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3. Aproximações com Elementos Finitos

Neste capítulo apresenta aproximações por elementos finitos, que consiste

basicamente, em substituir um sistema contínuo por um sistema discreto de elementos

equivalente. São apresentados exemplos de aproximações nodais, construção de funções

de interpolação baseadas em elementos, transformações geométricas, de derivadas e de

integrais.

3.1 Generalidades

3.1.1 Aproximação Nodal

Define-se o erro de uma função )(xu aproximante de )(xuex como

)()()( xuxuxe ex−= (3.1)

Desta forma pode-se propor

∑=

=≅N

iiiex xPaxuxu

1

)()()( (3.2)

Alguns exemplos serão apresentados a seguir.

Exemplo 3.1: Aproximação da temperatura ao longo de uma barra, conhecidas as

temperaturas em alguns pontos.

x )(xTex

0 20 oC

0,5 25 oC

1,0 22 oC

Pode-se, no caso, propor uma interpolação de três coeficientes, na forma:

2

321)()( xaxaaxTxTex ++=≅ (3.3)

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Substituindo os valores conhecidos das temperaturas na Eq. (3.3) obtém-se: Ca o201 = ;

182 =a e 163 −=a , resultando a solução aproximante:

2161820)( xxxT −+= (3.4)

Exemplo 3.2: Solução de uma equação diferencial da forma.

10)()(

2

2

<<= xxfdx

xud ex (3.5a)

com condições de contorno

0)1(;0)0( == exex uu (3.5b)

e conhecidos os valores

xde valoresoutros para 0)(25,0)75,0(

1)25,0(

===

xfff

(3.5c)

Uma aproximação que satisfaz as condições de contorno é da forma:

( )∑=

=N

ii xisenaxu

1

)( π (3.6)

As derivadas primeira e segunda da função (3.6) são respectivamente:

( )∑=

=N

ii xiai

dxdu

1

cos ππ (3.7a)

( ) ( )∑=

−=N

ii xisenai

dxud

1

22

2

ππ (3.7b)

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Tomando 2=N , obtém-se a expansão

)2()()( 21 xsenaxsenaxu ππ += (3.8)

Substituindo a função (3.5c) e (3.7b) na equação (3.5a) obtém-se

211

245

π−=a ; 22

1323

π−=a

Em geral pode-se, como já foi visto, definir

)()()()( 2211 xPaxPaxPaxu nn+++= L

ou

{ }aP

a

aa

xPxPxPxu

n

n >=<

>=< ML 2

1

21 )()()()( (3.9)

na qual )(),(),( 21 xPxPxP nL satisfazem as condições do capítulo 2. sia ′ são

parâmetros gerais da aproximação. No contexto do método de elementos finitos sia ′ são

os valores nodais da função ou variável que se quer conhecer

nnexn

ex

ex

uxuxu

uxuxu

uxuxu

==

====

)()(

)()(

)()(

222

111

MMM (3.10)

Assim,

nn uxNuxNuxNxu )()()()( 2211 +++= L

ou

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{ }n

n

n uN

u

uu

xNxNxNxu >=<

>=< ML 2

1

21 )()()()( (3.11)

Na qual , agora, )(xN i são denominadas funções de interpolação e iu são valores

nodais (em pontos do elemento, nós ou nodos) da variável u . As funções de

interpolação devem satisfazer as seguinte propriedade:

≠=

=jiji

xN ij se 0 se 1

)( (3.12)

O erro definido pela equação (3.1) no ponto ix será, então,

0)( =ixe (3.13)

Exemplo 3.3: Aproximação de uma função conhecida em n pontos.

∑=

=N

iii uxNxu

1

)()(

Para satisfazer a propriedade (3.12) as funções de interpolação podem ser da forma de

polinômios de Lagrange

( )∏

≠= −

−=

n

ijj ji

ji xx

xxxN

1

)(

No caso de 4=n , por exemplo, resultará

( )( )( )( )( )( )413121

4321 )(;1

xxxxxxxxxxxx

xNi−−−

−−−==

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( )( )( )( )( )( )423212

4312 )(;2

xxxxxxxxxxxx

xNi−−−

−−−==

( )( )( )( )( )( )432313

4213 )(;3

xxxxxxxxxxxx

xNi−−−

−−−==

( )( )( )( )( )( )342414

3214 )(;4

xxxxxxxxxxxx

xNi−−−

−−−==

Se u é uma função de várias variáveis, por exemplo, se

{ }n

n

n uxN

u

uu

xNxNxNxuzyxu >=<

>=<= )()()()()(),,( 2

1

21

rM

rLrrr (3.14)

Neste caso,

iiexi uxuxu == )()(rr

com

nizyxx iiii ,,2,1; Lr=>=<

3.1.2 Aproximação por Elementos Finitos

A construção de uma função aproximante )(xur

é difícil quando o número nós e

de parâmetros iu aumenta. O problema se complica ainda mais quando o domínio V é

de forma complexa e se a função de aproximação )(xur

deve satisfazer as condições de

contorno sobre sua fronteira.

O método de aproximação nodal por subdomínio simplifica a construção de

)(xur

e é muito fácil de ser implementado em computador. Esse método consiste em:

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• identificar uma subdivisão (montagem) em subdomínios eV do domínio V ;

• -definir uma função aproximante )(xu e r diferente sobre cada subdomínio pelo

método de aproximação nodal. Cada função )(xu e r pode depender de variáveis

nodais de outros subdomínios vizinhos como no caso de aproximação por

splines.

