o jovem o jovem
Entrevista | Há um ano assumiu o cargo
mais exigente e complexo da estrutura.
O Jovem esteve à conversa com o
Secretário-Geral da Juventude Popular.
[p.12]
José Miguel Lello
Dossier | O Sistema Financeiro e
a sua projecção futura, por
Miguel Ribeiro. [p.8]
Especial | O Jovem conta-te
tudo sobre o II Conselho Distrital
do Porto da JP. [p.6]
Ser JP na Maia | Comissão
Política Concelhia em visita à
Escola Secundária da Maia [p.3]
Jornal Oficial da Juventude Popular da Maia
48 | Abril 2012 | Ano XXVI www.jpmaia.com
2 | abril 2012 o jovem
Este é o Norte! por João Ribeirinho Soares [pág.3]
ficha técnica
Propriedade: Comissão Política Concelhia da Juventude Popular da Maia | Edição: Manuel Oliveira | Colunistas desta edição: Miguel Ribeiro, Ângelo Miguel, André Bazan, João Ribeirinho Soares, Manuel Oliveira, Júlio Marques | Convidado especial desta edição: André Correia | Entrevistado desta edição: José Miguel Lello | www.jpmaia.com | [email protected] | Distribuição Digital | Abril 2012 | O Jovem 1985 - 2012
José Miguel Lello Secretário-Geral da JP [pág.12]
entrevista
O que é o Sistema Financeiro? por Miguel Ribeiro [pág.8]
dossier
especial
II Conselho Distrital do Porto da JP por Vânia Peres [pág.6]
A cultura da (in)dependência por André Correia [pág.10]
convidado especial
Por Terras de Lidador por Manuel Oliveira [pág.4]
opinião
Este é o Norte! por João Ribeirinho [pág.4]
Guiné-Bissau por Nuno Silva [pág.24]
Privatizações – bom ou mau? por André Bazan [pág.20]
Encontrar o Norte por Ângelo Miguel [pág.22]
o jovem abril 2012 | 3
EDITORIAL Comissão Política Concelhia Juventude Popular da Maia
Militantes da JP Maia visitam Escola Secundária da Maia notícia
Com toda a polémica à volta das derrapagens escandalosas da
empresa Parque Escolar, a Juventude Popular da Maia tentou
contactar a Direcção da Escola Secundária da Maia na
esperança de obter opiniões e novas informações sobre este e
outros assuntos relacionados com a escola. Foi desta forma que
a Comissão Política Concelhia da Juventude Popular da Maia
tomou conhecimento no local que não é prática da Direcção da
Secundária reunir com forças políticas.
Os militantes da JP Maia aproveitaram assim para conhecer a
título não oficial uma das escolas intervencionadas pelo
projecto de remodelação de infra-estruturas escolares
impulsionado pelo último governo socialista de José Sócrates.
Recorde-se que a empresa pública Parque Escolar teve nos
últimos dias um grande destaque mediático devido às
derrapagens financeiras na ordem dos 300% que registou neste
projecto. Mais alarmante ainda é o facto deste descalabro
orçamental não ser da totalidade das escolas intervencionadas.
voltará a batalhar neste assunto.
Recordar é viver. Mudar também. O Jovem chega hoje à sua
quadragésima oitava edição com uma cara lavada mas com a
atitude de sempre.
A contar desta edição contaremos com novos espaços de
opinião com ilustres convidados. Todos os meses a Distrital do
Porto da Juventude Popular assinará uma coluna apelidada de
“Este é o Norte!”, pela mão do seu Presidente João Ribeirinho
Soares, que permitirá aos leitores d’O Jovem um
acompanhamento mais intenso e crítico da actividade desta
recém-formada equipa. Activamos ainda um conceito perdido:
dar espaço de reflexão a uma personalidade actual da
Juventude
Juventude Popular. É com enorme honra que O Jovem conta
este mês com a opinião de um dos militantes mais activos e
dedicados da estrutura jovem do CDS, André Correia, Vice-
Presidente da Comissão Política Nacional da JP.
As habituais notícias e textos de opinião dos militantes da
Juventude Popular da Maia continuam a destacar-se também
nesta nova edição que mantém o espaço de entrevista a uma
figura destacada. Este mês contamos com o incansável José
Lello, Secretário-Geral da Juventude Popular. Como uma
leitura leve e descontraída podes encontrar a secção “Sabias
que…” com dados curiosos e pertinentes da história da
concelhia da Maia, da JP e do CDS.
Desafiamos-te a escreveres connosco mais um capítulo desta
tão recheada história. Há jornais épicos.
A atitude de sempre.
4 | abril 2012 o jovem
Este é o Norte! Por Terras de Lidador
por João Ribeirinho Soares Presidente da Distrital do Porto da JP
por Manuel Oliveira Presidente da Juventude Popular da Maia
A Maia também resiste à mudança.
facebook.com/juventudepopularmaia
Somos pela autonomia!
Sendo certo que não sou filiado nem nunca fui
dirigente da Concelhia da Maia, é com muito gosto que
digo presente a este desafio de assinar uma coluna no
periódico de referência para a Juventude Popular que é
‘O Jovem’. Estatuto conseguido à custa de muito
trabalho, resiliência e qualidade de informação.
Simplesmente não podia dizer não ao desafio de dar o
meu contributo a um dos projectos que no meu
modesto entendimento mais deve honrar esta Mui
Nobre, Sempre Leal e Invicta instituição que é a
Juventude Popular.
