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DIREITO ADMINISTRATIVO

1. AGENTES PÚBLICOS

(MSConcursos/PC/MS/Delegado/2013) Analise as duas asserções abaixo, clas-sificando cada uma em “verídica” ou “inverídica”. Fundamente sua opção. (i) Um dele-gado de polícia devidamente nomeado que não tomar posse ou que tomar posse e não en-trar em exercício no prazo estabelecido será demitido. (ii) Já em exercício e durante o período de estágio probatório poderá exercer quaisquer cargos de provimento em comis-são ou função de direção, chefia ou assessoramento em qualquer órgão ou entidade.

DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

A resposta à presente questão depende da legislação de cada estado-membro. A resposta seguir segue o regramento estabelecido pela Lei de nº 8.112/1990, lei dos ser-vidores públicos federais. Em certa medida, esse regramento é normalmente observado pela legislação estadual.

SUGESTÃO DE RESPOSTA

A primeira assertiva é inverídica. A nomeação não torna servidor público o candi-dato aprovado em concurso público. A investidura ocorre com a posse (art. 7º da Lei de nº 8.112/1990). Somente após sua investidura é será possível falar-se em demissão. Desse modo, nomeado e não empossado, o ato de nomeação será tornado sem efeito (art. 13, § 6º da Lei de nº 8.112/1990). Além disso, nomeado e empossado, caso não ve-nha a entrar em exercício no prazo legal, seu vínculo com a Administração Pública será extinto, mas não pela demissão, e sim pela exoneração, que não tem caráter punitivo (art. 15, § 2º da Lei de nº 8.112/1990).

A segunda assertiva também é inverídica. Dispõe o art. 20, § 3º da Lei 8.112/1990 que o servidor em estágio probatório poderá exercer quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de lota-ção, e somente poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar cargos de Natureza Especial, cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores – DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes.

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COLEÇÃO PREPARANDO PARA CONCURSOS

2. ATOS ADMINISTRATIVOS

(NCE/PC/DF/Delegado/2007) Acerca das prerrogativas doutrinariamente reco-nhecidas como próprias dos atos administrativos: (i) Enumere e explique cada uma de-las. (ii) Aponte no que se diferenciam das características próprias dos atos praticados por particulares. (iii) Esclareça se todo e qualquer ato administrativo reveste-se das prerrogativas antes enumeradas, indicando, se for o caso, exemplo de ato que não pos-sua uma daquelas características.

DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

Nesta questão o aluno deve estruturar sua resposta em três partes. Na primei-ra, deve enumerar e explicar cada uma das prerrogativas típicas do ato administrati-vo. No segundo, deve distinguir atos administrativos e atos particulares. Na terceira, deve indicar em quais tipos de atos administrativos são aplicadas as características dos atos administrativos.

Não confundir prerrogativas típicas do direito administrativo com a classifica-ção do ato administrativo conforme as prerrogativas da administração pública (atos de império, gestão e expediente).

SUGESTÃO DE RESPOSTA

Doutrinariamente1, são reconhecidas cinco prerrogativas típicas dos atos ad-ministrativos: presunção de legalidade, imperatividade, exigibilidade, autoexecuto-riedade e tipicidade.

A primeira, consiste na presunção relativa (juris tantum) de que os atos adminis-trativos são expedidos em conformidade com a lei. Essa prerrogativa, inerente a todos os atos administrativos, engloba a presunção de veracidade, existência e verdade dos fatos, e a presunção de legitimidade, a indicar presunção de que o ato foi expedido em observância à regra de competência.

A imperatividade, também denominada poder extroverso, consiste na prerrogativa de o Poder Público expedir seus atos mesmo que não haja concordância ou aquiescência do destinatário. Apenas os atos obrigacionais são considerados dotados de imperatividade.

A autoexecutoriedade é prerrogativa que permite a execução imediata do ato ad-ministrativo, por razões legais, normalmente ancoradas na relevância e urgência da me-dida, independentemente da autorização prévia do Poder Judiciário. Entre os atos obri-gacionais, apenas alguns, por previsão legal ou pela natureza, são autoexecutórios.

