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N.º 11 JUN./JUL./AGO. 2012 €3.00 Portugal [Cont.] > FRUTA AOS PEDAÇOS > SAÍDO DA CASCA Conhecer o flash, o seu funcionamento, modos e componentes pode ser a chave para uma fotografia expressiva e recheada de efeitos criativos. Neste artigo fazemos luz sobre um dos mais importantes acessórios que o fotógrafo tem ao seu dispôr. GUIAS PRÁTICOS Fotografia analógica ESPECIAL BAÚ Conheça ao pormenor a Rolleiflex 2.8 ENTREVISTA Pedro Freitas e o gosto pela fotografia analógica GALERIA Hugo Pinho em exposição neste especial PRÁTICA Guia completo e explicado passo a passo, com tudo o que precisa de saber para revelar a p&b em sua casa + 16 páginas O MESMO PREÇO ESPECIAL FOTO-AVENTURA Maurício Matos testa as Leica M8 e M9 na Costa Rica

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Revista de Fotogafia

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N.º 11JUN./JUL./AGO. 2012

€3.00Portugal [Cont.]

> FRUTA AOS PEDAÇOS> SAÍDO DA CASCA

Conhecer o flash, o seu funcionamento, modos e componentes pode ser a chave para uma fotografia expressiva e recheadade efeitos criativos. Neste artigo fazemos luz sobre um dos mais importantes acessórios que o fotógrafo tem ao seu dispôr.

GUIAS PRÁTICOS

FotografiaanalógicaESPECIAL

BAÚ

Conheça ao pormenor

a Rolleiflex 2.8

ENTREVISTA

Pedro Freitas e o gosto

pela fotografia analógica

GALERIA

Hugo Pinho em

exposição neste especial

PRÁTICA

Guia completo e

explicado passo a

passo, com tudo o

que precisa de

saber para revelar

a p&b em sua casa

+16páginas

O MESMO PREÇO

ESPECIAL

FOTO-AVENTURAMaurício Matos testa as Leica M8 e M9na Costa Rica

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clickO Q U E VA I E N CO N T R A R N A z O O m

Foto da capa: stock

FICHA TÉCNICA zOOM n.º 11 [Junho/Julho/Agosto 2012]

DIRECTOR Maurício Reis REDAÇÃO Cláudio Silva, Marcos Fernandes, Paulo Jorge Dias, Pedro Portela MARKETING/CIRCULAÇÃO Sandra Mendes ARTE/GRAFISMO +ideias design IMPRESSÃO Peres-Soctip - IndústriasGráficas, S.A DISTRIBUIÇÃO Vasp, Lda PROPRIEDADE MR Edições e Publicações, de Maurício José da Silva Reis | Contribuinte 175282609 | REDAÇÃO|PUBLICIDADE Rua da Escola, 35 - Coselhas, Apartado 97, 3001-902Coimbra | Tel.: 239081925 | E-mail: [email protected] | [email protected] | [email protected]

Depósito legal: 305470/10 | Registado na E.R.C. n.º 125761 Periodicidade: Trimestral | Tiragem: 12.500 exemplares[ Está interdita a reprodução de textos e imagens por quaisquer meios, a não ser com a autorização por escrito da empresa editora ]

http://www.zoomfp.com www.flickr.com/photos/revistazoom http://twitter.com/revista_zoom http://www.facebook.com/pages/Revista-zOOm-Fotografia-Prática/183784928322852

> EDITORIAL

A fotografia digital não para de evoluir. As máquinas atuais são capazes de coi-sas extraordinárias. Têm capacidades impensáveis há alguns anos. Contudo, oobjetivo continua a ser o mesmo: tirar ou fazer fotografias.

Não sei se por vivermos numa época em que as coisas de época estão na moda,principalmente o que diga respeito aos anos 80, o certo é que há muita gente ausar, ou a continuar a usar, máquinas fotográficas analógicas. E há os quecomeçam a usar. Uns porque está na moda, outros porque encontram nas analó-gicas algo que as digitais não lhes oferecem, ou transmitem.

Embora, julgo, menos importante, há ainda o fator preço. Pelo valor de uma digi-

tal de gama média, pode-se adquirir uma excelente máquina analógica e, even-tualmente, até algumas objetivas.

Existe ainda o ritual de tirar a fotografia e só passados dias, às vezes meses,poder-se ver o resultado. Os mais conhecedores optam mesmo por revelar emcasa o filme, não ficando dependente do que fazem os laboratórios.

Mesmo que a grande maioria das pessoas nem pense sequer trocar a suamáquina digital, ou venha a comprar uma analógica, não quer dizer que não seinteresse em saber mais. Com isto em mente, a zOOm oferece aos seus leitores,um especial sobre fotografia analógica, tendo como base a ideia “Para perceber

o presente, convém conhecer o passado”. São vinte páginas em que viajamos notempo.

Depois, há os habituais artigos de inspiração fotográfica. Viajámos até à CostaRica para testar duas Leica, entrevistámos dois excelentes fotógrafos, apresen-tamos mais dois interessantes guias passo a passo para praticar em casa, mos-tramos o trabalho de alguns dos nossos leitores e ainda desvendamos algunssegredos do Flash.

Inspire-se e... boas fotografias.A Direção

03 > LivrosNesta edição os autores portugueses estão em des-taque em quatro excelentes livros.

05 > ConhecerApresentamos-lhe mais três fotógrafos internacio-nais que fazem muito mais do que tirar fotografias.

06 > à La MinuteAprenda, de forma simples, como oferecer maiscarácter aos seus retratos.

08 > ExposiçãoVeja as imagens de outros leitores e conheça umpouco mais sobre as mesmas... e os mesmos.

19 > PráticaMais dois guias práticos: com um pouco de criativi-dade, humor e... ovos, conseguirá uma foto interes-sante; e aprenda a criar magia fotográfica com umfruto.

24 > Foto-AventuraMaurício Matos partiu para a Costa Rica para experi-mentar as suas novas companheiras: as Leica M8 eM9. Conheça a história e veja os resultados.

30 > DestaqueNeste número desvendamos-lhe alguns segredos doFlash, explicando os termos mais comuns e comopode usar os modos mais básicos e criativos.

36 > Pela objectiva de...João Pina é um dos melhores fotojornalistas daatualidade. Para ele, "o Mundo é o melhor lugar doMundo para se ser fotógrafo". Já Luís Afonso olha oMundo de forma diferente da pessoa comum. A pai-sagem natural é o seu campo de eleição.

49 > ESPECIAL FOTOGRAFIA ANALÓGICAA fotografia está na moda. A foto-grafia analógica ressuscitou. Odigital é interessante, mas háquem ainda prefira o filme. E por-que é bom conhecer o passadopara entender o presente, decidi-mos oferecer aos nossos leitoresum Especial com sabor retro.

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Regresso ao passado (?)

FotografiaanalógicaESPECIAL

BAÚConheça ao pormenora Rolleiflex 2.8

ENTREVISTAPedro Freitas e o gostopela fotografia analógica

GALERIAHugo Pinho emexposição neste especial

PRÁTICA

Guia completo eexplicado passo apasso, com tudo oque precisa desaber para revelara p&b em sua casa

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livrosQUE DEVE TER NA SUA ESTANTE . TEXTO: MARCOS FERNANDES

Rebentou a bolha imobiliária nosEstados Unidos em 2007. Rebentou acrise mundial em 2008. Rebentou a

polémica da manipulação digital no NewYork Times em 2009. São três aspectos liga-dos a esta obra de Edgar Martins. This is Nota House é um ensaio fotográfico sobre o

impacto da crise do subpri-me, que levou ao colapsodo mercado imobiliárionos Estados Unidos, dei-xando inúmeras casas desa-bitadas, boa parte por finalizar.Martins tinha sido comissariadopela revista do New York Timespara fotografar esses espaçosvazios de presença humana, em16 localidades. As fotografias tor-naram-se mais que testemunhosdocumentais. Mostram uma rea-lidade vazia, inerte. Parecem pal-cos de uma quase realidade, rui-nas sem dono. Outras fotografiasrepresentam mais que uma casa.

São autênticas cidades fantasma, que nuncao chegaram a ser. Era certamente isto que oseditores do New York Times queriam, e foiisto que Edgar Martins viu e apresentou. Masa polémica estalou quando se descobriu queo fotógrafo tinha feito alterações digitais em

pormenores de algu-mas imagens. EdgarMartins explicaria queos factos são sempreconstruídos por quem

os regista, e que sempre descreveu esteensaio como um estudo que ia além dainvestigação e documentação, que pretendialevar à reflexão sobre uma nova forma dearquitectura americana, a que chamou de«ruinas de idade do ouro». Na altura, escre-veu um comunicado a citar Roland Barthesao dizer que a Fotografia cria sempre umnovo mundo em vez de duplicar o que jáexiste. Explicou, também, que FernandoPessoa considerava que algumas verdades sópodem ser contadas como ficção. A polémicadeu azo a reflexões de artistas, comissários,antropólogos e filósofos., mas acabou porserenar. Organizaram-se exposições, a últimadas quais ainda patente em São Paulo. À faltade uma mostra em Portugal, nada comoespreitar o livro.

This is Not a HouseFOTOS DE EDGAR MARTINS | EDITORA: DEWI LEWIS | PÁGINAS: 108 | €42

Aparições, A Fotografia de Gérard Castello-Lopes 1956-2006FOTOS DE GÉRARD CASTELLO-LOPES | EDITORA: BESarte e Fundação Calouste Gulbenkian | PÁGINAS: 288 | €35

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Apareceu. Eis que,finalmente, chegaum livro de dimen-

sões consideráveis sobre avida e obra de GérardCastello-Lopes. E refiro-medeliberadamente e literal-mente a «dimensões consi-deráveis». Esta obra, catálo-go da exposição que esteverecentemente em Lisboa eque por estes dias mora noCentre Culturel CalousteGulbenkian de Paris, tempraticamente 30cm de com-primento. Pode parecer por-menor tolo mas lembremo-nos das conhecidas preocu-pações que Gérard Castello-Lopes concedia à escala dasimagens, ao impulso de terfotografias grandes, refreado pela percepçãode que cada foto, afinal, tem uma tamanhocerto para assumir o seu esplendor. Damesma forma que convém que a parede seja

grande para que respi-rem as imagens comdiferentes tamanhos,também convém que aspáginas do livro tenham«dimensões considerá-veis». Aparições imorta-liza a exposição póstu-ma que passou peloespaço BES Arte &Finança no final de 2011.Apresenta fotografias apreto e branco mas tam-bém a cores. No lote deimagens monocromáti-cas há provas vintage,mais sépia, e inéditas. Éuma retrospectiva deGérard mas foge à linhacronológica e historicis-ta que é hábito atribuir-

lhe – e que o próprio reconhecia –, de separara sua Fotografia em duas fases: de meadosdos anos 50 a meados de 60, numa veiahumanista e neo-realista, e dos anos 80 em

diante, numa corrente mais plástica e inti-mista. Aparições foi coordenado por JorgeCalado, o iniciador da Colecção Nacional deFotografia. Está à venda exclusivamente naGulbenkian.

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Gérard Castello-Lopes, Costa de Lavos, Portugal, 1960

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livrosQUE DEVE TER NA SUA ESTANTE . TEXTO: MARCOS FERNANDES

Makulatur parece a memória de umórfão. É uma resposta emotiva deNozolino à morte dos pais. Retrata

os entes, decrépitos, na recta final da vida. Asimagens são vizinhas de outras, simbólicas,carregadas de negros em tons de luto. Notodo, Makulatur é uma violenta poesia visualsobre a relação com o fim. Nozolino tem-seocupado de cenários de desolação noutrasobras, com a morte por vezes suspensa. Masagora os fantasmas são pessoais. Makulaturfoi o título da exposição que esteve no anopassado na Galeria Quadrado Azul e que éagora transposta para livro pela Steidl. Naaltura, a galeria apresentava o conjunto deimagens como uma obra «sóbria e contida,uma reflexão sobre a vida e a morte». O livrofoi premiado na Alemanha com a medalhade prata do Deutscher Fotobuchpreis, que

anualmente distingue os melhores livros deFotografia editados na Alemanha.

As salas de jogo estão habitualmenterepletas, mesmo a meio da semana.Levas de homens de negócios, e não

só, atravessam a fronteira nas Portas doCerco ou chegam no final da tarde nos velo-zes barcos de Hong Kong, para onde cumpri-rão o vaivém muitas horas depois, já demadrugada. De permeio, sob o luar escondi-do pela névoa de Macau, o vício cumpre-senos casinos. Mas se as salas de jogo estão

repletas, nos espaços intermédios, os lobbiesdos hotéis-casino estão desertos. São locaisdifíceis de interpretar, ora estéreis por seremlocais de passagem sem identidade, ora exa-geradamente ricos de ornamentos, quaserococó. Mármores, cadeiras vintage, almofa-dados, dourados, louças, brilhantes. Uma aus-teridade crua e vazia, em espaços transbor-dantes de luxo. Os lobbies são locais frios,acentuados nas fotografias de António Júlio

Duarte pela luz violenta e crua doflash da sua máquina de médio for-mato, que reflecte em superfíciesbrilhantes e polidas. É um ruídobranco mas, simultaneamente, aluz que traz à vida cantos sombrios.O flash é a prova de que tambémhá vida, embora passageira, noslobbies dos casinos de Macau.Quanto mais não seja pela simples,e efémera, passagem do fotógrafo.

White NoiseFOTOS DE ANTÓNIO JÚLIO DUARTE | EDITORA: PIERRE VON KLEIST | PÁGINAS: 78 | €38

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oMakulaturEDITADO POR PAULO NOZOLINO | EDITORA: STEIDL | PÁGINAS: 20 | €24

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conhecerFOTÓGRAFOS DE CÁ E DE LÁ

FOTÓGRAFOSNa zOOm damos-lhe a conhecer alguns dos melhores fotógrafos do mundo,sejam eles nacionais ou internacionais. As suas fotografias são, na grandemaioria, autênticas fontes de inspiração. É que, felizmente, também se aprende(e muito) sobre fotografia... a ver.

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Timothy AllenPode parecer exage-rado, mas aNationalGeographic já teveo privilégio de terpublicado imagensdeste fotógrafo, quecomeçou a sua car-

reira no jornal londrino The Independent.Mochileiro e viajante inveterado, já esteveem mais de 50 países nos últimos 20 anos. Ea nossa sorte é que juntou a sua vontade egosto de viajar à fotografia. Para além deestar sempre envolvido em ambiciosos pro-jetos, foi o fotógrafo oficial da poderosa sériedocumental da BBC, “Human Planet”. Aolongo de mais de dois anos viajou com asequipas de filmagem da BBC pelos quatrocantos do mundo, registando fotografiasmemoráveis. Esteve no frio extremo, nocalor, na humidade e deu cabo de algummaterial fotográfico. Pode ver grande partedas imagens deste fotógrafo no livro com omesmo nome da série e que vale cada cênti-mo que custa. Para além de tudo isto,Timothy Allen ainda vai atualizando o seublogue com algumas ideias e truques sobrefotografia.http://humanplanet.com/timothyallen/

JuzaEste fotógrafo ita-liano, nascido em1985, começoucomo tantos outros:comprou a sua pri-meira SLR, umaNikon N60 analógi-ca, em 1999, e as

fotos que tirava eram apenas para maistarde recordar. Com o tempo começou aaprofundar os seus conhecimentos e foificando envolvido pelos aspetos técnicos eartísticos da fotografia. E ainda bem, dize-mos nós, que seguimos quase religiosamen-te o trabalho de Juza. Em 2004 adquire a suaprimeira câmera digital e, graças a todas asvantagens que este sistema oferece, a suatécnica chega a um outro nível. Desde entãojá experimentou e foi possuidor de inúmerasobjetivas e câmeras. Junte-se a isto o gostopela viagem e o resultado pode ser visto nosite do fotógrafo: espetaculares fotografiasde inúmeros países, macros, vida animal,entre outras. Na sua página ainda tem aces-so a dicas, testes, opiniões, tudo sobre foto-grafia.http://www.juzaphoto.com

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Tim MantoaniA primeira ligação àfotografia aconte-ceu no liceu, quan-do fotografava parao livro do ano daescola. Sempredesejou seguir acarreira como fotó-

grafo, mas isso parecia-lhe algo como seruma estrela do rock. Ainda iniciou os estu-dos para ser engenheiro mas, ao fim de umano, achou tudo ridículo e que não queria teruma vida assim. Pretendia qualquer coisaligada às artes e, claro, a fotografia estava notopo da lista das suas preferências. Depoisde concluído o curso, desbravou caminho e éagora reconhecido em todo o mundo, princi-palmente o seu último trabalho e livro“Behind Photographs: archiving photograp-hic legends”, que inclui 158 imagens de cria-dores e as suas inesquecíveis criações. Ouseja, Mantoani mostra pessoas que dedica-ram as suas vidas à fotografia e as imagensmais famosas que conseguiram. As fotos deTim foram feitas em Polaroid 20x24, formatoquase extinto e caríssimo (cada revelaçãocusta cerca de 150 euros), ao longo de cincoanos. Vale bem a pena, não só o livro, masconhecer um pouco mais o trabalho doautor.http://www.mantoani.com

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à la minuteEDIÇÃO RÁPIDA DE IMAGENS

Retratos com carácterExistem variadíssimas formas de retra-

tos e igual número para os editar eapresentar. Mas uma coisa é certa,

quase todos gostamos daqueles que revelamo carácter do fotografado. E, nestes, podemosincluir a imagem de um pescador, de umsem-abrigo, de um velhote, só para daralguns exemplos. Alguns fotógrafos, na faseda edição, conseguem tornar alguns rostosem mais do que simples faces. Carregam emcada ruga, em cada poro, em cada olhar. Sesempre quis aprender alguma técnica parapoder fazer o mesmo a alguns dos retratosque tira, então pode aprender neste númeroda zOOm. Para isso vamos recorrer a um dosfiltros do Photoshop, o High Pass que é alta-mente eficaz como ferramenta de ‘sharpe-ning’, contornando o mais pequeno detalhepara resultados hiper-realistas. nZ

1Abra a imagem a editar no Photoshop. Depois vá a ‘Layer’ >‘Duplicate Layer’ para duplicar a imagem para uma nova camada(‘layer’). Clique em ‘Filter’ > ‘Other’ > ‘High Pass...’ para abrir a jane-

la do filtro. À medida que aumenta o valor ‘Radius’ começará a ter umhalo à volta dos contornos da imagem. Quando este halo for muito gran-de, a maior parte do pequeno detalhe desaparecerá, pelo que não acon-selhamos exageros.

2Na janela das camadas, mude agora o modo de combinar (‘blend’)as layers para ‘Overlay’, através do respetivo menu. Isto permitecombinar as duas camadas e revelar cada detalhe, maximizando o

efeito do filtro High Pass. Se ainda assim julga que é pouco, pode ir aomenu ‘Layer’ > ‘New’ > ‘Layer via copy’ para duplicar o efeito.

3De volta à pequena janela das layers, vamos criar uma camada deajuste para preto e branco. Para isto clique no pequeno ícone nofundo da janela, representado por um círculo dividido com preto e

branco. Depois use as barras deslizantes para efetuar pequenos ajustes.Normalmente, as cores a mexer para edição de retratos são o ‘Red’ e‘Yellow’ que têm como alvo os tons de pele.

4Crie agora uma nova camada de ajuste, neste caso ‘Levels’ (ouníveis). No gráfico que aparece use as barras do ponto Preto e doponto Branco para aumentar o contraste geral da imagem. Não se

acanhe e seja até excessivo (q.b.) para conseguir a tal imagem comcarácter. Por fim faça a junção de todas as camadas – ‘Flatten Image’ – egrave o resultado final.

ORIGINAL

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EDITADA

Esta é uma das formas de apresentarretratos com carácter. E das maisfáceis e rápidas de aplicar.

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exposiçãoDOS LE ITORES

NOME: Cláudia Miranda

IDADE: 21

CÂMARA: Canon 5D MK II

WEBSITE:

http://www.facebook.com/ClaudiaMirandaPhoto

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Envie as suas imagens num CD (ou por e-mail, [email protected]), acompanhadas dorespectivo título, uma pequena descrição e, caso preten-da, pode contar a sua história de vida ligada à fotografia.As fotos devem ter pelo menos 1500 pixéis no ladomaior (300 dpi) e manterem o EXIF.

zOOm - Fotografia PráticaApartado 97 . 3001-902 Coimbra

Gostaria de veras suas fotosnesta secção?