Neste meu primeiro artigo gostava de vos falar sobre
um dos temas que considero mais problemático para o
desenvolvimento da nação que todos nós amamos: o
centralismo. O Distrito do Porto tem vindo a ser alvo
desta doença e a questão de Leixões, e o cada vez mais
próximo problema do Aeroporto, são provas de que o
centralismo não vai desaparecer de um dia para o outro
e como tal é necessário um esforço ainda maior da
classe política da região para o combater. É
absolutamente inaceitável que se pense em fundir os
Portos de Mar, retirando competências à Região num
processo que terá um único desfecho: transformar o
Porto num deserto de oportunidades.
O Porto de Leixões cria riqueza, é altamente eficiente
na sua operação, contribui largamente para as
exportações das nossas empresas e investe grande
parte dos seus resultados na economia regional. Se dá
lucro e é bem gerido para que mudar? Ainda mais
incompreensível é a luta que as concelhias do distrito
do Porto do PSD estão a fazer contra a actual
administração. Acusar a administração de Leixões de
ser um braço armado da Câmara Municipal de
Matosinhos e outras acusações do mesmo calibre,
discutir nomes e futuras nomeações nos jornais apenas
vão contribuir para transformar cada vez mais o Porto
no parente pobre do Portugal que nós fundamos.
facebook.com/jpdistritalporto
Se há coisa que tenho feito nos últimos tempos, com
mais ou menos regularidade, é visitar todos aqueles
locais da Maia que marcaram momentos da minha
vida. Com a certeza de que o tempo é infiel e tenta a
todo o custo, dia após dia, matar lentamente todas
aquelas memórias de momentos únicos e marcantes, o
último local onde o passado esteve, num segundo, à
frente dos meus olhos foi a Escola Secundária da Maia.
Provavelmente o local da minha adolescência onde fui
mais feliz e ganhei consciência das responsabilidades
da vida futura, a Secundária da Maia é, e perdoem-me
a falta de isenção, a melhor escola do concelho e,
factualmente, uma das melhores a nível nacional no
ranking em que concorrem lado a lado instituições de
ensino privado e público. No entanto, muito mudou
com as recentes obras da Parque Escolar.
Sem certezas de que também aqui terá havido uma das
famosas derrapagens orçamentais, uma investigação
que a Juventude Popular da Maia está neste preciso
momento a realizar, a verdade é que por mais
pavilhões que façam de novo, por mais tijolo que
escondam e pintem de branco, por mais árvores que
cortem, a Secundária da Maia mantém a sua essência
de grande pólo jovem, dinâmico e vivo do centro do
concelho. Arrisco-me, aliás como sempre o senti, a
dizer que a Secundária da Maia é quem traz mais vida e
vibração a um centro que se queria com mais jovens,
movimento e… vida.
Vida é aquela palavra que caracteriza a Secundária da
Maia por mais alterações físicas e humanas que lhe
façam. As linhas continuam lá, as paredes mestras e
muitos rostos conhecidos da minha adolescência
continuam lá. Rostos que, agora com uma “nova”
escola, dizem ter saudades da “velha” escola. Porque
na Maia também se resiste à mudança, quase num
espírito conservador muito próprio de quem sente
aquilo que é seu e que ajudou a construir.
opinião
Sabias que...
o jovem abril 2012 | 5
o Jornal O Jovem vai já na sua 48ª edição?
Fundado em 1985 com meios que hoje consideramos
rudimentares, foi uma marca da Juventude Popular da Maia
da altura. Escrito à máquina com linhas bastante simples
desde logo apresentou textos interventivos e de profunda
capacidade crítica.
Depois de anos de abandono, “O Jovem” voltou em grande
força em 2008 respondendo ao grande crescimento da
concelhia da Maia. Com ilustres convidados como Nuno
Melo, Michael Seufert, João Almeida e José Ribeiro e
Castro, o jornal foi-se tornando o espelho do enorme
trabalho das várias equipas que deram vida à Juventude
Popular da Maia.
Esta edição que estás a ler é já a 48ª com a certeza de que
mais umas dezenas virão para te contar tudo sobre a vida
da Juventude Popular, do CDS e dos seus protagonistas.
a primeira edição d’O Jovem.
Especial CD
II Conselho Distrital do Porto da JP
especial
por Vânia Peres facebook.com/vania.f.peres
6 | abril 2012 o jovem
Foi no passado dia 31 de Março que a Comissão Política
Distrital do Porto realizou o II Conselho Distrital, no
auditório nobre da Junta de Freguesia da Senhora da
Hora. O salão nobre da Junta de Freguesia da Senhora
Da Hora, revelou-se pequeno para o acolhimento de
todos os militantes da Juventude Popular que quiseram
marcar a sua presença neste momento de mais uma
formação: toda a estrutura distrital do Porto da
Juventude Popular, militantes do Porto, da Maia, de
Matosinhos, de Penafiel, de Gondomar, Rio Tinto, entre
outros.
Uma vez que a temática do Porto de Leixões tem
estado em voga nos últimos dias, o Conselho Distrital
iniciou com um debate sobre a temática da Autonomia,
Desenvolvimento e Competitividade da zona Norte do
País. A Deputada à Assembleia da República e ex-
Presidente da Comissão Política Distrital do Porto, Vera
Rodrigues e Tiago Barbosa Ribeiro, representante da
Federação Distrital da Juventude Socialista do Porto,
foram os oradores escolhidos para fazerem uma análise
sobre os pontos mais competitivos da zona Norte.
Tiago Barbosa Ribeiro apontou como factores de
competitividade da Região Norte a sua grande
representatividade nas exportações nacionais (40%), a
sua massa populacional muito jovem e crítica. Por seu
lado, a Deputada Vera Rodrigues acredita que a zona
Norte se pode diferenciar se adoptar uma estratégia
sustentável e recorrer aos recursos internos. Ambos
defendem que os principais factores de
desenvolvimento e de competitividade se prendem
com o facto da Região Norte deter a melhor
Universidade do País e da Europa, do Aeroporto
Francisco Sá Carneiro e do Porto de Leixões, pois são
estes os canais que nos fazem chegar turistas e
empreendedores aos País.
