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CAPÍTULO II – CONCEITOS DE DIREITO TRIBUTÁRIO IMPRESCINDÍVEIS À ATUAÇÃO DO PROCURADOR DA

FAZENDA NACIONAL

Apresentada a instituição Procuradoria-geral da Fazenda Nacional (PgFN), desde seu mais remoto registro histórico no Brasil, bem como em suas compe-tências extrajudiciais e judiciais – estas dentro do surgimento constitucional da Advocacia-geral da união –, realizaremos neste Segundo Capítulo uma ex-posição geral sobre os conceitos mínimos de Direito Tributário indispensáveis ao exercício do cargo de Procurador da Fazenda Nacional.

Àqueles que querem conhecer mais sobre a carreira, a justiça Fiscal e o dever fundamental de pagar tributos, capacidade tributária e direitos huma-nos, materialidades constitucionais abertas à tributação e respectivas espécies tributárias, são temas iniciais para compreensão das funções exercidas pela PgFN, servindo de subsídio para a análise mais específica das competências institucionais.

Ademais, trataremos também da relação jurídico-tributária e o percurso de constituição e cobrança do crédito fiscal, apresentando os conceitos de hipóte-se de incidência e seus aspectos constitutivos, fato gerador, lançamento tribu-tário, crédito tributário.

Para entender o trabalho de um Procurador da Fazenda, é indispensável compreender a relevância da tributação, a estrutura tributária constitucional e a forma como as normas são postas em prática até a cobrança judicial – se necessária.

1. O DEVER FUNDAMENTAL DE PAGAR TRIBUTOS

Em primeiro lugar, é preciso ter em mente que pagar tributos é um dever constitucional. Todos têm o dever fundamental de pagar seus tributos e contri-buir para o custeio do Estado.

Assim, além de constituir uma mera obrigação de dar dinheiro ao Estado, o tributo é um dever de matriz constitucional, com a função de propiciar con-dições materiais para dar movimento aos ditames maiores da Carta Magna, especialmente os relacionados à efetivação dos direitos fundamentais.

As obrigações jurídicas se caracterizam por terem como fonte imediata a atuação volitiva humana, e como fonte mediata, a obrigação legal; em se tra-tando de tributo, pouco importa a vontade do sujeito passivo, pois a ele assiste o dever de colaborar com a existência e ação do Estado.

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O doutrinador português josé Casalta Nabais aponta que “o tema dos de-veres fundamentais é reconhecidamente considerado dos mais esquecidos da doutrina constitucional contemporânea. ”20

De fato, o constitucionalismo contemporâneo é marcado pelas extensas de-clarações de direitos, acompanhadas das eternas discussões acerca da imple-mentação prática de tais garantias. Contudo, raro encontrar na Constituição Fe-deral de 1988 normas que atribuem deveres expressos aos cidadãos21.

Embora esquecido ou desconhecido, o dever tributário suporta os direitos garantidos aos cidadãos do Estado Democrático de Direito, que não mais se custeia por reparações de guerra.

Por esse prisma, sem os recursos que devem ser carreados (ou derivados) do particular para as mãos do Poder Público, não há educação ou saúde pú-blicas (ou regulamentação/fiscalização da educação e saúde privadas), apenas para citar essas duas prestações essenciais.

Pode-se afirmar, assim, que existe um direito de todos os indivíduos e da sociedade, de que cada um cumpra o seu dever de recolher tributos. Isso porque o cumprimento desse dever está diretamente vinculado à possibilidade concreta de efetivação dos direitos fundamentais asse-gurados aos cidadãos brasileiros. Em vez de uma dualidade direito x dever, tem-se na verdade uma interface, em que o dever de contribuir de cada um, corresponde a um direito dos demais. Trata-se de uma verdadeira responsabilidade social, e não mais de simples dever em face do aparato estatal.22

O tributo desponta como um dever fundamental ínsito às garantias indi-viduais e sociais a serem efetivadas pelo Estado. Nesse sentido, ricardo Lobo Torres, citando james Buchanan, considera que o tributo é o ‘preço da liberda-de’, sendo que esse custo se origina no pacto social entre Estado e o cidadão, no qual este cede àquele parcela de seu patrimônio em troca de bens e serviços que proporcionem dignidade e satisfação comunitária.23

O Advogado Público que atua na cobrança coativa do crédito tributário deve possuir a consciência de que o objeto da obrigação a que busca ser satis-feita é a força motriz para toda a ação do Estado nos planos social e econômico.