“Omeu nome é Cláudia Miranda,tenho 21 anos e esta paixão porfotografia começou há cerca de 5

anos.Comecei por brincadeira com as minhas

amigas. O meu interesse foi aumentando epassei a levar a fotografia mais a sério.

Tive várias máquinas, mas só há cerca demeio ano é que tive a máquina dos meussonhos: uma Canon 5D Mark II. Tenho adora-do trabalhar com ela e sinto que conseguievoluir bastante!

Apesar de gostar de fotografar de tudo umpouco, é nos retratos e moda que me baseio.No momento frequento um atelier de foto-grafia, no Centro Cultural de Vila Nova daBarquinha, e é essa a única formação quetenho na área. Espero brevemente poderentrar em Fotografia e conseguir chegar aopatamar que quero.

Considero os meus trabalhos ainda sim-ples – só trabalho mesmo com a máquina epouco mais –, mas tenho orgulho no queconsegui atingir até agora.

Apesar de agora ser apenas um hobbie,espero que no futuro a fotografia faça parteda minha carreira.

Algumas das fotografias aqui presentesfazem parte de uma sessão que tive o prazerde realizar com a Escola Es-passo de Dançado Entroncamento. Foi um trabalho diferentede tudo o que tinha feito. E adorei.”

BALLET“Catarina Raquel”

Canon 5D MKII . 102mm . f/2.8 .1/320” . ISO 250

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BALLET“Ana Rita”

Canon 5D MKII . 200mm . f/2.8. 1/2000” . ISO 160

BALLET“Carolina Aquino”

Canon 5D MKII . 190mm . f/2.8 .1/250” . ISO 500

BALLET“Carolina Aquino”

Canon 5D MKII . 102mm . f/2.8 .1/160” . ISO 1000

BALLET“Inês Gonçalves”

Canon 5D MKII . 110mm . f/2.8 .1/320” . ISO 320

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exposiçãoDOS LE ITORES

AFONSO DE SOUSAwww.flickr.com/photos/domin_guex

CIMA: NAZARÉ VISTA DO FAROL“Trata-se de uma perspectiva – a meu ver – invul-gar, já que as habituais fotografias da Nazaré são

tiradas com a praia como primeiro plano e o elevador e ofarol como pano de fundo.”Canon 550D . 18mm . f/9 . 1/100” . ISO 100

CARLOS TORREShttp://olhares.aeiou.pt/carlostorres

“A fotografia na minha vida foi mais do que uma cura. Era modelo e troquei esse sonho pelos meus amigos, poisperdia-os a cada dia que passava. Diziam que ser modelo faz das pessoas arrogantes. Como era um sonho, abando-ná-lo foi um choque e uma pequena depressão começou a tomar conta de mim, até ao dia em que senti necessida-

de de comprar uma máquina fotográfica e começar a disparar. Cada clique fazia-me feliz. Não percebi o porquê e o certo é quehoje também não sei a razão daquela necessidade, mas o que sei é que quando dei por mim já não passava um dia sem foto-grafar e... já curado. A fotografia é a razão do meu viver. Nela encontrei uma paixão e uma maneira de ver o mundo, com umsorriso nos lábios.”

CIMA: FANTASY“Produção para o catálogo da estilista Carla Alves, com a modelo Ana Rita Soares.”Canon 400D . 18mm . f/8 . 1/160” . ISO 800

CÉSAR TORREShttp://www.cesartorres.pt.vu

“Sou de Viana do Castelo e aficionado daMacro-fotografia. Procuro, no entanto, retra-tar o melhor possí vel tudo a que me submeto

fotografar.”

ESQUERDA: PICCADILLY CIRCUS“A praça de maior movimento em Londres.”Nikon D90 . 17mm . f/22 . 13” . ISO 100

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DENISE FERREIRAhttp://500px.com/DeniseFerreira?page=2

“Sou uma mera amadora e fotografar é a minhagrande paixão. Como estilo principal prefiro foto-grafia relacionada com moda, onde treino desde

sempre com uma grande amiga minha que me ajuda nestesonho. Em 2010 substituí a minha Canon 350D pela 550D.Esta é acompanhada pela objectiva 50mm f/1.8 II. Para mim,a fotografia é uma maneira única e maravilhosa de vermos omundo como mais ninguém vê e por isso gostaria – e vou lu-tar para isso – de me dedicar à fotografia profissionalmente.”

CIMA: BELLE“Produção fotográfica com a modelo Inês Martins.”Canon 550D . 50mm . f/1.8 . 1/3200” . ISO 400

JOÃO CASACAhttp://www.olhares.com/jlacasaca

“Tenho 47 anos e desde os meus 15 que sou um apaixonado por fotografia usando,na época, uma reflex analógica ZENITH comprada na então R.D.A. e fabricada naex-U.R.S.S. Na altura gastava imensas economias em revelações até que, felizmen-

te, veio a fotografia digital... Assim, em 2004, adquiri uma compacta digital NIKON e a seguir,em 2005, uma compacta digital SONY W5. Quando adquiri a SONY, que tinha um modo com-pletamente manual, comecei a dar largas de novo à minha criatividade pessoal, recordandoos tempo da velhinha reflex, embora com muitas limitações... Finalmente, no ano passado,

adquiri uma Nikon D90 e agora sim recomecei a tirar verdadeiro prazer da fotografia comomeu hobby de eleição. Quando passo dois dias sem tirar pelo menos uma foto começo a sen-tir-me doente.”

CIMA ESQUERDA: AURORA RELUZENTE ...NIKON D90 . 200mm . f/5.6 . 1/80” . ISO 200

CIMA DIREITA: FLY ME TO THE MOON...NIKON D90 . 200mm . f/6.3 . 1/1000” . ISO 200

JOHNY FARIAShttp://www.flickr.com/photos/johnyfarias/

“Levo comigo a ideia de que fotografar não é ape-nas criar arte, mas também criar o meu próprioregisto contemporâneo, para que no futuro as

pessoas vejam e saibam como era o mundo há alguns anosatrás.”

CIMA: RUÍNAS“Foto tirada em Miranda do Douro. Ruínas que separamPortugal e Espanha. Usei um filtro de aquecimento que deumais charme ao sombreado e às maravilhosas cores do cre-púsculo.”Canon 1000D . 55mm . f/7.1 . 1/400” . ISO 200

LÚCIA GRUMETEhttp://www.facebook.com/pages/L%C3%BAcia-Grumete-Photography/145542905510987

“Tenho 19 anos e sou de Leiria. A fotografia entrouna minha vida como um raio de luz, algo que veiodar-me vivacidade e coragem para enfrentar o

mundo. Amo o que faço, pois sei que tenho a capacidade defazer pessoas felizes e não há nada melhor do que ver o sor-riso de alguém! Podem acompanhar os meus trabalhos napágina de facebook.”

TOPO: SECRET CAR 1“Modelo: Rute Malagueta”Canon 1000D . 50mm . f/4.5 . 1/125” . ISO 400

CIMA: SECRET CAR 2“Modelo: Rute Malagueta”Canon 1000D . 50mm . f/1.8 . 1/125” . ISO 400

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exposiçãoDOS LE ITORES

RITA FRANCO DE SOUSAhttp://olhares.aeiou.pt/mrita.francodesousa/

“Tenho interesse em desenho, pintura e artesdecorativas, onde aprendi regras de composição,relações cromáticas, luz/sombra. Sinto necessi-

dade de documentar e tento transmitir aquilo que sinto evejo através da fotografia amadora.”

CIMA: LUZCanon 400D . 47mm . f/5.6 . 1/500” . ISO 100

SÍLVIA MARTINHOhttp://fotofabiomoreira.gallerysblogs.com

“Com os meus 16 anos, numa tarde de férias deverão, uma rapariga, Filipa João, chamou-me paraser “modelo” numas fotografias que iria realizar

na sua casa. Lembro-me que trabalhava com uma máquinada categoria das bridges. Mas eu adorava as fotografias queela fazia, como ela conseguia criar um cenário fascinante,criar uma história à volta dos seus cliques. Lembro-me atéhoje que, aos poucos, depois daquela ‘sessão fotográfica’comecei a sentir o ‘bichinho’ da fotografia a crescer dentrode mim. [...] Ao longo destes cinco anos tenho feito algunstrabalhos esporádicos que me pedem, mas tudo muito‘caseirinho’. Adoro fotografar pessoas, adoro captar a alma.Ainda tenho muito para aprender, aperfeiçoar e melhorar.”

CIMA: ANDREIA“Ensaio com Andreia Pereira, Praia da Barra”Sony a290 . 30mm . f/10 . 1/200” . ISO 100

VANESSA CARDOSOhttp://www.flickr.com/photos/vanessafcardoso/

CIMA: TERRAS DE BOURO“Terras de Bouro localiza-se no interior da regiãominhota, em pleno coração do Parque Natural da

Peneda-Gerês. Trata-se de uma terra riquíssima em história,tradições e paisagens surpreendentes.” Canon 500D . 25mm . f/8 . 1/64” . ISO 100

VITOR GOMESwww.casquinhatkd.blogspot.com

“Tenho 23 anos e sou natural de Santo Tirso. Souum verdadeiro amante de fotografia e todas assuas técnicas. Iniciei-me neste mundo há cerca de

3 anos, quando comprei aquela que é a máquina que possuohoje, uma Canon Power Shot SX10 IS. Considero-me umautodidata, pois tudo o que sei em fotografia aprendi lendoumas coisitas aqui e ali, ou então da melhor forma, experi-mentando a própria máquina. Para mim a fotografia é a artede captar sentimentos, pois a quem quer que as mostremos,todos têm, no fundo, uma lembrança de um local igual ousemelhante, ou apenas de um sonho, mas ninguém fica indi-ferente.”

CIMA: FAMILY“Uma família de Suricatas Africanas.”Canon Power Shot SX10 . 49mm . f/5.0 . 1/320” . ISO 200

ANA GRAVEhttp://olhares.aeiou.pt/jlld

“A minha paixão pela fotografia nasceu em 2008,tinha eu 13 anos. Uma amiga queria entrar numaagência e eu, na inocência típica da idade e na

ignorância das exigências requeridas, tirei-lhe umas fotos,naquela altura com uma máquina compacta, com poucaqualidade. E foi nessa brincadeira que começou a nascer obichinho. Comecei a andar com a máquina na mão, fotogra-far tudo e toda a gente. No verão de 2009 adquiri a minhamáquina reflex, uma Sony a300, e foi aí que comecei a levara fotografia mais a sério. Desde então, consegui aprender,essencialmente sozinha, tudo o que sei agora. Fotografartornou-se um vício, mas pode dizer-se que é um bom vício.”

CIMA: BALLERINA“Modelo - Íris Cardoso”Sony a300 . 50mm . f/1.8 . 1/4000” . ISO 100

CARLA FERNANDEShttp://olhares.aeiou.pt/jlld

“Tenho 39 anos e há 6 anos comecei a ter o gostopela fotografia. Fotografava com uma Nikon Fd65,analógica e, mais tarde, com uma Sony compacta

DSC-S930, até que percebi que com esse tipo de máquinasdificilmente aprendia alguma coisa. Desde 2010 que fotogra-fo com uma Nikon D3000 e decidi aprofundar os meusconhecimentos. Fiz um workshop do IPF sobre o tema‘Fotografar o amanhecer’; outro de Nível 1 de técnicas bási-cas de fotografia em Penafiel; e um sobre ‘Fotografia de Rua’no Porto. As minhas preferências são as longas exposições,mas como não possuo material nem tempo para esse tipode fotografia comecei a dedicar-me à fotografia de rua.”

CIMA: AMARGURAS DA VIDA“Fotografia de rua, técnica de retratos, focagem, texturas,pormenores.”Nikon D3000 . 48mm . f/5.6 . 1/250” . ISO 400

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Vencedores de passatempos do site

ForumFotografia.net

MÁRIO PEREIRAhttp://focaessafoca.blogspot.com

ESQUERDA: NÉCTAR DE LIMÃO“Vencedora do desafio ‘Amarelo’ do mês deFevereiro do ForumFotografia.”

Canon 450D . 100mm . f/4 . 1/250” . ISO 200

TIAGO SILVAhttp://focaessafoca.blogspot.com

"Tenho 28 anos e resido em Ílha-vo, distrito de Aveiro. Sou umentusiasta da fotografia. Comecei

a levar este hobby mais a sério em finais de2006. Sempre numa vertente autodidacta,fui-me dedicando à fotografia de paisagem,tendo como fundo e base a rica e belíssimaRia de Aveiro."

DIREITA: STRAWBERRY KISS"Durante o ano de 2011 comecei a apostarmais no retrato e em alguns projetos pes-soais. De um desses projetos, 'Tutti Frutti',resultou a foto aqui publicada, vencedora dopassatempo 'Vermelho' doForumFotografia."Canon 5D . 105mm . f/2.8 . 1/160" . ISO 100

RAFAEL VINHAShttp://www.flickr.com/photos/66587465@N07/

“O gosto pela fotografia surgiu como surge a mui-tos fotógrafos, passando-se. Quando me puserampela primeira vez uma máquinas nas mãos, a

minha êxtase e a minha excitação era clicar e clicar. Aos 15anos tive a minha primeira Reflex, e hoje em dia clico sóquando a razão me diz e a mente me ordena. Tudo é motivode fotografar, não há barreiras nem limites, o limite está notempo em que clica.”

DIREITA: ABRAÇAR A NATUREZA“Tudo começa com o nascer. Aprende-se com o aprender.Ser-se amigo, começa no querer. Abraçar a natureza, paranós deve ser um dever. Uma lei que domina num tema, masdeve exercer-se na vida.”Canon 450D . 28mm . f/5.6 . 1/50” . ISO 100

CARLOS CARDOSOhttp://www.wix.com/carlos_dlux/photography

“Depois de tanto conviver com colegas de traba-lho, sendo eles fotógrafos amadores e profissio-nais, ganhei o gosto pela fotografia numas férias

em Vila Nova de Milfontes. Três meses depois decidi investirnuma reflex e continuo à descoberta, lendo livros e revistascom dicas e conselhos e, sobretudo, experimentando. Prefirofotos de arquitectura e paisagens, bem como algumasmacro. Tenho uma Sony A300 e objetivas Sony AF 18-70,Tokina AF SD 28-70mm, e a “antiga” Tamron 70-210mm,bem como os habituais tripé e filtros e disparador remoto.

CIMA: ATRÁS DAS GRADES“A passar por Carnaxide e ao ter a máquina comigo, acheiengraçado o gato estar atrás de um portão e, baixando-meao nível dele, parecia preso. Tendo olhado para mim, foi tudoquanto bastou para fotografá-lo.”Casio EX-Z33 . 11,2mm . f/4.2 . 1/320” . ISO 100

DIOGO FERREIRAhttp://www.facebook.com/pages/Diogo-Ferreira-Photography/214980445209550

“Em cada fotografia eu vejo um autorretrato. Omeu objectivo é mostrar o mundo que me rodeia,a forma de viver e pensar aos 23 anos de idade.

Fotografia é a melhor maneira de me expressar com algumabeleza. Desde sempre que sinto um prazer enorme em ver omundo através de uma máquina fotográfica. Desde o inícioda minha pequena caminhada como fotógrafo de moda,tenho feito vários trabalhos para agências, como freelancerou simplesmente para o meu portfolio.”

CIMA: LORENZA“Modelo: Lorenza Zorer (Next)”

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exposiçãoDOS LE ITORES

Parabéns aos três vencedores do passatempo que levá-mos a cabo com o site fotogenicos.net. Foram vários osparticipantes e a escolha das fotos ganhadoras não foitarefa fácil. > Carlos Silva | Filipe Sequeira | Hugo Fernandes

MARIANA DIAShttp://www.flickr.com/photos/carvalhomiguel/

“Tenho 19 anos e desde bem pequena que ‘brinco’ com o mundo da fotografia. Esta tem vindo a fazer partedo meu dia a dia; acompanha-me sempre, esteja onde estiver. Já tive oportunidade de fazer váriasExposições Fotográficas, com o objetivo de dar a conhecer um pouco do meu trabalho, o meu olhar, a

mensagem que tento transmitir e a minha forma de expressar aquilo que sinto. Espero que um dia a Arte de fotogra-far venha a ser mais valorizada pela humanidade pois, no meu entender, o futuro depende da Arte seja ela qual for.”

DIREITA: VESTI-ME DE LOUCURA“Esta fotografia fez parte da minha 3.ª Exposição Fotográfica, que se realizou no Museu Casa do Bocage, em Setúbal,no mês de Fevereiro de 2011. Todas as fotografias expostas foram tiradas com o Ator Ricardo Campos, do Grupo deTeatro Metáforas; a ele dirijo um grande obrigado pelo facto de, com o seu grande talento, ter conseguido tornarintemporais as suas expressões faciais e corporais. A Dramatização foi o tema base para a concretização deste proje-to. Enquanto fotografava o Ricardo, ele transmitia todos os sentimentos possíveis e imaginários que um Ator no seurefúgio sente, como o medo, a angústia, a solidão, o desespero e a insegurança; por momentos ele esquecia-se queeu estava na sua presença e a fotografá-lo pois a sua concentração era total. O nosso objetivo foi cumprido; conse-guimos sensibilizar o público-alvo que entrou e viveu aquele momento, tendo ficado valorizados, desta forma, todosos sentimentos que um Ator sente enquanto não está em palco.”Nikon D90 . 42mm . f/4.8 . 1/4”

CARLOS SILVAhttp://avlisilva85.no.comunidades.net

“Nasci no ano de 1985, em Lisboa. Gosto de fotografia desde pequeno e tiro fotosdesde os meus 16 anos. Mas só em dezembro de 2010 é que adquiri uma câmaraprofissional e, desde então, o poder de evolução e a vontade de fotografar vêm

subindo a cada dia que passa...”

CIMA: FIREBALL ON PDS“Foto conseguida na praia da Cruz Quebrada, com uma técnica que ando a explorar, “LightPainting”, sendo que, neste caso, a bola de fogo é feita com palha de aço.”Nikon D7000 . 8mm . f/8 . 30” . ISO 200 ANA LUAR

http://avlisilva85.no.comunidades.net“Sou fotógrafa amadora, mas com vontade de aprender a arte de retra-tar o ser humano no seu melhor e pior. Adoro captar expressões, contarhistórias através dos seus olhos.”

CIMA: A MIÚDA“Esta é apenas uma, da grande panóplia de fotos em que recriei meninos, filhos deimigrantes, tão vistos nos filmes de outros tempos, meninos perdidos entre a soli-dão, a fome e o desmazelo.”Canon 550D . 154mm . f/6.3 - 1/80” . ISO 1600

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ISABEL BRINCAhttp://500px.com/Isab3ll/

“A fotografia é uma aventura recente, mas tornou-se rapidamente numa necessidade. Nestemomento o meu objectivo é aprender, dominar as

técnicas básicas e aprender mais. O meu primeiro e únicoequipamento é uma bridge Sony H2.”

CIMA: ALMOÇO DIFÍCIL“Heliotaurus ruficollis a enfiar-se dentro da flor com algumadificuldade. Foto tirada na primavera de 2010.”Sony DSC-H2 . 6mm . f/2.8 . 1/250” . ISO 320

JOÃO SANTOShttp://fotofabiomoreira.gallerysblogs.com

“Tenho 17 anos e sou natural de Pias, Alentejo,Portugal. Sou fotógrafo amador, que apenas des-cobriu o gosto pela fotografia quando me foi ofe-

recida a minha primeira máquina digital. Desde aí tenho ten-tando aprender, quer a ver trabalhos de outros fotógrafos(em especial através de sites de partilha de fotos), ou a ten-tar colocar em prática o que vou vendo e aprendendo. Noverão de 2010 o meu interesse pela fotografia aumentou, oque me levou a comprar a minha primeira câmera digitalSLR, que me ajudou a explorar ainda mais alguns aspetos dafotografia. Tenho um gosto especial por fotografia de rua,paisagens, arquitectura e viagens. Tenho uma Nikon D3000com as objectivas 18-55mm e 55-200mm VR. O próximoinvestimento será uma grande angular.”

CIMA: FILHO DO VENTONikon D3000 . 135mm . f/5 . 1/125” . ISO 250

JOÃO PEDROhttp://davidmartinsphoto.wordpress.com

“Sempre gostei bastante de fotografia, mas sórecentemente entrei mais a sério neste mundo epassei a ocupar parte dos meus tempos livres a

aprender técnicas fundamentais para poder conseguir tirarcada vez melhores fotografias. Não sou profissional, a foto-grafia representa para mim um hobby e uma paixão de olharas coisas com outros olhos.”

