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Compilação
Manual das
Associações de
Pais
Realizado no mandato de 2015/2016
Matosinhos 2016
FAP MATOSINHOS – Federação Concelhia das Associações de Pais de Matosinhos
Rua D. Frei Martim Fagundes – Antiga Escola do Monte da Mina 4465-688 Leça do Balio
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Título
Manual das Associações de Pais
Compilação
Paulo Sá
Grupo de trabalho
Luís Torres
Firmino Luz
Paulo Sá
Paulo Cardoso
Elsa Silva
José Carlos
Autoria
Realizado no mandato de 2015/2016
Editor da Capa
Paulo Sá
Coordenação Geral
FAP MATOSINHOS – Federação Concelhia das Associações de Pais de Matosinhos
Rua D. Frei Martim Fagundes – Antiga Escola do Monte da Mina
4465-688 Leça do Balio
Composição e pré-impressão
Luís Torres / Paulo Sá
Montagem/ Impressão / Acabamentos / Design e Fotocomposição
SAÚDE SA & CA. LDA
Av. D. Afonso Henriques, 1062
4450-011 Matosinhos
Tiragem
400
Data de Edição
Matosinhos, Fevereiro de 2016
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ÍNDICE GERAL
Índice …………………………………………………………………………………………………….. 4
Mensagens de Agradecimentos ………………………………………………………………………. 6
Introdução …………………………….…………..…………………………………………………….. 12
Cidadania Ativa e Voluntariado Parental ….……………………………………..………………….. 13
Carta dos direitos e deveres dos Pais .……………………………………………………........ 15
O Papel dos Pais e Encarregados de Educação .....……………………………………… 16
O Movimento Associativo dos Pais e a participação ativa na Escola …………………….. 18
As associações de Pais e encarregados de Educação …………………………………………… 21
Como se cria uma Associação de Pais ……………………………….…………………………… 22
Princípios base para a elaboração dos estatutos ………………………………………………… 25
Manual de representantes de Pais e encarregados de Educação da Turma e de sala ………. 26
Papel dos Pais na Turma …………………………………………………………………………. 28
Pais na Escola ……………………………………………………………………………………... 29
Tópicos sobre algumas questões ……………………………………………………………………. 32
Bullying ………………………………………………………………................................................. 40
Quotização Facultativa …..……………………………………………………………………………. 44
Modelo de estatutos para uma Associação de Pais ..……………………………………………… 48
Modelo de uma convocatória para uma Assembleia Geral ..……………………………………… 52
Modelo de Ata de uma Assembleia Geral ….……………………………………………………….. 53
Modelo auto tomada de posse ……….………………………………………………………………. 55
Modelo de ficha de inscrição numa Associação de Pais ……………………………………….…. 56
Modelo de uma comissão das Ap das Escola por agrupamento …….…………………………… 57
Modelo de inscrição na Segurança Social …………………………………………………………… 60
Federações Concelhias e Regionais das Associações de Pais ……………………........... 62
CONFAP - Confederação Nacional das Associações de Pais ……………………………... 63
Legislação em Vigor ………………………………………………………………..................... 66
Associações de Pais do Concelho de Matosinhos …………………………………………… 154
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Agradecimentos
A Câmara Municipal de Matosinhos desenvolveu, ao longo dos últimos anos, uma clara aposta na
promoção da educação. No espaço de uma década, entre 2005 e 2015, investimos 53 milhões de
euros para construir e renovar 29 estabelecimentos de ensino. O parque escolar de Matosinhos
é, por isso, considerado exemplar a nível nacional, proporcionando às nossas crianças e jovens
um ensino que não se limita a ser público, universal e gratuito, mas que oferece todas as condições
para que aprender seja, desde logo, um prazer e não apenas uma obrigação.
Fizemo-lo porque acreditamos que a educação é a melhor forma de promover a qualidade de vida
futura dos cidadãos do concelho. Pessoas mais educadas são naturalmente mais aptas a enfrentar
o mercado de trabalho, mas também mais esclarecidas e, por isso, mais capazes de reivindicar e
de lutar por melhores condições e direitos.
Esta aposta, porém, só faz sentido (e só terá sucesso) se todos, enquanto comunidade,
soubermos estar à altura dos desafios e das oportunidades que um parque escolar qualificado
oferece. Por mais empenhados e competentes que sejam os professores e por mais qualidade
que tenham as escolas, os benefícios da educação só serão integralmente aproveitados se
também as famílias e os pais forem capazes de se envolverem neste processo, participando nele
de modo ativo e empenhado.
O que está em causa não é apenas o futuro de Matosinhos – é o destino de cada um dos nossos
filhos.
Dr. Guilherme Manuel Lopes Pinto Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos
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Agradecimentos
Caros Pais e Encarregados de Educação
Uma das mais significativas mudanças operadas na escola pública nas últimas quatro décadas é
a forma como ela se relaciona com a comunidade que serve e em particular com os pais e
encarregados de educação. Uma relação que todos consideramos fundamental para o percurso
do aluno.
Este espírito de parceria, cumplicidade e união entre estes dois pilares essenciais no
desenvolvimento dos nossos estudantes, tem vindo a permitir a promoção do sucesso escolar e a
implementação de um processo educativo abrangente, assente em valores sociais capazes de
gerar, no futuro, cidadãos ativos e conscientes.
Esta nova dinâmica de relacionamento estimulou uma maior e melhor participação destes agentes
educativos na vida da escola, assumindo diferentes papéis:
- O simples cumprimento do dever parental, procurando, no dia-a-dia, interpelar o aluno quanto
à evolução da sua atividade escolar e interagindo regularmente com a escola – professor titular
de turma ou Diretor de Turma – para partilhar informação sobre o aluno;
- O papel de representante dos pais e encarregados de educação dos alunos da turma,
procurando articular a informação da escola com os pais e encarregados de educação e a
informação destes com a escola e contribuindo para a definição e implementação de estratégias
e atividades educativas e formativas nos diferentes domínios e áreas de aprendizagem;
- A disponibilidade para representar os pais e encarregados de educação nos órgãos de
administração e gestão do AE/E onde o educando está integrado, na qualidade de convidados
(Conselho Pedagógico) ou de eleitos (Conselho Geral);
- A integração nos órgãos dirigentes das estruturas representativas dos pais e encarregados de
educação do AE/E – Associação de Pais.
É no sentido de facilitar o cumprimento destes objetivos, que entendemos que seria oportuno
estimular e apoiar a elaboração e distribuição deste “Manual das Associações de Pais”, que
organiza toda a informação sobre o assunto, disponibilizando ainda um conjunto de modelos de
trabalho facilitadores da interação e integração dos pais e encarregados de educação na vida da
Escola.
Felicito a FAP – Matosinhos e todo o movimento associativo de pais, pelo trabalho que têm vindo
a desenvolver ao serviço da educação no nosso concelho e pelo contributo que deu para a
concretização deste objetivo conjunto.
Desejo a todos os agentes educativos – estudantes, profissionais docentes e não docentes e pais
e encarregados de educação – um bom ano de trabalho com muito sucesso.
As melhores saudações educativas,
Prof. António Fernando Gonçalves Correia Pinto
Vereador da Educação
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Agradecimentos
Após alguns anos de trabalho para a elaboração de um novo instrumento de trabalho para
o Movimento Associativo, a Federação Concelhia das Associações de Pais de Matosinhos,
finalmente publica o Manual das Associações de Pais e agradece expressamente o
empenho, dedicação e trabalho dos Membros dos Órgãos Sociais da FAP – Matosinhos e
da Câmara Municipal de Matosinhos, na pessoa do Sr. Vereador Prof. Correia Pinto, na
produção do presente manual.
Matosinhos, Fevereiro de 2016
Dr. Luís Filipe Baptista Magalhães Torres
Presidente do Conselho Executivo da FAP MATOSINHOS
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INTRODUÇÃO
Longe vai o tempo da publicação da primeira edição do Guia das Associações de Pais, pela
Confap.
A evolução da sociedade e do papel social da Escola tem sido tão grande que a legislação tem
sofrido alterações sistemáticas, provocando cada vez mais dificuldades ao Movimento Associativo
de Pais.
O papel dos Pais e Encarregados de Educação e das suas estruturas representativas tem
acompanhado esta evolução, diríamos mesmo que têm sido eles a marcar a necessidade de
mudança da nossa legislação. Assim, impõe-se a necessidade de produzir um novo documento
de trabalho para o Movimento Associativo de Pais.
É neste sentido que agora se publica o Manual das Associações de Pais, que apenas pretende
ser um pequeno contributo para facilitar um trabalho sempre inacabado e cada vez mais
necessário às Comunidades Educativa, e à Sociedade, prestado, de forma voluntária, pelo
Movimento Associativo de Pais.
A nossa expectativa é que, na próxima edição de um novo manual, o Estado já tenha reconhecido,
no nosso universo legislativo e na sua prática, esta ação do Movimento Associativo de Pais
como um serviço social de vital importância para o desenvolvimento da nossa sociedade,
marcando-a, de forma indelével, com os valores do exercício da cidadania, da solidariedade,
da justiça, da amizade e da paz.
Firmino Luz
(Presidente da FAP nos mandatos 2011/2012 e 2013/2014)
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CIDADANIA ATIVA E VOLUNTARIADO PARENTAL
Como entender e promover a participação voluntária dos pais no associativismo parental?
Os valores do voluntariado, associados ao altruísmo, fraternidade, solidariedade e
generosidade, constituem um dever de consciência e um assumir de obrigação cívica, por parte
de quem o pratica.
O prazer de ocupar tempo livre com um relacionamento de amizade com outros, em busca de
um objetivo comum, proporciona uma grata satisfação nas nossas vidas.
O individualismo, a competitividade, o efémero, bem o sabemos, dominam na sociedade. A
cultura da participação cívica em Portugal ainda é pouca, ao contrário de outros países europeus.
Mas, apesar disso, muitos são aqueles que encontram motivação para se dedicarem ao
voluntariado nas mais diversas áreas.
Educar para a Cidadania
Serão as pessoas diferentes, possuindo umas o dom para a generosidade, enquanto outras
se fecham em si próprias, tornando-se egoístas?
Os valores da cidadania, da solidariedade, da partilha e da responsabilidade aprendem-se na
família, a s s i m como n a cultura geracional. Mas ninguém nasce educado e esta
responsabilidade é de todos. A escola também tem o papel de incentivar estes valores, incluindo
estas matérias nos currículos e nos projetos, promovendo iniciativas e atividades de modo a que
as crianças aprendam a viver em sociedade.
Há que, também, ter em conta que em Portugal há dois milhões de pessoas a viver com um
rendimento inferior à média. Na população adulta 59% tem apenas a antiga 4.ª classe ou
menos. É uma situação social confrangedora com reflexos na educação dos filhos e na
participação na vida da escola e da sociedade.
É importante educar para os valores humanos, para a compreensão dependendo todos uns dos
outros, uma vez que, infelizmente, não nascemos todos iguais.
O QUE FAZER?
Como podemos, então, promover a participação voluntária dos pais no associativismo parental?
Não há soluções milagrosas, mas métodos que podemos tentar pôr em prática. Como fazer?
Em primeiro lugar temos de refletir sobre nós próprios, ou seja, sobre a nossa associação
– quais os objetivos, fins, valores, prioridades, ações. De seguida, definir os objetivos de
implementação de um plano que contemple a participação de voluntários.
Na segunda etapa, elabora-se o plano de ação que contemple um ou mais projetos. Não
esquecer planear a operacionalidade do plano. Neste aspeto, a experiência e as potencialidades
dos membros da associação devem ser tidas em conta. Na elaboração do plano é fundamental
identificar as principais necessidades da comunidade educativa, antes de definir o conteúdo
programático – conhecer para agir.
A seguir, com tudo definido, dá-se o terceiro passo:
Trabalhar em parceria. Contactar outras organizações, partilhar experiências e conhecimentos,
de forma a serem aplicadas no projeto.
Na quarta fase promove-se a divulgação do projeto, com apelo à participação. Pedir aos pais
que façam a si próprios quatro perguntas:
1) O que há em particular que eu queira apoiar e ajudar?
2) Há atividades ou tarefas específicas que eu possa fazer?
3) Que talentos tenho para que possa ser útil?
4) Quanto tempo tenho para oferecer?
Não precisamos de ser todos iguais em disponibilidade e fantásticos na ação.
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Mas, neste barco, se vestirmos a camisola e remarmos todos para o mesmo lado, chegaremos
aos nossos objetivos com mais facilidade.
Estas são apenas algumas reflexões que vos transmitimos e cada um, com o seu saber e
experiência, pode completar e enriquecer o seu conteúdo.
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CARTA DOS DIREITOS E DEVERES DOS PAIS
1. Os pais têm o direito de criar os filhos sem discriminação de cor de pele, origem étnica,
nacionalidade, credo, sexo ou até extrato económico. Os pais têm o dever de incutir nos filhos
o sentido da responsabilidade, de modo a permitir a construção de uma sociedade mais
humana.
2. Os pais têm o direito ao reconhecimento da sua primazia como educadores dos filhos. Os pais
têm o dever de educar os filhos de modo responsável e de não os negligenciar.
3. Os pais têm o direito de proporcionar aos filhos o pleno acesso ao sistema educativo, com
base nas suas necessidades, capacidades e méritos. Os pais têm o dever de se envolver
pessoalmente na educação escolar dos filhos.
4. Os pais têm o direito de acesso a toda a informação que as escolas possuam relativamente
aos seus filhos. Os pais têm o dever de prestar às escolas frequentadas pelos seus filhos toda
a informação necessária para que se atinjam os objetivos educativos comuns.
5. Os pais têm o direito de escolher e educar mais adequada às suas convicções e valores que
considerem importantes para a educação dos seus filhos. Os pais têm o dever de fazer uma
escolha bem informada e consciente da educação que desejam dar aos seus filhos.
6. Os pais têm o direito de ver respeitados pelo sistema educativo formal o conteúdo espiral e
cultural da educação que dão aos seus filhos. Os pais têm o dever de ensinar aos seus filhos
a respeitar e a aceitar os outros e as suas convicções.
7. Os pais têm o direito de exercer influência na política implementada pela escola dos seus
filhos. Os pais têm o dever de se envolverem pessoalmente na vida das escolas frequentadas
pelos seus filhos, dado que aqueles constituem um elemento vital da comunidade local.
8. Os pais e as suas associações têm o direito de ser consultados ativamente sobre a política
das autoridades públicas em matéria de educação, a todos os níveis. Os pais têm o dever de
ter organizações representativas e democráticas para defesa dos seus interesses.
9. Os pais têm o direito a assistência material das entidades públicas, quando motivos de ordem
financeira impedir o acesso dos seus filhos ao ensino. Os pais têm o dever de consagrar
tempo e de se envolverem pessoalmente na educação dos seus filhos, bem como de apoiar
as suas escolas para que os seus objetivos educativos sejam atingidos.
10. Os pais têm o direito de exigir às autoridades públicas responsáveis um ensino de alta
qualidade. Os pais têm o dever de se apoiar entre si, no sentido de melhorarem as suas
capacidades como primeiros educadores e parceiros na relação família/escola.
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O PAPEL DOS PAIS E ENCARREGADOS DE
EDUCAÇÃO
A escola, especialmente ao longo do Ensino Básico e Secundário, deixou de visar
apenas a transmissão de conhecimentos para privilegiar o desenvolvimento de:
➢ capacidades e aptidões dos alunos;
➢ atitudes de autonomia pessoal e de solidariedade;
Mas, para que essa finalidade se cumpra, é necessário aproximar a escola do meio
familiar e social em que a criança e o adolescente vivem, já que aos pais e
encarregados de educação cabe um papel decisivo nesse desenvolvimento. É-lhes pedido
que:
… acompanhem regularmente as atividades dos seus educandos:
➢ Incentivando-os na realização das tarefas escolares;
➢ Consultando com eles cadernos e dossiers;
… os ajudem a desenvolver hábitos de trabalho e atitudes de cooperação
nomeadamente:
➢ Assiduidade, pontualidade e cumprimento atempado das suas obrigações
escolares;
➢ Respeito pelo trabalho dos colegas e disponibilidade para a entreajuda;
… sigam atentamente as informações fornecidas pela escola, no que se refere a:
➢ Atividades desenvolvidas pela escola;
➢ Faltas dos educandos;
➢ Resultados da avaliação continua;
➢ Outras comunicações;
… contactem com os diretores de turma, para trocar opiniões sobre aspetos relacionados
com:
➢ A integração na vida escolar dos seus educandos;
➢ O processo de aprendizagem;
… facilitem contactos e pesquisa de informações fora da escola quando os alunos:
➢ Para isso forem solicitados pelos professores;
➢ Manifestem o desejo de o fazer;
…. conheçam os planos de estudo e sua organização, de modo a poderem orientar
os seus filhos na tomada de decisões sobre as alternativas que o percurso escolar vai
oferecendo, nas suas diferentes etapas.
… colaborem na vida da escola, conhecendo e participando no desenvolvimento do
projeto educativo e do plano anual de atividades.
A todos os pais e encarregados de educação assiste o direito de participar no
processo educativo dos seus filhos. Esta participação pode assumir duas formas
distintas:
➢ Individualmente, enquanto encarregado de educação de um aluno de
determinada escola;
➢ Enquanto membro de uma associação de pais e encarregados de educação.
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No 1 º caso, os pais e encarregados de educação podem intervir diretamente:
➢ Contactando com o diretor de turma, no período reservado ao atendimento de pais
e encarregados de educação, em qualquer momento do processo educativo;
➢ Participando em atividades promovidas pela escola, no âmbito da Área-Escola
ou das atividades de complemento curricular;
➢ Colaborando com os técnicos de orientação escolar e profissional, em ações de
informação e sensibilização, nomeadamente contribuindo com o relato da sua
experiência profissional;
➢ Acompanhando e participando ativamente no percurso escolar do seu educando,
designadamente quanto ao processo de avaliação;
No 2º caso, os pais e encarregados de educação, na pessoa de um representante (a
Associação de Pais), podem manter contactos com a escola em diversas modalidades e
momentos:
➢ Através da integração nos segui ntes órgãos:
(conselho geral, conselho pedagógico e conselho de turma).
➢ Em reuniões com o Diretor/Executivo para tratar assuntos relacionados com a vida
da escola.
Aos pais e encarregados de educação de alunos com necessidades educativas
especiais, são reconhecidos os seguintes direitos:
➢ Autorizar expressamente que o seu filho seja sujeito a uma avaliação com vista à
aplicação das medidas do regime educativo especial;
➢ Participar na elaboração, revisão e avaliação do Plano e do Programa Educativo
Individual;
Facilmente nos apercebemos que, cada vez mais, os pais e os encarregados de educação
(individualmente ou em associações) são chamados a intervir no processo educativo dos
seus filhos ou educandos que se desenvolve no seio da escola.
Esta mudança de atitude da escola, tradicionalmente fechada sobre si mesma e sobre
os seus métodos e programas, reclama que os pais e os encarregados de educação
tenham também uma nova postura perante a escola. Neste processo de envolvimento dos
pais na escola assumem particular importância as Associações de Pais.
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O MOVIMENTO ASSOCIATIVO DOS PAIS E A
PARTICIPAÇÃO ATIVA NA ESCOLA
I • Breve historial
Talvez seja a altura de pensarmos um pouco como se processou historicamente esta ideia de
participação dos pais e como eles se organizaram.
Antes de 1974 havia poucas Associações de Pais e quase todas elas estavam ligadas ao
ensino particular . Com a Revolução de Abril e com o desejo de participação então gerado, o
movimento associativo em geral, e o dos pais em particular, foi crescendo por todo o país. É
só em 1976, com a publicação do Decreto-Lei nº 769/76 que surge a primeira referência à
participação dos pais nos órgãos das escolas - nos conselhos disciplinares. É também neste
ano que se realiza o primeiro Encontro Nacional das Associações de Pais. Só em 1977 é
publicada a Lei nº 7/77 que formalmente reconhece o direito e o dever dos pais, através das
suas associações a participarem no sistema educativo português. A revisão constitucional
de 1982 consagra também estes direitos, mas é com a Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei
nº 46/86), com a nova lei das Associações de Pais (Decreto-Lei nº 372/90) e com a nova lei da
Gestão e Administração Escolar que as Associações de Pais (Decreto-Lei nº 172/91) que os
pais veem criadas as possibilidades efetivas de participarem na vida das escolas.
Esta participação foi claramente sistematizada no Despacho número 239/ME/93, de 25 de
Novembro, publicado na II Série do Diário da República de 20 de Dezembro de 1993. Em
1986 a CONFAP – Confederação Nacional das Associações de Pais, fundada em 1985, - é
reconhecida como parceiro social, a 19 de Novembro, pelo Ministério da Educação, sendo, em
1987, reconhecida entidade de utilidade pública. Em 1998, após uma avaliação séria do Decreto-
Lei nº 172/91, foi publicado o Decreto Lei nº 115-A/98, de 4 de Maio, precedido de uma ampla
discussão pública na qual os pais e encarregados de educação se empenharam séria e
profundamente. Este diploma abre novas perspetivas de participação aos pais e às suas
estruturas representativas - as Associações de Pais.
Estas perspetivas foram goradas pela publicação, à revelia da CONFAP, da Lei nº 24/99, de 29
de Abril. O Decreto-lei. N.º 270/98, de 01 de Setembro, que define o estatuto dos alunos dos
estabelecimentos públicos dos ensinos básico e secundário, consagrando um código de
conduta na comunidade educativa, vem, também ele clarificar a nossa ação no processo.
Finalmente o Decreto-Lei nº 80/99, de 16 de Março, que altera a lei das associações de pais
consagra finalmente normas e procedimentos que permitem aos Pais e Encarregados de
Educação exercer os seus direitos no âmbito do sistema educativo sem serem penalizados
no campo profissional (é o fim do malfadado artigo 15º).
Facilmente nos apercebemos que, cada vez mais, os pais e os encarregados de educação -
individualmente ou em associação - são chamados a intervir no processo educativo dos seus
filhos ou educandos que se desenvolve no seio da escola.
Esta mudança do pensamento do legislador motiva também uma nova atitude da escola,
tradicionalmente fechada sobre si mesma e sobre os seus métodos e programas, e reclama
também que os pais e os encarregados de educação tenham por sua vez uma nova postura
perante a escola. Neste processo de envolvimento dos pais na escola, assumem particular
importância as associações de pais.
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II • Até à parceria na escola
Tanto a Lei de Bases como a Reforma do Sistema Educativo definem a escola como um espaço
de aprendizagem inserida na sociedade, constituindo-se como uma comunidade educativa
o que implica uma participação ativa e efetiva dos Pais e Encarregados de Educação. Esta
participação tem evoluído ao longo dos últimos vinte anos. Na década de setenta, as
Associações de Pais tinham sobretudo um carácter reivindicativo: estávamos na fase de lutar
pelos direitos mais elementares como o direito à existência - enfim o poder ir à escola.
Seguiu-se um segundo período em que se empreendeu uma luta pelo direito a ser ouvido, a
participar na vida escolar. Finalmente encetamos um terceiro período: o de estar na escola, com
a escola e para a escola , isto é, os pais são parte integrante da comunidade educativa.
Já não nos limitamos a colaborar na execução de algumas ações, pois agora participamos já na
conceção, no planeamento e na execução das atividades. Nesta fase, temos tido algumas
dificuldades que advêm da inexperiência tanto das Associações de Pais como do próprio
corpo docente, estamos todos a iniciar um novo caminho tendo por isso que
compreendermos mutuamente os nossos receios, as nossas hesitações e até os nossos erros.
Como dizia o poeta é caminhando que se faz caminho, também nós dizemos que é num
espírito de abertura, de compreensão e de aceitação que todos - professores, pais, alunos,
funcionários e outros elementos - construiremos a verdadeira comunidade educativa.
Neste processo de construção e de aprendizagem alguns fatores têm condicionado a
participação dos pais que, pela sua importância, entendemos destacar:
a) A falta de informação que as Associações de Pais têm sobre os seus direitos, os seus
deveres e o funcionamento do sistema educativo, nomeadamente das escolas;
·b) A inexperiência das Associações de Pais na utilização do poder que agora têm nas
escolas, tem-se manifestado sob duas formas a saber: Por excesso - quando os pais se
sentem donos da escola e pretendem invadir áreas que são da exclusiva competência
dos docentes, e por defeito - quando os pais se sentem retraídos deixando de exercer as
suas competências, em detrimento de outros grupos mais informados. No primeiro caso gera-
se um conflito com os docentes e no segundo, uma forte desmotivação dos pais que pode
levar mesmo à não participação;
c) O receio dos docentes na partilha de um poder que outrora era da sua exclusiva
responsabilidade - diga-se, em abono da verdade, que esta situação, para além de não existir
em muitas escolas, é na maioria dos casos fruto de uma aprendizagem ainda em fase de
iniciação e de alguma falta de informação sobre a ação das Associações de Pais;
d) Falta de algumas condições que libertem os representantes das Associações de Pais para
poderem participar nos diversos órgãos da escola, sem terem prejuízos económico-
profissionais.
Apesar de nos encontrarmos no início deste processo de parceria na gestão das escolas, com
todos os erros que possamos cometer neste caminho para uma efetiva aprendizagem na
gestão da educação dos nossos filhos nas escolas, pensamos que a presença dos pais na vida
escolar e na própria vida das escolas é fundamental para a qualidade educativa que todos, cada
um com as suas motivações, assim, quer o ministério da educação, docentes, pais e a sociedade
em geral, trabalham em conjunto com o mesmo objetivo e para o mesmo fim.
Sem pretendermos fazer uma análise muito profunda das motivações que levam os pais a
desejar, cada vez, mais intervir ativamente no processo educativo dos seus filhos, abordaremos
apenas um vetor da responsabilidade das famílias nesta área. A família é a responsável pela
vida dos seus filhos - o seu bem-estar, a sua saúde, a sua educação e o seu futuro. Todos
nós sabemos que estes quatro elementos formam um sistema muito complexo em que cada um
20
·1
deles não pode ser visto isoladamente mas sim no seu todo. A Educação ela própria não resulta
apenas do que se aprende na escola, mas sim do tratamento que a criança/jovem é capaz de
dar a toda a informação recebida (na escola, na família, em casa e na sociedade), por forma a
utilizá-la na sua vida ativa. Neste sentido, a família tem todo o direito - e o dever - de participar
na gestão deste espaço (a Escola) que vai dotar os seus filhos das capacidades necessárias
para procederem à análise e tratamento da informação recebida habilitando-os a tomar a opção
mais acertada para a sua realização pessoal e social. É neste contexto e neste novo papel
educativo da Escola, na nossa sociedade da informação, que encaramos a participação das
famílias na comunidade escolar.
III • Levar a vida ativa à escola
Não pretendemos ser exaustivos nas conclusões, mas permitindo-nos «pensar em voz alta»
diríamos que as famílias, e dizemos propositadamente as famílias e não os pais e encarregados
de educação, possam desempenhar o seu papel de Alfa e de Ómega na educação das suas
crianças e dos seus jovens é necessário, antes de tudo, assumirmos este papel social de
parceria. É necessário que a nossa mentalidade e a nossa cultural organizacional se flexibilize de
forma a melhor estarmos na escola, com a escola e para a escola. É necessário que a
escola reconheça os nossos direitos e os nossos deveres de primeiros e últimos responsáveis
pela educação das nossas crianças e dos nossos jovens. É necessário que a sociedade
reconheça esta nossa ação como u m serviço social de vital importância para o seu próprio
futuro, uma vez que os alunos de hoje serão os dirigentes do futuro e que, para nós o princípio
da pessoa humana, porque anterior à sociedade e ao próprio Estado, se lhes sobrepõe.
A título de exemplo e como forma de levar a vida à escola, não acentuando aqui a outra vertente
social do problema, a escola e os seus discentes poderiam ter momentos de rara riqueza
vivencial se na organização da vida na escola as diversas experiências de vida pudessem chegar
aos alunos por esses maravilhosos contadores de histórias que são os avós. É certo que
ninguém de bom senso poderá dizer como será a sociedade da próxima geração, mas
também é certo que os sentimentos que os avós manifestam pelos jovens e pelas crianças
serão valores fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e mais humana
por que todos aspiramos.
Se a Escola se abrir a estes ou outros contadores de histórias, se nós, nas Associações de
Pais, os estimularmos e os acarinharmos, se for permitido criar uma nova cultural organizacional
na Escola e nas Associações de Pais, então ambos, Escola e Associações de Pais, teremos
evolução. Concluindo para uma verdadeira Comunidade onde o aluno, mais do que ser chamado
a prestar provas, a demonstrar conhecimentos, é chamado a ter, nu m espaço
transgeracional, uma aprendizagem na própria vida do quotidiano. Esta é, em nosso entender
a orientação mais marcante da evolução da ação ou do papel das Associações de Pais
neste dobrar de século.
21
AS ASSOCIAÇÕES DE PAIS E ENCARREGADOS DE
EDUCAÇÃO
O Movimento Associativo dos Pais integrado na CONFAP apresenta três níveis de organizativos.
A base e a razão de ser do Movimento são todos os Pais e Encarregados de Educação inscritos
nas Associações de Pais das Escolas dos seus filhos ou educandos. As estruturas federadas
- Federações Regionais e Concelhias - são as estruturas dirigentes intermédias entre as
Associações de Pais e a CONFAP.
A A ssociação de Pais e Encarregados de Educação (AP) é pois a célula de todo o
movimento tendo como base subjacente a escola ou o agrupamento de escolas (nos
termos do Decreto-Lei nº 115-A/98, de 4 de Maio, com a nova redação dada pela Lei 24/99 de
22 de Abril) onde se insere. É a forma organizada de os pais participarem nos órgãos de gestão
da escola e de se integrarem ativamente na Comunidade Educativa dos seus filhos ou
educandos, em igualdade de circunstâncias com os outros pares da comunidade. É a
fórmula para construírem e viverem em parceria o Projeto Educativo da Escola.
Assim, compete em primeira instância à Associação de Pais:
➢ Velar pela Qualidade da Educação dos seus filhos ou educandos;
➢ Representar os Pais e Encarregados de Educação junto do Diretor;
➢ Promover a eleição dos representantes dos pais e encarregados de educação ao Conselho
Geral;
➢ Informar e aconselhar os Pais;
➢ Organizar-se a nível Concelhio em Federação com outras AP's da sua zona;
➢ Eleger representantes para as Federações Concelhias e Regionais e para a CONFAP;
➢ Participar nas Assembleias Gerais das Federações Concelhias e Regionais e da
CONFAP.
22
COMO SE CRIA UMA ASSOCIAÇÃO DE PAIS?
(Manual de Apoio)
As associações de pais visam a defesa e a promoção dos interesses dos seus associados em tudo
quanto respeita à educação e ao ensino dos seus filhos e educandos que sejam alunos da
educação pré-escolar ou dos ensinos básico ou secundário, público, particular ou cooperativo.
Os pais e encarregados de educação têm o direito de constituir livremente associações de pais ou
de se integrarem em associações já constituídas, bem como de eleger e de ser eleito para qualquer
cargo dos órgãos sociais.
Documente-se sobre o que são e para que servem as associações de pais socorrendo-se,
nomeadamente, da seguinte legislação: Lei 29/2006, de 4 de Julho, e DL n.º 137/2012, de 2 de
Julho.
A seguir dê os seguintes passos (tópicos só de orientação):
1) Ausculte a Direção Executiva da Escola/agrupamento.
2) Com o apoio do órgão executivo da Escola/Agrupamento convoque uma Reunião Geral de
Pais da Escola.
3) Nesta reunião descreva o papel das AP e estimule à participação ativa dos presentes na vida
da Associação (não esqueça que deverão ter sempre em vista o interesse coletivo e não
individual); designem uma Comissão Provisória, com o objetivo de elaborar os Estatutos e dar
os primeiros passos para a legalização.
4) Peça ao órgão executivo da escola que passe declaração em que autoriza a Associação (nome
completo por extenso) a usar a denominação do estabelecimento de ensino cujos pais e
encarregados de educação se pretende representar. De seguida, com essa declaração,
***peça o Certificado de Admissibilidade de Denominação ao Registo Nacional de Pessoas
Coletivas – diretamente (*) ou através da Internet www.portaldaempresa.pt, (uma vez no portal
fazer a opção "empresa online” e, a seguir, em ‘pedido de nome’ abrir ‘Pedido de nome (firma
ou denominação) para entidade a constituir’). [Código CAE: 94994]***
***Nota: Caso a AP já exista e se pretender apenas alterar o nome, deve clicar em: Pedido de
alteração de nome (firma ou denominação), sede para outro concelho ou objeto / retificação do
documento de alteração / registo / inscrição da alteração. [Este serviço permite pedir certificado
de admissibilidade para efeitos de alteração de firma ou denominação, de sede para outro
concelho ou objeto de entidade definitivamente registada / inscrita (titular de NIPC definitivo,
válido). Também permite pedir certificado de admissibilidade para efeitos de retificação do
documento de alteração dos estatutos ou do seu registo comercial ou inscrição no RNPC]***
*** Depois do IRN confirmar a aprovação da denominação aceda a Consulta de certificado de
admissibilidade de nome (firma ou denominação) e preencha o campo escrevendo o Código do
Certificado de Admissibilidade. Este serviço permite consultar através da Internet um certificado
de admissibilidade de nome (firma ou denominação) emitido de forma desmaterializada. Para o
efeito basta introduzir o código de acesso ao respetivo certificado, depois é só imprimir.***
23
***
5) Faça reuniões de pais até que a proposta final de Estatutos esteja aprovada ponto por ponto.
6) Convoquem a Assembleia Constituinte da Associação, através de uma Reunião Geral de Pais
e Encarregados de Educação, cuja ordem de trabalhos poderá ser a seguinte:
• Eleição da Mesa;
• Inscrição de associados;
• Aprovação na globalidade dos estatutos;
• Aprovar o valor da quotização para o respetivo ano civil ou letivo;
• Eleição da Comissão Instaladora;
• Adesão à Federação Concelhia, Federação Regional, (se houver), e CONFAP;
• Outros Assuntos.
7) Elaborem Ata da Assembleia, assinada pela mesa.
8) Para efeitos de publicação dos estatutos em folha oficial, envie por e-mail para a
[email protected], os seguintes documentos:
• Estatutos da Associação, aprovados em assembleia-geral, em ficheiro Word e PDF.
• Cópia da ata de aprovação ou alteração dos estatutos remetidos para o endereço
eletrónico supra identificado;
• Cópia do certificado de admissibilidade de denominação emitido pelo Registo Nacional de
Pessoas Coletivas remetido para qualquer um dos endereços eletrónico ou físico supra
identificados;
• Lista dos outorgantes dos estatutos com identificação completa dos mesmos;
Após a receção destes documentos, a Fap-Matosinhos procede ao registo e promove a publicação
gratuita dos estatutos na página http://publicacoes.mj.pt/ (utilizar o nome da associação ou o NIPC
para consulta).
9) Após a publicação dos estatutos:
• Reúna a comissão instaladora para formar uma lista e convocar uma assembleia geral
para eleição dos órgãos sociais e aprovação do plano de atividades e orçamento, de
acordo com o que estipular os estatutos;
• Dirija-se à repartição de finanças para dar início de atividade, com cópia da ata e nomes
da direção completos e NIF respetivo de cada um dos membros, assim como, documento
do banco com NIB da conta da AP;
• Solicite ao RNPC a passagem do cartão de identificação fiscal.
(Após a inscrição e caso seja pretendido, poderá ser requerida a emissão de cartão físico de pessoa
coletiva. Tal pedido poderá ser efetuado na Internet, no endereço: http://www.empresaonline.pt
ou presencialmente no Registo Nacional de Pessoas Coletivas, sendo devido pela sua emissão o
valor de 14,00EUR.).
Em matéria de constituição e funcionamento das associações de pais regem os seguintes
diplomas:
• Código Civil;
• Lei das Associações de Pais - Decreto-lei n.º 372/90, de 27 de Novembro (e atualizações
pelos Decreto-Lei n.º 80/99, de 16 de Março e Lei n.º 29/2006, de 4 de Julho);
• Lei 20/2004, de 5 de Junho – Estatuto do Dirigente Associativo Voluntario;
(Este processo pode ser elaborado pela Fap-Matosinhos, fruto do acordo que tem com a Câmara
Municipal de Matosinhos, e a custo zero para as Associações de Pais).
24
Como se associar à CONFAP
Preencher o boletim de admissão da CONFAP e enviar para a FAPMATOSINHOS acompanhado
de:
1. Cópia de publicação dos estatutos em Diário da República ou Portal da Justiça (se ainda não
se tiver verificado a publicação, a cópia do recibo de depósito dos estatutos na secretaria geral
do Ministério da Educação);
2. Cópia do cartão de pessoa coletiva e/ou certificado de denominação;
3. Cópia da ata de constituição da associação;
4. Cópia da ata de eleição dos órgãos sociais da associação, ou, em caso de associação em
constituição, descritivo com nome, cargos sociais e contactos dos elementos da comissão
Razões porque uma Associação de Pais deve ser associada da FAPMATOSINHOS
Para fazer parte do Movimento das Associações de Pais (MAP);
– Poder participar em tudo o que este Movimento organiza;
– Ser filiada na CONFAP – Confederação Nacional das Associações de Pais e, desse modo, estar
representada junto do Ministério da Educação, do Conselho Nacional de Educação e de outras
instituições;
– Ter acesso a tudo o que a FAPMATOSINHOS e a CONFAP fazem chegar aos seus associados;
– Ser mais alguém que pode falar, exigir, propor, dentro de uma estrutura organizada, que tem
acesso e é ouvida em todas as questões que dizem respeito à educação;
– Colaborar para que o Movimento Associativo de Pais seja mais forte na comunidade educativa;
– Ter acesso mais fácil a pessoas que melhor podem informar as Associações de Pais sobre tudo
o que preocupa os pais com filhos na Escola;
– Beneficiar de parcerias e protocolos assinados pela FAPMATOSINHOS com entidades diversas;
– Participar nos Conselhos Municipais de Educação e outros órgãos locais, tais como, Conselho
Municipal de Segurança, Conselho Local de Ação Social, Comissão de Proteção de Crianças e
Jovens, Rede Social, entre outras;
25
PRINCIPIOS BASE PARA A ELABORAÇÃO DOS
ESTATUTOS
Artigo 1° - Natureza, Duração e Sede
A Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola (…), congrega e
representa, Pais e Encarregados de Educação da Escola (…). Tem a duração ilimitada
e sede na Escola (…).
Artigo 2º - Objeto
À Associação compete difundir a atividade escolar, associativa e outras afins, no
sentido de se obter forte elo que ligue, por mútuos interesses, os Alunos, a Escola e a
Família, bem como outros interessados em colaborar.
Artigo 3° - Membros
Podem ser membros Pais e Encarregados de Educação da Escola ( . . ) que
volun tariamente se inscrevam na Associação.
Artigo 4° - Órgãos Sociais
Os Órgãos Sociais são:
A Assembleia Geral: constituída por todos os associados no pleno gozo dos seus direitos;
a competência e forma de funcionamento da mesma são prescritas nas disposições legais
aplicáveis, nomeadamente no Código Civil;
O Conselho Executivo: é composto por cinco associados, um dos quais será o Presidente
e compete-lhe a gerência social, administrativa, financeira e disciplinar.
O Conselho Fiscal: é composto por três associados um dos quais será o presidente e
compete-lhe fiscalizar os atos administrativos e financeiros do Conselho Executivo e
verificar as suas contas e relatórios; e reunirá com a periodicidade que entenda
conveniente.
Artigo 5º - Regime Financeiro
A Associação não tem fins lucrativos, tem gestão própria, autonomia administrativa e
financeira e rege-se pelos presentes estatutos e regulamento interno e pela lei geral.
Artigo 6° - Disposições Gerais
Esta Associação pode filiar-se em organizações nacionais e supra nacionais cujo carácter e
âmbito possam contribuir para a defesa dos direitos dos Pais quanto à educação dos filhos.
Artigo 7º - Dissolução
Para dissolução da Associação são necessários os votos favoráveis de três quartos dos
sócios efetivos no pleno gozo dos seus direitos.
Artigo 8º - Casos Omissos
No que estes estatutos estejam omissos, rege o regulamento geral in terno, cuja aprovação
e alterações são da competência da Assembleia Geral.
Artigo 9º - O Património da Associação
É constituído pelas quotas dos associados cujo montante será fixado em Assembleia Geral,
por donativos e subsídios e ainda por receitas eventuais.
26
MANUAL DO REPRESENTANTE DOS PAIS E
ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO DA TURMA
E DE SALA As reuniões com os diretores de turma (no 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e no ensino secundário)
ou com os professores/educadores titulares (no Jardim de Infância e no 1.º Ciclo) são uma das
ocasiões para a participação efetiva dos pais e encarregados de educação na vida da escola dos
seus filhos e educandos.
Um encontro que, para além da tradicional troca de informações professor/pais, abre o espaço
para os pais influenciarem com o seu interesse o próprio funcionamento da turma, caso tomem
consciência de que é necessário contrariar a natural tendência de se concentrarem
exclusivamente no desempenho do seu educando.
Está demonstrado que uma boa turma tem reflexos positivos em todos os alunos, logo, nos filhos
de cada um.
Assim, os representantes dos pais da turma ou sala [dois elementos no 2.º e 3.º ciclos do ensino
básico e no ensino secundário – Art. 44.º, 1, c), ii) do DL n.º 137 de 02/07/2012 devem aproveitar
as reuniões com os restantes encarregados de educação, quer para os informar, quer para
recolherem informação sobre as questões da vida escolar da turma.
Adicionalmente, a ocasião pode ainda ser aproveitada para que os representantes dos pais
conheçam as preocupações/desejos dos pais, ficando assim legitimados/informados para tomar
as iniciativas que entendam necessárias, nomeadamente procurando o apoio da Associação de
Pais.
Objetivos
Desta forma, pode-se dizer que os representantes de pais têm os seguintes objetivos:
• Desenvolver um bom trabalho em parceria entre os pais e encarregados de educação da
sala ou turma e a Associação de Pais;
• Partilhar o seu trabalho com os outros representantes, em especial com os do mesmo grau
de ensino e, também, com os representantes dos pais no Conselho Geral;
• Promover um conhecimento global da situação da escola;
• Melhorar a comunicação entre os pais e encarregados de educação e os órgãos de gestão
da escola;
• Submeter, via Associação de Pais, sugestões e propostas diversas, aos órgãos de gestão
da escola;
Eleição
Os dois representantes de turma são eleitos em reunião de pais e encarregados de educação da
turma, na primeira reunião de turma no início de cada ano letivo, convocada pelo/a diretor/a de
turma.
O mesmo procedimento para os representantes (efetivos) dos pais e encarregados de educação
no JJ e 1.º Ciclo.
As associações de pais devem propor ao diretor do agrupamento ou da escola não agrupada que,
no início da reunião de turma, o diretor de turma, ou o educador ou professor, distribua aos pais e
encarregados de educação o presente documento e o resumo do regulamento interno (artigos
referentes aos pais e encarregados de educação e alunos).
27
Todos os pais e encarregados de educação, presentes na reunião e com educandos na respetiva
turma ou sala, são passíveis de eleição.
Após a apresentação dos pais e encarregados de educação presentes na reunião, procede-se à
votação para eleição dos respetivos representantes.
No Jardim de Infância e no 1.º ciclo, serão eleitos representantes dos pais dois membros efetivos.
(Nota: esta matéria deve estar contemplada no Regulamento Interno do Agrupamento).
Após votação, o diretor de turma/professor ou educador, em colaboração com os representantes
de pais eleitos, elaborarão um documento, onde conste o resultado das votações, os nomes e
contados dos votados, documento esse a disponibilizar à respetiva Associação de Pais.
Após a eleição
Após a eleição o/s representante/s deve/m:
1. Disponibilizar o seu contacto a todos os pais e encarregados de educação da turma;
2. Elaborar uma lista de contactos (telefone e/ou e-mail) de todos os pais e encarregados de
educação da turma ou sala que representam;
3. Disponibilizar essa lista a todos os pais e encarregados de educação da turma ou sala;
4. Enviar a lista de contactos à associação de pais;
5. Promover uma reunião de pais de turma ou sala em cada período letivo;
6. Ser elemento de ligação entre os pais e encarregados de educação e a Associação de
pais;
7. Participar nas Assembleias de Representantes de Turma, promovidas pela Associação de
pais;
8. Comunicar aos pais e encarregados de educação da turma ou sala as deliberações
emanadas pelos órgãos de gestão da escola e pela Associação de pais;
9. Participar nos conselhos de turma, devidamente fundamentado na opinião dos seus
representantes;
28
PAPEL DOS PAIS NA TURMA
Colaborar é…estabelecer uma relação de interação entre pessoas em que cada uma deve dar o
seu contributo, trabalhando para objetivos e necessidades que são comuns.
O que se pretende da colaboração de todos os pais
• Cumprir o seu papel de pais na educação dos filhos ao nível dos cuidados básicos, da
orientação para o estudo e da promoção de comportamentos sociais adequados.
• Estar em comunicação com a escola;
– Diretamente com o professor /Diretor de turma para dar e receber informações relativas
ao seu educando.
– Com o representante de turma para tratar questões gerais da turma.
Dos representantes de pais
• Representar os outros pais junto do professor/ diretor de turma e conselho de turma;
• Fazer propostas de ações e atividades;
• Incentivar a participação dos outros os pais na vida da turma;
• Ser parceiro na resolução de problemas.
Concretizando o papel de representante da turma
Para assegurar formas de comunicação eficazes com todos (professor/diretor de turma e outros
encarregados de educação) sugere-se:
• Fazer o levantamento na 1ª reunião de diferentes formas de contacto (telefónicos e/ou e-
mail);
• Com prévia autorização dos pais pedir a colaboração do Diretor de Turma para esse
levantamento;
• Utilizar a plataforma moodle da escola;
• Utilizar a caderneta como veículo de comunicação;
• Planificar uma reunião com todos pais da turma, uma vez por período, para fazer o
levantamento de preocupações, de aspetos positivos do funcionamento da turma e de
sugestões;
• Pensar um modo de comunicação fácil com o Diretor de Turma;
Relativamente às propostas de atividades:
• Podem ser feitas ao diretor de turma/professor, aos órgãos de gestão ou à direção da
Associação de Pais;
• A planificação pode ser conjunta havendo colaboração para mobilizar recursos para a sua
concretização;
• Podem acontecer ao nível da formação de pais depois de perceber as necessidades
existentes;
Para incentivar a participação de todos os pais na vida da turma é importante ter um papel
mobilizador:
• Estabelecendo com os pais, em momentos chave, contactos diretos através de diversos
meios de comunicação;
• Procurando alianças com outros pais que possam ser facilitadores da vinda dos mais
resistentes à escola;
29
PAIS NA ESCOLA
O direito de participação dos pais e encarregados de educação na vida do agrupamento de
escolas ou escola não agrupada processa-se de acordo com o disposto na Lei de Bases do
Sistema Educativo e no Decreto-Lei n.º 372/90, de 27 de Novembro, com as alterações que lhe
foram introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 80/99, de 16 de Março, e pela Lei n.º 29/2006, de 4 de
Julho.
(Artigo 48, Número 1.º, DL n.º 75/2008).
Aos pais e encarregados de educação é reconhecido o direito de participação na vida do
agrupamento de escolas ou escola não agrupada.
(Artigo 47.º, DL n.º 75/2008)
Enquadramento legal
– Papel dos pais e encarregados de educação
• Representantes dos Encarregados de Educação
– Lei N.º 30/2002, de 20 de Dezembro
– DL n.º 75/2008, de 22 de Abril
– Associação de Pais
• Regime especial de faltas
– Decreto-Lei n.º 372/90, de 27 de Novembro
(com alterações pelos Decreto-Lei n.º 80/99, de 16 de Março e Lei n.º 29/2006, de 4 de Julho)
Papel especial dos pais e encarregados de educação
• Aos pais e encarregados de educação incumbe, para além das suas obrigações legais, uma
especial responsabilidade, inerente ao seu poder-dever de dirigirem a educação dos seus
filhos e educandos, no interesse destes, e de promoverem ativamente o desenvolvimento
físico, intelectual e moral dos mesmos.