Os argumentos de fraude e corrupção no gasto dos recursos públicos não podem servir de intimidação, pois se o emprego de recursos é levado a efeito

20 NABAIS. josé Cassalta. O dever fundamental de pagar impostos. Coimbra: Almedina. pp. 15 e 16.

21 Alguns exemplos desses deveres expressos são: votar e servir à justiça eleitoral (Art. 14), prestar o serviço militar (art. 143), defender e proteger o meio ambiente (art. 225), proteger e amparar a criança e o idoso (arts. 227 e 229) e compor o tribunal do júri, quando assim convocado (Art. 5o, XXXVIII).

22 CArDOSO, Alessandro Mendes. O dever fundamental de recolher tributos. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2014. P.147.

23 Apud. ABrAHAM, Marcus. Curso de direito financeiro brasileiro. rio de janeiro: Elsevier, 2010. P. 100.

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com falhas, são estas que devem ser combatidas pelos órgãos de controle, como o Tribunal de Contas e o Ministério Público.

Não há argumentos para se furtar ao dever de contribuir com a sociedade, tampouco que existe carga tributária extorsiva ou alta. A sonegação fiscal sob tal argumento gera um ciclo vicioso, em que perdem todos os cidadãos.

A negligência com relação ao dever fundamental de recolher tribu-tos acaba por, indevidamente, justificar a sonegação e a fraude fiscal, como sendo uma pseudoforma de defesa do “indefeso” agente econô-mico em face do Estado “voraz e opressor”. Em verdade, a vítima dessa prática é o restante da sociedade, formada por cidadãos e empresas cumpridores dos seus deveres, que acabam tendo que suportar as suas nefastas consequências, via aumento da carga tributária e também da burocracia fiscal, que se torna cada vez mais complexa com o objetivo de coibir e identificar a sonegação.24

A tributação, assim, é dever fundamental25, dentro dos parâmetros fixados pelo Constituinte, além dos quais há proteção ao direito fundamental de pagar tão somente o que é a parte justa, de acordo com a capacidade contributiva de cada um.

2. CAPACIDADE CONTRIBUTIVA, JUSTIÇA FISCAL, CAPACIDADE DE AÇÃO DO ESTADO E A ATUAÇÃO DO PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL

Nessa linha intelectiva, compreender o que significa capacidade de contri-buir é essencial para aqueles que querem entender a carreira de Procurador da Fazenda Nacional.

São convidados a contribuir com o Estado, em seus afazeres gerais, todos aqueles que ostentam riquezas e, portanto, capacidade contributiva.

De acordo com Paulsen, É dever fundamental contribuir para as despesas públicas, sendo que o principal critério para a distribuição do ônus tributário, inspirado na ideia de justiça distributiva, é a capacidade contributiva.26

24 CArDOSO, Alessandro Mendes. O dever fundamental de recolher tributos. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2014. P.172.

25 O STF, em recurso Extraordinário com repercussão geral julgado em 2011, embora tratando de responsabilidade e substituição tributárias, mencionou expressamente na ementa o “dever fun-damental de pagar tributos” do contribuinte: “Não se pode admitir que a substituição tributária resulte em transgressão às normas de competência tributária e ao princípio da capacidade contrib-utiva, ofendendo os direitos do contribuinte, porquanto o contribuinte não é substituído no seu dever fundamental de pagar tributos. (Trecho da ementa do rE 603191, julgado em 01/08/2011, Plenário, relatora Min. Ellen gracie.)

26 PAuLSEN, Leandro. Curso de direito tributário completo. 3ª ed Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010. P. 191. P. 36.