CIMA: CAMINHADA PELO INFINITOSony a200 . 300mm . f/8 . 1/1000” . ISO 100

RAGHUNATH KADAVANOORwww.casquinhatkd.blogspot.com

CIMA: PIED KINGFISHER“Viajámos durante 16 dias pela Gâmbia a convitede amigos que lá trabalham na área da investiga-

ção científica. Isso quer dizer que aproveitámos muito doconhecimento deles do terreno, de alojamento numa lindacasa particular e da possibilidade de nos deslocarmos numvelho, mas potente, jeep local. Pudemos visitar reservas eparques naturais, praias e sítios de observação privilegiadada Natureza. A Gâmbia tem mais de 500 espécies de pássa-ros! Visitámos ainda o Jardim Botânico e a reserva de chim-panzés de ABUKO. Esta foto de um Kingfisher foi escolhidacomo um símbolo de beleza e liberdade.”Canon 1000D . 260mm . f/5.6 . 1/180” . ISO 400

PEDRO COSTAhttp://olhares.aeiou.pt/jlld

“Adoro fotografar. No mínimo sinto tudo o quefotografo. A minha máquina fotográfica é umaPanasonic Lumix Fz38 – máquina barata e com-

pacta. O meu sonho é mesmo ter uma reflex com umaobjectiva como deve ser, mas para tal não há possibilidadesmonetárias. Assim sendo, continuo na mesma a fotografarcom alma e muitos sentimentos!”

CIMA: PÔR DO SOLPanasonic DMC-FZ38 . 23,7mm . f/3.6 . 1/400” . ISO 125

PAULO VICENTEhttp://olhares.aeiou.pt/jlld

“O meu primeiro contacto com a fotografia foi emmiúdo, quando o meu pai me deixou levar umaHalina “Roy” 127, que ainda guardo, e que mais

parecia um caixote, para uma excursão. A partir daí segui-ram-se as Kodak para nos lembrarmos de férias, passeios,etc. Por volta dos 20 anos comprei uma reflex Cosina e,nessa altura, comecei a interessar-me mais, comprandolivros e estudando alguma teoria da fotografia. Mas foi quan-do comprei uma Canon EOS 5, de 35 mm, que realmentetomei o gosto à coisa. Há cerca de ano e meio adquiri umaOlympus E 510 IS. Estou agora com um projeto de registarbandas ao vivo da minha cidade. “

CIMA: XUTOS LIVE“Xutos e Pontapés ao vivo, em Évora, num momento em quedecidiram dar banho ao público.”Olympus E510 . 40mm . f/14 . 1/60” . ISO 800

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exposiçãoDOS LE ITORES

DAVID MARTINShttp://davidmartinsphoto.wordpress.com

“Tenho 22 anos e sou natural de Cascais.Profissionalmente sou técnico de informática,mas como hobby adoro tirar fotos! Desde que o

meu pai comprou uma Canon 500N, tinha eu cerca de 8anos, apanhei uma paixão enorme pela arte de fotografar.Comecei a tirar fotografias em rolo e cada uma que tirava,apanhava mais o gosto de o fazer. Brevemente vou adquiriruma Canon EOS 5D Mark II, para fazer um projecto de gran-des planos.”

CIMA: A (IN)DIFERENÇACanon 60D . 74mm . f/4.5 . 1/500” . ISO 100

EDGAR ALMEIDAhttp://www.edgaralmeida.net

“Ao comprar a minha primeira compacta, háalguns anos atrás, surgiu o gosto pela fotografia.Da compacta passei para uma bridge e depois

para uma 10D em segunda mão. Foi entre estas duas últimasmáquinas que aprendi mais sobre técnica fotográfica. Demomento conto com uma 7D e equipamento diverso (sim-patizando bastante com as lentes 10-20mm, 50mm 1.8 elensbaby e com os filtros Cokin e IR). Em relação à fotografiaem si, tenho como preferência a fotografia paisagista, deproduto, espontânea e artística/abstracta. De momento tra-balho como designer gráfico, pós-produtor e fotógrafo assis-tente, no estúdio m – academia de fotografia em Coimbra.”

CIMA: MINIMALIST TREE“Fotografia minimalista de árvore contra parede de um bar-racão em madeira.”Canon 7D . 135mm . f/5.6 . 1/50” . ISO 100

EDGAR MAGALHÃESwww.olhares.com/EgasMagalhaes

“A fotografia entrou na minha vida há uns anos,mas mais a sério há cerca de um ano com a com-pra da minha primeira reflex. Considero-a um

vício e uma paixão. Tento saber mais, partilhar experiências,aprender com quem anda nisto há muito mais tempo, ler,ver e ouvir acerca de técnicas utilizadas e ir disparando, dei-xando fluir a imaginação e pondo à prova novas aprendiza-gens.”

CIMA: ESQUECIDOS“Antigos tanques onde as lavadeiras do rio Almonda lavavama sua roupa. O progresso remeteu-os ao abandono, mascontinua a ser um local fabuloso para se fotografar. As que-das de água limpa e cristalina, acabada de brotar do sub-solo nesta nascente, de um dos afluentes do Tejo e no qualtantos miúdos se divertiram nas tardes de verão.”Sony a390 . 22mm . f/25 . 0,4” . ISO 200

FILIPE MADEIRAhttp://www.flickr.com/photos/fdmadeira/

“Chamo-me Filipe e tenho formação na área dosAudiovisuais. Há cerca de 2 anos surgiu a paixãopela fotografia, comprei uma Canon 500D e

desde aí tenho vindo a fotografar, experimentar.”

CIMA: UM ANJO“Foto tirada em Las Ramblas, Barcelona. Talvez uma dasartes de rua que mais admiro, pela capacidade de concen-tração.”Canon 500D . 75mm . f/4.5 . 1/100” . ISO 200

FILIPE SILVAwww.olhares.com/LuisGomes84

“Tenho 40 anos vivo em Vermoil, no concelho dePombal. O meu interesse pela fotografia começourecentemente com a oferta de uma Canon 1100D.

Gosto de ler revistas e livros sobre fotografia, pois acho queé importante para aprender como funciona uma máquinafotográfica e como tirar o máximo partido dela. O meu lemaé fazer fotografia e não tirar fotografia.”

CIMA: PARAMOTOR AO PÔR DO SOL“Desporto aéreo chamado Paramotor, em que o piloto temuma asa e um motor às costas para lhe dar velocidade, con-seguindo manobrar a asa de forma a subir, descer ou ir paraonde quer.”Canon 1100D . 52mm . f/5.6 . 1/800” . ISO 100

HUGO SOAREShttp://www.olhares.com/Ludoviko

“Chamo-me Hugo Soares, vivo em Gaia. Sempretive o gosto pela fotografia, desde o analógico atéao digital. A fotografia faz-nos ver o meio que nos

rodeia de maneira diferente; faz-nos andar sempre de olhosno ar!”

CIMA: INDIFERENCIAS“Foto tirada na Foz do Douro, a um farol dos mais conheci-dos – Farol das Felgueiras –, aqui num dia em que pescadore fotógrafo desafiam a natureza!”Panasonic DMC-LZ8 . 15,3mm . f/5.7 . 1/640” . ISO 100

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ANTÓNIO CHORAhttp://www.luisdiasfotografia.weebly.com

“Natural de Rio Maior, nasci em 1960, e desdemuito cedo fui enfeitiçado pela arte da fotografia.Comecei com uma pequena compacta de filme

110, evoluí para as Reflex analógicas, mais tarde as compac-tas digitais e, claro, até chegar às reflex digitais. Tento, aolongo do meu percurso fotográfico, transmitir as minhasmensagens através da imagem. Adoro a fotografia de paisa-gem, natureza, mas também fotografo desporto, espectácu-los, modelos e crianças. Para poder melhorar, estou a iniciarformação avançada de imagem.”

CIMA: VELHO CARVALHO ATENTO AO OCASOCanon 40D . 33mm . f/4.5 . 1/40” . ISO 200

ARMANDO LEANDROhttp://500px.com/seeyou

“Atualmente não uso filtros ou polarizadores,tendo usado diversos no passado. Não uso oPhotoshop devido à exigência do tempo necessá-

rio. Uso muito pouco o tripé e o flash. Geralmente viajo ape-nas com duas objetivas mais uma câmara. Registo omomento apenas com o material que tenho nas mãos.Gosto de fotografar o imprevisto, isso obriga-me a avaliar eanalisar instantaneamente o momento do disparo. Asmelhores fotos partilho na Internet. Nenhuma foto publicadasofreu manipulação a não ser em brilho, contraste ou crop.O mesmo se aplica aos trabalhos em HDR.”

CIMA: EM TERRAS DE BOUROCanon 1D MK IV . 70mm . f/22 . 8” . ISO 50

BRUNO PEREIRAhttp://olhares.aeiou.pt/BlackWidow

“Olá, chamo-me Bruno e sou de Salvador, umapequena aldeia no distrito de Castelo Branco.Comecei a ter gosto pela fotografia há 6 anos.

Desde então ando sempre a tentar fazer boas fotos. Souapenas um amador a tentar passar para a imagem digital asbelas imagens que vejo com os meus olhos.”

CIMA: RIBEIRA“Ribeira com paisagens lindíssimas perto de CasteloBranco”Canon 1000D . 50mm . f/22 . 4” . ISO 100

BRUNO ROCHAhttp://olhares.aeiou.pt/jlld

“Vivo no Porto e desde cedo descobri o gosto pelafotografia. Inicialmente usava uma Olympus fe-230. Mais tarde, a necessidade de uma nova

máquina e também para evoluir neste mundo fantástico dafotografia, comprei uma Canon EOS 1000D. Não tenho umacategoria preferida para as minhas fotografias. Gosto defotografar tanto animais, como pessoas, ou até paisagens. Osimples facto de fotografar completa-me.”

CIMA: A BOIAR“Esta imagem foi capturada numa ida casual a Espanha. Aestrutura do barco provocou em mim uma sensação de nos-talgia e fiz o clique. E o resultado foi esta imagem que, naminha opinião, está muito gira.”Olympus FE230 . 18,9mm . f/5.9 . 1/320” . ISO 50

DAVID CARDOSOhttp://www.flickr.com/photos/diogogouveiaamaral

“Tenho 15 anos e sou estudante. Pretendo seguircurso de fotografia e fazer desta arte a minhavida... Apesar da minha idade, comecei cedo. Aos

10 anos já tinha máquina digital, mas investi numa OlympusSP800-UZ que me ajudou a revelar o meu amor por macro– e em fotos macro é essa mesmo que uso. A fotografia é defamília. O meu avô tem algumas máquinas de rolo que euuso e vou tentando superar os desafios que a fotografia ana-lógica me propõe. O meu pai também gosta muito de foto-grafia e também é ótimo fotógrafo. Tenho uma Nikon D3000com objetivas 18-55mm, 28mm e 70-300mm.

CIMA: SWITZERLAND BEAUTY“Esta linda flor ‘encontrou-me’ na Suíça quando fui lá comos escuteiros. Nos intervalos das atividades pegava nacâmara e lá ia eu... Foi perto de um riacho que tirei esta fotoe fiquei muito contente com a mesma.”Olympus SP800UZ . 15,2mm . f/5.6 . 1/800” . ISO 50

BEATRIZ PINTOhttp://www.olhares.com/faruka

“Tenho 14 anos, sou de Lisboa e sou estudante.Adoro fotografia. Sempre tive paixão pela fotogra-fia e espero, sinceramente, que siga esta área

como um passatempo ou mesmo como profissional. Gostoimenso da revista zOOm, pois dá-me muitas dicas e já meensinou várias coisas importantíssimas sobre a fotografia!”

CIMA: COIMBRA“Foto tirada durante uma visita de estudo a Coimbra, realiza-da no mês de Março.Fujifilm FinePix S4000 . 35,8mm . f/4.9 . 1/200” . ISO 64

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exposiçãoDOS LE ITORES

ALEXANDER BASTANwww.olhares.com/FranciscoBogalho

“Sou Alexander Bastan de Leningrad (n.r. SãoPeterburgo). Emigrei para Portugal em 2001. Sousoldador certificado com experiência professional

de 14 anos. Gosto de fotografia avançada, mais do que foto-grafia tradicional. Foto panorâmica, ou foto em 3D é o meuforte. Também tenho uma coleção de puxadores, batentes,que conta com mais de 450 peças diferentes. No Olha-res.com o meu nik é Russo Soldador. Não dou grande valoràs fotografias que passem por muitos tratamentos emPhotoshop, sou purista. As datas nas fotografias servemcomo a minha assinatura... e para dar um aspeto mais ama-dor. Utilizo câmaras tipo Bridge, como Canon SI 3S ou FujiHS10, porque é um equipamento universal.”

CIMA: PONTE DE LOUSA, DE NOITECanon PowerShot S3 IS . 8,1mm . f/3.2 . 10”

ALEXANDRE ALVEShttp://www.henriquecastilho.com

“Tenho 22 anos e só há cerca de sensivelmentedois anos descobri a fotografia e a sua essência.Tudo o que aprendi foi por minha conta, solicitan-

do e trocando também impressões com outros fotógrafos jáexperientes que, sem dúvida, contribuíram para fomentar apaixão por esta arte luminosa.”

CIMA: OLD LISBON“Retrata principalmente a velha Lisboa e as suas tradições etoda a história que se faz acompanhar com as belezas aindaPortuguesas.”Canon 400D . 39mm . f/5 . 1/250” . ISO 100

ALEXANDRE SIMÕES

“Sou de Olhão, tenho 36 anos e o meu gosto pelafotografia já vem de há alguns anos. Comecei comuma máquina compacta da Sony, mas há cerca de

dois anos e meio comprei uma Sony a350. O pouco que seiaprendi lendo revistas e vendo vídeos na Internet. Comoresolvi aprender mais sobre fotografia estou, neste momen-to, a frequentar um curso de fotografia digital na Casa daJuventude de Olhão, curso esse cujo formador é o fotógrafoRui Serra Ribeiro. Os temas que mais gosto de fotografarsão Natureza e Desporto.”

CIMA: LUZES DE NATAL“Esta fotografia foi tirada durante uma aula de fotografianoturna, do curso de fotografia digital da Casa da Juventudede Olhão, com o formador Rui Serra Ribeiro.”Sony a350 . 26mm . f/6.3 . 1/5” . ISO 800

ANA LOUROhttp://olhares.aeiou.pt/jpedro1982

“Tenho 26 anos e o gosto pela fotografia já surgiuhá uns bons anos, mas tem vindo a crescer gra-dualmente. Para isto têm contribuído as inúmeras

viagens que tenho feito nos últimos anos, pois é um dosmeus temas favoritos para fotografar, desde paisagem natu-ral a urbana, às diferentes gentes e costumes. Ultimamente,comecei a interessar-me bastante por fotografia nocturna,embora seja uma área em que ainda necessito de trabalharmuito. Sou apenas amadora mas não dispenso a minhaCANON EOS 1000D, para onde quer que vá.”

CIMA: LAGO BLED, ESLOVÉNIA“Um dos mais belíssimos lagos que tive a oportunidade devisitar. Igualmente sublime é a vista que se tem do cimo docastelo, para a paisagem alpina.”Canon 1000D . 21mm . f/3.5 . 1/400” . ISO 100

ANA SILVAhttp://www.olhares.com/jlacasaca

“Tenho 22 anos e desde de muito cedo que gostode fotografia. Comecei a fotografar com umaSony Cybershot. Este Natal consegui comprar

uma Nikon D3100, o que fez com que o gosto pela fotografiaaumentasse ainda mais.”

CIMA: O CÉU É O LIMITE“Uma frase que me diz muito: ‘É possível impôr silêncio aosentimento, mas não é impossível marcar-lhe limites’”.Nikon D3100 . 110mm . f/13 . 1/640” . ISO 100

ANDRÉ VARELAhttp://www.flickr.com/photos/andre_varela/

“Sou fotógrafo. Comecei por fotografar ocasional-mente com a máquina do meu pai, uma Canon A1e, depois, a fotografia assumiu um papel secundá-

rio na minha vida. Esse interesse voltou em força e de há umano para cá que apenas me dedico a isso. Os meus interes-ses, na área da fotografia, são variados, tendo inicialmentedado mais importância à fotografia de rua. No entanto,atualmente a fotografia conceptual e o auto retrato assu-mem setenta por cento do meu trabalho. No início comeceipor utilizar equipamento Nikon – tinha uma D3100 e umaD7000 (assim como objectivas 50mm f/1.8 e uma 55-200mm). Mas agora utilizo equipamento Canon (Canon60D, 50mm f/1.4 e 70-200mm L f/4).”

CIMA: THE LAST DAY ON EARTH“Esta foto foi feita com o objectivo de transmitir uma men-sagem. O que farias no teu último dia na Terra?”

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práticaINSP IRE-SE COM OS NOSSOS EXEMPLOS PRÁTICOS

Saído da cascaJá referimos, mas voltamos a frisar que

não precisa de sair de casa para tirar foto-grafias. Mas também não é obrigatório

continuar a fotografar as jarras, as flores, ouos brinquedos dos filhos, se for o caso. Comum pouco de imaginação e uma pitada dehumor conseguirá imagens curiosas, como aque aqui publicamos.Confessamos que esta ideia não é original,

tendo sido adaptada de outras que vimos naInternet. Pareceu-nos interessante para acolocarmos em prática e mostrar aos nossosleitores que precisam de muito pouco para alevar a cabo, somente um flash, uma máqui-na e respetiva objetiva (até pode ser a do kit),cartolina, ráfia, idealmente tripé e, por fim,uma caixa de ovos.A ideia passa por apresentar um ovo que-

brado, como que se um impaciente pintoestivesse a contar os dias para sair da suaprisão-ovo. E não se preocupe se sujar asmãos, ou tiver algum trabalho a preparar ocenário porque, como diz o ditado, não sefazem omeletes (neste caso, fotografias), sempartir alguns ovos.

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práticaINSP IRE-SE COM OS NOSSOS EXEMPLOS PRÁTICOS

DificuldademédiaEquipamento usadoCanon 5D MKIICanon 24-70mmCanon 430EX IITripé

MaisCartolinasRáfiaOvosCaneta de tinta permanente 1Comece por partir um ovo (pelo menos) e verta o conteúdo para um

copo (pode mais tarde aproveitar para fazer uma omelete). No inte-rior terá alguns resíduos que é melhor limpar. Lave cuidadosamente,

ou então use um papel absorvente para o efeito.2Deixe as cascas secarem mais um pouco e prepare o restante cená-

rio. Para o efeito recorremos a uma cartolina amarela e ráfia parasimular um ninho. Obviamente que pode experimentar outras cores

e formas de ninho.

3Numa das cascas desenhe alguns traços cortados a meio (ou qual-quer outra mensagem que queira) recorrendo a um marcador, depreferência de tinta permanente. Certamente que já viu esta ideia

reproduzida em filmes e livros de banda desenhada.

5Agora chega o momento de preparar o equipamento fotográficonecessário. Para além da câmara necessitará de um flash e de um‘snoot’, ou cone de luz. Este acessório existe à venda, mas pode

facilmente simular um recorrendo a, por exemplo, cartolina preta enrola-da na cabeça do flash, como pode ver no nosso exemplo.

4Com o seu cenário preparado – cartolina como fundo, ráfia e ovoscuidadosamente colocados – use o marcador para desenhar umaspegadas de pinto, saindo da direção do ninho até à borda do papel,

como se fugisse de ovo.

6Se tem umtripé, use-o, jáque vai ter que

segurar no flashpara direcionar aluz. Através doóculo, ou doLiveView, componhaa imagem na câmarae faça a focagem(depois passe parafoco manual). Com acâmara também emmodo manual, defi-na a velocidade desincronização damesma com o flash (1/200” na Canon 5D MKII) e uma abertura entre f/8e f/11. Defina também o flash para manual e na máxima potência.Coloque o cone junto ao ninho e tire algumas fotos de teste. Se necessá-rio, socorra-se do temporizador da máquina, ou de um cabo disparador.

8Com a sessão terminada, descarregue as imagens para o computa-dor e edite-as a gosto. Use a ferramenta de clonagem do seu pro-grama de edição para eliminar alguns elementos mais inestéticos,

ou para corrigir pequenas imperfeições, como letras nos ovos, por exem-plo. Grave o ficheiro uma vez concluído o trabalho.

7As imagens resultantes podem sofrer de sobre/sub exposição. Se oresultado for muito brilhante, reduza a potência do flash e/ou mova-o para mais longe do ninho. Faça o inverso se a foto sair escura.

Aponte mais para a frente do ninho para o fundo sair escurecido.

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IMAGEM FINALCom pouco material, paciênciae vontade para uma tarde defotografia, pode aproveitar aideia para simular a fuga deoutros animais.