• Deve cada um dos pais e encarregados de educação, em especial:
1. Acompanhar ativamente a vida escolar do seu educando;
2. Promover a articulação entre a educação na família e o ensino escolar;
3. Diligenciar para que o seu educando beneficie efetivamente dos seus direitos e cumpra
pontualmente os deveres que lhe incumbem, com destaque para os deveres de
assiduidade, de correto comportamento escolar e de empenho no processo de
aprendizagem;
4. Contribuir para a criação e execução do projeto educativo e do regulamento interno da
escola e participar na vida da escola;
5. Cooperar com os professores no desempenho da sua missão pedagógica, em especial
quando para tal forem solicitados, colaborando no processo de ensino e aprendizagem
dos seus educandos;
6. Contribuir para a preservação da disciplina da escola e para a harmonia da comunidade
educativa, em especial quando para tal forem solicitados;
7. Contribuir para o correto apuramento dos factos em processo disciplinar que incida sobre
o seu educando e, sendo aplicada a este medida disciplinar, diligenciar para que a mesma
prossiga os objetivos de reforço da sua formação cívica, do desenvolvimento equilibrado
da sua personalidade, da sua capacidade de se relacionar com os outros, da sua plena
integração na comunidade educativa e do seu sentido de responsabilidade;
8. Contribuir para a preservação da segurança e integridade física e moral de todos os que
participam na vida da escola;
30
9. Integrar ativamente a comunidade educativa no desempenho das demais
responsabilidades desta, em especial, informando-se, sendo informado e informando
sobre todas as matérias relevantes no processo educativo dos seus educandos;
10. Comparecer na escola sempre que julgue necessário e quando para tal for solicitado;
11. Conhecer o regulamento interno da escola e subscrever, fazendo subscrever igualmente
aos seus filhos e educandos, declaração anual de aceitação do mesmo e de compromisso
ativo quanto ao seu cumprimento.
(Artigo 6.º da Lei N.º 30/2002)
Organização das atividades de turma
– Em cada escola, a organização, o acompanhamento e a avaliação das atividades a desenvolver
com os alunos e a articulação entre a escola e as famílias é assegurada:
1. Pelos educadores de infância, na educação pré-escolar;
2. Pelos professores titulares das turmas, no º ciclo do ensino básico;
3. Pelo conselho de turma, nos º e 3.º ciclos do ensino básico e no ensino secundário, com
a seguinte constituição:
a) Os professores da turma;
b) Dois representantes dos pais e encarregados de educação;
c) Um representante dos alunos, no caso do 3.º ciclo do ensino básico e no ensino
secundário;
— Para coordenar o trabalho do conselho de turma, o diretor designa um diretor de turma de entre
os professores da mesma, sempre que possível pertencente ao quadro do respetivo agrupamento
de escolas ou escola não agrupada;
— Nas reuniões do conselho de turma em que seja discutida a avaliação individual dos alunos
apenas participam os membros (…)
(Artigo 44.º, DL n.º 75/2008)
Conselho Geral
Na composição do conselho geral tem de estar salvaguardada a participação de representantes
do pessoal docente e não docente, dos pais e encarregados de educação, dos alunos, do
município e da comunidade local. (Artigo 12.º, número 2)
Sem prejuízo das competências que lhe sejam cometidas por lei ou regulamento interno, ao
conselho geral compete: a) Eleger o respetivo presidente, de entre os seus membros, à exceção
dos representantes dos alunos (…) (Artigo 13.º, número 1)
Os representantes dos pais e encarregados de educação são eleitos em assembleia geral de pais
e encarregados de educação do agrupamento de escolas ou escola não agrupada, sob proposta
das respetivas organizações representativas, e, na falta das mesmas, nos termos a definir no
regulamento interno. (Artigo 14.º, número 2)
Salvo quando o regulamento interno fixar diversamente e dentro do limite referido no número
anterior, o mandato dos representantes dos pais e encarregados de educação e dos alunos tem
a duração de dois anos escolares. (Artigo 16.º, número 2])
(DL n.º 75/2008)
Conselho Pedagógico
A composição do conselho pedagógico é estabelecido pelo agrupamento de escolas ou escola
não agrupada nos termos do respetivo regulamento interno, não podendo ultrapassar o máximo
de 17 membros e observando os seguintes princípios: (…) c) Representação dos pais e
encarregados de educação e dos alunos, estes últimos apenas no caso do ensino secundário, nos
termos do n.º 2 do artigo 34.º (Artigo 32.º, número 1)
31
Os representantes dos pais e encarregados de educação são designados pelas respetivas
associações e, quando estas não existam, nos termos a fixar pelo regulamento interno. (Artigo
32.º, número 4)
A representação dos pais e encarregados de educação e dos alunos no conselho pedagógico
faz-se no âmbito de uma comissão especializada (…) (Artigo 34.º, número 2) (pág. 68)
(DL n.º 75/2008)
Direitos da Associação de Pais
Constituem direitos das associações de pais a nível de estabelecimento ou agrupamento:
1. Participar, nos termos do regime de autonomia, administração e gestão dos
estabelecimentos públicos de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário na
definição da política educativa da escola ou agrupamento;
2. Participar, nos termos da lei, na administração e gestão dos estabelecimentos de educação
ou de ensino;
3. Reunir com os órgãos de administração e gestão do estabelecimento de educação ou de
ensino em que esteja inscrita a generalidade dos filhos e educandos dos seus associados,
designadamente para acompanhar a participação dos pais nas atividades da escola;
4. Distribuir a documentação de interesse das associações de pais e afixá-la em locais
destinados para o efeito no estabelecimento de educação ou de ensino;
5. Beneficiar de apoio documental a facultar pelo estabelecimento de educação ou de ensino
ou pelos serviços competentes do Ministério da Educação.
Artigo 9.º, Decreto-Lei n.º 372/90, de 27 de Novembro
(com alterações pelos Decreto-Lei n.º 80/99, de 16 de Março e Lei n.º 29/2006, de 4 de Julho)
Regime especial de faltas
– As faltas dadas pelos titulares dos órgãos sociais das associações de pais, ou das suas
estruturas representativas, para efeitos do estabelecido na alínea b) do n.º 2 do artigo 9.º e do
artigo 15.º, desde que devidamente convocados, consideram-se para todos os efeitos justificadas,
mas determinam a perda da retribuição correspondente.
– Os pais ou encarregados de educação membros dos órgãos de administração e gestão dos
estabelecimentos públicos de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário têm direito,
para a participação em reuniões dos órgãos para as quais tenham sido convocados, a gozar um
crédito de dias remunerado, nos seguintes termos:
1. Conselho geral, um dia por trimestre;
2. Conselho pedagógico, um dia por mês;
3. Conselho de turma, um dia por trimestre;
4. Conselho municipal de educação, sempre que reúna;
5. Comissão de proteção de crianças e jovens, a nível municipal, um dia por bimestre.
– As faltas dadas nos termos do número anterior consideram-se justificadas e contam, para
todos os efeitos legais, como serviço efetivo, salvo no que respeita ao subsídio de refeição.
– Às faltas que excedam o crédito referido no º 2, e que comprovadamente se destinem ao
mesmo fim, aplica-se o disposto no número anterior, mas determinam a perda da
retribuição correspondente.
– As faltas a que se refere o presente artigo podem ser dadas em períodos de meio dia e
são justificadas mediante a apresentação da convocatória e de documento comprovativo
da presença passado pela entidade ou órgão que convocou a reunião.
Artigo 15.º, Decreto-Lei n.º 372/90, de 27 de Novembro
(com alterações pelos Decreto-Lei n.º 80/99, de 16 de Março e Lei n.º 29/2006, de 4 de Julho).
32
TÓPICOS SOBRE ALGUMAS QUESTÕES DE
PRIMORDIAL IMPORTANCIA
Liderança/motivação
As associações de pais, sendo organizações sem fins lucrativos, com objetivos muito específicos,
caracterizam-se por o seu capital ser humano.
Constituindo cada associação um grupo de interesses comuns, os membros deste grupo têm de
interagir de forma a alcançar os objetivos a que se propuseram.
Para o efeito é necessário haver motivação e liderança. Motivação quanto aos objetivos, liderança
para a organização dos meios para os alcançar.
Nesse sentido é necessário realizar ações de formação para dirigentes associativos, para que
estes conheçam ferramentas teóricas e práticas que contribuam para alcançar o sucesso no
desempenho da sua missão.
A FAPMATOSINHOS irá organizar e calendarizar ações de formação para dirigentes associativos.
Formação de listas para órgãos sociais
A maioria das associações de pais tem eleições anuais.
Acresce que, pela sua natureza jurídica, única no país, não se é sócio para toda a vida mas apenas
enquanto os filhos e educandos estão na escola.
É geral a dificuldade em se conseguirem associados em número suficiente para preencherem
todos os cargos dos órgãos sociais. Face a estas dificuldades o que fazer?
Uma das primeiras condições colocadas para se integrarem os órgãos sociais tem sido a
disponibilidade para o efeito.
Esta premissa, embora importante e fundamental, não deve ser colocada em primeiro lugar.
Primeiro, porque o mais importante é a competência para o cargo;
Segundo, porque a disponibilidade não pode ser desculpa para a incompetência, a qual, mais
cedo ou tarde, se pagará cara.
Só a identificação pessoal com os objetivos do associativismo conduz à necessária motivação
para se integrar um cargo nos órgãos sociais.
Daí que cabe aos membros dos órgãos sociais em exercício dignificar e projetar os objetivos da
sua associação no consciente dos PEE da respetiva comunidade educativa.
Isso passa por duas ações, (atividades e comunicação), ou seja, levar à prática atividades com
alunos e pais; informar amplamente todas as ações da associação.
O recrutamento para os cargos deve privilegiar os pais que pela primeira vez chegam à escola e,
também, os pais representantes de turma.
As ações de formação para dirigentes associativos é fundamental para um bom desempenho e
não deve ser, nunca, descurada.
Devem ser incentivados, igualmente, os princípios do Voluntariado Parental.
Desenvolvimento de atividades, inclusive CAF/ATL
Na década de 70 do século passado, com a democratização da escola e o desenvolvimento da
sociedade, as associações de pais começaram a organizar atividades de tempos livres para as
crianças do 1.º ciclo, a que chamaram de ATL, como resposta social para as classes trabalhadoras
assegurarem a segurança e a ocupação dos seus filhos após o fim do tempo letivo, face à falta de
respostas sociais por parte do Estado nesta matéria.
33
A burguesia e as classes com maior capacidade económica há muitas décadas que tinham este
problema resolvido, quer através de amas e preceptoras a tempo inteiro, quer através da matrícula
dos seus filhos em colégios, uns em regime de internato, outros com horário alargado e
prestadores de atividades extracurriculares bem pagas.
Só em finais do séc. XX o Estado português consagra na legislação, como competências das
autarquias, o financiamento da componente de apoio às famílias com filhos no pré-escolar e no
1.º ciclo, com o objetivo de assegurar aos filhos das camadas mais desfavorecidas da sociedade
portuguesa um serviço comparticipado de ocupação nas horas extras do ensino obrigatório.
Porém, só a partir de 2006, e com maior incidência depois de 2008, com a implementação das
AEC no 1.º ciclo do ensino público, como oferta extracurricular facultativa, o ME, face à
generalidade das AEC terminarem às 17.30 horas, como meio da escola “aguentar” as crianças
até que os seus progenitores saíssem dos seus empregos e as pudessem ir buscar, reintroduziu
a chamada CAF nos JI e escolas de 1.º Ciclo como resposta social às necessidades das famílias.
Saliente-se, no entanto, que o conceito de CAF se baseia num serviço financiado pelo Estado, tal
como o é o próprio ensino público gratuito.
O que acontece, até agora, porém, é que a CAF é subsidiada apenas no JI, através dos escalões
da ASE, e paga integralmente pelos pais no 1.º Ciclo!
Esta dualidade de critérios é vergonhosa!
Acresce que, quer por ignorância nuns casos, quer, em menor grau, por apetências do quero,
posso e mando, noutros casos, a nomenclatura CAF tem dado azo a confusões ilegítimas e
prejudiciais aos interesses dos pais organizados em associações de direito privado,
independentes e autónomas.
Apesar de CAF e ATL serem, aparentemente, isomorfos, a sua semelhança acaba quer quanto
ao financiamento, quer quanto à natureza do prestador do serviço.
Há autarquias que são acérrima e publicamente contra a privatização do ensino.
Mas quando são promotoras de AEC e CAF entregam a sua gestão a empresas privadas,
afastando de forma aberrante as associações de pais, argumentando, falaciosamente ou não, que
esta gestão não deve ser da competência das mesmas porque as associações de pais não têm
fins comerciais! E, por vezes, pasme-se, há quem opine que as AEC e CAF não devem ser
entregues à gestão das associações de pais, não só porque acham que as mesmas não têm esse
papel, mas também porque defendem a gestão do ensino na esfera pública.
Curiosamente são os primeiros a entregarem estes serviços a privados, provavelmente sua
clientela política.
Esquecem essas pessoas que as associações de pais são parte integrante da comunidade
educativa!
Esquecem, ou não sabem, porque quiçá nunca leram a legislação que rege as associações de
pais e os estatutos das mesmas, que estas organizações se constituem para defesa de TODOS
os interesses dos pais para o sucesso da educação dos seus filhos e, na prossecução desses
interesses, podem desenvolver vários tipos de atividades de natureza educativa, formativa,
cultural, recreativa, desportiva e de lazer.
Em resumo, as associações de pais fazem parte da comunidade educativa tal como as autarquias
e, como tal, devem ser incentivadas a participar na gestão dos recursos colocados no âmbito da
escola pública.
Em muitos concelhos há associações de pais que têm a valência de CAF no JI com protocolo com
a respetiva câmara municipal.
34
Há câmaras que nem assinam estes protocolos com associações de pais e nem sequer prestam
o serviço de CAF nos JI da rede pública do respetivo concelho.
Algumas destas mesmas câmaras chegam ao ridículo que pretenderem proibir as associações de
prestarem esse serviço aos seus associados, afirmando que as AP não têm essa competência.
É uma meia verdade. De facto, por lei, as APEE não podem, por si, oferecer CAF financiada, pois
essa é uma competência do município.
Mas nada proíbe que as associações tenham oferta de ATL para crianças do JI filhas dos seus
associados. Não podem é chamar-lhe CAF (porque a componente de apoio à família é financiada
pelo Estado), exceto, como dissemos, se existir protocolo com a câmara municipal.
De salientar, ainda, para desfazer equívocos, que as associações de pais são legal e juridicamente
livres para desenvolverem atividades de ocupação de tempos livres e de apoio à família em todos
os níveis de ensino, cumulativamente com a CAF financiada.
Exemplificando: Uma APEE que desenvolva ATL numa escola do 1.º ciclo pode receber crianças
filhas dos seus sócios, mesmo que haja oferta, por outras entidades, de CAF no JI e na própria
EB1.
Que fique bem claro: Não há nenhuma lei que proíba as APEE de prestarem serviço de ATL
com o horário que bem entenda e nele receberem os filhos dos seus associados!
É necessário e urgente, contudo, que as APEE uniformizem a nomenclatura dos serviços
prestados. ATL? CATL? AEL? OTL?
Esperamos ter em breve uma proposta.
Como ajudar as APs e reativar outras
Uma das principais tarefas das estruturas concelhias é trabalhar de muito perto com as suas
associadas, colaborar na definição de objetivos e na preparação dos planos de atividade, realizar
ações de formação, contribuir para uma maior visibilidade das mesmas na comunidade educativa.
Deparando-se muitas associações com a falta de quadros experientes, este trabalho associativo
em rede irá colmatar lacunas ou falhas na organização das mesmas, potenciar recursos, atrair
associados para a atividade ativa, cada um contribuindo com as suas capacidades.
Neste contexto é necessário existir um elo forte, quer com os representantes dos pais nos órgãos
de gestão e nas turmas, quer com o diretor do agrupamento e com os coordenadores de escola.
A reativação de associações que, regra geral, estão nessa situação por falha na eleição de órgãos
sociais, passa pelas seguintes medidas:
a) apurar as causas da situação;
b) procurar membros dos últimos órgãos sociais que ainda tenham filhos na escola;
c) reunir com o diretor para análise da situação e pedir-lhe colaboração para convocar uma
reunião com os representantes dos pais nos órgãos de gestão e nas turmas;
d) com todas as pessoas que compareceram trabalhar para se definirem objetivos, constituir
uma lista e um plano de ação para se apresentar em assembleia geral e exercer o mandato;
e) fomentar o voluntariado parental, nomeadamente, através da constituição de clubes de pais
e de avós, para fins específicos, como desporto (dinamização de jogos e torneios), leitura,
xadrez, teatro, grupo coral incluindo antigos alunos, etc.
E, depois, erguer as velas e navegar.
35
Participação dos pais na escola, como dinamizar
Este é um dos principais objetivos do associativismo.
Dinamizar a participação dos pais na escola começa pela própria escola.
Ninguém participa em algo, sem que esse algo tenha alguma coisa apelativa para oferecer, que
convide à motivação e mobilização!
Se a escola tem resiliência à participação dos pais o primeiro passo a dar é contribuir para alterar
a cultura da escola.
Os métodos para esta dinamização passam pela dinamização do voluntariado parental e, também,
pela formação específica dos dirigentes associativos, nomeadamente nas áreas da liderança e da
comunicação.
Esta formação é, neste momento, uma área prioritária da FAPMATOSINHOS, tal como está
explanada na alínea a) deste documento.
Desporto escolar
“Mente sã em corpo são!”
Os jovens devem acumular 60 minutos de atividade física moderada, todos os dias, dos quais 20
a 30 minutos se quer rigorosa, segundo o Instituto do Desporto de Portugal (IDP).
O IDP salienta que o exercício físico tem benefícios para a saúde dos jovens, de entre os
principais, potencia a mineralização óssea, atenua a probabilidade de depressão, contribui para a
redução do stress e a melhoria da qualidade do sono, reforça a função cognitiva, dá bem-estar e
aumenta o otimismo.
E ainda querem reduzir o desporto nas escolas!?
Lê-se na página do Desporto Escolar (portal do ME):
«A prática desportiva nas escolas, para além de um dever decorrente do quadro
normativo vigente no sistema de ensino, constitui um instrumento de grande relevo
e utilidade no combate ao insucesso escolar e de melhoria da qualidade do ensino
e da aprendizagem.
Complementarmente, o Desporto Escolar promove estilos de vida saudáveis que
contribuem para a formação equilibrada dos alunos e permitem o desenvolvimento
da prática desportiva em Portugal.
O Programa do Desporto Escolar para os próximos dois anos letivos reforça os
mecanismos que contribuem para a aplicação do princípio da autonomia dos
Agrupamentos de Escolas e das Escolas Não Integradas em Agrupamento
(seguidamente designadas por escolas ou estabelecimentos de ensino) que tem
vindo a nortear a ação do Ministério da Educação em todos os diversos domínios
da política educativa. Assim, o Projeto de Desporto Escolar deve integrar-se, de
forma articulada e continuada, no conjunto dos objetivos gerais e específicos do
Plano de Atividades das Escolas, fazendo parte do seu Projeto Educativo.»
A FAPMATOSINHOS defende a implementação do desporto escolar de qualidade e diversificado
em todas as escolas, as quais devem ser apetrechadas com os meios e equipamentos necessários
à sua prática por todos os alunos sem exceção.
As associações de pais devem ter participação na direção do desporto escolar da escola, conforme
previsto no Programa do desporto escolar para 2010-2013.
As escolas devem fomentar a criação de clubes de pais das várias atividades desportivas, de
modo a que estes participem de forma ativa na organização da atividade e na realização de
torneios.
36
Formação para representantes de pais nos órgãos de gestão e na turma.
Conhecer o funcionamento e competências dos órgãos de gestão das escolas e do conselho de
turma é fundamental para um bom desempenho dos representantes dos pais nesses órgãos.
Trabalhar em rede com a associação de pais revela-se, também, fundamental para o bom
desempenho destes representantes no objetivo comum na defesa de uma escola de qualidade
que promovo o sucesso escolar dos alunos.
A formação para estes pais é uma das áreas prioritárias da FAPMATOSINHOS e, para a sua
execução, o papel das estruturas concelhias na dinamização destas ações revela-se como facto
estruturante imprescindível.
Apresentação da associação aos pais no início ano letivo.
Dar a conhecer os objetivos, plano de atividades e contactos da associação aos pais e
encarregados de educação no início do ano letivo é uma tarefa que devia estar inscrita no guião
das ações a desenvolver pela respetiva direção.
Nesse guião deviam estar elencados os seguintes pontos:
1- Reunir com o diretor e coordenadores de escola para levantamento dos problemas e
definição de objetivos comuns;
2- Reunir os órgãos sociais da associação para traçar o plano de trabalho para o ano letivo e
marcar a assembleia geral eleitoral;
3- Com o apoio da escola entregar a todos os PEE um folheto com os principais objetivos da
associação e respetivos contactos, assim como, ficha de inscrição na AP (pode ser nas
reuniões de turma).
A FAPMATOSINHOS enquanto Federação concelhias dá apoio na elaboração de documentos e
na definição de tarefas associativas.
Em muitas escolas é já prática no início do ano letivo a direção do agrupamento fazer sessões de
boas-vindas aos pais cujos filhos estão a iniciar o JI, o 1.º e 2.º ciclo.
Nestas sessões deve estar representada a associação de pais, cujo diretor do agrupamento deve
apresentar e convidar a dirigir a palavra aos presentes.
Escolas fechadas aos pais
Apesar dos avanços nos últimos anos, as “escolas ainda não sabem traduzir a informação
para que possa ser corretamente entendida pelos pais”, defendeu Conceição Reis, do
Conselho Nacional de Educação (CNE).
“Embora os direitos estejam globalmente assegurados e as estruturas de
comunicação existam, a linguagem, os códigos, o jargão utilizados nas escolas não
são acessíveis a uma boa parte dos encarregados de educação” , afirmou Conceição
Reis, alertando igualmente para a necessidade de se adequar a legislação para permitir a
participação dos pais na atividade da escola sem penalizações profissionais.
Por outro lado, muitas escolas blindaram-se, ao colocarem nos regulamentos internos normas
restritivas de acesso dos pais às mesmas.
Uma coisa é a natural preocupação no regular funcionamento das aulas, outra é o acesso dos
pais à escola.
As escolas têm de ter uma cultura de participação aberta à comunidade, contrária ao antigo
conceito de espaço murado no qual os professores eram reis e senhores.
É um assunto que continua em aberto e de necessária análise entre todos os membros da
comunidade educativa, não esquecendo a participação dos alunos.
37
Mega agrupamentos e alterações curriculares.
Sem estudos prévios, seguindo ditames confessadamente economicistas, o Governo lançou-se
na aventura de agregar escolas como panaceia para cortes orçamentais.
Em tempos de crise, discursos sobre a necessidade de rentabilizar recursos e reduzir custos são
sempre porta aberta para cortes em serviços essenciais.
O ME tem-se caracterizado por lançar medidas avulsas, sem debate prévio com toda a
comunidade educativa, impondo os seus pontos de vista anacrónicos mas sempre invocando o
interesse da escola pública, da qual se intitulam os maiores defensores, denunciando tique
totalitário.
Os Mega agrupamentos, salvo raras exceções, revelam-se como monstros burocráticos, que
impõem um percurso educativo de doze anos de escolaridade aos alunos no mesmo
conglomerado de escolas, em vez da livre escolha da escola e de projetos e opções educativas
diferentes.
Defendemos uma escola de proximidade ao meio, mais acessíveis á participação da família, com
turmas de menor número de alunos.
Defendemos escolas secundárias com maior autonomia e duas áreas distintas: o ensino técnico-
profissional e o ensino vestibular (pré-universitário), este em parceria com as universidades.
As constantes alterações curriculares a prestações, desgarradas, apenas perturbam o normal
funcionamento das escolas e, não raras vezes, como a recente supressão da área de projeto e do
estudo acompanhado, assim como o fim do par pedagógico (dois professores em sala de aula)
em Educação Visual e Tecnológica, são um grave retrocesso na qualidade de ensino.
Precisamos de uma reforma única e abrangente de todo o ensino e essa é tarefa para uma futura
legislação, que poderá passar pela aprovação de alterações à Lei de Bases do Sistema Educativo
(Lei n.º 46/1986) que, face ao alargamento da obrigatoriedade do ensino por 12 anos, reduza os
três ciclos do ensino básico para apenas um, contemplando um 1.º ciclo com 6 anos de
escolaridade e alargue o secundário para 6 anos com dois ciclos.
Esperamos que estas matérias, pela sua grande importância estratégica no desenvolvimento do
país, sejam devidamente objeto de debate alargado na comunidade educativa.
Organização das APs por escola
As alterações na organização das escolas, através da criação de unidades organizacionais,
denominadas de agrupamento de escolas, não altera a natureza jurídica do estabelecimento de
ensino, enquanto unidade física escolar, mas apenas proporciona articulação curricular entre os
seus diferentes níveis e ciclos educacionais.
As associações de pais, por sua vez, constituem-se ao abrigo do DL N.º 372/90 e suas alterações,
o qual consagra como fins «a defesa e a promoção dos interesses dos seus associados
em tudo quanto respeita à educação e ensino dos seus filhos e educandos que
sejam alunos da educação pré-escolar ou dos ensinos básico ou secundário,
público, particular ou cooperativo» (Artigo 2.º), e define «estabelecimento de educação
ou ensino, sempre que aí se encontre inscrita a generalidade dos filhos ou educandos dos
seus associados» (Artigo 7.º).
Nesse sentido, para uma maior proximidade e consequente participação na vida da escola
frequentada pelos filhos, as associações de pais estão vocacionadas para se organizarem no
âmbito do estabelecimento de ensino.
38
Quando as escolas passaram a ser integradas em agrupamentos de escolas, houve indivíduos
(geralmente dos órgãos executivos da escola) que transmitiram às associações a ideia errada que
as mesmas tinham de alterar o âmbito e passarem a ser apenas uma só. Ou seja, não lhes
disseram, por exemplo, que tinham conveniência de se agregarem numa união, mas cada uma
mantendo a sua autonomia jurídica!
O que ganham ou perdem as associações se deixarem de ser de escola e passarem a constituir-
se como mega-associações?
O que ganham, segundo os seus defensores, é uma maior eficácia nos seus fins dado que
fisicamente estão mais próximos da gestão do agrupamento.
Esta afirmação esconde, por vezes, a dura realidade de muitas associações não conseguirem
sócios em número suficiente para exercerem o mandato.
Assim, dizem, num universo muito maior de escolas e de alunos, também o é de pais e
encarregados de educação para serem recrutados para os órgãos sociais.
O curioso é que em quase todos os lados onde se optou por esta solução, salvo raras exceções,
continua a ser escasso o número de pessoas cativas na associação, o que demonstra que o
problema é outro e que tem a sua razão em aspetos que se abordam em algumas das alíneas
deste documento, designadamente a), b), d) e e).
O que perdem, segundo nós, além imprescindível proximidade família/escola e o desejável
exercício de partilha na educação, é a redução drástica no número de dirigentes associativos.
Se num dado agrupamento existirem, por exemplo, cinco associações e, se cada uma, tiver onze
membros nos órgãos sociais, dará um total de 55 pessoas ligadas ao movimento associativo,
independentemente da contribuição de cada uma ao longo do mandato.
E, a estas, ainda podem juntar as pessoas dos clubes de pais e de avós dos alunos dessas
escolas.
Organização dos estudantes e participação democrática na escola
A cidadania e o exercício democrático, assim como as regras e normas, aprendem-se pelo
exercício das mesmas. “Na escola, a participação deve ser a regra, pois é a base da
autoridade: só respeitamos quem nos respeita, nos ouve e tem interesse por
aquilo que pensamos e sentimos. A autoridade é sustentada na relação de confiança
e de respeito mútuo que caracteriza a interação saudável entre aluno e mestre”,
escreveu Daniel Sampaio, em 2005. E acrescentou: “Devemos ser exigentes para com os
mais novos, para os podermos responsabilizar – aceitamos que podem trabalhar
aos dezasseis anos, mas nunca solicitamos a sua opinião sobre as coisas que lhes
dizem respeito, como por exemplo o funcionamento da escola que frequentam”.
E temos o exemplo paradigmático da Escola da Ponte, na qual existem assembleias de alunos em
todos os ciclos do ensino básico, consagrando a sua participação efetiva e democrática na vida
da escola.
Porque não frutificam e se generalizam os bons exemplos? Que inércias e resistências existem
no aparelho burocrático do Estado para o impedir? Porque é que as associações de estudantes
(Lei 23/2006), apesar de definirem no seu âmbito o enquadramento dos alunos do ensino básico,
geralmente excluem os alunos do 1.º e 2.º ciclo?
Incentivar e apoiar o associativismo estudantil passa, não só por um enquadramento ajustável no
regulamento interno das escolas, mas também pelas boas práticas e cultura interna das próprias
escolas, desde o início do 1.º ciclo.
Mas, não nos iludamos, as boas práticas e a cultura da família em casa também contam muito!
39
Estatuto do aluno, regime disciplinar e princípios éticos
O estatuto do aluno, desde o DL 270/1998 que lhe deu origem, é o código penal dos pequeninos,
não é um projeto educativo mas sim um instrumento repressivo cuja essência ideológica, de matriz
reacionária, se baseia na crença falsa que todas as crianças são más e potenciais criminosos que
é necessário punir.
A prevenção, a formação para os valores, está ausente neste estatuto cuja última alteração
vergonhosamente agravou o seu sentido punitivo e afastou as associações de pais da intervenção
nos processos disciplinares, dando aos diretores um poder absoluto de decisão.
A ética foi mandada às malvas! Muitas crianças têm sido punidas de forma injusta e humilhante,
por motivos subjetivos e não provados, por vingança mesquinha, casos há em que as vítimas são
castigadas e os agressores ilibados.
Os diretores das escolas não são juízes, apenas devem presidir, ou delegar essa competência,
aos conselhos disciplinares de turma, no qual, obrigatoriamente, deve ter assento o representante
dos pais da turma e a associação de pais.
Esta presença, que estava consagrada anteriormente, foi retirada na última revisão, em 2010, por
obra e graça de alguns desavergonhados que têm o conceito do “princípio do chefe”, no sentido
de que é infração disciplinar aquilo que o chefe ou superior diz, ou determina que é.
A disciplina é uma ação ou conceito referido a valores.
Deve ser entendida não como meio necessário ao cumprimento da missão de ensinar, mas sim
no sentido da partilha da responsabilidade de aprender, dos fins que justificam a existência da
escola numa sociedade moderna e democrática, sociedade essa, regida pelos valores da
igualdade e da liberdade.
Assim, é fundamental, segundo os valores civilizacionais, que o estatuto do aluno numa escola
democrática seja um referencial para a educação cívica e a formação integral dos futuros cidadãos
do país.
No mesmo estatuto, de entre os deveres e direitos dos pais e encarregados de educação, tem de
estar contemplada a sua natural participação na gestão e aplicação das regras de disciplina, tendo
de ser, neste contexto, obrigatória a participação dos representantes da turma e das associações
de pais e de estudantes no conselho disciplinar de turma.
40
BULLYING
Violência em meio escolar
O bullying, um anglicanismo de sentido e interpretação múltipla, é tratado de forma diferente
na literatura jurídica, consoante os autores que se lhe referem. Para alguns, o conceito
corresponde ao assédio escolar – “uma forma particular de violência associada sempre a uma
relação de poder entre alguém que se apresenta como superior e um seu igual que se
considera inferior e incapaz de responder à agressão” – enquanto outros amplificam o
significado do conceito, integrando nesta categoria diferentes formas de indisciplina escolar.
Refletindo sobre o “fim das ideologias” e a prevalência do “narcisismo consumista”, uma tese
muito em voga no final do século passado, Victor Cunha Rego escreveu na crónica que
manteve dia a dia na última página do Diário de Notícias, “O mundo de violência foi, durante
séculos, o dos adultos. Desde o fim dos anos 60 passou a ser o dos jovens”. Se hoje fosse
vivo, reagiria à vaga de notícias sobre violência entre os mais jovens com o proverbial horror
que lhe merecia o declínio do que chamava “o espaço humanista” lamentando, muito
provavelmente, que os jovens de sessenta a que se referia, essencialmente universitários
contestatários e antissistema, são hoje os pais e avós soixante-huitards cujos filhos e netos
são autores e vítimas precoces dos mais variados atos de indisciplina e violência entre pares.
Sinais destes tempos, a sociedade em geral e a comunidade educativa em particular debatem
há vários anos, especialmente na última década, o fenómeno da violência escolar. Mais lenta
a reagir, por hábito e necessidade de assegurar objetividade nas propostas que fórmula, a
comunidade jurídica também participa na discussão e vem dando suporte a algumas soluções
legais para o problema de lidar com este fenómeno (para quem queira aprofundar o tema,
vale a pena consultar a publicação do Centro de Estudos Judiciários (CEJ), disponível na sua
página da Internet, “O bullying e as novas formas de violência entre os jovens – indisciplina
e delitos em ambiente escolar”).
O resultado lógico deste processo foi o robustecimento da resposta jurídico-disciplinar patente
no Estatuto do Aluno, cujas sucessivas revisões apontam num sentido cada vez mais
disciplinador e a consensualização da ideia de que este fenómeno extravasa, nas suas causas
e efeitos, os muros da escola, exigindo uma abordagem que contemple a intervenção ao nível
familiar e social.
A criminalização do bullying, um anglicanismo de sentido e interpretação múltipla, é tratado
de forma diferente na literatura jurídica, consoante os autores que se lhe referem. Para alguns
o conceito corresponde ao assédio escolar – “uma forma particular de violência associada
sempre a uma relação de poder entre alguém que se apresenta como superior e um seu igual
que se considera inferior e incapaz de responder à agressão” (Ana Teresa Leal, na publicação
do CEJ citada, página 94) – enquanto outros amplificam o significado do conceito, integrando
nesta categoria diferentes formas de indisciplina escolar.
A questão não é irrelevante porque o significado jurídico atribuível a “bullying” é decisivo na
forma como o legislador elabora as soluções que converte em regras a cumprir.
Entre nós, a resposta mais estruturada ao nível penal que surgiu nos últimos anos foi a
proposta de criminalização do school bullying, que consta da Proposta de Lei n.º 46/XI/2.ª,
41
apresentada pelo XVIII Governo Constitucional à Assembleia da República, em dezembro de
2010.
Apesar de se tratar de uma iniciativa legislativa que caducou, vale a pena rever esta proposta
que integrava no catálogo dos crimes contra a integridade física, previstos e punidos pelo
Código Penal (Decreto-Lei n.º 48/95, sucessivamente alterado) um novo tipo-legal, o crime de
violência escolar.
Assim, com o objetivo declarado de proteger o bem jurídico “ambiente escolar”, foi proposta a
criminalização das condutas de membros da comunidade escolar que, “de modo reiterado ou
não”, “infligem maus tratos físicos ou psíquicos, incluindo castigos corporais, privações da
liberdade e ofensas sexuais, a membro de comunidade escolar” a que pertençam. No mesmo
sentido, a tipificação deste crime previa a sanção do mesmo tipo de condutas quando
praticadas contra membro da comunidade escolar por pais de alunos e seus ascendentes até
ao 3.º grau (ou seja, incluindo avós e tios) ou por quem fosse titular do exercício de
responsabilidades parentais.
As penas previstas iam de um a cinco anos de prisão, agravadas nos seus limites mínimo e
máximo para dois a oito anos de prisão no caso de resultar em ofensa à integridade física
grave ou de morte da vítima, caso em que a pena prevista era de três a dez anos de prisão.
Naturalmente, da prática deste crime podia resultar uma punição superior se, num exemplo
extremo, se viesse a apurar que se tratava de um hipotético crime de homicídio qualificado.
Um dos efeitos mais relevantes desta proposta era a possibilidade, criada pela tipificação do
crime de violência escolar, de aplicar medidas tutelares educativas aos agentes menores com
idades compreendidas entre os 12 e os 16 anos de idade que, por esse facto, são inimputáveis
para efeitos da lei penal.
As medidas tutelares educativas (admoestação, privação do direito de conduzir ciclomotores,
reparação do ofendido, prestação de tarefas económicas ou tarefas a favor da comunidade,
imposição de regras de conduta, imposição de obrigações, frequência de programas
formativos, acompanhamento educativo e internamento) são uma competência dos tribunais
de família e menores e encontram-se reguladas pela Lei Tutelar Educativa (Lei n.º 166/99,
alterada pela Lei n.º 4/2015).
O bullying na ordem jurídica vigente: o estatuto do aluno.
Em Portugal, apesar de não existir um crime específico de violência escolar, o que poderia ter
um efeito dissuasor deste tipo de comportamentos, prevenindo o surgimento de situações de
bullying (desde logo porque sinalizava publicamente a punibilidade deste crime, muitas vezes
socialmente desvalorizado, e porque a natureza pública do crime, tal como estava previsto,
dispensava a existência de queixa para que o Ministério Público promovesse o procedimento
penal), existem diferentes instrumentos jurídicos destinados a combater este fenómeno.
Em primeira linha, o Estatuto do Aluno e da Ética Escolar (Lei n.º 51/2012) prevê um conjunto
de deveres do aluno, nomeadamente os previstos nas alienas i) e j) do artigo 10.º, destinados
a prevenir os comportamentos normalmente associados ao bullying e cujo incumprimento faz
incorrer o seu autor em infração disciplinar e na eventual aplicação de medidas disciplinares
corretivas (advertência, ordem de saída da sala de aula e locais de trabalho escolar, realização
de tarefas e de atividades de integração na escola ou na comunidade, condicionamento de
utilização de certos espaços escolares ou equipamentos e a mudança de turma, previstas no
42
artigo 26.º) ou de medidas disciplinares sancionatórias (repreensão registada, suspensão,
transferência e expulsão da escola, previstas no artigo 28.º).
Além dos alunos, este Estatuto faz impender sobre os pais ou encarregados de educação o
dever de reconhecer e respeitar a autoridade dos professores no exercício da sua profissão”
(artigo 43.º, alínea f), uma dimensão fundamental do funcionamento das escolas e da
prevenção da violência, e o dever de “contribuir para a preservação da segurança e
integridade física e psicológica de todos os que participam na vida da escola” (artigo 43.º,
alínea h), estando previstas contraordenações para aqueles que, consciente e
reiteradamente, não asseguram o cumprimento, pelos seus filhos ou educandos, das medidas
disciplinares a que estejam sujeitos, nomeadamente as atividades de integração na escola e
na comunidade e a comparência em consultas ou terapias prescritas por técnicos
especializados.
Ainda no âmbito do Estatuto do Aluno, é importante referir o papel do diretor do agrupamento
de escolas que, “perante situação de perigo para a segurança, saúde, ou educação do aluno,
designadamente por ameaça à sua integridade física ou psicológica, deve (…) diligenciar para
lhe pôr termo, pelos meios estritamente adequados e necessários e sempre com preservação
da vida privada do aluno e da sua família, atuando de modo articulado com os pais,
representante legal ou quem tenha a guarda de facto do aluno” (artigo 47.º, n.º 1), solicitando,
“quando necessária, a cooperação das entidades competentes do setor público, privado ou
social” (n.º 2), mesmo “quando se verifique a oposição dos pais, representante legal ou quem
tenha a guarda de facto do aluno” (n.º 3), caso em que “deve comunicar imediatamente a
situação à comissão de proteção de crianças e jovens com competência na área de residência
do aluno ou, no caso de esta não se encontrar instalada, ao magistrado do Ministério Público
junto do tribunal competente” (n.º 3). Estas disposições, para lá do efeito prático que lhes é
cometido, constituem também uma importante manifestação do “dever de vigilância” e do
“dever de cuidado” dos menores entregues à guarda das escolas durante o seu período de
funcionamento letivo, tal como vem sendo entendido pelos tribunais portugueses.
O enquadramento penal do bullying como é natural, sempre que uma atuação de um
membro da comunidade escolar corresponda a um facto descrito e declarado passível de
pena pelo Código Penal, verifica-se a prática de um crime, mesmo tratando-se de um ato de
“violência escolar”. Por exemplo, quem ofender o corpo ou a saúde de outra pessoa pratica,
em abstrato, um crime de ofensa à integridade física simples, punido com pena de prisão até
3 anos ou com pena de multa (artigo 143.º do Código Penal). O mesmo se diga para a injúria
(artigo 181.º do Código Penal), um crime punível com pena de prisão até 3 meses ou com
pena de multa até 120 dias.
Por conseguinte, da não criminalização do bullying não se pode concluir que a prática de
alguns atos a que geralmente se atribui essa classificação não resulte a prática de crimes,
puníveis enquanto tal. Vimos antes que, mesmo os menores entre os 12 e os 16 anos de
idade, não gozam de inimputabilidade penal, estando sujeitos à aplicação de medidas
tutelares educativas aí referidas. Também os jovens que tendo cometido um facto qualificado
como crime e, à data desse facto, tenham completado 16 anos sem ter atingido os 21 anos
estão sujeitos ao regime aplicável a jovens delinquentes, regulado pelo Decreto-Lei n.º 401/82.
Importa referir que algumas normas do Código Penal preveem uma proteção direta e
reforçada do “docente, examinador ou membro da comunidade escolar no exercício das suas
funções ou por causa delas”. É o caso do homicídio qualificado (artigo 132.º/2, alínea l), ofensa
43
à integridade física qualificada (artigo 145.º), ameaça e coação (artigos 153.º e 154.º, por força
do disposto no artigo 155º/1 al c), sequestro (artigo 158.º) e difamação, injúria e publicidade e
calúnia (artigos 180.º, 181.º e 183.º, por força do disposto no artigo 184.º). Nestes casos a
moldura penal aplicável é agravada nos seus limites mínimo e máximo.
O programa “Escola Segura” a propósito do bullying e do seu enquadramento legal, é
essencial fazer uma menção, necessariamente breve, ao programa “Escola Segura”. Iniciado
em 1992, este programa tem um papel muito importante na dissuasão da violência em
ambiente escolar, visando assegurar o policiamento de proximidade dos estabelecimentos
escolares, especialmente junto de escolas inseridas em áreas problemáticas, sendo a sua
execução regulada por um protocolo celebrado entre os ministérios da Administração Interna
e da Educação e os seus objetivos encontram-se definidos no Despacho Conjunto n.º 25
649/2006, publicado no Diário da República em 29 de Novembro desse ano.
CONSELHOS QUE PODEMOS DAR AOS NOSSOS FILHOS, EM
CASO DE ELES VIREM A SER VÍTIMAS DE BULLYING NA ESCOLA:
• Devem sempre quebrar o “código do silêncio”;
• Devem DENUNCIAR – CONTAR a alguém;
• Devem sempre contar/falar com um amigo ou com um adulto (pais, outro familiar
professores, auxiliares) – esta será sempre a melhor opção;
• Não devem acreditar no que, muitas vezes, os agressores dizem: – SE CONTARES A
ALGUÉM, VAI SER PIOR!”, pois pior será sempre, mas se não contarem!!!
• Transmitir-lhes que devem saber que os adultos só poderão AJUDAR se souberem o que
estão a viver;
• Devem andar em grupo, assim evitarão ser “apanhado/a” sozinho/a e é uma forma de
EVITAR as investidas do (s) agressor (es);
• Não devem ter medo do agressor, devem ter capacidade de dizer:
“Deixa-me em paz!!” ou “Pára!”
44
QUOTIZAÇÃO FACULTATIVA
• O sistema de cobrança de quotas é semi-vertical, da base, a Associação, às estruturas
intermédias, a Federação Concelhia.
• O ideal seria os associados pagarem diretamente as suas quotas às respetivas
organizações nas quais estão filiados. Embora, em teoria, isso seja fiável, colocam-se
algumas questões, a principal das quais a capacidade da maioria das associações
proceder ao pagamento da quota com a regularidade desejável.
• Tendo em conta a especificidade do nosso movimento associativo, apresenta-se como
mais prático as associações pagarem a totalidade da quota a uma única organização, a
qual, depois, envia às outras estruturas a sua parte.
A nível das associações
• As associações de pais apresentam estruturas diferentes, de acordo com o seu âmbito,
de escola ou de agrupamento, e, dentro destas, com organizações e capacidades
diferentes, com destaque para as do âmbito do 1.º ciclo com atividades de ocupação de
tempos extracurriculares.
• A cobrança de quotas aos sócios das associações, na maioria dos casos, é irregular ou
mesmo inexistente. As associações que prestam serviços aos sócios, designadamente,
de CAF/ATL, são a exceção. Estas cobram as quotas periodicamente nos recibos das
mensalidades.
• As restantes associações, a maioria, não têm estruturas nem pessoal para fazerem a
cobrança da quota de forma organizada e regular. Muitas delas nem sequer têm um
ficheiro de associados. Um óbice importante é a ausência de instalações para a sua sede,
nas quais as associações possam, de forma organizada, com equipamento de apoio,
desenvolverem trabalho de administração e organização.
Comecemos por coisas simples e práticas. Eis 10 regras:
• Reunir a Direção/órgãos sociais, discutir o assunto, traçar objetivos e metas, elaborar um
plano de trabalho objetivo, distribuir
• Elaborar um ficheiro e fazer uma ficha de sócio, em A5, para distribuir aos pais e
encarregados de educação.
• Criar um correio eletrónico institucional e um blogue da associação.
• Pedir ao diretor da escola ou agrupamento para incluir na página da escola um espaço
para a associação de pais, onde se possa colocar alguma informação, como os estatutos,
lista dos órgãos sociais, convocatórias e uma ficha online para inscrição de sócio.
• Enviar informação aos pais do estabelecimento de ensino, com o apoio da escola, na qual
devem constar os objetivos da associação e os respetivos contactos e endereço do Na
mesma informação, no rodapé, fazer um apelo para se inscreverem como sócios, com
uma tira destacável onde devem figurar o nome e contactos do sócio, na qual se pede
para ser reenviada à associação.
• A recolha de fundos e donativos, como parte da atividade da associação, pode ser feita
através de eventos, magustos, festas de natal e de final de ano, festivais gastronómicos,
sorteios e outras A imaginação ao poder!
• Estabelecer protocolos e parcerias com entidades e empresas, que colaborem e
patrocinem eventos e iniciativas, como as descritas no ponto.
45
A nível das Uniões/Federações
• As estruturas intermédias têm um papel fundamental a desenvolver nesta área, de acordo
com o seu funcionamento organizacional.
• A Comissão da Organização é a estrutura de ligação às associadas, para apoio na
dinamização da atividade, de acordo com os objetivos estatutários da União/Federação.
Trata, igualmente, da gestão financeira, com a organização do sistema de recolha das
quotas e do financiamento das atividades. Organiza e gere eventos.
• Em questões práticas, as Uniões/Federações que decidirem fazer a cobrança direta (*)
da quota às associadas, devem ter em atenção, como norma, o seguinte:
Elaborar, em folha Excel, a base de dados das associadas com as seguintes
informações:
Denominação;
Data de fundação;
Data de filiação e número de membro da CONFAP;
Morada;
Contactos telefone e correio eletrónico;
NIF;
Lista dos órgãos sociais e respetivo mandato;
Movimento das quotas;
• Estabelecer duas épocas de controlo da quotização, através da verificação da situação,
envio de notificação à associada e cobrança, respetivamente, nos meses de Novembro e
de Março/Abril.
• Fazer contas de acerto com a FAPMATOSINHOS, antes do Natal de cada ano.
• Ter em conta que as 10 regras para as associações também se aplicam às estruturas
concelhias, com algumas alterações, que nos dispensamos de citar.
• (*) Devem decidir a quem, posteriormente, enviam as quotas, se à FAPMATOSINHOS ou
se à CONFAP.