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Hoje muito se fala em mínimo existencial e efetivação de direitos fun-damentais, especialmente em demandas por saúde, educação, moradia e alimentação.27

Por outro lado, são judicialmente inexigíveis as prestações que impõem obrigação impossível ao Estado, ainda que no plano de direitos fundamentais, pois, muito embora a reserva do possível não possa ser suscitada em face de tais prestações (saúde e educação), quando há comprovada insuficiência de recursos – por evidente – nada poderá ser feito28.

Percebe-se que é a capacidade contributiva que determina as possibilida-des de ação do Estado. Quanto mais riqueza existe, é gerada e movimentada, maior será o espectro da ‘reserva’ daquilo que é possível ser feito.

Dessa forma, se queremos a efetivação de direitos sociais, devemos antes possuir um sistema igualitário e eficaz de tributação, no qual há uma seleção equânime daqueles que devem contribuir, divisão justa de deveres e sua com-preensão, maior eficiência e menor evasão fiscal.

E, se é certo dizer que os direitos mínimos necessários a uma exis-tência digna do homem não podem ser atendidos sem os recursos ne-cessários, é certo, também, afirmar que todos devem contribuir para o financiamento do Estado. Portanto, não se há de falar em mínimo existencial, direitos sociais ou em direitos fundamentais sem, neces-sariamente, discorrer sobre a sua principal fonte de financiamento: o Tributo.29

justiça social, antes de mais nada, passa pela justiça Fiscal – equânime dis-tribuição do ônus tributário. Para isso, deve-se ter sempre em testilha aquele dever fundamental de que falamos, com a consciência de que o tributo é, em verdade, o ponto de partida para a vida social.

Portanto, para se garantir o mínimo existencial, a dignidade da pessoa humana e atender aos preceitos dos direitos humanos fundamentais,

27 O direito social à moradia foi inserido no Artigo 7º da CF pela EC 26/2000, e o direito à alimentação foi inserido no Artigo 7º da CF pela EC 64/2010.

28 Abaixo trecho de ementa do recurso Especial 1.185.474, Segunda Turma do STj, julgado em 20 de abril de 2010:

“10. Porém é preciso fazer uma ressalva no sentido de que mesmo com a alocação dos recursos no atendimento do mínimo existencial persista a carência orçamentária para atender a todas as demandas. Nesse caso, a escassez não seria fruto da escolha de atividades não prioritárias, mas sim da real insuficiência orçamentária. Em situações limítrofes como essa, não há como o Poder judiciário imiscuir-se nos planos governamentais, pois estes, dentro do que é possível, estão de acordo com a Constituição, não havendo omissão injustificável.

11. Todavia, a real insuficiência de recursos deve ser demonstrada pelo Poder Público, não sendo admitido que a tese seja utilizada como uma desculpa genérica para a omissão estatal no campo da efetivação dos direitos fundamentais, principalmente os de cunho social. No caso dos autos, não houve essa demonstração. Precedente: rEsp 764.085/Pr, rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 1.12.2009, Dje 10.12.2009.”

29 ABrAHAM, Marcus. Curso de direito financeiro brasileiro. rio de janeiro: Elsevier. 2010. P. 92

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crédito – sujeita, contudo, à homologação do Fisco no prazo de cinco anos. Feito o ‘auto lançamento’ e não pago, caberá imediato encaminhamento para a inscrição em Dívida Ativa e posterior cobrança dos valores declarados.

9. A ATUAÇÃO DO PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL

A partir da exposição de como se desenvolve a relação jurídico-tributária, até que o crédito esteja definitivamente constituído e possa, então, ser encami-nhado para a cobrança, ante a falta de pagamento espontâneo, podemos estabe-lecer onde se concentram as atuações mais específicas da Procuradoria-geral da Fazenda Nacional (PgFN).

Os projetos de lei que tratam de direito tributário, bem como os atos nor-mativos inferiores que compõem a legislação tributária, passam pela consul-toria prévia da PGFN. Assim, antes do nascedouro da hipótese de incidência, do advento de qualquer parcelamento fiscal, isenção, anistia ou remissão, e dos normativos que colocam em movimento a administração tributária, há o parecer de um Procurador da Fazenda Nacional sobre o tema.

