Download pdf - 00000 c8d

Transcript
Page 1: 00000 c8d

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE DIREITO

MARCUS AUGUSTUS SABOIA RATTACASO

RISCOS OCUPACIONAIS DO TRABALHO E SEUS EFEITOS PREVIDENCIÁRIOS

FORTALEZA

2006

Page 2: 00000 c8d

MARCUS AUGUSTUS SABOIA RATTACASO

RISCOS OCUPACIONAIS DO TRABALHO E SEUS EFEITOS PREVIDENCIÁRIOS

Monografia submetida à Coordenação do Curso de Graduação em Direito, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Aprovada em 23/02/2006.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________________________ Professora Maria das Dores Carneiro Cavalcanti (Orientadora).

_______________________________________________________________________ Professor Francisco de Araújo Macêdo Filho

________________________________________________________________________ Professor Marcos José Nogueira de Souza Filho.

Page 3: 00000 c8d

DEDICATÓRIA Ao meu pai e amigo, Angelo Rattacaso, in memoriam, cujas lições jamais esquecerei.

À minha esposa, Sabrinna, pelo amor, compreensão e incentivo, tão importantes para o meu êxito na conclusão do curso de Direito

À pequena Giovanna que, com sua alegria, mostra-me, a cada instante, o esplendor da vida.

Page 4: 00000 c8d

AGRADECIMENTOS

À Professora Maria das Dores Carneiro Cavalcanti (Dóia), pela valiosa orientação dada a mim para a elaboração desta monografia.

Ao Professor Francisco de Araújo Macêdo

Filho, pela colaboração, amizade e incentivo

ao estudo do direito.

Ao professor Marcos José Nogueira de Souza

Filho, pelo apoio prestado à defesa desta

monografia.

Page 5: 00000 c8d

RESUMO

Este trabalho procura evidenciar a sistemática, a evolução normativa, e os

objetivos de proteção à saúde dos trabalhadores que laboram sujeitos a riscos ocupacionais,

por meio de uma análise da legislação existente e dos resultados obtidos com sua aplicação,

bem assim demonstrar os procedimentos da auditoria previdenciária e do Ministério Público,

no tocante à monitoração das empresas que admitem obreiros expostos aos referidos agentes.

Alguns aspectos se destacam como as distorções decorrentes da aplicação dos dispositivos

legais que vigoram desde 1960, quando foi instituída a aposentadoria especial, até os dias

atuais. A exposição do segurado aos agentes prejudiciais à sua saúde e integridade física é

tolerada mediante o pagamento de adicional salarial e redução do tempo exigido para

obtenção de aposentadoria.

Page 6: 00000 c8d

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1

HISTÓRICO.................................................................................................................................................. .10

CAPÍTULO 2

ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS NORMAS REGULAMENTADORAS (NR). ........................................ 17

CAPÍTULO 3

SEGURO ACIDENTE DE TRABALHO.................................................................................................... 20

CAPÍTULO 4

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA PARA O CUSTEIO DA APOSE NTADORIA

ESPECIAL – O ADICIONAL DO SAT CRIADO PELA LEI 9.732 /98................................................... 23

CAPÍTULO 5

PROGRAMAS GERENCIADORES DOS RISCOS OCUPACIONAIS.................................................. 25

5.1.PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS-PPRA...................................... 25

5.2.AVALIAÇÃO ANUAL DO PPRA.................................................................................................. 25

5.3.PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RISCOS-PGR........................................................ 26

5.4.PROGRAMA DE MEIO AMBIENTE DO TRABALHO NA INDÚS TRIA

DA CONSTRUÇÃO CIVIL.................................................................................................................. 26

5.5.LAUDO TÉCNICO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DO TRAB ALHO –LTCAT.............. 26

5.6.PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO E SAÚDE OCUPACIONA L –PCMSO................. 27

5.7.RELATÓRIO ANUAL DO PCMSO.............................................................................................. 27

5.8.PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO-PPP.... ................................................... 27

CAPÍTULO 6

INSALUBRIDADE X PERICULOSIDADE. RISCO OCUPACIONAL X RISCO AMBIENTAL...... 29

6.1.INSALUBRIDADE X PERICULOSIDADE.................................................................................. 29

6.2.RISCO OCUPACIONAL X RISCO AMBIENTAL........... .......................................................... 30

6.3.APOSENTADORIA ESPECIAL X BENEFÍCIO PREVIDENCIÁ RIO.................................... 33

CAPÍTULO 7

PROCEDIMENTO DA FISCALIZAÇÃO PREVIDENCIÁRIA E PAPEL DO MINISTÉRIO

PÚBLICO PARA A PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE........ ...................................................... 34

Page 7: 00000 c8d

CAPÍTULO 8

CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................................................ 37

BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................................ 43

ANEXOS.........................................................................................................................................................44

Page 8: 00000 c8d

INTRODUÇÃO

A presença de agentes ocupacionais do trabalho como pré-requisito para concessão

da aposentadoria especial, na forma em que é concebida pela legislação atual, confere a tal

benefício características de aposentadoria por tempo de contribuição, visto que a mesma é

concedida com redução de 10, 15 ou 20 anos, a depender do agente nocivo a que o obreiro

esteja exposto.

No início, a presença de agentes ocupacionais era ensejador apenas do pagamento

do adicional de insalubridade, o qual fora instituído pelo Decreto Lei n° 2.162/40 e, mais

tarde acolhido pela Consolidação das Leis do Trabalho.

A Lei n° 3.807/60 – Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), instituiu a

aposentadoria especial aos segurados do Regime Geral da Previdência Social, tendo o Decreto

n° 48.959/60 relacionado as atividades incluídas neste benefício, indicando o tempo de

trabalho exigido para a obtenção do mesmo para cada uma delas (15, 20 ou 25 anos).

Nesta época, o critério para concessão da aposentadoria especial era bastante

objetivo. Bastava para a percepção do benefício o exercício de uma das atividades

relacionadas pelo decreto, sem que o maior ou menor grau de comprometimento da empresa

com o gerenciamento dos riscos ocupacionais do meio ambiente de trabalho pudesse intervir

na concessão da prestação previdenciária.

Naquele momento, aparentemente, a criação do benefício previdenciário foi algo

bom para todos. Os empregados recebiam o adicional de insalubridade e haviam reduzido o

tempo de trabalho necessário para obter a aposentadoria; o empregador não precisava investir

na melhoria das condições de trabalho e poderia renovar seu quadro de empregados sem

nenhum custo adicional e o governo ficou em uma posição confortável, pois havia atendido ao

anseio de empregados e empresas. Institucionalizou-se a comercialização da saúde do

trabalhador e os encargos financeiros foram transferidos para toda a sociedade.

Com o advento da Lei nº 9.732, de 11 de dezembro de 1998, foram criados os

acréscimos sobre a alíquota do inciso II da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 (Adicional do

SAT), atualmente de 6% (seis), 9% (nove) ou 12% (doze) sobre total das remunerações pagas,

devidas ou creditadas, no decorrer do mês, ao segurado empregado e trabalhador avulso

Page 9: 00000 c8d

sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física – conforme

consta no § 6º do art. 57 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991.

Além disso, o tempo de atividade exercida em ambiente povoado por agentes

químicos, físicos e biológicos apenas seria contado para fins de aposentadoria especial se o

grau de exposição estivesse acima daqueles estabelecidos pelas Normas Regulamentadoras do

Ministério do Trabalho e ainda houvesse previsão em norma previdenciária que tal agente era

ensejador de aposentadoria especial.

A partir daí as empresas passaram a se preocupar mais com a problemática do

gerenciamento dos riscos, pois a exposição de trabalhadores a agentes nocivos passava a ser

fato gerador de uma nova contribuição social, fato que sobrecarregava o planejamento

tributário das organizações.

Milagrosamente, a partir do advento da lei, as empresas da indústria típica, como

as mineradoras, petroquímicas e siderúrgicas, passaram a declarar que seus ambientes de

trabalho são muito bem gerenciados e que, portanto, não expõem seus trabalhadores a

qualquer tipo de risco. Apenas de um mês para outro, houve empresas que reduziram o

número de trabalhadores que elas reconheciam como sujeitos à exposição a agentes nocivos

para cerca de 10% (dez) do contingente anteriormente informado.

Neste estudo, pretendemos historiar a evolução normativa da proteção à saúde dos

trabalhadores, da aposentadoria especial, fazer uma análise da situação atual e concluir com

algumas propostas de alteração para serem incluídas na LC, cuja previsão legal está contida

no § 1º do artigo 201 da CF, alterado pela EC nº. 20 de 15 de dezembro de 1998.

Julgamos que esse assunto deve ser exaustivamente estudado por todas as partes

integrantes do processo, quais sejam: o empregador, o trabalhador e o Governo, por envolver

questões de saúde, trabalhistas e previdenciárias e, também, por influir significativamente no

desequilíbrio financeiro do Regime Geral da Previdência Social, fato bastante alardeado pelo

Governo Federal e que é usado como argumento em diversas situações, sobretudo quando se

trata de política para reajuste do salário mínimo do trabalhador.

Page 10: 00000 c8d

CAPÍTULO 1 - HISTÓRICO

A primeira norma no Brasil, que evidencia alguma preocupação quanto à

segurança e saúde do trabalho, data de 1919. O Decreto nº 3.724, de 15 de janeiro de 1919,

criou o Seguro de Acidente do Trabalho – SAT, a cargo da iniciativa privada. As empresas,

após a ocorrência do dano à saúde e à integridade física do trabalhador, pagavam uma

indenização ao mesmo ou à sua família.

Em 1934, foram criadas no âmbito do Ministério do Trabalho Indústria e

Comércio as Inspetorias de Higiene e Segurança no Trabalho, que desenvolveram uma

política de proteção ao trabalhador durante os anos seguintes.

Nas décadas em que se seguiram, o País tentou alavancar seu desenvolvimento,

saindo de uma perspectiva totalmente agropastoril para uma perspectiva também industrial. Já

se sabia que o parque industrial brasileiro era ineficiente e que, para o país desenvolver-se,

haveria a produção de doentes e mortes ocupacionais.

Neste contexto, foi criado em 1940, pelo Decreto-lei nº 2.162, de 01 de maio de

1940, o adicional de insalubridade. Este adicional, tal como é hoje, consiste em um percentual

de 10% (dez), 20% (vinte) ou 40% (quarenta) sobre o salário mínimo para os trabalhadores

que laboram em ambientes insalubres.

A Norma Regulamentadora (NR) nº. 15 do MTE – Atividades e Operações

Insalubres –, atualmente vigente, contém quatorze anexos e estabelece para cada um dos

agentes relacionados nesses anexos o correspondente grau de insalubridade.

O adicional de insalubridade tem natureza proibitória e compensatória, ou seja, é

proibido, sim, expor o trabalhador a agentes nocivos; no entanto, se ultrapassar os limites de

tolerância, é devido o adicional de insalubridade. Desta forma, instituiu-se a exposição legal a

agentes nocivos físicos, químicos e biológicos, consagrando-se a venda de saúde por dinheiro.

Hoje em dia, o valor deste adicional é irrisório, devido à desvalorização do salário

mínimo. Assim, entre investir em segurança e saúde do trabalhador, e pagar o adicional de

insalubridade, as empresas optam pela segunda alternativa. Isto também cria um entrave à

fiscalização do Ministério do Trabalho, não havendo um elemento mais “coercitivo” para a

melhoria do ambiente do trabalho.

Page 11: 00000 c8d

À época, observou-se que somente o adicional de insalubridade não era suficiente,

pois nem sempre o trabalhador conseguia chegar até a sua aposentadoria e, quando conseguia,

já não gozava de uma saúde perfeita.

Desta Forma, a Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS (Lei n° 3.807, de 26

de Agosto de 1960) cria em 1960 a aposentadoria especial aos 15, 20 ou 25 anos, cuja

filosofia era retirar o trabalhador do ambiente nocivo antes de ter sua saúde afetada.

Inicialmente, além da insalubridade, também foi considerada a periculosidade e a penosidade,

como fatores ensejadores da concessão de aposentadoria especial. Ressalta-se que, apesar de

incluir a penosidade como ensejadora da aposentadoria especial, a referida lei não oferecia

definição para o que seria atividade penosa.

A princípio, a exposição aos agentes nocivos era presumida por categoria

profissional ou atividade, bastando ao trabalhador apresentar o formulário de requerimento

com sua Carteira de Trabalho e Previdência Social – CTPS, e ter sua profissão ou atividade

exercida contida no rol de categorias profissionais ou atividades em que a exposição era

presumida para ter direito à aposentadoria especial. Estes Anexos foram trazidos e

alterados/complementados pelos Decretos nº 48.959-A, de 19 de setembro de 1960, nº 53.831,

de 25 de março de 1964, e nº 83.080, de 24 de janeiro de 1979. Posteriormente, o Decreto nº

611, de 21 de julho de 1992, derroga estes Decretos, porém recepciona estes Anexos.

Existia uma única exceção: para o agente físico “ruído", era exigida a apresentação

de um Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho – LTCAT, assinado por um

médico ou engenheiro do trabalho. Vale ressaltar que, quando a aposentadoria especial foi

criada, vigorava o Seguro Acidente do Trabalho (SAT) ainda privado.