46
Plano de ação
Estrutura e organização
Associação
Direitos e compromissos futuros Mapa de património fixo - Ano
Unidade monetária: euro
Património €
Mapa de património fixo - Ano
Descrição Valor
Ano previsto recebimento
Descrição Valor
Quotas € Anos anteriores
Subsídios € €
Rendas € €
Outros € €
Total € €
Sub Total €
Compromissos €
Descrição Valor
Ano previsto recebimento
Ano corrente
Empréstimos € €
Associados € €
Fornecedores € €
Locadoras € €
Outros € Sub Total €
Total €
Total €
Federação Concelhia
Federação Regional
47
Pagamentos e recebimentos
Mapa de recebimentos e pagamentos – Ano
Recebimentos Pagamentos
1. Recebimentos de atividades 1. Funcionamento
Jóias e quotas € Pessoal €
Atividades € Seguros €
Doações € Rendas €
Subsídios € Manutenção €
Outros € Água, Eletricidade e Gás €
€ Representação e deslocações €
2. Recebimentos comerciais Comunicações €
€ Material de escritório €
€ Higiene, Segurança e Conforto €
3. Recebimentos capitais Despesas específicas das atividades €
€ Outras €
4. Recebimentos prediais 2. Investimento
€ Aquisição de equipamento €
€ Aquisição ou construção de instalações €
€ Outras €
Total € Total €
Saldo do ano anterior €
Receitas €
Despesas €
Saldo para o próximo ano €
Recibos:
RECIBO Nº
Recebi do(a) Sr.(a) a quantia de correspondente ao
, De de 2xxx
Processado por computador
(Exemplo de um recibo).
48
MODELO DE ESTATUTOS PARA UMA ASSOCIAÇÃO
DE PAIS E ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO
Capítulo Primeiro
Da denominação, natureza e fins
Artigo 1º
A Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola (designação), também
designada abreviadamente por «sigla», congrega e representa Pais e Encarregados de
Educação da Escola (designação).
Artigo 2º
A «sigla» é uma instituição sem fins lucrativos, com duração ilimitada, que se regerá pelos
presentes estatutos e, nos casos omissos, pela lei geral.
Artigo 3º
A «sigla» tem a sua sede social na Escola (designação), na freguesia, concelho de
_________________ - _______________________________.
Artigo 4º
A «sigla» exercerá as suas atividades sem subordinação a qualquer ideologia política ou
religiosa.
Artigo 5º
São fins da «sigla»:
a) Contribuir, por todos os meios ao seu alcance, para que os pais e encarregados de
educação possam cumprir integralmente a sua missão de educadores;
b) Contribuir para o desenvolvimento equilibrado da personalidade do aluno;
c) Propugnar por uma política de ensino que respeite e promova os valores fundamentais
da pessoa humana.
Artigo 6º
Compete à «sigla»
a) Pugnar pelos justos e legítimos interesses dos alunos na sua posição relativa à escola e
à educação e cultura;
b) Estabelecer o diálogo necessário para a recíproca compreensão e colaboração entre
todos os membros da escola;
c) Promover e cooperar em iniciativas da escola, sobretudo na área escola e nas de
carácter físico, recreativo e cultural;
d) Promover o estabelecimento de relações com outras associações similares ou suas
estruturas representativas, visando a representação dos seus interesses junto do Ministério
da Educação.
Capítulo Segundo
Dos associados
Artigo 7º
São associados da «sigla» os pais e os encarregados de educação dos alunos matriculados
na Escola e que voluntariamente se inscrevam na Associação.
49
Artigo 8º
São direitos dos associados:
a) Participar nas assembleias gerais e em todas as atividades da «sigla»;
b) Eleger e serem eleitos para os órgãos sociais da «sigla»;
c) Utilizar os serviços da «sigla» para a resolução dos problemas relativos aos seus
filhos ou educandos, dentro do âmbito definido no artigo quinto;
d) Serem mantidos ao corrente de toda a atividade da «sigla».
Artigo 9°
São deveres dos associados:
a) Cumprir os presentes estatutos;
b) Cooperar nas atividades da «sigla»;
c) Exercer, com zelo e diligência, os cargos para que forem eleitos;
d) Pagar a joia e as quotas que forem fixadas.
Artigo 10º
Perdem a qualidade de associados:
a) Os pais ou encarregados de educação cujos filhos deixem de estar matriculados na
Escola;
b) Os que o solicitem por escrito;
c) Os que infringirem o que se encontra estabelecido nos presentes estatutos;
d) Os que não satisfaçam as suas quotas no prazo que lhes venha a ser comunicado.
Capítulo Terceiro
Dos órgãos sociais
Artigo 11º
São Órgãos Sociais da «sigla»: a Assembleia Geral, o Conselho Executivo e o Conselho
Fiscal.
Artigo 12º
Os membros da mesa da assembleia geral, o Conselho Executivo e o conselho fiscal são
eleitos anualmente, por sufrágio direto e secreto pelos associados que componham a assembleia
geral.
Artigo 13°·
A assembleia geral é constituída por todos os associados no pleno gozo dos seus direitos.
Artigo 14º
a) A mesa da assembleia geral terá um presidente e dois secretários (primeiro e segundo);
b) O presidente da mesa será substituído, na sua falta, pelo primeiro secretário e este pelo
segundo.
Artigo 15º
a) A assembleia geral reunirá em sessão ordinária no primeiro período de cada ano letivo
para discussão e aprovação do relatório anual de atividades e contas e para eleição dos
órgãos sociais;
b) A assembleia geral reunirá em sessão extraordinária por iniciativa do presidente da mesa;
a pedido da direção ou do conselho fiscal ou por petição subscrita por, pelo menos, vinte
associados no pleno gozo dos seus direitos.
50
Artigo 16°
A convocatória para a assembleia geral será feita com a antecedência mínima de oito dias,
por circular enviada a todos os associados, indicando a data, hora, local e ordem de trabalhos.
Artigo 17º
A assembleia geral considera-se legalmente constituída se estiverem presentes, pelo menos,
mais de metade dos associados, funcionando m e i a hora mais tarde com qualquer número
de associados.
Artigo 18º
São atribuições da assembleia geral:
a) Aprovar e alterar os estatutos;
b) Eleger e exonerar os membros dos corpos sociais;
c) Fixar anualmente o montante da joia e da quota;
d) Discutir e aprovar o relatório de atividades e contas da gerência;
e) Apreciar e votar a integração da «sigla» em Federações e/ou Confederações de
associações similares;
f) Dissolver a «sigla»;
g) Pronunciar-se sobre outros assuntos que sejam submetidos à sua apreciação.
Artigo 19º
A «sig la» será gerida por u m Conselho Executivo constituído por cinco associados: um
presidente, um vice presidente, um tesoureiro, um secretário e um vogal.
Artigo 20º
O Conselho Executivo reunirá mensalmente e sempre que o presidente ou a maioria dos seus
membros o solicite.
Artigo 21º
Compete ao Conselho Executivo:
a) Prosseguir os objetivos para que foi criada a «sigla»;
b) Executar as deliberações da assembleia geral;
c) Administrar os bens da «sigla»;
d) Submeter à assembleia geral o relatório de atividades e contas anuais para discussão e
aprovação;
e) Representar a «sigla»;
f) Propor à assembleia geral o montante das joia e quota a fixar para o ano seguinte;
g) Admitir e exonerar os associados.
Artigo 22º
O conselho fiscal é constituído por três associados: um presidente e dois vogais.
Artigo 23º
Compete ao conselho fiscal:
a) Dar parecer sobre o relatório de atividades e contas da direção;
b) Verificar, periodicamente, a legalidade das despesas efetuadas e a conformidade
estatutária dos atos da direção.
Artigo 24º
O conselho fiscal reunirá uma vez por trimestre ou por solicitação de dois dos seus membros.
51
Capítulo Quarto
Do regime financeiro
Artigo 25º
Constituem, nomeadamente, receitas da «sigla»:
As joias e quotas dos associados;
a) As subvenções ou doações que lhe sejam concedidas;
b) A venda de publicações.
Artigo 26º
A «sigla» só fica obrigada pela assinatura conjunta de dois membros da direção, sendo
obrigatória a do presidente ou do tesoureiro.
Artigo 27º
As d isponibilidades financeiras da «sigla» serão obrigatoriamente depositadas n um
estabelecimento bancário, em conta própria da associação.
Artigo 28º
Em caso de dissolução, o ativo da «sigla», depois de satisfeito o passivo, reverterá
integralmente a favor da entidade que a assembleia geral determinar.
Capítulo Quinto
Disposições gerais e transitórias
Artigo 29º
O ano social da «sigla» principia em um de Outubro e termina em trinta de Setembro.
Artigo 30º
Os membros dos corpos sociais exercerão os seus cargos sem qualquer remuneração.
Artigo 31º
Entre a aquisição de personalidade jurídica pela «sigla» e a primeira assembleia geral que
se realizar, esta será gerida por uma Comissão Instaladora constituída por cinco dos sócios
fundadores.
52
MODELO DE UMA CONVOCATÓRIA
PARA UMA ASSEMBLEIA GERAL
Convocatória
Nos termos do art.º _____ dos Estatutos da Associação de Pais da Escola
__________________________________ convoco a Assembleia geral, para a sua sessão Ordinária
(ou extraordinária) a realizar no dia ____ de _________________ de _________, pelas _______horas,
na Escola _____________________________________________, com a seguinte agenda de
trabalho:
1º Período antes da ordem do dia:
1.1. Informação.
2º Ordem do dia:
2.1. Leitura e aprovação da ata de secção anterior:
2.2. Apreciação e votação do relatório de atividades e contas, bem como o parecer do Conselho
Fiscal, relativos ao ano de ________;
2.3. Eleições dos corpos sociais para o ano de ________;
2.4. Apreciação e votação do plano de atividades e o respetivo orçamento para o ano de _______;
3º Outros assuntos:
O Presidente da Mesa da Assembleia Geral
(nome)
Se à hora marcada não se verificar o número legal de associados, será a mesma realizada em 2ª
convocação, 30 minutos depois, com qualquer número de associados presentes, tornando-se as
decisões desta definitivas.
53
MODELO DE ATA DE UMA ASSEMBLEIA GERAL (Para facilitar a entrega da mesma às estruturas orgânicas do Movimento
Associativo de Pais, bem como as alteração em contas bancárias).
Assembleia Geral da Associação de Pais da Escola
.../Jardim de Infância...
ATA N.º ...
Aos __________________dias do mês de ______________ de dois mil e ____________, pelas
_______ horas e ______ minutos, realizou-se, na Escola ____________________
_____________________, a Assembleia Geral da Associação de Pais e Encarregados de
Educação da Escola.../..., em sessão ordinária, presidida por __________ (Presidente da Mesa
da Assembleia Geral) e secretariada por __________ (Secretário da Mesa da Assembleia Geral),
com a seguinte Ordem de Trabalhos:
1.º - Leitura da Acta da última Assembleia Geral
2.º - Informações;
3.º - Discutir e votar o Relatório de Atividades, as Contas e o Parecer do Conselho Fiscal;
4.º - Aprovar o Plano de Atividades e o Orçamento para o ano de _____;
5.º - Eleger os membros dos Órgãos Sociais para o ano de ______;
6.º - Outros assuntos de interesse.
O presidente da Assembleia Geral iniciou os trabalhos, após meia hora da primeira convocatória,
ao abrigo dos estatutos, estando ______ pessoas presentes, como consta da folha de presenças,
pela leitura da Ata Número _____ da Assembleia Geral anterior, realizada no dia ____ de
_______________ de dois mil e_____. Colocada a votação a Ata foi aprovada por todos os
elementos presentes, que estiveram na referida Assembleia Geral.
De seguida passou-se ao segundo ponto. Foram dadas algumas informações pelo presidente da
Direção (ou Conselho Executivo): (referir uma ou outra mais importante); pelo presidente da Mesa
da Assembleia Geral (referir uma ou outra mais importante) e pelo presidente do Conselho
Executivo da Escola, que foi convidado para estar presente no início da reunião (referir uma ou
outra mais importante).
Chegados ao terceiro ponto: "Discutir e votar o relatório de atividades, as contas e o parecer do
Conselho Fiscal referentes ao exercício do ano de _____", o presidente da Direção cessante fez
uma pequena apresentação do Relatório de Atividades. Posto à votação, o Relatório de Atividades
foi aprovado por unanimidade (ou por maioria e com X votos contra e Y abstenções).
Seguidamente, o tesoureiro passou à apresentação das contas do exercício findo.
Depois foi lido o parecer do Conselho Fiscal. Submetidas à votação, as Contas foram aprovadas
por unanimidade (ou por maioria e com X votos contra e Y abstenções).
(idem para o ponto 4)
54
A seguir, o presidente da Mesa da Assembleia Geral passou ao quinto ponto: - "Eleger os novos
Membros dos Órgãos Sociais para o Mandato __________________". Para o efeito apresentou-
se uma lista, tendo a mesma sido votada de acordo com os estatutos.
Os Órgãos Sociais, para o ano de dois mil e ________, ficaram constituídos como se segue:
cargo nome
Mesa da Assembleia Geral
Presidente
1º secretário
2º secretario
Direção (ou conselho executivo)
Presidente
Vice- presidente
Secretario
Tesoureiro
Vogal
Suplente
Suplente
Concelho Fiscal
Presidente
Vogal
Vogal
Ficou referido, conforme consta nos estatutos, que a conta bancária só pode ser movimentada por
duas assinaturas de entre o presidente e o secretário da Direção (ou do Conselho Executivo) e o
tesoureiro, sendo a deste último obrigatório.
Foi decidido por unanimidade que, no final da Assembleia Geral, se iria proceder à tomada de
posse dos novos Órgãos Sociais em livro próprio (poderá ser noutro momento).
Depois de realizada a eleição entrou-se no último ponto: - "Outros assuntos de interesse". Seguiu-
se um período de discussão alargada sobre diversas preocupações referentes à escola.
E nada mais havendo a tratar, o presidente da Mesa da Assembleia Geral deu por finalizada a
Assembleia Geral pelas ______horas e ______minutos, da qual se lavrou esta ata, que vai ser
assinada, nos termos da lei:
O Presidente da Mesa da Assembleia Geral: _________________________________________
O Secretário da Mesa da Assembleia Geral: ______________________________________
55
MODELO DE AUTO DE TOMADA DE POSSE
AUTO DE TOMADA DE POSSE
AUTO NÚMERO______
Aos _________________ dias do mês de ___________ de dois mil e ____________, pelas
________________ horas e _________________ minutos, na Escola ______________________
_________________, realizou-se a Tomada de Posse dos Órgãos Sociais eleitos da Associação
de Pais e Encarregados de Educação da Escola _______________________________,
inicialmente presidida por ____________________(Presidente da Mesa da Assembleia Geral
cessante), o qual, após dar posse ao atual presidente da MAG, lhe passou poderes para presidir à
mesma. Os seguintes empossados assumiram cumprir as suas funções e dignificar a Associação:
Cargo Nome Assinatura
Mesa da Assembleia Geral
Presidente
1º Secretário
2º Secretário
Direção ou (Conselho Executivo)
Presidente
Vice-Presidente
Secretário
Tesoureiro
Vogal
1º Suplente
2º Suplente
Conselho Fiscal
Presidente
Vogal
Vogal
Após as assinaturas supra que atestam esta tomada de posse, foi encerrado este ato solene pelas
_______horas e ______ minutos, da qual consta este auto, que vai ser assinado pelo Presidente da Mesa
da Assembleia Geral.
O Presidente: _________________________________________________
56
MODELO DE FICHA DE INSCRIÇÃO NUMA
ASSOCIAÇÃO DE PAIS
Inscrição na Associação de Pais
O acompanhamento do percurso escolar do seu filho/educando é fundamental para o seu
sucesso e pode ser feito através da sua participação direta ou da Associação de Pais. Esta
está representada no Conselho Geral e no Conselho Pedagógico onde transmite a perspetiva
dos pais e encarregados de educação, sendo que para isso precisamos de conhecer a sua
opinião. Por favor, devolva este folheto devidamente preenchido.
- ESTOU DISPONÍVEL PARA PARTICIPAR NA ASSOCIAÇÃO DE PAIS (assinale com X) (facultativo)
Inscrição/Sócio n.º: ______ - 2016/17
Nome (Pai, Mãe, Enc. de Educ. ou Prof.): ______________________________________________________
Profissão (facultativo): _______________________________________ Telef. (facultativo) _______________
Correio-E (legível p. f.): _________________________________ @ _________________________._______
Morada (para correspondência): ____________________________________ n.º______ Andar _____.º____
Localidade: _____________________________ Cód. Postal ________-_____, ________________________
Aluno/a: ____________________________________________________________________, Ano: ______.º
Ano Letivo: ____/___. Data: ____/____/2XXX.
Apesar de não obrigatório, contribuo voluntariamente com: _______,____ €
O Pai, Mãe ou Encarregado de Educação
______________________________
ASSOCIAÇÃO DE PAIS E ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO DOS
ALUNOS DA ESCOLA _________________________ ____________________________________________
57
MODELO DE UMA COMISSÃO DAS AP DAS
ESCOLAS POR AGRUPAMENTO
Tendo em conta que a participação dos Pais e Encarregados de Educação na vida da Escola
deve ser cada vez mais alargada e não restringida, deve a Comissão (ou União) das
Associações de Pais e Encarregados de Educação das Escolas do Agrupamento:
a) Defender o papel individualizado e a mobilização das Associações de Pais das Escolas;
b) Defender a participação ativa dos Pais e Encarregados de Educação na vida das
escolas, através da sua organização representativa - as Associações de Pais.
Conselho Geral
Composição, Eleição dos Pais e Competências
Introdução
O DL 75/2008 consagrou direitos de participação e representação aos pais e encarregados de
educação na administração e gestão das escolas, reforçando e ampliando os direitos garantidos
pelo DL 115/1998, que deu o direito de voto aos representantes dos pais no conselho de
pedagógico e na assembleia do agrupamento ou escola não agrupada. “ Em primeiro lugar, trata-
se de reforçar a participação das famílias e comunidades na direção estratégica dos
estabelecimentos de ensino”, lia-se no preâmbulo do DL 75/2008.
É objetivo deste pequeno Manuel de Apoio facultar aos dirigentes associativos e aos
representantes dos pais no Conselho Geral, informação e normas sobre questões organizativas
do processo eleitoral, assim como a legislação aplicável, a fim de se evitarem frequentes erros e
más interpretações da lei.
Como organizar o processo eleitoral dos representantes de pais
O processo eleitoral decorre de acordo com o estabelecido no ponto 3 do Artigo 14º do DL
137/2012. A candidatura à eleição dos representantes dos pais está consagrada no ponto acima
referido.
Aí se diz, claramente, o seguinte: “ Os representantes dos pais e encarregados de educação são
eleitos em assembleia-geral de pais e encarregados de educação do agrupamento de escolas ou
escola não agrupada, SOB PROPOSTA DAS RESPECTIVAS ORGANIZAÇÕES
REPRESENTATIVAS, e na falta das mesmas, nos termos a definir no regulamento interno”.
Daqui resulta, que compete às Associações de Pais a apresentação de lista com os nomes a
eleger para o Conselho Geral, e a mais ninguém.
Refira-se que na lista de efetivos têm que constar igual número de suplentes.
No caso de uma escola não agrupada, compete somente à sua associação de pais a elaboração
da lista.
No caso de agrupamentos de escolas, existem duas maneiras de proceder à elaboração da lista
e à eleição:
1. As associações de pais elaboram em conjunto a lista e convocam a assembleia de pais e
encarregados de educação do agrupamento para a escola sede;
58
2. As associações de pais elaboram em conjunto a lista e convocam a assembleia geral de pais
e encarregados de educação para todas as escolas do agrupamento. Neste caso, a
assembleia terá que decorrer no mesmo dia e à mesma hora em todas as escolas, onde se
apresentará e votará a lista.
3. No caso de existir uma Associação de Pais de Agrupamento, o procedimento é igual ao de
uma escola não agrupada.
4. No caso de existir uma Comissão das Associações de Pais do Agrupamento, é valido o
referido no n.º 1.
Eis um exemplo de constituição de uma Comissão de Ap’s de um Agrupamento:
I
Princípios
1) Tendo em conta que a participação dos Pais e Encarregados de Educação na vida da Escola
deve ser cada vez mais alargada e não restringida, deve a União [ou Comissão] das
Associações de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento:
• Defender o papel individualizado e a mobilização das Associações de Pais das Escolas;
• Defender a participação ativa dos Pais e Encarregados de Educação na vida das
escolas, através da sua organização representativa - as Associações de Pais.
2) Para que a escola obtenha um maior conjunto de informação oriunda dos pais e
encarregados de educação, deve a União [ou Comissão] das Associações de Pais e
Encarregados de Educação do Agrupamento:
No Conselho Geral:
• Bater-se pela representatividade de todos os níveis de ensino presentes no
agrupamento;
• Não sendo possível, bater-se pela representatividade de 3 níveis de ensino: pré-
escolar/1.º Ciclo, 2.º-3.º Ciclo, Secundário;
II
Constituição
1) Fazem parte da União (ou Comissão) das Associações de Pais e Encarregados de Educação
do Agrupamento de Escolas, todas as Associações de Pais das Escolas que integram este
agrupamento, bem como uma representação dos pais das escolas que não tenham
associação de pais.
2) Os representantes na União (ou Comissão) devem ser indicados pela associação
representada e fazer parte dos seus órgãos sociais:
a) Tendo em conta a representatividade de 2 membros por cada Escola;
b) Tendo em conta que cada Escola será representada por pelo menos um
representante.
3) Todos os mandatos têm a duração de um ano letivo.
III
Gestão
1) A União (ou Comissão) é constituída por um coordenador, um secretário, sendo os restantes
vogais.
2) O coordenador da União (ou Comissão) e o secretário são eleitos por todos os
representantes indicados pelas associações.
59
IV
Competências
1) Compete à União (ou Comissão) das Associações de Pais e Encarregados de Educação
do Agrupamento:
a) A representação dos Pais e encarregados de Educação dos alunos das escolas
do Agrupamento, por elementos pertencentes aos Órgãos Sociais das APEE das
Escolas;
b) Organizar, convocar e realizar a Assembleia Geral de Todos os Pais das Escolas
do Agrupamento para eleição dos Representantes dos Pais e Encarregados de
Educação no Conselho Geral, de acordo com o Artigo 14.ª do DL 137/2012;
c) Propor à Assembleia Geral (de todos os pais e encarregados de educação do
Agrupamento) os Representantes dos Pais e Encarregados de Educação no Conselho
Geral, na qual se integrem elementos pertencentes aos Órgãos Sociais das
Associações de Pais das Escolas;
d) A ligação entre as Associações de Pais e Encarregados de Educação das Escolas com
a Direção Executiva e Pedagógica do Agrupamento, sem prejuízo de intervenção
conjunta com cada Associação de Escola.
2) Promover a participação ativa das Associações no Movimento Associativo de Pais.
3) Promover a constituição de Associações de Pais e Encarregados de Educação nas escolas
do agrupamento onde não existam:
a) Dinamizando a mobilização de Pais e Encarregados de Educação da Escola;
b) Gerindo as primeiras reuniões de Pais e Encarregados de Educação;
c) Apoiando a realização da Assembleia Constituinte e todo o processo de constituição.
4) Não compete à União (ou Comissão) das APEE do Agrupamento:
a) A indicação dos representantes dos encarregados de educação nos Conselhos
de Turma;
b) Interferir na vida interna das associações, preservando a autonomia e independência
das mesmas, exceto nos casos de pedido de apoio;
c) A representação das Associações de Pais das Escolas, quando por estas não solicitado.
Nota: Esta é uma proposta, não um documento acabado, que se deve adaptar a cada realidade
local do respetivo agrupamento.
61
Após estes passos, deve ser solicitada a inscrição na Segurança Social, conforme Modelo que
disponibilizamos, sendo necessário juntar cópia do BI/CC do Presidente da AP.
62
FEDERAÇÕES CONCELHIAS E REGIONAIS
DAS ASSOCIAÇÕES DE PAIS
As Federações Concel hias são constituídas pelas Associações de Pais da área
correspondente ao concelho e o seu objeto é congregar, coordenar, dinamizar, defender e
representá-las, de modo a possibilitar e facilitar o exercício do direi to e dever que
cabem aos pais e encarregados de educação de orientarem e participarem ativamente na
educação integral dos seus filhos e educandos.
As Federações Concelhias são membros da Federação Regional do seu Distrito ou Região e
da Confederação Nacional das Associações de Pais e adota, por isso, o ideário, a
declaração de princípios, os objetivos e as diretrizes da CONFAP.
As Federações Regionais são consti tuídas pelas Associações de Pais e Federações
Concelhias da área correspondente à sua área geográfica (Distrito ou Região) e o seu objeto é
congregar, coordenar, dinamizar, defender e representá-las, de modo a possibilitar e
facilitar o exercício do direito e dever que cabem aos pais e encarregados de educação
de orientarem e participarem ativamente na educação integral dos seus filhos e
educandos.
As Federações Regionais são membros da Confederação Nacional das Associações de
Pais e adota, por isso, o ideário, a declaração de princípios, os objetivos e as diretrizes da
CONFAP.
63
CONFAP – CONFEDERAÇÃO NACIONAL
DAS ASSOCIAÇÕES DE PAIS
A Confederação Nacional das Associações de Pais é uma estrutura confederada das
Associações de Pais e Encarregados de Educação e das suas estruturas federadas, sem fins
lucrativos, cuja finalidade é congregar, coordenar, dinamizar, defender e representar, a nível
nacional, o movimento associativo de pais e intervirá como parceiro social junto dos órgãos
de soberania, autoridades e instituições de modo a possibilitar e facilitar o exercício do direito
de cumprimento do dever que cabem aos pais e encarregados de educação, de orientarem e
participarem ativamente como primeiros responsáveis, na educação integral dos seus filhos e
educandos.
(Ver artigos 3º, 5º e 6º dos Estatutos)
Independente, a confessional, apolítica, pluralista, respeita a Declaração Universal dos Direitos
do Homem, defende e apoia a família.
(Ver artigo 3° dos Estatutos)
Integra Associações de Pais e Encarregados de Educação de qualquer grau ou modalidade de
ensino - oficial, particular ou cooperativo.
(Ver artigo 8º dos Estatutos)
AÇÃO DA CONFAP
No plano internacional:
Pretende contribuir para:
➢ Suscitar a equivalência de diplomas e títulos;
➢ Desenvolver trocas de experiencias;
➢ Ajudar a promover a existência de um consenso em matéria de educação nos países
da união europeia;
➢ Tornar efetivos o reconhecimento universal dos direitos de intervenção das
Associações de Pais na definição das politicas educativas;
No plano Nacional:
Estuda os problemas relativos à formação global dos jovens suscitando uma participação
interessada ao nível de cada Escola.
Intervém junto dos poderes públicos, para melhorar situações relativas a nomeadamente:
➢ Ações sociais Escolares, Alimentação e Seguro escolar;
➢ Qualidade e Liberdade de Ensino;
➢ Transportes Escolares;
➢ Edifícios Escolares;
➢ Ocupação de Tempos livres;
➢ Educação para a Cidadania, para a Saúde e Educação Sexual;
➢ Acesso ao Ensino Superior;
➢ Gestão das Escolas e Articulação de programas;
➢ Absentismo de Professores;
➢ Insucesso Escolar;
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Representações da CONFAP
No Plano Internacional:
➢ EPA -European Parents association, com sede na Bélgica;
➢ UIOF – Union International des Organismes Familiaux, com sede em Paris;
➢ CIP – Confederation International des Parents;
No Plano Nacional:
➢ Conselho Nacional da Educação;
➢ Conselho Coordenador do Ensino particular e Cooperativo;
➢ Conselho Consultor dos assuntos da Família;
➢ Conselhos regionais do instituto da juventude;
➢ Comissões de Menores;
➢ Centro de Estudo Judiciários;
➢ Instituto português de luta Contra a Droga e toxicodependência;
➢ Conselho de Acompanhamento da Reforma Curricular;
➢ Comissão de Acompanhamento de Regime de Autonomia, administração e gestão
escolar;
➢ Gabinete de Segurança do Ministério de Educação;
➢ Comissão de Luta Contra a Sida;
➢ Conselho de opinião da RTP e RDP;
➢ Fórum dos telespectadores da TVI;
➢ Agencia Nacional para os programas comunitários;
➢ Comissão de acompanhamento para o III quadro comunitário de apoio;
➢ Gabinete Linha aberta;
➢ Trabalho infantil (PEPT e CNASTI).
Mantém também contactos privilegiados com:
• Ministério da educação,
• Direção Geral da Família,
• CNASTI (sócio fundador),
• Organizações representativas de professores,
• Movimentos ligados à Família.
Confederação Nacional das Associações de Pais – CONFAP
Rua Carlos José Barreiros, 16 –C/V
1000-088 Lisboa
Telef: 218 471 978
Telm: 917 893 573
Email: [email protected]
66
LEGISLAÇÃO EM VIGOR
Código Civil …………………………………………………………………………………... 68
Decreto Lei 372/1990 substituído pelo 29/2006 (Lei das Associações de Pais)…………. 73
Decreto Lei 137/2012 (Autonomia, Gestão e Administração)……………………………… 78
Decreto Lei 51/2012 (Estatuto do Aluno)…………………………………………………….. 104
Decreto Lei 49/2005 (Lei Bases Sistema Educativo)………………………………………… 131
Outra legislação de interesse
Lei 20/2004 (Estatuto do Dirigente Associativo)
Portaria 413/1999 (Seguro Escolar)
Despacho 25 650/2006 (Escola Segura)
Decreto Lei 15/2007 (Estatutos Carreira Docente)
Decreto Lei 4/2015 (Código Procedimento Administrativo)
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CODIGO CIVIL
Definição de Associação Uma associação é normalmente uma pessoa coletiva composta por pessoas singulares e/ou coletivas, sem
finalidades lucrativas, agrupadas em torno de objetivos e necessidades comuns.
Direito de Associação
No âmbito internacional o direito de associação está consagrado, por exemplo, na Declaração Universal
dos Direitos do Homem (art. 20º nº 1 e 2) e na Convenção Europeia dos Direitos do Homem (aprovada,
para ratificação, pela Lei n.º 65/78 de 13/10), de onde se retira:
Artigo 11º
1 - Qualquer pessoa tem direito à liberdade de reunião pacífica e à liberdade de associação, incluindo o direito
de, com outrem, fundar e filiar-se em sindicatos para a defesa dos seus interesses. 2 - O exercício deste direito só pode ser objeto de restrições que, sendo previstas na lei, constituírem
disposições necessárias, numa sociedade democrática, para a segurança nacional, a segurança pública, a
defesa da ordem e a prevenção do crime, a proteção da saúde ou da moral, ou a proteção dos direitos e das
liberdades de terceiros. O presente artigo não proíbe que sejam impostas restrições legítimas ao exercício
destes direitos aos membros das forças armadas, da polícia ou da administração do Estado.
No âmbito Nacional, o direito de Associação está consagrado na Constituição da República Portuguesa
(arts. 46º, 51º, 55º e 56º, 60º - n.º 3, 63º - n.º 3, 66º - n.º 2 g), 71º - n.º 3, 73º, n.º 3, 77º, n.º 2, 79º - n.º 2, 263º
- n.º2).
AS ASSOCIAÇÕES NO CÓDIGO CIVIL
Estes artigos regulam, em geral, as associações que não tenham por fim o lucro económico dos associados,
mas havendo legislação específica, é por estas que em primeiro lugar as organizações se regem, e só
secundariamente e em caso de omissão é que se aplicam estas disposições gerais.
CÓDIGO CIVIL PORTUGUÊS
CAPÍTULO II Pessoas coletivas
SECÇÃO I Disposições gerais
ARTIGO 157.º (Campo de aplicação)
As disposições do presente capítulo são aplicáveis às associações que não tenham por fim o lucro
económico dos associados, às fundações de interesse social, e ainda às sociedades, quando a analogia das
situações o justifique.
ARTIGO 158.º· (Aquisição da personalidade)
1. As associações constituídas por escritura pública, com as especificações referidas no nº 1 do
artigo 167.º, gozam de personalidade jurídica.
2. As fundações adquirem personalidade jurídica pelo reconhecimento, o qual é individual e da
competência da autoridade administrativa.
(Redação do Dec.-Lei 496/77, de 25-11)
ARTIGO 158.º-A (Nulidade do ato de constituição ou instituição)
É aplicável à constituição de pessoas coletivas o disposto no artigo 280.º, devendo o Ministério Público
promover a declaração judicial da nulidade.
(Aditado pelo Dec.-Lei 496/77, de 25-11)
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ARTIGO 159.º (Sede)
A sede da pessoa coletiva é a que os respetivos estatutos fixarem ou, na falta de designação estatutária, o
lugar em que funciona normalmente a administração principal.
ARTIGO 160.º (Capacidade)
1. A capacidade das pessoas coletivas abrange todos os direitos e obrigações necessários ou convenientes à
prossecução dos seus fins.
2. Exceptuam-se os direitos e obrigações vedados por lei ou que sejam inseparáveis da personalidade
singular.
ARTIGO 161.º
(Revogado pelo Dec.-Lei 496/77, de 25-11)
ARTIGO 162.º (Órgãos)
Os estatutos da pessoa coletiva designarão os respetivos órgãos, entre os quais haverá um órgão colegial de
administração e um conselho fiscal, ambos eles constituídos por um número ímpar de titulares, dos quais
um será o presidente.
ARTIGO 163.º (Representação)
1. A representação da pessoa coletiva, em juízo e fora dele, cabe a quem os estatutos determinarem ou, na
falta de disposição estatutária, à administração ou a quem por ela for designado.
2. A designação de representantes por parte da administração só é oponível a terceiros quando se prove que
estes a conheciam.
ARTIGO 164.º (Obrigações e responsabilidade dos titulares dos órgãos da pessoa coletiva)
1. As obrigações e a responsabilidade dos titulares dos órgãos das pessoas coletivas para com estas são
definidas nos respetivos estatutos, aplicando-se, na falta de disposições estatutárias, as regras do mandato
com as necessárias adaptações.
2. Os membros dos corpos gerentes não podem abster-se de votar nas deliberações tomadas em reuniões a
que estejam presentes, e são responsáveis pelos prejuízos delas decorrentes, salvo se houverem manifestado
a sua discordância.
ARTIGO 165.º (Responsabilidade civil das pessoas coletivas)
As pessoas coletivas respondem civilmente pelos atos ou omissões dos seus representantes, agentes ou
mandatários nos mesmos termos em que os comitentes respondem pelos atos ou omissões dos seus
comissários.
ARTIGO 166.º (Destino dos bens no caso de extinção)
1. Extinta a pessoa coletiva, se existirem bens que lhe tenham sido doados ou deixados com qualquer encargo
ou que estejam afetados a um certo fim, o tribunal, a requerimento do Ministério Público, dos liquidatários,
de qualquer associado ou interessado, ou ainda de herdeiros do doador ou do autor da deixa testamentária,
atribui-los-á, com o mesmo encargo ou afetação, a outra pessoa coletiva.
2. Os bens não abrangidos pelo número anterior têm o destino que lhes for fixado pelos estatutos ou por
deliberação dos associados, sem prejuízo do disposto em leis especiais; na falta de fixação ou de lei especial,
o tribunal, a requerimento do Ministério Público, dos liquidatários, ou de qualquer associado ou interessado,
determinará que sejam atribuídos a outra pessoa coletiva ou ao Estado, assegurando, tanto quanto possível,
a realização dos fins da pessoa extinta. (Redação do Dec.-Lei 496/77, de 25-11)
70
SECÇÃO II Associações
ARTIGO 167.º (Acto de constituição e estatutos)
1. O acto de constituição da associação especificará os bens ou serviços com que os associados concorrem
para o património social, a denominação, fim e sede da pessoa colectiva, a forma do seu funcionamento,
assim como a sua duração, quando a associação se não constitua por tempo indeterminado.
2. Os estatutos podem especificar ainda os direitos e obrigações dos associados, as condições da sua
admissão, saída e exclusão, bem como os termos da extinção da pessoa colectiva e consequente devolução
do seu património.
ARTIGO 168.º (Forma e publicidade)
1. O acto de constituição da associação, os estatutos e as suas alterações devem constar de escritura pública.
2. O notário deve, oficiosamente, a expensas da associação, comunicar a constituição e estatutos, bem
como as alterações destes, à autoridade administrativa e ao Ministério Público e remeter ao jornal oficial
um extracto para publicação.
3. O acto de constituição, os estatutos e as suas alterações não produzem efeitos em relação a terceiros,
enquanto não forem publicados nos termos do número anterior. (Redacção do Dec.-Lei 496/77, de 25-11)
ARTIGO 169.º (Revogado pelo Dec.-Lei 496/77, de 25-11)
ARTIGO 170.º (Titulares dos órgãos da associação e revogação dos seus poderes)
1. É a assembleia-geral que elege os titulares dos órgãos da associação, sempre que os estatutos não
estabeleçam outro processo de escolha.
2. As funções dos titulares eleitos ou designados são revogáveis, mas a revogação não prejudica os direitos
fundados no acto de constituição.
3. O direito de revogação pode ser condicionado pelos estatutos à existência de justa causa.
ARTIGO 171.º (Convocação e funcionamento do órgão da administração e do conselho fiscal)
1. O órgão da administração e o conselho fiscal são convocados pelos respectivos presidentes e só podem
deliberar com a presença da maioria dos seus titulares.
2. Salvo disposição legal ou estatutária em contrário, as deliberações são tomadas por maioria de votos dos
titulares presentes, tendo o presidente, além do seu voto, direito a voto de desempate.
ARTIGO 172.º (Competência da assembleia geral)
1. Competem à assembleia-geral todas as deliberações não compreendidas nas atribuições legais ou
estatutárias de outros órgãos da pessoa colectiva.
2. São, necessariamente, da competência da assembleia-geral a destituição dos titulares dos órgãos da
associação, a aprovação do balanço, a alteração dos estatutos, a extinção da associação e a autorização para
esta demandar os administradores por factos praticados no exercício do cargo.
ARTIGO 173.º (Convocação da assembleia)
1. A assembleia-geral deve ser convocada pela administração nas circunstâncias fixadas pelos estatutos e,
em qualquer caso, uma vez em cada ano para aprovação do balanço.
2. A assembleia será ainda convocada sempre que a convocação seja requerida, com um fim legítimo, por
um conjunto de associados não inferior à quinta parte da sua totalidade, se outro número não for
estabelecido nos estatutos.
3. Se a administração não convocar a assembleia nos casos em que deve fazê-lo, a qualquer associado é
lícito efectuar a convocação.
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ARTIGO 174.º (Forma de convocação)
1. A assembleia-geral é convocada por meio de aviso postal, expedido para cada um dos associados com a
antecedência mínima de oito dias; no aviso indicar-se-á o dia, hora e local da reunião e a respectiva ordem
do dia.
2. São anuláveis as deliberações tomadas sobre matéria estranha à ordem do dia, salvo se todos os
associados comparecerem à reunião e todos concordarem com o aditamento.
3. A comparência de todos os associados sanciona quaisquer irregularidades da convocação, desde que
nenhum deles se oponha à realização da assembleia.
ARTIGO 175.º
(Funcionamento)
1. A assembleia não pode deliberar, em primeira convocação, sem a presença de metade, pelo menos, dos
seus associados.
2. Salvo o disposto nos números seguintes, as deliberações são tomadas por maioria absoluta dos
associados presentes.
3. As deliberações sobre alterações dos estatutos exigem o voto favorável de três quartos do número dos
associados presentes.
4. As deliberações sobre a dissolução ou prorrogação da pessoa colectiva requerem o voto favorável de três
quartos do número de todos os associados.
5. Os estatutos podem exigir um número de votos superior ao fixado nas regras anteriores.
ARTIGO 176.º (Privação do direito de voto)
1. O associado não pode votar, por si ou como representante de outrem, nas matérias em que haja conflito
de interesses entre a associação e ele, seu cônjuge, ascendentes ou descendentes.
2. As deliberações tomadas com infracção do disposto no número anterior são anuláveis se o voto do
associado impedido for essencial à existência da maioria necessária.
ARTIGO 177.º (Deliberações contrárias à lei ou aos estatutos)
As deliberações da assembleia-geral contrárias à lei ou aos estatutos, seja pelo seu objecto, seja por virtude
de irregularidades havidas na convocação dos associados ou no funcionamento da assembleia, são
anuláveis.
ARTIGO 178.º (Regime da anulabilidade)
1. A anulabilidade prevista nos artigos anteriores pode ser arguida, dentro do prazo de seis meses, pelo
órgão da administração ou por qualquer associado que não tenha votado a deliberação.
2. Tratando-se de associado que não foi convocado regularmente para a reunião da assembleia, o prazo só
começa a correr a partir da data em que ele teve conhecimento da deliberação.
ARTIGO 179.º (Protecção dos direitos de terceiro)
A anulação das deliberações da assembleia não prejudica os direitos que terceiro de boa fé haja adquirido
em execução das deliberações anuladas.
ARTIGO 180.º (Natureza pessoal da qualidade de associado)
Salvo disposição estatutária em contrário, a qualidade de associado não é transmissível, quer por acto entre
vivos, quer por sucessão; o associado não pode incumbir outrem de exercer os seus direitos pessoais.
ARTIGO 181º (Efeito de saída ou exclusão)
O associado que por qualquer forma deixar de pertencer à associação não tem o direito de repetir as
quotizações que haja pago e perde o direito ao património social, sem prejuízo da sua responsabilidade por
todas as prestações relativas ao tempo em que foi membro da associação.
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ARTIGO 182.º (Causas de extinção)
1. As associações extinguem-se:
a) Por deliberação da assembleia-geral;
b) Pelo decurso do prazo, se tiverem sido constituídas temporariamente;
c) Pela verificação de qualquer outra causa extintiva prevista no acto de constituição ou nos estatutos;
d) Pelo falecimento ou desaparecimento de todos os associados;
e) Por decisão judicial que declare a sua insolvência.
2. As associações extinguem-se ainda por decisão judicial:
a) Quando o seu fim se tenha esgotado ou se haja tornado impossível;
b) Quando o seu fim real não coincida com o fim expresso no acto de constituição ou nos estatutos;
c) Quando o seu fim seja sistematicamente prosseguido por meios ilícitos ou imorais;
d) Quando a sua existência se torne contrária à ordem pública. (Redacção do Dec.-Lei 496/77, de 25-11)
ARTIGO 183.º (Declaração da extinção)
1. Nos casos previstos nas alíneas b) e c) do nº 1 do artigo anterior, a extinção só se produzirá se, nos trinta
dias subsequentes à data em que devia operar-se, a assembleia-geral não decidir a prorrogação da
associação ou a modificação dos estatutos.
2. Nos casos previstos no nº 2 do artigo precedente, a declaração da extinção pode ser pedida em juízo pelo
Ministério Público ou por qualquer interessado.
3. A extinção por virtude da declaração de insolvência dá-se em consequência da própria declaração. (Redacção do Dec.-Lei 496/77, de 25-11)
ARTIGO 184.º (Efeitos da extinção)
1. Extinta a associação, os poderes dos seus órgãos ficam limitados à prática dos actos meramente
conservatórios e dos necessários, quer à liquidação do património social, quer à ultimação dos negócios
pendentes; pelos actos restantes e pelos danos que deles advenham à associação respondem solidariamente
os administradores que os praticarem.
2. Pelas obrigações que os administradores contraírem, a associação só responde perante terceiros se estes
estavam de boa fé e à extinção não tiver sido dada a devida publicidade.
[Estes artigos 285.º a 294.º são o regime geral para qualquer negócio jurídico. Só se aplica o regime geral não
havendo disposições específicas para as associações e, dentro das associações, para as associações de pais, há uma
hierarquia das normas]
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Decreto-Lei nº. 29/2006 de 04 de Julho
Segunda alteração ao Decreto-Lei n.º 372/90, de 27 de Novembro, que disciplina o regime de
constituição, os direitos e os deveres a que ficam subordinadas as associações de pais e encarregados
de educação.
ANEXO
Republicação do Decreto-Lei n.º 372/90, de 27 de Novembro
Artigo 1.º
Objecto
1 - O presente diploma aprova o regime que disciplina a constituição das associações de pais e encarregados
de educação, adiante designadas por associações de pais, e define os direitos e deveres das referidas
associações, bem como das suas federações e confederações.
2 - O presente diploma define ainda os direitos dos pais e encarregados de educação enquanto membros
dos órgãos de administração e gestão dos estabelecimentos públicos de educação pré-escolar e dos ensinos
básico e secundário e respectivas estruturas de orientação educativa.
3 - O presente diploma é aplicável aos estabelecimentos de ensino particular e cooperativo que detenham
contratos de associação com o Estado, à excepção da participação nos seus órgãos de administração e
gestão, que é regulamentada pelo seu estatuto.
Artigo 2.º
Fins
As associações de pais visam a defesa e a promoção dos interesses dos seus associados em tudo quanto
respeita à educação e ensino dos seus filhos e educandos que sejam alunos da educação pré-escolar ou dos
ensinos básico ou secundário, público, particular ou cooperativo.
Artigo 3.º
Independência e democraticidade
1 - As associações de pais são independentes do Estado, dos partidos políticos, das organizações religiosas
e de quaisquer outras instituições ou interesses.
2 - Os pais e encarregados de educação têm o direito de constituir livremente associações de pais ou de se
integrarem em associações já constituídas, de acordo com os princípios de liberdade de associação.
3 - Qualquer associado goza do direito de plena participação na vida associativa, incluindo o direito de
eleger e de ser eleito para qualquer cargo dos corpos sociais.
Artigo 4.º
Autonomia
As associações de pais gozam de autonomia na elaboração e aprovação dos respectivos estatutos e demais
normas internas, na eleição dos seus corpos sociais, na gestão e administração do seu património próprio,
na elaboração de planos de actividade e na efectiva prossecução dos seus fins.
Artigo 5.º
Constituição
1 - Os pais e encarregados de educação que se queiram constituir em associação de pais devem aprovar os
respectivos estatutos.
2 - Depois de aprovados, os estatutos devem ser depositados na Secretaria-Geral do Ministério da
Educação, acompanhados de uma lista dos respectivos outorgantes, com identificação completa e morada
de cada um, e de certificado de admissibilidade da denominação da associação, emitido pelo Registo
Nacional de Pessoas Colectivas.
3 - O Ministério da Educação remeterá cópia dos documentos referidos no número anterior à Procuradoria-
Geral da República para controlo de legalidade, após o que promoverá a respectiva publicação gratuita no
Diário da República.
4 - As associações de pais podem funcionar, a título provisório, logo que se mostre cumprido o disposto
no n.º 2.
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Artigo 6.º
Personalidade
As associações de pais gozam de personalidade jurídica a partir da data da publicação dos seus estatutos
no Diário da República.
Artigo 7.º
Sede e instalações
1 - A associação de pais pode designar como sede da própria associação, nos respectivos estatutos, um
estabelecimento de educação ou ensino sempre que aí se encontre inscrita a generalidade dos filhos ou
educandos dos seus associados.
2 - No caso previsto no número anterior, a associação de pais pode utilizar instalações do mesmo
estabelecimento, em termos a definir no regulamento interno da escola, para nelas reunir, não constituindo
as mesmas seu património próprio.
3 - Sempre que na escola não seja possível colocar à disposição da associação de pais instalações adequadas
para a sua actividade, designadamente mobiliário e outro equipamento necessário ao bom desempenho das
suas funções, a direcção do estabelecimento de ensino assegurará pelo menos o equipamento indispensável
para funcionamento de arquivo.
Artigo 8.º
Organizações federativas
As associações de pais são livres de se agruparem ou filiarem em uniões, federações ou confederações, de
âmbito local, regional, nacional ou internacional, com fins idênticos ou similares aos seus.
Artigo 9.º
Direitos
1 - Constituem direitos das associações de pais ao nível de estabelecimento ou agrupamento:
a) Participar, nos termos do regime de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos
públicos de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, na definição da política educativa
da escola ou agrupamento;
b) Participar, nos termos da lei, na administração e gestão dos estabelecimentos de educação ou de
ensino;
c) Reunir com os órgãos de administração e gestão do estabelecimento de educação ou de ensino em
que esteja inscrita a generalidade dos filhos e educandos dos seus associados, designadamente para
acompanhar a participação dos pais nas actividades da escola;
d) Distribuir a documentação de interesse das associações de pais e afixá-la em locais destinados para
o efeito no estabelecimento de educação ou de ensino;
e) Beneficiar de apoio documental a facultar pelo estabelecimento de educação ou de ensino ou pelos
serviços competentes do Ministério da Educação.