Relativamente ao Porto de Leixões, os Deputados do
Círculo do Porto, bem como a Estrutura Distrital do
Porto da Juventude Popular, reuniram-se com o
Presidente do Concelho de Administração do Porto de
Leixões, Eng. Matos Fernandes, o qual demonstrou
uma enorme preocupação com o facto da Holding
pretender fundir os Portos e partir para uma gestão
centralizada dos mesmos, em Lisboa.
Da ordem de trabalhos do Conselho Distrital, faziam
ainda parte a análise da implementação da JP no
distrito, verificando que falta a eleição de 4
concelhias para ser atingida a plenitude Distrital, bem
pretender fundir os Portos e partir para uma gestão
centralizada dos mesmos, em Lisboa.
Da ordem de trabalhos do Conselho Distrital, faziam
ainda parte a análise da implementação da JP no
distrito, verificando que falta a eleição de 4 concelhias
para ser atingida a plenitude Distrital, bem como a
análise da execução do plano de actividades
apresentado e proposto no último Conselho Distrital,
pontos apresentados pelo Secretário-Geral José Rosas e
pelo Presidente da Distrital do Porto, respectivamente.
Manuel Oliveira, Vice-Presidente da Distrital,
apresentou a todos os militantes presentes as
alterações produzidas no último Congresso Estatutário,
realizado em Coimbra. Miguel Pires da Silva, Presidente
da Comissão Política Nacional da Juventude Popular
encerrou os trabalhos do II Conselho Distrital do Porto.
À noite houve jantar de tomada de posse da recente
eleita Comissão Política Concelhia de Matosinhos, da
qual Elisabete Silva é agora Presidente.
Vera Rodrigues e Tiago Ribeiro em debate.
Elisabete Silva é a nova Presidente da JP Matosinhos
somos pela autonomia! somos pela autonomia!
7 | abril 2012 o jovem
dossier
o sistema financeiro
por Luís Miguel Ribeiro
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O que é o sistema financeiro e como funciona? De onde
vem o capital e como isso afecta a economia? São
questões que por vezes é difícil de se encontrar
respostas mais concretas e como tal, quando se
desconhece criam-se várias figuras para os diabolizar.
Para satisfazer uma das primeiras questões, entende-se
por sistema financeiro toda a estrutura ou organização
que descreva a circulação de capitais numa dada
economia. Esta circulação de capitais é composta pelos
mercados financeiros e intermediários financeiros que
têm como missão angariar fundos junto dos agentes
económicos que possuem excedentes de fundos
(aqueles cuja despesa é inferior à receita) e canalizá-los
para aqueles que necessitam de financiamento exterior
(aqueles que desejam efectuar maior despesa do que o
rendimento que dispõem).
Os agentes que observam um excedente de fundos são
chamados de mutuantes ou aforradores primários
(lender-savers) e são a origem de todos os fluxos de
financiamento. Por norma os mutuantes são as famílias,
mas também pode ser o Estado caso exista um
superavit nas contas públicas, as empresas ou outros
agentes exteriores à economia (resto do mundo).
Quanto aos agentes que observam um deficit de fundos
são chamados de devedores primários (borrower-
spenders) e são o destino final dos diferentes fluxos de
financiamento, que por norma são as empresas, e o
Estado caso as contas públicas sejam deficitárias, mas
também podem ser famílias e o resto do mundo a
assumirem este papel.
Assim, a deslocação dos fundos dos aforradores
primários para os devedores primários é chamado de
financiamento onde pode assumir duas vias: Directo e
Indirecto.
$
8 | abril 2012 o jovem
o que é? como funciona?
$$$ $
Podemos e devemos ainda distinguir vários tipos de
intermediários financeiros. Uma principal distinção que
é feita é sobre as que têm capacidade de gerar moeda,
e para isso distinguem-se entre Instituições Financeiras
Monetárias e Instituições Financeiras Não Monetárias.
Dentro da primeira categoria, encontram-se:
- Banco Central Europeu e os Bancos Centrais
Nacionais dos Estados Membros e da União Europeia
que adoptaram o euro;
- Instituições de Crédito Gerais (Bancos; Caixas
Económicas; Sociedades de Locação Financeira;
Instituições Financeiras de Crédito, etc.)
E entendem-se como Instituições Financeiras Não
Monetárias:
- Sociedades Financeiras (Sociedades Financeiras de
Corretagem; Sociedades Corretoras; Sociedades de
Desenvolvimento Regional, Agências de Câmbios, etc.)
- Companhias de Seguros;
- Sociedades Gestoras de Fundos de Pensões.
Assim, o entendimento básico desde sistema torna-se
fulcral para compreender o impacto que estas
actividades provocam na vida quotidiana e que
desempenham um papel importante na redução do
risco e dos custos e ainda proporcionam o aumento do
financiamento às empresas que necessitam de liquidez
para realizar as suas actividades o que nos afecta
diariamente.
Indirecto.
Através do financiamento directo, os devedores
primários endividam-se junto dos aforradores primários
nos mercados financeiros, vendendo títulos (activos
financeiros). Esses títulos constituem direitos de saque
sobre o rendimento futuro dos devedores primários ou
sobre os seus activos e representam um património
para aqueles que os compram e uma responsabilidade
(dívida) para os indivíduos ou empresas que os vendam.
Como nem sempre é fácil fazer coincidir os desejos de
quem empresta com quem quer obter financiamento, o
fluxo de transferências pode ser mediado por um
terceiro agente denominado de intermediário
financeiro e que constitui o financiamento indirecto.