O método de aproximação por elementos finitos é um método particular de

aproximação por subdomínios que apresenta as seguintes particularidades:

• a aproximação sobre um subdomínio eV depende apenas dos valores nodais

daquele subdomínio ou elemento;

• a aproximação )(xu e r é requerida garantir um certo mínimo grau de

continuidade sobre cada elemento e seus contornos inter-elementos.

Definições

- Os pontos do subdomínio onde a função é avaliada são chamados nós de interpolação

ou simplesmente nós.

- As coordenadas geométricas de tais pontos são chamadas coordenadas nodais.

- Os valores da função )()( iexie

i xuxuurr

== nos nós são chamados variáveis nodais.

Aproximações por elemento finito podem ser caracterizadas pelos seguintes

passos distintos:

- a geometria de todos os elementos deve ser definida analiticamente;

- funções de interpolação apropriadas )(xN i

r devem ser construídas para cada elemento.

Veja Dhatt, G., Touzot, G. (1984) The Finite Element Method Displayed, John

Wiley & Sons, Chichester, 509 p.

3.2 Definição Geométrica dos Elementos

3.2.1 Nós Geométricos

Um conjunto de pontos é selecionado no domínio V para definir a geometria

dos elementos. Estes pontos chamados nós geométricos podem algumas vezes coincidir

com os nós de interpolação. O domínio V é então subdividido em um conjunto de

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elementos eV de forma simples. Cada elemento é analiticamente e unicamente definido

em termos dos nós geométricos pertencentes àquele elemento e seus contornos.

3.2.2 Regras de Partição de um Domínio em Elementos

A subdivisão de um domínio V em domínio de elemento finito eV deverá

satisfazer os seguintes dois requerimentos:

(a) dois elementos distintos podem ter pontos comuns apenas sobre seus contornos se

tais contornos existem; nenhuma interseção ou superposição é permitida. Contornos

comuns podem ser pontos, linhas ou superfícies.

(b) os elementos montados não podem deixar nenhum buraco dentro do domínio e

aproximar a geometria do domínio real tão próxima quanto possível.

3.2.3 Forma de alguns Elementos Clássicos

Veja Dhatt, G., Touzot, G. (1984) The Finite Element Method Displayed, John

Wiley & Sons, Chichester, 509 p.

3.2.4 Elemento de Referência

O elemento de referência ou elemento mestre é utilizado para simplificar as

expressões analíticas de elementos de forma complexa. Tal elemento rV é definido em

um espaço abstrato adimensional com uma forma geométrica simples. A geometria do

elemento referência é então mapeada na geometria do elemento real usando

transformações geométricas, como ilustrado na Figura 3.1.

Figura 3.1 Elemento referência mapeado no elemento real.

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A transformação geométrica do elemento referência para um elemento real é do

tipo:

( )ξξτrrrr

eee xx =→: (3.15)

Assim para cada elemento tem-se, como ilustrado na Figura 3.2,

( )kjieee xxxxx ,,,: ξξτ

rrrr=→ (3.16)

Em geral, as coordenadas no elemento referência podem ser colocadas na forma:

( )[ ]{ }nee xNx ξξτ

rrr=→: (3.17)

Figura 3.2 Mapeamento de elementos reais diferentes num mesmo elemento mestre.

Exemplo: Triângulo com 3 nós

Num triângulo de 3 nós como ilustrado na Figura 3.1, as coordenadas dentro do

elemento serão

( ) ( ) ( ) ( )

>=<++=

k

j

i

kji

x

x

x

NxNxNxNx ηξηξηξηξ ,,,, 321 (3.18a)

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( ) ( ) ( ) ( )

>=<++=

k

j

i

kji

y

y

y

NyNyNyNy ηξηξηξηξ ,,,, 321 (3.18b)

nas quais ηξ , são coordenadas no elemento referência e ( )ηξ ,iN são funções de

transformação geométrica.

No elemento de referência a função aproximante será ( )ξrr

u , enquanto no

elemento real a função aproximante é ( )xurr

. Embora, ( )xurr

e ( )ξrr

u sejam funções

distintas, elas assumem o mesmo valor em pontos correspondentes:

( ) ( )[ ] ( )ξξrrrrrrr

uxuxu == (3.19)

Para ilustrar a transformação do elemento referência para um elemento real,

considera o caso de um triângulo com 3 nós, como ilustrado na Figura 3.3. O elemento

mestre é definido como:

00

1

≥≥

≤+

ηξ

ηξ

Figura 3.3 Elemento no espaço de referência à esquerda, elemento no espaço real à

direita.

As funções de transformação (3.18) devem satisfazer as condições:

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≠=

=jiji

N ji se0 se1

)(ξr

Desta forma deve-se ter

( )( )( ) 0,

0,

1,

331

221

111

=

=

=

ηξ

ηξ

ηξ

N

N

N

;

( )( )( ) 0,

1,

0,

332

222

112

=

=

=

ηξ

ηξ

ηξ

N

N

N

;

( )( )( ) 1,

0,

0,

333

223

113

=

=

=

ηξ

ηξ

ηξ

N

N

N

As funções que satisfazem as condições anteriores são da forma:

( )( )( ) ηηξ

ξηξ

ηξηξ

=

=

−−=

,

,

1,

3

2

1

N

N

N

(3.20)

Assim, os pontos ( )0,0 , ( )0,1 e ( )1,0 do elemento mestre mapeiam em ( )ii yx , ,

( )jj yx , e ( )kk yx , no elemento real. Os lados do elemento mestre: 0,10,0 − ; 1,00,0 − e

1,00,1 − correspondem aos lados do elemento real: jjii yxyx ,, − ; kkii yxyx ,, − e

kkjj yxyx ,, − respectivamente.

