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OPINIÃOSALVADOR SEGUNDA-FEIRA 1/10/2018A2

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Os artigos assinados publicados nas páginas A2 e A3 não expressam necessariamente a opinião de A TARDE.Participe desta página: e-mail: [email protected]: Redação de A TARDE/Opinião - R. Professor Milton Cayres de Brito, 204, Caminho das Árvores, Salvador-BA, CEP 41822-900

O mínimo quese espera deum chefe do Executivoé que consiga formaruma equipehomogênea paraimplementar propostascondizentes com oque apresentou nacampanha eleitoral

ESPAÇO DO LEITOR

Quem ganha levaEm entrevista ao jornalista José Luis Datena,da Band, Jair Bolsonaro declarou que “nãoaceitará um resultado das eleições que nãoseja o de vitória dele”, na contramão do queafirmou o ministro Luis Roberto Barroso, doSTF: “Quem ganha leva. Democracia não éregime de governo em que meu lado ganhasempre”. O pronunciamento de Bolsonarocausa perplexidade, principalmente por-que o seu vice, general Hamilton Mourão,entre outras declarações bombásticas, disseque poderá haver um autogolpe militar, ca-so haja um caos institucional. Só não ex-plicitou, o general, sobre que tipo de caos elese referiu. Imaginemos que, por circuns-tâncias alheias à nossa vontade, o vice Mou-rão venha assumir o posto de presidente daRepública... CARLOS DE CARVALHO, [email protected]

HomogeneidadeO mínimo que se espera de um chefe doExecutivo é que consiga formar uma equi-pe homogênea para implementar propos-tas condizentes com o que apresentou nacampanha eleitoral. E pelo visto isto não fazparte do esquema do candidato que está emprimeiro lugar nas recentes pesquisas. Quejá desautorizou seu assessor da área eco-nômica, que pretende colocar o imposto derenda no montante de 20% para os con-tribuintes. E agora é o candidato a vice quedefende o fim do 13º salário. Ainda bem que

isto está acontecendo agora, para que oeleitorado possa votar de forma consciente,sabendo o que o espera no futuro. URIELVILLAS BOAS, [email protected]

Subcomandante MourãoAs manifestações públicas do General Mou-rão lembram-me meus dias de oficial daativa em reuniões privadas. Distinto do queos que não prestaram o serviço militar pen-sam, a discussão é aberta e franca, não parachegar a um consenso mas para fornecer aocomandante todos os dados que lhe per-mitam decidir solitariamente. Mourão es-

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Antonio Carlos da SilvaLaíze Lantyer LuzNúcleo de Estudos sobre Direitos Humanos daUniversidade Católica do Salvador

Vem pra rua, mas vem de verdade!

O período eleitoral nos faz vivenciarde maneira mais densa a contur-bada ebulição de consciência (ou a

cegueira provocada pela falta dela). Nesseprocesso, tal como o Angelus Novus ben-jaminiano, somos inseridos no ciclo vi-cioso de uma história sem fim. Costu-mamos reclamar do político corrupto eomisso diante das mazelas e misérias dapopulação, não obstante sem questionarqual o nosso propósito e participação,nem sempre inconsciente, nas singelas

corrupções e omissões sociais.As práticas imorais, entre o individual

e o coletivo, são vastas e compõem o nos-so cotidiano. São reflexos de nosso au-to-engano, pois o ato de julgar, sem con-siderar o que nos vincula à alteridade doOutro, é sempre o caminho mais fácilpara compactuar com a esquizofrenia so-cial que assola o atual campo históricopolítico brasileiro e mundial.

Neste País, a alegoria dialética do Es-tado de exceção, o alerta de Machado ésubstancial: quem é o alienista e quemsão as/os alienadas/os do processo su-fragista? Partindo do pressuposto que to-do/a eleitor/a carrega um Simão Baca-marte dentro de si, a parábola da loucurarepresenta também o/a candidato/a quenão goza de perfeito equilíbrio das suas

faculdades mentais. Mas, sábio QuincasBorba, talvez as/os loucas/os sejamosnós, pois ao julgarmos a sanidade mental,o comportamento social ou opinião pú-blica daqueles que almejam uma “cadeirade representação” cívica, olvidamos da-quilo que nos torna humanos: a digni-dade em reconhecer a verdade e dizer oindizível naqueles momentos que exigemuma postura ética frente ao desequilíbriodo real.

Nesta interpretação alegórica, entre aexceção e a regra, a real metamorfose deuma nação está sob a responsabilidade eemancipação política de cada indivíduona criação do éthos coletivo, do ques-tionar recorrente do que nos vincula eti-camente ao Outro.