A função destes intermediários é de canalizar os fundos
dos agentes com capacidade de financiamento para os
agentes com necessidade de financiamento. Para o
fazer, eles compram títulos de dívida primária (emitidos
principalmente por empresas) e vendem títulos de
dívida secundária (por eles mesmo emitidos) aos
agentes com capacidade de financiamento
(normalmente para as famílias). Os títulos que os
intermediários financeiros compram aparecem no
activo do seu balanço e os títulos que vendem,
constituem responsabilidades e por isso figuram no seu
passivo.
Portanto, podemos entender os intermediários
financeiros como agentes modificadores encarregues
de adaptar um montante global de dívida primária
emitida pelos agentes com necessidade de
financiamento, às necessidades dos agentes com
capacidade de financiamento.
No entanto, para além de adequarem as necessidades
de financiamento existem outras razões que justificam
a existência destes intermediários financeiros, como
por exemplo por desempenharem um papel importante
na redução dos custos das transacções financeiras e na
redução do acesso dos custos da informação, isto
ocorre devido a trabalharem em economias de escala
desenvolveram conhecimentos e técnicas específicas da
actividade. Uma outra função existente é a de suprimir
ou reduzir os riscos para os investidores, isto é, de
reduzir a incerteza associada aos activos adquiridos que
neste caso são conseguidos através de uma
diversificação de carteira, que consiste em investir num
cabaz de activos cujos rendimentos não têm uma
correlação entre si.
Podemos e devemos ainda distinguir vários tipos de
intermediários financeiros. Uma principal distinção
que é feita é sobre as que têm capacidade de gerar
o jovem abril 2012 | 9
Um desafio que temos que vencer!
Qualquer ser humano é, naturalmente, dependente de muitas coisas, mas
nós, os portugueses, exageramos. Tal dependência excessiva verifica-se a
todos os níveis da sociedade, sendo diversas as suas causas e consequências.
Parte significativa dos portugueses é, desde logo, dependente de um certo
emprego ou ocupação, porque o sistema educativo não lhe deu as
qualificações que lhe permitam ter mais oportunidades de realização pessoal
e profissional.
Acresce que muitos dos cidadãos se tornaram dependentes de serviços
públicos, muitos deles deficientemente estruturados que, apresentam fraca
qualidade e eficiência sendo posteriormente geradores de novas
dependências, distorções e abusos.
Há muito que se tornou evidente para mim a necessidade de se alterar
profundamente o modo como a sociedade portuguesa está organizada e
como funciona.
Estamos, assim, dependentes de um Estado pesado e demasiado
interventor, que as últimas gerações deixaram criar e engordar, e que limita
a nossa liberdade e iniciativa, individual e colectiva. Temos uma sociedade
civil pouco activa, amorfa e nada dinâmica, causa e efeito da situação
generalizada de dependência em que vivemos.
Mas a herança do passado, que afecta a nossa independência tem que ser
vista pelas novas gerações, como uma janela de oportunidade!
Falo de uma nova geração de portugueses. Portugueses que procuram ter
uma visão mais informada e crítica sobre o funcionamento da sociedade no
sentido de construir e alcançar os seus objectivos de felicidade. Acreditam
em valores como a responsabilização, o mérito e a concorrência, mas
também crêem na solidariedade e na participação activa e democrática dos
cidadãos.
Consideram que o cidadão cria e é, com a sua iniciativa e capacidade, o
principal motor da evolução e desenvolvimento da sociedade. Não obstante,
entendem que o Estado deve ser o garante intransigente da igualdade de
oportunidades como ponto de partida.
Não querem um Estado pesado, ineficiente, burocrático, demasiado
presente e asfixiante da sociedade civil. Querem um Estado independente
dos interesses económicos, que acredite no cidadão e na sociedade civil, a
favor dos quais deve libertar todas as funções e serviços que não tem
necessariamente que desempenhar. Estes portugueses pretendem ver
ultrapassados mitos e preconceitos do passado. Admitem que a flexibilidade
laboral, acompanhada de eficientes programas de protecção social, é mais
favorável aos trabalhadores, por fomentar o investimento, a mobilidade e
por introduzir os incentivos correctos aos desempenhos e atitudes.
A cultura da (in)dependência
convidado especial
Vice-Presidente da JP André Correia
facebook.com/agfac
10 | abril 2012 o jovem
por introduzir os incentivos correctos aos desempenhos e
atitudes.
Eles sabem que uma concorrência bem regulada, mercados
abertos e flexíveis, sem posições abusivas ou dominantes, é a
melhor forma de promover a inovação, melhorar a qualidade
de gestão e aumentar a produtividade.
Não ignoram também que é preciso promover activamente
um ambiente favorável ao investimento, nacional ou
estrangeiro, incentivando qualquer um a iniciar uma
actividade por conta própria.
Revejo-me claramente nestes portugueses e, como tal,
teremos que ser capazes de inverter o eixo pouco virtuoso –
correspondente a uma sociedade imobilista, fechada, rígida,
com um modelo social ineficaz e injusto e com um Estado
pesado e asfixiante – para um novo eixo – correspondente a
uma outra sociedade mais aberta, flexível e justa, mais
potenciadora de criação de riqueza e capaz de sustentar um
novo modelo social!
<<
11 | abril 2012 o jovem
Quase um ano após Lamego já muito aconteceu
na JP, no CDS e no país. O que mudou na tua
vida?
De facto a minha vida sofreu grandes alterações.
Diria mesmo que se modificou radicalmente.
Passei a ter uma agenda bastante mais complexa e
exigente, situação que obrigatoriamente veio
modificar um pouco a forma como encaro não só
meu tempo livre, nomeadamente durante os fins-
de-semana, bem como a nível profissional.