A transformação é uma para uma se a matriz do Jacobiano da transformação é

não singular. A matriz do Jacobiano é dada na forma, no caso bidimensional:

[ ]

∂∂

∂∂

∂∂

∂∂

=

ηη

ξξxx

yx

J

Com as funções de transformação geométrica (3.20) as coordenadas yx, serão da

forma:

( ) ( )( ) ( ) kji

kji

yyyy

xxxx

ηξηξηξ

ηξηξηξ

++−−=

++−−=

1,

1,

e a matriz do Jacobiano será expressa como

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[ ]

−−−−

=ikik

ijij

yyxxyyxx

J

O determinante da matriz jacobiana será:

[ ] ( )( ) ( )( )ijikikij yyxxyyxxJ −−−−−=det

Ex: Demonstre que o determinante da matriz do Jacobiano é [ ] ∆= AJ 2det .

3.2.5 Elementos Clássicos

Veja Dhatt, G., Touzot, G. (1984) The Finite Element Method Displayed, John

Wiley & Sons, Chichester, 509 p.

3.2.6 Coordenadas Nodais e Conectividade dos Elementos

Num sistema global de referência os nós são numerados sequencialmente de 1

até NPOIN e, portanto, as coordenadas dos nós podem ser armazenadas num array de

dimensões ),( NDIMNPOINCOORD . A tabela 3.1 ilustra a numeração dos pontos e

suas respectivas coordenadas.

Tabela 3.1 Nós globais e suas coordenadas

Ponto x y

1 1x 1y

2 2x 2y

M M M

NPOIN NPOINx NPOINy

Os elementos são numerados sequencialmente de 1 até NELEM . Cada elemento

terá um determinado número de nós NNOS . Os elementos e seus respectivos nós são

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guardados num array de dimensões ),( NNOSNELEMKCONEC . Localmente num

elemento os nós são numerados de 1 à NNOS . A Tabela 3.2 ilustra a conectividade de

uma malha

Tabela 3.2 Elementos e sua conectividade.

Elemento 1 2 … NNOS

1 )1,1(kconec )2,1(kconec … ),1( nnoskconec

2 )1,2(kconec )2,2(kconec … ),2( nnoskconec

M M M M M

NELEM )1,(nelemkconec )2,(nelemkconec … ),( nnosnelemkconec

A Figura 3.4 ilustra uma malha gerada em um programa desenvolvido no DEM,

por Aparecido (2006). A região é um setor de coroa de raio interno 4, raio externo 8,

menor ângulo 30o, maior ângulo 60o, 3 divisões no raio e 4 divisões no ângulo.

Figura 3.4 Malha de elementos triangulares num setor de coroa.

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As coordenadas dos nós e conectividade dos elementos como saída do gerador

de malhas são mostradas a seguir.

Malha=2D - GerMal2D v1.01 (Número de elementos da malha; Número de nós da malha) 24 20 (Número do nó; Coordenada-x do nó; Coordenada-y do nós) 1 3,464101615137760E+000 2,000000000000000E+000 2 4,618802153517010E+000 2,666666666666660E+000 3 5,773502691896260E+000 3,333333333333330E+000 4 6,928203230275510E+000 4,000000000000000E+000 5 3,173413361164940E+000 2,435045716034880E+000 6 4,231217814886590E+000 3,246727621379840E+000 7 5,289022268608240E+000 4,058409526724800E+000 8 6,346826722329880E+000 4,870091432069760E+000 9 2,828427124746190E+000 2,828427124746190E+000 10 3,771236166328260E+000 3,771236166328250E+000 11 4,714045207910320E+000 4,714045207910310E+000 12 5,656854249492380E+000 5,656854249492380E+000 13 2,435045716034890E+000 3,173413361164940E+000 14 3,246727621379850E+000 4,231217814886580E+000 15 4,058409526724810E+000 5,289022268608230E+000 16 4,870091432069770E+000 6,346826722329880E+000 17 2,000000000000000E+000 3,464101615137750E+000 18 2,666666666666670E+000 4,618802153517000E+000 19 3,333333333333340E+000 5,773502691896250E+000 20 4,000000000000010E+000 6,928203230275510E+000 (Número do elemento; Tipo do Elemento; Nós do elemento) 1 TRG01 1 6 5 2 TRG01 1 2 6 3 TRG01 2 7 6 4 TRG01 2 3 7 5 TRG01 3 8 7 6 TRG01 3 4 8 7 TRG01 5 10 9 8 TRG01 5 6 10 9 TRG01 6 11 10 10 TRG01 6 7 11 11 TRG01 7 12 11 12 TRG01 7 8 12 13 TRG01 9 14 13 14 TRG01 9 10 14 15 TRG01 10 15 14 16 TRG01 10 11 15 17 TRG01 11 16 15 18 TRG01 11 12 16 19 TRG01 13 18 17 20 TRG01 13 14 18 21 TRG01 14 19 18 22 TRG01 14 15 19 23 TRG01 15 20 19 24 TRG01 15 16 20

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3.3 Aproximação Baseada num Elemento de Referência

3.3.1 Forma Algébrica da Função Aproximante u(x)

No elemento real a função é aproximada como:

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) { }n

ne

neex uxN

u

uu

xNxNxNxuxur

Mr…rrrr

=

>=<≅ 2

1

21)( (3.21)

Na qual eVx ∈r

; neuuu ,,, 21 … são os valores de exu nos nós de interpolação. ( )xN i

r

são as funções de interpolação no elemento real.