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práticaINSP IRE-SE COM OS NOSSOS EXEMPLOS PRÁTICOS

AzOOm já começa a ser conhecida nomercado. Mas não nos estamos areferir exatamente ao mercado edito-

rial, mas ao de frutas, legumes, peixe e carne.É que na última edição trouxemos a públicoum guia com um kiwi. Neste número é a vezde surgir uma banana. Podemos não ser osmelhores clientes, mas ninguém nos podeacusar de não termos uma alimentaçãoequilibrada.A ideia inicial era um pouco diferente

daquela que apresentamos nestas páginas.Mas as ideias às vezes são como as conver-sas, logo, como as cerejas... Lá estamos nós devolta à fruta.Não querendo alongar muito na primeira

ideia, até porque podemos precisar dela nofuturo, o certo é que a meio deste guia práti-co, ou logo quase inicialmente, nos lembrá-mos de imagens semelhantes que já encon-trámos pela Internet e que seria interessanteexplorar. E, assim, também a banana inicial,mais madura, foi substituída por uma maisverde, que nos possibilitou um melhor resul-tado final.Felizmente, não precisa de nada especial,

em termos de equipamento, para levar acabo esta tarefa. A sua máquina digital, obje-tiva mesmo que a do kit, uma folha de carto-lina branca, tripé (não essencial, mas quepode ajudar bastante), um ferro pequeno efita cola. Estes dois últimos elementospodem ser substituídos por algo semelhantee que cumpra a mesma função, conformepoderá ver mais à frente no texto. O efeitofinal é curioso e pode ter inúmeras aplica-ções.

DificuldadebaixaEquipamento usadoCanon 5D MK IICanon 24-70mmTripé

MaisBananaCartolina brancaBostiqueEspeto de ferroFita cola

1Comece por criar a área que servirá como fundo, recorrendo à carto-lina branca. Experimente também uma versão com cartolina pretapara ver se resulta. Pode usar bostique, por exemplo, para segurar os

cantos da cartolina e, já agora, a própria banana, colocando-a de forma aesconder o que a segura.

2Com a ajuda do LiveView, focámos manualmente a banana. Depoisdefinimos uma abertura entre f/8 e 1/11 e tirámos uma primeirafotografia de teste. Como já suspeitávamos a imagem ficou sub

exposta. Solução: aumentar a compensação à exposição em praticamen-te 2 stops. O resultado ficou muito melhor. Se fotografar com cartolinapreta, poderá ter necessidade de compensar negativamente a exposição.

3A meio do percurso decidimos avançar com uma ideia alternativa.Descascámos e cortámos, a partir do meio, a banana aos pedaços.Contudo, por já se encontrar madura demais e por ter sido descas-

cada pelo lado errado, decidimos fazer o mesmo mas a uma banana maisverde. Descasque-a a partir da ponta, que normalmente está livre nocacho, até meio. Corte uns três pedaços.

Fruta aos pedaços

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IMAGEM FINALQualquer que seja o seu equipamentofotográfico, basta juntar um pouco deimaginação e conseguirá resultadoscomo este. Experimente com outros fru-tos e com fundos de cor diferente.

4Agora usámos um pequeno espeto de forma a atravessar o meio dabanana e depois colocar os pedaços cortados. Só que se não tivercuidado, os mesmos vão escorregar e ficar juntos novamente.

Solução: cortámos pequenos pedaços de fita cola que enrolámos noferro, entre cada um dos pedaços da banana, mantendo-os sensivelmen-te à mesma distância.

5Feito isto, com cuidado e com ajuda do bostique, por exemplo, colo-que a banana sobre a cartolina. Volte a focar e defina uma aberturapequena, entre f/8 e f/11 de forma a conseguir uma boa definição

do assunto. Tome mais uma vez atenção à compensação da exposição.6Finalmente, depois de descarregadas as imagens para o computa-

dor, abra-as no seu programa de edição favorito. Ajuste os níveis ecurvas de forma a clarear o máximo possível o fundo (sem perder

detalhe na banana) – ou o inverso se trabalhar com cartolina preta.Depois, recorrendo à ferramenta clone, apague o ferro e “reconstrua” aparte central de cada um dos pedaços da banana. Não esquecer de fazer omesmo à sombra. Grave o resultado final e impressione os seus amigos.

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foto-aventuraTEXTO E FOTOS : MAURÍCIO MATOS

Viagem à Costa Rica

Leica M9 . 1/64” . ISO 160Latitude: 10,471495º NLongitude: 84,758823º W

Quando compramos um carro novo damos um passeio maior e dizemos quefomos fazer a “rodagem”. Ora, então quando se compra uma câmara nova faz-se o quê? Viaja-se até outro continente para fazer a rodagem do novo equipa-mento? Foi isso que fez o nosso viajante de eleição, Maurício Matos, que partiurumo à Costa Rica para experimentar a sua nova Leica.

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foto-aventuraTEXTO E FOTOS : MAURÍCIO MATOS

“Esta foi a minha segunda visita à Costa Rica mas, na prática,foi a primeira vez que vi o país com olhos de ver. Na pri-meira ocasião em que lá estive a estadia foi muito breve e

não tive muito tempo para perceber como eram as coisas. Estes 10dias que lá passei, e nos quais percorri 2200 km de carro, deixaram-me com uma ideia muito mais concreta em relação ao país e às pes-soas.Para começar, tive bastante sorte com o tempo. Arrisquei ir numa

época em que muitas vezes chove, algumas dessas vezes uma chuvatorrencial, como ficou provado poucos dias depois de eu voltar, quan-do aconteceu uma tempestade que até pontes levou. No entanto, e noperíodo em que eu lá estive, o tempo esteve geralmente bom e só tivechuva no final da minha viagem, quando já não me atrapalhoumuito. Apesar disto, e para quem estiver a pensar visitar, nada como ir em

dezembro, janeiro ou fevereiro, quando o tempo bom é garantido. Aparte má é que é época alta e os preços sobem consideravelmente. Epor falar em preços, a Costa Rica não é um desses países baratos ondese pode passar muito tempo com pouco dinheiro, pelo menos paraquem quiser ficar em hotéis bons ou com um mínimo de qualidade.Também os restaurantes não são propriamente baratos, pelo menos

nos locais mais turísticos, que foi onde eu andei. O preço da gasolinaé igualmente alto. Não tão alto como em Portugal mas não fica tãolonge assim.Sendo a Costa Rica um país pequeno, funciona um pouco como

Portugal. É possível, num dia, atravessar o país de um lado ao outro. Épossível acordar numa qualquer praia do Oceano Atlântico e ir ver opôr do sol numa praia do Oceano Pacífico. O estado das estradas é, emalguns locais, miserável… muito especialmente na Península deNicoya. Além disso, e devido ao perfil dessas estradas, as distânciasenganam um pouco. Mesmo aquelas estradas que são boas, têm umperfil sinuoso, devido à geografia do país. E visto que quase não exis-tem estradas com duas faixas em cada sentido, é mesmo muito com-plicado ultrapassar, em especial nas zonas onde existem as grandesplantações de bananas, que são altamente frequentadas peloscamiões que as transportam. Apesar disto, é muito simples conduzir na Costa Rica, embora acon-

selhe a utilização de um GPS para encontrar facilmente os locais avisitar. No meu caso utilizei um mapa para aparelhos Garmin e fun-cionou na perfeição. Relativamente a documentos, a Carta deCondução portuguesa é tudo o que é preciso, juntamente com o pas-saporte… e sei isso por experiência própria porque fui mandado parar

Leica M9 . 0,5” . ISO 160Latitude: 9,624416º NLongitude: 85,09717º W

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pela polícia mais do que uma vez.Em relação à beleza natural do país, penso que é visível nas fotos

que tirei, embora eu me tenha concentrado especialmente nas praias,que foi onde passei a maioria do tempo. E as praias são muitas, divi-didas pela costa do Atlântico e do Pacífico. Daquilo que visitei, gosteimais do lado do Pacífico. E além das praias, existem os vulcões. São vários mas a jóia da

coroa é o Vulcão Arenal. Desta vez, e ao contrário do que aconteceuna minha primeira visita, consegui vê-lo e fotografá-lo, embora ape-nas por uns minutos. É preciso, de facto, ter alguma sorte para teruma visão perfeita de todo o cone do vulcão. Já os vulcões Poás eIrazú, nada! Apenas nevoeiro. Acontece. Existem ainda os diversosparques nacionais, com inúmeros quilómetros quadrados de florestatropical, onde se pode observar um enorme número de espécies defauna e flora.

Leica: “Fotografar menos, masmelhor”Poucas semanas antes desta minha viagem, tomei uma decisão

drástica e arriscada em relação ao meu equipamento. Resolvi trocaras minhas DSLR por um par de Leicas. Foi uma mudança radical que

envolvia muito mais do que uma simples troca de máquinas e objeti-vas. Representava uma mudança completa na forma de fotografar.

Agora, algumas semanas passadas, posso dizer com toda a certezaque a adaptação foi boa. A viagem foi um sucesso e estou muitosatisfeito com as fotos que trouxe comigo. Como sempre digo, qual-quer câmara é uma solução de compromisso: não há nenhuma queseja perfeita. Houve momentos em que senti a falta das minhasCanon, fosse pela focagem automática, fosse por ser à prova dechuva. No entanto, foram muito mais os momentos em que agradecio facto da Leica ser uma câmara pequena, compacta… um prazer deusar.Vou começar por referir os aspetos mais chatos na utilização das

Leica em fotografia de viagem. Afinal de contas, o tipo de fotografiaque mais faço e que mais prazer me dá. Em primeiro lugar, e aquiloque mais me incomoda na Leica, é a sujidade no sensor, coisa à qualjá não estava habituado há uns anos. As M9 e M8 não têm qualquersistema de limpeza de sensor, comum hoje em dia em qualquerDSLR… e no meu tipo de fotografia, que usa essencialmente aberturaspequenas, qualquer partícula de pó se torna visível. Esperemos queesta questão possa ser resolvida em futuras versões da máquina.

Leica M9 . 1/1000” . ISO 160Latitude: 9,808084º N

Longitude: 84,90311º W

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foto-aventuraTEXTO E FOTOS : MAURÍCIO MATOS

Leica M9 . 1/180” . ISO 160Latitude: 9,624478º N

Longitude: 85,15075º W

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O LCD da máquina é simplesmente ridículo. Éinadmissível que uma máquina de quase 6000euros tenha um LCD tão fraco. A mim não me fazgrande diferença porque não sou muito de avaliaras fotos pelo LCD. Mas para quem tem o hábito de ofazer, é uma tragédia. Simplesmente o elo fraco daLeica M9 (e da M8 também).Outro problema que surge quando se fotografa

com uma ‘rangefinder’ é a utilização de filtros, emespecial filtros polarizadores, que eu tanto uso. Aoolhar pelo visor de uma Leica, não se tem o feed-back do filtro, visto que não se está a olhar atravésda objetiva como numa DSLR. Assim sendo não seconsegue perceber qual o efeito que o filtro está ater na imagem. Existem basicamente duas soluções para isso.

Uma, a minha preferida, é usar filtros que tenhammarcas, caso dos Heliopan, e ter um na lente e umna mão. Rodar o da mão e olhar através dele e,quando o efeito for o desejado, ver a marca e colocaro filtro que está na lente na mesma posição. Sim, échato… nada prático. A outra solução é simplesmen-te ir rodando e ir tirando diferentes fotos até obter adesejada.O facto da máquina também não ser resistente a chuva ou pó limi-

ta um pouco as condições em que podemos fotografar, especialmentetendo em conta o custo e o medo que temos de danificar a câmara dealguma forma. De certeza que não fotografava com a Leica em algu-mas das condições que cheguei a fotografar com a 1D Mark IV.Em relação a coisas menos positivas, estamos conversados. E os

aspetos que mais me agradaram? Bem… em primeiro lugar a razãoprincipal pela qual eu fiz a troca. Equipamento mais leve, mais com-pacto, mais “user friendly”.E, após estes 10 dias na Costa Rica, posso dizer que de facto é um

prazer fotografar com estas câmaras. Um pequeno saco é suficientepara levar um corpo com uma objetiva e duas ou três objetivas mais.Algo que não pesa e não incomoda da mesma forma que incomoda-

ria se fosse uma 1D, mais 3 ou 4 objetivas L.A qualidade é também visível. Em relação ao corpo

das Leica, é aquela sensação de estar a fotografar comuma obra de arte. Construção primorosa, sem falhas.Simplesmente nada a apontar (tirando o LCD, do qual jáfalei). Uma peça que, simplesmente pelo seu estilo,aumenta o prazer de fotografar. O facto de estar a foto-grafar com uma máquina diferente também dá umcerto prazer. Sim, para mim é tão importante o prazerque tenho a usar uma máquina como a qualidade dasimagens que esta produz. Já em relação às objetivas Zeiss, que são a minha

escolha devido ao preço absurdo das Leica, a qualidadeque já esperava tendo em conta o que conhecia delas.Ótima construção, nítidas, compactas.A respeito das fotos que saem da M9, do melhor que

já vi. Fotos nítidas, ricas em cores, com muito menosnecessidade de edição, mesmo fotografando em RAW,coisa que sempre faço. Fotos que podem ser impressasem tamanho enorme, mantendo a qualidade.O facto de ser obrigado a lidar com a focagem

manual faz-me fotografar menos, mas melhor. Esta é asensação com que fiquei. Tiro menos fotos mas aprovei-

to mais das que tiro. Faz-me também fotografar de forma diferente,optar por coisas diferentes, e também me impede de tirar certasfotos. Mas é algo que eu já sabia quando fiz esta opção. No entanto,não são as fotos que não se tiram que importam… o que realmenteimporta são aquelas que se tiram e a qualidade com que ficam.Em conclusão, as Leicas M9 e M8 não são máquinas perfeitas.

Nenhuma é. Tem os seus problemas, as suas falhas, mas é provavel-mente a máquina com a qual tive mais prazer em fotografar até hoje.Não vou dizer que vão ser as minhas máquinas no longo prazo, por-que hoje em dia o mundo da fotografia muda quase de um dia para ooutro. Não se sabe o que aí vem.Mas, atualmente, não há nenhuma outra máquina que eu preferis-

se ter. É tão simples como isso.” nZ

Na malade viagem...

Leica M9Leica M8

Objetivas:Zeiss 21mm f/2.8 Biogon T* ZMZeiss 28mm f/2.8 Biogon T* ZMZeiss 50mm f/1.5 C Sonnar T* ZMZeiss 85mm f/4 Tele-Tessar T* ZM

Site http://www.mauriciomatos.com

Leica M9 . 1/750” . ISO 160Latitude: 9,6518º N

Longitude: 85,1736º W

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destaqueTIRE PARTIDO DA SUA CÂMARA FOTOGRÁFICA

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FLASHSEM SEGREDOSÉ muito mais do que um simples clarão que denunciaa presença do fotógrafo. O sistema flash da suacâmara digital permite-lhe iluminar o sujeito e ca-pturar um conjunto de belos efeitos criativos. Saibacomo o utilizar e tirar partido de todos seus modos,para chegar ainda mais perto da fotografia perfeita.

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destaqueTIRE PARTIDO DA SUA CÂMARA FOTOGRÁFICA

Ao nível das exposições, nunca foi tãofácil fotografar como agora, com acâmara a encarregar-se de todas

aquelas fórmulas complicadas, que sãonecessárias para atingir exposições perfei-tas. No passado, cabia ao fotógrafo todo otrabalho de calcular quais as definições dacâmara que eram necessárias. Ora, isso podiadificultar a vida a alguns de nós, até mesmopara aquelas fotos aparentemente mais sim-ples. Graças ao avanço tecnológico, os novosmodelos apresentam grandes inovações aonível da comunicação entre o flash e a câma-ra, o que permite todo o tipo de composiçõese efeitos até os mais complexos, com relativasimplicidade.Existem, atualmente, diversos modos à

escolha. Tantos que podem deixá-lo confusona hora de escolher aquele que se adequamelhor a cada situação. Mas não se preocu-pe que é para isso que nós cá estamos.Neste artigo vamos explicar-lhe as princi-

pais funções: o que são, para que servem,como, quando e como deve usá-las. Está aquitudo. Quer esteja a usar o flash integrado ouexterno, este guia vai dar-lhe a conhecertudo o que precisa para tirar a melhor foto-grafia possível.

Porque precisamosde um flash externo?Praticamente todas as câmaras SLR dispõem de umflash integrado, que já vem de série. Ora, isso leva-nos à pergunta recorrente de quem se inicia nomundo da fotografia: se a câmara já está equipadacom um flash, porque teremos de comprar umexterno? Há várias razões para isso, mas como nãotemos tempo nem espaço suficiente, resumimostodas elas em três boas razões.Potência: A saída do flash que vem de série com acâmara é suficientemente boa para fotografar sujei-tos posicionados a um ou dois metros. Mas nãomais do que isso. Já os flash externos têm umapotência bem maior, permitindo-lhe fazer a exposi-ção adequada de sujeitos posicionados a váriosmetros de distância. Caraterísticas: O flash de série dispõe de váriosmodos, mas não se comparam ao grau de sofistica-ção de um externo. Para além da cabeça inclinável,dispõem de modos adicionais que possibilitam umuso bem mais criativo do flash.Flexibilidade: A utilização de um flash externoabre-lhe todo um novo mundo de possibilidades.Por exemplo, pode combinar mais do que um flashpara criar vários pontos de iluminação. Com jeiti-nho, vai conseguir até fazer frente aos sistemas deflash de estúdio, de forma bem mais económica eportátil.

1) Cabeça do flash: A cabeça do flash é capaz derodar em ângulos verticais e horizontais. Sendo incli-nável, pode ser direcionada para áreas específicas,onde a luz seja mais necessária. A inclinação permitetambém aumentar o raio de ação do flash.2) Lâmpada AF Assist: Na fotografia de baixa ilu-minação, pode haver situações em que é visível umfeixe em tom avermelhado a sair do flash. Trata-seda chamada lâmpada de assistência à focagem que,como o nome indica, ajuda a câmara a fixar a foca-gem.3) Difusor/refletor de origem: Para suavizar aluz, faça deslizar o difusor sobre a janela do flash.Pode também usar o refletor para redirecionar asaída do flash.4) Tomada externa: Vários modelos de gamamédia e alta dispõem de uma entrada para encaixede uma fonte de energia. 5) Monitor LCD: Alguns modelos de flash têm umaquantidade de funções de tal modo avançadas quenecessitam de um pequeno monitor LCD. Aí encon-tra informação diversa sobre os modos de flash sele-cionados, bem como uma escala de distância quelhe dará uma representação do alcance do flash, deacordo com as definições escolhidas.6) Botões de controlo: Dispor de funções avança-das implica que o flash terá um grande número debotões. Claro que, para simplificar as coisas, cadabotão controla mais do que uma função, pelo que é

recomendável que perca algum tempo a experimen-tá-los. Nem sempre a sua utilização é intuitiva e decompreensão fácil.7) Encaixe: O flash vem equipado com pequenospinos que vão encaixar nos contactos da câmara, demodo a transferirem informação entre um e outroequipamento. E, claro, para acionar o flash quandopremir o botão de disparo da sua câmara. Quasetodos os encaixes têm o mesmo desenho, com exce-ção das câmaras da série Alpha, da Sony. 8) Lâmpada Pronto/Teste: A maior parte dosmodelos inclui uma lâmpada “a dois tempos”, ouseja, a luz passa de verde para vermelho, conforme oflash esteja parcial ou totalmente carregado. Emalguns casos, pode premir esta lâmpada de modo aque o flash faça um disparo de teste.9) Mecanismo de fecho: É um sistema que impe-de que o flash caia do encaixe, assegurando o seufecho total, em perfeita segurança.10) Base: Alguns flash que incluem a função wire-less estão equipados com uma base. Esta permiteque o flash fique em pé, de forma a posicioná-loonde muito bem entender, sem qualquer ligação àcâmara. Caso o seu flash não inclua um destessuportes, pode sempre comprar um adaptador –encontram-se facilmente na Internet – com o qual acâmara pode ficar devidamente apoiada ou, então,instalada num tripé.

O seu flash ao pormenorPeça a peça, saiba quais são os componentes do seu flash e para que servem eles.

