7º ENFOPE - Encontro Internacional de
Formação de Professores.
8º FOPIE - Fórum Permanente de Inovação
Educacional.
TEMÁTICA: Formação de Professores e os
Desafios da Prática da Educação
Contemporânea.
CONTRIBUIÇÕES DAS CIÊNCIAS SOCIAIS AOS
DESAFIOS DO SÉCULO XXI
Jesana Batista Pereira
“[...] O QUE TRANSGRIDE TODA IMAGINAÇÃO,
TODO PENSAMENTO POSSÍVEL, É
SIMPLESMENTE A SÉRIE ALFABÉTICA (a, b,
c,d) QUE LIGA A TODAS AS OUTRAS CADA
UMA DESSAS CATEGORIAS”.
(FOUCAULT, M. Prefácio. As Palavras e as coisas: Uma
arqueologia das ciências humanas)
UM DESAFIO = Agudização da fragmentação dos
saberes
OUTRO DESAFIO = Fim das grandes narrativas
MAIS UM DESAFIO = Multiplicidade de
racionalidades locais = crise da verdade
• O estatuto, o devir, bem como o valor da
verdade são discutidos de forma privilegiada na
Universidade e principalmente em
departamentos pertencentes as Humanidades
(DERRIDA, J. 2003)
• Dito isto, o campo das humanidades torna-se o
espaço privilegiado de expressão de uma
resistência crítica em que nenhuma verdade
está livre de questionamentos.
FRAGMENTAÇÃO DOS SABERES
- “[...] o projeto de modernidade formulado no
século XVIII pelos filósofos do Iluminismo
consistiu em seus esforços para desenvolver a
ciência objetiva, a moralidade e o direito
universais e a arte autônoma de acordo com a
lógica interna de cada uma dessas esferas”.
(HABERMAS, 1991).
- Razão e Verdade apoiadas por uma lógica
greco-euro-cêntrica tornaram-se justificadores
de poder opressivo e totalitário. (Críticos =
Foucault; Rorty; Lyotard; Kuhn; Adorno; Piaget;
Gadamer; Hannah Arendt; Lacan; Bachelard)
- As discursidades científicas disciplinares tem na
explicação uma maneira elegante e poderosa de
também perguntar. Os objetos do mundo exterior
são tomados em uma cadeia de causalidade. No
entanto, a armadilha da causalidade científica está
em tentar estender a sua eficácia de domínio
operacional à de uma origem de sentido para a
experiência humana. (ATLAN)
- As discursividades disciplinares pretendem, cada
uma, reter o absoluto do objeto estudado.
- Passagem de uma concepção simbólica para
outra analítica (FOUCAULT)
- Dispositivos de poder = áreas especializadas do
saber
- Multidiscursividade = crescente utilitarismo dos
indivíduos (FOUCAULT)
Desafio = compreender o hiato que há entre o
aprendizado disciplinar e a estética individual de
envolvimento com esse aprendizado.
Não há uma relação pré-dada entre o que se diz
do sujeito e aquilo que o sujeito constrói e
reconstrói para si
.
- Os discursos então fomentam referenciais múltiplos que
extrapolam campos e contextos sociais e políticos tornando
possível a convivência de interesses aparentemente
contraditórios como a fé islâmica e um desenho da Disney.
- A fragmentação disciplinar, produziu tantas formas de
saber que afastou o sujeito da possibilidade de se agenciar
em uma totalidade ontológica, ter um pertencimento, buscar
signos que possam demarcar seu trajeto, ou mesmo
encontrar uma forma de estar no mundo.
- As contribuições de estudos contemporâneos nas
ciências sociais, diante desse cenário, insistem
que os analistas devem concentrar-se nos
processos de negociação de identidades sociais
consideradas naturais e nos de contestação
daquelas atribuídas, sempre dentro de um
contexto de relações de poder desiguais.
(McCALLUM, 1998)
- Injustiças, impedimentos ...
- Se esta é uma contribuição empírico-analítica das
ciências sociais operada nos foros acadêmicos
ou centros de excelência universitária, sua
difusão é incipiente pois, a reforma do ensino e
do pensamento é um empreendimento sócio-
político, pois deve originar-se no exercício da
docência. Se liga à formação de formadores e a
auto-educação dos educadores. (MORIN)
FIM DAS GRANDES NARRATIVAS
- CENÁRIO = Sociedade de comunicação
generalizada, a sociedade dos mass media.
(VATTIMO, 1991)
- Não é mais possível falar da história como algo de
unitário. “[...] a história como discurso unitário é uma
representação do passado constituída por grupos e
classes sociais dominantes” (BENJAMIN).
- Nietzsche; Foucault; Lyotard; Bataille; Deleuze;
Baudrillard; Derrida; Castoriadis – abandono de
qualquer origem pura da sociedade humana; recusa
de se pensar uma causa fundadora do processo de
instituição da sociedade, bem como uma chegada
última, bem como um fim.
- Termos como origem rasurada; construção; invenção
tornam-se comuns no vocabulário do pensamento
pós-estruturalista nas ciências humanas.
- Explosão e multiplicação generalizada de visões de
mundo. Tomada de palavra por parte de um número
crescente de subculturas (VATTIMO).
- A multiplicação das narrativas e das imagens do
mundo torna cada vez menos concebível a ideia de
um real, no sentido Platônico, isto é, real como
aquilo que contrasta com a cópia e os simulacros.
- Profecia de Nietzsche no mundo dos mass media: o
mundo real torna-se, afinal, uma fábula. (VATTIMO)
- Contribuição das ciências sociais neste cenário é
a retomada do sujeito social como problema com
ênfase no questionamento do sujeito social
universal.
- Não mais identificação do mapa com o território e
nem a periferia com o arremedo de civilização,
mas os “entre-lugares” (BHABHA) como espaços
de nascimentos de novos continentes e
alteridades.
MULTIPLICIDADE DE RACIONALIDADES
LOCAIS
- “[...] as possibilidades outras de existência realizam-
se sob os nossos olhos, sendo representadas pelos
múltiplos dialectos, ou mesmo, pelos universos
culturais que a antropologia e a etnologia nos
tornam acessíveis. Viver neste mundo multifacetado
significa fazer experiência da liberdade como
oscilação entre pertença e desenraízamento”
(VATTIMO, 1991)
REFERÊNCIAS
FOUCAULT, M. As palavras e as coisas: uma
arqueologia das ciências humanas. São Paulo:
Martins Fontes, 2007.
FOUCAULT, M. História da sexualidade I: a
vontade de saber. Rio de Janeiro: Edições
Graal, 1985.
VATTIMO, Gianni. A sociedade transparente.
Lisboa: Edições 70, 1991.
BAUDRILLARD, Jean. A ilusão vital. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
ATLAN, Henri. O livro do conhecimento – As
Centelhas do Acaso. Instituto Piaget: Lisboa, s/d.
MORIN, E. Os sete saberes necessários à
educação do futuro. São Paulo: Cortez; Brasília,
DF: UNESCO, 2003.
BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo
Horizonte: Ed. UFMG, 1998.
McCALLUM, Cecília. Existe um sistema de gênero
no Brasil? PASSOS, Elizete et al (orgs).
Metamorfoses: gênero nas perspectivas
interdisciplinares. Salvador: UFBA, NEIM, 1998.