No elemento mestre a interpolação será da forma:

( ) ( ) { }nex uNuu ξξξrrr

=≅ )( (3.22)

Na qual { }nu são as variáveis nodais do elemento e ( )ξr

N são as funções e interpolação

no elemento mestre. As coordenadas no elemento mestre são definidas pela Eq. (3.17).

Observações:

• em geral funções ( )xNr

são usadas apenas para os elementos mais simples, pois

( )xNr

depende das coordenadas de cada elemento, sendo, portanto, diferentes

para cada elemento;

• funções ( )ξr

N são independentes da geometria do elemento real eV . Um único

conjunto de funções ( )ξr

N pode ser usado para todos os elementos que têm o

mesmo elemento mestre ou elemento de referência. O elemento mestre é

caracterizado por sua forma, seus nós geométricos e seus nós de interpolação.

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3.3.1.1 Funções de Interpolação para um Triângulo de 3 Nós

Considere um triângulo em que os 3 nós de interpolação são também nós

geométricos nos vértices do triângulo. Denominando os nós de kji ,, , as variáveis

nodais serão:

{ }

=

k

j

i

n

u

u

u

u (3.23)

A interpolação linear sobre o elemento real será da forma

( ) ( ) ( )

>=<

k

j

i

u

u

u

yxNyxNyxNyxu ,,,),( 321 (3.24)

A interpolação linear também pode ser suposta na forma:

ycxccyxu 321),( ++= (3.25)

A Eq. (3.25) aplicada aos nós do elemento fornece o sistema:

kkkkk

jjjjj

iiiii

ycxccyxuu

ycxccyxuu

ycxccyxuu

321

321

321

),(

),(

),(

++==

++==++==

(3.26)

Que pode ser reescrito na forma matricial como

{ } [ ]{ }cAcc

c

yxyxyx

u

u

u

u

kk

jj

ii

k

j

i

n =

=

=

3

2

1

111

(3.27)

A solução do sistema (3.27) para os coeficientes sc, resulta

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[ ] { }n

k

j

i

kk

jj

ii

uA

u

uu

yxyxyx

ccc

1

1

3

2

1

111

=

=

(3.28)

Se [ ]A é não singular ela pode ser invertida e a inversa de [ ]A pode ser obtida como

[ ] [ ][ ]TAC

AA

det11 =−

Na qual o determinante é calculado por

[ ] ( )( ) ( )( )jkjijijk yyxxyyxxA −−−−−=det

e os elementos da matriz de cofatores [ ]AC são calculados como

( ) mnnm

mn MC +−= 1

em que mnM são os menores complementares. mnM é definido como o determinante da

matriz eliminando a linha m e coluna n. A matriz de cofatores, então será da forma:

[ ]( ) ( ) ( )( ) ( ) ( )

( ) ( )

−−−−−−−−−

−−−−=

ijijijji

ikikikki

jkjkjkkj

A

xxyyyxyxxxyyyxyx

xxyyyxyxC (3.29)

Após várias manipulações algébricas, obtém-se os coeficientes na forma:

[ ] ( ) ( ) ( )[ ]

[ ] ( ) ( ) ( )[ ]

[ ] ( ) ( ) ( )[ ]kijjikijk

kijjikijk

kijjijikkiijkkj

uxxuxxuxxA

c

uyyuyyuyyA

c

uyxyxuyxyxuyxyxA

c

−+−−−=

−−−+−−=

−+−−−=

det1

det1

det1

3

2

1

(3.30)

os quais substituídos na Eq. (3.25) leva a função aproximante na forma:

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[ ]

( )( ) ( )( )[ ]( )( ) ( )( )[ ]( )( ) ( )( )[ ]

−−−−−

+−−−−−

+−−−−−

=

kiijiij

jkkikki

ijjkjjk

uyyxxxxyy

uyyxxxxyy

uyyxxxxyy

Ayxu

det1

),( (3.31a)

ou

[ ]

( )( ) ( )( )[ ]( )( ) ( )( )[ ]( )( ) ( )( )[ ]

−−−−−−−−−−

−−−−−

=

k

j

i

T

iijiij

kkikki

jjkjjk

u

u

u

yyxxxxyy

yyxxxxyy

yyxxxxyy

Ayxu

det1

),( (3.31b)

Sabendo que [ ] ∆= AA 2det e comparando as Equações (3.31b) e (3.24) obtém-se

as funções de interpolação na forma:

( ) ( )( ) ( )( )[ ]

( ) ( )( ) ( )( )[ ]

( ) ( )( ) ( )( )[ ]yyxxxxyyA

yxN

yyxxxxyyA

yxN

yyxxxxyyA

yxN

iijiijk

kkikkij

jjkjjki

−−−−−=

−−−−−=

−−−−−=

21

,

21

,

21

,

(3.32)

com

( )( ) ( )( )jkjijijk yyxxyyxxA −−−−−=2 (3.33)

Existirá um conjunto de funções (3.32) para cada elemento eV . Já no elemento

mestre, a interpolação será da forma:

( ) ( ) ( )

>=<

k

j

i

u

u

u

NNNu ηξηξηξηξ ,,,),( 321 (3.34)

Na qual

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52

( )( )( ) ηηξ

ξηξηξηξ

==

−−=

,,

1,

3

2

1

NNN

(3.35)

e as relações entre coordenadas globais e locais são dadas por

( ) ( ) ( ) ( )

++=

k

j

i

x

x

x

NNNx ηξηξηξηξ ,,,, 321 (3.36a)

( ) ( ) ( ) ( )

++=

k

j

i

y

y

y

NNNy ηξηξηξηξ ,,,, 321 (3.36b)

As funções de interpolação geométrica serão as próprias funções de interpolação, ou

seja,

332211 ;; NNNNNN ===

Usando o elemento mestre existirá um único conjunto (3.35) para todos os elementos da

malha, pois um único elemento mestre rV mapeia em cada elemento real eV , como

visto anteriormente.

