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Sumário
Carta aos Delegados ...................................................................................................... 3
1. OTAN.................................................................................................................... 4
1.1. Introdução....................................................................................................... 4
1.2. Contexto Histórico .......................................................................................... 4
1.3. Institucional .................................................................................................... 5
1.4. Financiamento ................................................................................................ 6
1.5. Missão ............................................................................................................ 6
1.6. OTAN Rússia ................................................................................................. 7
2. A Crise .................................................................................................................. 8
2.1. O Sistema Antimísseis .................................................................................... 8
2.2. A resposta internacional ao sistema antimísseis ............................................. 11
2.3. O sistema antimíssil na atualidade ................................................................. 12
3. Políticas Externas................................................................................................. 13
4. Referências Bibliográficas ................................................................................... 21
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Carta aos Delegados
Prezadíssimos delegados,
Sejam bem vindos às discussões acerca do Sistema de Defesa Europeu, tendo
como base os princípios da OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte. Será
um prazer contar com a presença de cada um dos senhores e senhoras em breve.
Toda a questão em pauta não se refere somente ao momento presente em que
vive a política global. Os movimentos e reflexos atuais dizem muito a respeito do
passado individual e do histórico sofrido pro cada nação e povo pertencente ao globo.
Cada elemento presente nas discussões possui um laço da criação do que hoje podemos
entender como mundo globalizado.
Com todo carinho e respeito aos senhores e ao tema proposto, este guia de
estudos foi preparado afim não só introduzi-los às questões, mas como forma de excitar
o senso crítico individual. As relações propostas para cada seção do guia e sessão futura
de debates servem como introdução à construção do mundo por parte dos senhores.
Nele, primeiramente, apresentaremos o conteúdo a ser abordado e sua
estruturação, de forma a situá-los internos às questões tratadas. Não obstante, citamos os
contextos históricos gerais que levaram às tais questões e ao que se sucedeu cada ação e
reação nos últimos períodos. Por fim, destacamos a política externa de cada país e suas
possíveis ações para mitigar, apoiar, criticar e agir perante cada desafio proposto.
De forma geral, agradecemos a todo o Secretariado, amigos e colegas, pelo
apoio, dedicação e companheirismo na elaboração de todo o projeto. Esperamos ver
cada um dos senhores delegados em breve, a fim de debatermos cada detalhe
fundamental para a segurança de todos. Lembro-lhes que estaremos sempre à disposição
para eventuais questões, tanto nos dias de debate, quanto antes, com o intuito de lhes
proporcionar a melhor experiência possível.
Vemo-nos em breve!
Francisco André Mendes
Henrique Santiago
João Victor Darze
João Rafael Santillo
Pedro Lacerda Zyngier
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1. OTAN
1.1. Introdução
A Organização do Tratado do Atlântico Norte constitui a maior aliança militar
existente, arregimentando 28 países, com o objetivo de salvaguardar a segurança e a
liberdade dos países membros através de meios políticos e militares. É uma aliança de
países da Europa e da América do Norte e permite uma ligação única entre ambos os
continentes para consulta, cooperação militar e na condução de operações de
administração de crises internacionais.
1.2. Contexto Histórico
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, a Europa foi dividida entre áreas de
influência dos aliados ocidentais, na parte ocidental, e da União Soviética, na região
oriental do continente. Entretanto, a subsequente implantação de regimes comunistas e
autoritários nos países da Europa Oriental, com o apoio da União Soviética,
representavam uma ameaça à estabilidade do continente. Ainda, as crescentes agressões
por parte dos soviéticos, como o Bloqueio de Berlim, tornava necessária uma
cooperação entre as nações capitalistas e democráticas europeias para enfrentar o
avanço comunista e defenderem-se de uma possível agressão.
Contudo, em vista da devastação que a guerra causara em seus países, essa
aliança seria infrutífera sem a presença de uma grande potência militar, como os
Estados Unidos. Estes, por sua vez, também tinham grande interesse em preservar sua
influência na Europa Ocidental e viam com bons olhos uma possível cooperação.