Contudo, tenho obrigatoriamente que salientar
que não lamento estas modificações, muito pelo
contrário. Dia apos dia tenho-me deparado com
situações e conhecido pessoas que, de certa forma
tem contribuído para um engrandecimento
pessoal e que me tem marcado profundamente.
A Secretaria Geral Nacional é, para muitos, o
posto de maior risco e desgaste na JP. Achas que
é um cargo amaldiçoado?
(Risos) Não, de todo. A Secretaria Geral é um
cargo de extrema exigência e dotado de algum
desgaste, mas ao mesmo tempo absolutamente
apaixonante. O Secretário Geral tem cada vez
mais que ser um misto entre um diplomata e um
gestor, gerindo a estrutura com grande rigor; é
uma máquina complexa, composta por muitas
estruturas e todas elas tem de funcionar de uma
forma coordenada. Claro que para tal terá que
assumir uma postura de absoluta isenção, tal
como a que saiu reforçada no XIX Congresso
Nacional – Estatutário, realizado este ano, em que,
se bem se lembram, foi aprovada uma PAE
estipulando que o Secretário-Geral não poderia
assumir mais nenhum cargo no seio da Juventude
Popular. Claro que a exposição inerente ao cargo
em si, faz com que por vezes, as pessoas não
consigam, ou melhor, tenham alguma dificuldade
em separar o “trigo do joio”, ou seja, diferenciar o
campo pessoal do campo institucional. Tal,
infelizmente, cria por vezes situações e tensões
que deveriam de todo ser evitadas.
3. Como SG, lidas com todas as
questões de tesouraria inerentes à
estrutura. Qual é o estado de saúde
económico da JP? Que medidas
<<
Como SG, lidas com todas as questões de
tesouraria inerentes à estrutura. Qual é o estado
de saúde económico da JP? Que medidas
concretas tomaste?
Como devem compreender, não irei revelar
números concretos, mas não é segredo para
ninguém que a Juventude Popular não se encontra
a atravessar um período económico feliz. Aliás,
como revelado no Conselho Nacional, no qual
entre muitos outros pontos foi aprovado por
unanimidade o orçamento em vigor. Apesar de
considerar o orçamento bastante ambicioso,
infelizmente tiveram que ser tomadas bastantes
medidas a nível financeiro das quais se pode
destacar, por exemplo, um plano de gestão capaz
de amortizar todas as dívidas que diariamente
assombram a JP. Claro que este plano, apesar de
exigente, foi estruturado e delineado com os olhos
postos no futuro. Um futuro no qual não foram
descuradas situações de extraordinária
importância para o crescimento da Juventude
Popular. Apesar das adversidades económicas, a
estrutura não pode parar, e, contra todas as
dificuldades, posso orgulhosamente afirmar que
tem existido real investimento na modernização e
profissionalização da JP em todas as áreas, bem
como têm sido apoiadas, apesar das dificuldades,
todas as Direcções Distritais e Concelhias eleitas
na promoção e dinamização das suas actividades.
4. Desde que tomaste posse, a JP tem
tido um crescimento acelerado. É tão
desgastante como recompensador
estar todos os dias no terreno?
14 | abril 2012 o jovem
Desde que tomaste posse, a JP tem tido um
crescimento acelerado. É tão desgastante como
recompensador estar todos os dias no terreno?
No seguimento do convite por parte do meu
Amigo Miguel Pires da Silva para ingressar esta
Comissão Politica Nacional na qualidade de
Secretário Geral, rapidamente se instalou em mim
um sentimento de dever, empenho e dedicação
para com a Juventude Popular, tentando assumir
toda a responsabilidade que o cargo representa.
Ainda é cedo para conseguir avaliar os resultados
do meu mandato, mas posso afirmar que o
crescimento tem vindo a ser acelerado. É certo
que tenho aplicado boa parte dos meus esforços
no crescimento da JP, contudo não deixo de ver
esse objectivo como uma obrigatoriedade do
cargo que represento. Mas respondendo á vossa
pergunta, vejo acima de tudo o crescimento da JP
como algo extremamente gratificante e
recompensador. Estes resultados conseguem
facilmente suprimir o desgaste físico e psicológico
resultante do meu esforço.
Quais são os últimos indicadores de implantação
da JP e os principais entraves que encontras?
Apesar da Direcção Nacional ter sido eleita no
ultimo fim-de-semana de Julho, por razões obvias,
apenas começou a trabalhar em Setembro.
Contudo, nestes últimos sete meses existiu um
crescimento de mais de dois mil militantes e foram
realizadas quase cem eleições. Existem por vezes
alguns entraves à implantação, torna-se, contudo,
bastante difícil de enumera-los, pois os mesmos
são muito diversos, fazendo com que cada caso
seja sempre um caso isolado, situação que obriga a
que a forma de lidar e de trabalhar no sentido de
promover o crescimento e a implantação seja
completamente diferentes em todas as situações.
contrário. Dia apos dia tenho-me deparado com
situações e conhecido pessoas que, de certa forma
tem contribuído para um engrandecimento
pessoal e que me tem marcado profundamente.
A Secretaria Geral Nacional é, para muitos, o
posto de maior risco e desgaste na JP. Achas que
é um cargo amaldiçoado?
(Risos) Não, de todo. A Secretaria Geral é um
15 | abril 2012 o jovem
não procurando com o seu trabalho resultados
eleitorais futuros.
Passemos a uma esfera mais pessoal. Como vês
o teu futuro na Juventude Popular?
O meu futuro enquanto militante e, neste
momento, como Dirigente Nacional, tem vindo a
ser construído e trabalhado dia após dia, e muito
francamente desejo que assim o continue a ser.