1. MELLO, Celso A. B. Curso de Direito Administrativo. 15. ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 380-386.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Exigibilidade diz respeito à possibilidade de exigir o cumprimento do ato adminis-trativo, normalmente, presente apenas nos atos imperativos. A exigibilidade pode se mani-festar como um condicionamento (condição para expedição de uma licença, por exemplo).

A tipicidade é característica intrínseca do ato administrativo. Cada ato tem um fim, destina-se a um propósito, isto é, possui a sua tipicidade, daí ser essa uma prerroga-tiva inerente a todos eles. Di Pietro2, porém, compreende que essa é uma prerrogativa inerente aos atos administrativos unilaterais, não englobando os contratos.

(IBDH/PC/RS/Delegado/2009) Pode haver anulação de revogação de ato adminis-trativo? Responda fundamentadamente, explicando os conceitos pertinentes ao caso.

DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

Nesta questão o candidato deve atentar para o fato de que tanto anulação quan-to revogação constituem atos administrativos capazes de extinguir outros.

Assim, deve conceituar cada um desses atos (revogação e anulação) e em se-guida responder a questão formulada no sentido afirmativo, isto é, a anulação cons-titui ato administrativo que pode incidir sobre qualquer outro ato administrativo, in-clusive, a revogação.

SUGESTÃO DE RESPOSTA

Sim, é possível a anulação de revogação de ato administrativo. Ambas, anulação e revogação, constituem atos administrativos capazes de extinguir outros atos adminis-trativos. A anulação visa a atacar a ilegalidade existente no ato. Anula-se um ato ilegal (fundamento de legalidade).

Em regra, a anulação produz efeitos retroativos (ex tunc), são, entretanto, ressal-vados os direitos perante terceiros de boa-fé. A revogação alcança atos que, embora legais, revelam-se inconvenientes e inoportunos (fundamento de mérito administra-tivo). Em regra, a revogação incide sobre atos discricionários. A revogação produz efei-tos não-retroativos (ex nunc).

A anulação é ato administrativo que pode incidir tanto sobre atos vinculados quanto discricionários, desde que neles haja ilegalidade. Uma revogação que seja ilegal, por exemplo, em decorrência de haver sido expedida por agente público incompetente em razão da matéria, é passível de anulação.

2. DI PIETRO, Maria S. Z. Direito Administrativo. 22. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2009, p. 201.

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(UEG/PC/GO/Delegado/2013) De acordo com a doutrina, o ato administrativo possui atributos próprios, que são qualidades que, via de regra, inexistem no ato jurí-dico particular. Registre-os, com os respectivos significados.

DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

Nesta questão o aluno deve indicar as prerrogativas que são típicas do ato ad-ministrativo. Deve indicar a presunção de legalidade, a imperatividade, a exigibilida-de, a autoexecutoriedade e a tipicidade.

SUGESTÃO DE RESPOSTA

São atributos dos atos administrativos: presunção de legalidade, imperatividade, exigibilidade, autoexecutoriedade e tipicidade.

A primeira, consiste na presunção relativa (juris tantum) de que os atos adminis-trativos são expedidos em conformidade com a lei. Essa prerrogativa, inerente a todos os atos administrativos, engloba a presunção de veracidade, existência e verdade dos fatos, e a presunção de legitimidade, a indicar presunção de que o ato foi expedido em observância à regra de competência.

A imperatividade, também denominada poder extroverso, consiste na prerrogati-va de o Poder Público expedir seus atos mesmo que não haja concordância ou aquies-cência do destinatário. Apenas os atos obrigacionais são considerados dotados de imperatividade.

A autoexecutoriedade é prerrogativa que permite a execução imediata do ato ad-ministrativo, por razões de legais normalmente ancoradas na relevância e na urgência da medida, independentemente da autorização prévia do Poder Judiciário. Entre os atos obrigacionais, apenas alguns, por previsão legal ou pela natureza, são autoexecutórios. Exigibilidade diz respeito à possibilidade de exigir o cumprimento do ato administrati-vo, normalmente, presente apenas nos atos imperativos. A exigibilidade pode se mani-festar num condicionamento (condição para expedição de uma licença, por exemplo).

