação da duna, completa com a respetiva vegetação.

• Procurar identificar as diferentes espécies de plantas presentes na duna.

obJetivoS

• Reconhecer e representar a vegetação nas diferentes zonas do sistema dunar.

ficha De tRabalho • 1

1. O que é um estuário?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

2. Os estuários estão sujeitos à ação das marés?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

3. Como se chama a zona do estuário que sofre a maior variação diária de salinidade e temperatura?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

4. A água salgada circula mais perto do fundo. Por que razão?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

MóDulo 4 // eStuáRioS e SaPaiS

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1 0 4 1 0 5

ficha De tRabalho • 3

1. O que define a zonação do sapal externo?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

2. Que papel desempenham as plantas do género Spartina nos sapais?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

3. No passado, para que era utilizado o junco-das-esteiras?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

4. A salicórnia pode ser utilizada para

a) Aliviar indigestões;

b) Substituir o sal na cozinha;

c) Curar entorses;

d) Substituir o açúcar na cozinha.

ficha De tRabalho • 2

1. Que fatores podem variar, ao longo do dia, num estuário?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

2. Os estuários são locais muito importantes para algumas espécies, nomeadamente para o Homem. Porquê?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

3. Enumera algumas espécies da fauna que se possam encontrar no estuário do rio Lima.

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

4. O lagarto-de-água mantém-se ativo entre os meses de Novembro e Janeiro. Verdadeiro ou Falso? Justifica a

resposta.

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

MóDulo 4 // eStuáRioS e SaPaiS MóDulo 4 // eStuáRioS e SaPaiS

ECOLOGIA DOS ECOSSISTEMAS COSTEIROS zOnA COSTEIRADE VIAnA DO CASTELO

1 0 6 1 0 7

ficha De ativiDaDe

O estuário do rio Lima é interessante sob vários aspetos, nomeadamente no da biodiversidade. Várias espécies de

aves utilizam o estuário como local de passagem, descanso ou alimentação. A garça-real, a narceja, o pica-peixe e a

galinha-de-água algumas das aves que se podem observar. A águia-pesqueira, de passagem, pesca no estuário do

Lima, e existem várias outras espécies interessantes para ver. Assim, será interessante observar algumas das espécies

de aves que passam pelo estuário.

Poderá ser importante a contribuição de um guia experiente, que oriente os participantes no que diz respeito aos

aspetos da conduta do observador, informando sobre o comportamento necessário para não perturbar os habitats

das aves.

nota: O melhor período de observação no estuário do rio Lima é durante os meses de Outono e Inverno.

MateRial

• Máquina fotográfica;

• Binóculos;

• Roupa apropriada – chapéu,

roupa e calçado adequados

para caminhar.

PRoceDiMento

Para iniciar o percurso, pode ser importante ter uma perspetiva geral do estuário, que se obtém facilmente a partir

do monte de Santa Luzia.

Na cidade, o porto é um ponto de interesse, no qual se podem observar diferentes espécies de gaivotas e outras

aves, como o guincho-comum. Nas proximidades do clube náutico, também se tem uma boa perspetiva sobre as

ilhas existentes no rio. Estas ilhas são local de reunião para algumas aves, como a garça-real ou o corvo-marinho-de-

faces-brancas.

Na margem sul, em zonas arenosas, é frequente encontrar pequenos bandos de aves de diferentes espécies, como

borrelho-grande-de-coleira, o borrelho-de-coleira-interrompida, o pilrito-das-praias e o maçarico-das-rochas. Em

redor destas zonas, existe alguma vegetação herbácea, onde se podem ver alguns passeriformes, como a petinha-

dos-prados, o cartaxo-comum, a fuinha-dos-juncos e o exótico bico-de-lacre.

Em cada paragem, observar, fotografar e identificar as aves presentes no local.

obJetivoS

• Observar a diversidade de aves no estuário.

MóDulo 4 // eStuáRioS e SaPaiS

ficha De ativiDaDe

MóDulo 4 // eStuáRioS e SaPaiS

ECOLOGIA DOS ECOSSISTEMAS COSTEIROS zOnA COSTEIRADE VIAnA DO CASTELO

1 0 8 1 0 9

ficha De tRabalho • 2

1. Que fator pode fazer diminuir a quantidade de sedimentos que chegam ao litoral?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

2. Que extensão do litoral apresenta erosão, ou tendência para a erosão?

________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________

3. Quais são os principais fatores antrópicos que afetam a zona costeira?

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4. Que influência podem ter as alterações climáticas no litoral?

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ficha De tRabalho • 1

1. Porque é que a pressão humana sobre o litoral é maior no Verão?

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2. No verão, o pisoteio na zona intertidal das praias rochosas é especialmente grave. Porquê?

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3. Que problemas causa a proximidade das cidades aos ecossistemas costeiros?

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4. Porque é que não se deve extrair areia das dunas primárias?

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MóDulo 5 // iMPactoS DaS ativiDaDeS huManaS MóDulo 5 // iMPactoS DaS ativiDaDeS huManaS

ECOLOGIA DOS ECOSSISTEMAS COSTEIROS 1 1 0

ficha De ativiDaDe

A presente atividade propõe levar os alunos a visitar uma zona problemática do litoral, que exiba algumas das

características enumeradas no capítulo (invasão urbana, danificação de dunas, etc.). Esta visita deverá ajudar os

alunos a interiorizar alguns dos fatores que influenciam negativamente o litoral, e debater algumas das soluções

implementadas, ou que se podem implementar, com vista à minimização destes impactos negativos. Esta zona

poderá ser em Viana do Castelo ou local próximo (por exemplo, Ofir).

MateRial

• Lápis e borracha;

• Caderno de registo;

• Máquina fotográfica.

obJetivoS

• Observar em primeira mão alguns dos impactos antrópicos negativos no

litoral;

• Debater a influência destes impactos;

• Refletir sobre possíveis soluções.

MóDulo 5 // iMPactoS DaS ativiDaDeS huManaS

PRoceDiMento

• Observar e registar os principais exemplos de influência negativa no litoral.

• Fotografar, se possível, alguns destes exemplos.

• Debater, em conjunto, a influência de cada um dos diferentes fatores detetados no litoral.

• Refletir sobre possíveis soluções.

• Em contexto escolar, compilar as informações recolhidas, sugestões e fotografias num relatório de análise.

Guia do Professor sobre a zona costeira de Viana do Castelo