Portanto, almejando promover a defesa mútua entre as nações aliadas para
“salvaguardar a liberdade dos seus povos, a sua herança comum e a sua civilização,
fundadas nos princípios da democracia, das liberdades individuais e do respeito pelo
direito”, em quatro de abril de 1949 os Estados Unidos, junto com 11 países europeus,
assinam o Tratado de Washington, formalizando a Organização do Tratado do Atlântico
Norte. (OTAN, 1949)
Não obstante, em 1991, com a crise da União Soviética e o fim do comunismo
na Europa, extingue-se o principal motivo para a existência da organização. Inicia-se a
partir daí uma discussão sobre qual seria a necessidade da manutenção dessa aliança e
seu papel no novo contexto global. A aliança avalia a relevância de sua existência nessa
nova conjuntura num documento intitulado New Strategic Concept (Novo Conceito
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Estratégico), em 1991. Nesse documento, a OTAN estabelece seus novos objetivos,
como auxiliar na reunificação da Alemanha, melhorar as relações com países do extinto
Pacto de Varsóvia e os relacionamentos dos países da Aliança com a Rússia e as novas
nações surgidas com a dissolução da URSS. (OTAN, 1991)
A OTAN logo se mostrou relevante ao intervir na dissolução da Iugoslávia e ao
conduzir intervenções militares na Bósnia entre 1992 e 1995. Em 2001, após o ataque
terrorista em 11 de Setembro aos Estados Unidos, o compromisso de defesa mútua foi
invocado pela primeira vez na história da organização, mobilizando tropas para o
Afeganistão sob a Força Internacional de Assistência para Segurança, encabeçada pela
Aliança. A OTAN trabalha ainda em outras áreas com relevância para a segurança
internacional, como combate ao terrorismo, tráfico humano, segurança energética e até
mesmo questões ambientais. (OTAN, 2016)
1.3. Institucional
O principal órgão de decisão da OTAN é o Conselho do Atlântico Norte. O
Conselho reúne a delegação de cada país membro para discutir questões políticas ou
operacionais que requerem decisões coletivas. Todas as decisões do Conselho
necessitam passar por consenso, refletindo, por conseguinte, a vontade unânime de
todos os membros da Aliança. Portanto, se as decisões são tomadas por consenso, não
necessitam de votação. Este foi o único órgão criado pelo Tratado de Washington,
criador da organização. (OTAN, 2016)
“Artigo 9
As Partes estabelecem pela presente disposição um Conselho, no qual cada
uma delas estará representada para examinar as questões relativas à
aplicação do Tratado. O Conselho será organizado de forma que possa
reunir rapidamente em qualquer momento. O Conselho criará os organismos
subsidiários que possam ser necessários; em particular, estabelecerá
imediatamente uma comissão de defesa que recomendará as providências a
tomar para aplicação dos artigos 3° e 5°” (OTAN, 1949)
Todavia, uma estrutura militar só tomou forma na Aliança alguns meses depois
de sua formação, com a criação do Comitê Militar. É o órgão mais antigo da OTAN
depois do Conselho do Atlântico Norte e serve como a principal fonte de conselhos
militares para os órgãos civis de tomada de decisão da mesma. (OTAN, 2016)
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Seu braço executivo é o Estado-Maior Militar Internacional, o qual aconselha o
Comitê militar em questões estratégicas e militares e garante que as decisões tomadas
pela organização sejam implementadas por seus órgãos militares apropriados. (OTAN,
2017)
As operações militares, por sua vez, são preparadas, planejadas, conduzidas e
executadas pelo Comando Aliado de Operações, subordinado ao Comitê Militar.
(NATO, 2014)
1.4. Financiamento
O financiamento da organização pode ser realizado tanto de maneira direta como
indireta. O financiamento indireto consiste em um Estado-membro voluntariamente
ceder equipamentos ou tropas para uma operação militar, sendo que o mesmo paga por
todos os custos do material ou pessoal cedido. Esta forma de financiamento corresponde
à maior parte do financiamento da Aliança.
O financiamento direto toma duas formas. Há o financiamento comum, no qual
os países são obrigados a financiar uma porcentagem do orçamento da organização,
decidida entre seus membros, de acordo com seu PIB. Outra forma se dá através do
financiamento conjunto, no qual um país membro realiza um acordo com a OTAN para
que forneça certos serviços e equipamentos para seu governo. (OTAN, 2017)
1.5. Missão
Politicamente, a OTAN promove valores democráticos e incentiva a consulta entre
os Estados membros e a cooperação em matérias de defesa e segurança como forma de
construir laços sólidos no longo prazo e, por conseguinte, evitar conflitos. Militarmente,
a OTAN está comprometida com a resolução pacíficas de divergências, utilizando a
força bélica apenas quando nenhum dos meios diplomáticos obtiver êxito.
O princípio que rege a OTAN é o de defesa coletiva. Quando um ou mais
Estados membros são atacados, considera-se um ataque a todos os países aliados. Este
princípio é consagrado pelo artigo 5 do Tratado de Washington.
“Artigo 5
As Partes concordam em que um ataque armado contra uma ou várias delas
na Europa ou na América do Norte será considerado um ataque a todas, e,
consequentemente, concordam em que, se um tal ataque armado se verificar,
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cada uma, no exercício do direito de legítima defesa, individual ou coletiva,
reconhecido pelo artigo 51.° da Carta das Nações Unidas, prestará
assistência à Parte ou Partes assim atacadas, praticando sem demora,
individualmente e de acordo com as restantes Partes, a ação que considerar
necessária, inclusive o emprego da força armada, para restaurar e garantir
a segurança na região do Atlântico Norte.
Qualquer ataque armado desta natureza e todas as demais providências
tomadas em consequência desse ataque são imediatamente comunicados ao
Conselho de Segurança. Essas providências terminarão logo que o Conselho
de Segurança tiver tomado as medidas necessárias para restaurar e manter a
paz e a segurança internacionais.” (OTAN, 1949)
Ainda no Tratado de Washington, o mesmo reconhece que a organização,
apesar de comprometida com a segurança dos países signatários, não substitui o
Conselho de Segurança das Nações Unidas como órgão primordial para a segurança
internacional e nem pretende afetar os compromissos dos países para com a Carta das
Nações Unidas.