Devido à pressão feita pelas empresas e à necessidade da garantia dos direitos do

trabalhador (que muitas vezes não se efetivavam), o SAT foi estatizado através da Lei nº

5.316, de 14 de setembro de 1967. O Estado assumiu o SAT, cujas alíquotas eram 0,4%

(quatro décimos) ou 0,8% (oito décimos), regra geral, incidente sobre a remuneração

constante da folha de pagamento. Paralelo a isso, o Estado passou também a interpor ações

regressivas contra aqueles que agindo com culpa ou dolo, atentavam contra a saúde dos

trabalhadores. Ou seja, o Estado, num primeiro momento respondia pelo dano causado ao

trabalhador e, em seguida interpunha ação contra aquele que, agindo com dolo ou culpa,

causou, efetivamente, prejuízo ao trabalhador.

Page 12: 00000 c8d

Eis a origem das ações regressivas, que visam a ressarcir aos cofres públicos as

despesas com benefícios causados pela negligência no gerenciamento do ambiente do trabalho

por parte das empresas. O SAT, então, cobre apenas os riscos inerentes às atividades

desenvolvidas pelas empresas, e não os causados em função da negligência destas, onde há a

presença dos elementos culpa ou dolo.

Os critérios iniciais para a concessão da aposentadoria especial eram injustos, pois

havia categorias profissionais ou atividades que deveriam constar nos Anexos e outras que

constavam indevidamente. Era o caso do limpador de fossas e do engenheiro – que nem

sempre trabalhavam expostos a agentes nocivos.

Mais ainda, verificou-se que a exposição não estava diretamente relacionada à

profissão, nem somente às atividades desenvolvidas, mas também às condições reais do

ambiente do trabalho.

Assim, a Lei nº 9.032, de 28 de abril de 1995, redefiniu os critérios para a sua

concessão, na tentativa de conter as despesas excessivas e indevidas relacionadas à

aposentadoria especial, 35 anos após a sua criação. Porém, sua regulamentação excluiu todos

os casos associados à periculosidade e penosidade, restringindo direitos onde a lei não os

restringiu.

Passou a ser exigido um Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho

(LTCAT), devidamente assinado por um médico ou engenheiro do trabalho, para todo e

qualquer agente nocivo físico, químico ou biológico.

Então, a comprovação da exposição deixou de ser uma questão meramente

administrativa, onde a exposição era presumida por categoria profissional ou atividade,

passando a ser uma questão técnica, com a exigência de uma peça assinada por um

especialista.

No entanto, em vez de a Lei nº 9.032, de 1995, dificultar os critérios da concessão

da aposentadoria especial e concedê-la apenas aos trabalhadores que de fato tinham direito,

foi criada uma indústria de laudos fraudulentos, em nada mudando a realidade.

Na tentativa de criar um documento fidedigno do ambiente do trabalho, contendo o

histórico-laboral do trabalhador, a Medida Provisória – MP nº 1.523, de 11 de outubro de

1996, cria o Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP, que depois é ratificado pela

Page 13: 00000 c8d

conversão da dita MP na Lei nº 9.528, de 10 de dezembro de 1997, a mesma lei que autoriza

a criação da Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP). Este

documento individualíssimo, que deve ser entregue ao trabalhador na rescisão do contrato de

trabalho, foi criado com conteúdo mínimo – atividades desenvolvidas pelo trabalhador –,

porém sem forma definida.

Com vigência a partir de janeiro de 1999, a GFIP tem uma importância

incomensurável neste contexto, por constituir-se em obrigação acessória de natureza

declaratória, confessatória e constitutiva de direitos, além de servir para recolhimento do

Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS.

Desta forma a GFIP traz a imperatividade do Código Tributário Nacional – CTN,

individualizando os trabalhadores expostos e os que tiveram afastamentos ocupacionais. A

exposição a agentes nocivos, que antes se restringia à matéria tratada pelo Capítulo V da

Consolidação das Leis do Trabalho – CLT e pelas Normas Regulamentadoras – NR’s do

Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, relacionadas à Segurança e Medicina do Trabalho,

foi alçada ao âmbito tributário. A informação falsa, omissa ou sem suporte material de

documentos públicos tem natureza criminosa, cujo tipo penal encontra-se assentado no artigo

297 do Código Penal – CP.

Por oportuno, transcreve-se o aludido dispositivo do Código Penal:

Art. 297. Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento

público verdadeiro:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

§ 1º Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo,

aumenta-se a pena de sexta parte.

§ 2º Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de

entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de

sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular.

§ 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:

I - na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a

fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de

segurado obrigatório;

II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento

que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa

da que deveria ter sido escrita;

Page 14: 00000 c8d

III - em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as

obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da

que deveria ter constado.

§ 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3o,

nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de

trabalho ou de prestação de serviços.

O Decreto nº 2.172, de 05 de março de 1997, sob os novos critérios de concessão

da aposentadoria especial, cria o Anexo IV, que hoje consta no atual Decreto nº 3.048, de 06

de maio de 1999, contendo listas de agentes físicos, químicos e biológicos e a associação

destes agentes, cuja exposição acima do limite de tolerância, quando houver, enseja a

concessão da aposentadoria especial.

Apesar das listas de agentes e atividades serem mencionadas em algumas partes

deste Anexo como taxativas, a decisão que antecipou parcialmente os efeitos da tutela,

prolatada pela MM. Juíza Substituta da 4ª Vara Previdenciária de Porto Alegre - RS, nos autos

da Ação Civil Pública nº 2000.71.00.030435-2, proposta pelo Ministério Público Federal,

determinou que o INSS considerasse estas listas como exemplificativas, incluindo esta

ressalva expressamente em suas Instruções Normativas – IN’s.

Ressalta-se a importância da referida decisão, visto que, nenhum médico no

mundo terá a capacidade de enumerar todos os agentes nocivos à saúde e à integridade física

do trabalhador.

Esta decisão corrobora com o entendimento já sumulado pelo ex Tribunal Federal

de Recursos – TFR (súmula 198, de 20/11/1985):

“Atendidos os demais requisitos, é devida a aposentadoria especial, se perícia

judicial constata que a atividade exercida pelo segurado é perigosa, insalubre ou

penosa, mesmo não inscrita em regulamento”.

A principal contribuição de mencionado decisum foi permitir a conversão de

tempo especial em comum para todo e qualquer período, e não apenas para períodos

anteriores a 28 de maio de 1998, conforme estabelecido na Lei 9.711, de 20 de novembro de

1998. No mesmo sentido, se pronunciou a 5ª Turma do Tribunal Reginal Federal – TRF da 4ª

Região em apelação cível promovida pelo Instituto Nacional do Seguro Social (apelação cível

n° 2000.71.00.030435-2/RS).

Page 15: 00000 c8d

A Lei nº 9.732, de 1998, veio corrigir determinadas distorções. O dispositivo legal

cria os acréscimos sobre a alíquota do SAT, previsto na Lei n° 8.212, de 1991, atualmente de

6% (seis), 9% (nove) ou 12% (doze) sobre total das remunerações pagas, devidas ou

creditadas, no decorrer do mês, ao segurado empregado e trabalhador avulso sujeito a

condições especiais que prejudiquem à saúde ou à integridade física – conforme consta no §

6° do art. 57 da Lei n° 8.213, de 1991. Estas alíquotas foram estabelecidas de forma

progressiva no tempo: de 01/04/99 a 31/08/99, eram de 2% (dois), 3% (três) ou 4% (quatro) e,

de 01/09/99 a 29/02/00, eram de 4% (quatro), 6% (seis) ou 8% (oito).

Até então, todas as empresas pagavam o SAT, porém apenas algumas produziam

doentes. Com esta lei, foi criada uma contribuição específica adicional, somente para aquelas

empresas que expõem seus trabalhadores aos agentes nocivos acima dos limites de tolerância.

Diferentemente do que ocorre hoje com o adicional de insalubridade, esta lei

disponibiliza um elemento coercitivo para a melhoria do ambiente de trabalho, ao criar uma

contribuição que onera e muito as empresas. Além disto, não incentiva o trabalhador à venda

de sua saúde em troca de dinheiro, visto que o acréscimo da alíquota não reverte diretamente

como “remuneração”, apenas dá o direito a uma aposentadoria antes do tempo – aos 15, 20 ou

25 anos.

A Emenda Constitucional – EC nº 20, de 15 de dezembro de 1998, introduz o § 10

no art. 201, da Constituição Federal – CF, abrindo a possibilidade para o SAT concorrente,

através da autorização de sua cobertura pela iniciativa privada, a depender de lei

regulamentadora. Em seu art. 15, ratifica os arts. 57 e 58 da Lei nº 8.213, de 1991, até que lei

complementar venha a disciplinar a matéria, alçando-os ao âmbito constitucional, tamanha a

sua importância.

A Lei nº 9.983, de 14 de julho de 2000, institui novos crimes previdenciários, entre

eles, a apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do CP) e a sonegação de contribuição

previdenciária (art. 337-A do CP), além de acrescentar tipificações para o crime de

falsificação de documento público (art. 297 §§ 3º e 4º do CP).

O Decreto nº 4.032, de 26 de novembro de 2001, passa a exigir o Perfil

Profissiográfico Previdenciário (PPP) do trabalhador com um conteúdo mais detalhado de

suas funções, contendo três seções: uma administrativa, outra ambiental e outra biológica.

Page 16: 00000 c8d

A Lei nº 10.403, de 2002, institui a inversão do ônus da prova, aumentando ainda

mais a importância da Guia de Recolhimento do FGTS e informações à Previdência Social

(GFIP), pois as informações nela declaradas servem para reconhecimento automático de

direitos.

A medida provisória nº 83, de 1 de dezembro de 2002, estende a contribuição dos

acréscimos de alíquota de SAT para os cooperados de cooperativa de trabalho ou de

produção.

Page 17: 00000 c8d

CAPÍTULO 2 - ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS NORMAS REGULAMEN TADORAS

O art. 200 da CLT delegou ao Poder Executivo o estabelecimento de disposições

complementares ao seu Capítulo V, relativo à Segurança e Medicina do Trabalho.

Art. 200. Cabe ao Ministério do Trabalho estabelecer disposições complementares

às normas de que trata este Capítulo, tendo em vista as peculiaridades de cada

atividade ou setor de trabalho, especialmente sobre:

I - medidas de prevenção de acidentes e os equipamentos de proteção individual em

obras de construção, demolição ou reparos;

II - depósitos, armazenagem e manuseio de combustíveis, inflamáveis e explosivos,

bem como trânsito e permanência nas áreas respectivas;

III - trabalho em escavações, túneis, galerias, minas e pedreiras, sobretudo quanto

à prevenção de explosões, incêndios, desmoronamentos e soterramentos, eliminação

de poeiras, gases etc., e facilidades de rápida saída dos empregados;

IV - proteção contra incêndio em geral e as medidas preventivas adequadas, com

exigências ao especial revestimento de portas e paredes, construção de paredes

contra fogo, diques e outros anteparos, assim como garantia geral de fácil

circulação, corredores de acesso e saídas amplas e protegidas, com suficiente

sinalização;

V - proteção contra insolação, calor, frio, umidade e ventos, sobretudo no trabalho

a céu aberto, com provisão, quanto a este, de água potável, alojamento e profilaxia

de endemias;

VI - proteção do trabalhador exposto a substâncias químicas nocivas, radiações

ionizantes e não-ionizantes, ruídos, vibrações e trepidações ou pressões anormais

ao ambiente de trabalho, com especificação das medidas cabíveis para eliminação

ou atenuação desses efeitos, limites máximos quanto ao tempo de exposição, à

intensidade da ação ou de seus efeitos sobre o organismo do trabalhador, exames

médicos obrigatórios, limites de idade, controle permanente dos locais de trabalho

e das demais exigências que se façam necessárias;

VII - higiene nos locais de trabalho, com discriminação das exigências, instalações

sanitárias, com separação de sexos, chuveiros, lavatórios, vestiários e armários

individuais, refeitórios ou condições de conforto por ocasião das refeições,

fornecimento de água potável, condições de limpeza dos locais de trabalho e modo

de sua execução, tratamento de resíduos industriais;

Page 18: 00000 c8d

VIII - emprego das cores nos locais de trabalho, inclusive nas sinalizações de

perigo.

Parágrafo único. Tratando-se de radiações ionizantes e explosivos, as normas a que

se refere este artigo serão expedidas de acordo com as resoluções a respeito

adotadas pelo órgão técnico.

Estas disposições foram denominadas de Normas Regulamentadoras – NR’s,

aprovadas pela Portaria nº 3.214, de 08 de junho de 1978. Outras portarias vieram a alterá-las

posteriormente , inclusive, a aprovar outras NR’s. Tais normas são, sem nenhuma dúvida, lei

em sentido material.

Em 1995, foram criadas, através de NR’s do Ministério do Trabalho e Emprego

(MTE), as principais demonstrações ambientais existentes hoje.

Através da Portarias nºs 24 e 25, do MTE, ambas de 29 de dezembro de 1994, e da

Portaria nº 4, do MTE, de 4 de julho de 1995, são criados o Programa de Controle Médico de

Saúde Ocupacional – PCMSO e seus relatórios anuais (NR-07), o Programa de Prevenção em

Riscos Ambientais – PPRA e suas avaliações anuais (NR-09) e o Programa de Condições e

Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção – PCMAT (NR-18).