A tipicidade é característica intrínseca do ato administrativo. Cada ato tem um fim, destina-se a um propósito, isto é, possui a sua tipicidade, daí ser essa uma prerroga-tiva inerente a todos eles. Di Pietro, porém, compreende que essa é uma prerrogativa inerente aos atos administrativos unilaterais, não englobando contratos.

3. BENS PÚBLICOS

(Funcab/PC/RJ/Delegado/2012) Indique e estabeleça distinção, quanto às hipó-teses de cabimento e quanto ao modo de formalização, 3 (três) espécies de instrumentos

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DIREITO ADMINISTRATIVO

que permitem a utilização regular privativa de bens públicos por particulares, no orde-namento jurídico vigente.

DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

O candidato deve indicar a concessão, permissão e autorização como as três formas básicas de utilização regular privada de bens públicos. Além de indicar os institutos, deve discorrer acerca das hipóteses de cabimento e modo de formalização de cada um deles.

SUGESTÃO DE RESPOSTA

Os bens públicos, sejam dominicais, de uso especial ou de uso comum, admitem utilização privatista por particular. Os institutos que viabilizam essa utilização são: au-torização de uso, permissão de uso e concessão de uso.

Os dois primeiros constituem direito pessoal; o último, é direito real. Além disso, a autorização de uso de bem público constitui ato administrativo discricionário, precá-rio e sem previsão de prazo de duração. Nela, o interesse privado prepondera sobre o in-teresse público.

A permissão de uso de bem público também constitui ato administrativo discri-cionário, precário e sem, em regra, duração pré-determinada. Neste caso, há convergên-cia do interesse público com o privado. Embora haja alguma divergência doutrinária, parece indubitável que, com a previsão da Lei de nº 9.074/1995, art. 31, a permissão de uso de bem público deverá ser precedida de licitação3.

Já a concessão de uso de bem público é a forma mais estável e segura da utilização do bem público pelo particular. Trata-se de contrato administrativo, de direito público, pre-cedido necessariamente de licitação, salvo hipóteses legais de dispensa ou de inexigibili-dade e que possui prazo certo e determinado. A concessão pode ser ou não remunerada.

4. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

(NCE/PC/DF/Delegado/2007) Aponte as sanções de natureza político-adminis-trativa a que estão sujeitos os agentes públicos quando sua conduta puder ser caracteri-zada como violadora de princípios regentes da administração pública ou causadora de lesão ao Erário, esclarecendo, ainda, o(s) mecanismo(s) legalmente previsto(s) para a imposição de tais sanções e definindo se mesmo os agentes com investidura transitória e não remunerada estão sujeitos a esta disciplina legal.

3. CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. Salvador: JusPodium, 2014, p. 1027. Ver também o disposto na MP 2.220/01, que trata da concessão especial de uso para fins de moradira.

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DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

O candidato deve inserir sua resposta no tema “improbidade administrativa”, inician-do pelo disposto na Constituição Federal (art. 37, § 4º) e concluindo com o previsto na Lei de Improbidade Administrativa (Lei de nº 8.429/1992). Deve indicar que ação cabível para pu-nir tais atos. Ao fim, deve responder que mesmo os agentes de investidura transitória e não remunerada estão sujeitos às sanções por improbidade (art. 2º da Lei de Improbidade).

SUGESTÃO DE RESPOSTA

Os atos que violem os princípios da Administração Pública e os causadores de le-são ao Erário ensejam sanções por improbidade administrativa previstas no art. 37, § 4º da Constituição Federal e regulamentadas pela Lei de nº 8.429/1992, além de eventuais sanções na esfera penal e na administrativa.

As sanções estão graduadas de acordo com a gravidade do ato e podem ser apli-cadas cumulativamente. Para atos que causem lesão ao erário as sanções abrangem perda do cargo, emprego ou função, indisponibilidade dos bens, suspensão de direitos políticos por 5 a 8 anos; integral ressarcimento do dano; perda de bens e valores acres-cidos ilicitamente ao patrimônio do agente; de multa de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público pelo prazo de cinco anos.