No processo administrativo fiscal, inaugurado com a impugnação ao lan-çamento pelo sujeito passivo (fase contenciosa do lançamento), a PgFN atuará em defesa da incolumidade do crédito provisoriamente lançado, diligenciando de forma que não a inconformidade do contribuinte não prospere. A atuação marcante dos Procuradores da Fazenda Nacional se dá no Conselho Adminis-trativo de Recursos Fiscais (CARF), segunda instância do contencioso fiscal95.

Desprovido ou parcialmente provido o recurso administrativo do contri-buinte, este será intimado para o pagamento espontâneo do crédito tributário definitivamente constituído, que acabará de passar pelo crivo da fase conten-ciosa do lançamento fiscal.

Não havendo pagamento, o crédito é encaminhado para a Procuradoria da Fazenda Nacional. Também lhes são destinados aqueles créditos inadim-plidos oriundos de lançamentos provisórios não impugnados pelo contri-buinte (que não passaram pela fase contenciosa) e advindos de declarações de confissão do débito (sistemática de lançamento por homologação, comu-mente veiculada em DCTF – Declaração de Crédito Tributário Federal) desa-companhadas do respectivo pagamento – conforme vimos acima.

Compete à PgFN realizar o controle de legalidade que precede a inscrição em Dívida Ativa da união e verificar se existe a necessidade de devolução do

95 Decreto 70.235/1972, SEÇÃO VII, Do julgamento em Segunda Instância, Art. 37. O julgamento no Conselho Administrativo de recursos Fiscais far-se-á conforme dispuser o regimento interno.

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ATENÇÃO!

processo administrativo que fundamentou a constituição do crédito para o sa-neamento de eventual irregularidade.

Encontrando-se legal a constituição definitiva do crédito, haverá a sua ins-crição em Dívida Ativa da união pela PgFN.

Seguirão os atos de cobrança, a partir da emissão da respectiva Certidão de Dívida Ativa da união (CDA), podendo haver o seu protesto extrajudicial (Lei 9.492/97, Artigo 1o) ou o ajuizamento do executivo fiscal (Lei 6.830/80).

Por fim, relevante destacar que no curso da constituição definitiva do crédi-to tributário poderá haver a interposição de defesas processuais heterotópicas, a inaugurar o processo judicial tributário: mandado de segurança, ação decla-ratória da inexistência de obrigação tributária (ajuizada sempre antes de qual-quer ato de lançamento fiscal – após ou não a ocorrência do fato gerador –, cujo objetivo é a tutela declaratória de afastamento da obrigação tributária), ação anulatória de lançamento fiscal (a ser ajuizada após a ocorrência do respectivo lançamento fiscal). Assim, acontece de o debate sobre a exigência tributária se judicializar ainda antes do lançamento96.

A Propositura de ação judicial pelo contribuinte faz com que haja a impossibilidade de se interpor recurso administrativo, assim como implica na desistência daquele que já tenha sido interposto.

96 relevante destacar o teor do Artigo 38 da Lei de Execuções Fiscais, Lei 6.830/80, especialmente seu parágrafo único: “Art. 38 - A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é ad-missível em execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais encargos. Parágrafo Único - A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto.”

O Supremo Tribunal Federal considera constitucional a previsão da Lei: “EMENTA: CONSTITuCIONAL. PrOCESSuAL TrIBuTÁrIO. rECurSO ADMINISTrATIVO

DESTINADO À DISCuSSÃO DA VALIDADE DE DÍVIDA ATIVA DA FAZENDA PÚBLICA. PrEju-DICIALIDADE EM rAZÃO DO AjuIZAMENTO DE AÇÃO QuE TAMBÉM TENHA POr OBjETIVO DISCuTIr A VALIDADE DO MESMO CrÉDITO. ArT. 38, PAr. ÚN., DA LEI 6.830/1980. O direito constitucional de petição e o princípio da legalidade não implicam a necessidade de esgotamento da via administrativa para discussão judicial da validade de crédito inscrito em Dívida Ativa da Fa-zenda Pública. É constitucional o art. 38, par. ún., da Lei 6.830/1980 (Lei da Execução Fiscal - LEF), que dispõe que “a propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo [ações destinadas à discussão judicial da validade de crédito inscrito em dívida ativa] importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto”. recurso extraordinário conhecido, mas ao qual se nega provimento.” (rE 233582, relator(a): Min. MArCO AurÉLIO, relator(a) p/ Acórdão: Min. jOAQuIM BArBOSA, Tribunal Pleno, julgado em 16/08/2007, Dje-088 DIVuLg 15-05-2008 PuBLIC 16-05-2008 EMENT VOL-02319-05 PP-01031)

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10. PASSO A PASSO DA ATUAÇÃO DO PROCURADOR DA FAZENDA

1º Passo: Atuação Consultiva em relação à legislação tributária

federal.