2 - Constituem direitos das associações de pais ao nível nacional, regional ou local:
a) Pronunciar-se sobre a definição da política educativa;
b) Estar representadas nos órgãos consultivos no domínio da educação, ao nível local, bem como em
órgãos consultivos ao nível regional ou nacional com atribuições nos domínios da definição e do
planeamento do sistema educativo e da sua articulação com outras políticas sociais;
c) Beneficiar do direito de antena nos serviços públicos de rádio e televisão nos mesmos termos das
associações com estatuto de parceiro social;
d) Solicitar junto dos órgãos da administração central, regional e local as informações que lhes
permitam acompanhar a definição e a execução da política de educação;
e) Beneficiar de apoio do Estado, através da administração central, regional e local, para a prossecução
dos seus fins, nomeadamente no exercício da sua actividade no domínio da formação, informação e
representação dos pais e encarregados de educação, nos termos a regulamentar;
f) Participar na elaboração e acompanhamento de planos e programas nacionais, regionais e locais de
educação;
g) Iniciar e intervir em processos judiciais e em procedimentos administrativos quanto a interesses
dos seus associados, nos termos da lei.
3 - O direito previsto na alínea c) do número anterior é exclusivamente reportado às associações de pais de
âmbito nacional.
75
4 - As associações de pais de âmbito regional e local exercem os direitos previstos nas alíneas a) e b) do
n.º 2 em função da incidência das medidas no âmbito geográfico e do objecto da sua acção.
5 - A matéria referida no n.º 1 deve ser prevista no regulamento interno do estabelecimento ou
agrupamento.
6 - As associações de pais, através das respectivas confederações, são sempre consultadas aquando da
elaboração de legislação sobre educação e ensino, sendo-lhes fixado um prazo não inferior a oito dias a
contar da data em que lhes é facultada a consulta para se pronunciarem sobre o objecto da mesma.
7 - As actividades extracurriculares e de tempos livres levadas a cabo com alunos são consideradas, quando
incluídas no plano de actividades da escola ou agrupamento de escolas, no âmbito do seguro escolar.
Artigo 9.º-A
Deveres das associações
1 - As associações de pais e encarregados de educação têm o dever de promover junto dos seus associados
a adequada utilização dos serviços e recursos educativos.
2 - No caso de receberem apoios por parte do Estado ou de qualquer outra entidade, as associações de pais
têm o dever de prestar informação sobre a sua natureza, origem e aplicação através da apresentação de
relatório de actividades e contas, em termos a regulamentar, à entidade a indicar pelo Ministério da
Educação, até final do mês de Março do ano seguinte ao que se reportam, incumbindo à referida entidade
promover a sua publicitação em lugar próprio do sítio do Ministério da Educação na Internet.
Artigo 10.º
Participação na definição da política educativa (Revogado.)
Artigo 11.º
Participação na elaboração da legislação (Revogado.)
Artigo 12.º
Reunião com órgãos de administração e gestão
1 - As reuniões entre as associações de pais e os órgãos de administração e gestão dos estabelecimentos de
educação ou de ensino podem ter lugar sempre que qualquer das referidas entidades o julgue necessário.
2 - Sempre que a matéria agendada para a reunião o aconselhe, pode a associação de pais solicitar aos
órgãos de administração e gestão do estabelecimento de educação ou de ensino que sejam convocados para
as reuniões outros agentes do mesmo estabelecimento.
Artigo 13.º
Apoio documental
1 - O apoio documental às associações de pais compreende o acesso a legislação sobre educação e ensino,
bem como a outra documentação de interesse para as mesmas associações.
2 - As associações podem, nos termos de protocolos a celebrar com os estabelecimentos de educação ou
de ensino e dentro das disponibilidades orçamentais destes, beneficiar de outros apoios de carácter técnico
ou logístico.
Artigo 14.º
Dever de colaboração
1 - Incumbe aos órgãos de administração e gestão dos estabelecimentos de educação ou de ensino, de
acordo com as disponibilidades existentes:
a) Viabilizar as reuniões dos órgãos das associações de pais;
b) Facultar locais próprios de dimensão adequada para a distribuição ou afixação de documentação de
interesse das associações de pais.
2 - A cedência de instalações para as reuniões dos órgãos das associações de pais deve ser solicitada ao
órgão directivo do estabelecimento de educação ou ensino, com a antecedência mínima de cinco dias.
Artigo 15.º
Regime especial de faltas
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1 - As faltas dadas pelos titulares dos órgãos sociais das associações de pais, ou das suas estruturas
representativas, para efeitos do estabelecido na alínea b) do n.º 2 do artigo 9.º e do artigo 12.º, desde que
devidamente convocados, consideram-se para todos os efeitos justificadas mas determinam a perda da
retribuição correspondente.
2 - Os pais ou encarregados de educação membros dos órgãos de administração e gestão dos
estabelecimentos públicos de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário têm direito, para a
participação em reuniões dos órgãos para as quais tenham sido convocados, a gozar um crédito de dias
remunerado, nos seguintes termos:
a) Assembleia, um dia por trimestre;
b) Conselho pedagógico, um dia por mês;
c) Conselho de turma, um dia por trimestre;
d) Conselho municipal de educação, sempre que reúna;
e) Comissão de protecção de crianças e jovens, ao nível municipal, um dia por bimestre.
3 - As faltas dadas nos termos do número anterior consideram-se justificadas e contam, para todos os
efeitos legais, como serviço efectivo, salvo no que respeita ao subsídio de refeição.
4 - Às faltas que excedam o crédito referido no n.º 2, e que comprovadamente se destinem ao mesmo fim,
aplica-se o disposto no número anterior, mas determinam a perda da retribuição correspondente.
5 - As faltas a que se refere o presente artigo podem ser dadas em períodos de meio dia e são justificadas
mediante a apresentação da convocatória e de documento comprovativo da presença passado pela entidade
ou órgão que convocou a reunião.
6 - A forma de participação dos pais ou encarregados de educação em órgãos de administração e gestão de
escolas particulares ou cooperativas que tenham celebrado com o Estado contratos de associação nos
termos do Estatuto do Ensino Particular e Cooperativo é regulada por este Estatuto.
Artigo 15.º-A
Utilidade pública e mecenato
1 - Às associações de pais pode, a seu pedido, ser conferido o estatuto de utilidade pública, nos termos e
para os efeitos previstos no Decreto-Lei n.º 460/77, de 7 de Novembro.
2 - Consideram-se de reconhecimento especial, e como tal usufruem dos benefícios a conceder por via do
Decreto-Lei n.º 460/77, de 7 de Novembro, as seguintes situações:
a) Organização de actividades de enriquecimento curricular no âmbito do prolongamento de horário
e da escola a tempo inteiro;
b) Organização de actividades de apoio às famílias.
3 - Os donativos concedidos às associações de pais beneficiam do regime estabelecido no Estatuto do
Mecenato, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 74/99, de 16 de Março.
Artigo 16.º
Contratos-programa
As associações de pais poderão beneficiar de especial apoio do Estado, o qual será prestado nos termos a
acordar em contrato-programa com o Ministério da Educação e no quadro das disponibilidades orçamentais
dos respectivos departamentos.
Artigo 17.º
Direito aplicável
As associações de pais regem-se pelos respectivos estatutos, pelo presente diploma e, subsidiariamente,
pela lei geral sobre o direito de associação.
Artigo 18.º
Associações já constituídas
As associações de pais legalmente constituídas à data da entrada em vigor do presente diploma que
pretendam beneficiar dos direitos nele consignados devem proceder ao depósito de cópia dos respectivos
estatutos na Secretaria-Geral do Ministério da Educação.
Artigo 19.º
Aplicação às Regiões Autónomas
77
A aplicação do presente diploma nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira não prejudica as
competências próprias dos serviços e organismos das respectivas administrações regionais.
Artigo 20.º
Revogação
É revogada a Lei n.º 7/77, de 1 de Fevereiro.
78
DECRETO-LEI N.º 137/2012 de 2 de Julho
A Lei de Bases do Sistema Educativo, aprovada pela Lei n.º 46/86, de 14 de Outubro, alterada pelas Leis n.os
115/97, de 19 de Setembro, 49/2005, de 30 de agosto, e 85/2009, de 27 de agosto, consagra o direito à
educação pela garantia de uma permanente ação formativa orientada para o desenvolvimento global da
personalidade, o progresso social e a democratização da sociedade.
Por sua vez, no Programa do XIX Governo Constitucional, a educação é assumida como um serviço público
universal sendo estabelecida como missão do Governo a substituição da facilidade pelo esforço, do
dirigismo pedagógico pelo rigor científico, da indisciplina pela disciplina, do centralismo pela autonomia.
Neste sentido, a administração e a gestão das escolas assumem-se como instrumentos fundamentais para atingir
as metas a prosseguir pelo Governo para o aperfeiçoamento do sistema educativo.
Assente neste quadro programático e na experiência adquirida no decurso da vigência do regime jurídico
de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos públicos da educação pré-escolar e dos ensinos
básico e secundário, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 75/2008, de 22 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º
224/2009, de 11 de Setembro, o Governo pretende promover a sua revisão com vista a dotar o ordenamento
jurídico português de normas que garantam e promovam o reforço progressivo da autonomia e a maior
flexibilização organizacional e pedagógica das escolas, condições essenciais para a melhoria do sistema público
de educação. Para tal contribuirá a reestruturação da rede escolar, a consolidação e alargamento da rede de escolas
com contractos de autonomia, a hierarquização no exercício de cargos de gestão, a integração dos instrumentos
de gestão, a consolidação de uma cultura de avaliação e o reforço da abertura à comunidade.
O aprofundamento da autonomia das escolas e a consequente maior eficácia dos procedimentos e dos resultados
decorrerá, em grande medida, através da celebração de contractos de autonomia entre a respectiva escola, o
Ministério da Educação e Ciência e outros parceiros da comunidade, nomeadamente, em domínios como a
diferenciação da oferta educativa, a transferência de competências na organização do currículo, a constituição
de turmas, a gestão de recursos humanos.
Por outro lado, pretende proceder-se também à reorganização da rede escolar através do agrupamento e agregação
de escolas de modo a garantir e reforçar a coerência do projecto educativo e a qualidade pedagógica das
escolas e estabelecimentos de educação pré-escolar que o integram, bem como a proporcionar aos alunos de
uma dada área geográfica um percurso sequencial e articulado e, desse modo, favorecer a transição adequada
entre os diferentes níveis e ciclos de ensino.
Mantêm-se os órgãos de administração e gestão, mas reforça-se a competência do conselho geral, atenta a
sua legitimidade, enquanto órgão de representação dos agentes de ensino, dos pais e encarregados de educação e
da comunidade local, designadamente de instituições, organizações de carácter económico, social, cultural e
científico.
Adicionalmente, procede-se ao reajustamento do processo eleitoral do director, conferindo-lhe maior
legitimidade através do reforço da exigência dos requisitos para o exercício da função e, por outro lado,
consagram-se mecanismos de responsabilização no exercício dos cargos de direcção, de gestão e de gestão
intermédia.
Com a nova constituição do conselho pedagógico confere-se-lhe um carácter estritamente profissional,
confinando a sua constituição a docentes.
Atendendo à sua importância na organização escolar, e em particular na avaliação do desempenho docente,
o presente diploma reforça e visa, igualmente, os requisitos de formação, bem como de legitimidade eleitoral do
coordenador de departamento.
Considerando a complexidade da administração e gestão escolar, promove-se a simplificação e integração dos
instrumentos de gestão estratégica, de modo que estes sejam facilmente apreendidos por toda a comunidade
educativa e proporcionem melhores condições de eficácia.
Toda esta trajectória de aprofundamento da autonomia das escolas é realizada em estreita conexão com
processos de avaliação orientados para a melhoria da qualidade do serviço público de educação, pelo que se
79
reforça a valorização de uma cultura de auto avaliação e de avaliação externa, com a consequente introdução
de mecanismos de auto-regulação e melhoria dos desempenhos pedagógicos e organizacionais.
Foram ouvidos o Conselho das Escolas, a Associação Nacional de Municípios Portugueses e a Confederação
Nacional das Associações de Pais.
Foram observados os procedimentos decorrentes da Lei n.º 23/98, de 26 de Maio, alterada pela Lei n.º 59/2008,
de 11 de Setembro.
Assim:
No desenvolvimento do regime jurídico estabelecido pelo artigo 48.º e pela alínea d) do n.º 1 do artigo 62.º da
Lei de Bases do Sistema Educativo, aprovada pela Lei n.º 46/86, de 14 de Outubro, alterada pelas Leis n.os
115/97, de 19 de Setembro, 49/2005, de 30 de agosto, e 85/2009, de 27 de agosto, e nos termos da alínea c)
do n.º 1 do artigo 198.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:
ANEXO
Republicação do Decreto -Lei n.º 75/2008, de 22 de abril
(a que se refere o artigo 8.º)
CAPÍTULO I
Disposições gerais
SECÇÃO I
Objeto,
âmbito e princípios
Artigo 1.º
Objeto
O presente decreto -lei aprova o regime de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos públicos
da educação pré -escolar e dos ensinos básico e secundário.
Artigo 2.º
Âmbito de aplicação
1 — O presente regime jurídico aplica -se aos estabelecimentos públicos de educação pré -escolar e dos
ensinos básico e secundário, regular e especializado.
2 — Para os efeitos do presente decreto -lei, consideram-se estabelecimentos públicos os agrupamentos de
escolas e as escolas não agrupadas.
Artigo 3.º
Princípios gerais
1 — A autonomia, a administração e a gestão dos agrupamentos de escolas e das escolas não agrupadas
orientam-se pelos princípios da igualdade, da participação e da transparência.
2 — A autonomia, a administração e a gestão dos agrupamentos de escolas e das escolas não agrupadas
subordinam -se particularmente aos princípios e objetivos consagrados na Constituição e na Lei de Bases do
Sistema Educativo, designadamente:
a) Integrar as escolas nas comunidades que servem e estabelecer a interligação do ensino e das atividades
económicas, sociais, culturais e científicas;
b) Contribuir para desenvolver o espírito e a prática democráticos;
c) Assegurar a participação de todos os intervenientes no processo educativo, nomeadamente dos
professores, dos alunos, das famílias, das autarquias e de entidades representativas das atividades e
instituições económicas, sociais, culturais e científicas, tendo em conta as caraterísticas específicas dos
vários níveis e tipologias de educação e de ensino;
80
d) Assegurar o pleno respeito pelas regras da democraticidade e representatividade dos órgãos de
administração e gestão da escola, garantida pela eleição democrática de representantes da comunidade
educativa.
3 — A autonomia, a administração e a gestão dos agrupamentos de escolas e das escolas não agrupadas
funcionam sob o princípio da responsabilidade e da prestação de contas do Estado assim como de todos os
demais agentes ou intervenientes.
Artigo 4.º
Princípios orientadores e objetivos
1 — No quadro dos princípios e objetivos referidos no artigo anterior, a autonomia, a administração e a
gestão dos agrupamentos de escolas e das escolas não agrupadas organizam -se no sentido de:
a) Promover o sucesso e prevenir o abandono escolar dos alunos e desenvolver a qualidade do serviço
público de educação, em geral, e das aprendizagens e dos resultados escolares, em particular;
b) Promover a equidade social, criando condições para a concretização da igualdade de oportunidades
para todos;
c) Assegurar as melhores condições de estudo e de trabalho, de realização e de desenvolvimento pessoal
e profissional;
d) Cumprir e fazer cumprir os direitos e os deveres constantes das leis, normas ou regulamentos e manter
a disciplina;
e) Observar o primado dos critérios de natureza pedagógica sobre os critérios de natureza administrativa
nos limites de uma gestão eficiente dos recursos disponíveis para o desenvolvimento da sua missão;
f) Assegurar a estabilidade e a transparência da gestão e administração escolar, designadamente através
dos adequados meios de comunicação e informação;
g) Proporcionar condições para a participação dos membros da comunidade educativa e promover a sua
iniciativa.
2 — No respeito pelos princípios e objetivos enunciados e das regras estabelecidas no presente decreto -lei,
admite-se a diversidade de soluções organizativas a adotar pelos agrupamentos de escolas e pelas escolas não
agrupadas no exercício da sua autonomia organizacional, em particular no que concerne à organização
pedagógica.
Artigo 5.º
Princípios gerais de ética
No exercício das suas funções, os titulares dos cargos previstos no presente decreto -lei estão exclusivamente
ao serviço do interesse público, devendo observar no exercício das suas funções os valores fundamentais e
princípios da atividade administrativa consagrados na Constituição e na lei, designadamente os da legalidade,
justiça e imparcialidade, competência, responsabilidade, proporcionalidade, transparência e boa -fé.
SECÇÃO II
Organização
Artigo 6.º
Agrupamento de escolas
1 — O agrupamento de escolas é uma unidade organizacional, dotada de órgãos próprios de administração e
gestão, constituída pela integração de estabelecimentos de educação pré-escolar e escolas de diferentes níveis
e ciclos de ensino, com vista à realização das seguintes finalidades:
a) Garantir e reforçar a coerência do projeto educativo e a qualidade pedagógica das escolas e
estabelecimentos de educação pré -escolar que o integram, numa lógica de articulação vertical dos
diferentes níveis e ciclos de escolaridade;
b) Proporcionar um percurso sequencial e articulado dos alunos abrangidos numa dada área geográfica
e favorecer a transição adequada entre níveis e ciclos de ensino;
81
c) Superar situações de isolamento de escolas e estabelecimentos de educação pré -escolar e prevenir a
exclusão social e escolar;
d) Racionalizar a gestão dos recursos humanos e materiais das escolas e estabelecimentos de educação
pré -escolar que o integram.
2 — A constituição de agrupamentos de escolas obedece, designadamente, aos seguintes critérios:
a) Construção de percursos escolares coerentes e integrados;
b) Articulação curricular entre níveis e ciclos educativos;
c) Eficácia e eficiência da gestão dos recursos humanos, pedagógicos e materiais;
d) Proximidade geográfica;
e) Dimensão equilibrada e racional.
3 — Cada uma das escolas ou estabelecimentos de educação pré -escolar que integra o agrupamento mantém
a sua identidade e denominação próprias, recebendo o agrupamento uma designação que o identifique, nos
termos da legislação em vigor.
4 — O agrupamento integra escolas e estabelecimentos de educação pré -escolar de um mesmo concelho,
salvo em casos devidamente justificados e mediante parecer favorável das câmaras municipais envolvidas.
5 — No processo de constituição de um agrupamento de escolas deve garantir -se que nenhuma escola ou
estabelecimento de educação pré -escolar fique em condições de isolamento que dificultem uma prática
pedagógica de qualidade.
6 — No quadro dos princípios consagrados nos números anteriores, os requisitos e condições específicos a
que se subordina a constituição de agrupamentos de escolas são os definidos em regulamentação própria.
7 — No exercício da respetiva autonomia, e sem prejuízo do disposto nos números anteriores, podem ainda
os agrupamentos de escolas ou as escolas não agrupadas estabelecer com outras escolas, públicas ou privadas,
formas temporárias ou duradouras de cooperação e de articulação aos diferentes níveis, podendo para o efeito,
constituir parcerias, associações, redes ou outras formas de aproximação e partilha que, de algum modo,
possam contribuir para a prossecução de algum ou alguns dos objetivos previstos no presente artigo.
Artigo 7.º
Agregação de agrupamentos
Para fins específicos, designadamente para efeitos da organização da gestão do currículo e de programas, da
avaliação da aprendizagem, da orientação e acompanhamento dos alunos, da avaliação, formação e
desenvolvimento profissional do pessoal docente, pode a administração educativa, por sua iniciativa ou sob
proposta dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas, constituir unidades administrativas de maior
dimensão por agregação de agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas.
Artigo 7.º -A
Regime de exceção
1 — São excecionadas de integração em agrupamento ou de agregação:
a) As escolas integradas nos territórios educativos de intervenção prioritária;
b) As escolas profissionais públicas;
c) As escolas de ensino artístico;
d) As escolas que prestem serviços educativos permanentes em estabelecimentos prisionais;
e) As escolas com contrato de autonomia.
2 — A integração em agrupamentos ou a agregação das escolas referidas no número anterior depende da sua
iniciativa.
82
CAPÍTULO II
Regime de autonomia
Artigo 8.º
Autonomia
1 — A autonomia é a faculdade reconhecida ao agrupamento de escolas ou à escola não agrupada pela lei e
pela administração educativa de tomar decisões nos domínios da organização pedagógica, da organização
curricular, da gestão dos recursos humanos, da ação social escolar e da gestão estratégica, patrimonial,
administrativa e financeira, no quadro das funções, competências e recursos que lhe estão atribuídos.
2 — A extensão da autonomia depende da dimensão e da capacidade do agrupamento de escolas ou escola
não agrupada e o seu exercício supõe a prestação de contas, designadamente através dos procedimentos de
autoavaliação e de avaliação externa.
3 — A transferência de competências da administração educativa para as escolas observa os princípios do
gradualismo e da sustentabilidade.
Artigo 9.º
Instrumentos de autonomia
1 — O projeto educativo, o regulamento interno, os planos anual e plurianual de atividades e o orçamento
constituem instrumentos do exercício da autonomia de todos os agrupamentos de escolas e escolas não
agrupadas, sendo entendidos para os efeitos do presente decreto -lei como:
a) «Projeto educativo» o documento que consagra a orientação educativa do agrupamento de escolas ou
da escola não agrupada, elaborado e aprovado pelos seus órgãos de administração e gestão para um
horizonte de três anos, no qual se explicitam os princípios, os valores, as metas e as estratégias segundo
os quais o agrupamento de escolas ou escola não agrupada se propõe cumprir a sua função educativa;
b) «Regulamento interno» o documento que define o regime de funcionamento do agrupamento de
escolas ou da escola não agrupada, de cada um dos seus órgãos de administração e gestão, das estruturas
de orientação e dos serviços administrativos, técnicos e técnico -pedagógicos, bem como os direitos e
os deveres dos membros da comunidade escolar;
c) «Planos anual e plurianual de atividades» os documentos de planeamento, que definem, em função
do projeto educativo, os objetivos, as formas de organização e de programação das atividades e que
procedem à identificação dos recursos necessários à sua execução;
d) «Orçamento» o documento em que se preveem, de forma discriminada, as receitas a obter e as
despesas a realizar pelo agrupamento de escolas ou escola não agrupada.
2 — São ainda instrumentos de autonomia dos agrupamentos de escolas e das escolas não agrupadas, para
efeitos da respetiva prestação de contas, o relatório anual de atividades, a conta de gerência e o relatório de
autoavaliação, sendo entendidos para os efeitos do presente decreto-lei como:
a) «Relatório anual de atividades» o documento que relaciona as atividades efetivamente realizadas
pelo agrupamento de escolas ou escola não agrupada e identifica os recursos utilizados nessa realização;
b) «Conta de gerência» o documento que relaciona as receitas obtidas e despesas realizadas pelo
agrupamento de escolas ou escola não agrupada;
c) «Relatório de autoavaliação» o documento que procede à identificação do grau de concretização dos
objetivos fixados no projeto educativo, à avaliação das atividades realizadas pelo agrupamento de
escolas ou escola não agrupada e da sua organização e gestão, designadamente no que diz respeito aos
resultados escolares e à prestação do serviço educativo.
3 — O contrato de autonomia constitui o instrumento de desenvolvimento e aprofundamento da autonomia
dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas.
4 — O contrato de autonomia é celebrado entre a administração educativa e os agrupamentos de escolas ou
escolas não agrupadas, nos termos previstos no capítulo VII do presente decreto-lei.
83
Artigo 9.º -A
Integração dos instrumentos de gestão
1 — Os instrumentos de gestão a que se refere o artigo anterior, constituindo documentos diferenciados,
obedecem a uma lógica de integração e de articulação, tendo em vista a coerência, a eficácia e a qualidade
do serviço prestado.
2 — A integração e articulação a que alude o número anterior assentam, prioritariamente, nos seguintes
instrumentos:
a) No projeto educativo, que constitui um documento objetivo, conciso e rigoroso, tendo em vista a
clarificação e comunicação da missão e das metas da escola no quadro da sua autonomia pedagógica,
curricular, cultural, administrativa e patrimonial, assim como a sua apropriação individual e coletiva;
b) No plano anual e plurianual de atividades que concretiza os princípios, valores e metas enunciados
no projeto educativo elencando as atividades e as prioridades a concretizar no respeito pelo regulamento
interno e o orçamento.
CAPÍTULO III
Regime de administração e gestão
Artigo 10.º
Administração e gestão
1 — A administração e gestão dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas é assegurada por órgãos
próprios, aos quais cabe cumprir e fazer cumprir os princípios e objetivos referidos nos artigos 3.º e 4.º
do presente decreto -lei.
2 — São órgãos de direção, administração e gestão dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas os
seguintes:
a) O conselho geral;
b) O diretor;
c) O conselho pedagógico;
d) O conselho administrativo.
SECÇÃO I
Órgãos
SUBSECÇÃO I
Conselho geral
Artigo 11.º
Conselho geral
1 — O conselho geral é o órgão de direção estratégica responsável pela definição das linhas orientadoras da
atividade da escola, assegurando a participação e representação da comunidade educativa, nos termos e para
os efeitos do n.º 4 do artigo 48.º da Lei de Bases do Sistema Educativo.
2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, a articulação com o município faz -se ainda através das
câmaras municipais no respeito pelas competências dos conselhos municipais de educação, estabelecidos
pelo Decreto -Lei n.º 7/2003, de 15 de janeiro.
Artigo 12.º
Composição
1 — O número de elementos que compõem o conselho geral é estabelecido por cada agrupamento de escolas
ou escola não agrupada, nos termos do respetivo regulamento interno, devendo ser um número ímpar não
superior a 21.
84
2 — Na composição do conselho geral tem de estar salvaguardada a participação de representantes do pessoal
docente e não docente, dos pais e encarregados de educação, dos alunos, do município e da comunidade local.
3 — Para os efeitos previstos no número anterior, considera-se pessoal docente os docentes de carreira com
vínculo contratual com o Ministério da Educação e Ciência.
4 — Sem prejuízo do disposto no n.º 9, os membros da direção, os coordenadores de escolas ou de
estabelecimentos de educação pré -escolar, bem como os docentes que assegurem funções de assessoria da
direção, nos termos previstos no artigo 30.º, não podem ser membros do conselho geral.
5 — O número de representantes do pessoal docente e não docente, no seu conjunto, não pode ser superior a
50 % da totalidade dos membros do conselho geral.
6 — A representação dos discentes é assegurada por alunos maiores de 16 anos de idade.
7 — Nos agrupamentos de escolas ou escolas não agrupadas onde não haja lugar à representação dos alunos,
nos termos do número anterior, o regulamento interno pode prever a participação de representantes dos
alunos, sem direito a voto, nomeadamente através das respetivas associações de estudantes.
8 — Além de representantes dos municípios, o conselho geral integra representantes da comunidade local,
designadamente de instituições, organizações e atividades de caráter económico, social, cultural e científico.
9 — O diretor participa nas reuniões do conselho geral, sem direito a voto.
Artigo 13.º
Competências
1 — Sem prejuízo das competências que lhe sejam cometidas por lei ou regulamento interno, ao conselho
geral compete:
a) Eleger o respetivo presidente, de entre os seus membros, à exceção dos representantes dos alunos;
b) Eleger o diretor, nos termos dos artigos 21.º a 23.º do presente decreto -lei;
c) Aprovar o projeto educativo e acompanhar e avaliar a sua execução;
d) Aprovar o regulamento interno do agrupamento de escolas ou escola não agrupada;
e) Aprovar os planos anual e plurianual de atividades;
f) Apreciar os relatórios periódicos e aprovar o relatório final de execução do plano anual de atividades;
g) Aprovar as propostas de contratos de autonomia;
h) Definir as linhas orientadoras para a elaboração do orçamento;
i) Definir as linhas orientadoras do planeamento e execução, pelo diretor, das atividades no domínio da
ação social escolar;
j) Aprovar o relatório de contas de gerência;
k) Apreciar os resultados do processo de autoavaliação;
l) Pronunciar -se sobre os critérios de organização dos horários;
m) Acompanhar a ação dos demais órgãos de administração e gestão;
n) Promover o relacionamento com a comunidade educativa;
o) Definir os critérios para a participação da escola em atividades pedagógicas, científicas, culturais e
desportivas;
p) Dirigir recomendações aos restantes órgãos, tendo em vista o desenvolvimento do projeto educativo
e o cumprimento do plano anual de atividades;
q) Participar, nos termos definidos em diploma próprio, no processo de avaliação do desempenho do
diretor;
r) Decidir os recursos que lhe são dirigidos;
s) Aprovar o mapa de férias do diretor.
2 — O presidente é eleito por maioria absoluta dos votos dos membros do conselho geral em efetividade de
funções.
3 — Os restantes órgãos devem facultar ao conselho geral todas as informações necessárias para este realizar
eficazmente o acompanhamento e a avaliação do funcionamento do agrupamento de escolas ou escola não
agrupada.
85
4 — O conselho geral pode constituir no seu seio uma comissão permanente, na qual pode delegar as
competências de acompanhamento da atividade do agrupamento de escolas ou escola não agrupada entre as
suas reuniões ordinárias.
5 — A comissão permanente constitui -se como uma fração do conselho geral, respeitada a proporcionalidade
dos corpos que nele têm representação.
Artigo 14.º
Designação de representantes
1 — Os representantes do pessoal docente são eleitos por todos os docentes e formadores em exercício de
funções no agrupamento de escolas ou escola não agrupada.
2 — Os representantes dos alunos e do pessoal não docente são eleitos separadamente pelos respetivos
corpos, nos termos definidos no regulamento interno.
3 — Os representantes dos pais e encarregados de educação são eleitos em assembleia geral de pais e
encarregados de educação do agrupamento de escolas ou escola não agrupada, sob proposta das respetivas
organizações representativas, e, na falta das mesmas, nos termos a definir no regulamento interno.
4 — Os representantes do município são designados pela câmara municipal, podendo esta delegar tal
competência nas juntas de freguesia.
5 — Os representantes da comunidade local, quando se trate de individualidades ou representantes de
atividades de caráter económico, social, cultural e científico, são cooptados pelos demais membros nos
termos do regulamento interno.
6 — Os representantes da comunidade local, quando se trate de representantes de instituições ou organizações
são indicados pelas mesmas nos termos do regulamento interno.
Artigo 15.º
Eleições
1 — Os representantes referidos no n.º 1 do artigo anterior candidatam -se à eleição, apresentando -se em
listas separadas.
2 — As listas devem conter a indicação dos candidatos a membros efetivos, em número igual ao dos
respetivos representantes no conselho geral, bem como dos candidatos a membros suplentes.
3 — As listas do pessoal docente devem assegurar, sempre que possível, a representação dos diferentes níveis
e ciclos de ensino, nos termos definidos no regulamento interno.
4 — A conversão dos votos em mandatos faz -se de acordo com o método de representação proporcional da
média mais alta de Hondt.
Artigo 16.º
Mandato
1 — O mandato dos membros do conselho geral tem a duração de quatro anos, sem prejuízo do disposto nos
números seguintes.
2 — Salvo quando o regulamento interno fixar diversamente e dentro do limite referido no número anterior,
o mandato dos representantes dos pais e encarregados de educação e dos alunos tem a duração de dois anos
escolares.
3 — Os membros do conselho geral são substituídos no exercício do cargo se entretanto perderem a qualidade
que determinou a respetiva eleição ou designação.
4 — As vagas resultantes da cessação do mandato dos membros eleitos são preenchidas pelo primeiro
candidato não eleito, segundo a respetiva ordem de precedência, na lista a que pertencia o titular do mandato,
com respeito pelo disposto no n.º 4 do artigo anterior.
86
Artigo 17.º
Reunião do conselho geral
1 — O conselho geral reúne ordinariamente uma vez por trimestre e extraordinariamente sempre que
convocado pelo respetivo presidente, por sua iniciativa, a requerimento de um terço dos seus membros em
efetividade de funções ou por solicitação do diretor.
2 — As reuniões do conselho geral devem ser marcadas em horário que permita a participação de todos os
seus membros.
SUBSECÇÃO II
Diretor
Artigo 18.º
Diretor
O diretor é o órgão de administração e gestão do agrupamento de escolas ou escola não agrupada nas áreas
pedagógica, cultural, administrativa, financeira e patrimonial.
Artigo 19.º
Subdiretor e adjuntos do diretor
1 — O diretor é coadjuvado no exercício das suas funções por um subdiretor e por um a três adjuntos.
2 — O número de adjuntos do diretor é fixado em função da dimensão dos agrupamentos de escolas e escolas
não agrupadas e da complexidade e diversidade da sua oferta educativa, nomeadamente dos níveis e ciclos
de ensino e das tipologias de cursos que leciona.
3 — Os critérios de fixação do número de adjuntos do diretor são estabelecidos por despacho do membro do
Governo responsável pela área da educação.
Artigo 20.º
Competências
1 — Compete ao diretor submeter à aprovação do conselho geral o projeto educativo elaborado pelo conselho
pedagógico.
2 — Ouvido o conselho pedagógico, compete também ao diretor:
a) Elaborar e submeter à aprovação do conselho geral:
i) As alterações ao regulamento interno;
ii) Os planos anual e plurianual de atividades;
iii) O relatório anual de atividades;
iv) As propostas de celebração de contratos de autonomia;
b) Aprovar o plano de formação e de atualização do pessoal docente e não docente, ouvido também, no
último caso, o município.
3 — No ato de apresentação ao conselho geral, o diretor faz acompanhar os documentos referidos na alínea
a) do número anterior dos pareceres do conselho pedagógico.
4 — Sem prejuízo das competências que lhe sejam cometidas por lei ou regulamento interno, no plano da
gestão pedagógica, cultural, administrativa, financeira e patrimonial, compete ao diretor, em especial:
a) Definir o regime de funcionamento do agrupamento de escolas ou escola não agrupada;
b) Elaborar o projeto de orçamento, em conformidade com as linhas orientadoras definidas pelo
conselho geral; c) Superintender na constituição de turmas e na elaboração de horários;
d) Distribuir o serviço docente e não docente;
e) Designar os coordenadores de escola ou estabelecimento de educação pré -escolar;
f) Propor os candidatos ao cargo de coordenador de departamento curricular nos termos definidos no n.º
5 do artigo 43.º e designar os diretores de turma;
g) Planear e assegurar a execução das atividades no domínio da ação social escolar, em conformidade
com as linhas orientadoras definidas pelo conselho geral;
h) Gerir as instalações, espaços e equipamentos, bem como os outros recursos educativos;
87
i) Estabelecer protocolos e celebrar acordos de cooperação ou de associação com outras escolas e
instituições de formação, autarquias e coletividades, em conformidade com os critérios definidos pelo
conselho geral nos termos da alínea o) do n.º 1 do artigo 13.º;
j) Proceder à seleção e recrutamento do pessoal docente, nos termos dos regimes legais aplicáveis;
k) Assegurar as condições necessárias à realização da avaliação do desempenho do pessoal docente e
não docente, nos termos da legislação aplicável;
l) Dirigir superiormente os serviços administrativos, técnicos e técnico -pedagógicos.
5 - Compete ainda ao diretor:
a) Representar a escola;
b) Exercer o poder hierárquico em relação ao pessoal docente e não docente;
c) Exercer o poder disciplinar em relação aos alunos nos termos da legislação aplicável;
d) Intervir nos termos da lei no processo de avaliação de desempenho do pessoal docente;
e) Proceder à avaliação de desempenho do pessoal não docente;
f) (Revogada.)
6 -O diretor exerce ainda as competências que lhe forem delegadas pela administração educativa e pela
câmara municipal.
7 — O diretor pode delegar e subdelegar no subdiretor, nos adjuntos ou nos coordenadores de escola ou de
estabelecimento de educação pré-escolar as competências referidas nos números anteriores, com exceção da
prevista da alínea d) do n.º 5. 8 — Nas suas faltas e impedimentos, o diretor é substituído pelo subdiretor.
Artigo 21.º
Recrutamento
1 — O diretor é eleito pelo conselho geral.
2 — Para recrutamento do diretor, desenvolve -se um procedimento concursal, prévio à eleição, nos termos
do artigo seguinte.
3 — Podem ser opositores ao procedimento concursal referido no número anterior docentes de carreira do
ensino público ou professores profissionalizados com contrato por tempo indeterminado do ensino particular
e cooperativo, em ambos os casos com, pelo menos, cinco anos de serviço e qualificação para o exercício de
funções de administração e gestão escolar, nos termos do número seguinte.
4 — Consideram-se qualificados para o exercício de funções de administração e gestão escolar os docentes
que preencham uma das seguintes condições:
a) Sejam detentores de habilitação específica para o efeito, nos termos das alíneas b) e c) do n.º 1 do
artigo 56.º do Estatuto da Carreira Docente dos Educadores de Infância e dos Professores dos Ensinos
Básico e Secundário;
b) Possuam experiência correspondente a, pelo menos, um mandato completo no exercício dos cargos
de diretor, subdiretor ou adjunto do diretor, presidente ou vice-presidente do conselho executivo,
diretor executivo ou adjunto do diretor executivo ou membro do conselho diretivo e ou executivo, nos
termos dos regimes aprovados respetivamente pelo presente decreto -lei, pelo Decreto -Lei n.º 115 -
A/98, de 4 de maio, alterado pelo Decreto -Lei n.º 75/2008, de 22 de abril, pela Lei n.º 24/99, de 22 de
abril, pelo Decreto -Lei n.º 172/91, de 10 de maio, e pelo Decreto -Lei n.º 769 -A/76, de 23 de outubro;
c) Possuam experiência de, pelo menos, três anos como diretor ou diretor pedagógico de estabelecimento
do ensino particular e cooperativo;
d) Possuam currículo relevante na área da gestão e administração escolar, como tal considerado, em
votação secreta, pela maioria dos membros da comissão prevista no n.º 4 do artigo 22.º
5 — As candidaturas apresentadas por docentes com o perfil a que se referem as alíneas b), c) e d) do número
anterior só são consideradas na inexistência ou na insuficiência, por não preenchimento de requisitos legais
de admissão ao concurso, das candidaturas que reúnam os requisitos previstos na alínea a) do número
anterior.
88
6 — O subdiretor e os adjuntos são nomeados pelo diretor de entre os docentes de carreira que contem pelo
menos cinco anos de serviço e se encontrem em exercício de funções no agrupamento de escolas ou escola
não agrupada.
Artigo 22.º
Abertura do procedimento concursal
1 — Não sendo aprovada a recondução do diretor cessante, o conselho geral delibera a abertura do
procedimento concursal até 60 dias antes do termo do mandato daquele.
2 — Em cada agrupamento de escolas ou escola não agrupada, o procedimento concursal para preenchimento
do cargo de diretor é obrigatório, urgente e de interesse público.
3 — O aviso de abertura do procedimento contém, obrigatoriamente, os seguintes elementos:
a) O agrupamento de escolas ou escola não agrupada para que é aberto o procedimento concursal;
b) Os requisitos de admissão ao procedimento concursal fixados no presente decreto -lei;
c) A entidade a quem deve ser apresentado o pedido de admissão ao procedimento, com indicação do
respetivo prazo de entrega, forma de apresentação, documentos a juntar e demais elementos necessários
à formalização da candidatura;
d) Os métodos utilizados para a avaliação da candidatura.
4 — O procedimento concursal é aberto em cada agrupamento de escolas ou escola não agrupada, por aviso
publicitado do seguinte modo:
a) Em local apropriado das instalações de cada agrupamento de escolas ou escola não agrupada;
b) Na página eletrónica do agrupamento de escolas ou escola não agrupada e na do serviço competente
do Ministério da Educação e Ciência;
c) Por aviso publicado no Diário da República, 2.ª série, e divulgado em órgão de imprensa de expansão
nacional através de anúncio que contenha referência ao Diário da República em que o referido aviso se
encontra publicado.
5 — Com o objetivo de proceder à apreciação das candidaturas, o conselho geral incumbe a sua comissão
permanente ou uma comissão especialmente designada para o efeito de elaborar um relatório de avaliação.
6 — Para efeitos da avaliação das candidaturas, a comissão referida no número anterior considera
obrigatoriamente:
a) A análise do curriculum vitae de cada candidato, designadamente para efeitos de apreciação da sua
relevância para o exercício das funções de diretor e do seu mérito;
b) A análise do projeto de intervenção na escola;
c) O resultado de entrevista individual realizada com o candidato.
Artigo 22.º -A
Candidatura
1 — A admissão ao procedimento concursal é efetuada por requerimento acompanhado, para além de outros
documentos exigidos no aviso de abertura, pelo curriculum vitae e por um projeto de intervenção no
agrupamento de escolas ou escola não agrupada.
2 — É obrigatória a prova documental dos elementos constantes do currículo, com exceção daquela que já
se encontre arquivada no respetivo processo individual existente no agrupamento de escolas ou escola não
agrupada onde decorre o procedimento.
3 — No projeto de intervenção o candidato identifica os problemas, define a missão, as metas e as grandes
linhas de orientação da ação, bem como a explicitação do plano estratégico a realizar no mandato.
Artigo 22.º -B
Avaliação das candidaturas
1 — As candidaturas são apreciadas pela comissão permanente do conselho geral ou por uma comissão
especialmente designada para o efeito por aquele órgão.
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2 — Sem prejuízo do disposto no n.º 1 do artigo 22.º, os métodos utilizados para a avaliação das candidaturas
são aprovados pelo conselho geral, sob proposta da sua comissão permanente ou da comissão especialmente
designada para a apreciação das candidaturas.
3 — Previamente à apreciação das candidaturas, a comissão referida no número anterior procede ao exame
dos requisitos de admissão ao concurso, excluindo os candidatos que os não preencham, sem prejuízo da
aplicação do artigo 76.º do Código do Procedimento Administrativo.
4 — Das decisões de exclusão da comissão de apreciação das candidaturas cabe recurso, com efeito
suspensivo, a interpor para o conselho geral, no prazo de dois dias úteis e a decidir, por maioria qualificada
de dois terços dos seus membros em efetividade de funções, no prazo de cinco dias úteis.
5 — A comissão que procede à apreciação das candidaturas, além de outros elementos fixados no aviso de
abertura, considera obrigatoriamente:
a) A análise do curriculum vitae de cada candidato, designadamente para efeitos de apreciação da sua
relevância para o exercício das funções de diretor e o seu mérito;
b) A análise do projeto de intervenção no agrupamento de escolas ou escola não agrupada;
c) O resultado da entrevista individual realizada com o candidato.
6 — Após a apreciação dos elementos referidos no número anterior, a comissão elabora um relatório de
avaliação dos candidatos, que é presente ao conselho geral, fundamentando, relativamente a cada um, as
razões que aconselham ou não a sua eleição.
7 — Sem prejuízo da expressão de um juízo avaliativo sobre as candidaturas em apreciação, a comissão não
pode, no relatório previsto no número anterior, proceder à seriação dos candidatos.
8 — A comissão pode considerar no relatório de avaliação que nenhum dos candidatos reúne condições para
ser eleito.
9 — Após a entrega do relatório de avaliação ao conselho geral, este realiza a sua discussão e apreciação,
podendo para o efeito, antes de proceder à eleição, por deliberação tomada por maioria dos presentes ou a
requerimento de pelo menos um terço dos seus membros em efetividade de funções, decidir efetuar a audição
oral dos candidatos, podendo nesta sede serem apreciadas todas as questões relevantes para a eleição.
10 — A notificação da realização da audição oral dos candidatos e as respetivas convocatórias são efetuadas
com a antecedência de, pelo menos, oito dias úteis.
11 — A falta de comparência do interessado à audição não constitui motivo do seu adiamento, podendo o
conselho geral, se não for apresentada justificação da falta, apreciar essa conduta para o efeito do interesse
do candidato na eleição.
12 — Da audição é lavrada ata contendo a súmula do ato.
Artigo 23.º
Eleição
1 — Após a discussão e apreciação do relatório e a eventual audição dos candidatos, o conselho geral procede
à eleição do diretor, considerando -se eleito o candidato que obtenha maioria absoluta dos votos dos membros
do conselho geral em efetividade de funções.
2 — No caso de o candidato ou de nenhum dos candidatos sair vencedor, nos termos do número anterior, o
conselho geral reúne novamente, no prazo máximo de cinco dias úteis, para proceder a novo escrutínio, ao
qual são admitidos consoante o caso, o candidato único ou os dois candidatos mais votados na primeira
eleição, sendo considerado eleito aquele que obtiver maior número de votos favoráveis, desde que em número
não inferior a um terço dos membros do conselho geral em efetividade de funções.
3 — Sempre que o candidato, no caso de ser único, ou o candidato mais votado, nos restantes casos, não
obtenha, na votação a que se refere o número anterior, o número mínimo de votos nele estabelecido, é o facto
comunicado ao serviço competente do Ministério da Educação e Ciência, para os efeitos previstos no artigo
66.º do presente decreto -lei.
4 — O resultado da eleição do diretor é homologado pelo diretor -geral da Administração Escolar nos 10
dias úteis posteriores à sua comunicação pelo presidente do conselho geral, considerando -se após esse prazo
tacitamente homologado.
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5 — A recusa de homologação apenas pode fundamentar-se na violação da lei ou dos regulamentos,
designadamente do procedimento eleitoral.
Artigo 24.º
Posse
1 — O diretor toma posse perante o conselho geral nos 30 dias subsequentes à homologação dos resultados
eleitorais pelo diretor geral da Administração Escolar, nos termos do n.º 4 do artigo anterior.
2 — O diretor designa o subdiretor e os seus adjuntos no prazo máximo de 30 dias após a sua tomada de
posse.
3 — O subdiretor e os adjuntos do diretor tomam posse nos 30 dias subsequentes à sua designação pelo
diretor.
Artigo 25.º
Mandato
1 — O mandato do diretor tem a duração de quatro anos.
2 — Até 60 dias antes do termo do mandato do diretor, o conselho geral delibera sobre a recondução do
diretor ou a abertura do procedimento concursal tendo em vista a realização de nova eleição.
3 — A decisão de recondução do diretor é tomada por maioria absoluta dos membros do conselho geral em
efetividade de funções, não sendo permitida a sua recondução para um terceiro mandato consecutivo.
4 — Não é permitida a eleição para um quinto mandato consecutivo ou durante o quadriénio imediatamente
subsequente ao termo do quarto mandato consecutivo.
5 — Não sendo ou não podendo ser aprovada a recondução do diretor de acordo com o disposto nos números
anteriores, abre -se o procedimento concursal tendo em vista a eleição do diretor, nos termos do artigo 22.º
6 — O mandato do diretor pode cessar:
a) A requerimento do interessado, dirigido ao diretor-geral da Administração Escolar, com a
antecedência mínima de 45 dias, fundamentado em motivos devidamente justificados;
b) No final do ano escolar, por deliberação do conselho geral aprovada por maioria de dois terços dos
membros em efetividade de funções, em caso de manifesta desadequação da respetiva gestão,
fundada em fatos comprovados e informações, devidamente fundamentadas, apresentados por
qualquer membro do conselho geral;
c) Na sequência de processo disciplinar que tenha concluído pela aplicação de sanção disciplinar de
cessação da comissão de serviço, nos termos da lei.
7 — A cessação do mandato do diretor determina a abertura de um novo procedimento concursal.
8 — Os mandatos do subdiretor e dos adjuntos têm a duração de quatro anos e cessam com o mandato do
diretor.
9 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, e salvaguardadas as situações previstas nos artigos 35.º e
66.º, quando a cessação do mandato do diretor ocorra antes do termo do período para o qual foi eleito, o
subdiretor e os adjuntos asseguram a administração e gestão do agrupamento de escolas ou da escola não
agrupada até à tomada de posse do novo diretor, devendo o respetivo processo de recrutamento estar
concluído no prazo máximo de 90 dias.