Este período foi marcado por um grande movimento estatal, que gerou

mecanismos mais enérgicos de controle do estado, relativos ao meio ambiente do trabalho e à

saúde do trabalhador.

A lei 9032/95 trouxe a exigência de Laudo Técnico das Condições Ambientais do

Trabalho (LTCAT) para todo e qualquer agente físico, químico ou biológico.

Como existe uma divergência de interpretação em relação a quem pode assinar a

avaliação anual do PPRA, o INSS passou a exigir o LTCAT para todos os agentes ambientais,

garantindo para efeito de concessão da aposentadoria especial, obrigatoriamente, a conclusão

de um especialista quanto à efetiva exposição. Nesse tocante, preceitua a legislação

previdenciária que o LTCAT deve ser assinado por um engenheiro ou médico do trabalho.

Outras importantes demonstrações ambientais foram criadas posteriormente, por

portarias que modificaram e introduziram novas NR’s. É o caso do Programa de

Gerenciamento de Riscos – PGR, Programa de Conservação Auditiva – PCA, Programa de

Page 19: 00000 c8d

Prevenção Respiratória – PCR e Programa de Prevenção da Exposição Ocupacional ao

Benzeno – PPEOB, entre outros.

Page 20: 00000 c8d

CAPÍTULO 3 - SEGURO ACIDENTE DE TRABALHO – SAT.

A Constituição Federal assegura aos trabalhadores “seguro contra acidentes de

trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando

incorrer em dolo ou culpa” (artigo 7°, XXVIII).

A lei define acidente de trabalho como o que ocorre pelo exercício do trabalho a

serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando lesão

corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou perda ou redução temporária, da

capacidade para o trabalho (artigo 19 da Lei 8.213/91).

Também consideram-se acidente de trabalho, as seguintes atividades mórbidas, de

acordo com o artigo 20 da lei 8.213/91:

I- doença profissional: assim entendida a produzida ou desencadeada pelo

exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação

elaborada pelo Ministério do Trabalho.

II- doença do trabalho: assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de

condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente,

constante também da relação elaborada pelo Ministério do Trabalho.

Excepcionalmente, além das situações supracitadas, quando verificar-se que a

doença resultou das condições ambientais em que o trabalho é executado e com ele se

relaciona diretamente, a previdência também deverá considerá-lo como acidente de trabalho,

conforme artigo 20, parágrafo segundo da lei 8.213/91.

Tradicionalmente, a lei equipara determinados infortúnios ao acidente de trabalho,

quando há algum tipo de liame entre o evento e o exercício de atividade, conforme se

depreende do artigo 21 da lei 8.213/91:

Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Le:i

I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja

contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua

capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a

sua recuperação

II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em

conseqüência de

Page 21: 00000 c8d

a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro

de trabalho;

b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa

relacionada ao trabalho;

c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de

companheiro de trabalho;

d) ato de pessoa privada do uso da razão;

e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de

força maior;

III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício

de sua atividade;

IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de

trabalho:

a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;

b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo

ou proporcionar proveito;

c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por

esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra,

independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de

propriedade do segurado;

d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela,

qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do

segurado.

§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação

de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o

empregado é considerado no exercício do trabalho.

§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão

que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às

conseqüências do anterior

Não são consideradas como doença do trabalho: a doença degenarativa, a inerente

a grupo etário, a que não produza incapacidade laborativa, a doença endêmica adquirida por

segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação que é resultante

de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.

Em princípio a garantia do seguro acidente de trabalho é restrita ao empregado, já

que o texto constitucional se refere a empregador. Contudo, há norma no sentido de igualdade

de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso

(artigo 7°, XXXIV, CF/88)

Page 22: 00000 c8d

São beneficiários do SAT, os segurados empregados e avulsos.

A contribuição previdenciária para o SAT é devida de acordo com a classificação

da atividade preponderante da empresa, assim considerada com atividade de risco leve, médio

ou grave, o qual corresponderá às alíquotas de 1% (um), 2% (dois) ou 3% (três) incidentes

sobre toda as remunerações atribuídas a segurados empregados e avulsos, conforme

disposição do art. 22, caput e inciso II da Lei nº 8.212, de 1991:

Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do

disposto no art. 23, é de:

I - (...)

II - para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei no 8.213, de

24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de

incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total

das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados

empregados e trabalhadores avulsos: (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98)

a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de

acidentes do trabalho seja considerado leve;

b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse

risco seja considerado médio;

c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco

seja considerado grave.

Excepcionalmente, a alíquota de contribuição para o SAT poderá ser reduzida em

50%, desde que a empresa utilize mão de obra contratada por prazo determinado, nos termos

da lei 9.601/98. De acordo com o previsto nesta lei, as alíquotas do SAT seriam então de

0,5%, 1% ou 3%, sempre em função do grau de risco da atividade preponderante exercida

pela empresa.

Page 23: 00000 c8d

CAPÍTULO 4 - CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA PARA O CUS TEIO DA

APOSENTADORIA ESPECIAL - O ADICIONAL DO SAT CRIADO PELA LEI

9.732/98.

O adicional do SAT foi criado pela lei 9.732/98, com o objetivo de subsidiar o

financiamento da aposentadoria especial (artigos 57 e 58 da lei 8.213/91) dos segurados

expostos a agentes nocivos.

A exposição a agentes nocivos, desde que seja feita de forma habitual e continua,

dá direito à aposentação precoce, após 15, 20 ou 25 anos de trabalho, dependendo do agente

nocivo ou combinação de agentes a que está exposto o segurado.

Concluiu o legislador que o trabalho em condições nocivas, em virtude do

desgaste acelerado, da higidez física e até psicológica do obreiro é fator naturalmente

concorrente para o acometimento de lesões laborais, que se tornam mais freqüentes em tais

condições inadequadas ao labor.

Assim, ao invés de se criar nova contribuição, a opção legislativa recaiu sobre a

instituição de adicional à contribuição já existente, ainda que os fins sejam distintos. É que o

SAT, em sua alíquota básica (1%, 2% ou 3%) destina-se ao custeio dos benefícios concedidos

em virtude de acidentes do trabalho. Já o adicional do SAT, visa o custeio da aposentadoria

especial, beneficio que não é diretamente ligado à infortunística.

O adicional do SAT será de 6% (seis), 9% (nove) ou 12% (doze) conforme a

atividade enseje aposentadoria especial aos 15, 20 ou 25 anos.

Analisando o Anexo IV do Decreto nº 3.048, de 1999, o qual aprovou o

Regulamento da Previdência Social, constatamos que, regra geral, a maioria das atividades

enseja aposentadoria especial aos 25 anos (Adicional do SAT de 6%), existindo apenas três

exceções:

� atividades envolvendo o agente asbestos (mais conhecido como amianto),

ensejando a aposentadoria especial aos 20 anos (SAT de 9% );

� atividades mais afastadas das frentes de trabalho em mineração subterrânea,

também ensejando a aposentadoria especial aos 20 anos (SAT de 9%);

Page 24: 00000 c8d

� atividades nas frentes de trabalho em mineração subterrânea, ensejando a

aposentadoria especial aos 15 anos (SAT de 12% ).

Assim, cabe exclusivamente à empresa financiar o custo adicional trazido ao

sistema previdenciário em virtude da aposentadoria precoce do trabalhador. Nada mais justo,

vez que é a empresa que expõe o empregado a agentes nocivos, exposição que poderia ser

controlada ou mantida em níveis aceitáveis com a adoção de algumas técnicas de segurança e

medicina de trabalho.

Page 25: 00000 c8d

CAPÍTULO 5 - PROGRAMAS GERENCIADORES DOS RISCOS OCUPACIONAIS.

Passaremos a apresentar os principais programas gerenciadores dos riscos

ocupacionais, bem assim a utilidade dos mesmos.

5.1. PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS – PPRA

O PPRA, instituído pela NR-09 do MTE e exigível desde 1995, é um programa

gerencial elaborado pela empresa, que deve abranger todos os seus trabalhadores. Contém as

seguintes informações:

� antecipação e reconhecimento dos riscos;

� cronograma de melhorias com prioridades e metas;

� avaliação dos riscos;

� medidas de controle utilizadas;

� monitoramento da exposição;

� registro e divulgação dos dados.

5.2. AVALIAÇÃO ANUAL DO PPRA.

O documento base do PPRA se traduz em um “programa vivo” e deve sofrer

avaliações pelo menos anuais ou sempre que houver mudanças no meio ambiente do trabalho,

de forma a não estar condenado a permanecer só no papel e virar “letra morta”.

Através da verificação do planejado versus o realizado, do monitoramento

constante dos riscos identificados e dos resultados apontados no PCMSO e seus relatórios

anuais, em especial a avaliação dos riscos, a avaliação deve apontar para os pontos em que

deve haver aprimoramento do PPRA.

A sistemática trazida pelas NR’s, quando implementada de acordo com o que elas

determinam, constitui um conjunto de procedimentos que são auto-suficientes, ao serem

retroalimentados por feed-backs que garantem a eficácia do gerenciamento do meio ambiente

do trabalho.

Page 26: 00000 c8d

5.3. PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RISCOS – PGR

O PGR, instituído pela NR-22 do MTE e exigível desde 2000, é um programa

gerencial que engloba e substitui o PPRA, específico para as atividades relacionadas à

mineração. Decompõe o gerenciamento dos riscos a cada frente de trabalho na mina.

5.4. PROGRAMA DE CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DO TRABA LHO NA

INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO – PCMAT.

O PCMAT, instituído pela NR-18 do MTE e exigível desde 1995, é um programa

gerencial que complementa o PPRA, específico para as atividades relacionadas à indústria da

construção. Estabelece o gerenciamento dos riscos a cada etapa da obra. É obrigatório a partir

de 20 trabalhadores por obra.

5.5. LAUDO TÉCNICO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DO TRAB ALHO – LTCAT

O LTCAT, instituído pela LOPS e exigível desde 1960 para ruído e estendido pela

Lei nº 9.032, de 1995, para os demais agentes ambientais, é uma peça técnica, assinada por

um especialista – engenheiro ou médico do trabalho – que deve, entre outros, apresentar

conclusão clara e objetiva acerca da efetiva exposição do trabalhador a agentes ambientais

para efeitos de concessão da aposentadoria especial.

Em regra, o LTCAT é individual. Mas o INSS tem aceitado LTCAT coletivo,

desde que se consiga enquadrar o trabalhador através de suas informações. Por exemplo: no

ano de 1998, para o cargo de caldeireiro do setor da caldeiraria, o LTCAT atestava que havia

exposição ao calor acima dos limites de tolerância. Um determinado trabalhador que

comprovasse o exercício daquele cargo e era lotado naquele setor, teria,portanto, direito à

aposentadoria especial.

Este documento deve ser compatível com a documentação ambiental, em especial

ao PPRA e suas avaliações anuais. Isto não significa que a empresa tenha que produzir mais

papel. A própria avaliação anual do PPRA pode ser aceita como LTCAT, desde que seja

assinada pelo engenheiro ou médico do trabalho e cumpra também as formalidades exigidas

pela Previdência Social. Afinal, o que vale é o conteúdo e não o nome que é dado ao

documento.

Page 27: 00000 c8d

5.6. PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACION AL – PCMSO

O PCMSO, instituído pela NR-07 do MTE e exigível desde 1995, é um programa

de controle médico de saúde ocupacional, com visão individual e coletiva que traz todo um

instrumental clínico-epidemiológico.

Tem como objetivo atuar na prevenção, no rastreamento e no diagnóstico precoce,

também constatando doenças profissionais e danos irreversíveis à saúde.

Para cada trabalhador realiza e controla os exames obrigatórios – admissional,

periódico, de retorno, de mudança de função e demissional.

5.7. RELATÓRIO ANUAL DO PCMSO

Similarmente às avaliações anuais do PPRA, o documento-base do PCMSO é

objeto de um relatório anual, que nada mais é do que uma declaração de um especialista –

médico do trabalho – que visa a avaliar o gerenciamento da saúde dos trabalhadores,

incluindo dados estatísticos por setor e por função.

As informações geradas pelo PCMSO e seus relatórios anuais devem

retroalimentar o PPRA e suas avaliações anuais. Na verdade, são os resultados na preservação

da saúde que, de fato, garantem a eficácia dos programas ambientais.

Pode ser detectada, inclusive, a presença de novos agentes no ambiente de trabalho

não identificados na fase de reconhecimento e de avaliação dos riscos, bem como problemas

relacionados ao meio ambiente que estejam afetando os trabalhadores da empresa. Neste caso,

o PCMSO tem caráter investigatório, a partir de doenças não previsíveis detectadas, até

chegar no agente causador.

5.8. PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO – PPP.

O PPP constitui-se num documento histórico laboral do trabalhador que presta

serviço à empresa, chancelatório das habilitações de benefícios e serviços previdenciários. É

comumente associado à aposentadoria especial, mas seu alcance vai muito além.

O PPP organiza e individualiza as informações contidas em diversos setores da

empresa ao longo dos anos, que em alguns documentos se apresentam de forma coletiva. É

composto de três seções: uma administrativa, outra ambiental e outra biológica.