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Medição de flash TTLA sigla TTL significa Through The Lens – em portu-guês Através da Objetiva – e a sua câmara usa estetipo de medição para conseguir exposições o maisprecisas possível. Em regra, a maior parte das câma-ras utiliza o padrão multizonas como base para ocálculo da exposição. Algumas disponibilizam aopção como função personalizada, de alternar coma medição ponderada ao centro. Há ainda sistemasque disparam uma espécie de “pré-flash” para daruma ajudinha à exposição e outros que incluem umafunção de FE-Lock (Flash-Exposure Lock). Isto vaipermitir-lhe efetuar uma leitura pontual, usando oflash naquelas situações mais traiçoeiras.Resumindo: para a esmagadora maioria das fotogra-fias que o leitor vai tirar, o padrão TTL é o suficientepara garantir bons resultados.

Red-eyeQuem nunca se deparou com o problema dos olhosvermelhos numa foto, que atire a primeira pedra! Ouo primeiro clique. A verdade é que este é um proble-ma recorrente quando se fotografa com flash. E não,não é verdade que os sujeitos que ficam com olhosvermelhos estejam possuídos pelo demónio. Issoacontece pura e simplesmente porque a luz do flashé refletida nos vasos sanguíneos da retina. Claro quepara resolver isto os fabricantes já equipam ascâmaras com sistemas para a redução do efeito‘red-eye’. E mesmo quando eles não forem suficien-tes para o eliminar, há um ou dois truques que reve-lamos neste artigo.

Velocidade de sincronizaçãoAs câmaras digitais têm uma velocidade de disparoaté onde podem ser sincronizadas com o flash. Emregra, essa velocidade situa-se entre os 1/90 e os1/250 segundos. É possível selecionar velocidadesde disparo abaixo destes valores, mas nunca acima.Isto porque a essas velocidades o mais certo era queuma boa parte da sua fotografia aparecesse toda anegro.

Guide Number (número guia)O GN, ou Guide Number – em português, NúmeroGuia – corresponde a uma indicação da potência doflash externo. Quanto mais elevado for o GuideNumber, maior potência o flash terá. É frequente-mente indicado como um valor seguido da referên-cia “ISO 100, m”, que corresponde à indicação da suapotência em metros, quando usado com uma defini-ção específica de ISO. Dificilmente terá necessidadede calcular uma exposição de flash, mas se isso

acontecer defina a câmara para modo manual, avelocidade de disparo para a sua velocidade de sin-cronização e calcule a exposição seguindo esta fór-mula simples: Abertura = número guia / distânciaentre o sujeito e o flash. Sendo assim, quando osujeito estiver a 10 metros do flash e o seu númeroguia for 40, vai precisar de definir uma abertura def/4. A maior parte dos flash que vem de origem coma sua câmara tem um GN de aproximadamente 12,enquanto a maioria dos flash externos varia entre os28 e os 50.

Flash Master and SlaveNas situações em que usar vários flash externos,deve usar um flash externo “Master” que irá contro-lar os restantes flash. Se procurar bem, encontraráum botão na parte de trás do flash que permite defi-ni-lo para qualquer configuração.

Cobertura do Flash Esta expressão corresponde à dispersão da luz apartir do flash. Está indicado como um comprimentofocal – normalmente à volta dos 18 mm – de modo aque deverá ter atenção aos valores. Se usar umaobjetiva mais larga do que aquela que está indicada,arrisca-se a obter uma fotografia com cantos escu-ros devido à falta de cobertura do flash.

Glossário flashOs termos associados ao seu flash nem sempre são os mais simples de compreender. Até porque algunsdeles nem têm tradução para português. Para lhe facilitar a vida, organizámos uma espécie de dicionário queinclui aquelas palavras mais usadas.

Compensaçãoà exposição do flash

Não é uma fun-ção que vá usarassim muitasvezes. Mas éimportante que a

conheça, uma vez que é uma forma rápida e simplesde controlar os níveis da saída de flash. A compen-sação à exposição do flash é usada para aumentarou reduzir a quantidade de flash que a câmaraentendeu ser necessária. Ora, normalmente precisa-mos disto depois de revermos uma fotografia queacabamos de tirar e descobrimos que ela precisavade mais (ou menos) flash. Também pode recorrer aesta função quando tiver fotografado com flash depreenchimento e chegar à conclusão que o equilí-brio entre o flash e a luz ambiente não é o mais indi-cado. E há ainda uma outra situação na qual podeser necessário recorrer à compensação da exposi-ção do flash. Em alguns modelos da Nikon, Pentax eSony, quaisquer ajustes que faça usando a compen-sação à exposição vão afetar a exposição do flash.Nesses casos, a compensação à exposição do flashé fundamental para compensar eventuais desvios.

Usar o “bounce flash”(rebatido)A luz do seu flash podeser impiedosa para comos retratos. Para evitarque se arruíne uma boafotografia, os flashexternos incluem a pos-sibilidade de rebater acabeça (ou inclinar).Na sua posição normal,a cabeça do flash distri-bui a luz diretamente nosujeito, o que resulta muitas vezes em sombras quesurgem por trás do sujeito. Mas, ao fazer “tabela” naparede ou no teto, a luz do flash vai ser distribuídade forma a eliminar essas sombras incómodas.O importante é que tenha em conta o ângulo dainclinação, que é como quem diz, quanto deve incli-nar a cabeça do flash. O ideal é que “aponte” o flashpara que ele fique ali a meio caminho entre si e osujeito. Se apontar a cabeça do flash para um pontodemasiado baixo, o mais provável é que o flash“salte” por trás do sujeito. Aponte-a para demasiadolonge e ele “cairá” em frente e ele. Além disso, certi-fique-se de que ele “salta” a partir de uma superfíciebranca ou de cor neutra, uma vez que a luz do flashvai assumir a cor da superfície. Se o seu flash tiverum refletor ou difusor, use-o para melhorar aindamais o efeito do flash.

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destaqueTIRE PARTIDO DA SUA CÂMARA FOTOGRÁFICA

Modos de flashSe a ideia for controlar o flash, a primeira coisa que tem de aprender são quais os modos e funções do flash que estão disponíveis e compreender quando e como osdevemos usar. Antigamente era tudo bem mais simples. O flash tinha só dois modos de funcionamento: ligado e desligado. Em contraste, hoje os flashes vêm equipa-dos com tantos os modos de funcionamento que podem deixar às aranhas não só um fotógrafo caloiro, mas também os mais experientes.Cada modo de flash é mais adequado a cada tipo de sujeito e, por esse motivo, é fundamental que saiba como e quando usar cada um dos modos. E aqui entra a van-tagem do digital: pode fazer as experiências todas que muito bem entender, que a única coisa que vai gastar é tempo.Experimente cada um deles, depois experimente-os novamente e volte a experimentar… e por aí fora. Pratique e volte a praticar até começar a perceber de que formacada um dos modos de flash se adequa a cada uma das situações com que se vai deparar na sua fotografia. É que, lá diz o ditado, a prática leva à perfeição…

OS MAIS BÁSICOSAUTOMÁTICO

As câmaras DSLR não dispõem de um modo deflash automático. Em vez disso, estão preparadaspara ativar o flash automaticamente, quandoforem definidos certos modos de exposição. Nosmodelos intermédios – as chamadas câmaras CSC– em alguns casos está disponível um modo deflash automático, que funciona da mesma formaque nas compactas: o flash dispara quando a foto-grafia for captada em condições de baixa ilumina-ção.Quando usar: em fotografias no interior visto que émais provável que, ao fotografar apenas com luzambiente, as fotografias podem perder qualidade comqualquer tremor da câmara.

FORÇADO (LUZ DE PREENCHIMENTO)

Este modo Luz de Preenchimento é dos mais úteis.No caso dos retratos à luz do dia, pode usar o modode flash forçado para remover sombras. Ou então,naquelas situações em que a face do sujeito estiverna sombra. Ou seja, em situações onde exista ilu-minação suficiente, o que faz com que o automáti-co não dispare. A quantidade de luz de preenchi-mento é determinada pela câmara, mas podeaumentá-la ou reduzi-la usando a compensação àexposição do flash, como explicado na página 33.Quando usar: ao fotografar sujeitos em contraluz, umavez que evita que os objetos em primeiro plano fiquemescuros e revela detalhe no sujeito; ao fotografar umsujeito posicionado na sombra (por exemplo, debaixode uma árvore), com a cara “manchada” de sombras.

FLASH-OFF

Conhecido como “Modo Desligado” a sua função éimpedir o disparo do flash mesmo quando fotogra-fa num ambiente escuro. Nem todas as câmarasdispõem dele, mas é particularmente útil emsituações em que não queremos – ou podemos –usar o flash. Se estiver em modo automático omais certo é que a nossa câmara decida que énecessário usar o flash e fazê-lo saltar cá para fora.Com este modo “off” assegura-se de que isso nãoacontece.Quando usar: se deseja captar a iluminação natural,sem interferência da luz padronizada do flash; para evi-tar reflexos (por exemplo, ao fotografar a relva); ou emlocais onde o flash não seja permitido, como é o casodos museus onde a intensidade do flash pode interferircom as cores das pinturas, ou em espetáculos musi-cais.

REDUÇÃO DE OLHOS VERMELHOSÉ um modo que lhe permite eliminar – ou pelomenos reduzir – aquele irritante fenómeno queacontece ao fotografar retratos no interior: osolhos vermelhos do sujeito. A sua função consisteem enganar o olho do sujeito. Isto porque, neste

modo, antes do flash a sério (o que é disparado nomomento da fotografia) o flash vai fazer algunsdisparos preliminares curtos e rápidos que vãoobrigar a retina a contrair-se (a reação naturalquando exposta a ele). Desse modo, vamos impedirque o vermelho dos vasos sanguíneos seja refleti-do no flash a valer, que é disparado logo a seguir. Para além deste modo de flash, pode reduzir o efei-to de “olhos vermelhos” recorrendo a um destestruques:- posicione o flash longe da objetiva (quanto maisafastados estiverem um do outro menor é a proba-bilidade do “olho vermelho”, pelo que pode optarpor um ou mais flash externos, situados a algumadistância da sua câmara); - aumente a luz ambiente (quanto maior for a ilu-minação ambiente menor o risco de pupilas dilata-das, pelo que é aconselhável que sacrifique oambiente intimista da meia luz em favor de umasala mais iluminada);- use flash rebatido (o “olho vermelho” resulta deexposição direta ao flash, pelo que a inclinação vairesolver parte do problema);- afaste o sujeito de bebidas alcoólicas (o álcool fazcom que as pupilas se dilatem e quanto mais elaestiver dilatada maior o risco de refletir o verme-lho dos vasos sanguíneos);- recorra ao software de edição (há situações emque nada disto resulta, ou então, a fotografia jáestá tirada e não se apercebeu do problema atempo de repetir, pelo que é nessa altura que deveusar o programa de edição de imagem para remo-ver o “olho vermelho”).

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SINCRONIZAÇÃO LENTA

Fotografar nos modos de flash “normais” tem assuas desvantagens. Eles usam velocidades de dis-paro mais rápidas para evitar que a câmara trema,o que resulta muitas vezes num sujeito bem ilumi-nado… mas o fundo fica escuro. Para resolver esteproblema existe o chamado modo de sincroniza-ção lenta. É usado para dar uma melhor exposiçãodas áreas do plano de fundo fora do alcance doflash, permitindo-lhe ganhar claridade. A grandevantagem deste modo é que pode combinar oflash com uma baixa velocidade de disparo. Oslongos tempos de exposição permitem-lhe captara luz ambiente de toda a cena, enquanto o flash seencarrega de iluminar o sujeito. Mas há que tomaras devidas cautelas. Como o obturador vai perma-necer aberto durante algum tempo, qualquermovimento que seja registado durante a exposi-ção poderá dar cabo de uma ótima fotografia. Porisso é que recomendamos vivamente o uso de umtripé. A não ser, claro, que esteja à procura de umefeito criativo para a sua fotografia. Nesse caso, anossa sugestão é que faça precisamente o contrá-rio: dê movimento. Mas não um movimento àbruta! Experimente rodar a câmara no sentido dosponteiros do relógio (e no sentido inverso), durantea exposição. E que tal? Reparou como os pontosbrilhantes ficaram registados sob a forma deestrias? Realmente, este modo abre-lhe um novomundo de possibilidades. Tem é de aprender aexplorá-las devidamente. Uma boa parte dascâmaras dispõe do modo Sincronização Lenta e háoutros modelos que definem automaticamente oflash para este modo quando usa determinadosmodos de exposição. A Sincronização Lenta podetambém ser usada em conjunto com o modo deSincronia (segunda cortina) – explicado mais abai-xo – mas não em todas as câmaras.Quando usar: para revelar a luz ambiente no pano defundo e num sujeito exposto ao flash; para conseguirefeitos criativos, movimentando a câmara enquantousa uma velocidade de disparo lenta.

SINCRONIZAÇÃO À SEGUNDA CORTINAEm condições normais, a sua câmara está configu-rada para efetuar a sincronização do flash com aprimeira cortina. Ora, isto significa que, ao tiraruma fotografia, o disparar do flash é feito no inícioda exposição. Isto funciona perfeitamente namaior parte das exposições, mas quando utilizarexposições mais longas pode afetar negativamen-te o resultado, se houver um sujeito em movimen-to dentro do enquadramento. O que acontece é

que o flash dispara quando premir o botão de dis-paro e assim regista o sujeito na sua posição origi-nal dentro de enquadramento. Mas, uma vez queeste continua a mover-se, o que fica registado éuma faixa que percorre a cena. De modo a tornar aimagem mais natural, deve selecionar o modo desincronização à segunda cortina, que vai assegurarque o flash seja disparado apenas no final daexposição. Claro que isto levanta um outro proble-ma. Com este modo de flash, ao fotografar umsujeito em movimento nunca sabemos ao certoem que parte da cena ele estará no momento dodisparo do flash. Isto não será um problema se avelocidade de disparo for razoavelmente rápida –na casa dos 1/8” – mas pode ser uma chatice dosdiabos se usar velocidades de disparo mais baixas.Principalmente se o sujeito estiver a movimentar-se rapidamente.

Quando usar: para captar movimento, usando baixasvelocidades de disparo para fotografar sujeitos emmovimento.

FLASH WIRELESS (SEM FIOS)Fazer experiênciascom o flash é umatentação a que pou-cos resistem, dada afacilidade de dispa-rar o flash externo,sem qualquer tipodo ligações atravésde cabos e fios.Fotografar com atecnologia wireless(ou “sem fios”) variade modelo paramodelo, mas a insta-lação básica consiste em escolher o modo de FlashWireless e utilizar um flash de encaixa na câmarapara acionar os flashes externos. O melhor de tudoé que a fotografia wireless é possível mesmoquando a sua câmara não dispuser de um modode Flash Wireless. Basta que faça a ligação de umdisparador wireless, ou trigger, ao encaixe dacâmara e este acionará o flash externo. Claro quehá sempre o problema do preço – os modelos demarca saem sempre caros – mas pode optar peloschamados “disparadores independentes”. Existemmodelos mais baratos que não dispõem de medi-ção de flash TTL, enquanto os mais caros disponi-bilizam, regra geral, quase todas as funções.

Quando usar: instalações com múltiplos flashes exter-nos; ou quando usar gel de flash colorido para dar corao seu pano e fundo.

FLASH FP/ALTA VELOCIDADEÉ um modoque está dis-ponível numconjuntolimitado decâmaras eflash, masque permiteque o flashseja usadoem qualquervelocidade de disparo. O que é uma grande vanta-gem, visto que não limita a utilização à sincroniza-ção de velocidade por defeito. Isto é particular-mente útil para quem faz fotografia de desporto, jáque possibilita o uso do flash à luz do dia para“congelar” a ação. Mas também pode ser bastanteútil aos fotógrafos que procuram combinar flashcom grandes aberturas em pleno dia. Ora, istotudo, traduzido por miúdos, quer dizer que estenão é um modo acessível aos caloiros ou mesmo afotógrafos com pouca rodagem. É um modo deflash algo avançado, ideal para os mais experien-tes e com necessidades específicas.Quando usar: nas situações em que quiser utilizar oflash para congelar a ação durante o dia; quando pre-tender usar o flash à luz do dia.

CONFIGURAÇÃO MANUAL DE POTÊNCIABoa parte dos flash de encaixe na câmara fazemdisparar as configurações manuais de potência.Estas estão definidas para disparar o flash numaproporção de potência muito particular: por pas-sos, desde a potência máxima, até 1/2 de potência,1/4 de potência e por aí fora, até aos 1/64 de potên-cia. Quando usado numa configuração de potênciamanual, o flash será consistente, independente-mente das definições da câmara, luz ambiente, ouqualquer outro elemento variável. Defina as confi-gurações de potência e o flash disparará semprecom a mesma intensidade. Isto quer dizer que,uma vez configuradas, as exposições do flash sãoconsistentes. O que é muito útil para fotografaruma enorme variedade de sujeitos, que vão desdea luz à escuridão, ou que sejam reflexivos. Uma vezdefinida a proporção manual de potência do seuflash (ou vários flash) de modo a assegurar umaexposição razoável, todas as exposições serão con-sistentes. A não ser que faça variações na distân-cia entre o flash e o sujeito. Outra situação na qualas configurações manuais do flash podem revelar-se úteis é quando utilizar um flash externo comalguma idade ou de uma marca diferente dacâmara. Ao utilizá-lo em modo manual, recorrendoa disparador, por exemplo, vai poder disparar umconjunto de flashes ao mesmo tempo. Tambémpode recorrer a este modo naquelas situações emque pretende pintar a cena, usando o flash. nZ

OS MAIS CRIATIVOS

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pela objectiva de...TEXTO: PAULO JORGE DIAS . FOTOS : JOÃO P INA

Canon 5D . 35mm . f/1.6 .1/125” . ISO 1250

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JOÃO PINA

Define o seu trabalho como fotografia de lutas. Vive em Paris, mas passa boaparte do tempo na América Latina. Fotografa cenários de guerra, com o mesmo àvontade com que fotografa uma cena de rua. E diz que não descobriu afotografia…foi ela quem tomou conta da sua vida.

“O Mundoé o melhor lugar do Mundopara se ser fotógrafo”

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pela objectiva de...JOÃO P INA

Quase todos nós fizemos algo marcante aos 18 anos. Uns tira-ram a carta, outros fizeram uma viagem de sonho, outrosarranjaram o primeiro emprego… João Pina assinalou o seu

18.º aniversário tornando-se fotógrafo.Desde miúdo que dava uns cliques – primeiro com a câmara do avô

e depois com a sua Fuji “point-and-shoot” – e o interesse foi crescen-do, até ao dia em que se apercebeu de que a fotografia tomara contada sua vida.Foi a fotografia que o levou a viajar pelo mundo, tendo passado os

últimos dez anos entre a Europa e a América Latina. Mas não é só ofotógrafo quem viaja. O seu trabalho também passeia pelo mundo…nas páginas de publicações conceituadas como The New York Times,New Yorker, Time, Newsweek, Stern, GEO, El Pais, La VanguardiaMagazine, Days Japan, Expresso e Visão.Em publicações, mas também em exposições: Londres, Nova Iorque,

Tóquio, Lisboa, todas elas já foram devidamente apresentadas ao tra-balho de João Pina. Enfim, o Mundo é a sua casa. Mas é, mais do queisso, o melhor lugar do mundo para se ser fotógrafo.

zOOm: Retrato, guerra, viagens, cidade... como é que consegue fazercaber tudo isso dentro da fotografia?João Pina: Não sou eu que consigo nada, a vida são todas essas coisas.Eu conheço pessoas, fotografo-as, viajo, visito cidades, passo por con-flitos. E a minha desculpa para poder estar em todos esses lugares evisitar todas essas pessoas é tirar fotografias.

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Todos temos uma “história” na fotografia? Qual é a sua? Como equando descobriu que ela ia fazer parte da sua vida?Eu nunca descobri que ela ia fazer parte da minha vida… simples-mente a fotografia foi tomando conta dela. Comecei a fotografardesde miúdo e, devagar, fui-me interessando cada vez mais. Tudo sefoi tornando mais sério, comecei a trabalhar como fotógrafo aos 18anos e o resto está à vista.

Todas as “histórias” com fotografia envolvem uma primeira câmara.Lembra-se qual foi a sua?A primeira câmara com que eu me lembro de ter fotografado foi umaYashica-mate médio formato (6x6) do meu avô. Eu deveria ter entre 4e 5 anos (mais tarde o meu avô ofereceu-me essa máquina), depois aminha avó ofereceu-me uma máquina muito pequenina que tam-bém servia de porta-chaves e usava filmes 110. E, aos 11 ou 12 anos,tive a minha primeira máquina a “sério”. Uma Fuji point-and-shootmuito fraquinha, que comprei com as minhas poupanças da semana-da. Custou-me 11 contos e 500.