Se tu estás insatisfeito com o rumo do

País, “vem pra rua, mas vem de verdade”.Vem conhecer as reais mazelas dessemundo sem filtro no palco do mundo,assuma o seu papel como protagonista daação transformadora. Retire as máscarasda submissão e indignai-vos. O objetivodesta dialética reflexão é simples:uma pessoa egoísta jamais será um bomcidadão/ã. Ser bom é agir eticamente efazer escolhas multiplicadoras positivas.Na dúvida, retome Aristóteles, mas não seesqueça de Levinas. Afinal, ao enfrentartempos sombrios, a inocência é confun-dida com loucura, e não devemos noscalar quando os horrores do momentoembargam a nossa sensibilidade. Que po-tente ver gente nas ruas e buscando re-compor uma democracia que poderia serdiferente, criativa e centrada na ética.

tava escalado para ser o comandante... doClube Militar e caiu de paraquedas na vi-ce-Presidência da República pela desistên-cia da Janaína e impossibilidade legal doGeneral Heleno. A veloz evolução dos acon-tecimentos não lhe permitiu ainda vestir afarda de candidato a subcomandante, emque o comandante não abandonou o campode batalha, mas está se fortalecendo paraliderar o combate final. Mourão tem co-metido erros banais com este seu jeito proa-tivo de suprir a lacuna temporária. O erronão está objetivamente nas suas ideias (me-ras teses, já que o pensamento e a decisãofinais cabem a Bolsonaro), mas em abrirflancos para ataques dos adversários na mí-dia e entre a intelectualidade dependente daRouanet. Eles sabem exatamente o que quisdizerogeneralemsuasmanifestaçõessobrecaos e 13º, por exemplo, mas a verdade nãoos beneficia, a interpretação maldosa sim.Mourão vai se adequar, até final de dezem-bro, à função que vai exercer em 2019: nãofazer sombra ao capitão, mas estar pronto asubstituí-lo ocasionalmente, fazendo valeras ideias do titular. ROBERTO MACIEL DOSSANTOS, [email protected]

Loteria jurídicaO Supremo Tribunal Federal virou uma lo-teria, senão vejamos: a Constituição FederalBrasileira prevê a perda ou suspensão dosdireitos políticos no seu Art. 15 em caso deimprobidade administrativa. Dilma Rous-

seff foi afastada da presidência da Repúblicapor essa razão. Novamente o ministroLewandowsk vem em auxílio ao PT, auto-rizando que um determinado jornal façauma entrevista com uma pessoa que estácumprindo pena, em regime fechado. Se poracaso os advogados de Marcola, líder do PCC,solicitassem uma entrevista com o seucliente, a concederiam? Façam as suas apos-tas, cidadãos e cidadãs brasileiros! LUIZ FE-LIPE SCHITTINI, [email protected]

ChargesO Bruno Aziz é genial! Digo mais, é fe-nomenal! Só posso chamar de poesia/suabela maneira de expressar,/com inteligên-cia e harmonia,/ideias complexas como omar. LUIZ MARCELLO DE ALMEIDA PEREIRA,[email protected]

Serviço de capinagemAproveito desse importantíssimo e demo-crático espaço para solicitar da Prefeiturade Salvador através do seu órgão respon-sável, que execute serviço de capinagemnas laterais da escada que liga a Vila Laura(R. Dr. Genésio Sales) à Via Expressa (Sen-tido Rótula do Abacaxi). Por ela passamcentenas de transeuntes que se arriscamposto que, com o mato/capim alto comoestá, pode servir de esconderijo para ummeliante, assim como abrigo e moradiapara animais e pragas. JOSINEI PINA LINS,[email protected]

A preservação econservação dosobjetos pertencentesaos museus é essencialpara manter vivaa memória deuma sociedade

Anderson RiosDoutorando em Educação/UFBA, professor,analista [email protected]

Rosany Kátia V.M.SilvaProfessora, Mestre em Gestão e TecnologiasAplicadas à Educação /[email protected]

A notícia chocante do incêndio quedestruiu o Museu Nacional, no Riode Janeiro, na noite de domingo

(02/09/2018) impactou por alguns ins-tantes o país. Foi motivo de comoção ge-ral, inclusive daqueles que nem sabiamde sua existência. Uma lástima!

A preservação e conservação dos objetospertencentes aos museus é essencial paramanter viva a memória de uma sociedade,pois os objetos trazem consigo informaçõesque revelam nosso passado, nos trazem parao presente e dão pistas que ajudam a construirum futuro. Tradições, identidades, costumes...Muito dessa memória foi perdida.

O crânio de Luzia, tida como a mais antigabrasileira, resistiu às intempéries de 12 milanos e foi destruída em poucos minutos pelaslabaredas do descaso de nosso país com ahistória. O acervo de 20 milhões de peçasrepresentava a preservação da memória euma oportunidade ímpar de conhecermosalgumas raridades. Tudo queimado.