Todos os dias me debruço e tenho que resolver
todo um conjunto de problemas relativos à
Juventude Popular, existindo da minha parte uma
enorme vontade em as resolver, com a máxima
equidade, de modo a fomentar e promover valores
absolutamente intrínsecos para mim enquanto
Secretario Geral, nomeadamente: a união, o
crescimento, a coesão e a valorização dos Nossos
militantes, das Nossas Direcções Distritais e
Concelhio, das Nossas políticas e sobretudo da
Nossa Juventude Popular. Claro que no meio deste
processo já cometi, como seria inevitável, algumas
incorrecções de secretaria que, felizmente, não
prejudicaram nem denegriram a Estrutura;
contudo julgo ter tido sempre a humildade em
pedir desculpa aos lesados e tentar resolver as
situações em questão o mais rapidamente
possível. Apesar disto, termino sempre o meu dia
com a tranquilidade que decorre de estar
consciente que tudo fiz ao meu alcance em prol da
Juventude Popular. Assim estou sempre pronto
para encarar e assumir o meu futuro na JP, ou seja,
recomeçar o trabalho no dia seguinte.
Acreditas numa reafirmação de Portugal e dos
portugueses no Mundo?
Basta olhar para a História de Portugal para
constatar que nos momentos de extrema
dificuldade o nosso país sempre se
soube reinventar. É óbvio que não
voltaremos a ser uma potência colonial
como no século XVI…no entanto em
domínios como, por exemplo, as novas
tecnologias, industria especializada,
têxteis técnicos ou ligados a moda,
exploração da zona económica
É habitual haver contacto permanente entre as
Secretarias-Gerais da JP e do CDS. Como avalias
esta relação no teu mandato?
Estou absolutamente convicto que o crescimento
da Juventude Popular é um reflexo do crescimento
do CDS, bem como o crescimento do CDS resulta
num natural crescimento da JP. Ou seja, acredito
que ambas as instituições devem ter uma relação
de extraordinária proximidade. Neste sentido, e
após a sua eleição, procurei de imediato reunir
com o meu homólogo, o Dr. António Carlos
Monteiro com o objectivo de criarmos uma ponte
de trabalho comum de melhor funcionamento
entre as estruturas. No que toca à relação entre as
Secretarias-gerais, apraz-me bastante afirmar que
existe a melhor das relações entre nós. Uma
relação que tem sido pautada em ambos os lados
por uma disponibilidade a todos os níveis, dotada
de uma total e franca abertura, sem que esta
represente não só uma ingerência na autonomia
da Juventude Popular, como também da minha
parte uma tentativa de manipulação dos trabalhos
do CDS.
A coligação de Governo PSD/CDS parece firme.
Achas que o partido sairá prejudicado em
termos eleitorais desta campanha governativa?
Sinceramente, creio que essa questão nem se põe.
Infelizmente o país atravessa um período bastante
sensível e exigente nas mais diversas áreas. Torna-
se vital uma solidificação da nossa economia, uma
reestruturação das nossas políticas sociais, uma
reafirmação de Portugal e do mercado português a
nível internacional entre tantas outras áreas que
necessitam de uma urgente intervenção. O CDS
enquanto partido de Governo, em conjunto com o
PSD, possui um enorme sentido patriótico,
trabalhando em nome de Portugal, por Portugal,
não procurando com o seu trabalho
resultados eleitorais futuros.
Desde que tomaste posse, a JP tem tido um
crescimento acelerado. É tão desgastante como
recompensador estar todos os dias no terreno?
No seguimento do convite por parte do meu
Amigo Miguel Pires da Silva para ingressar esta
16 | abril 2012 o jovem
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dificuldade o nosso país sempre se soube
reinventar. É óbvio que não voltaremos a ser uma
potência colonial como no século XVI…no entanto
em domínios como, por exemplo, as novas
tecnologias, industria especializada, têxteis
técnicos ou ligados a moda, exploração da zona
económica exclusiva do nosso mar (ZEE), e
noutras áreas, inclusivamente agrícolas,
deveremos ambicionar ter um papel cada vez mais
preponderante. Apesar das inúmeras dificuldades,
acredito que com trabalho, determinação e um
rumo constante, poderemos conseguir reganhar o
papel que merecemos quer a nível europeu quer a
nível dos países com os quais mantemos relações
privilegiadas devido à nossa história. Neste
momento países como o Brasil e Angola são
determinantes para a nossa economia, não nos
podendo esquecer de outros países, como por
exemplo a Guiné, Timor, Moçambique entre
outros que necessitam um dever de colaboração,
mas que no futuro serão certamente parceiros
determinantes. O papel da CPLP é absolutamente
crucial na influência que Portugal deve ter no
mundo, nomeadamente naquele que construi.
Que mensagem deixas aos militantes da
Juventude Popular e aos leitores d’O Jovem?
Nestes tempos extremamente difíceis
temos que acreditar (e eu não tenho
qualquer duvida) que o nosso caminho
é o único que nos permite sair desta
crise que teve origem na combinação
da adversa situação económica
internacional e de todo um conjunto de
desvarios políticos internos cometidos
Que mensagem deixas aos militantes da
Juventude Popular e aos leitores d’O Jovem?