Para os atos que atentem contra os princípios da Administração Pública são pre-vistas as seguintes sanções: obrigação de ressarcimento do dano, caso se configure, per-da do cargo, emprego ou função, suspensão dos direitos políticos de 3 a 5 anos; multa no valor de até 100 vezes o valor da remuneração do agente; proibição de contratar com o Poder Público por 3 anos.

Ação cabível, na hipótese, é a ação de improbidade administrativa a ser proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada. O réu desta ação é o agente, ainda que sua investidura seja transitória e sem remuneração (art. 2º da Lei de Improbidade).

5. INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE

(NCE/PC/DF/Delegado/2007) O município X, sem processo regular de desa-propriação, ocupou um bem pertencente a particular. Não foi atribuída ao bem ne-nhuma destinação pública. Que providência o proprietário do bem poderá adotar con-tra o município?

DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

O candidato deve inserir a resposta no tema desapropriação indireta. Após, concei-tuar o instituto indicar a medida cabível contra o município. Ver a este respeito o disposto

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DIREITO ADMINISTRATIVO

no Decreto-Lei 3.365/1941. A questão não exige mas é importante que o aluno atente, em seus estudos, para a discutida prescrição em matéria de desapropriação indireta.

SUGESTÃO DE RESPOSTA

A ocupação pelo município de bem pertencente a particular sem que haja um re-gular processo de desapropriação pode ensejar a denominada desapropriação indireta. Neste sentido, dispõe o art. 35 do Decreto-Lei de nº 3.365/1941 que os bens expropria-dos, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. Para Carvalho Filho4, a desapropriação indireta constitui fato administrativo que, a despeito do nome, é mais “direta” que a desapropriação por via regular.

Caso constatado que não possível a reversibilidade do bem ou se configure o completo esvaziamento de sua utilidade em razão da ocupação pelo Município cabe o requerimento por via administrativa da competente indenização. Pode, entretanto, op-tar imediatamente pelo manejo de ação judicial de indenização por apossamento ou de desapropriação indireta, a seguir o rito comum ordinário, em sede da qual o interessa-do requererá a competente e justa indenização.

6. LICITAÇÕES

(UEG/PC/GO/Delegado/2013) Distinga, com inclusão de exemplos, a licitação dispensável da licitação dispensada.

DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

A resposta neste caso é simples. O candidato deve conceituar e distinguir licita-ção dispensável e dispensada. Importante ressaltar que a regra geral é a realização da licitação, exceto nas hipóteses legais de dispensa e de inexigibilidade. Lembrar que to-das as hipóteses de dispensa e de inexigibilidade, na esfera federal, nos termos do art. 50 da Lei de nº 9.784/1999, devem ser motivadas.

SUGESTÃO DE RESPOSTA

A licitação é procedimento administrativo que visa a selecionar a proposta mais vantajosa e a promover o desenvolvimento nacional. Em regra, os contratos administra-tivos devem ser precedidos de licitação, salvo nas hipóteses legais de dispensa e de

4. CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 22. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 823-834.

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inexigibilidade. As hipóteses de dispensa, por sua vez, distinguem-se em duas. Licitação dispensável é aquela em que a dispensa, preenchidos os requisitos legais, é possível mas, não necessária.

Os requisitos da licitação dispensável estão previstos no art. 24 da Lei de nº 8.666/1993. Assim, numa licitação para contratação de baixo valor (em regra, 10% do valor previsto para a modalidade convite, conforme previsão do art. 24, I e II da Lei de Licitações) a licitação poderá ser dispensada, desde que devidamente motivada (art. 50 da Lei de nº 9.784/1999). Outra situação bem característica da licitação dispensável é a realização de contratação em caráter de urgência e para conclusão de obras ou serviços que não ultrapassem 180 dias (art. 24, IV da Lei de Licitações).

Já a licitação dispensada, constitui instituto em que a licitação é tecnicamente proibida. Neste caso, a decisão quanto à não realização da licitação é do legislador, que optou por dispensá-la. Não há discricionariedade, a dispensa, neste caso, é ato adminis-trativo vinculado. Normalmente, essas hipóteses estão contempladas no art. 17 da Lei de 8.666/1993 e dizem respeito a diversas formas de alienação de bens imóveis. A da-ção em pagamento e a investidura constituem duas dessas hipóteses (art. 17, I, a e d).