10 — Não sendo possível adotar a solução prevista no número anterior e não sendo aplicável o disposto no
artigo 35.º, a gestão do agrupamento de escolas ou da escola não agrupada é assegurada nos termos
estabelecidos no artigo 66.º
11 — O subdiretor e os adjuntos podem ser exonerados a todo o tempo por decisão fundamentada do diretor.
Artigo 26.º
Regime de exercício de funções
1 — O diretor exerce as funções em regime de comissão de serviço.
2 — O exercício das funções de diretor faz -se em regime de dedicação exclusiva.
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3 — O regime de dedicação exclusiva implica a incompatibilidade do cargo dirigente com quaisquer outras
funções, públicas ou privadas, remuneradas ou não.
4 — Excetuam-se do disposto no número anterior:
a) A participação em órgãos ou entidades de representação das escolas ou do pessoal docente;
b) Comissões ou grupos de trabalho, quando criados por resolução ou deliberação do Conselho de
Ministros ou por despacho do membro do Governo responsável pela área da educação;
c) A atividade de criação artística e literária, bem como quaisquer outras de que resulte a perceção de
remunerações provenientes de direitos de autor;
d) A realização de conferências, palestras, ações de formação de curta duração e outras atividades de
idêntica natureza;
e) O voluntariado, bem como a atividade desenvolvida no quadro de associações ou organizações não
governamentais.
5 — O diretor está isento de horário de trabalho, não lhe sendo, por isso, devida qualquer remuneração por
trabalho prestado fora do período normal de trabalho.
6 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, o diretor está obrigado ao cumprimento do período normal
de trabalho, assim como do dever geral de assiduidade.
7 — O diretor está dispensado da prestação de serviço letivo, sem prejuízo de, por sua iniciativa, o poder
prestar na disciplina ou área curricular para a qual possua qualificação profissional.
Artigo 27.º
Direitos do diretor
1 — O diretor goza, independentemente do seu vínculo de origem, dos direitos gerais reconhecidos aos
docentes do agrupamento de escolas ou escola não agrupada em que exerça funções.
2 — O diretor conserva o direito ao lugar de origem e ao regime de segurança social por que está abrangido,
não podendo ser prejudicado na sua carreira profissional por causa do exercício das suas funções, relevando
para todos os efeitos no lugar de origem o tempo de serviço prestado naquele cargo.
Artigo 28.º
Direitos específicos
1 — O diretor, o subdiretor e os adjuntos gozam do direito à formação específica para as suas funções em
termos a regulamentar por despacho do membro do Governo responsável pela área da educação.
2 — O diretor, o subdiretor e os adjuntos mantêm o direito à remuneração base correspondente à categoria
de origem, sendo-lhes abonado um suplemento remuneratório pelo exercício de função, a estabelecer nos
termos do artigo 54.º
Artigo 29.º
Deveres específicos
Para além dos deveres gerais dos trabalhadores que exercem funções públicas aplicáveis ao pessoal docente,
o diretor e os adjuntos estão sujeitos aos seguintes deveres específicos:
a) Cumprir e fazer cumprir as orientações da administração educativa;
b) Manter permanentemente informada a administração educativa, através da via hierárquica
competente, sobre todas as questões relevantes referentes aos serviços;
c) Assegurar a conformidade dos atos praticados pelo pessoal com o estatuído na lei e com os legítimos
interesses da comunidade educativa.
Artigo 30.º
Assessoria da direção
1 — Para apoio à atividade do diretor e mediante proposta deste, o conselho geral pode autorizar a
constituição de assessorias técnico -pedagógicas, para as quais são designados docentes em exercício de
funções no agrupamento de escolas ou escola não agrupada.
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2 — Os critérios para a constituição e dotação das assessorias referidas no número anterior são definidos por
despacho do membro do Governo responsável pela área da educação, em função da população escolar e do
tipo e regime de funcionamento do agrupamento de escolas ou escola não agrupada.
SUBSECÇÃO III
Conselho pedagógico
Artigo 31.º
Conselho pedagógico
O conselho pedagógico é o órgão de coordenação e supervisão pedagógica e orientação educativa do
agrupamento de escolas ou escola não agrupada, nomeadamente nos domínios pedagógico-didático, da
orientação e acompanhamento dos alunos e da formação inicial e contínua do pessoal docente. Artigo 32.º
Composição
1 — A composição do conselho pedagógico é estabelecida pelo agrupamento de escolas ou escola não
agrupada nos termos do respetivo regulamento interno, não podendo ultrapassar o máximo de 17 membros e
observando os seguintes princípios:
a) Participação dos coordenadores dos departamentos curriculares;
b) Participação das demais estruturas de coordenação e supervisão pedagógica e de orientação educativa,
assegurando uma representação pluridisciplinar e das diferentes ofertas formativas;
c) (Revogada.)
2 — Os agrupamentos de escolas e as escolas não agrupadas podem ainda definir, nos termos do respetivo
regulamento interno, as formas de participação dos serviços técnico -pedagógicos.
3 — O diretor é, por inerência, presidente do conselho pedagógico.
4 — (Revogado.)
5 — (Revogado.)
6 — Os representantes do pessoal docente no conselho geral não podem ser membros do conselho
pedagógico.
Artigo 33.º
Competências
Sem prejuízo das competências que lhe sejam cometidas por lei ou regulamento interno, ao conselho
pedagógico compete:
a) Elaborar a proposta de projeto educativo a submeter pelo diretor ao conselho geral;
b) Apresentar propostas para a elaboração do regulamento interno e dos planos anual e plurianual de
atividade e emitir parecer sobre os respetivos projetos;
c) Emitir parecer sobre as propostas de celebração de contratos de autonomia;
d) Elaborar e aprovar o plano de formação e de atualização do pessoal docente;
e) Definir critérios gerais nos domínios da informação e da orientação escolar e vocacional, do
acompanhamento pedagógico e da avaliação dos alunos;
f) Propor aos órgãos competentes a criação de áreas disciplinares ou disciplinas de conteúdo regional e
local, bem como as respetivas estruturas programáticas;
g) Definir princípios gerais nos domínios da articulação e diversificação curricular, dos apoios e
complementos educativos e das modalidades especiais de educação escolar;
h) Adotar os manuais escolares, ouvidos os departamentos curriculares;
i) Propor o desenvolvimento de experiências de inovação pedagógica e de formação, no âmbito do
agrupamento de escolas ou escola não agrupada e em articulação com instituições ou
estabelecimentos do ensino superior vocacionados para a formação e a investigação;
j) Promover e apoiar iniciativas de natureza formativa e cultural;
k) Definir os critérios gerais a que deve obedecer a elaboração dos horários;
l) Definir os requisitos para a contratação de pessoal docente, de acordo com o disposto na legislação
aplicável;
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m) Propor mecanismos de avaliação dos desempenhos organizacionais e dos docentes, bem como da
aprendizagem dos alunos, credíveis e orientados para a melhoria da qualidade do serviço de educação
prestado e dos resultados das aprendizagens;
n) Participar, nos termos regulamentados em diploma próprio, no processo de avaliação do desempenho
do pessoal docente.
Artigo 34.º
Funcionamento
1 — O conselho pedagógico reúne ordinariamente uma vez por mês e extraordinariamente sempre que seja
convocado pelo respetivo presidente, por sua iniciativa, a requerimento de um terço dos seus membros em
efetividade de funções ou sempre que um pedido de parecer do conselho geral ou do diretor o justifique.
2 — Nas reuniões plenárias ou de comissões especializadas, designadamente quando a ordem de trabalhos
verse sobre as matérias previstas nas alíneas a), b), e), f), j) e k) do artigo anterior, podem participar, sem
direito a voto, a convite do presidente do conselho pedagógico, representantes do pessoal não docente, dos
pais e encarregados de educação e dos alunos.
SUBSECÇÃO IV
Garantia do serviço público
Artigo 35.º
Dissolução dos órgãos
1 — A todo o momento, por despacho fundamentado do membro do Governo responsável pela área da
educação, na sequência de processo de avaliação externa ou de ação inspetiva que comprovem prejuízo
manifesto para o serviço público ou manifesta degradação ou perturbação da gestão do agrupamento de
escolas ou escola não agrupada, podem ser dissolvidos os respetivos órgãos de direção, administração e
gestão.
2 — No caso previsto no número anterior, o despacho do membro do Governo responsável pela área da
educação que determine a dissolução dos órgãos de direção, administração e gestão designa uma comissão
administrativa encarregada da gestão do agrupamento de escolas ou escola não agrupada.
3 — A comissão administrativa referida no número anterior é ainda encarregada de organizar novo
procedimento para a constituição do conselho geral, cessando o seu mandato com a eleição do diretor, a
realizar no prazo máximo de 18 meses a contar da sua nomeação.
SECÇÃO II
Conselho administrativo
Artigo 36.º
Conselho administrativo
O conselho administrativo é o órgão deliberativo em matéria administrativo-financeira do agrupamento de
escolas ou escola não agrupada, nos termos da legislação em vigor.
Artigo 37.º
Composição
O conselho administrativo tem a seguinte composição:
a) O diretor, que preside;
b) O subdiretor ou um dos adjuntos do diretor, por ele designado para o efeito;
c) O chefe dos serviços administrativos, ou quem o substitua.
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Artigo 38.º
Competências
Sem prejuízo das competências que lhe sejam cometidas por lei ou regulamento interno, compete ao conselho
administrativo:
a) Aprovar o projeto de orçamento anual, em conformidade com as linhas orientadoras definidas pelo
conselho geral;
b) Elaborar o relatório de contas de gerência;
c) Autorizar a realização de despesas e o respetivo pagamento, fiscalizar a cobrança de receitas e
verificar a legalidade da gestão financeira;
d) Zelar pela atualização do cadastro patrimonial.
Artigo 39.º
Funcionamento
O conselho administrativo reúne ordinariamente uma vez por mês e extraordinariamente sempre que o
presidente o convoque, por sua iniciativa ou a requerimento de qualquer dos restantes membros.
SECÇÃO III
Coordenação de escola ou de estabelecimento de educação pré-escolar
Artigo 40.º
Coordenador
1 — A coordenação de cada estabelecimento de educação pré-escolar ou de escola integrada num
agrupamento é assegurada por um coordenador.
2 — Nas escolas em que funcione a sede do agrupamento, bem como nos que tenham menos de três docentes
em exercício efetivo de funções, não há lugar à designação de coordenador.
3 — O coordenador é designado pelo diretor, de entre os professores em exercício efetivo de funções na
escola ou no estabelecimento de educação pré -escolar.
4 — O mandato do coordenador de estabelecimento tem a duração de quatro anos e cessa com o mandato do
diretor.
5 — O coordenador de estabelecimento pode ser exonerado a todo o tempo por despacho fundamentado do
diretor.
Artigo 41.º
Competências
Compete ao coordenador de escola ou estabelecimento de educação pré-escolar:
a) Coordenar as atividades educativas, em articulação com o diretor;
b) Cumprir e fazer cumprir as decisões do diretor e exercer as competências que por esta lhe forem
delegadas;
c) Transmitir as informações relativas a pessoal docente e não docente e aos alunos;
d) Promover e incentivar a participação dos pais e encarregados de educação, dos interesses locais e da
autarquia nas atividades educativas.
CAPÍTULO IV
Organização pedagógica
SECÇÃO I
Estruturas de coordenação e supervisão
Artigo 42.º
Estruturas de coordenação educativa e supervisão pedagógica
1 — Com vista ao desenvolvimento do projeto educativo, são fixadas no regulamento interno as estruturas
que colaboram com o conselho pedagógico e com o diretor, no sentido de assegurar a coordenação,
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supervisão e acompanhamento das atividades escolares, promover o trabalho colaborativo e realizar a
avaliação de desempenho do pessoal docente.
2 — A constituição de estruturas de coordenação educativa e supervisão pedagógica visa, nomeadamente:
a) A articulação e gestão curricular na aplicação do currículo nacional e dos programas e orientações
curriculares e programáticas definidos a nível nacional, bem como o desenvolvimento de componentes
curriculares por iniciativa do agrupamento de escolas ou escola não agrupada;
b) A organização, o acompanhamento e a avaliação das atividades de turma ou grupo de alunos;
c) A coordenação pedagógica de cada ano, ciclo ou curso;
d) A avaliação de desempenho do pessoal docente.
Artigo 43.º
Articulação e gestão curricular
1 — A articulação e gestão curricular devem promover a cooperação entre os docentes do agrupamento de
escolas ou escola não agrupada, procurando adequar o currículo às necessidades específicas dos alunos.
2 — A articulação e gestão curricular são asseguradas por departamentos curriculares nos quais se encontram
representados os grupos de recrutamento e áreas disciplinares, de acordo com os cursos lecionados e o
número de docentes.
3 — O número de departamentos curriculares é definido no regulamento interno do agrupamento de escolas
ou da escola não agrupada, no âmbito e no exercício da respetiva autonomia pedagógica e curricular.
4 — (Revogado.)
5 — O coordenador de departamento curricular deve ser um docente de carreira detentor de formação
especializada nas áreas de supervisão pedagógica, avaliação do desempenho docente ou administração
educacional.
6 — Quando não for possível a designação de docentes com os requisitos definidos no número anterior, por
não existirem ou não existirem em número suficiente para dar cumprimento ao estabelecido no presente
decreto -lei, podem ser designados docentes segundo a seguinte ordem de prioridade:
a) Docentes com experiência profissional, de pelo menos um ano, de supervisão pedagógica na formação
inicial, na profissionalização ou na formação em exercício ou na profissionalização ou na formação em
serviço de docentes;
b) Docentes com experiência de pelo menos um mandato de coordenador de departamento curricular ou
de outras estruturas de coordenação educativa previstas no regulamento interno, delegado de grupo
disciplinar ou representante de grupo de recrutamento;
c) Docentes que, não reunindo os requisitos anteriores, sejam considerados competentes para o exercício
da função.
7 — O coordenador de departamento é eleito pelo respetivo departamento, de entre uma lista de três docentes,
propostos pelo diretor para o exercício do cargo.
8 — Para efeitos do disposto no número anterior considera -se eleito o docente que reúna o maior número de
votos favoráveis dos membros do departamento curricular.
9 — O mandato dos coordenadores dos departamentos curriculares tem a duração de quatro anos e cessa com
o mandato do diretor.
10 — Os coordenadores dos departamentos curriculares podem ser exonerados a todo o tempo por despacho
fundamentado do diretor, após consulta ao respetivo departamento.
Artigo 44.º
Organização das atividades de turma
1 — Em cada escola, a organização, o acompanhamento e a avaliação das atividades a desenvolver com os
alunos e a articulação entre a escola e as famílias é assegurada:
a) Pelos educadores de infância, na educação pré-escolar;
b) Pelos professores titulares das turmas, no 1.º ciclo do ensino básico;
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c) Pelo conselho de turma, nos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e no ensino secundário, com a seguinte
constituição:
i) Os professores da turma;
ii) Dois representantes dos pais e encarregados de educação;
iii) Um representante dos alunos, no caso do 3.º ciclo do ensino básico e no ensino secundário.
2 — Para coordenar o trabalho do conselho de turma, o diretor designa um diretor de turma de entre os
professores da mesma, sempre que possível pertencente ao quadro do respetivo agrupamento de escolas ou
escola não agrupada.
3 — Nas reuniões do conselho de turma em que seja discutida a avaliação individual dos alunos apenas
participam os membros docentes.
4 — No desenvolvimento da sua autonomia, o agrupamento de escolas ou escola não agrupada pode ainda
designar professores tutores para acompanhamento em particular do processo educativo de um grupo de
alunos.
Artigo 45.º
Outras estruturas de coordenação
1 — No âmbito da sua autonomia e nos termos dos seus regulamentos internos, os agrupamentos de escolas
e as escolas não agrupadas estabelecem as demais estruturas de coordenação e supervisão pedagógica, bem
como as formas da sua representação no conselho pedagógico.
2 — A coordenação das estruturas referidas no número anterior é assegurada, sempre que possível, por
professores de carreira a designar nos termos do regulamento interno.
3 — Os regulamentos internos estabelecem as formas de participação e representação do pessoal docente e
dos serviços técnico -pedagógicos nas estruturas de coordenação e supervisão pedagógica.
SECÇÃO II
Serviços
Artigo 46.º
Serviços administrativos, técnicos e técnico-pedagógicos
1 — Os agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas dispõem de serviços administrativos, técnicos e
técnico-pedagógicos que funcionam na dependência do diretor.
2 — Os serviços administrativos são unidades orgânicas flexíveis com o nível de secção chefiadas por
trabalhador detentor da categoria de coordenador técnico da carreira geral de assistente técnico, sem prejuízo
da carreira subsistente de chefe de serviços de administração escolar, nos termos do Decreto -Lei n.º
121/2008, de 11 de julho, alterado pela Lei n.º 64 -A/2008, de 31 de dezembro, e pelo Decreto -Lei n.º 72 -
A/2010, de 18 de junho.
3 — Os serviços técnicos podem compreender as áreas de administração económica e financeira, gestão de
edifícios, instalações e equipamentos e apoio jurídico.
4 — Os serviços técnico -pedagógicos podem compreender as áreas de apoio socioeducativo, orientação
vocacional e biblioteca.
5 — Os serviços técnicos e técnico -pedagógicos referidos nos números anteriores são assegurados por
pessoal técnico especializado ou por pessoal docente, sendo a sua organização e funcionamento estabelecido
no regulamento interno, no respeito das orientações a fixar por despacho do membro do Governo responsável
pela área da educação.
6 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, as áreas que integram os serviços técnicos e técnico-
pedagógicos e a respetiva implementação podem ser objeto dos contratos de autonomia previstos no capítulo
VII do presente decreto -lei.
7 — Os serviços técnicos e técnico -pedagógicos podem ser objeto de partilha entre os agrupamentos de
escolas e escolas não agrupadas, devendo o seu funcionamento ser enquadrado por protocolos que
estabeleçam as regras necessárias à atuação de cada uma das partes.
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8 — Para a organização, acompanhamento e avaliação das atividades dos serviços técnico-pedagógicos, o
agrupamento de escolas ou escola não agrupada pode fazer intervir outros parceiros ou especialistas em
domínios que considere relevantes para o processo de desenvolvimento e de formação dos alunos,
designadamente no âmbito da saúde, da segurança social, cultura, ciência e ensino superior.
CAPÍTULO V
Participação dos pais e alunos
Artigo 47.º
Princípio geral
Aos pais e encarregados de educação e aos alunos é reconhecido o direito de participação na vida do
agrupamento de escolas ou escola não agrupada.
Artigo 48.º
Representação
1 — O direito de participação dos pais e encarregados de educação na vida do agrupamento de escolas ou
escola não agrupada processa -se de acordo com o disposto na Lei de Bases do Sistema Educativo e no
Decreto -Lei n.º 372/90, de 27 de novembro, com as alterações que lhe foram introduzidas pelo Decreto-Lei
n.º 80/99, de 16 de março, e pela Lei n.º 29/2006, de 4 de julho.
2 — O direito à participação dos alunos na vida do agrupamento de escolas ou escola não agrupada processa-
se de acordo com o disposto na Lei de Bases do Sistema Educativo e concretiza-se, para além do disposto no
presente decreto-lei e demais legislação aplicável, designadamente através dos delegados de turma, do
conselho de delegados de turma e das assembleias de alunos, em termos a definir no regulamento interno.
CAPÍTULO VI
Disposições comuns
Artigo 49.º
Processo eleitoral
1 — Sem prejuízo do disposto no presente decreto -lei, as disposições referentes aos processos eleitorais a
que haja lugar para os órgãos de administração e gestão constam do regulamento interno.
2 — Os processos eleitorais realizam -se por sufrágio secreto e presencial.
3 — Os resultados do processo eleitoral para o conselho geral produzem efeitos após comunicação ao diretor-
geral da Administração Escolar.
Artigo 50.º
Inelegibilidade
1 — O pessoal docente e não docente a quem tenha sido aplicada pena disciplinar superior a multa não pode
ser eleito ou designado para os órgãos e estruturas previstos no presente decreto -lei durante o cumprimento
da pena e nos quatro anos posteriores ao seu cumprimento.
2 — O disposto no número anterior não é aplicável ao pessoal docente e não docente e aos profissionais de
educação reabilitados nos termos do Estatuto Disciplinar dos Funcionários e Agentes da Administração
Central, Regional e Local.
3 — Não podem ser eleitos ou designados para os órgãos e estruturas previstos no presente decreto -lei os
alunos a quem seja ou tenha sido aplicada nos últimos dois anos escolares medida disciplinar sancionatória
superior à de repreensão registada ou sejam ou tenham sido no mesmo período excluídos da frequência de
qualquer disciplina ou retidos por excesso de faltas.
Artigo 51.º
Responsabilidade
No exercício das respetivas funções, os titulares dos órgãos previstos no artigo 10.º do presente decreto-lei
respondem, perante a administração educativa, nos termos gerais do direito.
98
Artigo 52.º
Direitos à informação e colaboração da administração educativa
No exercício das suas funções, os titulares dos cargos referidos no presente regime gozam do direito à
informação, à colaboração e apoio dos serviços centrais e periféricos do Ministério da Educação e Ciência.
Artigo 53.º
Redução da componente letiva
As reduções da componente letiva a que haja direito pelo exercício de cargos ou funções previstos no presente
decreto-lei são fixadas por despacho do membro do Governo responsável pela área da educação, sem prejuízo
do disposto no Estatuto da Carreira dos Educadores de Infância e dos Professores dos Ensinos Básico e
Secundário.
Artigo 54.º
Suplementos remuneratórios
Os suplementos remuneratórios a que haja direito pelo exercício de cargos ou funções previstos no presente
decreto-lei são fixados por decreto regulamentar.
Artigo 55.º
Regimento
1 — Os órgãos colegiais de administração e gestão e as estruturas de coordenação educativa e supervisão
pedagógica previstos no presente decreto-lei elaboram os seus próprios regimentos, definindo as respetivas
regras de organização e de funcionamento, nos termos fixados no presente decreto-lei e em conformidade
com o regulamento interno.
2 — O regimento é elaborado ou revisto nos primeiros 30 dias do mandato do órgão ou estrutura a que
respeita.
CAPÍTULO VII
Contratos de autonomia
Artigo 56.º
Desenvolvimento da autonomia
1 — A autonomia dos agrupamentos de escolas e das escolas não agrupadas desenvolve -se e aprofunda -se
com base na sua iniciativa e segundo um processo ao longo do qual lhe podem ser reconhecidos diferentes
níveis de competência e de responsabilidade, de acordo com a capacidade demonstrada para assegurar o
respetivo exercício.
2 — Os níveis de competência e de responsabilidade a atribuir são objeto de negociação entre a escola, o
Ministério da Educação e Ciência e a câmara municipal, mediante a participação dos conselhos municipais
de educação, podendo conduzir à celebração de um contrato de autonomia, nos termos dos artigos seguintes.
3 — A celebração de contratos de autonomia persegue objetivos de equidade, qualidade, eficácia e eficiência.
Artigo 57.º
Contratos de autonomia
1 — Por contrato de autonomia entende -se o acordo celebrado entre a escola, o Ministério da Educação e
Ciência, a câmara municipal e, eventualmente, outros parceiros da comunidade interessados, através do qual
se definem objetivos e se fixam as condições que viabilizam o desenvolvimento do projeto educativo
apresentado pelos órgãos de administração e gestão de uma escola ou de um agrupamento de escolas.
2 — Constituem princípios orientadores da celebração e desenvolvimento dos contratos de autonomia:
a) Subordinação da autonomia aos objetivos do serviço público de educação e à qualidade da
aprendizagem das crianças, dos jovens e dos adultos;
99
b) Compromisso do Estado através da administração educativa e dos órgãos de administração e gestão
do agrupamento de escolas ou escola não agrupada na execução do projeto educativo, assim como dos
respetivos planos de atividades;
c) Responsabilização dos órgãos de administração e gestão do agrupamento de escolas ou escola não
agrupada, designadamente através do desenvolvimento de instrumentos credíveis e rigorosos de
avaliação e acompanhamento do desempenho que permitam aferir a qualidade do serviço público de
educação;
d) Adequação dos recursos atribuídos às condições específicas do agrupamento de escolas ou escola não
agrupada e ao projeto que pretende desenvolver;
e) Garantia da equidade do serviço prestado e do respeito pela coerência do sistema educativo;
f) A melhoria dos resultados escolares e a diminuição do abandono escolar.
3 — Constituem requisitos para a apresentação de propostas de contratos de autonomia:
a) Um projeto educativo contextualizado, consistente e fundamentado;
b) A conclusão do procedimento de avaliação externa nos termos da lei e demais normas regulamentares
aplicáveis.
Artigo 58.º
Atribuição de competências
1 — O desenvolvimento da autonomia processa-se pela atribuição de competências nos seguintes domínios:
a) Gestão flexível do currículo, com possibilidade de inclusão de componentes regionais e locais,
respeitando os núcleos essenciais definidos a nível nacional;
b) Oferta de cursos com planos curriculares próprios, no respeito pelos objetivos do sistema nacional de
educação;
c) Gestão de um crédito global de horas de serviço docente, incluindo a componente letiva, não letiva,
o exercício de cargos de administração, gestão e orientação educativa e ainda o desenvolvimento de
projetos de ação e inovação;
d) Adoção de normas próprias sobre horários, tempos letivos, constituição de turmas ou grupos de alunos
e ocupação de espaços;
e) Recrutamento e seleção do pessoal docente e não docente, nos termos da legislação aplicável;
f) Extensão das áreas que integram os serviços técnicos e técnico -pedagógicos e suas formas de
organização;
g) Gestão e execução do orçamento, através de uma afetação global de meios;
h) Possibilidade de autofinanciamento e gestão de receitas que lhe estão consignadas;
i) Aquisição de bens e serviços e execução de obras, dentro de limites a definir;
j) Adoção de uma cultura de avaliação nos domínios da avaliação interna da escola, da avaliação dos
desempenhos docentes e da avaliação da aprendizagem dos alunos, orientada para a melhoria da
qualidade da prestação do serviço público de educação.
2 — A extensão das competências a transferir depende do resultado da negociação referida no n.º 2 do artigo
56.º, tendo por base a proposta apresentada pelo agrupamento de escolas ou escola não agrupada e a avaliação
realizada pela administração educativa sobre a capacidade do agrupamento de escolas ou escola não agrupada
para o seu exercício.
3 — Na renovação dos contratos de autonomia, para além do previsto no número anterior, deve avaliar -se,
em especial:
a) O grau de cumprimento dos objetivos constantes do projeto educativo;
b) O grau de cumprimento dos planos de atividades e dos objetivos do contrato;
c) A evolução dos resultados escolares e do abandono escolar.
4 — Na sequência de avaliação externa ou de ação inspetiva que comprovem o incumprimento do contrato
de autonomia ou manifesto prejuízo para o serviço público, pode, por despacho fundamentado do membro
do Governo responsável pela área da educação, determinar-se a suspensão, total ou parcial, desse contrato
ou ainda a sua anulação, com a consequente reversão para a administração educativa de parte ou da totalidade
das competências atribuídas.
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Artigo 59.º
Procedimentos
Os demais procedimentos relativos à celebração, acompanhamento, avaliação e fiscalização dos contratos de
autonomia são estabelecidos por portaria do membro do Governo responsável pela área da educação, ouvido
o Conselho das Escolas.
CAPÍTULO VIII
Disposições finais
Artigo 60.º
Conselho geral transitório
1 — Para aplicação do regime de autonomia, administração e gestão estabelecido pelo presente decreto–lei
constitui-se, em cada unidade orgânica resultante da constituição de agrupamentos ou agregações nele
previstas, um conselho geral com caráter transitório.
2 — O conselho geral transitório tem a seguinte composição:
a) Sete representantes do pessoal docente;
b) Dois representantes do pessoal não docente;
c) Quatro representantes dos pais e encarregados de educação;
d) Dois representantes dos alunos, sendo um representante do ensino secundário e outro da educação de
adultos; e) Três representantes do município;
f) Três representantes da comunidade local.
3 — Quando o estabelecimento não lecione o ensino secundário ou a educação de adultos os lugares previstos
na alínea d) do número anterior para representação dos alunos transitam para a representação dos pais e
encarregados de educação.
4 — A forma de designação e eleição dos membros do conselho geral transitório é a prevista nos artigos 14.º
e 15.º, utilizando -se, em termos processuais, o regime previsto no regulamento interno da escola não
agrupada ou do agrupamento a que pertencia a escola sede da nova unidade orgânica.
5 — (Revogado.)
6 — Nos agrupamentos de escolas em que funcione a educação pré-escolar ou o 1.º ciclo do ensino básico,
as listas de representantes do pessoal docente que se candidatam à eleição devem integrar representantes dos
educadores de infância e dos professores do 1.º ciclo.
7 — Para efeitos da designação dos representantes da comunidade local, os demais membros do conselho
geral transitório, em reunião convocada pelo presidente do conselho geral cessante da escola não agrupada
ou do agrupamento de escolas a que pertencia a escola sede da nova unidade orgânica, cooptam as
individualidades ou escolhem as instituições e organizações, as quais devem indicar os seus representantes
no prazo de 10 dias.
8 — O conselho geral transitório só pode proceder à eleição do presidente e deliberar estando constituído na
sua totalidade.
9 — O presidente do conselho geral transitório é eleito nos termos previstos na alínea a) do n.º 1 e no n.º 2
do artigo 13.º do presente decreto-lei.
10 — Até à eleição do presidente, as reuniões do conselho geral transitório são presididas pelo presidente do
conselho geral cessante a que se refere o n.º 7, sem direito a voto.
11 — O presidente da comissão administrativa provisória participa nas reuniões do conselho geral transitório
sem direito a voto.
12 — O conselho geral transitório reúne ordinariamente sempre que convocado pelo seu presidente e
extraordinariamente a requerimento de um terço dos seus membros ou por solicitação do presidente da
comissão administrativa provisória.
13 — (Revogado.)
14 — As reuniões do conselho geral transitório devem ser marcadas em horário que permita a participação
de todos os seus membros.
101
Artigo 61.º
Competências do conselho geral transitório
1 — O conselho geral transitório assume todas as competências previstas no artigo 13.º do presente decreto
-lei, cabendo -lhe ainda:
a) Elaborar e aprovar o regulamento interno, definindo nomeadamente a composição prevista nos artigos
12.º e 32.º do presente decreto -lei;
b) Preparar, assim que aprovado o regulamento interno, as eleições para o conselho geral;
c) Proceder à eleição do diretor, caso não esteja ainda eleito o conselho geral.
2 — Para efeitos da elaboração do regulamento interno previsto na alínea a) do número anterior, o conselho
geral transitório pode constituir uma comissão.
3 — O regulamento interno previsto na alínea a) do n.º 1 é aprovado por maioria absoluta dos votos dos
membros do conselho geral transitório em efetividade de funções.
4 — Sem prejuízo do disposto no n.º 4 do artigo anterior, até à entrada em vigor do regulamento interno
previsto na alínea a) do n.º 1 mantêm-se em vigor, relativamente a cada estabelecimento de educação pré -
escolar, escola ou agrupamento integrados na nova unidade orgânica, os respetivos regulamentos internos,
os quais são aplicados sempre que as situações a contemplar respeitem aos membros da comunidade escolar
em causa.
Artigo 62.º
Prazos
1 — No prazo máximo de 30 dias úteis após o início do ano escolar, o presidente do conselho geral cessante
da escola não agrupada ou agrupamento de escolas a que pertencia a escola sede da nova unidade orgânica
desencadeia os procedimentos necessários à eleição e designação dos membros do conselho geral transitório.
2 — Esgotado esse prazo sem que tenham sido desencadeados esses procedimentos, compete ao presidente
da comissão administrativa provisória dar imediato cumprimento ao disposto no número anterior.
3 — O regulamento interno previsto na alínea a) do n.º 1 do artigo anterior deve estar aprovado até final de
março do respetivo ano escolar.
4 — O procedimento de recrutamento do diretor deve ser desencadeado até 31 de março e o diretor deve ser
eleito até 31 de maio do ano escolar em curso.
5 — No caso de o conselho geral não estar constituído até 31 de março, cabe ao conselho geral transitório
desencadear o procedimento para recrutamento do diretor e proceder à sua eleição.
Artigo 63.º
Mandatos e cessação de funções
1 — Os conselhos gerais das escolas não agrupadas ou agrupamentos sujeitos a processos de reorganização
nos termos do presente capítulo mantêm-se em funções até à tomada de posse dos membros do conselho
geral transitório da nova unidade orgânica.
2 — No período a que se refere o número anterior, o presidente da comissão administrativa provisória pode
ser substituído nas reuniões daqueles órgãos bem como nas dos conselhos pedagógicos a que se refere o n.º
4 pelo seu substituto legal ou delegar a sua representação noutro membro da comissão ou no coordenador da
escola ou estabelecimento.
3 — Os mandatos dos diretores das escolas ou dos agrupamentos de escolas que vierem a ser integrados em
novos agrupamentos ou sujeitos a processos de agregação cessam com a tomada de posse da comissão
administrativa provisória designada nos termos e para os efeitos previstos nos n.os 4 e 5 do artigo 66.º
4 — Até à tomada de posse do diretor da nova unidade orgânica entretanto constituída mantêm -se em
exercício de funções os conselhos pedagógicos e estruturas de coordenação educativa e supervisão
pedagógica, bem como de coordenação de estabelecimento das escolas ou agrupamentos objeto de agregação,
devendo ser assegurada a coordenação das escolas que em resultado do processo a passem a justificar, nos
termos previstos no n.º 1 do artigo 40.º
102
5 — Sempre que possível, o coordenador de estabelecimento nomeado nos termos do número anterior é
designado de entre os membros da direção cessante.
6 — (Revogado.)
7 — (Revogado.)
Artigo 64.º
(Revogado.)
Artigo 65.º
Revisão dos regulamentos internos
Na inexistência de alterações legislativas que imponham a sua revisão antecipada, os regulamentos internos
dos agrupamentos de escolas e das escolas não agrupadas, aprovados nos termos da alínea d) do n.º 1 do
artigo 13.º, podem ser revistos ordinariamente quatro anos após a sua aprovação e extraordinariamente, a
todo tempo, por deliberação do conselho geral, aprovada por maioria absoluta dos membros em efetividade
de funções. Artigo 66.º Comissão administrativa provisória
1 — Nos casos em que não seja possível realizar as operações conducentes ao procedimento concursal para
recrutamento do diretor, o procedimento concursal tenha ficado deserto ou todos os candidatos tenham sido
excluídos, bem como na situação a que se refere o n.º 4, a sua função é assegurada por uma comissão
administrativa provisória constituída por docentes de carreira, com a composição prevista no artigo 19.º,
nomeada pelo dirigente dos serviços competentes do Ministério da Educação e Ciência, pelo período máximo
de um ano escolar.
2 — Compete ao órgão de gestão referido no número anterior desenvolver as ações necessárias à entrada em
pleno funcionamento do regime previsto no presente decreto-lei no início do ano escolar subsequente ao da
cessação do respetivo mandato.
3 — O presidente da comissão administrativa provisória exerce as competências atribuídas pelo presente
decreto -lei ao diretor, cabendo -lhe indicar os membros que exercem as funções equivalentes a subdiretor e
a adjuntos.
4 — Tendo em vista assegurar a transição e a gestão dos processos de agrupamento ou de agregação, o
serviço competente do Ministério da Educação e Ciência nomeia uma comissão administrativa provisória,
nos termos e com as funções previstas no presente artigo, com as especificidades constantes do número
seguinte.
5 — A comissão administrativa provisória a que se refere o número anterior é designada no final do ano
letivo, de modo a assegurar a preparação do ano escolar imediatamente seguinte, podendo integrar membros
dos órgãos de administração e gestão das escolas ou agrupamentos objeto de agregação.
Artigo 67.º
Exercício de competências
1 — O diretor e o conselho administrativo exercem as suas competências no respeito pelos poderes próprios
da administração educativa e da administração local.
2 — Compete às entidades da administração educativa ou da administração local, em conformidade com o
grau de transferência efetiva verificado, assegurar o apoio técnico -jurídico legalmente previsto em matéria
de gestão educativa.
Artigo 68.º
Regime subsidiário
Em matéria de procedimento, aplica-se subsidiariamente o disposto no Código do Procedimento
Administrativo naquilo que não se encontre especialmente regulado no presente decreto-lei.
103
Artigo 69.º
Mandatos de substituição
Os titulares dos órgãos previstos no presente decreto-lei, eleitos ou designados em substituição de anteriores
titulares, terminam os seus mandatos na data prevista para a conclusão do mandato dos membros substituídos.
Artigo 70.º
Regiões Autónomas
A aplicação do presente decreto-lei não prejudica os regimes de autonomia, administração e gestão escolares
vigentes nas Regiões Autónomas, de acordo com a Lei de Bases do Sistema Educativo.
Artigo 71.º
Norma revogatória
Sem prejuízo do disposto no artigo 63.º, são revogados:
a) O Decreto -Lei n.º 115 -A/98, de 4 de maio;
b) O Decreto Regulamentar n.º 10/99, de 21 de julho.
Artigo 72.º
Entrada em vigor
O presente decreto -lei entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.
104
DECRETO-LEI N.º 51/2012 de 5 de Setembro
Aprova o Estatuto do Aluno e Ética Escolar, que estabelece os direitos e os deveres do aluno dos
ensinos básico e secundário e o compromisso dos pais ou encarregados de educação e dos restantes
membros da comunidade educativa na sua educação e formação, revogando a Lei n.º 30/2002, de 20
de Dezembro.
A Assembleia da República decreta, nos termos da alínea c) do artigo 161.º da Constituição, o seguinte:
CAPÍTULO I
Objeto, objetivos e âmbito
Artigo 1.º
Objeto
A presente lei aprova o Estatuto do Aluno e Ética Escolar, que estabelece os direitos e os deveres do aluno
dos ensinos básico e secundário e o compromisso dos pais ou encarregados de educação e dos restantes
membros da comunidade educativa na sua educação e formação, adiante designado por Estatuto, no
desenvolvimento das normas da Lei de Bases do Sistema Educativo, aprovada pela Lei n.º 46/86, de 14 de
outubro, alterada pelas Leis n.os 115/97, de 19 de setembro, 49/2005, de 30 de agosto, e 85/2009, de 27 de
agosto.
Artigo 2.º
Objetivos
O Estatuto prossegue os princípios gerais e organizativos do sistema educativo português, conforme se
encontram estatuídos nos artigos 2.º e 3.º da Lei de Bases do Sistema Educativo, promovendo, em especial,
o mérito, a assiduidade, a responsabilidade, a disciplina, a integração dos alunos na comunidade educativa e
na escola, a sua formação cívica, o cumprimento da escolaridade obrigatória, o sucesso escolar e educativo
e a efetiva aquisição de conhecimentos e capacidades.
Artigo 3.º
Âmbito de aplicação
1 — O Estatuto aplica -se aos alunos dos ensinos básico e secundário da educação escolar, incluindo as suas
modalidades especiais, com as especificidades nele previstas em razão dos diferentes ciclos de escolaridade
ou respetivas modalidades e ou do nível etário dos destinatários.
2 — O disposto no número anterior não prejudica a aplicação à educação pré -escolar do que no Estatuto se
prevê relativamente à responsabilidade e ao papel dos membros da comunidade educativa e à vivência na
escola.
3 — O Estatuto aplica -se aos estabelecimentos públicos de educação, formação e ensino, doravante
alternativamente designados por agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas, escolas ou
estabelecimentos de educação, formação ou ensino.
4 — Os princípios fundamentais que enformam o Estatuto aplicam -se, no respeito pela Lei de Bases do
Sistema Educativo e no quadro das autonomias reconhecidas em legislação e regulamentação específicas, às
instituições de educação e formação públicas não previstas no número anterior e aos estabelecimentos
privados e cooperativos de educação e ensino que, nos termos anteriormente definidos, devem em
conformidade adaptar os respetivos regulamentos internos.
5 — As referências aos órgãos de direção, administração e gestão ou pedagógicos, bem como às estruturas
pedagógicas intermédias constantes na presente lei, consideram-se dirigidas aos órgãos e estruturas com
competência equivalente em razão da matéria, de acordo com as regras específicas das diferentes ofertas
formativas e o regime jurídico aplicável aos diferentes estabelecimentos de educação, formação e ensino.
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CAPÍTULO II
Escolaridade obrigatória e obrigatoriedade de matrícula
Artigo 4.º
Escolaridade obrigatória
O dever de cumprimento da escolaridade obrigatória fixada na Lei de Bases do Sistema Educativo é
universal e exerce -se nos termos previstos nos artigos seguintes e em legislação própria.
Artigo 5.º
Matrícula
1 — A matrícula é obrigatória e confere o estatuto de aluno, o qual, para além dos direitos e deveres
consagrados na lei, designadamente no presente Estatuto, integra os que estão contemplados no regulamento
interno da escola.
2 — Os requisitos e procedimentos da matrícula, bem como as restrições a que pode estar sujeita, são
previstos em legislação própria.
CAPÍTULO III
Direitos e deveres do aluno
SECÇÃO I
Direitos do aluno
Artigo 6.º
Valores nacionais e cultura de cidadania
No desenvolvimento dos princípios do Estado de direito democrático, dos valores nacionais e de uma cultura
de cidadania capaz de fomentar os valores da dignidade da pessoa humana, da democracia, do exercício
responsável, da liberdade individual e da identidade nacional, o aluno tem o direito e o dever de conhecer e
respeitar ativamente os valores e os princípios fundamentais inscritos na Constituição da República
Portuguesa, a Bandeira e o Hino, enquanto símbolos nacionais, a Declaração Universal dos Direitos do
Homem, a Convenção Europeia dos Direitos do Homem, a Convenção sobre os Direitos da Criança e a Carta
dos Direitos Fundamentais da União Europeia, enquanto matrizes de valores e princípios de afirmação da
humanidade.
Artigo 7.º
Direitos do aluno
1 — O aluno tem direito a:
a) Ser tratado com respeito e correção por qualquer membro da comunidade educativa, não podendo,
em caso algum, ser discriminado em razão da origem étnica, saúde, sexo, orientação sexual, idade,
identidade de género, condição económica, cultural ou social ou convicções políticas, ideológicas,
filosóficas ou religiosas;
b) Usufruir do ensino e de uma educação de qualidade de acordo com o previsto na lei, em condições
de efetiva igualdade de oportunidades no acesso;
c) Escolher e usufruir, nos termos estabelecidos no quadro legal aplicável, por si ou, quando menor,
através dos seus pais ou encarregados de educação, o projeto educativo que lhe proporcione as
condições para o
seu pleno desenvolvimento físico, intelectual, moral, cultural e cívico e para a formação da sua
personalidade;
d) Ver reconhecidos e valorizados o mérito, a dedicação, a assiduidade e o esforço no trabalho e no
desempenho escolar e ser estimulado nesse sentido;
106
e) Ver reconhecido o empenhamento em ações meritórias, designadamente o voluntariado em favor da
comunidade em que está inserido ou da sociedade em geral, praticadas na escola ou fora dela, e ser
estimulado nesse sentido;
f) Usufruir de um horário escolar adequado ao ano frequentado, bem como de uma planificação
equilibrada das atividades curriculares e extracurriculares, nomeadamente as que contribuem para o
desenvolvimento cultural da comunidade;
g) Beneficiar, no âmbito dos serviços de ação social escolar, de um sistema de apoios que lhe permitam
superar ou compensar as carências do tipo sociofamiliar, económico ou cultural que dificultem o
acesso à escola ou o processo de ensino;
h) Usufruir de prémios ou apoios e meios complementares que reconheçam e distingam o mérito;
i) Beneficiar de outros apoios específicos, adequados às suas necessidades escolares ou à sua
aprendizagem, através dos serviços de psicologia e orientação ou de outros serviços especializados de
apoio educativo;
j) Ver salvaguardada a sua segurança na escola e respeitada a sua integridade física e moral,
beneficiando, designadamente, da especial proteção consagrada na lei penal para os membros da
comunidade escolar;
k) Ser assistido, de forma pronta e adequada, em caso de acidente ou doença súbita, ocorrido ou
manifestada no decorrer das atividades escolares;
l) Ver garantida a confidencialidade dos elementos e informações constantes do seu processo individual,
de natureza pessoal ou familiar;
m) Participar, através dos seus representantes, nos termos da lei, nos órgãos de administração e gestão
da escola, na criação e execução do respetivo projeto educativo, bem como na elaboração do
regulamento interno;
n) Eleger os seus representantes para os órgãos, cargos e demais funções de representação no âmbito da
escola, bem como ser eleito, nos termos da lei e do regulamento interno da escola;
o) Apresentar críticas e sugestões relativas ao funcionamento da escola e ser ouvido pelos professores,
diretores de turma e órgãos de administração e gestão da escola em todos os assuntos que
justificadamente forem do seu interesse; formação e ocupação de tempos livres;
p) Organizar e participar em iniciativas que promovam a formação e ocupação de tempos livres;
q) Ser informado sobre o regulamento interno da escola e, por meios a definir por esta e em termos
adequados à sua idade e ao ano frequentado, sobre todos os assuntos que justificadamente sejam do
seu interesse, nomeadamente sobre o modo de organização do plano de estudos ou curso, o programa
e objetivos essenciais de cada disciplina ou área disciplinar e os processos e critérios de avaliação,
bem como sobre a matrícula, o abono de família e apoios socioeducativos, as normas de utilização e
de segurança dos materiais e equipamentos e das instalações, incluindo o plano de emergência, e, em
geral, sobre todas as atividades e iniciativas relativas ao projeto educativo da escola;
r) Participar nas demais atividades da escola, nos termos da lei e do respetivo regulamento interno;
s) Participar no processo de avaliação, através de mecanismos de auto e heteroavaliação;
t) Beneficiar de medidas, a definir pela escola, adequadas à recuperação da aprendizagem nas situações
de ausência devidamente justificada às atividades escolares.
2 — A fruição dos direitos consagrados nas suas alíneas g), h) e r) do número anterior pode ser, no todo ou
em parte, temporariamente vedada em consequência de medida disciplinar corretiva ou sancionatória
aplicada ao aluno, nos termos previstos no presente Estatuto.
Artigo 8.º
Representação dos alunos
1 — Os alunos podem reunir -se em assembleia de alunos ou assembleia geral de alunos e são representados
pela associação de estudantes, pelos seus representantes nos órgãos de direção da escola, pelo delegado ou
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subdelegado de turma e pela assembleia de delegados de turma, nos termos da lei e do regulamento interno
da escola.
2 — A associação de estudantes e os representantes dos alunos nos órgãos de direção da escola têm o direito
de solicitar ao diretor a realização de reuniões para apreciação de matérias relacionadas com o funcionamento
da escola.
3 — O delegado e o subdelegado de turma têm o direito de solicitar a realização de reuniões da turma, sem
prejuízo do cumprimento das atividades letivas.
4 — Por iniciativa dos alunos ou por sua própria iniciativa, o diretor de turma ou o professor titular de turma
pode solicitar a participação dos representantes dos pais ou encarregados de educação dos alunos da turma
na reunião referida no número anterior.
5 — Não podem ser eleitos ou continuar a representar os alunos nos órgãos ou estruturas da escola aqueles a
quem seja ou tenha sido aplicada, nos últimos dois anos escolares, medida disciplinar sancionatória superior
à de repreensão registada ou sejam, ou tenham sido nos últimos dois anos escolares, excluídos da frequência
de qualquer disciplina ou retidos em qualquer ano de escolaridade por excesso grave de faltas, nos termos do
presente Estatuto.
Artigo 9.º
Prémios de mérito
1 — Para efeitos do disposto na alínea h) do artigo 7.º, o regulamento interno pode prever prémios de mérito
destinados a distinguir alunos que, em cada ciclo de escolaridade, preencham um ou mais dos seguintes
requisitos:
a) Revelem atitudes exemplares de superação das suas dificuldades;
b) Alcancem excelentes resultados escolares;
c) Produzam trabalhos académicos de excelência ou realizem atividades curriculares ou de
complemento curricular de relevância;
d) Desenvolvam iniciativas ou ações de reconhecida relevância social.
2 — Os prémios de mérito devem ter natureza simbólica ou material, podendo ter uma natureza financeira
desde que, comprovadamente, auxiliem a continuação do percurso escolar do aluno.