3.3.2 Propriedades da Função Aproximante u(x)

A seguir são apresentadas algumas propriedades das funções de aproximação:

(a) Propriedade fundamental da aproximação nodal

Pode-se observar que a aproximação por elemento finito satisfaz as propriedades

da aproximação nodal. Os valores da função aproximante )(xur

coincide com os valores

da função exata )(xuex

r em todos os nós de interpolação.

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53

( ) ( ) ( ) ( )

>=<=

ne

ineiiiiex

u

uu

xNxNxNxuxu Mr…rrrr 2

1

21)(

da qual resulta

≠=

=jiji

xN ij se 0 se 1

)(r

(3.37)

Similarmente, usando a aproximação no elemento mestre:

( ) ( ) ( ) ( )

>=<=

ne

ineiiiiex

u

uu

NNNuu Mr

…rrrr

2

1

21)( ξξξξξ

da qual resulta

≠=

=jiji

N ij se 0 se 1

)(ξr

(3.38)

(b) Continuidade dentro do elemento

Se a função aproxiamante )(xur

e todas suas derivadas até ordem s são

requeridas serem contínuas juntas, funções de interpolação ( )xN i

r de mesma qualidade

devem ser usadas.

(c) Continuidade inter-elemento

Se a função aproxiamante )(xur

e suas derivadas até ordem s são requeridas

serem contínuas sobre um contorno comum com outro elemento, então )(xur

e suas

derivadas até ordem s podem depender apenas das variáveis nodais sobre o contorno

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54

comum. Considere primeiramente a continuidade através de um contorno comum com o

elemento adjacente.

( ) ( ) ( )

>=<

ne

ne

u

uu

xNxNxNxu Mr…rrr 2

1

21)(

Produtos ii uxN )(r

devem ser nulos se iu não pertence ao contorno comum. Daí

( ) 0=xN i

r (3.39a)

quando xr

está sobre um contorno e iu não pertence àquele contorno. Similarmente,

sobre o elemento mestre ( ) 0=ξr

iN quando ξr

está sobre um contorno e iu não está

sobre aquele contorno. A continuidade das derivadas através de um contorno comum é,

analogamente escrita como:

( ) ( ) ( )

>∂

∂∂

∂∂

∂=<

∂∂

ne

ne

u

uu

xxN

xxN

xxN

xxu

Mr

…rrr

2

1

21)(

na qual

( )0=

∂∂

xxN i

r (3.39b)

quando xr

está localizado sobre o contorno comum e iu não. A condição prévia para

um elemento mestre bidimensional é:

( ) ( )0=

∂∂

∂∂

+∂∂

∂∂

xN

xN ii η

ηξξ

ξξ

rr

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55

Continuidade entre elementos adjacentes tem desempenhado um papel

importante no desenvolvimento do método. O grau de continuidade a ser mantido entre

elementos adjacentes é problema dependente e será discutido posteriormente.

(d) Polinômios completos como funções de interpolação

O erro de truncamento )()()( xuxuxe ex−= pode ser reduzido pelo decréscimo

do tamanho do elemento. Em muitos problemas é necessário reduzir o erro nas

derivadas das funções de aproximação. Para assegurar que o erro )()()( xuxuxe ex−=

tenda a zero com um decréscimo no tamanho do elemento é essencial que a função

aproxiamante u contenha um termo constante não nulo. A aproximação u é então

capaz de representar a função constante exu dentro do elemento. Para assegurar que o

erro xxuxxu ex ∂∂−∂∂ /)(/)( tenda a zero com um decréscimo no tamanho do elemento

é também essencial que u contenha um termo em x . Deste modo, se xuex ∂∂ / é

constante, xu ∂∂ / será capaz de representar aquela constante exatamente. Em geral, se o

erro sobre exu e suas derivadas até ordem s são para decrescer com o tamanho do

elemento, a expressão (3.21) deve conter um polinômio completo até ordem s . Além

do mais se a função u e suas derivadas, até o grau 1−s , são contínuas através de

contornos comuns com elementos adjacentes, então o erro de truncamento para exu e

suas derivadas até ordem s tenderão a zero em todo o domínio V , incluindo seus

contornos. Quando as condições de continuidade inter-elementos não são satisfeitas,

convergência ainda pode ser obtida em alguns casos.

Definições

• Se apenas os valores das funções são contínuos através de contornos, a função é

dita ser de classe 0C . Quando a função e suas derivadas são continuas, ela é dita

ser de classe 1C . Em geral, se a função e todas as suas derivadas até ordem α

são contínuas, ela é dita ser de classe αC .

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56

• Um elemento é isoparamétrico se as funções de transformação geométrica ( )ξr

N

são idênticas Às funções de interpolação ( )ξr

N . Para cada elemento os nós

geométricos e de interpolação são idênticos.

• Um elemento é pseudo-paramétrico se as funções ( )ξr

N e ( )ξr

N são diferentes,

mas com os mesmos monômios.

• Um elemento é sub-paramétrico quando os polinômios geométricos ( )ξr

N são de

uma ordem mais baixa do que os polinômios de interpolação ( )ξr

N . Ele é super-

paramétrico no caso oposto. Elementos super-paramétricos não possuem a

propriedade (d) mencionada anteriormente.