Nestes tempos extremamente difíceis temos que
acreditar (e eu não tenho qualquer duvida) que o
nosso caminho é o único que nos permite sair
desta crise que teve origem na combinação da
adversa situação económica internacional e de
todo um conjunto de desvarios políticos internos
cometidos pelo anterior executivo. Gostaria assim
de deixar uma mensagem simples e muito clara:
desde 1143 até aos nossos dias que a Nação
Portuguesa soube inverter períodos negativos,
assim, e apesar de todas as dificuldades, temos
que acreditar em nós jovens, temos que acreditar
no nosso país, temos que trabalhar com
determinação e afinco por um futuro melhor e
sustentável, não duvidando de que a Juventude
Popular e o CDS serão de forma incondicional um
braço amigo na construção consciente do nosso
futuro, no futuro dos Jovens Portugueses e de um
Portugal renovado.
desvarios políticos internos cometidos
pelo anterior executivo. Gostaria assim
de deixar uma mensagem simples e
muito clara: desde 1143 até aos nossos
dias que a Nação Portuguesa soube
inverter períodos negativos, assim, e
apesar de todas as dificuldades, temos
que acreditar em nós jovens, temos que
acreditar no nosso país, temos que
trabalhar com determinação e afinco
por um futuro melhor e sustentável, não
duvidando de que a Juventude Popular
e o CDS serão de forma incondicional
um braço amigo na construção
consciente do nosso futuro, no futuro dos
17 | abril 2012 o jovem
numa palavra…
Um país: Egipto
Uma cidade: São Paulo
Uma viagem: Síria e Jordânia;
Um livro: A Queda de um Anjo;
Um filme: A Lista de Schindler;
Uma música: In A Little While;
Um politico: George Catlett Marshall;
Uma marca: Região Demarcada do Douro;
Uma bebida: Vinho;
Uma qualidade: Determinado;
Um defeito: Pouco Pontual.
Um politico: George Catlett Marshall;
Uma marca: Região Demarcada do Douro;
Uma bebida: Vinho;
Uma qualidade: Determinado;
Um defeito: Pouco Pontual.
19 | abril 2012 o jovem
s privatizações de empresas, cuja participação
do estado é significativa, tem sido alvo de alguma
polémica nos média e nos mercado financeiros. O
estado encontra-se indiscutivelmente a passar por
dificuldades e tem forçosamente que existir uma
mudança.
As privatizações contribuem efectivamente para a
ajuda do cumprimento do défice e
consequentemente da estabilidade das contas
públicas do estado português e também do
aumento da competitividade de todo o sector
empresarial. Mas serão estes parâmetros
suficientes para justificarem tais actos?
Analisando cuidadosamente o sector público,
através de dados transmitidos nos jornais e
debates efectuados por políticos e especialistas
em economia, diria que sim. Estes parâmetros são
suficientes e realmente necessários. O peso do
estado na economia nacional tem efectivamente
que baixar. Torna-se insustentável o estado
continuar a participar em empresas que não
apresentam resultados positivos e ainda ter que
remunerar os chamados gestores de topo com
ordenados grandiosos, sem que estes apresentem
resultados positivos para a empresa. Torna-se
igualmente insustentável nos dias que correm os
portugueses terem de suportar uma empresa com
orçamentos imponentes, sem que passem por
qualquer tipo de controlo ou que ofereçam
directamente algum tipo de benesse ao povo
português. Hoje em dia, mais que nunca é quase
que obrigatório, fazer mais e melhor, com menos
recursos.
Respeito o ponto de vista de que, o estado não
deveria vender todas as suas empresas. No
entanto, penso que será necessário entender
que necessitamos urgentemente de adoptar
Privatizações – bom ou mau?
deveria vender todas as suas empresas. No
entanto, penso que será necessário entender que
necessitamos urgentemente de adoptar políticas
que dinamizem os mercados, aumentando, assim
a credibilidade do país e dos mercados. É com uma
enorme satisfação que visualizamos através de
informação disponibilizada na imprensa que foi
concluído com algum sucesso as privatizações
realizadas no sector da energia “EDP e REN”, por
exemplo. Estas actividades económicas
comprovam claramente que Portugal pode ser
uma fonte de investimento sustentável, apetecível
e credível para capitais estrangeiros.
Desta forma e com o apoio da nova legislação do
trabalho, os portugueses irão sentir-se obrigados a
lutar cada vez mais pelo seu posto de trabalho,
local de trabalho esse, que cada vez mais irá ser
ocupado por verdadeiros profissionais
competentes, qualificados, motivados e focados
em obter bons resultados. Portugal irá sair
beneficiado em termos empresariais, financeiros e
económicos da crise que atravessa através da
aplicação destas medidas, tornando-se assim, num
país mais forte e competitivo.
Em modo de conclusão, fico a aguardar
ansiosamente que todo o processo negocial das
empresas com capital de estado seja
efectivamente bem sucedido para o bem de todos
os portugueses. Com estas medidas o tecido
empresarial português irá ficar mais forte,
competente e dinâmico, apresentando assim,
maior credibilidade financeira nos mercados
internacionais e o país ficará menos vulnerável e
mais estável economicamente.
André Bazan
A
Militante da Juventude Popular da Maia [email protected]
20 | abril 2012 o jovem opinião
esde 1976 que está prevista na constituição da
República Portuguesa a Regionalização conforme o
artigo 238º em Portugal Continental, este
acontecimento tem sido constantemente adiado
pelas forças políticas que sobem ao poder, a par se
encontram também as vozes regionalistas que se
fazem ouvir cada vez mais desde a revolução de 25
de Abril de 1974. Esta vontade nobre em contrariar o
centralismo incessante que se faz em Lisboa foi
posta à prova no referendo de 8 de Novembro de
1998porém a fraca adesão às urnas causada pela
confusa campanha política que desviou o verdadeiro
sentido do referendo ditou o seu fracasso.
A voz do povo foi-se intensificando e nos dias de
hoje murmura-se a palavra regionalização por todo
o país, pois eu defendo que se grite! Leigos são
aqueles que ainda pensam que regionalizar não é
mais que uma desculpa para dividir o país e retirar
de Lisboa tudo o que por lá se faz, a meu ver trata-se
imperiosamente de uma necessidade de valorizar o
resto do país permitindo que todas as regiões se
desenvolvam e não continuar a produzir para
sustentar o Terreiro do paço. Com a regionalização
novos horizontes se abriam, melhorias económicas
se verificariam, desenvolvimento em todo o país
existiria. Assim, considero o acto de regionalizar o
impulsionador de um futuro risonho para Portugal.