3 — Cada escola pode procurar estabelecer parcerias com entidades ou organizações da comunidade
educativa no sentido de garantir os fundos necessários ao financiamento dos prémios de mérito.
SECÇÃO II
Deveres do aluno
Artigo 10.º
Deveres do aluno
O aluno tem o dever, sem prejuízo do disposto no artigo 40.º e dos demais deveres previstos no regulamento
interno da escola, de:
a) Estudar, aplicando-se, de forma adequada à sua idade, necessidades educativas e ao ano de
escolaridade que frequenta, na sua educação e formação integral;
b) Ser assíduo, pontual e empenhado no cumprimento de todos os seus deveres no âmbito das atividades
escolares;
c) Seguir as orientações dos professores relativas ao seu processo de ensino;
d) Tratar com respeito e correção qualquer membro da comunidade educativa, não podendo, em caso
algum, ser discriminado em razão da origem étnica, saúde, sexo, orientação sexual, idade, identidade
de género, condição económica, cultural ou social, ou convicções políticas, ideológicas, filosóficas ou
religiosas.
e) Guardar lealdade para com todos os membros da comunidade educativa;
108
f) Respeitar a autoridade e as instruções dos professores e do pessoal não docente;
g) Contribuir para a harmonia da convivência escolar e para a plena integração na escola de todos os
alunos;
h) Participar nas atividades educativas ou formativas desenvolvidas na escola, bem como nas demais
atividades organizativas que requeiram a participação dos alunos;
i) Respeitar a integridade física e psicológica de todos os membros da comunidade educativa, não
praticando quaisquer atos, designadamente violentos, independentemente do local ou dos meios
utilizados, que atentem contra a integridade física, moral ou patrimonial dos professores, pessoal não
docente e alunos;
j) Prestar auxílio e assistência aos restantes membros da comunidade educativa, de acordo com as
circunstâncias de perigo para a integridade física e psicológica dos mesmos;
k) Zelar pela preservação, conservação e asseio das instalações, material didático, mobiliário e espaços
verdes da escola, fazendo uso correto dos mesmos;
l) Respeitar a propriedade dos bens de todos os membros da comunidade educativa;
m) Permanecer na escola durante o seu horário, salvo autorização escrita do encarregado de educação ou
da direção da escola;
n) Participar na eleição dos seus representantes e prestar-lhes toda a colaboração;
o) Conhecer e cumprir o presente Estatuto, as normas de funcionamento dos serviços da escola e o
regulamento interno da mesma, subscrevendo declaração anual de aceitação do mesmo e de
compromisso ativo quanto ao seu cumprimento integral;
p) Não possuir e não consumir substâncias aditivas, em especial drogas, tabaco e bebidas alcoólicas, nem
promover qualquer forma de tráfico, facilitação e consumo das mesmas;
q) Não transportar quaisquer materiais, equipamentos tecnológicos, instrumentos ou engenhos passíveis
de, objetivamente, perturbarem o normal funcionamento das atividades letivas, ou poderem causar
danos físicos ou psicológicos aos alunos ou a qualquer outro membro da comunidade educativa;
r) Não utilizar quaisquer equipamentos tecnológicos, designadamente, telemóveis, equipamentos,
programas ou aplicações informáticas, nos locais onde decorram aulas ou outras atividades formativas
ou reuniões de órgãos ou estruturas da escola em que participe, exceto quando a utilização de qualquer
dos meios acima referidos esteja diretamente relacionada com as atividades a desenvolver e seja
expressamente autorizada pelo professor ou pelo responsável pela direção ou supervisão dos trabalhos
ou atividades em curso;
s) Não captar sons ou imagens, designadamente, de atividades letivas e não letivas, sem autorização prévia
dos professores, dos responsáveis pela direção da escola ou supervisão dos trabalhos ou atividades em
curso, bem como, quando for o caso, de qualquer membro da comunidade escolar ou educativa cuja
imagem possa, ainda que involuntariamente, ficar registada;
t) Não difundir, na escola ou fora dela, nomeadamente, via Internet ou através de outros meios de
comunicação, sons ou imagens captados nos momentos letivos e não letivos, sem autorização do
diretor da escola;
u) Respeitar os direitos de autor e de propriedade intelectual;
v) Apresentar -se com vestuário que se revele adequado, em função da idade, à dignidade do espaço e à
especificidade das atividades escolares, no respeito pelas regras estabelecidas na escola;
x) Reparar os danos por si causados a qualquer membro da comunidade educativa ou em equipamentos
ou instalações da escola ou outras onde decorram quaisquer atividades decorrentes da vida escolar e,
não sendo possível ou suficiente a reparação, indemnizar os lesados relativamente aos prejuízos
causados.
109
SECÇÃO III
Processo individual e outros instrumentos de registo
Artigo 11.º
Processo individual do aluno
1 — O processo individual do aluno acompanha -o ao longo de todo o seu percurso escolar, sendo devolvido
aos pais ou encarregado de educação ou ao aluno maior de idade, no termo da escolaridade obrigatória.
2 — São registadas no processo individual do aluno as informações relevantes do seu percurso educativo,
designadamente as relativas a comportamentos meritórios e medidas disciplinares aplicadas e seus efeitos.
3 — O processo individual do aluno constitui -se como registo exclusivo em termos disciplinares.
4 — Têm acesso ao processo individual do aluno, além do próprio, os pais ou encarregados de educação,
quando aquele for menor, o professor titular da turma ou o diretor de turma, os titulares dos órgãos de gestão
e administração da escola e os funcionários afetos aos serviços de gestão de alunos e da ação social escolar.
5 — Podem ainda ter acesso ao processo individual do aluno, mediante autorização do diretor da escola e no
âmbito do estrito cumprimento das respetivas funções, outros professores da escola, os psicólogos e médicos
escolares ou outros profissionais que trabalhem sob a sua égide e os serviços do Ministério da Educação e
Ciência com competências reguladoras do sistema educativo, neste caso após comunicação ao diretor.
6 — O regulamento interno define os horários e o local onde o processo pode ser consultado, não podendo
criar obstáculos ao aluno, aos pais ou ao encarregado de educação do aluno menor.
7 — As informações contidas no processo individual do aluno referentes a matéria disciplinar e de natureza
pessoal e familiar são estritamente confidenciais, encontrando -se vinculados ao dever de sigilo todos os
membros da comunidade educativa que a elas tenham acesso.
Artigo 12.º
Outros instrumentos de registo
1 — Constituem ainda instrumentos de registo de cada aluno:
a) O registo biográfico;
b) A caderneta escolar;
c) As fichas de registo da avaliação.
2 — O registo biográfico contém os elementos relativos à assiduidade e aproveitamento do aluno, cabendo à
escola a sua organização, conservação e gestão.
3 — A caderneta escolar contém as informações da escola e do encarregado de educação, bem como outros
elementos relevantes para a comunicação entre a escola e os pais ou encarregados de educação, sendo
propriedade do aluno e devendo ser por este conservada.
4 — As fichas de registo da avaliação contêm, de forma sumária, os elementos relativos ao desenvolvimento
dos conhecimentos, capacidades e atitudes do aluno e são entregues no final de cada momento de avaliação,
designadamente, no final de cada período escolar, aos pais ou ao encarregado de educação pelo professor
titular da turma, no 1.º ciclo, ou pelo diretor de turma, nos restantes casos.
5 — A pedido do interessado, as fichas de registo de avaliação serão ainda entregues ao progenitor que não
resida com o aluno menor de idade.
6 — Os modelos do processo individual, registo biográfico, caderneta do aluno e fichas de registo da
avaliação, nos seus diferentes formatos e suportes, são definidos por despacho do membro do Governo
responsável pela área da educação.
SECÇÃO IV
Dever de assiduidade e efeitos da ultrapassagem dos limites de faltas
110
SUBSECÇÃO I
Dever de assiduidade
Artigo 13.º
Frequência e assiduidade
1 — Para além do dever de frequência da escolaridade obrigatória, os alunos são responsáveis pelo
cumprimento dos deveres de assiduidade e pontualidade, nos termos estabelecidos na alínea b) do artigo 10.º
e no n.º 3 do presente artigo.
2 — Os pais ou encarregados de educação dos alunos menores de idade são responsáveis, conjuntamente
com estes, pelo cumprimento dos deveres referidos no número anterior.
3 — O dever de assiduidade e pontualidade implica para o aluno a presença e a pontualidade na sala de aula
e demais locais onde se desenvolva o trabalho escolar munido do material didático ou equipamento
necessários, de acordo com as orientações dos professores, bem como uma atitude de empenho intelectual e
comportamental adequada, em função da sua idade, ao processo de ensino.
4 — O controlo da assiduidade dos alunos é obrigatório, nos termos em que é definida no número anterior,
em todas as atividades escolares letivas e não letivas em que participem ou devam participar.
5 — Sem prejuízo do disposto no presente Estatuto, as normas a adotar no controlo de assiduidade, da
justificação de faltas e da sua comunicação aos pais ou ao encarregado de educação são fixadas no
regulamento interno.
Artigo 14.º
Faltas e sua natureza
1 — A falta é a ausência do aluno a uma aula ou a outra atividade de frequência obrigatória ou facultativa
caso tenha havido lugar a inscrição, a falta de pontualidade ou a comparência sem o material didático ou
equipamento necessários, nos termos estabelecidos no presente Estatuto.
2 — Decorrendo as aulas em tempos consecutivos, há tantas faltas quantos os tempos de ausência do aluno.
3 — As faltas são registadas pelo professor titular de turma, pelo professor responsável pela aula ou atividade
ou pelo diretor de turma em suportes administrativos adequados.
4 — As faltas resultantes da aplicação da ordem de saída da sala de aula, ou de medidas disciplinares
sancionatórias, consideram -se faltas injustificadas.
5 — Sem prejuízo do disposto no n.º 4 do artigo anterior, o regulamento interno da escola define o processo
de justificação das faltas de pontualidade do aluno e ou resultantes da sua comparência sem o material
didático e ou outro equipamento indispensáveis, bem como os termos em que essas faltas, quando
injustificadas, são equiparadas a faltas de presença, para os efeitos previstos no presente Estatuto.
6 — Compete ao diretor garantir os suportes administrativos adequados ao registo de faltas dos alunos e
respetiva atualização, de modo que este possa ser, em permanência, utilizado para finalidades pedagógicas e
administrativas.
7 — A participação em visitas de estudo previstas no plano de atividades da escola não é considerada falta
relativamente às disciplinas ou áreas disciplinares envolvidas, considerando -se dadas as aulas das referidas
disciplinas previstas para o dia em causa no horário da turma.
Artigo 15.º
Dispensa da atividade física
1 — O aluno pode ser dispensado temporariamente das atividades de educação física ou desporto escolar por
razões de saúde, devidamente comprovadas por atestado médico, que deve explicitar claramente as contra
indicações da atividade física.
2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, o aluno deve estar sempre presente no espaço onde decorre
a aula de educação física.
111
3 — Sempre que, por razões devidamente fundamentadas, o aluno se encontre impossibilitado de estar
presente no espaço onde decorre a aula de educação física deve ser encaminhado para um espaço em que seja
pedagogicamente acompanhado.
Artigo 16.º
Justificação de faltas
1 — São consideradas justificadas as faltas dadas pelos seguintes motivos:
a) Doença do aluno, devendo esta ser informada por escrito pelo encarregado de educação ou pelo aluno
quando maior de idade quando determinar um período inferior ou igual a três dias úteis, ou por médico
se determinar impedimento superior a três dias úteis, podendo, quando se trate de doença de caráter
crónico ou recorrente, uma única declaração ser aceite para a totalidade do ano letivo ou até ao termo
da condição que a determinou;
b) Isolamento profilático, determinado por doença infetocontagiosa de pessoa que coabite com o aluno,
comprovada através de declaração da autoridade sanitária competente;
c) Falecimento de familiar, durante o período legal de justificação de faltas por falecimento de familiar
previsto no regime do contrato de trabalho dos trabalhadores que exercem funções públicas;
d) Nascimento de irmão, durante o dia do nascimento e o dia imediatamente posterior;
e) Realização de tratamento ambulatório, em virtude de doença ou deficiência, que não possa efetuar -se
fora do período das atividades letivas;
f) Assistência na doença a membro do agregado familiar, nos casos em que, comprovadamente, tal
assistência não possa ser prestada por qualquer outra pessoa;
g) Comparência a consultas pré-natais, período de parto e amamentação, nos termos da legislação em
vigor;
h) Ato decorrente da religião professada pelo aluno, desde que o mesmo não possa efectuar-se fora do
período das atividades letivas e corresponda a uma prática comummente reconhecida como própria
dessa religião;
i) Participação em atividades culturais, associativas e desportivas reconhecidas, nos termos da lei, como
de interesse público ou consideradas relevantes pelas respetivas autoridades escolares;
j) Preparação e participação em atividades desportivas de alta competição, nos termos legais aplicáveis;
k) Cumprimento de obrigações legais que não possam efetuar -se fora do período das atividades letivas;
l) Outro facto impeditivo da presença na escola ou em qualquer atividade escolar, desde que,
comprovadamente, não seja imputável ao aluno e considerado atendível pelo diretor, pelo diretor de
turma ou pelo professor titular;
m) As decorrentes de suspensão preventiva aplicada no âmbito de procedimento disciplinar, no caso de
ao aluno não vir a ser aplicada qualquer medida disciplinar sancionatória, lhe ser aplicada medida não
suspensiva da escola, ou na parte em que ultrapassem a medida efetivamente aplicada;
n) Participação em visitas de estudo previstas no plano de atividades da escola, relativamente às
disciplinas ou áreas disciplinares não envolvidas na referida visita;
o) Outros factos previstos no regulamento interno da escola.
2 — A justificação das faltas exige um pedido escrito apresentado pelos pais ou encarregados de educação
ou, quando maior de idade, pelo próprio, ao professor titular da turma ou ao diretor de turma, com indicação
do dia e da atividade letiva em que a falta ocorreu, referenciando os motivos justificativos da mesma na
caderneta escolar, tratando -se de aluno do ensino básico, ou em impresso próprio, tratando -se de aluno do
ensino secundário.
3 — O diretor de turma, ou o professor titular da turma, pode solicitar aos pais ou encarregado de educação,
ou ao aluno maior de idade, os comprovativos adicionais que entenda necessários à justificação da falta,
devendo, igualmente, qualquer entidade que para esse efeito for contactada, contribuir para o correto
apuramento dos factos.
112
4 — A justificação da falta deve ser apresentada previamente, sendo o motivo previsível, ou, nos restantes
casos, até ao 3.º dia útil subsequente à verificação da mesma.
5 — O regulamento interno do agrupamento de escolas ou escola não agrupada deve explicitar a tramitação
conducente à aceitação da justificação, as consequências do seu eventual incumprimento e os procedimentos
a adotar.
6 — Nas situações de ausência justificada às atividades escolares, o aluno tem o direito a beneficiar de
medidas, a definir pelos professores responsáveis e ou pela escola, nos termos estabelecidos no respetivo
regulamento interno, adequadas à recuperação da aprendizagem em falta.
Artigo 17.º
Faltas injustificadas
1 — As faltas são injustificadas quando:
a) Não tenha sido apresentada justificação, nos termos do artigo anterior;
b) A justificação tenha sido apresentada fora do prazo;
c) A justificação não tenha sido aceite;
d) A marcação da falta resulte da aplicação da ordem de saída da sala de aula ou de medida disciplinar
sancionatória.
2 — Na situação prevista na alínea c) do número anterior, a não aceitação da justificação apresentada deve
ser fundamentada de forma sintética.
3 — As faltas injustificadas são comunicadas aos pais ou encarregados de educação, ou ao aluno maior de
idade, pelo diretor de turma ou pelo professor titular de turma, no prazo máximo de três dias úteis, pelo meio
mais expedito.
Artigo 18.º
Excesso grave de faltas
1 — Em cada ano letivo as faltas injustificadas não podem exceder:
a) 10 dias, seguidos ou interpolados, no 1.º ciclo do ensino básico;
b) O dobro do número de tempos letivos semanais por disciplina nos restantes ciclos ou níveis de ensino,
sem prejuízo do disposto no número seguinte.
2 — Nas ofertas formativas profissionalmente qualificantes, designadamente nos cursos profissionais, ou
noutras ofertas formativas que exigem níveis mínimos de cumprimento da respetiva carga horária, o aluno
encontra-se na situação de excesso de faltas quando ultrapassa os limites de faltas justificadas e ou
injustificadas daí decorrentes, relativamente a cada disciplina, módulo, unidade ou área de formação, nos
termos previstos na regulamentação própria ou definidos, no quadro daquela, no regulamento interno da
escola.
3 — Quando for atingido metade dos limites de faltas previstos nos números anteriores, os pais ou o
encarregado de educação ou o aluno maior de idade são convocados à escola, pelo meio mais expedito, pelo
diretor de turma ou pelo professor que desempenhe funções equiparadas ou pelo professor titular de turma.
4 — A notificação referida no número anterior tem como objetivo alertar para as consequências da violação
do limite de faltas e procurar encontrar uma solução que permita garantir o cumprimento efetivo do dever de
assiduidade.
5 — Caso se revele impraticável o referido nos números anteriores, por motivos não imputáveis à escola, e
sempre que a gravidade especial da situação o justifique, a respetiva comissão de proteção de crianças e
jovens em risco deve ser informada do excesso de faltas do aluno menor de idade, assim como dos
procedimentos e diligências até então adotados pela escola e pelos encarregados de educação, procurando
em conjunto soluções para ultrapassar a sua falta de assiduidade.
SUBSECÇÃO II
Ultrapassagem dos limites de faltas
113
Artigo 19.º
Efeitos da ultrapassagem dos limites de faltas
1 — A ultrapassagem dos limites de faltas injustificadas previstos no n.º 1 do artigo anterior constitui uma
violação dos deveres de frequência e assiduidade e obriga o aluno faltoso ao cumprimento de medidas de
recuperação e ou corretivas específicas, de acordo com o estabelecido nos artigos seguintes, podendo ainda
conduzir à aplicação de medidas disciplinares sancionatórias, nos termos do presente Estatuto.
2 — A ultrapassagem dos limites de faltas previstos nas ofertas formativas a que se refere o n.º 2 do artigo
anterior constitui uma violação dos deveres de frequência e assiduidade e tem para o aluno as consequências
estabelecidas na regulamentação específica da oferta formativa em causa e ou no regulamento interno da
escola, sem prejuízo de outras medidas expressamente previstas no presente Estatuto para as referidas
modalidades formativas.
3 — O previsto nos números anteriores não exclui a responsabilização dos pais ou encarregados de educação
do aluno, designadamente, nos termos dos artigos 44.º e 45.º do presente Estatuto.
4 — Todas as situações, atividades, medidas ou suas consequências previstas no presente artigo são
obrigatoriamente comunicadas, pelo meio mais expedito, aos pais ou ao encarregado de educação ou ao
aluno,
quando maior de idade, ao diretor de turma e ao professor tutor do aluno, sempre que designado, e registadas
no processo individual do aluno.
5 — A ultrapassagem do limite de faltas estabelecido no regulamento interno da escola relativamente às
atividades de apoio ou complementares de inscrição ou de frequência facultativa implica a imediata exclusão
do aluno das atividades em causa.
Artigo 20.º
Medidas de recuperação e de integração
1 — Para os alunos menores de 16 anos, independentemente da modalidade de ensino frequentada, a violação
dos limites de faltas previstos no artigo 18.º pode obrigar ao cumprimento de atividades, a definir pela escola,
que permitam recuperar atrasos na aprendizagem e ou a integração escolar e comunitária do aluno e pelas
quais os alunos e os seus encarregados de educação são corresponsáveis.
2 — O disposto no número anterior é aplicado em função da idade, da regulamentação específica do percurso
formativo e da situação concreta do aluno.
3 — As atividades de recuperação da aprendizagem, quando a elas houver lugar, são decididas pelo professor
titular da turma ou pelos professores das disciplinas em que foi ultrapassado o limite de faltas, de acordo com
as regras aprovadas pelo conselho pedagógico e previstas no regulamento interno da escola, as quais
privilegiarão a simplicidade e a eficácia.
4 — As medidas corretivas a que se refere o presente artigo são definidas nos termos dos artigos 26.º e 27.º,
com as especificidades previstas nos números seguintes.
5 — As atividades de recuperação de atrasos na aprendizagem, que podem revestir forma oral, bem como as
medidas corretivas previstas no presente artigo ocorrem após a verificação do excesso de faltas e apenas
podem ser aplicadas uma única vez no decurso de cada ano letivo.
6 — O disposto no número anterior é aplicado independentemente do ano de escolaridade ou do número de
disciplinas em que se verifique a ultrapassagem do limite de faltas, cabendo à escola definir no seu
regulamento interno o momento em que as atividades de recuperação são realizadas, bem como as matérias
a trabalhar nas mesmas, as quais se confinarão às tratadas nas aulas cuja ausência originou a situação de
excesso de faltas.
7 — Sempre que cesse o incumprimento do dever de assiduidade por parte do aluno são desconsideradas as
faltas em excesso.
8 — Cessa o dever de cumprimento das atividades e medidas a que se refere o presente artigo, com as
consequências daí decorrentes para o aluno, de acordo com a sua concreta situação, sempre que para o
cômputo do número e limites de faltas nele previstos tenham sido determinantes as faltas registadas na
114
sequência da aplicação de medida corretiva de ordem de saída da sala de aula ou disciplinar sancionatória de
suspensão.
9 — Ao cumprimento das atividades de recuperação por parte do aluno é aplicável, com as necessárias
adaptações e em tudo o que não contrarie o estabelecido nos números anteriores, o previsto no n.º 2 do artigo
27.º, competindo ao conselho pedagógico definir, de forma genérica e simplificada e dando especial
relevância e prioridade à respetiva eficácia, as regras a que deve obedecer a sua realização e avaliação.
10 — Tratando -se de aluno de idade igual ou superior a 16 anos, a violação dos limites de faltas previstos
no artigo 18.º pode dar também lugar à aplicação das medidas previstas no regulamento interno que se
revelem adequadas, tendo em vista os objetivos formativos, preventivos e integradores a alcançar, em função
da idade, do percurso formativo e sua regulamentação específica e da situação concreta do aluno.
11 — O disposto nos n.os 3 a 9 é também aplicável aos alunos maiores de 16 anos, com as necessárias
adaptações, quando a matéria não se encontre prevista em sede de regulamento interno.
Artigo 21.º
Incumprimento ou ineficácia das medidas
1 — O incumprimento das medidas previstas no número anterior e a sua ineficácia ou impossibilidade de
atuação determinam, tratando -se de aluno menor, a comunicação obrigatória do facto à respetiva comissão
de proteção de crianças e jovens ou, na falta desta, ao Ministério Público junto do tribunal de família e
menores territorialmente competente, de forma a procurar encontrar, com a colaboração da escola e, sempre
que possível, com a autorização e corresponsabilização dos pais ou encarregados de educação, uma solução
adequada ao
processo formativo do aluno e à sua inserção social e socioprofissional, considerando, de imediato, a
possibilidade de encaminhamento do aluno para diferente percurso formativo.
2 — A opção a que se refere o número anterior tem por base as medidas definidas na lei sobre o cumprimento
da escolaridade obrigatória, podendo, na iminência de abandono escolar, ser aplicada a todo o tempo, sem
necessidade de aguardar pelo final do ano escolar.
3 — Tratando -se de aluno com idade superior a 12 anos que já frequentou, no ano letivo anterior, o mesmo
ano de escolaridade, poderá haver lugar, até final do ano letivo em causa e por decisão do diretor da escola,
à prorrogação da medida corretiva aplicada nos termos do artigo anterior.
4 — Quando a medida a que se referem os n. 1 e 2 não for possível ou o aluno for encaminhado para oferta
formativa diferente da que frequenta e o encaminhamento ocorra após 31 de janeiro, o não cumprimento das
atividades e ou medidas previstas no artigo anterior ou a sua ineficácia por causa não imputável à escola
determinam ainda, logo que definido pelo professor titular ou pelo conselho de turma:
a) Para os alunos a frequentar o 1.º ciclo do ensino básico, a retenção no ano de escolaridade respetivo, com
a obrigação de frequência das atividades escolares até final do ano letivo, ou até ao encaminhamento para
o novo percurso formativo, se ocorrer antes;
b) Para os restantes alunos, a retenção no ano de escolaridade em curso, no caso de frequentarem o ensino
básico, ou a exclusão na disciplina ou disciplinas em que se verifique o excesso de faltas, tratando -se de
alunos do ensino secundário, sem prejuízo da obrigação de frequência da escola até final do ano letivo e
até perfazerem os 18 anos de idade, ou até ao encaminhamento para o novo percurso formativo, se ocorrer
antes.
5 — Nas ofertas formativas profissionalmente qualificantes, designadamente nos cursos profissionais ou
noutras ofertas formativas que exigem níveis mínimos de cumprimento da respetiva carga horária, o
incumprimento ou a ineficácia das medidas previstas no artigo 20.º implica, independentemente da idade do
aluno, a exclusão dos módulos ou unidades de formação das disciplinas ou componentes de formação em
curso no momento em que se verifica o excesso de faltas, com as consequências previstas na regulamentação
específica e definidas no regulamento interno da escola.
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6 — As atividades a desenvolver pelo aluno decorrentes do dever de frequência estabelecido na alínea b) do
n.º 4, no horário da turma ou das disciplinas de que foi retido ou excluído são definidas no regulamento
interno da escola.
7 — O incumprimento ou a ineficácia das medidas e atividades referidas no presente artigo implica também
restrições à realização de provas de equivalência à frequência ou de exames, sempre que tal se encontre
previsto em regulamentação específica de qualquer modalidade de ensino ou oferta formativa.
8 — O incumprimento reiterado do dever de assiduidade e ou das atividades a que se refere o número anterior
pode dar ainda lugar à aplicação de medidas disciplinares sancionatórias previstas no presente Estatuto.
CAPÍTULO IV
Disciplina
SECÇÃO I
Infração
Artigo 22.º
Qualificação de infração
1 — A violação pelo aluno de algum dos deveres previstos no artigo 10.º ou no regulamento interno da
escola, de forma reiterada e ou em termos que se revelem perturbadores do funcionamento normal das
atividades da escola ou das relações no âmbito da comunidade educativa, constitui infração disciplinar
passível da aplicação de medida corretiva ou medida disciplinar sancionatória, nos termos dos artigos
seguintes.
2 — A definição, bem como a competência e os procedimentos para a aplicação das medidas disciplinares
corretivas e sancionatórias estão previstos, respetivamente, nos artigos 26.º e 27.º e nos artigos 28.º a 33.º
3 — A aplicação das medidas disciplinares sancionatórias previstas nas alíneas c), d) e e) do n.º 2 do artigo
28.º depende da instauração de procedimento disciplinar, nos termos estabelecidos nos artigos 28.º, 30.º e
31.º
Artigo 23.º
Participação de ocorrência
1 — O professor ou membro do pessoal não docente que presencie ou tenha conhecimento de
comportamentos suscetíveis de constituir infração disciplinar deve participá-los imediatamente ao diretor do
agrupamento de escolas ou escola não agrupada.
2 — O aluno que presencie comportamentos suscetíveis de constituir infração disciplinar deve comunicá-los
imediatamente ao professor titular de turma, ao diretor de turma ou equivalente, o qual, no caso de os
considerar graves ou muito graves, os participa, no prazo de um dia útil, ao diretor do agrupamento de escolas
ou escola não agrupada.
SECÇÃO II
Medidas disciplinares
SUBSECÇÃO I
Finalidades e determinação das medidas disciplinares
Artigo 24.º
Finalidades das medidas disciplinares
1 — Todas as medidas disciplinares corretivas e sancionatórias prosseguem finalidades pedagógicas,
preventivas, dissuasoras e de integração, visando, de forma sustentada, o cumprimento dos deveres do aluno,
o respeito pela autoridade dos professores no exercício da sua atividade profissional e dos demais
funcionários, bem como a segurança de toda a comunidade educativa.
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2 — As medidas corretivas e disciplinares sancionatórias visam ainda garantir o normal prosseguimento das
atividades da escola, a correção do comportamento perturbador e o reforço da formação cívica do aluno, com
vista ao desenvolvimento equilibrado da sua personalidade, da sua capacidade de se relacionar com os outros,
da sua plena integração na comunidade educativa, do seu sentido de responsabilidade e da sua aprendizagem.
3 — As medidas disciplinares sancionatórias, tendo em conta a especial relevância do dever violado e a
gravidade da infração praticada, prosseguem igualmente finalidades punitivas.
4 — As medidas corretivas e as medidas disciplinares sancionatórias devem ser aplicadas em coerência com
as necessidades educativas do aluno e com os objetivos da sua educação e formação, no âmbito do
desenvolvimento do plano de trabalho da turma e do projeto educativo da escola, nos termos do respetivo
regulamento interno.
Artigo 25.º
Determinação da medida disciplinar
1 — Na determinação da medida disciplinar corretiva ou sancionatória a aplicar deve ter -se em consideração
a gravidade do incumprimento do dever, as circunstâncias atenuantes e agravantes apuradas em que esse
incumprimento se verificou, o grau de culpa do aluno, a sua maturidade e demais condições pessoais,
familiares e sociais.
2 — São circunstâncias atenuantes da responsabilidade disciplinar do aluno o seu bom comportamento
anterior, o seu aproveitamento escolar e o seu reconhecimento com arrependimento da natureza ilícita da sua
conduta.
3 — São circunstâncias agravantes da responsabilidade do aluno a premeditação, o conluio, a gravidade do
dano provocado a terceiros e a acumulação de infrações disciplinares e a reincidência nelas, em especial se
no decurso do mesmo ano letivo.
SUBSECÇÃO II
Medidas disciplinares corretivas
Artigo 26.º
Medidas disciplinares corretivas
1 — As medidas corretivas prosseguem finalidades pedagógicas, dissuasoras e de integração, nos termos do
n.º 1 do artigo 24.º, assumindo uma natureza eminentemente preventiva.
2 — São medidas corretivas, sem prejuízo de outras que, obedecendo ao disposto no número anterior, venham
a estar contempladas no regulamento interno da escola:
a) A advertência;
b) A ordem de saída da sala de aula e demais locais onde se desenvolva o trabalho escolar;
c) A realização de tarefas e atividades de integração na escola ou na comunidade, podendo para o efeito
ser aumentado o período diário e ou semanal de permanência obrigatória do aluno na escola ou no
local onde decorram as tarefas ou atividades, nos termos previstos no artigo seguinte;
d) O condicionamento no acesso a certos espaços escolares ou na utilização de certos materiais e
equipamentos, sem prejuízo dos que se encontrem afetos a atividades letivas;
e) A mudança de turma.
3 — A advertência consiste numa chamada verbal de atenção ao aluno, perante um comportamento
perturbador do funcionamento normal das atividades escolares ou das relações entre os presentes no local
onde elas decorrem, com vista a alertá-lo para que deve evitar tal tipo de conduta e a responsabilizá-lo pelo
cumprimento dos seus deveres como aluno.
4 — Na sala de aula a advertência é da exclusiva competência do professor, cabendo, fora dela, a qualquer
professor ou membro do pessoal não docente.
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5 — A ordem de saída da sala de aula e demais locais onde se desenvolva o trabalho escolar é da exclusiva
competência do professor respetivo e implica a marcação de falta injustificada ao aluno e a permanência do
aluno na escola.
6 — O regulamento interno da escola definirá o tipo de tarefas a executar pelo aluno, sempre que lhe seja
aplicada a medida corretiva prevista no número anterior.
7 — A aplicação no decurso do mesmo ano letivo e ao mesmo aluno da medida corretiva de ordem de saída
da sala de aula pela terceira vez, por parte do mesmo professor, ou pela quinta vez, independentemente do
professor que a aplicou, implica a análise da situação em conselho de turma, tendo em vista a identificação
das causas e a pertinência da proposta de aplicação de outras medidas disciplinares corretivas ou
sancionatórias, nos termos do presente Estatuto.
8 — A aplicação das medidas corretivas previstas nas alíneas c), d) e e) do n.º 2 é da competência do diretor
do agrupamento de escolas ou escola não agrupada que, para o efeito, procede sempre à audição do diretor
de turma ou do professor titular da turma a que o aluno pertença, bem como do professor tutor ou da equipa
multidisciplinar, caso existam.
9 — Compete à escola, no âmbito do respetivo regulamento interno, identificar as atividades, local e período
de tempo durante o qual as mesmas ocorrem e, bem assim, definir as competências e procedimentos a
observar, tendo em vista a aplicação e posterior execução da medida corretiva prevista na alínea c) do n.º 2.
10 — O disposto no número anterior é aplicável, com as devidas adaptações, à aplicação e posterior execução
da medida corretiva prevista na alínea d) do n.º 2, a qual não pode ultrapassar o período de tempo
correspondente a um ano escolar.
11 — A aplicação das medidas corretivas previstas no n.º 2 é comunicada aos pais ou ao encarregado de
educação, tratando -se de aluno menor de idade.
Artigo 27.º
Atividades de integração na escola ou na comunidade
1 — O cumprimento por parte do aluno da medida corretiva prevista na alínea c) do n.º 2 do artigo anterior
obedece, ainda, ao disposto nos números seguintes.
2 — O cumprimento das medidas corretivas realiza -se em período suplementar ao horário letivo, no espaço
escolar ou fora dele, neste caso com acompanhamento dos pais ou encarregados de educação ou de entidade
local ou localmente instalada idónea e que assuma corresponsabilizar -se, nos termos a definir em protocolo
escrito celebrado nos termos previstos no regulamento interno da escola.
3 — O cumprimento das medidas corretivas realiza -se sempre sob supervisão da escola, designadamente,
através do diretor de turma, do professor tutor e ou da equipa de integração e apoio, quando existam.
4 — O previsto no n.º 2 não isenta o aluno da obrigação de cumprir o horário letivo da turma em que se
encontra inserido ou de permanecer na escola durante o mesmo.
SUBSECÇÃO III
Medidas disciplinares sancionatórias
Artigo 28.º
Medidas disciplinares sancionatórias
1 — As medidas disciplinares sancionatórias traduzem uma sanção disciplinar imputada ao comportamento
do aluno, devendo a ocorrência dos factos suscetíveis de a configurar ser participada de imediato pelo
professor ou funcionário que a presenciou ou dela teve conhecimento à direção do agrupamento de escolas
ou escola não agrupada com conhecimento ao diretor de turma e ao professor tutor ou à equipa de integração
e apoios ao aluno, caso existam.
2 — São medidas disciplinares sancionatórias:
a) A repreensão registada;
b) A suspensão até 3 dias úteis;
118
c) A suspensão da escola entre 4 e 12 dias úteis;
d) A transferência de escola;
e) A expulsão da escola.
3 — A aplicação da medida disciplinar sancionatória de repreensão registada, quando a infração for praticada
na sala de aula, é da competência do professor respetivo, competindo ao diretor do agrupamento de escolas
ou escola não agrupada nas restantes situações, averbando-se no respetivo processo individual do aluno a
identificação do autor do ato decisório, data em que o mesmo foi proferido e fundamentação de facto e de
direito de tal decisão.
4 — A suspensão até três dias úteis, enquanto medida dissuasora, é aplicada, com a devida fundamentação
dos factos que a suportam, pelo diretor do agrupamento de escolas ou escola não agrupada, após o exercício
dos direitos de audiência e defesa do visado.
5 — Compete ao diretor da escola, ouvidos os pais ou o encarregado de educação do aluno, quando menor
de idade, fixar os termos e condições em que a aplicação da medida disciplinar sancionatória referida no
número anterior é executada, garantindo ao aluno um plano de atividades pedagógicas a realizar, com
corresponsabilização daqueles e podendo igualmente, se assim o entender, estabelecer eventuais parcerias ou
celebrar protocolos ou acordos com entidades públicas ou privadas.
6 — Compete ao diretor a decisão de aplicar a medida disciplinar sancionatória de suspensão da escola entre
4 e 12 dias úteis, após a realização do procedimento disciplinar previsto no artigo 30.º, podendo previamente
ouvir o conselho de turma, para o qual deve ser convocado o professor tutor, quando exista e não seja
professor da turma.
7 — O não cumprimento do plano de atividades pedagógicas a que se refere o número anterior pode dar lugar
à instauração de novo procedimento disciplinar, considerando-se a recusa circunstância agravante, nos
termos do n.º 3 do artigo 25.º
8 — A aplicação da medida disciplinar sancionatória de transferência de escola compete, com possibilidade
de delegação, ao diretor-geral da educação, precedendo a conclusão do procedimento disciplinar a que se
refere o artigo 30.º, com fundamento na prática de factos notoriamente impeditivos do prosseguimento do
processo de ensino dos restantes alunos da escola ou do normal relacionamento com algum ou alguns dos
membros da comunidade educativa.
9 — A medida disciplinar sancionatória de transferência de escola apenas é aplicada a aluno de idade igual
ou superior a 10 anos e, frequentando o aluno a escolaridade obrigatória, desde que esteja assegurada a
frequência de outro estabelecimento situado na mesma localidade ou na localidade mais próxima, desde que
servida de transporte público ou escolar.
10 — A aplicação da medida disciplinar de expulsão da escola compete, com possibilidade de delegação, ao
diretor-geral da educação precedendo conclusão do procedimento disciplinar a que se refere o artigo 30.º e
consiste na retenção do aluno no ano de escolaridade que frequenta quando a medida é aplicada e na proibição
de acesso ao espaço escolar até ao final daquele ano escolar e nos dois anos escolares imediatamente
seguintes.
11 — A medida disciplinar de expulsão da escola é aplicada ao aluno maior quando, de modo notório, se
constate não haver outra medida ou modo de responsabilização no sentido do cumprimento dos seus deveres
como aluno.
12 — Complementarmente às medidas previstas no n.º 2, compete ao diretor do agrupamento de escolas ou
escola não agrupada decidir sobre a reparação dos danos ou a substituição dos bens lesados ou, quando
aquelas não forem possíveis, sobre a indemnização dos prejuízos causados pelo aluno à escola ou a terceiros,
podendo o valor da reparação calculado ser reduzido, na proporção a definir pelo diretor, tendo em conta o
grau de responsabilidade do aluno e ou a sua situação socioeconómica.
Artigo 29.º
Cumulação de medidas disciplinares
119
1 — A aplicação das medidas corretivas previstas nas alíneas a), e) do n.º 2 do artigo 26.º é cumulável entre
si.
2 — A aplicação de uma ou mais das medidas corretivas é cumulável apenas com a aplicação de uma medida
disciplinar sancionatória.
3 — Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, por cada infração apenas pode ser aplicada uma
medida disciplinar sancionatória.
Artigo 30.º
Medidas disciplinares sancionatórias — Procedimento disciplinar
1 — A competência para a instauração de procedimento disciplinar por comportamentos suscetíveis de
configurar a aplicação de alguma das medidas previstas nas alíneas c), d) e e) do n.º 2 do artigo 28.º é do
diretor do agrupamento de escolas ou escola não agrupada.
2 — Para efeitos do previsto no número anterior o diretor, no prazo de dois dias úteis após o conhecimento
da situação, emite o despacho instaurador e de nomeação do instrutor, devendo este ser um professor da
escola, e notifica os pais ou encarregado de educação do aluno menor pelo meio mais expedito.
3 — Tratando-se de aluno maior, a notificação é feita diretamente ao próprio.
4 — O diretor do agrupamento de escolas ou escola não agrupada deve notificar o instrutor da sua nomeação
no mesmo dia em que profere o despacho de instauração do procedimento disciplinar.
5 — A instrução do procedimento disciplinar é efetuada no prazo máximo de seis dias úteis, contados da data
de notificação ao instrutor do despacho que instaurou o procedimento disciplinar, sendo obrigatoriamente
realizada, para além das demais diligências consideradas necessárias, a audiência oral dos interessados, em
particular do aluno, e sendo este menor de idade, do respetivo encarregado de educação.
6 — Os interessados são convocados com a antecedência de um dia útil para a audiência oral, não
constituindo a falta de comparência motivo do seu adiamento, podendo esta, no caso de apresentação de
justificação da falta até ao momento fixado para a audiência, ser adiada.
7 — No caso de o respetivo encarregado de educação não comparecer, o aluno menor de idade pode ser
ouvido na presença de um docente por si livremente escolhido e do diretor de turma ou do professor -tutor
do aluno, quando exista, ou, no impedimento destes, de outro professor da turma designado pelo diretor.
8 — Da audiência é lavrada ata de que consta o extrato das alegações feitas pelos interessados.
9 — Finda a instrução, o instrutor elabora e remete ao diretor do agrupamento de escolas ou escola não
agrupada, no prazo de três dias úteis, relatório final do qual constam, obrigatoriamente:
a) Os factos cuja prática é imputada ao aluno, devidamente circunstanciados quanto ao tempo, modo e
lugar;
b) Os deveres violados pelo aluno, com referência expressa às respetivas normas legais ou regulamentares;
c) Os antecedentes do aluno que se constituem como circunstâncias atenuantes ou agravantes nos termos
previstos no artigo 25.º;
d) A proposta de medida disciplinar sancionatória aplicável ou de arquivamento do procedimento.
10 — No caso da medida disciplinar sancionatória proposta ser a transferência de escola ou de expulsão da
escola, a mesma é comunicada para decisão ao diretor-geral da educação, no prazo de dois dias úteis.
Artigo 31.º
Celeridade do procedimento disciplinar
1 — A instrução do procedimento disciplinar prevista nos n. 5 a 8 do artigo anterior pode ser substituída pelo
reconhecimento individual, consciente e livre dos factos, por parte do aluno maior de 12 anos e a seu pedido,
em audiência a promover pelo instrutor, nos dois dias úteis subsequentes à sua nomeação, mas nunca antes
de decorridas vinte e quatro horas sobre o momento previsível da prática dos factos imputados ao aluno.
2 — Na audiência referida no número anterior, estão presentes, além do instrutor, o aluno, o encarregado de
educação do aluno menor de idade e, ainda:
120
a) O diretor de turma ou o professor -tutor do aluno, quando exista, ou, em caso de impedimento e em sua
substituição, um professor da turma designado pelo diretor;
b) Um professor da escola livremente escolhido pelo aluno.
3 — A não comparência do encarregado de educação, quando devidamente convocado, não obsta à realização
da audiência.
4 — Os participantes referidos no n.º 2 têm como missão exclusiva assegurar e testemunhar, através da
assinatura do auto a que se referem os números seguintes, a total consciência do aluno quanto aos factos que
lhe são imputados e às suas consequências, bem como a sua total liberdade no momento da respetiva
declaração de reconhecimento.
5 — Na audiência é elaborado auto, no qual constam, entre outros, os elementos previstos nas alíneas a) e b)
do n.º 9 do artigo anterior, o qual, previamente a qualquer assinatura, é lido em voz alta e explicado ao aluno
pelo instrutor, com a informação clara e expressa de que não está obrigado a assiná-lo.
6 — O facto ou factos imputados ao aluno só são considerados validamente reconhecidos com a assinatura
do auto por parte de todos os presentes, sendo que, querendo assinar, o aluno o faz antes de qualquer outro
elemento presente.
7 — O reconhecimento dos factos por parte do aluno é considerado circunstância atenuante, nos termos e
para os efeitos previstos no n.º 2 do artigo 25.º, encerrando a fase da instrução e seguindo -se -lhe os
procedimentos previstos no artigo anterior.
8 — A recusa do reconhecimento por parte do aluno implica a necessidade da realização da instrução,
podendo o instrutor aproveitar a presença dos intervenientes para a realização da audiência oral prevista no
artigo anterior.
Artigo 32.º
Suspensão preventiva do aluno
1 — No momento da instauração do procedimento disciplinar, mediante decisão da entidade que o instaurou,
ou no decurso da sua instauração por proposta do instrutor, o diretor pode decidir a suspensão preventiva do
aluno, mediante despacho fundamentado sempre que:
a) A sua presença na escola se revelar gravemente perturbadora do normal funcionamento das atividades
escolares;
b) Tal seja necessário e adequado à garantia da paz pública e da tranquilidade na escola;
c) A sua presença na escola prejudique a instrução do procedimento disciplinar.
2 — A suspensão preventiva tem a duração que o diretor do agrupamento de escolas ou escola não agrupada
considerar adequada na situação em concreto, sem prejuízo de, por razões devidamente fundamentadas, poder
ser prorrogada até à data da decisão do procedimento disciplinar, não podendo, em qualquer caso, exceder
10 dias úteis.
3 — Os efeitos decorrentes da ausência do aluno no decurso do período de suspensão preventiva, no que
respeita à avaliação da aprendizagem, são determinados em função da decisão que vier a ser proferida no
final do procedimento disciplinar, nos termos estabelecidos no presente Estatuto e no regulamento interno da
escola.
4 — Os dias de suspensão preventiva cumpridos pelo aluno são descontados no cumprimento da medida
disciplinar sancionatória prevista na alínea c) do n.º 2 do artigo 28.º a que o aluno venha a ser condenado na
sequência do procedimento disciplinar previsto no artigo 30.º
5 — Os pais e os encarregados de educação são imediatamente informados da suspensão preventiva aplicada
ao filho ou educando e, sempre que a avaliação que fizer das circunstâncias o aconselhe, o diretor do
agrupamento de escolas ou escola não agrupada deve participar a ocorrência à respetiva comissão de proteção
de crianças e jovens ou, na falta, ao Ministério Público junto do tribunal de família e menores.
6 — Ao aluno suspenso preventivamente é também fixado, durante o período de ausência da escola, o plano
de atividades previsto no n.º 5 do artigo 28.º
121
7 — A suspensão preventiva do aluno é comunicada, por via eletrónica, pelo diretor do agrupamento de
escolas ou escola não agrupada ao serviço do Ministério da Educação e Ciência responsável pela coordenação
da segurança escolar, sendo identificados sumariamente os intervenientes, os factos e as circunstâncias que
motivaram a decisão de suspensão.
Artigo 33.º
Decisão final
1 — A decisão final do procedimento disciplinar, devidamente fundamentada, é proferida no prazo máximo
de dois dias úteis, a contar do momento em que a entidade competente para o decidir receba o relatório do
instrutor, sem prejuízo do disposto no n.º 4.
2 — A decisão final do procedimento disciplinar fixa o momento a partir do qual se inicia a execução da
medida disciplinar sancionatória, sem prejuízo da possibilidade de suspensão da execução da medida, nos
termos do número seguinte.
3 — A execução da medida disciplinar sancionatória, com exceção da referida nas alíneas d) e e) do n.º 2 do
artigo 28.º, pode ficar suspensa por um período de tempo e nos termos e condições que a entidade decisora
considerar justo, adequado e razoável, cessando a suspensão logo que ao aluno seja aplicada outra medida
disciplinar sancionatória no respetivo decurso.
4 — Quando esteja em causa a aplicação da medida disciplinar sancionatória de transferência de escola ou
de expulsão da escola, o prazo para ser proferida a decisão final é de cinco dias úteis, contados a partir da
receção do processo disciplinar na Direção-Geral de Educação.
5 — Da decisão proferida pelo diretor-geral da educação que aplique a medida disciplinar sancionatória de
transferência de escola deve igualmente constar a identificação do estabelecimento de ensino para onde o
aluno vai ser transferido, para cuja escolha se procede previamente à audição do respetivo encarregado de
educação, quando o aluno for menor de idade.
6 — A decisão final do procedimento disciplinar é notificada pessoalmente ao aluno no dia útil seguinte
àquele em que foi proferida, ou, quando menor de idade, aos pais ou respetivo encarregado de educação, nos
dois dias úteis seguintes.
7 — Sempre que a notificação prevista no número anterior não seja possível, é realizada através de carta
registada com aviso de receção, considerando-se o aluno, ou quando este for menor de idade, os pais ou o
respetivo encarregado de educação, notificados na data da assinatura do aviso de receção.
8 — Tratando-se de alunos menores, a aplicação de medida disciplinar sancionatória igual ou superior à de
suspensão da escola por período superior a cinco dias úteis e cuja execução não tenha sido suspensa, nos
termos previstos nos n.os 2 e 3 anteriores, é obrigatoriamente comunicada pelo diretor da escola à respetiva
comissão de proteção de crianças e jovens em risco.