Em meio ao noticiário frequente da tra-gédia anunciada alguém glorifica “Quebom, não há feridos e nem mortos!”. Seráque não? Somos 207 milhões de brasileirosesturricados, sem forças para reagir. Nossaira tem a duração do intervalo comercial elogo estamos prostrados em frente à TVassistindo a novela “O tempo não para”.Exatamente como relatava Cazuza na mú-sica de mesmo título: “Eu vejo o futurorepetir o passado / Eu vejo um museu degrandes novidades / O tempo não para.”

Esse incêndio cairá no esquecimento em

Quem viu, viu. Quemnão viu não vê mais

breve, como aconteceu com o Museu de ArteModerna, o Memorial da América Latina, aCinemateca Brasileira, o Museu da LínguaPortuguesa e o Instituto Butantan. Mais umavez o futuro repetirá o passado.

O Museu Nacional é uma instituição au-tônoma, vinculada à Universidade Federaldo Rio de Janeiro e, assim como as demaisinstituições públicas de ensino superior, foiatingida pelo ardor do orçamento reduzido.Mais uma sequela da crise financeira epolítica que queima nosso país.

O termo museu teve sua origem na Gréciaantiga, nas palavras gregas “Mousa” e “Mou-seion” templo das nove musas, ligadas adiferentes ramos das artes e das ciências,filhas de Zeus e Mnemosine, divindade damemória, sendo locais sagrados para as mu-sas, reservados à contemplação e aos estudoscientíficos. O museu é um centro de in-formação e reflexão, onde o homem se re-encontra com as possíveis invenções da es-tética, com a história.

Estamos em pleno período eleitoral enem assim nossos candidatos se sensibi-lizam. Podem até citar o ocorrido, lamentar,mas não passará disso. O fato é que esseincêndio trouxe danos irreparáveis para asgerações futuras que não serão recuperadoscom pinturas ou fotos, conforme sugeriuuma autoridade carioca.

Quem viu, viu. Quem não viu, perdeu!Perdemos todos.

Ricardo AlbanPresidente da Federação das Indústrias doEstado da Bahia - FIEB

O Brasil é um dos países mais de-siguais do mundo – realidade quedecorre da má distribuição da ati-

vidade econômica entre as regiões, comforte concentração no eixo sul-sudeste. ONordeste está nas últimas posições noranking do PIB per capita. Em alguns in-dicadores de competitividade, a situaçãoda Bahia é ainda pior. Nossa ferrovia estáenvelhecida e o transporte de cargas caiunos últimos anos. O porto de Aratu é umgargalo logístico e sua ineficiência im-plica custos estimados em quase US$ 100milhões ao ano. Perdemos para portosdos estados vizinhos, como Pecém (CE),Suape (PE) e Itaqui (MA).

Nesse quadro, diante da falta de umapolítica de desenvolvimento regional, ouso de mecanismos tributários e fiscais éuma alternativa. Na sua ausência a de-sigualdade econômica entre os estadosserá ampliada. Importante ressaltar queesse movimento na Bahia já se mostrouexitoso, a exemplo das indústrias calça-dista e de transformação plástica e bor-racha.

Os benefícios oferecidos às empresascalçadistas criaram um novo paradigmano estado. Em 1996, esse segmento em-pregava 1,4 mil trabalhadores e hoje, mes-mo com toda a crise, emprega mais de 28mil trabalhadores. A geração de salários,que em 1996 era de R$ 17 milhões (emvalores de 2016), agora passa de R$ 400milhões (2016).

No caso do segmento de transformaçãoplástica e borracha, os incentivos come-çaram em 1998 e mantêm-se até hoje.Aqui também temos um programa am-plamente exitoso: em 1997, havia cerca de4,2 mil empregados no setor, com geração

de R$ 115 milhões em massa salarial.Atualmente, temos mais de 16 mil tra-balhadores, gerando uma massa salarialde R$ 660 milhões. Inúmeros outrosexemplos bem-sucedidos podem ser da-dos de atração de indústrias para a Bahiapor meio de incentivos fiscais.

Cumpre registrar que, particularmentepara as pequenas e médias indústrias,esses incentivos podem significar a so-brevivência e o único modo de concorrerem um mercado competitivo. E a com-petição ocorre inclusive entre os estadosda própria região Nordeste. O risco deperda de competitividade pode provocara saída de indústrias e dificultar a atraçãode novos empreendimentos para essesestados.

Assim, é preciso aproveitar o espaçoocasionado pela Lei Complementar160/2017 – Lei de Convalidação dos In-centivos Fiscais. Trata-se de um instru-mento essencial à manutenção dos atuaisempregos e à geração de novos.

Temos até final de 2032 para usufruirdesse instrumento. Precisamos renovarincentivos e também copiar benefícios deestados vizinhos, adotando as condiçõesmais vantajosas. Sejamos proativos, emconjunto com o Governo da Bahia, nagarantia de preservação das nossas in-dústrias.

A importância da política deincentivos fiscais para a Bahia

Inúmerosexemplosbem-sucedidospodem ser dados deatração de indústriaspara a Bahia por meiode incentivos fiscais

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