Page 28: 00000 c8d

Tem como objetivo prover o trabalhador de meios de prova produzidos pelo

empregador perante a Previdência Social, a outros órgãos públicos e aos sindicatos, de forma

a garantir todo direito decorrente da relação de trabalho – administrativo, cível, tributário,

trabalhista, previdenciário, penal, etc. – seja ele individual, ou difuso e coletivo. E também,

prover a empresa de meios de prova produzidos em tempo real, de modo que a empresa possa

evitar ações judiciais indevidas relativas a seus trabalhadores.

Page 29: 00000 c8d

CAPÍTULO 6 - INSALUBRIDADE X PERICULOSIDADE. RISCO OCUPACIONAL

X RISCO AMBIENTAL.

6.1 INSALUBRIDADE X PERICULOSIDADE.

A insalubridade está relacionada aos danos gerados à saúde do trabalhador

ocasionados pela exposição cumulativa no tempo. Por exemplo, um trabalhador

indefinidamente exposto ao agente químico benzeno desenvolverá a leucopenia, doença

precedente à leucemia, caso não seja retirado do ambiente insalubre antes de um determinado

momento. Versa o art. 189 da CLT:

Art. 189. Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por

sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a

agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância, fixados em razão da

natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.

A periculosidade está relacionada a um evento incerto, pontual na linha temporal,

que não está associado à exposição cumulativa no tempo. Por exemplo, um trabalhador que

manipule material explosivo está exposto a um grande risco, porém o infortúnio poderá não

acontecer até que ele se aposente. A explosão não está associada à cumulatividade no tempo:

pode ocorrer no primeiro dia de trabalho manipulando este tipo de material. Assim se constata

no art. 193 da CLT:

Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da

regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, por sua

natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis

ou explosivos em condições de risco acentuado.

Os adicionais de insalubridade e de periculosidade da legislação trabalhista estão

baseados nesta diferença. O adicional de insalubridade é de 10% (dez), 20% (vinte) ou 40%

(quarenta) sobre o salário mínimo, conforme o art. 192 da CLT. O adicional de periculosidade

é de 30% (trinta) sobre o salário total, conforme § 1o do art. 193 da CLT.

Art. 192. O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de

tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de

adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e

10% (dez por cento) do salário mínimo da região, segundo se classifiquem nos

graus máximo, médio e mínimo”.

Page 30: 00000 c8d

Art. 193. (...)

§ 1º O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um

adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes

de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa”.

6.2. RISCO OCUPACIONAL X RISCO AMBIENTAL.

Há muita confusão com estes conceitos, que geralmente são utilizados

indistintamente, como se possuíssem o mesmo significado. Risco ocupacional é gênero, do

qual risco ambiental é espécie. Mas, primeiramente, vamos tentar definir o conceito de risco

ocupacional.

Risco é traduzido por um binômio formado de duas palavras: probabilidade +

dano. Risco ocupacional é, portanto, a probabilidade de consumação de um dano à saúde ou à

integridade física do trabalhador, em função da sua exposição a fatores de riscos no ambiente

de trabalho.

Os fatores de riscos ocupacionais se subdividem em: fatores de riscos ambientais,

fatores de riscos ergonômicos ou outros fatores de riscos.

Os fatores de riscos ambientais são decorrentes da exposição a agentes físicos,

químicos ou biológicos ou à associação destes agentes. Esta exposição está relacionada à

insalubridade e também à aposentadoria especial, observando-se que a aposentadoria especial

deverá ser custeada com a com a contribuição do adicional do SAT.

A exposição a riscos ergonômicos, embora estes também tenham o pressuposto da

cumulatividade no tempo, não enseja o pagamento do adicional de insalubridade e nem dá

direito à aposentadoria especial.

A exposição aos demais fatores de risco está relacionada à periculosidade. Hoje,

dão direito ao adicional de periculosidade as atividades envolvendo materiais explosivos,

inflamáveis, eletricidade acima de 250V e radiação ionizante, conforme regulado pela

Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN.

Existe uma impropriedade na classificação dos agentes ambientais biológicos

como insalubres. Por exemplo, a contração do vírus HIV não depende da cumulatividade no

tempo, vez que está associado a um evento pontual no tempo. Logo, deveriam estar

relacionados à periculosidade, sem que houvesse o pagamento do adicional de insalubridade e

Page 31: 00000 c8d

o direito à aposentadoria especial. A aposentadoria especial herdou este conceito errôneo da

legislação trabalhista.

Para o pagamento do adicional de insalubridade e a concessão da aposentadoria

especial, há agentes que possuem limite de tolerância (há que se considerar os fatores

qualitativo e quantitativo) e outros que são meramente qualitativos, sem limite de tolerância,

(com a ausência do fator quantitativo), sendo a simples exposição causa motivadora do

adicional de insalubridade e da aposentadoria especial. Estão neste último rol os agentes

altamente cancerígenos, como o amianto e o benzeno.

Nem sempre foram tratados igualmente os critérios para pagamento do adicional

de insalubridade e concessão da aposentadoria especial. Um exemplo absurdo era o caso do

ruído, cujo limite para o MTE era de 85 dB(A) e para o INSS era de 90 dB(A). Apesar de a

diferença ser de 5 dB(A) em números absolutos, a dosagem relativa de exposição para o INSS

equivale ao dobro do permitido para o MTE. Felizmente, tal distorção foi corrigida pelo

decreto 3.048/99, o qual aprovou o Regulamento da Previdência Social.

Outro conceito erroneamente interpretado é o conceito de permanência.

Para que o trabalhador tenha direito à aposentadoria especial não basta a

exposição, ela deverá ser de modo permanente, não ocasional nem intermitente, durante o

período mínimo fixado, conforme preceitua o § 3º do art. 57 da Lei nº 8.213, de 1991:

Art. 57. (...)

§ 3º. A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo

segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social–INSS, do tempo de

trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que

prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado.

(Redação dada pela Lei nº 9.032, de 28.4.95)

Ao observarmos o caput deste artigo, verificamos que o período mínimo fixado

para a permanência é o período de trabalho exigido pela aposentadoria especial, de 15, 20 ou

25 anos:

Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida

nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que

prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25

Page 32: 00000 c8d

(vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei”. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de

28.4.95)

Tentando explicar o conceito de não ocasional nem intermitente foi introduzido

também mais um novo conceito neste mesmo artigo: habitual. Em vez de uma redação clara,

este artigo apenas trouxe um texto subjetivo e mais confuso. Ele municiou o INSS na

realização de inúmeras injustiças em relação aos trabalhadores expostos, quando estes não

apelavam à justiça.

No entanto, assim elucidou a IN/INSS/DC nº 78, de 2002, em seu art. 146, caput e

§ 1º:

Art. 146. A partir de 29 de abril de 1995, data da publicação da Lei nº 9.032, a

caracterização de atividade como especial depende de comprovação do tempo de

trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, durante quinze, vinte ou vinte

e cinco anos em atividade com efetiva exposição a agentes nocivos químicos, físicos,

biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física,

observada a carência exigida.

§ 1º Considera-se para esse fim:

I - trabalho permanente aquele em que o segurado, no exercício de todas as suas

funções, esteve efetivamente exposto a agentes nocivos físicos, químicos, biológicos

ou associação de agentes;

II - trabalho não ocasional nem intermitente aquele em que, na jornada de trabalho,

não houve interrupção ou suspensão do exercício de atividade com exposição aos

agentes nocivos, ou seja, não foi exercida de forma alternada, atividade comum e

especial.

O mais interessante é que o conceito de permanência existe desde a criação do

adicional de insalubridade. Para este fim, sempre foi considerada como atividade permanente,

aquela cuja exposição é inerente à função exercida (ou às funções exercidas) pelo trabalhador.

O mesmo ocorre com o adicional de periculosidade, que também pressupõe a permanência

para a sua concessão, como versa o já mencionado art. 193 da CLT:

Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da

regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, por sua

natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis

ou explosivos em condições de risco acentuado.

Page 33: 00000 c8d

Fato curioso é que tal conceito apenas tem sido questionado por parte das

empresas, apenas para a concessão da aposentadoria especial, mais especificamente, após a

exigência da contribuição da alíquota adicional do SAT, a cargo da referidas pessoas

jurídicas.

6.3.APOSENTADORIA ESPECIAL X BENEFÍCIO ACIDENTÁRIO.

É muito importante distinguir com clareza estes conceitos, que embora sejam

simples, têm significados diferentes.

A aposentadoria especial tem como objetivo retirar o trabalhador do ambiente do

trabalho antes de ter a saúde afetada (ou de ter a saúde muito afetada). Tem, portanto,

natureza preditiva. Sabe-se que se o trabalhador continuar a trabalhar no ambiente insalubre,

certamente desenvolverá a doença ocupacional.

Não confundir a natureza preditiva com o caráter preventivo, que não está presente

neste conceito. A prevenção consiste em eliminar ou neutralizar os riscos ocupacionais, ou

ainda, implementar medidas administrativas para minimizar a exposição do trabalhador a

agentes insalubres. Por exemplo, podemos citar o treinamento periódico, a rotatividade de

funções entre os funcionários, etc.

Apesar de ser um benefício relacionado a uma causa ocupacional, a aposentadoria

especial não é um benefício acidentário.

O benefício acidentário tem como objetivo compensar o trabalhador pela perda da

capacidade laborativa. Tem natureza ressarcitória, visto que o trabalhador ficou desamparado

ao ficar impossibilitado temporária ou permanentemente para o trabalho.

Page 34: 00000 c8d

CAPÍTULO 7 - PROCEDIMENTO DA FISCALIZAÇAO PREVIDENC IÁRIA E

PAPEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA A PRESERVAÇÃO DO M EIO

AMBIENTE LABORAL.

A Receita Previdenciária, através da autoridade competente, reputará devido

crédito tributário de natureza previdenciária sempre que, pelas evidências materiais e formais,

constantes dos documentos gerenciadores dos riscos ocupacionais, bem como do ambiente

laboral, não oferecerem suporte para as informações declaradas pelo sujeito passivo à

Previdência Social, através do meio competente, qual seja, Guia de Recolhimento do FGTS e

Informações à Previdência Social (GFIP).

A autoridade competente em matéria previdenciária, sempre que, analisando o

ambiente laboral, constatar a presunção de presença de agentes ocasionadores de riscos

ocupacionais, intimará o sujeito passivo para que o mesmo lhe apresente os devidos

documentos gerenciadores do risco ocupacional.

Assim, os procedimentos de auditoria em riscos ocupacionais só serão provocados,

caso haja o indícios de presença de agentes insalubres no meio ambiente de trabalho.

A partir daí, o auditor irá verificar a coerência das informações constantes dos

programas gerenciadores do risco com a realidade fática encontrada no ambiente de trabalho.

Havendo discrepâncias será lavrado o competente auto de infração, bem assim serão

levantadas as devidas contribuições previdenciárias para o custeio da aposentadoria especial,

com fundamento no §2° do art. 33 da Lei nº 8.212, de 1991, e no §3° do art. 58 da Lei nº

8.213, de 1991.

Com tal procedimento, a fiscalização previdenciária estará também garantindo a

integridade das informações que devem alimentar um banco de dados nacional, o qual será de

grande serventia para a concessão do benefício previdenciário de aposentadoria especial,

quando o obreiro tiver implementado todas as condições para a obtenção do mesmo.

Como é sabido, o nosso ordenamento constitucional legitima o Ministério Público,

inclusive o do Trabalho, a “promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção

do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”

(CF, arts. 128, I, b e 129, III).

Page 35: 00000 c8d

É certo ainda, que o artigo 84 da Lei Complementar n° 75/93 (LOMPU), incube-

lhe, igualmente, a função de “instaurar inquérito civil e outros procedimentos administrativos,

sempre que cabíveis, para assegurar a observância dos direitos sociais dos trabalhadores”.

Dessa forma, o Ministério Público do Trabalho, ao receber denúncia que verse

sobre lesão a direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos, pode propor de imediato

a ação civil pública ou, instaurar, no âmbito administrativo, inquérito civil público ou

procedimento investigatório, com o escopo de formar o seu convencimento e instruir a petição

inicial com elementos probatórios mais seguros para a propositura da ação.

No curso do inquérito civil público ou do procedimento investigatório, a lei faculta

ao Ministério Público tomar dos inquiridos/investigados Termo de Compromisso, também

denominado Termo de Ajuste de Conduta, por meio do qual se evita o ajuizamento da

demanda, sanando-se, pela via extrajudicial, a ilegalidade detectada. Deste termo deve constar

uma cominação, normalmente uma multa, para o caso de descumprimento da obrigação

assumida, reversível ao FAT.

O compromisso reclama sempre, dada a sua natureza indisponível do direito

violado, proposta de integral reparação do dano e estipulação de cominação pelo seu

descumprimento.

Cumpridas as obrigações avençadas, na forma, prazo e condições fixadas, serão

elas consideradas extintas, desaparecendo o interesse de agir dos legitimados.

O termo de Ajuste de conduta tem sido frequentemente utilizado pelo Ministério

Público para obrigar às empresas a cumprir a legislação trabalhista e previdenciária, no

tocante à matéria de salubridade do ambiente laboral.