SECÇÃO III
Execução das medidas disciplinares
Artigo 34.º
Execução das medidas corretivas e disciplinares sancionatórias
1 — Compete ao diretor de turma e ou ao professor -tutor do aluno, caso tenha sido designado, ou ao professor
titular o acompanhamento do aluno na execução da medida corretiva ou disciplinar sancionatória a que foi
sujeito, devendo aquele articular a sua atuação com os pais ou encarregados de educação e com os professores
da turma, em função das necessidades educativas identificadas e de forma a assegurar a corresponsabilização
de todos os intervenientes nos efeitos educativos da medida.
2 — A competência referida no número anterior é especialmente relevante aquando da execução da medida
corretiva de atividades de integração na escola ou no momento do regresso à escola do aluno a quem foi
aplicada a medida disciplinar sancionatória de suspensão da escola.
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3 — O disposto no número anterior aplica -se também aquando da integração do aluno na nova escola para
que foi transferido na sequência da aplicação dessa medida disciplinar sancionatória.
4 — Na prossecução das finalidades referidas no n.º 1, a escola conta com a colaboração dos serviços
especializados de apoio educativo e ou das equipas multidisciplinares, a definir em regulamento interno, nos
termos do artigo seguinte.
Artigo 35.º
Equipas multidisciplinares
1 — Todos os agrupamentos de escolas ou escolas não agrupadas podem, se necessário, constituir uma equipa
multidisciplinar destinada a acompanhar em permanência os alunos, designadamente aqueles que revelem
maiores dificuldades de aprendizagem, risco de abandono escolar, comportamentos de risco ou gravemente
violadores dos deveres do aluno ou se encontrem na iminência de ultrapassar os limites de faltas previstos
no presente Estatuto.
2 — As equipas multidisciplinares referidas no número anterior devem pautar as suas intervenções nos
âmbitos da capacitação do aluno e da capacitação parental tendo como referência boas práticas nacional e
internacionalmente reconhecidas.
3 — As equipas a que se refere o presente artigo têm uma constituição diversificada, prevista no regulamento
interno, na qual participam docentes e técnicos detentores de formação especializada e ou de experiência e
vocação para o exercício da função, integrando, sempre que possível ou a situação o justifique, os diretores
de turma, os professores -tutores, psicólogos e ou outros técnicos e serviços especializados, médicos escolares
ou que prestem apoio à escola, os serviços de ação social escolar, os responsáveis pelas diferentes áreas e
projetos de natureza extracurricular, equipas ou gabinetes escolares de promoção da saúde, bem como
voluntários cujo contributo seja relevante face aos objetivos a prosseguir.
4 — As equipas são constituídas por membros escolhidos em função do seu perfil, competência técnica,
sentido de liderança e motivação para o exercício da missão e coordenadas por um dos seus elementos
designado pelo diretor, em condições de assegurar a referida coordenação com caráter de permanência e
continuidade, preferencialmente, um psicólogo.
5 — A atuação das equipas multidisciplinares prossegue, designadamente, os seguintes objetivos:
a) Inventariar as situações problemáticas com origem na comunidade envolvente, alertando e motivando
os agentes locais para a sua intervenção, designadamente preventiva;
b) Promover medidas de integração e inclusão do aluno na escola tendo em conta a sua envolvência
familiar e social;
c) Atuar preventivamente relativamente aos alunos que se encontrem nas situações referidas no n.º 1;
d) Acompanhar os alunos nos planos de integração na escola e na aquisição e desenvolvimento de métodos
de estudo, de trabalho escolar e medidas de recuperação da aprendizagem;
e) Supervisionar a aplicação de medidas corretivas e disciplinares sancionatórias, sempre que essa missão
lhe seja atribuída;
f) Aconselhar e propor percursos alternativos aos alunos em risco, em articulação com outras equipas ou
serviços com atribuições nessa área;
g) Propor o estabelecimento de parcerias com órgãos e instituições, públicas ou privadas, da comunidade
local, designadamente com o tecido socioeconómico e empresarial, de apoio social na comunidade,
com a rede social municipal, de modo a participarem na proposta ou execução das diferentes medidas
de integração escolar, social ou profissional dos jovens em risco previstas neste Estatuto;
h) Estabelecer ligação com as comissões de proteção de crianças e jovens em risco, designadamente, para
os efeitos e medidas previstas neste Estatuto, relativas ao aluno e ou às suas famílias;
i) Promover as sessões de capacitação parental, conforme previsto nos n. 4 e 5 do artigo 44.º;
j) Promover a formação em gestão comportamental, constante do n.º 4 do artigo 46.º;
k) Assegurar a mediação social, procurando, supletivamente, outros agentes para a mediação na
comunidade educativa e no meio envolvente, nomeadamente pais e encarregados de educação.
123
6 — Nos termos do n.º 1, no âmbito de cada agrupamento de escolas ou escola não agrupada, as equipas
multidisciplinares oferecem, sempre que possível, um serviço que cubra em permanência a totalidade do
período letivo diurno, recorrendo para o efeito, designadamente a docentes com ausência de componente
letiva, às horas provenientes do crédito horário ou a horas da componente não letiva de estabelecimento, sem
prejuízo do incentivo ao trabalho voluntário de membros da comunidade educativa.
SECÇÃO IV
Recursos e salvaguarda da convivência escolar
Artigo 36.º
Recursos
1 — Da decisão final de aplicação de medida disciplinar cabe recurso, a interpor no prazo de cinco dias úteis,
apresentado nos serviços administrativos do agrupamento de escolas ou escola não agrupada e dirigido:
a) Ao conselho geral do agrupamento de escolas ou escola não agrupada, relativamente a medidas
aplicadas pelos professores ou pelo diretor;
b) Para o membro do governo competente, relativamente às medidas disciplinares sancionatórias
aplicadas pelo diretor -geral da educação.
2 — O recurso tem efeito meramente devolutivo, exceto quando interposto de decisão de aplicação das
medidas disciplinares sancionatórias previstas nas alíneas c) a e) do n.º 2 do artigo 28.º
3 — O presidente do conselho geral designa, de entre os seus membros, um relator, a quem compete analisar
o recurso e apresentar ao conselho geral uma proposta de decisão.
4 — Para os efeitos previstos no número anterior, pode o regulamento interno prever a constituição de uma
comissão especializada do conselho geral constituída, entre outros, por professores e pais ou encarregados
de educação, cabendo a um dos seus membros o desempenho da função de relator.
5 — A decisão do conselho geral é tomada no prazo máximo de 15 dias úteis e notificada aos interessados
pelo diretor, nos termos dos n.os 6 e 7 do artigo 33.º
6 — O despacho que apreciar o recurso referido na alínea b) do n.º 1 é remetido à escola, no prazo de cinco
dias úteis, cabendo ao respetivo diretor a adequada notificação, nos termos referidos no número anterior.
Artigo 37.º
Salvaguarda da convivência escolar
1 — Qualquer professor ou aluno da turma contra quem outro aluno tenha praticado ato de agressão moral
ou física, do qual tenha resultado a aplicação efetiva de medida disciplinar sancionatória de suspensão da
escola por período superior a oito dias úteis, pode requerer ao diretor a transferência do aluno em causa para
turma à qual não lecione ou não pertença, quando o regresso daquele à turma de origem possa provocar grave
constrangimento aos ofendidos e perturbação da convivência escolar.
2 — O diretor decidirá sobre o pedido no prazo máximo de cinco dias úteis, fundamentando a sua decisão.
3 — O indeferimento do diretor só pode ser fundamentado na inexistência na escola ou no agrupamento de
outra turma na qual o aluno possa ser integrado, para efeitos da frequência da disciplina ou disciplinas em
causa ou na impossibilidade de corresponder ao pedido sem grave prejuízo para o percurso formativo do
aluno agressor.
SECÇÃO V
Responsabilidade civil e criminal
Artigo 38.º
Responsabilidade civil e criminal
124
1 — A aplicação de medida corretiva ou medida disciplinar sancionatória não isenta o aluno e o respetivo
representante legal da responsabilidade civil e criminal a que, nos termos gerais de direito, haja lugar.
2 — Sem prejuízo do recurso, por razões de urgência, às autoridades policiais, quando o comportamento do
aluno maior de 12 anos e menor de 16 anos puder constituir facto qualificado como crime, deve a direção da
escola comunicar o facto ao Ministério Público junto do tribunal competente em matéria de menores.
3 — Caso o menor tenha menos de 12 anos de idade, a comunicação referida no número anterior deve ser
dirigida à comissão de proteção de crianças e jovens ou, na falta deste, ao Ministério Público junto do tribunal
referido no número anterior.
4 — O início do procedimento criminal pelos factos que constituam crime e que sejam suscetíveis de
desencadear medida disciplinar sancionatória depende apenas de queixa ou de participação pela direção da
escola, devendo o seu exercício fundamentar-se em razões que ponderem, em concreto, o interesse da
comunidade educativa no desenvolvimento do procedimento criminal perante os interesses relativos à
formação do aluno em questão.
5 — O disposto no número anterior não prejudica o exercício do direito de queixa por parte dos membros da
comunidade educativa que sejam lesados nos seus direitos e interesses legalmente protegidos.
CAPÍTULO V
Responsabilidade e autonomia
SECÇÃO I
Responsabilidade da comunidade educativa
Artigo 39.º
Responsabilidade dos membros da comunidade educativa
1 — A autonomia dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas pressupõe a responsabilidade de
todos os membros da comunidade educativa pela salvaguarda efetiva do direito à educação e à igualdade de
oportunidades no acesso à escola, bem como a promoção de medidas que visem o empenho e o sucesso
escolares, a prossecução integral dos objetivos dos referidos projetos educativos, incluindo os de integração
sociocultural, e o desenvolvimento de uma cultura de cidadania capaz de fomentar os valores da pessoa
humana, da democracia e exercício responsável da liberdade individual e do cumprimento dos direitos e
deveres que lhe estão associados.
2 — A escola é o espaço coletivo de salvaguarda efetiva do direito à educação, devendo o seu funcionamento
garantir plenamente aquele direito.
3 — A comunidade educativa referida no n.º 1 integra, sem prejuízo dos contributos de outras entidades, os
alunos, os pais ou encarregados de educação, os professores, o pessoal não docente das escolas, as autarquias
locais e os serviços da administração central e regional com intervenção na área da educação, nos termos das
respetivas responsabilidades e competências.
Artigo 40.º
Responsabilidade dos alunos
1 — Os alunos são responsáveis, em termos adequados à sua idade e capacidade de discernimento, pelo
exercício dos direitos e pelo cumprimento dos deveres que lhe são outorgados pelo presente Estatuto, pelo
regulamento interno da escola e pela demais legislação aplicável.
2 — A responsabilidade disciplinar dos alunos implica o respeito integral pelo presente Estatuto, pelo
regulamento interno da escola, pelo património da mesma, pelos demais alunos, funcionários e, em especial,
professores.
3 — Nenhum aluno pode prejudicar o direito à educação dos demais.
Artigo 41.º
Papel especial dos professores
125
1 — Os professores, enquanto principais responsáveis pela condução do processo de ensino, devem promover
medidas de caráter pedagógico que estimulem o harmonioso desenvolvimento da educação, em ambiente de
ordem e disciplina nas atividades na sala de aula e na escola.
2 — O diretor de turma ou, tratando -se de alunos do 1.º ciclo do ensino básico, o professor titular de turma,
enquanto coordenador do plano de trabalho da turma, é o principal responsável pela adoção de medidas
tendentes à melhoria das condições de aprendizagem e à promoção de um bom ambiente educativo,
competindo -lhe articular a intervenção dos professores da turma e dos pais ou encarregados de educação e
colaborar com estes no sentido de prevenir e resolver problemas comportamentais ou de aprendizagem.
Artigo 42.º
Autoridade do professor
1 — A lei protege a autoridade dos professores nos domínios pedagógico, científico, organizacional,
disciplinar e de formação cívica.
2 — A autoridade do professor exerce -se dentro e fora da sala de aula, no âmbito das instalações escolares
ou fora delas, no exercício das suas funções.
3 — Consideram -se suficientemente fundamentadas, para todos os efeitos legais, as propostas ou as decisões
dos professores relativas à avaliação dos alunos quando oralmente apresentadas e justificadas perante o
conselho de turma e sumariamente registadas na ata, as quais se consideram ratificadas pelo referido conselho
com a respetiva aprovação, exceto se o contrário daquela expressamente constar.
4 — Os professores gozam de especial proteção da lei penal relativamente aos crimes cometidos contra a sua
pessoa ou o seu património, no exercício das suas funções ou por causa delas, sendo a pena aplicável ao
crime respetivo agravada em um terço nos seus limites mínimo e máximo.
Artigo 43.º
Responsabilidade dos pais ou encarregados de educação
1 — Aos pais ou encarregados de educação incumbe uma especial responsabilidade, inerente ao seu poder -
dever de dirigirem a educação dos seus filhos e educandos no interesse destes e de promoverem ativamente
o desenvolvimento físico, intelectual e cívico dos mesmos.
2 — Nos termos da responsabilidade referida no número anterior, deve cada um dos pais ou encarregados de
educação, em especial:
a) Acompanhar ativamente a vida escolar do seu educando;
b) Promover a articulação entre a educação na família e o ensino na escola;
c) Diligenciar para que o seu educando beneficie, efetivamente, dos seus direitos e cumpra
rigorosamente os deveres que lhe incumbem, nos termos do presente Estatuto, procedendo com
correção no seu comportamento e empenho no processo de ensino;
d) Contribuir para a criação e execução do projeto educativo e do regulamento interno da escola e
participar na vida da escola;
e) Cooperar com os professores no desempenho da sua missão pedagógica, em especial quando para tal
forem solicitados, colaborando no processo de ensino dos seus educandos;
f) Reconhecer e respeitar a autoridade dos professores no exercício da sua profissão e incutir nos seus
filhos ou educandos o dever de respeito para com os professores, o pessoal não docente e os colegas
da escola, contribuindo para a preservação da disciplina e harmonia da comunidade educativa;
g) Contribuir para o correto apuramento dos factos em procedimento de índole disciplinar instaurado ao
seu educando, participando nos atos e procedimentos para os quais for notificado e, sendo aplicada
a este medida corretiva ou medida disciplinar sancionatória, diligenciar para que a mesma prossiga
os objetivos de reforço da sua formação cívica, do desenvolvimento equilibrado da sua
personalidade, da sua capacidade de se relacionar com os outros, da sua plena integração na
comunidade educativa e do seu sentido de responsabilidade;
126
h) Contribuir para a preservação da segurança e integridade física e psicológica de todos os que
participam na vida da escola;
i) Integrar ativamente a comunidade educativa no desempenho das demais responsabilidades desta, em
especial informando -a e informando -se sobre todas as matérias relevantes no processo educativo
dos seus educandos;
j) Comparecer na escola sempre que tal se revele necessário ou quando para tal for solicitado;
k) Conhecer o presente Estatuto, bem como o regulamento interno da escola e subscrever declaração
anual de aceitação do mesmo e de compromisso ativo quanto ao seu cumprimento integral;
l) Indemnizar a escola relativamente a danos patrimoniais causados pelo seu educando;
m) Manter constantemente atualizados os seus contactos telefónico, endereço postal e eletrónico, bem
como os do seu educando, quando diferentes, informando a escola em caso de alteração.
3 — Os pais ou encarregados de educação são responsáveis pelos deveres dos seus filhos e educandos, em
especial quanto à assiduidade, pontualidade e disciplina.
4 — Para efeitos do disposto no presente Estatuto, considera -se encarregado de educação quem tiver menores
a residir consigo ou confiado aos seus cuidados:
a) Pelo exercício das responsabilidades parentais;
b) Por decisão judicial;
c) Pelo exercício de funções executivas na direção de instituições que tenham menores, a qualquer título,
à sua responsabilidade;
d) Por mera autoridade de facto ou por delegação, devidamente comprovada, por parte de qualquer das
entidades referidas nas alíneas anteriores.
5 — Em caso de divórcio ou de separação e, na falta de acordo dos progenitores, o encarregado de educação
será o progenitor com quem o menor fique a residir.
6 — Estando estabelecida a residência alternada com cada um dos progenitores, deverão estes decidir, por
acordo ou, na falta deste, por decisão judicial, sobre o exercício das funções de encarregado de educação.
7 — O encarregado de educação pode ainda ser o pai ou a mãe que, por acordo expresso ou presumido entre
ambos, é indicado para exercer essas funções, presumindo-se ainda, até qualquer indicação em contrário, que
qualquer ato que pratica relativamente ao percurso escolar do filho é realizado por decisão conjunta do outro
progenitor.
Artigo 44.º
Incumprimento dos deveres por parte dos pais ou encarregados de educação
1 — O incumprimento pelos pais ou encarregados de educação, relativamente aos seus filhos ou educandos
menores ou não emancipados, dos deveres previstos no artigo anterior, de forma consciente e reiterada,
implica a respetiva responsabilização nos termos da lei e do presente Estatuto.
2 — Constitui incumprimento especialmente censurável dos deveres dos pais ou encarregados de educação:
a) O incumprimento dos deveres de matrícula, frequência, assiduidade e pontualidade pelos filhos e ou
educandos, bem como a ausência de justificação para tal incumprimento, nos termos dos n.os 2 a 5 do
artigo 16.º;
b) A não comparência na escola sempre que os seus filhos e ou educandos atinjam metade do limite de
faltas injustificadas, nos termos do n.º 3 do artigo 18.º, ou a sua não comparência ou não pronúncia, nos
casos em que a sua audição é obrigatória, no âmbito de procedimento disciplinar instaurado ao seu filho
ou educando, nos termos previstos nos artigos 30.º e 31.º;
c) A não realização, pelos seus filhos e ou educandos, das medidas de recuperação definidas pela escola
nos termos do presente Estatuto, das atividades de integração na escola e na comunidade decorrentes da
aplicação de medidas disciplinares corretivas e ou sancionatórias, bem como a não comparência destes
em consultas ou terapias prescritas por técnicos especializados.
3 — O incumprimento reiterado, por parte dos pais ou encarregados de educação, dos deveres a que se refere
o número anterior, determina a obrigação, por parte da escola, de comunicação do facto à competente
127
comissão de proteção de crianças e jovens ou ao Ministério Público, nos termos previstos no presente
Estatuto.
4 — O incumprimento consciente e reiterado pelos pais ou encarregado de educação de alunos menores de
idade dos deveres estabelecidos no n.º 2 pode ainda determinar por decisão da comissão de proteção de
crianças e jovens ou do Ministério Público, na sequência da análise efetuada após a comunicação prevista no
número anterior, a frequência em sessões de capacitação parental, a promover pela equipa multidisciplinar
do agrupamento de escolas ou escolas não agrupadas, sempre que possível, com a participação das entidades
a que se refere o n.º 3 do artigo 53.º, e no quadro das orientações definidas pelos ministérios referidos no seu
n.º 2.
5 — Nos casos em que não existam equipas multidisciplinares constituídas, compete à comissão de proteção
de crianças e jovens ou, na sua inexistência, ao Ministério Público dinamizar as ações de capacitação parental
a que se refere o número anterior, mobilizando, para o efeito, a escola ou agrupamento, bem como as demais
entidades a que se refere o artigo 53.º
6 — Tratando-se de família beneficiária de apoios sociofamiliares concedidos pelo Estado, o facto é também
comunicado aos serviços competentes, para efeito de reavaliação, nos termos da legislação aplicável, dos
apoios sociais que se relacionem com a frequência escolar dos seus educandos e não incluídos no âmbito da
ação social escolar ou do transporte escolar recebidos pela família.
7 — O incumprimento por parte dos pais ou encarregados de educação do disposto na parte final da alínea
b) do n.º 2 do presente artigo presume a sua concordância com as medidas aplicadas ao seu filho ou educando,
exceto se provar não ter sido cumprido, por parte da escola, qualquer dos procedimentos obrigatórios
previstos nos artigos 30.º e 31.º do presente Estatuto.
Artigo 45.º
Contraordenações
1 — A manutenção da situação de incumprimento consciente e reiterado por parte dos pais ou encarregado
de educação de alunos menores de idade dos deveres a que se refere o n.º 2 do artigo anterior, aliado à recusa,
à não comparência ou à ineficácia das ações de capacitação parental determinadas e oferecidas nos termos
do referido artigo, constitui contraordenação.
2 — As contraordenações previstas no n.º 1 são punidas com coima de valor igual ao valor máximo
estabelecido para os alunos do escalão B do ano ou ciclo de escolaridade frequentado pelo educando em
causa, na regulamentação que define os apoios no âmbito da ação social escolar para aquisição de manuais
escolares.
3 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, quando a sanção prevista no presente artigo resulte do
incumprimento por parte dos pais ou encarregados de educação dos seus deveres relativamente a mais do que
um educando, são levantados tantos autos quanto o número de educandos em causa.
4 — Na situação a que se refere o número anterior, o valor global das coimas não pode ultrapassar, na mesma
escola ou agrupamento e no mesmo ano escolar, o valor máximo mais elevado estabelecido para um aluno
do escalão B do 3.º ciclo do ensino básico, na regulamentação que define os apoios no âmbito da ação social
escolar para a aquisição de manuais escolares.
5 — Tratando-se de pais ou encarregados de educação cujos educandos beneficiam de apoios no âmbito da
ação social escolar, em substituição das coimas previstas nos n. 2 a 4, podem ser aplicadas as sanções de
privação de direito a apoios escolares e sua restituição, desde que o seu benefício para o aluno não esteja a
ser realizado.
6 — A negligência é punível.
7 — Compete ao diretor -geral da administração escolar, por proposta do diretor da escola ou agrupamento,
a elaboração dos autos de notícia, a instrução dos respetivos processos de contraordenação, sem prejuízo da
colaboração dos serviços inspetivos em matéria de educação, e a aplicação das coimas.
8 — O produto das coimas aplicadas nos termos dos números anteriores constitui receita própria da escola
ou agrupamento.
128
9 — O incumprimento, por causa imputável ao encarregado de educação ou ao seu educando, do pagamento
das coimas a que se referem os n.os 2 a 4 ou do dever de restituição dos apoios escolares estabelecido no n.º
5, quando exigido, pode determinar, por decisão do diretor da escola ou agrupamento:
a) No caso de pais ou encarregados de educação aos quais foi aplicada a sanção alternativa prevista no n.º
5, a privação, no ano escolar seguinte, do direito a apoios no âmbito da ação social escolar relativos a
manuais escolares;
b) Nos restantes casos, a aplicação de coima de valor igual ao dobro do valor previsto nos n.os 2, 3 ou 4,
consoante os casos.
10 — Sem prejuízo do estabelecido na alínea a) do n.º 9, a duração máxima da sanção alternativa prevista no
n.º 5 é de um ano escolar.
11 — Em tudo o que não se encontrar previsto na presente lei em matéria de contraordenações, são aplicáveis
as disposições do Regime Geral do Ilícito de Mera Ordenação Social.
Artigo 46.º
Papel do pessoal não docente das escolas
1 — O pessoal não docente das escolas deve colaborar no acompanhamento e integração dos alunos na
comunidade educativa, incentivando o respeito pelas regras de convivência, promovendo um bom ambiente
educativo e contribuindo, em articulação com os docentes, os pais ou encarregados de educação, para
prevenir e resolver problemas comportamentais e de aprendizagem.
2 — Aos técnicos de serviços de psicologia e orientação escolar e profissional, integrados ou não em equipas,
incumbe ainda o papel especial de colaborar na identificação e prevenção de situações problemáticas de
alunos e fenómenos de violência, na elaboração de planos de acompanhamento para estes, envolvendo a
comunidade educativa.
3 — O pessoal não docente das escolas deve realizar formação em gestão comportamental, se tal for
considerado útil para a melhoria do ambiente escolar.
4 — A necessidade de formação constante do número anterior é identificada pelo diretor do agrupamento de
escolas ou escola não agrupada e deve, preferencialmente, ser promovida pela equipa multidisciplinar.
Artigo 47.º
Intervenção de outras entidades
1 — Perante situação de perigo para a segurança, saúde, ou educação do aluno, designadamente por ameaça
à sua integridade física ou psicológica, deve o diretor do agrupamento de escolas ou escola não agrupada
diligenciar para lhe pôr termo, pelos meios estritamente adequados e necessários e sempre com preservação
da vida privada do aluno e da sua família, atuando de modo articulado com os pais, representante legal ou
quem tenha a guarda de facto do aluno.
2 — Para efeitos do disposto no número anterior, deve o diretor do agrupamento de escolas ou escola não
agrupada solicitar, quando necessário, a cooperação das entidades competentes do setor público, privado ou
social.
3 — Quando se verifique a oposição dos pais, representante legal ou quem tenha a guarda de facto do aluno,
à intervenção da escola no âmbito da competência referida nos números anteriores, o diretor do agrupamento
de escolas ou escola não agrupada deve comunicar imediatamente a situação à comissão de proteção de
crianças e jovens com competência na área de residência do aluno ou, no caso de esta não se encontrar
instalada, ao magistrado do Ministério Público junto do tribunal competente.
4 — Se a escola, no exercício da competência referida nos n.os 1 e 2, não conseguir assegurar, em tempo
adequado, a proteção suficiente que as circunstâncias do caso exijam, cumpre ao diretor do agrupamento de
escolas ou escola não agrupada comunicar a situação às entidades referidas no número anterior.
SECÇÃO II
Autonomia da escola
129
Artigo 48.º
Vivência escolar
O regulamento interno, enquanto instrumento normativo da autonomia da escola, prevê e garante as regras
de convivência que assegurem o cumprimento dos objetivos do projeto educativo, a harmonia das relações
interpessoais e a integração social, o pleno desenvolvimento físico, intelectual e cívico dos alunos, a
preservação da segurança destes e do património da escola e dos restantes membros da comunidade
educativa, assim como a realização profissional e pessoal dos docentes e não docentes.
Artigo 49.º
Regulamento interno da escola
1 — O regulamento interno da escola tem por objeto:
a) O desenvolvimento do disposto na presente lei e demais legislação de caráter estatutário;
b) A adequação à realidade da escola das regras de convivência e de resolução de conflitos na respetiva
comunidade educativa;
c) As regras e procedimentos a observar em matéria de delegação das competências do diretor, nos
restantes membros do órgão de administração e gestão ou no conselho de turma.
2 — No desenvolvimento do disposto na alínea b) do número anterior, o regulamento interno da escola pode
dispor, entre outras matérias, quanto:
a) Aos direitos e deveres dos alunos inerentes à especificidade da vivência escolar;
b) À utilização das instalações e equipamentos;
c) Ao acesso às instalações e espaços escolares;
d) Ao reconhecimento e à valorização do mérito, da dedicação e do esforço no trabalho escolar, bem como
do desempenho de ações meritórias em favor da comunidade em que o aluno está inserido ou da
sociedade em geral, praticadas na escola ou fora dela.
Artigo 50.º
Elaboração do regulamento interno da escola
O regulamento interno da escola é elaborado nos termos do regime de autonomia, administração e gestão dos
estabelecimentos da educação pré -escolar e dos ensinos básico e secundário, aprovado pelo Decreto -Lei n.º
75/2008, de 22 de abril, na sua redação atual, devendo nessa elaboração participar a comunidade escolar, em
especial através do funcionamento do conselho geral.
Artigo 51.º
Divulgação do regulamento interno da escola
1 — O regulamento interno da escola é publicitado no Portal das Escolas e na escola, em local visível e
adequado, sendo fornecido gratuitamente ao aluno, quando inicia a frequência da escola e sempre que o
regulamento seja objeto de atualização.
2 — Os pais ou encarregados de educação devem, no ato da matrícula, nos termos da alínea k) do n.º 2 do
artigo 43.º, conhecer o regulamento interno da escola e subscrever, fazendo subscrever igualmente aos seus
filhos e educandos, declaração anual, em duplicado, de aceitação do mesmo e de compromisso ativo quanto
ao seu cumprimento integral.
CAPÍTULO VI
Disposições finais e transitórias
Artigo 52.º
Legislação subsidiária
Em tudo o que não se encontrar especialmente regulado na presente lei aplica-se subsidiariamente o Código
do Procedimento Administrativo.
130
Artigo 53.º
Divulgação do Estatuto do Aluno e Ética Escolar
1 — O presente Estatuto e demais legislação relativa ao funcionamento das escolas devem estar disponíveis
para consulta de todos os membros da comunidade educativa, em local ou pela forma a indicar no
regulamento interno.
2 — O Ministério da Educação e Ciência, em articulação com o Ministério da Justiça e com o Ministério da
Solidariedade e da Segurança Social, promoverá as ações de formação necessárias à implementação e correta
aplicação do presente Estatuto.
3 — As ações de formação previstas no número anterior poderão incluir a participação e colaboração de
juízes e magistrados do Ministério Público dos tribunais de família e menores, membros ou representantes
da Comissão Nacional de Proteção de Crianças e Jovens em Risco ou das comissões de proteção de crianças
e jovens, técnicos das equipas multidisciplinares de apoio aos tribunais da segurança social, membros da
comunidade educativa e outros profissionais que tenham participação no percurso escolar das crianças e dos
jovens.
Artigo 54.º
Sucessão de regimes
O disposto na presente lei aplica-se apenas às situações constituídas após a sua entrada em vigor.
Artigo 55.º
Norma revogatória
1 — São revogados:
a) O Estatuto do Aluno dos Ensinos Básico e Secundário, aprovado pela Lei n.º 30/2002, de 20 de
dezembro, alterado pelas Leis n.os 3/2008, de 18 de janeiro, e 39/2012, de 2 de setembro;
b) Os artigos 26.º e 27.º do Decreto -Lei n.º 301/93, de 31 de agosto.
2 — Consideram-se remetidas para disposições homólogas ou equivalentes do presente Estatuto todas as
remissões feitas em legislação anterior para o Estatuto do Aluno dos Ensinos Básico e Secundário ora
revogado.
Artigo 56.º
Entrada em vigor
A presente lei entra em vigor no início do ano escolar de 2012 -2013.
Aprovada em 25 de julho de 2012.
A Presidente da Assembleia da República, Maria da Assunção A. Esteves.
Promulgada em 24 de agosto de 2012. Publique -se.
O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.
Referendada em 28 de agosto de 2012.
O Primeiro -Ministro, Pedro Passos Coelho.
131
LEI DE BASES DO SISTEMA EDUCATIVO
Decreto Lei nº 49/2005 30 de Agosto
A Lei Nº 46/1986, de 14 de Outubro, com as alterações introduzidas pela Lei Nº 115/1997, de 19 de
Setembro, e com as alterações e aditamentos introduzidos pela presente lei, é republicada e
renumerada na sua totalidade em anexo, que dela faz parte integrante.
Capítulo I
Âmbito e princípios
Artigo 1º
Âmbito e definição
1 - A presente lei estabelece o quadro geral do sistema educativo.
2 - O sistema educativo é o conjunto de meios pelo qual se concretiza o direito à educação, que se exprime
pela garantia de uma permanente acção formativa orientada para favorecer o desenvolvimento global da
personalidade, o progresso social e a democratização da sociedade.
3 - O sistema educativo desenvolve-se segundo um conjunto organizado de estruturas e de acções
diversificadas, por iniciativa e sob responsabilidade de diferentes instituições e entidades públicas,
particulares e cooperativas. 4 - O sistema educativo tem por âmbito geográfico a totalidade do território
português - continente e Regiões Autónomas -, mas deve ter uma expressão suficientemente flexível e
diversificada, de modo a abranger a generalidade dos países e dos locais em que vivam comunidades de
portugueses ou em que se verifique acentuado interesse pelo desenvolvimento e divulgação da cultura
portuguesa.
5 - A coordenação da política relativa ao sistema educativo, independentemente das instituições que o
compõem, incumbe a um ministério especialmente vocacionado para o efeito.
Artigo 2º
Princípios gerais
1 - Todos os portugueses têm direito à educação e à cultura, nos termos da Constituição da República.
2 - É da especial responsabilidade do Estado promover a democratização do ensino, garantindo o direito a
uma justa e efectiva igualdade de oportunidades no acesso e sucesso escolares.
3 - No acesso à educação e na sua prática é garantido a todos os portugueses o respeito pelo princípio da
liberdade de aprender e de ensinar, com tolerância para com as escolhas possíveis, tendo em conta,
designadamente, os seguintes princípios:
a) O Estado não pode atribuir-se o direito de programar a educação e a cultura segundo quaisquer
directrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas;
b) O ensino público não será confessional;
c) É garantido o direito de criação de escolas particulares e cooperativas.
4 - O sistema educativo responde às necessidades resultantes da realidade social, contribuindo para o
desenvolvimento pleno e harmonioso da personalidade dos indivíduos, incentivando a formação de cidadãos
livres, responsáveis, autónomos e solidários e valorizando a dimensão humana do trabalho.
5 - A educação promove o desenvolvimento do espírito democrático e pluralista, respeitador dos outros e das
suas ideias, aberto ao diálogo e à livre troca de opiniões, formando cidadãos capazes de julgarem com espírito
crítico e criativo o meio social em que se integram e de se empenharem na sua transformação progressiva.
Artigo 3º
132
Princípios organizativos
O sistema educativo organiza-se de forma a:
a) Contribuir para a defesa da identidade nacional e para o reforço da fidelidade à matriz histórica de
Portugal, através da consciencialização relativamente ao património cultural do povo português, no
quadro da tradição universalista europeia e da crescente interdependência e necessária solidariedade
entre todos os povos do mundo;
b) Contribuir para a realização do educando, através do pleno desenvolvimento da personalidade, da
formação do carácter e da cidadania, preparando-o para uma reflexão consciente sobre os valores
espirituais, estéticos, morais e cívicos e proporcionando-lhe um equilibrado desenvolvimento físico;
c) Assegurar a formação cívica e moral dos jovens;
d) Assegurar o direito à diferença, mercê do respeito pelas personalidades e pelos projectos individuais
da existência, bem como da consideração e valorização dos diferentes saberes e culturas;
e) Desenvolver a capacidade para o trabalho e proporcionar, com base numa sólida formação geral, uma
formação específica para a ocupação de um justo lugar na vida activa que permita ao indivíduo prestar
o seu contributo ao progresso da sociedade em consonância com os seus interesses, capacidades e
vocação;
f) Contribuir para a realização pessoal e comunitária dos indivíduos, não só pela formação para o sistema
de ocupações socialmente úteis mas ainda pela prática e aprendizagem da utilização criativa dos tempos
livres;
g) Descentralizar, desconcentrar e diversificar as estruturas e acções educativas de modo a proporcionar
uma correcta adaptação às realidades, um elevado sentido de participação das populações, uma adequada
inserção no meio comunitário e níveis de decisão eficientes;
h) Contribuir para a correcção das assimetrias de desenvolvimento regional e local, devendo incrementar
em todas as regiões do País a igualdade no acesso aos benefícios da educação, da cultura e da ciência;
i) Assegurar uma escolaridade de segunda oportunidade aos que dela não usufruíram na idade própria,
aos que procuram o sistema educativo por razões profissionais ou de promoção cultural, devidas,
nomeadamente, a necessidades de reconversão ou aperfeiçoamento decorrentes da evolução dos
conhecimentos científicos e tecnológicos;
j) Assegurar a igualdade de oportunidade para ambos os sexos, nomeadamente através das práticas de
coeducação e da orientação escolar e profissional, e sensibilizar, para o efeito, o conjunto dos
intervenientes no processo educativo;
l) Contribuir para desenvolver o espírito e a prática democráticos, através da adopção de estruturas e
processos participativos na definição da política educativa, na administração e gestão do sistema escolar
e na experiência pedagógica quotidiana, em que se integram todos os intervenientes no processo
educativo, em especial os alunos, os docentes e as famílias.
Capítulo II
Organização do sistema educativo
Artigo 4º
Organização geral do sistema educativo
1 - O sistema educativo compreende a educação pré-escolar, a educação escolar e a educação extra-escolar.
2 - A educação pré-escolar, no seu aspecto formativo, é complementar e ou supletiva da acção educativa da
família, com a qual estabelece estreita cooperação.
3 - A educação escolar compreende os ensinos básico, secundário e superior, integra modalidades especiais
e inclui actividades de ocupação de tempos livres.
4 - A educação extra-escolar engloba actividades de alfabetização e de educação de base, de aperfeiçoamento
e actualização cultural e científica e a iniciação, reconversão e aperfeiçoamento profissional e realiza-se num
quadro aberto de iniciativas múltiplas, de natureza formal e não formal.
Secção I
133
Educação pré-escolar
Artigo 5º
Educação pré-escolar
1 - São objectivos da educação pré-escolar:
a) Estimular as capacidades de cada criança e favorecer a sua formação e o desenvolvimento equilibrado
de todas as suas potencialidades;
b) Contribuir para a estabilidade e a segurança afectivas da criança;
c) Favorecer a observação e a compreensão do meio natural e humano para melhor integração e
participação da criança;
d) Desenvolver a formação moral da criança e o sentido da responsabilidade, associado ao da liberdade;
e) Fomentar a integração da criança em grupos sociais diversos, complementares da família, tendo em
vista o desenvolvimento da sociabilidade;
f) Desenvolver as capacidades de expressão e comunicação da criança, assim como a imaginação
criativa, e estimular a actividade lúdica;
g) Incutir hábitos de higiene e de defesa da saúde pessoal e colectiva;
h) Proceder à despistagem de inadaptações, deficiências ou precocidades e promover a melhor
orientação e encaminhamento da criança.
2 - A prossecução dos objectivos enunciados far-se-á de acordo com conteúdos, métodos e técnicas
apropriados, tendo em conta a articulação com o meio familiar.
3 - A educação pré-escolar destina-se às crianças com idades compreendidas entre os 3 anos e a idade de
ingresso no ensino básico.
4 - Incumbe ao Estado assegurar a existência de uma rede de educação pré-escolar.
5 - A rede de educação pré-escolar é constituída por instituições próprias, de iniciativa do poder central,
regional ou local e de outras entidades, colectivas ou individuais, designadamente associações de pais e de
moradores, organizações cívicas e confessionais, organizações sindicais e de empresa e instituições de
solidariedade social.
6 - O Estado deve apoiar as instituições de educação pré-escolar integradas na rede pública, subvencionando,
pelo menos, uma parte dos seus custos de funcionamento.
7 - Ao ministério responsável pela coordenação da política educativa compete definir as normas gerais da
educação pré-escolar, nomeadamente nos seus aspectos pedagógico e técnico, e apoiar e fiscalizar o seu
cumprimento e aplicação.
8 - A frequência da educação pré-escolar é facultativa no reconhecimento de que à família cabe um papel
essencial no processo da educação pré-escolar.
Secção II
Educação escolar
Subsecção I
Ensino básico
Artigo 6º
Universalidade
1 - O ensino básico é universal, obrigatório e gratuito e tem a duração de nove anos.
2 - Ingressam no ensino básico as crianças que completem 6 anos de idade até 15 de Setembro.
3 - As crianças que completem os 6 anos de idade entre 16 de Setembro e 31 de Dezembro podem ingressar
no ensino básico se tal for requerido pelo encarregado de educação, em termos a regulamentar.
4 - A obrigatoriedade de frequência do ensino básico termina aos 15 anos de idade.
5 - A gratuitidade no ensino básico abrange propinas, taxas e emolumentos relacionados com a matrícula,
frequência e certificação, podendo ainda os alunos dispor gratuitamente do uso de livros e material escolar,
bem como de transporte, alimentação e alojamento, quando necessários.
134
Artigo 7º
Objectivos São objectivos do ensino básico:
a) Assegurar uma formação geral comum a todos os portugueses que lhes garanta a descoberta e o
desenvolvimento dos seus interesses e aptidões, capacidade de raciocínio, memória e espírito crítico,
criatividade, sentido moral e sensibilidade estética, promovendo a realização individual em harmonia
com os valores da solidariedade social;
b) Assegurar que nesta formação sejam equilibradamente inter-relacionados o saber e o saber fazer, a
teoria e a prática, a cultura escolar e a cultura do quotidiano;
c) Proporcionar o desenvolvimento físico e motor, valorizar as actividades manuais e promover a
educação artística, de modo a sensibilizar para as diversas formas de expressão estética, detectando e
estimulando aptidões nesses domínios;
d) Proporcionar a aprendizagem de uma primeira língua estrangeira e a iniciação de uma segunda;
e) Proporcionar a aquisição dos conhecimentos basilares que permitam o prosseguimento de estudos ou
a inserção do aluno em esquemas de formação profissional, bem como facilitar a aquisição e o
desenvolvimento de métodos e instrumentos de trabalho pessoal e em grupo, valorizando a dimensão
humana do trabalho;
f) Fomentar a consciência nacional aberta à realidade concreta numa perspectiva de humanismo
universalista, de solidariedade e de cooperação internacional;
g) Desenvolver o conhecimento e o apreço pelos valores característicos da identidade, língua, história e
cultura portuguesas;
h) Proporcionar aos alunos experiências que favoreçam a sua maturidade cívica e sócio-afectiva, criando
neles atitudes e hábitos positivos de relação e cooperação, quer no plano dos seus vínculos de família,
quer no da intervenção consciente e responsável na realidade circundante;
i) Proporcionar a aquisição de atitudes autónomas, visando a formação de cidadãos civicamente
responsáveis e democraticamente intervenientes na vida comunitária;
j) Assegurar às crianças com necessidades educativas específicas, devidas, designadamente, a
deficiências físicas e mentais, condições adequadas ao seu desenvolvimento e pleno aproveitamento das
suas capacidades;
l) Fomentar o gosto por uma constante actualização de conhecimentos;
m) Participar no processo de informação e orientação educacionais em colaboração com as famílias;
n) Proporcionar, em liberdade de consciência, a aquisição de noções de educação cívica e moral;
o) Criar condições de promoção do sucesso escolar e educativo a todos os alunos.
Artigo 8º
Organização
1 - O ensino básico compreende três ciclos sequenciais, sendo o 1º de quatro anos, o 2º de dois anos e o 3º
de três anos, organizados nos seguintes termos:
a) No 1º ciclo, o ensino é globalizante, da responsabilidade de um professor único, que pode ser
coadjuvado em áreas especializadas;
b) No 2º ciclo, o ensino organiza-se por áreas interdisciplinares de formação básica e desenvolve-se
predominantemente em regime de professor por área;
c) No 3º ciclo, o ensino organiza-se segundo um plano curricular unificado, integrando áreas vocacionais
diversificadas, e desenvolve-se em regime de um professor por disciplina ou grupo de disciplinas.
2 - A articulação entre os ciclos obedece a uma sequencialidade progressiva, conferindo a cada ciclo a função
de completar, aprofundar e alargar o ciclo anterior, numa perspectiva de unidade global do ensino básico.
3 - Os objectivos específicos de cada ciclo integram-se nos objectivos gerais do ensino básico, nos termos
dos números anteriores e de acordo com o desenvolvimento etário correspondente, tendo em atenção as
seguintes particularidades:
135
a) Para o 1º ciclo, o desenvolvimento da linguagem oral e a iniciação e progressivo domínio da leitura
e da escrita, das noções essenciais da aritmética e do cálculo, do meio físico e social e das expressões
plástica, dramática, musical e motora;
b) Para o 2º ciclo, a formação humanística, artística, física e desportiva, científica e tecnológica e a
educação moral e cívica, visando habilitar os alunos a assimilar e interpretar crítica e criativamente a
informação, de modo a possibilitar a aquisição de métodos e instrumentos de trabalho e de conhecimento
que permitam o prosseguimento da sua formação, numa perspectiva do desenvolvimento de atitudes
activas e conscientes perante a comunidade e os seus problemas mais importantes;
c) Para o 3º ciclo, a aquisição sistemática e diferenciada da cultura moderna, nas suas dimensões
humanística, literária, artística, física e desportiva, científica e tecnológica, indispensável ao ingresso na
vida activa e ao prosseguimento de estudos, bem como a orientação escolar e profissional que faculte a
opção de formação subsequente ou de inserção na vida activa, com respeito pela realização autónoma
da pessoa humana.
4 - Em escolas especializadas do ensino básico podem ser reforçadas componentes de ensino artístico ou de
educação física e desportiva, sem prejuízo da formação básica.
5 - A conclusão com aproveitamento do ensino básico confere o direito à atribuição de um diploma, devendo
igualmente ser certificado o aproveitamento de qualquer ano ou ciclo, quando solicitado.
Subsecção II
Ensino secundário
Artigo 9º
Objectivos
O ensino secundário tem por objectivos:
a) Assegurar o desenvolvimento do raciocínio, da reflexão e da curiosidade científica e o
aprofundamento dos elementos fundamentais de uma cultura humanística, artística, científica e técnica
que constituam suporte cognitivo e metodológico apropriado para o eventual prosseguimento de estudos
e para a inserção na vida activa;
b) Facultar aos jovens conhecimentos necessários à compreensão das manifestações estéticas e culturais
e possibilitar o aperfeiçoamento da sua expressão artística;
c) Fomentar a aquisição e aplicação de um saber cada vez mais aprofundado assente no estudo, na
reflexão crítica, na observação e na experimentação;
d) Formar, a partir da realidade concreta da vida regional e nacional, e no apreço pelos valores
permanentes da sociedade, em geral, e da cultura portuguesa, em particular, jovens interessados na
resolução dos problemas do País e sensibilizados para os problemas da comunidade internacional;
e) Facultar contactos e experiências com o mundo do trabalho, fortalecendo os mecanismos de
aproximação entre a escola, a vida activa e a comunidade e dinamizando a função inovadora e
interventora da escola;
f) Favorecer a orientação e formação profissional dos jovens, através da preparação técnica e
tecnológica, com vista à entrada no mundo do trabalho;
g) Criar hábitos de trabalho, individual e em grupo, e favorecer o desenvolvimento de atitudes de
reflexão metódica, de abertura de espírito, de sensibilidade e de disponibilidade e adaptação à mudança.
Artigo 10º
Organização
1 - Têm acesso a qualquer curso do ensino secundário os que completarem com aproveitamento o ensino
básico.
2 - Os cursos do ensino secundário têm a duração de três anos.
3 - O ensino secundário organiza-se segundo formas diferenciadas, contemplando a existência de cursos
predominantemente orientados para a vida activa ou para o prosseguimento de estudos, contendo todas elas
136
componentes de formação de sentido técnico, tecnológico e profissionalizante e de língua e cultura
portuguesas adequadas à natureza dos diversos cursos.
4 - É garantida a permeabilidade entre os cursos predominantemente orientados para a vida activa e os cursos
predominantemente orientados para o prosseguimento de estudos.
5 - A conclusão com aproveitamento do ensino secundário confere direito à atribuição de um diploma, que
certificará a formação adquirida e, nos casos dos cursos predominantemente orientados para a vida activa, a
qualificação obtida para efeitos do exercício de actividades profissionais determinadas.
6 - No ensino secundário cada professor é responsável, em princípio, por uma só disciplina.
7 - Podem ser criados estabelecimentos especializados destinados ao ensino e prática de cursos de natureza
técnica e tecnológica ou de índole artística.
Subsecção III
Ensino superior
Artigo 11º
Âmbito e objectivos
1 - O ensino superior compreende o ensino universitário e o ensino politécnico.
2 - São objectivos do ensino superior:
a) Estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e empreendedor, bem como
do pensamento reflexivo;
b) Formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em sectores
profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade, e colaborar na sua formação
contínua;
c) Incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e
da tecnologia, das humanidades e das artes, e a criação e difusão da cultura e, desse modo, desenvolver
o entendimento do homem e do meio em que se integra;
d) Promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos, que constituem património
da humanidade, e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de
comunicação;
e) Suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a
correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura
intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração, na lógica de educação ao longo da vida e
de investimento geracional e intergeracional, visando realizar a unidade do processo formativo;
f) Estimular o conhecimento dos problemas do mundo de hoje, num horizonte de globalidade, em
particular os nacionais, regionais e europeus, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer
com esta uma relação de reciprocidade;
g) Continuar a formação cultural e profissional dos cidadãos pela promoção de formas adequadas de
extensão cultural;
h) Promover e valorizar a língua e a cultura portuguesas;
i) Promover o espírito crítico e a liberdade de expressão e de investigação.