“Artigo 7
O presente Tratado não afeta e não será interpretado como afetando de
qualquer forma os direitos e obrigações decorrentes da Carta, pelo que
respeita às Partes que são membros das Nações Unidas, ou a
responsabilidade primordial do Conselho de Segurança na manutenção da
paz e da segurança internacionais.” (OTAN, 1949)
1.6. OTAN Rússia
O Conselho OTAN-Rússia foi concebido como um mecanismo de consulta,
busca de consenso, cooperação, decisão e ação conjunta. Dentro do Conselho, países
membros da OTAN e a Rússia tem trabalhado como parceiros iguais em diversos temas
de interesse comum.
O Conselho OTAN-Rússia se estabeleceu formalmente após a Cúpula da OTAN
de 2002 em Roma, na Declaração “Relações Rússia-OTAN: uma Nova Qualidade”. A
Declaração de Roma se baseia nos princípios do Ato de Fundação de Relações Mútuas
OTAN-Rússia de 1997. O Conselho substituiu o Conselho Conjunto Permanente, órgão
criado nesse mesmo ato de 1997. (OTAN, 2002)
O Conselho OTAN-Rússia trabalha por consenso. Seus membros tomarão
decisões conjuntas, com os Estados sendo responsáveis, individual ou coletivamente,
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pela implementação dessas decisões. Todo país-membro pode levantar questões
relacionadas à implementação de ações conjuntas. (OTAN, 2017)
O Conselho OTAN-Rússia é presidido pelo Secretário-Geral da OTAN, sendo
que são realizadas pelo menos duas reuniões ao ano com ministros de relações
exteriores o e de defesa de cada país membro, e reuniões com os chefes de Estado
quando forem julgadas necessárias. Reuniões em nível de embaixadores ocorrem
mensalmente, havendo ainda outros diversos comitês de trabalho do Conselho,
compostos por representantes dos Estados-membros. Entretanto, desde 2014, com a
invasão Russa da Ucrânia, a maioria dos canais de diálogos entre a Rússia e a OTAN se
fecharam, e o conselho manteve suas reuniões apenas do nível de embaixadores,
ministros e chefes de Estado. Por conta disso, o Conselho se constitui em um dos fóruns
de diálogos mais importantes entre os países ocidentais e os russos.
2. A Crise
2.1. O Sistema Antimísseis
A necessidade de criação de um sistema de defesa antimíssil não é recente, tendo
surgido em plena Guerra Fria, com a Iniciativa Estratégica de Defesa (SDI), no mandato
do presidente Reagan, em 1983. Inicialmente, o projeto se tratava de um mecanismo de
proteção americano contra mísseis nucleares direcionados a seu território num eventual
conflito contra uma nação com tecnologia bélica termonuclear, em especial a URSS.
Para isso, o país colocaria em operação diversos radares de longo alcance em todo o seu
território, sistemas de mísseis antibalísticos e satélites em órbita, que serviriam tanto
para rastrear os mísseis lançados contra território americano quanto disparar nos objetos
rastreados. Dessa forma, os EUA conseguiriam acabar com o Equilíbrio de Poder
presente durante toda a Guerra Fria, conseguindo uma vantagem bélica sobre os
soviéticos.
Mesmo com o projeto não se concretizando, o conceito de sistema de defesa não
morreu, voltando à tona em 1999 com a Defesa Nacional Antimíssil (Public Law 106-
38). O texto consiste numa resolução do congresso que define novos objetivos para o
governo americano, como se lê abaixo:
“É política dos Estados Unidos implantar, assim que for tecnologicamente
possível, um sistema efetivo de Defesa Nacional Antimísseis (NMD) capaz de
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defender o território contra ataques balísticos limitados (sejam eles
acidentais, não autorizados ou deliberados) com financiamento sujeito a
autorização anual de apropriação e apropriação anual de fundos para a
Defesa Nacional Antimíssil.” (US CONGRESS, 1999)
Dentre os novos objetivos, também havia a missão de continuar as negociações
com os russos visando a redução do arsenal nuclear. Vale ressaltar o uso do termo
“limitados” no texto, devido ao Tratado ABM (Antiballistic Missile), de 1972, e que
deixaria de vigorar no meio do ano de 2002. Ainda no ano de 2001, os EUA já
começam a implantar as primeiras instalações seguindo as diretivas do NMD no Alaska
e na Califórnia, devido aos ataques de 11 de setembro. No final do mesmo ano,
preocupados com o avanço do terrorismo e da possibilidade de ataques nucleares
externos, em especial do Irã, os americanos decidem, por meio da OTAN, expandir seu
sistema para a Europa.