Ressalta-se, que o Ministério Público poderia utilizar seus instrumentos (Termos

de Ajuste de Conduta – TAC’s e Ações Civis Públicas – ACP’s) de forma pró-ativa e não

reativa, como tem sido feito hoje, mas nem sempre dispõe de informações necessárias que

possam direcionar suas ações.

Por fim, a Previdência Social também apresenta sua parcela de omissão, uma vez

que praticamente restringe sua atuação à concessão de benefícios relativos à manutenção

financeira pela lesão temporária ou permanente, indenização pela lesão incapacitante

permanente, reabilitação profissional e aposentadoria precoce, cujos critérios para concessão

Page 36: 00000 c8d

muitas vezes são deficientes ou injustos. Falta a cultura de uma auditoria em riscos

ocupacionais mais efetiva e sobretudo, preventiva, com a geração de representações aos

órgãos competentes e o ingresso das ações regressivas.

A ineficiência das atuações mencionadas acima é comprovada pela alta demanda

por benefícios ocupacionais (e por benefícios previdenciários que camuflam a causa

ocupacional) que são concedidos pela autarquia previdenciária. Caso os papéis fossem

cumpridos de forma eficaz, isto não aconteceria. O que se constata é,pois, um Estado que

atua desarticulado e sem integração.

Page 37: 00000 c8d

CAPÍTULO 8 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

No momento atual, a situação que se apresenta é a seguinte: boa parte das

empresas não tem priorizado realizar investimentos nem em prevenção e nem na melhoria dos

ambientes de trabalho. A nosso ver, isso se deve a um conjunto de fatores que envolvem os

trabalhadores, setores governamentais e as empresas. A seguir, expomos o que consideramos

ser os principais fatores e tecemos alguns comentários a respeito:

a) O trabalhador é – ou deveria ser – o maior interessado na melhoria das condições

ambientais do trabalho. Ele, através de representações sindicais e similares, pode

pressionar as empresas e conseguir que as mesmas invistam em prevenção e tornem os

ambientes de trabalho salubres. No entanto, na maioria das vezes, não tem sido assim.

Devido a uma cultura imediatista e a uma visão equivocada, o trabalhador está mais

preocupado em receber os adicionais de insalubridade e de periculosidade, e em se

aposentar mais cedo, do que com sua própria saúde. Via de regra, ele realmente só sente

os efeitos negativos para a sua saúde depois de um longo tempo de serviço, um efeito

crônico que se manifesta com 10, 15 ou mais anos de trabalho. Desse modo, até que esses

efeitos sejam sentidos, o trabalhador não percebe o perigo da exposição a que está

submetido.

b) Os diversos órgãos governamentais não estão aparelhados para fiscalizar e exigir das

empresas que tornem os ambientes de trabalho salubres. O Ministério do Trabalho possui

um contingente insuficiente de servidores capacitados para executar essa fiscalização e o

Ministério da Previdência, além de não contar com um número de servidores suficiente,

também não dispõe de pessoal preparado para tal.

Os trabalhadores e suas representações reclamam bastante que os poderes públicos não

exercem suas atividades fiscalizadoras como deveriam e cobram uma atuação nesse

sentido, mas mesmo que esses órgãos estivessem aparelhados para exercerem essa tarefa,

dificilmente conseguiriam êxito sem a participação efetiva desses trabalhadores no

processo. Se houvesse maior participação dos trabalhadores, algo poderia ser feito. Por

exemplo, as Normas Reguladoras (NR) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) têm

força de lei, e as de números 5, 9, 18 e 22 contêm disposições no sentido de os

trabalhadores e suas representações atuarem junto às empresas para conseguirem melhorar

as condições dos ambientes de trabalho, mantendo-os seguros.

Page 38: 00000 c8d

c) Boa parte das empresas não investe em prevenção. Primeiramente, porque se acham

desobrigadas já que não existe pressão significativa por parte dos empregados. Em

segundo lugar, porque não são compelidas a tal pelos órgãos fiscalizadores. Além disso,

geralmente, as empresas pagam salários reduzidos e utilizam os adicionais pagos aos

empregados como complemento salarial. Como repassam o custo dos adicionais de

insalubridade e periculosidade e custo dos adicionais de contribuição previdenciária,

correspondente aos 6%, 9% ou 12% sobre a remuneração, para os custos de produção,

torna-se mais cômodo para as mesmas pagar o numerário do que investir maciçamente em

prevenção no ambiente de trabalho. Se o valor desses adicionais correspondesse a

percentuais, pelo menos próximos aos que deveriam ser para custear as despesas do

benefício pago, provavelmente mais empresas iriam caminhar no sentido de investir para

tornar os ambientes salubres, pois essas despesas se tornariam significativas justificando

investimento na melhoria das condições ambientais de trabalho. Acrescente-se que as

empresas, ao aposentar um trabalhador em tempo precoce, ainda se favorecem por passar

a contabilizar outros ganhos, quais sejam: poder reestruturar os quadros da empresa sem

ônus adicional de uma rescisão de contrato imotivada; afastar empregados com bastante

tempo na empresa e com salários mais altos, contratando outros com salários menores, e

dar oportunidade aos empregados de progredirem na escala hierárquica da empresa.

Ao analisar os acidentes de trabalho, verificamos que no Brasil são notificados

cerca de 390.000 acidentes por ano, cerca de 1.500 acidentes por dia útil trabalhado. Observe-

se que esses números correspondem ao número de Comunicação de Acidentes de Trabalho

(CAT) notificado para o INSS. É sabido que uma boa parte dos acidentes de trabalho e

doenças profissionais e do trabalho não é notificada pelas empresas, por vários motivos. Os

acidentes de trabalho produzem no Brasil cerca de 3.200 óbitos por ano ou 12 óbitos por dia

útil trabalhado. Temos produzido perto de 20.000 trabalhadores com incapacidade

permanente (parcial ou total) por ano ou cerca de 73 por dia. São números que não podem ser

desprezados. Comparando nossa situação com a de outros países, verificamos que no Brasil

ocorrem 113 acidentes fatais por grupo de 1 milhão de segurados (dados do ano 2000); nos

Estados Unidos esse número é de 5, na Inglaterra, de 10 e na Austrália, de 50.

Tudo isso nos conduz à conclusão de que a legislação vigente não atende às

necessidades no que concerne a induzir à melhoria contínua dos ambientes de trabalho, não

fazendo com que as empresas invistam em prevenção de forma a tornar esses ambientes

Page 39: 00000 c8d

salubres. Nossa Constituição Federal reconhece esse fato, como nos mostram os seguintes

dispositivos:

a) O artigo 7º, inciso XXII, afirma que é necessário que se reduzam os riscos inerentes ao

trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.

b) O artigo 7º, inciso XXVIII estabelece a obrigação de o empregador contratar seguro

contra acidente de trabalho em favor de seus empregados, sem o prejuízo de esse

empregador ter de indenizá-los na hipótese incorrer em dolo ou culpa.

c) Em 16 de dezembro de 1998, a EC 20 alterou a redação do artigo 201 da CF e dispôs em

seu § 1º que é vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de

aposentadoria aos beneficiários do RGPS, ressalvados os casos de atividades sob

condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, definidas em lei

complementar.

d) Em seu artigo 15, a EC no. 20/98 determinou que, até que a lei complementar seja

publicada, permanecerá em vigor o disposto nos art. 57 e 58 da Lei no. 8.213/91 na

redação vigente na data de publicação da emenda.

Analisando esses artigos, depreendemos que o legislador deseja que novas regras

sejam elaboradas para a proteção do trabalhador exposto a agentes nocivos no ambiente de

trabalho. A nosso ver, está implícito que os critérios vigentes não satisfazem as

necessidades e que, por conseguinte, devem permanecer em vigor, apenas, enquanto a

nova ordem legal não for estabelecida. Conseqüentemente, acreditamos que uma nova

legislação deverá efetivamente induzir as empresas a tornar salubres os ambientes de

trabalho e a investir em prevenção e que, com isso, seja possível reduzir os riscos de

doenças ocupacionais e do trabalho a níveis aceitáveis. No momento, existem dispositivos

normativos em vigor que, se aplicados complementarmente ou subsidiariamente à LC a

ser elaborada, ajudarão a se obter os resultados esperados. São estes:

a) Artigo 341 do Decreto no. 3048/99 – trata de ação regressiva da Previdência Social contra

os responsáveis, nos casos de negligência quanto às normas de segurança e saúde no

trabalho indicadas para proteção individual e coletiva.

Page 40: 00000 c8d

b) Artigo 342 do Decreto no. 3048/99 – determina o pagamento pela Previdência Social das

prestações decorrentes de acidente de trabalho, mas não exclui a responsabilidade civil da

empresa ou de terceiros.

c) Artigo 343 do Decreto no. 3048/99 – prescreve que deixar de cumprir as normas de

segurança e de saúde do trabalho constitui contravenção penal punível com multa.

d) Artigo 346 do Decreto no. 3048/99 – determina a estabilidade de 12 meses do acidentado

nas empresas, após cessação do auxílio-doença acidentário.

e) Artigo 132 do Código Penal – prevê pena de 3 meses a 1 ano para o crime de exposição

da vida ou da saúde a riscos. Há penas maiores se essa exposição constituir um crime mais

grave.

Para que a Lei Complementar a ser elaborada, subsidiada pelos dispositivos legais

vigentes, conduza a uma mudança da situação atual, ela deverá atingir também os

trabalhadores. É necessário, portanto, que além de conter dispositivos que induzam as

empresas a uma melhora da salubridade dos ambientes de trabalho, a lei possua mecanismos

que promovam a conscientização dos segurados de que a sua saúde e integridade física são os

seus bens mais valiosos, os quais não podem ser trocados por um plus salarial e por uma

aposentadoria precoce.

Entretanto, enquanto nosso trabalhador não tiver internalizado que a sua saúde e

integridade física não devem ser afetadas no seu ambiente laboral em grau superior ao que é

afetada em sua vida fora da empresa; até que os empregadores se conscientizem de que os

ambientes de trabalho devem ser salubres e incorporem a idéia de que o maior patrimônio de

uma empresa é seu quadro funcional, é necessário que esse benefício continue integrado ao

Regime Geral da Previdência Social.

Espera-se que a elaboração da Lei Complementar, cuja previsão está contida no

parágrafo primeiro do artigo 201 da CF seja prioridade do Congresso Nacional. E que isso

seja realizado com a participação de pessoas que conheçam de fato do assunto e que possam

efetivamente contribuir. A nosso ver, para que se crie um instrumento eficaz em seu

propósito, deve haver representantes dos trabalhadores, dos empregadores, do Governo e da

sociedade, como um todo, envolvidos na sua elaboração. Além disso, os critérios a serem

Page 41: 00000 c8d

adotados devem ser estritamente técnicos e estudos para respaldar o projeto de lei devem

preceder a sua elaboração.

Esperamos que em breve tenhamos uma legislação, que, se não for a ideal, pelo

menos comece a reverter a situação atual, a fim de que para nossos filhos e netos sejam

reservados ambientes de trabalho enfim salubres e, conseqüentemente, mais humanos.

Se o Estado quer, de fato, ter uma ação efetiva na área de segurança e saúde do

trabalho, deve também efetuar o planejamento de suas ações em conjunto, equacionando as

diversas prioridades dos órgãos envolvidos a um denominador comum.

O principal norteador deste planejamento não pode ser outro senão a estatística de

benefícios acidentários e previdenciários. Esta estatística pode ser tratada considerando-se os

segmentos, as profissões ou as doenças mais agressivas à saúde, com maior quantidade de

benefícios. Estes números podem, ainda, ser considerados de forma absoluta – quantidade de

benefícios por segmento, profissão ou doença – ou relativa – percentual destes benefícios

sobre o total de trabalhadores.

Outro critério que pode ser utilizado, porém com reservas, é o montante de

despesas com estes benefícios, de forma a diminuir o desequilíbrio existente hoje no sistema.

Porém, este critério só deve ser usado de modo restrito, pois o objetivo principal é o número

de vidas preservadas e não os valores que estas vidas custam aos cofres da Previdência.

Futuramente, novos parâmetros podem ser utilizados neste planejamento, como

informações de GFIP e de CAT’s registradas, bem como informações geradas pelos outros

órgãos, que deverão ser cruzadas com os benefícios concedidos.

Apenas o planejamento conjunto não garante a efetividade na melhoria do

ambiente do trabalho. É preciso mapear todas as interfaces comuns entre os diversos órgãos,

com prioridade para o Ministério Público do Trabalho e as Delegacias Regionais do Trabalho.

Uma vez identificadas as interfaces, deve-se determinar o que pode ser

implementado via sistemas e o que deve se restringir a especificação de procedimentos. Além

disto, deve-se estudar qual o instrumento mais adequado para propositura destas mudanças,

por exemplo: convênios, instruções normativas, portarias interministeriais, entre outros.

Page 42: 00000 c8d

Para a produção de informações para os níveis estratégicos do INSS, fala-se muito

em inteligência fiscal. Inteligência fiscal nada mais é que sistematizar ao máximo a análise

crítica da Auditoria Fiscal, reduzindo a um mínimo o esforço empregado para estudo de

comportamento dos segmentos.