E a aprendizagem, como foi? Fale-nos um pouco desse processo.A aprendizagem é um processo contínuo. Ainda hoje continuo aaprender todos os dias coisas novas. Numa primeira fase, tudo era nabase da tentativa e erro: fotografava, revelava e logo se via o que saia.Uns anos mais tarde, comecei a interessar-me mais pela parte técnicada fotografia e comecei a entender o que era preciso para que este

processo mágico de conseguir gravar visualmente o que nos está àfrente aconteça. Isso também me levou quando já estava a trabalhar,a ir fazer um curso de fotografia no Ar.Co para, basicamente, apren-der a funcionar dentro de um laboratório. Durante um ano estive emaulas à noite a aprender a revelar/imprimir preto e branco. E logo em2004 decidi, depois de terminar um curso superior de Marketing aomesmo tempo que sempre trabalhei como fotógrafo, que queria con-tinuar a estudar fotografia mas fora de Portugal. Aí decidi concorrer eentrei no International Center of Photography no curso deFotojornalismo e Fotografia Documental. E aí terminei a minha “edu-cação formal” em fotografia.

Ninguém gosta de se rotular a ele mesmo. Mas se tivesse mesmo deser, como é que o João Pina definiria a sua fotografia?Definiria como uma fotografia de lutas. Lutas políticas, sociais e béli-cas.

A América Latina é o melhor lugar do mundo para se ser fotógrafo?Eu acho que o Mundo é o melhor lugar do Mundo para se ser fotógra-fo. Todos os lugares são diferentes e em todos existe um potencialfotográfico muito grande. Podemos arranjar lugares/situações/pes-soas para fotografar em todos os lugares do mundo. E pode serextraordinário ver as diferenças e as semelhanças de lugares tão dis-tantes geograficamente. A América Latina é, sem dúvida, o lugar doplaneta onde eu tenho passado mais tempo nos últimos 10 anos e,

Canon 1D . 21mm . f/3.2 .1/80” . ISO 100

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pela objectiva de...JOÃO P INA

por isso, é um lugar onde me sinto muito à vontade aviver e a trabalhar. Mas não vejo porque seria omelhor lugar para se ser fotógrafo além da enormeliberdade e à vontade que eu sinto para trabalhar lá.

Foi um dos fotógrafos que cobriu a Revolução deJasmim. É verdade que as revoluções estão cada vezmais perigosas para os jornalistas?A Revolução do Jasmim (Tunísia) foi apenas o começode várias revoluções que começaram em 2011 às quaiseu gosto de chamar “a” revolução árabe. Não acho queas revoluções especificamente estejam cada vez maisperigosas para jornalistas, mas o mundo está. Hoje emdia qualquer governante (democraticamente eleito ounão) sabe que grande parte do seu sucesso passa pelaforma como consegue passar a sua mensagem para apopulação e a forma como consegue contornar (ounão) a forma como o jornalismo reflete a sua atuação.Isto tem levado a que, em alguns casos, os jornalistassejam alvos diretos de repressão. Mas também foi pos-

sível trabalhar com níveis de abertura, em 2011, quetinham sido muitíssimo difíceis conseguir nos últimos10-15 anos. Um desses casos é a Líbia, onde para cobriro lado rebelde no início da guerra contra o regime deKhaddafi, os jornalistas tinham acesso praticamentesem restrições às linhas da frente, operações militarese toda a loucura que se viveu. Também por isso morre-ram vários colegas, porque estávamos demasiadoperto e demasiado expostos.

Fale-nos um pouco do seu “arsenal”. Qual a sua peçafavorita?O meu par de sapatos, é sem dúvida a minha peça pre-ferida do meu “arsenal”… e isto fora de brincadeiras. Otrabalho que fazemos depende muitíssimas vezes deestarmos muitas horas em pé, à espera, andar muito.Para além disso, eu só utilizo lentes grande-angular enormais, logo preciso de estar fisicamente pertodaquilo que estou a fotografar. Nada como bons sapa-tos, que permitam estar 10-12 horas por dia em pé sem

JOÃO PINA

Idade: 32Equipamento:SpeedGraphic - 4x5 polegadas + 180mm2.8Hasselblad 500cm + 80mm 2.8Canon EOS 5D e 5D MK II + 35mm 1.4Fuji X100

http://www.joao-pina.com

TALENTONão Profissional n Profissional

Canon 1D . 32mm . f/5 . 1/250” . ISO 200

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me doerem as costas ou os joelhos para tudo isto.

Muito bem. Safou-se lindamente na pergunta do equipamento. Masvamos lá ver como se desenrrasca com uma pergunta sobre o progra-ma de edição. Usa muito, pouco, assim-assim?Uso tanto o programa de (tratamento, não edição) como o laboratóriode preto e branco. Uso-o para ajustar o contraste das imagens, usan-do máscaras para “queimar” ou “abrir” a imagem.

Já agora, usa qual? E que tipo de utilização lhe dá?Uso um programa para editar (escolher) as imagens que fotografoquando uso uma máquina digital, ou digitalizo os negativos que é oExpression Media. E uso o Photoshop para tratar essas imagens.

OK, agora é tempo de perguntas difíceis. Qual o truque que não parti-lha com ninguém, mas vai abrir uma exceção e partilhar connosco?Não tenho nenhum truque em particular, para além de ser sempremuito honesto em relação ao que estou a fazer com as pessoas queestou a fotografar. Nunca tento enganar ninguém, muitas vezes as

pessoas não querem ser fotografadas, mas se sentirem que estamos aser frontais e honestos acabam por aceitar.

É tradição, nestas entrevistas, os fotógrafos recordarem aquele episó-dio hilariante que fica para a posteridade. Porque a fotografia é feitade momentos perfeitos, mas também de histórias divertidas. Qual é asua?Felizmente tenho tido muitos episódios hilariantes, mas são difíceisde descontextualizar. Acho que um dos mais divertidos foi quandoestive a fotografar violência urbana no Rio de Janeiro. A namorada deum dos traficantes, ao ouvir-me falar com pronúncia portuguesa,dizia que eu estava a falar inglês… mas que ela estava entendendotudo.

Pergunta final: se a sua câmara falasse. O que diria ela?Diria para lhe darem descanso. nZ

Canon 5D . 35mm . f/3.5 .1/100” . ISO 200

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pela objectiva de...TEXTO: PAULO JORGE DIAS . FOTOS : LUÍS AFONSO

LUÍS AFONSO

Despertou tarde para a fotografia mas ainda foi a tempo de se tornar num exce-lente fotógrafo de paisagem natural. Luís Afonso conhece bem a natureza e tra-balha em conjunto com ela para conseguir uma fotografia onde o silêncio ocupasempre um lugar de destaque.

A fotografia do silêncio,do equilíbrio e do espaço

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Canon 5D MK II . 21mm .f/11 . 200” . ISO 100

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pela objectiva de...LUÍS AFONSO

zOOm: Assume-se como Fotógrafo de Paisagem Natural. Qual é o seuhabitat natural? Montanha? Planície? Praia? Floresta?Luís Afonso: Montanha, planície, praia ou floresta, todos são ambien-tes que me apaixonam. Desde que exista algo de belo para fotografar– e há sempre… – não importa o cenário. O importante é que o localme toque de alguma maneira e, se esse clique interior acontecer, láestou eu preparado para o registar da forma mais deslumbrante queconseguir.Isto não quer dizer que não existam elementos na natureza quesejam os meus favoritos. Água, árvores e pedras são elementos queme entusiasmam e não é difícil encontrar-me à procura deles quandodeambulo pelo nosso país. E é também a lugares onde esses elemen-tos se encontram que eu faço questão de voltar vezes sem conta.No início do meu percurso era frequente encontrarem-me junto àágua salgada da costa portuguesa. É um cenário que ainda gosto defrequentar mas que cada vez mais deixo de lado. Talvez porque hojeem dia é difícil ir a uma praia, em especial na costa do ParqueNatural Sintra-Cascais, sem dar de cara com mais uma dezena defotógrafos. Atualmente, serra e floresta são os ambientes que maisprocuro, principalmente porque é nesta área que o meu portfolio pre-cisa de mais conteúdo, mas também porque é aqui que eu pensopoder fazer a diferença e desfrutar do mais íntimo contacto com anatureza de forma solitária e silenciosa. O silêncio é fundamental naminha vida e na minha fotografia e nada me agrada mais do quepoder percorrer, semana após semana, locais de grande beleza e rara-mente frequentados (pelo menos às horas a que fotografo) por outraspessoas. A planície é talvez o ambiente menos explorado na minha fotografia,mas não está de todo posta de parte. A seu tempo…

Está na fotografia assim mais a sério vai para oito anos. Foi uma pai-xão tardia? E como é que começou?Não me lembro dos meus pais terem uma máquina fotográfica em

casa quando era pequeno. Tenho poucas fotografias de pequeno e afotografia não esteve muito presente na minha infância. Lembro-mede, na minha adolescência, por lá ter passado uma daquelas KodaksEktra dos anos 80, vermelha, com filme em cassete, e de me fascinaro ato de carregar no botão. Nessa altura fazia algumas fotos de famí-lia e os meus pais lá me deixavam revelar um rolo de quando em vez.Mas foi só em meados de 90 que, já na universidade, realmente meapaixonei pela fotografia. Na altura tinha um colega de apartamentoe grande amigo que era fotógrafo e que me ensinou a revelar eampliar fotos a preto e branco. Foi aí que verdadeiramente tudocomeçou. Eu de vez em quando roubava-lhe a sua SLR e fazia umasfotos. No final da licenciatura, quando deixei o apartamento ondevivíamos e a câmara escura, decidi que estava na hora de comprar aminha máquina.

Comprou a primeira câmara em Viena? Qual era? E porquê Viena? Foium impulso? Ou a cidade convenceu-o a fotografá-la?A compra da minha primeira câmara em Viena não tem nada deromântico. Foi apenas um acaso. Eu fui para Viena no contexto de umestágio curricular, ao abrigo do programa Leonardo da Vinci pararecém-licenciados. Levei comigo emprestada a máquina fotográficado meu cunhado que se avariou poucos dias depois de eu lá ter che-gado. Como não concebia a ideia de lá estar sem máquina aproveiteio meu primeiro ordenado para comprar uma Canon EOS 500N. Foiessa a primeira máquina que tive e que é a responsável por aindahoje ser fiel à marca.

Diz que gosta de criar a sua própria visão de um local e não se deixainfluenciar pelo trabalho de outros. É isto que carateriza a sua fotogra-fia? Um olhar muito próprio?Eu penso que é isso que deve caracterizar a fotografia de toda agente, ou pelo menos, aquilo que devia. Se não pretendermos apre-sentar um olhar nosso naquilo que fotografamos então a nossa foto-

Canon 30D . 20mm . f/8 . 1/15” . ISO 100

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grafia nunca será verdadeiramente nossa. Mas eu não diria que é issoque a caracteriza. Diria mais que é algo essencial a tudo o que faço eisso teria de se refletir necessariamente na minha fotografia.Quando digo que não me deixo influenciar pelo trabalho de outros émais no sentido de não procurar o trabalho de outros para me inspi-rar. Só muito recentemente me senti pronto para começar a estudar otrabalho dos fotógrafos de referência de modo a não os tentar copiar,mas sim para perceber até onde se pode desenvolver trabalho noâmbito da paisagem natural.Está muito generalizada a ideia de que se aprende muito a tentarcopiar uma determinada fotografia observando o local onde foi feitae os dados técnicos da mesma. A verdade é que nunca passou por aí omeu caminho de aprendizagem. Quanto mais saio para o terreno,inclusive para os mesmos locais, mais se confirma que a natureza éum ser admirável e muito temperamental e que as condições de luzque nos oferece são sempre diferentes. Não vale a pena sair de casacom ideia de que se vai fazer determinada foto, como determinadaabertura e velocidade, em determinado ângulo, porque é à naturezaque cabe sempre a palavra final.Cabe-nos a nós fazer o melhor com aquilo que ela nos brinda naquelemomento e tem de ser a nossa alma a criar a imagem com aquilo quenos toca. É isso que tento fazer e será isso que, no fim, torna a minhafotografia eminentemente pessoal.

E qual o segredo para fotografar a natureza em toda a sua magnifi-cência? Acho que o principal segredo é estar atento ao que a natureza nosoferece nas suas vertentes de espaço, tempo e clima... Tal como o fotó-grafo de moda confia no seu modelo para fazer consigo determinadafoto, também o fotógrafo de paisagem natural deve trabalhar emconjunto com a natureza para extrair o que ela tem de melhor paramostrar. Conhecer a natureza e os seus caprichos é fundamental parao sucesso de qualquer fotógrafo desta área. Saber quando a luz vaiestar no seu melhor, saber prever o que vai acontecer depois de umdia de tempestade, saber que no fim do dia o vento normalmenteacalma e que ao nascer do sol a natureza está normalmente maisadormecida são apenas alguns dos enigmas que temos necessaria-mente de saber decifrar.E depois é preciso muita paciência. A fotografia de natureza não écertamente indicada para os irrequietos que gostam de chegar a umlocal, clicar duas ou três vezes e seguir para o próximo local. Parafazer uma determinada foto são, frequentemente, necessárias horasde espera em condições climatéricas adversas, à espera do momentode luz certo. Estar à hora certa no local certo não é, na maior parte dasvezes, uma questão de sorte. É antes um trabalho de amor e muitapersistência. Por fim é necessário um domínio da técnica fotográfica bastante sóli-do. Saber que filtro usar em determinadas condições de luz, ondecolocar o ponto de foco, que abertura usar, como expor de modo amaximizar a qualidade da imagem, quantos stops de luz posso regis-tar com a câmara que tenho em meu poder, a que sensibilidade possochegar sem comprometer o resultado final… tudo isto é importante edeve estar previamente apreendido para quando chegar o momentode registar a natureza em todo o seu esplendor não andarmos à pro-cura de que botões premir e que opções de menu selecionar. Maspenso que isto será verdade em qualquer estilo fotográfico.

Sabemos que é um fã da fotografia com pouca iluminação. Fale-nosum pouco dessa paixão.Acho que todos os fotógrafos de paisagem natural são “fãs” de uma

forma ou de outra da fotografia com pouca iluminação. Acho que éuma consequência da paixão por este género e não propriamenteuma escolha que se possa fazer deliberadamente. Isto porque é preci-samente nas horas do dia em que a luz é mais ténue que a naturezafaz normalmente a sua magia. É na alvorada e no ocaso que os céusse transformam numa paleta de cores que muitos julgam ser criadano rei dos softwares de edição; é por esta altura que as sombras sealongam dando uma terceira dimensão aos elementos; é nesta horaque o tempo corre e se deixa fundir numa única imagem, permitindosuavizar a água, o vento ou a terra.Isto não quer dizer que se fotografe apenas nestas alturas e eu cadavez mais tento também registar momentos fora da chamada horadourada. Mas o que é certo é que estar no meio da natureza quando oplaneta acorda ou assistir e gravar para sempre em memória um pôrdo sol de cores inimagináveis continua a tocar quem faz e quem vêfotografia. E não há como fugir desta realidade, até porque isso nãofaria o mínimo sentido.Mas talvez a maior razão pelo meu gosto pela fotografia com poucoiluminação será mesmo o silêncio que permite evocar nas fotos queproduzo nestas condições. A falta de luz alonga os tempos de exposi-ção e isso permite condensar numa só imagem aquilo que aos nossosolhos é registado continuamente. Este processo permite simplificar arealidade e, na minha opinião, esta simplificação é o conceito chavena fotografia e em especial na fotografia de paisagem natural. Talvezo maior desafio de qualquer fotógrafo estará em decidir o que incluire o que excluir numa imagem e no meio de todo esse processo aindaterá de simplificar a realidade que tem perante si de modo a cons-truir uma imagem que a apresente de forma equilibrada.

Canon 5D MK II . 17mm . f/13 . 20” . ISO 200

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pela objectiva de...LUÍS AFONSO

É isso que eu pretendo mostrar na minha fotografia: o silêncio, oequilíbrio, o espaço. E é durante a luz ténue da manhã e do fim do diaque o consigo fazer melhor.

Quanto tempo fotografa por semana? E como concilia a fotografiacom a “vida real”?Tento fotografar uma média de 6 a 8 horas por semana. Conciliar istocom a minha vida profissional e familiar não é tarefa simples, mas éem grande forma facilitada pelo apoio que tenho a nível familiar. Oimportante é manter um equilíbrio e escolher claramente as horasem que se vai fotografar e as horas em que se está com a família.Habituar a família a um ritmo certo permite que se criem rotinas eque os planos de todos possam ser cumpridos.E depois há que não ter remorsos quando se olha para um céu fabulo-so mas não se pode sair para fotografar. A minha família também jáos distingue e já brinca comigo repetindo a doce frase: “está um céudivinal para a prática da fotografia!”. Mas o importante mesmo é nunca deixar passar muito tempo semsair para fotografar e isso eu nunca faço.

Nós, na zOOm, gostamos sempre de aproveitar que o entrevistado estádistraído para lhe “remexer” no saco de equipamento. Fale-nos umpouco do seu “arsenal”.A minha mochila anda sempre bastante carregada. Neste momentopodem lá encontrar: um corpo Canon EOS 5D Mark II que me acom-panha desde que a marca o lançou, no outono de 2008, e o qual con-sidero a ferramenta de trabalho perfeita.Uma lente zoom grande angular 17-40 da série L da Canon que consi-dero o maior achado na gama de lentes Canon, uma telezoom 70-200da série L da Canon que tem uma qualidade de imagem do melhorque se produz no mercado e uma zoom standard 24-105mm, tambémda série L da Canon, que utilizo cada vez mais para não andar sempreagarrado às grandes vistas.Em termos de acessórios tenho um controlo remoto e um cabo dispa-rador para quando a pilha do controlo acaba, uma bolha de nível paragarantir que os horizontes estão direitos, vários panos de limpeza,vários cartões de memória compact flash, duas baterias, duas lanter-nas, um kit de 3 filtros de densidade neutra em gradiente da Lee, doisfiltros de densidade neutra (um de 3 stops e outro de 10 stops) e umfiltro polarizador. Os filtros são fundamentais para garantir a exposi-

ção perfeita, o controlo das diferenças de luz e para reduzir em muitoo trabalho de edição.Um bloco de notas, cartões de visita e algumas canetas. O telemóvel étambém um precioso auxiliar com algumas aplicações relacionadascom fotografia e mapas.Fora da mochila carrego um tripé dos dois que fazem parte do meuarsenal.

Agora, escolha uma “peça” e explique-nos de que forma ela melhora oseu trabalho.Algo que me acompanha sempre é o tripé. Não consigo fotografarsem ele e sinto-me “despido” quando não o tenho. As vezes que meesqueci da peça que agarra o tripé à câmara estão gravadas na minhamemória para sempre e não fazem certamente parte dos momentosmais felizes da minha carreira como fotógrafo. O tripé é “apenas” outensílio que me permite fazer o tipo de fotografia que faço, em espe-cial às horas do dia em que a faço, e chamar-lhe um acessório é segu-ramente faltar à verdade. Para além disso o tripé permite-me fazer ascoisas com tempo e com a distância suficiente para abrandar o ritmodas coisas. Colocar a máquina em cima do tripé permite-me tertempo para olhar e estudar as composições com a calma que preciso,se bem que hoje em dia passo mais tempo a olhar com a máquina namochila do que com ela em cima do tripé. Mas, no início, aconselhotodos a nunca saírem de casa sem o tripé e a abrandarem o ritmo dosseus cliques. É mesmo importante olhar, ver e tornar a olhar, pois sóassim se fazem as fotos que se querem fazer e não se fotografa aoacaso o que está em frente de nós.