• O número de variáveis nodais associadas com o número total de nós de

interpolação de um elemento é chamado de número de graus de liberdade (ndof).

3.4 Construção de Funções )(ξN e )(ξN

Funções de transformações geométricas ( )ξr

N e funções de interpolação têm

propriedades idênticas. Elas podem ser, algumas vezes, construídas com polinômios

tendo as propriedades descritas anteriormente. Tais polinômios são frequentemente de

Lagrange ou de Hermite, entretanto, nenhum método de construção tem sido encontrado

para todos os casos. Um número de fórmulas bem conhecidas tem sido encontrado para

elementos clássicos. A seguir será descrito um método sistemático de construção para

todos os elementos.

3.4.1 Método Geral de Construção

(a) Escolha da base polinomial

Num elemento mestre pode-se escrever ( )ξr

u como uma combinação linear de

funções conhecidas independentes ( )ξr

1P , ( )…rξ2P que são mais frequentemente

monômios independentes. A escolha das funções ( )ξr

iP é uma das operações mais

importantes no método de elemento finito.

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57

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) { }aP

a

aa

PPPu

ndof

ndof ξξξξξr

Mr

…rrr

=

= 2

1

21 (3.40)

O conjunto de funções ( )ξr

P constitui a base polinomial da aproximação. O

número de termos na base deve ser igual ao número de graus de liberdade (ndof) do

elemento. Uma base polinomial completa é sempre preferida, mas isto só é possível

apenas para uns poucos casos de valores inteiros ndof. A Tabela 3.3 dá uma indicação

do grau do polinômio e número de graus de liberdade para elementos uni, bi e

tridimensionais. A Tabela 3.4 mostra bases de polinômios completas e incompletas pra

alguns elementos clássicos. Para construir funções de transformação geométrica ( )ξr

N ,

seleciona-se expressões da mesma forma para zyx ,,

( ) ( ) { }

( ) ( ) { }( ) ( ) { }z

y

x

aPz

aPy

aPx

ξξ

ξξ

ξξ

rrrrrr

=

=

=

(3.41)

O número de funções ( )ξr

P e coeficientes { }xa , { }ya e { }za é igual ao número

de nós geométricos do elemento.

Tabela 3.3 Grau de polinômio requerido e número de graus de liberdade.

Grau do polinômio 1D 2D 3D

r ndof ndof ndof

1 2 3 4

2 3 6 10

3 4 10 20

4 5 15 35

5 6 21 56

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58

Dimensões Grau do

polinômio

Base Polinomial P ndof

Base Completa

1 1 ξ1 (linear) 2

1 2 21 ξξ (quadrática) 3

2 1 ηξ1 (linear) 3

2 2 221 ηξηξηξ (quadrática) 6

3 1 ζηξ1 (linear) 4

3 2 ξζζηζηξηξζηξ 2221

(quadrática)

10

Base

incompleta

2 ξηηξ1 (bilinear) 4

3 ξηζξζηζξηζηξ1

(trilinear)

8

Definições

• Os coeficientes { }a são chamados variáveis generalizadas do elemento para

distingui-los das variáveis nodais { }nu .

• A expressão ( ) ( ) { }aPu ξξrr

= define uma aproximação generalizada para

distingui-la da aproximação nodal ( ) ( ) { }nuNu ξξrr

= .

• Os coeficientes { }xa , { }ya , { }za são chamados coordenadas generalizadas do

elemento para distingui-los das coordenadas nodais { }nx , { }ny , { }nz

(b) Relação entre variáveis generalizadas e nodais

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59

Em cada nó de interpolação de coordenadas { }iξ , a função ( )ξu assume o valor

nodal ( )iexi uu ξ= :

{ }

( ) ( ) ( )( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )

{ }a

PPP

PPP

PPP

u

u

uu

ndofndofndofndof

ndof

ndof

n

ndof

==

ξξξ

ξξξ

ξξξ

…M…MM

……

M

21

22221

11211

2

1

{ } [ ]{ }aPu nn = (3.42)

deste modo, invertendo a matriz nodal [ ]nP de ordem ndof

{ } [ ] { }nn uPa 1−= (3.43)

Similarmente, para as coordenadas tem-se

{ } [ ]{ }{ } [ ]{ }{ } [ ]{ }znn

ynn

xnn

aPz

aPy

aPx

=

=

=

(3.44)

assim, invertendo [ ]nP

{ } [ ] { }{ } [ ] { }{ } [ ] { }nnz

nny

nnx

zPa

yPa

xPa

1

1

1

=

=

=

(3.45)

(c) Expressões analíticas para N e N

Substituindo (3.43) em (3.40)

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60

( ) ( ) [ ] { }nn uPPu 1−= ξξrr

(3.46a)

ou

( ) ( ) { }nuNu ξξrr

= (3.46b)

Na qual

( ) ( ) [ ] 1−= nPPN ξξrr

(3.47)

De maneira similar,

( ) ( ) { }

( ) ( ) { }

( ) ( ) { }n

n

n

zNz

yNy

xNx

ξξ

ξξ

ξξ

rrrrrr

=

=

=

(3.48)

na qual

( ) ( ) [ ] 1−= nPPN ξξrr

(3.49)

(d) Diferenciação da função ( )ξr

u

Diferenciando (3.46a) obtém-se

[ ] { } { } [ ]{ }nnnn uBu

N

N

N

uP

P

P

P

u

u

u

ξ

ζ

η

ξ

ζ

η

ξ

ζ

η

ξ

=

∂∂

∂∂

∂∂

=

∂∂

∂∂

∂∂

=

∂∂∂∂∂∂

−1 (3.50)

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61

Sumário de operações para construir N

• Escolha da base polinomial

• Avaliação da matriz nodal ( )[ ] ( )[ ] ndofjiPjiP ijn …,2,1,, == ξ

• Inversão de [ ]nP

• Cálculo de N

( ) ( ) [ ] 1−= nPPN ξξrr

Estas operações são realizadas uma única vez para cada elemento mestre

diferente.