Este processo é cíclico: a cada descoberta de um novo parâmetro, que possa

indicar um comportamento anormal por parte empresas, deve ser estudada a possibilidade de

implementação do seu tratamento via sistemas. E com novas informações produzidas,

provavelmente novos parâmetros serão descobertos. O mesmo ocorre com os desvios que não

traduzem indícios de mau comportamento por parte das empresas: se possível, também deve

ser implementada a sua desconsideração.

Um dos cuidados que se deve ter neste processo é a não acomodação aos

paradigmas anteriormente construídos. A criatividade deve ser estimulada continuamente. Isto

pode abranger a atuação de outros especialistas. Por exemplo, agregar a análise crítica dos

médicos peritos nas estatísticas da incidência x prevalência de acidentes do trabalho, mais

precisamente, das doenças ocupacionais

Tudo que foi exposto, no decorrer desta monografia, foi baseada na atuação

corretiva do Estado, sobre o passivo de benefícios relacionados ao mau gerenciamento do

meio ambiente do trabalho. No entanto, a melhor visão de futuro que poderá ser construída,

está relacionada à atuação preventiva.

Não é necessário esperar a construção de tudo o que foi projetado no âmbito

corretivo, para então começar a se pensar no âmbito preventivo. Para viabilizar as ações

preventivas, num futuro não muito distante, é imprescindível que comece a ser traçada agora

toda a sistemática necessária à implementação destas.

Page 43: 00000 c8d

BIBLIOGRAFIA

DELGADO , Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 4ª edição. Editora LTR. São

Paulo, 2005.

IBRAHIM , Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 2ª edição. Editora Impetus. Rio

de Janeiro, 2003.

LAZZARI , João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 6 ª ed. São Paulo. Editora LTR, 2005.

LEITE , Carlos Henrique Bezerra. Ministério Público do Trabalho. 2ª. ed. Editora LTR,

2003.

MARTINEZ , Wladimir Novaes. Comentários a Lei Básica da Previdência Social: Plano de

Custeio. 4ª ed. São Paulo: LTR, 2003. Tomo I

MARTINS , Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 17ª edição. Editora Atlas. São Paulo,2003.

MILARÉ , Édis. Direito do Ambiente. 3ª edição. Editora RT, 2004.

MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, sítio Eletrônico

(www.previdenciasocial.gov.br).

REVISTA DA SEGURIDADE SOCIAL . Brasilia, ANFIP,n.78,79 80,81/2004

REVISTA DA SEGURIDADE SOCIAL . Brasília: ANFIP, nº. 74,75,76 e77 /2003

ROMANO , Eduardo Ítalo. Curso de Direito Previdenciário. 1ª. ed. Niterói: Impetus, 2003.

Page 44: 00000 c8d

ANEXO - LEGISLAÇÃO

LEI Nº 3.807, DE 26 DE AGOSTO DE 1960.

Dispõe sobre a Lei Orgânica da

Previdência Social.

TITULO I

Introdução

CAPÍTULO ÚNICO

Art. 1º A previdência social organizada na forma desta lei, tem por fim assegurar aos

seus beneficiários os meios indispensáveis de manutenção, por motivo de idade

avançada, incapacidade, tempo de serviço, prisão ou morte daqueles de quem

dependiam economicamente, bem como a prestação de serviços que visem à proteção

de sua saúde e concorram para o seu bem-estar.

Art. 22. As prestações asseguradas pela previdência social consistem em benefícios e

serviços, a saber:

(Redação dada pela Lei nº. 5.890, de 8.6.1973)

I - quanto aos segurados: (Redação dada pela Lei nº. 5.890, de 8.6.1973)

a) auxílio-doença; (Redação dada pela Lei nº. 5.890, de 8.6.1973)

b) aposentadoria por invalidez; (Redação dada pela Lei nº. 5.890, de 8.6.1973)

c) aposentadoria por velhice; (Redação dada pela Lei nº 5.890, de 8.6.1973)

d) aposentadoria especial; (Redação dada pela Lei nº 5.890, de 8.6.1973)

e) aposentadoria por tempo de serviço; (Redação dada pela Lei nº 5.890, de 8.6.1973)

f) auxílio-natalidade; (Redação dada pela Lei nº 5.890, de 8.6.1973)

g) pecúlio; e (Redação dada pela Lei nº 5.890, de 8.6.1973)

h) salário-família. (Redação dada pela Lei nº 5.890, de 8.6.1973)

II - quanto aos dependentes: (Redação dada pela Lei nº 5.890, de 8.6.1973)

a) pensão; (Redação dada pela Lei nº 5.890, de 8.6.1973)

Page 45: 00000 c8d

b) auxílio-reclusão; (Redação dada pela Lei nº 5.890, de 8.6.1973)

c) auxílio-funeral; e (Redação dada pela Lei nº 5.890, de 8.6.1973)

d) pecúlio. (Redação dada pela Lei nº 5.890, de 8.6.1973)

III - quanto aos beneficiários em geral: (Redação dada pela Lei nº 5.890, de 8.6.1973)

a) assistência médica, farmacêutica e odontológica; (Redação dada pela Lei nº 5.890, de

8.6.1973)

b) assistência complementar; e (Redação dada pela Lei nº 5.890, de 8.6.1973)

c) assistência reeducativa e de readaptação profissional. (Redação dada pela Lei nº 5.890, de

8.6.1973)

CAPÍTULO V

DA APOSENTADORIA ESPECIAL

Art 31. A aposentadoria especial será concedida ao segurado que, contando no mínimo 50

(cinqüenta) anos de idade e 15 (quinze) anos de contribuições tenha trabalhado durante 15

(quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos pelo menos, conforme a atividade profissional,

em serviços, que, para êsse efeito, forem considerados penosos, insalubres ou perigosos, por

Decreto do Poder Executivo.

§ 1º A aposentadoria especial consistirá numa renda mensal calculada na forma do 4º do art.

27, aplicando-se-lhe, outrossim o disposto no § 1º do art. 20.

§ 2º Reger-se-á pela respectiva legislação especial a aposentadoria dos aeronautas e a dos

jornalistas profissionais.

Brasília, 26 de agôsto de 1960; 139º da Independência e 72º da República.

JUSCELINO KUBITSCHEK

Page 46: 00000 c8d

DECRETO No 83.080, DE 24 DE JANEIRO DE 1979.

Aprova o Regulamento dos Benefícios da

Previdência Social.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso das atribuições que lhe confere o item III

do artigo 81 da Constituição e tendo em vista a Lei nº 6.439, de 1º de setembro de

1977, que instituiu o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social - SINPAS,

DECRETA:

Art 1º - Fica aprovado o Regulamento dos Benefícios da Previdência Social, que

acompanha este decreto, com seus 9 (nove) anexos.

Art 2º - A matéria referente a assistência médica, assistência social, custeio,

administração e gestão econômico-financeira e patrimonial das entidades integrantes

do SINPAS será objeto de regulamentação especifica, aplicável, no que couber, aos

benefícios da previdência social.

Art 3º - Ficam revogadas as disposições em contrário, especialmente os dispositivos

regulamentares referentes a benefícios.

Art 4º - Este decreto entrará em vigor em 1º de março de 1979.

Brasília, 24 de janeiro de 1979; 158º da Independência e 91º da República.

ERNESTO GEISEL

Page 47: 00000 c8d

LEI N o 6.887, DE 10 DE DEZEMBRO DE 1980.

Altera a legislação da Previdência Social Urbanas

e dá outras providências

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e

eu sanciono a seguinte Lei:

Art 1º A Lei nº 3.807, de 26 de agosto de 1960, que dispõe sobre a Lei Orgânica da

Previdência Social, com as modificações posteriores, passa a vigorar com as seguintes

alterações:

"Art. 9º ...................................... .........................................

4º O tempo de serviço exercido alternadamente em atividades comuns e em atividades que, na

vigência desta Lei, sejam ou venham a ser consideradas penosas, insalubres ou perigosas, será

somado, após a respectiva conversão, segundo critérios de equivalência a serem fixados pelo

Ministério da Previdência Social, para efeito de aposentadoria de qualquer espécie."

Brasília, em 10 de dezembro de 1980; 159º da Independência e 92º da República.

JOÃO FIGUEIREDO

Jair Soares

Page 48: 00000 c8d

LEI Nº 8.213, DE 24 DE JULHO DE 1991.

Dispõe sobre os Planos de Benefícios da

Previdência Social e dá outras providências

Da Aposentadoria Especial

Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei,

ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a

integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme

dispuser a lei. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)

§ 1º A aposentadoria especial, observado o disposto no art. 33 desta Lei, consistirá numa

renda mensal equivalente a 100% (cem por cento) do salário-de-benefício. (Redação dada

pela Lei nº 9.032, de 1995)

§ 2º A data de início do benefício será fixada da mesma forma que a da aposentadoria por

idade, conforme o disposto no art. 49.

§ 3º A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante

o Instituto Nacional do Seguro Social–INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional

nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física,

durante o período mínimo fixado. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)

§ 4º O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos

químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade

física, pelo período equivalente ao exigido para a concessão do benefício. (Redação dada pela

Lei nº 9.032, de 1995)

§ 5º O tempo de trabalho exercido sob condições especiais que sejam ou venham a ser

consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva

conversão ao tempo de trabalho exercido em atividade comum, segundo critérios

estabelecidos pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, para efeito de concessão de

qualquer benefício. (Incluído pela Lei nº 9.032, de 1995)

§ 6º O benefício previsto neste artigo será financiado com os recursos provenientes da

contribuição de que trata o inciso II do art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas

Page 49: 00000 c8d

alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade

exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial

após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente. (Redação dada pela

Lei nº 9.732, de 11.12.98)

§ 7º O acréscimo de que trata o parágrafo anterior incide exclusivamente sobre a remuneração

do segurado sujeito às condições especiais referidas no caput. (Incluído pela Lei nº 9.732, de

11.12.98)

§ 8º Aplica-se o disposto no art. 46 ao segurado aposentado nos termos deste artigo que

continuar no exercício de atividade ou operação que o sujeite aos agentes nocivos constantes

da relação referida no art. 58 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.732, de 11.12.98)

Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes

prejudiciais à saúde ou à integridade física considerados para fins de concessão da

aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definida pelo Poder Executivo.

(Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)

§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante

formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido

pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do

trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos

da legislação trabalhista. (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98)

§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a

existência de tecnologia de proteção coletiva ou individual que diminua a intensidade do

agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a sua adoção pelo

estabelecimento respectivo. (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98)

§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos

existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de

comprovação de efetiva exposição em desacordo com o respectivo laudo estará sujeita à

penalidade prevista no art. 133 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)

§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as

atividades desenvolvidas pelo trabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de

trabalho, cópia autêntica desse documento.(Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)

Page 50: 00000 c8d

LEI Nº 9.032, DE 28 DE ABRIL DE 1995.

Dispõe sobre o valor do salário mínimo, altera

dispositivos das Leis nº 8.212 e nº 8.213, ambas

de 24 de julho de 1991, e dá outras providências.

Art. 3º. A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, passa a vigorar com as seguintes alterações:

Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida

nesta lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que

prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25

(vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei.

§ 1º A aposentadoria especial, observado o disposto no art. 33 desta lei,

consistirá numa renda mensal equivalente a 100% (cem por cento) do salário-

de-benefício.

§ 3º A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo

segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), do tempo de

trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais

que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo

fixado.

§ 4º O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos

agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes

prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao

exigido para a concessão do benefício.

§ 5º O tempo de trabalho exercido sob condições especiais que sejam ou

venham a ser consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será

somado, após a respectiva conversão ao tempo de trabalho exercido em

atividade comum, segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da

Previdência e Assistência Social, para efeito de concessão de qualquer

benefício.

§ 6º É vedado ao segurado aposentado, nos termos deste artigo, continuar no

exercício de atividade ou operações que o sujeitem aos agentes nocivos

constantes da relação referida no art. 58 desta lei.

Page 51: 00000 c8d

LEI Nº 9.528, DE 10 DE DEZEMBRO DE 1997.

Altera dispositivos das Leis nºs 8.212 e 8.213,

ambas de 24 de julho de 1991, e dá outras

providências.

Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes

prejudiciais à saúde ou à integridade física considerados para fins de concessão da

aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definida pelo Poder Executivo.

(Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)

§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante

formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido

pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do

trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos

da legislação trabalhista. (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98)

§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a

existência de tecnologia de proteção coletiva ou individual que diminua a intensidade do

agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a sua adoção pelo

estabelecimento respectivo. (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98)

§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos

existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de

comprovação de efetiva exposição em desacordo com o respectivo laudo estará sujeita à

penalidade prevista no art. 133 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)

§ 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as

atividades desenvolvidas pelo trabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de

trabalho, cópia autêntica desse documento.(Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997).

Page 52: 00000 c8d

LEI Nº 9.711, DE 20 DE NOVEMBRO DE 1998.