As regiões poderiam finalmente tirar total proveito
das ajudas da União Europeia destinadas às regiões,
existiria um equilíbrio entre o litoral e o interior
baseado no desenvolvimento da auto-suficiência.
Importante será dizer que a regionalizar não se
poderão aumentar as despesas com cargos políticos
e novas instituições públicas, contrariar essa
tendência é palavra de ordem defendendo os
interesses da nação e não os interesses políticos.
Inevitável é falar de regionalização sem se falar na
Encontrar o Norte!
Ângelo Miguel Vogal da Juventude Popular da Maia [email protected]
interesses da nação e não os interesses políticos.
Inevitável é falar de regionalização sem se falar na
cidade do Porto eleita “Melhor Destino Europeu
2012”, comecemos então por aterrar no Aeroporto
Francisco Sá Carneiro considerado em 2007 o
melhor aeroporto da Europa, não satisfeito
continua a bater recordes sendo dos mais recentes
o feito de ultrapassar a barreira dos 6 milhões de
passageiros anuais, situado na cidade da Maia
pertencente à Metrópole do Grande Porto; e
porque não uma volta à beira mar passando pelo
mais eficiente e lucrativo porto marítimo, o Porto
de Leixões; pertence-nos também a maior área
Industrial do país, na Maia; o vinho do Porto um dos
principais emblemas de Portugal.
O Norte é a segunda região do país que mais produz
porém a primeira mais pobre, e perguntamo-nos
como é isto possível e afinal onde pára a riqueza
que tanto nos custa a criar? Vai toda parar a um
buraco sem fim, de nome Lisboa, buraco esse bem
fundo que nos remete para o reinado de D. João V,
rei que teve a proeza de esbanjar todo o ouro
proveniente das colónias em obras luxuosas como o
Aqueduto das Águas Livres em Lisboa ou o
Convento de Mafra, em 1750 o monarca morrera
mas ficara a sua pior obra o Centralismo
Democrático. Depois de tantos anos com a mesma
política, será tão difícil encontrar o norte?
Chega de cortar as pernas a quem quer andar pelo
seu próprio pé, a quem quer dar rumo ao país, a
quem quer encontrar o norte há tanto perdido. Não
vale a pena adiar o inevitável, apostar na
regionalização é vital, não há que procurar, há que
ouvir a pronúncia do Norte!
s privatizações de empresas, cuja participação
D
22 | abril 2012 o jovem opinião
Guiné-Bissau
Nuno Silva Vice-Presidente da Juventude Popular da Maia [email protected]
usta-me muito considerar Estados falhados.
No entanto, as condições geográficas,
económicas, políticas, militares e a sua história
recente são um autêntico “case study” de como
um Estado falha redondamente. No entanto, o
grande problema da Guiné-Bissau é muito fácil de
se encontrar: são as suas forças armadas. Não
restam dúvidas que as Forças Armadas Guineenses
têm sido, ao longo dos últimos trinta e alguns
anos, o centro da instabilidade política que o país
sempre teve. Claro que o facto de ser um país de
difícil acesso, de solos pouco ricos, de ser um país
de narcotráfico, de não ter instituições preparadas,
de não ter infra-estruturas, afecta muito a sua
estabilidade. No entanto, as forças armadas nunca
tiveram uma transição para o modelo
democrático, o que fez com que ficassem em
regime de"permanente estado de guerra".
Depois da morte de Nino Vieira, ninguém quis
saber da Guiné. É normal, lá não há nada. Em
2010, nova tentativa de golpe de estado foi
orquestrada pelas forças armadas. Angola tem
estado no terreno mas, de novo, e agora contra
Angola, uma grande facção do exército, liderada
por ainda não se sabe bem quem, prende o
candidato presidencial e Primeiro-ministro e ainda
o Presidente interino sob acusação de preparação
da entrega das forças armadas guineenses a
Angola no pós-eleições presidenciais que se
disputariam em 2 semanas., toma a capital e as
instituições guineenses. Não é normal um país
soberano, reconhecido, ter Forças Armadas
divididas em cartéis e lideradas por senhores de
guerra.
Portugal, e bem, enviou para a Guiné-Bissau a
Força de Reacção Imediata, com uma fragata, uma
corveta e um P-3 Orion da Força Aérea para,
caso seja necessário, assegurar os interesses
C Portugal, e bem, enviou para a Guiné-Bissau a Força
de Reacção Imediata, com uma fragata, uma
corveta e um P-3 Orion da Força Aérea para, caso
seja necessário, assegurar os interesses
portugueses, os cidadãos nacionais, e os cidadãos
estrangeiros e mesmo guineenses que sejam
considerados pelo governo português. Não advogo
uma intervenção militar directa, nem sequer a
presença portuguesa, como em Timor à luz das
dificuldades financeiras que o país atravessa, mas
parece claro que, Portugal juntamente com os
parceiros da CPLP e com a ONU tem de convergir
numa estratégia viável para garantir a estabilidade
das instituições democráticas guineenses. Citando
Jaime Nogueira Pinto “Se a Guiné-Bissau se tornar
num estado falhado, que é o que acontecerá se esta
situação não for reposta, vai custar muito mais
mesmo em termos financeiros do que custará por
exemplo neste momento uma missão internacional
que ajude, do ponto de vista militar, a endireitar as
coisas. Para além da vergonha que é haver um
estado falhado na comunidade lusófona”.
24 | abril 2012 o jovem opinião