Nesse momento, é válida uma rápida contextualização sobre a conjuntura na
qual a OTAN se encontrava. Com o fim da Guerra Fria, a organização já não possuía os
mesmos objetivos claros de antigamente. É na Cimeira de Washington, em 1999, que a
OTAN decide reafirmar seu papel como organização responsável pela segurança de
seus participantes, tendo em vista os riscos e ameaças à segurança mundial da época.
Mais tarde, após a Cimeira de Praga de 2002, a organização iniciou os estudos para a
implantação do sistema na Europa.
Inicialmente, o sistema proposto pelos americanos seria da seguinte forma: “dez
bases com sítios de mísseis para interceptação na cidade de Redzikowo na Polônia e um
radar fixo na cidade de Brdy na República Tcheca. Barcos equipados com estações de
defesa de mísseis balísticos (cruzador Monterey equipado com radar da classe Aegis)
seriam ancorados na cidade de Rota, na Espanha. Além de outro radar transportável, em
um terceiro sítio não definido, mas próximo ao Irã” (Piccoli, 2012). A necessidade do
terceiro sítio se dava a preocupação com o Irã, mesmo que sua capacidade bélica apenas
o permitisse atingir, no máximo, a Turquia. Como a instalação dependia da ratificação
de acordos com a Polônia e República Tcheca, tais bases foram canceladas
posteriormente.
A evolução do sistema de defesa antimíssil variou conforme o momento
econômico que os EUA se encontravam. A administração Obama, em 2009, decide por
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uma implantação gradual, baseado em etapas, plano conhecido como The European
Phased Adaptive Approach (EPAA). Antes do início de cada fase, haveria um estudo
americano baseado numa avaliação de ameaça e nos avanças das capacidades
tecnológicas da época para, assim, definir o melhor curso de ação. O plano dividiu a
implantação em três etapas: envio de navios com o sistema Aegis, de radares móveis e
da criação de uma base com sensoriamento na Turquia. Em seguida, a criação de uma
base na Romênia com capacidade para detecção e defesa de mísseis estaria prevista. Por
fim, a última etapa consistia na criação de uma nova base novamente na Polônia,
aumentando a esfera de proteção do sistema de defesa. Todas as bases, sensores e
navios receberiam comandos da base da OTAN estabelecida em Ramstein, na
Alemanha, responsável pela coordenação do sistema. Uma quarta fase que estabelecia a
criação de novas bases para o sistema foi cancelada ainda em 2013, pois foi avaliada
como não efetiva no combate às ameaças externas. Após uma atualização em Junho de
2016, a rede de defesa se encontra da seguinte forma:
Figura 1
Fonte: OTAN, 2016
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2.2. A resposta internacional ao sistema antimísseis
A resposta da comunidade internacional é dividida em relação à rede de defesa.
Enquanto muitos países, em especial os do Leste Europeu, veem com bons olhos os
esforços da organização, países como a Rússia e o Irã discordam da implantação e
necessidade de um sistema desse porte para a Europa. Assim, faz-se necessária a
discussão dentro da OTAN sobre os impactos de sistema desse porte.
A opinião russa é historicamente contrária ao desenvolvimento do sistema
defendido pela OTAN. Para o país, o crescimento bélico de seus vizinhos e a
consequente eliminação de qualquer ameaça balística, anularia grande parte do arsenal
russo. Além disso, o próprio crescimento da organização já representaria uma ameaça
ao poderio russo na região, uma vez que países antes sob a esfera de influência soviética
hoje procuram ter o sistema em seu território ou participar da OTAN, entrando no
acordo de defesa mútua. Ainda, segundo o ministro de relações exteriores russas, Sergei
Lavrov, em entrevista ao jornal russo RIA Novosti em 2012, as defesas antimísseis
estabelecidas na Europa poderiam ser posicionadas de forma diferente se o objetivo é a
proteção contra o Irã e poderiam criar “tentações adicionais”. Dessa forma, a Rússia se
apresenta hoje como o grande opositor europeu e com grande preocupação em relação a
implantação do sistema.
No entanto, vale ressaltar a preocupação por parte da OTAN com a posição
russa. Desde o início do projeto, o Conselho OTAN-Rússia (NRC) busca a
interoperabilidade do sistema de defesa com o governo russo. O NRC é um comitê da
OTAN criado em 2002 para fomentar o diálogo entre o governo de Putin e a OTAN,
servindo como uma espécie de fórum para consultas sobre situações de segurança
atuais, não apenas as relativas ao sistema de mísseis. Entre a sua criação e 2014, o NRC
serviu ao seu propósito no que diz respeito ao desenvolvimento do sistema com a
integração russa, chegando até a ocorrer testes no território russo. Porém, em função da
recente participação russa nos conflitos ucranianos e represálias por parte dos países
membros da organização, todas as atividades do NRC foram suspensas até 2016, como
forma de reafirmar as discussões com a Rússia sob os princípios de reciprocidade,
conforme acordado na cimeira de Varsóvia (OTAN, 2017).