O trabalho de “campo” é só uma parte. Depois vem a pós-produção.Que programa de edição é que o Luís utiliza? E que tipo de uso lhe dá?A edição é tão importante como o momento de premir o botão doobturador. Tal como um disco de música, um livro ou um filme temde ser editado antes de poder ser fruído pelo público, também umafoto tem obrigatoriamente de ser editada antes de ver a luz do dia.Para terem uma ideia, eu nunca publico ou mostro foto nenhuma – anão ser à família mais próxima – antes de esta ser editada. A edição éaquilo que transforma a captura de uma imagem numa fotografia e éo processo criativo que transforma quem tira a fotografia num verda-deiro criador.Nos workshops que leciono, ou nas conversas que tenho com amigos,

Ponta de São LourençoEscolher a minha fotografia favorita é impossível... mas uma das que gostomais foi feita na Madeira, mais precisamente na Reserva Natural da Ponta deSão Lourenço. Depois de trinta minutos de carro, a meio da tarde, desde oFunchal até este local, decidi fazer grande parte da vereda de São Lourençouma vez mais. Para além das boas fotografias que proporciona, é um excelentelocal para praticar caminhada e fazer algum exercício físico. Costumo fazer uns4 km de subidas e descidas o que me ocupa normalmente um bom par dehoras. Na volta do caminho, a uma altitude de quase 70 metros, observo o sol apôr-se na costa norte da ilha. O céu dramático já chamava por mim há algunsminutos e, de passo apressado, procurava o melhor ângulo e um primeiro planoperfeito. Encontrei um fabuloso bouquet de plantas e decidi que estava na hora

de montar o tripé. O vento era forte, como sempre é neste local, e o sol estava quase a desapare-cer. Foi preciso ser rápido a colocar filtros, bolha de nível, lente grande angular.Selecionada abertura de f/22 para atingir o efeito de estrela no sol, ajustar filtrode densidade neutra em gradiente e fazer a exposição. A ISO 100 a primeiraexposição – com um filtro de densidade neutra de 3 stops para suavizar a águado mar – dá uns generosos 3 segundos. Com o vento, as plantas no primeiroplano estão suavizadas pelo movimento. Subo o ISO para 1600, retiro filtros efaço outra exposição para conseguir congelar o movimento das folhas. Hora devoltar para o carro. Em casa, processo as duas exposições no Lightroom e pos-teriormente, no Photoshop, conjugo as duas fotos já editadas, tendo como basea primeira e aproveitando apenas a zona das plantas no primeiro plano dasegunda. Foi a forma que encontrei para superar a ventania que se fazia sentir ede, mesmo assim, fazer a foto que tinha em mente.

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zOOm | 47Canon 5D MK II . 26mm .

f/22 . 0.6” . ISO 100

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pela objectiva de...LUÍS AFONSO

vem muitas vezes à baila a noção que de a edição éum processo de adulteração da fotografia. “Isso é sóPhotoshop” é das frases que os fotógrafos de paisa-gem natural mais ouvem e à qual mais têm de res-ponder. Isso é, por certo, resultado de alguns exagerose impróprias utilizações dos softwares de edição, mastambém falta de conhecimento e vivência de expe-riências por parte das pessoas. É interessante observarum fotógrafo iniciado a fotografar o seu primeiro pôrdo sol e a testemunhar as alterações de cor que se vis-lumbram nestas alturas e perceber o desmanchar demuitos mitos. Afinal, estas cores são mesmo naturais…Eu utilizo 90% das vezes o Adobe PhotoshopLightroom para processar os ficheiros RAW e parafazer trabalho de câmara escura: calibrar balanço debrancos, ajustar luminosidade e saturação das cores,correções a deficiências da lente, ajustar contraste ecorreção da exposição. Penso que é um excelente soft-ware de edição e se tivesse de viver apenas com umseria certamente este. No momento de publicar ou imprimir a foto passo oficheiro já editado para o Photoshop para aumentar anitidez (sharpness). Uso o Photoshop porque é maispotente do que o Lightroom e porque tenho já pré-definições que são impossíveis de replicar nesse soft-ware.Nos casos em que preciso de fazer blending, ou seja, usar duas captu-ras diferentes para produzir apenas uma foto, também uso oPhotoshop por ser o único que me permite usar camadas.

Vem aí uma pergunta de resposta obrigatória. Todos recordamosalguns episódios divertidos, que aconteceram “no cumprimento dodever”. Conte-nos o seu.Episódios divertidos… deixa-me pensar… não sei, não me lembro efe-tivamente de nenhum. Lembro de alguns não tão divertidos mas que,agora à distância, me fazem sorrir. Uma vez estava a fotografar sobreum passadiço de madeira em Belver, sobre as margens do rio Tejo.Tinha deixado a mochila em cima dele como costumo fazer e levei otripé para ir fotografar mais adiante. O meu cunhado que ia comigoresolveu agarrar na mochila para a levar para o pé de mim. Quando

olhei para ele só o vi a atirar-se para o chão e lentes arolar pelo passadiço. Qual guarda-redes de futebol,conseguiu agarrar na minha telezoom, mas a 50mmf1/8 caiu e ficou equilibrada em cima de uma rocha.Ainda a consegui recuperar mas estava partida.Felizmente era a mais barata. Moral da história: nuncamais deixar a mochila aberta seja em que condiçõesfor.Noutra vez, na Malhada do Louriçal, ia pegar na bolsados filtros comprados há pouco mais de um mês e,quando deito a mão ao bolso dos calções, nada…Procuro na mochila e não estão lá. Toca de procurarpela praia toda. Quem conhece a praia sabe que nãohá areia, mas apenas milhares de pedras redondas eescorregadias. Passado mais de 30 minutos, já meiodesistente, lá encontro a bolsa fechada debaixo deuma rocha e dentro de água. Salvaram-se algumascentenas de euros e principalmente o tempo de esperapor mais um kit de filtros difíceis de arranjar.Destas tristes histórias com equipamento tenhovárias… que não vale a pena contar. Mas partilho umsábio ensinamento: não facilitem. Os tripés caem, asobjetivas e os filtros partem-se e as pedras na praia sãomuito escorregadias. Ah, e as máquinas não são àprova de água!

Pergunta final: Se a sua câmara falasse? O que diria ela?Bom, se ela falasse estou certo que me pediria imediatamente para atirar da mochila. Pois o que ela gosta mesmo é de estar no meio danatureza, à chuva, a ser salpicada com a maresia salgada, a aguentargraus negativos na Serra da Estrela, a desbravar o escuro numa grutada Serra de Aire ou simplesmente a absorver o calor de um fim detarde de outono.Mas, certamente, também me agradeceria por a ter levado a sítiosincríveis em Portugal, que têm tanto de belo como de selvagem e de ater convidado a testemunhar momentos naturais de incrível beleza. E, no fim, também me diria obrigado por a ter limpo, lubrificado, leva-do à revisão anual e, enfim, por a ter tratado sempre com a atençãoque ela merece, pois só assim a conseguirei conservar por mais unsbons largos anos. nZ

LUÍS AFONSO

Idade: 40Equipamento:Canon EOS 5D Mark II Canon EF 17-40mm f/4L USMCanon EF 24-105mm f/4L IS USMCanon EF 70-200mm f/4L IS USM Filtros: Set de NDs Graduados Lee; LeeProGlass 0.6 ND Standard; B+W 110 ND 3.0;Heliopan 105mm Slim Multi-Coated CircularPolariserTripé Manfrotto 055CXPRO4

http://www.luisafonso.com

TALENTONão Profissional n Profissional

Canon 30D . 10mm . f/22 . 0.5” . ISO 100Canon 5D MK II . 17mm . f/11 . 0.6” . ISO 100

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FotografiaanalógicaESPECIAL

BAÚ

Conheça ao pormenora Rolleiflex 2.8

ENTREVISTA

Pedro Freitas e o gostopela fotografia analógica

GALERIA

Hugo Pinho emexposição neste especial

PRÁTICA

Guia completo eexplicado passo apasso, com tudo oque precisa desaber para revelara p&b em sua casa

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No princípio do séc. XX um acaso juntou o técnicoKeinhold Heidecke a um homem de negócios, PaulFranke. Heidecke, na altura, era já um mestre artesão econstrutor, provado pela sua rápida ascensão naempresa Voigtlander, uma das maiores da época no

mundo fotográfico. Tinha também a reputação de andar sempre comuma máquina fotográfica atrás e, normalmente, um protótipo, ou aensaiar alguma inovação. Paul Franke era um homem de negóciosque acreditava em produtos de qualidade, mas não queria ficar para-do atrás de uma secretária. A combinação dos seus talentos foi o idealpara a criação de uma pequena empresa.Em 1920 foi fundada a “Werskstatt fur Finmechanik und Optik –

Franke & Heidecke”, em Brunswick, Alemanha. Passados 16 meses dafundação, lançaram a sua primeira câmara fotográfica, a “Heidoskop”.Tratava-se de uma câmara estereoscópica (permitia visualizar foto-grafias com um efeito semelhante ao 3D atual), cuja fiabilidade e ino-vações técnicas lançaram o mote para o sucesso futuro da empresa.

A RolleiflexEm 1926, com base nas suas câmaras estereoscópicas, Heidecke

desenvolveu uma câmara que viria a revolucionar o mundo da foto-grafia, a Rolleiflex. Bastou o seu sócio, Paul Franke, fazer uma peque-

na digressão pela Alemanha para esgotar completamente a primeirasérie de produção. A procura foi tanta que, por volta de 1930, a empre-sa já tinha 800 funcionários.Na altura do lançamento da Rolleiflex, a maioria dos fotógrafos

profissionais e entusiastas que necessitavam de negativos de altaqualidade via-se forçada a utilizar máquinas de grande formato que,para além de terem um tamanho e peso consideráveis, utilizavamchapas fotográficas, o que significa que só podiam tirar uma fotoantes de recarregar a máquina, o que algumas vezes podia ser umprocesso muito inconveniente.Eis que aparece a Rolleiflex, uma máquina compacta, com mecâni-

ca fiável e lentes capazes de produzir um negativo com resolução sufi-ciente para satisfazer a maioria dos fotógrafos da época. Ainda tinhaa vantagem de utilizar um rolo de filme que permitia várias exposi-ções antes de recarregar a máquina.

Twin Lens Reflex (TLR)Ao olharmos para uma Rolleiflex, uma das primeiras coisas em que

reparamos é o facto de ter duas lentes, especialmente hoje em dia,quando o mercado está monopolizado pelas SLR’s (Single LensReflex).As duas lentes da Rollei têm funções distintas: a inferior é a que vai

Rolleiflex 2.8BAÚ

por João Baptista

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especial fotografiaanalógica

expôr o negativo à luz e a superior serve para fazer a focagem e veri-ficar o enquadramento.Comparando com as SLR, as TLR têm algumas vantagens, como a

ausência de um mecanismo para elevar o espelho, o que simplifica amecânica e reduz as hipóteses da máquina tremer devido ao movi-mento do espelho, especialmente se considerarmos que os espelhosde máquinas de médio formato são enormes. Outra consequência denão haver nenhum espelho a mover é que a operação da máquinatorna-se muito silenciosa. O modo de utilização também é mais dis-creto que o de uma SLR, pois não é necessário encostar a máquina àcara para efectuar a focagem.O maior ponto negativo das TLR é o facto de, ao usar uma lente para

compor a imagem e outra para a fotografar, ambas as lentes não“vêem” exactamente o mesmo enquadramento – a essa discrepânciachama-se erro de paralaxe. A Franke & Heidecke minimizou estafalha usando máscaras que se movem consoante a focagem.

A Rolleiflex 2.8AO modelo que ilustra este artigo é uma Rolleiflex 2.8A, também

conhecida por K7A. Lançada para o mercado em 1949, esta foi a pri-meira Rolleiflex a ter uma lente capaz de abrir a 2.8 para expor onegativo. Infelizmente a produção deste modelo não correu sem per-calços: a Segunda Guerra Mundial tinha acabado há pouco tempo equalquer empresa alemã tinha enormes dificuldades em restabeleceruma produção normal. Verificou-se que as primeiras Rolleis deste modelo a sair da fábrica

tinham uma performance muito inferior ao esperado. Isto aconteceudevido à lente fabricada pela Carl Zeiss Jena. O que obrigou a Franke& Heidecke a recolher as máquinas e substituir a lente por uma fabri-cada pela Zeiss Oberkochen.Este modelo, à semelhança de outras Rolleiflex, possui algumas

características interessantes, como detetar automaticamente o iníciodo filme, a prevenção contra a dupla exposição e o facto de a alavan-ca de avanço do filme também armar o obturador. Funções que hojeem dia consideramos obrigatórias mas que, na altura, trouxeram

reconhecimento à Franke & Heidecke e tornaram a Rolleiflex na fer-ramenta de trabalho preferida de muitos fotógrafos.

UtilizaçãoNão é por esta máquina ter a idade respeitável de 60 anos, nem por

se tratar de um modelo menos comum, que se vai tornar apenasnuma peça de colecção. Muito pelo contrário. Desde que a recebi, pro-vavelmente tem sido a máquina que tenho usado mais. A construçãoda máquina é robusta o suficiente para que sejam necessárias apenasumas afinações e limpezas ocasionais para continuar cem por centooperacional. Como quase todas as máquinas da altura, os controlossão inteiramente manuais (este modelo nem necessita de pilha paraoperar). Entre as objetivas encontram-se duas roldanas, uma controlaa abertura da lente e outra a velocidade do obturador. Do lado esquer-do temos uma maçaneta que controla a focagem, do direito uma ala-vanca para avançar o filme e armar o obturador. De resto, só tem maisuma alavanca para o temporizador e uma tomada PC-Sync para ligarum flash (mas não possui sapata).Uma característica única deste modelo é possuir um mecanismo à

parte para a velocidade máxima (1/400), o que só permite escolheresta velocidade antes de o obturador estar armado.

Hoje em diaDesde a sua criação em 1920, A Franke & Heidecke passou por inú-

meras reestruturações, foi comprada e vendida por grandes gruposempresariais e declarou falência.

Atualmente temos duas empresas que resultaram destas “mano-bras” comerciais: a Rollei GmBH, que está ligada à imagem digital,principalmente no segmentos de gama baixa. Felizmente tambémtemos a “DHW Fototechnik”, uma empresa criada por antigos funcio-nários da Franke & Heidecke, que aposta em máquinas de médio for-mato de alta qualidade. Entre os modelos produzidos hoje em diaainda se encontram três versões da Rolleiflex (já com alguns luxosmodernos, como a medição TTL). <

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zOOm [z] Bem vindo Pedro!Fala-nos um pouco sobre ti,como começou o gosto pelaFotografia.Pedro Freitas [PF] Começouquando peguei na minha pri-meira Rolleiflex, em 2008. Era um dos primeirosmodelos (K2, modelo 621) e encontrei-a numa feirade velharias em muito mau estado, com várias arra-nhadelas e objetivas sujas. No entanto, apaixonei-me imediatamente pelo objecto. Pela forma, pelotoque, pelo peso, o avanço do filme, o armar e dispa-rar, o obturador mecânico.Foi uma altura importante, queria arranjar ummeio onde pudesse dar largas à criatividade e não oestava a conseguir através da música. Toquei gui-tarra, mas sentia que nunca conseguiria domaraquele instrumento fabuloso.E ali estava uma hipótese de começar tudo de novo.Tábua rasa. Comprei-a, desmontei as objetivas e oobturador, limpei tudo e pu-la a funcionar. Não des-cansei enquanto não saiu dali um rolo de fotogra-fias.

Foi o bastante para me manterinteressado, conhecer a máqui-na, quem a fez, que filme usar,como revelar, a cópia, tudo istosurgiu naturalmente, em cadeia.

[z] E como foi o teu percurso enquanto fotógrafoamador? Isto é, nunca deixaste de fotografar emsuporte analógico, ou converteste-te ao digitale, a determinada altura, fizeste o regresso às ori-gens?[PF] Cresci nos anos 80. Vivi rodeado de câmarasanalógicas e sempre as usei para “snaps”, nadamais. Usar rolos de filme, deixá-los no laboratório,ou esperar uns dias para levantar fotos sempre foi oprocedimento normal. A transição para o digital, isso sim, foi um choque!Num instante podíamos ter acesso a todas as cap-turas. Voltei a usar o filme mais tarde, quando me interes-sei a sério sobre fotografia, a composição e descobria motivação para fotografar. >

“OS NEGATIVOSE AS CÓPIAS FINAISSÃO OBRAS DE ARTE

IRREPETÍVEIS”Descobriu a fotografia ainda no tempo do analógico, deixou-se seduzirpelo digital mas a paixão falou mais alto e fê-lo voltar às origens. PedroFreitas é um apaixonado pela fotografia analógica e diz que se dedica àfotografia de rua pelo prazer da “caça”. Venha conhecê-lo…

ENTREVISTA

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especial fotografiaanalógica

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[z] A pergunta que se coloca nos dias de hoje, emque o digital é acessível e a oferta de câmaras évariada, é o porquê de regressar ao analógico?[PF] O regresso ao filme foi fácil. O meu interessepor fotografia surgiu numa altura em que câmarase objetivas de elevadíssima qualidade estavam aser vendidas ao desbarato, consequência da migra-ção dos fotógrafos amadores para o digital.De um dia para o outro, tinha ao meu dispor mate-rial profissional para usar durante a fase de apren-dizagem! Existe melhor?Por fim, habituei-me ao processo, desde o carregar ofilme, até o revelar e ampliar. É um trabalho inteira-mente artesanal e laborioso que resulta em cópiascom um fortíssimo vinco pessoal.

[z] Sei que tens mais do que uma câmara, podesfazer uma breve apresentação do material queusas atualmente?[PF] Uso maioritariamente o formato 24x36, vulgo35mm. Prefiro o sistema SLR da Nikon. Tenho várioscorpos, mas as preferidas seriam a FE ou a EL2 por-que são muito fiáveis, intuitivas, robustas, compac-tas e podem ser usadas com uma infinidade deobjetivas, desde as Nikkor originais até às AF.Também uso muito uma compacta da Konica, a Big

Mini BM300. Tenho várias máquinas de médio for-mato, a maioria Mamiya, mas raramente as uso.

[z] E existe alguma sobre a qual recaia a prefe-rência na hora de sair à rua?[PF] Tenho sempre uma compacta no bolso. Querseja a BigMini ou outra. Muitas vezes levo comigouma Nikon também.

[z] Por falar em rua, é o local onde te sentes bema fotografar. O que te motiva para fazer“Fotografia de Rua”?[PF] A caça. A constante busca por mais imagens ea busca pelo meu próprio cunho. Quis fugir ao rigortécnico do fotógrafo de rua clássico e tentar umgénero de imagem que retribuísse a mesma emo-ção que senti ao deparar-me com a cena fotografa-da. Não quero seguir uma linha documental e pre-servar apenas momentos fugazes do quotidiano,mas sim partilhar emoções através de uma ima-gem.

[z] E dentro desta área, existem fotógrafos aosquais vais beber alguma inspiração?[PF] Sim. Daido Moriyama! Fiquei fascinado pelotrabalho deste senhor logo no primeiro contacto.

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[z] Ao fazeres este género de fotografia certa-mente já deves ter passado por episódios carica-tos. Queres contar algum que te tenha ficado namemória?[PF] Já vi muitos dedos médios em riste e muitosolhares de reprovação. Mas tenho tido bom senso eescapado incólume.

[z] Agora relativamente aos filmes que utilizas,porquê o preto e branco?[PF] Apesar de trabalhar quase exclusivamente comP&B, sempre fui um apaixonado pelas cores doCheyco Leidmann e Guy Bourdin. Mas a mestriatécnica deles está a anos luz do que eu alguma vezconsegui. Talvez um dia lá chegue e faça imagensdignas de serem mostradas. O caminho por onde enveredei é substancialmentediferente. Interessa-me a redução da informação naimagem, perdendo tons ou cortando. Realçar aforma, a textura ou a ação. Utilizo o Tri-X da Kodak, é bastante flexível. Tanto aquantidade de grão como a gama de cinzentospodem ser facilmente controladas para atingir oresultado idealizado. Basta jogar com a exposição eos reveladores.

[z] E tu próprio fazes a revelação dos negativosem casa?[PF] Sim, mas apenas dos filmes a preto e branco.Sou bastante impaciente, por isso não quero aguar-dar pelos resultados de um laboratório comercial, equero ter o controlo absoluto sobre todo o processode criar uma imagem.O meu primeiríssimo rolo de P&B demorou umasemana a revelar numa loja perto de minha casa. Aantecipação foi de morrer!!!Desde cedo aprendi que a escolha do revelador temuma influência grande no aspeto do negativo, logo,como não sabia o que me estavam a oferecer nadita loja, teria que exigir um revelador em especial,ou fazer eu as revelações.Depois aprendi que o negativo não é mais que umintermediário entre a nossa máquina fotográfica ea cópia impressa. Terá que se sujeitar a uma inter-pretação por parte do fotógrafo, o que me inibia deimprimir em “minilabs”, visto que não posso con-trolar nada.Por esse motivo optei por ampliar em casa, peloprocesso tradicional, e comprar um scanner de pelí-cula para trabalhar a fotografia em programas deprocessamento de imagem. >

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[z] Fala-nos um pouco da tua câmara escura?Construíste-a sozinho? Como?[PF] A minha câmara escura é o quarto de banho! Acasa não é suficientemente grande para construiruma câmara escura dedicada. E aquela divisão é amais apropriada porque tem água corrente e possoefetivamente bloquear a luz exterior. Tenho um móvel onde assenta o ampliador e ondeposso guardar o material de revelação e ampliação.Posso deslocar o móvel porque desliza sobre rodí-zios. É bastante prático.Tenho um ampliador Kaiser com cabeça de cor euma EL Nikkor 50/2.8.