2º Passo: Atuação judicial na defesa da obrigação tributária em ações declaratórias da inexistên-cia da relação jurídica tributária e em mandados de segurança.

3º Passo: Defesa do Crédito Tributário provisoriamente lan-çado no contencioso administra-tivo tributário, especialmente no

CArF.

4º Passo: Atuação judicial na defesa da obrigação tributária em ações anulatórias do lançamento

fiscal.

5º Passo: recebimento dos Créditos definitivamente consti-

tuídos para realizar o exame de sua certeza, liquidez e exigibili-

dade e inscrever em Dívida Ativa da união.

6º Passo: Administração do estoque de Dívida Ativa da

união, atuando nos parcelamen-tos, cobrança amigável, protesto extrajudicial, encaminhamento

para cobrança.

7º Passo: Cobrança, na via da execução fiscal, do crédito

tributário.

8º Passo: Atuação judicial em defesa do crédito público em embargos à execução fiscal e de-fesas heterotópicas, como a exce-

ção de pré-executividade.

QUESTÕES DE CONCURSOS

1 . MPE-MA - 2014 - MPE-MA - Promotor Substituto:Analise as assertivas dispostas abaixo: I. O tributo de cunho confiscatório não se define por intermédio de um percentual, mas pelo ônus econômico que se torne insuportável para o contribuinte; II. A dificuldade de se aferir o caráter confiscatório de um tributo encontra-se justamente na determinação prática do que se deve entender como grau abusivo de exigência do pa-trimônio do contribuinte, sendo que tal determinação deve se processar em cada situação concreta; III. representa afronta ao princípio do não-confisco por parte do Poder Público Municipal, a cobrança simultânea dos valores de Imposto Predial Territorial urbano devidos por pro-prietário de imóvel dos últimos cinco anos e que não foram pagos na oportunidade própria; IV. O princípio tributário do não-confisco é uma decorrência da premissa constitucional que assegura aos cidadãos o direito de propriedade, desde que essa desempenhe a sua função

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social. Portanto, constitui uma afronta a esse princípio o estabelecimento por lei de alíquota do Imposto Territorial rural em 20% (vinte por cento) para as chamadas terras absolutamen-te improdutivas.

a) Apenas a I e II estão corretas; b) Apenas a I, II e IV estão corretas; c) Todas estão corretas;d) Apenas a II e III estão corretas; e) Apenas II, III e IV estão corretas.

2. MPE-MA - 2014 - MPE-MA - Promotor Substituto:Acerca da imunidade e isenção tributária, é incorreto afirmar:

a) As imunidades fazem parte do delineamento da competência tributária conferida pela Constituição aos entes tributantes;

b) Na isenção, acontece o fato gerador, mas o crédito é excluído; c) A isenção decorre de disposição expressa de uma lei específica, editada, obrigatoriamen-

te, pela pessoa política que tem competência tributária em relação ao respectivo tributo, ressalvada a possibilidade de ser prevista por convênios entre os Estados e o Distrito Federal, em relação ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação;

d) As imunidades são extensivas aos partidos políticos, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos seus serviços vinculados ou não a suas finalidades essenciais;

e) A despeito de o art. 195, parágrafo 7º, da Constituição Federal, estabelecer que são isen-tas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei, não há, no presente caso, isenção.