3 - O ensino universitário, orientado por uma constante perspectiva de promoção de investigação e de criação
do saber, visa assegurar uma sólida preparação científica e cultural e proporcionar uma formação técnica que
habilite para o exercício de actividades profissionais e culturais e fomente o desenvolvimento das capacidades
de concepção, de inovação e de análise crítica.
4 - O ensino politécnico, orientado por uma constante perspectiva de investigação aplicada e de
desenvolvimento, dirigido à compreensão e solução de problemas concretos, visa proporcionar uma sólida
formação cultural e técnica de nível superior, desenvolver a capacidade de inovação e de análise crítica e
ministrar conhecimentos científicos de índole teórica e prática e as suas aplicações com vista ao exercício de
actividades profissionais.
137
Artigo 12º
Acesso
1 - Têm acesso ao ensino superior os indivíduos habilitados com o curso do ensino secundário ou equivalente
que façam prova de capacidade para a sua frequência.
2 - O Governo define, através de decreto-lei, os regimes de acesso e ingresso no ensino superior, em
obediência aos seguintes princípios:
a) Democraticidade, equidade e igualdade de oportunidades;
b) Objectividade dos critérios utilizados para a selecção e seriação dos candidatos;
c) Universalidade de regras para cada um dos subsistemas de ensino superior;
d) Valorização do percurso educativo do candidato no ensino secundário, nas suas componentes de
avaliação contínua e provas nacionais, traduzindo a relevância para o acesso ao ensino superior do
sistema de certificação nacional do ensino secundário;
e) Utilização obrigatória da classificação final do ensino secundário no processo de seriação;
f) Coordenação dos estabelecimentos de ensino superior para a realização da avaliação, selecção e
seriação por forma a evitar a proliferação de provas a que os candidatos venham a submeter-se;
g) Carácter nacional do processo de candidatura à matrícula e inscrição nos estabelecimentos de ensino
superior público, sem prejuízo da realização, em casos devidamente fundamentados, de concursos de
natureza local;
h) Realização das operações de candidatura pelos serviços da administração central e regional da
educação.
3 - Nos limites definidos pelo número anterior, o processo de avaliação da capacidade para a frequência, bem
como o de selecção e seriação dos candidatos ao ingresso em cada curso e estabelecimento de ensino superior,
é da competência dos estabelecimentos de ensino superior.
4 - O Estado deve progressivamente assegurar a eliminação de restrições quantitativas de carácter global no
acesso ao ensino superior (numerus clausus) e criar as condições para que os cursos existentes e a criar
correspondam globalmente às necessidades em quadros qualificados, às aspirações individuais e à elevação
do nível educativo, cultural e científico do País e para que seja garantida a qualidade do ensino ministrado.
5 - Têm igualmente acesso ao ensino superior, nas condições a definir pelo Governo, através de decreto-lei:
a) Os maiores de 23 anos que, não sendo titulares da habilitação de acesso ao ensino superior, façam
prova de capacidade para a sua frequência através da realização de provas especialmente adequadas,
realizadas pelos estabelecimentos de ensino superior;
b) Os titulares de qualificações pós-secundárias apropriadas.
6 - O Estado deve criar as condições que garantam aos cidadãos a possibilidade de frequentar o ensino
superior, de forma a impedir os efeitos discriminatórios decorrentes das desigualdades económicas e
regionais ou de desvantagens sociais prévias.
7 - Os trabalhadores-estudantes terão regimes especiais de acesso e ingresso e de frequência do ensino
superior que garantam os objectivos da aprendizagem ao longo da vida e da flexibilidade e mobilidade dos
percursos escolares.
Artigo 13º
Organização da formação, reconhecimento e mobilidade
1 - A organização da formação ministrada pelos estabelecimentos de ensino superior adopta o sistema
europeu de créditos.
2 - Os créditos são a unidade de medida do trabalho do estudante.
3 - O número de horas de trabalho do estudante a considerar inclui todas as formas de trabalho previstas,
designadamente as horas de contacto e as horas dedicadas a estágios, projectos, trabalhos no terreno, estudo
e avaliação.
4 - A mobilidade dos estudantes entre os estabelecimentos de ensino superior nacionais, do mesmo ou de
diferentes subsistemas, bem como entre estabelecimentos de ensino superior estrangeiros e nacionais, é
138
assegurada através do sistema de créditos, com base no princípio do reconhecimento mútuo do valor da
formação e das competências adquiridas.
5 - Os estabelecimentos de ensino superior reconhecem, através da atribuição de créditos, a experiência
profissional e a formação pós-secundária dos que nele sejam admitidos através das modalidades especiais de
acesso a que se refere o Nº 5 do artigo 12º
6 - Os estabelecimentos de ensino superior podem associar-se com outros estabelecimentos de ensino
superior, nacionais ou estrangeiros, para conferirem os graus académicos e atribuírem os diplomas previstos
nos artigos seguintes.
7 - Não é permitido o funcionamento de estabelecimentos de ensino superior em regime de franquia.
Artigo 14º
Graus académicos
1 - No ensino superior são conferidos os graus académicos de licenciado, mestre e doutor.
2 - O grau de licenciado é conferido nos ensinos universitário e politécnico.
3 - O grau de licenciado é conferido após um ciclo de estudos com um número de créditos que corresponda
a uma duração compreendida entre seis e oito semestres curriculares de trabalho.
4 - O grau de mestre é conferido nos ensinos universitário e politécnico.
5 - Têm acesso ao ciclo de estudos conducente ao grau de mestre:
a) Os titulares do grau de licenciado;
b) Os titulares de um grau académico superior estrangeiro que seja reconhecido como satisfazendo os
objectivos do grau de licenciado pelo órgão científico estatutariamente competente do estabelecimento
de ensino superior onde pretendem ser admitidos.
6 - O grau de mestre é conferido:
a) Após um ciclo de estudos com um número de créditos que corresponda a uma duração compreendida
entre três e quatro semestres curriculares de trabalho;
b) A título excepcional, após um ciclo de estudos com um número de créditos que corresponda a dois
semestres curriculares de trabalho.
7 - O grau de mestre pode igualmente ser conferido após um ciclo de estudos integrado com um número de
créditos que corresponda a uma duração compreendida entre 10 e 12 semestres curriculares de trabalho, nos
casos em que, para o acesso ao exercício de uma determinada actividade profissional, essa duração:
a) Seja fixada por normas legais da União Europeia;
b) Resulte de uma prática estável e consolidada na União Europeia.
8 - O ciclo de estudos a que se refere o número anterior pode ser organizado em etapas, podendo o
estabelecimento de ensino atribuir o grau de licenciado aos que tenham concluído um período de estudos
com duração não inferior a seis semestres.
9 - O grau de doutor é conferido no ensino universitário.
10 - Têm acesso ao ciclo de estudos conducente ao grau de doutor:
a) Os titulares do grau de mestre;
b) Os detentores de um currículo escolar, científico ou profissional que seja reconhecido pelo órgão
científico estatutariamente competente do estabelecimento de ensino superior onde pretendem ser
admitidos como atestando capacidade para realização deste ciclo de estudos.
11 - Só podem conferir um dado grau académico numa determinada área os estabelecimentos de ensino
superior que disponham de um corpo docente próprio, qualificado nessa área, e dos demais recursos humanos
e materiais que garantam o nível e a qualidade da formação adquirida.
12 - Só podem conferir o grau de doutor numa determinada área os estabelecimentos de ensino superior
universitário que, para além das condições a que se refere o número anterior, demonstrem possuir, nessa área,
os recursos humanos e organizativos necessários à realização de investigação e uma experiência acumulada
nesse domínio sujeita a avaliação e concretizada numa produção científica e académica relevantes.
Artigo 15º
139
Diplomas
1 - Os estabelecimentos de ensino superior podem realizar cursos não conferentes de grau académico cuja
conclusão com aproveitamento conduza à atribuição de um diploma.
2 - Os ciclos de estudos conducentes ao grau de licenciado ou de mestre podem ser organizados em etapas,
correspondendo cada etapa à atribuição de um diploma.
Artigo 16º
Formação pós-secundária
1 - Os estabelecimentos de ensino superior podem ainda realizar cursos de ensino pós-secundário não
superior visando a formação profissional especializada.
2 - Os titulares dos cursos referidos no número anterior estão habilitados a concorrer ao acesso e ingresso no
ensino superior, sendo a formação superior neles realizada creditável no âmbito do curso em que sejam
admitidos.
Artigo 17º
Estabelecimentos
1 - O ensino universitário realiza-se em universidades e em escolas universitárias não integradas.
2 - O ensino politécnico realiza-se em escolas superiores especializadas nos domínios da tecnologia, das artes
e da educação, entre outros.
3 - As universidades podem ser constituídas por escolas, institutos ou faculdades diferenciados e ou por
departamentos ou outras unidades, podendo ainda integrar escolas superiores do ensino politécnico.
4 - As escolas superiores do ensino politécnico podem ser associadas em unidades mais amplas, com
designações várias, segundo critérios de interesse regional e ou de natureza das escolas.
Artigo 18º
Investigação científica
1 - O Estado deve assegurar as condições materiais e culturais de criação e investigação científicas.
2 - Nas instituições de ensino superior serão criadas as condições para a promoção da investigação científica
e para a realização de actividades de investigação e desenvolvimento.
3 - A investigação científica no ensino superior deve ter em conta os objectivos predominantes da instituição
em que se insere, sem prejuízo da sua perspectivação em função do progresso, do saber e da resolução dos
problemas postos pelo desenvolvimento social, económico e cultural do País.
4 - Devem garantir-se as condições de publicação dos trabalhos científicos e facilitar-se a divulgação dos
novos conhecimentos e perspectivas do pensamento científico, dos avanços tecnológicos e da criação
cultural.
5 - Compete ao Estado incentivar a colaboração entre as entidades públicas, privadas e cooperativas no
sentido de fomentar o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da cultura, tendo particularmente em vista
os interesses da colectividade.
Subsecção IV
Modalidades especiais de educação escolar
Artigo 19º
Modalidades
1 - Constituem modalidades especiais de educação escolar:
a) A educação especial;
b) A formação profissional;
c) O ensino recorrente de adultos;
d) O ensino a distância;
e) O ensino português no estrangeiro.
140
2 - Cada uma destas modalidades é parte integrante da educação escolar, mas rege-se por disposições
especiais.
Artigo 20º
Âmbito e objectivos da educação especial
1 - A educação especial visa a recuperação e a integração sócio-educativas dos indivíduos com necessidades
educativas específicas devidas a deficiências físicas e mentais.
2 - A educação especial integra actividades dirigidas aos educandos e acções dirigidas às famílias, aos
educadores e às comunidades.
3 - No âmbito dos objectivos do sistema educativo, em geral, assumem relevo na educação especial:
a) O desenvolvimento das potencialidades físicas e intelectuais;
b) A ajuda na aquisição da estabilidade emocional;
c) O desenvolvimento das possibilidades de comunicação;
d) A redução das limitações provocadas pela deficiência;
e) O apoio na inserção familiar, escolar e social de crianças e jovens deficientes;
f) O desenvolvimento da independência a todos os níveis em que se possa processar;
g) A preparação para uma adequada formação profissional e integração na vida activa.
Artigo 21º
Organização da educação especial
1 - A educação especial organiza-se preferencialmente segundo modelos diversificados de integração em
estabelecimentos regulares de ensino, tendo em conta as necessidades de atendimento específico, e com
apoios de educadores especializados.
2 - A educação especial processar-se-á também em instituições específicas quando comprovadamente o
exijam o tipo e o grau de deficiência do educando.
3 - São também organizadas formas de educação especial visando a integração profissional do deficiente.
4 - A escolaridade básica para crianças e jovens deficientes deve ter currículos e programas devidamente
adaptados às características de cada tipo e grau de deficiência, assim como formas de avaliação adequadas
às dificuldades específicas.
5 - Incumbe ao Estado promover e apoiar a educação especial para deficientes.
6 - As iniciativas de educação especial podem pertencer ao poder central, regional ou local ou a outras
entidades colectivas, designadamente associações de pais e de moradores, organizações cívicas e
confessionais, organizações sindicais e de empresa e instituições de solidariedade social.
7 - Ao ministério responsável pela coordenação da política educativa compete definir as normas gerais da
educação especial, nomeadamente nos seus aspectos pedagógicos e técnicos, e apoiar e fiscalizar o seu
cumprimento e aplicação.
8 - Ao Estado cabe promover, a nível nacional, acções que visem o esclarecimento, a prevenção e o
tratamento precoce da deficiência.
Artigo 22º
Formação profissional
1 - A formação profissional, para além de complementar a preparação para a vida activa iniciada no ensino
básico, visa uma integração dinâmica no mundo do trabalho pela aquisição de conhecimentos e de
competências profissionais, por forma a responder às necessidades nacionais de desenvolvimento e à
evolução tecnológica.
2 - Têm acesso à formação profissional:
a) Os que tenham concluído a escolaridade obrigatória;
b) Os que não concluíram a escolaridade obrigatória até à idade limite desta;
c) Os trabalhadores que pretendam o aperfeiçoamento ou a reconversão profissionais.
141
3 - A formação profissional estrutura-se segundo um modelo institucional e pedagógico suficientemente
flexível que permita integrar os alunos com níveis de formação e características diferenciados.
4 - A formação profissional estrutura-se por forma a desenvolver acções de:
a) Iniciação profissional;
b) Qualificação profissional;
c) Aperfeiçoamento profissional;
d) Reconversão profissional.
5 - A organização dos cursos de formação profissional deve adequar-se às necessidades conjunturais
nacionais e regionais de emprego, podendo integrar módulos de duração variável e combináveis entre si, com
vista à obtenção de níveis profissionais sucessivamente mais elevados.
6 - O funcionamento dos cursos e módulos pode ser realizado segundo formas institucionais diversificadas,
designadamente:
a) Utilização de escolas de ensino básico e secundário;
b) Protocolos com empresas e autarquias;
c) Apoios a instituições e iniciativas estatais e não estatais;
d) Dinamização de acções comunitárias e de serviços à comunidade;
e) Criação de instituições específicas.
7 - A conclusão com aproveitamento de um módulo ou curso de formação profissional confere direito à
atribuição da correspondente certificação.
8 - Serão estabelecidos processos que favoreçam a recorrência e a progressão no sistema de educação escolar
dos que completarem cursos de formação profissional.
Artigo 23º
Ensino recorrente de adultos
1 - Para os indivíduos que já não se encontram na idade normal de frequência dos ensinos básico e secundário
é organizado um ensino recorrente.
2 - Este ensino é também destinado aos indivíduos que não tiveram oportunidade de se enquadrar no sistema
de educação escolar na idade normal de formação, tendo em especial atenção a eliminação do analfabetismo.
3 - Têm acesso a esta modalidade de ensino os indivíduos:
a) Ao nível do ensino básico, a partir dos 15 anos;
b) Ao nível do ensino secundário, a partir dos 18 anos.
4 - Este ensino atribui os mesmos diplomas e certificados que os conferidos pelo ensino regular, sendo as
formas de acesso e os planos e métodos de estudos organizados de modo distinto, tendo em conta os grupos
etários a que se destinam, a experiência de vida entretanto adquirida e o nível de conhecimentos
demonstrados.
5 - A formação profissional referida no artigo anterior pode ser também organizada de forma recorrente.
Artigo 24º
Ensino a distância
1 - O ensino a distância, mediante o recurso aos multimédia e às novas tecnologias da informação, constitui
não só uma forma complementar do ensino regular mas pode constituir também uma modalidade alternativa
da educação escolar.
2 - O ensino a distância terá particular incidência na educação recorrente e na formação contínua de
professores.
3 - Dentro da modalidade de ensino a distância situa-se a universidade aberta.
Artigo 25º
Ensino português no estrangeiro
1 - O Estado promoverá a divulgação e o estudo da língua e da cultura portuguesa no estrangeiro mediante
acções e meios diversificados que visem, nomeadamente, a sua inclusão nos planos curriculares de outros
142
países e a criação e a manutenção de leitorados de português, sob orientação de professores portugueses, em
universidades estrangeiras.
2 - Será incentivada a criação de escolas portuguesas nos países de língua oficial portuguesa e junto das
comunidades de emigrantes portugueses.
3 - O ensino da língua e da cultura portuguesas aos trabalhadores emigrantes e seus filhos será assegurado
através de cursos e actividades promovidos nos países de imigração em regime de integração ou de
complementaridade relativamente aos respectivos sistemas educativos.
4 - Serão incentivadas e apoiadas pelo Estado as iniciativas de associações de portugueses e as de entidades
estrangeiras, públicas e privadas, que contribuam para a prossecução dos objectivos enunciados neste artigo.
Secção III
Educação extra-escolar
Artigo 26º
Educação extra-escolar
1 - A educação extra-escolar tem como objectivo permitir a cada indivíduo aumentar os seus conhecimentos
e desenvolver as suas potencialidades, em complemento da formação escolar ou em suprimento da sua
carência.
2 - A educação extra-escolar integra-se numa perspectiva de educação permanente e visa a globalidade e a
continuidade da acção educativa.
3 - São vectores fundamentais da educação extra-escolar:
a) Eliminar o analfabetismo literal e funcional;
b) Contribuir para a efectiva igualdade de oportunidades educativas e profissionais dos que não
frequentaram o sistema regular do ensino ou o abandonaram precocemente, designadamente através
da alfabetização e da educação de base de adultos;
c) Favorecer atitudes de solidariedade social e de participação na vida da comunidade;
d) Preparar para o emprego, mediante acções de reconversão e de aperfeiçoamento profissionais, os
adultos cujas qualificações ou treino profissional se tornem inadequados face ao desenvolvimento
tecnológico;
e) Desenvolver as aptidões tecnológicas e o saber técnico que permitam ao adulto adaptar-se à vida
contemporânea;
f) Assegurar a ocupação criativa dos tempos livres de jovens e adultos com actividades de natureza
cultural.
4 - As actividades de educação extra-escolar podem realizar-se em estruturas de extensão cultural do sistema
escolar, ou em sistemas abertos, com recurso a meios de comunicação social e a tecnologias educativas
específicas e adequadas.
5 - Compete ao Estado promover a realização de actividades extra-escolares e apoiar as que, neste domínio,
sejam da iniciativa das autarquias, associações culturais e recreativas, associações de pais, associações de
estudantes e organismos juvenis, associações de educação popular, organizações sindicais e comissões de
trabalhadores, organizações cívicas e confessionais e outras.
6 - O Estado, para além de atender à dimensão educativa da programação televisiva e radiofónica em geral,
assegura a existência e funcionamento da rádio e da televisão educativas, numa perspectiva de pluralidade
de programas, cobrindo tempos diários de emissão suficientemente alargados e em horários diversificados.
Capítulo III
Apoios e complementos educativos
Artigo 27º
Promoção do sucesso escolar
1 - São estabelecidas e desenvolvidas actividades e medidas de apoio e complemento educativos visando
contribuir para a igualdade de oportunidades de acesso e sucesso escolar.
143
2 - Os apoios e complementos educativos são aplicados prioritariamente na escolaridade obrigatória.
Artigo 28º
Apoios a alunos com necessidades escolares específicas
Nos estabelecimentos de ensino básico é assegurada a existência de actividades de acompanhamento e
complemento pedagógicos, de modo positivamente diferenciado, a alunos com necessidades escolares
específicas.
Artigo 29º
Apoio psicológico e orientação escolar e profissional
O apoio no desenvolvimento psicológico dos alunos e à sua orientação escolar e profissional, bem como o
apoio psicopedagógico às actividades educativas e ao sistema de relações da comunidade escolar, são
realizados por serviços de psicologia e orientação escolar profissional inseridos em estruturas regionais
escolares.
Artigo 30º
Acção social escolar
1 - São desenvolvidos, no âmbito da educação pré-escolar e da educação escolar, serviços de acção social
escolar concretizados através da aplicação de critérios de discriminação positiva que visem a compensação
social e educativa dos alunos economicamente mais carenciados.
2 - Os serviços de acção social escolar são traduzidos por um conjunto diversificado de acções, em que
avultam a comparticipação em refeições, serviços de cantina, transportes, alojamento, manuais e material
escolar, e pela concessão de bolsas de estudo.
Artigo 31º
Apoio de saúde escolar
Será realizado o acompanhamento do saudável crescimento e desenvolvimento dos alunos, o qual é
assegurado, em princípio, por serviços especializados dos centros comunitários de saúde em articulação com
as estruturas escolares.
Artigo 32º
Apoio a trabalhadores-estudantes
Aos trabalhadores-estudantes será proporcionado um regime especial de estudos que tenha em consideração
a sua situação de trabalhadores e de estudantes e que lhes permita a aquisição de conhecimentos, a progressão
no sistema do ensino e a criação de oportunidades de formação profissional adequadas à sua valorização
pessoal.
Capítulo IV
Recursos humanos
Artigo 33º
Princípios gerais sobre a formação de educadores e professores
1 - A formação de educadores e professores assenta nos seguintes princípios:
a) Formação inicial de nível superior, proporcionando aos educadores e professores de todos os níveis
de educação e ensino a informação, os métodos e as técnicas científicos e pedagógicos de base, bem
como a formação pessoal e social adequadas ao exercício da função;
b) Formação contínua que complemente e actualize a formação inicial numa perspectiva de educação
permanente;
c) Formação flexível que permita a reconversão e mobilidade dos educadores e professores dos
diferentes níveis de educação e ensino, nomeadamente o necessário complemento de formação
profissional;
144
d) Formação integrada quer no plano da preparação científico-pedagógica quer no da articulação teórico-
prática;
e) Formação assente em práticas metodológicas afins das que o educador e o professor vierem a utilizar
na prática pedagógica;
f) Formação que, em referência à realidade social, estimule uma atitude simultaneamente crítica e
actuante;
g) Formação que favoreça e estimule a inovação e a investigação, nomeadamente em relação com a
actividade educativa;
h) Formação participada que conduza a uma prática reflexiva e continuada de auto-informação e
autoaprendizagem.
2 - A orientação e as actividades pedagógicas na educação pré-escolar são asseguradas por educadores de
infância, sendo a docência em todos os níveis e ciclos de ensino assegurada por professores detentores de
diploma que certifique a formação profissional específica com que se encontram devidamente habilitados
para o efeito.
Artigo 34º
Formação inicial de educadores de infância e de professores dos ensinos básico e secundário
1 - Os educadores de infância e os professores dos ensinos básico e secundário adquirem a qualificação
profissional através de cursos superiores organizados de acordo com as necessidades do desempenho
profissional no respectivo nível de educação e ensino.
2 - O Governo define, por decreto-lei, os perfis de competência e de formação de educadores e professores
para ingresso na carreira docente.
3 - A formação dos educadores de infância e dos professores dos 1º, 2º e 3º ciclos do ensino básico realiza-
se em escolas superiores de educação e em estabelecimentos de ensino universitário.
4 - O Governo define, por decreto-lei, os requisitos a que as escolas superiores de educação devem satisfazer
para poderem ministrar cursos de formação inicial de professores do 3º ciclo do ensino básico, nomeadamente
no que se refere a recursos humanos e materiais, de forma que seja garantido o nível científico da formação
adquirida.
5 - A formação dos professores do ensino secundário realiza-se em estabelecimentos de ensino universitário.
6 - A qualificação profissional dos professores de disciplinas de natureza profissional, vocacional ou artística
dos ensinos básico ou secundário pode adquirir-se através de cursos de licenciatura que assegurem a
formação na área da disciplina respectiva, complementados por formação pedagógica adequada.
7 - A qualificação profissional dos professores do ensino secundário pode ainda adquirir-se através de cursos
de licenciatura que assegurem a formação científica na área de docência respectiva, complementados por
formação pedagógica adequada.
Artigo 35º
Qualificação para professor do ensino superior
1 - Adquirem qualificação para a docência no ensino superior os habilitados com os graus de doutor ou de
mestre, bem como os licenciados que tenham prestado provas de aptidão pedagógica e capacidade científica,
podendo ainda exercer a docência outras individualidades reconhecidamente qualificadas.
2 - Podem coadjuvar na docência do ensino superior os indivíduos habilitados com o grau de licenciado ou
equivalente.
Artigo 36º
Qualificação para outras funções educativas
1 - Adquirem qualificação para a docência em educação especial os educadores de infância e os professores
dos ensinos básico e secundário com prática de educação ou de ensino regular ou especial que obtenham
aproveitamento em cursos especialmente vocacionados para o efeito realizados em estabelecimentos de
ensino superior que disponham de recursos próprios nesse domínio.
145
2 - Nas instituições de formação referidas no Nº 3 e no Nº 5 do artigo 34º podem ainda ser ministrados cursos
especializados de administração e inspecção escolares, de animação sócio-cultural, de educação de base de
adultos e outros necessários ao desenvolvimento do sistema educativo.
Artigo 37º
Pessoal auxiliar de educação
O pessoal auxiliar de educação deve possuir como habilitação mínima o ensino básico ou equivalente,
devendo ser-lhe proporcionada uma formação complementar adequada.
Artigo 38º
Formação contínua
1 - A todos os educadores, professores e outros profissionais da educação é reconhecido o direito à formação
contínua.
2 - A formação contínua deve ser suficientemente diversificada, de modo a assegurar o complemento,
aprofundamento e actualização de conhecimentos e de competências profissionais, bem como a possibilitar
a mobilidade e a progressão na carreira.
3 - A formação contínua é assegurada predominantemente pelas respectivas instituições de formação inicial,
em estreita cooperação com os estabelecimentos onde os educadores e professores trabalham.
4 - Serão atribuídos aos docentes períodos especialmente destinados à formação contínua, os quais poderão
revestir a forma de anos sabáticos.
Artigo 39º
Princípios gerais das carreiras de pessoal docente e de outros profissionais da educação
1 - Os educadores, professores e outros profissionais da educação têm direito a retribuição e carreira
compatíveis com as suas habilitações e responsabilidades profissionais, sociais e culturais.
2 - A progressão na carreira deve estar ligada à avaliação de toda a actividade desenvolvida, individualmente
ou em grupo, na instituição educativa, no plano da educação e do ensino e da prestação de outros serviços à
comunidade, bem como às qualificações profissionais, pedagógicas e científicas.
3 - Aos educadores, professores e outros profissionais da educação é reconhecido o direito de recurso das
decisões da avaliação referida no número anterior.
Capítulo V
Recursos materiais
Artigo 40º
Rede escolar
1 - Compete ao Estado criar uma rede de estabelecimentos públicos de educação e ensino que cubra as
necessidades de toda a população.
2 - O planeamento da rede de estabelecimentos escolares deve contribuir para a eliminação de desigualdades
e assimetrias locais e regionais, por forma a assegurar a igualdade de oportunidades de educação e ensino a
todas as crianças e jovens.
Artigo 41º
Regionalização
O planeamento e reorganização da rede escolar, assim como a construção e manutenção dos edifícios
escolares e seu equipamento, devem assentar numa política de regionalização efectiva, com definição clara
das competências dos intervenientes, que, para o efeito, devem contar com os recursos necessários.
Artigo 42º
Edifícios escolares
146
1 - Os edifícios escolares devem ser planeados na óptica de um equipamento integrado e ter suficiente
flexibilidade para permitir, sempre que possível, a sua utilização em diferentes actividades da comunidade e
a sua adaptação em função das alterações dos diferentes níveis de ensino, dos currículos e dos métodos
educativos.
2 - A estrutura dos edifícios escolares deve ter em conta, para além das actividades escolares, o
desenvolvimento de actividades de ocupação de tempos livres e o envolvimento da escola em actividades
extra-escolares.
3 - A densidade da rede e as dimensões dos edifícios escolares devem ser ajustadas às características e
necessidades regionais e à capacidade de acolhimento de um número equilibrado de alunos, de forma a
garantir as condições de uma boa prática pedagógica e a realização de uma verdadeira comunidade escolar.
4 - Na concepção dos edifícios e na escolha do equipamento devem ser tidas em conta as necessidades
especiais dos deficientes.
5 - A gestão dos espaços deve obedecer ao imperativo de, também por esta via, se contribuir para o sucesso
educativo e escolar dos alunos.
Artigo 43º
Estabelecimentos de educação e de ensino
1 - A educação pré-escolar realiza-se em unidades distintas ou incluídas em unidades escolares onde também
seja ministrado o 1º ciclo do ensino básico ou ainda em edifícios onde se realizem outras actividades sociais,
nomeadamente de educação extra-escolar.
2 - O ensino básico é realizado em estabelecimentos com tipologias diversas que abarcam a totalidade ou
parte dos ciclos que o constituem, podendo, por necessidade de racionalização de recursos, ser ainda realizado
neles o ensino secundário.
3 - O ensino secundário realiza-se em escolas secundárias pluricurriculares, sem prejuízo de, relativamente
a certas matérias, se poder recorrer à utilização de instalações de entidades privadas ou de outras entidades
públicas não responsáveis pela rede de ensino público para a realização de aulas ou outras acções de ensino
e formação.
4 - A rede escolar do ensino secundário deve ser organizada de modo que em cada região se garanta a maior
diversidade possível de cursos, tendo em conta os interesses locais ou regionais.
5 - O ensino secundário deve ser predominantemente realizado em estabelecimentos distintos, podendo, com
o objectivo de racionalização dos respectivos recursos, ser aí realizados ciclos do ensino básico,
especialmente o 3º
6 - As diversas unidades que integram a mesma instituição de ensino superior podem dispersar-se
geograficamente em função da sua adequação às necessidades de desenvolvimento da região em que se
inserem.
7 - A flexibilidade da utilização dos edifícios prevista neste artigo em caso algum se poderá concretizar em
colisão com o Nº 3 do artigo anterior.
Artigo 44º
Recursos educativos
1 - Constituem recursos educativos todos os meios materiais utilizados para conveniente realização da
actividade educativa.
2 - São recursos educativos privilegiados, a exigirem especial atenção:
a) Os manuais escolares;
b) As bibliotecas e mediatecas escolares;
c) Os equipamentos laboratoriais e oficinais;
d) Os equipamentos para educação física e desportos;
e) Os equipamentos para educação musical e plástica;
f) Os centros regionais de recursos educativos.
147
3 - Para o apoio e complementaridade dos recursos educativos existentes nas escolas e ainda com o objectivo
de racionalizar o uso dos meios disponíveis será incentivada a criação de centros regionais que disponham
de recursos apropriados e de meios que permitam criar outros, de acordo com as necessidades de inovação
educativa.
Artigo 45º
Financiamento da educação
1 - A educação será considerada, na elaboração do Plano e do Orçamento do Estado, como uma das
prioridades nacionais.
2 - As verbas destinadas à educação devem ser distribuídas em função das prioridades estratégicas do
desenvolvimento do sistema educativo.
Capítulo VI
Administração do sistema educativo
Artigo 46º
Princípios gerais
1 - A administração e gestão do sistema educativo devem assegurar o pleno respeito pelas regras de
democraticidade e de participação que visem a consecução de objectivos pedagógicos e educativos,
nomeadamente no domínio da formação social e cívica.
2 - O sistema educativo deve ser dotado de estruturas administrativas de âmbito nacional, regional autónomo,
regional e local, que assegurem a sua interligação com a comunidade mediante adequados graus de
participação dos professores, dos alunos, das famílias, das autarquias, de entidades representativas das
actividades sociais, económicas e culturais e ainda de instituições de carácter científico.
3 - Para os efeitos do número anterior, serão adoptadas orgânicas e formas de descentralização e de
desconcentração dos serviços, cabendo ao Estado, através do ministério responsável pela coordenação da
política educativa, garantir a necessária eficácia e unidade de acção.
Artigo 47º
Níveis de administração
1 - Leis especiais regulamentarão a delimitação e articulação de competências entre os diferentes níveis de
administração, tendo em atenção que serão da responsabilidade da administração central, designadamente,
as funções de:
a) Concepção, planeamento e definição normativa do sistema educativo, com vista a assegurar o seu
sentido de unidade e de adequação aos objectivos de âmbito nacional;
b) Coordenação global e avaliação da execução das medidas da política educativa a desenvolver de
forma descentralizada ou desconcentrada;
c) Inspecção e tutela, em geral, com vista, designadamente, a garantir a necessária qualidade do ensino;
d) Definição dos critérios gerais de implantação de rede escolar, da tipologia das escolas e seu
apetrechamento, bem como das normas pedagógicas a que deve obedecer a construção de edifícios
escolares;
e) Garantia da qualidade pedagógica e técnica dos vários meios didácticos, incluindo os manuais
escolares.
2 - A nível regional, e com o objectivo de integrar, coordenar e acompanhar a actividade educativa, será
criado em cada região um departamento regional de educação, em termos a regulamentar por decreto-lei.
Artigo 48º
Administração e gestão dos estabelecimentos de educação e ensino
1 - O funcionamento dos estabelecimentos de educação e ensino, nos diferentes níveis, orienta-se por uma
perspectiva de integração comunitária, sendo, nesse sentido, favorecida a fixação local dos respectivos
docentes.
148
2 - Em cada estabelecimento ou grupo de estabelecimentos de educação e ensino a administração e gestão
orientam-se por princípios de democraticidade e de participação de todos os implicados no processo
educativo, tendo em atenção as características específicas de cada nível de educação e ensino.
3 - Na administração e gestão dos estabelecimentos de educação e ensino devem prevalecer critérios de
natureza pedagógica e científica sobre critérios de natureza administrativa.
4 - A direcção de cada estabelecimento ou grupo de estabelecimentos dos ensinos básico e secundário é
assegurada por órgãos próprios, para os quais são democraticamente eleitos os representantes de professores,
alunos e pessoal não docente, e apoiada por órgãos consultivos e por serviços especializados, num e noutro
caso segundo modalidades a regulamentar para cada nível de ensino.
5 - A participação dos alunos nos órgãos referidos no número anterior circunscreve-se ao ensino secundário.
6 - A direcção de todos os estabelecimentos de ensino superior orienta-se pelos princípios de democraticidade
e representatividade e de participação comunitária.
7 - Os estabelecimentos de ensino superior gozam de autonomia científica, pedagógica e administrativa.
8 - As universidades gozam ainda de autonomia financeira, sem prejuízo da acção fiscalizadora do Estado.
9 - A autonomia dos estabelecimentos de ensino superior será compatibilizada com a inserção destes no
desenvolvimento da região e do País.
Artigo 49º
Conselho Nacional de Educação
É instituído o Conselho Nacional de Educação, com funções consultivas, sem prejuízo das competências
próprias dos órgãos de soberania, para efeitos de participação das várias forças sociais, culturais e económicas
na procura de consensos alargados relativamente à política educativa, em termos a regular por lei.
Capítulo VII
Desenvolvimento e avaliação do sistema educativo
Artigo 50º
Desenvolvimento curricular
1 - A organização curricular da educação escolar terá em conta a promoção de uma equilibrada harmonia,
nos planos horizontal e vertical, entre os níveis de desenvolvimento físico e motor, cognitivo, afectivo,
estético, social e moral dos alunos.
2 - Os planos curriculares do ensino básico incluirão em todos os ciclos e de forma adequada uma área de
formação pessoal e social, que pode ter como componentes a educação ecológica, a educação do consumidor,
a educação familiar, a educação sexual, a prevenção de acidentes, a educação para a saúde, a educação para
a participação nas instituições, serviços cívicos e outros do mesmo âmbito.
3 - Os planos curriculares dos ensinos básico e secundário integram ainda o ensino da moral e da religião
católica, a título facultativo, no respeito dos princípios constitucionais da separação das igrejas e do Estado
e da não confessionalidade do ensino público.
4 - Os planos curriculares do ensino básico devem ser estabelecidos à escala nacional, sem prejuízo de
existência de conteúdos flexíveis integrando componentes regionais.
5 - Os planos curriculares do ensino secundário terão uma estrutura de âmbito nacional, podendo as suas
componentes apresentar características de índole regional e local, justificadas nomeadamente pelas condições
sócio-económicas e pelas necessidades em pessoal qualificado.
6 - Os planos curriculares do ensino superior respeitam a cada uma das instituições de ensino que ministram
os respectivos cursos estabelecidos, ou a estabelecer, de acordo com as necessidades nacionais e regionais e
com uma perspectiva de planeamento integrado da respectiva rede.
7 - O ensino-aprendizagem da língua materna deve ser estruturado de forma que todas as outras componentes
curriculares dos ensinos básico e secundário contribuam de forma sistemática para o desenvolvimento das
capacidades do aluno ao nível da compreensão e produção de enunciados orais e escritos em português.
149
Artigo 51º
Ocupação dos tempos livres e desporto escolar
1 - As actividades curriculares dos diferentes níveis de ensino devem ser complementadas por acções
orientadas para a formação integral e a realização pessoal dos educandos no sentido da utilização criativa e
formativa dos seus tempos livres.
2 - Estas actividades de complemento curricular visam, nomeadamente, o enriquecimento cultural e cívico,
a educação física e desportiva, a educação artística e a inserção dos educandos na comunidade.
3 - As actividades de complemento curricular podem ter âmbito nacional, regional ou local e, nos dois últimos
casos, ser da iniciativa de cada escola ou grupo de escolas.
4 - As actividades de ocupação dos tempos livres devem valorizar a participação e o envolvimento das
crianças e dos jovens na sua organização, desenvolvimento e avaliação.
5 - O desporto escolar visa especificamente a promoção da saúde e condição física, a aquisição de hábitos e
condutas motoras e o entendimento do desporto como factor de cultura, estimulando sentimentos de
solidariedade, cooperação, autonomia e criatividade, devendo ser fomentada a sua gestão pelos estudantes
praticantes, salvaguardando-se a orientação por profissionais qualificados.
Artigo 52º
Avaliação do sistema educativo
1 - O sistema educativo deve ser objecto de avaliação continuada, que deve ter em conta os aspectos
educativos e pedagógicos, psicológicos e sociológicos, organizacionais, económicos e financeiros e ainda os
de natureza político-administrativa e cultural.
2 - Esta avaliação incide, em especial, sobre o desenvolvimento, regulamentação e aplicação da presente lei.
Artigo 53º
Investigação em educação
A investigação em educação destina-se a avaliar e interpretar cientificamente a actividade desenvolvida no
sistema educativo, devendo ser incentivada, nomeadamente, nas instituições de ensino superior que possuam
centros ou departamentos de ciências da educação, sem prejuízo da criação de centros autónomos
especializados neste domínio.
Artigo 54º
Estatísticas da educação
1 - As estatísticas da educação são instrumento fundamental para a avaliação e o planeamento do sistema
educativo, devendo ser organizadas de modo a garantir a sua realização em tempo oportuno e de forma
universal.
2 - Para este efeito devem ser estabelecidas as normas gerais e definidas as entidades responsáveis pela
recolha, tratamento e difusão das estatísticas da educação.
Artigo 55º
Estruturas de apoio
1 - O Governo criará estruturas adequadas que assegurem e apoiem actividades de desenvolvimento
curricular, de fomento de inovação e de avaliação do sistema e das actividades educativas.
2 - Estas estruturas devem desenvolver a sua actividade em articulação com as escolas e com as instituições
de investigação em educação e de formação de professores.
Artigo 56º
Inspecção escolar
A inspecção escolar goza de autonomia no exercício da sua actividade e tem como função avaliar e fiscalizar
a realização de educação escolar, tendo em vista a prossecução dos fins e objectivos estabelecidos na presente
lei e demais legislação complementar.
150
Capítulo VIII
Ensino particular e cooperativo
Artigo 57º
Especificidade
1 - É reconhecido pelo Estado o valor do ensino particular e cooperativo como uma expressão concreta da
liberdade de aprender e ensinar e do direito da família a orientar a educação dos filhos.
2 - O ensino particular e cooperativo rege-se por legislação e estatuto próprios, que devem subordinar-se ao
disposto na presente lei.
Artigo 58º
Articulação com a rede escolar
1 - Os estabelecimentos do ensino particular e cooperativo que se enquadrem nos princípios gerais,
finalidades, estruturas e objectivos do sistema educativo são considerados parte integrante da rede escolar.
2 - No alargamento ou no ajustamento da rede o Estado terá também em consideração as iniciativas e os
estabelecimentos particulares e cooperativos, numa perspectiva de racionalização de meios, de
aproveitamento de recursos e de garantia de qualidade.
Artigo 59º
Funcionamento de estabelecimentos e cursos
1 - As instituições de ensino particular e cooperativo podem, no exercício da liberdade de ensinar e aprender,
seguir os planos curriculares e conteúdos programáticos do ensino a cargo do Estado ou adoptar planos e
programas próprios, salvaguardadas as disposições constantes do Nº 1 do artigo anterior.
2 - Quando o ensino particular e cooperativo adoptar planos e programas próprios, o seu reconhecimento
oficial é concedido caso a caso, mediante avaliação positiva resultante da análise dos respectivos currículos
e das condições pedagógicas da realização do ensino, segundo normas a estabelecer por decreto-lei.
3 - A autorização para a criação e funcionamento de instituições e cursos de ensino superior particular e
cooperativo, bem como a aprovação dos respectivos planos de estudos e o reconhecimento oficial dos
correspondentes diplomas, faz-se, caso a caso, por decreto-lei.
Artigo 60º
Pessoal docente
1 - A docência nos estabelecimentos de ensino particular e cooperativo integrados na rede escolar requer,
para cada nível de educação e ensino, a qualificação académica e a formação profissional estabelecidas na
presente lei.
2 - O Estado pode apoiar a formação contínua dos docentes em exercício nos estabelecimentos de ensino
particular e cooperativo que se integram na rede escolar.
Artigo 61º
Intervenção do Estado
1 - O Estado fiscaliza e apoia pedagógica e tecnicamente o ensino particular e cooperativo.
2 - O Estado apoia financeiramente as iniciativas e os estabelecimentos de ensino particular e cooperativo
quando, no desempenho efectivo de uma função de interesse público, se integrem no plano de
desenvolvimento da educação, fiscalizando a aplicação das verbas concedidas.
Capítulo IX
Disposições finais e transitórias
Artigo 62º
Desenvolvimento da lei
151
1 - O Governo fará publicar no prazo de um ano, sob a forma de decreto-lei, a legislação complementar
necessária para o desenvolvimento da presente lei que contemple, designadamente, os seguintes domínios:
a) Gratuitidade da escolaridade obrigatória;
b) Formação de pessoal docente;
c) Carreiras de pessoal docente e de outros profissionais da educação;
d) Administração e gestão escolares;
e) Planos curriculares dos ensinos básico e secundário;
f) Ensino superior;
g) Formação profissional;
h) Ensino recorrente de adultos;
i) Ensino a distância;
j) Ensino português no estrangeiro;
l) Apoios e complementos educativos;
m) Ensino particular e cooperativo;
n) Educação física e desporto escolar;
o) Educação artística.
2 - Quando as matérias referidas no número anterior já constarem de lei da Assembleia da República, deverá
o Governo, em igual prazo, apresentar as necessárias propostas de lei.
3 - O Conselho Nacional de Educação deve acompanhar a aplicação e o desenvolvimento do disposto na
presente lei.
Artigo 63º
Plano de desenvolvimento do sistema educativo
O Governo, no prazo de dois anos, deve elaborar e apresentar, para aprovação na Assembleia da República,
um plano de desenvolvimento do sistema educativo, com um horizonte temporal a médio prazo e limite no
ano de 2000, que assegure a realização faseada da presente lei e demais legislação complementar.
Artigo 64º
Regime de transição
O regime de transição do sistema actual para o previsto na presente lei constará de disposições regulamentares
a publicar em tempo útil pelo Governo, não podendo professores, alunos e pessoal não docente ser afectados
nos direitos adquiridos.
Artigo 65º
Disposições transitórias
1 - Serão tomadas medidas no sentido de dotar os ensinos básico e secundário com docentes habilitados
profissionalmente, mediante modelos de formação inicial conformes com o disposto na presente lei, de forma
a tornar desnecessária a muito curto prazo a contratação em regime permanente de professores sem
habilitação profissional.
2 - Será organizado um sistema de profissionalização em exercício para os docentes devidamente habilitados
actualmente em exercício ou que venham a ingressar no ensino de modo a garantir-lhes uma formação
profissional equivalente à ministrada nas instituição de formação inicial para os respectivos níveis de ensino.
3 - Na determinação dos contingentes a estabelecer para os cursos de formação inicial de professores a
entidade competente deve ter em consideração a relação entre o número de professores habilitados já em
exercício e a previsão de vagas disponíveis no termo de um período transitório de cinco anos.
4 - Enquanto não forem criadas as regiões administrativas, as competências e o âmbito geográfico dos
departamentos regionais de educação referidos no Nº 2 do artigo 47º serão definidos por decreto-lei, a
publicar no prazo de um ano.
5 - O Governo elaborará um plano de emergência de construção e recuperação de edifícios escolares e seu
apetrechamento no sentido de serem satisfeitas as necessidades da rede escolar, com prioridade para o ensino
básico.
152
6 - No 1º ciclo do ensino básico as funções dos actuais directores de distrito escolar e dos delegados escolares
são exclusivamente de natureza administrativa.
Artigo 66º
Disposições finais
1 - As disposições relativas à duração da escolaridade obrigatória aplicam-se aos alunos que se inscreverem
no 1º ano do ensino básico no ano lectivo de 1987-1988 e para os que o fizerem nos anos lectivos
subsequentes.
2 - Lei especial determinará as funções de administração e apoio educativos que cabem aos municípios.
3 - O Governo deve definir por decreto-lei o sistema de equivalência entre os estudos, graus e diplomas do
sistema educativo português e os de outros países, bem como as condições em que os alunos do ensino
superior podem frequentar em instituições congéneres estrangeiras parte dos seus cursos, assim como os
critérios de determinação das unidades de crédito transferíveis.
4 - Devem ser criadas condições que facilitem aos jovens regressados a Portugal filhos de emigrantes a sua
integração no sistema educativo.
Artigo 67º
Norma revogatória
É revogada toda a legislação que contrarie o disposto na presente lei.
153
Bibliografia
A FAP Matosinhos agradece a todas as instituições que de alguma forma colaboraram na realização deste manual, nomeadamente: - CONFAP
- ANTÓNIO AMARAL
Membro de órgãos sociais de associações de pais entre 1999 e 2015
- FERSAP
154
Associações de Pais do Concelho de Matosinhos
EB Igreja Velha …………………..... [email protected]
EB da Biquinha …………………..... [email protected]
EB da Portela ……………………… [email protected]
EB Quatro Caminhos …………….. [email protected]
EB do Godinho ……………………. [email protected]
EB da Amieira …………………….. [email protected]
EB Praia de Angeiras …………….. [email protected]
EB Padre Manuel Castro ………… [email protected]
EB Viscondesa ……………………. [email protected]
EB da Agudela ……………………. [email protected]
EB de Gondivai ………………….... [email protected]
EB Florbela Espanca …………….. [email protected]
EB Cruz de Pau/JI Matosinhos …. [email protected]
EB do Araújo …………………….... [email protected]
EB da Ermida ……………………… [email protected]
EB do Padrão da Légua …………. [email protected]
EB Professor Óscar Lopes ……… [email protected]
EB Leça do Balio …………………. [email protected]
EB da Barranha …………………… [email protected]
EB Dr. José Domingues Santos…. [email protected]
EB da Quinta S. Gens ……………. [email protected]
EB da Senhora da Hora …………. [email protected]
EB Maria Manuel Sá ……………… [email protected]
EB1/JI Leça da Palmeira ……….... [email protected]
EB de Matosinhos ………………… [email protected]
EB de Leça da Palmeira …………. [email protected]
ES da Boa Nova ………………….. [email protected]
ES Abel Salazar ………………….. [email protected]
ES do Padrão da Légua …………. [email protected]
ES da Senhora da Hora …………. [email protected]
ES Augusto Gomes ………………. [email protected]
ES João Gonçalves Zarco ………. [email protected]
AE de Custóias ………………….... [email protected]
AE de Perafita …………………….. [email protected]
Dados fornecidos em Dezembro de 2015
Manual das Associações de Pais
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Apoio:
FEDERAÇÃO CONCELHIA DAS ASSOCIAÇÕES DE PAIS DE MATOSINHOS
[email protected] www.fapmatosinhos.com