Art. 28. O Poder Executivo estabelecerá critérios para a conversão do tempo de trabalho

exercido até 28 de maio de 1998, sob condições especiais que sejam prejudiciais à saúde ou à

integridade física, nos termos dos arts. 57 e 58 da Lei no 8.213, de 1991, na redação dada

pelas Leis nos 9.032, de 28 de abril de 1995, e 9.528, de 10 de dezembro de 1997, e de seu

regulamento, em tempo de trabalho exercido em atividade comum, desde que o segurado

tenha implementado percentual do tempo necessário para a obtenção da respectiva

aposentadoria especial, conforme estabelecido em regulamento.

Page 53: 00000 c8d

DECRETO Nº 4.729, DE 9 DE JUNHO DE 2003.

Altera dispositivos do Regulamento da

Previdência Social, aprovado pelo Decreto

no 3.048, de 6 de maio de 1999, e dá

outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV,

da Constituição,

DECRETA:

Art. 1º O Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 6 de maio

de 1999, passa a vigorar com as seguintes alterações:

Art. 68. .................................................

§ 6º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico previdenciário,

abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e fornecer a este, quando da rescisão

do contrato de trabalho ou do desligamento do cooperado, cópia autêntica deste documento,

sob pena da multa prevista no art. 283.

§ 9º A cooperativa de trabalho atenderá ao disposto nos §§ 2º e 6º com base nos laudos

técnicos de condições ambientais de trabalho emitido pela empresa contratante, por seu

intermédio, de cooperados para a prestação de serviços que os sujeitem a condições

ambientais de trabalho que prejudiquem a saúde ou a integridade física, quando o serviço for

prestado em estabelecimento da contratante.

§ 10. Aplica-se o disposto no § 9º à empresa contratada para prestar serviços mediante cessão

ou empreitada de mão-de-obra." (NR)

Brasília, 9 de junho de 2003; 182º da Independência e 115º da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Ricardo José Ribeiro Berzoini

Page 54: 00000 c8d

EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998

Modifica o sistema de previdência social,

estabelece normas de transição e dá outras

providências.

"Art. 201 - A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de

caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o

equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:

I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;

II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;

III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;

IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa

renda;

V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e

dependentes, observado o disposto no § 2º.

§ 1º - É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de

aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os

casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a

integridade física, definidos em lei complementar.

Art. 15 - Até que a lei complementar a que se refere o art. 201, § 1º, da Constituição Federal,

seja publicada, permanece em vigor o disposto nos arts. 57 e 58 da Lei nº 8213, de 24 de julho

de 1991, na redação vigente à data da publicação desta Emenda.

Art. 16 - Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 17 - Revoga-se o inciso II do § 2º do art. 153 da Constituição Federal.

Brasília, 15 de dezembro de 1998.

Mesa da Câmara dos Deputados

Deputado MICHEL TEMER

Page 55: 00000 c8d

DECRETO No 3.048, DE 6 DE MAIO DE 1999.

Aprova o Regulamento da Previdência

Social, e dá outras providências.

Art. 1o O Regulamento da Previdência Social passa a vigorar na forma do texto apenso ao

presente Decreto, com seus anexos.

Art. 2o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 6 de maio de 1999; 178o da Independência e 111o da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Waldeck Ornélas

Da Aposentadoria Especial

Art. 64. A aposentadoria especial, uma vez cumprida a carência exigida, será devida ao

segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual, este somente quando

cooperado filiado a cooperativa de trabalho ou de produção, que tenha trabalhado durante

quinze, vinte ou vinte e cinco anos, conforme o caso, sujeito a condições especiais que

prejudiquem a saúde ou a integridade física. (Redação dada pelo Decreto nº 4.729, de

9.6.2003)

§ 1º A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante

o Instituto Nacional do Seguro Social, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem

intermitente, exercido em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade

física, durante o período mínimo fixado no caput.

§ 2º O segurado deverá comprovar a efetiva exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,

biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período

equivalente ao exigido para a concessão do benefício.(Redação dada pelo Decreto nº 4.079, de

9.1.2002)

Art. 65. Considera-se trabalho permanente, para efeito desta Subseção, aquele que é exercido

de forma não ocasional nem intermitente, no qual a exposição do empregado, do trabalhador

avulso ou do cooperado ao agente nocivo seja indissociável da produção do bem ou da

prestação do serviço. (Redação dada pelo Decreto nº 4.882, de 18.11.2003)

Page 56: 00000 c8d

Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput aos períodos de descanso determinados pela

legislação trabalhista, inclusive férias, aos de afastamento decorrentes de gozo de benefícios

de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez acidentários, bem como aos de percepção de

salário-maternidade, desde que, à data do afastamento, o segurado estivesse exercendo

atividade considerada especial. (Incluído pelo Decreto nº 4.882, de 18.11.2003)

Art. 66. Para o segurado que houver exercido sucessivamente duas ou mais atividades sujeitas

a condições especiais prejudiciais à saúde ou à integridade física, sem completar em qualquer

delas o prazo mínimo exigido para a aposentadoria especial, os respectivos períodos serão

somados após conversão, conforme tabela abaixo, considerada a atividade preponderante:

TEMPO A CONVERTER MULTIPLICADORES

PARA 15 PARA 20 PARA 25

DE 15 ANOS - 1,33 1,67

DE 20 ANOS 0,75 - 1,25

DE 25 ANOS 0,60 0,80 -

Art. 67. A aposentadoria especial consiste numa renda mensal calculada na forma do inciso V

do caput do art. 39.

Art. 68. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes

prejudiciais à saúde ou à integridade física, considerados para fins de concessão de

aposentadoria especial, consta do Anexo IV.

§ 1º As dúvidas sobre o enquadramento dos agentes de que trata o caput, para efeito do

disposto nesta Subseção, serão resolvidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego e pelo

Ministério da Previdência e Assistência Social.

§ 2º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante

formulário denominado Perfil Profissiográfico Previdenciário, na forma estabelecida pelo

Instituto Nacional do Seguro Social, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em

laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou

engenheiro de segurança do trabalho. (Redação dada pelo Decreto nº 4.032, de 26.11.2001)

§ 3o Do laudo técnico referido no § 2o deverá constar informação sobre a existência de

tecnologia de proteção coletiva, de medidas de caráter administrativo ou de organização do

trabalho, ou de tecnologia de proteção individual, que elimine, minimize ou controle a

Page 57: 00000 c8d

exposição a agentes nocivos aos limites de tolerância, respeitado o estabelecido na legislação

trabalhista. (Redação dada pelo Decreto nº 4.882, de 18.11.2003)

§ 4º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos

existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de

comprovação de efetiva exposição em desacordo com o respectivo laudo estará sujeita à multa

prevista no art. 283.

§ 5o O INSS definirá os procedimentos para fins de concessão do benefício de que trata esta

Subseção, podendo, se necessário, inspecionar o local de trabalho do segurado para confirmar

as informações contidas nos referidos documentos. (Redação dada pelo Decreto nº 4.882, de

18.11.2003)

§ 6º A empresa deverá elaborar e manter atualizado Perfil Profissiográfico Previdenciário,

abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e fornecer a este, quando da rescisão

do contrato de trabalho ou do desligamento do cooperado, cópia autêntica deste documento,

sob pena da multa prevista no art. 283. (Redação dada pelo Decreto nº 4.729, de 9.6.2003)

§ 7o O laudo técnico de que tratam os §§ 2o e 3o deverá ser elaborado com observância das

normas editadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego e dos atos normativos expedidos

pelo INSS. (Redação dada pelo Decreto nº 4.882, de 18.11.2003)

§ 8º Considera-se perfil profissiográfico previdenciário, para os efeitos do § 6º, o documento

histórico-laboral do trabalhador, segundo modelo instituído pelo Instituto Nacional do Seguro

Social, que, entre outras informações, deve conter registros ambientais, resultados de

monitoração biológica e dados administrativos.(Parágrafo incluído pelo Decreto nº 4.032, de

26.11.2001)

§ 9º A cooperativa de trabalho atenderá ao disposto nos §§ 2º e 6º com base nos laudos

técnicos de condições ambientais de trabalho emitido pela empresa contratante, por seu

intermédio, de cooperados para a prestação de serviços que os sujeitem a condições

ambientais de trabalho que prejudiquem a saúde ou a integridade física, quando o serviço for

prestado em estabelecimento da contratante. (Incluído pelo Decreto nº 4.729, de 9.6.2003)

§ 10. Aplica-se o disposto no § 9º à empresa contratada para prestar serviços mediante cessão

ou empreitada de mão-de-obra. (Incluído pelo Decreto nº 4.729, de 9.6.2003)

§ 11. As avaliações ambientais deverão considerar a classificação dos agentes nocivos e os

limites de tolerância estabelecidos pela legislação trabalhista, bem como a metodologia e os

Page 58: 00000 c8d

procedimentos de avaliação estabelecidos pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de

Segurança e Medicina do Trabalho - FUNDACENTRO. (Incluído pelo Decreto nº 4.882, de

18.11.2003)

Art. 69. A data de início da aposentadoria especial será fixada conforme o disposto nos

incisos I e II do art. 52.

Parágrafo único. Aplica-se o disposto no art. 48 ao segurado que retornar ao exercício de

atividade ou operações que o sujeitem aos agentes nocivos constantes do Anexo IV, ou nele

permanecer, na mesma ou em outra empresa, qualquer que seja a forma de prestação do

serviço, ou categoria de segurado, a partir da data do retorno à atividade. (Redação dada pelo

Decreto nº 4.729, de 9.6.2003)

Art. 70. A conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade

comum dar-se-á de acordo com a seguinte tabela: (Redação dada pelo Decreto nº 4.827, de

3.9.2003)

TEMPO A CONVERTER MULTIPLICADORES

MULHER (PARA 30) HOMEM (PARA 35)

DE 15 ANOS 2,00 2,33

DE 20 ANOS 1,50 1,75

DE 25 ANOS 1,20 1,40

§ 1o A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais

obedecerá ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço. (Parágrafo

incluído pelo Decreto nº 4.827, de 3.9.2003)

§ 2o As regras de conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de

atividade comum constantes deste artigo aplicam-se ao trabalho prestado em qualquer

período. (Parágrafo incluído pelo Decreto nº 4.827, de 3.9.2003)

ANEXO IV DO REGULAMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES NOCIVOS

TEMPO DE EXPOSIÇÃO

Page 59: 00000 c8d

CÓDIGO AGENTE NOCIVO EXPOSIÇÃO

__________________________________________________________________

1.0.0 AGENTES QUÍMICOS

O que determina o direito ao benefício é a exposição do trabalhador ao agente nocivo

presente no ambiente de trabalho e no processo produtivo, em nível de concentração

superior aos limites de tolerância estabelecidos. (Redação dada pelo Decreto, nº 3.265,

de 29.11.99)

O rol de agentes nocivos é exaustivo, enquanto que as atividades listadas, nas quais

pode haver a exposição, é exemplificativa. (Rdação dada pelo Decreto, nº 3.265, de

29.11.99)

____________________________________________________________________

1.0.1 ARSÊNIO E SEUS COMPOSTOS 25 ANOS

a) extração de arsênio e seus compostos tóxicos;

b) metalurgia de minérios arsenicais;

c) utilização de hidrogênio arseniado (arsina) em sínteses orgânicas e no

processamento de componentes eletrônicos;

d) fabricação e preparação de tintas e lacas;

e) fabricação, preparação e aplicação de inseticidas, herbicidas, parasiticidas e

raticidas com a utilização de compostos de arsênio;

f) produção de vidros, ligas de chumbo e medicamentos com a utilização de

compostos de arsênio;

g) conservação e curtume de peles, tratamento e preservação da madeira com a

utilização de compostos de arsênio.

___________________________________________________________________

1.0.2 ASBESTOS 20 ANOS

a) extração, processamento e manipulação de rochas amiantíferas;

b) fabricação de guarnições para freios, embreagens e materiais isolantes contendo

asbestos;

Page 60: 00000 c8d

c) fabricação de produtos de fibrocimento;

d) mistura, cardagem, fiação e tecelagem de fibras de asbestos.

_________________________________________________________________

1.0.3 BENZENO E SEUS COMPOSTOS TÓXICOS 25 ANOS

a) produção e processamento de benzeno;

b) utilização de benzeno como matéria-prima em sínteses orgânicas e na produção de

derivados;

c) utilização de benzeno como insumo na extração de óleos vegetais e álcoois;

d) utilização de produtos que contenham benzeno, como colas, tintas, vernizes,

produtos gráficos e solventes;

e) produção e utilização de clorobenzenos e derivados;

f) fabricação e vulcanização de artefatos de borracha;

g) fabricação e recauchutagem de pneumáticos.

____________________________________________________________________

1.0.4 BERÍLIO E SEUS COMPOSTOS TÓXICOS 25 ANOS

a) extração, trituração e tratamento de berílio;

b) fabricação de compostos e ligas de berílio;

c) fabricação de tubos fluorescentes e de ampolas de raio X;

d) fabricação de queim

f) utilização do berílio na indústria aeroespacial.

____________________________________________________________________

1.0.5 BROMO E SEUS COMPOSTOS TÓXICOS 25 ANOS

a) fabricação e emprego do bromo e do ácido brômico.