3. FMP-rS - 2014 - Tj-MT – juiz:Os tributos vêm sendo classificados em cinco espécies: impostos, taxas, contribuições de melhoria, contribuições (especiais) e empréstimos compulsórios. Considerando as normas constitucionais e características de cada espécie, é correto afirmar que:

a) a competência para a instituição de impostos é outorgada forte no critério da base eco-nômica ou materialidade (revelações de riqueza do contribuinte) e não no da finalidade, mas não há impedimento a que o legislador, ao instituir um imposto, vincule o seu pro-duto a determinado órgão ou ao custeio de determinada despesa ou investimento.

b) as taxas podem ser instituídas em razão da prestação de serviços específicos e divisíveis ou do exercício do poder de polícia, bem como do uso de bens imóveis, mas não podem ter base de cálculo própria de impostos.

c) as taxas são tributos com característica contraprestacional ou comutativa, de modo que o montante cobrado guarde equivalência razoável com o custo da atividade estatal que constitui seu fato gerador.

d) a competência para a instituição de contribuições é outorgada segundo o critério da finalidade, exclusivamente, e não segundo o critério da base econômica que é utilizado apenas para os impostos, jamais sendo combinados tais critérios.

e) os empréstimos compulsórios caracterizam-se como empréstimos em razão da necessá-ria promessa de restituição, a qual pode se dar em dinheiro ou em outro bem, desde que respeitada a equivalência com o montante recolhido, atualizada monetariamente por índice não inferior ao da inflação.

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4. FMP-rS - 2014 - Tj-MT - juizAs imunidades são normas negativas de competência tributária, figurando na constituição, ainda, como limitações constitucionais ao poder de tributar. Sobre as imunidades, é correto afirmar que:

a) são identificadas no texto constitucional justamente pelo uso da expressão imunidade, não se podendo considerar como imunidades as vedações ou proibições de tributação referidas pelo texto constitucional como isenção ou não incidência, na medida em que se trata de institutos diversos.

b) as imunidades constam em diversos artigos do texto constitucional, e, conforme o dispositivo, dizem respeito a impostos, a contribuições ou mesmo a taxa, não se po-dendo, onde a imunidade é relativa a impostos, pretender estendê-la a outras espécies tributárias.

c) as imunidades tributárias a impostos em favor dos templos e das entidades educacionais sem fins lucrativos são incondicionadas.

d) a imunidade recíproca a impostos tem caráter subjetivo, alcançando tão somente os entes políticos e suas autarquias, jamais se podendo estendê-la às empresas públicas e às sociedades de economia mista, para as quais o texto constitucional inclusive veda privilégios fiscais.

e) a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é uníssona no sentido de que a imunida-de dos livros deve ser interpretada restritivamente, não havendo dissenso quanto a isso, porquanto imunidades são normas de exceção.

5. FMP-rS - 2014 - Tj-MT - juizO crédito tributário é constituído pelo lançamento, sendo certo, ainda, que há outros mo-dos de formalização do crédito tributário admitidos pela jurisprudência e que dispensam o lançamento, como a declaração do contribuinte em que reconhece o débito fiscal. Sobre a matéria, é correto afirmar:

a) quando a formalização do crédito acontece mediante declaração do contribuinte, a sua inscrição em dívida ativa só será válida, se acompanhada de notificação do contribuinte para opor alguma causa suspensiva ou extintiva do crédito.

b) o lançamento por homologação prescinde de qualquer ato concreto do fisco, porquanto, ocorrendo o pagamento tempestivo por parte do contribuinte, considerar-se-á homo-logado pelo simples decurso do prazo de cinco anos contados do fato gerador, o que extingue definitivamente o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.

c) estão sujeitos a lançamento por declaração todos os tributos relativamente aos quais a legislação imponha ao contribuinte a obrigação acessória de declarar o seu débito.

d) o lançamento de ofício sempre poderá ser revisto, quando comprovados dolo, fraude ou simulação, independentemente de prazo, pois não decai o direito à revisão nessas hipóteses.

e) o lançamento de ofício sempre estará revestido da forma de auto de infração, de modo que sempre implicará lançamento conjunto de tributo e de multa, invariavelmente.

6. FCC - 2014 - Câmara Municipal de São Paulo - SP - Procurador LegislativoNa seção denominada das “limitações constitucionais ao poder de tributar” o texto consti-tucional dispõe sobre

a) princípios e regras que disciplinam o exercício da competência para instituir e modificar tributos.