(Funcab/PC/RJ/Delegado/2012) A empresa “X” saiu vencedora do certame licitatório referente à prestação de serviços de locação de equipamentos de informá-tica. O procedimento licitatório transcorreu dentro dos ditames legais. Após a adju-dicação do objeto, mas antes da assinatura do contrato, a autoridade competente decide revogar a licitação em razão de o preço adjudicado ser superior ao praticado no mercado. Na situação hipotética, responda fundamentadamente: (i) A empresa “X”, vencedora da licitação, é titular do direito subjetivo à aludida contratação? (ii) No procedimento de revogação ficam assegurados o contraditório e a ampla defesa à empresa interessada?

DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

A questão neste caso é só aparentemente complexa. É preciso, porém, estar aten-to para o fato de que não foi suscitada a legalidade da revogação da licitação. A respos-ta deve estar estruturada em dois pontos: a inexistência de direito subjetivo à contrata-ção e a aplicação do princípio do contraditório e da ampla defesa também no procedimento que visa à revogação da licitação.

SUGESTÃO DE RESPOSTA

A vitória do certame licitatório dá ao licitante vencedor o direito à adjudicação do objeto da contratação (adjudicação compulsória). Por meio dele, o vencedor se resguar-da de eventual preterição na convocação para assinatura do contrato. Em que pese

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alguma divergência doutrinária5, tem prevalecido o entendimento de que não há, entre-tanto, direito subjetivo à contratação.

As hipóteses que impedem a contratação do licitante vencedor são a revogação e a anulação do certame.

A revogação é integral (de todo o procedimento) e tem como termo final a data da assinatura do contrato. Pelo evidente efeito prejudicial ao licitante vencedor, a de-cisão de revogação deve ser precedida de procedimento administrativo em que asse-gurados estejam o contraditório e ampla defesa (art. 5º, LV da CF). Além disso, nos ter-mos do previsto no art. 50 da Lei 9.784/1999, as decisões que importem em revogação de ato administrativo devem ser motivadas.

(UEG/PC/GO/Delegado/2008) Quanto à contratação direta por inexigibilida-de, responda ao que se pede. (i) A Lei de Licitações prevê de forma taxativa os casos que autorizam a contratação? Explique. (ii) Os serviços técnicos especificados na Lei de Licitações podem ser contratados independentemente de processo de licitação. Indique e comente as exigências legais que devem restar satisfeitas para que a contra-tação direta de serviços técnicos por inexigibilidade seja lícita.

DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

O candidato aqui deve atentar para o fato de que as hipóteses de dispensa são consideradas, doutrinariamente, taxativas (numerus clausus), ao passo que as de inexigi-bilidade constituem rol exemplificativo. O aspecto a exigir maior atenção é o que diz respeito aos requisitos legais para que o serviço técnico seja contratado por inexigibili-dade de licitação. Neste caso, além da adequação à previsão legal, é preciso observar a singularidade da contração e especialização notória do contratado.

SUGESTÃO DE RESPOSTA

As hipóteses de inexigibilidade de licitação, isto é, quando a competição, ineren-te ao procedimento, revela-se impossível, estão previstas de forma exemplificativa no art. 25 da Lei de nº 8.666/1993. O que esse dispositivo indica são algumas hipóteses (standards) em que a competição é impossível.

O caráter exemplificativo do rol é expresso no próprio caput do artigo quando, após definir quando ocorre a inexigibilidade, o legislador utiliza a expressão “em espe-cial” para anunciar os incisos seguintes. Sim, os serviços técnicos especificados na Lei de Licitações podem ser contratados independentemente de processo de licitação.

5. Acerca dessa divergência, ver CARVALHO FILHO, José dos Santos. op. cit., p. 282-83.

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A contratação, neste caso direta, é feita por inexigibilidade de licitação. Para tan-to, devem ser preenchidos os seguintes requisitos, contemplados no art. 25, II e § 1º da Lei de nº 8.666/1993: o serviço técnico deve ser um dos elencados no art. 13 da Lei de Licitações; o serviço deve ser de natureza singular, isto é, não rotineiro, regular ou fre-quente; e, por fim, a especialização notória, assim entendida como aquela que pela ex-periência e títulos do contratado seja possível inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato.