No caso do Irã, a situação é um pouco diferente. Toda a justificativa oficial para
a criação de um sistema de defesa antimíssil se baseava no avanço bélico iraniano, com
~ 12 ~
foco no ramo nuclear. Todavia, o governo iraniano sempre se defendeu, argumentando
ser signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP). Na realidade,
o que ocorreu foram inúmeras tentativas falhas por parte da AIEA de inspeção das
instalações e recursos iranianos, impossibilitando qualquer dado preciso sobre o país.
Junto com o crescimento do país na área nuclear, o Irã também faz fortes investimentos
nos armamentos de seu país, tendo adquirido da Rússia em 2016 mísseis balísticos com
o alcance de 2000 km, o suficiente para atingir a Turquia e Israel, por exemplo. Tal fato
já havia sido avaliado pela Agência de Defesa de Mísseis (MDA), área do
Departamento de Defesa americano focado em monitorar, avaliar e atuar visando a
defesa de seu país contra ataques de mísseis. Segundo a agência, além do rápido
crescimento do país no uso de mísseis de curto e médio alcance, os iranianos já
começaram a desenvolver equipamentos para lançamento de mísseis intercontinentais.
Para a agência, caso essa área se torne foco das políticas do governo, Teerã poderá ter
um equipamento de mísseis intercontinentais operando até 2020. Dessa forma, o
crescimento bélico e nuclear iraniano se apresentam como uma das grandes
justificativas do desenvolvimento de um “escudo” antimíssil.
Em contrapartida às posições russa e iraniana, os países do Leste Europeu, por
exemplo, são completamente favoráveis a iniciativa antimísseis. Nações como Romênia,
Polônia e Ucrânia, ainda têm a necessidade de se distanciar da influência russa. Um dos
caminhos para esses países seria a aproximação com as organizações europeias e
aumento do poder bélico próprio, objetivos alcançados ao se aproximar da OTAN. No
caso, da Ucrânia, a situação se torna mais complicada devido à importância estratégica
da Criméia para a Rússia, causando conflitos dentro do território ucraniano e impedindo
o país de se juntar à OTAN.
2.3. O sistema antimíssil na atualidade
Na presente década, acontecimentos recentes surgem para reforçar a necessidade
de um escudo antimíssil balístico. Os novos testes nucleares realizados pela Coreia do
Norte e o conflito sírio em especial demonstram o quão imprescindível é o sistema.
Nesse aspecto, os recentes eventos mostram que a qualquer momento, uma nova ameaça
poderia surgir e ser prevenida com um sistema plenamente operacional.
No caso do conflito sírio, a escalada dos embates no território atinge proporções
inimagináveis. Ao longo do combate entre governo sírio e grupos rebeldes, com a
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população presa no meio, a Turquia sente necessidade de se equipar de defesas aéreas
em seu território, se concentrando nas regiões mais próximas da Síria. Como
alternativas, o próprio país foi um dos que concordaram em ter equipamentos instalados
em seu território. Paralelamente, a Turquia tem buscado expandir sua capacidade de
defesa aérea para se proteger da ameaça constante de bombardeios de mísseis de curto
alcance sírios. Ainda assim, os esforços turcos não são suficientes, dependendo
fortemente de apoio externo para realizar sua defesa.
Ao se tratar da Coreia do Norte, a situação fica ainda mais complexa. Desde o
início, o projeto do sistema de defesa tinha a proteção contra o Irã como meta principal,
porém a preocupação com a nação coreana sempre esteve presente. A rápida escalada da
tensão no mar asiático, oriunda dos testes nucleares da Coreia do Norte, reforça a
necessidade estratégica de um sistema de defesa como o proposto. Apenas no último
ano, os norte-coreanos realizaram dois testes de armamento nuclear, sem contar os
inúmeros lançamentos de mísseis de curta, média, intermediária, longa distância e até
mísseis lançados por submarinos, segundo dados do MDA. Em resposta aos inúmeros
testes, a administração de Trump já deslocou parte de sua frota para o mar asiático e, de
acordo com o vice-presidente Mike Pence, “o uso da paciência estratégica já acabou e
todas as opções estão sobre a mesa” (THE GUARDIAN, 2017). A reação de Pyongyang
também não se deu de forma pacífica. A Coreia do Norte intensificou sua bateria de
testes, prometendo se defender ao menor sinal de ataque. Nesse contexto, um sistema de
defesa antimísseis em plena operação é primordial para assegurar a segurança dos países
membros da OTAN.
3. Políticas Externas
Albânia
Este país busca sua posição dentro da OTAN de diversas formas, como
defendendo o estabelecimento do sistema de defesa na Europa Oriental. Porém, devido
à sua proximidade com a Rússia e às constantes pressões contrárias ao escudo vindas do
governo de Putin, a Albânia não possui a opção de aderir integralmente ao sistema de
defesa.
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Alemanha
A Alemanha vem se mostrando favorável ao sistema de defesa estratégica da
OTAN, recebendo inclusive o centro de comando do sistema em seu território, na
cidade de Ramstein. Este centro tem como objetivo maior integrar todos os sistemas
antimísseis dentro da Europa em um lugar só, recebendo informações de todos os
radares, controlando o posicionamento de defesas náutica e terrestres e direcionar o
escudo para um lado ou outro. Devido a tal importância, e às fortes relações comerciais
com a Rússia, a Alemanha vem evitando se posicionar acerca de sua preferência em
relação à direção do escudo.