Exercício: Construir as funções de forma ( )ξr

N para um elemento isoparamétrico

quadrilateral de 4 nós.

3.4.2 Propriedades Algébricas de Funções N e N

(a) cada função de interpolação é formada como o produto interno do polinômio de base

( )ξr

P e a i-ésima coluna da matriz [ ] 1−nP .

( ) ( ) { }ii CPN ξξrr

= (3.51)

na qual iC é a i-ésima coluna de [ ] 1−nP

[ ] { } { } { }[ ]…… in CCCP 211 =− (3.52)

A função ( )ξr

iN é então uma combinação linear da função no polinômio de base

( )ξr

P , os coeficientes sendo os termos da coluna i.

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62

(b) Pós-multiplicando a Eq. (3.47) por [ ]nP obtém-se

( ) [ ] ( ) [ ] [ ]( )ξ

ξξrrr

P

PPPPN nnn

1

=

= −

(3.53)

e após usar a definição de [ ]nP

( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )

( )ξ

ξξξ

ξξξ

ξξξ

ξξξr

…M…MM

……

r…

rrP

PPP

PPP

PPP

NNN

ndofndofndofndof

ndof

ndof

ndof =

21

22221

11211

21

ou

( ) ( ) ( ) ndofjPPN jij

ndof

ii ,,2,1

1

…rrv

==∑=

ξξξ (3.54)

A Eq. (3.54) mostra a característica da estrutura algébrica das funções de forma

iN . Ela mostra que os termos ( )ξr

jP pertencem ao polinômio de base usado para

construir iN . Tal equação pode ser empregada para verificar se qualquer dado

polinômio ( )ξr

p é incluído independentemente na base das funções de N . A seguinte

identidade deve ser satisfeita:

( ) ( ) ( )ξξξrrv

ppN i

ndof

ii =∑

=1

(3.55)

Por exemplo, se os monômios ηξ ,,1 estão contidos em N , deve se verificar que

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63

( )

( )

( ) ηηξ

ξξξ

ξ

=⋅

=⋅

=⋅

=

=

=

i

ndof

ii

i

ndof

ii

ndof

ii

N

N

N

1

1

1

11

v

v

v

Exercício: verifique o caso dos monômios incluídos na construção do quadrilátero de 4

nós.

(c) Diferenciação Eq. (3.54) conduz ao resultado

( ) ( ) ( )ndofj

PP

N jij

ndof

i

i ,,2,11

…rrv

=∂

∂=

∂∂∑

= ξ

ξξ

ξξ

(3.56)

A expressão (3.54) juntamente com as relações

≠=

=jiji

xN ij se 0 se 1

)(r

;

≠=

=jiji

N ij se 0 se 1

)(ξr

;

( ) 0=xN i

r;

( )0=

∂∂

xxN i

r

( ) ( ) ( ) ndofjPPN jij

ndof

ii ,,2,1

1

…rrv

==∑=

ξξξ

são muito úteis para verificar formas explícitas de funções de interpolação iN e suas

derivadas.

3.5 Transformação de Operadores Diferenciais

As equações governantes de problemas físicos são escritas no domínio real e

envolve funções desconhecidas exu e suas derivadas x

uex

∂∂

, y

uex

∂∂

, etc. Visto que a

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64

aproximação (3.21) no espaço do elemento real é frequentemente muito complicada, é

mais conveniente trabalhar no espaço do elemento de referência (3.22)

( ) ( ) { }nex uNuu ξξξrrr

=≅ )( (3.57)

Juntamente com a transformação

( ) ( )[ ]{ }

ζηξξ

ξξξτ

=

=

==→

rr

rrrrr

zyxx

xNxx n:

(3.58)

A transformação sendo uma para uma, tem-se

( )xxrrrr

ξξτ =→− :1 (3.59)

Visto que a inversa da transformação 1−τ é muito difícil de construir, exceto em

caso de elementos simples. É melhor trabalhar no espaço do elemento de referência.

Para expressões contendo derivadas em relação ao espaço real ( )zyx ,, é necessário

obter expressões equivalentes no espaço do elemento mestre ( )ζηξ ,, . Tais expressões

dependem da matriz do Jacobiano [ ]J da transformação.

3.5.1 Derivadas Primeiras

Como ( ) ( )zyxf ,,,, =ζηξ , pela regra da cadeia pode-se obter que

( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( )z

zy

yx

xz

zy

yx

xz

zy

yx

x

∂∂

∂∂

+∂

∂∂∂

+∂

∂∂∂

=∂∂

∂∂

∂∂

+∂

∂∂∂

+∂

∂∂∂

=∂∂

∂∂

∂∂

+∂

∂∂∂

+∂

∂∂∂

=∂∂

ζζζζ

ηηηη

ξξξξ

Page 31: 3. Aproximações com Elementos Finitos - feis.unesp.br · 3. Aproximações com Elementos Finitos Neste capítulo apresenta aproximações por elementos finitos, que consiste basicamente,

65

Ou numa forma matricial tem-se

( )

( )

( )

( )

( )

( )