7. PODERES ADMINISTRATIVOS

(COPS-UEL/PC/PR/Delegado/2013) No âmbito do direito administrativo, em que se diferenciam poder de polícia e serviço público?

DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

A questão exige sejam diferenciados serviço público e poder de polícia. Atentar para o fato de que constituem relação de gênero e espécie, porquanto, o poder de polí-cia é também um serviço público (sentido amplo). Importante referenciar o disposto no art. 78 do Código Tributário Nacional.

SUGESTÃO DE RESPOSTA

O poder de polícia administrativa constitui espécie de serviço público prestado pelo Estado. O serviço, neste caso, consiste, conforme previsão do art. 78 do Código Tributário Nacional, na atividade da Administração Pública que, limitando ou discipli-nando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão do interesse público. Pode-se, entretanto, distinguir o exercício do poder de polí-cia do serviço público em sentido estrito.

A primeira distinção é quanto à esfera jurídica de direito/interesses/liberdades do particular: enquanto o poder de polícia visa, em regra, à restrição dessa esfera, o ser-viço público visa à sua ampliação. A segunda é que o poder de polícia se enquadra no poder imperativo do Estado, ao passo que o serviço público constitui atividade social com a finalidade do bem-estar por meio de atividades prestativas, daí porque, em mui-tos casos, é possível se configurar o poder de polícia como atuação negativa (interven-ção/restrição) e o serviço público positiva (prestativa).

Segundo Di Pietro6, o poder de polícia se insere no âmbito das atividades jurídicas do Estado, com vistas à ordem pública, à paz e à segurança, ao passo que o serviço público (sentido estrito) constitui atividade social com vistas ao bem-estar e ao progresso social.

6. DI PIETRO, Maria S. Z. op. cit., p. 99.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

(COPS-UEL/PC/PR/Delegado/2013) No que diferem as concepções de Poder de Polícia no estado de direito, de tipo liberal, e no estado social de direito?

DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

Nesta questão o candidato deve distinguir os tipos de estado mencionados e ca-racterizar o poder de polícia em cada um dele.

SUGESTÃO DE RESPOSTA

O Estado Liberal é a forma política característica da emergência do capitalismo. O objetivo central foi o de promover e de desenvolver as relações capitalistas de pro-dução. Para tanto, o esforço das atividades estatais estava concentrado na garantia do laissez faire, no que também reside um paradoxo do Estado Liberal: o laissez faire só foi possível graças à forte intervenção estatal.

O poder de polícia neste contexto tinha a finalidade precípua de garantir liberda-des. A intervenção por meio do poder de polícia se restringia à garantia da ordem e da segurança, não por acaso “ordem e progresso” constituíram o lema desse momento his-tórico. A superação da forma estatal liberal pelo Estado Social permitiu ao Poder Público atuasse para além da garantia de liberdades. O não-intervencionismo nas relações de mercado gerou, entre outras, a crise de 1929.

O poder de polícia, neste contexto, torna-se mais complexo, porquanto, além das liberdades, sua atuação conformará o atendimento das finalidades definidas na ordem econômico-social, em que se incluem diversas políticas de cunho prestativo.

(Funcab/PC/RO/Delegado/2014) Tendo em vista a aproximação de epidemia de dengue hemorrágica, que ameaça espalhar-se por todo o estado, o governador desse estado expede decreto autorizando, mediante utilização dos meios estritamente necessários, agentes públicos a entrarem à força em imóveis sob forte suspeita de existência de criadouros de larvas de mosquitos transmissores da doença e cujos pro-prietários se encontrem ausentes ou resistentes à imprescindível atividade adminis-trativa de combate epidêmico. Emita parecer sobre o caso descrito, analisando, juri-dicamente, a legalidade ou não do decreto do Governador, bem como se poderá ocorrer a responsabilização da Administração.

DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA

A questão deve ser respondida em forma de parecer. Trata-se de questão comple-xa e que admite várias respostas possíveis. Neste caso, o candidato será avaliado muito