Bélgica
A Bélgica sedia desde a criação da OTAN, o quartel-general da organização em
Bruxelas. O país vem mantendo uma tradicional posição de neutralidade quanto ao
posicionamento do sistema de defesa da OTAN em território europeu. Ao mesmo
tempo em que o escudo seria benéfico para a segurança da Europa contra uma ameaça
vinda do Oriente Médio ou da Coréia do Norte, a criação do sistema cria uma tensão
com a Rússia. Para evitar retaliações vindas de ambos os lados, a Bélgica opta por não
participar, mas coloca suas forças armadas à disposição da Organização no caso de um
ataque à Europa.
Bulgária
O país vem desejando participar do sistema de defesa da OTAN na Europa,
tendo tido negociações diretas com a organização e com os americanos. Porém,
contrariando as expectativas búlgaras, o governo norte americano reformulou sua ideia
com a posse de Obama e o sistema de radar que seria posicionado na Bulgária foi
mudado para a Turquia, causando grande ressentimento no governo de Sofia. O
constrangimento do governo búlgaro aumentou com o anúncio do estabelecimento de
uma base vital do sistema na vizinha Romênia e que a Bulgária deveria continuar
contribuindo para o fundo de defesa da OTAN.
Canadá
O Canadá vem se colocando como favorável ao posicionamento do sistema de
defesa da OTAN, sendo inclusive uma das lideranças nesse sentido. O país vem
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financiando, através de acordos bilaterais ou multilaterais, a compra dos equipamentos
para o sistema junto aos países interessados.
Cazaquistão
O Cazaquistão é membro da Parceria pela Paz da OTAN desde 1994, assim
como a Rússia. Mas, ao contrário de Moscou, o país vinha mantendo uma relação
diplomática boa com a organização, recebendo por vezes os embaixadores da OTAN
em seu território para cerimônias diplomáticas conjuntas. Porém, em relação à
colocação do sistema de defesa da organização, o Cazaquistão vem se posicionando de
forma contrária. Isso se dá graças à sua forte aliança militar com a Rússia e seus
sistemas de segurança conjuntos. O governo de Astana considera que a colocação do
escudo é uma ameaça aos seus interesses e aos interesses de seu maior parceiro
comercial, a Rússia.
Croácia
A Croácia vem buscando sua posição dentro da OTAN de diversas formas, entre
elas, sendo favorável ao estabelecimento do sistema de defesa na Europa Oriental. No
entanto, pela sua proximidade com a Rússia e às constantes pressões contrárias ao
escudo vindas do governo de Putin, ela não possui a opção de se juntar integralmente ao
sistema de defesa.
Dinamarca
A Dinamarca vem argumentando que a composição do escudo serve para
proteger a Europa de uma possível ameaça vinda da Coréia do Norte ou do Irã e que por
isso não ameaça a Rússia. O país possui na Groenlândia um radar americano que serve
para identificar uma ameaça aos Estados Unidos e existe um controverso projeto de
colocação de outro radar, este na parte continental da Dinamarca para a ampliação da
área coberta pelo sistema. A possibilidade de existência deste radar já causou um
incidente diplomático entre Moscou e Copenhagen, em que os russos chegaram a
ameaçar um ataque nuclear aos navios de guerra dinamarqueses. O governo
dinamarquês mantém sua posição quanto à colocação do radar.
Eslováquia
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A Eslováquia já se posicionou mais de uma vez sendo contrária ao sistema de
defesa da OTAN na Europa, alegando que essa decisão deveria ser tomada não por essa
organização, mas sim pela União Europeia, que entende as necessidades e urgências do
povo europeu. O governo afirma que apenas os países que receberiam partes do sistema
foram consultados e que de um dia para o outro, países europeus foram informados que
teriam que aceitar dentro do território europeu um sistema americano antimísseis que
deveria ter sido discutido com todos.
Eslovênia
A Eslovênia se posicionou de forma neutra em relação ao sistema de defesa da
OTAN, uma vez que possuem relações próximas com a Europa e com a Rússia. Ela é
parte da Organização e tem parte das suas forças armadas à disposição da mesma por
isso. Sobre a relação OTAN-Rússia, ela apenas se posicionou demandando mais
transparência para o tema, alegando que algumas negociações não incluíam todos os
membros da organização.
Estados Unidos da América
Os Estados Unidos vêm se posicionando a favor do sistema de defesa da OTAN,
sendo inclusive as lideranças nesse sentido. Os Estados Unidos alegam que o sistema de
defesa da OTAN serviria como extensão a um já existente sistema de proteção ao seu
território, que consiste em um sistema de radar posicionado no Reino Unido, na
Groenlândia e nos extremos do território americano (Alasca e Havaí). A ideia americana
é expandir esse sistema para as fronteiras da Europa, reduzindo assim a possibilidade de
um ataque nuclear ao continente.