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b) o rol taxativo dos impostos instituídos pela Constituição Federal para os entes federados, que não têm poder de instituir, mas apenas para cobrar.

c) capacidade tributária para cobrar tributos. d) imunidades e isenções tributárias. e) todos os institutos tributários que atuam no campo da cobrança dos tributos instituídos

na Constituição Federal.

7. FCC - 2014 - Câmara Municipal de São Paulo - SP - Procurador Legislativorelativamente aos tributos municipais, é correto afirmar que

a) o dinheiro arrecadado com os impostos municipais são receitas vinculadas às despesas que estiverem previstas na Lei Orçamentária Anual, não podendo ser desviado para ou-tro fim.

b) todos os impostos de competência do município podem ter alíquotas progressivas de acordo com a base de cálculo.

c) o imposto sobre serviços de qualquer natureza - ISS deve ser aplicado em valor fixo anual para todos os serviços.

d) a fixação da base de cálculo do imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana - IPTu não se submete à anterioridade nonagesimal, embora tenha que se submeter à anterioridade anual.

e) é inconstitucional fixar para o imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana - IPTu a mesma base de cálculo do imposto sobre a transmissão de bens imóveis por ato oneroso inter vivos - ITBI.

8. CESPE - 2014 - Tj-DF - juizDeterminado empresário foi intimado validamente de um lançamento efetuado pela Subse-cretaria da receita da Secretaria de Fazenda do DF em 5/5/2006, referente a créditos tributá-rios oriundos do ICMS, vencidos em 5/3/2001 e que não foram objeto de qualquer pagamen-to ou declaração de débito do contribuinte, sem que este, no entanto, tenha incorrido em dolo, fraude ou simulação. Embora o contribuinte não tenha apresentado impugnação no prazo legal de trinta dias após a intimação do lançamento, o crédito tributário só foi inscrito em dívida ativa em 4/5/2011, e, posteriormente, em 1.º/10/2011, foi proposta a execução fiscal, tendo ocorrido a citação válida do devedor em 1.º/11/2011. Nessa situação hipotética,

a) houve prescrição do crédito tributário, visto que, tendo o vencimento do tributo ocorrido em 5/3/2001, o lançamento foi efetivado apenas em 5/5/2006, ou seja, após o prazo pre-visto no art. 150, § 4.º, do CTN, contado a partir do fato gerador.

b) ocorreu a decadência do tributo, levando-se em conta que a execução fiscal foi proposta tão somente em 1.º/10/2011, ou seja, muito após o prazo de cinco anos previsto no art. 174 do CTN, contado a partir da constituição definitiva do crédito tributário.

c) não houve nem decadência nem prescrição.d) houve decadência do crédito tributário, visto que, tendo o vencimento do tributo ocorri-

do em 5/3/2001, o lançamento foi efetivado apenas em 5/5/2006, portanto, após o prazo de cinco anos previsto no art. 150, § 4.º, do CTN, contado a partir do fato gerador.

e) ocorreu a prescrição do tributo, levando-se em conta que a execução fiscal foi proposta tão somente em 1.º/10/2011, ou seja, muito após o prazo de cinco anos previsto no art. 174 do CTN, contado a partir da constituição definitiva do crédito tributário.

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9. CESPE - 2014 - PgE-BA - ProcuradorCom relação à imunidade, julgue os itens que se seguem.As taxas são alcançadas pelas imunidades constitucionais previstas para as entidades de educação.

10. CESPE - 2008 - PgE-ES - ProcuradorCaso certa entidade municipal leve a efeito a construção de uma ponte, no valor de r$ 7.200.000,00, que beneficie a população de duas cidades, uma vez que a distância percorri-da pelas pessoas diminuirá de 30 km para 7 km, para efeitos de cobrança da contribuição de melhoria, a valorização dos imóveis beneficiados será presumida, cabendo aos contribuin-tes interessados fazer prova da inexistência da valorização imobiliária.

GABARITO:

1 – A

2 – B

3 – C

4 – B

5 – B

6 – A

7 – A

8 – E

9 – Errado.

10 – Errado.

Livro 1.indb 89 21/08/2014 08:49:49