_____________________________________________________________________

1.0.6 CÁDMIO E SEUS COMPOSTOS TÓXICOS 25 ANOS

a) extração, tratamento e preparação de ligas de cádmio;

b) fabricação de compostos de cádmio;

Page 61: 00000 c8d

c) utilização de eletrodos de cádmio em soldas;

d) utilização de cádmio no revestimento eletrolítico de metais;

e) utilização de cádmio como pigmento e estabilizador na indústria do plástico;

f) fabricação de eletrodos de baterias alcalinas de níquel-cádmio.

_______________________________________________________________

1.0.7 CARVÃO MINERAL E SEUS DERIVADOS 25 ANOS

a) extração, fabricação, beneficiamento e utilização de carvão mineral, piche,

alcatrão, betume e breu;

b) extração, produção e utilização de óleos minerais e parafinas;

c) extração e utilização de antraceno e negro de fumo;

d) produção de coque.

_____________________________________________________________________

1.0.8 CHUMBO E SEUS COMPOSTOS TÓXICOS 25 ANOS

a) extração e processamento de minério de chumbo;

b) metalurgia e fabricação de ligas e compostos de chumbo;

c) fabricação e reformas de acumuladores elétricos;

d) fabricação e emprego de chumbo-tetraetila e chumbo-tetrametila;

e) fabricação de tintas, esmaltes e vernizes à base de compostos de chumbo;

f) pintura com pistola empregando tintas com pigmentos de chumbo;

g) fabricação de objetos e artefatos de chumbo e suas ligas;

h) vulcanização da borracha pelo litargírio ou outros compostos de chumbo;

i) utilização de chumbo em processos de soldagem;

j) fabricação de vidro, cristal e esmalte vitrificado;

l) fabricação de pérolas artificiais;

m) fabricação e utilização de aditivos à base de chumbo para a indústria de

plásticos.

____________________________________________________________________

Page 62: 00000 c8d

1.0.9 CLORO E SEUS COMPOSTOS TÓXICOS 25 ANOS

a) fabricação e emprego de defensivos organoclorados;

b) fabricação e emprego de cloroetilaminas (mostardas nitrogenadas);

c) fabricação e manuseio de bifenis policlorados (PCB);

d) fabricação e emprego de cloreto de vinil como monômero na fabricação de

policloreto de vinil (PVC) e outras resinas e como intermediário em produções

químicas ou como solvente orgânico;

e) fabricação de policloroprene;

f) fabricação e emprego de clorofórmio (triclorometano) e de tetracloreto de

carbono.

__________________________________________________________________

1.0.10 CROMO E SEUS COMPOSTOS TÓXICOS 25 ANOS

a) fabricação, emprego industrial, manipulação de cromo, ácido crômico,

cromatos e bicromatos;

b) fabricação de ligas de ferro-cromo;

c) revestimento eletrolítico de metais e polimento de superfícies cromadas;

d) pintura com pistola utilizando tintas com pigmentos de cromo;

e) soldagem de aço inoxidável.

___________________________________________________________________

1.0.11 DISSULFETO DE CARBONO 25 ANOS

a) fabricação e utilização de dissulfeto de carbono;

b) fabricação de viscose e seda artificial (raiom) ;

c) fabricação e emprego de solventes, inseticidas e herbicidas contendo

dissulfeto de carbono;

d) fabricação de vernizes, resinas, sais de amoníaco, de tetracloreto de carbono,

de vidros óticos e produtos têxteis com uso de dissulfeto de carbono.

Page 63: 00000 c8d

1.0.12 FÓSFORO E SEUS COMPOSTOS TÓXICOS 25 ANOS

a) extração e preparação de fósforo branco e seus compostos;

b) fabricação e aplicação de produtos fosforados e organofosforados (sínteses

orgânicas, fertilizantes e praguicidas);

c) fabricação de munições e armamentos explosivos.

______________________________________________________________

1.0.13 IODO 25 ANOS

a) fabricação e emprego industrial do iodo.

_____________________________________________________________________

1.0.14 MANGANÊS E SEUS COMPOSTOS 25 ANOS

a) extração e beneficiamento de minérios de manganês;

b) fabricação de ligas e compostos de manganês;

c) fabricação de pilhas secas e acumuladores;

d) preparação de permanganato de potássio e de corantes;

e) fabricação de vidros especiais e cerâmicas;

f) utilização de eletrodos contendo manganês;

g) fabricação de tintas e fertilizantes.

________________________________________________________________

1.0.15 MERCÚRIO E SEUS COMPOSTOS 25 ANOS

a) extração e utilização de mercúrio e fabricação de seus compostos;

b) fabricação de espoletas com fulminato de mercúrio;

c) fabricação de tintas com pigmento contendo mercúrio;

d) fabricação e manutenção de aparelhos de medição e de laboratório;

e) fabricação de lâmpadas, válvulas eletrônicas e ampolas de raio X;

f) fabricação de minuterias, acumuladores e retificadores de corrente;

g) utilização como agente catalítico e de eletrólise;

Page 64: 00000 c8d

h) douração, prateamento, bronzeamento e estanhagem de espelhos e metais;

i) curtimento e feltragem do couro e conservação da madeira;

j) recuperação do mercúrio;

l) amalgamação do zinco.

m) tratamento a quente de amálgamas de metais;

n) fabricação e aplicação de fungicidas.

___________________________________________________________________

1.0.16 NÍQUEL E SEUS COMPOSTOS TÓXICOS 25 ANOS

a) extração e beneficiamento do níquel;

b) niquelagem de metais;

c) fabricação de acumuladores de níquel-cádmio.

________________________________________________________________

17. PETRÓLEO, XISTO BETUMINOSO, GÁS NATURAL25 ANOS

E SEUS DERIVADOS

a) extração, processamento, beneficiamento e atividades de manutenção

realizadas em unidades de extração, plantas petrolíferas e petroquímicas;

b) beneficiamento e aplicação de misturas asfálticas contendo hidrocarbonetos

policíclicos.

_____________________________________________________________________

1.0.18 SÍLICA LIVRE 25 ANOS

a) extração de minérios a céu aberto;

b) beneficiamento e tratamento de produtos minerais geradores de poeiras

contendo sílica livre cristalizada;

c) tratamento, decapagem e limpeza de metais e fosqueamento de vidros com

jatos de areia;

d) fabricação, processamento, aplicação e recuperação de materiais refratários;

e) fabricação de mós, rebolos e de pós e pastas para polimento;

Page 65: 00000 c8d

f) fabricação de vidros e cerâmicas;

g) construção de túneis;

h) desbaste e corte a seco de materiais contendo sílica.

___________________________________________________________________

1.0.19 OUTRAS SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS 25 ANOS

GRUPO I - ESTIRENO; BUTADIENO-ESTIRENO; ACRILONITRILA; 1-3

BUTADIENO; CLOROPRENO; MERCAPTANOS, n-HEXANO,

DIISOCIANATO DE TOLUENO (TDI); AMINAS AROMÁTICAS

a) fabricação e vulcanização de artefatos de borracha;

b) fabricação e recauchutagem de pneus.

GRUPO II - AMINAS AROMÁTICAS, AMINOBIFENILA, AURAMINA,

AZATIOPRINA, BIS (CLORO METIL) ÉTER, 1-4 BUTANODIOL,

DIMETANOSULFONATO (MILERAN), CICLOFOSFAMIDA,

CLOROAMBUCIL, DIETILESTIL-BESTROL, ACRONITRILA,

NITRONAFTILAMINA 4-DIMETIL-AMINOAZOBENZENO,

BENZOPIRENO, BETA-PROPIOLACTONA, BISCLOROETILETER,

BISCLOROMETIL, CLOROMETILETER, DIANIZIDINA,

DICLOROBENZIDINA, DIETILSULFATO, DIMETILSULFATO,

ETILENOAMINA, ETILENOTIUREIA, FENACETINA, IODETO DE

METILA, ETILNITROSURÉIAS, METILENO-ORTOCLOROANILINA

(MOCA), NITROSAMINA, ORTOTOLUIDINA, OXIME-TALONA,

PROCARBAZINA, PROPANOSULTONA, 1-3-BUTADIENO, ÓXIDO DE

ETILENO, ESTILBENZENO, DIISOCIANATO DE TOLUENO (TDI),

CREOSOTO, 4-AMINODIFENIL, BENZIDINA, BETANAFTILAMINA,

ESTIRENO, 1-CLORO-2, 4 - NITRODIFENIL, 3-POXIPRO-PANO.

a) manufatura de magenta (anilina e ortotoluidina);

b) fabricação de fibras sintéticas;

c) sínteses químicas;

d) fabricação da borracha e espumas;

e) fabricação de plásticos;

Page 66: 00000 c8d

f ) produção de medicamentos;

g) operações de preservação da madeira com creosoto;

h) esterilização de materiais cirúrgicos.

___________________________________________________________________

2.0.0 AGENTES FÍSICOS

Exposição acima dos limites de tolerância especificados ou às atividades

descritas.

_________________________________________________________________

2.0.1 RUÍDO 25 ANOS

a) exposição a Níveis de Exposição Normalizados (NEN) superiores a 85

dB(A). (Redação dada pelo Decreto nº 4.882, de 18.11.2003)

________________________________________________________________

2.0.2 VIBRAÇÕES 25 ANOS

a) trabalhos com perfuratrizes e marteletes pneumáticos.

______________________________________________________________

2.0.3 RADIAÇÕES IONIZANTES 25 ANOS

a) extração e beneficiamento de minerais radioativos;

b) atividades em minerações com exposição ao radônio;

c) realização de manutenção e supervisão em unidades de extração, tratamento

e beneficiamento de minerais radioativos com exposição às radiações

ionizantes;

d) operações com reatores nucleares ou com fontes radioativas;

e) trabalhos realizados com exposição aos raios Alfa, Beta, Gama e X, aos

nêutrons e às substâncias radioativas para fins industriais, terapêuticos e

diagnósticos;

f) fabricação e manipulação de produtos radioativos;

g) pesquisas e estudos com radiações ionizantes em laboratórios.

________________________________________________________________

Page 67: 00000 c8d

2.0.4 TEMPERATURAS ANORMAIS 25 ANOS

a) trabalhos com exposição ao calor acima dos limites de tolerância

estabelecidos na NR-15, da Portaria no 3.214/78.

2.0.5 PRESSÃO ATMOSFÉRICA ANORMAL 25 ANOS

a) trabalhos em caixões ou câmaras hiperbáricas;

b) trabalhos em tubulões ou túneis sob ar comprimido;

c) operações de mergulho com o uso de escafandros ou outros equipamentos .

3.0.0 BIOLÓGICOS

Exposição aos agentes citados unicamente nas atividades relacionadas.

____________________________________________________________________

3.0.1 MICROORGANISMOS E PARASITAS INFECTO-CONTAGIOSOS

VIVOS E SUAS TOXINAS 25 ANOS (Redação dada pelo Decreto nº 4.882, de

18.11.2003)

a) trabalhos em estabelecimentos de saúde em contato com pacientes

portadores de doenças infecto-contagiosas ou com manuseio de materiais

contaminados;

b) trabalhos com animais infectados para tratamento ou para o preparo de soro,

vacinas e outros produtos;

c) trabalhos em laboratórios de autópsia, de anatomia e anátomo-histologia;

d) trabalho de exumação de corpos e manipulação de resíduos de animais

deteriorados;

e) trabalhos em galerias, fossas e tanques de esgoto;

f) esvaziamento de biodigestores;

g) coleta e industrialização do lixo.

_____________________________________________________________________

4.0.0 ASSOCIAÇÃO DE AGENTES (Redação dada pelo Decreto nº 4.882, de

18.11.2003)

Page 68: 00000 c8d

Nas associações de agentes que estejam acima do nível de tolerância, será

considerado

o enquadramento relativo ao que exigir menor tempo de exposição.

____________________________________________________________________

4.0.1 FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS 20 ANOS

a) mineração subterrânea cujas atividades sejam exercidas afastadas das frentes

de produção.

_____________________________________________________________________

4.0.2 FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS 15 ANOS

a) trabalhos em atividades permanentes no subsolo de minerações

subterrâneas em frente de produção.

Page 69: 00000 c8d

LEI No 10.666, DE 8 DE MAIO DE 2003.

Dispõe sobre a concessão da aposentadoria

especial ao cooperado de cooperativa de trabalho

ou de produção e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu

sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o As disposições legais sobre aposentadoria especial do segurado filiado ao Regime

Geral de Previdência Social aplicam-se, também, ao cooperado filiado à cooperativa de

trabalho e de produção que trabalha sujeito a condições especiais que prejudiquem a sua

saúde ou a sua integridade física.

§ 1o Será devida contribuição adicional de nove, sete ou cinco pontos percentuais, a cargo da

empresa tomadora de serviços de cooperado filiado a cooperativa de trabalho, incidente sobre

o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, conforme a atividade exercida

pelo cooperado permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e

cinco anos de contribuição, respectivamente.

§ 2o Será devida contribuição adicional de doze, nove ou seis pontos percentuais, a cargo da

cooperativa de produção, incidente sobre a remuneração paga, devida ou creditada ao

cooperado filiado, na hipótese de exercício de atividade que autorize a concessão de

aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição,

respectivamente.

Brasília, 8 de maio de 2003; 182o da Independência e 115o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Ricardo José Ribeiro Berzoini


Recommended