[z] Tiveste alguma formação específica pararevelação ou és autodidata?[PF] Autodidata. Comecei logo a revelar os primei-ros rolos com a informação que procurei naInternet e fui aperfeiçoando o método com a práti-ca.Muitos livros, em papel e suporte informático, edebates depois, cheguei à conclusão que a revela-ção em si é mais uma arte do que uma ciência. Asvariáveis são imensas, como a escolha de revelado-res, tempos de revelação, temperaturas, concentra-

ções, até a própria água usada para diluir. Os nega-tivos e as cópias finais são obras de arte irrepetíveis.

[z] Que conselhos deixas aos jovens apaixonadospela fotografia mas que, ao contrário de ti,começaram já na época do digital e vêem a foto-grafia analógica como um mundo bastante her-mético e inibidor?[PF] Muito longe disso, a fotografia analógica é tãoválida como a digital. A imagem vale por si.Acedam a fóruns dedicados à fotografia analógica,tanto nacionais como estrangeiros e exponham asvossas dúvidas. Estes lugares virtuais costumamser populados por gente simpática e bastanteconhecedora.Quanto a consumíveis, se não o encontrarem por cáporque a oferta é muito limitada, podem semprefazer uma visita às lojas online estrangeiras.Quanto às maquinas, corram feiras, ebay, lojas develharias, peçam emprestadas à família! <

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especial fotografiaanalógicaespecial fotografiaanalógica

Tudoo que

sempredesejousabersobre

PRÁTICA

revelaçãoa

p&b

por Paulo Pires

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Foi-me proposto o desafio de ensaiar umpequeno passo-a-passo acerca da revela-ção caseira de película fotográfica apreto e branco. Fazendo uma busca rápi-da num qualquer motor de pesquisa,

facilmente se encontrarão milhares de exmplos,mais ou menos complexos, mais ou menos intimi-dadores.Pois bem, será esta a tónica deste pequeno

texto. Não há nada no processo de revelação apreto e branco que seja intimidador. É um proces-so simples e a película a preto e branco é extrema-mente tolerante, quer no ato de fotografar, quer naaltura de a revelar.Queria apenas realçar que tudo isto foi ensaiado

na minha cozinha, tal como pode ser na vossa. Tiveque pedir emprestada uma digital para fotografaralgumas fases do processo. Avancemos!Simplifiquemos portanto e começemos pelo iní-

cio.D0 que precisamos para revelar uma película a

preto e branco? Tanque de revelação; Espiral;Copos de medição; Termómetro; Revelador;Fixador; Agente molhante. Todo este equipamentovende-se isolado ou em kits. Os químicos sãoadquiridos à parte.Comecemos por entender as peças que se vai

usar.

TANQUEDE REVELAÇÃOO tanque de revelação é composto por 4 peças.

1- O tanque em si.2 - Um espigão onde encaixará a espiralcom o filme.

3 - Uma primeira tampa em funil.4 - Uma segunda tampa vermelha.

É no tanque que se processa a revelação. A pri-meira tampa preta em funil tem aberturas quepermitem encher e esvaziar o tanque ao longo doprocesso. Não deixa no entanto entrar luz. Ou seja,

uma vez o filme dentro do tanque e o tanquefechado com a primeira tampa em funil, não entraluz, é estanque. A tampa vermelha usa-se paraselar o conjunto, permitindo assim fazer as inver-sões manuais… mais à frente falaremos disto.

AS ESPIRAISExistem vários tipos de espirais, com vários sis-

temas de encaixe. Existem também em plástico emetal.É preciso atenção quando se compra os tanques

e as espirais em separado porque alguns fabrican-tes têm medidas próprias e pode acontecer a espi-ral de determinada marca não caber no tanque derevelação de uma outra.É necessário praticar um pouco o enrrolar a pelí-

cula na espiral. Lembrem-se de que esta operaçãoterá que ser realizada na mais absoluta escuridão,o que a torna um pouco mais difícil. Pratiquem,sacrifiquem um rolo e pratiquem.Pessoalmente prefiro as espirais que tenham

“apoios” para ajudar o rolo a fixar-se. Basta deixara ponta do rolo cair sobre estes apoios e depoisempurrar um pouco até se fixar. Nas outras énecessária uma precisão maior, que nem sempre éfácil, mesmo para fotógrafos experientes.Na foto podem ver qual a minha preferida atra-

vés do seu estado de conservação. A outra foi tira-da da caixa apenas para a fotografia.

As espirais são também adaptáveis a 35 mm oupelículas de médio formato. Rodando uma espiralpara trás, ela separa-se em duas metades, adaptá-veis aos vários formatos de película.Podem ver na imagem uma espiral adaptada

para um rolo de 35mm à esquerda e à direita, maisaberta, para a película 120.

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especial fotografiaanalógica

COPOS DE MEDIÇÃOOs copos de medição servem para se medir a

quantidade de químicos e de água que iremosusar para as nossas diluições. A temperatura dosquímicos é importante, poucos graus de diferençanum revelador podem fazer uma grande diferençano resultado final. Sucesso ou fracasso.Normalmente os kits, que falei anteriormente já

são fornecidos com termómetro mas qualqueroutro tipo de solução é válida também. Num dosmeus copos tenho permanentemente acopladoum pequeno termómetro de aquário. Acho-o bas-tante preciso, fácil de ler e custou 2 euros.

OS QUÍMICOSOs químicos são um mundo. Para o principiante,

a lista de químicos necessária pode parecer enor-me. Na realidade, muitos sites e blogues promo-vem este tipo de complexidade e “purismo” que namaioria das vezes é exagerado.São necessários o revelador e o fixador. O resto

do processo é feito com água.Dependendo das zonas do país, a dureza da

água varia bastante. Essa variação pode formardepósitos de calcário na película formando man-chas. Será então bastante aconselhável um agentemolhante no final do processo. O mesmo pode sersubstituído por umas gotas de lava tudo, como obanal Fairy ou Super Pop.

Há inúmeros reveladores e fixadores. Para ofotógrafo experiente os químicos são importantesporque colabram no efeito final pretendido. Maisgrão, menos grão, maior ou menor contraste, etc…Para usar o revelador é necessário que este este-

ja diluído com água. Existem combinações especí-ficas de revelador e água nas embalagens. Umadiluição de 1:4, que quer dizer 1 parte de reveladorpara 4 partes de água. Isso aplica-se, claro, a qual-quer diluição seja 1/4, 1/9 ou 1/100.Diluições menores, como por exemplo 1/4, são

um bom compromisso entre o contraste e a escalade cinzentos. À medida que a diluição vai sendomaior, mais longo é o tempo de revelação e, porconseguinte, maior a escala de cinzentos e maissuave o contraste e o grão da película.Preparemos então o revelador, diluindo a quan-

tidade necessária para revelar um rolo de 35 mm.Na base dos tanques de revelação estão as

quantidades necessárias para cada tipo de rolo.Para 1 rolo de 35mm são necessários 375 ml.Imaginemos que vamos usar uma diluição de

1:4.Começamos por despejar 100 ml de revelador

para dentro do copo de medição. De seguida ire-mos juntar 4 partes de água. Ou seja, podemosencher o copo de medição até aos 500 ml. 100 mlde revelador + 400 ml de água, perfaz os 500 ml.Ficamos com os nossos 375ml necessários e comuma pequena margem. Perfeito.Guardem essa diluição num jarro ou recipiente

próprio. Podem voltar a usá-la. Pessoalmente,dependendo dos rolos e tempos de revelação, reu-tilizo o revelador em 3 ou 4 rolos. Vai perdendoforça e isso terá que ser compensado com o tempode revelação mas podem fazê-lo sem risco.Vamos repetir o processo com o fixador. As dilui-

ções são indicadas nas embalagens. Também sereaproveitam. Temos então um recipiente com o nosso revela-

dor diluído e outro com o fixador. Usem a cozinha.O lava louças é perfeito para revelar.

ÀS ESCURASO nosso rolo está fotografado, está recolhido e

dentro da bobine.O primeiro passo é passar o rolo para a espiral.

Esta acção tem que ser feita em perfeita escuridão.Não há aqui compromissos. A mais pequenaentrada de luz irá arruinar o rolo. Até os númerosluminosos de um relógio de pulso interferemcriando manchas no negativo. Podem confiar emmim!Vamos para um local totalmente às escuras.

Levamos o tanque com o espigão e a tampa defunil, uma espiral, uma tesoura, um abre caricas eo rolo, claro!Às escuras vamos começar por abrir a bobine do

rolo. O abre caricas é perfeito e com o mínimo deprática consegue-se abrir facilmente o cartucho. >

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Retira-se o rolo e com a tesoura corta-se a pontainicial que, como sabem, forma uma língua.Sintam com os dedos e cortem-na o melhor possí-vel. Encaixem o rolo na espiral e enrolem-no comfirmeza, lembram-se do treino? Pois bem, esperoque o tenham realmente feito.

Depois de enrolado na espiral, esta encaixa noespigão e o conjunto vai para dentro do tanque.Fecha-se o tanque com a tampa em funil e a

partir daqui todas as outras operações podem serfeitas à luz normal.Voltamos à cozinha e começamos por despejar o

revelador para dentro do tanque. Colocamos atampa vermelha, ligamos o nosso cronógrafo einvertemos o tanque calma mas firmementedurante 10 segundos. Pousa-se o tanque durante orestante tempo. Estas agitações evitam que bolhasde revelador se fixem na película e intensificam arevelação a cada minuto, chegando a toda a pelícu-la.As agitações são feitas durante os primeiros 10

segundos de cada minuto. Mais uma vez repitoque isto são indicações gerais, não são leis grava-das na pedra. Muitas vezes me esqueci de agitar,deixei ultrapassar o tempo de revelação, já meaconteceram várias peripécias mas mesmo assima película a preto e branco é muito tolerante.

No final do nosso tempo de revelação, tira-se atampa vermelha e despeja-se o revelador para orecipiente onde vai ficar guardado para ser usadoem mais 2 ou 3 rolos. Coloca-se o tanque de revela-ção debaixo da torneira e abre-se a água. Lavadurante 1 minuto. Esta lavagem vai interromper arevelação.

Depois de interrompida a revelação é altura dedespejar o fixador para dentro do tanque. Fecha-sede novo com a tampa vermelha e agita-se durante10 segundos. Normalmente a fixação faz-se em 3ou 4 minutos. Há fixadores mais rápidos e outrosmais lentos. Pessoalmente fixo durante 6 ou 7minutos. No final deste tempo despeja-se o fixadorpara dentro do recipiente onde irá ficar para serreutilizado. Coloca-se novamente o tanque debaixo da tor-

neira abre-se a água. Deixem correr para dentro dotanque durante uns minutos. É a lavagem do rolo.Depois dos primeiros minutos já podem abrir otanque, o rolo está revelado e fixado. Deixem lavar

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durante uns minutos largos. Agitem, despejem emudem a água, deixem-na a correr mas lavembem o rolo.No final da lavagem vamos despejar o tanque e

juntar umas poucas gotas de agente molhante.Encham com água até cobrir o rolo tendo em aten-ção para não criar espuma. A espuma, se ficar aonível do rolo, pode causar manchas.Deixem ficar o rolo nesta mistura durante 1 ou 2

minutos. Despejem essa água e lavem de novo orolo generosamente durante 1 ou 2 minutos.Já está! Abram a espiral e se quiserem passem o

filme debaixo de água, retirando vestígios quepossam ter ficado. Segurem-no por uma ponta epassem os dedos (tipo tesoura) por ele para tirar oexcesso de água. Repitam a operação se viremmanchas de água. Ponham a secar.

TEMPOS DE REVELAÇÃOExistem sites com milhares de combinações de

rolos e químicos, dando os tempos de revelaçãopara cada caso.Eu uso o Dev Chart (http://www.digitaltruth.

com/devchart.php). Numa tabela escolhe-se o rolousado e noutra o revelador. O tempo é indicadocaso a caso. É esse o nosso tempo de revelação.Como referi no início, a temperatura e os tem-

pos são para respeitar tanto quanto uma correctaagitação e lavagem, mas nada deste processo étaxativo ao ponto de nos inibir de o fazer. Mais 1, 2,ou 3 minutos, menos agitado ou mais agitado… ofilme a preto e branco perdoa e surpreende. Todasestas coisas são dicas, pontos de partida. Desteponto em frente tudo é válido. <

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“Ointeresse pela fotografiainiciou-se em 1993 quan-do recebi a minha pri-meira máquina fotográ-fica “a sério”, uma PentaxK1000. Actualmente

considero que esta máquina foi uma grande escolapois, funcionando em modo totalmente manual,obriga o seu utilizador a compreender os funda-mentos mais básicos da fotografia tais como veloci-dade de obturação, abertura do diafragma e sensi-bilidade das películas. A paixão foi-se intensifican-do, tendo em 1996 frequentado uma formação emlaboratório de fotografia a preto e branco promovi-da pela Secção de Fotografia da AssociaçãoAcadémica de Coimbra.Após alguns anos, e com o acesso facilitado a

câmaras digitais em qualquer loja da especialidadeou grande superfície comercial, deu-se a passagempara o digital com a compra de uma compacta daNikon em 2003. Obviamente o controlo sobre o pro-cesso era muito inferior mas, a visualização imedia-ta, a ausência de custo nos consumíveis, a rapidezcom que as fotografias estavam disponíveis paraimpressão e partilha, foram factores que se sobre-puseram e a velha Pentax foi deixada de lado porvários anos. Assim, ficou para mim consumada amorte do analógico. Também a paixão se ressentiu,

sem nunca ter desaparecido completamente, masesmorecido. Apenas em 2010, quando vi o meuirmão com uma Pentax ME Super nas mãos, final-mente se fez luz e a paixão adormecida despertoupara uma nova vida. Nesse mesmo dia a K1000 saiuda prateleira e abri uma conta no ebay. Vagueandopelos milhares de páginas repletas de câmaras ana-lógicas disponíveis por esse mundo fora, senti-meliteralmente como uma criança numa loja de doces.Num instante descobri que as câmaras com que naaltura poderia apenas sonhar e cujo contacto maispróximo era através de revistas e livros da especia-lidade, agora estavam ali acessíveis por preços quechegam a ser 10 vezes inferiores. Por exemplo, mar-cas como Contax, Rolleiflex, Zenza Bronica ouMamiya, anteriormente ao alcance apenas dos pro-fissionais ou amadores entusiastas, podem-se hojeem dia encontrar por preços bastante simpáticos,conseguindo-se iniciar no mundo do médio forma-to por preços inferiores ao de uma DSLR de entradade gama.Reacesa esta paixão, câmaras, objectivas e rolos

foram objectos que começaram a fazer parte dacasa. Tendo já a experiência adquirida uns anosatrás, a revelação dos filmes a preto e branco é rea-lizada em casa no “laboratório” improvisado. Naverdade não é necessário muito material e arruma-se facilmente sem ocupar muito espaço. >

REGRESSOÀS ORIGENSNuma época em que a Fotografia como actividade lúdica se encontrabastante difundida, graças ao advento do Digital que veio democratizaro acesso às câmaras, verifica-se o percurso inverso para um grupo de pes-soas que resolveu regressar às origens. Hugo Pinho, fotógrafo amador, éum desses casos que ao fim de 7 anos a fotografar em digital resolveudar uma nova vida às câmaras analógicas que vai coleccionando.

GALERIA

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especial fotografiaanalógica

Zenza Bronica ETR-SiZenzanon 75mm F2.8

Kodak Tmax 400

Nikon F100Nikkor 28-85mmKodak Tmax 100

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Nikon F100Nikkor 28-85mmKodak Tmax 100

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especial fotografiaanalógica

Nikon F100Nikkor 28-85mmKodak Tmax 100

Ricoh R10-

Kodak Tmax 400

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A opção pelo P/B e revelação em casa está tam-bém relacionada com o controlo de custos, porqueefectivamente se torna bastante mais económica,mas principalmente para permitir um total contro-lo sobre o processo, experimentando o efeito que osdiferentes reveladores e diluições provocam nosresultados finais.Após algum tempo usando as versáteis SLR de

35mm, resolvi dar mais um passo e experimentar omédio formato. Primeiro com uma Mamiya M645 eactualmente com uma Zenza Bronica ETR-Si, tam-bém de formato 6x4,5 cm.Se a mudança para o analógico me fez acalmar,

pensar cada fotografia, tirar uma fotografia pormotivo ao invés de 5 ou 6 para escolher a melhorcomo fazia no digital, então o médio formato acen-tuou ainda mais esse processo. Cada rolo faz 15 foto-grafias. O filme tem um custo, revelar também,digitalizar demora o seu tempo, por isso não sepode desperdiçar nenhum dos fotogramas. Todo oprocesso abranda, a composição deve ser pensada,mas os resultados compensam. Claro que ao visua-lizar os resultados nem tudo me agrada e há sem-pre surpresas. Mas esse é o encanto do analógico, é

a espera pelos resultados, o culminar de um proces-so. Se num rolo inteiro apenas uma fotografia real-mente me agradar, já o dou como bem empregue.Além do significativo aumento da qualidade da

imagem, o médio formato permite explorar aindamais o uso das reduzidas profundidades de campo.Geralmente quando utilizo o formato 6x4,5 é comdeterminada foto, ou série de fotos em vista. Comalguma antecipação o equipamento é preparado, osrolos são selecionados em função do assunto, dailuminação, entre outros factores. Mas, como éraríssimo sair de casa sem uma câmara, ultima-mente tenho sentido especial apetência pelas com-pactas de 35mm. As preferidas actualmente são aOlympus mju I e a Ricoh R1, ambas com objectiva defocal fixa, 35mm no caso da Olympus e 30mm naRicoh.O uso de uma compacta muda radicalmente a

forma de encarar a fotografia. Estas objectivas têmuma qualidade bastante aceitável, são leves, peque-nas e intuitivas de utilizar. As SLR são de facto amelhor escolha para aprender os princípios da foto-grafia, mas uma compacta permitiu libertar-me eexplorar o mundo de uma forma completamente

Pentax K1000Pentax-A 28-80mmKodak Tri-X 400

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especial fotografiaanalógica

Zenza Bronica ETR-SiZenzanon 75mm F2.8Kodak Tmax 100

Zenza Bronica ETR-SiZenzanon 75mm F2.8Kodak Tmax 400

distinta. Se na SLR existe uma preparação prévia,selecionar a combinação de abertura e velocidadecorrectas, congelar ou dar arrastamento à acção,obter uma curta ou larga profundidade de campo, acompacta é mais intuitiva. A concentração está nomotivo a fotografar e não na máquina. Isso é muitoimportante e é o principal erro dos iniciantes, dardemasiada importância à máquina e esquecer oque realmente importa, que é o assunto fotografa-do. As compactas são discretas e pouco intrusivas, oque me levou a iniciar a exploração de um dosmeus preferidos géneros de fotografia, a Fotografiade Rua, ou Street Photography. Em vez de procurar-mos o extraordinário, é antes o vulgar, o quotidiano,a relação entre as pessoas que importa registarpara memória futura. São marcos de uma época,sejam as roupas, os carros, os objectos do dia a dia,são situações que representam a actualidade e pre-tendo revisitar uns anos mais tarde.Fascina-me ver que “mestres” como Henri Cartier

Bresson, Alfred Eisenstaedt ou Robert Doisneaucontinuam actuais. Dos mais recentes aprecio bas-tante o português Rui Palha e o japonês DaidoMoriyama. A crueza das fotografias de Moriyama

não deixa ninguém indiferente. As suas fotografiastiradas com filmes puxados a sensibilidades extre-mas, com alto contraste, imenso grão, ganham emconteúdo o que perdem em “qualidade”. Mas, afi-nal, o que vem a ser a qualidade? Penso que não épelo número de megapixéis ou evolução tecnológi-ca de uma câmara que se conseguem melhoresfotografias. O importante é apaixonarmo-nos pelaFotografia e conseguir exprimir sentimentos eemoções através dela.Desta forma despeço-me, deixando um conjunto

de fotografias tiradas nos últimos dois anos. E agra-deço a oportunidade que a revista zOOm me deu,mas principalmente pelo espaço que dedicou a estatemática, fora de época e simultaneamente intem-poral. É uma referência para milhares de apaixona-dos pela Fotografia por todo este país e fora dele, eespero que esta edição tenha despertado o “bichi-nho” do analógico, quer aos mais velhos que se ini-ciaram desta forma, quer à juventude que desper-tou para a Fotografia já na era digital.” <

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