∂∂∂

∂∂

∂∂

∂∂

∂∂

∂∂

∂∂

∂∂

∂∂

∂∂

∂∂

=

∂∂∂∂∂∂

z

y

x

zyx

zyx

zyx

ζζζ

ηηη

ξξξ

ζ

η

ξ

(3.60a)

Ou de forma simplificada

{ } [ ]{ }xJ ∂=∂ξ (3.60b)

No elemento mestre resulta a equação

( )

( )

( )

( )

( )

( )

∂∂∂∂∂∂

∂∂

∂∂

∂∂

∂∂

∂∂

∂∂

∂∂

∂∂

∂∂

=

∂∂∂

∂∂

ζ

η

ξ

ζηξ

ζηξ

ζηξ

zzz

yyy

xxx

z

y

x

(3.61a)

ou

{ } [ ]{ }ξ∂=∂ jx (3.61b)

na qual

[ ] [ ] 1−= Jj (3.62)

Escrevendo a matriz do jacobiano na forma simbólica, no caso mais geral,

[ ]

=

333231

232221

131211

JJJJJJJJJ

J

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66

A inversa da mátria do Jacobiano será da forma:

[ ] [ ][ ] [ ]

−−−

−==−

332313

322212

3121111

det1

det1

MMMMMM

MMM

JC

JJ T

ij

na qual ijM são os menores complementares. Neste caso, resulta

[ ] [ ]

−−−−−−−−−

=−

211222111132311222313221

112313213113331133212331

2212231233123213233233221

det1

JJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJ

JJ (3.63)

na qual o determinante do Jacobiano é dado por

[ ] ( ) ( ) ( )11 22 33 23 32 12 23 31 21 33 13 21 32 22 31det J J J J J J J J J J J J J J J J= − + − + − (3.64)

Nos casos uni e bidimensionais resultarão:

[ ] 11)1 JJD = ; [ ]11

1 1J

J =− (3.65)

[ ]

=

2221

1211)2JJJJ

JD ; [ ] [ ]

−=−

1121

12221

det1

JJJJ

JJ (3.66)

Cálculo dos termos de [ ]J

Sabe se que

( ) { } { } { }[ ]nnn zyxNzyx ξr

= (3.67)

na qual { } { } { }nnn zyx são as coordenadas geométricas dos nós. A matriz do

Jacobiano é:

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67

[ ] { } { } { }[ ]nnnzyxJ zyx

N

N

N

xnnos

nnosx

3

3

∂∂

∂∂

∂∂

=

∂∂

∂∂

∂∂

=

ζ

η

ξ

ζ

η

ξ

(3.68)

Transformação de uma integral

A mudança de variáveis (3.58) permite mudar a integração de uma função f no

domínio geométrico real eV em uma integração mais simples no espaço do elemento

mestre rV

( ) ( )( ) [ ]∫∫ =re VV

dddJxfdxdydzxf ζηξξ detrrr

(3.69)

Exercício: partindo de ( ) zdydxddVrrr

•×= no espaço real e ( ) ζηξrrr

ddddV •×= no

elemento de referência; demonstre que com idxxdrr

= , jdyydrr

= , kdzzdrr

= e

ξξ dkJjJiJd )( 131211

rrrr++= , ηη dkJjJiJd )( 232221

rrrr++= ,

ζζ dkJjJiJd )( 333231

rrrv++= :

[ ] ζηξ dddJdxdydzdV det==

3.6 Cálculo de Funções N , suas Derivadas e da Matriz do Jacobiano

Em geral necessita-se de aproximações de ( ) ( ) ( )yxu

xxu

xu∂

∂∂

∂,, , etc. Estas

aproximações são usadas para avaliar integrais sobre o volume de um elemento:

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( ) ( ) ( ) e

VdV

yxu

xxu

xufke∫

∂∂

∂= …

rrr,,, (3.70a)

Que no elemento mestre fica na forma:

( ) ( ) ( ) [ ] ( )[ ] r

VdVJj

uuufk

ηξ

ξξ

ξr

…rrr

det,,,,∫

∂∂

∂= (3.70b)

Além do mais, estas integrais são avaliadas por técnicas numéricas e geralmente

são aproximadas como:

( ) ( ) ( ) ( )[ ] ( )[ ]∑

∂∂

∂∂

≈r

rrrr

rr Jjuu

ufWk ξξηξ

ξξ

ξrr

…rrr

det,,,, (3.70c)

na qual rξr

são coordenadas de um conjunto de pontos de integração (por exemplo

pontos de Gauss); rW são fatores de ponderação (pesos) da fórmula de integração

numérica

( ) ( ) { }nrr uNu ξξrr

=

( ) ( ) { } 3,2,1; =∂

∂=

∂∂

iuNu

ni

r

i

r

ξξ

ξξ

rr

( )[ ]rj ξr

e [ ][ ]rJ ξr

det são a inversa da matriz do Jacobiano e seu determinante avaliados

no ponto rξr

.

Note que as expressões para ( )rN ξr

e ( ) irN ξξ ∂∂ /r

são independentes da

forma real do elemento. Todos os cálculos são no espaço do elemento de referência.

Então, é necessário avaliar ( )rN ξr

e suas derivadas apenas uma vez para cada tipo de

elemento. A matriz do Jacobiano e seu determinante, entretanto, dependem das

coordenadas geométricas de cada elemento e devem, portanto, para cada elemento.

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Exercício: implementar rotinas numéricas para calcular ( )rN ξr

, ( ) irN ξξ ∂∂ /r

, [ ]J ,

[ ] 1−J para elementos triangulares de 3 e 6 nós e quadrilaterais de 4, 8 e 9 nós.