Estônia
Devido ao seu histórico conflituoso com a antiga União Soviética, a Estônia
ainda hoje teme uma nova ocupação vinda de Moscou, por isso, se esforçou para tornar-
se parte da OTAN e de outras instituições ocidentais como a União Europeia, visando
integração econômica e proteção. Como medida de proteção, ela não apenas é favorável
à colocação do escudo antimísseis na Europa como demandam com cada vez mais vigor
desde a invasão e tomada da Criméia que esses armamentos devem ser voltados para a
Rússia, evitando assim que o presidente Putin os ameace com suas ogivas.
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França
A França vem, dentro do contexto da OTAN, buscando alianças e parcerias
estratégicas, como Polônia, Alemanha e Estados Unidos, para a melhora dos sistemas de
defesa europeus contra ameaças externas. O país é um dos que mais apoiam a criação do
sistema único da OTAN, uma vez que este também evitaria que os países europeus
fizessem mau uso desses armamentos. A grande preocupação francesa se dá em relação
ao Oriente Médio, então o país tem preferido que o sistema ficasse de fato apontado
contra o Irã. Essa retórica se dá também pelos interesses econômicos do governo de
Paris em relação a Moscou, que são muito fortes, principalmente na questão de recursos
energéticos.
Grécia
A Grécia vem trabalhando com a OTAN acerca do posicionamento de sistemas
antimísseis na Europa, inclusive alterando parte de sua defesa aérea para que seus
aviões possam se tornar radares voadores, tornando possível identificar em tempo hábil
de resposta se um alvo é amigável ou hostil. Porém, ela ainda não se comprometeu
quanto à possível compra e/ou posicionamento de sistemas terrestres ou náuticos de
defesa em seu território.
Hungria
A Hungria se posiciona de forma neutra em relação ao sistema de defesa da
OTAN, uma vez que possui relações próximas com a Europa e com a Rússia. Ela faz
parte da Organização e tem parte das suas forças armadas à disposição da mesma por
isso. Sobre a relação OTAN-Rússia, ela demandanda mais transparência para o tema,
alegando que algumas negociações não incluíam todos os membros da organização.
Irã
O Irã vinha se posicionado no sentido de desistir do seu programa nuclear em
troca do fim das sanções impostas ao país, porém, desde que Donald Trump assumiu a
presidência dos Estados Unidos, as negociações foram congeladas, e tanto as sanções
quanto as pesquisas por armas nucleares continuam. Em relação ao sistema de defesa, o
Irã vem argumentando que mesmo que um dia venha a ter armas nucleares, não
~ 18 ~
apontaria para a Europa, já que seu inimigo histórico é Israel. O governo teocrático do
Aiatolá Khamenei chegou inclusive a dizer que o Irã estava sendo usado como desculpa,
já que o Ocidente o persegue e que o escudo nunca fora pra eles, mas sim para os
russos.
Islândia
A Islândia se manifesta de forma neutra em relação ao sistema de defesa da
OTAN, já que mantém relações próximas com a Europa e com a Rússia. Ela é um
Estado membro da Organização e deixa parte das suas forças armadas à disposição da
mesma por isso. Acerca da relação OTAN-Rússia, a Islândia apenas se posicionou
pedindo por mais transparência para o tema, alegando que algumas negociações não
incluíam todos os membros da organização.
Israel
Mesmo não sendo membro da Organização, o governo israelense já afirmou
mais de uma vez que gostaria de colaborar com o sistema de defesa da OTAN por
considerar estratégico ter uma defesa internacional contra possíveis ataques vindos do
Irã. Israel é visto como um aliado estratégico na defesa no Oriente Médio devido ao seu
alto grau de militarização, por já ter sistemas próprios de defesa antinuclear e por
possuir arsenal nuclear, mesmo que este último não seja confirmado pelo governo
Netanyahu. O governo de Tel Aviv possui apenas uma ressalva em relação ao sistema
de defesa da OTAN: que este de fato seja apontado para o Irã e não para a Rússia.
Itália
A Itália vem cooperando com a OTAN em relação ao posicionamento de
sistemas antimísseis na Europa, inclusive alterando parte de sua defesa aérea para que
seus aviões possam se tornar radares voadores, tornando possível identificar em tempo
hábil de resposta se um alvo é amigável ou hostil. Porém, ela ainda não se comprometeu
quanto à possível compra e/ou posicionamento de sistemas terrestres ou náuticos de
defesa em seu território.
Letônia
Assim como a vizinha Estônia, esse país ainda teme uma nova ocupação vinda
de Moscou, por isso, lutou para tornarem-se parte da OTAN e de outras instituições
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ocidentais como a União Europeia, visando integração econômica e proteção. Para
proteger-se, a Letônia não apenas é favorável à colocação do escudo antimísseis na
Europa como demandam com cada vez mais vigor desde a invasão e tomada da Criméia
que esses armamentos devem ser voltados para a Rússia, evitando assim que o
presidente Putin os ameace com suas ogivas.
Lituânia
Como os outros Estados bálticos, a Lituânia teme uma nova ocupação vinda de
Moscou, por isso, lutou para tornarem-se parte da OTAN e de outras instituições
ocidentais como a União Europeia, visando integração econômica e proteção. Prezando
pela sua segurança, a Lituânia não apenas é favorável à colocação do escudo antimísseis
na Europa como demandam com cada vez mais vigor desde a invasão e tomada da
Criméia que esses armamentos devem ser voltados para a Rússia, evitando assim que o
presidente Putin os ameace com suas ogivas.
Países Baixos
O Reino dos Países Baixos anunciou em 2011 que compraria quatro fragatas
equipadas com sistemas de radar e mísseis de longo alcance como esforço nacional para
o sistema de defesa da OTAN. O país em seus discursos acerca do tema vem usando o
argumento da organização de que o sistema é para defesa estratégica da Europa em
relação à novas ameaças nucleares como Coreia do Norte e Irã.
Polônia
A Polônia vem defendendo o projeto da OTAN de colocação de mísseis
antibalísticos desde o início, alegando que protegeria seus países de uma ameaça
externa. Recentemente, estes foram os primeiros países da aliança no continente
europeu a receber em seu território partes do sistema de defesa. Já a Polônia acredita
que o sistema, principalmente em seu território deve servir também para a proteção
contra a Rússia. Estes países enfrentam pressões de suas populações para que o sistema
seja retirado com a alegação de que a existência do mesmo torna o clima europeu tenso.
Reino Unido
O Reino Unido vem se demonstrando como favorável ao posicionamento do
sistema de defesa da OTAN, sendo inclusive uma das lideranças nesse sentido. O país
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vem financiando, junto com o Canadá, através de acordos bilaterais ou multilaterais, a
compra dos equipamentos para o sistema em cooperação com os países interessados.
República Tcheca
O país declarou seu interesse em participar da arquitetura do escudo da OTAN
em 2007, quando assinou um acordo com os Estados Unidos da América para a
instalação de um radar especial de detecção de bombardeiros em seu território. Porém, a
opinião pública do país se posicionou contrária a essa atitude, alegando que tal estrutura
causaria uma dificuldade diplomática junto à Rússia e poderia tornar o clima tenso na
Europa. O governo americano cancelou o acordo com a República Tcheca em 2009 e o
sistema de radar nunca foi posto em prática, porém, o governo Tcheco nunca descartou
a possibilidade desse acordo.
Romênia
A Romênia defende o projeto da OTAN de colocação de mísseis antibalísticos
desde o início, alegando que protegê-la-ia de uma ameaça externa. Recentemente, foi
um dos primeiros países da aliança na Europa a receber em seu território partes do
sistema de defesa. Os romenos e turcos concordam que os mísseis devem estar voltados
para o Oriente Médio, para evitar uma ameaça vinda do Irã. Não obstante, o governo
romeno enfrenta pressões internas para que o sistema seja retirado com a alegação de
que a existência do mesmo torna o clima europeu tenso.
Rússia
Desde o alargamento da OTAN, que no fim da Guerra Fria levou os limites da
organização às fronteiras da Rússia, o país vem adotando uma política de retaliações
esporádicas ao Tratado do Atlântico Norte, e estas se intensificaram com a situação
ucraniana. O governo de Moscou vem se posicionando totalmente contrário ao escudo
antimísseis, alegando que a existência do mesmo é uma ameaça direta à Rússia e não
uma defesa estratégica como alegado pela organização. O presidente Vladimir Putin e
seu governo vêm alegando que o argumento para a colocação do escudo nada mais é do
que uma falácia e que seu verdadeiro objetivo é impedir uma resposta russa a um ataque
nuclear, impedindo que a Rússia se defenda.
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Turquia
A Turquia também defende o projeto da OTAN de colocação de mísseis
antibalísticos desde o início, alegando que protegê-la-ia de uma ameaça externa.
Recentemente, foi um dos primeiros países da aliança a receber em seu território partes
do sistema de defesa. Os romenos e turcos concordam que os mísseis devem estar
voltados para o Oriente Médio, para evitar uma ameaça vinda do Irã. Entretanto, o
governo enfrenta pressões de sua população para que o sistema seja retirado com a
alegação de que a existência do mesmo torna o clima da região tenso.
Ucrânia
O governo ucraniano não se posicionou oficialmente a favor do escudo por medo de
retaliações russas, porém fez movimentos no sentido de apoiar indiretamente a
instalação do mesmo, desde que não em seu território. Desde o início da crise entre
Ucrânia e Rússia, que culminou na tomada da Crimeia pelos russos, o governo
ucraniano vem buscando apoio internacional para garantir sua soberania e integridade
territorial, mas, como a Rússia é membro permanente do Conselho de Segurança da
ONU, pouco foi feito para defender a Ucrânia. Devido a isso, o governo ucraniano vem
apoiando com mais vigor o posicionamento do escudo de mísseis da OTAN como
forma de defesa, mas quer que o mesmo seja apontado para a Federação Russa e seu
arsenal.
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